neoinstitucionalismo e mudança das instituições: teorias e agenda de pesquisa

25
1 8º Encontro da ABCP 01 a 04/08/2012, Gramado, RS Área Temática: Instituições Políticas Neoinstitucionalismo e Mudança das Instituições: Teorias e Agenda de Pesquisa Ivan Filipe Almeida Lopes Fernandes 1 (DCP – USP) Lucas Queija Cadah 2 (DCP e NUPPs – USP) 1 Contato: [email protected] 2 Contato: [email protected]

Upload: ivan-almeida-lopes-fernandes

Post on 15-Sep-2015

216 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

Neste estudo pretende-se discutir como a mudança institucionalendógena é tratada na literatura neoinstitucionalista. Parte-se da constataçãoque as instituições são abordadas como determinantes de processos políticosou determinadas por fatores exógenos. Ainda, os estudos que as tratam comovariável dependente observam a gênese institucional e não sua transformação.E quando impactos institucionais de longo prazo são foco da análise, estes sãoconsiderados como fatores de persistência e incrementalismo, tais como osmecanismos de path dependence, positive feedback, retornos crescentes esequências causais. Dito isto, pretende-se averiguar como a literatura trata deelementos institucionais presentes no próprio processo de mudançainstitucional, o que, por consequência, minimiza o uso excessivo de parâmetrosexógenos e centrados em processos deux ex machina em conjunturas críticas.A ciência política têm como uma de suas perguntas mais fundamentais a razãopela qual instituições surgem e mudam em um determinando contexto. Opostulado de que determinados arranjos institucionais favorecem certosresultados é objeto de várias pesquisas. Na economia diversos estudiosos sepreocuparam em analisar a relação entre certos tipos de instituições e odesenvolvimento econômico nos países, vide o trabalho clássico de North(1990).

TRANSCRIPT

  • 1

    8 Encontro da ABCP

    01 a 04/08/2012, Gramado, RS

    rea Temtica: Instituies Polticas

    Neoinstitucionalismo e Mudana das Instituies: Teorias e Agenda de Pesquisa

    Ivan Filipe Almeida Lopes Fernandes1 (DCP USP)

    Lucas Queija Cadah2 (DCP e NUPPs USP)

    1 Contato: [email protected] 2 Contato: [email protected]

  • 2

    Resumo: Neste estudo pretende-se discutir como a mudana institucional endgena tratada na literatura neoinstitucionalista. Parte-se da constatao

    que as instituies so abordadas como determinantes de processos polticos

    ou determinadas por fatores exgenos. Ainda, os estudos que as tratam como

    varivel dependente observam a gnese institucional e no sua transformao.

    E quando impactos institucionais de longo prazo so foco da anlise, estes so

    considerados como fatores de persistncia e incrementalismo, tais como os

    mecanismos de path dependence, positive feedback, retornos crescentes e

    sequncias causais. Dito isto, pretende-se averiguar como a literatura trata de

    elementos institucionais presentes no prprio processo de mudana

    institucional, o que, por consequncia, minimiza o uso excessivo de parmetros

    exgenos e centrados em processos deux ex machina em conjunturas crticas.

    Palavras-chave: Neoinstitucionalismo; Escolha Racional; Mudana Institucional

  • 3

    1. Introduo A cincia poltica tm como uma de suas perguntas mais fundamentais a razo

    pela qual instituies surgem e mudam em um determinando contexto. O

    postulado de que determinados arranjos institucionais favorecem certos

    resultados objeto de vrias pesquisas. Na economia diversos estudiosos se

    preocuparam em analisar a relao entre certos tipos de instituies e o

    desenvolvimento econmico nos pases, vide o trabalho clssico de North

    (1990).

    Instituies que so criadas para cumprir determinado papel podem aparecer

    atravs de diferentes formatos. O jogo que envolve a origem e tambm a

    mudana das instituies representa uma extensa agenda de pesquisa, na

    qual muitas teorias e metodologias apresentam suas propostas. Grande

    parcela dessas explicaes tende a trabalhar com a variveis endgenas e

    exgenas as instituies.

    Nesse estudo pretendemos discutir como a mudana institucional gradual e

    endgena tratada na literatura neoinstitucionalista. Esse debate vital para

    se compreender o papel dos mecanismos explicativos subjacentes a evoluo

    dos processos histricos, uma vez que certos processos de longo prazo so

    conformado pelas instituies que os envolvem e gradualmente moldam as

    primeiras que, por sua vez, se autotransformam ao longo do tempo, sem

    passarem por momentos de ruptura.

    O conceito de mudana institucional endgena foca os efeitos que as prprias

    instituies possuem sobre o seu processo de transformao e como esses

    mecanismos causais se diferenciam dos processos de persistncia

    institucional, como, por exemplo, os processos de path dependence e

    sequncias causais. J o conceito de mudana institucional gradual sugere que

    mudanas podem ser incrementais e pequenos ajustes podem no longo prazo

  • 4

    se conjugar em significantes transformaes institucionais (Mahoney e Thelen,

    2010).

    A importncia de uma melhor compreenso deste campo reside no fato que

    embora a escola institucionalista tenha feito importantes avanos, os esforos

    se voltaram principalmente para o entendimento de como e porque as

    instituies afetam os processos e resultados polticos e no sobre como estas

    mesmas evoluem e se adaptam ao longo do tempo. As pesquisas trataram das

    instituies como variveis independentes, ademais, os estudos que as tiveram

    como varivel dependente interessaram-se, sobretudo, pelo tema da gnese

    institucional e no sua transformao. Desta forma, apesar do campo j ter

    avanado consideravelmente, as teorizaes sobre a mudana gradual e sobre

    a mudana institucional endgena ainda so bastante preliminares (Hall e

    Taylor, 1996; e March e Olsen, 2006).

    A compreenso da mudana endgena s instituies impe novas exigncias

    conceituais que desafiam os comparativistas, considerando que as exigncias

    de construo de teorias com explicaes causais e com conexes rigorosas

    com a realidade emprica so cada vez mais amplas, fazendo com que a

    separao entre efeitos e causa das instituies tenha que ser clara. Isto , a

    compreenso de como as instituies evoluem e mudam fundamental e deve

    ser conceitualmente separada de seus efeitos sobre o entorno poltico, ainda

    que as teorias sobre o problema da mudana institucional tenham tratado de

    maneira bastante preliminar as mudanas institucionais endgenas e graduais

    (Rezende, 2009; King, Keohane e Veba, 1994; Bates e outros, 1998; Morton,

    1999; Brady e Collier, 2004;).

    Conforme mostraremos abaixo, boa parte da literatura assume que as

    principais mudanas institucionais seriam abruptas e teriam como fonte

    primordial causas exgenas dentro de conjunturas crticas. As dinmicas

    endgenas seriam fontes primordiais de estabilidade e persistncia e no de

    mudanas.

  • 5

    Dado isso, importante esclarecer qual o papel que os mecanismos causais

    tm no desenvolvimento de modelos tericos sobre a mudana institucional.

    Os principais mecanismos produzidos na teoria neoinstitucionalista histrica

    buscam afirmar que as instituies importam e desse modo produzem

    explicaes sobre a estabilidade e persistncia institucional, e que foram

    herdadas de conceitos originados na economia institucional de Arthur (1994),

    David (1985, 2000) e North (1990). Estes modelos foram desenvolvidos

    primariamente na literatura institucional econmica sobre tecnologia, comrcio,

    geografia econmica e crescimento econmico por Paul David (1985), Brian

    Arthur (1994) e Douglas North (1990), que fizeram importantes contribuies

    para o desenvolvimento do conceito de path dependence no campo da

    economia institucional.

    A obra de Pierson (2004) deixa claro que uma parte considervel dos esforos

    realizados foi no sentido de desenvolver os mecanismos causais que

    comprovam como as instituies persistem ao longo do tempo. O espao

    terico-analtico para a mudana de maior escala acabou sendo deslocado

    para pontos concentrados na evoluo temporal, as conjunturas crticas, onde

    os mecanismos de persistncia se mostram mais fracos, abrindo espao para a

    contingncia e para a realizao de mudanas bruscas. Dito de outra forma, a

    anlise institucional reservou o espao para a mudanas apenas em momentos

    de abrupta transformao e no de processos cumulativos de pequenos

    ajustamentos decorrentes das prprias caractersticas institucionais e com

    grandes consequncias.

    Mecanismos como path dependence, positive feedback, retornos crescentes,

    sequncias causais e cadeias causais tm como pano de fundo a noo da

    persistncia e no das mudanas profundas. Nestes aparatos tericos, as

    mudanas institucionais so definidas por fatores exgenos s instituies,

    como, por exemplo, alteraes nos contextos ou em variveis macrossociais.

    Capoccia e Keleman (2007) e Rezende (2009) ao analisarem o estado das

    artes da literatura comparada tambm observaram que os estudos sobre a

  • 6

    mudana institucional tm dado pouca nfase aos elementos institucionais

    presentes no prprio processo de mudana institucional. E em consequncia

    disso, a literatura correntemente recorreu ao uso excessivo de parmetros

    exgenos e centrados em processos deux ex machina presentes nas

    conjunturas crticas.

    A consequncia terica dos fatos apresentados que as mudanas

    institucionais graduais e seus mecanismos ainda no foram at agora o foco

    central das explicaes nas cincias sociais. Desta forma, a elaborao dos

    comparativistas sobre os mecanismos que organizam a mudana gradual e

    endgena s instituies ainda um trabalho incipiente a ser feito dentro da

    literatura neoinstitucionalista (Mahoney e Thelen, 2010). Este estudo buscar

    entender e elucidar os problemas tericos decorrentes desta lacuna existente

    na literatura institucional comparada.

    2. A Perspectiva Exgena na Mudana Institucional

    a) Instituies como Equilbrio

    O institucionalismo na Cincia Poltica foi em grande medida influenciado pela

    viso de que as instituies so erguidas, em primeiro lugar, para resolver

    problemas de ao coletiva, enxergando as instituies como o resultado do

    equilbrio entre os atores que participam de uma dada interao scio-poltica

    estratgica. Esta abordagem, herdeira dos conceitos desenvolvidos na teoria

    institucional econmica, baseava-se na suposio que as instituies so

    construes humanas criadas para superar problemas de ao coletiva, criar

    compromissos crveis e reduzir os custos de transao e as incertezas

    inerentes aos processos sociais (Rezende, 2009 e Mahoney, 2010).

    Ao serem instrumentos de coordenao, as instituies solucionariam

    problemas de ao coletiva e promoveriam ganhos mtuos a todos

    participantes. Sua principal consequncia reduzir o problema do carona e

  • 7

    induzir a cooperao por meio da imposio de constrangimentos ao auto-

    interesse. As instituies permitiriam, portanto, que as sociedades avanassem

    na fronteira de pareto.

    O problema concernente a este tipo de tratamento excessivamente

    economicista dado s instituies que o processo poltico envolve questes

    que vo alm do mero equilbrio ou da reduo de incertezas e custos de

    transao. H tambm neste campo lutas pelo controle da autoridade de

    estabelecer, tornar vlidas e mudar as regras que governam as relaes scio-

    polticas. Isto , h uma faceta muito mais relevante que no foi havia sido

    levada em conta, as instituies como soluo para problemas distribucionais.

    A poltica, assim como as polticas pblicas, que para Pierson (1993), Pierson e

    Skocpol (2002) e Moe (2003) so tambm um tipo de instituio, fundada na

    lei e se apiam e fundamentam no poder coercitivo do estado, assinalando o

    que os atores podem, devem e no podem fazer ao estabelecer incentivos e

    penalidades associados com cada tipo de atividade social e ao poltica

    (Pierson, 2004). Ou seja, as instituies polticas so mais explicadas por

    conflitos distribucionais do que por benefcios coletivos (Knight, 1992)

    Terry Moe argumentou que um dos principais problemas da teoria institucional

    reside no fato que ao enxergarem as instituies como estruturas para a

    cooperao voluntria, as instituies perderiam o seu aspecto mais relevante:

    a capacidade de impor comportamentos aos que participam do processo

    poltico. As instituies no necessariamente produzem ganhos mtuos, pois

    mais do que estruturar a cooperao, elas so estruturas de poder (Moe, 2005,

    p. 215).

    Mahoney assume que a abordagem das instituies como solues para

    problemas distribucionais como a definio mais til para a Cincia Poltica,

    uma vez que nem todas instituies solucionam problemas de ao coletiva e

  • 8

    produzem bens pblicos, mas todas possuem impactos distribucionais

    (Mahoney, 2010).

    Desta forma, a alocao, e, portanto o condensamento num devido espao de

    tempo, da distribuio de poder inerente ao estabelecimento de instituies

    polticas. Ademais, quando os atores esto em posio de impor regras, as

    instituies ofeream retornos crescentes, pois o poder utilizado de maneira

    a auto-reforar assimetrias existentes.

    Diante disso, assaz distante da realidade supor que as instituies so meros

    equilbrios estratgicos entre os atores racionais realizando trocas voluntrias.

    A utilizao pela Cincia Poltica de conceitos desenvolvidos pela economia

    institucional devem levar em conta o fato que os processos polticos

    diferentemente dos processos econmicos no so produzidos por um

    conjunto aleatrio de pequenos eventos, mas sim por decises tomadas por

    atores influentes (Capoccia e Keleman, 2007).

    A relao entre instituies e poder est na raiz das teorias que buscam

    analisar a mudana institucional endgena. A razo disto reside no fato que a

    definio de instituies como uma situao de equilbrio na interao social

    requer que alteraes institucionais sejam por definio decorrentes de

    alteraes no equilbrio, que s se produz com mudanas na variveis

    exgenas ao processo institucional que alterem a posio de equilbrio.

    Do outro lado, a definio de instituio com base em uma abordagem

    centrada na distribuio de poder, faz com que a prpria dinmica institucional

    seja fonte de mudana institucional quando questes de compliance e

    enforcement so levados em conta (Thelen e Mahoney, 2010), sem contar com

    o fato que o poder institucionalizado gera retornos crescentes, que por sua vez,

    instauram processos que modificam no longo prazo a institucionalidade inicial.

    Alm disso, a viso que as instituies geram ganhos mtuos

  • 9

    constantemente desafiada pelo facto que muitas instituies, sobretudo fora do

    mercado, so ineficientes do ponto de vista alocativo.

    b) Persistncia institucional e Mecanismos Causais Alm das implicaes da anlise das instituies como equilbrio, a primeira

    gerao de pesquisadores neoinstitucionalistas justificaram a importncia de

    seus estudos no fato que as instituies teriam contedos estveis e

    persistentes. Isto teve como implicao uma reduzida capacidade analtica

    destas serem pensadas como relevantes no prprio rocesso de mudana

    institucional. Os esforo realizado no perodo inicial de recuperao da

    importncia das variveis institucionais em face da especializao da literatura

    em variveis centradas na sociedade foi devotado comprovao de que as

    instituies so estveis no longo prazo (Evans, Rueschemeyer e Skocpol,

    1985).

    Esse efeito foi mais relevante no neoinstitucionalismo histrico no qual o

    retorno a histria tem como base o tratamento do tempo como uma varivel

    independente. Os eventos passados no deveriam ser usados apenas como

    casos para se estudar modelos que no levem o tempo em considerao. Nas

    palavras de Aminzade (1992) o retorno histria deveria ser baseado na

    "construo de teorias da continuidade e da mudana que sejam atentas s

    questes de ordem e sequncia e que reconheam o poder causal das

    conexes temporais entre os eventos" (p.458). Este retorno terico requeria

    que fossem desenvolvidos conceitos que reconhecessem e organizassem a

    diversidade dos padres de conexes temporais entre os eventos. Entre estes

    padres, uma forma bastante profcua de refinar e esclarecer as relaes entre

    a histria e os eventos polticos por meio da elaborao dos mecanismos que

    conectem o passado com os eventos polticos (Pierson, 2004).

    King, Keohane e Verba (1994) entendem que os mecanismos causais so

    ontologicamente semelhantes s variveis dependentes e independentes,

  • 10

    sendo, portanto, apenas variveis intervenientes que afetam a conexo causal

    entre as duas anteriores. J Falleti e Linch (2009) entendem que os

    mecanismos possuem uma ontologia distinta das variveis ao serem conceitos

    relacionais, residindo alm das unidades de anlise, o que impossibilita que

    sejam tratados como variveis intervenientes.

    Devido grande extenso do debate sobre o papel e a natureza dos

    mecanismos adotaremos a definio mnima proposta por Gerring na qual os

    mecanismos como "a agncia ou meio pelo qual um efeito produzido ou um

    objetivo alcanado" (Gerring, 2007, 163). Segundo este autor, esta definio

    no agride outras definies mais especficas de mecanismos utilizadas por

    outros autores e no deixa de ser criteriosa metodologicamente.

    O conceito mais usado a respeito da capacidade das instituies se

    perpetuarem ao longo do tempo a path dependence, na qual o passo

    seguinte no depende apenas dos fatores presentes, mas tambm de toda a

    trajetria cursada. Todavia sem a identificao dos mecanismos que operam

    na formao de processos de path dependence, as anlises tornam-se mera

    descries das etapas de uma trajetria e no explicaes do porque esta foi

    escolhida e consolidada (Thelen, 1999). Para que o conceito no seja

    esgarado, a path dependence deve ser refinada com as dinmicas de

    processos de auto-reforo, tambm conhecidas como de retornos crescentes

    ou positive feedback, que possuem dois momentos fundamentais: os

    primeiros estgios e a trajetria.

    c) Path Dependence O conceito mais usado a respeito da capacidade das instituies se

    perpetuarem ao longo do tempo a path dependence, na qual o passo

    seguinte no depende apenas dos fatores presentes, mas tambm de toda a

    trajetria cursada. Todavia sem a identificao dos mecanismos que operam

    na formao de processos de path dependence, as anlises tornam-se mera

  • 11

    descries das etapas de uma trajetria e no explicaes do porque esta foi

    escolhida e consolidada (Thelen, 1999). Para que o conceito no seja

    esgarado, a path dependence deve ser refinada com as dinmicas de

    processos de auto-reforo, tambm conhecidas como de retornos crescentes

    ou positive feedback, que possuem dois momentos fundamentais: os

    primeiros estgios e a trajetria.

    Trajetrias path dependents so muito influenciadas por pequenas

    perturbaes em seus primeiros estgios e aps uma particular trajetria ter

    sido estabelecida, torna-se difcil revert-la, uma vez que os processos de

    auto-reforo trazem tona a importncia do tempo e da sequncia de eventos,

    separando os momentos formativos e momentos de auto-reforo. Processos de

    auto-reforo indicam que aps a opo por certa trajetria, os custos de

    reverso se elevam com o passar do tempo (Pierson, 2000 e 2004).

    Mahoney (2000 e 2001) prope um outro tipo de argumento sobre path

    dependence que no centrado em processos de positive feedback: as

    sequncias reativas. Sequncias reativas so cadeias de eventos

    temporariamente ordenados e causalmente conectados. Elas so reativas pois

    cada evento em parte uma reao ao evento antecedente, sendo, portanto,

    dependente dos passos anteriores realizados na trajetria. Um evento aciona o

    outro por meio de relaes de reao e contrarreao. Desta forma, o evento

    final dependente de toda a cadeia de eventos originada numa dada

    conjuntura crtica.

    As sequncia reativas so dependentes da trajetria, pois o evento histrico

    que coloca a cadeia em movimento contingente e o processo como um todo

    caracterizado por uma inerente sequencialidade, ainda que o resultado final

    possa ser afastado do evento formador da conjuntura crtica. Por fim, a inrcia

    caracterstica dos processos de path dependence so produzidas nas

    sequncias reativas pelos mecanismos de reao e contrarreao que do as

    cadeias uma lgica inerente na qual um evento naturalmente leva ao outro.

  • 12

    Os mecanismos que orientam as sequncias reativas diferem

    substancialmente do mecanismo de positive feedback , pois enquanto este

    ltimo marcado por processos de auto-reforo, as sequncias reativas so

    caracterizadas por processos transformativos e opositores nos quais ocorre um

    movimento para reverter o padro anterior. Nesta estudo ns no nos

    debruaremos muito mais sobre estes mecanismos, uma vez que sua

    concepo parece ser pouco parcimoniosa e seu mecanismo menos claro que

    os de positive feedback.

    Desta forma, por definio, em processos polticos path dependence difcil

    reverter o curso assumido. Alternativas que foram plausveis nos momentos

    formativos podem ficar irremediavelmente perdidas, pois os benefcios relativos

    da atual atividade comparado com os e outras possveis opes aumentam ao

    longo do tempo (assim como os custos de mudana). A path dependence

    sugere que os comeos so muito mais importantes que o resto da trajetria, e

    nesse curto espao inicial que ocorrem as transformaes institucionais.

    E como os passos iniciais so decisivos, o conceito de path dependence nos

    ajuda a esclarecer o papel que as conjunturas crticas tm na histria ao

    estabelecer o mecanismo que explica porque alguns processos scio-polticos

    desencadeados por um evento ou processo em certo ponto no tempo se

    reproduz, mesmo na ausncia de recorrncia do prprio evento ou do processo

    original.

    d) Conjunturas Crticas Boa parte do que foi escrito sobre as conjunturas crticas propuseram formas

    de se identificar no tempo as conjunturas, sem trabalhar com os mecanismos

    que esto sendo operados para que ela se realize. Uma destas proposies foi

    a de Hogan (2006), que postulou que para identificar as conjunturas crticas

    devemos analisar dois elementos distintos: uma clivagem generativa e uma

    mudana significante, rpida e abrangente. A clivagem generativa envolve o

  • 13

    exame das tenses que levaram ao perodo de mudanas. O segundo

    elemento requer que haja mudana e que ela no seja lenta e que afete boa

    parte daqueles que tem interesse na instituio que est sendo alterada.

    A definio terica que Hogan faz das conjunturas crticas uma ilustrao das

    dificuldades em se propor mecanismos que expliquem o surgimento destas

    sem se recorrer s variveis exgenas. No h no arcabouo proposto por este

    autor a preocupao que as conjunturas crticas tenham suas razes em

    caractersticas intrnsecas s instituies.

    Como h na definio de Hogan (2006) um componente de mudanas, o

    arcabouo analtico de acaba por negar a existncia de conjunturas que no as

    tenham gerado, diferentemente do argumento de Capoccia e Keleman (2007) e

    Pierson (2004) que enfatizam o papel da fluidez nas conjunturas crticas, ao

    observar que as conjunturas crticas so perodos nos quais as mudanas so

    plausveis e possveis, mas no necessrias. Para Capoccia e Keleman, a no

    incluso de casos negativos nas conjunturas crticas introduz vis de seleo

    nas anlises e nos achados.

    Todavia, as conjunturas crticas no so produzidas a partir do vazio. Mahoney

    (2001) elabora um pouco mais sobre esta problemtica e prope que "para

    explicar as conjunturas crticas, necessrio que o analista observe pequenos

    eventos, a agncia humana e particularidades histricas que esto fora dos

    quadros tericos disponveis" (p. 116). Esse argumento de Mahoney, que tenta

    trazer algum grau de parcimnia na anlise das conjunturas crticas demonstra

    como a literatura institucional ainda no desenvolveu instrumentos que lhe

    permita analisar de maneira teoricamente informada como os acontecimentos

    ocorrem nas conjunturas crticas, pois embora sejam marcadas por maior

    flexibilidade que os momentos anterior e posterior, no so momentos de total

    contingncia.

  • 14

    Um avano na tentativa de estabelecer parmetros que afetem as conjunturas

    crticas foi o esforo de Slater e Simmons (2010) em caracterizar o momento

    anterior s conjunturas crticas. Estes autores observaram a existncia de

    quatro tipos distintos de antecedentes: os antecedentes que no possuem

    relaes com o processo causal; os antecedentes que podem ser diretamente

    responsveis pelo resultado de interesse, sendo portanto uma hiptese rival

    da conjuntura crtica, especialmente se houver antecedentes tericos que

    podem ter significao causal com o resultado; antecedentes que apresentam

    similaridades em casos comparativos que no atingiram o mesmo resultado,

    servindo como variveis de controle da anlise causal; por fim, o quarto e

    ltimo antecedente, teoricamente mais interessante so os antecedentes

    crticos, que so aqueles que fazem parte do pacote de variveis

    independentes relacionadas com o resultado de interesse.

    Slatter e Simmons (2010) definem os antecedentes crticos como fatores ou

    condies que precedem conjunturas crticas e que combinam com as foras

    causais durante a conjuntura crtica para produzir o divergncias de longo

    prazo nos resultados (p. 889). O ponto importante da contribuio se deve ao

    fato que como os antecedentes crticos complementam o conjunto de foras

    causais, ele combinado com foras causais operativas na conjuntura crtica.

    Desta maneira, demonstram teoricamente que as conjunturas crticas so

    momentos de expanso da agncia dos atores e no de completa

    contingncia. As conjunturas crticas no comeam do zero, existe uma histria

    anterior que pode afetar a trajetria que se inicia na conjuntura e que precisa

    ser analisada de forma sistemtica, evitando o regresso ao infinito.

    Por fim, importante frisar que o argumento de Slatter e Simmons questiona

    as pesquisas que no analisam os seus antecedentes, classificando-os de

    acordo com a tipologia proposta, e encerram seus argumentos causais no

    inicio da conjuntura crtica, pois caso os antecedentes sejam crticos ou

    similares, as pesquisas estaro truncando a anlise ao no incluir uma

  • 15

    relevante varivel de controle, o que produz vis de seleo na anlise

    qualitativa.

    Ainda que a contribuio de Slatter e Simmons seja um avano na

    compreenso da conjuntura crtica, uma vez que eles produzem uma

    sistematicidade que estava ausente nas anlises histricas iniciadas nas

    conjunturas crticas, pois identificam alguns padres de persistncia que ainda

    existem nessa conjuntura, ela no resolve um dos problemas que levantamos

    ao longo deste estudo que a ausncia de parmetros que sejam institucionais

    e que afetem a formao das conjunturas crticas. Ademais, ainda que os

    antecedentes crticos as afetem, eles continuam sendo elementos exgenos s

    instituies e no nos informam sobre quais mecanismos esto operando no

    processo de formao de uma conjuntura crtica e nem sobre quais

    mecanismos operam dentro da conjuntura crtica para produzir o comeo da

    trajetria.

    3. A Perspectiva Endgena na Mudana Institucional a) A Resposta da Escolha Racional Algumas perguntas fundamentais sobre a mudana institucional permeiam

    diversas correntes terico-metodolgicas: Como e por que instituies mudam?

    Como instituies persistem em um ambiente de mudana? So a partir

    desses questionamentos que Greif e Laitin (2004) olham para a mudana das

    instituies atravs da teoria formal. Os autores identificam duas dificuldade da

    escolha racional em lidar com esse problema: o auto-reforo da instituies e o

    consequente comportamento endgeno que elas geram.

    O grande desafio a explicao de como as instituies mudam

    endogenamente. A armadilha dessa corrente que toda fonte de mudana

    exgena, j que as instituies se auto-reforam no existiriam incentivos

    para os indivduos se desviarem do comportamento associado com a

  • 16

    instituio. Nesse sentido as anlises esto centradas na dinmica das

    mudanas contextuais, ou seja, na mudana dos parmetros exgenos as

    instituies.

    Para Greif e Laitin (2004) a teoria dos jogos devem incorporar os avanos do

    institucionalismo histrico considerando as instituies como produto de um

    processo histrico no qual elas mudam endogenamente. Eles introduzem dois

    conceitos: quase-parmetro e reforo institucional. Em primeiro lugar preciso

    distinguir parmetros de variveis na perspectiva do equilbrio institucional.

    Parmetros so exgenos as instituies, se os parmetros mudam no

    necessrio estudar o novo equilbrio. Enquanto as variveis so determinadas

    endogenamente pela instituio. Essa viso tradicionalmente se concentra em

    uma nica transao, Greif e Laitin entendem que a dinmica institucional deve

    incluir os aspectos do contexto como paramtricos. As anlises precisam

    reconhecer que as alteraes marginais em quase-parmetros no conduzem

    a uma alterao no comportamento e no comportamento esperado associado

    com esta instituio (Greif e Laitin, 2004, p. 634).

    Eles salientam que as distines entre parmetro, varivel e quase-parmetro

    no so rgidas e sim baseadas em observaes empricas. Se os resultados

    do auto-reforo afetam os valores de um ou mais parmetros que suportam o

    equilbrio observado, s que de uma maneira que s iria conduzir a longo prazo

    a mudana de comportamento, estes parmetros so melhores reclassificados

    como quase-parmetros (Greif e Laitin, 2004, p. 634).

    Ao incorporar outras teorias junto com a escolha racional os autores afirmam

    que as instituies analisadas ao se reforarem, mais indivduos em um

    nmero maior de situaes vo aderir ao comportamento associados a

    instituio. A mudana endgena vai ocorrer somente quando o processo

    autodestrutivo alcanar um certo nvel crtico em que os padres do

  • 17

    comportamento do passado no se auto-reforarem. Da decorre a importncia

    do processo histrico nas pesquisas.

    b) A Mudana Gradual Segundo Mahoney e Thelen (2010), a estabilidade e a mudana institucional

    esto intimamente ligadas, pois a estabilidade institucional no explicada

    apenas pelos elementos do positive feedback, mas sim pela ativa e

    permanente mobilizao poltica. As instituies mudam frequentemente,

    todavia estas mudanas so assaz sutis e graduais. Embora estas

    transformaes lentas e incrementais sejam menos dramticas, elas podem ter

    grandes consequncias sobre o comportamento dos atores e ter resultados

    polticos substantivos.

    Na concepo destes autores, as instituies no so propensas a mudanas

    apenas em momentos de crise e de grande contingncia, quando os processos

    de path dependence seriam pontuados e um novo arcabouo institucional

    formado, mas tambm contam com pequenos ajustes que acumulados podem

    ter grande impacto no resultado.

    Os autores adotam uma definio das instituies centradas em questes

    distributivas de poder, com a incorporao dos temas de compliance,

    enforcement e ambiguidade institucional. O fundamento pelo qual o modelo

    analtico produzido consiste no fato que as instituies so concebidas como

    instrumentos distributivos com implicaes reais sobre e para o poder. A partir

    desta definio bsica, as mudanas institucionais no so mais refns dos

    choques exgenos. Suas propriedades bsicas so fontes de elementos

    dinmicos na estabilidade e as instituies seriam repletas de tenses ao

    afetarem os recursos disponveis aos atores, que ao serem alterados permitem

    que mudanas graduais e endgenas tomem corpo3.

    3 Ainda que os autores no tratem desta forma, podemos analisar estes elementos intrnsecos s instituies como mecanismos causais indutores das mudanas graduais.

  • 18

    Desta maneira, atores com diferentes dotaes de recursos so motivados a

    perseguir a criao e defesa de diferentes tipos de instituio. Em alguns casos

    o poder de um conjunto de atores sobre outros relativamente maior,

    permitindo que desenhe as instituies de forma prxima a seus objetivos e

    preferncias. Todavia, o resultado institucional final no precisa refletir a

    posio de nenhum conjunto particular de atores. Elas podem ser resultados

    no esperados do conflito e da barganha entre grupos ou o resultado de

    compromissos ambguos entre atores que podem coordenar sobre alguns

    termos institucionais, mesmo diferindo substantivamente sobre seus objetivos

    finais.

    No modelo analtico de Mahoney e Thelen, os mecanismos de persistncia

    levantados nas sees anteriores no so automticos. Pelo contrrio, existem

    componentes dinmicos nas instituies que permitem que haja mudanas,

    ainda que graduais, sobretudo quando h alteraes nas coalizes que apoiam

    esta ou outra instituio. Desta forma, a persistncia de certos arranjos requer

    uma continua mobilizao de apoio poltico por parte daqueles atores que so

    beneficiados. Ou seja, em outras palavras, os mecanismos de positive

    feedback requerem tambm uma mobilizao permanente de recursos, o que

    conduz ao fato que mudanas no equilbrio de poder de apoio de dada

    instituio pode ser uma importante fonte de mudana institucional.

    Com a definio das instituies centradas em questes distributivas, a

    compliance e o enforcement emergem como variveis cruciais para a anlise

    da estabilidade e da mudana. As instituies esto sujeitas a processos

    interpretativos e a diferentes nveis de enforcement e, portanto, exibem

    ambiguidades que fornecem o espao necessrio, emprico e analtico, para

    que os atores interessados explorem e ajustem as instituies de acordo com

    seus prprios interesses.

    Em resumo, estas caractersticas intrnsecas das instituies, que so

    decorrentes de seu carter distributivo de poder, contm inmeros elementos

  • 19

    prprios, introduzindo o tema da mudana institucional endgena, que aumenta

    a propenso de mudanas, abruptas e incrementais. Este um espao

    analtico importante que outras concepes que no abordam o tema da

    alocao de poder, compliance e enforcement no possuem. Desta forma, com

    o trabalho realizado por Thelen e Mahoney (2010), observamos como as

    mudanas institucionais podem ser tratadas alm e com mais cuidado terico

    do que nos modelos do Equilbrio Dinmico que centralizam todas as

    mudanas importantes em fatores exgenos, que inauguram conjunturas

    crticas e processos de path dependence.

    4. Concluso De acordo com o discorrido neste trabalho, as premissas de estabilidade e

    persistncia, com a aceitao dos supostos de path dependence iniciados em

    conjunturas crticas, inibem a produo de dinmicas endgenas que so

    necessrias para uma melhor compreenso da mudana e de sua diversidade.

    A abordagem institucional tornou-se assaz problemtica ao concentrar seus

    estudos da mudana institucional em modelos baseados no Equilbrio

    Pontuado, pois este modelo apropria-se das instituies para explicar os

    processos de permanncia, enquanto deixa que as mudanas, que so sempre

    rupturas drsticas sejam, explicadas por meio de fatores exgenos. Estas

    variveis exgenas acabam dando s teorias sobre a mudana institucional um

    carter relativamente determinista, com a primazia a fatores estruturais sobre

    os elementos institucionais, que, no limite, tornam-se epifenmenos ao apenas

    conectar os fatores exgenos que as produzem, com a nica capacidade de

    faz-los se repetir e persistirem ao longo do tempo.

    razovel concluir que os modelos institucionais at agora desenvolvidos so

    poderosas ferramentas analticas para explicar os processos de estabilidade e

    reproduo, enquanto so frgeis para entender processos de mudana ao

    longo do tempo. Desta feita, como as mudanas no so apenas resultados de

    conjunturas crticas, necessrio incorporar teoria da mudana institucional

  • 20

    conceitos que permitam analisar resultados decorrentes da acumulao de

    pequenas mudanas ao longo do tempo que tenham suas razes nas prprias

    caractersticas das instituies. Dito de outra forma, centrar o processo de

    mudana em conjunturas crticas, alm de enviesar as anlises para a

    utilizao excessiva de fatores exgenos, tambm no corresponde com a

    realidade emprica que encontramos nossa volta.

    Alm disso, tambm de fundamental importncia que a literatura

    neoinstitucionalista se liberte das amarras da economia institucional e trate as

    instituies levando em conta a sua dimenso poltica mais importante, a

    questo do poder. A abordagem centrada no equilbrio induz que as mudanas

    institucionais sejam vistas como fenmenos exgenos que o perturbam. A

    adoo de definies orientadas pelo poder, como propostas por Moe (2003 e

    2005) e por Mahoney e Thelen (2010), permitem que o estudo das instituies

    e de sua mudana leve em conta aquilo que mais caro para a poltica, o

    poder. Isto ajuda a explicar as formas nas quais os atores atuam para defender

    seus interesses, que muitas vezes so de soma zero, pois ainda que as

    estruturas estruturem a cooperao, elas estruturam, sobretudo, o poder de

    uns sobre os outros.

    Existe a necessidade um esforo que produza mecanismos que tratem das

    relaes entre as motivaes e interesses dos indivduos com as instituies e

    com o mundo macrossocial, sem que as duas primeiras sejam determinadas

    por este ltimo. Isto seria a construo de uma espcie de individualismo

    institucionalista, que seja capaz de levar em contas as questes de equilbrio,

    assimetrias na distribuio de poder e as relaes entre preferncias,

    motivaes e instituies. Dando mais espao para a agncia como um dos

    fatores causais que afetariam as mudanas, gradual e abrupta, das

    instituies, sem que se elimine dos desenhos de pesquisa as variveis

    exgenas, que continuam exercendo papel importante no mundo poltico.

  • 21

    Por fim, podemos concluir que embora os mecanismos que organizam a

    mudana gradual e endgena s instituies ainda no estejam

    suficientemente trabalhos dentro da literatura neoinstitucionalista, ns j

    possumos elementos que permitem que contribuies para o preenchimento

    desta lacuna seja feito.

  • 22

    BIBLIOGRAFIA

    Aminzade, Ronald. 1992. Historical Sociology and Time. Sociological Methods and Research 20:456-480

    Arthur, W. Brian 1994. Increasing Returns and Path Dependence in the Economy. Ann Arbor: University of Michigan Press.

    Bates, Robert H., Avner Greif, Margaret Levi, Jean-Laurent Rosenthal and Barry R. Weingast. 1998. Analytic Narratives. Princeton Princeton University Press

    Brady, Henry E., and David Collier, 2004. Rethinking social inquiry: Diverse tools, shared standarts. New York: Rowman & Littlefield Publishers, Inc.

    Capoccia, Giovani, and R. Daniel Kelemen. 2007. The Study of Critical Junctures: Theory, Narrative and Counterfactuals in Historical Institucionalism. World Politics 59 (April) 341-369

    David, Paul. 1985. Clio and the Economics of QWERTY, American Economic Review, Vol. 75, pp 332-37

    David, Paul. 2000. Path Dependence, Its Critics and the Quest for Historical Economics, in P. Garrouste and S. Ionnides, eds., Evolution and Path Dependence in Economic Ideas: Past and Present. Cheltebham, U.K.: Edward Elgar

    Evans, Peter. Rueschemeyer, Dietrich. Skocpol, Theda. 1985. Bringing the State Back In. Cambridge University Press.

    Elster, Jon. 1989. Nuts and bolts for the Social Sciences. New York: Cambridge University Press.

    Falleti, Tulia G. e Lynch. Julia. 2009. Contex and Causal Mechanis in Political Analysis. Comparative Political Studies. 42: 1143.

    Gerring, John. 2007. The Mecanism worldview: Thinking inside the box. British Journal of Political Science 38(1):161-79

    Goldstein, Judith. 1988. Ideas and Institutions and American Trade Policy. International Organization. pp. 179-217.

    Goldstein, Judith. 1994. Ideas, Interests and American Trade Policy. Ithaca. Cornell University Press.

  • 23

    Gorges, Michael J. 2001. New institutionalist explanations for institutional change: A response to three critics. Comparative European Politics 2(1):241-50

    Gould, Stephen Jay. 2002. The structure of Evolutionary Theory. Cambridge. Belknap Press of Havard University Press.

    Greif, Avner and Laitin, David. 2004. A Theory of Endogenous Institucional Change. American Political Science Review, Vol. 98, No. 4.

    Hall, Peter A., and Rosemary C.R. Taylor. 1996. Political Science and the three New Institutionalisms. Political Studies 44 (December): 936-957

    Hogan, John W. 2006. Remoulding the Critical Junctures Approach. Canadian Journal of Political Science. September: 657-679.

    Immergut, Ellen. 1998. The theoretical core of the new institutionalism. Politics and Society 26(1):5-34

    Immergut, Ellen. 1990. Health Politics. Cambridge: Cambridge University Press.

    Jacobs, Alan M. 2010. Policymaking as Political Constraints. Institutional Develpment in the U.S. Social Security Program. in Mahoney, James and Kathleen Thelen. 2010. Explaining institutional change: Ambiguity, agency and power. New York: Cambridge University Press.

    Katznelson, Ira. 2003. Periodization and preferences: Reflections on purposive action in comparative historical Social Science. In Comparative historical analysis in the Social Sciences, ed. James Mahoney and Dietrich Rueschmeyer, 270-301. New York: Cambridge University Press

    Keohane, Robert e Goldstein, Judith. 1993. Ideas and Foreign Policy. ed. Cornell. Cornell University Press.

    King, Gary; Keohane, Robert e Verba, Sidney. 1995. Designing Social Inquiry. Scientific inference in qualitative research. New Jersey: Princeton University Press.

    Knight, Jack. 1992. Institutions and Social Conflict. Cambridge: Cambridge University Press.

    Levi, Margaret. 1997. A Model, a Method, and a Map: Rational Choice in Comparative and Historical Analysis. In Mark I. Linchbach and Alan Zuckerman, eds., Comparative Politics: Rationally, Culture and Structure, pp 19-41. Cambridge: Cambridge University Press

  • 24

    Lieberman, Robert. C. 2002. Ideas, institutions, and political order: Explaining political change. American Political Science Review 96(4):697-712

    Mahoney, James. 2000. Path Dependence in Historical Sociology. Theory and Society. 29:507-48

    Mahoney, James. 2001. The legacies of Liberalism: Path Dependence and Political Regimes in Central America. Baltimore: Johns Hopikins University Press

    Mahoney, James. 2003. Long-Run Development and the Legacy of Colonialism in Spanish America. American Journal of Sociology. 109: 50106.

    Mahoney, James and Kathleen Thelen. 2010. Explaining institutional change: Ambiguity, agency and power. New York: Cambridge University Press.

    March, James G., and Johan P. Olsen. 2006. Elaborating the new institutionalism. In the Oxford handbook of political institutions, ed. RAW Rhodes, Sarah A. Binder and Bert A. Rockman,3-20. New York: Cambridge University Press.

    McAdam D., Tarrow S. e Tilly, C. (2008), Methods for measuring mechanisms of contention, Qualitative Sociology, 31(3), 307-331;

    Moe, Terry M. 2005. Power and Political Institutions. Perspectives on Politics 3:215-233

    Moe, Terry M. 1990. The Politics of Structural Choice: Toward a Theory of Public Bureaucracy. In O. E. Willianson, ed., Organization Theory: From Chester Barnard to the Present and Beyond, pp 116-53. Oxford: Oxford University Press.

    Moe, Terry M. 1990b. Political Institutions: The neglected side of the story. Special Issue. Journal of Law, Economics and Organization 6: 213-53.

    Morton, Rebecca B. 1999. Methods and models: A guide to the empirical analysis of formal models in Political Science. New York: Cambridge University Press

    North, Douglass. 1990. Institutions, institutional Change and Economic Performance. New York: Cambridge University Press

    Onoma, Ato Kwanema. 2010. The Contradictory Power of Institutions. The Rise and Decline of Land Documentation in Kenya. in Mahoney, James and

  • 25

    Kathleen Thelen. 2010. Explaining institutional change: Ambiguity, agency and power. New York: Cambridge University Press.

    Peters, Guy B. 2000. Institutional theory: Problems and prospects. Political Science Series. 69. Institute for Advanced Studies, Vienna.

    Pierson, Paul. 1993. When Effect Becomes Cause: Police Feedback and Political Change. World Politics, Vol 45, pp 595-628

    Pierson, Paul. 2000. Increasing returns, path dependency and the study of politics. American Political Science Review 94 (June): 251-67

    Pierson, Paul. 2004. Politics in time. New Jersey: Princeton University Press

    Pierson, Paul and Theda Skocpol (2002). Historical Institutionalism and Contemporary Political Science, in Helen Milner and Ira Katznelson, eds., The State of the Discipline. New York: W. W. Norton.

    Przeworski, Adam. 2004. Institutions matter? Government and Opposition 39(2):527-40

    Rezende, Flvio Cunha. 2009. Analytical Challenges for Neoinstitutional Theories of Institutional Change in Comparative Political Science. Brazilian Political Science Review. 3(2):98-126

    Robinson, Scott. 2006. Punctuated Equilibrium Models in Organizational Decision Makin. In. Handbook on Human Decision Making. Ed. Goktug Morcol. Boca Raton. Fl

    Sheingate, Adam. 2010. Rethinking Rules. Creativity and Constraint in the U.S. House of Representatives. In Mahoney, James and Kathleen Thelen. 2010. Explaining institutional change: Ambiguity, agency and power. New York: Cambridge University Press.

    Thelen, Kathleen. 1999. Historical Institutionalism in Comparative Politics. Annual Review of Political Science. 2:369-404

    Van Evera, Stephen. 1997. Guide to methods for students of Political Science. Ithaca: Cornell University Press.