nº 159 mensal dezembro 2015 (iva incluído) · de julho de 1996. ao comendador rodrigo pedrosa e...

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Meditor é protagonista no cluster aeronáutico português Carlos Antunes, CEO da Meditor, empresa localizada no BlueBiz, em Setúbal, e que desenvolve sistemas para a indústria aeronáutica, preparando já para 2016 a internacionalização de vários dos seus inovadores produtos, estando já presente em países como Espanha e Noruega. Nº 159 Mensal Dezembro 2015 2.20# (IVA incluído) TRÁS-OS-MONTES QUER MAIS DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO E SOCIAL Robinson Faria Governador do Rio Grande do Norte (Brasil) Jorge Pires Administrador da Prolagar Licínio Lima Administrador da BMViV

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Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 1

Meditor é protagonista no cluster aeronáutico português

Carlos Antunes, CEO da Meditor, empresa localizada no BlueBiz, em Setúbal, e que desenvolve sistemas para a indústria aeronáutica, preparando já para 2016 a internacionalização de vários dos seus inovadores produtos, estando já presente em países como Espanha e Noruega.

Nº 159 › Mensal › Dezembro 2015 › 2.20# (IVA incluído)

TRÁS-OS-MONTES QUER MAIS DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO E SOCIAL

Robinson FariaGovernador do Rio Grande do Norte (Brasil)

Jorge PiresAdministrador da Prolagar

Licínio LimaAdministrador da BMViV

› HEAD

2 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015 Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 3

Editorial

Defendemos no último editorial que o país não poderia ser governado du-

rante muitos meses por um governo de gestão, sem capacidade para aprovar

e implementar o Orçamento do Estado. Dissémos, na altura, que a única op-

ção realista e sensata, seria o Presidente da República empossar um governo

que garantindo uma solução maioritária e sólida do ponto de vista parla-

mentar, conseguisse, ao mesmo tempo, implementar um programa gover-

nativo com estabilidade, e respeitando os compromissos internacionais do

país, mormente no quadro da Zona Euro e da União Económica e Monetária.

Independentemente das opiniões, aliás legítimas, que se ouvem sobre a op-

ção concreta que tomou posse governativa em finais de Novembro, é com

ela que o país terá de evoluir e desenvolver políticas públicas conducentes

a seguir uma trajetória de consolidação das finanças públicas, ao mesmo

tempo que coloca em prática determinadas opções de políticas sociais menos

restritivas do que os governos anteriores preferiram.

Do ponto de vista dos cidadãos, entendemos que importa sobretudo que a

carga fiscal não seja aumentada, antes se afigura importante acontecer no

quadro da legislatura uma progressiva diminuição da fiscalidade sobre os

rendimentos dos cidadãos e das famílias, sem colocar obviamente em causa

a trajetória referida anteriormente de consolidação das contas públicas.

No que respeita às empresas, importa igualmente aligeirar a carga fiscal

que sobre elas impede, mas entendo que o mais importante é não colocar

obstáculos ao livre trabalho das empresas, sobretudo aquelas que atuam no

mercado exportador, que pedem essencialmente que o Estado não atrapalhe,

mais do que saber se o Estado ajuda ou não. A recuperação do país nestes úl-

timos anos deveu-se fundamentalmente ao labor das empresas portuguesas,

com destaque muito especial para as muitas que exportam ou passaram a

exportar, e não à atividade do Estado, que, pelo contrário, aumentou desme-

suradamente os custos fiscais das empresas, tudo para continuar a suportar

uma máquina que manifestamente a economia portuguesa dispensa e não

suporta na sua atual dimensão.

O novo governo precisa de atuar nas políticas estratégicas para o desenvol-

vimento do país, que não é o retorno dos grandes projetos públicos, antes

deverá centrar-se fundamentalmente no apoio concreto e objetivo ao reforço

da competitividade empresarial e ao aumento da competitividade dos traba-

lhadores e empresários portugueses.

JORGE GONÇALVES ALEGRIA

Governo deve concentrar-se no essencial

Ficha TécnicaPropriedadeEconomipress – Edição de Publicações e Marketing, Lda.

Sócios com mais de 10% do capital social› Jorge Manuel Alegria

Contribuinte506 047 415

Director› Jorge Gonçalves Alegria

Conselho Editorial:› Bracinha Vieira › Frederico Nascimento› Joanaz de Melo › João Bárbara › João Fermisson› Lemos Ferreira › Mónica Martins› Olímpio Lourenço › Rui Pestana › Vitória Soares

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Fotografia› Rui Rocha Reis

Grafismo & Paginação› António Afonso

Departamento Comercial› Valdemar Bonacho (Director)

Direccção Administrativa e Financeira› Ana Leal Alegria (Directora)

Serviços Externos› António Emanuel

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DistribuiçãoURBANOS PRESSRua 1º de MaioCentro Empresarial da Granja – Junqueira2625 – 717 VialongaInscrição no I.C.S. nº 12404

Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 54 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015

Grande Entrevista

ÍndiceMarina Seixas Pinto é a administradora da Quinta da

Terrincha, a magnífica unidade de turismo rural locali-

zada próximo do IP2, no concelho de Torre de Moncor-

vo. Fruto de um importante investimento na moderniza-

ção agrícola e turística do espaço, a Quinta da Terrincha

ocupa uma posição destacada no panorâma turístico em

Trás-os-Montes. Por outro lado, a empresária refere-se

nesta entrevistas aos investimentos hoteleiros que está a

concretizar em Vila Flor, localidade transmontana onde

o grupo empresarial em que se insere possui outros in-

vestimentos.

pág. 22 a 25

O concelho de Mirandela ocupa uma posição central na

região de Trás-os-Montes, sendo um centro produtor de

elevada qualidade no setor agroindustrial, mas que se po-

siciona também e de forma crescente como um elemento

central do turismo regional. Servido por novas acessibili-

dades que colocam o concelho de Mirandela a pouca dis-

tância horária do litoral bem como do território da vizinha

Espanha, é no desenvolvimento da qualidade de vida e no

bem-estar das populações que o concelho aposta para cres-

cer ainda mais.

pág. 06 a 19

Ainda nesta edição…

20 Weg investe em nova fábrica em Santo Tirso

21 Sana investe em dois hotéis em Marrocos

26 Rio Grande do Norte quer mais turistas portugueses

30 ViV Brasil vai ter o apoio da ESTG

34 Galp ganha concessão em São Tomé e Princípe

40 Aicep Parques colabora com o IEFP

44 Alfa Laval investe em Setúbal

46 Porto de Setúbal na liderança do Ro-Ro

48 Lisnave repara mais navios

50 Famaset ganha prémio no Dubai

Grande Plano

CorreçãoNa entrevista que publicámos com Rodrigo Pedrosa, presidente da Divercol, na edição de Novembro da PAÍS €CONÓMICO, a dado

momento, referimo-nos ao empresário como Renato, quando o seu primeiro nome é Rodrigo. Noutro passo da mesma entrevista, co-

locámos a frase «fui devolvido a uma patente», quando a frase correta era «fui devolvido ao remetente». Por outro lado, foi referido

na entrevista que a esposa de Rodrigo Pedrosa foi «uma das primeiras hidrogeóloga portuguesa», quando foi a primeira hidrogeóloga

portuguesa. Finalmente, quando foi referido que o incêndio que destruiu a sua fábrica foi a 4 de Julho de 1986, efectivamente, foi a 4

de Julho de 1996. Ao Comendador Rodrigo Pedrosa e aos leitores, as nossas desculpas pelos lapsos publicados, que aqui se corrigem.

Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 76 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015

› GRANDE PLANO

António Aimor Branco, Presidente do Município de Mirandela

«Emprego e fixação de pessoas são as grandes prioridades»

Em entrevista concedida à PAÍS €CONÓMICO, António Aimor Branco, presidente

do município de Mirandela, assume para o concelho transmontano «que o emprego e

a fixação de pessoas no concelho são as nossas grandes prioridades». Entretanto, o

autarca mirandelense aproveitou o ensejo para chamar a atenção que o interior hoje

também oferecer qualidade de vida. «Nós conseguimos competir com o literal em relação

à oferta que dispomos para aqueles que escolhem viver nesta região, não só os mais

jovens como também os que estão na vida ativa e aos mais idosos», enfatizou.TEXTO › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

Segundo o presidente do Município

de Mirandela «o que nós temos

tentado fazer nos últimos anos é

associar essa capacidade de geração de

emprego a uma qualidade de vida que o

interior hoje consegue oferecer a todos

os que aqui desejem fixar-se», diz, para

acrescentar que o que hoje em dia tem

sido feito é proporcionar condições do

ponto de vista da salubridade e do ponto

de vista das infraestruturas públicas para

que essas pessoas se fixem e que se sin-

tam numa região que embora não seja tão

infraestruturada como o litoral, mesmo

assim oferece-lhes uma excelente qualida-

de de vida.

«Eu julgo que tem existido avanços consi-

deráveis nesta matéria», refere com con-

vicção António Aimor Branco, explicando

que Mirandela pela sua centralidade (está

à mesma distância de Madrid e de Lisboa,

e a uma distância quase insignificante do

Porto), é um centro de grande atractivida-

de. Hoje as acessibilidades não são o fac-

tor mais importante.

O facto da Câmara Municipal de Miran-

dela participar no projeto Hospital Terra

Quente insere-se nessa preocupação?

António Aimor Branco diz que o Hospi-

tal Terra Quente é um excelente exemplo

desta preocupação em proporcionar às

pessoas as condições essenciais para a sua

opção por Mirandela. «O Hospital Terra

Quente foi um projeto que o município de

Mirandela liderou desde o primeiro mo-

mento, que captou investimento privado

significativo e que ao mesmo tempo con-

seguiu gerar serviços muito importantes

para a população.

O Hospital Terra Quente é uma unidade

de saúde que para além das valências

tradicionais, das cirurgias e dos atendi-

mentos, dispor também de uma Unidade

de Cuidados Continuados que é uma va-

lência muito importante e é também um

elemento captador e gerador da Região»,

salientou o presidente António Aimor

Branco, para referir ainda que Mirandela

para além do Hospital Terra Quente tem

uma Clínica de Hemodiálise que é uma

das clínicas de referência do nosso país.

«É uma clínica que no ponto de vista tec-

nológico é muito avançada, que implicou

um investimento de 8 milhões de euros e

que na altura também teve um empenho

muito grande da câmara Municipal de Mi-

randela», sublinhou o nosso entrevistado,

para recordar ainda que para além destas

duas unidades de saúde Mirandela tem

pequenas clínicas e pequenas unidades de

serviço, e a própria Unidade Hospitalar de

Mirandela.

Mirandela tem 3 Escolas Profis-sionaisO presidente de Mirandela faria em segui-

da uma avaliação ao nível das infraestru-

turas educacionais no concelho. «Neste

campo temos três situações a considerar.

A primeira tem a ver com os equipamen-

tos escolares públicos em Mirandela. Tive-

mos um problema com a Escola Secundá-

ria de Mirandela, uma escola que não foi

objeto da intervenção do chamado Parque

Escolar e que ficou para trás, hoje em dia

está bastante degradada, mas já temos a

garantia de que vai ser intervencionada

por este Quadro Comunitário, e aconteceu

em simultâneo a mesma coisa em relação

ao 1º Ciclo. Por isso, também neste QC já

temos como prioritário, assinado e contra-

tualizada a intervenção ao nível do 1º Ci-

clo (chamado Ensino Básico) e ao nível do

Ensino Secundário que é uma área onde

somos deficitários», pormenorizou Antó-

nio Aimor Branco.

«Mas nós temos em Mirandela um ele-

mento que constitui um potencial muito

importante. Em Mirandela temos três

Escolas Profissionais em três ares interes-

santes e importantes para

a Região. Temos uma Es-

cola Profissional na Área

Agrícola que neste mo-

mento tem projetos de

desenvolvimento muito

importantes, temos uma

Escola Profissional de

Hotelaria e Turismo que

é fundamental para a

qualificação do turismo e

temos ainda uma Escola

Profissional de Música,

de características regio-

nais e em que apenas 20

por cento dos alunos são

de Mirandela, sendo os

restantes de outras zonas

do concelho», esclareceu

o presidente.

Falou o presidente da

Escola Profissional de

Hotelaria. Será que esta

estrutura é capaz de ir ao

encontro das necessida-

des do sector do turismo

em termos de qualifica-

ção de profissionais? An-

tónio Aimor Branco não

hesitou na resposta. «Os

profissionais da hotelaria

quando bem formados

têm acesso ao mercado

mundial que é um merca-

do muito atractivo. E nós

temos jovens formados

na Escola Profissional de

Hotelaria de Mirandela

espalhados por todo o

mundo e nos restauran-

tes nacionais é grande a presença desses

profissionais», recordou António Aimor

Branco, para lamentar o facto de por ve-

zes «os nossos parceiros não entendam a

importância de uma escola destas. «Dou

um exemplo. Neste momento temos um

protocolo com Moçambique, temos cerca

de 18 alunos Moçambicanos nesta escola

que quando terminarem a suas formação

vão para o seu país trabalhar com quali-

ficação, fomentando, também eles pró-

prios, a qualificação do turismo em Mo-

çambique. E fazemos isto de uma forma

praticamente gratuita porque achamos

importante ter relações empresariais com

esses países, como achamos importante

ter este tipo de embaixadores, e fizemos

isto sabendo que podemos oferecer uma

coisa naquela escola que é a qualificação»,

justificou o presidente.

António Aimor Branco referira-se à Esco-

la Profissional de Música, mas aproveitou

nesta entrevista para lembrar que Miran-

dela tem nestas vertente uma Orquestra

Sinfónica, uma Orquestra de Sopro, uma

Orquestra de Cordas, 50 grupos musicais,

uns mais pequenos e outros maiores, «e

foram necessários vários anos para, por

exemplo, a nossa Escola de Música ir atuar

a Bragança a um teatro que se diz regio-

nal. São capazes de convidar orquestras

vindas de todo o país e não verem que já

temos boas orquestras regionais. Há aqui

dificuldades de relacionamento…», deixou

bem vincado o presidente do Município

de Mirandela. ‹

Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 98 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015

› GRANDE PLANO

Jorge Augusto Pires, Sócio-Gerente da Prolagar

«As marcas “Ouro do Tua” e “Mirandella” são dois ícones na área dos azeites»

A Prolagar – Produção e Comercialização de Azeite, Lda. iniciou a sua atividade em

1993 no lugar de Carvalhais, concelho de Mirandela, mas em 2010 foi adquirida por

um conjunto de investidores, também produtores de azeitona. Em entrevista concedida

à PAÍS €CONÓMICO, Jorge Augusto Pires, sócio-gerente da Prolagar e que num

dos governos de Cavaco Silva desempenhou o alto cargo de secretário de Estado

da Saúde, reconheceu que a partir dessa data a empresa «readquiriu uma dinâmica

produtiva própria» que permitiu a melhoria considerável da qualidade dos azeites por

ela produzidos sob as marcas “OURO DO TUA” e “MIRANDELLA”, hoje consideradas dois

ícones na área dos azeites.TEXTO › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

Médico de prestígio, Jorge Augusto Pires é uma figura

muito conhecida no concelho de Mirandela e não só. E

para além da medicina também tem um gosto muito

especial pelo mundo dos azeites. E em 2010 ele fez parte do grupo

de investidores que decidiu colocar a Prolagar no lugar que ela

bem merece.

«Mirandela é um dos centros produtores de azeitona mais

importantes aqui da zona e curiosamente não tem uma

cooperativa. Valpaços tem uma excelente cooperativa, vai-se a

Oleiros e encontramos uma boa cooperativa e o mesmo acontece

em relação a Vila Flor e Murça. E Mirandela que é dos maiores

centros produtores de azeitona da região não dispõe de uma es-

trutura como esta. O que nós temos é uma associação que tenta

trabalhar em prol do sector. Mas todos estes movimentos que

agem e têm em seu redor pessoas que se interessam por este sec-

tor são mais-valias que interessam aproveitar, porque permitem o

desenvolvimento da economia», refere Jorge Augusto Pires.

Azeites de grande qualidadeEm 2010, Jorge Augusto Pires resolveu conjuntamente com mais

três sócios adquirir a Prolagar. «Vínhamos esperançados em po-

dermos reunir pessoas da área do olival, mas infelizmente não te-

mos conseguido. Todas as tentativas têm sido infrutíferas», subli-

nhou, para de imediato prosseguir no seu relato. «Curiosamente,

as quatro pessoas que se uniram na aquisição da Prolagar eram

pessoas que estavam ligadas à terra. E uniram-se porque queriam

que a empresa passasse à fase industrial. Esta aquisição foi bené-

fica porque a Prolagar estava numa situação financeira bastante

má e nós conseguimos equilibrá-la, “limpando” dívidas através de

acordos que fizemos com a banca. Depois foi conseguir-se no as-

peto produtivo um produto final de altíssima qualidade», salienta

o nosso entrevistado.

Essa qualidade foi então conseguida, houve uma séria aposta

nesta vertente e, nas palavras de Jorge Augusto Pires «a Prolagar

só vende azeites DOP». «Por outro lado, também produzimos e

comercializamos azeite biológico, que tem regras próprias de pro-

dução. Dizer com isto que a nossa preocupação foi sempre a de

produzirmos azeites de qualidade», deixou claro o sócio-gerente

da Prolagar.

Quem nasceu primeiro, o “Ouro do Tua” ou o azeite “Mirandella”?

Jorge Augusto Pires não hesita na resposta. «O “Ouro do Tua” já

existia e o “Mirandella” são bocas (risos…)», para num tom mais

sério referir que estes dois azeites têm características próprias,

fruto das próprias oliveiras. «Se compararmos os azeites trans-

montanos com os azeites ribatejanos, os dos Ribatejo serão mais

suaves e os de Trás-os-Montes terão um ligeiro amargo, o que não

quer dizer que não sejam ambos excelentes azeites», esclareceu

Jorge Augusto Pires.

Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 1110 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015

A preferência pelos azeites de Trás-os-MontesO nosso entrevistado confirmaria que há produtores de outras

zonas do país que vêm comprar azeites a Trás-os-Montes para de-

pois fazerem uma espécie de pleno com azeites de outras regiões

do país, e com a componente que compram em Trás-os-Montes

poderem emprestar uma maior qualidade aos seus azeites. «Nós

aqui na Prolagar vendemos azeites a granel com o objetivo de

serem utilizados por essas pessoas em lotes, e a procura deve-se

ao facto dos nossos azeites proporcionarem ao lote um gostinho

diferente», enfatizou Jorge Augusto Pires.

Em relação ao comportamento do mercado nacional em relação

às marcas produzidas pela Prolagar, Jorge Augusto Pires. «Quan-

do aqui chegámos, durante três anos o nosso grande objetivo foi

fazer o sanea-

mento financei-

ro da empresa,

e penso que o

conseguimos.

Foi um caminho

duro, mas feliz-

mente a empre-

sa hoje esta “lim-

pa”, está sã, não

deve nada a nin-

guém. Depois

a partir daí cui-

dámos da parte

qualitativa. Por

exemplo, aqui em Mirandela e não só, com facilidade encontra-

mos o “Ouro do Tua” à venda em lojas e outras superfícies co-

merciais. É um azeite com muita aceitação. Curiosamente, mesmo

fora de Mirandela temos muitos clientes que são fãs deste azeite

de grande qualidade. Há restaurantes de Lisboa que me solicitam

o “Ouro do Tua” e sou eu próprio quando me desloco à capital que

os levo comigo para lhes entregar…», justificou o sócio-gerente da

Prolagar, para dizer a propósito que «o nosso azeite tem estado

no Leclerc, mas tento evitar as grandes superfícies comerciais. No

Leclerc, por exemplo, temos criado uma grande empatia com os

responsáveis desta superfície comercial que gostam bastante do

nosso azeite. E já estivemos no Corte Inglês e é possível que volte-

mos lá com os nossos azeites».

Entretanto, Jorge Augusto Pires referiu que recentemente a Pro-

lagar tem sido contatada por grandes distribuidoras. «A grande

distribuição tem um grande problema e não quero dizer com isto

que o benefício que a população em geral colhe não seja positiva.

Um produtor pequeno confronta-se sempre com alguns proble-

mas no seu relacionamento com estas grandes cadeias de distri-

buição: preços e prazos de pagamento, embora tenha havido uma

melhoria ultimamente», comentou Jorge Augusto Pires.

A produção de azeites da Prolagar tem variado. «Este ano inves-

timos numa nova linha visando o aumento da nossa capacidade

produtiva e não escondo que o sonho é poder rapidamente atingir

uma capacidade de 200 mil litros», revela Jorge Augusto Pires,

lembrando que tudo leva a crer que este ano a Prolagar «deverá ir

além dos 200 mil litros».

Azeite biológico para a AlemanhaA Prolagar está a exportar azeite biológico para a Alemanha e

alguma parte do seu azeite a granel vai para Espanha. «Depois

tenho o Mercado da Saudade que consome muito do nosso azei-

te. Mas não estamos a falar de azeite biológico, estamo-nos a re-

ferir a azeite normal com a marca “Ouro do Tua”», frisou Jorge

Augusto Pires que, no decorrer desta entrevista, não escondeu a

sua intenção de poder vir a lançar no mercado uma nova marca.

«Tenho essa intenção, mas nestas coisas devemos ter alguma

reserva…», avisou o sócio-gerente da Prolagar.

Desde 2010, data em que estes investidores adquiriram a Prolagar

foram feitos investimentos na modernização da empresa? «Devo

dizer que mesmo antes de nós entrarmos a Prolagar curiosamente

foi a primeira empresa do género a ter um processo de limpeza

da azeitona próprio e adequado às exigências da lei. Com este

processo a azeitona é limpa, depois de limpa é lavada, só depois é

que é pesada e fica a aguardar a produção. É o chamado parque de

limpeza, composto por um conjunto de instalações que para além

de levar em conta o transporte da azeitona tem um equipamento

que procede à separação da azeitona, faz a sua lavagem e que de-

pois faz a pesagem automática do produto. No aspeto qualitativo

a nossa preocupação tem sido sempre a análise do nosso produto

com vista a verificarmos se estamos a proceder corretamente no

nosso processo de fabrico. Tudo isto para defendermos a quali-

dade. O nosso azeite é analisado no Laboratório de Agronomia,

em Lisboa, para sabermos se o nosso azeite é ou não azeite DOP»,

referiu a fechar a entrevista Jorge Augusto Pires. ‹

› GRANDE PLANO

Sónia Carvalho, Administradora de Alves & Ribeiro, Lda.

«Temos tido um percurso de ascendência»

Localizada em Mirandela no Lugar da Água, a Alves & Ribeiro, Lda. dedica-se à produção

de alheiras e outros enchidos. Defende a marca “Alheira Angelina” que segundo Sónia

Carvalho, administradora da empresa «é um produto de excelência».TEXTO › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

Em Maio de 2015 a Alves & Ribeiro, Lda. assinalou vinte

anos de vida, um percurso que na opinião de Sónia Car-

valho, administradora desta empresa familiar, tem sido de

Excelência.

O surgimento desta empresa deve-se muito à vontade dos pais de

Sónia Carvalho, muito embora a tradição no fabrico da alheira já

venha do tempo dos seus avós. «Os meus pais começaram esta

luta em 1995, vinham de uma outra empresa onde trabalharam

alguns anos, e especialmente a minha mãe tinha um jeito muito

especial para este ramo. Era um ramo sustentável que nos anos 90

tinha uma boa margem de lucro», recorda a nossa entrevistada,

A Alves & Ribeiro, Lda. é

hoje uma unidade fabril

de raiz, que na altura em

que foi erguida já signi-

ficou um investimento

a rodar os 60 a 70 mil

contos (300 a 350 mil

euros). «Os meus pais

decidiram-se por um

projeto novo, de raiz,

porque aquilo que eles

tinham estava com pou-

cas condições, estava um

bocado degradado. Foi

uma decisão acertada.

Estamos a falar de unida-

de fabril moderna, dota-

da de todos os requisitos

exigidos pelas normas

de segurança alimentar»,

sublinhou Sónia Carva-

lho.

Marca “Angelina” representa quali-dadeEsta empresa mirande-

lense produz enchidos

de reconhecida quali-

dade onde predomina a alheira, um produto regional de carac-

terísticas únicas. «A alheira “Angelina” representa cerca de 90%

da nossa produção de alheiras, mas produzimos também a típica

alheira de Mirandela e de caça, produtos também de referência»,

diz Sónia Carvalho, lembrando que também o Folar D. Angelina

é uma outra marca distinta e muito procurada. «Tanto a alheira

Angelina como o Folar D. Angelina foram distinguidos com a me-

dalha de Ouro no Concurso Nacional Integrado na Feira Nacional

de Agricultura de Santarém», realça Sónia Carvalho.

No entender da nossa entrevistada que é licenciada em enge-

nharia alimentar, o caso de adulteração de alheiras ocorrido há

meses atrás em Bragança

acabou por afetar gran-

demente a alheira de Mi-

randela. «Quando se fala

em alheiras associamos

de imediato o seu nome

a Mirandela, e o que se

passou com este caso

em Bragança prejudicou

uma indústria que em

Mirandela emprega en-

tre 500 a 600 pessoas de

forma direta, e para a Al-

ves & Ribeiro significou

uma quebra drástica na

sua faturação.

Os nossos clientes con-

fiam integralmente nos

nossos produtos, a nos-

sa empresa continua no

“Top 5” do sector, mas o

consumidor final face

ao que ocorreu com as

alheiras em Bragança,

esse coloca ainda algu-

mas reservas. Foi um

duro golpe que quere-

mos ver ultrapassado»,

resumiu. ‹

Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 1312 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015

› GRANDE PLANO

João Manuel Vieira, administrador do Grupo Vipani

«Queremos ter uma dimensão nacional relevante»

Com sede na Zona Industrial Norte, em Mirandela, a Vipani tem-se afirmado ao longo

dos seus 21 anos de existência como um grupo forte na área da indústria de pastelaria

e panificação e, segundo João Manuel Vieira, quer continuar a afirmar-se no mercado

nacional, sem esquecer o mercado externo. «Estamos a faturar 5 milhões de euros e

o grande objetivo é ultrapassarmos esse volume de negócios já em 2016», referiu o

administrador do Grupo Vipani.

TEXTO › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

A Vipani iniciou a sua caminhada em 1993 e desde sem-

pre registou um crescimento sustentável. «As vendas da

empresa têm vindo a subir todos os anos, e isso deve-se

à dinâmica do projeto, ao grande espírito de luta e à ambição de

queremos atingir patamares cada vez mais elevados, obedecendo

sempre a padrões elevados de qualidade e segurança alimentar»,

chamou a atenção João Manuel Vieira, administrador do Grupo

Vipani, que é agente da CSM. «70 por cento dos nossos produtos

são da gama CSM», precisou o nosso entrevistado.

O Grupo Vipani com sede em Mirandela e com filial em Viseu

está a faturar neste momento cerca de 5 milhões de euros, mas

pretende crescer muito mais. «Queremos ultrapassar esta barreira

rapidamente, pois a Vipani tem condições físicas para ampliar

a suas vendas. Ainda muito recentemente tivemos uma reunião

com um diretor da CSM que nos propôs mais um negócio na área

dos congelados. A Vipani já há algum tempo que se preparou para

esse investimento através da instalação de 250 metros cúbicos de

área de congelação. O investimento está feito, agora é rentabilizá-

-lo», referiu João Manuel Vieira.

Crescer como grupoEste empresário transmontano tem um desejo firme de vencer

na vida e projectar cada vez mais a Vipani, que em Viseu já abriu

6 casas comerciais. «Queremos crescer como grupo, criar mais

postos de trabalho e ajudarmos o País no seu crescimento econó-

mico», deseja João Manuel Vieira, administrador deste grupo que

emprega neste momento 52 pessoas.

Muito atenta às questões da qualidade e da segurança alimentar, a

Vipani está certificada pelo Apcer com a ISO 22000. «Para a Vipa-

ni ser a empresa que quer ser tem de estar sempre muito atenta às

questões da qualidade e da segurança alimentar. Esta certificação

é a prova disso mesmo e testemunha também o desejo de pre-

tender ser uma empresa cada vez mais viva e mais competitiva»,

sublinhou João Manuel Vieira.

Em projetos com as características da Vipani é bom saber-se que a

sua continuidade está assegurada. «Uma das minhas filhas, Maria

João, é Terapeuta Ocupacional no Hospital de Macedo de Cavalei-

ros. Mas às sextas-feiras, sábados e domingos, se for preciso, tra-

balha nas pastelarias. É uma pessoa muito dedicada e que mostra

interesse em aprender. Penso que ela poderá vir a ser a minha

continuadora na gestão dos negócios da empresa. Da minha parte

vou-lhe divulgando os segredos da atividade», diz, esperançado o

fundador do Grupo Vipani.

Nesta entrevista, João Manuel Vieira quis salientar que uma boa

parte do sucesso da Vipani se deve ao empenhamento e à garra

dos seus trabalhadores. «Tenho a trabalhar comigo um conjunto

de pessoas que todos os dias vestem a camisola da Vipani. Temos

trabalhadores que estão aqui desde o primeiro dia e que vivem a

empresa como fosse deles. Isso é muito importante, até porque

sabemos que poderemos continuar a contar com eles para, em

conjunto, construirmos uma Vipani cada vez mais forte», subli-

nhou João Manuel Vieira.

O administrador da Vipani tem razões para acreditar no futuro da

sua empresa. «Estou otimista em relação ao futuro, quem trabalha

como nós trabalhamos merece a recompensa. O facto de termos

atingido a faturação que já atingimos prova que o nosso traba-

lho tem sido aceite e que estamos no bom caminho. Por outro

lado, temos de levar em conta a região onde estamos situados e

onde as dificuldades continuam a ser muito grandes. Tudo o que

já construímos, representa o fruto do trabalho de todos os que

diariamente dão o seu concurso à empresa. E é este o caminho

que queremos continuar trilhar no futuro». ‹

Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 1514 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015

› GRANDE PLANO

Giuseppe Marchese, Presidente da Monsurgel, empresa italiana que está a investir no concelho de Valpaços

Estamos a ajudar a desenvolver a cultura da castanha em Portugal

Há 15 anos que compra castanhas em Portugal, que depois as leva para Itália, onde

possui indústria transformadora. Mas, desde o início, sempre pensou na hipótese (e

na vantagem) de investir industrialmente em Portugal, visto estar mais próximo da

produção da matéria-prima e assim diminuir os custos logísticos. Falamos de Giuseppe

Marchese, Presidente da Monsurgel, empresa italiana que está a construir uma unidade

industrial em Carrazedo de Montenegro, concelho de Valpaços, e que é a autêntica

capital da castanha na região de Trás-os-Montes. Em Março ou Abri do próximo ano, o

projeto industrial deverá estar completo, um projeto onde estarão nessa altura investidos

quase seis milhões de euros, dos quais pouco mais de 1,7 milhões de euros foram

comparticipados pelo PRODER.TEXTO › MANUEL GONÇALVES | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

Na nossa visita a Trás-os-Montes visitámos a nova unida-

de industrial da castanha, que o empresário italiano Giu-

seppe Marchese, um dos mais conhecidos industriais do

setor no seu país, está a edificar em Carrazedo de Montenegro, na

parte mais alta do concelho de Valpaços, praticamente no cora-

ção da cultura produtora da castanha transmontana. Em Março

ou Abri do próximo ano, todo o projeto industrial deverá estar

finalizado e então estarão investidos praticamente seis milhões

de euros, dos quais um pouco mais de 1,7 milhões de euros foram

comparticipados pelo programa comunitário PRODER.

Giuseppe Marchese veio pela primeira vez a Portugal há 15 anos.

Como industrial da castanha em Itália, precisa de comprar a

matéria-prima em Portugal, país tradicional e conhecido como

produtor de boa castanha. «O vosso país possui uma produção

de castanha de muito boa qualidade, e considerámos que aqui

poderíamos ter um bom recurso de matéria-prima para a nossa

indústria em Itália», salienta o empresarário, que logo acrescenta

que «de igual forma, desde o iníco entendi que se realizasse um

investimento numa indústria aqui junto da matéria-prima, teria

vantagens competitivas, não apenas de acesso da indústria em

“just in time” à matéria-prima, como no aproveitamento das van-

tagens logísticas, evitando assim a deslocação da castanha fresca

de Portugal para Itália, e depois rexportada par outros países euro-

peus, bem como para a América do Norte», salienta o empresário

italiano.

Com o apoio do seu filho Francesco Marcehse, «um jovem muito

capaz, que fala seis línguas, incluindo o português, e que gosta

muito de Portugal, decidi avançar para este projeto industrial em

Carrazedo de Montenegro, que nos permite receber já nestas ins-

talações a castanha fresca e a fazer chegar diretamente ao mer-

cado, não apenas o português, mas também a outros mercados

europeus e norte-americanos. Por outro lado, estamos também a

instalar maquinaria para laborar com castanha congelada, igual-

mente para exportar para vários mercados europeus e da América

do Norte, poupando assim os custos logísticos, pois é mais bara-

to enviar diretamente para esses mercados a partir de Portugal»,

mas apesar de empregar já um leque de mais de 60 trabalhadores,

o responsável máximo da Monsurgel sublinha que é preciso que

os produtores tenham bom senso e que peçam um preço justo,

«pois caso contrário, se a castanha chegar demasiado caro ao

supermercado, as donas de casa vão considerar o produto como

um luxo e não o comprarão. Aí todos perderão, não apenas nós

da indústria, mas igualmente os próprios produtores», sublinha

Giuseppe Marchese.

Por outro lado, ainda referente aos trabalhadores portugueses, o

empresário italiano refere o seu lamento por não quererem traba-

lhar aos domingos, «pois esta indústria, especialmente nesta altu-

ra de maior movimento, é uma indústria que trabalha 24 horas

por dia, os sete dias por semana, de modo a darmos resposta a to-

das as solicitações que nos chegam dos mercados internacionais,

mas existe dificuldade das pessoas aceitarem essa realidade. Em

Itália, felizmente, não temos esse problema, pois as pessoas são

flexíveis e respondem positivamente às necessidades de ponta da

indústria da castanha. Esperamos que as coisas possam paulati-

namente mudar também em Portugal», diz-se esperançado Giu-

seppe Marchese.

Para além da castanha, a nova fábrica de Carrazedo de Montene-

gro, está preparada para laborar com outros produtos agrícolas,

preparando-os para chegar ao mercado internacional em con-

dições ótimas para o seu consumo. Giuseppe Marchese aponta

os casos do morango, da laranja, ou ainda de frutos do bosque.

«Poderá constituir uma oportunidade para o desenvolvimento da

produção desses produtos em Portugal, pois a nossa vontade é

sempre a de aproveitar a produção nacional para a nossa empre-

sa», declara o empresário.

Acreditando nas potencialidades de Portugal e de Trás-os-Montes,

Giuseppe Marchese, em conjunto com a esposa e o filho, sublinha

que a aposta no nosso país «é para valer». Mais, adianta que «até

já comprei um terreno para construir uma casa aqui na região, o

que é sinónimo do quanto acreditamos na capacidade de Portu-

gal em constituir uma mais-valia para o nosso grupo empresarial,

pois aqui temos vantagens competitivas fundamentais. Por isso

aqui investimos e vamos continuar a investir no futuro», assegura

Giuseppe Marcheses. ‹

Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 1716 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015

› GRANDE PLANO

Lemos Ferreira Lemos, Administrador do Hospital Terra Quente

«Não somos concorrentes dos hospitais públicos da região»

«Gostaríamos de deixar bem claro que o Hospital Terra Quente não é concorrente dos

hospitais públicos da Região Transmontana e Alto-Duriense. Procura, isso sim, ser um

complemento desses hospitais», garantiu o administrador do Hospital Terra Quente em

entrevista concedida à PAÍS €CONÓMICO. Lemos Ferreira Lemos referiu também que

esta moderna unidade hospitalar de Mirandela tem prestado um serviço às populações

transmontanas «que satisfaz algumas das falhas que os hospitais públicos, por este ou

por aquele motivo, não têm podido evitar».TEXTO › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

O Hospital Terra Quente abrange toda a região Transmon-

tana e Alto-Duriense e representa uma aposta forte na

prestação de cuidados de saúde na Região do Nordeste

Transmontano.

«O Hospital Terra Quente entrou em funcionamento em Janeiro

de 2013 e as expectativas são muito fortes já que estamos signifi-

cativamente acima do que tínhamos previsto. Mas só neste ano de

2015 é que o projecto está em pleno», assegurou Lemos Ferreira

Lemos, administrador do Hospital Terra Quente.

No entender deste gestor, o Hospital Terra Quente é uma socie-

dade curiosa. «Embora não seja uma parceria público-privada,

tem componentes accionistas que não são meramente privadas.

A Câmara Municipal de Mirandela detém 10 por cento do capital

social, a Santa Casa da Misericórdia de Mirandela tem uma parti-

cipação de pouco mais de 6 por cento e os restantes quase 84 por

cento pertencem a privados da região e fora dela, que apostaram

em vir colmatar uma falta que é a assistência de saúde privada»,

referiu Lemos Ferreira Lemos.

Dotado de quase todas as especialidades médicasDotado de todas as especialidades médicas, o Hospital Terra

Quente significou um investimento abaixo dos 17 milhões de

euros, incluindo equipamentos. «Não tivemos qualquer apoio do

QREN já que as ajudas deste Quadro Comunitário de Apoio es-

tavam completamente vedadas à saúde privada. Todas as ajudas

do QREN que agora acabou foram exclusivamente para a saúde

pública», precisou o nosso entrevistado.

Tal como já foi referido, o Hospital Terra Quente está dotado de

quase todas as especialidades médicas, pormenor que não deixa

de ser relevante. Tem sido fácil encontrar na região de Trás-os-

-Montes recursos humanos à altura das necessidades desta unida-

de hospitalar? Lemos Ferreira Lemos foi incisivo na resposta. «Os

nossos recursos humanos e designadamente médicos, que são os

recursos mais especializados que temos e os que a região mais ca-

rece, vieram de Coimbra, Braga, Porto, Vila Real, Chaves, Bragança

e Viseu, querendo isto dizer que temos tido uma adesão da classe

médica muito significativa e podemos assegurar praticamente to-

das as especialidades quer médicas quer cirúrgicas», esclareceu o

administrador do Hospital Terra Quente.

Hoje é mais fácil fixar recursos em Trás-os-MontesQuestionado sobre a facilidade, ou não, de fixar médicos na re-

gião de Trás-os-Montes, Lemos Ferreira Lemos reagiu de maneira

curiosa. «Como sou nascido e criado em Mirandela e só estive

momentaneamente, alguns anos, a tirar o meu curso no Porto,

continuo a não conseguir compreender como é que é tão difícil

as pessoas fixarem-se no interior?! Eu hoje não conseguia é fixar-

-me no Porto ou em Lisboa, mas isto é uma opção de cada um,

que respeito…», reagiu o administrador do Hospital Terra Quente.

Lemos Ferreira Lemos não esconde que esta unidade de saúde

privada tem como pretensão contribuir para a fixação da popula-

ção neste região, atraindo nova valências aos níveis dos cuidados

de saúde, e justifica que a dificuldade em fixar pessoas no interior

tem a ver com a falta de algumas infra-estruturas, por exemplo,

infra-estruturas hospitalares. «Mas até neste aspecto a situação

está a melhorar substancialmente em Trás-os-Montes…», sublinha

o nosso entrevistado.

Embora o Hospital Terra Quente não tenta acordos com o Ser-

viço Nacional de Saúde (SNS), que estão vedados aos privados,

tem acordos com todos os sistemas. «Temos acordos com a ADSE,

GNR e um grande número de seguradoras. E estes acordos com

as companhias de seguros não são benéficos só para nós. Dizia-me

há tempos um administrador de uma conhecida seguradora que

determinada zona de Trás-os-Montes gastava mais em transportes

e acessórios do que propriamente em consultas e tratamentos no

Porto, o que quer dizer que o Hospital Terra Quente contribui

para uma economia significativa dessas empresas seguradoras»,

deixou nem claro Lemos Ferreira Lemos. Para além de estar do-

tado de serviços de Especialidades, Internamento, Cuidados Con-

tinuados, Atendimento de Urgência, Residência Sénior, MCDT

e Bloco Operatório, o Hospital Terra Quente dispõe também de

vários serviços de apoio ao cliente: Acesso gratuito à Internet,

Gabinete do Cliente, Cafetaria, Caixa Multibanco, Parque de Es-

tacionamento e Refeitório. «Temos como missão a prestação de

serviços de saúde humana com qualidade e elevada consciência

social. Nesta Casa o factor Humanização é muito levado a sério»,

disse no fecho desta entrevista Lemos Ferreira Lemos, administra-

dor do Hospital Terra Quente. ‹

Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 1918 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015

› GRANDE PLANO

Hotel D. Dinis, em Mirandela, é símbolo da região

A excelência hoteleira na cidadeLocalizado junto ao rio Tua, onde se desfruta de vistas tranquilas

e repousantes sobre o caudal das águas límpidas que correm pelo

rio, como sobre o pulsar da vida da cidade de Mirandela, o Hotel

D. Dinis é a principal referência hoteleira da cidade e um dos ho-

téis mais procurados em toda a região de Trás-os-Montes.

Inaugurado em Julho de 1997, o Hotel D. Dinis é uma moderna

unidade de quatro estrelas, com 120 quartos e nove suites. Possui

igualmente um moderno e amplo restaurante, onde se privilegia

sobretudo a gastronomia regional, alías, tão apreciada pelos natu-

rais de Trás-os-Montes, bem como pelos muitos turistas que visi-

tam Mirandela e a região.

Segundo a direção do Hotel D. Dinis, «por estarmos localizados no

coração da região, Mirandela torna-se uma excelente localização

para quem pretende explorar a zona. Assim, temos a percepção

que temos recebido mais portugueses que anteriormente, prin-

cipalmente quem procura um turismo de natureza e pacatez. A

nível externo, o mercado que mais emite turistas é a Espanha,

pela proximidade».

É por isso que Mirandela, pela sua centralidade na região,

constitui um magnífico ponto de partida para quem pretende

explorar turísticamente a região. E o Hotel D. Dinis, está no centro

da cidade, logo, está no centro da região.

Por outro lado, nos períodos do ano de menor propensão turística,

assume uma especial importância para a ocupação do Hotel D. Di-

nis, o designado ‘cliente corporate’. Na época baixa «a maioria da

ocupação é efetuada por clientes corporate, logo, é uma “fatia” de

clientes muito importante no nosso hotel. Ao longo dos últimos

três anos temos vindo a notar um crescimento notório a nível do

turismo em Mirandela, pelo que só podemos estar satisfeitos com

os resultados positivos que temos vindo a obter». ‹

Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 2120 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015

ANTÓNIO MOTAO Presidente da Mota-Engil reforça o peso da atividade do maior grupo português de construção na América Latina, com a entrada no setor da energia elétrica no México, e no estender da atividade da construtora a outros países do continente. Em África, apesar da redução da atividade desenvolvida em Angola, ela é compensada pelo crescimento noutros países africanos. ‹

MIGUEL FRASQUILHOO Presidente da Aicep Global Parques continua a reforçar a atividade da agência portuguesa promotora da captação de investimento e dinamizadora da internacionalização das empresas portuguesas. Finaliza o ano com a abertura de novas delegações internacionais, e projeta já para 2016 a abertura de novos postos em países de crescente relevância para a economia portuguesa. ‹

EMANUEL FREITASO General Manager do Hotel Dom Pedro Laguna, localizado em Aquiraz, no estado brasileiro do Ceará, continua a colecionar prémios internacionais, tendo obido em novembro o galardão de “Melhor Hotel de Golf do Brasil”, isto depois de ter no mês anterior recebido o prémio de “Melhor Resort de Praia do Brasil”. Estes galardões são a expressão do grande trabalho liderada pelo gestor português que dirige a operação no grupo Dom Pedro no Ceará. ‹

› A ABRIR

Inês AlvesÉ e responsável de Recursos Humanos

da PrimeIT e informou que a empresa vai

abrir em Janeiro de 2016 uma Incubadora

de Talentos – PrimeIT Management Center

BMC – onde vai «contratar 20 jovens

dinâmicos, com espírito empreendedor e

um elevado gosto pelo setor das TI e das

Telecom», dotando os jovens portugueses

dos skills para se tornarem os novos líderes

do mercado. ‹

Cláudia RaposoÉ a nova Chief Operations Officer da PHC,

empresa portuguesa que se dedica em

exclusivo ao desenvolvimento de software

de gestão. Nas novas funções terá a

responsabilidade na gestão e coordenação

operacional no negócio da tecnológica.

Licenciada em informática e gestão no

Instituto Politécnico de Santarém, a nova

COO mostrou-se muito entusiasmada com

a aposta da empresa nos mercados latino-

americanos. ‹

Juan SotoO Diretor de Recursos Humanos da Gefco

Portugal foi galardoado com o Prémio

Melhores Gestores de Pessoas 2015,

integrando o TOP 50 nacional desta

categoria relativa ao ano em curso. Referiu

que «não estava à espera de ficar entre

os 50 melhores gestores em Portugal

num universo de mais de 300 empresas

analisadas pelo estudo». ‹

Subindo na Pirâmide

› NOTÍCIAS

Weg investe 15 milhões em Santo TirsoA multinacional brasileira Weg, produtoras de motores elétricos, vai investir 15 milhões

de euros em Santo Tirso, naquela que será a segunda unidade industrial da empresa em

Portugal, prevendo-se a criação de 150 novos postos de trabalho.

Em declarações à comunicação social, Joaquim Couto, presidente da Câmara de Santo

Tirso, informou que a Weg escolheu o Parque Empresarial da Ermida, na zona de Santa

Cristina do Couto, cuja primeira pedra foi lançada em Novembro, e cuja abertura e entra-

da em funcionamento deverá acontecer em meados do próximo ano.

Ainda segundo o autarca de Santo Tirso, «há empresas no concelho que estão a fazer

investimentos, alargando as saus áreas de negócios e instalações, e a par disso há investi-

mento exterior. Isso concretiza a excelente localização em Santo Tirso do ponto de vista

estratégico e já é fruto da nova dinâmica de diálogo com vários parceiros e procura de

investimento. Criámos um sistema que mostra que Santo Tirso é amigo das empresas,

procurando facilitar e não complicar». ‹

Porto de Leixões atinge record no movimento de mercadoriasO Porto de Leixões registou, no passado mês de Outubro, o melhor resultado de sempre,

tendo obtido um crescimento de 9,8% face ao período homólogo do ano anterior, o equi-

valente a mais de 1,7 milhões de toneladas de mercadorias.

Com um crescimento de 4,8% no total acumulado, 2015 continua a sustentar a excelente

performance de Leixões, porto por onde, desde o início do ano, já entraram e saíram 15,5

milhões de toneladas de mercadorias. A evolução nos 10 primeiros meses do ano foi

positiva nos granéis líquidos (+9,1%), na carga fracionada (+13,3%), ro-ro (+79%) e nos

granéis sólidos (+12,7%).

Por outro lado, e como consequência da redução significativa das exportações, nomeada-

mente para Angola, verificou-se uma quebra da carga contentorizada (-8,5%).

Em comunicado, a APDL adiantou que “é, desde o mês de outubro, líder nacional no

tráfego ro-ro, para o qual contribuiu largamente a aposta da Cobelfret neste porto que,

no início de outubro, arrancou com a terceira escala semanal para o Norte da Europa”. ‹

Sana Hotels vai abrir dentro de dois anos dois hotéis em Marrocos

Casablanca receberá hotéis SANAA estratégia de internacionalização da Sana Hotels, do grupo Azinor, vai conhecer mais

um passo com o investimento em duas novas unidades hoteleiras em Casablanca, Marro-

cos, onde aplicará até 2017 um montante na ordem dos 60 milhões de euros. Em declara-

ções ao Diário Económico, o administrador da Sana Hotels, Carlos Neves, sublinhou que

a estratégia do grupo passa pelo reforço da aposta na internacionalização, e que Marrocos

constitui uma aposta forte da marca portuguesa.

Em Casablanca, a Sana Hotels vai implementar um hotel da sua marca EPIC (de cinco es-

trelas) e um segundo da cadeia Evolution (quatro estrelas). Ainda segundo Carlos Neves,

«estas unidades vão ser hotéis com vertente turística, mas também a pensar nos ‘clientes

corporate’, uma vez que esta é uma cidade de e para negócios».

No presente, a Sana Hotels detém um total de 16 hotéis em Portugal, Alemanha e Angola.

No mercado português, o grupo conta com 14 unidades em Lisboa (10), Sesimbra, Estoril,

Caldas da Rainha e Algarve. A fauração do grupo em 2013 ascendeu a 94 milhões de

euros e fechou o ano de 2014 com um crescimento na ordem dos 15%. Para este ano, está

previsto uma aceleração do crescimento para 17%. ‹

UNISSIMA na MalásiaDepois de Casablanca, onde esteve em Outubro na MaDecor, a UNISSIMA, marca por-

tuguesa de interiores e móveis de luxo, esteve em Kuala Lampur, na Malásia, onde parti-

cipou no HiDesign Asia. O evento juntou as cadeias hoteleiras e os gabinetes de design

mais prestigiados do mundo, é, para a administradora Ana Piquete, «uma oportunidade

única para a UNISSIMA dar a conhecer ao continente asiático a capacidade e a qualidade

do trabalho e dos produtos portugueses. A intenção passa por fortalecer o networking da

marca em solo asiático, para com isso penetrar nesse mercado». A UNISSIMA tem a sede

em Soure, distrito de Coimbra, mas acabou de inaugurar um atelier em Lisboa. ‹

Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 2322 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015

› GRANDE ENTREVISTA

Marina Seixas Pinto, Administradora da Quinta da Terrincha

Querermos ser uma referência no turismo em Trás-os-Montes

A Família Seixas Pinto comprou a emblemática Quinta da Terrincha, localizada no Vale

de Vilariça, no concelho de Torre de Moncorvo, em 1994, e além do desenvolvimento

das áreas agrícolas, desde cedo viu o potencial da quinta para o turismo. Marina Seixas

Pinto, Administradora da Quinta da Terrincha, recebeu a País€conómico em Vila Flor,

na sede da Petroflor, empresa do grupo que atua na área dos combustíveis, e que

também vai investir na primeira estação de serviço ao longo do IP2 (que liga Bragança

à Guarda), em terreno pertencente à própria Quinta da Terrincha. Nesta entrevista, a

gestora sublinha que o projeto turístico da Quinta da Terrincha deverá estar concluído

até ao final de 2017, onde globalmente a empresa investirá um total de 20 milhões de

euros, mas aproveita a ocasião para informar de que está a construir um novo hotel em

Vila Flor, onde investe seis milhões de euros numa unidade que deverá abrir em Julho

do próximo ano. Além destes dois investimentos turísticos, o grupo também possui a

Valonquinta, às portas de Vila Flor, bem como uma pequena residencial vocacionada para

o segmento corporate. No fundo, como sublinha Marina Seixas Pinto, «queremos ser

um player importante no turismo de Trás-os-Montes, porque acreditamos nas grandes

potencialidades da região e de que podemos trazer mais qualidade e diversidade à

região».TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS E CEDIDAS PELA QUINTA DA TERRINCHA

A Quinta da Terrincha é uma das

mais emblemáticas proprieda-

des de Trás-os-Montes. Com

uma área de cerca de 330 hectares,

foi adquirida em 1994 pela família

Seixas Pinto, que viu na proprie-

dade grandes potencialidades para

desenvolver os seus vastos recursos

agrícolas, além de se poder imple-

mentar um projeto turístico de qua-

lidade.

Essa visão tem vindo a ser concreti-

zada ao longo destes mais de vinte

anos de trabalho no desenvolvimento da

quinta. No campo agrícola, os 60 hectares

de vinha produzem os excelentes vinhos

“Quinta da Terrincha” e “Vale de Vilariça”,

neste caso, «em homenagem ao nome do

vale onde a quinta está implementada,

uma zona que além de muito bela, permi-

te produções agrícolas de excelente quali-

dade e de que somos depositários desses

magníficos produtos que brota daquela

terra», salienta Marina Pinto, aproveitan-

do para acrescentar que além da produção

de vinho, ainda sai uma apreciável quan-

tidade de uvas da Quinta da Terrincha e

que servem para produzir o afamado Vi-

nho do Porto. Os vinhos da Quinta da Ter-

rincha estão no mercado nacional, e

são igualmente exportados para An-

gola, seguindo-se a breve prazo para

a China e a Suíça.

Por outro lado, a propriedade com-

porta também cerca de 80 hectares

de olival, de onde saem as azeitonas

que depois de recolhidas são imedia-

tamente encaminhadas para o lagar

existente na Quinta da Terrincha

e aí transformadas em azeite biológico,

igualmente sob a marca “Quinta da Ter-

rincha”, que é muito apreciado e vendido

em várias superfícies comerciais do nosso

país.

Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 2524 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015

› GRANDE ENTREVISTA

Mas, a produção agrícola na propriedade

do Vale de Vilariça, ultrapassa a produção

de vinho e de azeite, para incidir também

em vários produtos locais, como os quei-

jos (do leite da ovelha da raça Churra da

Terra Quente Transmontana), mel, doce

de abóbora e vinagre.

Projeto turístico finalizado até final de 2017Mas, se as produções agrícolas assumem

um papel naturalmente importante no vo-

lume de negócios da Quinta da Terrincha,

naturalmente que o desenvolvimento do

papel do investimento turístico é cada vez

mais relevante.

Marina Pinto lembra que a propriedade

dispunha de cerca de uma trintena de an-

tigas casas de trabalhadores, alfaias agrí-

colas, entre outras atividades, mas quase

tudo estava em ruínas. Então, «fomos

recuperando esse património edificado e

transformando-o em unidades de turis-

mo. Adaptámos o solar oitocentista para

um hotel, que dispõe de 9 quartos. Depois

já temos também outras 7 casas adapta-

das a unidades de turismo rural, além de

várias outras que servem no âmbito do

nosso projeto turístico na quinta. Neste

momento, dessas trinta edificações ini-

ciais já recuperámos cerca de 20, faltando

as restantes dez por recuperar. Queremos

ainda construir mais um restaurante, uma

nova piscina e um espaço amplo, capaz de

realizar eventos para um total de 700 pes-

soas. É nosso desejo conseguir finalizar o

projeto turístico da Quinta da Terrincha

até ao final de 2017, e nessa altura devere-

mos ter investido aqui cerca de 20 mihões

de euros, praticamente com o recurso a

capitais próprios», sublinha Marina Sei-

xas Pinto.

No entanto, para assegurar um desen-

volvimento sustentado de qualquer uni-

dade turística, e por maioria de razão do

turismo em qualquer região, é necessário

recursos humanos qualificados, mas Ma-

rina Pinto admite que não é fácil recrutar

recursos humanos qualificados para tra-

balhar nos empreendimentos turísticos

da região transmontana, situação que no

caso do grupo onde se insere a Quinta da

Terrincha ainda será mais difícil quando

em Julho do próximo ano abrir uma nova

unidade hoteleira em Vila Flor, uma vila

próxima do Vale de Vilariça em que so-

bressai a Quinta da Terrincha.

Novo hotel em Vila Flor abrirá em Julho de 2016Com o projeto turístico da Quinta da Ter-

rincha a plena velocidade, Marina Seixas

Pinto aproveita esta entrevista à PAÍS €CONÓMICO para anunciar que o gru-

po tem em construção uma unidade hote-

leira na vila de Vila Flor, um investimento

de seis milhões de euros, com 52 quartos

e que deverá abrir já em Julho do próximo

ano. «Acreditamos no potencial turístico

do concelho de Vila Flor, e da própria re-

gião envolvente. Vila Flor é muito procu-

rada aos fins-de-semana por autocarros de

turistas que aqui vem visitar a região, e

só muito dificilmente se consegue alojar

esses turistas nas unidades aqui existen-

tes. Então, pareceu-nos existir claramente

uma oportunidade de construir uma nova

unidade hoteleira e decidimos investir

na convicção de que aproveitaremos esse

portencial que reconhecidamente existe,

mas também com a perfeita consciência

de que estamos a contribuir para o desen-

volvimento e sustentabilidade do turismo

em Vila Flor. Gostaria, a este propósito, de

referir que o presidente da Câmara Muni-

cipal nos tem dado um grande apoio para

a concretização do nosso novo projeto ho-

teleiro na vila».

Mas, se o novo hotel está em construção, a

menos de dois quilómetros de Vila Flor, o

grupo empresarial de que Marina Seixas

Pinto é administradora, já possui a Valon-

quinta, uma pequena, mas muito acolhe-

dora unidade de turismo rural. Dispondo

de oito quartos disponíveis para o público,

um restaurante onde se pode degustar os

produtos regionais, e sobretudo uma fan-

tástica vista para o Vale de Vilariça, pois

a Valonquinta é uma autêntica varanda

entre a altitude de Vila Flor e a planura

do vale que se estende graciosamente aos

seus pés.

Praticamente ao lado da sede da Petroflor,

onde Marina Pinto nos concedeu a entre-

vista, o grupo empresarial dispõe ainda

de uma pequena residencial, sobretudo

direcionada para o segmento corporate.

Ao lado, localiza-se uma das duas estações

de serviço que comercializa combustíveis,

e que são propriedade da Petroflor, dando-

-nos a empresária a novidade de que vai

avançar com a construção de uma esta-

ção de serviço numa área de terreno da

Quinta da Terrincha junto ao IP2, «pois

como deve saber, infelizmente não existe

atualmente, entre Bragança e a Guarda, no

que ao IP2 diz respeito, nenhuma estação

de serviço, onde um automobilista possa

encher o depósito de combustível do seu

veículo. A Quinta da Terrincha estende-se

ao longo de quatro quilómetros do IP2, e

apresentámos esse projeto de investimen-

to e, felizmente, conseguimos a aprovação

para o realizarmos», remata Marina Pinto.

Continuamos a acreditar em AngolaApostada em ajudar no desenvolvimento

económico e social da região de Trás-os-

-Montes, o grupo cujo rosto emblemático

é o de Marina Seixas Pinto, apostou tam-

bém em Angola, onde possui um impor-

tante investimento numa fábrica produ-

tora de água na província do Bié, além

de outros investimentos na área da cons-

trução. Questionada sobre se o grupo não

estava preocupado com o atual momento

difícil por que passa a economia angolana,

a empresária portuguesa sublinhou acre-

ditar nos fundamentos económicos de

Angola, «pois a longo prazo acreditamos

plenamente no potencial de Angola, país

onde queremos estar e continuar a inves-

tir», reforçou Marina Pinto.

A finalizar a entrevista, Marina Seixas

Pinto sublinhou que o grupo familiar que

agrega pretende continuar a crescer na

região, tendo para o efeito os investimen-

tos em curso, além de outros que, a seu

tempo, certamente serão revelados e im-

plementados. «A região tem cada vez me-

nos pessoas, que saem daqui para outras

regiões, mas eu própria sou um exemplo

do inverso, vim de fora para Trás-os-Mon-

tes, porque acredito nesta região e do seu

potencial para construir um grupo empre-

sarial sólido. É nisso que eu e os meus ir-

mãos acreditamos, no fundo, em que toda

a minha família acredita, que podemos

contribuir para o crescimento económico

e empresarial desta explêndida região do

nosso país», finalizou. ‹

Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 2726 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015

› LUSOFONIA › Brasil

Robinson Faria, Governador do estado brasileiro do Rio Grande do Norte, quer mais turistas e investimentos portugueses no seu estado

Rio Grande do Norte é lugar de excelência no Brasil

Muitos portugueses conhecem Natal e Pipa, os dois lugares mundialmente conhecidos do

Rio Grande do Norte, estado do nordeste brasileiro que está mais próximo de África, além

de distar apenas seis horas de voo entre Lisboa e Natal, a capital do estado potiguar.

Entretanto, a crise económica por que passou Portugal afastou nos últimos anos muitos

cidadãos lusos de usufruirem das paradisíacas praias que ao longo de 400 quilómetros

de litoral embelezam o litoral do estado. Robinson Faria, Governador do Rio Grande

do Norte, tomou posse no primeiro dia de janeiro deste ano, mas definiu o turismo

como a grande prioridade do desenvolvimento do seu estado, e dando consequência à

estratégia traçada, veio a Portugal para em parceria com a agência Abreu, empreender

uma forte iniciativa de desenvolvimento da excelência do Rio Grande do Norte para atrair

mais turistas e investimentos turísticos portugueses. Como o que foi recentemente

anunciado pelo grupo português Vila Galé, que vai construir um grande resort turístico

próximo da cidade de Touros. Mas também a certeza deixada pelos responsáveis da

TAP em aumentar de três para quatro as frequências semanais entre Lisboa e Natal,

cidade agora servida pelo grande aeroporto Aluizio Alves, em São Gonçalo do Amarante.

Que Robinson Faria espera vir a albergar o hub da TAM, que aquele aeroporto disputa

com os seus congéneres de Fortaleza e de Recife. «Portugal é muito importante para

a sustentação do turismo do meu estado, e quis com esta parceria estabelecida com a

Abreu, agência com forte relevância tanto em Portugal como no Brasil, demonstrar que

estamos a levar a sério a estratégia de colocar o turismo como um pilar fundamental

no desenvolvimento do Rio Grande do Norte. Possuímos um litoral fantástico, uma

gastronomia fantástica, zonas interiores fantásticas, e sobretudo um povo fantástico

e muito acolhedor, que gosta muito dos portugueses. E tenho a certeza de que vocês

também gostarão muito de conhecer o Rio Grande do Norte. Sejam bem-vindos»,

expressou Robinson Faria à PAÍS €CONÓMICO.TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › CEDIDAS POR HA

Robinson Faria, Governador do Rio Grande do Norte, trou-

xe uma comitiva de peso a Portugal, integrando os titula-

res das secretarias estaduais do Turismo, Trabalho, Habi-

tação e Assistência Social, Comunicação, além do Vice-Presidente

da Emprotur, a empresa de turismo do estado. Com o governador

veio também a Lisboa e ao Porto uma numerosa delegação de

empresários potiguares do setor turístico e hoteleiro, onde se real-

çava o presidente da ABIH – Associação Brasileira da Indústria

Hoteleira/RN.

O objetivo da missão a Portugal por parte do governador do Rio

Grande do Norte foi o de inverter a queda na emissão de turistas

portugueses para este estado do nordeste brasileiro, pois os turis-

tas lusitanos já lideraram a demanda turística estrangeira no es-

tado. Natal, capital do Rio Grande do Norte, dista apenas a pouco

mais de seis horas de voo de Lisboa, tendo a TAP presentemente

três ligações semanais, e que servem tanto para levar turistas por-

tugueses para o Rio Grande do Norte, como também vários outros

europeus, que fazem do aeroporto de Lisboa, um hub para o voo

da TAP que liga as duas capitais.

Para sustentar esta ação de promoção de «um destino de escelên-

cia», como classificou Robinson Faria, nada melhor do que fazê-

-lo em parceria com a agência Abreu, a mais antiga agência de

turismo português e que também regista uma presença direta no

Brasil com mais de sessenta anos.

Decorrente da parceria estabelecida, o governador e toda a delega-

ção potiguar participou em dois eventos, que se realizaram no Ho-

tel Sheraton, do Porto, e no Hotel Dom Pedro Palace, em Lisboa.

Neles compareceram, além dos representantes da agência Abreu,

igualmente representantes de outras agências e players turísticos

portugueses, que assim puderam escutar e relembrar (para mui-

tos) sobre as vantagens que os turistas portugueses poderão ter

em escolherem o Rio Grande do Norte como local privilegiado

para as suas férias, ou até para adquirirem uma residência fora

do país.

«Brasil é muito importante para Portugal»Artur Abreu, Diretor Geral da Abreu, em ambas as ocasiões,

lembrou que o «Brasil é sempre uma grande prioridade» para a

empresa portuguesa, e sublinhou que «no seguimento do diálo-

go empreendido há algum tempo com o Ruy Gaspar, Secretário

do Turismo do Governo do Rio Grande do Norte, considerámos

desde o início desse diálogo do interesse e da oportunidade de

fazermos alguma coisa mais para podermos levar mais turistas

portugueses para o estado, visto que, do nosso ponto de vista, ape-

sar de Natal e de Pipa já serem bastante conhecidos de muitos

portugueses, é preciso atualizar a informação e a visão sobre essas

duas cidades, bem como de todo o estado, nomeadamente sobre

o conjunto dos mais de 400 quilómetros de praias espetaculares

que o vosso estado possui. Estamos muito satisfeitos por esse diá-

logo se ter traduzido nesta parceria, que temos a firme convição

de que será vitoriosa para ambas as partes», enfatizou o respon-

sável da Abreu.

Ruy Gaspar, Secretário do Turismo do Rio Grande do Norte, Robinson Faria, Governador do Rio Grande do Norte, e Haroldo Azevedo Filho, Vice-Presidente da Emprotur

Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 2928 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015

Ruy Gaspar é o Secretário do Turismo do Governo do Rio Grande

do Norte, e tem a missão de levar o nome do estado e sobretudo

o seu grande potencial turístico tanto ao restante território brasi-

leiro, como aos destinos emissores internacionais de turistas para

o estado. Pertencente a uma família de hoteleiros do Rio Grande

do Norte, Ruy Gaspar é um profissional do trade turístico, e desde

cedo compreendeu que a profissionalização da promoção turísti-

ca do Rio Grande do Norte seria o único caminho para alcançar

os ambiciosos objetivos traçados pelo Governador Robinson Faria

para que o turismo constitua a grande alavanca do desenvolvi-

mento económico e social do estado do Rio Grande do Norte.

TAP vai passar para quatro ligações a NatalO Governador Robinson Faria destacou o posicionamento estraté-

gico do Rio Grande do Norte no contexto do nordeste brasileiro,

e da sua relação com os mercados externos. Sublinhou que até

ao momento existe uma subida de praticamente 30% de turistas

no estado, e pretende que esse fluxo se possa reforçar nos pró-

ximos tempos, «certamente com um contributo assinalável de

muitos portugueses», voltando a recordar

a distância de pouco mais de seis horas a

que Natal está de Lisboa, lembrando tam-

bém as três ligações semanais entre Natal

e Lisboa, que vão passar a quatro semanais,

«pois acabo de me reunir com o presidente

e o vice-presidente da TAP e asseguram-nos

esse acréscimo, além de irmos também rea-

lizar uma promoção conjunta em diversos

destinos europeus operados pela TAP e que

poderemos igualmente por essa via mostrar

as belezas do Rio Grande do Norte e captar

mais turistas europeus para o nosso esta-

do», sublinha Robinson Faria.

Lembrando ainda que o Rio Grande do Nor-

te possui mais de 400 quilómetros de para-

disíacas praias, «não apenas de Natal, como

as de Pipa, de Genipabu, Tabatinga, São Mi-

guel do Gostoso (grande área para a prática

do kitsurf), mas também as belelezas do interior potiguar, onde o

turismo religioso também possui o seu lugar, ou não possuisse o

Rio Grande do Norte a Estátua de Santa Rita de Cássia – a maior

estátua católica do mundo, que com 57 metros de altura é mais

alta do que as suas congéneres do Cristo Redentor (Rio de Janeiro)

e da Estátua da Liberdade (Nova Iorque).

Robinson Faria também pretende estimular a chegada de mais

investimentos portugueses na área do turismo, depois do anúncio

da construção do maior resort turístico de praia no estado e que

vai ser desenvolvido pelo grupo português Vila Galé, já presen-

te noutros estados brasileiros e que vai agora também chegar ao

Rio Grande do Norte. «Temos praias e espaços quase virgens ao

longo do nosso litoral, mas igualmente áreas nas zonas turísticas

já consolidadas nas quais existem fortes potencialidades e oportu-

nidades para que os investidores turísticos portugueses ocupem

um maior espaço. Já estava no estado o grupo Pestana (na Via

Costeira, em Natal) e agora vamos ter também o grupo Vila Galé,

próximo de Touros. Gostaríamos que viessem mais no futuro»,

convidou o governador.

Esperando que o novo aeroporto Aluizio Alves, que é privado, ve-

nha a ser escolhido pela TAM para albergar o novo hub da maior

companhia aérea brasileira (em associação com a sua congénere

do Chile), Robinson Faria lembra que o aeroporto portiguar é o

único dos três em competição (em conjunto com os aeroportos

de Fortaleza e de Recife) que possui condições de expansão, além

de possuir uma maior agilidade de gestão devido à flexibilidade

da sua gestão privada. « É muito importante para o Rio Grande

do Norte, e certamente também para a TAM, que a escolha venha

a recair no aeroporto Aluizio Alves. Simplesmente, porque é o

melhor!», rematou o governador potiguar.

A finalizar a sua intervenção no Hotel Dom Pedro em Lisboa,

Robinson Faria fez um elogio público ao desempenho de Ruy

Gaspar no comando do turismo potiguar, assim como endereçou

um outro elogio a Haroldo Azevedo Filho, vice-presidente da Em-

protur, pela capacidade organizativa demonstrada na complexa

missão turística que enquanto governador do Rio Grande do

Norte comandou a Portugal. Nos elogios, não deixou de fora o

desempenho de Julianne Faria, Secretaria do Trabalho, Habitação

e Assistência Social, destacando a sua ação em prol do aumento

da segurança que se regista em Natal, «o que também é muito

importante para o turista que nos visita se sentir seguro na nossa

capital e no nosso estado», assim como para o trabalho desenvol-

vido em Lisboa por Juliska Azevedo, Secretária de Comunicação

do governo do estado. ‹

› LUSOFONIA › Brasil

Luis da Gama Mór, Vice-Presidente da TAP, Robinson Faria, Governador do Rio Grande do Norte, Haroldo Azevedo, Empresário, e Ruy Gaspar, Secretário do Turismo do Rio Grande do Norte.

Robinson Faria, Governador do Rio Grande do Norte, e Jorge Alegria, Diretor a revista País€conómico.

Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 3130 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015

› LUSOFONIA › Brasil

BMViv e ESTG-IPVC assinaram protocolo de colaboração

Vai beneficiar atuação da empresa no Brasil

No passado dia 30 de outubro foi assinado um protocolo entre a empres BMViv e a

escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Superior Politécnico de Viana do

Castelo, possibilitando a realização de estágios dos alunos da ESTG na empresa liderada

por Licínio Lima. Este acordo poderá também contribuir para o fortalecimento da

crescente atuação da empresa no mercado brasileiro, mormente no estado da Bahia,

onde se prepara para instalar uma unidade industrial em Entre Rios.TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › ARQUIVO

Qual a razão para a celebração deste protocolo entre a BMViv e a ESTG?É entendimento da BMViv, de que as

empresas e as instituições de ensino

devem poder em permanência proceder

à troca de informações por forma a que

os formandos e os quadros de professores,

possam cada vez mais estarem ligados ao

mundo real. Sabemos que assim, quando

os formandos entram no mundo do

trabalho, chegam muito mais capazes

de o enfrentar dando dessa forma uma

resposta mais eficaz às empresas que os

contratam. Contribui-se também para que

os salários sejam mais de acordo com as

competências que os mesmos possuem.

Quais serão as mais-valias recíprocas da troca de informações e know how entre as duas partes?Troca de informação e know how, algo

que permite que as empresas possam

desenvolver através das instituições de

ensino, soluções e equipamentos tecnica-

mente evoluídos e de nova geração. Consi-

deramos que só apostando reciprocamen-

te na I+D, instituições e empresas podem

evoluir.

O aproveitamento desse potencial vai ser aproveitado pela BMViv em Portugal e no Brasil. De que forma?Claro que vai, quer no desenvolvimento

de soluções para a melhoria de rendimen-

to dos módulos solares fotovoltaicos, quer

nas soluções integradas para tratamento

de RSU e produção de biogás.

Como está a decorrer a evolução da pre-sença da BMViV no Brasil?Em breve começaremos a construir as ins-

talações para a produção de módulos fo-

tovoltaicos com uma capacidade instalada

de 150 Mw/ano, numa área de construção

de 15.000 metros quadrados. Em breve

começaremos também a desenvolver es-

tudos no terreno para dar resposta às car-

tas de manifestação de interesse que nos

foram aprovadas por diversas prefeituras.

Estaremos em condições de em breve po-

dermos estar posicionados para as licita-

ções que vão ocorrer.

Os setores do ambiente e da energia constituem prioridades nas políticas de desenvolvimento do Brasil. De que forma é que a ViV Brasil e este acordo celebrado com a ESTG poderão contri-buir para uma intervenção mais ampla e qualificada da empresa no território brasileiro?Este protocolo vai permitir que no pre-

sente e no futuro, poderemos dar conjuga-

damente, resposta aos vários pedidos de

P+D. A atuação será muito abrangente, a

saber: Construção Civil, Sustentabilidade,

Sistemas de Gestão, Melhoria dos módu-

los solares fotovoltaicos, Eficiência Ener-

gética, Tratamento de RSU e produção de

Biogás.

A ViV Brasil vai instalar uma unidade industrial no município baiano de Entre Rios. Quando prevê o início da laboração dessa unidade, bem como as perspeti-vas de sucesso industrial dos produtos que lá serão produzidos?Como disse, começaremos no início do

Ano, e prevê-se que a produção comece a

ser efetivada a partir de outubro de 2016.

Estamos em crer que toda a capacidade

instalada será ocupada, devendo para tal

ser contratados e formados cerca de 200

técnicos e operários. ‹

ESTG/IPVC apoia desenvolvimento brasileiroQuestionada sob de que forma o protocolo estabelecido entre a Escola Superior de

Tecnologia e Gestão de Viana do Castelo poderá contribuir para o fortalecimento

da atuação da BMViV no Brasil – através da ViV Brasil – particularmente nas áreas

do ambiente e da energia, Joana Santos, Diretora da ESTG de Viana do Castelo,

remeteu à PAÍS €CONÓMICO a resposta que transcresvemos na íntegra:

«Os setores de Ambiente e Energia são duas áreas em que a ESTG/IPVC tem

desenvolvido fortes competências ao longo da sua existência. Essas competên-

cias têm permitido um forte desenvolvimento de atividades de participação em

projetos IDT, prestação de serviços e de investigação científica. Com base nessa

experiência, o acordo celebrado entre a BMViV e a ESTG/IPVC poderá permitir

desenvolver projetos inovadores, trabalho de consultadoria, etc. que possam, no fu-

turo, vir a ser desenvolvidos numa eventual intervenção da empresa em território

brasileiro. De notar que as políticas de eficiência energética e proteção ambiental

desenvolvidas e implementadas pelos membros da União Europeia são das mais

avançadas a nível mundial, permitindo uma base de trabalho de referência. A ex-

periência no terreno desenvolvida em Portugal nos últimos 20 anos é assinalável e

essa experiência reflete-se nas competências instaladas na ESTG.

No âmbito dos resíduos sólidos, a aprovação do Plano Nacional de Resíduos

(PNRS), em 2010, dotou o Brasil de um instrumento legal muito poderoso e exi-

gente, que preconiza a construção de um conjunto de infraestruturas para recolha,

valorização e tratamento de resíduos, em tudo semelhante ao trajeto que Portugal

já fez. No entanto, as metas preconizadas no marco legal aprovado estão muito

longe de serem alcançadas, pondo em risco os mandatos políticos dos responsáveis

dos municípios, Os Prefeitos, na medida em que o não cumprimento constitui uma

infração criminal na legislação brasileira.

A ESTG tem vindo a desenvolver investigação prética no domínio dos resíduos

e do seu aproveitamento, tendo uma participação muito efetiva nas soluções de

tratamento existentes no distrito de Viana do Castelo, bem como em diversas ou-

tras infraestruturas em diferentes pontos de Portugal, sendo reconhecido inter-

nacionalmente o know how detido na Escola. Esta base de trabalho e experiência

acumulada irá permitir desenvolver projetos modernos, evitando erros do passado

e diminuindo o tempo de implementação no terreno, com a devida adaptação à

realidade brasileira.

No caso do Brasil, um docente da ESTG participou num projeto, com duração de 3

anos, sobre alternativas de tratamento e valorização de resíduos. Esse trabalho foi

financiado pelo BNDES e liderado pela Universidade Federal de Pernambuco, com

a participação de mais de 45 investigadores do Brasil e 7 investigadores estran-

geiros, sendo um deles docente da ESTG/IPVC. Foi coligida informação relevante

sobre o estado de desenvolvimento da gestão de resíduos no país e alternativas

bem sucedidas na Europa, EUA e Japão, passíveis de serem aplicadas no Brasil.

Este conhecimento é fundamental para uma empresa portuguesa ter sucesso num

mercado continental, complexo e difícil. ‹

Joana Santos, Diretora da ESTG/IPVC, e Licínio Lima, Presidente da BMViV

Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 3332 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015

› LUSOFONIA › Brasil

Ceará quer atrair mais investimento estrangeiroFoi lançada a Câmara Temática de Comércio e Exterior e Investimentos Estrangeiros, numa iniciativa da Adece – Agência de Desenvolvi-

mento do Estado do Ceará. Liderada por Roberto Marinho, presidente da Câmara de Comércio Brasil Angola, e que também já integrou

a Câmara de Comércio Brasil Portugal no Ceará, o novo organismo pretende atuar na formulação de políticas públicas e estratégias que

fomentem a exportação no Estado.

O presidente da Adece, Ferruccio Feitosa, destacou a oportunidade de, além de alavancar as exportações cearenses, a atração de investi-

mentos do exterior, sublinhando que «temos órgãos governamentais e não governamentais, do setor de exportações e atração de inves-

timentos. A lógica é que eles se reúnem e possam estar discutindo o momento e pensando o Ceará para os próximos anos», terminou

Ferruccio Feitosa. ‹

Fórum Brasil África decorreu em PernambucoO 3º Fórum Brasil África realizou-se em novembro no Centro

de Convenções do Hotel Sheraton Reserva do Paiva, em Cabo de

Santo Agostinho, na região metropolitana do Recife, sob o tema

“Desafios e Oportunidades para o Fornecimento de Energia no

Brasil e na África”. Realizado pelo Instituto Brasil África, o fórum

debateu diferentes tópicos relacionados com o setor da energia

como o petróleo e gás, as energias renováveis, linhas de finan-

ciamento, novas tecnologias e programas educacionais. Segundo

João Bosco Monte, presidente do Instituto Brasil África, «energia

é a base da infraestrutura, principalmente por conta dos grandes

gaps que existem no continente africano que de alguma maneira

poderiam ser resolvidos com as experiências brasileiras». ‹

TAM reforça voos de Fortaleza para MiamiA companhia aérea brasileira TAM vai aumentar a frequência

do voo Fortaleza-Miami no próximo ano, provavelmente a partir

de abril de 2016.

Segundo o jornal cearense OPOVO, o reforço será de uma fre-

quência semanal que se juntará às atuais frequências de quinta

e sexta feira. Segundo Arialdo Pinho, Secretário do Turismo do

Governo Estadual do Ceará, sublinhou que este reforço das liga-

ções da capital cearense a Miami reforçar o trade turístico, «pois

enquanto a empresa tem cancelado voos em outras cidades do

país, aqui eles vem que a edmanda cearense para o destino se

destaca». De realçar que em janeiro e fevereiro do próximo ano,

também a companhia Azul, cujo proprietário é um dos novos

donos da portuguesa TAP, também reforçará as ligações aéreas

entre Fortaleza e as cidades de Teresina e Parnaíba. ‹

Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 3534 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015

› LUSOFONIA › África

Galp vai explorar petróleo em São Tomé e PríncipeA Galp Energia vai explorar pela primei-

ra vez petróleo em São Tomé e Príncipe,

após o acordo assinado pela empresa

portuguesa com a Agência Nacional de

Petróleos de São Tomé. A intervenção da

Galp acontecerá dentro de um consórcio

que a própria petrolífera portuguesa lide-

rará com 45%, e que juntará igualmente a

norte-americana Kosmos Energy, também

com 45%, e a prória Agência Nacional de

Petróleos são tomense, com 10% do capi-

tal do consórcio.

O consórcio liderado pela Galp Energia

actuará no Bloco 6, cabendo a liderança

da exploração à própria companhia por-

tuguesa. Segundo Carlos Gomes da Silva,

presidente executivo da Galp Energia,

a empresa «tem hoje experiências em

parcerias do outro lado do Atlântico, de-

signadamente no Brasil em águas muito

profundas».

Para explorar o Bloco 6 nas águas de São

Tomé, que possui uma profundidade mé-

dia de 2.5000 metros, o que representa

um desafio tecnológico, a petrolífera por-

tuguesa «tem valências que foram adqui-

ridas no Brasil na exploração do pré-sal e

que nos colocam numa posição em que

poderemos ser uma referência da indús-

tria na área de exploração e produção»,

petrolífera, salientou o líder executivo da

Galp. ‹

Rangel entra em Cabo VerdeO grupo português Rangel acabou de entrar em Cabo Verde com a abertu-

ra de duas delegações, respectivamente, em Mindelo, ilha de São Vicente,

e na Praia, ilha de S. Tiago. A empresa expande assim a sua presença no

continente africano, já depois de ter iniciado a operação em Angola e em

Moçambique.

Líder em soluções globais de logística, a Rangel leva até Cabo Verde os ser-

viços de transporte aéreo e marítimo (completos, grupagens e bagagens), de

ligação entre as ilhas e aduaneiro. O transporte expresso será assegurado

pela parceria da Rangel com a multinacional americana FedEx, que depois

de Portugal e Angola chega agora a Cabo Verde.

Segundo Nuno Rangel, vice-presidente da Rangel, «a parceria de sucesso

que mantemos em Portugal e em Angola fez com que, uma vez mais, a

FedEx reafirmasse a sua confiança nos serviços que prestamos, ao entrar

connosco no mercado cabo verdiano». Ainda segundo aquele responsável

da Rangel, «Cabo Verde faz parte da nossa estratégia de expansão há algum

tempo, pois temos vindo a consolidar a nossa operação em África e no Mun-

do, estamos a chegar a mais destinos e, como consequência, a mais pessoas»,

sublinhou. ‹

Sika forneceu soluções para edifício em LuandaA Sika Portugal participou na intervenção

de exterior do já emblemático ‘Edifício Vitó-

ria’, localizado no centro de Luanda, capital

de Angola, para o qual forneceu soluções

para a sua construção.

Distribuído por 18 pisos de luxo numa área

superior a 21.000 metros quadrados, o ‘Edi-

fício Vitória’ pertence à BESA ACTIF, Socie-

dade Gestora de Fundos de Investimentos,

tem a assinatura do conhecido gabinete de

projectos ‘Costa Lopes’, e cuja construção

esteve a cabo da Edifer Angola. Segundo

José Soares, Director-Geral da Sika Portugal,

«ter participado num projecto de referência

como o ‘Edifício Vitória’, evidencia o posi-

cionamento da Sika e fortalece o crescimen-

to da marca e do negócio em Angola».

Presente em Angola desde 2010, a Sika Portugal faz um balanço

positivo dos negócios desenvolvidos naquele país de África, pre-

vendo facturar, até ao final do presente ano, cerca de 9 milhões de

euros em Angola, um crescimento de 40% face ao ano anterior.

Recorde-se que o mercado angolano já representa mais de 20% do

volume de negócios da Sika Portugal. ‹

Águas de Portugal apoiam AngolaO grupo Águas de Portugal (AdP) ganhou recentemen-

te dois novos contratos em Angola para dar assistência

técnica às empresas de água e saneamento das provín-

cias do Humabo e do Uíge. Os contratos em causa

terão a duração de três anos e são financiados pelo

Banco Mundial, ao abrigo do Programa de Desenvol-

vimento Institucional do Sector das Águas (PDISA),

totalizando 9,7 milhões de dólares.

Em contrato, um primeiro contrato obtido pela AdP

incide sobre a assistência técnica à Direcção Nacional

de Abastecimento de Água e Saneamento, enquanto

um segundo centra-se no estabelecimento do serviço

de abastecimento e saneamento de águas na província

do Sumbe e um outro para a criação e constituição da

empresa de abastecimento de água e saneamento da

província do Cunene. ‹

Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 3736 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015

› EMPRESARIADO

Carlos Antunes, CEO da Meditor

«Estamos a preparar a internacionalização com Espanha e Noruega»

Com sede em Setúbal no Parque Empresarial BlueBiz, a Meditor está presente no

mercado desde 2007 e já é uma referência nacional e internacional na área da

aeronáutica. Em entrevista concedida à PAÍS €CONÓMICO, Carlos Antunes, CEO

da Meditor anuncia alguns projetos com a marca da sua empresa – projetos com uma

enorme vertente inovadora – e refere que a Meditor já está a preparar para 2016

a internacionalização dos novos produtos na área da aeronáutica e dos serviços de

desenvolvimento. «Queremos aumentar a nossa atividade em alguns países onde já

temos clientes, como são os casos de Espanha e Noruega e aumentar o leque de países

onde poderemos colocar os nossos produtos», sublinhou Carlos Antunes, reafirmando

que a Força Aérea Portuguesa (FAP) é um parceiro de destaque. «Neste momento

estamos concentrados em terminar a terceira geração do Vibrapac e acreditamos que

este equipamento pode passar do meio militar para o civil», destacou o CEO da Meditor,

que aproveitaria o ensejo para anunciar que já a partir do início de 2016 a sua empresa

irá iniciar o processo de internacionalização com a Espanha e a Noruega, através de

novos produtos na área da aeronáutica e nos serviços de desenvolvimento. TEXTO › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

Há já oito anos que a Meditor é

uma empresa que cria soluções

de Engenharia à medida das ne-

cessidades de cada um dos seus clientes.

E uma fatia substancial deste trabalho in-

cide na área da Aeronáutica onde a Medi-

tor tem tido até agora intervenções muito

inovadoras e de grande mérito, Mas tam-

bém é uma empresa vocacionada para a

Indústria Naval e para os Equipamentos

Médicos.

Carlos Antunes, CEO da Meditor, abriu

esta entrevista à P€ com uma referência

direta a alguns dos mais emblemáticos

projetos em que a sua empresa participou.

«Refiro-me desde já ao primeiro sistema

de forças para o simulador de voo. Nes-

te sistema utilizamos soluções inovado-

ras com excelentes resultados, e graças a

este esforço inovador a Parker Hannifin,

líder mundial em sistemas de movimento

propôs à Meditor ser o distribuidor auto-

rizado em Motion da Parker Hannifin»,

referiu, para destacar outros projetos mui-

to importante.

«É o caso de uma máquina de teste para

a Força Aérea Portuguesa (FAP) e de uma

máquina de teste de aceleração contínua

e teste de impulsos», sublinhou Carlos

Antunes, lembrando que «A construção

das duas máquinas para a realização

de testes foi concebida de acordo com o

standard DO-160E, e que os testes (tes-

tes de impulso e de aceleração contínua)

foram realizados a Sistemas Radar Unit

Transceiver Slar (Side Looking Airbor-

ne Radar), equipamento a instalar nos

novos aviões da Força Aérea Portuguesa,

os aviões da Airbus Militar C295. Este de-

senvolvimento constituiu um marco quer

pelo desafio em si, quer pelos resultados

alcançados pelos sistemas. Os resultados

destes testes foram verificados pela FAP

e pela própria Airbus Militar», salientou

o CEO da Meditor que se referiria tam-

bém ao projeto da construção da cabine

do Pandur para a ETI. «É um projeto em

curso. Já fornecíamos à ETI sistemas de

aquisição e comunicações desenvolvidos

especificamente para a simulação e siste-

mas de forças. Temos muito orgulho na

construção desta cabine, pois mostra a

confiança que os nossos clientes, como a

ETI, têm em nós, como também mostra a

nossa capacidade de fornecer um serviço

completo aos nossos clientes», destacou

Carlos Antunes.

Crescer nas áreas da Aeronáuti-ca e Militar Sabíamos que a Meditor está a desen-

volver um equipamento para equilibra-

gem das hélices das aeronaves de treino

TB30, projeto que conta com o apoio do

Instituto Politécnico de Setúbal (IPS). A

propósito, Carlos Antunes confirma que

neste momento a Meditor está empenha-

da na evolução do equipamento Vibrapac

desenvolvido pelo IPS para a Força Aérea

Portuguesa e que está a ser utilizado pela

FAP há já muito tempo.

«Desde a sua origem que a Meditor

está ligada a este projeto e continua

envolvida no desenvolvimento contínuo

deste equipamento», refere o CEO da

Meditor, lembrando ao mesmo tempo

que a Aeronáutica e o meio militar são

áreas muito exigentes na qualidade

dos resultados. «A Meditor foi criada

em 2007 e desde o seu início que vem

desenvolvendo soluções para estas

áreas. Mas também está habilitada para

desenvolver soluções para outras áreas

tais como a indústria geral e a indústria

naval, mas é nas áreas Aeronáutica e Mi-

litar que queremos continuar a crescer,

pois trata-se de áreas motivantes devido

ao foco na qualidade dos resultados», elu-

cidou Carlos Antunes.

Meditor lança em 2016 sistema com a sua marcaA Meditor prepara-se para lançar já no

início de 2016 o primeiro sistema para a

indústria aeronáutica com a sua própria

marca. Convidámos Carlos Antunes a pro-

nunciar-se sobre este projeto e o desafio

foi aceite.

«Trata-se do MTB, que é um banco de

ensaios ATE (Automated Test Equipment)

destinado a testar sistemas de ignição por

magnetos de motores de aeronaves com

motores alternativos», explica Carlos An-

tunes, para continuar: «O Banco MTB

foi desenvolvido de acordo com os testes

indicados pelos principais fabricantes

destes sistemas: a Continental/Bendix e

a Slick/Champion, e traz vantagens ino-

vadoras começando pelo facto de ser um

ATE, o que permite automatizar o proces-

so de teste uma vez que realiza autonoma-

mente os testes exigidos pelo fabricante:

Coming in, Standard, High Speed, Im-

pulse Coupling e Long Therm. Até aqui

as ferramentas existentes no mercado

são ferramentas manuais. Mas o sistema

possui outra inovação: o SMS – Spark

Monitoring System, que consiste numa

rede de sensores que permite registar a

ocorrência de faísca de ignição e avaliar

automaticamente a consistência destas

faíscas durante os testes. Este sistema está

a ser utilizado em um dos nossos clientes

e já no início de 2016 far-se-á a divulgação

nacional e internacional deste produto»,

enfatizou Carlos Antunes.

Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 3938 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015

› EMPRESARIADO

Vantagem de ter uma equipa in-terdisciplinarA Meditor possui uma equipa de enge-

nheiros que acompanha de perto todo o

ciclo de desenvolvimento e construção

do protótipo até à fase de fabrico. É uma

equipa com vasta experiência em desenho

eletrónico, controlo de movimento, desen-

volvimento de software, comunicações,

sistemas de informação e fabricação do

produto.

Reportando-se a esta questão Carlos Antu-

nes diz que um dos objectivos da Meditor

é fornecer uma solução completa aos nos-

sos clientes. «Isso só é possível com uma

equipa interdisciplinar que crie uma real

integração de competências. Só assim po-

deremos fornecer aos nossos clientes um

resultado que só é possível atingir com a

criação desta sinergia. Esta característica

também permite atingir os parâmetros de

qualidade que desejamos tendo em conta

as áreas onde trabalhamos», sublinhou o

CEO da Meditor, acrescentando também

que a Meditor nasceu no meio académico,

envolvida em grupos de desenvolvimento

com grande experiência. «E é nesse berço

que continuamos a encontrar os técnicos

qualificados que necessitamos para a nos-

sa equipa», reforçou Carlos Antunes.

Quisemos saber as expectativas da Medi-

tor para 2016 e 2017 em termos de novos

projetos e se continuaria a contar com a

Força Aérea Portuguesa (FAP) como um

parceiro destacado com quem a Meditor

pretende intensificar projetos importan-

tes e duradouros.

Carlos Antunes não hesitou na resposta.

«A Força Aérea Portuguesa é um parcei-

ro de destaque e neste momento estamos

concentrados em terminar a terceira ge-

ração do Vibrapac. Acreditamos que este

equipamento possa passar do meio mili-

tar para o meio civil», afirmou com con-

vicção o CEO da Meditor, que debruçar-se-

-ia sobre o futuro da sua empresa.

Internacionalização já em 2016«Neste momento estamos a preparar o

nosso processo de internacionalização

que deverá iniciar-se já em 2016 e que

passa pela internacionalização dos novos

produtos na área da aeronáutica e nos

serviços de desenvolvimento.

Queremos aumentar a nossa atividade

em alguns países onde já temos clientes,

como são os casos de Espanha e a

Noruega. E queremos ainda aumentar

o leque de países onde possamos

colocar os nossos produtos», revelou

Carlos Antunes, muito empenhado no

crescimento sustentável da Meditor,

uma empresa que está no mercado da

Aeronáutica há oito anos apenas, mas

que há muito que se vem revelando

como uma referência inovadora em

temos nacionais e internacionais, e que

tem pela frente uma margem de progres-

são enorme, fruto do valor da sua equipa

interdisciplinar. ‹

Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 4140 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015

› EMPRESARIADO

Presidente do IEFP visitou parques empresariais geridos pela Aicep Global Parques

Espaços privilegiados para a criação de empresas e de empregos

O Presidente do IEFP – Instituto do Emprego e Formação Profissional, Jorge Gaspar,

visitou em Novembro dois dos três parques empresariais geridos pela Aicep Global

Parques, respectivamente, o BlueBiz – Parque Empresarial da Península de Setúbal,

e a Zils – Zona Industrial e Logística de Sines. A visita do presidente do IEFP foi

acompanhada por todos os elementos da comissão executiva da Aicep Global Parques,

respectivamente, Francisco Mendes Palma (presidente), Paulo Calado (vice-presidente) e

Silvino Malho Rodrigues (administrador).

O responsável máximo do IEFP ficou muito agradado com

o que viu em Setúbal e em Sines, salientando que cada

uma das partes – instituto do emprego e formação pro-

fissional e a aicep global parques – poderão se complementar e

acrescentar valor às atividades desenvolvidas.

Ainda segundo uma nota emitida pela Aicep, “o IEFP é um aliado

da aicep Global Parques na formação e no auxílio ao recrutamen-

to de mão-de-obra qualificada paras as empresas instaladas nos

seus Parques Empresariais. Por sua vez, a oferta da aicep Global

Parques representa uma solução para projetos de criação de em-

presas que resultem do apoio do

IEFP”.

Recorde-se que a Aicep Global Par-

ques é especialista em gestão de

parques industriais e em localiza-

ção empresarial. Tem sob gestão

três parques empresariais – Blue-

Biz, em Setúbal, Zils, em Sines, e

Albiz, em Albarraque, concelho de

Sintra – e o seu focus está direta-

mente relacionado com a garantia

de condições de captação e acom-

panhamento na instalação de pro-

jetos de investimento nacional e

estrangeiro.

Por outro lado, é ainda de referir a

importância da parceria estabeleci-

da pela Aicep Global Parques, atra-

vés do BluBiz, com o Instituto Po-

litécnico de Setúbal, que concede

privilégios especiais para empresas

instaladas no parque, nomeada-

mente o acesso a recursos huma-

nos qualificados.

O protocolo estabelecido entre ambas as entidades, pretende pro-

mover estágios profissionais em empresas instaladas no parque

para alunos que terminem os cursos no IPS, nomeadamente de

engenharia, gestão de negócios, educacionais, tecnológicos e de

ciências da saúde. Nest âmbito, o IPS poderá promover formação

especial adaptada às necessidades concretas de uma empresa que

se localize no BlueBiz.

Paralelamente, a parceria prevê a plena utilização de várias insta-

lações de uso comum no IPS, nomeadamente, instalações despor-

tivas, refeitório, salas de conferências e de reunião. ‹

Luís Dâmaso, Diretor do BlueBiz, Francisco Mendes Palma, Presidente da Comissão Executiva da Aicep Global Parques, Jorge Gaspar, Presidente do IEFP, Paulo Calado, Vice-Presidente da Comissão Executiva da Aicep Global Parques, e Silvino Malho Rodrigues, Administrador da Comissão Executiva da Aicep Global Parques

Câmara de Ferreira do Alentejo dinamiza empreendorismo empresarial no concelho

“Ferreira Empreende”A Câmara de Ferreira do

Alentejo numa iniciativa de-

senvolvida em parceria com

a ESDIME, e contando com

uma comparticipação do

IEFP através da medida “es-

tágios emprego”, lançou no

início de Novembro a segun-

da edição do projeto “Ferrei-

ra Empreende”, que possui

como objetivos principais

apoiar a criação de empresas

e dar suporte financeiro à

inovação e criatividade em-

presarial.

Com essa intenção, segun-

do a autarquia liderada por

Aníbal Reis Costa, “este ano

foram selecionados 4 jovens das áreas de

multimédia, design e turismo, os quais

irão desenvolver, ao longo de 9 meses,

atividade individual e de equipa visando

a constituição de novas empresas, a rea-

lização de atividades institucionais e a

prestação de serviços

avançados no Ninho

de Empresas de Ferrei-

ra do Alentejo”.

Por outro lado, ainda

em Novembro, decor-

reram em Ferreira do

Alentejo a IV Semana

Aberta do Ninho de

Empresas, onde esti-

veram em destaque as

temáticas empresarial

e do empreendorismo,

destacando-se o semi-

nário sobre a “redução

de custos energéticos

em explorações agrí-

colas”, afinal, o forte

da atividade económica e empresarial

desenvolvida naquele concelho do Baixo

Alentejo. ‹

Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 4342 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015

› EMPRESARIADO

Joaquim Felgueiras, Administrador da CARFEL

«Estamos a apostar fortemente no mercado externo»

Com uma história de 51 anos, a Carfel com sede em Freamunde, concelho de Paços de

Ferreira é uma empresa especializada no projecto e fabrico de máquinas automáticas

e semi-automáticas na área do betão. Em entrevista à PAÍS €CONÓMICO, Joaquim

Felgueiras, administrador da Carfel sublinhou que a principal prioridade da sua empresa

é a consolidação do mercado externo. «Hoje, podemos afirmar, 100 por centro das

máquinas e equipamentos que produzimos destinam-se à exportação», garantiu o nosso

entrevistado.

TEXTO › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

Quando em 1964 Abílio Carlos Pinto Felgueiras (pai de

Joaquim Felgueiras) criou a Carfel, a atividade desta em-

presa cingia-se ao fabrico de máquinas para a produção

de artigos de betão. Ao longo dos anos esta empresa de Freamun-

de decidiu-se por um processo de modernização que envolveu o

alargamento da sua gama de produtos e levou também à constru-

ção de uma unidade fabril dotada de muita inovação e progresso

tecnológico.

«Constatando que naquela altura, na área da produção de arti-

gos de betão só existiam em Portugal máquinas de origem alemã,

o pai achou que esta era uma boa oportunidade de negócios e

lançou-se no fabrico de máquinas semi-automáticas manuais. De

1965 até 1970 tivemos um período de muito sucesso no fabrico de

máquinas manuais e a partir de então a nossa evolução foi notória

e passámos à fase de industrialização, produzindo agora máqui-

nas automáticas e semi-automáticas e sistemas de produção de

artigos de betão. Construímos uma nova fábrica que nos permitiu

entrar nas áreas da Automatização e Engenharia, isto ano anos 80.

Mas de 1995 e 2000 a empresa assiste a um grande desenvolvi-

mento, ocorrendo em 2005 a construção desta nova unidade que

está preparada para a engenharia de processo e é do melhor que

existe em toda a Europa. Esta unidade fabril ocupa uma área de

15 mil metros quadrados e já temos uma outra com uma área de

10 mil metros quadrados que embora esteja em laboração só fica-

rá concluída em Janeiro de 2016», esclareceu Joaquim Felgueiras,

referindo que até afora já se investiram entre 6 a 7 milhões de

euros na modernização destas unidades produtivas.

Empresa 100 por cento exportadoraJoaquim Felgueiras sublinha que todos os investimentos feitos na

Carfel foram através de recursos próprios. «Fomos andando com

os nossos próprios meios», ressalva, para referir também que atra-

vés do Programa Portugal 2020 «temos recebido algumas ajudas

na área da exportação que, aliás, é um dos grandes objectivos da

nossa empresa», adiante este empresário de Freamunde.

Com o mercado da construção em queda há alguns anos, a Carfel

que em 2008/2009 chegou a atingir um volume de facturação da

ordem dos 11 milhões de euros, facturou em 2014 cerca de 5 mi-

lhões de euros, «mas este ano, devido ao problemas que afectaram

o mercado de Angola (um dos nossos principais mercados), essa

facturação deverá cair descer e situar-se nos 4,5 milhões de euros.

São ciclos que vivemos ao longo da vida, mas temos esperança

que muito em breve o mercado angolano voltará aos momentos

de pujança a que nos habituou», deixou claro Joaquim Felgueiras,

referindo logo de seguida que o «mercado nacional está pratica-

mente parado, sendo hoje a Carfel uma empresa 100 por cento

exportadora».

Ao nível das exportações a Carfel mantém negócios com merca-

dos como Angola, Marrocos, Argélia, Tunísia e Líbia. «Estamos

presentes em alguns destes mercados através de uma presença

física ou através de parcerias com empresas locais, e não escon-

demos que em alguns destes mercados a situação actual não é a

melhor, levando-nos a ser mais cautelosos. Mas são mercados com

quem a Carpel deseja continuar a trabalhar, procurando por outro

lado conquistar novos mercados externos. A Colômbia, o México

e o Brasil são, por exemplo, mercados que nos interessam, assim

como grande parte dos mercados da América Latina e África Cen-

tral. Agora o que temos é de saber avançar com calma e sem pre-

cipitações», refere o administrador da Carfel consciente de que o

futuro da sua empresa está na internacionalização.

Joaquim Felgueiras conhece bem o Brasil e confessa-nos que nun-

ca deixou de ter os olhos postos neste mercado. «É um mercado

que não vive bons momentos – tal como Angola – mas é um mer-

cado com que contamos.

O Brasil poderá ser para nós um trampolim para termos acesso

aos países do Mercosul e, também por isso, é natural que esta

processo se desenvolva favoravelmente nos próximos tempos.

Estamos a aguardar por uma maior acalmia», sublinhou este

empresário, acrescentando que a Carpel trabalha hoje com quase

todas as grandes construtoras portuguesas, fornecendo-lhe mate-

riais como betoneiras, trituradoras, centrais de betão, máquinas

de tubo, máquinas fixas e acessórios. «É uma satisfação para nós

sermos preferidos por estas grandes empresas construtoras, sinal

de que os nossos produtos são de primeira qualidade e que os

serviços que prestamos são de excelência», destacou o adminis-

trador da Carfel.

Com 76 trabalhadores, a Carfel é uma das boas empregadoras de

Freamunde. «São pessoas muito dedicadas, algumas delas estão

cá há 40 e mais anos o que prova que estão satisfeitas por aqui

trabalharem. São pessoas muito qualificadas e também muito dis-

poníveis no processo de internacionalização. Para cima de uma

dezena destes trabalhadores estão em permanência, mas num re-

gime rotativo, em alguns mercados onde a Carfel está presente»,

disse Joaquim Felgueiras a fechar esta entrevista. ‹

Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 4544 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015

› EMPRESARIADO

Alfa Laval instalou-se no Parque Empresarial da Sapec, em Setúbal

Queremos ajudar a indústria marítima em Portugal

A Alfa Laval, líder mundial de soluções, equipamentos e serviços para a indústria

marítima, inaugurou em Novembro, um novo centro de produção, serviços e reparação,

instalado no Parque Empresarial da Sapec, em Setúbal. Será a partir da cidade banhada

pelo rio Sado que a empresa prestará todos os serviços para a operação mantida em

Portugal, mas igualmente fornecendo serviços para os mercados europeu e da América

do Norte.

O Parque Empresarial da Sapec, localizado na Península

da Mitrena, em Setúbal, recebeu no passado dia 17 de

Novembro, a instalação de mais uma empresa interna-

cional, no caso, a Alfa Laval, líder mundial de soluções, equipa-

mentos e serviços para a indústria marítima, e que nas suas novas

instalações no nosso país instalou um novo centro de produção,

serviços e reparação.

O novo centro de Setúbal cobrirá os mercados da europeu e da

América do Norte com a produção e reparação de caldeiras e ou-

tros componentes. O novo centro inclui escritórios de vendas, que

passaram assim de Lisboa para Setúbal, onde se concentram 30

colaboradores. A nova fábrica possui 3.000 metros quadrados, dos

quais 2.500 metros quadrados dedicados à produção, reparação e

serviços, e os outros 500 metros quadrados dedicados aos escri-

tórios comerciais. Encarando

o crescimento sustentado que

a Alfa Laval Ibérica demons-

trou nos últimos dois anos, a

decisão de investir nesta zona

foi considerada natural, visto

que Portugal é um país de re-

ferência no sector marítimo e

offshore pela sua conhecida

especialização e know how.

Aliás, segundo apurou a PAÍS €CONÓMICO, a localização

próxima dos estaleiros da Lis-

nave teve um peso importante

na decisão de localizar em Setúbal a operação em Portugal.

Presente no ato inaugural esteve a presidente da Câmara de Setú-

bal, Maria das Dores Meira, além de responsáveis da Sapec, clien-

tes e naturalmente os colaboradores do grupo. Na ocasião, Nish

Patel, Vice-Presidente for Western Europe North America da Alfa

Laval, igualmente presente em Setúbal, referiu que a «Alfa Laval

Ibérica assistiu a um bom crescimento nos últimos anos espe-

cialmente nas áreas marítima e de serviços com um crescimento

anual acima da média da Alfa Laval na Europa. O crescimento

está relacionado com um incremento na procura dos clientes

marítimos, pelos equipamentos para eficiência energética e am-

biental, tais como – sistemas

de recuperação de calor des-

perdiçado e melhorias de efi-

ciência de combustível – e um

reconhecido foco nos serviços

de manutenção preventivos.

Basicamente todos os estalei-

ros navais espanhóis e portu-

gueses são clientes da Alfa La-

val, dado boas oportunidades

de crescimento também para

o futuro», salientou.

Por sua vez, o Diretor Geral da

Alfa Laval Ibérica, Jo Vanho-

ren, sublinhou que «a abertura de um novo Centro de Serviços

e escritórios de vendas, oferece-nos uma oportunidade única de

estar mais próximos dos nossos clientes – muitos dos quais nesta

região. E estou certo de que os nossos empregados, através do seu

trabalho duro e dedicação, irão oferecer as mais bem-sucedidas

soluções aos nossos clientes».

De referir que a Divisão Marítima e Diesel na Alfa Laval repre-

sentam aproximadamente 35% do volume total de negócio da

empresa com vendas de 1.189 milhões de euros, e emprega no

mundo 3.127 pessoas. A Alfa Laval é uma empresa sueca e está

cotada na bolsa Nasdaq OMX. ‹

Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 4746 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015

› PORTOS

Enaport compra navio à APDLA Empresa Nacional de Administração dos Portos (Enaport) de São

Tomé e Príncipe pagou 300 mil euros por um rebocador adquirido em

Portugal à APDL – Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana

do Castelo. O navio, baptizado “Liberdade”, chegou ao porto são-tomen-

se Ana Chaves, e é o primeiro rebocador desde a aquisição ainda nos

anos oitenta do século passado de um primeiro rebocador para aquele

porto do arquipélago.

O novo rebocador, adquirido ao abrigo de um acordo de parceria exis-

tente entre a Enaport e a APDL, está dotado de equipamento de nave-

gação moderno e preparado para operações de busca e salvamento e de

combate a incêndios. Segundo o ministro da Economia e Copperação

Internacional, Agostinho Fernandes, o rebocador que o porto tinha

antigamente «levava uma semana para descarregar 500 contentores,

período de tempo que baixa para dois dias com o “Liberdade”». ‹

Porto de Setúbal na liderança no ro-roO Porto de Setúbal é o primeiro polo nacional de movimen-

tação de unidades ror-ro e veículos novos, constituindo,

por um lado, a principal plataforma de saída dos veículos

fabricados e exportados pela VW Autoeuropa, a segunda empresa

em Portugal que mais exporta, e por outro, a principal porta de

entrada marítima dos veículos novos que abastecem o mercado

nacional. Em termos de números, significa sensivelmente 90 mil

veículos exportados e 70 mil importados.

Entretanto, segundo a administração portuária de Setúbal, a VW

Autoeuropa prolongou a concessão do seu terminal por mais 15

anos eas obras de expansão do Terminal Ro-Ro Coelho da Mota

para jusante decorrem a bom ritmo, prevendo-se que terminem já

no final do presente ano. São mais 5,8 hectares de terrapleno para

melhorar o serviço de importação e exportação de automóveis e

passar a oferecer serviços de valor acrescentado na importação e

exportação de veículos, serviços atualmente em parques logísticos

exteriores ao porto.

A nota da APSS sublinha ainda que a “aposta de reforço na carga

ro-ro no Porto de Setúbal não se resume a este investimento, é

importante, no futuro, a ampliação do Terminal Autoeuropa para

nascente, uma necessidade de mais espaço que advirá da progra-

mada produção de um novo modelo automóvel pela VW Autoeu-

ropa”.

Por outro lado, registe-se que o Porto de Setúbal é cada vez mais

visitado por representantes de entidades estrangeiras. Recente-

mente, visitou o porto sadino o Primeiro Conselheiro da Embaixa-

da do Reino de Marrocos, Yassin Khatib, que além de ser recebido

pela APSS teve a oportunidade de visitar os diversos estaleiros

integrantes do Porto de Setúbal, bem como apurar os projetos de

desenvolvimento dessas infraestruturas.

Dias depois, visitou também o Porto de Setúbal uma delegação

em Portugal da SOAMAR-Brasil (Sociedade Amigos da Marinha

do Brasil no Exterior), tendo podido apreender o estado atual do

desenvolvimento do porto português, e conhecer os novos proje-

tos de expansão.

A SOAMAR-Brasil em Portugal é uma associação sem fins lucrati-

vos, que tem por objetivo difundir e inentivar iniciativas sobre a

importância do mar, as suas potencialidades e a sua sustentabili-

dade, criando uma mentalidade marítima no seio das comunida-

des dos dois países, unidos pelo Atlântico. ‹

Presidente da APS em conferência da Vieira de Almeida & AssociadosO Presidente da APS – Administração dos Portos de Sines e do

Algarve, João Franco, esteve presente na conferência organizada

pela Vieira de Almeida & Associados, sociedade de advogados,,

centrada no estudo sobre a concorrência no sector portuário. O

documento apresentado e discutido no evento foi elaborado pela

Autoridade da Concorrência, e foi apresentado pelo presidente

desta instituição, António Ferreira Gomes. O líder da APS abor-

dou as políticas seguidas nos portos de Sines, Faro e Portimão

para aumentar a competitividade e capacidade de concorrência

nesses portos.

Por outro lado, é ainda de referir a recente visita do embaixador

do México em Portugal, Alfredo Bravo, tendo o presidente da APS

apresentado os principais fatores de competitividade do Porto de

Sines, com destaque para a sua localização geoestratégica que lhe

permite ser um excelente ponto de entrada na Europa para as

mercadorias mexicanas. ‹

Angola constrói novos portosO governo de Angola, através de Augusto Silva Tomás, mi-

nistro dos Transportes, anunciou que vai criar três grandes

portos no país, além de quatro novos redes de transportes.

As declarações do ministro angolano foram feitas durante

a Feira Internacional dos Transportes e Logística, que de-

correu em Luanda, e sublinhou que os novos portos a cons-

truir, serão o novo porto de águas profundas de Cabinda, o

novo porto de Luanda, na barro do Dande, para onde será

transferido o actual porto que serve a capital do país, bem

como o novo porto de Porto Amboim.

Na referida feira em Luanda, estiveram representados

expositores de Angola, Portugal, Brasil, Zimbabué, Países

Baixos, China, Alemanha, África do Sul e República Demo-

crática do Congo. ‹

Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 4948 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015

› PORTOS

Lisnave repara mais naviosOs estaleiros da Lisnave, na Península da Mitrena, em Setúbal,

reparam 79 navios nos primeiros nove meses deste ano, mais seis

do que em igual período do ano anterior.

Os navios já reparados este ano no período compreendido entre

Janeiro e Setembro, foram provenientes de 51 clientes, e foram

oriundos de 19 países.

Grécia e Singapura lideraram as nacionalidades dos navios que

aportaram à Lisnave, no caso dos navios gregos foram em núme-

ro de 23, quando em todo o ano passado tinham sido reparados

apenas 18 navios provenientes da Grécia, enquanto de Singapura

foram reparados 13 navios, uma diminuição significativa face aos

27 navios reparados no ano passado. Registo ainda para os 7 na-

vios provenientes da Alemanha.

Detentora de um significativo know how que permite fazer a ma-

nutenção/reparação de qualquer navio, na Lisnave continuam a

ser os petroleiros a prevalecer, tendo nos primeiros noves meses

de 2015 visitado a Lisnave 42 petroleiros, seguindo-se 11 porta-

-contentores e 10 graneiros, além de trabalhos executados em na-

vios LPG, Ro-Ro, Dragas, Carga e Barcaças de apoio a plataformas

de Off-Shore. ‹

Sonae adquiriu a LosanA Sonae adquiriu a Losan, empresa espanhola com impor-

tante presença internacional especializada em ‘wholesale’ de

moda infantil e que faturou 58,5 milhões de euros. A aqui-

sição foi relevada pelo grupo liderado por Paulo Azevedo à

CMVM, mas não foi divulgado o valor do negócio. Entretan-

to, no mesmo documento, é referido que a “Losan efectua

actualmente vendas para mais de 40 países, registando uma

presença particularmente forte na Europa do Sul e uma ex-

pansão internacional bem sucedida para os mercados core

da América Latina”. A empresa portugusa sublinha ainda

que “esta aquisição permitirá à Sonae SR fortalecer a sua

cultura de wholesale e de cadeia de abastecimento”. É ainda

de salientar que a Losan possui também colecções para ho-

mem e mulher. ‹

Mota-Engil ganha obra na Ilha de ArubaA Mota-Engil anunciou que ganhou uma concessão rodoviária na Ilha

de Aruba, e anúnciou o propósito de entrar em novos mercados latino-

-americanos, destacando-se a República Dominicana, Paraguai, Equador

e Bolívia. Entretanto, o grupo construtor português já abriu um escri-

tório no Chile e anunciou a entrada no mercado da electricidade no

México.

A obra rodoviária na ilha de Aruba importa em cerca de 90 milhões

de euros e implicará a ampliação e construção da marginal que liga o

aeroporto à capital da ilha.

Por outro lado, além do interesse em entrar noutros mercados latino-

-americanos, a Mota-Engil anunciou que vai entrar no mercado da elec-

tricidade no México, através da empresa Sociedade Generadora Fénix

(SGF), subsidiária detida pela Mota-Engil México (51%), e pelo Sindica-

to Mexicano de Electricistas (49%). ‹

Noorhazlina Mohamad Nor, Diretora da MIDA em Paris, sublinha vantagens de se investir no seu país

Os empresários portugueses devem apostar na Malásia

Numa organização conjunta da Antonio Viñal & Abogados e da SPI – Sociedade

Portuguesa de Inovação, que decorreu nas instalações da Câmara de Comércio e

Indústria Portuguesa, em Lisboa, representantes da embaixada da Malásia em Lisboa e

Noorhazlina Mohamad Nor, Diretora da MIDA (organização com similitude com a Aicep

portuguesa) em Paris, apresentaram as vantagens da Malásia enquanto hub regional

para o investimento no Sudeste Asiático, e convidaram as empresas portuguesas a

apostarem mais num país onde ainda subsistem muitas expressões do tempo em que os

portugueses estiveram radicados naquelas paragens.TEXTO › MANUEL GONÇALVES | FOTOGRAFIA › ARQUIVO

A Malásia faz parte da ASEAN, a organização das nações

do sudeste asiático, uma área geográfica do globo onde

vivem 825 milhões de pessoas, e onde se registam taxas

de crescimento das mais elevadas a nível mundial. O conjunto

das nações da ASEAN constituem a quarta principal região eco-

nómica do globo.

Segundo Noorhazlina Mohamad Nor, Diretora da MIDA – Mala-

sia Investment Development Authority - em Paris, um dos princi-

pais escritórios

internacionais

da organização

e que superin-

tende a área

abrangida pelo

território portu-

guês, a Malásia

e a sua capital –

Kuala Lumpur –

registam níveis

ed progresso

muito assina-

láveis e consti-

tuem um «forte

potencial para

serem um hub

para as empre-

sas internacio-

nais que pretendem atuar não apenas no próprio mercado local,

bem como para toda a região da ASEAN, assim como para outros

países limitrofes, como a China.

Segundo os responsáveis malaios presentes em Lisboa, existem

doze setores estratégicos em que a Malásia está a apostar, como

sejam o turismo, a agricultura, as infraestruturas, a saúde, o petró-

leo e o gás, os transportes, entre outros.

Num país já com muitas empresas de capital estrangeiro, no que

respeita à presença de empresas portuguesas, salientam-se a Efa-

cec, a Logoplaste, a EID e a Controler, embora outras atuem tam-

bém na região a partir da Malásia.

Segundo António Viñal, que lidera o escritório de Lisboa de uma

sociedade de advogados espanhóis que possui também escritórios

em Vigo, Madrid, Milão e igualmente em Kuala Lumpur, entrar

no país e operar empresarialmente na Malásia é fácil, «além de

ser um país se-

guro do ponto

de vista jurídico.

E posso também

adiantar que os

custos opera-

cionais de uma

empresa funcio-

nar na Malásia

não são muito

elevados, são

mesmo mais

baixo do que

em muitos paí-

ses ocidentais,

além de que es-

tamos a falar de

um país onde o

conhecimento e

a prática da língua inglesa está bastante disseminado, pelo que

existe, sem dúvida, um bom ambiente de negócios na Malásia»,

assegura Antonio Viñal.

Este foi um dos aspetos igualmente referidos por Sara Medina,

responsável da SPI, sublinhando que a Malásia privilegia a estabi-

lidade política, possui um governo pró-negócios, existe liberdade

de investimento e um ambiente de negócios aberto. ‹

Dezembro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 5150 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015

› A FECHAR

Famasete ganha prémio no DubaiA Famasete, empresa com sede em Fama-

licão, recebeu o Prémio Especial dos Digi-

tal Signage Awards MENA, um dos mais

importantes eventos do setor das novas

tecnologias, e que decorreu na cidade do

Dubai.

O prémio alcançado distinguiu os fatores

de inovação da solução Wingsys – uma

família de produtos interativos (mesas

multi-toque e quiosques multimédia, de

interior e exterior), que permite aos uti-

lizadores um acesso faciitado e rápido a

todo o tipo de informações.

O galardão recebido no Dubai é encarada

pela Famasete como um passo importante

para abordar os mercados das regiões ará-

bica e norte-africana, esperando participar

já no próximo ano de um outro importan-

te evento, como será o ISE – Integrated

Systems Europe, em Amesterdão.

José Barbosa, administrador da Famasete,

referiu na ocasião que o prémio permite

«perceber internacionalmente Portugal

como um país que está, não só a par com

as tendências da sinalética digital globais,

mas igualmente no grupo da frente dos

que desenvolvem e exploram as poten-

cialidades das novas tecnologias digitais,

a pensar em cidades crescentemente inte-

ligentes». ‹

Fidelidade no mercado de capitais chinêsA seguradora Fidelidade será a primeira empresa portuguesa a ter exposição direta

no mercado de capitais chinês através do investimento em “A-Shares” na bolsa de

valores de Xangai e Shenzhen. A seguradora portuguesa detida pelo conglomerado

chinês Fosun, passará assim a fazer parte de uma lista restrita de empresas estran-

geiras autorizadas a investir nas praças financeiras do país.

De referir que da Península Ibérica, apenas o banco espanhol BBVA obteve uma

licença idêntica. O banco de depósito com o qual a Fidelidade irá trabalhar será o

Industrial and Commercial Bank of China (ICBC), que desde Agosto de 2006 possui

um escritório de representação em Lisboa. ‹

ILAC discute relações entre Portugal e a Arábia SauditaO Instituto Luso-Árabe para a Cooperação vai realizar no próximo dia 9 do corrente

mês de Dezembro, uma Conferência sobre “As Relações Económicas entre Portugal

e o Reino da Arábia Saudita”, cujo orador principal será Pedro Ortigão Correia,

administrador-executivo da Aicep Portugal Global, sendo ainda de referir a inter-

venção de Rodrigo Ryder, presidente do Business Council Portugal-Arábia Saudita.

A Conferência será realizada pelas 18 horas, na biblioteca do Grémio Literário,

em Lisboa. Estarão presentes no evento representantes da embaixada saudita em

Portugal. ‹

Indra e Flydubai melhoram sistemas de reservasA Indra celebrou com a Flydubai uma acordo

estratégico para o desenvolvimento e suporte

dos seus sistemas de reservas com o objetivo

de melhorar a experiência dos seus passagei-

ros. Essa parceria proporcionará à companhia

aéra do Dubai uma maior flexibilidade e eficá-

cia para as suas soluções tecnológicas.

Segundo Ramesh Venkat, diretor de Tecno-

logia da Flydubai, «reconhece o importante

papel que desempenha a tecnologia nas suas

operações e é o nosso foco na procura de novas

formas de fazer as coisas, que nos tem ajudado

a ser mais flexíveis e ágeis». A Flydubai, com

sede no Dubai, foi criada em 2009, e criou 16

rotas aéreas para mais de 95 países, possuindo

neste momento uma frota de 50 aviões Boing

737, mas possui a intenção de adquirir mais

100 aviões até ao final de 2023. ‹

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52 › PAÍS €CONÓMICO | Dezembro 2015