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Norma Regulamentadora - NR 12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos

Histórico e Momento Atual

A NR 12 teve sua redação substancialmente alterada pela Portaria MTE nº 197/2010 e encontra-se em vigor desde 24 de dezembro de 2010.

Em várias ocasiões a FIESP endereçou ao Ministério do Trabalho e

Emprego – MTE, nas pessoas dos últimos três últimos Ministros da pasta, documentos que indicaram e fundamentaram sua preocupação

com os impactos sociais e econômicos da atual redação da NR 12, que podem ser sintetizados da seguinte maneira:

a) novas exigências e obrigações valem para máquinas novas e

usadas, com elevado impacto para as empresas, pois

adequações podem ser inviáveis ou apresentar custo superior ao de máquinas novas;

b) falta de indicação clara das obrigações que são próprias dos

fabricantes permite que, na prática, usuários sejam cobrados pela implantação de soluções tecnológicas que fazem parte do

projeto e processo construtivo de máquinas e equipamentos;

c) norma é detalhista, complexa e técnica, fazendo referência a normas internacionais e normas da ABNT – Associação Brasileira

de Normas Técnicas que não são de domínio público, convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) ratificadas pelo

Brasil e outras Normas Regulamentadoras;

d) não dispensou tratamento diferenciado para as microempresas e

empresas de pequeno porte;

e) prazos de adequação insuficientes, pois atualmente há setores que ainda não dispõem, no mercado, máquinas novas adequadas

à NR 12.

A Portaria 186/2010 do MTE diz que que, na atualização das Normas Regulamentadoras em Segurança e Saúde no Trabalho, deve ser

avaliado o impacto social e a distribuição dos efeitos na sociedade, considerando os aspectos sociais, ambientais e econômicos. Igual

preocupação existe na Convenção 155 da OIT, ratificada pelo Brasil, a qual prevê que empregadores devem garantir a segurança e a saúde

no trabalho na medida do que for razoável e possível. Estas premissas legais, contudo, não foram levadas em consideração no

texto em vigor da NR12.

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Os representantes da bancada empresarial nas Comissões Tripartites do Ministério do Trabalho e Emprego foram substituídos e a FIESP

passou a ocupar duas vagas cedidas pela CNI, uma na CTPP –

Comissão tripartite Paritária Permanente e outra na CNTT - Comissão Nacional Tripartite Temática da NR 12.

Ciente das dificuldades enfrentadas pelas empresas na implantação da

NR 12, a representação empresarial coordenada pela CNI e que atualmente discute a revisão da norma encaminhou ao MTE, em

fevereiro de 2014, uma nova proposta de texto que contemplou as seguintes premissas:

1. suspensão da aplicabilidade de NR 12 enquanto estiver em

revisão;

2. corte temporal das obrigações para máquinas usadas: a proposta é que a NR 12 vigore para o futuro, respeitando o momento

construtivo das máquinas e equipamentos já instalados no

parque industrial, seus projetos e a tecnologia de proteção adotada em conformidade com as normas técnicas da época de

sua fabricação;

3. obrigações diferenciadas para fabricantes e usuários;

4. tratamento diferenciado para as microempresas e empresas de pequeno porte em termos de obrigações acessórias (Lei

Complementar n º 123/2006);

5. interdição de máquinas e equipamentos apenas mediante efetiva comprovação de grave e iminente risco por laudo técnico

circunstanciado e por ato do Superintendente Regional do Trabalho e Emprego;

6. prorrogação de todos os prazos de adequação.

Houve mobilização de vários Ministérios em torno das premissas consideradas fundamentais pela representação empresarial, como

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC, Casa Civil, Ministério das Relações Institucionais e Secretaria da Micro

e Pequena Empresa, e o assunto chegou a ser discutido com a Presidente da República em reunião que esta manteve com

empresários de vários setores da economia.

O MTE, então, encaminhou às representações de empregadores e trabalhadores na CNTT da NR 12, no início de agosto, uma proposta de

republicação da norma (Parte Geral, Glossário e Anexos).

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Há avanços na proposta para a Parte Geral, como, por exemplo,

tratamento diferenciado para microempresas e empresas de pequeno porte em termos de obrigações acessórias e no tocante a exportação

de máquinas, mas não foram consideradas as principais premissas da

representação empresarial, ou seja, linha de corte temporal e separação de obrigações entre fabricantes e usuários.

O texto abordou, ainda que parcialmente, propostas para

microempresas e empresas de pequeno porte apresentadas pela representação empresarial:

dispensa da reconstituição de manuais na hipótese de perda ou extravio dos mesmos, valendo para máquinas fabricadas antes de

24.6.2012, sendo possível sua substituição por ficha com algumas informações sobre máquinas (a proposta da representação empresarial

dispensa inclusive a elaboração de ficha);

possibilidade da capacitação ocorrer por meio de trabalhador (multiplicador) da própria empresa, capacitado por entidade como o

SENAI, sem a supervisão de Profissional Habilitado (a proposta da

representação empresarial permite capacitação por trabalhador com experiência);

dispensa da elaboração de inventário para microempresas e empresas

de pequeno porte com até 20 máquinas (a proposta da representação empresarial não possui o limite de 20 máquinas).

Outros avanços estão relacionados às empresas exportadoras, que

poderão deixar de observar a NR 12 na fabricação de máquinas e equipamentos destinados ao mercado externo, e à não incorporação

automática, na NR 12, de alterações em normas internacionais e da ABNT.

As propostas elaboradas pelo MTE foram encaminhadas a todos os

Sindicatos filiados à FIESP para análise, críticas, sugestões e, após

consolidação das mesmas, o material foi submetido à CNI, que é a coordenadora da bancada empresarial na CNTT da NR 12, para

posterior envio ao MTE.

O texto da Parte Geral vem sendo discutido em detalhes, para identificação de outros pontos de convergência e de itens que ainda

precisam ser alterados para que a NR 12 possa, efetivamente, ser implementada pelas empresas com razoabilidade e segurança jurídica.

O Anexo 5 da NR 12, referente a Panificação e Confeitaria, encontra-

se em estágio mais avançado de negociação e poderá ser uns dos primeiros a serem avaliados pelas Comissões Tripartites. No próximo

dia 25 de setembro ocorrerá, no escritório da CNI em São Paulo,

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reunião para tentativa de alinhamento da proposta empresarial para

este setor, para a qual todos os Sindicatos envolvidos já foram convocados.

A próxima reunião da CNTT da NR 12 ainda não foi agendada, mas a representação empresarial pretende trabalhar para que os reais

avanços sejam publicados e que a negociação continue em relação aos demais pontos (premissas) que são prioritários.

Mas, como o MTE não aceitou suspender a aplicação da NR 12 enquanto

não for concluído o trabalho de revisão da mesma, sua fiscalização é fator de preocupação para as empresas.

A subjetividade e complexidade da norma dificultam sua

compreensão e, consequentemente, as fiscalizações, pois, para o pleno entendimento e domínio do texto da NR 12 em vigor, exige-se

conhecimento de engenheira em vários dos seus ramos. Isto vem gerando insegurança jurídica, pois, em muitos casos, os Auditores-

Fiscais do MTE não possuem a formação em engenharia, especialmente

em engenharia de segurança do trabalho.

Outro aspecto de insegurança jurídica é a subjetividade do conceito de “grave e iminente risco” que dependerá da interpretação do Auditor-

Fiscal do Trabalho, fazendo com que muitas máquinas sejam interditadas mesmo quando a medida de proteção prevista na norma

ainda tenha prazo para a sua implantação ou mesmo quando não tenham histórico de acidentes e já contenham dispositivos que

garantam uma segurança suficiente e razoável.

As empresas poderão ser fiscalizadas mesmo com a Norma em revisão e, se as máquinas e equipamentos não estiverem adequados à NR 12,

poderão sofrer as seguintes consequências:

notificação para correção das irregularidades, no prazo

concedido pelo auditor-fiscal;

lavratura de auto de infração, com imposição de multa;

interdição de máquinas e equipamentos, além da imposição de

multa.

O MTE editou a Instrução Normativa nº 109, sobre o procedimento

especial de fiscalização que poderá ser proposto pelos segmentos econômicos com dificuldades comprovadas na implantação da NR 12.

Uma vez admitido este procedimento, poderá ser concedido maior prazo para adequação à NR 12, mas, pela sua complexidade,

abrangência setorial e consequências no caso de dificuldade no

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cumprimento dos compromissos firmados, a FIESP entende que o

procedimento deve ser avaliado com cautela.

Recomenda-se às empresas que desde logo realizem o inventário e o

diagnóstico de suas máquinas e equipamentos, na forma indicada pela NR 12, inclusive demostrando em seu histórico que não há registros de

acidentes. O inventário e o diagnóstico deverão ser elaborados em planta baixa e conter a indicação dos dispositivos de segurança das

máquinas e equipamentos, uma apreciação dos riscos, uma proposta de adequação à NR 12 (plano de ação), se necessário, e um

cronograma de implantação. Esta é a recomendação básica para atendimento da fiscalização do MTE, obviamente considerando custos

e as possibilidades técnicas de adequação.

Outra recomendação importante é a previsão de treinamento e capacitação, pois muitas vezes a máquina não é insegura mas o

trabalhador pode cometer erros ao operá-la.