neutroaterra n14 2s2014 digital

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Revista Técnico-Científica |Nº14| Dezembro de 2014 http://www.neutroaterra.blogspot.com EUTRO À TERRA EUTRO À TERRA EUTRO À TERRA EUTRO À TERRA Instituto Superior de Engenharia do Porto – Engenharia Electrotécnica – Área de Máquinas e Instalações Eléctricas Ao terminar um ano que foi particularmente difícil, que abalou os alicerces e os valores que julgávamos adquiridos na nossa sociedade, a industria eletrotécnica que não esteve imune às dificuldades que todos sentiram, manteve apesar de tudo uma dinâmica muito apreciável. No âmbito da nossa revista “Neutro à Terra”, esta dinâmica fez-se sentir fundamentalmente no interesse que algumas empresas do setor eletrotécnico manifestaram pelas nossas publicações, demonstrando vontade em colaborar com uma revista especializada que alia publicações de natureza mais científica com outras de natureza mais técnica e prática. Professor Doutor José Beleza Carvalho Máquinas Elétricas Pág.05 Energias Renováveis Pág. 21 Instalações Elétricas Pág. 29 Telecomunicações Pág. 35 Segurança Pág. 39 Eficiência Energética Pág.49 Automação Domótica Pág. 57 Nº14 2º semestre de 2014 ano 7 ISSN: 1647-5496

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NeutroATerra

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  • Revista Tcnico-Cientfica |N14| Dezembro de 2014http://www.neutroaterra.blogspot.com

    EUTRO TERRAEUTRO TERRAEUTRO TERRAEUTRO TERRA

    Instituto Superior de Engenharia do Porto Engenharia Electrotcnica rea de Mquinas e Instalaes Elctricas

    Ao terminar um ano que foi particularmente difcil, que abalou os alicerces e

    os valores que julgvamos adquiridos na nossa sociedade, a industria

    eletrotcnica que no esteve imune s dificuldades que todos sentiram,

    manteve apesar de tudo uma dinmica muito aprecivel. No mbito da nossa

    revista Neutro Terra, esta dinmica fez-se sentir fundamentalmente no

    interesse que algumas empresas do setor eletrotcnico manifestaram pelas

    nossas publicaes, demonstrando vontade em colaborar com uma revista

    especializada que alia publicaes de natureza mais cientfica com outras de

    natureza mais tcnica e prtica.

    Professor Doutor Jos Beleza Carvalho

    Mquinas EltricasPg.05

    EnergiasRenovveis

    Pg. 21

    InstalaesEltricasPg. 29

    Telecomunicaes

    Pg. 35

    Segurana

    Pg. 39

    EficinciaEnergtica

    Pg.49

    AutomaoDomtica

    Pg. 57

    N14 2 semestre de 2014 ano 7 ISSN: 1647-5496

  • EU

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    FICHA TCNICA DIRETOR: Doutor Jos Antnio Beleza Carvalho

    SUBDIRETORES: Eng. Antnio Augusto Arajo GomesDoutor Roque Filipe Mesquita BrandoEng. Srgio Filipe Carvalho Ramos

    PROPRIEDADE: rea de Mquinas e Instalaes EltricasDepartamento de Engenharia ElectrotcnicaInstituto Superior de Engenharia do Porto

    CONTATOS: [email protected] ; [email protected]

    ndice

    03| Editorial

    05| Mquinas Eltricas

    Regulao de velocidade em motores assncronos de corrente alternada.

    Jos Antnio Beleza Carvalho, Instituto Superior de Engenharia do Porto

    Motores de mans permanentes para aplicaes de alta eficincia.

    Carlos Eduardo G. Martins, Sebastio Lauro Nau, WEG Equipamentos Eltricos S.A.

    21| Energias Renovveis

    Micro produo fotovoltaca. Venda rede vs autoconsumo.

    Rute Rafaela S. Moreira, Roque Filipe M. Brando, Instituto Superior Engenharia Porto.

    29| Instalaes Eltricas

    Aparelhagem de proteo, comando e seccionamento de baixa tenso. Principais documentos

    normativos.

    Antnio Augusto Arajo Gomes, Instituto Superior Engenharia Porto.

    35| Telecomunicaes

    Tecnologia Par de Cobre ITED 3. Para alm da transmisso de voz e dados.

    Joo Alexandre, Brand-Rex - Network Infrastructure Cabling Systems.

    Srgio Filipe Carvalho Ramos, Instituto Superior Engenharia Porto.

    39| Segurana

    Deteo e extino de incndios em Data Centers.

    Rui Miguel Barbosa Neto, Siemens S.A.

    Antnio Augusto Arajo Gomes, Instituto Superior de Engenharia do Porto.

    49| Eficincia Energtica

    Eficincia energtica na iluminao pblica. Estudo de casos prticos.

    Joo Magalhes, Luis Castanheira, Roque Brando, Instituto Superior Engenharia Porto.

    57| Automao e Domtica

    Aplicao de automao e microeletrnica na melhoria da eficincia energtica em prdios

    pblicos.

    Paulo D. Garcez da Luz, Roberto R. Neli, Universidade Tecnolgica Federal do Paran, Brasil.

    Schneider Electric. Estratgia SCADA para os prximos trs anos.

    Schneider Electric.

    65| Autores

    PUBLICAO SEMESTRAL: ISSN: 1647-5496

  • EDITORIAL

    3

    Estimados leitores

    Ao terminar um ano que foi particularmente difcil, que abalou os alicerces e os valores que julgvamos adquiridos na nossa

    sociedade, a industria eletrotcnica que no esteve imune s dificuldades que todos sentiram, manteve apesar de tudo uma

    dinmica muito aprecivel. No mbito da nossa revista Neutro Terra, esta dinmica fez-se sentir fundamentalmente no

    interesse que algumas empresas do setor eletrotcnico manifestaram pelas nossas publicaes, demonstrando vontade em

    colaborar com uma revista especializada que alia publicaes de natureza mais cientfica com outras de natureza mais tcnica e

    prtica.

    Um facto importante que decorreu tambm este ano, foi a discusso e aprovao da Proposta de Lei 101/2014, de 27 de

    maro, relativa ao Estatuto dos Tcnicos Responsveis por Instalaes Eltricas de Servio Particular. Este documento, bastante

    polmico, que nos deixa com algumas dvidas, vai ser determinante no exerccio da profisso de engenheiro eletrotcnico,

    particularmente para os que exercem a profisso na rea das instalaes eltricas. Contamos na prxima edio da nossa revista

    Neutro Terra apresentar um artigo sobre este assunto.

    Nesta edio da revista merece particular destaque a colaborao da Schneider Electric com um artigo sobre a Estratgia Scada

    Para os Prximos Trs Anos, e da WEG Equipamentos Eltricos S.A., com um importante artigo sobre Motores de manes

    Permanentes para Aplicaes de Alta Eficincia. No mbito da colaborao que mantemos com a Universidade Tecnolgica

    Federal do Paran, Brasil, apresenta-se um artigo sobre Aplicaes de Automao e Microeletrnica na Melhoria da Eficincia

    Energtica em Prdios Pblicos. A colaborao com esta Universidade Brasileira permite constatar o interesse crescente pela

    nossa revista Neutro Terra, que vai muito para alm do nosso pas.

    Nesta edio da revista merecem ainda particular destaque os temas relacionados com as mquinas eltricas, com um artigo

    sobre a regulao de velocidade em motores assncronos de corrente alternada, as energias renovveis, com um artigo sobre

    micro produo fotovoltaica, a eficincia energtica, com um caso de estudo na iluminao pblica, as instalaes eltricas, com

    um importante artigo sobre aparelhagem de proteo, comando e seccionamento de baixa tenso, os sistemas de segurana,

    com um artigo sobre deteo e extino de incndios em Data Centers, e as telecomunicaes, com um importante artigo no

    mbito do novo Regulamento ITED 3 sobre a tecnologia par de cobre na transmisso de informao de voz e dados.

    Estando certo que esta edio da revista Neutro Terra apresenta novamente artigos de elevado interesse para todos os

    profissionais do setor eletrotcnico, satisfazendo as expectativas dos nossos leitores, apresento os meus cordiais cumprimentos

    e desejo a todos um Bom Ano de 2015.

    Porto, dezembro de 2014

    Jos Antnio Beleza Carvalho

  • 4www.neutroaterra.blogspot.com

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  • ARTIGO TCNICO

    5

    1. Introduo

    O motor assncrono de induo uma mquina

    essencialmente de velocidade constante, alimentado por

    uma fonte de energia eltrica de tenso e frequncia

    constantes.

    A velocidade de funcionamento em regime nominal muito

    prxima da velocidade sncrona. Se o binrio da carga

    aumenta, a velocidade do motor decresce ligeiramente. ,

    como tal, uma mquina orientada para aplicaes que

    requerem velocidade constante. Entretanto, muitas

    aplicaes necessitam de vrios escales ou ajuste contnuo

    de velocidade.

    Tradicionalmente, estas tarefas que necessitavam de

    variao de velocidade eram efetuadas por motores de

    corrente contnua (motores DC).

    Estes motores so dispendiosos, requerem manuteno

    frequente das escovas e coletor e so proibitivos em

    atmosferas perigosas.

    Os motores de induo de rtor em gaiola-de-esquilo, por

    outro lado, so robustos, baratos, no tem escovas nem

    coletor e podem ser utilizados em aplicaes que requerem

    elevadas velocidades.

    Atualmente, existem conversores eletrnicos, muito mais

    complexos que os utilizados em motores DC, que permitem

    utilizar os motores de induo em sistemas que necessitam

    de variao de velocidade. A variao de velocidade destes

    motores baseia-se na relao entre a rotao sncrona, ou do

    campo girante, da rotao do rotor e do deslizamento:

    em que:

    e assenta fundamentalmente nos seguintes mtodos (n=(1-

    s)ns):

    Variao do nmero pares de plos (p);

    Variao do deslizamento (s);

    Variao da frequncia da tenso de alimentao (f).

    Neste artigo, so analisados estes mtodos de controlo e

    regulao de velocidade do motor assncrono de induo.

    Figura 1. Motor assncrono de induo

    2. Variao do nmero pares de plos

    Como a velocidade de funcionamento da mquina prxima

    da velocidade de sincronismo, pode-se variar a velocidade

    do motor de induo pela alterao do nmero de plos da

    mquina:

    Isto pode ser conseguido alterando as ligaes da

    bobinagem do estator. Normalmente os plos so alterados

    na razo de 2 para 1.

    Este mtodo permite obter duas velocidades de

    sincronismo. Se dois conjuntos independentes de

    bobinagem forem utilizados, poder conseguir-se quatro

    velocidades sncronas para o motor de induo.

    Jos Antnio Beleza CarvalhoInstituto Superior de Engenharia do Porto

    s

    s

    n

    nns

    =

    pf

    ns =

    pf

    ns =

    REGULAO DE VELOCIDADE

    EM MOTORES ASSNCRONOS DE CORRENTE ALTERNADA.

  • ARTIGO TCNICO

    6

    No motor de rtor em gaiola-de-esquilo este mtodo

    bastante utilizado, pois o rtor pode operar com qualquer

    nmero de plos do estator.

    Obviamente que este mtodo apenas permite variar a

    velocidade em escales e, dada a complexidade da

    bobinagem do estator, este ser sempre um motor com

    custo mais elevado.

    A figura seguinte apresenta a configurao da bobinagem de

    um motor Dahalander, que permite 2 escales de rotao

    por alterao do nmero de pares de plos.

    Figura 2. Motor assncrono de induo Dahalander

    Este motor ter sempre alguns inconvenientes, como m

    utilizao do circuito magntico e a manifestao de

    componentes harmnicas, devido a uma distribuio

    espacial do campo magntico no sinusoidal.

    3. Variao do deslizamento

    3.1 Variao da tenso de alimentao

    Sabemos que o binrio desenvolvido pelo motor de induo

    proporcional ao quadrado da tenso de alimentao.

    Um conjunto de caractersticas T-n para vrias tenses aos

    terminais apresentado na figura 3.

    Se o rtor acionar uma carga do tipo ventoinha, a velocidade

    pode variar entre s1 e s5 por variao da tenso de

    alimentao.

    Figura 3. Caratersticas binrio-velocidade do motor

    assncrono de induo

    A tenso aos terminais V1 pode ser variada pela utilizao de

    um auto transformador trifsico, ou por um conversor

    eletrnico de estado slido, como se apresenta na figura 4.

    O auto transformador permite obter uma tenso

    perfeitamente sinusoidal para alimentar o motor induo,

    enquanto no conversor de estado slido a tenso aos

    terminais no sinusoidal.

    A variao de velocidade com conversor de estado slido

    muito comum em motores de gaiola-de-esquilo que acionam

    cargas centrifugas (ventoinhas).

    Figura 3. Sistema Ward-Leonard. Regulao mista

  • ARTIGO TCNICO

    7

    O funcionamento em malha aberta no satisfatrio se,

    para determinada aplicao, for necessrio um controlo

    preciso da velocidade. Na maioria dos casos necessrio o

    controlo em malha fechada.

    A figura 4 apresenta um diagrama simples de um sistema

    eletrnico de funcionamento em malha fechada.

    Se a velocidade do motor decresce devido a qualquer

    perturbao, como flutuao da tenso de alimentao, a

    diferena entre a velocidade especificada para o motor e a

    verdadeira velocidade deste aumentada. Este facto altera o

    ngulo de disparo do tirstor de maneira a incrementar a

    tenso aos terminais, a qual por sua vez permitir que o

    motor desenvolva um binrio superior.

    Os dispositivos reguladores de tenso so simples e, embora

    ineficientes, so orientados para aplicaes como

    ventoinhas, bombas e, de uma maneira geral para cargas

    centrfugas.

    Em aplicaes de maior potncia, torna-se necessrio utilizar

    um filtro, para eliminar as elevadas componentes

    harmnicas de corrente injetadas nas linhas de alimentao.

    O conversor eletrnico de tenso a tirstores apresentado na

    figura 4 simples de entender mas complicado de analisar.

    Um sinal de comando para uma determinada velocidade

    dispara os tirstores, com um determinado ngulo de disparo

    (), para providenciar uma determinada tenso aos

    terminais do motor. Se o sinal de comando de velocidade

    alterado, o ngulo de disparo dos tirstores tambm

    alterado, o qual resulta uma nova tenso aos terminais do

    motor e, como tal, uma nova velocidade de funcionamento.

    Figura 4. Variao de velocidade do motor por variao de

    tenso de alimentao

    O incremento do binrio tende a

    restabelecer a velocidade para o valor

    anterior perturbao.

    Reparar que neste mtodo de controlo de

    velocidade, o deslizamento aumenta para

    as velocidades mais baixas (Figura 3),

    tornando a operao ineficiente. De

    qualquer maneira, para ventoinhas, ou de

    uma maneira geral cargas centrfugas, nas

    quais o binrio varia aproximadamente com

    o quadrado da velocidade, a potncia

    decresce significativamente com o

    decrscimo da velocidade.

    Assim, embora as perdas no circuito

    rotrico (=sPag) possam ser uma parte

    significativa da potncia do entreferro, a

    potncia no entreferro ela prpria

    reduzida e, como tal, o rtor no entrar

    em sobreaquecimento.

  • ARTIGO TCNICO

    8

    3.2 Variao da resistncia rotrica

    As caractersticas binrio-velocidade para este caso so

    apresentadas na figura 5.

    A caracterstica T-n da carga apresentada em tracejado.

    Variando a resistncia exterior entre 0

  • ARTIGO TCNICO

    9

    Se a potncia de perdas na bobinagem do rtor for

    desprezada, a potncia P2 ser a potncia DC sada do

    retificador. Assim:

    Pelas equaes anteriores obtm-se:

    Esta relao linear entre a potncia desenvolvida e a

    corrente retificada, uma vantagem sob o ponto de vista do

    controlo de velocidade de sistemas em malha fechada.

    Um diagrama de blocos deste modo de controlo em malha

    fechada apresentado na figura 5.

    A velocidade atual n comparada com a velocidade desejada

    n*, e o sinal de erro representa o comando do binrio, ou a

    corrente de referncia Id*. Esta corrente Id* comparada

    com a corrente atual Id, e o sinal de erro altera a razo de

    comutao do chopper , de maneira que a corrente Id se

    aproxime do valor Id*.

    A maior desvantagem deste mtodo de controlo pela

    resistncia rotrica o baixo rendimento s menores

    velocidades devido aos elevados deslizamentos.

    Mesmo assim, este mtodo de controlo bastante utilizado

    devido sua simplicidade. Em aplicaes onde o

    funcionamento a baixa velocidade apenas uma pequena

    parte do trabalho da mquina, o baixo rendimento neste

    caso aceitvel.

    Este mtodo ser orientado para controlo de velocidade de

    motores que atuam cargas centrfugas, numa gama de

    velocidades prxima do seu mximo valor.

    O esquema da figura 5 requer um banco de resistncias

    trifsico, de maneira que para um modo de funcionamento

    equilibrado, as trs resistncias apresentem o mesmo valor

    em qualquer posio.

    O ajuste manual das resistncias no satisfatrio em

    algumas aplicaes, particularmente em sistemas de

    controlo em malha fechada.

    Um controlo eletrnico da resistncia externa pode

    melhorar a operao. Um diagrama de blocos de um sistema

    de controlo deste tipo apresentado na figura 5.

    A potncia do rtor trifsico retificada na ponte de dodos.

    O efetivo valor R*ex da resistncia externa Rex, pode ser

    alterado por variao do tempo-on (tambm chamado

    razo de comutao =Ton/T) do chopper conectado aos

    terminais de Rex. Prova-se que Rex = (1- )Rex .

    Quando = 0, isto , o chopper fora de servio, R*ex = Rex.

    Quando =1, isto , o chopper sempre em on, Rex curto-

    circuitada pelo chopper e como tal R*ex = 0. Neste caso, a

    resistncia do circuito rotrico apenas a resistncia da

    prpria bobinagem. Assim, por variao de na gama de

    1>>0, a resistncia efetiva variada na gama 0

  • ARTIGO TCNICO

    10

    3.3 Recuperao de energia de deslizamento do rtor

    No mtodo apresentado, se for possvel recuperar para a

    fonte AC a energia de deslizamento dissipada na resistncia,

    o rendimento global do sistema ser bastante melhor.

    Um mtodo para recuperar a energia de deslizamento

    apresentado na figura 6.

    A potncia do rotor retificada na ponte de dodos. O ripple

    da corrente retificada atenuado na indutncia. A sada DC

    do retificador ligada aos terminais do inversor, o qual

    inverte a potncia DC em AC e realimenta-a para a fonte AC.

    O inversor um conversor retificador controlado, que

    funciona no modo ondulador (ou inversor).

    Em vazio o binrio necessrio reduzido, ento Id ~ 0. Pela

    figura 6, Vd = Vi. Se o deslizamento em vazio so, ento a

    tenso mdia na sada dos conversores trifsicos

    controlados,

    vem:

    Figura 6. Variao de velocidade do motor por variao da resistncia rotrica

    pi

    cos..6.3

    max0 VV =

    pipi

    cos.

    cos..6.3

    .

    6.3.

    2

    10

    120

    EV

    s

    ou

    VEs

    =

    =

  • ARTIGO TCNICO

    11

    A figura 7 apresenta em diagrama de blocos um sistema de

    controlo de velocidade em malha aberta, no qual se pode

    alterar a frequncia da tenso de alimentao do motor.

    O fluxo por plo do motor de induo :

    Se a queda de tenso na impedncia estatrica (R1 e X1) for

    reduzida, comparativamente com a tenso aos terminais V1,

    uma vez que V1 ~ E1, ento:

    Para evitar uma elevada saturao do circuito magntico, a

    tenso aos terminais do motor deve ser variada

    proporcionalmente com a frequncia.

    Este tipo de controlo de velocidade conhecido como Volts

    por Hertz Constante (Tenso por Frequncia constante).

    s baixas frequncias, a queda de tenso na impedncia

    estatrica comparvel tenso aos terminais V1 e, como

    tal, a equao apresentada deixa de ser vlida. Para manter a

    mesma densidade de fluxo no entreferro, a razo V/f deve

    ser incrementada para as mais baixas frequncias.

    O ngulo de disparo do inversor deve ser ajustado para a

    velocidade em vazio. Se for aplicada carga, a velocidade

    decresce.

    As caractersticas binrio-velocidade para diferentes ngulos

    de disparo so apresentadas na figura 6. Estas caractersticas

    so idnticas do motor DC de excitao separada, para

    vrias tenses aplicadas na armadura. O binrio

    desenvolvido pela mquina proporcional corrente DC Id.

    Um sistema de controlo em malha fechada, utilizando a

    tcnica da recuperao da energia de deslizamento

    apresentado na figura 6.

    Este mtodo de controlo de velocidade largamente

    utilizado em aplicaes de potncia, onde a variao numa

    larga gama de velocidades envolve elevadas energias de

    deslizamento.

    4. Variao da frequncia da tenso de alimentao

    A velocidade sncrona e, como tal, a velocidade do motor,

    pode ser variada pela alterao da frequncia da tenso de

    alimentao. A aplicao deste mtodo de controlo de

    velocidade requer um variador de frequncia.

    fE

    p

    fV

    p

    Figura 7. Variao da frequncia da tenso de alimentao

  • ARTIGO TCNICO

    12

    A necessria variao tenso - frequncia apresentada na

    figura 8b.

    Na figura 9, a tenso aos terminais da mquina ir variar se a

    tenso aos terminais do inversor for alterada; Esta tenso

    pode ser alterada pela variao do ngulo de disparo dos

    semicondutores do retificador controlado.

    Se a tenso sada do inversor puder ser variada no prprio

    inversor (inversores de Modulao Largura de Impulso), o

    retificador deixar de ser controlado e constitudo apenas

    por dodos, tornando Vi constante, como se pode ver na

    figura 9.

    As caractersticas binrio-velocidade para este sistema de

    variao de velocidade so apresentadas na figura 8.

    At frequncia base fbase a tenso aos terminais da

    mquina pode ser obtida a partir do inversor. Abaixo desta

    frequncia, o fluxo no entreferro mantido constante por

    variao da tenso com a frequncia; por esta razo, o

    binrio mantido constante e no seu valor mximo. Acima

    de fbase, a tenso no pode voltar a ser incrementada com a

    frequncia, neste caso o fluxo no entreferro decresce assim

    como o binrio mximo disponvel.

    Figura 9. Controlo de velocidade por variao da frequncia da tenso de alimentao

    Figura 8. Variao da frequncia da tenso de alimentao

  • ARTIGO TCNICO

    13

    Um gerador de funes providencia um sinal para controlo o

    do retificador, de maneira que a operao da mquina se

    efetue a Tenso - Frequncia constante (Volt/Hertz -

    constante).

    Um sistema simplificado de controlo de velocidade

    utilizando um inversor de corrente, apresentado na figura

    11.

    A frequncia de deslizamento mantida constante e a

    velocidade controlada pela regulao da corrente contnua

    Id e como tal, pela amplitude da corrente da mquina. Em

    aplicaes de trao eltrica, como os metropolitanos e

    outros veculos de trnsito, o binrio diretamente

    controlado.

    Um sistema tpico de controlo de um veculo de trnsito

    apresentado na figura 12.

    Como a tenso disponvel nos sistemas de trnsito

    contnua e constante, utilizado um inversor de tenso

    controlado por Modulao de Largura de Impulso (PWM), de

    maneira a que se possa variar a tenso AC na sada.

    4.1 Controlo em malha fechada

    Em aplicaes onde se requer um rigoroso controlo da

    velocidade, torna-se necessrio utilizar sistemas de controlo

    realimentados em malha fechada.

    A Figura 10 apresenta um diagrama de blocos que utiliza a

    regulao pela frequncia de deslizamento e funciona no

    modo Volt/Hertz constante.

    No primeiro ponto de soma, obtm-se a diferena entre a

    velocidade pretendida n* e a velocidade atual n, que

    corresponde velocidade de deslizamento ns1 ou seja,

    frequncia de deslizamento. Se a frequncia de

    deslizamento se aproxima da frequncia de corte, este valor

    limitado, restringindo a operao apenas para valores

    abaixo da frequncia de corte (limite mximo para a

    frequncia).

    No segundo ponto de soma, a frequncia de deslizamento

    somada frequncia fn (que representa a velocidade do

    motor), para assim gerar a frequncia do estator f1.

    Figura 10. Sistema de controlo em malha fechada, com operao a V/f constante

  • ARTIGO TCNICO

    14

    Se a frequncia de deslizamento se mantiver constante, o

    binrio varia com o quadrado da corrente do estator.

    O comando do binrio obtido atravs de uma funo

    geradora de raiz quadrada, que gera a corrente de referncia

    I*. O sinal que representa a diferena entre I* e a atual

    corrente I1, ir alterar a tenso na sada do inversor PWM de

    maneira que I1 se aproxime o mais possvel do valor

    desejado I*, que representa o comando do binrio.

    Na frenagem regenerativa com recuperao de energia dos

    veculos de trnsito, o sinal da frequncia de deslizamento f2

    negativo. Neste caso, o motor de induo vai funcionar no

    modo gerador (fn > f1), e realimentar para a fonte DC a

    energia cintica armazenada no sistema.

    Figura 12. Sistema tpico de controlo de velocidade em veculos de trnsito

    Figura 11: Sistema de controlo em malha fechada, utilizando um inversor de corrente

  • ARTIGO TCNICO

    15

    Estes mtodos de variao de velocidade permitem em

    qualquer regime adaptar a resposta do motor s

    necessidades da carga, originando funcionamentos do motor

    com deslizamentos reduzidos e, como tal, com eficincia

    muito elevada.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    - Beleza Carvalho, J. A., Mquinas Assncronas de Induo.

    Apontamentos da disciplina de Mquinas Eltricas II.

    ISEP, Porto, maro de 2014.

    - WEG, Motores de Corrente Alternada. www.weg.net.

    Catlogo WEG 2012.

    - Sen, P.C., Principles of Electric Machines and Power

    Electronics. Editor: John Wiley & Sons.

    - Fitgerald, A.E., Charles Kingsley. Electric Machinery.

    Editor: McGraw Hill.

    - ABB, Low Voltage Industrial Performance Motors.

    Catlogo ABB 2009.

    5. Concluso

    Os motores assncronos de induo, especialmente os de

    rtor em gaiola-de-esquilo, so robustos, baratos, no tem

    escovas nem coletor e podem ser utilizados em aplicaes

    que requerem elevadas velocidades.

    A variao de velocidade destes motores assenta

    fundamentalmente na variao do nmero de pares de plos

    (motor Dahalander), na variao do deslizamento atravs da

    variao da tenso aplicada ao estator, ou variao da

    resistncia rotrica, no caso dos motores de rotor bobinado,

    e na variao da frequncia da tenso aplicada ao motor.

    Atualmente, existem conversores eletrnicos, muito mais

    complexos que os utilizados em motores DC, que permitem

    utilizar os motores de induo em sistemas que necessitam

    de variao de velocidade. Os conversores eletrnicos so

    fundamentalmente utilizados na variao de velocidade por

    variao do deslizamento da mquina e na variao da

    frequncia da tenso de alimentao.

    Em termos tcnicos, as solues mais evoludas

    correspondem variao de velocidade por controlo escalar

    tenso/frequncia constante, ou, uma soluo ainda mais

    evoluda, por controlo vetorial da corrente estatrica.

    WEG Equipamentos Eltricos S.A.http://www.weg.net/

  • DIVULGAO

    16

    CURSOS DE PS-GRADUAES DE CURTA DURAO

    O Departamento de Engenharia Eletrotcnica do Instituto Superior de Engenharia do Porto, disponibiliza um conjunto de

    cursos de especializao de curta-durao destinados fundamentalmente aos alunos de cursos de engenharia, bacharis,

    licenciados e mestres recm-formados na rea da Engenharia Eletrotcnica e/ou Engenharia Eletrnica, assim como quadros

    no ativo que pretendam atualizar conhecimentos ou adquirirem competncias em reas transversais da Engenharia

    Eletrotcnica.

    Os cursos tero uma durao varivel entre as 8 e as 16 horas, funcionaro sexta-feira em horrio ps-laboral, ou

    preferencialmente ao sbado de manh. O requisito mnimo para frequentar estes cursos ser o 12 ano completo, sendo

    recomendada a frequncia de uma licenciatura ou mestrado em Engenharia Eletrotcnica e/ou Engenharia Eletrnica.

    Departamento de Engenharia Eletrotcnica

    Instituto Superior de Engenharia do Porto

    Rua Dr. Antnio Bernardino de Almeida, 471, 4200 - 072 Porto

    Telefone: +351 228340500 Fax: +351 228321159

    www.dee.isep.ipp.pt

    - Dispositivos Lgicos Programveis (FPGAs) - Mquinas Eltricas Assncronas de Induo

    - Eficincia Energtica na Iluminao Pblica - Mquinas Eltricas Sncronas de Corrente Alternada

    - Instrumentao e Medidas Eltricas - Projeto ITED de uma Moradia Unifamiliar

    - Mquinas Eltricas - Transformadores - Projeto de Redes de Terra em Instalaes de Baixa Tenso

    - Mquinas Eltricas de Corrente Contnua - Verificao, Manuteno e Explorao Instalaes Eltricas de Baixa Tenso

  • ARTIGO TCNICO

    17

    Resumo

    Motores de mans permanentes (motores PM) podem ser

    utilizados em praticamente todas as aplicaes, tais como

    bombas, elevadores, compressores, ventiladores, extrusoras,

    geradores, veculos eltricos, servoacionamentos, torres de

    refrigerao, eletrodomsticos, etc. Este artigo apresenta

    algumas aplicaes para evidenciar que o uso de motores

    PM traz melhorias em eficincia energtica e qualidade do

    processo.

    1. Introduo

    De acordo com estudos recentes [1], sistemas acionados por

    motores eltricos representam de 43% a 46% de todo o

    consumo global de energia eltrica. Os motores de induo

    tm sido o tipo de acionamento mais usado na indstria,

    devido robustez, fiabilidade e facilidade de operao

    (ligao direta rede de energia, sem necessidade de

    controlo eletrnico), embora em muitas aplicaes os

    acionamentos de velocidade varivel oferecem um grande

    potencial de economia de energia [2]. Neste cenrio os

    motores PM so competitivos face aos motores de induo,

    pois tm um maior rendimento e no necessitam de

    ventilao forada nem sobredimensionamento para

    funcionamento com binrio constante.

    2. Motores de imans permanentes (PM)

    Os motores PM tm um maior rendimento

    comparativamente com outros motores, devido ausncia

    de perdas joule no rotor, e ao elevado fator de potncia

    devido ao fluxo magntico de excitao fornecido pelos

    mans permanentes. Como os motores PM no tm perdas

    joule no rotor, a temperatura dos rolamentos mais baixa, e

    o tempo de vida maior. Apresentam tambm um

    rendimento significativamente maior nas baixas velocidades

    comparativamente com os restantes motores de induo,

    como mostrado na figura 1.

    Figura 1. Rendimentos numa faixa de velocidade de 4:1 com binrio

    constante para trs motores: um motor sncrono de mans

    permanentes e dois motores de induo categoria IE2 e IE3

    segundo IEC.

    3. Caratersticas construtivas

    Motores PM podem ter diferentes caractersticas

    construtivas. Os mans podem ser colocados na superfcie ou

    dentro do rotor, o rotor pode ser externo ou interno, os

    enrolamentos podem ser do tipo distribudo (como nos

    motores de induo) ou do tipo bobinado sobre o plo

    (como nos motores universais). Eles podem usar mans de

    ferrite (baixa energia e baixo custo) ou mans de terras-raras

    (alta energia, alto custo), estes ltimos permitindo motores

    mais compactos e com maior relao binrio/volume. Alm

    disso, eles podem ser classificados como BLAC (Brushless

    Alternating Current) ou BLDC (Brushless Direct Current). Os

    primeiros usam um acionamento com corrente sinusoidal (a

    sua fora contraelectromotriz sinusoidal), e os ltimos

    usam um acionamento do tipo onda quadrada (sua fora

    contraelectromotriz mais trapezoidal). Tipicamente os

    motores BLDC tm enrolamentos bobinados sobre o plo, e

    os motores BLAC tm enrolamentos distribudos. Mas

    motores BLAC tambm podem ter enrolamentos sobre o

    plo, principalmente para aplicaes de baixa potncia.

    Carlos Eduardo G. MartinsSebastio Lauro Nau

    WEG Equipamentos Eltricos S.A.

    MOTORES DE MANS PERMANENTES

    PARA APLICAES DE ALTA EFICINCIA.

  • ARTIGO TCNICO

    18

    Motores sncronos de mans

    internos geralmente usam mans

    de terras-raras no interior do rotor

    (figura 2) e podem ter um

    tamanho de carcaa abaixo dos

    motores de induo (at 43% de

    reduo no volume e 35% de

    reduo no peso), alm de

    apresentarem rendimentos

    superiores aos mnimos exigidos

    pela norma.

    Existem diversas tipologias, e a aplicabilidade de cada uma

    depende dos requisitos de cada aplicao, como mostrado

    na tabela 1.

    4. Aplicaes para motores PM

    4.1. Motores PM Industriais

    i. Motores de mans internos

    Como eles esto em uma carcaa reduzida, eles apresentam

    menores nveis de rudo do que os motores de induo de

    mesma potncia.

    As principais aplicaes so bombas, sistemas de ventilao,

    compressores, extrusoras e e tapetes transportadores.

    apetes transportadores.

    Figura 2. Motor de mans internos de terras-raras e carcaa

    reduzida.

    Tipologia Caractersticas/Aplicao Exemplo

    Rotor

    externo

    Aplicaes de alto binrio em baixa velocidade (ex. mquinas de

    lavar roupa, elevadores), aplicaes em ventilao.

    mans

    superficiais

    Aplicaes de baixa e mdia velocidade (ex. ventilao, exausto,

    bombas residenciais, elevadores).

    mans

    internos

    Aplicaes de baixa e alta velocidade (ex. Ventiladores,

    compressores, bombas, elevadores, veculos eltricos).

    Arranque

    direto

    Aplicaes de baixa velocidade e baixa inrcia, arranque direto

    da rede (ventiladores, bombas).

    Tabela 1. Caractersticas das diferentes topologias

  • ARTIGO TCNICO

    19

    ii. Motor PM com arranque direto da rede

    Estes motores so hbridos, pois possuem mans de terras-

    raras abaixo da gaiola de alumnio do rotor [4]. Eles tm

    enrolamentos similares aos dos motores de induo e a

    particularidade de arrancar diretamente ligados rede, sem

    necessidade de controlo eletrnico, como o caso dos

    motores PM convencionais. Eles arrancam e aceleram como

    os motores de induo, at atingirem o sincronismo,

    mantendo velocidade constante mesmo com variao da

    carga. Se for necessrio variar a velocidade, eles podem ser

    acionados por conversores de frequncia convencionais, em

    modo escalar. Isto permite que vrios motores sejam

    acionados pelo mesmo inversor, na mesma velocidade. A

    figura 3 mostra os nveis de rendimento dos motores com

    mans e arranque da rede em comparao com os nveis de

    rendimento da norma e em relao aos motores de induo

    W22 e aos motores de induo W22 Premium (que cumprem

    aos rendimentos IE3 da IEC). Os motores com mans e

    arranque na rede atingem os nveis de rendimento IE4 da

    IEC.

    Figura 3. Comparao de rendimento entre motores PM com

    arranque da rede e motores de induo.

    As principais aplicaes so cargas de baixa inrcia, e

    aplicaes multimotor com variao de velocidade, com um

    nico conversor.

    - Aplicao em compressor

    A figura 4 mostra um motor de mans aplicado num

    compressor de parafuso de 200 HP. A figura 5 mostra a

    comparao de rendimento do compressor ao longo da sua

    faixa de operao quando acionado pelo motor PM e por um

    motor de induo.

    O motor de induo antes utilizado tinha 150 kW, 2 plos,

    carcaa IEC 280 S/M. O motor PM que o substituiu tem 150

    kW, 3600 rpm, carcaa IEC 250 S/M. Houve um significativo

    aumento no rendimento pelo uso do motor PM, alm deste

    estar numa carcaa menor e com 52% do peso do motor de

    induo previamente utilizado.

    Figura 4. Compressor com motor PM

    Figura 5. Rendimento do compressor com motor PM e com motor

    de induo

  • ARTIGO TCNICO

    20

    - Aplicao na indstria txtil

    O motor original da mquina de engomar fios da figura 6 era

    um motor de rotor bobinado, que tinha escovas que

    necessitavam de ser trocadas regularmente e precisava de

    manuteno constante. Quando este motor queimou e

    necessitou de ser reparado, a deciso de procurar uma

    alternativa mais eficiente levou escolha de um motor PM.

    O custo para reparar o motor de rotor bobinado seria de

    115% do valor de aquisio de um motor PM novo e mais

    eficiente. Assim, o novo motor escolhido foi um motor PM

    de 15 kW. A substituio reduziu os custos de manuteno

    para praticamente zero, bem como o nmero de horas de

    mquina parada, e aumentou a eficincia do processo pela

    variao de velocidade com binrio constante (economia de

    energia) e mais potncia na operao da mquina. O motor

    PM 50% menor em tamanho do que o motor original,

    ocupando menos espao e facilitando eventuais

    manutenes.

    Figura 6. Mquina de engomar fios

    - Aplicao em torre de refrigerao

    Motores PM para torres de refrigerao usam mans de

    terras-raras e tm um grande nmero de plos, produzindo

    elevado binrio em baixas rotaes, para acoplamento

    direto. Isso elimina as caixas de reduo, diminuindo a

    necessidade de manuteno e eliminando perdas devido ao

    acoplamento, que juntamente com a menor perda eltrica

    do motor PM, eleva o rendimento global do sistema de

    acionamento.

    5. Concluses

    Os motores PM podem ter caractersticas construtivas

    bastante diversas, para atender diferentes aplicaes.

    Devido ao seu alto rendimento, permitem uma significativa

    reduo no consumo de energia em todas as aplicaes

    apresentadas no artigo. Em aplicaes de velocidade

    varivel, os motores PM so ainda mais vantajosos, pois eles

    no necessitam de ventilao forada nem

    sobredimensionamento para funcionamento com binrio

    constante. Alm disso, medida que a velocidade

    reduzida, o rendimento menos prejudicado do que no caso

    dos motores de induo.

    Deve ser enfatizado ainda que para aplicaes industriais os

    motores de mans de terras-raras podem ser fabricados

    numa carcaa abaixo do tamanho de carcaa necessrio para

    o motor de induo de mesma potncia. Isto leva a uma

    reduo de volume e peso, e tambm reduo nos nveis de

    rudo e vibrao. Uma vez que o motor PM funciona mais

    frio porque no tem perdas joule no rotor, a temperatura

    dos rolamentos menor, aumentando a vida til.

    Referncias

    [1] P. Waide, C. U. Brunner, Energy-Efficiency Policy

    Opportunities for Electric Motor-Driven Systems,

    International Energy Agency (IEA), 2011.

    [2] A. T. de Almeida, F. J. T. E. Ferreira, D. Both, Technical

    and Economical Considerations in the Application of

    Variable-Speed Drives With Electric Motor Systems,

    IEEE Transactions on Industry Applications, Vol. 41, No. 1,

    Jan/Feb 2005.

    [3] Catlogo Wmagnet Drive System,

    http://ecatalog.weg.net/files/wegnet/WEG-wmagnet-

    drive-system-50015189-catalogo-portugues-br.pdf

    [4] Catlogo WQuattro,

    http://ecatalog.weg.net/files/wegnet/WEG-wquattro-

    50025714-catalogo-portugues-br.pdf

  • ARTIGO TCNICO

    21

    1. Introduo

    A miniproduo consiste numa atividade de pequena escala

    de produo descentralizada de eletricidade que recorre a

    recursos renovveis com base em apenas uma s tecnologia,

    e entrega rede pblica eletricidade que ser remunerada,

    na condio de que exista um consumo efetivo no local da

    instalao e a potncia de ligao rede tenha valor igual ou

    inferior a 250 kW. Esta adequa-se principalmente a empresas

    que responsveis por consumos de energia eltrica elevados.

    A remunerao desta atividade engloba dois regimes

    escolha, o regime geral e o regime bonificado, sendo as

    condies para cada um destes casos as seguintes:

    Regime Geral: A potncia de ligao limitada a 50% da

    potncia contratada com um mximo de 250 kW, sendo

    ainda necessrio que a energia consumida na instalao seja

    igual ou superior a 50% da energia produzida pela unidade

    de miniproduo. A venda de eletricidade neste regime

    rege-se pelo regime ordinrio segundo as condies de

    mercado.

    Regime Bonificado: Seguindo as condies anteriormente

    descritas relativamente ao regime geral, tambm

    obrigatrio ter em ateno outras condies:

    Previa comprovao, data do pedido de inspeo, da

    realizao de auditoria energtica que determine a

    implementao de medidas de eficincia energtica, com

    o seguinte perodo de retorno:

    a) Escalo I (at 20 kW): 2 anos;

    b) Escalo II (de 20 kW at 100 kW): 3 anos;

    c) Escalo III (de 100 kW at 250 kW): 4 anos.

    A dinmica legislativa que se tem vindo a fazer sentir nos

    ltimos tempos com a possibilidade de se fazer auto-

    consumo, faz com que comece a fazer sentido estudar as

    diversas alternativas ao dispor dos

    produtores/consumidores.

    O aumento dos preos da energia eltrica que todos os anos

    se fazem sentir e a reduo do preo da venda da energia faz

    com que o autoconsumo possa ser uma alternativa mais

    interessante do que a venda da energia rede eltrica de

    servio pblico.

    2. Legislao Associada

    De acordo com a portaria n 285/2011 de 28 de Outubro, a

    atualizao do valor da percentagem de reduo anual da

    tarifa de referncia aplicvel no mbito do regime

    remuneratrio bonificado da atividade de miniproduo,

    bem como da quota anual de potncia disponvel para

    alocao, a partir de 2012, inclusive.

    Mais recentemente, a Portaria n. 430/2012, de 31

    dezembro veio fixar em 30 %, com efeitos a partir de 2013,

    inclusive, o valor da reduo anual da tarifa de referncia

    aplicvel no mbito do regime remuneratrio bonificado da

    atividade de miniproduo de fonte solar com tecnologia

    fotovoltaica.

    Consequentemente, a tarifa de referncia aplicvel em 2014

    no mbito do regime remuneratrio bonificado da atividade

    de miniproduo com tecnologia solar fotovoltaica ficou

    estabelecida em 106/MWh e para as demais tecnologias

    em 159/MWh. Neste contexto, cabe ao diretor-geral de

    Energia e Geologia, mediante despacho, divulgar o valor da

    tarifa de referncia e a quota de potncia de ligao a alocar,

    bem como estabelecer a programao temporal da referida

    alocao.

    Com a recente publicao do Decreto-Lei 153/2014

    estabeleceu-se o regime jurdico aplicvel produo de

    eletricidade, por intermdio de instalaes de pequena

    potncia, a partir de recursos renovveis, destinada ao auto-

    consumo na instalao de utilizao associada respetiva

    unidade produtora, sendo possvel tambm fazer a ligao

    rede eltrica pblica.

    Rute Rafaela Silva MoreiraRoque Filipe Mesquita Brando

    Instituto Superior de Engenharia do Porto

    MINIPRODUO FOTOVOLTAICA.

    VENDA REDE VS AUTOCONSUMO.

  • ARTIGO TCNICO

    22

    Ou seja, com a publicao deste Decreto-Lei passa a ser

    possvel a atividade de produo de energia eltrica para

    satisfao das prprias necessidades da instalao, sem

    prejuzo do excedente, a existir, poder ser injetado na rede

    eltrica de servio pblico.

    3. Softwares de apoio

    Existem algumas ferramentas informticas que so teis

    para desenvolvimento de estudos no mbito da tecnologia

    fotovoltaica. O software PVGIS uma ferramenta que

    funciona online e que gera uma estimativa dos valores de

    energia produzida atravs de um sistema fotovoltaico. Este

    tipo de softwares muito til pois permite obter dados de

    produo necessrios para efetuar os sempre importantes

    estudos econmicos de uma instalao.

    Esta aplicao necessita da insero de alguns dados, tais

    como, a quantidade de mdulos fotovoltaicos do sistema em

    clculo, a inclinao dos painis e a orientao dos mesmos.

    O programa, por sua vez, efetua o clculo da energia eltrica

    gerada, diria ou mensal, para cada um dos respetivos meses

    do ano.

    Paralelamente, poder-se- utilizar o software Sunny Design

    da SMA, que um auxlio ao projeto da instalao e permite

    tambm verificar a coerncia dos dados obtidos. Nesta

    ferramenta inserem-se os parmetros bsicos do sistema,

    tais como a localizao da central fotovoltaica, a quantidade

    de mdulos e o respetivo fabricante, a inclinao e

    orientao dos painis fotovoltaicos e a escolha do inversor a

    utilizar. Este software gera grficos com a configurao das

    ligaes necessrias, o dimensionamento da cablagem,

    juntamente com uma anlise tcnica e econmica do

    projeto, gerando um documento com todas estas indicaes.

    Existem ao dispor dos projetistas inmeras ferramentas de

    apoio ao dimensionamento de sistemas fotovoltaicos,

    evitando-se cometer erros graves de dimensionamento e

    permitindo trabalhar com dados muito fidedignos sobre o

    potencial fotovoltaico do local da instalao de produo.

    4. Autoconsumo Vs venda rede

    Ao utilizar-se sistemas fotovoltaicos com o intuito de se fazer

    100% de venda da energia rede, toda a produo de

    energia da central fotovoltaica ser remunerada com uma

    tarifa constante durante 15 anos. Dado que o tempo de vida

    mdio dos painis ronda os 20 anos, terminando o prazo da

    bonificao, podem sempre ser usados para autoconsumo.

    Por outro lado, usando-se sistemas fotovoltaicos com o

    intuito de se fazer 100% de autoconsumo, toda a energia

    produzida pela central fotovoltaica ser consumida pelo

    prprio produtor onde esta se encontra instalada. Estes

    sistemas so as instalaes do futuro, uma vez que a sua

    produo serve para assegurar uma parte dos consumos

    duma instalao, durante o perodo em que o preo da

    energia eltrica o menos favorvel para o consumidor.

    possvel tambm, caso haja excedente de produo, injetar a

    energia rede eltrica, obviamente a um preo que no

    pode ser bonificado. De referir tambm que se a unidade de

    produo renovvel for da tecnologia fotovoltaica, se est a

    produzir energia nas horas em que o preo da energia mais

    penalizador para o consumidor, estando tambm a reduzir-

    se a potncia nas horas de ponta da instalao, fazendo com

    que a reduo na tarifa seja ainda maior.

    5. Caso Prtico

    Para a implementao de uma central de miniproduo

    fotovoltaica, analisaram-se os consumos de um

    estabelecimento comercial, assim como a quantidade de

    mdulos a instalar e a potncia de cada um destes com o fim

    de se obter a potncia de ligao do sistema.

    O sistema ser composto por 700 painis de 250 Wp,

    instalados no telhado da instalao, com um ngulo de

    inclinao de 350 e o azimute de 00.

    Utilizando-se o software PVGIS, com a insero dos dados

    necessrios, foi possvel obter-se dados acerca da produo

    de eletricidade mdia diria e mensal do sistema

    fotovoltaico em estudo, assim como a soma mdia diria de

    irradiao global por metro quadrado recebida pelos

  • ARTIGO TCNICO

    23

    Na figura 1 apresentada a forma como se introduzem os

    dados do projeto no software PVGYS.

    Foram feitas as simulaes de produo do sistema

    fotovoltaico para os diversos meses do ano, que se

    encontram apresentadas na tabela 1.

    mdulos, tambm diria e mensal. Todas estas variveis

    motor e, como tal, uma nova velocidade de funcionamento.

    Verificando-se que a instalao se rege por ciclo semanal, e

    uma vez que os painis fotovoltaicos s produzem energia

    na presena radiao solar, contabilizou-se o nmero de

    horas de ponta e cheias para o horrio legal de Inverno e

    Vero. Desta forma, obteve-se a energia diria em horas de

    ponta e em horas de cheias.

    Para inicializar o estudo, efetuou-se uma anlise total

    faturao do estabelecimento comercial, para

    posteriormente se verificar qual a poupana obtida com a

    implementao do sistema fotovoltaico.

    Para se elaborar uma anlise mais aprofundada, decidiu-se

    visualizar os consumos mensais representados num

    diagrama de carga, prevendo que todos os dias pertencentes

    ao mesmo ms se comportam de igual forma.

    Sendo os consumos regidos por um ciclo semanal, efetuou-

    se a diviso das 24h do dia em horas de ponta, cheias, vazio

    e super vazio. Esta diviso foi feita de diferente forma para

    os dias de semana, sbados e domingos, assim como para

    Inverno e Vero.

    Figura 1. Exemplo dos dados do projeto a introduzir no PVGYS

    En. Diria

    (kWh)En. Mensal

    (kWh)Fevereiro 561 15700

    Maro 661 20500

    Abril 695 20900

    Maio 746 23100

    Junho 804 24100

    Julho 848 26300

    Agosto 838 26000

    Setembro 772 23200

    Outubro 579 17900

    Novembro 430 12900

    Dezembro 413 12800

    Mdia Anual 647 19700

    Tabela 1. Produo do sistema fotovoltaico

  • ARTIGO TCNICO

    24

    Calculou-se, assim, a potncia mdia diria em horas de

    ponta, cheias, vazio e super vazio e a potncia mdia diria

    em horas de ponta e cheias relativamente produo do

    sistema fotovoltaico. Para a anlise grfica mensal dos

    diagramas de carga fez-se a associao das potncias mdias

    dirias s respetivas horas do dia, tanto para visualizar o

    consumo do estabelecimento assim como a produo do

    sistema fotovoltaico.

    As figuras 2 e 3 traduzem diagramas de carga mensais

    aproximados, assumindo a existncia de erros pois na

    realidade os diagramas no so lineares. Analisando os

    diagramas de carga, verificou-se que a produo do sistema

    fotovoltaico nunca ultrapassa o consumo de energia da

    instalao, favorecendo o autoconsumo. Caso a produo da

    central fotovoltaica ultrapassa-se o consumo da instalao, o

    excedente de energia seria vendido rede.

    Figura 2. Diagrama de carga referente a um ms de Inverno

    Figura 3. Diagrama de carga referente a um ms de Vero.

  • ARTIGO TCNICO

    25

    Comparando estes dois cenrios em estudo, verificou-se que

    seria mais vantajoso para o cliente o sistema de

    autoconsumo face ao de venda rede. De facto, a poupana

    maior em autoconsumo, pois as tarifas aplicadas so

    elevadas e com tendncia a aumentar ao longo dos anos,

    para alm de se efetuar uma grande reduo de custos com

    a diminuio da potncia em horas de ponta. A venda rede

    apresenta menor poupana, pois a tarifa aplicada acarreta

    um valor pequeno, com tendncia a decrescer no futuro.

    Devido crescente subida de preo da energia, analisaram-

    se dois cenrios de aumento dos preos da energia: um de

    aumento de 1,5% e outro de 3% ao ano, com o fim de

    comparar a venda rede e o autoconsumo, verificando qual

    a soluo mais vantajosa a longo prazo.

    A tabela 4 apresenta o resultado da comparao entre os

    ganhos obtidos com um sistema fotovoltaico utilizado para

    venda da totalidade da energia rede e com o autoconsumo

    total da energia, considerando que o preo da energia

    eltrica aumenta 1,5% anualmente.

    A tabela 5 apresenta a mesma simulao dos dois sistemas

    mas considerando um aumento do preo da energia de 3%

    anualmente.

    Um dos cenrios em estudo foi o da instalao de um

    sistema fotovoltaico com 100% da sua produo de energia

    utilizada para venda rede.

    Uma vez que os painis fotovoltaicos produzem somente

    energia nas horas de ponta e cheias, atravs dos dados

    relativos produo gerada pelo software PVGIS, obteve-se

    o retorno monetrio dos termos de energia varivel em

    horas de ponta e cheias com a venda rede.

    Outro cenrio em estudo foi o de 100% autoconsumo, ou

    seja, toda a produo de energia gerada pela miniproduo

    ser consumida pela prpria indstria, de modo a obter-se

    uma reduo de consumos em horas de ponta e cheias.

    Neste cenrio, teve-se em conta a reduo do consumo de

    potncia em horas de ponta.

    Tabela 2. Lucro no cenrio 100% venda da energia rede.

    Tabela 3. Lucro no cenrio 100% autoconsumo.

    Tabela 4. Simulao para aumento de 1,5% do preo da energia.

  • ARTIGO TCNICO

    26

    Uma vez que a tarifa de venda rede se mantm constante

    durante 15 anos, os clculos elaboraram-se apenas para esse

    perodo. Findo este prazo, a tarifa para a venda de energia

    ir diminuir, o que far com que o lucro seja cada vez menor

    com a venda rede. Com estes aumentos hipotticos do

    preo de energia em 1,5 e 3%, mesmo para o caso de menor

    aumento, torna-se claro que o autoconsumo uma opo

    economicamente mais interessante. Assim, quanto maior for

    o preo da energia, mais lucro gerar o autoconsumo.

    Para o clculo dos ganhos com o autoconsumo considera-se

    que para alm dos ganhos com a produo da energia

    atravs do sistema fotovoltaico, tambm se reduz uma

    componente da tarifa de energia que a potncia nas horas

    de ponta. Como o sistema fotovoltaico produz grande parte

    da energia no perodo das horas de ponta, o valor da

    potncia das horas de ponta reduzido, conseguindo-se

    assim ganhos na componente tarifria da energia eltrica

    ativa e na componente da potncia das horas de ponta.

    Outro dado muito relevante para o cliente para alm da

    poupana o tempo de retorno do investimento. Como tal,

    calculou-se um valor de recuperao anual de modo a obter-

    se em que momento o valor do investimento recuperado

    pelo cliente.

    A figura 4 apresenta o resultado do estudo de clculo do

    retorno do investimento.

    Tabela 5. Simulao para aumento de 3% do preo da energia.

    Figura 4. Anlise do payback com venda rede e autoconsumo.

  • ARTIGO TCNICO

    27

    Com o consumo da instalao e produo do sistema

    fotovoltaico, verificou-se que no existiam momentos nos

    quais a produo da instalao superava o consumo, logo

    no eram gerados excedentes de energia, concluindo-se que

    o autoconsumo seria mais vantajoso e em nenhum

    momento se utilizaria a venda rede.

    Todos os cenrios em estudo apresentavam, de facto, uma

    reduo econmica, comprovando-se que o mais vantajoso

    seria o de 100% autoconsumo, seguindo-se o sistema de

    100% venda rede .

    Com a constante subida de preos de energia e o aumento

    de preo da tarifa de compra rede, o autoconsumo revela

    uma maior poupana, aumentando gradualmente ao longo

    dos anos, tornando menor o tempo de amortizao do

    investimento na implementao desta soluo.

    O aumento do preo da eletricidade e a descida de custos

    dos sistemas fotovoltaicos, potencializam a necessidade de

    usufruir, nos anos futuros, da verdadeira democratizao da

    energia introduzindo conceitos de autoconsumo.

    6. Concluso

    Sendo a energia solar um meio renovvel e facilmente

    reabastecido, o recurso a sistemas fotovoltaicos ser sem

    dvida um item do futuro com viso na reduo de custos

    com eletricidade.

    Com a anlise dos consumos de uma indstria consegue-se

    criar um leque de cenrios capazes de reduzir a faturao

    associada aos mesmos.

    De modo a verificar qual a opo mais vantajosa para

    determinada miniproduo, efetuou-se um estudo

    assumindo que toda a energia produzida seria vendida

    rede (100% venda rede), paralelamente a outro, em que a

    energia produzida pelo sistema seria somente para prprio

    consumo (100% autoconsumo).

    Para melhor se conhecer o perfil do consumidor,

    elaboraram-se diagramas de carga referentes a cada um dos

    meses do respetivo ano.

    Curiosidade

  • DIVULGAO

    n|

  • ARTIGO TCNICO

    29

    .

    1. Introduo

    O termo aparelhagem pode ser definido como os

    equipamentos destinados a serem ligados a um circuito

    eltrico com vista a garantir uma ou mais das funes de

    proteo, de comando, de seccionamento ou de conexo.

    Como aparelhagem de baixa tenso entende-se a

    aparelhagem com tenses estipuladas que no excedam os

    1000 V em corrente alternada ou 1500 V em corrente

    contnua.

    Um aparelho de proteo definido como um aparelho

    destinado a impedir ou limitar os efeitos perigosos ou

    prejudiciais da energia eltrica a que possam estar sujeitas

    pessoas, coisas ou instalaes.

    Um aparelho de comando definido como um aparelho

    destinado a modificar o regime de funcionamento de uma

    instalao ou de um aparelho de utilizao.

    Um aparelho de seccionamento definido como um

    aparelho destinado a garantir a colocao fora de tenso de

    toda ou de parte de uma instalao, separando-a, por razes

    de segurana, das fontes de energia eltrica de modo visvel.

    Resumo

    A atividade de tcnico responsvel das instalaes eltricas

    , e ser sempre, cada vez mais, uma atividade estimulante e

    com constante necessidade de atualizao e evoluo.

    Trata-se de uma atividade extremamente vasta e

    diferenciada, requerendo, por um lado, um profundo

    conhecimento, relativamente a normas, regulamentos,

    materiais, equipamentos, solues tcnicas e tecnologias e,

    por outro lado, a interveno numa diversificada rea de

    instalaes.

    A constante e acelerada evoluo tcnica, tecnolgica e

    conceptual de equipamentos e das instalaes eltricas, faz

    com que o corpo normativo no possa ser esttico, mas

    antes que possa evoluir de forma a poder contemplar e dar

    resposta a essas novas realidades.

    Para se poder ser, de uma forma cabal, responsvel pelo

    projeto, execuo e explorao de instalaes eltricas

    imprescindvel o conhecimento exato dos diversos diplomas

    legais, em vigor, que enquadram a instalao e a atividade

    em questo.

    O presente artigo tem como objetivo principal, sistematizar

    e apresentar o corpo normativo relativo aparelhagem de

    proteo, comando e seccionamento de baixa tenso.

    Antnio Augusto Arajo GomesInstituto Superior de Engenharia do Porto

    www.hager.pt

    APARELHAGEM DE PROTEO, COMANDO E SECCIONAMENTO DE BAIXA TENSO.

    PRINCIPAIS DOCUMENTOS NORMATIVOS.

  • ARTIGO TCNICO

    30

    2. Seccionador

    i) Definio

    Um seccionador um aparelho mecnico de conexo que

    satisfaz, na posio de aberto, as regras especificadas para a

    funo seccionamento. um aparelho que, sem poder de

    corte garantido, no deve ser manobrado em carga.

    ii) Enquadramento normativo

    Norma EN 60947 - Aparelhagem de baixa tenso.

    Parte 1: 2007/A 1:2011 - Regras gerais.

    Parte 3:2009/A 1:2012 (Edio 3) - Interruptores,

    seccionadores, interruptores-seccionadores e combinados

    fusveis.

    A parte 3 da norma EN 60947 aplica-se a interruptores,

    seccionadores, interruptores-seccionadores e combinaes

    fusvel para utilizao em circuitos de distribuio e circuitos

    motor nos quais a tenso estipulada no exceda 1000 V em

    corrente alternada ou 1500 V em corrente contnua.

    3. Interruptor (mecnico)

    i) Definio

    Um interruptor (mecnico) definido como um aparelho

    mecnico de conexo capaz de estabelecer, de suportar e de

    interromper correntes nas condies normais do circuito,

    incluindo, eventualmente, as condies especificadas de

    sobrecarga em servio.

    um aparelho que ainda capaz de suportar, num tempo

    especificado, correntes nas condies anormais

    especificadas para o circuito, tais como as resultantes de um

    curto-circuito.

    Pode ser capaz de estabelecer correntes de curto-circuito

    mas no de as interromper.

    ii) Enquadramento normativo

    - Interruptores para instalaes eltricas fixas,

    domsticas e anlogas

    Norma NP EN 60669 - Interruptores para instalaes eltricas

    fixas, domsticas e anlogas.

    Parte 1:2011 (Ed. 1) - Requisitos gerais.

    Parte 2-1:2012 (Ed. 2) - Requisitos particulares -

    Interruptores eletrnicos.

    Parte 2-2: 2013 (Ed. 2) - Requisitos particulares -

    Interruptores de comando eletromagntico distncia

    (telerrutores).

    Parte 2-3: 2013 (Ed. 2) - Requisitos particulares -

    Interruptores temporizados.

    Parte 2-4: 2013 (Ed. 1) - Requisitos particulares -

    Interruptores-seccionadores.

    Parte 2-6: 2012 (Ed. 1) - Interruptores de bombeiros para

    anncios luminosos e luminrias, interiores e exteriores.

    A Norma EN 60669 aplica-se a interruptores de comando

    manual de uso comum para corrente alternada, de tenso

    estipulada igual ou inferior a 440 V e de corrente estipulada

    igual ou inferior a 63 A, destinados a instalaes eltricas

    fixas, domsticas e anlogas, interiores ou exteriores.

    - Interruptores de uso industrial

    Norma EN 60947 Aparelhagem de baixa tenso.

    Parte 1: 2007/A 1:2011 Regras gerais.

    Parte 3:2009/A 1:2012 (Edio 3) Interruptores,

    seccionadores, interruptores-seccionadores e combinados

    fusveis.

  • ARTIGO TCNICO

    31

    4. Interruptor-seccionador

    i) Definio

    Um interruptor-seccionador um interruptor que satisfaz na

    posio de aberto, as regras de isolamento requeridas para

    um seccionador.

    ii) Enquadramento normativo

    Norma EN 60947 - Aparelhagem de baixa tenso.

    Parte 1: 2007/A 1:2011 - Regras gerais.

    Parte 3:2009/A 1:2012 (Edio 3) - Interruptores,

    seccionadores, interruptores-seccionadores e combinados

    fusveis.

    5. Fusvel

    i) Definio

    Um fusvel um aparelho cuja funo a de interromper,

    por fuso de um ou mais dos seus elementos concebidos e

    calibrados para esse efeito, o circuito no qual est inserido,

    cortando a corrente quando esta ultrapassar, num tempo

    suficiente, um dado valor.

    ii) Enquadramento normativo

    - Fusveis para uso por pessoas no qualificadas

    Trata-se de fusveis gG destinados a serem utilizados por

    pessoas no qualificadas em aplicaes domsticas ou

    anlogas de correntes estipuladas inferiores ou iguais a 100

    A e tenses estipuladas inferiores ou iguais a 500 V em

    corrente alternada ou 500 V em corrente contnua. So

    fusveis destinados a serem utilizados em instalaes onde

    os elementos de substituio esto acessveis e podem ser

    substitudos por pessoas no qualificadas.

    Norma NP EN 60269 - Fusveis de baixa tenso.

    Parte 1:2012 - Requisitos gerais.

    NP HD 60269-3:2011 - Fusveis de baixa tenso. Parte 3:

    Requisitos suplementares para os fusveis destinados a

    serem utilizados por pessoas no habilitadas (fusveis para

    usos essencialmente domsticos e anlogos). Exemplos de

    sistemas de fusveis normalizados de A a F.

    - Fusveis para utilizao por pessoas habilitadas

    Trata-se de fusveis destinados a serem utilizados em

    instalaes onde os elementos de substituio esto

    acessveis e destinados a serem substitudos, apenas por

    pessoas devidamente habilitadas.

    Norma NP EN 60269 - Fusveis de baixa tenso.

    Parte 1:2012 - Requisitos gerais.

    NP HD 60269-2:2012 - Fusveis de baixa tenso. Parte 2:

    Requisitos suplementares para os fusveis destinados a

    serem utilizados por pessoas habilitadas (fusveis para usos

    essencialmente industriais). Exemplos de sistemas de

    fusveis normalizados de A a J.

    - Fusveis miniatura

    Norma EN 60127: Corta-circuitos fusveis miniatura.

    Parte 1:2006/A 1:2011 (Edio2) Definies para corta-

    circuitos fusveis miniatura e regras gerais para elementos de

    substituio miniatura.

    Parte 2:2003/A2:2010 (Edio 2) Cartuchos de corta-

    circuitos.

    Parte 3:1996/A2:2003 (Edio 1) Elementos de substituio

    sub-miniatura.

    Parte 4:2005/A2:2013 (Edio 2) Mdulos universais de

    elementos de substituio (UMF) Tipos de montagem em

    superfcie e montagem por meio de orifcios transversais.

    Parte 5:1991 (Edio 1) Guia para avaliao da qualidade

    dos elementos de substituio miniatura.

  • ARTIGO TCNICO

    32

    Parte 6:1994/A2:2003 (Edio 1) Suportes para cartuchos

    de corta-circuitos miniatura.

    Parte 7:2013 (Edio 1) Miniatura de elo de fusvel para

    aplicaes especiais.

    Parte 10:2002 (Edio 1) Guia de utilizao para corta-

    circuitos fusveis miniatura.

    6. Seccionador-fusvel

    i) Definio

    Um seccionador-fusvel um aparelho mecnico de conexo

    que satisfaz, na posio de aberto, s regras especificadas

    para a funo seccionamento, que agrupa a funo fusvel.

    ii) Enquadramento normativo

    EN 60947 - Aparelhagem de baixa tenso.

    Parte 1: 2007/A 1:2011 - Regras gerais.

    Parte 3:2009/A 1:2012 (Edio 3) - Interruptores,

    seccionadores, interruptores-seccionadores e combinados

    fusveis.

    7. Interruptor-fusvel

    i) Definio

    Um interruptor-fusvel um interruptor dotado de corta-

    circuitos fusveis e eventualmente de rels que lhe conferem

    a funo de aparelho de proteo contra sobreintensidades.

    ii) Enquadramento normativo

    EN 60947 - Aparelhagem de baixa tenso.

    Parte 1: 2007/A 1:2011 - Regras gerais.

    Parte 3:2009/A 1:2012 (Edio 3) - Interruptores,

    seccionadores, interruptores-seccionadores e combinados

    fusveis.

    8. Interruptor-seccionador-fusvel

    i) Definio

    Um interruptor-seccionador-fusvel um Interruptor-

    seccionador, eventualmente com relais, conjugado com

    corta-circuitos fusveis em que o elemento fusvel est

    fechado, de modo que a sua fuso no pode provocar

    qualquer ao exterior prejudicial segurana das pessoas

    ou conservao dos objetos prximos. O interruptor-

    seccionador destina-se a permitir a manobra em carga, os

    fusveis a atuar em caso de curto-circuito e os relais, se

    houver, a provocar a abertura automtica somente no caso

    de sobrecarga.

    ii) Enquadramento normativo

    EN 60947 - Aparelhagem de baixa tenso.

    Parte 1: 2007/A 1:2011 - Regras gerais.

    Parte 3:2009/A 1:2012 (Edio 3) - Interruptores,

    seccionadores, interruptores-seccionadores e combinados

    fusveis.

    9. Disjuntor

    i) Definio

    Um disjuntor um aparelho mecnico de conexo capaz de

    estabelecer, de suportar e de interromper correntes nas

    condies normais do circuito.

    O disjuntor ainda capaz de estabelecer, de suportar num

    tempo especificado, e de interromper correntes em

    condies anormais especificadas para o circuito, tais como

    as correntes de curto-circuito.

    ii) Enquadramento normativo

    - Disjuntores para instalaes domsticas e anlogas

    Norma EN 60898 - Aparelhagem eltrica - Disjuntores para

    proteo contra sobreintensidades para instalaes

    domsticas e anlogas.

  • ARTIGO TCNICO

    33

    Parte 1:2003 / A1:2004/CORRIGENDUM Fev:2004 /A

    11:2005/A 12:2008/A 13:2012 - Disjuntores para

    funcionamento em corrente alternada.

    Parte 2:2006 - Disjuntores para o funcionamento em

    corrente contnua e corrente alternada.

    - Disjuntores de uso industrial

    Norma EN 60947 - Aparelhagem de baixa tenso.

    Parte 1: 2007/A 1:2011 - Regras gerais.

    Parte 2: 2006/A 1:2009/A 2:2013 - Disjuntores.

    - Disjuntores para equipamento (DPE)

    Norma NP EN 60934:2003/A 1:2012 (Ed. 1) - Disjuntores

    para equipamento (DPE) (IEC 60934:2000/A1:2007).

    10. Dispositivo sensvel corrente diferencial-residual

    (dispositivo diferencial)

    i) Definio

    Um dispositivo sensvel corrente diferencial-residual

    (dispositivo diferencial) um aparelho mecnico, ou

    associao de aparelhos, destinados a provocar a abertura

    dos contactos quando a corrente diferencial-residual atingir,

    em condies especificadas, um dado valor.

    Os dispositivos diferenciais podem ser interruptores

    diferenciais, disjuntores diferenciais, ou uma combinao de

    diversos elementos separados, concebidos para detetar e

    medir a corrente diferencial-residual e para estabelecer ou

    interromper a corrente.

    ii) Enquadramento normativo

    - Interruptor diferencial sem proteo incorporada

    contra sobreintensidades

    Norma EN 61008 - Interruptores diferenciais, sem proteo

    contra sobreintensidades incorporada, para usos domsticos

    e anlogos (RCCBs).

    Parte 1: 2012 (Ed. 3) - Requisitos gerais.

    Parte 2-1: 1994/A 11:1998/CORRIGENDUM Mar:1999 -

    Norma particular para interruptores funcionalmente

    independente da tenso de alimentao.

    - Disjuntor diferencial com proteo incorporada contra

    sobreintensidades

    Norma EN 61009-1:2012 (Ed. 3) - Interruptores diferenciais,

    com proteo contra sobreintensidades incorporada, para

    usos domsticos e anlogos (RCBO's). Parte 1:Requisitos

    gerais.

    11. Contactor (mecnico)

    i) Definio

    Um contactor mecnico um aparelho mecnico de conexo

    com uma nica posio de repouso, comandado de outra

    forma do que amo, capaz de estabelecer, de suportar e de

    interromper as correntes nas condies normais de

    funcionamento do circuito, incluindo as condies de

    funcionamento em sobrecarga.

    ii) Enquadramento normativo

    - Contactores eletromecnicos para uso domstico e

    anlogo

    Norma NP EN 61095:2013 (Ed. 1) - Contactores

    eletromecnicos para uso domstico e anlogo.

    A norma aplicvel aos contactores eletromecnicos de

    corte no ar para utilizao domstica e anloga, cujos

    contactos principais se destinam a serem conectados a

    circuitos de tenso estipulada que no ultrapasse os 440 V

    corrente alternada (entre fases) com uma corrente de

    funcionamento estipulada inferior ou igual a 63 A para a

    categoria de utilizao AC-7a e 32 A para as categorias de

    utilizao AC-7b e AC-7c, e com uma corrente de curto-

    circuito condicional inferior ou igual a 6 kA.

  • ARTIGO TCNICO

    34

    - Contactores de uso industrial

    Norma EN 60947 - Aparelhagem de baixa tenso.

    Parte 1: 2007/A 1:2011 - Regras gerais.

    Parte 4-1:2010 (Ed. 3)/A1:2012 (Ed. 1) - Contactores e

    arrancadores de motores - Contactores e arrancadores de

    motores eletromecnicos.

    Parte-4-2:2000 (Ed. 2)/A1:2002 (Ed. 2)/A2:2006 (Ed. 2.0):

    Contactores e arrancadores de motores - Graduadores e

    arrancadores com semicondutores para motores de corrente

    alternada.

    Parte 4-3: 2000/A1:2006 (Ed. 1)/A2:2011 (Ed. 1) -

    Contactores e arrancadores de motores - Graduadores e

    contactores com semicondutores para cargas, exceo de

    motores, de corrente alternada.

    NP 2894:1985 (Ed. 1) - Aparelhos de baixa tenso. Aparelhos

    de uso industrial. Rels de contactores. Marcao de

    terminais, nmero e letra de identificao.

    12. Consideraes Finais

    A necessidade de constante atualizao de conhecimentos,

    imposta quer pela evoluo tcnica, tecnolgica e

    concecional das instalaes, materiais e equipamentos, quer

    pela evoluo regulamentar e normativa um desafio para

    os diversos agentes da rea eletrotcnica.

    No presente artigo pretendeu-se sistematizar o atual

    enquadramento normativo relativo aparelhagem de

    proteo, comando e seccionamento de baixa tenso.

    www.hager.pt

  • ARTIGO TCNICO

    35

    1. Prembulo

    A Autoridade Nacional de Comunicaes (ANACOM) aprovou

    em 5 de setembro de 2014, a 3. edio do Manual ITED

    Prescries e Especificaes Tcnicas das Infraestruturas de

    Telecomunicaes em Edifcios, bem como a sua entrada em

    vigor a 8 de setembro do mesmo ano. At ao final do ano de

    2014 ocorre um perodo transitrio sendo considerados

    vlidos os projetos efetuados de acordo com as anteriores

    prescries e especificaes tcnicas, a 2. edio do Manual

    ITED. Este novo Manual, longe de ser uma rutura com a

    anterior edio, possui um carcter mais ajustado

    realidade socioeconmica atual em Portugal. Com efeito, h

    uma clara preocupao para reduo de gastos mantendo,

    ainda assim, indicadores mnimos para o edificado novo ou a

    reconstruir.

    H uns anos que Portugal abrandou o ritmo de construo,

    um dos anteriores pilares aceleradores da nossa economia.

    Com o abrandamento da construo abrem-se, porm,

    novas oportunidades e desafio como o caso da

    reestruturao. As cidades tm vindo a assumir uma

    importncia cada vez maior nos pases e prpria

    humanidade. Num artigo publicado pelo Eng. Antnio Vidigal

    na Revista Energia e Futuro n.1 em Fevereiro de 2011,

    Smart Grids As redes de distribuio de energia do

    futuro, sustenta que em 2030, duas em cada trs pessoas

    habitem no espao urbano e que se em 1950 existiam 83

    cidades com mais de 1 milho de habitantes, nos nossos dias

    existem 468, sendo j 25 o nmero de cidades mundiais com

    mais de 10 milhes de pessoas.

    Assim, a reconstruo, em particular a requalificao do

    edificado e das suas respetivas infraestruturas sero de

    extrema importncia para a economia das empresas de

    construo, telecomunicaes e instalaes eltricas e,

    consequentemente, para Portugal.

    Este artigo aborda de uma forma sucinta, mas objetiva a

    problemtica da utilizao de cabos de par de cobre nas

    infraestruturas de telecomunicaes. Problemtica pelas

    fragilidades que podem representar no s para a qualidade

    da transmisso de dados, como tambm para o prprio

    patrimnio. H claramente, uma diferena entre cabos em

    cobre e cabos com banho de cobre. Estas diferenas

    estendem-se muito alm do fator econmico, sempre alvo

    de preocupao e ponderao. Os profissionais deste setor,

    projetistas, instaladores, fabricantes e fornecedores tm o

    dever e obrigao de estarem devidamente informados

    acerca das vantagens, desvantagens, convenientes e

    inconvenientes da utilizao das solues tecnologicamente

    disponveis. Convm realar que o que permitido, em

    termos legais, estabelece um conjunto de requisitos

    mnimos. Cabe a todos ns, com o devido enquadramento

    regulamentar, zelar pela melhor soluo tcnica que garanta

    as pretenses e nveis de conforto do utilizador final mas,

    concomitantemente, garanta a segurana de bens e pessoas.

    2. Introduo

    A seco 3 da 3 edio do Manual ITED estabelece que as

    redes de cabos (ou simplesmente cablagem) caracterizam-se

    como o elemento das ITED que permite o transporte e

    distribuio dos sinais de telecomunicaes nos edifcios nas

    trs tecnologias de cabos definidas para o transporte fsico

    da informao: cabos de par de cobre, cabo coaxial e fibra

    tica. No que respeita tecnologia de par de cobre os seus

    requisitos e caratersticas mnimas esto tambm

    endereadas nessa terceira seo.

    Uma questo importante que se impem : H diferenas

    entre cabos par de cobre macios (em cobre) e cabos em

    alumnio cobreado? Antes de se responder a essa questo

    convm identificar o que so os cabos em alumnio

    cobreados.

    Joo Alexandre, Brand-Rex - Network Infrastructure Cabling SystemsSrgio Filipe Carvalho Ramos, Instituto Superior de Engenharia do Porto

    TECNOLOGIA PAR DE COBRE ITED 3.

    PARA ALM DA TRANSMISSO DE VOZ E DADOS.

  • ARTIGO TCNICO

    36

    O cabos em alumnio cobreado (cabos de alumnio com

    banho de cobre), designados por Copper Clad Aluminum

    (CCA) um condutor de alumnio com um revestimento de

    cobre fino. Este processo e realizado atravs do

    revestimento de um fio de alumnio de uma camada de

    cobre em toda a sua extenso. O alumnio esticado atravs

    de uma srie de rolos a fim de reduzir o seu dimetro, que

    pode alcanar os 0,1 milmetros, o mesmo que a espessura

    de um cabelo humano. O alumnio um metal abundante na

    natureza, barato, mas menos condutor que o cobre. A

    utilizao dos cabos do tipo CCA, com a reduz substancial do

    teor de cobre reduz claramente o custo de produo do

    cabo. Assim, como o prprio nome indica, os condutores

    CCA substituem uma grande proporo de cobre no centro

    do condutor por alumnio, obtendo um produto mais leve e

    mais econmico. Esta alterao nem sempre percetvel

    pelo instalador ou pelo cliente final.

    Com efeito, o cabo do tipo CCA apresenta menor peso

    quando comparado com o cabo de cobre slido,

    principalmente. Pelo facto do cabo do tipo CCA ser

    significativamente mais leve do que o cobre, em algumas

    aplicaes pode oferecer vantagens na conteno dos cabos

    e no seu manuseio. O custo do alumnio cerca de um tero

    do preo do cobre e, portanto, oferece maiores

    contrapartidas financeiras. O roubo tambm menos

    provvel com os valores de sucata em grande parte

    reduzida.

    O Communications Cable and Connectivity Association

    (CCCA), com sede em Washington, DC, USA, (disponvel

    online em: http://cccassoc.org/), descobriu que certos cabos

    de comunicaes de quatro pares no blindados fabricados

    em alumnio cobreado esto incorretamente marcados e

    etiquetados. Estes cabos esto a ser vendidos como cabos de

    categoria e com segurana ao fogo, mas por definio no

    cumprem os cdigos e normas previstos para este tipo de

    cabos tal como esto etiquetados. Em funo disso, quem

    instala ou fabrica estes cabos UTP (Unshielded Twisted Pair

    Par Tranado sem Blindagem) de quatro pares de alumnio

    cobreados impropriamente etiquetados podem ser expostos

    a procedimento jurdico.

    O mercado de telecomunicaes de cablagem estruturada

    hoje em dia muito competitivo, o que encoraja alguns

    utilizadores finais a procurar cabos mais baratos para os seus

    requisitos de cablagem estruturada. Uma forma que alguns

    fabricantes poderiam utilizar para reduzir o custo deste tipo

    de produtos no utilizar cobre macio, mas sim condutores

    de alumnio revestidos com cobre (CCA).

    Embora em algumas aplicaes no relacionadas com

    transmisso de dados os condutores CCA possam ser

    utilizados, no sector da cablagem estruturada os cabos de

    condutores com cobre macio so essenciais para garantir o

    rendimento e a conformidade com as normas.

    Como todos os cabos que contm CCA no esto em

    conformidade com as normas e possivelmente, poderiam ser

    falsificados, podem apresentar graves problemas para o

    rendimento da rede.

    3. Normas

    H trs conjuntos principais genricos de normas de

    cablagem estruturada. ISO/IEC 11801 a nvel internacional,

    EN 50173-1 na Europa e a ANSI/TIA 568-C na Amrica do

    Norte (ver Tabela 1)

    Dentro deste conjunto de normas existem normas que

    definem em detalhe os requisitos dos cabos. Na Amrica do

    Norte, os cabos para utilizao em sistemas de cablagem

    estruturada esto definidos na norma ANSI/TIA 568-C.2, na

    Europa na norma 50288 e internacionalmente na parte

    correspondente da norma IEC 61156.

    Todas estas normas especificam que os condutores do cabo

    devem ser em cobre macio, inclusive se os condutores

    esto tranados para aplicaes flexveis, tais como cordes

    de ligao. Os condutores CCA no so permitidos em

    nenhuma destas normas.

    Qualquer fabricante que utilize CCA e declare conformidade

    com estas normas ou diga possuir certificados de

    laboratrios independentes para os seus cabos, est

    prestando falsas declaraes pelo que deve ser evitado.

  • ARTIGO TCNICO

    37

    4. Rendimento

    Tal como acontece com as normas nacionais e

    internacionais, os cabos que contm CCA tambm ficam

    curtos no rendimento eltrico e na instalao.

    Cr-se, erradamente, que os condutores CCA tm

    propriedades eltricas equivalentes aos condutores de cobre

    macio. Como os condutores CCA tm uma capa de cobre no

    exterior, isto significa que o rendimento nas frequncias

    mais altas pode ser similar, mas em frequncias mais baixas

    e para os parmetros de corrente DC, o rendimento degrada-

    se.

    Comparativa ISO 11801 Classe D Ligao Permanente de CCA

    e condutores de cobre macio.

    O alumnio tem uma resistncia eltrica muito superior ao

    cobre. Isto significa que os cabos com condutores CCA

    falham o teste de Ligao Permanente, especialmente para

    longitudes de mais de 80 metros.

    Os condutores CCA tambm tm uma atenuao mais alta

    que o cobre, o que ter um efeito notvel em canais de

    maior longitude e criar problemas de rede aos utilizadores,

    conforme representado na Tabela 2. O alumnio tem um

    rendimento mecnico inferior ao cobre, pelo que os

    utilizadores podem verificar que os cabos CCA se danificam

    mais facilmente que os cabos de cobre macio.

    Isto tem um efeito sobre a instalao onde os cabos CCA so

    suscetveis a um maior estiramento e em alguns casos os

    condutores podem partir-se.

    Os cabos de par tranado com CCA tambm tm menos

    tolerncia a raios de curvatura. Outros problemas tambm

    podem ser verificados durante a terminao dentro do

    conector tipo IDC, onde a oxidao do alumnio reduz a

    resistncia do condutor e pode conduzir a uma m

    terminao e com o tempo o condutor CCA pode quebrar-se

    facilmente causando quebra da ligao.

    5. Power over Ethernet (PoE)

    A aplicao de corrente eltrica num condutor liberta

    energia trmica. Em relao aos cabos e componentes

    Ethernet, esse efeito de aquecimento motivo de

    preocupao devido ao aumento da atenuao, que tem um

    efeito limitativo na longitude da ligao.

    Esta preocupao intensifica-se para os cabos onde a

    resistncia eltrica superior dos cabos normalizados,

    como so os cabos CCA.

    Com a crescente utilizao de equipamentos que suportam

    esta tecnologia a utilizao deste tipo de cabos para

    transporte de dados/alimentao necessita de uma

    ponderao sria e segura por parte dos projetistas e

    instaladores.

    Largura de Banda do SistemaInternacional

    ISO 11801

    Unio Europeia

    EN 50173

    Amrica do Norte

    TIA/EIA 568

    100 MHz Classe D Classe D Cat. 5e

    250 MHz Classe E Classe E Cat. 6

    500 MHz Classe EA Classe EA Cat. 6 Aumentada

    600 MHz Classe F Classe F Cat. 7

    1000 MHz Classe FA Classe FA Cat. 7 Aumentada

    Tabela 1. Algumas normas e respetivos desempenhos especificados

    Amostra de CaboMargem Mnima

    Perdas Retorno (dB)

    Margem Mnima

    NEXT (dB)Resistncia (Ohm)

    Cabo UTP Cat.5e de um fabricante no mercado 9.7 11.1 3.5

    CCA Amostra #1 4.4 10.0 5.9

    CCA Amostra #2 -2.2 8.0 5.8

    CCA Amostra #3 5.0 8.5 5.5

    Tabela 2. Valores de ensaio dos cabos do tipo CCA vs UTP Cat.5e

  • ARTIGO TCNICO

    38

    6. Concluses

    Contrariamente ao que se possa imaginar, e quando

    comparado com as tecnologias de cabo coaxial e fibra tica,

    a especificao da cablagem de par de cobre no uma

    mera e trivial escolha. A deciso sobre o cumprimento de

    nveis de qualidade de transmisso, aliados segurana das

    instalaes e utilizadores no deve ser relegada para um

    plano inferior. A escolha por produtos de qualidade e que

    confiram segurana s instalaes deve ser,

    necessariamente, alvo de prioridade. A realidade tem dado

    mostras que os fabricantes de topo continuaro a utilizar

    somente condutores de cobre macio de alta qualidade em

    todos os seus sistemas de cablagem.

    No se recomenda a utilizao de cabos CCA em nenhum

    local de uma rede estruturada ou de telecomunicaes. De

    referir, por exemplo, que na industria automvel a utilizao

    deste tipo de cablagem nos sistemas de udio trouxeram

    grandes dissabores pelos perigos de incndio eminentes.

    O Manual ITED 3. Edio faz referncia na sua tabela 3.1.1

    norma europeia EN 50288-5-1 no que diz respeito ao fabrico

    dos cabos de cobre, esta norma diz claramente que

    Construes com copper clad no cumprem os

    requisitos, pelo que a ANACOM no poder, em

    circunstncia alguma, permitir a utilizao deste tipo de

    cabos.

    CURIOSIDADE REDE DE DISTRIBUIO MT/BT CHICAGO - EUA

  • ARTIGO TCNICO

    39

    Rui Miguel Barbosa Neto, Siemens S.A.Antnio Augusto Arajo Gomes, Instituto Superior de Engenharia do Porto

    1. Generalidades

    Um Data Center um repositrio centralizado, fsico ou

    virtual, de armazenamento e gesto de informao, com

    grande capacidade e que normalmente est organizado por

    reas de conhecimento ou de negcio.

    Os Data Centers permitem s instituies ou indivduos,

    terem ao seu alcance uma estrutura com grande capacidade,

    flexibilidade, fiabilidade e segurana.

    Do ponto de vista empresarial, os Data Centers oferecem

    vrias vantagens como a reduo de custos, pois permitem

    uma reduo significante no custo de aquisio de

    equipamentos de armazenamento e processamento e

    segurana j que grande parte dos dados/informao podem

    ser guardados e processados nestas instalaes.

    Qualquer empresa/entidade pode deter o seu Data Center,

    podendo este estar localizado nas suas instalaes ou fora

    das mesmas. Por razes funcionais, econmicas ou outras,

    este servio pode ser tambm contratado a terceiros, isto ,

    empresas especializadas neste tipo de infraestruturas e

    tratamento de informao que possuem os Data Centers e

    comercializam o uso do mesmo.

    Tambm para uso pessoal, hoje em dia, cada vez mais

    comum o uso das Clouds.

    So muitas as organizaes que por todo o mundo possuem

    instalaes deste tipo, em Portugal temos o exemplo da

    Portugal Telecom que recentemente inaugurou o seu Data

    Center na Covilh.

    O desenvolvimento de um Data Center exige assim um

    projeto muito cuidado, o qual entre outros aspetos dever

    garantir a segurana da informao e das prprias

    instalaes, nomeadamente no que se refere segurana

    contra incndio.

    2. Sistemas de segurana num Data Center

    Devido ao facto de agregarem um grande nmero de

    informaes e equipamentos e em muitos casos o

    funcionamento de organizaes estar dependente destas

    instalaes, a segurana um fator essencial ao

    funcionamento de um Data Center.

    A interrupo do funcionamento de um Data Center

    bastante prejudicial j que as organizaes que esto

    dependentes destes servios podem enfrentar paragem de

    servios ou processos de produo, causando prejuzos

    enormes.

    www.navarra.es (Foto adaptada)

    DETEO E EXTINO DE INCNDIOS

    EM DATA CENTERS.

  • ARTIGO TCNICO

    40

    2.1. Segurana contra incndio

    i) Sistemas passivos de segurana

    A proteo passiva assume um papel de elevada importncia

    no mbito da proteo contra incndio de um edifcio e visa

    cumprir as seguintes funes: compartimentao,

    desenfumagem, proteo de estruturas e melhoria do

    comportamento ao fogo dos materiais de construo.

    Para isso a proteo passiva compreende todos os materiais,

    sistemas e tcnicas que visam impedir ou retardar a

    propagao dos incndios.

    Segundo a Nota Tcnica n. 9 da Autoridade Nacional de

    Proteo Civil, a proteo passiva contra incndio pode

    dividir-se em cinco reas:

    Os materiais e elementos de construo e de

    revestimento, com a adequada reao ao fogo ou a

    produtos de tratamento de materiais e elementos de

    construo que visam melhorarem o comportamento ao

    fogo desses materiais e elementos;

    Resistncia ao fogo de elementos estruturais e de

    elementos integrados em instalaes tcnicas, que inclui

    a manuteno das funes dos mesmos;

    As condies de evacuao dos edifcios, incluindo os

    locais e as vias de evacuao;

    A compartimentao vertical e horizontal dos edifcios,

    que inclui as paredes e lajes com caractersticas de

    resistncia ao fogo e todos os sistemas complementares;

    Sistemas de desenfumagem passiva que compreendem a

    aplicao de aberturas de admisso de ar novo e de

    escape de fumo, bem como, condutas de desenfumagem

    e registos resistentes;

    Sistema de sinalizao de segurana, que composto por

    conjunto de sinais e outros produtos de marcao com

    caractersticas fotoluminescentes.

    Nos Data Centers, pela sua importncia, ser necessrio

    garantir uma redobrada ateno. A NFPA (National Fire

    Protection Association) 75, salienta alguns dos aspetos que

    devero ser atendidos na construo dos Data Centers:

    Proteo contra danos externos para as salas de

    armazenamento, processamento e telecomunicaes;

    As salas mencionadas devem ser separadas de outros

    compartimentos existentes por construo resistente ao

    fogo;

    No devem ser instaladas perto reas ou estruturas em

    que processos perigosos sejam efetuados;

    Tanto o cho falso como o teto falso devem ser

    constitudos por materiais no combustveis;

    Apenas equipamentos eletrnico e equipamento de

    suporte so permitidos nas salas mencionadas, caso

    exista equipamento de escritrio este deve ser de metal

    ou de material no combustvel;

    ii) Sistemas ativos de segurana

    O sistema de proteo ativa contra incndio normalmente

    constitudo Sistemas