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/// Ministério Público do Estado de Goiás NOTA TÉCNICA CONJUNTA N. 04/2017 EMENTA: ORIENTA QUE OS MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO, QUANDO DO OFERECIMENTO DA DENÚNCIA. SOLICITEM SEJA O ACUSADO CONDENADO A REPARAR OS DANOS MATERIAIS E MORAIS OCASIONADOS À VÍTIMA. O CENTRO DE APOIO OPERACIONAL CRIMINAL (CAOCRIM) e CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS (CAODH), com base nos artigos 33, inciso V, da Lei 8.625/1993 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público) e 60, inciso X, da Lei Complementar-GO n°. 25/1998 (Lei Orgânica do Ministério Público do Estado de Goiás), expede a Nota Técnica Conjunta N. 04/2017, sem caráter vinculativo, aos órgão de execução do Ministério Público do Estado de Goiás com atuação na área criminal, fundamentando-se nas razões que passam a apresentar: Considerando que, apesar da independência das instâncias, com a valorização dos princípios da economia e celeridade processual, a legislação penal brasileira buscou incentivar o ressarcimento à vitima do dano ocasionado pela infração penal; Rua 23 com Av. Fued José Sebba. Qd. A6.It. 15/24. sala T-10, Jardim Goiás/Golania-GO. Co>talos: (62) 32-13-8050/8051/8052/8053/ caocfiminalía>mpqo.rn6.bf/ SASA Página 1 ao 10

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Page 1: NOTA TÉCNICA CONJUNTA N. - mpgo.mp.br · em 02/09/2014, DJe 1635 de 24/09/2014) Considerando o pacificado entendimento do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, cujo seguinte precedente

///Ministério Público

do Estado de Goiás

NOTA TÉCNICA CONJUNTA N. 04/2017

EMENTA: ORIENTA QUE OS MEMBROS DO

MINISTÉRIO PÚBLICO, QUANDO DOOFERECIMENTO DA DENÚNCIA. SOLICITEMSEJA O ACUSADO CONDENADO A REPARAR

OS DANOS MATERIAIS E MORAIS

OCASIONADOS À VÍTIMA.

O CENTRO DE APOIO OPERACIONAL CRIMINAL (CAOCRIM) e

CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS (CAODH), com

base nos artigos 33, inciso V, da Lei 8.625/1993 (Lei Orgânica Nacional do Ministério

Público) e 60, inciso X, da Lei Complementar-GO n°. 25/1998 (Lei Orgânica do

Ministério Público do Estado de Goiás), expede a Nota Técnica Conjunta N.

04/2017, sem caráter vinculativo, aos órgão de execução do Ministério Público do

Estado de Goiás com atuação na área criminal, fundamentando-se nas razões que

passam a apresentar:

Considerando que, apesar da independência das instâncias, com a

valorização dos princípios da economia e celeridade processual, a legislação penal

brasileira buscou incentivar o ressarcimento à vitima do dano ocasionado pela

infração penal;

Rua 23 com Av. Fued José Sebba. Qd. A6. It. 15/24. sala T-10, Jardim Goiás/Golania-GO.Co>talos: (62) 32-13-8050/8051/8052/8053/ caocfiminalía>mpqo.rn6.bf/

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///Ministério Público

do Estado de Goiás

Considerando que, dentro desta perspectiva, a legislação penal trouxe

para o ordenamento jurídico multas reparatorias, condenações de reparação do

dano material e moral, assim como benefícios processuais em caso de reparação do

dano;

Considerando que o artigo 297 do Código de Trânsito Brasileiro

estabelece que: "A penalidade de multa reparatória consiste no pagamento,

mediante depósito judicial em favor da vitima, ou seus sucessores, de quantia

calculada com base no disposto no §1° do art. 49 do Código Penal, sempre que

houver prejuízo material resultante do crime";

Considerando que a Lei n°. 9.099/95 também prevê possibilidade da

indenização à vítima ser feita diretamente no juízo criminal, ao estabelecer a

possibilidade de composição dos danos civis nas infrações de menor potencial

ofensivo:

"Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por conciliador sob sua

orientação. Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Justiça.

recrutados, na forma da lei local, preferentemente entre bacharéis em

Direito, excluídos os que exerçam funções na administração da Justiça

Criminal.

Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e,

homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrivel, terá eficácia de titulo

a ser executado no juízo civil competente.

Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação

penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta

a renúncia ao direito de queixa ou representação".

LLRua 23 com Av. Fued José Sebba. Qd. A6. It. 15/24. sala T-10. Jardim Goiás. Goiânia-GO.

inlalos: (62) 3243-8050/8051/8052/8053/ caocriminal©mcSASA

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///I\Ministério Público

do Estado de Goiás

Considerando que, em busca de dar maior efetividade ao direito da vitima

em ver ressarcido o dano sofrido, a Lei n°. 11.719/2008 modificou o Código de

Processo Penal e regulamentou a referida reparação;

Considerando que o artigo 63 do Código de Processo Penal estabelece

que: "Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória. poderão promover-lhe

a execução, no juizo eivei, para o efeito da reparação do dano. o ofendido, seu

representante legal ou seus herdeiros. Parágrafo único. Transitada em julgado a

sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos

termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação

para a apuração do dano efetivamente sofrido";

Considerando que, conforme a estabelecido pelo artigo 91, inciso I, do

Código Penal: "São efeitos da condenação: I - tomar certa a obrigação de indenizar

o dano causado pelo crime";

Considerando que o artigo 16 do Código Penal regulamenta que "Nos

crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou

restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário

do agente, a pena será reduzida de um a dois terços";

Considerando que, conforme o artigo 65, inciso III, alínea 'b', do Código

Penal: "São circunstâncias que atenuam a pena: III - ter o agente: b) procurado, por

sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-

lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano ;

Rua 23 com Av. Fued José Sebba. Qd. A6. It. 15/24. sala T-10. Jardim Goiás. Golània-GO.ontatos: (62) 3243-8050/8051/8052/8053/ [email protected] br

SASA

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"'IMinistério Público

do Estado de Goiás |

\Considerando que o artigo 387, inciso IV, do Código de Processo Penal

estabelece que "O juiz, ao proferir sentença condenatória: IV - fixará valor mínimo

para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos

sofridos pelo ofendido";

Considerando que as diversas alterações na legislação criminal vigente,

conferiram poder ao magistrado de fixar um valor mínimo de reparação civil, seja

material ou moral, visando assegurar maior efetividade à Justiça Criminal;

Considerando que, ao impor ao juiz penal a obrigação de fixar valor

mínimo para reparação dos danos causados pelo delito ao ofendido, está-se

ampliando o âmbito de sua jurisdição para abranger, embora de forma limitada, a

jurisdição cível, pois o juiz penal deverá apurar a existência de dano civil, embora

pretenda fixar apenas o valor mínimo;

DA NECESSIDADE DO PEDIDO EXPRESSO DE REPARAÇÃO DO DANO NA

EXORDIAL ACUSATÓRIA

Considerando que, para a "fixação do valor mínimo de reparação dos

danos causados pela infração penal (art. 387, IV, do CPP), é necessária a

manifestação expressa da vitima ou do representante Ministerial, de forma a

assegurar a plenitude de defesa do acusado" (TJGO, Apelação Criminal 450211-

60.2010.8.09.0175, Rei. DR(A). Maurício Porfirío Rosa, 2A Câmara Criminal, julgado

em 02/09/2014, DJe 1635 de 24/09/2014)

Considerando o pacificado entendimento do SUPERIOR TRIBUNAL DE

JUSTIÇA, cujo seguinte precedente exemplificativo dispõe que: "A aplicação do

instituto disposto no art. 387, inciso IV, do CPP, referente à reparação de natureza

/__//— - •

Rua 23 com Av. Fued José Sebba. Qd. A6, It. 15/24. sala T-1Q. Jardim GoiásAaolânia-GO

Contatos: (62) 3243-8050/8051/8052/8053/ caocriminalíSrnpao./npbrSASA

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"'IMinistério Publico

do Estado de Goiás |

\cível, quando da prolação da sentença condenatória, requer a dedução de um

pedido expresso do querelante ou do Ministério Público, em respeito às

garantias do contraditório e da ampla defesa" (AgRg no REsp 1.622.852/MT, Rei.

Ministro Rogério Schietti Cruz, Sexta Turma, DJe 14/03/201 !)'•;

Considerando ser nesse mesmo sentido o entendimento adotado pelo

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, conforme se verifica pela citação abaixo:

Deixo de fixar "valor mínimo para reparação dos danos causados pela

infração" (CPP, art. 387, IV, na redação dada pela Lei n°. 11.719/2008, c/c o

art. 63, parágrafo único), tendo em vista a inexistência de pedido formal

nesse sentido, seja pelas pessoas que suportam o prejuízo, seja pelo

Ministério Público Federal (que somente o apresentou tal pleito nas

alegações finais), o que impossibilitou o exercício do contraditório e da

ampla defesa especificamente sobre a fixação desse montante mínimo

indenizatório. Nesse sentido, cito, apenas para ilustrar, Guilherme de Souza

Nucci: "admitindo-se que o magistrado possa fixar o valor mínimo para a

reparação dos danos causados pela infração penal, é fundamental haver,

durante a instrução criminal, um pedido formal para que se apure o

montante civilmente devido. Esse pedido deve partir do ofendido, por seu

advogado (assistente de acusação), ou Ministério Público. A parte que o

fizer precisa indicar valores e provas suficientes a sustentá-los. A partir daí,

deve-se proporcionar ao réu a possibilidade de se defender e produzir

contraprova, de modo a indicar valor diverso ou mesmo a apontar que

inexistiu prejuízo material ou moral a ser reparado. Se não houver formal

pedido e instrução especifica para apurar o valor mínimo para o dano, é

defeso ao julgador optar por qualquer cifra, pois seria nítida infringência ao

1 PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. REPARAÇÃO DENATUREZA CIVIL. ART. 387. IV. DO CPP. DENÚNCIA. PEDIDO EXPRESSO. NECESSIDADE. AGRAVO NÃOPROVIDO. 1. A aplicação do instituto disposto no art. 387, inciso IV. do CPP, referente á reparação de naturezaeivei, quando da prolação da sentença condenatória, requer a dedução de um pedido expresso do querelante oudo Ministério Público, em respeito às garantias do contraditório e da ampla defesa. 2. Ao determinar aindenização de oficio, o Juizo de primeiro grau decidiu fora dos pedidos deduzidos pelo Parquel na peçaacusatória. o que configura violação do principio da correlação entre o pedido e a sentença, a justificar oafastamento da indenização. 3. Agravo regimental não provido (AgRg no REsp 1.622.852/MT. Rei. MinistroROGÉRIO SCHIETTI CRUZ. SEXTA TURMA. DJe 14/03/2017)

Rua 23 com Av. Fued José Sebba. Qd. A6. It. 15/24. sala T-10. Jardim Goiás. Goiánia-GO.Contatos: (62)3243-8050/8051/8052/8053/ caocriminaKSmpqo/mplbr

SASAPágina 5 Ce 10

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"'IMinistério Público

do Estado de Goiás |

\princípio da ampla defesa (Nucci, Guilherme de Sousa. Código de processo

penal comentado, 11. ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 742)"

(páginas n°. 58.073 e 58.074 do acórdão).

Considerando que nesse sentido é o assento doutrinário, conforme abaixo

se vê:

"[...] não acreditamos que o magistrado possa reconhecer o pleito

indenizatório sem que tenha havido requerimento neste sentido. Não

funcionaria como um efeito automático da sentença condenatória, que até

então apenas tornava certa a obrigação de indenizar. O magistrado não

pode julgar extra petita, de sorte que só estabelecerá o valor da indenização

se tal requerimento lhe for apresentado, em regra, com a apresentação da

inicial acusatória"-.

"Sem sombra de dúvidas, não se tratando de efeito genérico da sentença,

mas de efeito envolto por verdadeira atividade cognitiva do magistrado, não

se pode afastar a constatação de que a fixação do mínimo indenizatório

sem pedido representa violação da inércia judicial. [...] Ademais, não

existindo a provocação do interessado, não resta dúvida que a sentença

que conceder a indenização mínima sem pedido será extra petita, bastando

para tal constatação confrontar a peça inaugural do processo e os bens da

vida concedidos pelo juiz ao autor da ação"3.

"A fixação do valor indenizatório minimo pelo juízo penal, quando

desacompanhado de pedido expresso do legitimado, implica em

transgressão ao principio da correlação entre a demanda e a sentença,

ensejando também, por consectário lógico, um desrespeito ao principio

constitucional do contraditório. Segundo o autor, "para que se admita que o

juiz penal, na sentença, fixe o valor da indenização, é absolutamente

2 TÁVORA. Nestor. ALENCAR. Rosmar Rodrigues. Curso de direito processual penal. 3. ed. Salvador:JusPODIVM, 2009, p. 182-183.3 PINHEIRO, Lucas Corrêa Abrantes. O mínimo indenizatório sincrético e as violações ao devido processo penal.Jus Navigandi. Teresina. ano 14. n. 2343, 30 nov. 2009.

Rua 23 com Av Fued Josõ Sebba. Qd. A6. It. 15/24. sala T-10, Jardim Goiás.' Goiània-GO.Contatos: (62) 3243-8050/8051/8052/8053/ caoaiminal(5impqo mp.r/r

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Ministério Público

do Estado de Goiás |

essencial que isso tenha sido pedido, sob pena de se ter uma sentença

incongruente'"

Considerando que o SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA já decidiu que

o juiz somente poderá fixar o valor mínimo de reparação dos danos se existirem

provas nos autos que demonstrem os prejuízos sofridos pela vitima em decorrência

do crime. Dessa feita, é importante que o Ministério Público ou eventual assistente

de acusação colacione aos autos comprovantes dos danos causados pela infração

para que o magistrado disponha de elementos para a fixação de que trata o art. 387,

IV do CPP, conforme o teor abaixo:

"O STJ já decidiu que o juiz somente poderá fixar este valor se existirem

provas nos autos que demonstrem os prejuízos sofridos pela vitima em

decorrência do crime. Dessa feita, é importante que o Ministério Público

ou eventual assistente de acusação junte comprovantes dos danos

causados pela infração para que o magistrado disponha de elementos

para a fixação de que trata o art. 387, IV, do CPP. Vale ressaltar, ainda,

que o réu tem direito de se manifestar sobre esses documentos juntados e

contraditar o valor pleiteado como indenização. Nesse sentido: A fixação da

reparação civil minima também não dispensa a participação do réu, sob

pena de frontal violação ao seu direito de contraditório e ampla defesa, na

medida em que o autor da infração faz jus à manifestação sobre a

pretensão indenizatória. que, se procedente, pesará em seu desfavor (...)"

(REsp 1236070/RS, Rei. Min. Marco Aurélio Bellizze, Quinta Turma, julgado

em 27/03/2012)

Considerando que a norma não limitou e nem regulamentou como será

quantificado o valor mínimo para a indenização, quando se sentir apto, deverá o juiz

quantificar, ao menos no mínimo, o dano sofrido pelo ofendido, delineando o valor do

4 Efeitos civis e processuais da sentença condenatória criminal - reflexões sobre a Lei n° 11.719/08. Revista IOBde Direito Penal e Processual Penal. n° 56, jun.jul/2009. pp. 71-81

Rua 23 com Av. Fued José Sebba. Od. A6. It. 15/24. sala T-10. Jardim Goiás, Goiãnia-GO.Contatos; (62) 3243-8050/8051/8052/8053/ caocriminaliampoomp.bV/'

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Ministério Público

do Estado de Goiás |

dano material e moral, desde que, solicitado pela vítima ou pelo Ministério Público

por ocasião do oferecimento da denúncia5;

DOS MEIOS DE COMPROVAÇÃO DOS DANOS SOFRIDOS PELO OFENDIDO

Considerando que pode o Ministério Público solicitar Termo de Avaliação

à Autoridade Policial do dano material sofrido pela vitima, a fim de comprovar o valor

do prejuízo amargado pelo ofendido em virtude da infração penal e subsidiar o

julgamento do juízo criminal;

Considerando que pode o Ministério Público notificar extrajudicialmente a

vítima para apresentar notas fiscais e/ou orçamentos dos prejuízos amargados pela

infração penal, no intuito de acostar ao procedimento criminal;

Considerando que pode o Ministério Público valer-se da audiência de

instrução e julgamento para instruir o feito com os depoimentos testemunhais e da

vítima6, a fim de apurar os danos materiais e morais7;

5 STJ: REsp 1,585.684-DF, Rei. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 9/8/2016, DJe 24/8/2016(Informativo 588)6 RECEPTAÇÃO QUALIFICADA. ABSOLVIÇÃO. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS OU APLICAÇÃO DO INSTITUTODO ERRO DE TIPO. INSUCESSO (...) 2. INDENIZAÇÃO CIVIL MÍNIMA. PREJUÍZO COMPROVADO PELAPALAVRA DA VÍTIMA. EXCLUSÃO. INVIABILIDADE. A reparação minima de danos à vitima é normacogente, instituída pela nova redação do inciso IV do artigo 387 do CPP, sendo dever do magistrado, nasentença, aplicar a referida norma, fixando o quantum mínimo, a título de indenização dos danos causados pelocrime, servindo como prova a palavra da vítima e o contexto probatório. Assim, inverte-se o ônus da prova,cabendo ao acusado demonstrar que prejuízo não houve (...) (TJGO, APELAÇÃO CRIMINAL 33793-44.2012.8.09.0175, Rei. DES. LEANDRO CRISPIM, 2A CÂMARA CRIMINAL, julgado em 24/02/2015, DJe 1743de 10/03/2015)7 "[...] É cediço na Corte que como se trata de algo imaterial ou ideal, a prova do dano moral não pode ser feitaatravés dos mesmos meios utilizados para a comprovação do dano material. Por outras palavras, o dano moralestá insito na ilicitude do ato praticado, decorre da gravidade do ilícito em si, sendo desnecessária sua efetivademonstração, ou seja, como já sublinhado: o dano moral existe in re ipsa. [...]". REsp 709.877/RS, Rei. MinistroLuiz Fux, Primeira Turma, j. 20/09/2005. Na mesma linha:"[...] Quanto ao dano moral, em si mesmo, não há falarem prova; o que se deve comprovar é o fato que gerou a dor, o sofrimento. Provado o fato, impõe-se acondenação, pois, nesses casos, em regra, considera-se o dano in re ipsa [...] ("AgRg no Ag 1062888/SP, Rei.Ministro Sidnei Beneti, Terceira Turma, j. em 18/09/2008). A mesma posição é adotada em diversos outrosjulgados: REsp 582.047/RS; REsp 1087487/MA: REsp 1105974/BA; REsp 299.532/SP.

T\—tRua 23 com Av. Fued José Sebba. Qd. A6, It. 15/24. sala T-10. Jardim Goiás. Goiânia-GO.

Contatos: (62) 3243-8050/8051/8052/8053/ caocriminaliampqo.mp.br iSASA

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'"IMinistério Público

do Estado de Goiás |

\DA POSSIBILIDADE DE REPARAÇÃO DO DANO MORAL

Considerando que. apesar de haver divergência doutrinária, conforme

entendimento do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA já citado, poderá o juiz fixar

valor mínimo para reparação do dano moral;

Considerando que nesse mesmo sentido é o entendimento doutrinário:

Daniel Roberto Hertel registra que. seguindo o entendimento adotado por

Yordan Moraira Delgado e Weverton Magalhães Costa'1, bem como Noberto

Avena', "o art. 387, IV, do CPP não restringiu a indenização tão-somente

aos danos materiais, referindo-se, genericamente, à 'reparação dos danos'.

Por essa razão, e considerando que 'uma infração penal pode redundar em

dano material e/ou dano moral', 'não se pode vislumbrar qualquer

impossibilidade de o juiz criminal fixar indenização tanto pelo dano material

como pelo dano moral sofrido pelo sujeito passivo"10.

Considerando que embora a aferição do dano moral, em regra, causará

retardamento da atividade instrutoria a ser realizada na esfera criminal, há situações

delituosas em que este se mostra evidente, de fácil percepção, por exemplo, na

maior parte dos crimes contra os costumes e contra a honra. Nesses casos, justifica-

se plausível o juízo penal arbitrar um valor mínimo indenizatório;

Pelas razões de direito acima expostas, o CENTRO DE APOIO

OPERACIONAL CRIMINAL E DA SEGURANÇA PÚBLICA e CENTRO DE APOIO

OPERACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS expede a presente Nota Técnica

8 ANDRADE, Danilo Ferreira. Considerações sobre a fixação do valor indenizatório mínimo pelo juízo penal (art.387, IV, do CPP). In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIII, n. 83. dez 2010. Disponível em: <http://www.ambilo-juridico.com.br/site/index.php?nJink=revista_artigos_leitura&artigo_id=86859 Processo penal esquematizado. São Paulo: Método, 2009, p. 248.10 Aspectos processuais civis decorrentes da possibilidade de fixação do indenização civil na sentença penalcondenatória. Jus Navigandi. Teresina, ano 13, n. 2150, 21 maio 2009

Rua 23 com Av. Fued Josó Sebba. Od. A6. II. 15/24. sala T-10. Jardim Goiás. Goiâríia-£0.Contatos: (62) 3243-8050/8051/8052'8053í caocriminaKSmpoo.mpbr

/ SASA,/ / PâjnaSUelO

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'"IMinistério Publico

do Estado de Goiás |

\Conjunta aos membros do Ministério Público do Estado de Goiás, sem caráter

vinculativo, a fim de INFORMAR aos órgãos de execução, por ocasião da denúncia

e ratificado no momento das alegações finais, a necessidade de requerimento

expresso para a fixação do valor mínimo a titulo de reparação dos danos

materiais e morais causados pela infração em desfavor do(a) ofendido(a),

requisitando novas diligências por parte da Autoridade Policial, caso

necessário e pertinente, para sua comprovação, conforme sugestão de modelo

anexo.

Patrícia Otoni Pereira

Promotora deJustjca'Coordenadora

P

Goiânia-GO, 07 de julho de 2017.

'auIo_Eduandoj^erihã~PradoPromotor de Justiça

em-átíxilio ao CAOCRIM

Rua 23 com Av. Fued José Sebba. Qd. A6. It. 15/24. sala T-10. Jardim Goiás. Goiânia-GO.Contatos: (62) 3243-8050/8051/8052/8053/ caocriminallOmpqo.mp.br

SASA

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