nº 53 | 6º ano maio/junho de 2005 tikvÁ iyar -sivan 5765 · inacreditáveis num país que...

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TIKVÁ BOLETIM INFORMATIVO DA COMUNIDADE ISRAELITA DE LISBOA Nº 53 | 6º Ano Maio/Junho de 2005 Iyar -Sivan 5765 Entrevista com DAVID GROSSMAN ISRAEL 57 anos de independência ISRAEL 57 anos de independência

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TIKVÁBOLETIM INFORMATIVO DA COMUNIDADE ISRAELITA DE LISBOA N º 5 3 | 6 º A n o

M a i o / J u n h o d e 2 0 0 5I y a r - S i v a n 5 7 6 5

Entrevista com DAVIDGROSSMAN

ISRAEL57 anos de independência

ISRAEL57 anos de independência

Uma edição recheadade informações!

Esta é o primeiro envio de uma ediçãodo nosso Boletim Tikva, desde que a suaperiodicidade de envio tornou-se bi-mestral no passado mês de Abril, alturaem que tivemos a oportunidade tambémde lançar o novo "lay-out" e apresenta-ção gráfica deste nosso tão querido in-formativo que já se encontra com muitoorgulho no seu 6º ano consecutivo depublicação.Como não poderia deixar de ser, umaedição bimestral naturalmente acabapor vir sempre mais carregada de infor-mações, notícias e curiosidades, princi-palmente quando esta edição calha comum período tão repleto de comemora-ções do nosso calendário judaico.As celebrações dos sedarim de Pessach,Yom Hashoá, Yom Hazikaron, YomHaatzmaut e Lag Baomer 5765 na CILsão alguns dos importantes momentosque esta edição de nº 53 do Tikvá vosirá contar. Mas há ainda muitos outrosfactos importantes e interessantes ocor-ridos na CIL e em todo o mundo a saber.Toda esta informação e entretenimentoque é sempre feito com carinho e muitoempenho para si, prezado leitor, quesempre nos acompanha e apoia com ovosso interesse e atenção. Esta edição que tem obviamente comotema central a alegria da comemoraçãodo 57º Aniversário da nossa querida Me-dinat Israel, que segue com passosfirmes e corajosos em busca de uma pazdefinitiva e duradoura para os seus fil-hos e nossos irmãos que lá vivem. Ficam aqui os nossos sinceros de que noseu 58º ano de independência, O Estadode Israel possa estar finalmente a viveralegre e intensamente a sua tão sonha-da, desejada e merecida PAZ!

Marcos PristDirector Executivo CIL

E D I T O R I A L m e n s a g e m d a d i r e c ç ã o

Israel, uma históriade sucesso

Celebramos neste número o 57º aniversário doEstado de Israel. Cinquenta e sete anos muitoduros, mas também de imensos sucessos, quaseinacreditáveis num país que nasceu, cresceu e semantém em estado de guerra quase permanente. Segundo os dados do Instituto Central de Estatís-ticas de Israel que divulgamos neste número, aretracção económica verificada a partir de 2000,consequência do guerra de terror imposta a Is-rael, inverteu-se começando a verificarem-se si-nais de recuperação e crescimento generalizado.Nesse sentido, o ano de 2004 foi um ano de vira-gem para a economia, particularmente na áreado turismo, reflectindo assim o declínio dos aten-tados terroristas e o optimismo no processo di-plomático. É de facto no plano diplomático que se verifica amudança mais espectacular: depois da Turquia,da China e da Índia, esses gigantes de amanhãcom quem Israel soube manter laços fortes, che-gou a vez das Nações Unidas elegerem, pela pri-meira vez em 53 anos, um representante de Is-rael, o embaixador Dan Guillerman para uma dasvice-presidências da Assembleia Geral, candida-tura essa apresentada (pasme-se!) pelo gruporegional da Europa ocidental e votada por unani-midade. Mas não é tudo: a seguir ao convite daTunísia, altamente simbólico tratando-se de umpaís do Magrebe, para visitar o país no próximooutono, é o próprio Jacques Chirac a convidarAriel Sharon a visitar Paris já antes do verão, nu-ma iniciativa no mínimo imprevisível.Estará a mudar a política de isolamento interna-cional a que Israel tem sido votado? É muito ce-do para o dizer. Em todo o caso, o desapareci-mento de Arafat, a mudança na relação de forçasno Médio-Oriente, com a queda de Saddam Hus-sein e o início da retirada da Síria do Líbano, e acorajosa decisão de Ariel Sharon de retirada daFaixa de Gaza, são factores que estão a mudar oMédio-Oriente e a imagem de Israel no mundo.Uma das grandes incógnitas é a forma como seprocessará a saída de Gaza: face à determinaçãode Sharon apoiado na maioria da população, es-peramos de todo o coração que ela se faça de for-ma o mais pacífica possível e que constitua umpasso decisivo para a paz.

Esther MucznikVice-Presidente

2 Tikvá 53 • Maio/Junho

FFIICCHHAA TTÉÉCCNNIICCAA Director Esther Mucznik Chefe deRedacção Marcos Prist Colaboradres Diana Ettner, FanySechter, Gabriel Steinhardt, Nuno Martins e Samuel LevyConcepção e produção gráfica Raimundo Santos

A Lei da Liberdade Religiosapermite que os trabalha-

dores das Comunidades Religio-sas têm o direito de suspender otrabalho no dia de descanso se-manal, nos dias de festividade enos períodos horários que sejamprescritos pela confissão religio-sa, desde que:

1. O solicitem pessoalmente2. Trabalharem em regime de

flexibilidade de horário3. Serem membros da CIL4. Haver compensação integral

do respectivo período de tra-balho

5. A CIL ter enviado a indicaçãodos referidos dias

Os alunos, membros da CIL, doensino público e privado podemser dispensados da frequênciadas aulas nas condições referi-das, desde que mantenham ascondições do normal aproveita-mento escolar. As provas esco-lares que coincidem com as datasfestivas podem ser prestadas emsegunda chamada, ou em novachamada, em dia em que se nãolevante a mesma objecção.

Nuno Wahnon Martins

SABIA QUE...

L E I D A L I B E R D A D E R E L I G I O S A

É com alegria quecomunicamos que aComunidade Israeli-ta de Lisboa rece-beu oficialmente nopassado dia 16 deJunho a confimaçãoda nossa inscriçãono Ficheiro Centralde Pessoas Colecti-vas Religiosas.

Fale-nos um pouco sobre asua família. De onde vieramos seus pais?O meu pai nasceu num pequenoshtelt na Polónia chamado Midino,um pequeno lugar perto de Shemi-sh e Lemberg, Lvov. Foi para Israelainda criança em 1936. A minhamãe nasceu em Israel, então Pa-lestina, nos anos 30. Os dois vivematé hoje em Jerusalém. Tenho umirmão que vive em Jerusalém esou casado com a Michal que épsicóloga e temos três filhos.

Algum parente seu faleceu noHolocausto?Como com todos os judeus emIsrael.

E directamente?Soube pelo meu avô materno queveio para Israel de Varsóvia. Eleveio quando era jovem, tinha 20anos. Ele estava a tentar escapar

para Israel e foi para a estação decomboios e quando estava aapanhar o comboio para a Palesti-na o seu pai disse-lhe "não cor-ras" e ele respondeu "quero serum pioneiro em Israel". O seu paificou muito zangado, ele era mui-to religioso e disse "se fores nun-ca mais nos vais ver outra vez".Ele foi e nunca mais os viu porqueo pai, a mãe e os seus dezasseisirmãos e irmãs foram mortos.Houve um meio-irmão do meu paique também faleceu. A minhamãe era sabra, já nasceu em Is-rael e o meu pai veio muito novo.Eu ainda tive avós o que era mui-to raro. Era a única criança naminha turma que tinha avós. Amaior parte dos meus amigos nãotinha, tinham falecido na Shoah.

Acha que Israel é importantepara os judeus na Diáspora?DG - Pensa o contrário? Penso

que Israel é muito importantepara os judeus na Diáspora. Nãogosto de pensar nisso, mas ima-gine o que seria a sua vida se Is-rael não existisse. Mesmo nãosendo religioso, peço a Deus pa-ra não permitir que aconteça al-guma coisa a Israel. Israel é im-portante e por isso deveria haveruma maior conexão entre Israele a Diáspora. Os judeus na Diá-spora deveriam ter uma atitudemuito realística e responsávelpara com a realidade de Israel.Sinto mais isso quando vou aosEUA e os judeus não gostam dapolítica do governo mas não acriticam e, através do seu silên-cio, encorajam o governo que vêaquele silêncio como apoio. Senão criticarem, apoiam tudo queo governo faz e eu sei que não éisso que pensam. Sei que muitosdeles, se não a maioria, nãoapoiam a política israelita desdeos últimos quinze, vinte anos. Is-rael não é apenas um símbolo euma ideia abstracta para os ju-deus na Diáspora, é um lugar on-de, talvez, queiram que os seusfilhos vivam. Pode ser um refúgiopara os judeus, e eles têm de sermais activos e mais preocupadossobre o que ai se passa. É claroque pode argumentar que elesnão têm o direito de criticarporque não vão pagar o preço dasua opinião, mas como eu disse,se ficam em silêncio estão aapoiar um lado na nossa política.

O que significa para si ser ju-deu?É muito importante para mim serjudeu. Não sou religioso, mas es-tudo a Bíblia todas as semanas.Há já quinze anos que frequentoum grupo todas as terças feiras,é o melhor dia da semana. Serjudeu é ter uma forma especialde observar o mundo e os outros.É uma cultura, uma linguagem, alíngua hebraica é muito impor-tante para mim. Um sentido de

R O S T O S D O J U D A Í S M O

4 Tikvá 53 • Maio/Junho

"Ser judeu é ter uma forma especial

de observar o mundo e os outros"

Entrevista com DAVID GROSSMANConduzida por NUNO W. MARTINS E CAMILA WELIKSON

humor especial, uma sensibilida-de especial para com os outros. Éfazer parte de uma sequência dehistória e tragédia mas tambémde bons momentos. Mas, ser ju-deu é, principalmente, ser um in-adaptado. Penso que ser judeu éisto, olhar para a realidade deuma certa distância. Fomossempre vistos pelos outros paísescomo um favor, como eleitos pa-ra alguma coisa. Eu desejo real-mente que sejamos capazes deultrapassar isto e ser parte da vi-da, da vida das outras pessoas.Somos tão especiais e seremossempre especiais e únicos, maseu quero ser especial como parteda vida, não na dimensão dos ri-tuais. Alguns de nós gostam, maseu penso que sofremos, somosamaldiçoados por sermosmaiores que a história, sermosum mito. Eu quero integrar-mena vida, na potencialidade deuma vida total. Isto só poderá seralcançado quando atingirmos apaz. Há uma oração de Shabat,em Mussaf, onde se diz: "EnuBingulenu", que significa "quenos plante numa fronteira". Euquero ser plantado na fronteira,quero estar integrado completa-mente. Nunca conseguimos terum lugar normal para viver, umEstado que nos fizesse sentir emcasa no Mundo e no nosso País.Não nos sentimos em casa e issotorna-se uma tragédia porque Is-rael foi idealizado para ser a casados Judeus. Não nos sentimos emcasa porque os outros semprereivindicaram a mesma Terra. Euquero sentir-me em casa em Is-rael. Quero que os meus filhos vi-vam aqui. Penso que é um raroprivilégio termos esta Terra, de-pois de tudo o que passámos epor todos as críticas que enfren-tamos, e que também criticamos,mas nunca esquecendo que esteé o lugar onde irei sempre viver.Eu quero que os meus filhos e ne-tos aqui vivam porque não temos

este milagre há quase dois milanos. E agora temos e estamos alutar para o manter, mas esta-mos a perder porque deposita-mos toda a nossa energia nesteconflito com os Palestinianos ecom a ocupação. Acabamos pornão pôr a energia necessária on-de a deveríamos colocar, ou seja,para construir uma sociedademelhor, que seja orientada paraos elementos mais fracos. Torná-mo-nos tão brutos e vulgarescom os mais fracos da nossa so-ciedade que acabamos por estarem contradição com o Judaísmo ecom todos os valores que criá-mos. Por isso se torna urgentepara mim esta luta pela paz. Nãoporque é bom para os Palestinia-nos, digo-o com franqueza. Sefosse bom para os Palestinianos eperigoso para Israel, abdicaria daPaz. Eu não fui abençoado comtoda essa generosidade, não souassim tão generoso. Mas acreditoque com a Paz, teremos a oportu-nidade de começar a viver a vidaque merecemos, todos os Judeusno seu país. Parte de ser Judeu,significa para mim sentir empatiapelo sofrimento dos outros e paracorrigir os males de onde viemos.Peço desculpa por este discurso,mas este tema deixa-meconstrangido.

Uma vez disse que primeiro éIsraelita, depois Judeu, Pai,Marido e só depois escritor.Porquê que o escritor vem nofim da lista?Bem, está sempre a mudar. Por

exemplo, agora sinto-me muitomais um Pai, porque a minhaf i lha contou-me algo muitoemocionante que lhe aconteceue, por isso, sou muito mais Paido que Judeu ou Israelita. Issodepende do dia em que me per-gunta. Mas não gosto de meconceder prioridades. Querosentir tudo simultaneamente.Quando durmo não sou um Ju-deu, mas um escritor, porqueestou muito alerta nos meussonhos. Tenho uma ideia, es-crevo na minha mão algumaspistas e, de manhã, eu olho,leio e tento descodificá-la eodeio-me por ser preguiçoso enão escrever correctamente.Mas sou todos eles.

Pensa que tem o poder parainfluenciar as pessoas?Não posso dizer que não. Não souvirgem como era há uns anosatrás, sei que as pessoas lêem ereagem aos meus livros. Escre-vem-me a dizer que mudou algu-ma coisa neles. Mas a maior mo-tivação é mudar-me a mim pró-prio. É uma motivação egocêntri-ca. Escrevo histórias e livros parame mudar, me desenvolver e pa-ra me conhecer e me expor maisaos outros. Quando escrevosobre as outras pessoas, permi-to-me ser invadido por essas pes-soas de uma forma que não opermitiria normalmente.

É possível fugir de Israel e doJudaísmo das suas histórias?Escrevi alguns livros mais ligei-ros. Escrevi muito sobre crian-ças, sobre a complexidade deser criança. Escrevi três ou qua-tro livros sobre temas juvenis.Mas existe sempre um Israelita eum Judeu e não quero fugir dis-to. É interessante, muito inter-essante ser Judeu e Israelita, é aminha vida. Devemos escreversobre a realidade que conhece-mos e percebemos.

David Grossman com Camila Welikson e Nuno W. Martins

Tikvá 53 • Maio/Junho 5

I S R A E L E M F O C O

G eorge Bush e Ariel Sharontinham a lição bem estudada.

As suas declarações e respostasaos meios de comunicação no fi-nal da cimeira de 11 de Abril, rea-lizada no rancho do presidenteamericano, não sendo totalmenteconcordantes, não revelaramqualquer clivagem. Destaque-seque ambos tiveram o cuidado denão mencionar o facto do regimede Abu Mazen estar à beira do co-lapso, embora a opinião de am-bos sobre este ponto seja total-mente coincidente. Em causaestá a histórica (porque Bushsempre se recusou a receber Ara-fat) visita do novo líder palesti-niano a Washington e o interessede Bush e de Sharon em ajudarAbu Mazen, o qual, no entanto,parece ser incapaz de controlarele próprio a situação.Mas segundo alguns observadores,a questão mais importante debati-da pelos dois líderes na cimeiranão foi sequer aflorada na confe-rência de imprensa: o que fazercom as eleições gerais legislativasna Palestina marcadas para 17 deJulho e cujo resultado pode por emperigo o futuro de Mahmoud Abbase do processo de paz?Segundo fontes americanas (cita-das por Debka File), os serviços se-cretos de ambos os países desco-briram, para seu próprio espanto,um plano das forças militares fiéis aAbbas de lançar na segunda meta-de de Junho, a partir de Gaza e daCisjordânia, uma grande ofensivade mísseis e morteiros sobre Israel.Se a iniciativa fosse do Hamas nãoseria de estranhar, mas porque seenvolvem os militares do Fatah edas Brigadas dos Mártires de al-Aq-sa neste tipo de iniciativa? Aparen-temente, o objectivo seria lançar o

caos na região, provocar umaeventual resposta de Israel e adiara realização das eleições gerais nadata prevista, contrariando a insis-tência dos E.UA. e da U.E. Ou seja,o próprio Fatah está ciente das fra-quezas de Abu Mazen e da possibi-lidade de sair das eleições geraisnuma situação de ainda maior fra-gilidade, pelo que tudo fará para asadiar até que sinta politicamentemais forte. Na origem de toda esta ebulição(ou fervura) estão os bons resulta-dos eleitorais do Hamas (fervor, emárabe) nas eleições municipais quedecorreram em Dezembro de 2004e em Maio de 2005 (28 municípios,

incluindo alguns da Cisjordânia -tais como Qalqilya - contra 50 doFatah). Tendo como origem a Ir-mandade Muçulmana, o Hamas(acrónimo de Harakat al-mugawa-ma al-islamiya, Movimento de Re-sistência Islâmica) combina o na-cionalismo palestiniano com o fun-damentalismo islâmico. Foi criadono final dos anos 80 pelo tristemen-te mediático xeque Ahmed Yassin(lembram-se dele? um velhinhosentado numa cadeira de rodas, devoz estridente, língua viperina ediscurso fanático?) que entretanto

morreu "de causa não natural", talcomo o seu sucessor, o médico Ab-del Aziz al-Rantisi; compreende-sepois que o actual líder do Hamas,que se pensa ser Khalid Meshal, di-rija aparentemente as operaçõesdo movimento a partir de Damas-co. Para Israel o Hamas é, essen-cialmente, um movimento terroris-ta implicado, nos últimos quatroanos, em inúmeros atentadosbombistas e disparos de mísseiscontra alvos civis. Para mais queadvoga a erradicação deste estado(a Declaração de Constituinte doHamas de 1988 fala explicitamenteem içar "o estandarte de Alá em to-dos os centímetros da Palestina"),opôs-se sempre a qualquer acordocom os israelianos ("As conversa-ções de paz são inúteis - disse Ran-tisi em Abril de 2004 - "Nós nãoacreditamos que possamos vivercom o inimigo") e não acatou as úl-timas tréguas, assinadas emSharm Al-Sheikh. Mas, para os pa-lestinianos, embora provavelmentenão se deixem encantar pela ideiade um estado islâmico fundamen-talista, o Hamas tem conotaçõesque transcendem o seu braço ar-mado, a brigada Izz al-Din al-Qas-sam: é uma organização que inves-te cerca de U$D 70 milhões por anoem serviços sociais em prol da po-pulação carenciada - escolas,creches, mesquitas, clínicas, insta-lações desportivas, bancos alimen-tares, caridade, etc.Para além disso, o sucesso do Ha-mas nas eleições municipais deve-se ao facto de nunca ter governado(boicotou as eleições anteriores de1996) e não estar por esse motivoligado à corrupção que reina no Fa-tah e ao seu insucesso em dar àpopulação melhores perspectivaseconómicas e sinais visíveis de

O FERVOR LEVANTA FERVURA

6 Tikvá 53 • Maio/Junho

avanços no processo da constitui-ção de um Estado Palestiniano. OHamas demonstrou também estarmelhor organizado, soube aprovei-tar a influência das estruturas fa-miliares tribais e apresentou candi-datos profissionais (engenheiros,médicos, advogados, etc.) diplo-mados por universidades no es-trangeiro que influenciaram positi-vamente uma população afectadapor índices de pobreza na casa dos50% e números de desempregoque, em algumas aldeias, chegama afectar 70% da força de trabalho.Recentemente, segundo o jornallondrino Al Quds al-Arabi, o pró-prio Mahmoud Abbas se terá ma-nifestado a favor do adiamentodas eleições legislativas de Julho,alegando, no entanto, problemastécnicos da comissão eleitoral. Po-rém, Abas tem vindo a desconcer-tar a todos (mesmo, como disse-mos, os seus próprios seguidorese apoiantes) e, apesar do eviden-te fracasso em alcançar os objec-tivos a que se propõe, nega-se aagir contra o braço armado do Ha-mas insistindo em que vai conse-guir transforma-lo num mero par-tido político e integrá-lo assim nasua Autoridade Palestiniana Entretanto, durante o mês de Maio,vários mísseis e morteiros foramdisparados de Gaza, deparandoprovisoriamente com uma relativafalta de reacção por parte de Is-rael, expectante do desenlace dascimeiras de Washington. O Hamasmanifestou repetidamente, por pa-lavras e por acções, não pretenderrenunciar à luta armada a favor dasua recente ofensiva política contraAbas e o Fatah, que é apenas com-plementar. Se conseguir conquis-tar a maioria ou uma posição mui-to forte nas próximas eleições le-gislativas, poderá estar de novoem causa o futuro do processo depaz no conflito israelo-palestiniano.Está que ferve! Gabriel Steinhardt

Macabi de Tel Aviv é campeão europeu de basquetebolMacabi de Tel Aviv é campeão europeu de basquetebol, depois de ter vencido no passado 8 de Maio na final, em Moscovo, os espanhóis do TAU Cerámica por um conclusivo 90-78. Este é o segundo título consecutivo alcançado pelo Macabi e a quarta vez que vence a Euroliga de basquetebol desde1978.Blogue A Rua da Judiaria de Nuno Guerreiro

Israelita recebe prémio de melhor actriz em Cannes

Pela primeira vez desde 1967 uma actriz (ou actor) israelita é premiadaem Cannes. Hanna Laslo ganhou o prémio de melhor actriz por sua actuação no filme israelita 'Ezor Jofshi' (Zona Livre). No 50º. Concurso da Eurovision, iniciado em Kiev no último sábado,com a presença do presidente ucraniano Viktor Yushchenko, Israelobteve o 6º. Lugar. A primeira colocação coube a Atenas, que irá sediar a próxima competição

na qual a israelita Shiri Maimón conquistou o direito de participar, devido à pontuação obtida com a canção "Ha sheket she nishar".

Supremo Tribunal Israelita diz que retirada de Gaza não é inconstitucionalRejeitadas petições dos colonos argumentando que o plano de Sharon era inconstitucional. O Supremo Tribunal de Israel rejeitou, ontem, que o plano de retirada de Gaza fosse inconstitucional, comoo tinham sugerido colonos que apresentaram a questão, considerando que a manobra não viola os direitos humanos fundamentais dos colonos. Após a aprovação do plano pelo Parlamento (Knesset) ter removido o último obstáculo político, a decisão doSupremo faz com que tenha fracassado a última possíveltentativa para evitar a retirada de modo legal. A ministra da Justiça, Tzipi Livni, afirmou desejar que esta decisão judicial ajudasse a diminuir possíveis reacções violentas dos colonos durante a operação de evacuação: "Espero que esta decisão torne absolutamente claro para ocolono individual que o plano vai em frente." (...) M.J.G. (Público, 10/06/05)

Tikvá 53 • Maio/Junho 7

I S R A E L E M F O C O

O Estado de Israel acaba decelebrar o 57º aniversário

da sua fundação. Acompanhandoe talvez acrescentando às cele-brações, foram recentementeapresentados dados do InstitutoCentral de Estatísticas de Israel(CBS). Publicados anualmentepor ocasião do dia da Indepen-dência, as estatísticas deste anoindicam que Israel está a crescere a desenvolver. Promoveu umaeconomia dinâmica, a populaçãoé altamente educada e em cres-cimento, e a sociedade civil é vi-brante e variada. Este resumoanalisará algumas das estatísti-cas mais recentes sobre a popu-lação e a economia de Israel, etecerá conclusões sobre o seu si-gnificado. Este ano, as dados da CBS ofere-cem um retrato equilibrado de Is-rael como uma sociedade urbanae desenvolvida, ao nível das suascongéneres no Ocidente. A popu-lação de Israel eleva-se actual-mente a aproximadamente 6,9milhões de habitantes. Destes, 5260 000 são Judeus. Outros 1350 000 são Árabes, que consti-tuem cerca de 20% da popula-

ção. Os restantes 290 000 estãoregistados como "outros", sendoa maioria constituída por imi-grantes cujo estatuto Judaicoainda não foi reconhecido. As es-tatísticas mostram que cerca de40% da população mundial ju-daica é actualmente residenteem Israel. Tal aumento relativa-mente a anos anteriores é emparte devido à corrente de assi-milação em comunidades Judai-cas na Diáspora, e em parte devi-do à imigração de Judeus.2 A imi-gração de Judeus tem sido umrecurso humano chave para Is-rael desde o seu estabelecimen-to, com mais de 3 milhões de Ju-deus que entraram em Israeldesde a fundação do Estado.Destes, aproximadamente 1milhão chegou desde a queda doComunismo no início da décadade 90, maioritariamente da ex-União Soviética. Só no ano pas-sado, 26 000 novos imigrantesinstalaram-se em Israel, 9 500dos quais da ex-URSS.3 No anopassado nasceram 149 000crianças. Os mais recentes números daCBS mostram que Israel é uma

sociedade altamente urbanizada.Quase metade dos residentes nopaís, vivem em cidades com maisde 100 000 habitantes. A cidadecom maior número de habitantesé a capital, Jerusalém, com 704900 residentes. Seguidamente,Tel Aviv com 371 000 habitantese Haifa que tem 269 300 habi-tantes.4 Em 1948, Tel Aviv era oúnico centro urbano com umapopulação acima dos 100 000:naquele tempo, tinha 248 500habitantes. Em conjunto com o desenvolvi-mento da população urbana eeducada de Israel, os dados daCBS mostram que a economiatransformou-se em anos re-centes. Reconhecido outrora pe-los sectores de agricultura e deindústria leve, a economia de Is-rael seguiu em anos recentes ou-tras economias ocidentais, trans-formando-se num sistema lidera-do pelo conhecimento e nele ba-seado. O país criou uma reputa-ção internacional como uma for-ça motriz na alta tecnologia, tele-comunicações e indústrias agro-tecnológicas.5 A economia de Is-rael mudou rapidamente nos últi-

ISRAEL AOS 57 ANOSINDICAÇÕES OPTIMISTAS

Posted by Nuno Guerreiro

8 Tikvá 53 • Maio/Junho

mos anos da década de 90, devi-do à imigração soviética e àspolíticas económicas liberais. Oano de 2000 realçou-se como umano de resultados sem prece-dentes, com o Produto NacionalBruto (PNB) per capita a ultra-passar aquele de países desen-volvidos ocidentais, incluindo Es-panha, Nova Zelânida, Portugal eGrécia. Naquele ano, a inflaçãoem Israel desceu até 0%.6

Desde então, os resultadoseconómicos de Israel retraíram-se, em parte devido ao desacela-ramento mundial na área da altatecnologia, e em parte devido àsituação relacionada com a se-gurança imposta ao país por or-ganizações terroristas palestinia-nas. No entanto, esta tendênciamelhorou a partir de 2003. In-teresse estrangeiro pelo merca-do bolsista privado tem estadoem ascendência desde o primei-ro trimestre de 2003, como temsido a participação de capital derisco estrangeiro no financia-mento de inicitivas em activi-dades económicas em Israel. O ano de 2004 foi um ano de vi-ragem para a economia em Is-rael, de acordo com a FederaçãoIsraelita de Câmaras de Comér-cio. O declínio do PNB em 2003 (-1%) foi invertido e o PNB cresceuem 2%7. Até agora, há indicaçõesde que a tendência de subida estáa continuar, com acréscimos par-

ticularmente elevados na área doturismo, reflectindo tanto o fortedeclínio de ataques terroristas e oambiente de optimismo renovadono processo diplomático8. O turismo atingiu o seu pontomais elevado no ano de 2000,com 2,7 milhões de turistas. De-pois de uma descida drástica nosanos subsequentes, a tendênciatem vindo a subir desde 2004 es-perando-se 1,7 milhões de visi-tantes durante o ano corrente9. As estatísticas mais recentes in-dicam que Israel resistiu com su-cesso à guerra de terror, lançadapelo recém falecido presidente daAutoridade Palestiniana YasserArafat em 2000. Apesar de sedestinar a debilitar o país, e obterassim concessões diplomáticasperigosas, os sinais de recupera-ção e crescimento generalizadosprovam que Israel frustrou as in-tenções daquela estratégia. Tudo quanto acima se afirma éprova da melhor e mais potenteresposta que Israel pode daràqueles que lhe desejam mal.Apesar das dramáticas previsõesdos seus inimigos, Israel aos 57anos é uma impressionantehistória de sucesso. Tendo-se de-senvolvido desde as suas raízescomo uma república maioritaria-mente agricultural, Israel é hojeuma componente integral aossectores mais desenvolvidos deeconomias baseadas no conheci-

mento do século XXI. Acolhendoe atraíndo o conhecimento, a tec-nologia, o capital e a informação,assim como recebendo turistasde todo o Mundo, Israel é deve-ras um participante activo no pal-co mundial.

BICOM Weekend Brief: Israel at 57:

optimistic indications

Tradução de Clara Kopejka Cassuto

__________

1. Ynetnews, "A população de Israel

atinge 6,9 milhões", 10.05.05,

www.yetnews.com

2. Ver www.jafi.org.il para mais infor-

mação sobre tendências da população

judaica no mundo.

3. Idem.

4. Ministério dos Negócios Estrangeiros

de Israel, "Dia da Independência de Is-

rael 2005", 11-12.05.05, www.mfa.gov.il

5. Ministério das Finanças de Israel, "A

economia de Israel numa rápida vista de

olhos", www.mof.gov.il

6. Idem.

7. Federação Israelita de Câmaras de

Comércio, "Economia Israelita - resumo

FICC 2004/2005", www.chamber.org.il

8. Idem.

9. Tom Tugend, "Com o Turismo para Is-

rael a reanimar, Oficial apela a não-Ju-

deus", Agência Telegáfica Judaica,

05.05.05, www.jta.org

*Segundo a data do calendário hebraico:

5 de Iyar de 5708 (14 de Maio de 1948)

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Tikvá 53 • Maio/Junho 9

N a Sinagoga Beth Shalom emHavana, a bandeira cubana

está ao lado da de Israel, apesardos dois países não manterem re-lações diplomáticas desde 1973Um busto de Jose Marti, um heróida independência cubana, encon-tra-se perto das velas acesas parao serviço de Shabat. O próprio Fi-del Castro visitou uma das três Si-nagogas da capital cubana em

1999, como sinal da liberdade re-ligiosa emergente no seu EstadoComunista.A dimensão da Comunidade Judai-ca de 15.000 pessoas caiu paracerca de 1.000 depois de a revolu-ção de Castro em 1959 ter decla-rado esta ilha do Caribe um Esta-do ateu. Actualmente há mais de900 pessoas em 403 famílias emHavana e algumas escassas deze-nas mais, nas províncias.Desde a conquista Espanhola queexiste em Cuba uma ComunidadeJudaica. Expulsos de Espanha pe-la Inquisição Católica, alguns ju-deus chegaram a tomar parte daexpedição de Cristóvão Colomboque descobriu o Novo Mundo.A imigração aumentou em finaisdo séc. XIX, com a chegada de ju-deus americanos depois da guerrahispano-americana, alguns em fu-ga dos progroms da Europa deLeste e outros das Índias Holan-desas. Mas depois da revolução deCastro, cerca de 90% dos judeusda ilha debandou.Jose Miller, presidente do

Conselho Comunitário Judaico(conhecido como o "Patronato")conta que os judeus eram conside-rados parte da classe média alta,cujas terras e bens foram expro-priados e nacionalizados pelo go-verno comunista.O Patronato tinha a sua sede naSinagoga Beth Shalom, a maiordas três em Havana.Com a revolução, "adoptou-se um

estilo de vida que não fa-vorecia em nada as práti-cas religiosas", diz Miller,um cirurgião reformadoque conta cerca de 80anos.No final dos anos 80, os

judeus que ficaram acre-ditavam não haver futuro, segun-do Miller, que chama a estes tem-pos, de "agonia". Mas em meadosdos anos 90 surgiu um novo espí-rito de abertura à religião e os fiéisforam voltando às igrejas e sina-gogas. Em 1999 Fidel Castro este-ve presente na Sinagoga Veladoem Havana, cidade onde ainda vi-ve a maioria dos judeus de Cuba.As bandeiras de Cuba e de Israelestão ambas desfraldadas hoje noPatronato.A ajuda dos Estados Unidos e doCanadá tem sido crucial para acomunidade, particularmente oB'nei Brith, a mais antiga das or-ganizações não-governamentaisjudaicas e a American Joint Distri-bution Commitee, o principal gru-po americano que presta auxílio agrupos judaicos fora dos EstadosUnidos. Graças a fundos estran-geiros, professores de religião deoutros países vieram também pa-ra Cuba, e a Sinagoga Shin Bethfoi totalmente renovada."Estamos agora numa situação emque podemos fortalecer este re-

nascimento e tentar garantir o nos-so futuro", disse Miller. O auxílio écrucial, num país onde as condi-ções do dia-a-dia são difíceis. To-dos os Sábados de manhã é servi-da no centro comunitário da sina-goga principal, uma refeição forne-cida pelas organizações internacio-nais. Há também uma farmácia es-pecial aprovisionada por judeus es-trangeiros que participam no esfor-ço organizado pelo B'nei Brith.Mensalmente chegam três equipasque ficam cada uma durante oitodias. Cada pessoa do grupo tem detrazer entre 6 e 10 Kg de medica-mentos, roupa ou comida.

HAVANA (AFP)

Tradução de Henrique Ettner

A C O N T E C E U N O M U N D O

10 Tikvá 53 • Maio/Junho

EEXPLOSÃO ALARMAASSOCIAÇÃO ISRAELITANA AARGENTINAA explosão de uma caldeira ocorrida

recentemente na sede da mutual judia

AMIA, em Buenos Aires, causou alar-

me e obrigou a um rápido esvazia-

mento do edifício, onde há quase 11

anos morreram 85 pessoas e outras

300 resultaram feridas no pior atenta-

do terrorista da história argentina. O

titular da Associação Mutual Israelita

Argentina (AMIA), Abraham Kaul, dis-

se à imprensa que a explosão de hoje

foi causada por "um vazamento de

gás. A sede da entidade foi novamen-

te construída, como um "bunker", de-

pois do ataque de 18 de Julho de

1994. O acidente aconteceu poucas

horas antes de uma visita da primeira-

dama e senadora Cristina Fernández

Kirchner, que regressava de uma via-

gem por Israel e territórios da Autori-

dade Nacional Palestina. AFP.

Fonte: Site Pletz

JUDEUS GOZAM DE NOVA LIBERDADESOB O REGIME DE FIDEL DE CASTRO

Bento XVI teve ontem o primeiro encontro com re-presentantes da comunidade judaica . O Papa Ben-

to XVI garantiu à comunidade judaica que a IgrejaCatólica vai continuar a lutar contra o anti-semitismo ea reflectir sobre as implicações morais e históricas doHolocausto, noticia a Reuters. O compromisso foi assu-mido na primeira audiência com uma delegação inter-nacional de alguns dos mais importantes represen-tantes da comunidade judaica vindos de Israel, dos Es-tados Unidos, da Europa e da América Latina. O Paparelembrou uma declaração histórica saída do ConcílioVaticano II (1962-1965) que condenava "as manifesta-ções de ódio, perseguição e anti-semitismo". JosephRatzinger, de 78 anos, chegou a fazer parte da Juven-tude Hitleriana quando tal era obrigatório, mas nuncafoi membro do partido nazi e a sua família opôs-se aoregime hitleriano. Bento XIV vai fazer uma viagemsimbólica à Alemanha durante Agosto. Falando em in-glês, o Papa disse aos 25 representantes judeus que

tenciona continuar o trabalho do seu antecessor, JoãoPaulo II. Karol Wojtyla foi o primeiro Papa a visitar umasinagoga e um campo de concentração nazi, reforçou asrelações diplomáticas com Israel e condenou repetida-mente o anti-semitismo como um pecado contra Deus."É minha intenção prosseguir este caminho", sublinhouontem Ratzinger. "Estou convencido de que o patrimó-nio espiritual acarinhado por cristãos e judeus é umafonte de inspiração capaz de nos guiar até um futuro deesperança", declarou ao grupo, acrescentando que nãoesquecer um passado doloroso é "um imperativo mo-ral" que deve incluir a reflexão contínua sobre asquestões históricas e teológicas colocadas pela expe-riência do Shoah [Holocausto]", disse. Segundo a AFP,a delegação era constituída por membros das diversascorrentes do judaísmo religioso e laico e foi encabeçadapelo rabi americano Israël Singer e pelo presidente doCongresso Judeu Mundial, Edgar Bronfman. (...)Público,10/06/05

M embros da “Association ofUniversity Teachers” (AUT)

decidiram suspender quaisquer li-gações com as Universidades deHaifa e Bar-Ilan consideradas cúm-plices de um sistema de “apartheid”relativamente a palestinianos.Durante a conferência, em East-bourne, a Universidade de Haifa foiacusada de maltratar o conferen-cista político Ilan Pappe por estedefender a investigação de um alu-no de pós-graduação sobre áreascontroversas da história de Israel. Por sua vez, a Universidade de Bar-Ilan foi acusada de auxiliar progra-mas de formação numa escola deum colonato da faixa ocidental.

Mais DiálogoSegundo Sue Blackwell, conferen-cista da Universidade de Birmin-gham, “a maioria dos académicosisraelitas serve nas reservas mili-tares do exército. Grande parteapoia a política estatal de re-pressão dos palestinianos ou nomínimo não se opõe”.Os delegados votaram a favor de um

maior diálogo com académicos Pa-lestinianos e suas uniões. Em contra-partida, votaram contra uma moçãoque visava estabelecer contactoscom um grupo chamado “União Is-raelita de Educação Superior”.A decisão dos conferencistas foicriticada por representantes dasDirecções de Universidades Britâ-nicas, a UUK.Segundo um porta-voz, “a UUKcondena a resolução da AUT, queé inimiga da liberdade académica,incluindo a liberdade da colabora-ção entre académicos”.

Processo perigoso.A “Academic Friends of Israel” daGrã-Bretanha disse que “o boico-te se baseou em informações fal-sas, impõe discriminação e vetode opiniões políticas e é um passoatrás no clima positivo que seestá a estabelecer na região. Étambém o início de um processoperigoso contra a doutrina da li-berdade académica e pode-se vi-rar contra a própria AUT”.Condenou também a forma como

se dificultou a divulgação de opi-niões pró-Israel. O Presidente dogrupo, Ronnie Fraser, disse: “Is-raelitas e Palestinianos conti-nuarão a cooperar, mesmo sem aAUT porque eles, que vivem a rea-lidade do Médio-Oriente, sabemque não têm outra alternativa. Seos fomentadores deste boicote ti-verem qualquer sucesso, ele ser-virá apenas para minar o progres-so, a colaboração e a paz no Mé-dio-Oriente e para marginalizar aposição da AUT e dos seus mem-bros na comunidade académica”.A Embaixada de Israel em Londresdisse que “As universidades Israe-litas são guias de liberdade acadé-mica, onde Judeus e Árabes estu-dam juntos. Estamos certos que oGoverno Britânico e as autori-dades universitárias Britânicastornarão claro que na educaçãosuperior Britânica não será tolera-da qualquer discriminação ou pre-conceito baseados em nacionali-dade, raça ou religião”.

Tradução de Henrique Ettner

ACADÉMICOS BRITÂNICOS BOICOTAMUNIVERSIDADES EM ISRAEL

PAPA COMPROMETE-SE A MANTER BOAS RELAÇÕES COM OS JUDEUSE A REFLECTIR SOBRE O HOLOCAUSTO

Tikvá 53 • Maio/Junho 11

Você se preparou para o Mr.Green ou já tinha conhecimen-to da cultura judaica?No Brasil há muitos judeus. Eu nãotenho nenhum parentesco com ju-deus, mas desde a adolescênciaque tenho tido muitos amigos ju-deus. Eu sou grande amigo da Ta-tiana Belink, que é uma mulher ex-traordinária de São Paulo. Ela dedi-cou-se ao teatro infantil não comoactriz, mas estudou teatro infantil,escreveu livros para crianças, ver-sos para crianças. Ela foi crítica deteatro durante muito tempo, éminha grande amiga até hoje edesde os 13, 14 anos de idade. Eusempre tive muitos amigos judeus.O mundo judaico não me é absolu-tamente alheio. Elias Canetti é, naminha opinião, um dos autoresmais extraordinários do nossotempo. Assim sendo, não preciseide me preparar para fazer o Green.As pessoas chegaram a perguntar-me seu eu fui à Hebraica, que é umclube Judaico de São Paulo, commilhares de sócios, para conversarcom judeus de maior idade. Não éverdade, nunca fui. Fui à Hebraica,até já me apresentei no teatro delá. Fui lá para perguntar onde po-dia comprar aquele xaile de oraçãoque eu não sabia onde encontrar,então, correu o boato de que eutinha ido fazer perguntas. Umasenhora perguntou-me: "É verda-de que o senhor passou seis mesesna hebraica?" (Risos). Isso nãoaconteceu. O resto foi mesmo oinstinto de actor.

Esse foi o seu primeiro perso-

nagem Judaico?Não, eu já tinha representado ocaixeiro viajante, de Arthur Miller,que era um judeu, mas nenhumque falasse especificamente sobreos judeus. O primeiro tipicamentejudeu que fiz foi esse.

Quais são as característicasmais positivas desses perso-nagens?São as características do ser hu-mano. Ele é um homem que a es-ta altura, por ter determinado aprópria solidão, não quer saber demais ninguém. Ele tornou-se insu-portável. É um velho insuportável,mas como todo o ser humano, temas suas fraquezas. E quando ele étocado no mais fundo pela outrapersonagem, a delicadeza dosseus sentimentos e das suas qua-lidades vêm, imediatamente, à to-na. Aí, ele torna-se uma persona-gem muito simpática. Mas inicial-

mente, ele é um velho terrível. Emrelação à peça, é muito interes-sante porque é contra qualquer fa-natismo. E ele não deixa de ser in-icialmente um homem fanatica-mente religioso. Depois, percebeque o fanatismo não faz bem paraninguém e que nós temos queaceitar as outras pessoas comaquilo que consideramos como er-ros e que para os outros, às vezes,não é erro nenhum.

Trabalhar com um actor Judeuajudou de alguma forma?O que ajudou foi a altíssima quali-dade de actor que o Dan é. Ele éum excelente actor e foi muitoagradável, e vai continuar sendomuito agradável, contracenar comele. Além de ser um óptimo cole-ga, apesar da diferença de idade,ainda nos tornámos amigos. Agente tem conversado tanto, ele éuma pessoa muito agradável. ODan é muito especial como actor,ele está naquela fase da carreiraem que a pessoa explode. Tudoque ele faz agora é sucesso, é omomento maravilhoso da pro-fissão em que tudo dá certo.

Sente alguma diferença entreo público português e o públi-co brasileiro?Riem nos mesmo pontos, emocio-nam-se nos mesmo pontos. Sóque aqui aplaudem muito mais.Na Europa inteira o aplauso é mui-to mais intenso e ainda existevaia. Eu nunca fui vaiado, graçasa Deus. No Brasil, ninguém vaiamais. Isso é horrível. Só os presi-

Entrevista com o actorPAULO AUTRANConduzida por NUNO W. MARTINS E CAMILA WELIKSON

E S P E C I A L

12 Tikvá 53 • Maio/Junho

dentes, os ministros são vaiadosde vez em quando. Mas o públicotem que manifestar o que eleachou. Se não gostou, tem todo odireito de vaiar. No Brasil, acaboua peça, se gostou muito, pouco ounada, as pessoas se levantam eaplaudem. Ficou um hábito. Sóaplaudem levantando. Aqui na Eu-ropa, não. Só se levantam quandoefectivamente gostam muito doespectáculo, é uma diferença.

Podia falar como é que prati-cou a expressão corporal dopersonagem na hora de abrir aporta, durante a peça.Quando a gente ensaiava, não ha-via o degrau. Dois ou três diasantes da estreia, surgiu o degrau.Na primeira vez, eu pensei: "Achoque um velho de mais de oitentaanos deve hesitar um pouco nessedegrau. Eu só tinha esquecidoquantas vezes na peça ele tinhaque subir. Acabou por virar umamarca do personagem.

Qual é a reacção dos Judeusque assistem ao Visitando Mr.Green?É muito interessante porque todosos judeus que assistiram á peçaem São Paulo foram falar comigome disseram que eu estava idênti-co, conforme a idade, ao pai, aoavô, ao tio. Uma senhora com so-taque alemão fortíssimo disse queeu falava igualzinho ao marido de-la. Por exemplo, aquela sacola deplástico que eu dobro no meio dapeça, eu criei isso um dia, ocasio-nalmente quando sobrou uma em

cima da mesa e então resolvi do-brar aquilo. Disseram-me: "Isso osenhor notou, não é possível. Osenhor copiou de algum Judeuporque todos os velhinhos Judeusfazem isso". É por acaso, inteira-mente por acaso. Nunca ninguémtinha me dito para dizer uma fra-se. Aqui em Portugal foi a primei-ra vez. Mas já me disseram antes,durante um ensaio, um amigo Ju-deu disse para não dizer a palavraDeus. Tinha uma frase que eu di-zia meu Deus e ele disse que osJudeus, em geral, não se referemao nome de Deus, a não ser emoração. Aí eu tirei. Hoje, nem melembro mais onde era a frase noespectáculo.

Acha que a peça pode ser pejo-rativa ao povo Judeu?Absolutamente, não. O autor é Ju-deu. Ele brinca com estes concei-tos de que o Judeu é económico,pão duro. Ele se espanta da filhater telefonado de tão longe porqueé tão caro telefonema interurba-no. Mas não acho que isso sejaofensivo, é engraçado. Em geral,os Judeus riem disso. Em Portu-gal, que quase não tem judeus, aspessoas não riem de nenhumapiada judaica. Quando eu façouma piada sobre o facto dos Ju-deus serem pão duro, em SãoPaulo é uma gargalhada e aquinão. Porque eles não sabem nadaa respeito disso. Nada, nada, na-da. Aí, a gente sente falta. Masnão é o público que é diferente.São as piadas que não estão ao al-cance do público português.

Duas personagens encon-tram-se por acaso: um velhojudeu rezingão, que vive so-zinho é atropelado pelo jo-vem, também judeu, RossGardiner. O condutor é obri-gado pela justiça a prestarserviços comunitários, visi-tando o idoso uma vez porsemana. Escrita em 1996por Jeff Baron, e desdeentão estreada com sucessoem variados palcos interna-cionais, esta peça dá umaamostra do que a incom-preensão e o preconceitopodem provocar num rela-cionamento familiar. Comé-dia hilariante e drama densonuma história só, vivida nopalco por Dan Stulbach ePaulo Autran (cuja interpre-tação foi distinguida comvários prémios no Brasil)grandes actores brasileirosque deram vida a duas per-sonagens fascinantes. A pe-ça já foi vista por mais de200 mil pessoas e tevegrande êxito de públicotambém em Portugal ondeas apresentações ocorreramdurante quase um mês in-teiro (Maio) entre o Porto eLisboa. Também dentro danossa CIL a repercussãodesta peça foi bem significa-tiva, com dezenas de mem-bros da nossa Comunidadea assistirem e admiraremeste belo espectáculo.

“Visitando Mr. Green”

Tikvá 53 • Maio/Junho 13

No Teatro Tivoli com o actor Dan Stulbach

F oi com grande alegria que seinaugurou no passado dia 28

de Abril na Sinagoga ShaaréTikvá, a nova biblioteca da Co-munidade Israelita de Lisboa. Porsugestão do ex-Presidente da CIL- Dr. Samuel Levy, o espaçoprestará uma homenagem ao fa-lecido Dr. Elias Baruel - Z´L,adoptando o nome "HA SIFRIA" -BIBLIOTECA ELIAS BARUEL. De-pois da colocação da Mezuzá porJoseph Lustigman sob a direcçãodo Rabino Boaz, dezenas de pes-soas encheram o novo espaçopara assistir a uma interessantepalestra sobre as "Aventuras edesventuras de um Sefer Thorános Açores", brilhantemente pro-

ferida pelo nosso querido amigoInácio Steinhardt. No final, ClaraKopejka Cassuto, neta do Dr.

Elias Baruel, agradeceu em nomeda família a homenagem presta-da a seu avô.

A C O N T E C E U N A C I L

Inaugurada a Biblioteca ELIAS BARUEL

14 Tikvá 53 • Maio/Junho

É digno de todo o destaquee respeito o trabalho que

alguns voluntários têm realiza-do nestes últimos dois mesesna nossa Comunidade. O pri-meiro deles, sem dúvida umaverdadeira Mitzvá que honra amemória daqueles que ali seencontram enterrados, foi alimpeza do antigo Cemitério daEstrela, realizada no dia 15 deMaio com a coordenação donosso Rabino Boaz Pash.

Não menos nobre e importanteé o trabalho de limpeza e orga-nização de antigos documentosna sede do Centro Israelita(Rua Rosa Araújo) iniciadotambém no mês de Maio sob acoordenação de Sónia Bern-feld, membro da direcção daCIL.O nosso muito obrigado e umsincero KOL HAKAVOD a todosos que colaboram com estasnobres iniciativas!

Grupos de voluntários fazem importantes trabalhos na CIL

Inácio Steinhardt

Acto de Yom Hashoá A Cil realizou no início do mês de Maio na Sinagoga, o tradi-cional acto de Yom Hashoá em memória e homenagem às ví-timas do Holocausto. Jovens e crianças participaram no actoatravés da leitura de textos alusivos à tristeza da Shoá (Holo-causto) à bravura e orgulho da Tkumá (Levante e a revolta) eà continuidade do nosso povo até aos dias de hoje. O acto en-cerrou-se com o tradicional acendimento das 6 velas emmemória das 6 milhões de vidas judaicas assassinadas duran-te a 2ª Guerra Mundial e com o Coro Etz Chaim da CIl a en-toar a canção "Eli Eli" com o acompanhamento de todos os

presentes, entre as quais o Embaixador de Israel - Aaron Ram e o Cônsul Yacov Zacharia.Logo seguir ao acto, teve lugar o depoimento da Sra. Zina Lieberman - sobrevivente doHolocausto - que apresentou o seu testemunho perante os presentes.

A Comunidade Israelita deLisboa em conjunto com a

Embaixada de Israel em Portu-gal, realizaram no passado dia10 de Maio, a tradicional Cerimó-nia de Yom Hazikaron, em home-nagem a todos os soldados caí-dos em defesa do Estado de Is-rael e vítimas dos atentados ter-roristas. O evento foi realizadona Biblioteca Elias Baruel, queencheu para assistir a estesempre comovente acto solene.Para além dos belos textos, vídeoe mensagens, o programacontou com a apresentação doCoro Etz Chaim da CIL que inter-

pretou a canção "Há MilchamáHachrona" - regido por MarcosPrist e com a participação espe-cial da cantora israelita - Inbal

Aron - que emocionou a todoscom as canções "Choref 73" ("In-verno 73") e "Le Orech Hayam"("Pelo caminho do mar").

Cerimónia de YOM HAZIKARON na CIL

Embaixador de IsraelSr. Aaron Ram e sua esposa Sra. Edna Ram (E)

Em baixo: Cantora israelita Inbal Aron

Tikvá 53 • Maio/Junho 15

A C O N T E C E U N A C I L

A CIL comemorou com mui-ta alegria, música e uma

deliciosa comida típica - " fala-fel" - os 57 anos de indepen-dência do Estado de Israel. O

evento foi realizado na sede doMaccabi Country Club numaagradável tarde de domingo, nopassado d ia 15 de Maio econtou com a presença de cer-

ca de 80 pessoas, entre asquais a Primeira Conselheira daEmbaixada - Sra. Irit Savion,em representação do Embaixa-dor de Israel.

Festa de YOMHAATZMAUTna CIL

Direcção da CIL reúne-se com importantes autoridades

A pedido da Direcção da CIL José Oulman Carp eEsther Mucznik, respectivamente presidente e vi-ce-presidente da comunidade foram recebidos emduas importantes audiências, que ocorreram no fi-nal do mês de Abril com o Ministro das Finanças -Dr. Luís Campos e Cunha e no início de Maio como Primeiro Ministro - Eng. José Sócrates, a fim deapresentarem cumprimentos e tratar de assuntosde interesse da nossa Comunidade.

16 Tikvá 53 • Maio/Junho

Presidente da CIL - José Oulman Carp

A CIL celebrou a Festa dePessach deste ano com a

realização de 2 sedarim. O pri-meiro seder realizado na Sina-goga, contou com a presençade 40 pessoas. O segundo se-der e o evento principal da CILnesta ocasião, teve novamentelugar nas belas e confortáveisinstalações do Hotel Altis emLisboa e contou com a significa-tiva presença de 100 pessoas,repetindo assim o sucesso doano anterior.Ambos os sedarim decorreramnum ambiente muito alegre efamiliar como manda a tradiçãoe foram devidamente conduzi-dos pelo Rabino Boaz Pash,com a activa participação de to-dos os presentes, seja nos ri-tuais mais tradicionais, nasbênçãos, nas canções ou nosempre agradável momento do"Shulchan Aruch", quando to-

dos puderam saborear o jantarfeito com muito carinho e dedi-cação, para esta milenar e tãosagrada noite da nossa vida ju-daica. Vale lembrar entretanto, quecongregar cerca de 150 pes-soas, com um jantar "casher lepessach" digno, um espaço ade-quado e confortável e hagadotde fácil compreensão para quetodos pudessem acompanhar oseder de forma activa e agradá-vel, continua a ser um grandedesafio para a nossa Comunida-de, desafio este que, no entan-to, foi novamente conseguidograças ao apoio e ao grande es-forço de um grupo de pessoas,às quais manifesto, em nome detoda a CIL, a minha mais pro-funda gratidão. Estou certo queestas pessoas não se importamde não serem citadas nominal-mente, pois sabem da impor-

tância fulcral que tiveram nestagrande realização.Esperamos sinceramente queeste espírito de dedicação e defraternidade continue a crescerno dia a dia da nossa Comuni-dade e que possa estender-se atodos os momentos, festivos etambém os mais difíceis e queem 5766 tenhamos um Sederde Pessach com a "nossa famí-lia" ainda muito maior.

Marcos Prist

Director Executivo CIL

Pessach 5765 na CIL

No final do mês de Maio foirealizada na nossa Sinago-

ga a comemoração da Festa deLag Baomer da CIL. Após umainteressante palestra, acom-panhada de audição musical,sobre o "Estudo da Música Ca-balista", dirigida pelo Rabino

Boaz Pash, o evento seguiucom um serviço de Arbit e Sefi-rat Haomer , fechando com atradicional fogueira e um deli-cioso churrasco, momento esteque decorreu num ambientemuito agradável e fami l iarentre os presentes.

CIL comemora oLAG BAOMER 5765

Tikvá 53 • Maio/Junho 17

No dia 4 de Maio celebrou-se na sina-goga o Yom Ha Shoah. Cabe também recordarque nas semanas anteriores se celebraram vá-rias cerimónias relativas aos campos de concen-tração, uma para Auschwitz, outras nem melembro exactamente para quais campos, mas fo-ram várias em diferentes países. Por mais quedesejemos não esquecer os acontecimentos, eufico perplexo perante todas essas cerimónias queme colocam várias perguntas.

A minha primeira interrogação é a seguinte: nãoproibiram os nossos sábios multiplicar os dias deluto? O calendário não terá suficiente número dedias para comemorar todos os crimes contra onosso povo em varias épocas da história? Nonosso calendário litúrgico, temos Tishá be Av co-mo dia para chorar. Nesse dia concentram-se osgrandes desastres do povo judeu. Não sei se as-sim foi exactamente a realidade histórica, mas ébem conveniente lembrar tudo num só dia: O pe-cado dos exploradores, a destruição do primeirotemplo, a do segundo, o decreto de expulsão deEspanha. Deixámos de incluir nesses choros ashoah e todas outras perdas de vidas humanasnas guerras.

Ainda que aceitando o dever de memória, aminha segunda interrogação será: o que é quepretendemos fazer? A mesma coisa que os"goim"? Parece-me que compete perfeitamenteaos órgãos da comunicação social de cada paislembrar o que foi a sua história, e em que actosanti-semitas eles estiveram envolvidos. Parece-me que o nosso dever é diferente. Porque sabe-

mos que na nossa História as coisas não mu-dam e que sempre tivemos inimigos prontos pa-ra nos exterminar. O que nós devemos recordaré que, mais uma vez, o plano não resultou. Pa-rece-me que hoje devemos, antes de tudo, dargraças pela salvação dos sobreviventes. É o quefazemos em Purim: A lembrança daquele episó-dio é para festejar a salvação do povo judeu. Namesma forma, em Pessah, lembramos a liberta-ção e não a escravidão.

E finalmente a minha última interrogação é:para nós, Ibéricos, existe um outro aconteci-mento, similarmente triste, mas do qual menosse fala. Estou a pensar na Inquisição. As fo-gueiras foram tão temíveis como os fornos.Será menos de moda, ou politicamente menoscorrecto? Que tal vale celebrar a Shoah e nãoter um dia para a Inquisição? Insistir para oensino do primeiro nas escolas, e não falar dooutro? Os dois acontecimentos são do mesmotamanho. Será que o dever de memória existemais para um do que para o outro? E sobretu-do na Península Ibérica?

Com certeza, estas opiniões são discutíveis, enão vão agradar a todos. Mas é o que eu since-ramente sinto e queria expor.

Alain Hayat

[email protected]

Resposta de Esther Mucznik

Caro Alain

Obrigada, em primeiro lugar, por expressarespor escrito as tuas opiniões. Quando a tendênciamajoritária das pessoas é de calar o seu pensa-mento, por inércia, por receio ou simplesmentepreguiça, é de salientar a tua atitude sempre po-sitiva e, neste caso, de coragem também.

Dito isto não concordo, nem compreendo a tua"perplexidade" relativamente à comemoração doYom Hashoah na nossa sinagoga.

M O M E N T O D E R E F L E X Ã O

SHOAH ?

18 Tikvá 53 • Maio/Junho

Em primeiro lugar, como todos sabemos, a co-memoração do Yom HaShoah não é uma iniciati-va própria da nossa sinagoga, mas sim de todo omundo judaico. Apesar de não fazer parte do ca-lendário litúrgico, é uma comemoração institu-cionalizada, tendo-se tornado parte do calendá-rio judaico, tal como o Yom Hazicaron, ou o YomHa'Atzmaut.

Em segundo lugar, tal como dizes, todos os diasdo ano não chegariam para lembrar todos oscrimes cometidos ao longo da história contra onosso povo. Mas sem querer estabelecer umahierarquia nesses crimes, a verdade é que aShoah pelas suas consequências merece ser co-memorado. Será preciso lembrar que um terçodo judaísmo mundial foi assassinado? Que doisterços do judaísmo europeu desapareceu parasempre, enterrando com ele uma cultura, umalíngua, um modo de vida, em suma, o mundoasquenazi? Ao lembrarmos a Shoah, não esta-mos a fazer como os "goim", como dizes, masapenas a tentar evitar uma segunda morte atra-vés do esquecimento.

Em terceiro lugar, porquê a Shoah e não a In-quisição, perguntas tu, ainda para mais sendo"Ibéricos"? Não vou entrar nessa discussãoporque rejeito essa perspectiva de concorrên-cia das vítimas (o que foi pior, as fogueiras ouos fornos crematórios?!), para mais sendo nóstodos do mesmo povo. Nesse sentido, não im-porta se estamos na Península Ibérica ou naPolónia, somos um só e mesmo povo, res-ponsáveis uns pelos outros, como toda a nossahistória nos ensina.

Já agora aproveito para lembrar que por ocasiãodo centenário da sinagoga descerrámos duas lá-pides em memória dos mártires e vítimas da In-quisição e outra em memória dos seis milhões dejudeus assassinados durante o Holocausto.

Finalmente, quando comemoramos o Yom Ha-Shoah, fazemos mais do que chorar os mortos:celebramos a continuidade e a sobrevivênciado nosso povo, através da criação do seu Es-tado que comemoramos uns dias depois. Porisso damos graças não só pela salvação dos so-breviventes, como pela salvação colectiva dopovo judeu.

A busca do saber pelo saber, um amorquase fanático pela justiça e o afã daindependência pessoal são traços fun-damentais da tradição judaica que mefazem dar graças ao meu destino porpertencer a esse povo.

Hoje os que atentam contra os ideaisda razão e da liberdade individual eque, mediante o terror, tratam de esta-belecer uma escravidão para o Estado,carente de valor espiritual, vêem emnós com razão - os seus inimigos irre-conciliáveis.

A História tem-nos imposto combatesmuito duros. Porém, se zelarmos comamor pela verdade, pela justiça e pelaliberdade, continuaremos a ser, nãoapenas um dos povos mais antigos detodos os que sobrevivem, mas dentrodo espírito da nossa tradição, conse-guiremos colher os frutos de um trabal-ho criativo, que contribua para o en-obrecimento de toda a Humanidade

ALBERT EINSTEIN

Tikvá 53 • Maio/Junho 19

E S P A Ç O A B E R T O

Meu caro e velho amigo,

Penso que não vale a pena estarmos a gastarpalavras com problemas de pormenor. Disseumas palavras de circunstância na minha toma-da de posse como Presidente Honorário da Co-munidade (prémio da velhice!). O que veiotranscrito no Tikvá está incompleto, por razõesde paginação. Como não estavas lá, não ouvis-te, nem viste, a enorme ovação com que as pes-soas que enchiam a sala generosamente mani-festaram a sua concordância com o que eu dis-se. E mais: disseram-me que eu tinha dito, altoe claramente, o que todos pensavam e aindanão tinham tido a oportunidade de expressar. Tu não estavas lá numa altura em que (facto inédi-to e imperdoável!) alguns de nossos membrosforam postos em tribunal por outros, nemquando, há pouco tempo, houve uma reuniãoconvocada à socapa na rua do Monte Olivete,onde se proferiram as maiores injúrias, por pes-soas sem educação, nem na inauguração da bi-blioteca da Sinagoga, em que o sempre mino-ritário grupo primou pela ausência. Deixando astricas, o que tu e eu pretendemos é o seguinte:- Manter bem vivo o judaísmo decadente entrenós, o que não é excepção sequer em Israel.Só que nós somos meia dúzia e estamos dis-tribuídos por Lisboa, Linha, Faro, Belmonte,Porto e Maccabi... - Aumentar a frequência dos fiéis na Sinagoga. - Fomentar o interesse das crianças pela fé eprática judaica, uma vez que, quanto aos vel-hos, temos falado... O exemplo está à vista!

Temos de construir e evitar que a sociedade, aultra-ortodoxia, a mesquinhez de espírito e afalta de educação predominem.Pragmaticamente, o que é que se pode fazerpara melhorar:

1. Sinagoga: foi sempre linda, mas melhoroucom a actual cosmética.

2. Rabino: finalmente deixámos de ter rabinodia-sim, dia-não. O actual é muito conhecedor,muito interessado, muito afável, e tenta o seumelhor no nosso meio.3. Os fiéis: é forçoso fazer um esforço de mar-keting. Por exemplo, convocando individual-mente as pessoas para 6ª feira à noite, para osábado e para as festividades. É fundamentalexplicar às pessoas que a sua presença é mui-to meritória e imprescindível e que se lhes pe-de apenas um pouquinho do seu tempo, devez em quando; presença indispensável e ex-tremamente valiosa na Sinagoga. 4. O Maccabi: só quem não o frequenta nãocompreende o enorme interesse que o clubetem. O esforço desvelado do rabino, do Marcose do grupo de senhoras e homens, extrema-mente interessados e devotados permitiu, re-centemente, juntar uma quantidade enormede crianças e adolescentes, que aprendem cul-tura e religião, se conhecem e se divertemcom um convívio extremamente interessante. 5. Insisto que se façam conferências queatraiam, cultivem e promovam o diálogo ami-go entre todos. 6. E que, além de tudo isto, se obriguem asfamílias a manter bem viva a chama do judaís-mo - gerado por intermédio das mães - no seiodaquilo que o Talmude ensina: a casa do judeué mais importante que a sinagoga.E, como dizia Salazar: tudo pela nação, nadacontra a nação - (judaica, digo eu).

Um grande abraço do Samuel Ruah

Com pedido de publicação recebemos do Dr. Samuel Ruah, a seguinte carta

RESPOSTA À CARTA ABERTA DO

DR. SAMUEL LEVY

20 Tikvá 53 • Maio/Junho

Ao PresidenteCIL - Lisboa

Exmº Sr Da parte de minha esposa, Judith, meu filho Jo-sé e eu próprio, agradecemos muito a grandehonra, que me foi concedida durante o serviçodo Shachrit no Shabat, dia 2 de Abril, nomeada-mente as aliahs ao abrir as portas da Arca, bemcomo ser chamado a ler o Sefer Torá no púlpito.Fez bem à minha alma! Gostaria também de louvar o Rabino Boaz Pash,sua mulher e filhos por criarem um ambientetão descontraído e agradável na nossa bonita si-nagoga! Permitir aos membros fazer perguntasdurante o seu sermão é para o Rabino uma ver-dadeira maneira de cumprir com a Mitzva desempre ensinar os seus membros presentes! Um cordial Shalom.

Ralf Pinto21/4/2005

A S N O S S A S S U G E S T Õ E S

R e v i s t a s

OS JUDEUS NO BRASILCONTEMPORÂNEORevista de Estudos Judaicos,nº 8, Abril 2005Coord. de José Alberto Tavim Um panorama do Brasil judaicocontemporâneo, com especial incidência nas comu-nidades do Rio de Janeiro e de S. Paulo

L i v r o s

LES MEMOIRES D'UN DIPLOMATEde Avi PaznerEste livro acaba de sair em França. O autoré actualmente Presidente Mundial do KerenHayesod. Nesta qualidade, esteve entre nóshá 2 anos. Foi Embaixador de Israel em Pa-

ris e em Roma, mas foi mais conhecido como porta-voz do Governo de Israel desde que o Likud ganhou aseleições. No livro em referência relata, entre outros,os seus encontros com o Papa João Paulo II.

ITINERÁRIOS DE FÉ - Locais Sagrados das religiosidadesde Francisco Moura e Paulo Mendes PintoEd. Medialivros SA (Edições Inapa)

CRISTÃOS NOVOS JUDEUS E OS NOVOS ARGONAUTASAntónio Borges Coelho (Historiador)Ed. CaminhoTrata-se de um estudo s/ o Cristão-novo ManuelFernandes, de Vila Real, (1608-1652). Foi morto pe-la Inquisição por possuir muitos livros proibidos, no-meadamente um livro de Menasseh Ben Israel. Ma-nuel Fernandes foi um capitão, mercador diplomata,pensador e escritor.

ESTRELAS DA MEMÓRIA- Testemunhos de refugiados da II Guerra Mundial Edição de Esther Mucznik- Ed. Diário de NotíciasDistribuído com o Diário de Notícias de 8 de Maio de2005 - 9,90 €

ENCONTRO EM JERUSALEMTiago RebeloEditorial Presença, 2005-05-03Embora se trate de uma história de ficção, o livro reflec-te os cenários reais da Guerra do Golfo, 1991, em Israel,(com os scuds) a guerra da Bósnia-Herzegovina e oconflito israelo-palestiniano (1995) que foram vividospelo autor, jornalista,que ali se deslocou, primeiro comocorrespondente da Rádio Renascença e depois, da TVI.

AS DUAS FONTES DA MORAL E DA RELIGIÃOEnsaio de Henri BergsonEditorial Medina

E x p o s i ç õ e s

Exposições no Museu de Arte Moderna em SintraAv. Heliodoro Salgado, Sintra | De Maio a Outubro

ERICH KAHNJUDEU SOBREVIVENTE, EXPRESSIONISTA ALEMÃOAlém da obra de Erich Kahn, a exposição percorretrês temas fundamentais:

"A vivência da Comunidade judaica, entre 1919e o final da segunda guerra mundial.""Arte Degenerada", exposição organizada pelo re-gime nazi em Munique 1937 para ridicularizargrandes artistas de vanguarda da época. “Uma visão contemporânea sobre o exílio”fotografias de Daniel Blaufuks

GRANDE EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIAS DE

JOSHUA BENOLIELO criador e pioneiro da reportagem fotográficaem Portugal no princípio do século XX

A exposição retrospectiva da obra de JoshuaBenoliel, organizada por Emília Tavares, po-de ser visitada até 21 de Agosto na Cordoa-ria Nacional, Torreão Nascente, em Lisboa.

Visite a nova e moderna versão do site www.pletz.com.br e saiba tudo o que se passa sobre o judaísmo no Brasil e no mundo.

O "Heichál" (Templo em Hebrai-co, mas refere se a arca sagra-

da da sinagoga)é o lugar maissagrado da sina-goga, lá se guar-dam os Sefarim."Sêfer" (Livro),ou melhor, "Sê-fer Torá" é umrolo de perga-minho escrito àmão, com pena ede gancho, peloum Sofer (escri-

ba) e contém as cinco Chumashim(Pentateuco).Em nosso Heichál temos actualmente23 Sefarim. Há mais alguns que fo-ram emprestados para outras comu-nidades necessitas. Muitos deles sãobastante antigos até 200 anos de ida-de. Parte deles vieram de Marrocos,outros do Faro e das Acorres.Temos Sefarim de todos os taman-hos, dos mais grandes de um metrode altura ate pequenino de 40cm,

que é feito para afesta de BarMitzvá, assim

que o noivo não quebrara as costaslevantando-o.Os rolos são costurados com um fioespecial (Guid ou Akev) que é feito denervo de um animal que - como tudoa material da Sêfer - deve ser Ka-

sher. Se um roloe totalmente ras-gado do outro oSêfer não é Ka-sher (apropriado)

para a leitura na sinagoga. Com acorredia dos anos tem que renovar acostura, um trabalha feita pelo o jo-

vem Charlés.Também não po-de ler no Sêfer seo escrito é apa-gado, ou se não

da para ler uma palavra, e até umaletra que não esta completa pode tor-na o Sêfer num estado "Passul"(=não Kasher), por isso e feita umtrabalho de verificação e manuten-

ção permanen-te, especialmen-te nos livros mais

antigos, que os anos não fizerambom a eles."Etz Chayim",assim chamamosos paus neles

estão enrolados os rolos da Toraconforme escrito "Etz Chaim hi La-machzikim…" (="É árvore da vida pa-ra os que dela lançam mão…" Mishle3:18) normalmente feitos de madei-ra, mas temos também dois Sefarimcom Etz Chayim de Marfim.Cada um dos Sefarim tem os seusacessórios que incluem:"Mapa" (Pano) que cobre o lado exte-rior do pergaminho. Um costume es-pecifica a comunidades Marroquinas.

"Avnét" (feixe, cinto)"Mitpachat" (cober-tura) usada para co-brir o texto aberto doSefer na na horas deintervalo entre as lei-turas. "Meíl" (casaco, vesti-do) diferentementedos Sefaradim queusam caixa de madei-ra ou metal, e dosAshakenazim queusam um Meíl fecha-do, nos usamos umMeíl de tecido, típicomarroquino, aberto

por trás. Bonito e prático. Estas qua-tro roupas são originalmente feitasda mesma cor ou estilo dedicados aoum Sêfer específico. Nas festas deTishri muda se a cor das roupas - co-

mo todos os "ves-timentos" da si-nagoga - parabranco, desper-tando a sensação

de arrependimento e perdão, e parapreto nos dias de luto.

Par de Rimonim(Romãs), que estãoem cima do Sêfer,sempre com sinos quesoam quando o Sêferé transferido, cha-mando o públicohonrá-lo pelo levan-tar-se e beijá-lo. No

momento estão em processo de res-tauração pela Dona Sónia.

"Yad" (mão) ou "Etzba"(dedo) indicador que ajudaa leitura. "Tas" (placa) uma taxa deprata marcado com "Ri-shon" "Sheni" (primeiro,segundo) etc. Indicando aordem da tirada do Hei-chal. Lemos a Tora todaShabát da manha a "Para-shat Hashavua", nos Cha-

guim e ocasiões especiais, às vezescom mais de um Sêfer, dois ou três,

portanto as Sêfa-rim são marcadoscom os "Tas-sim". O livro pe-

quenino é marcado de "Bar Mitzva".Um enfeite espe-cial é o "Cho-shen" (peitoral)única peca quetemos cá, na

maioria é costume Ashkenazi.Na hora "Hagbaha", um acto de le-

vantar o Sêfer abertomostrando o texto daleitura, usamos a"Yad Vezot", confor-me dito no versículo"Vezot Hatoraasher..." (="Esta é alei que Moisés propôs

aos filhos de Israel", Devarim 4:44)uma Yad maior do normal com espa-

ço paraespecariaaromática

no seu fim.Não vamos esquecer a mencionar oquadro dos "Berachot", paraaqueles que já esqueceram o textodo seu Bar-Mitzva. E mais um quadro

útil (e importanteda parte financei-ra) que é a lista dasinstitutos, locais oude Israel, para on-de oferecer as do-

nativos, incluindo o "Somej Noflim""Ribi Meir", e encima de tudo "She-men Lamaor" (=azeite) para o "NerTamid", a "Vela Eterna" que fica ace-sa sempre (relativamente) na frentedo Heichal.

Rabino Boaz Pash

M E N S A G E M D O R A B I N O

O CONTEÚDO DO HEICHÁL DA SINAGOGA SHAARE TIKVA

22 Tikvá 53 • Maio/Junho

O Maccabi Informa os sócios

A piscina já está aber-ta!!! O calor está a crescer!Venha com a família passar osdomingos na piscina eaproveite para desfrutar dasquadras de ténis, do futebol,dos matraquilhos e do pinguepongue.

Almoço aos DomingosTodos os Domingos há almoço no clube, sempre a partir das 12:30 horas.

Aula de Dança Israeli - LEHAKAT HAMACCABI

Já iniciaram os ensaios deDança Israeli dirigidos pela Lilian Prist para os jovens dos12 aos 25 anos- Todos osDomingos - das 12 às 13:30horas. Não é preciso inscrever-se. As aulas são gratuitas.

Colônia de Férias paracrianças de 4 a 17 anos!!!De 04 a 29 de julho. Aulas deténis, pingue-pongue, futebol,voleibol, fut-volei e aulas externas de golf, Hóquei emcampo, passeios no Pavilhãodo Conhecimento, QuintaPedagógica, Cinema, além de diversas atividades recreativas. Aberta a todas as crianças,150 € por semana, sócios doMaccabi tem desconto de 20%(120 euros) e descontos paramais de 1 semana.

Dia 17 de JunhoOneg Shabat

Dia 25 de JunhoUma Noite no Marrocos

Dia 3 de Julho Chá com os últimos lançamentos da ROC.

Dia 15 de JulhoOneg Shabat

Dia 23 de JulhoFilme: Irmãos de Navio - Histórias da Imigração Judaica no Brasil

Informações: 21 911 11 88

O Maccabi é a sua casa!

Tikvá 53 • Maio/Junho 23

Nos meses de Maio e Junho o Maccabi realizou diversas actividades culturais já que durante o período de Pessach não atividades sociais.

PalestraSexo e Judaísmo com o Dr. Samuel Ruah e o Dr. Ronald Brodheim, no dia 10 de Abril.O tema é bastante interessante e deu mar-gem a diversas perguntas muito divertidas.

A audiência ouviu com muita atenção todas as explicações. O Dr. Sa-muel explicou à luz da religião e o Dr. Roni esclareceu sobre o ponto devista psicológico. O Rabino Boaz Pash que estava presente tambémcontribuiu com alguns esclarecimentos. Uma das palestras mais diverti-das e "educativas" que o Maccabi já realizou…

Origens da InquisiçãoPalestra da Dra. Maria Helena Carvalho dos Santos, no dia 8 de MaioA palestra foi excelente. A Profa. Maria Helena do-mina o tema e apresentou uma completa explica-ção das origens políticas da Inquisição. Outrasperspectivas sobre um antigo assunto.

Esquerda europeia,Imprensa e Anti-SemitismoPalestra da Jornalista Pilar Rahola, no dia 29 de MaioPilar demonstrou com absoluta clareza o anti-semitis-mo da imprensa mundial, com versões distorcidas dosfactos reais. Esta mulher que é a maior defensora dosjudeus entre os não judeus, falou-nos do orgulho deser judeu. Uma palestra inesquecível que marcouprofundamente as cerca de 60 pessoas presentes,que não sentiram passar o tempo.

Encontro com DAN STULBACHno dia 4 de Junho

Dan Filip Stulbach, um jovem artista ju-deu brasileiro grande revelação e suces-so da nova geração de actores do teatroe televisão brasileira, esteve presente noMaccabi para uma agradável conversa informal sobre o tema "um jovemjudeu no concorrido universo das artes cénicas e das personalidades".Encantou a todos com a sua simplicidade, com a história da sua vida e asua relação com o judaísmo dentro e fora da sua vida profissional.

Uma noite no MarrocosA "Noite no Marrocos" está a ser organizada para sábado 25 de Jun-

ho. Contamos consigo para um grande evento.

Actividades Sociais e Culturais

Educação Judaica e Religião Shiurim - 5765

Movimento Juvenil Dor Chadash de Lisboa - Ano IVA cada semana um novo participante! Mais de 80 jovens já participam. Agora só falta você !!Actividades todos os domingos, das 15h00 às 18h00 no Maccabi Country ClubJovens e crianças a partir de 03 anos | Participação: 5 € por semanaDescontos especiais na compra de senhas antecipadas Muitas surpresas em 2005 !

Coral Etz Chaim - Ano III Coral Musical representativo da CILPara adultos entre os 20 e os 60 anosEncontros semanais - às 3 ª s e 5ªs feiras, das 19:30 às 21:00 - Monte OliveteParticipação: 5€ por encontro | Inscreva-se já!

UPEJ - União Portuguesa de Estudantes JudeusSuper actividades mensais para jovens entre os 18 e 30 anos

MACCABI COUNTRY CLUB FAÇA JÁ A SUA INSCRIÇÃO !

3ª a 6ª Feira - Das 9h00 às 17h00Tel: 21 9111188 - Tratar com Rosina | [email protected] | www.cilisboa.org/documents/maccabi/FichaMembro

PROJECTO ATIDEINU GAN IELADIMPré - Escola para crianças entre os 2 e 6 ANOSEm breve. Aguarde novas informações !!! Interessados devem contactar a nossa secretaria

Mais informações e inscrições através da nossa secretaria !!!Participe nas actividades e eventos da nossa Comunidade, pois a nossa Comunidade é você !!

Participe nos Serviços Religiosos da nossa Comunidade Venha e traga toda a sua família !

6ªs feiras às 20h00 / Sábados às 9h00

SEUDÁ SHELISHITZemirot (canções) e a tradicional refeição de ShabatTodos os Sábados, após o serviço de Minhá

Grupo de Estudos sobre a Parashá da semanaTodas as 6ªs feiras às 19 horas na Sinagoga. Aberto a todos.

Coordenação: Alain Hayat

A S N O S S A S A C T I V I D A D E S

24 Tikvá 53 • Maio/Junho

Dia Hora Grupo Tema Local Domingo 09:00 - 10:00 Aberto Talmud Sinagoga Domingo 14:00 - 15:00 De 10 - 14 anos Bar/bat Mitzva MCC Segunda-feira 19:00 - 20:30 Aberto Judaísmo SinagogaSegunda-feira 20:30 - 22:00 Aberto Ivrit SinagogaTerça-feira 19:00 - 20:00 Aberto Cabalá e Filosofia Judaica Sinagogaquarta-feira 12:00 - 13:00 De 10 - 14 anos Bar/bat Mitzva Sinagoga quarta-feira 20:00 - 21:30 Aberto Ivrít (iniciantes) Sinagoga Sábado 12:00 - 13:00 De 10 - 14 anos Bar/bat Mitzva Sinagoga

Grupo Guil Hazaav - Ano III (Idade de Ouro) Não perca mais tempo ! Venha participar connosco ! Actividades Especiais Permanente (música, ginástica, palestras, passeios ...)Para adultos a partir dos 60 anos | Encontros semanais às 4ªs feiras, das 15h30 às 17h00 horasSede no Monte Olivete | Participação: 5,00 €

Estaremos de Fériasde 13/7 a 8/9

Estaremos de ferias em Julho e Agosto

Estaremos de ferias em Julho e AgostoVoltaremos em Setembro com muitas surpresas ! Até lá !

Anuncie no TikváJÁ SÃO MAIS DE 50 EDIÇÕES PUBLICADAS ! MAIS DE 400 FAMILIAS E ENTIDADES

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www.cilisboa.org

Prezados Leitores e Assinantes lembramos que desde a edição de nº 52, o nosso Boletim Tikvá passou a ser publicado com peridiocidade bimestral

E M J U L H O / A G O S T O

A CIL NA TVRTP 2

2ª Feira, 4 de Julho Pelas 18h00Programa "A Fé dos Homens"Tema: "Festa de Shavuot"

Domingo, 10 de Julho, 9h00Programa "Caminhos"Tema: "Memórias da CIL"

2ª Feira, 29 de Agosto pelas 18h00Programa "A Fé dos Homens"Tema: a definir

Programa Mensal da Comunidade dedicado ao Judaísmo Português

Eventual mudança no horário da emissão é de total responsabilidade da emissora

TIPO DE ANÚNCIO Nº DE EDIÇÕES TAMANHO COR PREÇO

Contra Capa 6 17 x 25 cm 4X0 (colorido) 1.800,00 €Verso da Capa 6 17 x 25 cm 4X0 (colorido) 1.600,00 €

Verso da Contra Capa 6 17 x 25 cm 4X0 (colorido) 1.400,00 €Página Inteira 6 17 x 25 cm 4X0 (colorido) 1.200,00 €

1/2 Página 6 17 x 10 cm 4X0 (colorido) 600,00 €Anúncio Padrão 6 16 x 4 cm 4X0 (colorido) 400,00 €

Tikvá 53 • Maio/Junho 25

H O M E N A G E N S

N A H A L O T

JULHO

Harry Langer 02Lilian Levin Prist 04Samuel Levy 07Fabio Grossman 09Marina Grossman 09Laura Cesana 10Lauren Wojtyla 12David Sampson 13David D. Ruah 14Leslie Koshét 19José Alberto Pontes B. Carvalho 21Rafael Korn 21Miguel Bekerman 23Raquel D. Ruah 27Ronaldo Grossman 27Marco Gabriel Joanes 28Roudolf Aberlé 29Michael Moscovici 30Luis Felipe Resnikoff 30Ezra Levy 31

AGOSTO

Isabel Levy 02Amram Botbol 06

Nuno Wahnon Martins 08Itamar Hans Geyer 15Victor Seruya 17Samuel Jay Levy 20André Maissa 21Ana Maissa 21Sofia Mirella Levy 22Arnaldo Grossman 24

SETEMBRO

Maurice Mayper 06Valerie Brodheim 06Michel Kopejka 08Joshua Gabriel Ruah 08Daniel Beckerman 09Gal Yarkoni 09Josée Bollack 11Emilia Ettner 11Charles Sammartano 13Charles Arié 20Eduardo Ruah 25David Yarkoni 27Jens Classen 28Samuel Ruah 29Alexandre Arié 30Gabriele Pihas 30

SIVANSábado 25/06 Abrahão Benoliel 18

Simy Levy Sequerra 18Faduenha Tangi 20Aixa Luiza Amram 20Gaston AberléJérome Lucas 21 Moisés Jacob Sequerra 22 Elisa Sultan Icyk 23 Simy Ruah Benoliel 24

Sábado 01/07 Adolf Kom 25 Leonor P. Barros de Carvalho 25 Donna Sequerra 27 Ruth Esaguy Rodrigues 27 Antónia S. Kaufmann 28 Sara Israel Zagury 29 Rev. Joshua E. Levy 29 Ruben Ruah 30 Daniel Schiffman 30

TAMUZSábado 09/07 Luba Bat Zorach 2

Jacob Tangi Bar Abraham 2 Simy Anahory Cardoso 3 Joshua Sequerra 5 Raquel Segal Israel 7 José Obadia 7 Sara Benveniste 7Simy Cagi Ruah 8 Helena Azancot 8 Aida Marques Esaguy 8

Sabado 16/07 Eva Cohen Israel 9 Elisabeth Kahn 10 Matla Finkelstein 11 Isaac Bendelac 11

Sábado 23/07 Israel Ettner 17 Leão J. Kadosh 18 Herman Fox 18 Samuel Bensimon 20 Regina Plocher 21 Rita Ambar 22

Sábado 30/07 Messody Pacifico Valdez dos Santos 23Dr. Elias Baruel 25 António Levy Mendes 26Esther Assor 26Roudolph Arié 26Elias Maissa 27Miriam Assor 27Sara Parienté 27Esther Querub 28Maximo Plocker 29

AVSábado 06/08 Lucia Romano 1

Joshua S.Levy 1Chaim Wirth 1Isabel Lewis 1Joshua Halevy Bar Shlomo 1Jaime Cohen Kadosh 3Dinah Israel 4

Sábado 13/08 Isaac Israel 8 Erich Brodheim 8 Daniel Azavey Azancot 8 Rahma Cohen 9 Alexandre Aron Lotjer 12 Salomão Querub 13 Raquel Sain 13 Rachel Hayat Bar Alegrina 14David Salvado 14

Sàbado 20/08 Simy Tangi 16 Shalom Israel 16 Abraham B. Ayash 18José Jacob Benoliel 19Raquel Dukasky 19 Daniel Benoliel de Carvalho Vera-Cruz 20 Deborah Levy Schlesinger 20Donna Benady 21

Sàbado 27/08 Michel Resnikoff 22Jaime Kadosch 26 Moisés Jaime Tuati 27 Jacob Querub 28

Sàbado 03/09 Abraham Araújo Abudarham 30

ELULMania Loyter Joanes 1 Isaac Amzalak Levy 1 Alexander Reinhardt 1Hipolito Blaufuks 2 Estrela Levy Stem 4 Luna Bendrão Lourenço 4Donna Levy 5 Margarete Triwaks 5 Raquel Abuaf 5 Sam Levy 5

Sábado 10/09 Moisés Obadia 6 Regina Abudarham 7 Jacob Drozdzinski 7 Alberto Anahory Silva 7 Anthony Leonard Pruim 9 Samuel R. Pariente 10Charlotte Abolnik 10Esther Mendes Levy 11Josef Mayer Ben Shimon 12

Partic ipe nestas homenagens. Actual ize os seus registos junto da nossa secretaria através do tel. 21 393 1130 de 2ª a 5ª feira - das 14h00 às 17h00 | administrativo@cil isboa.org

Mazal Tov !! Os nossos parabéns e os votos de muitas felicidades a todos !

26 Tikvá 53 • Maio/Junho

TIKVÁEnvie os seus textos e sugestões para TIKVÁ até ao dia 30 de cada mês.Rua do Monte Olivete, 16 r/c. esq. 1200-280 Lisboa | e-mail:tikvá@cilisboa.org

A quem se dirigirHorário de funcionamento da SecretariaSegunda a Quinta-feira, das 9h00 às 17h30Sexta-feira e vésperas de festas judaicas, das 9h00 às 13h00Horário de almoçodas 13h00 às 14h00

Atendimento ao públicoSegunda a Quinta-feira, das 13h00 às 17h30Os espaços para reuniões devem ser agendadoscom aviso prévio, mínimo de 48 horas

TesourariaMaria João [email protected]. 213 931 134Atendimento de Segunda a Quinta-feira, das 10h00 às 13h00Telf. 213 931 130 | Fax 213 931 139

Director ExecutivoMarcos [email protected]

Movimento Juvenil Dor [email protected]

RabinoBoaz [email protected]@cilisboa.org

SecretáriaEstrella [email protected]

Visite o nosso site: www.cilisboa.org

DirecçãoPresidente Jose Oulman CarpVice-Presidente Esther MucznikVice-Presidente Ronald BrodheimTesoureiro José Salomão RuahSecretário Eva Ettner Vogal efectivo Clara K. CassutoVogal efectivo Charles ArieVogal efectivo Sonia Hulli Bernfeld Vogal efectivo Arnaldo GrossmanVogal Suplente Salomão KolinskiVogal Suplente Vera G. Ferreira

Assembleia GeralPresidente Moisés Bendrao AyashVice-Presidente Mordechai Atsmon1º Secretário Nuno Wahnon Martins2º Secretário Diana Ettner

Conselho FiscalPresidente Samuel TuatiVogal Efectivo David Bentes RuahVogal Suplente Guilherme Grossman

Presidente HonorárioDr. Samuel Ruah