nova forma farmacÊutica para o anestÉsico local … · razão molar de oxz:hp-b-cd fig. 1 –...

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NOVA FORMA FARMACÊUTICA PARA O ANESTÉSICO LOCAL OXETAZAÍNA, POR COMPLEXAÇÃO COM HIDROXIPROPIL- BETACICLODEXTRINA INTRODUÇÃO A oxetazaína (OXZ) é um anestésico local da classe amino-amida que difere dos demais por ser uma molécula simétrica (Figura 1) com 2 grupos amida e dois anéis aromáticos que lhe conferem um caráter de grande lipofilicidade [1]. Ciclodextrinas são oligossacarídeos cíclicos capazes de amenizar as propriedades indesejáveis de fármacos, através da formação de complexos de inclusão. A complexação da ciclodextrina com anestésicos locais resulta em melhora na solubilidade aquosa do composto e aumento do seu efeito terapêutico [2; 3; 4]. Neste trabalho preparamos e caracterizamos o complexo de inclusão da OXZ com hidroxipropil-beta-ciclodextrina (HP-b-CD), com a finalidade de melhorar a solubilidade aquosa da OXZ e diminuir sua toxicidade. METODOLOGIA Preparo e caracterização do complexo OXZ:HP-β-CD RESULTADOS CONCLUSÃO - Medidas de fluorescência permitiram determinar a cinética (3h) e a estequiometria (1:1) da complexação da OXZ com HP-b-CD; - Difratogramas de raios-X forneceram evidências da complexação, pela perda da estrutura cristalina da OXZ; - Medidas de RMN evidenciaram a complexação (Fig. 4), indicando alta constante de afinidade OXZ:HP-b-CD , coerente com o caráter lipofílico do anestésico; - Testes de diálise evidenciaram liberação sustentada da OXZ complexada com HP-b-CD; - A OXZ em solução mostrou-se bastante citotóxica (EC50 = 25 mM) para as células 3T3, sendo esta toxicidade significativamente diminuída no complexo OXZ:HP-β-CD; Estes resultados mostram que o complexo OXZ:HP-β-CD constituiu uma forma farmacêutica capaz de melhorar a solubilidade do anestésico, retardar seu tempo de liberação in situ e diminuir sua toxicidade in vitro . BIBLIOGRAFIA 1 - Strichartz GR et al., Anesth. Analg., 71: 158, 1990; 2 - Araújo DR et al., Eur. J. Pharm. Sci. 33: 60, 2008; 3 - Lima RAF et al., J. Drug Target. 20: 85, 2012; 4 - Carvalho FDGF, Dissertação de mestrado, Unicamp, 2007; 5 - Lyra MAM et al., J Bas. Ap. Pharm. Sci. 31: 117, 2010; 6 - Wimmer R et al., Carbohyd. Res. 337: 841, 2002; 7 - Mosmann T, J Immunol Meth. 65: 55, 1983. APOIO Fig. 5 – Viabilidade celular (%) de células 3T3 em cultura tratadas com OXZ livre e complexada com HP-β-CD e medida pelo teste de MTT [7]. Houve diferença estatística entre os grupos entre 1-50 mM (teste T não pareado: * = p < 0,05; ** = p < 0,01, n = 3). 0 2 4 6 8 0 20 40 60 80 100 120 % Liberação Tempo (horas) Complexo OXZ Fig. 2 - Liberação cumulativa da OXZ em ensaios de diálise, a partir de uma solução de OXZ em tampão acetato pH 4 ou sistema contendo o complexo (OXZ:HP-β- CD na razão molar 1:1), pH 4 e 25ºC (n=3). -5 0 5 10 15 20 25 30 35 1.0 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2.0 I/I0 Tempo (horas) I/I0 Fig. 4 – Espectro de DOSY ( 1 H-RMN) do complexo OXZ:HP-b-CD e cálculo da fração complexada, de acordo com [6]. 500 MHz, 25ºC, pD 4. Fig. 3 - Difratogramas de raios-X para HP-β-CD (a), complexo OXZ:HP-β-CD (b), Oxetazaína (c) e mistura física (d). 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 850 900 950 1000 1050 1100 Intensidade de Fluorescência (I) Razão molar de OXZ:HP-b-CD Fig. 1 – Determinação da estequiometria de complexação da OXZ com HP-β-CD pelo método de Job [5] (A) e da cinética de complexação (B), medidas pela variação da fluorescência do fármaco (lexc = 258nm;lem =283nm), T.A., pH 4,0. Complexo OXZ:HP-b- CD Teste de liberação in vitro Cinética e estequiometria da Complexação Citotoxicidade (em cultura de fibroblastos 3T3) Raios X Ressonância Magnética Nuclear (DOSY) Representação do sistema para estudo da cinética de liberação de fármacos. A) Compartimento doador (contendo amostra + membrana seletiva - 1000 Da); B) Compartimento receptor (solução tampão); C) Local de retirada das alíquotas; D) Barra magnética para agitação. A B Solução Oxetazaína 3mM (Tampão acetato) Agitação 24h Liofilização Solução HP- b-CD 3mM (Tampão acetato) Andressa Ramos Prado 1 (bolsista PIBIc), Luis Fernando Cabeça 2 , Margareth K. Franco 3 , Fabiano Yokaichiya 3 , Eneida de Paula 1 1 Departamento de Bioquímica, Instituto de Biologia – UNICAMP; 2 Univ. Tecnol. Paraná, Londrina; 3 Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/USP) Palavras chaves: Ciclodextrinas – Oxetazaína – Anestésicos Locais E-mail: [email protected]

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Page 1: NOVA FORMA FARMACÊUTICA PARA O ANESTÉSICO LOCAL … · Razão molar de OXZ:HP-b-CD Fig. 1 – Determinação da estequiometria de complexação da OXZ com HP-β-CD pelo método

NOVA FORMA FARMACÊUTICA PARA O ANESTÉSICO LOCAL OXETAZAÍNA, POR COMPLEXAÇÃO COM HIDROXIPROPIL-

BETACICLODEXTRINA

INTRODUÇÃO A oxetazaína (OXZ) é um anestésico local da classe amino-amida que difere dos demais por ser uma molécula simétrica (Figura 1) com 2 grupos amida e dois anéis aromáticos que lhe conferem um caráter de grande lipofilicidade [1]. Ciclodextrinas são oligossacarídeos cíclicos capazes de amenizar as propriedades indesejáveis de fármacos, através da formação de complexos de inclusão. A complexação da ciclodextrina com anestésicos locais resulta em melhora na solubilidade aquosa do composto e aumento do seu efeito terapêutico [2; 3; 4]. Neste trabalho preparamos e caracterizamos o complexo de inclusão da OXZ com hidroxipropil-beta-ciclodextrina (HP-b-CD), com a finalidade de melhorar a solubilidade aquosa da OXZ e diminuir sua toxicidade.

METODOLOGIA

Preparo e caracterização do complexo OXZ:HP-β-CD

RESULTADOS

CONCLUSÃO - Medidas de fluorescência permitiram determinar a cinética (3h) e a estequiometria (1:1) da complexação da OXZ com HP-b-CD; - Difratogramas de raios-X forneceram evidências da complexação, pela perda da estrutura cristalina da OXZ; - Medidas de RMN evidenciaram a complexação (Fig. 4), indicando alta constante de afinidade OXZ:HP-b-CD , coerente com o caráter lipofílico do anestésico; - Testes de diálise evidenciaram liberação sustentada da OXZ complexada com HP-b-CD; - A OXZ em solução mostrou-se bastante citotóxica (EC50 = 25 mM) para as células 3T3, sendo esta toxicidade significativamente diminuída no complexo OXZ:HP-β-CD;

Estes resultados mostram que o complexo OXZ:HP-β-CD constituiu uma forma farmacêutica capaz de melhorar a solubilidade do anestésico, retardar seu tempo de liberação in situ e diminuir sua toxicidade in vitro .

BIBLIOGRAFIA 1 - Strichartz GR et al., Anesth. Analg., 71: 158, 1990; 2 - Araújo DR et al., Eur. J. Pharm. Sci. 33: 60, 2008; 3 - Lima RAF et al., J. Drug Target. 20: 85, 2012; 4 - Carvalho FDGF, Dissertação de mestrado, Unicamp, 2007; 5 - Lyra MAM et al., J Bas. Ap. Pharm. Sci. 31: 117, 2010; 6 - Wimmer R et al., Carbohyd. Res. 337: 841, 2002; 7 - Mosmann T, J Immunol Meth. 65: 55, 1983.

APOIO

Fig. 5 – Viabilidade celular (%) de células 3T3 em cultura tratadas com OXZ livre e complexada com HP-β-CD e medida pelo teste de MTT [7]. Houve diferença estatística entre os grupos entre 1-50 mM (teste T não pareado: * = p < 0,05; ** = p < 0,01, n = 3).

0 2 4 6 8

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Tempo (horas)

Complexo

OXZ

Fig. 2 - Liberação cumulativa da OXZ em ensaios de diálise, a partir de uma solução de OXZ em tampão acetato pH 4 ou sistema contendo o complexo (OXZ:HP-β-CD na razão molar 1:1), pH 4 e 25ºC (n=3).

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Fig. 4 – Espectro de DOSY (1H-RMN) do complexo OXZ:HP-b-CD e cálculo da fração complexada, de acordo com [6]. 500 MHz, 25ºC, pD 4.

Fig. 3 - Difratogramas de raios-X para HP-β-CD (a), complexo OXZ:HP-β-CD (b), Oxetazaína (c) e mistura física (d).

0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

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Razão molar de OXZ:HP-b-CD

Fig. 1 – Determinação da estequiometria de complexação da OXZ com HP-β-CD pelo método de Job [5] (A) e da cinética de complexação (B), medidas pela variação da fluorescência do fármaco (lexc = 258nm;lem =283nm), T.A., pH 4,0.

Complexo OXZ:HP-b-

CD

Teste de liberação in

vitro Cinética e estequiometria

da Complexação

Citotoxicidade (em cultura de

fibroblastos 3T3)

Raios X

Ressonância Magnética

Nuclear (DOSY)

Representação do sistema para estudo da cinética de liberação de fármacos. A) Compartimento doador (contendo amostra + membrana seletiva - 1000 Da); B) Compartimento receptor (solução tampão); C) Local de retirada das alíquotas; D) Barra magnética para agitação.

A B

Solução Oxetazaína

3mM (Tampão acetato)

Agitação 24h

Liofilização

Solução HP-b-CD 3mM (Tampão acetato)

Andressa Ramos Prado 1 (bolsista PIBIc), Luis Fernando Cabeça2, Margareth K. Franco3, Fabiano Yokaichiya3, Eneida de Paula1

1 Departamento de Bioquímica, Instituto de Biologia – UNICAMP; 2 Univ. Tecnol. Paraná, Londrina; 3 Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/USP)

Palavras chaves: Ciclodextrinas – Oxetazaína – Anestésicos Locais E-mail: [email protected]