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JESSICA SANTANA BRUNO LICENCIATURA EM HISTORIA (CAHL) INGRESSO: 2010.1 EMAIL: [email protected] LINK: LINK: Negra, nasceu em Presidente Tancredo Neves-Ba, licencianda do Centro de Artes Humanidades e Letras da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Membro do Programa de Educação Tutorial PET Conexões de Saberes, Projeto UFRB e Recôncavo em Conexão BA.

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JESSICA SANTANA BRUNO

LICENCIATURA EM HISTORIA (CAHL)

INGRESSO: 2010.1

EMAIL: [email protected]

LINK:

LINK:

Negra, nasceu em Presidente Tancredo Neves-Ba, licencianda do Centro de Artes

Humanidades e Letras da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

Membro do Programa de Educação Tutorial – PET Conexões de Saberes, Projeto

UFRB e Recôncavo em Conexão – BA.

UFRB

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECONCÂVO DA BAHIA

CENTRO DE ARTES HUMANIDADES E LETRAS

LICENCIAATURA EM HISTÓRIA

PORTIFÓLIO PEDAGÓGICO Programa de Educação Tutorial – Pet

Conexões de Saberes

CACHOEIRA-BA

2013

Discente: Jessica Santana Bruno

Tutor: Claudio Orlando Nascimento

Portifólio apresentado ao Programa de

Educação Tutorial – PET Conexões de Saberes

como pré requisito de avaliação parcial sob

orientação do professor Claudio Orlando

Nascimento.

Cachoeira-Ba

2013

SUMÁRIO

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS:

1. Texto autobiográfico para inscrição no grupo;

2. Fichamento para produção do texto autobiográfico para publicação do livro;

3. Texto Autobiográfico para o livro “Universidade, Currículo e Autobiografia como

política de formação e construção de identidades populares”;

4. Resumo e banner apresentado no ENEPET (Encontro Nordestino dos Grupos PET);

5. Resumo expandido para o II Fórum de Licenciaturas da UFRB;

6. Resumo simples para auxílio para participação no ENAPET;

7. Projeto de Intervenção: Escolas Reunidas Alcides de Almeida: despertado o

interesse dos estudantes ao ingresso nos cursos de graduação da UFRB.

8. Referências bibliográficas marcantes na minha trajetória acadêmica;

01.

AUTOBIOGRAFIA

Jessica Santana Bruno

Vivi minha infância e adolescência na cidade de Presidente Tancredo Neves – Ba. Uma

cidade que surgiu com uma barraca de palha, que comercializava alimentos e bebidas a

tropeiros que transportavam cargas no lombo de animais.

Mesmo possuindo dificuldades financeiras, a educação, o acesso a escola e a

alfabetização sempre foram prioridade na nossa família. Acreditava-se que apenas através da

educação poderíamos ter um futuro promissor, sem dificuldades financeiras, com melhores

condições de vida. Morávamos minha mãe, meu pai, meu irmão e eu. Meu irmão e eu fomos

criados de modo que a educação e a escola configuravam-se como algo de elevado valor e

importância. Nós éramos incentivados através de promessas, se fossemos aprovados na escola

ganharíamos um presente no fim do ano letivo, se por ventura repetíssemos o ano escolar, o

que nos esperaria seria um bom castigo, sem poder brincar com os colegas na rua ou assistir

televisão. Por vários anos eu estudei e fui aprovada esperando receber como recompensa uma

bicicleta, que só chegou quando completei treze anos de idade.

A minha alfabetização foi iniciada em uma escola particular da cidade, a Escolinha Favo

de Mel, cujas mensalidades foram pagas durante um tempo com muita dificuldade e nos

últimos meses, antes de ingressar no sistema público de educação as mensalidades deixaram

de ser pagas. Foi nessa escola que aprendi a ler e a escrever, não me recordo o momento em

que aprendi a escrever, mas, o momento que aprendi a ler, este, eu acredito que nunca

esquecerei. Recordo-me do desejo quase incontrolável de aprender a decifrar as palavras nos

poucos livros de história que havia na minha casa. Bem como me recordo da imensa

felicidade e sensação de que poderia dominar o mundo que senti quando aprendi a ler, foi

como se um novo mundo fosse criado e o antigo se transformasse. De certo modo foi isso que

aconteceu. Fiquei semanas a fio lendo todos os letreiros, propagandas e placas que encontrava

pela frente.

Desde criança sempre demonstrei bastante afinidade com a área educacional. Durante a

educação infantil me destacava pela aptidão na elaboração de músicas para eventos na escola

e ao apresentar e organizar peças teatrais. A partir da primeira série do ensino fundamental

passei a estudar na Escola Estadual Jairo Carneiro, foi nessa escola que comecei a

desenvolver minha competência em apresentar dramatizações e onde elaborei a primeira

paródia musical que foi tema de um projeto que visava maior participação dos pais ou

responsáveis na vida escolar dos alunos. Nas séries seguintes destaquei-me mobilizando os

colegas a participar de projetos de intervenção na comunidade local e no ambiente escolar.

Em 2002 passei a estudar no Colégio Municipal Edvaldo Machado Boaventura,

paralelamente houve a criação da primeira Creche da minha cidade. Minha mãe foi contratada

para trabalha como auxiliar de professor, com isso, após o termino das minhas aulas eu

frequentava a Creche onde minha mãe trabalhava. Frequentar a Creche nesse período inicial

me possibilitou uma formação humana e social muito rica. Eu passei a estar em contato direto

com a realidade das famílias mais pobres da cidade, passei a conviver com crianças em

elevado grau de desnutrição e a conhecer os conflitos familiares. Apesar da minha família

nunca ter tido uma boa condição financeira e de não ter tido muitos brinquedos, tinha

pouquíssimas roupas, uma casa simples, nunca passei fome. A situação daquelas crianças me

comoveu profundamente.

Como minha mãe era auxiliar, era também responsável pela entrega das crianças aos

respectivos responsáveis, eventualmente alguma criança era esquecida e ao exceder muito o

horário final do expediente de trabalho, eu e minha mãe íamos levar as crianças até as suas

casas. Assim passei a conhecer o local e as condições de habitação das crianças e de seus

familiares.

Tocada pela situação das crianças e de seus familiares mobilizei um grupo de colegas e

junto com o apoio de professores promovíamos gincanas na sala de aula onde estudávamos, e

em épocas específicas do ano arrecadávamos junto à comunidade local alimentos não

perecíveis e brinquedos para distribuir para as famílias e crianças carentes.

Em 2006 iniciei o ensino médio no Colégio Estadual Maria Xavier de Andrade Reis.

Senti muita dificuldade no primeiro ano do ensino médio, mas consegui ser aprovada. No

segundo ano, passei a pensar com mais afinco na profissão que iria seguir e no vestibular.

Devido a esses fatores passei a me incomodar de forma mais acentuada com a ineficiência da

educação na escola onde estudava. Maioria dos professores e funcionários da escola eram

selecionados de acordo com o apoio que davam ao prefeito eleito, desse modo a maioria das

vezes, exceto raros casos, os professores não possuíam formação habilitada para ministrar as

disciplinas. Existiam ótimos professores, qualificados e dedicados, mas, estes eram uma

exceção a regra. Diante dessa situação e da consciência de que com o nível educacional que

possuía não iria conseguir passar no vestibular, decidi que iria ser professora e contribuir com

a minha parte, para que outras pessoas não passassem pelas dificuldades que eu estava

passando. Resolvi que seria professora de história, já que história era uma disciplina que me

atraia de modo especial e superior.

Nesse mesmo período iniciei o ministério de uma turma de Catequese em uma

comunidade carente da minha cidade. Tive uma educação Católica, frequentei a catequese e

realizei os sacramentos da igreja que me permitiram tal função. Durante o período em que

catequizei organizei encontros de formação eclesial, social e humana com as crianças da

comunidade. Com a ajuda de colegas que também eram catequistas, passamos a promover

reuniões com os pais dos catequizados, cujo objetivo principal era estabelecer uma relação de

proximidade entre pais e filhos na vida e na conduta religiosa. Porém as reuniões passaram a

ser frequentadas por membros da comunidade que não eram pais dos alunos, criando assim

um espaço para discutir os problemas da comunidade, tanto no âmbito religioso quanto no

âmbito político. Com isso, passamos a conhecer mais profundamente a comunidade e

aprimorar a nossa intervenção. Este trabalho foi interrompido com a minha aprovação na

UFRB por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e minha mudança para a

cidade de Cachoeira-Ba.

Após a conclusão do ensino médio fiz um ano de curso pré-vestibular, foi um ano muito

difícil, tinha que associar os estudos com o trabalho em uma loja de confecção que exigia

elevado vigor físico. Era responsável pela venda de calçados, subia e descia escadas

carregando caixas de sapato durante todo o dia. Além desse fato, o curso pré-vestibular

localizava-se na cidade vizinha, enfrentava uma hora de viagem até chegar à cidade. Como

trabalhava durante o dia, estudava a noite e o fim de semana era muito curto para praticar o

que havia aprendido durante a semana no curso, estudava durante a madrugada, quando

finalmente chegava em casa. Contava com a estimada ajuda de energéticos para conseguir

estudar de forma qualitativa e acordar bem no dia seguinte para trabalhar.

Os frutos do meu esforço em aprender e da minha dedicação foram doces. Consegui ser

aprovada por intermédio do ENEM, ingressando em 2010 na Universidade Federal do

Recôncavo da Bahia (UFRB), na turma 2010.1 do curso de licenciatura em história.

Atualmente estou cursando o 5º semestre, sempre busquei intensificar os meus

conhecimentos através da leitura, da procura da máxima absorção dos conteúdos abordados

nas disciplinas, através da participação voluntária nas aulas do colégio Paroquial da

Cachoeira, participação em grupos de estudos. Sempre buscando participação em projetos e

atividades que possibilitassem o aperfeiçoamento da minha formação. Nunca esqueci que o

que me move é o objetivo que vai além de ser uma professora de história, o objetivo de

oferecer aos meus futuros alunos uma educação de qualidade.

02.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA

CAHL – CENTRO DE ARTES HUMANIDADE E LETRAS

PET- CONEXÕES DE SABERES

JESSICA SANTANA BRUNO

FICHAMENTO:

JESUS. Rita de Cássia Dias P. de, NASCIMENTO. Cláudio O. C. Educação

tutorial de estudantes de origem popular: Universidade e Recôncavo em

conexão. Cruz das Almas: 2012.

O artigo discute “a permanência de jovens de origem popular na educação superior”.

Descrevendo “as políticas e práticas do Programa de Educação Tutorial PET- Conexões

de Saberes, suas inspirações e implicações relativas às vivências socioculturais, aos

sentidos identitários, aos êxitos e/ou fracassos acadêmicos dos estudantes, em contraste

com o processo de democratização da universidade contemporânea”. (p: 1.)

“A universidade brasileira e a democratização do acesso e da permanência”

As universidades brasileiras estão vivenciando intensas transformações, tanto no âmbito

estrutural quanto no âmbito conceitual. “São inúmeros os discursos e debates relativos

às medidas para a democratização do acesso, para a interiorização do ensino, e para a

viabilização da permanência dos novos estudantes”. Essa nova configuração das

Universidades proporciona a necessidade de se estabelecer “mudanças na concepção e

organização tradicional da universidade, face às demandas e contribuições dos sujeitos

sociais que passaram a integrá-la”. (P: 2.)

Nos “anos iniciais do século XXI foram implantadas, em algumas universidades

brasileiras, propostas que visavam promover a democratização do acesso e da

permanência na educação superior. Surgem as políticas de reserva de vagas”, entre

outras medidas que possibilitaram a acréscimo no contingente de “estudantes oriundos

de escolas públicas, de comunidades populares, trabalhadores, e com declarado

pertencimento étnico-racial negro e indígena” no ambiente universitário. (P: 2.)

As lutas por educação superior de qualidade começaram a se alinhar inteiramente às

“políticas públicas e institucionais pró-diversidade, de inclusão sócio-econômica e de

ações afirmativas, constituindo assim, referenciais mais democráticos, no que tange ao

acesso, à permanência, à pós-permanência, e aos diferentes saberes existenciais, sociais,

culturais, produzidos pelos novos atores acadêmicos no contexto da formação

universitária.”

(P: 2-3.)

As experiências inovadoras de currículo ampliaram a necessidade da universidade de se

“constituir como um lugar receptivo às narrativas, aos saberes dos novos atores sociais e

à diversidade, tornando cada vez mais democráticas as suas práticas de formação,

articulando, de modo mais decisivo, a tríade de sua sustentação e definição: Ensino-

Pesquisa-Extensão.” (P: 3.)

As questões do acesso, da permanência e da formação ocupam o centro dos debates da

democratização da educação superior, “sejam eles travados em instituições de ensino,

ou na sociedade de modo mais amplo, uma vez que os projetos de educação, para serem

inclusivos, passam a contemplar e fazer dialogar a diversidade viva nas relações

socioculturais [...]”. “É neste contexto, que surge a experiência do Programa Nacional

Conexões de Saberes: diálogos entre a universidade e as comunidades populares”.

(P: 3.)

“A UFRB e o Programa Conexões de Saberes no Recôncavo da Bahia”

“A UFRB nasceu no âmbito da implantação das políticas nacionais em prol da

interiorização da educação superior no Brasil. Esse projeto visa a democratizar o

acesso à universidade pública e de qualidade para as populações” que foram por um

longo período restringidas da formação superior. “Nesse contexto, inserem-se as regiões

interioranas do Brasil, no caso específico, o Recôncavo da Bahia.” (P: 3.)

O “Programa Nacional Conexões de Saberes: diálogos entre a universidade e as

comunidades populares”. Programa de “Educação para a Diversidade e Cidadania”,

“objetivando reduzir as desigualdades étnico-raciais, de gênero, de orientação sexual,

geracional, regional e cultural no espaço educacional.” (P: 4.)

“O Programa na UFRB ocorreu no período de 2007 a 2011. As afinidades entre os

propósitos do Programa Conexões e da implantação da UFRB correspondem às questões

das ações afirmativas, da promoção do êxito acadêmico e do fortalecimento das

comunidades populares.” (P: 5.)

Rodas de Saberes e Formação: “um dispositivo pedagógico-acadêmico, que integra ações

de ensino, pesquisa e extensão à formação do sujeito-ator-autor, promovendo assim a

tessitura de saberes entre os espaços formais de educação, os espaços comunitários, através

de ações emancipatórias voltadas para o debate em prol da diversidade e das ações

afirmativas.” (P: 5.)

“Atos de currículo e formação” (Pgs: 6-8.)

“O PET Conexões de Saberes: Educação tutorial de estudantes de origem popular”

“O Programa de Educação Tutorial – PET foi criado em 1979 com o nome de Programa

Especial de Treinamento (PET), sendo transformado no final de 1999. Em 2004, passou a

ser denominado Programa de Educação Tutorial.” O PET destinava-se a dar apoio a grupos

de estudantes de graduação que demonstrassem potencial, interesse e habilidades

destacadas. Dos novos grupos PET, “houve uma reserva de lotes que incluiu a experiência

do Programa Conexões de Saberes, surgindo assim o PET-Conexões, para contemplar a

diversidade e os estudantes de origem popular.” (P: 8.)

“PET-Conexões de Saberes – UFRB e Recôncavo em Conexão”

Configura-se como “um projeto interdisciplinar de formação de estudantes universitários de

origem popular, mediante ações integradas de educação tutorial, ensino, pesquisa e

extensão. O foco é a permanência exitosa desses novos atores universitários, com destaque

para os ingressantes na educação superior através do sistema de reserva de vagas.” (P: 9.)

“Currículo, Formação, Acesso, Permanência, Pós-permanência e Desenvolvimento

Regional são eixos basilares do Projeto Político-Pedagógico da UFRB. O trabalho consiste

em colaborar com esse Projeto, notadamente, com as experiências curriculares e formativas

desenvolvidas nos cursos de Licenciatura [...].” (P: 10.)

“PET-Conexões de Saberes – Acesso, Permanência e Pós-permanência na UFRB”

O grupo “tem como prática a realização de atividades formativas de caráter interdisciplinar

e multirreferencial que consiste na realização de pesquisa, extensão e ensino/formação.”

(P: 11.)

Os objetivos centrais são “identificar, mapear, monitorar, qualificar e propor políticas

institucionais de acesso, permanência e pós-permanência implementadas na/pela UFRB”.

“Contribuir com a política institucional da universidade no que concerne à definição de

ações, práticas e metodologias que assegurem o êxito e a efetividade das medidas de

promoção do acesso, a qualificação da permanência dos acadêmicos, e alternativas de pós-

permanência de estudantes oriundos de escolas públicas, na construção do sucesso

acadêmico no ensino público superior, bem como a integração entre as comunidades

interna e externa através da ação extensionista dos (as) acadêmicos da UFRB nas

comunidades de origem”. (P: 11.)

“Considerações Finais”

“No fazer pedagógico, encharcado de histórias de vida, de implicações existenciais,

socioculturais nos assumimos como protagonistas de uma outra história, de uma

perspectiva diferenciada de fazer a educação, e através dela, contribuir para o

desencadeamento de processos emancipatórios. Escrevemos coletiva e

colaborativamente as regras para a construção de um cenário inclusivo, que promova a

equidade social.” (P: 13.)

03.

SIM, NÓS PODEMOS: ACESSO, AFILIAÇÃO/POPULARIZAÇÃO DA UNIVERSIDADE

Jessica Santana Bruno

Licenciatura em História

Infância e adolescência... ‘uma bela visão’ das experiências populares

Vivi minha infância e adolescência na cidade de Presidente Tancredo Neves, na Bahia,

uma cidade que começou a ser construída em 1940 a partir de uma barraca de palha, onde se

comercializavam alimentos e bebidas para tropeiros que transportavam cargas no lombo de

animais. Com a construção da estrada BA 002, foram surgindo outros comerciantes que

atraíram novos moradores, transformando a remota região, que antes servia apenas de

passagem para outras cidades, em um vilarejo batizado de Itabaina. O nome tem origem

indígena, “ita” significa pedra e “baína” rama. De acordo com o relato de antigos moradores,

este nome foi escolhido devido ao fato de que, durante o período inicial de formação do

vilarejo, grandes ramas de vegetação estendiam-se sobre as pedras, formando uma bela visão.

Por volta de 1957, Itabaina foi cortada pela estrada BR 101. Esse fato proporcionou um

rápido desenvolvimento para o vilarejo em função do transporte de cargas com a utilização de

caminhões. Em 24 de fevereiro de 1989, o vilarejo tornou-se cidade, sendo batizada com o

nome de Presidente Tancredo Neves.

Fui criada em um bairro popular da cidade, em um período no qual as crianças

brincavam livremente pelas ruas, frequentando a casa dos vizinhos e os armazéns do bairro.

As ruas ainda não eram calçadas, havia no chão uma espécie de cascalho grosso e áspero, e

uma queda de bicicleta rendia grandes e dolorosos ferimentos nos joelhos. Nesse período, a

única preocupação dos pais era alertar seus filhos para não falar e nem aceitar nada oferecido

por ‘estranhos’. Havia uma conexão na criação das crianças, vivíamos como uma grande

família, todos sabiam das rotinas do lugar, e quando alguma criança fazia algo fora do

comum, os pais eram alertados. Era quase um sistema coletivo de educação infantil. Nessa

grande família existia muita solidariedade, havia união para ajudar na reforma das casas

quando ocorriam acidentes naturais ou, simplesmente, quando alguém resolvia construir uma

Um passo à frente e você não esta mais no mesmo

lugar.

Chico Science.

Chico Science.

Chico

laje. Também dividiam-se os alimentos com as famílias que passavam por dificuldades

econômicas, ou quando se esqueciam de comprar algum item da cesta básica. Porém, como

toda família, havia conflitos e desentendimentos. Foi bom ter crescido nesse ambiente, o

convívio com famílias com diferentes princípios, histórias, ancestralidades e condutas

auxiliaram-me de forma ímpar a perceber e lidar com o diferente e, principalmente, a escolher

o que para mim seria a melhor forma de lidar e conviver com as pessoas.

Experiências e identidade popular

Venho de uma família de “origem popular”. O que define a dimensão política e

afirmativa do que seria esse estigma de “origem popular”, ainda se configura como um

conceito aberto, em construção. Uma família de “origem popular” pode ser definida pela

baixa escolaridade de seus membros, por possuir uma renda que, quando dividida entre os

seus componentes, atinge o valor máximo de trezentos reais, por residir em uma rua que não é

calçada, por não possuir certos aparelhos eletrodomésticos e automóveis, por não contar com

membros que cursam ou concluíram o ensino superior, entre outros inúmeros fatores. Por um

longo período minha família correspondia a todas as características que frequentemente

definem uma família de “origem popular”. Algumas delas foram suprimidas com o meu

acesso à universidade e com o calçamento da rua onde moramos.

Mesmo passando dificuldades econômicas, a educação, o acesso à escola e à

alfabetização sempre foram prioridade para nossa família. Acreditava-se que apenas através

da educação poderíamos ter um futuro promissor, sem dificuldades econômicas e com

melhores condições de vida. Minha família é composta por minha mãe, meu pai, meu irmão e

eu. Meu irmão e eu fomos criados de modo que a educação e a escola configuravam-se como

algo de elevado valor e importância. Nós éramos incentivados através de promessas: se

fossemos aprovados na escola, ganharíamos um presente no fim do ano letivo; se por ventura

repetíssemos o ano escolar, o que nos esperaria seria um bom castigo, sem poder brincar com

os colegas na rua ou assistir televisão. Por vários anos eu estudei e fui aprovada, esperando

receber como recompensa uma bicicleta, que só chegou quando completei treze anos de idade.

A minha alfabetização foi iniciada em uma escola particular, a Escolinha Favo de Mel,

cujas mensalidades foram pagas durante um tempo com muita dificuldade e nos últimos

meses, antes de ingressar no sistema público de educação, deixaram de ser pagas. Foi nessa

escola que aprendi a ler e a escrever. Não me lembro do momento em que aprendi a escrever,

mas o momento que aprendi a ler, acredito que nunca esquecerei. Recordo-me do desejo

quase incontrolável de aprender a decifrar as palavras nos poucos livros que havia na minha

casa, bem como me recordo da imensa felicidade e sensação de que poderia dominar o mundo

quando aprendi a ler; foi como se um novo mundo fosse criado e o antigo se transformasse.

De certo modo, foi isso que aconteceu. Fiquei semanas a fio lendo todos os letreiros,

propagandas e placas que encontrava pela frente.

Desde criança, sempre demonstrei bastante afinidade com a área educacional. Durante a

educação infantil, destacava-me pela aptidão na elaboração de músicas para eventos na escola

e para apresentar e organizar peças teatrais. A partir da primeira série do ensino fundamental

passei a estudar na Escola Estadual Jairo Carneiro. Foi nessa escola que comecei a

desenvolver minha competência em apresentar dramatizações, e onde elaborei a primeira

paródia musical, que foi tema de um projeto que visava maior participação dos pais ou

responsáveis na vida escolar dos alunos. Nas séries seguintes, destaquei-me mobilizando os

colegas para participar de projetos de intervenção na comunidade local e no ambiente escolar.

Em 2002, passei a estudar no Colégio Municipal Edvaldo Machado Boaventura e,

paralelamente, houve a criação da primeira creche da minha cidade, onde minha mãe foi

contratada para trabalhar como auxiliar de professora. Após o término das minhas aulas, eu

frequentava a creche, o que me possibilitou uma formação humana e social muito rica. Eu

passei a estar em contato direto com a realidade das famílias mais pobres da cidade, passei a

conviver com crianças com elevado grau de desnutrição e a conhecer os conflitos familiares.

Apesar da minha família nunca ter tido uma boa condição econômica para aquisição de

muitos brinquedos ou roupas e apesar de morar numa casa simples, nunca passei fome. A

situação daquelas crianças desnutridas me comoveu profundamente.

Minha mãe era responsável pela entrega das crianças aos respectivos pais ou

responsáveis e quando, eventualmente, alguma criança era esquecida na escola ou excedia

muito o horário final do expediente de trabalho, eu e minha mãe íamos levá-las até as suas

casas. Assim passei a conhecer os locais e as condições de habitação das crianças e de seus

familiares.

Sensibilizada pela situação dessas pessoas, mobilizei um grupo de colegas e junto com

os professores promovíamos gincanas na sala de aula onde estudávamos. A maioria das

provas da gincana eram voltadas para a arrecadação de alimentos não perecíveis e brinquedos

junto à comunidade local. A equipe que conseguia arrecadar o maior número de itens vencia a

competição e, após a brincadeira, os elementos arrecadados eram distribuídos entre as

famílias e crianças carentes.

O acesso à universidade: a formação docente com implicação social

Em 2006 iniciei o ensino médio no Colégio Estadual Maria Xavier de Andrade Reis.

Senti muita dificuldade no primeiro ano, mas consegui ser aprovada. No segundo ano, passei

a pensar com mais afinco na profissão que iria seguir e no vestibular. Devido a esses fatores,

passei a me incomodar de forma mais acentuada com a ineficiência da educação na escola

onde estudava. Muitos professores não possuíam formação adequada para ministrar as

disciplinas. Existiam ótimos professores, qualificados e dedicados, mas estes eram uma

exceção à regra. Consciente dessa situação educacional e prevendo as minhas dificuldades

para passar no vestibular, decidi que iria ser professora e contribuir para que outras pessoas

não passassem pelas dificuldades que eu estava passando. Resolvi que seria professora de

História, porque era uma disciplina que me atraia de modo especial e superior.

Nesse mesmo período, comecei a ministrar aulas para uma turma de Catequese em uma

comunidade carente da minha cidade. Durante o período em que catequizei, organizei

encontros de formação eclesial, social e humana com as crianças da comunidade. Com a ajuda

de colegas que também eram catequistas, passamos a promover reuniões com os pais, cujo

objetivo principal era estabelecer uma relação de proximidade entre pais e filhos na vida e na

conduta religiosa. Porém, as reuniões passaram a ser frequentadas por moradores do bairro

que não eram pais de alunos, criando assim um espaço para discutir os problemas da

comunidade, tanto no âmbito religioso quanto no âmbito político. Com isso, passamos a

conhecer mais profundamente a comunidade e a aprimorar a nossa intervenção. Este trabalho

foi interrompido com a minha aprovação na UFRB por meio do Exame Nacional do Ensino

Médio (ENEM) e minha mudança para a cidade de Cachoeira-BA.

Após a conclusão do ensino médio, fiz um ano de curso pré-vestibular. Foi um ano

muito difícil, porque tinha que associar os estudos com o trabalho em uma loja de confecção

que exigia elevado vigor físico. Além desse fato, o curso pré-vestibular localizava-se na

cidade vizinha, a uma hora de distância. Então, eu trabalhava durante o dia, estudava à noite e

continuava lendo e estudando em casa durante a madrugada. Contava com a estimada ajuda

de energéticos para conseguir estudar de forma qualitativa e acordar bem no dia seguinte para

trabalhar.

Os frutos do meu esforço em aprender e da minha dedicação foram doces. Consegui ser

aprovada por intermédio do ENEM, ingressando em 2010 na Universidade Federal do

Recôncavo da Bahia (UFRB), na turma 2010.1 do curso de licenciatura em História.

UFRB uma universidade que expressa o poder popular do Recôncavo

A UFRB é uma universidade em vias de transformação para se tornar uma Universidade

Popular, de formação e expressão do poder popular. Uma universidade para as massas, com o

objetivo de incluir e produzir conhecimento para todos aqueles que nela queiram entrar. O

berço da UFRB é o Recôncavo, uma região que proporcionou ricas contribuições para a

história, a cultura e o desenvolvimento socioeconômico da Bahia e do Brasil. A instituição

valoriza os conhecimentos, saberes, experiências sociais, culturais e as práticas do Recôncavo.

Também compreende a necessidade de se pensar o desenvolvimento econômico regional e os

aspectos socioculturais, visando reparações étnico-raciais e inclusão social, no intuito de

enfrentar e corrigir as desigualdades sociais e étnicas presentes na região. (Jesus e

Nascimento, 2012). Para que haja uma maior e mais completa integração entre a UFRB e o

Recôncavo, é preciso que haja uma maior interação com a comunidade, de modo que as

pessoas se sintam parte da universidade e não a vejam como algo distante.

Mais uma jovem negra, de origem popular, estudante de escola pública ingressava na

universidade, no ensino superior. Estava confirmando a eficiência dos esforços dos que

lutaram para que isso fosse possível, dos que lutaram pela democratização do acesso ao

ensino superior. Estava correspondendo às expectativas da minha família, principalmente da

minha mãe, que sempre me incentivou de forma positiva e constante, e que se esforçou para

me proporcionar uma educação de qualidade. Estava correspondendo às expectativas dos

meus amigos, estudantes assim como eu, com os que compartilhava o sonho em comum do

acesso à universidade. Estava também correspondendo às minhas próprias expectativas, às

minhas metas. O ingresso na UFRB foi a minha maior conquista pessoal.

Os projetos de inclusão de pessoas de classes populares, negras, indígenas,

trabalhadores e provenientes de escolas públicas na universidade, favorecem um elevado

aumento nas possibilidades de acesso. Já existe consciência e conquista desse direito por parte

dos indivíduos contemplados nesses projetos, que permitem o ingresso por médio de reserva

de vagas. Esse fato torna-se visível através do aumento na concorrência dos variados cursos

por optantes dessa modalidade. Muitas vezes, a concorrência é maior para optantes de reserva

de vagas que para não optantes, o que significa que mais pessoas antes excluidas estão

tentando o ingresso na universidade, talvez por achar que, a partir dos projetos de

democratização, o acesso seja mais fácil. Esse fato torna igualmente evidente a necessidade de

ampliação do sistema, para que a democracia do acesso possa atingir um número cada vez

mais elevado de pessoas.

Quando ingressei na UFRB, apesar de possuir todas as características necessárias, não

optei por reserva de vagas, devido ao fato da concorrência ser maior nessa modalidade. Ainda

sonho em viver em um Brasil onde não sejam mais necessárias as reservas de vagas, pois

existirá educação de qualidade, tanto particular quanto pública, onde as heranças econômicas

e raciais não sejam mais sinônimo de baixa qualidade educacional, onde estudantes em

condições de vulnerabilidade social e econômica tenham a mesma qualidade no ensino

público que pessoas de classe média alta no ensino particular. A partir desse momento,

medidas paliativas não serão mais necessárias, a enfermidade já terá sido curada. Mas até que

isso aconteça, uma jovem negra, de origem popular, estudante de escola pública não pode

concorrer à mesma vaga em igualdade de condições que alguém que estudou em escola

particular, que teve acesso a materiais didáticos de elevada qualidade, e que não teve

necessidade de conciliar escola e trabalho. Isso é, do meu ponto de vista, no mínimo injusto.

Passada a fase de seleção, já compondo os ambientes da educação superior, todos os sujeitos,

sejam eles provenientes de reserva de vagas ou não, são considerados em perfeita igualdade.

Até que ponto esse fato caracteriza-se como democracia? Será que o estudante proveniente

das reservas de vagas não necessita de uma educação diferenciada, principalmente na fase

inicial do curso? Acredito que sim.

É preciso promover permanência qualificada dos estudantes

As universidades brasileiras estão vivenciando intensas transformações, tanto no

âmbito estrutural quanto no âmbito conceitual. São crescentes os discursos e debates acerca

das medidas para a viabilização da democratização do acesso e viabilização da permanência

dos estudantes oriundos de escolas públicas, dos estudantes negros e indígenas, dos

provenientes de comunidades populares e dos trabalhadores (Jesus e Nascimento, 2012). No

entanto, embora a democratização do acesso ao ensino superior seja de fato importante, não é

suficiente para assegurar a inclusão desses estudantes na universidade; é preciso promover

ações que garantam a sua permanência qualificada (Coulon, 2008).

Os programas de democratização do acesso ao ensino superior possibilitaram o

aumento progressivo do contingente desses estudantes no ambiente universitário. Mas, para

além da democratização do acesso, torna-se necessário que se ofereça uma educação de

qualidade. Oferecer essa educação de qualidade é uma tarefa difícil, mas possível. E é

possível através do estímulo aos sujeitos de forma coletiva e individual, para que estes

busquem a qualidade da sua formação, assumindo-se como sujeitos da produção do saber

(Freire, 1996). Também é necessário que a instituição ofereça todos os meios para que essa

construção seja possível.

O meu acesso à Universidade provocou na família um emaranhado de sentimentos de

felicidade e tristeza. Apesar da imensa felicidade em saber que eu teria a oportunidade de ter

acesso a uma educação superior de qualidade, em uma instituição publica renomada, apesar

da consciência de que esta seria uma oportunidade que poderia me proporcionar um futuro

promissor, havia a inquietação com o fato de eu ter que sair de casa para morar em outra

cidade, cidade esta desconhecida.

Mesmo com essas inquietudes e medos, eu fui. Mas tínhamos consciência de que não

seria fácil nem para mim, que estava indo, nem para os que permaneceriam em casa.

Teríamos que nos privar de muitas coisas para que a minha permanência na universidade

fosse possível. Cada centavo seria fundamental.

Quando ingressei no curso, durante o primeiro semestre não tinha consciência dos

projetos de permanência de estudantes com comprovada vulnerabilidade econômica. Nos

semestres que se seguiram, não consegui auxílio devido à grande dificuldade em reunir a

documentação necessária. No entanto, a UFRB compreende e favorece a condição de

estudantes de origem popular. Compromete-se a propiciar a inclusão social e a igualdade

racial através de políticas institucionais, afirmativas e estudantis, com o intuito de garantir

condições básicas para a permanência dos estudantes com comprovada vulnerabilidade

econômica nos cursos de graduação.

Os estudantes podem ter acesso ao programa de permanência qualificada (PPQ), sem o

qual, para muitos, a permanência na universidade não seria possível. O programa oferece aos

estudantes modalidades de auxilio, tais como auxílio moradia, auxílio pecuniário à moradia,

auxílio deslocamento, auxílio alimentação e auxílio creche. Ao fazer parte do PPQ, que

assegura uma formação acadêmica de qualidade para os estudantes contemplados com os

auxílios, há obrigatoriedade de participação em projetos de extensão, em atividades de

iniciação científica vinculadas a projetos de pesquisa e em atividades relacionadas às áreas de

formação.

As causas das repetências e evasões

As dificuldades econômicas são as maiores causas de evasão e repetência. De acordo

com o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Ações Afirmativas e Assuntos Estudantis

(NEPAAE), os estudantes cotistas representam a maioria dos estudantes que precisam

conciliar trabalho e estudo. Esse fato se caracteriza como um dos causadores de desistência e

reprovação nas disciplinas. As desvantagens dos estudantes que trabalham são recorrentes. A

dificuldade de conciliar estudo e trabalho em inúmeros casos dificulta o desempenho dos

estudantes nas disciplinas do curso. A reprovação resulta na redução do escore (soma da nota

das disciplinas cursadas pelo estudante, dividida pelo número de disciplinas). Estudantes que

possuem um escore inferior a sete são impossibilitados de participar de alguns dos Programas

de Permanência Qualificada, criando-se assim um ciclo vicioso, no qual estudantes que

trabalham e estudam possuem menos chances de ter sucesso.

Dores e delícias na partida-chegada

Sair de casa não foi fácil nem econômica nem emocionalmente. Ficar longe de casa e

dos amigos de uma vida inteira abalou-me profundamente. Desde que recebeu a notícia da

minha aprovação, minha mãe chorou todos os dias. O mês que precedeu à minha ida para a

cidade de Cachoeira foi regado por muitas lágrimas escondidas da minha mãe. O dia mais

difícil para nós foi o dia anterior à minha partida. Enquanto eu arrumava as malas no meu

quarto, ela chorava no seu.

Na manhã seguinte, o dia tão temido e paradoxalmente tão esperado, havia chegado.

Para fazer as coisas se configurarem de um modo mais difícil, consegui uma carona para

Cachoeira dias antes, porque qualquer economia era válida. Mas esta consumiu muito mais o

nosso emocional, quase nos deixando sem reservas. Devido à falta de espaço no veículo, meus

familiares não puderam me acompanhar a minha nova casa. Fui só, como os dias que se

seguiriam. A lembrança mais dolorosa da minha partida é a imagem da minha mãe chorando

na porta da nossa casa. Vê-la chorando enquanto o carro se afastava, foi como se estivesse

assistindo a cena de uma novela mexicana. Recordo-me, dentro daquele carro, tentando

sufocar as lágrimas, tentando ser forte.

Ao chegar à cidade de Cachoeira lembre imediatamente do motivo que havia me levado

para longe de casa. Recordei os meus sonhos e a sensação de conquista abriu uma clareira de

felicidade na densa floresta de tristeza e fragilidade que havia se formado em mim. No

primeiro passeio que fiz na cidade, tive certeza de que não poderia ter ido parar em lugar

melhor. Aquela cidade repleta de prédios antigos despertou ainda mais a minha paixão por

histórias antigas. Jamais esquecerei a minha sensação de que o tempo havia parado no século

XVIII quando olhei pela primeira vez para a Praça Aclamação.

Mesmo já encantada com a cidade e com a idéia de vivenciar a universidade, o processo

de adaptação foi complicado, a começar pela nova casa, estendendo-se à realidade da

universidade. Fui morar em uma república estudantil, dividindo o pagamento do aluguel da

casa com mais três meninas que nunca havia visto anteriormente. No início, a convivência foi

cercada de inseguranças, mas ao longo do tempo fui aprendendo a conviver e construir laços

de amizade que configuraram-se muitas vezes como laços de parentesco.

Auto-formação como estratégia de adaptação à universidade

O primeiro contato com a universidade foi extremamente estimulante, minhas

expectativas com relação às aulas e aos professores foram completamente correspondidas. A

estrutura do campus era menor do que havia imaginado, mas isso não tinha muita

importância.

As primeiras aulas na UFRB foram maravilhosas, em uma semana eu já sentia as

mudanças que os novos diálogos e abordagens haviam provocado na minha forma de ver e

pensar o mundo. Tive grande dificuldade inicialmente com a linguagem dos textos e obras

científicas trabalhadas no curso. Lia os textos inúmeras vezes sem conseguir compreendê-los

corretamente. Tinha que consultar o dicionário frequentemente, pois existia uma elevada

quantidade de palavras que não conhecia e não sabia o significado. Essa dificuldade na leitura

científica estendeu-se até a conclusão do primeiro semestre. Com as leituras frequentes e a

confecção dos trabalhos avaliativos, fui conhecendo mais amplamente os termos e passei a

compreender os textos com facilidade.

Sempre busquei intensificar os meus conhecimentos através da leitura e da procura da

máxima absorção dos conteúdos abordados nas disciplinas. Sempre busco participar de

projetos e atividades que possibilitem o aperfeiçoamento da minha formação. Nunca esqueci

que o que me move é o objetivo que vai além de ser uma professora de História, o objetivo de

oferecer aos meus futuros alunos uma educação de qualidade.

Atualmente estou cursando o 6º semestre. Há cerca de três meses, consegui alcançar

mais um dos objetivos que me direcionam aos caminhos da construção da excelência na

minha formação acadêmica. Fui aprovada na seleção para bolsistas do programa PET

Conexões de Saberes – UFRB e Recôncavo em Conexão. A emoção de ter sido aprovada no

Programa de Educação Tutorial (PET) assemelhou-se a emoção que senti quando fui

aprovada para cursar história na UFRB. Tinha noção da importância da participação no

programa para a minha formação. Nas primeiras reuniões e nos primeiros eventos realizados

pelo grupo, percebi que o PET era bem mais do que as minhas melhores expectativas.

O PET e a aprendizagem curricular e interdisciplinar

O programa PET-Conexões de Saberes – UFRB e Recôncavo em Conexão configura-se

como um projeto interdisciplinar, de abrangência institucional, que tem como principal

objetivo promover uma permanência exitosa de estudantes universitários de origem popular,

através de ações de educação tutorial, ensino, pesquisa e extensão. Apesar de integrar o

grupo há apenas três meses, já posso perceber os ganhos intelectuais que alcancei. Ao longo

desses três meses, participei de diálogos, e tive acesso a leituras que me proporcionaram uma

melhor compreensão do que seja a universidade, sua estrutura e seus projetos. Também pude

compreender melhor as questões curriculares, tanto no âmbito institucional quanto no que

concerne ao currículo do curso de História, que me atinge de forma mais direta. O currículo é

uma construção social complexa, que responde a interesses que fogem à neutralidade. Através

do currículo, as diversas formas de conhecimento são legitimadas, autorizadas e controladas

(Jesus e Nascimento, 2010). Como indivíduo diretamente afetado pela estrutura curricular é

necessário que conheçamos as suas configurações. Devido ao fato do PET- Conexões ser um

projeto interdisciplinar, também pude compreender melhor a importância da

interdisciplinaridade para a desfragmentação dos saberes e superação da linearidade do

conhecimento. A articulação dos diferentes saberes e conhecimentos concebem um sentido

mais amplo e democrático para o conhecimento, possibilitando uma unidade na diversidade.

A minha mais recente experiência no campo acadêmico proporcionada pelo PET foi a

participação no Encontro Nordestino dos Grupos PET (ENEPET). No evento, tive a

oportunidade de apresentar um trabalho desenvolvido em pareceria com o meu grupo PET,

bem como pude compartilhar de experiências com diferentes grupos PET e com estudantes de

outros cursos de graduação.

Os caminhos da busca do conhecimento não são fáceis, exigem força para enfrentar os

desafios e obstáculos. É preciso coragem e determinação para manter os sonhos e ideias

vivos. Minha trajetória é cheia de lutas e conquistas, tenho consciência de que as minhas

conquistas são fruto da minha coragem de lutar. A luta não acaba, sigo guerreando, ainda

tenho muitos sonhos e projetos para realizar.

Referências Bibliográficas

COULON,A. A Condição de Estudante: A entrada na Vida Universitária. Salvador: Ed.

UFBA. 2003.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo:

Ed. Paz e terra, 1996.

JESUS, R. D. P. & NASCIMENTO. C.O. Educação tutorial de estudantes de origem

popular: Universidade e Recôncavo em conexão. Cruz das Almas: 2012.

______________ Currículo e Formação: diversidade e educação das relações étnico-raciais.

Curitiba: Progressiva, 2010.

04.

ADAPTAÇÃO E ÊXITO ACADÊMICO NA NARRATIVA DE

ESTUDANTES DE ORIGEM POPULAR Bárbara do Carmo Passos

1

Jessica Santana Bruno²

Prof. Dr. Claudio Orlando Costa do Nascimento³

Pet- Conexões de Saberes: UFRB e Recôncavo em Conexão, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.

Trabalho realizado no PET-UFRB e Recôncavo em Conexão, que apresenta como tema a permanência exitosa

dos estudantes de origem popular na universidade. Interessou-nos conhecer, num primeiro momento, através das

narrativas discentes do grupo PET, os processos de adaptações e suas possíveis relações com o fracasso/êxito

acadêmico. O estudo fundamenta-se na obra do professor Alain Coulon (2008), no que concerne ao processo de

adaptação estudantil na universidade, mediante a superação do período de estranhamento (inadequação ao

ambiente universitário, onde se estranham as linguagens, as estruturas, as regras, os diferentes e novos saberes

acadêmicos). A superação do estranhamento universitário perpassa o tempo da aprendizagem e o tempo da

afiliação. O período da aprendizagem consiste em uma etapa lenta de adaptação progressiva, onde se é superada

a inquietação, abrindo-se espaço para a acomodação. No período de afiliação o estudante passa a incorporar nova

rotina, novas práticas, regras e métodos de funcionamentos correntes na universidade. As estratégias no PET-

UFRB consistiram em produção de textos autobiográficos, identificação e análise dos sentidos de permanência,

estranhamento, adaptação e de êxito acadêmico, conforme narrativas dos estudantes. Para a socialização dos

resultados realizaremos rodas de formação junto aos estudantes, com intuito de contribuir na redução das

repetências e evasões, bem como na promoção da formação com qualidade sociocultural.

Palavras – chave: Universidade, Adaptação Estudantil, Êxito Acadêmico.

05.

ATOS DO CURRÍCULO E FORMAÇÃO DOCENTE

Barbara do Carmo Passos

[email protected]

Fágna Gonçalves dos Santos

[email protected]

Jessica Santana Bruno

[email protected]

Tamires Conceição Costa

[email protected]

Palavras-chave

Educação, Concepção Curricular, Sujeitos históricos;

Introdução

Este trabalho resulta de estudos no grupo PET – UFRB e Recôncavo em Conexão.

Tem como recurso metodológico leituras e discussões acerca do tema em questão em diversos

momentos, objetivando analisar a relação entre as políticas curriculares e a formação de

professores, bem como entender essa relação e sua importância nas propostas curriculares e a

formação docente.

Resultados e Discussões

O sistema de educação superior brasileiro sempre foi pautado numa formação

tecnicista constituída a partir de uma demanda qualificada de profissionais. No entanto, a

educação nos últimos anos vem tomando novos contornos e concepções. Nessa perspectiva, a

educação representa não apenas a construção técnica e profissionalizante, mas considera entre

outros aspectos a educação cidadã de sujeitos críticos e construtores de sua história na

sociedade.

A formação docente nos tempos atuais busca fornecer suporte as realidades e

necessidades da população brasileira. Desse modo, as políticas curriculares que vem sendo

desenvolvidas na área de formação de professores exerce um papel fundamental. Logo,

reconhecer a importância dessas politicas curriculares faz-se necessário para que tenhamos

como resultado professores cada vez mais atuantes e conscientes do seu papel na sociedade.

Nesse sentindo faz-se necessário priorizar e criar condições para que o docente tenha

uma formação de qualidade, mesmo quando este já se encontra em curso de suas atribuições.

Com o vigor das politicas públicas minimizaria os traços históricos que ainda insistem em

perpetuar uma cultura de educação deficitária no país.

É explicito o quanto o currículo interfere na construção das práticas pedagógicas, uma vez

que este é constituído a partir de mecanismos que selecionam o que é prioridade para a formação

desejada. São relacionados nesse processo, as ideias e orientações de grupos sociais durante os

percursos educativos a fim de definir e legitimar um determinado saber. Fica evidenciado que a

construção do currículo para uma formação mais abrangente deve ser um processo com a

participação de vários atores/autores com o propósito de inclusão sociocultural dos sujeitos.

Introduzir discussões sobre o currículo é indispensável, pois conhecê-lo é tomar

consciência da sua própria formação, para tanto, faz-se necessário observá-lo enquanto uma

construção social que tem em si o papel de formar sujeitos sociais e históricos conscientes de

seu espaço e atuantes nas políticas e demandas coletivas, portanto “o currículo estabelece

diferenças, constrói hierarquias, produz identidades” (SILVA, 1999, p. 12).

Segundo Macedo (2008), currículo é um artefato socioeducacional que se configura

nas ações de conceber/selecionar/produzir, organizar, institucionalizar,

implementar/dinamizar saberes, conhecimentos, atividades, competências e valores visando

uma “dada” formação, configurada por processos e construções constituídos na relação com o

conhecimento eleito como educativo. (MACEDO, 2008, p.24)

Essa discussão nos leva a outras questões de grande relevância para a educação, como

a formação docente. Tratar de currículo dos cursos de licenciatura é lidar também com

problemas vivenciados pelos docentes na sua prática em sala de aula. Nessa perspectiva, a

própria LDBEN1 afirma, em uma das suas resoluções, que o processo de formação de

professores precisa ser coerente com o que se espera de sua prática.

O currículo deve representar um referencial para seus estudantes, disponibilizando em

suas disciplinas componentes que tenham pressupostos de temáticas atuais, estas,

indispensáveis para seus alunos. Tal prática resultará na formação de professores mais

conscientes e atuantes na sua área, com visão e experiências para trabalhar nas mais diversas

situações, favorecendo assim, a formação de profissionais competentes e críticos.

Nota-se que a formação de professores nos ambientes acadêmicos envolve questões

econômicas, políticas e culturais como coloca Moreira (2003), ainda nesses espaços devem

ser considerados os fatores estruturais, bem como a elaboração de um currículo que consiga

proporcionar para os estudantes uma formação de qualidade. O currículo evidencia-se para

além de uma formação tecnicista, ele deve estruturar-se em um referencial formativo capaz de

agregar os sujeitos socioculturais existentes.

1 Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional, Lei 9394 de 20-12-94.

Neste sentido, Macedo (2012) demonstra que a formação posta nos currículos aparece

para suprir algumas tendências locais e globais, o que ele denomina de glocal, ou seja, uma

formação que dê conta de temas externos e internos, proporcionando a esses sujeitos um

desenvolvimento sólido e capaz de cumprir com as demandas da nossa sociedade.

Vale salientar que a ideia de formação aqui priorizada emerge da concepção de uma

experiência curricular pautada na construção de conhecimentos a partir das práticas sociais,

culturais e pessoais do indivíduo, possibilitando assim uma postura crítica e atuante no

exercício da sua cidadania e na sua própria atuação pedagógica. Nesse intuito, Macedo (2012)

afirma que a formação não é algo inerente da pedagogia, pois ele coloca que as variadas

etapas da vida já nos proporcionam algum tipo de formação, tendo como exemplo, o campo

da cultural e do trabalho, onde estes exercem negociações significativas.

Ainda com relação às estruturas sociais e culturais, Macedo (2012) supõe que a

formação do sujeito pedagógico se relaciona de maneira intrínseca com o existencial e com o

sociocultural. Diante disto, vale desconstruir o imaginário que coloca a formação como algo

unitário, sem a participação de outros sujeitos e vivências da vida.

Nessa perspectiva, o currículo pensado apenas para a formação de sujeitos únicos, não

revela e até segrega atores sociais, negligenciando assim, a importância dessa visão para a

formação. Fazendo com que o sujeito assimile conteúdos distantes da sua realidade de vida e

das suas pretensões de trabalho, um posicionamento que Macedo (2012) vai tratar como

verdades e métodos de socialização/assimilação muitas vezes epistémicos, pretensamente

legítimos.

Portanto, o currículo não deve ser entendido apenas como um conjunto de disciplinas

que expressam a visão de formação de uma determinada classe social, ele deve,

principalmente, dá conta das necessidades atuais em que o Brasil se encontra, ou seja, o

currículo deve corresponder à estrutura social, política e cultural da população a que se

destina, de modo a problematiza-la e formar para a atuação social naquele contexto.

A organização do currículo deve ser algo realizado em conjunto com os envolvidos.

Com isso, ele pode ser reconstruído a partir da participação destes, onde aconteça a

problematização dos critérios e visões que estão sendo priorizados, fazendo com que os

envolvidos passem a ser “atores-autores” da sua grade de formação. Portanto, o currículo deve

ser entendido como um anexo de experiências e vivências dos estudantes seja dentro dos

espaços acadêmicos ou fora. Embora o currículo constitua a representação de estruturas, este

ainda assim conservar seu caráter inventivo.

A formação docente ao perpassar por questões epistemológicas, políticas e sociais

deve ampliar a discussão para o âmbito do currículo enquanto uma construção social. Nesse

contexto, o currículo deverá ser concebido com o intuito de formar profissionais conscientes

da sua atuação e importância para a sociedade.

Portanto, vale salientar o quão importante é inserir-se nessa nova tendência de

observar à formação, fazendo com que a dicotomia existente entre currículo e formação seja

nula. A participação dos vários atores e autores tanto na construção dos currículos, quanto no

processo de formação proporciona uma ampla dinâmica, fazendo com que esses processos

não sejam algo dado, mas sim uma construção coletiva. (MACEDO, 2011, P. 73).

A formação de professores pautada nos aspectos individuais dos sujeitos, nas suas

experiências e vivências contribuirá para a construção e fortalecimento da própria identidade

do profissional envolvido. Sendo assim, as instituições de ensino devem proporcionar para

seus estudantes, durante a graduação, acesso às discussões e disciplinas que retratem a

realidade das escolas no Brasil – um espaço de grande diversidade cultural, social e religiosa

– para que a educação possa promover a democratização dessas diferenças, assim como o

respeito entre todos.

Referências

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam . 49. ed.

São Paulo: Cortez, 2008.

JESUS. Rita de Cássia Dias P. de, NASCIMENTO. Cláudio O. C. Educação tutorial de

estudantes de origem popular: Universidade e Recôncavo em conexão. Cruz das Almas:

2012

MACEDO, Roberto S. Atos de currículo, formação em ato? Ilhéus: Editus: Editora da

Universidade Estadual de Santa Cruz, 2011.

MACEDO, Elizabeth, (Orgs.). Currículo: debates contemporâneos. São Paulo: Cortez,

2002.

06.

CURRÍCULO E FORMAÇÃO: VALORIZAÇÃO DOS SABERES SOCIAIS,

CULTURAIS E PESSOAIS DO INDIVÍDUO.

O trabalho apresentado resulta de pesquisas realizadas no âmbito do PET -UFRB e

Recôncavo em conexão (programa de educação tutorial - PET conexões de saberes - MEC-

sesu) com interesse de analisar aspectos do processo formativo e de promover uma maior

compreensão acerca da importância da valorização dos saberes sociais, culturais e pessoais do

individuo. Com base em diversos estudos no âmbito do currículo e da formação compreende-

se a importância de se vivenciar uma experiência curricular pautada na construção de

conhecimentos a partir das práticas sociais, culturais e pessoais, com a valorização da historia

de vida e formação. Tal compreensão evidencia que as variadas etapas da vida são também

processos de formação. Como desenvolvimento da pesquisa, foram construídos no âmbito do

grupo textos autobiográficos, onde os bolsistas/pesquisadores relatam as experiências de vida

e formação, a experiência de produção das autobiografias proporcionou uma compreensão

mais palpável de que os conhecimentos e experiências vivenciadas na trajetória cotidiana dos

indivíduos são também formativas. Para a socialização dos resultados, com intuito de

contribuir na promoção da formação com qualidade sociocultural, o grupo esta trabalhando na

construção de um livro, que terá os textos autobiográficos, divulgando e compartilhando com

os demais os saberes e vivências adquiridos no processo.

07.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA

CENTRO DE ARTES, HUMANIDADES E LETRAS

LICENCIATURA EM HISTÓRIA.

BRUNO ARAÚJO

JESSICA BRUNO

JEFFERSON BINGRE

JÚLIO CÉSAR

LUÍS ALBERTO JUNIOR

VALDECI DA COSTA

PROJETO DE INTERVENÇÃO:

ESCOLAS REUNIDAS ALCIDES DE ALMEIDA: DESPERTADO O

INTERESSE DOS ESTUDANTES AO INGRESSO NOS CURSOS DE

GRADUAÇÃO DA UFRB

CACHOEIRA-BA

2013

BRUNO ARAÚJO

JESSICA BRUNO

JEFFERSON BINGRE

JÚLIO CÉSAR

LUÍS ALBERTO JUNIOR

VALDECI DA COSTA

ESCOLAS REUNIDAS ALCIDES DE ALMEIDA: DESPERTADO O

INTERESSE DOS ESTUDANTES AO INGRESSO NOS CURSOS DE

GRADUAÇÃO DA UFRB

Projeto de intervenção apresentado ao

componente curricular Estágio I do

Curso de Licenciatura em História da

Universidade Federal do Recôncavo da

Bahia (UFRB), sob orientação do

professor Sérgio Guerra.

CACHOEIRA-BA

2013

RESUMO:

Este trabalho tem por objetivo apresentar a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

(UFRB) como opção possível, vantajosa e qualificada de acesso ao ensino superior aos

sujeitos-escolares das Escolas Reunidas Alcides de Almeida. A partir do programa de estágio

do curso de Licenciatura em História, desenvolvemos um projeto de intervenção tem como

preocupação central tornar a UFRB favorita no ranking de possibilidades no ingresso ao

ensino superior. Visto que as opções de ensino privado foram as mais citadas entre os

estudantes durante o período de observação. Será apresentado aos sujeitos-escolares a forma

de ingresso à Universidade, os cursos disponíveis nos quatro campi, os programas de

permanência e pós-permanência da Universidade, com foco no auxílio transporte e nas

vantagens de ter Próximo a cidade de origem uma Instituição Pública de qualidade tal qual a

UFRB.

Palavras-chave: Acesso – Ensino superior– Intervenção didática

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................06

2 JUSTIFICATIVA ...............................................................................................................07

3 OBJETIVOS ........................................................................................................................08

3.1 GERAL ..............................................................................................................................08

3.2 ESPECÍFICOS ...................................................................................................................08

4 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 09

5 METODOLOGIA ...............................................................................................................10

6 PROCEDIMENTOS ...........................................................................................................11

7 RECURSOS .........................................................................................................................12

8 AVALIAÇÃO DAS AÇÕES DESENVOLVIDAS ..........................................................13

9 CULMINÂNCIA .................................................................................................................14

10 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO................................................................................15

11 REFERÊNCIAS ................................................................................................................16

APÊNDICES ...........................................................................................................................17

Apêndice A .............................................................................................................................18

Apêndice B .............................................................................................................................19

1. INTRODUÇÃO

Este projeto visa uma intervenção voltada para o despertar do interesso dos sujeitos

escolares das Escolas Reunidas Alcides de Almeida no acesso ao ensino superior através da

Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), visto que a UFRB é uma das opções

mais próxima de ensino superior público da cidade de Muritiba-Ba, onde situa-se a escola,

sendo do mesmo modo uma opção possível, vantajosa e qualificada de acesso ao ensino

superior.

Durante a primeira etapa da atividade avaliativa da disciplina Estágio Supervisionado I

do curso de Licenciatura em História, etapa de observação da escola, nos foi possível perceber

que havia uma crescente falta de interesse por parte dos estudantes no acesso ao ensino

superior na UFRB. O interesse maior estava centralizado nas faculdades particulares que

encontram-se situadas nas cidades próximas. De acordo com as observações, foi possível

diagnosticar que os estudantes possuíam a impressão de uma UFRB distante e inacessível.

Por esse motivo, buscavam meios “mais simples” de acesso ao ensino superior.

A relevância deste trabalho consiste no estímulo aos estudantes a valer-se do privilégio

de ter tão próximo uma possibilidade de acesso a Universidade Publica com excelência, com espaço de formação profissional, política, cultural e social, que viabiliza troca de saberes,

produção científica com excelência, com a proposta de “Universidade Nova”, que tem como

um de seus principais anseios, agregar em seu corpo discente estudantes oriundos de escolas

públicas, de “origem popular”, garantindo a este, o acesso, permanência e pós-permanência. É

nosso interesse aproximar a UFRB dos estudantes, torná-la conhecida e quebrar os

paradigmas que afastam a UFRB dos estudantes.

2. JUSTIFICATIVA

A Universidade Federal do Recôncavo da Bahia deve ser também para os estudantes do

Recôncavo. Partindo desse pressuposto, tornasse necessário iniciativas que atraiam os

estudantes do recôncavo para a Universidade. Os motivos para a elaboração/execução do

projeto de intervenção partiu do diagnóstico de que havia uma relevante aversão ao acesso ao

ensino superior na UFRB. Durante pontos das entrevistas com os estudantes das Escolas

Alcides de Almeida, através de conversas informais, tanto individuais quanto coletivas, foi

possível notar que existia por parte dos estudantes uma visão distorcida da UFRB, no âmbito

do acesso, da permanência e do nível de dificuldade das avaliações disciplinares. Por pensar

uma Universidade cujo acesso é restrito, onde permanecer é difícil e o nível de avaliação é

extremamente exigente, os estudantes veem como alternativa mais vantajosa o acesso através

das faculdades particulares.

As contribuições trazidas pelo projeto de intervenção trazem benefícios tanto para se

fazer cumprir a proposta da UFRB no contexto do Recôncavo de afirmar a cultura, a história e

as tradições locais, para isso, nada melhor que ter em seu corpo, discentes do recôncavo.

Quanto oferecer aos estudantes da escola, meios de conhecer a universidade, as formas de

acesso, permanência, meios de compreensão da Universidade como um espaço de formação

profissional, política, cultural e social, de troca de saberes, produção científica com excelência

e que reconhece e favorece a condição de estudantes de origem popular oriundos de escolas

públicas.

3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL:

Conduzir uma intervenção com base na relação Estudante-UFRB, evidenciando as

características da universidade, mostrando a UFRB como uma Universidade Publica com

excelência, com espaço de formação profissional, política, cultural e social, que viabiliza

troca de saberes, produção científica com excelência, tratando as questões de acesso,

permanência e pós-permanência com foco no auxílio transporte e nas vantagens de ter

próxima a cidade de origem uma Instituição Pública de qualidade. Propondo através dos

debates, quebrar os paradigmas que afastam a UFRB dos estudantes, despertando nestes o

interesse á optarem pela UFRB para o acesso ao ensino superior.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Promover momentos de discussão a cerca do que é Universidade, o que é a UFRB e

suas principais características.

Estimular os estudantes a fazer as inscrições no Exame Nacional do Ensino Médio

(ENEM). Evidenciando-o como única forma de acesso a UFRB. Atentando-os para os

prazos de inscrição e as formas de concorrer às vagas disponibilizadas.

Informar as principais características do ENEM, informações como a gratuidade da

prova para estudantes de escolas públicas, o direito ao atendimento diferenciado para

estudantes com deficiências físicas e para pessoas que por motivos religiosos não

podem realizar a prova no horário convencional.

Discutir com os estudantes as características do Sistema se seleção Unificada (SISU)

e as formas de concorrer à vaga nos cursos da UFRB.

Debater com os estudantes a cerca do direito a cotas.

Expor a concorrência dos cursos de 2012.

Apresentar os cursos oferecidos por cada centro e suas cidades cede.

Expor as formas de permanência na UFRB, os auxílios, o acesso aos projetos de

pesquisa e extensão, bibliotecas, restaurantes universitários e residência estudantil.

4. REFERENCIAL TEÓRICO

Nosso “norte” foi o de apresentar o projeto de intervenção aos sujeitos escolares

sugerindo uma política continuada de informação sobre o ensino superior, mais

especificamente sobre a UFRB, assim distribuímos panfletos informativos cedidos pela

própria Universidade sobre a mesma e seus cursos, bem como cartazes do mesmo caráter

colados em várias partes dos dois centros de ensino. Nossa principal preocupação foi

realmente informar e tirar dúvidas sobre a UFRB, bem como a forma de ingresso e suas

políticas afirmativas. Partimos dos referências, principalmente de Paulo Freire em

“Pedagogia da Autonomia e do oprimido”, e Marcos Masetto em “Docência

universitária: repensando a aula”. Além de outra vasta bibliografia.

5. METODOLOGIA

A metodologia aplicada foi a troca de experiências com os alunos, várias observações e

entrevistas foram feitas para percebemos as principais dificuldades apresentadas por aquela

comunidade escolar. Trabalhamos questões sociais, de gênero, etnia, e acessibilidade, nas

entrevistas e elaboração tanto do projeto de intervenção como no relatório final do estágio.

Por fim, realizamos um seminário para estudantes do EJA, onde fizemos toda a explanação

sobre o tema, e logo após tiramos dúvidas dos alunos. Fizemos uma aula expositiva utilizando

Datashow com várias imagens para prender a atenção dos discentes, tendo em vista sua

inquietação, nos foi informado a dificuldade por parte dos docentes em conseguir sua plena

atenção, por isso arquitetamos desta forma.

6. PROCEDIMENTOS

Ordem Ação Objetivo Estratégia Tempo

previsto

1 Solicitação dos folders

e cartazes junto a

PROGRAD.

Oferecer aos

estudantes recursos

visuais e duráveis.

Confeccionar mural

para acesso recorrente

as informações.

12 horas

2

Confecção de slide.

Tornar a dinâmica da

exposição da palestra

mais atraente.

Obter a atenção dos

estudantes através do

uso de imagens e

cores.

12 horas

3 Exposição do material

confeccionado e

palestra.

Concretizar a proposta

de intervenção.

Exposição oral e

visual.

16 horas

TOTAL: 03

40 horas

7. RECURSOS

Foram utilizados recursos orais, através de debate com falas articuladas. Recursos

visuais, através de cartazes como descrição dos centros, suas cidades, cursos oferecidos e a

forma de acesso a Universidade através do ENEM/SISU. Folders de cada curso que a UFRB

oferece, contendo um breve resumo do curso, seu campo de atuação, centro que é ofertado e

imagem de contextualização. Recurso visual tecnológico, através de slide com as propostas de

debates e questões a serem discutidas com os estudantes. Recurso físico, através da sala de

aula, como ambiente para a roda de sabres e debate, corredores e murais da Escola para a

exposição dos cartazes e folders.

Oralidade

Cartazes

Folders

Slide

Sala de aula

Corredores da escola

Mural

8. AVALIAÇÃO DAS AÇÕES DESENVOLVIDAS

Avaliação fora feita com base na análise comportamental dos sujeitos de motivação do

projeto, sendo estes, os estudantes das Escolas Reunidas Alcides de Almeida. Com base nos

objetivos a serem atingidos com a intervenção, serão analisados o comportamento dos

estudantes durante a exposição oral, seus questionamentos após a exposição oral. O acesso e a

forma de acesso ao material exposto. Após a exposição oral e apresentação do slide

destinaremos um tempo para questionamentos e acréscimos por parte dos estudantes. Os

critérios de efetividade do projeto estarão vinculados ao interesse dos estudantes em buscar

maiores informações a respeito do ENEM/SISU, dos cursos oferecidos pela UFRB e os

auxílios oferecidos pela Universidade.

9. CULMINÂNCIA:

A concretização do projeto fora feita através de reunião com a equipe gestora do

projeto, com abertura de espaço para o relato das experiências coletivas e individuais, a

relevância do projeto para formação individual e coletiva da equipe, avaliação das atividades

desenvolvidas e do resultado final da intervenção. Os relatos demonstram que o objetivo

maior do projeto foi atingido, foi possível notar claramente o interesse dos estudantes na

UFRB e a quebra de determinados preconceitos que afastavam os estudantes da Universidade

Federal do Recôncavo da Bahia. Bem como foi possível notar as contribuições positivas que a

experiência do projeto proporcionou aos membros da equipe gestora.

10. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO:

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APLLE, M. Ideologia e Currículo. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

FREIRE, Paulo- Pedagogia do Oprimido, 170 Edição, Rio de Janeiro, Paz e terra, 1987.

_______, Paulo. Pedagogia da Autonomia. 29.ed São Paulo: Paz e Terra,2004.

GASPARIN, Luiz. Uma Didática para a pedagogia Histórico-Crítica. São Paulo: Autores

associados, 2007.

PIMENTA, S. O Estágio na Formação de Professores. [S.I.]: Cortez, 2000.

ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: ARTMED, 1998.

MASETTO, Marcos T. Docência universitária: repensando a aula. In: TEODORO,

Ações Meses Dias

Apresentação do projeto de

Intervenção para a equipe

gestora.

Março 04/03

Primeira etapa de preparação

do material de apoio para a

execução do projeto.

Março 16/03

Segunda etapa de preparação

do material de apoio para a

execução do projeto.

Abril 08/04

Preparação oral para palestra. Abril 22/04

Divulgação da ação nas

escolas.

Maio 06/05

Execução da ação de

intervenção nas escolas.

Maio 13/05

Antônio. Ensinar e aprender no ensino superior: por uma epistemologia pela curiosidade

da formação universitária. Ed. Cortez: Mackenzie, 2003.

MORIN, Edgar. Educação e complexidade: os sete saberes e outros ensaios. Maria da

Conceição de Almeida, Edgard de Assis Carvalho. (orgs.) – 3 ed. – São Paulo: Cortez, 2005.

MORAIS, R. (org.). Sala de aula: que espaço é este?14a

ed. São Paulo: Papirus, 2001.

RISHNAMURTI, J. A educação e o significado. São Paulo. Curtriz, 2001.

PIMENTA, S. O Estágio na Formação de Professores. [S.I.]: Cortez, 2000.

RISHNAMURTI, J. A educação e o significado. São Paulo. Curtriz, 2001.

ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: ARTMED, 1998.

08.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MARCANTES NA MINHA

TRAJETÓRIA ACADÊMICA

CHALHOUB, Sidney. Visões da Liberdade: uma história das últimas décadas da

escravidão na corte. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

___________ Cidade Febril: cortiços e epidemias na Corte imperial. São Paulo,

Companhia das Letras, 1996.

COULON,A. A Condição de Estudante: A entrada na Vida Universitária. Salvador:

Ed. UFBA. 2003.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São

Paulo: Ed. Paz e terra, 1996.

JESUS, R. D. P. & NASCIMENTO. C.O. Currículo e Formação: diversidade e

educação das relações étnico-raciais. Curitiba: Progressiva, 2010.

REIS, João José e SILVA, Eduardo. Negociações e Conflito: a resistência negra no

Brasil escravista. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.