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NOTÍCIA 11 de maio de 2016 AUDIOVISUAL CELSO MATTOS O audiovisual como recurso didático é há muito tempo utilizado em sala de aula do Ensino Fundamental ao Superior. Nas várias áreas do conhecimento esse recurso deixa a aula mais ilustrativa e dinâmica. No entanto, quando o tema é Biologia, esse instrumento é ainda mais fundamental porque mesmo em uma aula prática de campo é difícil captar, por exemplo, um acasalamento, uma aranha atraindo sua presa ou o ataque de um predador. O sonho de montar uma Videoteca de Biologia teve início em 1988, com o traba- lho pioneiro e solitário do professor José Hernan Fandino Marino, do Departamen- to de Biologia Animal e Vegetal, do Centro de Ciências Biológicas, hoje aposentado. Tudo começou com uma tecnologia que atualmente é considerada pré-histórica: a gravação em VHS. Com a aposentadoria de Marino, o professor Oilton José Dias Macieira, do mesmo departamento, assu- miu o trabalho e transformou a Videoteca em um projeto de extensão. Em um espaço pouco maior que o de um elevador encontram-se mais de 1.200 fitas em VHS e muitas outros materiais em DVD, além de uma improvisada ilha de edição. Usando um videocassete e um cabo USB, o professor Oilton Macieira está aos poucos passando os vídeos de VHS para DVD. “O trabalho se complica quando o videocassete apresenta um defeito porque está cada vez mais difícil encontrar um técnico para consertá-lo”, diz o docente. Por isso, ele faz um apelo: “Se alguém tiver um videocassete em casa que funciona estamos aceitando a doação”. O professor ressalta que 80% dos documentários em VHS – existem fitas com até três documentários – foram grava- dos da televisão pelo professor Marino em uma época em que a TV a cabo com seu canal Discovery praticamente não existia e o Youtube era coisa de ficção-científica. “O grande problema é a falta de infraestrutura em termos de espaço físico e equipamentos para melhorar a imagem e o som dos vídeos”, diz Macieira. Ele lembra que em 88 o professor José Hernan fez uma viagem à Amazônia e documentou em VHS várias imagens que precisam ser converti- das em tecnologia digital. Outro desafio, segundo o professor, é catalogar todos os vídeos por assunto. “Já cataloguei uns 30%, mas ainda falta mui- ta coisa a ser feita”. Ele acrescenta que agora vai contar com a colaboração da estudante Nathália Hernandes Turke, de “MESMO QUANDO VAMOS A CAMPO COM OS ESTUDANTES É PRECISO CONTAR COM A SORTE PARA VISUALIZAR DETERMINADOS COMPORTAMENTOS DOS ANIMAIS QUE OS ALUNOS APRENDEM APENAS NA TEORIA” Do analógico para o digital Projeto de extensão coordenado pelo professor Oilton Macieira, do Departamento de Biologia Animal e Vegetal (CCB), pretende reestruturar a Videoteca de Biologia que existe desde 1988 Ciências Biológicas, que vai fazer seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre a Videoteca. SORTE - Macieira observa que se em outras áreas o uso de audiovisual é impor- tante, nas aulas de Biologia é fundamen- tal. “Mesmo quando vamos a campo com os estudantes é preciso contar com a sorte para visualizar determinados comporta- mentos dos animais que os alunos apren- dem apenas na teoria. E mesmo quando temos sorte, a cena ocorre à distância, não sendo possível visualizar em detalhes”, comenta. “Em um documentário realiza- do por profissionais é possível ver o nasci- mento de uma borboleta, por exemplo, em close. Além disso, às vezes estudamos o comportamento de animais que não exis- tem na nossa região e nem no Brasil”, acrescenta. A videoteca é bastante solicitada por docentes dos departamentos de Biologia Geral e Biologia Animal e Vegetal. Alguns pedem para o vídeo ser editado de acordo com a dinâmica da aula. “O professor quer exibir o documentário até uma determina- da parte e depois pedir para os alunos apresentarem uma solução para aquele comportamento animal e na próxima aula exibir a continuidade do vídeo”, explica. Graduado em Ecologia pela Universi- dade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro, Oilton Macieira confessa que é um pesquisador de campo, mas sempre gostou de vídeo e tecnologia. “Não sou um espe- cialista nesta área, mas gosto de fazer edições de vídeos e passar do sistema analógico para o digital. Mas devido à falta de equipamentos adequados o pro- Oilton Macieira: “O grande problema é a falta de infraestrutura” cesso é muito demorado. Como muitos vídeo foram gravados da TV ainda contêm os comerciais que precisam ser retirados”, observa. Com a aposentadoria do professor Marino, ele transformou a videoteca em um projeto de extensão para formalizar a atividade e poder contar com parceiras e recursos para estruturar melhor o setor.

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NOTÍCIA 11 de maio de 2016 AUDIOVISUAL

CELSO MATTOS

O audiovisual como recurso didático éhá muito tempo utilizado em sala de

aula do Ensino Fundamental ao Superior.Nas várias áreas do conhecimento esserecurso deixa a aula mais ilustrativa edinâmica. No entanto, quando o tema éBiologia, esse instrumento é ainda maisfundamental porque mesmo em uma aulaprática de campo é difícil captar, porexemplo, um acasalamento, uma aranhaatraindo sua presa ou o ataque de umpredador.

O sonho de montar uma Videoteca deBiologia teve início em 1988, com o traba-lho pioneiro e solitário do professor JoséHernan Fandino Marino, do Departamen-to de Biologia Animal e Vegetal, do Centrode Ciências Biológicas, hoje aposentado.Tudo começou com uma tecnologia queatualmente é considerada pré-histórica: agravação em VHS. Com a aposentadoriade Marino, o professor Oilton José DiasMacieira, do mesmo departamento, assu-miu o trabalho e transformou a Videotecaem um projeto de extensão.

Em um espaço pouco maior que o de umelevador encontram-se mais de 1.200 fitasem VHS e muitas outros materiais emDVD, além de uma improvisada ilha deedição. Usando um videocassete e um caboUSB, o professor Oilton Macieira está aospoucos passando os vídeos de VHS paraDVD. “O trabalho se complica quando ovideocassete apresenta um defeito porqueestá cada vez mais difícil encontrar umtécnico para consertá-lo”, diz o docente. Porisso, ele faz um apelo: “Se alguém tiver umvideocassete em casa que funciona estamosaceitando a doação”.

O professor ressalta que 80% dosdocumentários em VHS – existem fitascom até três documentários – foram grava-dos da televisão pelo professor Marino emuma época em que a TV a cabo com seucanal Discovery praticamente não existia eo Youtube era coisa de ficção-científica.“O grande problema é a falta deinfraestrutura em termos de espaço físico eequipamentos para melhorar a imagem e osom dos vídeos”, diz Macieira. Ele lembraque em 88 o professor José Hernan fez umaviagem à Amazônia e documentou em VHSvárias imagens que precisam ser converti-das em tecnologia digital.

Outro desafio, segundo o professor, écatalogar todos os vídeos por assunto. “Jácataloguei uns 30%, mas ainda falta mui-ta coisa a ser feita”. Ele acrescenta queagora vai contar com a colaboração daestudante Nathália Hernandes Turke, de

“MESMO QUANDOVAMOS A CAMPOCOM OS ESTUDANTESÉ PRECISO CONTARCOM A SORTE PARAVISUALIZARDETERMINADOSCOMPORTAMENTOSDOS ANIMAIS QUE OSALUNOS APRENDEMAPENAS NA TEORIA”

Do analógico para o digitalProjeto de extensão coordenado pelo professor Oilton Macieira, do Departamento de Biologia Animal

e Vegetal (CCB), pretende reestruturar a Videoteca de Biologia que existe desde 1988

Ciências Biológicas, que vai fazer seuTrabalho de Conclusão de Curso (TCC)sobre a Videoteca.

SORTE - Macieira observa que se emoutras áreas o uso de audiovisual é impor-tante, nas aulas de Biologia é fundamen-tal. “Mesmo quando vamos a campo comos estudantes é preciso contar com a sortepara visualizar determinados comporta-mentos dos animais que os alunos apren-dem apenas na teoria. E mesmo quandotemos sorte, a cena ocorre à distância, nãosendo possível visualizar em detalhes”,comenta. “Em um documentário realiza-do por profissionais é possível ver o nasci-mento de uma borboleta, por exemplo, emclose. Além disso, às vezes estudamos ocomportamento de animais que não exis-tem na nossa região e nem no Brasil”,acrescenta.

A videoteca é bastante solicitada pordocentes dos departamentos de BiologiaGeral e Biologia Animal e Vegetal. Algunspedem para o vídeo ser editado de acordocom a dinâmica da aula. “O professor querexibir o documentário até uma determina-da parte e depois pedir para os alunosapresentarem uma solução para aquelecomportamento animal e na próxima aulaexibir a continuidade do vídeo”, explica.

Graduado em Ecologia pela Universi-

dade Estadual Paulista (Unesp) de RioClaro, Oilton Macieira confessa que é umpesquisador de campo, mas sempre gostoude vídeo e tecnologia. “Não sou um espe-cialista nesta área, mas gosto de fazeredições de vídeos e passar do sistemaanalógico para o digital. Mas devido àfalta de equipamentos adequados o pro-

Oilton Macieira: “O grande problema é a falta de infraestrutura”

cesso é muito demorado. Como muitosvídeo foram gravados da TV ainda contêmos comerciais que precisam ser retirados”,observa. Com a aposentadoria do professorMarino, ele transformou a videoteca emum projeto de extensão para formalizar aatividade e poder contar com parceiras erecursos para estruturar melhor o setor.