noções de direito constitucional

114
Este Título é o mais simples da Constituição e seus artigos estão entre os mais requisitados nas provas de diversos concursos públicos. Convém que você o leia cuidadosamente e várias vezes. 1. FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Art. 1 o - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrá- tico de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único - Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou dire- tamente, nos termos desta Constituição. Da leitura deste artigo depreende-se o seguinte: a) Forma de governo do nosso país: República Isto significa: * Representantes eleitos pelo povo. * Mandatos eletivos temporários. * Agentes políticos passíveis de responsabilização por seus atos. * Existência de soberania popular. * Repartição de poderes. b) Forma do Estado Brasileiro: Federação Ou seja: formado por um conjunto de Estados-mem- bros com relativa autonomia para se organizar políti- ca e juridicamente e regular os assuntos compreen- didos por suas atribuições. Existem, então, pelo menos duas ordens jurídicas que se sobrepõem: uma nacional, uniforme para todos os habitantes, e outra regional, vigorando apenas no interior de cada território. O conceito moderno de federação surge com a forma- ção dos Estados Unidos da América, quando as treze colônias se uniram em um só país para fazer frente às metrópoles da época, se inserindo no cenário mundial. Cabe também ressaltar que confederação não é uma forma de Estado, pois cada parte integrante dela pos- sui o direito de soberania (elemento de Estado). Embora a Federação por excelência seja aquela em que convivem as ordens jurídicas da União e a dos Estados-membros, a Constituição Federal de 88 in- seriu os Municípios e o Distrito Federal como entes federativos. Importante, ainda, frisar que tais entes estão ligados indissoluvelmente, ou seja, não existe direito de se- cessão ou separação. Contudo, observa-se que o poder constituinte origi- nário não tem limite, pois ele parte da vontade do povo, ou seja, o poder constituinte originário pode, por exemplo, instituir a pena de morte em tempos de paz, como também criar a secessão da federação. c) A República Federativa do Brasil é um Estado Democrático de Direito Estado de Direito: · Todos estão submetidos à lei confeccionada por re- presentantes do povo, inclusive o próprio Estado; · Os poderes do Estado estão repartidos, e exercem mútuo controle entre si; · Os direitos e garantias individuais são solenemente enunciados. Estado Democrático: · Fundado no princípio da soberania popular, ou seja, o povo tem participação efetiva e operante nas deci- sões do governo; · Fundado na idéia da defesa dos direitos sociais, ou seja, busca de superação das desigualdades sociais e regionais e realização de justiça social. · Pluralidade partidária, pois em Estados de Exceção há a presença de um único partido, o partido que institucionaliza a arbitrariedade. 1. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL 1. Fundamentos da República Federativa do Brasil 2. Tripartição dos poderes 3. Objetivos fundamentais 4. Relações Internacionais

Upload: omniferius

Post on 10-Jun-2015

64.363 views

Category:

Documents


37 download

DESCRIPTION

Direito Constitucional para Concursos

TRANSCRIPT

Page 1: Noções de Direito Constitucional

Este Título é o mais simples da Constituição e seusartigos estão entre os mais requisitados nas provasde diversos concursos públicos. Convém que você oleia cuidadosamente e várias vezes.

1. FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DOBRASIL

Art. 1o - A República Federativa do Brasil, formadapela união indissolúvel dos Estados e Municípios edo Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrá-tico de Direito e tem como fundamentos:I - a soberania;II - a cidadania;III - a dignidade da pessoa humana;IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;V - o pluralismo político.Parágrafo único - Todo o poder emana do povo, queo exerce por meio de representantes eleitos ou dire-tamente, nos termos desta Constituição.

Da leitura deste artigo depreende-se o seguinte:

a) Forma de governo do nosso país: RepúblicaIsto significa:* Representantes eleitos pelo povo.* Mandatos eletivos temporários.* Agentes políticos passíveis de responsabilizaçãopor seus atos.* Existência de soberania popular.* Repartição de poderes.

b) Forma do Estado Brasileiro: Federação

Ou seja: formado por um conjunto de Estados-mem-bros com relativa autonomia para se organizar políti-ca e juridicamente e regular os assuntos compreen-didos por suas atribuições.

Existem, então, pelo menos duas ordens jurídicas quese sobrepõem: uma nacional, uniforme para todosos habitantes, e outra regional, vigorando apenas nointerior de cada território.

O conceito moderno de federação surge com a forma-ção dos Estados Unidos da América, quando as trezecolônias se uniram em um só país para fazer frente àsmetrópoles da época, se inserindo no cenário mundial.Cabe também ressaltar que confederação não é umaforma de Estado, pois cada parte integrante dela pos-sui o direito de soberania (elemento de Estado).

Embora a Federação por excelência seja aquela emque convivem as ordens jurídicas da União e a dosEstados-membros, a Constituição Federal de 88 in-seriu os Municípios e o Distrito Federal como entesfederativos.

Importante, ainda, frisar que tais entes estão ligadosindissoluvelmente, ou seja, não existe direito de se-cessão ou separação.

Contudo, observa-se que o poder constituinte origi-nário não tem limite, pois ele parte da vontade dopovo, ou seja, o poder constituinte originário pode,por exemplo, instituir a pena de morte em tempos depaz, como também criar a secessão da federação.

c) A República Federativa do Brasil é um EstadoDemocrático de Direito

Estado de Direito:· Todos estão submetidos à lei confeccionada por re-presentantes do povo, inclusive o próprio Estado;· Os poderes do Estado estão repartidos, e exercemmútuo controle entre si;· Os direitos e garantias individuais são solenementeenunciados.

Estado Democrático:· Fundado no princípio da soberania popular, ou seja,o povo tem participação efetiva e operante nas deci-sões do governo;· Fundado na idéia da defesa dos direitos sociais, ouseja, busca de superação das desigualdades sociaise regionais e realização de justiça social.· Pluralidade partidária, pois em Estados de Exceçãohá a presença de um único partido, o partido queinstitucionaliza a arbitrariedade.

1. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DACONSTITUIÇÃO DO BRASIL

1. Fundamentos da República Federativa do Brasil2. Tripartição dos poderes3. Objetivos fundamentais4. Relações Internacionais

Page 2: Noções de Direito Constitucional

d) Com relação aos fundamentos da República Fe-derativa do Brasil expressos nos incisos I, II e IV,cabem os seguintes comentários:

Soberania - segundo Miguel Reale, é o “poder deorganizar-se juridicamente e de fazer valer, dentrode seu território a universalidade de suas decisões,nos limites dos fins éticos de convivência”.

Pode-se entender soberania como o direito incontestede poder na seara interna de cada Estado.

Cidadania - é o status da nacionalidade brasileiraacrescido dos direitos políticos, isto é, do direito departicipar do processo governamental, seja enquan-to candidato ao governo, seja enquanto eleitor. Con-forme ver-se-á no artigo 15, são excepcionalíssimasa perda e a suspensão dos direitos políticos.

Valores sociais do trabalho - são todos os direitosque possibilitam que o trabalho seja realizado comdignidade, entre eles, obrigação de uma remunera-ção justa e condições mínimas para o desenvolvi-mento da atividade.

Livre-iniciativa - significa que as pessoas possueminteira liberdade para possuir bens e para tentar de-senvolver empreendimentos de qualquer tipo, desdeque respeitem as normas legitimamente existentes.

É uma característica existente na economia de mer-cado, ou seja, economia capitalista. A livre-iniciativaé um de seus elementos essenciais.

e) Com relação ao parágrafo único, nos termos daatual Carta, o povo exerce o poder indiretamente aovotar, de maneira direta e universal, para eleger osmembros do Poder Executivo (Presidente da Repú-blica, Governador, Prefeito) e os do Poder Legislativo(Congresso Nacional, Assembléia Legislativa, Câma-ra Municipal e Câmara Distrital).

Por outro lado, existe também a possibilidade de opovo exercer diretamente o poder ao decidir sobera-namente certas matérias que lhe são propostas.Como vimos anteriormente, na atual Constituição hápelo menos três institutos que garantem ao cidadãoo exercício direto do poder: o plebiscito, o referendoe a iniciativa popular.

A presença dos mecanismos diretos e indiretos departicipação popular no processo decisório configu-ra o regime político de nosso país como uma demo-cracia representativa semi-direta.

2. TRIPARTIÇÃO DOS PODERES

Art 2o - São Poderes da União, independentes e har-mônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judi-ciário.

Assinala este artigo a tripartição dos poderes:

a) Poder Executivo, na esfera da União - é exerci-do pelo Chefe de Governo que, no Brasil, assim comoem todos os países presidencialistas, é o Presidenteda República. A sua função típica, essencial, é admi-nistrar, mas também pode legislar (por exemplo: ela-boração de Medidas Provisórias ou de Leis Delega-das) e julgar (é o caso dos Tribunais Administrativos,como por exemplo, o Tribunal de Impostos e Taxas).

b) Poder Legislativo - é exercido pelo parlamentoque, no Brasil, corresponde ao Congresso Nacional,composto pelo Senado Federal e pela Câmara dosDeputados. Sua função típica é a elaboração das leis,mas também administra (exemplo: possibilidade decriação ou extinção de cargos, empregos e funçõesrelacionadas aos seus serviços) e julga (compete àCâmara dos Deputados autorizar instauração de pro-cesso contra o Presidente e o Vice-Presidente daRepública e os Ministros de Estado; compete ao Se-nado Federal processar e julgar, nos crimes de res-ponsabilidade, essas mesmas pessoas e mais: osMinistros do Supremo Tribunal Federal, o Procura-dor-Geral da República e o Advogado-Geral daUnião).

c) Poder Judiciário - é exercido pelos juízesdesembargadores e ministros do judiciário; além dejulgar, o Judiciário pode, de forma atípica, legislar (porexemplo: elaboração de seu regimento interno) eadministrar (organização de suas secretarias e ser-viços auxiliares).

3. OBJETIVOS FUNDAMENTAIS

Art 3o - Constituem objetivos fundamentais da Repú-blica Federativa do Brasil:I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;II - garantir o desenvolvimento nacional;III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduziras desigualdades sociais e regionais;IV - promover o bem de todos, sem preconceitos deorigem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras for-mas de discriminação.

Este artigo, de conteúdo programático, fixa metas aserem alcançadas em longo prazo. As enumeraçõesdesses objetivos fundamentais fornecem diretrizesnão apenas para o cidadão comum, mas, sobretudo

Page 3: Noções de Direito Constitucional

para as políticas governamentais.

O candidato deve observar uma importante diferençaentre o art.1º e o art.3º da Constituição, pois o art.1ºdefine os fundamentos, isto é, requisitos que já per-tencem ao país, enquanto que o art. 3º define objeti-vos, metas, normas que devem ser cumpridas ao lon-go do tempo. Tem-se a idéia de que o direito é umagente transformador da sociedade para torná-la maisjusta.

4. RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Art. 4o - A República Federativa do Brasil rege-senas suas relações internacionais pelos seguintes prin-cípios:I - independência nacional;II - prevalência dos direitos humanos;III - autodeterminação dos povos;IV - não-intervenção;V - igualdade entre os Estados;VI - defesa da paz;VII - solução pacífica dos conflitos;VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;IX - cooperação entre os povos para o progresso dahumanidade;X - concessão de asilo político.Parágrafo único - A República Federativa do Brasilbuscará a integração econômica, política, social e cul-tural dos povos da América Latina, visando à forma-ção de uma comunidade latino-americana de nações.

Cabem aqui algumas observações:

Diferença entre defesa da paz e solução pacíficados conflitos:Por defesa da paz entende-se como sendo o respeitoà ordem, ao status quo estabelecido, já a soluçãopacífica significa o repúdio à guerra como meio dese evitar as mudanças. Pensemos: Hitler queria apaz, mas com ele no poder. Não era ele um defensorda solução pacífica dos conflitos.

Independência nacional: é a não-submissão daRepública Federativa do Brasil a qualquerordenamento jurídico estrangeiro.

Autodeterminação dos povos: pode ser traduzidacomo respeito à soberania dos demais países.

Não-intervenção: por “intervenção” deve-se enten-der, sobretudo a invasão armada de um país estran-geiro, medida esta que tende a ser recusada pelolegislador constituinte.

Repúdio ao terrorismo: o legislador refere-se, aqui,ao terrorismo internacional, que não encontrará gua-rida no solo brasileiro (neste sentido, há, por exem-plo, a previsão, em nosso ordenamento jurídico, deque o terrorista estrangeiro seja extraditado para opaís de origem).

Asilo político: é a proteção oferecida pelo EstadoBrasileiro aos estrangeiros que estejam sofrendoperseguição política em sua terra natal ou no paísem que estiverem. O oferecimento de asilo políticose coaduna com princípio, que vigora internamente, dalivre manifestação do pensamento (art. 5o, IV, da CF).

Page 4: Noções de Direito Constitucional

QUADRO SINÓTICO DO CAPÍTULO

Soberania cidadania Fundamentos dignidade da pessoa humana valores sociais do trabalho e da livre iniciativa

pluralismo político

construir uma sociedade livre, justa e solidária Objetivos garantir o desenvolvimento nacional Fundamentais erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades

sociais e regionais promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo,

cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação

independência nacional prevalência dos direitos humanos autodeterminação dos povos Princípios não-intervenção nas igualdade entre os Estados Relações defesa da paz Internacionais solução pacífica dos conflitos repúdio ao terrorismo e ao racismo cooperação entre os povos para o progresso da humanidade concessão de asilo político

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

01. Constitui objetivo fundamental da RepúblicaFederativa do Brasil:a) garantir o desenvolvimento nacionalb) independência nacionalc) prevalência dos direitos humanosd) autodeterminação dos povose) não-intervenção

02. Assinale a alternativa correta:a) a República Federativa do Brasil buscará aintegração econômica, política, natural e cultural dospovos da América Latina, visando à formação de umacomunidade latino-americana de naçõesb) a República Federativa do Brasil buscará o inter-câmbio econômico, político, social e racial dos po-vos da América Latina, visando à formação de umacomunidade latino-americana de naçõesc) a República Federativa do Brasil buscará aintegração econômica, política, social e cultural dospovos da América Latina, visando à formação de umacomunidade latino-americana de naçõesd) a República Federativa do Brasil buscará ainteração econômica, política, social e cultural dospovos da América do Sul, visando à formação de umacomunidade sul-americana de naçõese) a República Federativa do Brasil buscará o inter-câmbio econômico, político, social, artístico e cultu-

ral dos povos do continente americano, visando àformação de uma comunidade de nações

03. A República Federativa do Brasil rege-se nassuas relações internacionais pelo(s) seguinte(s)princípio(s):a) erradicar a pobreza e a marginalização e reduziras desigualdades sociais e regionaisb) promover o bem de todos, sem preconceitos deorigem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras for-mas de discriminaçãoc) não-intervençãod) construir uma sociedade livre, justa e solidáriae) dignidade da pessoa humana

04. São poderes da União, ________________ en-tre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.a) indissolúveis e harmônicosb) independentes e indissolúveisc) unidos e dependentesd) harmônicos e unidose) independentes e harmônicos

05. A independência nacional e o pluralismo polí-tico são respectivamente:a) fundamento e princípio internacionalb) princípio internacional e fundamentoc) princípio fundamental e objetivod) objetivo e princípio internacionale) princípio internacional e meta

Page 5: Noções de Direito Constitucional

06. A cidadania é:a) objeto da República Federativa do Brasilb) objetivo da República Federativa do Brasilc) meta da República Federativa do Brasild) fundamento da República Federativa do Brasile) princípio internacional da República Federativa doBrasil

07. Erradicar a pobreza e a marginalização e re-duzir as desigualdades sociais e regionais são:a) objetivos da República Federativa do Brasilb) fundamentos da República Federativa do Brasilc) postulados da República Federativa do Brasild) metas a curto prazo da República Federativa doBrasile) princípios internacionais da República Federativado Brasil

08. A República Federativa do Brasil adota, comoforma de Estado e forma de governo, respectiva-mente:a) República e Presidencialismob) Presidencialismo e Federaçãoc) Democracia e Repúblicad) Federação e Repúblicae) República e Federação

09. Qual a característica fundamental do EstadoFederal?a) participação dos cidadãos na escolha de seus re-presentantesb) participação dos Estados-membros na Câmara dosDeputadosc) repartição constitucional de competências e parti-cipação da vontade dos Estados-membros na vonta-de nacional, através do Senado Federald) temporariedade dos mandatose) responsabilidade mandatária

10. Assinale a alternativa correta:Asilo político é:I. proteção oferecida pelo Estado ao estrangeiro queesteja a sofrer perseguição política no país onde seencontraII. princípio internacional da República Federativa doBrasilIII. sinônimo de extradição, ou seja, devolução do es-trangeiro terrorista ao seu país de origem, para serjulgado pelos crimes políticos que cometeuIV. instituto não reconhecido em nosso paísa) todas estão corretasb) todas estão erradasc) apenas I e II estão corretasd) apenas III e IV estão corretase) apenas I, II e IV estão corretas11. (TTN-92) Constitui um dos objetivos funda-mentais da República Federativa do Brasil:

a) autodeterminação dos povosb) não-intervenção e defesa da pazc) solução pacífica dos conflitosd) erradicar a pobreza e a marginalização e reduziras desigualdades sociais e regionaise) concessão de asilo político

12. (TRT/ES-90) O princípio da separação dos po-deres está inscrito na Constituição Federal, emdispositivo que afirma que:a) a República Federativa do Brasil é formada pelaunião indissolúvel dos Estados e Municípios e do Dis-trito Federalb) todo poder emana do povo, que o exerce por meiode representantes eleitos ou diretamente, nos termosda Constituiçãoc) são Poderes da União, independentes e harmôni-cos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciáriod) é assegurado aos brasileiros o direito de petiçãoaos Poderes Públicos em defesa de direitos ou con-tra ilegalidade ou abuso de podere) a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciá-rio qualquer lesão ou ameaça a direito

13. (TRT/ES-90) A República Federativa do Bra-sil, em suas relações internacionais, rege-se pe-los seguintes princípios:a) independência nacional e combate às drogasb) prevalência dos direitos humanos e livre manifes-tação do pensamento, admitida a censura em casosespeciaisc) autodeterminação dos povos e não-intervençãod) repúdio ao terrorismo, ao racismo e ao asilo político

14. (TTN/92) A federação brasileira é formada pelaunião:a) indissolúvel dos Estados e do Distrito Federalb) voluntária dos Estados e Municípios e do DistritoFederalc) indissolúvel dos Estados e Municípiosd) voluntária dos Estados e do Distrito Federale) indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distri-to Federal

15. (TRT/ES-90) A Constituição estabelece comoobjetivos fundamentais da República Federativado Brasil:a)desenvolver a livre iniciativa e estimular o uso so-cial da propriedadeb) erradicar a pobreza e a marginalização e aumen-tar as desigualdades sociais e regionaisc) garantir o desenvolvimento nacional e o sistemafinanceirod) promover o bem de todos, admitido o preconceitode sexo, bem como o de idade, para certos concur-sos públicose) construir uma sociedade livre, justa e solidária

Page 6: Noções de Direito Constitucional

Gabarito

1. A 2. C 3. C 4. E 5. B 6. D 7. A 8. D 9. C 10. C11. D 12. C 13. C 14. E 15. E

Page 7: Noções de Direito Constitucional

1. INTRODUÇÃO

Iniciamos agora o estudo do Título II da ConstituiçãoFederal, que se reparte da seguinte maneira:a) Dos direitos e deveres individuais e coletivos (art.5o)b) Dos direitos sociais (arts. 6o a 11)c) Da nacionalidade (arts. 12 e 13)d) Dos direitos políticos (arts. 14 a 16)e) Dos partidos políticos (art. 17)

Neste capítulo estudaremos apenas o item (a). Osdemais ficarão para os capítulos seguintes.

Os dispositivos citados tratam, todos eles, de direitose garantias fundamentais.

Direitos são as faculdades e prerrogativas que a Cons-tituição, por meio de disposições declaratórias, outor-ga às pessoas.

Garantias são disposições de proteção, ou seja, me-canismos jurídicos que procuram assegurar e fazercumprir os direitos previstos (de nada adiantaria o cons-tituinte nos conceder direitos se não nos fornecessemeios para protegê-los).

2. DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Com 78 incisos, o artigo 5o é um dos mais importan-tes da Constituição e trouxe grandes avanços em re-lação à Carta Magna anterior. Sua redação, em deter-minados momentos, traduz uma reação contra abu-sos ocorridos no período ditatorial.

A estrutura deste artigo é mais ou menos a seguinte:os primeiros trinta incisos tratam, entre outras coi-sas, de liberdades diversas, como a liberdade de pen-samento, de culto, de expressão, de locomoção, dereunião e de associação, o direito à propriedade, àherança, direito autoral, etc. Após estes incisos, sãoapresentadas disposições diversas sobre o Poder Ju-diciário. Segue-se, então, uma longa parte destinadaao Direito Penal (cerca de 30 incisos). Por fim, sãoapresentados os chamados “remédios constitucionais”

(habeas corpus, mandado de segurança, mandado deinjunção etc.) e mais alguns incisos, versando sobreo Poder Judiciário e alguns direitos civis.

Caput - Princípio da isonomia

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinçãode qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros eaos estrangeiros residentes no País a inviolabilidadedo direito à vida, à liberdade, à igualdade, à seguran-ça e à propriedade, nos seguintes termos: (...).

Aparece aqui um princípio fundamental do direito: oprincípio da isonomia (todos são iguais perante a lei).

É necessário, todavia, que se esclareça um porme-nor: a igualdade proclamada aqui é a igualdade for-mal, ou seja, igualdade de todos perante a lei, já quea igualdade material (uma mesma situação econômi-ca, física, social, intelectual etc. para todos os indiví-duos) não existe.

Aliás, a se considerar a realidade material dos indiví-duos, muitas vezes torna-se necessário efetuar dis-criminações, para que a igualdade formal possa seratingida. Neste sentido, o inciso LXXIV do artigo 5o,dirá, por exemplo, que “o Estado prestará assistênciajurídica integral e gratuita aos que comprovarem insu-ficiência de recursos”.

Vale aqui a famosa máxima de Ruy Barbosa, que dizque “A isonomia não consiste em tratar todos da mes-ma maneira; consiste, isto sim, em tratar igualmenteos iguais e desigualmente os desiguais, na medidade suas desigualdades”.

Chamamos atenção, também, para o fato de que mui-tas vezes é necessário e permitido ao Estado efetuardeterminadas discriminações em razão do interessepúblico, para atender determinadas finalidades. Surgeassim a figura da discriminação-finalidade, que per-mite, por exemplo, a exigência de determinados que-sitos discriminadores, como porte físico, altura, pesoetc. em editais de concursos públicos para cargos

2. DOS DIREITOS E DEVERES

INDIVIDUAIS E COLETIVOS

1. Introdução2. Dos direitos e deveres individuais e coletivos3. Direitos e garantias pétreos

Page 8: Noções de Direito Constitucional

nos quais tais qualidades são necessárias (cargo debombeiro, por exemplo).

Na doutrina, tais discriminações são chamadas deobjetivas, pois constituem condição sine qua non parao efetivo exercício de determinada atividade. Contu-do, algumas diferenças são questionadas, pois nãosão objetivas, como, por exemplo, a obrigatoriedadede serviço obrigatório para a nação apenas para umsexo, tendo o direito de abolir tais discriminações sub-jetivas.

Além dos direitos individuais enumerados no caput,temos outros, conforme se lê nos incisos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obri-gações, nos termos desta Constituição;

Observa-se aqui um desdobramento do princípio daisonomia: as mulheres, pela primeira vez na históriaconstitucional brasileira, adquiriram total equiparação,perante a lei, aos homens, tanto em direitos quantoem obrigações. Este inciso eliminou, por exemplo, aexclusividade da pensão alimentícia para mulheres,assim como acabou com a exclusividade do homemna chefia da unidade familiar.

Princípio da legalidade

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazeralguma coisa senão em virtude de lei;

Lei é um preceito jurídico escrito, emanado pelo poderestatal competente, com caráter de inovação, genera-lidade e obrigatoriedade. Entende-se que somente opoder legislativo, via de regra, deve elaborá-la, sendoela obrigatória e para todos.

Vê-se aqui a enunciação de um princípio basilar doEstado de Direito: o princípio da legalidade.

Embora determinados atos administrativos, como de-cretos e portarias, também obriguem os cidadãos, emúltima análise, isto só é possível porque alguma lei opermite.

III - ninguém será submetido à tortura ou tratamentodesumano ou degradante;Exemplos de tortura: utilização de “pau-de-arara”, cho-ques, espancamentos, mutilações, queimaduras, “so-ros da verdade” etc.

Quanto à proibição de tratamento desumano e degra-dante, ela diz respeito, sobretudo, à aplicação de pe-nas e, neste sentido, o inciso XLVII proibirá, por exem-plo, penas de trabalhos forçados e penas cruéis.

Ninguém poderá ser tratado sem o devido respeito. Olegislador constituinte, em 1988, era um legisladorescaldado com um Estado que não respeitava o indi-víduo. Muitos deles foram alvos de tortura, daí a im-portância dada ao tema. O direito à integridade é ba-sicamente o 1º direito humano elencado na Lei Maior.

Liberdade de pensamento

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo ve-dado o anonimato;

A prova pode pedir tal questão trocando a palavra anô-nimo por apócrifo ou inominado, pois são sinônimos.

Toda e qualquer pessoa pode manifestar seu pensa-mento, qualquer que seja este, mas isto não a eximede ser responsabilizada pelo que disser, se ofenderalguém. Daí a proibição do anonimato: ele impede aidentificação do autor, para fins de responsabilização.

Direito de resposta

V - é assegurado o direito de resposta, proporcionalao agravo, além da indenização por dano material,moral ou à imagem;

Este inciso é reflexo do anterior. Ao ofendido é asse-gurado direito à indenização e direito de resposta. Esteúltimo tem sido largamente utilizado nas campanhaseleitorais.

Liberdade de consciência, de crença e deculto

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de cren-ça, sendo assegurado o livre exercício dos cultos reli-giosos e garantida, na forma da lei, a proteção aoslocais de culto e a suas liturgias;

A Constituição assegura a todos escolher livrementea crença e a ideologia política ou filosófica que quise-rem. É a chamada liberdade interna, também conhe-cida por liberdade subjetiva ou liberdade moral.

Quando esse direito se exterioriza, com a expressão,por exemplo, da crença através do culto, estamos di-ante da liberdade objetiva, que também é resguarda-da pelo Estado.

Evidentemente, essa liberdade não é absoluta: pelainterpretação sistemática, ela se mantém até ondeinicia a liberdade do outro. Não se pode, por exemplo,fazer pregações às duas horas da manhã, pois issointerfere no direito de intimidade e privacidade do ou-tro.

Page 9: Noções de Direito Constitucional

Percebe-se um avanço no respeito do Estado às liber-dades de consciência e de crença, em comparação atextos constitucionais anteriores. Não pode, qualqueragente público, no exercício de suas funções fazerqualquer juízo de valor sobre a crença de qualquerpessoa, pois o Estado é Laico.

VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação deassistência religiosa nas entidades civis e militaresde internação coletiva;

O Estado Brasileiro é laico, isto é, não tem religiãooficial. Portanto, a prestação de assistência religiosa,segundo o texto, além de ser regulamentada por lei,será oferecida facultativamente por quem quiser. Enti-dades de internação coletiva são: penitenciárias, re-formatórios, orfanatos, hospitais, quartéis etc.

VIII - ninguém será privado de direitos por motivo decrença religiosa ou de convicção filosófica ou políti-ca, salvo se as invocar para eximir-se de obrigaçãolegal a todos imposta e recusar-se a cumprir presta-ção alternativa, fixada em lei;

É comum, no caso de algumas religiões, alegar-seescusa de consciência (“minha religião não permite”)para a dispensa do serviço militar obrigatório.

Nesses casos, deve então a autoridade competenteconceder uma prestação alternativa, onde, ao invésdo treinamento militar, que contraria a sua religião, osujeito irá fazer uma outra coisa (prestação de serviçoscomunitários, execução de serviços de escritório etc.).Deve agora o indivíduo cumprir essa prestação alterna-tiva. Caso contrário, aí sim, perderá seus direitos políti-cos, e deixará de ser cidadão, isto é, não poderá maisvotar ou se candidatar a uma eleição.

Um cuidado se deve ter: só se pode alegar escusa deconsciência quando a obrigação legal a todos impostapermitir uma prestação alternativa. Caso contrário, elanão poderá ser alegada. Quem presencia um crime,por exemplo, não pode dizer ao Juiz que não pode tes-temunhar por razões de consciência - não há ato quesubstitua o depoimento dessa pessoa e, portanto, nãohá prestação alternativa que possa ser aplicada.

Liberdade de expressão

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artís-tica, científica, e de comunicação, independente decensura ou licença;

Censura, segundo Michel Temer, é a “verificação dopensamento antes de sua divulgação, com o intuito

de impedir a circulação de certas idéias”.É um crivo prévio do Estado sobre qualquer publicaçãoLicença (no presente contexto) é a autorização emiti-da por órgãos oficiais para a publicação de jornais eperiódicos.

Estes dois institutos, utilizados exaustivamente noperíodo da ditadura e demais estados de Exceção,hoje não têm mais lugar. É lógico que o administradorfaça uma classificação, como disposto no artigo 220da CF:

Art. 220, § 3o - Compete à lei federal:I - regular as diversões e espetáculos públicos, ca-bendo ao Poder Público informar sobre a naturezadeles, as faixas etárias a que não se recomendem,locais e horários em que sua apresentação se mostreinadequada;II - estabelecer os meios legais que garantam à pes-soa e à família a possibilidade de se defenderem deprogramas ou programações de rádio e televisão quecontrariem o disposto no art. 221, bem como da pro-paganda de produtos, práticas e serviços que pos-sam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a hon-ra e a imagem das pessoas, assegurado o direito àindenização pelo dano material ou moral decorrentede sua violação;

A publicação ou a divulgação de fotos, segredos, car-tas ou informações que firam a vida íntima, a privaci-dade, a honra ou a imagem das pessoas gera obriga-ção de reparação.Direito à imagem é, no dizer de Celso Bastos, “o direi-to de ninguém ver o seu retrato exposto em públicosem o seu consentimento”.

Inviolabilidade da casa

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguémnela podendo penetrar sem consentimento do mora-dor, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, oupara prestar socorro, ou, durante o dia, por determina-ção judicial;

Dia é o período entre o nascer do sol e o pôr do sol.

Não se pode pensar que no Brasil, país com quatrohorários oficiais, determinada hora significa dia ou noite.

Noite é o período em que não há luz solar.

Durante o dia, somente poder-se-á entrar na casa semconsentimento do morador em quatro situações:

1. flagrante delito (exemplo: o marido está espancan-do a mulher). Os exemplos dados em prova sempre

Page 10: Noções de Direito Constitucional

trazem o verbo no gerúndio, p. ex.: está roubando acasa.2. desastre (o telhado está desmoronando);3. para prestar socorro (o morador quebrou a perna enão consegue se levantar);4. por ordem judicial (mandado de prisão), ou manda-do de busca.

Durante a noite, a invasão da residência somente éadmitida nas três primeiras hipóteses. Uma ordemjudicial jamais poderá autorizar, por si só, invasão decasa alheia à noite.

Inviolabilidade da correspondência

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e dascomunicações telegráficas, de dados e das comuni-cações telefônicas, salvo, no último caso, por ordemjudicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabele-cer para fins de investigação criminal ou instrução pro-cessual penal;

O direito assegurado neste inciso é reflexo do direitode intimidade.

A inviolabilidade das correspondências e demais co-municações telegráficas é absoluta, mas a das co-municações telefônicas, não, sendo permitido colo-car escutas e gravar conversas telefônicas, desde quehaja ordem judicial neste sentido, e apenas com fina-lidade de investigação criminal ou de instrução pro-cessual penal.

Observe que a redação deste inciso é restritiva: não épermitida a escuta telefônica, por exemplo, para ins-truir um processo civil.

Liberdade de exercício de profissão

XIII- é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ouprofissão, atendidas as qualificações profissionais quea lei estabelecer;

A exigência de qualificação profissional para o exercí-cio de determinadas profissões é necessária. Imagi-ne, por exemplo, o que aconteceria se uma pessoa,sem diploma de médico, saísse por aí dando remédi-os e operando pacientes...

Cada profissão é regulamentada por uma lei específi-ca. Para ser jornalista, por exemplo, não há a neces-sidade de diploma de nível superior.

Direito de acesso à informação

XIV - é assegurado a todos o acesso à informação eresguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao

exercício profissional;

Os jornalistas, por exemplo, não são obrigados a re-velar suas fontes, mas devem, sempre, assinar a ma-téria, de modo que, se ofenderem alguém, serãoresponsabilizados pelo que tiverem publicado.

Este disposto constitucional é também usado para jus-tificar a legalidade dos serviços de disque-denúncia.

Direito de locomoção

XV- é livre a locomoção no território nacional em tem-po de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos dalei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seusbens;

A expressão “qualquer pessoa” é ampla e abarca nãoapenas os brasileiros como também os estrangeiros.

A liberdade de ir e vir pode ser limitada pelo PoderPúblico em caso de guerra.

Direito de reunião

XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem ar-mas, em locais abertos ao público, independentemen-te de autorização, desde que não frustrem outra reu-nião anteriormente convocada para o mesmo local,sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade com-petente;

As pessoas são livres para fazer passeatas, protes-tos, manifestações etc., não necessitando de autori-zação do Poder Público para esse fim.

A exigência de prévio aviso atende a uma necessida-de administrativa, e foi feita para que a autoridade com-petente possa tomar as providências necessárias,como, por exemplo, interditar o trânsito, liberar ruas,convocar força policial para garantir a realização dareunião etc.

Tal exigência se justifica para se evitar a realizaçãode manifestações antagônicas no mesmo horário elocal.

Direito de associação

XVII - É plena a liberdade de associação para finslícitos, vedada a de caráter paramilitar;

Assim como a liberdade de reunião, a liberdade deassociação também é direito coletivo. A grande dife-rença entre reunião e associação reside na duração ena finalidade de ambas.

Segundo José Afonso da Silva, a associação é umareunião estável e permanente de pessoas que visamum fim comum.

Page 11: Noções de Direito Constitucional

Associação paramilitar, proibida pela Lei Maior, é aque se destina ao treinamento de pessoas no manejode armas, e que adota rigidez hierárquica semelhanteà do exército, com objetivos escusos, ilegais, comoos esquadrões da morte, por exemplo.

XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, ade cooperativas independem de autorização, sendovedada a interferência estatal em seu funcionamento;

Em relação às cooperativas, há necessidade de leiordinária que regulamente sua criação, o que deverá olegislador regular oportunamente.

Tanto para as associações como para as cooperati-vas, não se permite qualquer interferência estatal emseu funcionamento, desde que estejam de acordo comas normas legais.

Há inovação, pois o Estado não mais interfere na sea-ra dos seus cidadãos, quando estes não ameaçamsuas estruturas democráticas. Pela Constituição an-terior havia a necessidade de autorização do Estado.

XIX - as associações só poderão ser compulsoria-mente dissolvidas ou ter suas atividades suspensaspor decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, otrânsito em julgado;

Somente o Poder Judiciário, e apenas ele, poderádecretar a suspensão das atividades de uma associa-ção ou decretar sua dissolução.

Suspensão é a paralisação temporária das atividadesda associação.

Dissolução é o desaparecimento da sociedade, domundo jurídico.

Se a decisão da justiça for pela postura mais grave,ou seja, pela dissolução da associação, deverá, ne-cessariamente ter ocorrido o trânsito em julgado dadecisão, ou seja, deverão ter-se esgotado todos osrecursos possíveis contra aquela decisão, que se tor-na, então, definitiva.

Exemplificando: o juiz, de um fórum qualquer, decide,em sua sentença, pela dissolução da sociedade. Osrepresentantes desta têm o direito de apelar destadecisão para um órgão de segunda instância, superi-or a este juiz. Resolvem fazê-lo e perde novamente asociedade. Ainda não ocorreu o trânsito em julgado,pois ainda há o direito de se entrar com recurso espe-cial, para o Superior Tribunal de Justiça, ou recursoextraordinário, para o Supremo Tribunal Federal (sematéria constitucional). Perdendo novamente, aí não

haverá mais recurso possível: ocorreu o trânsito emjulgado, cujo resultado é a coisa julgada, ou seja, asentença imutável, não mais passível de alteração.

Liberdade de associação

XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se oua permanecer associado;

O fato de se exigir a filiação de determinados profissi-onais aos respectivos Conselhos Regionais (CREA,CRM, CRP, OAB, CRC etc.), sob pena de exercícioilegal da profissão indica situação em que este incisonão é aplicado. Tal exigência, entretanto, parece en-contrar respaldo constitucional no artigo 149 da CF,que outorga à União competência para instituir contri-buições de interesse das categorias profissionais oueconômicas.

XXI- as entidades associativas, quando expressamen-te autorizadas, têm legitimidade para representar seusfiliados judicial ou extrajudicialmente;

Observe, que a autorização tem que ser expressa.Uma associação de funcionários públicos aposenta-dos, por exemplo, pode, mediante procuração de seusfiliados, mover um processo contra o Estado para ob-ter benefícios a que estes façam jus (representaçãojudicial). Da mesma forma, um sindicato de trabalha-dores pode entrar, em nome de seus filiados, em ne-gociação com o sindicato patronal para efetuar deter-minados acertos salariais (representaçãoextrajudicial).

Direito de propriedade

XXII- é garantido o direito de propriedade;

Não é o direito de ser proprietário de quaisquer bens,pois este direito é permitido em qualquer país do mun-do. Entende-se que o corpo constitucional enfoca apropriedade privada dos meios de produção, com, porexemplo, fabricas, escolas, fazendas etc.. Na econo-mia planificada não há esta defesa.

O direito de propriedade, enunciado aqui de forma ge-nérica, sofrerá restrições nos incisos seguintes.Função social da propriedade

XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

Ao se exigir o cumprimento da função social da pro-priedade, teve o legislador constituinte a idéia de quea propriedade urbana e a rural não mais poderiam ser-vir para o simples acréscimo patrimonial, mas simdeveriam ter um destino na sociedade.

Page 12: Noções de Direito Constitucional

Para se entender este inciso, é necessário esclarecerque a “função social” da propriedade varia, conformeseja ela urbana ou rural.

O art. 182, § 2o da CF diz o seguinte: “a propriedadeurbana cumpre sua função social quando atende àsexigências fundamentais de ordenação da cidade ex-pressas no plano diretor”.

O plano diretor é um instrumento de política de desen-volvimento e expansão urbana, exigido pela CF paracidades com mais de 20.000 habitantes; nele sãoenumeradas as obrigações dos proprietários de imó-veis urbanos e as punições que sofrerão, caso não ascumpram.

Em relação às propriedades rurais, o art. 186 da CFdiz o seguinte: “A função social é cumprida quando apropriedade rural atende, simultaneamente, segundocritérios e graus de exigência estabelecidos em lei,aos seguintes requisitos:I - aproveitamento racional e adequado;II - utilização adequada dos recursos naturais dispo-níveis e preservação do meio ambiente;III - observância das disposições que regulam as re-lações de trabalho;IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprie-tários e dos trabalhadores.”

Aquelas propriedades que não cumprirem a sua fun-ção social poderão sofrer desapropriação, nos termosdo inciso seguinte:

Desapropriação

XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desa-propriação por necessidade ou utilidade pública, oupor interesse social, mediante justa e prévia indeniza-ção em dinheiro, ressalvados os casos previstos nes-ta Constituição;

Desapropriação é a transferência compulsória da pro-priedade de um bem de uma determinada pessoa parao Estado, em razão de necessidade pública, utilidadepública ou interesse social.Necessidade pública é aquela que o Poder Públicosente em relação a determinado bem e que só podeser resolvida com a transferência deste.

Utilidade pública afere-se pela conveniência da utili-zação do bem.

Interesse social ocorre quando se visualizam benefí-cios à coletividade.

Embora este inciso diga que a desapropriação deverá

ser precedida de pagamento prévio e justo em dinhei-ro, nem sempre é assim. O texto constitucional enu-mera exceções à indenização em dinheiro:· nas desapropriações para fins de reforma agrária, aindenização será feita mediante títulos da dívida agrá-ria (art. 184, da CF);· no caso de desapropriação-sanção (desapropriaçãoaplicada ao proprietário de imóvel urbano que não pro-mova o seu adequado aproveitamento), o pagamentoé feito mediante títulos da dívida pública (art. 182, §4º, III).

O art. 243, da CF, diz que o Estado deverá tomar apropriedade que foi utilizada para plantio de plantaspsicotrópicas ilegais; neste caso, entretanto, não setrata de desapropriação, porque não há qualquer inde-nização, e é da essência do instituto da desapropria-ção que sempre haja indenização.

A Constituição utiliza a expressão expropriação deforma inadequada, pois tal expressão tem o mesmosentido da palavra desapropriação.

Requisição administrativa

XXV - no caso de iminente perigo público, a autorida-de competente poderá usar de propriedade particular,assegurada ao proprietário indenização ulterior, sehouver dano;

Este inciso traz mais uma restrição ao direito de pro-priedade: é a chamada requisição administrativa ouutilização de propriedade alheia.

Diferentemente da desapropriação, neste caso não háalteração no Cartório de Títulos e Documentos, umavez que não houve qualquer alteração de domínio(dono). O proprietário perderá apenas o direito de usar,perderá o direito de posse, que, temporariamente,passará ao Estado.

Ao término do perigo, deve a administração públicadevolver o imóvel. Se houver a constatação de dano,far-se-á o ressarcimento posteriormente.

Convém lembrar, ainda, que há uma outra requisiçãoadministrativa, efetuada em situações outras que nãoem “iminente perigo”. A Justiça Eleitoral, por exem-plo, pode perfeitamente requisitar um prédio particularpara que nele sejam realizadas eleições.

Proteção à pequena propriedade rural

XXVI- a pequena propriedade rural, assim definida emlei, desde que trabalhada pela família, não será obje-to de penhora para pagamento de débitos decorren-

Page 13: Noções de Direito Constitucional

tes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobreos meios de financiar o seu desenvolvimento;

A pequena propriedade rural, de acordo com o CódigoFlorestal, tem um tamanho variável de acordo com aregião do país onde se encontrar.

Penhora é o ato judicial pelo qual são apreendidos osbens do devedor para que por eles se cobre o credordo que lhe é devido.

Esse inciso protege o pequeno agricultor que poderiaperder sua propriedade em virtude do não-pagamentodos empréstimos que fez para o plantio.

Para que a propriedade não seja objeto de penhora,ela deverá ser pequena e ser trabalhada pela família;além disso, a dívida deverá ter sido contraída em fun-ção da atividade produtiva.

O favor constante nesse inciso não abrange dívidasfiscais, pelo que poderá ser efetuada a penhora emdecorrência do não-pagamento de tributos.

Diz ainda, o legislador, remetendo o assunto a lei pos-terior, que haverá normas para permitir o desenvolvi-mento desse pequeno produtor.

Direito autoral

XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo deutilização, publicação ou reprodução de suas obras,transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;

Segundo a Lei 9.610/98, o direito do autor de explora-ção exclusiva de sua obra é vitalício, ou seja, perdurapor toda sua vida. Perdura também, por toda a vida deseus herdeiros, se estes forem filhos, pais ou cônju-ges. Os demais sucessores do autor gozarão dos di-reitos patrimoniais que este lhes transmitir pelo perío-do de setenta anos, a contar de 1o de janeiro do anosubseqüente ao de seu falecimento. Esgotados es-ses prazos, a obra cai no domínio público, passandoo seu uso a ser inteiramente livre.

Direito à participação individual em obra co-letiva

XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:

a) a proteção às participações individuais em obrascoletivas e à reprodução da imagem e voz humanas,inclusive nas atividades desportivas;

b) o direito de fiscalização do aproveitamento econô-mico das obras que criarem ou de que participarem

aos criadores, aos intérpretes e às respectivas repre-sentações sindicais e associativas;

O constituinte quis proteger a participação individualnas obras coletivas. Uma novela, por exemplo, é com-posta da participação do autor, atores, diretores, as-sistentes e todo o corpo auxiliar.

Quem de alguma forma colaborou na elaboração deuma produção deverá ser contemplado com uma por-centagem da venda dessa obra.

Estendeu-se, também esse direito à reprodução daimagem e da voz humanas e às atividades desportivas.

Privilégio de invenção industrial

XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos in-dustriais privilégio temporário para sua utilização, bemcomo proteção às criações industriais, à propriedadedas marcas, aos nomes de empresas e a outros sig-nos distintivos, tendo em vista o interesse social edesenvolvimento tecnológico e econômico do País;

Caso o direito do inventor contrarie o interesse coletivo,este último prevalecerá, pois o interesse coletivo é su-premo e indisponível em relação ao individual.

O privilégio de invenção industrial, no caso, consisteno direito de obter patente de propriedade do invento eno direito de utilização exclusiva desse invento. Poreste inciso, tal privilégio deverá ser temporário, isto é,a lei ordinária que for regulá-lo não poderá torná-loperpétuo.

Direito de herança

XXX- é garantido o direito de herança;

Ao assegurar o direito de herança, a Constituição im-pede que o Estado se aproprie dos bens do falecido.

XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situadosno País será regulada pela lei brasileira em benefíciodo cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que nãolhes seja mais favorável a lei pessoal do ‘de cujus’;

“De cujus” é a pessoa que morreu. Se for estrangeira, asucessão dos seus bens pode ser regulada por duasmaneiras: ou pela lei do seu país de origem, ou pela leido país onde estão situados os seus bens. Se os bensestiverem no Brasil, aplicar-se-á sempre a lei que formais favorável aos filhos ou cônjuge brasileiros.

Page 14: Noções de Direito Constitucional

Defesa do consumidor

XXXII- o Estado promoverá, na forma de lei, a defesado consumidor;

A regulamentação deste inciso adveio com a promul-gação do Código de Defesa do Consumidor, Lei nº8.078/90.

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públi-cos informações de seu interesse particular, ou deinteresse coletivo ou geral, que serão prestadas noprazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalva-das aquelas cujo sigilo seja imprescindível à seguran-ça da sociedade e do Estado;

Excetuando-se as informações que coloquem em ris-co a segurança da sociedade e do Estado, a respostaao pedido de informação é obrigatória, sob pena deser aberto processo administrativo contra o funcioná-rio competente.

Além disso, em havendo recusa em fornecer dadosligados à pessoa do requerente, poder-se-á obrigar oPoder Público a entregá-los, utilizando-se o institutodo habeas data, consagrado no inciso LXXII.

Direito de petição

XXXIV - são a todos assegurados, independentementedo pagamento de taxas:a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defe-sa de direito ou contra ilegalidade ou abuso de poder;b) a obtenção de certidões em repartições públicas,para defesa de direitos e esclarecimento de situaçõesde interesse pessoal;

Neste inciso temos a consagração do direito de peti-ção, ou direito de representação. Por ele qualquerpessoa, tanto física quanto jurídica pode fazer um re-querimento endereçado aos órgãos do Poder Público,pleiteando um direito individual ou demonstrando quecontra si ou seu interesse (seja individual ou coletivo)cometeu-se uma ilegalidade (violou-se a lei) ou algumabuso de poder, por parte de um agente público.

Poder Público é toda e qualquer entidade governa-mental, seja da União, dos Estados-membros, dosMunicípios, do Distrito Federal, dos Territórios, dasautarquias e fundações públicas, seja do Poder Exe-cutivo, Legislativo ou Judiciário.

Certidão é o documento onde um funcionário público ates-ta algo que se encontra em seus livros e registros.

Muito embora o legislador quisesse garantir o

asseguramento da obtenção de certidões, junto àsrepartições públicas, independentemente de qualquerpagamento, isto não ocorre na prática porque se co-bram os valores do papel, da tinta gasta, do carbono edo tempo despendido pelo servidor, sob a denomina-ção de “emolumentos”, ou “custas judiciais”.

Jurisdição universal ou Jurisdição Única

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Ju-diciário lesão ou ameaça a direito;

Esse princípio é consagrado como princípio dainafastabilidade do controle jurisdicional ou princípioda universalidade da jurisdição.

Qualquer pessoa que sinta que seu direito está sendoameaçado, ou que entenda que sofreu uma lesãomerecedora de reparos, tem o direito de ir ao Judiciá-rio buscar uma solução, na forma de uma sentençaproferida pelo juiz.

Houve aqui um enorme ganho em relação à redaçãodeste princípio na Constituição de 1967, que dizia queo ingresso em juízo poderia ser condicionado a quese exaurissem previamente as vias administrativas. Aregra, hoje, é que qualquer pessoa pode recorrer aoJudiciário, independentemente de abrir ou não processoadministrativo. Excepciona, o legislador constituinte,apenas em relação à justiça desportiva (art. 217, §1o).

XXXVI- a lei não prejudicará o direito adquirido, o atojurídico perfeito e a coisa julgada;Busca-se garantir aqui a segurança jurídica, conce-dendo-se às pessoas estabilidade nas suas relaçõesjurídicas com o Estado. Normas supervenientes (ouseja, que sobrevenham posteriormente) não podemsuprimir atos consumados.

Ato jurídico perfeito, segundo o art. 6º, §1º da Lei In-trodução ao Código Civil, é o ato consumado de acor-do com a lei vigente ao tempo em que se efetuou. Comotodo ato jurídico, deve obedecer aos seguintes requisi-tos: agente capaz, vontade livre, objeto lícito e formaprescrita ou não defesa (proibida) em lei.

Coisa julgada, segundo o art. 6º, §3º da Lei Introdu-ção ao Código Civil, é a decisão judicial de que já nãocaiba recurso.

Direito adquirido é aquele que permite gozar dos efei-tos de lei não mais em vigor, por já ter sido incorpora-do ao patrimônio do seu titular, isto é, já ser de suapropriedade.

É importante notar que não se pode alegar direito ad-

Page 15: Noções de Direito Constitucional

quirido se o prejuízo for decorrente de emenda consti-tucional ou de dispositivo da própria Constituição 1. Olegislador deixa claro, no início do inciso que a vedaçãoem causa se destina à lei, isto é, ao ordenamentoinfraconstitucional.

XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;

Proíbe-se a criação de tribunais ou juízos que nãosejam aqueles previstos no art. 92 da CF. Os julga-mentos somente poderão ser realizados por juízes outribunais pertencentes à estrutura do Poder Judiciá-rio, a saber: Supremo Tribunal Federal, Superior Tri-bunal de Justiça; os Tribunais Regionais Federais eJuízes Federais; os Tribunais e Juízes do Trabalho;os Tribunais e Juízes Eleitorais; os Tribunais e JuízesMilitares; os Tribunais e Juízes dos Estados e do Dis-trito Federal e Territórios.

O mais famoso tribunal de exceção da história foi oque julgou os oficiais nazistas com o término da 2ªGrande Guerra, o Tribunal de Nuremberg. Noordenamento brasileiro não haverá casos a serem jul-gados fora dos poder judiciário, por mais hediondo queseja o crime.

XXXVIII- é reconhecida a instituição do júri, com aorganização que lhe der a lei, assegurados:a) a plenitude de defesa;b) o sigilo das votações;c) a soberania dos veredictos;d) a competência para o julgamento dos crimes dolososcontra a vida;

Júri é o órgão julgador formado por sete pessoas dopovo, destinado a julgar crimes dolosos contra a vida,a saber: homicídio (matar alguém), infanticídio (mataro próprio filho logo após o parto, em virtude do estadopuerperal), aborto, e instigação, induzimento ou auxí-lio ao suicídio.

Ao jurado compete apenas examinar os fatos e dizerse o réu deverá ser condenado ou absolvido. O votoemitido pelo jurado é secreto. Ao final da votação édado conhecimento ao réu de sua sentença. O juradonão aplica a pena, função esta que cabe exclusiva-mente ao juiz. No inciso acima, soberania dos veredic-tos quer dizer que o juiz é obrigado a acatar a decisãodos jurados, mesmo que não concorde com ela.

Ao réu deverá ser assegurada a mais ampla defesa,ou seja, não serão admitidos quaisquer atos que im-peçam ou cerceiem seu direito de defesa. Não pode ojuiz indeferir uma prova ou uma testemunha, sob penade violação desse preceito constitucional.

Princípio da anterioridade da lei penal

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina,nem pena sem prévia cominação legal;

Toda conduta, para ser considerada criminosa, deveráestar previamente descrita em lei enquanto tal; asso-ciada a essa conduta deverá vir a cominação legal dapena, ou seja, a previsão legal de qual sanção seráaplicada.

Para que haja um crime, é necessário que a lei que odescreve esteja em vigor antes de o ato ser praticado.Se lei posterior vier a prever uma conduta como crimi-nosa, seus efeitos serão da data de sua publicaçãopara frente. A lei penal, portanto, jamais retroagirá, istoé, jamais alcançará atos praticados antes de sua pu-blicação, exceto na situação seguinte:

Princípio da retroatividade da norma penalmais benéfica ao infrator

XL- a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar oréu;

Depreende-se que somente retroagirá a lei penal quenão mais caracterizar determinada conduta como cri-minosa ou que diminuir a pena a ser aplicada ao crimi-noso, pois, nestes casos, o réu será beneficiado.

XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatóriados direitos e liberdades fundamentais;

Esse inciso não é um dispositivo auto-executável, pre-cisando da expedição de lei regulamentando-o.

Repúdio ao racismo

XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançávele imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos ter-mos da lei;

Fiança é o direito subjetivo que permite ao acusado,mediante caução (depósito em dinheiro nos cofrespúblicos) e cumprimento de certas obrigações, con-servar sua liberdade até a sentença condenatóriairrecorrível.

Dizer que o racismo é crime inafiançável significa di-zer que o acusado não poderá responder ao processo

1 O art. 17, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,por exemplo, diz o seguinte: “Os vencimentos, a remuneração,as vantagens e os adicionais, bem como os proventos deaposentadoria que estejam sendo percebidos em desacordocom a Constituição serão imediatamente reduzidos aos limitesdela decorrentes, não se admitindo, neste caso, invocaçãode direito adquirido ou percepção de excesso a qualquertítulo”.

Page 16: Noções de Direito Constitucional

em liberdade, através de fiança.

Prescrição é a perda do direito do Estado de punir,em razão do tempo excessivamente grande deman-dado na apuração do caso. Conforme diz MaximilianusFührer, “se a pena não é imposta ou executada dentrode determinado prazo, cessa o interesse da lei pelapunição, passando a prevalecer o interesse pelo es-quecimento e pela pacificação social”.

Dizer que o crime de racismo é imprescritível significaque o Estado poderá levar o tempo que for necessáriopara efetuar a sua apuração, que a prescrição nãoocorrerá. Após a apuração e devida sentença penalcondenatória, o infrator cumprirá sua pena.

Reclusão é uma modalidade de pena privativa de li-berdade, que se aplica a crimes dolosos e, portanto,mais graves, e cujo início de cumprimento de pena sedará em regime fechado (preso), ou semi-aberto (tra-balha em colônia penal agrícola de dia, e se recolhe ànoite na cela para dormir) ou aberto (fica em sua pró-pria casa).

Como o legislador nos diz que a pena para o crime deracismo é de reclusão, o início de seu cumprimentoserá atrás das grades, ou seja, em regime fechado,podendo mudar posteriormente para o semi-aberto ebem mais tarde, para o aberto.

XLIII- a lei considerará crimes inafiançáveis einsuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura,tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terro-rismo e os definidos como crimes hediondos, por elesrespondendo os mandantes, os executores e os que,podendo evitá-los, se omitirem;

Graça é o ato de competência privativa do Presidenteda República, pelo qual se defere pedido individual deperdão ou de diminuição da pena do crime cometido.Se for concedida, ela extingue a punibilidade, ou seja,reconhece-se que houve crime, mas a ele não se apli-cará a pena.A anistia se dá por lei elaborada pelo Congresso Naci-onal, onde se perdoa o ato criminoso, extinguindo-setodas as ações penais a ele referentes. Não pode oanistiado recusar a anistia, uma vez que esta é o es-quecimento da própria infração, apagando-a, como seela nunca tivesse existido.

Os crimes hediondos são enumerados pela Lei 8.930,de 6.09.94, conforme segue:a) homicídio quando praticado em atividade típica degrupo de extermínio, ainda que cometido por um sóagente, e homicídio qualificado;b) latrocínio (roubo seguido e morte);c) extorsão mediante seqüestro;d) extorsão qualificada pela morte;

e) estupro;f) atentado violento ao pudor;g) epidemia com resultado morte;h) genocídio.

Como se vê, a prática da tortura, o tráfico ilícito deentorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os cri-mes hediondos não poderão se beneficiar de fiança,graça ou anistia. Além disso, todos os que participa-ram da conduta criminosa e os que, podendo evitá-la,se omitiram, responderão ao processo sob pena dereclusão.

XLIV- Constitui crime inafiançável e imprescritível aação de grupo armados, civis ou militares, contra aordem constitucional e o Estado Democrático;

O inciso em pauta vem reforçar a defesa do regimepolítico adotado neste país, que é a democracia, e adefesa da ordem constitucional.

Princípio da personalização da pena

XLV- Nenhuma pena passará da pessoa do condena-do, podendo a obrigação de reparar o dano e a decre-tação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,estendidas aos sucessores e contra eles executadas,até o limite do valor do patrimônio transferido;Quando o autor de um determinado crime falecer, suafamília não irá para a cadeia cumprir o que resta dapena por ele. É este o princípio da personalização dapena. Tal regra difere de outros ordenamentos do mun-do em que a família sofre pelo ilícito cometido por umde seus membros, com casas demolidas, por exem-plo.

Há, entretanto, uma segunda questão envolvida aí, queé de natureza patrimonial. Qualquer crime cometidoimplicará em reparação de dano, e a obrigação deindenizar, esta sim, passará aos familiares do de cujus,mas somente até o limite do que receberam na su-cessão, resguardados os direitos do cônjuge-meeiro(aquele que fica com a metade dos bens).Exemplificando: Carlos cometeu crime de falsidade efoi condenado a uma pena de 5 anos. Cumpre 2 anose falece. Sua mulher e filhos não responderão crimi-nalmente. Enquanto estiveram casados, Carlos e aesposa auferiram, de forma lícita, uma casa e um te-lefone, que equivalem a 100 mil reais. 50 mil é deCarlos e 50 mil é da viúva. Só a parte de Carlos é quedeve indenizar os prejuízos ocasionados a terceiros,pelos documentos falsificados, e não o patrimônio in-teiro.

Perdimento de bens, no sentido original, era a devolu-ção aos cofres públicos de quantias subtraídas do pró-prio erário, ou em decorrência de enriquecimento ilíci-to gerado pelo exercício de cargo, função ou emprego

Page 17: Noções de Direito Constitucional

na administração direta ou indireta. A ConstituiçãoFederal, entretanto, não exige que o infrator seja fun-cionário público para ser-lhe aplicada a pena deperdimento de bens. Basta que cause prejuízo aoEstado.

Princípio da individualização da pena

XLVI- a lei regulará a individualização da pena e ado-tará, entre outras, as seguintes:a) privação ou restrição da liberdade;b) perda de bens;c) multa;d) prestação social alternativa;e) suspensão ou interdição de direitos;

Individualização da pena significa dizer que o juiz de-verá aplicar a pena coerentemente com o crime co-metido e com as condições do infrator. Não deve ojuiz agir de forma arbitrária, perseguindo os fracos eprivilegiando os mais fortes. Ou ainda, determinandoa mesma quantidade da pena independente do grauda participação individual em um ilícito coletivo.

A determinação da pena deve ter por base uma rela-ção de proporcionalidade, aferida por dois critérios: oqualitativo e o quantitativo. O critério qualitativo nosdiz que crimes mais graves devem ter penas maisseveras. O critério quantitativo nos diz que a penadeverá ser aplicada em maior ou menor grau, confor-me a maior ou menor culpabilidade do infrator.

Além dessas duas relações devemos analisar os an-tecedentes criminais do réu, sua personalidade, suaconduta social e familiar, os motivos determinantesdo crime, gravidade da conduta etc.

Somente a lei pode criar penas e o legislador enume-ra alguns tipos, podendo perfeitamente ser criadasoutras, uma vez que a enumeração é meramenteexemplificativa:a) privação ou restrição de liberdade

O Código Penal divide essa pena em detenção e re-clusão. Na reclusão, o preso inicialmente cumprirásua pena em regime fechado, em isolamento celular,ou seja, preso em uma cela. Na detenção, poderáiniciar o cumprimento de sua pena em regime semi-aberto, ou seja, trabalha durante o dia em colônia pe-nal agrícola, ao ar livre, e à noite, recolhe-se à cela.

b) perda de bens;

É a perda em favor da União dos instrumentos do cri-me ou do produto do crime ou qualquer bem ou valorque constitua proveito auferido pelo infrator com a prá-

tica de fato criminoso.

c) prestação social alternativa;

Essa pena consiste na atribuição ao condenado detarefas gratuitas junto a entidades assistenciais, hos-pitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos.

d) suspensão ou interdição de direitos;

Implica na perda permanente (interdição) ou temporá-ria (suspensão) de direitos. Perfaz-se, por exemplo,com a proibição para o exercício do cargo, função ouatividade pública, ou mandato eletivo; com a proibiçãodo exercício de profissão, atividade ou ofício que de-pendam de habilitação especial, de licença ou autori-zação do poder público; com a suspensão de autori-zação ou de habilitação para dirigir veículos etc.

XLVII - não haverá penas:a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nostermos do art. 84, XIX;b) de caráter perpétuo;c) de trabalhos forçados;d) de banimento;e) cruéis;

A pena de morte, prevista no Código Militar, é umaexceção à regra, só sendo permitida em período deguerra.

Não há penas de caráter perpétuo, uma vez que estasprivam o homem de sua condição humana, e não lhepermitem a reeducação, que é objetivo do legislador.

Também não se permite a imposição de trabalhos for-çados. Os trabalhos forçados, por sua própria nature-za, são gratuitos. Nos presídios brasileiros, os pre-sos que trabalharem serão sempre remunerados.

Banimento é a expulsão de brasileiro do território na-cional. A Constituição também não o admite.

XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentosdistintos, de acordo com a natureza do delito, a idadee o sexo apenado;

Isto significa que presos de menor periculosidade de-verão ficar com os de menor periculosidade. Os maisjovens deverão ficar separados dos mais velhos. Asmulheres ficarão em presídios femininos, e os homens,nos masculinos.

XLIX- é assegurado aos presos o respeito à integrida-de física e moral;

Page 18: Noções de Direito Constitucional

O Estado detém a custódia do preso e é responsávelpela sua integridade física e moral. Se uma pessoa forassassinada, estuprada ou maltratada numa prisão,cabe ação de indenização contra o Estado.

L - às presidiárias serão asseguradas condições paraque possam permanecer com seus filhos durante operíodo de amamentação;

Os filhos das presidiárias não podem ser punidos pe-los erros de suas mães; portanto, devem ser criadoscom condições mínimas. Se não houvesse esta ga-rantia, estaria havendo uma apenação dessas crian-ças, constitucionalmente proibida.

LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natu-ralizado, em caso de crime comum, praticado antesda naturalização, ou de comprovado envolvimento emtráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na for-ma da lei;

Extradição é a transferência compulsória de pessoaque está no território nacional para outro país, a pedi-do deste, para que responda a processo ou cumprapena naquele país.

O brasileiro nato nunca poderá ser extraditado.

O brasileiro naturalizado somente será extraditadose estiver envolvido em tráfico ilícito de entorpecentesou, para crimes comuns, se os tiver cometido antesde sua naturalização (ou seja, quando ainda era es-trangeiro).

LII - não será concedida extradição de estrangeiro porcrime político ou de opinião;

Vimos anteriormente que a concessão de asilo políticoé um dos princípios que regem as relações de nossopaís com os demais. Daí a vedação contida neste inciso.Para se considerar o crime como político, entretanto,deverão ser analisados vários fatores, tais como: osmotivos do crime, a psicologia do autor, o ambientepolítico existente no Estado reclamante etc.

LIII - ninguém será processado nem sentenciado se-não pela autoridade competente;

Dada a complexidade de nosso ordenamento jurídico,o processo e o proferimento da sentença deverão serfeitos por um juiz que tenha competência para julgar aquestão. Desta forma, há um juiz competente parajulgar questões tributárias, outro para julgar questõesde família, outro para julgar questões trabalhistas etc.Busca-se, assim, assegurar que a justiça seja feita.

Princípio do devido processo legal

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seusbens sem o devido processo legal;

O devido processo legal é uma garantia processualpenal. É a seqüência de atos necessários para se che-gar à sentença final, sendo que, necessariamente, neledeverão estar presentes as garantias seguintes:

Princípio da ampla defesa e do contraditório

LV - aos litigantes, em processo judicial ou adminis-trativo, e aos acusados em geral serão asseguradoso contraditório e ampla defesa, com os meios e recur-sos a ela inerentes;

Contraditório é a possibilidade de refutação da acusa-ção e se dá quando as partes são colocadas em péde igualdade, dando-se igual oportunidade ao acusa-do de opor-se ou dar outra versão aos atos produzidospela outra parte contra ele.

Ampla defesa é o direito do acusado de apresentar,no processo, todos os meios lícitos necessários paraprovar sua inocência (testemunhas, documentos etc.).

Importante inovação é a extensão do contraditório eda ampla defesa para os processos administrativos.Revogou-se, assim, a lei ordinária anterior à atual Cons-tituição, que permitia que os processos administrati-vos corressem em segredo de justiça, muitas vezes,à revelia do funcionário, que só era notificado do resul-tado final, sem ter tido o direito de exercer o direito dedefesa.

LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obti-das por meios ilícitos;

A licitude dos meios usados na obtenção das provasé necessária para a transparência e a seriedade pro-cessuais. Imagine o que aconteceria se o Poder Judi-ciário admitisse, nos processos, provas obtidas, porexemplo, mediante tortura, suborno de testemunhas,ameaças às pessoas ligadas ao acusado, escutastelefônicas sem autorização do juiz, furto de corres-pondência...

Princípio da não-culpabilidade

LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsi-to em julgado de sentença penal condenatória;

Consagrou-se aqui a garantia do princípio da inocên-cia, ou como querem alguns doutrinadores, princípioda não-culpabilidade, instituto fundamental do Estado

Page 19: Noções de Direito Constitucional

de Direito.

O acusado será considerado inocente até que haja otrânsito em julgado da sentença condenatória.

A Constituição, por este inciso, não recepcionou osartigos do Código de Processo Penal que determina-vam que se mandasse o nome do acusado para o roldos culpados, após a primeira decisão penalcondenatória. Muitas vezes o réu apelava desta sen-tença para o Tribunal e lá ganhava a causa, sendoabsolvido; sofria, contudo, um prejuízo enorme, umavez que o seu nome já estava fazendo parte dos no-mes de pessoas com antecedentes criminais, portan-to, culpadas.

LVIII - o civilmente identificado não será submetido aidentificação criminal, salvo nas hipóteses previstasem lei;

A identificação criminal (coleta de impressões digitaisna delegacia de polícia) configura medida vexatóriaimposta ao cidadão indiciado, que a lei presume ino-cente até que sentença irrecorrível diga o contrário,não se justificando no caso de ele ter sido identificadono lugar em que o fato ocorreu.

LIX - será admitida ação privada nos crimes de açãopública, se esta não for intentada no prazo legal;

Ação penal pública é aquela cuja iniciativa cabe priva-tivamente ao Ministério Público (promotoria pública).Uma vez que o direito de punir pertence unicamenteao Estado, a regra no direito processual penal é que aação penal seja pública. Este tipo de ação inicia-sepor uma peça chamada “denúncia” e que somente opromotor de justiça poderá elaborar (art. 129, I da CF).

A ação penal privada é aquela cuja iniciativa cabe aoparticular ofendido. É ele que ingressa nos autos comotitular da ação penal, para que se persiga e se puna oinfrator.

Quem determina quais são os casos de ação penalpública e quais são os casos de ação penal privada éa lei. O crime de difamação, por exemplo, é de açãopenal privada, ao passo que o crime de homicídio é deação penal pública.

O prazo que o promotor de justiça tem para elaborar a“denúncia” é de 5 dias, para o réu que está preso, e15 dias, para o réu que está respondendo processoem liberdade. Mas pode ser que ele, por estar atarefa-do, perca o prazo. Neste caso pode o particular inten-tar a ação privada subsidiária da pública. Mas só sepermitirá a ação privada subsidiária da pública quan-do o Ministério Público, que é quem deve propor a

ação, não o fez dentro do prazo.

Publicidade dos atos processuais

LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atosprocessuais quando a defesa da intimidade ou o inte-resse social o exigirem;

Publicidade é aquilo que garante a transparência daatuação dos poderes públicos. Em regra, os atos pro-cessuais deverão ser públicos, ou seja, qualquer pes-soa a eles terá acesso.

Há, todavia, situações em que a lei assegura o sigilodos atos processuais, para resguardar o direito de in-timidade ou em razão do interesse social, como porexemplo, nos casos de guarda de menores, divórcio,investigação de paternidade, investigação de crimescontra a segurança nacional etc.

LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito oupor ordem escrita e fundamentada de autoridade judi-ciária competente, salvo nos casos de transgressãomilitar ou crime propriamente militar, definidos em lei;

Nós já definimos o flagrante delito nos comentários aoinciso XI. A prisão em flagrante delito pode ser decre-tada por qualquer pessoa, independentemente demandado.

Já a prisão preventiva, que é a captura do indiciado oua sua conservação em cárcere, a fim de que estejapresente em juízo e não escape ao cumprimento dasentença, só pode ser decretada pelo juiz competen-te, o juiz criminal. Pode ser feita em qualquer fase doinquérito policial ou ação penal para se garantir a or-dem pública, ou por conveniência da aplicação da leipenal, quando houver prova da existência do crime eindícios suficientes da provável autoria.As pessoas só poderão ser presas: em flagrante deli-to ou por prisão preventiva, decretada por um juiz com-petente, ressalvados os casos de crimes militares.Novamente, a Constituição revogou artigo do Códigode Processo Penal que permitia a prisão administrati-va do civil para averiguações.

LXII- a prisão de qualquer pessoa e o local onde seencontre serão comunicados imediatamente ao juizcompetente e à família do preso ou à pessoa por eleindicada;

A comunicação ao juiz visa permitir o exame dos critéri-os de legalidade da prisão; se for ilegal, o juiz a relaxará,conforme previsto no inciso LXV, logo abaixo.

A comunicação à família tem por objetivo informá-lasobre o paradeiro do preso e permitir que tome as

Page 20: Noções de Direito Constitucional

providências que julgar necessárias (constituição deadvogado, por exemplo).

LXIII- o preso será informado de seus direitos, entreos quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegu-rada a assistência da família e de advogado;

Ada Grinover nos diz que: “o réu, sujeito da defesa,não tem obrigação nem dever de fornecer elementosde prova que o prejudiquem. Pode calar-se ou atémentir. Ainda que se quisesse ver no interrogatórioum meio de prova, isso só seria possível em carátermeramente eventual, em face da faculdade dada aoacusado de não responder”.

O acusado contará, também, com a assistência de suafamília e de advogado. Sendo comprovadamente pobre,caberá ao Estado fornecer-lhe assistência jurídica.

LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsá-veis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;

Procurou-se, neste inciso, dar elementos ao acusadopara apuração de responsabilidades, se caso sofrerabusos no ato da prisão ou no interrogatório. É umapena que essa garantia seja uma faca de dois gumes,uma vez que, com essa proteção, presos perigosospodem se voltar contra as famílias inocentes daque-las pessoas que os denunciaram ou os prenderam.

LXV- a prisão ilegal será imediatamente relaxada pelaautoridade judiciária;

O juiz determinará a soltura daquele que foi ilegal-mente preso, mesmo que não haja pedido de habeascorpus. A verificação de ilegalidade consiste, sobretu-do, no exame dos pressupostos do inciso LXI (exis-tência de flagrante delito ou de mandado de prisãoexpedido pelo juiz competente).

LXVI- ninguém será levado à prisão ou nela mantido,quando a lei admitir a liberdade provisória, com ousem fiança;

Liberdade provisória é o instituto pelo qual se permiteque o acusado permaneça solto, respondendo em li-berdade ao seu processo.

A prisão, como se vê, somente deverá ser efetuadaem último caso, isto é, se a lei não admitir a liberdadeprovisória.

LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a doresponsável pelo inadimplemento voluntário einescusável de obrigação alimentícia e a do depositá-rio infiel;

A prisão civil é admitida somente em duas situações:a) quando o sujeito, mediante sentença judicial, rece-beu a obrigação de pagar pensão alimentícia a tercei-ro e, tendo condições, não o fez;b) no caso do depositário infiel, isto é, o indivíduo quese incumbiu de guardar um bem com a obrigação derestituí-lo, e que não o faz, quando solicitado; o depo-sitário infiel pode pegar pena de até um ano de prisão.

Remédios constitucionais

Nos incisos LXVIII a LXXIII estão previstos os chama-dos “remédios constitucionais”. São instrumentos po-derosos de proteção jurídica a serem utilizados pararesguardar determinados direitos previstos na própriaConstituição.

Habeas corpus

LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre quealguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violên-cia ou coação em sua liberdade de locomoção, porilegalidade ou abuso de poder;

A expressão habeas corpus é de origem latina e sig-nifica “tenha-se o corpo”. Designa instituto jurídico quetem por finalidade precípua proteger a liberdade delocomoção, ou seja, de “mover-se com o próprio cor-po”. Protege, portanto, apenas o direito de pessoa fí-sica e viva (pessoa jurídica, ente abstrato definido emlei, não tem corpo e, portanto, não há como cercear asua liberdade de locomoção).

Há duas espécies de habeas corpus: o preventivo e orepressivo.

Habeas corpus preventivo é aquele utilizado nos casosem que o direito de locomoção está sendo ameaçado(neste caso, será concedido ao paciente um salvo-con-duto, assinado pelo juiz, sendo que uma cópia do mes-mo também será enviada à autoridade coatora).

Habeas corpus repressivo é aquele utilizado quandoa violência ao direito de ir e vir já aconteceu, por ilega-lidade ou abuso de poder (ou seja, o indivíduo já estápreso, detido etc.).

A palavra ilegalidade, aqui, deve ser entendida emsentido amplo, ou seja, como presença de cercea-mento de defesa, acusação baseada em lei posteriorao fato ocorrido, instauração de processo criminalperante juiz incompetente, ausência de defesa emprocesso criminal etc.

Abuso de poder é o exercício irregular do poder, pelotransbordamento, por parte da autoridade, dos limitesde sua competência.

Page 21: Noções de Direito Constitucional

O processamento do habeas corpus é gratuito e podeser impetrado pelo próprio paciente, independentemen-te de interposição de advogado.

Mandado de segurança

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança paraobter direito líquido e certo, não amparado por habeascorpus ou habeas data, quando o responsável pelailegalidade ou abuso de poder for autoridade públicaou agente de pessoa jurídica no exercício de atribui-ções do Poder Público;

Mandado de segurança é um instrumento que protegepor exclusão, ou seja, protege direito líquido e certo,não amparado por habeas corpus ou habeas data.

Direito líquido e certo é o que não mostra dúvida, pelaclareza e evidência com que se apresenta.

O mandado de segurança protege os direitos tanto depessoa física quanto de pessoa jurídica.

É oponível contra qualquer autoridade pública (agen-tes políticos, agentes públicos, agentes delegados,notariais, agentes administrativos, oficiais dos regis-tros públicos) ou contra qualquer agente de pessoajurídica privada, no exercício de atribuição do poder pú-blico (é possível, por exemplo, impetrar mandado desegurança contra o diretor de um hospital particular).

Mandado de segurança coletivo

LXX - o mandato de segurança coletivo pode serimpetrado por:a) partido político com representação no CongressoNacional;b) organização sindical, entidade de classe ou asso-ciação legalmente constituída e em funcionamento hápelo menos um ano, em defesa dos interesses deseus membros ou associados;

Os princípios estudados anteriormente para o manda-do de segurança se aplicam ao mandado de seguran-ça coletivo, que é um instrumento que visa protegerdireito líquido e certo de uma categoria.

Este instituto foi uma inovação introduzida pela Cons-tituição atual e permitiu maior agilidade na soluçãopara determinados abusos cometidos pelo Poder Pú-blico.

Mandado de injunção

LXXI - Conceder-se-á mandado de injunção sempreque a falta de norma regulamentadora torne inviável o

exercício dos direitos e liberdade constitucionais e dasprerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberaniae à cidadania;

Eis outra inovação constitucional. A finalidade do man-dado de injunção é obter, junto ao Poder Judiciário, aciência ao Poder omisso para que supra a sua inérciacriando a norma faltante, possibilitando ao impetrantea viabilidade de fruição de direitos e prerrogativas que,embora previstos em norma constitucional, não con-seguem produzir efeitos no mundo jurídico, por estara referida norma carente de regulamentação.

Habeas data

LXXII - conceder-se-á habeas data:a) para assegurar o conhecimento de informações re-lativas à pessoa do impetrante, constantes de regis-tros ou bancos de dados de entidades governamen-tais ou de caráter público;b) para a retificação de dados, quando não se prefirafazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;

O habeas data assegura o acesso a informações re-ferentes à pessoa do impetrante guardadas em ban-cos de dados governamentais ou de caráter público, epossibilita a retificação desses dados. É direitopersonalíssimo do titular dos dados, isto é, só podeser exercido por este2, e sua interposição é gratuita.

Uma pessoa, por exemplo, cujo nome, por engano,conste na relação de maus pagadores do Serviço deProteção de Crédito, poderá impetrar habeas datacontra esta instituição, para que deixe de constar nocadastro de devedores.

Ação popular

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para proporação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimôniopúblico ou de entidade de que o Estado participe, àmoralidade administrativa, ao meio ambiente e aopatrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvocomprovada má-fé, isento de custas judiciais e doônus da sucumbência;

Cidadão é o sujeito que está em pleno exercício dosseus direitos políticos. Só pode ser cidadão o brasi-leiro nato ou o naturalizado.

A ação popular é instrumento destinado a corrigir todae qualquer lesão ao patrimônio público ou de entidadede que participe o Estado. Ela é uma garantia consti-tucional não apenas judicial, mas também política,

2 A jurisprudência do STF admite a interposição de habeas datapor parentes de pessoas mortas ou desaparecidas.

Page 22: Noções de Direito Constitucional

uma vez que possibilita a participação do cidadão navida pública.

Jamais a pessoa jurídica tem legitimidade para propô-la, uma vez que a pessoa jurídica não pode ter direi-tos políticos, não pode ser cidadã.

O ato lesivo, passível de anulação, é o que atinge amoralidade administrativa (art. 37), o meio ambiente(art. 225), o patrimônio histórico e cultural (art. 216) eo patrimônio público ou de entidade de que o Estadoparticipe.

O cidadão estará agindo de boa-fé se o fizer no inte-resse da comunidade; neste caso, não arcará com ascustas judiciais, que é a verba que se recolhe ao Es-tado por se ter movimentado o Poder Judiciário, e nemcom o ônus da sucumbência, isto é, os honoráriosadvocatícios, pagos por quem perde a ação.

Havendo motivos escusos por parte do cidadão, nocaso de perder a ação, que é movida em seu nome,deverá haver o recolhimento das custas judiciais e doônus de sucumbência.

Os efeitos da ação popular se traduzem ou pela anula-ção do ato lesivo praticado, ou pela sua sustação (casosua consumação esteja prestes a ocorrer), ou pela or-denação da sua prática, na hipótese de omissão (aautoridade deveria ter praticado o ato e não o fez).

Tutela jurisdicional aos hipossuficientes

LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica inte-gral e gratuita aos que comprovarem insuficiência derecursos;

Deve-se entender assistência jurídica aqui de uma for-ma ampla, envolvendo não apenas o provisionamentode advogados para mover ações, mas também as con-sultas para esclarecimento de situações de direito.

Não se deve confundir necessidade commiserabilidade. Basta que o interessado não possaprover as custas do processo sem prejuízo do susten-to próprio e da família, para que se invoque o preceitoconstitucional.

O órgão do Judiciário encarregado de realizar o pre-visto neste inciso é a Defensoria Pública, a respeitoda qual o artigo 134 da Lei Maior diz o seguinte: “ADefensoria Pública é instituição essencial à funçãojurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientaçãojurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessi-tados, na forma do artigo 5o, LXXIV”.

LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro ju-

diciário, assim como o que ficar preso além do tempofixado na sentença;

Estabelece, este inciso, a figura da responsabilidadepatrimonial do Estado, com previsão de indenizaçãopor erros judiciários.

O montante a ser pago a título de indenização seráapurado em via judicial, muito embora não haja vedaçãoexpressa, na Constituição, de indenização adminis-trativa. O valor deverá recompor a situação patrimonialdo lesado e o próprio dano.

LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente po-bres, na forma da lei:a) o registro civil de nascimento;b) a certidão de óbito;

Este inciso, de caráter humanitário ao que tudo indicavem atender, também, a uma necessidade adminis-trativa. O artigo 21, XV, da CF diz que compete à Uniãoorganizar e manter os serviços oficiais de estatística.Constatou-se, todavia, uma defasagem muito grandedessa estatística em áreas muito pobres, onde a po-pulação não tinha dinheiro para registrar o nascimen-to ou a morte dos seus familiares. Daí a gratuidadedesses assentamentos.

LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus ehabeas data, e, na forma da lei, os atos necessáriosao exercício da cidadania.

Atos necessários ao exercício da cidadania, como aemissão do título de eleitor, da carteira de trabalho oude documento de identidade, são gratuitos. Da mes-ma forma, as ações de habeas corpus e de habeasdata, ou seja, para estas últimas não poderá havercustas de preparo (custas judiciais, normalmente 1%do valor da causa), de distribuição, despesas com ofi-cial de justiça etc.

LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, sãoassegurados a razoável duração do processo e os meiosque garantam a celeridade de sua tramitação.(incluído pelaEmenda Constitucional n. 45 de 2004)

A matéria regulada no inciso traz importante inovaçãono tocante ao lapso temporal a ser considerado emum feito. A Constituição Federal passa a assegurar atodos (regra a não comportar exceção), o direito arazoável duração do processo, determinado, assim,que se estabeleçam meios que garantam aceleridade de sua tramitação. O critério fixado pelaLei Maior é subjetivo, ou seja, não estabeleceu prazodeterminado para a conclusão do feito, dada amultiplicidade e diversidade de causas e procedimentosque permeiam os milhares de processos existentes

Page 23: Noções de Direito Constitucional

no país. Relevante atentar que tal norma vale tantopara esfera judicial como para a administrativa.

§ 1º - As normas definidoras dos direitos e garantiasfundamentais têm aplicação imediata.

Desde a promulgação da Constituição Federal, quefoi em 05 de outubro de 1988, esses incisos estuda-dos acima deverão estar no ordenamento jurídico pro-vocando efeitos.

Não esqueçam, porém, que há incisos onde o própriolegislador diz que lei os regulará. Estes, muito embo-ra entrem em vigor também com a promulgação, sóproduzirão efeito plenamente quando devidamente re-gulamentados. De qualquer modo, para os casos con-cretos, se a falta de regulamentação prejudicar o exer-cício de um direito constitucional, caberá, conformevimos anteriormente, mandado de injunção.

§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Consti-tuição não excluem outros decorrentes do regime edos princípios por ela adotados, ou dos tratados inter-nacionais em que a República Federativa do Brasilseja parte.

Manuel Gonçalves Ferreira Filho, nos ensina, acerta-damente, que o dispositivo em exame significa sim-plesmente que a Constituição brasileira, ao enumeraros direitos fundamentais, não pretende ser exaustiva.Por isso, além dos direitos explicitamente reconheci-dos, admite existirem outros, que implicitamente re-conhece, decorrentes dos regimes e dos princípiosque ela adota.

Da mesma forma, aos direitos atualmente existentes,outros poderão ser acrescentados em decorrência detratados internacionais dos quais a República Federa-tiva do Brasil seja signatária.

§ 3º - Os tratados e convenções internacionais sobredireitos humanos que forem aprovados, em cada Casado Congresso Nacional, em dois turnos, por trêsquintos dos votos dos respectivos membros, serãoequivalentes às emendas constitucionais.(incluído pelaEmenda Constitucional n. 45 de 2004)

Este parágrafo fixa-nos a importância e estabelece onível hierárquico dos tratados e convençõesinternacionais sobre direitos humanos dentro de nossoordenamento jurídico. Desde que tais pactos sejamaprovados, na Câmara dos Deputados e no SenadoFederal, em dois turnos, obtendo-se maioria qualificada(três quintos), serão equiparados às emendasconstitucionais (terão a mesma relevância jurídica).As emendas constitucionais incorporam-se à LeiMaior, passando a pertencer, desta forma, ao “corpo”

constitucional. Portanto, sob as condições acimaexpostas, os tratados e convenções - apenas aquelesque versarem sobre direitos humanos - terão “status”constitucional, uma vez que se encontrarão no mesmograu de hierarquia das emendas constitucionais.

§ 4º - O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal PenalInternacional a cuja criação tenha manifestadoadesão.(incluído pela Emenda Constitucional n. 45 de 2004)

No tocante a tal matéria, já há produção jurídica emnosso país. O Tribunal Penal Internacional originou-sede uma Conferência Diplomática realizada na cidadede Roma, em julho de 1998, surgindo, assim, oEstatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional. OBrasil, através do Decreto Presidencial nº 4.388, de25.09.2002, promulgou o Estatuto de Roma do TribunalPenal Internacional, anteriormente ratificado peloDecreto Legislativo nº 112, de 06.05.2002, oriundo doCongresso Nacional. Com a inclusão deste parágrafono artigo 5º, passamos obrigatoriamente a submeter-se à sua jurisdição. Os delitos a serem julgados noTribunal Penal Internacional são aqueles consideradosgraves, que afetam a comunidade internacional no seuconjunto, a saber: crime de genocídio; crimes contraa humanidade; crimes de guerra e o crime de agressão.Vale ressaltar que a competência do Tribunal PenalInternacional é complementar às jurisdições penaisnacionais.

3. DIREITOS E GARANTIAS PÉTREOS

A Constituição brasileira prevê, no art. 60, a possibili-dade de serem efetuadas alterações em seu texto atra-vés das chamadas emendas constitucionais. O § 4o

desse artigo, contudo, diz o seguinte:

“Art. 60, § 4o - Não será objeto de deliberação a pro-posta de emenda tendente a abolir:I - a forma federativa de Estado;II - o voto direto, secreto, universal e periódico;III - a separação dos Poderes;IV - os direitos e garantias individuais.”

Os quatro incisos acima compõem as chamadas“cláusulas pétreas”, isto é, institutos constitucionaisperpétuos, que não poderão ser suprimidos.

No artigo 5o, os direitos e garantias individuais (desupressão impossível) encontram-se misturados aosdireitos e garantias coletivos (passíveis de abolição).

A partir da doutrina dominante, tentaremos, a grossomodo, destacar, dos incisos previstos no artigo 5o ede outros dispositivos constitucionais, quais direitose garantias seriam individuais (cláusulas pétreas) e

Page 24: Noções de Direito Constitucional

quais seriam coletivos.

Direitos individuais

· direito à vida (engloba: direito à existência, à segu-rança e à integridade física, entre outros);· direito à privacidade, à intimidade, à honra e à ima-gem;· direito à igualdade (entre homens e mulheres, peran-te a lei, perante a justiça, etc.);· direito à liberdade (de locomoção, de circulação, depensamento, de credo, de culto, de expressão inte-lectual, artística e científica etc.).· direito de propriedade3 (direito de uso exclusivo dautilização, publicação ou reprodução de obra artísti-ca, intelectual ou científica; direito de proteção àsparticipações individuais em obras coletivas e à repro-dução de imagens e voz humanas, inclusivedesportivas; direito de propriedade de marcas, inventos,indústria e nome da empresa etc.);· etc.

Garantias individuais

· princípios: da legalidade, da proteção judiciária, daanterioridade da lei penal, da irretroatividade da leipenal, da individuação da pena, da personalização dapena etc.· inviolabilidades: da liberdade, da intimidade, da hon-ra, da casa, do sigilo da correspondência e das comu-nicações telegráficas etc.· garantias: de inexistência do tribunal de exceção,de julgamento pelo tribunal competente, de legalidadee comunicação da prisão, do devido processo legal,de presunção da inocência, da incolumidade física etc.· proibição: da prisão civil, de extradição, de determi-nadas penas (cruéis, perpétuas, de trabalhos força-dos, de banimento, de morte) etc.· remédios constitucionais: habeas corpus, habeasdata, mandado de segurança individual, mandado deinjunção.

Direitos coletivos

· direito de acesso: à terra urbana e rural, para morare trabalhar; ao trabalho; ao transporte coletivo; ao meioambiente sadio etc.· direito à melhoria da qualidade de vida;· direito de preservação da paisagem e da identidade

3 Há grande divergência doutrinária aqui. José Afonso da Silva,por exemplo, entende que este direito não pode ser individual,pois está disciplinado no título VII da Constituição (“Da OrdemEconômica e Financeira), onde se assevera que a ordemeconômica tem por fim “assegurar a todos a existência dignaconforme os ditames da justiça social” (art. 170, caput). Oconteúdo e limites desse direito poderão, neste sentido, sermudados.

histórica e cultural da coletividade;· direitos de reunião, de associação, de sindicalização,de manifestação coletiva, incluindo-se aí o direito degreve;· direito de controle de mercado de bens e serviçosessenciais à população;· direito de representação coletiva;· etc.

Garantias coletivas

· vedação da interferência estatal no funcionamentode uma associação ou de uma cooperativa;· proibição da dissolução ou suspensão da associa-ção, a não ser por ordem judicial;· remédios constitucionais: ação popular, mandado desegurança coletivo.

Page 25: Noções de Direito Constitucional

brasileiros natos são garantidos a brasileiros naturalizados estrangeiros com residência no País estrangeiros sem residência no País direito de não ser morto direito à sobrevivência direito a tratamento digno física direito à vida de associação direito à liberdade de consciência Todos têm direito à igualdade de exercício de profissão direito à segurança de expressão direito à propriedade material Obras abstratas imaterial Intelectuais direito do autor Científicas direito de herança direito do consumidor

habeas corpus - ação gratuita

habeas data Remédios mandado de segurança individual constitucionais mandado de segurança coletivo ação popular mandado de injunção

QUADRO SINÓTICO DO CAPÍTULO

DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

01. (TRT/ES-90) Das afirmações abaixo, assinalea única correta:a) o exercício de qualquer trabalho depende de autori-zação da repartição competenteb) as provas obtidas por meios ilícitos são admissíveisno processo, desde que necessáriasc) compete à Ordem dos Advogados do Brasil prestarassistência social aos que comprovarem insuficiênciade recursosd) homens e mulheres são iguais em direitos e obri-gações, nos termos da Constituição Federal de 1988e) a locomoção em território nacional depende de “vis-to” junto às Secretarias de Segurança Pública em cadaEstado da Federação

02. O remédio jurídico que tem por objeto fazercom que todos tenham acesso às informações quePoder Público ou entidades de caráter públicopossuam a seu respeito, denomina-se:a) habeas data

b) habeas corpusc) mandado de injunçãod) mandado de segurançae) ação popular

03. Um cidadão sofrendo violação de seus direi-tos, embora estes não sejam assegurados pelaConstituição, mas sim pela legislação positiva:a) poderá acionar o Judiciário, optando por um dosvários instrumentos que a lei lhe coloca à disposiçãob) ingressará em juízo, desde que sejam exauridaspreviamente as vias administrativasc) terá restrito acesso aos órgãos judicantes por setratar de preceito não resguardado pela ConstituiçãoFederald) não poderá acionar o Judiciário nem a Administraçãoe) não tem assegurado direito de ampla defesa e docontraditório

04. Só se pode pleitear, por habeas data, informa-ções:a) sociais

Page 26: Noções de Direito Constitucional

b) relativas ao impetrantec) criminaisd) de caráter coletivoe) de amplo caráter

05. O segundo objetivo do habeas data é:a) a ratificação dos dados constantes na entidadegovernamentalb) a retificação dos dados constantes na entidadegovernamental ou de caráter públicoc) a prisão da autoridade responsável pelas informa-ções registradasd) a reparação financeira por danos morais causadospelas informações arquivadase) n.d.a.

06. “A lei não prejudicará o direito adquirido, oato jurídico perfeito e a coisa julgada”. Trata-sedo:a) princípio da irretroatividade das leisb) princípio da igualdade de todos perante a leic) princípio da legalidade penald) princípio da isonomiae) n.d.a.

07. Extradição é a entrega de um indivíduo feitapelo governo a outro país que o reclame paraser julgado ou para cumprir pena. De acordo coma Constituição Federal:a) brasileiro naturalizado pode ser extraditado a qual-quer tempob) português residente no Brasil nunca pode ser ex-traditadoc) brasileiro nato não pode ser extraditadod) tratando-se de tráfico ilícito de entorpecentes e dro-gas há privilégio ao brasileiro naturalizadoe) estrangeiro pode ser extraditado por crime políticoou de opinião

08. (TTN-92) Assinale a assertiva correta:a) A lei pode estabelecer hipóteses de exclusão desua apreciação pelo Poder Judiciário, ainda que pre-sentes a lesão ou a ameaça a direitob) É pública a votação dos jurados no processo do júric) Não há crime sem lei anterior que o defina, nempena sem prévia cominação legald) A lei penal não retroagirá, salvo nos casos de anis-tia fiscale) A prática do racismo constitui crime afiançável eprescritível, sujeito à pena de detenção nos termos dalei

09. O remédio constitucional a ser aplicado emsituações em que a falta de normaregulamentadora torna inviável o exercício dedireitos e liberdades constitucionais e das prer-rogativas inerentes à nacionalidade, à sobera-nia e à cidadania, denomina-se:a) mandado de segurança

b) mandado de injunçãoc) ação populard) habeas corpuse) mandado de segurança coletivo

10. O remédio jurídico que visa defender direitoou notificar a ilegalidade ou abuso de autorida-de, denomina-se:a) mandado de segurançab) direito líquido e certoc) mandado de injunçãod) habeas corpuse) direito de petição

11. (TRT/90)I - Ninguém poderá ser compelido a associar-se oupermanecer associado.II - É garantido o direito de propriedade.III - Não há crime sem lei anterior que o defina, nempena sem prévia cominação legal.

Em face do texto Constitucional, das afirmações aci-ma, pode-se dizer:a) as três normas são corretasb) as três são incorretasc) I e II são incorretasd) II e III são corretas e I incorretae) I e III são corretas e II incorreta

12. (TTN-92) Conceder-se-á mandado de injunção:a) sempre que a falta de norma regulamentadora tor-ne inviável exercício dos direitos e liberdades consti-tucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalida-de, à soberania e à cidadaniab) sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçadode sofrer violência ou coação em sua liberdade de lo-comoção, por ilegalidade ou abuso de poderc) para proteger direito líquido e certo, não amparadopor habeas corpus ou habeas data, quando o respon-sável pela ilegalidade ou abuso de poder for autorida-de pública ou agente de pessoa jurídica no exercíciode atribuições do Poder Públicod) para retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativoe) para anular ato lesivo ao patrimônio público, àmoralidade administrativa, ao meio ambiente e aopatrimônio histórico e cultural

13. (TRT/ES-90) A Constituição Federal de 1988veda:a) a inviolabilidade do sigilo da correspondênciab) a livre locomoçãoc) o direito de propriedaded) a liberdade de consciência e de crençae) o anonimato e as associações de caráter paramilitar

14. A lei não prejudicará:a) o trânsito em julgadob) a coisa não julgada

Page 27: Noções de Direito Constitucional

c) o ato jurídicod) o direito adquiridoe) todas as alternativas.

15. (TTN-92) Assinale a assertiva correta:a) é livre a expressão da atividade intelectual, artísti-ca, científica e de comunicação, ressalvados os ca-sos de licença previstos em leib) a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nelapodendo penetrar sem consentimento do morador,salvo durante o dia, por determinação judicial ou re-quisição administrativac) é compulsória a adesão a associação profissionalou a sindicato profissionald) é plena e liberdade de associação para fins lícitos,admitida a de caráter educativo paramilitare) é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ouprofissão, atendidas as qualificações profissionais quea lei estabelecer

16. (TRT/GO-90) Segundo a Constituição Federal:a) o princípio da igualdade de todos perante a lei im-pede que a lei favoreça os mais pobres, visando redu-zir as desigualdades sociaisb) o princípio da legalidade consiste em que ninguémserá obrigado fazer ou deixar de fazer alguma coisasenão em virtude da leic) o princípio da livre manifestação do pensamentoprotege o anonimatod) o exercício do direito de resposta, pela vítima deofensa contra a honra exclui a indenização por danomaterial, moral ou à imageme) a crença religiosa não é motivo de privação de direi-tos, ainda que invocada por quem pretenda eximir-sede obrigação legal a todos imposta e se recuse a cum-prir prestação alternativa fixada em lei

17. A prisão por dívida é proibida pela Constitui-ção Federal, exceto no(s) caso(s):a) de devedor inadimplente para com o Fiscob) de devedor de alimentos e depositário infielc) de dívida fiscal para com a União, os Estados e osMunicípiosd) de devedor de jogoe) de devedor inadimplente comercialmente

18. À instituição do júri compete julgar:a) as contravenções penaisb) os crimes dolosos contra a vidac) as lesões corporais culposasd) o homicídio culposoe) todo e qualquer crime

19. “Sempre que alguém sofrer ou se achar ame-açado de sofrer violência ou coação em sua li-berdade de locomoção, por ilegalidade ou abu-so de poder”, conceder-se-á:a) habeas corpusb) mandado de segurança

c) mandado de injunçãod) habeas datae) ação popular

20. Analise as afirmações abaixo:I) aos pobres são gratuitos o registro de nasci-mento e a certidão de óbitoII) aos pobres e ricos são gratuitas as ações dehabeas corpus e habeas dataIII) a todos são gratuitos os atos necessários aoexercício da cidadaniaIV) os direitos e deveres individuais e coletivostêm aplicação imediata com ou sem a norma queos regulamentea) a I e a II estão corretasb) a III e a IV estão erradasc) apenas a I está corretad) apenas a III e a II estão corretase) todas estão corretas

21. São garantias previstas no capítulo dos direi-tos e deveres individuais e coletivos da Constitui-ção Federal, dentre outras, as seguintes (assina-le a alternativa correta):a) livre manifestação do pensamento, permitido o ano-nimatob) direito de resposta, proporcional ao agravo, alémde indenização por dano material ou imoralc) livre associação para fins lícitos, inclusive de cará-ter paramilitard) livre expressão da atividade intelectual, artística,científica e de comunicação, independentemente decensura ou licençae) n.d.a

22. Não será concedida extradição de estrangei-ro por crime:a) doloso contra vidab) político ou de opiniãoc) culposo contra o patrimôniod) de mortee) de extorsão

23. Quanto ao habeas corpus pode-se dizer:I) é o remédio jurídico que tutela a liberdade delocomoçãoII) seria a medida legal de proteção à liberdadede locomoçãoIII) poderá ser liberatório ou preventivoIV) não depende de formalidade processual co-mum, podendo ser feita sua petição por telegra-ma ou por simples cartaa) a I e a II estão erradasb) apenas a III está certac) a IV é a única erradad) todas estão certase) a II é a única certa

24. Em caso de iminente perigo público, a autori-

Page 28: Noções de Direito Constitucional

dade competente poderá usar de propriedadeparticular:a) desde que obtenha liminar judicialb) independentemente de autorização judicial, porémoferecendo depósito prévio, garantidor de futura inde-nizaçãoc) sem autorização judicial ou depósito prévio, respon-dendo apenas por indenização, se houver danod) sem autorização judicial, ou depósito prévio, res-pondendo por indenização, independentemente decomprovação de dano

25. Em relação ao direito de petição, asseguradopelo art. 5º, XXXIV, a, da Constituição da Repú-blica, é correto afirmar que:a) a Constituição prevê sanção para a hipótese de fal-ta de resposta e pronunciamento da autoridadeb) não há previsão constitucional de sanção para afalta de resposta e pronunciamento da autoridadec) é assegurado a qualquer pessoa, e dirigido apenasàs autoridades judiciáriasd) diz respeito apenas à defesa de direitos individuaise) n.d.a.

26. São gratuitas (os):a) as ações de habeas corpusb) as ações de habeas datac) os atos necessários ao exercício da cidadaniad) o registro civil de nascimento e a certidão de óbito,para os reconhecidamente pobrese) todas as respostas anteriores

27. Em mandado de segurança, considera-se lí-quido e certo o direito:a) embasado em fatos que comportam complexidadeb) embasado em fatos ainda indeterminados, masdetermináveisc) embasado em fatos comprovados de planod) provável quanto à existência ainda que incerto noseu valore) embasado em fatos incontroversos

28. É reconhecida a instituição do júri, com a or-ganização que lhe der a lei, assegurada:a) a soberania dos veredictosb) a plenitude da acusaçãoc) a votação públicad) a competência para o julgamento das contraven-ções penaise) a comunicabilidade dos jurados

29. O preceito constitucional “ninguém será obri-gado a fazer ou deixar de fazer alguma coisasenão em virtude de lei” expressa o princípio da:a) igualdade de todos perante a leib) isonomiac) legalidaded) responsabilidadee) liberdade social

30. Assinale a opção correta:a) nenhuma pena passará da pessoa do condenado,podendo a obrigação de reparar o dano e a decreta-ção de perdimento dos bens ser, contra os sucesso-res executada, até o limite do valor do patrimônio trans-feridob) a lei regulará a individualização da pena e adotará,entre outras, a de banimento, no caso de crimes deação armada de grupos civis ou militares, contra aordem constitucional e o estado democráticoc) o contraditório e a ampla defesa, nos crimes porprática de racismo, podem ser restringidos nos casosculposos, e suspensos nos casos dolososd) a lei poderá, em caso de dolo, admitir a pena detrabalhos forçados para os crimes hediondose) nenhum brasileiro será extraditado, salvo em casode envolvimento comprovado com tráfico ilícito de en-torpecentes e drogas afins, na forma da lei

31. Considerados os direitos e garantias individu-ais, queira assinalar a resposta incorreta:a) ninguém será considerado culpado até o trânsitoem julgado de sentença penal condenatóriab) são inadmissíveis, no processo, as provas obtidaspor meios ilícitosc) a lei penal não retroagirá, salvo quando se tratar decrimes inafiançáveis ou hediondosd) a lei não excluirá de apreciação do Poder Judiciáriolesão ou ameaça de direitoe) a prisão ilegal será imediatamente relaxada pelaautoridade judiciária

32. A liberdade de reunião de que trata a Consti-tuição Federal está condicionada:a) à autorização da autoridade competenteb) a ser pacífica, sem armas, com prévio aviso à auto-ridade competente e desde que não frustre outra reu-nião já marcadac) à situação política da entidade que a promoverád) ao local e à hora em que será realizadae) à autorização do Prefeito do Município em que estaocorrerá

33. Quanto ao direito à propriedade, podemosdizer que entre nós encontra seu limite:a) na necessidade públicab) na utilidade públicac) no interesse sociald) nos dispositivos constitucionais que tratam do as-suntoe) todas as respostas estão corretas

34. O mandado de segurança coletivo pode serimpetrado:a) por qualquer cidadão brasileiro em defesa de seusinteresses lesadosb) por qualquer partido político, mesmo sem represen-tação no Congressoc) por entidade de classe ou associação legalmente

Page 29: Noções de Direito Constitucional

constituída e em funcionamento há pelo menos umano, em defesa dos interesses de seus membros ouassociadosd) por entidade de classe ou associação legalmenteconstituída e em funcionamento há pelo menos trêsanos, em defesa dos interesses de seus membros ouassociadose) em nenhum dos casos apontados acima

35. A respeito do direitos e deveres individuais ecoletivos previstos no art. 5º da CF, pode-se afir-mar que:I - a intimidade, a vida privada, a honra e a imagemdas pessoas são invioláveis, sendo-lhes asseguradoo direito à indenização pelo dano material ou moraldecorrentes de sua violaçãoII - ao ofendido é assegurado, além do direito de res-posta, que será proporcional ao agravo, a indenizaçãopelo dano material ou moralIII - o crime de racismo praticado por qualquer pes-soa, apesar de estar sujeito ao instituto da prescri-ção, como nos demais crimes, é absolutamenteinafiançável, sujeitando seu agente à pena de reclu-são, nos termos da leiIV - a tortura, o tráfico de entorpecentes, o terrorismo,bem como os crimes definidos como hediondos, sãoinafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia, res-pondendo por eles os seus mandantes e executoresV - nos crimes considerados hediondos pode-se apli-car a pena de caráter perpétuo, exceto de morteDadas as proposições acima, assinale a alternativacorreta:a) I, II e IVb) Vc) II e IVd) II e IIIe) I

36. O mandado de injunção:a) tem natureza jurídica semelhante à do mandado desegurança, mas refere-se à proteção de direito emcasos de ilegalidade ou abuso de poder por omissãoda autoridade públicab) diz respeito à inconstitucionalidade por omissão,mas, diferentemente da ação direta, pode serimpetrado por quem não possa exercer direito e liber-dades constitucionais por falta de normaregulamentadorac) como o mandato de segurança coletivo, visa a ob-ter a proteção de direitos através de normas gerais,mas refere-se apenas aos casos de omissão da auto-ridade públicad) visa a garantir o exercício de direitos fundamentaisatravés de ordem judicial proibindo a autoridade públi-ca de violar a Constituiçãoe) n.d.a.

37. O Estado Democrático de Direito tem comoprincípios assegurados pela Constituição:

I - a legalidade e a igualdade perante a leiII - a presunção de inocência, a ampla defesa, o con-traditório e o due process of lawIII - o respeito aos direitos políticos e às liberdades edireitos fundamentais da pessoa humanaIV - a separação dos poderes

Analisando as asserções acima, pode-se afirmar que:a) as de números, I, III e IV estão corretasb) estão corretas apenas as de números I, II e IIIc) todas estão corretasd) apenas as de número I e III estão corretase) nenhuma está correta

38. Assinale a opção correta:a) nenhum brasileiro será extraditado, salvo em casode crime comum, ou de comprovado envolvimento emtráfico lícito de entorpecentes e drogas afins, na formada leib) a sucessão de bens de estrangeiros situados nopaís será regulada pela lei brasileira em benefício docônjuge ou dos filhos brasileiros sempre que não lhesseja mais favorável a lei pessoal do país do de cujusc) nas suas relações internacionais o Brasil rege-se,dentre outros, pelos princípios da prevalência dos di-reitos humanos, da autodeterminação dos povos, danão-intervenção, do repúdio ao terrorismo e ao racis-mo, e da não-concessão de asilo político aos que te-nham violado os direitos humanosd) não será concedida extradição de estrangeiros porcrimes políticos ou de opinião, salvo mediante previ-são em tratado internacional que especifique a vedaçãoda pena de morte

39. Assinale a única hipótese que não constituicrime inafiançável conforme a Constituição Fe-deral:a) prática de racismob) prática de torturac) prática de terrorismod) tráfico de entorpecentese) furto

40. (AFTN-89)A defesa do consumidor será pro-movidaa) pelos Estados-membros, na forma de lei comple-mentar federalb) pelos Municípios, exclusivamentec) pelo Estado, na forma estabelecida em leid) pelo Estado, independentemente de qualquer nor-ma infraconstitucionale) por associação civil, vedada ao Estado qualquerparticipação

41. O partido dos ecologistas do Brasil, que nãologrou eleger, ainda, nenhum deputado federalou senador, impetrou mandado de segurança co-letivo contra ato do Presidente do Banco Centralque denegou pedido de liberação de depósito

Page 30: Noções de Direito Constitucional

de caderneta de poupança de mulheres separa-das judicialmente sem direito a pensão. A segu-rança foi denegada:a) porque o partido político de que se trata não temrepresentação atual no Congresso Nacionalb) porque os partidos políticos não podem impetrarmandato de segurança coletivoc) porque caberia a cada interessada, provando seudireito líquido e certo, ingressada, ainda que emlitisconsórcio, com o writd) porque o caso é de ação civil pública, e não demandado de segurançae) porque o instituto do mandado de segurança coleti-vo depende, ainda, de regulamentação

Gabarito

1.D 2.A 3.A 4.B 5.B 6.A 7.C8.C 9.B 10.E 11.A 12.A 13.E 14.D15.E 16.B 17.B 18.B 19.A 20.E 21.D22.B 23.D 24.C 25.B 26.E 27.C 28.A29.C 30.A 31.C 32.B 33.E 34.C 35.A36.B 37.C 38.B 39.E 40.C 41.A

Page 31: Noções de Direito Constitucional

1. INTRODUÇÃO

Os direitos sociais são direitos coletivos; passíveis desupressão ou alteração por emendas constitucionais.

Diferentemente do artigo 5o, que pelo grande númerode termos técnicos empregados apresenta diversosobstáculos para o leigo, os próximos dispositivos sãode compreensão bem mais simples.

2. ENUMERAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS

Art. 6o - São direitos sociais a educação, a saúde, otrabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdên-cia social, a proteção à maternidade e à infância, aassistência aos desamparados, na forma desta Cons-tituição. (Alterado pela EC n. 26 de 14.02.2000).

3. DIREITOS DOS TRABALHADORES

O artigo 7o, que passaremos a estudar a seguir, enu-merará os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais.

A expressão trabalhador, utilizada no caput desse ar-tigo, é extremamente ampla e abrange não apenas osempregados, como também os trabalhadores que nãopossuem vínculo empregatício nenhum.

Convém assinalar que a inclusão dos trabalhadoresrurais entre os titulares dos direitos que serão arrola-dos representa enorme avanço em direção à justiçasocial. No ordenamento constitucional anterior, taistrabalhadores estavam completamente destituídos dedireitos constitucionais.

Os trabalhadores domésticos também tiveram ga- nhoscom a Constituição de 1988, embora continuem emsituação desprivilegiada em relação aos demais: dos34 incisos arrolados no artigo 7o, a eles apenas se apli-cam os incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI, eXXIV, além da sua integração à previdência social.

Art. 7o - São direitos dos trabalhadores urbanos e ru-rais, além de outros que visem à melhoria de sua con-dição social:

Indenização por despedida arbitrária ou sem justacausa

I - relação de emprego protegida contra despedida ar-bitrária ou sem justa causa, nos termos de lei com-plementar, que preverá indenização compensatória,dentre outros direitos.

Até que seja promulgada a lei complementar que de-verá regular tal indenização, vale o disposto no artigo10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitóri-as (ADCT), que prevê, no inciso I, acréscimo de 40%sobre os depósitos do FGTS a ser levantado a títulode indenização.

Seguro desemprego

II - seguro-desemprego, em caso de desemprego in-voluntário;

O seguro-desemprego atualmente corresponde a apro-ximadamente 70% do salário mínimo. Os recursos paraseu pagamento provêm do PIS-PASEP (art. 239 da CF).

FGTS

III- fundo de garantia do tempo de serviço;

Criado pela Lei n. 5.107/66, o FGTS acabou substitu-indo a estabilidade no emprego. Ele é um fundo dereserva constituído mediante depósitos compulsóriosem conta bancária em nome do trabalhador. Este, porsua vez, somente poderá utilizá-lo nas situações pre-vistas em lei.

O FGTS corresponde a uma indenização de 8% dosalário mensal.

Salário mínimo

IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente uni-ficado, capaz de atender a suas necessidades vitaisbásicas e às de sua família com moradia, alimenta-ção, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, trans-porte e previdência social, com reajustes periódicosque lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedadasua vinculação para qualquer fim;

A proibição de vinculação para qualquer fim significa

3. DOS DIREITOS SOCIAIS

1. Introdução2. Enumeração dos direitos sociais3. Direitos dos trabalhadores4. Direitos sindicais

Page 32: Noções de Direito Constitucional

que o salário mínimo não poderá ser utilizado comoíndice de reajuste de preços.

OBS: os trabalhadores domésticos também têm di-reito ao salário mínimo.

Piso salarial

V - piso salarial proporcional à extensão e à complexi-dade do trabalho;

Piso salarial é a remuneração mínima estipulada emlei para cada categoria profissional. Quanto maior emais complexo for o trabalho, mais elevado deverá sero piso salarial.

Irredutibilidade do salário

VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto emconvenção ou acordo coletivo;

A redução do salário só é possível se uma convençãoou um acordo coletivo a determinarem.

Um acordo isolado entre patrão e empregado não per-mite a redução do salário, ainda que seja feito com oconsentimento de ambas as partes.Acordo coletivo é aquele realizado entre o sindicatode empregados e as empresas da correspondentecategoria econômica.

Convenção coletiva é o acordo realizado entre o sindi-cato dos empregados, de um lado, e o sindicato pa-tronal, de outro.

OBS.: a irredutibilidade do salário, também se aplicaaos trabalhadores domésticos.

Salário nunca inferior ao mínimo

VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, paraos que percebem remuneração variável;

Não é permitido o pagamento de vencimentos inferio-res ao salário mínimo, mesmo que o trabalhador exer-ça atividade onde receba uma parcela fixa e outra va-riável. Na realidade, o objetivo deste inciso é procurarimpedir o uso de estratagemas ou ardis, por parte doempregador, para pagar menos de um salário mínimoaos seus empregados.

13o salário

VIII - décimo terceiro salário com base na remunera-ção integral ou no valor da aposentadoria;

O direito ao décimo-terceiro salário, também chama-do de gratificação natalina, pela primeira vez na histó-ria do direito constitucional brasileiro, foi estendido a

todos os trabalhadores, inclusive aos aposentados eaos domésticos.

Adicional noturno

IX - remuneração do trabalho noturno superior à dodiurno;

O adicional noturno, segundo a Consolidação das Leisdo Trabalho, art. 73, será devido para aqueles que tra-balharem entre as 22 horas de um dia e as 5 horas dodia seguinte.

Consiste num acréscimo de 20% sobre os vencimen-tos devidos pelo período efetivamente trabalhado, nãose incorporando ao salário do empregado.

Proibição da retenção dolosa do salário

X - proteção do salário na forma da lei, constituindocrime sua retenção dolosa;

Muitas empresas, antes do advento deste inciso, cos-tumavam astuciosamente reter os salários dos em-pregados (pagando-os, por exemplo, com cheque numasexta-feira e após o término do expediente bancário),para auferir lucros em aplicações de curto prazo nomercado de capitais. Tal prática, agora, é tipificadacomo criminosa, submetendo seus autores às penasda lei.

Participação nos lucros

XI - participação nos lucros, ou resultados, desvincu-lada da remuneração, e, excepcionalmente, participa-ção na gestão da empresa, conforme definido em lei;

A Lei nº 10.101/00, regula a participação dos traba-lhadores nos lucros ou resultados da empresa comoinstrumento de integração entre o capital e o trabalhoe como incentivo à produtividade.

Salário-família

“XII - salário-família pago em razão do dependente dotrabalhador de baixa renda nos termos da lei”.

A nova redação conferida ao artigo 7º, inciso XII, alterao sistema de salário-família, anteriormente considera-do direito dos dependentes dos trabalhadores em ge-ral, passando ser direito apenas dos trabalhadores debaixa renda. Se posicionando acerca de tal dispositi-vo, a Previdência Social considerar trabalhador de bai-xa renda para fins de recebimento do salário família,aquele que perceber remuneração mensal igual ou in-ferior ao estipulado na Lei.

Page 33: Noções de Direito Constitucional

Jornada máxima de 44 horas

XIII - duração do trabalho normal não superior a oitohoras diárias e quarenta e quatro semanais, facultadaa compensação de horários e a redução da jornada,mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;

O limite de 44 horas por semana é a regra, mas olegislador irá prever, logo abaixo, remuneração adicio-nal para o trabalhador que excedê-lo. Da mesma for-ma, o limite de 8 horas diárias também não é absolu-to, uma vez que existem atividades que, por sua pró-pria natureza, só podem ser realizadas trabalhando-se acima desse limite (é o caso do piloto de avião, emvôo transcontinental). Em vista disto, a Constituiçãodeixa aberta a possibilidade de compensação de ho-rários contanto que haja redução de jornada, sendoque isto somente poderá ser decidido através de acordoou convenção coletiva. A negociação coletiva tende aser mais equilibrada do que a negociação isolada en-tre patrão e empregado; daí a sua exigência.

XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizadoem turnos ininterruptos de revezamento, salvo nego-ciação coletiva;

Siderúrgicas, hospitais, hidrelétricas e empresas detelefonia, por exemplo, não admitem interrupção deatividades.

Os funcionários dessas empresas são obrigados,muitas vezes, a trabalhar em diferentes turnos de re-vezamento, o que lhes causa enormes transtornos.

Daí o estabelecimento da jornada de 6 horas para essetipo de serviço.

Repouso semanal remunerado

XV - repouso semanal remunerado, preferencialmen-te aos domingos;

A folga aos domingos não é obrigatória, podendo serestipulada para qualquer outro dia da semana, a crité-rio do empregador.

OBS: os trabalhadores domésticos também gozamdeste direito.

Remuneração de hora-extra superior à normal

XVI - remuneração do serviço extraordinário superior,no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal;

A duração do trabalho normal é de 44 horas, com nomáximo 8 horas por dia. Circunstâncias especiais,porém, podem fazer com que esses limites tenhamque ser ultrapassados. Como há uma sobrecarga dotrabalhador, o constituinte achou justo que, pelas ho-

ras excedentes, fosse este remunerado mais que pro-porcionalmente ao que recebe normalmente, isto é,com 50% a mais, no mínimo.

Esta medida, de outra parte, onera efetivamente a fo-lha de salários da empresa e tende a inibir a ultrapas-sagem da jornada prevista na Constituição.

Férias anuais remuneradas e 1/3 de férias

XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelomenos, um terço a mais do que o salário normal;

A remuneração adicional de, no mínimo, 1/3 do salá-rio visa propiciar algum lazer ao trabalhador, por oca-sião de suas férias. Aliás, conforme vimos no art. 6o, olazer é considerado um direito social.

OBS: os trabalhadores domésticos também gozamdo direito previsto neste inciso.

Licença-gestante

XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego edo salário, com a duração de cento e vinte dias;

O direito da gestante de não perder o emprego foi ga-rantido pelo o art. 10, II, do ADCT, que veda a dispen-sa arbitrária ou sem justa causa da empregada ges-tante, desde a confirmação da gravidez até cinco me-ses após o seu parto. Sua duração é de 120 dias.

OBS: o inciso XVIII também se aplica aos trabalhado-res domésticos.

Licença-paternidade

XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;

A lei que regulamentou este inciso estipulou o prazode cinco dias para a licença-paternidade.

OBS.: os trabalhadores domésticos também têm estedireito.

Proteção do mercado de trabalho da mulher

XX - proteção do mercado de trabalho da mulher,mediante incentivos específicos, nos termos da lei;

No mundo moderno é comum encontrar dispositivos delei que protegem a mulher empregada, seja em relaçãoà maternidade, seja em relação à saúde do recém-nas-cido, ou à redução da jornada de trabalho, à proibiçãodo trabalho noturno ou insalubre etc. Nessa perspecti-va, quis o legislador proteger o mercado de trabalho damulher através de incentivos específicos.

A lei que deveria regular este inciso, todavia, não foi

Page 34: Noções de Direito Constitucional

ainda editada, porém a Lei nº 9.799 de 26 de maio de1999, insere na Consolidação das Leis do Trabalhoregras sobre o acesso da mulher ao mercado de tra-balho.

Aviso prévio

XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço,sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;

Aviso prévio é uma notificação que uma parte faz àoutra de sua intenção de não mais prosseguir no con-trato de trabalho. É um instituto peculiar a todos con-tratos de execução por tempo indeterminado, e, so-bretudo naqueles que vinculam a pessoa, como ocor-re com o trabalho.

OBS: o direito ao aviso prévio foi assegurado aos tra-balhadores domésticos.

Redução dos riscos do trabalhoXXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, pormeio de normas de saúde, higiene e segurança;

As comissões internas de prevenção de acidentes(CIPA) cumprem um importante papel na fiscalizaçãodo direito previsto neste inciso e o constituinte procu-rou garantir a atuação dessas comissões vedando adispensa arbitrária ou sem justa causa do cipeiro (em-pregado eleito para cargo de direção das mesmas),desde o registro de sua candidatura até um ano apóso final de seu mandato (art. 10, II, a, ADCT).

Adicional para atividades penosas, insalubres ouperigosasXXIII- adicional de remuneração para as atividadespenosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;

Penosa é a atividade que causa incômodo ou sacrifí-cio, como os trabalhos executados em subterrâneos,minerações, subsolo, pedreiras etc.

Insalubre é a atividade que expõe o trabalhador a agen-tes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância.

Perigosa é a atividade que implica no contato cominflamáveis ou explosivos, em condições de risco.

Exercendo o trabalhador qualquer uma dessas ativi-dades, terá direito ao adicional correspondente, quesegundo a CLT variará entre 40% e 10%, para ativida-des insalubres, e 30%, para atividades perigosas, so-bre o valor do salário sem os acréscimos resultantesde gratificações, prêmios ou participação nos lucrosda empresa.

Direito à aposentadoriaXXIV - aposentadoria;A matéria é regulada pelo artigo 201 e seus §§ 7º, 8º e

9º da Constituição Federal, com a redação conferidapela Emenda Constitucional nº 20, que estabelecemos seguintes princípios fundamentais:a) aposentadoria no regime geral de previdência soci-al obedecidas as condições de:I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem etrinta anos se mulher;II- sessenta e cinco anos de idade, se homem e ses-senta anos de idade, se mulher, reduzido em cincoanos o limite para os trabalhadores rurais de ambosos sexos e para os que exerçam suas atividades emregime de economia familiar, nestes incluídos o pro-dutor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.

b) O tempo de serviço a que alude o item I da alíneaanterior é reduzido em cinco anos para o professorque comprove exclusivamente tempo de efetivo exer-cício das funções de magistério na educação infantil eno ensino fundamental e médio.

c) É assegurada a contagem recíproca do tempo decontribuição na administração pública e na atividadeprivada, rural e urbana.

d) Os requisitos enumerados nos itens I e II da alínea“a” supra são cumulativos, não se admitindo mais aaposentadoria proporcional, para quem ingressar nosistema de previdência a partir da edição da Emenda.

Art. 201. A previdência social será organizada sob aforma de regime geral, de caráter contributivo e defiliação obrigatória, observados critérios que preser-vem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nostermos da lei, a:I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, mortee idade avançada;II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;III - proteção ao trabalhador em situação de desem-prego involuntário;IV - salário-família e auxílio-reclusão para os depen-dentes dos segurados de baixa renda;V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher,ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observa-do o disposto no § 2º.§ 7º assegurada aposentadoria no regime geral de pre-vidência social, nos termos da lei, obedecidas as se-guintes condições:I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, etrinta anos de contribuição, se mulher;II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, esessenta anos de idade, se mulher, reduzido em cin-co anos o limite para os trabalhadores rurais de am-bos os sexos e para os que exerçam suas atividadesem regime de economia familiar, nestes incluídos oprodutor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.§ 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do pará-grafo anterior serão reduzidos em cinco anos, para oprofessor que comprove exclusivamente tempo de efe-tivo exercício das funções de magistério na educação

Page 35: Noções de Direito Constitucional

infantil e no ensino fundamental e médio.§ 9º Para efeito de aposentadoria, assegurada a con-tagem recíproca do tempo de contribuição na admi-nistração pública e na atividade privada, rural e urba-na, hipótese em que os diversos regimes de previdên-cia social se compensarão financeiramente, segundocritérios estabelecidos em lei.OBS: os trabalhadores domésticos também têm di-reito à aposentadoria.

Creche e pré-escola para filhos de até 6 anosXXV - assistência gratuita aos filhos e dependentesdesde o nascimento até seis anos de idade em cre-ches e pré-escolas;

Tal assistência visa dar tranqüilidade ao trabalhadorcom relação ao bem-estar de seus filhos.

Reconhecimento das convenções e acordos co-letivosXXVI - reconhecimento das convenções e acordoscoletivos de trabalho;

Conforme discutimos anteriormente, nos acordos co-letivos, encontramos a presença do sindicato de tra-balhadores de um lado e, de outro, a presença deuma empresa ou grupo de empresas; nos acordoscoletivos não há a presença de sindicatos patronais,ao passo que nas convenções coletivas, sim.

Em decorrência disto, as cláusulas da convenção co-letiva atingem a totalidade dos integrantes de umacategoria profissional e econômica, independentemen-te de estarem ou não associados ao sindicato, en-quanto que no acordo coletivo só são atingidos osempregados daquela empresa ou grupo que partici-pou do acordo; os demais, não.

Proteção em face da automaçãoXXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;

A robotização tem causado, em muitos países, umproblema social sério: a dispensa maciça de trabalha-dores. Daí a previsão de proteção contida neste inci-so, que deverá ser regulado em lei.

Seguro contra acidentesXXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargodo empregador, sem excluir a indenização a que esteestá obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;

Segundo o artigo 332 da CLT, o seguro contra aciden-tes deverá ser pago para aquele que sofreu um aci-dente que tenha provocado lesão corporal ou pertur-bação funcional que cause a morte, ou perda ou redu-ção permanente da capacidade para o trabalho.Além do seguro, haverá, para o empregador que tenhaagido com dolo ou culpa, o dever da reparação dodano, na esfera civil. Essa responsabilidade é subjeti-

va, devendo o empregado ou sua família, para fins deindenização, provar que houve dolo ou culpa por partedo empregador e que por isto ocorreu o acidente.

Exemplificando: a legislação obriga o empregador daconstrução civil a fornecer capacete, luvas e botas aosseus empregados. Se ele não o fizer e ocorrer umacidente, responderá, na esfera civil, por dolo. Por outrolado, se fornecer o material, mas não fiscalizar o seuuso, e disso advier um acidente, ele, empregador, fa-lhou com as cautelas necessárias ao seu dever deofício; responderá, portanto, na esfera civil, por culpa.

XXIX - ação, quanto a crédito resultante das relaçõesde trabalho, com prazo prescricional de cinco anospara os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite dedois anos após a extinção do contrato de trabalho.(Inciso alterado pela EC nº 28 de 25.05.2000)a) e b) (revogadas).

Prescrição, no caso, é a perda, por parte do trabalha-dor, do direito de ingressar na justiça para pleitear asverbas trabalhistas que entende achar de direito. Sejaele urbano, seja ele rural, o prazo máximo é de atédois anos após a extinção do contrato.

Tanto o trabalhador urbano quanto o rural poderão plei-tear na justiça apenas os últimos cinco anos trabalha-dos, contados da data da propositura da ação.

Exemplo: a) Empregado urbano ou rural trabalhou 10anos em uma empresa e é mandado embora. Espera1 ano e 11 meses para ingressar com ação trabalhis-ta. Nela poderá pleitear apenas os últimos cinco anosdesde a propositura da ação. Na realidade, perceberáapenas 3 anos e 1 mês, porque nos últimos cincoanos, esteve desvinculado da empresa por 1 ano e 11meses.

Princípio da isonomia no trabalhoXXX - proibição de diferença de salários, de exercíci-os de funções e de critério de admissão por motivo desexo, idade, cor ou estado civil;XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocan-te a salário e critérios de admissão do trabalhadorportador de deficiência;XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual,técnico e intelectual ou entre os profissionais respec-tivos;

Os três incisos acima são variações do princípio daisonomia, no tocante ao trabalho. A proibição de discri-minação ao trabalhador portador de deficiência revela-se particularmente importante, à medida que, confor-me as estimativas, aproximadamente 10% da popula-ção brasileira sofre de algum tipo de deficiência.

Proteção ao trabalho do menorXXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou

Page 36: Noções de Direito Constitucional

insalubre a menores de dezoito e de qualquer traba-lho a menores de dezesseis anos, salvo na condiçãode aprendiz, a partir de quatorze anos.

Com a nova redação observa-se que a Constituiçãopassa a vedar o trabalho a menores de 16 anos (an-tes, 14 anos), salvo na condição de aprendiz, a partirde 14 anos (anteriormente o aprendiz poderia ter ida-de inferior a 14 anos).Aprendiz, segundo a CLT, é aquele que é levado àformação profissional, ou ao domínio de arte ou ofício,sendo sua idade mínima de 12 anos.

XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador comvínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.

Empregado permanente, segundo a definição da CLT,é toda pessoa física que presta serviços de naturezanão eventual a empregador, sob a dependência destee mediante salário. O traço fundamental para ser em-pregado permanente, portanto, é a subordinação.

Trabalhador avulso é o trabalhador casual, não subor-dinado à empresa, mas que também não chega a serautônomo.

A empresa não poderá fazer distinção entre os traba-lhadores permanentes e os trabalhadores avulsos quelhe prestam serviços, no tocante aos seus direitos.

Direitos dos trabalhadores domésticos

Parágrafo único - São assegurados à categoria dostrabalhadores domésticos os direitos previstos nosincisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI, e XXIV,bem como a sua integração à previdência social.

Trabalhadores domésticos são os que, mediante re-lação de confiança, executam serviços nas residênci-as das famílias, atendendo necessidades desta emsua vida normal.

A Constituição lhes assegurou os seguintes direitos:salário mínimo, irredutibilidade do salário, décimo ter-ceiro salário, repouso semanal remunerado, fériasanuais e 1/3 de férias, licença gestante, licença pa-ternidade, aviso prévio, aposentadoria e integração àprevidência social.

4. DIREITOS SINDICAIS

Liberdade de associação sindicalArt. 8o - É livre a associação profissional ou sindical,observado o seguinte:

Proibição ao Poder Público de interferir e inter-vir na organização sindicalI - a lei não poderá exigir autorização do Estado paraa fundação de sindicato, ressalvado o registro no ór-

gão competente, vedadas ao Poder Público a interfe-rência e a intervenção na organização sindical;

O sindicato é uma associação específica de trabalha-dores assalariados ou equiparados destinada a defen-der os seus interesses perante os patrões.

Para a fundação de um sindicato, segundo o legisla-dor, basta apenas a elaboração de seu estatuto soci-al, que será registrado no órgão competente. Dispen-sou o legislador a autorização que, segundo a doutri-na, representava uma interferência no direito sindical.

O sindicato é livre, a filiação a ele não é obrigatória e oEstado, taxativamente, não pode mais intervir ou inter-ferir nas decisões dessas organizações. Pode-se infe-rir, ainda, que sindicatos paralelos, não protegidos pelomanto do ordenamento jurídico, não serão tolerados.

Unidade sindicalII - é vedada a criação de mais de uma organizaçãosindical, em qualquer grau, representativa de catego-ria profissional ou econômica, na mesma base territo-rial, que será definida pelos trabalhadores ou empre-gadores interessados, não podendo ser inferior à áreade um Município;

Consagrou o legislador aqui a unidade sindical, ouseja, somente haverá um único sindicato representa-tivo de uma categoria profissional, na mesma baseterritorial, que foi definida em sendo, pelo menos, aárea do Município. Há, contudo, casos de sindicatosque representam trabalhadores em regiões maioresdo que o município, como em regiões metropolitanas,por exemplo.

Entende que se houver uma proliferação de sindicatoshaverá um enfraquecimento do movimento sindicalis-ta e que, portanto, deve-se proibir essa conduta.

III- ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes-ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive emquestões judiciais ou administrativas;

Neste inciso, o legislador nos diz qual o objetivo dosindicato: ele foi investido de capacidade processualpara defesa dos direitos e interesses, coletivos e indi-viduais, da categoria, tanto na esfera judicial, comona esfera administrativa. Nos processos, poderá, as-sim, ingressar como réu, autor, assistente ou parteinteressada.

IV- a assembléia geral fixará a contribuição que, emse tratando de categoria profissional, será desconta-da em folha, para custeio do sistema confederativoda representação sindical respectiva, independente-mente da contribuição prevista em lei;

Nesse inciso houve a instituição de uma contribuiçãopara o sustento do sistema confederativo da repre-

Page 37: Noções de Direito Constitucional

sentação sindical a instituição de um Imposto paracusteio. Isso é de muito bom alvitre, uma vez que,enquanto o sindicato tem suas bases nos trabalhado-res, a confederação, não. O valor da contribuição empauta, para os trabalhadores, corresponderá à remu-neração de um dia de trabalho por ano; para os em-pregadores, o valor é variável.

Estamos diante do único imposto criado pela Consti-tuição, pois todos os outros estão apenas previstos.

Liberdade de sindicalizaçãoV- ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-sefiliado a sindicato;

Como no artigo 5o, inciso XX, há a instituição da liber-dade de associação como direito coletivo, nada maislógico do que reprisá-lo aqui, no capítulo dos direitossociais.

Participação obrigatória do sindicato nas nego-ciações coletivasVI - é obrigatória a participação dos sindicatos nasnegociações coletivas de trabalho;

Uma vez que, originalmente, as convenções coletivasde trabalho surgiram de momentos de tensão entreempregado e empregador, e uma vez que o que fornelas decidido refletirá em toda a categoria profissio-nal, o legislador achou por bem tornar obrigatória apresença do sindicato em todas as negociações cole-tivas. Trata-se de um poder-dever do sindicato.

VII - o aposentado filiado tem direito a votar e servotado nas organizações sindicais;

Este inciso alterou a regra prevista na CLT, que proibiaaos inativos o exercício de cargo de administração sin-dical ou de representação econômica ou profissional.

Proteção ao sindicalistaVIII - é vedada a dispensa do empregado sindicaliza-do a partir do registro da candidatura a cargo de dire-ção ou representação sindical e, se eleito, ainda quesuplente, até um ano após o final do mandato, salvose cometer falta grave nos termos da lei.

O dispositivo acima é mera transcrição do artigo 543,§ 3o da CLT, e visa garantir a existência dos própriossindicatos.Parágrafo único - As disposições deste artigo apli-cam-se à organização de sindicatos rurais e de colô-nias de pescadores, atendidas as condições que a leiestabelecer.

O intuito do legislador é estender, aos sindicatos ru-rais e de colônias de pescadores, os mesmos princí-pios que adotou para os sindicatos urbanos, median-te lei futura que regule a matéria.

Direito de greveArt. 9o - É assegurado o direito de greve, competindoaos trabalhadores decidir sobre a oportunidade deexercê-lo e sobre os interesses que devam por meiodele defender.§ 1o - A lei definirá os serviços ou atividades essenci-ais e disporá sobre o atendimento das necessidadesinadiáveis da comunidade.§ 2o - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveisàs penas da lei.

A constituição anterior considerava a greve uma sub-versão à ordem, e não um legítimo direito do trabalha-dor.

O exercício do direito de greve, como foi adotado nes-te inciso, deve ser pautado pela prudência e pela res-ponsabilidade.

Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos,os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados,de comum acordo, a garantir, durante a greve, a pres-tação dos serviços indispensáveis ao atendimento dasnecessidades inadiáveis da comunidade.

A Lei nº 7.783/89, que regulou a greve, nos diz que asatividades essenciais são:a) tratamento e abastecimento de água;b) produção de energia elétrica, gás, combustíveis;c) assistência médica e hospitalar;d) distribuição e comercialização de medicamentos ealimentos;e) serviços funerários;f) transporte coletivo;g) captação e tratamento de água e esgoto;h) telecomunicações;i) guarda, uso e controle de substâncias radioativas,equipamentos e materiais nucleares;j) processamento de dados ligados a serviços essen-ciais;l) controle de tráfego aéreo e compensação bancária.

A previsão de responsabilização por abusos, previstano § 2o, carece, ainda, de lei que a regulamente.

Art. 10o - É assegurada a participação dos trabalhado-res e empregadores nos colegiados dos órgãos públi-cos em que seus interesses profissionais ou previden-ciários sejam objeto de discussão e deliberação.

A participação de trabalhadores e empregadores nosórgãos mencionados busca conferir caráter mais de-mocrático, maior legitimidade e maior representativi-dade às decisões governamentais.

Art. 11o - Nas empresas de mais de duzentos empre-gados, é assegurada a eleição de um representantedestes com a finalidade exclusiva de promover-lhes oentendimento direto com os empregadores.Há aqui mais uma inovação. O representante dos tra-

Page 38: Noções de Direito Constitucional

balhadores, no caso, é o que a doutrina chama dedelegado. Sua atuação se restringe à intermediaçãode acordos no âmbito da empresa, apenas, e a LeiMaior não lhe garante proteção especial contra a des-pedida arbitrária.

QUADRO SINÓTICO DO CAPÍTULO

livre instituição - interferência do Poder Público Associação e sindicato vedados - intervenção - mais de 1 sindicato na mesma base territorial Competências defesa dos direitos da categoria judiciais do defesa dos interesses coletivos ou Sindicato defesa dos interesses individuais extrajudiciais

¶ educação

¶ saúde

¶ trabalho

¶ lazer

¶ segurança

¶ previdência social

¶ proteção à maternidade

¶ infância

¶ assistência aos desamparados

¶ moradia

São Direitos Sociais:

¶ assegurar o bem-estar do homem

¶ assegurar o desenvolvimento humano

Objetivos

¶ trabalhadores rurais e

¶ trabalhadores urbanos

sejam eles

¶ com vínculo empregatício permanente ou

¶ avulsos

Igualdade de direitos entre

Page 39: Noções de Direito Constitucional

Direitos do Trabalhador1

Direito ao

salário

- salário mínimo (inclusive para os que recebem remuneração variável) * - irredutibilidade salarial

- piso salarial

- 13o salário *

- remuneração do trabalho noturno maior do que o diurno * - proteção do salário, sendo crime sua retenção dolosa

- hora-extra com remuneração no mínimo 50% acima da normal * - adicional para atividades penosas, insalubres e perigosas

Direito de

repouso

- jornada diária de 8 horas (6 horas, para turnos ininterruptos de revezamento)

- jornada semanal de 44 horas

- repouso semanal remunerado * - gozo de férias anuais remuneradas com pelo menos 1/3 a mais do salário normal * - licença-gestante * - licença-paternidade * - aposentadoria *

Proteção do

emprego

- proteção contra despedida arbitrária ou sem justa causa, mediante indenização

- seguro-desemprego (se o desemprego for involuntário)

- FGTS

- aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo de 30 dias no mínimo

- ações trabalhistas até dois anos após a extinção do contrato de trabalho

- proteção do mercado de trabalho da mulher * - proteção em face da automação

Proteção aos dependentes

- salário-família * - creches e pré-escola para crianças até 6 anos

Proteção das condições de

trabalho

- seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador

- reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho

- proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre para menores de 18 anos

- proibição de qualquer trabalho para menores de 16 anos, salvo se aprendizes, a partir de 14 anos.

Proibição de

discriminação

- diferença de salários, exercício de funções e critério de admissão por motivo de

sexo, idade, cor ou estado civil * - salário e critérios de admissão para o trabalhador portador de deficiência

- entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos

Outros direitos dos

trabalhadores

- direito de livre associação sindical ou profissional

- direito de greve

- direito de participação nos lucros e resultados da empresa

- direito de participação nos órgãos públicos colegiados que deliberem sobre seus interesses profissionais ou previdenciários

- direito de representação na empresa com mais de duzentos empregados

1 Os direitos do trabalhador doméstico foram assinalados com *

Page 40: Noções de Direito Constitucional

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

01. A manutenção do princípio da unicidade sin-dical obrigatória pela Constituição de 1988 estácondicionada necessariamente:I - à existência de sindicatos organizados por catego-rias.II - à pluralidade sindical.III- à organização sindical compulsoriamente fiscali-zada pelo Estado.a) a I é a única incorreta.b) a II está correta.c) a II e a III estão incorretas.d) a III e a I estão corretas.e) todas são incorretas.

02. A Constituição do Brasil de 1988, inovando nocampo da solução de conflitos coletivos de tra-balho, adotou:I - a convenção coletiva de trabalho.II - o acordo coletivo de trabalho.III - a arbitragem.a) a I e a II estão corretas.b) a III é a única correta.c) a I é a única correta.d) a II é a única correta.e) todas estão corretas.

03. É livre a associação profissional ou sindical,segundo a Constituição Federal, observadas, den-tre outras, as seguintes determinantes (assinalea alternativa incorreta):a) são vedadas ao Poder Público a interferência e aintervenção na organização sindical.b) é obrigatória a participação dos sindicatos nas ne-gociações coletivas de trabalho.c) ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-sefiliado a sindicato.d) o aposentado filiado tem direito a votar, mas não deser votado nas organizações sindicais.

04. A Constituição do Brasil de 1988:I - se limitou a reconhecer a validade do acordo e aconvenção coletiva de trabalho.II - foi a primeira a tratar da negociação coletiva nosseus múltiplos aspectos.III - não se limitou a reconhecer a validade da conven-ção coletiva de trabalho.a) a I é a única incorreta.b) a II e a III estão incorretas.c) a I e a II estão corretas.d) a III é a única correta.e) todas são corretas.

05. Os direitos dos trabalhadores previstos naConstituição:a) não podem ser alterados em prejuízos deles.b) não podem ser restringidos, a menos que haja con-cordância escrita do interessado.

c) podem ser restringidos, em algumas hipóteses, pormeio de convenção coletiva.d) só podem ser alterados em caso de força maior.

06. Assinale a resposta correta. À luz da Consti-tuição da República, é vedado ao menor de 18anos, quando empregado,a) filiar-se a sindicato.b) participar de greve.c) o trabalho noturno, perigoso ou insalubre.d) o trabalho sob horas extras.

07. A Constituição garante à mulher gestante:a) licença de 84 dias, com a garantia de emprego até5 dias após o parto.b) licença de 84 dias, com a garantia de emprego até120 dias após o parto.c) licença de 120 dias, com a garantia do empregoapós o parto.d) licença de 120 dias, com a garantia do emprego até5 meses após o parto.e) licença de 120 dias, somente com garantia do em-prego após o parto mediante cláusula em convençãocoletiva, acordo ou sentença normativa.

08. A Constituição Federal de 1988 estabelece,quanto à duração do trabalho:a) jornada de 7 horas e vinte minutos para todos ostrabalhadores.b) jornada de 6 horas para os empregados que traba-lham em turnos ininterruptos de revezamento.c) jornada livremente negociada entre os sindicatosde empregados e empregadores.d) jornada não superior a 8 horas para os trabalhado-res urbanos, rurais e domésticos.

09. Ao dispor sobre as contribuições sociais, es-tabeleceu a Constituição que:a) objetivam dar condições de funcionamento aos sin-dicatos.b) constituem modalidade de exação de naturezaeminentemente tributária.c) podem ser livremente instituídas, desde que hajamotivo relevante.d) têm vigência imediata após a sua instituição.

10. A base territorial de um sindicato não poderáser inferior à área de:a) um bairro.b) um Município.c) uma região administrativa.d) um distrito.e) uma região metropolitana.

11. O prazo de prescrição da ação trabalhista,desde a promulgação da Constituição Federal de05.10.1988, para o trabalhador urbano, passoupara:a) 2 anos, após a extinção do contrato.

Page 41: Noções de Direito Constitucional

b) 5 anos, até o limite de 3 anos após a extinção docontrato.c) 5 anos, até o limite de 2 anos após a extinção docontrato.d) 2 anos, até o limite de 5 anos após a extinção docontrato.e) 3 anos após a extinção do contrato.

12. No nosso ordenamento jurídico, a garantiacontra a despedida arbitrária:a) depende de promulgação de lei complementar.b) está prevista na legislação ordinária.c) depende de promulgação de lei ordinária.d) não pode ser objeto de norma coletiva.

13. Complete a lacuna. A remuneração da horaextra deverá ser ....................................... acimada remuneração da hora normal.a) no máximo 50% (cinqüenta por cento)b) no mínimo 50% (cinqüenta por cento)c) no máximo 30% (trinta por cento)d) no mínimo 30% (trinta por cento)e) 30% (trinta por cento)

14. Ao dispor sobre o empregado sindicalizado,candidato a cargo de direção ou representaçãosindical, a Constituição Federal concedeu:a) estabilidade no curso do mandato.b) estabilidade provisória desde o registro da candida-tura.c) possibilidade de dispensa, desde que sejam pagosos seus direitos até o término do mandato.d) impossibilidade de dispensa arbitrária ou sem justacausa, desde o registro de sua candidatura até umano após o término do mandato.

15. Acordos coletivos de trabalho, previstos noart. 7o, XXVI, da Constituição Federal:a) são os celebrados entre o sindicato da categoriaprofissional e uma única empresa.b) são os celebrados entre uma empresa e seus em-pregados, com ou sem assistência dos respectivossindicatos.c) são celebrados entre os sindicatos patronais e osdos empregados correspondentes às categorias eco-nômicas.d) são aqueles, de caráter normativo, celebrados porum sindicato da categoria profissional com uma oumais empresas da correspondente categoria econô-mica.

16. Dentre os avanços alcançados no campo dosDireitos Sociais pela atual Constituição do Bra-sil, não se inclui:a) a duração do trabalho, antes de 48 (quarenta e oito)horas, passando a 44 (quarenta e quatro) horas se-manais.b) os turnos que eram de 03 (três) com 08 (oito) horascada, agora 04 (quatro) com 06 (seis) horas.

c) o salário nas férias, antes integral, atualmente acres-cido de 1/3 (um terço).d) a licença-gestante, anteriormente de 90 (noventa)dias, agora 100 (cem) dias.e)a remuneração do serviço extraordinário superior, nomínimo, em 50% (cinqüenta por cento) à do normal.

17. Assinale a única hipótese que não constituium direito social do trabalhador rural.a) Seguro desemprego.b) 13o salário.c) Gozo de férias anuais.d) Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.e) Duração do trabalho normal não superior a 10 (dez)horas diárias.

18. A Constituição da República assegura aosempregados domésticos os direitos seguintes,exceto:a) integração à previdência social.b) gozo de férias anuais remuneradas com, pelo me-nos, um terço a mais do que o salário normal.c) irredutibilidade de salário, salvo o disposto em con-venção ou acordo coletivo.d) repouso semanal remunerado, preferencialmente aosdomingos.e) relação de emprego protegida contra despedida ar-bitrária ou sem justa causa, nos termos da lei com-plementar, que preverá indenização compensatória,dentre outros direitos.

19. São direitos sociais, segundo a Constituição:a) educação, saúde, trabalho, lazer, segurança, previ-dência social, proteção à maternidade e à infância eassistência aos desamparados.b) proteção contra a despedida arbitrária, seguro-de-semprego, FGTS, salário-mínimo e salário-família,dentre outros.c) direitos de petição, direito de ação judicial e recur-sos a ela inerentes, habeas data, proteção ao direitoadquirido, etc.d) trabalho, 13o salário, horas extras com acréscimode 50%, etc.

20. Assinale a alternativa incorreta.A Constituição do Brasil prevê alguns direitos sociais,dentre eles:a) educação.b) lazer.c) trabalho.d) cultura.e) saúde.

21. Aqueles que recebem remuneração variável,como os vendedores de lojas:a) devem receber pelo menos um salário mínimo emeio.b) podem receber apenas suas comissões.c) se suas comissões forem inferiores a um salário

Page 42: Noções de Direito Constitucional

mínimo, mesmo assim deverão receber pelo menosum salário mínimo.d) se suas comissões forem inferiores a dois saláriosmínimos, mesmo assim deverão receber pelo menosdois salários mínimos.e) constitucionalmente, não existe a previsão de umtrabalhador receber remuneração variável.

Gabarito

01. D 02. A 03. D 04. A 05. C 06. C07. D 08. B 09. B 10. B 11. C 12. A13. B 14. D 15. D 16. D 17. E 18. E19. A 20. D 21. C

Page 43: Noções de Direito Constitucional

1. INTRODUÇÃO

Segundo Hely Lopes Meirelles, a expressão Adminis-tração Pública pode ter os seguintes significados:a) conjunto de órgãos instituídos para consecução dosobjetivos do Governo;b) conjunto das funções necessárias aos serviçospúblicos em geral;c) desempenho perene e sistemático; legal e técnico,dos serviços próprios do Estado ou por ele assumidosem benefício da coletividade.

A Administração Pública divide-se em dois grandesgrupos: a administração direta (centralizada) e a ad-ministração indireta (descentralizada).

A administração direta é formada pelo conjunto de ór-gãos administrativos subordinados diretamente aoPoder Executivo de cada uma das esferas governa-mentais autônomas: União, Estados, Distrito Federale Municípios.

Já a administração indireta é formada por entidadesdescentralizadas que se destinam à prestação dedeterminados serviços ou à exploração de determina-das atividades econômicas. Essas entidades podemser pessoas jurídicas de direito público, como as au-tarquias e fundações de direito público, ou pessoasjurídicas de direito privado, como as empresas públi-cas e as sociedades de economia mista.

Autarquias são entes administrativos autônomos, cri-ados por lei específica, com patrimônio próprio e atri-buições estatais específicas. Segundo Hely LopesMeirelles, “a autarquia é forma de descentralizaçãoadministrativa, através da personificação de um servi-ço retirado da Administração centralizada. Por essarazão, à autarquia só deve ser outorgado serviço pú-blico típico, e não atividades industriais ou econômi-cas, ainda que de interesse coletivo” Exemplos deautarquias: Banco Central, USP, INSS, SUNAB etc.

Fundação de direito público é uma “universalidade debens personalizada”, instituída em atenção a um fimdeterminado, definido em lei. Exemplos: Fundação deAmparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (tem por

finalidade prover bolsas e subsídios para o desenvolvi-mento de pesquisas), FEBEM (tem por finalidade pres-tar atendimento a crianças marginalizadas ou caren-tes) etc. No presente ordenamento jurídico, não hámais diferença relevante entre as fundações de direitopúblico e as autarquias, havendo, inclusive, autoresque chamam as fundações de direito público de “au-tarquias fundacionais”.

Tanto a Autarquia quanto a Fundação Pública não têmconcorrência com o particular, portanto todas as prer-rogativas aplicadas aos entes públicos da federação(União, estados, DF e municípios) devem ser estendi-das a elas.

As empresas públicas, as sociedades de economiamista e suas subsidiárias são as entidades da admi-nistração indireta pelas quais o Poder Público atua nainiciativa privada, prestando serviços ou explorandoatividades econômicas. O art. 173 da CF determinaque a lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresapública, da sociedade de economia mista e de suassubsidiárias que explorem atividade econômica de pro-dução ou comercialização de bens ou de prestaçãode serviços. A diferença básica entre a sociedade deeconomia mista e a empresa pública é que o capitalda primeira, como o próprio nome diz, é misto, forma-do pela participação de particulares e do Estado, aopasso que o capital da empresa pública é 100% esta-tal. Como exemplos de sociedades de economia mis-ta, temos: o Banco do Brasil e a Petrobrás. Exemplosde empresas públicas: Casa da Moeda, Correios eTelégrafos, Caixa Econômica Federal. Ambas sãoSociedades Anônimas, mas uma de capital aberto eoutra de capital fechado para o particular.

Segundo o inciso XIX do art. 37 da CB, somente porlei específica1 poderá ser criada a autarquia ou auto-rizada a criação de empresa pública, sociedade deeconomia mista ou fundação pública; além disso, con-forme o inciso XX, depende de autorização legislativa,

4. DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1. Introdução2. Princípios Constitucionais da Administração Pública3. Disposições Gerais4. Servidores Públicos

1 Lei específica é aquela que regula apenas uma espécie dematéria; a exigência de lei específica impõe maior transparênciaao processo legislativo, diminuindo, no caso, a possibilidade dea criação das referidas entidades da administração indiretapassar desapercebida.

Page 44: Noções de Direito Constitucional

em cada caso, a criação de subsidiárias dessas enti-dades, assim como a participação de qualquer delasem empresa privada.

2. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA

O caput do art. 37 da CB enumera expressamentecomo princípios da Administração Pública os da lega-lidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e efi-ciência. Além destes, outros podem ser encontradosnos incisos e parágrafos do mesmo artigo, como o dalicitação, o da prescritibilidade dos ilícitos administra-tivos e o da responsabilidade civil das pessoas jurídi-cas de direito público.

a) Princípio da legalidadeTodo e qualquer ato administrativo, somente será váli-do se houver lei que o fundamente. Considerando-se,de outra parte, que é a lei que determina a finalidadedo ato administrativo, o princípio da legalidade trazimplícito em seu bojo um outro princípio extremamen-te importante da Administração Pública: o princípioda finalidade. Ele impõe ao administrador público quesó pratique o ato para o seu fim legal, fim este que,em última análise, deverá corresponder, sempre, aointeresse público; em não atendendo a este princípio,o administrador incorrerá em “desvio de finalidade”,uma das formas de abuso de poder. O princípio dalegalidade na administração pública difere do princí-pio da legalidade adotada por qualquer cidadão ouparticular, pois este pode agir na lacuna (omissão) dalei, enquanto aquele somente quando a lei autorizarexpressamente.

b) Princípio da impessoalidadeOs atos e provimentos administrativos deverão serexpressão da vontade do Estado, e não da veleidade,do capricho ou da arbitrariedade do funcionário. Nestesentido, por exemplo, o § 1o do artigo 37 irá proibirque na publicidade de atos, programas, obras, servi-ços e campanhas dos órgãos públicos constem no-mes, símbolos ou imagens que caracterizem promo-ção pessoal de autoridades ou servidores públicos.Não poderá o administrador, objetivar pelo ato admi-nistrativo, o benefício ou o prejuízo pessoal, o únicoobjetivo do ato deverá ser o interesse público.

c) Princípio da moralidadeSegundo Hely Lopes Meirelles, “por considerações dedireito e de moral, o ato administrativo não terá queobedecer somente à lei jurídica, mas também à leiética da própria instituição, porque nem tudo que élegal é honesto”.

Neste sentido, cabe exemplo esclarecedor dado porJosé Afonso da Silva: “se um Prefeito, em fim de man-dato, por ter perdido a eleição para seu adversáriopolítico, congela ou não atualiza o imposto sobre pro-priedade territorial e urbana, com o intuito, aí transpa-rente de prejudicar a futura administração municipal,comete imoralidade administrativa, pouco importa seo ato for ou não ilegal”. É importante lembrar que,conforme vimos no art. 5o, o desrespeito à moralidadeadministrativa permite ao cidadão comum invalidar osatos administrativos imorais, ainda que sejam legais,através de ação popular.

Convém lembrar também que, conjuminado ao princí-pio da moralidade administrativa, existe o princípio daprobidade administrativa. A probidade administrativa,segundo Marcello Caetano, é uma forma de moralida-de que consiste no dever que tem o funcionário deservir à Administração com honestidade, procedendono exercício de suas funções, sem aproveitar os po-deres ou facilidades dela decorrentes em proveito pes-soal ou de outrem a quem queira favorecer. Os atosde improbidade administrativa são tratados, pela Cons-tituição, até mesmo com mais severidade do que osdemais atos administrativos imorais: importam emsuspensão dos direitos políticos do seu autor, perdada função pública, indisponibilidade dos bens e res-sarcimento ao erário, na forma e gradação previstasem lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

d) Princípio da publicidadePublicidade é a divulgação oficial do ato para conheci-mento público e início de seus efeitos externos (nor-malmente consiste na publicação do ato no diário ofi-cial). Ela é necessária para que haja transparência naAdministração Pública, isto é, para que os adminis-trados possam ter conhecimento dos atos dos admi-nistradores e possam se defender. Em regra, portan-to, são proibidos o sigilo e o segredo administrativo,com raras exceções, permitidos pela própria consti-tuição, no art. 5º, XXXIII (segurança da sociedade e doEstado).

e) Princípio da eficiência -A Eficiência como princípio fundamental da Adminis-tração Pública apresenta-se, inclusive, como condiçãoà aquisição da estabilidade, na medida em que, confor-me dispõe o artigo 41, com a redação que lhe foi confe-rida pela Emenda Constitucional nº 19, é condição obri-gatória para aquisição da estabilidade, a avaliação es-pecial de desempenho efetivada por comissão instituí-da para essa finalidade (art. 41, § 1º, inciso III).Deve este princípio, também ser entendido como amelhor forma do administrador atender as necessida-des coletivas, pois sabemos que as necessidades dopovo são infinitas, mas os recursos para atende-as sãoesparsos. Será ineficiente o administrador que investir

Page 45: Noções de Direito Constitucional

em outros serviços deixando de lado o essencial.

f) Princípio da exigência de licitação pública, paraas contratações de obras, serviços e alienações (art.37, XXI).Licitação, segundo José Afonso da Silva, “é um pro-cedimento administrativo destinado a provocar propos-tas e a escolher proponentes de contratos de execu-ção de obras, serviços, compras ou de alienações doPoder Público. O princípio da licitação significa queessas contratações ficam sujeitas, como regra, aoprocedimento de seleção de propostas mais vantajo-sas para a Administração Pública”. Conforme vimosno art. 22, inciso XXVII, compete privativamente à Uniãolegislar sobre normas gerais de licitação e contrata-ção, em todas as modalidades, para toda a Adminis-tração Pública.

g) Princípio da prescritibilidade dos atos adminis-trativos (art. 37, § 5º).Prescrição é a perda da exigibilidade de um direitopela inércia de seu titular. Os ilícitos administrativostêm prazos para sua apuração. Se a AdministraçãoPública não tomar todas as providências cabíveis nesseprazo, perderá o direito de punir administrativamenteo funcionário. Não perderá, contudo, o direito à indeni-zação, pelo prejuízo causado ao erário.

h) Princípio da responsabilidade civil objetiva(art. 37, § 6º).Responsabilidade civil é a obrigação de reparar osdanos ou prejuízos de natureza patrimonial ou moralque uma pessoa cause a outra. A Constituição obri-gou toda e qualquer pessoa jurídica prestadora deserviço público, seja ela de direito privado, seja dedireito público, seja da administração direta ou indire-ta, seja concessionária, autorizatária ou permissioná-ria, a indenizar terceiros por danos que seus agentes,enquanto tais, vierem a lhes causar. Uma vez que essaresponsabilidade é objetiva, a indenização será devi-da, mesmo que não haja dolo ou culpa por parte doagente público. Se houver dolo ou culpa, a pessoajurídica responsabilizada e que teve de pagar a indeni-zação terá direito de regresso, ou seja, de reembolso,contra o agente responsável. Não se configurando doloou culpa, mas caso fortuito (acidente imprevisto e im-previsível) ou força maior (ação das forças da nature-za), nada terá de pagar o agente.

Por fim, cabe acrescentar que, muito embora não es-tejam expressamente enumerados no art. 37 da Cons-tituição do Brasil, deverá também o administrador pú-blico guiar-se por outros princípios enumerados siste-maticamente na Lei Maior, tais como os da motiva-ção, da razoabilidade e da economicidade, ou seja,os atos administrativos devem ser motivados, funda-mentados; devem ser coerentes e integrados dentro

do sistema jurídico, com proporcionalidade entre osmeios de que a Administração se utiliza e os fins queela pretende alcançar, e devem onerar o menos possí-vel a Administração Pública.

Feitas estas considerações, passemos à leitura doartigo 37.

3. DISPOSIÇÕES GERAIS

Caput - Princípios da Administração Pública:

“Art. 37. A administração pública direta e indireta dequalquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-trito Federal e dos Municípios, obedecerá aos princí-pios de legalidade, impessoalidade, moralidade, pu-blicidade, eficiência e, também ao seguinte:

Acessibilidade dos cargos, empregos e funçõespúblicasI - os cargos, empregos e funções públicas são aces-síveis aos brasileiros que preencham os requisitosestabelecidos em lei, assim como aos estrangeirosna forma da Lei;

A nova redação estabelecida pela Emenda Constitu-cional nº 19, ao inciso I, do artigo 37, estende aosestrangeiros a possibilidade do exercício dos cargospúblicos, anteriormente privativos de brasileiros (na-tos ou naturalizados). Ressalta-se, entretanto, que aprópria Constituição estabelece a reserva a brasileironato, o exercício dos cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, Presidente da Câmara dosDeputados, Presidente do Senado Federal, Ministrodo Supremo Tribunal Federal, Cargos de Carreira Di-plomática; Oficial das Forças Armadas e Ministro deEstado da Defesa (conforme artigo 12, § 3º, estudadoanteriormente). Também os seis brasileiros indicadospara o Conselho da República.

Exigência de concursos públicosII - a investidura em cargo ou emprego público depen-de de aprovação prévia em concurso público de pro-vas ou de provas e títulos, de acordo com a naturezae a complexidade do cargo ou emprego, na forma pre-vista em lei, ressalvadas as nomeações para cargoem comissão declarado em lei de livre nomeação eexoneração2;

2 Refere-se o legislador, aqui, a funções de chefia, direção ouassessoramento, e que em geral são de confiança, sendo,portanto, de livre provimento e exoneração, dispondo, entretanto,o inciso V, do artigo 37, na redação conferida pela EmendaConstitucional nº 19, que tais funções de confiança, serãoexercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargoefetivo e os em comissão, por servidores de carreira, nos casos,condições e percentuais mínimos estabelecidos na lei.

Page 46: Noções de Direito Constitucional

Observe que a exigência de concurso público é feitaapenas para cargo ou emprego público. Proposital-mente, as funções públicas não estão enumeradasaqui, uma vez que parte dos que as exercem ou foramcontratados temporariamente (como por exemplo, acontratação de técnicos estrangeiros, para que exer-çam determinada função num período de tempo) ousão ocupantes de funções de confiança. A Constitui-ção estabelece outras exceções a este inciso nosarts. 94 e 207. O artigo 94 determina que um quintodos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dosTribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territó-rios seja composto de membros do Ministério Públi-co, com mais de dez anos de carreira, e de advoga-dos de notório saber jurídico e de reputação ilibada,com mais de dez anos de efetiva atividade profissio-nal, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de re-presentação das respectivas classes. Tais advogados,preenchidos os requisitos acima, passarão a ser Juí-zes de segunda instância, com as prerrogativas deseu cargo. O art. 207, na redação dada pela EmendaConstitucional nº 11, de 30/04/96, faculta às universi-dades e às instituições de pesquisa científica e tec-nológica admitir professores, técnicos e cientistasestrangeiros, na forma da lei.

Prazo de validade do concursoIII - o prazo de validade do concurso público será deaté dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;§ 2º A não-observância do disposto nos incisos II eIII implicará a nulidade do ato e a punição da autorida-de responsável, nos termos da lei.IV - durante o prazo improrrogável previsto no editalde convocação, aquele aprovado em concurso públi-co de provas ou de provas e títulos será convocadocom prioridade sobre novos concursados para assu-mir cargo ou emprego, na carreira;O prazo de validade do concurso público será de nomáximo 2 anos, podendo ser prorrogado uma únicavez, por prazo igual ao fixado no edital (se o editalfixou o prazo de validade em 5 meses, a Administra-ção poderá prorrogá-lo uma única vez e somente por 5meses). Se for aberto um novo edital durante o prazoimprorrogável, ou seja, durante a única prorrogaçãopermitida, haverá direito adquirido para os que passa-ram no concurso anterior. Exemplificando: a Adminis-tração Federal faz um concurso de AFRF, com prazode validade de 2 meses, podendo ser prorrogado pormais 2 meses. Se antes do término do prazo de 2meses de prorrogação, houver a emissão de editaispara um novo concurso público, haverá direito adquiri-do para aqueles que passaram no concurso anterior.

O princípio da acessibilidade dos cargos e empregospúblicos mediante concurso público e as regras relati-vas ao prazo de validade do concurso são reforçados

pelo disposto no seguinte parágrafo:

Exigência de previsão legal para os cargos emcomissãoV – as funções de confiança, exercidas exclusiva-mente por servidores ocupantes de cargo efetivo, eos cargos em comissão, a serem preenchidos porservidores de carreira nos casos, condições e per-centuais mínimos previstos em lei, destinam-se ape-nas às atribuições de direção, chefia e assessora-mento;

Contudo, não há lei definindo o percentual mínimo.

Direito do servidor público civil à sindicalizaçãoVI - é garantido ao servidor público civil o direito àlivre associação sindical;Observe que este direito pertence apenas ao servidorpúblico. Ao MILITAR são vedados o direito de sindica-lização e o direito de greve (art. 42, § 5o).

Direito de greve do servidor público civilVII - o direito de greve será exercido nos termos e noslimites definidos em lei específica;

Reserva legal de cargos e empregos públicos paradeficientesVIII - a lei reservará percentual dos cargos e empre-gos públicos para as pessoas portadoras de deficiên-cia e definirá os critérios de sua admissão;

Previsão legal para contratações por tempo de-terminadoIX - a lei estabelecerá os casos de contratação portempo determinado para atender a necessidade tem-porária de excepcional interesse público;

Este inciso constitucional trata do Agente Público tem-porário.

Regras para a remuneração dos servidores pú-blicosX - a remuneração dos servidores públicos e o subsí-dio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão serfixados ou alterados por lei específica, observada ainiciativa privativa em cada caso, assegurada revisãogeral anual, sempre na mesma data e sem distinçãode índices;XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes decargos, funções e empregos públicos da administra-ção direta, autárquica e fundacional, dos membros dequalquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-trito Federal e dos Municípios, dos detentores de man-dato eletivo e dos demais agentes políticos e os pro-ventos, pensões ou outra espécie remuneratória, per-cebidos cumulativamente ou não, incluídas as vanta-

Page 47: Noções de Direito Constitucional

gens pessoais ou de qualquer outra natureza, nãopoderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dosMinistros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-secomo limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, enos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensaldo Governador no âmbito do Poder Executivo, o sub-sídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbitodo Poder Legislativo e o subsídio dos Desembarga-dores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa intei-ros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídiomensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tri-bunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicá-vel este limite aos membros do Ministério Público,aos Procuradores e aos Defensores Públicos;

Se houver o recebimento de recursos por parte doEstado, ainda se aplicarão esses limites, se relacio-nados a despesas de pessoal e custeio em geral, emrazão do § 9º, desse mesmo artigo, acrescido pelaEmenda Constitucional nº 19.

§ 9º - O disposto no inciso XI aplica-se às empresaspúblicas e às sociedades de economia mista, e suassubsidiárias, que receberem recursos da União, dosEstados, do Distrito Federal ou dos Municípios parapagamentos de despesas de pessoal ou de custeioem geral.

XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativoe do Poder Judiciário não poderão ser superiores aospagos pelo Poder Executivo.

Será considerado, para os fins do limite fixado aqui, ovalor da maior remuneração atribuída por lei na datade publicação da Emenda Constitucional n. 41, aoMinistro do Supremo Tribunal Federal, a título de ven-cimento, de representação mensal e da parcela rece-bida em razão de tempo de serviço, aplicando-se comolimite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nosEstados e no Distrito Federal, o subsídio mensal doGovernador no âmbito do Poder Executivo, o subsídiodos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito doPoder Legislativo e o subsídio dos Desembargadoresdo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros evinte e cinco centésimos por cento da maior remune-ração mensal de Ministro do Supremo Tribunal Fede-ral, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limi-te aos membros do Ministério Público, aos Procura-dores e aos Defensores Públicos;

XIII - é vedada vinculação ou equiparação de quais-quer espécies remuneratórias para o efeito de remu-neração de pessoal do serviço público;Proibiu-se a vinculação dos vencimentos a quaisqueríndices, como por exemplo, o salário mínimo, o au-mento da arrecadação, os valores dos títulos da dívida

pública etc.

XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servi-dor público não serão computados nem acumuladospara fins de concessão de acréscimos ulteriores;

Proíbe-se aqui o chamado “repicão”, ou seja, a inci-dência de adicionais sobre adicionais. No demonstra-tivo de pagamento do servidor público, cada adicionalao salário base; deverá ser apresentado separadamen-te, não se incorporando, assim, à base de cálculo deadicionais posteriores que tenham idêntico fundamen-to.

Esse inciso, veda a acumulação de acréscimos pecu-niários percebidos por servidor público, para fins deacréscimos ulteriores.

XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes decargos e empregos públicos são irredutíveis, ressal-vado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo enos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;

O artigo 39, § 4º, com redação conferida pela EmendaConstitucional nº 19, estabelece que o membro dePoder, o detentor de mandato eletivo, os ministros deEstados e os Secretários Estaduais e Municipais se-rão remunerados, exclusivamente, por subsídio fixadoem parcela única, vedado o acréscimo de qualquergratificação, adicional, abono, prêmio, verba de repre-sentação ou outra espécie remuneratória, obedecido,em qualquer caso, o disposto no artigo 37, X e XI.

Proibição de acumulação de cargosXVI - é vedada a acumulação remunerada de cargospúblicos, exceto quando houver compatibilidade dehorários, observado em qualquer caso o disposto noinciso XI:a) a de dois cargos de professor;b) a de um cargo de professor com outro, técnico oucientífico;c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis-sionais de saúde, com profissões regulamentadas;

Nunca haverá a possibilidade do servidor exercer trêscargos públicos à luz da Lei Maior.

Além das hipóteses acima enumeradas, há mais trêssituações em que a Constituição admite acúmulo decargos:d) se o servidor for investido em cargo de Vereador ehouver compatibilidade de horários, poderá acumular oscargos;e) cargo de juiz com outro de magistério (art. 95, I);f) cargo de promotor com outro de magistério (art. 128,§ 5º, II, “d”).

Page 48: Noções de Direito Constitucional

Tanto a alínea e quanto a alínea f se enquadram naterceira exceção do art. 37, XVI da CF.

XVII – a proibição de acumular estende-se a empre-gos e funções e abrangem autarquias, fundações,empresas públicas, sociedades de economia mista,suas subsidiárias, e sociedades controladas, diretaou indiretamente, pelo poder público;

Precedência da administração fazendária sobreos demais setores administrativosXVIII - a administração fazendária e seus servidoresfiscais terão, dentro de suas áreas de competência ejurisdição, precedência sobre os demais setores ad-ministrativos, na forma da lei;

Este inciso permite, por exemplo, que a Receita Fe-deral possa convocar a Polícia Militar para garantir arealização de uma auditoria.

Exigência de lei específica para a criação de ór-gãos da administração indiretaXIX – somente por lei específica poderá ser criadaautarquia e autorizada a instituição de empresa públi-ca, de sociedade de economia mista e de fundação,cabendo à lei complementar, neste último caso, defi-nir as áreas de sua atuação;XX - depende de autorização legislativa, em cada caso,a criação de subsidiárias das entidades mencionadasno inciso anterior, assim como a participação de qual-quer delas em empresa privada;

Princípio da exigibilidade de licitaçãoXXI - ressalvados os casos especificados na legisla-ção, as obras, serviços, compras e alienações serãocontratados mediante processo de licitação públicaque assegure igualdade de condições a todos os con-correntes, com cláusulas que estabeleçam obrigaçõesde pagamento, mantidas as condições efetivas daproposta, nos termos da lei, a qual somente permitiráas exigências de qualificação técnica e econômica;indispensáveis à garantia do cumprimento das obri-gações.

Recursos prioritários para as administrações tri-butáriasXXII - as administrações tributárias da União, dos Es-tados, do Distrito Federal e dos Municípios, ativida-des essenciais ao funcionamento do Estado, exerci-das por servidores de carreiras específicas, terão re-cursos prioritários para a realização de suas ativida-des e atuarão de forma integrada, inclusive com ocompartilhamento de cadastros e de informações fis-cais, na forma da lei ou convênio. (Emenda Constitu-cional nº 42/2003)

Proibição da utilização da publicidade oficial parafins de promoção pessoal§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, ser-viços e campanhas dos órgãos públicos deverá tercaráter educativo, informativo ou de orientação soci-al, dela não podendo constar nomes, símbolos ouimagens que caracterizem promoção pessoal de au-toridades ou servidores públicos.

Este parágrafo reafirma o princípio da Impessoalidadedo Administrador.

Nulidade e Responsabilidade§ 2º - A não-observância do disposto nos incisos II eIII implicará a nulidade do ato e a punição da autorida-de responsável, nos termos da lei.

Reclamações quanto aos serviços públicos§ 3º - A lei disciplinará as formas de participação dousuário da administração pública direta e indireta, re-gulando especialmente:I - as reclamações relativas à prestação dos serviçospúblicos em geral, asseguradas a manutenção deserviços de atendimento ao usuário e a avaliação pe-riódica, externa e interna, da qualidade dos serviços;II - o acesso dos usuários a registros administrativose a informações sobre atos de governo, observado odisposto no art. 5º, X e XXXIII;III - a disciplina da representação contra o exercícionegligente ou abusivo de cargo, emprego ou funçãona administração pública.

Princípio da probidade administrativa§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importa-rão a suspensão dos direitos políticos, a perda da fun-ção pública, a indisponibilidade dos bens e o ressar-cimento ao erário, na forma e gradação previstas emlei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Princípio da prescritibilidade de ilícitos adminis-trativos§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição parailícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não,que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as res-pectivas ações de ressarcimento.

Princípio da responsabilidade civil objetiva§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as dedireito privado, prestadoras de serviços públicos respon-derão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,causarem a terceiros, assegurado o direito de regressocontra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Reserva da lei e informações privilegiadas§ 7º - A lei disporá sobre os requisitos e as restriçõesao ocupante de cargo ou emprego da administração

Page 49: Noções de Direito Constitucional

direta e indireta que possibilite o acesso a informa-ções privilegiadas.

O princípio da eficiência e autonomia do Estado§ 8º- A autonomia gerencial, orçamentária e financei-ra dos órgãos e entidades da administração direta eindireta poderá ser ampliada mediante contrato, a serfirmado entre seus administradores e o poder público,que tenha por objeto a fixação de metas de desempe-nho para o órgão ou entidade, cabendo à lei disporsobre:I - o prazo de duração do contrato;II - os controles e critérios de avaliação de desempe-nho, direitos, obrigações e responsabilidade dos diri-gentes;III - a remuneração do pessoal.

Limitação ao teto remuneratório§ 9º - O disposto no inciso XI aplica-se às empresaspúblicas e às sociedades de economia mista, e suassubsidiárias, que receberam recursos da União, dosEstados, do Distrito Federal ou dos Municípios parapagamento de despesas de pessoal ou de custeio emgeral. (Parágrafo incluído pela Emenda Constitucionalnº 19, de 04.06.1998)

Proibição de acumulação de proventos e venci-mentos

§ 10º - É vedada a percepção simultânea de proven-tos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dosarts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, empregoou função pública, ressalvados os cargos acumulá-veis na forma desta Constituição, os cargos eletivose os cargos em comissão declarados em lei de livrenomeação e exoneração. (Parágrafo incluído pelaEmenda Constitucional nº 20, de 15.12.1998)

§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limitesremuneratórios de que trata o inciso XI do caput desteartigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas emlei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caputdeste artigo, fica facultado aos Estados e ao DistritoFederal fixar, em seu âmbito, mediante emenda àsrespectivas Constituições e Lei Or gânica, como limiteúnico, o subsídio mensal dos Desembargadores dorespectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventainteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídiomensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, nãose aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídiosdos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

Regras para o servidor público em mandato eletivoArt. 38 - Ao servidor público da administração direta,autárquica e fundacional, no exercício de mandato ele-tivo, aplicam-se as seguintes disposições:

I - tratando se de mandato eletivo federal, estadual oudistrital, ficará afastado de seu cargo, emprego oufunção;II - investido no mandato de Prefeito, será afastadodo cargo, emprego ou função, sendo lhe facultado optarpela sua remuneração;III - investido no mandato de Vereador, havendo com-patibilidade de horários, perceberá as vantagens deseu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remu-neração do cargo eletivo, e, não havendo compatibili-dade, será aplicada a norma do inciso anterior;IV - em qualquer caso que exija o afastamento para oexercício de mandato eletivo, seu tempo de serviçoserá contado para todos os efeitos legais, exceto parapromoção por merecimento;V - para efeito de benefício previdenciário, no caso deafastamento, os valores serão determinados como seno exercício estivesse.

4. SERVIDORES PÚBLICOS

Previsão de instituição de conselho de políticade administração e remuneração de pessoalArt. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e osMunicípios instituirão conselho de política de admi-nistração e remuneração de pessoal, integrado porservidores designados pelos respectivos Poderes.

Com a Emenda Constitucional nº 19 foi retirada a exi-gência de instituição de regime jurídico único aos ser-vidores públicos, prevendo ainda a instituição de con-selhos de política de administração e remuneração depessoal.O plano de carreira é a classificação dos cargos quecompõem a carreira, em função da complexidade dosmesmos. O objetivo do plano de carreira é estabele-cer uma política salarial mais justa, com vencimentosproporcionais à responsabilidade exercida.

Composição do sistema remuneratório§ 1º - A fixação dos padrões de vencimento e dosdemais componentes do sistema remuneratório ob-servará:I - a natureza, o grau de responsabilidade e a comple-xidade dos cargos componentes de cada carreira:II - os requisitos para a investidura:III - as peculiaridades dos cargos.

Direitos sociais dos servidores civis§ 2º - A União, os Estados e o Distrito, Federal man-terão escolas de governo para a formação e o aperfei-çoamento dos servidores públicos, constituindo-se aparticipação nos cursos um dos requisitos para a pro-moção na carreira, facultada, Para isso, a celebraçãode convênios ou contratos entre os entes federados.

Page 50: Noções de Direito Constitucional

§ 3º - Aplica-se aos servidores ocupantes de cargopúblico o disposto no art. 7º; IV, VII, VIII, IX, XII,XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, po-dendo a lei estabelecer requisitos diferenciados deadmissão quando a natureza do cargo o exigir.§ 4º - O membro de Poder, o detentor de mandatoeletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Esta-duais e Municipais serão remunerados exclusivamen-te por subsídio fixado em parcela única, vedado oacréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,prêmio, verba de representação ou outra espécie re-muneratória, obedecido, em qualquer caso, o dispos-to no art. 37, X e XI.§ 5º - Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal edos Municípios poderá estabelecer a relação entre a maiore a menor remuneração dos servidores públicos, obe-decido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.§ 6º - Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciáriopublicarão anualmente os valores do subsídio e daremuneração dos cargos e empregos públicos.§ 7º - Lei da União, dos Estados, do Distrito federal edos Municípios disciplinará a aplicação de recursosorçamentários provenientes da economia com despe-sas correntes em cada órgão, autarquia e fundação,para aplicação no desenvolvimento de programas dequalidade e produtividade, treinamento e desenvolvi-mento, modernização, reaparelhamento e racionali-zação do serviço público, inclusive sob a forma deadicional ou prêmio de produtividade.§ 8º - A remuneração dos servidores públicos organiza-dos em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.

A Constituição concede aos servidores civis da União,dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, au-tarquias e fundações públicas os seguintes direitossociais, previstos no art. 7o:1. salário mínimo, fixado em lei;2. garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, paraos que percebem remuneração variável;3. décimo terceiro salário com base na remuneraçãointegral ou no valor da aposentadoria;4. remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;5. salário-família para seus dependentes;6. duração do trabalho normal não superior a oito ho-ras diárias e quarenta e quatro semanais, facultada acompensação de horários e a redução da jornada, me-diante acordo ou convenção coletiva de trabalho.7. repouso semanal remunerado, preferencialmente aosdomingos;8. remuneração do serviço extraordinário superior, nomínimo, em cinqüenta por cento à do normal;9. gozo de férias anuais remuneradas com, pelo me-nos, um terço a mais do que o salário normal;10.licença à gestante, sem prejuízo do emprego e dosalário, com a duração de cento e vinte dias;11.licença-paternidade, nos termos fixados em lei;12.proteção do mercado de trabalho da mulher, medi-

ante incentivos específicos, nos termos da lei;13. redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meiode normas de saúde, higiene e segurança;14. proibição de diferença de salários, de exercício defunções e de critério de admissão por motivo de sexo,idade, cor ou estado civil;

Aposentadoria do servidor combina com as regrasdas Emendas Constitucionais ns. 41/03 e 20/98

Instituição sistema contributivo e solidário paraativos, inativos e pensionistas - assegurado paraos que tem cargo efetivoArt. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos daUnião, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-pios, incluídas suas autarquias e fundações, é asse-gurado regime de previdência de caráter contributivoe solidário, mediante contribuição do respectivo entepúblico, dos servidores ativos e inativos e dos pensi-onistas, observados critérios que preservem o equilí-brio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41/2003)

Obrigatoriedade do Cálculo§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previ-dência de que trata este artigo serão aposentados,calculados os seus proventos a partir dos valores fi-xados na forma dos §§ 3º e 17. (Redação dada pelaEmenda Constitucional nº 41/2003)

Observe que agora o sistema para o cálculo de apo-sentadoria deve ter como referencial não mais a remu-neração total, bruta, mas sim o valor utilizado para odesconto das contribuições previdenciárias, que sem-pre é menor, uma vez que em sua base não podehaver bitributação (imposto de renda, indenização, vale-transporte etc.). Não se esqueçam de que o § 3º man-da também que se observe a regra do art. 201, ouseja:

a) por invalidez permanente - na forma da leiI - por invalidez permanente, sendo os proventos pro-porcionais ao tempo de contribuição, exceto se de-corrente de acidente em serviço, moléstia profissio-nal ou doença grave, contagiosa ou incurável, na for-ma da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucio-nal nº 41/2003).

b) compulsóriaII - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, comproventos proporcionais ao tempo de contribuição;

c) voluntáriaIII - voluntariamente, desde que cumprido tempo míni-mo de dez anos de efetivo exercício no serviço públi-co e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a

Page 51: Noções de Direito Constitucional

aposentadoria, observadas as seguintes condições:a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contri-buição, se homem, e cinqüenta e cinco anos de idadee trinta de contribuição, se mulher;b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e ses-senta anos de idade, se mulher, com proventos pro-porcionais ao tempo de contribuição.

Limites - Proibição do servidor inativo ganharmais que o da ativa§ 2° - Os proventos de aposentadoria e as pensões,por ocasião de sua concessão, não poderão excedera remuneração do respectivo servidor, no cargo efeti-vo em que se deu a aposentadoria ou que serviu dereferência para a concessão da pensão.

Concessão e modo de cálculo§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria,por ocasião da sua concessão, serão consideradas asremunerações utilizadas como base para as contribui-ções do servidor aos regimes de previdência de quetratam este artigo e o art. 201, na forma da lei. (Reda-ção dada pela Emenda Constitucional nº 41/2003).

O modo como será feita a concessão deve necessari-amente ter por base o mesmo sistema que permite odesconto previdenciário, sempre que paralelo ao sis-tema previdenciário dos trabalhadores.

Proibição de requisitos e critérios diferenciados,salvo exceções§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critériosdiferenciados para a concessão de aposentadoria aosabrangidos pelo regime de que trata este artigo,ressalvados, nos termos definidos em leiscomplementares, os casos de servidores: (Redação dadapela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)I portadores de deficiência; (Incluído pela EmendaConstitucional nº 47, de 2005)II que exerçam atividades de risco; (Incluído pela EmendaConstitucional nº 47, de 2005)III cujas atividades sejam exercidas sob condiçõesespeciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

Aposentadoria de professor - educação infantil eensinos fundamental e médio§ 5° Os requisitos de idade e de tempo de contribui-ção serão reduzidos em cinco anos, em relação aodisposto no § 1°, III, a, para o professor que compro-ve exclusivamente tempo de efetivo exercício das fun-ções de magistério na educação infantil e no ensinofundamental e médio.

Proibição de mais de uma aposentadoria§ 6° - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes doscargos acumuláveis na forma desta Constituição, é

vedada a percepção de mais de uma aposentadoria àconta do regime de previdência previsto neste artigo.

O legislador proíbe a concessão de mais de uma apo-sentadoria, ou seja, há permissão legal para até duas,desde que constitucionalmente permitidas. Acima dolimite previsto, está proibido

Concessão de Pensão - Novos Critérios§ 7º - Lei disporá sobre a concessão do benefício depensão por morte, que será igual:(Redação dada pelaEmenda Constitucional nº 41, de 19.12.2003)I - ao valor da totalidade dos proventos do servidorfalecido, até o limite máximo estabelecido para osbenefícios do regime geral de previdência social deque trata o art. 201, acrescido de setenta por centoda parcela excedente a este limite, caso aposentadoà data do óbito; ou (Incluído pela Emenda Constituci-onal nº 41, de 19.12.2003)II - ao valor da totalidade da remuneração do servidorno cargo efetivo em que se deu o falecimento, até olimite máximo estabelecido para os benefícios do re-gime geral de previdência social de que trata o art.201, acrescido de setenta por cento da parcela exce-dente a este limite, caso em atividade na data do óbi-to. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41/2003).

Em relação às pensões, o legislador estipulou regrasdiferenciadas da concessão da aposentadoria, ou seja,não se pagará mais a totalidade daquilo que o servidorpercebia enquanto na ativa, ou enquanto proventos(lembrando-se de que em relação aos proventos ele járecebeu uma redução, pela adoção do sistema da baseda contribuição).Agora o legislador determina que se utilize o valor aser aplicável aos trabalhadores do regime geral da pre-vidência social, e se ultrapassar esse valor, do restan-te, apenas 70%.Exemplificando: o servidor ganha R$ 5.000,00. O valorda aposentadoria do INSS é R$ 2.400,00. O Estadopagará a ele R$ 2.400,00 + 70% de R$ 2.600,00, ouseja (R$ 2.400,00 + R$ 1.820,00 = R$ 4.200,00), maisuma nova redução, em cima da redução já anterior-mente aplicada

Reajustamento desvinculado da ativa§ 8º - É assegurado o reajustamento dos benefíciospara preservar-lhes, em caráter permanente, o valorreal, conforme critérios estabelecidos em lei. (Reda-ção dada pela Emenda Constitucional nº 41/2003).

Agora, pelas novas regras, todo e qualquer benefícioserá assegurado apenas o valor real, estando desvin-culado das melhorias do cargo de origem. Se, porexemplo, ao cargo se aplicar uma nova gratificaçãoou benefício, esse não será estendido aos pensionis-tas nem às aposentadorias.

Page 52: Noções de Direito Constitucional

Contagem recíproca e disponibilidade§ 9º - O tempo de contribuição federal, estadual oumunicipal será contado para efeito de aposentadoriae o tempo de serviço correspondente para efeito dedisponibilidade.

Proibição de contagem de tempo fictício§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma decontagem de tempo de contribuição fictício.

Assim, o menor aprendiz, o estagiário, o conscritoque serve exército obrigatório, não mais poderão con-tar esse tempo, pois não havendo recolhimento deprevidência, é fictício.

Teto remuneratório para situações de acumula-ção permitida§ 11 Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à somatotal dos proventos de inatividade, inclusive quandodecorrentes da acumulação de cargos ou empregospúblicos, bem como de outras atividades sujeitas àcontribuição para o regime geral de previdência social,e ao montante resultante da adição de proventos deinatividade com remuneração de cargo acumulável naforma desta Constituição, cargo em comissão decla-rado em lei de livre nomeação e exoneração, e decargo eletivo.

Observância das regras da previdência socialpara o servidor público§ 12 - Além do disposto neste artigo, o regime deprevidência dos servidores públicos titulares de cargoefetivo observará, no que couber, os requisitos e crité-rios fixados para o regime geral de previdência social.

Cargo exclusivo em comissão - regras gerais§ 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de car-go em comissão declarado em lei de livre nomeaçãoe exoneração bem como de outro cargo temporário oude emprego público, aplica-se o regime geral de previ-dência social.

Permissão da previdência complementar e limi-te de pagamento por parte do Estado§ 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e osMunicípios, desde que instituam regime de previdên-cia complementar para os seus respectivos servido-res titulares de cargo efetivo, poderão fixar, para ovalor das aposentadorias e pensões a serem concedi-das pelo regime de que trata este artigo, o limite má-ximo estabelecido para os benefícios do regime geralde previdência social de que trata o art. 201.

§ 15 - O regime de previdência complementar de quetrata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do res-pectivo Poder Executivo, observado o disposto no art.202 e seus parágrafos, no que couber, por intermédio

de entidades fechadas de previdência complementar,de natureza pública, que oferecerão aos respectivosparticipantes planos de benefícios somente na moda-lidade de contribuição definida. (Redação dada pelaEmenda Constitucional nº 41/2003).

§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa op-ção, o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado aoservidor que tiver ingressado no serviço público até adata da publicação do ato de instituição do corres-pondente regime de previdência complementar.

Se for instituída a previdência complementar, o Esta-do somente se responsabilizará pelo pagamento dovalor estipulado para a iniciativa privada. Qualquer va-lor acima desse teto será pago pelas companhias ins-tituídas e responsáveis pela previdência privada. Emtermos de valor, não haverá perda nenhuma para oservidor, apenas perderá o bom patrão, que é o Esta-do. Afinal, nunca se sabe quando uma instituição fi-nanceira perderá a solidez.Mais importante: a passagem do sistema público parao complementar só poderá ser feita por opção.

Atualização dos valores§ 17 - Todos os valores de remuneração consideradospara o cálculo do benefício previsto no § 3° serão de-vidamente atualizados, na forma da lei. (Redação dadapela Emenda Constitucional nº 41/2003).

Obrigatoriedade de contribuição dos pensionis-tas e aposentados§ 18 - Incidirá contribuição sobre os proventos de apo-sentadorias e pensões concedidas pelo regime de quetrata este artigo que superem o limite máximo estabe-lecido para os benefícios do regime geral de previdên-cia social de que trata o art. 201, com percentual igualao estabelecido para os servidores titulares de car-gos efetivos (Redação dada pela Emenda Constituci-onal nº 41/2003).

Se o valor que o servidor público percebe ultrapassaro limite-teto da iniciativa privada, será descontado delaa contribuição previdenciária, não da totalidade, masapenas do excedente.

Abono de permanência§ 19 - O servidor de que trata este artigo que tenhacompletado as exigências para aposentadoria volun-tária estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por per-manecer em atividade fará jus a um abono de perma-nência equivalente ao valor da sua contribuição previ-denciária até completar as exigências para aposenta-doria compulsória contidas no § 1º, II (Redação dadapela Emenda Constitucional n. 41/2003).

Page 53: Noções de Direito Constitucional

Se o servidor já preencheu as regras e, em vias dasnovas regras, decidir ainda continuar na ativa, ser-lhe-á concedido, desde que opte em permanecer na ativa,por um abono, no valor respectivo da contribuição quelhe era descontado enquanto na ativa. É uma formade incentivar a permanência do servidor, evitando oseu desligamento e a vacância no cargo, o que de-mandaria novo concurso público.

Unidade de regime e gestora do regime§ 20 - Fica vedada a existência de mais de um regimepróprio de previdência social para os servidores titula-res de cargos efetivos, e de mais de uma entidadegestora do respectivo regime em cada ente estatal,ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X. (Redaçãodada pela Emenda Constitucional nº 41/2003).

§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigoincidirá apenas sobre as parcelas de proventos deaposentadoria e de pensão que superem o dobro dolimite máximo estabelecido para os benefícios doregime geral de previdência social de que trata o art.201 desta Constituição, quando o beneficiário, naforma da lei, for portador de doença incapacitante.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

EstabilidadeArt. 41. São estáveis após três anos de efetivo exer-cício os servidores nomeados para cargo de provimentoefetivo em virtude de concurso público.§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;II - mediante processo administrativo em que lhe sejaassegurada ampla defesa;III - mediante procedimento de avaliação periódica dedesempenho, na forma de lei complementar, assegu-rada ampla defesa.§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão doservidor estável, será ele reintegrado, e o eventualocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargode origem sem direito a indenização, aproveitado emoutro cargo ou posto em disponibilidade com remune-ração proporcional ao tempo de serviço.§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessi-dade, o servidor estável ficará em disponibilidade, comremuneração proporcional ao tempo de serviço, atéseu adequado aproveitamento em outro cargo.§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade,é obrigatória a avaliação especial de desempenho porcomissão instituída para essa finalidade.

O benefício da estabilidade somente alcançou os ser-vidores públicos civis da União, dos Estados, do Dis-trito Federal, dos Municípios, da administração diretae das autarquias e fundações públicas. Os emprega-dos das empresas públicas e das sociedades de eco-nomia mista não gozam do direito de estabilidade.

São institutos decorrentes da estabilidade: a reinte-gração, a disponibilidade e o aproveitamento.

Reintegração é o reingresso do funcionário demitido,quando invalidada, por sentença judicial, a sua demis-são por processo administrativo. O substituto do ser-vidor reintegrado ao cargo não terá direito à indeniza-ção, devendo voltar ao seu cargo de origem.

Disponibilidade é a garantia da inatividade remune-rada, assegurada ao servidor estável, em caso de seucargo ser extinto ou de ser declarada a desnecessi-dade do mesmo.

Aproveitamento é o reingresso no serviço público,do funcionário em disponibilidade, quando haja cargovago de natureza e vencimento compatíveis com oanteriormente ocupado.

Finalmente, há que se informar que nos termos dodisposto no artigo 33 da Emenda Constitucional nº19, consideram-se servidores não estáveis, para osfins do artigo 169, § 3º, II, da constituição Federalaqueles admitidos na administração direta, autárqui-ca e fundacional sem concurso público de provas oude provas e títulos após o dia 5 de outubro de 1983.

Page 54: Noções de Direito Constitucional

QUADRO SINÓTICO DO CAPÍTULO

Direta - União - Estados - Distrito Federal - Municípios

pessoas jurídicas de direito público

Administração Pública

Indireta - Autarquias - Fundações públicas - Sociedades de economia mista - Empresas públicas

pessoas jurídicas de direito privado

- Legalidade - p/ cargo ou emprego público - Impessoalidade Concurso - exceções: cargos em comissão, funções - Moralidade Público em confiança, contratação temporária - Publicidade - prazo de validade: 2 anos, prorrogável - Probidade por igual período Princípios - Licitação pública - Responsabilidade objetiva - revisão geral na mesma data p/ todos - Razoabilidade Remuneração - limites máximos­ ministro do STF - Economicidade dos - vencimentos irredutíveis para todos servidores

- Motivação Servidores - proibição de privilégios tributários - Eficiência - do legislativo e judiciário ¢ do executivo

- direito de greve: nos termos da lei específica - direito à livre associação sindical: pleno - acumulação de cargos ­ somente se houver compatibilidade de horários, para: 2 cargos de

professor; 2 cargos de médico; 1 de professor e 1 técnico ou científico regra geral: se afasta do cargo ou função - mandato eletivo exceção: Vereador pode acumular, se houver compatibilidade de horários Prefeito: pode optar pela remuneração (mas se afasta do cargo) 1. compulsória = 70 anos de idade

Servidores Civis

2. invalidez permanente (será integral se for decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável)

35 anos de contribuição e 60 de idade (homem) 30 anos de contribuição e 55 de idade (mulher) - aposentadoria a) integral 30 anos de magistério e 55 de idade (professor) 25 anos de magistério e 50 de idade (professora) 3.

voluntária*

65 anos de idade (homem) b) proporcional 60 anos de idade (mulher) * somente será concedida após 10 anos de efetivo serviço público e 5 anos no cargo

Page 55: Noções de Direito Constitucional

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

01. O Governador do Estado do Acre foi aprova-do em concurso público e tomou posse tão logofoi convocado; neste caso:a) necessariamente perderá o cargo eletivo.b) estará suspenso do cargo eletivo.c) deverá se afastar do cargo efetivo.d) poderá permanecer em ambos os cargos.e) o fato jamais ocorrerá pois aos detentores de car-gos eletivos é vedada a participação em concurso pú-blico.

02. O tempo de serviço público, seja federal, esta-dual ou municipal, é garantia constitucional dosservidores públicos civis e será computado paraos efeitos de aposentadoria e de disponibilidade:a) integralmente, se não houver períodosdescontinuados.b) integralmente, se não houver períodosdescontinuados por interrupção superior a 60 dias.c) integralmente, independentemente de serem conti-nuados ou não os períodos.d) proporcionalmente, se houver períodosdescontinuados por interrupção inferior a 90 dias.e) proporcionalmente, contanto que exerça, ao tempoda aposentadoria, cargo na administração direta ouindireta.

03. (1991) O servidor público civil da União:a) tem direito a um piso salarial proporcional à exten-são e à complexidade do seu trabalho.b) não está sujeito à aposentadoria compulsória ao 70anos de idade.c) tem direito de se afastar do seu cargo, emprego oufunção para exercer mandato eletivo federal, estadualou distrital.d) não tem direito a adicional por trabalho noturno.e) não tem direito de fazer greve.

04. Desde a promulgação da Carta Constitucio-nal de outubro de 1988, o servidor público, paratornar-se estável, deverá contar, no mínimo:a) três anos de efetivo exercício, ainda que intercala-dos, na hipótese de ingresso mediante contratação.b) um ano de efetivo exercício quando nomeado peloPresidente da República.c) dois anos de efetivo exercício, os nomeados emcargo de comissão.d) dois anos de efetivo exercício, ainda que intercala-dos, na hipótese de ingresso mediante contrataçãoe)três anos de efetivo exercício, os nomeados em vir-tude de concursos públicos.

05. Assinale a afirmativa correta:a) A Constituição do Brasil garante a todo servidor

público o direito à livre associação sindical.b) a Constituição do Brasil dispõe que, em caso deinvalidez permanente, o servidor deverá ser sempreaposentado com proventos integrais, em face do prin-cípio da irredutibilidade de vencimentos e salários.c) a aposentadoria voluntária do servidor público comproventos integrais ocorrerá aos trinta e cinco anosde serviço, para o homem, e aos trinta, para a mulher,podendo lei complementar estabelecer exceções, nocaso de exercício de atividades consideradas peno-sas, insalubres ou perigosas.d) a Constituição Federal não garante ao servidor pú-blico o direito à livre associação sindical.e) todo servidor público pode fazer greve ampla, gerale irrestrita.

06. Assinale a opção correta:a) a Constituição assegura a quaisquer brasileiros oacesso aos cargos públicos.b) a condenação criminal transitada em julgado é aúnica forma pela qual o servidor público pode perder ocargo.c) a sentença transitada em julgado é a única formapela qual o servidor público estável pode perder o car-go.d) o servidor público estável só perderá o cargo emvirtude de sentença judicial transitada em julgado oumediante processo administrativo em que lhe sejaassegurada ampla defesa.e) os servidores públicos ocupantes de cargos emcomissão e funções em confiança necessariamentedeverão ser efetivos.

07. Assinale a assertiva correta:a) o tempo de serviço do servidor público afastado parao exercício de mandato eletivo será contado para to-dos os efeitos legais, inclusive para promoção pormerecimento.b) qualquer servidor público, no exercício de mandatoeletivo federal, estadual, distrital, ou municipal, ne-cessariamente deverá ficar afastado de seu cargo, em-prego ou função, sob pena de perdê-lo, computando-se o tempo de serviço para todos os efeitos legais,exceto para promoção por merecimento.c) o servidor público federal, estadual, distrital ou mu-nicipal, no exercício de mandato eletivo ficará afasta-do de seu cargo, emprego ou função, mas poderá op-tar pelos vencimentos que lhe forem mais convenien-tes.d) investido no mandato de vereador, e não sendo pos-sível compatibilizar os horários, o servidor público seráafastado do seu cargo, emprego ou função pública,sendo-lhe, porém facultado optar pela sua remunera-ção.e) havendo compatibilidade de horários, o servidor pú-blico federal, estadual, distrital ou municipal percebe-

Page 56: Noções de Direito Constitucional

rá as vantagens de seu cargo, emprego ou função,sem prejuízo de remuneração do cargo eletivo.

08. Assinale a opção correta:a) os cargos, empregos e funções públicas são aces-síveis aos brasileiros natos que preencham os requi-sitos estabelecidos em lei.b) as pessoas jurídicas de direito privado prestadorasde serviços públicos responderão por quaisquer da-nos que seus agentes causarem a terceiro, assegura-do o direito de regresso apenas contra o responsáveldoloso.c) ao servidor público, civil ou militar, é garantido odireito à livre associação sindical.d) os atos de improbidade administrativa importarão asuspensão dos direitos políticos, a perda da funçãopública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimentodo erário, na forma e gradação previstas em lei, semprejuízo da ação penal cabível.e) o militar, enquanto em serviço efetivo, pode estarfiliado a partido, vedada a candidatura a cargo eletivo.

09. (1992) Segundo o § 6º, do art. 37, da Constitui-ção Federal, que define a responsabilidade doEstado pelos danos que o agente venha a cau-sar, por ação ou omissão, a terceiros, a ação deindenização deverá ser proposta:a) contra o agente e o Estado, ambos responsáveissolidários.b) contra o agente, demonstrando que agiu com culpa.c) contra o Estado, independentemente da existênciaou não de culpa do agente causador do dano.d) contra o Estado, uma vez demonstrado que seuagente agiu com dolo.

10. (AFTN-MAR/94) Quanto à disciplina constituci-onal dos cargos públicos é correto dizer:a) os cargos públicos de provimento efetivo bem comoos vitalícios somente podem ser providos por concur-so público de provas e títulos, em qualquer hipótese.b) a Constituição não admite distinção entre brasilei-ros natos e naturalizados para a ocupação de cargospúblicos quaisquer.c) o servidor público federal da administração diretapode acumular um cargo técnico com outro cargo damesma natureza em empresa pública, desde que hajacompatibilidade de horário.d) o servidor deve afastar-se de seu cargo, para o exer-cício de mandato eletivo estadual, período que nãoserá contado para promoção por merecimentoe) o estrangeiro não pode, em qualquer hipótese, ocu-par cargo público.

11. Assinale a alternativa correta:a) a administração pública direta deverá obedecer aosprincípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,

estoicidade, frugalidade e publicidade exigidos pelaConstituição federal.b) a Constituição federal garante a todo servidor públi-co o direito à livre associação sindical.c) a Constituição federal dispõe que, em caso deinvalidez permanente, o servidor deverá ser sempreaposentado com proventos integrais em face do prin-cípio da irredutibilidade de vencimentos e salários.d) a aposentadoria voluntária do servidor público comproventos integrais ocorrerá aos trinta e cinco anosde serviço, para o homem, e aos trinta para a mulher,podendo lei complementar, nesta hipótese, estabele-cer exceções, no caso de exercício de atividades con-sideradas penosas, insalubres ou perigosas.

12. (1993) Dentre os princípios constitucionais quedevem ser observados pela administração públi-ca, figura o da:a) generosidadeb) uniformidadec) impessoalidaded) universidadee) delegabilidade

13. (1993) Assinale a resposta correta:a) a nomeação para cargo público apenas se admiteapós aprovação em curso público.b) a nomeação para alguns cargos públicos é livre.c) a nomeação para emprego público apenas se ad-mite após aprovação em concurso público.d) a nomeação para funções públicas apenas se ad-mite após aprovação em concurso interno de títulos.

14. (1993) Assinale o direito não reconhecido aosservidores públicos na Constituição federal:a) remuneração do trabalho noturno superior à do diur-no.b) remuneração do serviço extraordinário superior, nomínimo, em cinqüenta por cento à do normal.c) gozo de férias anuais remuneradas com, pelo me-nos, um terço a mais do que o salário normal.d) reconhecimento das convenções e acordos coletivos.

15. (1991) Os Estados e os Municípios, no exercí-cio de sua autonomia:a) podem instituir sociedade de economia mista eempresas públicas para prestação de serviços públi-cos, mediante deliberação de seu Poder Executivo.b) podem instituir, mediante lei, sociedades de econo-mia mista e empresas públicas para exploração deatividades econômicas, desde que observados os li-mites e termos da Constituição Federal.c) podem instituir, mediante lei, sociedade de econo-mia mista e empresas públicas, que integrarão suaAdministração Indireta, sendo seus bensimpenhoráveis.

Page 57: Noções de Direito Constitucional

d) podem instituir, mediante lei, regime jurídico de di-reito público, de índole estatutária, para as relaçõesde trabalho dos servidores de suas sociedades deeconomia mista e empresas públicas.

16. (1992) Ao servidor público civil:a) são vedados o direito de associação sindical e odireito de greve.b) é vedado o direito de associação, mas é assegura-do o direito de greve.c) é livre à associação sindical e restrito o direito degreve.d) não é livre à associação sindical nem mesmo odireito de greve.

17. (1992) A autarquia, a empresa pública e a so-ciedade de economia mista têm personalidadejurídica:a) de direito público, as duas primeiras, e de direitoprivado, a sociedade de economia mista.b) de direito público, a autarquia, e de direito privado,as duas últimas.c) de direito privado, todas as três.d) de direito público, todas as três.

18. (Procurador, 1993) Assinale a opção correta:a) as pessoas jurídicas de direito público e as de di-reito privado prestadoras de serviços públicos, respon-derão pelos danos que seus agentes, em qualquercircunstância, causarem a terceiros, assegurados odireito de regresso contra o responsável nos casos dedolo ou culpa.b) os atos de improbidade administrativa importarão acassação dos direitos políticos, a perda da funçãopública, a indisponibilidade dos bens previstas em lei,sem prejuízo da ação penal cabível.c) a lei reservará percentual dos cargos e empregospúblicos para as pessoas portadoras de deficiênciaou desvantagem étnica ou de educação e definirá aoscritérios de sua admissão.

d) somente por lei específica poderão ser criadasempresas públicas, sociedade de economia mista,autarquia ou fundação pública. A criação de subsidiá-rias dessas entidades, ou sua participação em em-presas privadas, serão autorizadas pelo Presidenteda República.e) o servidor público afastado para exercício de man-dato eletivo perceberá seu benefício previdenciáriocomo se em exercício estivesse.

19. Em nosso sistema constitucional o direito degreve:a) é assegurado, em regra, a todos os trabalhadores,exceto os militares .b) é garantido a todos os trabalhadores, exceto aosmilitares e servidores públicos.c) exclui os servidores públicos que ocupem cargo dedireção.d) estende-se aos policiais militares, desde que asse-gurada a manutenção dos serviços essenciais à co-munidade.

20. A greve é um direito-garantia, assegurado aostrabalhadores do país. Considerando o texto cons-titucional vigente,a) o exercício do direito de greve pelos servidores pú-blicos civis é submetido a termos e limites a seremdefinidos em lei complementar.b) é vedada greve nas atividades ou serviços essenci-ais, pois os interesses de classes não podem preva-lecer sobre as necessidades inadiáveis da comunida-de.c) compete concorrentemente à União e aos Estadoslegislar sobre o direito de greve nos serviços públicosrespectivos.d) a greve há de ser exercida exclusivamente parareivindicações trabalhistas das respectivas categori-as, vedadas as de natureza política ou de solidarieda-de, por dispositivo constitucional expresso.

Page 58: Noções de Direito Constitucional

Gabarito

01. C 02. C 03. C 04. E 05. A06. D 07. D 08. D 09. C 10. D11. B 12. C 13. B 14. D 15. B16. C 17. B 18. E 19. A 20. A

Page 59: Noções de Direito Constitucional

1. INTRODUÇÃO

O Poder Legislativo tem a função precípua de elabo-rar as leis do País, nos vários níveis de governo.

A função legislativa de competência da União é exer-cida pelo Congresso Nacional, composto por duas“casas” (sistema bicameral): Câmara dos Deputadose Senado Federal. A primeira casa representa o povo;a segunda, os Estados-membros.

2. DO CONGRESSO NACIONAL

A Constituição determina que o Congresso Nacionaltenha legislatura de quatro anos. Legislatura segun-do De Plácido e Silva, é o “período em que os mem-bros do Poder Legislativo (assembléias legislativas),como delegados do povo ou da soberania popular,exercem o respectivo mandato”.

O mandato dos Deputados Federais coincide com aduração da legislatura e, a cada quatro anos, todasas vagas da Câmara de Deputados Federais têm queser disputadas nas eleições.

Já o mandato dos Senadores é de oito anos, o quedá duas legislaturas, sendo que, a cada legislatura,apenas uma parte do Senado é renovada (1/3 dasvagas numa eleição, e 2/3 das vagas na eleição se-guinte 4 anos depois, alternadamente).

Dá-se o nome de sessão legislativa (também cha-mada de legislatura anual) ao período em que o Con-gresso Nacional funciona em cada ano. Por determi-nação constitucional, a sessão legislativa se divideem dois períodos: de 15 de fevereiro a 30 de junho ede 01 de agosto a 15 de dezembro.

O período de 01 a 31 de julho corresponde às fériasdos parlamentares e o período de 16 de dezembro a14 de fevereiro corresponde ao chamado recesso par-lamentar. Durante o recesso, o Congresso não funci-

ona, a menos que seja convocada sessão legislativaextraordinária. O art. 58, § 4o, contudo, prevê o funci-onamento, no período de recesso, de uma Comissãorepresentativa do Congresso Nacional, com compo-sição proporcional, na medida do possível, à repre-sentação partidária.

Em regra as reuniões do Congresso são, realizadasna Capital Federal não se interrompendo a sessãolegislativa sem que ocorra a aprovação do projeto delei de diretrizes orçamentárias, documento impres-cindível na condução dos negócios nacionais.

Há dois sistemas eleitorais vigentes no País: o sis-tema majoritário e o sistema proporcional.

Sistema majoritário é aquele em que se consideraeleito o candidato que, em determinada circunscri-ção, obteve a maioria (absoluta ou relativa) dos vo-tos.

Maioria relativa é aquela em que simplesmente seapura, em eleições de um único turno, qual o candi-dato que recebeu mais votos (exemplos: eleiçõespara Senador, Juiz de Paz e Deputado Federal dosTerritórios) e para prefeitos de municípios com me-nos de 200 mil eleitores.

Maioria absoluta é aquela em que o candidato, paraser eleito, deverá ter mais votos que todos os seusconcorrentes juntos (50% + 1), não computados osvotos brancos e nulos, sendo freqüentemente neces-sária a realização de um segundo turno de eleições,para que tal aconteça. Esse sistema é utilizado naseleições para Presidente da República, Governador ePrefeito de Município com mais de 200.000 eleitores.

Sistema Proporcional é aquele no qual as vagassão distribuídas proporcionalmente à população decada circunscrição eleitoral. Nosso sistema consti-tucional adota o sistema proporcional para as elei-ções de Deputado Federal, Deputado Estadual eVereador.

5. DO PODER LEGISLATIVO

1. Introdução2. Do Congresso Nacional3. Atribuições do Congresso Nacional4. Competências da Câmara dos Deputados5. Competências do Senado Federal6. Dos Deputados e Senadores7. Das Reuniões8. Das Comissões

Page 60: Noções de Direito Constitucional

A Constituição não diz qual é o número de Deputa-dos Federais para cada Estado; diz apenas que onúmero mínimo que representará um Estado é 8 e iráaumentando à medida que o contingente populacio-nal aumentar, até o limite máximo de 70. A lei com-plementar é que dirá, antes de cada eleição, o nú-mero de Deputados Federais que cada Estado pode-rá eleger.

Os limites mínimo e máximo estipulados pela Cons-tituição, contudo, trazem graves distorções, contra-dizendo o princípio do voto com igual valor para to-dos, consubstanciado no art. 14 da Carta Magna: osvotos dos eleitores dos Estados mais populosos ele-gem, comparativamente, um número muito menor deDeputados Federais do que os votos dos eleitoresde Estados menos populosos.

Passemos à leitura do texto constitucional.

Composição do Congresso NacionalArt. 44 - O Poder Legislativo é exercido pelo Con-gresso Nacional, que se compõe da Câmara dos De-putados e do Senado Federal.Parágrafo único Cada legislatura terá a duração dequatro anos.

Composição da Câmara dos DeputadosArt. 45 - A Câmara dos Deputados compõe se derepresentantes do povo, eleitos, pelo sistema pro-porcional, em cada Estado, em cada Território e noDistrito Federal.§ 1º - O número total de Deputados, bem como arepresentação por Estado e pelo Distrito Federal, seráestabelecido por lei complementar, proporcionalmen-te à população, procedendo se aos ajustes neces-sários, no ano anterior às eleições, para que nenhu-ma daquelas unidades da Federação tenha menosde oito ou mais de setenta Deputados.§ 2º - Cada Território elegerá quatro Deputados.

Composição do Senado FederalArt. 46 - O Senado Federal compõe se de represen-tantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos se-gundo o princípio majoritário.§ 1º - Cada Estado e o Distrito Federal elegerão trêsSenadores, com mandato de oito anos.§ 2º - A representação de cada Estado e do DistritoFederal será renovada de quatro em quatro anos, al-ternadamente, por um e dois terços.§ 3º - Cada Senador será eleito com dois suplentes.

Deliberações por maioria simples e quorum pormaioria absolutaArt. 47 Salvo disposição constitucional em contrá-rio, as deliberações de cada Casa e de suas Comis-

sões serão tomadas por maioria dos votos, presentea maioria absoluta de seus membros.

Por fim, para que uma Casa do Congresso Nacionalou uma Comissão Parlamentar possa deliberar, há aexigência da presença de um número mínimo de par-lamentares (quorum), que, segundo a Constituiçãono seu art. 47, deverá ser mais da metade do núme-ro de componentes da Casa ou da Comissão (maio-ria absoluta).

Exemplo: A Câmara dos Deputados é composta de513 parlamentares, para que se possa iniciar qual-quer trabalho é preciso que estejam presentes nomínimo 257 parlamentares (quorum); atingido essenúmero, as propostas, no caso de lei ordinária, se-rão aprovadas se, desse mínimo, mais da metade(ou seja, pelo menos 129 parlamentares) disser simao projeto de lei (maioria simples).

3. ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL

No art. 48 da CF são destacadas algumas matériasda competência legislativa do Congresso, em cará-ter não exaustivo, ou seja, sem esgotar suas atribui-ções. Os projetos de lei que regulam as matériasenumeradas neste artigo deverão, após aprovaçãonas duas Casas do Congresso, ser enviados ao Pre-sidente da República, para que os sancione. Se oPresidente, os considerar inconstitucionais ou con-trários ao interesse público, poderá vetá-los total ouparcialmente no prazo de 15 dias úteis do recebi-mento. O veto do Presidente, entretanto, será apre-ciado em sessão conjunta de Senadores e Deputa-dos e poderá ser derrubado pelos parlamentares,mediante maioria absoluta.

Competência legislativa do Congresso NacionalArt. 48 - Cabe ao Congresso Nacional, com a san-ção do Presidente da República, não exigida estapara o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor so-bre todas as matérias de competência da União1,especialmente sobre:

I - sistema tributário, arrecadação e distribuição derendas;

II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orça-mento anual, operações de crédito, dívida pública eemissões de curso forçado;

A iniciativa é da competência privativa do Presidente

1Por ser o Congresso Nacional órgão legislativo da União, cabea ele dispor sobre matérias de competência desta, enumeradasnos arts. 21 e 22 da Constituição.

Page 61: Noções de Direito Constitucional

da República (art. 84, XXIII), no caso do plano pluria-nual, das diretrizes orçamentárias, e do orçamentoanual.

O projeto referente ao plano plurianual, à diretriz or-çamentária e ao orçamento anual, bem como a cré-ditos adicionais de interesse dos três poderes, se-rão apreciados pelas duas Casas, depois que co-missão mista de Senadores e Deputados, de caráterpermanente, emitir parecer específico (art. 166).

III - fixação e modificação do efetivo das Forças Ar-madas;

Também aqui a iniciativa é de competência privativado Presidente da República (art. 61, § 1º, I), que é ocomandante supremo das Forças Armadas, seja napaz ou na guerra.

IV - planos e programas nacionais, regionais e seto-riais de desenvolvimento;

Estes planos e programas deverão ser elaboradosem concordância com o plano plurianual e serão apre-ciados pelo Congresso Nacional (art. 165, § 4º);

V - limites do território nacional, espaço aéreo e ma-rítimo e bens do domínio da União;

Caso ocorra dúvida quanto aos limites do TerritórioNacional, é o Congresso Nacional o órgão compe-tente para dirimi-la e referendar acordo ou tratadointernacional com os demais países.

VI - incorporação, subdivisão ou desmembramentode áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as res-pectivas Assembléias Legislativas;

Mera decorrência do art. 18, §§ 3º e 4º, já estudadoanteriormente.

VII - transferência temporária da sede do GovernoFederal;

A transferência temporária será decidida por maioriasimples se o Presidente sancioná-la, ou por maioriaabsoluta, se ele vetá-la. Já a mudança definitiva, emface do exposto no art. 18, que diz que Brasília é aCapital Federal, só poderá ser realizada por emendaconstitucional, que exige maioria qualificada de 3/5.

VIII - concessão de anistia;

Decorrência da competência exclusiva prevista no art.21, XVII.

IX - organização administrativa, judiciária, do Minis-

tério Público e da Defensoria Pública da União e dosTerritórios e organização judiciária, do Ministério Pú-blico e da Defensoria Pública do Distrito Federal;

Também decorre do art. 21, XIII, que diz que é com-petência exclusiva da União fazer a organização aci-ma colocada.

X - criação, transformação e extinção de cargos, em-pregos e funções públicas, observado o que esta-belece o art. 84, VI, b;

A iniciativa, neste caso, é privativa 2 do Presidenteda República (art. 61, § 1o, II, a) e delegável aos Mi-nistros de Estado (art. 84, VI e parágrafo único).

XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos daadministração pública;

Aqui a iniciativa é concorrente e está prevista no art.61, § 1º, II, d e no art. 128, § 5º.

XII - telecomunicações e radiodifusão;

A concessão e a renovação das mesmas é compe-tência do Poder Executivo, mas o ato deve ser apre-ciado pelo Congresso Nacional (art. 223).

XIII - matéria financeira, cambial e monetária, insti-tuições financeiras e suas operações;XIV - moeda, seus limites de emissão, e montanteda dívida mobiliária federal.XV - fixação do subsídio dos Ministros do SupremoTribunal Federal, observado o que dispõem os arts.39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I.

Tanto o inciso XIII quanto o XIV estão discriminadosno art. 164, que diz que lei complementar disciplina-rá os assuntos acima.

Competência administrativa do Congresso Na-cionalA competência administrativa do Congresso é exte-riorizada por decreto legislativo ou por resolução le-gislativa (art. 49 da CF).

Segundo De Plácido e Silva, decreto é toda decisãotomada por uma pessoa ou instituição, a que se con-ferem poderes especiais e próprios para decidir, jul-gar, resolver ou determinar.

O decreto é o ato típico do Chefe do Executivo. Ob-serve que a CF não fala de Decreto Legislativo, pois

2OBS: a iniciativa de projeto de lei pode ser: a) exclusiva, quandoa Constituição a outorga a um órgão apenas; b) concorrente,quando é permitido a vários órgãos iniciarem o projeto.

Page 62: Noções de Direito Constitucional

este está abolido do ordenamento brasileiro.

Decreto legislativo, consoante definição de Hely Lo-pes Meirelles, é o ato de caráter administrativo doscorpos legislativos (Senado, Câmara dos Deputados,Assembléia Legislativa, Câmara Distrital, CâmaraMunicipal) sobre assuntos de sua competência e deefeitos externos.

Resolução legislativa é o ato pelo qual o Poder Le-gislativo toma uma decisão, impõe uma ordem ouestabelece uma medida.

Os dois institutos, conforme se depreende da leiturado art. 49 do texto constitucional, serão utilizadospelo Congresso principalmente para aprovar, sustar,julgar, ou autorizar atos do Presidente da República.Assim, não podem se submeter, e de fato não sesubmetem, ao veto ou à sanção deste (vide caput doartigo 48).

Convém lembrar que a competência aqui tratada éexclusiva, não se permitindo que nenhum outro ór-gão, Poder ou ente federativo legisle sobre os assun-tos previstos.

Art. 49 - É da competência exclusiva do CongressoNacional:I - resolver definitivamente sobre tratados, acordosou atos internacionais que acarretem encargos oucompromissos gravosos ao patrimônio nacional;II - autorizar o Presidente da República a declararguerra, a celebrar a paz, a permitir que forças es-trangeiras transitem pelo território nacional ou nelepermaneçam temporariamente, ressalvados os ca-sos previstos em lei complementar;III - autorizar o Presidente e o Vice Presidente daRepública a se ausentarem do País, quando a au-sência exceder a quinze dias;IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção fe-deral, autorizar o estado de sítio, ou suspender qual-quer uma dessas medidas;

Nos incisos I a IV estão disciplinadas competênciasinternacionais. Convém lembrar que o Presidente daRepública é, ao mesmo tempo, chefe de governo echefe de Estado. Os atos do Presidente, enquantoChefe de Estado, podem comprometer a soberania ea segurança nacional. Daí a exigência de apreciaçãodos mesmos pelo Congresso.

V - sustar os atos normativos do Poder Executivoque exorbitem do poder regulamentar ou dos limitesde delegação legislativa;

Aqui temos uma competência política: o legisladorsustará um ato ou um decreto do Executivo que, de

qualquer forma, altere, amplie ou reduza a aplicaçãode uma lei.

VI - mudar temporariamente sua sede;

A sede a que se refere aqui é a sede do Poder Legis-lativo (Congresso Nacional) e não a sede do Governo.

VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Fede-rais e os Senadores, observado o que dispõem osarts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153; III, e 153, § 2º, I;

Os Deputados Federais e os Senadores perceberãoa mesma remuneração, sem nenhum privilégio emrelação ao pagamento de imposto de renda.

VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado,observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º,150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;

Também incidirá imposto de renda nos vencimentosdo Presidente da República e dos Ministros.

IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Pre-sidente da República e apreciar os relatórios sobre aexecução dos planos de governo;

O julgamento das contas produz efeitos imediatos.Tanto o julgamento das contas como a apreciaçãodos relatórios, envolvem conhecimentos técnicos es-pecializados. Neste sentido, cabe ao Tribunal de Con-tas da União emitir parecer prévio sobre as contasprestadas anualmente pelo Presidente da Repúbli-ca.

X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qual-quer de suas Casas, os atos do Poder Executivo,incluídos os da administração indireta;

Tais atos de fiscalização incluem, por exemplo, aconvocação pela Câmara dos Deputados, ou pelo Se-nado Federal, de Ministro do Estado para prestar in-formações sobre assunto de interesse relevante (art.50), sob pena de responsabilidade.

XI - zelar pela preservação de sua competência le-gislativa em face da atribuição normativa dos outrosPoderes;

A preservação da própria competência é necessáriapara o equilíbrio do sistema como um todo, que sebaseia na tripartição dos Poderes e na atribuição decompetências específicas a cada um deles.

XII - apreciar os atos de concessão e renovação deconcessão de emissoras de rádio e televisão;

Page 63: Noções de Direito Constitucional

Os atos em tela são expedidos pelo Poder Executi-vo (art. 223), mas dependem de manifestação con-gressual para serem eficazes. O Congresso Nacio-nal os apreciará tanto do ponto de vista da legalidadequanto do ponto de vista da oportunidade. Dada aimportância do assunto, a Concessão de rádio e te-levisão ganha um tratamento diferenciado pela LeiMaior. Dois poderes controlam tais concessões: oexecutivo e o legislativo.

XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunalde Contas da União;

Mera decorrência da aplicação do art. 71 da CF. OTCU é integrado por 9 Ministros, tem sede no Distri-to Federal e jurisdição sobre todo o Território Nacio-nal. Além de emitir parecer técnico sobre as contasapresentadas pelo Presidente da República, cabe aoTCU, entre outras coisas, julgar (do ponto de vistatécnico, apenas) as contas dos administradores edemais responsáveis por dinheiros, bens e valorespúblicos das Administrações Direta e Indireta, inclu-ídas as fundações e sociedades instituídas e manti-das pelo Poder Público federal.

XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referen-tes às atividades nucleares;

Conforme vimos no art. 21, XXIII, a atividade nuclearé admitida somente para fins pacíficos e depende deaprovação do Congresso.

XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;

Referendo e plebiscito, como já vimos, são formasde participação dos cidadãos no processo democrá-tico, competindo ao Congresso sua autorização.

XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração eo aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisae lavra de riquezas minerais;

Essa regra será retomada no art. 231, § 3o da CF,que diz que “o aproveitamento dos recursos hídri-cos, incluindo os potenciais energéticos, pesquisae a lavra das riquezas minerais em terras indígenassó poderão ser efetivados com autorização do Con-gresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas,ficando-lhes assegurada participação nos resultadosda lavra, na forma da lei”. Não se esqueçam que asterras dos índios pertencem à União (os índios de-têm apenas o usufruto).

XVII - aprovar, previamente, a alienação ou conces-são de terras públicas com área superior a dois mil equinhentos hectares.

Tal aprovação prévia é requisito para a validade doato.

Comparecimento perante a Comissão para es-clarecimentosNosso ordenamento prevê a possibilidade de autori-dades do Poder Executivo prestarem informações,por sua livre e espontânea vontade ou mediante pré-via convocação.

Na hipótese de convocação, se a autoridade for Mi-nistro de Estado, há a obrigatoriedade de suapresença.O não-comparecimento sem justificativaadequada importa em crime de responsabilidade aser apurado e julgado pelo Supremo Tribunal Fede-ral, ou pelo Senado Federal, se conexo com crimede responsabilidade do Presidente da República.

Art. 50 - A Câmara dos Deputados e o Senado Fede-ral, ou qualquer de suas Comissões, poderão convo-car Ministro de Estado ou quaisquer titulares de ór-gãos diretamente subordinados à Presidência da Re-pública para prestarem, pessoalmente, informaçõessobre assunto previamente determinado, importan-do em crime de responsabilidade a ausência semjustificação adequada. (Redação dada pela EmendaConstitucional de Revisão nº 2, de 07/06/94).§ 1º - Os Ministros de Estado poderão comparecerao Senado Federal, à Câmara dos Deputados, ou aqualquer de suas Comissões, por sua iniciativa e me-diante entendimentos com a Mesa3 respectiva, paraexpor assunto de relevância de seu Ministério.§ 2º - As Mesas da Câmara dos Deputados e doSenado Federal poderão encaminhar pedidos escri-tos de informação a Ministros de Estado ou a qual-quer das pessoas referidas no caput deste artigo,importando em crime de responsabilidade a recusa,ou o não atendimento, no prazo de trinta dias, bemcomo a prestação de informações falsas. (§ 2º comredação dada pela ECR nº 2, de 07/06/94).

4. COMPETÊNCIAS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

A maior parte dos incisos enumerados no art. 51,citado logo abaixo, atribui à Câmara dos Deputadosfunções que lhe são atípicas, como, por exemplo, ade julgar ou a de administrar.O inciso I outorga à Câmara competência para emitiro juízo de admissibilidade, ou seja, autorizar o julga-mento do Presidente da República.

No inciso II, temos a Câmara funcionando com fun-ção fiscalizadora do Poder Executivo.

3 OBS.: as Mesas são órgãos diretores da cada Casa e suaestrutura está definida no respectivo Regimento Interno.

Page 64: Noções de Direito Constitucional

Já no III, quando elabora seu regimento interno, aCâmara tem uma função legislativa, só que interna.

No inciso IV encontramos a Câmara exercendo umafunção executiva administrativa atípica em relação àsua função original.

Por último, tem a Câmara, também, competência paraeleger 2 membros do Conselho da República, que te-rão de ser, necessariamente, brasileiros natos, commandato de 3 anos, vedada a recondução (art. 89, VII).

Art. 51 - Compete privativamente à Câmara dos De-putados:

Juízo de admissibilidadeI - autorizar, por dois terços de seus membros, ainstauração de processo contra o Presidente e o VicePresidente da República e os Ministros de Estado;

Quem autoriza o início do processo é a Câmara Bai-xa (Câmara dos Deputados) enquanto quem julga éa Câmara Alta (Senado Federal).

Fiscalização do ExecutivoII - proceder à tomada de contas do Presidente daRepública, quando não apresentadas ao CongressoNacional dentro de sessenta dias após a abertura dasessão legislativa;

Regimento internoIII - elaborar seu regimento interno;

Função administrativaIV - dispor sobre sua organização, funcionamento,polícia, criação, transformação ou extinção dos car-gos, empregos e funções de seus serviços e a inici-ativa de lei para fixação da respectiva remuneração,observados os parâmetros estabelecidos na lei dediretrizes orçamentárias;

Eleição de membros do Conselho da RepúblicaV - eleger membros do Conselho da República, nostermos do art. 89, VII.

5. COMPETÊNCIAS DO SENADO FEDERAL

Também no artigo seguinte, segundo José Afonso daSilva, há o mesmo erro técnico do art. 51: as compe-tências enumeradas são exclusivas e não privativas.

Art. 52 - Compete privativamente ao Senado Fede-ral:

I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presi-dente da República nos crimes de responsabilidade,

bem como os Ministros de Estado e os Comandan-tes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica noscrimes da mesma natureza conexos com aqueles;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23,de 02.09.1999)

Tendo sido dada a autorização pela Câmara, compe-tirá, agora, ao Senado, efetuar o processo e o julga-mento das pessoas citadas, com emissão de sen-tença penal pela absolvição ou pela condenação. OSenado tem competência para julgar tanto o Presi-dente, como o Vice e os Ministros, se estes últimoscometerem crimes de responsabilidade relacionadoscom os do Presidente da República.

II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tri-bunal Federal, os membros do Conselho Nacionalde Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Pú-blico, o Procurador-Geral da República e o Advoga-do-Geral da União nos crimes deresponsabilidade;(Redação dada pela Emenda Cons-titucional nº 45 de 2004)

Observa-se aqui o “mecanismo de freios e contrape-sos”, sistema de controle dos poderes proposto porMontesquieu, na elaboração da teoria da Tripartiçãodos Poderes. Ao Senado competirá o processo (ins-tauração, apuração, coleta de provas, instrução) e ojulgamento dos Ministros do Supremo Tribunal Fe-deral, dos membros do Conselho Nacional de Justi-ça e do Conselho Nacional do Ministério Público, doProcurador-Geral da República e do Advogado-Geralda União, mas apenas nos crimes de responsabili-dade. O crime comum praticado por estas mesmaspessoas ou por parlamentares será julgado pelo Su-premo Tribunal Federal (art. 102, I, b). Relevante res-saltar que o Conselho Nacional de Justiça (compos-to de quinze membros) e o Conselho Nacional doMinistério Público (composto de quatorze membros)foram criados pela recente Emenda Constitucionalnº 45/04, na forma dos artigos 103-B e 130-A, res-pectivamente.

III - aprovar previamente, por voto secreto, após ar-güição pública, a escolha de:a) magistrados, nos casos estabelecidos nesta Cons-tituição;b) Ministros do Tribunal de Contas da União indica-dos pelo Presidente da República;c) Governador de Território;d) presidente e diretores do Banco Central;e) Procurador Geral da República;f) titulares de outros cargos que a lei determinar;

Encontramos aqui uma divisão de responsabilidadesentre o Poder Executivo e o Poder Legislativo. A indi-cação poderá ser do Presidente da República, mas

Page 65: Noções de Direito Constitucional

a escolha final, a palavra final é do Senado Federal,órgão representante dos Estados.

IV - aprovar previamente, por voto secreto, após ar-güição em sessão secreta, a escolha dos chefes demissão diplomática de caráter permanente;

São as Missões Brasileiras na ONU, por exemplo.Também encontramos aqui divisão de responsabili-dade, principalmente porque os chefes de missãodiplomática representarão o país externamente.

Do inciso V até o IX o legislador condicionou a eficá-cia das medidas econômico-financeiras adotadas àaprovação do Senado Federal, exatamente para limi-tar os empréstimos procurados externamente, e queaumentam nossa dívida externa.

V - autorizar operações externas de natureza finan-ceira, de interesse da União, dos Estados, do Distri-to Federal, dos Territórios e dos Municípios;VI - fixar, por proposta do Presidente da República,limites globais para o montante da dívida consolida-da da União, dos Estados, do Distrito Federal e dosMunicípios;VII - dispor sobre limites globais e condições paraas operações de crédito externo e interno da União,dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,de suas autarquias e demais entidades controladaspelo Poder Público federal;VIII - dispor sobre limites e condições para a con-cessão de garantia da União em operações de crédi-to externo e interno;IX - estabelecer limites globais e condições para omontante da dívida mobiliária dos Estados, do Dis-trito Federal e dos Municípios;X - suspender a execução, no todo ou em parte, delei declarada inconstitucional por decisão definitivado Supremo Tribunal Federal;

O inciso X é extremamente importante. É o Senadoque retira do ordenamento jurídico, por resolução, alei que o Supremo Tribunal Federal declarou incons-titucional. Por exemplo: um indivíduo discute na jus-tiça que uma lei federal está impedindo-o de receberaposentadoria integral, de um salário-mínimo. Tal leifere o artigo da Constituição que garante, a todas aspessoas, no mínimo, um salário-mínimo. O reclaman-te aciona a Justiça, ganha em primeira instância,ganha em segunda instância (nos tribunais) e aí ocaso vai para o STF, onde novamente ele ganha. A leique o impede de receber salário mínimo integral foideclarada inconstitucional, mas a decisão do STFsó vale para essas duas partes (inter partes): o autorda ação e o Estado. Não vale para as demais pesso-as. Não pode, o STF, retirar, por si, do ordenamentojurídico a lei inconstitucional. Ele oficia o Senado para

que baixe uma resolução retirando-a do ordenamen-to jurídico. Somente a partir de resolução do Senadonesse sentido é que a lei em pauta deixará de terefeito para o resto da sociedade (erga omnes).

Voltaremos a falar deste assunto quando estudar-mos o Controle de Constitucionalidade por parte doPoder Judiciário.

XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto,a exoneração, de ofício, do Procurador Geral da Re-pública antes do término de seu mandato;

Como o Senado aprova a escolha do Procurador-Ge-ral, também sua exoneração deverá ser aprovada,principalmente porque estará sendo feita “de ofício”,ou seja, a expressão de oficio quer dizer em razãoda profissão, do oficio.

XII - elaborar seu regimento interno;

Mera função legislativa interna.

XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento,polícia, criação, transformação ou extinção dos car-gos, empregos e funções de seus serviços e a inici-ativa de lei para fixação da respectiva remuneração,observados os parâmetros estabelecidos na lei dediretrizes orçamentárias;

No inciso XIII encontramos o Senado exercendo umafunção executiva administrativa atípica de sua fun-ção original, que é elaborar leis.

XIV - eleger membros do Conselho da República,nos termos do art. 89, VII.

XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sis-tema Tributário Nacional, em sua estrutura e seuscomponentes, e o desempenho das administraçõestributárias da União, dos Estados e do Distrito Fede-ral e dos Municípios. (Incluído pela Emenda Consti-tucional nº 42, de 19.12.2003)

Por último, da mesma forma que a Câmara dos De-putados Federais, terá o Senado competência paraeleger 2 membros do Conselho da República.

Impedimento do Presidente e previsão de san-çãoParágrafo único - Nos casos previstos nos incisos Ie II, funcionará como Presidente o do Supremo Tri-bunal Federal, limitando se a condenação, que so-mente será proferida por dois terços dos votos doSenado Federal, à perda do cargo, com inabilitação,por oito anos, para o exercício de função pública,

Page 66: Noções de Direito Constitucional

sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.

Se qualquer uma das pessoas enumeradas nos inci-sos I e II (Presidente da República, seu Vice, Minis-tros do Estado, Ministros do STF, Procurador Geralda República ou Advogado Geral da União) for con-denada pelo Senado por crime de responsabilidade,além de perder o cargo, receberá uma sanção adici-onal que será a proibição de candidatar-se, por oitoanos, para qualquer função pública.

Tal punição não afasta outras sanções judiciais cabí-veis, como multa, reparação ao erário público etc.Observa-se que o Julgamento é presidido pelo Presi-dente do Supremo Tribunal Federal. Há a junção dedois poderes para o controle do executivo.

6. DOS DEPUTADOS E SENADORES

PrerrogativasAos Deputados Federais e aos Senadores, a Consti-tuição concedeu determinadas prerrogativas, com oobjetivo de lhes permitir o livre desempenho de suasfunções, de molde a assegurar a independência doPoder Legislativo.

Tais prerrogativas basicamente são:

Inviolabilidade (imunidade material)Os Deputados e Senadores são invioláveis por suasopiniões, palavras e votos, no exercício dos respecti-vos mandatos (os parlamentares, por exemplo, nun-ca poderão cometer crime de injúria ou de calúnia,pois a Constituição veda, de plano, a incidência dosdispositivos da lei penal sobre suas opiniões, pala-vras e votos).

Art. 53 - Os Deputados e Senadores são invioláveiscivil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões,palavras e votos.

A) Privilégio de foro para julgamento§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedi-ção do diploma, serão submetidos a julgamento pe-rante o Supremo Tribunal Federal.

B) Proibição de PrisãoDesde a expedição do diploma, os parlamentares nãopoderão ser presos desde o ato da diplomação atéencerrar definitivamente seu mandato;

A Constituição excepciona, apenas, os casos de fla-grante de crime inafiançável.

§ 2º - Desde a expedição do diploma, os membrosdo Congresso Nacional não poderão ser presos, sal-vo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso,

os autos serão remetidos dentro de vinte e quatrohoras, à Casa respectiva, para que, pelo voto damaioria de seus membros, resolva sobre a prisão.

C) Suspensão do processo

O art. 53, em seu § 3º, possibilita a suspensão deprocesso contra parlamentar, desde que o pedido desuspensão seja efetuado por partido político e apro-vado por maioria dos votos dos membros da Casa.

§ 3º- Recebida a denúncia contra o Senador ou De-putado, por crime ocorrido após a diplomação, o Su-premo Tribunal Federal dará ciência à Casa respec-tiva, que, por iniciativa de partido político nela repre-sentado e pelo povo da maioria de seus membros,poderá, até a decisão final, sustar o andamento daação.§ 4º - O pedido de sustação será apreciado pela Casarespectiva no prazo improrrogável de quarenta e cin-co dias do seu recebimento pela Meas Diretora.§ 5º - A sustação do processo suspende a prescri-ção, enquanto durar o mandato.

Prescrição é a perda do direito de ação, em regra, osprazos no direito são prescritíveis.

D) Limitação ao dever de testemunharOs congressistas têm o dever de testemunhar sobrefatos que se supõem ser de seu conhecimento e in-dispensáveis à instrução penal ou civil, devendo serconvidados a prestar seu depoimento em dia e localconveniente, no Fórum, uma vez que, neste caso,não têm privilégio de foro.

De outra parte, os Deputados e Senadores não se-rão obrigados a testemunhar sobre informações re-cebidas ou prestadas em razão do exercício do man-dato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram oudeles receberam informações.

§ 6º - Os Deputados e Senadores não serão obriga-dos a testemunhar sobre informações recebidas ouprestadas em razão do exercício do mandato, nemsobre as pessoas que lhes confiaram ou deles rece-beram informações.

E) Imunidade para o serviço militar§ 7º - A incorporação às Forças Armadas de Deputa-dos e Senadores, embora militares e ainda que emtempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casarespectiva.

Se o congressista quiser, por livre e espontânea von-tade, incorporar-se às Forças Armadas, deverá re-nunciar ao seu mandato.

Page 67: Noções de Direito Constitucional

F) Permanência das imunidades§ 8º- As imunidades de Deputados ou Senadoressubsistirão durante o estado de sítio, só podendoser suspensas mediante o voto de dois terços dosmembros da Casa respectiva, nos casos de atos,praticados fora do recinto do Congresso, que sejamincompatíveis com a execução da medida.

Enumeradas as prerrogativas dos parlamentares, ve-jamos agora as proibições que a Constituição lhesimpõe.

Proibições impostas aos parlamentaresAs proibições a que Deputados e Senadores estãoincursos, enquanto investidos no mandato, estão enu-meradas no art. 54, que tem a finalidade de preservara licitude e a ética do comportamento dos parlamen-tares em relação à causa pública.

O congressista não pode exercer certas ocupaçõesou praticar determinados atos cumulativamente comseu mandato.

Tais impedimentos podem ser classificados em vári-os tipos: incompatibilidade funcional, incompatibili-dade negocial, incompatibilidade política e incompa-tibilidade profissional.

Art. 54 - Os Deputados e Senadores não poderão:

I - desde a expedição do diploma:

A diplomação ocorre após a homologação do resul-tado eleitoral e antes da posse do eleito.

a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica dedireito público, autarquia, empresa pública, socieda-de de economia mista ou empresa concessionáriade serviço público, salvo quando o contrato obede-cer a cláusulas uniformes;

A caracterização de “contrato de cláusulas unifor-mes” é controvertida na doutrina. A maioria entendeque são os contratos de adesão, tais como: seguro,transporte, fornecimento de água, prestação de ser-viços de telefone, contrato do sistema financeiro ha-bitacional etc.

b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego re-munerado, inclusive os de que sejam demissíveis adnutum4, nas entidades constantes da alínea anterior;II - desde a posse:

a) ser proprietários, controladores ou diretores deempresa que goze de favor decorrente de contratocom pessoa jurídica de direito público, ou nela exer-cer função remunerada;

Tal disposto, bem como os anteriores visam garantira impessoalidade no trato com a administração.

b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveisad nutum, nas entidades referidas no inciso I, a;

c) patrocinar causa em que seja interessada qual-quer das entidades a que se refere o inciso I, a;

d) ser titulares de mais de um cargo ou mandatopúblico eletivo.

Não pode o congressista ser, ao mesmo tempo, De-putado e Senador ou Deputado e Vereador ou Sena-dor e Vice-Presidente, ou Deputado e Vice-governa-dor, apenas cargos eletivos etc. Essa é a regra geral.A Constituição, entretanto, prevê no art. 56 algunscasos em que o parlamentar poderá se afastar de seumandato, para exercer outras funções públicas.

Perda do MandatoA perda do mandato está prevista no art. 55, e sedará por cassação ou extinção.

Ocorrerá a cassação quando o parlamentar incorrerem falta funcional, prevista na Constituição, e puní-vel com esta sanção. As situações às quais a cas-sação se aplica são as seguintes: infringência aoartigo 54, quebra do decoro parlamentar e condena-ção criminal. Somente a Mesa da Casa ou o partidopolítico com representação no Congresso Nacionalpoderão propô-la e ela será decidida pela Casa doparlamentar acusado, por voto secreto e quorum pri-vilegiado da maioria absoluta dos integrantes da Casaou de sua composição plena.

Ocorrerá extinção do mandato quando houver fato ouato que torne automaticamente inexistente a investi-dura eletiva, como, por exemplo, a morte, a renún-cia, o não-comparecimento a certo número de ses-sões, a perda ou a suspensão dos direitos políticos,ou a determinação pela Justiça Eleitoral. A perda domandato mediante extinção é praticamente automá-tica, sendo simplesmente declarada pela Mesa daCasa respectiva. Esta pode agir de ofício ou median-te requerimento de qualquer de seus membros ou departido político com representação no Congresso. AConstituição assegura, entretanto, ao parlamentaratingido, a ampla defesa.

Art. 55 - Perderá o mandato o Deputado ou Sena-dor:

4 Demissíveis ad nutum: expressão utilizada para indicar cargosou funções públicas que podem ser dispensados sem qualqueratenção à pessoa que os exerce. Todos os cargos públicos emcomissão ou de confiança são demissíveis ad nutum.

Page 68: Noções de Direito Constitucional

I - que infringir qualquer das proibições estabeleci-das no artigo anterior; [cassação]II - cujo procedimento for declarado incompatívelcom o decoro parlamentar; [cassação]III - que deixar de comparecer, em cada sessão le-gislativa, à terça parte das sessões ordinárias daCasa a que pertencer, salvo licença ou missão poresta autorizada; [extinção]IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políti-cos; [extinção]V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casosprevistos nesta Constituição; [extinção]VI - que sofrer condenação criminal em sentençatransitada em julgado; [cassação]§ 1º É incompatível com o decoro parlamentar, alémdos casos definidos no regimento interno, o abusodas prerrogativas asseguradas a membro do Con-gresso Nacional ou a percepção de vantagens inde-vidas.

Tem o escopo de evitar o abuso e o desvio de poder.Cassação§ 2º - Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda domandato será decidida pela Câmara dos Deputadosou pelo Senado Federal, por voto secreto e maioriaabsoluta, mediante provocação da respectiva Mesaou de partido político representado no Congresso Na-cional, assegurada ampla defesa.

Extinção§ 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, aperda será declarada pela Mesa da Casa respectiva,de ofício ou mediante provocação de qualquer deseus membros, ou de partido político representadono Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.§ 4º - A renúncia de parlamentar submetido a pro-cesso que vise ou possa levar à perda do mandato,nos termos deste artigo, terá seus efeitos suspen-sos até as deliberações finais de que tratam os §§2º e 3º. (§ 4º acrescentado pela Emenda Constituci-onal de Revisão nº 6, de 07/06/94).

Afastamento do parlamentarNo artigo seguinte, o legislador enumerou situaçõesonde o parlamentar poderá se afastar de seu manda-to, com ou sem remuneração.

Art. 56 - Não perderá o mandato o Deputado ou Se-nador:I - investido no cargo de Ministro de Estado, Gover-nador de Território, Secretário de Estado, do DistritoFederal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefede missão diplomática temporária;II - licenciado pela respectiva Casa por motivo dedoença, ou para tratar, sem remuneração, de inte-resse particular, desde que, neste caso, o afasta-

mento não ultrapasse cento e vinte dias por sessãolegislativa.§ 1º O suplente será convocado nos casos de vaga,de investidura em funções previstas neste artigo oude licença superior a cento e vinte dias.§ 2º Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far seá eleição para preenchê la se faltarem mais de quin-ze meses para o término do mandato. Excepcional-mente prevê a CF a realização de uma eleição atem-poral.§ 3º Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Sena-dor poderá optar pela remuneração do mandato.

7. DAS REUNIÕES

A sessão legislativa consiste no período de atividadedo Congresso, durante o qual se realizam suas reu-niões de trabalho. Esse período de trabalho irá de 15de fevereiro a 30 de junho e de 1º de agosto a 15 dedezembro.

As reuniões poderão ser realizadas separadamenteem cada Casa, ou conjuntamente.

Reunião conjuntaA Câmara dos Deputados e o Senado Federal, sob apresidência da Mesa do Senado, se reunirão em ses-são conjunta para:a) inaugurar a sessão legislativa;b) elaborar o regimento comum e regular a criaçãode serviços comuns das duas Casas;c) receber o compromisso do Presidente e Vice-Pre-sidente da República;d) conhecer do veto e sobre ele deliberar.

Na primeira situação (inauguração da sessão legis-lativa), dá-se início aos trabalhos legislativos e co-nhecimento da mensagem do Presidente da Repú-blica.

Na segunda situação (elaboração do regimento co-mum), é necessário dizer que três são os regimentosque estabelecem as normas do Legislativo: o do Con-gresso Nacional, o da Câmara dos Deputados e o doSenado Federal. Qualquer emenda, qualquer altera-ção do regimento comum, no caso, o do CongressoNacional, deverá ser feita em sessão conjunta.

Na terceira, deve-se receber o compromisso do Pre-sidente e Vice-Presidente da República, que será:“Prometo manter, defender e cumprir a Constituição,observar as leis, promover o bem geral do povo bra-sileiro, sustentar a União, a integridade e a indepen-dência do Brasil”.

Page 69: Noções de Direito Constitucional

E, por último, o conhecimento do veto e a delibera-ção sobre ele são procedimentos que finalizam o pro-cesso legislativo.

O veto, como vimos anteriormente, é a discordânciado Presidente da República de um projeto de lei, sejapor entendê-lo inconstitucional, seja por entendê-locontrário aos interesses público. A exigência de apre-ciação, mediante veto ou sanção, do Presidente daRepública para a edição de uma lei é uma estratégiaque divide a responsabilidade da elaboração de leisentre o Poder Legislativo e o Poder Executivo. Paraa derrubada do veto, o legislador constituinte exigiua presença das duas Casas do Congresso.

Mesa diretoraMesa é o conjunto de parlamentares eleitos por seuspares para dirigir os trabalhos legislativos durante doisanos.

A Constituição diz que há três mesas dirigentes:a) Mesa da Câmara dos Deputados;b) Mesa do Senado Federal;c) Mesa do Congresso Nacional.

Segundo José Afonso da Silva, a composição decada mesa é “matéria regimental e cada Casa disci-plina como melhor lhe parecer”. A regra tem sido quetanto a Mesa da Câmara dos Deputados como amesa do Senado Federal, compreendam: Presiden-te, dois Vice-Presidentes, quatro Secretários e qua-tro suplentes de Secretários.

Diz o mesmo autor que “as atribuições das Mesassão contempladas nos regimentos internos, mas aConstituição menciona algumas de maior destaque,que fogem a uma consideração puramente regimen-tal, como as referentes à convocação ou compareci-mento de Ministros, à perda de mandatos de con-gressistas, à propositura da ação direta de inconsti-tucionalidade, e à liberação de pronunciamento deparlamentares durante o estado de sítio”.

Art. 57 - O Congresso Nacional reunir se á, anualmen-te, na Capital Federal, de 15 de fevereiro a 30 de junhoe de 1º de agosto a 15 de dezembro.§ 1º - As reuniões marcadas para essas datas serãotransferidas para o primeiro dia útil subseqüente, quan-do recaírem em sábados, domingos ou feriados.§ 2º - A sessão legislativa não será interrompida sema aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentári-as.

A Lei de Diretrizes Orçamentária é uma tarefa precí-pua do Congresso Nacional, daí o seu grau de impor-tância.

§ 3º - Além de outros casos previstos nesta Consti-tuição, a Câmara dos Deputados e o Senado Federalreunir se ão em sessão conjunta para:I - inaugurar a sessão legislativa;II - elaborar o regimento comum e regular a criaçãode serviços comuns às duas Casas;III - receber o compromisso do Presidente e do VicePresidente da República;IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.§ 4º - Cada uma das Casas reunir-se-á em sessõespreparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiroano da legislatura, para a posse de seus membros eeleição das respectivas Mesas, para mandato de doisanos, vedada a recondução para o mesmo cargo naeleição imediatamente subseqüente.§ 5º - A Mesa do Congresso Nacional será presididapelo Presidente do Senado Federal, e os demais car-gos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupan-tes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputa-dos e no Senado Federal.

Convocação extraordináriaTêm legitimidade para convocar extraordinariamenteo Congresso Nacional durante o recesso, nas situa-ções e assuntos previstos para cada um:- o Presidente do Senado Federal;- o Presidente da República;- o Presidente da Câmara dos Deputados;- a maioria dos membros de ambas as Casas.

Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso sópoderá deliberar sobre a matéria para a qual foi con-vocado e nenhuma outra mais.

§ 6º - A convocação extraordinária do Congresso Na-cional far-se á:I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso dedecretação de estado de defesa ou de intervençãofederal, de pedido de autorização para a decretaçãode estado de sítio e para o compromisso e a possedo Presidente e do Vice Presidente da República;II - pelo Presidente da República, pelos Presidentesda Câmara dos Deputados e do Senado Federal, oua requerimento da maioria dos membros de ambasas Casas, em caso de urgência ou interesse públicorelevante.

Valor superior ao teto§ 7º Na sessão legislativa extraordinária, o CongressoNacional somente deliberará sobre a matéria para aqual foi convocado, ressalvada a hipótese do § 8º, ve-dado o pagamento de parcela indenizatória em valorsuperior ao subsídio mensal.§ 8º - Havendo medidas provisórias em vigor na datade convocação extraordinária do Congresso Nacional,serão elas automaticamente incluídas na pauta da con-

Page 70: Noções de Direito Constitucional

vocação.

8. DAS COMISSÕES

Comissões são organismos constituídos em cadaCâmara, compostos de número geralmente restritode membros, encarregados de estudar e examinarproposições legislativas e apresentar pareceres.

As comissões podem ser de quatro tipos:

a) permanentes: são as que subsistem através daslegislaturas; organizam-se em função da matéria, co-incidindo, geralmente, com o campo funcional dosMinistérios (art. 58); Um exemplo de Comissão per-manente é a CCJ – Comissão de Constituição e Jus-tiça.

b) temporárias: são criadas para assuntos específi-cos, e extinguem-se quando tenham preenchido osfins a que se destinam ou com o fim da legislatura; o§ 2º do art. 58 designa as competências dessas co-missões.

c) mistas: são comissões formadas por Deputados eSenadores com o objetivo de estudar assuntos ex-pressamente fixados, em especial, aqueles que de-vam ser decididos pelo Congresso Nacional, em ses-são conjunta das duas Casas; a Constituição esta-tui no art. 166, § 1º, uma comissão mista permanen-te.

d) comissões parlamentares de inquérito: previs-tas no § 3º do artigo 58, terão poderes de investiga-ção próprios das autoridades judiciais, além de ou-tros previstos nos regimentos internos das Casas;desempenham papel de fiscalização e controle daAdministração; o Senado e a Câmara poderão criar,isolada ou conjuntamente, tantas CPI quantas julga-rem necessárias.

Para ser criada uma CPI, é necessário:

1. requerimento de 1/3 dos membros da Casa;2. que seja constituída para a apuração de fato de-terminado;3. que tenha prazo certo de funcionamento.

Suas conclusões serão encaminhadas ao MinistérioPúblico, para que este promova a responsabilidadecivil ou criminal dos infratores. É o poder legislativofuncionando como órgão fiscalizador, defendendo aprobidade administrativa.

Segundo os doutrinadores, tem a CPI, natureza deinquérito policial.

Convocação de autoridadeDe nada adiantaria criar comissões parlamentaresde inquérito se não houvesse mecanismos impediti-vos da omissão ou sonegação de informação por partedas autoridades públicas. É por isso que a Constitui-ção dispõe sobre a convocação de autoridades.

A Câmara dos Deputados ou o Senado Federal, bemcomo qualquer de suas Comissões, poderão convo-car Ministro de Estado para prestar, pessoalmente,informações sobre assunto previamente determina-do, importando crime de responsabilidade a ausên-cia sem justificação adequada.

Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Se-nado Federal, à Câmara dos Deputados, ou a qual-quer de suas comissões, por sua iniciativa e medi-ante entendimentos com a Mesa respectiva, paraexpor assunto de relevância de seu Ministério.

Como vimos no art. 50, § 2o, as Mesas da Câmarados Deputados e do Senado Federal poderão enca-minhar pedidos escritos de informação aos Minis-tros de Estado ou a quaisquer titulares dos órgãossubordinados à Presidência da República, importan-do crime de responsabilidade a recusa, ou o não-atendimento no prazo de trinta dias, bem como aprestação de informações falsas.

Art. 58 - O Congresso Nacional e suas Casas terãocomissões permanentes e temporárias, constituídasna forma e com as atribuições previstas no respecti-vo regimento ou no ato de que resultar sua criação.§ 1º - Na Constituição das Mesas e de cada Comis-são, é assegurada, tanto quanto possível, a repre-sentação proporcional dos partidos ou dos blocosparlamentares que participam da respectiva Casa.§ 2º - Às comissões, em razão da matéria de suacompetência, cabe:I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, naforma do regimento, a competência do Plenário, sal-vo se houver recurso de um décimo dos membros daCasa;II - realizar audiências públicas com entidades dasociedade civil;III - convocar Ministros de Estado para prestar infor-mações sobre assuntos inerentes a suas atribuições;IV - receber petições, reclamações, representaçõesou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omis-sões das autoridades ou entidades públicas;V - solicitar depoimento de qualquer autoridade oucidadão;VI - apreciar programa de obras, planos nacionais,regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre elesemitir parecer.§ 3º - As comissões parlamentares de inquérito,

Page 71: Noções de Direito Constitucional

que terão poderes de investigação próprios das au-toridades judiciais, além de outros previstos nos re-gimentos das respectivas Casas, serão criadas pelaCâmara dos Deputados e pelo Senado Federal, emconjunto ou separadamente, mediante requerimentode um terço de seus membros, para a apuração defato determinado e por prazo certo, sendo suas con-clusões, se for o caso, encaminhadas ao MinistérioPúblico, para que promova a responsabilidade civilou criminal dos infratores.§ 4º - Durante o recesso, haverá uma Comissão re-presentativa do Congresso Nacional, eleita por suasCasas na última sessão ordinária do período legisla-tivo, com atribuições definidas no regimento comumcuja composição reproduzirá, quanto possível, a pro-porcionalidade da representação partidária.

Page 72: Noções de Direito Constitucional

- eleitos pelo sistema proporcional Câmara dos Deputados - mínimo de 8 e máximo de 70 por Estado e DF - Territórios: 4 Congresso Nacional - mandato de 4 anos - eleitos pelo sistema majoritário Senado Federal - 3 Senadores por Estado e DF - mandato de 8 anos a) Competência legislativa (com a sanção do Presidente da República): - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, dívida pública - criação, transformação, extinção de cargos, empregos e funções públicas - matéria financeira, cambial e monetária Competências - moeda, limites de emissão, montante da dívida mobiliária federal etc. do Congresso b) Competência administrativa (desnecessária a sanção do Presidente) - resolver definitivamente sobre tratados, acordos, ou atos internacionais que

acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional - aprovar estado de defesa e intervenção federal, autorizar estado de sítio - sustar atos do Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou delegação legisl. - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente e apreciar relatórios etc.

não é necessária a sanção presidencial Competências - Juízo de admissibilidade (aprovação por 2/3, contra Presidente, Vice e Ministros)

da - tomar as contas do Presidente se não apresentadas ao Congresso Câmara - elaboração de seu regimento interno

- dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação e extinção de cargos etc. não é necessária a sanção presidencial Competências - processar e julgar Presidente e Vice em crimes de responsabilidade e Ministros, nos conexos

do - processar e julgar Ministros do STF, o PGR e o AGU nos crimes de responsabilidade Senado - aprovar a escolha de Ministros do TCU e do STF, presidentes e diretores do BC, PGR

- fixar (proposta do Presidente), limites globais p/ montante da dívida consolidada das UF

- suspender execução de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do STF etc.

- inviolabilidade por suas opiniões, palavras e votos (imunidade material) - imunidade processual (só é processado c/ autorização de sua Casa) Prerrogativas - privilégio de foro para julgamento (STF) - não são obrigados a testemunhar sobre informações recebidas em

razão de seu mandato Deputados

e a) desde a expedição do diploma: Senadores - firmar ou manter contrato c/ entidades da Adm. Direta ou Indireta

- aceitar cargo nessas entidades, inclusive demissíveis ad nutum Proibições b) desde a posse: - ser proprietário, controlador, diretor de empresa que goze de favor

decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público - ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo etc.

QUADRO SINÓTICO DO CAPÍTULO

Page 73: Noções de Direito Constitucional

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

01. Salvo disposição constitucional em contrário,as deliberações de cada Casa e de suas Comis-sões, serão tomadas por:a) maioria de votos de parlamentares estaduaisb) dois terços dos votosc) três quartos dos votosd) maioria dos votos, presentes a maioria absoluta deseus membrose) maioria relativa dos votos por derivação

02. A Câmara dos Deputados compõe-se de re-presentantes:a) do povo, eleitos pelo sistema econômico-majoritá-riob) do povo, eleitos pelo sistema majoritárioc) do povo, eleitos pelo sistema proporcionald) do povo, eleitos pelo sistema igualitário-majoritárioe) do povo, dos Estados e do Distrito Federal

03. O número total de Deputados, bem como arepresentação por Estado e pelo Distrito Federal,será estabelecido por Lei Complementar:a) proporcionalmente aos cidadãosb) proporcionalmente à populaçãoc) proporcionalmente aos detentores de cidadania ati-vad) proporcionalmente aos detentores de cidadaniapassivae) proporcionalmente ao número de Deputados Esta-duais

04.O Senado Federal compõe-se de representan-tes:a) dos Estados e do Distrito Federalb) dos Estados, do Distrito Federal e dos Territóriosc) dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípiosd) dos Estados e dos Territórios:e) dos Estados e dos Municípios

05.Compete privativamente ao Congresso Nacio-nal:I - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da Re-pública a se ausentarem do País, quando a ausênciaexceder a quinze diasII - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal,autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer umadessas medidasIII - mudar temporariamente sua sedea) apenas I e II estão corretasb) I, II e III estão incorretasc) apenas I está corretad) apenas I e II estão incorretase) I, II, III estão corretas, mas o enunciado não, porquea competência em tela é exclusiva.

06. É competência exclusiva do Congresso Naci-onal:a) autorizar referendo e convocar plebiscitob) dispor sobre sistema tributárioc) dispor sobre programas nacionaisd) dispor sobre limites do território nacionale) dispor sobre concessão de anistia

07. A autorização dada pela Câmara dos Deputa-dos para a instauração de processo contra o Pre-sidente da República e os Ministros de Estado sedará por:a) dois terços de seus membrosb) três quintos de seus membrosc) dois terços dos membros presentes à sessãod) três quintos dos membros presentes à sessãoe) maioria simples

08. Emissão de moeda, seus limites e montanteda dívida mobiliária federal é competência le-gislativa do(a):a) Banco Central do Brasil, com sanção do SenadoFederalb) Ministério da Fazenda, com sanção do Presidenteda Repúblicac) Senado Federal, com sanção da Câmara dos De-putadosd) Presidência da República, com sanção do Congres-so Nacionale) Congresso Nacional, com sanção Presidencial

09. Compete privativamente à Câmara dos Depu-tados:a) processar e julgar o Presidente da República noscrimes de responsabilidadeb) autorizar, por dois terços de seus membros, a ins-tauração de processo contra os Ministros de Estadoc) autorizar, por um terço de seus membros, a instau-ração de processo contra o Presidente da Repúblicad) processar e julgar o Vice-Presidente da Repúblicanos crimes de responsabilidade

10. Quando o Senado Federal estiver funcionan-do como Tribunal para julgamento do Presiden-te da República nos crimes de responsabilidade,funcionará como presidente da sessão:a) o Presidente do Senado Federalb) o Presidente da Câmara dos Deputadosc) o Presidente do Supremo Tribunal Federald) o Presidente do Senado Federal e da Câmara dosDeputados, conjuntamentee) um Presidente escolhido entre os Senadores daRepública, através do voto secreto

11.Os Deputados Federais e Senadores são sub-metidos a julgamento perante o:

Page 74: Noções de Direito Constitucional

b) o Presidente da Câmara dos Deputadosc) o Presidente do Supremo Tribunal Federald) o Presidente do Senado Federal e da Câmara dosDeputados, conjuntamentee) um Presidente escolhido entre os Senadores daRepública, através do voto secreto

11.Os Deputados Federais e Senadores são sub-metidos a julgamento perante o:a) Tribunal Superior Eleitoralb) Tribunal Federal de Recursosc) Tribunal de Justiça do Distrito Federald) Supremo Tribunal Federale) Superior Tribunal Militar

12. O Senador:a) não é representante do povo mas é eleito pelo povob) terá mandato de cinco anos, renovado de quatroem quatro anosc) será eleito com um suplented) será eleito com dois suplentes para ajudá-lo nodesempenho do mandatoe) representa o território

13. Os Deputados e Senadores são invioláveis porsuas opiniões, palavras e votos, sendo que suasimunidades, no que se refere ao estado de sítio,a) não subsistirãob) subsistirão plenamentec) só podem ser interrompidas mediante o voto de 2/3dos membros da Casa respectiva e no caso de práti-ca de atos contrários à execução da medida fora dorecinto do Congresso Nacionald) só podem ser suspensas mediante o voto de 2/3dos membros da Casa respectiva e no caso de práti-ca de atos incompatíveis com a execução da medidae) o enunciado da questão é falso

14. O número de Deputados Federais eleitos porTerritório é de:a) no mínimo oito e no máximo 70b) trêsc) quatrod) no mínimo quatro e no máximo 70e) no máximo 70

15. Os Deputados Federais não poderão, desde aposse:a) ser titulares de mais de um cargo ou mandato pú-blico eletivob) firmar contrato com pessoa jurídica de direito públi-co

c) manter contrato com autarquiad) firmar contrato com sociedade de economia mistae) manter contrato com empresa pública

16. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmen-te, na Capital Federal de:a) 15 de março a 30 de junho e de 1º de agosto a 15de novembrob) 15 de fevereiro a 30 de junho e de 1º de agosto a 15de dezembroc) 1º de março a 30 de junho e de 1º de agosto a 15 dedezembrod) 15 de março a 30 de junho e de 1º de agosto a 15de dezembroe) 15 de março a 15 de junho e de 15 de julho a 15 dedezembro

17.Podem convocar, extraordinariamente, o Con-gresso Nacional:a) o Presidente da República, o Presidente do Sena-do Federal, o Presidente da Câmara dos Deputadosou a maioria dos membros do Congresso Nacionalb) somente o Presidente da República e o Presidentedo Congresso Nacionalc) o Presidente da República, o Presidente do Sena-do Federal, o Presidente da Câmara dos Deputados,o Presidente do Congresso Nacional ou a maioria dosmembros do Congresso Nacionald) o Presidente do Senado Federal e o Presidente daCâmara dos Deputados apenase) somente o Presidente da República

18. Indique a alternativa incorreta:a) na Constituição das Mesas e de cada Comissão, éassegurada, tanto quanto possível, a representaçãoproporcional dos partidos ou dos blocos parlamenta-res que participem da respectiva Casab) sendo matéria de sua competência a comissão podeconvocar Ministros de Estadoc) sendo matéria de sua competência a comissão podesolicitar depoimento de qualquer autoridade, cidadãoou representante de países estrangeirosd) as comissões parlamentares de inquérito têm po-deres de investigação próprios das autoridades judici-aise) o Congresso Nacional, o Senado Federal e a Câ-mara do Deputados terão comissões permanentes etemporárias

19. Durante o recesso parlamentar:a) não existe comissão formadab) só existe comissão do Senado Federal

Page 75: Noções de Direito Constitucional

d) pelo STF nos crimes comuns e pelo Senado Fede-ral nos crimes de responsabilidade depois que a Câ-mara dos deputados declarar procedente a acusaçãopelo voto de 2/3 dos seus membrose) pelo Senado Federal, tanto nos crimes comunscomo nos crimes de responsabilidade, depois de aCâmara dos deputados declarar procedente a acusa-ção pelo voto da maioria dos seus membros

21. Queira assinalar a resposta incorreta, abai-xo, relativamente às comissões parlamentares deinquérito:a) podem ser criadas pelo Senado e pela Câmara dosDeputados, em conjunto ou separadamenteb) a criação depende de requerimento subscrito porum terço dos membros de cada uma das aludidascasas legislativasc) devem ter prazo certo para encerrar seus trabalhosd) as conclusões das comissões parlamentares deinquérito (CPI) têm efeitos exauridos no âmbito doCongresso Nacional, sem que se imponham provisó-rias outras, por partes das mesmas, para a promoçãoda responsabilidade civil ou criminal dos eventuais in-fratorese) têm poderes de investigação próprios das autorida-des judiciais

Gabarito

1. D 2. C 3. B 4. A 5. E 6.A 7. A8. E 9. B 10. C 11. D 12. A 13. D 14. C15. A 16. B 17. A 18. C 19. D 20. D 21. D

Page 76: Noções de Direito Constitucional

1. INTRODUÇÃO

A função típica fundamental do Poder Executivo é aadministração da máquina estatal através de um de-senvolvimento infralegal, isto é, através de atos admi-nistrativos (decretos, regulamentos, portarias, avisosetc.), que deverão estar sempre subordinados à leivotada pelo Poder Legislativo.

Desta forma, a edição de leis delegadas e de medidasprovisórias, e a participação no processo legislativoatravés da iniciativa, da sanção, do veto e da promul-gação, constituem funções legislativas atípicas doPoder Executivo.

Vale a pena marcar que a chefia do Poder executivo éunipessoal. O Presidente exerce o Poder Executivo ereúne, em si, a tríplice condição de Chefe de Estado,Chefe de Governo e Chefe da Administração Federal.Neste sentido, os Ministros de Estado são meros ocu-pantes de cargos em comissão, auxiliando o Presi-dente da República no exercício do Poder Executivo:

Art. 76 - O Poder Executivo é exercido pelo Presidenteda República, auxiliado pelos Ministros de Estado.

A estrutura jurídico-administrativa da Presidência daRepública compreende os órgãos essenciais (Gabi-nete Civil e Gabinete Militar) e os órgãos de assesso-ramento imediato do Presidente da República (Conse-lho de Segurança Nacional, Conselho de Desenvolvi-mento Econômico, Conselho de Desenvolvimento So-cial, Conselho Nacional de Informática e Automação,Serviço Nacional de Informações, Estado-Maior dasForças Armadas, Consultoria-Geral da República etc.).

2. DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚ-BLICA

Requisitos para a candidatura à PresidênciaPodem candidatar-se ao cargo de Presidente da Re-pública os indivíduos que:a) sejam brasileiros natos;b) estejam em pleno exercício dos direitos políticos;c) tenham o domicílio eleitoral na circunscrição;d) estejam filiados a um partido;

e) tenham a idade mínima de 35 anos.

Eleição do Presidente e do Vice-Presidente daRepúblicaO Presidente e o Vice-Presidente com ele registrado,serão eleitos para um mandato de 4 anos e poderãoser reeleitos para um único período subseqüente. Aeleição de ambos realizar-se-á, simultaneamente, noprimeiro domingo de outubro, em primeiro turno e últi-mo domingo de outubro, em segundo turno no anoanterior ao término do mandato presidencial vigente.

Art. 77 - A eleição do Presidente e do Vice-Presiden-te da República realizar-se-á, simultaneamente, noprimeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e noúltimo domingo de outubro, em segundo turno, sehouver, do ano anterior ao término do mandato presi-dencial vigente.§ 1º A eleição do Presidente da República importaráa do Vice Presidente com ele registrado.

Há um vínculo direto entre a eleição do titular do cargo(o Presidente) e o titular do cargo de mera expectativa(o Vice-presidente). Não há a possibilidade de eleiçãodissociada como em outros tempos de nossa ordemlegal.

Eleição por maioria absoluta dos votos válidos

§ 2º - Será considerado eleito Presidente o candida-to que, registrado por partido político, obtiver a mai-oria absoluta de votos, não computados os em bran-co e os nulos.

Previsão de segundo turno§ 3º - Se nenhum candidato alcançar maioria absolu-ta na primeira votação, far se á nova eleição em atévinte dias após a proclamação do resultado, concor-rendo os dois candidatos mais votados e consideran-do se eleito aquele que obtiver a maioria dos votosválidos.

Situações especiais§ 4º - Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrermorte, desistência ou impedimento legal de candida-to, convocar se á, dentre os remanescentes, o de maiorvotação.

6. DO PODER EXECUTIVO

1. Introdução2. Do Presidente e do Vice-Presidente da República3. Das Atribuições do Presidente da República4. Da Responsabilidade do Presidente da República5. Dos Ministros de Estado6. Do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional

Page 77: Noções de Direito Constitucional

to legal de um dos dois candidatos ao segundo turno,não será eleito necessariamente o que sobrou. A Cons-tituição exige que haja o segundo turno com o terceirocandidato mais votado.

§ 5º - Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, re-manescer, em segundo lugar, mais de um candidatocom a mesma votação, qualificar se á o mais idoso.

Se no primeiro turno dois ou mais candidatos empata-rem em segundo lugar, irão para o segundo turno ape-nas dois candidatos: aquele que ficou em primeiro lu-gar e o mais idoso dos que empataram.

Observa-se o quesito idade como critério de desem-pate. Esta regra é muito usada em concursos públi-cos.

PosseArt. 78 - O Presidente e o Vice Presidente da Repúbli-ca tomarão posse em sessão do Congresso Nacio-nal, prestando o compromisso de manter, defender ecumprir a Constituição, observar as leis, promover obem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a in-tegridade e a independência do Brasil.

VacânciaVacância é o ato expedido pelo Congresso Nacionaldeclarando o cargo de Presidente ou Vice da Repúbli-ca vago. Uma das hipóteses em que ela pode ocorreré a seguinte:

Parágrafo único - Se, decorridos dez dias da datafixada para a posse, o Presidente ou o Vice Presiden-te, salvo motivo de força maior, não tiver assumido ocargo, este será declarado vago.

Além da situação acima prevista, a vacância do cargopresidencial também pode decorrer:a) de morte;b) de incapacidade absoluta;c) de aceitação de título ou de condecoração estran-geira, que resultem em restrição ao seu direito ou de-ver perante o Estado brasileiro;d) de renúncia;e) de condenação pelo Senado Federal por crime deresponsabilidade;f) de perda dos direitos políticos;g) de condenação judicial pelo Supremo Tribunal Fe-deral por crime comum, resultando em impossibilida-de de exercício da função pública;h) de perda do cargo, ao ausentar-se do País por maisde 15 dias, sem licença do Congresso Nacional.

Atribuições do Vice-PresidenteArt. 79 - Substituirá o Presidente, no caso de impedi-mento, e suceder lhe á, no de vaga, o Vice-Presidente.

As atribuições básicasa) substituição temporária do Presidente, no caso deimpedimento (exemplo: quando o Presidente da Re-pública precisar se ausentar do País);b) sucessão definitiva daquele, no caso de vacânciado cargo (exemplo: com a condenação de FernandoCollor pelo Senado, Itamar Franco assumiu definitiva-mente a Presidência da República).

Tanto a substituição como a sucessão, ocorrerão so-mente pelo tempo de mandato que restar.

Outras atribuições do Vice-Presidente são previstasno seguinte dispositivo:

Parágrafo único - O Vice Presidente da República,além de outras atribuições que lhe forem conferidaspor lei complementar, auxiliará o Presidente, sempreque por ele convocado para missões especiais.

Substituição no caso de impedimento ou vacân-cia de ambos os cargosArt. 80 - Em caso de impedimento do Presidente e doVice Presidente, ou vacância dos respectivos cargos,serão sucessivamente chamados ao exercício da Pre-sidência o Presidente da Câmara dos Deputados, odo Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.

A ordem de substituição acima enumerada é taxativae obedece ao princípio da representação popular: pri-meiro chama-se o Presidente da Câmara dos Deputa-dos, formada de representantes diretamente escolhi-dos pelos cidadãos; a seguir, o Presidente do SenadoFederal, formado por representantes dos Estados-membros; por último, o Presidente do Supremo Tribu-nal Federal, formado por Ministros que não foram es-colhidos diretamente pelos cidadãos.

Se houver impedimento do Presidente e de seu Vice,as pessoas acima enumeradas os substituirão, atéque cesse o impedimento.

Se houver vacância de ambos os cargos, essas mes-mas pessoas os substituirão até que sejam realiza-das as eleições extraordinárias previstas no art. 81.Por este dispositivo, os novos chefes do Executivo se-rão escolhidos diretamente pelos cidadãos (eleiçãopopular direta), se os dois cargos ficarem vagos nosdois primeiros anos de mandato, e serão escolhidospelo Congresso (eleição indireta), se tal ocorrer nosdois últimos anos do mandato. Em qualquer dos ca-sos, os eleitos só ocuparão os respectivos cargos peloperíodo restante do mandato de seus antecessores.

Art. 81 - Vagando os cargos de Presidente e VicePresidente da República, far-se-á eleição noventa diasdepois de aberta a última vaga.§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos doperíodo presidencial, a eleição para ambos os cargos

Page 78: Noções de Direito Constitucional

gresso Nacional, na forma da lei.§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão com-pletar o período de seus antecessores.

Mandato PresidencialArt. 82 - O mandato do Presidente da República é dequatro anos e terá início em primeiro de janeiro do anoseguinte ao da sua eleição. (Redação dada pela Emen-da Constitucional de Revisão n. 16).

Necessidade de licença do Congresso para seausentar do país por mais de 15 diasArt. 83 - O Presidente e o Vice Presidente da Repúbli-ca não poderão, sem licença do Congresso Nacional,ausentar se do País por período superior a quinze dias,sob pena de perda do cargo.

Tal licença deverá ser dada por maioria absoluta.

3. DAS ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

O art. 84 cuida do assunto. Embora o caput desseartigo qualifique as competências do Presidente daRepública enumeradas como privativas, na realidade90% delas são indelegáveis e, portanto, exclusivas.

Existem três únicas exceções ditadas pelo parágrafoúnico, que prevê a possibilidade de delegação das atri-buições enumeradas nos incisos VI (competência paradispor sobre a organização e o funcionamento da Ad-ministração Federal), XII (concessão de indulto e co-mutação de penas), e XXV, primeira parte (provimentode cargos públicos federais), aos Ministros de Esta-do, ao Procurador-Geral da República ou ao Advoga-do-Geral da União.

Para fins didáticos, mudaremos a ordem em que os inci-sos estão dispostos na Constituição, agrupando-os demaneira mais conveniente, segundo o seu conteúdo.

Art. 84 - Compete privativamente ao Presidente daRepública:

Chefia do governoI - nomear e exonerar os Ministros de Estado;IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;X - decretar e executar a intervenção federal;XI - remeter mensagem e plano de governo ao Con-gresso Nacional por ocasião da abertura da sessãolegislativa, expondo a situação do País e solicitandoas providências que julgar necessárias;XII - conceder indulto e comutar penas, com audiên-cia, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas,nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e daAeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos; (EC 23)

(...) os Governadores de Territórios, o Procurador Geralda República, o presidente e os diretores do banco cen-tral e outros servidores, quando determinado em lei;XV - nomear, observado o disposto no art. 73, osMinistros do Tribunal de Contas da União;XVI - nomear os magistrados, nos casos previstosnesta Constituição, e o Advogado Geral da União;XVII - nomear membros do Conselho da República,nos termos do art. 89, VII;XVIII - convocar e presidir o Conselho da Repúbli-ca1(...);XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano pluria-nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e aspropostas de orçamento previstos nesta Constituição;

Chefia do EstadoVII - manter relações com Estados estrangeiros eacreditar seus representantes diplomáticos;VIII - celebrar tratados, convenções e atos internaci-onais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;XVIII - convocar e presidir (...) o Conselho de DefesaNacional;XIX - declarar guerra, no caso de agressão estran-geira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referen-dado por ele, quando ocorrida no intervalo das ses-sões legislativas, e, nas mesmas condições, decre-tar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendodo Congresso Nacional;XXII - permitir, nos casos previstos em lei comple-mentar, que forças estrangeiras transitem pelo territó-rio nacional ou nele permaneçam temporariamente 2;XXI - conferir condecorações e distinções honorífi-cas;

Chefia da Administração Pública FederalII - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, adireção superior da administração federal;VI – dispor, mediante decreto, sobre:a) a organização e funcionamento da administraçãofederal, quando não implicar aumento de despesa nemcriação ou extinção de órgãos públicos;b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais,na forma da lei 3;XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacio-nal, dentro de sessenta dias após a abertura dasessão legislativa, as contas referentes ao exercícioanterior;

1 O Conselho da República é órgão de consulta do Presidente,composto pela cúpula dos três poderes e por 6 cidadãos, dosquais 2 são eleitos pelo Presidente da República, 2 são eleitospelo Senado Federal e 2 são eleitos pela Câmara dos Deputados.2 OBS.: para tanto, o Presidente depende de autorização doCongresso (art. 49, II).3 A competência de preencher os cargos públicos, através denomeação ou contratação, poderá ser delegada às pessoasenumeradas no parágrafo único, mas a extinção não, sendocompetência exclusiva do Presidente.

Page 79: Noções de Direito Constitucional

Competências legislativas e de controle constitucionalIII - iniciar o processo legislativo, na forma e noscasos previstos nesta Constituição;IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis,bem como expedir decretos e regulamentos para suafiel execução;V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;XXVI editar medidas provisórias com força de lei,nos termos do art. 62;

Outras CompetênciasXXVII - exercer outras atribuições previstas nestaConstituição.

Atribuições DelegáveisParágrafo único - O Presidente da República poderádelegar as atribuições mencionadas nos incisos VI,XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado,ao Procurador Geral da República ou ao AdvogadoGeral da União, que observarão os limites traçadosnas respectivas delegações.

4. DA RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚ-BLICA

Crime é a violação de um bem juridicamente tutelado.O Presidente pode praticar crimes de responsabilida-de (previstos no art. 85 da CF) ou crimes comuns (pre-vistos no Código Penal).

Crime de responsabilidade é aquele que está ligadocom o cargo ocupado. Crime comum é o que pode serpraticado por qualquer pessoa, independentemente dafunção que ocupa.

Exemplos: matar alguém é crime comum; roubar doscofres públicos ou receber propina, enquanto Presi-dente da República, é crime de responsabilidade.

Os crimes de responsabilidade estão enumerados noart. 85 da Constituição, e podem ser crimes políticos(incisos I a IV) ou crimes funcionais (incisos V a VII).

Art. 85 - São crimes de responsabilidade os atos doPresidente da República que atentem contra a Cons-tituição Federal e, especialmente, contra:I - a existência da União;II - o livre exercício do Poder Legislativo, do PoderJudiciário, do Ministério Público e dos Poderes cons-titucionais das unidades da Federação;III - o exercício dos direitos políticos, individuais esociais;IV - a segurança interna do País;V - a probidade na administração;VI - a lei orçamentária;VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.Parágrafo único - Esses crimes serão definidosem lei especial, que estabelecerá as normas de

processo e julgamento.

Processo contra o Presidente da RepúblicaJosé Afonso da Silva nos ensina o seguinte:“O processo dos crimes de responsabilidade e doscomuns cometidos pelo Presidente da República divi-de-se em duas partes: juízo de admissibilidade doprocesso e julgamento. A acusação pode ser articula-da por qualquer brasileiro perante a Câmara dos De-putados. Esta conhecerá, ou não, da denúncia; nãoconhecendo, será ela arquivada; conhecendo, decla-rará procedente, ou não, a acusação; julgando-a im-procedente, também será arquivada. Se a declararprocedente pelo voto de dois terços de seus mem-bros, autorizará a instauração de processo (arts. 51 e86), passando, então, a matéria: a) à competência doSenado Federal, se tratar de crime de responsabilida-de (arts. 52, I, e 86); b) ao Supremo Tribunal Federal,se o crime for comum (art. 86).

“Recebida a autorização da Câmara para instaurar oprocesso, o Senado Federal se transformará em tri-bunal de juízo político, sob a Presidência do Presi-dente do Supremo Tribunal Federal (...)” O processoseguirá os trâmites legais, com oportunidade de am-pla defesa ao imputado, concluindo pelo julgamento,que poderá ser absolutório, com o arquivamento doprocesso, ou condenatório, por dois terços dos votosdo Senado, limitando-se a decisão à perda do cargo,com inabilitação, por oito anos, para o exercício defunção pública, sem prejuízo das demais sanções ju-diciais cabíveis (art. 52, parágrafo único).

“Em se tratando de crimes comuns, autorizado o pro-cesso pela Câmara, este será instaurado pelo Supre-mo Tribunal Federal com o recebimento da denúnciaou queixa-crime, com a conseqüência também imedi-ata da suspensão do Presidente de suas funções (art.86, § 1o), prosseguindo o processo nos termos doRegimento Interno daquele Colendo Tribunal e da le-gislação processual penal pertinente. Nesse caso, acondenação do Presidente importa em conseqüênciade natureza penal e somente por efeitos reflexos eindiretos implica perda do cargo, à vista do dispostono art. 15, III.”

Vejamos agora o que diz a Constituição:Art. 86 - Admitida a acusação contra o Presidente daRepública, por dois terços da Câmara dos Deputa-dos, será ele submetido a julgamento perante o Su-premo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns,ou perante o Senado Federal, nos crimes de respon-sabilidade.§ 1º - O Presidente ficará suspenso de suas fun-ções:I - nas infrações penais comuns, se recebida a de-núncia ou queixa crime pelo Supremo Tribunal Federal;II - nos crimes de responsabilidade, após a instaura-ção do processo pelo Senado Federal.

Page 80: Noções de Direito Constitucional

§ 2º - Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, ojulgamento não estiver concluído, cessará o afasta-mento do Presidente, sem prejuízo do regular prosse-guimento do processo.§ 3º - Enquanto não sobrevier sentença condenató-ria, nas infrações comuns, o Presidente da Repúblicanão estará sujeito a prisão.§ 4º - O Presidente da República, na vigência de seumandato, não pode ser responsabilizado por atos es-tranhos ao exercício de suas funções.

5. DOS MINISTROS DE ESTADO

Requisitos para ser Ministro de EstadoArt. 87 - Os Ministros de Estado serão escolhidosdentre brasileiros maiores de vinte e um anos e noexercício dos direitos políticos.

Competências dos Ministros de EstadoParágrafo único - Compete ao Ministro de Estado,além de outras atribuições estabelecidas nesta Cons-tituição e na lei:I - exercer a orientação, coordenação e supervisãodos órgãos e entidades da administração federal naárea de sua competência e referendar os atos e de-cretos assinados pelo Presidente da República;II - expedir instruções para a execução das leis, de-cretos e regulamentos;III - apresentar ao Presidente da República relatórioanual de sua gestão no Ministério;IV - praticar os atos pertinentes às atribuições quelhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidenteda República.

Criação dos Ministérios por leiArt. 88 - A lei disporá sobre a criação e extinção deMinistérios e órgãos da administração pública.

Responsabilidade dos Ministros de EstadoSão crimes de responsabilidade dos Ministros de Es-tado:a) falta de comparecimento sem justificação adequa-da, à Câmara dos Deputados, ao Senado Federal oua qualquer de suas Comissões, quando convocadopara prestar, pessoalmente, quaisquer informações;b) praticar, juntamente com o Presidente da Repúbli-ca, atos definidos como crime de responsabilidade.

Juízo competente para o processar e julgar osMinistros do EstadoAssim como o Presidente da República, os Ministrosserão julgados:a) pelo Supremo Tribunal Federal, nos crimes comuns

e nos crimes de responsabilidade que cometeremsozinhos, eb) pelo Senado Federal, nos crimes de responsabilida-de, quando os cometerem com o Presidente da Repú-blica.

6. DO CONSELHO DA REPÚBLICA E DO CONSELHO DADEFESA NACIONAL

Conselhos, segundo José Afonso da Silva, “são orga-nismos públicos destinados ao assessoramento dealto nível e de orientação e até de deliberação emdeterminado campo de atuação governamental”.

Existem vários Conselhos junto à Superior Adminis-tração Federal, como o Conselho da Educação, oConselho da Cultura, o Conselho Interministerial dePreços etc., mas a Constituição previu apenas três:a) Conselho da República (art. 89);b) Conselho de Defesa Nacional (art. 91);c) Conselho da Comunicação Social (art. 224).

Este conselho, apesar de previsto não está criado atéo presente momento.

Neste capítulo iremos estudar somente os doisprimeiros.

a) Conselho da RepúblicaComposiçãoArt. 89 - O Conselho da República é órgão superior deconsulta do Presidente da República, e dele partici-pam:I - o Vice Presidente da República;II - o Presidente da Câmara dos Deputados;III - o Presidente do Senado Federal;IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dosDeputados;V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Fe-deral;VI - o Ministro da Justiça;VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais detrinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeadospelo Presidente da República, dois eleitos pelo Sena-do Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputa-dos, todos com mandato de três anos, vedada a re-condução.

Observa-se que dos 14 brasileiros membros do Con-selho da República, 9 devem ser brasileiros natos, poisalém dos 6 citados no art. 89 da CF, os cargos dePresidente e Vice da República, bem como o de Pre-sidente do Senado Federal também devem ser de bra-sileiros natos.

CompetênciasArt. 90 - Compete ao Conselho da República pronun-ciar se sobre:

4 OBS: como se pode ver, o cargo de Ministro de Estado, comexceção de Ministro de Estado da Defesa (art. 12, § 3o),diferentemente do cargo de Presidente da República, pode serocupado tanto pelo brasileiro nato como pelo naturalizado.

Page 81: Noções de Direito Constitucional

I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio;II - as questões relevantes para a estabilidade dasinstituições democráticas.§ 1º - O Presidente da República poderá convocarMinistro de Estado para participar da reunião do Con-selho, quando constar da pauta questão relacionadacom o respectivo Ministério.§ 2º - A lei regulará a organização e o funcionamentodo Conselho da República.OBS.: o Conselho da República é um instituto encar-regado da consolidação democrática do país, mas nãoé um órgão deliberativo, uma vez que só emite opini-ões.b) Conselho de Defesa NacionalDa mesma forma que o Conselho da República, oConselho de Defesa Nacional também não é um ór-gão deliberativo, mas apenas consultivo.

ComposiçãoArt. 91 - O Conselho de Defesa Nacional é órgão deconsulta do Presidente da República nos assuntosrelacionados com a soberania nacional e a defesa doEstado democrático, e dele participam como mem-bros natos:I - o Vice Presidente da República;II - o Presidente da Câmara dos Deputados;III - o Presidente do Senado Federal;IV - o Ministro da Justiça;V - o Ministro de Estado da Defesa; (EC 23)VI - o Ministro das Relações Exteriores;VII - o Ministro do Planejamento.VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e daAeronáutica. (EC 23)

Tal Conselho é composto por 10 membros.

Competências§ 1º - Compete ao Conselho de Defesa Nacional:I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e decelebração da paz, nos termos desta Constituição;II - opinar sobre a decretação do estado de defesa,do estado de sítio e da intervenção federal;III - propor os critérios e condições de utilização deáreas indispensáveis à segurança do território nacio-nal e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente nafaixa de fronteira e nas relacionadas com a preserva-ção e a exploração dos recursos naturais de qualquertipo;IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimentode iniciativas necessárias a garantir a independêncianacional e a defesa do Estado democrático.§ 2º - A lei regulará a organização e o funcionamentodo Conselho de Defesa Nacional.

Page 82: Noções de Direito Constitucional

QUADRO SINÓTICO DO CAPÍTULO

Poder Executivo

¶ Função típica: execução de leis

¶ Função atípica: julgar (processos administrativos) e legislar (medidas provisórias, leis delegadas etc.)

¶ Exercido por: Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado

Presidente da República

Eleição

- no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se houver;

- sistema majoritário;

- voto direto e secreto;

- por maioria absoluta (caso contrário, haverá 20 turno)

Mandato 4 anos e poderão ser reeleitos para um único período subseqüente.

Atribuições

a) Chefia de Governo: nomear e exonerar Ministros de Estado; nomear: Procurador-Geral da República, presidentes e diretores do banco central, Ministros do TCU da União; exercer o comando supremo das Forças Armadas; decretar o estado de defesa, o estado de sítio e a intervenção federal; enviar ao Congresso o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento etc.

b) Chefia do Estado: manter relações com Estados estrangeiros; celebrar tratados e convenções internacionais, sujeitos a referendo do Congresso; declarar guerra e celebrar paz mediante autorização ou referendo do Congresso; permitir o trânsito de forças estrangeiras no território nacional, nos casos previstos em lei complementar etc.

c) Chefia da Administração Pública Federal: exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da Administração Federal; prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei; prestar contas ao Congresso Nacional em relação ao exercício anterior etc.

d) Competências legislativas: iniciar processos legislativos nos casos previstos na CF; sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; vetar projetos de lei; editar medidas provisórias etc.

Crimes de responsabilidade

a) Crimes políticos: atos contra: a Constituição; a existência da União; o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da federação; o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; a segurança interna do País.

b) Crimes funcionais: atos contra: a probidade administrativa; a lei orçamentária; o cumprimento das leis e das decisões judiciais.

c) Fases do processo:

1) juízo de admissibilidade aprovado por 2/3 da Câmara dos Deputados 2) julgamento por crime de responsabilidade perante o Senado Federal, com

condenação por 2/3 dos Senadores, implicando perda do cargo e proibição do exercício de função pública por 8 anos (obs: o julgamento por crime comum compete ao STF).

Perde o cargo

se não assumi-lo dentro de dez dias da data da posse; se ausentar do País por mais de 15 dias sem autorização congressual; se for condenado pelo Senado por crime de responsabilidade etc.

Órgãos de Consulta

Conselho da República (pronuncia-se sobre intervenção federal, estado de defesa e de sítio, e questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas)

Conselho de Defesa Nacional (opina sobre intervenção federal, decretação do estado de defesa e do estado de sítio, guerra e paz, utilização de áreas indispensáveis à segurança nacional; iniciativas necessárias para garantir a independência nacional)

Page 83: Noções de Direito Constitucional

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

01. O Presidente da República deverá afastar-sedo exercício de suas funções:a) tão logo autorizar a Câmara dos Deputados, pordois terços de seus membros, a instauração do pro-cesso de impeachment contra o mesmo.b) assim que admita a Câmara dos Deputados, pelovoto de dois terços dos seus membros, a acusaçãocontra o mesmo por crimes comuns ou por crimes deresponsabilidade.c) após a instauração, contra o mesmo, de processode impeachment pelo Senado Federal ou, nos casosde crimes comuns, após o recebimento pelo Supre-mo Tribunal Federal de queixa-crime ou de denúnciaformulada pelo Procurador Geral da República.d) após o oferecimento de denúncia contra o mesmopelo Procurador-Geral da República perante o Supre-mo Tribunal Federal, nos casos de crimes comuns,ou por qualquer representante do povo perante a Câ-mara dos Deputados, nos casos de crimes de res-ponsabilidade.e) somente após condenação penal transitada em jul-gado no Supremo Tribunal Federal.

02. O Presidente da República, se for acusado dealgum crime, será julgado:a) pelo STF, quer se trate de crime comum ou de cri-me de responsabilidade.b) pelo Senado Federal, tanto nos casos de crime co-mum como nos casos de responsabilidade.c) pelo STF, tanto nos crimes comuns como nos cri-mes de responsabilidade, depois que a Câmara dosDeputados declarar procedente a acusação pelo votode 2/3 dos Deputados.d) pelo STF nos crimes comuns e pelo Senado Fede-ral nos crimes de responsabilidade, depois que a Câ-mara dos Deputados declarar procedente a acusaçãopelo voto de 2/3 dos seus membros.e) pelo Senado Federal, tanto nos crimes comunscomo nos crimes de responsabilidade, depois de aCâmara dos Deputados declarar procedente a acusa-ção pelo voto da maioria dos seus membros.

03. Durante o recesso parlamentar:a) não existe comissão formada.b) só existe comissão do Senado Federal.c) só existe comissão da Câmara dos Deputados.d) só existe comissão representativa do CongressoNacional.e) as comissões são representadas pelos líderes dospartidos.

04. Ausentando-se do país, por uma semana, sema licença do Congresso Nacional, sujeita-se oPresidente da República a:a) pena de perda do cargo.b) suspensão de suas funções até julgamento do cri-me de responsabilidade.

c) nenhuma sanção penal ou política, porque não estáprevista a hipótese na Constituição.d) processo de impeachment.e) não mais poder sair do território nacional.

05. Assinale a afirmativa correta:a) sucederá o Presidente da República, no caso devaga, e o substituirá, no caso de impedimento, o Vice-Presidente da República.b) substituirá o Presidente da República, no caso devaga, o Vice-Presidente da República.c) sucederá o Presidente da República, no caso deimpedimento, o Vice-Presidente da República.d) substituirá e sucederá o Presidente da República,no caso de vaga, o Vice-Presidente da República.e) substituirá o Presidente da República, no caso de vagaou de impedimento, o Vice-Presidente da República.

06. Ao Presidente da República compete privati-vamente dispor sobre a organização e o funcio-namento da administração federal:a) conforme dispuser lei complementar.b) na forma da lei.c) nos casos previstos na Constituição.d) através de leis delegadas.e) ouvido o Conselho da República.

07. Nomear, após aprovação do Senado Federal,os Ministros do Supremo Tribunal Federal é atri-buição do:a) Presidente da República.b) Presidente do Supremo Tribunal Federal.c) Presidente do Senado Federal.d) Presidente da Câmara dos Deputados.e) Presidente do Congresso Nacional.

08. De acordo com a Constituição Federal, os cri-mes de responsabilidade do Presidente da Re-pública serão definidos em:a) Lei especial.b) Lei ordinária.c) Lei complementar.d) Lei delegada.e) Emenda constitucional.

09.O Presidente ficará suspenso de suas funções:a) nas infrações penais comuns, se recebida a denún-cia ou queixa-crime pelo Senado Federal.b) nos crimes de responsabilidade, após instauraçãodo processo pelo Senado Federal.c) nos crimes comuns, se recebida a denúncia ouqueixa-crime pela Câmara dos Deputados.d) nos crimes de responsabilidade, após a denúnciaou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal.e) nas infrações penais comuns, se recebida a denún-cia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal.

Page 84: Noções de Direito Constitucional

10. Assinale a alternativa incorreta:a) o mandato do Presidente da República é de quatroanos, e o mesmo poderá ser reeleito para um únicoperíodo subseqüente.b) o Presidente e o Vice-Presidente da República nãopoderão, sem licença do Congresso Nacional, ausen-tar-se do País por período superior a quinze dias, sobpena de perda do cargo.c) compete ao Presidente da República celebrar trata-dos, convenções e atos internacionais, sujeitos a re-ferendo do Congresso Nacional.d) compete ao Presidente da República remeter men-sagem e plano de governo ao Congresso Nacional porocasião da abertura da sessão legislativa, expondo asituação do País e solicitando as providências quejulgar necessárias, e também nomear e exonerar osMinistros de Estado.e) não são crimes de responsabilidade funcionais, esim crimes de responsabilidade políticos os atos doPresidente da República que atentem contra a probi-dade na administração, a lei orçamentária e o cumpri-mento das leis e das decisões judiciais.

11. Assinale a alternativa falsa. São crimes deresponsabilidade os atos do Presidente da Repú-blica que atentem contra a Constituição Federale, especialmente, contra:a) o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Ju-diciário, do Ministério Público e dos Poderes consti-tucionais das unidades da Federação.b) o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais.c) a probidade na administração.d) a vida, a propriedade e o decoro parlamentar.e) a segurança interna do País.

12. A criação, estruturação e atribuições dos Mi-nistérios dependem de:a) Lei.b) Decreto.c) Medida Provisória.d) Revisão Constitucional.e) Portaria.

13. Segundo prevê a Constituição Federal vigen-te, o Conselho da República, para o Presidenteda República é:a) órgão de controle interno.b) órgão superior de consulta.c) autarquia superior de fiscalização.d) autarquia de controle de estratégias.e) órgão central de avaliação das políticas administra-tivas.

14. O Conselho da República deverá deliberar noscasos de:a) intervenção federal.b) estado de defesa.c) estado de sítio.

d) questões relevantes para a estabilidade das insti-tuições democráticas.e) o enunciado apresenta proposição falsa, uma vezque o Conselho da República não emite deliberações,e sim apenas opiniões.

15. Da pauta de reunião do Conselho da Repúbli-ca constava assunto relativo ao processo inflaci-onário, o que levou o Presidente da República aconvocar o Ministro da Fazenda para participarda mesma. Analise e responda qual das alterna-tivas está correta:a) o Presidente da República errou, pois a Constitui-ção Federal só lhe permite convidar, e não convocar,Ministros de Estado.b) o Presidente da República errou, pois a Constitui-ção Federal defere tal competência ao Vice-Presiden-te da República, já que o mesmo é o Presidente doreferido Conselho.c) o Conselho da República é incompetente para tra-tar do assunto.d) o ato do Presidente da República atende aos pre-ceitos constitucionais.e) é defeso ao Presidente da República convocar ouconvidar Ministros de Estado para as reuniões do Con-selho.

16. O funcionamento do Conselho da Repúblicaé regulado:a) pela Constituição Federal.b) por lei especial.c) por lei.d) por lei complementar.e) por decreto do Presidente da República.

17.Todas atribuições a seguir são de competên-cia privativa do Presidente da República, maspodem ser objeto de delegação a Ministro deEstado, ao Procurador-Geral da União ou ao Ad-vogado-Geral da União, exceto:a) dispor sobre organização e o funcionamento daadministração federal, na forma da lei.b) conceder indulto e comutar penas, com audiência,se necessário, dos órgãos instituídos em lei.c) prover cargos públicos federais, na forma da lei.d) extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei.

18. O Congresso Nacional, além das sessões or-dinárias, pode reunir-se em sessões extraordiná-rias. Queira assinalar, abaixo, quem tem compe-tência para convocar sessões extraordinárias:a) privativamente, o Presidente da República.b) o Presidente da República, com prévia aprovação.c) o Presidente do Supremo Tribunal Federal.d) o Presidente da República, os Presidentes da Câmarados Deputados, do Senado ou de ambas as Casas, emcaso de urgência ou interesse público relevante.e) todos os órgãos acima indicados, em conjunto ouisoladamente.

Page 85: Noções de Direito Constitucional

19. Assinale a alternativa incorreta.a) Compete ao Presidente da República decretar oestado de defesa, o estado de sítio, decretar e execu-tar a intervenção federal, declarar guerra, no caso deagressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Na-cional.b) Compete ao Presidente da República enviar ao Con-gresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei dediretrizes orçamentárias, as propostas de orçamen-tos previstos na Constituição e prestar anualmente,ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias apósa abertura da sessão legislativa, as contas referentesao exercício anterior.c) A falta de comparecimento, sem justificação ade-quada, à Câmara de Deputados, ao Senado Federalou a qualquer de suas Comissões, quando convocadopara prestar, pessoalmente, quaisquer informações,configura crime de responsabilidade por parte do Mi-nistro de Estado.d) Os Ministros de Estado serão escolhidos dentrebrasileiros maiores de vinte e um anos e no exercíciodos direitos políticos.e) Ao Ministro de Estado compete expedir instruçõespara a execução das leis, decretos e regulamentos,apresentar ao Presidente da República relatório anualde sua gestão no Ministério, e também praticar osatos pertinentes às atribuições que lhe forem outorga-das ou delegadas pelo Presidente da República, peloVice-Presidente, pelo Presidente da Câmara dos De-putados, pelo Presidente do Senado ou pelo Presi-dente do Supremo Tribunal Federal.

20. No caso de morrerem, simultaneamente, o Pre-sidente e o Vice-Presidente da República nos doisúltimos anos do período presidencial, o que ocor-re?a) assume a Presidência o Ministro mais antigo doSupremo Tribunal Federal e assume a Vice-Presidên-cia o Presidente do Senado.b) assume a Presidência o Presidente da Câmara dosDeputados, e não se preenche o cargo de Vice.c) convocam-se, imediatamente, eleições diretas.d) o Congresso, na forma da lei, fará a eleição paraambos os cargos.e) considera-se encerrado o período presidencial ereabre-se novo pleito, por mais cinco anos.

21. Leia com atenção as proposições I a V, e de-pois assinale a alternativa correta:I - O Presidente do Supremo Tribunal Federal é a ter-ceira autoridade a ser sucessivamente chamada asuceder o Presidente da República, em caso de im-pedimento deste.II - No exercício de sua competência privativa, o Presi-dente da República pode autorizar o trânsito temporá-rio ou a permanência definitiva de forças militares es-trangeiras em terras do Brasil.III - O líder da minoria no Senado Federal integra o

Conselho da República.IV - É indelegável pelo Presidente da República a co-mutação de penas.V - Candidato avulso, à revelia de partido político, éinelegível à Presidência da República.a) estão incorretas as alternativas II e V.b) estão incorretas as alternativas I, II e IV.c) estão incorretas as alternativas III e V.d) estão incorretas as alternativas II e IVe) estão incorretas as alternativas II, III e IV.

Gabarito

01. C 02. D 03. D 04. C 05. A06. B 07. A 08. A 09. E 10. E11. D 12. C 13. B 14. E 15. D16. A 17. D 18. D 19. E 20. D21. B

Page 86: Noções de Direito Constitucional

O capítulo da Carta Magna referente ao Poder Judici-ário tem constado nos editais dos concursos de AFRF,TRF e AFPS. O incluímos nesta apostila, na forma deapêndice, de sorte que o leitor fique com um materialcompleto e utilizável, caso venha a prestar algum con-curso no qual a matéria em tela seja exigida.

Aconselhamos o leitor a consultar o quadro sinóticodeste capítulo, antes de iniciar o estudo do mesmo.Nele fornecemos um esquema de toda a ordem judici-ária nacional.

1. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

Este assunto é tratado pela Constituição nos arts.101 a 103, inseridos no capítulo do Poder Judiciário.Por razões didáticas, preferimos contemplá-lo após oestudo do processo legislativo.

Numa primeira abordagem, podemos definir o contro-le de constitucionalidade como sendo um conjunto demecanismos jurídicos pelos quais busca-se impedirque leis ou atos normativos, contrários à Constitui-ção, venham a vigorar ou continuem vigorando, produ-zindo efeitos no mundo jurídico.

Segundo a doutrina, o controle de constitucionalidadepode ser, quanto ao momento em que é realizado,preventivo ou repressivo e quanto à forma de sua exe-cução, por via de ação ou exceção.

Ele é preventivo, também chamado de político, pois ésempre feito por agentes políticos quando busca im-pedir a promulgação de um projeto de lei que fira aConstituição. Tal ocorre, por exemplo, quando o Pre-

sidente da República veta projeto de lei sob a alega-ção de inconstitucionalidade, ou ainda, quando as duasCasas do Congresso ou suas comissões técnicasreformulam, revisam ou emendam o projeto, no senti-do de torná-lo compatível com a Lei Magna. Medidasprovisórias, resoluções e decretos legislativos não sesubmetem a este controle. O controle de constitucio-nalidade repressivo compete ao Poder Legislativo, emduas situações previstas no art. 62, parágrafo único(quando o Congresso disciplina relações jurídicas de-correntes de medida provisória não convertida em lei equando susta-se o ato normativo do Poder Executivoque exorbita o poder regulamentar, art. 49, V. O poderJudiciário também realiza o controle repressivo, quepode ser por via de ação ou exceção.

Quando o poder judiciário exerce o controle repressi-vo, ou jurisdicional, realiza uma função típica, poiscompete a este poder solucionar os conflitos no Esta-do Democrático de Direto. O modelo brasileiro é dife-rente do adotado por outros países, como a França,por exemplo, que tem em seu controle repressivo umcontrole político, e não jurídico.

1. Controle por via de ação - consiste na possibilidadede se discutir diretamente a constitucionalidade deuma lei. Tal controle se materializa na possibilidadede se propor ao Supremo Tribunal Federal quatroações: ação direta de inconstitucionalidade, ação de-claratória de constitucionalidade, ação direta de in-constitucionalidade por omissão e ação de inconstitu-cionalidade interventiva. Tais ações, com exceção daúltima, somente podem ser propostas pelas pessoasou órgãos indicados no art. 103 da CF (entre outros, oPresidente da República, a Mesa do Senado Federal,

7. DO PODER JUDICIÁRIO

1. Controle de Constitucionalidade2. Órgãos do Poder Judiciário3. Dos Magistrados4. Competências administrativas5. Princípios da Magistratura6. Autonomia administrativa-financeira7. Do Supremo Tribunal Federal8. Do Superior Tribunal de Justiça9. Dos Tribunais Regionais Federais e dos

Juízes Federais10.Dos Tribunais e Juízes do Trabalho11.Dos Tribunais e Juízes Eleitorais12.Dos Tribunais e Juízes Militares13.Dos Tribunais e Juízes dos Estados14.Do Ministério Público15.Da Advocacia Pública16.Da Advocacia e da Defensoria Pública17. Do Poder Judiciário

Page 87: Noções de Direito Constitucional

a Mesa da Câmara dos Deputados e o Procurador-Geral da República).

2. Controle por via de exceção ou difuso - tambémdenominado “controle incidental”, concerne à possibi-lidade de se discutir a constitucionalidade de uma leiou de parte de seus dispositivos, em qualquer açãojudicial. Tal discussão, entretanto se faz “incidental-mente” no processo, ou seja, não constitui o objetoprincipal da ação podendo ser proposta perante qual-quer órgão do Poder Judiciário.

Sistematizando, podemos afirmar que os mecanismosde controle jurisdicional da constitucionalidade sãobasicamente cinco:a) ação declaratória de constitucionalidade;b) ação direta de inconstitucionalidade;c) ação de inconstitucionalidade por omissão;d) controle de constitucionalidade por via de exceção3;e)ação de inconstitucionalidade interventiva.

As três primeiras ações são julgadas e a última éprovida pelo Supremo Tribunal Federal. O STF é a cortesuprema de nosso país e cabe a ele a guarda da Cons-tituição:

Art. 101 - O Supremo Tribunal Federal compõe se deonze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com maisde trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos deidade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.Parágrafo único - Os Ministros do Supremo TribunalFederal serão nomeados pelo Presidente da Repúbli-ca, depois de aprovada a escolha pela maioria abso-luta do Senado Federal.

Art. 102 - Compete ao Supremo Tribunal Federal, pre-cipuamente, a guarda da Constituição, cabendo lhe:I - processar e julgar, originariamente:a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou atonormativo federal ou estadual e a ação declaratória deconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal;(Emenda Constitucional nº 3/93);(...)III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causasdecididas em única ou última instância, quando a de-cisão recorrida:a) contrariar dispositivo desta Constituição;b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou leifederal;c) julgar válida lei ou ato de governo local contestadoem face desta Constituição. (...)§ 1º A argüição de descumprimento de preceito fun-damental, decorrente desta Constituição, será apreci-ada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.(Emenda Constitucional nº 3/93).

Passemos à análise dos institutos por nós enumera-dos.a) Ação declaratória de constitucionalidadeComo dissemos anteriormente, esta ação, proposta

diretamente no STF, tem por objetivo obter uma de-claração deste órgão confirmando a validade constitu-cional de lei ou ato normativo federal.

Lei, no caso, é qualquer das espécies normativas enu-meradas no art. 59: emendas à Constituição, leis com-plementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidasprovisórias, decretos legislativos e resoluções.

Atos normativos são normas outras, como por exem-plo, as normas regimentais dos Tribunais Federais.

A declaração de constitucionalidade por parte do STF(decidindo-se definitivamente o mérito), tem efeito vin-culante, relativamente a toda estrutura do Poder Judi-ciário Brasileiro e à Administração Pública Direta eIndireta (autarquias, fundações públicas, sociedadesde economia mista e empresas públicas), em todasas esferas (federal, estadual e municipal, esquecen-do-se de mencionar a distrital, mas que, por óbvio,deverá ser abarcada), produzindo, também, efeitoscontra todos (erga omnes).

Os legitimados para propor ação declaratória de cons-titucionaliade encontram-se elencados nos incisos doartigo 103 (não mais no § 4º, que foi revogado).

b) Ação direta de inconstitucionalidadeAo contrário do instituto anterior, o objetivo desta açãoé invalidar a lei, banindo-a do ordenamento jurídico.

A ação deve ser interposta no STF, que é o órgãocompetente para julgá-la e a sua decisão faz coisajulgada material, ou seja, encerra definitivamente aquestão, não havendo nenhuma instância superior quepossa alterar a sentença proferida.

Assim como na ação declaratória de constitucionali-dade, aqui também a decisão do Supremo tem efeitoerga omnes e vinculante, ou seja, vale para a socieda-de inteira, não sendo necessária nenhuma intermedi-ação do Senado Federal e deve ser respeitada peloPoder Judiciário e Executivo.

Art. 102, § 2º - As decisões definitivas de mérito, pro-feridas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações di-retas de inconstitucionalidade e nas ações declarató-rias de constitucionalidade produzirão eficácia contratodos e efeito vinculante, relativamente aos demaisórgãos do Poder Judiciário e à administração públicadireta e indireta, nas esferas federal, estadual e muni-cipal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº45, de 2004)

A ação direta de inconstitucionalidade, entretanto, temaplicação mais ampla do que a ação declaratória deconstitucionalidade, pois pode ser proposta contra leiou ato normativo federal ou estadual.

Page 88: Noções de Direito Constitucional

Uma vez que a decisão do STF pode prejudicar umalei federal, de competência da União, a Constituiçãoprevê a participação do Advogado-Geral da União noprocesso, que deverá defender o texto, e também aparticipação do Procurador Geral da República:

Art. 103, § 1º O Procurador Geral da República deve-rá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucio-nalidade e em todos os processos de competência doSupremo Tribunal Federal.§ 3º - Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar ainconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou atonormativo, citará, previamente, o Advogado Geral daUnião, que defenderá o ato ou texto impugnado.

As pessoas competentes para propor ação direta deinconstitucionalidade são as seguintes:

Art. 103 - Podem propor a ação de inconstitucionali-dade e a ação declaratória de constitucionalidade (Re-dação dada pela Emenda Constitucional nº45/2004):I - o Presidente da República;II - a Mesa do Senado Federal;III - a Mesa da Câmara dos Deputados;IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da CâmaraLegislativa do Distrito Federal (Redação dada pelaEmenda Constitucional nº 45/2004);V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal (Re-dação dada pela Emenda Constitucional nº 45/2004);VI - o Procurador Geral da República;VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados doBrasil;VIII - partido político com representação no Congres-so Nacional;IX - confederação sindical ou entidade de classe deâmbito nacional.

c) Ação de inconstitucionalidade por omissãoA ação de inconstitucionalidade por omissão na reali-dade é um caso particular do anterior, pelo que aspessoas competentes para propô-la são as mesmas.

José Afonso da Silva nos dá exemplos extremamenteesclarecedores a respeito do assunto. Este autor dizque a inconstitucionalidade por omissão “verifica-senos casos em que não sejam praticados atos legisla-tivos ou executivos requeridos para tornar plenamenteaplicáveis normas constitucionais”.

Muitas destas, de fato, requerem uma lei ou uma pro-vidência administrativa ulterior para que os direitos ousituações nelas previstos se efetivem na prática. AConstituição, por exemplo, prevê o direito de partici-pação dos trabalhadores nos lucros e na gestão dasempresas, conforme definido em lei, mas, se essedireito não se realizar, por omissão do legislador emproduzir a lei aí referida e necessária à plena aplica-ção da norma, tal omissão se caracterizará como in-constitucional. Ocorre, então, o pressuposto para a

propositura de uma ação de inconstitucionalidade poromissão, visando obter do legislador a elaboração dalei em causa. Outro exemplo: a Constituição reconhe-ce que a saúde e a educação são direitos de todos edever do Estado (arts. 201 e 210), mas, se não seproduzirem os atos legislativos e administrativos in-dispensáveis para que se efetivem tais direitos emfavor dos interessados, aí também teremos uma omis-são inconstitucional do Poder Público que possibilitaa interposição da ação de inconstitucionalidade poromissão (art. 103)”.

Os efeitos da decretação da inconstitucionalidade poromissão, contudo, são tênues. Em relação ao PoderLegislativo, consistem em mera notificação “ciência”da necessidade de feitura da lei, não havendo prazopara tanto, uma vez que os legisladores não são obri-gados a legislar. No que tange ao Poder Executivo, éfornecido um prazo de 30 dias para que sejam toma-das as medidas necessárias, o que é mais grave, por-que se o agente público competente não atendê-lo,será responsabilizado.

Art. 103, § 2º Declarada a inconstitucionalidade poromissão de medida para tornar efetiva norma consti-tucional, será dada ciência ao Poder competente paraa adoção das providências necessárias e, em se tra-tando de órgão administrativo, para fazê lo em trintadias.

d) Controle constitucional por via de exceçãoTal controle também é chamado de “controle inciden-tal” ou “controle por via de defesa”. Difere dos meca-nismos anteriores em vários aspectos.

Em primeiro lugar, porque o vício de inconstitucionali-dade poderá ser alegado e a ação poderá ser propos-ta por qualquer pessoa que se sinta lesada por qual-quer lei ou ato normativo, sejam estes federais, esta-duais ou municipais.

Em segundo lugar, porque todos os órgãos do Judici-ário, desde o juiz de primeira instância, passando pe-los Tribunais, até o STF, terão competência para jul-gar a inconstitucionalidade alegada nessa ação parti-cular, e não apenas o STF (o processo somente che-gará até o Supremo se o proponente perder na primei-ra e na segunda instância, e resolver recorrer ao STFmediante o chamado “recurso extraordinário”).

Em terceiro lugar, porque se for decretada, em qual-quer dessas instâncias (inclusive no STF), a inconsti-tucionalidade da lei ou do ato normativo, a eficáciadessa decisão não será erga omnes, isto é, não vale-rá para toda a sociedade; a eficácia, neste caso, seráapenas inter partes, isto é, somente valerá entre aspartes.

O STF deverá comunicar ao Senado Federal a incons-

Page 89: Noções de Direito Constitucional

titucionalidade da lei em causa, e caberá a ele, medi-ante resolução (art. 52, X), retirar do ordenamento jurí-dico os dispositivos inconstitucionais. Só depois daresolução do Senado é que a decretação de inconsti-tucionalidade passará a ter efeito “erga omnes” e “extunc” valer para todas as pessoas.

Art. 52 - Compete privativamente ao Senado Federal:(...)X - suspender a execução, no todo ou em parte, de leideclarada inconstitucional por decisão definitiva doSupremo Tribunal Federal.

e) Ação de inconstitucionalidade interventivaPrevista no artigo 36, inciso III, combinado com o arti-go 34, inciso VII, da Constituição Federal, consisteem representação do Procurador-Geral da Repúblicajunto ao Supremo Tribunal Federal, visando possibili-tar a decretação de intervenção da União nos Estadosou no Distrito Federal, em razão da violação de algumdos seguintes princípios constitucionais sensíveis:. forma republicana, sistema representativo e regimedemocrático;. direitos da pessoa humana;. autonomia municipal;. prestação de contas da administração pública, dire-ta e indireta;. aplicação do mínimo exigido da receita resultante deimpostos estaduais, compreendida a proveniente detransferências, na manutenção e desenvolvimento doensino e nas ações e serviços públicos de saúde.No entanto, com a Emenda Constitucional nº 45/04,adveio mais um motivo ensejador de tal decretaçãointerventiva:. recusa à execução de lei federal (antes, de compe-tência do Superior Tribunal de Justiça - agora, com arevogação do inciso IV, migrou-se a competência parao Supremo Tribunal Federal).

Considerações FinaisConvém lembrar, ainda, importante regra contida noart. 97 da Constituição, que diz o seguinte:

Art. 97 - Somente pelo voto da maioria absoluta deseus membros ou dos membros do respectivo órgãoespecial poderão os tribunais declarar a inconstituci-onalidade de lei ou ato normativo do Poder Público

Por fim, a partir do exame dos mecanismos de con-trole de constitucionalidade vigentes em nosso País,podemos afirmar que não vigora plenamente no Brasilo controle de constitucionalidade dito concentrado.Controle concentrado é aquele no qual se reserva aum único órgão (chamado de Suprema Corte), comexclusividade, o controle da constitucionalidade. Talocorre, por exemplo, nos Estados Unidos.

Contrapõe-se ao controle concentrado, o chamado

controle aberto ou difuso, no qual a constitucionalida-de da lei pode ser julgada da primeira até a últimainstância. Na realidade, no caso do Brasil, foi adotadoum sistema misto: controle difuso para a via de defe-sa (via de exceção, também chamada de incidental) econtrole concentrado para a via de ação (ação diretade inconstitucionalidade ou ação declaratória de cons-titucionalidade).Devido a sua importância achamos por bem transcre-ver a Lei nº 9.868/99 que disciplina o processo daAção direta de inconstitucionalidade e da Ação decla-ratória de constitucionalidade.

LEI Nº 9.868, DE 10 DE NOVEMBRO DE 1999

Dispõe sobre o processo e julgamento da ação diretade inconstitucionalidade e da ação declaratória de cons-titucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA,Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eusanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO IDA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADEE DA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIO-

NALIDADE

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o processo e julgamentoda ação direta de inconstitucionalidade e da ação de-claratória de constitucionalidade perante o SupremoTribunal Federal.

CAPÍTULO IIDA AÇÃO DIRETA DE

INCONSTITUCIONALIDADESEÇÃO I

Da Admissibilidade e do Procedimento da AçãoDireta de Inconstitucionalidade

Art. 2º Podem propor a ação direta de inconstitucio-nalidade:I - o Presidente da República;II - a Mesa do Senado Federal;III - a Mesa da Câmara dos Deputados;IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou a Mesa daCâmara Legislativa do Distrito Federal;V - o Governador de Estado ou o Governador do Distri-to Federal;VI - o Procurador-Geral da República;VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados doBrasil;VIII - partido político com representação no Congres-so Nacional;IX - confederação sindical ou entidade de classe deâmbito nacional.Parágrafo único. (VETADO)

Page 90: Noções de Direito Constitucional

Art. 3º A petição indicará:I - o dispositivo da lei ou do ato normativo impugnado eos fundamentos jurídicos do pedido em relação a cadauma das impugnações;II - o pedido, com suas especificações.Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada de ins-trumento de procuração, quando subscrita por advoga-do, será apresentada em duas vias, devendo conter có-pias da lei ou do ato normativo impugnado e dos docu-mentos necessários para comprovar a impugnação.

Art. 4º A petição inicial inepta, não fundamentada e amanifestamente improcedente serão liminarmente in-deferidas pelo relator.Parágrafo único. Cabe agravo de decisão que indeferira petição inicial.

Art. 5º Proposta a ação direta, não se admitirá desis-tência.Parágrafo único. (VETADO)

Art. 6º O relator pedirá informações aos órgãos ou àsautoridades das quais emanou a lei ou o ato normati-vo impugnado.Parágrafo único. As informações serão prestadas noprazo de trinta dias contado do recebimento do pedido.

Art. 7º Não se admitirá intervenção de terceiros noprocesso de ação direta de inconstitucionalidade.§ 1º (VETADO)§ 2º O relator, considerando a relevância da matéria ea representatividade dos postulantes, poderá por des-pacho irrecorrível, admitir, observado o prazo fixadono parágrafo anterior, a manifestação de outros órgãosou entidades.

Art. 8º Decorrido o prazo das informações, serão ouvi-dos, sucessivamente, o Advogado-Geral da União e oProcurador-Geral da República, que deverão manifes-tar-se, cada qual, no prazo de quinze dias.

Art. 9º Vencidos os prazos do artigo anterior, o relatorlançara o relatório, com cópia a todos os Ministros, epedirá dia para julgamento.§ 1º Em caso de necessidade de esclarecimento dematéria ou circunstância de fato ou notória insuficiên-cia das informações existentes nos autos, poderá orelator requisitar informações adicionais, designar pe-rito ou comissão de peritos para que emita parecersobre a questão, ou fixar data para, em audiência pú-blica, ouvir depoimentos de pessoas com experiênciae autoridade na matéria.§ 2º O relator poderá, ainda, solicitar informações aosTribunais Superiores, aos Tribunais federais e aos Tri-bunais estaduais acerca da aplicação da norma im-pugnada no âmbito de sua jurisdição.§ 3º As informações, perícias e audiências a que sereferem os parágrafos anteriores serão realizadas noprazo de trinta dias, contado da solicitação do relator.

SEÇÃO IIDa Medida Cautelar em Ação

Direta de InconstitucionalidadeArt. 10. Salvo no período de recesso, a medida cautelarna ação direta será concedida por decisão da maioriaabsoluta dos membros do Tribunal, observado o dispos-to no art. 22, após a audiência dos órgãos ou autorida-des dos quais emanou a lei ou ato normativo impugna-do, que deverão pronunciar-se no prazo de cinco dias.§ 1º O relator, julgando indispensável, ouvirá o Advo-gado-Geral da União e o Procurador-Geral da Repúbli-ca, no prazo de três dias.§ 2º No julgamento do pedido de medida cautelar, seráfacultada sustentação oral aos representantes judici-ais do requerente e das autoridades ou órgãos res-ponsáveis pela expedição do ato, na forma estabele-cida no Regimento do Tribunal.§ 3º Em caso de excepcional urgência, o Tribunal po-derá deferir a medida cautelar sem a audiência dosórgãos ou das autoridades das quais emanou a lei ouo ato normativo impugnado.

Art. 11. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tri-bunal Federal fará publicar em seção especial do Diá-rio Oficial da União e do Diário da Justiça da União aparte dispositiva da decisão, no prazo de dez dias,devendo solicitar as informações à autoridade da qualtiver emanado o ato, observando-se, no que couber, oprocedimento estabelecido na Seção I deste Capítu-lo.§ 1º A medida cautelar, dotada de eficácia contra to-dos, será concedida com efeito ex nunc, salvo se oTribunal entender que deva conceder-lhe eficácia re-troativa.§ 2º A concessão da medida cautelar torna aplicável alegislação anterior acaso existente, salvo expressamanifestação em sentido contrário.

Art. 12. Havendo pedido de medida cautelar, o relator,em face da relevância da matéria e de seu especialsignificado para a ordem social e a segurança jurídi-ca, poderá, após a prestação das informações, no prazode dez dias, e a manifestação do Advogado-Geral daUnião e do Procurador-Geral da República, sucessi-vamente, no prazo de cinco dias, submeter o proces-so diretamente ao Tribunal, que terá a faculdade dejulgar definitivamente a ação.

CAPÍTULO IIIDA AÇÃO DECLARATÓRIADE CONSTITUCIONALIDADE

SEÇÃO IDa Admissibilidade e do Procedimento da Ação

Declaratória de Constitucionalidade

Art. 13. Podem propor a ação declaratória de consti-tucionalidade de lei ou ato normativo federal:I - o Presidente da República;

Page 91: Noções de Direito Constitucional

II - a Mesa da Câmara dos Deputados;III - a Mesa do Senado Federal;IV - o Procurador-Geral da República.

Art. 14. A petição inicial indicará:I - o dispositivo da lei ou do ato normativo questionado eos fundamentos jurídicos do pedido;II - o pedido, com suas especificações;III - a existência de controvérsia judicial relevante sobre aaplicação da disposição objeto da ação declaratória.Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada deinstrumento de procuração, quando subscrita por ad-vogado, será apresentada em duas vias, devendo con-ter cópias do ato normativo questionado e dos docu-mentos necessários para comprovar a procedência dopedido de declaração de constitucionalidade.

Art. 15. A petição inicial inepta, não fundamentada e amanifestamente improcedente serão liminarmente in-deferidas pelo relator.Parágrafo único. Cabe agravo da decisão que indeferira petição inicial.

Art. 16. Proposta a ação declaratória, não se admitirádesistência.

Art. 17. (VETADO)

Art. 18. Não se admitirá intervenção de terceiros noprocesso de ação declaratória de constitucionalidade.§ 1º (VETADO)§ 2º (VETADO)

Art. 19. Decorrido o prazo do artigo anterior, será abertavista ao Procurador-Geral da República, que deverápronunciar-se no prazo de quinze dias.

Art. 20. Vencido o prazo do artigo anterior, o relatorlançará o relatório, com cópia a todos os Ministros, epedirá dia para julgamento.§ 1º Em caso de necessidade de esclarecimento dematéria ou circunstância de fato ou de notória insufici-ência das informações existentes nos autos, poderáo relator requisitar informações adicionais, designarperito ou comissão de peritos para que emita parecersobre a questão ou fixar data para, em audiência pú-blica, ouvir depoimentos de pessoas com experiênciae autoridade na matéria.§ 2º O relator poderá solicitar, ainda, informações aosTribunais Superiores, aos Tribunais federais e aos Tri-bunais estaduais acerca da aplicação da norma ques-tionada no âmbito de sua jurisdição.§ 3º As informações, perícias e audiências a que sereferem os parágrafos anteriores serão realizadas noprazo de trinta dias, contado da solicitação do relator.

SEÇÃO IIDA MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO

DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE

Art. 21. O Supremo Tribunal Federal, por decisão damaioria absoluta de seus membros, poderá deferirpedido de medida cautelar na ação declaratória deconstitucionalidade, consistente na determinação deque os juizes e os Tribunais suspendam o julgamentodos processo que envolvam a aplicação da lei ou doato normativo objeto da ação até seu julgamento defi-nitivo.Parágrafo único. Concedida a medida cautelar, o Su-premo Tribunal Federal fará publicar em seção espe-cial do Diário Oficial da União a parte dispositiva dadecisão, no prazo de dez dias, devendo o Tribunalproceder ao julgamento da ação no prazo de cento eoitenta dias, sob pena de perda de sua eficácia.

CAPÍTULO IVDA DECISÃO NA AÇÃO DIRETA DE

INCONSTITUCIONALIDADE E NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE

Art. 22. A decisão sobre a constitucionalidade ou ainconstitucionalidade da lei ou do ato normativo so-mente será tomada se presentes na sessão pelo me-nos oito Ministros.

Art. 23. Efetuado o julgamento, proclamar-se-á a cons-titucionalidade ou a inconstitucionalidade da disposi-ção ou da norma impugnada se num ou noutro senti-do se tiverem manifestado pelo menos seis Ministros,quer se trate de ação direta de inconstitucionalidadeou de ação declaratória de constitucionalidade.Parágrafo único. Se não for alcançada a maioria ne-cessária à declaração constitucionalidade ou de incons-titucionalidade, estando ausentes Ministros em núme-ro que possa influir no julgamento, este será suspensoa fim de aguardar-se o comparecimento dos Ministrosausentes, até que se atinja o número necessário paraprolação da decisão num ou noutro sentido.

Art. 24. Proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á improcedente a ação direta ou procedente eventualação declaratória; e, proclamada a inconstitucionali-dade, julgar-se-á procedente a ação direta ou impro-cedente eventual ação declaratória.

Art. 25. Julgada a ação, far-se-á a comunicação àautoridade ou ao órgão responsável pela expediçãodo ato.

Art. 26. A decisão que declara a constitucionalidade oua inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo emação direta ou em ação declaratória é irrecorrível, res-salvada a interposição de embargos declaratórios, nãopodendo, igualmente, ser objeto de ação rescisória.

Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ouato normativo, e tendo em vista razões de segurança

Page 92: Noções de Direito Constitucional

jurídica ou de excepcional interesse social, poderá oSupremo Tribunal Federal, por maioria de dois terçosde seus membros, restringir os efeitos daquela decla-ração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir deseu trânsito em julgado ou de outro momento que ve-nha a ser fixado.

Art. 28. Dentro do prazo de dez dias após o trânsito emjulgado da decisão, o Supremo Tribunal Federal fará pu-blicar em seção especial do Diário da Justiça e do DiárioOficial da União a parte dispositiva do acórdão.Parágrafo único. A declaração de constitucionalidadeou de inconstitucionalidade, inclusive a interpretaçãoconforme a Constituição e a declaração parcial de in-constitucionalidade sem redução de texto, têm eficá-cia contra todos e efeito vinculante em relação aosórgãos do Poder Judiciário e à Administração Públicafederal, estadual e municipal.

CAPÍTULO VDAS DISPOSIÇÕES GERAIS E FINAIS

Art. 29. O art. 482 do Código de Processo Civil ficaacrescido dos seguintes parágrafos:“Art. 482 ..........................................................1º O Ministério Público e as pessoas jurídicas de direitopúblico responsáveis pela edição do ato questionado,se assim o requerem, poderão manifesta-se no inciden-te de inconstitucionalidade, observados os prazos econdições fixados no Regimento Interno do Tribunal.§ 2º Os titulares do direito de propositura referidos noart. 103 da Constituição poderão manifestar-se, porescrito, sobre a questão constitucional objeto de apre-ciação pelo órgão especial ou pelo Pleno do Tribunal,no prazo fixado em Regimento, sendo-lhes assegura-do o direito de apresentar memoriais ou de pedir ajuntado de documentos.§ 3º O relator, considerando a relevância da matéria ea representatividade dos postulantes, poderá admitir,por despacho irrecorrível, a manifestação de outrosórgãos ou entidades.”

Art. 30. O art. 8º da Lei nº 8.185, de 14 de maio de1991, passa vigorar acrescido dos seguintes disposi-tivos:“Art. 8º ...........................................................I - .................................................................n) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou atonormativo do Distrito Federal em face da sua Lei Or-gânica;...............................................................................................................................................3º São partes legítimas para propor a ação direta deinconstitucionalidade:I - o Governador do Distrito Federal;II - a Mesa da Câmara Legislativa;III - o Procurador-Geral de Justiça;IV - a Ordem dos Advogados do Brasil, seção do Dis-trito Federal;

V - as entidades sindicais ou de classe, de atuaçãono Distrito Federal, demonstrando que a pretensãopor elas deduzida guarda relação de pertinência diretacom os seus objetivos institucionais;VI - os partidos políticos com representação na Câ-mara Legislativa.§ 4º Aplicam-se ao processo e julgamento da açãodireta de Inconstitucionalidade perante o Tribunal deJustiça do Distrito Federal e Territórios as seguintesdisposições:I - o Procurador-Geral de Justiça será sempre ouvidonas ações diretas de constitucionalidade ou de incons-titucionalidade;II - declarada a inconstitucionalidade por omissão demedida para tomar efetiva norma da Lei Orgânica doDistrito Federal, a decisão será comunicada ao Podercompetente para adoção das providências necessári-as, e, tratando-se de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias;III - somente pelo voto da maioria absoluta de seusmembros ou de seu órgão especial, poderá o Tribunalde Justiça declarar a inconstitucionalidade de lei oude ato normativo do Distrito Federal ou suspender asua vigência em decisão de medida cautelar.§ 5º Aplicam-se, no que couber, ao processo de julga-mento da ação direta de inconstitucionalidade de leiou ato normativo do Distrito Federal em face da suaLei Orgânica as normas sobre o processo e o julga-mento da ação direta de inconstitucionalidade peran-te o Supremo Tribunal Federal.”

Art. 31. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-cação.

Brasília, 10 de novembro de 1999;178º da Independência e 111º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSOJosé Carlos Dias

Arguição de Descumprimento de preceitofundamental

LEI No 9.882, DE 3 DE DEZEMBRO DE 1999.

Dispõe sobre o processo e julgamento da argüição dedescumprimento de preceito fundamental, nos termosdo § 1o do art. 102 da Constituição Federal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICAFaço saber que o Congresso Nacional decreta e eusanciono a seguinte Lei:

Art. 1o A argüição prevista no § 1o do art. 102 da Cons-tituição Federal será proposta perante o Supremo Tri-bunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesãoa preceito fundamental, resultante de ato do PoderPúblico.

Page 93: Noções de Direito Constitucional

Parágrafo único. Caberá também argüição de descum-primento de preceito fundamental:I - quando for relevante o fundamento da controvérsiaconstitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadu-al ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição;II - (VETADO)

Art. 2o Podem propor argüição de descumprimento depreceito fundamental:I - os legitimados para a ação direta de inconstitucio-nalidade;II - (VETADO)§ 1o Na hipótese do inciso II, faculta-se ao interessa-do, mediante representação, solicitar a propositura deargüição de descumprimento de preceito fundamentalao Procurador-Geral da República, que, examinandoos fundamentos jurídicos do pedido, decidirá do cabi-mento do seu ingresso em juízo.§ 2o (VETADO)

Art. 3o A petição inicial deverá conter:I - a indicação do preceito fundamental que se consi-dera violado;II - a indicação do ato questionado;III - a prova da violação do preceito fundamental;IV - o pedido, com suas especificações;V - se for o caso, a comprovação da existência decontrovérsia judicial relevante sobre a aplicação dopreceito fundamental que se considera violado.Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada deinstrumento de mandato, se for o caso, será apresen-tada em duas vias, devendo conter cópias do ato ques-tionado e dos documentos necessários para compro-var a impugnação.

Art. 4o A petição inicial será indeferida liminarmente,pelo relator, quando não for o caso de argüição dedescumprimento de preceito fundamental, faltar algumdos requisitos prescritos nesta Lei ou for inepta.§ 1o Não será admitida argüição de descumprimentode preceito fundamental quando houver qualquer outromeio eficaz de sanar a lesividade.§ 2o Da decisão de indeferimento da petição inicialcaberá agravo, no prazo de cinco dias.

Art. 5o O Supremo Tribunal Federal, por decisão damaioria absoluta de seus membros, poderá deferirpedido de medida liminar na argüição de descumpri-mento de preceito fundamental.§ 1o Em caso de extrema urgência ou perigo de lesãograve, ou ainda, em período de recesso, poderá o relatorconceder a liminar, ad referendum do Tribunal Pleno.§ 2o O relator poderá ouvir os órgãos ou autoridadesresponsáveis pelo ato questionado, bem como o Ad-vogado-Geral da União ou o Procurador-Geral da Re-pública, no prazo comum de cinco dias.§ 3o A liminar poderá consistir na determinação de quejuízes e tribunais suspendam o andamento de pro-

cesso ou os efeitos de decisões judiciais, ou de qual-quer outra medida que apresente relação com a maté-ria objeto da argüição de descumprimento de preceitofundamental, salvo se decorrentes da coisa julgada.§ 4o (VETADO)

Art. 6o Apreciado o pedido de liminar, o relator solici-tará as informações às autoridades responsáveis pelaprática do ato questionado, no prazo de dez dias.§ 1o Se entender necessário, poderá o relator ouvir aspartes nos processos que ensejaram a argüição, re-quisitar informações adicionais, designar perito oucomissão de peritos para que emita parecer sobre aquestão, ou ainda, fixar data para declarações, emaudiência pública, de pessoas com experiência e au-toridade na matéria.§ 2o Poderão ser autorizadas, a critério do relator, sus-tentação oral e juntada de memoriais, por requerimentodos interessados no processo.

Art. 7o Decorrido o prazo das informações, o relatorlançará o relatório, com cópia a todos os ministros, epedirá dia para julgamento.Parágrafo único. O Ministério Público, nas argüiçõesque não houver formulado, terá vista do processo, porcinco dias, após o decurso do prazo para informa-ções.

Art. 8o A decisão sobre a argüição de descumprimen-to de preceito fundamental somente será tomada sepresentes na sessão pelo menos dois terços dos Mi-nistros.§ 1o (VETADO)§ 2o (VETADO)

Art. 9o (VETADO)

Art. 10. Julgada a ação, far-se-á comunicação às au-toridades ou órgãos responsáveis pela prática dos atosquestionados, fixando-se as condições e o modo deinterpretação e aplicação do preceito fundamental.§ 1o O presidente do Tribunal determinará o imediatocumprimento da decisão, lavrando-se o acórdão pos-teriormente.§ 2o Dentro do prazo de dez dias contado a partir dotrânsito em julgado da decisão, sua parte dispositivaserá publicada em seção especial do Diário da Justi-ça e do Diário Oficial da União.§ 3o A decisão terá eficácia contra todos e efeito vincu-lante relativamente aos demais órgãos do Poder Pú-blico.

Art. 11. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ouato normativo, no processo de argüição de descum-primento de preceito fundamental, e tendo em vistarazões de segurança jurídica ou de excepcional inte-resse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, pormaioria de dois terços de seus membros, restringir osefeitos daquela declaração ou decidir que ela só te-

Page 94: Noções de Direito Constitucional

nha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou deoutro momento que venha a ser fixado.

Art. 12. A decisão que julgar procedente ou improce-dente o pedido em argüição de descumprimento depreceito fundamental é irrecorrível, não podendo serobjeto de ação rescisória.

Art. 13. Caberá reclamação contra o descumprimen-to da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Fede-ral, na forma do seu Regimento Interno.

Art. 14. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-cação.

Brasília, 3 de dezembro de 1999;178o da Independência e 111o da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSOJosé Carlos Dias

2. ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO

Diz a Constituição:Art. 92 - São órgãos do Poder Judiciário:I - o Supremo Tribunal Federal;I A - o Conselho Nacional de Justiça (Incluído pelaEmenda Constitucional nº 45 de 2004)

O leitor precisa observar com especial atenção o inci-so I-A, uma vez que a Emenda Constitucional nº 45/04, trouxe mais um órgão a integrar a estruturado Poder Judiciário, que é justamente o Conse-lho Nacional de Justiça (v. art. 103-B).Por último, saliente-se que com a Emenda Constitu-cional nº 45/04, os Tribunais de Alçada foram extin-tos, passando seus membros a integrar os Tribunaisde Justiça dos respectivos Estados (artigo 4º da refe-rida emenda).

II - o Superior Tribunal de Justiça;III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;VI - os Tribunais e Juízes Militares;VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do DistritoFederal e Territórios.

A enumeração contida neste dispositivo é taxativa enenhuma pessoa poderá ser penalmente julgada ousentenciada a não ser pelos órgãos acima arrolados.Neste sentido, vale a pena lembrar o art. 5o, XXXV,que proíbe terminantemente o juízo ou tribunal de ex-ceção.

Sede e jurisdição do STF e dos Tribunais Superiores§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacio-nal de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede naCapital Federal.(Incluído pela Emenda Constitucionalnº 45 de 2004)§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Supe-riores têm jurisdição em todo o territórionacional.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45de 2004)

3. PRINCÍPIOS DA MAGISTRATURA

Art. 93 - Lei complementar, de iniciativa do SupremoTribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magis-tratura, observados os seguintes princípios:I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o dejuiz substituto, mediante concurso público de provase títulos, com a participação da Ordem dos Advoga-dos do Brasil em todas as fases, exigindo-se do ba-charel em direito, no mínimo, três anos de atividadejurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordemde classificação; (Redação dada pela Emenda Cons-titucional nº 45, de 2004)

A inovação trazida ao inciso pela Emenda Constituci-onal nº 45/04, refere-se à exigência do bacharel emdireito possuir, no mínimo, três anos de atividade jurí-dica, para poder participar de concurso público visan-do ao ingresso na magistratura. Entendemos que aexpressão “atividade jurídica” necessitará ser regula-mentada, haja vista incidir múltiplas interpretações.

II - promoção de entrância para entrância, alternada-mente, por antiguidade e merecimento, atendidas asseguintes normas:a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por trêsvezes consecutivas ou cinco alternadas em lista demerecimento;b) a promoção por merecimento pressupõe dois anosde exercício na respectiva entrância e integrar o juiz aprimeira quinta parte da lista de antiguidade desta,salvo se não houver com tais requisitos quem aceiteo lugar vago;c) aferição do merecimento conforme o desempenhoe pelos critérios objetivos de produtividade e prestezano exercício da jurisdição e pela freqüência e aprovei-tamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aper-feiçoamento; (Redação dada pela Emenda Constitu-cional nº 45, de 2004)d) na apuração de antigüidade, o tribunal somentepoderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamen-tado de dois terços de seus membros, conforme pro-cedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repe-tindo-se a votação até fixar-se a indicação; (Redaçãodada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)e) não será promovido o juiz que, injustificadamente,retiver autos em seu poder além do prazo legal, não

Page 95: Noções de Direito Constitucional

podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despa-cho ou decisão; (Incluída pela Emenda Constitucionalnº 45, de 2004)III o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-ápor antigüidade e merecimento, alternadamente, apu-rados na última ou única entrância; (Redação dadapela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)IV- previsão de cursos oficiais de preparação, aperfei-çoamento e promoção de magistrados, constituindoetapa obrigatória do processo de vitaliciamento a par-ticipação em curso oficial ou reconhecido por escolanacional de formação e aperfeiçoamento de magis-trados; (Redação dada pela Emenda Constitucionalnº 45, de 2004)V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiorescorresponderá a noventa e cinco por cento do subsí-dio mensal fixado para os Ministros do Supremo Tri-bunal Federal e os subsídios dos demais magistra-dos serão fixados em lei e escalonados, em nível fe-deral e estadual, conforme as respectivas categoriasda estrutura judiciária nacional, não podendo a dife-rença entre uma e outra ser superior a dez por centoou inferior a cinco por cento, nem exceder a noventa ecinco por cento do subsídio mensal dos Ministros dosTribunais Superiores, obedecido, em qualquer caso,o disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º; (Redação dadapela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão deseus dependentes observarão o disposto no art. 40;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20/1998)VII - o juiz titular residirá na respectiva comarca, sal-vo autorização do tribunal; (Redação dada pela Emen-da Constitucional nº 45, de 2004)VIII - o ato de remoção, disponibilidade e aposenta-doria do magistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respec-tivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, as-segurada ampla defesa; (Redação dada pela EmendaConstitucional nº 45, de 2004)VIIIA- a remoção a pedido ou a permuta de magistra-dos de comarca de igual entrância atenderá, no quecouber, ao disposto nas alíneas a , b , c e e do incisoII; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judi-ciário serão públicos, e fundamentadas todas as de-cisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar apresença, em determinados atos, às próprias partese a seus advogados, ou somente a estes, em casosnos quais a preservação do direito à intimidade dointeressado no sigilo não prejudique o interesse públi-co à informação; (Redação dada pela Emenda Cons-titucional nº 45, de 2004)X - as decisões administrativas dos tribunais serãomotivadas e em sessão pública, sendo as disciplina-res tomadas pelo voto da maioria absoluta de seusmembros; (Redação dada pela Emenda Constitucio-nal nº 45, de 2004)

XI - nos tribunais com número superior a vinte e cincojulgadores, poderá ser constituído órgão especial, como mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco mem-bros, para o exercício das atribuições administrativase jurisdicionais delegadas da competência do tribunalpleno, provendo-se metade das vagas por antigüidadee a outra metade por eleição pelo tribunal pleno; (Reda-ção dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)XII - a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendovedado férias coletivas nos juízos e tribunais de segun-do grau, funcionando, nos dias em que não houver expe-diente forense normal, juízes em plantão permanente;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)XIII - o número de juízes na unidade jurisdicional seráproporcional à efetiva demanda judicial e à respectivapopulação; (Incluído pela Emenda Constitucional nº45, de 2004)XIV - os servidores receberão delegação para a práti-ca de atos de administração e atos de mero expedi-ente sem caráter decisório; (Incluído pela EmendaConstitucional nº 45, de 2004)XV - a distribuição de processos será imediata, emtodos os graus de jurisdição. (Incluído pela EmendaConstitucional nº 45, de 2004)

Quinto ConstitucionalQuinto Constitucional nada mais é do que a renovaçãoda segunda instância do Poder Judiciário, de modo queesta não se torne um Tribunal viciado.A renovação, feita através da entrada de advogados epromotores de justiça, permite a dinamização de novasteses e, conseqüentemente, maior probabilidade de apri-moramento da justiça.Deste modo,

Art. 94 - Um quinto dos lugares dos Tribunais Regio-nais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distri-to Federal e Territórios será composto de membros,do Ministério Público, com mais de dez anos de car-reira, e de advogados de notório saber jurídico e dereputação ilibada, com mais de dez anos de efetivaatividade profissional, indicados em lista sêxtupla pe-los órgãos de representação das respectivas classes.Parágrafo único Recebidas as indicações, o tribunalformará lista tríplice, enviando a ao Poder Executivo,que, nos vinte dias subseqüentes, escolherá um deseus integrantes para nomeação.

Exemplo: se a composição de um Tribunal for de 30juízes, 6 deles serão nomeados pelo quinto constituci-onal, sendo 3 advogados (perceba que a primeira in-vestidura deste não será por concurso público) e 3 pro-motores de justiça, preenchidos os requisitos acima.

4. DOS MAGISTRADOS

Para que o Poder Judiciário desempenhe corretamen-

Page 96: Noções de Direito Constitucional

te a função jurisdicional, é necessário que haja garan-tias para os órgãos de primeira instância desse Po-der, que são os magistrados.

Garantias dos MagistradosArt. 95 - Os juízes gozam das seguintes garantias:I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adqui-rida após dois anos de exercício, dependendo a perdado cargo, nesse período, de deliberação do tribunal aque o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, desentença judicial transitada em julgado;

O cargo do juiz é permanente e ele só o perderá nassituações delineadas acima.

II - inamovibilidade, salvo por motivo de interessepúblico, na forma do art. 93, VIII;

Contra sua vontade o juiz não poderá ser movido doposto onde estiver prestando a tutela jurisdicional;busca-se, assim, garantir a tripartição dos Poderes, eimpedir a influência de pressões políticas por parte doExecutivo ou do Legislativo sobre as decisões do Ju-diciário.

III – irredutibilidade de subsídio, ressalvado o dispos-to nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e153, § 2º, I.

Os magistrados poderiam ser pressionados a não fa-zer justiça mediante ameaça de redução de seus sa-lários. Daí a determinação constitucional de irredutibi-lidade dos vencimentos. Por outro lado, de sua remu-neração será descontado o imposto de renda tal qualocorre com um contribuinte normal, sendo-lhes veda-da a concessão de qualquer privilégio tributário emrazão dos cargos que ocupam.

Proibições aos magistradosParágrafo único - Aos juízes é vedado:I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargoou função, salvo uma de magistério;II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ouparticipação em processo;III - dedicar-se à atividade político partidária.IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios oucontribuições de pessoas físicas, entidades públicasou privadas, ressalvadas as exceções previstas emlei; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de2004)V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual seafastou, antes de decorridos três anos do afastamen-to do cargo por aposentadoria ou exoneração. (Incluí-do pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Para se garantir a prestação jurisdicional e a imparci-alidade do Poder Judiciário não pode o magistradoacumular cargo ou função, salvo uma de magistério,receber custas ou participação no processo, dedicar-

se à atividade político-partidária, receber auxílios oucontribuições de pessoas físicas, entidades públicasou privadas, exceto se a lei permitir e, por último, exer-cer a advocacia antes de se passarem três anos con-tados da aposentadoria ou exoneração, no juízo outribunal que judicava.

5. COMPETÊNCIAS ADMINISTRATIVAS

O art. 96 da Constituição enumera algumas compe-tências privativas dos órgãos do Judiciário. A maiorparte delas são administrativas, mas são citadas, tam-bém, competências legislativas e judiciárias:

Art. 96 - Compete privativamente:I - aos tribunais:a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regi-mentos internos, com observância das normas de pro-cesso e das garantias processuais das partes, dis-pondo sobre a competência e o funcionamento dosrespectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares eos dos juízos que lhes forem vinculados, velando peloexercício da atividade correicional respectiva;c) prover, na forma prevista nesta Constituição, oscargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição;d) propor a criação de novas varas judiciárias;e) prover, por concurso público de provas, ou de pro-vas e títulos, obedecido o disposto no art. 169, pará-grafo único, os cargos necessários à administraçãoda Justiça, exceto os de confiança assim definidosem lei;f) conceder licença, férias e outros afastamentos aseus membros e aos juízes e servidores que lhes fo-rem imediatamente vinculados;II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Supe-riores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Le-gislativo respectivo, observado o disposto no art. 169:a) a alteração do número de membros dos tribunaisinferiores;b) a criação e a extinção de cargos e a remuneraçãodos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhesforem vinculados, bem como a fixação do subsídio deseus membros e dos juízes, inclusive dos tribunaisinferiores, onde houver; (Redação dada pela EmendaConstitucional nº 41, 19.12.2003)c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estadu-ais e do Distrito Federal e Territórios, bem como osmembros do Ministério Público, nos crimes comunse de responsabilidade, ressalvada a competência daJustiça Eleitoral.

Controle de constitucionalidade feito pelos Tri-bunaisArt. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta deseus membros ou dos membros do respectivo órgão

Page 97: Noções de Direito Constitucional

especial poderão os tribunais declarar a inconstituci-onalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.

Os tribunais podem declarar a inconstitucionalidadede lei; para tanto, diz a CF, no art. 97, que somentepelo voto da maioria absoluta de seus membros oudos membros do respectivo órgão especial poderãoos tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ouato normativo do Poder Público.

Juizado de pequenas causasArt. 98 - A União, no Distrito Federal e nos Territórios,e os Estados criarão:I - juizados especiais, providos por juízes togados,ou togados e leigos, competentes para a conciliação,o julgamento e a execução de causas cíveis de menorcomplexidade e infrações penais de menor potencialofensivo, mediante os procedimentos oral e sumarís-simo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, atransação e o julgamento de recursos por turmas dejuízes de primeiro grau.

Lei Federal disporá sobre a criação de juizados es-peciais no âmbito da Justiça Federal.Juízes togados são juízes de carreira que prestaramconcurso público.Juízes leigos são aqueles designados para fazer con-ciliação, mas que não prestaram concurso público(caso dos antigos juízes classistas, da Justiça do Tra-balho).

Juiz de pazII - justiça de paz, remunerada, composta de cida-dãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, commandato de quatro anos e competência para, na for-ma da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ouem face de impugnação apresentada, o processo dehabilitação e exercer atribuições conciliatórias, semcaráter jurisdicional, além de outras previstas na le-gislação.

Além de celebrar casamentos, o Juiz de Paz exerce-rá “atribuições conciliatórias”, isto é, buscará auxiliaros litigantes a entrarem previamente em acordo, desorte a evitar os processos judiciais, que sempre sãomais onerosos e desgastantes, tanto para o Estadocomo para as partes, mas “sem caráter jurisdicional”,pelo que as soluções assim encontradas não têm aforça de uma sentença judicial, podendo sempre serrevistas pelo Judiciário, caso não agradem uma daspartes.

Criação de juizados especiais§ 1º - Lei federal disporá sobre a criação de juizadosespeciais no âmbito da Justiça Federal. (Renumera-do pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)§ 2º - As custas e emolumentos serão destinadosexclusivamente ao custeio dos serviços afetos às ati-vidades específicas da Justiça. (Incluído pela Emen-

da Constitucional nº 45, de 2004)

6. AUTONOMIA ADMINISTRATIVA-FINANCEIRA

Art. 99 - Ao Poder Judiciário é assegurada autonomiaadministrativa e financeira.§ 1º - Os tribunais elaborarão suas propostas orça-mentárias dentro dos limites estipulados conjuntamen-te com os demais Poderes na lei de diretrizes orça-mentárias.§ 2º - O encaminhamento da proposta, ouvidos osoutros tribunais interessados, compete:I - no âmbito da União, aos Presidentes do SupremoTribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com aaprovação dos respectivos tribunais;II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal eTerritórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça,com a aprovação dos respectivos tribunais.§ 3º - Se os órgãos referidos no § 2º não encaminha-rem as respectivas propostas orçamentárias dentrodo prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentá-rias, o Poder Executivo considerará, para fins de con-solidação da proposta orçamentária anual, os valoresaprovados na lei orçamentária vigente, ajustados deacordo com os limites estipulados na forma do § 1ºdeste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº45, de 2004)§ 4º - Se as propostas orçamentárias de que trataeste artigo forem encaminhadas em desacordo comos limites estipulados na forma do § 1º, o Poder Exe-cutivo procederá aos ajustes necessários para fins deconsolidação da proposta orçamentária anual. (Inclu-ído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)§ 5º - Durante a execução orçamentária do exercício,não poderá haver a realização de despesas ou a as-sunção de obrigações que extrapolem os limites es-tabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, excetose previamente autorizadas, mediante a abertura decréditos suplementares ou especiais. (Incluído pelaEmenda Constitucional nº 45, de 2004)

PrecatórioSegundo De Plácido e Silva, precatório é “a carta ex-pedida pelos juízes da execução de sentenças, emque a Fazenda Pública foi condenada a certo paga-mento, ao presidente do Tribunal, a fim de que, porseu intermédio, se autorizem e se expeçam as ne-cessárias ordens de pagamento às respectivas repar-tições pagadoras. No precatório devem ser indicadasa quantia a ser paga e a pessoa a quem a mesma sedestina. Além disso, deve ser acompanhado de vári-as peças do processo, inclusive cópia autêntica dasentença e do acórdão que a tenha confirmado, e dacertidão da conta de liquidação.”Todo indivíduo que ganha uma ação contra a FazendaPública deverá receber seu dinheiro não imediatamen-te, mas através de precatório. Só excepciona a Cons-

Page 98: Noções de Direito Constitucional

tituição Federal em relação aos créditos de alimen-tos, que são fundamentais para a sobrevivência dafamília. Assim, diz:

Art. 100 - À exceção dos créditos de natureza alimen-tícia, os pagamentos devidos pela Fazenda Federal,Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judici-ária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológicade apresentação dos precatórios e à conta dos crédi-tos respectivos, proibida a designação de casos oude pessoas nas dotações orçamentárias e nos crédi-tos adicionais abertos para este fim.§ 1º - É obrigatória a inclusão, no orçamento das en-tidades de direito público, de verba necessária aopagamento de seus débitos oriundos de sentençastransitadas em julgado, constantes de precatórios ju-diciários, apresentados até 1º de julho, fazendo-se opagamento até o final do exercício seguinte, quandoterão seus valores atualizados monetariamente.§ 1º-A Os débitos de natureza alimentícia compreen-dem aqueles decorrentes de salários, vencimentos,proventos, pensões e suas complementações, bene-fícios previdenciários e indenizações por morte ou in-validez, fundadas na responsabilidade civil, em virtu-de de sentença transitada em julgado.§ 2º - As dotações orçamentárias e os créditos aber-tos serão consignados diretamente ao Poder Judiciá-rio, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir adecisão exeqüenda determinar o pagamento segundoas possibilidades do depósito, e autorizar, a requeri-mento do credor, e exclusivamente para o caso depreterimento de seu direito de precedência, o seqües-tro da quantia necessária à satisfação do débito.§ 3° - O disposto no caput deste artigo, relativamenteà expedição de precatórios, não se aplica aos paga-mentos de obrigações definidas em lei como de pe-queno valor que a Fazenda Federal, Estadual, Distri-tal ou Municipal deva fazer em virtude de sentençajudicial transitada em julgado.§ 4º - São vedados a expedição de precatório comple-mentar ou suplementar de valor pago, bem como fra-cionamento, repartição ou quebra do valor da execu-ção, a fim de que seu pagamento não se faça, emparte, na forma estabelecida no § 3º deste artigo e,em parte, mediante expedição de precatório.§ 5º - A lei poderá fixar valores distintos para o fimprevisto no § 3º deste artigo, segundo as diferentescapacidades das entidades de direito público.§ 6º - O Presidente do Tribunal competente que, porato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrara liquidação regular de precatório incorrerá em crimede responsabilidade.

7. DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

ComposiçãoArt. 101 - O Supremo Tribunal Federal compõe se deonze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais

de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anosde idade, de notável saber jurídico e reputação iliba-da.

Parágrafo único Os Ministros do Supremo TribunalFederal serão nomeados pelo Presidente da Repúbli-ca, depois de aprovada a escolha pela maioria abso-luta do Senado Federal.

CompetênciasArt. 102 - Compete ao Supremo Tribunal Federal, pre-cipuamente, a guarda da Constituição, cabendo lhe:I - processar e julgar, originariamente:a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou atonormativo federal ou estadual e a ação declaratóriade constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;(alínea “a” com nova redação dada pela Emenda Cons-titucional n. 3/93);b) nas infrações penais comuns, o Presidente daRepública, o Vice Presidente, os membros do Con-gresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procura-dor Geral da República;c) nas infrações penais comuns e nos crimes de res-ponsabilidade, os Ministros de Estado e os Coman-dantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, res-salvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tri-bunais Superiores, os do Tribunal de Contas da Uniãoe os chefes de missão diplomática de caráter perma-nente;d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pes-soas referidas nas alíneas anteriores; o mandado desegurança e o habeas data contra atos do Presidenteda República, das Mesas da Câmara dos Deputadose do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União,do Procurador Geral da República e do próprio Supre-mo Tribunal Federal;e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo in-ternacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ouo Território;f) as causas e os conflitos entre a União e os Esta-dos, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e ou-tros, inclusive as respectivas entidades da adminis-tração indireta;g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;h) Revogado pela Emenda Constitucional nº 45/2004i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Su-perior ou quando o coator ou o paciente for autoridadeou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamen-te à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou setrate de crime sujeito à mesma jurisdição em umaúnica instância;j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julga-dos;l) a reclamação para a preservação de sua competên-cia e garantia da autoridade de suas decisões;m) a execução de sentença nas causas de sua com-petência originária, facultada a delegação de atribui-ções para a prática de atos processuais;n) a ação em que todos os membros da magistratura

Page 99: Noções de Direito Constitucional

sejam direta ou indiretamente interessados, e aquelaem que mais da metade dos membros do tribunal deorigem estejam impedidos ou sejam direta ou indire-tamente interessados;o) os conflitos de competência entre o Superior Tribu-nal de Justiça e quaisquer tribunais, entre TribunaisSuperiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;p) o pedido de medida cautelar das ações diretas deinconstitucionalidade;q) o mandado de injunção, quando a elaboração danorma regulamentadora for atribuição do Presidenteda República, do Congresso Nacional, da Câmara dosDeputados, do Senado Federal, das Mesas de umadessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas daUnião, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprioSupremo Tribunal Federal;r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça econtra o Conselho Nacional do Ministério Público; (In-cluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)II - julgar, em recurso ordinário:a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o ha-beas data e o mandado de injunção decididos emúnica instância pelos Tribunais Superiores, se dene-gatória a decisão;b) o crime político;III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causasdecididas em única ou última instância, quando a de-cisão recorrida:a) contrariar dispositivo desta Constituição;b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou leifederal;c) julgar válida lei ou ato de governo local contestadoem face desta Constituição.d) julgar válida lei local contestada em face de lei fe-deral. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45/2004)§ 1º - A argüição de descumprimento de preceito fun-damental, decorrente desta Constituição, será apre-ciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.(§ 1º com nova redação dada pela EC n. 3/93).§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas peloSupremo Tribunal Federal, nas ações diretas de in-constitucionalidade e nas ações declaratórias de cons-titucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeitovinculante, relativamente aos demais órgãos do Po-der Judiciário e à administração pública direta e indi-reta, nas esferas federal, estadual e municipal. (Re-dação dada pela Emenda Constitucional nº 45/2004)§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá de-monstrar a repercussão geral das questões constitu-cionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fimde que o Tribunal examine a admissão do recurso,somente podendo recusá-lo pela manifestação de doisterços de seus membros. (Incluída pela Emenda Cons-titucional nº 45/2004)

Ação de inconstitucionalidadeArt. 103. Podem propor a ação direta de inconstituci-onalidade e a ação declaratória de constitucionalida-

de: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45,de 2004)

O leitor deve notar que no “caput” encontram-se oslegitimados tanto para propor a ação direta de incons-titucionalidade (adin), quanto para propor a ação de-claratória de constitucionalidade (adcon). Importanteregistrar que são os mesmos legitimados para ambasações (mudança ocorrida com a promulgação daEmenda Constitucional nº 45/04 que revogou o § 4ºdeste artigo).

I - o Presidente da República;II - a Mesa do Senado Federal;III - a Mesa da Câmara dos Deputados;IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da CâmaraLegislativa do Distrito Federal; (Redação dada pelaEmenda Constitucional nº 45, de 2004)

Com a Emenda Constitucional nº 45/04, corrigiu-seuma falha do legislador constituinte. Antes, apenasmencionava-se como legitimada a Mesa de Assem-bléia Legislativa, esquecendo-se da Câmara Legisla-tiva do Distrito Federal, ora incluída. No entanto, naprática, já o era admitida como tal.

V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45/2004)

Novamente, através da Emenda Constitucional nº 45/04, corrigiu-se uma falha do legislador constituinte.Antes, apenas constava como legitimado o Governa-dor de Estado, esquecendo-se do Governador do Dis-trito Federal, ora incluído. No entanto, na prática, já oera admitido como tal.

VI - o Procurador Geral da República;VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogadosdo Brasil;VIII - partido político com representação no Congres-so Nacional;IX - confederação sindical ou entidade de classe deâmbito nacional.§ 1º - O Procurador Geral da República deverá serpreviamente ouvido nas ações de inconstitucionalida-de e em todos os processos de competência do Su-premo Tribunal Federal.§ 3º - Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar ainconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou atonormativo, citará, previamente, o Advogado Geral daUnião, que defenderá o ato ou texto impugnado.

Ação de inconstitucionalidade por omissão§ 2º - Declarada a inconstitucionalidade por omissãode medida para tornar efetiva norma constitucional,será dada ciência ao Poder competente para a ado-ção das providências necessárias e, em se tratandode órgão administrativo, para fazê lo em trinta dias.

Page 100: Noções de Direito Constitucional

Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, deofício ou por provocação, mediante decisão de doisterços dos seus membros, após reiteradas decisõessobre matéria constitucional, aprovar súmula que, apartir de sua publicação na imprensa oficial, terá efei-to vinculante em relação aos demais órgãos do PoderJudiciário e à administração pública direta e indireta,nas esferas federal, estadual e municipal, bem comoproceder à sua revisão ou cancelamento, na formaestabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitu-cional nº 45/2004)

O dispositivo traz à baila a súmula vinculante, ma-téria que certamente será bastante questionada emconcursos públicos. A súmula aprovada pelo Supre-mo Tribunal Federal vinculará todos os magistra-dos do Poder Judiciário, bem como a Adminis-tração pública Direta e Indireta (autarquias, funda-ções públicas, sociedades de economia mista e em-presas públicas), em todas as esferas (federal, esta-dual e municipal, esquecendo-se de mencionar a dis-trital, mas que, por óbvio, deverá ser abarcada). Polê-micas à parte sobre o acerto de se introduzir a súmu-la vinculante em nosso ordenamento jurídico, o impor-tante é que a súmula aprovada pelo Supremo Tri-bunal Federal, na forma como consta deste arti-go, terá de ser obedecida, não podendo haverdecisão (administrativa ou judicial) em contrário,nem sua aplicação de forma indevida (caso istoocorra, de se reportar ao §3º deste artigo). Desta for-ma, fortalece-se, sobremaneira, o órgão de cúpula doPoder Judiciário Brasileiro (STF).

§ 1º - A súmula terá por objetivo a validade, a interpre-tação e a eficácia de normas determinadas, acercadas quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciá-rios ou entre esses e a administração pública queacarrete grave insegurança jurídica e relevante multi-plicação de processos sobre questão idêntica.

O parágrafo norteia os fins a serem perseguidospelas súmulas do Supremo Tribunal Federal, de-vendo ser levado em consideração questões contro-versas atuais geradoras de insegurança jurídica gravee multiplicidade de processos no tocante a um mes-mo tema.

§ 2º - Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido emlei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmulapoderá ser provocada por aqueles que podem propora ação direta de inconstitucionalidade.

Os legitimados para proporem a aprovação, revisãoou cancelamento de súmula do Supremo Tribunal Fe-deral (sem prejuízo do que lei vier a dispor) são osmesmos que podem ingressar com a ação direta de

inconstitucionalidade (artigo 103), a saber: Presiden-te da República; Mesa do Senado Federal; Mesa daCâmara dos Deputados; Mesa de Assembléia Legis-lativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;Governador de Estado ou do Distrito Federal; Procu-rador-Geral da República; Conselho Federal da Ordemdos Advogados do Brasil; partido político com repre-sentação no Congresso Nacional; confederação sin-dical ou entidade de classe de âmbito nacional.

§ 3º - Do ato administrativo ou decisão judicial quecontrariar a súmula aplicável ou que indevidamente aaplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Fe-deral que, julgando-a procedente, anulará o ato admi-nistrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, edeterminará que outra seja proferida com ou sem aaplicação da súmula, conforme o caso.”

Se a súmula for desobedecida ou aplicada de modoindevido, mediante reclamação ao Supremo TribunalFederal ocorrerá, caso haja procedência, uma dasseguintes hipóteses (sendo interessante observar otermo jurídico correto para cada situação): ato admi-nistrativo (caso de anulação) / decisão judicial(caso de cassação). Após, incidirá mandamento parase proferir outro ato ou decisão, aplicando-se ou nãoa súmula, dependendo do caso concreto.

Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de quinze membros com mais de trinta e cinco emenos de sessenta e seis anos de idade, com man-dato de dois anos, admitida uma recondução, sendo:(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

O artigo trata de uma das matérias mais importantesintroduzidas pela Emenda Constitucional nº 45/04 eque fatalmente será abordada em concursos públicos:o controle externo do Poder Judiciário. Para tal inten-to, foi criado o Conselho Nacional de Justiça, órgãointegrante da estrutura do Poder Judiciário (v. artigo92, inciso I-A, da Carta Magna vigente), compondo-sede quinze membros, consoante os incisos abaixo,sendo presidido pelo Ministro do Supremo TribunalFederal (§ 1º), tendo como corregedor o Ministro doSuperior Tribunal de Justiça (§ 5º), e fixação de atri-buições anotadas no § 4º. Vale consignar que o man-dato é de dois anos, permitindo-se apenas uma re-condução (“caput”).

I - um Ministro do Supremo Tribunal Federal, indicadopelo respectivo tribunal;II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indi-cado pelo respectivo tribunal;III - um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, in-dicado pelo respectivo tribunal;IV - um desembargador de Tribunal de Justiça, indi-

Page 101: Noções de Direito Constitucional

cado pelo Supremo Tribunal Federal;V - um juiz estadual, indicado pelo Supremo TribunalFederal;VI - um juiz de Tribunal Regional Federal, indicadopelo Superior Tribunal de Justiça;VII - um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunalde Justiça;VIII - um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indi-cado pelo Tribunal Superior do Trabalho;IX - um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Supe-rior do Trabalho;X - um membro do Ministério Público da União, indi-cado pelo Procurador-Geral da República;XI - um membro do Ministério Público estadual, esco-lhido pelo Procurador-Geral da República dentre osnomes indicados pelo órgão competente de cada ins-tituição estadual;XII - dois advogados, indicados pelo Conselho Fede-ral da Ordem dos Advogados do Brasil;XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e repu-tação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputa-dos e outro pelo Senado Federal.§ 1º - O Conselho será presidido pelo Ministro do Su-premo Tribunal Federal, que votará em caso de empa-te, ficando excluído da distribuição de processos na-quele tribunal.§ 2º - Os membros do Conselho serão nomeados peloPresidente da República, depois de aprovada a esco-lha pela maioria absoluta do Senado Federal.§ 3º - Não efetuadas, no prazo legal, as indicaçõesprevistas neste artigo, caberá a escolha ao SupremoTribunal Federal.§ 4º - Compete ao Conselho o controle da atuaçãoadministrativa e financeira do Poder Judiciário e documprimento dos deveres funcionais dos juízes, ca-bendo-lhe, além de outras atribuições que lhe foremconferidas pelo Estatuto da Magistratura:I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelocumprimento do Estatuto da Magistratura, podendoexpedir atos regulamentares, no âmbito de sua com-petência, ou recomendar providências;II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, deofício ou mediante provocação, a legalidade dos atosadministrativos praticados por membros ou órgãos doPoder Judiciário, podendo desconstituílos, revê-los oufixar prazo para que se adotem as providências ne-cessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízoda competência do Tribunal de Contas da União;III - receber e conhecer das reclamações contra mem-bros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contraseus serviços auxiliares, serventias e órgãos presta-dores de serviços notariais e de registro que atuempor delegação do poder público ou oficializados, semprejuízo da competência disciplinar e correicional dostribunais, podendo avocar processos disciplinares emcurso e determinar a remoção, a disponibilidade ou aaposentadoria com subsídios ou proventos proporcio-

nais ao tempo de serviço e aplicar outras sançõesadministrativas, assegurada ampla defesa;IV - representar ao Ministério Público, no caso de cri-me contra a administração pública ou de abuso deautoridade;V - rever, de ofício ou mediante provocação, os pro-cessos disciplinares de juízes e membros de tribu-nais julgados há menos de um ano;VI - elaborar semestralmente relatório estatístico so-bre processos e sentenças prolatadas, por unidadeda Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judici-ário;VII - elaborar relatório anual, propondo as providênci-as que julgar necessárias, sobre a situação do PoderJudiciário no País e as atividades do Conselho, o qualdeve integrar mensagem do Presidente do SupremoTribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacio-nal, por ocasião da abertura da sessão legislativa.

É importante ressaltar que o rol de atribuições aquiprevisto não é taxativo (não se exaure em si mes-mo). O § 4º assim registra: “cabendo-lhe, além deoutras atribuições que lhe forem conferidas pelo Es-tatuto da Magistratura” (também incidindo, desta for-ma, atribuições advindas de legislação infraconstitu-cional).

§ 5º - O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exer-cerá a função de Ministro-Corregedor e ficará excluídoda distribuição de processos no Tribunal, competin-do-lhe, além das atribuições que lhe forem conferidaspelo Estatuto da Magistratura, as seguintes:I - receber as reclamações e denúncias, de qualquerinteressado, relativas aos magistrados e aos serviçosjudiciários;II - exercer funções executivas do Conselho, de ins-peção e de correição geral;III - requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atri-buições, e requisitar servidores de juízos ou tribunais,inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios.§ 6º - Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geralda República e o Presidente do Conselho Federal daOrdem dos Advogados do Brasil.§ 7º - A União, inclusive no Distrito Federal e nosTerritórios, criará ouvidorias de justiça, competentespara receber reclamações e denúncias de qualquerinteressado contra membros ou órgãos do Poder Ju-diciário, ou contra seus serviços auxiliares, represen-tando diretamente ao Conselho Nacional de Justiça.

8. DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

ComposiçãoArt. 104 - O Superior Tribunal de Justiça compõe sede, no mínimo, trinta e três Ministros.Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de

Page 102: Noções de Direito Constitucional

Justiça serão nomeados pelo Presidente da Repúbli-ca, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menosde sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico ereputação ilibada, depois de aprovada a escolha pelamaioria absoluta do Senado Federal, sendo: (Redaçãodada pela Emenda Constitucional nº 45/2004)I - um terço dentre juízes dos Tribunais RegionaisFederais e um terço dentre desembargadores dos Tri-bunais de Justiça, indicados em lista tríplice elabora-da pelo próprio Tribunal;II - um terço, em partes iguais, dentre advogados emembros do Ministério Público Federal, Estadual, doDistrito Federal e Territórios, alternadamente, indica-dos na forma do art. 94.

CompetênciasArt. 105 - Compete ao Superior Tribunal de Justiça:I - processar e julgar, originariamente:a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estadose do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabi-lidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiçados Estados e do Distrito Federal, os membros dosTribunais de Contas dos Estados e do Distrito Fede-ral, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribu-nais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membrosdos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípi-os e os do Ministério Público da União que oficiemperante tribunais;b) os mandados de segurança e os habeas data con-tra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes daMarinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprioTribunal;c) os habeas corpus, quando o coator ou pacientefor qualquer das pessoas mencionadas na alínea a,ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdi-ção, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha,do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a compe-tência da Justiça Eleitoral;d) os conflitos de competência entre quaisquer tribu-nais, ressalvado o disposto no art. 102, I, o, bem comoentre tribunal e juízes a ele não vinculados e entrejuízes vinculados a tribunais diversos;e) as revisões criminais e as ações rescisórias deseus julgados;f) a reclamação para a preservação de sua competên-cia e garantia da autoridade de suas decisões;g) os conflitos de atribuições entre autoridades admi-nistrativas e judiciárias da União, ou entre autorida-des judiciárias de um Estado e administrativas de outroou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União;h) o mandado de injunção, quando a elaboração danorma regulamentadora for atribuição de órgão, enti-dade ou autoridade federal, da administração diretaou indireta, excetuados os casos de competência doSupremo Tribunal Federal e dos órgãos da JustiçaMilitar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho eda Justiça Federal;i) a homologação de sentenças estrangeiras e a con-cessão de exequatur às cartas rogatórias; (Incluída

pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)II - julgar, em recurso ordinário:a) os habeas corpus decididos em única ou últimainstância pelos Tribunais Regionais Federais ou pe-los tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Terri-tórios, quando a decisão for denegatória;b) os mandados de segurança decididos em únicainstância pelos Tribunais Regionais Federais ou pe-los tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Terri-tórios, quando denegatória a decisão;c) as causas em que forem partes Estado estrangeiroou organismo internacional, de um lado, e, do outro,Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;III - julgar, em recurso especial, as causas decididas,em única ou última instância, pelos Tribunais Regio-nais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Dis-trito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar lhes vi-gência;b) julgar válido ato de governo local contestado emface de lei federal; (Redação dada pela Emenda Cons-titucional nº 45, de 2004)c) der à lei federal interpretação divergente da que lhehaja atribuído outro tribunal.Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribu-nal de Justiça: (Redação dada pela Emenda Consti-tucional nº 45, de 2004)I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamen-to de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções,regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e pro-moção na carreira; (Incluído pela Emenda Constituci-onal nº 45, de 2004)II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exer-cer, na forma da lei, a supervisão administrativa e or-çamentária da Justiça Federal de primeiro e segundograus, como órgão central do sistema e com poderescorreicionais, cujas decisões terão caráter vinculan-te. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

9. DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E DOS JUÍZESFEDERAIS

Órgãos da Justiça FederalArt. 106 - São órgãos da Justiça Federal:I - os Tribunais Regionais Federais;II - os Juízes Federais.

Composição dos Tribunais Regionais FederaisArt. 107 - Os Tribunais Regionais Federais compõemse de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quandopossível, na respectiva região e nomeados pelo Presi-dente da República dentre brasileiros com mais detrinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:I - um quinto dentre advogados com mais de dez anosde efetiva atividade profissional e membros do Ministé-rio Público Federal com mais de dez anos de carreira;II - os demais, mediante promoção de juízes federais

Page 103: Noções de Direito Constitucional

com mais de cinco anos de exercício, por antiguidadee merecimento, alternadamente.§ 1º A lei disciplinará a remoção ou a permuta dejuízes dos Tribunais Regionais Federais e determina-rá sua jurisdição e sede. (Renumerado pela EmendaConstitucional nº 45/2004)§ 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a jus-tiça itinerante, com a realização de audiências e de-mais funções da atividade jurisdicional, nos limitesterritoriais da respectiva jurisdição, servindo-se deequipamentos públicos e comunitários. (Incluído pelaEmenda Constitucional nº 45/2004)§ 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão funcio-nar descentralizadamente, constituindo Câmaras re-gionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdi-cionado à justiça em todas as fases do processo.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45/2004)

Competências dos Tribunais Regionais FederaisArt. 108 - Compete aos Tribunais Regionais Federais:I - processar e julgar, originariamente:a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluí-dos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho,nos crimes comuns e de responsabilidade, e os mem-bros do Ministério Público da União, ressalvada a com-petência da Justiça Eleitoral;b) as revisões criminais e as ações rescisórias dejulgados seus ou dos juízes federais da região;c) os mandados de segurança e os habeas data con-tra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal;d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora forjuiz federal;e) os conflitos de competência entre juízes federaisvinculados ao Tribunal;II - julgar, em grau de recurso, as causas decididaspelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exer-cício da competência federal da área de sua jurisdição.

Competências dos Juízes FederaisArt. 109 - Aos juízes federais compete processar ejulgar:I - as causas em que a União, entidade autárquica ouempresa pública federal forem interessadas na condi-ção de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exce-to as de falência, as de acidentes de trabalho e assujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismointernacional e Município ou pessoa domiciliada ouresidente no País;III - as causas fundadas em tratado ou contrato daUnião com Estado estrangeiro ou organismo interna-cional;IV - os crimes políticos e as infrações penais pratica-das em detrimento de bens, serviços ou interesse daUnião ou de suas entidades autárquicas ou empresaspúblicas, excluídas as contravenções e ressalvada acompetência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;V - os crimes previstos em tratado ou convenção in-

ternacional, quando, iniciada a execução no País, oresultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangei-ro, ou reciprocamente;V - A as causas relativas a direitos humanos a que serefere o § 5º deste artigo; (Incluído pela Emenda Cons-titucional nº 45, de 2004)

Este inciso consigna que é da competência da Justi-ça Federal, “as causas relativas a direitos huma-nos”, observando-se o aventado no parágrafo 5º destemesmo artigo. Importante seu conteúdo, haja vista arelevância que a Emenda Constitucional nº 45/04 deuao tema direitos humanos (v., por ex.: artigo 5º, § 3).

VI - os crimes contra a organização do trabalho e,nos casos determinados por lei, contra o sistema fi-nanceiro e a ordem econômico financeira;VII - os habeas corpus, em matéria criminal de suacompetência ou quando o constrangimento provier deautoridade cujos atos não estejam diretamente sujei-tos a outra jurisdição;VIII - os mandados de segurança e os habeas datacontra ato de autoridade federal, excetuados os ca-sos de competência dos tribunais federais;IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aero-naves, ressalvada a competência da Justiça Militar;X - os crimes de ingresso ou permanência irregular deestrangeiro, a execução de carta rogatória, após oexequatur, e de sentença estrangeira, após a homolo-gação, as causas referentes à nacionalidade, inclusi-ve a respectiva opção, e à naturalização;XI - a disputa sobre direitos indígenas.

Causas em que a União for autora ou ré§ 1º - As causas em que a União for autora serão afora-das na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte.§ 2º - As causas intentadas contra a União poderãoser aforadas na seção judiciária em que for domicilia-do o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fatoque deu origem à demanda ou onde esteja situada acoisa, ou, ainda, no Distrito Federal.

Julgamento pela Justiça Estadual na falta da Jus-tiça Federal§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça esta-dual, no foro do domicílio dos segurados ou benefici-ários, as causas em que forem parte instituição deprevidência social e segurado, sempre que a comarcanão seja sede de vara do juízo federal, e, se verifica-da essa condição, a lei poderá permitir que outrascausas sejam também processadas e julgadas pelajustiça estadual.

Recurso das decisões proferidas por juízes esta-duais investidos da competência federal§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recursocabível será sempre para o Tribunal Regional Federalna área de jurisdição do juiz de primeiro grau.

Page 104: Noções de Direito Constitucional

OBS: tal acontece porque o juiz estadual estava in-vestido da competência federal; portanto, a segundainstância para rever sua decisão deverá ser a instân-cia federal (Tribunal Regional Federal).

§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos hu-manos, o Procurador-Geral da República, com a fina-lidade de assegurar o cumprimento de obrigaçõesdecorrentes de tratados internacionais de direitos hu-manos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar,perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquerfase do inquérito ou processo, incidente de desloca-mento de competência para a Justiça Federal. (Inclu-ído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Organização nos Estados e no Distrito FederalArt. 110 - Cada Estado, bem como o Distrito Federal,constituirá uma seção judiciária que terá por sede arespectiva Capital, e varas localizadas segundo o es-tabelecido em lei.Parágrafo único - Nos Territórios Federais, a jurisdi-ção e as atribuições cometidas aos juízes federaiscaberão aos juízes da justiça local, na forma da lei.

10. DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DO TRABALHO

Órgãos da Justiça do TrabalhoArt. 111 - São órgãos da Justiça do Trabalho:I - o Tribunal Superior do Trabalho;II - os Tribunais Regionais do Trabalho;III - Juízes do Trabalho.§ 1º - Revogado pela Emenda Constitucional nº 45/2004§ 2º - Revogado pela Emenda Constitucional nº 45/2004§ 3º - Revogado pela Emenda Constitucional nº 45/2004

Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre bra-sileiros com mais de trinta e cinco e menos de ses-senta e cinco anos, nomeados pelo Presidente daRepública após aprovação pela maioria absoluta doSenado Federal, sendo: (Incluído pela Emenda Cons-titucional nº 45/2004)I - um quinto dentre advogados com mais de dez anosde efetiva atividade profissional e membros do Minis-tério Público do Trabalho com mais de dez anos deefetivo exercício, observado o disposto no art. 94;II - os demais dentre juízes dos Tribunais Regionaisdo Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, in-dicados pelo próprio Tribunal Superior.§ 1º - A lei disporá sobre a competência do TribunalSuperior do Trabalho.§ 2º - Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Tra-balho:I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamen-to de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentreoutras funções, regulamentar os cursos oficiais parao ingresso e promoção na carreira;

II - o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, ca-bendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão ad-ministrativa, orçamentária, financeira e patrimonial daJustiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, comoórgão central do sistema, cujas decisões terão efeitovinculante.

Organização da Justiça do TrabalhoArt. 112 - A lei criará varas da Justiça do Trabalho,podendo, nas comarcas não abrangidas por sua juris-dição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso parao respectivo Tribunal Regional do Trabalho. (Redaçãodada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)Art. 113 - A lei disporá sobre a constituição, investi-dura, jurisdição, competência, garantias e condiçõesde exercício dos órgãos da Justiça do Trabalho.

Competências da Justiça do TrabalhoArt. 114. - Compete à Justiça do Trabalho processar ejulgar: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº45, de 2004)I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangi-dos os entes de direito público externo e da adminis-tração pública direta e indireta da União, dos Esta-dos, do Distrito Federal e dos Municípios; (Incluídopela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)II - as ações que envolvam exercício do direito de gre-ve; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45/2004)III - as ações sobre representação sindical, entresindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entresindicatos e empregadores; (Incluído pela EmendaConstitucional nº 45, de 2004)IV - os mandados de segurança, habeas corpus ehabeas data, quando o ato questionado envolver ma-téria sujeita à sua jurisdição; (Incluído pela EmendaConstitucional nº 45, de 2004)V - os conflitos de competência entre órgãos com ju-risdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102,I, o; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45/2004)VI - as ações de indenização por dano moral ou patri-monial, decorrentes da relação de trabalho; (Incluídopela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)VII as ações relativas às penalidades administrativasimpostas aos empregadores pelos órgãos de fiscali-zação das relações de trabalho; (Incluído pela Emen-da Constitucional nº 45, de 2004)VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociaisprevistas no art. 195, I, a , e II, e seus acréscimoslegais, decorrentes das sentenças que proferir; (In-cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)IX - outras controvérsias decorrentes da relação detrabalho, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Cons-titucional nº 45, de 2004)§ 1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes po-derão eleger árbitros.§ 2º - Recusando-se qualquer das partes à negocia-ção coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas,

Page 105: Noções de Direito Constitucional

de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de nature-za econômica, podendo a Justiça do T rabalho deci-dir o conflito, respeitadas as disposições mínimas le-gais de proteção ao trabalho, bem como as convenci-onadas anteriormente. (Redação dada pela EmendaConstitucional nº 45, de 2004)§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, compossibilidade de lesão do interesse público, o Ministé-rio Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo,competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45/2004)

Composição dos Tribunais Regionais do TrabalhoArt. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho com-põem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quan-do possível, na respectiva região, e nomeados peloPresidente da República dentre brasileiros com maisde trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45/2004)I - um quinto dentre advogados com mais de dez anosde efetiva atividade profissional e membros do Minis-tério Público do Trabalho com mais de dez anos deefetivo exercício, observado o disposto no art. 94;II - os demais, mediante promoção de juízes do traba-lho por antigüidade e merecimento, alternadamente.§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão ajustiça itinerante, com a realização de audiências edemais funções de atividade jurisdicional, nos limitesterritoriais da respectiva jurisdição, servindo-se deequipamentos públicos e comunitários.§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão fun-cionar descentralizadamente, constituindo Câmarasregionais, a fim de assegurar o pleno acesso do juris-dicionado à justiça em todas as fases do processo.

Varas do TrabalhoArt. 116 - Nas Varas do Trabalho, a jurisdição seráexercida por um juiz singular.Parágrafo único - Revogado pela Emenda Constituci-onal nº 24/1999).

Representantes classistasArt. 117. Revogado pela Emenda Constitucional nº24/1999).

11. DOS TRIBUNAIS E JUÍZES ELEITORAIS

Órgãos da Justiça EleitoralArt. 118 - São órgãos da Justiça Eleitoral:I - o Tribunal Superior Eleitoral;II - os Tribunais Regionais Eleitorais;III - os Juízes Eleitorais;IV - as Juntas Eleitorais.

Composição do Tribunal Superior EleitoralArt. 119 - O Tribunal Superior Eleitoral compor se á, nomínimo, de sete membros, escolhidos:

I - mediante eleição, pelo voto secreto:a) três juízes dentre os Ministros do Supremo TribunalFederal;b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunalde Justiça;II - por nomeação do Presidente da República, doisjuízes dentre seis advogados de notável saber jurídi-co e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribu-nal Federal.Parágrafo único - O Tribunal Superior Eleitoral elege-rá seu Presidente e o Vice Presidente dentre os Mi-nistros do Supremo Tribunal Federal, e o CorregedorEleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal deJustiça.

Tribunais Regionais EleitoraisArt. 120 - Haverá um Tribunal Regional Eleitoral naCapital de cada Estado e no Distrito Federal.§ 1º- Os Tribunais Regionais Eleitorais compor se ão:I - mediante eleição, pelo voto secreto:a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tri-bunal de Justiça;b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidospelo Tribunal de Justiça;II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sedena Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, nãohavendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso,pelo Tribunal Regional Federal respectivo;III - por nomeação, pelo Presidente da República, dedois juízes dentre seis advogados de notável saberjurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunalde Justiça.§ 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presi-dente e o Vice Presidente dentre os desembargado-res.

Competência da Justiça eleitoralArt. 121 - Lei complementar disporá sobre a organi-zação e competência dos tribunais, dos juízes de di-reito e das juntas eleitorais.

Garantias dos juízes eleitorais§ 1º - Os membros dos tribunais, os juízes de direitoe os integrantes das juntas eleitorais, no exercício desuas funções, e no que lhes for aplicável, gozarão deplenas garantias e serão inamovíveis.§ 2º - Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivojustificado, servirão por dois anos, no mínimo, e nuncapor mais de dois biênios consecutivos, sendo os subs-titutos escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmoprocesso, em número igual para cada categoria.

Irrecorribilidade das decisões do TSE§ 3º - São irrecorríveis as decisões do Tribunal Supe-rior Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Consti-tuição e as denegatórias de habeas corpus ou man-dado de segurança.§ 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleito-rais somente caberá recurso quando:

Page 106: Noções de Direito Constitucional

I - forem proferidas contra disposição expressa destaConstituição ou de lei;II - ocorrer divergência na interpretação de lei entredois ou mais tribunais eleitorais;III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição dediplomas nas eleições federais ou estaduais;IV - anularem diplomas ou decretarem a perda demandatos eletivos federais ou estaduais;V - denegarem habeas corpus, mandado de seguran-ça, habeas data ou mandado de injunção.

12. DOS TRIBUNAIS E JUÍZES MILITARES

Órgãos da Justiça MilitarArt. 122 - São órgãos da Justiça Militar:I - o Superior Tribunal Militar;II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei.

Composição do Superior Tribunal MilitarArt. 123 - O Superior Tribunal Militar compor se á dequinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidenteda República, depois de aprovada a indicação peloSenado Federal, sendo três dentre oficiais generaisda Marinha, quatro dentre oficiais generais do Exérci-to, três dentre oficiais generais da Aeronáutica, todosda ativa e do posto mais elevado da carreira, e cincodentre civis.Parágrafo único - Os Ministros Civis serão escolhidospelo Presidente da República dentre brasileiros maio-res de trinta e cinco anos, sendo:I - três dentre advogados de notório saber jurídico econduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva ati-vidade profissional;II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditorese membros do Ministério Público da Justiça Militar.

Organização e competência da Justiça MilitarArt. 124 - À Justiça Militar compete processar e jul-gar os crimes militares definidos em lei.Parágrafo único A lei disporá sobre a organização, ofuncionamento e a competência, da Justiça Militar.

13. DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS

Art. 125 - Os Estados organizarão sua Justiça, obser-vados os princípios estabelecidos nesta Constituição.§ 1º - A competência dos tribunais será definida naConstituição do Estado, sendo a lei de organizaçãojudiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.§ 2º - Cabe aos Estados a instituição de representa-ção de inconstitucionalidade de leis ou atos normati-vos estaduais ou municipais em face da ConstituiçãoEstadual, vedada a atribuição da legitimação para agira um único órgão.§ 3º - A lei estadual poderá criar, mediante propostado Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, cons-tituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pe-

los Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelopróprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de JustiçaMilitar nos Estados em que o efetivo militar seja supe-rior a vinte mil integrantes. (Redação dada pela EmendaConstitucional nº 45, de 2004)

Antes da Emenda Constitucional nº 45/04, a JustiçaMilitar estadual, em primeiro grau, era constituída ape-nas pelos Conselhos de Justiça (órgãos colegiados).Com a publicação da emenda constitucional acimacitada, a Justiça Militar estadual, em primeiro grau,passou a ser constituída por juízes de direito e Con-selhos de Justiça, ambos com competência definidano § 5º deste artigo.

§ 4º - Compete à Justiça Militar estadual processar ejulgar os militares dos Estados, nos crimes militaresdefinidos em lei e as ações judiciais contra atos disci-plinares militares, ressalvada a competência do júriquando a vítima for civil, cabendo ao tribunal compe-tente decidir sobre a perda do posto e da patente dosoficiais e da graduação das praças. (Redação dadapela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

A competência da Justiça Militar estadual foi aumen-tada, dando-se nova redação a este parágrafo atravésda Emenda Constitucional nº 45/04. Porém, deve-seatentar que prevalece a competência do júri - crimesdolosos contra a vida - quando a vítima for civil. A con-trário senso, se o crime for doloso contra a vida e avítima militar, a competência não será do Tribunal doJúri e, sim, da Justiça Militar.

§ 5º - Compete aos juízes de direito do juízo militarprocessar e julgar, singularmente, os crimes militarescometidos contra civis e as ações judiciais contra atosdisciplinares militares, cabendo ao Conselho de Jus-tiça, sob a presidência de juiz de direito, processar ejulgar os demais crimes militares. (Incluído pela Emen-da Constitucional nº 45, de 2004)§ 6º - O Tribunal de Justiça poderá funcionar descen-tralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fimde assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justi-ça em todas as fases do processo. (Incluído pelaEmenda Constitucional nº 45, de 2004)§ 7º - O Tribunal de Justiça instalará a justiça itine-rante, com a realização de audiências e demais fun-ções da atividade jurisdicional, nos limites territoriaisda respectiva jurisdição, servindo-se de equipamen-tos públicos e comunitários. (Incluído pela EmendaConstitucional nº 45, de 2004)

Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunalde Justiça proporá a criação de varas especializadas,com competência exclusiva para questões agrárias.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de2004)

Page 107: Noções de Direito Constitucional

Quanto às funções essenciais à justiça (artigos 127/135), não há comentários realizados pelo professorque redigiu a apostila. Para não desnaturar o propostopelo redator originário, não foi acrescido comentáriosao tema (com exceção do controle externo do Minis-tério Público, por ser impossível deixar de falar - v.artigo 130-A).

Parágrafo único Sempre que necessário à eficienteprestação jurisdicional, o juiz far se á presente no lo-cal do litígio.

14. DO MINISTÉRIO PÚBLICO

São órgãos essenciais à justiça: o Ministério Público,a Advocacia-Geral da União e a Advocacia e Defenso-ria Pública, enumerados nos art. 127 a 135.

Competências do Ministério PúblicoArt. 127 - O Ministério Público é instituição perma-nente, essencial à função jurisdicional do Estado, in-cumbindo lhe a defesa da ordem jurídica, do regimedemocrático e dos interesses sociais e individuais in-disponíveis.

Princípios do Ministério Público§ 1º - São princípios institucionais do Ministério Pú-blico a unidade, a indivisibilidade e a independênciafuncional.

Autonomia funcional e administrativa§ 2º - Ao Ministério Público é assegurada autonomiafuncional e administrativa, podendo, observado o dis-posto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a cria-ção e extinção de seus cargos e serviços auxiliares,provendo-os por concurso público de provas ou deprovas e títulos, a política remuneratória e os planosde carreira; a lei disporá sobre sua organização e fun-cionamento.§ 3º - O Ministério Público elaborará sua propostaorçamentária dentro dos limites estabelecidos na leide diretrizes orçamentárias.§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a res-pectiva proposta orçamentária dentro do prazo esta-belecido na lei de diretrizes orçamentárias, o PoderExecutivo considerará, para fins de consolidação daproposta orçamentária anual, os valores aprovados nalei orçamentária vigente, ajustados de acordo com oslimites estipulados na forma do § 3º. (Incluído pelaEmenda Constitucional nº 45, de 2004)§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata esteartigo for encaminhada em desacordo com os limitesestipulados na forma do § 3º, o Poder Executivo pro-cederá aos ajustes necessários para fins de consoli-dação da proposta orçamentária anual. (Incluído pelaEmenda Constitucional nº 45, de 2004)§ 6º Durante a execução orçamentária do exercício,

não poderá haver a realização de despesas ou a as-sunção de obrigações que extrapolem os limites es-tabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, excetose previamente autorizadas, mediante a abertura decréditos suplementares ou especiais. (Incluído pelaEmenda Constitucional nº 45, de 2004)

Órgãos e composição do Ministério PúblicoArt. 128 - O Ministério Público abrange:I - o Ministério Público da União, que compreende:a) o Ministério Público Federal;b) o Ministério Público do Trabalho;c) o Ministério Público Militar;d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;II - os Ministérios Públicos dos Estados.§ 1º - O Ministério Público da União tem por chefe oProcurador Geral da República, nomeado pelo Presi-dente da República dentre integrantes da carreira,maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação deseu nome pela maioria absoluta dos membros doSenado Federal, para mandato de dois anos, permiti-da a recondução.§ 2º - A destituição do Procurador Geral da Repúbli-ca, por iniciativa do Presidente da República, deveráser precedida de autorização da maioria absoluta doSenado Federal.§ 3º - Os Ministérios Públicos dos Estados e o doDistrito Federal e Territórios formarão lista tríplice dentreintegrantes da carreira, na forma da lei respectiva, paraescolha de seu Procurador Geral, que será nomeadopelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de doisanos, permitida uma recondução.§ 4º - Os Procuradores Gerais nos Estados e no Dis-trito Federal e Territórios poderão ser destituídos pordeliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo,na forma da lei complementar respectiva.§ 5º - Leis complementares da União e dos Estados,cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procurado-res-Gerais, estabelecerão a organização, as atribui-ções e o estatuto de cada, Ministério Público, obser-vadas, relativamente a seus membros:

Garantias dos membros do Ministério PúblicoI - as seguintes garantias:a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não po-dendo perder o cargo senão por sentença judicial tran-sitada em julgado;b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse pú-blico, mediante decisão do órgão colegiado compe-tente do Ministério Público, pelo voto da maioria ab-soluta de seus membros, assegurada ampla defesa;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45/2004)c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art.39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI,150, II, 153, III, 153, § 2º, I;

Vedações aos membros do Ministério PúblicoII - as seguintes vedações:a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto,

Page 108: Noções de Direito Constitucional

honorários, percentagens ou custas processuais;b) exercer a advocacia;c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualqueroutra função pública, salvo uma de magistério;e) exercer atividade político-partidária; (Incluída pelaEmenda Constitucional nº 45/2004)f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios oucontribuições de pessoas físicas, entidades públicasou privadas, ressalvadas as exceções previstas emlei. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45/2004)§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público odisposto no art. 95, parágrafo único, V. (Incuído pelaEmenda Constitucional nº 45/2004)

Funções institucionais do Ministério PúblicoArt. 129 - São funções institucionais do MinistérioPúblico:I - promover, privativamente, a ação penal pública, naforma da lei;II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicose dos serviços de relevância pública aos direitos as-segurados nesta Constituição, promovendo as medi-das necessárias a sua garantia;III - promover o inquérito civil e a ação civil pública,para a proteção do patrimônio público e social, do meioambiente e de outros interesses difusos e coletivos;IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou re-presentação para fins de intervenção da União e dosEstados, nos casos previstos nesta Constituição;V - defender judicialmente os direitos e interesses daspopulações indígenas;VI - expedir notificações nos procedimentos adminis-trativos de sua competência, requisitando informaçõese documentos para instruí los, na forma da lei com-plementar respectiva;VII - exercer o controle externo da atividade policial,na forma da lei complementar mencionada no artigoanterior;VIII - requisitar diligências investigatórias e a instau-ração de inquérito policial, indicados os fundamentosjurídicos de suas manifestações processuais;IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas,desde que compatíveis com sua finalidade, sendo lhevedada a representação judicial e a consultoria jurídi-ca de entidades públicas.§ 1º - A legitimação do Ministério Público para as açõescivis previstas neste artigo não impede a de terceiros,nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nestaConstituição e na lei.§ 2º - As funções do Ministério Público só podem serexercidas por integrantes da carreira, que deverão re-sidir na comarca da respectiva lotação, salvo autori-zação do chefe da instituição. (Redação dada pelaEmenda Constitucional nº 45, de 2004)§ 3º - O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante concurso público de provas e títulos,assegurada a participação da Ordem dos Advogados

do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharelem direito, no mínimo, três anos de atividade jurídicae observando-se, nas nomeações, a ordem de classi-ficação. (Redação dada pela Emenda Constitucionalnº 45/2004)§ 4º - Aplica-se ao Ministério Público, no que couber,o disposto no art. 93. (Redação dada pela EmendaConstitucional nº 45/2004)§ 5º - A distribuição de processos no Ministério Públi-co será imediata. (Incluído pela Emenda Constitucio-nal nº 45/2004)

Art. 130 - Aos membros do Ministério Público juntoaos Tribunais de Contas aplicam se as disposiçõesdesta seção pertinentes a direitos, vedações e formade investidura.

Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Públicocompõe-se de quatorze membros nomeados pelo Pre-sidente da República, depois de aprovada a escolhapela maioria absoluta do Senado Federal, para ummandato de dois anos, admitida uma recondução, sen-do: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45/2004)

A Emenda Constitucional n. 45, de 2004, seguindo amesma linha do controle externo do Poder Judiciário(ver artigo 103-B, CF/88), criou o controle externo doMinistério Público. Surge, para tal fim, o Conselho Na-cional do Ministério Público, composto por quatorzemembros conforme os incisos abaixo, sendo presididopelo Procurador-Geral da República (inciso I), tendocomo corregedor um dos membros do Ministério Públi-co que o integram (§ 3º), competindo-lhe o estipuladono § 2º. Registre-se que o mandato é de dois anos,permitindo-se apenas uma recondução (“caput”).

I - o Procurador-Geral da República, que o preside;II - quatro membros do Ministério Público da União,assegurada a representação de cada uma de suascarreiras;III - três membros do Ministério Público dos Estados;IV - dois juízes, indicados um pelo Supremo TribunalFederal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça;V - dois advogados, indicados pelo Conselho Federalda Ordem dos Advogados do Brasil;VI - dois cidadãos de notável saber jurídico e reputa-ção ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputa-dos e outro pelo Senado Federal.§ 1º - Os membros do Conselho oriundos do Ministé-rio Público serão indicados pelos respectivos Ministé-rios Públicos, na forma da lei.§ 2º - Compete ao Conselho Nacional do MinistérioPúblico o controle da atuação administrativa e finan-ceira do Ministério Público e do cumprimento dos de-veres funcionais de seus membros, cabendolhe:I - zelar pela autonomia funcional e administrativa doMinistério Público, podendo expedir atos regulamen-

Page 109: Noções de Direito Constitucional

tares, no âmbito de sua competência, ou recomendarprovidências;II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, deofício ou mediante provocação, a legalidade dos atosadministrativos praticados por membros ou órgãos doMinistério Público da União e dos Estados, podendodesconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que seadotem as providências necessárias ao exato cumpri-mento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribu-nais de Contas;III - receber e conhecer das reclamações contra mem-bros ou órgãos do Ministério Público da União ou dosEstados, inclusive contra seus serviços auxiliares, semprejuízo da competência disciplinar e correicional dainstituição, podendo avocar processos disciplinaresem curso, determinar a remoção, a disponibilidade oua aposentadoria com subsídios ou proventos propor-cionais ao tempo de serviço e aplicar outras sançõesadministrativas, assegurada ampla defesa;IV - rever, de ofício ou mediante provocação, os pro-cessos disciplinares de membros do Ministério Públi-co da União ou dos Estados julgados há menos deum ano;V - elaborar relatório anual, propondo as providênciasque julgar necessárias sobre a situação do MinistérioPúblico no País e as atividades do Conselho, o qualdeve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI.§ 3º - O Conselho escolherá, em votação secreta, umCorregedor nacional, dentre os membros do Ministé-rio Público que o integram, vedada a recondução, com-petindo-lhe, além das atribuições que lhe forem con-feridas pela lei, as seguintes:I - receber reclamações e denúncias, de qualquer in-teressado, relativas aos membros do Ministério Pú-blico e dos seus serviços auxiliares;II - exercer funções executivas do Conselho, de ins-peção e correição geral;III - requisitar e designar membros do Ministério Pú-blico, delegando-lhes atribuições, e requisitar servi-dores de órgãos do Ministério Público.§ 4º - O Presidente do Conselho Federal da Ordemdos Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho.§ 5º - Leis da União e dos Estados criarão ouvidoriasdo Ministério Público, competentes para receber recla-mações e denúncias de qualquer interessado contramembros ou órgãos do Ministério Público, inclusivecontra seus serviços auxiliares, representando direta-mente ao Conselho Nacional do Ministério Público.

15. DA ADVOCACIA PÚBLICA

Função da Advocacia-Geral da UniãoArt. 131 - A Advocacia Geral da União é a instituiçãoque, diretamente ou através de órgão vinculado, re-presenta a União, judicial e extrajudicialmente, cabendolhe, nos termos da lei complementar que dispuser sobre

sua organização e funcionamento, as atividades deconsultoria e assessoramento jurídico do Poder Exe-cutivo.

Composição da Advocacia-Geral da União§ 1º - A Advocacia Geral da União tem por chefe oAdvogado Geral da União, de livre nomeação pelo Pre-sidente da República dentre cidadãos maiores de trin-ta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputaçãoilibada.§ 2º - O ingresso nas classes iniciais das carreiras dainstituição de que trata este artigo far se á medianteconcurso público de provas e títulos.

Representação da União na execução da dívidaativa de natureza tributária§ 3º - Na execução da dívida ativa de natureza tributá-ria, a representação da União cabe à Procuradoria Geralda Fazenda Nacional, observado o disposto em lei.

Representação judicial e consultoria jurídica dosEstados e do Distrito FederalArt. 132. - Os Procuradores dos Estados e do DistritoFederal, organizados em carreira, na qual o ingressodependerá de concurso público de provas e títulos,com a participação da Ordem dos Advogados do Bra-sil em todas as suas fases, exercerão a representa-ção judicial e a consultoria jurídica das respectivasunidades federadas.Parágrafo Único. Aos procuradores referidos nesteartigo é assegurada estabilidade após três anos deefetivo exercício mediante avaliação de desempenhoperante os órgãos próprios, após relatório circunstan-ciado das corregedorias.

16. DA ADVOCACIA E DA DEFENSORIA PÚBLICA

Do AdvogadoArt. 133 - O advogado é indispensável à administraçãoda justiça, sendo inviolável por seus atos e manifesta-ções no exercício da profissão, nos limites da lei.

Da Defensoria PúblicaArt. 134 - A Defensoria Pública é instituição essenci-al à função jurisdicional do Estado, incumbindo lhe aorientação jurídica e a defesa, em todos os graus,dos necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV.§ 1º - Lei complementar organizará a Defensoria Pú-blica da União e do Distrito Federal e dos Territórios eprescreverá normas gerais para sua organização nosEstados, em cargos de carreira, providos, na classeinicial, mediante concurso público de provas e títulos,assegurada a seus integrantes a garantia da inamovi-bilidade e vedado o exercício da advocacia fora dasatribuições institucionais. (Renumerado pela EmendaConstitucional nº 45/2004)§ 2º - Às Defensorias Públicas Estaduais são asse-

Page 110: Noções de Direito Constitucional

guradas autonomia funcional e administrativa e a ini-ciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limi-tes estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias esubordinação ao disposto no art. 99, § 2º. (Incluídopela Emenda Constitucional nº 45/2004)

Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras dis-ciplinadas nas Seções II e III deste Capítulo serãoremunerados na forma do art. 39, § 4º.

17. DO PODER JUDICIÁRIO1

Arrolado na Constituição Federal com um poder autô-nomo e independente na República brasileira, o nas-cimento de um poder com a função típica de dirimir asquerelas, sem, contudo, quebrar com a ordem e anormalidade social (status quo) é de extrema impor-tância no Estado democrático de Direito. O poder ju-diciário é o que tem por tarefa realizar a aplicaçãoprática da lei, nos casos concretos, ou seja, é o guar-dião das leis, assevera em última instância a legalida-de e a igualdade de aplicação das leis nas disputasque surgem em torno dos interesses de particulares eaté do próprio Estado.

A atividade típica do poder judiciário, de apaziguar aspelejas, é chamada de FUNÇÃO JURISDICIONAL. Estaatuação é sempre norteada pela lei, mas em casosem que a lei for omissa, pode o poder judiciário, criaro direito, ao decidir de forma análoga um caso. Por-tanto, como etapa final de integração legal, a funçãojurisdicional pode ir além da simples aplicabilidade dasleis, pode suprir as lacunas da lei.A função jurisdicional possui alguns princípios, sãoeles:

· Substitutividade – é a substituição estatal a idéiado particular promover justiça com as próprias mãos,evitando a luta direta das partes envolvidas no litígio;· Inércia – é a qualidade de ação do poder judiciáriosomente mediante provocação, pois o direito não aten-de aqueles que dormem, o conflito deve ser levado aouniverso jurídico para que a justiça possa se envolvernele;· Indeclinabilidade – é a impossibilidade do juiz dese esquivar do julgamento, da apreciação do caso,pois mesmo na ausência de lei a justiça deve decidir;· Investidura – somente o magistrado no exercícioregular de suas funções pode julgar, não pode ser ou-torgada para outra pessoa ou poder a função de jul-gar;· Inafastabilidade – é a impossibilidade da lei deretirar da esfera de apreciação do poder judiciário qual-

quer lesão ou ameaça a direito, no Brasil vigora o prin-cípio da jurisdição única, somente o poder judiciáriotem inalteradas suas decisões, o mesmo não ocorrecom as decisões administrativas. Uma decisão admi-nistrativa da qual não caiba mais recurso administrati-vo poderá ser levada a justiça, enquanto que uma de-cisão judicial da qual não caiba recurso judicial, nãopoderá ser alterada em nenhum outro poder;· Juiz Natural – somente a autoridade competentepoderá dirimir as lides, isto é, causas trabalhistas,somente podem ser levadas a justiça trabalhista;· Devido Processo Legal – é a garantia a todo pro-cesso do contraditório e da ampla defesa, ou seja, nomínimo um duplo grau de jurisdição deverá ser obser-vado nas causas judiciais, cabendo, via de regra, aoslitigantes, recursos e meios de defesa de decisõesque julguem arbitrárias.

1 Este tópico foi pedido no último concurso de AFPS (2003)

Page 111: Noções de Direito Constitucional

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

SuperiorTribunal

de Justiça

SuperiorTribunalMilitar

Tribunal

do TrabalhoSuperior

Tribunal

EleitoralSuperior

TribunalRegionalFederal

TribunalRegional

Militar

TribunalRegional do

Trabalho

TribunalRegionalEleitoral

JuízesFederais

JuízesEstaduais

JuízesTrabalhistas

JuízesEleitorais

JustiçaFederal

JustiçaEstadual

Tribunalde Justiça

JuízesMilitares

Justiça Comum Justiça Especial

ORGANOGRAMA DO PODER JUDICIÁRIO

1ªinstância

2ªinstância

3ªinstância

QUADRO SINÓTICO DO CAPÍTULO

Page 112: Noções de Direito Constitucional

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

01. Identifique a alternativa que contém órgãosnão pertencentes ao Poder Judiciário:a) Supremo Tribunal Federal; Superior Tribunal de Jus-tiça.b) Tribunais Regionais Federais; Juízes Federais.c) Tribunais e Juízes do Trabalho; Tribunais e JuízesEleitorais.d) Tribunal de Contas da União e Tribunais de Impos-tos e Taxas estaduais.e) Tribunais e Juízes Militares; Tribunais e Juízes dosEstados e do Distrito Federal e Territórios.

02. Diz o art. 93, IX que “todos os julgamentosdos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, efundamentadas todas as decisões, sob pena denulidade, podendo a lei, se o interesse público oexigir, limitar a presença, em determinados atos,às próprias partes e a seus advogados, ou somen-te a estes”. Na redação deste dispositivo estãopresentes pelo menos dois princípios importan-tes. Assinale a alternativa que os contém.a) princípio da publicidade e princípio da motivação.b) princípio da julgabilidade e princípio da preponde-rância do interesse público sobre o particular.c) princípio do devido processo legal e princípio docontraditório.d) princípio do processo em segredo de justiça e prin-cípio do respeito à privacidade.e) princípio da nulidade processual e princípio do inte-resse público.

03. Assinale a alternativa que não contém garan-tia constitucional assegurada aos juízes:a) vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquiri-da após dois anos de exercício, dependendo a perdado cargo, nesse período, de deliberação do tribunal aque o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, desentença judicial transitada em julgado.b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse públi-co, na forma do art. 93, VIII.c) imunidade tributária em relação ao imposto sobre arenda.d) irredutibilidade de vencimentos.e) nenhuma das anteriores.

04. Aos juízes é permitido:a) exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargoou função.b) receber, a qualquer título ou pretexto, custas emprocesso.c) receber, a qualquer título ou pretexto, participaçãoem processo.d) exercer uma e apenas uma função de magistério.e) dedicar-se à atividade político-partidária.

05. Os tribunais poderão declarar a inconstitucio-nalidade de lei ou ato normativo do Poder Público:a) pelo voto da maioria relativa de seus membros oudos membros do respectivo órgão especial.b) pelo voto da maioria simples de seus membros oudos membros do respectivo órgão especial.c) pelo voto da maioria absoluta de seus membros, sea decisão for contra lei federal, e pelo voto da maioriasimples de seus membros, se for contra lei estadualou municipal.d) apenas mediante recurso extraordinário fundamen-tado, denegado na instância especial.e) somente pelo voto da maioria absoluta de seus mem-bros ou dos membros do respectivo órgão especial.

06. Assinale a alternativa correta:a) a União e os Estados criarão juizados especiais,providos por juízes togados, ou togados e leigos, com-petentes para a conciliação, o julgamento e a execu-ção das causas cíveis mais complexas e infraçõescom maior potencial ofensivo, mediante os procedi-mentos oral e sumaríssimo.b) a União e os Estados criarão justiça de paz, remu-nerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto dire-to, universal e secreto, com mandato de quatro anose competência para, na forma da lei, celebrar casa-mentos, verificar, de ofício ou em face da impugnaçãoapresentada, o processo de habilitação e exercer atri-buições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, alémde outras previstas na legislação.c) os pagamentos devidos pela Fazenda Federal, Es-tadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciá-ria, far-se-ão unicamente na ordem de apresentaçãodos precatórios, inclusive quanto aos créditos de na-tureza alimentícia, mesmo que a família passe fome.d) nas dotações orçamentárias e nos créditos adicio-nais abertos para efetuar os pagamentos devidos pelaFazenda Federal, Estadual ou Municipal, dever-se-áefetuar expressamente a designação de casos e pes-soas que, por indicação do Chefe do Executivo ou demembros do Legislativo, terão prioridade em relação àordem cronológica de apresentação dos precatórios.e) é proibida a inclusão, no orçamento das entidadesde direito público, da verba necessária ao pagamentode seus débitos constantes de precatórios judiciais,devendo o pagamento ser efetuado imediatamente,assim que a sentença desfavorável à Fazenda for pro-ferida, mediante a abertura de créditos adicionais.

07. Não é competência do Supremo Tribunal Fe-deral:a) processar e julgar, originariamente, a ação diretade constitucionalidade de lei ou ato normativo federalou estadual e a ação declaratória de constitucionali-dade de lei ou ato normativo federal.b) processar e julgar, originariamente, nas infraçõespenais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seuspróprios Ministros e o Procurador-Geral da República.

Page 113: Noções de Direito Constitucional

c) processar e julgar, originariamente, o litígio entreEstado estrangeiro ou organismo internacional e aUnião, o Estado, o Distrito Federal ou o Território.d) julgar, mediante recurso extraordinário, as causasdecididas em única ou última instância, quando a de-cisão recorrida contrariar dispositivo da Constituição,declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei fede-ral, ou julgar válida lei ou ato de governo local contes-tado em face da Constituição.e) apreciar as contas prestadas anualmente pelo Pre-sidente da República, mediante parecer prévio quedeverá ser elaborado em sessenta dias a contar deseu recebimento, e fiscalizar a aplicação de quais-quer recursos repassados pela União mediante con-vênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congê-neres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município.

08. É falso afirmar que:a) o Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, nomínimo, trinta e três Ministros, ao passo que os Tribu-nais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo,sete juízes.b) compete ao Superior Tribunal de Justiça processare julgar, originariamente, nos crimes comuns, os Go-vernadores dos Estados e do Distrito Federal.c) a Justiça Eleitoral é órgão competente para proces-sar e julgar os crimes militares definidos em lei.d) compete ao Superior Tribunal de Justiça processare julgar, em recurso ordinário, os habeas corpus e osmandados de segurança decididos em única ou últi-ma instância pelos Tribunais Regionais Federais oupelos Tribunais dos Estados, do Distrito Federal eTerritórios, quando denegatória a decisão.e) compete ao Superior Tribunal de Justiça processare julgar, em recurso especial, as causas decididasem única ou última instância pelos Tribunais Regio-nais Federais ou pelos Tribunais dos Estados, do Dis-trito Federal e Territórios, quando a decisão recorridacontrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigên-cia.

09. Compete aos Tribunais Regionais Federais:a) conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivosentre trabalhadores e empregadores.b) processar e julgar os crimes militares definidos emlei.c) promover o inquérito civil e a ação civil pública, paraa proteção do patrimônio público e social, do meioambiente e de outros interesses difusos e coletivos.d) julgar, em grau de recurso, as causas decididaspelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exer-cício da competência federal de sua jurisdição.e) processar e julgar a ação de impugnação de man-dato eletivo, instruída com provas de abuso do podereconômico, corrupção ou fraude.

10. Segundo o texto constitucional:a) as causas em que a União for autora serão afora-das todas no Distrito Federal, devendo o acusado para

lá se deslocar, a fim de se defender.b) as causas intentadas contra a União somente po-derão ser aforadas no Distrito Federal, devendo o au-tor para lá se deslocar, a fim de iniciar o processo.c) as causas intentadas contra a União deverão seraforadas nas capitais dos Estados-membros, junto aosTribunais Regionais Federais, o que de certa formabeneficia o autor, que não precisará se deslocar até oDistrito Federal, e sim, apenas até a capital de seuEstado, que se supõe estar mais próxima.d) compete aos juízes federais processar e julgar ascausas em que a União, entidade autárquica ou em-presa pública federal forem interessadas na condiçãode autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto asde falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitasà Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho, sendo queas causas em que a União for autora serão aforadasna seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte,e as causas intentadas contra a União poderão seraforadas na seção judiciária em que for domiciliado oautor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato quedeu origem à demanda ou onde esteja situada a coi-sa, ou, ainda, no Distrito Federal.e) a União não poderá figurar como ré em processojudicial, uma vez que os bens da União são indisponí-veis, mas poderá figurar como autora, hipótese na qualfar-se-á o aforamento na seção judiciária em que aoutra parte tiver domicílio, o que a beneficia, pois nãoprecisará se deslocar até o Distrito Federal

11. Analise as proposições seguintes, e a seguirassinale a alternativa correta:I - Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar osdissídios individuais e coletivos entre trabalhadores eempregadores.II - Frustrada a negociação coletiva, as partes poderãoeleger árbitros.III - Recusando-se qualquer das partes à negociaçãoou à arbitragem, é facultado aos respectivos sindica-tos ajuizar dissídio coletivo, podendo a Justiça do Tra-balho estabelecer normas e condições, respeitadasas disposições convencionais e legais mínimas deproteção ao trabalho.IV - A decisão proferida pelo Tribunal Superior do Tra-balho é irrecorrível, mesmo que fira matéria constitu-cional.a) todas as proposições são falsas.b) apenas I é falsa.c) apenas II é falsa.d) apenas III é falsa.e) apenas IV é falsa.

12. Não é função institucional do Ministério Pú-blico:a) representar a União, judicial e extrajudicialmente,diretamente ou através de órgão vinculado, bem comoprovidenciar consultoria e assessoria jurídica ao Po-der Executivo, nos termos da lei complementar, poistais tarefas cabem à Advocacia-Geral da União.

Page 114: Noções de Direito Constitucional

b) promover, privativamente, a ação penal pública, naforma da lei.c) zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos edos serviços de relevância pública aos direitos asse-gurados nesta Constituição, promovendo as medidasnecessárias a sua garantia.d) promover o inquérito civil e a ação civil pública, paraa proteção do patrimônio público e social, do meioambiente e de outros interesses difusos e coletivos.e) promover a ação de inconstitucionalidade ou repre-sentação para fins de intervenção da União e dos Es-tados, nos casos previstos nesta Constituição.

13. Com relação aos membros do Ministério Pú-blico, assinale a alternativa incorreta:a) gozam de vitaliciedade, após dois anos de exercí-cio, não podendo perder o cargo senão por sentençajudicial transitada em julgado.b) são inamovíveis, salvo por motivo de interesse pú-blico, mediante decisão do órgão colegiado compe-tente do Ministério Público, por voto de dois terços deseus membros, assegurada ampla defesa.c) têm irredutibilidade de vencimentos.d) não podem exercer qualquer outra função pública,mesmo que seja função de magistério.e) não podem receber, a qualquer título e sob qualquerpretexto, honorários, percentagens ou custas proces-suais; além disso, não podem exercer a advocacia etampouco participar de sociedade comercial, na for-ma da lei.

14. Não está de acordo com a Constituição a se-guinte afirmativa:a) a representação da União na execução de dívidaativa de natureza tributária cabe à Procuradoria-Geralda Fazenda Nacional.b) a presença do advogado nos processos judiciais éfacultativa, podendo qualquer autor particular represen-tar-se por si mesmo.c) a representação judicial dos Estados e do DistritoFederal, assim como a consultoria jurídica dessasunidades federadas cabe aos respectivos Procurado-res.d) a Defensoria Pública é instituição essencial à fun-ção jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orienta-ção jurídica e a defesa, em todos os graus, dos ne-cessitados, na forma do art. 5o, LXXIV.e) o advogado é indispensável à administração da jus-tiça, sendo inviolável por seus atos e manifestaçõesno exercício da profissão, nos limites da lei.

Gabarito

01. D 02. A 03. C 04. D 05. E06. B 07. E 08. C 09. D 10. D11. E 12. A 13. D 14. B