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Número 1 – OUTUBRO MMXI NEWSLETTER A Cavalaria é definida como auto-disciplina, generosidade e coragem. Quem não tiver a firme vontade de desenvolver e apro- fundar estes compromissos na sua vida nunca poderá tornar-se num verdadeiro Cavaleiro ou Dama. É nestes termos que se inicia o Preâmbulo dos Estatutos da Ordem de Cavalaria do Santo Sepulcro de Jerusalém. É nestes termos, também, que qualquer membro da nossa Ordem, em consciência, se deve colocar perante os vínculos voluntaria- mente assumidos para com a Ordem e perante Deus. Foi há cerca de nove séculos que a nossa Ordem foi fundada por Godofredo de Bulhão, muitos foram os Cavaleiros que, desde aí, se bateram com denodo dando a vida em defesa da sua Fé, dos lugares santos e na ajuda generosa aos fracos e aos que precisavam de protecção. Hoje, em circunstâncias diferen- tes, cabe aos membros da mesma Ordem assumir com coragem, à semelhança dos Cavaleiros nossos antepassados, a luta por eles iniciada na busca da justiça e da paz. Sendo a Ordem do Santo Sepulcro uma Ordem Pontifícia é na obediência às regras da Igreja Católica e na absoluta fidelidade ao Santo Padre que assentará o desenvolvimento deste compro- misso. Só assim será possível aprofundar em cada Cavaleiro e Dama a espiritualidade que lhes permitirá ser exemplos e portadores de uma sólida conduta moral e de sen- timento cristão transformando-os numa verdadeira milícia ao serviço de Deus. É na tradução prática e com- sequente destes princípios de aprofundamento da nossa vida pessoal, fidelidade ao Papa e generosidade no apoio aos nossos irmãos da Terra Santa que seremos dignos de honrar o nosso vínculo a esta muito antiga Ordem e seremos merecedores da confiança que o Santo Padre em todos nós deposita. Gonçalo Figueiredo de Barros Lugar-Tenente Mensagem aos novos Cavaleiros e Damas Aliquam Ficha Técnica Director: S.E Lugar Tenente Cav. Gr. Of. Dr. Gonçalo Figueiredo de Barros Redacção: Cav. Com. Dr. Francisco de Mendia SUMÁRIO Novo Grão-Mestre………...2 Confirmação Conselho……2 Investidura em Évora……...3 A heráldica da Ordem…….4 S.S. Papa João Paulo II......9 O Grão-Magistério……….11 Agenda.............................13

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Número 1 – OUTUBRO MMXI

NEWSLETTER

A Cavalaria é definida como auto-disciplina, generosidade e coragem. Quem não tiver a firme vontade de desenvolver e apro-fundar estes compromissos na sua vida nunca poderá tornar-se num verdadeiro Cavaleiro ou Dama. É nestes termos que se inicia o Preâmbulo dos Estatutos da Ordem de Cavalaria do Santo Sepulcro de Jerusalém. É nestes termos, também, que qualquer membro da nossa Ordem, em consciência, se deve colocar perante os vínculos voluntaria-mente assumidos para com a Ordem e perante Deus. Foi há cerca de nove séculos que a nossa Ordem foi fundada por Godofredo de Bulhão, muitos foram os Cavaleiros que, desde aí, se bateram com denodo dando a vida em defesa da sua Fé, dos lugares santos e na ajuda generosa aos fracos e aos que precisavam de protecção. Hoje, em circunstâncias diferen-tes, cabe aos membros da mesma Ordem assumir com coragem, à semelhança dos Cavaleiros nossos antepassados, a luta por eles iniciada na busca da justiça e da paz. Sendo a Ordem do Santo Sepulcro uma Ordem Pontifícia é na obediência às regras da Igreja Católica e na absoluta fidelidade ao Santo Padre que assentará o

desenvolvimento deste compro-misso. Só assim será possível aprofundar em cada Cavaleiro e Dama a espiritualidade que lhes permitirá ser exemplos e portadores de uma sólida conduta moral e de sen-timento cristão transformando-os numa verdadeira milícia ao serviço de Deus. É na tradução prática e com-sequente destes princípios de aprofundamento da nossa vida pessoal, fidelidade ao Papa e generosidade no apoio aos nossos irmãos da Terra Santa que seremos dignos de honrar o nosso vínculo a esta muito antiga Ordem e seremos merecedores da confiança que o Santo Padre em todos nós deposita. Gonçalo Figueiredo de Barros Lugar-Tenente

Mensagem aos novos Cavaleiros e Damas

Aliquam Ficha Técnica

Director: S.E Lugar Tenente Cav. Gr. Of. Dr. Gonçalo Figueiredo de Barros Redacção: Cav. Com. Dr. Francisco de Mendia

SUMÁRIO

Novo Grão-Mestre………...2

Confirmação Conselho……2

Investidura em Évora……...3

A heráldica da Ordem…….4

S.S. Papa João Paulo II......9

O Grão-Magistério……….11

Agenda.............................13

Newsletter da Lugar-Tenência de Portugal da Ordem de Cavalaria do Santo Sepulcro de Jerusalém

Número 1 – OUTUBRO MMXI

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Sua Santidade o Papa Bento XVI nomeou para o cargo de Pró-Grão Mestre da Ordem de Cavalaria do Santo Sepulcro de Jerusalém, Sua Excelência Reverendíssima Monsenhor Edwin Frederick O'Brien. A Lugar-tenência portuguesa associa-se aos votos e compro-missos que o Senhor Governador-Geral e Sua Excelência Reve-rendíssima Monsenhor Giuseppe de Andrea tão claramente expressam na mensagem desejando ao novo Pró-Grão Mestre o maior sucesso no desempenho da sua importante missão. Expressamos nesta altura, a nossa profunda amizade e reconhe-cimento a Sua Eminência o Cardeal John Patrick Foley, nosso Grão-Mestre Emérito, por tudo quanto deu à Ordem e pelo sacrifício pessoal com que o fez. Monsenhor Edwin Frederick O'Brien nasceu, em Bronx (New

York), a 8 de Abril de 1939 (72 anos), foi o décimo quinto Arcebispo de Baltimore, serviu, anteriormente, como Arcebispo para os Serviços Militares Norte Americanos, entre 1997-200 e foi o Coordenador, em 1979, da Visita Apostólica do Santo Padre João Paulo II a Nova Iorque . Sobre o perfil de Mons. O’Brien, o "The Baltimore Sun" referiu: "Ele saltou de aviões militares, serviu em selvas durante a Guerra do Vietname e viajou extensivamente para zonas de batalha actual no Afeganistão e no Iraque. Em resposta ao nosso Lugar-Tenente, o novo Pró-Grão Mestre agradece a carta de felicitações recebida e refere que, “sem dúvida que estou ansioso por agarrar os desafios que me esperam. Tenho expectativa para trabalhar no futuro com os Cavaleiros e Damas da Ordem Equestre.

Novo Pró-Grão Mestre da Ordem nomeado por Bento XVI

Sua Excelência Reverendíssima Giuseppe de Andrea, Arcebispo Assessor da Ordem do Santo Sepulcro, após conselho da presidência do Grão-Magistério aprovou o novo Conselho da Lugar-Tenência portuguesa. Desta forma, o novo Conselho que apoiará S.E. o Lugar-Tenente Cav. Gr. Of. Dr. Gonçalo Figueiredo de Barros, fica composto pelo novo Chanceler Cav. D. Nuno de Bragança van Uden, pelo Secretário Cav Gr. Cr. Eng. António de Mattos e Silva, pelo Tesoureiro Cav. Com.

Dr. Francisco de Mendia, pelo Revmo. Cerimoniário Ecle- siástico Cav. Com. Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada e pelo novo Cerimoniário Leigo o Cav. D. Miguel de Bragança van Uden. Foram ainda nomeados três Conselheiros, o Cav. Gr. Cr. Eng. Luiz Folhadela de Oliveira, presidente da Delegação Norte, o Cav. Com. Eng. José Paulo de Barahona, presidente da Delegação Sul e o Revmo. Cónego Cav. Com. Doutor João Seabra.

Grão-Magistério da Ordem confirma novo Conselho da Lugar-Tenência

Celebrações em Fátima

As celebrações aniversárias das aparições que se realizaram no passado dia 12 de Outubro no Santuário de Fátima contaram com uma comitiva de 16 membros da Ordem. Um total de 13 Cavaleiros e três Damas estiveram presentes nas cerimónias.

25 anos de ordenação

sacerdotal

Cumpriram-se 25 anos de ordenação sacerdotal do nosso Cerimoniário Eclesiástico Cav Com. Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada no passado dia 25 de Agosto. A Ordem associou-se a esta efeméride comparecendo com muitos dos seus membros na Basílica dos Mártires.

ACTUALIDADE

Newsletter da Lugar-Tenência de Portugal da Ordem de Cavalaria do Santo Sepulcro de Jerusalém

Número 1 – OUTUBRO MMXI

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A Lugar-Tenência portuguesa da Ordem de Cavalaria do Santo Sepulcro de Jerusalém vai investir mais 19 novos Cavaleiro e Damas no próximo dia 23 de Outubro na cidade de Évora. A organização da investidura vai ser responsabilidade da Dele- gação Sul da Lugar-Tenência e do seu presidente, o Cav. Com. Eng. José Paulo de Barahona. As cerimónias iniciam-se no dia 22 no Convento dos Lóios com uma reunião do Capítulo com os novos Cavaleiros e Damas e com a presença de S.E. o Vice-Governador Geral da Ordem, o Eng. Adolfo Rinaldi e do membro do Grão-Magistério, S.E. o Lugar-Tenente Honorário Conde de Rezende. De seguida realiza-se a Velada de Armas na Igreja do Carmo, sendo o dia finalizado com um jantar no Palácio dos Duques de Cadaval. No dia seguinte, tem lugar pelas 11h na Sé Catedral de Évora, a cerimónia de investidura presi- dida por Sua Excelência Reveren- díssima, o Senhor Arcebispo de Évora e terá a presença do Senhor Núncio Apostólico D. Rino Passigato, e do Senhor Arcebispo Emérito de Évora, D. Maurílio de Gouveia, membro da Ordem. Os investidos são o Senhor Arcebispo de Évora, D. José Alves, S.A. a Infanta D. Maria Adelaide de Bragança, Dr. António Ricardo Bravo Mexia Chaves Costa, Eng. Francisco Fernando de Queiroz Pinto Leite, Dr. Frederico José Alarcão de Albuquerque Perry Vidal, Dr. Guilherme Frederico Baptista da Costa de Abreu Loureiro, Dra. D. Joana de Melo Correia Coelho de Campos de Melo Ramos, Dr. João Bernardo

Cassola de Sousa Galvão Teles, Dr. D. João Neto de Saldanha de Oliveira e Sousa, Conde de Rio Maior, Emb. Dr. Jorge Alberto Nogueira de Lemos Godinho, José Luís Cabral da Gama Lobo Salema, Eng. Luís Frederico Grases Santos Silva Rauter, Dr. Manuel Rebelo Teixeira de Melo Ramos, Dra. D. Maria da Luz Novaes Pimenta Teixeira de Carvalho Perry Vidal, Dra. D. Maria Matilde Pessoa de Magalhães Figueiredo de Sousa Franco, Dr. Miguel Dias de Castro Mendonça, Dra. D. Sandra Emanuel Nunes dos Santos Martins de Matos Chaves Costa, Dra. Teresa do Rosário Pinheiro Saramago de Carvalho Marques dos Santos e General Vasco Joaquim Rocha Vieira. Durante a cerimónia serão ainda comferidas as insígnias da Cruz de Mérito à Sra. D. Isabel Simões, secretária da Ordem. Recebem promoções, o Prof. Doutor Pedro Mário Soares Martinez a Cavaleiro Grã-Cruz, a Dra. D. Maria Margarida Monteiro Galvão Teles Ferreira da Fonseca a Dama de Comenda, o Dr. José Paulo de Barahona Cruz e Silva, o Dr. Nuno da Câmara Pina de Sousa Mendes e o Revmo. Pe. Gonçalo Nuno Ary Portocarrero de Almada, Cerimoniário Eclesiástico da Ordem, a Cavaleiros Comen- dadores. A esta cerimónia assistirão SS.AA.RR. os Duques de Bragança, os membros do Grão-Magistério anteriormente refe- ridos, bem como representantes da Ordem Soberana e Militar de Malta, Real Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e da Ordem Real de Santa Isabel.

Lugar-Tenência investe 19 novos Cavaleiros e Damas em Évora

Reunião de candidatos

no CEQ

Realizou-se no passado dia 24 de Setembro uma reunião com palestras para preparação dos candidatos à ordem. Entre os temas foi abordada a Terra Santa, a sua importância e significado, a história da ordem, a sua organização e estatutos e o uso das insígnias. No final houve um jantar e uma noite de fados.

Novo Prior no Sul

Sua Excelência Reverendíssima D. José Alves, Arcebispo de Évora é o novo Prior da Delegação Sul. Esta delegação foi revitalizada sob a presidência do Cav. Com. Eng. José Paulo de Barahona.

ACTUALIDADE

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OPINIÃO Cav. Dr. Lourenço Correia de Matos

O regulamento para o uso das insígnias da Ordem de Cavalaria do Santo Sepulcro de Jerusalém na heráldica dos seus membros encontra-se consignado no título I, artigo 3.º do II Apêndice à Constituição da Ordem1. Sendo este documento aprovado por Sua Santidade o Papa Paulo VI a 8 de Julho de 1977, a regulamentação heráldica existe, pelo menos, desde esta data, podendo no entanto ter sido estabelecida muito anteriormente.

Pretende-se, com este regulamento, disciplinar a representação das insígnias dos membros desta milícia na heráldica, familiar ou pessoal, consoante o grau que o titular do brasão possui na Ordem. A correcta aplicação destas regras permite que, da simples observação de uma composição heráldica onde figure a pentacruz de Jerusalém, se infira o grau que o seu utente tem na Ordem.

O regulamento estabelece o seguinte: os cavaleiros usam a cruz da Ordem, simples – sem os troféus militares que encimam as insígnias de todos os graus – pendente de um nó de negro (figura 1); os cavaleiros comendadores a mesma cruz simples, mas pendente de uma fita de negro que sai da base do escudo (figura 2); os cavaleiros grandes-oficiais usam a cruz encimada pelos troféus, pendente de uma fita negra saindo dos flancos do escudo (figura 3); os cavaleiros grã-cruzes usam a mesma insígnia que os grandes-oficiais – cruz e troféus –, igualmente pendente de uma fita negra mas saindo esta do chefe do escudo (figura 4).

A representação da insígnia da Ordem da Cavalaria do Santo Sepulcro de Jerusalém na heráldica

dos seus membros

Figura 1 - Cavaleiro (desenho de José Bénard Guedes)

Figura 2 - Cavaleiro comendador (desenho de José

Bénard Guedes)

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Segundo o mesmo regulamento os cavaleiros de colar, os membros do Grão-Magistério, os Lugares-Tenentes e os Grão-Priores usam as armas da Ordem – a pentacruz de vermelho em campo de prata –, partidas com as suas, ocupando a cruz de Jerusalém a primeira pala do escudo.

Os Prelados que sejam membros da Ordem podem esquartelar as suas armas com as da Ordem, ocupando estas o 1.º e 4.º quartéis. Por sua vez, o Patriarca Latino de Jerusalém, Grão Prior da Ordem, e o Assessor do Grão-Magistério – a segunda e terceira figuras na hierarquiada Ordem e na respectiva lista de precedências –, usam um chefe de prata com a pentacruz de vermelho (figura 5).

O regulamento prevê ainda, para aqueles a quem a Ordem reconhece o uso de um título de nobreza – os membros da Ordem titulares nos seus respectivos países –, uma forma de representação particular, materializada no uso da pentacruz sob o escudo (figura 6). Esta figuração é também usada por alguns prelados que optam por não esquartelar as suas armas (figura 7).

Figura 3 - Cavaleiro grande-oficial (desenho de José Bénard Guedes)

Figura 4 - Cavaleiro grã-cruz (desenho de José Bénard Guedes)

Figura 5 - Armas de Sua Beatitude o Patriarca Fouad Twal, Patriarca Latino de Jerusalém (desenho de Marco Foppoli – http://www.marcofoppoli.com)

Figura 6 - Membro da Ordem detentor de título nobiliárquico

(desenho de José Bénard Guedes)

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As armas do Cardeal Grão-Mestre são tratadas à parte, no artigo 2.º do mesmo título I do Apêndice II. Como os restantes Prelados, esquartelam as suas armas com as do Santo Sepulcro, mas deverão usar o elmo e a coroa de espinhos que figuram nas armas da Ordem, de onde sai o paquife (ou manto) que não vem descrito. O escudo é rodeado pelo colar da Ordem. Não conheço qualquer representação das armas dos Grão-Mestres com todos estes atributos. O três últimos Grão-Mestres, Cardeal Giuseppe Caprio, Cardeal Carlo Furno e Cardeal John Patrick Foley, usavam apenas os quartéis com as armas da Ordem (figuras 8, 9 e 10), para além, naturalmente, dos elementos próprios da sua dignidade cardinalícia – o Cardeal Foley colocava ainda a pentacruz sob o escudo (figura 10).

Como se infere do que acima escrevemos, a distinção entre os diversos graus da Ordem nas representações heráldicas é determinada essencialmente pela forma de figuração da insígnia no escudo. Sistema semelhante tem a Ordem de São Maurício e São Lázaro, da Casa Real de Sabóia (figura 11), onde é igualmente a forma de colocação da insígnia que determina o grau, relegando-se a representação da mesma – sem coroa, com coroa, placa – para segundo plano. A Ordem Soberana e Militar de Malta e a Ordem Constantiniana de São Jorge, da Casa Real das Duas-Sicílias, por exemplo, têm na própria insígnia o principal elemento diferenciador dos graus, representando-se esta sempre pendente de fita partindo do chefe do escudo (figuras 12, 13 e 14).

Figura 7 - Armas do Arcebispo Filippo Bernardini, antigo

Núncio Apostólico na Suíça e membro da Ordem do Santo

Sepulcro (desenho de Monsenhor Bruno Heim, s.d.

HEIM, Bruno Bernard - L’araldica nella Chiesa Cattolica – Origini, usi, legislazione. Città del

Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2000, p. 74)

Figura 8 - Armas de Sua Eminência o Cardeal Giuseppe Caprio, Grão-Mestre da Ordem entre 1988 e 1995 (NOONAN, Jr., James-Charles - The Church Visible – The Ceremonial Life and Protocol of the Roman Catholic Church.

S.l.: Viking / Penguin, 1996, figura 64 [extratexto] e p. 526 [legenda])

Figura 9 - Armas de Sua Eminência o Cardeal Carlo Furno, Grão-Mestre da Ordem entre 1995 e 2007 (Pentacruz – Órgão da Lugar-Tenência de Portugal. n.º 1, s.l.: Ordem de Cavalaria do Santo Sepulcro de Jerusalém, 2005, p. 23)

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O regulamento heráldico da nossa Ordem merece, no entanto, alguns comentários. Começamos por registar que é absolutamente omisso em relação às damas – como aliás os das outras Ordens que acima referimos –, pelo que, a ser aceite a representação de insígnias na heráldica das senhoras, deve resultar da adaptação do regulamento estabelecido para os cavaleiros, o que nem sempre se revelará fácil.

Figura 10 - Armas de Sua Eminência o Cardeal John Patrick Foley, Grão-Mestre da Ordem entre 2007 e 2011 (http://en.wikipedia.org/wiki/John_

Patrick_Foley)

Figura 11 - Representação da cruz da Ordem de São Maurício e São Lázaro

na heráldica consoante os graus: cavaleiro, cavaleiro oficial,

comendador, grande-oficial e grã-cruz

Figura 12- Armas do Prof. Doutor Martim Corte-Real de Albuquerque, com a insígnia de grã-cruz de Honra e Devoção da Ordem de Malta(José

Bénard Guedes – Obra Heráldica. (Coordenação editorial). Lisboa: DisLivro Histórica, 2005, p. 82)

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De registar também que o regulamento prevê que os titulares, ou seja, os detentores de um título nobiliárquico, possam usar a pentacruz sob o escudo. No entanto, esta figuração não permite determinar o grau que o utente tem na Ordem, salvo se for representada em simultâneo com aquilo que as regras estabelecem para os não titulares, figurando deste modo duas cruzes, uma sob o escudo e outra pendente, de forma diversa consoante o grau.

Terminamos estas breves linhas apresentando um exemplo de representação da cruz da nossa Ordem na heráldica de um cavaleiro (figura 15), o único correcto que encontrámos nas fontes disponíveis.

1) Constitution of the Equestrian Order of the Holy Sepulchre of Jerusalem. Roma: s.n., s.d., p. 41 (traduzido do original, em italiano, em 1978; esta edição é certamente posterior a 1996 pois publica uma carta do Cardeal Secretário de Estado de 13 de Fevereiro desse ano). SILVA, Eduardo Norte Santos - Uma Ordem de Cavalaria – A Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém (das origens à actualidade). Lisboa: s.n., 1988, pp. 141-142.

Figura 13 - Armas de David Alejandro de Olivera, cavaleiro de Graça e

Devoção da Ordem de Malta (desenho de Daniel de Bruin.

http://www.heraldicermine.com/)

Figura 14 - Armas de um cavaleiro de Justiça da Ordem Constantiniana de São

Jorge(desenho de Marco Foppoli. http://www.marcofoppoli.com)

Figura 15 - Ex-libris de António de Assis Teixeira de Magalhães e Meneses, 2.º Conde de Felgueiras (1886-1931), com a insígnia de cavaleiro da Ordem do Santo

Sepulcro em que foi admitido em 1926 (desenho de António Lima; DUARTE, Sérgio Avelar - Ex-libris

Portugueses Heráldicos. Porto: Livraria Civilização Editora, 1990, p. 37, n.º 110)

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OPINIÃO Dama Dra. D. Aura Miguel

“Crer e amar: este é o programa do seu pontificado. Incansavelmente, Vossa Santidade mostra-nos o rosto de Cristo, o rosto de Deus misericordioso”. Estas palavras, proferidas a 18 de Maio de 2003 pelo cardeal decano Joseph Ratzinger quando João Paulo II fez 83 anos, definem bem a pessoa do Papa polaco. Com efeito, Wojtyla era dotado de uma estatura humana que o aproximava de todos, sem excepção, interessando-se por cada um com quem se cruzava, ao ponto de nos sentirmos exclusivos. Quem teve a graça de se cruzar com o seu olhar garante isso mesmo: naquele instante, só contava a pessoa que tinha à sua frente; era como se nos quisesse transmitir, com o olhar, a certeza da sua vida: “Não tenhais medo. Abri, melhor, escancarai as portas do vosso coração a Cristo!”

João Paulo II gastou-se inteiramente para anunciar esta certeza. Percorreu o mundo várias vezes e foi ao encontro das realidades mais variadas, movido pelo desejo (como revelou no livro-entrevista “Atravessar o Limiar da Esperança”) de poder entrar em casa de cada um para comunicar pessoalmente esta certeza. Incansável, mesmo quando fragilizado pela doença, nunca deixou de testemunhar de forma inabalável que “só Cristo conhece verdadeiramente o coração do homem”. Viveu permanentemente enamorado por Cristo, a quem se abandonava diariamente. Por isso manteve sempre uma tão grande frescura de fé, cheia de rasgo e criatividade.

Entre tantas e tão variadas facetas pelas quais João Paulo II deve ser valorizado sublinho apenas mais uma: a sua profunda ligação aos mistérios de Fátima – uma experiência que implicou o derramamento do seu próprio sangue, a 13 de Maio de 1981. Desde então, Wojtyla viveu na certeza de ter sido salvo por milagre de Nossa Senhora de Fátima, ao ponto de afirmar que a vida lhe foi “dada de novo” e que o seu pontificado durou “apenas três anos” (1978-1981), porque tudo o resto foram anos de milagre. O seu antigo secretário

Sua Santidade o Papa João Paulo II

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pessoal, actual cardeal Stanislaw Dziwisz, viria a explicar mais tarde: “Graças a tal dedicação (Totus tuus, Maria), tornou-se protagonista no cumprimento da mensagem que Maria deu aos Pastorinhos. Na verdade, depois do atentado de 13 de Maio de 1981, ele próprio pediu o envelope que continha a terceira parte do «segredo». Como se sabe, logo pensou na consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria. Não podemos deixar de agradecer ao Senhor a realização da promessa de Maria. E agradecidos estamos a João Paulo II pela sua sabedoria, docilidade e coragem” (Homilia em Fátima, 13.05.2006)

O cardeal Tarcisio Bertone, actual secretário de Estado do Vaticano - que na altura da revelação do 3º Segredo trabalhava directamente com o cardeal Ratzinger na Congregação para a Doutrina da Fé - encontrou-se várias vezes com o próprio Papa e também testemunha a convicção que João Paulo II tinha da sua “ligação de sangue” com Fátima: “Fiquei arrebatado com as poucas palavras do Santo Padre que se convenceu, de forma ainda mais profunda, da missão de sofrimento a que tinha sido chamado. A sua maior encíclica não terá sido talvez o mistério do seu sofrimento? Não morrera devido ao atentado mas, de qualquer forma, morria dia-a-dia na oblação da sua vida consumada pelo bem da Igreja. Foi o atentado que, de certa maneira, o fez morrer dia-a-dia. Mesmo a doença de Parkinson deve-se muito provavelmente àquele acontecimento criminoso. Wojtyla sentiu-se ainda mais ligado a Nossa Senhora, a Fátima. A bala foi encastrada na coroa da Virgem da Cova da Iria e o anel, presente do primaz da Polónia, cardeal Stefan Wyszynski, foi deposto pelo Papa aos pés da Imagem de Maria”. (in “A última vidente de Fátima”)

Se ainda houvesse dúvidas e fosse necessário mais algum sinal destas ligações, a Providência encarregou-se de o revelar com a data da morte e suas coincidências. Foi uma espécie de fenómeno dois-em-um...! João Paulo II morreu no primeiro sábado de Abril. E também nas vésperas litúrgicas da Festa da Divina Misericórdia: O Papa mariano do Totus Tuus e, ao mesmo tempo, o grande apóstolo da Misericórdia de Deus, o Papa do “Não tenhais medo, abri as portas a Cristo!”, foi levado para o Céu numa extraordinária coincidência de datas. O seu dies natalis – 2 de Abril de 2005 - foi duplamente abençoado, por Maria e Jesus. Um abraço final que selou o envolvimento do pontificado de João Paulo II com Fátima e Cracóvia. Isso mesmo também sublinhou, durante as exéquias, o cardeal Joseph Ratzinger, futuro Papa: “Divina Misericórdia: O Santo Padre encontrou o reflexo mais puro da misericórdia de Deus na Mãe de Deus. Ele, que tinha perdido a mãe na tenra idade, amou ainda mais a Mãe divina. (...) Podemos estar certos de que o nosso amado Papa está agora à janela da casa do Pai, a ver-nos e a abençoar-nos. Sim, abençoa-nos Santo Padre. Nós confiamos a tua querida alma à Mãe de Deus, tua Mãe que te conduziu todos os dias e te conduzirá agora à glória eterna do Seu Filho, Jesus Cristo nosso Senhor” (Homilia, 08.04.2005)

Assim, a data escolhida para a sua beatificação, não podia ser melhor: João Paulo II será elevado aos altares no primeiro dia do mês de Maria que, neste ano, é também o Domingo da Divina Misericórdia.

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OPINIÃO S. E. o Lugar-Tenente Honorário Cav Gr. Cruz D. João de Castro de

Mendia,Conde de Rezende, Membro do Grão-Magistério

A razão de existir da Ordem de Cavalaria de Santo Sepulcro de Jerusalém, independentemente das adaptações da sua estrutura ao longo de nove séculos, sempre foi a defesa e preservação da Fé Católica, dos seus Lugares Santos na Terra Santa e serviço incondicionalmente a Cristo e ao chefe da Sua Igreja em Roma.

A partir de 1847, S. S. o Papa Pio IX, moderniza a Ordem com uma constituição, e S. S. o Papa João Paulo II enobrece-a tornando-a numa Associação pública de fieis com personalidade jurídica canónica constituída pela Santa Sé com a incumbência de ser este o único órgão pontifício através do qual se canalizam as ajudas espirituais e materiais para a Terá Santa. Desta Terra Santa fazem parte a Palestina, a Síria a Jordânia.

A ajuda da Ordem tem assim um único destinatário, o igualmente criado Patriarcado Latino de Jerusalém, cujo chefe é o Grão Prior da Ordem e a que se deu a dignidade de Patriarca. Sua Beatitude o Patriarca tem, pois, a inteira responsabilidade de definir as prioridades e os destinos das ajudas, cujo orçamento é, em cerca de 80%, da responsabilidade da nossa Ordem.

A Ordem, na sua estrutura, é supervisionada por um Grão Magistério, que tem a sua nomenclatura submetida a um Grão Mestre nomeado por Sua Santidade o Papa. Aquele, por sua vez, nomeia um Governador, vice Governadores e um número variável de membros.

Este órgão, obrigatoriamente, reúne duas vezes por ano no palácio da sede da Ordem no Vaticano, e superintende à comissão da Terra Santa criada para acompanhar as prioridades e o ritmo a que estas se desenvolvem.

O Grão-Magistério

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OPINIÃO

Se a midea em geral mostra, hoje, a tragédia que é o ambiente na zona de influência da nossa Ordem, a realidade religiosa e política das instituições e das comunidades Cristãs é bem pior e problemática. A vida dos Cristãos em geral, e dos Católicos muito em especial, que não recorrem a “entifadas” nem possui os inesgotáveis petrodolares ou engenhos nucleares, (só têm razão), é particularmente difícil por variadíssimas razões, incluindo essa: terem razão.

Sua Santidade o Papa, para que o diálogo se mantenha e possa haver alguém que lembre que o amor é a razão de ser de uma das Religiões, a nossa, nomeou os dois últimos Patriarcas Latinos, personalidades de origem árabe: o penúltimo, Palestiniano, e o actual Jordano. Lucidamente, como sempre, Sua Santidade mostrou assim que a Religião Católica é a Religião universal que, quando reclama o que reclama, fá-lo com o mesmíssimo direito de uma delas e bastante mais do que a outra.

Embora Sua Eminência Reverendíssima o Cardeal Grão Mestre seja a entidade de quem depende a orientação e o controlo de toda a Ordem, é nas reuniões do seu Grão Magistério, onde tem assento sua Beatitude o Grão Prior, que se adquire a sensibilidade para se saber até, e por onde se deve evoluir e progredir nas propostas de índole religiosa, social e política. Ora, este trabalho de uma diplomacia verdadeiramente filigrânica, é de uma enorme importância, tanto para se poder facilitar ao máximo a vida aos Católicos da Terra Santa, como aos que o não são, ainda, mas vivem das nossas ajudas. O trabalho do Grão Magistério tem, assim, a maior importância, dado ser a estrutura que tem mais razão mas menos força, no caldo de interesses e de enormes contradições em eu se tornou o sítio onde nasceu, viveu e foi crucificado o Verbo.

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Realiza-se este ano pela primeira vez o Bazar de Natal da Ordem do Santo Sepulcro. Da responsabilidade da Dama Gr. Cr. D. Maria Helena Folhadela e das Senhoras D. Maria do Rosário van Uden e D. Maria Teresa Figueiredo de Barros, o bazar vai ter várias bancas com produtos e artigos. Quem quiser participar com

contribuições ou apoio pessoal deve contactar a Senhora D. Isabel Simões, secretária da Ordem. Haverá mesas com produtos regionais, pelo que se convida a participação dos nossos confrades e amigos que tenham produtos adequados para o efeito. A receita gerada reverte na totalidade para a ajuda à Terra Santa.

DESTAQUE DE AGENDA

AGENDA Eventos e Datas

22 e 23 de Outubro Cerimónia de Velada de Armas e Investidura de Novos Cavaleiros e Damas na Sé de Évora. A cerimónia será presidida pelo Senhor Arcebispo de Évora, D. José Alves, Prior da Delegação Sul. 30 de Outubro Festa de Nossa Senhora da Palestina e homenagem aos Cavaleiros e Damas que já foram chamados a Deus. Umas das principais festividades da Ordem do Santo Sepulcro. Celebração da Santa Missa na Igreja da Encarnação, às 12h30, presidida pelo Revmo. Com. Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada, com coro e fanfarra militar. A concentração realiza-se às 12h00 na Sacristia, com capa, barrete, luvas e insígnias. 12 de Novembro Bazar de Natal e jantar-conferência no Círculo Eça de Queiroz. O bazar de Natal tem início às 14h00 e prolonga-se até ao jantar. Quem quiser participar com produtos deve contactar o secretariado da Ordem. A receita reverte para as obras na Terra Santa. O jantar-conferência com o tema “As cruzadas na actualidade”, a cargo do

Cav Gr. Cr. Professor Doutor Pedro Soares Martinez tem início às 20h00. 2 de Dezembro Missa da 1.ª quinta feira do mês às 19h00 na Igreja da Encarnação, presidida pelo Revmo. Com. Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada, Cerimoniário Eclesiástico da Ordem. Será seguida de Palestra. 14 de Dezembro Missa de vésperas na Igreja do Bom Sucesso, em Pedrouços, às 19h. Às 20h realiza-se um jantar no Restaurante Commenda (Centro Cultural de Belém). No decorrer do jantar, S.E. o Lugar-Tenente vai apresentar o Relatório de Actividades de 2011 e as grandes linhas para 2012.