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OBRA DE RAPAZES, PARA RAPAZES, PELOS RAPAZES
Quinzenário - Autoriuldo pelos CTT a circular em ínvófiJÇIO fechado de plástico - Envoi fermé autorisé par les PTT portugals - Autorização N.• 190 DE 129495 RCN
13 de Dezembro de 2003 • Ano LX • N. • 1559 Preço: € 0,30 (IVA inclufdo)
Propriedade da OBRA DA RUA ou OBRA DO PADRE AM~RICO
Fundador. Padre Américo • Director. Padre AcOio • Chefe de Redacção: Júlio Mandes C. P. N.• 7913 Redacção, Administração, Oficinas Grãficas: Casa do Gaiato - 4560-373 Paço de Sousa Tel. 255752285 ·Fax 255753799 - Cont 500788898 - Reg. O. G. C. S. 100398 - Depósito Legal 1239
Notas do Tempo a ciência livresca. Porém, a inteligência dos que assim pensam, vai percebendo que não é tão inócua como aparentavam considerá-la; e de uma convivência aparentemente pacífica, passam à ofensiva, surda no princípio, mas que se vai denunciando. Há muito a vamos notando e, agora, percebemo-la claramente na sobranceria e falta de respeito dos Poderes.
Limpeza do refeitório da Casa do Gaiato de Benguela.
BENGUELA
VIM do quintal, de tomar um pouco de frio que me fizesse
saborear o morninho do quarto onde escrevo. O meu exercício, ali, foi arrancar urtigas do meio das nabiças que semeámos em pequenino canteiro. Aqui, fecho os olhos e vejo a extensão imensa de uma Nação pejada de «urtigas» que lhe roubam a fecundidade.
O caminho do Natal
O Povo é a reserva de bom senso que, em tempo eleitoral, todos os quadrantes incensam e os ganhadores louvam pelo «acerto» da eleição ... Depois, esquecem que pôr-se ao rés dele, em espírito e prática de comunhão com ele, seria a maneira de apreenderem algo do senso de que o Povo é a reserva. Seria um modo efectivo que aproximaria da verdade a afirmação, até agora demagógica, de que «O Povo é quem mais ordena».
ESTOU a escrever no primeiro Domingo do Advento. E o caminho do Natal. Não me canso de ver multi
dões de farrapos humanos às portas dos centros anti-tuberculose. Deus queira nunca me canse, para não cair na indiferença. É um risco para quem anda metido nesta vida dos pobres, dos doentes e dos miseráveis. Não devia ser assim.
caminho do Natal e não queremos outro. Ver as crianças em pele e osso a chupar os peitos secos das mães é muito doloroso. Por isso, a tuberculose avança de braço dado com a malária e outras pandemias, matando suas vítimas inocentes.
Como ordena, se não encontra a quem ordenar?! Onde os homens que o escutem, que vão ao seu encontro sem encenações, só com a recta intenção de conhecer melhor para melhor o se rvirem - a
A fome mata a gente. A comida que damos aos que vemos no caminho levanta os caídos e tira-os das garras da doença. É o
Não podemos celebrar o Natal sem abrir a mão cheia e repartir. Sinto a grande responsabilidade dos pais perante os seus filhos a quem nada falta e querem sempre mais. É
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MOMENTOS
Criaditas dos Pobres FUI com um padre amigo visitar
as Criaditas dos Pobres e seus Pobres, a Portalegre.
Há muito que me atormentava o desejo de estar com estas Irmãs que vivem a sua fé num ideal de comunhão com os Pobres, tão ao nosso jeito.
A grande aflição de uma das famílias, por e las acompanhada, traz-me uma carta e eu mando, para as Irmãs, a respectiva ajuda.
Passados dois meses, vem outra carta com idêntica adversidade. Tenho de ir lá.
E fui. Ao perto, é que as coisas são. Ao longe, corremos o risco de nos
enganarmos. São mulheres muito simples; vesti
das à maneira das criadas dos anos 40 que vivem a serv ir os Pobres ensinando-lhes a limpar e arrumar a casa, a fazer a comida e a lavar a loiça, a
decorar e a dispor melhor as divisões, a tratar as crianças e os velhos: - a serem criadas por amor e não por qualquer pagamento. Pessoas consagradas em comunhão plena com a pobreza real das famílias mais atrasadas e carentes.
Prestam um serviço social do mais alto nível.
Desafiam com o seu testemunho esta cultura técnica, onde se queimam, sem qualquer resultado, tantas actividades burocráticas estéreis.
Quando visito os bairros sociais que tão bom serviço poderiam ter prestado às famílias habitantes e vejo os móveis partidos e amontoados, as paredes sujas e riscadas, o chão pejado de lixo encardido, um cheiro repugnante quando os andares não têm vidros partidos.
Quando encontro as crianças abandonadas e os pais separados.
Quando examino e sinto esta vastidão enorme de miséria, lembra-me das Criaditas dos Pobres. Se elas aqui vivessem, como seriam diferentes as famflias, as casas, as crianças e a alegria de viver.
Quantos sem sequer uma assistente social? ... Quantos? E quantas doutoras desta área gastam o seu tempo a fazer relatórios para inglês ver e a sua carreira progredir.'
Haverá alguma que faça sequer uma sombra do trabalho humano das Criaditas dos Pobres?
Haverá, com certeza, alguma a~sistente social cristã que encarará o seu trabalho como uma missão, sofrendo a sorte dos mais infelizes e lutando por melhorar as suas vídas; mas encontrar uma, é como achar uma agulha num palheiro.
Hoje tudo se burocratizou ... para desgraça dos menos evoluídos e mais infelizes.
Como me apetece exaltar esta vocação que é, na verdade, uma glória de Deus e da Igreja . .. !
E como sofro por a ver tão escondida e ignorada! Os próprios serviços
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quem o Povo possa dar crédito?! Na sua simplicidade muitos sofrem as lavagens ao cérebro que os aparelhos de propaganda promovem ... e acontece-lhes como a nós, há dias: visitados por técnicos de limpeza que insistiram teimosamente, «ao menos, uma demonstração destes magníficos instrumentos num tapete!», e o deixaram manchado como antes não estava!
Dá-se a volta ao espectro, 360° na expectativa de homens livres que, com competência e espírito de serviço, sirvam. Há-os, com certeza, mas que não arriscam comprometer a sua liberdade na teia emaranhada do sistema.
A heresia da sociedade de consumo infiltrou-se e gerou uma sociedade de mercenários em que a gratuidade foi deixando de ter cotação.
A gratuidade é uma concepção e uma proposta de vida em que não se acredita. Desvaloriza-se como filosofia ingénua, desincarnada, incompetente porque funda no amor ao homem o que as técnicas julgam suprir com
O Povo, não. Tem a intuição da Verdade e deixa-se atrair por ela. Foi este o alicerce que Pai Américo escolheu para a Obra que Deus lhe inspirou. Em toda ela, e sempre, se revelou a pedagogia activa segundo a qual a concebeu e formou: Obra para .. . por .. . de ... Nas Casas do Gaiato, para Rapazes, pelos Rapazes, dos Rapazes. No Calvário: para Doentes, pelos Doentes, dos ·Doentes - e é esta a nota que o faz diferente de todas as obras afins: respeitar a capacidade da pessoa, pequenina que seja, valorizá-la e possibilitar, pelo exercício dela, o sentido de posse de uma casa sua onde acabar os seus dias.
Com os Pobres que em múltiplas necessidades nos procuram, nunca a sua cooperação é dispensada: tem de haver a parte deles para
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TRIBUNA CE COIMBRA
Voltar ao Presépio ESTAMOS já em maré de Natal. A onda da
propaganda comercial, forte .e bem direccionada, já invadiu os espaços físicos disponf
veis e, de fonna avassaladora, os da intimidade, da reflexão profunda, da espiritualidade que esta época
· tanto sugere. Ficamos sem espaço nem tempo seguro para ver mais longe e de lá apreciarmos os verdadeiros valores, a outra paisagem. O imediatismo e a pressão comercial bloqueiam-nos. Ficamos reféns ...
É preciso um grande esforço para voltar a acreditar que tudo o que se está a passar. tem a ver com outra coisa, com outra história que parece esquecida até nas suas referênéias culturais. Quem desce à cidade nesta época confronta-se com tudo o que há de mais exótico e apelativo menos com a mensagem verdadeira do Natal. As luzes das montras, as iluminações das ruas coradas de símbOlos, quase nada dizem do verdadeiro mistério do Natal de Belém; do Natal de Jesus, da Família de Nazaré, que Francisco de Assis cantou com arte e beleza cansado das mistificações dos homens e poderosos do seu tempo. É urgent~ voltar ao Presépio, regressar à contemplação das nossas origens, à matriz cristã que muitos afastam como fantasrpa.
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2/ O GAIATO
Confe~ncia de Pa~o de Sousa DOS ESCRITOS DE S. VI
CENTE DE PAULO, PRESBÍTERO - A nossa atitude para com os Pobres não se deve regular pela sua aparência externa nem pelas suas qualidades interiores. Devemos considerá-los, antes de mais, à luz da fé. O Filho de Deus quis ser pobre e ser representado pelos Pobres. Na sua paixão, quase perdeu o aspecto de homem: apareceu como um louco para os gentios e um escândalo para os judeus. Todavia, apresentouSe a estes como evangelizador dos Pobres: «Enviou-me para evangelizar os Pobres». Também nós devemos ter os mesmos sentimentos de Cristo e imitar o que Ele fez: cuidar dos Pobres, consolá-los, socorrê-los e recomendá-los.
Cristo quis nascer pobre, chamar para a Sua companhia discípulos pobres, servir os pobres e identificar-Se com os pobres, a ponto de dizer que o bem ou o mal feito a eles o tomaria como feito a Si mesmo. Deus ama os Pobres, e por conseguinte ama também aqueles que os amam. Na verdade, quando alguém tem especial afecto a uma pessoa, estende também este afecto aos seus amigos e servos. Por isso, temos razão para esperar que, por causa do nosso amor aos Pobres, também nós seremos amados por Deus.
Quando os visitamos. procuremos compreender a sua pobreza e infelicidade para sofrer com eles e ter os sentimentos de que fala o Apóstolo, quando diz: «Fiz-me tudo para todos». Esforcemo-nos por sentir profundamente as preocupações e misérias dos nossos semelhantes; peçamos a Deus que nos dê o espírito de misericórdia e compaixão e que conserve sempre em nossos corações estes sentimentos.
O serviço dos Pobres deve ser preferido a todos os outros e deve ser prestado sem demora. Se durante o tempo de oração, tiverdes de levar um medicamento ou qualquer auxnio a um Pobre, ide tranquilamente, oferecendo a Deus essa boa obra como prolongamento da oração. E não tenhais nenhum escrúpulo ou remorso de consciência se, para prestar serviço aos Pobres, tiverdes de deixar a oração. De facto não se trata de deixar a Deus, se é por amor de Deus que deixamos a oração: servir um Pobre é também servir a Deus.
A caridade é a máxima norma, e tudo deve tender para ela; é uma grande senhora: devemos cumprir o que ela manda. Renovemos, portanto, o nosso espírito de serviço aos Pobres, principalmente para com os mais abandonados. Esses hão-de ser os nossos senhores e protectores.
PARTILHA - Duzentos euros, da assinante 57002, da Senhora da Hora, «pequena oferta dos meses de Outubro e
Novembro que poderão distribuir como melhor entenderem. As necessidades são sempre muitas e, para os mais idosos, nesta época de Inverno, a conta da farmácia é mais uma dificuldade a juntar a tantas outras. Oxalá que esta pequena oferta possa ajudar um irmão mais carenciado. No entanto, peço uma oração por alma de meu marido».
Um cheque de I I O euros, da assinante 60788, do Porto, para O GAIATO, «e do remanescente utilizem um contributo para as necessidades mais urgentes daqueles que socorrem. Será uma pequena ajuda para o Natal dos mais carenciados. Deus abençoe sempre as vossas imenções».
Uma Leitora, de Cavada, Rossas, deseja «de todo o coração que tudo corra bem na Obra à qual se dedica. Segue uma embalagem de roupa, e 30 euros, gota de água para tanta gen te pobre. Vou dizer uma coisa: não dou prendas aos meus netos, nem 110s anos, nem no Natal. Todos os Domingos vou ao Lar visitar os idosos. Muitos esteio de vontade, mas outros não. Os filhos servem-se dos pais quando eles já não podem trabalhar. Agradeço a remessa dos volumes do livro 'Pão dos Pobres'. Estou so:inha mais o marido que tem 77 anos. Eu com 70, mas com muitas limitações».
«Contribuição nata/{cia», cinquenta euros, do assinante 53241 , do Luso, «que Deus em Seu Amor e pela Sua infinita Bondade e Misericórdia nos assista com o poder do Seu divino Espírito Samo e da Sua Providência».
Habitual oferta, da assinante 31 I 04, de Lisboa, com cheque de 470 euros. «Tenho estado doente e, daí, a minha tardia remessa, por alma dos meus entes queridos».
Assinante 32925, da Guarda, presente com sessenta euros, sendo cinquenta para os nossos Pobres.
Mais cinquenta, da assinante 14493, do Porto, relativos ao mês em curso. disse.
Ainda mais cinquenta ditos, da assinante 34990, da Figueira da Foz, «parti/Ira em acção de graças por uma benesse que Jesus me tem concedido».
Votos de santo Natal e Ano Novo para os nossos Leitores.
Em nome dos Pobres, muito obrigado.
Jú lio Mendes
PA~O DE SOUSA DESPORTO - Já lá vão
uns anos, que a representante da B.B.C. em Portugal, visitou a nossa Aldeia. Segundo li, Pai Américo, <<ap resentou-se de chapéu de palha e de cajado na mão>> - à moda de um Bom Pastor que era, e que é! Depois de alguma conversa, mostrou curiosidade em saber o que é que a senhora inglesa pretendia. Ela, que pelos vistos se encontrava no primeiro andar
da Casa-Mãe, inquiriu: «Como consegue o senhor Padre Américo prender aqui dentro, tendo sempre as portas abertas ... tantos Rapazes da rua?
Foi então que Pai Américo, com um sorriso nos lábios, a convidou, sem nada dizer, a aproximar-se da janela de onde se enxergava toda a Aldeia.
Ali, a visitante ficou extasiada e disse:
- Que admirável isto é! - Gosta! - inquiriu Pai
Américo. À sua resposta com um reclinar de cabeça, retorquiu:
- Pois se gosta, também os Rapazes não querem mais sair daqui!.»
O «Carocha» e o «Piolho», que faziam parte do nosso Grupo Desportivo, também não queriam ir embora, mas a mãe, pelo que me disseram os rapazes no treino, levou-os sem e les estarem minimamente in teressados. Oxalá tenham sorte.
Os Iniciados receberam o União Nogueirense F. C. com quem perderam. Estiveram a ganhar por 2-0, todavia, a forte pressão do adversário e alguma falta de concentração dos nossos atletas, foi o suficiente para os conduzir ao resultado final de 3-5. Uma derrota com sabor a vitória, pelo excelente comportamento que todos os atletas tiveram em campo. No final do encontro, era visível o cansaço de alguns dos nossos, pelo trabalho primoroso que fizeram durante os 90 minutos.
Os Seniores receberam um grupo de Velhas Guardas de Saltar. A quem sabe, nunca esquece! Alguns deles, tinham sido atletas de clubes da 1.• Divisão Nacional. Não corriam muito, nem precisavam, pois, a sua colocação no terreno, era o suficiente. Os nossos, apesar de terem perdido, em nada facilitaram a vida ao adversário. Foi um jogo bem disputado, onde as duas equipas estiveram bem, durante todo o encontro.
Quem é que ainda se lembra do Zé-Tó e do Tó-Zé, os gémeos, os génios da bola, que por aqui passaram?! Não são do meu tempo, mas sei do bom relacionamento que eles têm com alguns Rapazes da geração deles, como por exemplo: Lupricínio, Nelito, «Turbinas», «Vitinho>>, «Caneco», etc. Queremos, agradecer ao Zé-Tó, o novo equipamento que mandou para o nosso Grupo Desportivo, mais concretamente para os Seniores. É bom, bonito e completfssimo, pois até fatos de treino tem. Há irmãos mais velhos, que pelo facto de estarem longe e bem na vida, não se esquecem das suas origens e de quem ainda cá está. Bem-haja e apareçam sempre! Vós, e todos aqueles que por aqui passaram.
Alberto («Resende»)
Tiragem média d'O GAIATO, por edição,
no mês de Novembro, 62.700 exemplares.
MIRANDA DO CO~VO VISITANTES - Recebe
mos a excursão de Castelo Branco, em nossa Casa, já há algum tempo.
Como todos os anos, esta gente chega por volta das I O horas e participa e ajuda a alegrar a nossa Eucaristia.
No fim da celebração os nossos rapazes descarregaram o almoço e todo o material que trouxeram no autocarro, sobrecarregado. Depois, fez-se uma visita à Casa com as pessoas que pela primeira vez a visitavam.
Já passava das 12,30 horas quando fomos almoçar tudo aquilo que trouxeram de Castelo Branco.
À tarde as pessoas conversaram com os rapazes que já conheciam há mais tempo e davam carinho aos mais pequenos.
Às 17,30 horas fomos merendar juntos. Comemos bastantes coisas boas e bebemos vários sumos.
Depois chegou a hora da despedida, certamente a mais difíc il para as pessoas e também para os rapazes.
ENCONTRO FRATERNO - Realizou-se mais um encontro fraterno na casa dos Missionários Combonianos onde todo o grupo se encontrou. Eram vinte e cinco elementos.
No sábado fizeram orações e falaram bastante da comunidade.
No Domingo vieram até nossa Casa fazer-nos uma visita.
A nossa Eucaristia foi presidida pelo Padre Xavier e Padre João, dos Combonianos, e pelo nosso Padre João. A Eucaristia
·foi bastante cantada. De seguida, todo o grupo foi
ver slides sobre a vida e Obra do Pai Américo. Depois fomos almoçar todos juntos.
Na parte da tarde o grupo fez uma visita a nossa Casa, apesar de quase todos a conhecerem.
Adriano
ITOJAL I BOM SENSO - As mesas
estavam postas, na nossa Capela as flores sorriam de alegria, as famflias e as pessoas amigas não ficaram de braços cruzados e os rapazes tratavam de tudo o que se encontrava ao seu alcance. Essa festa realiza-se todos os anos em nossa Casa, porque o amor continua a transbordar em cada alma onde a porta esteja aberta e nela lareira que sempre ilumina com a chama de glória. Amor de dizer ao Próximo que não está esquecido e que no meio de tantos espinhos ainda sobra um lugar nesta mesa.
Festejámos o aniversário do Rogéri o Paulo, filho dessa famflia que, infelizmente, já partira para o Reino do Senhor. Na Missa cantámos os parabéns, as guitarras soaram alto
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naquele momento alto de cerimónia.
POMAR - As nossas laranjeiras estão bem, carregadinhas de laranjas, vamos apanhando algumas para as nossas refeições e outras para fazer um pouco de sumo natural que sabe sempre melhor bem fresco em cima da mesa.
VISITAS- Temos recebido visitas em nossa Casa. Excursões e escuteiros que vêm passar os fins-de-semana, tem sido muito divertido. Esperamos que outros agrupamentos nos visitem para um desafio de futebol e partilhar outras actividades.
Abílio Pequeno
I SETÚBAL I MAGUSTO- Fizemo-lo
no dia 23 de Novembro. Comemos muitas castanhas e batata-doce, sardinha assada, acompanhadas com sumo. Os rapazes brincaram e divertiram-se muito, tendo corrido tudo bem.
BAR- Dois rapazes estiveram com o sr. Nascimento a tratar da madeira para fazerem o tecto falso. O ti Zé, com dois rapazes, estiveram a tirar o entulho das trazeiras para se melhorar o lado exterior.
ALMOÇO - Um casal de amigos trouxe frangos e outras coisas para o almoço de um Domingo. O Hélder e o Vítor trataram de os assar no nosso forno. O casal Tavares veio almoçar connosco e apreciou muito o trabalho dos nossos cozinheiros.
RAPAZ - O «Monchique» tinha ido passar férias no Verão à sua terra. Ficou lá algum tempo para ver se arranjava algum trabalho. Agora voltou porque não conseguiu arranjar trabalho.
ESCOLA - Os rapazes estudantes têm feito testes para mostrarem os seus conhecimentos. Os que estão no Lar têm tido notas fracas, apesar de terem professores a ajudá-los. Os rapazes que são do prof. Pedro têm obtido melhores notas e alguns têm sido boas surpresas. Os da Profissional têm andado interessados no seu Curso de Electricidade. Os mais velhos também se vão mantendo interessados nos seus cursos.
Pedro Gomes
I BENGUELA I CATEQUESE - No Sába
do tivemos a festa da abertura das actividades de catequese. Estivemos reunido~ no salão da nossa Casa. Foi um encontro
muito rico. Estiveram presentes todos os rapazes. O nosso Padre Manuel António, fez o discurso da abertura. Numa linguagem simples e profunda falou da importância da Catequese na vida da Igreja e na vida das nossas Casas que também são parte da Igreja. Pediu aos rapazes que levassem a sério a formação cristã e aos catequistas para que fossem fiéis à missão que Deus lhes confiou de instruir os nossos rapazes. A Catequese faz parte da vida das nossas Casas. É o coração delas. No desempenho da nossa missão de «Fazer de cada rapa z um homem» os Padres da Obra preocupam-se com todos os meios de instrução catequética que iluminam e fortalecem a Fé e levam a uma participação activa no mistério de Cristo. «A vida religiosa nas nossas comunidades seja o centro. As grandes aflições dos padres da rua tenham aqui a sua origem: Vale mais a alma do que o corpo. Por ela, pela alma dos rapazes, sangrem os padres até ao fim. A nossa Capela. A Missa dominical. O ensino da dolllrina cristã. A prática das orações quotidianas. Os Sacramentos: pôr-lhes a Mesa, chamá-los ao Banquete e chorar se eles não quiserem vir» (Obra da Rua, pág. 10).
Para esta grande missão de evangelização contamos com vinte e dois catequistas, de entre os quais seminaristas e dois leigos para o desenvolvimento. Os rapazes estão divididos em dez grupos: Os «Batatinhas»; o grupo que se prepara para o Baptismo e a primeira comunhão; e o grupo dos mais crescidos para o Crisma.
Zé Luís
I LAR DO PORTO I CONFER ÊNCIA DE S .
FRANCISCO DE ASSIS - As estrelas foram sinais dos Reis Magos e são sinais para a nossa vida de amor. As estrelas são a esperança de melhores tempos para os nossos Pobres terem, neste Natal que se avisinha, um Natal de famnia, mas com amor- o Amor do Evangelho.
Vamos também ser estre las cintilantes de amor, ajudando a um Natal com mais amor, percorrendo o caminho assinalado pelas estrelas do Presépio.
Por enquanto, nós, vicentinos, ficamos esperando pelo oxigénio dos nossos Leitores e Amigos, para podermos proporcionar aos Pobres uma feliz ceia de Natal.
É assim que a vigília espera pela Aurora, e tem a certeza que a qualquer momento pode chegar. É bem provável que o mundo materialista, por vezes, não deixe que o nosso coração se abra. Mas também temos a certeza e a consciência de que existe muita gente a pensar no ..
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SETÚBAL
Pontos de partida para a vitória Q
UANDO o comum dos mortais faz algo que, em consciência, sabia que
não deveria ter feito, tem como reacção normal esconder-se, não assumir a acção ou tudo fazer para tornar virtual aquilo que é real.
Já Caim tivera esse comportamento, tendência que haveria de ficar impressa nos vindouros; Abel havia sido a vítima.
Entre nó s, nem só de Caim's vivemos; também encontramos atitudes de um que, sendo Abel, nos mostra que é possível ao homem sê-lo, em contraposição a Caim. Não j á como vítima, mas como alguém que sendo frágil, não foge à voz da sua consciência e, feita a asneira, é capaz de assumir as consequê ncias dos próprios actos.
Este rapaz de que falo, estava co m um grupo de outros a jogar a bola. Esta, como acaso do jogo, foi
seu semelhante, no seu irmão, que sofre necessidades e com a sua Caridade não vai deixar que tenham uma mesa vazia, mas, sim, recheada de coisas boas.
Por isso, digo-vos, Amigos, do fundo do coração, é necessário que o coração esteja bem aberto e acordado, como uma lâmpada com muita chama, do amor ao Próximo.
A nossa esperança não nos permite deixar de trabalhar, com muito amor, em prol dos nossos irmãos mais carenciados.
Quanto é triste nós termos uma mesa bem farta e o nosso vizinho ao lado a olhar para uma mesa cheia do nada. Quanta angústia vai naquela gente, os pais a olharem para os filhos e estes para os pais, sem um sorriso de crianças, como ainda existem delas que não sabem sorrir.
Amigos, vamos permitir que as crianças não sorriam? Que o pai não abrace o filho? Que o nosso viz inho do lado fique com uma mesa cheia do nada?
Para vós, Amigos leitores, que o Senhor vos abençoe com muitas estrelas cinti lantes e lâmpadas bem acesas e com o coração aberto - che io de amor.
RECEBEMOS - À Amiga M. Borges desejamos rápidas me lhoras. Recebemos a sua oferta de roupas; Amiga, de Cavada, um vale e roupas; assinante 30374, cem euros; vale de cinquente euros, de M. Marques; ass inante 14 700, uma carta cheia de palavras amigas e o seu donativo; ass inante 34788, um lindo postal que diz «Ama e serás feliz»; assinante 7769, ci nque nta euros ma is roupas; anónimo, de Lourosa, quatrocentos euros.
Desejamos um santo e fe liz Natal e que o Ano Novo vos traga muita paz e amor, são os votos os vicentinos.
Casa l Félix
parar acima de um telhado. O nosso Abel e outro rapaz, subiram lá para a recuperar. Entretanto chegou outro mais velho. Vendo-se descobertos, ainda tentaram iludi-lo, mas não o conseguiram.
A notícia chegou-me. E ela só adquiriu verdadeiramente em mim a sua importância, quando o Abel me disse, durante a refeição, que tinha de ir para o meio da sala como castigo por ter subido ao telhado.
A sentença foi imediata: - Tu não vais para o
meio, porque só vão para lá os que não querem ir!
Acho que ele compreendeu; e que não deveria voltar a subir aos telhados.
Ter consciência da própria fragilidade, e assumi- la, é fazer caminho para vencer os próprios obstáculos.
Outro dos nossos, incapaz de levar a vida escolar com normalidade:
- Eu preciso de alguém que me guarde!
ASSOCIAÇÃO DOS ANTIGOS GAIATOS
DO NORTE
Diz o nosso Povo , com a oportunidade e o bom senso que lhe são característica, que <<quem não aparece, esquece».
Aconteceu ao Rodrigo. Do grupo dos primeiros, não pôde estar presente em 20 de Julho e na reunião de 9 de Novembro. Há tempos, escrevera-nos dando a lgum as achegas para o bom funcionamento da Associação, tanto no que concerne a projectos possíveis como, até, à quotização dos sócios. Foi em Dezembro de 2002.
Telefonou há dias, depois de ler a última crónica n'O GAIATO, a pedir informações, que lhe foram dadas, e ficou de nos escrever novamente: <<Não me custa nada ... », disse, depois de lhe explicarmos o motivo.
Como nunca mudou de residência e tinha (tem) a situação do seu contacto regularizada, pensou, como muitos estarão a pensar, que não seria necessário actualizar-se.
Pois bem, para além das razões de que falámos na passada quinzena, o facto de precaver uma avaria no sistema informático assim nos obriga. O apelo que fizemos, foi também neste sentido - minimizar as perdas e obter, por escrito, a vontade de cada um em pertencer à nossa Associação - precisamos sentir-lhe a força.
Assim, voltamos a apelar a todos os antigos gaiatos -mesmo a todos - para que sigam o exemplo do Rodrigo (que estava esquecido) e que nos façam chegar os dados necessários junto com fotografia para o cartão de sócio.
Precisamos de todos. A morada: Associação dos
Antigos Gaiatos do Norte, Avenida Barão Lourenço Martins,
Todos precisamos; ainda mais nas idades difíceis.
- Para seres um homem tens d e te g uardar a ti mesmo -disse-lhe.
Mas, enquanto não chegamos lá, vou <UTanjar-lhe um guarda; um companheiro
que com ele faça caminho e o ajude. Há-de resultru·.
É ainda o Advento. Ainda não chegámos à nossa meta. Estes são os bons pontos de partida para alcançar a vitória.
Padre Júlio
CALVÁRIO , Oculos escuros N UNCA fui apologisa de óculos escuros, porque eles
nublam a realidade. Mas há que goste de os usar, sobretudo pessoas importantes. Não sei bem se
são aqueles que tornam as pessoas importantes ou se estas os utilizam para o parecerem.
Há dias, deslocaram-se a esta Casa umas pessoas qualificadas, com o intuito de observarem o nosso viver, já que para tal vinham mandatadas. Traziam óculos escuros e naturalmente não viram por aqui nada claro: tudo lhes pareceu escurecido. Uma das observadoras resolveu tirar os óculos por uns breves momentos e éxclamo u surpreendid a: -Estou deslumbrada com isto! Mas logo voltou a colocar os seus óculos e de novo tudo lhe pareceu sem cor.
Edifício dos CTT, 4560-373 Paço de Sousa.
Aproveitamos a oportunidade para desejar a todos os gaiatos, antigos e actuais, de quaisquer Casa, e a todos os Amigos da Obra da Rua, santo Natal.
Júlio Fernandes
ASSOCIA~ÂO DA COMUNIDADE
~ GAIATO» DE SETúBAL
S. MARTINHO - Foi um dia de arromba. Quem esteve presente sentiu este fes tival. Um dia para recordar, no álbum das nossas memórias. A alegria, o bom-senso, o respeito foram e serão palavras de ordem. Como Alguém nos ensinou! Vi ve r como temos de estar, é e será sempre o nosso caminho. O Padre Júlio, a contas com uma gripe, não pôde estar presente, não a contento enviou os seus embaixadores, os rapazes da Casa do Gaiato; que coisa linda e maravilhosa que tivemos! Na graça de Deus temos tudo, só Amor. No fim da semana seguinte fomos ao magusto da Casa, a alegria dos rapazes era enorme! A presença daqueles que ali passaram os incentivos ao gosto da vida. A presença é o maior testemunho.
FESTA DE NATAL -Continuamos à espera. Estão abertas as inscrições para os fi lhos e netos dos associados, até aos quinze anos. Haverá um responsável pela recolha dos nomes e idades das crianças. É necessário o caro amigo ter a sua quota em dia, e o prazo termina a 14 de Dezembro, não sendo admissível o próprio dia. A festa será a 21 de Dezembro na nossa sede.
César Amante
ASSOCIAÇÃO DOS ANnGOS GAIATOS
DE ÁFRICA .
FALECIMENTO - No passado dia 4 de Novembro, chegava eu a Beja vindo de Amarante, onde fui acompanhar o funeral de um familiar, quando, de repente, toca o telemóvel. Era o Sá Cruz a comunicar o falecimento da sua esposa, a sua companheira nos bons e maus momentos. Ao longo de 33 anos de união, acabava de ser vítima de doença prolongada. Infelizmente, por motivos profissionais não pude marcar presença físi ca, mas estive lá em espírito.
Lembro-me d e no último encontro de antigos gaiatos de África, onde o casal marcou presença, o Sá Cruz (<<Casaca<<) desabafar comigo acerca da doença da esposa, onde lhe notei uma grande preocupação e amargura pelo seu estado de saúde, ao mesmo tempo que demonstrava uma grande compreensão. Era notória a preocupação do Zé em integrar a esposa no grupo para que se senti sse bem. Ainda hoje , quando escrevia es tas linh as tive necessidade de falar com ele e notei -lhe uma amargura tremenda, mas creio que com a sua força vai conseguir transpor esta barreira.
Foi, pois, com qastante tristeza que recebi a notícia do desaparecimento desta nossa irmã.
Em meu nome e de todos os antigos gaiatos de África, e nvio um grande abraço de pesar a toda a família enlutada e que não se deixem abater por es ta grande perda que vos aconteceu.
Força Zé! José Luís Pinheiro
O GAIAT0/3
A maioria dos homens da nossa sociedade anda com óculos escuros. Por isso tudo se lhe apresenta negativo. É mesmo isso que nos transmitem quando escrevem; é isso que nos relatam quando falam; é isso que nos segredam quando conversam: nada lhes parece positivo. São os jornalistas, são os homens do poder e do saber, são os que labutam nas fábricas, nos escritórios ou no campo, são as famílias e seus filhos.
Ora, só com olhos bem desimpedidos e libertos de escamas se pode observar o lado positivo da vida humana e ter gosto de vivê-la. Se algo obscurece os nossos olhos, importa, pois, deitá-lo fora para vermos o mundo de outra maneira. Precisamos todos de purificar o nosso olhar para vermos que há ainda muita coisa boa e bela por esse mundo fora. Se há!
Deus ao criar o mundo viu que tudo era bom. E vê. Mas há homens que só vêm o mal, porque amam, apreciam e lhes covém mais as trevas do que a luz. O Senhor Presidente da República, há tempos, esteve entre nós discretamente. Viu tudo e gostou. Ao partir, com os olhos humedecidos, deu-me um abraço e um «hei-de voltar». Vinha sem óculos escuros. E viu claridade.
Padre Baptista
DOUTRINA
O Evangelho é Vida!
<'JEU sou uma simples rapariga operária. Encon· ~ trei, há seis meses, atirada para um canto
da rua, uma mulher ainda nova, pois só conta trinta e um anos, a morrer de fome e na mais horrenda miséria que se pode imaginar. Tinh a essa criatura um filhinho de seis anos e meio. Como rapariga cristã, não me foi possível ficar de braços cruzados diante de semelhante espectáculo; trateí de meter a mãe no hospital onde se encontra ainda com poucas esperanças de cura e tomei o pequenino para minha casa, julgando que seria apenas por um mês, pois que eu, pobre, a vi ver de um modesto ordenado e do qual sustento a minha mãe, não podia com encargo tão grande. Julgava eu ter mais ou menos facilidades de o internar em alguma Casa de Caridade. E nganei-me redondamente; todos me fecham a porta, dizendo que não pode ser. Que fazer? A mãe em perigo de vida; e eu, sem poder aguentar tão grande encargo, terei de entregar a criança à rua? Não. Confio.»
GOSTO muito da premissa e da conclusão: «Como sou rapariga cristã, não me foi pos
sível ficar de braços cruzados». Muito bem! É assim mesmo! Também não foi possível ao samaritano, naquele tempo, ficar de braços cruzados; e tomou conta do espoliado, obra de ladrões; fez precisamente como esta operária. Até aqui, tudo está na regra. Onde a rapariga se enganou, e «.redonda· mente» como ela própria confessa, foi em supor que todas as instituições e pessoas que se dizem, sejam efectivamente cristãs. Não são, não senhor.
SE não estou em erro, foi na cidade de Antioquia que começaram a dar o nome de cristãos aos
Discípulos de Jesus. Tinham uma vida tão forte que os romanos, também fortes, os atiravam aos leões, a ver se lhes davam fim. Eram cristãos. Viviam a Vida do seu Mestre. A Força vinha-lhes de dentro. Não podiam ficar de braços cruzados diante das necessidades dos seus irmãos. Nem fórmulas nem frases - Vida. O Evangelho é Vida!
ORA a queixa que vem na carta, a dizer que dodos me fecham a porta», é sinal de
morte. As sociedades apostaram. Os cristãos são frascos vazios. As chamadas Casas de Caridade vivem das suas rendas, por isso mesmo dizem que não pode ser - e o Mundo está em chamas!
~-.r',/
(Do livro Pão dos Pobres - 4. o vol.)
4/ O GAIATO
ENCONTROS EM LISBOA
Vem Senhor Jesus! V EM Senhor Jesus»!
« Sabes, meu Jesus, logo que, nas nossas Igrejas, a liturgia começa a recordar este grito secular
do Teu povo, o coração como que se desanicha e começa a pulsar, em alta frequência, deixando que despertem todas as emotividades e afectividades controladas ao longo do ano. Sinto-me fragilizado com as vidas que passam na minha vida que nem sei por onde começar a falar conTigo.
«Vem Senhor Jesus»! A aproximação do Teu nascimento desperta os sonhos
que a rotina do dia-a-dia, ao longo do ano, procura enquistar. Sonhos de humanidade, porque Te tomaste humano. Sonhos de vencer as embrulhadas que a vida tece, porque Tu estás no meio de nós. Sonhos de partilha para uma vida humana mais fraterna e justa. Sonhos de paz a começar no nosso coração e a irradiar à nossa volta. Sonhos de eternidade, porque Tu apontas o Além à nossa humanidade fechada sobre si mesma e sobre os seus pequenos horizontes.
«Vem Senhor Jesus»! Quero preparar-me para este encontro único com o Teu
nascimento, neste ano de 2003. Um ano que me foi dado e
Benguela Continuação da página
verdade que e les são o futuro da Nação. É verdade também que a felicidade dos filhos está na comunicação do que têm com os que mais precisam. Quem dera. os pais caminhassem por esta via e ajudassem os seus filhos a crescer na comunhão dos bens.
Assisti, há momentos, a uma cena encantadora. Eram cinco crianças sentadas em roda. Uma delas tira um bolo pequenino do embrulho e fá-lo passar pela mão de todas. Nenhuma ficou sem nada. No fim, houve uma salva de palmas. Não eram irmãs de sangue. Que importa? Ficaram felizes. Foi o mais importante.
São de tal modo delicadas as feridas das crianças que nascem na nudez de tudo o
que havemos de lançar mão de todos os meios para as salvar. Precisamos também das tuas mãos. Precisamos também das mãos dos teus filhos. Vai-se a tranquilidade da nossa casa quando sabemos e não fazemos.
Andei pelo hospital com uma mãe doente. Morreu, há poucos dias. Os filhos estavam à minha espera no fim da Eucaristia de Domingo. Que fazer? A mãe era o único sustento da casa. Vamos à procura da melhor solução que não é o internamento na Casa do Gaiato. Vieram pela mão da tia e hão-de ir para casa da tia que gosta muito deles. Agarramo-nos ao grande valor humano da familia alargada. É verdade que a Ana tem filho s, tpas está disposta a receber mai s, mesmo que não sejam fruto directo do
não volta. Começo a reunir aqueles que gostaria de levar até junto de Ti, de Tua Mãe e de José. São tantos que, às vezes, não sei se cabem em Teu coração, dado que temos sempre a mania de medir as coisas pela nossa pequenês. Há dias, dei comigo mergulhado no sofrimento, porque parecia que o mundo, à minha volta, era só de destroços de vidas sem esperança, caídas para o abismo e que constantemente nos batem à porta. No entanto, existem tantas coisas boas, gente boa, certinha, com vidas heróicas.
«Vem Senhor Jesus»! Aqui vou eu em direcção ao Teu Presépio com todos
estes que diariamente me estão confiados. No meio de esperanças e desânimos vão caminhando e só uma visão de futuro nos dá força para ultrapassar os desafios do dia-a-dia. Junto com estes, quero levar-Te também aqueles que por aqui passaram. Muitos se encontram bem na vida com que sonharam, alguns aparecem-me ou vou tendo notícias de sonhos desfeitos.
«Vem Senhor Jesus»! Levo também os Pobres que diariamente nos batem à
porta, com vidas de sofrimento onde seria necessário investir tanto para se poder vislumbrar uma esperança. Acontecem dias em que já não sou capaz de ouvir histórias das suas vidas. Sinto-me completamente incapaz de dar solução e isso atira-me para um enorme desencanto.
«Vem Senhor Jesus»! Que o Teu Natal não passe em vão ... Tantas esperanças!
seu sangue. A alimentação fica por nossa conta. Quando todos damos as mãos não fica problema por resolver! Estaremos vigilantes para que a tuberculose não entre.
É o nosso caminho do Natal. Quem dera seja também o vosso! Se assim for, encontrar-nos-emos juntos do Menino-Deus, no Presépio, a agradecer a revelação da nossa grandeza, quando nos ajoelhamos para levantar os meninos caídos. Aprendemos esta lição para a vida com a experiência do Filho de Deus que se fez Homem.
Apresentaram-nos mais dois tuberculosos em estado adiantado. Eram casos quase perdidos. Um jovem e outro mai s velho. E agora? Já são outros. Não lhes falta a comida nem os medicamentos. Dá gosto olhar para os seus rostos. Entrai nesta aventura. Participai, do lugar onde estais. A Caridade, o Amor, não conhece barreiras nem dis-
Padre Manuel Cristóvão
tâncias. A pouco e pouco ireis descobrindo, em vossas vidas , o alcance da vocação semeada no coração de toda a criatura. Ninguém é para si.
Peço desculpa por trazer estes temas das crianças com fome, da tuberculose, do paludismo e outros para leitura em dias próximos do Natal. Incomodam, por certo. Os grandes meios de comunicação social falam doutra maneira. É ·a maneira do mundo que deixa o mais importante no escondido e apresenta o que agrada aos sentidos. Não estou contra o mundo. Quero estar bem dentro do mundo, juntamente convosco; levantar bem alto a voz daqueles que ficam perdidos e esquecidos no meio do barulho das grandes fes tas. Vamos dar-lhes o lugar que lhes pertence, na vida de cada um de nós.
Votos de Natal cheio de Paz e Alegria!
Padre Manuel António
Momentos Tribuna de Coimbra Continuação da página 1
Continuação da página 1
Voltar ao Presépio para exorcizar o tédio que os sacos da fartura semeiam frequentemente nos corações em busca de sentido e de felicidade. Voltar ao Presépio para nos deixarmos convencer da ternura do nosso Deus e do Seu amor infinito. Voltar ao Presépio para read-
'
13 de DEZEMBRO de 2003
MOÇAMBIQUE
Duas vertentes N A última crónica desta terra, não pude evitar
um sentimento que inevitavelmente traduzia uma reflexão sobre o que muitas vezes
assoma ao meu espírito. Certamente nas horas mais difíceis ou até mais dolorosas de quem assume a tarefa de educar em simultâneo um número tão grande de rapazes, cada um com seus problemas, por vezes com raízes tão profundas e manifestações tão marcantes, sobre que eles não são capazes de dialogar, tinha em mim a necessidade de dizer o que me vai na alma. Não posso esquecer aquela palavra de Pai Américo: «Eu vivo a angústia da Obra que criei».
Apesar de os exames de fim de ano, terem deixado alguns muito contentes, isso não exprime mais que uma certa amnistia e uma política de avestruz que o Governo adoptou, tendo em vista o fracasso de outros anos. Para nós sobra a insatisfação e o desaire no empenho que mantivemos todo o ano e um redobrar de esforços na insistência por um ensino aprimorado e recebido com entusiasmo, o que não é entendido por todos.
Relançando um olhar sobre quantos foram amparados por esta Casa do Gaiato no currículo escolar, desde os que nas Creches deram os primeiros passos, ou subiram à segunda classe, passando aos adultos que retomaram seus estudos da secundária até os que se preparam para exame da décima segunda, quase chegámos ao número dois mil. Mas esperamos sempre mais daqueles que, nas melhores condições de espaço físico, de professores e de acompanhamento fora da Escola, podem aproveitar melhor.
Este ano todo o empenho dos mais responsáveis desta Casa teve duas vertentes, qual delas a mais importante. Esta olhando ao futuro e a outra procurando, no presente, minimizar de várias maneiras a fome, nas famílias.
Com apoio do Programa Mundial de Alimentação, da Caritas Nacional, do Pro Salus de Espanha, Ecos do Sur, da Galicia e da Obra da Rua, muito se fez nas Aldeias. Além de distribuição de alimentos, houve cursos de culinária para confecção de refeições à base do que se desperdiça, como a casca da banana, aproveitamento de vegetais desidratados ao sol e guardados para posterior utilização. Limpeza dos quarteirões da Aldeia com aproveitamento do lixo reciclável, um para adubação, outro para confecção de utilidades para venda. Hortas comunitárias de mandioca e batata-doce. Muitas delas feitas no nosso terreno, com plantas criadas nos viveiros das Creches e com água fornecida por nós. Os cursos de costura funcionaram todo o ano. Pena foi não podermos comprar máquinas de costura, para que as alunas com melhor aproveitamento pudessem, de imediato, ter um ganha pão.
Tudo isto somado ao que na área da sanidade, com mais de três centenas de latrinas quase concluídas, só este ano; cursos de prevenção de malária e da cólera com desinfecção das casas e recolha de lixo, cursos para gestantes, de líderes comunitários, de responsáveis de sectores de saúde, de prevenção de HIV e acompanhamento aos que já contraíram o vírus, estudo da hepatite endémi ca, aperfeiçoamento do Pessoal de Saúde e monitoras das Creches, que já se vinha fazendo, são um contributo, dado com muito amor e respeito por este Povo que, nas condições em que vive, é para nós o Outro, que espera em nós, mas na realidade, Aquele de Quem tudo nos vem.
Padre José Maria encarregados da promoção das vocações religiosas, na Igreja, tão pouco ou quase nunca falam delas, e as apresentam como modelo a seguir por quem se querentregar a Deus!
No meu tempo de jovem aparecia sempre nas reflexões e nos livros e nas revistas o exemplo do Padre Damião. Aquele Homem que deu a sua vida aos leprosos e morreu de lepra no meio deles. Apetecia então perguntar, mas não haverá mais ninguém que dê a sua vida com heroísmo semelhante por esse mundo além e essa Igreja vastíssima?
quirirmos a confiança em nós e nos outros: estamos sempre a tempo de recomeçar, Deus está à nossa espera e vai connosco. Vamos de novo começar pelo Presépio, pela magia que dimana das personagens paradigmáticas que o compõem. Falemos de cada uma às crianças que de olhos arregalados tudo devoram. Só depois, o Pai Natal e outras histórias de encantar. Pois que a história verdadeira é esta: Jesus de Nazaré é Deus que nos ama e que em cada Natal nos recorda o que devemos saber em cada dia da nossa vida: que só o amor vale.
Notas do Tempo
Haveria sobrenaturalmente, mas ele era a bandeira.
Por vezes, vamos atrás de bandeiras ao arrepio do Evangelho esquecendo que as coisas e as pessoas grandes são sempre as mais pequeninas.
Padre Acílio
Padre João
PENSAMENTO
O fundamento do Cristianismo é a renúncia.
PAI AMÉRICO
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que o remédio alcançado seja também verdadeiramente deles. Em toda esta dinâmica não há benfeitores nem beneficiados. Há a fraternidade cristã a equilibrar direitos e deveres.
E também em relação ao Povo se verifica a fórmula que retrata a Obra da Rua. Porque ela é para « OS mais caídos e abandonados» do Povo, da porção dele que pode alguma coisa, desde o princípio a assumiu como sua e participa nela, garantindo a sua subsistência: Obra do Povo, para o Povo, pelo Povo.
Por isso que pertencemos a um Povo pobre e sacrificado que espontânemente reparte da sua suficiência o preciso para fazer a nossa, é por estes que devemos nivelar-nos - que a nossa vida seja suficiente e digna na modéstia, tal qual a deles.
Por opção, quaisquer cinco estrelas estão fora dos nossos horizontes. Basta-nos a alegria tranquila que nos vem da comunhão com o Povo. E também a de nunca termos pesado em qualquer desequilíbrio das Finanças Públicas.
Padre Carlos