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Tese apresentada à Divisão de Pós-Graduação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciência no Curso de Engenharia de Infra-Estrutura Aeronáutica, Área de Transporte Aéreo e Aeroportos Cristiani de Araújo Siqueira Navegação Aérea Segundo o Conceito CNS/ATM: Custos e Benefícios Tese aprovada em sua versão final pelos abaixo assinados: ___________________________ Prof. Dr. Protógenes Pires Porto Orientador ___________________________ Prof. Dr. Homero Santiago Maciel Chefe da Divisão de Pós-Graduação Campo Montenegro São José dos Campos, SP – Brasil 2005

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Tese apresentada à Divisão de Pós-Graduação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciência no Curso de Engenharia de Infra-Estrutura Aeronáutica, Área de Transporte Aéreo e Aeroportos

Cristiani de Araújo Siqueira

Navegação Aérea Segundo o Conceito CNS/ATM: Custos e Benefícios

Tese aprovada em sua versão final pelos abaixo assinados:

____Pro

____Prof.

Chefe

_______________________ f. Dr. Protógenes Pires Porto

Orientador

_______________________ Dr. Homero Santiago Maciel da Divisão de Pós-Graduação

Campo Montenegro o José dos Campos, SP – Brasil

2005

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Navegação Aérea Segundo o Conceito CNS/ATM:

Custos e Benefícios

Cristiani de Araújo Siqueira

Composição da Banca Examinadora:

Prof. Dr. Cláudio Jorge Pinto Alves - Presidente - ITA

Prof. Dr. Protógenes Pires Porto - Orientador - ITA

Prof. Dr. Alessandro Vinícius Marques de Oliveira - ITA

Prof. Dr. Anderson Ribeiro Correia - ITA

Prof. Dr. João Batista Camargo Júnior - USP

ITA

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Sumário

CAPÍTULO I 1

INTRODUÇÃO 1

I.1 Introdução 1

I.2 Implementação do CNS/ATM 2

I.2.1 Plano Nacional de Implementação dos Sistemas CNS/ATM 3

I.3 Motivação 5

I.4 Objetivo 6

I.5 Descrição dos Capítulos 6

CAPÍTULO II 7

NAVEGAÇÃO AÉREA SEGUNDO CNS/ATM 7

II.1 Introdução 7

II.2 Sistema Global de Navegação por Satélite 8

II.2.1 Evolução Operacional 9

II.2.2 Elementos do Sistema GNSS 10

II.2.2.1 Sistema de Aumentação Baseado em Satélites 10

II.2.2.2 Sistema de Aumentação Baseado em Solo 11

II.2.2.3 Sistema de Aumentação de Bordo 12

II.2.3 Requisitos de Desempenho do GNSS para a Navegação Aérea 12

II.2.4 GNSS no Brasil 13

II.3 Navegação de Área 14

II.4 Performance de Navegação Requerida 16

II.4.1 Tipos de RNP Praticados 17

II.4.2 Construção de Procedimentos RNAV 19

II.4.3 Sistema RNAV/RNP 19

II.4.4 RNAV e RNP no Brasil 22

II.4.4.1 Estratégia de Implementação da RNAV 22

II.4.4.2 Estratégia de Implementação da RNP 23

II.5 Redução dos Mínimos de Separação Vertical 23

II.5.1 Equipamento RVSM 24

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II.5.2 RVSM no Brasil e no Mundo 25

II.6 Resumo 26

CAPÍTULO III 29

CUSTOS E BENEFÍCIOS 29

III.1 Introdução 29

III.2 Metodologia de Análise de Custo-Benefício 30

III.2.1 Abordagem do Valor Presente Líquido 31

III.2.1.1 Período de Análise 32

III.2.1.2 Ano-Base 32

III.2.1.3 Taxa Mínima de Atratividade 32

III.2.1.4 Inflação 33

III.2.2 Análise de Viabilidade 33

III.2.3 Metodologia Adotada 34

III.3 Determinação dos Cenários Analisados 35

III.4 Cenário 1 – RNAV/RNP 5 37

III.4.1 Custos 37

III.4.1.1 Aprovação Operacional RNAV/RNP 5 38

III.4.1.2 Implantação RNAV/RNP 5 40

III.4.2 Benefícios 41

III.4.2.1 Rotas Diretas em Grande Círculo 42

III.4.2.2 Aumento da Capacidade do Espaço Aéreo 43

III.4.2.3 Redução da Vetoração Radar 44

III.4.2.4 Redução dos Impactos Ambientais 44

III.4.3 Quadro Resumo: Custos x Benefícios RNAV/RNP 5 47

III.5 Cenário 2 – RVSM 47

III.5.1 Custos 47

III.5.1.1 Aprovação Operacional RVSM 48

III.5.1.2 Implantação da RVSM 51

III.5.2 Benefícios 52

III.5.2.1 Redução da Carga de Trabalho do Controlador 53

III.5.2.2 Aumento da Capacidade do Espaço Aéreo 53

III.5.2.3 Economia de Combustível 53

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III.5.2.4 Redução da Emissão de Poluentes na Atmosfera 55

III.5.3 Quadro Resumo: Custos x Benefícios RVSM 56

III.6 Cenário 3 – GNSS Como Meio Primário de Navegação 56

III.6.1 Custos 57

III.6.1.1 Implantação do SBAS 57

III.6.1.2 Aprovação Operacional SBAS 59

III.6.2 Benefícios 59

III.6.2.1 Guiagem Vertical 60

III.6.2.2 Suporte aos Requisitos RNAV/RNP 63

III.6.2.3 Racionalização da Infra-Estrutura de Rádio-Auxílios Convencionais 64

III.6.2.4 Aplicações Marítimas e Terrestres 66

III.6.3 Quadro Resumo: Custos x Benefícios SBAS 66

III.7 Resumo 67

CAPÍTULO IV 69

ESTUDO DE CASO: IMPLANTAÇÃO DA RVSM NO ESPAÇO AÉREO BRASILEIRO - ANÁLISE CUSTO-BENEFÍCIO 69

IV.1 Introdução 69

IV.2 Cenários de Estudo 69

IV.3 Custos RVSM 71

IV.3.1 Determinação da Frota de Aeronaves “Elegíveis RVSM” 71

IV.3.2 Obtenção do Certificado de Aeronavegabilidade RVSM 73

IV.3.3 Monitoramento de Altitude 73

IV.3.4 Treinamento de Tripulantes Técnicos 76

IV.3.5 Implementação do Programa de Manutenção 76

IV.3.6 Planejamento - Custo da Simulação ATC RVSM 77

IV.3.7 Treinamento dos Controladores de Tráfego Aéreo 78

IV.3.8 Implementação da RVSM para o Provedor ATS 78

IV.4 Benefícios RVSM 78

IV.4.1 Economia de Combustível 79

IV.4.1.1 Amostra de Tráfego 79

IV.4.1.2 Determinação do Tamanho da Etapa de Vôo 80

IV.4.1.3 Base de Dados de Aeronave 81

IV.4.1.4 Peso de Decolagem 82

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IV.4.1.5 Limitação do Tempo de Cruzeiro 83

IV.4.1.6 Cenário Base: Cálculo do Consumo de Combustível 83

IV.4.1.7 Cenário RVSM: Cálculo do Consumo de Combustível 86

IV.4.2 Redução da Emissão de Poluentes na Atmosfera 89

IV.4.3 Redução da Carga de Trabalho do Controlador 90

IV.5. Análise de Custo-Benefício da Implementação da RVSM 91

IV.5.1 Custo-Benefício para os Operadores 91

IV.5.1.1 Valor Presente Líquido e Razão Custo/Benefício 92

IV.5.2 Custo-Efetividade para os Provedores ATS 96

IV.6 Resumo 97

CAPÍTULO V 99

CONCLUSÕES E COMENTÁRIOS FINAIS 99

APÊNDICES 105

APÊNDICE 1: UTILIZAÇÃO DOS AUXÍLIOS À NAVEGAÇÃO AÉREA NO BRASIL 105

APÊNDICE 2: DETERMINAÇÃO DA FROTA “ELEGÍVEL RVSM” 111

APÊNDICE 3: DETERMINAÇÃO DO PESO DE DECOLAGEM DOS VÔOS 115

ANEXOS 118

ANEXO A: CUSTOS DE AQUISIÇÃO, OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE BORDO 118

ANEXO B: CUSTO DOS BOLETINS DE SERVIÇO PARA ADEQUAÇÃO RVSM 119

ANEXO C: MODELO CARSAMMA DE MONITORAMENTO DE ALTITUDE 121

ANEXO D: FÓRMULA DE BESSELL 123

GLOSSÁRIO 124

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 125

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Índice de Figuras

FIGURA 1-1 BENEFÍCIO DA HARMONIZAÇÃO REGIONAL NA IMPLEMENTAÇÃO DO CNS/ATM. ................................ 2

FIGURA 2-1: MELHORIA DA NAVEGAÇÃO AÉREA SEGUNDO CNS/ATM................................................................... 8

FIGURA 2-2: ROTAS RNP 10 NO PACÍFICO NORTE. ................................................................................................ 19

FIGURA 2-3: FUNÇÕES DOS SISTEMAS RNAV E FMS. ........................................................................................... 20

FIGURA 2-4 ENTRADA DE DADOS DE NAVEGAÇÃO DO FMS................................................................................... 21

FIGURA 3-1 VISÃO GENÉRICA DE ABORDAGEM DO VALOR PRESENTE LÍQUIDO.................................................... 31

FIGURA 3-2: METODOLOGIA DE ACB. ................................................................................................................... 35

FIGURA 3-3: ALCANCE ESPECÍFICO EM FUNÇÃO DA MASSA E DA ALTITUDE. .......................................................... 54

FIGURA 3-4: ALTITUDE ÓTIMA DE VÔO EM FUNÇÃO DA MASSA DA AERONAVE...................................................... 54

FIGURA 3-5: PROCEDIMENTO “STEP CLIMB”. ........................................................................................................ 55

FIGURA 3-6: ACIDENTES DO TIPO CFIT X TOTAL DE ACIDENTES. .......................................................................... 62

FIGURA 3-7: FATALIDADES CAUSADAS POR ACIDENTES CFIT X FATALIDADES NA AVIAÇÃO CIVIL. ...................... 62

FIGURA 4-1: AERONAVES DE AVIAÇÃO COMERCIAL “ELEGÍVEIS RVSM”. ............................................................ 72

FIGURA 4-2: AERONAVES DE AVIAÇÃO GERAL “ELEGÍVEIS RVSM. ...................................................................... 72

FIGURA 4-3: DIAGRAMA DE CÁLCULO DO CUSTO DE MONITORAMENTO DE ALTITUDE. .......................................... 74

FIGURA 4-4: ALGORITMO ITERATIVO PARA CÁLCULO DO CONSUMO DE COMBUSTÍVEL ....................................... 85

FIGURA 4-5: SOLICITAÇÃO DOS NÍVEIS DE VÔO NOS CENÁRIOS BASE E RVSM.................................................... 87

FIGURA 4-6: RETORNO SOBRE INVESTIMENTO: AVIAÇÃO COMERCIAIS DE MÉDIO E GRANDE PORTES.................. 93

FIGURA 4-7: RETORNO SOBRE INVESTIMENTO: AVIAÇÃO GERAL.......................................................................... 94

FIGURA 4-8: RETORNO SOBRE INVESTIMENTO: C525 ............................................................................................ 95

FIGURA 4-9: RETORNO SOBRE INVESTIMENTO: LJ55 ............................................................................................. 96

FIGURA A1-1: UTILIZAÇÃO DO GNSS COMO MEIO PRIMÁRIO DE NAVEGAÇÃO AÉREA. ..................................... 107

FIGURA A1-2: SISTEMAS DE APOIO À NAVEGAÇÃO POR SATÉLITE NOS E.U.A. .................................................... 108

FIGURA A1-3: PLANO DE UTILIZAÇÃO DOS AUXÍLIOS À NAVEGAÇÃO AÉREA NA EUROPA. ................................... 109

FIGURA A2-1: DISTRIBUIÇÃO DAS AERONAVES APÓS A APLICAÇÃO DOS CRITÉRIOS 1 E 2.................................... 112

FIGURA A2-2: DISTRIBUIÇÃO DAS AERONAVES SEGUNDO A APROVAÇÃO OPERACIONAL RVSM. ....................... 114

FIGURA D-1: LEI DOS SINAIS DO PLANO CARTESIANO......................................................................................... 123

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Índice de Tabelas

TABELA 2-1: REQUISITOS DE DESEMPENHO DO GNSS PARA A NAVEGAÇÃO AÉREA............................................. 13

TABELA 2-2: UTILIZAÇÃO DO GNSS NA REGIÃO CAR/SAM. ............................................................................... 14

TABELA 2-3: TIPOS DE RNP PRATICADOS.............................................................................................................. 18

TABELA 2-4: CRONOGRAMA DE IMPLEMENTAÇÃO DA RNAV E RNP NA REGIÃO CAR/SAM............................... 22

TABELA 2-5: IMPLEMENTAÇÃO DA RVSM NO MUNDO. ......................................................................................... 26

TABELA 3-1: CENÁRIOS ANALISADOS. .................................................................................................................. 36

TABELA 3-2: QUADRO RESUMO: CUSTOS X BENEFÍCIOS RNAV/RNP 5................................................................ 47

TABELA 3-3: REQUISITOS DE MONITORAMENTO SEGUNDO O MODELO CARSAMMA. ......................................... 50

TABELA 3-4: QUADRO RESUMO: CUSTOS X BENEFÍCIOS RVSM. .......................................................................... 56

TABELA 3-5: CUSTOS E DESPESAS EVITADOS COM A IMPLEMENTAÇÃO DO SBAS. ............................................... 65

TABELA 3-6: QUADRO RESUMO: CUSTOS X BENEFÍCIOS SBAS............................................................................. 67

TABELA 4-1: CARACTERIZAÇÃO DOS CENÁRIOS BASE E RVSM. .......................................................................... 70

TABELA 4-2: CUSTO DA SIMULAÇÃO ..................................................................................................................... 77

TABELA 4-3: CUSTO DE IMPLEMENTAÇÃO RVSM PARA O PROVEDOR ATS........................................................... 78

TABELA 4-4: AERONAVES DE TRABALHO .............................................................................................................. 80

TABELA 4-5: REPARTIÇÃO DOS VÔOS DA AMOSTRA.............................................................................................. 80

TABELA 4-6: CÁLCULO DO ALCANCE ESPECÍFICO E CONSUMO DE COMBUSTÍVEL ................................................ 84

TABELA 4-7: NÍVEIS DE VÔO EM FUNÇÃO DO RUMO MAGNÉTICO - ESPAÇO AÉREO NÃO-RVSM......................... 84

TABELA 4-8: NÍVEIS DE VÔO EM FUNÇÃO DO RUMO MAGNÉTICO - ESPAÇO AÉREO RVSM................................. 86

TABELA 4-9: ECONOMIA ANUAL DE COMBUSTÍVEL - ANO 2005 (KG) ................................................................... 88

TABELA 4-10: ECONOMIA DE COMBUSTÍVEL – ANO 2005 (US$)........................................................................... 89

TABELA 4-11: REDUÇÃO DA EMISSÃO DE CO2, SO2, H2O E NOX (TON.) - PERÍODO: 2005 A 2019........................ 89

TABELA 4-12: REDUÇÃO DA CARGA DE TRABALHO DO CONTROLADOR POR AERONAVE...................................... 91

TABELA 4-13: SUMÁRIO DOS CUSTOS E BENEFÍCIOS PARA OS OPERADORES ......................................................... 92

TABELA 4-14: VALOR PRESENTE LÍQUIDO E RAZÃO CUSTO/BENEFÍCIO................................................................ 93

TABELA 4-15: C525 E LJ55 - VALOR PRESENTE LÍQUIDO E RAZÃO CUSTO/BENEFÍCIO......................................... 95

TABELA 4-16: SUMÁRIO DOS CUSTOS DA IMPLANTAÇÃO DA RVSM PARA O PROVEDOR ATS.............................. 96

TABELA A1-1: COBERTURA MÉDIA POR AUXÍLIO À NAVEGAÇÃO......................................................................... 105

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TABELA A2-1: AERONAVES COM TETO OPERACIONAL INFERIOR AO FL 290........................................................ 111

TABELA A3-1: TAXA DE OCUPAÇÃO DAS AERONAVES......................................................................................... 116

TABELA A3-2: CONFIGURAÇÃO DE PESO MÉDIO POR PASSAGEIRO E DE SUA BAGAGEM. ...................................... 116

TABELA A3-3: DISTÂNCIA DO AEROPORTO ALTERNATIVO EM FUNÇÃO DO AEROPORTO DE DESTINO. ................. 117

TABELA A-1: CUSTOS DE AQUISIÇÃO, OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE BORDO. .................. 118

TABELA B-1: CUSTO ESTIMADO DOS BOLETINS DE SERVIÇO PARA ADEQUAÇÃO RVSM.................................... 119

TABELA C-1: GRUPOS DE MONITORAMENTO DE ALTITUDE................................................................................. 121

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Resumo

O aperfeiçoamento da navegação aérea segundo o conceito CNS/ATM inclui a

implementação do Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS) como elemento

provedor de infra-estrutura de navegação e os conceitos de Navegação de Área (RNAV), de

Performance de Navegação Requerida (RNP) e da Redução dos Mínimos de Separação

Vertical (RVSM) como elementos de gestão de tráfego aéreo.

A Organização da Aviação Civil Internacional considera estes elementos como solução de

longo prazo para melhorar a eficiência e a segurança do espaço aéreo frente ao crescimento do

tráfego. Todavia implementá-los significa investir para adequar operadores e Provedores de

Serviço de Tráfego Aéreo às normas que regem a prática de tais elementos.

Neste trabalho, a implementação da RNAV, da RNP, da RVSM e do GNSS como meio

primário de navegação no espaço aéreo brasileiro são avaliadas qualitativamente. Para tanto,

os custos e benefícios operacionais e econômicos, ligados a cada elemento citado, são

investigados e contextualizados na realidade do país.

A título de estudo de caso, uma análise quantitativa de custo-benefício da implementação da

RVSM no Brasil é realizada. Os resultados obtidos foram favoráveis para a aviação

comercial, enquanto que inviáveis para a aviação geral de forma agregada. A viabilidade da

aviação geral deve portanto ser analisada caso a caso, segundo a utilização da aeronave em

questão e seus custos de aprovação operacional.

Para subsidiar as análises supracitadas, estudos específicos foram desenvolvidos e

disponibilizados nos apêndices deste volume.

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Abstract

The air navigation improvements according to the CNS/ATM concept include the Global

Navigation Satellite System (GNSS) implementation, as navigation infra-structure provider,

and the Area Navigation (RNAV), Required Navigation Performance (RNP) and Reduced

Vertical Separation Minima (RVSM) concepts as Air Traffic Management elements.

These elements are considered by the International Civil Aviation Organization as a key

feature to improve the airspace effiency and safety face to a long term increasing traffic. On

the other hand, they make Operators and Air Trafic Service Providers compliant to the

requirements associated with these elements that demand some investment.

In this document, the RNAV, RNP, RVSM and GNSS implementation as a primary mean of

navigation in Brazilian airspace, are evaluated by a qualitative approach. Costs and opera-

tional and economic benefits associated to these elements are investigated according to the

Brazilian scenario.

As a case study, a cost-benefit quantitative analysis of RVSM implementation in Brazil is

performed. The results achieved are very positive for the comercial aviation segment, but not

for the general aviation. The general aviation fleet shall be evaluated case-by-case, according

to its utilization rates and costs to obtain the RVSM operational approval.

To substanciate these analysis, specific studies were developed and are available for further

information in this document’s apendix.

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Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus, por me permitir a vida e aos meus pais, Zinelson de Oliveira

Siqueira e Vera Lúcia de Araújo Siqueira, a quem devo a pessoa que sou e grande parte desta

conquista.

Ao professor Protógenes Pires Porto, meu orientador, pela colaboração e incentivo.

Agradecimentos especiais ao DAC na pessoa do Tenente Alvimar de Lucena cuja orientação

prestada foi fundamental para a concretização deste trabalho. Ao DECEA, pelo fornecimento

de informações pertinentes no decorrer desta pesquisa e ao IPV, pelos inúmeros

esclarecimentos prestados.

Igualmente grata a VARIG na pessoa dos Engenheiros Carlos Quintiere e Murillo Cubas Jr,

pela solicitude e acolhimento caloroso na ocasião da realização da visita técnica.

À FAPESP, pelo suporte dado a este projeto de pesquisa, imprescindível à sua consolidação.

Agradeço ainda a todos os colegas e amigos que contribuiram durante a execução deste

trabalho: Milton Valdir de Matos Feitosa (VARIG), Christiano Max (INPE), Renny

Apolinário da Silva (ICEA), Érico Soriano M. Santana (ICEA), Eno Siewerdte (ATECH),

Celso Luís do Couto Figueiredo (DECEA), Saulo José da Silva (DECEA) e Julio César de

Souza Pereira (DECEA).

Por fim, toda minha gratidão ao meu companheiro Daniel Brum Pretto por estar ao meu lado,

me ajudando a superar os momentos de desânimo, pela compreensão, paciência e apoio.

x

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Relação de Símbolos e Abreviaturas

ABAS Sistema de Aumentação de Bordo Aircraft-Based Augmentation System

ACB Análise de Custo-Benefício

ACC Centro de Controle de Área Area Control Center

ADF Localizador Automático de Direção Automatic Direction Finder

AIC Circular de Informação Aeronáutica Aeronautical Information Circular

AIP Publicação de Informações Aeronáuticas Aeronautical Information Publication

APV Aproximação com Guiagem Vertical Approach with Vertical Guidance

ATC Controle de Tráfego Aéreo Air Traffic Control

ATECH Fundação Tecnologias Críticas

ATM Gestão de Tráfego Aéreo Air Traffic Management

ATS Serviço de Tráfego Aéreo Air Traffic Service

BADA Base de Dados de Aeronave Base of Aircraft Data

B-RNAV Navegação de Área Básica Basic Area Navigation

BS Boletim de Serviço

CAR/SAM Caribe e América do Sul Caribbean and South American

CARSAMMA Agência de Monitoramento Regional do Caríbe e América do Sul Caribbean and South American Regional Monitoring Agency

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CAT Categoria de aproximação por instrumentos

CDI Indicador de Desvio de Curso Course Deviation Indicator

CDU Unidade de Monitoramento e Controle Control Display Unit

CFIT Colisão de Vôo Controlado Contra o Terreno Controlled Flight Into Terrain

CNS Comunicação, Navegação e Vigilância Communication, Navigation and Surveillance

CO Monóxido de Carbono

CO2 Dióxido de Carbono

CP Carga Paga

CPqD Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações

DAC Departamento de Aviação Civil

DECEA Departamento de Controle do Espaço Aéreo

DME Equipamento Mensurador de Distância Distance Measurement Equipament

EATCHIP Programa de Integração e Harmonização do Controle de Tráfego Aéreo na Europa

ECAC Estados da Conferência de Aviação Cívil Européia States of European Civil Aviation Conference

EGNOS Serviço de Navegação Geoestacionário Europeu European Geostationary Navigation Overlay Service

ERC Cartas de Rotas Enroute Chart

EUR/SAM Europa - América do Sul

FAA Federal Aviation Administration

FANS Sistemas de Navegação Aérea do Futuro Future Air Navigation Systems

xii

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FIR Região de Informação de Vôo Flight Information Region

FL Nível de Vôo Flight Level

FMC Computador de Gerenciamento de Vôo Flight Management Computer

FMS Sistema de Gerenciamento de Vôo Flight Management System

GAGAN GPS e GEO Navegação Aumentada GPS And GEO Augmented Navigation

GALILEO Sistema Europeu de Navegação Global por Satélite

GBAS Sistema de Aumentação Baseado em Solo Ground-Based Augmentation System

GEIV Grupo Especial de Inspeção em Vôo

GLONASS Sistema de Satélites de Navegação Global Russo Global Navigation Satellite System (Russian)

GMS Sistema de Monitoramento baseado em GPS GPS Based Monitoring System

GMU Unidade de Monitoramento GPS GPS Monitoring Unit

GNSS Sistema Global de Navegação por Satélite Global Navigation Satellite System

GPS Sistema de Posicionamento Global Global Positioning System

GREPECAS Grupo Regional de Planejamento e Implementação dos Sistemas CNS/ATM no Caribe e América do Sul

H2O Água

HMU Unidade de Monitoramento de Altura Heigh Monitoring Unit

HSI Indicador de Situação Horizontal Horizontal Situation Indicator

xiii

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ICEA Instituto de Controle do Espaço Aéreo

IFR Regras de Vôo por Instrumentos Instrument Flight Rules

ILS Sistema de Pouso por Instrumentos Instrument Landing System

INS Sistema de Navegação Inercial Inertial Navigation System

IPV Instituto de Proteção ao Vôo

IRS Sistema de Referência Inercial Inertial Reference System

JAA Joint Aviation Authorities

MASPS Especificações Mínimas de Desempenho de Sistemas de Aeronave Minimum Aircraft Systems Performance Specification

MMR Receptor Múltiplo Modo Multi-Mode Receiver

MN Milha Náutica

MSAS Sistema de Aumentação por Satélite Multi-Funcional Multi-Functional Satellite Augmentation System

NDB Radio Farol Não-Direcional Non-Directional Radio Beacon

NOx Óxidos de Nitrogênio

NPA Aproximação de não precisão Non-Precision Approach

OACI Organização da Aviação Civil Internacional

ONU Organização das Nações Unidas

PD Peso de Decolagem

PMD Peso Máximo de Decolagem

POV Peso Operacional Vazio

RAIM Sistema de Monitoramento Autônomo de Integridade Receiver Autonomous Integrity Monitoring

xiv

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RNAV Navegação de Área Area Navigation

RNP Performance de Navegação Requerida Required Navigation Performance

RVSM Redução dos Mínimos de Separação Vertical Reduced Vertical Separation Minima

SARPS Normas e práticas recomendadas Standards And Recomended Practices,

SBAS Sistema de Aumentação Baseado em Satélites Satellite-Based Augmentation System

SID Saída Padrão por Instrumento Standard Instrument Departure

SISCEAB Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro

SO2 Dióxido de Enxofre

STAR Rota Terminal Padrão de Chegada Standard Terminal Arrival Route

TCAS Sistema de Alerta de Tráfego e Aviso de Colisão Traffic Allert and Collision Avoidance System

TMA Área Terminal

TSE Erro Total do Sistema Total System Error

TO Taxa de Ocupação

VOR Radiofarol Omnidirectional em VHF VHF Omnidirectional Radio Range

VPL Valor Presente Líquido

VSM Mínimos de Separação Vertical Vertical Separation Minima

WAAS Sistema de Aumentação de Área Ampla Wide Area Augmentation System

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Capítulo I

Introdução

I.1 INTRODUÇÃO

No início dos anos oitenta, a Organização de Aviação Civil Internacional (OACI) reconheceu

que as limitações dos sistemas convencionais de navegação aérea estavam crescendo

significativamente e que seria necessário introduzir melhorias para sustentar a aviação civil do

século XXI. Em 1983, foi instituído um comitê denominado Sistemas de Navegação Aérea do

Futuro (FANS) com a tarefa de estudar, identificar e analisar novos conceitos e técnicas e

apontar soluções para o desenvolvimento progressivo e coordenado da navegação aérea.

Foi então concebido o conceito de Comunicação, Navegação e Vigilância / Gestão de Tráfego

Aéreo (CNS/ATM), empregando tecnologia digital, inclusive sistema satelital associado a

vários níveis de automação, com a finalidade de proporcionar uma gestão de tráfego aéreo

mundialmente eficaz, segura e uniforme [Galotti, 1997].

O CNS/ATM deverá ser gradualmente implementado em nível mundial até o ano de 2010, de

acordo com o cronograma recomendado pela OACI, da qual o Brasil é membro.

Mesmo em regiões do globo atualmente classificadas como não restritivas, estima-se que o

aumento contínuo e progressivo do tráfego e a necessidade de harmonização dos sistemas

ATM, em nível regional e global, determinarão a necessidade da implementação total ou

parcial dos sistemas CNS/ATM.

1

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Dentre as possíveis melhorias nas tecnologias, técnicas e práticas de comunicação, navegação

e vigilância aeronáutica, o presente trabalho se deterá exclusivamente na análise daquelas

aplicáveis à navegação aérea em rota e em área terminal.

I.2 IMPLEMENTAÇÃO DO CNS/ATM

A viabilidade econômica dos sistemas CNS/ATM em determinado país é diretamente

influenciada por seu ambiente político e institucional. Os custos e os benefícios decorrentes

da implementação dos novos sistemas são afetados pela política nacional e regional, que rege

a indústria da aviação, e pelo grau de harmonização da implementação entre regiões vizinhas.

Conforme ilustrado na Figura 1-1, é desejável que as diferenças no ritmo da implementação

dos novos sistemas nos diferentes países, não provoquem descontinuidades, comprometendo a

economia e a eficiência das operações [OACI, 1995].

ESPAÇO AÉREO 1 ESPAÇO AÉREO 2

X Y

Percurso com navegação convencional nos espaços aéreos 1 e 2

Percurso com CNS/ATM no espaço aéreo 2

Percurso com CNS/ATM nos espaços aéreos 1 e 2

Figura 1-1 Benefício da harmonização regional na implementação do CNS/ATM.

A harmonização de padrões e procedimentos, com o objetivo de estabelecer um espaço aéreo

interoperável e sem descontinuidades, permitirá que os operadores realizem vôos intra e inter-

regiões, de acordo com as melhores rotas e em seus perfis mais adequados, dinamicamente

ajustados para a melhor relação custo/benefício possível e sem que ocorram descontinuidades

operacionais nas transposições de fronteiras internacionais.

2

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Dado ao alto grau de cooperação necessário entre os países e regiões para que haja uma

harmonização internacional, a OACI concebeu o Plano Mundial para Implementação dos

Sistemas CNS/ATM (OACI, Doc 9750) com o intuito de disciplinar e estabelecer diretrizes

de transição apropriadas, visando a subsidiar uma implementação progressiva, ordenada e

benéfica para usuários e provedores de Serviço de Tráfego Aéreo. Os Planos Regionais e

Nacionais surgiram como desdobramentos do Plano Mundial.

No caso particular da região composta pelo Caribe e América do Sul, denominada região

CAR/SAM, a implementação é coordenada pelo Grupo Regional de Planejamento e

Implementação dos Sistemas CNS/ATM no Caribe e América do Sul (GREPECAS).

I.2.1 Plano Nacional de Implementação dos Sistemas CNS/ATM

Em maio de 1998, o Brasil sediou a Conferência Mundial de Implantação do Sistema

CNS/ATM. Na ocasião, o Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Fernando

Henrique Cardoso, firmou o compromisso de implantá-lo no espaço aéreo sob jurisdição

nacional [DEPV, 2000a].

As diretrizes de implementação dos sistemas CNS/ATM no Brasil estão definidas no “Plano

Nacional de Implementação dos Sistemas CNS/ATM”, elaborado conforme os critérios

estabelecidos no Plano Regional e no Plano Mundial [COMAR, 2001].

Ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) cabe estabelecer a estrutura

gerencial para implementação do projeto de transição do Sistema de Controle do Espaço

Aéreo Brasileiro (SISCEAB) segundo o conceito CNS/ATM.

3

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Conforme o Plano Nacional, a implementação deverá respeitar as seguintes fases [COMAR,

2002]:

• 2001–2003: Desenvolvimentos, provas, demonstrações pré-operacionais, elaboração

de requisitos operacionais e técnicos, definição de questões institucionais e de

normatização; utilização de funcionalidades advindas da implementação de elementos

dos Sistemas CNS/ATM como “back-up” do SISCEAB atual;

• 2004-2007: Usar os novos elementos em paralelo com os sistemas atuais; apoiar as

operações internacionais de aeronaves equipadas apenas para o novo sistema;

• 2008-2011: Conclusão da implementação do novo sistema e início da desativação dos

sistemas da tecnologia atual, a partir dos sistemas de comunicação e de navegação;

• Após 2012: Somente os novos sistemas estarão em operação no SISCEAB.

O Plano Nacional recomenda ainda que os eventos listados a seguir sejam estabelecidos como

balizadores da programação:

• Finalização dos trabalhos dos painéis da OACI, com adoção das respectivas Normas e

Práticas Recomendadas (SARPS);

• Adoção de normas de utilização de equipamentos de bordo;

• Finalização das pesquisas e desenvolvimentos específicos;

• Disponibilidade de meios satelitais;

• Disponibilidade de equipamentos de bordo;

• Finalização dos testes e provas pré-operacionais;

• Disponibilidade de procedimentos adequados, incluindo os decorrentes de acordos

internacionais intra e inter-regionais;

• Disponibilidade de infra-estruturas terrestres;

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• Finalização do treinamento;

• Adoção obrigatória de novos sistemas de bordo; e

• Desativação dos equipamentos convencionais, de solo e de bordo.

Sendo a navegação por satélites o primeiro objetivo a ser atingido, o SISCEAB deverá iniciar

suas atividades de testes a partir do estabelecimento de plataformas de ensaios, considerando

a topologia da plataforma regional e visando a atingir os seguintes resultados [COMAR,

2002]:

• Estabelecimento da arquitetura ideal para suportar os requisitos nacionais, a partir da

demonstração da viabilidade técnica e operacional do Sistema de Aumentação

Baseado em Satélites (SBAS) e Sistema de Aumentação Baseado em Solo (GBAS);

• Desenvolvimento de novos perfis de procedimentos de vôo de acordo com Regras de

Vôo por Instrumentos (IFR);

• Programação de testes e avaliações de sistemas de aviônicos e outros elementos das

novas tecnologias de navegação, além de fomento à pesquisa;

• Estabelecimento de novas metodologias para inspeção em vôo;

• Capacitação de recursos humanos com a nova tecnologia e, também, com a

metodologia de flexibilização na gerência do espaço aéreo; e

• Análise de custo-benefício.

I.3 MOTIVAÇÃO

A OACI vem conduzindo a implementação dos sistemas CNS/ATM motivada pela

necessidade de melhoria da atual infra-estrutura de CNS, necessária para acolher o crescente

tráfego aéreo de forma segura e eficiente.

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Segundo recomendações da própria OACI, é necessário avaliar quanto desta melhoria

reverterá em termos de custos e benefícios.

Os resultados de tal avaliação servirão de base para que tomadores de decisão possam lançar

mão de estratégias de implementação visando a maximizar benefícios e minimizar custos para

as partes envolvidas.

I.4 OBJETIVO

O objetivo desta pesquisa consiste em identificar e avaliar, qualitativamente e

quantitativamente, os custos e os benefícios da implantação dos elementos CNS/ATM

relacionados à navegação aérea no Brasil. Para tanto, metodologias de análise de custo-

benefício consagradas e recomendadas pela OACI são empregadas.

I.5 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS

Este trabalho está estruturado em 5 capítulos:

Capítulo II: São descritos os elementos de infra-estrutura de navegação e de gestão do

espaço aéreo relacionados à navegação segundo o conceito CNS/ATM bem como suas

estratégias de implementação no Brasil.

Capítulo III: Os custos e os benefícios dos elementos descritos no Capítulo 2 são identifica-

dos e avaliados qualitativamente, segundo cenários de aplicação previamente definidos,

conforme a metodologia de análise de custo-benefício estabelecida para o estudo.

Capítulo IV: Como continuidade da análise qualitativa realizada no capítulo anterior, uma

análise quantitativa do cenário relativo à implementação da Redução dos Mínimos de

Separação Vertical (RVSM) no Brasil é realizada a título de estudo de caso.

Capítulo V: Contém as conclusões e comentários finais.

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Capítulo II

Navegação Aérea segundo CNS/ATM

II.1 INTRODUÇÃO

O conceito CNS/ATM é definido pela OACI como Sistemas de Comunicação, Navegação e

Vigilância, empregando tecnologia digital, inclusive sistema satelital associado a vários níveis

de automação, visando a proporcionar uma Gestão de Tráfego Aéreo mundialmente eficaz,

segura e uniforme. Sua principal proposta é aumentar a capacidade do espaço aéreo e diminuir

os custos operacionais, mantendo ou melhorando os níveis de segurança praticados

atualmente.

Conforme a Figura 2-1, a melhoria prevista para a navegação segundo CNS/ATM incluirá:

• Introdução progressiva da Navegação de Área (RNAV) junto ao Sistema Global de

Navegação por Satélite (GNSS). Esta combinação proverá cobertura de navegação

global, incluindo áreas remotas e oceânicas [Galotti, 1997].

• Introdução da Performance de Navegação Requerida (RNP), que consiste num

requisito de precisão de navegação necessário para operar em determinadas porções do

espaço aéreo ou rota;

• Implementação da Redução dos Mínimos de Separação Vertical (RVSM) de 1000 pés

entre os níveis de vôo FL 290 e FL 410. Embora a RVSM não seja propriamente uma

função CNS/ATM, é considerada como elemento complementar do conceito

[CANSO, 1999].

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CNS/ATM

GNSSComunicação

Navegação

Vigilância

RNAV

RNP

RVSM

Figura 2-1: Melhoria da navegação aérea segundo CNS/ATM.

O aperfeiçoamento da navegação, segundo o conceito CNS/ATM, visa a proporcionar uma

navegação eficiente, segura e de cobertura global sob quaisquer condições de tempo. Para

tanto, é introduzido o sistema GNSS como infra-estrutura de navegação e os conceitos de

RNAV, RNP e RVSM como elementos de gestão do espaço aéreo.

Neste capítulo são apresentados o sistema GNSS e os conceitos RNAV, RNP e RVSM e as

respectivas estratégias de implementação no espaço aéreo brasileiro.

II.2 SISTEMA GLOBAL DE NAVEGAÇÃO POR SATÉLITE

O Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) é o elemento chave da navegação aérea

segundo o conceito CNS/ATM, constituindo a base do aprimoramento da navegação aérea

devido a suas características de ampla cobertura e de precisão [OACI, 2003e].

O princípio básico de funcionamento dos sistemas de posicionamento por satélite consiste na

determinação da posição do usuário a partir do conhecimento das coordenadas de posição de

três pontos quaisquer e da distância entre o usuário e cada um destes pontos. O GNSS é

formado por um conjunto de satélites e de estações terrenas que permitem que um móvel

possa determinar sua posição com a precisão e a confiabilidade necessárias.

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Para compor o segmento espacial do GNSS em sua primeira fase, o governo americano

ofereceu gratuitamente o Sistema de Posicionamento Global (GPS) à OACI por tempo

indeterminado, comprometendo-se a um aviso prévio de pelo menos seis anos para alterar esta

oferta. Da mesma forma, o governo russo ofereceu seu Sistema de Satélites de Navegação

Global (GLONASS) gratuitamente por um período de 15 anos, a partir de 1996.

No entanto, ambos sistemas não atendem completamente os requisitos de desempenho

estabelecidos pela OACI para os sistemas de navegação (precisão, integridade, continuidade e

disponibilidade), necessitando para tanto serem complementados por sistemas de aumentação.

Em 2010, o GNSS deverá ser integrado também pelo sistema europeu GALILEO, primeiro

sistema mundial de posicionamento construído para fins civis [Eurocontrol, 2001].

II.2.1 Evolução Operacional

O objetivo permanente da OACI no que concerne a evolução operacional do GNSS, é obter

um GNSS civil, internacionalmente controlado [OACI, 1999a].

Devido aos problemas técnicos que têm apresentado o GLONASS, a OACI decidiu que

somente o GPS integrará o GNSS em sua primeira fase. O GLONASS será integrado

posteriormente, tão logo seu desempenho atinja os níveis especificados [OACI, 1999a].

Assim, foi estabelecido o seguinte modelo de evolução operacional para o GNSS:

1. GPS

2. GPS + GLONASS

3. GPS + GLONASS + Sistemas de Aumentação

4. GPS + GLONASS + GNSS civil

5. GNSS civil

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II.2.2 Elementos do Sistema GNSS

Dependendo da utilização pretendida, o GNSS deve ser viabilizado pela combinação de

alguns elementos, a saber:

• Sistemas de Posicionamento (GPS, GLONASS);

• Receptor GNSS nas aeronaves;

• Sistema de Aumentação Baseado em Satélites (SBAS);

• Sistema de Aumentação Baseado em Solo (GBAS);

• Sistema de Aumentação de Bordo (ABAS).

A seguir, são fornecidas algumas informações adicionais sobre sistemas de aumentação.

II.2.2.1 Sistema de Aumentação Baseado em Satélites

O Sistema de Aumentação Baseado em Satélites (SBAS) é constituído de dois elementos:

• Segmento solo: Composto de uma rede de estações terrenas (estações de

monitoramento e estação processadora), que recebem o sinal do GPS e calculam a

correção diferencial;

• Segmento espacial: Composto de satélite de comunicação geoestacionário, que recebe

a informação de correção das estações terrenas e a retransmite para a aeronave.

Ademais, são transmitidas informações sobre a performance dos satélites GPS.

Este sistema promove suficiente melhoria de performance de navegação (precisão,

integridade, continuidade e disponibilidade), necessária para suportar a todas as fases do vôo

em rota, em área terminal e em aproximação de não-precisão, podendo chegar também a

cumprir com os requisitos de guiagem vertical.

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Atualmente o único SBAS operacional é o norte-americano, denominado Sistema de

Aumentação de Área Ampla (WAAS). Outros países estão desenvolvendo sistemas

semelhantes e compatíveis com o WAAS. Na Europa deverá entrar em operação em 2005 o

Serviço de Navegação Geoestacionário Europeu (EGNOS), na Ásia deverá operar o Sistema

de Aumentação por Satélite Multi-Funcional (MSAS), de propriedade japonesa e o GPS e

GEO Navegação Aumentada (GAGAN), de propriedade indiana.

Ainda na fase de ensaios, o EGNOS pôde melhorar a precisão do GPS de cerca de 20 m para

2 m [Toran-Marti et al, 2004].

II.2.2.2 Sistema de Aumentação Baseado em Solo

O Sistema de Aumentação Baseado em Solo (GBAS) consiste de um conjunto de estações de

solo de posições conhecidas que monitoram, determinam e corrigem os erros do sistema GPS

por meio de mensagens de correção transmitidas aos receptores localizados em sua área de

cobertura.

O GBAS é capaz de receber informações de satélites de posicionamento e geoestacionários

SBAS que estejam em seu campo de visão. Embora a precisão proporcionada pelo GBAS seja

superior a do SBAS, sua área de cobertura é menos abrangente.

O GBAS é o único sistema capaz de atender aos requisitos operacionais especificados para as

aproximações de precisão CAT II e III [DEPV, 2000a].

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II.2.2.3 Sistema de Aumentação de Bordo

O Sistema de Aumentação de Bordo (ABAS) é uma denominação genérica utilizada pela

OACI para descrever Sistemas de Monitoramento Autônomo de Integridade (RAIM) ou

similares. Estes sistemas estão presentes em grande parte dos receptores GPS, monitorando a

os sinais captados e alertando o usuário em caso de falha [DEPV, 1999a].

São necessários cinco satélites para viabilizar a função RAIM e mais um sexto satélite é

necessário no caso de identificação e remoção de um satélite falho no sistema.

Os sistemas mais modernos são capazes de prever a disponibilidade da função RAIM no

horário estimado de início do procedimento. Havendo previsão de indisponibilidade, desde 15

minutos antes até 15 minutos após o horário estimado de pouso, não é permitido iniciar o

procedimento. Quando isto ocorre, a aeronave deve acionar os equipamentos básicos de

navegação aérea apropriados para a rota a ser voada. Este procedimento também é válido nos

trechos da rota em que haja previsão de indisponibilidade da função RAIM [DEPV, 1999a].

II.2.3 Requisitos de Desempenho do GNSS para a Navegação Aérea

Os sinais disponibilizados pelo GNSS, vistos por um usuário que dispõe de um receptor ideal,

devem proporcionar uma navegação segundo os requisitos de performance indicados na

Tabela 2-1.

A Aproximação com Guiagem Vertical (APV) surge como uma categoria intermediária entre

aproximação de precisão e de não-precisão. A APV foi introduzida para aproveitar o

desempenho alcançado pelo GNSS, permitindo a utilização de um sistema menos preciso que

o ILS embora com garantia de guiagem vertical estabilizada.

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Tabela 2-1: Requisitos de Desempenho do GNSS para a Navegação Aérea.

Operações típicas Precisão lateral 95%

Precisão vertical

95%

Tipo(s) de RNP

associados

Precisão lateral TSE 95% *1

Rota 3,7 km 20 até 10 37 km a 18,5 km

Rota/Área terminal 0,74 km 5 até 1 9,26 km a 1,85 km

Aproximação inicial, Aproximação intermediária,

Aproximação de não-precisão (NPA) e decolagem

220 m

-

0,5 até 0,3 920 m a 556 m

Aproximação com guiagem vertical (APV-I) 220 m 20 m 0,3/125 556 m

Aproximação com guiagem vertical (APV-II) 16 m 8 m 0,03/50 56 m

Aproximação de precisão CAT I 16 m 6 m a 4 m *2 0,02/40 37 m

Nota 1: Erro Total do Sistema (TSE) – Combinação do erro do sensor de bordo, erro do receptor, erro do diplay e erro técnico de vôo.

Nota 2: Uma faixa de valores é especificada para a precisão vertical da Aproximação de Precisão CAT I. O requisito de 4 m (13 pés) é baseado nas especificações do ILS e corresponde a uma extensão conservadora de sua especificação.

Fonte: [OACI, 1999c]

APV-I e APV-II referem-se a dois níveis diferentes de aproximação com guiagem vertical,

não sendo necessariamente planejado para uso operacional.

II.2.4 GNSS no Brasil

No Brasil, conforme regulamentado na AIC N17/99, fica autorizado o uso do GPS como meio

suplementar de navegação em rota, em área terminal e em aproximação de não-precisão.

Entretanto, para operar IFR as aeronaves deverão também possuir os equipamentos básicos, o

Radiofarol Omnidirectional em VHF (VOR) e o Equipamento Mensurador de Distância

(DME). Estes deverão ser utilizados obrigatoriamente quando ocorrer o alarme de integridade.

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A medida em que a performance de navegação do GNSS é melhorada, este passará de meio

suplementar para meio primário de navegação. O GREPECAS estabelece as seguintes

condições para o uso do GNSS na região CAR/SAM:

Tabela 2-2: Utilização do GNSS na região CAR/SAM.

Espaço aéreo Meio Suplementar Meio primário

Espaço aéreo oceânico e continental em rota de baixa densidade de tráfego Não aplicável GPS/GLONASS + ABAS

Espaço aéreo continental de alta densidade de tráfego

GPS/GLONASS + ABAS GPS/GLONASS + ABAS + SBAS

Espaço aéreo oceânico de alta densidade de tráfego

GPS/GLONASS + ABAS GPS/GLONASS + ABAS + SBAS

Espaço aéreo terminal de grande densidade de tráfego

GPS/GLONASS + ABAS

GPS/GLONASS + ABAS + SBAS/GBAS

Fonte: [OACI, 1999a]

No futuro, espera-se que o GNSS substitua todos os auxílios tradicionais. Para que isto

ocorra, alguns problemas técnicos, operacionais e institucionais precisam ser resolvidos.

A implementação do SBAS no Brasil permitirá a utilização do GNSS como meio primário de

navegação em todas as fases do vôo que evoluam em espaço aéreo oceânico, continental e

área terminal de alta densidade de tráfego.

O Governo Brasileiro vem considerando seriamente a possibilidade de adquirir um SBAS

próprio. Esta opção encontra-se em fase avançada de estudo.

II.3 NAVEGAÇÃO DE ÁREA

Em muitas partes do globo, as rotas que formam aerovias conduzem a distâncias de vôo que

excedem as distâncias mínimas entre origem e destino.

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Tradicionalmente, as aeronaves voam de um rádio-auxílio fixo no solo para outro. Estes

rádio-auxílio devem ser fixados em locais específicos na superfície do terreno que favoreçam

a linha de visada das ondas eletromagnéticas e ampliem suas áreas de cobertura útil.

Nas áreas terminais, as Rotas Terminais Padrão de Chegada (STAR) e Saídas Padrão por

Instrumentos (SID) são projetadas para passarem sobre os rádio-auxílios; entretanto, a

aproximadamente 10 MN ao redor dos aeroportos, tais auxílios freqüentemente não estão

disponíveis o que leva os pilotos voarem rumos magnéticos manualmente. O modo manual de

voar é ineficiente e resulta em tempo extra de vôo [Mitre, 2001] .

Visando a reduzir as limitações do atual modelo, utilizando-se para tanto dos modernos

equipamentos já disponíveis a bordo das aeronaves, foi introduzido o conceito da Navegação

de Área (RNAV).

Desde a década de 60 já era possível a prática da RNAV, utilizando como referência estações

de VOR/DME ou DME/DME. Contudo, foi com o advento do GPS que o conceito ressurgiu

com maior força, devido às características de cobertura global e desempenho do sinal.

A Navegação de Área é definida como um método de navegação que permite a aeronave

operar em qualquer trajetória desejada, dentro da cobertura de auxílios à navegação de

referência ou dentro dos limites da capacidade dos sistemas autônomos de navegação ou ainda

da combinação de ambos [OACI, 1999b].

A prática da RNAV proporciona maior flexibilidade no desenho dos procedimentos,

permitindo que sejam praticadas as trajetórias julgadas mais convenientes. Assim, importantes

benefícios econômicos e operacionais são obtidos, tanto para o operador quanto para o

provedor ATS e para o usuário.

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Para que a navegação convencional seja substituída pela RNAV é necessário que:

• A infra-estrutura de navegação permita cobertura adequada à rota ou aos

procedimentos de aproximação;

• O meio de navegação empregado satisfaça os requisitos mínimos de performance

especificados pela OACI;

• A base de dados de navegação da aeronave (coordenadas publicadas no AIP) esteja

no sistema de referência geodésico WGS-84;

• As rotas e procedimentos RNAV estejam projetados e devidamente publicados

segundo os critérios da OACI;

• Sistemas embarcados sejam certificados para uso nas rotas e procedimentos RNAV.

• A tripulação tenha a aprovação necessária para operar rotas e procedimentos RNAV.

II.4 PERFORMANCE DE NAVEGAÇÃO REQUERIDA

Antes do surgimento do conceito de Performance de Navegação Requerida (RNP), o método

utilizado pela OACI para fazer cumprir uma dada performance de navegação era o de

prescrever o uso mandatório de um determinado equipamento de bordo. Com o passar dos

anos esta tarefa tornou-se bastante complexa frente ao surgimento de vários novos

equipamentos de bordo e sistemas de navegação. Para superar este problema o Comitê FANS

desenvolveu o conceito de Performance de Navegação Requerida. A RNP é numa meta de

precisão de navegação necessária para operar num determinado espaço aéreo [OACI, 1999b].

A RNP impõe requisitos tanto ao espaço aéreo quanto às aeronaves que ali operam. Para as

aeronaves, o Erro Total do Sistema especificado na tabela 2-1, deve ser menor que o valor da

RNP durante 95% do tempo total do vôo. Para o espaço aéreo, adequada infra-strutura de

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navegação deve ser provida para garantir o cumprimento da RNP especificada [OACI,

1999b].

Vários tipos de RNP podem ser recomendados, dependendo das condições do espaço aéreo

local, da meteorologia, da intensidade do tráfego e das exigências das autoridades de controle

de tráfego aéreo.

Os tipos de RNP foram desenvolvidos para prover níveis conhecidos de precisão de

navegação e para apoiar os planos de desenvolvimento do espaço aéreo. A implementação da

RNP permite aumentar a capacidade e a eficiência do espaço aéreo, ao mesmo tempo em que

mantém ou melhora os níveis de segurança do serviço de tráfego aéreo.

A notação da Performance de Navegação Requerida é dada por RNP X, onde X é o

afastamento máximo, dado em milhas náuticas (MN), em relação à posição pretendida. Por

exemplo, RNP 10, significa que o afastamento máximo permissível é de 10 MN em torno da

posição pretendida durante 95% do tempo de vôo.

II.4.1 Tipos de RNP Praticados

A performance de navegação de uma aeronave é resultado da combinação de sua capacidade

de navegação1 e do nível de serviço da infra-estrutura de navegação2 em uso. Assim, uma

aeronave apta a operar um RNP mais estrito não está, necessariamente, habilitada a operar um

RNP menos estrito. Por exemplo, uma aeronave que opera RNP 1 com duplo DME não está

capacitada para operar RNP 10 em espaço aéreo oceânico nas mesmas condições.

1 Capacidade de navegação refere-se ao certificado de aeronavegabilidade e a aprovação operacional.

2 Nível de serviço refere-se à infra-estrutura do espaço aéreo (estrutura de rotas, disponibilidade e performance

do sinal eletromagnético de navegação e gestão de tráfego aéreo).

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A RNP é um elemento fundamental na determinação da largura das rotas e de normas seguras

de separação, embora não possa ser o único critério para expressá-las. Devem também ser

considerados outros fatores como: infra-estrutura do espaço aéreo (incluindo vigilância e

comunicação), tráfego local, pontos de conflito existentes e outros.

As atuais aplicações da RNP em rota e em área terminal (com exceção de procedimentos de

aproximação) são baseadas apenas no requisito de precisão, não levando em conta a

integridade. Esta lacuna é compensada pelos mínimos de separação praticados ou por

monitoramento radar [OACI, 1999b].

A Tabela 2-3 apresenta uma relação dos tipos de RNP atualmente praticados:

Tabela 2-3: Tipos de RNP praticados.

Aplicações Estados Unidos Europa

Aproximação RNP 0,3 -

Área Terminal RNP 1 P-RNAV (RNAV de precisão, correspondente a RNP 1)

Rota RNP 2 B-RNAV (RNAV básico, correspondente a RNP 5)

Área Oceânica/Remota RNP 10 (Pacífico Norte) / RNP 4

Fonte: [FAA, 2005]

Um novo conceito chamado de RNP-RNAV foi desenvolvido a partir da evolução do conceito

RNP e introduz requisitos de integridade, disponibilidade e continuidade para prover 99,999%

de confinamento. Assim, o risco de se ter uma aeronave fora do raio RNP sem que o piloto

seja alertado é menor que 1 em 100.000. Este conceito ainda está em desenvolvimento.

A Figura 2-2 ilustra o benefício da prática da RNP no espaço aéreo do Pacífico Norte, onde a

capacidade do espaço aéreo foi duplicada na porção mais disputada pelas aeronaves [OACI,

2003a].

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Espaço AéreoNão RNP

(Acima do FL390)

Espaço AéreoRNP 10

(FL310 a FL390)

Espaço AéreoNão RNP

(Abaixo do FL310)

Figura 2-2: Rotas RNP 10 no Pacífico Norte.

II.4.2 Construção de Procedimentos RNAV

Os procedimentos RNAV devem ser projetados para fornecer flexibilidade aos usuários

servindo-se da mais ampla infraestrutura de auxílios à navegação possível. Isto permite que

aeronaves dotadas do sistema RNAV multi-sensor possam continuar normalmente seus

procedimentos em caso de falha do sensor primário. Deste modo, a área de confinamento da

aeronave nesses procedimentos deve ser calculada em relação ao sensor mais crítico.

A maior parte dos sistemas RNAV são capazes de selecionar e descartar automaticamente os

sensores que o alimentam. Assim, o projetista deve considerar na concepção do procedimento

o conjunto de auxílios disponíveis e as conseqüências de uma possível pane destes auxílios

durante a execução do procedimento.

II.4.3 Sistema RNAV/RNP

Freqüentemente o sistema RNAV e o Sistema de Gerenciamento de Vôo (FMS) são

confundidos um com o outro. Um sistema RNAV é qualquer combinação de equipamentos

usada para promover a navegação de área enquanto o FMS é um sistema de bordo que integra

funções de navegação e gerenciamento de performance de vôo, permitindo a prática de perfis

de vôo mais econômicos [Eurocontrol, 1999a].

19

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Da Figura 2-3 pode-se concluir que todo FMS é um sistema RNAV, entretanto o inverso não

se verifica, pois somente o FMS possui a funcionalidade de gestão de vôo (combustível,

performance, elementos de segurança, etc...).

O FMS/RNAV faz uso de uma base de dados que contém informações sobre as rotas pré-

estabelecidas e seus fixos de passagem, os espaços aéreos que as contêm, os rádio-uxílios

disponíveis nesses espaços e os aeródromos de procedência, alternativos e de destino. O FMS

é capaz de selecionar o auxílio mais apropriado para fornecer a posição do avião, identificar o

próximo fixo de passagem da rota e alimentar o piloto automático, caso esteja acoplado.

* Fu n çõ es n o rmalmen te n ão d is p o n ív eis n o s eq u ip amen to s RNA V men o s s o fis ticad o s

R N AV

Planejamento de Vôo

Previsão de Trajetória

N avegação

Gestão de Vôo

Planejamento de Vôo

Previsão de Trajetória

N avegação

FM S

*

*

Figura 2-3: Funções dos Sistemas RNAV e FMS.

Conforme ilustrado na Figura 2-4, o sistema FMS/RNAV é capaz de integrar dados

provenientes de vários tipos de auxílios à navegação:

DME/DME

FMSGNSS

IRS ou INS

RNAV VOR/DME

ADF

20

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Figura 2-4 Entrada de dados de navegação do FMS.

O sistema Localizador Automático de Direção (ADF), que utiliza sinais de estações de solo

conhecidas como Rádio Farol Não-Direcional (NDB), não é utilizado como entrada de dados

no equipamento FMS.

Apesar do Sistema de Navegação Inercial (INS) e Sistema de Referência Inercial (IRS) não

serem susceptíveis a fenômenos meteorológicos, ambos apresentam uma taxa média de

degradação da precisão de 1,5 a 2 milhas náuticas por hora3, o que reduz o tempo de

navegação baseado nestes sistemas. Além disso, os sistemas inerciais costumam ser bastante

caros, principalmente devido à redundância dupla ou tripla de caráter obrigatório e à

sofisticação do mecanismo de atualização.

O GNSS tem proporcionado uma navegação RNAV mais precisa, íntegra e de cobertura

global. Ademais, os aviônicos GNSS são relativamente baratos, sendo accessíveis a todos os

níveis de usuários. Estas características propiciam a consolidação da RNAV baseada em

GNSS como meio principal de navegação [CANSO, 1999].

Depois do GNSS, a associação de, no mínimo, dois DMEs, constitui o meio mais preciso de

navegação RNAV, embora esta precisão seja afetada pelo número de estações disponíveis e

pela localização relativa entre elas. Tal como RNAV baseado em VOR, as desvantagens deste

sistema também estão associadas a limitação de cobertura operacional [Galotti, 1997].

3 Sistemas autônomos modernos, isto é, sistemas a laser e a fibras ópticas, não sofrem este nível de degradação.

21

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II.4.4 RNAV e RNP no Brasil

As Cartas de Rota (ERC) vêm registrando, desde 1997, um crescente número de rotas RNAV

dissociadas de requisito de precisão no espaço aéreo superior brasileiro. Operar nestas

condições, mesmo em espaços aéreos de baixo tráfego, requer uma avaliação prévia da

segurança. Embora possa funcionar a curto prazo, o crescimento do tráfego e a necessidade de

otimização e harmonização do espaço aéreo, demandará uma meta de precisão.

A Tabela 2-4 apresenta o cronograma de implantação da RNAV e RNP na região CAR/SAM:

Tabela 2-4: Cronograma de Implementação da RNAV e RNP na região CAR/SAM.

Previsão de implantação Implementação e Operação Início Término

Rede de rotas ATS RNAV fixas 2000 2010

RNAV SID e STAR com requisitos RNP 2002 2010

RNP 2000 2010 Fonte: [OACI, 1999a]

II.4.4.1 Estratégia de Implementação da RNAV

No Brasil, o plano de implantação visa a obtenção de uma rede fixa de rotas RNAV no espaço

aéreo brasileiro até o ano 2010, segundo a seguinte estratégia [OACI, 2003b]:

1. Priorizar os principais fluxos de tráfego internacionais originados no Brasil;

2. Priorizar os principais fluxos de tráfego nacionais;

3. Promover harmonização entre as rotas nacionais e as rotas RNAV internacionais;

4. Incorporar/encaminhar o tráfego proveniente/destinado às áreas terminais (TMA)

intermediárias por intermédio de SIDs e STARs ou de rotas RNAV auxiliares;

5. Atender solicitações dos operadores e dos Estados que compõem a região CAR/SAM;

6. Priorizar a implantação das rotas que trarão maiores benefícios econômicos e àquelas

requisitadas pelos Estados.

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Uma rota paralela RNAV só deverá ser implantada quando a rota original RNAV não mais

satisfizer a demanda, ou seja, quando as aeronaves que ali operarem estiverem sendo

penalizadas quanto ao nível ótimo de vôo.

No período de transição, rotas RNAV poderão ser sobrepostas às convencionais. Neste caso, o

tráfego deverá ser segregado por meio do estabelecimento de níveis máximos para as rotas

convencionais e mínimos para as rotas RNAV.

II.4.4.2 Estratégia de Implementação da RNP

Em 2001, a RNP 10 foi implementada numa porção do espaço aéreo oceânico brasileiro

conhecido como corredor Europa – América do Sul (EUR/SAM) [DEPV, 2000b].

A RNP 5 será o requisito de performance do espaço aéreo continental brasileiro. Até 2007, as

FIRs Brasília e Curitiba deverão operar segundo este requisito [OACI, 2004b].

A exemplo do que ocorre nas TMAs Brasília e Curitiba, a implantação da RNAV/RNP em

rotas de chegada, aproximação e saída deverão ser estudadas caso a caso [OACI, 2004b].

II.5 REDUÇÃO DOS MÍNIMOS DE SEPARAÇÃO VERTICAL

Devido à diminuição da precisão dos altímetros de pressão em função da altitude, na década

de 60 foi estabelecido que os mínimos de separação vertical acima do nível de vôo FL 290

deveriam ser de 2000 pés. A escolha deste nível foi baseada no teto operacional das aeronaves

existentes na época. No fim da década de 70, face ao aumento dos custos de combustível e a

necessidade de um espaço aéreo mais eficiente, a OACI começou a estudar a possibilidade de

redução dos mínimos de seperação vertical acima do nível de vôo FL 290 [OACI, 2004a].

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Entretanto, somente em 1990 a OACI reconheceu que a implementação desta redução era

segura, rentável e viável, dados os avanços tecnológicos alcançados nos sistemas de alerta de

altitude, altímetros e piloto automático.

A Redução dos Mínimos de Separação Vertical (RVSM) é a aplicação da separação vertical

de 1000 pés entre os níveis de vôo FL 290 e FL 410, inclusive [DECEA, 2003a].

Com a implantação da RVSM são disponibilizados seis níveis de vôo adicionais, permitindo a

prática de perfis verticais de vôo mais eficientes e o conseqüente aumento da capacidade do

espaço aéreo. Em contrapartida, uma série de investimentos são necessários para adequar

operadores e provedores ATS às normas internacionais que regem a prática da RVSM.

II.5.1 Equipamento RVSM

Para uma aeronave operar num espaço aéreo RVSM a configuração mínima exigida em

termos de sistemas embarcados é a seguinte [JAA, 1999]:

• 2 altímetros independentes;

• Transponder de radar secundário com reporte de altitude;

• Sistema de alerta de altitude;

• Sistema de controle automático de altitude.

Adequada inspeção/modificação do tubo de Pitot e da superfície da fuselagem na área da

tomada de pressão estática, aferição dos instrumentos e outros, são também necessários

dependendo do tipo da aeronave.

Apesar da utilização do Sistema de Alerta de Tráfego e Aviso de Colisão (TCAS) em

ambiente RVSM não ser mandatória, sua utilização em muitos países é obrigatória a bordo de

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aeronaves comerciais de grande porte. Neste caso, a aeronave deverá estar equipada com o

TCAS versão 7 ou posterior (também denominado TCAS II) pois somente a partir desta

versão foram incorporados os mínimos de separação vertical de 1000 pés.

Para operar em ambiente RVSM, as aeronaves não adequadamente equipadas para tal devem

ser modificadas por meio da incorporação de boletins de serviço (BS). Estes boletins podem

ser emitidos diretamente pelos fabricantes de aeronaves ou desenvolvidos por empresas

especializadas e submetidos à avaliação da autoridade aeronáutica local, que o avaliará quanto

ao cumprimento das Especificações Mínimas de Desempenho de Sistemas de Aeronave

(MASPS) para operações RVSM.

O conjunto de especificações MASPS para a RVSM foi publicado pela autoridade de aviação

civil norte-americana (FAA) por meio do “Interim Guidance 91 - RVSM” [FAA, 1999],

enquanto o orgão representativo da união das autoridades de aviação civil da Europa (JAA) o

publicou como “Leaflet - 6” [JAA, 1999]. Estes documentos contêm especificações e

requisitos de aeronavegabilidade, procedimentos de manutenção e programas operacionais

necessários para aprovar aeronaves e operadores em espaço aéreo RVSM.

II.5.2 RVSM no Brasil e no Mundo

Em 20 de janeiro de 2005, a RVSM foi implementada em todo espaço aéreo brasileiro entre o

FL 290 e FL 410, inclusive. A partir desta data, apenas aeronaves com Aprovação

Operacional RVSM, emitida pelo Departamento de Aviação Civil (DAC), seriam autorizadas

a operar no espaço aéreo RVSM. Entretanto foi decidido que aeronaves não-aprovadas RVSM

também poderão ser autorizadas a operar no espaço aéreo RVSM até 30 de junho de 2007.

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A preferência na utilização dos níveis de vôo será dada às aeronaves aprovadas RVSM. No

entanto, em situações específicas, o órgão ATC poderá dar preferência à aeronave não

aprovada RVSM, nos casos em que se justifique o benefício operacional.

Aeronaves de Estado, vôos humanitários, vôos de primeira entrega e de manutenção são

exceção a regra. Estes podem operar no espaço aéreo RVSM mesmo não possuindo

aprovação operacional para tal [DECEA, 2003a].

A Tabela 2-5 mostra a implementação da RVSM no mundo:

Tabela 2-5: Implementação da RVSM no mundo.

Espaço Aéreo de Operação Níveis de Vôo Datas de Implementação

FL 330 – FL 370 Março 1997

FL 310 – FL 390 Outubro 1998 Atlântico Norte

FL 290 – FL 410 Janeiro 2002

Oceano Pacífico FL 290 – FL 390 Fevereiro 2000

Austrália FL 290 – FL 410 Novembro 2001

Rotas do Atlântico Oeste FL 290 – FL 410 Janeiro 2002

Europa FL 290 – FL 410 Janeiro 2002

Oeste do Pacífico e Mar do Sul da China

Como publicado nos documentos ATS Fevereiro 2002

Norte do Canadá FL 290 – FL 410 Abril 2002

Orient Médio Porção Asiática do Sul do Himalaia

Como publicado nos documentos ATS

Planejado para Novembro de 2003

Estados Unidos, Sul do Canadá, Caribe e América do Sul FL 290 – FL 410 20 de janeiro de 2005

Fonte: [FAA, 2003]

II.6 RESUMO

O aperfeiçoamento da navegação, segundo o conceito CNS/ATM, visa a proporcionar uma

navegação eficiente e de cobertura global sob quaisquer condições de tempo, mantendo ou

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melhorando os níveis de integridade, disponibilidade, precisão e continuidade atualmente

alcançados. Para tanto, são introduzidos o GNSS como infra-estrutura de navegação, e os

conceitos RNAV, RNP e RVSM como elementos de gestão do espaço aéreo.

O GNSS constitui a base do aprimoramento da navegação aérea devido a suas características

de ampla cobertura e precisão. Em sua fase atual, dependendo do tipo de operação em que

seja empregado, o GNSS deve ser viabilizado pela combinação dos sistemas de navegação

por satélites disponíveis (GPS, GLONASS) e por sistemas de aumentação instalados em solo

(GBAS), em satélites (SBAS) e a bordo de aeronaves (ABAS).

A RNAV é definida como um método de navegação que permite a aeronave operar em

qualquer trajetória desejada, dentro da cobertura de auxílios à navegação de referência, dentro

dos limites da capacidade dos sistemas autônomos de navegação, ou ainda, dentro da

combinação de ambos. Seu objetivo é reduzir as limitações da atual estrutura de rotas e

procedimentos, trazendo benefícios econômicos e operacionais para o operador, para o

provedor ATS e para o usuário.

A RNP consiste numa meta de precisão de navegação necessária para operar em um

determinado espaço aéreo, isto é, um valor de precisão que deve ser cumprido no plano

horizontal pela população de aeronaves contidas num determinado espaço aéreo durante 95%

do tempo total de vôo. Vários tipos de RNP podem ser recomendados, dependendo das

condições do espaço aéreo local, da meteorologia, da intensidade do tráfego e das exigências

das autoridades de controle de tráfego aéreo. A RNP permite aumentar a capacidade e a

eficiência do espaço aéreo.

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A RVSM é a aplicação da separação vertical de 1000 pés entre os níveis de vôo FL 290 e FL

410, inclusive. Com sua implementação são disponibilizados seis níveis de vôo adicionais,

permitindo a prática de perfis verticais de vôo mais eficientes.

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Capítulo III

Custos e Benefícios

III.1 INTRODUÇÃO

O operador de transporte aéreo tem como objetivo a redução dos custos operacionais sem

comprometer a segurança e a pontualidade do seus serviços. O provedor ATS por sua vez,

busca satisfazer as necessidades dos operadores tornando o espaço aéreo cada vez mais

eficiente frente ao crescimento do tráfego e garantindo, acima de tudo, a segurança.

Os elementos CNS/ATM apresentam soluções operacionais que subsidiam a realização dos

objetivos de operadores e provedores ATS numa visão de longo prazo. Os elementos descritos

no Capítulo II possibilitam a prática de perfis de vôos mais eficientes e, conseqüentemente,

redução de custos operacionais, aumento de capacidade do espaço aéreo e maior flexibilidade

operacional para o provedor ATS.

Em contrapartida, uma série de investimentos em aprovação operacional, treinamento de

pessoal, reorganização do espaço aéreo, construção de procedimentos, simulações e estudos

de impacto são necessários para adequar operadores e provedor ATS às normas que regem a

implantação dos sistemas CNS/ATM.

Nesse contexto, é importante avaliar custos e benefícios dadas as condicões operacionais

atuais do espaço aéreo brasileiro. Para tanto, uma metodologia de análise de custo-benefício

foi definida para avaliar diferentes cenários de aplicação dos elementos CNS/ATM.

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Neste capítulo, é apresentada uma avaliação qualitativa dos custos e dos benefícios resultantes

da implementação dos elementos GNSS, RNAV, RNP e RVSM no espaço aéreo brasileiro

segundo cenários pré-estabelecidos.

Os custos identificados neste estudo são aqueles que afetam a estrutura normal de custos do

provedor ATS e dos operadores. Apenas custos extras diretamente relacionados à implantação

do cenário abordado são apreciados. A alocação temporária de recursos humanos ou materiais

já existentes não são considerados, visto que estes não são utilizados e não foram adquiridos

pelo operador ou provedor ATS exclusivamente para este fim.

III.2 METODOLOGIA DE ANÁLISE DE CUSTO-BENEFÍCIO

A OACI recomenda que a implementação dos elementos CNS/ATM seja precedida de uma

análise de custo-benefício (ACB) ou de custo-efetividade. Para auxiliar os países nesta tarefa,

a OACI editou a Circular 257 que contém diretrizes para elaboração da ACB dos Sistemas

CNS/ATM. Esta Circular focaliza a metodologia do Valor Presente Líquido (VPL), que é

amplamente reconhecida e utilizada por instituições financeiras [OACI, 1999a].

Uma análise de custo-benefício “ideal” é um estudo no qual todos os custos e benefícios de

uma alternativa de projeto são quantificados economicamente, considerando o tempo no qual

incorrem cada custo e benefício [Eurocontrol/ATA, 1996].

Entretanto, nem sempre é possivel expressar todos os benefícios em termos econômicos. Os

benefícios que podem ser expressos nesta forma são denominados “benefícios quantitativos” e

aqueles que não podem ser representados em termos econômicos são designados “benefícios

qualitativos”. Um benefício como a “redução do risco de colisão de aeronaves para 3x10-7 por

ano” é um benefício qualitativo apesar de ser expresso numericamente.

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Para avaliar os benefícios qualitativos, uma das abordagens mais indicadas é a análise de

custo-efetividade, cujo resultado evidencia a alternativa de maior potencial para minimizar

custos e maximizar benefícios. Nesta análise, os custos são expressos em valor presente e os

benefícios, detalhadamente descritos, são expressos em unidades físicas ou em escala de valor

qualitativo. A razão Custo/Efetividade é obtida a partir da divisão do custo pela medida do

principal benefício[OACI, 1995].

III.2.1 Abordagem do Valor Presente Líquido

Conforme ilustrado na Figura 3-1, a abordagem do Valor Presente Líquido requer que o

comportamento futuro dos custos e dos benefícios anuais, que dependem das previsões de

demanda anual do tráfego, sejam estimados ao longo do período de análise determinado

[OACI, 1995].

Demanda Anual de Tráfego

Custos Anuais CNS/ATMBenefícios Anuais CNS/ATM

Benefício Líquido Anual

Valor Presente Líquido

Figura 3-1 Visão Genérica de Abordagem do Valor Presente Líquido.

Os custos e os benefícios não se distribuem uniformemente no tempo, pois geralmente há uma

concentração de despesas nos primeiros anos do projeto, seguido por vários anos de

benefícios e custos de operação e manutenção.

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O Valor Presente Líquido é dado pela soma algébrica dos valores presentes dos benefícios

líquidos de cada um dos anos futuros do período analisado:

nn

iR

iR

iRRVPL

)1(....

)1()1( 22

11

0 +++

++

++= (3-1)

onde:

R0 = investimento inicial; n = último ano do período de análise; Rj = resultados ou benefícios líquidos anuais; j = 1,2,3,.......n; i = taxa mínima de atratividade.

III.2.1.1 Período de Análise

Apesar dos benefícios se destribuírem por um longo período de tempo, estes não podem

render indefinidamente. Sendo assim, um período de análise cobrindo o tempo de vida do

projeto é fixado. Normalmente, o período de análise começa no ano de implementação do

projeto e se estende pelo equivalente a vida depreciável dos equipamentos.

III.2.1.2 Ano-Base

Este deve ser o ano de tomada da decisão e deve ser preferencialmente o primeiro ano do

período de análise.

III.2.1.3 Taxa Mínima de Atratividade

Ao considerar uma proposta de investimento, deve-se levar em conta que esta vai deslocar

recursos disponíveis e, portanto, deixar-se-á de auferir retorno de outras possíveis fontes. A

nova proposta para ser atrativa deve render, no mínimo, a taxa de juros referente à

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rentabilidade das aplicações correntes de pouco risco. Esta é, portanto a taxa mínima de

atratividade [Hess et al, 1980].

Dado que cada pessoa ou empresa tem possibilidade de investimentos diferentes, haverá uma

taxa mínima de atratividade diferente para cada uma.

III.2.1.4 Inflação

Em regime inflacionário, as taxas de juros existentes não refletem a remuneração real do

capital. Nelas está incluída a parcela correspondente a desvalorização monetária.

Se custos e receitas forem projetados independentemente, estimando-se a maneira pela qual a

inflação atuará sobre cada elemento de custo e receita, a taxa mínima de atratividade deverá

englobar os juros e a inflação. Se as estimativas forem feitas em termos de moeda constante,

eliminando-se o efeito da inflação, a taxa mínima de atratividade não deverá incluir a taxa de

inflação [Hess et al, 1980].

III.2.2 Análise de Viabilidade

Obtendo-se separadamente os valores presentes dos custos e dos benefícios por meio da

aplicação da equação 3-1, a viabilidade do empreendimento pode ser avaliada conforme segue

[OACI, 1995]:

CustoBenefícioCustoBenefícioRazão =/ (3-2)

CustoBenefícioVPL −= (3-3)

O projeto é economicamente viável se Custo

Benefício > 1 ou se Benefício – Custo > 0.

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III.2.3 Metodologia Adotada

Com base na Circular 257 da OACI [OACI, 1995] e na metodologia de ACB de projetos de

ATM do Programa de Integração e Harmonização do Controle de Tráfego Aéreo na Europa,

(EATCHIP), foi adotada a seguinte metodologia para a análise de custo-benefício realizada

neste trabalho:

• 1.a fase – Definição do cenário de estudo: nesta fase as alternativas de projeto são

identificadas e avaliadas para montagem do(s) cenário(s) de estudo que deve(m)

contemplar os seguintes aspectos: nível de serviço considerado, distribuição dos

eventos do projeto no tempo, período de análise e nível de detalhamento do estudo.

• 2.a fase – Identificação e Investigação dos Custos: os custos referentes ao cenário de

estudo são identificados e agrupados por financiador. Dados e informações relevantes

referentes a cada item de custo são coletados com o intuito de subsidiar uma análise

qualitativa ou para posterior modelagem dos mesmos.

• 3.a fase – Identificação e Investigação dos Benefícios: Os potenciais benefícios são

identificados e agrupados por beneficiário. Dados e informações referentes a cada item

de benefício são coletados.

• 4.a fase – Modelagem dos Custos e Benefícios: as estimativas dos custos e benefícios

quantitativos são modeladas.

• 5.a fase – Apresentação dos Resultados: os benefícios quantitativos e qualitativos são

apresentados, assim como o fluxo de caixa, a razão custo/benefício e o valor presente

líquido do projeto. Os resultados são apresentados separadaradamente, para o

provedor ATS e operadores. A viabilidade geral do projeto é obtida a partir dos

resultados agregados.

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Esta metodologia é esquematizada na Figura 3-2.

1. Definição do Cenário de Estudo- Identificar as alternativas de projeto- Definir as hipóteses de trabalho- Definir o cenário a ser avaliado

2. Identificação e Investigação dos Custos- Identificar os custos- Identificar os financiadores- Investigar os custos - Identificar fonte de dados - Coletar dados e informações pertinentes

3. Identificação e Investigação dos Benefícios- Identificar os benefícios- Identificar os beneficiários- Investigar os benefícios - Identificar fonte de dados - Coletar dados e informações pertinentes

4. Modelagem dos Custos e Benefícios

5. Apresentação dos Resultados- Hipóteses formuladas- Fluxo de caixa líquido- Fluxo de caixa acumulado- Razão Custo/Benefício- Razão Custo/Efetividade

Figura 3-2: Metodologia de ACB.

Neste Capítulo são abordadas as fases 1, 2 e 3 para os cenários de estudo determinados. No

estudo de caso apresentado no Capítulo IV são abordadas as fases 4 e 5.

III.3 DETERMINAÇÃO DOS CENÁRIOS ANALISADOS

A Tabela 3-1 apresenta os cenários a serem analisados neste estudo, determinados a partir dos

seguintes documentos:

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• Nas diretrizes da OACI para a região CAR/SAM: Plano Regional CAR/SAM para

Implementação dos Sistemas CNS/ATM [OACI, 1999a] e Plano de Ação CNS/ATM

para as Regiões CAR/SAM [OACI, 1999d];

• Nas diretrizes, declarações e decisões das autoridades aeronáuticas brasileiras: Plano

Nacional de Implementação dos Sistemas CNS/ATM [COMAR, 2002];

• No planejamento e evolução da implementação dos elementos CNS/ATM: notas de

trabalho dos “Encontros de Autoridades e Planejadores de Gestão de Tráfego Aéreo

para Implementação RVSM, RNAV e RNP nas regiões CAR/SAM”4;

• Na estratégia européia de implantação CNS/ATM [Eurocontrol, 2000].

Tabela 3-1: Cenários Analisados.

Cenário 1 RNAV/RNP 5 • Implementação de rotas fixas RNAV/RNP 5 • Área Terminal: STAR e SID RNAV/RNP 5

Cenário 2 RVSM • Implementação da RVSM entre os níveis de vôo FL 290 e FL 410.

Cenário 3 GNSS como meio primário de navegação

• GNSS como meio primário de navegação no espaço aéreo brasileiro

Os Cenários 1 e 2, assim com os Cenários 2 e 3, são compatíveis entre si e devem coexistir;

todavia, o mesmo não se verifica para os Cenários 1 e 3.

Nas seções subseqüentes são determinados e avaliados os custos e os benefícios referentes a

implementação dos cenários apresentados na Tabela 3-1.

4 Notas de trabalho produzidas entre o 1º (07/2000) e o 8º (07/2004) Encontros de Autoridades e Planejadores de

Gestão de Tráfego Aéreo para Implementação da RVSM, da RNAV e da RNP nas regiões CAR/SAM.

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III.4 CENÁRIO 1 – RNAV/RNP 5

Nesta seção são apresentados os custos e os benefícios decorrentes da implementação do

RNAV/RNP 5.

Embora dissociadas de requisitos de precisão, muitas rotas RNAV já foram introduzidas no

espaço aéreo superior brasileiro. A implementação da RNP 5 significará a imposição de uma

área de confinamento conhecida para as aeronaves que as praticam.

A RNP 5 funcionará como o mínimo denominador comum do espaço aéreo, ou seja, a

performance mínima admissível. Assim, muitas aeronaves alcançarão requisitos de

performance superiores, notadamente aquelas equipadas com FMS, GNSS ou IRS.

O requisito RNP 5 é o mesmo definido para a Navegação de Área Básica (B-RNAV)

praticada na Europa, pois ambos são expressos apenas em termos de precisão. Desde abril de

1998, a B-RNAV tornou-se mandatória acima do nível de vôo FL 095 na porção do espaço

aéreo europeu denominada Estados da Conferência da Aviação Civil Européia (ECAC).

III.4.1 Custos

Os custos referentes à implantação da RNAV/RNP 5 ficarão a cargo dos operadores e do

provedor ATS. Os custos incidentes sobre os operadores resumem-se na obtenção da

Aprovação Operacional RNAV/RNP 5. Os custos referentes ao planejamento, treinamento de

controladores de tráfego aéreo e implementação da RNAV/RNP 5 serão cobertos pelo

provedor ATS.

37

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III.4.1.1 Aprovação Operacional RNAV/RNP 5

Para obter a Aprovação Operacional RNAV/RNP 5, cada operador deve apresentar à

Autoridade Aeronáutica de seu país, provas de que sua aeronave satisfaz os requisitos

exigidos para as seguintes condições:

• Certificado de aeronavegabilidade RNAV/RNP 5;

• Treinamento de tripulantes técnicos.

III.4.1.1.1 Certificado de Aeronavegabilidade RNAV/RNP 5

O Certificado de Aeronavegabilidade RNAV/RNP 5 é o documento que atesta que a aeronave

foi inspecionada e/ou modificada e que atende as especificações de navegação requeridas.

Uma aeronave elegível à aprovação operacional RNAV/RNP 5 deve possuir os seguintes

equipamentos [FAA, 1998]:

• Um ou mais equipamentos RNAV ;

• Unidade de Monitoramento e Controle (CDU);

• Monitor de navegação;

O equipamento RNAV deve ter, no mínimo, as seguintes funções [JAA, 1997]:

• Contínua indicação da posição da aeronave em relação à rota pretendida;

• Indicação de distância e tempo até o próximo ponto da rota, além de rumo e

velocidade;

• Armazenamento de 4 pontos, no mínimo;

• Capacidade de indicação de falha do sistema RNAV e dos sensores utilizados.

38

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Além disso, as seguintes funções também são recomendadas: acoplamento ao piloto

automático, posição em tempo real, função “voar direto para”, indicação da precisão de

navegação, seleção automática de rádio-auxílios e base de dados de navegação.

A RNAV/RNP 5 pode ser alcançada navegando por meio dos seguintes sensores: VOR/DME,

DME/DME, IRS e GNSS. Entretanto, considerando a cobertura média dos rádio-auxílios

convencionais no espaço aéreo brasileiro (ver Apêndice 1), para se praticar a RNP 5 com

continuidade, as aeronaves deverão estar equipadas com, no mínimo, 1 IRS ou 1 receptor

GPS+ABAS, além de VOR/DME e do equipamento RNAV.

Grande parte das aeronaves de aviação comercial possuem capacidade melhor que RNP 5,

pois estas são dotadas de FMS e de receptores GPS ou IRS. Todo FMS fabricado é capaz de

atender aos padrões da OACI para RNP 5 ou melhor [Mitre, 2001]. Alguns valores referentes

à aquisição da capacidade RNAV/RNP 5 são apresentados no Anexo A.

III.4.1.1.2 Treinamento de Tripulantes Técnicos

A formação contínua para aquisição de novas competências, bem como a

manutenção/validação das capacidades já adquiridas é intrínseca à vida profissional do

aeronauta. É da responsabilidade da companhia aérea viabilizar a realização de cursos de

modo a manter seu corpo de tripulantes técnicos devidamente habilitado.

O treinamento RNAV/RNP 5 para tripulantes técnicos consiste de uma instrução teórica em

sala de aula abordando obrigatoriamente os seguintes assuntos: definição da RNP e requisitos

RNP 5; espaços aéreos RNP 5; modificações nas cartas e documentos; equipamentos

requeridos em ambiente RNAV/RNP 5 e suas limitações; plano de vôo; procedimentos de

contingência e procedimentos RNAV em área terminal [FAA, 1998].

39

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III.4.1.2 Implantação RNAV/RNP 5

O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), órgão responsável por implantar,

coordenar e financiar toda e qualquer modificação no espaço aéreo sob jurisdição nacional

deverá conduzir a implantação da RNAV/RNP 5 segundo três etapas: planejamento,

treinamento de controladores de tráfego aéreo e implementação. Estas etapas são descritas a

seguir:

III.4.1.2.1 Planejamento

A fase de planejamento engloba a realização de reuniões de especialistas para identificação da

necessidade operacional, características e capacidade do espaço aéreo, problemas reportados

por companhias aéreas e controladores, definição de requisitos, coordenação entre os Estados,

análises de segurança, produção de documentos e estudos de avaliação de impactos.

Antes de implementar procedimentos ou rotas RNAV/RNP 5, estas podem ser testadas

utilizando as instalações de simulação do Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA)5, em

São José dos Campos. Os testes devem avaliar aspectos de segurança assim como a aceitação

do controlador a partir de sua perspectiva em relação à carga de trabalho, além de facilidade

de execução, simplicidade e, quando relevante, redução de ruídos.

Normalmente, os custos incorridos nesta fase não causam impacto econômico expressivo,

dado que o DECEA aloca recursos próprios e já disponíveis para este fim6.

5 Antigo Instituto de Proteção ao Vôo (IPV).

6 Esta informação foi obtida em visita técnica realizada neste órgão em janeiro de 2004.

40

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III.4.1.2.2 Treinamento de Controladores de Tráfego Aéreo

Imprescindível no objetivo de fazer o controlador assimilar antecipadamente as mudanças em

seu ambiente operacional, o treinamento em simuladores visa a assegurar que o controlador

esteja suficientemente familiarizado com o novo procedimento.

No caso de pequenas mudanças, algumas sessões de poucas horas de instrução para explicar a

nova rota e revisar a fraseologia correta é recomendável. O laboratório de simulação do ICEA

pode ser utilizado para familiarizar os controladores no caso de ocorrência de mudanças

expressivas na organização do espaço aéreo.

III.4.1.2.3 Implementação

A fase de implementação RNAV/RNP 5 compreende a modificação e publicação de cartas de

navegação e outros documentos.

III.4.2 Benefícios

Quando devidamente implementada, a RNAV/RNP 5 poderá gerar os seguintes benefícios:

• Rotas diretas em grande círculo;

• Aumento da capacidade de espaço aéreo;

• Redução da vetoração radar;

• Redução dos impactos ambientais.

Cada um destes benefícios é abordado detalhadamente nas seções a seguir.

41

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III.4.2.1 Rotas Diretas em Grande Círculo

A prática de rotas diretas em grande círculo representam um importante benefício associado à

RNAV pois implicam diretamente em redução de custos operacionais. Embora em menor

escala, benefício similar ocorre também quando da implementação da RNAV em Saídas

Padrão por Instrumento (SIDs RNAV) e Rotas Terminais Padrão de Chegada (STARs

RNAV), pois as distâncias e tempos de vôo reduzidos se traduzem em economias de

combustível e demais Custos Operacionais Diretos.

Dentre os custos operacionais constantes no Anuário do Transporte Aéreo do DAC, os citados

abaixo são proporcionais à duração do vôo ou à distância percorrida:

• Combustível;

• Depreciação de Equipamento de Vôo;

• Manutenção e Revisão;

• Salário de Tripulantes Técnicos;

• Salário de Comissários de Bordo;

• Tarifas de Auxílio à Navegação.

Cada rota RNAV estabelecida deve ser individualmente avaliada quanto aos seus benefícios.

Para tanto, é necessário levantar o tráfego da referida rota, a distância percorrida em relação à

rota convencional e a taxa de crescimento anual do tráfego.

Segundo estimativas apresentadas no “Plano Nacional de Implementação dos Sistemas

CNS/ATM”, a economia de combustível resultante da operação de rotas mais diretas no

Brasil deverá corresponder a US$ 30 milhões em 2010 [COMAR, 2002].

42

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III.4.2.2 Aumento da Capacidade do Espaço Aéreo

A RNAV/RNP 5 permite as seguintes soluções no sentido de aumentar a capacidade do

espaço aéreo e conseqüentemente reduzir atrasos e aumentar a segurança:

• Rotas paralelas;

• Localização otimizada das manobras de espera;

• SIDs e STARs otimizadas;

• Trajetórias de desvio de densas áreas terminais;

• Rotas alternativas ou de contingência - flexibilidade na elaboração de desvios de zonas

meteorológicas de condições adversas;

• Reposicionamento ou supressão de interseções de aerovias (pontos de conflito).

Em hora de pico, a capacidade das áreas terminais dos grandes aeroportos brasileiros

normalmente é ultrapassada. Isto porque as companhias aéreas programam seus vôos para

chegar e sair às mesmas horas. Aplicando as soluções acima mencionadas espera-se aumentar

a capacidade das áreas terminais possibilitanto a redução dos atrasos e da carga de trabalho de

controladores e pilotos.

Todavia, os atrasos gerados no lado ar dos aeroportos persistirão. Estes são bastante

significativos e freqüentemente se estendem até as áreas terminais causando

congestionamentos. A capacidade de um aeroporto é limitada pela direção dos ventos, pelo

pátio de estacionamento, pelo número de pistas, sepação entre pistas e pelos critérios de

segurança de liberação de pistas e proteção contra esteiras de turbulência.

43

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III.4.2.3 Redução da Vetoração Radar

À aproximadamente 10 MN ao redor dos aeroportos é freqüente não se ter rádio-auxílios

convencionais disponíveis, inviabilizando a prática dos procedimentos de pouso e decolagem

neles baseados. Por esta razão as aeronaves são vetoradas pelo controlador, ou seja, são

conduzidas em termos de altitude e rumo magnético. O piloto recebe em média três instruções

de vetoração, totalizando seis enlaces ar/solo que são efetuados para guiar a aeronave nas

trajetórias perna do vento, perna base e curva de aproximação final [Mitre, 2001].

Com a implementação de SIDs e STARs RNAV, as aeronaves devidamente equipadas

poderão navegar por conta própria ao longo de todo o percurso, desde o fixo de entrada da

TMA até a aproximação final, uma vez que as trajetórias são pré-definidas. Assim, é

eliminada a comunicação necessária para assegurar que a aeronave esteja realmente na

direção e altitude concedidos, reduzindo assim a carga de trabalho do controlador e do piloto.

III.4.2.4 Redução dos Impactos Ambientais

A redução de impactos ambientais se manisfesta de duas formas distintas: Redução do ruído

aeronáutico nas imediações dos aeroportos e redução da emissão de poluentes na atmosfera.

III.4.2.4.1 Redução do Ruído Aeronáutico nas Imediações dos Aeroportos

Os procedimentos de aproximação convencionais, por se apoiarem em rádio-auxílios,

oferecem pouca flexibilidade para evitar as zonas sensíveis ao ruído aeronáutico.

As técnicas RNAV/RNP 5 propiciam a criação de rotas e procedimentos visando a satisfazer

requisitos específicos de redução de ruído. Áreas de grande densidade populacional podem ser

44

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evitadas pelas aeronaves de pequeno arrasto (capazes de subir mais rápido e manobrar

imediatamente após a decolagem) por meio da execução de procedimentos de saída

especialmente projetados para explorar tal performance.

Adicionalmente, devido à precisão de navegação, com desvio lateral conhecido, é possível

pré-definir rotas e procedimentos “sob medida” que evitem zonas sensíveis. A maior adesão

da aeronave às rotas estabelecidas ajuda a reduzir o ruído das operações.

III.4.2.4.2 Redução da Emissão de Poluentes na Atmosfera

A crescente aumento do tráfego aéreo tem provocado um proporcional aumento de poluentes

emitidos pelas aeronaves na atmosfera. As principais substâncias identificadas como

poluentes, resultantes da queima de combustível de aviação são: dióxido de carbono (CO2);

óxidos de nitrogênio (NOx); óxidos de enxofre (SOx); monóxido de carbono (CO); metano

(CH4) e vapor d’água (H2O).

Estas substâncias podem causar dois problemas ambientais principais:

O incremento do fenômeno do Efeito Estufa;

A redução da Camada de Ozônio, na qual as emissões de NOx guardam relação direta;

Embora menos expressivo, as emissões aeronáuticas de óxidos de enxofre contribuem para o

fenômeno de Chuvas Ácidas.

As emissões de óxidos de nitrogênio (NOx), dependendo de suas concentrações na atmosfera,

podem causar o aumento ou a redução do ozônio. Na estratosfera, o efeito comumente

observado do NOx é a redução do ozônio. Entre a alta troposfera e a baixa estratosfera (entre

9 e 12 Km aproximadamente), tem-se registrado o aumento da concentração de ozônio devido

45

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a presença do NOx. Neste caso, o NOx induz ao aumento do Efeito Estufa e,

conseqüentemente, ao aquecimento global [Simões et al, 2003].

O vapor d´água na troposfera pouco influencia o fenômeno do Efeito Estufa pois tende a ser

removido pela precipitação. Entretanto, quando a emissão ocorre aproximadamente acima de

11 km, o vapor d’água atua como um Gás de Efeito Estufa, retendo a radiação solar

proveniente da Terra, auxiliando no processo de aquecimento global [Simões et al, 2003].

Para cada quilo de combustível queimado são emitidos na atmosfera [Eurocontrol, 2004c]:

• 3,149 kg de CO2

• 1,230 kg de H2O

• 0,84 g de SO2

• 10,34 g de NOx

A redução das distâncias voadas e conseqüentemente da queima de combustível, contribui

para reduzir a emissão destes gases na atmosfera, contribuindo assim para a realização dos

objetivos do Protocolo de Kyoto.

O Protocolo de Kyoto é um acordo internacional que estabelece metas de redução global da

emissão dos gases responsáveis pelo efeito estufa em 5,2 %, entre os anos 2008 e 2012. O

protocolo foi baseado nos princípios do Tratado da Organização das Nações Unidas (ONU)

sobre mudanças climáticas.

Para países considerados em desenvolvimento não foi exigido nenhum comprometimento

com metas específicas. No entanto, como signatário, o Brasil deve buscar o desenvolvimento

de estratégias para combater as mudanças climáticas.

46

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III.4.3 Quadro Resumo: Custos x Benefícios RNAV/RNP 5

A Tabela 3-2 apresenta o resumo dos custos e benefícios da implementação da RNAV/RNP 5

de acordo com o Cenário 1:

Tabela 3-2: Quadro Resumo: Custos x Benefícios RNAV/RNP 5.

Benefícios

Aumento da Capacidade do Espaço

Aéreo

Redução da Vetoração Radar

Rotas Diretas em Grande Círculo

Custos

Usuário do Transporte Aéreo / Sociedade em geral _

Redução do tempo de viagem

_

Operador

Red

ução

ou

não-

gera

ção

de a

traso

s

Redução da carga de trabalho do

piloto

Economia de Custos

Operacionais Diretos

Aprovação Operacional

RNAV/RNP 5

Provedor ATS/Estado Aum

ento

da

segu

ranç

a

Redução da carga de trabalho do controlador

Red

ução

dos

impa

ctos

am

bien

tais

_ Implantação

RNAV/RNP 5

III.5 CENÁRIO 2 – RVSM

Esta seção apresenta os custos e benefícios decorrentes da implantação da RVSM entre os

níveis de vôo FL 290 e FL 410 do espaço aéreo brasileiro.

III.5.1 Custos

Os custos referentes à implementação da RVSM ficam a cargo do provedor ATS e dos

operadores. Os custos incidentes sobre os operadores resumem-se na obtenção da Aprovação

Operacional RVSM. O provedor ATS arca com os custos referentes à implantação da RVSM

no espaço aéreo.

47

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III.5.1.1 Aprovação Operacional RVSM

A aprovação operacional pode ser aplicável a uma única aeronave ou a um grupo. Aeronaves

de projeto e construção similares, no que concerne às características aerodinâmicas ou todo e

qualquer detalhe que influencie sua performance de manutenção da altitude, são agrupadas

para fins de obtenção da aprovação operacional e monitoramento de altitude.

Para obter a aprovação operacional RVSM, cada operador deve apresentar à Autoridade

Aeronáutica de seu país provas de que a aeronave/grupo satisfaz as especificações MASPS

nos seguintes quesitos:

• Certificado de aeronavegabilidade RVSM;

• Monitoramento de altitude;

• Treinamento de tripulantes técnicos;

• Programa de manutenção.

A seguir, cada um destes quesitos é abordado em detalhes.

III.5.1.1.1 Certificado de Aeronavegabilidade RVSM

O certificado de aeronavegabilidade RVSM é o documento que atesta que a aeronave foi

inspecionada e/ou modificada e que possui performance de navegação no plano vertical

suficiente para atender as especificações.

A maioria das aeronaves recém fabricadas já vem com os equipamentos RVSM, de acordo

com seu Certificado de Tipo. Nesse caso, a aeronave é entregue ao seu primeiro proprietário

já com o certificado de aeronavegabilidade RVSM. Aeronaves não certificadas para operação

RVSM, devem ser modificadas por meio da incorporação de boletins de serviço.

48

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Uma relação dos boletins de serviço RVSM disponíveis no mercado e respectivos custos de

aplicação são apresentados no Anexo B (AP/ATM/6-IP3) deste estudo. Estes custos podem

chegar a US$ 175.000,00 em função da tecnologia das aeronaves. Algumas aeronaves

demandam apenas uma inspeção visual, outras requerem ampla adequação.

III.5.1.1.2 Monitoramento de Altitude

De posse do certificado de aeronavegabilidade, cada grupo de aeronaves que compõe a frota

de um operador, deve ser submetido ao programa de monitoramento de altitude, no qual é

avaliada a capacidade da aeronave em manter a altitude pretendida. Esta aferição é requisito

fundamental para o estabelecimento de um ambiente RVSM seguro.

O monitoramento da altitude pode ser feito por um dos dois métodos adiante discriminados:

• Unidade de Monitoramento de Altitude (HMU): Conjunto de estações baseadas em

solo que recebe do radar secundário de bordo a posição e a altitude da aeronave. A

desvantagem deste método é o custo de implantação da HMU (três unidades européias

custaram aproximadamente US$ 8 milhões). Além disso, as aeronaves devem estar

dentro da área de cobertura da estação (35 a 45 MN) para serem aferidas. A região

CAR/SAM não dispõe de HMU e voar até os sítios onde estão instaladas estas

unidades pode não ser viável para os operadores.

• Sistema de Monitoramento Baseado em GPS (GMS): Método que utiliza uma

Unidade de Monitoramento GPS, que consiste numa unidade autônoma de GPS

diferencial instalada temporariamente na aeronave a ser monitorada para medir com

precisão a posição da aeronave em 3 dimensões.

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No Brasil, o monitoramento de altitude deve ser realizado conforme o modelo da Agência de

Monitoramento Regional do Caribe e América do Sul (CARSAMMA).

Como mencionado anteriormente, aeronaves de projeto e construção similares são agrupadas

para fins de monitoramento de altitude. Conforme apresentado na Tabela 3-3, o modelo da

CARSAMMA divide os grupos de aeronaves em 3 blocos que representam três diferentes

condições de monitoramento:

Tabela 3-3: Requisitos de Monitoramento segundo o modelo CARSAMMA.

Blocos Grupos 1 Descrição Requisitos Mínimos de Monitoramento

1 1 a 38 Grupos de geronaves que apresentam estatística de performance de acordo com os padrões RVSM 2 aeronaves

2 39 a 87 Grupo de aeronaves com estatística de performance insuficiente para passar ao bloco 1 60% das aeronaves

3 - Aeronaves não-grupo 2 100% das aeronaves Nota 1: O modelo não propõe a numeração dos grupos; este artifício foi adotado para facilitar a identificação. Nota 2: As aeronaves não-grupo são aquelas que não se encaixam nos casos dos blocos 1 e 2

No Anexo C é apresentada a tabela completa, correlacionando os grupos de aeronaves às

exigências de monitoramento.

Caso um operador acrescente a sua frota, aeronaves com certificado de aeronavegabilidade

RVSM, estas não necessitarão de monitoramento adicional se o operador já possuir aeronaves

do mesmo tipo aprovadas RVSM e monitoradas. Caso contrário, haverá necessidade de

monitoramento extra.

III.5.1.1.3 Treinamento de Tripulantes Técnicos

A realização do treinamento RVSM para tripulantes técnicos é de responsabilidade do

operador da aeronave. Durante o treinamento, os seguintes tópicos deverão ser abordados:

50

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fraseologia ATC, equipamentos mínimos RVSM, procedimentos operacionais, procedimentos

de contingência (turbulência, alertas TCAS, etc.) e estrutura do espaço aéreo.

III.5.1.1.4 Programa de Manutenção

Procedimentos específicos de manutenção e inspeção devem ser aplicados aos equipamentos

RVSM visando a garantir o cumprimento continuado dos requisitos de performance.

O operador deve provar à autoridade aeronáutica de seu país que um adequado programa de

manutenção foi estabelecido para cada tipo de aeronave. Os técnicos de manutenção devem

cumprir treinamento teórico e prático abordando aspectos relacionados às inspeções técnicas,

calibração de instrumentos e outros.

III.5.1.2 Implantação da RVSM

O DECEA conduziu a implantação da RVSM em três etapas: planejamento, treinamento e

implementação, descritas a seguir:

III.5.1.2.1 Planejamento

A fase de planejamento engloba a realização de reuniões de especialistas, definição de

requisitos, produção de documentos e estudos específicos para avaliação de impactos.

Os custos incorridos nesta fase não são muito expressivos, uma vez que o DECEA aloca

recursos próprios e já disponíveis para este fim.

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III.5.1.2.2 Treinamento dos Controladores de Tráfego Aéreo

O treinamento de controladores de Centros de Controle de Área (ACC) baseou-se no “Manual

de Diretrizes para Treinamento RVSM na Região CAR/SAM”. Nesta fase incorrem custos de

deslocamento de controladores desde suas bases até o ICEA em São José dos Campos, além

de diárias e estadia.

III.5.1.2.3 Implementação

A fase de implementação da RVSM compreende modificações nas cartas de navegação e

outros documentos, revisão das rotas e procedimentos existentes e adequação dos sistemas

automatizados de controle de tráfego aéreo.

Do ponto de vista do ATC, a prática da RVSM gera a necessidade de uma clara identificação

das aeronaves aprovadas e não aprovadas RVSM, além de um sistema de alerta de conflito

diferenciado que identifique o status de aprovação de cada aeronave7.

III.5.2 Benefícios

Os benefícios decorrentes da implementação da RVSM têm uma só origem: os seis níveis de

vôo adicionais que serão disponibilizados (FL 300, FL 320, FL 340, FL 360, FL 380, FL 400)

na porção do espaço aéreo mais disputada pelas aeronaves. Conseqüentemente os seguintes

benefícios são viabilizados:

• Redução da carga de trabalho do controlador;

7 A ausência de tal sistema foi o fator contribuinte para o único incidente ocorrido durante a Simulação RVSM

Continental [OACI, 2003c].

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• Aumento da capacidade do espaço aéreo;

• Economia de combustível;

• Redução da emissão de poluentes na atmosfera.

Cada um destes benefícios é abordado detalhadamente nas seções a seguir.

III.5.2.1 Redução da Carga de Trabalho do Controlador

Várias simulações em tempo real realizadas pela FAA demonstraram que a implementação da

RVSM reduz a carga de trabalho do controlador [OACI, 2004a]. Simulações em tempo real

do espaço aéreo brasileiro, realizadas no ICEA, também alcançaram resultados similares

[OACI, 2003c].

III.5.2.2 Aumento da Capacidade do Espaço Aéreo

Na Europa e em certas porções do espaço aéreo norte americano, o aumento de capacidade

gerado pela RVSM reflete-se fortemente na redução dos atrasos. Isto não se verificará a curto

prazo no espaço aéreo brasileiro, pois os atrasos aqui gerados têm origem principalmente no

lado ar dos aeroportos ou nas áreas terminais. Por este motivo o benefício associado ao

aumento de capacidade será o de resguardá-la para acolher o tráfego futuro.

III.5.2.3 Economia de Combustível

A economia de combustível em cruzeiro é função de diversos fatores, dentre eles destacam-se

a massa da aeronave, a velocidade de cruzeiro e a altitude do vôo. No caso de vôo a número

de Mach constante, resta apenas otimizar o nível de vôo a ser praticado.

53

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A altitude ótima de vôo é aquela em que a aeronave apresenta o maior alcance específico, ou

seja, maior distância percorrida por quilo de combustível [Padilla, 1996]. Conforme

apresentado na Figura 3-3, para cada massa mi que a aeronave apresenta há uma “altitude

ótima” que maximiza seu alcance específico. A

ltitu

de P

ress

ão

Alcance Específico

m2 m1

m3

> >m1 m2 m3

Altitude Ótima

Figura 3-3: Alcance específico em função da massa e da altitude.

À medida em que o combustível é queimado, a massa da aeronave diminui e a altitude ótima

de vôo aumenta, comforme mostrado na Figura 3-4:

Alti

tude

Pre

ssão

Massa

Altitude Ótima

Figura 3-4: Altitude ótima de vôo em função da massa da aeronave.

Para voar exatamente na altitude ótima é necessário que a aeronave suba continuamente

enquanto perde massa. Todavia, devido às restrições impostas pelo ATC, este procedimento

não pode ser realizado. As regras do ATC estabelecem que as aeronaves devem voar níveis de

vôo específicos em função de seu rumo magnético.

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Conforme ilustrado na Figura 3-5, para voar o mais próximo possível da altitude ótima de

vôo, as companhias aéreas costumam praticar um procedimento denominado ‘Step Climb’ que

consiste em subir, logo após a decolagem, para um nível de vôo 2000 pés acima da altitude

ótima de vôo e lá permanecer até que a aeronave perca massa suficiente para que a altitude

ótima eleve-se 2000 pés acima do nível de vôo em que se encontra a aeronave. Neste

momento uma nova subida de 4000 pés é efetuada, posicionando a aeronave novamente 2000

pés acima do nível ótimo de vôo. Este prodecimento é realizado sucessivamente durante todo

o vôo.

Nív

el d

e V

ôo

Massa

Altitude Ótima

4000 pés

Figura 3-5: Procedimento “Step Climb”.

Em ambiente RVSM o “Step Climb” de 4000 pés é reduzido para 2000 pés, proporcionando à

aeronave maior proximidade de sua altitude ótima de vôo e portanto, maior economia de

combustível.

III.5.2.4 Redução da Emissão de Poluentes na Atmosfera

Em decorrência da redução do consumo de combustível atribuído a maior aderência da

aeronave a sua curva de altitude ótima, surge o benefício da redução da emissão de gases

poluentes na atmosfera.

55

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III.5.3 Quadro Resumo: Custos x Benefícios RVSM

A Tabela 3-4 sintetiza os custos e benefícios resultantes da implementação da RVSM de

acordo com o Cenário 2:

Tabela 3-4: Quadro Resumo: Custos x Benefícios RVSM.

Benefícios

Perfis Verticais de Vôo Otimizados

Aumento da Capacidade do Espaço Aéreo

Custos

Usuários do Transporte Aéreo / Sociedade Em Geral

_ _

Operador Economia de Combustível

Redução ou não-geração de atrasos Aprovação

Operacional RVSM

Provedor ATS /Estado Red

ução

da

emis

são

de

polu

ente

s na

atm

osfe

ra

Redução da Carga de trabalho do controlador

Implantação RVSM

III.6 CENÁRIO 3 – GNSS COMO MEIO PRIMÁRIO DE NAVEGAÇÃO

Nesta seção são apresentados os custos necessários para tornar o GNSS o meio primário de

navegação no espaço aéreo superior brasileiro, assim como os benefícios decorrentes do

estabelecimento deste cenário.

A utilização do GNSS como meio primário de navegação está condicionada à existência de

um sistema de aumentação satelital (SBAS), conforme determinado no “Plano Regional

CAR/SAM para a Implementação dos Sistemas CNS/ATM” [OACI, 1999a]. Neste sentido,

duas opções podem ser apreciadas: a implementação de um SBAS nacional ou a

implementação da extensão de um SBAS estrangeiro.

Este estudo contempla apenas a primeira opção, visto que o Comando da Aeronáutica declara

manter, como objetivo permanente, esforços para que o Brasil disponha de satélites nacionais

56

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para atender à demanda dos sistemas CNS/ATM [COMAR, 2001]. De fato, a aquisição de um

SBAS por parte do Governo Brasileiro encontra-se em fase avançada de estudo.

Diferentes níveis de desempenho podem ser alcançados dependendo das características

técnicas do projeto, do comportamento da ionosfera local, do número de estações de

monitoramento instaladas, etc.

Assim, dependendo do desempenho alcançado e do tipo do receptor adquirido pelo usuário, o

SBAS poderá dar suporte a vários tipos de operações aéreas, a saber:

• RNAV em rota e área terminal;

• Vários tipos de RNP;

• Aproximação de não precisão (NPA);

• Aproximação com guiagem vertical I e II (APV I and APV II).

Nos casos mais bem sucedidos, o SBAS poderá também dar suporte a aproximação de não-

precisão Categoria I (CAT I).

III.6.1 Custos

O investimento necessário para adquirir e implantar um SBAS brasileiro fica a cargo do

Estado e dos operadores. O Estado deverá arcar com a implantação do SBAS e os operadores

arcarão com os custos de adequação de suas aeronaves para fins de obtenção da aprovação

operacional SBAS.

III.6.1.1 Implantação do SBAS

O Governo Brasileiro cogita a possibilidade de adquirir um SBAS no âmbito de um projeto

ainda maior, o Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB).

57

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O SGB é um conjunto de satélites multimissão do Governo Brasileiro concebido para dar

suporte não só às aplicações CNS/ATM como também a aplicações militares,

governamentais, de segurança nacional e meteorológicas. A princípio, o SBAS seria integrado

a bordo do SGB, cuja operação está prevista para 2009.

O SGB encontra-se atualmente em fase de especificação técnica, conduzida pela Fundação

Tecnologias Críticas (ATECH) e pela Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em

Telecomunicações (CPqD).

O projeto SGB prevê a construção de dois satélites com custo estimado de US$ 592 milhões e

vida útil de 15 anos. Este valor também inclui lançamento, seguro e infra-estrutura de apoio

em solo [Gazeta Mercantil, 2004]. Não se sabe portanto qual é a parte deste montante que

corresponde ao SBAS isoladamente.

Os custos de implantação de um SBAS incluem:

• A especificação do sistema;

• Aquisição e implementação do segmento espacial (aquisição dos satélites

geoestacionários, lançamento, seguro);

• Aquisição e implementação do segmento solo (estações de monitoramento, estação

processadora);

• Operação e manutenção de ambos segmentos;

58

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III.6.1.2 Aprovação Operacional SBAS

Os custo de obtenção do Certificado de Aeronavegabilidade SBAS incluirá a aquisição da

capacidade SBAS, sua instalação e certificação, além dos custos de treinamento de pilotos e

de técnicos de manutenção.

Embora não haja dados confiáveis relativos a estes itens de custo, estima-se que, com exceção

da aquisição da capacidade SBAS, os custos supracitados sejam similares aos já normalmente

praticados na aviação [CANSO, 2005].

Algumas classes de receptores necessitarão apenas de uma modificação no software do

receptor de GPS padrão (GPS+ABAS) para torná-los capazes de receber e utilizar mensagens

de aumentação dos satélites geoestacionários [CANSO, 2005]. Alguns valores referentes aos

custos deste tipo de modificação são apresentados no Anexo A.

Os receptores SBAS a serem utilizados em operações APV estão atualmente em fase de

desenvolvimento e necessitarão de níveis específicos de segurança de software e de

alimentação dos dados de saída do receptor. Neste caso, deve-se prever a certificação da

função SBAS dentro do Receptor Múltiplo Modo (MMR) [STNA, 2005].

Todos os receptores SBAS devem satisfazer plenamente os requisitos ABAS e devem

funcionar na área de cobertura de quaisquer SBAS existentes.

III.6.2 Benefícios

A implementação do SBAS trará os seguintes benefícios para operadores, provedor ATS e

usuários:

• Guiagem vertical;

59

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• Suporte aos Requisitos RNAV/RNP;

• Racionalização da infra-estrutura de rádio-auxílios convencionais;

• Utilização em aplicações marítimas e terrestres.

Cada um destes benefícios é abordado detalhadamente nas seções a seguir.

III.6.2.1 Guiagem Vertical

Devido às irregularidades ionosféricas que ocorrem com muita intensidade na zona equatorial,

o desempenho do SBAS no Brasil corre o risco de não ser tão bom quanto o do EGNOS, cuja

performance é suficiente para operações APV-II [Toran-Marti et al, 2004].

Numa postura conservadora, admitir-se-á que inicialmente o SBAS brasileiro proveria

operações até APV-I. Entretanto, espera-se que o desempenho do sistema melhore mediante a

o aumento do número de estações de monitoramento e do aperfeiçoamento do modelo de

comportamento da ionosfera.

Dado que o SBAS é capaz de fornecer trajetórias de planeio virtuais, não há restrição do

número de trajetórias que podem ser praticadas. Esta flexibilidade permite que aeronaves de

diferente performances possam minimizar o efeito de esteiras de turbulência e obstáculos.

A APV-I oferece muitas vantagens operacionais em relação à aproximação de não-precisão,

proporcionando as seguintes melhorias:

• Redução da Altitude Livre de Obstáculos;

• Redução do número de aproximações perdidas;

• Múltiplos ângulos de rampa de descida;

60

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• Possibilidade de implantação de procedimento de aproximações diretas em

substituição às aproximações convencionais em circuito;

Enquanto o ILS gera uma trajetória de planeio única apenas para a pista em que está instalado,

o SBAS possibilita múltiplas trajetórias de planeio em todas as cabeceiras de pista existentes

em sua área de cobertura, inclusive naquelas que não operam IFR, sem que nenhum custo de

instalação, reconfiguração ou manutenção seja necessário. Atualmente, dos 1282 aeródromos

registrados, apenas 322 estão equipados IFR [COMAR, 2002].

Dessa forma, a acessibilidade e a segurança dos aeroportos melhoram e conseqüentemente os

atrasos, desvios e cancelamentos de vôos podem ser reduzidos ou evitados, resultando em

economia de tempo e custos para passageiros e operadores.

A guiagem vertical representa também um importante avanço na área da segurança pois ajuda

a reduzir o risco de Colisões de Vôo Controlado Contra o Terreno (CFIT), que têm figurado

entre as formas mais comuns de acidente desde o início da aviação.

Os acidentes do tipo CFIT se caracterizam por ocorrer sem que a tripulação tenha consciência

da rota de colisão na qual a aeronave se encontra. Este tipo de ocorrência tem se mantido nas

estatísticas, ao longo dos anos, como um dos maiores responsáveis por perdas de vida na

aviação mundial. A Figura 3-6 mostra um quadro comparativo do número de acidentes do tipo

CFIT em relação ao total de acidentes da aviação civil [CENIPA, 2005].

61

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1 0 7 10 11 8 11 616 13 16

129

9882 77

6950 56

6957

67

0

20

40

60

80

100

120

140

160

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Tota is de Acidentes

Acidentes CFIT

Figura 3-6: Acidentes do tipo CFIT x Total de acidentes.

O CFIT ocorre com maior incidência na aviação de pequeno e médio porte, uma vez que as

operações típicas destas categorias são mais curtas, com maior número de pousos e

decolagens, o que implica numa maior exposição ao risco [CENIPA, 2005].

Na Figura 3-7 pode-se verificar a contribuição dos acidentes do tipo CFIT no número total de

fatalidades da aviação civil nos últimos dez anos [CENIPA, 2005].

26 21 26 13 23 14 25 1933

12

10490

187

94 80

5653 77

69

66

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

220

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

FatalidadesFatalidades CFIT

Figura 3-7: Fatalidades causadas por acidentes CFIT x Fatalidades na aviação civil.

62

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O excesso de confiança no controle de tráfego aéreo, sem o devido acompanhamento da

navegação pelo piloto, e a tentativa de vôo visual quando em condições meteorológicas

desfavoráveis, constituem dois cenários característicos da perda da consciência situacional.

Segundo a Flight Safety Foundation, o risco de incidente grave ou acidente é 7 vezes maior

em aproximações de não-precisão que em aproximações com guiagem vertical. Na área de

cobertura do WAAS isto deve significar uma redução de 140 acidentes e 260 mortes num

horizonte de 20 anos [Flight Safety Foundation, 2001].

Além da redução de perda de vidas humanas e de custo de avarias, o SBAS ajuda a

proporcionar um efeito bastante positivo a longo prazo, o aumento crescente da confiança dos

usuários no transporte aéreo.

III.6.2.2 Suporte aos Requisitos RNAV/RNP

A partir da análise realizada no Apêndice 1, pode-se inferir que a infra-estrutura brasileira de

rádio-auxílios convencionais não seria capaz de dar suporte nem mesmo à RNP 5 com

continuidade. A RNP 5, que é o requisito menos estrito para rotas continentais, será

implementado no espaço aéreo brasileiro até 2007 [OACI, 2004b].

Considerando a previsão de crescimento do tráfego nos anos futuros, serão necessários

requisitos de precisão cada vez mais estritos para apoiar as rotas RNAV já implementadas ou

espaços aéreos com problemas de eficiência ou segurança.

Para provedores ATS, a implentação do SBAS torna o GNSS uma ferramenta capaz de dar

suporte à otimização do espaço aéreo numa visão de longo prazo.

63

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Para operadores devidamente equipados, o SBAS permitirá o cumprimento dos requisitos

atuais e futuros RNAV/RNP e, conseqüentemente, uma utilização mais eficiente do espaço

aéreo e dos aeroportos.

Em decorrência do cumprimento do requisito APV-I, por exemplo, o SBAS será capaz de

prover RNP 0,3 em toda área de cobertura do satélite, ou seja, 0,3 milhas náuticas de

afastamento máximo em relação a posição pretendida em 95% do tempo de vôo. Esta

performance de navegação elevada oferece flexibilidade para os projetistas do espaço aéreo

solucionarem os gargalos que venham se apresentar a longo prazo.

III.6.2.3 Racionalização da Infra-Estrutura de Rádio-Auxílios Convencionais

Com a implementação do SBAS, o GNSS pode ser utilizado como meio primário de

navegação, ou seja, totalmente independente dos rádio-auxílios convencionais.

A economia resultante da racionalização dos rádio-auxílios de rota e área terminal é um

importante benefício atribuído à melhoria da performance do GNSS, decorrente da

implementação do SBAS. A curto prazo, esta melhoria pode se traduzir na estagnação da

infra-estrutura de navegação existente e, a médio-longo prazo, em sua desativação.

Entretanto, enquanto houver riscos de falha ou interferência do GPS, é prudente conservar

parte da infra-estrutura de solo como back-up da navegação satelital.

Conforme a análise apresentada no Apêndice 1, é possível ter o seguinte cenário de

racionalização dos rádio-auxílios no Brasil8:

8 Até o momento, nenhuma política oficial para este assunto foi divulgada.

64

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• Supressão dos NDBs que não balizem ILSs;

• Estacionamento da infra-estrutura atual de VORs em sua dimensão atual até que se

inicie seu processo de desativação;

• Manutenção dos DMEs por tempo indefinido.

Considerando este modelo de racionalização, a Tabela 3-5 reúne os custos e despesas a serem

evitados.

Tabela 3-5: Custos e Despesas Evitados com a Implementação do SBAS.

Custo Despesas Expansão da Rede Atual de VOR e NDB Aquisição, instalação e homologação 1

Substituição dos equipamentos de VOR e NDB em fim da vida útil Aquisição, instalação e homologação 2

Inspeção/Aferição Combustível, deslocamento e estadia de pessoal, diárias de técnicos de inspeção

Operação e Manutenção Peças, deslocamento e estadias de pessoal, energia elétrica, guarda de campo, diárias de técnicos de manutenção

Nota 1: Um vôo de homologação dura em média 3 horas para o VOR e 1 hora para o NDB;

Nota 2: O Grupo Especial de Inspeção em Vôo (GEIV) deve realizar pelo menos 1 vôo de inspeção anual para cada NDB instalado e 3 vôos de inspeção anual para cada VOR;

A manutenção dos auxílios à navegação é particularmente onerosa pois é prestada em três

níveis diferentes, em função do tipo de serviço a ser executado:

• Manutenção de nível orgânico: compreende os serviços de limpeza e conservação das

instalações e dos equipamentos instalados;

• Manutenção de nível base: compreende serviços de verificação e ajustes de níveis,

regulagens e reparos;

• Manutenção de nível parque: compreende as intervenções de alto grau de

complexidade técnica: reparos e revisões necessários à recuperação completa ou

revitalização de um equipamento e modificações técnicas. Deve ser realizada em

oficinas de reconhecida competência técnica;

65

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Atualmente o DECEA é responsável por manter 83 equipamentos de VOR e 196 NDB em

operação. A Infraero e algumas prefeituras também possuem VOR e NDB sob suas

responsabilidades.

III.6.2.4 Aplicações Marítimas e Terrestres

O interesse do SBAS vai além do transporte aéreo, sendo sua aplicação igualmente

interessante a outros setores. A exemplo do que acontece com o EGNOS e WAAS, várias

atividades se beneficiarão com a implementação do SBAS no Brasil; dentre elas destacam-se:

• Navegação marítima e terrestre: Navegação, vigilância e controle de tráfego

melhorados pelo aumento da precisão e da integridade;

• Agricultura de precisão: Consiste na integração do posicionamento preciso e dos

Sistemas de Informação Geográficos para melhor gerenciar o uso da terra;

• Serviços de localização: Utilizam a informação de posição recebida de um dispositivo

móvel (ex: celular) para prestar serviços sob demanda do usuário ou utilizando

tecnologia de rastreamento automático. Destacam-se duas aplicações específicas:

emergência e segurança física e patrimonial.

III.6.3 Quadro Resumo: Custos x Benefícios SBAS

A Tabela 3-6 resume os custos e os benefícios da implementação do SBAS de acordo com o

Cenário 3:

66

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Tabela 3-6: Quadro Resumo: Custos x Benefícios SBAS.

Benefícios

Guiagem Vertical Suporte aos Requisitos

RNAV/RNP

Racionalição dos Rádio-Auxílios Convencionais

Custos

Usuários do Transporte Aéreo / Sociedade em Geral

Utilização por outros setores da

economia _

Operador

Red

ução

dos

atra

so,

desv

ios e

can

cela

men

tos

Red

ução

de

atra

sos

Aum

ento

da

segu

ranç

a

Economia de custos

operacionais

_

Aprovação Operacional

SBAS

Provedor ATS / Estado

Red

ução

do

risco

de

acid

enes

do

tipo

CFI

T

Redução da carga de

trabalho do controlador

Flexibilidade de longo prazo para otimização do

espaço aéreo

Economia de aquisição, inspeção e

manutenção

Implantação do SBAS

III.7 RESUMO

A OACI recomenda que a implementação dos elementos CNS/ATM seja precedida de uma

análise de custo-benefício e ressalta a metodologia do Valor Presente Líquido, que é

amplamente reconhecida e utilizada pelas instituições financeiras.

Baseado em modelos já consagrados, uma metodologia de análise de custo-benefício é

definida para o presente trabalho, seguindo as seguintes etapas: planejamento, identificação e

análise dos custos e benefícios, modelagem e apresentação dos resultados.

Com base nas diretrizes estabelecidas e declarações e decisões das autoridades aeronáuticas,

três cenários foram identificados para análise:

• Cenário 1: Implementação da RNAV/RNP 5

• Cenário 2: Implementação da RVSM

• Cenário 3: Implementação do GNSS como meio primário de navegação

67

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Para cada cenário supracitado, foram identificados e investigados os custos e benefícios

relacionados contextualizando-os na realidade brasileira. Ao final, um quadro-resumo é

apresentado associando os benefícios aos beneficiários e os custos aos financiadores.

68

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Capítulo IV

Estudo de Caso: Implantação da RVSM no Espaço Aéreo Brasileiro - Análise Custo-Benefício

IV.1 INTRODUÇÃO

A implantação da RVSM no espaço aéreo brasileiro, ocorrida em 20 de janeiro de 2005,

suscitou muita polêmica a respeito da viabilidade econômica para os operadores,

principalmente aqueles da aviação geral.

Este fato motivou a escolha do Cenário 2, referente à implementação da RVSM no Brasil,

para realização de uma análise de custo-benefício a título de estudo de caso.

Neste capítulo os custos e benefícios identificados na seção III.5. são modelados e analisados.

Várias informações e dados pertinentes foram disponibilizados pelo DAC e pelo DECEA para

a elaboração deste estudo.

IV.2 CENÁRIOS DE ESTUDO

O custo-benefício da implementação da RVSM no espaço aéreo brasileiro foi determinado

por meio da comparação de dois cenários operacionais:

• Cenário Base: representando a condição pré-RVSM, cuja separação vertical entre os

níveis de vôo FL 290 e FL 410 é de 2000 pés;

• Cenário RVSM, representando a condição RVSM, cuja separação vertical entre os

níveis de vôo FL 290 e FL 410 é de 1000 pés. Neste cenário foi admitido que todas

aeronaves elegíveis RVSM obtiveram suas respectivas aprovações operacionais.

69

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O Cenários Base e RVSM buscam reproduzir a realidade operacional brasileira onde, na

maioria das rotas, não é freqüente a existência de restrições operacionais que penalizem o

nível de vôo solicitado. Desta forma, considerou-se que em ambos os cenários que a aeronave

voa no nível ótimo praticável de vôo. O ganho do Cenário RVSM em relação ao Base é

medido apenas em termos da maior proximidade do perfil de vôo das aeronaves à curva de

nível ótimo de vôo.

A Tabela 4-1 apresenta o sumário das características dos Cenários Base e RVSM.

Tabela 4-1: Caracterização dos Cenários Base e RVSM.

Cenário Base Cenário RVSM

Mínimos de Separação Vertical: 2000 pés FL praticado = FL ótimo

Mínimos de Separação Vertical: 1000 pés FL praticado = FL ótimo

Todas as “Aeronaves Elegíveis” RVSM obtiveram provação operacional

Considerações adicionais:

• Os custos de imobilização da aeronave, para aplicação dos boletins de serviço de

adequação ao RVSM, são desprezados uma vez que estes podem ser aplicados durante

as imobilizações periódicas para manutenções programadas;

• Ano Base: 2004;

• Ano de incidência dos custos: 2004;

• Primeiro ano de captação dos benefícios: 2005, período equivalente a vida útil

depreciável de equipamentos eletrônicos [Eurocontrol, 2002];

• Período de captação dos benefícios: 15 anos;

70

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IV.3 CUSTOS RVSM

Os custos referentes à implementação da RVSM no Brasil, identificados e investigados no

Capítulo III, seção III.5.1 Custos, serão aqui modelados, com base nos dados e informações

coletados e nas características e hipóteses formuladas.

Os custos modelados nesta seção são quantificados apenas para as aeronaves “elegíveis

RVSM”. Esta denominação foi utilizada para caracterizar aeronaves potenciais usuárias do

espaço aéreo entre FL 290 e FL 410 e ainda que não possuidoras de aprovação operacional

RVSM.

IV.3.1 Determinação da Frota de Aeronaves “Elegíveis RVSM”

A frota “elegível RVSM” foi estimada excluindo-se do total de matrículas constantes no

Banco de Dados de Aeronavegabilidade do DAC, àquelas referentes às aeronaves cujo teto

operacional não alcança o espaço aéreo RVSM, e àquelas sob restrição operacional

consideradas não passíveis de reversão.

Além destas, aeronaves com teto operacional entre os níveis de vôo FL 290 e FL 310 foram

consideradas como inviáveis para adequação ao RVSM, uma vez que seus vôos normalmente

caracterizam-se por curta duração a baixas altitudes.

Desta forma, partindo das 14.674 matrículas existentes no Banco de Dados de

Aeronavegabilidade do DAC, de outubro de 2003, foram selecionadas 471 aeronaves

“Elegíveis RVSM”, sendo 232 aeronaves pertencentes à aviação comercial e 239 aeronaves

pertences à aviação geral conforme representado na Figura 4-1 e Figura 4-2, respectivamente.

71

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0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

B73

3

F100

B73

2

B73

7

B73

5

E145

B72

2

B70

3

B76

2

B73

8

A30

B

DC

85

DC

86

B72

1

Modelo(código OACI)

Qua

ntid

ade

Figura 4-1: Aeronaves de aviação comercial “Elegíveis RVSM”.

0

5

10

15

20

25

30

35

C55

0LJ

35

C52

5B

E20

C50

0C

560

H25

BC

650

BE4

0B

350

BE3

0LJ

25

LJ31

C25

ALJ

55

C56

XLJ

24

MU

30PR

M1

AST

RC

501

C55

1FA

10

E135

FA20

LJ45

WW

24

Modelo(código OACI)

Qua

ntid

ade

Figura 4-2: Aeronaves de aviação geral “Elegíveis RVSM.

No Apêndice 2 é apresentado o estudo detalhadado da frota brasileira que resultou na

obtenção das 471 aeronaves “elegíveis RVSM”.

72

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IV.3.2 Obtenção do Certificado de Aeronavegabilidade RVSM

O custo estimado para obtenção do Certificado de Aeronavegabilidade foi estabelecido

aplicando-se a equação (4-1). Cada aeronave “elegível RVSM” é individualmente associada

ao custo de seu respectivo boletim de serviço de adequação RVSM. A relação dos boletins de

serviço e custos associados é apresentada no Anexo A.

∑=

=

×=nj

jnBSnCA CAEC

1)()( (4-1)

onde:

=n número de aeronaves elegíveis RVSM; =CAC Custo total de obtenção do certificado de aeronavegabilidade; =nAE)( n-ésima Aeronave Elegível RVSM ;

=nBSC )( Custo de Aplicação do Boletim de Serviço para a n-ésima aeronave;

O custo estimado de obtenção do certificado de aeronavegabilidade para a frota elegível

RVSM do Brasil é de US$ 33.821.526,00, sendo US$ 11.136.800,00 referente à aviação

comercial (médio e grande porte) e US$ 22.684.726,00 referente à aviação geral.

As aeronaves Beach Aircraft (BE30, B350, BE20), Raytheon Premier 1 (PRM1) e Airbus

A310 dispõem de BS, todavia seus custos não foram publicados. Para essas aeronaves,

estimou-se um custo de US$ 155.000,00 para aplicação dos BS de adequação RVSM, com

base nos preços dos BS de aeronaves semelhantes (ver Anexo A).

IV.3.3 Monitoramento de Altitude

O diagrama de blocos da Figura 4-3 ilustra a metodologia utilizada no cálculo do custo de

monitoramento de altitude das aeronaves “elegíveis RVSM”.

73

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j = ∅ → gj ∈ bloco 3 CMb3 = 100% * nθi,gj * CGMS

ond

ηθi,

de mθ =∅ =CGM

Des

ηoi,g j η ≠ 0

j ≠ ∅

θ ≠ ∅⇒ Aeronave ∈ operador

j ≤ 38 → gj ∈ bloco 1 j > 38 → gj ∈ bloco 2

θ = ∅⇒ Aeronave ∈ particular θ = ∅⇒ Aeronave ∈ particular

θ ≠ ∅⇒ Aeronave ∈ operador

CMb2p = 100% * nθi,gj * CGMSCMb1p = 100% * nθi,gj * CGMS

nθi,gj > 2 ⇒ CMb1o = 2* CGMS

nθi,gj ≤ 2 ⇒ CMb1o = nθi,gj * CGMS

θi,gj

CMb2o = 60% * nθi,gj * CGMS

Figura 4-3: Diagrama de cálculo do custo de monitoramento de altitude.

e:

gj = número de aeronaves elegíveis e não-aprovadas RVSM do operador i (oi) e do grupo onitoramento j (gj);

operador; conjunto vazio; S = custo do aluguel do GMS;

te modo, o custo total de monitoramento de altitude pode ser expresso pela equação (4-2):

∑∑∑∑∑ ++++= 32211 MbpMboMbpMboMbMT CCCCCC (4-2)

74

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onde:

Custo de monitoramento total; =MTC Custo de monitoramento de aeronaves do bloco1 pertencentes a operadores =oMbC 1

Custo de monitoramento de aeronaves do bloco1 pertencentes a particulares =pMbC 1

Custo de monitoramento de aeronaves do bloco2 pertencentes a operadores =oMbC 2

Custo de monitoramento de aeronaves do bloco2 pertencentes a particulares =pMbC 2

Custo de monitoramento de aeronaves não-grupo; =3MbC

Além desta metodologia, as seguintes considerações foram assumidas para viabilizar o

cálculo do custo de monitoramento de altitude da frota “elegível RVSM” do Brasil:

• Operadores e particulares utilizarão exclusivamente o GMS no monitoramento de suas

frotas;

• Toda aeronave não pertencente a um operador regular é de propriedade particular e

fará monitoramento individual;

• O custo estimado do aluguel do GMS incluindo serviço técnico de monitoramento é

de US$ 2.000,00 (valor médio cobrado da VARIG ).

Desta forma, o custo estimado para o monitoramento de altitude para a frota “elegível

RVSM” do Brasil foi de US$ 694.000,00, sendo US$ 218.000,00 referente as aeronaves de

aviação comercial de médio e grande porte e US$ 476.000,00 referente a aviação geral.

As companhias aéreas, proprietárias de 73,3% da frota de aeronaves de médio e grande portes

a serem monitoradas, o farão apenas para 28% desta frota. Os 26,7% restantes terão

monitoramento individual por serem de propriedade particular.

75

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Os particulares9, principais proprietários de aeronaves de aviação geral, e as companhias de

táxi aéreo não se beneficiam da economia de escala que as regras de monitoramento

proporcionam por não possuírem frotas grandes e homogêneas.

IV.3.4 Treinamento de Tripulantes Técnicos

O treinamento de tripulantes técnicos realizado na VARIG constou de uma instrução teórica

de 4,5 horas de duração (com turmas de 18 tripulantes) e divulgação de boletins informativos.

Normalmente o tempo dispensado ao treinamento é computado na cota anual/semestral de

horas de reciclagem do tripulante, não representando custo extra para a empresa.

O custo de formação de tripulantes em empresas de médio e grande porte é função direta da

estratégia gerencial de pessoal e da infra-estrutura que a empresa dispõe para este fim, sendo

cada empresa um caso à parte a ser analisado. No caso da VARIG, o impacto econômico

gerado pela introdução da RVSM não foi considerado significativo. As empresas de pequeno

porte não foram avaliadas.

IV.3.5 Implementação do Programa de Manutenção

Tal como os custos de treinamento de tripulantes técnicos, o custo de treinamento de técnicos

de manutenção também é dependente do planejamento estratégico de gestão de pessoal de

cada empresa e por isso, em muitos casos, não gera impacto econômico significativo nas

empresas.

9 Foi assumido que um proprietário particular é aquele que não constitui uma companhia operadora de transporte

aéreo de aviação geral ou comercial de médio e grande porte.

76

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IV.3.6 Planejamento - Custo da Simulação ATC RVSM

A simulação ATC RVSM foi realizada no ICEA, onde estão instaladas várias consoles ATC

com sistemas operacionais idênticos aos utilizados nos ACCs Manaus, Brasília, Belém e

Porto Velho. Esta atividade envolveu custos com pagamento de diárias e deslocamento dos

controladores até o laboratório de simulação do ICEA, localizado em São José dos Campos.

A simulação ATC RVSM teve como objetivos:

• Avaliar o impacto da implementação RVSM no espaço aéreo continental brasileiro;

• Propor ações e recomendações para a implementação RVSM;

• Proporcionar dados que facilitem a implantação do RVSM na região CAR/SAM;

• Propor diretrizes para elaboração do Programa de Treinamento ATC.

Foram simulados 3 cenários:

• Cenário Base (situações normais de tráfego, sem aplicação RVSM);

• Aplicação da RVSM em espaço aéreo exclusivo

• Aplicação RVSM em espaço aéreo não-exclusivo (permitindo-se a acomodação de

aeronaves sem aprovação RVSM).

Os resultados da simulação foram publicados no artigo da OACI - AP/ATM/6 - NE/30

[OACI, 2003c]. A Tabela 4-2 apresenta os custos referentes à simulação realizada:

Tabela 4-2: Custo da Simulação

Descrição da Atividade Custo Planejamento

Execução Análise

R$ 22.539,89 R$ 203.578,92 R$ 12.056,44

Custo Total da Simulação R$ 238.175,00

77

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IV.3.7 Treinamento dos Controladores de Tráfego Aéreo

O treinamento de controladores, realizado no ICEA teve duração média de 13 dias. O custo

decorrente desta atividade, proveniente do pagamento de diárias e deslocamento de pessoal

foi estimado em R$ 1.240.000,00.

IV.3.8 Implementação da RVSM para o Provedor ATS

O custo de implementação RVSM para o provedor ATS é basicamente o custo de

adequação/modificação dos sistemas automatizados de controle de tráfego aéreo atualmente

em uso, o SCO, o X-4000 e o MITRA, que foi orçado por empresa especializada conforme a

Tabela 4-3:

Tabela 4-3: Custo de implementação RVSM para o provedor ATS

Adequação dos Sistemas Custo Estimado SCO - Manaus, Belém e Porto Velho

X-4000 – Brasília MITRA - Curitiba e Recife

R$ 140.000,00 R$ 100.000,00 R$ 160.000,00

Custo Total da Implementação R$ 400.000,00

IV.4 BENEFÍCIOS RVSM

Nesta seção, serão estimados os benefícios decorrentes da implementação da RVSM

identificados na seção III.5.2. São eles: economia de combustível, redução da emissão de

poluentes na atmosfera e redução da carga de trabalho do controlador.

Conforme mencionado anteriormente, o benefício ‘aumento da capacidade do espaço aéreo’,

não se verificará a curto prazo no espaço aéreo brasileiro e por isso não será aqui considerado.

78

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IV.4.1 Economia de Combustível

A economia de combustível, resultante da implementação da RVSM, foi estimada a partir da

simulação de uma amostra real de tráfego, coletada e fornecida pelo DECEA, nos Cenários

Base e RVSM, sob duas condições especiais:

• Operando numa rede de aerovias de mão-única;

• Operando numa rede de aerovias de mão-dupla.

Detalhes sobre a amostra de tráfego são apresentados na próxima seção.

A economia de combustível decorrerá do FL ótimo de vôo praticado no cenário em que a

aeronave está inserida. A determinação do FL ótimo depende dos seguintes fatores: da etapa

de vôo; das características operacionais e performance da aeronave e do peso de decolagem.

Estes fatores são apresentados na seção IV.4.1.2 Determinação do Tamanho da Etapa de Vôo,

na seção IV.4.1.3 Base de Dados de Aeronave, e na seção IV.4.1.4 Peso de Decolagem.

IV.4.1.1 Amostra de Tráfego

A amostra de tráfego utilizada na simulação foi coletada e disponibilizada pelo DECEA e

contém os vôos realizados entre 01/12/2002 e 07/12/2002, a partir do FL290 nas FIRs

Brasília, Recife, Curitiba e Porto Velho. Associado a cada vôo foram fornecidas as seguintes

informações: FIR, indicativo do vôo, tipo de aeronave, aeroporto de partida e de destino, fixo

de entrada e de saída da FIR e fixos intermediários.

Do total de vôos da amostra, foram excluidos os internacionais e aqueles iguais ou inferiores a

400 km, pois para tais etapas normalmente não ocorre estabilização em cruzeiro. Restaram

portanto, 6.380 vôos na amostra. Destes, foram simulados apenas os vôos realizados pelas

79

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aeronaves relacionadas na Tabela 4-4, que respondem por cerca de 90% das distâncias

percorridas no espaço aéreo superior brasileiro.

Tabela 4-4: Aeronaves de Trabalho

Aeronave Aeronave.km Participação % Acumulado B733 1.092.535 17,1% 17,1% B737 950.535 14,9% 32,0% A320 944.848 14,8% 46,8% B732 782.293 12,3% 59,1% F100 658.301 10,4% 69,5% B735 421.154 6,6% 76,1% B722 226.268 3,5% 79,6% E145 195.569 3,1% 82,7% A330 163.280 2,6% 85,2% A319 159.701 2,5% 87,7% MD11 134.274 2,1% 89,8%

LJ35/ LJ25/ LJ31/ LJ55/ C650 91.784 1,4% 91,3%

As aeronaves LearJet 35, LearJet 31, LearJet 25, LearJet 55 e Cessna Citation III foram

agrupadas por possuirem performance de vôo semelhante [Eurocontrol, 2004a].

A Tabela 4-5 apresenta a amostra de tráfego dividida em vôos simulados (93%) e não-

simulados (7%) por categoria de aeronaves: comerciais de grande e médio portes e aeronaves

de aviação geral.

Tabela 4-5: Repartição dos Vôos da Amostra

Número de vôos da Amostra

Aeronaves de Aviação Comercial de Grande e Médio Porte

Aeronaves de Aviação Geral Total %

Vôos Simulados 5838 86 5924 93%Vôos Não Simulados 272 184 456 7% Número Total de Vôos 6110 270 6380 100%

IV.4.1.2 Determinação do Tamanho da Etapa de Vôo

Assumindo que a Terra é esférica, com raio de 6366,76 km, e que os aeródromos estão no

nível do mar, as distâncias de vôo foram calculadas aplicando-se a fórmula de Bessell, ou Lei

dos Cossenos Esférica. Estes cálculos foram realizados para cada par de pontos consecutivos

80

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da etapa, no sentido do deslocamento da aeronave, somando-se os resultados obtidos no final

da etapa. O Anexo D apresenta mais detalhes sobre a aplicação da fórmula de Bessel.

As etapas praticadas nos vôos da amostra referem-se à distância percorrida, desde o aeroporto

de partida até o aeroporto de destino, passando por todos os pontos intermediários do trajeto e

majoradas de 6%. Esta majoração foi arbitrada com base em valores usuais, visando a captar o

efeito de manobras e desvios praticados durante o vôo.

IV.4.1.3 Base de Dados de Aeronave

A performance das aeronaves nas fases de subida, cruzeiro e descida para diversos níveis de

vôo foi reproduzida a partir da Base de Dados de Aeronave (BADA), desenvolvida e mantida

pelo Centro Experimental da EUROCONTROL e que tem sido amplamente utilizados em

simulações de operações aéreas.

A BADA é uma base de dados composta de vários arquivos em formato ASCII contendo os

envelopes de vôo, características operacionais e os parâmetros de desempenho para 91

modelos de aeronave [Eurocontrol, 2004b]. Foram empregados neste estudo as ‘Tabelas de

Performance’ BADA que contêm a performance de subida, descida e cruzeiro de determinada

aeronave em diferentes níveis de vôo para condições atmosféricas padrão. As tabelas de

performance são disponibilizadas gratuitamente pela EUROCONTROL10.

As ‘Tabelas de Performance’ apresentam os seguintes parâmetros:

• Velocidade verdadeira de cruzeiro (massa nominal) em nós;

• Consumo de combustível em cruzeiro (massa baixa) em kg/min;

10 No documento: Aircraft Performance Summary Tables da EUROCONTROL.

81

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• Consumo de combustível em cruzeiro (massa nominal) em kg/min;

• Consumo de combustível em cruzeiro (massa alta) em kg/mim;

• Velocidade verdadeira de subida (massa nominal) em nós;

• Razão de subida a potência reduzida (massa baixa) em pés/min;

• Razão de subida a potência reduzida (massa nominal) em pés/min;

• Razão de subida a potência reduzida (massa alta) em pés/min;

• Consumo de combustível na subida em kg/min;

• Velocidade verdadeira de descida (massa nominal) em nós;

• Razão de descida (massa nominal) em pés/min;

• Consumo de combustível na decida (massa nominal) em kg/min;

Estes parâmetros são disponibilizados por nível de vôo, até o teto operacional da aeronave,

para três diferentes massas:

• Massa baixa = (1,2) x Peso Operational Vazio (POV);

• Massa nominal = massa de referência;

• Massa alta = Peso Máximo de Decolagem (PMD)

Os parâmetros para qualquer outro valor de massa podem ser obtidos por interpolação.

IV.4.1.4 Peso de Decolagem

O peso de decolagem (PD) de uma aeronave é função do Peso Operacional Vazio da

aeronave, da carga paga (CP) transportada e do suprimento mínimo de combustível

regulamentado para o vôo. A regulamentação brasileira determina que o suprimento mínimo

82

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de combustível para um vôo de uma aeronave comercial, tipo turbojato, deve ser suficiente

para [DAC, 2003]:

(1) voar até o aeródromo de destino e pousar neste aeródromo;

(2) após, voar por um período igual a 10% do tempo total requerido para voar do

aeródromo de partida até o pouso no aeródromo de destino;

(3) após, voar e pousar no aeródromo de alternativa mais distante;

(4) após, voar mais 30 minutos, em velocidade de espera, a 1500 pés de altura sobre o

aeródromo de alternativa mais distante, em condições de temperatura padrão.

O Apêndice 3 apresenta em detalhes a determinação do peso de decolagem para os vôos da

amostra, que é o dado de entrada do cálculo do FL ótimo e do consumo de combustível.

IV.4.1.5 Limitação do Tempo de Cruzeiro

Para etapas curtas, o nível ótimo de vôo calculado apenas com base no consumo mínimo de

combustível deve resultar numa estabilização em cruzeiro muito pequena ou inexistente.

Etapas de até 400 MN estão mais sujeitas a este efeito [Embraer, 2001].

A fim de impor uma estabilização mínima em cruzeiro, as seguintes limitações foram

aplicadas:

• Etapas entre 400 e 800 km: mínimo de 30% do tempo de vôo em regime de cruzeiro;

• Etapas maiores que 800 km: mínimo de 35% do tempo de vôo em regime de cruzeiro;

IV.4.1.6 Cenário Base: Cálculo do Consumo de Combustível

Os parâmetros apresentados na Tabela 4-6 foram calculados em função do peso de decolagem

determinado para cada vôo da amostra, para cada FL praticável.

83

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Tabela 4-6: Cálculo do Alcance Específico e Consumo de Combustível

Fases Parâmetros Calculados Obs.

Subida Tempo de subida

Distância solo percorrida na subida Consumo de combustível na subida

Descontada a altitude do aeroporto

de saída

Descida Tempo de descida

Distância solo percorrida na descida Consumo de combustível na descida

Descontada a altitude do aeroporto

de destino

Cruzeiro Distância solo de cruzeiro = Etapa – Distância solo (subida +descida)

Tempo de cruzeiro Consumo de combustível no cruzeiro

-

Etapa (Subida

+Cruzeiro +Descida)

Tempo total de vôo = Tempo (subida+descida+cruzeiro) Consumo total de vôo = Consumo (subida+descida+cruzeiro) Alcance específico = Etapa (km)/Consumo total de vôo (kg)

-

Dentre os níveis de vôo praticáveis em espaço aéreo não-RVSM, o nível ótimo de vôo foi

determinado como sendo aquele com maior alcance específico, isto é, com maior distância

percorrida por kg de combustível consumido.

As regras do ATC estabelecem que as aeronaves devem voar níveis de vôo especificados,

dependendo do rumo magnético em que se encontram.

Em ambiente não-RVSM, os níveis de vôo praticáveis são mostrados na Tabela 4-7. Nas

aerovias de mão única, todos os níveis independente do sentido do vôo podem ser utilizados,

contanto que sejam respeitados os mínimos de separação vertical deste ambiente [DEPV,

1999b].

Tabela 4-7: Níveis de Vôo em Função do Rumo Magnético - Espaço Aéreo não-RVSM

Rumo Magnético 0º até 179º 180º até 359º

Nível de Vôo FL 290 FL 310 FL 330 FL 350 FL 370 FL 390 FL 410 -

84

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O combustível consumido na etapa é determinado pelo algorítmo apresentado na Figura 4-4:

Início

Figura 4-4: Algoritmo Iterativo para Cálculo do Consumo de Combustível

O cálculo do combustível consumido na etapa é função do nível de vôo escolhido. A

otimização desta escolha é feita em função peso de decolagem, que por sua vez é obtido a

partir do combustível estimado para a etapa; tem-se então caracterizado um problema clássico

de recursividade. O algoritmo da Figura 4-4 opera para solucionar este problema. Partindo da

estimativa do combustível da etapa, calcula-se o suprimento de combustível regulamentar e o

peso de decolagem e por fim otimiza-se o nível de vôo, escolhido em função deste peso.

O erro entre o combustível estimado e o combustível consumido na etapa no FL ótimo

determinado é o parâmetro utilizado para definir a quantidade de iterações necessárias para a

convergência do algoritmo. A cada iteração o combustível estimado para a etapa é atualizado

Fim

Cálculo do Peso de Decolagem

Determinação do nível ótimo de vôo( BADA)

Cálculo do combustível consumido na etapa nível ótimo de vôo.

Suprimento de combustível regulamentar

Atualização do combustível estimado

para a etapa

para o vôo

Erro na estimativa do consumo de combustível para a etapa é

simmaior que 10 kg?

não

85

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com o valor obtido na iteração anterior. Quando este erro atinge um valor satisfatório,

considera-se que a estimativa de combustível consumido para a etapa está determinada.

IV.4.1.7 Cenário RVSM: Cálculo do Consumo de Combustível

O combustível estimado para a etapa, fornecido na última iteração do Cenário Base é utilizado

como entrada para o algoritmo da Figura 4-4. A única diferença existente entre o Cenários

Base e o Cenário RVSM deve-se às regras de separação e atribuição de níveis de vôo, que são

aplicadas segundo as definições do espaço aéreo RVSM, conforme mostrado na Tabela 4-8.

Tabela 4-8: Níveis de Vôo em Função do Rumo Magnético - Espaço Aéreo RVSM

Rumo Magnético 0º até 179º 180º até 359º

Nível de Vôo FL 290 FL 300 FL 310 FL 320 FL 330 FL 340 FL 350 FL 360 FL 370 FL 380 FL 390 FL 400 FL 410 -

Pode-se verificar na tabela acima que a implementação da RVSM na região CAR/SAM

causou a inversão do sentido de deslocamento nos níveis de vôo FL 310, FL 350 e FL 390.

Uma vez determinada a quantidade de combustível consumida nos Cenários Base e RVSM, a

economia é obtida a partir da diferença entre estas duas quantidades.

IV.4.1.8 Economia de Combustível: Resultados

A Figura 4-5 mostra a solicitação dos níveis de vôo nos Cenários Base e RVSM. Pode-se

observar que a implantação da RVSM causa uma redução de cerca de 50% na solicitação

86

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entre os níveis FL 290 e FL 350. O fato dos vôos ocorrerem apenas em âmbito nacional

explica a pouca utilização a partir do nível FL 380.

Cenário Base- Mão Dupla Cenário RVSM- Mão Dupla

0

300

600

900

1200

1500

1800

290

310

330

350

370

390

410

FL

Dist

ribui

ção

dos

Vôos

0

300

600

900

1200

1500

1800

290

300

310

320

330

340

350

360

370

380

390

400

410

FL

Distr

ibui

ção

dos V

ôos

Figura 4-5: Solicitação dos Níveis de Vôo nos Cenários Base e RVSM

No Cenário RVSM de mão-dupla, 60% dos vôos tiveram seus FL ótimos redefinidos, a

maioria para 1000 ou 2000 pés acima (ou esporadicamente abaixo) do FL ótimo praticado no

Cenário Base. No Cenário RVSM de mão-única, 40% dos vôos tiveram seus FL ótimos

redefinidos, a maioria para 1000 pés acima do FL ótimo de vôo praticado no Cenário Base.

Observou-se também alguns casos em que o FL ótimo praticado no Cenário RVSM passa a

ser menos econômico que o praticado no Cenário Base. Isto acontece quando a aeronave,

alocada em seu FL ótimo no Cenário Base, não pode manter o FL do cenário RVSM e

também não obtém um FL mais econômico que o inicial, apesar do maior número de níveis

praticáveis no espaço aéreo RVSM.

Resultados para o ano 2005: Extrapolações

A economia de combustível calculada refere-se a 93% (ver Tabela 4-5) do tráfego no ano de

2002. Majorou-se este valor em 7% para extrapolar o resultado obtido para a parte da amostra

87

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não-simulada. Em seguida, aplicou-se uma taxa anual de crescimento de tráfego de 4,5% até o

ano de 2004, consistente com projeções da ICAO para a Região CAR/SAM [COMAR, 2002].

O valor estimado para 2004 foi repetido para 2005 e para os anos futuros. O tráfego foi

mantido constante a partir de 2004 com a intenção de captar apenas os benefícios relativos ao

investimento dos operadores nas mesmas condições operacionais existentes no ano em que foi

realizado o investimento.

A Tabela 4-9 apresenta a economia de combustível obtida para o ano de 2005, para operação

numa rede de aerovias de mão-única e de mão-dupla.

Tabela 4-9: Economia Anual de Combustível - Ano 2005 (kg)

Aerovia Aviação Comercial de Médio e Grande Porte Aviação Geral Total

Mão Única 5.914.493 261.361 6.175.854

Mão Dupla 15.656.011 691.837 16.347.848

Para representar a economia de combustível da Tabela 4-9 em termos monetários, utilizou-se

1,72 US$/kg11 como referência para o preço de combustível de aviação, que corresponde ao

preço de mercado praticado nos primeiros meses de 2005. Este deverá ser o preço médio

cobrado da aviação geral.

Para captar o efeito dos descontos decorrentes de acordos comerciais entre distribuidoras de

combustível e companhias aéreas, assumiu-se que as aeronaves de médio e grande porte

pagarão 2/3 do preço cobrado da aviação geral.

11 Correspondente a 1,38 US$/L, considerando o peso específico do combustível de 0,803 kg/l.

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A estimativa de benefícios econômicos, provenientes da economia de combustível, para o

primeiro ano de operação é apresentada na Tabela 4-10.

Tabela 4-10: Economia de Combustível – Ano 2005 (US$)

Aerovia Aviação Comercial de Médio e Grande Porte Aviação Geral Total

Mão Única 6.798.919 450.665 6.798.919

Mão Dupla 17.997.139 1.192.936 17.997.139

IV.4.2 Redução da Emissão de Poluentes na Atmosfera

A redução da emissão de CO2, SO2, H2O e NOx na atmosfera é função direta da redução da

queima de combustível. O benefício ambiental resultante, já detalhado anteriormente, cresce

anualmente com o aumento do tráfego.

• A partir dos dados da Tabela 4-9, foram calculados a redução da emissão dos

poluentes supracitados ao longo do período de análise, aplicando-se um fator médio de

crescimento de tráfego aéreo de 4,5% a.a12. As Tabelas 4-11 e 4-12 apresentam os

resultados para uma rede de aerovias de mão-dupla e de mão-única, respectivamente.

Tabela 4-11: Redução da Emissão de CO2, SO2, H2O e NOX (ton.) - Período: 2005 a 2019

Aerovia CO2 H2O SO2 NOx

Mão Única 6.063.051 2.368.229 1.617 19.909

Mão Dupla 16.049.252 6.268.841 4.281 52.699

Não é objetivo deste trabalho avaliar o efeito ou as conseqüências da redução da emissão

destas substâncias na atmosfera. Os resultados aqui fornecidos podem servir de referências

para que especialistas no assunto possam apreciá-los adequadamente.

12 Estima-se que até o ano 2005 o tráfego aéreo regular na Região CAR/SAM cresça a uma taxa média anual de

4.5% em matéria de passageiros e de 6.5%, no que diz respeito à carga [Comar, 2002].

89

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IV.4.3 Redução da Carga de Trabalho do Controlador

As comunicações solo-ar-solo, solo-solo para coordenação entre setores adjacentes e o tempo

de execução das tarefas básicas do controlador13, constituem os principais fatores que

influenciam na carga de trabalho do controlador. Quanto maior o tempo empregado nestas

comunicações menor é o tempo disponível para outras ações típicas da atividade de controle

de tráfego aéreo e maior a carga de trabalho [OACI, 2003c].

A simulação em tempo real ocorrida no ICEA, permitiu estimar o impacto da implantação da

RVSM na carga de trabalho do controlador por meio da comparação de dois cenários

operacionais: o Cenário Base e o Cenário RVSM.

No Cenário RVSM, apenas aeronaves com aprovação operacional para tal podem operar entre

FL290 e FL410 (aeronaves não aprovadas voam abaixo FL290 ou acima FL 410). Como

exceção a esta regra estão as aeronaves de estado, vôos humanitários, de manutenção e de

primeira entrega, que devem ser acomodadas no espaço aéreo RVSM. Para tanto, o

controlador deve reorganizar o tráfego em andamento para prover separação vertical mínima

de 1000 pés entre aeronaves com aprovação operacional RVSM e de 2000 pés entre as

aeronaves não aprovadas e as demais.

Embora esta situação gere uma carga extra de trabalho para o controlador, os resultados

obtidos revelam-se bastante favoráveis à redução da carga de trabalho dos controladores,

conforme apresentados nas Tabelas 4-12.

13 inclui: comunicações solo-ar-solo, movimentos de teclado, coordenação com controlador assistente e

verificação dos strips.

90

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Tabela 4-12: Redução da Carga de Trabalho do Controlador por Aeronave

Enlaces solo/ar/solo

Enlaces Solo/solo Tarefas Total

Número médio de comunicações

- 0,17 (-4,5%)

- 0,14 (-3,7%) - - 0,31 enlaces/aeronave

(-8,2%) Duração média das comunicações

- 6,45 s (-7,2%)

- 3,45 s (-3,9%)

- 9,16 s (-10,2%)

-19,06 s/aeronave (-21,3%)

Fonte: [OACI, 2003c]

Após a implantação da RVSM, o número de comunicações ATC por aeronave é reduzido em

8% e a duração média das comunicações é reduzida em 21% por aeronave.

IV.5. ANÁLISE DE CUSTO-BENEFÍCIO DA IMPLEMENTAÇÃO DA RVSM

Para os operadores, cujos benefícios resultantes da implantação da RVSM têm caráter

quantitativo, a análise de custo-benefício é realizada pelo Método do Valor Presente Líquido.

Para o Provedor ATS, cujos benefícios são expressos qualitativamente, é empregada a análise

de custo-efetividade.

IV.5.1 Custo-Benefício para os Operadores

Dentre os benefícios decorrentes da implementação da RVSM, identificados na seção III.5.2

Benefícios, apenas o referente à economia de combustível tem caráter quantitativo. Portanto, é

em função dele que o custo-benefício dos operadores é avaliado.

Os benefícios serão captados por 15 anos, período equivalente a vida útil depreciável de

equipamentos eletrônicos [Eurocontrol, 2002]. O benefício acumulado neste período é

resumido na Tabela 4-13, assim como os custos de obtenção da aprovação operacional

RVSM.

Os valores apresentados na Tabela 4-13 foram obtidos segundo as seguintes hipóteses:

91

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• A variação real do preço do combustível é de 10% ao ano. Esta premissa baseia-se na

variação média anual do preço do petróleo, entre os anos 1994 e 2003, em dólares

americanos por barril de petróleo tipo Brent e West Texas Intermediate (WTI) [ANP,

2004];

• A malha de rotas e as freqüencias de vôos dos operadores não se alteram ao longo dos

quinze anos, mantendo os mesmos valores de 2004.

Tabela 4-13: Sumário dos Custos e Benefícios para os Operadores

Custos – Ano: 2004

Item de Custo Aviação Comercial de Médio e Grande Porte Aviação Geral Total

Certificado de Aeronavegabilidade Monitoramento de Altitude US$ 11.350.000,00 US$ 23.160.000,00 US$ 34.520.000,00

Benefícios Acumulados– Período: 2005 a 2019

Item de Benefício Aviação Comercial de Médio e Grande Porte Aviação Geral Total

Combustível - Mão Única US$ 216.000.000,00 US$ 14.320.000,00 US$ 230.340.000,00Combustível - Mão Dupla US$ 571.000.000,00 US$ 37.900.000,00 US$ 609.720.000,00

IV.5.1.1 Valor Presente Líquido e Razão Custo/Benefício

A taxa mínima de atratividade utilizada no valor presente líquido corresponde à taxa de juros

referente à rentabilidade das aplicações de CDB pré-fixado, que representa uma aplicação

corrente de baixo risco. Assim, tem-se:

aa 6CDBdeAtrativida de Mín.Taxa .%1≅= (5-1)

Com base nesta taxa foram calculados o valor presente líquido e a razão custo/benefício para

a aviação geral e comercial, conforme apresentado na Tabela 4-14:

92

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Tabela 4-14: Valor Presente Líquido e Razão Custo/Benefício

Item de Benefício Aviação Comercial de Médio e Grande Porte Aviação Geral

VPL B/C VPL B/CCombustível - Mão Única US$ 52.360.000,00 6 - US$ 18.940.000,00 0,18Combustível - Mão Dupla US$ 152.370.000,00 14 - US$ 12.310.000,00 0,47

Os resultados obtidos mostram que a implementação da RVSM é economicamente viável para

a aviação comercial de aeronaves de médio e grande portes. O benefício pode chegar a 14

vezes o valor investido em valor presente. Para a aviação geral de forma agregada entretanto,

os resultados obtidos demonstram a inviabilidade do investimento no período analisado.

Para complementar a análise, os gráficos apresentados na Figura 4-6 mostram o retorno do

investimento da aviação comercial no período considerado. Nos gráficos abaixo, o ano de

recuperação do investimento é aquele em que o fluxo de caixa acumulado torna-se positivo.

Mão Única Mão Dupla

-40

10

60

110

160

210

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

Ano

USD

milh

ões .

Fluxo de Caixa Acumulado Fluxo de Caixa Líquido

-100

0

100

200

300

400

500

600

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

Ano

USD

milh

ões .

Fluxo de Caixa Acumulado Fluxo de Caixa Líquido Figura 4-6: Retorno sobre Investimento: Aviação Comerciais de Médio e Grande Portes

93

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Na Figura 4-7 são apresentados os gráficos do retorno sobre investimento para a aviação

geral.

Mão Única Mão Dupla

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

Ano

USD

milh

ões .

Fluxo de Caixa Acumulado Fluxo de Caixa Líquido

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

Ano U

SD m

ilhõe

s .

Fluxo de Caixa Acumulado Fluxo de Caixa Líquido

Figura 4-7: Retorno sobre Investimento: Aviação Geral

O resultado obtido para a aviação geral pode ser explicado por diversos fatores, dentre os

quais destacam-se:

• Baixa freqüência média de vôos acima do FL 290. Considerando 239 aeronaves de

aviação geral elegíveis RVSM, tem-se a média de 1,3 vôos semanais acima do FL 290

por aeronave;

• Alto custo de adequação à RVSM. O custo dos BSs de adequação RVSM é, em média,

maior para as aeronaves de aviação geral que operam no Brasil do que para as

aeronaves de médio e grande portes (ver anexo B). Além disso a aviação geral não se

beneficia da economia de escala que oferece o modelo da CARSAMMA para o

monitoramento de altitude.

É importante ressaltar o conservadorismo das premissas assumidas. Os resultados obtidos

para a aviação geral de forma agregada podem melhorar se aumentar a freqüência média das

viagens assim como a etapa média praticada o que aumenta conseqüentemente a utilização do

espaço aéreo acima do nível de vôo FL 290.

94

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No caso da aviação geral é portanto recomendável que análises de viabilidade sejam

realizadas caso a caso, considerando a utilização da aeronave assim como o custo de sua

aprovação operacional.

A seguir é analisado o custo-benefício da aquisição da aprovação operacional RVSM para o

Cessna Citation (C525), cujo BS de adequação RVSM custa US$ 58.000,00 e para o LearJet

(LJ55), cujo BS de adequação está orçado em US$ 155.000,00.

Os resultados da Tabela 4-15 referem-se a seguinte utilização ao longo de 15 anos de

operação: 4 viagens semanais o C525 e de 6 viagens semanais para o LJ55.

Tabela 4-15: C525 e LJ55 - Valor Presente Líquido e Razão Custo/Benefício

Item de Benefício Cessna Citation Jet (C525) LearJet (LJ55)

VPL B/C VPL B/CCombustível - Mão Única - US$ 710.000,00 0,99 - US$ 69.060.000,00 0,5Combustível - Mão Dupla US$ 89.230.000,00 2,5 US$ 65.840.000,00 1,4

Na Figura 4-8 são apresentados os gráficos de retorno sobre investimento para a Cessna

Citation Jet.

Mão Única Mão Dupla

-100

-50

0

50

100

150

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

USD

milh

ões .

Ano

Fluxo de Caixa Acumulado Fluxo de Caixa

-100

0

100

200

300

400

500

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

USD

milh

ões .

Ano

Fluxo de Caixa Acumulado Fluxo de Caixa

Figura 4-8: Retorno sobre Investimento: C525

Na Figura 4-9 são apresentados os gráficos de retorno sobre investimento para a LearJet.

95

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Mão Única Mão Dupla

-200

-150

-100

-50

0

50

100

150

200

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

USD

milh

ões .

Ano

Fluxo de Caixa Acumulado Fluxo de Caixa

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

USD

milh

ões .

AnoFluxo de Caixa Acumulado Fluxo de Caixa

Figura 4-9: Retorno sobre Investimento: LJ55

IV.5.2 Custo-Efetividade para os Provedores ATS

Os custos da implementação da RVSM para o Provedor ATS apresentados na Tebela 4-16

foram anteriormente tratados nas seções IV.3.6 Planejamento - Custo da Simulação ATC

RVSM, IV.3.7 Treinamento dos Controladores de Tráfego Aéreo e IV.3.8 Implementação da

RVSM para o Provedor ATS.

Diferentemente dos custos e benefícios do operador, os custos do provedor ATS não estão

ligados ao dólar, sendo portanto expressos em reais.

Tabela 4-16: Sumário dos Custos da Implantação da RVSM para o Provedor ATS

Custos – Ano: 2004

Item de Custo Total

Planejamento R$ 238.175,00Treinamento dos controladores de tráfego aéreo R$ 1.240.000,00Implementação da RVSM R$ 400.000,00TOTAL R$ 1.878.175,00

Benefício – Ano: 2005

Enlaces /aeronave - 8,2%Redução da carga de trabalho do controlador Duração da comunicação /aeronave - 21,3%

96

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A razão custo/efetividade (C/E) da implantação da RVSM para o Provedor ATS no Brasil é

dada pela divisão do custo de adequação do mesmo pela medida do principal benefício obtido.

Este corresponde à redução do tempo dedicado pelo controlador as comunicações

solo/ar/solo, solo/solo e atividades típicas ATC por aeronave.

TEnlacesMovimentosRC/E

21,008,000,175.878.1$

××= (5-2)

onde:

=Movimentos Número de aeronaves em determinada porção do espaço aéreo num dado

instante;

=Enlaces Número médio de enlaces por aeronave;

=T Duração média das comunicações aeronáuticas e das atividades típicas ATC por

aeronave;

A razão custo/efetividade expressa em 5-2 pode ser obtida para uma equipe de controladores

responsáveis por uma região do espaço aéreo assim como para um único controlador.

Os fatores de redução da carga de trabalho utilizados na equação 5-2 são válidos para os anos

iniciais após a implantação da RVSM. Para os anos subsequentes, é preciso que tais fatores

sejam ajustados em função do crescimento do tráfego.

IV.6 RESUMO

O Cenário 2, referente à implementação da RVSM no Brasil, foi selecionado para a realização

de uma análise de custo-benefício, a título de estudo de caso.

Os custos e benefícios decorrentes da implantação da RVSM no Brasil foram obtidos

comparando-se dois cenários operacionais: o Cenário Base, que representa a condição pré-

RVSM e o Cenário RVSM.

97

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Os custos foram modelados para a frota considerada ‘elegível RVSM’. Os benefícios foram

modelados para uma amostra de tráfego de vôos nacionais ocorridos nas FIRs Brasília,

Recife, Curitiba e Porto Velho.

Os resultados obtidos revelam-se extremamente viáveis para a aviação comercial, entretanto,

a aviação geral, de forma agregada, não viabiliza o investimento no período considerado,

tendo como motivo dois fatores principais: a baixa freqüência média de vôos acima do FL 290

e o alto custo de adequação à RVSM para pequenas aeronaves.

Além disso vale ressaltar que as premissas assumidas neste estudo são conservadoras e

generalistas. Análises individuais podem revelar muitos casos viáveis na aviação geral,

dependendo do valor investido, da freqüência de viagens do operador e tamanho médio das

etapas praticadas e da taxa de desconto adequada para o perfil da empresa avaliada.

O provedor ATS, por apresentar apenas benefícios qualitativos, teve seus resulatados

analisados por meio da análise de custo-efetividade em função da redução da carga de

trabalho do controlador, seu benefício mais significativo.

98

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Capítulo V

Conclusões e Comentários Finais

Em regiões do globo como o Brasil, onde a demanda de tráfego aéreo ainda não constitui um

fator restritivo, a implantação dos sistemas CNS/ATM vem sendo motivada pela obtenção de

economia, por motivos ambientais ou pela necessidade de harmonizar padrões e

procedimentos em nível regional.

Outro fator que motiva os Estados a se anteciparem a necessidade de implantar tais sistemas é

o interesse em dominar as tecnologias CNS/ATM a fim de se manterem competentes no

controle de seus espaços aéreos e reduzir a depedência tecnológica de países estrangeiros.

A ‘Política Brasileira para os Sistemas CNS/ATM’ declara que a navegação aérea, por ser

essencial e de segurança nacional, não pode estar sujeita a nenhum critério ou regra capaz de

dificultar ou inviabilizar a eficiência dos serviços prestados aos usuários civis e militares.

Essa mesma política considera ainda que os Estados deverão voltar suas estratégias para o

desenvolvimento do GNSS nas Regiões CAR/SAM, visando a reduzir os auxílios

convencionais para apoio à navegação aérea.

Entretanto o GPS, elemento base do GNSS, é vulnerável a interferências eletromagnéticas.

Estas podem ocorrer intencionalmente ou não e podem causar desde a degradação até a

obstrução ou interrupção do sistema. A tendência, com o passar dos anos, é que os riscos

sejam reduzidos devido tanto a redundância dos elementos do GNSS (nova geração do GPS,

GLONASS, GALILEO e sistemas de aumentação) quanto a sofisticação tecnológica dos

novos componentes a serem incorporados.

99

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Assim, na busca por manter a navegação aérea segura e desfrutar, ao mesmo tempo, dos

benefícios do GNSS, o Estado mantém como objetivo permanente a aquisição de um SBAS

próprio e não pretende proceder a desativação dos auxílios convencionais até que os países

provedores dos satélites de posicionamento o façam.

Caso seja adquirido um SBAS próprio, integrá-lo a bordo do SGB reduziria

significativamente os custos relativos ao segmento espacial. Caso um SBAS estrangeiro seja

estendido para o Brasil, o Estado deverá custear o aluguel dos transponders para a difusão do

sinal de aumentação a partir do satélite geostacionário utilizado. Independentemente da opção,

ao Estado caberá ainda a aquisição, a implantação e a manutenção do segmento solo.

O SBAS é investimento alto que deve ser viabilizado não só por seus benefícios como

também por acordos de compensação comercial e de tranferência tecnológica.

Em contrapartida ao custo, o SBAS traz benefícios tanto para a navegação aérea, como para

certas aplicações de navegação marítima e terrestre. Isto pode gerar boas oportunidades de

negócio para o Brasil junto aos potenciais usuários dos países sulamericanos. Dentre os

benefícios viabilizados pelo SBAS à navegação aérea, tem-se:

• A guiagem vertical, que segundo a Flight Safety Foundation pode resultar numa redução

de até 7 vezes no risco de incidente grave ou acidente na fase de aproximação final em

relação à aproximação de não-precisão.

• A racionalização dos rádio-auxílios, que inicialmente resultará em economia decorrente

da estagnação da atual infra-estrutura e, a médio-longo prazo, de sua desativação.

• O suporte aos requisitos atuais e futuros RNAV/RNP, que é a base da otimização do

espaço aéreo numa visão de longo prazo.

100

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Desde 1998, muitas rotas RNAV foram implantadas no espaço aéreo superior brasileiro sem

nenhum requisito de performance associado. Nesse caso, o operador pode se utilizar de

qualquer sensor ou combinação de sensores que cubram a referida rota ou procedimento, sem

que lhe seja demandada a comprovação de sua performance de navegação.

Apesar de ainda não definido, os riscos desse tipo de operação podem ser altos sobretudo se

associados a uma pane do radar de vigilância ou falha de comunicação. Com o crescimento do

tráfego e da complexidade do espaço aéreo, esta prática não deverá ser mantida.

A associação RNAV/RNP constitui uma importante ferramenta de gestão do espaço aéreo

pois permite que as trajetórias mais convenientes sejam praticadas com os requisitos de

performance mais apropriados ao contexto operacional. Esta associação visa obter ganhos de

eficiência, econômicos, de segurança, ambientais ou de contingência.

O GNSS tem proporcionado a prática de uma RNAV mais precisa, íntegra, de cobertura

global e com aviônicos relativamente mais baratos. Estas características propiciam a

consolidação da RNAV baseada em GNSS como meio principal de navegação em todo o

mundo e principalmente em países como o Brasil, cuja infra-estrutura de rádio-auxílios

convencionais não oferece flexibilidade operacional à navegação e à gestão do tráfego aéreo.

Mesmos nas áreas mais bem servidas, a infra-estrutura brasileira de rádio-auxílios não poderia

suportar a RNP 5, visto que a distância relativa entre os VORs é normalmente muito superior

a 100 MN. A RNP 5 deverá ser implantada nas FIRs Brasília e Curitiba até o ano 2007.

Visto que o tráfego doméstico brasileiro converge regularmente para as capitais da região

sudeste, conclui-se que grande parte da frota comercial terá que se adequar a este requisito,

mesmo aquela proveniente das FIRs Amazônica e Recife, cuja densidade de tráfego é baixa.

101

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Estender a RNP 5 às demais FIRs significaria penalizar desnecessariamente os operadores que

utilizam as rotas ATS das regiões de baixo tráfego. Por outro lado, não atribuir um requisito

de performance às rotas RNAV contidas nestas regiões pode comprometer a segurança do

espaço aéreo. Assim, além das FIRs Brasília e Curitiba, seria prudente implantar a RNP 5 em

toda rota RNAV independentemente da FIR em que se encontre.

O estabelecimento de níveis máximos para as rotas convencionais e mínimos para as rotas

RNP 5 permitirá que grande parte das aeronaves de aviação geral possa optar ou não por se

adequar a RNAV/RNP 5.

Em média, a implantação da RNAV/RNP 5 no espaço aéreo brasileiro custará para o operador

o valor da aquisição e instalação de, no mínimo, um equipamento RNAV e um IRS ou um

receptor GPS+ABAS. Se devidamente implementada, a RNAV/RNP 5 poderá gerar os

seguintes benefícios: rotas diretas em grande círculo, aumento da capacidade de espaço aéreo,

redução da vetoração radar, da carga de trabalho dos controladores e de impactos ambientais.

Em 20 de janeiro de 2005, a RVSM foi implantada no espaço aéreo brasileiro entre os níveis

FL 290 e FL 410, inclusive. Contrariamente ao plano inicial, foi autorizado que aeronaves

não-aprovadas RVSM possam operar no espaço aéreo RVSM até 30 de junho de 2007.

O estudo de caso realizado neste trabalho contempla a comparação do cenário não-RVSM

com o cenário RVSM excludente, onde só é permitida a operação de aeronaves com

aprovação operacioal RVSM, com exceção das aeronaves de Estado, vôos humanitários, vôos

de primeira entrega e de manutenção.

102

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Os resultados obtidos mostram que a implantação da RVSM reduz em cerca de 50% a

solicitação entre os níveis de vôo FL 290 e FL 350. O fato da amostra de tráfego utilizada

contemplar apenas vôos nacionais explica a pouca utilização a partir do nível de vôo FL 380.

A RVSM mostrou ser economicamente viável para a aviação comercial de aeronaves de

médio e grande portes. O benefício pode chegar a 12 vezes o valor investido, segundo as

hipóteses de trabalho especificadas neste estudo.

Entretanto, para a aviação geral de forma agregada, os resultados obtidos demonstram a

inviabilidade do investimento no período analisado devido a dois motivos principais: a baixa

freqüência dos vôos acima do nível de vôo FL 290 (1,3 vôos semanais acima do nível FL 290

por aeronave elegível RVSM) e o alto custo para adequação da aeronave à RVSM.

Ponderando o conservadorismo das premissas adotadas, conclui-se que análises de viabilidade

devem ser realizadas caso a caso para as aeronaves de aviação geral, considerando a real

utilização da aeronave, o custo de sua aprovação operacional e seu custo de capital.

A avaliação de Custo-Benefício pelo método do Valor Presente Líquido é uma metodologia

simples e eficiente de avaliação de projetos. O desafio reside na identificação e correta

modelagem dos custos e benefícios. Para tanto, é necessário razoável conhecimento dos

processos e das regras que envolvam a realização do projeto.

A determinação da taxa mínima de interesse é outro ponto importante. Este é um parâmetro

decisivo para a viabilização do projeto.

Os benefícios qualitativos de um projeto podem ser tão ou mais relevantes que os

quantitativos. A razão Custo/Efetividade utilizada para avaliar os benefícios qualitativos,

103

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contempla apenas aquele que minimiza os custos. Assim, benefícios de suma importância

para a realização do projeto podem ser ofuscados nesta análise. Dependendo do caso, é

recomendável apenas expressar os custos em valor presente e os benefícios, detalhadamente

descritos, em unidades físicas ou em escala de valor qualitativo.

Na implementação dos elementos dos Sistemas CNS/ATM, a viabilidade econômica e

operacional para os operadores de transporte aéreo deve ser priorizada. Do contrário, podem

ser geradas dificuldades financeiras para os operadores e crise na aviação civil do país. Os

novos sistema deverão ser capazes de gerar benefícios concretos ou então não valerão à pena.

De um modo geral, este trabalho buscou contribuir para o desenvolvimento do conhecimento

nas áreas de gestão de tráfego aéreo, navegação aérea e análise de custo-benefício. Apesar das

várias indefinições existentes devido ao estado incipiente da implantação do CNS/ATM no

mundo e da dificuldade de obtenção de documentos, dados e informações, o objetivo

inicialmente proposto desta pesquisa foi alcançado.

Dentre as oportunidades de trabalhos futuros, sugere-se a realização de estudos de caso da

implantação da RNAV/RNP 5 e do SBAS no espaço aéreo brasileiro. Sugere-se também que

sejam simulados cenários “fazer nada”. No caso da implantação da RVSM, este cenário

consistiria em determinar os custos da opção de não adequar-se à RVSM, ou seja, de voar

acima do nível de vôo FL 410 ou abaixo do nível de vôo FL 290. Como extensão desta linha

de pesquisa, propõe-se ainda a realização de análises de viabilidade operacionais e

econômicas da implementação do GBAS e da RNP 1, que já são realidade em alguns países, e

de elementos de comunicação e de vigilância aeronáutica segundo o conceito CNS/ATM.

104

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Apêndices

Apêndice 1: Utilização dos Auxílios à Navegação Aérea no Brasil

No Brasil, a infra-estrutura de auxílios à navegação aérea é composta por aproximadamente,

364 equipamentos conforme mostra a Tabela A1-1. Usualmente, estes equipamentos

encontram-se instalados junto aos aeroportos mais movimentados.

Tabela A1-1: Cobertura média por auxílio à navegação.

ECAC USA Brasil Auxílios à Navegação

Fonte: [Eurocontrol, 2002] Fonte: [FAA, 1996] Fonte: [DECEA, 2003b] DME 1078 256 85 VOR 728 292 83 NDB 1007 725 196 Total 2813 1273 364

Espaço Aéreo 10.545.000 km2 9.820.000 km2 8.547.403 km2

Área/auxílio 3.749 km2 / equipamento 7.714 km2 / equipamento 23.482 km2 / equipamento

Comparando a cobertura média dos rádio-auxílios nos Estados Unidos, no Brasil e na porção

do espaço aéreo europeu denominada Estados da Conferência de Aviação Civil Européia

(ECAC), percebe-se que a atual infra-estrutura de auxílios não é capaz de suportar a RNP 5 no

espaço aéreo brasileiro, visto que:

1. A RNP 5 foi desenvolvida e implementada para permitir a operação continuada dos

rádio-auxílios existentes na ECAC, sem qualquer necessidade de modificação de sua

infra-estrutura [Sofréavia, 2003];

2. Para obter RNP 4 em rotas balizadas apenas por VORs, os mesmos devem estar

espaçados entre si de 50 MN ou menos [OACI, 1999e].

105

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Caso não houvesse a opção da navegação por satélite, seria necessário expandir e modernizar

a atual infra-estrutura de auxílios convencionais para continuar prestando um serviço de

tráfego aéreo eficiente e seguro frente ao crescimento do tráfego e a necessidade permanente

de redução dos custos operacionais.

Outros motivos, além do supracitado, reafirmam a importância do GNSS no Brasil. Quando

comparado aos auxílios convencionais, o GNSS oferece muitas vantagens, dentre elas

destacam-se:

3. Cobertura global (particularmente importante em áreas pobres em rádio-auxílios

convencionais);

4. Disponibilidade gratuita para uso da aviação civil;

5. Mais preciso do que os auxílios tradicionalmente utilizados em rota, em área terminal

e em aproximação de não-precisão;

6. A aquisição do aviônico GNSS resulta na aquisição da capacidade RNAV a um custo

relativamente baixo;

7. Implementando procedimentos RNAV baseado em GNSS, o PSNA pode melhorar a

prestação de serviço aos usuários sem nenhum custo adicional de infra-estrutura;

8. Possibilidade de operar em todo globo utilizando um só equipamento receptor;

9. Utilizado por outros modos de transporte.

Neste contexto, operadores de aeronaves, provedores ATS, a ICAO e os Estados, vêm

empreendendo ações que apontam numa direção comum; a utilização do GNSS como meio

primário de navegação, conforme mostra a Figura A1-1.

106

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Des

ativ

ação

Gra

dual

da

Infra

-estr

utur

a de

N

aveg

ação

Aér

ea

Infra-estrutura Espacial de Navegação Aérea

Implantação do SBAS

Espaço Aéreo

Aeronave

Implementação de Rota e Procedimentos RNAV/RNP

Maior adoção dos sistemas de gestão de vôo (FMS) e receptores GNSS

Mai

or u

tiliz

ação

do

GN

SS c

omo

mei

o pr

imár

io d

e na

vega

ção

Figura A1-1: Utilização do GNSS como Meio Primário de Navegação Aérea.

O GNSS como meio primário de navegação proporciona a independência da aeronave em

relação aos rádio-auxílios convencionais, permitindo a desativação gradativa dos mesmos.

Todavia, o GNSS não possui apenas vantagens. O sistema apresenta vulnerabilidade à

interferências e perturbações eletromagnéticas que podem interromper, obstruir ou degradar a

performance do sistema. Tais interferências podem acontecer intencionalmente ou não. Este

fato fez os Estados repensarem seus planos de desativação dos rádio-auxílios convencionais.

Para delinear um cenário realístico para a utilização dos auxílios à navegação no Brasil, foram

analisados os cenários dos Estados Unidos e da Europa.

Racionalização da Infra-Estrutura de Navegação Aérea nos Estados Unidos

Após análise da vulnerabilidade do GPS, a FAA optou pela salvaguarda de parte de seus

auxílios convencionais. Com isso, a FAA pretende prover um sistema de navegação

107

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alternativo para o qual a aeronave possa reverter e continuar operando normalmente caso haja

interferência no sinal de GPS.

A Figura A1-2 ilustra os três tipos de infra-estrutura que constituirão as alternativas à

navegação por satélite no espaço aéreo norte americano. Estas variam desde um sistema de

baixa performance até um sistema de redundância. À medida em que a capacidade de

navegação melhora (de baixo para cima), o risco de se ter uma operação degradada ou

interrompida diminui, reduzindo o risco de interferência ilícita [FAA, 2002].

Rob

uste

z da

Infra

-estr

utur

a

Procedimentos de Contingência e Restrições

Contingência Operacional

VORNDB de Longo Alcance

Sistema de Back-Up

DME/DMEFMS/IRS

FMS

Sistema de Redundância

Figura A1-2: Sistemas de apoio à navegação por satélite nos E.U.A.

O sistema redundante oferece continuidade de operação segundo as mesmas técnicas de

navegação utilizadas antes da ocorrência da interferência (ex: RNAV/RNP).

O sistema de back-up permite que a operação continue com segurança, embora menos

eficiente. Mesmo sendo menos preciso que o sistema redundante, o sistema de back-up

desempenhará a importante função de “desencorajador” de atos de interferência ilícita até o

ano de 2020, pelo menos [FAA, 2002].

108

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O operador também pode optar por não se equipar com os sistemas redundantes ou de back-

up e submeter-se às restrições operacionais e a procediementos de contigência. Caso ocorra,

por exemplo, uma perda do sinal, o operador passará a operar VFR ou será vetorado pelo

controlador para fora da região de interferência.

Para sustentar tais planos, a FAA pretende preservar todos os seus DMEs, podendo ainda

implantar estações adicionais nas áreas dos aeroportos mais movimentados [Sofréavia, 2003].

Para prover os sistemas de back-up, serão preservados também um número reduzido de

VOR’s e alguns poucos NDB’s de longo alcance.

Racionalização da Infra-Estrutura de Navegação Aérea na Europa

Na Europa, a desativação gradativa dos NDB’s e dos VOR’s deverá ocorrer até o ano de

2010, à medida em que a navegação por satélite se fortalece devido à utilização dos sistemas

de aumentação. A EUROCONTROL, agência responsável por harmonizar e integrar a

navegação aérea na Europa, optou por preservar as estações de DME para dar suporte às

operações com FMS. A Figura 3-6 apresenta o plano de europeu de utilização dos auxílios a

navegação [Eurocontrol, 1999b].

NDB

VOR

DME

SBAS

GBAS

2000 2005 2010 2015

Figura A1-3: Plano de utilização dos auxílios à navegação aérea na europa.

109

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Racionalização da Infra-Estrutura de Navegação Aérea no Brasil

A Política brasileira para os Sistemas CNS/ATM [COMAR, 2001] estabelece que só se

poderá iniciar a desativação dos rádio-auxílios no país quando os países provedores dos

satélites de posicionamento o fizerem e quando o desempenho dos novos sistemas (precisão,

integridade, continuidade e disponibilidade) for reconhecido como satisfatório.

Nesse contexto, acredita-se que será adotada no Brasil uma postura tão cautelosa quanto a dos

E.U.A, país provedor dos satélites.

Manter um sistema de navegação redundante, a exemplo dos E.U.A., seria inviável no Brasil

pois implicaria em reforçar a atual infra-estrutura. Assim, é razoável admitir que os VORs e

DMEs serão mantidos como sistema de back-up. Onde não seja possível ou justificável a

manutenção de tal sistema, procedimentos de contingência poderão ser estabelecidos.

Portanto, um cenário propício de utilização dos rádio-auxílios convencionais no Brasil inclui:

• Supressão dos NDBs que não balizarem ILSs;

• Congelamento da infra-estrutura atual de VORs em sua dimensão atual até o início de

seu processo de desativação;

• Manutenção dos DMEs por tempo indefinido.

110

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Apêndice 2: Determinação da Frota “Elegível RVSM”

Para a determinação das frota “Elegível RVSM” foi utilizado o Banco de Dados de

Aeronavegabilidade do DAC de Outubro de 2003. A partir deste banco de dados, a frota

“elegível RVSM” foi estabelecida excluíndo-se do total das matrículas registradas, àquelas

aeronaves que encontram-se sob os seguintes critérios:

1. Aeronaves cujo teto operacional não alcança o espaço aéreo RVSM;

2. Aeronaves sem registro de classe;

3. Aeronaves com teto operacional entre o FL 290 e FL 310, pois a adequação ao RVSM

seria economicamente inviável. Ademais, a própria natureza da utilização de

aeronaves com tais tetos operacionais as levam a operar em níveis inferiores (vôos de

curta duração a baixas altitudes);

4. Aeronaves para as quais não há boletim de serviço para adequação ao RVSM;

5. Aeronaves não operacionais ou de operação interditada em caráter irreversível.

Aplicando o critério 1 nas 14674 matrículas existentes no banco de dados de

aeronavegabilidade do DAC eliminou-se aeronaves com teto operacional inferior ao FL 290.

A Tabela A2-1 apresenta aeronaves eliminadas após a aplicação deste critério:

Tabela A2-1: Aeronaves com teto operacional inferior ao FL 290.

Classe da Aeronave Quantidade de Aeronaves. Ultraleves 7 Planadores 376 Anfíbios

Experimentais 28

Helicópteros 1107 1 Motor à pistão 6853

2 Motores à pistão 1938 4 Motores à pistão 11

1 Motor turbo-hélice 121 4 Motores turbo-hélice 14

1 Motor à jato 1

111

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Após a aplicação do critério 2, mais 2419 aeronaves sem registro de classe, constituídas em

sua maioria por balões, planadores, ultraleves e aeronaves experimentais não foram

consideradas “elegíveis RVSM”.

As aeronaves consideradas potenciais usuárias do espáço aéreo entre o FL 290 e FL 410, bem

como as aeronaves não consideradas “elegíveis RVSM” com a aplicação dos critérios 1 e 2

são mostrados na Figura A2-1.

68532419

19381107

899747

376121

113402814

1171

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000

Quantidade

1 Motor à pistãoClasse não definida2 Motores à pistão

Helicópteros2 Motores à jato

2 Motores turbo-hélicePlanadores

1 Motor turbo-hélice3 Motores à jato4 Motores à jato

Anfíbios/Experimentais4 Motores turbo-hélice

4 Motores à pistãoUltraleves

1 Motor à jato

Cla

sse

Frota Aérea Brasileira14.674 Matrículas

Não-usuárias do espaço aéreo acima do FL 290 Potenciais usuárias do espaço aéreo entre FL290 e FL410

Figura A2-1: Distribuição das aeronaves após a aplicação dos critérios 1 e 2.

Aplicando o critério 3 a população de 1799 aeronaves potenciais usuárias do RVSM, foram

identificadas 684 aeronaves com teto operacional inferior a FL310, constituídas

principalmente por aeronaves modelo Bandeirantes EMB-110, Brasília EMB-120, Xingu

EMB-121, Navajo EMB-821, Beech Aircraft King Air BE9L; Fokker F27 e Fokker F50.

112

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Devido ao critério 4, que exclui aeronaves para as quais não há boletim de serviço para

adequação ao RVSM, foram excluídas ainda 6 aeronaves modelo Pipper PA-42-720 e

Cheyenne PAY3 e PAY4, 1 Caravelle S210 e 2 Hamburger Flugz HF20, totalizando 9

aeronaves.

A partir do critério 5, as seguintes aeronaves não-operacionais ou de operação interditada em

caráter irreversível também foram excluídas:

• 19 matrículas de reserva de marca;

• 457 matrículas canceladas;

• 30 certificados de aeronavegabilidade cancelados por estarem ha mais de 2 anos com a

inspeção anual de manutenção vencida;

• 16 com licença vencida;

• 04 aeronaves com certificado de aeronavegabilidade cancelado por estarem ha mais de

1 ano avariadas.

Após as subtrações supracitadas restaram 580 aeronaves “Elegíveis RVSM”. Destas, 109 já

possuem aprovação operacional RVSM. A Figura A2-2 apresenta a distribuição das aeronaves

“Elegíveis RVSM” de acordo com seu modelo e estado de aprovação em 2004.

Embora toda aeronave capaz de voar no espaço aéreo RVSM seja de fato “Elegível RVSM”,

este termo é utilizado neste trabalho para designar apenas àquelas ainda não possuidoras de

aprovação operacional.

113

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0 10 20 30 40 5

B733F100B732A320C550LJ35C500C525BE20B737C560B722E145B735H25B

MD11A319C650BE40A332B350B703B762B763BE30LJ25LJ31B738

C25AC56XF900LJ55C750DC10LJ24

A30BDC85DC86FA20LJ60

MU30PRM1ASTR

B721B772C501C551E135

FA10FA50B734CL60

GALXLJ45

WW24M

odel

o(C

ódig

o O

AC

I

0

)

Quantidade

Sem aprovação Operacional RVSM Com Aprovação Operacional RVSM

Figura A2-2: Distribuição das aeronaves segundo a aprovação operacional RVSM.

Deste modo, 471 aeronaves são “elegíveis RVSM”, sendo 232 da aviação comercial e 239 da

aviação geral.

114

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Apêndice 3: Determinação do Peso de Decolagem dos Vôos

Conforme a equação (A3-1), o Peso de Decolagem (PD) de uma aeronave para determinado

vôo depende de três fatores principais: o Peso Operacional Vazio (POV) da aeronave; a Carga

Paga (CP) transportada; o combustível da viagem que inclui o combustível para chegar ao

destino mais a reserva mínima regulamentar.

ViagemdalCombustíveCPPOVPD ++= (A3-1)

A seguir, são apresentadas a descrição e o cálculo de cada um destes fatores:

• Peso Operacional Vazio: é o próprio peso da aeronave com todos os itens e

equipamentos necessários para o vôo, excluídos a carga paga e o combustível e

incluindo: combustível não utilizável, óleo do motor, equipamentos de emergência,

fluidos e químicos para os banheiros, galley, estrutura do bar, etc. assim como o peso

dos itens operacionais: tripulação com bagagens, manuais e equipamentos de

navegação, comida e bebida, equipamento salva vidas (colete, bóias,etc.).

• Carga Paga: é estimada a partir da taxa de ocupação (TO) média das aeronaves, do

número de assentos das aeronaves e do peso médio do passageiro e de sua bagagem.

A taxa de ocupação definada pela equação (A3-2):

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛=

ado Pago TransportAssento/kmPago nsportado Pax/km TraTO (A3-2)

A Tabela A3-1 apresenta as taxas de ocupação das aeronaves de aviação comercial em

2002 [DAC, 2002]:

115

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Tabela A3-1: Taxa de ocupação das aeronaves.

Modelo da Aeronave (Código OACI) TO

A319 49% A320 54% A330 57% B732 56% B733 58% B735 57% B737 64% E145 60% F100 54%

MD11 57%

A Tabela A3-2 apresenta configuração adotada para a definição do peso médio por

passageiro e de sua bagagem:

Tabela A3-2: Configuração de peso médio por passageiro e de sua bagagem.

Repartição dos passageiros Pesos Bagagem 50% de mulheres 70 kg 20 kg

50% homens 88 kg 20 kg

Deste modo, pode-se então calcular o CP pela da equação (A3-3):

( ) ([ ])2070)20882

TO Assentos de Número+++×⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛ ×

=CP ) (A3-3)

• Combustível da Viagem: O combustível da viagem é definido pela equação (A3-4)

taxiesperaoalternativ

reservaetapa

lCombustívelCombustívelCombustíve

lCombustívelCombustíveViagemdalCombustíve

++

++=

(A3-4)

onde:

Combustível da Etapa: é combustível necessário para chegar ao aeroporto de destino,

dado pela equação (A3-5):

)/( kmkgcruzeirodemédioxConsumoDistâncialCombustíve etapaetapa = (A3-5)

Combustível Reserva: corresponde a 10% do combustível da etapa.

116

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Combustível do Aeroporto Alternativo: é o combustível necessário para chegar ao

aeroporto alternativo, calculado da mesma forma que o combustível da etapa,

considerando-se a distância entre o aeroporto de destino e o aeroporto alternativo.

A fim de viabilizar o cálculo de combustível do aeroporto alternativo, a Tabela A3-3

apresenta as distâncias consideradas entre aeroporto de destino e aeroporto alternativo:

Tabela A3-3: Distância do aeroporto alternativo em função do aeroporto de destino.

UF Distância ao Aeroporto Alternativo (MN) UF Distância ao Aeroporto

Alternativo (MN) UF Distância ao Aeroporto Alternativo (MN)

AL 200 PI 200 SP 200 BA 200 PR 200 AC 300 CE 200 RJ 200 AM 300 DF 200 RN 200 AP 300 ES 200 RO 300 MA 300 GO 200 RR 300 MS 300 MG 200 RS 200 MT 300 PB 200 SC 200 PA 300 PE 200 SE 200 TO 300

Conforme apresentado na Tabela A3-3, assumiu-se uma distância média de 300 MN

para o aeroporto alternativo quando o aeroporto de destino encontra-se na Região

Norte do Brasil assim como nos estados MA, MS, MT, TO e de 200 MN para as

demais localidades:

Combustível de Espera: é o combustível corresponde ao consumo horário em regime

de espera a 1500 pés de altitude por 30 minutos.

Combustível de Táxi (aeroporto de destino): é definico pela equação (A3-6):

min)/( min10 kgtaxidemédioxConsumolCombustíve taxi = (A3-6)

117

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Anexos

Anexo A: Custos de Aquisição, Operação e Manutenção de Equipamentos de Bordo

Tabela A-1: Custos de Aquisição, Operação e Manutenção de Equipamentos de Bordo.

Equipamento Preço unitário Custo de Instala-ção e Certificação

Custo Anual de Manutenção e Operação

Aviação Comercial GPS+RAIM US$ 43.250,00 US$ 154.480,00 US$ 11.860,00

B-RNAV (incluindo FMC ou computa-

dor RNAV dedicado) US$ 129.340,00 US$ 64.670,00 US$ 11.640,00

Atualização P-RNAV (Custo diferencial comparado

com o B-RNAV) US$ 323.340,00 - US$ 19.400,00

Computador de Navegação GPS+RAIM+RNAV US$ 55.610,00 US$ 74.150,00 US$ 7.790,00

Atualização WAAS/EGNOS/GLONASS US$ 19.770,00 - US$ 1.190,00

IFR para Aviação Geral GPS+RAIM US$ 34.600,00 US$ 92.690,00 US$ 7.640,00

B-RNAV (incluindo FMC ou computa-

dor RNAV dedicado) US$ 51.730,00 US$ 25.870,00 US$ 4.660,00

Atualização P-RNAV (Custo diferencial comparado

com o B-RNAV) US$ 161.670,00 - US$ 9.700,00

Computador de Navegação GPS+RAIM+RNAV US$ 45.730,00 US$ 74.150,00 US$ 7.190,00

Atualização WAAS/EGNOS/GLONASS US$ 8.650,00 - US$ 520,00

VFR para Aviação Geral GPS+RAIM US$ 5.190,00 US$ 13.900,00 US$ 1.150,00

B-RNAV (incluindo FMC ou computa-

dor RNAV dedicado) US$ 7.760,00 US$ 3.880,00 US$ 700,00

Atualização P-RNAV (Custo diferencial comparado

com o B-RNAV) US$ 19.400,00 - US$ 1.160,00

Computador de Navegação GPS+RAIM+RNAV US$ 6.860,00 US$ 11.120,00 US$ 1.080,00

Atualização WAAS/EGNOS/GLONASS US$ 1.300,00 - US$ 80,00

Fonte: [EATCHIP, 1998]

118

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Anexo B: Custo dos Boletins de Serviço para Adequação RVSM

Tabela B-1: Custo Estimado dos Boletins de Serviço para Adequação RVSM

Modelo de Aeronave (Código OACI) Custo Fonte

A300 **** Fabricante ( Inspeção Visual) A320 **** Fabricante ( Inspeção Visual) A330 **** Fabricante ( Inspeção Visual) A340 **** Fabricante ( Inspeção Visual) B701 US$ 175.000,00 Empresas de Engenharia Especializadas B703 US$ 175.000,00 Empresas de Engenharia Especializadas B712 **** Fabricante ( Inspeção Visual) B721 US$ 130.000,00 Empresas de Engenharia Especializadas B722 US$ 130.000,00 Empresas de Engenharia Especializadas B731 US$ 130.000,00 Empresas de Engenharia Especializadas B732 US$ 130.000,00 Empresas de Engenharia Especializadas B733 US$ 17.500,00 Operator Pesquisa 1/01 B734 US$ 17.500,00 Operator Pesquisa 1/01 B735 US$ 17.500,00 Operator Pesquisa 1/01 B736 **** Fabricante ( Inspeção Visual) B737 **** Fabricante ( Inspeção Visual) B738 **** Fabricante ( Inspeção Visual) B739 **** Fabricante ( Inspeção Visual) B741 US$ 58.400,00 Pesquisa FAA 12/97 e Pesquisa OWG 6/97 B742 US$ 58.400,00 Pesquisa FAA 12/97 e Pesquisa OWG 6/97 B743 US$ 58.400,00 Pesquisa FAA 12/97 e Pesquisa OWG 6/97 B744 US$ 33.300,00 Pesquisa OWG 35582 B752 US$ 50.700,00 Pesquisa FAA 35765 e Pesquisa OWG 35582 B753 US$ 50.700,00 Pesquisa FAA 35765 e Pesquisa OWG 35582 B762 **** Fabricante ( Inspeção Visual) B763 **** Fabricante ( Inspeção Visual) B764 **** Fabricante ( Inspeção Visual) B772 **** Fabricante ( Inspeção Visual) B773 **** Fabricante ( Inspeção Visual) F100 US$ 8.000,00 Operator Pesquisa 37627 DC8 US$ 150.000,00 Empresas de Engenharia Especializadas DC9 US$ 150.000,00 Empresas de Engenharia Especializadas

DC10 US$ 2.200,00 Pesquisa OWG 35582 MD11 US$ 2.200,00 Engineering analysis, similar to DC10 MD80 US$ 33.300,00 Engineering analysis, similar to B744 MD90 US$ 33.300,00 Engineering analysis, similar to B744 L101 US$ 25.000,00 Fabricante,1/01 ASTR US$ 110.000,00 Fabricante BE40 US$ 25.000,00 Fabricante

CL60(1A) US$ 62.500,00 Fabricante

119

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Modelo de Aeronave (Código OACI) Custo Fonte

CL60(3A/3R) US$ 17.500,00 Fabricante CL60(604) **** Fabricante

CRJ1 **** Fabricante CRJ2 **** Fabricante CRJ7 **** Fabricante C500 US$ 101.259,00 Fabricante 11/02 C501 US$ 101.259,00 Fabricante,11/02 C525 US$ 58.000,00 Fabricante, 37663

C525A US$ 22.647,00 Fabricante, 37663 C550 US$ 111.500,00 Fabricante,11/02 C551 US$ 111.500,00 Fabricante,11/02 C560 US$ 42.953,00 Fabricante,11/02 C56X **** Fabricante, 37663 C650 US$ 74.918,00 Fabricante,11/02 C750 US$ 7.680,00 Fabricante,11/02 E135 US$ 17.500,00 Fabricante E145 US$ 17.500,00 Fabricante F2TH US$ 15.000,00 Fabricante F900 US$ 15.000,00 Fabricante FA50 US$ 15.000,00 Fabricante FA10 US$ 150.000,00 Empresas de Engenharia Especializadas FA20 US$ 15.000,00 Fabricante GALX **** Fabricante GLEX **** Fabricante GLF2 US$ 235.000,00 Fabricante,11/02

GLF3 (S/N 426 e anteriores) US$ 226.200,00 Fabricante, 11/02 GLF3 (S/N427 e posteriores) US$ 14.000,00 Fabricante, 11/02

GLF4 US$ 14.000,00 Fabricante,11/02 GLF5 **** Fabricante, 11/02 H25A US$ 150.000,00 Empresas de Engenharia Especializadas H25B US$ 32.500,00 Fabricante,3/01 H25C US$ 32.500,00 Fabricante,3/01 L29B US$ 150.000,00 Empresas de Engenharia Especializadas

LJ20 Series US$ 149.000,00 Empresas de Engenharia Especializadas LJ31 US$ 46.000,00 Fabricante,11/02 LJ35 US$ 145.000,00 Fabricante,11/02 LJ45 **** Fabricante, 11/02 LJ55 US$ 155.000,00 Fabricante,11/02 LJ60 US$ 20.000,00 Fabricante,11/02

MU30 US$ 110.000,00 Empresas de Engenharia Especializadas PRM1 **** Fabricante, 11/02 SBR1 US$ 139.000,00 Empresas de Engenharia Especializadas SBR2 US$ 175.000,00 Empresas de Engenharia Especializadas

WW23 US$ 140.000,00 Empresas de Engenharia Especializadas WW24 US$ 140.000,00 Empresas de Engenharia Especializadas

**** Custo estimado como menor que US$ 100,00 por aeronave Fonte: [OACI, 2003d]

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Anexo C: Modelo CARSAMMA de Monitoramento de Altitude

Tabela C-1: Grupos de Monitoramento de Altitude

BLOCO 1 Monitoramento de

2 aeronaves / grupo / operador

BLOCO 2 Monitoramento de

60% das aeronaves / grupo / operador

Modelo de Aeronave (Código OACI)

Grupo de Monitoramento

Modelo de Aeronave(Código OACI)

Grupo de Monitoramento

A306 A124 G39 A30B

G01 ASTR G40

A310 ASTR-SPX G41 A312 B703 G42 A313

G02 B731 G43

A318 G04 B732 G44 A319 BE40 G45 A320 BE20 G46 A321

G05 C500 G47

A332 C25A G48 A333

G06 C25B G49

A342 C525 G50 A343

G07 C550 G51

A344 G08 C56X G52 A345 G09 C650 G53 A346 G10 C750 G54 B712 G11 CRJ9 G55 B721 DC86 B722

G12 DC87

G56

B733 DC93 G57 B734 DC95 G58 B735

G13 F2TH G59

B736 FA50 B737 FA50EX

G60

B738 F900 B739

G14

F900EX G61

B741 F70 G62 B742 FA20 G63 B743

G15 FA10 G64

B74S G16 GLF2 G65 B744 G17 GLF3 G66 B752 G18 GALX G67

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BLOCO 1 Monitoramento de

2 aeronaves / grupo / operador

BLOCO 2 Monitoramento de

60% das aeronaves / grupo / operador Modelo de Aeronave

(Código OACI) Grupo de

Monitoramento Modelo de Aeronave

(Código OACI) Grupo de

Monitoramento B762 H25B G69 B763

G20 H25C G70

B764 G21 IL62 G71 B772 G22 IL76 G72 B773 G23 IL86 G73 CL60 G24 IL96 G74 C560 G25 L29B G76 CRJ1 LJ31 G77 CRJ2 G26 LJ35 CRJ7 G27 LJ36

G78

DC10 G28 LJ45 G79 E145 LJ55 G80 E135

G29 SBR1 G81

F100 G30 T134 G82 GLF4 G31 T154 G83 GLF5 G32 T204 G84 LJ60 G33 P180 G85 L101 G34 PRM1 G86 MD10 G35 YK42 G87 MD11 G36 MD81 MD82 MD83 MD88

G37

MD90 G38

BLOCO 3 - Constituído por aeronaves não pertencentes a nenhum grupo (aeronaves

não-grupo) - devem ser monitoradas a 100% da frota/operador;

Fonte: [CARSAMMA, 2003]

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Anexo D: Fórmula de Bessell

Fórmula de Bessell (Lei dos Cossenos Esférica)

Admitindo que a Terra tenha formato aproximadamente esférico, a distancia geográfica entre

dois pontos em sua superfície é distância percorrida sobre o círculo máximo que passa por

esses dois pontos.

As coordenadas geográficas dos pontos de referência devem obedecer a lei dos sinais do

plano cartesiano, como mostrado na Figura D-1:

Lat Long + -

Lat Long + +

Lat Long - -

Lat Long - +

equador

Gre

enw

ich

Figura D-1: Lei dos Sinais do Plano Cartesiano

Assumindo que a terra é esférica e que seu raio é de 6366,76

km a aplicação da fórmula de Bessell ao triângulo esférico PBA

resulta na expressão:

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )Pbsenasenb cos..cos.ap coscos +=

onde:

( )BLatPBa −°== 90

( )ALatPAb −°== 90

( ) ( )BLongALongP = −

( )( ) 76,6366.cosarccosp = P

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Glossário

AEROVIA [DEPV, 1999b] - Área de Controle, ou parte dela, disposta em forma de corredor e provida de auxílios à navegação.

APROXIMAÇÃO DE NÃO-PRECISÃO [DEPV, 1999b] - Aproximação por instrumentos baseada em auxílio à navegação que não possua indicação eletrônica de trajetória de planeio(glide slope). E.g: NDB, VDF, VOR.

APROXIMAÇÃO POR INSTRUMENTOS [DEPV, 1999b] - Aproximação na qual todo o procedimento é executado com referência a instrumentos.

ÁREA DE CONTROLE TERMINAL [DEPV, 1999b] - Área de controle situada geralmente na confluência de rotas ATS e nas imediações de um ou mais aeródromos.

CONTINUIDADE [DEPV, 1999a] - Probabilidade de que se disponha do sistema de navegação durante uma fase da operação, supondo-se que se dispunha do mesmo ao iniciar a citada fase.

DISPONIBILIDADE [DEPV, 1999a] - É a porcentagem do tempo que as informações prestadas por um sistema ou sensor são confiáveis para utilização, ou seja, é capacidade do sistema de proporcionar informações utilizáveis dentro de determinada zona de cobertura. A disponibilidade é função das características físicas do entorno e da capacidade técnica das instalações dos transmissores.

INTEGRIDADE [DEPV, 1999a] – É a capacidade do sistema de navegação aérea de proporcionar aos usuários avisos oportunos nos casos em que o mesmo não deva ser utilizado.

MEIO BÁSICO DE NAVEGAÇÃO [DEPV, 1999a] -São aqueles cuja performance dos auxílios de suporte é garantida pelo Estado brasileiro, dentro de um volume de operação prevista, proporcionando indicação de integridade e condições de continuidade, disponibilidade e precisão adequadas à condução de aeronaves em cada fase de vôo.

MEIO PRIMÁRIO DE NAVEGAÇÃO (OACI, Circular 267-NA/159) - Sistema de navegação aprovado para uma dada operação ou fase do vôo, que cumpre com os requisitos de precisão e integridade especificados, mas não necessita cumprir com todos os requisitos de disponibilidade e continuidade. A segurança é alcançada limitando-se os vôos a períodos específicos ou impondo restrições operacionais. Não é necessário levar a bordo um meio básico de navegação para dar suporte ao meio primário de navegação.

MEIO SUPLEMENTAR DE NAVEGAÇÃO [DEPV, 1999a] - Meio de navegação que deve ser utilizado em conjunto com um equipamento básico de navegação aérea. A aprovação de equipamentos suplementares para determinada fase do vôo exige que se transporte a bordo um equipamento básico de navegação aérea. Entre os requisitos de performance, um equipamento suplementar de navegação aérea deve satisfazer aos requisitos de precisão e de integridade para tal operação ou fase de vôo, não sendo necessário satisfazer aos requisitos de disponibilidade e de continuidade.

ÓRGÃO DE CONTROLE DE TRÁFEGO AÉREO [DEPV, 1999b] - Expressão genérica que se aplica, segundo o caso, a um Centro de Controle de Área, Controle de Aproximação ou Torre de Controle de Aeródromo.

PRECISÃO [DEPV, 1999a] - É o grau de conformidade entre a informação de posição e hora que proporciona o sistema de navegação e a posição e hora verdadeiras.

ROTA ATS [DEPV, 1999b] - Rota especificada, de acordo com a necessidade, para proporcionar serviços de tráfego aéreo. A expressão "ROTA ATS" se aplica a aerovias, rota de assessoramento, rotas com ou sem controle, rotas de chegada ou saída etc.

RUMO [DEPV, 1999b] - Direção da rota desejada, ou percorrida, no momento considerado e, normalmente, expressa em graus, de 000° a 360° a partir do Norte (verdadeiro ou magnético), no sentido do movimento dos ponteiros do relógio.

TRANSPONDER [DEPV, 1999b] - Transmissor-receptor de radar secundário de bordo que, automaticamente, recebe sinais de rádio dos interrogadores de solo e que, seletivamente, responde, com um pulso ou grupo de pulsos, somente àquelas interrogações realizadas no MODO e CÓDIGO para os quais estiver ajustado.

VETORAÇÃO RADAR [DEPV, 1999b] - Provisão de orientação para navegação às aeronaves, em forma de rumos específicos, baseada na observação de uma apresentação radar.

VÔO IFR [DEPV, 1999b] - Vôo efetuado de acordo com as regras de vôo por instrumentos.

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FOLHA DE REGISTRO DO DOCUMENTO

1. CLASSIFICAÇÃO/TIPO TM

2. DATA

07 de outubro de 2005

3. DOCUMENTO N°

CTA/ITA-IEI/TM-009/2005

4. N° DE PÁGINAS

145 5. TÍTULO E SUBTÍTULO:

Navegação Aérea Segundo o Conceito CNS/ATM: Custos e Benefícios

6. AUTOR(ES):

Cristiani de Araújo Siqueira

7. INSTITUIÇÃO(ÕES)/ÓRGÃO(S) INTERNO(S)/DIVISÃO(ÕES):

Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Divisão de Engenharia de Infra-Estrutura Aeronáutica – ITA/IEI 8. PALAVRAS-CHAVE SUGERIDAS PELO AUTOR:

CNS/ATM, Análise de Custo-Benefício, Tráfego-Aéreo, Nevegação Aérea

9. PALAVRAS-CHAVE RESULTANTES DE INDEXAÇÃO:

Controle de tráfego aéreo; Análise de custos; Auxílios à navegação; Navegação aérea;

Transporte aéreo; Transportes

10. APRESENTAÇÃO: X Nacional Internacional ITA, São José dos Campos, 2005, 145 páginas 11. RESUMO:

O aperfeiçoamento da navegação aérea segundo o conceito CNS/ATM inclui a implementação do Sistema Global de

Navegação por Satélite (GNSS) como elemento provedor de infra-estrutura de navegação e os conceitos de Navegação

de Área (RNAV), de Performance de Navegação Requerida (RNP) e da Redução dos Mínimos de Separação Vertical

(RVSM) como elementos de gestão de tráfego aéreo.

A Organização da Aviação Civil Internacional considera estes elementos como solução de longo prazo para melhorar a

eficiência e a segurança do espaço aéreo frente ao crescimento do tráfego. Todavia implementá-los significa investir para

adequar operadores e Provedores de Serviço de Tráfego Aéreo às normas que regem a prática de tais elementos.

Neste trabalho, a implementação da RNAV, da RNP, da RVSM e do GNSS como meio primário de navegação no espaço

aéreo brasileiro são avaliadas qualitativamente. Para tanto, os custos e benefícios operacionais e econômicos, ligados a

cada elemento citado, são investigados e contextualizados na realidade do país.

A título de estudo de caso, uma análise quantitativa de custo-benefício da implementação da RVSM no Brasil é realizada.

Os resultados obtidos foram favoráveis para a aviação comercial, enquanto que inviáveis para a aviação geral de forma

agregada. A viabilidade da aviação geral deve portanto ser analisada caso a caso, segundo a utilização da aeronave em

questão e seus custos de aprovação operacional.

12. GRAU DE SIGILO:

(X ) OSTENSIVO ( ) RESERVADO ( ) CONFIDENCIAL ( ) SECRETO

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