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PARA ESCLARECER DÚVIDAS LIGUE: 0800 644 6543 Nódulo de Tireoide São lesões comuns à palpação da tireoide em 5% das mulheres e 1% dos homens. Essa prevalência sobe para 19 a 67% quando utilizamos a ecografia. A principal preocupação é a possibilidade de neoplasia maligna de tireoide, cuja frequência é baixa (5% do total de nódulos) e a evolução costuma ser indolente. Diagnóstico: O diagnóstico é clínico, com a palpação da região cervical. Quando o paciente apresentar nódulo à palpação, está indicada a solicitação de ecografia para caracterização do nódulo e estruturas adjacentes. Não se deve solicitar ecografia de tireoide de rotina em pacientes sem nódulos e sem história de carcinoma de tireoide. A maioria dos pacientes é assintomática, mas os nódulos podem causar sintomas compressivos como disfagia, rouquidão, tosse e dispneia. Entretanto, nos casos de nódulos esses sintomas não são comuns e a primeira medida é investigar outras causas mais prováveis. São fatores de risco para malignidade: história de radiação da região cervical, história familiar de câncer de tireoide em parente de primeiro grau, crescimento rápido do nódulo, presença de adenomegalias cervicais e rouquidão. No exame físico, pesquisar outros nódulos na região da tireoide e avaliar as cadeias de linfonodos cervicais (principalmente a ipsilateral). As características do nódulo, na ecografia, que aumentam a chance de malignidade são: tamanho, hipoecogenicidade, ausência de halo, margens irregulares e infiltrativas, presença de microcalcificações e vascularização central ao doppler. Nenhum achado isolado é diagnóstico de malignidade, porém sua associação aumenta a probabilidade de neoplasia. A análise citológica após punção por agulha fina dos nódulos deve incluir preferencialmente a classificação de Bethesda para definição de conduta.

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Page 1: Nódulo de Tireoide - Inicial — UFRGS · PARA ESCLARECER DÚVIDAS LIGUE: 0800 644 6543 Nódulo de Tireoide São lesões comuns à palpação da tireoide em 5% das mulheres e 1%

PARA ESCLARECER DÚVIDAS LIGUE: 0800 644 6543

Nódulo de Tireoide

São lesões comuns à palpação da tireoide em 5% das mulheres e 1% dos homens. Essa

prevalência sobe para 19 a 67% quando utilizamos a ecografia. A principal preocupação é a

possibilidade de neoplasia maligna de tireoide, cuja frequência é baixa (5% do total de nódulos) e a

evolução costuma ser indolente.

Diagnóstico:

O diagnóstico é clínico, com a palpação da região cervical. Quando o paciente apresentar

nódulo à palpação, está indicada a solicitação de ecografia para caracterização do nódulo e

estruturas adjacentes. Não se deve solicitar ecografia de tireoide de rotina em pacientes sem

nódulos e sem história de carcinoma de tireoide.

A maioria dos pacientes é assintomática, mas os nódulos podem causar sintomas

compressivos como disfagia, rouquidão, tosse e dispneia. Entretanto, nos casos de nódulos esses

sintomas não são comuns e a primeira medida é investigar outras causas mais prováveis.

São fatores de risco para malignidade: história de radiação da região cervical, história familiar

de câncer de tireoide em parente de primeiro grau, crescimento rápido do nódulo, presença de

adenomegalias cervicais e rouquidão. No exame físico, pesquisar outros nódulos na região da

tireoide e avaliar as cadeias de linfonodos cervicais (principalmente a ipsilateral).

As características do nódulo, na ecografia, que aumentam a chance de malignidade são:

tamanho, hipoecogenicidade, ausência de halo, margens irregulares e infiltrativas, presença de

microcalcificações e vascularização central ao doppler. Nenhum achado isolado é diagnóstico de

malignidade, porém sua associação aumenta a probabilidade de neoplasia.

A análise citológica após punção por agulha fina dos nódulos deve incluir preferencialmente

a classificação de Bethesda para definição de conduta.

Page 2: Nódulo de Tireoide - Inicial — UFRGS · PARA ESCLARECER DÚVIDAS LIGUE: 0800 644 6543 Nódulo de Tireoide São lesões comuns à palpação da tireoide em 5% das mulheres e 1%

PARA ESCLARECER DÚVIDAS LIGUE: 0800 644 6543

Os seguintes nódulos têm indicação de PAAF:

1. Nódulo sólido ≥ 1cm.

2. Nódulo sólido ≥ 0,5cm em paciente com alto risco de malignidade.

Pacientes com alto risco de malignidade são aqueles com: radioterapia de linha média ou

exposição à radiação ionizante na infância ou adolescência, mutação de genes associados a câncer

medular familiar, captação à glicose em PET- TC, história pessoal ou em familiares de primeiro grau

de câncer de tireoide.

3. Nódulo sólido-cístico ≥ 1,5cm.

4. Nódulo espongiforme ≥ 2cm.

5. Nódulo ≥ 0,5cm com características ecográficas suspeitas e com linfonodo cervical

aumentado.

São características ecográficas de maior risco de malignidade: nódulo hipoecoico,

microcalcificações, vascularização aumentada (central principalmente), margens infiltrativas, nódulo

mais alto do que largo na visão transversal.

Considerações:

Nódulos puramente císticos não necessitam de punção, pois muito raramente serão malignos.

A medida do volume do nódulo é calculada da seguinte forma: altura x largura x profundidade

x 0,52.

A dosagem do TSH deve ser sempre solicitada para descartar presença de hipertireoidismo.

Pacientes com nódulos e TSH supresso (não usuários de levotiroxina) devem ser avaliados

com cintilografia de tireoide e devem ser encaminhados para avaliação com endocrinologista.

Tratamento

A maioria dos nódulos não necessita de tratamento e a indicação cirúrgica será conforme o

resultado de malignidade da PAAF.

Pacientes com nódulos sem indicação de PAAF devem ser submetidos ao exame físico com

palpação de tireoide a cada consulta e nova ecografia em 6-18 meses para avaliar mudanças no

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tamanho ou características do nódulo. A PAAF deve ser realizada em caso de crescimento do nódulo

em 50% no volume ou 20% em duas dimensões. Se o tamanho do nódulo permanecer estável ou

diminuir, espaçar a ecografia para a cada 3-5 anos.

O uso de tiroxina não está indicado para redução de nódulos em pacientes sem

hipotireoidismo

Quando Encaminhar?

Encaminhar ao endocrinologista quando o paciente apresentar: nódulo hiperfuncionante

(vide protocolo hipertireoidismo), nódulo com indicação de PAAF, presença de sintomas

compressivos por lesão nodular ou diagnóstico/suspeita de neoplasia.

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Bócio Multinodular

Introdução:

O bócio multinodular é mais frequente em mulheres e se correlaciona de modo inverso com

o aporte de iodo da população, com prevalência acima de 30% em regiões com insuficiência de iodo.

Hipertireoidismo clínico ou subclínico ocorrem em cerca de 25% desses casos.

Diagnóstico:

A maioria das pessoas é assintomática ou tem desconforto estético. Podem apresentar

compressão intratorácica e sintomas como dispneia, tosse, rouquidão ou disfagia. Situações clínicas

como paralisa de nervo frênico, síndrome de Horner e síndrome de veia cava superior são

extremamente raras. Dor e sintomas compressivos agudos geralmente são devido à degeneração

cística ou hemorragia intranodular.

O risco de malignidade é semelhante ao dos nódulos únicos de tireoide. Deve-se avaliar

também função tireoidiana com TSH e sintomas compressivos (raros em bócios menores de 30-40

ml).

Se o TSH estiver suprimido, deve-se realizar investigação adicional para hipertireoidismo com

T4-livre ou T4 total, T3 e cintilografia de tireoide.

No bócio intratorácico, deve-se solicitar TC sem contraste ou ressonância magnética da

região cervical e torácica para avaliar indicação cirúrgica. Se isso não for possível, pode-se solicitar

raio-x da região ou na presença de sintomas compressivos, encaminhar para o endocrinologista.

Tratamento:

A cirurgia é o tratamento de escolha nos bócios com suspeita de neoplasia, com sintomas

compressivos importantes ou extensão intratorácica. Pode-se utilizar iodo radioativo em pacientes

não candidatos à cirurgia, o qual está associado à redução do volume tireoidiano em 40-60% em 1-2

anos, havendo melhor resultado nos 3 primeiros meses após o procedimento.

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PARA ESCLARECER DÚVIDAS LIGUE: 0800 644 6543

Quando encaminhar?

Deve-se encaminhar ao endocrinologista os pacientes com bócio e nódulo com indicação de PAAF,

sintomas compressivos ou pacientes com indicação de tratamento definitivo.

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Referências:

COOPER, D.S. et al. Revised American Thyroid Association management guidelines for patients with

thyroid nodules and differentiated thyroid cancer. Thyroid, New York, v.19, n.11, p.1167-1213, 2009.

DUNCAN, B. B. et al (Org.). Medicina Ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em

evidências. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.

GUSSO, G.; LOPES, J. M. C. (Org.). Tratado de Medicina de Família e Comunidade. Porto Alegre:

Artmed, 2012.

ROSS, D. S. Cystic thyroid nodules. Waltham (MA): UpToDate, Inc., 2014. Disponível em:

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2014. Disponível em <http://www.uptodate.com/contents/diagnostic-approach-to-and-treatment-

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