nove sinfonias de beethoven - uma análise estrutural

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  • 8/15/2019 Nove Sinfonias de Beethoven - Uma análise estrutural

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    Este livro é dedicado à Fundação Charitas Brasil.

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      O Espaço Rio Música apresenta para seus associados o que há de melhor em

    DVDs de Óperas, Ballets, Concertos, Recitais e Documentários, em gravações recentes

    e históricas, com som de alta delidade e imagem (inclusive Blu-Ray) projetada em telão

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    Possuímos um auditório de 35 lugares, com isolamento acústico e refrigerado.Temos 10 apresentações semanais inclusive com palestras de especialistas no assunto.

     Aberto para inscrições de sócios.

    Tels: (21) 2513.5772 / 2513-5839 www.espacoriomusica.com.br 

     Patrocínio Fundação Charitas Brasil 

    Espaço

    RioMúsica

    Espaço

    RioMúsica

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     As Nove Sinfonias de BeethovenUma análise estrutural

     Ricardo Rocha

    Ibis Libris Rio de Janeiro

     2013

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    Copyright © 2013 Ricardo Rocha

    Editora

    Thereza Christina Rocque da Motta

    RevisãoAntonio Cerdeira

    Patrocínio

    Fundação Charitas Brasil

    Projeto Gráco

    Mika Rodrigues

    Impresso na

    Gráca Colorset

    1ª edição em julho de 2013.

    Todos os direitos reservados ao autor.

    Email do autor:

    [email protected] 

    Ibis LibrisRua Raul Pompeia, 131 / 708

    Copacabana | 22080-001 Rio de Janeiro | RJ

    Tel. (21) 3546-1007

    www.ibislibris.net

    [email protected]

     Associada à LIBRE.

    www.libre.org.br 

    Rocha, Ricardo, 1957 -

      As nove sinfonias de Beethoven: umaanálise estrutural /Ricardo Rocha.  Rio de Janeiro: Ibis Libris, 2013.  128 p.; 27 cm

      ISBN 978-85-7823-148-4

      Impresso no Brasil.  2013

    R576n

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    Grande foi a conjunção de fatores que tornou possível a realização destaobra e quero agradecer a todos os que, direta ou indiretamente, contribuíramneste processo.

      Em primeiro lugar, agradeço a Deus por ter-me concedido não apenas

    a inspiração, a perseverança e as forças necessárias para levar este trabalho

    a termo, mas também pelas oportunidades que me foi proporcionando para

    colocá-lo à prova, seja na direção e regência desta coleção de sinfonias com

    diferentes orquestras e em diferentes épocas, seja nas aulas e cursos que pude

    organizar para prossionais e estudantes, mas também para leigos, quando

    comecei a testar o método usando gravações em DVDs, como referência auditiva

    e visual para os que não sabem ler música;

      a todos os alunos de regência e análise que estudaram comigo à luz

    deste método e que, com suas questões oportunas e pertinentes, apontaram o

    que deveria ser revisado e mesmo corrigido, participando diretamente de seu

    desenvolvimento de maneira relevante;

      a Michelle Rodrigues, designer gráca deste livro, que com sua paciência,

    lealdade e talento, trouxe grande contribuição ao aperfeiçoamento do seu formato

    original. Com sua visão prossional, o método foi ganhando contornos e padrões

    denitivos ao longo dos últimos cinco anos, nos quais trabalhamos não só nesta

    coleção de Beethoven, mas também em aberturas, concertos solistas, poemas

    sinfônicos e outras formas musicais de obras de grandes compositores;

      aos quatro insignes doutores que, com sua expertise e experiência,

    atenderam generosamente ao pedido de revisão e comentários aqui publicados

    sob a forma de prefácio e apresentações. A eles agradeço de coração pelo carinho

    e tempo que investiram na revisão e avaliação desta obra:

    - Luis Paulo Sampaio, por sua acurada revisão do conteúdo dos textos,

    sugestões de dados históricos e bibliográcos, além da composição de um prefácio

    situando o trabalho na longa tradição analítica da obra de Beethoven;

      - Manoel Corrêa do Lago, incansável parceiro na revisão da exegese

    estrutural de todas as 20 formas-sonata dos 37 movimentos, incluídos os formatos

    híbridos de Rondó-Sonata e Sonata com caráter ou elementos de Rondó. Dos

    questionamentos e demonstrações que fez, suas sugestões foram acatadas na

    maioria dos casos. Também sua revisão das tonalidades utilizadas pelo composi tor

    a cada movimento foi de grande importância para o enriquecimento e acerto geral

    da obra. Por m, seus profundos conhecimentos da história da Música Brasileira

    o levaram a compor uma bela inserção deste trabalho na trajetória das Sinfonias

    de Beethoven no Brasil;

      - Rami Levin, pelo seu olhar arguto e meticulosa exigência de clareza

    conceitual, o que me obrigou a reformular conceitos, rever a descrição de eventos

    e corrigir alguns erros que me passaram despercebidos. Sua revisão e questões

    levantadas em relação à análise da Oitava Sinfonia foram-me paradigmáticas

    para as revisões que se seguiriam, a partir daí, do livro como um todo;

      - Pauxy Gentil-Nunes, que me trouxe o questionamento de que este livro

    não representaria a fundamentação de um novo método de análise em proposta

    inédita, mas o resultado demonstrado do mesmo, o que era minha intenção

    desde o início. Como a formulação não deixava isso claro, precisei refazê-la na

    introdução. Foi sua também a sugestão da apresentação de um mapa global do

    ciclo, como complemento da ideia do ‘Atlas’, o que pudemos realizar nas páginas

    24 e 25 do livro.

     Ao amigo e parceiro prossional de tantos anos Antonio Cerdeira, por sua

    generosa oferta de revisão ortográca, sintática e gramatical de todos os textos do

    livro, em mais uma prova cabal de nossa fraterna amizade;

      Por m, e em especial, à Fundação Charitas Brasil, pela sua renovada

    conança e por todo o seu apoio e incentivo em algumas das mais importantes

    obras que pude realizar nos últimos anos. A ela quero dedicar, de todo o

    coração, esta que representa a contribuição musical de maior envergadura que já

    produzi até aqui.

     Agradecimentos

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    Sumário

    Prefácio ............................................................ 7

    Apresentação ................................................. 8

    Introdução ....................................................... 9

    A Sinfonia ........................................................ 12

    Conceituação ............................................... 17

    Abreviaturas .................................................... 21

    As Nove Sinfonias ........................................... 23

    Breve painel das estruturas ......................... 24

    Primeira Sinfonia ........................................... 26

    Segunda Sinfonia ......................................... 36

    Terceira Sinfonia ........................................... 46

    Quarta Sinfonia ............................................ 56Quinta Sinfonia ............................................. 66

    Sexta Sinfonia ............................................... 76

    Sétima Sinfonia ............................................. 88

    Oitava Sinfonia ............................................. 98

    Nona Sinfonia ............................................. 108

    Posfácio ........................................................ 122

    Bibliografa .................................................... 124

    Sobre o autor ............................................... 125

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    Prefácio

    O  célebre maestro Wilhelm Furtwaengler, antigo titular da OrquestraFilarmônica de Berlim, considerado por muitos como o maior intérprete sinfônico

    de Beethoven no século XX, nos legou uma imagem poderosa do papel histórico

    daquele compositor, ao declarar que foi a partir de Beethoven que a música

    tornou-se capaz de expressar, no domínio da arte, aquilo que, na ordem da

    natureza, toma a forma da catástrofe. Sendo um processo tão orgânico quanto a

    evolução gradual, a catástrofe nada mais é do que uma outra forma abrupta de

    expressão da natureza. Correspondentemente, no entender do grande maestro, a

    transformação trazida por Beethoven à música, que antes tinha um caráter épico,

    fez com que esta arte passasse, subitamente, através de sua obra, ao superior

    domínio do dramático.

    Esta sensação de terem sido atingidos por uma catástrofe musical foi

    registrada por um bom número de contemporâneos do mestre de Bonn. Era difícil,

    tanto para músicos quanto para o público leigo da época, absorver e compreender

    a complexidade estrutural, a força expressiva e a riqueza sonora de suas obras,sobretudo as sinfônicas. Não teria sido apenas por coincidência que nasceram,

     juntamente com a obra de Beethoven, a musicologia e a análise musical, disciplinas

    modernas que se propunham a explicar aquele novo e inaudito fenômeno.

    Um texto fundamental do início do século XIX é, sem dúvida, a monumental

    análise crítica da Quinta Sinfonia de Beethoven, escrita pelo escritor e compositor

    Ernst Theodor Amadeus Hoffmann e publicada no Allgemeinemusikalische Zeitung  

    de julho de 1810, na qual já surgem termos como Hauptgedanke (ideia principal), e

    Zwischensatz (entretemas), que caram incorporados ao jargão analítico alemão.

     A partir de então, surge toda uma extensa produção literária visando explicar e

    comentar a obra daquele gênio, cuja inuência mudou os rumos do pensamento

    musical do Ocidente. Desde então, praticamente todo compositor ou musicólogo

    importante tem se debruçado sobre esta música, buscando entendê-la melhor

    e desvendar seus mistérios. Nomes como Hector Berlioz, Richard Wagner e

     Arnold Schoenberg, entre os compositores, Hugo Riemann, Heinrich Schenker eDonald Tovey, entre os teóricos, detiveram-se a investigar e tentar esclarecer as

    revolucionárias complexidades que envolvem suas grandes obras.

      Portanto, este extraordinário trabalho do Maestro Ricardo Rocha,

    além de se inserir em uma longa e ilustre linhagem, traz uma importante

    contribuição ao estudo e à interpretação das sinfonias de Beethoven, ao mostrar

    de modo claro, didático e objetivo as estruturas de cada uma delas e de cada

    um de seus movimentos e, ao mesmo tempo, fornecer informações sintéticas e

    precisas sobre a gênese de cada obra e as circunstâncias históricas e biográcas

    de sua elaboração.

      Por conseguinte, trata-se de uma importante e signicativa contribuiçãopara um melhor esclarecimento da maravilhosa obra do imortal gênio de Bonn.

    Luiz Paulo Sampaio, PhDDoutor em Musicologia (PhD.) pela Universidade de Montreal / 2000

    Mestre em Memória Social e Documento pela Universidade do Rio de Janeiro – UNIRIO/1994Bacharel em Pedagogia Musical – magistério de piano –

    Escola Superior de Música e Artes Interpretativas de Viena / Áustria – 1975

    Institucionalmente acumulou diversos cargos de liderança na últimas três décadas como:Diretor, Coordenador, Decano, Superintendente e Presidente em instituições como

    TMRJ – Theatro Municipal do Rio de Janeiro, FUNARJ, Fundação de Artesdo Rio de Janeiro, UNIRIO – Universidade do RJ e Museu Villa-Lobos

    Em busca do essencial na obra sinfônica de Beethoven

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     Apresentação

     A  posição central que as nove sinfonias de Beethoven ocupam no repertório

    internacional foi se armando no Brasil de forma gradual: no século XIX, apesar de

    a Pastoral ter sido apresentada em 1843 no hoje extinto Teatro São Januário, foi

    somente a partir da década de 1880, através da programação do “Clube Beethoven”

    (que realizou, entre 1882 e 1890, mais de 150 concertos sinfônicos e sobretudo de

    câmera), que se deram as primeiras audições da Quinta (1882), Sétima (1884),

    e da Eroica (1885); na década seguinte, a música de Beethoven encontraria no

    compositor Alberto Nepomuceno um dos seus maiores defensores: um exemplo,

    no curto intervalo entre 1895 e 1897, é o impressionante conjunto de obras que

    ele rege no Cassino Fluminense e nos “Concertos Populares” do Teatro Lírico:Primeira, Quinta e Sétima Sinfonias, Concertos para piano (1º e 5º) e para violino

    e orquestra, e diversas Aberturas (Leonora, Coriolano).

      Entretanto, seria somente no século XX – impulsionado por execuções

    exemplares, tais como a 1ª audição brasileira da Nona em 1918, sob a direção de

    Gino Marinuzzi, e as tournés nos anos 20 da Orquestra Filarmônica de Viena, sob a

    regência de Richard Strauss e Felix Weingartner –, que o ciclo completo das nove

    sinfonias seria incorporado regularmente à programação sinfônica, sobretudo pelo

    empenho do compositor e maestro Francisco Braga, que conduziu a programação

    da Sociedade de Concertos Sinfônicos de 1912 a 1933.

      Inserindo-se nessa tradição, a abordagem das nove sinfonias – tratadas

    como um conjunto orgânico – é uma das características do presente trabalho de

    Ricardo Rocha, o qual se dirige tanto ao estudante e prossional da música quanto

    ao melômano. O autor adota, para cada obra e para cada um dos 37 movimentos

    que as compõem, um sistema de representação gráca que permite a visualização

    simultânea de aspectos composicionais de grande importância, desde a arquitetura

    geral de cada sinfonia – colocando em evidência as relações de proporção que

    existem entre seus diversos movimentos – aos detalhes de organização no

    interior de cada um desses movimentos, nos quais cada agrupamento temático é

    minuciosamente analisado, compasso a compasso, tanto nos seus desdobramentos

    tonais quanto formais.

      As sinfonias de Beethoven fornecem alguns dos mais extraordinários

    exemplos das formas “Sonata”, ”Lied”, “Scherzo (Minueto)” e ”Rondó”, desenvolvidas

    desde Haydn e Mozart, e que zeram a glória do Classicismo vienense. Longe de

    constituírem moldes rígidos, elas são tratadas com grande liberdade pelo compositor,

    podendo assumir conformações as mais variadas. Dentre essas, destaca-se a forma

    por excelência desse período, a “Forma-Sonata” – a qual pode ser sumariamente

    descrita como composta de três seções (“Exposição”-“Desenvolvimento”-

    “Recapitulação”), às quais é adicionada uma “grande coda” (ou “Desenvolvimento

    terminal”, na terminologia de Vincent D’Indy) –, sendo representada no conjunto

    das nove sinfonias por aproximadamente vinte exemplos, cada qual com suas

    peculiaridades próprias (daí Charles Rosen usar o plural “Sonata-Forms”). O formato

    de “Atlas”, proposto por Ricardo Rocha, permite ao estudioso, de forma inovadora,

    ricas comparações entre movimentos e entre sinfonias.

    No Brasil, os estudos beethovenianos são extremamente raros, apesar do

    magistral ensaio de Willy Corrêa de Oliveira escrito escrito na década de 1970, e de

     já quase datar de 100 anos o livro de Amélia de Rezende Martins sobre o conjunto

    das nove sinfonias. Se, por um lado, o trabalho de Ricardo Rocha vem preencher um

    vazio em nossa bibliograa, por outro, ele representa uma contribuição de grande

    relevância, na qual se fundem uma sólida formação analítica com a experiência e

    vivência do intérprete.

     Manoel Aranha Corrêa do Lago, Doutor Doutor em Musicologia pela UNIRIO, com Pós-Doutorado na USP

    Membro da Academia Brasileira de Música, Cadeira n.15Estudou Análise e Composição com Nadia Boulanger e Michel Phillipot (Paris),

    Piano com Madeleine Lipatti e Arnaldo Estrella, e Teoria com A. Dieudonné e Esther Scliar

    Formado também em Economia pela UFRJ e Universidade de Princeton (EUA)Publicou livros e diversos textos em livros e revistas acadêmicas

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    Introdução

     É  com a alma em festa que entregamos este trabalho ao grande público. Amagníca coleção de obras aqui estudadas, espinha dorsal do corpo da músicaocidental, foi o nosso foco maior, o objeto querido de nossa investigação e estudo

    nos últimos vinte e cinco anos, paralelamente ao trabalho realizado com outras

    obras, grandes ou não, como poemas e concertos sinfônicos, concertos solistas,

    suítes, oratórios e outras formas, principalmente orquestrais. Mas conhecer e

    analisar um conjunto monumental de obras como o das sinfonias de Beethoven

    mostrou-se também tarefa longa e de grande desgaste, exigindo condições de

    concentração, isolamento e silêncio quase impossíveis de reunir em nossa vida

    urbana e acelerada.

    Sobre o métodoEste livro, uma exegese em forma de atlas com a coleção de trinta e

    sete cartas grácas policromadas, relativas aos trinta e sete movimentos que

    compõem as nove sinfonias escritas por Ludwig van Beethoven, é o resultado,

    como proposta de modelo para a análise de outras obras, do desenvolvimento de

    um método inédito e inovador, no Brasil e no mundo, voltado para o entendimento

    do discurso musical, cuja ideia central é a de um mapeamento “topográco”, por

    assim dizer, de uma obra ou movimento de qualquer música escrita, seja ela

    sinfônica, camerística ou mesmo para instrumento solo.

     Aqui cabe uma observação: o livro apresenta o resultado deste método, mas

    não o processo e o conjunto de ações e procedimentos que nos levam a ele.

    Porém, seu princípio é realmente simples e demanda, apenas, a busca sempre do

    todo para a parte, obrigatoriamente nesta ordem.

     Assim, começando por delimitar a área de trabalho (por exemplo, o movimento

    de uma sinfonia, concerto solista, poema sinfônico, etc.), anotamos gracamente

    no papel o esboço de guras – como quadrados e retângulos (em alguns casos

    até triângulos) que representarão as grandes e principais seções, estas que nos

    são mais perceptíveis visual e auditivamente.

     A partir daí, observando cada mudança no ‘desenho’ musical, cada “ponto

    de articulação sintática”, se eu assim puder formular, marcamos igualmente cada

    um destes desenhos que aparecem então congurando padrões reconhecíveis,

    os quais, para serem contextualizados, podem ser representados por guras

    igualmente geométricas como as acima descritas, porém menores, que vão sendo

    inseridas dentro das guras maiores com um nome ou um conceito.

     Ao nal, após um breve período de ensaio e erro, terá nascido o esboço de

     As Sinfonias de Beethoven como modelo para a

    apresentação de um método de análise musical

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    uma prancha gráca, capaz de traduzir a estrutura da obra ou do movimento em

    foco. Desse momento em diante, com o todo e suas principais partes congurados,

    o trabalho passa a ser, então, o de exegese, do agrupamento dos elementos

    menores em seus detalhes, da precisão no registro dos compassos, etc.

    O método que apresentamos, portanto, visando o diagnóstico claro e

    demonstrável da estrutura da obra analisada, consiste neste procedimento eprocesso de delimitação e reconhecimento da área de trabalho, com o objetivo de

    representá-la plasticamente, nela inserindo as informações levantadas na exegese

    musical, as quais vão sendo organizadas dentro das guras grácas. Já o livro

    apresenta o resultado do método, o resultado do trabalho para cuja demonstração

    elegemos toda a coleção das nove sinfonias de Beethoven, aqui analisadas à

    luz deste meio de compreensão musical, que se dá através do conhecimento da

    estrutura das obras.

     Ao longo das quase três décadas em que foi elaborado e desenvolvido com

    vagar, este procedimento de análise estrutural veio sendo aperfeiçoado, na prática,

    através de seu uso direto em aulas e cursos ministrados tanto a prossionais como aleigos. Neste caso, adaptamos as pranchas para os que não leem música, retirando

    a numeração de compassos e usando-as com DVDs nas aulas ou em concertos

    didáticos, nos quais tivemos a oportunidade de executar exemplos tocados ao vivo

    pela orquestra, para o reconhecimento, pelo público, das principais ideias musicais

    e suas conexões na sintaxe musical usada pelo compositor.

    Evitando a polêmica conceitualSem desconsiderar aqui outras formas de análise e abordagens de um texto

    musical, mesmo as que partiram das representações subjetivas de seus autores,

    uma das propostas do nosso empreendimento foi a de buscar sempre a objetividade

    dos fatos demonstráveis nas partituras, ainda que a existência de uma “objetividade”

    numa obra musical possa ser considerada controversa. Toda obra de arte é, em si,

    um signicante aberto a diversos signicados. Por isso mesmo não descartamos

    os diferentes olhares e as diferentes perspectivas que uma mesma obra, como

    puro signicante, possa suscitar. Até porque aqui também esbarramos com uma

    questão não menos difícil, que é o da ausência de uma unidade de conceitos que

    seja consensual, no Brasil e no mundo.

    Este costuma ser um dos maiores problemas da análise musical: a ausência

    de uma padronização internacional dos termos mais utilizados nesta área, levando

    a dúvidas e mesmo impasses de origem conceitual, por razões semânticas ou por

    conitos de perspectivas e pontos de vista de diferentes analistas sobre o mesmo

    objeto de análise, seja este uma célula, um motivo, uma frase e assim por diante.

    O que nos cabe aqui como contribuição e queremos oferecer é apenas a

    apresentação de uma maneira especíca de leitura de uma obra musical, como intuito de somar uma nova ferramenta, uma nova lente às já existentes, para

    a análise de obras musicais através do mapeamento gráco de suas principais

    estruturas.

    Portanto, não temos qualquer interesse no conito entre termos e linguagens

    eventualmente estabelecidos entre teóricos, professores e alunos de música. Para

    tanto, já na página seguinte, o leitor encontrará um pequeno manual explicativo

    sobre a conceituação e o signicado que demos aos termos que utilizamos em

    nossa análise. É com eles e a partir deles que ele, o leitor, deverá instrumentalizar-

    se para empreender a leitura da análise que quiser fazer.

    Foco do trabalhoComo nossa área de interesse é a da descrição do conteúdo de uma peça

    musical organizada em seu arcabouço formal, concluímos por estabelecer nossos

    próprios conceitos para a identicação dos eventos que seguem padrões idênticos

    ou similares de ocorrência sintática, inventariando-os numa bula introdutória, de

    maneira que o leitor possa familiarizar-se com o que chamamos de seção, sub-

    seção, tema, contratema, entretemas, frase, motivo, bloco, coda, etc.

     Através da numeração de compassos, estes eventos foram compartimentados

    em estruturas grácas, nas quais tentamos reproduzir plasticamente a envergadura

    física das principais seções e subseções, sempre buscando a proporcionalidade

    aproximada ao seu número de compassos. Como resultado, obtivemos pranchas

    que deram conta da tradução, digamos, visual da conguração da estrutura e da

    forma do movimento analisado.

     Assim, a grande vantagem deste método reside na possibilidade de leitura e

    compreensão rápidas do todo complexo de cada movimento, sem desconsideração

    com a parte, que se apresenta tratada com precisão de referências e clareza de

    conceitos.

     Aqui cabe uma importante observação: como em diferentes casos o volume

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    de informações dentro de cada caixa, mesmo que sintéticas, exigiu-nos expandi-

    las mais do que o que seria adequado para a representação das proporções

    ideais, empreendemos um grande painel às páginas 24 e 25 com as proporções

    bem mais próximas da realidade espacial de todas as seções e subseções dos 37

    movimentos desta coleção. Referência estrutural mais el, ele nos serve também

    para conhecermos melhor como Beethoven trabalhava os padrões sintáticos deseu discurso musical.

    A quem o trabalho se destinaNo entanto, sabíamos que, chegando ao m desta empreitada, o livro

    não serviria apenas a todo o meio musical culto, como regentes, compositores,

    instrumentistas, professores e estudantes de música em geral, que agora poderiam

    conhecer melhor o pensamento deste grande compositor à luz de um novo

    método, mas também estabeleceria uma nova referência para leigos interessados

    no entendimento do discurso musical erudito, através de expedientes como os

    das experiências acima relatadas, com o uso de DVDs ou em concertos didáticos.Ou seja, a reexão foi a de que, uma vez entendidas obras com a complexidade

    deste conjunto, o modelo para a compreensão de outras estaria estabelecido.

    Por isso, as sinfonias de Beethoven foram-nos, antes de tudo, modelo para o

    desenvolvimento e a apresentação deste método.

    Por m, para a introdução do leitor a cada sinfonia, oferecemos comentários

    sintéticos com dados básicos sobre o contexto de sua criação, estreia, e alguns

    outros que julgamos necessários, considerando a enorme facilidade de acesso a

    quaisquer informações sobre Beethoven e suas obras em nossa época. Também,

    na abertura de cada sinfonia, uma prancha busca dar conta visual da estrutura

    de cada um dos movimentos da obra, com a breve descrição sobre a forma, a

    tonalidade e o andamento dos mesmos. A consideração de todos estes aspectos

    dá-nos a certeza do valor perene deste trabalho, tornando-o capaz de atender às

    muitas gerações, no presente e no futuro, que a ele venham a ter acesso.

    É, portanto, com o prazer e a emoção de uma missão cumprida que

    oferecemos este volume, no qual se encontra mapeado um dos maiores

    patrimônios musicais já legados à Humanidade: o conjunto das Nove Sinfonias

    de Ludwig van Beethoven.

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     A SinfoniaSua gênese, movimentos e formas

    Origem A origem do termo ‘sinfonia’ é antiquíssima e vem da terminologia grega

    syn+phonein, que signicava consonância, conjunto de sons em harmonia.Entretanto, o foco de nosso interesse aqui encontra-se no processo iniciado no

    século XVII, que fez com que este termo, então relacionado à música instrumental

    executada em conjunto, viesse a se tornar um conceito formal.

     A sinfonia, como a conhecemos hoje em dia, teve sua origem na canzona 

    renascentista, iniciamente vocal e depois instrumental, com um número de

    movimentos limitado em cinco partes contrastantes entre si por Giovanno Battista

    Vitali (1644-1692), que, no entanto, as ampliou, desenvolvendo o conceito de

    movimento como parte integrante de uma forma cíclica instrumental:

    Canzona:- Grave: lento e solene

    - Allegro: em estilo polifônico

    - Grave: como o Grave inicial

    - Andante: homofônico, em andamento moderado

    - Allegro: polifônico

    Mais tarde, com Arcangelo Corelli (1653-1713), nasce a que passou a ser

    chamada de sonata da chiesa, por ser usada nos prelúdios, interlúdios e poslúdios

    instrumentais dos cultos religiosos, disposta na seguinte forma, também cíclica:

    Sonata da chiesa- Grave: homofônico ou polifônico

    - Allegro: polifônico

    - Andante: homofônico

    - Allegro: homofônico ou polifônico

     A Suíte, que no século 17 era um conjunto ou sucessão de danças de origem

    popular ou cortesã, igualmente agrupadas de forma cíclica, desenvolveu-se

    independentemente do processo que levou a canzona vocal renascentista à sonata

    da chiesa  instrumental barroca. Só que, devido ao processo de secularização da

    sociedade europeia iniciado na Renascença, a Suíte passa a inuenciar cada

    vez mais a sonata da chiesa, impregnando-a do caráter profano e popular da

    Renascença. É um dos momentos importantes da gênese da Sinfonia Clássica, a

    partir da seguinte transformação:

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    Da Sonata da chiesa à Suite- Grave: homofônico ou polifônico Grave: dança

    - Allegro: polifônico Allegro: polifônico

    - Andante: homofônico Andante: dança

    - Allegro: homofônico ou polifônico Allegro: dança

     A tendência a limitar as partes da forma cíclica produziu novas formas, que

    serviam de prelúdio instrumental para obras vocais, particularmente a ópera,

    mas também oratórios e cantatas. Para tais introduções, até para se conseguir o

    silêncio e a atenção de todos, a forma mais usada era a da canzona instrumental, a

    qual, entretanto, passou a utilizar três movimentos, assim distribuídos, cumprindo

    a função de introdução ou “abertura primitiva”:

    Abertura Francesa- Grave (solene e ornamentado)

    - Allegro (polifônico com imitações)- Grave (com reminiscências do primeiro movimento)

    Jean-Baptiste Lully (1632-1687) foi seu grande representante, a quem foi

    atribuída a ‘Abertura Francesa’, assim disposta.

    Entretanto, enquanto Lully suprimiu o último movimento da canzona 

    instrumental original, Alessandro Scarlatti (1659-1725) criou, suprimindo o primeiro

    movimento da  sonata da chiesa, a sua ‘Abertura Napolitana’, a qual, partir de

    1730, passou a inuenciar todos os gêneros de música instrumental, solista ou de

    conjunto, impondo-se não só frente à sonata da chiesa, mas também à Abertura

    Francesa e até mesmo à Suíte, tornando-se a precursora da sinfonia clássica.

    Seus movimentos eram assim dispostos:

    Abertura Napolitana- Allegro: homofônico

    - Andante: em ritmo de dança

    - Allegro: em ritmo de dança

    Entre as inumeráveis formas de dança da Suíte, o Minueto acabou por

    associar-se à forma cíclica da Abertura Napolitana por seu despojamento, o que

    se adaptava melhor às tendências ditadas pela “volta à Natureza”, ou seja, contra

    as estilizações. Isto se deu em torno de 1740, quando o Minueto acabou por xar-

    se ao conjunto de danças que dará origem, de maneira sublimada, à Sinfonia

    Clássica. Compuseram este conjunto:

    Suíte• a Allemanda, correspondente ao primeiro movimento;

    • a Sarabanda, correspondente ao segundo;

    • o Scherzo e/ou o Minueto, que funcionavam como Intermédio das Suítes,

    correspondentes ao terceiro movimento;

    • Giga, equivalente ao quarto movimento.

    A estrutura formal dos quatro movimentos daSinfonia Clássicaa) Tonalidade dos movimentos:Dos quatro movimentos que compõem a Sinfonia Clássica, a tonalidade

    principal da obra está sempre presente em pelo menos três: o primeiro, o terceiro e

    o quarto. Só o segundo costuma aparecer em tonalidades vizinhas: subdominante,

    dominante ou relativa maior ou menor;

    b) Estruturação bitemáticaEnquanto a ‘sinfonia’ barroca, de caráter épico e narrativo, baseou-se

    na elaboração monotemática, as ideias individualistas do Iluminismo francês

    provocaram a subjetividade na expressão musical a partir do exercício dos

    contrastes, presentes igualmente nas transformações sociais da época. Em

    termos gurativos, podemos representar assim esta nova realidade: se, com a

    Reforma Protestante, a Igreja e o Clero perdem o poder temporal do Estado,

    que passa às mãos de uma monarquia absolutista e, portanto, ‘monotemática’,

    com o Iluminismo uma nova classe em ascensão, a burguesia, começa a lhe

    impor oposição representada musicalmente por uma forma de contraste ao que

    poderíamos chamar de “absolutismo monotemático”, introduzindo na forma sonata

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    um segundo tema, contrastante ao primeiro, expediente que produz o nascimento

    da Sonata bitemática.

    Esta, até então peça de estrutura originalmente monotemática e escrita para

    instrumentos de cordas, à diferença da toccata – para instrumentos de teclado – e da

    cantata – para conjunto vocal –, ganha um segundo tema, mais lírico, contrastante

    com o primeiro e, em geral, mais enérgico, gerando uma forma ternária, cuja terceira

    seção é basicamente a repetição da primeira.

    Tal estrutura, representada pela forma ABA, passa a ser chamada de Forma

    Sonata, xando-se na sinfonia clássica não só, mas obrigatoriamente, em seu

    primeiro movimento. Esta forma constitui-se como o coroamento de todas as

    formas musicais produzidas até hoje e Beethoven foi, seguramente, o maior de

    seus mestres, e o que mais desenvolveu suas possibilidades.

    c) Movimentos da Sinfonia e suas formasPrimeiro movimento: em forma Sonata com o andamento Allegro:

    ABA’ (lê-se “á-bê-á linha”)

    ● Esquema formal

    - (Introdução)

    - Exposição (A)

    - Desenvolvimento (B)

    - Reexposição (A’)

    - (Coda ou DT – Desenvolvimento Terminal, em Beethoven)

     A forma da Sonata bitemática acabou tornando-se o arcabouço do primeiro

    movimento do gênero sinfonia, caracterizando-a. Com uma introdução facultativa,

    sua estrutura é ternária (A B A’), nalizada com uma Coda do movimento (aqui

    não estamos falando da coda de seção, mas do movimento). Esta Coda, como a

    introdução, é igualmente facultativa. Da palavra italiana que quer dizer “cauda”,

    signicando musicalmente nalização, cumpre dizer que, em Beethoven, esta

    pequena seção com a mera função de dar encerramento ao movimento foi

    hipertroada, ganhando status de seção, com envergadura igual ou às vezes maior

    que as demais seções.

      A esta “super coda” ou mesmo nova seção B’, chamaremos de

    “Desenvolvimento Terminal”, ou seja, uma seção que carrega, em si, um caráter

    de nalização da obra. O termo é atribuído ao compositor francês Vincent d’Indy

    (1851-1931).

    Modelo básico do primeiro movimento● Seção A, Exposição:

    1. Apresentação do tema a no tom da Tônica;

    2. Ponte ou ligação;

    3. Apresentação do tema b no tom da Dominante, para as tonalidades maiores,

      ou na relativa maior para as menores;

    4. Ponte ou ligação;

    5. Coda (ou epílogo, com ou sem codeta), nalizando na tonalidade

      do tema b (geralmente não termina no tom principal).

    ● Seção B, Desenvolvimento:

    Seção normalmente modulante, de desenvolvimento, em diferentes partes, dostemas apresentados na Exposição. Pode acontecer de o compositor desenvolver

    apenas o tema ou o motivo do tema principal (a), não citando o tema secundário

    (b). É o campo verdadeiramente composicional do compositor e onde Beethoven

    melhor demonstrou a extensão e a envergadura de sua genialidade musical.

    ● Seção A’, Reexposição:

    Seção em que a Exposição (A) é reapresentada de maneira variada no tom da

    Tônica, sendo que o tema b aparece igualmente na Tônica:

    1. Apresentação do tema a no tom da Tônica;

    2. Ponte ou ligação;

    3. Apresentação do tema b no tom da Tônica;

    4. Ponte ou ligação;

    5. Coda.

    Segundo movimento: Lied (canção)Normalmente é composto em forma Lied ternária (a b a’), podendo ser

    desenvolvido (a b a’ b’ a”) ou mesmo do tipo “Sonata”, com ou sem desenvolvimento.

    Seu andamento é lento: Adagio, Largo, Andante etc.

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    Se na sinfonia a única forma autenticamente bitemática é a da forma sonata

    do allegro inicial, a sua única forma monotemática, salvo exceções, é a forma

    Lied do segundo movimento. Apesar de possuir, em geral, uma estrutura ternária

    (aba), diferencia-se da forma sonata na medida em que seu tema único nos evoca

    um caráter épico e narrativo, ao contrário do caráter dramático da primeira, com

    seus temas contrastantes.

    ● Esquema formal

      Entre as principais congurações da forma Lied, podemos citar:

    1. Lied a três seções: a b a’

    2. Lied a cinco seções: a b a’ b’ a” ou a b a’ c a”, também chamado de

      Grande Lied

    3. Lied-sonata: A (com dois temas, ponte e coda) e A’ (reexposição da forma

      sonata)

    4. Tema com variações: Tema seguido de variações, como no caso da Nona

    Sinfonia de Beethoven, o qual, também excepcionalmente, aparece noterceiro movimento.

    Terceiro movimento: Minueto, em forma a b aO nome desta dança de ritmo ternário (3/4, 3/8) surgida na França, deriva do

    vocábulo “menu”, que equivale a “gracioso”, “pequeno”, adjetivos que caracterizam

    seus passos. Segundo Harnoncourt, em seu livro O Diálogo Musical , o minueto

    originou-se de uma dança popular denominada “Branle à mener de Poitou”, que

    chegou à corte de Luis XIV em meados do século XVII. Lully o usou em seus

    balés, compostos para as suntuosas festas do Rei Sol.

    Possui como principal característica uma seção intermediária conhecida por

    “Trio”, que não deixa de ser igualmente um minueto, porém tocado por um número

    menor de instrumentos e, em geral, executado em um andamento mais cômodo.

    Tal prática também nasce com Lully, em seus citados “Ballets du Cour”,

    quando o compositor utilizava, no primeiro minueto, toda a orquestra e, no

    segundo, apenas um trio de sopros: dois oboés e um fagote.

    O terceiro Minueto, ou “Minueto da capo”, não era outra coisa senão que a

    repetição textual do primeiro sem os ‘ritornelli’, ou seja, sem a repetição das partes.

    ● Esquema formal

    A – Minueto  B – Trio A – Minueto

    |: a :||: b | a :| |: a :||: b | a :| a | b | a

    ou  ou

    |: a :||: b | a’ :| |: c :||: d | c’ :|

    Obs.: Não consideramos aqui a forma do Minueto como um ABA’, o que

    estaria igualmente correto, na medida em que a volta ao A dá-se, em geral, por

    uma indicação do compositor ao escrever apenas, ao nal do B, “Menuetto da

    capo”. Acontece que a distinção do A para um A’ é gerada, aí, pelo simples fato de

    a maioria dos regentes e intérpretes, seguindo uma tradição não escrita, fazer o

    ‘da capo’ ao A sem os ritornelli. Sendo assim, como a repetição é simplesmente

    tácita e passada através de cultura oral, portanto não obrigatória, preferimos

    relevar o formato original, deixado pelo compositor.

    Entretanto, cabe lembrar que tal estrutura, representada pela forma ABA’,

    passou a ser chamada de Forma Sonata, xando-se na sinfonia clássica não só,mas obrigatoriamente, em seu primeiro movimento.

    O Minueto em Beethoven, que se torna ScherzoJá na época da citada “volta à Natureza”, quando os artistas contendiam por

    uma simplicação da expressão musical, o Minueto se viu despojado do caráter

    de dança cortesã para tornar-se marcadamente popular, em desacordo com o

    próprio nome “menuet”, dança de passos graciosos.

     A partir da segunda metade do século XVIII, o Minueto entra numa nova fase

    de transformações que tendem a estilizá-lo, despojando-o denitivamente de seu

    caráter de dança. Esta foi a modicação mais profunda até então, quando se quis,

    inclusive, tirar-lhe o nome, substituindo-o por “scherzo”.

    Haydn já utiliza este nome em uma série de quartetos compostos em 1781,

    mesmo que, a rigor, tais movimentos não sejam outra coisa senão minuetos,

    ainda que mais rápidos. No entanto, em Beethoven, a mudança do nome procede,

    até mesmo quando, eventualmente, os movimentos recebem a denominação de

    Minuetos.

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    A estrutura: a mesmaGuardando apenas a estrutura formal do Minueto (a b a, sendo b um trio),

    Beethoven amplia enormemente as dimensões das partes, destituindo-as de todo

    o caráter de música de dança, não só através da aceleração do andamento, como

    também através da mudança do compasso ternário, tão típico do Minueto, que

    aparece modicado para um binário simples ou composto, como no caso dasSinfonias Sexta (Pastoral), em 2/4, e na Nona (Coral), na qual, aliás, foi colocado

    no segundo movimento.

     Assim, Beethoven muda profunda e radicalmente o Minueto sinfônico,

    convertendo-o em uma peça de expressão subjetiva e independente, a que chamou

    de Scherzo.

    Quarto movimento: RondóEm andamento allegro (ou presto)

     As formas Sonata e Lied, que aqui examinamos, são formas simples. Ao

    lado destas temos, na sinfonia, formas compostas que nascem do acoplamento devárias formas Lied, as quais contrastam entre si a tal ponto que chegam a parecer

    bi- ou até multitemáticas. Contudo, não se tratam de formas bitemáticas, mas tão

    somente formas monotemáticas acopladas.

    Estas nascem do jogo típico de repetições (os ‘ritornell i’). Entre estas

    repetições surgem episódios de modo que a forma total adquire um esquema formal

     já encontrado na literatura grega, conhecido como “refrão / estribilho (ritornello) x

    episódio / estrofe”:

     a b a c a d a etc. entendendo-se a por ritornello e b, c, d etc. por episódios.

    Na sinfonia, isso aparece nas seguintes formas, conhecidas pelo nome

    genérico rondó, a saber:

    1) Rondó a seções: a b a / a b a c a

    O a aparece sempre na tonalidade principal, enquanto cada um dos episódios

    busca uma tonalidade vizinha, para destacar o contraste existente entre refrão e

    estrofes.

    2) Rondó-Sonata: a b a c a b a

    Repetindo o primeiro episódio (b), cumprido o esquema formal de rondó (a b

    a c a), surge uma nova forma assim expressa: a b a c a b a. Nesta fórmula, o episódio

    c  torna-se central entre duas seções idênticas (a b a), semelhantes à Exposição e

    Reexposição da forma Sonata.

    Se, ainda por cima, o primeiro episódio na primeira vez aparecer na tonalidade

    da dominante (ou relativa, se em tom menor) e, na segunda, no tom principal, este

    episódio toma o papel do segundo tema da forma sonata. E se, para completar, o

    segundo episódio c for elaborado em forma de desenvolvimento baseado no material

    temático exposto pelo refrão a  e pelo primeiro episódio b, a semelhança entre as

    formas Rondó e Sonata resulta praticamente completa.

     A diferença reside no fato de que, no Rondó, o ritornello aparece sempre no tom

    principal e as partes que integram a forma total são formas Lied, tripartitas na maior

    parte dos casos.

    RONDÓ:

    |a b a | | c | | a b a

    |Tônica | Domin | Tônica | Modulação Livre | Tônica | Domin | Tônica |

    SONATA:

     |A - Exposição | | B - Desenvolvimento | | A’- Reexposição

    |a b a | | c | | a b a

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    Conceituação

    “É a manifestação superior de uma ideia organizadora, de uma

    intervenção da inteligência contra o acaso. A forma é a condição

    da Arte.” Roland de Candé

    “Na innidade de combinações sonoras, a música é uma escolha

    que a forma deve justicar.” 

    Conceição Rezende

     

     F orma musical é a organização de ideias sonoras e musicais, desenvolvidase conguradas organicamente dentro de um contexto histórico e cultural, as quaispodem se apresentar sob diferentes estruturas e seções como as de

    - início-desenvolvimento-nal 

    - início-desenvolvimento-transformação   (em nova seção), além de outras

    congurações.

    Seção é uma parte do todo (forma) e pode ser igualmente dividida em subpartes,

    ou subseções. Quando possui mais de um tema (bi- ou tritemática), será nomeada

    com letras maiúsculas, por exemplo, A, B, A’, DT (DesenvolvimentoTerminal), etc.

    Quando for monotemática, será com letras minúsculas: a, b, a1, b1,c, d, etc.

    Nota: No caso destas sinfonias de Beethoven, todas as seções são

    notadas com letras maiúsculas, com uma única exceção: trata-se do segundo

    movimento da Sétima Sinfonia, na qual cada seção monotemática é nomeada de

    a b a1 b1 e a2.

     A subdivisão de uma seção será sempre tratada como subseção.

    Principais elementos internos

    1) Ideia musical● Tema: é a ideia musical, principal ou secundária, que sustenta a

    argumentação do discurso musical nele desenvolvida. Tem características e

    personalidade próprias e é, em geral, facilmente reconhecível, salvo em situações

    em que aparece muito variado ou apresentado em instrumentos que, por força da

    orquestração ou mesmo da dinâmica, tornam-se difíceis de identicar.

    Tema é assunto musical e será nomeado a, b, c ou d, em função de sua

    importância ou simplesmente na ordem de sua apresentação;

    ● Célula: poderíamos chamá-la de inciso, ou, dependendo da situação,

    até de nota, mas é suciente considerá-la tão somente o menor elemento da

    fragmentação temática na análise estrutural;

    e termos utilizados na análise estrutural

    das formas e da sintaxe musical

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    ● Motivo: é o núcleo de notas ou células que caracterizam o tema e nos

    permite reconhecer e identicar a ideia do tema. É a “costela” do tema, a sua

    “abreviatura” musical;

    ● Frase: é o segmento de um trecho musical, um grupo melódico,

    correspondente à oração na gramática. Será chamada de Antecedente, se

    propositiva, e Consequente, se conclusiva àquela proposição (correspondentes

    gramaticais às orações coordenadas e subordinadas).

    ● Período: reunião de duas ou mais frases formando um todo coerente;

    ● Contratema: é uma melodia com personalidade própria colocada em

    contraponto ao tema;

    ● Entretemas: um Entretemas encontra-se invariavelmente entre os Temas a 

    e b nos movimentos em forma sonata e é elemento tipicamente beethoveniano nacoleção das nove sinfonias do mestre de Bonn. É uma ideia musical com pregnância

    e personalidade, porém quase sempre derivada do Tema a  e dele herdeiro da

    tonalidade e da dinâmica. Pode ter um sentido complementar ao tema principal;

    ● Episódio: diferentemente da forma Fuga, na qual o Episódio costuma ser o

    momento em que o tema é apresentado em tons vizinhos, nós o entendemos como

    um fato musical incidental, pontual e com certa autonomia sintática, que pode, ou

    não, ligar uma seção a outra. Em geral, seu motivo costuma não ter ligação com os

    motivos principais;

    ● Divertimento: fato musical de caráter leve e passageiro, que pode aparecer

    como uma intercalação em subseções musicais. Difere do Episódio por apresentar,

    em sua composição, elementos musicais já utilizados.

    2) Elementos de ligação entre pequenas ou grandesestruturas

    No discurso musical, encontramos diferentes trechos cuja única função é a

    de ligar um tema, uma subseção ou mesmo uma seção a outra. Esses trechos,

    que cumprem o papel de transição, adquirem pers especícos dentro do contexto

    musical e nem sempre podem ser identicados à luz de um mesmo conceito, sejapelo caráter e nível de contraste em relação ao que foi exposto imediatamente

    antes, seja pelo volume de modulações1 ou simplesmente por sua extensão. Desta

    maneira, e apenas na medida do possível, tentamos identicá-los como ligações,

    transições, passagens ou pontes. Se há uma notória autonomia de forma e caráter,

    podemos chamá-los de intermédio:

    ● Ligação: costuma ser o menor em extensão, podendo ocupar somente um,

    dois ou poucos compassos, aparecendo no nal de um trecho reconhecidamente

    nalizado;

    ● Transição: é uma ligação maior, mais avantajada, a qual, entretanto, não

    chega a se congurar como Ponte;

    ● Passagem: é uma transição que não teve começo obrigatoriamente após

    uma nalização, mas apareceu subitamente e com certa autonomia, podendo

    desenvolver-se com marchas modulantes1  e outros expedientes. Também não

    tem o compromisso de levar a uma nova ideia musical ou seção, ainda que

    possa fazê-lo;

    ● Ponte: em geral, liga ideias musicais e mesmo seções com perl muito claro

    de elemento de união, podendo ser extensa ou não;

    ● Intermédio: conforme descrito acima, possui clara autonomia de forma e

    caráter, distinguindo-se, contudo, do Entretemas, por não ter sua gênese no tema

    principal nem competir com ele.

    1:ver item 5 à página

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    3) Caráter, cores● Andamentos: caracterizam a velocidade em que a música, por indicação

    do compositor, deve ser executada. Do lento ao rápido podemos ter: Adagio, Lento,

     Andante, Allegro, Vivace, Presto, Prestissimo, etc. Em Beethoven, traduzem mais

    o caráter do que sua indicação metronômica;

    ● Dinâmica: É o volume em que a música, segmento ou mesmo nota deve

    ser executada. Do som pouco audível ao volume muito alto: pianíssimo, piano,

    forte, fortíssimo, fortissíssimo;

    4) Jogos de imitação e variação● Cânon: forma que se tornou difundida particularmente no século XVI, na

    qual um tema é rigorosamente imitado por outra ou outras vozes à distância de

    um, dois ou mais compassos, continuamente;

    ● Processo canônico: quando uma ideia musical é imitada por outra voz,

    em estilo canônico, porém de forma variada, sem compromisso com o rigor da

    imitação. Poderá também ser chamado de jogo imitativo ou de imitações;

    ● Imitações: quando apenas motivos ou mesmo células de um tema ou de

    uma ideia musical são repetidos alternadamente em diferentes vozes, de maneira

    variada;

    5) Harmonia e outros elementos musicais● Tônica: na escala tonal e diatônica de sete sons, a Tônica é o primeiro

    grau, aquele que indica a tonalidade da escala e sobre a qual esta é construída.

    Por exemplo: em dó maior, a Tônica é o dó, seu ponto de repouso e origem;

    ● Dominante: na escala tonal e diatônica de sete sons, a Dominante é o

    quinto grau, o grau mais importante depois da Tônica, por representar o ponto

    máximo de tensão da escala. Por exemplo: em dó maior, a Dominante é o sol;

    ● Cadência: é uma pontuação musical, a qual pode cumprir efeito conclusivo

    ou suspensivo, terminando um período, uma frase ou até mesmo um motivo. A

    cadência sempre indica um repouso;

    ● Pedal: é um som ou um motivo rítmico sustentado e contínuo, sobre o qual

    uma ideia musical é desenvolvida por um período que pode ser curto ou longo;

    ● Modulação: o momento de passagem de uma tonalidade para outra;

    ● Modulante: em que há modulação;

    ● Anacruse: nota ou grupo de notas que antecedem o tempo forte de um

    compasso;

    ● Anacrústico: ritmo produzido pela anacruse;

    ● Hemíola: do grego hemiolos, que signica “um e meio” (1 ½). Trata-se

    de um fenômeno rítmico muito comum na música barroca europeia, na qual,

    no interior de dois compassos ternários, surgem, por mudança na acentuação

    métrica, três compassos binários, como no exemplo abaixo:

    Compasso ¾ regular:

    > - - | > - - | > - - | > - - | > - -

    Com hemíola:

    > - - | > - - | > - > | - > - | > - -

     Exemplo em Beethoven:

    Oitava Sinfonia, 1º. Movimento, compassos 70-71 e 80-81

    ●  Ritmo hemiolítico: mudança provisória de uma acentuação rítmica que

    congure uma autêntica hemíola ou que a sugira, por semelhança de caráter e efeito.

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    6) Sobre a numeração de compassosConsiderando que o objetivo desta análise é o da exegese voltada ao

    delineamento da estrutura da obra em foco, nela a nossa numeração de compassos

    propõe-se a identicar, em geral, os principais eventos musicais neles contidos.

    Em alguns movimentos lentos onde a demarcação dos eventos exige

    identicação precisa, como o caso do segundo movimento da Sexta Sinfonia,usamos a numeração de compassos acrescida da de tempos, como no exemplo:

    . m2, Cl 1 ............. 72.4 - 77.1

    (Motivo 2 do Tema a na Primeira Clarineta: do quarto tempo do compasso 72

    ao primeiro tempo do compasso 77)

    Tal identicação, salvo em casos como o do movimento citado, não é, para

    nós, um critério padrão, mas aberto e eventual, apenas utilizado em trechos em que

    os desenhos internos da estrutura possam ser ameaçados pela perda de clareza.

    7) Alguns termos e típicas expressões musicais em italiano● Coda: conforme descrito no item c do capítulo anterior, este termo signica

    “cauda”, indicando a nalização de uma seção musical. Em geral, a mesma

    carrega reminiscências da ideia ou das ideias principais que foram apresentadas

    pelo compositor. Neste livro o termo será indicado como Coda no encerramento de

    seções e como CODA, no encerramento de movimentos;

    ● Codeta: “caudinha” ou pequena coda. Costuma aparecer no nal de uma

    Coda, conrmando ou rearmando o nal;

    ● Ritmo di due, tre, quattro battute: do singular battuta, signicando

    compasso, o seu uso no plural, escrito ou não pelo compositor, indica que a batida

    tética da pulsão musical está acontecendo não mais da cabeça de cada compasso,

    mas a cada dois (due), três (tre) ou quatro (quattro) compassos.

    Exemplo:

    Tema a do fugato do segundo movimento da Nona Sinfonia de Beethoven:

    ● a quattro battute: compassos 9 (segundos Violinos), 13 (Violas),

    17 (Violoncelos), 21 (Violinos 1), 25 (Contrabaixos) etc.

    ● a tre battute: compassos 177 (Fagote 1), 180 (Oboé 1 e Clarineta 1),

    183 (Fagote 1), 186 (Flauta 1 e Oboé 1), 189 ( Clarineta 1 e Fagote 1) etc.

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    21

     AbreviaturasTermos, tonalidades e instrumentos

    Termos Ant: Antecedente

    c/: com

    comp: compassos

    Cons: Consequente

    dom: dominanteMa: Motivo do Tema a

    Ma²: segunda célula do Ma

    Mad: Madeiras

    Mb: Motivo do Tema b

    ME: Motivo do Entretemas

    MI: Motivo da Introdução

    MIm: Motivo do Intermédio

    mod: modulante

    modul: modulação

    mov: Movimento

    MP: Motivo do Tema Principal

    Obs.: Observação

    TaP: Tema Principal

    TaS: Tema Secundário

    TP: Tom Principal

    s/: sem

    p/: para

    pizz: pizzicato

    Dinâmica p: piano

     pp: pianíssimo

    fp: forte-piano

    f : forte

    mf : meio-forteff: fortíssimo

    sf : sforzatto

    Tonalidades A: Lá maior 

    B: Si maior 

    C: Dó maior  

    D: Ré maior 

    E: Mi maior 

    F: Fá maior 

    G: Sol maior 

     Am: Lá menor 

     A#: Lá sustenido maior 

     A#m: Lá sustenido menor 

     Ab: Lá bemol maior 

     Abm: Lá bemol menor 

    InstrumentosMadeirasPicc: Piccolo

    Fl: Flautas

    Ob: Oboés

    Cl: ClarinetasFg: Fagotes

    Cfg: Contrafagote

    MetaisCor: Trompas

    Tpt: Trompetes

    Tbn: Trombones

    Percussão

    Tmp: Tímpanos

    Tgl: Triângulo

    Cx: Caixa

    CordasVl1-2: Violinos 1 e 2

    Vl1: Violinos 1

    Vl2: Violinos 2

    Vla: ViolasVc: Violoncelos

    Cb: Contrabaixos

    Sinais  Ritornello: indica o retorno

    ao sinal predecessor 

      : crescendo

      : decrescendo

    X : indica que os grupos de

    instrumentos estão em jogode imitação

    Observação:Os números indicados

    nas seções e subseções

    referem-se a compassos.

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     As Nove Sinfonias

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    24

    Breve painel das estruturas

    Forma: Ternária Simples (ABA)

    Forma: Ternária Simples (ABA)

    Forma: Ternár ia CompostaABA (Scherzo)

    Forma: Sonata

    Forma: Ternária Simples (ABA)

    Forma: Sonata

    Forma: Tema com variações

    Forma: Sonata

    Forma: Sonata

    Forma: Ternária

    Forma: Sonata

    Forma: Lied

    Forma: Scherzo

    Forma: Tema e variações

    Forma: Sonata

    Forma: Sonata

    Forma: Sonata

    Forma: Sonata

    Forma: Sonata

    e formas de todos os movimentos da coleção

    Forma: Sonata

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    25

    Forma: Ternária(Scherzo l ivre)

    Forma: ABABA Coda

    Forma: Minueto(Ternária Simples)

    Forma: Tema e Variações(ou um grande Lied)

    Forma: Rondó-Sonata

    Forma: Sonata (comcaráter de Rondó)

    Forma: Tema e variações

    Forma: Sonata

    Forma: Sonata comelementos de Rondó

    Forma: Lied

    Forma: Binária bitemáticaA A’ Coda

    Forma: Sonata com um trio no lugar do Desenvolvimento Terminal

    Forma: Sonata

    Forma: Poema Sinfônico

    Forma: Sonata

    Forma: Sonata

    Forma: Sonata

     

    114-119

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    26

    Primeira Sinfoniaem dó maior, opus 21, 1799-1800

     Ao terminar esta sua Primeira Sinfonia, Beethoven já era consideradoum virtuose do piano, além de também gozar de uma considerável fama como

    compositor – o mais original de sua época –, reputação esta que então só crescia.

     Apesar das controvérsias sobre a questão de esta obra dar ou não continuidade

    ao ponto de evolução musical a que chegaram Haydn e Mozart, fato é que a sua

    Primeira Sinfonia, particularmente no Finale, é herdeira e depositária do espírito de

    Haydn, de quem Beethoven fora aluno. Contudo, nela há que se reconhecer a força

    própria de sua personalidade armativa.

    Ficou famosa a indenição tonal com que Beethoven dá início à obra,

    abrindo o Adagio molto da introdução com um acorde de dominante de Fá maior,

    resolvendo-o na tônica (Fá maior) e modulando-o até a dominante (Sol maior) do

    tom principal, Dó maior.

    Ela foi apresentada ao público vienense num primeiro concerto que Beethoven

    promoveu em benefício próprio, em 2 de abril de 1800. Para isso, ele contratou a

    orquestra da Ópera Italiana, com seus cerca de 40 a 50 músicos, e há registros

    de que houve disputas sobre quem a iria dirigir. O compositor acabou por fazê-

    lo e deixou bastante a desejar. Houve uma única crítica no jornal  Allgemeine 

    Musikalische Zeitung , publicada somente seis meses depois, com comentários frios

    e indiferentes, originados muito provavelmente das deciências interpretativas. O

    crítico chegou a escrever que “a obra continha considerável arte, novidade e riqueza

    de ideias”, concluindo, no entanto, logo depois de listar os defeitos do conjunto,

    que “com tal comportamento, de que adianta o talento incontestável que possui

    a maioria dos músicos desse conjunto? Como, sob tais circunstâncias, mesmo a

    melhor das composições pode ser efetiva?” Reclamando ainda de que havia muitos

    instrumentos de sopro, escreveu que, por causa disso, “ a música soava mais como

    se houvesse sido escrita para uma banda militar do que para uma orquestra”.

    Entretanto, o que importa é que, malgrado uma estreia tão pouco favorável, a

    sua Primeira Sinfonia logo conquistou fama e amplo reconhecimento a partir de sua

    publicação, ocorrida em 1801.

    Período de criação: 1799 a 1800

    Orquestração:  Conjunto haydn-mozartiano – 2 autas, 2 oboés, 2clarinetas, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, tímpanos, orquestra de cordas.

    Primeira audição: Viena, 2 de abril de 1800, no Hofburgertheater, sob aregência de Beethoven.

    Demais obras trabalhadas nesse período: nalização daSonata para Piano opus 13 (“Patética”), das duas Sonatas para Piano opus 14

    e dos Minuetos para Orquestra, em 1799. Em 1800, completa os seis Quartetos

    opus 18 e o Septeto opus 20; começa também o balé “As criaturas de Prometeu”,

    as Sonatas para Violino opus 23 e 24, e as Sonatas para Piano opus 26 e 27 n.1.

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    28

    1ºMovimento

    Primeira Sinfonia

    Forma: SonataTonalidade: C - Dó maior Andamentos:  Adagio molto  = 88   Allegro con brio  = 112

    Termosdom: dominante

    Obs.: Observação

    Ma: Motivo do Tema a

    mod: modulante

    Dinâmicamf : meio-forte

    ff : fortíssimo

    Tonalidades A: Lá maior 

     Am: Lá menor 

    C: Dó maior 

    D: Ré maior 

    F: Fá maior 

    Fm: Fá menor 

    G: Sol maior 

    Gm: Sol menor 

    Bb: Si bemol maior 

    Eb: Mi bemol maior 

    Cm: Dó menor 

    InstrumentosMadeiras

    Fl: Flautas

    Ob: Oboés

    Cl: Clarinetas

    Fg: FagotesMetais

    Cor: Trompas

    Tpt: Trompetes

    Percussão

    Tmp: Tímpanos

    Cordas

    Vl1-2: Violinos 1 e 2

    Vl1: Violinos 1

    Vl2: Violinos 2

    Vla: Violas

    Vc: VioloncelosCb: Contrabaixo

     Abreviaturas do Movimento

     Notas A tonalidade de lá maior anotada na lista ao lado cumpre a

    função de dominante de Ré maior.

    *: Reexposição, tema b: Beethoven deve ter esquecido odobramento da Cl1 com a Fl1 no compasso 208; comparar os

    compassos 206 e 208 com os 61 e 63 (Vl1-2) e 214 e 216 (Fl1-Vl1).

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    29

    1ºMovimentoPrimeira Sinfonia

    Introdução1-12

    13 - 32a - C Vl I, C, p- ModulaçãoTaP em Dm

    Modulação para dom. de CDominante de C

    Exposição13 - 109

     A 

    • F (dominante-tônica)• C V-VI  (cadência interrompida)• Modulação para G

    • G (como dominante)• C• Dominante-Tônica• V - VI  (cadência interrompida)• Armação na dominante

    12

    34 - 5

    67 - 8

    9 - 10

    11-12

    13 - 17

    19 - 2324

    25 - 32

    33 - 52Entretemas - C • Jogo de imitações  Vl1-Vl2 x Fl-Cl-Fg1  sobre pedal da Tônica• Transição

      1) Mod. para dom.  2) Conrmação em G  (Vla, Vc, Cb x Fl1-Ob1-Fg1)

    33 - 40

    41 - 4445 - 52

    53 - 87 b - G, GmParte 1, G• Ob1 x Fl1• Vl1, Vl2 x Fl1, Ob1

    • Transição tutti em f 

    Parte 2, Gm mod. p/ G(Fg1) Vc, Cb em contrapontocom Ob1, Fg1

    53 - 6853 - 60

    61 - 68

    69 - 76

    77 - 87

    88 - 109Coda - GMa em jogo imitativo• Codeta (G)

      Ligação com Casa 1

    • Casa 1

    88 - 100100 - 105

    108 - 109

    Obs.: Construído sobre Ma

    Parte IMa com elemento sincopado,modulando por quadratura

    • 3 quadraturas: A, D e G

    Parte IIMarcha harmônica em imitaçõesVc-Cb x Fl1-Ob1• 2 quadraturas: Cm, Fm

    • Contração: Bb3 x 2 compassos em crescendo

      Vc-Cb X Fl1-Vl1

    Parte IIIDistensão cadencial - Cordas

    • Bb como dominante Eb

    Parte IV a) Variante da Parte I:

    Ma em imitações comelemento sincopado, mod.por quadratura

      - 3 quadraturas: Eb, Fm, Gm

    b) Contração 2 x 2 comp  Dm, Am

    Parte V Culminação em ff sobre dom. Am

    - Ligação: modulação p/ TP 

    110 - 121

    122 - 135

    136 - 143

    144 - 159144 - 155

    160 - 173

    Desenvolvimento110 - 173

    B

    Parte I• 3 quadraturas com Ma em C

    Parte II• tutti  em blocos de acordes

    em forma de cadência

    Coda• Ma em C,

    conrmação do Tema Principal- 4 quadraturas em acordesarpejados na tônica

    • Codeta: acordes TP

    Obs.: Último compasso embranco ( 298 )

    259 - 270

    271 - 276

    277 - 298

    a - C em ff Tutti , C em ff - Modulação  TaP em Dm

    Reexposição178 - 259

     A’

    Transição modulante

    Obs.: sem a reapresentação do Entretemas, em seu lugar apareceapenas o motivo retirado daanacruse do TaP (comp. 12 ) edesenvolvido por imitação, comaumento orquestral, modulante

     para G (dominante do TaP)

    • Armação em G  como dominante

    - Ligação

     b - C, CmParte I, C

    • Fl1, Cl1* x Ob1, Fg1• Fl1, Vl1 x Ob1, Fg1

    • Transição tutti em f 

    Parte II, Cm mod. p/ CVc e Cb em contrapontocom Ob1, Cl1 e Fg1

    Coda - GMa em jogo imitativo

    • Codeta em C

    241 - 253

    241 - 259

    206 - 240

    188 - 205

    178 - 188

    174 - 177

    253 - 259.1

    12 97 64 81 40

    DesenvolvimentoTerminal

    259 - 298

    • Casa 2

    106 - 107

    122 - 129130 - 135

    156 - 159

    198 - 203

    183

    204 - 205

    206 - 221

    206 - 213214 - 221

    222 - 229

    230 - 240

    277 - 292293 - 298

    4

    18

    108 - 109

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    30

    Forma: SonataTonalidade: F - Fá maior Andamento:  Andante cantabile con moto  = 120

     2ºMovimento

    Primeira Sinfonia

    Termosdom: dominante

    TP: Tom Principal

    Dinâmica

     p: pianof : forte

    TonalidadesC: Dó maior 

    F: Fá maior 

    Dbm: Ré bemol menor 

    G: Sol maior 

    Gm: Sol menor 

    InstrumentosMadeiras

    Fl: Flautas

    Ob: Oboés

    Cl: Clarinetas

    Fg: Fagotes

    Metais

    Cor: Trompas

    Tpt: Trompetes

    Percussão

    Tmp: Tímpanos

    Cordas

    Vl1-2: Violinos 1 e 2

    Vl1: Violinos 1

    Vl2: Violinos 2

    Vla: Violas

    Vc: VioloncelosCb: Contrabaixo

     Abreviaturas do Movimento

     Notas*:  A apresentação do Antecedente em fugato na exposição do Tema a  pode, numprimeiro momento, confundir o reconhecimento do seu Consequente no compasso 27 

    pela própria distância que o jogo de imitações impõe entre a frase propositiva, aqui

    chamada de Antecedente, e a conclusiva, chamada de Consequente (ler sobre Frase àspáginas 11 e 12).

      Entretanto, se considerarmos o Antecedente exposto apenas nos Segundos

     Violinos nos seis primeiros compassos e a sua ligação direta e motívica com o Consequente

    a partir do compasso 27, abstraindo e considerando as demais exposições em fugato do

     Antecedente como mero expediente composicional e decorativo, identificaremos com

    facilidade o fluxo musical entre duas frases de um mesmo período e uma mesma ideia

    temática, sendo que o Consequente ainda, ao afirmar-se através de uma reprise variada

    nos compassos 35-42.1, cumpre seu papel sintático de oração de caráter conclusivo no

    discurso musical, dando integridade e identidade ao tema principal.

  • 8/15/2019 Nove Sinfonias de Beethoven - Uma análise estrutural

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    31

    2ºMovimentoPrimeira Sinfonia

    97 - 100

    • Introdução modulante

    Parte I

    • Dbm, ostinato construídosobre 2 motivos  1 - Rítmico da Coda  (ver  53-60 nos Tmp)  2 - Melódico do Consequente

    Parte II• C (dominante TP)  Pedal rítmico em C nos Tmp  sobre Ma em jogo dinâmico p – f 

    • Culminação:  sobre a dom. TP

    Desenvolvimento65 - 96

    B

    Reexposição101 - 161

     A’

    Coda - F • Pedal rítmico sobrea tônica nos Vl2 e Vla

    • Codeta

    182 - 190.1

    162

    190 - 195

    32 61 33

    a - F 

    Antecedente, em F• Exposição em fugato  Vl2  Vla-Vc

      (Fg-Cb)  (Fl)-Ob1-Vl1• Armação dom. TP

    (notar pedal em C nas Cor)

    Consequente, em CCom modulação passageira

     para Dm 27-28 • Vl1 x Vc• Reprise variada

      com primeiras Madeiras e Cb

    Exposição1 - 64 A 

    • Frase 1 em p, Cordas

    • Frase 2 em f ,  Madeiras x Cordas

      (elemento sincopado: 49-51 )

    53 - 64Coda - C 

    • Pedal rítmico em G  nos Tmp e Tpt contra síncopes  nos Fg2, Cor, Vl2, Vla, Vc, Cb  (dominante da dominante do TP   com solo de Fl e Vl1)

    • Codeta 

    53 - 61

    62 - 64

    64

    DesenvolvimentoTerminal

    163 - 195

    Antecedente, em F

    • Exposição em fugato:  (variação com motivo novocomo contra-sujeito)

      Vl2 x Vc  Vla x Vl1-2

      (Fg2-Vc-Cb)  Ob1 (Fl) x Fg2-Vc-Cb

    • Armação dom. TP

    (notar pedal em C sincopadonas Cl e Fg )

    Consequente, em FCom modulação passageira

     para Gm 127 - 128 • Vl1 x Vc• Reprise variadacom Madeiras e Cb

    • Frase 1 em p, Cordas

    • Frase 2 em f , Madei ras x Cordas

    (elemento sincopado: 149-151 )

    Coda - F • Pedal rítmico em C  nos Tmp e Tpt contra síncopes

    nos Fg2, Cor, Vl2, Vla, Vc, Cb  (dominante do TP com  solo de Vl1 e Fl)  - Tmp, Tpt x Fg2, Cor, Vc, Cb

    • Antecedente variado

    • Modulações passageiras em

    direção ao Tema Principal, em F

    1 - 42.1

    1 - 6

    1 - 191 - 26

    7 - 10

    13 - 19.1

    11 -12

    19 - 26

    42 - 52

    35 - 42.127 - 34

    27 - 42.1

    46 - 52

    42 - 45

    71 - 80

    65 - 70

    81 - 96

    93 - 96

    101 - 141

    101 - 106

    101 - 126

    107 - 110

    113 - 119.1

    111 - 112

    120 - 126

    127 - 141

    142 - 152

    135 - 141127 - 134

    146 - 152

    153 - 161

    142 - 145

    163 - 170

    171 -181

     b - C 

    14

    153 - 161 182 - 195

    a - F 

     b - C 

  • 8/15/2019 Nove Sinfonias de Beethoven - Uma análise estrutural

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    32

    3ºMovimento

    Primeira Sinfonia

    Forma: Ternária simples (ABA) - MenuettoTonalidade: C - Dó Maior Andamento:  Allegro molto vivace  = 108 Termos

    TP: Tom Principal

    Dinâmicaf : forte

    ff : fortíssimosf : sforzatto

    TonalidadesC: Dó maior 

    G: Sol maior 

    Dm: Ré menor 

    Db: Ré bemol maior 

    InstrumentosMadeiras

    Fl: Flautas

    Ob: Oboés

    Cl: Clarinetas

    Fg: Fagotes

    Metais

    Cor: Trompas

    Tpt: Trompetes

    Percussão

    Tmp: Tímpanos

    Cordas

    Vl1-2: Violinos 1 e 2

    Vl1: Violinos 1

    Vl2: Violinos 2

    Vla: Violas

    Vc: VioloncelosCb: Contrabaixo

     Abreviaturas do Movimento

  • 8/15/2019 Nove Sinfonias de Beethoven - Uma análise estrutural

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    33

    3ºMovimentoPrimeira Sinfonia

    58

    Trio80 - 137

    B

    80 - 103 Antecedente - C , tônica80 - 8788 - 95

    96 - 103

    104 - 112.1Consequente, dominante

    • Cl, Cor x Vl1

    122 - 137 Antecedente*- tônica

    * Variação do TaP

    • Cadência Perfeita  - Duas quadraturas com sentido

    conclusivo: I - IV - V - I

    • Codeta

    122 - 125

    126 - 134.1

    112-

    121

    134 - 137

    • C

    • Modulação para Dm• Modulação para G  - Dominante em tom principal 

    Coda - C 

    79

     Menuetto, da capo A 

     Antecedente - C 

    Consequente

     Antecedente - C 

    59 - 79Coda - C • Sequência sf  • Síncopes de dominante para Tônica

    • Codeta

    66 - 73

    74 - 79

    79

     Menuetto1 - 79 A 

     Antecedente - C 

    • Vl1 em dupla quadratura, p < f   C G

    9 - 32Consequente

    • Modulação para Db

    • Armação de Db  - Fg1, Vla e Vc sobre pedal

    da tônica de Fg2 e Cb

    Ponte modulante para TP 

    9 - 24

    25 - 33.1

    45 - 58 Antecedente - C • Tutti em C, f - ff   - Quarteto madeiras, Vl1 e Vl2  - Vl1 e Vl2  (Fl e Ob1 dobrando Vl1 e Vl2

    a partir do 51 )

    45 - 5845 - 4849 - 58

    59 - 65

    33 -

    44

    1 - 8

  • 8/15/2019 Nove Sinfonias de Beethoven - Uma análise estrutural

    34/128

    34

     4ºMovimento

    Primeira Sinfonia

    Forma: SonataTonalidade: C - Dó maior Andamentos:  Adagio  = 63   Allegro molto e vivace  = 88

    TermosObs.: Observação

    TP: Tom Principal

    Dinâmica

     p: pianof: forte

    ff: fortíssimo

    Tonalidades A: Lá maior 

    C: Dó maior 

    D: Ré maior 

    F: Fá maior 

    G: Sol maior 

    Bb: Si bemol maior 

    Cm: Dó menor 

    InstrumentosMadeiras

    Fl: Flautas

    Ob: Oboés

    Cl: Clarinetas

    Fg: Fagotes

    Metais

    Cor: Trompas

    Tpt: Trompetes

    Percussão

    Tmp: Tímpanos

    Cordas

    Vl1-2: Violinos 1 e 2

    Vl1: Violinos 1

    Vl2: Violinos 2

    Vla: Violas

    Vc: VioloncelosCb: Contrabaixo

     Abreviaturas do Movimento

  • 8/15/2019 Nove Sinfonias de Beethoven - Uma análise estrutural

    35/128

    35

    4ºMovimentoPrimeira Sinfonia

    Introdução*1-6

    Exposição7 - 95

     A 

    *Sobre dominante TP  

    • Tutti , ff  em G uníssono

    • Vl1, p: preparação para

      entrada do motivo do tema a

    1

    2 - 6

    7 - 30a - C • Antecedente,com motivo anacrústico

      - Vl1

    • Consequente em terças  - Vl1 e Vl2  - Reprise

    Fg e Ob  tutti 

    7 - 14

    15 - 22

    23 - 26

    86 - 95Coda - G• Modulação para TP sobremotivo anacrústico- TaP, Vl2 (G como dom. C)

    • Culminação  - Casa 1, da capo

    86 - 9394 - 95

    Parte I (casa 2: 96-97  )• Zona de modulação com

    elementos dos temas a e b

    Parte II• Bb, ff súbito

    Parte III• Modulação para F, Vc sobre mot ivo anacrústico TaP

    Parte IV • Imitações por movimentocontrário sobre motivo

    anacrústico TaPa) Cordas

    b) Madeiras  (motivo sincopado do  divertimento 78-85)  - Harmonia: ciclo das dominantes

    (A - D - G - C - F)

    Ligação

    Parte V • Pedal na dominante TPa) C, f   Cm, ff b) Progressão sobre

    arpejo de 7ª dominante TP,motivo anacrústico TaP

    c) Armação dom. TP

    96 - 107

    108 - 115

    Desenvolvimento96 - 156

    BReexposição

    163 - 237 A’

    160 - 162

    238 - 242

    6 89 64 3 75 62

    DesenvolvimentoTerminal

    243 - 304

    27 - 30.1

    30 - 53Entretemas - C 

    • Ob1, Cor1, Tpt1 x Vl1 e Vl2

    • Modulação para D

    • Pedal sobre D  (dominante da dominante do TP )

    30 - 37

    38 - 45

    46 - 53

    56 - 86 b - G• Vl1 e Vl2

    • Variante em progressão

    • Divertimento

    Madeiras X Cordas  (jogo de síncopes em imitação)

    56 - 63

    64 - 77

    78 - 85 (86.1)

    226 - 237

    192 - 225

    Coda - G

    • Motivo anacrústico TaP  - Vl1 e Vl2

     b - F, C 

    • Vl1-2 em oitavas  - em F  - em C

    • Variante em progressão

    • Divertimento

      (afrmação em C )

    192 - 203

    204 - 217218 - 225

    192 - 199200 - 203

    (sem Entretemas)

    116 - 122

    123 - 137

    130 - 137

    138 - 139

    140 - 159

    140 - 143144 - 147

    123 - 129

    148 - 155

    156 - 159 (160.1)

    266 - 304Coda - C 

    • Variante do Entretemas(30-33)

      Ob-Cor 

    • Progressão

    sobre arpejo TP com motivo do TaP 

    • Codeta

     Obs.: o último compasso ( 304 )é em branco, como no1º movimento

    266 -288

    • Antecedente, p e f 

    • Consequente, p e ff 

    243 - 250

    251 - 265

    289 - 296

    297 - 304

    54 -55

    a - C 163 - 170

    171 - 178

    179 - 190.1

    163 - 189

    • Antecedente  - Vl1

    • Consequente  - Vl1 e Vl2  - Reprise  Fg e Ob, em p  Fl, Cl, Vl1-2, em f   (modulação para TP )

    190 -

    191

    5

    96 - 97

  • 8/15/2019 Nove Sinfonias de Beethoven - Uma análise estrutural

    36/128

    36

    Segunda Sinfonia

    C hama a atenção nesta sinfonia a alegria, a luminosidade e, principalmente, avitalidade e o fervor juvenil com que foi escrita, sem quaisquer traços ou revelações

    da angústia e do desespero pelos quais o compositor passava naquele penoso

    ano de 1802. A mando de seu médico, Dr. Schmidt, ele foi passar todo o verão

    (maio-outubro) em Heiligenstadt em busca do silêncio, pois que a progressão

    no desenvolvimento de sua surdez já se apresentava como fato consumado e

    irreversível. Lá, nesta região da periferia de Viena, Beethoven não só compôs a

    maior parte da obra como também a nalizou, solitário e retirado numa casa na

    encosta, onde só recebia as visitas do médico e de seu aluno Ries. Dedicou-a ao

    príncipe Karl von Lichnowsky, seu maior admirador no meio aristocrático vienense.

    Foi justamente nesta estada em Heiligenstadt que ele escreveu a patética carta

    a seus irmãos, que viria a tornar-se famosa como o “Testamento de Heiligenstadt”,

    na qual relata sua desgraçada condição de deciente daquele que é o sentido de

    que mais necessitava na sua condição de músico. Pensa então em dar cabo de sua

    própria vida e arma ser a Arte a única capaz de impedi-lo de tal atitude.

    Para alguns comentaristas, esta sinfonia representa o ponto culminante da

    expressão musical haydn-mozartiana, o “ponto-nal” antes da entrada nas regiões

    até então desconhecidas e inexploradas da música confessional que Beethoven

    passará a revelar a partir da Eroica.

    Podemos considerá-la assim, mas desde que isto signique uma extensão,

    um avanço em tudo o que vinha sendo feito até então.

     Ao contrário do que hoje podemos testemunhar, houve uma reação hostil à

    obra na época de sua estreia, com alguns críticos escrevendo no limite da grosseria

    contra ela e outros com reticência, comparando-a com a Primeira Sinfonia, que

    consideraram de maior leveza e beleza, ao passo que esta representaria mais um

    “esforço de busca do novo e do surpreendente”.

    Período de criação: 1802

    Orquestração:  Conjunto haydn-mozartiano – 2 autas, 2 oboés, 2clarinetas, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, tímpanos, orquestra de cordas.

    Primeira audição: Viena, 5 de abril de 1803, no Theater an der Wien,sob a regência de Beethoven, em programa com o seu Concerto nº 1 para Piano e

    Orquestra, em dó menor, e o oratório Cristo no Monte das Oliveiras.

    Demais obras trabalhadas nesse período: Três Sonatas paraPiano opus 31 e outras obras para piano, como as Bagatelle; variações (onde se

    incluem as sobre o tema de Prometheus opus 35), o Concerto para Piano nº 3, as

    Três Sonatas para Violino opus 30, a Sonata para Violino opus 47 ( Kreutzersonate)

    e o início na Sinfonia n. 3, “Eroica”.

    em ré maior, opus 36, 1802

  • 8/15/2019 Nove Sinfonias de Beethoven - Uma análise estrutural

    37/128

    4ºmovimento

    2ºmovimento1ºmovimento

    3ºmovimento

    Representação estrutural dos movimentos

    37

    Forma: Sonata

    Forma: Ternária Simples (ABA)

    Forma: Sonata

    Forma: Sonata

     A 

     A’

    B

    DesenvolvimentoTerminal

    Introdução b

     b b

     b

    aa

    a

    a

    CodaCoda Coda

    Coda

    EntretemasEntretemas Entretemas

    Entretemas

    Parte I

    Parte II

    Parte I

    Parte II

    CODA

     A 

     A’

    B

    Parte I

    Parte II

    Parte III

    Parte IV 

     b  b

     b

    a a

    a

    a’a’

    a’Coda Coda

     A   A 

    B

     A  A’

    B

    DesenvolvimentoTerminal

     b  b

    aa

    Coda CodaCoda

    EntretemasEntretemas

    Parte I

    Parte II

    Parte III

    Parte IV 

    Parte V

    Parte I

    Parte II

    Parte III

    Parte IV 

    Parte V

  • 8/15/2019 Nove Sinfonias de Beethoven - Uma análise estrutural

    38/128

    38

    1ºMovimento

    Segunda Sinfonia

    Forma: SonataTonalidade: D - Ré maior Andamentos:  Adagio molto  = 84   Allegro con brio  = 100

    Termosdom: dominante

    Ma: Motivo do Tema a

    s/: sem

    TP: Tom Principal

    Dinâmica p: piano

     pp: pianíssimo

    f: forte

    ff : fortíssimo

    Tonalidades A: Lá maior 

     Am: Lá menor 

    C: Dó maior 

    C#: Dó sustenido maior D: Ré maior 

    F: Fá maior 

    F#m: Fá sustenido menor 

    G: Sol maior 

    Gm: Sol menor 

    Bb: Si bemol maior 

    Dm: Ré menor 

    InstrumentosMadeiras

    Fl: Flautas

    Ob: Oboés

    Cl: Clarinetas

    Fg: Fagotes

    Metais

    Cor: Trompas

    Tpt: Trompetes

    Percussão

    Tmp: Tímpanos

    Cordas

    Vl1-2: Violinos 1 e 2

    Vl1: Violinos 1

    Vl2: Violinos 2

    Vla: Violas

    Vc: VioloncelosCb: Contrabaixo

     Abreviaturas do Movimento

     Notas*: Apesar do cânon seguir um desenho ascendente em 4ªs., nós o

    adotamos como 5ªs. descendentes, por ser este o movimento no

    ciclo natural.

  • 8/15/2019 Nove Sinfonias de Beethoven - Uma análise estrutural

    39/128

    39

    1ºMovimentoSegunda Sinfonia

    245 - 273 b - D• Tema b

    - Fr.1, p, Ob-Cor (Cl)- Frase 2, ff , Vl1-Vl2  (Fl-Ob-Cl)

    Ligação• Reprise:

      - Frase 1, p, Fl-Ob-Fg  - Frase 2, ff , Vl1-Vl2  (Madeiras)

    • Passagem modulante  sobre motivo rítmico  do Entretemas  (Vla-Vc-Cb x Fl-Ob Fg-Vl1)  - Cadência

    284 - 303Coda - D• Cadência plagal  sobreMa em D

      como dominante Gm• Armação em D (tônica)

    • Codeta

    274-

    283

    284 - 291

    292 - 297

    298 - 303

    Introdução1 - 23

    34 - 60a - D• Tema a

      - Vla-Vc-Cb

      - Motivo a2 (Ma2):  Ob1-Fg1• Expansão  - Parte 1

    modulante para Dm  - Parte 2: Dm-Bb  (napolitano de Am)

    Exposição34 - 135 A 

    • Tema da Introdução  - Ataque inicial:  tutti uníssono em ré  - Tema: Ob1  - Reprise: Vl1

    Ligação modulante

    • Divertimento modulante  - Bb  - Marcha harmônica em  dominantes: G-C-F

      - Dominante (20) e  Tônica de Gm (21)  - A como dom. de Dm  - Culminação em Dm• Ponte com pedal na dom.  do TP nas Cor e Cb

    1 - 8.1

    8 - 11

    12 - 2312 - 1617 - 19

    20 - 21

    2223

    61 - 72

    233 - 244Entretemas Entretemas• Sobre dominante de Am  - Vl1-Vl2

    - Reprise Variado  - Armação E (dom)

    73 - 101 b - A• Tema b

    - Frase 1, p, Cl-Fg- Frase 2, ff , Vl1-Vl2

    Ligação• Reprise:  - Frase 1, p, Fl-Cl-Fg  - Frase 2, ff , Vl1-Vl2• Passagem modulante sobre

     mot ivo rítmico do Entretemas  (Vla-Vc-Cb x Fl-Ob-Vl1)  - Cadência

    112 - 135Coda - A, Dm

    • Cadência plagal  sobreMa

    • Armação de A (dom)• Codeta  - ligação (Casa1)

      - Tema a

    • Casa 2  - Variação Casa 1

      - Reprise variado do  m da Codeta (130-131)

    132 - 133

    134 (=34)

    136 - 137

    Parte I, sobre Ma• Ma em Dm

    • Marcha harmônica  - Cânon mod. em 5as*  Cordas: Vla-Vc-Cb x Vl1-2  (Gm, Cm, F, Bb)  - Diálogo

      (Cordas x Madeiras s/Cl)

    • Culminação  - Tensão: C-G

      - Clímax: D,  como dominante  - Distensão

    Parte II, sobre Mb• Frase 1 do Tema b em p, G  Vl1-Vl2, Fg

    • Passagem modulante,  em p cresc .

    • Culminação

      em C# (dominante)  em jogo dominante-tônica (F#m)

    138 - 145

    146 - 157

    146 - 153

    198 - 211

    Desenvolvimento138 - 211

    B

      Parte I, sobre Ma  • D modulante para A  • A modulante para D  • D modulante

      Parte II  • Marcha Harmônica

    condutora ao TP (D)

    Coda• Codeta  Afmação tonal a partir de 354• Ataque nal

    tutti  uníssono em D,como no início

    310 - 325

    326 - 339

    340 - 360

    Reexposição216 - 303

     A’

    212 - 215

    23 102 74 88 51

    DesenvolvimentoTerminal

    310 - 360

    132 - 133

    138 - 181

    186 - 197

    304 - 30924 - 33

    10

    102 -

    111

    112 - 119

    120 - 125

    134 - 135

    2

    182 - 185

    182 - 211

    170 - 178.1

    178 - 181

    158 - 169158 - 181

    154 - 157

    350 - 358

    359 - 360

    4 6

    34 - 5634 - 4041 - 46

    47 - 60

    47 - 56

    57 - 60

    73 - 7677 - 80.1

    80

    81 - 8485 - 87

    96 - 101

    216 - 232a - D• Tema a

      - Vla-Vc-Cb

      - Ma2: Ob1-Fg1

      - Reprise variado Ma2

      (sem Expansão)

    216 - 222

    223 - 228

    229 - 232

    245 - 248249 - 251

    252

    257 - 259

    260 - 267

    268 - 273

    1 - 45 - 8.1

    61 - 6465 - 6869 - 72

    88 - 95

    126 - 131

    • Sobre dominante de Am  - Vl1-Vl2- Reprise Variado

      - Armação em A (dom)

    233 - 236237 - 240

    241 - 244

    253 - 256

    310 - 315

    316 - 321322 - 325

  • 8/15/2019 Nove Sinfonias de Beethoven - Uma análise estrutural