new da escola pÚblica paranaense 2008 · 2011. 11. 23. · algumas receberam cinco e outras...
TRANSCRIPT
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2008
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-040-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - SEED SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE UNIDADE DIDÁTICA
OS POLONESES EM TERRAS PARANAENSES CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA
CURITIBA 2008
WAGNER LUIZ ARCOLEZE
OS POLONESES EM TERRAS PARANAENSES CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA
Material Didático apresentado como requisito do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, da Secretaria de Estado da Educação, sob a supervisão da Universidade Federal do Paraná – UFPR. Orientadora: Profª Drª. Maria José Menezes Lourega Belli
CURITIBA
2008
ÍNDICE
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 4
OBJETIVOS ............................................................................................................................... 4
ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO ............................................................................ 5
CONTEXTUALIZAÇÃO .......................................................................................................... 5
HISTÓRIA ORAL DE VIDA .................................................................................................. 10
ENTREVISTA ......................................................................................................................... 10
PRIMEIRA ENTREVISTA ..................................................................................................... 11
SEGUNDA ENTREVISTA ..................................................................................................... 14
TERCEIRA ENTREVISTA ..................................................................................................... 16
FINALIZANDO AS ENTREVISTAS ..................................................................................... 27
HISTÓRIA ORAL .................................................................................................................... 29
PRESSUPOSTOS ................................................................................................................. 29
QUEM É QUEM NA HISTÓRIA ORAL ............................................................................ 30
ELETRÔNICA COMO CONDIÇÃO PARA A HISTÓRIA ORAL ................................... 30
PASSOS DO PROCESSO DE HISTÓRIA ORAL .............................................................. 31
HISTÓRIA ORAL DE VIDA .............................................................................................. 31
TRADIÇÃO ORAL .............................................................................................................. 31
COLÔNIA ............................................................................................................................ 33
HISTÓRIA ORAL COMO “DISCIPLINA” ........................................................................ 33
OUTRO CONCEITO DE DEFINIÇÃO .............................................................................. 33
COLABORAÇÃO E COOPERAÇÃO ................................................................................ 34
DO ORAL PARA O ESCRITO - TRANSCRIÇÃO ............................................................ 35
DOCUMENTOS E EXEMPLOS ......................................................................................... 35
FICHA DE ACOMPANHAMENTO E CONTROLE DO PROJETO ................................ 36
CARTA DE AUTORIZAÇÃO E USO DAS ENTREVISTAS ........................................... 38
EXEMPLO DE CARTA DE ACORDO COM A INTENÇÃO DO PROJETO .................. 38
DEVOLUÇÃO ..................................................................................................................... 38
FICHA DE ACOMPANHAMENTO E CONTROLE DO PROJETO ............................... 39
MATRÍCULA DA ENTREVISTA ...................................................................................... 39
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: .................................................................................... 41
ANEXOS
Secretaria de Estado da Educação - SEED
Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE
Material Didático para o aluno: Os Poloneses em Terras Paranaenses: Curitiba e
Região Metropolitana - História Oral de Vida
Orientadora da Universidade Federal do Paraná – Departamento de História: Profª
Drª. Maria José Menezes Lourega Belli
Professor: Wagner Luiz Arcoleze
Disciplina: História
Instituição de Ensino: Centro de Educação Básica para Jovens e Adultos - CEEBJA
Poty Lazzarotto
INTRODUÇÃO
As Diretrizes Curriculares Para o Ensino de História na Educação Básica do
Paraná reconhecem a diversidade cultural como parte integrante da memória
paranaense, abrindo possibilidades de estudos e pesquisas.
Nesse sentido, vamos trabalhar a diversidade cultural, fazendo com que o
aluno compreenda os caminhos traçados pelos imigrantes poloneses num universo
mais amplo. A pesquisa visa, a partir da História Oral de Vida em forma de
entrevistas, resgatar aspectos históricos relacionados à vida de imigrantes
poloneses no Paraná, investigando o cotidiano de uma família de agricultores
descendentes desta etnia residente no município de Campo Magro.
Com esse estudo, o aluno poderá passar a perceber o imigrante como sujeito
histórico macro, com sua identidade e expectativa de mudanças.
OBJETIVOS
Nesta investigação contextualizaremos vários aspectos da vida dos
imigrantes poloneses no Brasil, especificamente no Paraná. Analisaremos os
percursos destes sujeitos em suas estratégias de se integrarem em uma sociedade
diferente da sua e como eles neste processo teceram novas relações que os levou a
adquirir ressignificações aos seus parâmetros culturais.
Este processo de inserção na sociedade curitibana levará a analisarmos as
transformações culturais deste contexto, como também, destes imigrantes. O foco
será compreender através destas novas interações sociais a formação de uma
circularidade de práticas e narrativas sociais que vão delineando identidades. Dentro
desta perspectiva serão identificados hábitos, costumes, arquitetura, culinária e
lembranças dos imigrantes poloneses e de seus descendentes.
ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO
O presente material didático é composto de textos permeados de atividades,
permitindo ao aluno analisar, refletir, investigar e construir seu conhecimento acerca
do tema.
Num primeiro momento o professor iniciará a aula perguntando aos alunos
sobre a origem étnica de cada um deles valorizando sua participação. Em seguida
apresentará o tema: imigração polonesa em território paranaense no final do século
XIX, fazendo a contextualização histórica.
Num segundo momento serão apresentadas as entrevistas, possibilitando
análise, reflexão e desenvolvimento de atividades.
Num terceiro momento o professor orientará os alunos como se faz história
oral de vida, utilizando as entrevistas realizadas por ele seguidas de atividades.
CONTEXTUALIZAÇÃO
Nas trajetórias destes sujeitos históricos, encontraremos brechas entre o dizer
e o fazer, o almejado e o real encontrados em uma terra que lhes era estranha. Sua
vinda ao Brasil se justifica para atender a um projeto político a partir de 1850, com o
apoio do Governo Imperial. Em Curitiba é no governo de Lamenha Lins que
acontece um programa de apoio a assentamentos visando dar subsídios para que
esses imigrantes possam povoar a região dos campos da Província do Paraná.
Encontram-se inseridos numa sociedade diferente, com uma cultura totalmente
diferente da sua, trazendo consigo suas práticas, experiências e narrativas. Esperam
ser aceitos, reconhecidos e respeitados em sua identidade.
A Política Migratória no Brasil
Faltam terras na velha Polônia, sobram espaços desocupados, no Brasil do
século XIX. Desde 1808, o Príncipe Regente tornara possível a propriedade de
terra aos estrangeiros, motivado principalmente pela necessidade de ocupar os
chamados vazios demográficos, que ameaçavam o domínio português.
No Paraná
A população do Paraná no século XVIII, originalmente constituída por
faiscadores e mineradores de ouro estabelecidos no litoral e posteriormente no
planalto curitibano, configurava um contingente populacional diminuto e
disperso.
Adolpho Lamenha Lins, presidente da Província do Paraná (criada em 1853),
governou com uma política de fixar os imigrantes como proprietários de
pequenas porções de terra, uma vez que o decreto real abria este precedente. Os
núcleos coloniais deveriam situar-se no litoral paranaense e nos arredores de
Curitiba. A época, a economia paranaense caracterizava-se predominantemente
pela extração de erva-mate e pelo comércio de gado com o Rio Grande do Sul,
e a produção de alimentos era considerada atividade de pouco "status". Com a
abolição da escravatura no Brasil a questão da mão-de-obra para a agricultura
agrava-se sobremaneira. A Província do Paraná no último quartel do século
XIX sofria, assim, falta de braços na lavoura, o que ocasionava uma absurda
alta nos preços dos gêneros alimentícios; logo, era necessário contar com uma
população nova para o trabalho na terra.
Os imigrantes que tinham o Paraná como destino, vinham por mar, desde o Rio
de Janeiro, desembarcando em Paranaguá e Antonina, de onde eram
transportados por carroças pela estrada da Graciosa até Curitiba. Os homens
eram levados para as respectivas colônias, sendo empregados, inicialmente, nos
serviços de abertura de estradas.
Em Curitiba, os primeiros colonos fixaram-se nos arredores da cidade,
formando um cinturão verde, o que representou um maior progresso para a
região.
Informações obtidas a partir do site:
http://www.geocities.com/kornatzki/culturageral/imigracaopolonesanoparana/imigracaop
olonesanoparana.htm#_Toc445413769 – acesso dia 25/11/2008
PROPOSTA DE ATIVIDADES
ATIVIDADE 1 Pesquisa na internet
Utilizando o laboratório da escola, sob a orientação do professor, os alunos
pesquisarão sobre o (os) grupo (s) étnico (s) ao qual pertencem. Em seguida
retornarão a sala de aula e apresentarão o resultado de suas pesquisas. Essa
atividade é importante para que o aluno enriqueça seus conhecimentos relacionados
à cultura do (s) grupo (s) étnico (s) do qual faz parte.
POLONESES NO PARANÁ A primeira leva dos imigrantes, 32 famílias de camponeses procedentes da Silésia, chegou ao Brasil, em Santa Catarina, em 1869. O grupo foi transferido em 1871 para o Paraná, estabelecendo a primeira colônia polonesa, no Pilarzinho. Nos anos seguintes, surgiram novas colônias polonesas, formando em torno de Curitiba um "cinturão verde", que abastecia a cidade com produtos agrícola. Os polacos foram assentados nas colônias de imigrantes no Pilarzinho (1871), Abranches (1873), Santa Cândida (1875), Nova Polônia, que compreendia as colônias Lamenha, Santo Inácio, Órleãns, D.Pedro II, Dona Augusta (1876), Rivière - hoje Ferraria - (1877), Murici, Zacarias, Inspetor Carvalho e Coronel Accioly (1878). “Os imigrantes atuaram basicamente na lavoura e no comércio e contribuíram muito para o desenvolvimento da cultura, da economia e da tradição da cidade. Hoje, formam em Curitiba a maior colônia polonesa no Brasil”
Informações obtidas a partir do site: http://www.cmc.pr.gov.br/ass_det.php?not=11054
- acesso dia 25/11/2008
ATIVIDADE 2 Trabalhando com imagens Imagens de Curitiba.
Identifique entre as imagens, o Portal relacionado ao contexto que está sendo
focado nesse estudo.
1. ( )
2. ( )
3. ( )
4. ( )
5. ( )
6. ( )
Fotografias: Wagner Luiz Arcoleze em 23/11/2008
ATIVIDADE 3 Trabalhando com mapa
Analise o mapa de Curitiba e Região Metropolitana e associe os nomes das
Colônias Polonesas com os bairros ou região, colocando os números
correspondentes nos círculos.
Com essa atividade o aluno poderá fixar os nomes das Colônias polonesas e
conhecerá suas localizações.
1. Pilarzinho (1871)
2. Abranches (1873
3. Santa Cândida (1875)
4. Nova Polônia (1876): Lamenha, Santo Inácio, Órleãns, D. Pedro II e Dona
Augusta
5. Rivière (1877)
6. Murici, Zacarias, Inspetor Carvalho e Coronel Accioly (1878) – hoje São José dos
Pinhais.
7. Antônio Prado, São Venâncio e Santa Gabriela – hoje Almirante Tamandaré.
8. Colônia Rodrigues, ligada a D. Pedro II – Hoje Campo Magro.
9. Tomás Coelho – Araucária.
http://maps.google.com/maps?f=q&hl=pt-BR&geocode=&q=itarare+brasil – acessado em 22
novembro de 2008
ATIVIDADE 4 Pesquisa
Realize uma pesquisa conceituando Colônia de acordo com o contexto em
estudo.
Essa atividade é importante para que o aluno compreenda o sentido de
Colônia utilizado no estudo em questão.
HISTÓRIA ORAL DE VIDA
ENTREVISTA
Para Walter Benjamin, o narrador mantém em si aspectos que, embora
desvalorizados nas sociedades capitalistas e industriais, são fundamentais para as
trocas de experiências. Ele utiliza a sua capacidade de narrar e lembrar, capacidade
ilimitada, que pode se “materializar” através da fala, diferencialmente a cada
momento.
(Fragmento da dissertação de mestrado de Eloiza Maria Neves Silva . Histórias de vida de mulheres
negras: estudo elaborado a partir das escolas de samba paulistanas, apresentada no Programa de
Pós-Graduação em História Social da USP, 2002, pp. 52-5.)
Buscando melhor compreender a cultura polonesa, a partir da investigação,
foi realizado no dia oito de novembro de 2008 em Campo Magro, com uma família
descendente de poloneses, um conjunto de três entrevistas. Esses sujeitos
históricos colaboraram com o trabalho, abordando três eixos temáticos: Família,
Cultura/Religião e Economia Familiar. Apresentamos em seguida as entrevistas
textualizadas que servirão de suporte para análise e atividades desenvolvidas com
os alunos.
As entrevistas foram gravadas em DVD. O projeto das entrevistas, as
transcrições absolutas, as fichas de identificação e roteiro das questões, as cartas
de cessão e as autorizações para uso das imagens seguem anexo. Cópia do DVD
contendo as entrevistas acompanha o material.
PRIMEIRA ENTREVISTA Duração: 11minutos e 26 segundos DADOS DO COLABORADOR 1
Nome completo: Silvio Valenga
Local e data de nascimento: Almirante Tamandaré, 26/08/1934
Endereço atual: Rua Francisco Laliki, S/nº, Campo Magro, Paraná
Documento de identidade: 587165
Local e órgão de emissão: Almirante Tamandaré – S.S.P.
Profissão atual: Agricultor.
UMA FAMÍLIA PEQUENA E UNIDA
Meu nome é Silvio Valenga, nasci na Colônia Rodrigues, Almirante
Tamandaré, hoje pertence a Campo Magro, em 1934. Eu não conheci meus dois
avôs, somente as duas avós; uma veio da Polônia e a outra nasceu aqui.
Nossa família foi sempre tranquila. O pai foi meio severo, mas eu o agradeço,
porque ele criou os doze filhos, oito irmãos e quatro irmãs. Dos doze só sobraram
quatro, oito já são falecidos.
A respeito de meus descendentes poloneses que vieram para o Brasil, eu sei
que lá foi muito apertado, difícil, o governo brasileiro prometeu algumas coisas boas.
Eles foram obrigados a sair de lá, procurar outras terras e daí deixaram o rasto. O
governo brasileiro prometia muito, depois não deu tanto, mas sempre ajudou.
Os imigrantes poloneses que vieram para cá receberam terras, não como foi
prometido. Foram prometidos dez alqueires para cada família, mas dizem que
algumas receberam cinco e outras receberam dois alqueires. Além da terra eles
receberam foice, machado e algumas outras coisinhas.
Em minha opinião, as principais dificuldades que os poloneses encontraram
ao chegarem ao Brasil foi para compreenderem a língua portuguesa; isso foi mais
complicado. Além da língua, enfrentaram uma doença estranha que lá não tinha; eu
não conheci, graças a Deus, mas meus pais falaram que era morte certeira. Diziam
que era um tipo de cólera.
Na minha infância, como guri, meu pai ajudava, porque ele foi justo,
procurava nos por no caminho certo, nós éramos bastante e respeitávamos o pai. Eu
agradeço sua bondade. Quantas vezes a gente apanhou, mas isso foi para o nosso
bem.
Eu comecei a trabalhar devagarzinho depois de sete anos; a partir dos sete
eu passei a ajudar mais. Enquanto jovem eu não frequentava bailes, mas participava
das festas de igreja e todos estavam em comunhão.
Na escola, era para eu estudar quatro anos, mas como estava adiantado, fiz
três anos e meio. Daí a própria professora pediu para me mandarem para outra
escola ou então, que fosse trabalhar. Naquele tempo, eram só quatro anos de
estudos, até a quarta série. Na escola, eu estava mais adiantado que os outros,
então para mim foi um divertimento. A própria professora disse: Se todos os alunos
fossem como esse aqui eu ficaria feliz. Eu já entrei na escola sabendo, por causa da
minha irmã e de meu pai, todo dia estudava um pouquinho em casa. Hoje, quanta
criança vai à escola e não sabe nada e outras já sabem, porque a primeira escola é
em casa. Tem que ter tempo, alguém que ajude e que os pais se interessem. Agora,
se os pais não se interessam, o filho menos ainda.
Eu fui casado, agora sou viúvo. Minha esposa faleceu em 1988, com câncer
nos pulmões. Eu sou pai de duas filhas. Atualmente minha família é constituída de
quatro pessoas, por enquanto: eu, Silvio, a Margarida, a Maria e o Valter.
Quanto ao convívio familiar, graças a Deus, está “jóia”, às vezes, acontece
algum problema, mais nunca tão grave. Minha família é mais ou menos unida,
pequena, mas unida.
Nós trabalhamos juntos, a Maria trabalha fora, o que nós precisamos ela nos
ajuda, porque na lavora é um pouco difícil, mas a gente já está acostumado e dá
para viver.
Eu gostaria de deixar uma mensagem. Antigamente, no meu tempo, nós
andávamos seis quilômetros a pé para irmos á escola, hoje as crianças vão e voltam
de carro para a escola numa boa. Quem está interessado em estudar, estuda, quem
não está não estuda. Nós estudamos no sofrimento, nós pensávamos em estudar.
Essa mensagem é para as crianças, porque vejo pelo meu sobrinho, ele vai para a
escola, volta e se lhe perguntam alguma coisinha ele já responde, porque é muito
fácil. Nós andávamos seis quilômetros até a escola, no inverno, com tamanquinho,
paletó sem forro, a gente se aquecia no sol e procurava estudar. Hoje é mais
moderno, o que eles estudam eu não entendo nada, eu entendo outras coisas, mais
do que hoje, mas eu não entendo o que estudam hoje, porque é muita coisa. Agora
falar e fazer continhas, graças a Deus eu aprendi.
ATIVIDADE 5 Quadro comparativo
A partir da história de vida apresentada, façam em dupla, um quadro
comparativo relacionando as mudanças e as permanências na vida desses
descendentes de imigrantes poloneses e na sociedade.
Espera-se que o aluno ao fazer o quadro comparativo, partindo das
informações apresentadas pelo entrevistado, passe a perceber as mudanças e
permanências na vida familiar e social.
ATIVIDADE 6
Análise de vídeo
Análise do vídeo contendo as três entrevistas realizadas com uma família de
origem polonesa de Campo Magro. A exibição do vídeo será seguida de discussão e
debate a partir dos pontos das entrevistas destacados pelos alunos.
Essa atividade possibilitará ao aluno expor à classe suas impressões acerca
do vídeo e enriquecer seus conhecimentos a partir das contribuições dos colegas.
SEGUNDA ENTREVISTA Duração: 7 minutos e 27 segundos DADOS DA COLABORADORA 2
Nome completo: Maria Valenga
Local e data de nascimento: Almirante Tamandaré, 16/12/1967
Endereço atual: Rua Francisco Laliki, S/nº, Campo Magro, Paraná
Documento de identidade: 4.640.997-3
Local e órgão de emissão: Almirante Tamandaré – S.S.P.
Profissão atual: Técnica de laboratório
PRESERVANDO A CULTURA POLONESA
Meu nome é Maria Valenga, eu nasci nessa comunidade em 1967. Na época
em que eu nasci pertencíamos ao município de Almirante Tamandaré e hoje é o
município de Campo Magro.
A minha escolaridade é o terceiro grau incompleto, sou técnica em química,
trabalho num laboratório farmacêutico há quinze anos. Nos meus dias de folga, nos
feriados e nos finais de semana eu ajudo nos afazeres de casa como também, o
meu pai e a minha irmã na agricultura.
A minha relação com os meus pais sempre foi muito afetiva. Sinto bastante
falta de minha mãe que perdi quando tinha vinte anos, mas em compensação meu
pai é muito companheiro, muito amigo e muito prestativo.
Na minha infância, eu estudava em um colégio três a quatro quilômetros
daqui. Ia a pé e sempre estudei pela parte da manhã. À tarde a gente voltava,
brincava e também ajudava nos pequenos afazeres da casa e da agricultura,
cuidando dos animais, etc. A gente subia em árvores, brincava de esconde-esconde,
brincava com a terra, montávamos nossos próprios bonequinhos de palha de milho,
enfim, nós mesmos que criávamos a maioria de nossos brinquedos.
Nunca me senti discriminada por ser de origem polonesa, pelo contrário, acho
que às vezes até me favoreceu.
Nós os poloneses, preservamos bastante as tradições religiosas,
principalmente o batismo, a primeira comunhão, a crisma e os casamentos, que são
feitos no religioso e no civil. Preservamos também, o que acompanha as festas, isso
nos diferencia das outras etnias. Nas festas têm bastante da cultura polonesa: as
danças, as comidas e os trajes que até hoje ainda continuam sendo preservados.
Antigamente o casamento polonês geralmente era celebrado na segunda feira
e tinha duração de três a quatro dias. Hoje mudou devido à questão financeira. Eram
celebrados nas casas, quer dizer, as festas eram nas casas ou nos paióis. Hoje em
dia, mais por comodidade, são feitas nos barracões das igrejas ou restaurantes, mas
continua a tradição das músicas e comidas polonesas. É servido o jantar e mais a
meia noite é servido um café com bolos, bolachas, kuques, tudo da cultura polonesa
que até hoje é preservado.
As tradições culturais polonesas mais preservadas é a língua, que nós ainda
falamos, as músicas, que ainda são bastante tocadas e ouvidas, parte da culinária
que são as broas, as bolachas, os requeijões, as manteigas e os kuques.
Continuamos fabricando vinhos de uva e de laranja. As casas antigas também são
preservadas com suas arquiteturas.
Em Curitiba o que mais se destaca é o Bosque do Papa João Paulo II, onde a
cultura polonesa é bastante preservada, como a bênção dos alimentos e o grupo
folclórico, que é bastante forte.
ATIVIDADE 7 Análise de texto
Analise o texto destacando as tradições culturais e religiosas citadas pela a
autora.
Realizando essa atividade o aluno assimilará melhor a respeito da cultura
polonesa preservada, passando a respeitá-la e a valorizá-la mais.
TERCEIRA ENTREVISTA Duração: 16 minutos e 21 segundos
DADOS DA COLABORADORA 3 Nome completo: Margarida Valenga
Local e data de nascimento: Almirante Tamandaré, 01/04/1963
Endereço atual: Rua Francisco Laliki, S/nº, Campo Magro, Paraná
Documento de identidade: 4.640.977-9
Local e órgão de emissão: Almirante Tamandaré – SSP
Profissão atual: Agricultora
TRABALHAMOS TODOS JUNTOS
Meu nome é Margarida Valenga, nasci na Colônia Rodrigues, município de
Campo Magro, que na época pertencia a Almirante Tamandaré, em 1963.
Eu tenho o segundo grau completo e sou agricultora. Trabalho na lavoura
plantando de tudo um pouquinho.
Meu relacionamento com os meus pais foi sempre muito bem, eu convivo com
meu pai todos os dias. Minha mãe é falecida há muito tempo, mas eu herdei alguns
exemplos dela que hoje eu sigo. Infelizmente a gente sofreu sem ela, mais
conseguimos superar tudo.
O que eu mais admiro na minha família, desde o tempo de minha mãe, é que
todos os trabalhos que a gente faz na agricultura, fazemos todos juntos. Quando a
gente termina um, começa outro. Eu acho isso muito bonito, porque não
trabalhamos separados, só juntos.
Há! Minha infância foi muito boa, eu era um pouco arteira, Como eu era
menina, não sei por que eu inventava tantas artes. Mas era maravilhoso! Meu pai,
minha mãe e minha avó separavam o serviço, determinavam à hora de brincar, à
hora de rezar e à hora de estudar. Tinha hora para tudo. Desde a minha infância eu
já aprendi a trabalhar, a ajudá-los.
Quando eu fui jovem, a gente trabalhava rápido durante a semana, fazia o
serviço, porque nos final de semana a gente queria ir para os bailinhos. Nas festas,
a gente reunia os vizinhos e íamos a pé. Era muito gostoso.
Eu nunca me senti discriminada por ser de origem polonesa e se alguém me
perguntar de que origem você é, eu falo com muito orgulho: eu sou de origem
polonesa e ainda acrescento, na minha casa, meu pai, minha irmã e eu falamos tudo
em polonês.
Nosso sítio tem treze alqueires e está dividido mais ou menos assim: seis a
gente planta, cultiva de tudo um pouco, uns dois alqueires é pasto para a engorda
de bois e uns três ou quatro é mata nativa, preservação ambiental. Nós temos rios e
córregos e a gente preserva a natureza.
Nós aqui temos galpões, onde a gente armazena nossos produtos, guarda o
milho o ano inteiro para as nossas criações. Temos umas garagens onde
guardamos nosso trator e implementos. Temos uma cozinha externa com forno onde
a gente mata um porco, mata um boizinho e faço as broas que são comidas típicas
polonesas. Temos a casa, as estrebarias, e os chiqueiros. Tem de tudo um
pouquinho no nosso sítio.
Nós plantamos de tudo um pouquinho, milho, batatinha, feijão, cebola, etc.,
mas a principal atividade que garante a nossa sobrevivência é a produção de milho,
de batata e de feijão.
Nos trabalhos do campo nós utilizamos desde as ferramentas mais simples
como a foice, a enxada, o machado, a tração animal, até as mais sofisticadas como
o trator, o arado, a grade e as plantadeiras.
Para produzir, primeiro nós arrumamos o terreno, preparamos a terra,
aramos, e gradeamos, plantamos, cuidamos e colhemos. É um trabalho que não
termina nunca, não é de semanas e meses, mas de anos. Plantamos o ano inteiro, o
ano inteiro a gente trabalha na lavoura.
A maior parte do que nós produzimos vai diretamente para os consumidores,
nós adquirimos preços melhores e eles adquirem produtos mais fresquinhos,
diretamente dos produtores. Mas também a gente vende para os intermediários, que
levam para a CEASA/PR1 e também para os feirantes.
Eu acredito que esses compradores não pagam um preço justo pelos nossos
produtos, porque hoje os insumos são muito caros, sobem a cada ano enquanto o
preço de nossos produtos está parado, não sobe. Muitas vezes, eles compram e não
pagam, eles simplesmente somem e nós ficamos como o prejuízo.
1 Centrais de Abastecimento do Paraná S/A
Comparando hoje com era no tempo de meus antepassados, acredito que
melhorou muito. Quando meu pai era mais novo, no tempo de meus avós, era muito
difícil, porque nós não tínhamos meios de transporte como hoje, não tinha caminhão,
a gente usava carroças. Eles demoravam muito para levar suas mercadorias até
Curitiba, três horas de carroça. Hoje o caminhão leva tudo dentro de vinte minutos e
é mais confortável. Nesse sentido melhorou bastante.
De uns dez anos para cá, nós enfrentamos um problema, somos muito
roubados. Têm muitas invasões ao redor da nossa colônia, da nossa região e nós
somos muito explorados. Roubam muito das nossas roças, isso está ficando cada
vez pior. As pessoas não têm emprego, precisam sobreviver e aí nos roubam. Não
temos mais sossego, temos que chavear tudo, deixar cadeado. Não podemos deixar
nada na roça, mesmo um ferro eles roubam para vender num ferro velho. Eles
roubam de tudo, milho, batatinha... roubam e estragam, cortam, entram com os
carros no meio das roças, fazem voltas, macetam tudo causando bastante estrago.
Roubam também as galinhas, os bois, roubam de tudo um pouco. Está ficando cada
vez mais difícil. É muito difícil, nós nos mobilizamos, fizemos uma reunião com o
nosso prefeito, junto com o delegado e policia civil aqui do município de Campo
Magro. O delegado nos falou que quando virmos alguém roubando é para avisá-los
que eles vêm para prender. Só que você nunca sabe o dia que eles vêm. Nós nos
mobilizamos bastante, mas não chegamos a um ponto final, a um acordo. A questão
de segurança aqui é muito difícil, porque é colônia, eles cuidam mais do centro de
nosso município e não das colônias. Também a roça é grande, se eles roubam de
um lado a gente não vê. Essa que é a nossa maior dificuldade, o nosso maior
problema. Eles também mexem na mata nativa, roubam muita lenha. Onde a gente
deixa uma área de preservação ambiental que tem os rios, eles vão lá, cortam,
fazem carreiros e levam as lenhas. Eles levam as secas, cortam as verdes, as
deixam secar para vir pegar depois. Enquanto nós estamos preservando.
Vou lhes apresentar alguns instrumentos que utilizamos em nossos trabalhos,
para vocês entenderem o que a gente comentou sobre as várias mudanças que
ocorreram.
Antigamente, se batia feijão com essa ferramenta, o cambau. Isso no tempo
da minha avó e do meu pai, eu era criança. Hoje é substituído pelas máquinas que
debulham. O feijãozinho já sai limpinho.
No verão, a gente guarda comida para alimentar os bois no inverno. Esse
instrumento aqui, o garfo de madeira, serve para juntar o feno, que é a comida dos
bois.
Nós guardamos o feno em cima no sótão, onde é mais quente. O feno é seco
e guardado, porque não pode pegar umidade.
Este é um debulhador de milho que nós usamos, mas agora têm as
colheitadeiras enormes, cada vez mais fácil e simples de se trabalhar.
Esta aqui foi uma das primeiras máquinas debulhadoras de milho manuais
que nós utilizamos. Hoje estão sendo substituídas por muitas outras colheitadeiras,
aquelas que colhem mil e quinhentas, duas mil sacas de milho por dia.
Este aqui é um moedor de quirera. Antigamente não existiam esses elétricos,
então a gente moía e fazia quirerinha para os pintinhos.
Hoje, a gente tem este aqui, o triturador elétrico, que é só ligar; não judia e é
tudo fácil.
UNIDADE PRODUTIVA – DIVISÃO 1. INSTALAÇÕES Casa
Paiol
Garagem
Chiqueiros
Forno
2. ÁREA DE PLANTIO
3. PASTAGEM
4. RESERVA FLORESTAL
Fotografias: Wagner Luiz Arcoleze em 14/11/2008
ATIVIDADE 8
Análise
Apresentado o ambiente onde mora a família de descendentes poloneses,
analise o relato, buscando desenvolver os seguintes eixos temáticos:
Ferramentas
Sistema de trabalho, unidade produtiva
Preservação da natureza.
Com essa atividade o aluno passará a compreender melhor o universo em
que vivem esses sujeitos e suas lutas.
ATIVIDADE 9
Pesquisa – economia de mercado
Partindo das informações obtidas na entrevista, o aluno fará uma pesquisa a
respeito da economia de mercado, buscando as razões que levam o pequeno
produtor a se tornar refém dos chamados “atravessadores” e supermercados,
limitando a ação dos mercadinhos e armazéns.
Com essa atividade o aluno passará a compreender melhor os mecanismos
que estão presentes na dinâmica do mercado.
ATIVIDADE 10
Identificação de problemas
Identifique, na entrevista, os problemas que a família enfrenta na colônia onde
vive. Que possíveis soluções você aponta para tais problemas?
Ao realizar essa atividade o aluno passará a analisar e refletir acerca dos problemas
abordados na entrevista e dará sugestões para solucioná-los.
ATIVIDADE 11
Visita Técnica ao Centro Histórico de Curitiba
O professor realizará com seus alunos uma visita técnica ao Centro Histórico
de Curitiba, propondo uma análise de contextos históricos, permanências e
mudanças.
Com essa atividade espera-se que o aluno passe a reconhecer e a valorizar
mais o patrimônio histórico material e cultural de sua cidade.
FINALIZANDOS A ENTREVISTAS A FAMÍLIA REZA E AGRADECE
Para encerrar as entrevistas a família faz uma oração na língua polonesa,
seguida de um agradecimento.
Da esquerda para a direita Maria Valenga, Silvio Valenga e Margarida Valenga
Fotografia: Wagner Luiz Arcoleze em 06/12/2008
Margarida: Nós vamos agora rezar o Pai Nosso em polonês (os três membros da
família; Silvio, Margarida e Maria rezam o Pai Nosso na língua polonesa)
Ojcze nasz ktorys jest w niebie,
swiec sie imie Twoje,
krolestwo Twoje,
badz wola Twoja,
w niebie tak i na ziemi,
chleba naszego powszedniego daj nam dzisiaj,
odpusc nam nasze winy jako
i my odpuszczamy naszym winowajcom
i nie wodz nasz na pokuszenie
ale nas zbaw ode zlego.
TRADUÇÃO
Pai Nosso que estais nos Céus,
santificado seja o Vosso Nome,
venha a nós o Vosso Reino,
seja feita a Vossa vontade
assim na terra como no Céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje,
perdoai-nos as nossas ofensas
assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido,
e não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do Mal.
MARIA: Agradecemos essa oportunidade que vocês nos deram para fazer essa
entrevista, para os trabalhos escolares.
Obrigado.
ATIVIDADE 12
Religiosidade
Na entrevista 2 vimos que os descendentes poloneses mantém uma forte
tradição religiosa embasada nos ensinamentos e na fé. A propósito disso, finalizam
sua participação nas entrevistas rezando a oração do Pai Nosso na língua polonesa.
Você pratica alguma religião? Em sua opinião, qual a importância da
religiosidade para a vida da pessoa e da comunidade?
Realizando essa atividade, o aluno poderá repensar seus valores, refletindo
sobre a importância do elemento religioso em sua vida.
HISTÓRIA ORAL Como fazer
A partir das entrevistas apresentadas, vamos trabalhar com os alunos como
fazer história oral utilizando uma síntese do livro HISTÓRIA ORAL – como fazer,
como pensar de José Carlos Sebe B. Meihy, Fabíola
PRESSUPOSTOS
CONCEITOS E DEFINIÇÕES
História oral é um conjunto de procedimentos que se inicia com a elaboração
de um projeto e que continua com o estabelecimento de um grupo de pessoas a
serem entrevistadas.
O projeto prevê:
planejamento da condução das gravações (explicação do por que) com
definição de locais;
tempo de duração e demais fatores ambientais;
conferência do produto escrito;
autorização para o uso (acompanhado de uma carta de cessão com
especificações sobre seu uso pleno ou relativo);
arquivamento;
sempre que possível, a publicação dos resultados que devem, em primeiro
lugar, voltar ao grupo que gerou as entrevistas.
QUEM É QUEM NA HISTÓRIA ORAL
1. o entrevistador; 2. o entrevistado.
O resultado do encontro gravado é a entrevista.
O que vem a ser o documento? Há divergências, a maioria supõe que vem a
ser as transcrições em diferentes fases, o legítimo texto documental.
ELETRÔNICA COMO CONDIÇÃO PARA A HISTÓRIA ORAL
A mediação eletrônica é uma das marcas da história oral como um
procedimento novo e renovável. Porém, a história oral não se faz sem a participação
humana direta, sem o contato pessoa (emoções).
Cuidados antes das gravações:
1- os aparelhos devem ser testados antes;
2- a gravação da matrícula da entrevista deve ser feita no começo do encontro,
definido:
a- local e data;
b- nome do projeto;
c- nome do colaborador entrevistado;
d- presença eventual de outras pessoas com seus nomes;
e- finalizar as entrevistas com os mesmos procedimentos – repetindo a
matrícula do projeto.
PASSOS DO PROCESSO DE HISTÓRIA ORAL
“E preciso atingir a vontade de querer Retrospectivamente tudo o que aconteceu.”
Nietzsche Definir os passos da história oral implica estabelecer os cinco momentos
principais de sua realização:
1- elaboração do projeto;
2- gravação;
3- estabelecimento do documento escrito e sua seriação;
4- sua eventual análise;
5- arquivamento; e
6- devolução social
HISTÓRIA ORAL DE VIDA
Não é possível identificarmos a origem das histórias de vida, mas podemos
tomá-las como ponto de partida as Confissões de santo Agostinho (354-430). No
século XX, W.O. Thomas e F. Zananiecki na Escola de Sociologia de Chicago,
incorpora à prática acadêmica as histórias de vida como documento de
respeitabilidade. Justificavam essa medida, baseando-se na carência de
documentação dos imigrantes poloneses.
Em termos sociomorais, a história oral tem vocação a valorizar o indivíduo em
detrimento de exclusivismo da estrutura social.
TRADIÇÃO ORAL
O calendário, as festividades, os rituais de passagem, as cerimônias cíclicas,
as motivações abstratas de tragédias eventuais e doenças endêmicas ou
epidêmicas, são matéria da tradição oral.
Há alguns princípios que organizam a teoria dos mitos que devem estar em
mente ao se elaborar um projeto de tradição oral. Assim, se pode pensar nos
chamados mitos de origem (aparecimento do mundo, da vida, dos seres humanos),
nos referenciais sobre os instintos básicos (reprodução e alimentação), nas
explicações sobre a história. (guerras, pragas, morte), nas indicações do destino
pessoal (sorte ou não no casamento e nos negócios) e nas explicações sobre o
comportamento extraordinário (possessões, acessos). Esses fatores devem sempre
ser equiparados aos grandes sistemas de mitos explicativos da história.
Um projeto em história oral é constituído das seguintes partes:
1. tema;
2. justificação (motivo do projeto);
3. problemática e hipótese;
4. corpus documental e objetivos;
5. procedimentos;
6. bibliografia;
7. cronograma.
Depois da justificação, é preciso explicitar os mecanismos de constituição e
usos de corpus documental produzido. Essa atitude leva à escolha do gênero ou
ramo de história oral pretendida: de vida; temática; tradição oral. Em termos de
operação ou procedimento é necessário definir se trata de: 1) história oral pura, feita
com diálogos internos das falas apreendidas, ou 2) história oral híbrida, quando as
narrativas concorrem com outros suportes documentais.
...num projeto de história oral as fontes principais e em torno das quais a
pesquisa gira são as narrações dos colaboradores
Incluindo as chamadas hipóteses de trabalho, a série de perguntas a serem
respondidas deve ser arrolada em obediência ao sentido social do projeto.
É importante realçar que os objetivos em história oral são derivados de núcleo
documental.
As narrativas tornam-se núcleo central das atenções, pois delas decorrem as
razões e os dilemas embutidos nas justificações.
A problematização deve se encaminhar para os objetivos.
Em história oral, por conta de seu caráter público, os objetivos são divididos
em:
1- objetivo geral: que dá uma dimensão mais ampla ao que se quer estudar, a
comunidade como um todo, sem especificações;
2- objetivos específicos: que se relacionam de maneira mais próxima com as
questões que envolvem subdivisões do grupo analisado;
3- objetivos complementares: que dizem respeito à devolução pública do
trabalho realizado.
COLÔNIA
Colônia é definida pelos padrões gerais de parcela de pessoas de uma
mesma “comunidade de destino”.
HISTÓRIA ORAL COMO “DISCIPLINA”
Sua aspiração “utópica” visaria à inclusão social e assim seria, como quer
Treblich, uma contra-história.
Uma leitura cuidadosa dos fundamentos da história oral, pois deixa entrever
que desde o início é a preocupação da história oral com o compromisso social
marcado pela “voz dos excluídos”, revelação de aspectos desconhecidos, ocultos e
desviados, não expressos nos documentos oficiais e escritos e, sobretudo, a
denúncia do sofrimento extremo de grupos maltratados por situações variadas.
OUTRO CONCEITO DE DEFINIÇÃO
“A história oral é uma história construída em torno de pessoas. Ela lança a
vida para dentro da própria história e isso alonga seu campo de ação. Admite heróis
vindos não só de dentre os líderes, mas dentre a maioria desconhecida do povo.
Estimula a professores e alunos a se tornarem companheiros de trabalho. Leva a
história para dentro da comunidade e extrai a história de dentro da comunidade. Ela
ajuda os menos favorecidos, especialmente os idosos, a conquistarem dignidade e
autoconfiança. Propicia o contato – e a compreensão – entre classes sociais e entre
gerações. E para cada um dos historiadores e outros que partilham das mesmas
intenções, ela pode dar um sentimento de pertencer a determinado lugar e a
determinada época. Em suma, contribui para formar seres humanos mais completos.
Paralelamente, a história oral propõe um desafio aos mitos consagrados da história,
ao juízo autoritário inerente a sua tradição. E oferece os meios para uma
transformação radical no sentido social da história.”
Paul Thompson, A voz do passado: história oral, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1992, p.44
COLABORAÇÃO E COOPERAÇÃO
O colaborador, ao narrar o mais livremente possível o que lhe é intuitivo ou
sensível com as variações comuns a quem conta, diz respeito aos ajustes do
indivíduo na sociedade. Exatamente aí reside a essência da história oral.
A apreensão dessas circunstâncias é sutil e por isso a situação de gravação
em história oral deve ser direta, olho no olho, respeitosa e confiante.
A atribuição dos elementos empíricos da entrevista convida a pensar fatores
narratológicos, ligados aos fatos da vida ou circunstâncias do tema em questão. Por
lógico, impressões gerais, opiniões sobre acontecimentos, juízos objetivos ou não,
sonhos, fantasias, mentiras inclusive, tudo isso cabe no universo da entrevista, mas
não depende de comprovação nenhuma.
Não se fala, pois, de “exatidões históricas” ou “testemunhos de verdades” ou
mesmo de “realidades comprovadas” e sim de visões, construções narrativas,
idealizações, que são definidas na exposição dos fatos.
Pensando que a memória coletiva se dá exatamente na repetição de fatos
narrados é que se advoga o respeito à apreensão dos acontecimentos e sua
transposição do código oral para o grafado.
Interessa não as palavras em si, pois não é cada palavra exatamente como
foi dita que vale, mas o seu significado no conjunto da dissertação de alguém em
situação de entrevista e na conjunção de outros textos estabelecidos na mesma
perspectiva.
O ato de autorização da entrevista a faz “verdade em si”, fator significante
sem referência natural a outra coisa, como, aliás, tanto queria Platão como
Aristóteles.
Superada a fase de aquisição de entrevistas, cabem três alternativas que
devem ser explicadas no projeto:
1- arquivamento, guarda ou publicação das entrevistas em si;
2- diálogo entre as diversas entrevistas em diversas linhas de argumentos que
combinam aproximações e diferenças; e
3- diálogo das entrevistas com a produção historiográfica afeita ao motivo da
recolha.
DO ORAL PARA O ESCRITO - TRANSCRIÇÃO
O conceito de transcrição é uma mutação, “ação transformadora, ação
recriada” de uma coisa em outra, de algo que sendo de um estado da natureza, se
torna outra.
Fala-se de geração, mas não de cópia ou reprodução. Nem de paródia ou
imitação. O senso estético encontra aí colo que abriga aproximações sempre
evocadas entre literatura e história oral.
A transcrição nos aproxima do sentido e da intenção original que o
colaborador quer comunicar. E tudo vira ato de entendimento do sentido pretendido
pelo emissor, que pode ser expresso tanto oralmente quanto por escrito.
DOCUMENTOS E EXEMPLOS
Consagrado o princípio elementar de que existam diferenças entre uma
situação (língua falada) e outra (língua escrita), nota-se que o mais importante na
transposição de um discurso para o outro é o sentido que, por sua vez, implica
intervenção e desvios capazes de sustentar os critérios decisivos.
Exemplo de entrevista de um projeto
Fase 1 – transcrição absoluta. Colocação das palavras ditas em estado bruto.
Fase 2 – textualização. Elimina-se as perguntas, tirando os erros gramaticais
e reparando as palavras sem peso semântico. Os sons e ruídos também são
eliminados para obter-se um texto mais claro e liso.
“Tom vital” – É uma frase guia, escolhida e extraída da entrevista como um
todo. “È o “tom vital” que diz o que pode e o que não pode ser eliminado do texto.”
Fase 3 – o texto é apresentado em sua versão final e depois de autorizado
pelo colaborador deve compor a série de outras entrevistas do mesmo projeto.
FICHA DE ACOMPANHAMENTO E CONTROLE DO PROJETO
“Como em qualquer projeto de ciências sociais, em história oral o
acompanhamento do projeto é parte de controle necessário ao bom resultado.” (José Carlos Sebe Bom Meihy)
Todos os projetos devem ser acompanhados de fichas de controle. Deve
sempre haver, pelo menos, duas modalidades de fichas: uma da situação de
entrevista e do projeto e outra do entrevistado e do processo da entrevista até o
estabelecimento e aprovação de texto final.
A ficha de situação da entrevista e a relação dos entrevistados, com os
seguintes itens: I) dados do projeto; II) dados do entrevistado; III) dados dos
contatos; IV) dados do andamento das etapas de preparo do documento final; V)
envio de correspondências.
I) Dados do projeto
Nome do projeto:
Diretor do projeto:
Instituição patrocinadora:
Entrevistador:
Tipo de entrevista (gênero):
Local e duração de entrevista:
Ficha catalográfica da entrevista:
II) Dados do colaborador
Nome completo:
Local e data de nascimento:
Endereço atual: Rua nº Bairro Cidade Estado
Documento de identidade Tipo:
Local e órgão de emissão:
Profissão atual:
Profissões anteriores:
Observações:
III) Dados dos contatos e da entrevista
Indicação do contato:
Data do contato:
Forma do contato:
Data (s) da (s) entrevista (s):
Local da (s) entrevista (s):
IV) Dados do andamento das etapas e do preparo do documento final
Primeira transcrição:
Textualização:
Transcrição:
Conferência:
Carta de cessão de direitos:
Modelo de acompanhamento
1 2 3 4 5
André Silva X X X X X
Caio Linhares X X X
Gabriel Soares X X X X X
Manuela Fernandes
X X X
Valkiria Morais X X
Wilma Navaes X X X X X
V) Envio de correspondência
Data da carta de apresentação do projeto:
Data do agradecimento (s) da (s) entrevista (s):
Data da remessa da entrevista para conferência:
Data da carta de cessão:
CARTA DE AUTORIZAÇÃO E USO DAS ENTREVISTAS
A carta de cessão é um documento fundamental para definir a legalidade do
uso da entrevista. Ela pode remeter tanto à gravação quanto ao texto final (se este
for produzido).
EXEMPLO DE CARTA DE ACORDO COM A INTENÇÃO DO PROJETO
(Local e data) Destinatário,
Eu, (nome, estado civil, documento de identidade), declaro para os devidos
fins que cedo os direitos de minha entrevista, gravada (data (s)) para (entidade e
pessoa) usá-la integralmente ou em partes, sem restrições de prazos e limites de
citações, desde a presente data. Da mesma forma autorizo o uso de terceiro ouvi-la
e usar citações, ficando vinculado o controle à (instituição), que tem a guarda da
mesma.
Abdicando direitos meus e de meus descendentes, subscrevo a presente, que
terá minha firma reconhecida em cartório.
(nome e assinatura do colaborador)
DEVOLUÇÃO
Em história oral o entrevistado não é apenas um depoente, mas sim um
colaborador agente ativo de sua história. O resultado do trabalho da história oral é
devolvido aos colaboradores podendo contribuir para a ampliação da visão acerca
de suas histórias.
ATIVIDADE 13
A partir das orientações presentes no texto sobre História Oral de Vida,
elabore um Projeto e entreviste seus pais e avós, compondo a história de vida de
suas famílias. O Projeto deve conter: Tema, Justificativa, Problemática e hipótese,
Corpus documental e objetivos, Procedimentos, Cronograma. Bibliografia,
FICHA DE ACOMPANHAMENTO E CONTROLE DO PROJETO
A ficha de situação da entrevista e a relação dos entrevistados, com os
seguintes itens: I) dados do projeto; II) dados do entrevistado; III) dados dos
contatos; IV) dados do andamento das etapas de preparo do documento final; V)
envio de correspondências.
MATRÍCULA DA ENTREVISTA
Gravar a matrícula da entrevista no começo do encontro definido, contendo:
local e data; nome do projeto; nome do colaborador entrevistado; presença eventual
de outras pessoas com seus nomes. A entrevista será finalizada com os mesmos
procedimentos – repetindo a matrícula do projeto.
Ao realizar assa atividade, espera-se que o aluno passe a compreender as
diferenças entre culturas e gerações, respeitando e valorizando cada uma delas.
Passe a investigar sobre a sua origem, valorizando mais sua família e sua história.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É interessante perceber como as coisas acontecem em nossa vida.
Analisando a sequência de acontecimentos pelos quais passamos, vamos
entendendo que tudo tem um sentido e uma razão para a nossa existência.
Desde pequeno eu fui um apaixonado por história oral de vida. Sentia-me
fascinado ouvindo meus pais e avós narrando histórias de suas vidas e desventuras
da família. Minha decisão por trabalhar historia oral de vida no Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE foi, em grande parte, movida por essa paixão.
O motivo de escolher uma família de origem polonesa para ser entrevistada é
devido a uma grande amizade nascida há onze anos no interior da instituição de
ensino na qual atuo, com uma das colaboradoras que na época era nossa aluna. Foi
muito enriquecedor e gratificante trabalhar com essa família que prontamente
atendeu ao convite para participar desse projeto. Os temas foram desenvolvidos
com simplicidade e grande sabedoria, atingindo os objetivos propostos. À professora
Maria José, minha orientadora, à Família Valenga e a todos que colaboraram para a
concretização desse trabalho o meu sincero agradecimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
AMADO, Janaína (orgs.). Uso e abusos da História oral. 7 ed. Rio de Janeiro:
Fundação Getúlio Vargas, 2005. p. 33-41.
ARFUCH, Leonor. El espacio biográfico: dilemas de la subjetividad
contemporânea. Buenos Aires: Fondo de Cultura Econômica de Argentina,
2002.
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: fundamentos e
métodos. São Paulo: Cortez, 2004.
BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: T.A. Queiroz
Editor, 1979.
BUENO, Belmira Oliveira. O método autobiográfico e os estudos com histórias
de vida de professores: a questão da subjetividade. Educação e Pesquisa.
São Paulo, v. 28, n. 1, p. 11-30, jan./jun. 2002.
CATANI, Denice Bárbara; FARIA FILHO, Luciano Mendes de. Um lugar de
produção e a produção de um lugar: a história e a historiografia divulgadas no
GT História da Educação da ANPED (1985-2000). Revista Brasileira de
Educação. n. 19, jan, fev, mar, abri, 2002, p. 113- 128. p. 114.
CAVALCANTI, Pedro Celso Uchoa; RAMOS, Jovelino. Memórias do exílio.
São Paulo: Livramento, 1976.
CORREIA, Carlos Henrique P.. História Oral: teoria e técnica. Florianópolis:
Universidade de Santa Catarina, 1978.
Diretrizes Curriculares de História para a Educação Básica. Curitiba, Paraná, 2006
FONSECA, Selva Guimarães. Didática e Prática de ensino em História. 7 ed.
Campinas: Papirus, 2008. v. 1 (Coleção Magistério Formação e Trabalho
Pedagógico). 255 p.
FONSECA, Selva Guimarães. Ser professor no Brasil: história oral de vida.
Campinas: Papirus, 1997. (Coleção Formação e Trabalho Pedagógico).
FONSECA, Selva Guimarães. História local e fontes orais: uma reflexão sobre
saberes e práticas de ensino de História. Historia Oral (RJ), v. 9, p. 125-141,
2006.
KESSEL, Zilda. Memória nos Parâmetros Curriculares. Disponível em:
www.memoriaeducacao.hpg.ig.com.br. Acesso em: 04/08/08.
MATTOZZI, Ivo. Memória y formación histórica: la memória em la clase de
historia. Memória histórica y educacion. Didactica de las Ciências Sociales,
Geografia e História. Grão, 2007.
MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Os novos rumos da História Oral: o caso
Brasileiro. Revista de História. São Paulo, n. 155, 2 sem/ 2006. p. 191- 204.
MEIHY, José Carlos Sebe Bom; HOLANDA, Fabíola. História oral: como
fazer, como pensar. São Paulo: Contexto, 2007. p. 112-113.
OLIVEIRA, Albertina et al. Memórias das mulheres do exílio. Rio de Janeiro:
Terra e Paz, 1980.
QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. Variações sobre a técnica de gravador no
registro da informação viva. São Paulo: FFLCH/USP, 1985.
ORIÁ, Ricardo. Memória e ensino de História. In: BITTENCOURT, Circe et al.
O saber Histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1997. p. 128-148. p.
129.
PAGÉS, J. El lugar de la memória em la enseñanza de la historia. Memória
histórica y educacion. Didactica de las Ciências Sociales, Geografia e História.
Grão, 2007.
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. HISTÓRIA. MEC, 1999.
PORTELLI, Alessandro. What makes oral history different. In: PERKS, Robert;
THOMSON, Alistair. The oral history reader. New York: Routtedge, 2003. p.
63-74.
RANZI, S. Fisher. Fontes orais, História e saber escolar. Educar, Curitiba, n.
18, p. 29-42, 2001. Editora da UFPR.
SCHMIDT, M. A.; CAINELLI, M.. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2004.
(Pensamento e Ação no Magistério).
VIEIRA, Márcia Zan. Ecos da colonização polonesa: estudo histórico-social e
lingüístico das colônias Moema, Taquari e Dourado, Ponta Grossa, UEPG, 1998.
176p
VOLDMAN, Daniele. Definições e usos. In: FERREIRA, Mariete de Moraes;
JOUTARD, Philippe. História oral: balanço da metodologia e da produção nos
últimos 25 anos. In: FERREIRA, Marieta de Moraes; AMADO, Janaína (orgs.).
Uso e abusos da História oral. 7 ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas,
2005. p. 43-62.
ANEXOS
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
WAGNER LUIZ ARCOLEZE
DIVERSIDADE CULTURAL NO PARANÁ CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA
CURITIBA 2008
PROJETO – HISTÓRIA ORAL
A documentação oral quando apreendida por meio de gravações eletrônicas
feitas com o propósito de registro torna-se fonte oral.
A história oral é uma parte do conjunto de fontes orais e sua manifestação
mais conhecida é a entrevista.
(José Carlos Sebe B. Meihy, Fabíola Holanda)
1- TEMA OS POLONESES EM TERRAS PARANAENSES: CURITIBA E REGIÃO METROPOLINANA 2- JUSTIFICATIVA O presente Projeto atende a política de formação continuada do atual governo do
Paraná que se estende a todos os professores da rede pública de ensino. Esse
trabalho será coordenado pelo professor Wagner Luiz Arcoleze, aluno do Programa
de Desenvolvimento Educacional – PDE 2008, promovido pela Secretaria Estadual
de Educação – SEED, sob a orientação da professora Maria José Menezes Lourega
Belli da Universidade Estadual do Paraná – UFPR
Pretende-se nesse Projeto, HISTÓRIA ORAL DE VIDA, OS POLONESES EM
TERRAS PARANAENSES: CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA, investigar os
caminhos traçados por uma família de imigrantes poloneses, residente no município
de Campo Magro, num universo mais amplo. Com esse estudo, poderemos passar a
perceber o imigrante como sujeito histórico macro, com sua identidade e expectativa
de mudanças.
3- PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA
Propõe-se a trabalhar três grandes eixos temáticos acerca desses sujeitos:
a- familiar;
b- religioso/cultural;
c- econômico.
A partir desses eixos, se pretende investigar fatos, acontecimentos relevantes vivos
na memória. Relacionados a sua identidade quanto grupo étnico, razões da
imigração para o Brasil, dificuldades em relação a nova cultura quanto a língua,
costumes, etc. Quais as estratégias encontradas para a família se manter unida
entre si e em relação ao grupo? No campo religioso/cultural, que costumes e prática
são preservadas? Quais as permanências e mudanças mais relevantes?
No campo econômico, qual é a base da economia familiar? Como se constitui a
unidade produtiva? Como é realizada a atividade econômica?
4- OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS
Nesta investigação serão contextualizadas as várias situações que trouxeram
estes imigrantes para o Brasil, especificamente no Paraná. Analisaremos os
percursos destes sujeitos em suas estratégias de se integrarem em uma sociedade
diferente da sua e como eles neste processo teceram novas relações que os levou a
adquirir ressignificações aos seus parâmetros culturais.
Este processo de inserção na sociedade curitibana levará a analisarmos as
transformações culturais deste contexto, como também, destes imigrantes. O foco
será compreender através destas novas interações sociais a formação de uma
circularidade de práticas e narrativas sociais que vão delineando identidades. Dentro
desta perspectiva serão identificados hábitos, costumes, culinária, lembranças dos
imigrantes poloneses e de seus descendentes.
5- METODOLOGIA
O projeto será desenvolvido valendo-se de entrevistas por parte dos colaboradores,
utilizando-se filmadora digital. Serão três entrevistados, sendo que cada um
abordará um dos eixos temáticos propostos. Num segundo momento será feita a
transcrição documental e num terceiro momento a conferência e análise por parte do
coordenador do projeto, da orientadora e dos colaboradores e, por fim, a elaboração
do material didático pedagógico que será utilizado com os alunos e servirá como
base para elaboração atividades e trabalhos afins.
6- CRONOGRAMA
Data da carta de apresentação do projeto: 7 (sete) de novembro de 2008 Data das entrevistas: 8 (oito) de novembro de 2008 Data do agradecimento (s) da (s) entrevista (s): 8 (oito) de novembro de 2008 Data da transcrição: 10 (dez) de novembro de 2008 Data da textualização: 12 e 13 de novembro de 2008 Data da remessa da entrevista para conferência: 14 de novembro de 2008 Data da carta de cessão:
7. Bibliografia
HISTÓRIA ORAL – como fazer, como pensar. José Carlos Sebe B. Meihy, Fabíola Holanda. Editora Contexto, 2007
FICHA DE SITUAÇÃO DA ENTREVISTA E A RELAÇÃO DOS ENTREVISTADOS I) Dados do projeto
Nome do projeto: OS POLONES EM TERRAS PARANAENSES: CURITIBA E
REGIÃO METROPOLITANA
Diretor do projeto: Wagner Luiz Arcoleze
Instituição patrocinadora: Secretaria de Estado da Educação - SEED
Entrevistador: wagner luiz arcoleze
Tipo de entrevista (gênero): História Oral de Vida
Local e duração de entrevista: Campo Magro
Ficha catalográfica da entrevista: História oral de vida, família Valenga, Secretaria
de Estadual de Educação, Campo Magro, PR, 2008
II) Dados do colaboradore 1
Nome completo: Silvio Valenga
Local e data de nascimento: Almirante Tamandaré, 26/08/1934
Endereço atual: Rua Francisco Laliki, S/nº, Campo Magro, Paraná
Documento de identidade: 587165 .
Local e órgão de emissão: Almirante Tamandaré – S.S.P.
Profissão atual: Agricultor.
III) Dados da colaboradora 2
Nome completo: Maria Valenga
Local e data de nascimento: Almirante Tamandaré, 16/12/1967
Endereço atual: Rua Francisco Laliki, S/nº, Campo Magro, Paraná
Documento de identidade: 4.640.997-3
Local e órgão de emissão: Almirante Tamandaré – S.S.P.
Profissão atual: Técnica de laboratório
IV) Dados da colaboradora 3 DADOS DA COLABORADORA Nome completo: Margarida Valenga
Local e data de nascimento: Almirante Tamandaré, 01/04/1963
Endereço atual: Rua Francisco Laliki, S/nº, Campo Magro, Paraná
Documento de identidade: 4.640.977-9
Local e órgão de emissão: Almirante Tamandaré – SSP
Profissão atual: Agricultora
III) Dados dos contatos e da entrevista Indicação do contato: Amigos Data do contato: 7/11/08 Forma do contato: Pessoal Data (s) da (s) entrevista (s): 8/11/08 Local da (s) entrevista (s): Residência dos Colaboradores IV) Dados do andamento das etapas e do preparo do documento final Primeira transcrição: 10 /11/08 Textualização: 12 e 13/11/08 Transcrição: 13/11/08 Conferência:14/11/08 Carta de cessão de direitos:29/11/08 MATRÍCULA DA ENTREVISTA
A gravação da matrícula da entrevista será feita no começo do encontro, definido: a- local e data; Campo Magro-PR, 8/11/08 b- nome do projeto; Os Poloneses em Terras Paranaenses: Curitiba e Região
Metropolitana. c- nome do colaborador entrevistado; Silvio Valenga, Margarida Valenga e Maria
Valenga. d- presença eventual de outras pessoas com seus nomes; Sergio Ducarmo e- a entrevistas será finalizada com os mesmos procedimentos – repetindo a
matrícula do projeto.
ROTEIRO DE QUESTÕES A- EIXO FAMILIAR 1- Qual o seu nome completo, onde você nasceu e em que ano? 2- O senhor conheceu seus avós e bisavós? Fale sobre eles e sobre seus pais. 3- Eles passaram algum ensinamento importante a respeito de seus descendentes poloneses, principalmente sobre a saída da Polônia e chegada ao Brasil? 4- Em sua opinião, quais as principais dificuldades que os poloneses encontraram em terra estrangeira? 5- Fale sobre sua infância e juventude. 6- Até que série o senhor estudou? 7- Como foi sua vida na escola e o que mais o marcou?
8- O senhor é casado? 9- Em que ano sua esposa faleceu e de qual enfermidade? 10. É pai de quantos filhos? 10. Atualmente sua família é constituída de quantos membros? 11- Fale sobre o convívio entre os membros de sua familiar B. EIXO RELIGIOSO/CULTURAL 1- Qual o seu nome completo, onde você nasceu e em que ano? 2- Qual o seu grau de escolaridade e sua profissão? (É importante dizer que também ajuda em casa e no campo). 3- Fale sobre seus pais, como era e como é sua relação com sua família? O que você admira nela? 4- Conte como foi sua infância e juventude. 5.- Alguma vez você se sentiu discriminada pelo fato de ser de origem polonesa? 6- Que tradições religiosas sua família preserva como herança dos antepassados? 7- Houve mudanças significativas entre o que era e o que é hoje? Quais? 8- Que tradições culturais sua família preserva de seus antepassados? (língua, arte, música, folclore, arquitetura, vestuário, culinário, etc.) 9- Como você percebe a comunidade polonesa em Curitiba em relação as outras comunidades étnicas? B- EIXO ECONÔMICO 1- Qual o seu nome completo, onde você nasceu e em que ano? 2- - Qual o seu grau de escolaridade e sua profissão? 3- Fale sobre seus pais, como era e como é sua relação com sua família? O que você admira nela? 4- Conte como foi sua infância e juventude. 5.- Alguma vez você se sentiu discriminada pelo fato de ser de origem polonesa? 6- Como se constitui a unidade produtiva de sua família? (falar do sítio, quantos alqueires ou hequitares, o que tem nele – casa e outras construções, área de preservação, área de pastagem e área de plantio. 7- Qual é a base da economia de sua família? (dizer o que plantam, o que criam, o que vendem). 8- Que tipo de máquinas e ferramentas vocês utilizam no trabalho do campo? 9- Como é realizado o trabalho no campo? 10- Para quem vocês vendem sua produção? 11- Em sua opinião, todos os compradores pagam um preço justo pelo que vocês produzem? 12- Você percebe mudanças significativas no campo da economia familiar entre como era no tempo de seus antepassados e como é hoje? (forma de trabalho, produção e comércio)
OS POLONESES EM TERRAS PARANAENSES HISTÓRIA ORAL DE VIDA
TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS
No dia oito de novembro de 2008, foram realizadas três entrevistas sobre
História Oral de Vida com a família do senhor Silvio Valenga, descendente de
imigrantes poloneses, no município de Campo Magro Paraná. Esse trabalho é parte
integrante do projeto desenvolvido pelo professor da rede pública de ensino Wagner
Luiz Arcoleze participante do Programa de D esenvolvimento Educacional _ PDE,
sob a orientação da professora Maria José Menezes Lourega Belli da Universidade
Federal do Paraná – UFPR.
Cada colaborador entrevistado discorreu sobre um eixo temático sendo:
Família, Religioso/Cultural e Economia Familiar.
I) Dados do projeto Nome do projeto: OS POLONES EM TERRAS PARANAENSES: CURITIBA E
REGIÃO METROPOLITANA
Diretor do projeto: Wagner Luiz Arcoleze
Instituição patrocinadora: Secretaria de Estado da Educação - SEED
Entrevistador: Wagner Luiz Arcoleze
Tipo de entrevista (gênero): História Oral de Vida
Local e duração de entrevista: Campo Magro
Ficha catalográfica da entrevista: História oral de vida, família Valenga, Secretaria
de Estadual de Educação, Campo Magro, PR, 2008
II) Dados do colaboradore 1 Nome completo: Silvio Valenga
Local e data de nascimento: Almirante Tamandaré, 26/08/1934
Endereço atual: Rua Francisco Laliki, S/nº, Campo Magro, Paraná
Documento de identidade: 587165
Local e órgão de emissão: Almirante Tamandaré – S.S.P.
Profissão atual: Agricultor.
PRIMEIRA ENTREVISTA Duração: 11minutos e 26 segundos Entrevistador: Hoje é dia oito de novembro de 2008. Nós estamos no município de
Campo Magro na comunidade do Bom Pastor e vamos iniciar um conjunto de
entrevistas a começar é... a começar com o seu Silvio.
Entrevistador: Seu Silvio, qual o seu nome completo, onde você nasceu e em que
ano?
Silvio: Silvio Valenga, nasci aqui nessa colônia, 1934.
Entrevistador: É, o senhor conheceu seus avós e bisavós?
Silvio: Os dois avós não conheci, só as avó conheci as duas, uma veio da Polônia,
outra nasceu aqui.
Entrevistador: Então fale um pouquinho sobre os seus pais e sobre os seus irmãos
seu Silvio.
Silvio: Não, nossa família foi sempre tranqüila. O pai foi meio severo, mas quer
dizer que eu agradeço ele, porque ele criou os doze.
Entrevistador: Doze irmãos?
Silvio: Oito irmão e quatro irmã.
Entrevistador: E são todos vivos?
Silvio: Não, só sobrou quatro, oito já tão falecidos.
Entrevistador: Seu Silvio, é, por favor, é..nos conte algum, sobre algum
ensinamento importante a respeito é...que seus pais lhes passaram a respeito de
seus descendentes poloneses, principalmente sobre a saída da Polônia e chegada
ao Brasil.
Silvio: Isso, o que eu to sabendo, que lá foi muito apertado, governo brasileiro
prometeu mais alguma coisa mais boa, daí eles foram obrigados de sair de lá e
procurar outras terras e daí deixaram o rasto.
Entrevistador: E o senhor se lembra o que o governo brasileiro prometia para os
imigrantes poloneses?
Silvio: Ele prometia muito, depois não deu tanto, mas sempre ajudou.
Entrevistador: E os... imigrantes é... poloneses que vieram pra cá é...receberam
terras?
Silvio: Receberam, num é como foi prometido.
Entrevistador: Quantos alqueires de terras?
Silvio: Há bom, eles eram prometido 10, mas diz, dizem depois que argum recebeu
5, outro recebeu 2 arqueire.
Entrevistador: Além da terra, eles recebiam algum, algum outro recurso?
Silvio: Era recebido foice, machado é alguma coisinha pra..
Entrevistador: Tá ótimo. É.. em sua opinião seu Silvio, quais as principais
dificuldades que os poloneses encontraram ao chegarem no Brasil?
Silvio: Isso foi mais dificuldade (diz baixinho: prá responder e depois..) pra
compreender língua portugueis.
Entrevistador: A questão da língua!
A questão da língua, o mais mais complicado.
Entrevistador: O mais complicado. E... tem algum outro, alguma outra dificuldade
que.. os poloneses enfrentaram além da língua? (o telefone tocou).
Silvio: Isso a doença... que lá não tinha,ali já tinha uma doença estranha, me
falaram, eu não vi e graças a Deus que até hoje não tenho, porque aquela é morte
certera. Falaram-nos os pais.
Entrevistador: E o nome da doença, eles comentaram?
Silvio: É, uns dizem que é cólera outros dizem que é cólera, mais ou menos assim.
Entrevistador: Há, ta certo. Seu Silvio, fale um pouco sobre sua infância e sobre a
sua juventude.
Silvio: Bom, foi sempre como guri, sempre guri, mais por ajuda de nosso pai, meu
pai, nosso pai da família, ele foi justo, precurava nos por no caminho certo, porque
nós era bastante, então nóis respeitavam o pai, respeitava e to agradecendo
(começa a rir) a bondade, quanta veis a gente apanhou, mas isso é pra bem.
Entrevistador: A partir de que idade mais ou menos o senhor começou a trabalhar?
Silvio: Aí depois de 7 ano. De vagarzinho. Depois de 7 a 10 aí eu comecei forte.
Entrevistador: E quando.. enquanto jovem o senhor participava da comunidade, da
vida da comunidade, das festas de igreja, de bailes?
Silvio: Baile não, mas a festa de igreja ali, tudo mundo tava.. todo mundo tava em
comunhão.
Entrevistador: Até que série o senhor estudou?
Silvio: Quer dizer que era pra eu fazer quatro ano, mais como eu tava adiantado,
treis e meio. Daí a própria professora mandou ou mandar pra outra escola ou senão,
que vá trabalhá.
Entrevistador: Naquele tempo até que série as pessoas estudavam?
Silvio: Não, quatro ano, mas se conseguiu, se não conseguiu então 5, 6 anos até
conseguir quarta série.
Entrevistador: Como foi é..sua vida na escola e o que mais marcou o senhor na,
durante essa formação escolar?
Silvio: Isso foi porque quando gente já estava mais ou menos em cima dos outros
(mais adiantado), (ri) então pra mim foi um divertimento e honra (continua rindo), que
a, a própria professora disse: é se fosse, se tivesse todo aluno como esse aqui eu
ficava alegre.
Entrevistador: O senhor já entrou na escola sabendo...
Silvio: Não, por causa da minha irmã e por causa de meu pai, tudo dia um
pouquinho. Daí gen.., oia, até hoje, quantas criança vai lá e não sabe nada e outras
já sabem, porque a escola primeira é em casa. Vai ter que ter tempo e ter, ter assim,
alguém que ajuda e outras coisa que o pai seja que se interessa. Agora se pai não
se interessa (ri), o filho menos ainda.
Entrevistador: É verdade. É... seu Silvio, o senhor é casado?
Silvio: Era, agora sou viúvo.
Entrevistador: Em que ano a sua esposa faleceu e de qual, é... de qual doença?
Silvio: Ela faleceu em 1988, com câncer nos pulmões.
Entrevistador: O senhor é pai de quantos filhos seu Silvio
Silvio: Duas filhas.
Entrevistador: Atualmente sua família é constituída de quantos membros? Quantas
pessoas vivem em casa?
Silvio: Quatro, quatro por enquanto.
Entrevistador: Quem são eles?
Silvio: Bom, sou eu Silvio, a Margarida, Maria e o Val, Wagner, Valter (ri), confundi.
(o galo cantou).
Entrevistador: Então para nós encerrarmos nossa entrevista, seu Silvio, gostaria
que o senhor falasse sobre o convívio familiar, como é a vivência de voceis.
Silvio: Graças a Deus, ta jóia, as veis, acontece arguma, mais nunca ferois. Mais ou
menos unida, família unida. Pequena mais unida. (o galo canta)
Entrevistador: Voceis trabalham juntos...
Silvio: Trabalhemo junto, a Maria trabalha lá fora, o que nóis precisamo ela nos
ajuda, porque nóis na lavora não somos muito assim.. porque a lavoura é agora um
pouco difícil, mais como gente já ta acostumado, (o galo canta) então dá prá vive.
Entrevistador: O senhor gostaria de deixar alguma mensagem para as pessoas
que, que assistirão essa entrevista, principalmente os alunos das escolas?
Silvio: Eu deixaria as mensagem. Essa mensagem que eu deixaria que antigamente
no meu tempo, nois andava de a pé 6 quilômetro, hoje as criança são, uma boa, vão
de carro pra escola, voltam de carro... então, parece que só eles vão e voltam, quem
ta interessado em estuda, estuda (galo canta), quem não ta interessado, então quer
dizer que eles só pensam daquilo, nóis fomos no sofrimento, nóis pensava de
estudar (ri). Essa mensagem então pras criança, porque to vendo pelos meus
sobrinhos ali (cachorros brigam), que esse vai pra escola, vorta pergunta arguma
coisinha ele já... porque muito fácil, ali 6 quilometro pra pra andá na escola, no
inverno (ri), com tamanquinho, paletó sem forro, ali gente foi, se aqueceu no sol,
precurou de estudá. Hoje mais lim, mais... moderno. Agora eu já também, posso por
ainda nesse, que o que eles hoje estudam eu não entendo nada, eu entendo outras
coisa, mais do que hoje, mas o que hoje estudam eu não entendo isso, porque é
muita coisa lá, esse não entendo nada, agora eu só fala e faze continha, graças a
Deus que aprendi.
Entrevistador: Tá ótimo. Então, eu gostaria de encerrar essa entrevista
agradecendo ao seu Silvio, a colaboração né, passando-nos esses conhecimentos
muito importantes a respeito da sua cultura. É... agradeço a colaboração também do
amigo Sergio que está operando.. a filmadora né e fi, podemos ficar por aqui. Muito
obrigado.
III) Dados da colaboradora 2 Nome completo: Maria Valenga
Local e data de nascimento: Almirante Tamandaré, 16/12/1967
Endereço atual: Rua Francisco Laliki, S/nº, Campo Magro, Paraná
Documento de identidade: 4.640.997-3 Tipo: Civil
Local e órgão de emissão: Almirante Tamandaré – S.S.P.
Profissão atual: Técnica de laboratório
SEGUNDA ENTREVISTA Duração: 7 minutos e 27 segundos Entrevistador: Olá, nós estamos no município de Campo Magro, participando do
projeto Os Poloneses em Terras Paranaenses, hoje é dia oito de novembro de 2008.
É, nós estamos no segundo, é... bloco de... da nossa entrevista (o galo canta), cujo
eixo é... cultural e nós vamos entrevistar a nossa amiga Maria.
Entrevistador: Olá Maria, tudo bem?
Maria: Olá tudo bom.
Entrevistador: Maria, por favor, diga-me o seu nome completo, onde você nasceu e
em que ano você nasceu?
Maria: Meu nome é Maria Valenga, eu nasci nessa comunidade, é... na época que
eu nasci pertencíamos ao município de Almirante Tamandaré, hoje é o município de
Campo Magro.
A minha escolaridade é o terceiro grau incompleto, trabalho, sou técnica em
química, trabalho num laboratório farmacêutico há quinze anos. Nos dias de folga,
nos feriados, nos finais de semana, ajudo nos afazeres de casa como também, os, o
meu pai e a minha irmã na agricultura.
Entrevistador: É..fale sobre a sua família, é, como é sua relação com os seus pais?
Maria: Olha, a minha relação com os meus pais sempre foi muito afetiva, é, o que
sinto assim bastante falta da minha mãe que perdi com os meus vinte, quando tive
os meus vinte anos, sinto bastante falta, mas em compensação meu pai é muito
companheiro, muito amigo e muito prestativo.
Entrevistador: Maria, por favor, conte-nos é.. como foi sua infância e sua
juventude?
Maria: A minha infância é... tra, é, estudávamos em, num colégio, é quase três a
quatro quilômetros, andávamos a pé e sempre estudei pela parte da manhã, a tarde
a gente voltava, brincava e também ajudava nos pequenos afazeres, é, da casa, da
agricultura, cuidando dos animais...
Entrevistador: Que tipo de brincadeiras vocês faziam?
Maria: Bastante, a gente subia em árvores, de esconde-esconde, brincava com a
terra, montávamos nossos próprios bonequinhos de palha de milho, de... enfim, nós
mesmos que criávamos a maioria de nossos brinquedos.
Entrevistador: E alguma vez você se sentiu discriminada pelo fato de ser de origem
polonesa?
Maria: Não, nunca me senti assim discriminada, pelo contrário, acho que ás vezes
até me favoreceu de ser de origem polonesa.
Entrevistador: E, que tradições religiosas sua família preserva como herança de
seus antepassados?
Maria: Nós os poloneses preservamos bastante as tradições, principalmente o
batismo, é,.. a primeira comunhão, a crisma e os casamentos, que é feito no
religioso, no cartório, no civil e enfim, também, o que acompanha também as festas,
que são assim, que se diferenciam dos outros é... das outras etnias. Com festas
assim, nas festas têm bastante da cultura polonesa, as danças, as comidas, enfim,
os trajes que até hoje ainda continuam sendo, preservados.
Entrevistador: Antigamente como era, por exemplo, o casamento polonês?
Maria: Antigamente o casamento geralmente era celebrado na, na segunda feira e
tinha duração de três a quatro dias (ri e diz: ai meu Deus). Hoje, já mudou assim um
pouquinho, mais pelo lado financeiro e tal e antigamente eram celebrados nas
casas, quer dizer, as festas era nas casas ou nos paióis, hoje em dia mais por
comodidade é feito nos barracões das igrejas ou restaurantes, mas continua essa
tradição de músicas polonesas, comidas polonesas, enfim, é...tem o jantar que é
servido e mais a meia noite que é servido um café com bolos, bolachas, kuques,
tudo da cultura polonesa que até hoje é preservado.
Entrevistador: Ótimo. E que tradições culturais sua família preserva de seus
antepassados?
Maria: As tradições culturais mais é a língua, que nós ainda preservamos. Falamos
a língua polonesa, as músicas, que é bastante ainda ouvidas, tocadas, enfim, e...
mais é as comidas, assim, da parte da culinária que são as broas polonesas, as
bolachas os kuques que são os mais, mais tradicionais.
Entrevistador: A arquitetura também?
Maria: É, as casas antigas são preservadas, e...
Entrevistador: Eu estou sabendo que seu pai faz um vinho excelente. É herança cul
é dos poloneses também?
Maria: Também é herança dos poloneses, que a gente continua nu, na fabricação
de vinhos...
Entrevistador: Vinhos, vinho de uva?
Maria: Vinho de uva, vinho de laranja... e mais assim as comidas, os requeijões, as
manteigas, as bolachas que eu já até citei.
Entrevistador: Tá ótimo. É.. pra nós finalizarmos nossas entrevista, eu gostaria que
você... dissesse, como você percebe a comuni, a comunidade polonesa em Curitiba
em relação às outras comunidades étnicas?
Maria: O, em Curitiba ainda o que mais assim se destaca é o Bosque do Papa,
Papa João Paulo II, onde ainda é bastante assim, é... preservadas as culturas,
enfim, como já até citei anteriormente a bênção dos alimentos, enfim, é, as, o grupo
folclórico, que é um destaque, assim, bastante, bastante forte.
Entrevistador: Bem, nós estamos finalizando a nossa entrevista, gostaria muito de
agradecer a colaboração da Maria que nos enriqueceu muito com as suas
informações, é... agradeço a contribuição, a colaboração do Sergio, nosso amigo,
que está operando a filmadora, e...hoje é... nós estamos é, contentes né,
participando desse projeto e ainda temos uma terceira parte né, terceiro eixo que
será trabalhado com a sua irmã. Muito obrigado.
IV) Dados da colaboradora 3 Nome completo: Margarida Valenga
Local e data de nascimento: Almirante Tamandaré, 01/04/1963
Endereço atual: Rua Francisco Laliki, S/nº, Campo Magro, Paraná
Documento de identidade: 4.640.977-9
Local e órgão de emissão: Almirante Tamandaré – S.S.P.
Profissão atual: Agricultora
TERCEIRA ENTREVISTA Duração: 16 minutos e 21 segundos Entrevistador: Olá, hoje, é dia oito de novembro de 2008. Nós estamos no
Município de Campo Magro, desenvolvendo nossa entrevista com a família de seu
Silvio Valenga. Nesse terceiro momento, nós vamos abordar sobre o tema economia
familiar e vamos entrevistar a nossa amida, a nossa amiga Margarida.
Entrevistador: Margarida, olá, tudo bem?
Margarida: Tudo bem.
Entrevistador: É, diga-nos qual o seu nome completo, onde você nasceu e em que
ano?
Margarida: Meu nome é Margarida Valenga, nasci no município de Campo Magro,
que na época que eu nasci era Almirante Tamandaré, hoje Campo Magro, em 1963.
Entrevistador: E qual é o seu grau de escolaridade e sua profissão?
Margarida: Eu tenho segundo grau completo e sou agricultora. Trabalho na lavoura
plantando, plantando de tudo um pouquinho.
Entrevistador: Fa fale so sobre seus pais, como era e como é o seu relacionamento
com eles?
Margarida: Há, com os meus pais foi sempre muito bem, com minha mãe, com meu
pai, até hoje eu que convivo com ele, todos os dias, e... com minha mãe, também,
mas a minha mãe já é falecida há muito tempo, mais eu herdei alguns exemplos
dela que hoje eu sigo. Infelizmente a gente sofreu sem ela, mais a gente conseguiu
superar tudo.
Entrevistador: E.. o que você mais admira na sua família?
Margarida: Que eu mais admiro na minha família, desde o tempo de minha mãe, é
que todos os trabalhos que a gente fais na agricultura, a gente fais tudo junto, a
gente fais um serviço, eu meu pai, no tempo da minha mãe era junto. Quando a
gente terminava um, começava outro. Eu acho isso muito bonitinho. Que não,
trabalhavam separados, só trabalhavam juntos.
Entrevistador: E.. como fui a sua infância e juventude?
Margarida: Há, minha infância foi muito boa,(ri), eu era um pouco arteira, tal... como
eu era menina não sei porque eu inventava tantas artes. Mas, era maravilhoso, só
que o meu pais, a minha mãe, minha avó, ele tudo separavam o serviço,
determinavam, chegou a hora de brinca, chegou a hora de reza, chegou a hora de
estuda, chegou a hora... tinha hora de tudo, desde lá... desde minha infância eu já
aprendi a trabalha, ajudá eles,
Quando eu fui jovem, aí durante a semana a gente trabalhava rápido, fazia o serviço
pra não deixar pro final de semana, porque nos final de semana a gente queria ir
prus bailinhos, nas festas, a gente reunia os vizinhos, a gente ia a pé, que era muito
gostoso.
Entrevistador: Muito bem. E... alguma fez você se sentiu discriminada pelo fato de
ser descendente de polonês?
Margarida: Não, e se alguém me perguntar de que origem você é, eu falo com
muito orgulho: eu sou de origem polonesa e ainda acrescento, na minha casa, com
meu pai, minha irmã, a gente fala tudo em polonês.
Entrevistador: Tá ótimo. Como se constitui a unidade produtiva familiar de sua
família, de sua casa? Como é formado o, a..., o que, o que tem aqui onde você
mora?
Margarida: Bom, nós aqui temos é, galpões, esses galpões onde a gente armanes,
armanes nossos produtos, guarda tipo o milho, a gente guarda para o ano inteiro,
pras nossas criações e... também temos umas garagens onde guardamos nosso
trator, nossos implementos, e....
Entrevistador: Cozinha com forno...
Margarida: É, tem uma cozinha, que a gente mata um porco, mata um boizinho, fais
as broas que são comidas típicas polonesas, que até hoje eu faço, e tem a casa,
tem as estrebarias, tem os chiqueiros, tem de tudo um pouquinho no nosso pátio aí.
Entrevistador: E, nessa unidade produtiva, como ela está dividida, como ela está
organizada? As áreas, área de plantio, de preservação...
Margarida: Então, a gente tem treze alqueires, de terra, sítio nosso tem treze
alqueires e está dividido mais ou menos assim: seis a gente planta, cultiva de tudo
um pouco, uns dois alqueires é pasto para a engorda de bois... assim, uma
pastagem e uns três, quatro é mata nativa, que... nós temos uma preservação
ambiental e nós temos rios, córregos e a gente deixa assim mata nativa assim
preserva a natureza.
Entrevistador: Ótimo. E qual é a base, da economia da sua família? O que vocês
plantam, o que vocês criam...
Margarida: Nós plantamos, a maior parte nós plantamos milho, batatinha, fejão,
cebola, e plantamos assim, de tudo um pouquinho. Mais a nossa principal
sobrevivência é de milho, de batata e de feijão, isso que nós plantamos, vendemos e
sobrevivemos desse, desses produtos.
Entrevistador: E que tipo de ferramentas vocês utilizam nu, nu trabalho do campo?
Margarida: Nós utilizamos desde do foice, inxada, machado, essas coisas mais
simples, tração animal, e também de trator, arado, grade, é... plantaderas, assim,
mais sofisticados hoje, que tão substituindo a inxada, a foice...
Entrevistador: Ótimo, inclusive, antes do final da nossa entrevista nós vamos
conhecer algumas ferramentas utilizadas aqui por eles.
É... uma outra questão Margarida, é, como é realizado o trabalho no campo? Como
voceis cultivam o campo?
Margarida: Então, nós, cultivamos, nós plantamos, nós primeiro di tudo nós
arrumamos nosso terreno, terra, aramos, é gradiamos, plantamos, cuidamos,
colhemos, e é um trabalho que não termina nunca, não é de semana, meses, mas é
de anos. É o ano inteiro a gente planta, ou planta batatinha ou planta milho, ano
inteiro a gente trabalha na lavoura.
Entrevistador: E pra quem voceis vendem essa produção, pra onde vai esses
produtos?
Margarida: A maior parte que nós produzimos, vai diretamente para os
consumidores, nós adquirimos uns preços melhores e eles adquire produtos mais
fresquinhos, diretamente dos produtores. Mas tamem a gente vende pros
intermediários, que eles levam pro CEASA e tamem pros feirantes.
Entrevistador: E na sua opinião, esses compradores, eles pagam preço justo pelos
seus produtos?
Margarida: Eu acredito que não, porque hoje o, os insumos são muito caros, sobem
a cada ano enquanto nosso produto ta parado, não sobe, e muitas vezes, eles pe,
compram aqui, mais eles não pagam, eles simplesmente somem e nós ficamos
como o prejuízo.
Entrevistador: É, como você percebe hoje a, as mudanças que ocorreram desde o
tempo de seus antepassado, você acredita que melhorou, ou está, cada vez pior?
Margarida: Não, melhorou muito, no tempo do meu pai, quando meu pai era mais
novo, do meus avós, era muito difícil, porque nós não tínhamos, não tinha meio de
transporte, não tinha caminhão, então a gente usava carroças, a gente... eles
demorava muito pra levar suas mercadorias até Curitiba, treis horas é a cavalo, a
carroças. Hoje, é tudo caminhão que leva dentro de vinte minutos, é mais
confortável. Pra esse lado aí melhorou bastante.
Entrevistador: Muito bem. E... certamente voceis encontram alguns problemas,
algumas dificuldades relacionados a, ao trabalho de vocês, a economia. Quais os
principais problemas que você percebe aqui no meio em que voceis vivem em
relação, relacionados a economia?
Margarida: Nós achamos assim uns problemas agora de uns dez anos prá cá, que
nós temos, somos muitos roubados. Tem muitas invasões ao redor da, da nossa
colônia aqui, da nosso, nossa região e... nós somos muitos explorados, roubam,
roubam muito das nossas roças, isso que tá ficando cada féis pior. Tem mais é, sem
emprego, as pessoas não têm emprego e, tem que sobrevive, aí eles robam pra nós,
nós não temos mais sossego, tudo a gente tem que chavear, deixar cadeado, na
roça não pode deixar nada, mesmo um ferro eles robam pra vende num ferro velho...
Entrevistador: E o que eles chegam a roubar além dessas ferramentas, de
produtos?
Margarida: Eles roubam de tudo, de milho, de batatinha, roubam, estragam... é,
porque o que eles levam, levam, o restam eles estragam, cortam, entram com os
carros no meio das roças, fazem voltas, então eles macetam todos os... bastante
estrago. Roubam também as galinhas, os bois, roubam de tudo um pouco. Tá
ficando cada féis mais difícil.
Entrevistador: E você, é, consegue perceber algum tipo de solução prá esse tipo de
problema?
Margarida: É muito difícil.
Entrevistador: A comunidade tem se mobilizado em relação a isso?
Margarida: Nós se mobilizamos, nós fizemos uma reuniom, junto com o nosso
prefeito, junto com o delegado, os polici, policias civil aqui do município de Campo
Magro, mas é muito difícil, porque você não sabe, que nem o advogado, o delegado
falo pra nós: se você vê que eles tão roubando, você avisa que a gente vai lá e
prende. Só que, você nunca sabe se, o dia que eles vem te roba, então a gente é
robado, nós se mobilizamos bastante, mas não chegamos a um ponto final, a um
acordo. Nós.. negócio de segurança aqui é muito difícil, porque aqui é colônia, aí
eles cuidam mais do centro, mais assim, do centro de nosso município e não das
colônias e também, aqui tem bastante, a roça é grande então, se eles robam de um
lado a gente não vê, esse que é nossa maior dificuldade, o nosso problema.
Entrevistador: E, além, dus, dus produtos agrícolas e dos animais, é.. eles chegam
a mexer também na mata nativa?
Margarida: Mexem, robam muita lenha. Aonde a gente deixa uma área de
preservação ambiental que tem os rios, eles vão lá e cortam, fazem carreros, levam
as lenhas. Eles levam as secas, mas cortam as verde, deixam as verdes secarem,
para um dia virem e pegarem aquelas secas também. Enquanto nós estamos
preservando.
Entrevistador: É, então nós percebemos que, há muitos desafios ainda a serem
enfrentados né, que só serão superados a partir da união de todos né...
Margarida: Exatamente.
Entrevistador: E da mobilização da comunidade.
Bem, antes de nós encerrarmos, é..eu peço para que você Margarida, apresente
para nós algumas das ferramentas que vocês utilizam no trabalhos, no dia-a-dia de
suas vidas.
Então ta bom.
Margarida: Isso que a gente comento, que tem várias mudanças, antigamente, a
gente batia feijão com este (ri), com essa ferramenta.
Entrevistador: Qual é o nome dessa ferramenta?
Margarida: Há, eu não sei te dizer, cambau, uma coisa assim. No tempo da minha
avó, do meu pai, eu quando era criança. Hoje é substituído pelas máquinas,
máquinas que debulham, já o feijãozinho sai limpinho.
Também no inverno, no verão, a gente guarda comida pro inverno pros bois. Então
esse aqui serve pra secar aquele feno que a gente chama, que é comida.
Entrevistador: E onde é guardado esse feno?
Margarida: O feno nós guardamos aqui em cima, nós chamamos de sótão, onde é
mais seco, é seco e é guardado, porque não pode pegar umidade.
Está é uma... debulhador de milho, que, nós debulhamos com este. Mas agora tem
as colhetaderas enormes colhetadera... cada vez mais fácil trabalhar, mais... mais
fácil de... é mais simples.
Entrevistador: Ta ótimo
Margarida: Esta aqui foi uma das primeiras máquinas debulhadoras de milho
manuais, que hoje já, já tão sendo substituídas por muitas outras colhetaderas,
aquelas que mil e quinhentas, duas mil sacas de milho por dia e esta aqui é uma das
primeiras.
Este aqui é um moedor de quirera, que antigamente não era, não existia esses
elétricos, então a gente moía, e fazia quirerinha pros pintinhos assim moendo
(movimenta a máquina manualmente).
Hoje, a gente tem este aqui, que a gente só liga, não se judia e é tudo fácil.
Entrevistador: Tem como ligar um pouquinho?
Margarida: Tem! (liga a máquina elétrica)
Entrevistador:, estamos finalizando nosso trabalho, nossa pesquisa oral, nossa
entrevista, quero agradecer muito a Margarida, a colaboração que ela nos deu, com
as suas informações, com seus conhecimentos e dizer que esses, essas
informações, são de extrema é... importância, para enriquecer o nosso trabalho, né,
e isso, esse trabalho ficará arquivado e será bastante utilizado nas nossas aulas, né
e contribuirá para o enriquecimento dos nossos alunos. Muito obrigado Margarida,
Margarida: Eu que agradeço.
Agradeço também a colaboração do Sergio, que nos ajudou nus, no
desenvolvimento do nosso, da nossa entrevista.
A FAMÍLIA REZA E AGRADECE Margarida: Nós vamos agora rezar o Pai Nosso em polonês (os três membros da
família; Silvio, Margarida e Maria rezam o Pai Nosso na língua polonesa)
Ojcze nasz ktorys jest w niebie,
swiec sie imie Twoje,
krolestwo Twoje,
badz wola Twoja,
w niebie tak i na ziemi,
chleba naszego powszedniego daj nam dzisiaj,
odpusc nam nasze winy jako
i my odpuszczamy naszym winowajcom
i nie wodz nasz na pokuszenie
ale nas zbaw ode zlego.
TRADUÇÃO
Pai Nosso que estais nos Céus,
santificado seja o Vosso Nome,
venha a nós o Vosso Reino,
seja feita a Vossa vontade
assim na terra como no Céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje,
perdoai-nos as nossas ofensas
assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido,
e não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do Mal.
Maria: Agradecemos essa oportunidade que vocês nos deram pra fazer essa
entrevista, para os trabalhos escolares.
Entrevistador: Muito obrigado vocês.
Obrigado.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED/PR
TERMO DE CESSÃO
Nos termos disponíveis do artigo 49 da Lei n. 9.610} por este instrumento o SI'}
Silvio Valenga} RG 587165} CPF 110859759-91} residente na rua Francisco Laliki
S/no} Campo Magro} Paraná} na qualidade de titular dos direitos autorais}
doravante denominado CEDENTE, cede gratuitamente} pelo prazo indeterminado e
de modo absoluto} para utilização exclusiva da Secretaria de Estado da Educação do
Paraná o direito de uso referente aos seguintes materiais:
Entrevista gravada em vídeo e transcrita e imagens de sua propriedade para o
professor Wagner Luiz Arcoleze} RG 3515912-6 da Rede Estadual de Ensino do
Paraná, nesta ocasião denominado CESSIONÁRIO.
O CEDENTE fica ciente de que o material cedido pode ser publicado nas mídias
impressa e/ou Web.
Esta cessão afasta o CEDENTE e seus herdeiros de receberem qualquer espécie de
indenização ou compensação em virtude do uso e administração do material.
O(A) CESSIONÁRIO(AL por sua vez} compromete-se a utilizar o material descrito
para produção didático-pedagógica} sem fins lucrativos e com objetivos
educacionais.
Para efeitos, este termo vai assinado pelas partes.
Curitiba, 06 de dezembro de 2008
Secretaria de Estado da Educação
Av. Agua Vc:rde, 2140 - Água Vcrde- CEP 80240-900 Curitiba-PR - Fone (41) 3340-] SOO
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED/PR
TERMO DE CESSÃO
Nos termos disponíveis do artigo 49 da Lei n. 9.610, por este instrumento a Sra,
Maria Valenga, RG 4640997-3, CPF 865363899-72, residente na rua Francisco
Laliki S/no, Campo Magro, Paraná, na qualidade de titular dos direitos autorais,
doravante denominado CEDENTE, cede gratuitamente, pelo prazo indeterminado e
de modo absoluto, para utilização exclusiva da Secretaria de Estado da Educação
do Paraná o direito de uso referente aos seguintes materiais:
Entrevista gravada em vídeo e transcrita e imagens de sua propriedade para o
professor \\Tagner Luiz Arcoleze, RG 3515912-6 da Rede Estadual de Ensino elo
Paraná, nesta ocasião denominado CESSIONÁRlO.
O CEDENTE fica ciente de que o material cedido pode ser publicado nas mídias
impressa e/ou Web.
Esta cessão afasta o CEDENTE e seus herdeiros de receberem qualquer espécie de
indenização ou compensação em virtude do uso e administração do
O(A) CESSIONÁRIO(A), por sua vez, compromete-se a utilizar o material descrito
para produção didático-pedagógica, sem fins lucrativos e com objetivos
educacionais.
Para efeitos, este termo vai assinado pelas partes.
Curitiba, 6 de dezembro de 2008
Secretaria de Estado da Educação
Av. Água Verde, 2140 - Agua Verde - CEP 80240-900 Curitiba-l'R - Fone: (41) 3340-1500
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED/PR
TERMO DE CESSÃO
Nos termos disponíveis do artigo 49 da Lei n. 9.610, por este instrumento a Sra,
Margarida Valenga, RG 4640977-9, CPF 865364359-15, residente na rua Francisco
Laliki S/n°, Campo Magro, Paraná, na qualidade de titular dos direitos autorais,
doravante denominado CEDENTE, cede gratuitamente, pelo prazo indeterminado e
de modo absoluto, para utilização exclusiva da Secretaria de Estado da Educação
do Paraná o direito de uso referente aos seguintes materiais:
Entrevista gravada em vídeo e transcrita e imagens de sua propriedade para o
professor vVagner Luiz Arcoleze, RG 3515912-6 da Rede Estadual de Ensino do
Paraná, nesta ocasião denominado CESSIONÁRlO.
O CEDENTE fica ciente de que o material cedido pode ser publicado nas
Esta cessão afasta o CEDENTE e seus herdeiros de receberem qualquer espécie de
indenização ou compensação em virtude do uso e administração do material.
OCA) CESSIONÁRIO(A), por sua vez, compromete-se a utilizar o material
descrito para produção didático-pedagógica, sem fins lucrativos e com objetivos
educacionais.
Para efeitos, este termo vai assinado pelas partes.
Curitiba, 6 de dezembro de 2008
Secretaria de Estado da Educacão
Av. Água Verde, 2140 - Água Verde - CEP 80240-900 Curitiba-PR - Fone (41) 3340-1500
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
Superintendência da Educação GOVERNO DO
Diretoria de Políticas e Programas Educacionais PARANÁ
Programa de Desenvolvimento Educacional
PARECER DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA DOS
PROFESSORES PDE - 2008
a) INSTITUiÇÃO DE ENSINO SUPERIOR: Universidade Federal do Paraná
b) PROFESSOR ORIENTADOR IES:Maria José Menezes lourega Belli
c) PROFESSOR PDE: Wagner Luiz Arcoleze
d) NRE: Curitiba
e) ÁREA/DISCIPLINA: História
f)TÍTULO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA: OS Poloneses em Terras Paranaenses:Curitiba e Região
Metropolitana.
O projeto de pesquisa sobre uma família de poloneses desenvolvido pelo professor
Wagner Luiz Arcoleze reuniu uma riqueza de possibilidades que podem ser trabalhadas em
atividades tanto com professores como com alunos, a fim de capacitá-Ios a trabalhar com
Historia Oral. Esta potencial idade se deve a condução teórico-metodológica expressa na
condução da construção da sua narrativa sobre as experiências de vida deste poloneses.
A opção do professor Wagner foi em construir um material didático que possibilitasse a
interação ativa do aluno.Nesta abordagem o educando-sujeito é estimulado a dialogar
constantemente com as indagações propostas. Deste modo, a interatividade permite gerar uma
compreensão contextualizada, significativa para o aluno. Com este objetivo superado as
atividades prosseguem com a proposta de elaboração de uma pesquisa.
O aluno passou pela experiência dada pelo material fornecido, reuniu uma bagagem de
conhecimentos viabilizadoras da sua autonomia, para agora dar continuidade aos seus estudos.
O professor Wagner esta de parabéns, seu trabalho é uma referência para a promoção de um
ensino de qualidade.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
Superintendência da Educação GOVERNO DO
Diretoria de Políticas e Programas Educacionais PARANÁ
Programa de Desenvolvimento Educacional
3. PARECER CONCLUSIVO: ( x ) Favorável ( ) Desfavorável
4. JUSTIFICATIVA DO PARECER:
O parecer é favorável , o professor Wagner desenvolveu o seu projeto de pesquisa com
originalidade e se lançou no segundo semestre para dar prosseguimento ao seu tema através da
elaboração de um material didático que estimula o aluno a interagir e a compreender parte da
história do Paraná e a ser sujeito, a medida que será orientado a desenvolver uma pesquisa na
área de História Oral
Curitiba, 02/12/2008