nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015)...

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Sérgio Alfredo Macore Nível de execução orçamental das despesas públicas: Caso do Conselho Municipal (2013 2015) Nampula (Licenciatura em contabilidade com habilitações em auditoria) Universidade Pedagógica Nampula 2017

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Page 1: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

Sérgio Alfredo Macore

Nível de execução orçamental das despesas públicas: Caso do Conselho Municipal (2013 –

2015) – Nampula

(Licenciatura em contabilidade com habilitações em auditoria)

Universidade Pedagógica

Nampula

2017

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i

Sérgio Alfredo Macore

Nível de execução orçamental das despesas públicas: Caso do Conselho Municipal (2013 –

2015) – Nampula

Monografia Científica Apresentada a Escola

superior de Contabilidade e Gestão, Delegação de

Nampula, Para a Obtenção do Grau Académico de

Licenciatura em Contabilidade com Habilitações

em Auditoria.

Supervisor

Msc. Armando Agostinho Tomas

Universidade Pedagógica

Nampula

2017

Page 3: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

ii

ÍNDICE

LISTA DE TABELAS ................................................................................................................v

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................... vi

LISTA DE GRÁFICOS ........................................................................................................... vii

LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................................ viii

DECLARAÇÃO ....................................................................................................................... ix

DEDICATÓRIA .........................................................................................................................x

AGRADECIMENTOS .............................................................................................................. xi

RESUMO ................................................................................................................................ xii

CAPITULO I – INTRODUÇÃO .................................................................................................1

1.1.Introdução .........................................................................................................................1

1.2.Objectivos do trabalho .......................................................................................................2

1.2.1.Objectivo geral ............................................................................................................2

1.2.2.Objectivos específicos .................................................................................................2

1.3.Justificativas ......................................................................................................................2

1.4.Problema ...........................................................................................................................2

1.5.Hipóteses ...........................................................................................................................3

1.6.Delimitação do Estudo .......................................................................................................3

1.7.Estrutura do Trabalho ........................................................................................................3

CAPITULO II – REVISÃO DE LITERATURA .........................................................................4

2.1.Introdução - Orçamento do Estado .....................................................................................4

2.1.1.Origens de Instituições Orçamentais ............................................................................4

2.1.2.Orçamento e Demo - Liberalismo ................................................................................4

2.1.3.Definição do Orçamento do Estado .............................................................................5

2.1.4.Objectivo do Orçamento do Estado .............................................................................5

2.1.5.Âmbito de aplicação ....................................................................................................5

2.2.Orçamento e actividade financeira .....................................................................................5

2.3.Elementos do Orçamento e Figuras Afins ..........................................................................6

2.4.Funções do Orçamento do Estado ......................................................................................7

Page 4: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

iii

2.4.1.Funções Económicas ...................................................................................................7

2.4.2.Funções Políticas .........................................................................................................8

2.4.3.Funções Jurídicas ........................................................................................................8

2.5.Regras e princípios orçamentais .........................................................................................8

2.5.1.A anualidade orçamental .............................................................................................8

2.5.2.A plenitude orçamental ................................................................................................9

2.5.3.Discriminação Orçamental ........................................................................................ 10

2.5.4.Estrutura do orçamento do estado .............................................................................. 11

2.6.Classificação Económica das receitas ............................................................................... 11

2.7.A despesa pública ............................................................................................................ 12

2.7.1.Noções Básicas ......................................................................................................... 12

2.7.1.1.Tipologia de Despesas Públicas .............................................................................. 13

2.7.2.A despesa pública e a despesa nacional...................................................................... 15

2.7.3.Evolução das despesas públicas .................................................................................... 17

2.7.3.1.Generalidades ......................................................................................................... 17

2.7.3.2.O aumento das despesas públicas ............................................................................ 17

2.7.3.3.Aumento real e aumento aparente das despesas públicas ......................................... 17

2.8.Sistema da Administração Financeira do Estado - SISTAFE ............................................ 18

2.8.1.Princípios .................................................................................................................. 19

2.8.2.Objectivos ................................................................................................................. 19

2.9.Estrutura .......................................................................................................................... 20

2.9.1.Subsistema do Orçamento do Estado (SOE) .............................................................. 20

2.9.2.Subsistema de Contabilidade Pública (SCP) .................................................................. 20

2.9.2.1.Competências ......................................................................................................... 21

2.9.3.Subsistema do Património do Estado (SPE)................................................................... 21

2.9.3.1.Competências ......................................................................................................... 21

2.9.4.Subsistema do Tesouro Público (STP)........................................................................... 22

2.9.4.1.Competências ......................................................................................................... 22

2.9.5.Subsistema do Controlo Interno (SCI) ........................................................................... 22

2.9.5.1.Objecto do Controlo Interno ................................................................................... 22

2.10.Órgãos responsáveis....................................................................................................... 23

Page 5: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

iv

CAPITULO III – METODOLOGIA DA PESQUISA................................................................ 24

3.1.Introdução ....................................................................................................................... 24

3.1.1.Tipo de pesquisa ........................................................................................................ 24

3.1.2.Métodos de pesquisa ................................................................................................. 24

3.2.Técnicas e Instrumento de recolha de dados ..................................................................... 24

3.2.1.Instrumento de recolha de dados ................................................................................ 24

3.3.População de Estudo ........................................................................................................ 25

3.4.Amostra ........................................................................................................................... 25

3.4.1.Análise de dados ....................................................................................................... 25

3.5.Apresentação de Resultados ............................................................................................. 25

CAPITULO IV – APRESENTAÇÃO, ANALISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS ............. 26

4.1.Introdução ....................................................................................................................... 26

4.1.1.Historial do CMCN ................................................................................................... 26

4.1.2.Localização e divisão administrativa da cidade de Nampula ...................................... 26

4.1.3.Objectivos do CMCN ................................................................................................ 27

4.1.4.Funções ..................................................................................................................... 27

4.1.5.Enquadramento legal do conselho municipal da cidade de Nampula .......................... 28

4.1.6.Apresentação de dados e respostas obtidas na entrevista ............................................ 29

4.2.Verificação de hipóteses .................................................................................................. 37

CAPITULO V – CONCLUSÕES E SUGESTÕES .................................................................... 39

5.1.Conclusão ........................................................................................................................ 39

5.2.Sugestões ......................................................................................................................... 40

Referencias Bibliográficas......................................................................................................... 41

APÊNDICES

Page 6: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

v

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Respostas dadas no período da entrevista .................................................................. 30

Page 7: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa da Província de Nampula................................................................................. 28

Figura 2: Vista Frontal do conselho municipal da cidade de Nampula ...................................... 29

Page 8: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

vii

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Género dos funcionários .......................................................................................... 31

Gráfico 2: Faixa etária dos funcionários que responderam o questionário ................................. 32

Gráfico 3: Nível de escolaridade dos funcionários inqueridos ................................................... 32

Gráfico 4: Tipo de Instituição ................................................................................................... 33

Gráfico 5: Existência de normas de execução orçamental das despesas públicas no CMCN...... 33

Gráfico 6: Modalidade utilizada na prestação de contas no CMCN ........................................... 34

Gráfico 7: Categoria económica pertencente aos itens orçamentários do CMCN ...................... 34

Gráfico 8: Principio da lei orçamentaria, que diz que deve conter todas as receitas e despesas

que serão realizadas, inclusive as de operações de créditos autorizadas em lei ........................... 35

Gráfico 9: Exclusividade concedida ao Poder Executivo do CMCN para propor a Lei do Plano

Plurianual, Lei de Directrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual ................................. 35

Gráfico 10: Principio orçamentário que estabelece que seja vedada a vinculação de imposto a

órgãos, fundo ou despesa no CMCN ......................................................................................... 36

Gráfico 11: Doutrina da lei Moçambicana que não considera o princípio orçamentário, em

particular no CMCN .................................................................................................................. 36

Gráfico 12: Contributo das despesas públicas ........................................................................... 37

Page 9: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

viii

LISTA DE ABREVIATURAS

LDO Lei de Directrizes Orçamentária

PPA Plano Plurianual

LOA Lei Orçamentária Anual

CMCN Conselho municipal da cidade de Nampula

EO Execução orçamental

DP Despesas públicas

OP Orçamento público

SISTAFE Sistema de administração financeira do

estado

SOE Sistema de orçamento de estado

SCP Subsistema de Contabilidade Pública

SPE Subsistema do Património do Estado

STP Subsistema do Tesouro Público

SCI Subsistema do Controlo Interno

Page 10: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

ix

DECLARAÇÃO

Declaro que a presente monografia científica é o resultado da minha investigação pessoal e das

orientações do meu ilustre supervisor, o seu conteúdo é devidamente original e todas as fontes

consultadas estão meramente mencionadas no texto e na biografia final.

Declaro ainda que esta monografia nunca foi apresentada em nenhuma outra instituição de

ensino para obtenção de qualquer grau académico.

Nampula, ______ /___________________ / 2017

_____________________________________________

(Sérgio Alfredo Macore)

O Supervisor

________________________________________________

/ Msc. Armando Agostinho Tomas /

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x

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha mãe Jacinta Baptista, por ser fonte da minha inspiração, coragem e

dedicação. Meus irmãos e por fim dedico este trabalho.

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xi

AGRADECIMENTOS

Agradeço, em primeiro lugar, a Deus pelo dom da vida.

Aos meus pais, para que a realização deste curso se tornasse uma realidade.

Ao Supervisor, Msc. Armando Agostinho Tomas pela dedicação, comprometimento e

ensinamentos que tornaram possível a conclusão deste trabalho.

Aos meus colegas do curso.

A todos aqueles que directas ou indirectamente contribuíram para a realização deste trabalho.

Muito obrigado!

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xii

RESUMO

Na execução orçamental das despesas públicas visto tratar-se de Orçamento público que é o

planeamento e execução dos gastos públicos de cada exercício financeiro, que compreende

sempre o ano civil. Pode-se dizer também que é o programa de trabalho do governo, calculando

os gastos e investimentos em cima dos recursos ou receitas previstas, os orçamentos são

elaborados pelo Poder Executivo e aprovados pelo Poder Legislativo, nos âmbitos municipal,

que passa por um ciclo composto pela elaboração do projecto de lei orçamentário onde o mesmo

é verificado, votado, sancionado e publicado a partir de três etapas que são: o Plano Plurianual

(PPA), que é realizado no início de cada governo e define as directrizes e as prioridades da

Gestão Governamental a Lei de Directrizes Orçamentária (LDO) ele que irá nos mostrar quais

são os objectivos e metas prioritárias da administração pública para um ano deverá estar em

conformidade pela Lei de Responsabilidade Fiscal e a Lei Orçamentária Anual (LOA). As

experiências na democratização das informações no que concerne a execução do orçamento das

despesas públicas em um país têm mostrado que deram certo, com isso a sociedade tem a

possibilidade de fiscalização das contas públicas.

Palavras-chave: Orçamento do Estado. Despesas Públicas. Execução.

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1

CAPITULO I – INTRODUÇÃO

1.1.Introdução

A presente monografia é fruto de uma pesquisa para obtenção o grau de licenciatura em

contabilidade, cujo tema é: Nível de execução orçamental das despesas públicas no CMCN. Dai

que, o Estado visando garantir a satisfação das necessidades da colectividade arrecada receitas

públicas e realiza despesas públicas. Contudo, o orçamento na actividade financeira comporta-se

como um quadro geral básico de toda a actividade financeira, na medida em que através deles se

procura regular a utilização que é dada aos dinheiros públicos. Nem toda a actividade financeira,

no entanto, se cinge á execução orçamental, nomeadamente nos estados modernos.

Com esta pesquisa o Orçamento do Estado pode se definir como o documento, apresentado sob

forma de lei, que comporta uma descrição detalhada de todas as receitas e todas as despesas do

Estado, propostas pelo Governo e autorizadas pela Assembleia da Republica, e antecipadamente

previstas para um horizonte temporal de um ano. No âmbito de aplicação o Orçamento do Estado

aplica-se a todo o território nacional e às missões ou delegações do país no exterior.

No que concerne a actividade do Orçamento do Estado há que considerar duas principais zonas

que podem ser indicadas como escapando á disciplina orçamental são: Actividade patrimonial do

Estado: o Estado tem um património que tem que ser gerido através de um conjunto de

operações. Esta zona de actividade financeira, que se relaciona com os elementos permanentes e

duradouros, não se prende propriamente com a gestão dos dinheiros públicos, a entrada e saída

de fundos durante o ano que o orçamento pretende disciplinar e finalmente a actividade de

tesouro: a outra grande zona que nos estados modernos decorre á margem do Orçamento é a

actividade de tesouro ou tesouraria do Estado, apesar do tesouro ter nascido ao mesmo tempo e

pelas mesmas razões que o Orçamento, e com ele estar intimamente relacionados.

E no que tange as receita pública dizer que são recursos previstos em legislação e arrecadados

pelo poder público com a finalidade de realizar gastos que atenda as necessidades da sociedade e

por despesas públicas o conjunto de dispêndios realizados pelos entes públicos para o

funcionamento e manutenção dos serviços públicos prestados a sociedade.

Page 15: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

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1.2.Objectivos do trabalho

1.2.1.Objectivo geral

A presente monografia tem como objectivo geral:

Analisar o nível de execução orçamental das despesas públicas, em particular no

Conselho Municipal da cidade de Nampula.

1.2.2.Objectivos específicos

A presente pesquisa tem como objectivos específicos:

Indicar as principais despesas efectuadas pelo CMCN ao longo do período de estudo

Verificar o grau de cobertura das despesas publicas do CMCN, em prol de satisfação das

necessidades dos munícipes,

Verificar as disparidades existentes entre a contabilização e execução das despesas

pública no C.M.C.N e as práticas que constam na literatura.

1.3.Justificativas

O motivo principal para a escolha deste tema deveu-se ao facto de os gestores e contabilistas

públicos serem obrigados por lei, a aplicar normas e procedimentos previstos na lei do SISTAFE,

sobre a execução das despesas públicas. A escolha deste tema, também deveu-se ao facto deste

proporcionar uma informação muito importante para o desenvolvimento e crescimento

económico do país e melhorar o nível de confiança entre o público em geral e as entidades

públicas. Finalmente, deveu-se pelo facto dos funcionários do C.MC.N mostrarem

disponibilidade imediata em fornecer informações para a concretização deste trabalho.

1.4.Problema

A sociedade vem crescendo, este crescimento é geralmente acompanhado pelo incremento do

nível de despesas públicas como consequência disso, e para fazer face a isso o Estado precisa

traçar metas mais rígidas no sentido de captar mais recursos para a gestão dos bens públicos

visando satisfazer a colectividade.

O fenómeno supracitado deve ser acompanhado também pela revisão e actualização constante do

sistema fiscal nacional como forma de captar a abranger as entidades económicas que vem

Page 16: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

3

surgindo dia pós dia, devido a dinâmica e constante crescimento dos mercados. Um sistema

fiscal sempre actualizado contribui um grande meio para o progresso económico dos países.

Face ao pressuposto acima citado, a presente pesquisa tem o seguinte problema:

Qual é o nível de execução orçamental das despesas no CMCN na satisfação das

necessidades dos munícipes no período de 2013 – 2015?

1.5.Hipóteses

Hipótese 1: É provável que, o nível de execução orçamental das despesas públicas influencia na

satisfação das necessidades dos munícipes.

Hipótese 2: O nível de execução das despesas públicas no CMCN contribui significativamente

na realização das actividades previstas.

1.6.Delimitação do Estudo

O presente estudo teve lugar na cidade de Nampula, entre os períodos compreendido entre 2013,

a 2015, cobrindo um universo dos funcionários e colaboradores do Conselho municipal da cidade

de Nampula.

1.7.Estrutura do Trabalho

Em termos de estrutura, o trabalho apresenta 5 Capítulos, onde o primeiro apresenta Introdução,

Objectivos, Justificativa, Definição do Problema, Hipótese, Delimitação do Estudo e Estrutura

do Trabalho.

No segundo capítulo tem-se a Revisão da Literatura, onde apresenta-se os conceitos básicos

sobre Execução orçamental das despesas públicas como os dados de estudos realizados por

diversos autores em volta do mesmo tema e aspectos relacionados.

No Terceiro capítulo tem-se a Metodologia de Trabalho, onde aborda-se Tipo e Natureza de

Pesquisa, População em Estudo e Tamanho da Amostra, Dados da Pesquisa (Dados Primários,

Dados Secundários), Ferramentas da Análise e Softwares Usados. O quarto contém: análise e

interpretação de dados, Breve historial da instituição (CMCN), Desenvolvimento (apresentação,

análise de Dados, resultados) e no quinto capítulo tem-se conclusões e sugestões.

Page 17: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

4

CAPITULO II – REVISÃO DE LITERATURA

2.1.Introdução - Orçamento do Estado

2.1.1.Origens de Instituições Orçamentais

Segundo ANGELICO (1994: P.35). Diz que a teoria do orçamento foi elaborada sobretudo

durante o liberalismo e liga-se intimamente aos objectivos inspiradores da democracia liberal:

protecção dos particulares contra o crescimento estadual e os excessos do estatismo. O reforço

do papel do estado na vida económica, a diminuição dos poderes dos parlamentos em relação aos

executivos e a crescente complexidade dos métodos de gestão económica e financeira

determinaram, no século XX, um certo declínio da instituição orçamental clássica.

Ainda assim, a instituição orçamental contínua a existir modernamente, e até não só nas

economias de mercado, em relação as quais foram inicialmente concebidas, mas também,

embora com adaptações muito especiais, nas economias que se reclamam de uma inspiração

socialista. É então possível definir o orçamento, em finanças públicas, como uma previsão, em

regra anual das despesas a realizar pelo estado e dos processos de as cobrir, incorporando a

autorização concedida á administração financeira para cobrar receitas e realizar despesas e

limitando os poderes financeiros da administração em cada ano ANDRADE (2002: p12).

2.1.2.Orçamento e Demo - Liberalismo

Segundo FRANCO (P.76), a instituição orçamental está intimamente ligada na sua génese à

afirmação do liberalismo político, apesar de muitos dos seus princípios resultarem já de velhas

aspirações populares que se foram impondo aos monarcas, no sentido, por exemplo, da

necessidade de procederem á audição das cortes antes de lançarem quaisquer impostos. Este

movimento foi-se generalizando ao longo da Idade Média, sofrendo um recuo, a partir do século

XVI, com o absolutismo monárquico.

Foi nomeadamente na Inglaterra que, após as revoluções liberais do século XVII, se foi

desenhando a instituição orçamental que, no entanto, teria uma consagração mais exacta

particularmente no que diz respeito aos aspectos da autorização política, na França (Revolução

Francesa) e nos Estados Unidos (após a sua independência).

Page 18: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

5

Na generalidade das democracias, a partir do século XIX, generalizou-se a instituição

orçamental, em regra a partir da autorização parlamentar, de controlos religiosos da cobrança das

receitas, da efectivação das despesas e da gestão dos dinheiros públicos, mesmo nos estados

autoritários estes critérios e regimes se reforçaram, embora perdessem o seu conteúdo

representativo e concentrassem as competências orçamentais nas mãos dos Governos da

Administração Central, FORTES apud CASTRO (1978: p20).

2.1.3.Definição do Orçamento do Estado

Na literatura especializada, todos os autores procuram expressar numa ideia abrangente mas

sintética o conceito de orçamento. Poder-se-á definir o Orçamento do Estado como o

documento, apresentado sob forma de lei, que comporta uma descrição detalhada de todas as

receitas e todas as despesas do Estado, propostas pelo Governo e autorizadas pela Assembleia da

Republica, e antecipadamente previstas para um horizonte temporal de um ano.

O Orçamento do Estado é um documento no qual estão previstas as receitas a arrecadar e

fixadas as despesas a efectuar num determinado ano económico, visando a prossecução da

política financeira do Estado. O ano económico coincide com o ano civil. (Dec. Lei n.º 15/1997,

de 10 de Julho, art. 2.o).

2.1.4.Objectivo do Orçamento do Estado

O documento a que se refere no artigo anterior é o instrumento base do Governo para prosseguir

a gestão racional das finanças do Estado e do seu património. (Dec. Lei n.º 15/1997, de 10 de

Julho, art. 3.o).

2.1.5.Âmbito de aplicação

O Orçamento do Estado aplica-se a todo o território nacional e às missões ou delegações do país

no exterior.

2.2.Orçamento e actividade financeira

Segundo ATTIE (2009: P23), define o orçamento como sendo o quadro geral básico de toda a

actividade financeira, na medida em que através deles se procura regular a utilização que é dada

Page 19: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

6

aos dinheiros públicos. Nem toda a actividade financeira, no entanto, se cinge á execução

orçamental, nomeadamente nos estados modernos.

RIBEIRO apud FRANCO (2002:P78), as duas principais zonas que podem ser indicadas como

escapando á disciplina orçamental são:

Actividade patrimonial do Estado: o Estado tem um património que tem que ser gerido

através de um conjunto de operações. Esta zona de actividade financeira, que se relaciona

com os elementos permanentes e duradouros, não se prende propriamente com a gestão

dos dinheiros públicos, a entrada e saída de fundos durante o ano que o orçamento

pretende disciplinar.

A actividade de tesouro: a outra grande zona que nos estados modernos decorre á

margem do Orçamento é a actividade de tesouro ou tesouraria do Estado, apesar do

tesouro ter nascido ao mesmo tempo e pelas mesmas razões que o Orçamento, e com ele

estar intimamente relacionados.

Segundo KOHAMA (2001:p65), o tesouro é um serviço encarregado da centralização de todos

os movimentos de fundos (correspondendo á caixa das empresas privadas). Em princípio, cabe

lhe assegurar a execução do orçamento através de recursos monetários. Mas pratica toda uma

série de outras operações que não se cingem á mera execução orçamental, como sejam por

exemplo, todas aquelas que tendem a antecipar receitas através do lançamento de empréstimos a

curto prazo ou da colocação de disponibilidades do estado.

2.3.Elementos do Orçamento e Figuras Afins

De acordo com PEREIRA (p15), a firma que para precisar o conceito orçamental, e até na

medida em que as definições variam bastante de autor para autor, interessa analisar qual o

conteúdo que se pretende abranger com esta designação, ou se já, quais os elementos do

Orçamento, que permitem alias distingui-los de figuras afins.

Elemento económico: trata-se da previsão da gestão orçamental do estado;

Elemento político: é a autorização política deste plano ou projecto de gestão estadual;

Elemento jurídico: é o instrumento pelo qual se processa a limitação dos poderes dos

órgãos da administração no domínio financeiro.

Page 20: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

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KOHAMA (2001: 45), O Orçamento geral do Estado distingue-se, assim, de algumas outras

figuras afins:

Dos Orçamentos das despesas privadas: que são meras estimativas relacionais sem

qualquer poder vinculativo próprio (pelo menos externamente);

Da conta do Estado: que possui um registo ‟ ex post ” da execução orçamental, e não uma

previsão como sucede com o orçamento;

Do balanço do Estado: que constitui uma avaliação do activo e do passivo do estado num

determinado momento;

De um plano económico geral: que na generalidade das economias de mercado, não tem

força cogente em relação aos sujeitos privados e por vezes mesmo em relação ao sector

público, em que constitui uma mera selecção de um conjunto de projectos de

investimento, relativa a toda a economia, e não apenas á actividade do Estado (á qual se

restringe o Orçamento estadual).

2.4.Funções do Orçamento do Estado

2.4.1.Funções Económicas

De acordo com BENTO (2000:p50), o orçamento tem, antes do mais, funções puramente

económicas. Economicamente o Orçamento é uma previsão.

Dentro das funções económicas do Orçamento podemos considerar uma dupla perspectiva:

Racionalidade económica: o Orçamento permite uma gestão mais racional e eficiente dos

dinheiros públicos, na medida em que concretiza uma racionalização entre receitas e

despesas que facilita a procura de um máximo de bem-estar ou utilidade com um mínimo

de gasto;

Quadro de elaboração de políticas financeiras: modernamente o Orçamento, de um pouco

de vista económico, é sobretudo encarado com um elemento fundamental para a

definição e execução das políticas financeiras, conseguindo-se através do Orçamento

conhecer a política económica global do Estado, ou pelo menos muitos dos seus

caracteres essenciais.

Page 21: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

8

2.4.2.Funções Políticas

Segundo CATARINO (2012:P30), o orçamento é uma autorização política que visa conseguir

duas ordens de efeitos:

Garantia dos direitos fundamentais: assegura-se através da disciplina orçamental que a

propriedade privada só é tributada na medida em que tal seja concedido pelos

representantes dos proprietários (os deputados); numa óptica menos liberal, garante-se

que os rendimentos só são tributados para cobrir os gastos públicos mediante decisão dos

representantes dos titulares desses rendimentos trabalhadores, proprietários, capitalistas

(que, como cidadãos, são representados pelos deputados no parlamento);

Garantia do equilíbrio dos poderes: já que através do mecanismo da autorização política,

a cargo das Assembleias parlamentares, a estas atribui um importante papel de controlo

do executivo.

A crise económica liberal, onde e como quer que ocorra, opõe sempre em crise estes princípios.

2.4.3.Funções Jurídicas

Segundo COSTA apud ATTIE (2008:12). As funções jurídicas do Orçamento decorrem do seu

elemento político e consubstanciam-se através do aparecimento de toda uma série de normas

destinadas a concretizar as funções de garantia que o orçamento visava prosseguir. Dai o

aparecimento, por exemplo, de todo o regime da contabilidade pública, como de outras

limitações jurídicas ao dispêndio arbitrário dos dinheiros públicos ou à realização desordenada

da liquidação ou cobrança das receitas.

2.5.Regras e princípios orçamentais

2.5.1.A anualidade orçamental

FRANCO (2001:34), A primeira das regras orçamentais clássicas é a da anualidade, que tem o

sentido de o Estado ser um acto jurídico cuja vigência é anual. A Anualidade implica uma dupla

exigência: votação anual do orçamento pelas Assembleias Politicas e execução anual do

orçamento pelo Governo e pela Administração Pública.

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Apesar de quase todos os orçamentos que historicamente são conhecidos serem anuais, não se

pode afirmar que a regra da anualidade esteja implícita na própria ideia de orçamento. Houve, na

realidade, orçamentos plurianuais mas a prática afastou-os. Importa notar que o período anual de

vigência, ou de execução do Orçamento o designado ano económico ou ano orçamental - pode

coincidir, ou não com o ano civil (1 de Janeiro a 31 de Dezembro)

ANDRADE (2002:15), A Anualidade do orçamento é explicada por razões de natureza política e

económica. Em primeiro lugar, considera-se que este período é o mais adequado ao exercício

regular e, portanto, mais eficaz de acompanhamento e controlo político do parlamento sobre o

Governo. Em segundo lugar, o período natural de referência para os agentes económicos, em

particular para as empresas (obrigações contabilísticas e fiscais), é também o anual donde,

natural se torna que o instrumento de intervenção financeira do Estado sobre a economia e os

seus agentes se refira a igual período.

A segunda crítica baseia-se na duração dos ciclos económicos (expensão e recessão) e, portanto,

da impossibilidade de um orçamento anual interagir correctamente com o quadro

macroeconómico. Mais uma vez, este inconveniente pode ser ultrapassado com uma

programação financeira plurianual.

2.5.2.A plenitude orçamental

a) Enunciado

Segundo PEREIRA (2000:12), diz que o princípio da plenitude orçamental comporta dois

aspectos relacionados: por um lado, o orçamento deve ser apenas um e, por outro lado, todas as

receitas e todas as despesas devem ser inscritas neste orçamento.

Trata-se, na prática de duas regras distintas que, no entanto, se complementam de uma forma

evidente. Existem hoje numerosas excepções a cada um destes princípios, ainda que eles

permaneçam como objectivo desejável, dentro de certos limites e com a formulação que já não

correspondem exactamente a ideia inicial.

b) Unidade e universalidade orçamental

O conteúdo destas duas regras exige, como se concluirá, uma apreciação conjunta. A regra da

unidade determina que o conjunto das receitas e das despesas deve ser apresentado num único

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documento. Logo, o Orçamento deve ser único ou unitário. Duas razoeis, interdependentes, o

explicam: uma transparente das receitas e das despesas de modo a impedir a existência de

dotações ocultas ou secretas; uma apreciação e controlo parlamentar mais eficaz por permitir

uma visão global das opções e prioridades do governo.

O entendimento acima expresso é o consagrado na CRP e na LEO, a qual estabelece que “ o

orçamento do Estado é único e compreende todas as receitas e despesas dos serviços integrados

aqueles que não dispõem de autonomia administrativa e financeira dos serviços e fundos

autónomos e do sistema de segurança social.

2.5.3.Discriminação Orçamental

Os clássicos do liberalismo procuram também definir algumas regras bastante precisas quanto a

forma como são inscritas no orçamento receitas e despesas e a forma como se efectivamente, são

três regras fundamentais neste domínio:

a) Especificação

A regra da especificação diz-nos que no orçamento se deve especificar ou individualizar

suficientemente cada receita e cada despesa. Tem a finalidade de:

Garantir uma maior transparência do orçamento;

Evitar a existência de dotações secretas;

Permitir uma fácil avaliação e controlo político pelo parlamento;

Tornar mais eficaz a execução e o controlo da execução;

Possibilitar a comparação inter-temporal das prioridades políticas e sua realização.

A regra da especificação encontra o seu fundamento numa necessidade diz-nos que no

orçamento deve especificar ou individualizar suficientemente cada receita e cada despesa. Esta

regra fundamenta-se numa necessidade de clareza e nos próprios fundamentos da instituição

orçamental, que seriam defraudados sem esta exigência.

Em Portugal a constituição expressamente impõe a exigência de especificação quanto as

despesas, por forma a evitar -se a formação de fundos secretos (C.R.P., art. 108 ͦ, n ͦ 3), enquanto

exigência e formulada também para as receitas pela Lei n ͦ 64/77 (art 7 ͦ , n ͦ 1). Aqui de vêm,

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para além do requisito da clareza, dois fundamentos da regra da especificação: a racionalidade

financeira e o controlo político.

b) Não compensação

Receitas e despesas devem ser inscritas no orçamento de forma bruta e não líquida. Isto

significa que não devem ser deduzidas as receitas as importâncias despendidas para a sua

cobrança, nem as despesas receitas que tenham sido originadas na sua realização.

Em qualquer caso, o que é certo é que não foram ainda substituídas por outros princípios

diversos ou opostos, a que, com uma extensão talvez mais limitada do que a que tinham no

período liberal, se conservam como regras de bom senso, boa administração e rigor técnico.

c) Não consignação

Esta regra estabelece que a totalidade das receitas orçamentais deve servir para funcionar a

totalidade das despesas orçamentais. Assim, interditar a consignação significa não permitir que

uma determinada receita seja consignada a uma determinada despesa. Diversas razões justificam:

A primeira, e mais importante, têm a ver especialmente com a receita fiscal, principal fonte de

financiamento da despesa pública. Se a receita de cada tipo de imposta fosse, por hipótese e na

ausência de regra, consignada a uma despesa específica e só a esta, os condições/contribuintes

“reconheceriam” a aplicação dos seus pagamentos fiscais e poderiam não desejar continuar a

faze-lo na ausência de benefícios individuais directos.

2.5.4.Estrutura do orçamento do estado

No que respeita a estrutura interna do orçamento do Estado, determina a lei que, quanto as

receitas, devem as mesmas ser inscritas segundo um código de classificação económica, que as

agrupa em receitas correntes e de capital; relativamente as despesas, a sua inscrição orçamental

obedece a códigos de classificação económica e funcional.

2.6.Classificação Económica das receitas

Segundo FRANCO (2002:55), as receitas correntes compreendem actualmente sete capítulos:

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1. Impostos directos, que abrange dois grupos, referentes aos impostos sobre o rendimento

(IRPS e IRPC) e outros onde se integram a SISA, o imposto sobre as sucessões e

doações, o imposto sobre veículos e outros impostos de menor relevo;

2. Impostos indirectos, que compreendem três grupos. Transacções internacionais, sobre o

consumo (em que avulta o IVA) e outros;

3. Taxas, multas e outras penalidades;

4. Rendimentos da propriedade, repartidos por doze grupos, em que assumem especial

relevo de juros, os dividendos e participações em lucros de sociedades e empresas

públicas e participadas e as rendas de terrenos;

5. Transferências;

6. Venda de bens e serviços correntes;

7. Outras receitas correntes.

Por sua vez, as receitas de capital abrangem apenas cinco capítulos:

1. Venda de bens de investimentos;

2. Transferências;

3. Activos financeiros;

4. Passivos financeiros e

5. Outras receitas de capital.

O orçamento do Estado inclui ainda na receita três outros capítulos residuais, relativos aos

recursos próprios comunitários (em que se destacam os direitos aduaneiros e os direitos

niveladores), as reposições não abatidas nos pagamentos e as contas de ordem.

2.7.A despesa pública

É o conjunto de dispêndios realizados pelos entes públicos para o funcionamento e manutenção

dos serviços públicos prestados à sociedade. (CATARINO, 2012)

2.7.1.Noções Básicas

O conceito de despesa pública tem, de resto, de ser construído em termos de poder abranger

realidades tão distintas como, por exemplo, o pagamento de um funcionário público, a

construção de uma estrada, a concessão de um subsídio a uma empresa, a amortização de um

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empréstimo anteriormente contraído pelo Estado, a aquisição de material de guerra, a atribuição

de uma bolsa de estudo, etc. (FRANCO, 2012:1)

2.7.1.1.Tipologia de Despesas Públicas

Segundo FRANCO (2012:2), Mais importante do que a arrumação orçamental das despesas

publicas é, entanto, a consideração da sua natureza económica e, dentro de uma perspectiva de

integração entre economia e finanças, o estudo dos efeitos globais.

a) Despesas de Investimento e Despesas de funcionamento

Uma primeira distinção, segundo esse critério – que se aproxima, aliás, bastante da classificação

de despesas correntes e de capital, separa as despesas de funcionamento dos gastos de

investimento.

Despesas de investimento seriam aquelas que consistem na formação de capital (técnico) do

Estado. As despesas de funcionamento corresponderiam apenas aos dispêndios necessários ao

normal desenvolvimento da máquina administrativa.

Apesar da proximidade das despesas de investimento com as despesas de capital, não há

coincidência de critério, já que podem encontrar – se despesas de capital (como seja o reembolso

de um empréstimo) que se não integram no conceito de despesa de investimento, e despesas

correntes (como o pagamento de juros) que não são despesas de funcionamento.

b) Despesas em bens e serviços e despesas de transferência

Despesas em bens e serviços são aquelas que asseguram a criação de utilidades, por meio de

compra de bens ou serviços do Estado, enquanto despesas de transferência são aquelas que se

limitam a proceder a uma redistribuição de recursos, atribuindo – os a novas entidades que se

situam no sector público ou sector privado.

Assim, no primeiro caso, o Estado, ao pagar os serviços prestados por um funcionário, está a

entregar verbas que têm uma contrapartida que pode ser incluída num dos grandes agregados

relativos ao Rendimento Nacional, enquanto, no segundo caso, ao atribuir um subsídio de

desemprego, não há qualquer alteração do nível do rendimento global: há apenas uma deslocação

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de rendimentos entre grupos sociais (de quem pagou um “imposto de desemprego” para quem

recebe um subsidio correspondente).

Claro que em todas despesas realizadas pelo Estado há, em sentido lato, uma transferência. Só

que nuns casos – despesas em bens e serviços – essa transferência é acompanhada de uma

contrapartida de utilidade (compra de bens ou serviços – incluindo factores de produção),

enquanto noutros – despesas de transferência – não há qualquer contrapartida directa de utilidade

final.

c) Diversidade das despesas de transferência

BOTELHO (2006:34), O conceito de transferência comporta, ainda assim, realidades bastante

diversas. Têm – se pois tentado fazer diversas classificações de transferências.

Uma primeira distinção separa as transferência de rendimento das transferências de capital,

sendo as primeiras aquelas que não alteram a situação do património duradouro da Nação (por

exemplo bolsa de estudo) e as segundas aquelas que a alteram (por exemplo subvenção do

Estado para a construção de um imóvel particular ou para investimento de uma empresa publica).

Outra distinção muito utilizada separa transferências directas e transferências indirectas. No

primeiro caso estaríamos face a despesas que vinham aumentar directamente os rendimentos

disponíveis (por exemplo pagamento de uma pensão a um aposentado); no segundo haveria

apenas um benefício indirecto, traduzido num aumento das possibilidades de consumo (subsídios

a preços, etc).

Consoante os beneficiários das transferências do Estado podemos distinguir: as transferências

para o sector público, que beneficiam entidades e são transferências internas do sector publico’;

as transferências para unidades produtivas (empresas); e as transferências para particulares e

entidades privadas não lucrativas.

Todas estas transferências internas, que não alteram o rendimento nacional. E há ainda

transferências para o exterior, que beneficiam economias externas e diminuem o rendimento

nacional.

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d) Despesas produtivas e reprodutivas

Quanto à produtividade, há despesas públicas que se limitam a criar directamente utilidades: pela

segurança que resulta de haver polícias, pela contribuição que as forças armadas dão à defesa

nacional, pelo que os museus representam de produção cultural. São gastos simplesmente

produtivos.

Outras despesas, porem, contribui para o aumento da capacidade produtiva, gerando assim

utilidades acrescidas no futuro: são despesas reprodutivas. Assim, o investimento em estradas,

transportes e meios de comunicação; assim, o investimento imaterial em investigação, educação

e saúde.

2.7.2.A despesa pública e a despesa nacional

a) Generalidades

I. Importa acentuar que os efeitos económicos das despesas públicas serão diversos, consoante

adoptemos uma óptica clássica ou keynesiana. (FRANCO, 2012:4)

Para os clássicos, o efeito económico típico das despesas públicas seria a satisfação pura e

simples de necessidades públicas, sendo todos os outros efeitos perversos, desregrados e

indesejáveis (por violarem a regra da neutralidade)

Segundo a visão keynesiana, para além daquele, haveria que distinguir dois outros tipos de

efeitos económicos;

A despesa pública consistirá, também, num processo de distribuição de rendimentos a

alguém: toda a despesa implica pagamentos feitos a servidores, fornecedores,

empreiteiros, etc.

Por esta via, toda a despesa altera a repartição do rendimento nacional que se verificaria

sem ela, gera fluxos sucessivos de novas despesas (de consumo ou de investimento), com

recursos que provem dos contribuintes ou de prestamistas e tem, em princípio efeitos

expansionistas.

Com esta segunda óptica é mais ampla do que a primeira – e não impede a autónoma relevância

daquela – toma – lo - emos como guia.

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II. Assim, a despesa pública é, em termos macro - económicos, uma parcela da despesa nacional.

Esta reparte – se por diversas rubricas principais. Consoante a origem institucional, pode ser

feita: a) pelos indivíduos, famílias e outros sujeitos privados não produtivos; b) pelo Estado e

outros sujeitos públicos; c) pelas empresas e outros sujeitos produtivos. Consoante a natureza das

despesas, pode ser de consumo, de investimento ou de transferência.

III. Combinando os dois critérios, distinguiremos três modalidades principais de despesa

nacional:

1º. Consumo privado: total das despesas não produtivas (ou equivalentes) feitas pelas

famílias e outras unidades não produtivas.

2º. Despesas das empresas: são despesas de investimento privado ou de funcionamento das

empresas.

3º. Despesas públicas: as realizadas pelo sector público, quer de consumo, quer de

investimento – se forem em bens e serviços – quer de transferência (excluindo o sector

empresarial público).

b) As despesas públicas nas contas nacionais

Como já vimos dentro das despesas públicas, poderemos ainda distinguir as transferências – que

transferem rendimentos para outros sujeitos económicos – e as despesas públicas em bens e

serviços. Estas últimas podem ser de três espécies:

1º. – Despesas civis de consumo (que são consumos públicos): são as despesas com o

funcionamento dos serviços da administração civil. São relativamente regulares e variam pouco:

nem crescem, em regra, subitamente, nem podem ser facilmente compridas num período curto.

2º. – Despesas militares (também consumos públicos) umas com aquisição de equipamentos e

materiais, outras com o pagamento de serviços e sustento das forças armadas. São muito

heterogéneas, algumas chegando a confinar com os investimentos pela sua natureza (aquisição

de um avião produzido no interior do país: todavia, mesmo que sejam em bens duradouros, são

sempre considerados gastos de consumo e não de investimento).

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3º. – Despesas de investimento público: são feitas pelo sector público com o fim de formar

capital; consistem na aquisição de bens duradouros, desde que sejam produtivos (stock de

capitais circulantes e bens de equipamento). Os investimentos públicos são, como as despesas

militares, susceptíveis de variações muito rápidas.

2.7.3.Evolução das despesas públicas

2.7.3.1.Generalidades

As despesas públicas conhecem uma evolução muito marcada a partir do liberalismo económico

do século passado, muito em particular no decurso do século XX. O estudo dessa evolução pode

ser empreendido por duas vias: analise do crescimento das despesas públicas que parece ter

acompanhado o crescimento económico ou analise da alteração na estrutura das despesas e no

seu peso relativo. (FRANCO, 2012:7)

Qualquer destes caminhos parece relativamente frutuoso, embora o segundo, quando conjugado

com o primeiro, seja mais decisivo para a compreensão das modernas Finanças Públicas.

2.7.3.2.O aumento das despesas públicas

Desde finais do século XIX, a partir da obra do financeiro alemão Adolfo Wagner, se fala numa

tendência para aumentar que as despesas públicas revelariam nas sociedades modernas. Designa

– se essa tendência por lei de Wagner. Wagner partiu para a formulação desta lei de um estudo

empírico, que os acontecimentos posteriores viriam confirmar amplamente: ele baseava – se nos

dados que conseguira recolher. A sua lei foi formulada apenas em relação às sociedades onde se

dera uma revolução industrial e em que se afirma, no plano prático, o liberalismo político

económico.

2.7.3.3.Aumento real e aumento aparente das despesas públicas

A circunstância de os quadros utilizados se referirem em regra a percentagens das despesas

públicas em relação ao Produto Nacional Bruto serve para ilustrar uma preocupação que tem de

ser elevada em conta: a de distinguir aquilo que pode ser chamado aumento real das despesas

públicas, em confronto com o seu aumento aparente. Podem apontar – se, segundo FRANCO

(2012:8), como factores de crescimento aparente das despesas públicas, entre outros menos

importantes;

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1º. – Desvalorização monetária

2º. – Aumento da população

3º. – Crescimento do produto nacional bruto

2.8.Sistema da Administração Financeira do Estado - SISTAFE

O Sistema de Administração Financeira vigente assenta em normas legais que remontam de mais

de cem anos, sendo a destacar o Regulamento de Fazenda, de 1901, e o Regulamento de

Contabilidade Pública, de 1881. A necessidade de reforma com vista a introduzir legislação e

modelos de gestão mais adequados às necessidades actuais de administração do erário público,

determinou a adopção e implementação pontuais de algumas medidas, Decreto nr. 23/2004 de 20

de Agosto.

Desde 1997 tem se vindo a desenvolver esforços de modernização nas áreas do Orçamento do

Estado, impostos indirectos e alfândegas, entre outras. Estas Reformas procuravam melhorar o

sistema de programação e execução orçamental, harmonizar o sistema dos impostos indirectos e

a pauta aduaneira com os sistemas vigentes nos países da região em que Moçambique se insere,

e, delinear circuitos de registo na área da contabilidade pública, visando torná-los mais

eficientes, eficazes e transparentes.

Com vista a estabelecer de forma global, abrangente e consistente os princípios básicos e normas

gerais de um sistema integrado de administração financeira dos órgãos e instituições do Estado e

ao abrigo do disposto no n.º 1 do Artigo 135 da Constituição da República, a Assembleia da

República aprovou a Lei 9/2002, de 12 de Fevereiro, que cria o Sistema de Administração

Financeira do Estado, doravante designado por SISTAFE.

O SISTAFE foi criado pela Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, tendo sido regulamentado pelo

Decreto n.º 23/2004, de 20 de Agosto, onde estão contidas as principais normas de gestão

orçamental, financeira, patrimonial, contabilística e de controlo interno do Estado. O SISTAFE

estabelece e harmoniza regras e procedimentos de programação, gestão, execução e controle do

erário público, de modo a permitir o seu uso eficaz e eficiente, bem como produzir a informação

de forma integrada e atempada, concernente à administração financeira dos órgãos e instituições

do Estado.

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O SISTAFE aplica-se a todos os órgãos e instituições do Estado, tanto no regime geral (com

autonomia administrativa) quanto excepcional (com autonomia administrativa e financeira).

Aplica-se também às autarquias e às empresas do Estado, excepto no tocante à prestação de

contas, por se reger por legislação específica.

2.8.1.Princípios

Consideram-se princípios orientadores, em administração financeira do Estado, cada um dos

critérios fundamentais que devem nortear a actuação de cada actor e interveniente em qualquer

estágio do processo de administração Financeira do Estado, no âmbito da prossecução da

Missão, Visão do SISTAFE. O SISTAFE é orientado por cinco princípios fundamentais que são:

A regularidade financeira, pela qual a execução do Orçamento do Estado (OE) deve ser

feita em harmonia com as normas vigentes e mediante o cumprimento dos prazos

estabelecidos;

A legalidade, que determina a observância integral das normas legais vigentes;

A economicidade, na base da qual se deve alcançar uma utilização racional dos recursos

postos à disposição e uma melhor gestão de tesouraria;

A eficiência, que se traduz na minimização do desperdício para obtenção dos objectivos

delineados; e

A eficácia, que resulta na obtenção dos efeitos desejados com a medida adoptada,

procurando a maximização do seu impacto no desenvolvimento económico e social.

2.8.2.Objectivos

O sistema de Administração Financeira do Estado foi criado para prosseguir os seguintes

objectivos:

Estabelecer e harmonizar regras e procedimentos de programação, execução, controlo e

avaliação dos recursos públicos;

Desenvolver subsistemas que proporcionem informação oportuna e fiável sobre o

comportamento orçamental e patrimonial dos órgãos e instituições do Estado;

Estabelecer, implementar e manter um sistema contabilístico de controlo da execução

orçamental e patrimonial adequado às necessidades de registo, da organização da

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informação e da avaliação do desempenho das acções desenvolvidas no domínio da

actividade financeira dos órgãos e instituições do Estado;

Estabelecer, implementar e manter o sistema de controlo interno eficiente e eficaz e

procedimentos de auditoria interna internacionalmente aceites;

Estabelecer, implementar e manter um sistema de procedimentos adequados a uma

correcta, eficaz e eficiente condução económica das actividades resultantes dos

programas, projectos e demais operações no âmbito da planificação programática

delineada e dos objectivos pretendidos.

2.9.Estrutura

O SISTAFE encontra-se estruturado em 5 subsistemas que são:

2.9.1.Subsistema do Orçamento do Estado (SOE)

Compreende todos os órgãos ou instituições que intervêm nos processos de programação e

controlo orçamental e financeiro e abrange ainda as respectivas normas e procedimentos.

Competências:

Preparar e propor os elementos necessários para a elaboração do Orçamento do Estado-

OE;

Preparar o projecto de Lei Orçamental e respectiva fundamentação;

Avaliar os projectos de orçamentos dos órgãos e instituições do Estado;

Propor medidas necessárias para que o OE comece a ser executado no início do exercício

económico a que respeita;

Preparar, em coordenação com o STP, a programação da execução orçamental e

financeira, de acordo com a legislação vigente;

Avaliar as alterações do OE;

Avaliar os processos de execução orçamental e financeira.

2.9.2.Subsistema de Contabilidade Pública (SCP)

O Subsistema de Contabilidade Pública, designado abreviadamente por SCP, compreende todos

os órgãos e instituições do Estado que intervêm nos processos de execução orçamental, recolha,

registo, acompanhamento e processamento das transacções susceptíveis de produzir ou que

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produzam modificações no património do Estado, e abrange ainda as respectivas normas e

procedimentos.

2.9.2.1.Competências

Compete aos órgãos ou instituições que integram o SCP:

a) Elaborar e propor normas, procedimentos técnicos, relatórios e mapas, bem como a respectiva

metodologia e periodicidade, tendo em vista a harmonização e uniformização contabilísticas;

b) Elaborar e manter actualizado o plano de contas;

c) Proceder à execução do Orçamento do Estado;

d) Acompanhar e avaliar o registo sistemático e atempado de todas as transacções;

e) Elaborar os relatórios de informação periódica a apresentar pelo Governo a Assembleia da

Republica;

f) Elaborar a Conta Geral do Estado.

2.9.3.Subsistema do Património do Estado (SPE)

O Subsistema do Património do Estado, designado abreviadamente por SPE, compreende os

órgãos ou instituições do Estado que intervêm nos processos de administração e gestão dos bens

patrimoniais do Estado e abrange ainda as respectivas normas e procedimentos.

2.9.3.1.Competências

Coordenar a gestão dos bens patrimoniais do Estado;

Organizar o tombo dos bens imóveis do Estado;

Elaborar anualmente o mapa de inventário físico consolidado e das variações dos bens

patrimoniais do Estado;

Proceder periodicamente ao confronto dos inventários físicos com os respectivos valores

contabilísticos;

Propor normas e instruções regulamentares pertinentes sobre os bens patrimoniais do

Estado; e

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2.9.4.Subsistema do Tesouro Público (STP)

O Subsistema do Tesouro Público, designado abreviadamente por STP, compreende o conjunto

dos órgãos e instituições do Estado que intervêm nos processos de programação, captação de

recursos e gestão de meios de pagamento e abrange ainda as respectivas normas e

procedimentos.

2.9.4.1.Competências

Compete aos órgãos ou instituições do Estado que integram o STP nomeadamente:

a) Zelar pelo equilíbrio financeiro;

b) Administrar os haveres financeiros e mobiliários;

c) Elaborar a programação financeira;

d) Elaborar as estatísticas das Finanças Publicas;

e) Gerir a conta única;

f) Propor a formulação da política de financiamento da despesa pública e providenciar a sua

Execução;

g) Gerir a dívida pública interna e externa;

h) Realizar e gerir as operações de crédito público.

2.9.5.Subsistema do Controlo Interno (SCI)

O Subsistema do Controlo Interno, designado abreviadamente por SCI, compreende os órgãos e

entidades que intervêm na inspecção e auditoria dos processos de arrecadação, cobrança e

utilização dos recursos públicos e abrange ainda as respectivas normas e procedimentos.

2.9.5.1.Objecto do Controlo Interno

a)Fiscalizar a correcta utilização dos recursos públicos e a exactidão e fidelidade dos dados

contabilísticos;

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b) Garantir, através da fiscalização, a uniformização da aplicação das regras e métodos

contabilísticos.

c) Verificar o cumprimento das normas legais e procedimentos aplicáveis;

2.10.Órgãos responsáveis

Os Subsistemas do SISTAFE são estruturados em Unidades Funcionais, compostas por Unidades

de Supervisão e Intermédias e Gestoras que permitem a desconcentração dos procedimentos de

Cada Macro-processo.

Unidades de Supervisão (US’s), entidades responsáveis pela orientação, supervisão

técnica e normalização de cada subsistema;

Unidade Intermédias (UI’s), entidades que representam a ligação entre as unidades de

supervisão e as unidades gestoras.

Existe uma Unidade Intermédia para cada Subsistema e está representado em cada

Província e a nível Central.

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CAPITULO III – METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1.Introdução

Para o alcance dos objectivos propostos, este estudo desenvolveu-se por uma pesquisa

exploratória, descritiva, pesquisa bibliográfica, documental e Estudo de caso. Descritiva porque

objectivou-se na descrição dos procedimentos de contabilização e controlo das despesas públicas

de determinada instituições. Pesquisa bibliográfica porque realizou-se através da consulta de

manuais que abordam assuntos ligados á finanças e contabilidade pública.

3.1.1.Tipo de pesquisa

A presente pesquisa é do tipo de estudo exploratório e Descritivo. O motivo de usar pesquisa

exploratória e descritiva é o facto de admitir a utilização de técnicas padronizadas de colecta de

dados, tais como o questionário e a observação sistemática.

3.1.2.Métodos de pesquisa

Na presente pesquisa utilizou-se a abordagem qualitativa para descrever e identificar as

estratégias no que concerne as normas de execução orçamental das despesas públicas no CMCN.

3.2.Técnicas e Instrumento de recolha de dados

3.2.1.Instrumento de recolha de dados

Foi usado o Questionário como instrumento de recolha de dados, pois, este é instrumento de

investigação que visa recolher informações baseando-se, geralmente, na inquisição de um grupo

representativo da população em estudo, visto que, é possível recolher informações que permitam

conhecer melhor as suas lacunas, bem como melhorar as metodologias e estratégias de mitigação

das causas que podem originar os riscos operacionais dentro da instituição podendo, deste modo,

individualizar as características em estudo.

As questões abertas das entrevistas permitiram ao entrevistador entender e captar a perspectiva

dos participantes; já as questões fechadas foram utilizadas com evidência quantitativa.

O uso de Entrevista como técnica de recolha de dados deveu-se ao facto das suas características

de proximidade entre o entrevistado e a investigadora, pois, permitiu a obtenção de informações

e elementos de reflexão muito mais ricos do que com o uso de outros métodos.

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3.3.População de Estudo

Tomou-se como população de estudo o responsável da execução orçamental das despesas, os

membros de DAF, tribunal administrativo assim como as finanças que totalizaram no seu todo

15 funcionários.

3.4.Amostra

Para a presente pesquisa tomou-se todos os funcionários responsáveis da execução orçamental

das despesas, os membros de DAF, tribunal administrativo assim como as finanças. como

amostra, porque a população é tão pequena e é possível estudar todas as unidades estatísticas que

compõe a população. Dai que amostra é de dez funcionários, das quais 3 da Administração, 2 da

tesouraria, 3 das Finanças e 2 de contabilidade).

3.4.1.Análise de dados

Foi usado o Pacote Estatístico de análise de dados SPSS versão 18 com auxílio do Microsoft

Excel para a obtenção dos resultados (tabelas e gráficos). Foi aplicado o teste N (teste de

distribuição normal), com um nível de confiança de 95% com um erro de 0.5, isto é, com

incerteza de 5% na inferência dos resultados e os desvios de erros durante a análise dos dados

seja inferior a 0.5 para maior confiabilidade dos resultados.

3.5.Apresentação de Resultados

Foram utilizados Tabelas bem como os Gráficos para ilustrar os resultados do problema em

estudo.

Page 39: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

26

CAPITULO IV – APRESENTAÇÃO, ANALISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

4.1.Introdução

Este capítulo faz referência ao cenário actual da instituição, descreve e analisa os procedimentos

referentes ao nível de execução orçamental das despesas públicas no CMCN e apresenta as

sugestões de melhoria necessárias para alguns destes procedimentos.

Com o intuito de almejar os objectivos gerais e específicos desta pesquisa, foi aplicado um

questionário com direito a uma entrevista, direccionado aos gestores, funcionários assim como o

pessoal da instituição (Conselho municipal da cidade de Nampula).

4.1.1.Historial do CMCN

De acordo com ARAÚJO, Manuel Mendes (2005:209), o nome da cidade deriva do nome de um

líder tradicional, M'phula ou Whampula. A cidade tem origem militar, uma característica que

ainda hoje se mantém. Uma expedição militar portuguesa, chefiada pelo Major Neutel de Abreu

acampou nas terras de Whampula a 7 de Fevereiro de 1907, o que levou à construção do

comando militar de Macuana.

A povoação foi criada em 6 de Dezembro de 1919 tendo-se tornado a sede da Circunscrição

Civil de Macuana em Junho de 1921. Nampula torna-se o Quartel-General do exército português

durante a guerra colonial, o qual, com a independência nacional, passou a Academia Militar

Samora Machel. A chegada do caminho-de-ferro, a partir do Lumbo, contribuiu para o

desenvolvimento da povoação, que foi elevada a vila em 19 de Dezembro de 1934 e a cidade em

22 de Agosto de 1956.

4.1.2.Localização e divisão administrativa da cidade de Nampula

Segundo a CDS-Zonas Urbanas: REA (2009), a Cidade de Nampula, capital administrativa da

província do mesmo nome, é o maior centro urbano da região norte do país. Situa-se no centro da

província de Nampula, entre 15º 01'35" e 15º 13'15" de latitude Sul e entre 39º 10' 00" e 39º 23'

28" de Longitude.

Ela está implantada numa área com cerca de 400 metros de altitude, que divide as grandes bacias

dos Rios Monapo e Meluli. A cidade planeada (“a Cidade de Cimento”), com boa estrutura,

Page 40: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

27

ocupa a zona elevada. Está circundada por zonas suburbanas de ocupação não planeada,

desenvolvidas sobre o declive e caracterizadas pela falta de controlo ambiental, elevadas

densidades e o baixo nível de infra-estruturas e serviços públicos.

Fora desta zona, há uma área rural que representa a maior parte da área de jurisdição municipal e

a área municipal da Cidade de Nampula estende-se numa superfície total de 404 km². Segundo

dados do III Recenseamento Geral de População e Habitação indicam uma população de cerca de

471.717 habitantes em 2007, o que significa uma taxa média de crescimento populacional de

4.6% por ano e deste universo 264.348 corresponde a população acima de 15 anos de idade, ou

seja, jovens e adultos.

A área municipal é dividida em seis Postos Administrativos Urbanos que, por sua vez são

divididos em 18 bairros. O Posto Administrativo Central cobre a cidade de cimento, com seis

bairros pequenos. Fora disso, a divisão administrativa é de forma radial e cada bairro estende-se

do limite do Posto Administrativo Central até ao limite com o Distrito de Nampula. Assim, cada

um destes bairros tem uma parte com características suburbanas e outra parte com características

rurais.

4.1.3.Objectivos do CMCN

A CMCN tem como objectivos, garantir a implementação dos planos de desenvolvimento

definidos pelo governo para a área da Indústria e Comércio a nível da Cidade de Nampula.

4.1.4.Funções

São funções da CMCN, assegurar a execução das actividades no âmbito da implementação das

políticas e estratégias industrial e comercial, assim como outras actividades conexas.

Page 41: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

28

Figura 1: Mapa da Província de Nampula

Fonte: Adaptada pela autora, 2016

4.1.5.Enquadramento legal do conselho municipal da cidade de Nampula

O Município de Nampula localiza-se geograficamente no Centro da Província com o mesmo

nome, estende-se numa superfície territorial de 404 Km² e divide-se administrativamente em 06

Postos Administrativos Municipais com um total de 18 Bairros e uma população estimada em

477.900 habitantes, (censo de 2007). A 19 de Dezembro de 1934, Nampula ascendeu a categoria

de Vila, e a 22 de Agosto de 1956 foi elevada a categoria de Cidade, tendo sido aprovado o seu

primeiro Código de Posturas em 19 de Novembro de 1959.

O Município de Nampula, gerido actualmente pelo seu Edil Mahamudo Amurane desde

Fevereiro de 2014, fica a 200km da costa do Oceano Índico, cujo clima é temperado, rodeado

por uma paisagem linda de montanhas. A sua estrutura de urbanização se apresenta em duas

zonas diferentes a zona de cimento, a urbanizada com poucas infra-estruturas de saneamento,

electricidade e água e a outra zona não urbanizada da periferia, a maior, que é constituída de

bairros desordenados, construções de casas desordenadas e é nesses bairros que constituem o

grande desafio do Conselho Municipal e sobre qual a edilidade procura de parcerias não só em

termo de conhecimento mas também em investimentos de projectos para requalificar esses

bairros.

Page 42: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

29

Figura 2: Vista Frontal do conselho municipal da cidade de Nampula

Fonte: Foto tirada pela autora, 2016

O CMCN é uma instituição pública com personalidade jurídica e goza de autonomia

administrativa financeira e patrimonial. Foi criado pelo decreto nr 2/97 de 18 de Fevereiro que

cria as autarquias locais, quanto a natureza é uma empresa pública dotada de órgãos

representativos próprios que visam a prossecução dos interesses das populações respectivas sem

prejuízo dos interesses nacionais e da participação do estado.

Exerce sua actividade na subordinação do ministério da administração estatal. Desenvolve a sua

actividade no quadro da unidade do estado e organizam-se com pleno respeito da unidade do

poder político e do ordenamento jurídico nacional lei r 11/97 de 31 de Maio que estabelece o

regime jurídico-legal das finanças e património das autarquias.

4.1.6.Apresentação de dados e respostas obtidas na entrevista

Nesta parte somente é reservado a apresentação das respostas obtida na entrevista, a partir dos

instrumentos supracitados na metodologia.

Assim, a apresentação das respostas obtidas na entrevista, desta monografia procura dar

respostas aos objectivos básicos que guiam a sua linha de pesquisa, sistematizando os dados

recolhidos durante a pesquisa, de forma a permitir uma análise profunda sobre o fenómeno. Na

perspectiva de analisar sobre Nível de execução orçamental das despesas públicas no Conselho

Municipal da cidade – Nampula (2013 – 2015).

Page 43: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

30

Tabela 1: Respostas dadas no período da entrevista

Questões Respostas Sexo

M F

Nome da instituição Conselho Municipal da Cidade de Nampula. 8 2

Objectivos da instituição

Garantir a implementação dos planos de

desenvolvimento definidos pelo governo para a área da

Indústria e Comércio a nível da Cidade de Nampula.

5

5

Quais são os livros obrigatórios

na execução das despesas

publicas no CMCN?

Razão Esquemático

Diário

DF’s

6 3

Qual é a repartição do CMCN que

faz a execução orçamental das

despesas publicas?

Finanças, RAF e TA (Tribunal Administrativo). 6 3

Quais são os subsistemas que o

CMCN tem acesso?

Segundo a Lei que cria o SISTAFE no seu artigo 1, o

sistema (SISTAFE) está estruturado com cinco

subsistemas. Entretanto, o que foi encontrado na prática

é de que todas as instituições do Estado têm acesso a

três subsistemas (Subsistema do Orçamento do Estado,

Subsistema do Património do Estado e Subsistema da

Contabilidade Pública) e não tem acesso a dois

subsistemas (Subsistema do Controlo Interno e

Subsistema do Tesouro Público).

6

3

Qual é o processo de pagamento

das despesas no CMCN?

De acordo com MINED em concordância com o artigo

43 do Diploma Ministerial 169/2007 de 31 de Dezembro

que aprova o MAF, o processo de pagamento é

efectuado por duas vias: via directa e indirecta. Entende

se por via directa pagamentos efectuados pelo e-

SISTAFE e indirecta aquele efectuados por

adiantamento de fundos.

5

5

Page 44: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

31

Descreve resumidamente os

aspectos importantes que deve ser

melhorado no e-SISTAFE em

relação a execução orçamental

das despesas?

Por enquanto, não há nada que possa ser melhorado. Em

termo de satisfação, os dados da Tabela sustentam que

50% estão satisfeito, visto que, o sistema minimizou o

tempo em que estes usuários levavam para efectuar

todos o procedimentos da realização da despesas e o

controlo é realizada directamente do sistema, coisa que

ante levava muito tempo. O SISTAFE trouxe várias

mudanças, a extinção por exemplo de título.

6

4

Qual é o nível de execução

orçamental das despesas no

CMCN?

Na verdade, as despesas no CMCN resumem-se mais

nas despesas orçamentais, que são constituídas em

grande parte por despesas com pessoal em bens e

serviços e outra parte é as despesas de capital.

5 5

Fonte: Adaptada pela autora, 2016

Gráfico 1: Género dos funcionários

Fonte: Adaptada pela autora, 2016

De forma a ilustrar acerca dos colaboradores que responderam o questionário constatou-se a

maioria deles são do sexo masculino. Dai que, conforma o gráfico ficou evidente que 60% do

sexo masculino são homens e 40% são mulheres.

60%40%

0%

100%

Masculino Feminino

Sexo

Sexo

Page 45: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

32

Gráfico 2: Faixa etária dos funcionários que responderam o questionário

Fonte: Adaptada pela autora, 2016

No que tange a faixa etária constatou-se que a idade varia entre os 20 anos ate 65 anos. Isso foi

possível tirar as conclusões com o questionário que foi respondido. Com isso, observou-se que

nos 40 anos os colaboradores dessa faixa etária ocupam os cargos de chefia.

Gráfico 3: Nível de escolaridade dos funcionários inqueridos

Fonte: Adaptada pela autora, 2016

Quanto a nível académico dos funcionários do CMCN não difere com as outras instituições em

que encontramos colaboradores no nível básico que ocupam cargo de limpeza, no nível médio

que são técnicos, o nível de licenciatura onde pode-se destacar os vereadores entre outros cargos

que são dados no CMN.

10%

45%

15% 20%

0%

20%

40%

60%

< 20 anos 25 - 45 45 - 55 55 - 65

Idade

Idade

10%

30% 30% 30%

Mestrado Licenciatura Ensino Tecnico Nivel Medio

Habilitacoes Literarias

Habilitacoes Literarias

Page 46: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

33

Gráfico 4: Tipo de Instituição

Fonte: Adaptada pela autora, 2016

O gráfico ilustra uma grande percentagem de 100% das respostas impostas no CMCN, como

sendo uma instituição Pública dotada de personalidades jurídica e que goza da autonomia

governamental.

Gráfico 5: Existência de normas de execução orçamental das despesas públicas no CMCN

Fonte: Adaptada pela autora, 2016

Para que haja uma boa gestão, um bom controlo e uma boa execução das despesas é necessário

que a entidade (instituição) tenha um manual de procedimentos que rege estes factos (gestão,

controlo e execução das despesas) como afirma Franco (2010). Neste contexto, os resultados do

gráfico advogam que 70% (n = 10) é regulado pela Lei 09/2002 de 12 de Fevereiro, lei que cria o

SISTAFE e 20% (n = 1) é regulado pelo Diploma ministerial 169/2007 de 31 de Dezembro que

aprova o Manual de Administração Financeira. Contudo, torna-se evidente que a principal lei

que regula os procedimentos de execução e controlo das despesas é a lei que cria o SISTAFE, o

100%

0%0%

50%

100%

150%

Publica Privada

Tipo de instituição

Tipo de instituição

70%10% 5% 15%0%

50%

100%

Sim Nao Talvez Nao Sabe

Existencia de normas de execução orçamental das

despesas públicas no CMCN

Page 47: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

34

Decreto 23/2004 regulamenta o SISTAFE e o Diploma Ministerial 169/2007 põe em prática o

SISTAFE com todos os detalhes de controlo e pagamentos das despesas públicas.

Gráfico 6: Modalidade utilizada na prestação de contas no CMCN

Fonte: Adaptada pela autora, 2016

Para garantir uma gestão e controlo eficaz é necessário que as entidades ao realizarem uma

despesa devem anexar um documento de suporte de modo a ter prova desta realização. O registo

da conformidade documental sem restrição possibilita o encerramento do Processo

Administrativo. A falta de conformidade documental ou conformidade documental com restrição

impede o encerramento do Processo Administrativo. Entretanto, os resultados do gráfico 3

monstra que na prestação de contas é feita mensalmente e os resultados foram unânimes em

afirmar a certificação de que a documentação correspondente ao processo administrativo

(processo da realização da despesa) está correctamente anexa ao mesmo.

Gráfico 7: Categoria económica pertencente aos itens orçamentários do CMCN

Fonte: Adaptada pela autora, 2016

50%

10% 5%

35%

Mensal Semestral Annual Trimestral

Modalidade utilizada na prestação de contas no CMCN

Modalidade utilizada na prestação de contas no CMCN

20% 15% 60% 5%

0%50%

100%

Receita de capital e receita corrente.

Despesa de capital e despesa corrente

Receita de capital e despesa de capital

Despesa corrente e receita corrente

Categoria económica pertencente aos itens orçamentários do

CMCN

Page 48: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

35

Dizer que nas categorias económicas sobre os itens orçamentários do CMCN podem ser

classificados ou seja são pertencente as receitas de capital e despesa de capital, isso foi verificado

com uma percentagem de 60% e uma parte deles responderam que são receita de capital e receita

corrente dada as respostas obtidas pelos questionários.

Gráfico 8: Principio da lei orçamentaria, que diz que deve conter todas as receitas e despesas

que serão realizadas, inclusive as de operações de créditos autorizadas em lei

Fonte: Adaptada pela autora, 2016

Nos princípios da lei orçamental, aprovado pelo decreto do conselho de ministro diz que apenas

devem conter as receitas assim como as despesas que só e somente forem autorizadas por lei e

isso encontra-se no principio de legalidade onde a percentagem foi de 55% em relação aos outros

princípios em que os funcionários tomaram em destaque.

Gráfico 9: Exclusividade concedida ao Poder Executivo do CMCN para propor a Lei do Plano

Plurianual, Lei de Directrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual

Fonte: Adaptada pela autora, 2016

10%

25%

55%

5% 5%

0%

20%

40%

60%

Universalidade Periodicidade Legalidade Exclusividade Unidade

15%5% 10% 10%

60%

0%

20%

40%

60%

80%

Legalidade Exclusividade Especificação Não afectação Reserva legal

Vendas

Page 49: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

36

O gráfico diz que 60% responderam que são reservas legais, visto que a lei que institui a LDO,

LOA e o plano plurianual estabelecem de forma regionalizada, as directrizes, objectivos e metas

da administração pública para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas

aos programas de duração continuada.

Gráfico 10: Principio orçamentário que estabelece que seja vedada a vinculação de imposto a

órgãos, fundo ou despesa no CMCN

Fonte: Adaptada pela autora, 2016

Analisando o gráfico fica evidente que o principio orçamentário que estabelece que seja vedada a

vinculação de imposto no CMCN é a não afectação de receitas onde ilustra 50% dos

respondentes.

Gráfico 11: Doutrina da lei Moçambicana que não considera o princípio orçamentário, em

particular no CMCN

Fonte: Adaptada pela autora, 2016

5% 15% 10%

50%20%

0%

20%

40%

60%

Unidade Universalidade Exclusividade Não afectação de receitas

Descriminação

Principio orçamentário que estabelece que seja vedada a

vinculação de imposto a órgãos, fundo ou despesa no CMCN

10% 10%

50%

10%

30%

0%

20%

40%

60%

Legalidade Exclusividade Anterioridade Programação Unidade

Page 50: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

37

Como se pode ver pelo gráfico, no que tange as doutrinas aprovadas no conselho de ministro não

considera a (Anterioridade), como sendo um princípio orçamentário usado no CMCN, visto que

a percentagem foi de 50%.

Gráfico 12: Contributo das despesas públicas

Fonte: Adaptado pela autora, 2016

A sociedade vem crescendo, este crescimento é geralmente acompanhado pelo incremento do

nível de despesas públicas como consequência disso, e para fazer face a isso o Estado precisa

traçar metas mais rígidas no sentido de captar mais recursos para a gestão dos bens públicos

visando satisfazer a colectividade.

O fenómeno supracitado deve ser acompanhado também pela revisão e actualização constante do

sistema fiscal nacional como forma de captar a abranger as entidades económicas que vem

surgindo dia pós dia, devido a dinâmica e constante crescimento dos mercados. Um sistema

fiscal sempre actualizado contribui um grande meio para o progresso económico dos países.

4.2.Verificação de hipóteses

Hipótese 1: É provável que, o nível de execução orçamental das despesas públicas influenciou

no défice do orçamento das receitas locais.

Com base na análise dos indicadores patentes nas variáveis das hipóteses acima mencionadas,

pode se dar por validado a 1ª hipótese. A validação teve como pressupostos básicos nos

resultados da pesquisa do campo, em que a autora procurou saber junto dos inquiridos se ao nível

da empresa tem se elaborado documentos financeiros que ilustram a posição financeira e técnica

60%

30%

5%

5%

Muito importante

Importante

Menos importante

Pouca importancia

Contributo das despesas publicas

Contributo das despesas publicas

Page 51: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

38

da empresa, e as respostas foram positivamente exprimidas pela amostra da pesquisa. Dai que, a

ordenação da despesa, prevista nas competências do CMCN, é da responsabilidade do ministério

das finanças. Na realização da despesa, o CMCN tem obedecido os seguintes aspectos:

- Os documentos que dizem respeito a despesa suportada pelo Orçamento do Estado, passam

sempre pelo departamento financeiro para se avaliar a sua legalidade e cabimentação;

- Toda despesa é realizada quando a requisição interna for autorizada pela pessoa competente ou

pelo respectivo superior;

- Somente o departamento financeiro é que tem a responsabilidade exclusiva de emitir as

requisições externas e o pagamento das despesas por conta do Orçamento do Estado.

As requisições internas evidenciam o nome do fornecedor dos bens e serviços, o CMCN (Serviço

requisitante), as quantidades, a descrição dos artigos, preço unitário e a importância a pagar e a

justificação das requisições feitas; as deduções dos saldos orçamentais da requisição interna. O

exemplo a seguir ilustra as operações na rubrica agregada de bens e serviços; tomando como

base o fim do exercício do ano 2014.

Hipótese 2: O nível de execução das despesas públicas no CMCN contribui significativamente

na realização das actividades previstas.

Segundo a análise dos indicadores patentes nas variáveis das hipóteses acima mencionadas, pode

se dar por validado a 2ª hipótese. A validação teve como suporte os resultados da pesquisa do

campo, em que a autora procurou saber se a execução orçamental das despesas tem impacto

significativo, e as respostas foram claramente respondida com uma percentagem de 80% da

amostra da pesquisa, o que esta em conformidade com os indicadores previamente definidos nas

variáveis hipotéticas. Dai que, constitui um contributo na análise da situação sobre o controlo das

despesas públicas, um pressuposto para o domínio da contabilidade da pública em Moçambique.

O estudo permite a orientação dos agentes tanto políticos quanto sociais sobre a necessidade de

melhor identificar os pontos positivos e negativos da implementação de quaisquer política no

tange a contabilização, de forma conjunta buscar soluções favoráveis.

Page 52: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

39

CAPITULO V – CONCLUSÕES E SUGESTÕES

5.1.Conclusão

Para alcançar o objectivo geral e os objectivos específicos, foi discutido sobre a formação

do orçamento público comparando o disposto da Lei de Responsabilidade Fiscal, os

conceitos de política fiscal, orçamento fiscal e administração fiscal além de expor e

analisar o significado de tributos e obrigação tributária. No que tange a composição do

Orçamento Público, conclui-se que o mesmo é elaborado e aprovado pelos representantes

do povo.

Além disso, o Orçamento Público infere-se da pesquisa, deverá ser elaborado de acordo

com o plano traçado para os exercícios financeiros visando sempre o dispêndio de

recursos com o intuito de melhorar a qualidade de vida da população Portanto é

necessário que se obtenha as prioridades e necessidades do país para que o Orçamento

Público seja elaborado, o que norteia este processo é a escolha de uma política fiscal

adequada às necessidades da nação que podem ser diversas, por exemplo, crescimento do

económico do país ou o aumento de empregos.

Neste ponto, vale ressaltar que o problema delineado para este trabalho foi: Qual é o nível

de execução orçamental das despesas no CMCN na satisfação das necessidades dos

munícipes no período de 2013 – 2015? Então para responder a este problema seria

necessário estabelecer alguns conceitos em relação à política fiscal e arrecadação

tributária. Pode-se entender a política fiscal como um instrumento da administração

pública directa que tem o objectivo de controlar a capacidade de consumo dos

componentes da população. Vale ressaltar, que como todas as despesas e receitas que

envolvem dinheiro público, as referentes à arrecadação tributária e o dispêndio destes

recursos em melhorias deverá estar contida em orçamento neste caso, no orçamento

fiscal.

É evidente que para que isso ocorra todos devem fazer sua parte, o Estado deverá adoptar

e cumprir à risca o orçamento e a política de arrecadação e gastos por outro lado a

população precisa exercer seu dever de cobrar que os recursos provenientes de suas

obrigações tributárias sejam gastos da maneira coerente eficiente e eficaz visando sempre

o crescimento do país com um todo.

Page 53: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

40

5.2.Sugestões

Sugere-se às instituições reguladoras, tais como o Ministério de Finanças, a influenciar cada vez

mais aos órgãos de gestão das instituições no caso do CMCN para conhecer os objectivos da

criação do SISTAFE e às principais leis que regulam o processo de execução orçamental das

despesas promovendo palestras e seminários (reciclagem dos agentes operadores do e-

SISTAFE).

Por outro lado, tendo em conta a impossibilidade de generalização dos resultados deste estudo de

caso, recomenda-se que os futuros pesquisadores possam aprofundar mais sobre este tema.

Page 54: Nível de execução orçamental das despesas públicas caso do conselho municipal (2013 – 2015) – nampula

41

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APÊNDICES

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QUESTIONÁRIO

Este guião de Questionário é um instrumento de colecta de dados que tem por finalidade Estudar

o nível de execução orçamental das despesas públicas: Caso de Estudo do CMCN.

Entretanto, as respostas são para uso exclusivo deste estudo, e contribuem para o trabalho de

conclusão do curso de licenciatura em Contabilidade e Auditoria na Universidade Pedagógica –

Delegação de Nampula.

Por favor marque dentro do [ X ] na opção que achar conveniente.

1. DADOS PESSOAIS

1.1. Sexo

[ ] Masculino [ ] Feminino

1.2. Nível de Escolaridade

[ ] Básico [ ] Médio [ ] Licenciatura [ ] Mestrado [ ] Outro ______________________

1.3. Faixa etária

[ ] 18 a 25 [ ] 25 a 35 [ ] 35 a 45 [ ] 45 a 55 [ ] 55 a 65 [ ] Outro ____________ Anos.

2. ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL

2.1. Nome da instituição

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

2.2. Tipo de instituição

[ ] Privada

[ ] Publica

2.3. Existem normas seguidos na execução orçamental das despesas públicas no CMCN?

[ ] Sim

[ ] Não

2.3.1. Se NÃO pule a questão e se SIM, quais são?

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______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

2.4. Qual é a modalidade utilizada na prestação de contas no CMCN?

[ ] Mensal

[ ] Semestral

[ ] Anual

[ ] Trimestral

3. EXECUÇÃO ORÇAMENTAL

3.1. A que categoria económica pertence aos itens orçamentários do CMCN na alienação de bens

e aquisição de bens permanentes?

[ ] Receita de capital e receita corrente.

[ ] Despesa de capital e despesa corrente.

[ ] Receita de capital e despesa de capital.

[ ] Despesa corrente e receita corrente.

3.2. Como se chama o principio da lei orçamentaria, que diz que deve conter todas as receitas e

despesas que serão realizadas, inclusive as de operações de créditos autorizadas em lei?

[ ] Universalidade

[ ] Periodicidade

[ ] Exclusividade

[ ] Unidade

[ ] Legalidade

3.3. A exclusividade concedida ao Poder Executivo do CMCN para propor a Lei do Plano

Plurianual, Lei de Directrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual é garantida pelo

princípio da:

[ ] Legalidade

[ ] Exclusividade

[ ] Não afectação

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[ ] Reserva legal

[ ] Especificação

3.4. Como se chama o principio orçamentário que estabelece que seja vedada a vinculação de

imposto a órgãos, fundo ou despesa no CMCN?

[ ] Unidade

[ ] Universalidade

[ ] Exclusividade

[ ] Não afectação de receitas

[ ] Descriminação.

3.5. Quais são as doutrinas da lei Moçambicana que não considera o principio orçamentário, em

particular no CMCN?

[ ] Legalidade

[ ] Exclusividade

[ ] Unidade

[ ] Programação

[ ]Anterioridade

3.6. Segundo a legislação aprovada no conselho de ministro, diz que a determinação ‘’ cada

entidade de governo deve possuir um orçamento’’ esta patente no principio da:

[ ] Unidade

[ ] Universalidade

[ ] Singularidade

[ ] Exclusividade

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ENTREVISTA

Este guião de entrevista é um instrumento de colecta de dados que tem por finalidade Estudar o

nível de execução orçamental das despesas públicas: Caso de Estudo do CMCN.

Entretanto, as respostas são para uso exclusivo deste estudo, e contribuem para o trabalho de

conclusão do curso de licenciatura em Contabilidade e Auditoria na Universidade Pedagógica –

Delegação de Nampula.

Por favor responda claramente as perguntas que se seguem:

1. Funções do CMCN

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

2. Objectivos do CMCN

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

3. Quais são os livros obrigatórios na execução das despesas publicas no CMCN?

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

4. Qual é a repartição do CMCN que faz a execução orçamental das despesas publicas?

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

5. Quais são os subsistemas que o CMCN tem acesso?

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

6. Qual é o processo de pagamento das despesas no CMCN?

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

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7. Descreve resumidamente os aspectos importantes que deve ser melhorado no e-SISTAFE em

relação a execução orçamental das despesas?

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

8.Qual é o nível de execução orçamental das despesas públicas no CMCN?

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

9.Qual é o contributo das despesas públicas para a população?

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

Muito Obrigada por participar nesta pesquisa

Nampula, Novembro de 2016

_________________________________________________

/ Assinatura /