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DEPARTAMENTO DE SÍNTESE ECONÓMICA DE CONJUNTURA SERVIÇO DE ESTATÍSTICAS DE PREÇOS Índice de Preços no Consumidor Base 2002 Nota Metodológica Fevereiro, 2003 O Índice de Preços no Consumidor Série IPC02 (2002=100) Secção 1. O IPC em síntese..............................................................1 Introdução......................................................................................1 As séries do IPC............................................................................1 O Índice Harmonizado de Preços no Consumidor........................4 Secção 2. O IPC base 2002 ..............................................................7 Introdução......................................................................................7 Principais características do IPC02 ..............................................7 Formulação e cálculo do índice .................................................9 Definição geral do Índice............................................................9 Cálculo do Índice mensal ........................................................ 10 A utilização de um índice encadeado ..................................... 11 Secção 3. O IHPC como indicador derivado do IPC ...................... 12 Introdução................................................................................... 12 IHPC e IPC nacional................................................................... 12 O cálculo do IHPC ...................................................................... 13 Secção 4. Aspectos específicos no cálculo dos IPC e IHPC ......... 14 Introdução................................................................................... 14 Seguros ...................................................................................... 14 Ponderadores dos seguros ..................................................... 14 Preços dos seguros................................................................. 14 Reduções de preços................................................................... 14 Jogos e apostas ......................................................................... 15 Saúde, educação e protecção social ......................................... 15 Preços não observados.............................................................. 16 Sazonalidade .............................................................................. 16 Ajustamentos de Qualidade ....................................................... 16 Comparação directa de preços ............................................... 18 Encadeamento sem variação preço. ...................................... 18 Sobreposição de observações................................................ 18 Métodos explícitos................................................................... 18 Secção 5. Política de difusão e relações com os utilizadores........ 20 Formas de apresentação dos resultados................................... 20 Acesso aos dados e confidencialidade ...................................... 21

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DEPARTAMENTO DE SÍNTESE ECONÓMICA DE CONJUNTURA

SERVIÇO DE ESTATÍSTICAS DE PREÇOS

Índice de Preços no

Consumidor

Base 2002

Nota Metodológica

Fevereiro, 2003

O Índice de Preços no Consumidor Série IPC02 (2002=100)Secção 1. O IPC em síntese..............................................................1

Introdução......................................................................................1As séries do IPC............................................................................1O Índice Harmonizado de Preços no Consumidor........................4

Secção 2. O IPC base 2002 ..............................................................7Introdução......................................................................................7Principais características do IPC02 ..............................................7

Formulação e cálculo do índice .................................................9Definição geral do Índice............................................................9Cálculo do Índice mensal ........................................................ 10A utilização de um índice encadeado ..................................... 11

Secção 3. O IHPC como indicador derivado do IPC ...................... 12Introdução................................................................................... 12IHPC e IPC nacional................................................................... 12O cálculo do IHPC...................................................................... 13

Secção 4. Aspectos específicos no cálculo dos IPC e IHPC......... 14Introdução................................................................................... 14Seguros ...................................................................................... 14

Ponderadores dos seguros ..................................................... 14Preços dos seguros................................................................. 14

Reduções de preços................................................................... 14Jogos e apostas ......................................................................... 15Saúde, educação e protecção social ......................................... 15Preços não observados.............................................................. 16Sazonalidade.............................................................................. 16Ajustamentos de Qualidade ....................................................... 16

Comparação directa de preços ............................................... 18Encadeamento sem variação preço. ...................................... 18Sobreposição de observações................................................ 18Métodos explícitos................................................................... 18

Secção 5. Política de difusão e relações com os utilizadores........ 20Formas de apresentação dos resultados................................... 20Acesso aos dados e confidencialidade...................................... 21

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Instituto Nacional de Estatística Departamento de Síntese Económica de Conjuntura

Índice de Preços no Consumidor Base 2002 - Nota Metodológica 1

O Índice de Preços no ConsumidorSérie IPC02 (2002=100)

Secção 1. O IPC em síntese

IntroduçãoO Índice de Preços no Consumidor é um indica-dor que tem por finalidade medir a evolução notempo, dos preços de um conjunto de bens e ser-viços considerados representativos da estrutura dedespesa de consumo privado da população resi-dente, num espaço geográfico delimitado. Deveter-se presente que o IPC não está especialmentevocacionado para medir o nível de preços emdeterminado período, mas antes a variação dessenível entre dois períodos.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) calculaeste indicador com periodicidade mensal e difun-de os seus resultados, duas semanas após o mêsde referência 1. O INE calcula igualmente comperiodicidade mensal, o Índice Harmonizado dePreços no Consumidor (IHPC) . Este indicador,que tem por base a informação do IPC nacional, éutilizado para medir a inflação numa base compa-rável com os restantes Estados-membros da Uni-ão Europeia. O IHPC é difundido ao público emsimultâneo com o índice nacional.

A metodologia destes dois indicadores é descritacom algum detalhe nas secções 2 e 3 do texto.

As séries do IPCO Instituto Nacional de Estatística iniciou em1929 a produção de um indicador para os preçosno consumidor, com o cálculo do “Índice de Pre-ços de Retalho”. Esta série era calculada combase em preços observados nas capitais de distritopara um cabaz que incluía 73 produtos. A base dasérie (100) correspondia aos preços de Junho de1914.

Em 1938/39, o Instituto Nacional de Estatísticainiciou a publicação de um “Índice Ponderado doCusto da Alimentação e outros produtos de con-sumo doméstico” para a cidade de Lisboa. A basedesta série correspondia aos preços médios ob-servados no período de Julho de 1938 a Junho de1939.A partir de 1949, iniciou-se a publicação de Índi-ces de Preços no Consumidor (IPC) para algumascidades do Continente.

1 Mais precisamente ao décimo dia útil após o mês de referên-cia do índice, excepto em situações de revisão da base doíndice.

O cálculo destes índices veio a adoptar a fórmulade agregação de Laspeyres baseada nas estruturasde ponderação derivadas dos Inquéritos às “Con-dições de Vida das Famílias”, realizados nas ci-dades de Lisboa (Julho de 1948 a Junho de 1949),do Porto (Julho de 1950 a Junho de 1951), Coim-bra (Julho de 1953 a Junho de 1954), Évora eViseu (Julho de 1955 a Junho de 1956) e Faro(Julho de 1961 a Junho de 1962). Estas séries deíndices eram vulgarmente designadas por “Índi-ces das seis cidades”. Os preços observados cor-respondiam a um cabaz que continha entre 198 a251 itens. Os índices eram agregados em catego-rias que podiam corresponder de 6 a 8 grupos.Em 1975, as bases destas seis séries de índicesforam transpostas para 1963.

Em Janeiro de 1977, o Instituto Nacional de Es-tatística iniciou a publicação da primeira série deum Índice de Preços no Consumidor cujo âmbitogeográfico se estende aos aglomerados urbanosdo Continente. A base para a estrutura de ponde-ração deste índice era fornecida pelos resultadosdo “Inquérito às Despesas Familiares” realizadoem 1973/74. A população de referência do índicecorrespondia ao subconjunto de famílias cujadimensão se situava entre 1 e 5 UC 2 com umrendimento anual entre 30 e 180 mil escudos ecujo elemento principal fosse trabalhador porconta de outrem ou pensionista. Os preços dereferência do índice correspondiam aos preçosmédios de 1976 (1976=100).Eram observados mensalmente cerca de 18 000preços para 286 artigos (bens e serviços), recolhi-dos em 3 500 estabelecimentos localizados em 18centros geográficos.A compilação do indicador recorria à formulaçãoLaspeyres para a agregação dos índices elementa-res. Estes últimos resultavam do ratio entre amédia simples dos preços observados no períodode referência e o preço médio do ano base. Para aagregação dos índices eram consideradas 4 clas-ses de despesa: Alimentação e bebidas; Vestuárioe calçado; Despesas de habitação; e Diversos.Excluíam-se as rendas de habitação.O Índice de Preços no Consumidor (1976=100)disponibilizava 3 séries principais: Continenteurbano; cidade de Lisboa; e cidade do Porto. OÍndice de Preços no Consumidor - Continentedisponibilizava ainda 92 sub-séries (4 classes, 36grupos e 52 subgrupos).

Em Janeiro de 1988, iniciou-se uma nova série doÍndice de Preços no Consumidor (1983=100) que

2 Unidades de consumo de acordo com o conceito da Organi-zação Internacional do Trabalho (OIT).

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Índice de Preços no Consumidor Base 2002 - Nota Metodológica 2

introduziu assinaláveis desenvolvimentos no in-dicador, nomeadamente: maior representativida-de; maior detalhe na informação; extensão do seuâmbito à totalidade da população sem quaisquerrestrições; e alargamento da cobertura de produ-tos às rendas de habitação 3. A informação para aestrutura de ponderação adoptada nesta série re-sultou do Inquérito às Receitas e Despesas Fami-liares realizado em 1980/81. Os preços de refe-rência do indicador correspondiam aos preçosmédios de 1983. A população de referência nãosofria qualquer tipo de restrição.O indicador considerava 500 produtos (bens eserviços) a que correspondiam cerca de 30 000preços, observados mensalmente em 4 800 esta-belecimentos comerciais distribuídos por 25 cen-tros geográficos.Foram introduzidas face à série anterior, algumasalterações metodológicas no cálculo dos índices.Os preços médios nacionais dos produtos ele-mentares passaram a ser obtidos a partir de umamédia ponderada dos preços médios calculadosem cada centro geográfico 4. Por outro lado,adoptou-se um tratamento específico da sazonali-dade para os produtos hortícolas frescos e frutasfrescas 5.Com este indicador passaram a ser disponibiliza-das duas séries principais: a série A, com âmbitogeográfico respeitante ao Continente (urbano erural) e sem qualquer restrição da população dereferência; a série B 6, com âmbito geográficorespeitante à área urbana do Continente e às cida-des de Lisboa e Porto e aplicando à população dereferência as restrições consideradas na anteriorsérie do IPC.Foi igualmente adoptada uma diferente classifi-cação para a estrutura do índice, combinando ocritério funcional da despesa das famílias com a

3 O indicador passou a integrar as rendas e manutenção dahabitação ao nível do índice médio anual; mensalmente oresultado agregado excluía estes produtos (série Total geralexcluindo Habitação).4 Os ponderadores utilizados eram determinados por valoresproporcionais à população representada por cada centro geo-gráfico.5 Para os produtos hortícolas e frutas era adoptado um esque-ma de ponderação mensal (painéis móveis) que consideravaos produtos típicos do mês em causa. O preço base considera-do correspondia ao preço do mês homólogo do ano base e nãoao preço médio do ano base como acontecia para os restantesprodutos. Os índices elementares de um determinado mês,resultavam assim do ratio entre o preço observado e o preçode referência (mês homólogo do ano base) sendo agregados deacordo com as ponderações do painel mensal. Estes últimoseram alisados utilizando um processo de médias móveis de 12meses para obter o índice mensal relativo ao grupo de pro-dutos.6 O objectivo desta série era a comparação com a série anteri-or. Desta forma, considerou-se um subconjunto da populaçãoconstituída por agregados de 1 a 5 UC com rendimentos anu-ais actualizados para um intervalo entre 100 e 800 mil escu-dos.

natureza dos produtos considerados no painel.Resultou assim uma estrutura que considerava: 9classes, 28 grupos e 55 subgrupos, o que corres-pondia a um total de 92 sub-séries.

Com o Índice de Preços no Consumidor de Janei-ro de 1992, inicia-se a série do indicador IPCbaseada no ano 1991. Face à informação que vi-nha sendo produzida, esta série introduziu uminegável alargamento na cobertura do indicador,tendo em conta que este passou a ser representa-tivo para o País (âmbito nacional) e se iniciou acompilação de índices regionais de acordo com aNomenclatura estatística de Unidades Territoriaisao segundo nível (NUTS II).A base para a construção dos ponderadores dadespesa assentou nos resultados dos Inquérito aosOrçamentos Familiares realizado no período1989/90. Com esta série abandonou-se o cálculodo indicador para um estrato específico da popu-lação. Os coeficientes populacionais utilizadospara a ponderação dos preços médios dos centrosgeográficos no cálculo dos preços médios porregião, foram derivados dos resultados prelimina-res do Recenseamento da População 1991. Fi-nalmente, e tendo em conta que a compilação doíndice nacional resultava da média ponderada dosíndices regionais, foi introduzida uma nova cate-goria de ponderadores – os coeficientes de despe-sa regionais. Estes correspondiam a uma compo-sição da distribuição regional da população com adespesa regional per capita, “traduzindo” no finala proporção da despesa de consumo privado totalregional na despesa de consumo privado totalnacional.Nesta série do indicador passaram a ser observa-dos aproximadamente 63 000 preços em cerca de9 000 estabelecimentos distribuídos por 41 cen-tros geográficos. O cabaz de despesa considerava577 produtos (bens e serviços) representativos doConsumo Privado os quais foram identificadospela análise dos resultados do Inquérito aos Or-çamentos Familiares.Este indicador, com a inclusão das regiões Açorese Madeira, passou a disponibilizar 11 séries prin-cipais: Nacional, Continente, Regiões (7) e cida-des de Lisboa e Porto. A estrutura de classifica-ção definida para o Índice de Preços no Consu-midor manteve-se similar à adoptada na anteriorsérie (1983=100) mas introduziu um maior deta-lhe ao nível das sub-séries, considerando o nívelde sub-subgrupo. Assim, cada série principal pas-sou a ser constituída por um total de 216 sub-séries: 9 classes, 28 grupos, 55 subgrupos e 124sub-subgrupos.O processo adoptado para o cálculo do indicadorconsistia nas seguintes fases:

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Índice de Preços no Consumidor Base 2002 - Nota Metodológica 3

(i) cálculo dos preços médios de produto ele-mentar para cada centro geográfico a partirde uma média aritmética simples dos preçosobservados nos estabelecimentos aí localiza-dos,

(ii) agregação destes utilizando uma média arit-mética ponderada por coeficientes populaci-onais para obter o preço médio da região,

(iii) cálculo dos índices elementares regionais eagregação para os diferentes níveis da es-trutura do IPC (total, classe, grupo, subgrupoe sub-subgrupo) utilizando os esquemas deponderação regional; nesta fase, obtinham-seos resultados das séries e sub-séries de índi-ces regionais,

(iv) cálculo das séries e sub-séries de índices deâmbito geográfico nacional e continente pelaagregação dos índices regionais utilizando amédia ponderada pelos coeficientes de des-pesa regionais.

A série do Índice de Preços no Consumidor combase em 1991, manteve o tratamento sazonal dasfrutas e produtos hortícolas, já introduzido nasérie anterior. Esta série continuou, tal como aanterior, a observar preços para os produtos daclasse “Rendas e conservação de interiores” ape-nas com referência anual e para o Continente 7.

Em Janeiro de 1998, o INE iniciou a divulgaçãode uma nova série do IPC com base nos preçosmédios de 1997 (1997=100). A estrutura de des-pesa desta série baseava-se nos resultados do In-quérito aos Orçamentos Familiares realizado em1994/95. A população de referência não tinhaqualquer tipo de restrição.A nova série do indicador, sofreu significativosdesenvolvimentos, aproximando a metodologiade cálculo às decisões resultantes das discussõesque, no plano técnico, decorriam desde 1992 naUnião Europeia a nível do processo de harmoni-zação dos Índices de Preços no Consumidor.As alterações metodológicas mais significativascontempladas nesta nova na série, foram as se-guintes:(i) adopção de uma nova nomenclatura – Clas-

sificação do Consumo Individual por Objec-tivo (COICOP) 8,

(ii) actualização da estrutura de ponderação ob-tida do Inquérito aos Orçamentos Familiaresa preços de 1997 9,

7 Por esta razão o índice agregado das séries mensais excluíaesta classe que só era publicada em termos anuais.8 Acrónimo do inglês Classification of Individual Consump-tion by Purpose.9 Assim, a estrutura de ponderação adoptada, passou a reflectiras quantidades médias consumidas no período do inquérito(1994/95) valorizadas a preços médios do ano base (preços dereferência do índice).

(iii) utilização de fontes alternativas que, conju-gadas com os resultados do Inquérito aosOrçamentos Familiares, permitiram determi-nar com maior precisão os ponderadores anível de item elementar (rendas, saúde, ma-terial de transporte, comunicações, …),

(iv) exclusão do esquema de ponderações doindicador de todos os fluxos de consumosem qualquer contrapartida monetária, comopor exemplo, o arrendamento fictício e oautoconsumo; por analogia deixaram de serconsiderados no movimento de preços dadopelo índice, os preços imputados e, nestesentido, o índice adoptou a óptica da Despe-sa Efectiva do Consumo Privado,

(v) os preços de saldo, promoções e outras redu-ções de preços sem restrições para generali-dade dos consumidores passaram a ser con-siderados para o cálculo 10,

(vi) os preços relativos aos serviços de arrenda-mento (rendas efectivas) passaram a ser ob-servados mensalmente permitindo, destemodo, a compilação do índice total nacionalcom esta periodicidade,

(vii) a despesa das famílias relativa ao produtoSeguros (ramos não-vida) considerada noesquema de ponderações, passou a corres-ponder ao valor efectivo do serviço prestado(taxa de serviço) pelas companhias aos seussegurados, sendo o valor desta taxa de servi-ço determinado pelos prémios efectivamentecobrados e prémios suplementares, descon-tados das indemnizações e da variação líqui-da das provisões técnicas; o montante dosprémios brutos não afecto a consumo de ser-viços de seguros (prémios líquidos) passou aser, por isso, distribuído pela despesa embens e serviços cobertos pelo ramo em cau-sa,

(viii) a despesa de consumo privado em “Jogos eApostas” foi considerada no esquema deponderações, líquida dos prémios de jogodistribuídos, os quais representam transfe-rências de rendimento entre as famílias,

(ix) o cálculo dos preços médios a nível de cen-tro geográfico, para um item elementar, pas-sou a adoptar a média geométrica dos preçosobservados nos estabelecimentos do centro,

(x) foram introduzidos métodos implícitos eexplícitos ao nível dos procedimentos deajustamento de qualidade (substituição deprodutos, alteração de modelos, …) de acor-do com as normas estabelecidas no quadrodo processo de harmonização do indicadorno âmbito do Sistema Estatístico Europeu.

10 Nas séries anteriores, quando estas situações ocorriam,mantinha-se o último preço observado.

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Índice de Preços no Consumidor Base 2002 - Nota Metodológica 4

À excepção das alterações já referenciadas, ométodo de observação de preços e de cálculomanteve-se semelhante ao da série 1991. A sériedo índice com base em 1997, observava mensal-mente cerca de 80 000 preços em 10 100 estabe-lecimentos 11 distribuídos por 41 centros geográ-ficos. O número de itens elementares considera-dos nesta série, correspondia a cerca de 700 pro-dutos (bens e serviços). Com o Índice de Preçosno Consumidor base 1997, passaram a ser divul-gadas 10 séries principais: Nacional, Continente,Regiões e cidade de Lisboa. A série IPC Nacionalpassou a ser o referencial da inflação 12.Cada série principal, em virtude da alteração denomenclatura, passou a ser constituída por umtotal de 333 sub-séries: 12 classes, 36 grupos, 96subgrupos e 189 sub-subgrupos.No Quadro 2 é apresentada a cronologia dos prin-cipais desenvolvimentos ocorridos nas séries IPC.

O Índice Harmonizado de Preços noConsumidorO Tratado da União Europeia (Fevereiro 1992)estabeleceu um calendário de etapas para a reali-zação da União Económica e Monetária (UEM) efixou quatro critérios de convergência. Um dessescritérios é o da estabilidade de preços medida porÍndices de Preços no Consumidor compiladosnuma base metodológica comparável. Por critériode estabilidade de preços entende-se que “cadaEstado-membro deve registar uma estabilidadede preços sustentável e, no ano que antecede aanálise, uma taxa média de inflação que não ex-ceda em mais de 1,5%, a verificada, no máximo,nos três Estados-membros com melhores resulta-dos em termos de estabilidade dos preços”. Acompilação de índices de preços numa base me-todológica comparável passa assim a ser um ob-jectivo prioritário dos institutos de estatística pararesponder às necessidades reveladas pelos utili-zadores.Com o objectivo de melhorar a comparabilidadedos Índices de Preços no Consumidor, oEUROSTAT iniciou, em estreita colaboraçãocom os serviços de estatística dos Estados-membros, um processo de harmonização dos di-ferentes métodos para compilar estes índices. Oprimeiro resultado deste processo de trabalho foio Regulamento (CE) n.º 2494/95, do Conselho,de 23 de Outubro de 1995. Este regulamento fi-xava o enquadramento geral e as regras do pro-cesso de produção do indicador de inflação e es-tabelecia um calendário que, enquadrado peloTratado, estipulava os seguintes passos: 11 Excluem-se desta amostra os preços das rendas efectivas.12 O facto das rendas não serem observadas na anterior sérieno espaço nacional, mas apenas no Continente, constituiu umarestrição à cobertura do índice nacional e à sua utilizaçãocomo referencial da inflação.

(i) numa primeira fase, a publicação de ÍndicesIntercalares, baseados em grande parte nosíndices nacionais existentes, e

(ii) numa segunda fase, iniciada em Janeiro de1997, a publicação da série de Índices Har-monizados de Preços no Consumidor.

Nem os Índices Intercalares nem os Índices Har-monizados de Preços no Consumidor substituemos Índices de Preços no Consumidor nacionais.Aqueles foram concebidos única e exclusiva-mente para fins de comparação internacional eaferir a estabilidade de preços na Zona Euro, enão para usos internos, como a indexação ou anegociação de salários.

Em Portugal, com o índice de Janeiro de 1996,iniciou-se a publicação do índice intercalar comperiodicidade mensal. Esta série, com base nospreços médios de 1994, foi divulgada até ao finalde 1996 13. Em Março de 1997, inicia-se a divul-gação da série do IHPC 14. Esta série tem o anobase em 1996. O IHPC inicia-se com uma co-bertura reduzida face ao seu âmbito, que veiogradualmente a ser alargada até atingir a cobertu-ra actual que está na base dos resultados do IHPCtotal desde Janeiro de 200115.

Em Janeiro de 1996, o Índice Intercalar cobria nocaso português 88% do valor do consumo privadoconsiderado como referência do painel do IPCnacional (IPC91). Os itens não cobertos pelo índi-ce intercalar (12%), correspondiam ao arrenda-mento imputado, saúde, educação, protecção so-cial, serviços de recolha de lixo e saneamento,férias organizadas, seguros e serviços financeiros.

O IHPC inicia-se em Janeiro de 1997 (1996=100)com uma cobertura de 92% da despesa implícitano IPC91,em resultado da inclusão face ao índiceintercalar dos sub-índices respeitantes à saúde eeducação (bens e serviços sujeitos a preços demercado e não reembolsáveis), férias organiza-das, seguros e serviços financeiros. Até ao finalde 1999 e por referência à cobertura total a ob-servar no IHPC, tendo por base o conceito de“Despesa Monetária de Consumo Final das Fa-

13 Foram publicados índices mensais para o período Janeiro de1994 a Dezembro de 1997. A série de índices intercalares foicompilada para o período Janeiro de 1990 a Dezembro de1996.14 A série IHPC cobre igualmente o ano de 1995.15 A exclusão de determinadas componentes da despesa (Saú-de, Educação e Protecção Social) determinava aproximada-mente uma cobertura inicial de bens e serviços correspondentea 92% do total da Despesa de Consumo das Famílias residen-tes e a 85% do total da Despesa de Consumo Privado no Ter-ritório Económico. As extensões realizadas com a inclusãoquer destes bens e serviços quer das despesas de não residen-tes (turistas) realizada no Território Económico alargaram acobertura do IHPC à totalidade da despesa de consumo finalinterna.

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Índice de Preços no Consumidor Base 2002 - Nota Metodológica 5

mílias” no Território Económico, foram adicio-nados ao painel:(i) numa primeira fase 16, as componentes

“Medicamentos” e “Serviços médicos” e aEducação, e

(ii) numa segunda fase 17, os “Serviços hospi-talares” , “Protecção social” e a despesa denão residentes realizada no Território Eco-nómico.

Os preços dos bens e serviços incluídos ao longodo período 1998-99 são, frequentemente, preçosregulados pelos poderes públicos ou subsidiadose o seu nível está normalmente associado à defi-nição de políticas sociais e fiscais.

Presentemente, tendo atingido a cobertura totalpor referência ao âmbito definido, os resultadosdo indicador baseiam-se nos índices elementaresdo IPC nacional, utilizando um esquema de pon-deração que inclui a despesa de não residentes,estimada com recurso a informação das ContasNacionais e ao Inquérito aos Gastos de Estrangei-ros não residentes.

O processo de cálculo do indicador adopta a for-mulação de um índice Laspeyres encadeado anu-almente com base no mês de Dezembro que fun-ciona como mês de ligação. Os índices calculadospara os meses de um determinado ano y, ao nívelde uma posição agregada, são obtidos encadean-do o resultado da média ponderada dos sub-índices que integram essa posição com o índiceem Dezembro do ano y-1 do agregado correspon-dente. Neste sentido, as variações homólogas deníveis agregados devem ser interpretadas tendopresente este encadeamento das séries e os alar-gamentos na cobertura 18.Tal formulação permite acomodar ao longo dasérie os sucessivos incrementos na cobertura doIHPC.

O Quadro 1 apresenta, para as doze classesCOICOP/HIPC, as estruturas de ponderação utili-zadas na compilação do índice harmonizado du-rante o período 1999 a 2002.

16 Em Dezembro de 1998 com efeitos na série a partir doíndice de Janeiro de 1999.17 Em Dezembro de 1999 com efeitos na série a partir doíndice de Janeiro de 2000.18 Ver a este propósito, a Secção 3 “ O IHPC como indicadorderivado do IPC” .

Quadro 1 – Estrutura de ponderação do IHPC noperíodo 1999-2002

Ponderadores a preços de Dezembrode y-1Classes de despesa

1999 2000 2001 2002

Alimentação e bebidas não alcoóli-cas

248.3 215.5 217.2 213.3

Bebidas alcoólicas e tabaco 36.0 32.6 31.7 31.0Vestuário e calçado 79.5 69.9 68.3 65.9Habitação, água, electricidade, gás eoutros combustíveis

109.0 93.3 93.8 90.0

Acessórios, equipamento domésticoe manutenção corrente da habitação

86.8 78.7 77.5 75.9

Saúde 3.4 56.7 57.9 56.6Transportes 228.5 205.2 207.3 204.3Comunicações 24.2 20.6 18.8 17.5Lazer, recreação e cultura 41.5 39.2 38.6 37.9Educação 1.2 18.1 18.3 18.1Hotéis, cafés e restaurantes 100.7 130.9 129.6 138.6Bens e serviços diversos 40.9 39.4 41.1 50.9Total 1000 1000 1000 1000

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Índice de Preços no Consumidor Base 2002 - Nota Metodológica 6

Quadro 2 – Cronologia das alterações metodológicas nas séries IPC

Principais desenvolvimentos do Índice de Preços no Consumidor entre 1976 - 1997Alteração Implementação Descrição

Cobertura geográfica 1976 Compilação do primeiro índice representativo do Continente.Cobertura da população 1988 Extensão da representatividade do índice à totalidade da população do Continente

sem qualquer restrição de âmbito.Extensão de âmbito àsRendas e Manutenção daHabitação

1988 Os preços da classe “Habitação e manutenção da habitação” passam a ser observa-dos numa base anual, permitindo o cálculo do IPC total anual. Mensalmente, continuaa ser divulgado um indicador de inflação excluindo esta categoria.

Metodologia de cálculo dospreços nacionais

1988 Cálculo dos preços nacionais através de uma média ponderada dos preços médiosem cada centro geográfico.

Tratamento de sazonalida-de

1988 Adopção a nível das ponderações para as frutas frescas e produtos hortícolas fres-cos, de um esquema de painéis mensais móveis e cálculo dos índices elementaresatravés da comparação do preço observado com o preço de referência do mês ho-mólogo do ano base. Os índices considerados nos subgrupos frutas e produtos hortí-colas passam a resultar de um processo de alisamento por médias móveis de 12termos dos índices elementares agregados.

Cobertura geográfica 1991 Inicia-se a compilação de um índice representativo do total do País – IPC Nacional,mantendo-se a publicação, por razões de comparação com a série anterior, dosresultados da série IPC Continente.

Desagregação regional 1991 Cálculo de índices regionais (NUTS II). Os índices globais - IPC Nacional e IPCContinente - resultam da agregação dos índices regionais ponderados por um coefici-ente de despesa.

Maior dimensão amostral 1991 Aumento da dimensão da amostra ao nível de centros geográficos (+65%), pontos devenda (+90%) e preços observados (+150%).

Rotação da amostra 1991 Introdução de um esquema de rotação da amostra de centros ao nível dos preçoscom periodicidade de observação trimestral.

Tratamento dos Jogos eApostas

1991 Correcção da despesa em “Jogos e Apostas”, considerando a despesa final líquidados prémios distribuídos. Observação, consistente com esta norma, dos preços quepassaram a corresponder ao montante pago, líquido da parte a distribuir sob a formade prémio.

Cobertura geográfica 1997 Adopção do IPC Nacional como referencial de inflação do País.Maior dimensão amostral 1997 Aumento da dimensão da amostra ao nível dos pontos de venda (+15%) e preços

observados (+30%).Esquema de ponderações 1997 Adopção do conceito de despesa monetária para a determinação dos ponderadores

(exclusão de autolocação e autoconsumo).Periodicidade de observa-ção dos preços no merca-do de arrendamento

1997 Alteração da periodicidade de observação, passando à frequência mensal, dos preçosdas rendas efectivas de modo a compilar mensalmente o indicador IPC total.

Método de cálculo dospreços médios de centro

1997 Adopção da média geométrica no cálculo dos preços médios de centro geográfico.

Preços não observados 1997 Adopção de métodos de estimação para preços não observados.Preços reduzidos 1997 Observação de preços reduzidos (saldos, promoções) e respectiva inclusão no cál-

culo do índice.Tratamento dos serviçosde seguros

1997 Correcção dos prémios brutos de seguros, considerando no esquema de ponderaçãoapenas a parte correspondente à despesa final em serviços das seguradoras comredistribuição do remanescente dos prémios aos bens e serviços cobertos pelo res-pectivo ramo.

Ajustamentos de qualidade 1997 Adopção de métodos implícitos e explícitos harmonizados com a prática a nível euro-peu, no cálculo de preços ajustados das diferenças de qualidade por alteração demodelos e introdução de novos produtos.

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Índice de Preços no Consumidor Base 2002 - Nota Metodológica 7

Secção 2. O IPC base 2002

IntroduçãoCom o índice de Janeiro de 2003, o INE inicia adivulgação do IPC com base em 2002 (IPC02). Oindicador baseia-se nos resultados do último In-quérito aos Orçamentos Familiares realizado du-rante o ano de 2000 pelo Instituto Nacional deEstatística. De um modo geral, a actual sériemantém a metodologia da anterior (série IPC97),com excepção para três situações:(i) alteração do anterior método de tratamento

da sazonalidade das Frutas e Produtos hortí-colas,

(ii) modificação do método de cálculo do índicenacional a partir da agregação dos índicesregionais, e

(iii) adopção de um índice encadeado.

Com a introdução destas alterações na nova sériepretende-se: harmonizar a metodologia de cálculodo índice nos produtos cujos preços estão sujeitosa movimentos sazonais significativos; melhorar aprecisão dos resultados do índice e sub-índicesnacionais; e possibilitar a actualização mais fre-quente, quer da estrutura de ponderação, quer deprodutos e pontos de venda. Por outro lado, aadopção de um índice encadeado proporciona

maior flexibilidade para introduzir alterações decarácter metodológico ao longo da série, tenden-tes a melhorar a precisão do indicador (e. g. in-trodução de novos produtos, revisão da pondera-ção) .

Principais características do IPC02

O inquérito de base do IPC02 é o Inquérito aosOrçamentos Familiares de âmbito nacional e comrepresentatividade regional (NUTS II), realizadoem 2000 a cerca de 10 000 agregados. Com baseneste inquérito foi definida a estrutura de consu-mo para o painel de bens e serviços do IPC cor-respondente às transacções realizadas no Territó-rio Económico pela totalidade das famílias resi-dentes, e que tenham por base uma contrapartidamonetária. Os preços de referência são os preçosmédios de 2002. A estrutura da amostra a nível decentros geográficos, estabelecimentos, produtos(variedades elementares) e número de preços ob-servados é apresentada no Quadro 3. Cerca de75% (616) das 812 variedades que integram opainel nacional são comuns às 7 regiões NUTS II.

A distribuição da amostra nacional para as varie-dades e número de preços observados em cadauma das classes de despesa que integram o IPCNacional é apresentada no Quadro 4.

Quadro 3 – Estrutura da Amostra

Regiões Centros geográficos Variedades Estabelecimentos 19 PreçosNorte 10 725 4054 26920Centro 7 721 2105 15840Lisboa e Vale do Tejo 10 732 4031 26795Alentejo 6 720 1048 9368Algarve 4 717 737 7065Região Autónoma dos Açores 3 718 472 4600Região Autónoma da Madeira 1 688 277 2561Nacional 41 812 12724 93149

Quadro 4 – Distribuição das variedades e preços por classe de despesa COICOP

Classe Variedades Preçosobservados

Preços observa-dos por variedade

01 Alimentação e bebidas não alcoólicas 250 38421 153.702 Bebidas alcoólicas e tabaco 26 2899 111.503 Vestuário e calçado 77 10934 142.004 Habitação, água, gás e outros combustíveis 31 2253 72.705 Acessórios para o lar, equipamento doméstico e manutenção corrente da habitação 84 11778 140.206 Saúde 99 4492 45.407 Transportes 87 3687 42.408 Comunicações 14 1509 107.809 Lazer, recreação e cultura 75 7470 99.610 Educação 7 315 45.011 Restaurantes e hotéis 17 2139 125.812 Bens e serviços diversos 45 7252 161.200 Total 812 93149 114.7

19 Excluem-se da amostra os alojamentos de arrendamento efectivo (cerca de 5700 a nível nacional, traduzindo igual número depreços). Incluindo as rendas são observados cerca de 99 000 preços.

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Índice de Preços no Consumidor Base 2002 - Nota Metodológica 8

O resultado do indicador deverá reflectir a evolu-ção dos preços médios mensais, o que determinaa periodicidade a respeitar na observação dospreços. A periodicidade de observação dos preçosé definida, de modo a respeitar aquele requisito,em função das características dos diferentes bense serviços que integram o painel do IPC. Destemodo, os produtos alimentares não transformados- legumes, frutas e peixe - cuja volatilidade dospreços poderá ser acentuada, estão sujeitos a trêsobservações mensais; produtos que, no curto pra-zo, apresentam oscilações marginais nos preçossão observados trimestralmente recorrendo a umprocesso de rotação da amostra dentro de cadatrimestre a nível dos centros geográficos de re-colha 20; e um pequeno número de bens e serviçosque tradicionalmente sofrem uma única actualiza-ção de preço no ano civil, é observado com perio-dicidade anual. Para as restantes variedades queintegram o painel do IPC é adoptada a periodici-dade mensal para a observação dos preços(Quadro 5).

O IPC02 integra 9 séries principais: um índicenacional, um índice do continente e sete índicesregionais a nível NUTS II 21. Cada uma das sériesprincipais é constituída por 330 sub-séries deacordo com a nomenclatura COICOP adoptada:12 classes, 43 grupos, 99 subgrupos e 176 sub-subgrupos (Quadro 6).

A selecção de produtos e a estrutura de pondera-ções do painel, utilizada na agregação dos índiceselementares, é estabelecida ao nível da variedadetendo por base os coeficientes orçamentais 22 ob-tidos do Inquérito aos Orçamentos Familiares. Noentanto, nem todos os produtos ou variedadesidentificados na Despesa de Consumo da Famíliasintegram o painel do índice. A sua inclusão é de-terminada por dois critérios:(i) possuir um valor significativo a nível de co-

eficiente orçamental, isto é, acima de umlimiar de 0,001%, ou

(ii) garantir a compilação de índices ao nível desub-subgrupo.

20 O critério de observação trimestral dos preços através deuma rotação da amostra pode originar alguma perda de preci-são na amplitude das variações mensais, introduzindo algumdesfasamento se num determinado mês se registarem fortesvariações no ritmo de crescimento dos preços. Todavia, mes-mo nesta situação específica o método adoptado não introduzqualquer distorção ao nível da tendência de evolução especi-almente se medida sobre valores trimestrais.21 Com este índice é suspensa a compilação da série relativa aoÍndice de Preços no Consumidor da cidade de Lisboa.22 O coeficiente orçamental para um determinado produtonuma região específica é definido pelo ratio entre a despesade consumo privado nesse produto realizada na referida regiãoe a despesa total em bens e serviços a nível nacional.

A despesa em bens e serviços não seleccionadospela aplicação dos critérios anteriores, é imputa-da através de dois métodos:(i) de forma directa atribuindo-a a determinado

produto com características similares que te-nha sido seleccionado para o painel, ou

(ii) através da distribuição proporcional do seupeso aos produtos seleccionados no mesmosub-subgrupo 23.

Assume-se como hipótese que os produtos nãoincluídos no painel e cujos pesos foram imputa-dos, terão um comportamento dos preços coinci-dente com aqueles a que foram associados. Naconstrução do esquema de ponderações do IPC02,as imputações realizadas correspondem a cerca de25% da despesa total, sendo 14% resultante deimputação directa e os restantes 11% correspon-dentes a imputação indirecta. A informação doInquérito aos Orçamentos Familiares é aindacombinada com outros dados exógenos para obterdesagregações mais detalhadas a nível de varie-dades e introduzir ajustamentos no esquema deponderações, nomeadamente:(i) dados das vendas de tabaco por marcas,(ii) resultados dos Censos 2001 relativos ao

mercado de arrendamento de habitação,(iii) vendas de combustíveis por tipo,(iv) informação sobre o mercado de produtos

farmacêuticos, sobre os actos médicos emeios de diagnóstico,

(v) dados sobre as vendas de veículos por classede cilindrada e marca,

(vi) informação sobre tráfego em lanços de auto-estradas,

(vii) informação relativa às comunicações redefixa e rede móvel,

(viii) dados sobre alunos matriculados nos estabe-lecimentos de ensino, e

(ix) informação relativa à actividade seguradorados ramos não-vida.

Os ponderadores derivados do IOF são actualiza-dos a preços médios de 2002, de modo a obterconsistência com a transformação da fórmulaLaspeyres original em que os coeficientes orça-mentais passam a ponderar os índices elementaresde variedades 24.O modelo de ponderação (Quadro 7) adoptadonesta nova série do IPC introduz uma modifica-ção face às duas séries anteriores: IPC91 e IPC97.Com efeito, nestas séries os ponderadores regio-nais eram construídos de forma independente porreferência à Despesa Total da região. Assim, uti-lizavam-se coeficientes de despesa fixos para

23 Em geral este tipo de imputação aplica-se a níveis elementa-res não discriminados da nomenclatura COICOP (e. g. “Ou-tros livros n. d.”) os quais assumem um valor residual.24 Ver fórmula (1’) na página 10. Assume-se, deste modo, aestabilidade nas quantidades consumidas entre o momento dereferência da despesa e o período base do índice.

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Índice de Preços no Consumidor Base 2002 - Nota Metodológica 9

obter o índice e os sub-índices nacionais a partirda agregação dos resultados regionais. Na sérieque agora se inicia, o modelo de ponderação refe-rencia cada item (variedade numa dada região) dopainel à despesa total nacional, resultando emdiferentes coeficientes de despesa regionais ao

nível dos sub-índices. Os dois métodos apenassão equivalentes na determinação dos coeficientesde despesa regionais ao nível IPC total. Resulta,no entanto, desta alteração metodológica umamaior precisão dos sub-índices nacionais (grupo,subgrupo e sub-subgrupo).

Quadro 5 – Distribuição das variedades segundo a periodicidade de observação de preços

PeriodicidadeClasse COICOPInferior a mensal Mensal Trimestral Anual

01 Alimentação e bebidas não alcoólicas 73 177 - -02 Bebidas alcoólicas e tabaco - 26 - -03 Vestuário e calçado - - 77 -04 Habitação, água, gás e outros combustíveis - 15 15 105 Acessórios para o lar, equipamento doméstico e manutenção corrente da habitação - 22 61 106 Saúde - 99 - -07 Transportes - 10 75 208 Comunicações - 11 3 009 Lazer, recreação e cultura - 9 63 310 Educação - - 7 -11 Restaurantes e hotéis - 13 3 112 Bens e serviços diversos - - 44 100 Total 73 382 348 9

Quadro 6 – Estrutura dos sub-índices

Classe COICOP Grupos Subgrupos Sub-subgrupos01 Alimentação e bebidas não alcoólicas 2 11 6002 Bebidas alcoólicas e tabaco 2 4 703 Vestuário e calçado 2 6 1004 Habitação, água, gás e outros combustíveis 4 9 1005 Acessórios para o lar, equipamento doméstico e manutenção corrente da habitação 6 12 2106 Saúde 3 7 907 Transportes 3 13 1608 Comunicações 3 3 309 Lazer, recreação e cultura 6 17 2010 Educação 4 4 411 Restaurantes e hotéis 2 3 412 Bens e serviços diversos 6 10 1200 Total 43 99 176

Quadro 7 – Estrutura da Despesa de Consumo das Famílias nacional e por região NUTS II

Regiões NUTS IIClasseCOICOP Norte Centro Lisboa e

Vale do Tejo Alentejo Algarve RA Açores RA Madeira Nacional

01 685,6 301,9 781,6 96,6 70,3 42,2 29,9 2008,102 118,5 36,0 108,9 14,8 12,2 7,0 4,3 301,703 254,2 105,8 259,9 32,5 24,3 11,4 8,4 696,504 321,6 175,0 405,7 37,3 26,0 21,1 16,2 1002,905 283,3 140,1 300,4 33,7 20,3 15,6 12,1 805,506 163,0 94,6 239,5 25,5 20,9 11,0 9,7 564,207 639,8 328,5 739,4 84,2 57,2 31,5 32,4 1913,008 105,4 51,6 144,5 18,6 11,7 6,3 5,8 343,909 156,8 77,7 220,0 15,7 15,2 9,4 6,1 500,910 46,5 15,2 77,9 4,1 3,6 1,2 1,7 150,211 338,2 154,4 477,1 43,5 44,2 9,1 12,5 1079,012 211,6 91,5 268,3 23,9 22,1 10,2 6,5 634,1

Total 3324,4 1572,5 4023,3 430,4 327,9 176,0 145,5 10000,0

Formulação e cálculo do índice

Definição geral do ÍndiceO IPC define-se como um índice de tipo Las-peyres, isto é, um indicador da variação dos pre-

ços de um painel de produtos 25 transaccionadosno mercado nacional, assumindo quantidades equalidade constantes. O indicador correspondedeste modo ao ratio entre o custo de aquisição deum conjunto de itens de qualidade constante e em 25 Trata-se de um cabaz de bens e serviços adquiridos por umconsumidor final padrão que representa em média o conjuntodas transacções monetárias (Despesa de Consumo Final) reali-zadas no Território Económico pelas famílias residentes.

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Índice de Preços no Consumidor Base 2002 - Nota Metodológica 10

quantidade fixa em dois momentos diferentes notempo. Designando por 0

tI o índice em que t cor-responde ao momento a comparar e 0 ao mo-mento de referência, considerado igualmente operíodo base do índice, tem-se:

0

00 0

i itt i

i ii

Q pI

Q p=

∑∑

(1)

em que:pit corresponde ao preço do i-ésimo item no

período a comparar tpi0 corresponde ao preço do i-ésimo item no

período de referência 0

Qi0 corresponde às quantidades do i-ésimoitem da despesa realizada no período dereferência 0

Esta formulação corresponde à utilizada para acompilação de um índice agregativo de preçosLaspeyres. De modo a simplificar o cálculo éutilizada uma transformação da fórmula original:

00

00

iti

it i

ii

pw p

Iw

=∑∑

(1’)

em que:wi0

corresponde peso da despesa (coeficienteorçamental) do i-ésimo item na despesatotal realizada no período de referência 0

e, pQw ii

ii

i 000 ∑=∑ é a despesa total realizada no

período de referência 0.

Decorre da fórmula transformada (1’) que o índicecorresponde a uma agregação ponderada dos ín-

dices elementares pp

i

it

0

calculados para cada item i

(variedade) que integra o painel.

Cálculo do Índice mensalO cálculo do índice mensal nacional é realizadode forma etápica a partir dos preços observados,passando pelas seguintes fases:(i) cálculo de preços médios regionais,(ii) cálculo dos índices elementares de varieda-

des a nível regional, e(iii) agregação para os sub-índices e índice total

regionais, e(iv) agregação para os sub-índices e índice total

nacional.

O preço médio regional itr p resulta de uma mé-dia ponderada dos preços dos centros geográficosseleccionados na região. O preço médio de centroé obtido a partir de uma média dos preços obser-vados nos estabelecimentos seleccionados norespectivo centro:

,it itcr c

c c rp pπ

= ∑ (2)

em que cπ representa o ponderador do centro

geográfico c e itcp o preço médio da i-ésimo vari-edade do painel do índice calculado para o res-pectivo centro. Este valor é obtido a partir da mé-dia geométrica dos preços itnp observados em nestabelecimentos pertencentes ao centro c:

1

,( ) n

itc itnn n c

p p∈

= ∏ (3)

Os índices elementares para a i-ésima variedadesão calculados para o nível região e posterior-mente para o nível nacional. A nível de região, oíndice elementar corresponde ao resultado dacomparação entre os preços médios regionais nomês t e período base.O índice regional da variedade elementar i,

0,t

ir I , define-se como:

0,0

itt rir

ir

pI

p= (4)

O índice nacional da variedade elementar i resultada agregação dos respectivos índices regionais:

0,

0,

tiir r

t riN

irr

II

δ

δ

⋅=

∑∑

(5)

em que irδ representa o coeficiente orçamentaldo item i na região r por referência à despesa totalnacional.O índice de um determinado agregado k, sub-subgrupo, subgrupo, grupo, classe e total, define-se para a região r como:

0,,

0,

,

tiir r

i i ktkr

iri i k

II

δ

δ∈

⋅=

∑∑

(6)

e a nível nacional, a partir dos sub-índices nacio-nais de variedade, como:

0,,

0,

,

tiN iN

i i ktkN

iNi i k

w II

w∈

⋅=

∑∑

(7)

com iN irr

w δ= ∑

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Índice de Preços no Consumidor Base 2002 - Nota Metodológica 11

ou, a partir dos índices regionais de variedadecomo:

0,,

0,

,

tkiN ir r

i i k rtkN

iN iri i k r

w II

w

δ

δ∈

⋅=

∑ ∑∑ ∑

(7’)

A Figura 1 apresenta de forma esquemática asdiferentes etapas de cálculo do índice com basenos preços observados a nível regional.

Figura 1 - Fases do cálculo do Índice de Preços no Consumidor

A utilização de um índice encadeadoExistem duas formas de abordagem à comparaçãoentre dois períodos através da utilização de núme-ros índice: o método tradicional designado porcomparação directa e o processo de encadea-mento. O primeiro consiste na comparação entredois períodos 0 e t, sendo estes considerados iso-ladamente. O segundo método toma em linha deconta todos os períodos intercalares 1, 2, …, t-1para a comparação entre os dois momentos 0 e t.Deste modo, para além dos dois momentos decomparação, toda a série temporal intermédia depreços e quantidades é relevante para a compila-ção do índice de preços.Um índice encadeado corresponde assim a umamedida dos efeitos acumulados de sucessivosperíodos entre a base e o momento t. O SNA93 26 eSEC95 27 recomendam a utilização de índices en-cadeados. A nível europeu, os índices encadeados 26 System of National Accounts, 1993, ONU.27 Sistema Europeu de Contas Nacionais e Regionais, 1995,EUROSTAT, Comissão Europeia.

têm vindo a ser utilizados há largos anos, desi-gnadamente na França, Reino Unido e Suécia.Recentemente a Holanda e a Espanha, adoptaramigualmente esta metodologia. Existe assim ummovimento de transferência dos tradicionais índi-ces de comparação directa para o método de en-cadeamento.

Com o IPC02 inicia-se a utilização de um processode encadeamento anual dos índices, isto é, o índi-ce de um determinado mês corresponde ao resul-tado do encadeamento das séries anuais de índi-ces mensais segundo a fórmula de Laspeyres etendo por base intercalar o mês de Dezembro doano precedente.Assim, o índice para o mês de Abril de 2005 combase 100 em 2002 corresponderá ao encadea-mento (produto) de dois índices: o índice de Abrilde 2005 com base 100 em Dezembro de 2004 e oíndice de Dezembro de 2004 com base 100 em2002.

Cálculo dos preços médios doscentros por variedade

Média geométrica dos preços de variedade ob-servados no centro (3)

Cálculo dos preços médios regionaispor variedade

Média aritmética ponderada por coeficientes populacionaisdos preços de variedade observados no centro (2)

Cálculo dos índices elementaresregionais por variedade

Ratio entre o preço médio regional no momento t e o mo-mento de referência 0 (período base) (4)

Cálculo dos índices regionais paraagregados

Agregação na região dos índices elementares regionais das varie-dades que integram o agregado ponderados pelos coeficientesorçamentais (6)

Cálculo dos índices nacionais paraagregados

Agregação nacional dos índices elementares regionais ou dosíndices elementares nacionais das variedades que integram oagregado ponderados pelos coeficientes orçamentais (7) (7’)

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Índice de Preços no Consumidor Base 2002 - Nota Metodológica 12

Generalizando:, , 12, 1

0 12, 1 0m y m y y

yI I I −−= ⋅ (8)

ou,, 12, 1 12,2 12,1, (....)12, 1 12, 2 12,1 00

m y ym yy yI I I II −

⋅− −= ⋅ ⋅ ⋅ (8’)

Este procedimento de cálculo permite que a sériede índices mensais de um determinado períodoanual seja considerada de forma independente.Deste modo, actualizações do painel de produtose variedades observadas, alargamento da cobertu-ra e do âmbito, alterações metodológicas nas fór-mulas de cálculo dos agregados elementares, alte-rações à periodicidade de observação dos preços,entre outras modificações, podem ser introduzidasno início de cada ano, conduzindo a um aperfei-çoamento contínuo do indicador pela capacidadedeste se ajustar com facilidade às mudanças darealidade em análise.

Secção 3. O IHPC como indicador de-rivado do IPC

IntroduçãoIHPC é produzido mensalmente utilizando umametodologia harmonizada. O desenvolvimentodesta metodologia processou-se ao longo da últi-ma década sob a direcção do EUROSTAT, com aparticipação dos Estados-membros. O objectivodeste indicador é o de medir a inflação a partir deum índice de preços no consumidor compiladonuma base comparável, tomando em conta dife-rentes definições nacionais 28. O IHPC correspon-de a um índice de preços tipo Laspeyres cujo cál-culo é baseado nos preços dos produtos ofereci-dos no mercado de bens e serviços referenciadoao Território Económico do Estado-membro, eadquiridos por unidades presentes nesse Territó-rio com o objectivo de satisfação directa das suasnecessidades de consumo. De acordo com esteconceito e por referência ao SEC95, o âmbito doIHPC corresponde à noção de “Despesa Monetá-ria de Consumo Final das Famílias” 29. A cobertu-ra do IHPC, é assim definida pelo conjunto dosbens e serviços que se incluem na despesa mone-tária de consumo final das famílias. Esta despesaestá desagregada de acordo com as categorias esubcategorias da COICOP/IHPC 30 e define-se

28 Regulamentos (CE) n.º 2494/95 de 23 de Outubro e n.º1749/96 de 9 de Setembro, do Conselho, relativos aos ÍndicesHarmonizados de Preços no Consumidor.29 Regulamentos (CE) n.º 1687/98 e n.º 1688/98 de 20 deJulho, do Conselho, relativos à cobertura de bens e serviçosgeográfica e demográfica do Índice Harmonizado de Preçosno Consumidor.30 Classification Of Individual COnsumption by Purpose,adaptada ao IHPC. Regulamentos (CE) n.º 2214/96 de 20 deNovembro e n.º 1749/99 de 23 de Julho, do Conselho, relati-vos à transmissão e divulgação dos sub-índices do ÍndiceHarmonizado de Preços no Consumidor.

como a parcela do consumo final que respeita emsimultâneo as seguintes condições:(i) é realizada pelas famílias independentemente

da sua nacionalidade ou estatuto de residên-cia,

(ii) tem como contrapartida uma transacção mo-netária,

(iii) efectua-se no Território Económico do Esta-do-membro,

(iv) incide sobre bens e serviços que são utiliza-dos na satisfação directa de necessidades in-dividuais, e

(v) é comparável em ambos os momentos deanálise.

Os preços utilizados no cálculo do IHPC são ospreços suportados pelas famílias na aquisição debens e serviços individuais baseados em transac-ções monetárias. Estes preços, “preços de aquisi-ção”, correspondem, à semelhança do que aconte-ce no IPC, ao preço de mercado que o adquirenteefectivamente paga no momento de aquisição e:(i) inclui todos os impostos indirectos líquidos

de subsídios sobre os produtos,(ii) inclui reduções e descontos desde que de

aplicação generalizada aos consumidores, e(iii) exclui juros e outros custos associados à

aquisição a crédito.

As ponderações utilizadas no IHPC ao nível dascategorias e subcategorias da COICOP, são cal-culadas por referência à despesa agregada cobertapelo índice, sendo expressas em permilagem.

IHPC e IPC nacionalO diferente âmbito de população dos dois indica-dores determina estruturas de ponderação diferen-ciadas. Na verdade o IHPC corresponde a uma“extensão” do índice nacional para incluir as des-pesas de não residentes, presentes no TerritórioEconómico, que não são contempladas no índicenacional. Por outro lado, a cobertura de bens eserviços dos dois índices é praticamente a mesma:excluí-se do IHPC o subgrupo de despesa final“Jogos e Apostas” que é contemplado no índicenacional. O esquema de ponderações do IHPCresulta assim da estrutura de ponderadores do IPCnacional complementada por uma estimativa dadespesa final de não residentes no Território Eco-nómico obtida com base na informação das Con-tas Nacionais portuguesas e do Inquérito aosGastos de não Residentes, realizado pelo INE.

De acordo com a informação mais recente dispo-nibilizada pelas Contas Nacionais (resultadosprovisórios para 2001) a despesa de não residen-tes no Território Económico representa cerca de8,3% da despesa de consumo final realizada anível interno. O Inquérito aos Gastos de não Re-sidentes de 2000 permite a estimativa daquela

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despesa global por categorias e subcategorias daCOICOP/IHPC. As estruturas do IPC e IHPC a

preços médios de 2002 são apresentadas noQuadro 8.

Quadro 8 – Comparação entre as estruturas de ponderação do IPC e IHPC (preços médios de 2002 31)

IHPCClasse COICOP IPC

residentesnão resi-dentes

total

01 Alimentação e bebidas não alcoólicas 200.8 184.4 4.7 189.102 Bebidas alcoólicas e tabaco 30.2 27.7 1.9 29.603 Vestuário e calçado 69.6 63.9 2.7 66.704 Habitação, água, gás e outros combustíveis 100.3 92.1 0.0 92.105 Acessórios para o lar, equipamento doméstico e manutenção corrente da habitação 80.5 74.0 3.5 77.406 Saúde 56.4 51.8 0.2 52.007 Transportes 191.3 175.6 8.0 183.608 Comunicações 34.4 31.6 0.8 32.309 Lazer, recreação e cultura 50.1 44.4 4.4 48.910 Educação 15.0 13.8 0.0 13.811 Restaurantes e hotéis 107.9 99.1 55.2 154.312 Bens e serviços diversos 63.4 58.2 2.0 60.200 Total 1000.0 916.6 83.4 1000,0

31 Tratando-se de um índice encadeado, o cálculo do IHPC em 2003, utiliza um esquema de ponderações a preços de Dezembrode 2002.

O cálculo do IHPCA compilação do IHPC utiliza como input os ín-dices do IPC nacional ao nível elementar que sãoagregados para as diferentes categorias e subcate-gorias (sub-índices) de acordo com o esquema deponderações respeitante à cobertura de bens eserviços, geográfica e demográfica do indicador.

O IHPC tem como base os preços médios de1996, e utiliza no seu cálculo a fórmula de umíndice encadeado tipo Laspeyres. O encadea-mento é realizado anualmente utilizando o mês deDezembro do ano precedente .

O IHPC do agregado k no mês m do ano y define-se a partir dos índices nacionais (IPC) para os iitens elementares que integram aquele agregado,como:

( )( )

1,12 1,12 1,12, , , ,,

96 96, , , 1,121,12 1,12, ,

,

y y yr i nr i i y mi i k

k y m k yy yr i nr i

i i k

w w IIHPC IHPC

w w

− − −∈

−− −

+= ⋅

+

∑∑

(9)

em que:

96 , ,k y mIHPC corresponde ao Índice Harmonizado de Preços no Consumidor para o agregado k no mêsm do ano y com base em 1996.

96 , 1,12k yIHPC −corresponde ao Índice Harmonizado de Preços no Consumidor para o agregado k no mêsde ligação Dezembro (m=12) do ano precedente a y (y-1) com base em 1996.

1,12 , ,y i y mI−

corresponde ao Índice de Preços no Consumidor do item i no mês m do ano y com base emDezembro do ano precedente ( 1,12 , 1,12y i y

I− − =100).

1,12 ,y r iw−

representa a proporção da despesa no item i no total da despesa de consumo final realizadano Território Económico por famílias residentes, a preços de Dezembro do ano y-1.

1,12 ,y nr iw−

representa a proporção da despesa no item i no total da despesa de consumo final realizadano Território Económico por famílias não residentes, a preços de Dezembro do ano y-1.

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Secção 4. Aspectos específicos nocálculo do IPC e do IHPC

IntroduçãoDo ponto de vista metodológico, não existemdiferenças assinaláveis entre os dois indicadoresIPC e IHPC. Com efeito, como se refere na sec-ção anterior, os resultados a nível elementar doprimeiro acabam por constituir um input para oIHPC, resultando as diferenças entre os resultadosdos dois indicadores, da estrutura do consumo dereferência, que no caso do IHPC inclui o consu-mo de não residentes.Deste modo, a aplicabilidade dos Regulamentos eRecomendações produzidas no quadro do proces-so de harmonização europeu é extensiva ao indi-cador nacional.

Nos pontos seguintes são abordados alguns dostratamentos específicos utilizados na compilaçãodo indicador nacional, na sua maioria resultantesda aplicação daquela legislação comunitária.

SegurosEm sintonia com o conceito de “Despesa Monetá-ria de Consumo Final das Famílias”, o índiceadopta no caso do produto seguros o “conceitolíquido”. Este método permite reflectir no indica-dor global a medida da variação dos preços efec-tivamente suportados pelo consumidor e que cor-respondem ao valor que é pago pelo serviço deredistribuição do risco (taxa de serviço) efectuadopela companhia de seguros. Assim e para umadeterminada apólice, um consumidor suporta umprémio fixado em função da cobertura, do qualuma parte corresponde à contribuição para umfundo cuja função é a de reembolsar danos ouperdas. A companhia de seguros, a partir da tota-lidade dos fundos recebidos, realiza aplicaçõesfinanceiras e reembolsa os indivíduos que sãoafectados pela ocorrência de danos ou perdas.Estes pagamentos (indemnizações) realizadospelas seguradoras, relativos por exemplo à repa-ração ou substituição de bens, fazem parte dorendimento disponível das famílias 32.

A adopção do “conceito líquido” elimina a possi-bilidade de dupla contabilização 33 e assegura queo indicador represente em sub-índices específicos,a variação dos preços quer do serviço de seguros,quer da reparação e substituição de bens duráveis

32 SEC95.33 Para os casos em que o Inquérito às Despesas das Famíliascobra quer a totalidade dos prémios quer a despesa financiadapelas indemnizações.

cobertos pela apólice (e. g. veículos34, equipa-mentos domésticos).O Regulamento (CE) n.º 1617/99 de 23 de Julhoestabelece as normas mínimas de qualidade parao tratamento dos seguros no Índice Harmonizadode Preços no Consumidor.

Ponderadores dos segurosDe acordo com este Regulamento os ponderado-res a considerar no índice deverão reflectir o valorda taxa de serviço determinada implicitamente daseguinte forma:

(+) Prémios brutos de seguro 35

(+) Prémios suplementares 36

(-) Indemnizações 37

(-) Variação das reservas actuariais 38

= Taxa de serviço

Preços dos segurosO “conceito líquido” não é aplicável a nível ele-mentar da recolha de preços seja pela dificuldadede definir a taxa de serviço de uma apólice parti-cular, seja pela sua não disponibilidade com peri-odicidade mensal. Deste modo, para a observaçãodos preços é utilizado o prémio bruto de segurocomo proxy da taxa de serviço. Os prémios brutosou o valor de cobertura da apólice são geralmenteindexados pelos IPC ou outro tipo de índices depreços ou custos. Os prémios brutos não devemser ajustados de forma a excluir esta indexação,pelo que o efeito “indexação” deverá estar reflec-tido nos resultados do IPC.

Reduções de preçosOs preços utilizados na compilação do índicedeverão corresponder aos preços de aquisiçãoefectivamente pagos pelas famílias na compra debens e serviços individuais39. Estes preços devemincluir os impostos que incidem sobre os produtosobjecto dessa transacção, deduzidos de subsídios

34 Se, por exemplo, um veículo danificado por acidente sofreuma reparação a despesa realizada e financiada pela indemni-zação, deve ser considerada no ponderador do sub-índiceCOICOP/IHPC 07.2.3 “Manutenção e reparação de veículos” .Isto é verdadeiro mesmo se aquela despesa for paga directa-mente pela seguradora considerando-se neste caso que esta ofaz em nome do tomador da apólice.35 Montante pago pelo tomador da apólice de um seguro desti-nado a cobrir um risco específico.36 Proveitos obtidos pelas companhias de seguros em resultadode investirem as provisões técnicas; estas englobam as provi-sões para prémios não adquiridos, as provisões para sinistros eas provisões para riscos em curso.37 Montante pago pela seguradora ao tomador da apólice e aoutras partes envolvidas por prejuízos ou danos sofridos porpessoas ou bens.38 Dotações das companhias de seguros para as provisõestécnicas para riscos em curso.39 Regulamento (CE) n.º 2602/00 de 17 de Novembro relativoàs normas mínimas para o tratamento das reduções de preçosno Índice Harmonizado de Preços no Consumidor.

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e dos descontos de quantidade ou de baixa esta-ção praticados. Os preços observados são preçosde mercado que podem ser, assim, classificadosde “normais” ou “reduzidos”. Entende-se porpreço “normal” todo aquele que não está sujeito aqualquer condição ou qualificação e não descritocomo preço especial (preço de saldo, promoção,oferta significativa associada, …).Deste modo, são consideradas todas as reduçõesde preços desde que estas respeitem as seguintescondições:(i) possam ser atribuídas à aquisição de um bem

ou serviço individual,(ii) sejam acessíveis a todos os potenciais con-

sumidores sem que estes devam observarquaisquer condições especiais (não discrimi-natórias),

(iii) sejam do conhecimento do comprador nomomento em que este acorda a compra como vendedor,

(iv) possam ser reclamadas no momento de aqui-sição do produto ou num período de temposubsequente à aquisição efectiva, que per-mita considerar que tais reduções têm influ-ência significativa nas quantidades que osconsumidores estão dispostos a adquirir.

Jogos e apostasOs montantes pagos pelos consumidores em jogosde apostas e lotaria integram dois elementos: aparcela respeitante à taxa de serviço paga à enti-dade que organiza o jogo e a parcela remanes-cente destinada a financiar o pagamento dos pré-mios aos vencedores. Enquanto a primeira com-ponente corresponde à produção de um serviçoincluído na “Despesa Monetária de ConsumoFinal das Famílias”, a parcela da aposta destinadaao pagamento do prémio de jogo trata-se de umfluxo de distribuição secundária do rendimentoentre unidades do sector das Famílias com refle-xos no rendimento disponível destas unidadesinstitucionais e que se consolida para o sector noseu conjunto 40.

Neste sentido, os ponderadores considerados noIPC correspondem ao montante da despesa dasfamílias em jogos e apostas, líquido da parcela adistribuir sob a forma de prémio (taxa de serviço).As taxas de serviço incluem impostos indirectos(imposto sobre jogo).

Os preços observados correspondem ao valor deuma aposta como proxy da taxa de serviço. Comefeito, se a proporção do total das apostas a re-partir sob a forma de prémio se mantiver cons-

40 Estes montantes devem ser tratados como correspondendo atransferências entre unidades institucionais do sector das Fa-mílias.

tante, a variação daquelas será equivalente à dataxa de serviço.

Saúde, educação e protecção socialOs preços de aquisição dos bens e serviços dasaúde, educação e protecção social 41 considera-dos no cálculo do índice deverão estar de acordocom o conceito adoptado de “Despesa Monetáriade Consumo Final das Famílias”, isto é, deverãocorresponder aos montantes pagos pelos consu-midores, líquidos de reembolsos 42.

Decorre da definição adoptada para preço deaquisição, que as variações destes preços deverãoreflectir:(i) alterações nas regras que determinam esses

mesmos preços, e(ii) alterações resultantes do efeito rendimento,

se este for determinante para os reembolsos.No primeiro caso, o efeito no respectivo sub-índice é directamente resultante da observaçãodos preços praticados de acordo com as novasregras. Interessa aqui referenciar a situação parti-cular de bens públicos que tendo sido oferecidosgratuitamente, passam a ser sujeitos ao paga-mento de uma determinada taxa. Esta situaçãocorresponde ao problema particular de passagemde um preço nulo a um valor significativo 43. Aocontrário de situações de alargamento de cobertu-ra cuja introdução no índice encadeado se proces-sa no mês de ligação (Dezembro), o efeito destefenómeno deve ser contemplado no índice nopreciso mês em que ocorre. O procedimento deinclusão no índice baseia-se na abordagem doindicador como expressão do custo de um cabazfixo de bens e serviços em vez da normal médiaponderada de índices de preços elementares.A segunda situação aplica-se quando, para umdeterminado bem ou serviço, a determinação dovalor da taxa de reembolso a aplicar é feita dife-renciadamente em função do nível de rendimentodos consumidores 44. Decorre nestes casos quealterações nos níveis de rendimento, actuandosobre os montantes de reembolso, induzem auto-

41 Regulamento (CE) n.º 2166/99 de 8 de Outubro relativo àsnormas mínimas para o tratamento de produtos no sector dasaúde, da educação e da protecção social no Índice Harmoni-zado de Preços no Consumidor.42 Os reembolsos correspondem a pagamentos efectuados àsfamílias por entidades da administração pública, segurançasocial ou instituições sem fim lucrativo ao serviço das famílias(ISFLSF) na sequência directa da aquisição de bens e serviçosindividualmente especificados, inicialmente pagos pelas famí-lias. Os reembolsos excluem as indemnizações pagas às famí-lias por companhias de seguros.43 Esta situação pode ocorrer a nível de outros sub-índices:introdução de portagens, aplicação de taxas a serviços bancá-rios anteriormente prestados de forma gratuita, …44 Para o mesmo bem ou serviço, existirão assim preços deaquisição diferenciados consoante a capacidade financeira dosconsumidores expressa pelo seu rendimento disponível.

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maticamente variação nos preços de aquisição(preços líquidos de reembolsos).

Preços não observadosO cálculo do IPC é realizado com base nos preçosobservados e estimados da “amostra alvo”, defi-nindo-se esta como o conjunto dos preços de bense serviços determinados a partir da composiçãoda despesa final das famílias, das característicasdo mercado e da distribuição da população demodo a garantir os padrões adequados de fiabili-dade do indicador.Os preços estimados correspondem a preços nãoobservados da amostra alvo. De uma forma geral,o processo de estimativa utilizado para um preçonão observado num determinado mês, correspon-de a imputar a variação média mensal ocorridanas observações registadas do mesmo item, res-tringindo esta aos preços de transações ocorridasno mesmo espaço geográfico e nas mesmas for-mas de distribuição (respectivamente centro geo-gráfico e tipo de comércio).O número máximo de estimativas consecutivaspermitido para o mesmo elemento (preço) daamostra alvo é de duas, procedendo-se caso estelimite seja excedido à substituição do preço 45.

SazonalidadeDeterminados produtos observados no índice es-tão sujeitos à influência de flutuações sazonais,isto é, apresentam comportamentos quer ao níveldas quantidades, quer ao nível dos preços deter-minados pela época do ano. É o caso de certosprodutos alimentares (e. g. frutas, legumes), ves-tuário e calçado, lazer (e. g. transportes aéreos,férias organizadas).O tratamento destes produtos no quadro de umíndice tipo Laspeyres, coloca problemas conside-ráveis, atendendo ao carácter descontínuo dasquantidades oferecidas ao longo dos meses doano 46.

Para o tratamento dos produtos sazonais no índi-ce, podem ser geralmente adoptados dois tipos deprocedimento:(i) utilização de ponderadores fixos, baseados

no consumo médio anual das variedades sa-zonais, conferindo desta forma uma maior

45 Tal pode ocorrer, entre outras razões, por encerramentodefinitivo do estabelecimento, alteração do modelo e desapa-recimento do produto do mercado. Nestes casos, à segundatentativa de observação sem sucesso, é realizada, por umaquestão de segurança, a escolha de um preço de substituiçãoque será integrado na amostra alvo ao terceiro mês se a situa-ção anterior se mantiver.46 Problemas esses associados, por um lado, à inexistência,numa determinada época do ano, da variedade sazonal cujopreço é necessário recolher ou, por outro, relacionados com asflutuações significativas do preço a que estas mesmas varieda-des estão sujeitas ao longo do ano.

coerência ao nível do tratamento das varie-dades incluídas no cabaz do indicador, ou

(ii) recurso a ponderadores móveis mensais de-finidos de acordo com o padrão de consumoobtido no ano base para as variedades sazo-nais.

A abordagem seguida no IPC para o tratamentodos problemas colocados por alguns produtossazonais (como, por exemplo, as frutas e os le-gumes frescos) tem vindo a ser a da aplicação deum painel móvel mensal de variedades e o alisa-mento através de médias móveis de doze termos.Esta abordagem foi, tal como é descrito na secção1, introduzida na série IPC83. Para a nova sérieque agora se inicia, os métodos utilizados a níveldos produtos sazonais foram re-analisados, pro-cedendo-se a simulações relativamente ao seuefeito nos resultados do indicador de inflação,tendo-se concluído que o método utilizado nasanteriores séries:(i) produz um acentuado alisamento nas varia-

ções mensais 47, e(ii) “atrasa” os movimentos de aceleração ou

desaceleração da inflação anual (variaçãomédia de 12 meses 46.

Constatou-se, igualmente, que a utilização desteprocedimento não era efectuado através de umcritério uniforme, introduzindo, desta forma, al-guma “assimetria” na abordagem a esta questão,uma vez que outras variedades cujo carácter sa-zonal é, também ele, marcadamente acentuado(como, por exemplo, artigos de vestuário e algunsprodutos do mar) não eram objecto de tratamentoespecial no índice.

Em resultado desta análise, a opção a tomar nanova série seria entre o esquema de “ponderaçõesfixas” ou “ponderações móveis”, ambas sem ali-samento. A comparação entre estes dois métodosnão revelou diferenças significativas nos resulta-dos obtidos quer ao nível da tendência das varia-ções homólogas, quer quanto à taxa de inflaçãoanual. Neste sentido, adoptou-se na actual sérieum tratamento para as frutas e legumes, similaraos restantes itens que integram o índice e queconsiste na abordagem “ponderadores fixos” ba-seados no consumo médio anual e na manutençãodo último preço observado nos meses de ausênciada variedade no mercado.

Ajustamentos de QualidadeO termo “qualidade” está associado à representa-ção do conjunto de características de uma varie-dade (especificações) que determinam o seu nívelde utilidade para o consumidor. A alteração de

47 O índice mensal calculado resultante do tratamento nasanteriores séries corresponde a uma média móvel de 12 índi-ces calculados face ao mês homólogo.

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qualidade verifica-se sempre que, ocorrendo mu-dança nas características da variedade inicial-mente escolhida para a observação dos preços,existe uma significativa diferença na utilidadeproporcionada ao consumidor. Está-se neste caso,perante a substituição na amostra inicial, de umavariedade que desaparece do mercado por umanova ou perante a introdução de um novo modeloda mesma variedade. A diferença de preços pode,se significativa, expressar em simultâneo a dife-rença de características e a "pura" diferença depreços. Tome-se, por exemplo, a substituição,numa determinada variedade de lâmpada, do mo-delo existente por um novo modelo com diferen-tes características a nível de vida útil e luminosi-dade proporcionada:

Preço CaracterísticasVariedade “lâmpadaincandescente” t-1 t Duração Lumen

Modelo A 0.70 - 1000 1300Modelo B - 1.70 2000 1560

Ajustamentos ao preço em t

Duração Lumen Duração e LumenModelo B 0.850 1.417 0.708

O preço do modelo B é superior em 142.9% ao domodelo A (comparação directa). Esta diferençatêm implícita a diferença de características entreos dois modelos, características essas que se as-sumem como variáveis determinantes para o pre-ço (duração e grau de luminosidade). O ajusta-mento do preço tem em conta a maior longevida-de oferecida pelo modelo B (duas vezes mais) e onível de luminosidade proporcionado, superiorem 20% no novo modelo. No conjunto, corres-ponde ao factor 2.4 incluído na razão directa(2.429) entre os preços dos dois modelos e que éatribuído à diferença de características. Assim, opreço final a considerar deverá apresentar umavariação mensal de 1.2% ao contrário dos 142.9%resultantes da comparação directa. Para o exem-plo apresentado, tem-se:

1 2

1 21 1

'B BB Bt tA AA At t

p pc cp pc c− −

= ⋅ ⋅

(10)

em que:

1

BtAt

pp −

corresponde à comparação directa dospreços entre o modelo B (de substi-tuição) em t e modelo A (substituído)em t –1.

1 2

1 2

B B

A Ac cc c

⋅corresponde à diferença entre as ca-racterísticas físicas dos modelos B eA.

1'Bp representa o preço do modelo B ajus-

tado da diferença entre as característi-cas deste modelo e o modelo A 48

O preço do modelo B após ajustamento de quali-

dade - 'tBp - deriva-se de (11) através da aplicaçãode um factor ao preço corrente observado equi-valente ao valor atribuído à alteração de qualida-de:

1 2

1 2'

A AB Bt t B B

c cp pc c

= ⋅ ⋅

(10’)

Na prática, o processo de correcção aplica-se aopreço base (aumento ou diminuição) por um fac-tor equivalente ao da diferença de qualidade 49.No exemplo apresentado e supondo que o preçobase p0 do modelo A era 0.62, este seria ajustado(incrementado) pelo factor 2.4 correspondente àdiferença de qualidade calculada para os dois

modelos. O preço 0'Bp a considerar para o cál-culo do índice no período 0, desta variedade seriade 1.488 e o índice obtido em t a partir do preçoobservado para o modelo B seria de 114.25 (quecomparava com o índice de 112.90 em t-1 obtidocom base no preço observado para o modelo A eo preço base 0.62). Ou seja:

1 20 0

1 2'

B BB A

A Ac cp pc c

= ⋅ ⋅

(10’’)

Os procedimentos a adoptar a nível dos ajusta-mentos de qualidade são estabelecidos a nívelcentral e executados quer a nível central, quer anível regional com base em informação quantita-tiva e qualitativa associada à recolha de preços.Em geral os métodos de ajustamento utilizadospodem ser classificados em duas grandes catego-rias:(i) ajustamentos implícitos, e(ii) ajustamentos explícitos.

No primeiro grupo, incluem-se técnicas de avali-ação indirecta das alterações de qualidade basea-das em informação endógena (imputação pelamédia, comparação entre os níveis de preços ob-servados para o novo item e o substituído, enca-deamento sem variação preço, …)O segundo grupo de técnicas de ajustamento qua-lidade é baseado em estimativas explícitas, recor-

48 Corresponde a comparar com o preço do modelo A, umpreço do modelo B estimado em qualidade constante, isto écaracterísticas similares às oferecidas pelo modelo substituído.49 Com efeito, este método garante o mesmo resultado final noindicador e permite que a partir do mês t em que se introduz onovo modelo ou variedade, o cálculo do índice seja realizadocom base no preço observado sem necessidade de este sercontinuamente ajustado.

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rendo a informação exógena, da diferença dequalidade entre o antigo e o novo item de substi-tuição (custo de opção, custo de produção, méto-dos hedónicos, …).

De forma resumida, apresenta-se em seguida umadescrição de algumas das técnicas identificadasnas situações de ajustamento de qualidade.

Comparação directa de preçosA comparação directa de preços entre a varieda-de/modelo substituto e substituído assume que ofactor de “correcção” de qualidade é negligenciá-vel e portanto, a diferença total de preços é toma-da integralmente no cálculo do IPC.

10

0 1 0

n n it t tti i i

t

p p pI p p p

= = ⋅

em que 1

nt

it

pp −

corresponde à comparação directa

entre o preço da nova variedade/modelo n obser-vado em t e o preço em t-1 da variedade/modelo i,substituído.

Encadeamento sem variação preço.A técnica de encadeamento pressupõe considerara totalidade da diferença de preços entre o novoitem observado e substituído como atribuível àdiferença de características, resultando numa va-riação nula (link to show no change). Verifica-seque o valor do índice obtido em t é igual ao de t-1.

1 10 0

00 0

1

n n it t tt tn n i

i tit

p p pI Ip pp p

p

− −

= = = =⋅!

Sobreposição de observações.Esta técnica (Overlap prices) pode ser aplicadaquando é possível observar pelo menos em t-1 opreço do novo item que substitui o antigo em t.Neste caso é possível estimar de forma implícita,pela comparação entre os preços em t-1 para osdois itens (substituído e substituto), um factor quese assume como a parcela da diferença de preçosatribuível à qualidade.

10

1 1 00 0

1

n n n it t t ttn n n i

i t tit

p p p pI p p pp p

p

− −

= = = ⋅⋅!

em que 1

1

ntit

pp

corresponde ao factor de correcção

a aplicar ao preço de referência (preço base). Naverdade, este método corresponde ao encadea-mento no mês t-1, conduzindo a que a variaçãomensal de preços do novo item seja consideradanos resultados do mês t.

No caso de não ser possível observar o preço davariedade de substituição no mês anterior (t-1),pode ser utilizado o preço de uma variedade si-milar para estabelecer uma “ponte” que permita asobreposição de preços, estimando retrospectiva-mente o preço do item de substituição ou esti-mando para o mês t o preço do item substituídoobservado em t-1. Este método é designado naliteratura como “Bridged overlap prices”:

10

00 1 10

1

n n n it t t ttn n n i

i t tit

p p p pI pp p pp

p

− −

= = = ⋅

⋅! ! !

Métodos explícitosAs técnicas explícitas recorrem a informaçãoexógena:(i) método das “varáveis de referência”, cuja

aplicação pode fazer-se com base numa ouvárias variáveis fortemente correlacionadascom o preço e que poderão ser usadas paraajustar a variação mensal,

(ii) se os preços de mercado para determinadascaracterísticas que estão na base da diferençaentre modelos são conhecidos de forma iso-lada, esta informação pode ser utilizada paradeterminar a correcção da diferença de pre-ços; esta técnica é designada por método do“preço de opção”,

(iii) como variante do método anterior poder-se-ão utilizar na determinação explícita da dife-rença de qualidade, os custos de produçãodas novas características associadas ao itemde substituição, o que corresponde à técnicade ajustamento pelo “preço de produção”.

O Regulamento (CE) n.º 1749/96 de 9 de Setem-bro, estabelece no seu artigo 5º, as normas míni-mas a observar nos procedimentos de ajustamentoda qualidade, nomeadamente:(i) impede que uma alteração de qualidade seja

estimada como o total da diferença de preçosentre duas variedades 50, o que implica varia-ção nula do preço, a menos que esta estima-tiva seja justificada como adequada,

(ii) obriga a que as estimativas recorram a méto-dos objectivos e explícitos sempre que pos-sível,

(iii) e estabelece, em caso de impossibilidade deestimativa, que as variações nos preços deve-rão corresponder à diferença total do preçoentre o antigo e o novo item.

A Figura 2 esquematiza o processo etápico dedecisão a nível dos ajustamentos de qualidade noIPC.

50 Técnica conhecida como encadeamento sistemático neutra-lizando a variação preços - “link to show no change” - e quesubavalia a inflação.

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Figura 2 - Processo de decisão a nível dos ajustamentos de qualidade 51

51 Esquema adaptado de Triplett (2000)

No mês t:

Ocorreramalterações na

especificação davariedade?

Ocorreramalterações dequalidade?

A diferença dequalidade émarginal?

Existe informação exógenasobre a alteração de

características?

O preço da variedade desubstituição está disponível

pelo menos emt-1?

Não

Não - A quantidade oferecida alterou-se!

Sim

Sim

Sim Não

Sim

Utilizar ométodo Overlap

prices

Utilizar ométodo Bridgedoverlap prices

Utilizar Métodosde ajustamento

explícitos

Utilizar acomparação

directa

Aplicarajustamentosde quantidade

Não

Manter a recolha de preçospara a mesma variedade

NãoSim

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Secção 5. Política de difusão e rela-ções com os utilizadoresA difusão de resultados do Índice de Preços noConsumidor deve obedecer a um conjunto deregras e padrões de rigor, em linha com a impor-tância deste indicador no quadro do sistema deinformação estatística. Tal decorre do seu poten-cial impacto nas decisões da generalidade dosagentes económicos e da importância da sua utili-zação a nível da definição da política económica.A difusão de resultados do Índice de Preços noConsumidor deve, assim, respeitar as seguintescondições:(i) independência técnica,(ii) divulgação rápida relativamente ao momento

de referência,(iii) não discriminar o seu grau de acesso à tota-

lidade dos utilizadores,(iv) adoptar um formato claro, e(v) estar suportada por um documento metodo-

lógico.

Formas de apresentação dos resultadosA difusão de resultados do indicador é apresenta-da sobre a forma de séries temporais dos níveisrelativos ao índice total e sub-índices, sendo ain-da apresentadas as variações do IPC total e res-pectivas classes.

Os índices publicados são apresentados arredon-dados a uma casa decimal. O arredondamento aum decimal é realizado apenas ao nível de apre-sentação de resultados finais dos sub-índices eíndice total, isto é, no processo de cálculo e deagregação para níveis superiores, utilizam-sesempre os resultados intermédios com arredon-damento a mais do que um decimal. De modo aperder o mínimo de precisão, são adoptados osseguintes graus de arredondamento a nível docálculo:(i) ao nível dos resultados obtidos para preços

médios da base, preços médios de centro ede região são considerados seis decimais,

(ii) os resultados de índices elementares conside-ram quatro decimais,

(iii) os resultados de um determinado sub-índiceou do índice total são obtidos agregando osvalores de níveis inferiores considerandoquatro decimais.

As variações divulgadas e utilizadas na análise deresultados são de três tipos:(i) variação mensal ou em cadeia,(ii) variação homóloga, e(iii) variação média de 12 meses.

A variação mensal compara o nível do índice en-tre dois meses consecutivos. Embora seja um in-

dicador que permite um acompanhamento cor-rente das variações de preços, o cálculo desta taxade variação é particularmente influenciado porefeitos de natureza sazonal e outros mais específi-cos localizados num (ou em ambos) dos mesescomparados.A variação homóloga compara o nível do índicede um determinado mês do ano corrente com onível do mesmo mês do ano anterior. Esta varia-ção não é influenciada por comportamentos sazo-nais a não ser que se verifiquem alterações nopadrão habitual da sazonalidade.Finalmente, a variação média de doze mesescompara o nível do índice médio dos últimosdoze meses com o de doze meses imediatamenteanteriores. Por o seu cálculo se basear em médiasmóveis de índices, esta taxa de variação é menossensível a fenómenos pontuais e localizados quepossam afectar a variação homóloga.As taxas de variação são calculadas com base nosíndices arredondados a uma decimal e seu o re-sultado é apresentado igualmente arredondado aum decimal.

A análise mensal dos resultados baseia-se sobre-tudo na variação homóloga e respectiva tendên-cia, utilizando como informação complementar astaxas de variação mensal ao nível de determina-das componentes do indicador.

O Índice de Preços no Consumidor não é um in-dicador vocacionado para a determinação de ní-veis absolutos de preços – o seu objectivo é o demedir a evolução no tempo, dos preços de umcabaz representativo da despesa de consumo dasfamílias. A maior ou menor heterogeneidadeexistente ao nível de um item, quando considera-do no espaço nacional, retira precisão à utilizaçãoda informação de base (preços observados) nocálculo de preços médios 52. Este facto restringe aum conjunto muito restrito de produtos, as possi-bilidades de disponibilizar resultados relativos aníveis médios de preços absolutos.

Os resultados do índice são apresentados semqualquer correcção de sazonalidade (valores bru-tos).

A difusão dos resultados mensais é realizada parao índice total, sub-índices (classes, grupos e sub-grupos COICOP) e respectivas taxas de variação.São igualmente publicados, quatro agregadosespecíficos:(i) IPC total excluindo habitação,

52 Com efeito, para um determinado item é salvaguardada ahomogeneidade temporal ao nível de ponto de venda (estabe-lecimento), essencial para a precisão das variações de preços.Tal não significa que exista homogeneidade transversal quan-do se consideram as diferentes observações desse item emdiferentes estabelecimentos no espaço nacional.

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(ii) IPC total excluindo produtos alimentares nãotransformados,

(iii) IPC total excluindo produtos energéticos,(iv) IPC total excluindo produtos alimentares não

transformados e produtos energéticos.

A difusão é acompanhada de uma breve nota decomentário, que identifica as principais contribui-ções para o comportamento registado nos preços.

Acesso aos dados e confidencialidadeA disponibilização de resultados a níveis maisdetalhados é, em geral, assegurada aos utilizado-res. Trata-se de informação não incluída nas pu-blicações regulares do indicador mas cujo interes-se analítico é relevante.Todavia, é estabelecida uma fronteira quanto aograu de detalhe com que os Institutos de Estatísti-

ca podem proporcionar o acesso, por parte dosutilizadores, às bases de dados. Tal decorre de umconjunto de razões que se prendem com a confi-dencialidade da informação a nível micro. Emprimeiro lugar, os estabelecimentos que forneceminformação dos preços praticados fazem-no naassumpção de que apenas é divulgada informaçãoagregada. Por outro lado, apenas é observada umaamostra de produtos e marcas, seleccionada deforma a assegurar a representatividade do indica-dor. Ora, a divulgação desta informação colocaproblemas ao nível das regras de competitividadeno mercado, podendo ainda possibilitar o envie-samento dos resultados do índice, pela interven-ção administrativa ao nível dos preços. Nestesentido, o nível mais detalhado de acesso à in-formação (ponderadores e índices) é o de sub-subgrupo.

ReferênciasCarvalho, A. (1987), Índice de Preços no Consumidor, n.º 53 da série Estudos, Instituto Nacional de Estatística.EUROSTAT (1996), Sistema Europeu de Contas Nacionais e Regionais, Office for Official Publications of theEuropean Commission, Luxemburgo.EUROSTAT (1996), Compendium of HICP reference documents, 2/2001/B/5, Office for Official Publications ofthe European Commission, Luxemburgo.ILO (1987), Resolution concerning Consumer Price Indices, adopted by the Fourteenth International Conferenceof Labour Statisticians, International Labour Office.ILO (2002), Manual on Consumer Price Indices (draft), International Labour Office.INE (1987), Índice de Preços no Consumidor, n.º 58 da série Estudos, Instituto Nacional de Estatística.INE (1992), Índice de Preços no Consumidor, n.º 63 da série Estudos, Instituto Nacional de Estatística.INE (2001), “Alterações metodológicas na série IHPC96”, Boletins e Folhas de Informação Rápida, n.º 1, Insti-tuto Nacional de Estatística.ONU (1994), Fundamental Principles of Official Statistics, United Nations Statistical Commission.Santos, D.; Evangelista, R. (2002), “Sampling, Price Collection and Quality Adjustment Procedures Used in theCompilation of the Portuguese CPI”, artigo apresentado no 2º Workshop sobre a implementação do IHPC em paí-ses candidatos, Vilnius, Junho, Lituânia.Santos, D.; Evangelista, R. (2002), “The Use of Different Approaches for the Treatment of Seasonal Items: SomeConsiderations Based on the Portuguese Experience”, artigo apresentado no 2º Workshop sobre a implementaçãodo IHPC em países candidatos, Vilnius, Junho, Lituânia.Triplett, J. (2000), “Handbook on Quality Adjustment of Price Indexes for Information and Communication Tech-nology Products” (draft), Organisation for Economic Co-operation and Development, Paris.