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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Navegação Autónoma Desafios Técnicos e Tecnológicos Projeto FEUP 2016 - MIEIC: Coordenadores gerais: Manuel Firmino e Sara Ferreira Coordenador de curso: J.Magalhães Cruz Equipa 1MIEIC06_1: Supervisor: Jorge G. Barbosa Monitor: Pedro Romano Barbosa Estudantes & Autores: Filipa Durão: [email protected] Henrique Sendim: [email protected] Margarida Coutinho: [email protected] Mariana Dias:[email protected] Mariana Neto: [email protected] Navegação Autónoma Desafios Técnicos e Tecnológicos

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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Navegação Autónoma

Desafios Técnicos e Tecnológicos

Projeto FEUP 2016 - MIEIC:

Coordenadores gerais: Manuel Firmino e Sara Ferreira

Coordenador de curso: J.Magalhães Cruz

Equipa 1MIEIC06_1:

Supervisor: Jorge G. Barbosa Monitor: Pedro Romano Barbosa

Estudantes & Autores:

Filipa Durão: [email protected]

Henrique Sendim: [email protected]

Margarida Coutinho: [email protected]

Mariana Dias:[email protected]

Mariana Neto: [email protected]

Navegação Autónoma Desafios Técnicos e Tecnológicos

Resumo

A Navegação Autónoma é um sistema de movimentação ainda em desenvolvimento,

embora se tenha verificado um aumento substancial na melhoria destes sistemas nos

últimos anos. Este desenvolvimento acelerado está diretamente relacionado com o grande

crescimento tecnológico que se tem presenciado.

Esta tecnologia tem como intuito melhorar a vida das populações, proporcionando-lhes

uma movimentação facilitada e que não necessita de nenhuma habilitação prévia.

Propomos um novo produto, uma cadeira de rodas autónoma, que facilitaria a

movimentação de pessoas com mobilidade reduzida e diminuiria a sua dependência.

Palavras-Chave

Navegação Autónoma, mapeamento digital, radares, sensores, Google Car, sonda

Curiosity, LiDAR, Olli, automação.

Navegação Autónoma Desafios Técnicos e Tecnológicos 2/29

Lista de Figuras

Página 11: imagem 1 - Esquema de funcionamento da tecnologia LiDAR

Página 13: imagem 2 - Funcionamento do google car

Páginas 16 e 17: imagens 3 a 7 - Funcionamento do GESTALT

Página 19: imagem 8 - Funcionamento do Olli

Página 20: imagem 9 - Modelo do olli

Navegação Autónoma Desafios Técnicos e Tecnológicos 3/29

Agradecimentos

Gostaríamos de agradecer a algumas pessoas que tornaram a realização deste trabalho

possível e que nos ajudaram sempre que foi necessário.

Gostávamos de agradecer ao nosso monitor Pedro Romano pela sua disponibilidade e

atenção.

Gostávamos também de agradecer ao nosso supervisor, o Dr. Jorge Barbosa, pelo seu

tempo e pelo seu cuidado no esclarecimento das nossas dúvidas.

Por fim, achamos importante salientar a grande importância das palestras a que

assistimos na Semana do Projeto FEUP, pois foram essenciais para a concretização deste

trabalho.

Navegação Autónoma Desafios Técnicos e Tecnológicos 4/29

Índice

Resumo

Palavras-Chave

Agradecimentos

Índice

Lista de acrónimos

1. Introdução

2. A Navegação Autónoma

2.1 O que é a Navegação Autónoma

2.2 Principais desafios técnicos e tecnológicos

2.3 Aspectos virtuosos e perversos que a tecnologia permite

3. Tecnologias em utilização

3.1 O “Google Car”

3.1.1 Como é que funciona?

3.1.2 Localização

3.1.3 O sistema LiDAR

3.1.4 Radar

3.1.5 Câmeras de alta definição

3.1.6 Software

3.1.7 Desafios

3.2 A sonda “Curiosity”

3.2.1 Como funciona o Gestalt?

3.3 Olli, o mini-autocarro autónomo

3.4 Autonomous Haulage System (Komatsu)

3.4.1 Em que consiste?

3.4.2 Vantagens de utilizar este sistema em mineração

3.4.3 Diferentes níveis de automação

3.4.4 Deteção de obstáculos

4. Proposta de um novo produto

5. Conclusões

6. Referências bibliográficas

Navegação Autónoma Desafios Técnicos e Tecnológicos 5/29

Lista de acrónimos

GESTALT - Grid-based Estimation of Surface Traversability Applied to Local Terrain

LiDAR - Light Detection And Ranging

GPS - Global Positioning System

Navegação Autónoma Desafios Técnicos e Tecnológicos 6/29

1. Introdução

O presente trabalho foi realizado no âmbito da Unidade Curricular “Projeto FEUP”. Para

a sua realização, foi dividido em subtópicos e distribuído aos vários membros do grupo,

embora tenha havido cooperação entre os vários estudantes da equipa na execução de

cada um desses subtópicos.

Este relatório pretende dar a conhecer um pouco sobre o tema “Navegação Autónoma”

e os desafios que esta impõe à investigação científica atual. Pretende também clarificar o

seu modo de funcionamento e as suas vantagens e desvantagens.

O conceito de Navegação Autónoma consiste na autonomização praticamente total do

movimento de veículos. Esta autonomização está diretamente dependente da evolução da

informática e do investimento neste tipo de tecnologias.

Existem diversas investigações e inovações em curso nesta área, mas este relatório

foca quatro produtos já existentes. O Google Car, o autocarro Olli e o Komatsu em fases de

testes e utilização condicionada e a sonda Curiosity já em pleno funcionamento e totalmente

autónoma.

Neste relatório é também proposto um produto que tem como intuito melhorar a

qualidade de vida da porção da população com mobilidade reduzida, uma cadeira de rodas

elétrica que memoriza percursos e evita obstáculos utilizando uma tecnologia de movimento

autónomo.

Navegação Autónoma Desafios Técnicos e Tecnológicos 7/29

2. A Navegação Autónoma

2.1 O que é a Navegação Autónoma?

O objetivo da navegação autónoma é movimentar um veículo pelo espaço do modo

mais inteligente possível. Esta tarefa é dividida em múltiplas partes, entre as quais se

destacam a deteção de obstáculos imprevistos de forma eficaz e o cálculo do melhor

percurso para o objeto chegar ao seu destino. Para a existência de aparelhos que se

movimentam sozinhos e de forma independente pelo espaço físico, é necessário que o

objeto esteja previamente preparado para tal ação. (Bolles, robert e Bobick, aaron; 1989)

O primeiro passo para uma navegação autónoma eficaz é uma deteção exata dos

objetos circundantes. Para tal, é indispensável a utilização de sensores e/ou radares que

façam o mapeamento tridimensional do meio envolvente e que reajam de acordo com os

dados recebidos. Para isso, utiliza-se a programação, ou seja, criam-se programas que

analisem a informação e que reajam de acordo com as diretrizes nele indicadas para cada

acontecimento. Os programas têm de ser altamente sofisticados. A leitura dos dados

externos tem de ser transmitida ao software de forma a que este execute ordenadamente

todos os processos descritos no código, para que o output da máquina seja o movimento do

aparelho mais adaptado ao caso real em que se encontra. É extremamente importante que

a leitura dos dados seja feita com exatidão quando falamos de objetos com movimento

autónomo, pois estes influenciam o espaço à sua volta, interagem com ele. No caso de

esses objetos computorizados serem veículos que se movem nas ruas, interagem com

todos os indivíduos que por elas se movimentam e com toda imprevisibilidade do

comportamento humano, logo, é essencial que a execução das diretrizes de movimento seja

rápida e eficaz, para evitar danos.

Navegação Autónoma Desafios Técnicos e Tecnológicos 8/29

2.2 Principais desafios técnicos e tecnológicos

Os produtos que operam segundo a tecnologia de navegação autónoma devem ser

seguros, eficazes e lucrativos. Para tal, têm de ultrapassar diversos desafios que vão para

além da complexa invenção de softwares capazes de admitir a navegação de objetos sem

interferência humana. A criação de mapas detalhados e de outros mecanismos visuais

complementares, como a tecnologia ótica de deteção remota de LiDAR, permite a

movimentação facilitada de veículos, tanto em zonas urbanas, como noutros locais insólitos

(por exemplo, no fundo do oceano e noutros planetas) e a evasão a obstáculos ou

movimentos imprevistos, sem possibilidade de serem detetados por GPS ou por outros

sistemas de localização idênticos.

A escolha de trajetória é também de elevado grau de importância, uma vez que nem

sempre é possível um veículo mover-se numa superfície plana, o que tornaria a deteção de

objetos imprevistos mais fácil. Assim, se a superfície for irregular, terá de ser feita a

avaliação do que será mais vantajoso: mudar de trajetória e contornar o obstáculo para

evitar danificar o veículo ou avançar sobre o mesmo de forma mais lenta. Por outro lado, o

obstáculo em si tanto pode ser um objeto sólido, como pode ser, por exemplo, uma vala ou

água, sendo assim evidente a necessidade de um algoritmo complexo e eficaz que avalie

todos estes parâmetros em tempo real.

Uma forma futura de resolver os problemas associados à navegação em zonas urbanas

é através da tecnologia de comunicação V2X (Vehicle-to-everything ), um sistema em que os

veículos e infraestruturas estão conectados e dialogam entre si, permitindo partilhar

informações recebidas por sinais de trânsito inteligentes sobre as condições do terreno, o

estado do trânsito e a existência de obstáculos.

Em contrapartida, produtos diferentes com utilidades distintas apresentam, logicamente,

desafios técnicos específicos divergentes. Por exemplo, uma sonda em Marte tem

dificuldades de navegação diferentes a uma na Lua. Isto deve-se às condições ambientais

adversas e distintas (gravidade, iluminação, radiação, temperaturas, existência de atmosfera

ou poeiras) e aos atrasos de comunicação, consequências da distância de segundos ou

minutos-luz à Terra, aspetos que podem afetar o hardware (câmeras, processadores,

sensores etc) e os mecanismos que permitem a escolha de trajetória e deteção de

obstáculos, influenciando assim a eficácia da mobilidade e sucesso das missões do rover .

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2.3 Aspectos virtuosos e perversos que a tecnologia permite

A navegação autónoma aplicada a veículos que circulam em zonas urbanas possibilita

uma maior segurança às populações e uma maior fluidez do tráfego, uma vez que ocorre

uma diminuição de acidentes de viação e de vítimas mortais devido ao uso da tecnologia

sensorial e à eliminação de erros humanos.

Além disso, com esta tecnologia, deixa de fazer sentido ser obrigatório um indivíduo tirar

carta de condução para utilizar individualmente um automóvel, permitindo assim uma maior

independência de mobilidade a quem não a possa obter por motivos de saúde ou outros.

Quanto a aspetos negativos desta tecnologia, a funcionalidade destes veículos depende

intrinsecamente da recolha e armazenamento de informações sobre o utilizador,

nomeadamente os locais que frequenta, o que levanta diversas questões relativamente à

conservação da privacidade do utente. Por outro lado, em termos de segurança, hackers

podem infiltrar-se no software dos automóveis para tentarem controlar ou afetar o seu

desempenho ou rota, pondo assim em risco a vida de muitos. Uma avaria no sistema pode

também causar graves acidentes, como, por exemplo, o mau funcionamento de sensores

instalados no teto de carros quando chove intensamente ou de câmaras quando neva.

Eticamente e legalmente, podem surgir dilemas associados à escolha de cenários que

tenham em conta a minimização de danos e vítimas, sendo que umas vidas serão

injustamente valorizadas em detrimento de outras. Enquanto que, numa situação de um

acidente inevitável com vítimas humanas, se o condutor fosse uma pessoa, qualquer ação

que tomasse seria considerada uma reação, ou seja, legalmente, as suas ações não foram

ponderadas, sendo assim isento de culpa, com a navegação autónoma qualquer ação

tomada é uma escolha fruto de uma decisão ponderada dos programadores de um software .

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3. Tecnologias em utilização

3.1 O “Google Car”

Este projeto, liderado por Sebastian Thrun, vencedor do DARPA Grand Challenge de

2005 (uma corrida entre carros\robôs sem intervenção humana), iniciou-se em 2009 com

outros engenheiros, alguns dos quais já tinham participado nessa mesma competição.

Atualmente está a ser desenvolvida pela empresa “X”, anteriormente denominada por

“Google X”

3.1.1 Como é que funciona?

Estes modelos elétricos, funcionam com uma combinação de sensores e um software

para navegar, com acesso a mapas de uma precisão incrível e sistema de GPS. Este carros

já percorreram autonomamente cerca de 2400000 km.

Utilizando uma tecnologia de lasers, câmeras e sensores consegue monitorizar o mundo

à sua volta. Em conjunto com o software, estes dispositivos reconhecem outros carros,

pessoas, objetos, semáforos e obstáculos a evitar.

3.1.2 Localização

A tecnologia GPS fornece informação sobre a localização e informação horária desde

que esteja no campo de visão de pelo menos quatro aparelhos.

Neste caso, os carros planeiam o percurso usando o GPS e um conjunto de mapas

provenientes da parceria com a Tele Atlas.

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3.1.3 O sistema LiDAR

O LiDAR é usado maioritariamente para fazer mapas de alta resolução.

A criação de mapas detalhados e de outros mecanismos visuais complementares

permite a movimentação facilitada de veículos, tanto em zonas urbanas, como noutros

locais insólitos (por exemplo, no fundo do oceano e noutros planetas) e a evasão a

obstáculos imprevistos, sem possibilidade de serem detetados por GPS ou por outros

sistemas de localização idênticos.O LiDAR existe desde a década de 60 e já foi usado no

Apollo 15, um projeto lunar.

A LiDAR gera informação tridimensional precisa a partir da emissão de impulsos de luz

que determinam a posição de objetos no espaço - um sensor calcula o intervalo de tempo

entre a emissão de cada impulso e o retorno do mesmo, possibilitando o cálculo da distância

entre o objeto e a superfície, assim como a construção de um mapa complexo da sua

localização.

O funcionamento do LiDAR está esquematizado na imagem 1.

imagem 1 - Esquema de funcionamento da tecnologia LiDAR fonte:http://vcgi.vermont.gov/sites/vcgi/files/aboutvcgi/lidar/How_LiDAR_Works.jpg

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3.1.4 Radar

O problema do LiDAR é que não consegue distinguir a velocidade destes objetos, por

isso existem radares na frente do carro exatamente para isso. O radar funciona através de

ondas rádio e, com essa informação calcula as respetivas velocidades.

3.1.5 Câmeras de alta definição

Estas câmeras funcionam um pouco como a visão humana, nas quais são

“bombardeadas” por várias imagens e determinam aspetos como a dimensão de um objeto,

e o movimento periférico ou ainda semáforos.

As câmeras têm um campo de visão de 50 graus e são precisas até aos 30 metros.

3.1.6 Software

O software processa a informação em tempo real e altera o comportamento baseado

nesta, como outros carros, pedestres, etc.

Embora algumas ações estejam predefinidas, outras respostas são executadas com

base em experiências anteriores, e como os vários carros estão interligados, é possível que

numa situação complicada, já haja uma solução para esse problema.

Todo o funcionamento do Google Car está esquematizado na imagem 2.

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3.1.7 Desafios

Atualmente, estes modelos, não foram testados em ambientes com neve ou chuva

intensa, devido à ineficácia das câmeras nestas condições. Também há certas

preocupações quando a luz do sol está diretamente atrás de um semáforo, correndo o risco

de a câmera não conseguir perceber qual a cor nesse momento e também não consegue

distinguir civis de polícias, por isso no caso de um destes mandar parar o carro, não há

resposta. São ainda importantes pormenores a corrigir para que o sistema se torne

totalmente seguro para a utilização em massa.

imagem 2 - Funcionamento do google car fonte:http://media.economist.com/sites/default/files/imagecache/full-width/images/print-edition/20120901_TQC976_0.png

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3.2 A sonda “Curiosity”

Em Agosto de 2013 a NASA implementou na sonda Curiosity, que está ativa em Marte,

um sistema de Navegação Autónoma. Isto permite que agora a sonda tome decisões de

trajetos a tomar para chegar a um dado ponto necessário sem a vigilância e sem ordens

constantes dos operacionais na Terra. A sonda analisa o seu meio envolvente e calcula o

percurso a tomar de modo a evitar obstáculos e chegar à sua meta da maneira mais curta e

segura possível. Para isso, a sonda dispõe do sistema GESTALT ( Grid-based Estimation of

Surface Traversability Applied to Local Terrain). Nesta sonda, o sistema GESTALT é uma

modificação do sistema já anteriormente implementado nas sondas Spirit e Opportunity.

Esta alteração foi necessária pois a sonda Curiosity é maior e mais complexa que os

veículos anteriormente enviados a Marte.

3.2.1 Como funciona o Gestalt?

Este método consiste, abreviadamente, na análise de pares de imagens de um dado

local captado pela sonda e no desenvolvimento de um modelo tridimensional do terreno. Por

cada par de imagens a sonda Curiosity pode analisar até 16 000 pontos de referência para a

criação do modelo. Esse modelo é depois avaliado pela sonda segundo vários parâmetros,

de modo a garantir a total segurança da sonda, ou seja, de modo a que ela não caia, não

vire e não parta, entre outros. Por fim, de entre todos os caminhos avaliados pelo software,

a sonda percorre o mais curto dos caminhos seguros apresentados.

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Imagem 3 - A sonda tira pares de fotografias

Imagem 4 - Recolhe de pontos base a partir dos pares imagens

Imagem 5 - Constrói um modelo 3D do terreno a partir dos pontos de referência

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Imagem 6 - A sonda analisa os diversos caminhos possíveis

Imagem 7 - A sonda escolhe o caminho mais curto a percorrer

Fonte das imagens de 3 a 7 http://mars.nasa.gov/mer/home/posters/OpportunityPosterBack.pdf

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3.3 Olli, o mini-autocarro autónomo

Local Moters, situada no Arizona, é a empresa automóvel que está por trás de um novo

projeto que revolucionará o mundo dos transportes em breve. Com a procura de produtos

promissores para o mundo inovador surge então Olli, o primeiro autocarro elétrico e

autónomo. O veículo é parcialmente reciclável e impresso em 3D, porém o aspeto que mais

o destaca é o facto de este ser o primeiro meio de transporte que usa um sistema de

aprendizagem cognitiva designado pela IBM, o Watson Internet of Things for Automotive.

Watson Internet of Things for Automotive é especialmente concebido para estas funções

de autocondução, sendo que, através de uma aplicação de localização, é possível saber

detalhadamente onde Olli circula. Através do Watson é também possível que os passageiros

interajam com o veículo através de quatro aspetos desenvolvidos a ter em consideração:

· “Speech to Text”: é usada para ultrapassar a barreira entre a forma escrita e a fala,

ou seja, é usada a inteligência do aparelho para combinar informações sobre a gramática e

sobre a estrutura da linguagem. Usa as capacidades de reconhecimento da voz para a

converter em vários idiomas de texto.

· “Text to Speech”: é a continuação do processo anterior, sendo que após o texto

produzido este último é convertido para áudio para os passageiros, com o mínimo de atraso,

numa grande gama de línguas já disponível.

· “Natural Language Classifier”: o sistema interpreta e classifica com a máximo rigor

a linguagem detetada.

· “Entity Extraction”: Olli extrai o máximo de informação dos passageiros a bordo de

modo a construir uma personalidade para os mesmos e, desta feita, o veículo é capaz de

dar possíveis dicas e sugestões

Para além do referido usa ainda a cloud para analisar os dados recolhidos pelos 30

sensores a bordo e aprender a partir dos mesmos. Estes sensores orientam-se não só a

partir do meio envolvente, que lhes permite a condução autónoma, como também usam os

dados disponíveis nos dispositivos móveis.

O esquema que sintetiza o funcionamento do Olli pode ser consultado na imagem 3.

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imagem 8 - Funcionamento do Olli fonte: https://meetolli.auto/manual.html

Edgar Sarmiento, um dos idealistas do Olli, afirma que o objetivo foi alcançado ao tornar

o veículo o mais flexível para o contexto citadino, já que foram alcançados os seguintes

pontos:

· Diminuição das unidades fabris: o método de fabrico digital é visto como um

enorme avanço, já que construção é feita apenas em 10 horas e não são necessárias tantas

unidades fabris, ou seja, o processo é curto e eficiente.

· Diminuição do tráfego: com o recurso a este meio de transporte é possível reduzir a

condução individual e, como consequência a taxa de carbono libertada será muito menor.

· Maior utilidade: a necessidade de as pessoas chegarem a um determinado local é

comum, e com o uso deste meio de transporte será mais facilitada, visto que irá ocorrer uma

diminuição do tráfego e o sistema do Olli adapta-se às necessidades individuais.

Olli já se encontra em estudos em determinados locais como Washington DC e em

breve também o fará em Miami e em Las Vegas, já nos finais do ano. Estes testes permitem

Navegação Autónoma Desafios Técnicos e Tecnológicos 19/29

avaliar a sua eficiência e, como consequência, melhorar algumas caraterísticas como o

transporte de poucas pessoas (apenas doze) e a sua curta velocidade, apenas 20 Km por

hora. Pretende-se que esta última barreira seja superada para que possa viajar na

autoestrada, e assim não ficar limitado apenas à cidade. Por fim, Olli é visto como uma

solução de transporte inteligente, seguro e sustentável, algo necessário já há muito tempo,

como refere John Rogers, cofundador de Local Moters.

imagem 9 - modelo do olli fonte: http://www.digitaltrends.com/cool-tech/local-motors-olli-driverless-bus/#/3

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3.4 Autonomous Haulage System (Komatsu)

3.4.1 Em que consiste?

O sistema de transporte autónomo da Komatsu usa navegação GPS para permitir que

grandes camiões elétricos de mineração sejam capazes de operar seguindo as instruções

de um plano complexo, em vez de serem manualmente controlados por um operador.

3.4.2 Vantagens de utilizar este sistema em mineração

Produtividade: Aumenta a produtividade ao melhorar o fluxo de tráfego e otimizando a

energia e combustível consumidos. A automação de veículos de mineração até à data

provocou uma redução dos custos de carga e transporte em 13%.

Sustentabilidade: A automação pode melhorar a qualidade de trabalho dos

trabalhadores ao reduzir a exposição deste a ambiente inseguros que possam danificar a

sua saúde, fornecendo em alternativa trabalhos técnicos e analíticos, assim como mitigação

e gerenciamento de riscos.

Segurança: Desde prevenção de colisões até deteção de obstáculos, cada kit de

automação possui múltiplas camadas de software, hardware e sensores de segurança,

salvaguardando tanto pessoas como máquinas.

Utilização: Estudos publicados estimam que frotas autônomas superam frotas

manualmente comandadas numa média de 12%. Esta melhoria é causada principalmente

pela eliminação das mudanças de turno, pausas obrigatórias e ausências não planeadas de

operadores.

3.4.3 Diferentes níveis de automação

Motorista Auxiliar: Apesar de ainda ser necessário a presença de um motorista no

veículo, melhoram significativamente a segurança do trabalho e a produtividade. Ao utilizar,

por exemplo, sistemas de deteção de obstáculos e consequente paragem automática.

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Controlo Remoto: O controlo remoto é o primeiro passo para se chegar à automação. Ao

usar um computador de mão, os operadores podem controlar veículos não tripulados de

uma distância segura.

Teleoperação: Obtido quando se adicionam câmaras e software de “command & control”

ao já existente controlo remoto. Deste modo é aumentada ainda mais a segurança dos

trabalhadores e são reduzidos os custos, visto que o operador tem a capacidade de

comandar vários veículos ao mesmo tempo.

Total Autonomia: Um operador pode controlar múltiplos veículos através de um servidor

baseado em software de “command & control “. Deste modo, os veículos autonomamente

executam tarefas que lhes são fornecidas, obtendo-se automação completa.

3.4.4 Deteção de obstáculos

Assegura a segurança dos veículos robóticos, utilizando tecnologias de

“see-and-stop” e “see-and-avoid” para reagir de forma segura a potenciais riscos presentes

no ambiente. Os veículos usam um conjunto avançado de sensores para criar um modelo

tridimensional do mundo que os rodeia.

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4. Proposta de um novo produto

A proposta do grupo neste tópico é uma cadeira de rodas autónoma para indivíduos

com deficiências motoras graves.

A cadeira seria uma adaptação das já existentes cadeiras de rodas elétricas, mas que

proporcionasse uma plataforma informática que permitisse o planeamento de percursos e a

memorização dos mesmos para aumentar a independência dos indivíduos que a utilizam.

Este produto poderia proporcionar uma melhoria na qualidade de vida dos indivíduos mais

incapacitados fisicamente e proporcionar-lhes mais independência.

A cadeira desviar-se-ia dos obstáculos no seu percurso e escolheria sempre o melhor

percurso a percorrer para chegar ao seu destino e transportar o paciente de forma segura. à

semelhança das cadeiras de rodas atuais, esta cadeira movimentar-se-ia dentro de espaços

fechados, tendo de estar preparada para esta diferença grande face aos veículos com

navegação autónoma.

Segundo fontes visitadas, as cadeiras de rodas elétricas atuais custam cerca de 5000€.

Assim, ponderando o custo da criação e implementação de um software de movimentação

autónoma, sabemos que o preço seria superior a esses 5000€.

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5. Conclusões

A Navegação Autónoma é uma tecnologia em grande evolução.

Por um lado, existem facetas que têm de ser melhoradas nos aparelhos já existentes e

nas tecnologias que estes usam, quer sejam pequenos detalhes de funcionamento que

afetam o funcionamento dos veículos de forma quase impercetível, quer sejam defeitos em

maior escala que têm de ser reparados para os sistemas poderem ser utilizados.

Por outro lado, o avanço que se tem verificado nos últimos anos tem superado

quaisquer expectativas que houvesse há poucas décadas atrás. Há veículos noutros

planetas a explorarem sozinhos e mandando dados para a Terra de forma autónoma, há

carros e camiões na rua que se movimentam apenas com base num software

implementado, há locais inacessíveis a humanos a serem explorados por estes robôs…

A Navegação Autónoma está a abrir portas a uma nova era na movimentação espacial.

Uma era mais segura, a partir do momento em que os softwares estiverem completos, pois

o fator “erro humano” causa cerca de 95% dos acidentes de viação atuais. Uma era mais

cómoda, pois os veículos conduzir-se-iam sozinhos e haveria mais tempo para o lazer e

descanso. Uma era que, no entanto, poderá ter uma taxa de desemprego maior que a atual,

pois motoristas de autocarros, comboios, táxis e qualquer transporte público seriam

desnecessários, pois o sistema autónomo seria o suficiente.

Todas as tecnologias trazem conforto ao dia-a-dia do homem, no entanto, na maioria

das vezes, só a algumas pessoas com um nível de vida mais elevado. É necessário

ponderar os prós e contras de cada inovação e perceber, no fim, se ela é vantajosa ou

prejudicial.

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6. Referências bibliográficas

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