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GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ
SECRETARIA DE SAÚDE
DIRETORIA DE UNIDADE DE VIGILÂNCIA E ATENÇÃO A SAÚDE
GÊRENCIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE
NOTA TÉCNICA - SESAPI / DUVAS no03/ 2015.
Comitê de Operações de Emergências em Saúde Pública do Piauí – Microcefalia
Assunto:Procedimentos a serem adotados para a
vigilância dos casos de microcefalia no Piauí.
Alguns estados brasileiros reportaram aumento significativo na ocorrência de
microcefalia entre os recém-nascidos nos últimos meses do corrente ano. Esta mudança de padrão
constitui-se “agravo inusitado” e fez com que o Ministério da Saúde declarasse Estado de
Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional epromovesse estudos epidemiológicos para
avaliar a extensão do problema e os fatores associados à malformação congênita de forma a nortear
as condutas pertinentes, em conjunto com as Secretarias Estaduais de Saúde e em caráter
emergencial.
Define-se microcefalia como a ocorrência congênita de perímetro cefálico abaixo do
padrão esperado nas curvas apropriadas para idade e sexo. De modo geral, um perímetro cefálico
baixo indica um cérebro pequeno. Cerca de 90% das microcefalias estão associadas a retardo mental
- exceto aquelas de origem familiar. A microcefalia pode resultar de alterações genéticas, doenças
metabólicas, isquemia uterina, uso de medicamentos, álcool ou de drogas pela mãe e de infecções
durante a gravidez. As principais infecções congênitas associadas à microcefalia são: toxoplasmose,
rubéola, citomegalovirosee vírus herpes.
No Piauí, dados consolidados até 25 de novembro de 2015 identificaram 36 crianças
nascidas com microcefalia desde o início do mês de outubro de 2015. Estas crianças nasceram em
seis maternidades da capital (cinco públicas e uma privada), a maioria tinha entre 38 e 40 semanas de
idade gestacional e perímetro cefálico variando entre 22 e 31 (média=29,3cm) e não tinha outras
malformações associadas. Os exames sorológicos realizados até este momento não identificaram a
etiologia dos casos. O número de casos de microcefalia em todo o estado de 2008 a 2014 foi: 2, 1, 1,
3, 4, 6, respectivamente.
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Estas informações iniciais caracterizaram franca elevação do padrão de ocorrência do evento
no Piauí.No dia 13 de novembro a Secretaria de Estado da Saúde do Piauí (SESAPI) criou o Comitê
de Operações de Emergências em Saúde Pública no Piauí - Microcefalia, composto por
profissionais da Secretaria de Estado da Saúde, Universidade Federal do Piauí, Universidade
Estadual do Piauí, LACEN, Assistência Hospitalar, Fundação Municipal de Saúde de Teresina e
Ministério da Saúde, dentre outros.
Em 28 de novembro de 2015, o Ministério da Saúde confirmou definitivamente relação
causal entre infecção pelo vírus Zika durante a gestação e a ocorrência de microcefalia. Estudos
realizados no Instituto Evandro Chagas indicaram a presença de partículas virais em tecidos obtidos
por necropsia de recém-nascido com microcefalia.
Considerando este cenário epidemiológico, a SESAPI recomenda às secretarias municipais e
aos serviços de saúde as seguintes ações:
Divulgar aos profissionais de saúde a definição padronizada de casos suspeitos de
microcefalia e orientações para acompanhamentodos pacientes (Anexo I);
Notificar imediatamente os casos suspeitos por meio do formulário de Registro de Eventos
de Saúde Pública disponível no endereço eletrônico http://j.mp/microcefalias (RESP –
Microcefalias)e no SINASC(Declaração de Nascido Vivo), conforme orientações
especificadas no Anexo II desta nota;
Divulgar para a população as medidas de proteção individual (em especial para mulheres em
idade fértil e gestantes), conforme Anexo III desta nota;
Reforçar as ações de prevenção e controle vetorial em áreas urbanas e periurbanas, conforme
estabelecido nas Diretrizes Nacionais do Programa Nacional de Controle da Dengue;
Encaminhar as gestantes em que houver detecção de microcefalia intraútero
paraacompanhamento obstétrico preferencialmente em serviço de pré-natal de alto risco.
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Informações adicionais serão divulgadas oportunamente, à medida que novos dados ou
resultados estiverem disponíveis.
Teresina – PI, 30 de novembro de 2015.
Amaríles de Souza Borba
Amélia de Oliveira Costa
Carmem Viana Ramos
Dorcas Lamounier Costa
Elna Joelanexxxxx
Gildevanexxxx
Isabel Marlúciaxxx
Marcelo Adriano C. S. Vieira
Miriane Araújo xxx
xxxxxxxxx
Comitê de Operações de Emergências em Saúde Pública no Piauí - Microcefalia
Aprovo Nota Técnica.
Em: 30 de novembro de 2015.
HERLON CLÍSTENES LIMA GUIMARÃES
Diretoria da Unidade de Vigilância e Atenção à Saúde
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ANEXO I – PROTOCOLO CLÍNICO
PERÍMETRO ENCEFÁLICO
A aferição do perímetro cefálico (PC) deverá ser realizada com fita métrica colocada na
região anterior do crânio - logo acima dos supercílios e passando sobre a protuberância occipital,
conforme ilustrado abaixo:
Nos recém-nascidos de termo devem-se usar as curvas da OMS para meninos e meninas
e,para os prematuros,a curva de Fenton. Desta forma, será considerado sugestivo de microcefalia:
TERMO: recém-nascido entre 37 e 42 semanas de gestação com perímetro cefálico aferido ao nascimento menor ou igual a 32 cm.
PRÉ-TERMO: recém-nascido com menos de 37 semanas de gestação com perímetro cefálico aferido ao
nascimento menor ou igual ao percentil três ( dois desvios-padrão).
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Curva de Fenton para meninas
com 22 a 50 semanas de idade gestacional.
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Curva de Fenton para meninos
com 22 a 50 semanas de idade gestacional.
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Curvas de crescimento do perímetro cefálico para meninas (OMS).
Curvas de crescimento do perímetro cefálico para meninos (OMS).
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INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA
Recomenda-se seguir a investigação diagnóstica abaixo descrita para crianças nascidas com
microcefalia:
1) coleta de 3 ml de sangue do recém nascido acondicionados em tubo de “soro-gel”, com
encaminhamento ao LACEN – PI* (em horário comercial e em dias úteis), sob refrigeração em caixa
térmica, devidamente acompanhado do cadastro no sistema GAL e de solicitação médica de:
“Microcefalia – painel sorológico”. No LACEN-PI, serão realizados os exames sorológicos:
Toxoplasmose, Rubéola, Citomegalovírus, Herpes simples e Parvovírus B19**;
2) coleta de 3 ml de sangue da mãe do recém nascido com microcefalia, acondicionados em tubo de
“soro-gel”, com encaminhamento ao LACEN – PI* (em horário comercial e em dias úteis) sob
refrigeração, devidamente acompanhados do cadastro no sistema GAL e de solicitação médica de:
“Microcefalia – painel sorológico”. No LACEN-PI, serão realizados os exames sorológicos:
Toxoplasmose, Rubéola, Citomegalovírus, Herpes simples e Parvovírus B19**;
3) coleta de 2 ml de líquordo recém-nascido, fracionados em dois tubos. Um tubo deverá ser
encaminhado para exame citobioquímicoaoInstituto de Doenças Tropicais Natan Portela (IDTNP)*,
sob refrigeração (2 a 8oC), entregue na recepção do laboratório pela manhã em dias úteis junto a
solicitação de “citometria e bioquímica do líquor”. O outro tubo deverá ser destinado sob
refrigeração ao LACEN-PI* mediante solicitação de “Microcefalia – líquor” após devido cadastro
no sistema GAL**;
4) coleta de 20 mL de líquido amniótico quando a microcefalia for identificada antes ou durante o
parto ou cujaparturiente relate rash cutâneo durante o período gestacional; encaminhar a amostra ao
LACEN-PI*sob solicitação e cadastro no GAL de: “Microcefálica – líquido amniótico”**;
* Caso a coleta de líquor seja realizada em momento em que não seja possível encaminhamento imediato aos
laboratórios, o tubo destinado ao LACEN deverá ser mantido congelado e o tubo destinado ao IDTNP deverá ser
mantido sob refrigeração (5-8oC) até envio na manhã do primeiro dia útil subsequente; quanto ao sangue, na
impossibilidade de envio imediato, centrifugar a amostra e manter sob refrigeração ((2 a 8oC) até envio na manhã do
primeiro dia útil subseqüente; o líquido amniótico deverá ser conservado sob congelado até envio ao LACEN-PI;
**alíquotas de soro dos recém-nascidos e das mães, do líquor dos recém-nascidos e do líquido amniótico serão
armazenadas a -70oC no LACEN-PI e utilizadas para testes adicionais a partir de orientação do Ministério da Saúde,
especialmente voltados à detecção de infecção pelo vírus Zika.
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5) exame detomografia computadorizada do crânio do recém-nascido, deverá ser realizada no
Centro Integrado de Reabilitação (CEIR);
6) exame de fundo de olhodeverá ser realizado na Maternidade Dona Evangelina Rosa (MDER);
7)exame de Triagem Auditivadeverá ser realizado na Maternidade Dona Evangelina Rosa (MDER)
UNIDADES DE REFERÊNCIA
As unidades hospitalares em que a infraestrutura disponível não for suficiente para realização
da investigação necessária deverão encaminhar as crianças para oCentro de ReferênciaEstadual de
Microcefalia (MDER -Instituto de Perinatologia Social do Piauí). O agendamento para consulta /
avaliação com pediatra, neuropediatra e neurocirurgião e realização de exames
complementarespoderá ser realizado pelo telefone (86) 3216-3605.É necessário que todos os
pacientes sejam referenciados com o encaminhamento do serviço de origem, portando os exames das
mães (pré-natal) e dos recém-nascidos realizados na maternidade.
OBS: orienta-se que os recém-nascidos com microcefalia saiam da maternidade de origem já
com o devido agendamento no serviço de referência.
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Fluxograma de identificação e acompanhamento de crianças com microcefalia.
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ANEXO II - NOTIFICAÇÃO DE CASO SUSPEITO DE MICROCEFALIA
O Ministério da Saúde instituiu a notificação compulsória dos casos de microcefalia, com a
finalidade de monitorar a epidemia. Para tanto, recomenda-se:
1) Notificação de “microcefalia” na Declaração de Nascido Vivo (campos 06 e 41) por meio do
SINASC;
2) Notificação imediata dos casos através de formulário específico no FormSUS que está
disponível na página em: http://j.mp/microcefalias.
3) Quando a Declaração de Nascido Vivo não contiver as informações sobre a alteração, a folha
de Identificação de Casos de Microcefalia* (modelo na próxima página) deverá ser
preenchida e encaminhada para a coordenação estadual do SIM/ SINASC para devida
correção no sistema.
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Identificação de Casos de Microcefalia (*)
Objetivo: As informações desta ficha subsidiarão as alterações no Sistema de Informações sobre Nascidos
Vivos (SINASC) quando a Declaração de Nascido Vivo estiver incompleta ou incorreta. Para tanto, deve-se
anexar esta ficha à via branca da DNV e encaminhar paraa Coordenação do SIM/ SINASC do Estado
Nome da Mãe: __________________________________________________________
Nº da Declaração de Nascidos Vivos (DNV)_____________________________________
Endereço: ________________________________________________________________
Município de Residência da Mãe:______________________________________________
Estabelecimento de Saúde: __________________________________________________
Município de Ocorrência do Parto: ____________________________________________
Detectada alguma anomalia congênita? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ignorado
Perímetro Cefálico__________________________________________________________
Descrever todas as anomalias congênitas observadas: ____________________________
_________________________________________________________________________
Forma de diagnóstico: ______________________________________________________
Outras observações:
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
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ANEXO III - ORIENTAÇÕES E RECOMENDAÇÕES
É importante que as gestantes mantenham o acompanhamento e as consultas de pré-natal,
com a realização de todos os exames recomendados pelo médico. O Ministério da Saúde reforça
ainda a orientação de não consumirem bebidas alcoólicas ou qualquer outro tipo de drogas, não
utilizar medicamentos sem orientação médica e evitar contato com pessoas com febre ou infecções.
É importante também que as gestantes adotem medidas que possam reduzir a presença de
mosquitos transmissores de doença, com a eliminação de criadouros, e proteger-se da exposição de
mosquitos, como manter portas e janelas fechadas ou teladas, usar calça e camisa de manga
comprida e utilizar repelentes permitidos para gestantes, especialmente nos horários de maior
atividade dos mosquitos (ao amanhecer e ao anoitecer).