novas religiÕes japonesas (igreja messiÂnica … religiÕes... · controle de vida proporcionado...
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REVISTA LUMEN ET VIRTUS
ISSN 2177-2789
VOL. VII Nº 17 DEZEMBRO/2016
Cibelle Dirce dos Santos, Gilberto Baptista Castilho & Marília G. Ghizzi Godoy
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NOVAS RELIGIÕES JAPONESAS (IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL E SEICHO-NO-IE): REPRESENTAÇÕES CULTURAIS E PERTENCIMENTO RELIGIOSO1
Profª Drª Marília G. Ghizzi Godoy2
http://lattes.cnpq.br/2821377589447373
Profª Cibelle Dirce dos Santos3
http://lattes.cnpq.br/4460894946106171
Gilberto Baptista Castilho4
http://lattes.cnpq.br/8094261386834718
RESUMO – Neste artigo os autores situam as novas religiões japonesas (NRJ) como um
movimento que se impõe no contexto cultural religioso brasileiro. Aí se encaminhou por meio
de valores simbólicos contrastantes aos do mundo ocidental, ligado à matéria e a ciência. As
práticas religiosas originais criam valores e convencimentos para os novos fiéis em um
contexto de interculturalidade caracterizado como nipo-brasileiros o qual une os fiéis às
tradições religiosas japonesas.
PALAVRAS-CHAVE – Novas Religiões Japonesas, Igreja Messiânica Mundial, Seicho-No-Ie,
palavra, espiritualidade, luz divina.
ABSTRACT – In this paper the authors set the new Japanese religions (NRJ) as a movement
1
Este artigo é resultante da comunicação oral realizada no I Seminário Nacional sobre Espiritualidade no Século
XXI, promovido pela Faculdade Messiânica (SP).
2
Doutora em Psicologia Social (PUC-SP), Mestre em Antropologia Social (USP). Professora do Mestrado em
Ciências Humanas da Universidade Santo Amaro (UNISA), e-mail: [email protected].
3
Mestranda em Ciências Humanas da Universidade Santo Amaro (UNISA), email: [email protected]
4
Mestre em Educação, Administração e Comunicação pela Universidade São Marcos, e-mail:
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that is imposed on Brazilian religious cultural context. Then he walked through contrasting
symbolic values to the Western world, on the field and science. The original religious practices
create values and convictions, for new believers in a context of interculturalism characterized
as Japanese-Brazilians which unites the faithful to Japanese religious traditions.
KEYWORDS – Japanese New Religions, World Messianic Church, Seicho-No-Ie, word,
spirituality, divine light.
O surgimento de Novas Religiões Japonesas em meados do século XX ordena-se com a
formação de valores religiosos que se caracterizam pela projeção de sentidos ligados às
influências ocidentais que se refletiram na modernização do Japão. As introduções de novas
formas de racionalidade tornaram-se expressivas através da unificação política centralizada na
figura do imperador, considerado divino e único. Diante de uma tendência monoteísta admite-
se ter desenvolvido uma unificação semelhante ao que ocorreu com o Cristianismo. Na cultura
japonesa representou influências do xintoísmo, confucionismo, hindu-budista, das crenças
populares, autóctones e xamânicas (TOMITA, 2009).
Na paisagem cultural pode-se entrever uma dinâmica de modernização. Os processos
sociais tornaram-se marcados por tendências universais que se aliaram a um sentido de
multinacionalização religiosa, conforme propõe Nakamaki. (1986) 5
A dimensão de racionalidade tornou-se conhecida por um sentido de orientalização, o
qual caminhou no meio cultural religioso por meio de categorias representativas. De acordo
com Campbell (1997) o sentido de orientalização é expresso pelas categorias de síntese,
totalidade, integração, dedução, subjetivo, dogmático, intuição, anti-ciência, pessoal, moral,
não-discursivo, associativo, êxtase, imaginativo, irracional. Em contrapartida, o pensamento
ocidental é caracterizado pela análise, generalização, diferenciação, indução, objetivo,
intelectual, razão, ciência, impessoal, legal, assertivo, poder, ordem, crítico, racional (ibidem).
5 “Religião multinacional” designa grupos religiosos que, possuindo características de empresas multinacionais,
dedicam-se ao proselitismo em diversos países formando, deste modo, redes de caráter multinacional
(NAKAMAKI, 1986: In: TOMITA, 2004).
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A dinâmica descrita criou motivações para a inserção de valores orientais os quais
sempre foram introduzidos mediante uma oposição às tendências materialistas e tecnológicas
do progresso ocidental e da preponderância da ciência. Nesta tendência compreende-se um
movimento religioso que se organiza de forma a produzir mudanças comprometidas com o
mundo vivido, real.
Referindo-se a orientação das NRJ “para este mundo” destaca-se o pensamento de
Clarke (1999, p. 201, apud TOMITA, 2009, p. 84):
As Novas Religiões Japonesas (e novíssimas) demonstram maior preocupação
com os efeitos das mudanças da modernidade e contemporaneidade no
indivíduo e na sociedade do que as religiões estabelecidas. Também oferecem
crenças e práticas japonesas que lhes possibilitam reagir às rápidas mudanças
culturais, políticas e econômicas vividas no seu país nos últimos 150 anos,
sobretudo desde o pós-guerra (...). No Ocidente, os simpatizantes das NRJ
geralmente apontam a relevância das crenças e práticas no cotidiano e
consideram convincentes as explicações dadas sobre a causalidade espiritual e o
controle de vida proporcionado pelas explicações dadas com relação à doença.
Também apontam a preocupação com a paz e meio ambiente. Sua visão
permite que membros e aspirantes, ao invés de se sentirem impotentes e
incapacitados pela modernidade, sintam-se capazes de controlá-la e aproveitá-la
de forma compatível à sua felicidade pessoal e bem viver aqui na Terra.
Uma dinâmica de conscientização impõe-se ao público religioso. Uma força de caráter
abrangente se traduz em uma cultura expressiva de reforma do ser humano e do mundo. Arte,
ciência e religião acompanham as doutrinas e modelam as atitudes dos seguidores.
Os dados históricos a respeito da inserção das NRJ no Brasil apoiam-se no contexto
da imigração japonesa. Com o efeito somente quando os processos de urbanização e
industrialização tomaram impulso e engendraram adaptações dos imigrantes nas regiões
urbanas é que se criaram cenários para o período designado por Mori (1988) “ressurreição das
religiões japonesas”. A partir da década de 50, no contexto socioeconômico pós-guerra os
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movimentos puderam projetar-se com uma demanda institucional que se auto afirmou
crescentemente progredindo com a globalização e a cultura informacional.
Para esta comunicação os autores concentram a atenção nos movimentos religiosos de
maior visibilidade: Seicho-No-Ie (SNI) e Igreja Messiânica Mundial (IMM). Do ponto de vista
metodológico procurou-se inserir depoimentos dos adeptos expressos na Revista Experiências
de Fé (2008) e depoimentos informais sobre a adesão religiosa aos movimentos aqui
selecionados (IMM, SNI).
Seguindo Watanabe (2001), Tomita (2009), situam-se os períodos de inserção e
expansão da IMM. Destacam-se os períodos: a) difusão pioneira com igrejas independentes
(1955-61); b) da Sede Central e unidades religiosas (1962-75); c) autonomia da Sede Central
(1976-84); d) construção do Solo Sagrado do Brasil e consolidação do sistema de formação
(1985-94); e) Reforma interna posterior à construção do Solo Sagrado, implantação do sistema
de Johrei Center, centralização no trono de Kioshu (4º Líder Espiritual) a partir de 2000 aos
dias atuais.
Em relação ao desenvolvimento da Seicho-No-Ie no Brasil, podemos distinguir fases e
acontecimentos com base nos estudos de Maeyama (1967), Albuquerque (1999) e Castilho
(2006). De acordo com Maeyama existem quatro etapas; Castilho destaca os acontecimentos
principais na implantação da Seicho-No-Ie no Brasil.
A primeira fase de 1934 a 1941, denominada “germinação”, é a época de difusão e de
formação das iniciativas individuais. Nesse período destaca-se o trabalho dos irmãos Matsuda,
Daijiro e Miyoshi, na colônia japonesa na região noroeste e na Alta Paulista, tendo como
público principal os japoneses. Na segunda fase de 1942 a 1949, denominada “colapso”, por
conta do pós-guerra, houve divisão e lutas internas, mas as atividades reabriram já em 1946. A
terceira fase de 1950 a 1960, denominada “fase de avanço” está marcada pela organização e
união. Destaca-se nesse período a visita do fundador, Masaharu Taniguchi, o lançamento da
revista Acendedor e em 1966 a instituição do Departamento de Divulgação em Português. Em
continuidade, Albuquerque registra a dinâmica da organização visando o proselitismo. Sem
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enumerar as etapas deste trabalho, destaca-se a visita do fundador em 1973, a formação de
preletores (espécie de pregador) chegando em 1999 a se constituir de 70% de brasileiros. Nesse
ano os locais de divulgação que eram de 150 em 1976 chegaram a 2001. Por fim registra-se a
criação de academias de treinamento espiritual nos estados de Rio Grande do Sul em 1982 e na
Bahia em 1987.
Além da criação de uma academia em 2003, no Paraná, Castilho constatou a presença
da Seicho-No-Ie em 23 estados e sua atuação marcante na mídia em relação às outras NRJ,
sendo a única, além de programas de rádio, a ter espaço na televisão.
Os dados apresentados ordenam-se tendo em vista um público de adeptos
caracterizados por pertencerem à classe média e por uma condição de instrução e letramento.
Desta forma os centros religiosos também compõem as paisagens dos meios urbanos onde
surgem suas fronteiras sociais representativas de cultura e de interculturalidade.
Os autores interrogam nesta comunicação como se retratam temas religiosos
compreendidos no corpus das crenças os quais se tornam familiares nas experiências dos
devotos. Introduzem-se valores que se incorporam às identidades pessoais e projetam-se como
representações simbólicas cultivadas conscientemente.
Como um sentido prático de valores e concepções contra as tendências materiais e
progresso do mundo ocidental semeados no contexto das tradições religiosas japonesas,
tornam-se viáveis e progridem entre adeptos brasileiros? Como já é bastante conhecido e
divulgado, a maioria dos devotos são brasileiros de ascendência não-japonesa. Conforme
Mullins (1998 apud TOMITA, 2009) os adeptos nas NRJ são introduzidos com rapidez e
facilidade às práticas espirituais que tradicionalmente eram restritas ao clero.
Para responder a esta questão os autores refletem temas religiosos centrais que se
expressam nos discursos religiosos. As palavras estão encaminhadas em contextos de fé e valor
simbólico onde os recursos de fé e subjetividade indicam a prática e a experiência religiosa.
Torna-se importante averiguar como são vivenciados e interpretados simbolismos religiosos
próprios das NRJ. Estes vigoram em um contexto de sincretismo cultural.
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O caráter inovador das doutrinas das NRJ para os seus adeptos compreende também
um sentido de identidade cultural, ou melhor, de auto identidade, expressivo de um contexto
de interculturalidade reflexo da tradição nipo-brasileira.
Revelaram-se onipresentes e fundamentais às concepções dos adeptos os sentidos
religiosos caracterizados pela presença da luz divina e o poder espiritual. Em seguida, destaca-se
a concepção da doença através de valores ligados à purificação, máculas e aperfeiçoamento.
Ordenam-se também temas centrais ligados à prática do johrei, à palavra mágica, ao
milenarismo e experiência cultural paradisíaca.
Observações sobre o sincretismo nipo-brasileiro: identidade e religião
É preciso entender que o meio coletivo e tradicional onde se inserem os adeptos das
NRJ tem uma complexidade própria em decorrência da contextualização simbólica que está
comprometida com tradições étnicas distintas.
O sincretismo religioso expressivo das várias influências históricas é um dado
primordial. Em primeiro lugar é preciso esclarecer que os fundamentos da religiosidade
japonesa são destacados no Japão por uma combinação de tendências e compreendem um
sincretismo próprio. Destacam-se influências próprias representativas das crenças populares,
tendências xamânicas, xintoísmo, confucionismo, hindu-budistas que se projetam na
constituição da NRJ no Japão. Tinham como centro o poder divino do imperador. Uma
relação entre xintoísmo e budismo foi predominante. Como se sabe, aplicavam-se
complementarmente.
O termo sincretismo nipo-brasileiro abrange, conforme Sanchis (1996 apud
TOMITA) uma ressemantização de realidades pertinentes à dinâmica do sincretismo.
Considerando-se o caráter dinâmico com que as influências provocam coalescências, Tomita
segue a versão de Clarke nomenando-o reflexive syncretism. Destacando-se um campo de
significações e estratégias o autor assinala que as religiões japonesas no Brasil vêm se
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transformando em religiões nipo-brasileiras. Nesta dimensão é preciso salientar que o contexto
religioso brasileiro apesar de sua dominância católica apresenta-se de forma pluralista.
As Novas Religiões Japonesas: demografia e filiação religiosa brasileira
Religião Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-
Oeste
TOTAL
Igreja Messiânica
Mundial
3.434 16.278 75.902 6.594 7.102 109.310
Seicho-No-Ie 844 1.396 18.899 3.780 2.865 27.784
Perfect Liberty 36 295 4.611 169 354 5.465
Tenrikyo 161 270 2.415 778 162 3.786
Mahicari 74 231 1.512 531 706 3.054
TOTAL 4.549 18.470 103.339 11.852 11.189 149.399
Fonte: IBGE / Censo 2000.
A densidade dessa filiação às NRJ tende a ter pouca representatividade se levarmos em
conta dados quantitativos do IBGE, em 2010. Nele, as estatísticas não contemplam essas
religiões de forma diferenciada. Ficam elas incluídas no 1,6% (3,1 milhões) como “seguidores de
outras religiões”. Nesta orientação, o censo destaca 64,6% de brasileiros como católicos, 22,2%
protestantes, 8,0% irreligiosos, ateus, agnósticos ou deístas, 2,0% espíritas, 0,7% testemunhas de
Jeová, 0,3% seguidores do animismo afro-brasileiro.
No contexto de ressignificações simbólicas onde as NRJ se alojam é preciso destacar o
tema da identidade étnica que é fundamental na origem e transplantação dos movimentos e foi
sendo deslocado para um campo complexo de representações. O termo multifacetado imprime-
se nas dinâmicas assumidas no decorrer do século 20.
No século XXI, depois do ano 2000, uma projeção ultrarreligiosa torna-se marcante
na IMM e na SNI. O sentido de ultrarreligião deriva-se da expressão choshukyo, cuja tradução
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literal significa “ultra-religião” ou “super-religião” (TOMITA, 2009). Ao lado de conceitos
religiosos japoneses fundamentais da religião messiânica que foram apropriados pelos fiéis
brasileiros sem ascendência japonesa um conjunto de experiências tornaram-se próprias de uma
abordagem “ultrarreligiosa”. A “ressiginificação sincrética nipo-brasileira” impõe-se numa
dinâmica de desempenhos institucionais que retratam uma atuação cultural, intercultural. O
rompimento com tradições e paradigmas da época encaminha-se em direção a algo novo e
potencialmente transformador.
A identidade cultural religiosa caminhando dinamicamente não se retrata por
propriedades essencialistas que se desenvolvem no interior de uma tradição. A presença dos
membros de origem japonesa, sempre destacada em situações de liderança, projeta-se
dinamicamente.
Conforme Cuche (2002) é o caráter relacional da identidade que influencia uma
conscientização expressa como normativa diante de oposições simbólicas. A direção de
inclusão/exclusão da identidade surge pelas modalidades de categorização e a distinção nós/eles
imprime-se na diferença cultural (ibidem, p. 177).
Diante das forças culturais que compõe a dinâmica do sincretismo nipo-brasileiro e o
caráter relacional e criativo da identidade é que a auto-identidade dos adeptos das NRJ pode ser
desenvolvida. O novo campo de pertencimento religioso e adesão a valores pode ser
visualizado diante dos temas mencionados.
A Luz e a Palavra: fontes do poder espiritual
O sentido de luz, iluminação do espírito, é um centro do universo da religiosidade.
Diante desta consideração é que se pode compreender a questão da precedência do espírito
sobre a matéria onde é imperante um toque certo e sedutor.
Meishu-Sama, designação religiosa do líder e criador da IMM significa Mei=luz,
shu=senhor, sama=pronome de tratamento. Os devotos convivem com esta sabedoria que
também remete a uma dinâmica de revelações comprometidas no heroísmo do líder. Teria
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recebido uma revelação divina para ir ao Templo Nihonji situado na província de Tiba, escalou
o Monte Nokoguiri e pernoitou no templo. Tendo a comitiva atingido o cume do Monte,
Okada entoou a oração Amatsu Norito que se tornou conhecida pelos fieis e compõe o núcleo
de todas as celebrações religiosas. Recebeu também a revelação sobre a transição da noite para o
dia que situa a chave para o aperfeiçoamento e definição milenarista religiosa.
Ohikari é uma medalha de metal que os membros utilizam presa em um cordão, ela
acompanha os fiéis qualificando os membros a ministrar o johrei. A medalha é conhecida como
“luz divina”. Torna-se uma certeza a presença divina no interior da pessoa como nos relatos
existentes na Revista Coletânea de Experiências de Fé editado pela IMMB (2008).
Luciana, já membro há três anos após ter ficado decepcionada com reprovação no
vestibular, decidiu ler o ensinamento Meishu Sama “Atitude mental”, era uma espécie de luz
que mantinha seu foco na meta que foi conseguida (ibidem)
O depoimento de uma messiânica que é membro há 12 anos, com 65 anos atualmente,
tendo sido anteriormente católica praticante, marca o sentido espiritual como uma chave para
o pertencimento religioso. Em suas palavras:
Enquanto eu era católica não conseguira me convencer mesma da fé. Estou
seguindo esta religião porque me deu um sentido interno de acreditar em mim
mesmo, em encontrar um caminho que sinto ser para mim. Então tive
permissão de ganhar muitas graças (2010).
A eternidade do espírito e sua sobreposição à matéria a qual é algo secundário dentro
do processo de vida foi registrado por Ruth Benedict (2002). Decorre desse ponto de vista o
caráter onipresente da espiritualidade na natureza como um todo. Esta visão holística deriva-se
para áreas da concepção de ultrarreligião como Agricultura Natural e o Belo.
Em relação à Seicho-No-Ie corroborando a visão da cultura japonesa quanto à
supremacia do espírito sobre a matéria, incluindo aí o corpo, como abordada por Ruth
Benedict, indica que esta última não existe, sendo produto da mente. A projeção da mente seja
individual ou não produz o fenômeno, logo este é passível de ser alterado, mas sabendo que
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primordialmente a imagem verdadeira é perfeita seja do ambiente como do corpo.
(CASTILHO, 2006).
Destaca-se nessa mesma direção a representação da concepção humana “Todo homem
é portador de uma substância divina” que se expressa nos ensinamentos da IMMB. A visão do
homem como um ser essencialmente bom está tanto nos ensinamentos da IMM como na SNI
onde “o portador de uma substância divina” se traduz como “todo o homem é filho de Deus”.
Este conceito do ser humano que foi abordado nos estudos de Benedict (2003, p. 211) evidencia
uma visão de bondade inata no homem, seus atos quando originados de impulsos dessa
essência, serão em si virtuosos.
Ouve-se com freqüência nos relatos dos fiéis frases expressivas de uma reconciliação,
renovação das condições de vida (trabalho, vida pessoal, etc.) que se justificam primordialmente
pela via de uma espiritualidade como uma força intrínseca que se origina continuamente,
incansavelmente. Nesta particularidade objetiva-se a tendência visível da migração do público
católico para as NRJ aqui consideradas.
Os antigos rituais de purificação religiosas, práticas que exigiam privações, são
reconhecidas como fortalecimento do espírito. Assim, os messiânicos se dedicam ao mitama
migaki, operação de limpeza nos johrei centers, é realizada uma vez por semana. Os fieis
encaram essa tarefa de forma revitalizadora e demonstram-se integrados em um meio religioso,
também comunitário.
Na SNI a técnica de meditação por 30-40 minutos em uma determinada posição é uma
autodisciplina que visa a purificação da mente e, conseqüentemente, uma sintonia com sua
essência divina (Jisso). As purificações se estendem quanto a outras práticas como as cerimônias
de gratidão aos antepassados, leituras diárias de sutras e livros doutrinários, além de outras
atividades específicas como purificação da mente. Neste contexto os adeptos, aliando-se a uma
valorização do emprego da palavra em todos os momentos voltada ao agradecimento e a um
otimismo perante as situações cotidianas, tendo por base sua filiação divina, compõem um
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quadro onde tais disciplinas são vistas como um meio de fortalecimento da fé e de identificação
da crença (CASTILHO, 2006).
A Seicho-No-Ie possui seus princípios e sua característica marcante na utilização do
poder da palavra como meio de manifestar a realidade divina e perfeita imanente dos seres com
destaque ao homem que é denominado, filho de Deus: “Filhos de Deus que somos, acreditamos
possuir em nosso interior a Possibilidade Infinita e poder atingir o estado de absoluta liberdade
pelo uso controlado do Poder Criador da palavra”.
(TANIGUCHI, 2001, p. 37)
Diante dessa perspectiva do uso do poder da palavra e da crença da perfeição divina
(Jisso), estabelecem-se as práticas e o modo como o adepto se reconhece neste grupo religioso
(CASTILHO, 2006).
Representações da doença, o culto aos antepassados
A crença TAMA (alma) existente nas religiões primitivas japonesas compreende que as
pessoas falecidas possuem o poder de influenciar aos seus descendentes atuam tanto de modo
benéfico ou não, dependendo de seus sentimentos e pensamentos. Assim as cerimônias para
antepassados através de energias e palavras de esclarecimento, permitem a transmutação de
influencias perniciosas em benéficas para seus descendentes e, conseqüentemente o equilíbrio e
paz aos próprios antepassados (GODOY e CASTILHO, 2007).
Esta dinâmica tornou-se enfatizada nos últimos anos quando foi valorizada na IMM
como ensinamento para o aperfeiçoamento pessoal através da prática do sonen. A palavra sonen
foi traduzida como pensamento. Conforme admite Tomita (2009) seria a própria prática da fé.
Compreende sentimento, razão e emoção voltadas para uma purificação (ibidem).
Observou-se a afirmação de duas lideres antigas (uma de ascendência japonesa e outra
afro-descendente): “é preciso encaminhar para o antepassado”, “vamos fazer a prática do
sonen”. Essas considerações seguiram-se a uma explanação sobre uma doença uterina de uma
jovem conhecida.
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Nos últimos anos os autores têm acompanhado uma intensificação desta pratica. Esta
direção mística ocorre diante das orientações do 4º Líder Espiritual ao acentuar a importância
dos antepassados, do ser humano como resultante da “união de um incontável número de
antepassados”.
Os relatos analisados na Revista Coletânea de Fé, em suas ênfases espirituais, não
mencionam áreas da concepção japonesa sobre reencarnações que abrange transformações entre
animais e humanos. No entanto, exemplos desta natureza estão sempre presentes em leituras
diárias sobre ensinamentos de Meishu Sama, restringindo-se ao contexto ritual das orações
cotidianas.
Nos 10 relatos de experiências da coletânea de 2008 (IMMB), a palavra “Pratica do
Sonen” surge com frequência, está ela registrada sempre em negrito. Em uma das passagens,
uma professora (47a) que havia se tornado membro há um mês reconsidera-se diante de um
quadro de insônia e depressão diante da perda do marido (há 7 anos).
A prática do johrei
O johrei é uma prática messiânica fundamentada na transmissão de energia divina
através das mãos proporcionando saúde e felicidade. Tomita (2009) aponta um sentido de
“ressignificação de primeira natureza” com relação às mudanças feitas pelo próprio fundador
nas práticas terapêuticas utilizadas desde o período do início em que Meishu Sama dedicou-se a
essa questão. Somente em 1948 o johrei passou a ser ministrado sem o toque das mãos do
ministrante no corpo do receptor, tornando-se mais espiritual.
Nos relatos pesquisados a prática do johrei surge como uma manifestação que envolve
o público não messiânico sendo um canal de introdução dos adeptos e de definir a fé
messiânica. Ocorre de forma sistemática, articula membros e frequentadores nos johrei-centers
durante todos os dias, prolongando-se nos rituais comemorativos. Esses centros não funcionam
aos domingos e nem em alguns feriados.
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Embora todas as NRJ possuam iniciativas de curas terapêuticas somente Mahikari e a
Messiânica utilizam as mãos no processo de cura.
Agricultura natural
Se o ohikari e o johrei surgem como prioritários na definição do adepto messiânico, as
concepções ligadas a uma agricultura natural sem uso de agrotóxicos, uma valorização das
formas de reequilíbrio do ser com a natureza onde vigora uma isenção de remédios segue-se a
essas prioridades.
As práticas religiosas ligadas ao consumo de alimentos naturais tem sido um meio de
introduzir adeptos que se tornam conscientes de uma concepção com um padrão teórico e
científico. Nesse caso, não apenas vêm sendo introduzidos conceitos abrangentes do universo
científico como se criam espaços para que os intelectuais possam ser “introduzidos” no milieu
religioso. Intelectus ages!
Surpreende-se com dois informantes que se tornaram líderes religiosos pelo domínio
dos sentidos religiosos ligados às toxinas impregnadas nos alimentos. Ambos puderam
construir um espaço de auto-identidade religiosa, com destaque.
Frequentar o Solo Sagrado
As visitas ao Solo Sagrado de Guarapiranga nos 1ºs domingos de cada mês são
acontecimentos engajados na prática religiosa. Os encontros expressam uma vontade plena de
experiência cultural religiosa. Os fiéis afirmam que se trata de uma realização pessoal, frente à
Era do Dia, a concepção de uma renovação pelo esforço e fé. Esta dimensão foi cultivada
temporariamente por uma política de construção de uma cidade Nova Era, seguindo as
estratégias religiosas.
Enquanto a IMMB progride apresentando-se em diferentes direções o movimento
enaltecedor do ser humano, a SNI centralizou-se com uma marca distintiva entre as demais
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NRJ como a “Religião da Palavra”. As suas obras escritas e educativas tornam-se um meio
crescente de convencimento seguindo-se a visão central do líder religioso.
A Seicho-No-Ie é a religião verdadeira que surgiu com uma peculiaridade sem
precedentes em parte alguma do mundo. Em que consiste essa peculiaridade?
Consiste na afirmação de que não são necessários majestosos templos materiais
para venerar Deus, pois Deus é o Verbo que fala a Verdade, e constituem Seus
templos os livros que contêm palavras da Verdade. Venerar Deus é ler Suas
palavras contidas nos templos chamados Livros Sagrados. A Seicho-No-Ie é um
movimento religiosos e educacional que surgiu para mostrar sob uma forma
nova a Verdade de que o “Verbo é Deus” (TANIGUCHI, 2001, p. 317-318).
Considerações Finais
Neste artigo, os autores situam a formação das NRJ no Japão e suas dimensões de
identidade apoiadas em um movimento religioso caracterizado por uma oposição ao caráter
hierárquico, materialista, ocidental da ciência e do conhecimento. Encaminham-se as análises
dos valores simbólicos religiosos, em particular da SNI e da IMM, os quais surgem projetando-
se como representações de fé e convencimento para os adeptos brasileiros. Estas emergem em
um contexto de interculturalidade nipo-brasileiro. Ele ganha destaque frente ao caráter
majoritário do catolicismo na população brasileira.
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