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Reginaldo Aparecido de Andrade Norma regulamentadora - NR4 mudanças necessárias no quadro II para a atuação do enfermeiro do trabalho CAMPINAS 2013

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Autor: Reginaldo Aparecido de Andrade

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  • Reginaldo Aparecido de Andrade

    Norma regulamentadora - NR4 mudanas necessrias no quadro II para

    a atuao do enfermeiro do trabalho

    CAMPINAS

    2013

  • Reginaldo Aparecido de Andrade

    Norma regulamentadora - NR4 mudanas necessrias no quadro II para

    a atuao do enfermeiro do trabalho.

    Monografia apresentada a Disciplina

    de Metodologia do Trabalho Cientfico como requisito bsico para apresentao do Trabalho de Concluso de Curso de Ps Graduao em Enfermagem do Trabalho do Instituto de Cincias da Sade da Universidade Paulista UNIP, para obteno do ttulo de Especialista em Enfermagem do Trabalho.

    Orientador: Profa. Dra. Raquel M. C. Coutinho

    CAMPINAS 2013

  • Reginaldo Aparecido de Andrade

    Norma regulamentadora - NR4 mudanas necessrias no quadro II para

    a atuao do Enfermeiro do Trabalho

    Trabalho de Concluso de Curso para

    obteno do ttulo de Ps Graduao em

    Enfermagem do Trabalho apresentado

    Universidade Paulista UNIP.

    Campinas, 20 de Setembro de 2013

    Aprovado em

    BANCA EXAMINADORA

    ___________________________/___/___

    ___________________________/___/___

    ____________________________/___/___

  • Se em horas de encontros podem

    haver tantos desencontros,

    que a hora da separao seja,

    to somente, a hora de um verdadeiro,

    profundo e coletivo encontro.

    De tudo ficaram trs coisas:

    A certeza de estar sempre comeando.

    A certeza de que preciso continuar.

    A certeza de ser interrompido antes de terminar.

    Fazer da interrupo um caminho,

    da queda um passo de dana, do medo uma escada,

    do sonho uma ponte e da procura um encontro.

    FERNANDO SABINO

    Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pois sem Ele

    nada seria possvel. A minha famlia, minhas filhas e todos

    os amigos, por terem me dado foras para continuar nesta

    caminhada, mesmo diante de todos os obstculos e

    dificuldades que surgiram ao longo deste caminho.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus, por me dar vida, amor e me trilhar neste caminho do

    conhecimento e do cuidado ao prximo.

    Agradeo a minha orientadora, Profa. Dra. Raquel M. C. Coutinho, pela

    dedicao, pacincia e ensinamentos com tamanha sabedoria e conhecimentos

    cientficos.

    Agradeo ao Dr. Sergio Cavalari Filho, mdico do trabalho na empresa Villares

    Metals, por toda ajuda ensinamentos e amizade. Agradeo enfim a todos que, de

    alguma forma, contriburam para a realizao deste trabalho e me ajudou a

    conquistar mais uma vitria.

  • ANDRADE, Reginaldo Ap. Norma Regulamentadora NR-4: Mudanas necessrias no quadro II para a atuao do enfermeiro do trabalho. Reviso Bibliogrfica 2013. Pag. Monografia (Especializao de Enfermagem do Trabalho) UNIP Universidade Paulista, Campinas, 2013.

    RESUMO

    A Sade do Trabalhador uma abordagem que considera o processo sade/doena no contexto do trabalho e favorece a participao ativa do trabalhador como sujeito desse processo. Essa concepo compreende aes multidisciplinares e inter-setoriais que visem totalidade. O Quadro II da NR-4 preconiza a incluso do enfermeiro do trabalho nas empresas de graus de risco de 1 a 4 somente se tiverem mais de 3.500 trabalhadores, exceto os casos de hospitais, ambulatrios e estabelecimentos similares; que devem ter mais de 500 empregados; no entanto, o mesmo quadro determina que se incluam auxiliares de enfermagem do trabalho em empresas com menor Grau de Risco de acordo com a Lei n 7498/86, que regulamenta o exerccio profissional da enfermagem, o auxiliar de enfermagem deve trabalhar somente sob a superviso do enfermeiro, portanto no profissional autnomo. Alm disso, a mesma lei preconiza que o planejamento da assistncia de enfermagem seja de incumbncia do enfermeiro. O dimensionamento do Quadro II da Norma Regulamentadora - NR 4 encontra-se defasado no que diz respeito aos profissionais de Enfermagem do Trabalho que, juntamente com os outros profissionais do Servio Especializado em Segurana e Medicina do Trabalho - SESMT, garantem a segurana e sade do trabalhador. Para realizao deste estudo, optou-se por publicaes que abordavam a atuao do enfermeiro do trabalho nos riscos ocupacionais e medidas de proteo frente aos servios que exponham diretamente seus trabalhadores aos agentes de riscos nocivos a estes trabalhadores em relao Norma Regulamentadora 4 Quadro II Dimensionamento do Pessoal de enfermagem Servio Especializado em Segurana e Medicina Trabalho - SESMT do Ministrio do Trabalho e a Legislao do Conselho Federal de Enfermagem - COFEN, o Enfermeiro do Trabalho tem que lutar por um espao mais amplo em relao a estimular mudanas no quadro de dimensionamento de pessoal do SESMT.

    Palavras-chave: Enfermagem do Trabalho, Sade do Trabalhador e Norma Regulamentadora - NR4.

  • ANDRADE, Reginaldo Ap. Regulatory Standard-NR 4: changes required in table II for the actions of the nurse. Literature review 2013. pag. Monograph (nursing Specialization of labor) - UNIP- Universidade Paulista, Campinas, 2013.

    ABSTRACT

    The workers ' health is an approach that considers the health/disease process in the context of work and promotes the active participation of the worker as subject of this process. This conception includes multidisciplinary and cross actions aimed at all. The table II of NR-4 advocates the inclusion of nurses work in degrees of risk DR of 1 to 4 only if they have more than 3,500 workers, except the cases of hospitals, clinics and similar establishments; they should have more than 500 employees; However, the same frame determines which include nursing assistants work in companies with lower degree of risk in accordance with law No. 7498/86 , regulating the professional practice of nursing, the nursing assistant must work only under the supervision of a nurse, so is unprofessional. In addition, the same law recommends that the planning of nursing care is of responsibility of nurses. The sizing of table II- 4 Regulatory Standard RS- 4 is outdated with regard to nursing professionals work that, along with the other service professionals specializing in safety and occupational medicine - SESMT, guarantee the safety and health of the worker. To carry out this study, publications that addressed the role of the nurse working in occupational hazards and protective measures in relation to services that directly expose workers to risk harmful agents to these workers in relation to Regulatory Framework II-4 Standard sizing of nurse staffing Service specializing in security, Medicine - SESMT of the Ministry of labour and the law of the Federal Council of nursing - COFEN, the nurse has to fight for a broader space to encourage changes in personal SESMT sizing

    Keywords: nursing, worker's health and Regulatory Standard RS 4

  • ANDRADE, Reginaldo Ap. .-regulador estndar-NR-4: cambios requeridos en la tabla II para las acciones de la enfermera. Revisin de la literatura 2013. Pag. Monografa (especializacin del trabajo de enfermera) - UNIP - Universidade Paulista, Campinas, 2013.

    RESUMEN La salud de los trabajadores es un enfoque que considera el proceso de salud/enfermedad en el contexto de trabajo y promueve la participacin activa del trabajador como sujeto de este proceso. Este concepto incluye multidisciplinar y cruzadas acciones dirigidas en absoluto. La tabla II de NR-4 aboga por la inclusin del trabajo de las enfermeras en grados de riesgo - GR de 1 a 4 slo si tienen ms de 3.500 trabajadores, salvo los casos de los hospitales, clnicas y establecimientos similares; deberan tener ms de 500 empleados; Sin embargo, el mismo fotograma determina que incluyen asistentes de trabajo en empresas con menor grado de riesgo de acuerdo con la ley nm. 7498/86 , regulacin de la prctica profesional de enfermera de enfermera, el auxiliar de enfermera debe trabajar solamente bajo la supervisin de una enfermera, es tan poco profesional. Adems, la misma ley recomienda que la planificacin de cuidados de enfermera es de responsabilidad del personal de enfermera El tamao de la tabla II-4 regulador estndar N 4 ha quedado desfasado con respecto a la obra de profesionales que, junto con los otros profesionales de servicio especializada en seguridad y medicina del trabajo - SESMT, garantizar la seguridad y salud del trabajador de enfermera. Para realizar este estudio, publicaciones que abord el papel de la enfermera en riesgos laborales y medidas de proteccin en materia de servicios que exponen directamente a los trabajadores para el riesgo de agentes nocivos a estos trabajadores en relacin con el marco regulatorio II-4 Standard tamao de enfermera personal de servicio especializado en seguridad y medicina del trabajo -SESMT del Ministerio de trabajo y la ley del Consejo Federal de enfermera - COFEN, la enfermera tiene que luchar por un espacio ms amplio para alentar cambios en tamao de SESMT personal. Palabras clave: enfermera, salud del trabajador y regulador estndar N 4

  • LISTA DE SIGLAS

    AAIN Associao Americana de Enfermeiros da Indstria AAOHN Associao Americana de Enfermeiros de Sade Ocupacional ANENT Associao Nacional de Enfermagem do Trabalho ANVISA Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria BVS Biblioteca Virtual em Sade CAP Caixa de Aposentadoria e Penso CAT Comunicao de Acidente de Trabalho CID-10 Cdigo Internacional de Doenas CLT Consolidao das Leis Trabalhistas CNAE Classificao Nacional das Atividades Econmicas das Empresas CNPq Conselho Nacional de Pesquisa COFEN Conselho Federal de Enfermagem FAP Fator Acidentrio Previdencirio. FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Servio GR Grau de Risco INSS Instituto Nacional do Seguro Social LILACS Literatura Americana e do Caribe em Cincias da Sade MEDLINE Medical Literature Analysis and Retrieval System Online MTE Ministrio do Trabalho e Emprego NTEP Nexo Tcnico Epidemiolgico Previdencirio OIT Organizao Internacional do Trabalho PCMSO Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional PGRSSS Plano de Gerenciamento de Resduos de Servios de Sade

    Simplificada.

    PPRA Programa de Preveno de Riscos Ambientais SAE Sistematizao da Assistncia de Enfermagem SAT Seguro de Acidente do Trabalho SESMT Servio Especializado em Engenharia de Segurana e Medicina do

    Trabalho

    SSMT Secretaria de Segurana do Ministrio do Trabalho ST Sade do Trabalhador SUS Sistema nico de Sade

  • Lista de Quadros Quadro II Dimensionamento do SESMT (alterado pela Portaria SSMT n. 34, de 11 de dezembro de 1987) da NR- 4................................

    pag. 26

    Quadro I Caractersticas principais dos estudos bibliogrficos pesquisados entre 1.999 a 2013................................................................

    pag. 31

  • SUMRIO

    Resumo Abstract Lista de Siglas Lista de Quadros 1 INTRODUO.............................................................................................. 12

    2 JUSTIFICATIVA........................................................................................... 14

    3 OBJETIVOS................................................................................................. 15

    3.1 Objetivo Geral............................................................................................. 15

    3.2 Objetivos Especficos................................................................................ 15

    4 METODOLOGIA........................................................................................... 16

    5 REFERENCIAL BIBLIOGRFICO............................................................... 18

    5.1 Norma Regulamentadora NR-4............................................................... 24

    6 RESULTADOS E DISCUSSO................................................................... 31

    7 RECOMENDAES DO ESTUDO.............................................................. 39

    8 REFERENCIAS BIBLIOGRFICAS............................................................ 44

    ANEXOS....................................................................................................... 47

  • 12

    I. INTRODUO

    A Sade do Trabalhador uma abordagem que considera o processo

    sade/doena no contexto do trabalho e favorece a participao ativa do trabalhador

    como sujeito desse processo. Essa concepo compreende aes multidisciplinares

    e inter-setoriais que visam totalidade. Nessa linha de pensamento a Enfermagem

    do Trabalho (lato-sensu)1 insere-se como uma especialidade que visa promoo e

    ou recuperao da sade e proteo e ou preveno do trabalhador em relao

    aos riscos ocupacionais. O Enfermeiro do Trabalho pela a Associao Nacional de

    Enfermagem do Trabalho - ANENT2, o profissional que cursou o 3 grau e est

    includo no Servio Especializado em Engenharia de Segurana e Medicina do

    Trabalho - SESMT, conforme a Norma Regulamentadora NR-4 do Ministrio do

    Trabalho e do Emprego MTE. Nessa especialidade, o enfermeiro do trabalho

    presta cuidado ao trabalhador e administra e supervisiona o ambulatrio de Sade

    do Trabalhador em instituies pblicas ou privadas, em diversos ramos da

    atividade. Integrando a equipe de Sade do Trabalhador e atuando nos trs nveis

    de preveno, funo do auxiliar/tcnico de enfermagem do trabalho a

    participao conjunta com o enfermeiro do trabalho no planejamento, programao,

    orientao e execuo das atividades, sob a superviso do enfermeiro do trabalho

    (ANENT, 20120).

    No Brasil, as Normas Regulamentadoras do Captulo V, Ttulo II, da

    Consolidao das Leis do Trabalho - CLT, relativas segurana e medicina do

    trabalho, foram aprovadas pela Portaria n. 3.214, de 08 de junho de 1978. Uma

    dessas normas, a Norma Regulamentadora NR-4, estabelece as regras dos

    Servios Especializados em Engenharia de Segurana e em Medicina do Trabalho

    SESMT, e seu Quadro II determina o dimensionamento dos profissionais que o

    integram: o engenheiro de segurana do trabalho, o mdico do trabalho, o

    enfermeiro do trabalho, o tcnico de segurana do trabalho e o auxiliar de

    enfermagem do trabalho (ANENT, 2011).

    1 Lato-sensu: a designao genrica que se d aos cursos de ps-graduao que no so a

    valiados pelo ministrio da educao e pela Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior

    2 Associao Nacional de Enfermagem do Trabalho (ANENT) nasceu da necessidade de atender as

    Normas Regulamentadoras da Portaria 3214/78 do Ministrio do Trabalho e Emprego, que autorizou e regulamentou os cursos de especializao para os profissionais de Enfermagem.

  • 13

    O Quadro II da Norma Regulamentadora NR-4 estabelece a incluso do

    Enfermeiro do Trabalho nas empresas de graus de risco de 1 a 4 e descreve que

    cada ramo, cada atividade de uma empresa, tem um risco considerado, e esse risco

    podemos identific-lo pelo Classificao Nacional de Atividades Econmicas

    CNAE da empresa sendo 1 e 2 leve, 3 mdio e o 4 o grave, e somente se tiverem

    mais de 3.500 trabalhadores, exceto os casos de hospitais, ambulatrios e

    estabelecimentos similares; que devem ter mais de 500 empregados; no entanto, o

    mesmo quadro determina que se inclua o auxiliar de enfermagem do trabalho em

    empresas com menor grau de risco, mas de acordo com a Lei n 7.498/86, que

    regulamenta o exerccio profissional da enfermagem, o auxiliar de enfermagem deve

    trabalhar somente sob a superviso do enfermeiro (3). A mesma lei preconiza que o

    planejamento da assistncia de enfermagem seja de incumbncia do Enfermeiro.

    Assim, surgiu o questionamento sobre as divergncias entre as

    determinaes da Norma Regulamentadora NR-4 relativas insero do Enfermeiro

    do Trabalho e o Auxiliar de Enfermagem do Trabalho nos Servios Especializado em

    Engenharia de Segurana e em Medicina do Trabalho - SESMT, e aos aspectos

    legais da equipe de enfermagem brasileira em Sade do Trabalhador.

    Diante dessas consideraes, este estudo teve como objetivo rever sobre o

    dimensionamento de Pessoal do Quadro II da Norma Regulamentadora NR-4 sobre

    a Lei n. 7.498/86.

    Os aspectos quantitativos dos profissionais de enfermagem nas instituies de sade so enfatizados para que haja a garantia da segurana e da qualidade de assistncia ao cliente e a continuidade da viglia perante a diversidade de atuao nos cuidados e na ateno da equipe de enfermagem.

    Ressalto a importncia desta reflexo, pois contribuir para informar os

    profissionais de enfermagem, os empregadores e os rgos representativo da

    profisso sobre questes de lei e tica profissional, conforme determina Conselho

    Federal de Enfermagem COFEN no artigo 6 da Resoluo n.o 233, onde

    descreve que as atividades na rea de enfermagem somente podem ser realizadas

    sob a efetiva e permanente superviso do enfermeiro que assume a

    responsabilidade tcnica dos servios e o tcnico de enfermagem no pode assinar

    a responsabilidade tcnica, nem exercer qualquer atividade de enfermagem sem a

    devida superviso (ANENT, 2010).

  • 14

    2 JUSTIFICATIVA

    Dentre as atribuies do enfermeiro do trabalho est o atendimento de

    primeiros socorros no local de trabalho, em caso de acidente, realizando curativos

    ou imobilizaes especiais, administrando medicamentos e tratamentos e

    providenciando o atendimento mdico adequado, para atenuar conseqncias e

    proporcionar apoio e conforto a este trabalhador. A proposta de mudanas no Dimensionamento de Pessoal no Quadro II da

    Norma Regulamentadora NR4, e que o Enfermeiro do Trabalho, possa atuar na

    Sistematizao da Assistncia de Enfermagem - SAE, realizando Consulta de

    Enfermagem, Histrico de Enfermagem do Trabalhador, Diagnstico de

    Enfermagem, Prescrio de Enfermagem e Evoluo de Enfermagem da sade do

    trabalhador.

  • 15

    3. OBJETIVOS 3.1 Objetivos Principais

    Analisar o Quadro II da Norma Regulamentadora - NR4, que trata do

    Dimensionamento do SESMT e propor mudanas para garantir o aumento

    adequado necessidade.

    3.2 Objetivos Especficos Propor mudanas para aumentar o nmero de efetivos da Enfermagem do

    Trabalho no Quadro II da Norma Regulamentadora - NR4.

    Propor a incluso de outros profissionais importantes para a manuteno da

    sade do trabalhador.

    Adequar Superviso dos Auxiliares e Tcnicos de Enfermagem do Trabalho

    que em muitas empresas realizado pelo mdico do trabalho.

  • 16

    4. METODOLOGIA

    Este trabalho foi realizado com base em reviso bibliogrfica, atravs de

    anlise de literatura cientfica, sendo de natureza exploratria e quantitativa. Para

    realizao foi realizado levantamentos de dados bibliogrficos, que contenham

    informaes da atuao do enfermeiro do trabalho nos programas de sade do

    trabalhador, sobre a histria da enfermagem do trabalho e a Leis 3.794 e os

    Decretos do Conselho Federal de Enfermagem - COFEN, levantamentos de dados

    da Norma Regulamentadora NR4 Quadro II Dimensionamento de pessoal do

    Servio Especializado de Segurana e Medicina do trabalho - SESMT.

    Foram encontrados 22 estudos que continham informaes sobre Norma

    Regulamentadora NR4, atuao do enfermeiro do trabalho na sade do trabalhador.

    Utilizando das palavras-chave: Enfermagem do Trabalho, Sade do Trabalhador e

    Norma Regulamentadora - NR4.

    A pesquisa bibliogrfica o passo inicial na construo efetiva de um

    protocolo de investigao, quer dizer, aps a escolha de um assunto necessrio

    fazer uma reviso bibliogrfica do tema apontado. Essa pesquisa auxilia na escolha

    de um mtodo mais apropriado, assim como num conhecimento das variveis e na

    autenticidade da pesquisa. A leitura foi acompanhada de tcnicas de

    armazenamento, a exemplo, o fichamento. Essa tcnica de leitura constitui os

    arquivos especficos para auxiliar na pesquisa sobre o assunto do projeto de

    pesquisa. As fichas de palavras-chave podem ser de citao/transcrio, onde se

    extraem trechos citados ou transcritos na fonte documental, nas quais se resume o

    contedo da fonte documental pesquisada (MINAYO e DESLANDES, 2007).

    Para realizao deste estudo, optou-se por publicaes que abordavam a

    atuao do enfermeiro do trabalho nos riscos ocupacionais e medidas de proteo

    em frente aos servios que exponham diretamente seus trabalhadores aos agentes

    de riscos nocivos a estes trabalhadores em relao Norma Regulamentadora 4

    Quadro II Dimensionamento do Pessoal de enfermagem Servio Especializado em

    Segurana, Medicina Trabalho - SESMT do Ministrio do Trabalho e a Legislao do

    Conselho Federal de Enfermagem COFEN.

    O estudo foi realizado por meio de busca on-line com levantamento

    bibliogrfico de produes cientficas, tanto na literatura nacional como internacional,

    no perodo de 1999 a 2013, e disponveis em resumos na Biblioteca Virtual em

  • 17

    Sade - BVS, utilizando as seguintes bases de dados: Biblioteca de literatura Medica

    Analises - Sistema Online - MEDLINE, Biblioteca Cientifica Eletrnica Online - Scielo

    e Literatura Americana e do Caribe em Cincias da Sade - LILACS, como tambm

    em livros publicados neste mesmo perodo.

    O carter deste estudo descritivo e reflexivo e baseia-se nas caractersticas

    tericas do campo da Sade do Trabalhador, prope-se descrever, analisar e

    discutir a Norma Regulamentadora - NR-4 do Ministrio do Trabalho e suas

    especificidades em relao ao dimensionamento dos profissionais da enfermagem,

    compreenso da Lei n. 7498/86 e aos aspectos tico-legais dos profissionais da

    equipe de enfermagem em Sade do Trabalhador. A fundamentao desta reflexo

    baseou-se na NR-4, na legislao geral sobre Enfermagem e na caracterizao da

    equipe de enfermagem do trabalho da ANENT, buscando-se na anlise e discusso

    as similaridades e as contradies entre a legislao e o que ocorre na prtica da

    equipe de enfermagem da sade do trabalhador.

  • 18

    5. REFERENCIAL BIBLIOGRAFICO

    A Enfermagem do trabalho surge quando as primeiras leis de acidente do

    trabalho se originaram na Alemanha, em 1884, estendendo-se logo a vrios pases

    da Europa, at chegar ao Brasil por meio do Decreto legislativo n.3.724 de 15 de

    janeiro de 1919, a fim de dar parmetros legais para os trabalhadores que esto

    expostos aos ricos do dia-a-dia. O cuidado de enfermagem profissionalizado veio a

    tona para ser dirigido aos trabalhadores desde uma simples palestra de educao

    em sade, primeiros-socorros, e at a reduzir o consumo de mo de obra

    desamparada por aspectos tico-legais, fazendo com que surja a enfermagem do

    trabalho .

    A histria da enfermagem do trabalho no Brasil bastante recente.

    Inicialmente a assistncia de enfermagem do trabalho era vista mais como

    atendimento emergencial na empresa, o que no valoriza muito. Contudo, o espao

    para o desempenho profissional, principalmente do enfermeiro do trabalho esta se

    ampliando a cada dia, seja na assistncia direta aos trabalhadores, seja a seus

    familiares.

    A preocupao por prover servios mdicos aos trabalhadores comea a se

    refletir no cenrio internacional na agenda da Organizao Internacional do Trabalho

    - OIT, criada em 1919. Em 1953, atravs da Recomendao 97 sobre a Proteo da

    Sade dos Trabalhadores, a Conferncia Internacional do Trabalho pede aos

    Estados Membros da OIT que fomentassem a formao de mdicos do trabalho

    qualificados e o estudo da organizao de Servios de Medicina do Trabalho. Em

    1954, a OIT convocou um grupo de especialistas para estudar as diretrizes gerais da

    organizao de Servios Mdicos do Trabalho. Dois anos mais tarde, o Conselho de

    Administrao da OIT, ao inscrever o tema na ordem do dia da Conferncia

    Internacional do Trabalho de 1958, substituiu a denominao Servios Mdicos do

    Trabalho por Servios de Medicina do Trabalho (SALVADOR. 1982).

    Com efeito, em 1959 a experincia dos pases industrializados transformou-se

    na Recomendao n 1123, sobre Servios de Medicina do Trabalho, aprovada pela

    Conferncia Internacional do Trabalho. Este primeiro instrumento normativo de

    mbito internacional aborda aspectos que incluem a sua definio, os mtodos de

    3 Recomendao n 112, o primeiro instrumento internacional em que se definiam as funes, a

    organizao e os meios de ao dos servios de medicina do trabalho (8).

  • 19

    aplicao da Recomendao, a organizao dos Servios, suas funes, pessoal e

    instalaes, e meios de ao (MENDES, 1991).

    No Brasil, a tarefa do Estado de intervir no espao do trabalho esteve prevista

    na Reforma Carlos Chagas de 1920 e acabou interrompida com a criao, em 1930,

    do Ministrio do Trabalho, Indstria e Comrcio (LACAZ, 1997).

    Em 27/06/1972, por meio da Portaria 3.237 foi institudo o Servio

    Especializado em Segurana e Medicina do Trabalho SESMT, dimensionado de

    acordo com o grau de risco e o nmero de trabalhadores das empresas, com funo

    de reconhecer, avaliar e controlar as causas de acidentes e doenas. A criao

    deste servio especializado, j era uma recomendao da organizao Internacional

    do Trabalho OIT, e no Brasil a Consolidao das Leis Trabalhistas CLT4, em seu

    artigo 164, j prescrevia a existncia do SESMT nas empresas (ATLAS, 2009).

    Posteriormente, a legislao sobre a temtica foi resgatada na Carta

    Constitucional de 1988 e regulamentada pela Lei 8080/90, a Lei Orgnica da Sade,

    especialmente em seu artigo 6, aqui j tratada como "sade do trabalhador", e no

    mais "medicina do trabalho (ANENT, 2011).

    Apesar dos avanos significativos no campo conceitual, ainda era necessrio

    um novo enfoque e novas prticas para lidar com a relao trabalho-sade,

    consolidados sob esta nova denominao. Por Sade do Trabalhador compreende-

    se um corpo de prticas tericas interdisciplinares tcnicas, sociais, humanas e

    interinstitucionais desenvolvidas por diversos atores, informados por uma

    perspectiva comum (MORAES, 2007).

    Com efeito, em 1959 a experincia dos pases industrializados transformou-se

    na Recomendao n 112, sobre Servios de Medicina do Trabalho, aprovada pela

    Conferncia Internacional do Trabalho. Este primeiro instrumento normativo de

    mbito internacional aborda aspectos que incluem a sua definio, os mtodos de

    aplicao da Recomendao, a organizao dos Servios, suas funes, pessoal e

    instalaes, e meios de ao (NUNES, 1995).

    A enfermagem do trabalho a assistncia de enfermagem na sade do

    trabalhador. Estando a enfermagem do trabalho atrelada ateno dada sade do

    trabalhador no prprio ambiente laboral, o primeiro ttulo de enfermeiro do trabalho 4 CLT Consolidao das Leis Trabalhista: a principal norma legislativa brasileira referente ao

    Direito do trabalho e ao Direito processual do trabalho. Ela foi criada atravs do Decreto-Lei n 5.452, de 1 de maio de 1943 e sancionada pelo ento presidente Getlio Vargas durante o perodo do Estado Novo, unificando toda legislao trabalhista ento existente no Brasil.

  • 20

    coube a Phillipa Flowerday, da Coleman Mustard Company, no Reino Unido em

    1878, uma vez que suas aes dirigiam-se aos trabalhadores na fbrica, bem como

    nas suas residncias.

    O enfermeiro do trabalho age como gerente do servio de sade porque

    desenvolve uma prtica autnoma, auto-motivada e auto-dirigida, e compete-lhe

    fazer levantamento das necessidades de sade da companhia e dos trabalhadores,

    desenvolvendo e implementando um programa de sade que fornea "cuidados

    mdicos eficientes e baratos". Esta proposio destaca dois focos de interao

    significativa do enfermeiro. O primeiro com a empresa (companhia) e o segundo com

    os trabalhadores. Entretanto, a ao do enfermeiro parece estar aliada ao modelo

    reducionista mdico, devido ao termo "cuidados mdicos eficientes e baratos".

    No Reino Unido da Gr-Bretanha, desde 1934, o Royal College of Nursing

    RCN realiza cursos para enfermeiros da indstria e, aps a reunio do Comit

    OIT/OMS sobre sade ocupacional, em 1952, o curso tornou-se mais abrangente

    destinando-se enfermagem para a sade dos trabalhadores, onde quer que estes

    se encontrassem.

    Nestes cursos, alm de conhecimentos relativos a diversas reas, destacam-

    se os contedos de conhecimentos da enfermagem visando os objetivos da sade

    ocupacional, dentre outros.

    Na Frana, o enfermeiro do trabalho passa a ter presena obrigatria nos

    servios de sade ocupacional, desde 1946. A assistncia sade ocupacional

    toda voltada para promoo e proteo da sade dos trabalhadores, exceto para os

    casos de urgncia. A legislao francesa assegura aos trabalhadores a presena de

    pelo menos um enfermeiro do trabalho durante todos os horrios de funcionamento

    da indstria. Ele desenvolve aes de natureza essencialmente preventivas e

    sociais, sendo raras as aes teraputicas, que s se aplicam em casos de

    emergncia e alguns poucos tratamentos realizados na empresa. Dois aspectos se destacam nos cursos de formao ps-graduao para os enfermeiros do

    trabalho: a nfase na educao em sade e os aspectos legais.

    Em 1942, fundada, nos Estados Unidos da Amrica (USA), a Associao

    Americana de Enfermeiros de Sade Ocupacional (AAOHN), inicialmente

    denominada de Associao Americana de Enfermeiros da Indstria (AAIN). Esse

    rgo o principal realizador dos programas de educao continuada,

    disponibilizados para a categoria, alm de promover encontros profissionais.

  • 21

    A AAOHN assim definiu o enfermeiro do trabalho:

    o enfermeiro empregado por uma empresa, indstria ou organizao, com o objetivo de promover, conservar e recuperar a sade dos trabalhadores. Cabe a ele desenvolver programas de preveno das doenas ocupacionais e dos acidentes do trabalho...

    Na Holanda, em 1946, os enfermeiros que trabalhavam em postos de

    primeiros socorros de grandes empresas criaram a Associao Holandesa de

    Enfermeiros do Trabalho, a qual vem promovendo conclaves cientficos, com grande

    participao dos associados. Os primeiros cursos de sade ocupacional para

    enfermeiros foram realizados em 1960, apresentando como destaque, no contedo

    desses cursos, disciplinas ligadas deontologia em enfermagem do trabalho e

    detalhamento das atividades de enfermagem nos exames de sade dos

    trabalhadores, tornando-se obrigatria a necessidade da confeco de uma

    monografia sobre enfermagem do trabalho.

    Em 1980, na Sucia, os enfermeiros do trabalho integram a equipe de sade

    ocupacional, e seu trabalho desenvolve-se em estreita relao com o engenheiro de

    segurana. As visitas aos locais de trabalho so regularmente realizadas pelos dois,

    em conjunto, para observao das condies de trabalho. Isto evidenciou a

    interao do enfermeiro do trabalho com os demais elementos da equipe de sade e

    segurana do trabalho.

    A Enfermagem do Trabalho, no Brasil, teve seu marco histrico anos depois

    do ingresso dos enfermeiros em outros pases do mundo. Com efeito, h mais de

    quarenta anos, algumas empresas de capital misto j traziam consigo a filosofia de

    sade ocupacional e incluam o Enfermeiro na equipe de sade nas indstrias.

    O primeiro curso de Especializao em Enfermagem do Trabalho foi realizado

    pela Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro,

    em 1974. A legitimidade do curso assegurada pela Portaria n 3237/72, do

    Ministrio do Trabalho, mas que garantia apenas o acesso de tcnicos e auxiliares

    de enfermagem para atuarem em servios mdicos de empresas. Os Enfermeiros,

    que j trabalhavam em servios de sade ocupacional, e que inclusive contribuam

    com a formao dos auxiliares de enfermagem, colocam em discusso a no

    incluso do Enfermeiro do Trabalho na equipe de sade ocupacional, levando

    Associao Brasileira de Enfermagem - ABEn suas preocupaes. Em decorrncia

    desses esforos, que surge, em 1975, a incluso do Enfermeiro do Trabalho como

  • 22

    elemento legal obrigatrio nas empresas a partir de trs mil e quinhentos e um empregado, atravs da Portaria do Ministrio do Trabalho n 3460 de 31 de

    dezembro de 1975. Com a homologao da lei que regulamenta o Exerccio Profissional de Enfermagem Lei n 7.498/86 -, a obrigatoriedade do Enfermeiro do Trabalho prevista na referida portaria passou a ser bastante questionada, visto que a lei do exerccio profissional de enfermagem define em seu artigo 15: a orientao e superviso do tcnico de enfermagem e do auxiliar de enfermagem somente podem ser desempenhadas pelo Enfermeiro.

    Em 1978, o Ministrio do Trabalho publica atravs da Portaria n 3.214, de 08

    de junho de 1978, as Normas Regulamentadoras relativas medicina, higiene e segurana do trabalho, como conseqncia das polticas voltadas para rea do trabalho. As Normas Regulamentadoras NRs (Portaria Ministerial 3.214/78), dentre uma srie de recomendaes tcnicas, estabelece a obrigatoriedade das empresas em constiturem o SESMT (Servio Especializado em Segurana e Medicina do Trabalho) e as categorias profissionais integrantes desses servios. So elas: mdico do trabalho; engenheiro do trabalho; tcnico de segurana do trabalho;

    enfermeiro do trabalho e o auxiliar de enfermagem do trabalho. Todos necessitando

    de formao especfica para atuarem nestes servios. As Normas

    Regulamentadoras (NRs) do um direcionamento para o desenvolvimento das

    aes e obrigaes das empresas. Em especial as aes relativas s medidas de

    preveno, controle e eliminao de riscos, inerentes ao trabalho e proteo da

    sade do trabalhador. As NRs definem as atribuies e responsabilidades dos

    integrantes das equipes dos SESMTs, sem destacar as responsabilidades

    especficas de cada categoria profissional. Contudo, na NR-4, que trata do

    dimensionamento da equipe de sade ocupacional, manteve-se a limitao da

    necessidade de Enfermeiro do Trabalho somente quando a empresa possuir mais de

    trs mil e quinhentos funcionrios. Contrariando, inclusive, a lei do exerccio

    profissional de enfermagem. neste ponto que comeam a surgir inquietaes de importncia para a rea

    de enfermagem. Diante das obrigaes e responsabilidades da equipe dos

    SESMTs, quais seriam as atribudas especificamente aos profissionais da

    enfermagem, em especial ao enfermeiro do trabalho? Isto levou os pesquisadores

    de enfermagem a investigar e discutir sobre esse tema produzindo conhecimentos

    que buscavam definir, de modo mais especfico, o fazer dos profissionais de

  • 23

    enfermagem na rea da sade do trabalhador. Os estudos realizados sobre o fazer

    profissional apontaram para um elenco de atribuies e atividades especficas do

    enfermeiro do trabalho que possivelmente vm norteando, os currculos dos cursos

    de Especializao em Enfermagem do Trabalho ao longo dos anos.

    Outro aspecto a considerar, em relao produo de conhecimento nesta

    rea, foi necessidade de investigar se as atividades desenvolvidas pelos

    Enfermeiros do Trabalho nas empresas atendiam as recomendaes legais

    vigentes.

    A descrio do cargo, bem como das atribuies, foram descritas na

    Classificao Brasileira de Ocupao CBO, atravs do Ministrio do Trabalho,

    desde 1982, sendo revisada e atualizada em 2002. Nesta ultima verso (CBO

    /2002), podemos perceber uma adequao das atribuies e atividades dos

    profissionais da rea de enfermagem s prerrogativas determinadas pela Lei do

    exerccio da Enfermagem - Lei n 7.498/86. No que tange s atividades privativas do

    enfermeiro, o destaque especial para o desenvolvimento de programas especficos

    de promoo para sade e a preveno de acidentes ou agravos sade de grupos

    especficos, onde se inclui o grupo dos trabalhadores. Encontramos tambm, na

    Associao Nacional dos Enfermeiros do Trabalho ANENT, a descrio das

    atribuies e responsabilidades profissionais do enfermeiro do trabalho. Alm de

    estabelec-las, sugere-se um currculo mnimo para os cursos de formao e

    especializao dos profissionais de Enfermagem do Trabalho.

    Sendo assim, entendemos que o fazer profissional dos Enfermeiros do

    Trabalho, dentro dessa tica, poderia ser considerado como determinado e

    consagrado, levando-se em conta o fato de estar prescrito atravs de dispositivos

    legais e normativos. Portanto, a nfase deste estudo no est no levantamento e

    destaque das atividades e atribuies desenvolvidas pelos Enfermeiros do Trabalho,

    e sim nas atividades e nos comportamentos que sustentam os modos do agir

    profissional na interao com o ambiente social da assistncia de enfermagem

    sade do trabalhador. Independentemente das questes de carter legal e

    normativo, pode-se verificar que a assistncia de enfermagem alia-se sade do

    trabalhador, no apenas com a viso do cuidado do homem que trabalha entendido

    como o homem que tem uma ocupao, mas no cuidado do homem na sua relao

    com o seu trabalho em diversos aspectos.

  • 24

    5.1 NORMA REGULAMENTADORA - NR4 Estabeleceu a obrigatoriedade dos servios mdicos nas empresas segundo

    seu grau de risco e seu nmero de empregados, tendo como paradigma a

    Recomendao n. 112/59 da Organizao Internacional do Trabalho - OIT, que

    preconizava a preveno e proteo do trabalhador e institua as funes dos

    servios de medicina do trabalho. A Norma Regulamentadora NR-4 regulamenta as

    diretrizes para a implantao do Servio Especializado de Segurana e Medicina do

    Trabalho SESMT, com seu dimensionamento de pessoal vinculado ao Grau de

    Risco da atividade principal, conforme a atividade econmica (Quadro I da NR-4) e o

    nmero total de empregados do estabelecimento (Quadro II da NR-4) (ATLAS,

    2009). Anexo do Quadro I NR4 -Servios Especializados em Engenharia de Segurana e em Medicina do Trabalho (104.000-6). QUADRO I (Alterado pela Portaria SIT n 76 de 21 de novembro de 2008 Relao da Classificao de Atividades Econmicas CNAE ( verso 2.0)* com correspondente Grau de Risco GR para fins de dimensionamento do SESMTCd Denominao GR A AGRICULTURA, PECURIA, PRODUO FLORESTAL, PESCA E AQUICULTURA 01 AGRICULTURA, PECURIA E SERVIOS RELACIONADOS 01.1 Produo de lavouras temporrias 01.11-3 Cultivo de cereais 3 01.12-1 Cultivo de algodo herbceo e de outra fibras da lavoura temporria 3 01.13-0 Cultivo de cana de acar 3

    Fonte: Portaria 34 de 11.12.87

    Assim, dependendo do Grau de Risco e do nmero total de trabalhadores,

    muitas empresas esto desobrigadas de constituir um SESMT prprio. Nesses

    casos, a assistncia ao trabalhador se faz por meio de convnios com empresas

    privadas de medicina ocupacional, as quais normalmente no tm Enfermeiros do

    Trabalho em suas equipes. Verifica-se no Quadro II que o tempo parcial consiste em

    trs horas e o tempo integral em seis horas dirias de trabalho (LUCAS, 2004).

    Nota-se tambm, no Quadro II, o dimensionamento do auxiliares de

    enfermagem do trabalho nas empresas de Grau de Risco 1 com mais de 2.000

    trabalhadores, nas de Grau de Risco 2 e 3, com mais de 1.000, e nas de Grau de

    Risco 4, mais de 500 trabalhadores.

    O dimensionamento de um Enfermeiro do Trabalho em tempo parcial s

    preconizado para empresas de Grau de Risco 1 com mais de 3.500 funcionrios e

    de um Enfermeiro do Trabalho em tempo integral nas de Grau de Risco 2, 3 e 4 com

    de 3.500 funcionrios; no entanto, no dimensionamento do SESMT inclui-se o

  • 25

    auxiliar de enfermagem do trabalho e no se inclui o enfermeiro do trabalho na

    grande maioria de empresas de Grau de Risco 1 a 4.

    Na prtica, constata-se que os tcnicos de enfermagem do trabalho (no

    includos do Quadro II da NR-4) tambm tm atuado nas empresas sem a

    superviso do Enfermeiro do Trabalho.

    Para melhor compreenso, apresenta-se o Quadro II. Os quais normalmente

    no tm Enfermeiros do Trabalho em suas equipes, o que contraria as normas do

    COFEN, quanto atuao do tcnico de enfermagem dentro de uma empresa sem a

    Superviso do Enfermeiro. Verifica-se no Quadro II que o tempo parcial consiste em

    trs horas e o tempo integral em seis horas dirias de trabalho (BUSSACOS, 1997).

    Na prtica, observa-se que os Enfermeiros do Trabalho so contratados por

    tempo integral de oito/nove horas dirias, contrariando o disposto na Norma

    Regulamentadora - NR-4, mas adequando-se ao mercado de trabalho5.

    5O mercado de trabalho esta interagindo com pessoas que procuram emprego especializado ou no

    especializado (Mo de Obra) e Empresas (Pessoas Jurdicas) que oferecem emprego num sistema econmico capitalista - tendo uma funo de mercado, local ou cenrio onde podemos comprar ou vender produtos e servios.

  • 26

    Quadro II Dimensionamento do SESMT (alterado pela Portaria SSMT n. 34, de 11 de dezembro de 1987) da NR-4.

    OBS: Hospitais, Ambulatrios, Maternidade, Casas de Sade e Repouso, Clnicas e estabelecimentos similares com mais de 500 empregados devero contratar enfermeiro em tempo integral. Tcnico de Segurana do trabalho e os Auxiliares e Tcnicos em Enfermagem 8hs/dia. * Engenheiro, Mdico e Enfermeiro 3hs (tempo parcial) ou 6hs (tempo integral) carga horria de

    trabalho parcial (3h/ dia). ** A partir de 05 funcionrios a necessidade de contratao, podendo ser tercerializado.

    O 1 Congresso Internacional de Enfermagem do trabalho foi realizado pela

    Associao Nacional de Enfermagem do Trabalho ANENT no perodo de 08 a 11

    de Agosto de 2000, em parceria com a Universidade Bandeirantes de So Paulo -

    SP UNIBAN e com o apoio do CNPq: sugeriu mudanas no nome do Servio

    Especializado em Segurana e Medicina do Trabalho SESMT, para Servio de

    Engenharia e Sade do Trabalhador SEST, visto que no composto s por

    engenheiro e medico, mas sim por uma diversidade de profissionais da rea da

    sade, alm do Enfermeiro do Trabalho, h o Fonoaudilogo, Nutricionista,

    Psiclogo, Assistente Social, entre outros. Alm de enfatizarem a importncia das

    Leis e Normas Trabalhistas (GIL, 1994).

    Com estas portarias, leis e Normas Regulamentadoras, a enfermagem do

    trabalho ganha destaque na sade do trabalhador (18). exigido do Enfermeiro do

    Trabalho de acordo com a NR-4 para fazer parte do SESMT de uma empresa,

    certificado do curso de especializao de enfermagem do trabalho em nvel de ps-

  • 27

    graduao de enfermagem, autorizado pelo Ministrio de Educao, com os

    seguintes conhecimentos:

    Introduo a Sade Ocupacional. Psicologia do Trabalho. Cincias Sociais. Epidemiologia e Estatstica. Legislao do Trabalho. Informtica na Enfermagem Ocupacional. Metodologia da Pesquisa. Higiene do Trabalho. Saneamento do Meio. Toxicologia. Ergonomia. Fisiologia do Trabalho. Doenas Ocupacionais e No-ocupacionais

    Hoje no quadro de dimensionamento de pessoal da SESMT, quanto maior o risco

    ocupacional e de acordo com o numero de colaboradores maior o numero de

    profissionais para fazerem parte da SESMT.

    Em instituies com Grau de Risco 4 como Hospitais, Laboratrios, Clnicas

    com mais de 500 empregados tero que contratar um Enfermeiro do Trabalho em

    tempo integral. Como consta descrito no Quadro II da NR4 a enfermagem tem sua

    Lei federal de exerccio da profisso Lei n 7.498/86, mas no Decreto de Lei n

    94.406/87, no art. 8 inciso II e letra o que confirma a atribuio do Enfermeiro do

    Trabalho em programas de segurana do trabalho e de acordo com a histria da

    enfermagem essas Leis foram maior conquista da profisso (MENDES, 1991).

    A Resoluo do COFEN n 311/07, reformulou o Cdigo de tica da

    Enfermagem, pensando na responsabilidade de conduta tica, deveres e proibies,

    direitos e princpios da profisso (CHAVES, 2009).

    Ao deixar de fazer o que da competncia do Enfermeiro e abrir espao para

    outros profissionais, alm de perdermos espao no mercado de trabalho e

    diminuirmos a valorizao do Enfermeiro do Trabalho. Devemos fazer o que de

    competncia do Enfermeiro do Trabalho, de acordo com nossas habilidades e

    conhecimentos. Assim podemos pensar em harmonizar, equilibrar a Norma

    Regulamentadora NR4 (Portaria 3.214/78) com a Lei 7.498/86 (LUCAS, 2004).

  • 28

    O papel fundamental do profissional de enfermagem o Registro, feito pela

    realizao da Sistematizao da Assistncia de Enfermagem SAE6 e o Processo

    de Enfermagem - PE, pois so estratgias que colocam em prtica o conhecimento

    e habilidade do mesmo por ser privativo de acordo com a Resoluo n 272/2002,

    alm de ser um processo de trabalho importantssimo na promoo e preveno da

    sade, bem como na colaborao empresa e o trabalhador quando envolvidos em

    processos judiciais, pois se documenta tudo em relao aos cuidados prestados ao

    colaborador, em seu pronturio, que sigiloso (MENDES,1995).

    Vale lembrar que o diagnstico do cliente faz parte da Sistematizao da

    Assistncia de Enfermagem - SAE e o Processo de Enfermagem - PE. O perfil do

    Enfermeiro do Trabalho envolve aes realizadas ao servio e higiene, medicina e

    segurana do trabalho, propiciando interao com a equipe de trabalho e promoo

    da sade do trabalhador, bem como a valorizao deste. Descrevemos as demais

    atribuies deste profissional:

    ATRIBUIES TCNICAS

    Realizar consulta de enfermagem com auxilio do Processo de Enfermagem para com os colaboradores, atentando na anaminese, minimizando o

    absentesmo.

    Diagnosticar as necessidades de enfermagem do trabalho com o auxilio de um plano estratgico de assistncia a ser prestada pela equipe de

    enfermagem do trabalho para a proteo, preservao e reabilitao da

    sade do trabalhador. Exemplo: fazer levantamento de doenas

    ocupacionais, buscando diminuies das mesmas.

    Realizar teste de acuidade visual. Realizar curativos e medicaes de acordo com a Prescrio Mdica. Implantar a Sistematizao da Assistncia de Enfermagem em prol da defesa

    do profissional, trabalhador e responsveis pela instituio (Pblica ou

    Privada)

    Participar de campanhas de promoo a sade: hipertenso, diabete, vacinao, tabagismo, alcoolismo, primeiros socorros, obesidade.

    6 Sistematizao da Assistncia de Enfermagem SAE: a essncia da prtica da Enfermagem,

    instrumento e metodologia da profisso, e como tal ajuda o enfermeiro a tomar decises, prever e avaliar conseqncias. Vislumbra o aperfeioamento da capacidade de solucionar problemas, tomar decises e maximizar oportunidades e recursos formando hbitos de pensamento.

  • 29

    Fazer a desinfeco e esterilizao de materiais, atravs das medidas de Biossegurana7.

    Participar e avaliar os projetos realizados com equipe multidisciplinar (PPRA, PGRSSS, PCMSO).

    Visitar os locais de trabalho participando da identificao das necessidades no campo de segurana, higiene e melhoria do trabalho de acordo com o

    setor.

    Supervisionar e avaliar as atividades de enfermagem aos funcionrios. Executar tratamento e descarte de resduos de materiais de acordo com

    normas da Agencia nacional de Vigilncia Sanitria - ANVISA8.

    Zelar pela segurana individual e coletiva, utilizando equipamentos de proteo apropriados, quando da execuo dos servios.

    Avaliar insumos e medicamentos quando solicitados e recebidos.

    .ATRIBUIES ADMINISTRATIVAS:

    Planejar, organizar e executar atividades de enfermagem do trabalho, empregando processo de rotina e/ou especficos.

    Manter ambiente adequado para o cuidado a sade do trabalhador. Executar trabalhos especficos em cooperao com outros profissionais

    emitindo pareceres para realizar levantamento e identificar problemas propor

    solues e elaborar programas e projetos.

    Manter organizaes de registros, arquivos, documentaes da empresa ligada ao setor.

    Guardar os pronturios eletrnicos dos colaboradores em local seguro e acessvel somente para equipe de profissionais do setor, respeitando a

    Resoluo n 1.639 do Conselho Federal de Medicina, j os registros em

    7 Biossegurana: o conjunto de aes destinadas a prevenir, controlar, diminuir ou eliminar riscos

    inerentes s atividades que possam comprometer: a sade humana, em virtude da adoo de novas tecnologias e fatores de risco a que estamos expostos.

    8 Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA) uma agncia reguladora vinculada ao

    Ministrio da Sade do Brasil.Juridicamente concebida como uma autarquia de regime especial, a agncia exerce o controle sanitrio de todos os produtos e servios (nacionais ou importados) submetidos vigilncia sanitria, tais como medicamentos, alimentos, cosmticos, saneantes, derivados do tabaco, produtos mdicos, sangue, hemoderivados e servios de sade.

  • 30

    papel devem ficar arquivados de 20 at 30 anos de acordo com a Norma

    Regulamentadora NR-7.

    Controlar estoques de materiais, medicamentos e insumos. Controlar e enviar para manuteno os equipamentos em fornecedores

    selecionados.

    Registrar comunicaes internas e externas. Ter ala para registro de reunies com equipe, com chefia, com colaboradores,

    atividades educativas, treinamentos, capacitaes

    . ATRIBUIES DE EDUCAO EM SERVIO.

    Orientao continuada e atualizada sobre os procedimentos executados pela equipe de enfermagem do trabalho atravs de treinamentos, minimizando

    riscos ocupacionais com equipe.

    Planejar e desenvolver palestras e outros eventos sobre a sade e riscos ocupacionais, de acordo com a realidade do local de trabalho, para que

    sensibilizem o mesmo.

    Promover treinamento, capacitao como membro da CIPA9, DST, Primeiros Socorros, Normas Regulamentadoras, entre outros.

    Manter-se atualizado em relao s tendncias e inovao tecnolgica cientifica de sua rea de atuao e das necessidades do setor ou

    departamento

    Criar informes internos permanentes com tema sobre a atualidade da sade, podendo ser expostos em mural e cartazes.

    Desenvolver o ldico, aes sociais, algo diferente no lazer, tudo em benefcio do bem estar do trabalhador.

    9 CIPA - Comisso Interna de Preveno de Acidentes que visa preveno de acidentes e doenas

    relacionadas ao trabalho, buscando conciliar o trabalho com a preservao da vida e a promoo da sade de todos os trabalhadores.

  • 31

    6. RESULTADOS E DISCUSSO

    Quadro I Caractersticas principais dos estudos bibliogrficos pesquisados entre 1.999 a 2012. Autor/Ano Carter do Artigo Local em que

    foi publicado. Objetivo do artigo

    1. LUCAS (2004)

    Qualitativo do tipo descritivo-exploratrio.

    So Paulo - SP.

    Verificar os conhecimentos dos profissionais e sobre suas tcnicas e procedimentos.

    2. BULHES

    (1994)

    Qualitativo do tipo descritivo-exploratorio.

    Rio de Janeiro RJ..

    Identificar as principais patologias ocupacionais e risco laboral.

    3. RAMAZZINI

    (2000)

    Qualitativo do tipo descritivo-exploratrio

    So Paulo - SP.

    Identificar os tipos de exposies que causam riscos aos trabalhadores.

    4 SILVA et al

    (2010)

    Qualitativo do tipo descritivo-exploratrio

    Goinia - GO

    Identificar a atuao do enfermeiro do trabalho com relao a sade trabalhador.

    5. BRASIL (2002)

    Qualitativo do tipo descritivo-exploratrio

    Braslia - DF.

    Identificao das equipes multidisciplinares que compem o SESMT.

    6. ATLAS (2009)

    Qualitativo do tipo descritivo-exploratrio

    So Paulo - SP.

    Identificao das Normas Regulamentadora do Ministrio do Trabalho.

    7

    ANENT (2010)

    Qualitativo do tipo descritivo-exploratrio

    Braslia- DF

    Identificao do dimensionamento de pessoal da NR 4 Quadro II da Norma Regulamentadora Ministrio do trabalho e Emprego

    8. MORAES

    (2007)

    Qualitativo do tipo descritivo-exploratrio

    So Paulo SP.

    Identificao dos regimentos do Curso de Enfermagem do trabalho.

    9. COREN (2010)

    Qualitativo do tipo descritivo-exploratrio

    Belo Horizonte - MG.

    Identificao do Enfermeiro do Trabalho e sua atuao.

    10.

    BUSSACOS (2007)

    Qualitativo do tipo descritivo-exploratrio

    So Paulo SP.

    Identificao da atuao da enfermagem do trabalho nos cuidados prestado a elaborao da assistncia de enfermagem.

    11. ARSENSI

    (2007)

    Qualitativo do tipo descritivo-exploratrio

    So Paulo SP.

    Identificao da elaborao das Leis de Segurana no Trabalho.

    12. MENDES

    (1991)

    Qualitativo do tipo descritivo-exploratrio

    So Paulo SP.

    Identificao dos riscos ocupacionais causados pelo trabalho.

    13. ATLAS (2009)

    Qualitativo do tipo descritivo-exploratrio.

    So Paulo SP.

    Identificao das Normas da lei do COFEN - Conselho Federal de Enfermagem.

    Foram encontrados estudos que de carter descritivo e reflexivo e baseia-se

    nas caractersticas tericas do campo da Sade do Trabalhador, prope-se

    descrever, analisar e discutir a Norma Regulamentadora - NR4 do Ministrio do

    Trabalho e suas especificidades em relao ao dimensionamento dos profissionais

  • 32

    da enfermagem, compreenso da Lei n. 7498/86 e aos aspectos tico-legais dos

    profissionais da equipe de enfermagem em Sade do Trabalhador. A

    fundamentao desta reflexo baseou-se na NR-4, na legislao geral sobre

    Enfermagem e na caracterizao da equipe de enfermagem do trabalho da ANENT,

    buscando-se na anlise e discusso as similaridades e as contradies entre a

    legislao e o que ocorre na pratica da equipe de enfermagem da sade do

    trabalhador (BULHES,1994).

    Conforme o artigo 6 da Resoluo n.o 233 do COFEN, as atividades na rea

    de enfermagem somente podem ser realizadas sob a efetiva e permanente

    superviso do enfermeiro que assina a responsabilidade tcnica dos servios.

    Ressalta-se que o Auxiliares e/ou os Tcnicos em Enfermagem do Trabalho no

    podem assinar a responsabilidade tcnica, nem exercer qualquer atividade de

    enfermagem sem a devida superviso. Irregularidades nessa prtica foram

    confirmadas em estudo realizado com profissionais de Sade dos Trabalhadores.

    Destaca-se que h um princpio bsico do Direito Administrativo em relao s

    normas, que o da legalidade. Os atos administrativos (atos normativos, portarias,

    resolues e orientaes) devem obedecer sempre lei. Nesta reflexo, a Norma

    Regulamentadora NR-4, como ato administrativo normativo, contraria determinaes

    da Lei n.o 7498/86. O poder regulamentar consiste num poder administrativo, no

    exerccio de funo normativa subordinada, qualquer que seja seu objeto. Trata-se

    de um poder limitado. No poder legislativo, portanto no pode criar normas que

    alterem a ordem jurdica. Seus limites naturais situam-se no mbito da competncia

    executiva e administrativa em que se inserem. Assim, ultrapassar esses limites

    significa tambm abuso de poder e de competncia (KURCGANT, 1991)

    Atualmente uma nova realidade tem se apresentado para os profissionais

    Enfermeiros do Trabalho, principalmente quanto ao padro de contratao. Observa-

    se na prtica do cotidiano que o dimensionamento citado anteriormente na Norma

    Regulamentadora NR4 no seguido na ntegra por algumas empresas, em

    especial aquelas que buscam a conservao da sade dos seus funcionrios e

    tambm a proteo jurdica e econmica.

    Nessa concepo, constatamos que trabalhadores so todas as pessoas

    (homens e mulheres), que exercem atividades para manter o sustendo prprio e/ou

    de seus dependentes, independentemente da forma de insero no mercado de

    trabalho, nos setores formais ou informais da economia. Em relao ao contexto

  • 33

    apresentado, vemos qual o fator ideal a que o Enfermeiro do Trabalho deve lutar

    para auxiliar o trabalhador: trabalho legalizado e de acordo interesse, habilidade e

    experincia do mesmo, pois trabalhando no que temos facilidade maior a

    produtividade e diminui os riscos ocupacionais, pois se trabalha com ateno

    redobrada (SELIGMANN, 1995).

    Est havendo maior reconhecimento do Enfermeiro do Trabalho em diversos

    campos: certificaes, orientaes sobre Norma Regulamentadora NR32,

    coordenao de trabalhos e projetos, promoo da sade e controle especiais,

    outros. Enfim, constatamos que a Enfermagem do trabalho possui seu

    reconhecimento limitado, devido dificuldade de encontrar assuntos sobre esta

    profisso, mesmo sabendo da importncia do Enfermeiro do Trabalho na

    elaborao, execuo e avaliao dos programas de promoo sade do

    trabalhador de instituies pblicas ou privadas (BRASIL, 2002).

    Quanto contratao de Enfermeiros e Tcnicos de Enfermagem do

    Trabalho, devido s exigncias de legislaes e bem como as necessidades deste

    profissional na promoo de sade do trabalhador, mas ainda acrescentamos ns

    Enfermeiros do Trabalho deveram lutar por um espao mais amplo em relao a

    estimular mudanas no quadro de dimensionamento de pessoal do SESMT,

    buscando a insero em empresas com nmeros menores de trabalhadores. Nota-

    se, no entanto, ausncia de suporte e incentivo por parte da legislao brasileira, na

    valorizao deste profissional, uma vez que a presena do Enfermeiro do Trabalho

    s se faz obrigatria para empresas com nmeros de funcionrios iguais ou

    superiores a 3.501. Possivelmente, a nica medida poltica que tem auxiliado a

    classe a implantao do Fundo Acidentrio Previdencirio - FAP, ainda que

    baseado em interesses econmicos, incentiva as empresas a investirem na

    promoo da sade de seus trabalhadores (SILVA 2010).

    O maior empreendimento do Enfermeiro do Trabalho est em contribuir para evitar os acidentes e doenas, pela identificao e eliminao dos riscos existentes

    no ambiente de trabalho. O profissional de enfermagem identifica as necessidades e

    caractersticas scio-econmicas e culturais do ncleo comunitrio ocupacional em

    que est inserido. Esta insero lhe permite tomar atitudes de mobilizar recursos

    humanos, financeiros e materiais da comunidade para incrementar as atividades

    preventivas e protecionistas [de proteo], elaborando projetos/programas com

    potencialidades de xito, no propsito de minimizar os problemas de sade vigente.

  • 34

    O Enfermeiro do Trabalho assiste ao trabalhador de maneira integral. Ele

    deve considerar o cenrio em que a empresa se localiza, seu ambiente interno,

    verificando questes como: rudo, processo de trabalho, matrias primas utilizadas

    na produo e seus riscos para a sade do trabalhador. Devem considerar, tambm,

    o modo de vida dos trabalhadores, seus problemas pessoais, bem como os que

    adquirem da prpria empresa. Com base nessas informaes, o Enfermeiro do

    Trabalho realiza o diagnstico do grupo de trabalhadores e desenvolve as suas

    aes, envolvendo programas de sade, educao para sade, cuidados

    especficos de enfermagem, melhoria da sua qualidade de vida e orientao sua

    famlia. A ttulo de ilustrao pode citar o caso de um trabalhador que chega ao

    ambulatrio com queixa de dor de cabea [cefalia10]. A interpretao dada pelo

    enfermeiro a esta situao que ir definir a sua ao no que se refere ao

    atendimento a ser prestado. Podendo o enfermeiro interpretar a situao dor de

    cabea apenas como uma alterao fisiolgica do trabalhador, ele ir, certamente,

    administrar somente o analgsico prescrito, dando por resolvida a questo. Porm,

    interpretando a situao dor de cabea como um sintoma decorrente de alguma

    situao inerente ao local e s condies de trabalho, desse trabalhador tais como:

    iluminamento, odores, possibilidade de vazamento de gases ou substncias txicas,

    rudo excessivo, dentre outras, a ao do profissional enfermeiro ter outra

    abrangncia. Ele possivelmente ir prestar o atendimento individual a esse

    trabalhador, estabelecendo aes relativas ao grupocliente dos trabalhadores, no

    intuito de programar medidas de preveno para que outros trabalhadores no

    tenham suas atividades interrompidas, pelos mesmos fatores existentes no ambiente

    que levaram aquele primeiro trabalhador ao ambulatrio da empresa (SOUZA,

    1992).

    A Enfermagem do Trabalho preocupa-se com trabalhadores. Sua ateno

    volta-se para os trabalhadores de todas as categorias e de todos os setores de

    ocupao, onde quer que se encontrem.

    Enfermeiro do Trabalho com a enfermagem na sade do trabalhador

    compreendem:

    As exigncias sociais. O desenvolvimento tcnico-cientfico.

    10 Cefalia: A dor de cabea simples ou cefalia de tenso, em geral conseqncia de tenso

    muscular, posio desconfortvel do corpo, fadiga, ou do estresse social e at psicolgico.

  • 35

    A singularidade da profisso de Enfermagem. As instncias de atuao da enfermagem: tcnica, cientfica, administrativa,

    de ensino e pesquisa.

    A natureza das aes de enfermagem: preventiva e curativa. A valorizao profissional. A remunerao e reconhecimento social. A formao educacional. A visibilidade social. Os direitos e deveres de prestar assistncia. A autonomia profissional. O aspecto histrico. As relaes de poder e hierarquia. Os modelos de assistncia sade. A prtica social. As mudanas no mundo social.

    A Enfermagem do Trabalho no Brasil enfrenta, sem dvida, enorme desafios

    profissionais, na luta pelo direito e dever de prestao de uma assistncia de

    enfermagem em prol da sade dos trabalhadores.

    Os Enfermeiros do Trabalho, na maioria desses servios, no desenvolvem

    ainda uma atividade consentnea com a sua formao profissional especializada.

    Trabalham sempre, funcional e tecnicamente, subordinados a um mdico, na maioria

    das vezes sem direito sequer ao registro da denominao do cargo que ocupam

    embora a especializao nessa rea e o competente registro sejam-lhe exigidos

    como condies para serem admitidos nesses servios (SILVA, 2010).

    As aes dos Enfermeiros do Trabalho centralizam-se nas medidas de

    preveno e controle dos riscos ocupacionais existentes no ambiente de trabalho,

    bem como na correo de danos causados por riscos ou acidentes. De certa forma,

    a natureza destas aes pode ser entendida como preventiva e assistencial. Aes

    que ressaltam o agir profissional do enfermeiro do trabalho quanto ao aspecto

    educativo e de promoo da sade e evidenciam o papel de educador do enfermeiro

    do trabalho neste cenrio. Aes as medidas de recuperao da sade do

    trabalhador e sua reintegrao ao processo de trabalho. O Enfermeiro participa e

    contribui com cuidados de Enfermagem adequados reabilitao do trabalhador. As

    funes gerenciais e administrativas integram o foco de atuao dos Enfermeiros do

  • 36

    Trabalho em sua interao com o ambiente social da assistncia de enfermagem

    sade dos trabalhadores.

    O aspecto da distribuio do trabalho entre a equipe multiprofissional, como

    elemento de caracterizao do agir profissional do Enfermeiro, sinaliza para o

    reconhecimento da natureza do seu trabalho e respeito a sua formao profissional.

    Na interao entre os membros da equipe de sade o trabalho da Equipe de

    Enfermagem reconhecido como bem especfico (GUIMARES, 2009).

    Uma das atividades multiprofissional na rea da sade ao trabalhador a

    incluso no SESMT no quadro de dimensionamento de pessoal o profissional de

    sade Fisioterapeuta, que estuda, diagnostica, previne e trata os distrbios, entre

    outros, cintico-funcionais (da biomecnica e funcionalidade humana) decorrentes

    de alteraes de rgos e sistemas humanos a Fisioterapia estuda os efeitos

    benficos dos recursos fsicos como o movimento corporal, as irradiaes e

    correntes eletromagnticas, o ultrassom, entre outros recursos, sobre o organismo

    humano. a rea de atuao do profissional formado em um curso superior de

    bacharelado em Fisioterapia. O fisioterapeuta capacitado a diagnosticar

    disfunes, avaliar, reavaliar, prescrever (tratamento fisioteraputico), emitir,

    prognstico, elaborar projetos de interveno e decidir pela alta fisioteraputica

    (SILVA, 2010).

    A concepo sobre a ao do cuidar do profissional (Enfermeiro) manifesta-se

    na inteno objetiva de um ato concreto que guarda certa limitao quanto

    interpretao que o recebedor deste cuidado faz sobre o processo da assistncia de

    enfermagem.

    A concepo de cuidar :

    Primeiramente, humano. Pela natureza do ser que o homem. Em segundo lugar, econmico. Porque na sade do trabalhador, se o

    mesmo tiver um bom atendimento de sade, ele vai trabalhar melhor.

    Em terceiro lugar, ele social, que o trabalhador, estando bem de sade, sendo tratado como uma pessoa humana com suas

    possibilidades de adoecer e sendo atendido nas suas necessidades,

    ele vai ter satisfao no trabalho e, logicamente, a empresa vai ser

    socialmente bem resolvida.

    Porque o cuidar tem todos esses componentes: o componente humano, o do bem

    estarcolocando a a sade como valor essencial, no doena, mas sade um

  • 37

    componente social no sentido de ajudar as pessoas a viver socialmente bem

    econmico-financeira.

    O enfoque nas concepes recai na sade como equilbrio ou como elemento

    de capacitao para o trabalho. Tambm expressa o cuidar do Enfermeiro como um

    processo contnuo de interaes, e demonstra que sua efetividade decorre da

    ateno assegurada na sua presena freqente nas discusses de questes que

    norteiam a vida do trabalhador na sua relao com o ambiente laboral. Mesmo o

    destaque dado ao enfoque preventivo, na atuao do Enfermeiro, no traduz apenas

    a difuso de comportamentos e atitudes restritas preveno de danos fsicos ou

    doenas, mas sim uma atitude constante de ateno sua prpria sade e vida,

    sobre todos os aspectos (ARSENSI, 2010).

    Profissional de nvel Tcnico em Enfermagem, com especializao na rea de

    Sade Ocupacional e Enfermagem do Trabalho, desempenha suas funes sob a

    superviso do Enfermeiro (a) do Trabalho, promovendo a preveno de acidentes e

    recuperao da sade do trabalhador. Atende a clientela em sua rea de atuao,

    nos termos da NR-4, anexa Portaria n 3.214/78, do Ministrio do Trabalho e

    Emprego. Tem como funes especficas:

    Atender ao trabalhador; conscientizar a clientela na; Preveno de Acidentes (CIPA)

    Incentivar o uso de EPI. Fazer levantamento de dados epidemiolgicos, participarem de Palestras

    Educativas na empresa; aplicar princpios de normas de higiene pessoal e

    ambiental

    Aplicar exerccios ergonmicos na realizao do trabalho; Avaliar riscos e iatrognias11 ao executar procedimentos tcnicos; Identificar e avaliar rotinas, protocolos de trabalho, instalaes e

    equipamentos;

    Realizar primeiros socorros em situaes de emergncia. Manter os registros na sede do Servio de Medicina do Trabalho. Manter atualizados os dados estatsticos de atendimento e de acidentes, com

    e sem afastamento do trabalho.

    Reconhecer a fisiologia do stress, suas causas, competncias e preveno. 11 Iatrogenias: Geralmente a palavra usada para se referir s conseqncias de aes danosas dos

    mdicos, mas tambm pode ser resultado das aes de outros profissionais, como psiclogos, terapeutas, enfermeiros, dentistas, etc.

  • 38

    Realizar transporte de vtimas aplicando mtodos adequados. Enfermeiros so produtores de sade e executam seu trabalho com liberdade

    para ser criativo, relacionar-se com o usurio e experimentar solues para

    problemas, interagir e instruir os usurios no processo de produo da prpria

    sade. Os administradores precisam se preocupar com as atitudes e desempenho

    dos profissionais, pois isso resulta na produo e os objetivos vo ser alcanados

    atravs da competncia e a superviso da enfermagem que tem como objetivo real

    preocupao com o bem estar ou estar melhor da sade dos trabalhadores

    (GOMEZ, 1997).

    A Superviso de enfermagem um processo educativo e contnuo, que

    consiste em motivar e orientar os supervisionados na execuo das atividades com

    base nas normas, a fim de manter elevada a qualidade do servio prestado.

    Considera a superviso como processo dinmico e democrtico de integrao e

    coordenao dos recursos humanos e materiais, numa estrutura organizada,

    visando alcanar objetivos definidos em um programa de trabalho, mediante o

    desenvolvimento do pessoal. O papel do supervisor mudou para orientador e

    facilitador no ambiente de trabalho. Os problemas diagnosticados servem de

    subsdios para o planejamento visando sempre a melhoria e ao crescimento do

    pessoal. O prestgio e a autoridade do supervisor so legitimados quando vem dos

    subordinados, tendo por base o respeito, a postura profissional e a competncia

    (CHAVES, 2009).

  • 39

    7. RECOMENDAES DO ESTUDO.

    O Conselho Federal de Enfermagem - COFEN-SP esclarece que o Quadro II

    na Norma Regulamentadora NR-4 sofreu alteraes pela Portaria Secretaria de

    Segurana do Ministrio do Trabalho SSMT 34 de 11/12/87. O item 4.4.1 prev os

    requisitos mnimos necessrios aos profissionais que integram os Servios

    Especializados em Engenharia de Segurana e Medicina do Trabalho. Esse item foi

    tambm alterado pela Portaria n 11 de 17/09/90. Em relao aos questionamentos

    feitos em sua manifestao, temos o que se segue:

    1. A Norma Regulamentadora NR-4 fere a Lei do Exerccio Profissional (Lei n

    7.498/86) e seu Decreto Regulamentador (Decreto n 94.406/87), tendo em

    vista que no Artigo 15 da referida Lei diz que: as atividades referidas nos

    artigos 12 e 13 (atribuies dos Tcnicos de Enfermagem, respectivamente)

    da Lei n 7.498/86, quando exercidas em instituies de sade, pblicas e

    privadas, e em programas de sade, somente podem ser desempenhadas

    sob orientao e superviso do Enfermeiro. De acordo com a hierarquia das

    normas, uma lei menor no pode sobrepor a uma lei maior, ou seja, a Lei

    7.498/86 uma Lei Federal e ordinria e somente pode ser revogada pelo

    Congresso Nacional por outra lei que trate sobre a mesma matria. Portanto,

    uma Norma Regulamentadora est abaixo de uma Lei Federal na escala da

    hierarquia das normas. Desse modo, a NR-4 necessita ser revisada e

    atualizada, pois no se enquadra na norma legal, alm de estar equivocada

    quanto ao Dimensionamento de Pessoal.

    2. A contratao de funcionrios capacitados para exercer a Enfermagem do

    Trabalho cabe a empresa contratadora. No caso de substituio do Tcnico

    de Enfermagem pelo Enfermeiro do Trabalho, no h qualquer irregularidade

    desde que o profissional seja inscrito e tenha sua especialidade reconhecida

    pelo Conselho Regional de sua rea de jurisdio e pelo COFEN.

    A Enfermagem do Trabalho tem desempenhado papel decisivo no planejamento da prestao de servios de sade e de segurana nos locais de

    trabalho, onde percebida nitidamente a profundidade da assistncia e o carter

    global no custo-benefcio. Alm do conhecimento tcnico-cientfico, o Enfermeiro do

    Trabalho deve possuir uma viso ampla dentro da empresa, que supere os

    horizontes da enfermagem, porm sem interferir ou exercer outra atividade no

  • 40

    inerente s suas funes sabido que o ambiente de trabalho tem influncia

    significativa na sade dos indivduos e local privilegiado para a prestao de

    assistncia preventiva sade, uma vez que grande parte da vida se passa no

    ambiente de trabalho (RAMANZZINI, 2001).

    Neste sentido, fortalece-se que a troca de experincias e as propostas de

    melhorias entre os profissionais atribuem muitos benefcios ao trabalhador e sua

    sade Para uma maior lucratividade das empresas, muitos optam por delegar

    assistncia de seus trabalhadores com os acidentes de trabalho. Visando uma

    proposta para o desenvolvimento de programas para a promoo de sade no

    trabalho, destacam-se as contribuies do Enfermeiro do Trabalho (GOMEZ, 1997).

    As reflexes do estudo esclareceram alguns aspectos no sentido de que

    prticas ilegais e antiticas sejam coibidas. O estudo tambm prope aos conselhos

    da categoria profissional uma nova maneira de fiscalizar as instituies irregulares,

    de acordo com cada experincia vivida (SILVA, 2010).

    Sugere-se, inclusive, nova redao para a Norma Regulamentadora NR-4,

    incluindo o Enfermeiro do Trabalho em todas as empresas que mantenham um

    SESMT e/ou ambulatrio de Sade do Trabalhador (BRASIL, 2010).

    A Enfermagem do Trabalho no Brasil enfrenta, sem dvida, enorme desafios

    profissionais, na luta pelo direito e dever de prestao de uma assistncia de

    enfermagem em prol da sade dos trabalhadores. Podemos destacar, entre outros,

    os seguintes problemas:

    1) Esforo pela garantia de nossa presena em maior quantidade, junto aos

    trabalhadores;

    2) Melhor qualificao profissional;

    3) Correta e competente definio do nosso papel na equipe de sade

    ocupacional;

    4) Fortalecimento de nossa organizao profissional.

    As aes dos enfermeiros do trabalho centralizam-se nas medidas de

    preveno e controle dos riscos ocupacionais existentes no ambiente de trabalho,

    bem como na correo de danos causados por riscos ou acidentes. De certa forma,

    a natureza destas aes pode ser entendida como preventiva e assistencial.

    Aes que ressaltam o agir profissional do enfermeiro do trabalho quanto ao

    aspecto educativo e de promoo da sade, e evidenciam o papel de educador do

    enfermeiro do trabalho neste cenrio.

  • 41

    Aes as medidas de recuperao da sade do trabalhador e sua

    reintegrao ao processo de trabalho. O enfermeiro participa e contribui com

    cuidados de enfermagem adequados reabilitao do trabalhador.

    As funes gerenciais e administrativas integram o foco de atuao dos

    enfermeiros do trabalho em sua interao com o ambiente social da assistncia de

    enfermagem sade dos trabalhadores.

    O aspecto da distribuio do trabalho entre a equipe multiprofissional, como

    elemento de caracterizao do agir profissional do enfermeiro, sinaliza para o

    reconhecimento da natureza do seu trabalho e respeito a sua formao profissional.

    Na interao entre os membros da equipe de sade o trabalho da equipe de

    enfermagem reconhecido como bem especfico (SILVA, 2010)

    A participao do Enfermeiro do Trabalho, nas esferas de planejamento das

    aes de sade das organizaes, tem sido crescente. Este profissional tem sido

    convidado a integrar equipes de planejamento e gesto em sade apresentando

    propostas e solues fundamentadas, sobretudo, na sua viso em relao sade

    individual e coletiva dos trabalhadores e da populao em geral (GUIMARES,

    2009).

    As atividades fim da empresa produzir o carro, o petrleo, a cadeira, a

    mesa, etc. Mas, se o empresrio valoriza o homem e a sade do homem, ele v o

    trabalho do Enfermeiro muito bem. Agora se ele no v o trabalhador com a

    necessidade de ser saudvel para poder trabalhar, ele no valoriza. Ento, o

    trabalho do Enfermeiro uma mera ocupao de um cargo legal, est cumprindo a

    lei. A importncia dada s questes de sade dos trabalhadores ir depender da

    viso dos empresrios em funo de seus interesses (GATTS, 2006).

    Independentemente do carter prprio dos "modos de agir profissional" dos

    Enfermeiros do Trabalho, o comportamento do organismo social empresa

    demarcaria um foco de interao. Quando a viso sobre a sade do trabalhador se

    sobrepe s questes legais, podemos entender que o que se espera das aes dos

    profissionais a busca de melhores resultados para a empresa no que tange

    sade de seus empregados conferindo com a fora de trabalho (BUSSACOS, 1997).

    Em contrapartida, quando o foco de ateno s questes da sade

    ocupacional restringe-se ao cumprimento estrito da lei, o resultado das aes dos

    profissionais torna-se precria ao discutir sobre a formao do Enfermeiro do

    Trabalho, com base nas recomendaes do Comit Misto da OIT/OMS (1981),

  • 42

    destaca que foi considerado essencial que se d formao especializada aos

    Enfermeiros que se destinam a trabalhos em servios de sade ocupacional e

    recomenda, entre outros, como objetivos da especializao dessa categoria, o

    seguinte:

    a) conhecer a estrutura organizacional da empresa;

    b) construir um modelo terico que demonstre as linhas de comunicao e

    cooperao no interesse da sade do empregado, quer na empresa, quer

    fora dela.

    No obstante, a interao do Enfermeiro com o ambiente social deixa claro que

    a estrutura organizacional da empresa um dos componentes presentes nesta

    interao. Tenha-se em conta que: se o trabalhador for saudvel, pode ter certeza

    tambm de que a empresa saudvel e vai gerar dinheiro (GUIMARES, 2009).

    O ambiente de trabalho, alm de ser excelente para as aes educativas de

    sade relativas aos comportamentos dos trabalhadores, quando investidos deste

    papel, serve tambm para torn-lo um elemento disseminador das orientaes

    recebidas, em especial dos Enfermeiros do Trabalho (CHAVES, 2009).

    Assim, o trabalhador, enquanto cliente do Enfermeiro do Trabalho visto como

    um elemento essencial na caracterizao e planejamento da Assistncia de

    Enfermagem a ser prestada, e caso este Enfermeiro conceba o trabalhador como

    um ser social, ou seja, envolvido com interaes dentro e fora do ambiente do

    trabalho, o que o torna elemento ativo nesse processo. Olhando-se por este ngulo,

    o Enfermeiro do Trabalho, no desenvolvimento de suas aes junto ao trabalhador,

    utiliza esta oportunidade para orient-lo sobre outros aspectos da sua vida e sade

    (SILVA, 2010).

    Poderamos depreender que o cuidado de enfermagem na sade do

    trabalhador requer uma atitude preventiva inerente aos modos de agir dos

    Enfermeiros do Trabalho.

    Esta atitude preventiva tem a viso do Enfermeiro do Trabalho que, com as

    mudanas do Quadro II na NR-4, no se restringiria apenas observncia dos riscos

    ambientais, por vezes evidentes, prprios do local de trabalho, mas aos

    comportamentos manifestos dos trabalhadores sobre o sentido desta preveno em

    sua prpria vida.

    O Enfermeiro do Trabalho, com isso, visto como um elemento de propulso

    das aes assistenciais de sade em geral e como entendidas quanto sade do

  • 43

    trabalhador. A formao profissional e a natureza das suas atividades lhe conferem

    habilidade e competncia no sentido de ser ele um facilitador e articulador no

    atendimento s necessidades do trabalhador relativas sade, sem se distanciar do

    alcance dos objetivos da empresa, e relativamente garantia dos processos de

    trabalho e produtividade (GOMEZ, 1997).

    Acredita-se que as reflexes do estudo esclareceram alguns aspectos no

    sentido de que prticas ilegais e antiticas sejam coibidas. O estudo tambm prope

    aos conselhos da categoria profissional uma nova maneira de fiscalizar as

    instituies irregulares, de acordo com cada experincia vivida. Sugere-se, inclusive,

    nova redao para a NR-4, incluindo o enfermeiro do trabalho em todas as

    empresas que mantenham um SESMT e/ou ambulatrio de Sade do Trabalhador.

    Alm disso, imprescindvel denunciar as empresas irregulares ao Ministrio

    Pblico do Trabalho com o escopo de faz-las submeter-se legislao j existente,

    dando ampla efetividade quilo que j est previsto em lei (BRASIL, 2010).

  • 44

    7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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    enfermagem do trabalho. [On-line] acessado em 12 abr 2013, disponvel em: www.anent.org.br.

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  • 45

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    de Medicina del Trabajo en los lugares de empleo (Recomendacin no 112 de la OIT adaptada en 24 de junio de 1959). In: Convenios y recomendaciones (1919-66). Genebra, 1966; 1054-1058.

    QUEIROZ, M. I. P. - O pesquisador, o problema da pesquisa, a escolha de

    tcnicas: algumas reflexes. In: Lang, A. B. S. G. org. Reflexes sobre pesquisa sociolgica. So Paulo, Centro de Estudos Rurais e Urbanos (Coleo textos; 2 srie, 3). 1992

    RAMAZZINI, B. - A doena dos trabalhadores. So Paulo: FUNDACENTRO;

    2000.180p. SALVADOR, A. D. - Mtodos e Tcnicas de Pesquisa Bibliogrfica. 10. ed., Porto

    Alegre, Sulina, 1982 SELIGMANN S. E. - Psicopatologia e psicodinmica do trabalho. in: (org.)

    patologia do trabalho. So Paulo: Atheneu, 1995. SILVA, D. M, LUCAS A J. Enfermeiro do Trabalho: Estudo de sua origem e

    atuao na sade do trabalhador. Universidade Catlica de Gois. Goinia.

  • 46

    [online]. 2008. 18(18) [capturado em 23 de mar 2013]; Disponvel em: http://www.cpgls.ucg.br/ArquivosUpload/1/File/CPGLS/IV%20MOSTRA/SADE/SAUDE/Enfermeiro%20do%20Trabalho%20_%20Estudo%20de%20Sua%20Origem%20e%20Atuao%20na%20Sade%20do%20Trabalhador..pdf

    SOUZA M. L. L. - Sade do Trabalhador. Goinia; 2010. [Apostila da Disciplina

    Sade do Trabalhador Centro de Estudos de Enfermagem e Nutrio].E 171. Srie 72- edio. Ed. L.Tr. So Paulo, 1992.

  • 47

    ANEXO

    DECLARAO

    Eu, REGINALDO APARECIDO DE ANDRADE, portador do documento de identidade RG n 17.768.798-8 CPF n 068.643.528-11, aluno regularmente matriculado co curso de Ps-Graduao de Enfermagem do Trabalho, do programa

    de Lato Sensu da UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA, sob o n RA 900415-8 declaro a quem possa interessar e para todos os fins de direto, que:

    1. Sou o legtimo autor da monografia cujo ttulo : NORMA REGULAMENTADORA - NR 4: MUDANAS NECESSRIAS DO QUADRO II PARA A ATUAO DO ENFERMEIRO DO TRABALHO., da qual esta declarao faz parte, em seus ANEXOS;

    2. Respeitei a legislao vigente sobre diretos autorais, em especial, citado

    sempre as fontes as quais recorri para transcrever ou adaptar textos produzidos

    por terceiros, conforme as normas tcnicas em vigor.

    Declaro-me, ainda, ciente de que se for apurado a qualquer tempo qualquer

    falsidade quanto s declaraes 1 e 2, acima, este meu trabalho monogrfico

    poder ser considerado NULO e, consequentemente, o certificado de concluso de

    curso/diploma correspondente ao curso para o qual entreguei esta monografia ser

    cancelado, podendo toda qualquer informao a respeito desse fato vir a tornar-se

    de conhecimento pblico.

    Por ser expresso da verdade, dato e assino a presente DECLARAO.

    Em Campinas, 20 de Setembro de 2013.

    ________________________________