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Uma ampla coligação a favor da mudança Boletim do Centro Regional de Informação das Nações Unidas Bruxelas, Setembro de 2008, N.º 38 O debate geral da 63ª. Sessão da Assembleia Geral da ONU arrancou com êxito a 23 de Setembro e, a 25, os governos fundações, empresas e grupos da sociedade civil responderam ao apelo à acção com vista a reduzir a pobreza, a fome, a doença e outros males socioeconómicos até 2015, anunciando novos compromissos no valor de aproximadamente 16 mil milhões de dólares destinados a realizar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), numa reunião de alto nível realizada na sede das Nações Unidas. A reunião, disse o Secretário-Geral, “excedeu as expectativas mais optimistas”. O mais espantoso foi que os 16 mil milhões de dólares foram anunciados em tempos de crise financeira. O montante será assim distribuído: 1,6 mil milhões para reforçar a segurança alimentar, mais de 4,5 mil milhões para a educação e 3 mil milhões para combater a malária. Podemos não reduzir a pobreza para metade até 2015, mas desta vez conseguiram-se grandes avanços. (continua na página 5) Editorial - Afsane Bassir-Pour, Directora Os governos, fundações, empresas e grupos da sociedade civil que participaram na reunião responderam ao apelo à acção em prol da realização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), lançado pelo Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, anunciando novos compromissos no valor de 16 milhões de dólares. No início da reunião, convocada pelo Secretário-Geral e o Presidente da 63ª. Sessão da Assembleia Geral, Miguel d’Escoto, para identificar lacunas e novas medidas destinadas a acelerar o avanço em direcção à consecução dos ODM, Ban Ki-moon disse aos dirigentes mundiais que era tempo de “injectar uma nova dose de energia na parceria mundial para o desenvolvimento”. "Embora estejamos a avançar na direcção certa, não o estamos a fazer suficientemente depressa", declarou. “Somos a primeira geração que dispõe dos recursos, conhecimentos e competências necessárias para erradicar a pobreza”, afirmou, para a seguir sublinhar que “quando há vontade política, há progressos”. "Hoje, reforçámos a parceria mundial para o desenvolvimento", declarou Ban Ki-moon, no final do evento. "A vossa determinação em agir é manifesta. Sim, haveis mostrado o desejo de enfrentar desafios cada vez maiores. Agora, exorto-vos a avançar mais rápida e deliberadamente". Por sua vez, Miguel D’Escoto declarou que esse dia, dedicado “aos que não têm nada”, transmitiu uma mensagem de compromisso e determinação, para que todas as populações do planeta possam viver com dignidade. Reconheceu que as novas iniciativas iriam injectar nova energia, recursos e esperança nos esforços mundiais em prol da realização dos ODM, sublinhando, no entanto, que esses esforços “embora importantes, não são suficientes". (continua na página 6) Debate Geral da Assembleia Geral, sob o signo da democratização da ONU e do impacto da crise alimentar na luta contra a pobreza Reunião de Alto Nível sobre os ODM: anunciados novos compromissos no valor de 16 mil milhões de dólares Apresentando o seu relatório anual sobre a actividade da Organização, o Secretário- Geral declarou que, no momento em que o debate se inicia, o mundo enfrenta as crises financeira, energética e alimentar, às quais que acrescentar o fracasso das negociações para reformar o comércio internacional, as novas erupções de violência e de conflitos armados e a ameaça crescente das alterações climáticas. Mas existe também uma crise de um novo tipo, disse, referindo-se ao “desafio da liderança mundial”. Nesta nova ordem mundial, os desafios podem ser mais facilmente superados através da colaboração do que do confronto, sublinhou Ban Ki-moon, para quem as nações já não podem proteger apenas os seus prórios interesses ou promover o bem-estar dos seus povos, sem estabelecer parcerias com o resto do mundo. Agora é preciso fazer mais pelos três pilares da acção da ONU – os direitos humanos, a paz e segurança e o desenvolvimento. O Presidente da Assembleia Geral, Miguel D’Escoto Brockmann, afirmou que é necessário ir mais além das lamentações e das declarações de boas intenções para tomar medidas concretas susceptíveis de substituir o individualismo e o egoísmo da cultura dominante pela solidariedade. (continua na página 5) Dia Internacional da Paz celebrado em Nova Iorque com Mensageiros da Paz da ONU O Dia Internacional da Paz foi celebrado pelo Secretário-Geral Ban Ki- moon, em Nova Iorque, na sexta-feira, 19 de Setembro, na companhia dos Mensageiros da Paz da ONU Michael Douglas, Jane Goodall, Elie Wiesel e Midori Goto. Depois de ter tocado Sino da Paz, o Secretário- Geral leu uma mensagem de paz e sublinhou a importância dos direitos humanos. Apelou a que todos enviassem uma mensagem de paz, no quadro da Campanha das Nações Unidas “SMS para a paz”. Mais tarde, o Secretário-Geral e o Presidente da 63ª. Sessão da Assembleia Geral, Miguel d’Escoto, acolheram mais de 700 participantes na Conferência anual de estudantes, organizada pelo Departamento de Informação Pública e presidida pelo Secretário-Geral Adjunto Kiyo Akasaka. (continua na página 17)

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Uma ampla coligação a favor da mudança

Boletim do Centro Regional de Informação das Nações Unidas

Bruxelas, Setembro de 2008, N.º 38

O

debate geral da 63ª. Sessão da Assembleia Geral da ONU arrancou com êxito a 23 de Setembro e, a 25, os governos fundações, empresas e grupos d a s o c i e d a d e c i v i l responderam ao apelo à acção com vista a reduzir a pobreza, a fome, a doença e outros males socioeconómicos até 2015, anunciando novos compromissos no valor de aproximadamente 16 mil milhões de dólares destinados a realizar os Objectivos de

Desenvolvimento do Milénio (ODM), numa reunião de alto nível realizada na sede das Nações Unidas. A reunião, disse o Secretário-Geral, “excedeu as expectativas mais optimistas”. O mais espantoso foi que os 16 mil milhões de dólares foram anunciados em tempos de crise financeira. O m o n t a n t e s e r á a s s i m distribuído: 1,6 mil milhões para reforçar a segurança alimentar, mais de 4,5 mil milhões para a educação e 3 mil milhões para combater a malária. Podemos não reduzir a pobreza para metade até 2015 , mas des ta vez consegu iram-se grandes avanços. (continua na página 5)

Editorial - Afsane Bassir-Pour, Directora

Os governos, fundações, empresas e grupos da sociedade civil que participaram na reunião responderam ao apelo à acção em prol da realização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), lançado pelo Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, anunciando novos compromissos no valor de 16 milhões de dólares.

No início da reunião, convocada pelo Secretário-Geral e o Presidente da 63ª. Sessão da Assembleia Geral, Miguel d’Escoto, para identificar lacunas e novas medidas destinadas a acelerar o avanço em direcção à consecução dos ODM, Ban Ki-moon disse aos dirigentes mundiais que era tempo de “injectar uma nova dose de energia na parceria mundial para o d e s e n v o l v i m e n t o ” . " E m b o r a estejamos a avançar na direcção certa, não o estamos a fazer suficientemente depressa", declarou. “Somos a primeira geração que dispõe dos r e c u r s o s , c o n h e c i m e n t o s e

competências necessárias para erradicar a pobreza”, afirmou, para a seguir sublinhar que “quando há vontade política, há progressos”. "Hoje, reforçámos a parceria mundial para o desenvolvimento", declarou Ban Ki-moon, no final do evento. "A vossa determinação em agir é manifesta. Sim, haveis mostrado o desejo de enfrentar desafios cada vez maiores. Agora, exorto-vos a avançar mais rápida e deliberadamente". Por sua vez, Miguel D’Escoto declarou que esse dia, dedicado “aos

que não têm nada”, transmitiu uma mensagem de compromisso e determinação, para que todas as populações do planeta possam viver com dignidade. Reconheceu que as novas iniciativas iriam injectar nova energia, recursos e esperança nos esforços mundiais em prol da realização dos ODM, sublinhando, no entanto, que esses esforços “embora importantes, não são suficientes". (continua na página 6)

Debate Geral da Assembleia Geral, sob o signo da democratização da ONU e do impacto da crise alimentar na

luta contra a pobreza

Reunião de Alto Nível sobre os ODM: anunciados novos compromissos no valor de 16 mil milhões de dólares

Apresentando o seu relatório anual sobre a actividade da Organização, o Secretário-Geral declarou que, no momento em que o debate se inicia, o mundo enfrenta as crises financeira, energética e alimentar, às quais há que acrescentar o fracasso das negociações para reformar o comércio internacional, as novas erupções de violência e de conflitos armados e a ameaça crescente das alterações climáticas. Mas existe também uma crise de um novo tipo, disse, referindo-se ao “desafio da liderança mundial”. Nesta nova ordem mundial, os desafios podem ser mais facilmente superados através da colaboração do que do

confronto, sublinhou Ban Ki-moon, para quem as nações já não podem proteger apenas os seus prórios interesses ou promover o bem-estar dos seus povos, sem estabelecer parcerias com o resto do mundo. Agora é preciso fazer mais pelos três pilares da acção da ONU – os direitos humanos, a paz e segurança e o desenvolvimento. O Presidente da Assembleia Geral, Miguel D’Escoto Brockmann, afirmou que é necessário ir mais além das lamentações e das declarações de boas intenções para tomar medidas concretas susceptíveis de substituir o individualismo e o egoísmo da cultura dominante pela solidariedade. (continua na página 5)

Dia Internacional da Paz celebrado em Nova Iorque com Mensageiros da Paz da ONU

O Dia Internacional da Paz foi celebrado pelo Secretário-Geral Ban Ki-moon, em Nova Iorque, na sexta-feira, 19 de Setembro, na companhia dos Mensageiros da Paz da ONU Michael Douglas, Jane Goodall, Elie Wiesel e Midori Goto. Depois de ter tocado Sino da Paz, o Secretário-Geral leu uma mensagem de paz e sublinhou a importância dos direitos humanos. Apelou a que todos enviassem uma mensagem de paz, no quadro da Campanha das Nações Unidas “SMS para a paz”.

Mais tarde, o Secretário-Geral e o Presidente da 63ª. Sessão da Assembleia Geral, Miguel d’Escoto, acolheram mais de 700 participantes na Conferência anual de estudantes, organizada pelo Departamento de Informação Pública e presidida pelo Secretário-Geral Adjunto Kiyo Akasaka. (continua na página 17)

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ral Ban Ki-moon felicita China

pelo êxito dos Jogos Olímpicos

O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, felicitou a China pelo êxito dos Jogos Olímpicos. “O Secretário-Geral felicita o Governo e o povo da China pelo seu esforço e o êxito sem precedentes na organização dos Jogos Olímpicos em Beijing. A China pode estar orgulhosa de ter a c o l h i d o u m a s O l i m p í a d a s espectaculares, que reuniram atletas e pessoas do mundo inteiro para celebrar o espírito olímpico, a cooperação e a boa vontade”, afirmou.

“ O s J o g o s d e V e r ã o 2 0 0 8 proporcionaram uma importante oportunidade para promover a paz e a harmonia internacionais graças a um diálogo aprofundado e a uma compreensão mútua no seio da c o m u n i d a d e i n t e r n a c i o n a l ” , acrescentou o Secretário-Geral.

Ban Ki-moon compromete-se a mudar a ONU

A ONU tem de mudar com o mundo. Foi esta a mensagem transmitida pelo Secretário-Geral Ban Ki-moon, durante uma conferência de imprensa, dada na sede da Organização em Nova Iorque, a 11 de Setembro. “O meu ponto principal é que precisamos de mudar. O mundo muda e evolui e a ONU deve seguir esse movimento. Somos responsáveis, perante os contribuintes e perante mi lhares de funcionários trabalhadores e dedicados, por criar uma Organização mais eficaz e mais moderna e que esteja em melhores condições para enfrentar os problemas do mundo. Este ano e nos próximos, consagrarei muitos esforços a tentar mudar e reformar a maneira como a Organização funciona”, declarou. Recordando que, sempre que se lança uma reforma, esta encontra resistência, o Secretário-Geral considerou ser previsível que, dadas as diferentes tradições e culturas do pessoal da ONU, surjam algumas reticências. Reconheceu que é preciso tempo e que é, sem dúvida, por isso que a ONU não

conseguiu ainda concluir uma verdadeira reforma interna. “Não tenciono tudo revolucionar” asseverou, acrescentando, porém: “Desejo verdadeiramente que a Organização mude, que evolua”. “É preciso criar novas motivações e que o pessoal reencontre a sua criatividade e seja versátil”, insistiu. Ban Ki-moon disse, no entanto, aos jornalistas que, no seu entender, se tinham alcançado bons progressos em muitos domínios, em particular no domínio da reforma da gestão da ONU. Em resposta a um comentário sobre a suposta falta de flexibilidade das organizações do sistema das Nações Unidas, Ban Ki-moon disse ser uma pessoa muito flexível, acrescentando, contudo, que em questões de princípios é muito firme, pois pretende basear a sua actuação e o seu estilo em regras. “Quando se trabalha com um pessoal de muitas nacionalidades, há que ter um estilo de gestão que faça com que a harmonia reine. É por isso que, quando me acusam de falta de flexibilidade, me parece que isso é injusto”, insistiu. O Secretário-Geral disse levar muito a sério as críticas à Organização, algumas das quais são construtivas, e declarou ser seu dever fazer tudo o que estiver ao seu alcance para que as coisas melhorem.

Segurança da ONU depende menos de barricadas e vidros à prova de bala do que do conhecimento do papel da Organização

Usando da palavra na cerimónia comemorativa do quinto aniversário do atentado de Bagdade, organizada pelo Comité Permanente sobre a Segurança e a Independência da Função Pública Internacional, que destacou a importância da segurança do pessoal, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou: “Esforçamo-nos, todos os dias, por que o nosso pessoal trabalhe nas melhores condições, com o melhor equipamento, a protecção mais forte e as mais amplas medidas de segurança”, disse.

“Mas proteger-nos significa mais do que barricadas e vidros blindados. Temos de continuar a explicar, clara e constantemente, o que fazemos e quem somos”, sublinhou. “Temos de dizer ao mundo de uma forma estratégica por que motivo a ONU é importante e que desempenhamos um papel imparcial e objectivo onde quer que actuemos”. O atentado contra o Canal Hotel, na capital iraquiana, a 19 de Agosto de 2003, causou a morte a 22 pessoas, incluindo o Enviado da ONU para o Iraque, Sérgio Vieira de Mello, e feriu mais de 150. O ataque privou a ONU de “alguns dos seus melhores e mais corajosos funcionários”, disse o Secretário-Geral Ban Ki-moon aos presentes na reunião, entre os quais figuravam familiares das vítimas e sobreviventes do ataque.

“Eram verdadeiros heróis [...] Os seus ideais sobrevivem e, através deles, os nossos também. Durante os últimos cinco anos, a ONU continuou a ajudar os habitantes do Iraque e outras pessoas em todo o mundo que sofrem violência, doenças e miséria. Este trabalho é, com frequência, perigoso, mas tem de prosseguir. É isso que teriam querido aqueles que morreram a 19 de Agosto de 2003”, disse Ban Ki-moon. “Manteremos viva a memória dessas pessoas talentosas, altruístas, compassivas e insubstituíveis. Representam o melhor daquilo que defendemos”. O Secretário-Geral lembrou que a ONU ajudou o Iraque a organizar eleições históricas e a elaborar uma nova Constituição, em 2005, e que os organismos humanitários das Nações Unidas aumentaram a sua ajuda, quando a violência aumentou significativamente.

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ral Ban Ki-moon pede apoio para as vítimas do terrorismo

“Trata-se de um dia histórico para as Nações Unidas”, declarou o Secretário-Geral Ban Ki-moon, na abertura do primeiro Simpósio sobre o Apoio às Vítimas do Terrorismo, apelando à comunidade internacional para que tome medidas concretas para pôr em prática os seus compromissos no domínio da promoção e protecção dos direitos das vítimas de terrorismo.

O Simpósio, convocado pelo Secretário-Geral, teve lugar uma semana depois de um debate da Assembleia Geral sobre a Estratégia Mundial de Luta contra o Terrorismo da ONU e foi marcado pelos depoimentos emotivos e corajosos de vítimas do terrorismo e as intervenções de peritos e de actores da sociedade civil. Os participantes na iniciativa sublinharam a necessidade de reforçar o estatuto jurídico das pessoas e populações afectadas pela violência terrorista.

Ban Ki-moon, para quem o terrorismo constitui um “flagelo que ataca a própria humanidade”, prestou homenagem às 18 vítimas de ataques terroristas que lhes deixaram cicatrizes físicas e mentais e que aceitaram dar o seu testemunho, bem como aos 10 peritos que tentam compreendê-las e ajudá-las.

Lembrou que, pela sua diversidade, os participantes mostram que o terrorismo não faz discriminação entre as vítimas e que representam as centenas de milhares de pessoas no mundo que sofreram o terrorismo.

“De Bali a Beslam e a Bombaim, de Argel a Badgade e a Casablanca, de Cabul a Riade e a Nairobi, de Londres a Nova Iorque, de Madrid a Istambul, de Islamabade a Jerusalém e a Dar-es-Salaam, cada acto terrorista recorda-nos que o terrorismo é um fenómeno mundial, que visa todos os grupos étnicos, religiões, nacionalidades e civilizações”, sublinhou o Secretário-Geral.

Ban Ki-moon disse que o objectivo do Simpósio era, acima de tudo, “reforçar a solidariedade da comunidade internacional com as vítimas, melhorar a nossa

compreensão das suas necessidades e saber como é que os governos, a ONU e a sociedade civil poderiam melhorar o seu apoio”. Trata-se de um dos objectivos definidos na Estratégia Mundial, adoptada por unanimidade em 2006, e que apela a que se ponha fim à “desumanização das vítimas”.

Ingrid Betancourt, responsável política franco-colombiana que foi libertada a 2 de Julho de 2008, após seis anos em poder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), considerou que “o maior perigo para uma vítima do terrorismo era o esquecimento”.

Ao longo de uma longa declaração, em que prestou homenagem a antigos reféns e a vítimas de ontem e de hoje do terrorismo mundial, Ingrid Betancourt sublinhou que era dever da comunidade internacional reconhecer um estatuto jurídico particular às vítimas de terrorismo. Isso permitiria centralizar a informação sobre as vítimas, a fim de que se possa dar um rosto a todas essas pessoas e de que possam beneficiar da ajuda de governos, de ONG ou de indivíduos. Na sua opinião, mostrar ao maior número possível de pessoas essa realidade, tantas vezes escondida, é o melhor meio de combater o esquecimento e o abandono.

Em segundo lugar, se uma pessoa for reconhecida oficialmente como vítima do terrorismo pelas Nações Unidas, poderá beneficiar do apoio de um Estado, de um município ou de uma organização. Nesse contexto, todos os Estados-membros deveriam ser incentivados a elaborar legislação com vista a reforçar a protecção das famílias e despertar as consciências para a causa das vítimas.

Ingrid Betancourt declarou também que era importante que a justiça tivesse a última palavra em relação aos terroristas. Apelou aos Estados para que escolhessem o diálogo e a vida, para além de qualquer consideração política. Se a vida e a liberdade de um ser humano exigem que se estabeleça um diálogo, é preciso que esse diálogo aconteça, mesmo com os terroristas. Acrescentou, porém, que a negociação nunca deveria conduzir à impunidade.

Considerou também que os meios de comunicação não deviam, sob pretexto algum, hesitar em falar das vítimas ou dos reféns, com receio de fazer o jogo dos terroristas. “É preciso criar as condições necessárias para que a morte de cada ser humano tenha um preço extraordinariamente elevado

para os terroristas”, afirmou. Por último, destacou igualmente a ligação entre o financiamento do terrorismo e o tráfico de drogas, de armas e de seres humanos.

Usando da palavra no Simpósio, o Presidente da Assembleia Geral, Srgjan Kerim, disse que “foi precisamente o sofrimento humano, a violência absurda, o olhar triste e impossível de esquecer das vítimas que nos incitou a agir”. Afirmou que a comunidade internacional pode mostrar a sua solidariedade com as vítimas condenando “inequívoca e continuamente” todos os actos de terrorismo, independentemente da sua motivação. “Não devemos deixar qualquer dúvida de que esses actos são criminosos e repreensíveis”, acrescentou.

Srgjan Kerim declarou que se pode e deve recorrer à ONU para harmonizar os esforços internacionais contra o terrorismo.

Ver também comunicado de imprensa SG/2142 (em inglês)

MENSAGENS DO SECRETÁRIO-GERAL

Dia Internacional da Alfabetização

(8 de Setembro)

Dia Internacional da Democracia

(15 de Setembro)

Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozono

(16 de Setembro)

Dia Internacional da Paz

(21 de Setembro)

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Assembleia Geral termina 62ª. Sessão - “Precisamos de mais ONU e não de menos ONU”

A Assembleia Geral concluiu, na noite de 15 de Setembro, os trabalhos da sua 62ª. segunda sessão, decidindo realizar na próxima sessão, o mais tardar até 28 de Fevereiro de 2009, negociações intergovernamentais “de boa fé” e “de forma aberta, inclusiva e transparente” sobre a reforma do Conselho de Segurança. Fazendo o balanço da 62ª. sessão, o seu Presidente, Srgjan Kerim (ex-República Jugoslava da Macedónia), lembrou que o desempenho da Assembleia dependia dos Estados-membros. “As questões com que somos confrontados são mundiais e exigem uma acção mundial”, declarou. “Se há um ensinamento a retirar da 62ª. sessão é que precisamos de um multilateralismo mais eficaz, de mais ONU e não de menos ONU”, acrescentou Srgjan Kerim, antes de passar a presidência ao seu sucessor, Miguel d’Escoto Brockmann (Nicarágua).

Na opinião de Srgjan Kerim, “só poderemos respeitar o nosso mandato, se, juntos, continuarmos a lutar para enfrentar as questões contemporâneas e as novas tendências que surgem”. “É a melhor maneira de melhorar a autoridade da Assembleia”, disse. O Presidente mencionou “progressos sérios, consideráveis e duradouros” no que se refere às cinco prioridades que fixou no início da sessão, a saber, as alterações climáticas, o financiamento do desenvolvimento, os

Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), a luta contra o terrorismo e uma melhor gestão e maior eficácia da Organização. “No decurso desta sessão, demonstrámos que, quando a Assembleia Geral, dá a orientação estratégica política e o Secretário-Geral utiliza todo o peso do sistema das Nações Unidas, podemos fazer mais do que a soma das partes”, declarou Srgjam Kerim. Ver também comunicado de imprensa GA/10743 (em inglês)

Novo Presidente da Assembleia Geral apela à democratização da ONU

Na abertura da 63ª. Sessão da Assembleia Geral, o novo Presidente deste órgão apelou à democratização das Nações Unidas, para que possam enfrentar de uma forma mais eficaz os problemas mais prementes do mundo e assegurar que as vozes de uns quantos não se sobreponham às opiniões da maioria.

No seu discurso de abertura, Miguel d’Escoto Brockmann, antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros da Nicarágua, prometeu dedicar o seu ano como Presidente a representar os interesses dos “espoliados do mundo” e a fomentar a solidariedade entre os povos e os Estados-membros. “Tenho consciência das grandes esperanças que a grande maioria dos habitantes desfavorecidos do nosso ameaçado planeta depositou nas Nações Unidas”, disse. “Não podemos desiludi-los”.

Para o novo Presidente, o principal objectivo desta sessão será democratizar as Nações Unidas.

“A situação em que o mundo se encontra hoje é deplorável, injustificável e, por conseguinte, vergonhosa. Aquilo que Tolstoi denunciou como ‘egoísmo louco’ explica por que razão se gastam biliões de dólares em guerras de agressão, enquanto mais de metade da população mundial definha, no meio da fome e da miséria”, declarou.

O Presidente disse que, durante a sessão, os membros da Assembleia deveriam centrar-se na análise das principais causas dos grandes problemas, como a actual crise causada pela subida em flecha dos preços de muitos produtos alimentares, e do seu efeito na fome e na pobreza.

A 63ª. sessão deve ser uma oportunidade para atacar as causas profundas que limitam a capacidade institucional da Assembleia Geral. Miguel d’Escoto denunciou a tendência crescente para privar a Assembleia de qualquer poder real, a relegação do Conselho Económico e Social (ECOSOC) à condição de órgão periférico e a transferência de poderes cada vez mais alargados para o Conselho de Segurança e as instituições de Bretton Woods.

O primeiro princípio das Nações Unidas é a igualdade soberana de todos os Estados-membros, lembrou Miguel d’Escoto, que apontou como segundo princípio a obrigação de respeitar a Carta das Nações Unidas. Ora, acusou, “o direito de veto parece ter subido à cabeça dos membros permanentes do Conselho de Segurança, ao ponto de os levar a acreditar, no meio da confusão que

reina no seu espírito, que podem agir como lhes aprouver, sem se preocuparem com as consequências”.

Sobre a crise alimentar, o Presidente disse estar convencido de que, no cerne do problema da fome, está o das desigualdades do poder de compra em cada país e entre países. Em vez de se concentrarem os esforços no aumento da produção de alimentos, preconizou que se reduzissem as desigualdades existentes no sistema mundial de produção.

Para o Presidente da Assembleia Geral, é altura de abordar abertamente questões como as distorções do mercado causadas pelos subsídios agrícolas, as consequências da especulação nos mercados a curto prazo, as repercussões das alterações climáticas e a produção de biocombustíveis. Apontou ainda a questão do modelo de desenvolvimento “problemático” imposto aos países em desenvolvimento pelo Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial.

Entre as outras questões sobre as quais a Assembleia se debruçará mencionou o direito de acesso à água, a ligação entre a luta contra o terrorismo e os direitos humanos, o controlo nuclear e o desarmamento, o tráfico de seres humanos, a situação da Palestina, a ajuda humanitária e a igualdade de género.

Ver também comunicado de imprensa GA/10744 (em inglês)

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Reconheceu as numerosas iniciativas louváveis das Nações Unidas, mas considerou que, em relação ao objectivo primordial – eliminar a guerra, obter o desarmamento e garantir a segurança internacional – a Organização falhou claramente. Os prementes problemas criados pelo homem – alterações climáticas, tendência para privatizar a água, a corrida aos armamentos, o terrorismo, o tráfico de seres humanos, a situação na Palestina, a desigualdade de género, as crianças em circunstâncias difíceis, nomeadamente em situações de conflito armado e a fome e a pobreza no mundo – podem estar ligados à falta de democracia nas Nações Unidas. Miguel d’Escoto lamentou que as decisões que podem ter consequências mais graves já não passem pela Assembleia Geral, cujas resoluções são consideradas como simples recomendações e ignoradas “com desenvoltura”, e apelou a todos os dirigentes presentes para que respeitem o princípio da igualdade soberana de todos os Estados-membros e respeitem as suas obrigações nos termos da Carta das Nações Unidas. Falando em nome da União Europeia, o Presidente de França, Nicolas Sarkozy, disse que, num momento em que o mundo enfrenta tantas dificuldades, a comunidade i n t e r n a c i o n a l d e v i a a s s um i r a responsabilidade política e moral de agir. Considerando que não é possível governar o mundo no século XXI com as instituições do

século XX, reafirmou a vontade de modernizar as instituições e declarou que o alargamento do Conselho de Segurança e do Grupo dos Oito era não só uma questão de justiça mas também uma condição necessária para agir de uma forma responsável. Lembrando que os desafios globais implicam uma responsabilidade colectiva, o Presidente da República Portuguesa, Aníbal Cavaco Silva, afirmou que as Nações Unidas são “o fórum em que essa responsabilidade melhor se corporiza”. “Num mundo globalizado e interdependente, só instituições multilaterais fortes poderão promover os valores fundamentais da paz, da democracia, dos direitos humanos e do desenvolvimento sustentável”, defendeu. Aníbal Cavaco Silva enunciou três pressupostos essenciais: dar à ONU os meios necessários para cumprir a sua m i s s ã o , a s s e g u r a r u m a m a i o r representatividade nos seus órgãos e garantir o cumprimento das declarações sobre direitos humanos. “Será razoável continuarmos a ter um Conselho de Segurança sem uma reforma dos seus métodos de trabalho, em que países como o Brasil e a Índia não têm um lugar permanente e em que África não tem representação com esse estatuto?”, perguntou. Declarou que África deve continuar a merecer uma atenção prioritária, apontando como objectivos essenciais “a paz, o

desenvolvimento sustentável, o acesso à educação e à saúde e à integração das economias africanas nos mercados internacionais”. Afirmou que a recente Cimeira de Lisboa, em que Portugal assumiu a presidência da CPLP, confirmou a determinação dos seus membros na promoção da paz, da democracia, dos direitos humanos e do desenvolvimento e permitiu a definição de uma estratégia de afirmação internacional da Língua Portuguesa, uma “afirmação que deverá conduzir a que o Português se constitua, cada vez mais, como língua oficial ou de trabalho de organizações internacionais”. O Presidente de Portugal reafirmou a necessidade de implementar a Estratégia Mundial contra o Terrorismo, esse “inimigo comum” e disse que era preciso preciso fazer “muito mais” para combater “outro inimigo comum, mais lento mas igualmente destrutivo” – a fome e a pobreza extrema.

Debate Geral da Assembleia Geral (continuação)

Este ano, as Nações Unidas organizaram pela décima vez a Cerimónia Anual dos Tratados, de 23 a 25 de Setembro e a 29 de Setembro e 1 de Outubro, em simultâneo com o debate geral da Assembleia. Intitulado “Participação e Aplicação Universais – Dignidade e Justiça para Todos”, o evento recorda o tema do 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Dado que em 2008 se comemora o Ano Internacional do Planeta Terra, o Ano Internacional do Saneamento e o Ano Polar Internacional, é também dado destaque a tratados que reforçam a ligação entre a protecção do ambiente e a promoção dos objectivos de desenvolvimento. Para informações sobre a participação dos Estados, queira visitar http://treaties.un.org

Países convidados a assinar, ratificar ou aderir a tratados

Entretanto, aqui em Bruxelas, temos vindo a reunir a nossa ampla coligação a favor dos direitos humanos. Temos trabalhado em estreita cooperação com a Comissão Europeia, o Parlamento Europeu e o Alto Comissariado para os Direitos Humanos para organizar a primeira grande conferência interinstitucional destinada a celebrar o 60º. Aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. A conferência, que decorrerá a 7 e 8 de Outubro no Parlamento Europeu, dará a palavra a defensores dos direitos humanos de todo o mundo. A nova Alta-Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navenethem Pillay, o Vice-Presidente da Comissão Europeia, Jacques Barrot, o Presidente do Parlamento, Hans Pöttering, e o Ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Bernard Kouchner, contam-se entre as altas personalidades convidadas. Mas as verdadeiras estrelas são os defensores dos direitos humanos que tomarão a palavra durante o evento. A conferência será também uma excelente ocasião para o UNRIC e a UE

apresentarem alguns dos projectos mais espectaculares divulgados no sítio Web KnowYourRights2008. Em primeiro lugar, o filme Stories on Human Rights, um projecto extraordinário que juntou alguns dos mais talentosos realizadores do mundo em torno dos direitos humanos. Mas também Six Billion Others, o projecto de Yann Arthus-Bertrand, com os seus milhares de testemunhos de habitantes de todo o planeta, The Blue Cape for Human Rights, de Nicola L., e World Voices, de Brenda Rey. E tudo isto será ilustrado em tempo real por dois Caricaturistas para a Paz, Plantu e Dilem. Daremos mais notícias sobre a conferência no próximo número deste boletim, mas a partir de 1 de Outubro pode visitar o sítio Web especial que o UNRIC dedicou à conferência em www.DefenderTakeTheFloor.org. Debate geral da 63ª.... realmente, o tempo voa: ainda me lembro de cobrir o debate geral da 43ª. para Le Monde, em Nova Iorque... e, acreditem, não foi tão interessante como esta ampla coligação.

Editorial (continuação da página 1)

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A Assembleia Geral da ONU adoptou uma “Declaração Política sobre as Necessidades de África em Matéria de Desenvolvimento”, que reafirma as necessidades especiais do continente. Os Estados-membros da ONU declaram-se preocupados pelo facto de, ao ritmo actual, o compromisso de duplicar a ajuda a África até 2010, assumido na cimeira do G-8 de Gleneagles, não ser cumprido. “Apelamos ao cumprimento de todos os compromissos em matéria de ajuda pública ao desenvolvimento, incluindo os assumidos por numerosos países de afectar 0,7% do seu PIB à ajuda pública ao desenvolvimento até 2015”, afirmam os Estados-membros, na declaração. Dizem-se preocupados pelo facto de “a percentagem da economia mundial que corresponde a África ser apenas 2%” e comprometem-se a “redobrar os esforços” para levar a bom termo o ciclo de

negociações de Doha sobre o comércio internacional, sublinhando o papel do comércio no crescimento económico. O Presidente da Assembleia Geral apelou aos países ricos para que “redobrem os esforços para que a ajuda pública ao desenvolvimento, que passou de 0,33 do seu PIB, em 2005, para 0,28%, em 2007, se aproxime do compromisso de 0,7% assumido na Cimeira de Monterrey. Por sua vez, o Secretário-Geral Ban Ki-moon precisou que serão necessários 72 mil milhões de dólares por ano de financiamento externo para realizar os ODM. Esta soma parece elevada, mas não é irrealista, tendo em conta que, no ano passado, os países da OCDE gastaram 267 mil milhões de dólares em subsídios agrícolas. “A integração de África na economia mundial deve também ser garantida”,

sublinhou o Presidente da Assembleia Geral. Miguel d’Escoto apelou à transferência de tecnologias necessárias à segurança alimentar e à adaptação às “consequências devastadoras das alterações climáticas”. O princípio da responsabilidade partilhada mas diferenciada, no que se refere ao desenvolvimento sustentável, coloca os países desenvolvidos perante “uma obrigação moral e jurídica de respeitar os seus compromissos”, disse. Para mais informações Ver também “Parceiros de África devem respeitar compromissos, declaram dirigentes dos países reunidos na ONU” Africa’s Development Needs (toda a informação em inglês)

Reunião de Alto Nível sobre os ODM (continuação da página 1)

"A única maneira de atenuarmos o sofrimento das pessoas pobres do mundo consiste em criar um sistema económico internacional sólido e justo", afirmou o Presidente da Assembleia Geral, exortando os participantes a trabalharem no sentido de fazer avançar o ciclo de negociações de Doha sobre a liberalização do comércio, que chegou a um impasse. "Em última análise, todos os países são responsáveis pelo seu próprio desenvolvimento. Mas todos devem ter oportunidades equitativas de o alcançar". No entanto, Miguel d’Escoto reconheceu que haviam sido efectuados grandes progressos na reunião. "Temos de avançar em parceria, porque juntos conseguimos alcançar muito mais do que qualquer país ou organização pode fazer só por si", declarou. Na reunião, Ban Ki-moon propôs que fosse realizada uma cimeira sobre os ODM, em 2010, destinada a efectuar uma nova avaliação do desempenho dos doadores em matéria de cumprimento dos compromissos assumidos. Miguel d’Escoto apoiou a proposta do Secretário-Geral, precisando que seria uma oportunidade para galvanizar os esforços e

as acções a realizar durante os cinco anos que precedem o final do prazo fixado para a consecução dos ODM (2015). Sublinhou também que a ONU deveria reforçar o seu papel em matéria de desenvolvimento e chamou especialmente a atenção para o domínio da saúde, que exige que sejam t o m a d a s m e d i d a s r a p i d a m e n t e , nomeadamente no que se refere à saúde materna e infantil. O Presidente da Assembleia anunciou que o Secretário-Geral e ele próprio haviam decidido fazer da saúde mundial uma prioridade e que lançariam uma iniciativa nesse campo.

Usando da palavra durante a reunião, José Manuel Durão Barroso, Presidente da Comissão Europeia, disse que todos os dirigentes deviam explicar como é que a comunidade internacional pensava facilitar a realização dos ODM. “Caso contrário, a comunidade internacional terá de explicar por que não alcançou estes objectivos ambiciosos mas realizáveis”, disse. Durão Barroso, que lembrou que a comunidade internacional sabia o que havia a fazer, mas que o primeiro passo para alcançar os ODM era prestar mais ajuda e uma ajuda mais eficaz aos países que dela necessitam. Numa conferência de imprensa realizada no final da reunião, o Secretário-Geral afirmou: "Hoje fizemos algo de especial. Formámos uma ampla coligação a favor da mudança". O encontro "excedeu as expectativas mais optimistas", declarou, acrescentando que o

evento conseguira gerar compromissos no valor de aproximadamente 16 mil milhões de dólares, incluindo 1,6 mil milhões para reforçar a segurança alimentar, mais de 4,5 mil milhões para a educação e 3 mil milhões para combater a malária. "A concretizar-se, esta expressão de empenhamento mundial é ainda mais notável, por surgir num contexto de crise financeira", disse Ban Ki-moon, que afirmou recentemente, num relatório, que os aumentos dos preços dos alimentos e dos combustíveis e o abrandamento económico mundial estão a dificultar o avanço em direcção à consecução das metas de luta c o n t r a a p o b r e z a a c o r d a d a s internacionalmente. Para mais informações sobre os compromissos assumidos na reunião (em inglês)

Reunião de Alto Nível sobre as Necessidades de Desenvolvimento de África – Países ricos exortados a respeitar compromissos

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Assembleia Geral celebra primeiro Dia Internacional da Democracia

O Dia Internacional da Democracia foi celebrado pela primeira vez pela Assembleia Geral a 15 de Setembro. Na cerimónia participaram, além do Secretário-Geral Ban Ki-moon, o Presidente da Assembleia Srgjan Kerim, o antigo Presidente do Chile e Enviado Especial do Secretário-Geral para as Alterações Climáticas, Ricardo Lagos, o Presidente da Sexta Conferência Internacional sobre Democracias Novas ou Restabelecidas, Nassir Abdelaziz Al-Nasser (Catar) e o Presidente da Comunidade das Democracias, João Salgueiro (Portugal). No seu discurso, o Secretário-Geral afirmou: “A experiência demonstrou, repetidamente, que a democracia é uma condição essencial da realização dos nossos objectivos fundamentais que são a paz, o respeito pelos direitos humanos e o desenvolvimento”. “As democracias sólidas não fazem guerra umas às outras. Os direitos humanos e o Estado de direito são mais protegidos nas sociedades democráticas. E é mais provável que o desenvolvimento se consolide, se a população tiver capacidade de influir na maneira como é governada e puder beneficiar dos frutos do progresso”, insistiu. Srjan Kerim considerou que a renovação da cultura das relações internacionais, que defendeu no início da sua presidência, podia

emancipar os povos, consagrar a democracia como princípio internacional e promover uma representação equitativa de todos os Estados. Retomando a noção de representatividade, o Representante do Catar declarou que esse Dia era de uma importância crucial para os povos e culturas do mundo inteiro. Evocando a longa e difícil transição do seu país para a democracia, Ricardo Lagos sublinhou a importância de os Chilenos compreenderem que recuperar a democracia exigia trabalho árduo, paciência e crescimento económico acelerado e equitativo. Por sua vez, o Representante de Portugal, João Salgueiro, explicou que não existe um modelo paradigmático de democracia que convenha a todos os países, sociedades ou culturas. Considerou, no entanto, que a governação não podia ser verdadeiramente democrática na ausência de eleições livres e justas, de liberdade de imprensa, de divisão estrita dos poderes, de um governo responsável, da protecção dos direitos humanos e da garantia de participação de todos os cidadãos, em pé de igualdade. Expressou a esperança de que o Dia Internacional ajudasse a comunidade internacional a não perder de vista a

necessidade de apoiar a democratização, de desenvolvimento e de respeito pelos direitos humanos e as liberdades fundamentais. A melhor maneira de os Estados honrarem a democracia consiste, porém, a seu ver, em se manterem fiéis aos compromissos assumidos.

A democracia e as Nações Unidas

Usando da palavra na abertura de um debate da Assembleia Geral sobre a Estratégia Mundial de Luta contra o Terrorismo, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, salientou o facto de a cooperação multilateral ser essencial para combater o terrorismo e invocou três grandes princípios que devem orientar esta cooperação antiterrorista. Em primeiro lugar, disse ser sua opinião que as operações militares raramente conseguem desmantelar realmente os grupos terroristas. Na maioria dos casos, outros factores, como o reforço da acção policial e a adopção de meios de acção não violentos, revelam-se mais eficazes. Em seguida, preconizou o desenvolvimento de esforços multilaterais em estreita cooperação com as organizações regionais e sub-regionais e com a sociedade civil. Finalmente, defendeu uma abordagem colectiva, a fim de permitir às Nações Unidas dar resposta à imensidão das necessidades e de dar maior peso aos esforços multilaterais lançados no âmbito da Estratégia. O Secretário-Geral insistiu ainda na

necessidade de se respeitarem as obrigações que incumbem à comunidade internacional no que se refere ao respeito pelos direitos humanos, os direitos dos refugiados e o direito humanitário, sempre no quadro da aplicação da Estratégia acima citada. Por seu lado, o Presidente da Assembleia Geral, Srgjan Kerim, afirmou que um dos desafios que se colocam é promover o diálogo intercultural e religioso e a noção de segurança humana, bem como realizar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), a fim de se criar um ambiente favorável para um combate eficaz contra o terrorismo. No segundo dia da reunião, a Assembleia adoptou por consenso uma resolução, pela qual os Estados-membros reafirmam a Estratégia e os seus quatro pilares, bem como a sua responsabilidade primordial pela sua aplicação. A Assembleia pediu aos Estados que ainda o não fizerem que considerem a possibilidade de se tornarem

partes nos instrumentos internacionais contra o terrorismo e que envidassem todos os esforços para concluir uma convenção global contra o terrorismo internacional. A Assembleia reafirmou também a necessidade de intensificar a cooperação internacional no combate ao terrorismo, recordando o papel da ONU na promoção da cooperação internacional e do reforço de capacidades como um dos elementos da Estratégia.

Ver também comunicado de imprensa GA/10738

Assembleia Geral adopta resolução que reafirma necessidade de aplicar Estratégia de Luta contra o Terrorismo  

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Relatório da ONU comprova importantes progressos na redução da dívida dos países mais pobres, mas comércio e ajuda continuam a ser

obstáculos importantes à realização de ODM

A 4 de Setembro, foi lançado o relatório Delivering on the Global Partnership for Achieving the Millennium Development Goals, elaborado pelo Grupo de Reflexão sobre o Atraso na Realização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, nomeado pelo Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon. “O ano de 2008 deveria assinalar um ponto de viragem nos progressos com vista à realização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio”, disse o Secretário-Geral. “Este relatório é um alerta. Dá uma visão geral dos domínios em que a comunidade internacional cumpre os seus compromissos e daqueles em que temos de redobrar os nossos esforços, na segunda metade do período fixado para a consecução dos ODM. Este documento constituirá uma ferramenta muito útil”. Embora os países doadores tenham reforçado a sua ajuda pública ao desenvolvimento (APD), desde 2000, os fluxos de ajuda diminuíram, nos últimos anos. Baixaram 4,7%, em 2006, e mais 8,4%, em 2007. Em 2005, na Cimeira do G-8 em Gleneagles, os países doadores prometeram um aumento da ordem dos 50 mil milhões de dólares, até 2010, do total de APD anual destinado aos países em desenvolvimento, mas a ajuda tem ficado aquém do prometido. A ruptura das negociações sobre comércio do Ciclo de Doha, em Julho, constitui um revés importante para os países em desenvolvimento que procuram beneficiar das crescentes

oportunidades para reduzir a pobreza oferecidas pelo mercado mundial. Segundo o relatório, apenas 79% das exportações dos países menos avançados (PMA) beneficiam de acesso isento de direitos aduaneiros aos mercados dos países desenvolvidos. Estamos longe do objectivo de 97%, fixado em 2005. Os subsídios agrícolas foram também um dos grandes obstáculos ao êxito do Ciclo de Doha. A redução da dívida foi ou será concedida a 33 dos 41 países que cumprem os requisitos, o que representa a anulação de mais de 90% da sua dívida externa. São, porém, necessárias mais medidas para assegurar a redução da dívida dos restantes oito países e para ajudar outros a melhorarem a gestão da dívida, a fim de evitar que voltem a cair no sobreendividamento. Em 2006, 52 países em desenvolvimento gastaram mais no serviço da dívida do que na saúde pública e dez canalizaram mais verbas para esse fim do que para a educação. A prática que consiste em “ligar” a ajuda (de modo que os beneficiários sejam obrigados a comprar bens e serviços aos países doadores) diminuiu acentuadamente desde 2001, segundo o relatório. Mas muitos critérios relativos à qualidade da ajuda (em especial a sua previsibilidade e a sua coerência com as prioridades nacionais dos países em desenvolvimento) devem ainda ser melhorados.

O acesso aos medicamentos essenciais para lutar contra o VIH/SIDA, a malária e a tuberculose melhorou, mas estes continuam a ser claramente insuficientes tanto no sector público como no privado e, dadas as enormes diferenças de preços, não se encontram geralmente ao alcance dos pobres. Em geral, o relatório ressalta a necessidade de acções de grande alcance com vista à realização do ODM 8, que insiste na parceria mundial que deverá apoiar os outros sete objectivos definidos na Declaração do Milénio, se se quiserem alcançar as metas antipobreza. Para mais informações

Progressos na realização dos objectivos da ONU ate’ 2015

em matéria de luta contra a pobreza estão ameaçados

O mundo realizou progressos significativos e sustentados no que se refere à redução da pobreza extrema, anunciaram, a 11 de Setembro, as Nações Unidas, mas estes estão agora a ser postos em causa pela subida dos preços, em especial dos alimentos e do petróleo, e pelo abrandamento económico mundial. Desde 2002, segundo o Millennium Development Goals Report 2008 da ONU, o aumento dos preços dos minérios e produtos agrícolas de base contribuiu para uma aceleração notável do crescimento económico em todas as regiões em desenvolvimento. No entanto, muitos

países em desenvolvimento enfrentam agora facturas de importação de alimentos e petróleo mais elevadas, que põem em risco o seu crescimento. Estimativas mais acuradas do Banco Mundial sobre a pobreza indicam que o número de pobres no mundo em desenvolvimento é mais elevado do que se pensava anteriormente, ascendendo a 1,4 mil milhões de pessoas. As novas estimativas confirmam, porém, que, entre 1990 e 2005, o número de pessoas que viviam em situação de pobreza extrema baixou – de 1,8 para 1,4 mil milhões – e que a taxa mundial de pobreza de 1990 deverá ser reduzida para metade, até 2015. Estes dados globais ocultam, porém, grandes disparidades entre regiões. A maior parte da redução verificou-se no Leste Asiático, em especial na China. Outras regiões registaram reduções em muito menor escala da taxa de pobreza e apenas uma descida modesta do número de pobres. Na África Subsariana e na Comunidade de Estados Independentes, o número de pobres aumentou, entre 1990 e 2005. O relatório diz ser de prever que os actuais preços elevados dos alimentos invertam a anterior tendência mundial para uma descida e

lancem muitas pessoas na pobreza, em especial na África Subsariana e no Sul da Ásia, que são já as regiões onde há maior número de pessoas a viver na pobreza extrema. “A situação de desenvolvimento basicamente favorável, que tem predominado desde os primeiros anos desta década e que, até este momento, contribuiu para os êxitos alcançados, encontra-se agora ameaçada,” declara o Secretário-Geral Ban Ki-moon, no prefácio do relatório. “O abrandamento económico irá diminuir os rendimentos dos pobres, a crise alimentar irá aumentar o número de pessoas com fome no mundo e lançar mais alguns milhões de seres humanos na pobreza, e as alterações climáticas terão um impacto desproporcional sobre os pobres,” disse o Secretário-Geral. “Não podemos permitir que a necessidade de dar resposta a estas preocupações, por mais prementes que sejam, nos desvie dos esforços a longo prazo para realizar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. Pelo contrário, a nossa estratégia terá de ser mantermo-nos centrados nos ODM, ao mesmo tempo que enfrentamos estes novos desafios.” Para mais informações

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Chefe da MINURCAT deseja transição fluida

da EUFOR para possível força militar da ONU

O Representante Especial do Secretário-Gera l , Victor Ângelo, apresentou, a 19 de Setembro, ao Conselho de Segurança, o último relatório sobre a Missão das Nações Unidas na República Centro-a f r i c ana e no Chade (MINURCAT), no qual o Secretário-Geral propõe que aquele órgão pondere a criação de uma força militar da ONU, cujo efectivo deveria somar no máximo 6000 elementos, destinada a substituir a EUFOR, depois de Março de 2009. No caso de o Conselho de Segurança vir a aprovar as recomendações do Secretário-G e r a l , V i c t o r  n g e l o manifestou o desejo de que a transição da EUFOR para uma componente mi l i tar da MINURCAT seja “o mais fluida possível”.

Victor Ângelo, que é também Che fe da MINURCAT, descreveu a situação no Chade como “frágil” e considerou a da República Centro-africana “volátil”. Por outro lado, sublinhou que a inclusão de uma componente militar da MINURCAT só seria eficaz se a Missão tivesse também como mandato “colaborar com os diversos actores chadianos para combater as causas subjacentes da insegurança que i m p e d e m o r e g r e s s o voluntário, em condições seguras, dos refugiados e dos deslocados”. A 24 de Setembro, o Conselho de Segurança prorrogou o mandato da MINURCAT por mais seis meses e pediu ao S e c r e t á r i o - G e r a l q u e acelerasse a conclusão do envio de elementos da mesma. Expressou também a sua intenção de autorizar o envio de uma componente militar da ONU para substituir a EUFOR.

As conversações que tiveram lugar entre os líderes cipriota grego e cipriota turco com vista à reunificação de Chipre, a 17 e 18 de Setembro, tiveram um início frutuoso, disse Alexander Downer, Assessor Especial do Secretário-Geral para Chipre.

O líder cipriota grego, Demetris Christofias, e a líder cipriota turco, Mehmet Ali Talat, iniciaram as conversações abordando os temas da governação e de partilha do poder, no contexto das negociações plenas que visam alcançar um acordo global de resolução do conflito na ilha mediterrânica de Chipre, que se arrasta há décadas.

“Ambos os l íderes têm desenvolvido esforços para fazer progredir o processo negocial a um ritmo apropriado”, disse o

Assessor Especial do Secretário-Geral sobre Chipre, que qualificou as conversações de frutuosas, mas disse haver ainda “um longo caminho a percorrer”, uma vez que “este é apenas o começo do processo negocial”.

Numa conferência em Nova Iorque, a 17 de Setembro, o Secretário-Geral da ONU disse aos jornalistas que se sentia animado com os avanços alcançados e o papel das Nações Unidas como facilitador das negociações. Ban Ki-moon também instou os líderes das d u a s c o m u n i d a d e s a “aproveitarem o impulso” do p r o c e s s o e m c u r s o , demonstrando flexibilidade e bom senso nas negociações.

A 18 de Setembro, os dois líderes – Demetris Christofias e Mehmet Ali Talat -- acordaram em retomar as negociações sobre ambas as questões acima mencionadas a 8 de Outubro.

Negociações “frutuosas” sobre Chipre

A China, a República Popular Democrática da Coreia (RPDC), o Egipto, a Índia, a Indonésia, o Irão, Israel, Paquistão e os Estados Unidos foram instados a ratificar sem demora o Tratado que proíbe os ensaios nucleares, permitindo, assim, a sua entrada em vigor. “Desde que foi aberto à assinatura, faz hoje 12 anos, o Tratado de Proibição Total de Ensaios Nucleares (CTBT) r e g i s t o u u m a a d e s ã o praticamente universal (…) mas, a p e s a r d o s p r o g r e s s o s alcançados, das 44 ratificações necessárias, faltam ainda 9. É u m a f o n t e d e g r a n d e preocupação”, af irmou o Secretário-Geral Ban Ki-moon, du ran te uma ce r imón i a convocada pela Austrália, Áustria, Costa Rica, Finlândia e Países Baixos, que teve lugar a 24 de Setembro.

O Secretário-Geral saudou a recente ratificação por Barbados, Colômbia, Malásia e, mais recentemente, o Iraque. Ban Ki-moon sublinhou também que a redução do arsenal nuclear reduziria o risco de os terroristas o poderem utilizar e apelou a que se façam progressos relativamente ao T r a t a d o s o b r e a N ã o Pro l i f e ração das Armas Nucleares (TNP). “ Os ensaios nucleares são uma ameaça, é para isso que servem, mas não devem continuar a fazer parte da linguagem política actual” declarou a Ministra dos Negócios Estrangeiros da Áustria, Ursula Plassnik, durante uma conferência de imprensa em Nova Iorque. Para mais informações

Nove países exortados a ratificar o Tratado que proíbe ensaios nucleares

Fundo para a Consolidação da Paz é um instrumento estratégico único

O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou, num relatório publicado a 3 de Setembro, que o Fundo para a Consolidação da Paz se tornou um instrumento estratégico único, capaz de assumir riscos e de desempenhar um papel catalisador no apoio à consolidação da paz. Até ao presente, o Fundo conseguiu reunir mais de 269 milhões de dólares em anúncios de contribuições provenientes de 44 doadores, ultrapassando, assim, o objectivo dos 250 milhões de dólares que fora fixado, sublinhou Ban Ki-moon. O Fundo apoia as iniciativas de consolidação da paz nos quatro países seleccionados pela Comissão de Consolidação da Paz. Sete outros países foram escolhidos pelo Secretário-Geral para beneficiar do Fundo a título de intervenções de

emergência. Na totalidade, 37 projectos de consolidação da p a z f o r am ap rova dos , encontrando-se em fase de execução. O Secretário-Geral considera, no entanto, que, para que o Fundo possa desempenhar o seu papel, há que proceder com urgência a investimentos e a alterações, tanto no plano humano como no plano institucional. Ban Ki-moon conclui que “após dois anos de funcionamento, o Fundo é agora mais conhecido e muito procurado. Como o seu mandato prevê, deverá ser organizada uma conferência anual para anúncios de contribuições, a fim de assegurar o apoio dos doadores a longo prazo”.

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Processo de paz no Médio Oriente está numa

encruzilhada

Dez meses depois do recomeço das negociações em Anápolis e a pouco menos de três meses do final do ano, prazo fixado pelas partes israelita e palestiniana para chegarem a um acordo, “o processo de paz no Médio Oriente está numa encruzilhada”, disse Robert Serry, Coordenador Especial da ONU para o Processo de Paz no Médio Oriente. Na exposição mensal perante o Conselho de Segurança sobre o Médio Oriente, o Coordenador Especial sublinhou que as negociações bilaterais haviam prosseguido, sem que tivesse sido alcançado qualquer acordo sobre as questões essenciais. No entanto, as discussões foram substanciais e o seu potencial pode ser aproveitado para a continuação de negociações intensivas, acrescentou. Robert Serry lembrou que os membros do partido Kadima tinham eleito a actual Ministra dos Negócios

Estrangeiros, Tzipi Livni, que anunciou a sua intenção de formar um novo Governo israelita, e apelou ao futuro Governo para que cesse todas as actividades relacionadas com a criação ou expansão de colonatos no território palestiniano ocupado, honrando o s compromi s so s assumidos em Anápolis e no âmbito do Roteiro para a Paz. Como evolução positiva, citou um “êxito de que não se ouve falar”, a saber, o processo gradual mas sistemático de empoderamento dos Palestinianos na Cisjordânia” sob a autoridade do Presidente Abbas e do Primeiro-Ministro Salam Fayyad. Robert Serry lembrou que a ONU apoia os esforços a favor da continuação das negociações entre Israel e a Síria e referiu-se `também à situação no Líbano, onde há a assinalar, do lado positivo, a primeira sessão do diálogo nacional, a 16 de Setembro, presidida pelo Presidente Michel Suleiman, e a assinatura, a 8 de Setembro, de um acordo de reconciliação. Para ma i s in formações , ver comunicado de imprensa SC/9448 (em inglês)

Mianmar não conheceu os avanços políticos que se esperavam e o Governo deveria tomar medidas para criar um processo político mais inclusivo que promova os direitos humanos, declarou o Secretário-Geral, a 11 de S e t e m b r o , n u m a conferência de imprensa, em Nova Iorque. “Queremos que as partes – em particular, o Governo de Mianmar – tomem medidas concretas para instituir no país um processo político que seja credível e inclusivo e que implique progressos no domínio dos direitos humanos”, acrescentou Ban Ki-moon. O Assessor Especial da ONU, Ibrahim Gambari, que acabava de regressar de uma visita a Mianmar – a quarta no último ano – informou o Conselho de Segurança das suas conclusões e da evolução da situação no país.

Posteriormente, disse aos jo rna l i s t a s que os resultados concretos da visita tinham ficado aquém das expectativas, em particular no que se referia à libertação de presos p o l í t i c o s e a o restabelecimento do diálogo entre o Governo e Daw Aung San Suu Kyi. “É imperativo que o Governo de Mianmar apresente resultados substanciais em resposta às nossas principais p r e o c u p a ç õ e s e sugestões”, declarou. A seu ver, é preciso que as autoridades de Mianmar aprofundem as relações estabelecidas com a ONU no âmbito da assistência às vítimas do ciclone Nargis. Para mais informações

A crise governamental que teve início no mês de Abril impediu os progressos económicos do país, deplorou o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, no seu último relatório sobre a Missão das Nações Unidas para a Estab i l i zação no Ha i t i (MINUSTAH), no qual p r e c o n i z a u m a a j u d a económica imed ia ta à população. Neste documento destinado ao Conselho de Segurança, Ban Ki-moon afirma que “durante o período abrangido, o processo de estabilização no Haiti sofreu fortes reveses em consequência dos conflitos do mês de Abril, das críticas ao Governo e da continuação das dificuldades para chegar a acordo sobre a designação de um novo primeiro-ministro e de um novo governo”. Esta série de acontecimentos

agravou as dificuldades que a população do Haiti enfrenta. Ban Ki-moon afirmou que é essencial, tanto para os Haitianos como para os seus parceiros, que se volte a página deste período de crise e que as tarefas que os esperam sejam realizadas com uma energia renovada. Estas dificuldades agravar-se-ão com os danos causados pela passagem do ciclone Gustav e da tempestade tropical Hanna. O Secretário-Geral considera que a continuação da presença da MINUSTAH continua a ser indispensável e recomenda a prorrogação do seu mandato por mais um ano, até 15 de Outubro de 2009. Para mais informações

Haiti incitado a voltar a página da crise política

Timor-Leste: progressos insuficientes em matéria de direitos humanos

Durante o último ano, Timor-Leste fez progressos em matéria de direitos humanos, nomeadamente no que se refere à adesão ao Estado de direito, ao reforço do sistema judicial e à resposta às violações anteriores de direitos humanos, mas esses progressos continuam a ser insuficientes, segundo um relatório publicado pela Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste (UNMIT). O relatório, que abrange o período compreendido entre Setembro de 2007 e Junho de 2008, saúda a maneira como as autoridades nacionais reagiram aos ataques contra o Presidente José Ramos Horta e o Primeiro-Ministro Xanana Gusmão, a 11 de Fevereiro, que demonstra uma maior estabilidade institucional e uma maior adesão ao Estado de direito.

No que se refere às violações dos direitos humanos no passado, o relatório final da Comissão de Verdade e Amizade Indonésia/Timor-Leste foi apresentado, a 15 de Julho, aos Presidentes dos dois países, que emitiram um comunicado conjunto, no qual reconhecem que foram cometidas violações flagrantes dos direitos humanos. No entanto, os avanços no sent ido de responsabilizar os responsáveis pela prática de tais actos criminosos, durante a crise de 2006, continuam a ser lentos. Segundo o Chefe da Secção de Direitos Humanos da UNMIT, Louis Gentile, “Timor-Leste encontra-se actualmente numa encruzilhada em matéria de direitos humanos”. “A população e as instituições de Timor-Leste podem continuar a progredir neste domínio ou regressar a um passado mais violento. A ONU está disposta a ajudá-las a avançar”. Para mais informações

Ban Ki-moon apela a progressos politicos concretos em Mianmar

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Programa de desminagem no Sul do

Líbano premiado pelo ACNUR

A equipa de desminagem do P r o g r a m a d e A c ç ã o Antiminas da ONU no Sul do Líbano vai receber o prémio Nansen para os refugiados 2008, por ter libertado a região de toneladas de munições mortais que impediam o regresso, em condições de segurança, de centenas de milhares de deslocados. O Alto-Comissário para os R e f u g i a d o s , A n t ó n i o Guterres, anunciou que o prémio anual seria atribuído a Christopher Clark, coordenador britânico do programa financiado pelas Nações Unidas, bem como ao seu pessoal internacional e libanês, composto por cerca de 1000 elementos civis, diz um comunicado. A

cerimónia da entrega do prémio terá lugar em Genebra, a 6 de Outubro. “Chris Clark e o seu pessoal internacional e libanês do P r o g r a m a d e A c ç ã o Antiminas da ONU no Sul do L í b a n o t r a b a l h a r a m corajosamente para libertar o Sul do Líbano de restos explosivos de guerra e de bombas de fragmentação”, declarou António Guterres. “Graças ao seu trabalho minucioso e à sua dedicação, estas equipas criaram as condições necessárias para um regresso seguro e digno de cerca de um milhão de deslocados”. Sem a resposta rápida e profissional do P r o g r a m a d e A c ç ã o Antiminas, em 2006, teria sido extremamente difícil prestar socorro humanitário no Sul do Líbano. Para mais informações

O Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, apelou aos Estados-membros da União Europeia (UE) para que prossigam os esforços no sentido de construir um sistema de asilo coerente e eficaz. D ir ig indo-se aos min i s t ros responsáveis pelo asilo e a migração nos 27 Estados-membros da UE, por ocasião da Conferência Ministerial sobre o Asilo, em Paris, convocada pela Presidência francesa da UE, António Guterres declarou que um sistema de asilo europeu comum poderia “servir de exemplo ao mundo inteiro”, se garantisse realmente a protecção dos refugiados. Como actor mundial importante que é, a UE tem um papel essencial a desempenhar no que diz respeito a superar os desafios que as deslocações forçadas no mundo representam. Referindo-se à construção de um regime de asilo comum, António Guterres lembrou “até que ponto a UE se empenhou numa via sem precedentes” e descreveu essa construção como uma “oportunidade única de re forçar a protecção dos

refugiados”. Sublinhou, no entanto, que a UE deve continuar a ser acessível para as pessoas que procuram protecção. Observou que, devido aos numerosos obstáculos à entrada na UE, muitas pessoas não têm outra alternativa senão recorrer aos passadores e aos traficantes. O Alto-Comissário salientou ainda a necessidade de assegurar a qualidade dos procedimentos de asilo e de corrigir as fortes disparidades entre as práticas dos E s t a d o s - m e m b r o s . E s s a s disparidades não são compatíveis com um regime de asilo comum que vise garantir igualdade de acesso à protecção em toda a UE. Pediu insistentemente à UE que vença esse desafio, desenvolvendo a cooperação prática entre Estados. Mais de 80% dos refugiados no mundo são acolhidos nos países em desenvo l v imen to . O A l to -Comissário apelou aos Estados-membros da ONU para que dêem provas de solidariedade com os países terceiros, não só honrando a sua obrigação de oferecer protecção internacional aos que se apresentam nas suas fronteiras mas também aumentando o número de refugiados aceites no quadro da reinstalação. Relativamente à reinstalação desses refugiados, António Guterres sublinhou: “a UE pode, e deveria, fazer mais”. Para mais informações

António Guterres apela à construção de uma “Europa do asilo”

A Índia, o Paquistão, o Afeganistão e a Indonésia figuram entre os países mais vulneráveis aos efeitos das alterações climáticas, como o aumento das secas extremas, das cheias e dos ciclones esperado nas próximas décadas, segundo um novo estudo encomendado pelo Gabinete de Coordenação dos Assuntos Human i tá r ios (OCHA) e a organização h u m a n i t á r i a C A R E International. “Os d i r i g en te s e a s comunidades nestes Estados e noutros Estados em perigo nas regiões do Sahel, do Corno de África e do Sudeste Asiático enfrentam já enormes desafios p o l í t i c o s , s o c i a i s , demográficos, económicos e de segurança. As alterações climáticas complicarão muito as coisas e poderiam comprometer os esforços destinados a superar esses desafios”, declarou o Dr. Charles Ehrhart, um dos autores do estudo.

O es tudo ana l i s a a s consequências mais prováveis das alterações climáticas, nos próximos 20 a 30 anos. Os seus autores definiram um mapa dos riscos associados às a l t e r a ç õ e s c l i m á t i c a s , concentrando-se nas cheias, nos ciclones e nas secas. “A probabilidade de as cheias, as tempestades violentas e as secas se transformarem em catástrofes é determinadas por um certo número de factores, entre os quais figuram o acesso às populações, a um equipamento adequado e à informação bem como a sua capacidade de exercer uma influência política”, explicou o Dr. Ehrhart. Para mais informações

Alterações climáticas: Índia, Paquistão, Afeganistão e Indonésia são muito

vulneráveis

Missão interorganismos visita zonas afectadas pelo conflito na Geórgia

Uma missão de avaliação humanitária, integrada por representantes de organismos das Nações Unidas, deslocou-se à Ossétia do Sul e a outras zonas afectadas pelo recente conflito na Geórgia, anunciou a ONU, que acrescentou que tenciona enviar também àquela zona uma missão de apuramento dos factos mais ampla. O objectivo da missão, que teve início a 17 de Setembro, era recolher informações em primeira mão sobre a situação humanitária e no domínio dos direitos humanos e sobre as necessidades no terreno, bem como sobre a situação dos deslocados pelo conflito e outros grupos vulneráveis.

Segundo as estimativas do Alto Comissariado para os Refugiados, cerca de 192 000 pessoas foram forçadas a fugir de suas casas, durante o conflito que começou a 8 de Agosto e envolveu forças da Geórgia, da Ossétia do Sul e da Federação Russa. A missão, coordenada com as autoridades da Rússia e da Geórgia, foi chefiada pelo Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) e integrou representantes dos principais organismos humanitários da ONU, a saber, a UNICEF, o PNUD, o ACNUR, a OMS e o PAM, bem como um representante do Alto Comissariado para os Direitos Humanos.

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Alteração da natureza dos conflitos torna crianças mais vulneráveis

A alteração da natureza dos conflitos, em que a distinção entre civis e combatentes se esbate, torna as crianças mais vulneráveis, afirmou a Representante Especial do Secretário-Geral da ONU para as Crianças e Conflitos A r m a d o s , R a d h i k a Coomaraswamy. “Na batalha entre o terrorismo e o contra-terrorismo, numerosos grupos de insurrectos não só mobilizam as crianças para as suas actividades políticas e militares como as utilizam como kamikazes. Alguns grupos atacam escolas e são particularmente brutais com as alunas”, sublinhou a Representante Especia l perante o Conselho de Direitos Humanos.

Radhika Coomaraswamy apelou ao Conselho de Direitos Humanos para que assegure que os princípios fundamentais do direito humanitário internacional sobre a distinção entre civis e combatentes e a regra da proporcionalidade sejam respeitadas. Chamou a atenção do Conselho para o facto de os direitos humanos e o direito internacional se c o n c e n t r a r e m , c o m frequência, nos Estados, quando há actores não-estatais que cometem graves violações contra crianças, durante conflitos armados. “O Conselho deveria abordar a questão dos actores não-estatais e as formas de os responsabilizar por violações dos direitos humanos”, declarou. Para mais informações

No seu primeiro discurso perante o Conselho de Direitos Humanos, a nova Alta-Comissária para os Direitos Humanos, Navi Pillay, salientou a necessidade de combater a discriminação e a desigualdade e insistiu na intensificação dos esforços de prevenção do genocídio, que descreveu como “a forma mais extrema de discriminação”. A Alta-Comissária recordou aos delegados presentes na abertura da 9ª sessão do Conselho de Direitos Humanos, em Genebra, que tanto a Declaração Universal como a Convenção sobre o Genocídio “foram uma consequência do Holocausto, mas ainda não aprendemos a lição do Holocausto, uma vez que o genocídio continua”. Navi Pillay fez um apelo insistente a uma maior concentração de esforços na prevenção do genocídio e, também, dos “ciclos de violência, da utilização do medo e da exploração política da diferença - étnica, racial ou religiosa” que a ele conduzem. Apelou aos países para que não deixem que os “pontos de vista divergentes” os impeçam de participar numa conferência fundamental contra o racismo (a “Conferência de Análise de Durban”), prevista para Abril de 2009. No seu discurso, Navi Pillay sublinhou igualmente que “os direitos à liberdade de expressão, de associação e de reunião, indispensáveis ao funcionamento da sociedade civil, têm sido alvo de ataques

continuados em todas as regiões do mundo” e disse que a comunicação social continua a ser amordaçada, em muitos países.

Frisou que a discriminação baseada no género continua a ser uma preocupação importante. “Não devemos poupar esforços para persuadir os países a revogarem as leis e as práticas que continuam a reduzir as mulheres e as raparigas a cidadãs de segunda classe”, sublinhou. Navi Pillay prometeu desempenhar o cargo de Alta-Comissária para os Direitos Humanos de uma forma imparcial, sem favorecer qualquer conjunto de direitos em detrimento de outros. “A credibilidade dos direitos humanos depende do seu compromisso com a verdade e da sua recusa de dois pesos, duas medidas e de uma aplicação selectiva”, concluiu. Para mais informações

Alta-Comissária para os Direitos Humanos sublinha necessidade de combater discriminação e

desigualdade

A Alta-Comissária para os Direitos Humanos Humanos, Navi Pillay, afirmou que é preciso fazer muito mais para proteger as mulheres da discriminação e alcançar a igualdade de género, apesar dos progressos conseguidos nos 60 anos que decorreram desde a adopção da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Em todo o mundo, as mulheres figuram entre os mais pobres e mais marginalizados, com um acesso limitado aos direitos, recursos e oportunidades, disse a Alta-Comissária aos participantes no debate anual do Conselho de Direitos Humanos sobre questões de género. Navi Pillay sublinhou que os papéis em função do sexo e s t ã o p r o f u n d a me n t e enraizados na cultura e, muitas vezes, implicam noções de inferioridade das

mulheres e superioridade dos homens bem como a atribuição de obrigações estereotipadas às pessoas de cada sexo. “Não deveríamos poupar-nos a esforços para persuadir os países a r e v o g a r e m l e i s e desincentivarem costumes, práticas e preconceitos que negam ou comprometem a realização da igualdade entre mulheres e homens”, insistiu. “ A t r a v é s d a m i n h a experiência aprendi que a i g u a l d a d e e a n ã o discriminação com base no sexo não são apenas objectivos por direito próprio: são essenciais para a realização de todos os direitos humanos para todos, para a realização do desenvolvimento humano sustentável e para o desenvolvimento de todas as sociedades”, declarou. Para mais informações

Navi Pillay pede mais esforços para acabar com discriminação de género

Subida em flecha dos preços continua a ameaçar o direito à alimentação

A crise alimentar mundial, causada pela subida em flecha dos preços, está a pôr em causa o direito à alimentação e qualquer solução para o problema deve ser vista à luz dos direitos humanos, disse o Relator Especial para o direito à alimentação, Olivier De Schutter. Na apresentação do seu último relatório ao Conselho de Direitos Humanos, o Relator Especial disse que a assistência e a cooperação internacionais são factores essencias da realização desse direito, consagrado no direito internacional dos direitos humanos. A especulação no mercado

de futuros dos produtos agrícolas de base é um dos factores responsáveis pelo aumento dos preços alimentares, sublinhou. Olivier De Schutter fez notar o papel da produção de biocombustíveis na i n s tab i l i dade dos preços da alimentação, acrescentando que o debate em torno da produção de tais c o m b u s t í v e i s d e v e t e r e m consideração os direitos humanos. Olivier De Schutter realçou que o Conselho de Direitos Humanos tem de velar por que as acções de combate às alterações climáticas não pre jud iquem a protecção da alimentação e dos direitos humanos. Para mais informações

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Conselho de Direitos Humanos conclui 9ª. sessão ordinária

O Conselho de Direitos Humanos concluiu a sua 9a sessão ordinária a 24 de Setembro, adoptando 24 textos sobre uma grande diversidade de questões, nomeando quatro novos titulares de mandatos de Procedimentos Especiais e prorrogando os mandatos de sete Procedimentos Especiais. O Conselho adoptou também textos sobre o ataque contra Beit Hanoun, os direitos humanos e a solidariedade i n t e r n a c i o n a l , o d i r e i t o a o desenvolvimento, os direitos humanos e as medidas coercivas unilaterais, os direitos humanos dos migrantes, o direito à alimentação, os direitos humanos e os povos indígenas, a protecção dos direitos humanos de civis em conflitos armados e o direito à verdade. Nesta sessão, foram apresentados ao Conselho diversos relatórios importantes

e realizaram-se diálogos interactivos com os Procedimentos Especiais que os apresentaram. Durante a sessão, o Conselho organizou diversos debates gerais, nomeadamente sobre a situação em matéria de direitos humanos na Palestina e noutros territórios palestinianos ocupados, a promoção de todos os direitos humanos, incluindo o direito ao desenvolvimento, o racismo, no contexto do seguimento da Declaração e Programa de Acção de Durban, e os órgãos e mecanismos de direitos humanos. O Conselho prosseguiu a análise, racionalização e melhoria dos mandatos dos seus Procedimentos Especiais. Esta nona sessão, que foi presidida pelo Embaixador Martin Ihoeghian Uhomoibhi, da Nigéria, decorreu de 8 a 24 de Setembro. A décima sessão terá lugar de 2 a 27 de Março de 2009. Durante a semana de 8 de Dezembro, o Conselho convocará uma sessão de um dia para comemorar o 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ver também “Human Rights Council con-cludes ninth regular session”

A 24 de Setembro, no final da sua 9ª. sessão ordinária, o Conselho de Direitos Humanos nomeou a jurista portuguesa Catarina de Albuquerque Relatora Especial para a Água. Catarina de Albuquerque foi a Presidente-Relatora do Grupo de Trabalho das Nações Unidas encarregue de redigir um Protocolo Facultativo ao Pacto sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais, na prática um novo tratado de direitos humanos, que vem colocar os direitos económicos, sociais e culturais em pé de igualdade com os direitos civis e políticos. Após um processo negocial de quatro anos, o texto do Protocolo foi finalizado em Abril deste ano, tendo vindo a ser aprovado pelo Conselho de Direitos Humanos a 18 de Junho e devendo ser adoptado pela Assembleia Geral da ONU durante a actual sessão. Também no dia 24, o Conselho nomeou outros três titulares de mandatos de Procedimentos Especiais: Monorama Biswas (Bangladeche), para o Grupo de Trabalho sobre as Pessoas de Ascendência Africana, Mirjana Najcevska (Antiga República Jugoslava da Macedónia), também para o Grupo de Trabalho sobre as Pessoas de Ascendência Africana) e Olivier de Frouville (França), para o Grupo de Trabalho sobre Desaparecimentos Forçados ou Involuntários.

Catarina de Albuquerque, primeira Relatora Especial

para a Água

Direitos das mulheres: UNIFEM pede sistemas de responsabilização mais eficazes

Os governos e as organizações multilaterais não fazem o suficiente para respeitar os seus compromissos a favor dos direitos das mulheres, afirma um novo relatório do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para as Mulheres (UNIFEM). “São necessários mecanismos muito mais eficazes para garantir que os compromissos internacionais e nacionais em relação aos direitos das mulheres sejam respeitados”, afirma o relatório Progress of the World’s

women 2008/2009, Who Answers to Women? Gender and Accountability, publicado, em Nova Iorque. Essa responsabilidade começa com o aumento do número de mulheres para cargos em que têm poder de tomar decisões, mas não se esgota aí, afirma o UNIFEM. Nesse aspecto, ainda estamos muito longe dos objectivos, uma vez que há uma deputada por cada quatro deputados nos parlamentos nacionais. A taxa passou de

8% para 18,4%, mas os países em desenvolvimento não ultrapassarão a “zona de paridade de 40 a 60% antes de 2045”, afirma o relatório. Para mais informações

De 7 a 8 de Outubro terá lugar em Bruxelas uma conferência de alto nível destinada a assinalar o 60º. Aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos e a demonstrar o compromisso em relação a este texto fundacional. A conferência, uma grande iniciativa conjunta da Comissão Europeia, do Parlamento Europeu e das Nações Unidas, visa reafirmar e ilustrar o alcance da Declaração Universal através do trabalhoa dos defensores dos direitos humanos em todo o mundo. “O destino dos direitos humanos está nas mãos de todos os nossos cidadãos e de todas as nossas comunidades”, afirmou Eleanor Roosevelt, uma das redactoras da Declaração. A conferência de Bruxelas reconhecerá que está sobretudo nas mãos dos activistas dos direitos humanos, um grupo extraordinário e muito diverso de pessoas corajosas e não violentas que promovem a

causa dos direitos humanos, por vezes pondo em risco a sua própria vida. Foram convidados para a conferência activistas e representantes de organizações de direitos humanos internacionais vindos de muitos países, que darão o seu testemunho e permitirão ficar a conhecer melhor a realidade no terreno. Para saber mais sobre esta iniciativa, sobre a qual a Directora do UNRIC fala também no seu editorial, pode consultar o sítio Web especial que este Centro Regional dedicou à conferência e estará disponível a partir do próximo dia 1 de Outubro em www.DefendersTakeTheFloor.org.

Sessenta Anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos: Os Defensores Tomam a Palavra

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ial Relatório sobre Comércio e Desenvolvimento de 2008 destaca as lacunas das políticas de ajuda e

das medidas de redução do endividamento

O Trade and Development Report 2008 da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (CNUCED), que tem como subtítulo Commodity Prices, Capital Flows and the Financing of Investment, c o n g r a t u l a - s e c o m o desempenho de um grande n ú m e r o d e p a í s e s e m desenvolvimento no que se refere à redução dos rácios da dívida externa. Este feito deve-se, em parte, a melhores políticas macroeconómicas, a uma melhor gestão da dívida e à redução da dívida mas é, sobretudo, o resultado de um contexto externo favorável, caracterizado por elevados preços dos produtos de base e baixas taxas de juro, um cenário que “poderá não durar para sempre”. Recomenda que os governos

tirem partido da melhoria recente da dívida e dos indicadores macroeconómicos e acelerem os processos de investimento, crescimento e mudança estrutural, mantendo ao mesmo tempo níveis de endividamento sustentáveis. Segundo o relatório, apesar dos progressos recentes, muitos dos países em desenvolvimento mais pobres continuam a depender das entradas de capitais estrangeiros, não apenas para atingir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) como para alargar o investimento nacional a fim de aumentarem o seu crescimento, suportarem as despesas sociais e prosseguirem a mudança estrutural para lá de 2015. A APD continua a ser fundamental, em especial para as economias pobres e dependentes dos produtos de base , que habitualmente dependem dos empréstimos públicos e das contribuições es dos doadores

bilaterais e multilaterais. Este relatório aborda ainda a questão da eficácia da ajuda, que tem vindo a merecer cada vez mais atenção nos últimos anos. A eficácia da ajuda é geralmente associada a procedimentos de aplicação da ajuda e à qualidade das instituições e das políticas nos países beneficiários. O estudo é crítico quanto ao facto de, em muitos casos, a atribuição de APD ter passado a depender do cumprimento de inúmeros critérios de boa governação, embora haja opiniões muito diferentes acerca do que são boas instituições e boas políticas – e apesar de serem fracas as provas empíricas de que a governação tem algum impacto sobre a eficácia da ajuda. Segundo este relatório, a eficácia da ajuda deveria ser medida em função de objectivos claramente definidos. O estudo assinala que, com a Declaração do Milénio, os objectivos de desenvolvimento

humano passaram para a ribalta, em detrimento de outros ob j ec t i vos de s t i n ados a promover o desenvolvimento económico a longo prazo. "O crescimento e a mudança estrutural perderam importância como objectivos explícitos da política de desenvolvimento, num contexto intelectual e político que parece reger-se pela hipótese implícita de que, numa economia l i bera l i z ada e globalizada, o crescimento e a mudança e s t ru tu ra l s ão espontaneamente gerados pelas forças de mercado", afirmam os peritos da CNUCED no relatório. Consequentemente, a parcela de APD gasta em saúde, educação e outros sectores sociais aumentou de forma substancial, à custa da parcela destinada a melhorar a infra-estrutura económica e a reforçar os sectores produtivos. Para mais informações

No momento em que mais de 1000 m i n i s t r o s , o r g a n i s m o s e representantes de organismos de ajuda se encontravam reunidos em Acra, no Gana, para discutir objectivos de desenvolvimento, Lennart Båge, Presidente do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (NFIDA) pediu à comunidade internacional que intensificasse as acções destinadas a melhorar a eficácia da ajuda. A reunião visava analisar os progressos alcançados relativamente à Declaração de Paris sobre a Eficácia da Ajuda, que foi assinada por 100 doadores e governos, em Março de 2005. Desde então, foram dados passos positivos mas, segundo Lennart Båge, são "insuficientes para cumprir os objectivos para 2010 fixados em Paris”. “Temos de fazer mais e mais depressa”, acrescentou.

Lennart Båge referiu os novos obstáculos decorrentes dos preços elevados do petróleo e dos géneros a l imentares e que vão ser exacerbados pelas a l terações climáticas. “Dada a gravidade da s i t u a ç ã o , n ã o c u m p r i r o s compromissos de Paris não é opção,” declarou o Sr. Båge. O Presidente do FIDA sublinhou a n e c e s s i d a d e d e o s p a í s e s demonstrarem “a vontade e a liderança” que lhes permitam assumir o controlo do seu desenvolvimento e destacou a importância do apoio dos doadores através de incentivos. Alertou, contudo, para a possibilidade de a debilidade das instituições e a participação limitada dos doadores e outros intervenientes poderem prejudicar as tentativas dos países de assumirem o controlo da preparação de estratégias de desenvolvimento. “Mudar o comportamento – dos doadores e dos países parceiros – é um elemento essencial para a m e l h o r i a d a e f i c á c i a d o desenvolvimento”, disse ainda.

Necessário acelerar acções para melhorar

eficácia da ajuda

Novo limiar de pobreza fixado em 1,25 dólares por dia

O novo limiar de pobreza foi fixado em 1,25 dólares por dia e, em 2005, 1,4 mil milhões de pessoas viviam com uma soma i n f e r io r , s egundo um documento do Banco Mundial intitulado “The developing world is poorer than we thought but no less successful in the fight against poverty”, que se baseia em novas estimativas do custo de vida nos países em desenvolvimento. “O número de pobres no mundo é mais elevado do que se pensava, ainda que se tenham registado avanços importantes na luta contra a pobreza extrema”, afirma o B a n c o M u n d i a l , n u m comunicado. Com base nos novos dados, o documento constata que 1,4 mil milhões de pessoas (ou seja, uma pessoa em quatro) n o m u n d o e m desenvolvimento viviam com menos de 1,25 dólares por dia, em 2005, em comparação com 1,9 mil milhões, em 1981 (ou seja, uma pessoa em duas).

“Os novos dados confirmam que o mundo alcançará, provavelmente, o primeiro O b j e c t i v o d e Desenvolvimento do Milénio, que consiste em reduzir para metade a taxa de pobreza de 1990, até 2015, e que, desde 1981, a taxa de pobreza baixou cerca de um ponto percentual por ano”, afirma Justin Lin, economista chefe do Banco Mundial. “A comprovação lamentável de que a pobreza está mais espalhada do que pensávamos significa, porém, que temos de redobrar os nossos esforços, s o b r e t u d o n a Á f r i c a Subsariana”. Os novos números mostram que pers i s tem d i spar idades regionais notáveis na luta contra a pobreza.

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ial UNICEF – taxa de mortalidade infantil continua a baixar

A taxa de mortalidade de menores de c inco anos continuou a baixar em 2007, segundo novas estatísticas divulgadas pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Estas novas estimativas indicam uma redução de 27% da taxa de mortalidade dos menores de cinco anos, que passou de 93 mortes por 1000 nados-vivos, em 1990, para 68 mortes por 1000 nados-vivos, em 2007. Nos países industrializados, registam-se, em média, 6 mortes por cada 100 000 nados-vivos. Segundo estes dados, em 1990, morreram 12,7 milhões de menores de cinco anos, um número que baixou para cerca de 9,2 milhões, em 2007.

“Desde 1960, a taxa de mortalidade de menores de cinco anos baixou mais de 60% no mundo e os novos dados mostram que esta tendência para baixar se mantém”, disse a Directora-Geral da UNICEF, Ann M. Veneman. “Progrediu-se, sem dúvida, mas há ainda muito por fazer”.

A subnutrição contribui para mais de um terço dos 9,2 milhões de mortes de crianças no mundo. Ainda que, desde

1990, se tenha conseguido diminuir a percentagem de menores de cinco anos que sofrem de insuficiência ponderal, estima-se que, no mundo em desenvolvimento, 148 milhões de crianças continuem a estar subalimentadas. Para que estas crianças tenham a possibilidade de sobreviver, há que acelerar as iniciativas que visam responder às necessidades nutricionais das mulheres, dos recém-nascidos e das crianças. Vár ios pa íses reg istaram progressos claros em matéria de redução da mortalidade de menores de cinco anos. Entre eles figuram a RDP do Laos, o Bangladeche, a Bolívia e o Nepal, onde a redução da taxa de mortalidade de menores de cinco anos baixou mais de 50%.

Houve também progressos notáveis em diversas regiões de África, mas continua, no entanto, a ser neste continente que se encontram as taxas de mortalidade de crianças mais elevadas do mundo. “Os recentes dados mostram também melhorias animadoras em numerosas intervenções de saúde, como o aleitamento materno exclusivo desde o nascimento, a vacinação contra a rubéola, os suplementos de vitamina A, a utilização de redes mosquiteiras impregnadas de insecticida contra a malária e a prevenção e tratamento do VIH/SIDA”, disse Ann M. Veneman, para quem estas intervenções deverão continuar a fazer baixar a mortalidade infantil nos próximos anos.

Mais de 99% do total de mortes de mulheres devido a complicações surgidas na gravidez ou no parto reg istam-se nos pa íses em d e s e n v o l v i m e n t o e 8 4 % concentram-se na África Subsariana e no Sul da Ásia, segundo um novo relatório sobre mortal idade materna, publicado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). “Em cada ano que passa, mais de meio milhão de mulheres morrem devido a complicações surgidas na gravidez ou no parto”, sublinha o Chefe dos Serviços de Saúde da UNICEF, Peter Salama. “As causas da mortalidade materna são claras e os meios de as combater são igualmente claros. E, no entanto, as mulheres continuam a morrer, quando as suas mortes teriam podido ser evitadas”. Segundo o relatório, intitulado Progress for Children: A Report Card on Maternal Mortality, as hemorragias são a causa de morte mais frequente, em África e na Ásia, em particular. A saúde geral de uma

mulher – incluindo o seu nível de nutrição e o facto de ser ou não seropositiva -- é um aspecto muito importante durante a gravidez e o parto. Factores sociais como a pobreza, as desigualdades e as atitudes gerais em relação às mulheres e à sua saúde, também têm influência. As práticas culturais ou tradicionais que impedem frequentemente as mulheres de tentar obter cuidados durante ou depois do parto têm, muitas vezes, um impacto negativo nas taxas de mortalidade materna. No mundo em desenvolvimento, as mulheres têm uma possibilidade em 76 de morrer de complicações ligadas à gravidez e ao parto, ao longo da vida, em comparação com 1 e m 8 0 0 0 n o m u n d o industrializado. Nos últimos anos, houve melhorias promissoras no domínio das intervenções a favor da saúde materna. No entanto, o relatório observa que os progressos em r e l a ç ã o a o O b j e c t i v o d e Desenvolvimento do Milénio sobre mortalidade materna são demasiado l e n t o s n o s p a í s e s e m desenvolvimento.

UNICEF: 84% das mortes maternas concentradas na África Subsariana e no Sul da Ásia

A Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou um conjunto de intervenções prioritárias destinadas a ajudar os países de baixo e médio rendimento a avançar em direcção ao acesso universal ao tratamento e à prevenção do VIH/SIDA, bem como à prestação de cuidados e apoio às pessoas afectadas. "Este documento [Priority in te rvent ions : HIV/AIDS prevention, treatment and care in the health sector] responde a uma necessidade há muito sentida pelos países", disse Kevin De Cock, Director do Departamento de VIH/SIDA da OMS. "Reúne num único t e x t o a s m e l h o r e s orientações da OMS sobre aquilo que o sector mundial do VIH/SIDA necessita de fazer". O documento, que está disponível em CD-ROM, em suporte de papel e na Internet, destina-se a ajudar os países com recursos limitados a cumprirem o compromisso assumido há dois anos, na Reunião de Alto Nível do Secretário-Geral da ONU sobre a SIDA: assegurar o acesso

universal à prevenção e tratamento do VIH, bem como à prestação de cuidados e apoio, até 2010. Os leitores encontrarão no documento descrições de intervenções prioritárias que os sectores da saúde necessitam de realizar para garantir o acesso universal à prevenção, tratamento e prestação de cuidados, bem como um guia que os ajudará a seleccionar intervenções e definir prioridades. O documento mostra igualmente aos leitores como poderão encontrar recursos e fontes da OMS c o n te n do a m e l ho r informação disponível sobre as respostas dos sectores da saúde ao VIH/SIDA.

Nova iniciativa da ONU pretende reforçar a resposta dos sistemas nacionais de saúde

ao VIH/SIDA

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PNUA sugere redução dos subsídios aos combustíveis fósseis

A eliminação dos subsídios aos combustíveis fósseis é um factor-chave da redução dos gases com efeito de estufa que permitiria também estimular, lentamente mas de uma forma segura, a economia mundial, af irma um relatório do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA). O relatório, intitulado Reforming Energy Subsidies: Opportunities to Contribute to the Climate Change Agenda, foi publicado, em Acra (Gana), durante a reunião da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas. Cerca de 300 mil milhões de dólares, isto é, 0,7% do PIB mundial, são atribuídos a

subsídios aos preços da energia, todos os anos. A maior parte desta verba destina-se a baixar artificialmente o preço real do petróleo, carvão, gás e electricidade gerados por combust íve i s fósse i s . A eliminação desses subsídios permitiria uma redução anual das emissões dos gases com efeito de estufa da ordem dos 6%, contribuindo, ao mesmo tempo, para um aumento de 0,1% do PIB mundial. O relatório reconhece que certos subsídios ou mecanismos de apoio, como os benefícios fiscais, os incentivos financeiros ou outros mecanismos de m e r c a d o p o d e m g e r a r benefícios económicos, sociais e ambientais. Contesta, porém, a ideia de que os subsídios benef iciariam os pobres, sublinhando que muitos desses mecanismos de apoio aos preços privilegiam as classes superiores da sociedade e não as classes de rendimentos mais baixos.

A reunião de negociações sobre alterações climáticas, que terminou a 27 de Agosto, em Acra, no Gana, permitiu avançar em direcção a um acordo sobre os futuros objectivos de redução dos gases com efeito de estufa, na grande cimeira prevista para finais de 2009, em Copenhaga. “Em Acra, foram alcançados progressos importantes em relação a algumas questões essenciais para a consecução de um acordo na Conferência sobre Alterações Climáticas, que decorrerá em Copenhaga, em Dezembro de 2009”, informou a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (CQNUAC). “As partes no Protocolo de Quioto avançaram nos seus

trabalhos sobre instrumentos e regras que permitam que os países desenvolvidos fixem objectivos ambiciosos de redução das emissões de gases com efeito de estufa para além de 2012 [ano em que expira a primeira fase do Protocolo]”, diz o comunicado. “Foi uma reunião muito importante e animadora”, declarou o Secretário-Executivo da CQNUAC, Yvo de Boer. “Ainda estamos no bom caminho, o processo acelerou e o s g o v e r n o s q u e r e m verdadeiramente obter um resultado em Copenhaga”, acrescentou. A reunião foi a terceira grande sessão de negociações da CQNUAC este ano. Seguir-se-lhe-ão uma conferência sobre alterações climáticas em Poznan (Polónia), de 1 a 12 de Dezembro, e uma série de reuniões de negociações em 2009 , antes da g rande conferência em Copenhaga

Clima – negociações de Acra permitiram

Ao cabo de dois anos de negociações, foram aprovadas as novas orientações internacionais para limitar o impacto da pesca sobre as espécies piscícolas e os habitats de profundidade, anunciou a Organização das Nações Un idas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). A gestão da pesca de profundidade em alto mar fora das zonas económicas exclusivas de cada país sempre foi difícil, segundo a FAO, dado que exige soluções multilaterais que implicam não apenas os países cujos navios se dedicam à pesca de profundidade como outros países com interesses neste domínio.

"Até agora, não existia um verdadeiro enquadramento internacional para lidar com esta questão", af irmou Ichiro Nomura , D i rec tor -Gera l Adjunto do Departamento de Pescas e Aquicultura da FAO. "Estas orientações constituem um dos raros instrumentos desta natureza com aplicação prática e são um passo muito positivo, na medida em que abordam de forma integrada as preocupações de gestão ambiental e de gestão das pescas", acrescentou. As orientações da ONU estipulam que todas as actividades de pesca de profundidade devem ser "rigorosamente geridas" e incluem medidas a tomar para identificar e proteger os ecossistemas vulneráveis, para a l é m d e f a c u l t a r e m aconselhamento sobre o uso sustentável dos recursos vivos marinhos nas áreas de alto mar.

Novas orientações da ONU tentam reduzir impacto da pesca de profundidade

Previsões meteorológicas são essenciais para recursos hídricos e redução da pobreza

O S e c r e t á r i o - G e r a l d a Organização Meteorológica Mundial (OMM), Michel Jarraud, afirmou que as previsões m e t e o r o l ó g i c a s d e v i a m desempenhar um papel maior no p l a n e a m e n t o d o desenvolvimento económico e na redução da pobreza, devido ao impacto das alterações climáticas nos recursos hídricos. Ao usar da palavra no Congresso Mundial da Água, Michel Jarraud disse que os sectores da agricultura, energia, turismo e saúde são dos mais afectados pelo impacto das alterações climáticas, devido à seca, à deterioração da qualidade da água, ao escoamento superficial e ao aumento da salinização das á guas sub ter r ânea s , em consequência da subida dos níveis do mar. "A integração das alterações climáticas nos processos de decisão é, portanto, fundamental para todos os esforços de desenvolvimento e atenuação da

pobreza", disse Jarraud no encontro, que teve lugar em Montpellier, em França. O Secretário-Geral da OMM recordou aos participantes do Congresso que seis dos oito Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) se relacionam com a gestão dos recursos hídricos e que as cheias, secas e ciclones de grande intensidade causados pelas alterações climáticas dificultam gravemente os esforços no sentido de realizar os ODM até 2015. A OMM lançou um apelo com vista a conseguir fundos para criar sistemas destinados a prestar informação atempada, precisa e completa sobre os recursos hídricos e apoiar o desenvolvimento económico, a t ra vés de um me lhor planeamento estratégico dos recursos hídricos e dos solos. Para mais informações

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61ª. Conferência Anual DPI/ONG teve lugar em Paris

A 61ª. Conferência anual do Departamento de Informação Pública (DPI) para as organizações não governamentais (ONG), subordinada ao tema “Reafirmar os Direitos Humanos para Todos: A Declaração Universal dos Direitos Humanos Tem 60 Anos”, foi organizada pelo DPI em parceria com a comunidade das ONG e com o concurso da UNESCO, do Alto Comissariado para os Direitos Humanos e de França, tendo decorrido, de 3 a 5 de Setembro, na sede da UNESCO, em Paris. Na abertura, o Director-Geral da UNESCO, Koïchiro Matsuura, começou por dar as boas-vindas aos participantes, sublinhando o contributo indispensável dos representantes da sociedade civil para a promoção dos direitos humanos e exortando-os a intensificar os seus esforços neste domínio. O facto de ter, pela primeira vez, lugar fora da Sede da ONU em Nova Iorque, deverá permitir uma melhor representação europeia, africana e asiática, precisou o Secretário-Geral Adjunto da ONU para a Comunicação e a Informação, Kiyo Akasaka. Numa mensagem vídeo dirigida aos participantes, o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, comprometeu-se a

tudo fazer para que os direitos consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos se tornem uma realidade. Por sua vez o Presidente da Sexagésima Segunda Sessão da Assembleia Geral, Srgjan Kerim, sublinhou, numa mensagem vídeo, a importância da parceria entre a ONU, os seus Estados-membros e a sociedade civil, acrescentando que, embora ambicioso, o objectivo de tornar os direitos humanos para todos uma realidade é alcançável graças a essas parcerias. A Presidente da Conferência, Shamina de Gonzaga, sublinhou que o objectivo da Conferência não era reescrever uma declaração já existente ou redigir uma nova, mas reafirmar a Declaração Universal dos Direitos Humanos. O Director da Divisão do Conselho de Direitos Humanos e dos Tratados do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, Bacre Ndiaye, insistiu na necessidade de denunciar os ataques contra a visão unitária e universal da Declaração de 1948, nomeadamente os ataques daqueles que, em nome de especificidades culturais, contestam o carácter universal das normas enunciadas nesse instrumento. A vontade, manifestada por alguns, de impor um conceito de difamação das religiões que restringiria a liberdade de expressão está em contradição com o princípio de universalidade inerente aos direitos humanos, sublinhou a Secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e dos Direitos Humanos de França, Rama Yade. Durante a cerimónia de abertura, Simone Veil, antiga Ministra de Estado de França,

sublinhou que “as ONG têm um papel fundamental a desempenhar na defesa de interesses que os Estados, surdos às necessidades e ao sofrimento das suas populações, não tomam em consideração”. Numa conferência de imprensa, realizada à margem da conferência, a 5 de Setembro, Kiyo Akasaka disse que as discussões haviam incidido sobre inúmeras questões, desde as mais tradicionais, como a pobreza extrema, os direitos das pessoas com deficiência, as minorias, a homossexualidade e as vítimas de perturbações mentais, a outras de maior actualidade, como os problemas suscitados pela utilização da Internet na sociedade contemporânea. Ouviram-se vozes discordantes sobre todos os problemas, mas todos reconheceram que o inimigo número um da expressão da dignidade humana sob todas as suas formas é a indiferença. “Há, pois, que dizer não à indiferença, a todo o momento e em todas as circunstâncias”.

“Este é um dia muito importante, um dia de paz”, declarou Ban Ki-moon, na sua intervenção. “Espero que não só hoje mas todos os dias em todo o mundo sejam dias de paz e harmonia”, disse, exortando os jovens a aproveitarem a conferência para falar abertamente do que mais os preocupa e do que pensam do seu futuro e do futuro do mundo.

Em seguida, instou-os a sensibilizarem e mobilizarem outros para as questões que mais os tocam, pois, ao fazê-lo, podem dar um contributo decisivo. Na sua mensagem, o Presidente da Assembleia Geral afirmou: “ao contrário do que geralmente se pensa, a guerra e a v io l ênc i a o rgan i zada d im inu í r am drasticamente nas duas últimas décadas e cabe à ONU uma parte do mérito. Mas é igualmente verdade que, durante o mesmo período, ocorreram algumas das piores violações contra a humanidade, incluindo a obscenidade do genocídio”. Lembrou ainda que a violência generalizada persiste e está demasiado presente no mundo de hoje, quer seja abertamente, sob a forma de guerras de agressão e conflitos civis, quer de uma forma menos evidente mas igualmente mortífera, como violência estrutural que nega aos pobres o direito ao desenvolvimento.

“Lanço um apelo a todos, em especial aos jovens, para que se associem aos milhares de milhões de pessoas que se dedicam a construir um mundo melhor e estão convencidas de que a lógica do amor e da compaixão deve ser tomada em consideração nos assuntos internacionais”, disse. “Não devemos iludir-nos ou deixar que outros finjam que a paz é meramente a ausência de guerra ou um estado exaltado de impassividade. Só é possível alcançar a paz por meio da resistência activa a tudo o que nega e diminui a dignidade humana”, sublinhou.

Dia Internacional da Paz (continuação da página 1)

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“Policekeeping”: evolução conceptual e estrutural do peacekeeping e o papel estratégico e complexo da Polícia da ONU

Antero Lopes

“Team leader” da Capacidade Permanente de Polícia da ONU e “Police Commissioner”

Contexto A Polícia das Nações Unidas (UNPol)1 desempenha actualmente um papel crucial nas Operações de Paz2. A UNPol participa actualmente em dezanove Missões em todo o mundo3, com mais de 12.000 elementos recrutados de cerca de uma centena de países. Tais números inscrevem-se no âmbito de uma força autorizada que poderá ascender a mais de 20.000 efectivos nos próximos dois anos. Prevê-se assim que tal efectivo, que duplicou entre Janeiro de 2006 (8.315 UNPol autorizados) e Janeiro de 2008 (16.900 UNPol autorizados), continue a aumentar significativamente, sendo as componentes UNPol compostas por elementos individuais e unidades constituidas (FPU ) 4 . Atendendo às rotações (normalmente anuais) dos efectivos UNPol, estima-se que a ONU tenha processado até à data mais de 150.000 movimentos de pessoal no quadro do estabelecimento e sustentabilidade das suas componentes de polícia. O trabalho daquelas componentes terá tido impacto em mais de 300 milhões de pessoas, incluindo populações civis, refugiados e deslocados.

Os elementos da UNPol estão fundamentalmente envolvidos em acções de reforma institucional dos serviços5 de polícia (latu senso)6 autóctones, prestação de apoio operacional aqueles serviços e, por vezes, desempenho de funções executivas em substituição temporária das instituições nacionais7, estas últimas tarefas ocorrendo normalmente no quadro de administração transitória de um território (ou país) por parte da ONU. No exercício daquelas responsabilidades, os elementos da UNPol executam actividades de liderança, gestão e administração, planificação, formação, aconselhamento técnico, protecção e promoção dos direitos humanos, bem como acções operacionais nas várias áreas de especialidade, incluindo patrulhamentos, investigações e protecção pessoal, e ainda avaliação do funcionamento das instituições. Ao cumprir aquelas missões, considera-se que a UNPol contribui significativamente para a criação de um ambiente social mais estável, no qual as actividades marginais à lei e perturbadoras da segurança e paz pública são prevenidas ou reprimidas, gradualmente, de forma mais eficaz e eficiente. Tal estabilidade é condição essencial para, por exemplo, o exercício da boa governação e o funcionamento das instituições, assim como a condução de eleições e o desenvolvimento social e económico das sociedades nos períodos pós-conflito.

O interesse estratégico de tais acções de polícia materializa-se na promoção da paz e segurança internacional, com a consequente promoção dos valores e princípios do Estado de Direito democrático a nível mundial. Diversas entidades internacionais afirmam que o futuro das Operações de Paz é crescentemente “azul”, referindo-se à crescente demanda pelos esforços de peacekeeping em áreas de polícia e afins. De facto, a UNPol desempenha um papel único e aglutinador em matérias-chave da resolução internacional de conlfitos, simultaneamente, nas áreas de Segurança e do Estado de Direito, representando as suas actividades na sede e no terreno uma fusão entre os princípios de peacekeeping e de peacebuilding. Evolução e complexidade dos mandatos da Polícia da ONU A Polícia das Nações Unidas colocou os seus primeiros elementos em Operações de Paz no Congo, no início da década de sessenta. Tratavam-se de unidades de ordem pública recrutadas da Nigéria e do Gana, num efectivo total de cerca de quatrocentos elementos (cerca de duzentos de cada país), cuja intervenção era modelada com base no conceito de operações elaborado para a componente mil itar. Tratavam-se, sobretudo, de tarefas de dissuasão, interposição e eventual auxílio à protecção das populações civis. (continua na página seguinte)

1O acrónimo “UNPol” (“United Nations Police”) foi adoptado pelo DPKO em Setembro de 2005. Anteriormente, a designação utilizada era “Civilian Police” com o consequente acrónimo “CivPol”. 2Designam-se “Operações de Paz” as Missões de apoio à paz e segurança internacional aprovadas como tal pelo Conselho de Segurança da ONU. Normalmente, tais Operações são lideradas pelo Departamento de Operações de Manutenção da Paz (DPKO). Porém, por vezes, em sede de bons ofícios, o Departamento de Assuntos Políticos (DPA) lidera também Missões de promoção da paz e segurança, de efectivos reduzidos, algumas delas participadas pela UNPol (como foi o caso da MINUGUA - na Guatemala -, da UNTOP- no Tajiquistão -, e é o caso da UNOGBIS, na Guiné-Bissau). No contexto deste artigo utilizamos preferencialmente a expressão “Operações de Paz” quando nos referimos às Missões lideradas pelo DPKO, e utilizaremos a expressão “Missões” (de Paz) em sentido mais abrangente, apenas por uma questão literária. 3http://www.un.org/Depts/dpko 4O acrónimo “FPU” refere-se a Formed Police Units, tradicionalmente com a dimensão de uma companhia (actualmente a unidade-tipo é composta por cerca de 140 elementos), vocacionadas para tarefas de ordem pública bem como de assistência multi-disciplinar em operações complexas de polícia. Ilustrando, digamos que se tratam de elementos com funções do tipo Corpo de Intervenção, com um eventual complemento de elementos do Grupo de Operações Especiais e, possivelmente, do Corpo de Segurança Pessoal, da Polícia de Segurança Pública portuguesa. Refira-se que Portugal contribuiu para as Missões da ONU em Timor-Leste (UNTAET, UNMISET e UNMIT) com tal tipo de unidades (FPU), com elementos recrutados da Guarda Nacional Republicana. 5A expressão “serviço” é preferencial em relação à expressão “força”, no sentido em que o exercício de funções de polícia representa um serviço a prestar à comunidade e não tanto o exercício de uma força ou de um poder, independentemente de tais instituições, no quadro interno, por vezes tomarem a designação de “forças de segurança” devido à letra da respectiva lei. 6A utilização da expressão “polícia” no contexto de peacekeeping pode abranger todas as instituições que exercem funções policiais de cariz civil, nomeadamente “Polícia” (nas áreas de Ordem Pública, Investigação Criminal, Policiamento de Proximidade, Trânsito, etc.), “Gendarmerie”, “Alfândegas”, “Imigração”, “Controlo de Fronteiras” e outras. 7Até à data, a ONU foi mandatada para exercer funções executivas de polícia nos territórios da Eslavónia Oriental e do Kosovo, bem como em Timor-Leste, no âmbito das respectivas administrações transitórias.

POLÍCIAS PARA A PAZ

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POLÍCIAS PARA A PAZ (continuação)

Tradicionalmente, o mandato das componentes de polícia em Operações de Paz baseava-se em tarefas de monitorização, observação e relato. A partir do início da década de noventa, as funções de aconselhamento, tutoria e formação passaram a ser agregadas a tais mandatos de monitorização, por forma a dotar as Operações de Paz com a capacidade de actuar como mecanismo de correcção em relação às instituições de polícia autóctones. A partir de meados dos anos noventa, foram atribuídas à Polícia das Nações Unidas, missões de aplicação temporária da lei, nomeadamente na Eslavónia Oriental (UNTAES), no território do Kosovo (UNMIK) e em Timor-Leste (UNTAET, UNMISET e UNMIT). Actualmente, as componentes UNPol, incluindo os seus peritos em missão8, elementos individuais e elementos das FPU, prestam apoio operacional às instituições autóctones de polícia, durante a reforma e a capacitação daquelas. As componentes UNPol são normalmente chefiadas por um Police Commissioner, ao nível de Director, que faz parte da equipa que assegura a liderança estratégica da respectiva Missão, dependendo d i rec tamente do(a ) Representante Especial do Secretário-Geral da ONU. Normalmente, os elementos individuais da UNPol actuam desarmados (ao contrário dos elementos das FPU, que actuam sempre armados) e não possuem poderes de polícia nos territórios onde intervêm9, salvo em Operações de Paz executivas (tais como as já referidas, de Administração Transitória). No entanto, devem possuir, no quadro nacional respectivo, poderes plenos de polícia, com a natural possibilidade de prestar serviço com o uniforme nacional combinado com os símbolos da ONU (nomeadamente a bóina de cor azul claro). Nas correntes Operações de Paz onde a ONU não possui um mandato executivo, o papel da UNPol concentra-se em actividades

de reforma, restruturação e capacitação, ao mesmo tempo que presta apoio operacional às delapidadas instituições nacionais de polícia. Peacekeeping revisto e crescente visibilidade da Polícia (“Policekeeping”) Em 21 de Agosto de 2000, é publicado o relatório do Grupo de Estudo sobre as Operações de Paz10, também conhecido, em gíria de peacekeeping, como o “Relatório Brahimi” (inspirado no nome do presidente do referido Grupo). Aquele Relatório concluiu que o papel principal das componentes de polícia das Operações de Paz deveria sobretudo concentrar-se na reforma e restruturação das instituições de polícia autóctones, conjuntamente com as tarefas de aconselhamento, formação e monitorização. Nos parágrafos 118 a 126 daquele Relatório, afirma-se claramente a importância crescente do papel da polícia em Operações de Paz, nomeadamente devido à necessidade de dar resposta à evolução dos conflitos que ameaçam a paz e segurança internacional, os quais durante a Guerra Fria eram sobretudo de natureza inter-estadual e, após aquele período, passaram a ser sobretudo de cariz intra-estadual, incluindo conflitos inter-étnicos e de origem política e religiosa, entre outros. A crescente preocupação da comunidade internacional com os conflitos internos que devastam as sociedades dos territórios afectados, exigiu uma transformação da doutrina, o desenvolvimento de novas estratégias de resolução dos conflitos internacionais e a criação de estruturas, assim como a mobilização de recursos, capazes de responderem a tais galopantes necessidades. Actualmente, todas as actividades operacionais da Polícia da ONU, em Missões no terreno, são conceptualizadas e apoiadas a partir da sede das Nações Unidas, em

Nova Iorque, através de estruturas especificamente criadas para o efeito, nomeadamente a Divisão de Polícia e a Capacidade Permanente de Polícia (Standing Police Capacity)11 do Departamento de Operações de Manutenção da Paz (DPKO). A Divisão de Polícia Foi estabelecida uma Unidade de Polícia Civil na sede da ONU na sequência do Boletim do Secretário-Geral sobre as Funções e Organização do DPKO, de 15 de Maio de 200012. Inicialmente, aquela Unidade func ionou dentro da es trutura supervisionada pelo Conselheiro Militar do Secretário-Geral (Military Adviser) e Director da Divisão Militar. Em 10 de Outubro de 2000, a Unidade de Polícia Civil ganhou autonomia e passou a depender directamente do Subsecretário-Geral responsável pelo DPKO13. O posto de Conselheiro de Polícia do Secretário-Geral (Police Adviser) fora aprovado ao nível de Principal Officer14, sendo no ano seguinte15 elevado à categoria de Director16. Com a autonomização da Unidade de Polícia projectou-se a criação de uma Divisão17 de Polícia, unidade maior e mais complexa, chefiada pelo Conselheiro de Polícia18. A ideia foi aprovada pelos órgãos competentes da Assembleia-Geral e consolidou-se rapidamente, nos anos subsequentes. (continua na página seguinte)

8Os elementos policiais destacados pelos Estados membros da ONU para prestar serviço em Operações de Paz em regime de “secondment” têm o estatuto de “peritos em missão”, como previsto em Protocolo adicional à Convenção de Genebra de 1946. 9De igual forma, os elementos das FPU também não possuem poderes executivos de polícia, salvo quando o mandato atribuído por Resolução do Conselho de Segurança explicitamente o prevê para toda a Missão ou somente para a componente da UNPol. 10Cf. A/55/305 – S/2000/809.11Convencionou-se que o acrónimo “SPC” seria universalmente utilizado para designer a “Standing Police Capacity”, independentemente da língua oficial em que a expressão seja traduzida.

12Cf. ST/SGB/2000/9. 13O Subsecretário-Geral responsável pelo DPKO à data era Jean-Marie Guéhenno, o qual cessou aquelas funções após oito anos de serviço no posto. 14Categoria “D1”. 15A partir de 1 de Julho de 2001, início do ciclo orçamental anual da ONU. 16Categoria “D2”, a mais elevada ao nível de Director. 17A Divisão de Polícia da ONU pode comparar-se, numa estrutura do tipo europeu, a uma Direcção-Geral (na forma original da Divisão) ou a uma Secretaria de Estado (na forma actual da Divisão, incluindo a SPC). 18O Director da Divisão de Polícia acumula as funções de Conselheiro de Polícia do Secretário-Geral, trabalhando quotidianamente na directa dependência do Subsecretário-Geral responsável pelo DPKO.

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Anteriormente à existência de tais estruturas, os profissionais de polícia, presentes na sede da ONU, que ajudavam ao planeamento e geração das Operações de Paz, formavam uma pequena equipa19 no seio da Divisão Militar. Inicialmente, aqueles elementos eram destacados por Estados Membros sem qualquer encargo financeiro para a ONU20. Após a sua criação, a Divisão de Polícia passou a ser a entidade directamente responsável pelo estabelecimento de sistemas de apoio às componentes policiais das Operações de Paz, incluindo a selecção e o recrutamento de efectivos que as integram. Ao longo de um curto período de tempo, houve uma mudança, progressiva mas rápida, nas actividades da Divisão, por forma a permitir à mesma concentrar os seus esforços no apoio às tarefas de reforma e restruturação confiadas às componentes relevantes das Operações de Paz. Igualmente, deu-se maior ênfase aos critérios de qualidade e definição rigorosa dos requisitos de perfil dos elementos da UNPol a recrutar para as diversas funções previstas. Em acréscimo, deu-se início à formulação de doutrina sobre múltiplos aspectos relacionados com actividades de polícia no contexto de peacekeep ing , tendo em v i s ta o desenvolvimento de um centro de excelência naquelas matérias. Recordemos que, por decisões do Secretário-Geral e do Policy Committee, foi acordado que o DPKO e o departamento liden em matérias relacionadas com Polícia para todo o sistema da ONU. A criação recente da Capacidade Permanente de Polícia (SPC) veio colmatar lacunas na resposta rápida ao nível estratégico e reforçar a operacionalidade da sede da ONU nas soluções imediatas e a longo prazo em matérias de polícia nas Operações de Paz. A Capacidade Permanente de Polícia da ONU Em Dezembro de 2004, o Relatório sobre Ameaças, Desafios e Mudança21 produzido pelo Grupo de Estudo de Alto-Nivel22, nomeado pelo Secretário-Geral para se debruçar sobre tais temas, concluiu que a maioria dos esforços de peacekeeping exige abordagens complexas de polícia e que o apoio tardio a tais necessidades, por indisponibilidade imediata de recursos qualificados, pode prejudicar

drasticamente o sucesso do mandato global das Missões de Paz. Aquele Relatório recomenda a existência permanente de um corpo (entre 50 e 100) de oficiais superiores de polícia, especialistas em várias matérias críticas, capazes de rapidamente realizar avaliações técnicas, prestar assistência e iniciar Missões de Paz, encorajando a Assembleia-Geral a autorizar a criação de tal entidade. Os Estados Membros responderam com prontidão e ao mais alto nível, apoiando a implementação daquelas recomendações para lidar com o aumento das necessidades, sem precedentes, dos esforços de peacekeeping, em geral, e de polícia, em especial. Os Chefes de Estado e de Governo formalizaram tal apoio, sem reservas, durante a 60ª Assembleia-Geral da ONU, em Setembro de 2005. A tendência do aumento das necessidades de peacekeeping não abrandou, desde então, cifrando-se na ordem dos 60%, o que acentuou a necessidade urgente de se estabelecer rapidamente a Capacidade Permanente de Polícia. Numa iniciativa pioneira, um corpo inicial de 25 oficiais de policia foram cuidadosamente seleccionados para fazer parte da SPC, respondendo às exigências e complexidades dos esforços de resolução internacional de conflitos no século XXI. A SPC é um corpo operacional altamente especializado e qualificado23, instalado na sede da ONU, em Nova Iorque24, com capacidade de resposta rápida para intervir no terreno. A SPC cumpre duas funções fundamentais, sob instruções do Subsecretário-Geral responsável pelo DPKO: i) assegurar uma capacidade imediata de estabelecimento de novas Missões de Paz, incluindo a provisão de liderança e aconselhamento estratégico25; e ii) prestar apoio rápido, aconselhar, disponibilizar conhecimento de especialidade, e assistir esforços gerais de implementação dos mandatos de Missões ex i s tentes , nomeadamente no que se refere à capacitação institucional. A SPC poderá ainda iii) executar Missões de avaliação ou inspecção de Operações de Paz, ou outras tarefas especiais decididas superiormente.

Actualmente, a Divisão de Polícia e a Capacidade Permanente de Polícia compõe-se de mais de sessenta postos26, na sede da ONU. No terreno, existem mais cerca de meia centena de postos orçamentados para funções estratégicas, de liderança, nas respectivas componentes de polícia. Conclusão Com o devido apoio das estruturas anteriormente referidas, a contextualização temática do planeamento, estabelecimento e execução das Operações de Paz evoluiu exponencialmente, ajustando-se ao prescrito no referido Relatório Brahimi e entrando já numa fase “pós-Brahimi“. O papel fulcral da UNPol insere-se nos domínios da Segurança e do Estado de Direito, contribuindo a Polícia da ONU também para a implementação de mandatos em outras áreas, mais transversais, tais como assuntos civis, género, protecção infantil, direitos humanos, reintegração de ex-combatentes, reforma do sector de segurança, HIV/SIDA e outras. A Polícia da ONU emergiu, assim, como actor estratégico da segurança e paz mundial, sendo solicitada a contribuir de forma visível para a segurança colectiva e a promoção dos valores do Estado de Direito democrático em ter-ritórios e países delapidados pelo conflito. As estruturas, mecanismos e doutrinas específicas e adequadas ao novo papel cometido à Polícia das Nações Unidas estão sujeitas a um processo contínuo de d e s e n v o l v i m en t o , c o n s o l i d a ç ã o e aperfeiçoamento, adequando-se às exigências dos mandatos a executar no terreno. Em futuros artigos, propomo-nos aprofundar temáticas relacionadas com o planeamento, estabelecimento e implementação dos manda-tos de Operações de Paz da ONU, nomeada-mente a capacitação institucional das insti-tuições de polícia, em sentido abrangente.

POLÍCIAS PARA A PAZ (continuação)

19Cerca de meia dúzia, variando consoante as épocas. 20A contribuição com tal “pessoal grátis” foi abolida alegadamente devido aos protestos de alguns países, que consideravam tal sistema discriminatório e injusto pois não teriam poder económico para patrocinar a funcionários seus a ocupação de postos de interesse estratégico no sistema, tal como aconteceria com países mais industrializados. Consequentemente, criaram-se mais postos em regime de “secondment”, recrutando-se funcionários dos Estados Membros, num processo competitivo, sobretudo para postos de polícia e militares, em que a ONU oferece um contrato aos elementos seleccionados, devendo estes manter todos os poderes de polícia bem como os privilégios relativos a antiguidade, promoção e reingresso adequado na instituição de origem. 21Cf. www.un.org/secureworld. 22O Grupo era formado por entidades políticas, diplomáticas e peritos em desenvolvimento. 23O recrutamento daqueles primeiros 25 elementos obedeceu a critérios rigorosos de mérito, levando ainda em consideração os aspectos de diversidade geográfica e de género. A SPC completou aquela equipa em Maio de 2008. 24Existem planos preliminares para uma possível re-instalação da maioria dos elementos da SPC na actual base logística da ONU em Brindisi, Itália. 25A SPC acabou de completar a sua primeira Missão de estabelecimento de novas Operações de Paz, assim como prestação de assistência técnica prolongada, tendo estado envolvida na Missão das Nações Unidas na República Centrafricana e no Chade (MINURCAT), entre Novembro de 2007 e Agosto de 2008. 26Cerca de 90% de tais postos são estabelecidos em regime de “secondment”.

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A infecção pelo VIH constitui hoje em dia uma epidemia mundial, que atinge dimensões alarmantes, sobretudo no continente africano. A propagação deste vírus gera efeitos nefastos em toda a estrutura social das comunidades, afectando especialmente o sector mais produtivo da sociedade. Actualmente, estima-se que 9 em cada 10 pessoas que vivem com a infecção se encontram em idade activa. Por esse motivo, o mundo do trabalho não pode alhear-se de um problema que não é apenas de saúde, mas fundamentalmente social. A resposta a este problema traduz um dos maiores desafios alguma vez lançados ao desenvolvimento e ao progresso sociais. A par do crescimento exponencial do número de pessoas infectadas, assistimos também a grandes avanços da investigação científica sobre a matéria. Sabe-se hoje que há uma longa esperança média de vida após a detecção da infecção, o que permite a qualquer trabalhador/a desenvolver regularmente a sua actividade profissional em condições dignas. No entanto, há ainda um longo caminho a percorrer, no sentido de promover a necessária alteração de mentalidades que permita ultrapassar o estigma ainda associado à infecção pelo VIH. Constituindo uma doença crónica, a infecção pelo VIH deverá ser tratada como qualquer outro risco ou doença profissional grave. Este é, aliás, um princípio orientador da estreita colaboração entre a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) nos domínios da saúde e do trabalho. A conjugação de esforços entre estas agências da Organização das Nações Unidas esteve na base da criação do programa ONUSIDA e tem tido um papel importantíssimo na promoção de estratégias de resposta à infecção pelo VIH no meio laboral. Em 2005, constituiu-se, em Portugal, a Plataforma Laboral contra a Sida, dirigida pela actual Coordenação Nacional para a Infecção VIH/sida. A Plataforma integra associações patronais e sindicais, a Autoridade para as Condições do Trabalho1 (ACT), ONG que trabalham com pessoas vivendo com a infecção e o Escritório da OIT em Lisboa. Entendendo que o mundo do trabalho pode constituir um meio privilegiado para o desenvolvimento de programas de prevenção e sensibilização relativos à infecção pelo VIH, a Plataforma Laboral tem vindo a desenvolver, desde o início de 2008, o projecto de um Código de Conduta [ver caixa] destinado a obter o compromisso das empresas em garantirem condições de trabalho dignas para as pessoas que vivem com a infecção pelo VIH, nas suas

três vertentes: (1) não discriminação; (2) prevenção; e (3) acesso ao tratamento. Este projecto é dirigido às empresas portuguesas e outras que operem no mercado nacional, sendo dada particular prioridade às empresas que desenvolvam também actividade nos países da CPLP. Entende-se que as empresas associadas a este projecto assumem uma posição de referência no panorama nacional e internacional, quer pelo reconhecimento público de uma atitude socialmente responsável, quer pela dimensão pedagógica e de disseminação de uma postura humanista e solidária. O Código de Conduta Empresas e VIH tem subjacente a protecção dos direitos humanos estabelecida em diversos instrumentos internacionais, designadamente pelas agências da Organização das Nações Unidas. Esta preocupação tem sido, aliás,

uma constante na Agenda da OIT, facto que levou à criação, em 2000, da ILO/AIDS, programa que articula as dimensões do trabalho e do VIH. Dada a relevância desta questão, a Conferência Internacional do Trabalho de 2010 será especialmente focada nesta problemática, estando prevista a aprovação de uma Recomendação, que deverá funcionar como instrumento normativo de referência do mundo do trabalho como parte da resposta à infecção pelo VIH. * Colaboração do Escritório da OIT em Lisboa

Recordando os p r i n c í p i o s adoptados pelas a g ênc i a s d a Organização das Nações Unidas e

o Código de Conduta da Organização Internacional do Trabalho referente à infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) e à protecção dos direitos humanos, nomeadamente o direito a traba lhar em condições d ignas , independentemente do respectivo estatuto serológico; Conscientes de que 9 em cada 10 pessoas infectadas pelo VIH se encontram em idade activa; Atendendo a que o meio laboral é um meio privilegiado para o desenvolvimento de programas de prevenção, formação e informação sobre o VIH; Reconhecendo que as empresas são responsáveis por proporcionar condições de t raba lho d i gnas , cons t i tu indo-se interlocutoras privilegiadas na resposta à infecção pelo VIH no local de trabalho, nas suas três vertentes: não discriminação, prevenção e acesso ao tratamento; As Empresas Signatárias do presente Código de Conduta comprometem-se a:

Não discriminar as pessoas que vivem com a infecção pelo VIH, quer sejam trabalhadoras ou candidatas a cargos na empresa;

Assegurar a igualdade entre homens e mulheres no que respeita ao acesso à prevenção e ao tratamento da infecção pelo VIH;

Facilitar a divulgação junto de trabalhadores e trabalhadoras de materiais informativos relativos à infecção pelo VIH e participar em programas de prevenção envolvendo os seus representantes; Reconhecer que a realização do teste para detecção da infecção pelo VIH, enquanto medida de saúde pública importante, é insusceptível de comprometer o ingresso e a progressão na carreira de cada trabalhador/a;

Respeitar e fazer respeitar o carácter voluntário dos testes para detecção da infecção pelo VIH e a confidencialidade dos resultados; Facilitar o acesso aos cuidados de saúde e à protecção social em condições de igualdade para todas as pessoas da empresa. As Empresas Signatárias assumem ainda o compromisso de: Cumprir o presente Código de Conduta e aplicá-lo de forma continuada em todas as áreas onde desenvolvam actividade; Promover a disseminação dos princípios consagrados neste Código de Conduta e colaborar nas iniciativas de divulgação de boas práticas que venham a ser realizadas.

Código de Conduta

Código de Conduta “Empresas e VIH”*

1 Estas duas agências especializadas do sistema das Nações Unidas têm trabalhado juntas para tornar mais eficaz a acção das duas organizações no combate à discriminação, prevenção e acesso aos cuidados de saúde. As Directrizes conjuntas OIT/OMS sobre os serviços de saúde e a infecção VIH/sida, recentemente traduzidas para a língua portuguesa, são disso um bom exemplo.

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O ar das grandes áreas metropolitanas está a tornar-se irrespirável. Claro que não é um assunto novo: o smog, que resulta da combinação de fumo (smoke) e neblina (fog), era o cartão de visita de Londres, algumas décadas atrás. Até que o desastre ambiental ocorrido em Dezembro de 1952 - quando uma frente estacionária provocou uma inversão térmica no vale do Tamisa e a velocidade do vento caiu para zero impedindo a dispersão dos poluentes e provocando a mortes de milhares de londrinos – impeliu a Inglaterra para um combate sistemático à poluição urbana, que ainda hoje continua. Em Portugal, o Plano de Melhoria da Qualidade do Ar na Região de Lisboa e Vale do Tejo acabou de ser publicado. Os estudos realizados permitem concluir que, para a cidade de Lisboa, os poluentes com níveis mais elevados, no caso as partículas inaláveis (PM10) e o dióxido de azoto, são consequência das emissões do intenso tráfego rodoviário. As partículas em suspensão provêm das cinzas, da fuligem e de outras partículas produzidas principalmente pela combustão de carvão e fuel-óleo nos automóveis e na indústria. Resultam do tráfego rodoviário, sendo emitidas nos gases de escape dos veículos a gasóleo, ou provenientes da ressuspensão provocada pela passagem de veículos nas estradas, mas também são geradas em processos industriais, processos de queima ou movimentações de terras. Também podem ocorrer fenómenos naturais

de transporte de partículas a longa distância. São exemplo disso as elevadas concentrações de partículas finas registadas nos países do sul da Europa e que têm origem nos desertos do Norte de África. A sua inalação é um problema para a saúde pública. As mucosas nasais capturam as partículas de maior diâmetro impedindo que cheguem aos pulmões. Porém, as mais finas, como as PM2,5 (partículas em suspensão de diâmetro aerodinâmico inferior a 2,5 μm), conseguem penetrar no sistema respiratório, com consequências mais gravosas em termos de saúde. Quanto ao dióxido de azoto, ele resulta da queima de combustíveis nas unidades industriais e da combustão, a altas temperaturas, nos motores dos veículos automóveis. Ele alcança as regiões profundas do tracto respiratório e inibe algumas funções dos pulmões, tais como a resposta imunológica, diminuindo a resistência às infecções. Assim, os seus efeitos traduzem-se no aumento da susceptibilidade a doenças respiratórias, principalmente em crianças, e também no aumento da possibilidade de ataques de asma. Para o programa de execução do Plano de Melhoria da Qualidade do Ar na Região de Lisboa e Vale do Tejo, destinado a fazer cumprir os valores-limite, foram identificadas dezenas de medidas potencialmente aplicáveis num curto/médio prazo. Estas foram avaliadas em termos de conteúdo, viabilidade, custo-eficácia e responsabilidade

de aplicação. Algumas destas políticas e medidas estão já em curso, outras estão por implementar e outras são propostas adicionalmente ao cenário nacional, no qual múltiplas ferramentas de melhoria da qualidade do ar têm lugar, nas suas diferentes escalas, com um domínio de aplicação que se estende da escala local à nacional e europeia. Para além de algumas já em curso, as medidas que se estima mais contribuírem até 2010 para a redução de emissões de PM10 são: - uma renovação significativa das frotas

cativas (em particular transportes colectivos rodoviários e táxis)

- a implementação de medidas de gestão de tráfego tais como o aumento do número de corredores BUS,

- o aumento da eficácia da fiscalização do estacionamento no interior da cidade de Lisboa

- a introdução de portagens diferenciadas ou de vias de alta ocupação no acesso à cidade.

Façamos votos para que a implementação atempada destas políticas e medidas contribuam para que possamos dizer como antes: “Cheira bem, cheira a Lisboa!” Carlos Costa GEOTA – Grupo de Estudos do Ordenamento do Território e Ambiente

A insustentável leveza do ar das nossas cidades

Uma iniciativa revelada pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente permite utilizar os mapas da Google Earth para “voar” para 200 dos locais mais ameaçados pelas alterações climáticas. O novo atlas mostra, a três dimensões, o impacto das alterações climáticas e outras actividades humanas sobre o planeta, em locais que vão desde as florestas tropicais húmidas mais remotas da República Democrática do Congo (RDC) aos glaciares da Gronelândia e do Alasca. “Se queremos mudar os corações e os espíritos do público em geral, precisamos de surpreender, excitar e também chocar, uma vez por outra”, afirmou o Director

Executivo do PNUA, Achim Steiner. “Estas imagens, aliadas às modernas tecnologias da informação, fazem tudo isso”. A nova ferramenta inclui imagens do antes e do depois, incluindo a perda de florestas e zonas ricas em biodiversidade em Madagáscar. “As imagens também mostram que a Humanidade é capaz de fazer mudanças positivas, inteligentes e capacitadoras, desde a reflorestação de zonas do Níger até a um novo plano de gestão do dique Itezhi-tezhi, na Zâmbia, que está a contribuir para restabelecer as cheias naturais cíclicas”, disse Achim Steiner.

O atlas do PNUA faz parte de uma série popular que dá destaque às alterações climáticas e inclui também One Planet Many People: Atlas of Our Changing Environment [Um planeta, muitas pessoas: atlas do nosso ambiente em mudança], publicado em colaboração com o Google Earth.

Nova ferramenta da ONU permite visita virtual a lugares mais ameaçados por alterações climáticas

O AMBIENTE EM PERSPECTIVA*

* Esta coluna é da responsabilidade do GEOTA. Os artigos nela publicados expressam exclusivamente os pontos de vista do autor, não devendo ser interpretados como reflectindo

a posição das Nações Unidas.

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O CANTO DA RÁDIO ONU *

Entrevista ao General Raúl Cunha, comandante da Unmik no Kosovo

Como está a situação no Kosovo, especialmente após Fevereiro com a d e c l a r a ç ã o u n i l a t e r a l d e independência? (Antes de mais, é um prazer estar aqui, colaborar convosco e especialmente ter a oportunidade de, em Nova Iorque, falar em português para uma rádio.) Após terem terminado as negociações, geridas pelo senhor Ahtisari e após ele ter apresentado a sua proposta ao Conselho de Segurança, já há algum tempo que se esperava essa declaração. Por outro lado, também já era esperada a resposta que essa declaração teve por parte da minoria sérvia, não aceitando essa declaração e, na prática, criando um problema à gestão das Nações Unidas no terreno. Porque, deixando de ser reconhecida a autoridade do Governo central, practicamente as Nações Unidas tiveram que assumir, nas zonas sérvias, a gestão desse território. Por outro lado, com o facto de não haver acordo de transição para a União Europeia (prevista no documento de Ahtisaari, por parte de alguns países do Conselho de Segurança e países com direito a veto), implicou que esta transição só fosse possível se a União Europeia aceitasse actuar sob, digamos assim, o manto da resolução 1244. Portanto, com essa aceitação agora, que suponho estar praticamente em vias de ser concretizada através da assinatura de um memorandum de entendimento entre as Nações Unidas e a União Europeia, vai haver uma actuação da União Europeia, mas sob a égide das Nações Unidas. E na práctica isso funciona? Vai ter de funcionar. Porque a única maneira legal de ter a União Europeia no terreno a assumir as funções, que vai ter assessoria na parte de Polícia e Justiça, seria actuando. Uma vez que não há acordo no Conselho de Segurança para fazer uma nova resolução, tem de se fazer uso da resolução anterior, que prevê a actuação de outros agentes. Portanto, este problema teve de ser gerido em simultâneo: com a criação no terreno, de uma espécie de partição do território, separando sérvios, que estão em determinadas zonas, dos albaneses nas outras zonas - que é a maioria do território. E, por outro lado, há que gerir este conflito que está latente, e que é o de não haver acordo em relação até à própria presença das Nações Unidas. Os sérvios

dizem que as Nações Unidas são a única autoridade que reconhecem, os albaneses, do Kosovo, só reconhecem as Nações Unidas, quase como um parceiro que está ali, mas está em vias de se ir embora. E, portanto, deixaram de reconhecer aquilo a que nós chamamos “autoridade executiva do Representante do Secretário-Geral” para a maior parte dos casos. Isto, evidentemente, requer um Representante do Secretário-Geral com muita habilidade política. E temos, neste momento, esse representante. Requer, por outro lado, uma actuação cuidadosa no terreno em relação a todos os aspectos que vão surgindo do conflito ao nível, sobretudo, no Norte da província do Kosovo. Então o que mudou? Qual é o estatuto da missão, neste momento? Nós estamos a seguir as indicações do Secretário-Geral, que para já são para reconfigurarmos a missão em relação à realidade no terreno. E essa realidade é que, por exemplo, na maior parte dos municípios, de maioria albanesa (e são quase todos), não é necessária a presença da nossa administração civil. A transferência de funções da Polícia e a parte da Justiça para a União Europeia, fazem com que a nossa Polícia das Nações Unidas possa ser practicamente extinta, reduzida ao mínimo necessário. E, em termos do Departamento de Justiça, a mesma coisa: o pilar económico da União Europeia, entretanto, também foi extinto. De maneira que há uma consequência óbvia, que é a redução de efectivos, pois não necessitamos de toda aquela gente que estava na parte da administração civil, uma vez que nas zonas de maioria albanesa eles não reconhecem já a autoridade das Nações Unidas. Essa autoridade é só reconhecida nas zonas de maioria sérvia, que são muito menos. Portanto, necessitamos de administração civil practicamente só no Norte do Kosovo, que é de maioria sérvia, e em dois ou três municípios a Sul, que também são municípios de forte implantação sérvia (…). E assim a presença civil de funcionários civis das Nações Unidas na administração civil é imensamente reduzida, a Polícia também é imensamente reduzida, o Departamento de Justiça muito reduzido também, practicamente extinto. Isto implica reconfigurar tudo. Por outro lado, as nossas bases logísticas, dispersas pelo território, são transferidas

para a União Europeia. Ou seja, deixámos de ter necessidade, também, da presença dos oficiais de ligação militares. Portanto o nosso efectivo também vai ser reduzido, porque aquela ligação militar, que nós faziamos entre os civis da administração e as forças militares da NATO a nível regional, deixa de ser necessária se já lá não estão os civis e só lá está a parte militar internacional. De maneira que passamos a actuar praticamente só a nível central em termos de ligação militar e isso implica igualmente uma redução do nosso efectivo. Portanto tudo isto, toda esta reconfiguração está a ter lugar, l en t amen te , com e s t ab i l i d ade , centralmente planeada, para depois ser executada com muito cuidado de maneira a que não haja nenhum vácuo de autoridade em momento algum. Quando termina o mandato da Unmik? O mandato da Unmik não termina, continua sempre válido. Enquanto houver a Resolução 1244, enquanto esta estiver em vigor, a Unmik tem o seu mandato, de maneira que eu vejo a Unmik continuar por mais algum tempo. O mandato da Unmik não termina, mas o seu mandato termina. Em Dezembro, o General deixa o posto. O que é que gostaria de ver acontecer? Eu gostaria que eles finalmente se entendessem todos. Mas acho que a possibilidade de isso acontecer é muito reduzida. * Colaboração da Rádio ONU

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Concluímos neste número a divulgação da série, com a divulgação de mais dois casos. A exemplo dos anteriores, também estes foram publicados em Portugal pelo jornal Semanário. - Sul do Sudão: o caminho rumo a uma “paz indivisível” no país* Enquanto o mundo presta muita atenção à tragédia do Darfur, a região ocidental do Sudão, o outro aspecto crucial da situação no país – a aplicação do importante acordo de paz que pôs termo ao conflito prolongado entre o Norte e o Sul – não atrai, em geral, a atenção que merece.

O caso Em 2005, o Acordo de Paz Global assinado pelo Governo de Cartum e o Movimento/Exército de Libertação do Povo do Sudão (SFLN/A), que travava, desde 1983, uma guerra civil contra a autoridade central, pôs termo a uma das guerras mais longas e mortíferas do mundo. Visando a unificação entre o Sul e o Norte através da partilha do

poder político, económico e militar, o Acordo de Paz Global prometia a prosperidade, a autodeterminação política e uma distribuição equitativa dos recursos e fixava um calendário para a realização de um referendo sobre a independência do Sul do Sudão. Contudo, três anos após a assinatura do Acordo de Paz Global, os dividendos da paz não se concretizaram. A aplicação prossegue, mas a um ritmo lento, num clima de constante desconfiança entre as duas partes; em relação a alguns elementos-chave, incluindo a demarcação das fronteiras, a distribuição das receitas do petróleo e a retirada das tropas, não tem havido avanços. Durante este período, a população do Sul do Sudão continuou a lutar diariamente para melhorar as suas condições de vida. A região tem a taxa de mortalidade materna mais elevada do mundo. […] É incontestável que a paz no Sudão é indivisível. Um fracasso do Acordo de Paz Global comprometeria seriamente as perspectivas de uma solução pacífica para o Darfur. Por outro lado, se a aplicação do Acordo tivesse êxito, as possibilidades de resolver a crise no Darfur aumentariam. A plena aplicação do Acordo de Paz Global é um elemento essencial do estabelecimento de uma paz duradoura e da estabilidade no Sudão e na região, no seu conjunto. Exige, por isso, que lhe seja concedida uma atenção acrescida. Texto integral do artigo - Gripe aviária foi contida, mas persiste a ameaça de uma pandemia humana O vírus da gripe aviária propagou-se rapidamente, após o seu aparecimento em 2003, mas uma rápida reacção da comunidade internacional permitiu conter a doença. No entanto, dado que continua a haver notícias de surtos, em numerosos países, e que a ameaça de uma mutação do vírus que afectaria os seres humanos se mantém, é urgente preparar-se para enfrentar a situação.

O caso Para além de algumas notícias ocasionais nos meios de comunicação sobre um novo surto de gripe aviária, a ameaça de uma pandemia mundial já não faz parangonas nos jornais. A autocomplacência é perigosa, pois existe um risco constante de uma mutação, que permitiria que o vírus se transmitisse facilmente aos seres humanos, causando uma pandemia mundial que poria em perigo milhões de vidas. Durante os últimos três anos, o vírus da gripe aviária propagou-se rapidamente no Leste Asiático, onde surgiu o primeiro surto, e, depois, em diversas regiões do Norte de África e da África Ocidental, donde passou para a Europa Central, até chegar ao Reino Unido. Este vírus altamente patogénico foi detectado em 15 países, em 2005. Em 2006, foi encontrado em pelo menos 55 países e territórios. Foram abatidos mais de 200 milhões de frangos, para tentar controlar o surto epidémico. As economias rurais sofreram as consequências e as populações com rendimentos modestos tiveram de enfrentar a escassez da sua principal fonte de proteínas. Imediatamente após a eclosão da doença, teve início uma reacção internacional que se intensificou com a criação, em 2005, do cargo de Coordenador do Sistema das Nações Unidas para a Gripe Aviária (UNSIC), o qual permitiu melhorar as respostas aos surtos detectados, no ano anterior, entre as aves de capoeira, em muitos países. Texto integral do artigo

A ONU e a imprensa portuguesa A resistência da SIDA deriva, em parte, do facto de as medidas para lhe fazer face subestimarem e até ignorarem o contexto de direitos humanos em que a epidemia se desenvolve. Contudo, é evidente que os milhões de indivíduos que são objecto de violações dos seus direitos humanos são mais vulneráveis à infecção pelo VIH e têm mais probabilidades de morrer de SIDA. De facto, as violações dos direitos humanos não só agravam a epidemia como a provocam, frequentemente. […] É por isso que, qualquer resposta ao VIH deve também abranger as problemáticas de direitos humanos que alimentam a epidemia e decorrem da mesma. […] Assim, uma abordagem do VIH

baseada nos direitos humanos centra a atenção nas necessidades essenciais de protecção dos mais vulneráveis ao VIH. Esta abordagem ajuda a conceber ou melhorar os meios de aceder a todos aqueles que, devido a negligência, intimidação, preconceitos ou estigma social, ficaram de fora das redes de segurança disponíveis para a prevenção, os cuidados e o tratamento do VIH. Entre estes figuram as mulheres e crianças vítimas de violência sexual, os jovens a quem são negadas a educação sexual e a informação sobre o VIH e as crianças que ficaram órfãs devido à SIDA. Uma abordagem baseada nos direitos proporciona também um quadro de protecção às pessoas que são marginalizadas pela sua orientação sexual ou toxicodependência e aos detidos a quem são

recusados cuidados ou meios de se protegerem do VIH. Como os direitos humanos são inalienáveis, aplicam-se a todas as pessoas – mesmo aos membros de grupos muito estigmatizados e às pessoas que são consideradas como estranhas a uma dada comunidade. Este princípio fundamental deve ser sempre tomado em consideração nas respostas ao problema do VIH.[…] * Kyung-wha Kang, Alta-Comissária Interina das Nações Unidas para os Direitos Humanos em “Direitos humanos e VIH/SIDA”, publicado em Portugal pelo jornal Público a 06/08/2008.

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Report on the Work of the Organization

http://www.un.org/Docs/journal/asp/ws.asp?m=A/63/1(SUPP)

UNifeed http://www.unmultimedia.org/tv/unifeed/

Security Council concept paper (S/2008/590)

http://www.un.org/Docs/journal/asp/ws.asp?m=S/2008/590

Growing Together: Youth and the Work of the United Nations http://www.un.org/esa/socdev/unyin/documents/growing_together.pdf

Housing for All: The challenges of affordability, accessibility and sustainability; The experiences and instruments

from the developing and developed worlds (UN-HABITAT) http://www.unhabitat.org/pmss/getPage.asp?page=bookView&book=2547

ILO rising food prices report

http://www.ilo.org/global/What_we_do/Officialmeetings/ilc/ILCSessions/97thSession/comm_reports/lang--en/docName--WCMS_096121/index.htm

Juridical Yearbook online

http://www.un.org/law/UNJuridicalYearbook/index.htm

UN Treaty Collection http://treaties.un.org/

Poderá encontrar estas e muitas outras informações úteis no Boletim da Biblioteca do UNRIC.

Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC

Nov

os s

ítio

s Web

A ONU e a UE

(http://www.europa-eu-un.org/)

EU Foreign Ministers' Meeting - Gymnich: Involvement in Georgia, Relations with the US, EU Security Strategy and more (5 de Setembro) http://www.europa-eu-un.org/articles/en/article_8122_en.htm

European Commission Statement - United Nations: Secretary-General's Symposium on Supporting Victims of Terrorism (9 de Setembro)

http://www.europa-eu-un.org/articles/en/article_8144_en.htm

"The EU and the Western Balkans: the Critical Year of 2009" - Speech by EU Commissioner Rehn (18 de Setembro)

http://www.europa-eu-un.org/articles/en/article_8156_en.htm

Women, peace and security - EU Commissioner Ferrero-Waldner urges awareness and action on full implementation of UN Security Council resolution 1325 (17 de Setembro)

http://www.europa-eu-un.org/articles/en/article_8152_en.htm

Reform of global economic institutions, better Infrastructure, and more effective aid is key to meeting the UN Millennium Development Goals (19 de Setembro)

http://www.europa-eu-un.org/articles/en/article_8154_en.htm

EU Commission President Barroso addresses UN High Level Meeting on Africa's Development Needs, calls for early agreement on new 1 billion food facility (22 de Setembro)

http://www.europa-eu-un.org/articles/en/article_8161_en.htm

"Africa's Women and the MDGs: a need for a step change in action" - Speech by EU Commissioner Ferrero-Waldner (22 de Setembro) http://www.europa-eu-un.org/articles/en/article_8166_en.htm

EU Presidency Declaration on the situation in Darfur (23 de Setembro) http://www.europa-eu-un.org/articles/en/article_8167_en.htm

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Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC

Directora do Centro: Afsané Bassir-Pour

Responsável pela publicação: Ana Mafalda Tello

Redacção : Emerência Rolo Natalie Rulloda Concepção gráfica:

Gregory Cornwell

Tel.: + 32 2 788 84 84 Fax: + 32 2 788 84 85

Sítio na internet: www.unric.org E-mail: [email protected]

Rue de la loi /Wetstraat 155 Résidence Palace Bloc C2, 7ème et 8ème 1040 Bruxelles Belgique

PUBLICAÇÕES – SETEMBRO 2008 FI

CHA

TÉC

NIC

A

Dia Internacional das Pessoas Idosas 1 de Outubro

Dia Mundial do Habitat

6 de Outubro

Dia Internacional para a Redução das Catástrofes Naturais

8 de Outubro

Dia Mundial da Saúde Mental 10 de Outubro

Dia Mundial da Alimentação

16 de Outubro

Dia Mundial para a Erradicação da Pobreza 17 de Outubro

Dia das Nações Unidas

24 de Outubro

CA

LEN

RIO

Outubro de 2008

United Nations Handbook 2008-2009: An Annual Guide for those Working with and

within the United Nations

Economic Development in Africa 2008: Ex-port Performance Following Trade Liberali-zation - Some Patterns and Policy Perspecti-

Report of the Secretary-General on the Work of the Organization

Código de Venda: 08.BKSHP.5

ISBN13: 9780477102100

Publicado em Setembro 2008

Report of the United Nations High Commis-sioner for Human Rights

Código de Venda: EGB012

ISBN-13: 9789218200723

Publicado em Setembro

United Nations Disarmament Yearbook 2007, The (Two volume set)

Código de Venda: 08.II.F.3 P

ISBN13: 9789211422603

Publicado em Setembro 2008

Generations & Gender Programme: Concepts and Guidelines

Código de Venda: 08.II.E.6

ISBN13: 9789211169850

Publicado em Setembro 2008

Código de Venda: EGB007

ISBN-13: 9 9789218200679

Publicado em Setembro

Código de Venda: 08.II.D.22

ISBN-13: 9789211127546

Publicado em Setembro

Poderá encontrar estas e outras publicações na página na internet do Serviço de Publicações das Nações Unidas: https://unp.un.org/

A 1 7 de Ou t ub r o , D i a Internacional para a Erradicação da Pobreza, tem início a campanha “Levanta-te e Actua”, uma iniciativa mundial que decorre até ao dia 19 do mesmo mês e apela a que, nesse período, as pessoas se levantem, exigindo que os seus governos cumpram as promessas de acabar com a pobreza extrema no mundo e que se alcancem os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), até 2015. Para saber mais sobre a campanha, visite o sítio www.levanta-te.org

Levanta-te e Actua contra a Pobreza e pelos Objectivos do Milénio