nota do conselho de entidades sobre informativo da reitoria / ato 17-jun

2
Nota do Conselho de Entidades sobre o “Informativo do grupo de trabalho permanente de acompanhamento e controle orçamentário” publicado em 12 de junho de 2015. Não é possível estar apoiado em duas canoas, uma hora afunda-se! O informativo assinado pelo grupo de trabalho permanente de acompanhamento e controle orçamentário foi recebido pelo Conselho de Entidades com bastante estranhamento e indignação. Em primeiro lugar pelo seu tom ameno e conciliador, em meio a uma problemática conjuntura nacional, em que os cortes orçamentários das políticas públicas penalizam a maioria da população em favor de uma minoria que compõe as elites ligadas aos interesses de grandes grupos econômicos capitaneados pelo setor financeiro. O absurdo e arbitrário ajuste fiscal, com pesados cortes orçamentários, já aprovados, atingindo a marca de R$ 9,42 bilhões apenas para a educação, demonstra a clara prioridade orçamentária do governo Dilma: o pagamento da dívida pública. Em segundo lugar, pela desconsideração da dimensão política envolvida nas tomada de decisões federais e locais no que diz respeito ao orçamento, já que subentende uma “campanha pela redução de gastos”. Por fim, pela afirmação contraditória da Reitoria, que neste Informativo defende e implementa a otimização dos gastos que na verdade vão no sentido da demissão de funcionários e suspensão de verbas para o ensino pesquisa e extensão, e em outros fóruns, junto à comunidade acadêmica, como por exemplo de seu discurso na segunda reunião junto ao comando de greve dos TAES se compromete com uma postura de “enfrentamento” dos cortes federais para a educação saúde. O referido grupo de trabalho, ciente dos objetivos do ajuste fiscal e de seus nocivos desdobramentos para o contexto da Unifesp – que se encontra numa crise orçamentária sem precedentes, com uma dívida crônica ampliada em 2015 em todos os campi; com cortes de 25% dos serviços terceirizados; dificuldade de pagamento de água e luz, suspensão de verbas para pesquisa, extensão, auxílio e para composição de bancas examinadoras de concursos e defesas; demissão de cerca de 200 funcionários do Hospital São Paulo, compra de equipamentos de baixa qualidade no HSP; suspensão do transporte estudantil para atividades curriculares como estágios e uma série de cancelamentos de contratos de manutenção nos campi –, afirma ter “realizado inúmeras ações para equacionar a dificuldade causada pela escassez de recursos (…) além de coordenar as ações de otimização, revisão de contratos, sustentabilidade, aprovadas pelas congregações e conselhos de campus...” acreditando “... no compromisso do ministro [da Educação] de que o orçamento de custeio das universidades federais será mantido e a liberação dos valores restantes deverá ocorrer até o final do exercício de 2015”. Uma postura completamente em descompasso com a realidade nacional de indignação frente aos “ajustes” eufemismo para cortes, o que indica a desconsideração da dimensão política e também a ausência de uma postura crítica e mascarando a realidade conjuntural. A discussão orçamentária é eminentemente política, o governo federal ao anunciar o corte sinaliza que não prioriza a educação pública de qualidade - e não por acaso mantém o Fies - e a Unifesp ao se adequar aos cortes, otimizando suas planilhas, demitindo funcionários, indica que, aparentemente, está tudo bem e que o bom trabalho contábil associado a malabarismos orçamentários faz milagres! O que deve ser apontado é que tal postura transforma-se em alinhamento político a uma decisão vertical do governo federal e sua equipe econômica de priorizar a dívida pública em detrimento da educação e da saúde públicas, por exemplo. O grupo de trabalho e a Reitoria indicam, nesse sentido, que estão de acordo com os cortes e que é possível funcionar com menos recursos, uma perigosa ausência de reflexão política crítica sobre a ameaça ao futuro da universidade pública, gratuita e de qualidade, vendendo um discurso que aparentemente os cortes foram benéficos e o “bom gestor” deve fazer seu dever de casa, mostrando que os cortes são acertados! A luta por melhores condições de ensino, pesquisa e extensão não se faz com ajustes orçamentários, equilíbrio de receitas e despesas, não nesta conjuntura. Trata-se de travar uma luta política contra uma decisão nefasta do governo federal, o que se expressa hoje na paralisação das

Upload: adunifesp-secao-sindical-do-andes

Post on 22-Jul-2016

214 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Nota aprovada na reunião do Conselho de Entidades no dia 16 de junho de 2015 para apresentação no Ato Conjunto de 17/Jun.

TRANSCRIPT

Page 1: Nota do Conselho de Entidades sobre Informativo da Reitoria / Ato 17-Jun

Nota do Conselho de Entidades sobre o “Informativo do grupo de trabalho permanente deacompanhamento e controle orçamentário” publicado em 12 de junho de 2015.

Não é possível estar apoiado em duas canoas, uma hora afunda-se!

O informativo assinado pelo grupo de trabalho permanente de acompanhamento e controleorçamentário foi recebido pelo Conselho de Entidades com bastante estranhamento e indignação.Em primeiro lugar pelo seu tom ameno e conciliador, em meio a uma problemática conjunturanacional, em que os cortes orçamentários das políticas públicas penalizam a maioria da populaçãoem favor de uma minoria que compõe as elites ligadas aos interesses de grandes grupos econômicoscapitaneados pelo setor financeiro. O absurdo e arbitrário ajuste fiscal, com pesados cortesorçamentários, já aprovados, atingindo a marca de R$ 9,42 bilhões apenas para a educação,demonstra a clara prioridade orçamentária do governo Dilma: o pagamento da dívida pública. Emsegundo lugar, pela desconsideração da dimensão política envolvida nas tomada de decisõesfederais e locais no que diz respeito ao orçamento, já que subentende uma “campanha pela reduçãode gastos”. Por fim, pela afirmação contraditória da Reitoria, que neste Informativo defende eimplementa a otimização dos gastos que na verdade vão no sentido da demissão de funcionários esuspensão de verbas para o ensino pesquisa e extensão, e em outros fóruns, junto à comunidadeacadêmica, como por exemplo de seu discurso na segunda reunião junto ao comando de greve dosTAES se compromete com uma postura de “enfrentamento” dos cortes federais para a educaçãosaúde.

O referido grupo de trabalho, ciente dos objetivos do ajuste fiscal e de seus nocivos desdobramentospara o contexto da Unifesp – que se encontra numa crise orçamentária sem precedentes, com umadívida crônica ampliada em 2015 em todos os campi; com cortes de 25% dos serviços terceirizados;dificuldade de pagamento de água e luz, suspensão de verbas para pesquisa, extensão, auxílio e paracomposição de bancas examinadoras de concursos e defesas; demissão de cerca de 200 funcionáriosdo Hospital São Paulo, compra de equipamentos de baixa qualidade no HSP; suspensão dotransporte estudantil para atividades curriculares como estágios e uma série de cancelamentos decontratos de manutenção nos campi –, afirma ter “realizado inúmeras ações para equacionar adificuldade causada pela escassez de recursos (…) além de coordenar as ações de otimização,revisão de contratos, sustentabilidade, aprovadas pelas congregações e conselhos de campus...”acreditando “... no compromisso do ministro [da Educação] de que o orçamento de custeio dasuniversidades federais será mantido e a liberação dos valores restantes deverá ocorrer até o final doexercício de 2015”. Uma postura completamente em descompasso com a realidade nacional deindignação frente aos “ajustes” eufemismo para cortes, o que indica a desconsideração da dimensãopolítica e também a ausência de uma postura crítica e mascarando a realidade conjuntural.

A discussão orçamentária é eminentemente política, o governo federal ao anunciar o corte sinalizaque não prioriza a educação pública de qualidade - e não por acaso mantém o Fies - e a Unifesp aose adequar aos cortes, otimizando suas planilhas, demitindo funcionários, indica que,aparentemente, está tudo bem e que o bom trabalho contábil associado a malabarismosorçamentários faz milagres! O que deve ser apontado é que tal postura transforma-se emalinhamento político a uma decisão vertical do governo federal e sua equipe econômica de priorizara dívida pública em detrimento da educação e da saúde públicas, por exemplo. O grupo de trabalhoe a Reitoria indicam, nesse sentido, que estão de acordo com os cortes e que é possível funcionarcom menos recursos, uma perigosa ausência de reflexão política crítica sobre a ameaça ao futuro dauniversidade pública, gratuita e de qualidade, vendendo um discurso que aparentemente os cortesforam benéficos e o “bom gestor” deve fazer seu dever de casa, mostrando que os cortes sãoacertados! A luta por melhores condições de ensino, pesquisa e extensão não se faz com ajustesorçamentários, equilíbrio de receitas e despesas, não nesta conjuntura. Trata-se de travar uma lutapolítica contra uma decisão nefasta do governo federal, o que se expressa hoje na paralisação das

Page 2: Nota do Conselho de Entidades sobre Informativo da Reitoria / Ato 17-Jun

instituições federais, 30 com adesão da categoria docente e 63 pela categoria dos TAES (em 23delas a greve ocorre simultaneamente nas duas categorias). Não temos o direito de ser cúmplices dodesmonte da educação superior pública e de qualidade.

Será que em todas essas instituições não foram organizados eficientes grupos de trabalho parasolucionar o problema de orçamento? Para otimizar suas contas? Ou será que perceberam que oproblema é bem mais complexo e maior do que a “politicamente correta” gestão de recursos, o queexige uma corajosa tomada de posição política na perspectiva da defesa e manutenção da educaçãopública?

A caminhar na trilha assumida pela Gestão da Unifesp, fica parecendo que a verba existente após oscortes é suficiente e que a sua incompetente administração é que tem sido o xis do problema!

Conselho de Entidades da Unifesp