notícias do jardim são remo

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São Remo Notícias do Jardim Outubro de 2012 ANO XIX nº 6 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA www.eca.usp.br/njsaoremo São Remano Sarau da Remo festeja aniversário dia 27 pág. 8 pág. 11 pág. 10 FOTOS: VALDIR RIBEIRO Comunidade celebra Dia das Crianças Mulheres Aumenta o número de mulheres chefes de família Esporte Moradores organizam vôlei na comunidade São Reminho 31 de outubro: dia do Saci

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Outubro/2012

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Page 1: Notícias do Jardim São Remo

São RemoNotícias do Jardim Outubro de 2012 ANO XIX nº 6

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São Remano Sarau da Remo festeja aniversário dia 27 pág. 8

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Comunidade celebra Dia das Crianças

Mulheres Aumenta o número de mulheres chefes de família

Esporte Moradores organizam vôlei na comunidade

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Page 2: Notícias do Jardim São Remo

Notícias do Jardim São Remo Outubro de 2012

São Remo

debate

Publicação do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Reitor: João Grandino Rodas. Diretor: Mauro Wilton de Sousa. Chefe de departamento: José Coelho Sobrinho. Professores responsáveis: Dennis de Oliveira e Luciano Guimarães. Edição, planejamento e diagramação: alunos do primeiro ano de jornalismo. Secretário de Redação: Aldrin Jonathan. Secretário Adjunto: Rogério Geraldo. Secretária Gráficas: Gabriela Malta Felix. Editora de Imagens: Ariane Alves, Thiago Salles. Editores: Erica Lima, Fabio Ruivo Manzano, Fernanda Maranha, Gabriella Feola, Jéssica Soler, Rúvila Magalhães, Susana Berbert. Suplemento infantil: Patrícia Batista Figueiredo, Lucas Coelho. Repórteres: Ana Beatriz Brighenti, Ana Luiza Tieghi, Ana Paula Souza, Bruna de Alencar, Bruna Rodrigues, Bárbara D’Osualdo, Daniel Morbi Fernanda Drumond, Fernando Pivetti, Gabriela Domingues Fachin, Giovanna Gheller, Lara Deus, Luiza Maranhão, Ricardo Kuraoka, Sofia Calábria, Valdir Ribeiro Junior. Correspondência: Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443-Bloco A. Cidade Universitária CEP 05508-990. Fone: 3091-1324. E-mail: [email protected] Impressão: Gráfica Atlântica. Edição Mensal: 1500 exemplares.

“Eu tinha 10 anos quando comecei a trabalhar. Sinto falta do estudo,

mas não vejo sentido nessa idade”VANDETE DA SILVA, 54, MORADORA DA SR

Impasses do trabalho infantil são discutidos na São RemoOfício em vez de infânciaO P I N I Ã O

www.eca.usp.br/njsaoremo

Ana Beatriz Brighenti

Notícias do Jardim

Trabalho na época errada

O trabalho infantil, em nosso país, está associado à falta de oportunidades de uma vida melhor. É tarefa do Estado pro-piciar ao jovem condições de vida que tornem essa prática uma opção de quem está com pé na fase adulta e não uma re-gra ou uma necessidade.

Os jovens entram no mercado de traba-lho por variados motivos: busca pela in-dependência financeira, imposição da fa-mília, e o mais comum, pela necessidade de sobrevivência. Infelizmente, a ausên-cia de oportunidades ainda é grande no país, o que obriga milhares de garotas e garotos, de 5 a 17 anos, a entrar no mer-cado de trabalho muito cedo para aju-dar nas despesas familiares. Quando isso acontece, não é raro serem vítimas de abusos por parte dos empregadores, que negligenciam direitos do empregado.

O grande problema se estabelece a par-tir do momento em que esses jovens op-tam pelo trabalho em detrimento dos estudos. Muitos mal concluem o ensi-no médio, e o sonho do ensino superior fica sempre protelado. A sabedoria dos mais velhos deixa bem evidente a impor-tância de se ter uma boa formação: “Se eu tivesse estudado, hoje seria alguém”. Tudo isso alimenta um ciclo de pobreza. Quem tem dinheiro e a chance de fazer uma faculdade terá os melhores salários, enquanto aqueles que largam os estudos continuarão, salvo raras exceções, rece-bendo salários baixos.

Bruna de Alencar

De acordo com uma pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-tica) dos 86,4 milhões de trabalhadores em 2010 com mais de 10 anos, 3,4 milhões eram jovens com idade entre 10 e 17. Houve uma redução de 13,44% no trabalho infantil nes-sa faixa etária no Brasil entre 2000 e 2010. Porém, a situação ainda está longe do ideal.

Trabalhar é proibido para menores de 14 anos. Dos 14 aos 15, é permitido na condição de aprendiz. Apenas a partir dos 16 passa a ser liberado, desde que não comprometa o desempenho escolar, não ocorra em con-dições insalubres ou haja jornada noturna.

Eles começaram cedo demaisMuitos moradores da comunidade entra-

ram no mercado cedo para elevar a renda

familiar. Porém, verifica-se um consenso de que tal ação afetou os estudos. Vandete da Silva, 54 anos, conta: “Eu tinha 10 anos quando comecei a trabalhar e parei de estu-dar. Eu sinto falta do estudo, mas não vejo mais sentido na minha idade”. É possível conciliar profissão e estudos?

Para Felipe dos Santos, 18 anos, o traba-lho ensina responsabilidade e compromis-so. Porém, ao começar muito jovem, per-de-se uma fase da vida, segundo Andressa Cosmos, que tem 19 anos e saiu da escola aos 15. Hellen da Silva, 17 anos, trabalha durante a tarde e estuda de manhã, mas as-sume que é bem cansativo: “após o término dos estudos, vou me dedicar a trabalhar”.

Apesar do grande número de são rema-nos que começaram a trabalhar cedo, as mães estão de acordo: elas gostariam que seus filhos pudessem terminar os estudos antes de entrar no mercado.

Uma solução possívelO trabalho infantil prejudica o desenvol-

vimento e pode levar à evasão. Portanto, é uma solução temporária e provavelmen-te não irá trazer ganhos futuros. Para ele-var a renda familiar vale optar por cursos técnicos oferecidos pelo estado (ETEC’s) e pelo Senai, Sesi ou Senac. Eles permitem que o jovem siga o curso regular escolar e, ao mesmo tempo, aprenda uma profissão.

Aldrin Jonathan

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Saiba mais sobre os cursos:www.sp.senai.br/senaisp

www.centropaulasouza.sp.gov.br

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Page 3: Notícias do Jardim São Remo

entrevista

Cenas da São Remo

Psicopedagoga fala sobre os obstáculos ao bom desenvolvimento de crianças e jovens

Fernanda Drumond

Dificuldades levam ao trabalho infantil

“Há crianças que vão para o trabalho porque sentem desejo de ter outras coisas”CLAUDIA VIABONI, PSICOPEDAGOGA E VOLUNTÁRIA EM ONG

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Veja a íntegra no site www.eca.usp.br/njsaoremo

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Acredito que seja um dificul-tador. Eles não têm acesso a algo diferente, mesmo dentro das co-munidades que possuem mui-tas ONGs. Eles não são assisti-dos, com isso, ou ficam na rua com o tráfico, ou ficam dentro de casa trancados.

De quem é a responsabilida-de desta inserção precoce do jo-vem no trabalho?

Para mim, é responsabilidade do Estado, eles mudaram até na Constituição. Antigamente a es-colaridade, a educação era res-ponsabilidade do Estado e da família, hoje a responsabilidade é da família e do Estado. É ape-nas uma inversão de palavras que tem uma ideologia por trás. Hoje, as famílias, quase sempre, são formadas ao acaso, ao aci-dente, então precisaria ter toda uma educação para a vida, para a família, e para toda a socieda-de desde muito cedo.

Claudia Maria Pereira Viabo-ni é pedagoga e psicopedagoga. Atualmente, dá aulas em uma escola municipal em Heliópo-lis, mantém consultório onde atende crianças com dificulda-de de aprendizagem e é volun-tária em uma ONG que trabalha com pessoas em situação de rua.

NJSR – O que geralmente leva uma criança a trabalhar?

Claudia Viaboni – São as ne-cessidades. Porque eles vivem em uma situação de pobreza, muitos deles não têm nada. Te-mos alunos que têm vontade de comer um frango assado, e não podem comprar. Então eles saem para vender bala.

Você acha que é uma iniciati-va deles, da família ou outros?

Eu acho que há diversas li-nhas. Há crianças que vão para o trabalho porque sentem dese-jo de ter outras coisas. Mas eu conheci uma família que aluga-va os filhos para pedir.

As crianças estão trocando o trabalho pela escola?

Existem anéis de necessidade. Enquanto as deficiências básicas não são supridas, estudiosos di-zem, o ser humano tem dificul-dade de ter outras necessidades. O estudo é uma preocupação que vai além dessas necessida-des que seriam a sobrevivência, a segurança, a moradia.

O que acaba atrapalhando a infância além do trabalho?

O mundo virtual atrapalha muito o desenvolvimento. Em­bora algumas habilidades se-jam desenvolvidas, a habili-dade corporal e a questão de

causa e efeito não. Antes, quan-do brincávamos na rua, machu-cávamos o pé, ficávamos uma ou duas semanas com ele aber-to. Hoje, virtualmente, eles se jogam de prédios, caem e daqui a pouco vivem tudo de novo. Nós percebemos na escola e no consultório várias crianças com dificuldade de aprendizado e eu acho que é por essa falta de vivência corporal, por essa falta de brincar, mas de maneira que eles construam a brincadeira.

As crianças, atualmente, es-tão adquirindo responsabili-dades cada vez mais cedo?

Depende do lugar em que vi-vem. Há crianças que cuidam dos irmãos mais novos desde os seis ou sete anos. Há outro movimento que eu percebo que é o das crianças que não têm tais responsabilidades, porque a mãe está em casa, mas aca-bam tendo ociosidade total.

Na sua opinião, essas respon-sabilidades que eles assumem podem prejudicar a infância?

“Famílias formam-se ao acaso”

Outubro de 2012 Notícias do Jardim São Remo

Page 4: Notícias do Jardim São Remo

comunidade“Os casos de dengue nos municípios de São Paulo

caíram 82% em relação ao ano passado.”

SECRETARIA DE SAÚDE DE SÃO PAULO

4 Notícias do Jardim São Remo Outubro de 2012

Período de chuvas traz risco da dengueRicardo Kuraoka

Com a chegada do verão e a vol-ta da época de chuvas, o risco de contágio da dengue retorna à São Remo. A dengue é uma doença viral transmitida principalmente

recentemente, a dengue não dei-xa de ser uma doença preocupan-te. Isso também por causa da va-riante chamada “hemorrágica”, que pode matar no período de um dia após a infestação. Manuel Al-ves de Oliveira, morador da São Remo, conta que há dois anos pe-gou a versão comum da dengue. Segundo ele, naquele ano hou-ve alguns outros casos da doen-ça na comunidade. Manuel foi ao HU (Hospital Universitário) com os sintomas, mas a doença só foi diagnosticada após muitas visitas e uma bateria de exames.

A maneira mais eficaz de se pre-venir a doença é impedir o ciclo de reprodução do mosquito trans-missor. O inseto coloca seus ovos apenas em acúmulos de água lim-pa, sendo essa a razão para ele ser tão frequente em épocas de chu-

pela picada da fêmea do mosqui-to Aedes aegypti. Quando infecta-da, a vítima pode sentir uma série de sintomas como febre, dores de cabeça, tonturas e cansaço.

Apesar de não terem apareci-do novos casos na comunidade

tes e colheres de metal, pois a soda cáustica corrói esse material. Ela ainda recomenda o uso de caixas de leite vazias como formas.

Para fazer sabão caseiro você vai precisar de: 5 litros de óleo, 1 copo de álcool, 1 quilo de soda cáusti-ca e 1 litro de água, que deve estar quente se a soda for líquida. Para preparar, deve-se misturar tudo em um recipiente plástico, toman-do bastante cuidado ao manusear a soda cáustica, que é muito corro-siva. Mexa até a massa atingir um tom amarelado. Basta despejar nas caixas de leite vazias e secar.

va. Muitos materiais, quando não armazenados da maneira correta, podem se tornar ambientes propí-cios para o desenvolvimento das larvas do mosquito, como pneus velhos, caixas d’água, garrafas, calhas entupidas, vasos de flor e também recipientes jogados em lixo descoberto.

Segundo pesquisa realizada pela Secretaria da Saúde, os casos de dengue nos municípios de São Paulo caíram 82% em relação ao ano passado no mesmo período. Apesar da melhora substancial apresentada pela pesquisa, ainda são mais de 15 mil casos registra-dos somente no período entre Ja-neiro e Maio, na cidade.

A Secretaria da Saúde afirmou que aproximadamente R$ 40 mi-lhões são investidos anualmente no combate à doença.

Aproximação do verão aumenta o número de focos de reprodução do mosquito na S. Remo

Sabão artesanal é opção de reciclagemMoradora da comunidade transforma resíduos de óleo de cozinha em sabão caseiro

Ana Luiza Tieghi

O descarte do óleo de cozinha usado é um grave problema am-biental. Quando jogado diretamen-te no lixo e despejado em lixões, o óleo impermeabiliza e contamina o solo. Se existir um lençol freático sob a área do lixão, o problema fica ainda pior. Este produto pode pe-netrar no solo e contaminar a água presente nesses reservatórios que abastecem as nascentes dos rios.

Outra opção de descarte é o es-goto. Porém, o óleo jogado na pia muitas vezes se solidifica nos en-

canamentos. Cerca de 40% dos ca-sos de entupimentos de canos em São Paulo estão relacionados com o descarte de óleo usado.

Para evitar esses transtornos, uma alternativa boa e fácil é a pro-dução de sabão caseiro. A senhora Joselita Oliveira Silva realiza esse processo de reciclagem. Receben-do doações de vizinhas e amigas, dona Joselita transforma o óleo em sabão e doa para aqueles que qui-serem. Ela aprendeu a fazer sabão com sua ex-patroa, e deu dicas de como prepará-lo em casa. O mais importante é não utilizar recipien- Sabão produzido por Dona Joselita

Poças de água parada podem ser foco de reprodução dos mosquitos

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Page 5: Notícias do Jardim São Remo

comunidade“Acordei às sete e meia e fui colorir a rua”WELTON, mOrAdOr dA Sr

Notícias do Jardim São remo Outubro de 2012 .5

Com doces e bolo gigante, o feriado de 12 de outubro é comemorado na comunidade

Valdir Ribeiro

Dia das Crianças, dia de festa na São Remo. No dia 12 de outubro aconteceu novamente a tradicio-nal comemoração organizada pela Dona Fatinha e, nesse ano, uma nova festa teve sua primeira edi-ção na rua das Paineiras.

Já são 19 anos desta festaA 19ª Festa do Dia das Crianças ocorreu na avenida São Remo. O evento, idealizada pela Dona Fa-tinha (Rosa Fátima dos Santos), contou com a colaboração dos mo-

Atenção para o início das matrículasGabriela Fachin

Divulgados os prazos de matrí-cula para o Ensino Fundamental e inscrição para as ETECs.

Quem vai ingressar no 1° ano em 2013 e estava matriculado em uma escola infantil da rede municipal tem vaga garantida. Se a criança

estudar na rede particular ou esti-ver fora da escola, os responsáveis necessitam realizar um cadastro.

O segundo período de registro acontece entre os dias 13 e 30 de novembro. Para se inscrever cor-retamente, é importante apresen-tar alguns documentos como cer-tidão de nascimento, comprovante

de endereço, carteira de vacinação e comprovante de escolaridade.

O aluno que cursa o Ensino Fun-damental na rede pública e vai continuar na mesma escola deve efetuar a rematrícula. Em caso de dúvidas, você pode falar com o Info Educação diretamente pelo telefone: 0800-7700012.

Festa das crianças tem nova ediçãoA primeira edição da fes-

ta foi realizada apenas por Dona Fatinha e sua irmã em 1994. Juntas, elas fizeram um pequeno bolo para distribuir

As ETECs oferecem cursos de En-sino Médio, Técnico integrado ao Médio e Ensino Técnico.

O candidato deve realizar uma prova para concorrer à vaga dese-jada nestas escolas técnicas.

As inscrições podem ser feitas até as 15h do dia 25 de outubro pelo site vestibulinhoetec.com.br.

A partir de novembro, estarão abertas as inscrições nas escolas públicas e técnicas

às crianças. Já para a edição desse ano foram feitos três bolos, que ao todo somavam mais de 10 metros. Sobre a preparação dos bolos, Cida Santos, uma das voluntárias, dis-se ter ficado um total de 14 horas preparando-os especialmente para a festa das crianças.

Não só havia bolos, lanches, re-frigerantes e sorvetes à vontade para todos, como também, para as crianças, foram arrecadados 236 brinquedos. A respeito disso, Dona Fatinha disse que saiu “pe-dindo doações no bairro, em Pi-nheiros, em toda a região”. Em meio a brincadeiras os brinquedos eram entregues às crianças e não apenas a criançada, mas todos pa-reciam se divertir com toda aquela agitação nas ruas da comunidade.

Outra festa na Paineiras“Tudo começou por causa de

um jogo de ping pong”, disse Wel-

ton Santos de Souza, morador da rua das Paineiras. Uma mesa de tênis de mesa quebrada foi o pre-texto para que ele organizasse um campeonato infantil deste esporte no dia das Crianças. Porém, to-dos os garotos insistiram para que Welton realizasse o torneio no dia seguinte do dia das Crianças, pois queriam ir às outras atividades que aconteceriam na São Remo. Sendo assim, Welton decidiu en-tão produzir uma festa do dia das Crianças na sua própria rua. Bolo foi produzido por voluntários

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LDIR RIBEIRO

Festa na Rua das Paineiras teve doces, brinquedos e tênis de mesa

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EIRO Como trabalha numa cantina da

USP, Welton iniciou lá uma cam-panha de doação de brinquedos.

Logo pela manhã do dia 12 de outubro, Welton saiu cedo de casa: “Acordei às sete e meia da manhã e fui colorir a rua”, disse ele a res-peito das bexigas que comprou e usou na decoração. Welton teve a ideia de fazer a festa com ape-nas uma semana de antecedência. Mesmo assim, ele conseguiu jun-tar 60 brinquedos e 200 saquinhos de doces para entregar às crianças.

Page 6: Notícias do Jardim São Remo

comunidade“A melhor forma

de se prevenir é usar preservativo”

WANESSA FIGUEIREDO, MÉDICA

6 Notícias do Jardim São Remo Outubro de 2012

Preservativo é essencial para evitar DSTO uso da camisinha é o meio mais eficaz na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis

Bruna Rodrigues

As doenças sexualmente trans-missíveis (DST), quando não são diagnosticadas e tratadas a tempo, podem evoluir para complicações graves, como infertilidades, câncer e até a morte. Segundo o Ministé-rio da Saúde, não existe um grupo de risco, todas as relações sexuais, sejam elas vaginais, orais ou anais, homo ou heterossexuais, sem pre-servativos devem ser evitadas em todas as circunstâncias.

As principais DST são a AIDS, sífilis, herpes, gonorréia, HPV (que causa câncer no colo do úte-ro) e as hepatites B, C e D. Elas são causadas por diferentes agentes. Apesar disso, podem ter sintomas

muito parecidos, como corrimen-to pelo canal de onde sai a urina, ou pela vagina, feridas e verrugas na região genital, baixa imunida-de, etc. Por isso, é importante pro-curar um posto de saúde ou um

hospital ao perceber qualquer uma dessas manifestações.

Outro fator muito importante é avisar o parceiro sempre que uma DST for diagnosticada. O contro-le dessas doenças não se dá ape-

nas pelo tratamento, mas também por interromper a transmissão e uma possível reinfecção. Para isso, é preciso que os parceiros sexuais tenham conhecimento para que possam procurar uma orientação especializada também.

Segundo a médica Wanessa Fi-gueiredo, “as DST podem ocasio-nar danos tanto ao adulto quanto à criança, pois podem ser transmi-tidas pelo parto, causando graves sequelas”. E para evitar o contágio, nada mais eficaz que a camisinha, seja ela a masculina ou a femini-na. “A melhor forma de se prevenir contra esse tipo de doença é usan-do preservativo durante o ato sexu-al. Não existe forma mais segura de proteção até agora”, disse Wanessa.

Escolas da SR não distribuem camisinhaUm bom diálogo e o fácil acesso à preservativos podem evitar diversos problemas para os jovens

Ana Paula SouzaGabriela Fachin

A iniciativa de distribuir preser-vativos em escolas públicas de En-sino Médio surgiu em 2011 de uma parceria entre o Ministério da Saú-de e o MEC. Os colégios que fazem parte do Programa Saúde e Pre-venção nas Escolas (SPE) podem optar por receber as máquinas de camisinha. Contudo, o projeto exi-ge juntamente com a disponibi-lização dos preservativos nas es-colas participantes, que seja feita a promoção de campanhas sobre educação sexual para os alunos.

Uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde e pela Unicef

apontou que os jovens têm dificul-dade de acesso aos preservativos. Ainda assim, há críticas ao projeto. Entre os argumentos contrários à distribuição está o fato de as esco-las estarem sobrecarregadas com outras funções e que a medida pode influenciar os adolescentes a iniciarem a vida sexual mais cedo.

Nenhuma das escolas próximas à comunidade consultadas pela re-portagem do NJSR adotou o proje-to. Em entrevista com várias mães e estudantes da São Remo, todas mostraram ser a favor da distribui-ção dos preservativos. Elas consi-deram a medida importante para que os jovens possam se prote-ger contra as doenças sexualmen-

te transmissíveis e evitar uma pos-sível gravidez indesejada.

É fato que muitas acreditam que a atitude incentiva o começo da vida sexual precocemente. Outras creem que a influência depende do diálogo que há na família. No en-tanto, elas continuam favoráveis à

medida. Grande parte das entre-vistadas também considera fun-damental que a distribuição seja acompanhada de orientação. Para elas, os jovens precisam receber informações para serem responsá-veis quanto aos assuntos relacio-nados à temática sexual.

Distribuição de preservativos próximo à SR

Bar da Dona Eva

Centro de Saúde Escola Butantã(11) 3061-8578

Avenida Vital Brasil, 1490

São Remanos podem retirar preservativos gratuitamente

no bar da Dona Eva

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Preservativos masculino e feminino: maneiras para se evitar as DST

Page 7: Notícias do Jardim São Remo

papo reto“Eu não consegui detectar aqui nenhum caso”DAVID ALVARENGA, EDUCADOR SOCIAL DO CIRCO-ESCOLA

Outubro de 2012 Notícias do Jardim São Remo

Entenda o que é a violência domésticaA prática vai além da simples agressão física e pode causar grandes traumas nas vítimas

Ana Paula Souza Bruna Rodrigues

Mesmo protegidas pela lei, mui-tas pessoas sofrem com a violên-cia doméstica. Em inúmeros casos, agressões dentro do lar ocorrem porque as vítimas desconhecem seus direitos. Por isso, o Notícias do Jardim São Remo traz informações para esclarecer o que é a violên-cia doméstica e o que se pode fa-zer quando ela ocorre. O que é violência doméstica?

Toda agressão ocorrida no con-texto familiar. Pode ser física, psico-lógica ou socioeconômica. A física é aquela com o uso da força, como ta-pas, socos, empurrões e abuso se-xual. A psicológica envolve o uso de palavras ofensivas, ameaças e gestos que insinuam uma agressão física. Já a socioeconômica pode consistir no controle sobre a vida social da vítima e de seus recursos econômicos, para que ela se torne dependente financeiramente.

Quem é vítima?Todos os que sofrem agressão

por parte de seus parentes natu-rais (pai, mãe, irmãos, filhos, en-tre outros) ou parentes civis (es-posa, marido, padrasto, sogro, por exemplo). Os perfis geralmen-te são de crianças e adolescentes, idosos, portadores de necessida-des especiais e mulheres.

Geralmente, as crianças e os ado-lescentes sofrem com as palmadas e surras dadas por seus pais e com abuso sexual. Já os idosos e por-tadores de necessidades especiais geralmente são vítimas de maus-tratos. No caso das mulheres, ge-ralmente são vítimas de agressões físicas por seus companheiros. For-çar a esposa a realizar o ato sexu-al também é uma forma de violên-cia. A violência doméstica ocorre também nos casais homossexuais. Por que ela ocorre?

A falta de uma estruturação na família também é recorrente nes-ses casos. A dificuldade em lidar com pequenas frustrações que

aparecem no decorrer do cotidia-no é uma das principais razões para um comportamento violen-to. O perfil do agressor é caracte-rizado por autoritarismo, impaci-ência, irritabilidade, e em alguns casos acompanhados do uso de drogas lícitas, principalmente o ál-cool, ou ilícitas.

A violência doméstica não é só praticada por homens. A agressão à criança também pode ser pratica-da por mulheres, no caso as mães. Seja por problemas psíquicos ou por outros motivos como uma do-ença, hospitalização ou mesmo por não ter aceitado a gravidez, em que há uma quebra do vínculo afetivo para com o filho, nascendo desse modo as agressões. O que fazer em caso de violência?

Caso a vítima da violência seja a mulher, ela deve procurar uma Delegacia da Mulher mais pró-xima e relatar o ocorrido, fazen-do um Boletim de Ocorrência. Se a agressão foi física será preciso fazer um exame no Instituto Mé-

dico Legal, que só pode ser reali-zado com guia expedida por auto-ridade policial. Não é obrigatória a presença de advogado.

No caso dos idosos, também existem delegacias próprias para atendê-los. Entretanto, eles podem registrar a ocorrência em qualquer delegacia. Já no caso das crian-ças deve-se denunciar ao Conse-lho Tutelar mais próximo, ou a um Juiz da Infância e da Juventu-de (antigo Juiz de Menores) e a po-lícia. David Alvarenga, educador social do Circo-Escola da SR, afir-mou: “Eu não consegui detectar aqui (Circo-Escola) nenhum caso”. Mesmo não sendo muito comum na comunidade é preciso prestar atenção à violência que ocorre no lar, seja ela contra o companheiro, mulher, criança, portador de defi-ciência ou o idoso.

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ULG

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7

Denuncie a violência doméstica

3ª Delegacia de Defesa da Mulher

(11) 3768-4664Av. Corifeu de Azevedo

Marques, 4300 – 2º andar Horário de funcionamento:

9h às 17h, de segunda à sexta.

3ª Seccional da Delegacia do Idoso

(11) 3672-6231R. Itapicuru, 80, Perdizes

Horário de funcionamento: 9h às 19h, de segunda à sexta.

Disque 180 Atendimento 24 horas,

todos os dias.

13 mil

17 mil

Principais Denúncias do Disque 100

7 milViolência Física

Abandono e Violência Psicológica

Negligência

Fonte: Secretaria Especial dos Direitos Humanos

(Dados de 2011)

Page 8: Notícias do Jardim São Remo

são remano“A ideia é sentar todo mundo junto e ouvir o que o outro tem para contar”JAneide sousA dA silvA

notícias do Jardim são Remo

Sarau da Remo: um reflexo do poder da palavra

Criado num bar da zona sul, o Sarau do Binho visa transformar pessoas por meio da literatura

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literatura e a periferia se encontram

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Sofia Calabria

Lara Deus

Sarau do Binho promove cultura e reune pessoas de todas as idades

outubro de 2012

A literatura, assim como todas as formas de arte, é um impor-tante elemento de expressão e

autoestima para as pessoas. Na periferia, ela pode tomar conta de saraus e fazer com que cida-dãos comuns recitem poesias e se mostrem capazes de contestar.

A popularização do poder de ser ouvido, então, trouxe espaços de resistência para a cidade, forman-do consciência a respeito dos pro-blemas políticos e sociais.

A poesia transformou a vida de Robinson Padial, o Binho. Isso porque os encontros semanais que aconteciam no seu bar no Campo Limpo o fizeram conhecer dive-sas pessoas. E não só a vida dele passou por mudanças. O palco de 23 centímetros do Sarau do Binho fazia com que toda segunda-feira os participantes se colocassem no mundo “como pessoa, participan-te, pertencimento e isso transfor-mou muita gente”, explica Binho.

Devido à falta de licença e mul-tas acumuladas, em maio deste

Criado em 2011, o Sarau da Remo “Na voz A Vez” comemora um ano neste mês. Idealizado pe-las irmãs Janete e Janeide Sousa da Silva, o sarau surgiu da vonta-de de criar um evento próprio da comunidade que possibilitasse a

manifestação cultural dos mo-radores e afirmasse sua iden-tidade. “Sabemos que existem outros saraus em outras co-munidades e isso é legal, en-tão pensamos – vamos fazer um aqui” diz Janete.

O sarau agrega vários or-ganizadores como Andreia Robrigues, Jônatas Sousa, Aquiles Domingues, entre outros, que fazem com que o

ele evolua, como os Bares da Ani-ta, da Eva, da Deta e também a As-sociação dos Moradores.

Criou-se assim um canal de co-municação dentro da comunida-de e fora dela, com harmonia e amizade. “A ideia é sentar todo mundo junto e ouvir o que o ou-tro tem para contar. Conhecemos

o mundo a partir do viés do ou-tro” explica Janeide.

Pessoas de todas as idades par-ticipam e, além da leitura, estão presentes música, dança e teatro. Fernando, mais conhecido como Black Nandão, cantor do grupo

de rap Ideologia Fatal, falou so-bre a importância da cultura na comunidade. “É um meio de in-formar, de ficar mais instruído para sociedade, ter mais educação com as pessoas. É como dizemos no rap: respeito é necessário”.

ano a prefeitura decidiu fechar o bar em que ocorria o Sarau. Segundo Binho, pelo fato de o lo-cal ter o microfone aberto e ser es-paço de contestação, o estabeleci-mento “já não era bem visto pelo pessoal que está aí [no poder]”.

Apesar disto, o Sarau do Binho continua desenvolvendo outros projetos de incentivo à leitura na Zona Sul de São Paulo. Na Brechoteca, uma biblioteca mon-tada no bairro por Binho, ocorre o empréstimo de livros sem ne-nhuma burocracia e com premia-ções para os leitores. O terceiro projeto é de uma bicicleta adap-tada para carregar livros, que funciona como a versão móvel desse espaço, a Bicicloteca.

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Black Nandão acredita que sarau e música são formas de expressão

Programação de Aniversário:

Dia 27/10, no Bar da Eva,

o Sarau entra em clima de festa!

• 14h às 17h: haverá oficinas para

crianças, atividades, brincadeiras

e muita música

• 19h às 22h: apresentações,

com direito a bolo e doces

Page 9: Notícias do Jardim São Remo

Notícias do Jardim São Remo

são remano

Representante da nova geração, o MC diversifica temas e projeta o Rap no cenário nacional

Bárbara D’Osualdo

Projota é artista revelação deste ano

Exibindo sua tatuagem, Rapper Projota lota shows por onde passa

“O artista pinta uma realidade que ele quer ver transformada”DaviD alveS

Outubro de 2012 9

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CINUSP recebeu 1ª mostra de Cinema da QuebradaSofia Calabria

Oficinas gratuitas de realização Audiovisual em São Paulo

www.kinoforum.org.br/oficinas/

No inicio de outubro, o CI-NUSP, cinema localizado na USP, exibiu documentários, ficções e produções experimentais. Os fil-mes foram realizados por mora-dores da periferia de São Paulo.

Uma das mesas de debates promovidas pelo evento teve a presença dos cineastas Rogério Pixote (“Amanhã Talvez”), Éder

Augusto dos Santos (“O Último da Fila) e Renato Cândido (“Jen-nifer”). O tema do debate, “Iden-tidade ou Gueto?”, colocou os problemas da produção audiovi-sual, como a dificuldade da distri-buição dos filmes feitos e da exe-cução por conta da obtenção dos equipamentos. Devido ao baixo orçamento, umas das alternati-vas é recorrer a festivais, como os do MinC (Ministério da Cultura).

Além dessa questão, foi discutido o objetivo do cinema da quebrada e o que ele transmite.“Eu consi-go falar não só do lugar onde eu vivo, da estrutura desse lugar, mas da relação que se constrói nele”, diz Renato Cândido.

David Alves, um dos diretores do curta “A greve”, também co-locou sua opinião. “Todo mundo que está produzindo aqui tem muita história pra contar. Acho

que essa identidade do cinema de quebrada é: o artista pinta uma realidade que ele quer ver transformada”, explica.

A mostra durou cinco dias e exibiu 222 produções. Os ingres-sos das mostras são gratuitos.

Foco, Força e Fé. Tais pala-vras, tatuadas no braço direito, guiam José Tiago Sabino Pereira, o rapper Projota, 26, de Lauzane Paulista, na zona norte, lugar onde mora até hoje. O MC ini-ciou-se efetivamente no rap com as batalhas de rima (disputa de rimas improvisadas), aos 20 anos de idade, apesar de ouvir e escre-ver rap desde os 15. Lançou seu primeiro EP, “Carta aos Meus”, em 2009. Em processo manual, queimava cada CD enquanto seu primo trabalhava em seu site.

Quatro anos e outros três CDs depois, o rapper vem alcançando cada vez mais reconhecimento, público e prêmios. Há cerca de dois meses, lançou em São Paulo o DVD “Realizando Sonhos”, gravado em show que reuniu quatro mil pessoas, realizado na cidade de Curitiba no ano passa-do. Faturou o prêmio de Artista Revelação no VMB da MTV e no Prêmio Jovem Brasileiro nas edi-

ções deste ano, apesar de já ser assim considerado por sites es-pecializados em rap e por outras pessoas da cena alternativa desde 2009. Santista, realizou outro so-nho ao se apresentar na Torcida Jovem do Santos a convite de Mano Brown no domingo, 7.

Outro diferencial em sua carrei-ra foi o EP de temática inovadora “Projeção pra Elas”, lançado em 2011, voltado a diferentes temas do universo feminino. Já na faixa

de introdução, Projota traz uma mensagem quase declamada so-bre a liberdade conquistada pelas mulheres, apesar reconhecer os muitos desafios camuflados.

Seu CD mais recente, “Não Há Lugar Melhor no Mundo que o Nosso Lugar” é o mais politica-mente engajado. Apresenta faixas como “Rap do Ônibus”, sobre o caos, a superlotação e os altos preços do transporte público; “Resident Evil”, sobre o proble-

ma da dependência de drogas, que resulta em uma concentração de pessoas marginalizadas nas ruas do centro de São Paulo; e os sucessos “Pode se Envolver” e “Desci a Ladeira”, que marcaram o público de seu último trabalho.

Sua discografia, levemente me-lancólica, devido às perdas sofri-das e à consciência da realidade, também é marcada por notável busca pela superação e pela feli-cidade. Projota grava seu nome como um dos grandes talentos da atualidade no hip hop, traçando seu caminho na música nacional e abrindo também, assim como outros de seus parceiros, cada vez mais espaço para o rap.

O rapper busca, com suas músi-cas, promover reflexão e mudan-ça de atitude nos ouvintes. Para ele, sua família é de suma impor-tância para suas conquistas e já a homenageou em mais de uma fai-xa. Acredita que o rap também é uma família, à qual o respeito e a união dão a força, cada um contri-buindo à sua maneira.

Page 10: Notícias do Jardim São Remo

mulheresDe sexo frágil à referência na famíliaMais independentes, mulheres de hoje conquistam autonomia, respeito e espaço na liderança do lar

“Faço de tudo um pouco.Troco até lâmpada e parafuso”

NilDa pereira, MOraDOra Da sãO reMO

Giovanna Gheller

D. Vandette comanda o próprio negócio e ainda cuida das tarefas de casa

10 Notícias do Jardim são remo Outubro de 2012

Estabilidade é fator importante

O crescimento do número de brasileiras à frente das famílias é, nos dias atuais, um resultado bas-tante significativo para o gênero. A última pesquisa do governo fe-deral mostra que cerca de 37% dos lares de hoje são chefiados por mulheres. Ainda assim, o machis-mo permanece forte mesmo em casas onde há mulheres com au-tonomia financeira, com diversas discriminações sendo aceitas por parecerem naturais ou biológicas para a maioria das pessoas.

Durante muito tempo, o papel da mulher foi delegado somente a afazeres domésticos como cuidar da casa e da família. As mulheres se limitavam a trabalhar para que todos comessem bem e dormis-sem sob lençóis limpos. Contudo, essa situação vem mudando. Fa-tores como renda, escolaridade e estabilidade no trabalho têm sido fundamentais para que cada vez mais a ala feminina intensifique sua participação na sociedade.

Para Renata Belmonte, advoga-da doutouranda em Direitos Hu-manos pela Universidade de São

Paulo, muitas são as pessoas que ainda assumem o espaço domés-tico como o habitat natural fe-minino. Isto faz com que mesmo mulheres independentes finan-ceiramente tenham suas decisões restritas aos assuntos de rotina da casa, cabendo ao homem as de-mais escolhas e definições de re-gras. “Isso me parece bastante problemático, pois, indiretamen-te, fortalece ideias conservado-ras sobre o que é ser mulher e as implicações disso”, comenta ela. “Sim, ganhar o próprio dinheiro é um passo, mas não o único”.

A tendência, no entanto, é que as mulheres-referência tenham,

sim, seu próprio dinheiro, talvez até mais do que o cônjuge. Em fa-mílias geralmente compostas por mulher, homem e filhos, a renda feminina não é mais só um com-plemento: passa a ser uma neces-sidade às contas da casa. E elas valorizam bastante o fato de po-derem bancar suas próprias des-pesas, sem ter de dar satisfações a ninguém. Dona Vandette da Silva, comerciante, acredita que cada um deve ter o seu dinhei-ro, e acrescenta que o marido so-mente aprova ou não as decisões tomadas por ela. Brinca dizendo: “enquanto o leão descansa, a leoa vai à caça”. Ludja Martins, dona

de salão de beleza, casada e com uma filha, considera que o quesi-to financeiro pode sim influir no poder de decisão, pelo menos no que diz respeito à liberdade de es-colha feminina. “É muito bom ser independente”, diz.

Porém, Renata Belmonte refor-ça que isto não é tudo. “Muitas ve-zes, ainda que tenham indepen-dência financeira, elas aceitam rígidas regras de comportamen-to pregadas pelo patriarcalismo”.

As mulheres já são reconhecidas como agentes de fundamental li-derança em espaços domésticos

por programas assistenciais como Bolsa Família, bem como por pro-gramas habitacionais populares. Somente isso, no entanto, não co-loca as mulheres em geral em po-sição favorável. Renata não nega o poder do dinheiro, “mas não so-mente ele permitirá a igualdade dos sexos”. Comenta que “é pre-ciso uma revisão geral de valores e um investimento forte em edu-cação formal”. Para ela, o fato de mulheres serem prejudicadas em suas carreiras por quererem ser mães é um dos pontos mais im-portantes para qualquer reflexão sobre uma sociedade ideal.

GIO

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SUSA

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BERBERT

18 %

25 %

39 %

82 %

75 %

61 %

Crescimento das famílias chefiadas por mulheres

1991

2000

2010

FONTE: WWW.BRASIL.GOV.BR

Page 11: Notícias do Jardim São Remo

“A nossa intenção futura é formar um canto dos esportes nessa parte da São Remo”LEANDRO, DIRETOR DA ASSOCIAÇÃO POLIESPORTIVA

Outubro de 2012 Notícias do Jardim São Remo 11

Moradores disputam partidas de vôleiFoi fundada a Associação Poliesportiva que tem organizado atividades semanalmente

Quadra deve ficar pronta em Dezembro

Daniel Morbi

Fernando Pivetti

esportes

O Jardim São Remo deve ter sua quadra de esportes toda reforma-da ainda este ano. A iniciativa é da recém fundada Associação Polies-portiva São Remo, e conta com sub-sídios da Prefeitura Municipal. A

quadra, localizada na Rua Aquia-nés, ao lado do Circo Escola, come-çou a ser reformada a cerca de um mês e a previsão de conclusão das obras é para dezembro deste ano. A parte estrutural da obra está qua-se toda concluída, restando ape-nas a pintura do local e colocação

das traves e tabelas, todas já com-pradas. O novo espaço, que deve ser entregue até dezembro, abriga-rá melhor o novo projeto de jogos de vôlei semanais da comunidade. Para Leandro Cabral da Concei-ção, diretor executivo da Associa-ção Poliesportiva São Remo, a obra vai permitir o crescimento das ati-vidades esportivas do bairro. Em entrevista para o NJSR, Leandro contou que há algum tempo a área da quadra estava abandonada, e a reforma é uma tentativa de mudar o local. A proposta final é construir um verdadeiro complexo de espor-tes dentro da comunidade, o qual ocuparia inclusive os arredores da quadra, onde hoje funciona um es-tacionamento de carros.

FERN

AD

O P

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Aula de vôlei no Circo Escola

A Associação Poliesportiva São Remo está organizando jogos de vôlei para a comunidade. As parti-das acontecem durante os finais de semana e todos podem participar. De acordo com Rosangela Ferrei-ra, presidente da Associação, che-ga a aparecer mais de cem pessoas para jogar. Devido ao grande nú-mero de participantes, as disputas só vão até 15 pontos. Para que to-dos joguem, há uma rotatividade: o time que ganha uma partida per-manece em quadra até ser derrota-do por alguma equipe adversária.

O objetivo do projeto é fornecer lazer e entretenimento, principal-mente aos jovens. Leandro Cabral,

diretor executivo da Associação, ressalta que, sem uma opção como essa, os jovens passariam mais tempo nas ruas.

Porém, não são só jovens que participam. No cálculo de Rosan-gela, metade dos jogadores possui mais de 30 anos. Muitos dos par-ticipantes mais velhos também le-vam filhos e sobrinhos para jogar.

Campeonatos A Associação Poliesporti-

va pretende formar times fi-xos para participar de campeo-natos de vôlei. Porém ela ainda precisa se estruturar antes de participar de torneios grandes. Um dos planos para estrutura-ção é a realizar um campeonato

só da comunidade. A partir dele, times mais fortes serão constitu-ídos para os torneios regionais. Rosangela diz que já existem ti-mes masculinos para campeona-

tos. Porém, ela ressalta que há poucas garotas participando dos jogos, o que dificulta a formação de um time feminino. As partidas do final de semana estão sendo realizadas por equipes mistas. Outro obstáculo para a monta-gem de times é a reforma da qua-dra. Espera-se que ela seja con-cluída para que os times possam praticar melhor.

Aulas de vôlei para iniciantesPara os interessados que ainda

não sabem jogar, o Circo Escola oferece aulas de vôlei gratuitas. Os responsáveis pelas aulas são o Pro-fessor Marcelo dos Santos Henri-que e o educador social Alexandre Augusto de Sá.

DA

NIEL M

ORBI

A peneirada do Vila Nova Fute-bol Clube-GO vai ser realizada na rua Professor Antônio Figueiras de Lima, 358, no Rio Pequeno. As inscrições começaram no dia 8 de setembro. O contato pode ser fei-to com o prof. Bira ([email protected]) ou com o prof. Leandro ([email protected])

Peneirada do Vila Nova

Dia 25/10: Sub 15 (nascidos em 1997/1998)

Dia 26/10: Sub 17 (nascidos em 1995/1996)

Dia 27/10: Sub 19 (nascidos em 1993/1994)

A peneirada acontece durante período integral, as inscrições podem ser feitas no local do teste.

Page 12: Notícias do Jardim São Remo

“Achei uma falta de respeito do adversário.”

Cafú, jogador do Vila nova, sobre o W.O.

12 Notícias do Jardim São Remo Outubro de 2012

Vila Nova passa de fase sem competirAdversário não aparece e time é classificado para mata-mata da Copa da Federação

Luiza Maranhão

esportes

Copa São Remo começa com maratona de jogosLuiza Maranhão

A Copa São Remo começou com fôlego no campo de futebol da co-munidade. Durante todo o domin-go, 14 de outubro, doze dos vinte times que integram a competição se enfrentaram em seis jogos. O primeiro jogo, Paredão contra Areião, começou às 9h, e o último, Pão de Queijo contra Arsenal, ter-minou por volta das 17h.

Entre os times participantes, oito são da São Remo: Atlético, Catum-bi, Paraíba, Vila Nova, Barcelona, Paredão, São Remo, Arsenal e Pão de Queijo. Os restantes vêm de

bairros como Jaguaré, Rio Peque-no, João XXIII e Campo Limpo.

Manuel Gouveia, um dos orga-nizadores do evento, comenta que ainda não há favorito no campeo-nato. “Está igual ao Brasileirão”. Segundo ele só deve haver favori-tos na próxima fase: o mata-mata. Essa fase só deve começar no final do ano. Jefferson Santos, o Cafu do Vila Nova, ressalta a importância do campeonato “a Copa São Remo mexe com a Zona Oeste. É como uma Copa Kaiser”.

Acompanhe os resultados dos jogos de domingo e o chaveamen-to do campeonato pela tabela.

GA

BRIE

LLA

FEO

LA

Adversário não aparece e time sao remano é classificado para a fase mata-mata da Copa da Fede-ração

O Vila Nova iria jogar contra o Tamo Junto e Misturado dia 12 de outubro. A partida classificaria um dos times para a fase do mata-

-mata na Copa da Federação. Mas, o time visitante não apareceu, e o Vila Nova levou a vitória por W.O.

O mata-mata é a segunda de três etapas do campeonato. Nessa fase da competição, o time que perder é eliminado.

Edson Sorriso, organizador da Copa da Federação, disse que o Tudo Junto e Misturado sofre-rá punição. “Nas fases classifica-tórias, quem perde por W.O não pode participar de outros campe-

onato organizado pela Secre-taria de Esportes esse ano”. Se o W.O. fosse na última fase, a fase da Federação, a puni-ção é mais grave: “o time fica dois anos sem participar de um campeonato organizado por nós”.

Paulo Rogério, técnico do Vila Nova, mais conhecido

como Batata, se mostrou descon-tente com a falta do adversário, mesmo que essa tenha significado

a classificação da equipe. “Todo mundo deixou de fazer alguma coisa para estar aqui”, diz ele. “Achei ruim porque meu time queria jogar. O Vila Nova não se conforma com o W.O”.

Jefferson Santos (Cafu) é joga-dor do time e declarou que “para o jogador é muito ruim, porque ti-vemos muito treino e expectativas para a partida. Achei uma falta de respeito do adversário. Estávamos confiantes da vitória e iríamos jo-gar em casa”.

A Copa da Federação é um cam-peonato amador organizado pela secretaria de esportes. Esse ano, três times da São Remo ainda es-tão na disputa, o Catumbi (que já está classificado para a fase fe-deração por ter ganhado o vice--campeonato ano passado), o Vila Nova e o Juventos.

Equipe do Vila Nova decepcionada

Resultados da Primeira Fase

xParedão 1 0 Areião

xArsenal 1 0 Pão de Queijo

xMultirão 1 1 Atlético

xCatumbi 3 0 Baurueri

xSão Remo 0 0 Canfacão

x1º do Oeste 1 3 Favela

Chaveamento da Copa São Remo

Chave C

Poeira

Areião

Vila Nova

Paredão

Barcelona

Chave A

Multirão

Atlético

Unidos JPNova Aliança

Pão de Queijo

Chave D

Arsenal

Und. do Jardim

Canfacão

Ester

Pão de Queijo

Chave B

Favela

Paraíba1º do Oeste

Catumbi

Baurueri

Page 13: Notícias do Jardim São Remo

Parte Integrante do Notícias do Jardim São Remo - OUTUBRO DE 2012

Page 14: Notícias do Jardim São Remo

Brincadeira do sério:

Escolha um jogador.Olhem-se fixamente, um de frente para o outro.

Quem rir primeiro perde e o vencedor e o vencedor avança

3 casas.

Você estavapassando pelo lago

quando ouviu um canto. Será que é a sereia

Iara? Pare para escutar.

Fique 1 rodada sem jogar.

Telefone sem fio:

Invente uma frase e fale-a no ouvido de

outro jogador, que de-verá passá-la adiante. Depois veja o que sai

no final! Avance 2 casas.

Ixi! Você seguiu as pegadas do curupira! Volte 5 casas.

Recorte a figura abaixo e fure o centro com um palito de dente para fazer um peão. Gire o peão e veja que lado da figura cai encostado no chão: esse é o número de casas que você deve andar.

Será que o Saci existe? Ajude o Super Remo a encontrá-lo!

Iníc

io

Continue

Page 15: Notícias do Jardim São Remo

Olha o trem!Você chegou naestação de trem

e conseguiu embarcar.

Avance 6 casas.

Vivo ou morto:

Os jogadores devem ficarenfileirados. Quando você

disser “morto” todosagacham e “vivo”

eles levantam.Quem errar primeiro deve voltar 2 casas.

Noite de lua cheia!É melhor não sairandando pelo matopara não topar com

o lobisomem!

Fiquei 1 rodada sem jogar.

Trava lingua:

Repita 3 vezes sem errar:

“O rato roeu a roupado rei de Roma”

Se conseguir avance 2 casas.

FIM

A história do SaciO saci pererê

é um moleque peraltaque vive aprontando por aí.

Se você avistar um redemoinhosurgindo de repente, cuidado!

Pode ser o saci!Ele usa um gorrinho vermelho

e está sempre fazendo travessuras.

Ele esconde as coisas dos outros,

derrama o leite e deixa todo mundo maluco.

Mas não se preocupe, a históriado saci é só uma lenda.

Não precisa ficar com medo!

Page 16: Notícias do Jardim São Remo

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Complete os quadrinhos com o nome dos personagens do folclore brasileiro.

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CU

RU

PI

RA

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AS I

I R

L O B S OO

BT

M E M

Resposta:

Cruzadinha

Dobradura do saci Para fazer o origami do saci, utilize um papel de formato quadrado e siga os passos a seguir.

Se quiser, pinte um dos lado do quadrado de vermelho. Vai ficar ainda mais bonito!