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Desmistificando a gripe suína Por ser uma doença ainda desconhecida, a gripe suína – também chamada de gripe A/H1N1, influenza A ou nova gripe – gera muitas dúvidas, divergências de opinião e confusão. Como informação é proteção, o SINDAFEP preparou este material para esclarecer as dúvidas mais freqüentes que nossos filiados podem ter e assim, conviver melhor com este vírus. As informações aqui contidas são frutos de diversas entrevistas realizadas com especialistas da área. Apesar de algumas divergências e da inexistência de respostas para perguntas importantes, como por que jovens adultos estão morrendo, os especialistas são unânimes: o caso é sério, merece muita atenção e cuidado, mas não pânico. Num futuro próximo, a gripe suína irá substituir a gripe sazonal e a orientação para a população é que aprenda a conviver com ela por pelo menos dois anos e mude os hábitos de higiene. 1 Qual a origem da gripe suína? A gripe pandêmica, ou influenza A (H1N1) pandêmica, é uma do- ença que se desenvolve a partir de uma variante do vírus H1N1, um dos responsáveis pela gri- pe sazonal, por apresentar material genético do vírus humano, aviário e suíno. 2 Quais as formas de contágio? Através das vias aéreas, bem como contato das superfícies mucosas, como ocular, nasal e oral, com objetos contaminados diretamente por meio das mãos. 3 Quanto tempo o vírus sobrevive fora do organismo? Varia muito, de acordo com as condições de umidade e temperatura. Estima-se que não sobreviva mais do que algumas horas. Em lugares quentes esse tempo é menor. O vírus tem uma vida mais longa no frio. 4 Se eu comer carne suína, posso pegar? Não. O vírus contém material genético típi- co que circula nos porcos, por isso o nome. A transmissão da doença se deu por meio de secreções, e não pelo consumo de carne. 5 Se eu pegar o vírus, vou ficar do- ente? Nem sempre. Parte das pessoas infectadas não desenvolve a doença, mas tem elevação dos anticorpos. NOVA GRIPE Influenza sazonal X Influenza A Indagados sobre a gravidade desta pandemia frente à gripe “comum”, chamada de influenza sazonal, os especialistas são unânimes: não se pode comparar. Segundo Moacir Pires Ramos, médico responsável pelo setor de epidemiologia do Hospital do Trabalhador de Curitiba, ainda não se pode afir- mar se esta pandemia é mais grave ou não que a influenza sazonal pelo simples fato da pandemia estar ainda em curso, e por isso a falta de números com qualidade para compara- ção da letalidade, por exemplo. “Cientificamente não é pos- sível dizer que a sazonal é mais letal do que a gripe A, pois não se faz (na sazonal) a mesma pesquisa detalhada que se tem feito nesta pandemia. São dados soltos, sem comprova- ção, comparados com dados comprovados. É preciso acabar o período epidêmico para termos dados concretos, pelo me- nos até fecharmos o ano. A hipótese é que a letalidade seja semelhante à da sazonal”, esclarece Ramos. Apesar dos sintomas de uma gripe comum serem os mes- mos da influenza A, a evolução dos casos em jovens afeta- dos pela gripe suína está sendo diferente e com um nível de emergência mais intenso. Ramos explica que na influenza sazonal a evolução é mais lenta e ocasionada por bactérias, respondendo a antibióticos. Na influenza A, a infecção é causada por vírus, que fazem uma lesão nas células do pul- mão, dificultando a respiração. Ainda não se sabe por que jovens adultos estão morrendo, mas algumas teorias surgem para tentar explicar, como a da imunidade prévia – pessoas com mais idade já teriam tido contato com vírus semelhantes – e a da excessiva reação imunológica – a lesão causada pela reação do indivíduo é maior que a lesão causada pelo vírus. Mesmo com algumas perguntas sem respostas, os profis- sionais tranquilizam afirmando que o Brasil está preparado para o enfrentamento da doença, com atendimento qualifi- cado e medicamentos para todos até a chegada da vacina, única forma de controle da doença. foto: Borja Fernández

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Desmistificando a gripe suína

Por ser uma doença ainda desconhecida, a gripe suína – também chamada de gripe A/H1N1, influenza A ou nova gripe – gera muitas dúvidas, divergências de opinião e confusão. Como informação é proteção, o SINDAFEP preparou este material para esclarecer as dúvidas mais freqüentes que nossos filiados podem ter e assim, conviver melhor com este vírus. As informações aqui contidas são frutos de diversas entrevistas realizadas com especialistas da área.Apesar de algumas divergências e da inexistência de respostas para perguntas importantes, como por que jovens adultos estão morrendo, os especialistas são unânimes: o caso é sério, merece muita atenção e cuidado, mas não pânico. Num futuro próximo, a gripe suína irá substituir a gripe sazonal e a orientação para a população é que aprenda a conviver com ela por pelo menos dois anos e mude os hábitos de higiene.

1 Qual a origem da gripe suína?A gripe pandêmica, ou influenza A (H1N1) pandêmica, é uma do-ença que se desenvolve a partir de uma variante do vírus H1N1, um dos responsáveis pela gri-pe sazonal, por apresentar material genético do vírus humano, aviário e suíno.

2 Quais as formas de contágio?Através das vias aéreas, bem como contato das superfícies mucosas, como ocular, nasal e oral, com objetos contaminados diretamente por meio das mãos.

3 Quanto tempo o vírus sobrevive fora do organismo?Varia muito, de acordo com as condições de umidade e temperatura. Estima-se que não sobreviva mais do que algumas horas. Em lugares quentes esse tempo é menor. O vírus tem uma vida mais longa no frio.

4 Se eu comer carne suína, posso pegar?Não. O vírus contém material genético típi-co que circula nos porcos, por isso o nome. A transmissão da doença se deu por meio de secreções, e não pelo consumo de carne.

5 Se eu pegar o vírus, vou ficar do-ente?Nem sempre. Parte das pessoas infectadas não desenvolve a doença, mas tem elevação dos anticorpos.

NOVA GRIPE

Influenza sazonal X Influenza A

Indagados sobre a gravidade desta pandemia frente à gripe “comum”, chamada de influenza sazonal, os especialistas são unânimes: não se pode comparar. Segundo Moacir Pires Ramos, médico responsável pelo setor de epidemiologia do Hospital do Trabalhador de Curitiba, ainda não se pode afir-mar se esta pandemia é mais grave ou não que a influenza sazonal pelo simples fato da pandemia estar ainda em curso, e por isso a falta de números com qualidade para compara-ção da letalidade, por exemplo. “Cientificamente não é pos-sível dizer que a sazonal é mais letal do que a gripe A, pois não se faz (na sazonal) a mesma pesquisa detalhada que se tem feito nesta pandemia. São dados soltos, sem comprova-ção, comparados com dados comprovados. É preciso acabar o período epidêmico para termos dados concretos, pelo me-nos até fecharmos o ano. A hipótese é que a letalidade seja semelhante à da sazonal”, esclarece Ramos. Apesar dos sintomas de uma gripe comum serem os mes-mos da influenza A, a evolução dos casos em jovens afeta-dos pela gripe suína está sendo diferente e com um nível de emergência mais intenso. Ramos explica que na influenza sazonal a evolução é mais lenta e ocasionada por bactérias, respondendo a antibióticos. Na influenza A, a infecção é causada por vírus, que fazem uma lesão nas células do pul-mão, dificultando a respiração. Ainda não se sabe por que jovens adultos estão morrendo, mas algumas teorias surgem para tentar explicar, como a da imunidade prévia – pessoas com mais idade já teriam tido contato com vírus semelhantes – e a da excessiva reação imunológica – a lesão causada pela reação do indivíduo é maior que a lesão causada pelo vírus.Mesmo com algumas perguntas sem respostas, os profis-sionais tranquilizam afirmando que o Brasil está preparado para o enfrentamento da doença, com atendimento qualifi-cado e medicamentos para todos até a chegada da vacina, única forma de controle da doença.

foto: Borja Fernández

6 Qual a diferença entre gripe e resfriado?Resfriado- Sintomas respiratórios como coriza e dor de gargan-ta¬¬- Aparecimento dos sintomas de forma gradual- Febre baixa ou ausenteGripe- Início súbito de sintomas- Febre acima de 38°C- Dor muscular- Prostração- Tosse- Dor de garganta

7 Depois de curado, corro o risco de pegar a gripe novamente?Não. Quem teve contato com o vírus A (H1N1) está provavelmente imunizado, a menos que ele sofra mu-tações.

8 Quando essa pandemia vai acabar?Acabará quando a maioria da população estiver imu-nizada, seja porque teve a infecção ou porque foi vaci-nada. De todos os exames realizados para confirmação dos casos no Paraná, constatou-se que 78% eram causa-dos pelo H1N1, ou seja, este vírus já está substituindo o sazonal e provavelmente passará a ser o sazonal nos próximos dois anos.

SINTOMAS

9 Qual a diferença entre a gripe sazonal (co-mum) e a gripe suína?

São dois vírus dife-rentes, com variantes e aspectos clínicos di-ferentes. Os sintomas são semelhantes, po-rém a gripe sazonal concentra os casos de mortes em crianças e idosos e a nova gripe está provocando mor-te em todas as faixas etárias, com destaque para os jovens de 20 a 40 anos.

10 Quais os sintomas da gripe suína?A tríade principal é: febre de início súbito acima de 38°C, tosse seca e frequente e dor de garganta. Esses sintomas não precisam vir juntos. Mialgias (dor nos músculos), diarreia e vômito são sintomas que acometem um per-centual menor de pessoas.

11 Estou sem sintomas. Posso contaminar as pessoas mesmo assim?Pode. Os sintomas podem demorar de dois a quatro dias para se manifestar, no entanto os vírus já são transmissíveis.

12 Se eu estiver com os sintomas, o que devo fazer?Afaste-se de imediato de espaços que tenham aglome-ração de pessoas e procure um médico de confiança ou o serviço de saúde mais próximo.

13 Estou com gripe, e agora?Consulte um médico e tome o medicamento prescrito corretamente. Procure não sair de casa por pelo menos sete dias. Coloque uma máscara, que deve ser trocada sempre. Mantenha distância de pelo menos um metro e meio das pessoas. Não compartilhe copos, talheres, toalhas etc.

TRATAMENTO

14 Como é o tratamento? O tratamento é com antiviral, que deve ser tomado duas vezes ao dia, por cinco dias a partir do início dos sintomas. Antitérmico, alimentação adequada, hidra-tação e acompanhamento médico também são essen-ciais. Crianças terão o mesmo tratamento, porém com doses menores e específicas.

15 Quem deve tomar o Tamiflu?Pessoas com sintomas de gripe nas primeiras 48h, es-pecialmente aquelas que se enquadram nos grupos de risco ou apresentam sinais de evolução grave.

16 O vírus pode se tornar resistente ao me-dicamento?Sim. Porém, utilizando o medicamento quando pres-crito e de forma correta, a chance é menor.

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PREVENÇÃO

17 Tive contato com alguém suspeito, devo ficar isolado?Não mais, pois o vírus já está em transmissão sus-tentada, ou seja, está circulando nos ambientes. Apenas pessoas com a doença devem ficar iso-ladas.

18 Devo usar máscara para me prote-ger?Não. Só devem usar máscaras pessoas que esti-verem com a gripe, para proteção das pessoas ao redor. No entanto, profissionais da saúde devem usar máscaras específicas.

19 O que posso fazer para me preve-nir?Evitar locais com aglomeração de pessoas, lavar as mãos com frequência, manter distância de pelo menos um metro e meio das pessoas, colocar a mão diante da boca antes de espirrar ou tossir, evitar tocar a boca e o nariz e não compartilhar objetos de uso pessoal.

20 Posso carregar o álcool gel na bol-sa? Ele é eficaz?Pode sim. Ele é eficaz na concentração acima de 70%. Álcool 90% não deve ser usado pois pode causar irritação na pele. Tenha cuidado! O álcool é inflamável e deve ser manuseado com atenção.

GRAVIDEZ

21 A doença é mais severa em grávi-das?Sim. Ainda não se entende o que faz muitas grá-vidas terem uma evolução mais grave. A maioria dos casos foi de gestantes no último trimestre.

Fontes: Secretaria de Estado da Saúde do Paraná; Heda Maria Amarante – diretora do Hospital de Clínicas da UFPR; Maria Cristina Paganini – enfermeira do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital de Clínicas da UFPR; Moacir Pires Ramos – Infectologista e Epidemiologista do Hospital do Trabalhador; Lineu Roberto da Silva – sanitarista da Secretaria de Saúde do Paraná e professor assistente do Departamento de Saúde Comunitária da UFPR

Foto: Chance Agrella

22 Estou grávida e com gripe, posso tomar o Tamiflu?Sim. Não há registros de efeitos negativos para o feto pelo uso do remédio.

VACINA

23 Existe vacina específica para a gripe suí-na?Ainda não. O Instituto Butantan estará à frente do de-senvolvimento da vacina contra a influenza A (H1N1). A vacina estará disponível no Brasil no próximo ano. O Ministério da Saúde também avaliará, junto ao Butan-tan, a necessidade de comprar vacinas prontas de outros fabricantes.

24 Esta vacina será para todo mundo?Provavelmente não. Em um primeiro momento a priori-dade será dada para grupos de risco e para os profissio-nais da saúde.