nova nbr 5419 - considerações

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Brasil está a poucos passos de elevar o nível de prote- ção de estruturas contra descargas atmosféricas. O país, que é o campeão mundial em incidência de raios, entrou na fase final da revisão da ABNT NBR 5419, cujo projeto encontra-se em consulta nacional, ou pública, nesse exato momento. Segundo informações divulgadas pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT), que é ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), por ano, o território brasileiro é atingido por cerca de 50 milhões de raios, que acertam, em média, 500 pessoas e um grande número de edificações. Com isso, a cada 50 mortes por raios no mundo, uma ocorre no Brasil. São 130 mortes e mais de 200 feridos por ano, sem contar os prejuízos financeiros causados para o País, que são estimados em cerca de um bilhão de reais. Os riscos não se limitam às pessoas. Eles também se estendem às edificações. Um prédio residencial, por exemplo, pode sofrer danos sérios se for atingido por uma descarga atmosférica, inclusive com a queima de equipamentos e risco de incêndio. O mesmo pode ocorrer se um raio atingir uma linha elétrica ou tubulação metálica que entra na sua estrutura física. Para evitar esses riscos o caminho é um só: adotar medidas adequadas de proteção. Daí a importância da NBR 5419, que é a norma brasileira referente à proteção de estruturas contra descargas atmosféricas. A última versão desse documento foi publicada em 2005 e, agora, ele está passando por um profundo e complexo processo de revisão. De acordo com alguns especialistas dessa área, o novo texto da norma tende a revolucionar a forma de desenvolver projetos e efetuar instalações nesse setor. Isso porque a sua revisão agregou muitas novidades e detalhamentos. Para ter uma dimensão do tamanho da mudança, basta verificar o número de páginas da versão atual da NBR 5419 e do projeto que está em consulta. Hoje, a norma tem 42 páginas e sua versão revisada deverá sair com mais de 300. “Em 1993 essa norma passou por uma revisão e houve um grande boom, foi o primeiro degrau técnico, que elevou a NBR 5419 a um nível superior até então. O novo degrau técnico está ocor rendo agora, com essa revisão”, afirma o engenheiro eletricista Jobson Modena, que foi o coordenador da comissão de estudos responsável pelo trabalho de revisão do documento. Aliás, o desenvolvimento do projeto de revisão foi longo e desafiador. Ele teve início em 2005, sob a responsabilidade da Comissão de Estudos CE- 03:64.10 - Proteção Contra Descargas

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Nova Norma Para raios

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Brasil est a poucos passos de elevar o nvel de prote- o de estruturas contra descargas atmosfricas. O pas, que o campeo mundial em incidncia de raios, entrou na fase fnal da reviso da B!" !B# $%&', cu(o pro(eto encontra-se em consulta nacional, ou p)*lica, nesse e+ato momento. ,egundo informa-es divulgadas pelo .rupo de /letricidade tmosfrica 0/1"2, que ligado ao 3nstituto !acional de 4esquisas /spaciais 03!4/2, por ano, o territ5rio *rasileiro atingido por cerca de $6 mil7-es de raios, que acertam, em mdia, $66 pessoas e um grande n)mero de edifca-es. 8om isso, a cada $6 mortes por raios no mundo, uma ocorre no Brasil. ,o &96 mortes e mais de :66 feridos por ano, sem contar os pre(u;os fnanceiros causados para o 4as, que so estimados em cerca de um *il7o de reais. Os riscos no se limitam risco de perda de vida 7umana, de perda de servio ao p)*lico, de perda de patrimGnio cultural e de perdas econGmicas. ,ueta cita que, a partir do novo te+to, sero analisados aspectos como o local onde est a estrutura, quantos raioscaem na regio, que tipo de proteo e+iste, ou que tipo de proteo poss- vel instalar, tanto na questo da estrutura como na dos sistemas internos, que outra novidade da norma, que so as medidas de proteo contra surto.BLuando cai um raio ele pode gerar surtos em qualquer coisa que ten7a fao, como a parte eltrica, de telefonia ou de internet. / isso queima equipamentos e pode at levar uma pessoa a tomar um c7oque, se estiver no telefone, por e+emplo. / a norma antiga no a*rangia tanto essa parteC, o*serva ,ueta. 4ara ele, o detal7amento da anlise de riscos tende a criar uma revoluo no mercado. B3sso porque essa parte me+e muito com pro*a*ilidades. /sses mais de M6 par@metros que citei so todos interligados em funo de pro*a*ilidade. /nto, voc vai analisar o local, taman7o da estrutura, a forma como ela foi feita, se ser um 7ospital, escola ou casa, e voc analisa tudo o que tem l dentro, se tem um sistema de e+tintor de incndio, se ele manual ou automtico, se tem medidas de proteo para diminuir a questo dos incndios, o material no solo, o uso ouno do ?4,, se tem o ,4?, as estruturas em volta, enfm, so muitas variveisC, ressalta. =ma grande novidade nesse conte+to que o profssional no poder estudar apenas a estrutura em si. "em de estudar asestruturas ad(acentes que este(am ligadas a ela. B3sso signifca que eu ten7omeu prdio e ten7o o ca*o de fora ou de telefonia que alimenta ele. / tem um prdio ad(acente de onde saem esses ca*os. /nto, ten7o que ver todasas descargas que vo cair no meu prdio, pr5+imo ao prdio, nas lin7as que o alimentam e as descargas no prdio interligado ao meu. sim eu identifco todos os danos que podem ocorrer com um raio que cai em um desses locaisC. /videntemente para fa;er na mo essa anlise *em complicado. O ideal usar algum softNare. parte 9 da norma a que mais se assemel7a < sua verso atual da !B# $%&'. /ntre outros aspectos, esse item trata da padroni;ao das dimens-es, tipos de materiais e de instalao, m- todos de clculo e de tudo o que envolve o ,4? e+terno e a parte do ,4? interno. Ou se(a, esse item que tra; o mtodo para clculo de captao, descida, aterramento, etc. !o entanto, mesmo apresentando uma correlao grande com a $%&' atual, essa parte *em mais detal7ada, ou se(a, ela tam*m tra; mudanas. Do*son Eodena cita, por e+emplo, que na parte de material no ocorreram altera-es, mas foram acrescentados outros materiais que podem ser utili;ados. "am*m 7ouve mudanas em se-es de condutores e no espaamento de mal7as. B/ssa parte tem F6 pginas e seria o equivalente a essa norma atual. /la fala do ,4? mesmo, do sistema de proteo contra descargas atmosfricas. /la fala como um sistema de captores, um sistema de descida, de aterramentoC, completa ,ueta 4or fm, a parte % da norma fornece informa-es para o pro(eto, instalao, inspeo, manuteno e ensaio de sistemas de proteo eltricos e eletrGnicos 0Eedidas de 4roteo contra ,urtos - E4,2 para redu;ir o risco de danos permanentes internos < estrutura devido aos impulsos eletromagnticos de descargas atmosfricas 01/E42. Ou dentro da estrutura. / so vrios tipos de medidas nessa parte %, que tem 'M pginas./la para ver o que pode-se fa;er para limitar o surto nos equipamentos, para no danifc-los. qui entram os ?4,, as *lindagens, a parte de roteamento de ca*o e at de interfaces isolantes O pois pode-se, por e+emplo, su*stituir uma fao por f*ra 5ptica. eles vo ser realmente protegidos com uma proteo normali;ada via parte % da !B# $%&'. / essasprote-es so complementares, porque a !B# $%&6 leva a proteo contra surtos at a tomada e a $%&' pega da para a frente, com uma srie de atitudes tcnicasC, e+plica Do*son Eodena. ,egundo ,ueta, a proteo dos equipamentos era meio que desvinculada da proteo da estrutura. B maioria das pessoas entendia como ,4? s5 a proteo da estrutura, s5 essa questo de colocar captores, descida, aterramento e algumas medidas de equipotenciali;ao. gora no. 4ara o risco fcar dentro, voc tem que fa;er o ,4? e o E4,. 4orque voc est preocupado com a proteo das pessoas e dos equipamentos tam*m. !o adianta fa;er s5 o captor, a descida e no fa;er um sistema de ?4, para seus equipamentos, porque se cair um raio, um arco dentro do equipamento pode dar incio a um incndio e aumentar o risco. /ssas coisas agora tero de andar (untasC, destaca ,ueta. Ioto> ?ollar47oto8lu* Ioto> ?ivulgao B"odas as normas de proteocontra surtos, relacionadas a equipamentos, est condensada nessa parte %.gente fa;ia a proteo contra surto voltada especifcamente < instalao eltrica, e o*viamente em*asada na !B# $%&6. / os equipamentos aca*avam sendo protegidos pegando uma carona nessa proteo imposta pela instalao. gora /ntre tantos detal7es, surge uma pergunta inevitvel> qual a parte mais relevante ou importante dessa nova verso em consulta da !B# $%&'P B,e ol7armos so* o ponto de vista tcnico, todas as partes so relevantes. gora, se formos pelo lado econGmico da 7ist5ria, sem d)vida a parte : se torna mais importante, pois nela que voc consegue, com um determinado tipo de confgurao, dei+ar uma proteo mais acirrada, mais dura, ou mais deslei+adaC, comenta Do*son Eodena. / ele completa> B3sso porque essa norma leva em considerao aspectos como a rota de fuga, e+tintor de incndio, sprinQler, o tipo de acionamento de outras prote-es, se tem proteo de p@nico, ou se(a, coisas que no tm nada a ver diretamente com para-raiosou com o raio. Eas se e+iste uma rota de fuga *em sinali;ada, ampla, voc consegue aliviar no nvel de proteo do para-raios, que fa; com que essa efcincia caia &R ou :R e, consequentemente, voc utili;a menos material na instalao do mesmoC. O fato que as altera-es e a evolu- o da norma tende a tra;er *enefcios e vantagens a todo o mercado, sendo que o aspecto mais evidente o aumento da segurana nas instala-es. !o entanto, preciso considerar que os conceitos e novidades da nova verso da !B# $%&' so *astante comple+os. 4or isso, se o profssional envolvido no tra*al7o no entender os detal7es da norma, ele no vai conseguir sair do lugar. !esse sentido, consenso que levar um tempo para que os profssionais da rea entendam o teor da nova !B# $%&'. S o c7amado tempo de maturao. B?iria que at as pessoas se acostumarem com tudo o que e+iste nessa norma vai demorar uns dois ou trs anos. / isso para as pessoas que realmente utili;am a norma. !o aquele que pega a norma, ol7a um pargrafo e sai fa;endo pro(eto. /sse nunca vai con7ecer a norma. 4orque ela e+tremamente a*rangenteC, declara Do*son Eodena. !esse conte+to, o pro(etista tende a ser o profssional que mais ser impactado pelas altera-es. 4elo menos num primeiro momento. B3sso porque o primeiro estgio de qualquer ao o pro(eto. /nto, o primeiro profssional que vai sofrer o pro(etistaC, o*serva Do*son Eodena. 4ara !uno 4oas, diretor da Eontal 4ara-raios, poder 7aver, inclusive, uma maior profssionali;ao no mercado. B4orque e+istem profssionais srios no setor dispostos a estudar e a se adequar. 4orque essa norma no s5 dar uma lida e sair fa;endo pro(eto. A um tempo de maturao para que o profssional possa estudar, esclarecer d)vidas, para depois aplic-la. /nto so* esse ponto de vista vamos mel7orar *astante. s empresas especiali;adas em ,4?, aterramento e medidas de proteo com certe;a vo oferecer sistemas muito mais adequados e com um nvel muito mel7or de pro(eto e instalaoC, comenta. 4ara o dia a dia do instalador as mudanas so menores, mas elas tam*m e+istem. B"em algumas coisas em relao < instalao, como por e+emplo a dist@ncia entre f+ao para condutores de descida ou ca*os captores. 3sso no estava *em f+ado na norma atual. /nto, se o instalador levar a srio otra*al7o, tem mudana para ele sim, em*ora no se(am muitasC, comenta Do*son Eodena destacando que o impacto das mudanas afeta tam*m outros profssionais. B"em mudana at para o pessoal de compras, ( que materiais como alumnio co*reado e ao co*reado foram inseridos na utili;ao, quer di;er, a norma permite que se utili;e estes materiais agora. "udo isso novo para o compradorC, completa. O*viamente, a nova verso da norma tam*m causa efeito na vida dos fa*ricantes. /specialmente em relao aos fornecedores de ?4,, que esperam que o documento cola*ore para o uso em maior escala desse tipo de dispositivo. B parte % da norma trata da proteo dos sistemas eltricos e eletrGnicos no interior da estrutura. 8om isso, a utili;ao dos ?4, fca mais clara. ,em contar que a incluso dos ?4, na norma tende a disseminar o uso desse dispositivo no Brasil. 8om a pu*licao da reviso, os ?4, passam a ser to parte de um ,4? quanto os captores ou os condutores de descidaC, ressalta ,rgio #o*erto ,antos, gerente de Jendas e especialista em dispositivos de proteo contra surtos da OBO Bettermann. Treas internas 4arte % da normatrata da proteo dos sistemas eltricos e eletrGnicos instalados dentro da estrutura. Ioto> ?ivulgao 3ncluso do ?4, na nova verso da norma tende a disseminar o uso desse tipo de dispositivo no Brasil. ,rgio #o*erto ,antosK OBO Bettermann Oportunidades devem surgir ,e a comple+idade da norma e+ige que os profssionais corram atrs de informao, tam*m fato que o documento pode gerar algumas oportunidades no mercado. /specialmente para quem estiver preparado e sair na frente. BLuem pegar essa norma e entend -la antes dos outros em termos de tempo, certamente ter uma vantagem monstruosa, porque todos os participantes, o mercado como um todo, estar e+tremamente carente de especialistas nessa rea. / isso em todos os nveis, se(a como fa*ricante, pro(etista, instalador, etc. /sse um mercado monstruosoC, afrma Do*son Eodena. !ormando lves segue na mesma lin7a de raciocnio. B=ma norma tcnica sempre uma e+celente oportunidade de desenvolver novos produtos ou servios. Eas depende muito do entrosamento que o profssional tem com anormaC, declara lves, que acredita que a norma tende tam*m a a(udar a organi;ar mel7or o mercado. BA uma tendncia, a partir de uma norma mais rigorosa, de mel7oria no mercado, com a permanncia das empresas mais capacitadas. O mercado comea a fltrar esse pessoalC. !uno 4oas, daEontal, cita ainda que a evoluo da qualidade da prote- o oferecida umgan7o importante para a sociedade. B norma fcou mais e+igente. /nto, o primeiro ponto a questo de termos aumentado a qualidade da proteo. Ou se(a, vamos ter sistemas mais confveis, que levam em conta mais detal7es, mais situa- -es, mais riscos, *uscando a preven- o contra a queima de equipamentos, proteo da vida 7umana, proteo das estruturas. /nto, o primeiro ponto qualitativo. 3sso inquestionvel e um ponto muito positivoC, ressalta. !uno tam*m acredita que podero surgir oportunidades interessantes de neg5cios. B4ara quem tem o dom- niodo assunto, quem est familiari;ado com a 3/8 e com essa norma que est c7egando, 7 um *om potencial de aumentar mercado, no sentido de oferecer cursos, consultorias, a(udar o cliente na especifcao de um produto conforme a aplicao, etcC.