noções de orçamento público

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1 Os instrumentos de planejamento da atividade econômica nacional estão consignados em leis de iniciativa do Poder Executivo e elencados no “Título VI – Da Tributação e do Orçamento”, no art. 165 da CF: o plano plurianual (PPA); as diretrizes orçamentárias – que compõem a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO); e os orçamentos anuais, os quais são positivados pela Lei Orçamentária Anual (LOA). A Lei nº 4.320/64 traçou os princípios orçamentários no Brasil, e é ainda hoje a principal diretriz para a elaboração do Orçamento Geral da União, apesar de várias alterações que foram sendo realizadas ao longo desses anos. Com a Constituição Federal de 1988, o sistema orçamentário federal passou a ser regulado por três leis: - a Lei do Plano Plurinanual (PPA) - a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) - a Lei Orçamentária Anual (LOA) De iniciativa exclusiva do Executivo, os projetos dessas leis são enviados ao Legislativo para apreciação e votação e, em seguida, devolvidos para sanção e execução. Plano Plurianual (PPA) Tendo por finalidade viabilizar o planejamento de médio prazo na elaboração orçamentária, o PPA vigora por um quadriênio, entre o segundo ano de cada mandato presidencial e o final do primeiro ano do governo seguinte. Busca assegurar, dessa maneira, a continuidade das ações de governo, ao “entrelaçar mandatos presidenciais sucessivos”. O PPA deve, por princípio, traduzir o programa eleitoral de cada presidente eleito. A proposta é encaminhada ao Congresso até quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício financeiro do novo governo – 31 de agosto , conforme Inciso I, § 2º, art. 35, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da CF. . No Legislativo, o exame é feito até o término da sessão legislativa – 15 de dezembro.

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Os instrumentos de planejamento da atividade econômica nacional estão consignados em leis de iniciativa do Poder Executivo e elencados no “Título VI – Da Tributação e do Orçamento”, no art. 165 da CF: o plano plurianual (PPA); as diretrizes orçamentárias – que compõem a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO); e os orçamentos anuais, os quais são positivados pela Lei Orçamentária Anual (LOA).

A Lei nº 4.320/64 traçou os princípios orçamentários no Brasil, e é ainda hoje a principal diretriz para a elaboração do Orçamento Geral da União, apesar de várias alterações que foram sendo realizadas ao longo desses anos. Com a Constituição Federal de 1988, o sistema orçamentário federal passou a ser regulado por três leis:

- a Lei do Plano Plurinanual (PPA) - a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)- a Lei Orçamentária Anual (LOA)

De iniciativa exclusiva do Executivo, os projetos dessas leis são enviados ao Legislativo para apreciação e votação e, em seguida, devolvidos para sanção e execução.

Plano Plurianual (PPA)

Tendo por finalidade viabilizar o planejamento de médio prazo na elaboração orçamentária, o PPA vigora por um quadriênio, entre o segundo ano de cada mandato presidencial e o final do primeiro ano do governo seguinte. Busca assegurar, dessa maneira, a continuidade das ações de governo, ao “entrelaçar mandatos presidenciais sucessivos”.

O PPA deve, por princípio, traduzir o programa eleitoral de cada presidente

eleito. A proposta é encaminhada ao Congresso até quatro meses antes do encerramento

do primeiro exercício financeiro do novo governo – 31 de agosto, conforme Inciso I, § 2º, art. 35, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da CF.

. No Legislativo, o exame é feito até o término da sessão legislativa – 15 de dezembro.

A lei que instituir o PPA deve estabelecer “de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal, para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada”, conforme estabelecido no Art. 165, parágrafo 1º, da CF. Observe-se, assim, que o artigo traduz a preocupação dos constituintes com o planejamento, o equilíbrio orçamentário de longo prazo e com a distribuição espacial dos recursos orçamentários da União por todo o país.

As LDO e os orçamentos anuais têm de ser compatíveis com o que dispõe o PPA, bem como todos os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos na Constituição ou quaisquer outros instituídos durante um período de governo. Nenhum investimento, cuja execução ultrapassar um exercício financeiro, poderá ser iniciado sem prévia inclusão no PPA ou sem lei que autorize tal inclusão, sob pena de crime de responsabilidade. As emendas parlamentares à LDO e ao orçamento somente serão apreciadas pela comissão mista pertinente do Congresso Nacional se compatíveis com a lei do PPA (artigos 165, 166 e 167 da Constituição Federal). Ou seja, o PPA é concebido com

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um evidente caráter coordenador das ações governamentais e com o poder de subordinar a seus propósitos todas as iniciativas que não tenham sido inicialmente previstas.

Portanto, o PPA é o instrumento de planejamento de médio prazo do Governo Federal que estabelece, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da Administração Pública Federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. Os princípios básicos que norteiam o PPA são:

- identificação clara dos objetivos e das prioridades do Governo;

- integração do planejamento e do orçamento;

- promoção da gestão empreendedora;

- garantia da transparência;

- estímulo às parcerias;

- gestão orientada para resultados; e

- organização das ações de Governo em programas.

No endereço abaixo,

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/Lei/L11653.htm, você tem acesso à Lei nº 11.653, de 07 de abril de 2008, que dispõe sobre o Plano Plurianual para o período 2008/2011, em cumprimento ao disposto no § 1º do art. 165 da Constituição Federal.

Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)

Considerada como uma das principais inovações da Constituição de 1988, no que se

refere ao processo orçamentário, a LDO foi criada para atuar como elo entre o PPA e a LOA. De caráter anual, essa lei deve eleger as metas e prioridades da administração federal para o exercício seguinte, partindo dos conteúdos do PPA, conforme § 2º, art. 165, CF.

As ações indicadas como prioritárias vão compor o Anexo de Prioridades e Metas da LOA e ficam, em princípio, mais protegidas de cortes de recursos na hipótese de as receitas ficarem aquém do esperado durante a execução do Orçamento. A LDO dispõe ainda sobre alterações na legislação tributária para o exercício seguinte, bem como sobre a aplicação das agências financeiras oficiais do fomento.

A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), isto é Lei Complementar nº 101, de 2000, também ampliou os conteúdos da LDO. Seu texto passou a incluir, ainda, as metas fiscais para o exercício seguinte e os dois anos que o sucederem – receitas, despesas, resultado nominal e primário, entre um conjunto de medidas destinadas a prevenir as situações de insolvência que caracterizaram o setor público brasileiro entre os anos 70 e os 90. Outras exigências visam a uma maior transparência fiscal, tais como os critérios para as transferências de recursos a entidades públicas e privadas.

A LDO é delineada para fazer a articulação e o ajustamento conjuntural do PPA com o orçamento.

Diz o texto constitucional: “A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente, orientará a elaboração da lei orçamentária

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anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento” (art. 165, § 2o).

No tocante aos prazos, enquanto não for aprovada a lei complementar que tratará das questões orçamentárias em geral, o Ato das Disposições Transitórias determina que a proposta da LDO seja encaminhada ao Congresso até oito meses e meio antes do encerramento do exercício – 15 de abril. Já a devolução ao Executivo deve acontecer até o fim do primeiro período da sessão legislativa anual – 30 de junho, ficando o Congresso impedido de entrar em recesso caso esse prazo não seja cumprido.

Portanto, a LDO é o instrumento norteador da elaboração da LOA na medida em que dispõe, para cada exercício financeiro sobre:

- as prioridades e metas da Administração Pública Federal;

- a estrutura e organização dos orçamentos;

- as diretrizes para elaboração e execução dos orçamentos da União e suas alterações;

- a dívida pública federal;

- as despesas da União com pessoal e encargos sociais;

- a política de aplicação dos recursos das agências financeiras oficiais de fomento;

- as alterações na legislação tributária da União; e

- a fiscalização pelo Poder Legislativo sobre as obras e os serviços com indícios de

irregularidades graves.

A LRF atribuiu à LDO a responsabilidade de tratar de outras matérias, tais como:

- estabelecimento de metas fiscais;

- fixação de critérios para limitação de empenho e movimentação financeira;

- publicação da avaliação financeira e atuarial dos regimes geral de previdência social e próprio dos servidores civis e militares;

- avaliação financeira do Fundo de Amparo ao Trabalhador e projeções de longo prazo dos benefícios da Lei Orgânica de Assistência Social – Loas;

- margem de expansão das despesas obrigatórias de natureza continuada; e

- avaliação dos riscos fiscais.

No endereço abaixo,

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/Lei/L12017.htm, você pode acessar a Lei n º 12017, de 12 de agosto de 2009, que dispõe sobre as diretrizes para a elaboração e execução da Lei Orçamentária de 2010 e dá outras providências.

Lei Orçamentária Anual (LOA)

A LOA traz a estimativa das receitas e os limites de gastos para cada exercício e compreende três orçamentos distintos: o Fiscal, o da Seguridade Social e o de Investimentos das Empresas Estatais. O Orçamento Fiscal é o mais abrangente, envolve os orçamentos dos três poderes da União (Executivo, Legislativo e Judiciário) e o do Ministério Público (MP), bem como de seus fundos, órgãos da administração direta

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e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, conforme estabelecido no Inciso I, § 5º, art. 165, CF.

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As empresas públicas e as sociedades de economia devem ter seus orçamentos integrados ao Orçamento Fiscal quando se tratarem de entidades dependentes – ou seja, não gerarem os recursos para suas operações.

O Orçamento da Seguridade Social abrange os órgãos e entidades vinculados às áreas da saúde, previdência e assistência social, tanto da administração direta quanto da indireta. Esse orçamento representou uma dupla novidade trazida pelo atual marco constitucional . Em primeiro lugar, pelo destaque concedido às três funções, a ponto de separá-las das demais e juntá-las em peça orçamentária própria. Em segundo, por submeter ao processo orçamentário geral os orçamentos das autarquias previdenciárias, os quais, no regime anterior, eram aprovados por decreto do Executivo.

Já o Orçamento das Empresas Estatais envolve os investimentos realizados pelas empresas em que o poder público, direta ou indiretamente, controle a maior parcela do capital social com direito a voto. A criação desse orçamento refletiu a preocupação da época com a proporção alcançada pela ação empresarial estatal e seus reflexos sobre o difícil quadro fiscal então enfrentado pelo Estado brasileiro.

A Secretaria do Orçamento Federal (SOF), vinculada ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), desempenha papel central no processo de elaboração do projeto da LOA. Cabe a essa unidade, entre outras funções, definir os tetos de gastos que devem ser observados por cada pasta ministerial e receber de volta um plano de gastos de cada órgão, dentro dos limites estabelecidos, para a consolidação final da proposta orçamentária. Nesta fase, identifica-se forte pressão de grupos organizados, e mesmo de parlamentares, sobre os diversos órgãos, no sentido de ver suas demandas desde então atendidas.

O Legislativo e o Judiciário, bem como o Ministério Público, preparam seus orçamentos sem maiores interferências da SOF, mas estão igualmente obrigados a respeitar o teto de gastos discutido e aprovado anualmente, em meio às deliberações fixadas no texto da LDO.

Após consolidar as propostas do Executivo e demais Poderes, a SOF encaminha o projeto e anexos da LOA à Presidência da República, que finalmente encaminhará mensagem e proposta ao Congresso, até 31 de agosto.

No Congresso, os projetos das leis orçamentárias são examinados inicialmente pela Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO). Cabe a essa comissão mergulhar no conteúdo de cada uma das matérias, para produzir um parecer que servirá de base à decisão final das duas casas legislativas (Câmara dos Deputados e Senado Federal), em sessão conjunta.

Como já dissemos antes, compete à LOA detalhar a distribuição dos recursos públicos a cada exercício. Assim, a disputa de interesse é muito mais acirrada em torno dessa proposta, se compararmos com o que ocorre com o PPA e a LDO. No Congresso, essa disputa é travada principalmente na CMO, onde ocorre a maior parte dos acordos para alterações na peça orçamentária – alguns pontos pendentes não impedem que o projeto seja aprovado pelo colegiado, por acordo partidário, deixando-se ajustes finais para a sessão conjunta do Congresso.

É importante observar que a CMO ganhou existência a partir da reforma orçamentária promovida pela Constituição de 1988. Foi nesse momento que o Congresso resgatou a prerrogativa de fazer alterações no projeto do Orçamento, suspensa ao longo dos 24 anos de vigência do regime militar. Durante aquele período, o Legislativo só dispunha de

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duas alternativas em relação à proposta orçamentária: aprovar ou rejeitar o texto, em sua totalidade.

Desde a retomada da prerrogativa de alterar o Orçamento, o colegiado já enfrentou graves crises. No episódio mais crítico, em 1992, dominada por grupos de parlamentares interessados na obtenção de vantagens políticas e financeiras, a comissão acabou sendo alvo de uma das mais célebres investigações no Congresso. Concluída dois anos mais tarde, a CPI do Orçamento promoveu a cassação de seis dos 14 parlamentares denunciados por desvios de recursos orçamentários.

Para inibir novas ocorrências, foram feitas à época grandes alterações nos ritos de funcionamento da CMO, medidas que se mostraram insuficientes para impedir que o Orçamento voltasse ao noticiário como tema associado a mau uso ou desvio de recursos

ORÇAMENTO

É no Orçamento que o cidadão consegue identificar o que o governo vai fazer com os recursos que recolheu sob a forma de impostos. Portanto, nenhuma despesa pública pode ser realizada sem estar fixada no Orçamento.

Orçamento Público é Lei de iniciativa do Poder Executivo (LOA), onde se estima a receita e se fixa a despesa da administração pública. Essa Lei é elaborada em um exercício para vigorar no exercício seguinte depois de aprovada pelo Poder Legislativo.

O Orçamento Geral da União (OGU) é elaborado pela SOF - Secretaria de Orçamento Federal, que faz parte da estrutura do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

O Orçamento Geral da União (OGU) é formado pelo Orçamento Fiscal, da Seguridade e pelo Orçamento de Investimento das empresas estatais federais. Existem princípios básicos que devem ser seguidos para elaboração e controle do Orçamento, que estão definidos na Constituição, na Lei 4.320, de 17 de março de 1964, no Plano Plurianual e na Lei de Diretrizes Orçamentárias.

PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS

Os Princípios Orçamentários visam estabelecer regras norteadoras básicas, a fim de conferir racionalidade, eficiência e transparência para os processos de elaboração, execução e controle do Orçamento Público.

Válidos para os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todos os entes federativos – União, Estados, Distrito Federal e Municípios – são estabelecidos e disciplinados tanto por normas constitucionais e infraconstitucionais, quanto pela doutrina.

PRINCÍPIO DA UNIDADE OU TOTALIDADE

Previsto, de forma expressa, pelo caput do art. 2º da Lei no 4.320, de 1964, determina existência de orçamento único para cada um dos entes federados – União, Estados, Distrito Federal e Municípios – com a finalidade de se evitarem múltiplos orçamentos paralelos dentro da mesma pessoa política.

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Dessa forma, todas as receitas previstas e despesas fixadas, em cada exercício financeiro, devem integrar um único documento legal dentro de cada esfera federativa: a Lei Orçamentária Anual – LOA. (Cada Pessoa Política da federação elaborará a sua própria LOA.)

PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE

Estabelecido, de forma expressa, pelo caput do art. 2º da Lei no 4.320, de 1964, recepcionado e normatizado pelo §5º do art. 165 da Constituição Federal, determina que a Lei Orçamentária Anual de cada ente federado deverá conter todas as receitas e despesas de todos os poderes, órgãos, entidades, fundos e fundações instituídas e mantidas pelo poder público.

PRINCÍPIO DA ANUALIDADE OU PERIODICIDADE

O princípio orçamentário da anualidade ou periodicidade, estipulado pelo caput do art. 2º da Lei nº 4.320, de 1964, delimita o exercício financeiro orçamentário: período de tempo ao qual a previsão das receitas e a fixação das despesas registradas na LOA irão se referir.Segundo o art. 34 da Lei nº 4.320, de 1964, o exercício financeiro coincidirá com o ano civil e, por isso, será de 1º de janeiro a 31 de dezembro de cada ano.

PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE

Previsto no §8º do art. 165 da Constituição Federal, estabelece que a Lei Orçamentária Anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa. Ressalvam-se dessa proibição a autorização para abertura de créditos adicionais e a contratação de operações de crédito, nos termos da lei.

PRINCÍPIO DO ORÇAMENTO BRUTO

Previsto pelo art. 6º da Lei no 4.320, de 1964, obriga registrarem-se receitas e despesas na LOA pelo valor total e bruto, vedadas quaisquer deduções.

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

Apresenta o mesmo fundamento do princípio da legalidade aplicado à administração pública, segundo o qual cabe ao Poder Público fazer ou deixar de fazer somente aquilo que a lei expressamente autorizar, ou seja, se subordina aos ditames da lei. A Constituição Federal de 1988, no art. 37, estabelece os princípios da administração pública, dentre os quais o da legalidade e, no seu art. 165 estabelece a necessidade de formalização legal das leis orçamentárias: “Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I – o plano plurianual; II – as diretrizes orçamentárias; III – os orçamentos anuais.”

PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

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Princípio básico da atividade da administração pública no regime democrático está previsto pelo caput do art. 37 da Magna Carta de 1988. Justifica-se especialmente pelo fato de o orçamento ser fixado em lei, sendo esta a que autoriza os Poderes a execução de suas despesas.

PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA

Aplica-se também ao orçamento público, pelas disposições contidas nos arts. 48, 48-A e 49 da Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF, que determinam ao governo, por exemplo: divulgar o orçamento público de forma ampla à sociedade; publicar relatórios sobre a execução orçamentária e a gestão fiscal; disponibilizar, para qualquer pessoa, informações sobre a arrecadação da receita e a execução da despesa.

PRINCÍPIO DA NÃO-VINCULAÇÃO (NÃO-AFETAÇÃO) DA RECEITA DE IMPOSTOS

Estabelecido pelo inciso IV do art. 167 da CF/88, veda vinculação da receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, salvo exceções estabelecidas pela própria Constituição Federal, in verbis: “Art. 167. São vedados: [...] IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, §2o, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, §8o, bem como o disposto no §4o deste artigo; (Redação dada pela Emenda Constitucional no 42, de 19.12.2003); [...] §4.o É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos impostos a que se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de que tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a prestação de garantia ou contragarantia à União e para pagamento de débitos para com esta. (Incluído pela Emenda Constitucional no 3, de 1993).”

As ressalvas são estabelecidas pela própria Constituição e estão relacionadas à repartição do produto da arrecadação dos impostos (Fundos de Participação dos Estados (FPE) e Fundos de Participação dos Municípios (FPM) e Fundos de Desenvolvimento das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste à destinação de recursos para as áreas de saúde e educação, além do oferecimento de garantias às operações de crédito por antecipação de receitas.

EXERCÍCIO FINANCEIRO

Período correspondente à execução orçamentária. No Brasil, coincide com o ano civil.

No Brasil, o exercício financeiro tem duração de doze meses e coincide com o ano civil, conforme disposto no art. 34 da Lei Federal nº 4.320, de 17 de março de 1964.

De acordo com o art. 35 da Lei nº 4.320/1964, pertencem ao exercício financeiro:

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Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro:I - as receitas nele arrecadadas;II - as despesas nele legalmente empenhadas.”

Despesa legalmente empenhada é aquela:

a) ordenada por agente competente, investido ou delegado;b) previamente empenhada;c) anteriormente autorizada por lei orçamentária ou constante de créditos

adicionais;d) advinda de processo licitatório ou dos casos de dispensa de tais formalidades.

DESCENTRALIZAÇÃO DE CRÉDITO ORÇAMENTÁRIO.A sanção do autógrafo do projeto de lei orçamentário pelo Presidente da República, ou sua promulgação pelo Presidente ou Vice-Presidente do Senado, encerra o processo de elaboração do Orçamento e cria condições à execução da despesa pública, uma vez que a Lei Orçamentária Anual contém a ratificação prévia da despesa e da receita para um período determinado.

Com a aprovação do Orçamento Público, os créditos orçamentários são registrados nas Unidades Setoriais Orçamentárias de cada Órgão, sendo necessário, ainda, a descentralização dos recursos às Unidades Gestoras Administrativas para que elas procedam efetivamente à execução da despesa. Denomina-se Provisão à descentralização interna e Destaque a descentralização externa de créditos orçamentários às Unidades Gestoras do sistema. • “A descentralização interna de créditos (provisão) é a realizada entre Unidades Gestoras de um mesmo Órgão ou Entidade integrantes do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social, respeitada, fielmente, a classificação funcional e por programas”• “A descentralização externa de créditos (destaque) é a efetivada entre Unidades Gestoras de Órgãos ou Entidades de estrutura diferente, respeitada, fielmente, a classificação funcional e por programas”.

CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS E CRÉDITOS ADICIONAIS

A lei orçamentária anual (LOA), quando da sua aprovação, conterá créditos orçamentários, também denominados créditos iniciais, os quais estarão distribuídos nos programas de trabalho que compõem o Orçamento Geral da União. Ocorre que muitas vezes a Lei Orçamentária Anual, também denominada Lei de Meios, não prevê a realização de determinados dispêndios ou não dispõe de recursos suficientes para atendê-los no exato momento em que deveriam ser efetuados.

Assim, denomina-se como “insuficientemente dotada” aquela despesa que, embora prevista pela LOA, não dispõe de recursos suficientes que atendam ao dispêndio em questão. Já aquelas despesas não dotadas de recursos na lei orçamentária e que em face da influência de diversos fatores necessita ser executada denomina-se de “não computadas”.

Para solucionar ambos os casos, adota-se o mecanismo de créditos adicionais. São eles autorizações de despesas não computadas ou insuficientemente dotadas na lei de orçamento. Em outras palavras, os créditos adicionais são instrumentos de ajustes

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orçamentários, sendo “fundamental para oferecer flexibilidade e permitir a operacionalidade de qualquer sistema orçamentário” e que visam a atender as seguintes situações: corrigir falhas da LOA; mudança de rumos das políticas públicas; variações de preço de mercado de bens e serviços a serem adquiridos pelo governo; e situações emergenciais imprevistas.

De acordo com a Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, os créditos adicionais classificam-se em:

• suplementares, os destinados a reforço de dotação orçamentária;

• especiais, os destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica;

• extraordinários, os destinados a despesas urgentes e imprevistas, em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade pública.

O crédito suplementar destina-se ao reforço de dotação já existente, pois são utilizados quando os créditos orçamentários são ou se tornam insuficientes. Sua abertura depende da prévia existência de recursos para a efetivação da despesa, sendo autorizado por lei e aberto por decreto do Poder Executivo. Cabe ressaltar que a lei orçamentária poderá conter autorização para abertura de créditos suplementares até determinado limite.

O crédito especial ocorre quando não há previsão de dotação para a realização de determinada despesa. Este instrumento viabiliza a criação de novo item de despesa, sendo autorizado por lei específica e aberto por decreto do Poder Executivo. Caso a lei de autorização seja promulgada nos últimos quatro meses do exercício, poderá ser reaberto no exercício seguinte nos limites de seu saldo, sendo incorporado ao orçamento do exercício financeiro subseqüente.

Os créditos extraordinários, por sua vez, visam ao atendimento de despesas urgentes e imprevisíveis, tais como as decorrentes de guerra, comoção intestina ou calamidade pública. São abertos por medida provisória e poderão ser reabertos caso a promulgação ocorra nos últimos quatro meses do exercício.

O Setor do órgão responsável pela elaboração e execução de seu orçamento, com base nas projeções de execução da despesa ou visando atender a ocorrência de fatos supervenientes, encaminhará à Secretaria de Orçamento Federal - SOF solicitação para a abertura de crédito adicional (suplementar ou especial). A SOF analisa a adequabilidade técnica e orçamentária da solicitação, e posteriormente encaminha o pedido à Presidência da República, que abre o crédito por decreto ou encaminha ao Congresso Nacional por intermédio de projeto de lei.

MOVIMENTAÇÃO DE CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS E RECURSOS FINANCEIROS

Com a publicação da Lei Orçamentária Anual – LOA, o seu conseqüente lançamento no SIAFI e o detalhamento dos créditos autorizados, inicia-se a sua movimentação entre as Unidades Gestoras, para que se viabilize a execução orçamentária propriamente dita, já que só após o recebimento do crédito é que as Unidades Gestores estão em condições de efetuar a realização das despesas públicas.

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Assim, a movimentação de créditos, a que chamamos habitualmente de Descentralização de Créditos, consiste na transferência, de uma Unidade Gestora para outra, do poder de utilizar créditos orçamentários que lhe tenham sido consignados no Orçamento ou lhe venham a ser transferidos posteriormente. A descentralização pode ser interna, se realizada entre Unidades Gestoras do mesmo órgão; ou externa, se efetuada entre órgãos distintos.

Já a movimentação de recursos financeiros oriundos do Orçamento da União, entre as Unidades Gestoras que compõem o Sistema de Programação Financeira, se dá sob a forma de liberação de cotas, repasses, sub-repasses para o pagamento de despesas e por meio de concessão de limite de saque à Conta Única do Tesouro.

A primeira fase da movimentação dos recursos é a liberação de Cota e deve ser realizada em consonância com o cronograma de desembolso aprovado pela Secretaria do Tesouro Nacional. Assim, cota é o montante de recursos colocados à disposição dos Órgãos Setoriais de Programação Financeira – OSPF pela Coordenação-Geral de Programação Financeira – COFIN/STN mediante movimentação intra-SIAFI dos recursos da Conta Única do Tesouro Nacional.

A segunda fase é a liberação de Repasse ou Sub-repasse. Repasse é a movimentação de recursos realizada pelos OSPF para as unidades de outros órgãos ou ministérios e entidades da Administração Indireta, bem como entre esses; e sub-repasse é a liberação de recursos dos OSPF para as unidades sob sua jurisdição e entre as unidades de um mesmo órgão, ministério ou entidade.

A partir daí, com recursos em caixa, ou seja, com disponibilidades financeiras, as unidades podem dar início à fase de pagamento de suas despesas.

A figura abaixo fornece um esquema simplificado dos dois processos que, como já dissemos em outra oportunidade, geralmente ocorrem de modo simultâneo.

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No endereço abaixo, você poderá encontrar material muito bom a respeito de Noções de Contabilidade Públicahttp://www.grancursos.com.br/downloads/editora/adendos/contPub_700.pdf

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