nº 159 mensal dezembro 2015 (iva incluído) · de julho de 1996. ao comendador rodrigo pedrosa e...
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Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 1
Meditor é protagonista no cluster aeronáutico português
Carlos Antunes, CEO da Meditor, empresa localizada no BlueBiz, em Setúbal, e que desenvolve sistemas para a indústria aeronáutica, preparando já para 2016 a internacionalização de vários dos seus inovadores produtos, estando já presente em países como Espanha e Noruega.
Nº 159 › Mensal › Dezembro 2015 › 2.20# (IVA incluído)
TRÁS-OS-MONTES QUER MAIS DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO E SOCIAL
Robinson FariaGovernador do Rio Grande do Norte (Brasil)
Jorge PiresAdministrador da Prolagar
Licínio LimaAdministrador da BMViV
› HEAD
2 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015 Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 3
Editorial
Defendemos no último editorial que o país não poderia ser governado du-
rante muitos meses por um governo de gestão, sem capacidade para aprovar
e implementar o Orçamento do Estado. Dissémos, na altura, que a única op-
ção realista e sensata, seria o Presidente da República empossar um governo
que garantindo uma solução maioritária e sólida do ponto de vista parla-
mentar, conseguisse, ao mesmo tempo, implementar um programa gover-
nativo com estabilidade, e respeitando os compromissos internacionais do
país, mormente no quadro da Zona Euro e da União Económica e Monetária.
Independentemente das opiniões, aliás legítimas, que se ouvem sobre a op-
ção concreta que tomou posse governativa em finais de Novembro, é com
ela que o país terá de evoluir e desenvolver políticas públicas conducentes
a seguir uma trajetória de consolidação das finanças públicas, ao mesmo
tempo que coloca em prática determinadas opções de políticas sociais menos
restritivas do que os governos anteriores preferiram.
Do ponto de vista dos cidadãos, entendemos que importa sobretudo que a
carga fiscal não seja aumentada, antes se afigura importante acontecer no
quadro da legislatura uma progressiva diminuição da fiscalidade sobre os
rendimentos dos cidadãos e das famílias, sem colocar obviamente em causa
a trajetória referida anteriormente de consolidação das contas públicas.
No que respeita às empresas, importa igualmente aligeirar a carga fiscal
que sobre elas impede, mas entendo que o mais importante é não colocar
obstáculos ao livre trabalho das empresas, sobretudo aquelas que atuam no
mercado exportador, que pedem essencialmente que o Estado não atrapalhe,
mais do que saber se o Estado ajuda ou não. A recuperação do país nestes úl-
timos anos deveu-se fundamentalmente ao labor das empresas portuguesas,
com destaque muito especial para as muitas que exportam ou passaram a
exportar, e não à atividade do Estado, que, pelo contrário, aumentou desme-
suradamente os custos fiscais das empresas, tudo para continuar a suportar
uma máquina que manifestamente a economia portuguesa dispensa e não
suporta na sua atual dimensão.
O novo governo precisa de atuar nas políticas estratégicas para o desenvol-
vimento do país, que não é o retorno dos grandes projetos públicos, antes
deverá centrar-se fundamentalmente no apoio concreto e objetivo ao reforço
da competitividade empresarial e ao aumento da competitividade dos traba-
lhadores e empresários portugueses.
JORGE GONÇALVES ALEGRIA
Governo deve concentrar-se no essencial
Ficha TécnicaPropriedadeEconomipress – Edição de Publicações e Marketing, Lda.
Sócios com mais de 10% do capital social› Jorge Manuel Alegria
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Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 54 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015
Grande Entrevista
ÍndiceMarina Seixas Pinto é a administradora da Quinta da
Terrincha, a magnífica unidade de turismo rural locali-
zada próximo do IP2, no concelho de Torre de Moncor-
vo. Fruto de um importante investimento na moderniza-
ção agrícola e turística do espaço, a Quinta da Terrincha
ocupa uma posição destacada no panorâma turístico em
Trás-os-Montes. Por outro lado, a empresária refere-se
nesta entrevistas aos investimentos hoteleiros que está a
concretizar em Vila Flor, localidade transmontana onde
o grupo empresarial em que se insere possui outros in-
vestimentos.
pág. 22 a 25
O concelho de Mirandela ocupa uma posição central na
região de Trás-os-Montes, sendo um centro produtor de
elevada qualidade no setor agroindustrial, mas que se po-
siciona também e de forma crescente como um elemento
central do turismo regional. Servido por novas acessibili-
dades que colocam o concelho de Mirandela a pouca dis-
tância horária do litoral bem como do território da vizinha
Espanha, é no desenvolvimento da qualidade de vida e no
bem-estar das populações que o concelho aposta para cres-
cer ainda mais.
pág. 06 a 19
Ainda nesta edição…
20 Weg investe em nova fábrica em Santo Tirso
21 Sana investe em dois hotéis em Marrocos
26 Rio Grande do Norte quer mais turistas portugueses
30 ViV Brasil vai ter o apoio da ESTG
34 Galp ganha concessão em São Tomé e Princípe
40 Aicep Parques colabora com o IEFP
44 Alfa Laval investe em Setúbal
46 Porto de Setúbal na liderança do Ro-Ro
48 Lisnave repara mais navios
50 Famaset ganha prémio no Dubai
Grande Plano
CorreçãoNa entrevista que publicámos com Rodrigo Pedrosa, presidente da Divercol, na edição de Novembro da PAÍS €CONÓMICO, a dado
momento, referimo-nos ao empresário como Renato, quando o seu primeiro nome é Rodrigo. Noutro passo da mesma entrevista, co-
locámos a frase «fui devolvido a uma patente», quando a frase correta era «fui devolvido ao remetente». Por outro lado, foi referido
na entrevista que a esposa de Rodrigo Pedrosa foi «uma das primeiras hidrogeóloga portuguesa», quando foi a primeira hidrogeóloga
portuguesa. Finalmente, quando foi referido que o incêndio que destruiu a sua fábrica foi a 4 de Julho de 1986, efectivamente, foi a 4
de Julho de 1996. Ao Comendador Rodrigo Pedrosa e aos leitores, as nossas desculpas pelos lapsos publicados, que aqui se corrigem.
Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 76 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015
› GRANDE PLANO
António Aimor Branco, Presidente do Município de Mirandela
«Emprego e fixação de pessoas são as grandes prioridades»
Em entrevista concedida à PAÍS €CONÓMICO, António Aimor Branco, presidente
do município de Mirandela, assume para o concelho transmontano «que o emprego e
a fixação de pessoas no concelho são as nossas grandes prioridades». Entretanto, o
autarca mirandelense aproveitou o ensejo para chamar a atenção que o interior hoje
também oferecer qualidade de vida. «Nós conseguimos competir com o literal em relação
à oferta que dispomos para aqueles que escolhem viver nesta região, não só os mais
jovens como também os que estão na vida ativa e aos mais idosos», enfatizou.TEXTO › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS
Segundo o presidente do Município
de Mirandela «o que nós temos
tentado fazer nos últimos anos é
associar essa capacidade de geração de
emprego a uma qualidade de vida que o
interior hoje consegue oferecer a todos
os que aqui desejem fixar-se», diz, para
acrescentar que o que hoje em dia tem
sido feito é proporcionar condições do
ponto de vista da salubridade e do ponto
de vista das infraestruturas públicas para
que essas pessoas se fixem e que se sin-
tam numa região que embora não seja tão
infraestruturada como o litoral, mesmo
assim oferece-lhes uma excelente qualida-
de de vida.
«Eu julgo que tem existido avanços consi-
deráveis nesta matéria», refere com con-
vicção António Aimor Branco, explicando
que Mirandela pela sua centralidade (está
à mesma distância de Madrid e de Lisboa,
e a uma distância quase insignificante do
Porto), é um centro de grande atractivida-
de. Hoje as acessibilidades não são o fac-
tor mais importante.
O facto da Câmara Municipal de Miran-
dela participar no projeto Hospital Terra
Quente insere-se nessa preocupação?
António Aimor Branco diz que o Hospi-
tal Terra Quente é um excelente exemplo
desta preocupação em proporcionar às
pessoas as condições essenciais para a sua
opção por Mirandela. «O Hospital Terra
Quente foi um projeto que o município de
Mirandela liderou desde o primeiro mo-
mento, que captou investimento privado
significativo e que ao mesmo tempo con-
seguiu gerar serviços muito importantes
para a população.
O Hospital Terra Quente é uma unidade
de saúde que para além das valências
tradicionais, das cirurgias e dos atendi-
mentos, dispor também de uma Unidade
de Cuidados Continuados que é uma va-
lência muito importante e é também um
elemento captador e gerador da Região»,
salientou o presidente António Aimor
Branco, para referir ainda que Mirandela
para além do Hospital Terra Quente tem
uma Clínica de Hemodiálise que é uma
das clínicas de referência do nosso país.
«É uma clínica que no ponto de vista tec-
nológico é muito avançada, que implicou
um investimento de 8 milhões de euros e
que na altura também teve um empenho
muito grande da câmara Municipal de Mi-
randela», sublinhou o nosso entrevistado,
para recordar ainda que para além destas
duas unidades de saúde Mirandela tem
pequenas clínicas e pequenas unidades de
serviço, e a própria Unidade Hospitalar de
Mirandela.
Mirandela tem 3 Escolas Profis-sionaisO presidente de Mirandela faria em segui-
da uma avaliação ao nível das infraestru-
turas educacionais no concelho. «Neste
campo temos três situações a considerar.
A primeira tem a ver com os equipamen-
tos escolares públicos em Mirandela. Tive-
mos um problema com a Escola Secundá-
ria de Mirandela, uma escola que não foi
objeto da intervenção do chamado Parque
Escolar e que ficou para trás, hoje em dia
está bastante degradada, mas já temos a
garantia de que vai ser intervencionada
por este Quadro Comunitário, e aconteceu
em simultâneo a mesma coisa em relação
ao 1º Ciclo. Por isso, também neste QC já
temos como prioritário, assinado e contra-
tualizada a intervenção ao nível do 1º Ci-
clo (chamado Ensino Básico) e ao nível do
Ensino Secundário que é uma área onde
somos deficitários», pormenorizou Antó-
nio Aimor Branco.
«Mas nós temos em Mirandela um ele-
mento que constitui um potencial muito
importante. Em Mirandela temos três
Escolas Profissionais em três ares interes-
santes e importantes para
a Região. Temos uma Es-
cola Profissional na Área
Agrícola que neste mo-
mento tem projetos de
desenvolvimento muito
importantes, temos uma
Escola Profissional de
Hotelaria e Turismo que
é fundamental para a
qualificação do turismo e
temos ainda uma Escola
Profissional de Música,
de características regio-
nais e em que apenas 20
por cento dos alunos são
de Mirandela, sendo os
restantes de outras zonas
do concelho», esclareceu
o presidente.
Falou o presidente da
Escola Profissional de
Hotelaria. Será que esta
estrutura é capaz de ir ao
encontro das necessida-
des do sector do turismo
em termos de qualifica-
ção de profissionais? An-
tónio Aimor Branco não
hesitou na resposta. «Os
profissionais da hotelaria
quando bem formados
têm acesso ao mercado
mundial que é um merca-
do muito atractivo. E nós
temos jovens formados
na Escola Profissional de
Hotelaria de Mirandela
espalhados por todo o
mundo e nos restauran-
tes nacionais é grande a presença desses
profissionais», recordou António Aimor
Branco, para lamentar o facto de por ve-
zes «os nossos parceiros não entendam a
importância de uma escola destas. «Dou
um exemplo. Neste momento temos um
protocolo com Moçambique, temos cerca
de 18 alunos Moçambicanos nesta escola
que quando terminarem a suas formação
vão para o seu país trabalhar com quali-
ficação, fomentando, também eles pró-
prios, a qualificação do turismo em Mo-
çambique. E fazemos isto de uma forma
praticamente gratuita porque achamos
importante ter relações empresariais com
esses países, como achamos importante
ter este tipo de embaixadores, e fizemos
isto sabendo que podemos oferecer uma
coisa naquela escola que é a qualificação»,
justificou o presidente.
António Aimor Branco referira-se à Esco-
la Profissional de Música, mas aproveitou
nesta entrevista para lembrar que Miran-
dela tem nestas vertente uma Orquestra
Sinfónica, uma Orquestra de Sopro, uma
Orquestra de Cordas, 50 grupos musicais,
uns mais pequenos e outros maiores, «e
foram necessários vários anos para, por
exemplo, a nossa Escola de Música ir atuar
a Bragança a um teatro que se diz regio-
nal. São capazes de convidar orquestras
vindas de todo o país e não verem que já
temos boas orquestras regionais. Há aqui
dificuldades de relacionamento…», deixou
bem vincado o presidente do Município
de Mirandela. ‹
Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 98 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015
› GRANDE PLANO
Jorge Augusto Pires, Sócio-Gerente da Prolagar
«As marcas “Ouro do Tua” e “Mirandella” são dois ícones na área dos azeites»
A Prolagar – Produção e Comercialização de Azeite, Lda. iniciou a sua atividade em
1993 no lugar de Carvalhais, concelho de Mirandela, mas em 2010 foi adquirida por
um conjunto de investidores, também produtores de azeitona. Em entrevista concedida
à PAÍS €CONÓMICO, Jorge Augusto Pires, sócio-gerente da Prolagar e que num
dos governos de Cavaco Silva desempenhou o alto cargo de secretário de Estado
da Saúde, reconheceu que a partir dessa data a empresa «readquiriu uma dinâmica
produtiva própria» que permitiu a melhoria considerável da qualidade dos azeites por
ela produzidos sob as marcas “OURO DO TUA” e “MIRANDELLA”, hoje consideradas dois
ícones na área dos azeites.TEXTO › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS
Médico de prestígio, Jorge Augusto Pires é uma figura
muito conhecida no concelho de Mirandela e não só. E
para além da medicina também tem um gosto muito
especial pelo mundo dos azeites. E em 2010 ele fez parte do grupo
de investidores que decidiu colocar a Prolagar no lugar que ela
bem merece.
«Mirandela é um dos centros produtores de azeitona mais
importantes aqui da zona e curiosamente não tem uma
cooperativa. Valpaços tem uma excelente cooperativa, vai-se a
Oleiros e encontramos uma boa cooperativa e o mesmo acontece
em relação a Vila Flor e Murça. E Mirandela que é dos maiores
centros produtores de azeitona da região não dispõe de uma es-
trutura como esta. O que nós temos é uma associação que tenta
trabalhar em prol do sector. Mas todos estes movimentos que
agem e têm em seu redor pessoas que se interessam por este sec-
tor são mais-valias que interessam aproveitar, porque permitem o
desenvolvimento da economia», refere Jorge Augusto Pires.
Azeites de grande qualidadeEm 2010, Jorge Augusto Pires resolveu conjuntamente com mais
três sócios adquirir a Prolagar. «Vínhamos esperançados em po-
dermos reunir pessoas da área do olival, mas infelizmente não te-
mos conseguido. Todas as tentativas têm sido infrutíferas», subli-
nhou, para de imediato prosseguir no seu relato. «Curiosamente,
as quatro pessoas que se uniram na aquisição da Prolagar eram
pessoas que estavam ligadas à terra. E uniram-se porque queriam
que a empresa passasse à fase industrial. Esta aquisição foi bené-
fica porque a Prolagar estava numa situação financeira bastante
má e nós conseguimos equilibrá-la, “limpando” dívidas através de
acordos que fizemos com a banca. Depois foi conseguir-se no as-
peto produtivo um produto final de altíssima qualidade», salienta
o nosso entrevistado.
Essa qualidade foi então conseguida, houve uma séria aposta
nesta vertente e, nas palavras de Jorge Augusto Pires «a Prolagar
só vende azeites DOP». «Por outro lado, também produzimos e
comercializamos azeite biológico, que tem regras próprias de pro-
dução. Dizer com isto que a nossa preocupação foi sempre a de
produzirmos azeites de qualidade», deixou claro o sócio-gerente
da Prolagar.
Quem nasceu primeiro, o “Ouro do Tua” ou o azeite “Mirandella”?
Jorge Augusto Pires não hesita na resposta. «O “Ouro do Tua” já
existia e o “Mirandella” são bocas (risos…)», para num tom mais
sério referir que estes dois azeites têm características próprias,
fruto das próprias oliveiras. «Se compararmos os azeites trans-
montanos com os azeites ribatejanos, os dos Ribatejo serão mais
suaves e os de Trás-os-Montes terão um ligeiro amargo, o que não
quer dizer que não sejam ambos excelentes azeites», esclareceu
Jorge Augusto Pires.
Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 1110 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015
A preferência pelos azeites de Trás-os-MontesO nosso entrevistado confirmaria que há produtores de outras
zonas do país que vêm comprar azeites a Trás-os-Montes para de-
pois fazerem uma espécie de pleno com azeites de outras regiões
do país, e com a componente que compram em Trás-os-Montes
poderem emprestar uma maior qualidade aos seus azeites. «Nós
aqui na Prolagar vendemos azeites a granel com o objetivo de
serem utilizados por essas pessoas em lotes, e a procura deve-se
ao facto dos nossos azeites proporcionarem ao lote um gostinho
diferente», enfatizou Jorge Augusto Pires.
Em relação ao comportamento do mercado nacional em relação
às marcas produzidas pela Prolagar, Jorge Augusto Pires. «Quan-
do aqui chegámos, durante três anos o nosso grande objetivo foi
fazer o sanea-
mento financei-
ro da empresa,
e penso que o
conseguimos.
Foi um caminho
duro, mas feliz-
mente a empre-
sa hoje esta “lim-
pa”, está sã, não
deve nada a nin-
guém. Depois
a partir daí cui-
dámos da parte
qualitativa. Por
exemplo, aqui em Mirandela e não só, com facilidade encontra-
mos o “Ouro do Tua” à venda em lojas e outras superfícies co-
merciais. É um azeite com muita aceitação. Curiosamente, mesmo
fora de Mirandela temos muitos clientes que são fãs deste azeite
de grande qualidade. Há restaurantes de Lisboa que me solicitam
o “Ouro do Tua” e sou eu próprio quando me desloco à capital que
os levo comigo para lhes entregar…», justificou o sócio-gerente da
Prolagar, para dizer a propósito que «o nosso azeite tem estado
no Leclerc, mas tento evitar as grandes superfícies comerciais. No
Leclerc, por exemplo, temos criado uma grande empatia com os
responsáveis desta superfície comercial que gostam bastante do
nosso azeite. E já estivemos no Corte Inglês e é possível que volte-
mos lá com os nossos azeites».
Entretanto, Jorge Augusto Pires referiu que recentemente a Pro-
lagar tem sido contatada por grandes distribuidoras. «A grande
distribuição tem um grande problema e não quero dizer com isto
que o benefício que a população em geral colhe não seja positiva.
Um produtor pequeno confronta-se sempre com alguns proble-
mas no seu relacionamento com estas grandes cadeias de distri-
buição: preços e prazos de pagamento, embora tenha havido uma
melhoria ultimamente», comentou Jorge Augusto Pires.
A produção de azeites da Prolagar tem variado. «Este ano inves-
timos numa nova linha visando o aumento da nossa capacidade
produtiva e não escondo que o sonho é poder rapidamente atingir
uma capacidade de 200 mil litros», revela Jorge Augusto Pires,
lembrando que tudo leva a crer que este ano a Prolagar «deverá ir
além dos 200 mil litros».
Azeite biológico para a AlemanhaA Prolagar está a exportar azeite biológico para a Alemanha e
alguma parte do seu azeite a granel vai para Espanha. «Depois
tenho o Mercado da Saudade que consome muito do nosso azei-
te. Mas não estamos a falar de azeite biológico, estamo-nos a re-
ferir a azeite normal com a marca “Ouro do Tua”», frisou Jorge
Augusto Pires que, no decorrer desta entrevista, não escondeu a
sua intenção de poder vir a lançar no mercado uma nova marca.
«Tenho essa intenção, mas nestas coisas devemos ter alguma
reserva…», avisou o sócio-gerente da Prolagar.
Desde 2010, data em que estes investidores adquiriram a Prolagar
foram feitos investimentos na modernização da empresa? «Devo
dizer que mesmo antes de nós entrarmos a Prolagar curiosamente
foi a primeira empresa do género a ter um processo de limpeza
da azeitona próprio e adequado às exigências da lei. Com este
processo a azeitona é limpa, depois de limpa é lavada, só depois é
que é pesada e fica a aguardar a produção. É o chamado parque de
limpeza, composto por um conjunto de instalações que para além
de levar em conta o transporte da azeitona tem um equipamento
que procede à separação da azeitona, faz a sua lavagem e que de-
pois faz a pesagem automática do produto. No aspeto qualitativo
a nossa preocupação tem sido sempre a análise do nosso produto
com vista a verificarmos se estamos a proceder corretamente no
nosso processo de fabrico. Tudo isto para defendermos a quali-
dade. O nosso azeite é analisado no Laboratório de Agronomia,
em Lisboa, para sabermos se o nosso azeite é ou não azeite DOP»,
referiu a fechar a entrevista Jorge Augusto Pires. ‹
› GRANDE PLANO
Sónia Carvalho, Administradora de Alves & Ribeiro, Lda.
«Temos tido um percurso de ascendência»
Localizada em Mirandela no Lugar da Água, a Alves & Ribeiro, Lda. dedica-se à produção
de alheiras e outros enchidos. Defende a marca “Alheira Angelina” que segundo Sónia
Carvalho, administradora da empresa «é um produto de excelência».TEXTO › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS
Em Maio de 2015 a Alves & Ribeiro, Lda. assinalou vinte
anos de vida, um percurso que na opinião de Sónia Car-
valho, administradora desta empresa familiar, tem sido de
Excelência.
O surgimento desta empresa deve-se muito à vontade dos pais de
Sónia Carvalho, muito embora a tradição no fabrico da alheira já
venha do tempo dos seus avós. «Os meus pais começaram esta
luta em 1995, vinham de uma outra empresa onde trabalharam
alguns anos, e especialmente a minha mãe tinha um jeito muito
especial para este ramo. Era um ramo sustentável que nos anos 90
tinha uma boa margem de lucro», recorda a nossa entrevistada,
A Alves & Ribeiro, Lda. é
hoje uma unidade fabril
de raiz, que na altura em
que foi erguida já signi-
ficou um investimento
a rodar os 60 a 70 mil
contos (300 a 350 mil
euros). «Os meus pais
decidiram-se por um
projeto novo, de raiz,
porque aquilo que eles
tinham estava com pou-
cas condições, estava um
bocado degradado. Foi
uma decisão acertada.
Estamos a falar de unida-
de fabril moderna, dota-
da de todos os requisitos
exigidos pelas normas
de segurança alimentar»,
sublinhou Sónia Carva-
lho.
Marca “Angelina” representa quali-dadeEsta empresa mirande-
lense produz enchidos
de reconhecida quali-
dade onde predomina a alheira, um produto regional de carac-
terísticas únicas. «A alheira “Angelina” representa cerca de 90%
da nossa produção de alheiras, mas produzimos também a típica
alheira de Mirandela e de caça, produtos também de referência»,
diz Sónia Carvalho, lembrando que também o Folar D. Angelina
é uma outra marca distinta e muito procurada. «Tanto a alheira
Angelina como o Folar D. Angelina foram distinguidos com a me-
dalha de Ouro no Concurso Nacional Integrado na Feira Nacional
de Agricultura de Santarém», realça Sónia Carvalho.
No entender da nossa entrevistada que é licenciada em enge-
nharia alimentar, o caso de adulteração de alheiras ocorrido há
meses atrás em Bragança
acabou por afetar gran-
demente a alheira de Mi-
randela. «Quando se fala
em alheiras associamos
de imediato o seu nome
a Mirandela, e o que se
passou com este caso
em Bragança prejudicou
uma indústria que em
Mirandela emprega en-
tre 500 a 600 pessoas de
forma direta, e para a Al-
ves & Ribeiro significou
uma quebra drástica na
sua faturação.
Os nossos clientes con-
fiam integralmente nos
nossos produtos, a nos-
sa empresa continua no
“Top 5” do sector, mas o
consumidor final face
ao que ocorreu com as
alheiras em Bragança,
esse coloca ainda algu-
mas reservas. Foi um
duro golpe que quere-
mos ver ultrapassado»,
resumiu. ‹
Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 1312 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015
› GRANDE PLANO
João Manuel Vieira, administrador do Grupo Vipani
«Queremos ter uma dimensão nacional relevante»
Com sede na Zona Industrial Norte, em Mirandela, a Vipani tem-se afirmado ao longo
dos seus 21 anos de existência como um grupo forte na área da indústria de pastelaria
e panificação e, segundo João Manuel Vieira, quer continuar a afirmar-se no mercado
nacional, sem esquecer o mercado externo. «Estamos a faturar 5 milhões de euros e
o grande objetivo é ultrapassarmos esse volume de negócios já em 2016», referiu o
administrador do Grupo Vipani.
TEXTO › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS
A Vipani iniciou a sua caminhada em 1993 e desde sem-
pre registou um crescimento sustentável. «As vendas da
empresa têm vindo a subir todos os anos, e isso deve-se
à dinâmica do projeto, ao grande espírito de luta e à ambição de
queremos atingir patamares cada vez mais elevados, obedecendo
sempre a padrões elevados de qualidade e segurança alimentar»,
chamou a atenção João Manuel Vieira, administrador do Grupo
Vipani, que é agente da CSM. «70 por cento dos nossos produtos
são da gama CSM», precisou o nosso entrevistado.
O Grupo Vipani com sede em Mirandela e com filial em Viseu
está a faturar neste momento cerca de 5 milhões de euros, mas
pretende crescer muito mais. «Queremos ultrapassar esta barreira
rapidamente, pois a Vipani tem condições físicas para ampliar
a suas vendas. Ainda muito recentemente tivemos uma reunião
com um diretor da CSM que nos propôs mais um negócio na área
dos congelados. A Vipani já há algum tempo que se preparou para
esse investimento através da instalação de 250 metros cúbicos de
área de congelação. O investimento está feito, agora é rentabilizá-
-lo», referiu João Manuel Vieira.
Crescer como grupoEste empresário transmontano tem um desejo firme de vencer
na vida e projectar cada vez mais a Vipani, que em Viseu já abriu
6 casas comerciais. «Queremos crescer como grupo, criar mais
postos de trabalho e ajudarmos o País no seu crescimento econó-
mico», deseja João Manuel Vieira, administrador deste grupo que
emprega neste momento 52 pessoas.
Muito atenta às questões da qualidade e da segurança alimentar, a
Vipani está certificada pelo Apcer com a ISO 22000. «Para a Vipa-
ni ser a empresa que quer ser tem de estar sempre muito atenta às
questões da qualidade e da segurança alimentar. Esta certificação
é a prova disso mesmo e testemunha também o desejo de pre-
tender ser uma empresa cada vez mais viva e mais competitiva»,
sublinhou João Manuel Vieira.
Em projetos com as características da Vipani é bom saber-se que a
sua continuidade está assegurada. «Uma das minhas filhas, Maria
João, é Terapeuta Ocupacional no Hospital de Macedo de Cavalei-
ros. Mas às sextas-feiras, sábados e domingos, se for preciso, tra-
balha nas pastelarias. É uma pessoa muito dedicada e que mostra
interesse em aprender. Penso que ela poderá vir a ser a minha
continuadora na gestão dos negócios da empresa. Da minha parte
vou-lhe divulgando os segredos da atividade», diz, esperançado o
fundador do Grupo Vipani.
Nesta entrevista, João Manuel Vieira quis salientar que uma boa
parte do sucesso da Vipani se deve ao empenhamento e à garra
dos seus trabalhadores. «Tenho a trabalhar comigo um conjunto
de pessoas que todos os dias vestem a camisola da Vipani. Temos
trabalhadores que estão aqui desde o primeiro dia e que vivem a
empresa como fosse deles. Isso é muito importante, até porque
sabemos que poderemos continuar a contar com eles para, em
conjunto, construirmos uma Vipani cada vez mais forte», subli-
nhou João Manuel Vieira.
O administrador da Vipani tem razões para acreditar no futuro da
sua empresa. «Estou otimista em relação ao futuro, quem trabalha
como nós trabalhamos merece a recompensa. O facto de termos
atingido a faturação que já atingimos prova que o nosso traba-
lho tem sido aceite e que estamos no bom caminho. Por outro
lado, temos de levar em conta a região onde estamos situados e
onde as dificuldades continuam a ser muito grandes. Tudo o que
já construímos, representa o fruto do trabalho de todos os que
diariamente dão o seu concurso à empresa. E é este o caminho
que queremos continuar trilhar no futuro». ‹
Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 1514 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015
› GRANDE PLANO
Giuseppe Marchese, Presidente da Monsurgel, empresa italiana que está a investir no concelho de Valpaços
Estamos a ajudar a desenvolver a cultura da castanha em Portugal
Há 15 anos que compra castanhas em Portugal, que depois as leva para Itália, onde
possui indústria transformadora. Mas, desde o início, sempre pensou na hipótese (e
na vantagem) de investir industrialmente em Portugal, visto estar mais próximo da
produção da matéria-prima e assim diminuir os custos logísticos. Falamos de Giuseppe
Marchese, Presidente da Monsurgel, empresa italiana que está a construir uma unidade
industrial em Carrazedo de Montenegro, concelho de Valpaços, e que é a autêntica
capital da castanha na região de Trás-os-Montes. Em Março ou Abri do próximo ano, o
projeto industrial deverá estar completo, um projeto onde estarão nessa altura investidos
quase seis milhões de euros, dos quais pouco mais de 1,7 milhões de euros foram
comparticipados pelo PRODER.TEXTO › MANUEL GONÇALVES | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS
Na nossa visita a Trás-os-Montes visitámos a nova unida-
de industrial da castanha, que o empresário italiano Giu-
seppe Marchese, um dos mais conhecidos industriais do
setor no seu país, está a edificar em Carrazedo de Montenegro, na
parte mais alta do concelho de Valpaços, praticamente no cora-
ção da cultura produtora da castanha transmontana. Em Março
ou Abri do próximo ano, todo o projeto industrial deverá estar
finalizado e então estarão investidos praticamente seis milhões
de euros, dos quais um pouco mais de 1,7 milhões de euros foram
comparticipados pelo programa comunitário PRODER.
Giuseppe Marchese veio pela primeira vez a Portugal há 15 anos.
Como industrial da castanha em Itália, precisa de comprar a
matéria-prima em Portugal, país tradicional e conhecido como
produtor de boa castanha. «O vosso país possui uma produção
de castanha de muito boa qualidade, e considerámos que aqui
poderíamos ter um bom recurso de matéria-prima para a nossa
indústria em Itália», salienta o empresarário, que logo acrescenta
que «de igual forma, desde o iníco entendi que se realizasse um
investimento numa indústria aqui junto da matéria-prima, teria
vantagens competitivas, não apenas de acesso da indústria em
“just in time” à matéria-prima, como no aproveitamento das van-
tagens logísticas, evitando assim a deslocação da castanha fresca
de Portugal para Itália, e depois rexportada par outros países euro-
peus, bem como para a América do Norte», salienta o empresário
italiano.
Com o apoio do seu filho Francesco Marcehse, «um jovem muito
capaz, que fala seis línguas, incluindo o português, e que gosta
muito de Portugal, decidi avançar para este projeto industrial em
Carrazedo de Montenegro, que nos permite receber já nestas ins-
talações a castanha fresca e a fazer chegar diretamente ao mer-
cado, não apenas o português, mas também a outros mercados
europeus e norte-americanos. Por outro lado, estamos também a
instalar maquinaria para laborar com castanha congelada, igual-
mente para exportar para vários mercados europeus e da América
do Norte, poupando assim os custos logísticos, pois é mais bara-
to enviar diretamente para esses mercados a partir de Portugal»,
mas apesar de empregar já um leque de mais de 60 trabalhadores,
o responsável máximo da Monsurgel sublinha que é preciso que
os produtores tenham bom senso e que peçam um preço justo,
«pois caso contrário, se a castanha chegar demasiado caro ao
supermercado, as donas de casa vão considerar o produto como
um luxo e não o comprarão. Aí todos perderão, não apenas nós
da indústria, mas igualmente os próprios produtores», sublinha
Giuseppe Marchese.
Por outro lado, ainda referente aos trabalhadores portugueses, o
empresário italiano refere o seu lamento por não quererem traba-
lhar aos domingos, «pois esta indústria, especialmente nesta altu-
ra de maior movimento, é uma indústria que trabalha 24 horas
por dia, os sete dias por semana, de modo a darmos resposta a to-
das as solicitações que nos chegam dos mercados internacionais,
mas existe dificuldade das pessoas aceitarem essa realidade. Em
Itália, felizmente, não temos esse problema, pois as pessoas são
flexíveis e respondem positivamente às necessidades de ponta da
indústria da castanha. Esperamos que as coisas possam paulati-
namente mudar também em Portugal», diz-se esperançado Giu-
seppe Marchese.
Para além da castanha, a nova fábrica de Carrazedo de Montene-
gro, está preparada para laborar com outros produtos agrícolas,
preparando-os para chegar ao mercado internacional em con-
dições ótimas para o seu consumo. Giuseppe Marchese aponta
os casos do morango, da laranja, ou ainda de frutos do bosque.
«Poderá constituir uma oportunidade para o desenvolvimento da
produção desses produtos em Portugal, pois a nossa vontade é
sempre a de aproveitar a produção nacional para a nossa empre-
sa», declara o empresário.
Acreditando nas potencialidades de Portugal e de Trás-os-Montes,
Giuseppe Marchese, em conjunto com a esposa e o filho, sublinha
que a aposta no nosso país «é para valer». Mais, adianta que «até
já comprei um terreno para construir uma casa aqui na região, o
que é sinónimo do quanto acreditamos na capacidade de Portu-
gal em constituir uma mais-valia para o nosso grupo empresarial,
pois aqui temos vantagens competitivas fundamentais. Por isso
aqui investimos e vamos continuar a investir no futuro», assegura
Giuseppe Marcheses. ‹
Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 1716 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015
› GRANDE PLANO
Lemos Ferreira Lemos, Administrador do Hospital Terra Quente
«Não somos concorrentes dos hospitais públicos da região»
«Gostaríamos de deixar bem claro que o Hospital Terra Quente não é concorrente dos
hospitais públicos da Região Transmontana e Alto-Duriense. Procura, isso sim, ser um
complemento desses hospitais», garantiu o administrador do Hospital Terra Quente em
entrevista concedida à PAÍS €CONÓMICO. Lemos Ferreira Lemos referiu também que
esta moderna unidade hospitalar de Mirandela tem prestado um serviço às populações
transmontanas «que satisfaz algumas das falhas que os hospitais públicos, por este ou
por aquele motivo, não têm podido evitar».TEXTO › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS
O Hospital Terra Quente abrange toda a região Transmon-
tana e Alto-Duriense e representa uma aposta forte na
prestação de cuidados de saúde na Região do Nordeste
Transmontano.
«O Hospital Terra Quente entrou em funcionamento em Janeiro
de 2013 e as expectativas são muito fortes já que estamos signifi-
cativamente acima do que tínhamos previsto. Mas só neste ano de
2015 é que o projecto está em pleno», assegurou Lemos Ferreira
Lemos, administrador do Hospital Terra Quente.
No entender deste gestor, o Hospital Terra Quente é uma socie-
dade curiosa. «Embora não seja uma parceria público-privada,
tem componentes accionistas que não são meramente privadas.
A Câmara Municipal de Mirandela detém 10 por cento do capital
social, a Santa Casa da Misericórdia de Mirandela tem uma parti-
cipação de pouco mais de 6 por cento e os restantes quase 84 por
cento pertencem a privados da região e fora dela, que apostaram
em vir colmatar uma falta que é a assistência de saúde privada»,
referiu Lemos Ferreira Lemos.
Dotado de quase todas as especialidades médicasDotado de todas as especialidades médicas, o Hospital Terra
Quente significou um investimento abaixo dos 17 milhões de
euros, incluindo equipamentos. «Não tivemos qualquer apoio do
QREN já que as ajudas deste Quadro Comunitário de Apoio es-
tavam completamente vedadas à saúde privada. Todas as ajudas
do QREN que agora acabou foram exclusivamente para a saúde
pública», precisou o nosso entrevistado.
Tal como já foi referido, o Hospital Terra Quente está dotado de
quase todas as especialidades médicas, pormenor que não deixa
de ser relevante. Tem sido fácil encontrar na região de Trás-os-
-Montes recursos humanos à altura das necessidades desta unida-
de hospitalar? Lemos Ferreira Lemos foi incisivo na resposta. «Os
nossos recursos humanos e designadamente médicos, que são os
recursos mais especializados que temos e os que a região mais ca-
rece, vieram de Coimbra, Braga, Porto, Vila Real, Chaves, Bragança
e Viseu, querendo isto dizer que temos tido uma adesão da classe
médica muito significativa e podemos assegurar praticamente to-
das as especialidades quer médicas quer cirúrgicas», esclareceu o
administrador do Hospital Terra Quente.
Hoje é mais fácil fixar recursos em Trás-os-MontesQuestionado sobre a facilidade, ou não, de fixar médicos na re-
gião de Trás-os-Montes, Lemos Ferreira Lemos reagiu de maneira
curiosa. «Como sou nascido e criado em Mirandela e só estive
momentaneamente, alguns anos, a tirar o meu curso no Porto,
continuo a não conseguir compreender como é que é tão difícil
as pessoas fixarem-se no interior?! Eu hoje não conseguia é fixar-
-me no Porto ou em Lisboa, mas isto é uma opção de cada um,
que respeito…», reagiu o administrador do Hospital Terra Quente.
Lemos Ferreira Lemos não esconde que esta unidade de saúde
privada tem como pretensão contribuir para a fixação da popula-
ção neste região, atraindo nova valências aos níveis dos cuidados
de saúde, e justifica que a dificuldade em fixar pessoas no interior
tem a ver com a falta de algumas infra-estruturas, por exemplo,
infra-estruturas hospitalares. «Mas até neste aspecto a situação
está a melhorar substancialmente em Trás-os-Montes…», sublinha
o nosso entrevistado.
Embora o Hospital Terra Quente não tenta acordos com o Ser-
viço Nacional de Saúde (SNS), que estão vedados aos privados,
tem acordos com todos os sistemas. «Temos acordos com a ADSE,
GNR e um grande número de seguradoras. E estes acordos com
as companhias de seguros não são benéficos só para nós. Dizia-me
há tempos um administrador de uma conhecida seguradora que
determinada zona de Trás-os-Montes gastava mais em transportes
e acessórios do que propriamente em consultas e tratamentos no
Porto, o que quer dizer que o Hospital Terra Quente contribui
para uma economia significativa dessas empresas seguradoras»,
deixou nem claro Lemos Ferreira Lemos. Para além de estar do-
tado de serviços de Especialidades, Internamento, Cuidados Con-
tinuados, Atendimento de Urgência, Residência Sénior, MCDT
e Bloco Operatório, o Hospital Terra Quente dispõe também de
vários serviços de apoio ao cliente: Acesso gratuito à Internet,
Gabinete do Cliente, Cafetaria, Caixa Multibanco, Parque de Es-
tacionamento e Refeitório. «Temos como missão a prestação de
serviços de saúde humana com qualidade e elevada consciência
social. Nesta Casa o factor Humanização é muito levado a sério»,
disse no fecho desta entrevista Lemos Ferreira Lemos, administra-
dor do Hospital Terra Quente. ‹
Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 1918 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015
› GRANDE PLANO
Hotel D. Dinis, em Mirandela, é símbolo da região
A excelência hoteleira na cidadeLocalizado junto ao rio Tua, onde se desfruta de vistas tranquilas
e repousantes sobre o caudal das águas límpidas que correm pelo
rio, como sobre o pulsar da vida da cidade de Mirandela, o Hotel
D. Dinis é a principal referência hoteleira da cidade e um dos ho-
téis mais procurados em toda a região de Trás-os-Montes.
Inaugurado em Julho de 1997, o Hotel D. Dinis é uma moderna
unidade de quatro estrelas, com 120 quartos e nove suites. Possui
igualmente um moderno e amplo restaurante, onde se privilegia
sobretudo a gastronomia regional, alías, tão apreciada pelos natu-
rais de Trás-os-Montes, bem como pelos muitos turistas que visi-
tam Mirandela e a região.
Segundo a direção do Hotel D. Dinis, «por estarmos localizados no
coração da região, Mirandela torna-se uma excelente localização
para quem pretende explorar a zona. Assim, temos a percepção
que temos recebido mais portugueses que anteriormente, prin-
cipalmente quem procura um turismo de natureza e pacatez. A
nível externo, o mercado que mais emite turistas é a Espanha,
pela proximidade».
É por isso que Mirandela, pela sua centralidade na região,
constitui um magnífico ponto de partida para quem pretende
explorar turísticamente a região. E o Hotel D. Dinis, está no centro
da cidade, logo, está no centro da região.
Por outro lado, nos períodos do ano de menor propensão turística,
assume uma especial importância para a ocupação do Hotel D. Di-
nis, o designado ‘cliente corporate’. Na época baixa «a maioria da
ocupação é efetuada por clientes corporate, logo, é uma “fatia” de
clientes muito importante no nosso hotel. Ao longo dos últimos
três anos temos vindo a notar um crescimento notório a nível do
turismo em Mirandela, pelo que só podemos estar satisfeitos com
os resultados positivos que temos vindo a obter». ‹
Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 2120 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015
ANTÓNIO MOTAO Presidente da Mota-Engil reforça o peso da atividade do maior grupo português de construção na América Latina, com a entrada no setor da energia elétrica no México, e no estender da atividade da construtora a outros países do continente. Em África, apesar da redução da atividade desenvolvida em Angola, ela é compensada pelo crescimento noutros países africanos. ‹
MIGUEL FRASQUILHOO Presidente da Aicep Global Parques continua a reforçar a atividade da agência portuguesa promotora da captação de investimento e dinamizadora da internacionalização das empresas portuguesas. Finaliza o ano com a abertura de novas delegações internacionais, e projeta já para 2016 a abertura de novos postos em países de crescente relevância para a economia portuguesa. ‹
EMANUEL FREITASO General Manager do Hotel Dom Pedro Laguna, localizado em Aquiraz, no estado brasileiro do Ceará, continua a colecionar prémios internacionais, tendo obido em novembro o galardão de “Melhor Hotel de Golf do Brasil”, isto depois de ter no mês anterior recebido o prémio de “Melhor Resort de Praia do Brasil”. Estes galardões são a expressão do grande trabalho liderada pelo gestor português que dirige a operação no grupo Dom Pedro no Ceará. ‹
› A ABRIR
Inês AlvesÉ e responsável de Recursos Humanos
da PrimeIT e informou que a empresa vai
abrir em Janeiro de 2016 uma Incubadora
de Talentos – PrimeIT Management Center
BMC – onde vai «contratar 20 jovens
dinâmicos, com espírito empreendedor e
um elevado gosto pelo setor das TI e das
Telecom», dotando os jovens portugueses
dos skills para se tornarem os novos líderes
do mercado. ‹
Cláudia RaposoÉ a nova Chief Operations Officer da PHC,
empresa portuguesa que se dedica em
exclusivo ao desenvolvimento de software
de gestão. Nas novas funções terá a
responsabilidade na gestão e coordenação
operacional no negócio da tecnológica.
Licenciada em informática e gestão no
Instituto Politécnico de Santarém, a nova
COO mostrou-se muito entusiasmada com
a aposta da empresa nos mercados latino-
americanos. ‹
Juan SotoO Diretor de Recursos Humanos da Gefco
Portugal foi galardoado com o Prémio
Melhores Gestores de Pessoas 2015,
integrando o TOP 50 nacional desta
categoria relativa ao ano em curso. Referiu
que «não estava à espera de ficar entre
os 50 melhores gestores em Portugal
num universo de mais de 300 empresas
analisadas pelo estudo». ‹
Subindo na Pirâmide
› NOTÍCIAS
Weg investe 15 milhões em Santo TirsoA multinacional brasileira Weg, produtoras de motores elétricos, vai investir 15 milhões
de euros em Santo Tirso, naquela que será a segunda unidade industrial da empresa em
Portugal, prevendo-se a criação de 150 novos postos de trabalho.
Em declarações à comunicação social, Joaquim Couto, presidente da Câmara de Santo
Tirso, informou que a Weg escolheu o Parque Empresarial da Ermida, na zona de Santa
Cristina do Couto, cuja primeira pedra foi lançada em Novembro, e cuja abertura e entra-
da em funcionamento deverá acontecer em meados do próximo ano.
Ainda segundo o autarca de Santo Tirso, «há empresas no concelho que estão a fazer
investimentos, alargando as saus áreas de negócios e instalações, e a par disso há investi-
mento exterior. Isso concretiza a excelente localização em Santo Tirso do ponto de vista
estratégico e já é fruto da nova dinâmica de diálogo com vários parceiros e procura de
investimento. Criámos um sistema que mostra que Santo Tirso é amigo das empresas,
procurando facilitar e não complicar». ‹
Porto de Leixões atinge record no movimento de mercadoriasO Porto de Leixões registou, no passado mês de Outubro, o melhor resultado de sempre,
tendo obtido um crescimento de 9,8% face ao período homólogo do ano anterior, o equi-
valente a mais de 1,7 milhões de toneladas de mercadorias.
Com um crescimento de 4,8% no total acumulado, 2015 continua a sustentar a excelente
performance de Leixões, porto por onde, desde o início do ano, já entraram e saíram 15,5
milhões de toneladas de mercadorias. A evolução nos 10 primeiros meses do ano foi
positiva nos granéis líquidos (+9,1%), na carga fracionada (+13,3%), ro-ro (+79%) e nos
granéis sólidos (+12,7%).
Por outro lado, e como consequência da redução significativa das exportações, nomeada-
mente para Angola, verificou-se uma quebra da carga contentorizada (-8,5%).
Em comunicado, a APDL adiantou que “é, desde o mês de outubro, líder nacional no
tráfego ro-ro, para o qual contribuiu largamente a aposta da Cobelfret neste porto que,
no início de outubro, arrancou com a terceira escala semanal para o Norte da Europa”. ‹
Sana Hotels vai abrir dentro de dois anos dois hotéis em Marrocos
Casablanca receberá hotéis SANAA estratégia de internacionalização da Sana Hotels, do grupo Azinor, vai conhecer mais
um passo com o investimento em duas novas unidades hoteleiras em Casablanca, Marro-
cos, onde aplicará até 2017 um montante na ordem dos 60 milhões de euros. Em declara-
ções ao Diário Económico, o administrador da Sana Hotels, Carlos Neves, sublinhou que
a estratégia do grupo passa pelo reforço da aposta na internacionalização, e que Marrocos
constitui uma aposta forte da marca portuguesa.
Em Casablanca, a Sana Hotels vai implementar um hotel da sua marca EPIC (de cinco es-
trelas) e um segundo da cadeia Evolution (quatro estrelas). Ainda segundo Carlos Neves,
«estas unidades vão ser hotéis com vertente turística, mas também a pensar nos ‘clientes
corporate’, uma vez que esta é uma cidade de e para negócios».
No presente, a Sana Hotels detém um total de 16 hotéis em Portugal, Alemanha e Angola.
No mercado português, o grupo conta com 14 unidades em Lisboa (10), Sesimbra, Estoril,
Caldas da Rainha e Algarve. A fauração do grupo em 2013 ascendeu a 94 milhões de
euros e fechou o ano de 2014 com um crescimento na ordem dos 15%. Para este ano, está
previsto uma aceleração do crescimento para 17%. ‹
UNISSIMA na MalásiaDepois de Casablanca, onde esteve em Outubro na MaDecor, a UNISSIMA, marca por-
tuguesa de interiores e móveis de luxo, esteve em Kuala Lampur, na Malásia, onde parti-
cipou no HiDesign Asia. O evento juntou as cadeias hoteleiras e os gabinetes de design
mais prestigiados do mundo, é, para a administradora Ana Piquete, «uma oportunidade
única para a UNISSIMA dar a conhecer ao continente asiático a capacidade e a qualidade
do trabalho e dos produtos portugueses. A intenção passa por fortalecer o networking da
marca em solo asiático, para com isso penetrar nesse mercado». A UNISSIMA tem a sede
em Soure, distrito de Coimbra, mas acabou de inaugurar um atelier em Lisboa. ‹
Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 2322 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015
› GRANDE ENTREVISTA
Marina Seixas Pinto, Administradora da Quinta da Terrincha
Querermos ser uma referência no turismo em Trás-os-Montes
A Família Seixas Pinto comprou a emblemática Quinta da Terrincha, localizada no Vale
de Vilariça, no concelho de Torre de Moncorvo, em 1994, e além do desenvolvimento
das áreas agrícolas, desde cedo viu o potencial da quinta para o turismo. Marina Seixas
Pinto, Administradora da Quinta da Terrincha, recebeu a País€conómico em Vila Flor,
na sede da Petroflor, empresa do grupo que atua na área dos combustíveis, e que
também vai investir na primeira estação de serviço ao longo do IP2 (que liga Bragança
à Guarda), em terreno pertencente à própria Quinta da Terrincha. Nesta entrevista, a
gestora sublinha que o projeto turístico da Quinta da Terrincha deverá estar concluído
até ao final de 2017, onde globalmente a empresa investirá um total de 20 milhões de
euros, mas aproveita a ocasião para informar de que está a construir um novo hotel em
Vila Flor, onde investe seis milhões de euros numa unidade que deverá abrir em Julho
do próximo ano. Além destes dois investimentos turísticos, o grupo também possui a
Valonquinta, às portas de Vila Flor, bem como uma pequena residencial vocacionada para
o segmento corporate. No fundo, como sublinha Marina Seixas Pinto, «queremos ser
um player importante no turismo de Trás-os-Montes, porque acreditamos nas grandes
potencialidades da região e de que podemos trazer mais qualidade e diversidade à
região».TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS E CEDIDAS PELA QUINTA DA TERRINCHA
A Quinta da Terrincha é uma das
mais emblemáticas proprieda-
des de Trás-os-Montes. Com
uma área de cerca de 330 hectares,
foi adquirida em 1994 pela família
Seixas Pinto, que viu na proprie-
dade grandes potencialidades para
desenvolver os seus vastos recursos
agrícolas, além de se poder imple-
mentar um projeto turístico de qua-
lidade.
Essa visão tem vindo a ser concreti-
zada ao longo destes mais de vinte
anos de trabalho no desenvolvimento da
quinta. No campo agrícola, os 60 hectares
de vinha produzem os excelentes vinhos
“Quinta da Terrincha” e “Vale de Vilariça”,
neste caso, «em homenagem ao nome do
vale onde a quinta está implementada,
uma zona que além de muito bela, permi-
te produções agrícolas de excelente quali-
dade e de que somos depositários desses
magníficos produtos que brota daquela
terra», salienta Marina Pinto, aproveitan-
do para acrescentar que além da produção
de vinho, ainda sai uma apreciável quan-
tidade de uvas da Quinta da Terrincha e
que servem para produzir o afamado Vi-
nho do Porto. Os vinhos da Quinta da Ter-
rincha estão no mercado nacional, e
são igualmente exportados para An-
gola, seguindo-se a breve prazo para
a China e a Suíça.
Por outro lado, a propriedade com-
porta também cerca de 80 hectares
de olival, de onde saem as azeitonas
que depois de recolhidas são imedia-
tamente encaminhadas para o lagar
existente na Quinta da Terrincha
e aí transformadas em azeite biológico,
igualmente sob a marca “Quinta da Ter-
rincha”, que é muito apreciado e vendido
em várias superfícies comerciais do nosso
país.
Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 2524 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015
› GRANDE ENTREVISTA
Mas, a produção agrícola na propriedade
do Vale de Vilariça, ultrapassa a produção
de vinho e de azeite, para incidir também
em vários produtos locais, como os quei-
jos (do leite da ovelha da raça Churra da
Terra Quente Transmontana), mel, doce
de abóbora e vinagre.
Projeto turístico finalizado até final de 2017Mas, se as produções agrícolas assumem
um papel naturalmente importante no vo-
lume de negócios da Quinta da Terrincha,
naturalmente que o desenvolvimento do
papel do investimento turístico é cada vez
mais relevante.
Marina Pinto lembra que a propriedade
dispunha de cerca de uma trintena de an-
tigas casas de trabalhadores, alfaias agrí-
colas, entre outras atividades, mas quase
tudo estava em ruínas. Então, «fomos
recuperando esse património edificado e
transformando-o em unidades de turis-
mo. Adaptámos o solar oitocentista para
um hotel, que dispõe de 9 quartos. Depois
já temos também outras 7 casas adapta-
das a unidades de turismo rural, além de
várias outras que servem no âmbito do
nosso projeto turístico na quinta. Neste
momento, dessas trinta edificações ini-
ciais já recuperámos cerca de 20, faltando
as restantes dez por recuperar. Queremos
ainda construir mais um restaurante, uma
nova piscina e um espaço amplo, capaz de
realizar eventos para um total de 700 pes-
soas. É nosso desejo conseguir finalizar o
projeto turístico da Quinta da Terrincha
até ao final de 2017, e nessa altura devere-
mos ter investido aqui cerca de 20 mihões
de euros, praticamente com o recurso a
capitais próprios», sublinha Marina Sei-
xas Pinto.
No entanto, para assegurar um desen-
volvimento sustentado de qualquer uni-
dade turística, e por maioria de razão do
turismo em qualquer região, é necessário
recursos humanos qualificados, mas Ma-
rina Pinto admite que não é fácil recrutar
recursos humanos qualificados para tra-
balhar nos empreendimentos turísticos
da região transmontana, situação que no
caso do grupo onde se insere a Quinta da
Terrincha ainda será mais difícil quando
em Julho do próximo ano abrir uma nova
unidade hoteleira em Vila Flor, uma vila
próxima do Vale de Vilariça em que so-
bressai a Quinta da Terrincha.
Novo hotel em Vila Flor abrirá em Julho de 2016Com o projeto turístico da Quinta da Ter-
rincha a plena velocidade, Marina Seixas
Pinto aproveita esta entrevista à PAÍS €CONÓMICO para anunciar que o gru-
po tem em construção uma unidade hote-
leira na vila de Vila Flor, um investimento
de seis milhões de euros, com 52 quartos
e que deverá abrir já em Julho do próximo
ano. «Acreditamos no potencial turístico
do concelho de Vila Flor, e da própria re-
gião envolvente. Vila Flor é muito procu-
rada aos fins-de-semana por autocarros de
turistas que aqui vem visitar a região, e
só muito dificilmente se consegue alojar
esses turistas nas unidades aqui existen-
tes. Então, pareceu-nos existir claramente
uma oportunidade de construir uma nova
unidade hoteleira e decidimos investir
na convicção de que aproveitaremos esse
portencial que reconhecidamente existe,
mas também com a perfeita consciência
de que estamos a contribuir para o desen-
volvimento e sustentabilidade do turismo
em Vila Flor. Gostaria, a este propósito, de
referir que o presidente da Câmara Muni-
cipal nos tem dado um grande apoio para
a concretização do nosso novo projeto ho-
teleiro na vila».
Mas, se o novo hotel está em construção, a
menos de dois quilómetros de Vila Flor, o
grupo empresarial de que Marina Seixas
Pinto é administradora, já possui a Valon-
quinta, uma pequena, mas muito acolhe-
dora unidade de turismo rural. Dispondo
de oito quartos disponíveis para o público,
um restaurante onde se pode degustar os
produtos regionais, e sobretudo uma fan-
tástica vista para o Vale de Vilariça, pois
a Valonquinta é uma autêntica varanda
entre a altitude de Vila Flor e a planura
do vale que se estende graciosamente aos
seus pés.
Praticamente ao lado da sede da Petroflor,
onde Marina Pinto nos concedeu a entre-
vista, o grupo empresarial dispõe ainda
de uma pequena residencial, sobretudo
direcionada para o segmento corporate.
Ao lado, localiza-se uma das duas estações
de serviço que comercializa combustíveis,
e que são propriedade da Petroflor, dando-
-nos a empresária a novidade de que vai
avançar com a construção de uma esta-
ção de serviço numa área de terreno da
Quinta da Terrincha junto ao IP2, «pois
como deve saber, infelizmente não existe
atualmente, entre Bragança e a Guarda, no
que ao IP2 diz respeito, nenhuma estação
de serviço, onde um automobilista possa
encher o depósito de combustível do seu
veículo. A Quinta da Terrincha estende-se
ao longo de quatro quilómetros do IP2, e
apresentámos esse projeto de investimen-
to e, felizmente, conseguimos a aprovação
para o realizarmos», remata Marina Pinto.
Continuamos a acreditar em AngolaApostada em ajudar no desenvolvimento
económico e social da região de Trás-os-
-Montes, o grupo cujo rosto emblemático
é o de Marina Seixas Pinto, apostou tam-
bém em Angola, onde possui um impor-
tante investimento numa fábrica produ-
tora de água na província do Bié, além
de outros investimentos na área da cons-
trução. Questionada sobre se o grupo não
estava preocupado com o atual momento
difícil por que passa a economia angolana,
a empresária portuguesa sublinhou acre-
ditar nos fundamentos económicos de
Angola, «pois a longo prazo acreditamos
plenamente no potencial de Angola, país
onde queremos estar e continuar a inves-
tir», reforçou Marina Pinto.
A finalizar a entrevista, Marina Seixas
Pinto sublinhou que o grupo familiar que
agrega pretende continuar a crescer na
região, tendo para o efeito os investimen-
tos em curso, além de outros que, a seu
tempo, certamente serão revelados e im-
plementados. «A região tem cada vez me-
nos pessoas, que saem daqui para outras
regiões, mas eu própria sou um exemplo
do inverso, vim de fora para Trás-os-Mon-
tes, porque acredito nesta região e do seu
potencial para construir um grupo empre-
sarial sólido. É nisso que eu e os meus ir-
mãos acreditamos, no fundo, em que toda
a minha família acredita, que podemos
contribuir para o crescimento económico
e empresarial desta explêndida região do
nosso país», finalizou. ‹
Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 2726 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015
› LUSOFONIA › Brasil
Robinson Faria, Governador do estado brasileiro do Rio Grande do Norte, quer mais turistas e investimentos portugueses no seu estado
Rio Grande do Norte é lugar de excelência no Brasil
Muitos portugueses conhecem Natal e Pipa, os dois lugares mundialmente conhecidos do
Rio Grande do Norte, estado do nordeste brasileiro que está mais próximo de África, além
de distar apenas seis horas de voo entre Lisboa e Natal, a capital do estado potiguar.
Entretanto, a crise económica por que passou Portugal afastou nos últimos anos muitos
cidadãos lusos de usufruirem das paradisíacas praias que ao longo de 400 quilómetros
de litoral embelezam o litoral do estado. Robinson Faria, Governador do Rio Grande
do Norte, tomou posse no primeiro dia de janeiro deste ano, mas definiu o turismo
como a grande prioridade do desenvolvimento do seu estado, e dando consequência à
estratégia traçada, veio a Portugal para em parceria com a agência Abreu, empreender
uma forte iniciativa de desenvolvimento da excelência do Rio Grande do Norte para atrair
mais turistas e investimentos turísticos portugueses. Como o que foi recentemente
anunciado pelo grupo português Vila Galé, que vai construir um grande resort turístico
próximo da cidade de Touros. Mas também a certeza deixada pelos responsáveis da
TAP em aumentar de três para quatro as frequências semanais entre Lisboa e Natal,
cidade agora servida pelo grande aeroporto Aluizio Alves, em São Gonçalo do Amarante.
Que Robinson Faria espera vir a albergar o hub da TAM, que aquele aeroporto disputa
com os seus congéneres de Fortaleza e de Recife. «Portugal é muito importante para
a sustentação do turismo do meu estado, e quis com esta parceria estabelecida com a
Abreu, agência com forte relevância tanto em Portugal como no Brasil, demonstrar que
estamos a levar a sério a estratégia de colocar o turismo como um pilar fundamental
no desenvolvimento do Rio Grande do Norte. Possuímos um litoral fantástico, uma
gastronomia fantástica, zonas interiores fantásticas, e sobretudo um povo fantástico
e muito acolhedor, que gosta muito dos portugueses. E tenho a certeza de que vocês
também gostarão muito de conhecer o Rio Grande do Norte. Sejam bem-vindos»,
expressou Robinson Faria à PAÍS €CONÓMICO.TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › CEDIDAS POR HA
Robinson Faria, Governador do Rio Grande do Norte, trou-
xe uma comitiva de peso a Portugal, integrando os titula-
res das secretarias estaduais do Turismo, Trabalho, Habi-
tação e Assistência Social, Comunicação, além do Vice-Presidente
da Emprotur, a empresa de turismo do estado. Com o governador
veio também a Lisboa e ao Porto uma numerosa delegação de
empresários potiguares do setor turístico e hoteleiro, onde se real-
çava o presidente da ABIH – Associação Brasileira da Indústria
Hoteleira/RN.
O objetivo da missão a Portugal por parte do governador do Rio
Grande do Norte foi o de inverter a queda na emissão de turistas
portugueses para este estado do nordeste brasileiro, pois os turis-
tas lusitanos já lideraram a demanda turística estrangeira no es-
tado. Natal, capital do Rio Grande do Norte, dista apenas a pouco
mais de seis horas de voo de Lisboa, tendo a TAP presentemente
três ligações semanais, e que servem tanto para levar turistas por-
tugueses para o Rio Grande do Norte, como também vários outros
europeus, que fazem do aeroporto de Lisboa, um hub para o voo
da TAP que liga as duas capitais.
Para sustentar esta ação de promoção de «um destino de escelên-
cia», como classificou Robinson Faria, nada melhor do que fazê-
-lo em parceria com a agência Abreu, a mais antiga agência de
turismo português e que também regista uma presença direta no
Brasil com mais de sessenta anos.
Decorrente da parceria estabelecida, o governador e toda a delega-
ção potiguar participou em dois eventos, que se realizaram no Ho-
tel Sheraton, do Porto, e no Hotel Dom Pedro Palace, em Lisboa.
Neles compareceram, além dos representantes da agência Abreu,
igualmente representantes de outras agências e players turísticos
portugueses, que assim puderam escutar e relembrar (para mui-
tos) sobre as vantagens que os turistas portugueses poderão ter
em escolherem o Rio Grande do Norte como local privilegiado
para as suas férias, ou até para adquirirem uma residência fora
do país.
«Brasil é muito importante para Portugal»Artur Abreu, Diretor Geral da Abreu, em ambas as ocasiões,
lembrou que o «Brasil é sempre uma grande prioridade» para a
empresa portuguesa, e sublinhou que «no seguimento do diálo-
go empreendido há algum tempo com o Ruy Gaspar, Secretário
do Turismo do Governo do Rio Grande do Norte, considerámos
desde o início desse diálogo do interesse e da oportunidade de
fazermos alguma coisa mais para podermos levar mais turistas
portugueses para o estado, visto que, do nosso ponto de vista, ape-
sar de Natal e de Pipa já serem bastante conhecidos de muitos
portugueses, é preciso atualizar a informação e a visão sobre essas
duas cidades, bem como de todo o estado, nomeadamente sobre
o conjunto dos mais de 400 quilómetros de praias espetaculares
que o vosso estado possui. Estamos muito satisfeitos por esse diá-
logo se ter traduzido nesta parceria, que temos a firme convição
de que será vitoriosa para ambas as partes», enfatizou o respon-
sável da Abreu.
Ruy Gaspar, Secretário do Turismo do Rio Grande do Norte, Robinson Faria, Governador do Rio Grande do Norte, e Haroldo Azevedo Filho, Vice-Presidente da Emprotur
Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 2928 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015
Ruy Gaspar é o Secretário do Turismo do Governo do Rio Grande
do Norte, e tem a missão de levar o nome do estado e sobretudo
o seu grande potencial turístico tanto ao restante território brasi-
leiro, como aos destinos emissores internacionais de turistas para
o estado. Pertencente a uma família de hoteleiros do Rio Grande
do Norte, Ruy Gaspar é um profissional do trade turístico, e desde
cedo compreendeu que a profissionalização da promoção turísti-
ca do Rio Grande do Norte seria o único caminho para alcançar
os ambiciosos objetivos traçados pelo Governador Robinson Faria
para que o turismo constitua a grande alavanca do desenvolvi-
mento económico e social do estado do Rio Grande do Norte.
TAP vai passar para quatro ligações a NatalO Governador Robinson Faria destacou o posicionamento estraté-
gico do Rio Grande do Norte no contexto do nordeste brasileiro,
e da sua relação com os mercados externos. Sublinhou que até
ao momento existe uma subida de praticamente 30% de turistas
no estado, e pretende que esse fluxo se possa reforçar nos pró-
ximos tempos, «certamente com um contributo assinalável de
muitos portugueses», voltando a recordar
a distância de pouco mais de seis horas a
que Natal está de Lisboa, lembrando tam-
bém as três ligações semanais entre Natal
e Lisboa, que vão passar a quatro semanais,
«pois acabo de me reunir com o presidente
e o vice-presidente da TAP e asseguram-nos
esse acréscimo, além de irmos também rea-
lizar uma promoção conjunta em diversos
destinos europeus operados pela TAP e que
poderemos igualmente por essa via mostrar
as belezas do Rio Grande do Norte e captar
mais turistas europeus para o nosso esta-
do», sublinha Robinson Faria.
Lembrando ainda que o Rio Grande do Nor-
te possui mais de 400 quilómetros de para-
disíacas praias, «não apenas de Natal, como
as de Pipa, de Genipabu, Tabatinga, São Mi-
guel do Gostoso (grande área para a prática
do kitsurf), mas também as belelezas do interior potiguar, onde o
turismo religioso também possui o seu lugar, ou não possuisse o
Rio Grande do Norte a Estátua de Santa Rita de Cássia – a maior
estátua católica do mundo, que com 57 metros de altura é mais
alta do que as suas congéneres do Cristo Redentor (Rio de Janeiro)
e da Estátua da Liberdade (Nova Iorque).
Robinson Faria também pretende estimular a chegada de mais
investimentos portugueses na área do turismo, depois do anúncio
da construção do maior resort turístico de praia no estado e que
vai ser desenvolvido pelo grupo português Vila Galé, já presen-
te noutros estados brasileiros e que vai agora também chegar ao
Rio Grande do Norte. «Temos praias e espaços quase virgens ao
longo do nosso litoral, mas igualmente áreas nas zonas turísticas
já consolidadas nas quais existem fortes potencialidades e oportu-
nidades para que os investidores turísticos portugueses ocupem
um maior espaço. Já estava no estado o grupo Pestana (na Via
Costeira, em Natal) e agora vamos ter também o grupo Vila Galé,
próximo de Touros. Gostaríamos que viessem mais no futuro»,
convidou o governador.
Esperando que o novo aeroporto Aluizio Alves, que é privado, ve-
nha a ser escolhido pela TAM para albergar o novo hub da maior
companhia aérea brasileira (em associação com a sua congénere
do Chile), Robinson Faria lembra que o aeroporto portiguar é o
único dos três em competição (em conjunto com os aeroportos
de Fortaleza e de Recife) que possui condições de expansão, além
de possuir uma maior agilidade de gestão devido à flexibilidade
da sua gestão privada. « É muito importante para o Rio Grande
do Norte, e certamente também para a TAM, que a escolha venha
a recair no aeroporto Aluizio Alves. Simplesmente, porque é o
melhor!», rematou o governador potiguar.
A finalizar a sua intervenção no Hotel Dom Pedro em Lisboa,
Robinson Faria fez um elogio público ao desempenho de Ruy
Gaspar no comando do turismo potiguar, assim como endereçou
um outro elogio a Haroldo Azevedo Filho, vice-presidente da Em-
protur, pela capacidade organizativa demonstrada na complexa
missão turística que enquanto governador do Rio Grande do
Norte comandou a Portugal. Nos elogios, não deixou de fora o
desempenho de Julianne Faria, Secretaria do Trabalho, Habitação
e Assistência Social, destacando a sua ação em prol do aumento
da segurança que se regista em Natal, «o que também é muito
importante para o turista que nos visita se sentir seguro na nossa
capital e no nosso estado», assim como para o trabalho desenvol-
vido em Lisboa por Juliska Azevedo, Secretária de Comunicação
do governo do estado. ‹
› LUSOFONIA › Brasil
Luis da Gama Mór, Vice-Presidente da TAP, Robinson Faria, Governador do Rio Grande do Norte, Haroldo Azevedo, Empresário, e Ruy Gaspar, Secretário do Turismo do Rio Grande do Norte.
Robinson Faria, Governador do Rio Grande do Norte, e Jorge Alegria, Diretor a revista País€conómico.
Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 3130 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015
› LUSOFONIA › Brasil
BMViv e ESTG-IPVC assinaram protocolo de colaboração
Vai beneficiar atuação da empresa no Brasil
No passado dia 30 de outubro foi assinado um protocolo entre a empres BMViv e a
escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Superior Politécnico de Viana do
Castelo, possibilitando a realização de estágios dos alunos da ESTG na empresa liderada
por Licínio Lima. Este acordo poderá também contribuir para o fortalecimento da
crescente atuação da empresa no mercado brasileiro, mormente no estado da Bahia,
onde se prepara para instalar uma unidade industrial em Entre Rios.TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › ARQUIVO
Qual a razão para a celebração deste protocolo entre a BMViv e a ESTG?É entendimento da BMViv, de que as
empresas e as instituições de ensino
devem poder em permanência proceder
à troca de informações por forma a que
os formandos e os quadros de professores,
possam cada vez mais estarem ligados ao
mundo real. Sabemos que assim, quando
os formandos entram no mundo do
trabalho, chegam muito mais capazes
de o enfrentar dando dessa forma uma
resposta mais eficaz às empresas que os
contratam. Contribui-se também para que
os salários sejam mais de acordo com as
competências que os mesmos possuem.
Quais serão as mais-valias recíprocas da troca de informações e know how entre as duas partes?Troca de informação e know how, algo
que permite que as empresas possam
desenvolver através das instituições de
ensino, soluções e equipamentos tecnica-
mente evoluídos e de nova geração. Consi-
deramos que só apostando reciprocamen-
te na I+D, instituições e empresas podem
evoluir.
O aproveitamento desse potencial vai ser aproveitado pela BMViv em Portugal e no Brasil. De que forma?Claro que vai, quer no desenvolvimento
de soluções para a melhoria de rendimen-
to dos módulos solares fotovoltaicos, quer
nas soluções integradas para tratamento
de RSU e produção de biogás.
Como está a decorrer a evolução da pre-sença da BMViV no Brasil?Em breve começaremos a construir as ins-
talações para a produção de módulos fo-
tovoltaicos com uma capacidade instalada
de 150 Mw/ano, numa área de construção
de 15.000 metros quadrados. Em breve
começaremos também a desenvolver es-
tudos no terreno para dar resposta às car-
tas de manifestação de interesse que nos
foram aprovadas por diversas prefeituras.
Estaremos em condições de em breve po-
dermos estar posicionados para as licita-
ções que vão ocorrer.
Os setores do ambiente e da energia constituem prioridades nas políticas de desenvolvimento do Brasil. De que forma é que a ViV Brasil e este acordo celebrado com a ESTG poderão contri-buir para uma intervenção mais ampla e qualificada da empresa no território brasileiro?Este protocolo vai permitir que no pre-
sente e no futuro, poderemos dar conjuga-
damente, resposta aos vários pedidos de
P+D. A atuação será muito abrangente, a
saber: Construção Civil, Sustentabilidade,
Sistemas de Gestão, Melhoria dos módu-
los solares fotovoltaicos, Eficiência Ener-
gética, Tratamento de RSU e produção de
Biogás.
A ViV Brasil vai instalar uma unidade industrial no município baiano de Entre Rios. Quando prevê o início da laboração dessa unidade, bem como as perspeti-vas de sucesso industrial dos produtos que lá serão produzidos?Como disse, começaremos no início do
Ano, e prevê-se que a produção comece a
ser efetivada a partir de outubro de 2016.
Estamos em crer que toda a capacidade
instalada será ocupada, devendo para tal
ser contratados e formados cerca de 200
técnicos e operários. ‹
ESTG/IPVC apoia desenvolvimento brasileiroQuestionada sob de que forma o protocolo estabelecido entre a Escola Superior de
Tecnologia e Gestão de Viana do Castelo poderá contribuir para o fortalecimento
da atuação da BMViV no Brasil – através da ViV Brasil – particularmente nas áreas
do ambiente e da energia, Joana Santos, Diretora da ESTG de Viana do Castelo,
remeteu à PAÍS €CONÓMICO a resposta que transcresvemos na íntegra:
«Os setores de Ambiente e Energia são duas áreas em que a ESTG/IPVC tem
desenvolvido fortes competências ao longo da sua existência. Essas competên-
cias têm permitido um forte desenvolvimento de atividades de participação em
projetos IDT, prestação de serviços e de investigação científica. Com base nessa
experiência, o acordo celebrado entre a BMViV e a ESTG/IPVC poderá permitir
desenvolver projetos inovadores, trabalho de consultadoria, etc. que possam, no fu-
turo, vir a ser desenvolvidos numa eventual intervenção da empresa em território
brasileiro. De notar que as políticas de eficiência energética e proteção ambiental
desenvolvidas e implementadas pelos membros da União Europeia são das mais
avançadas a nível mundial, permitindo uma base de trabalho de referência. A ex-
periência no terreno desenvolvida em Portugal nos últimos 20 anos é assinalável e
essa experiência reflete-se nas competências instaladas na ESTG.
No âmbito dos resíduos sólidos, a aprovação do Plano Nacional de Resíduos
(PNRS), em 2010, dotou o Brasil de um instrumento legal muito poderoso e exi-
gente, que preconiza a construção de um conjunto de infraestruturas para recolha,
valorização e tratamento de resíduos, em tudo semelhante ao trajeto que Portugal
já fez. No entanto, as metas preconizadas no marco legal aprovado estão muito
longe de serem alcançadas, pondo em risco os mandatos políticos dos responsáveis
dos municípios, Os Prefeitos, na medida em que o não cumprimento constitui uma
infração criminal na legislação brasileira.
A ESTG tem vindo a desenvolver investigação prética no domínio dos resíduos
e do seu aproveitamento, tendo uma participação muito efetiva nas soluções de
tratamento existentes no distrito de Viana do Castelo, bem como em diversas ou-
tras infraestruturas em diferentes pontos de Portugal, sendo reconhecido inter-
nacionalmente o know how detido na Escola. Esta base de trabalho e experiência
acumulada irá permitir desenvolver projetos modernos, evitando erros do passado
e diminuindo o tempo de implementação no terreno, com a devida adaptação à
realidade brasileira.
No caso do Brasil, um docente da ESTG participou num projeto, com duração de 3
anos, sobre alternativas de tratamento e valorização de resíduos. Esse trabalho foi
financiado pelo BNDES e liderado pela Universidade Federal de Pernambuco, com
a participação de mais de 45 investigadores do Brasil e 7 investigadores estran-
geiros, sendo um deles docente da ESTG/IPVC. Foi coligida informação relevante
sobre o estado de desenvolvimento da gestão de resíduos no país e alternativas
bem sucedidas na Europa, EUA e Japão, passíveis de serem aplicadas no Brasil.
Este conhecimento é fundamental para uma empresa portuguesa ter sucesso num
mercado continental, complexo e difícil. ‹
Joana Santos, Diretora da ESTG/IPVC, e Licínio Lima, Presidente da BMViV
Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 3332 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015
› LUSOFONIA › Brasil
Ceará quer atrair mais investimento estrangeiroFoi lançada a Câmara Temática de Comércio e Exterior e Investimentos Estrangeiros, numa iniciativa da Adece – Agência de Desenvolvi-
mento do Estado do Ceará. Liderada por Roberto Marinho, presidente da Câmara de Comércio Brasil Angola, e que também já integrou
a Câmara de Comércio Brasil Portugal no Ceará, o novo organismo pretende atuar na formulação de políticas públicas e estratégias que
fomentem a exportação no Estado.
O presidente da Adece, Ferruccio Feitosa, destacou a oportunidade de, além de alavancar as exportações cearenses, a atração de investi-
mentos do exterior, sublinhando que «temos órgãos governamentais e não governamentais, do setor de exportações e atração de inves-
timentos. A lógica é que eles se reúnem e possam estar discutindo o momento e pensando o Ceará para os próximos anos», terminou
Ferruccio Feitosa. ‹
Fórum Brasil África decorreu em PernambucoO 3º Fórum Brasil África realizou-se em novembro no Centro
de Convenções do Hotel Sheraton Reserva do Paiva, em Cabo de
Santo Agostinho, na região metropolitana do Recife, sob o tema
“Desafios e Oportunidades para o Fornecimento de Energia no
Brasil e na África”. Realizado pelo Instituto Brasil África, o fórum
debateu diferentes tópicos relacionados com o setor da energia
como o petróleo e gás, as energias renováveis, linhas de finan-
ciamento, novas tecnologias e programas educacionais. Segundo
João Bosco Monte, presidente do Instituto Brasil África, «energia
é a base da infraestrutura, principalmente por conta dos grandes
gaps que existem no continente africano que de alguma maneira
poderiam ser resolvidos com as experiências brasileiras». ‹
TAM reforça voos de Fortaleza para MiamiA companhia aérea brasileira TAM vai aumentar a frequência
do voo Fortaleza-Miami no próximo ano, provavelmente a partir
de abril de 2016.
Segundo o jornal cearense OPOVO, o reforço será de uma fre-
quência semanal que se juntará às atuais frequências de quinta
e sexta feira. Segundo Arialdo Pinho, Secretário do Turismo do
Governo Estadual do Ceará, sublinhou que este reforço das liga-
ções da capital cearense a Miami reforçar o trade turístico, «pois
enquanto a empresa tem cancelado voos em outras cidades do
país, aqui eles vem que a edmanda cearense para o destino se
destaca». De realçar que em janeiro e fevereiro do próximo ano,
também a companhia Azul, cujo proprietário é um dos novos
donos da portuguesa TAP, também reforçará as ligações aéreas
entre Fortaleza e as cidades de Teresina e Parnaíba. ‹
Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 3534 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015
› LUSOFONIA › África
Galp vai explorar petróleo em São Tomé e PríncipeA Galp Energia vai explorar pela primei-
ra vez petróleo em São Tomé e Príncipe,
após o acordo assinado pela empresa
portuguesa com a Agência Nacional de
Petróleos de São Tomé. A intervenção da
Galp acontecerá dentro de um consórcio
que a própria petrolífera portuguesa lide-
rará com 45%, e que juntará igualmente a
norte-americana Kosmos Energy, também
com 45%, e a prória Agência Nacional de
Petróleos são tomense, com 10% do capi-
tal do consórcio.
O consórcio liderado pela Galp Energia
actuará no Bloco 6, cabendo a liderança
da exploração à própria companhia por-
tuguesa. Segundo Carlos Gomes da Silva,
presidente executivo da Galp Energia,
a empresa «tem hoje experiências em
parcerias do outro lado do Atlântico, de-
signadamente no Brasil em águas muito
profundas».
Para explorar o Bloco 6 nas águas de São
Tomé, que possui uma profundidade mé-
dia de 2.5000 metros, o que representa
um desafio tecnológico, a petrolífera por-
tuguesa «tem valências que foram adqui-
ridas no Brasil na exploração do pré-sal e
que nos colocam numa posição em que
poderemos ser uma referência da indús-
tria na área de exploração e produção»,
petrolífera, salientou o líder executivo da
Galp. ‹
Rangel entra em Cabo VerdeO grupo português Rangel acabou de entrar em Cabo Verde com a abertu-
ra de duas delegações, respectivamente, em Mindelo, ilha de São Vicente,
e na Praia, ilha de S. Tiago. A empresa expande assim a sua presença no
continente africano, já depois de ter iniciado a operação em Angola e em
Moçambique.
Líder em soluções globais de logística, a Rangel leva até Cabo Verde os ser-
viços de transporte aéreo e marítimo (completos, grupagens e bagagens), de
ligação entre as ilhas e aduaneiro. O transporte expresso será assegurado
pela parceria da Rangel com a multinacional americana FedEx, que depois
de Portugal e Angola chega agora a Cabo Verde.
Segundo Nuno Rangel, vice-presidente da Rangel, «a parceria de sucesso
que mantemos em Portugal e em Angola fez com que, uma vez mais, a
FedEx reafirmasse a sua confiança nos serviços que prestamos, ao entrar
connosco no mercado cabo verdiano». Ainda segundo aquele responsável
da Rangel, «Cabo Verde faz parte da nossa estratégia de expansão há algum
tempo, pois temos vindo a consolidar a nossa operação em África e no Mun-
do, estamos a chegar a mais destinos e, como consequência, a mais pessoas»,
sublinhou. ‹
Sika forneceu soluções para edifício em LuandaA Sika Portugal participou na intervenção
de exterior do já emblemático ‘Edifício Vitó-
ria’, localizado no centro de Luanda, capital
de Angola, para o qual forneceu soluções
para a sua construção.
Distribuído por 18 pisos de luxo numa área
superior a 21.000 metros quadrados, o ‘Edi-
fício Vitória’ pertence à BESA ACTIF, Socie-
dade Gestora de Fundos de Investimentos,
tem a assinatura do conhecido gabinete de
projectos ‘Costa Lopes’, e cuja construção
esteve a cabo da Edifer Angola. Segundo
José Soares, Director-Geral da Sika Portugal,
«ter participado num projecto de referência
como o ‘Edifício Vitória’, evidencia o posi-
cionamento da Sika e fortalece o crescimen-
to da marca e do negócio em Angola».
Presente em Angola desde 2010, a Sika Portugal faz um balanço
positivo dos negócios desenvolvidos naquele país de África, pre-
vendo facturar, até ao final do presente ano, cerca de 9 milhões de
euros em Angola, um crescimento de 40% face ao ano anterior.
Recorde-se que o mercado angolano já representa mais de 20% do
volume de negócios da Sika Portugal. ‹
Águas de Portugal apoiam AngolaO grupo Águas de Portugal (AdP) ganhou recentemen-
te dois novos contratos em Angola para dar assistência
técnica às empresas de água e saneamento das provín-
cias do Humabo e do Uíge. Os contratos em causa
terão a duração de três anos e são financiados pelo
Banco Mundial, ao abrigo do Programa de Desenvol-
vimento Institucional do Sector das Águas (PDISA),
totalizando 9,7 milhões de dólares.
Em contrato, um primeiro contrato obtido pela AdP
incide sobre a assistência técnica à Direcção Nacional
de Abastecimento de Água e Saneamento, enquanto
um segundo centra-se no estabelecimento do serviço
de abastecimento e saneamento de águas na província
do Sumbe e um outro para a criação e constituição da
empresa de abastecimento de água e saneamento da
província do Cunene. ‹
Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 3736 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015
› EMPRESARIADO
Carlos Antunes, CEO da Meditor
«Estamos a preparar a internacionalização com Espanha e Noruega»
Com sede em Setúbal no Parque Empresarial BlueBiz, a Meditor está presente no
mercado desde 2007 e já é uma referência nacional e internacional na área da
aeronáutica. Em entrevista concedida à PAÍS €CONÓMICO, Carlos Antunes, CEO
da Meditor anuncia alguns projetos com a marca da sua empresa – projetos com uma
enorme vertente inovadora – e refere que a Meditor já está a preparar para 2016
a internacionalização dos novos produtos na área da aeronáutica e dos serviços de
desenvolvimento. «Queremos aumentar a nossa atividade em alguns países onde já
temos clientes, como são os casos de Espanha e Noruega e aumentar o leque de países
onde poderemos colocar os nossos produtos», sublinhou Carlos Antunes, reafirmando
que a Força Aérea Portuguesa (FAP) é um parceiro de destaque. «Neste momento
estamos concentrados em terminar a terceira geração do Vibrapac e acreditamos que
este equipamento pode passar do meio militar para o civil», destacou o CEO da Meditor,
que aproveitaria o ensejo para anunciar que já a partir do início de 2016 a sua empresa
irá iniciar o processo de internacionalização com a Espanha e a Noruega, através de
novos produtos na área da aeronáutica e nos serviços de desenvolvimento. TEXTO › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS
Há já oito anos que a Meditor é
uma empresa que cria soluções
de Engenharia à medida das ne-
cessidades de cada um dos seus clientes.
E uma fatia substancial deste trabalho in-
cide na área da Aeronáutica onde a Medi-
tor tem tido até agora intervenções muito
inovadoras e de grande mérito, Mas tam-
bém é uma empresa vocacionada para a
Indústria Naval e para os Equipamentos
Médicos.
Carlos Antunes, CEO da Meditor, abriu
esta entrevista à P€ com uma referência
direta a alguns dos mais emblemáticos
projetos em que a sua empresa participou.
«Refiro-me desde já ao primeiro sistema
de forças para o simulador de voo. Nes-
te sistema utilizamos soluções inovado-
ras com excelentes resultados, e graças a
este esforço inovador a Parker Hannifin,
líder mundial em sistemas de movimento
propôs à Meditor ser o distribuidor auto-
rizado em Motion da Parker Hannifin»,
referiu, para destacar outros projetos mui-
to importante.
«É o caso de uma máquina de teste para
a Força Aérea Portuguesa (FAP) e de uma
máquina de teste de aceleração contínua
e teste de impulsos», sublinhou Carlos
Antunes, lembrando que «A construção
das duas máquinas para a realização
de testes foi concebida de acordo com o
standard DO-160E, e que os testes (tes-
tes de impulso e de aceleração contínua)
foram realizados a Sistemas Radar Unit
Transceiver Slar (Side Looking Airbor-
ne Radar), equipamento a instalar nos
novos aviões da Força Aérea Portuguesa,
os aviões da Airbus Militar C295. Este de-
senvolvimento constituiu um marco quer
pelo desafio em si, quer pelos resultados
alcançados pelos sistemas. Os resultados
destes testes foram verificados pela FAP
e pela própria Airbus Militar», salientou
o CEO da Meditor que se referiria tam-
bém ao projeto da construção da cabine
do Pandur para a ETI. «É um projeto em
curso. Já fornecíamos à ETI sistemas de
aquisição e comunicações desenvolvidos
especificamente para a simulação e siste-
mas de forças. Temos muito orgulho na
construção desta cabine, pois mostra a
confiança que os nossos clientes, como a
ETI, têm em nós, como também mostra a
nossa capacidade de fornecer um serviço
completo aos nossos clientes», destacou
Carlos Antunes.
Crescer nas áreas da Aeronáuti-ca e Militar Sabíamos que a Meditor está a desen-
volver um equipamento para equilibra-
gem das hélices das aeronaves de treino
TB30, projeto que conta com o apoio do
Instituto Politécnico de Setúbal (IPS). A
propósito, Carlos Antunes confirma que
neste momento a Meditor está empenha-
da na evolução do equipamento Vibrapac
desenvolvido pelo IPS para a Força Aérea
Portuguesa e que está a ser utilizado pela
FAP há já muito tempo.
«Desde a sua origem que a Meditor
está ligada a este projeto e continua
envolvida no desenvolvimento contínuo
deste equipamento», refere o CEO da
Meditor, lembrando ao mesmo tempo
que a Aeronáutica e o meio militar são
áreas muito exigentes na qualidade
dos resultados. «A Meditor foi criada
em 2007 e desde o seu início que vem
desenvolvendo soluções para estas
áreas. Mas também está habilitada para
desenvolver soluções para outras áreas
tais como a indústria geral e a indústria
naval, mas é nas áreas Aeronáutica e Mi-
litar que queremos continuar a crescer,
pois trata-se de áreas motivantes devido
ao foco na qualidade dos resultados», elu-
cidou Carlos Antunes.
Meditor lança em 2016 sistema com a sua marcaA Meditor prepara-se para lançar já no
início de 2016 o primeiro sistema para a
indústria aeronáutica com a sua própria
marca. Convidámos Carlos Antunes a pro-
nunciar-se sobre este projeto e o desafio
foi aceite.
«Trata-se do MTB, que é um banco de
ensaios ATE (Automated Test Equipment)
destinado a testar sistemas de ignição por
magnetos de motores de aeronaves com
motores alternativos», explica Carlos An-
tunes, para continuar: «O Banco MTB
foi desenvolvido de acordo com os testes
indicados pelos principais fabricantes
destes sistemas: a Continental/Bendix e
a Slick/Champion, e traz vantagens ino-
vadoras começando pelo facto de ser um
ATE, o que permite automatizar o proces-
so de teste uma vez que realiza autonoma-
mente os testes exigidos pelo fabricante:
Coming in, Standard, High Speed, Im-
pulse Coupling e Long Therm. Até aqui
as ferramentas existentes no mercado
são ferramentas manuais. Mas o sistema
possui outra inovação: o SMS – Spark
Monitoring System, que consiste numa
rede de sensores que permite registar a
ocorrência de faísca de ignição e avaliar
automaticamente a consistência destas
faíscas durante os testes. Este sistema está
a ser utilizado em um dos nossos clientes
e já no início de 2016 far-se-á a divulgação
nacional e internacional deste produto»,
enfatizou Carlos Antunes.
Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 3938 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015
› EMPRESARIADO
Vantagem de ter uma equipa in-terdisciplinarA Meditor possui uma equipa de enge-
nheiros que acompanha de perto todo o
ciclo de desenvolvimento e construção
do protótipo até à fase de fabrico. É uma
equipa com vasta experiência em desenho
eletrónico, controlo de movimento, desen-
volvimento de software, comunicações,
sistemas de informação e fabricação do
produto.
Reportando-se a esta questão Carlos Antu-
nes diz que um dos objectivos da Meditor
é fornecer uma solução completa aos nos-
sos clientes. «Isso só é possível com uma
equipa interdisciplinar que crie uma real
integração de competências. Só assim po-
deremos fornecer aos nossos clientes um
resultado que só é possível atingir com a
criação desta sinergia. Esta característica
também permite atingir os parâmetros de
qualidade que desejamos tendo em conta
as áreas onde trabalhamos», sublinhou o
CEO da Meditor, acrescentando também
que a Meditor nasceu no meio académico,
envolvida em grupos de desenvolvimento
com grande experiência. «E é nesse berço
que continuamos a encontrar os técnicos
qualificados que necessitamos para a nos-
sa equipa», reforçou Carlos Antunes.
Quisemos saber as expectativas da Medi-
tor para 2016 e 2017 em termos de novos
projetos e se continuaria a contar com a
Força Aérea Portuguesa (FAP) como um
parceiro destacado com quem a Meditor
pretende intensificar projetos importan-
tes e duradouros.
Carlos Antunes não hesitou na resposta.
«A Força Aérea Portuguesa é um parcei-
ro de destaque e neste momento estamos
concentrados em terminar a terceira ge-
ração do Vibrapac. Acreditamos que este
equipamento possa passar do meio mili-
tar para o meio civil», afirmou com con-
vicção o CEO da Meditor, que debruçar-se-
-ia sobre o futuro da sua empresa.
Internacionalização já em 2016«Neste momento estamos a preparar o
nosso processo de internacionalização
que deverá iniciar-se já em 2016 e que
passa pela internacionalização dos novos
produtos na área da aeronáutica e nos
serviços de desenvolvimento.
Queremos aumentar a nossa atividade
em alguns países onde já temos clientes,
como são os casos de Espanha e a
Noruega. E queremos ainda aumentar
o leque de países onde possamos
colocar os nossos produtos», revelou
Carlos Antunes, muito empenhado no
crescimento sustentável da Meditor,
uma empresa que está no mercado da
Aeronáutica há oito anos apenas, mas
que há muito que se vem revelando
como uma referência inovadora em
temos nacionais e internacionais, e que
tem pela frente uma margem de progres-
são enorme, fruto do valor da sua equipa
interdisciplinar. ‹
Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 4140 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015
› EMPRESARIADO
Presidente do IEFP visitou parques empresariais geridos pela Aicep Global Parques
Espaços privilegiados para a criação de empresas e de empregos
O Presidente do IEFP – Instituto do Emprego e Formação Profissional, Jorge Gaspar,
visitou em Novembro dois dos três parques empresariais geridos pela Aicep Global
Parques, respectivamente, o BlueBiz – Parque Empresarial da Península de Setúbal,
e a Zils – Zona Industrial e Logística de Sines. A visita do presidente do IEFP foi
acompanhada por todos os elementos da comissão executiva da Aicep Global Parques,
respectivamente, Francisco Mendes Palma (presidente), Paulo Calado (vice-presidente) e
Silvino Malho Rodrigues (administrador).
O responsável máximo do IEFP ficou muito agradado com
o que viu em Setúbal e em Sines, salientando que cada
uma das partes – instituto do emprego e formação pro-
fissional e a aicep global parques – poderão se complementar e
acrescentar valor às atividades desenvolvidas.
Ainda segundo uma nota emitida pela Aicep, “o IEFP é um aliado
da aicep Global Parques na formação e no auxílio ao recrutamen-
to de mão-de-obra qualificada paras as empresas instaladas nos
seus Parques Empresariais. Por sua vez, a oferta da aicep Global
Parques representa uma solução para projetos de criação de em-
presas que resultem do apoio do
IEFP”.
Recorde-se que a Aicep Global Par-
ques é especialista em gestão de
parques industriais e em localiza-
ção empresarial. Tem sob gestão
três parques empresariais – Blue-
Biz, em Setúbal, Zils, em Sines, e
Albiz, em Albarraque, concelho de
Sintra – e o seu focus está direta-
mente relacionado com a garantia
de condições de captação e acom-
panhamento na instalação de pro-
jetos de investimento nacional e
estrangeiro.
Por outro lado, é ainda de referir a
importância da parceria estabeleci-
da pela Aicep Global Parques, atra-
vés do BluBiz, com o Instituto Po-
litécnico de Setúbal, que concede
privilégios especiais para empresas
instaladas no parque, nomeada-
mente o acesso a recursos huma-
nos qualificados.
O protocolo estabelecido entre ambas as entidades, pretende pro-
mover estágios profissionais em empresas instaladas no parque
para alunos que terminem os cursos no IPS, nomeadamente de
engenharia, gestão de negócios, educacionais, tecnológicos e de
ciências da saúde. Nest âmbito, o IPS poderá promover formação
especial adaptada às necessidades concretas de uma empresa que
se localize no BlueBiz.
Paralelamente, a parceria prevê a plena utilização de várias insta-
lações de uso comum no IPS, nomeadamente, instalações despor-
tivas, refeitório, salas de conferências e de reunião. ‹
Luís Dâmaso, Diretor do BlueBiz, Francisco Mendes Palma, Presidente da Comissão Executiva da Aicep Global Parques, Jorge Gaspar, Presidente do IEFP, Paulo Calado, Vice-Presidente da Comissão Executiva da Aicep Global Parques, e Silvino Malho Rodrigues, Administrador da Comissão Executiva da Aicep Global Parques
Câmara de Ferreira do Alentejo dinamiza empreendorismo empresarial no concelho
“Ferreira Empreende”A Câmara de Ferreira do
Alentejo numa iniciativa de-
senvolvida em parceria com
a ESDIME, e contando com
uma comparticipação do
IEFP através da medida “es-
tágios emprego”, lançou no
início de Novembro a segun-
da edição do projeto “Ferrei-
ra Empreende”, que possui
como objetivos principais
apoiar a criação de empresas
e dar suporte financeiro à
inovação e criatividade em-
presarial.
Com essa intenção, segun-
do a autarquia liderada por
Aníbal Reis Costa, “este ano
foram selecionados 4 jovens das áreas de
multimédia, design e turismo, os quais
irão desenvolver, ao longo de 9 meses,
atividade individual e de equipa visando
a constituição de novas empresas, a rea-
lização de atividades institucionais e a
prestação de serviços
avançados no Ninho
de Empresas de Ferrei-
ra do Alentejo”.
Por outro lado, ainda
em Novembro, decor-
reram em Ferreira do
Alentejo a IV Semana
Aberta do Ninho de
Empresas, onde esti-
veram em destaque as
temáticas empresarial
e do empreendorismo,
destacando-se o semi-
nário sobre a “redução
de custos energéticos
em explorações agrí-
colas”, afinal, o forte
da atividade económica e empresarial
desenvolvida naquele concelho do Baixo
Alentejo. ‹
Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 4342 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015
› EMPRESARIADO
Joaquim Felgueiras, Administrador da CARFEL
«Estamos a apostar fortemente no mercado externo»
Com uma história de 51 anos, a Carfel com sede em Freamunde, concelho de Paços de
Ferreira é uma empresa especializada no projecto e fabrico de máquinas automáticas
e semi-automáticas na área do betão. Em entrevista à PAÍS €CONÓMICO, Joaquim
Felgueiras, administrador da Carfel sublinhou que a principal prioridade da sua empresa
é a consolidação do mercado externo. «Hoje, podemos afirmar, 100 por centro das
máquinas e equipamentos que produzimos destinam-se à exportação», garantiu o nosso
entrevistado.
TEXTO › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS
Quando em 1964 Abílio Carlos Pinto Felgueiras (pai de
Joaquim Felgueiras) criou a Carfel, a atividade desta em-
presa cingia-se ao fabrico de máquinas para a produção
de artigos de betão. Ao longo dos anos esta empresa de Freamun-
de decidiu-se por um processo de modernização que envolveu o
alargamento da sua gama de produtos e levou também à constru-
ção de uma unidade fabril dotada de muita inovação e progresso
tecnológico.
«Constatando que naquela altura, na área da produção de arti-
gos de betão só existiam em Portugal máquinas de origem alemã,
o pai achou que esta era uma boa oportunidade de negócios e
lançou-se no fabrico de máquinas semi-automáticas manuais. De
1965 até 1970 tivemos um período de muito sucesso no fabrico de
máquinas manuais e a partir de então a nossa evolução foi notória
e passámos à fase de industrialização, produzindo agora máqui-
nas automáticas e semi-automáticas e sistemas de produção de
artigos de betão. Construímos uma nova fábrica que nos permitiu
entrar nas áreas da Automatização e Engenharia, isto ano anos 80.
Mas de 1995 e 2000 a empresa assiste a um grande desenvolvi-
mento, ocorrendo em 2005 a construção desta nova unidade que
está preparada para a engenharia de processo e é do melhor que
existe em toda a Europa. Esta unidade fabril ocupa uma área de
15 mil metros quadrados e já temos uma outra com uma área de
10 mil metros quadrados que embora esteja em laboração só fica-
rá concluída em Janeiro de 2016», esclareceu Joaquim Felgueiras,
referindo que até afora já se investiram entre 6 a 7 milhões de
euros na modernização destas unidades produtivas.
Empresa 100 por cento exportadoraJoaquim Felgueiras sublinha que todos os investimentos feitos na
Carfel foram através de recursos próprios. «Fomos andando com
os nossos próprios meios», ressalva, para referir também que atra-
vés do Programa Portugal 2020 «temos recebido algumas ajudas
na área da exportação que, aliás, é um dos grandes objectivos da
nossa empresa», adiante este empresário de Freamunde.
Com o mercado da construção em queda há alguns anos, a Carfel
que em 2008/2009 chegou a atingir um volume de facturação da
ordem dos 11 milhões de euros, facturou em 2014 cerca de 5 mi-
lhões de euros, «mas este ano, devido ao problemas que afectaram
o mercado de Angola (um dos nossos principais mercados), essa
facturação deverá cair descer e situar-se nos 4,5 milhões de euros.
São ciclos que vivemos ao longo da vida, mas temos esperança
que muito em breve o mercado angolano voltará aos momentos
de pujança a que nos habituou», deixou claro Joaquim Felgueiras,
referindo logo de seguida que o «mercado nacional está pratica-
mente parado, sendo hoje a Carfel uma empresa 100 por cento
exportadora».
Ao nível das exportações a Carfel mantém negócios com merca-
dos como Angola, Marrocos, Argélia, Tunísia e Líbia. «Estamos
presentes em alguns destes mercados através de uma presença
física ou através de parcerias com empresas locais, e não escon-
demos que em alguns destes mercados a situação actual não é a
melhor, levando-nos a ser mais cautelosos. Mas são mercados com
quem a Carpel deseja continuar a trabalhar, procurando por outro
lado conquistar novos mercados externos. A Colômbia, o México
e o Brasil são, por exemplo, mercados que nos interessam, assim
como grande parte dos mercados da América Latina e África Cen-
tral. Agora o que temos é de saber avançar com calma e sem pre-
cipitações», refere o administrador da Carfel consciente de que o
futuro da sua empresa está na internacionalização.
Joaquim Felgueiras conhece bem o Brasil e confessa-nos que nun-
ca deixou de ter os olhos postos neste mercado. «É um mercado
que não vive bons momentos – tal como Angola – mas é um mer-
cado com que contamos.
O Brasil poderá ser para nós um trampolim para termos acesso
aos países do Mercosul e, também por isso, é natural que esta
processo se desenvolva favoravelmente nos próximos tempos.
Estamos a aguardar por uma maior acalmia», sublinhou este
empresário, acrescentando que a Carpel trabalha hoje com quase
todas as grandes construtoras portuguesas, fornecendo-lhe mate-
riais como betoneiras, trituradoras, centrais de betão, máquinas
de tubo, máquinas fixas e acessórios. «É uma satisfação para nós
sermos preferidos por estas grandes empresas construtoras, sinal
de que os nossos produtos são de primeira qualidade e que os
serviços que prestamos são de excelência», destacou o adminis-
trador da Carfel.
Com 76 trabalhadores, a Carfel é uma das boas empregadoras de
Freamunde. «São pessoas muito dedicadas, algumas delas estão
cá há 40 e mais anos o que prova que estão satisfeitas por aqui
trabalharem. São pessoas muito qualificadas e também muito dis-
poníveis no processo de internacionalização. Para cima de uma
dezena destes trabalhadores estão em permanência, mas num re-
gime rotativo, em alguns mercados onde a Carfel está presente»,
disse Joaquim Felgueiras a fechar esta entrevista. ‹
Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 4544 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015
› EMPRESARIADO
Alfa Laval instalou-se no Parque Empresarial da Sapec, em Setúbal
Queremos ajudar a indústria marítima em Portugal
A Alfa Laval, líder mundial de soluções, equipamentos e serviços para a indústria
marítima, inaugurou em Novembro, um novo centro de produção, serviços e reparação,
instalado no Parque Empresarial da Sapec, em Setúbal. Será a partir da cidade banhada
pelo rio Sado que a empresa prestará todos os serviços para a operação mantida em
Portugal, mas igualmente fornecendo serviços para os mercados europeu e da América
do Norte.
O Parque Empresarial da Sapec, localizado na Península
da Mitrena, em Setúbal, recebeu no passado dia 17 de
Novembro, a instalação de mais uma empresa interna-
cional, no caso, a Alfa Laval, líder mundial de soluções, equipa-
mentos e serviços para a indústria marítima, e que nas suas novas
instalações no nosso país instalou um novo centro de produção,
serviços e reparação.
O novo centro de Setúbal cobrirá os mercados da europeu e da
América do Norte com a produção e reparação de caldeiras e ou-
tros componentes. O novo centro inclui escritórios de vendas, que
passaram assim de Lisboa para Setúbal, onde se concentram 30
colaboradores. A nova fábrica possui 3.000 metros quadrados, dos
quais 2.500 metros quadrados dedicados à produção, reparação e
serviços, e os outros 500 metros quadrados dedicados aos escri-
tórios comerciais. Encarando
o crescimento sustentado que
a Alfa Laval Ibérica demons-
trou nos últimos dois anos, a
decisão de investir nesta zona
foi considerada natural, visto
que Portugal é um país de re-
ferência no sector marítimo e
offshore pela sua conhecida
especialização e know how.
Aliás, segundo apurou a PAÍS €CONÓMICO, a localização
próxima dos estaleiros da Lis-
nave teve um peso importante
na decisão de localizar em Setúbal a operação em Portugal.
Presente no ato inaugural esteve a presidente da Câmara de Setú-
bal, Maria das Dores Meira, além de responsáveis da Sapec, clien-
tes e naturalmente os colaboradores do grupo. Na ocasião, Nish
Patel, Vice-Presidente for Western Europe North America da Alfa
Laval, igualmente presente em Setúbal, referiu que a «Alfa Laval
Ibérica assistiu a um bom crescimento nos últimos anos espe-
cialmente nas áreas marítima e de serviços com um crescimento
anual acima da média da Alfa Laval na Europa. O crescimento
está relacionado com um incremento na procura dos clientes
marítimos, pelos equipamentos para eficiência energética e am-
biental, tais como – sistemas
de recuperação de calor des-
perdiçado e melhorias de efi-
ciência de combustível – e um
reconhecido foco nos serviços
de manutenção preventivos.
Basicamente todos os estalei-
ros navais espanhóis e portu-
gueses são clientes da Alfa La-
val, dado boas oportunidades
de crescimento também para
o futuro», salientou.
Por sua vez, o Diretor Geral da
Alfa Laval Ibérica, Jo Vanho-
ren, sublinhou que «a abertura de um novo Centro de Serviços
e escritórios de vendas, oferece-nos uma oportunidade única de
estar mais próximos dos nossos clientes – muitos dos quais nesta
região. E estou certo de que os nossos empregados, através do seu
trabalho duro e dedicação, irão oferecer as mais bem-sucedidas
soluções aos nossos clientes».
De referir que a Divisão Marítima e Diesel na Alfa Laval repre-
sentam aproximadamente 35% do volume total de negócio da
empresa com vendas de 1.189 milhões de euros, e emprega no
mundo 3.127 pessoas. A Alfa Laval é uma empresa sueca e está
cotada na bolsa Nasdaq OMX. ‹
Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 4746 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015
› PORTOS
Enaport compra navio à APDLA Empresa Nacional de Administração dos Portos (Enaport) de São
Tomé e Príncipe pagou 300 mil euros por um rebocador adquirido em
Portugal à APDL – Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana
do Castelo. O navio, baptizado “Liberdade”, chegou ao porto são-tomen-
se Ana Chaves, e é o primeiro rebocador desde a aquisição ainda nos
anos oitenta do século passado de um primeiro rebocador para aquele
porto do arquipélago.
O novo rebocador, adquirido ao abrigo de um acordo de parceria exis-
tente entre a Enaport e a APDL, está dotado de equipamento de nave-
gação moderno e preparado para operações de busca e salvamento e de
combate a incêndios. Segundo o ministro da Economia e Copperação
Internacional, Agostinho Fernandes, o rebocador que o porto tinha
antigamente «levava uma semana para descarregar 500 contentores,
período de tempo que baixa para dois dias com o “Liberdade”». ‹
Porto de Setúbal na liderança no ro-roO Porto de Setúbal é o primeiro polo nacional de movimen-
tação de unidades ror-ro e veículos novos, constituindo,
por um lado, a principal plataforma de saída dos veículos
fabricados e exportados pela VW Autoeuropa, a segunda empresa
em Portugal que mais exporta, e por outro, a principal porta de
entrada marítima dos veículos novos que abastecem o mercado
nacional. Em termos de números, significa sensivelmente 90 mil
veículos exportados e 70 mil importados.
Entretanto, segundo a administração portuária de Setúbal, a VW
Autoeuropa prolongou a concessão do seu terminal por mais 15
anos eas obras de expansão do Terminal Ro-Ro Coelho da Mota
para jusante decorrem a bom ritmo, prevendo-se que terminem já
no final do presente ano. São mais 5,8 hectares de terrapleno para
melhorar o serviço de importação e exportação de automóveis e
passar a oferecer serviços de valor acrescentado na importação e
exportação de veículos, serviços atualmente em parques logísticos
exteriores ao porto.
A nota da APSS sublinha ainda que a “aposta de reforço na carga
ro-ro no Porto de Setúbal não se resume a este investimento, é
importante, no futuro, a ampliação do Terminal Autoeuropa para
nascente, uma necessidade de mais espaço que advirá da progra-
mada produção de um novo modelo automóvel pela VW Autoeu-
ropa”.
Por outro lado, registe-se que o Porto de Setúbal é cada vez mais
visitado por representantes de entidades estrangeiras. Recente-
mente, visitou o porto sadino o Primeiro Conselheiro da Embaixa-
da do Reino de Marrocos, Yassin Khatib, que além de ser recebido
pela APSS teve a oportunidade de visitar os diversos estaleiros
integrantes do Porto de Setúbal, bem como apurar os projetos de
desenvolvimento dessas infraestruturas.
Dias depois, visitou também o Porto de Setúbal uma delegação
em Portugal da SOAMAR-Brasil (Sociedade Amigos da Marinha
do Brasil no Exterior), tendo podido apreender o estado atual do
desenvolvimento do porto português, e conhecer os novos proje-
tos de expansão.
A SOAMAR-Brasil em Portugal é uma associação sem fins lucrati-
vos, que tem por objetivo difundir e inentivar iniciativas sobre a
importância do mar, as suas potencialidades e a sua sustentabili-
dade, criando uma mentalidade marítima no seio das comunida-
des dos dois países, unidos pelo Atlântico. ‹
Presidente da APS em conferência da Vieira de Almeida & AssociadosO Presidente da APS – Administração dos Portos de Sines e do
Algarve, João Franco, esteve presente na conferência organizada
pela Vieira de Almeida & Associados, sociedade de advogados,,
centrada no estudo sobre a concorrência no sector portuário. O
documento apresentado e discutido no evento foi elaborado pela
Autoridade da Concorrência, e foi apresentado pelo presidente
desta instituição, António Ferreira Gomes. O líder da APS abor-
dou as políticas seguidas nos portos de Sines, Faro e Portimão
para aumentar a competitividade e capacidade de concorrência
nesses portos.
Por outro lado, é ainda de referir a recente visita do embaixador
do México em Portugal, Alfredo Bravo, tendo o presidente da APS
apresentado os principais fatores de competitividade do Porto de
Sines, com destaque para a sua localização geoestratégica que lhe
permite ser um excelente ponto de entrada na Europa para as
mercadorias mexicanas. ‹
Angola constrói novos portosO governo de Angola, através de Augusto Silva Tomás, mi-
nistro dos Transportes, anunciou que vai criar três grandes
portos no país, além de quatro novos redes de transportes.
As declarações do ministro angolano foram feitas durante
a Feira Internacional dos Transportes e Logística, que de-
correu em Luanda, e sublinhou que os novos portos a cons-
truir, serão o novo porto de águas profundas de Cabinda, o
novo porto de Luanda, na barro do Dande, para onde será
transferido o actual porto que serve a capital do país, bem
como o novo porto de Porto Amboim.
Na referida feira em Luanda, estiveram representados
expositores de Angola, Portugal, Brasil, Zimbabué, Países
Baixos, China, Alemanha, África do Sul e República Demo-
crática do Congo. ‹
Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 4948 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015
› PORTOS
Lisnave repara mais naviosOs estaleiros da Lisnave, na Península da Mitrena, em Setúbal,
reparam 79 navios nos primeiros nove meses deste ano, mais seis
do que em igual período do ano anterior.
Os navios já reparados este ano no período compreendido entre
Janeiro e Setembro, foram provenientes de 51 clientes, e foram
oriundos de 19 países.
Grécia e Singapura lideraram as nacionalidades dos navios que
aportaram à Lisnave, no caso dos navios gregos foram em núme-
ro de 23, quando em todo o ano passado tinham sido reparados
apenas 18 navios provenientes da Grécia, enquanto de Singapura
foram reparados 13 navios, uma diminuição significativa face aos
27 navios reparados no ano passado. Registo ainda para os 7 na-
vios provenientes da Alemanha.
Detentora de um significativo know how que permite fazer a ma-
nutenção/reparação de qualquer navio, na Lisnave continuam a
ser os petroleiros a prevalecer, tendo nos primeiros noves meses
de 2015 visitado a Lisnave 42 petroleiros, seguindo-se 11 porta-
-contentores e 10 graneiros, além de trabalhos executados em na-
vios LPG, Ro-Ro, Dragas, Carga e Barcaças de apoio a plataformas
de Off-Shore. ‹
Sonae adquiriu a LosanA Sonae adquiriu a Losan, empresa espanhola com impor-
tante presença internacional especializada em ‘wholesale’ de
moda infantil e que faturou 58,5 milhões de euros. A aqui-
sição foi relevada pelo grupo liderado por Paulo Azevedo à
CMVM, mas não foi divulgado o valor do negócio. Entretan-
to, no mesmo documento, é referido que a “Losan efectua
actualmente vendas para mais de 40 países, registando uma
presença particularmente forte na Europa do Sul e uma ex-
pansão internacional bem sucedida para os mercados core
da América Latina”. A empresa portugusa sublinha ainda
que “esta aquisição permitirá à Sonae SR fortalecer a sua
cultura de wholesale e de cadeia de abastecimento”. É ainda
de salientar que a Losan possui também colecções para ho-
mem e mulher. ‹
Mota-Engil ganha obra na Ilha de ArubaA Mota-Engil anunciou que ganhou uma concessão rodoviária na Ilha
de Aruba, e anúnciou o propósito de entrar em novos mercados latino-
-americanos, destacando-se a República Dominicana, Paraguai, Equador
e Bolívia. Entretanto, o grupo construtor português já abriu um escri-
tório no Chile e anunciou a entrada no mercado da electricidade no
México.
A obra rodoviária na ilha de Aruba importa em cerca de 90 milhões
de euros e implicará a ampliação e construção da marginal que liga o
aeroporto à capital da ilha.
Por outro lado, além do interesse em entrar noutros mercados latino-
-americanos, a Mota-Engil anunciou que vai entrar no mercado da elec-
tricidade no México, através da empresa Sociedade Generadora Fénix
(SGF), subsidiária detida pela Mota-Engil México (51%), e pelo Sindica-
to Mexicano de Electricistas (49%). ‹
Noorhazlina Mohamad Nor, Diretora da MIDA em Paris, sublinha vantagens de se investir no seu país
Os empresários portugueses devem apostar na Malásia
Numa organização conjunta da Antonio Viñal & Abogados e da SPI – Sociedade
Portuguesa de Inovação, que decorreu nas instalações da Câmara de Comércio e
Indústria Portuguesa, em Lisboa, representantes da embaixada da Malásia em Lisboa e
Noorhazlina Mohamad Nor, Diretora da MIDA (organização com similitude com a Aicep
portuguesa) em Paris, apresentaram as vantagens da Malásia enquanto hub regional
para o investimento no Sudeste Asiático, e convidaram as empresas portuguesas a
apostarem mais num país onde ainda subsistem muitas expressões do tempo em que os
portugueses estiveram radicados naquelas paragens.TEXTO › MANUEL GONÇALVES | FOTOGRAFIA › ARQUIVO
A Malásia faz parte da ASEAN, a organização das nações
do sudeste asiático, uma área geográfica do globo onde
vivem 825 milhões de pessoas, e onde se registam taxas
de crescimento das mais elevadas a nível mundial. O conjunto
das nações da ASEAN constituem a quarta principal região eco-
nómica do globo.
Segundo Noorhazlina Mohamad Nor, Diretora da MIDA – Mala-
sia Investment Development Authority - em Paris, um dos princi-
pais escritórios
internacionais
da organização
e que superin-
tende a área
abrangida pelo
território portu-
guês, a Malásia
e a sua capital –
Kuala Lumpur –
registam níveis
ed progresso
muito assina-
láveis e consti-
tuem um «forte
potencial para
serem um hub
para as empre-
sas internacio-
nais que pretendem atuar não apenas no próprio mercado local,
bem como para toda a região da ASEAN, assim como para outros
países limitrofes, como a China.
Segundo os responsáveis malaios presentes em Lisboa, existem
doze setores estratégicos em que a Malásia está a apostar, como
sejam o turismo, a agricultura, as infraestruturas, a saúde, o petró-
leo e o gás, os transportes, entre outros.
Num país já com muitas empresas de capital estrangeiro, no que
respeita à presença de empresas portuguesas, salientam-se a Efa-
cec, a Logoplaste, a EID e a Controler, embora outras atuem tam-
bém na região a partir da Malásia.
Segundo António Viñal, que lidera o escritório de Lisboa de uma
sociedade de advogados espanhóis que possui também escritórios
em Vigo, Madrid, Milão e igualmente em Kuala Lumpur, entrar
no país e operar empresarialmente na Malásia é fácil, «além de
ser um país se-
guro do ponto
de vista jurídico.
E posso também
adiantar que os
custos opera-
cionais de uma
empresa funcio-
nar na Malásia
não são muito
elevados, são
mesmo mais
baixo do que
em muitos paí-
ses ocidentais,
além de que es-
tamos a falar de
um país onde o
conhecimento e
a prática da língua inglesa está bastante disseminado, pelo que
existe, sem dúvida, um bom ambiente de negócios na Malásia»,
assegura Antonio Viñal.
Este foi um dos aspetos igualmente referidos por Sara Medina,
responsável da SPI, sublinhando que a Malásia privilegia a estabi-
lidade política, possui um governo pró-negócios, existe liberdade
de investimento e um ambiente de negócios aberto. ‹
Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 5150 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015
› A FECHAR
Famasete ganha prémio no DubaiA Famasete, empresa com sede em Fama-
licão, recebeu o Prémio Especial dos Digi-
tal Signage Awards MENA, um dos mais
importantes eventos do setor das novas
tecnologias, e que decorreu na cidade do
Dubai.
O prémio alcançado distinguiu os fatores
de inovação da solução Wingsys – uma
família de produtos interativos (mesas
multi-toque e quiosques multimédia, de
interior e exterior), que permite aos uti-
lizadores um acesso faciitado e rápido a
todo o tipo de informações.
O galardão recebido no Dubai é encarada
pela Famasete como um passo importante
para abordar os mercados das regiões ará-
bica e norte-africana, esperando participar
já no próximo ano de um outro importan-
te evento, como será o ISE – Integrated
Systems Europe, em Amesterdão.
José Barbosa, administrador da Famasete,
referiu na ocasião que o prémio permite
«perceber internacionalmente Portugal
como um país que está, não só a par com
as tendências da sinalética digital globais,
mas igualmente no grupo da frente dos
que desenvolvem e exploram as poten-
cialidades das novas tecnologias digitais,
a pensar em cidades crescentemente inte-
ligentes». ‹
Fidelidade no mercado de capitais chinêsA seguradora Fidelidade será a primeira empresa portuguesa a ter exposição direta
no mercado de capitais chinês através do investimento em “A-Shares” na bolsa de
valores de Xangai e Shenzhen. A seguradora portuguesa detida pelo conglomerado
chinês Fosun, passará assim a fazer parte de uma lista restrita de empresas estran-
geiras autorizadas a investir nas praças financeiras do país.
De referir que da Península Ibérica, apenas o banco espanhol BBVA obteve uma
licença idêntica. O banco de depósito com o qual a Fidelidade irá trabalhar será o
Industrial and Commercial Bank of China (ICBC), que desde Agosto de 2006 possui
um escritório de representação em Lisboa. ‹
ILAC discute relações entre Portugal e a Arábia SauditaO Instituto Luso-Árabe para a Cooperação vai realizar no próximo dia 9 do corrente
mês de Dezembro, uma Conferência sobre “As Relações Económicas entre Portugal
e o Reino da Arábia Saudita”, cujo orador principal será Pedro Ortigão Correia,
administrador-executivo da Aicep Portugal Global, sendo ainda de referir a inter-
venção de Rodrigo Ryder, presidente do Business Council Portugal-Arábia Saudita.
A Conferência será realizada pelas 18 horas, na biblioteca do Grémio Literário,
em Lisboa. Estarão presentes no evento representantes da embaixada saudita em
Portugal. ‹
Indra e Flydubai melhoram sistemas de reservasA Indra celebrou com a Flydubai uma acordo
estratégico para o desenvolvimento e suporte
dos seus sistemas de reservas com o objetivo
de melhorar a experiência dos seus passagei-
ros. Essa parceria proporcionará à companhia
aéra do Dubai uma maior flexibilidade e eficá-
cia para as suas soluções tecnológicas.
Segundo Ramesh Venkat, diretor de Tecno-
logia da Flydubai, «reconhece o importante
papel que desempenha a tecnologia nas suas
operações e é o nosso foco na procura de novas
formas de fazer as coisas, que nos tem ajudado
a ser mais flexíveis e ágeis». A Flydubai, com
sede no Dubai, foi criada em 2009, e criou 16
rotas aéreas para mais de 95 países, possuindo
neste momento uma frota de 50 aviões Boing
737, mas possui a intenção de adquirir mais
100 aviões até ao final de 2023. ‹