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Nota do Autor no livro BARBOSA, Denis Borges . Usucapião de Patentes e outros estudos de
Propriedade Intelectual . 1. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006
Os trabalhos aqui publicados compreendem parte da minha atividade como pesquisador e parecerista, num período desde 1979 até o presente. Listam-se também algumas participações em palestras, textos de cunho verbal que ganham um certa dinâmica diversa e, em alguns casos, a participação da platéia.
Em quase todos os casos, foram extraídos os nomes e características dos pareceres que pudessem identificar os atores. Não assim no primeiro parecer, cuja importância histórica e a ousadia da tese me fizeram conservar as características originais, o que, ademais, passados tantos anos, em nada afeta a empresa, objeto dos estudos, a não ser com a admiração um tanto desafiadora que se dedica a uma das maiores multinacionais destes dois séculos.
Em dois trabalhos específicos, de cunho societário, compus o texto com a pesquisa e a co-autoria de Ana Beatriz Nunes Barbosa, colaboração na qual meu orgulho só é contido pelo medo à corujisse. A co-autora, de outro lado, professa distância do campo da Propriedade Intelectual, ao qual só é atraída nessas intercessões (cada vez mais freqüentes) onde o direitos das sociedades e dos bens imateriais se conjugam. Também participaram, em estudos que vieram a dar origem a esses textos, Mariana Loja Tápias, Paula Bahiense de Lyra, e Patrícia Carvalho da Rocha Porto.
Quanto à tese que dá nascimento ao título do livro, tem-se sempre que apontar a jurisprudência discordante:
> Tribunal Federal de Recursos
RIP 07089228-RJ Relator Ministro Armando Rolemberg. Decisão em 24-09-1986. Apelação cível 0112461. 4ª. Turma. Audiência em 11-12-86. DJ de 18-12-86. EJ vol.06465-01 p. 192
Ementa: "Propriedade Industrial - indeferimento de solicitação de registro da marca Royal, em face da existência de marca idêntica, anteriormente registrada - Art. 65, Item 17, Do CPI - Usucapião de marca - Apropriação de marca abandonada- A identidade entre a marca que se pretende registrar e aquelas objeto de registros anteriores, bem como a inegável afinidade mercadológica entre os produtos pelas mesmas assinalados, capaz de induzir o consumidor em erro ou confusão quanto à origem do artigo que adquire, impedem o pretendido registro, de acordo com o disposto no art. 65, item 17, do CPI. De outro lado, o direito positivo brasileiro não contempla o usucapião como forma de aquisição da propriedade industrial. Por fim, a apropriação de marca abandonada só e possível se a mesma satisfizer os requisitos de registrabilidade, eis que a aquisição da propriedade industrial no nosso direito se da através do competente registro no INPI - Apelação Desprovida".
> Tribunal de Alçada Cível do RS
Ementa: propriedade industrial. Marca. Direito real de uso. Usucapião. O pedido de usucapião em relação à marca ou ao direito real de uso dela e juridicamente impossível porque esbarra no sistema consagrado no vigente código de propriedade industrial (lei
5772/71), que atribui ao registro no INPI o efeito de constituir o direito a propriedade da marca, e porque não se coaduna com a própria natureza do bem o não uso da marca pode acarretar apenas a caducidade do registro. Constitucionalidade da solução. Precedentes doutrinários e jurisprudenciais. Embargos infringentes acolhidos. Sentença de extinção do processo revigorada. (emi n.º 193102621, quarto grupo cível, TAGRS, relator: des. Antônio Guilherme Tanger Jardim, julgado em 21/08/1995)
Avisados assim – de novo – da ousadia da tese, os leitores podem prosseguir adiante sem lesão ao CDC.
Não se pode terminar este livro sem agradecer a Manoel Joaquim Pereira dos Santos, interlocutor nessas matérias de já duas décadas; a Newton e Clóvis Silveira, que me honraram pela proposta de vários dos temas mais interessantes; a Patricia Carvalho da Rocha Porto, cuja dedicação à pesquisa já como estagiária lhe vota certamente um futuro na Propriedade Intelectual; aos meus alunos do Ibmec/Rj, PUC/RJ, UERJ, UCAM, FGV/SP e Faculdades Curitiba, que serviram de cobaia – inconscientemente – para quase todas as inovações doutrinárias aqui propostas; e a meus filhos Ana Beatriz e Pedro Marcos, que souberam compreender, colegas dessa nossa profissão, todas as horas que estas páginas roubaram do nosso convívio.
Em 6 de julho de 2005