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04 - Editorial: João Aguiar Campos06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Opinião D. José Cordeiro22 - Opinião: Rita Figueiras24 - Semana de.. Henrique Matos26 - Dossier Terra Santa28 - Entrevista: Luís Valença Pinto

56 - Multimédia58 - Estante60 - Vaticano II62 - Agenda64 - Por estes dias66 - Por outras palavras67 - YouCat68 - Programação Religiosa69 - Minuto Positivo70 - Liturgia72 - Família74 - Ano da Vida Consagrada78 - Fundação AIS80 - Pastoral Juvenil82 - Lusofonias

Foto da capa: Fundação AISFoto da contracapa: Agência ECCLESIA

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,.Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Napolitano por umdia[ver+]

Cáritas: Porum empenhamentocívico[ver+]

Terra Santa:Ajudas para a paz[ver+]

João Aguiar Campos | Rita FigueirasFernando Cassola Marques | ManuelBarbosa |Paulo Aido | Tony Neves |Henrique Matos | FrancolinoGonçalves ! Johnny Freire

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As minhas cruzes

João Aguiar Campos Secretariado Nacional das comunicações Sociais

A senhora tinha um ar dorido e as mãosenrolavam-se enquanto ouvia, naquela sala deespera do consultório médico, a pacientesentada a seu lado. Esta desfiava desventuras –dores de alma e dores do corpo – umas atrásdas outras, não se percebendo bem qual delas atinha levado até ali.A senhora do ar dorido intervinha na conversaapenas com monossilábicas exclamações, aomesmo tempo que erguia os olhos para o relógioonde o tempo de espera avançava na parede.Quando a interlocutora fez uma pausa maior,estendeu o seu comentário, sentenciando:«Olhe, minha senhora, a vida é mesmo assim…Todos temos as nossas cruzes!”O comentário soou-me a ponto final. E o mesmodeve ter sentido a queixosa, pois ficou emsilêncio, abanando a cabeça e fechando osolhos, como se procurasse lá dentro o seucalvário privativo.Instintivamente fiz o mesmo, ouvindo, íntima, apergunta que me coloquei: quais são, João, astuas cruzes?Pensei nelas então e repenso-as agora que asconfesso. Não as enumero todas, mas apenas asque mais me têm doído…Têm-me doído a cruz da renúncia. Dói-me cadavez que não a vejo como oferta generosa ealegre daquilo ou daqueles que tenho de deixar.Sim; quando deixo sem dar, sofro odespojamento, a expropriação e não a alegria daprenda desprendida, amiga e amorosa.Tem-me doído a cruz da própria dor. A doresmaga-me cada vez que a vejo como limite enão

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a compreendo como sinal; cada vezque exclamo que está a dar cabo demim, sem a perceber comorecomeço, aviso, momento dealicerce, ocasião para relativizar e,paradoxalmente, valorizar afugacidade dos instantes.Tem-me doído a cruz do orgulho.Sinto-a quando me dou porofendido, ou quando não me perdoonem me deixo perdoar. É, então,uma dor inventada, que nuncaexistiria se a não criasse na provetada minha vaidade ou do meu amor-próprio.Tem-me doído a cruz daincompreensão. E esta abarca tantoa mágoa de não ser compreendidocomo a incapacidade decompreender que há obstáculos nocaminho

e dias em que o sol, mesmonascendo, não se mostra.Tem-me doído a cruz dasuperficialidade. Nasce do vazio quefica no fim de cada pressa, de cadaavareza que faz mesquinhos osgestos e pensa que é possível sersantos de serviços mínimos.Tem-me doído – coisa estranha? – acruz dos dias em que nada me dói.Porque descubro depois que fui eua não querer ver, a não querersentir, a não querer saber que háchoros na TV apagada, no rádiodesligado, ou na rua que escondinas persianas corridas e silencieinos vidros duplos.Sim; tenho muitas outras dores queainda hei-de reconhecer, para asver remidas.

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“O co-piloto está a controlar sozinhoo avião. Depois pressiona os botõesdo sistema de controlo de voo parapôr em curso a descida do aparelho.Esta ação sobre o controlo dealtitude só pode ser deliberada”.(Procurador de Marselha, BriceRobin, Rádio Renascença, 26 demarço de 2015, admite que quedado Airbus A320 nos Alpes francesespode não ter sido acidental) “Temos uma enorme confiançana administração tributária, naAutoridade Tributaria eAduaneira (…) cujo valor ereputação não pode e não deveficar prejudicado por um casoque tem tido uma repercussãopública provavelmente maior doque o caso mereceria”(Maria Luís Albuquerque, Ministradas Finanças, Observador, 26 demarço de 2015, sobre caso «ListaVIP»

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Cáritas: Complexidade dosproblemas implica empenho cívico egenerosidadeOs participantes do Conselho Geralda Cáritas pediram, este domingo,no Porto, aos cristãos que levem o“sonho realista” de um mundo” maisjusto e solidário” porque a“complexidade dos problemas” pedeempenho cívico e a generosidade.A família Cáritas deve traduzir “agramática e o quadro da DoutrinaSocial da Igreja” sublinharam osparticipantes do Conselho Geral daCáritas que estiveram reunidos, desexta-feira a domingo, na Casa deVilar, Porto.Neste encontro estiveramrepresentantes de dezanove, dasvinte, Cáritas diocesanas queaprofundaram o papel que estasinstituições devem “desenvolver emcaminho profético no intuito dediminuir a crise que assola Portugale o mundo”, realça o comunicadofinal.O presidente da Cáritas Portuguesarealçou também que os “decisorespolíticos” devem encontrar umcaminho que permita “devolvercondições de rendimentos dignos àpopulação”.Quem parte para eleições não podelevar consigo apenas aspreocupações

partidárias e as convicçõespessoais”, alertou Eugénio Fonseca.Uma sociedade "onde há pobrezanão poder ser nunca uma sociedadedesenvolvida”, disse o presidente daCáritas Portuguesa.O presidente da ComissãoEpiscopal da Pastoral Social eMobilidade Humana considera quePortugal vive um período “complexoe complicado” e a classe média“está imbuída de muitasinterrogações”.“Muitos portugueses estão a servítimas da exclusão social”, referiu,este domingo, D. Jorge Ortiga àAgência ECCLESIA no decorrer doConselho Geral da Cáritas quedecorreu, de sexta-feira a domingo,no Porto.Os políticos “viajam pelo país” porocasião das “campanhas eleitorais”,mas “não entram nas ruelas dealgumas aldeias perdidas no interiordo país”, alertou o presidente dacomissão.Devido à “idade e ao isolamentosociológico”, uma “grande parte”dos portugueses estão a viver com“muitas dificuldades”, denunciou opresidente da comissão.

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Na abertura do conselho geral dasCáritas, Eugénio Fonseca apelou aque se revejam as “condições depagamento” da dívida portuguesa,porque elas “condicionam o atualorçamento de Estado” que “continuaa penalizar as famílias portuguesas”.Com o aproximar das eleiçõeslegislativas, o presidente daorganização católica exortou osparticipantes desta assembleia a

enviarem a todos os partidospolíticos “um conjunto de propostasde atuação para o desenvolvimentode uma estratégia nacional decombate à pobreza”.A Cáritas e os organismos sociaisda Igreja têm o “dever e obrigação”de “não ficarem dentro das igrejas,nas estatísticas e burocracias” mas“saírem e irem para o terreno” comopede o Papa Francisco.

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A liturgia é meio de educaçãoO presidente da ComissãoEpiscopal da Liturgia eEspiritualidade afirmou que “não sóse educa para a liturgia como aprópria liturgia educa a pessoa”, naabertura do Encontro Nacional deCatequese (ENC), esta terça-feira,em Castelo Branco.“Para muitos, a liturgia deixou de serfonte e passou a ser problema quese passou a querer resolver. Ofuturo do cristianismo na Europadepende muito de fazer da liturgia afonte para os crentes”, disse D.José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda, que apresentou o tema‘Liturgia, Escola de Fé’.O prelado refletiu sobre a origem dapalavra ‘Liturgia’ apresentando-acomo um “serviço a favor do povo” equestionou porque é que a Missa,se é “fonte de onde brota a vida,pode ser considerada uma seca”.“A liturgia é a fé celebrada nosdiversos momentos e, mais, aespiritualidade da Igreja: o vértice efonte da Igreja. A primeira escola dafé”, sublinhou aos diretores eequipas dos secretariadosdiocesanos, na conferênciainaugural do ENC.D. José Cordeiro disse que épreciso prosseguir com a“refontalização” que começou noConcilio Vaticano II e definiu anecessidade “da formação

do clero e do povo” para a liturgia.“O centro da liturgia é a Páscoa deCristo e celebra o mistério de Cristocomo história da salvação”,observou, explicando que com esteolhar sobre a liturgia, percebe-seque ela “aparece como lugar dacatequese por excelência, doencontro da comunidade com o seusentido e com o seu Senhor”.Depois de alertar para anecessidade de ir às origens, obispo da Diocese de Bragança-Miranda frisou que a formaçãolitúrgica é de “capital importância”hoje, porque é preciso “uma liturgiaséria, inteligível, capaz de narrar aperene aliança de Deus com oshomens”.

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Herberto Helder,um poeta com uma obra imortal

O poeta madeirense HerbertoHelder, um dos maiores nomes daliteratura portuguesacontemporânea, morreu estasegunda-feira aos 84 anos na suacasa em Cascais.Em entrevista à Agência ECCLESIA,o padre e também poeta JoséTolentino Mendonça, conterrâneodo autor, destaca a “imortalidade dasua obra e da sua experiência” devida.Um legado que “permanecerá paralá do desaparecimento do poeta eque constitui um dos patrimóniosmais intensamente originais que acultura portuguesa de todos ostempos produziu”, salientou o atualvice-reitor da Universidade CatólicaPortuguesa.

Natural do Funchal, Herberto Hélderde Oliveira é considerado o maiorpoeta português da segundametade do século XX e estreou-sena literatura com a obra “O Amor emVisita”, em 1958.Durante quase 60 anos, a par deoutras ocupações profissionais,inclusivamente como redator erepórter, publicou dezenas de títuloscomo a “Apresentação do Rosto”,uma autobiografia apreendida pelaCensura em 1968; a “Vocação Animal” em 1971; “A cabeça entreas mãos” em 1982; “A faca nãocorta o fogo”, em 2008 e“Servidões” em 2013.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosemwww.agencia.ecclesia.pt

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Portugal tem uma nova basílica em São Bento da Porta Aberta

Eugénia Costa Quaresma - Mobilidade Humana: O trabalho da Obra CatólicaPortuguesa das Migrações

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Napolitano por um dia…O Papa Francisco visitou estesábado a cidade de Nápoles, apósuma passagem por Pompeia,condenando a ação da Máfia emostrando a sua preocupação como desemprego.“Quem segue voluntariamente ocaminho do mal rouba um bocadode esperança, pode ganhar algumacoisinha, mas rouba a esperança asi próprio, aos outros, à sociedade.O caminho do mal é um caminhoque tira sempre a esperança,também à gente honesta etrabalhadora”, disse, perantemilhares de pessoas reunidas nobairro de Scampia, dos subúrbiosda cidade italiana.Visitou ainda o santuário mariano dePompeia, onde rezou em silêncio efalou de improviso à multidão que oaguardava. Francisco rezou a‘pequena súplica’, a histórica oraçãocomposta pelo Beato Bartolo Longo,que em 1875 levou para Pompeia aimagem da Virgem Maria do santoRosário.Já em Nápoles o Papa apelou àconversão dos criminosos e seuscúmplices, para resgatar a cidade enão deixar que lhes “roubem aesperança”.“Aos criminosos e a todos os seus

cúmplices, a Igreja repete:convertei-vos ao amor e à justiça,deixai-vos encontrar pelamisericórdia de Deus! Com a graçade Deus, que tudo perdoa, épossível voltar a uma vida honesta”,disse Francisco na Eucaristia a quepresidiu.A prisão de Poggioreale, emNápoles, esperava Francisco que sesentiu feliz por conseguir visitar osreclusos para levar o “amor deJesus” e lembrou que só o pecadoos pode separar de Deus."A única coisa que nos podeseparar d'Ele é o nosso pecado,mas se nós o reconhecermos econfessarmos com arrependimentosincero, o pecado torna-se o lugardo encontro com Ele, porque Ele é amisericórdia", disse.Eram muitos os membros do clero eos religiosos que se encontraramcom Francisco na Catedral deNápoles

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presenciando a liquefação dosangue do padroeiro de Nápoles,São Genaro, guardado numaampola.O Papa falou de improviso erenovou a sua preocupação com oque denomina por "terrorismo dabisbilhotice".“A bisbilhotice destrói. As diferençasexistem, sim, e isso é cristão, masdevem ser resolvidas face a face”,afirmou, perante a catedral cheia.O último encontro em Nápoles foicom a juventude onde o Papachamou a atenção para aafetividade e

desejou que encontrem uma novaprimavera.Lembrou que numa “cultura dodescartável” em que os idososjamais devem ser descartados edisse que “o afeto é o remédio maisimportante”.Por fim Francisco pediu oração paraque os jovens encontrem saídaspara a crise do desemprego, queencontrem uma nova primavera erematou: “é preciso cuidar dosjovens, dar-lhes trabalho, e dosidosos, que são guardiões damemória”.

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«Coesão» da Europa depende«muito mais do que do futuro doeuro»Os bispos que integram a Comissãodos Episcopados da ComunidadeEuropeia (COMECE) sublinharam,num encontro com o presidente daComissão Europeia, Jean-ClaudeJuncker, a urgência de zelar pela"coesão" do Velho Continente.Um factor que “muito mais do quedo futuro do euro”, depende dapreservação e partilha de "valorescomuns", salientou o cardealReinhard Marx, presidente daCOMECE.O diálogo com Juncker aconteceuno decurso da última reuniãoplenária dos bispos católicoseuropeus em Bruxelas, quedecorreu entre quarta e esta sexta-feira, e permitiu debater o programada Comissão Europeia para ospróximos anos.No âmbito da cimeira que Bruxelasdedicou sobretudo à crise naGrécia, a COMECE teveoportunidade de “levantar questõesacerca da situação atual da Europa,do futuro da Zona Euro e daunidade do território”, refere umanota enviada à Agência ECCLESIA.Para o cardeal Reinhard Marx, o"meeting" com os responsáveis daComissão Europeia representou

“um claro sinal do interesse queaquele organismo tem em continuaro seu diálogo com as Igrejascristãs”, como está consagrado oTratado de Funcionamento da UniãoEuropeia.O presidente da COMECEassegurou que os bispos vão, porsua vez, “continuar a acompanhar oprocesso de integração europeia deforma construtiva”.Ao longo dos três dias de reuniãoda COMECE, houve aindaoportunidade para debater formasnovas de reforçar o diálogo e a pazentre cristãos e muçulmanos,através do contributo do cardealJean-Louis Tauran.Destaque depois para arecondução, durante assembleiaplenária, do cardeal Reinhard Marxà frente da COMECE.

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Cardeal-patriarca de Lisboa e bisporesponsável pelo setor da Famílianomeados para o Sínodo O cardeal-patriarca de Lisboa, D.Manuel Clemente, e o bispo dePortalegre-Castelo Branco,responsável pela área pastoral daFamília, D. Antonino Dias, vãorepresentar Portugal no Sínodo dosBispos sobre a Família, entre 4 e 25de outubro.A informação é avançada hoje pelasala de imprensa da Santa Sé, nasequência da ratificação por partedo Papa Francisco de uma lista de55 delegados, e respetivossubstitutos, eleitos pelasconferências episcopais dosdiversos continentes.D. Manuel Clemente, presidente daConferência Episcopal Portuguesa,e D. Antonino Dias, atualmente àfrente da Comissão Episcopal doLaicado e Família, vão tomar partena segunda sessão do Sínodo dosBispos dedicada à Família, emRoma.Iniciativa que terá como tema “AVocação e a missão da família naIgreja e no mundo contemporâneo”.Do lado português, destaque ainda

para a nomeação do bispo deLeiria-Fátima, e vice-presidente daCEP, D. António Marto, comosubstituto.Quanto às restantes delegações,realce para outro responsávelcatólico de um país de línguaportuguesa, D. Francisco Chimoio,arcebispo de Maputo, que vai seguirpara Roma em representação deMoçambique.Em finais de janeiro, o PapaFrancisco já tinha ratificado umaprimeira lista com 48 delegadoseleitos para o Sínodo, provenientesdos vários continentes.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

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Papa «une-se ao luto dos familiares das vítimas» da queda do Airbus A320

Papa Francisco associa-se à celebração do Dia Mundial da Água

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Festejar

D. José Cordeiro Bispo de Bragança-Miranda

O Papa Francisco ao expor os cinco verbos quecaracterizam a Igreja “em saída” – primeirar,envolver-se, acompanhar, frutificar – concluiassim: «Por fim, a comunidade evangelizadorajubilosa sabe sempre «festejar»: celebra efesteja cada pequena vitória, cada passo emfrente na evangelização. No meio desta exigênciadiária de fazer avançar o bem, a jubilosa torna-se beleza na liturgia. A Igreja evangeliza e seevangeliza com a beleza da liturgia, que étambém celebração da actividade evangelizadorae fonte dum renovado impulso para se dar».A festa responde a uma necessidade vital do serhumano e tem as suas raízes em Deus. Falo defesta cristã e não apenas de um passatempo eque hoje com é frequente fazer parte do circuitocomercial e que muitas comissões de festasdesvirtuam.Fazemos festa porque é bom viver e alegrarmo-nos juntos. A festa traz em si mesma a afirmaçãodo valor da vida e da criação, tornando a nossavida mais humana e mais digna. Efectivamente,como escreveu Maurice Zundel, no poema daSagrada Liturgia: «O cristianismo resideessencialmente em Cristo e é mais a sua Pessoado que a sua doutrina».O ponto central de todas as festas cristãs é acelebração da Eucaristia, porque «as festas dosSantos proclamam as grandes obras de Cristonos seus servos e oferecem aos fiéis os bonsexemplos a imitar» (Sacrosanctum Concilium111).O domingo é o principal dia de festa para oscristãos, o dia de alegria e do repouso, no qual aIgreja celebra o mistério pascal todos os oitodias. Desde as origens do cristianismo que secelebra o Domingo.

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Mas o dia da festa de NossaSenhora ou do Santo ou da Santapadroeira da Paróquia, da Unidadepastoral, do Concelho, doSantuário, da Confraria, daIrmandade, enquanto manifestaçãopopular traz consigo valoresantropológicos e cristãos que têmde ser considerados:· O encontro da família e dosamigos;· A quebra da monotonia e celebraralgum acontecimento com alegria,felicidade e descanso;· A experiência do dom e dagratuidade e da liberdade queremete para a transcendência;· A novena ou tríduo de preparaçãocom a Eucaristia, a Reconciliação, aescuta da Palavra, o rosário, areflexão, a oração comum;· A procissão como acto público defé e de peregrinação;· A esmola feita com dignidade

e discrição sem a ostentação dodinheiro das notas de papel nasfitas das imagens;· A Liturgia, lugar da relação comCristo, na escuta da Palavra, naexperiência do mistério e na esperada sua Glória. A beleza da Liturgia é a arte derezar com nobre simplicidade nosgestos e orações, na música, nocanto, na palavra, no silêncio, nasprocissões, na piedade popular, naalegria do coração. A festa e asfestas são para dar sentido à vida,ou como dizia Santo Atanásio noséc. IV: «Cristo ressuscitado faz davida do ser humano uma contínuafesta».Festejar é próprio de quem senteque é amado por Deus. Deus ama echama no quotidiano e na festa aparticipar do Seu Amor.

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Os comentadores multimedia

Rita Figueiras Universidade Católica Portuguesa

Ao longo dos últimos anos, o mercado docomentário em Portugal tem-se expandido,refletindo a valorização dada à opinião, aodebate e à discussão no quadro da sociedadedemocrática, mas tem-se expandido também pormotivos comerciais, patentes nas estratégias derecrutamento de rostos conhecidos do grandepúblico e na disputa desses mesmos rostos pelosvariados media.O destaque crescente dado à opinião tem vindoa consolidar algumas tendências no sector. Porum lado, verificamos que há um conjuntoreduzido de comentadores que acumulam muitosespaços de opinião nos mais variados meios,para além de uma presença forte na blogosfera.Vejamos alguns exemplos: Pedro Marques Lopesé colunista no Diário de Notícias, na Bola, noprograma Bloco Central na rádio TSF e no Eixodo Mal na SIC Notícias. Ricardo Araújo Pereira écomentador na revista Visão e no GovernoSombra, programa que é emitido na rádio TSF eno canal de televisão por cabo TVI24. DanielOliveira comenta no Expresso, no Record, noEixo do Mal na SIC Notícias e no Sem Moderaçãodo Canal Q. José Pacheco Pereira é,simultaneamente, comentador no jornal Público,da revista Sábado e na Quadratura do Círculo naSIC Notícias.É igualmente notória a crescente divisão doespaço de opinião televisivo entre os partidos degoverno nos canais generalistas e dos partidoscom assento parlamentar nos canais de notíciaspor cabo, verificando-se um processo delottizzazione

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partidária do espaço de opinião.Estes comentadores fazem tambémparte da pool de porta-vozes dosseus partidos no parlamento,acumulam participações emdiferentes fóruns e circulamabundantemente entre as váriasesferas de visibilidade, revelandoexperiência mediática e capacidadeadaptativa aos novos palcos dacomunicação. São ainda exemplosilustrativos de uma dupla tendênciano espaço de opinião em Portugal:por um lado, a figura do comentadormultimédia parece estar em francocrescimento e, por outro, acompartimentação do comentário

como manifestação deuma partidocracia é umacaracterística que se acentua.A valorização da opinião é evidentena crescente presença de espaçosde opinião nos mais variados media.No entanto, esta diversidade pareceser mais ilusória do que real. Oaumento do número de espaços deopinião, mais do que ser umindicador de debate plural, pareceantes demonstrar que poucasindividualidades e perspetivas têm écontinuamente mais lugares onde seexpressar.

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“Ladrões de Esperança”

Henrique Matos Agência ECCLESIA

Francisco viajou por estes dias para uma regiãoitaliana onde o Estado de Direito viveamordaçado e se verga com frequência aosinteresses obscuros da Máfia e da Camorra. Ocordeiro foi ao encontro dos lobos? De formaalguma. Nápoles é feita de gente honesta queapenas deseja dignidade e reconhecimento.Francisco foi ali falar da esperança que algunspretendem retirar aos muitos que fazem a cidadee lhe dão rosto. “Quem segue voluntariamente o caminho do malrouba um bocado de esperança, pode ganharalguma coisinha, mas rouba a esperança a sipróprio, aos outros, à sociedade. O caminho domal é um caminho que tira sempre a esperança,também à gente honesta e trabalhadora”. Aspalavras são do Papa e foram proferidas perantemilhares de pessoas reunidas no bairro deScampia, dos subúrbios da cidade italiana. Masos ladrões de esperança estão hojedisseminados por muitas latitudes e contaminamas próprias instituições que nasceram paraassegurar os direitos e as expetativas doscidadãos. Se em Nápoles se chama crimeorganizado, noutras paragens adquirem nomescomo "interesses do mercado","constrangimentos económicos", "flexibilizaçãolaboral", “egoíosmo”, “sede de poder” epoderíamos continuar. Francisco acrescentava,“Isto é grave. O que faz um jovem sem trabalho,que futuro tem, que caminho escolhe? Esta éuma responsabilidade, não só da cidade ou dopaís mas também do mundo.

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Porquê? Porque há um sistemaeconómico que descarta aspessoas”. A cultura do descartáveljá tinha merecido a condenaçãopontifícia em ocasiões anteriores, épor demais evidente a forma comopenetrou no tempo e nopensamento de cada um de nós.Tudo é a prazo, e esse, mede-se naproporção do interesse. Se já nãointeressa deita-se fora. Esta bitolanão é só para futilidades, definetambém a essência do mercado detrabalho, até mesmo, a qualidadedos relacionamentos. Voltamos àspalavras de Francisco: “Esta faltade trabalho rouba-nos a dignidade.Temos de lutar contra isto, temos dedefender a dignidade dos cidadãos,dos homens, das mulheres, dosjovens. Este é o drama do nossotempo”. É o caminho do mal o grandeladrão de esperança, equem o trilha não sãoapenas os que controlama máfia napolitana, étambém cada um denós... quando falhamosas expetativas ou aconfiança quedepositaram em nós,quebramos as promessas,caímos na infidelidade aoscompromissos assumidos, não

assumimos o outro com um“próximo” mas como “concorrente”. A Quaresma está a chegar ao seutermo, espera-se que este tempopropício à mudança dos coraçõestenha produzido o seu fruto. Pede-se uma atitude vigilante. Vivamosda melhor forma estes últimos diasde quaresma e entremos renovadosno Tríduo da nossa libertação.

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O local onde nasceu uma mensagem de paz universal estáconstantemente em guerra. No Médio Oriente, os locais da

Terra Santa, palco das narrativas do Antigo e do NovoTestamento, a afirmação de identidades culturais e religiosas

motiva conflitos entre estados e entre etnias, que todos osdias colocam em causa a dignidade de todas as pessoas,

nomeadamente os cristãos. Apesar de tudo, é nesses locaisque cristãos de todo o mundo se inspiram para viver a paz e

aprendem a linguagem do perdão que a cruz ensina. Osacontecimentos da Páscoa recordam-na de forma plena.

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Médio Oriente:Uma região onde apenas é possívelcontrolar danos Luís Valença Pinto, antigo chefe do Estado Maior General das ForçasArmadas de Portugal, analisa a situação geopolítica no Médio Oriente, queestá na origem da fuga dos cristãos da região e desafia os católicos de todoo mundo a visitar a Terra Santa não como peregrinos, mas como “bandeiras”do cristianismo.

Entrevista de Paulo Rocha Agência Ecclesia – No berço deuma mensagem de paz acontecem,sucessivamente, conflitos. Estamosdiante da teoria de que os polosopostos que atraem?Luís Valença Pinto - Estamosperante a consequência triste etrágica de um conjunto de decisõesmuito erradas que têm sido tomadasnos últimos 100 anos.No território sempre houve tensões.A presença otomana foi geradorade alguma paz, mas no sentido deausência de conflitos, não pazprofunda, baseada em critérios dejustiça e da não discriminação.Depois disso, na sequência dafalência do

Império Otomano e das crisesdo início do séc. XX, geraram-seacontecimentos muito errados, quetêm como contexto profundo epermanente as oposições entresunitas e xiitas. Das várias fações!Nesse quadro de oposiçõescavaram-se acontecimentos maistrágicos.

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O acordo com que o famosoLawrence da Arábia promoveu econseguiu juntos dos povos árabesda região, com o acordo ebeneplácito das autoridadesbritânicas, do Cairo de que eledependia diretamente e também deLondres, era quase “clânica”, tinhauma conceção organizada emxeiques e emiratos. Aprovada em1915, não impediu que no anoseguinte, em 1916, as potenciascoloniais daquela região, francesese britânicos, tenham estabelecido ofamoso acordo de Sykes-Picot quedividiu a região em estados,completamente à revelia da matrizfamiliar e religiosa que acaraterizava.Outro acontecimento foi a inclusãode Israel, em 1948, pela formaimposta como foi feita, semnenhuma atenção à realidade árabedaquela região. Finalmente, oenorme equívoco (sendo generoso)que foi a invasão americana doIraque pelas consequências quetrouxe para aquele país e para todaa região.

AE – Como se deveria terencontrado um Estado para Israel,em 1948?LVP – É completamentecompreensível que, no clima daépoca e na sequência da II GuerraMundial e do que se passou com opovo judeu, houvesse essa visão dese encontrar mais do que umestado, um “santuário”. Julgo que aideia era encontrar um santuário,um sítio onde não aparecessemperseguições, holocaustos e ondeos judeus pudessem definir a suaprópria segurança. Esta era agrande linha condutora da políticaisraelita. Houve outras hipóteses,nomeadamente Angola, Austrália eoutros locais extraordinários foramconsiderados para esse efeito. Masé ali, naquela região, pelo menos!Mas não poderia ser: chegar, impore tudo o resto se tem de acomodar.Teria de haver um processonegocial, o que não aconteceu.

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AE – A matriz familiar e religiosa é,recorrentemente, esquecida nodebate geopolítico sobre a região?LVP – Muitos dos processos que láocorrem convidam a um repensargeopolítico da região. Não sei o queé possível, porque não soufavorável a arranjos geopolíticos dotipo “cantonização”. Os povos, hoje,podem e devem viverconjuntamente

e a convivência é uma boa regra.Está aberto o rearranjo geopolíticoda região. Não se pode voltar àstribos, aos clãs, aos emires e aosxeiques. O que não quer dizer quenão se repensem as definições dosestados na região, com atenção àdimensão da matriz familiar ereligiosa. Mas a motivação principaldeve ser a da convivência dospovos da região.

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AE – Com estados para cada umdeles?LVP – Não. Sou absolutamentecontra a “cantonização” dassociedades e dos povos atrás debarreiras políticas porque não énem boa expressão de paz esaudável convivência, no imediato,como é potenciadora de conflitos nomédio prazo.

AE – Mas há identidades culturaisque se têm de rever em torno de umEstado, nomeadamente Israel ePalestina…LVP – Com certeza que sim. Nesseâmbito considero preocupantes osresultados nas eleições israelitas eas declarações que se seguiram.Benjamin Netanyahu afirmou mais

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uma vez o “estado único”. Só sequiser dizer que, a prazo,nomeadamente por causa dademografia, haverá um “estadoúnico” de predominância árabe (oque não creio que esteja no espíritodele). O razoável é que venha ahaver: Israel redefinido nas suasfronteiras, porque o que se passouem 67 não pode definir as fronteirasdefinitivas de Israel; e um estadopalestiniano. O que não desejaria éque os palestinianos vivessem naPalestina e os hebreus em Israel.Acho que o saudável é que emqualquer uma das entidades vivamhebreus, árabes e cristãos. Porqueneste processo, que tenta oporjudeus e árabes, as comunidadescristãs têm sido completamenteerodidas e de uma maneiracompletamente infame. Pelas duaspartes, mas mais pelo lado israelitado que pelo lado árabe. Controlar danos: a únicapossibilidadeAE – Podemos correr o risco depotências extremistas da regiãoimponham novos estados, novasfronteiras, pela força?LVP – Pode haver esse “apetite”.Não creio que a ComunidadeInternacional aceite uma coisadessas.O exercício geopolítico da região émuito completo, é um verdadeiro

puzzle. É mais do que xadrez. É umpuzzle em que cada peça tem maisdo que uma cabeça e ajusta-se emmais do que um sítio, com mais doque um promotor ou apoiante. Háuma grande oposição de fundoentre iranianos e sauditas, mas nãocreio que possam ser livres de fazero que querem naquela região, nemem qualquer outra. É importante apaz de toda aquela gente.Não sei o que é mais perigoso, doponto de vista dos israelitas: se oIrão com os seus próximos, se aArábia Saudita com os outrossunitas, o Egito, por exemplo. AIrmandade Muçulmana não estáneste momento numa posição deresponsabilidade do estado egípcio,mas fez declarações no sentido daexistência de uma onda sunita.Uma situação que é dificultadatambém porque em cada uma dasvárias unidades geopolíticas que láestão constituídas acontece pelomenos duas coisas: um processopróprio e o eco do processo muitocomplexo da região.A minha visão é que é uma quimerapretender resolver. O que é precisoé encontrar uma maneira de “vivercom”. Os vários atores têm de ter apreocupação de controlar a paz enão impor a paz, de convencer enão de vencer. Numa linguagemmais técnica, a única coisa que sepode aspirar na região é umcontrolo de danos.

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AE – Quer dizer que a paz não épossível na região?LVP – Não sei onde a paz épossível…! Se falarmos da paznominal, a ausência de combates, écertamente possível. Se falarmos napaz verdadeira, assente na justiça,na não discriminação no planoeconómico, político, religioso, social,etc, a paz é desejável, mas umcaminho difícil de percorrer e umameta difícil de alcançar. AE – Qual o papel da comunidadeinternacional nesse “controlo dedanos”?LVP – Primeiro perceber o realismoque há na ideia de “controlo dedanos”. Depois alguns extremismosque encontramos na comunidadeinternacional apoiantes de partes daregião tinham de ser muitocensurados. Por exemplo, o apoiocego e ilimitado da comunidadejudaica dos Estados Unidos àpolítica mais extremista de Israel éum fator de perturbação e não podeser determinado pelo facto dacomunidade judaica ser umelemento muito importante naseleições norte-americanas.

Não pode haver mais duplicidade noreconhecimento do direito aospalestinianos de terem o seu estadoe das comunidades cristãs viveremna região como cidadãos de plenodireito.A comunidade internacional nãopode aceitar “estadosconfessionais”. Cristãos são ignoradosAE - Qual o espaço para oscristãos, em todo esse contexto?LVP – Os cristãos sãocompletamente ignorados! Comosão uma parte fraca, são uma parteabusada. AE – Por serem minoria?LVP – E por não estarempoliticamente organizados comoestá Israel ou a AutoridadePalestiniana, para não falarmos dosestados árabes da região. AE – Qual o papel da comunidadeinternacional para estancar a fugados cristãos? O Papa Francisco temrepetido apelos nesse sentido…LVP – O que o Papa tem feito e ditoé de uma grande clareza efrontalidade e, do ponto de vistapolítico, de uma grande coragem.Não tem tido o suficiente eco. Mas àIgreja compete

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também a pastoral e, nessedomínio, está a fazer o que pode emuito bem, com a expectativa de terresultados a prazo.Há dois discursos: um que o Papafaz em público, que nós sabemos, edepois há com certeza outro,diplomático, feito no segredo daschancelarias, embaixadas e

encontros bilaterais.Atribuindo todos nós ao PapaBergoglio uma dimensão de verdadee frontalidade e de aberturaluminosa, não tenho nenhumadúvida que aquilo que ele diz empúblico não deixará de dizer emprivado, e porventura com maisveemência.

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AE – A Páscoa recorda de formareferencial os lugares santos. Avisita que é possível realizar aalguns deles permanece como oúnico meio para manter a ligação aocristianismo nascente, enquantomensagem de paz, na região?LVP – A principal motivação para apresença de cristãos de todo omundo na Terra Santa não deveriaser apenas o turismo religioso. Aspessoas não podem lá ir apenaspara ver a basílica A, o túmulo B, oMonte das Oliveiras… Têm de lá ircomo bandeiras, para evidenciarque aquelas tímidas e frágeisbandeiras que lá estão, os cristãos,não estão sozinhos no mundo.Representam uma parte muitoimportante da consciência universal,que tem para com eles sentimentosde responsabilidade e desolidariedade.

AE – E é uma forma do fatorreligioso se envolver nocompromisso de procura de pazpara a região?LVP – Mas sem se materializar emcantão. Desejaria muito quehouvesse um estado de Israel comárabes, israelitas e cristãos e umestado palestiniano compalestinianos, israelitas e cristãos. Oque implica esquecer ideias como“povo eleito” ou “partido de Deus”.

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No ambiente da BíbliaA 13 de Outubro de 1969, cheguei aJerusalém para uma especializaçãoem estudos bíblicos na “EscolaBíblica e Arqueológica Francesa”.Em vez de regressar a Portugal aofim de dois anos, como previsto,fiquei lá para prosseguir o estudoda Bíblia nas terras onde o AntigoTestamento foi escrito e Jesusnasceu, viveu, exerceu a suaactividade, foi morto e, finalmente,se manifestou ressuscitado aosprimeiros discípulos. Além de lugarde residência, a Terra Santa temsido objecto do meu estudo.É óbvio que a Bíblia é uma obrahumana. Só a fé permite reconhecerque ela é também palavra divina. Oacesso a esta passa pelo sentidodas palavras humanas, quedepende, em boa parte, dascircunstâncias em que elas foramditas ou escritas e ouvidas ou lidaspela primeira vez.O imaginário do Antigo Testamentoé essencialmente rural, tendo pormatriz, fonte e referente asrealidades da vida campestre, emparticular as suas duas actividadesprincipais: o

cultivo da terra e a pastorícia, queeram os dois pilares da economia daPalestina. Segundo Gn 2,4b-3,24, Deus criou o homem agricultor.Os trabalhos agrícolas dão osnomes aos tempos do ano em quese fazem. As colheitas são o objectode três das quatro grandes festasanuais: Os Ázimos e as Semanascelebram o começo e o fim dasceifas; as Cabanas celebram o fimdo ano agrícola. A Páscoa, a outragrande festa anual, estava ligada àpastorícia. As relações entre Deus eo povo expressam-se com metáforastomadas da agricultura, sobretudoda viticultura, assim como dopastoreio. Metáforas da mesmaorigem expressam a felicidade e oinfortúnio.O imaginário dos Evangelhos épredominantemente rural, como odo Antigo Testamento. Deste pontode vista, a novidade dos Evangelhosé o lugar que neles ocupam ochamado mar da Galileia, e aspopulações ribeirinhas. A actividadepiscatória é fonte de algumasimagens usadas por Jesus, porexemplo, a metáfora

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com que evoca a missão dosprimeiros discípulos, pescadores dehomens, assim como a parábola darede lançada ao mar.A compreensão do sentidooriginário dos textos bíblicospressupõe o conhecimento dacultura, inclusivamente da culturamaterial, dos seus autores, que sesituam entre o séc. VIII a.C. e oscomeços do séc. II d.C. Ora, essacultura assenta na Geografia, noclima, na flora e na fauna daPalestina. A experiência mostrou-meque a familiarização com a TerraSanta é uma mais-valia inestimávelpara compreender e sentir os textosbíblicos.Para os cristãos, a apreensão dosentido originário da Bíblia nãopode ser senão uma primeira etapa.Deve seguir-se a actualizaçãodesse sentido, isto é, a suaapropriação pelas comunidadescristãs de todos os tempos elugares. Frei Francolino J. Gonçalves, OP

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Jerusalém, cidade bem construída, harmoniosamente edificada. (Sl 122,3)Passaram já alguns anos desde quecheguei a Jerusalém pela primeiravez. Não são muitos mas ossuficientes para experimentar, porexemplo e infelizmente, três guerrasde Gaza (2009, 2012 e 2014).Cheguei em setembro de 2008 parafazer estudos em Sagrada Escriturae Arqueologia Bíblica no StudiumBiblicum Franciscanum que desdeos inícios do séc. XX, sob a guia daOrdem dos Franciscanos Menores,permite fazer estes mesmos estudosem Jerusalém. O facto daAssociação religiosa, da qual soumembro, Silenciosos Operários daCruz, possuir em Jerusalém umacomunidade ajudou à escolha deJerusalém para poder realizar osditos estudos. Jerusalém é umacidade fascinante. Provavelmente émelhor falar de três “cidades”, istoé, três realidades na mesma cidade.O centro desta é a «cidade velha»,a cidade dentro das muralhas comos seus diversos bairros(muçulmano, judeu, cristão earménio) e depois as partes oriental(de maioria árabe) e ocidental (demaioria judaica). Dizia que o centro

é a «cidade velha» até porque aí sesituam três lugares lugaresimportantes para as três religiõesmonoteístas: o Muro dasLamentações para a religiãojudaica, o Monte das Mesquitas paraa religião muçulmana e a Basílica doSanto Sepulcro (ou daRessurreição) para os cristãos detodo o mundo. Portanto o primeirodesafio é ser capaz de viver nestacidade respeitando a fé e os lugaresdas diferentes religiões. Umsegundo desafio é aquele de sercapaz de viver com pessoas comculturas diferentes, pensoessencialmente na relação com apopulação árabe, onde está inseridaa comunidade dos SilenciososOperários da Cruz. Um terceirodesafio, este ao nível dacristandade, é o de ser capaz deviver e relacionar-se com pessoasde outras Igrejas e comunidadescristãs. Neste último desafio ajudoumuito a experiência académica poisno Studium BiblicumFranciscanum estudaram e estudampessoas de outras Igrejas,especialmente das IgrejasOrtodoxas Grega e Russa. Todasestas relações e algumas amizadesderam-me

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Uma judia, uma árabe muçulmana e uma portuguesa

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a oportunidade de perceber que émuito mais o que nos une do queaquilo que nos separa, seja raça,religião ou cultura. No capítulo darelação com as outras Igrejas ecomunidades cristãs é tambémmuito significativa a vivência daSemana de Oração pela Unidadedos Cristãos (que por razões docalendário de Natalício dasdiferentes Igrejas celebra-se umasemana mais tarde

em relação àquela “oficial”) ondecada dia é vivido nas diversasIgrejas com o seu respectivo rito eonde se pode experimentar umaunião, em Cristo, ainda que nadiversidade de cada tradição.Viver a Quaresma e a Páscoa emJerusalém é também uma vivênciaúnica. Durante o Tempo deQuaresma e o Tempo Pascal aCustódia de Terra Santa dosFranciscanos Menores,

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que por aqui andam desde ostempos de S. Francisco de Assis,organiza diversas peregrinaçõesnos diferentes locais ligados aosacontecimentos do Mistério Pascalde Paixão, Morte e Ressurreição deJesus Cristo. Os pontos altos são asVigílias de Oração nas noites desábado para domingo em cadasemana da Quaresma, a procissãode Domingo de Ramos que parte deBetfagé e que segue o mesmocaminho que, segundo a tradição,percorreu o próprio Jesus até à suaentrada messiânica em Jerusalém(Mt 21,1-10; Mc 11,1-11; Lc 19,29-40; Jo 12,12-19). Tudo culmina coma celebração do Tríduo Pascal coma celebração na Basílica do SantoSepulcro, sempre de manhã cedopor causa do Status Quo que rege avida das diferentes comunidadespresentes ao interno da Basílica.Quanto à experiência específica daacção da Associaçãodos Silenciosos Operários daCruz que é o viver e caminhar, na fécristã e na humanidade, com aspessoas que sofrem, com aspessoas “com

deficiência” e com os seusfamiliares. Trata-se de uma vivênciaque vale a pena, ainda que difícil,seja pelo facto da língua (o árabe,que é a língua dos cristãos locais,não é uma das mais fáceis deaprender) e o próprio facto da fécristã ser comum alguns pertencema outras Igrejas que não a Católica.E até aqui, como diziaanteriormente, é sempre mais o quenos une do que o que nos separa.Pois dor e sofrimento não creio queconhecem raça ou religião, se bemque estas condicionam a formacomo se vive o tempo da dor e dosofrimento. Pois Jesus Cristo é omesmo para qualquer cristão e Eleque não fez nenhum tratado sobre osofrimento mas mostrou-nos com asua vida e com a sua morte de queforma somos chamados a viver otempo do sofrimento.Desde Jerusalém desejo-vos umaSanta Páscoa.

Padre Johnny Freire

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A “via-sacra” dos cristãosno Médio Oriente continuaA diretora da Fundação Ajuda àIgreja que Sofre (AIS) alerta para aVia-Sacra “difícil de ultrapassar” queos cristãos no Médio Oriente têmvivido nos últimos quatro anos econsidera que a ComunidadeInternacional não pode ser “cínica”.“Têm de acabar os cinismos, nãopodemos esquecer que existemmuitos países que continuam a fazermuito dinheiro com venda dearmamentos, compras de petróleo abaixo preço”, comenta CatarinaMartins, sobre a discussão àsituação específica dos cristãos quevai começar esta sexta-feira nasNações Unidas.À Agência ECCLESIA, a responsávelcomenta que “é chocante ver a não-reação” da ComunidadeInternacional, dos governos e dasorganizações que “gerem o mundo”,de não focarem nunca o problemados cristãos perseguidos e até“evitam falar da palavra cristãos”.“É tudo cinismo e hipocrisia domundo ocidental”, observou adiretora da AIS que considera que asociedade civil

tem de “obrigar” os governos aterem “posições mais fortes”.Para Catarina Martins “todas asminorias” têm o direito de estar noseu lugar e “não podem fugir” sóporque há uma parte da populaçãoque não concorda, como acontececom o autoproclamado EstadoIslâmico e alerta para asconsequências do desaparecimentoda cultura cristã.“Se a comunidade cristã desaparececompletamente há determinadosvalores que vão desaparecer epode haver um desequilíbrio quenão sabemos ainda asconsequências para o resto domundo”, desenvolve, observandoque o planeta “é uma aldeia” e asconsequências não são só locais.Neste contexto, Catarina Martinsafirma que nos últimos quatro anosos cristãos no Médio Oriente vivemuma contínua Via-Sacra e questionaqual seria a reação de cada seestivesse na mesma situação.“Como é que nós reagiríamos sefôssemos obrigados a sair da nossa

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casa só com o que temos vestido ecom a nossa família. Muitas vezes afamília também ficou para trás,alguns porque se perderam, outrosporque foram assassinados”,contextualiza sobre a Via-Sacra“difícil de ultrapassar”.A entrevistada afirma que “muitasvezes” não se fala da presençacristã que está a ser ameaçada, “deum genocídio”, com aperseguição, morte e deslocaçãodos cristãos e outras minorias,raízes cristãs que “não podemdesaparecer” de “zonas bíblicas”.

“Nós temos de ajudar de facto queestas pessoas possam regressar àssuas terras, recomeçar a sua vida eajudar a que a presença cristã semantenha nestas terras”,acrescentou.

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Quotidiano na Terra Santa“Se o exército israelita conseguir oque quer, irão tirar-me a terra econstruir um muro. Isso faz-mesentir como se alguém perfurasse omeu coração. Estas oliveiraspertencem à minha família há muitosanos. Elas sustentam-nos. Estão alevar mais do que terra e rendas:estão a tirar-nos a nossaidentidade”, relata Musa, 70 anos,cristão ortodoxo de Beit Jala,próximo de Jerusalém, perante aexpropriação iminente da sua terra.Outras 50 famílias cristãsencontram-se na mesma situação.Direta ou indiretamente estão a serafetados pela confiscação de terras:ou porque a construção de um muroserá feita nesses terrenos ouporque deixarão de ter acesso aelas.“Rezamos para que haja umaalternativa na rota que deixe asterras para as comunidades cristãse suas famílias”, disse o bispoShomali, do Patriarcado latino,responsável pelos territóriospalestinos. Durante semanas, osfiéis juntavam-se a cada sexta-feirano vale de oliveira do Cremisa, localpossivelmente afetado

pela barreira, para celebrar aeucaristia e rezar.“Ainda acreditamos na justiça eesperamos o melhor”, afirma obispo, acrescentando um pedido ao“benfeitores da Fundação Ajuda àIgreja que Sofre” para rezarem pelaproteção dos direitos dos cristãos.

---- “Tínhamos esperança que com avisita do Papa em maio e depois doencontro no Vaticano para rezar,com o Presidente israelita Peres e onosso presidente Abbas, mas o queaconteceu depois? Tudo piorou”,recorda George Azenian, um cristãoortodoxo arménio, comerciante naPraça da Manjedoura, junta à Igrejada Natividade, que vende cruzes erosários.“A guerra em Gaza, depois aviolência em Jerusalém: as pessoastêm medo e deixaram de vir.Estamos a sofrer enormes perdasem comparação com o anopassado”, afirma queixando-se daquebra de visitantes.

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“Só em Israel é preciso umapermissão para rezar. Por isso anossa organização está há anos achamar a comunidade internacionalà atenção para que faça pressãocom Israel, para mudar esta prática.Os muçulmanos e os cristãospalestinos deveriam poder visitarsem dificuldades os lugares santosem Jerusalém para rezar”, afirmaRifat Kassis, um colaborador daorganização cristãsupraconfessional de direitoshumanos, Kairos Palestina.Para entrar em Israel, os palestinosda Cisjordânia e de Gaza têm quepedir uma permissão à chamadaAdministração Civil, organismo emIsrael que autoriza as entradas. Há

queixas por parte de alguns cristãosque consideram que as autoridadesatuam de forma restrita nasautorizações de entrada durante aSemana Santa cristã, acontecendouma parte de uma família obterautorização e outra ficar do outrolado do muro.À Ajuda à Igreja que Sofre aadministração civil de Israel deuconta de 16 mil pedidos deautorização de entrada em Israel,tendo sido concedidos 14 mil,estando os restantes a seranalisados. O Patriarca Latino deJerusalém dispõe de números maisbaixos.

Por Ajuda à Igreja que Sofre

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Razões para visitar a Terra SantaA Ecclesia e a Faculdade deTeologia promovem umaperegrinação à Terra Santa. Algunsperegrinos adiantam as razões paraesta peregrinação. Era um sonho antigo este de estarem imersão na terra calcorreada porJesus. Desejo ver a luminosidade,sentir e cheirar os lugares por ondeJesus foi tecendo as Suas relações.Dou catequese há muitos anos e jásonhei muito com todos esteslugares. (Helena Presas) No meio de tanto ruído, correria epreocupações da alma, souinteriormente desafiada a peregrinaraos lugares onde Jesus viveu a suavida pública. Estou expectante, emconseguir desfrutar nesta viagem,de uma vivência de fé,relacionamento e união maisprofunda com Deus, econcomitantemente, rever a minhavida à luz do Evangelho, ao visitar,pisar e orar nos lugares por ondeEle passou. (Maria Adelaide FerreiraCabral) Peregrinar à Terra Santa é procurarno espaço e na História a presençado Filho de Deus que se fezHomem. Mistério dos mistérios!(Manuela Correia)

É para mim um sonho muito antigoefetuar a peregrinação à TerraSanta pois considero um grandeenriquecimento espiritual poderseguir nesse lugar as passadas dodivino Mestre. Além disso tambémme vou sentir culturalmente maisrica devido ao acompanhamento deum mestre na matéria como é oPadre João Lourenço. (MariaManuela Leitão) Conhecer a Terra Santa tem sido umobjetivo silencioso na minha Vida: odesejo de conhecer os lugaressagrados de que tanto ouvimos falare imaginar aquando dascelebrações litúrgicas. Nuncaplaneei tal viagem, mas eis que bemno final de um Curso deEspiritualidade Cristã na Faculdadede Teologia da UCP veio até mim oanúncio desta Peregrinação. Então,o ato de peregrinar percorrendo ospassos de Jesus por locaiscontextualizados pela História, aindaviva, e marcados pela Sua Vidapassou a ser um objetivo nadasilencioso e muito expectante. Nacompanhia do meu marido dougraças a Deus pela experiência defé e renovação que teremos aoportunidade de vivenciar. (MariaJoão Zilhão)

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Poderei apresentar algumasmotivações para esta Viagem àTerra Santa. Naturalmente que nãodeixarei de me Centrar na Pessoade Jesus, mas procurarei melhorar omeu conhecimento em várioscontextos relacionados com a suaPessoa, histórico, geográfico,religioso, sociológico. Levo comigoalgumas dúvidas que procurareiesclarecer. O porquê daquela Terrater sido ao longo dos séculos palcoconstante de conflitos, como aquelePovo se fidelizou/desfidelizou a umDeus único, como o Cristianismoinfluenciou toda a humanidade equais as dificuldades que se põemàs pessoas de hoje o entendimentodessa mensagem. Um passeio que

pode ser útil e agradável, e esperosentir que Jesus também por ali sepasseou nem sempre de maneiraagradável mas seguramentenecessária.

Rui César Gomes Esta peregrinação era um sonho,que acalentava há já algum tempo.Sou uma cristã, católica praticanteque pretendo percorrer os caminhosque JESUS percorreu, vivendointimamente a Sua vida eespecialmente a sua paixão, morte eressurreição. Sinto que a minha vidaespiritual vai ficar bem maisenriquecida! Agradeço a Jesus estaoportunidade que me deu. Asminhas cordiais saudações.

Zilda do Céu Pardal

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Vaticano pede ajudas para oscristãos perseguidos na Síria eIraqueO Vaticano apelou aos católicos detodo o mundo que ajudem ascomunidades cristãs perseguidas naSíria e Iraque, que vivem um“momento dramático”.O pedido foi apresentado pelocardeal Leonardo Sandri, prefeitoda Congregação para as IgrejasOrientais (Santa Sé), na carta aosepiscopados de todo o mundo, porocasião da coleta anual de Sexta-feira Santa (3 de abril, em 2015).O documento, divulgado pela salade imprensa da Santa Sé, éacompanhado por um relatório quedescreve a aplicação dos donativosde 2014, em particular a ajuda deemergência (cerca de 2 milhões deeuros) destinada à Síria e aoIraque.“Há milhões de deslocados quefogem da Síria e do Iraque, onde ogrito das armas não se cala e ocaminho do diálogo e da concórdiaparece completamente perdido, aomesmo tempo que parecemprevalecer o ódio insensato dequem mata e o desesperodesarmamento de quem perdeutudo e foi expulso da terra dos seuspais”, alerta o cardeal Sandri.

Segundo o responsável da SantaSé, as comunidades católicas têmde estar atentas a estesacontecimentos, para evitar a “fuga”dos cristãos da Terra Santa.“Só na unidade de espírito e nacaridade fraterna de todos osdiscípulos de Cristo, a Igreja, suaesposa, poderá dar testemunho deesperança aos seus filhos quevivem todos os dias os mesmossofrimentos do Senhor humilhado eabandonado”, escreve.O cardeal Sandri deixa votos de quea coleta anual seja acolhida porparte de todas as dioceses, “paraque possa crescer a participaçãosolidária” em favor das populaçõescristãs no Médio Oriente,oferecendo-lhes “o apoionecessário”.A Igreja Católica promoveanualmente uma recolha dedonativos para as comunidades quevivem na Terra Santa e para amanutenção dos lugares ligados àvida de Jesus e ao início doCristianismo.O Papa Paulo V, com o documento‘Cœlestis Regis’, de 22 de janeiro de1618, foi o primeiro a determinar

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a finalidade desta recolha dedonativos e Bento XIV confirmou-acom o breve apostólico ‘In supremomilitantis Ecclesiæ’, de 7 de janeirode 1746.A preservação da memória doschamados Lugares Santos, queestá confiada à Custódiafranciscana, passa pelapreservação dos váriosmonumentos que assinalam a ligação

dos espaços a Jesus e osapóstolos, mas sobretudo peloapoio às atuais comunidades cristãs– uma minoria entre muçulmanos ejudeus na Palestina e Israel – quevivem situações difíceis.Os católicos da Terra Santa incluemcomunidades de rito latino, greco-melquita, copta, maronita, síria,caldeia e arménia.

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Fazer memória da vida de Jesusa partir dos acontecimentos de hojeAs celebrações do Tríduo Pascal,que os cristãos assinalam para fazermemória dos últimos dias da vida deJesus, devem ser uma proposta queleve as pessoas “ao encontro dosacontecimentos reais dos dias dehoje”.“Olhar para a Semana Santa, paraquinta, sexta e sábado, tentar fazero exercício interior e exterior sobre oque hoje significa uma quinta-feira,uma sexta-feira e um sábado santo,passa necessariamente por abrir osolhos ao que acontece à nossavolta”, afirma a Irmã Irene Guia,Escrava do Sagrado Coração deJesus e comentadora da ECCLESIA.A religiosa recusa o objetivo de“fazer memória dos últimosacontecimentos na vida de Jesus”sem “atualizar hoje aquilo quesignificou para Jesus e no seutempo a sua Paixão, morte eRessurreição”.“Enquanto fizermos só memóriacomo se fosse apenas umacontecimento de há 2000 anos, vaiser muito difícil ler a Ressurreição”.A comentadora da Ecclesia propõeo exercício de “identificação” com

situações concretas e atuais que“ajudem a perceber que hojecontinua a acontecer quinta-feira,sexta-feira e o sábado santo”.“Com quem é que hoje nos devemosidentificar para que Cristo continuea viver a quinta-feira santa, paraque Cristo continue a padecer asexta-feira santa, para que Maria eos seus amigos continuem aexperimentar o vazio e aperplexidade perante Jesus morto?”A irmã Irene Guia assinala o risco deviver a fé “a partir de uma teoria, deuma palavra” mas que “não é umapalavra viva”, apontando os temposatuais como “de Ressurreição”.“Há muitos acontecimentos naHistória que nos parecem dizer queisto acaba aqui, mas porque a fé éum dom que recebemos e do qualvivemos e nos alimentamos, háqualquer coisa que diz que a mortenão pode ser a última palavra”.“Temos tudo para poder perceberCristo hoje presente na História”.A religiosa recorda a “indignação”gerada nas populações a partir da“perseguição e morte de cristãos”,

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a memória desses “mártires e amudança que isso provoca em cadapessoa”, também o testemunho dequem “frágil morre nas mãos deoutros” como momentos deRessurreição. “Se eu alterar a minha vida, o meucoração, seu eu me abrir a estafraternidade, eu estou a deixar queas suas vidas mudem a minha. Eisso é Ressurreição”.

Ao longo da Semana Santa aEcclesia disponibiliza vídeos onde aIrmã Irene Guia propõe “desafiospara viver e atualizar” osacontecimentos da Paixão e mortede Jesus.A Igreja Católica, com o Domingo deRamos, assinala o início da SemanaSanta, um dos momentos centraisdo ano litúrgico, que evoca osúltimos dias de Jesus, comcelebrações na quinta-feira, sexta-feira e sábado santos.

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São Bento da Porta Aberta onlinehttp://www.sbento.pt/ No passado sábado, 21 de março, oSantuário de São Bento da PortaAberta recebeu o título de “basílicamenor”, numa cerimónia presididapelo arcebispo de Braga, D. JorgeOrtiga. Assim esta semanaproponho uma visita ao sítio digitaldo santuário localizado em Terrasdo Bouro, distrito de Braga.Ao digitarmos o endereçowww.sbento.pt encontramos umespaço eminentemente informativocom uma qualidade gráficainteressante onde as imagens queincorporam o santuário são oelemento primordial e que noschama mais a atenção.Na página principal podemos ler osprincipais destaques, assinar anewsletter para receber as notíciasreferentes a S. Bento da PortaAberta e ainda aceder à opçãoculto, que é aquela na qual me voudebruçar.Logo que entramos na opção “culto”podemos estudar a história de vidade São Bento, onde ficamos a saberque ele “nasceu na cidade italianade Núrsia, em 24 de Março do ano480, sendo filho de uma famílianobre e cristã, e que foi enviadopara Roma

para completar os estudos”.Em “história” podemos ler um “artigofundamental sobre a verdadeiradata da fundação do Santuário” daautoria do Cónego Prof. Doutor.Avelino de Jesus da Costa publicadono "Diário do Minho" a 7 de Agostode 1980.No item “santuário”, somosconvidados a conhecer um poucomelhor todo este espaço de culto aS. Bento que “deve a sua origem àinfluência dos monges de SantaMaria de Bouro”.Caso pretenda saber quais oshorários habituais das Eucaristias(dominicais e vespertinas)celebradas no Santuário dedicadoao patrono da Europa, basta clicarem “horários de culto”.Como sabemos o título de “basílica”é concedido pela Santa Sé a certasigrejas pela sua antiguidade ou porserem centros de peregrinações. Nocaso do santuário de S. Bento daPorta Aberta sabemos que “ao longodos tempos, muitos milhares deperegrinos têm percorrido, a pé,dezenas de quilómetros em direçãoao santuário”. Assim na opção“peregrinações” fica a conhecermelhor os verdadeiros caminhos daFé traçados pela região.Em “casas”, são mostradas algumas

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fotografias relativas aos quatroespaços disponíveis no Santuáriopara retiros, seminários, encontros.Por último em “informações”,dispomos de conteúdos de índolemais prática. Nomeadamentepodemos consultar a agenda,aceder ao jornal de São Bento emversão digital, saber as datas derealização

das festas e romarias, e perceberum pouco da natureza envolventeao santuário dedicado ao fundadorda ordem Beneditina, que seencontra “rodeado pelas montanhasdo Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) e a albufeira daCaniçada”.

Fernando Cassola Marques

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«O Evangelho da Nova Vida», umapelo à renovação do Papa FranciscoA Nascente Editora apresenta o livro“O Evangelho da Nova Vida”, ondeo Papa Francisco partilha umamensagem de “mudança e deconfiança”, o Evangelho é uma“nova vida para todos” e um apelo àrenovação da Igreja.Num comunicado enviado à AgênciaECCLESIA, a editora destaca que olivro constitui uma “liçãoextraordinária de liberdade e de féem Deus” através dos temas queestão “mais presentes” nasmensagens de Francisco: “A famíliae a sociedade; os pobres e ainjustiça; a Igreja enquanto «mãe»”.Neste contexto, a nova obra de 192páginas é um convite à esperança eà transformação, onde o Papacontinua o propósito de “anunciar oEvangelho” aliado ao “empenho dereforma da Igreja” e ao esforço dedar uma orientação a um mundoque “não salvaguarda a vida nem adignidade dos homens”.“O Papa Francisco chama a Igreja aum empenho mais intenso egeneroso, na

saída de si própria para ir aoencontro do mundo. Aliás, viver a fénão é ficar acomodado numapoltrona a enunciar verdadesabstratas mas é experimentar aquiloem que se crê, em contacto com asrealidades e as provas da vida”,escreve o autor e crítico deliteratura religiosa, Giuliano Vigini,no prefácio.A Nascente Editora informa aindaque disponibilizaos primeiros capítulos do livro “OEvangelho da Nova Vida” paraleitura imediata.

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II Concílio do Vaticano: A primeiramissa concelebrada em Portugal

Em Portugal foi na arquidiocese de Évora, em Vianado Alentejo, a 14 de janeiro de 1965 que pela primeirauma missa foi concelebrada de acordo com as normasdo conselho para a execução da reforma litúrgica. Acelebração (na foto) foi presidida pelo padreWenceslau de Almeida Gil (pároco de Viana) quefestejava as bodas de prata sacerdotais.Concelebraram com ele 12 padres.A primeira fase da reforma litúrgica decidida pelo IIConcílio do Vaticano entrou em vigor a 07 de marçode 1965 (primeiro domingo da Quaresma desse ano).Esta data foi fixada pelo Papa Paulo VI quandoaprovou a instrução de 26 de setembro de 1964preparada pelo conselho para a execução da reformalitúrgica de colaboração com a congregação dos ritos.A concelebração em Viana do Alentejo foi autorizadapelo conselho litúrgico e “uma completadocumentação fotográfica e cinematográfica de toda aação litúrgica seguiu para Roma para estudo earquivo” (In: Boletim de Informação Pastoral nº 37-38,página 51). O mesmo órgão de comunicação socialrevela que foi lhe foi enviado um “relato de toda aconcelebração acompanhada de judicioso comentáriocrítico” que não é publicado “integralmente devido aocaracter de certo modo experimental” da celebração.Ao fazer o balanço desta primeira fase, o Boletim deInformação Pastoral citado salienta que em Portugalesta fase teve uma “aceitação dócil e uma preparaçãofraca”. Ao fazer referência à leitura dos textos emvernáculo,

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a publicação conclui que de um“modo geral os leitores não leembem”. Quando as leituras em feitasem latim, “as deficiências passavammais ou menos despercebidas aquem ignorava aquela língua”. Apósos primeiros tempos da reformalitúrgica “todas as deficiências deritmo, entoação, expressão,agravadas pelas deficiências daspróprias traduções, já não podempassar despercebidas”.Além disso, “não se leem os textos

litúrgicos como se lê alto qualquertexto. E a leitura duma epístola ouevangelho não se faz da mesmamaneira que a de uma oração ou deum texto de uma antífona que emprincípio devia ser cantada”. Háregras que “precisam de serformuladas, aprendidas erespeitadas”. Neste domínio “poucoou nada se fez entre nós”, lamenta-se no Boletim de InformaçãoPastoral nº 37-38, página 47.

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Março 2015Dia 27 de março* Aveiro - Teatro Aveirense -Exibição do musical «Godspell»

* Braga – Barcelos - Sessão do ciclode tertúlias do Colégio Teresiano deBraga com a presença de WalterOsswald.

* Bragança - Vila Boa de Ousilhão -Lançamento da obra «D. ManuelAntónio Pires - história de vida deum missionário (1915-2015)» daautoria de Luis Vale.

* Beja - A Cáritas Diocesana deBeja, ao abrigo de um projeto decooperação transfronteiriço,apresenta o projeto «Horta - NovaEsperança», que pretende darcompetências a pessoas emsituação de vulnerabilidade eexclusão social.

* Lisboa – GRAAL - Tertúlia no«Terraço» sobre «A ArteTransforma?» com Lídia Jorge, LuísFilipe Rocha e Manuel San-Payoquestionados por Isabel Allegro deMagalhães e promovida peloMovimento GRAAL.

* Aveiro - Albergaria (BibliotecaMunicipal) - Debate sobre «Religiãoe História» com a participação deFernando Rosas e José EduardoFranco

* Braga - Igreja do Hospital de SãoMarcos - Concerto «O esplendor damúsica sacra no barroco italiano»pela orquestra Sine Nomine e peloCoro Polifónico da Lapa (Porto).

* Porto - Casa da Música (SalaSuggia) - Concerto «MissaSolemnis» de Beethoven pelaOrquestra Sinfónica do Porto e Coroda Casa da Música

* Algarve - Vila Real de SantoAntónio - Jornada Diocesana daJuventude (27 e 28)

* Évora - Colégio dos Salesianos -Dia diocesano da Juventude (27 e28).

* Lisboa - tenda do Centro Culturalde Belém - A Associação CulturalMeeting Lisboa (ACML) promove o«Meeting Lisboa 2015» subordinadoao tema "Se a felicidade não existe,então o que é a vida?". (27 a 29)

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Dia 28 março* Aveiro – Albergaria - Celebraçãodo Dia Diocesano da Juventude.

* Beja - Odemira (Igreja de SãoSalvador) - O segundo concerto dofestival de música sacra «TerrasSem Sombra», promovido pelaDiocese de Beja, destaca a “escolanapolitana” com um espetáculo domaestro Davide Perez, oriundo doséculo XVIII.

* Porto - Casa de Vilar - Conferênciasobre «A dimensão humana e socialda Quaresma» pelo padre Lino Maiae promovida pelo Movimento deEducadores Católicos.

* Santarém – Seminário - Encontrodiocesano de Catequistas

* Beja – Almodôvar - Dia diocesanoda Juventude com o tema «Felizesos puros de coração porque verão aDeus»

* Braga - Igreja dos Congregados -Celebração do Dia da juventude.

* Algarve - Patacão (Carmelo deNossa Senhora Rainha do Mundo) -O Carmelo de Nossa SenhoraRainha do Mundo abre as portas aquem quiser rezar pela paz.

* Aveiro - Gafanha da Encarnação(Largo da Igreja Matriz) - Encenaçãoda Paixão de Cristo «Jesus, eis oHomem»

* Aveiro – Sé - Concerto «EcceHomo» pela Escola de Artes daBairrada. Do programa constatambém o ‘Stabat Mater’, de LuísCardoso, e ‘Requiem’, de GabrielFauré.

* Braga - Igreja de Santa Cruz -Exposição «Salve, Crux Sancta»integrada nas solenidades daSemana Santa de Braga

Dia 29 de março* Porto - Santa Maria da Feira -Encenação da «Entrada Triunfal deJesus em Jerusalém» pelo GrupoGólgota, ligado aos MissionáriosPassionistas

* Coimbra - Ferreira do Zêzere(Dornes) - Via-Sacra em Dornes«Uma vela a Jesus».

* Açores - O Serviço Diocesano deApoio à Pastoral Juvenil (SDAPJ), deAngra, lança o jornal «JuventudeAçores 15», no contexto do DiaMundial da Juventude.

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A exposição «Memórias de Conventos Femininos de

Évora» foi inaugurada hoje na igreja do Salvador, emÉvora, e pode ser visitada até 15 de maio 2015.Esta mostra centra-se em quatro conventos femininos,dos oito que existiam em Évora, em 1834, e acabarampor ser demolidos, total ou parcialmente, na sequênciada extinção das Ordens Religiosas. É organizada pelaDireção Regional de Cultura do Alentejo e Cabido daSé de Évora. A Irmandade de Nossa Senhora do Monte doCarmo organiza a Procissão do Triunfo, estedomingo a partir das 16h00, pelas ruas de Tavira,começa na igreja do Carmo. Existem registos quedão conta que esta manifestação religiosacomposta nove andores de talha dourada já serealizava em 1789, pela Ordem Carmelita dacidade de Tavira. A Igreja Católica celebra no Domingo de Ramos 30anos desde que o Papa São João Paulo II desafiou osjovens a viverem o Dia Mundial da Juventude.«Felizes os puros de coração, porque verão a Deus»é o título da mensagem do Papa Francisco.Em Portugal, dioceses e movimentos mobilizam osjovens para encontros de reflexão, oração, convívio epartilha. «Última Ceia, Getsémani e Sinédrio» vai serapresentada pelo Grupo Gólgota, ligado aosMissionários Passionistas, que ofereceoriginalidade e fidelidade nas diversasrepresentações ao longo da Semana Santa.A igreja Matriz de Santa Maria da Feira acolheesta encenação no dia 1 de abril, a partir das13h30.

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POR OUTRAS PALAVRAS

Domingo de Ramos

Deus e os homens abraçados no mesmo amor do Filho: um amor feito deobediência ao Pai e de entrega sem limites, na dor e na solidão.A Paixão é, por isso, ao mesmo tempo, amorosa obediência e sofrimento: oFilho que não volta o rosto à dor é o mesmo que olha nos olhos cadahomem e o chama à vida.Quem se entrega, total e gratuitamente, não fracassa. À quele que sehumilhou, Deus o exaltou: «Jesus Cristo é o Senhor, para glória de DeusPai». João Aguiar Campos

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Podemos forçar alguém a crer emDeus?

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h18Domingo, dia 29 - Madeira:percursos de santidade em500 anos de história. RTP2, 15h30Segunda-feira, dia 30 -Entrevista a frei Miguel deCastro Loureiro sobre a TerraSanta;Terça- feira, dia 31 -Informação e entrevista a AnaVieira sobre a Via-Sacrameditada pelas famílias daSíria;Quarta-feira, dia 01 - Informação e entrevista a freiFilipe Rodrigues, sobre a Semana Santa;Quinta-feira, dia 02 - Informação e entrevista ao padreNuno Ventura sobre o Ano da Vida Consagrada; Sexta-feira, dia 03 - Entrevista a D. António Coutosobre as narrativas das paixão de Cristo. Antena 1Domingo, dia 29 de março - 06h00 - Godspell: falar dafé em linguagem jovem. Segunda a sexta-feira, 30 de março a 03 de abril -22h45 - Quaresma: vivências da irmã Julieta Dias, doSagrado Coração de Maria (30, 31 e 1), Testemunhosde consagrados sobre a importância de Quinta-feiraSanta (dia 2) e Visita a doente, na paróquia do CampoGrande, Lisboa (dia 3)

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Ano B - Domingo de Ramosna Paixão do Senhor Contemplar aCruz, olhar oirmão

O longo Evangelho deste Domingo de Ramos convida-nos a contemplar a paixão e morte de Jesus. Na cruz,revela-se o amor de Deus, esse amor que não guardanada para si, mas que se faz dom total.Quantas vezes a multidão estava perto de Jesus! ParaO escutar, para beneficiar dos seus gestos, paracruzar o seu olhar, para aprender a rezar…A mesma multidão estende os mantos ou os ramos àpassagem de Jesus e grita: “Hossana! Bendito o quevem em nome do Senhor!”Estava esta gente pronta a reconhecer como Reiaquele que teria como trono uma cruz e como coroauma coroa de espinhos?O seu grito era uma aclamação, alguns dias maistarde o seu grito será uma condenação: “Crucifica-O!”Chegou o tempo do silêncio que permite acolher omistério, o mistério do Amor de Deus. Celebrar apaixão e morte de Jesus é abismar-se nacontemplação desse amor.Por amor, Jesus veio ao nosso encontro, assumiu osnossos limites e fragilidades, experimentou a fome, osono, o cansaço, conheceu as tentações,experimentou a angústia e o pavor diante da morte; e,estendido no chão, esmagado contra a terra,atraiçoado, abandonado, incompreendido, continuou aamar.Desse amor resultou vida plena, que Ele quis repartirconnosco “até ao fim dos tempos”: esta é a maisespantosa história de amor que é possível contar, aboa notícia que enche de alegria o coração doscrentes.Contemplar a cruz significa assumir a mesma atitude

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que Jesus assumiu e solidarizar-secom aqueles que são crucificadosneste mundo: os que sofremviolência, os explorados e excluídos,os que são privados de direitos e dedignidade.Olhar a cruz de Jesus significadenunciar tudo o que gera ódio,divisão, medo, em termos deestruturas, valores, práticas,ideologias; significa evitar que oshomens continuem a crucificaroutros homens; significa aprendercom Jesus a entregar a vida poramor. Viver deste modo podeconduzir à morte, mas o cristãosabe que amar como Jesus é viver apartir de uma dinâmica que a mortenão pode vencer: o amor gera vidanova e introduz na nossa

carne os dinamismos daressurreição.Que esta semana seja “santa”. Navida trepidante que levamos,procuremos reservar na nossaagenda alguns encontros precisosque desejamos ter com o Senhor:em cada dia, viver com Ele ummomento de oração, de meditação,de adoração; fixar as celebraçõesnas quais poderemos participar;prever serviços a prestar, visitas afazer... Que a semana seja “santa”nos momentos quotidianos deencontro com Jesus Cristo, semprea contemplar a Cruz e a olhar oirmão.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.pt

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Papa apela à oraçãopelo próximo Sínodo sobre a FamíliaO Papa apelou às comunidadescatólicas de todo o mundo, naaudiência geral desta quarta-feira,para que rezem pelo sucesso dasegunda assembleia do Sínodo dosBispos sobre a Família, que vaidecorrer em outubro deste ano.“Por favor não se esqueçam davossa oração. Toda a Igreja, Papa,cardeais, bispos, sacerdotes,religiosos e religiosas, leigos, todossomos chamados a rezar peloSínodo”, exortou Francisco duranteo encontro com os peregrinos, naPraça de São Pedro.Num dia em que a Igreja Católicacelebrava a festa da Anunciação,evento que deu “início ao Mistérioda Encarnação” de Cristo “não sóno ventre de sua mãe” Maria, “masno seio de uma verdadeira família”,o Papa argentino lembrou todas asfamílias que precisam de apoio eintercessão.Pais, mães, filhos e filhas, avós enetos, todas as pessoas que na suacasa se encontram “aflitas edesamparadas, como ovelhas sempastor”.

Francisco espera que a IgrejaCatólica, “sustentada e animadapela graça de Deus”, por intermédioda oração de todos, “possaempenhar-se ainda mais, e de formamais unida, no testemunho daverdade do amor de Deus e da suamisericórdia por todas as famílias domundo, sem exceção”.Isto porque, recordou, “a ligaçãoentre a Igreja e a Família”, comoficou expressa na Família deNazaré, de Jesus, Maria e José,esse laço é “sagrado e inviolável”.“A Igreja como mãe, nunca iráabandonar as famílias, mesmo asque caiam no pecado ou se afastemda fé. Ela sempre fará tudo para ascurar, as guardar, as convidar àconversão e à reconciliação comDeus”, frisou o Papa.Num encontro com milhares deperegrinos, marcado pela chuva, oPapa argentino recordou também os20 anos da encíclica “Evangelho daVida”, publicada por João Paulo II a25 de março de 1995.Um documento onde, sublinhouFrancisco, “a família ocupa um lugarcentral enquanto âmago da vida

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humana”.“As palavras do meu veneradoantecessor [São João Paulo II]recordam que cada casal humano é,desde o início, uma uniãoabençoada por Deus a fim deformar uma comunidade de amor ede vida, e de abraçar a missão daprocriação”, salientou.O Papa Francisco concluiu a sua

reflexão acerca desta temáticareforçando o convite a todasas pessoas, “mesmo as maisafastadas da oração”, para queintercedam “com amor pela família epela vida”.“Que nesta jornada de oração todossaibam alegrar-se com quem estáalegre e sofrer com aqueles quesofrem”, complementou.

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Ser carmelitaO padre Armindo Vaz, da Ordem dosPadres Carmelitas Descalços,explicou que seguiu o caminho davida consagrada e sacerdócio porcircunstâncias um “pouco fortuitas”,num verão quente de 1955.“Um padre carmelita foi à minhaaldeia a perguntar se havia alguémque queria ir para o seminário. Omeu pai foi interpelado pelo párocoe assim rapidamente como naeleição do Rei David para a Eleiçãodo Povo de Israel, também fuiagarrado um bocadinho peloscabelos para ir para o seminário”,recordou à Agência ECCLESIA.Este sábado, dia 28 de março, aIgreja, e em concreto a famíliacarmelita e teresiana, celebra o Vcentenário de nascimento de SantaTeresa de Jesus.Para o padre Armindo Vaz aherança mais rica que a fundadorada ordem, também conhecida

como Teresa de Ávila, deixou foi o“conjunto dos seus escritos” edestaca três livros, “O livro da vida”;“O caminho da perfeição” e “asmoradas do castelo interior”.“São de riqueza humana e espiritualque não tem comparação com obrasde outros fundadores decongregações ou ordens religiosas”,afirmou.O sacerdote carmelita destaca aindaque a mística espanhola foi “umagrande mulher” do ponto de vistareligioso, cultural e profundamentehumana.“Humana para com todas aspessoas que sentiam-se bem porcontactar com ela. Lidava tanto comas pessoas mais simples, como assuas irmãs religiosas mas tambémcom o Rei D. Filipe II, a grandenobreza e a fina flor da sociedade”,desenvolve o padre Armindo Vaz.

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Cajado de Santa Teresa de Ávilaem PortugalEstá a decorrer em Portugal o“Caminho de Luz”, integrado nascelebrações do V centenário donascimento de Santa Teresa deÁvila, que consiste na possibilidadede ver o cajado que a acompanhouna fundação de 17 conventos emEspanha, 15 femininos e doismasculinos, está a percorrer algunslocais de Portugal como sinalPara o provincial da Ordem dosPadres Carmelitas Descalços, padreJoaquim Teixeira, o “caminho de luztem o objetivo de apresentar àIgreja e ao mundo Santa Teresa deJesus como “mestra de luz”.“A sua experiência intensa de Deus,os seus ensinamentos, os seusescritos são também uma luz paraos nossos dias”, começou porexplicar o padre Joaquim Teixeirasobre “uma mulher que ensina osmestres espirituais”, afirmou ocarmelita. O padre Joaquim Teixeiraobserva que o símbolo do cajadofaz com que as pessoas possam“tocar alguma coisa” porque àsvezes a fé “precisa destasexpressões mais visíveis, maisencarnadas”.

A viagem nacional do ‘Caminho deLuz’ começou no último domingo naBasílica da Estrela, em Lisboa, vaiestar em Fátima, Porto, Braga eSanto Tirso.Para o padre Joaquim Teixeira estapassagem por Portugal tem umsignificado “muito rico” porque SantaTeresa de Jesus “desejou imenso”vir a Portugal fazer uma fundação.“Teresa de Jesus teve uma relaçãode profunda amizade ecorrespondência epistolar com oarcebispo de Évora, D. Teotónio deBragança. Houve grande amizade edeu-lhe apoio para que a reformateresiana fosse implementada emPortugal”, relembrou o sacerdote.

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Teresa de Ávila ajuda a fazerda mística um «tema de rua»Eugénia Magalhães considera que acelebração do V centenário denascimento de Santa Teresa deÁvila, este sábado, é umaoportunidade para descobrir uma“mulher inconformada” e fazer damística “um tema de rua”.Doutoranda em História e Culturadas Religiões, Eugénia Magalhãesinvestiga percursos e textos damística e afirma a necessidade de“mostrar” os místicos para nãoserem esquecidos nem tomadoscomo “algo estranho”.“O meu projeto de vida é tornar amística um tema de rua, um tema deparóquia, um tema da teologia, donosso dia-a-dia, de amigos no cafée não algo estranho e misteriosocom o qual não temos nada a ver”,referiu Eugénia Magalhães.Para a investigadora é fundamentaller os textos místicos, mesmo que“só um bocadinho”, para contactarcom a atualidade do queescreveram e perceber que estárelacionado com o quotidiano."A mística empurra-nosinevitavelmente para sermos

inconformados com o que vivemosno dia-a-dia. Porque a mística é umdiscurso terrivelmente transparentee profundo”, referiu.Eugénia Magalhães considera queas grandes figuras da história sãoas que “fazem uma grande reflexãosobre si próprias e sobre aquilo queas rodeia”.“Não podemos dizer ‘eu acredito’sem fazermos uma reflexão sobrenós próprios e o mundo que nosrodeia”, sublinhou, acrescentandoque esse foi o grande legado deTeresa de Ávila.“É uma mulher muito inconformadacom o seu tempo. De uma grandefidelidade à Igreja, grande amor aCristo e olha à sua volta e pensa noque tem de fazer”, afirmou EugéniaMagalhães.Para a investigadora, a mística deÁvila viveu “tempos difíceis” e,diante de “algo que parecia estável”,resolve “descalçar-se e pôr-se acaminho”, porque “percebeu que oconformismo não leva a ladonenhum”.Eugénia Magalhães, que estuda osmísticos na investigação académica

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para o doutoramento, consideraSanta Teresa de Ávila uma mulherde ação, que a leva “às raízes doEvangelho” para “começar tudo denovo”, o que resultou na fundaçãode 17 conventos.

Santa Teresa de Ávila nasceu a 28de março de 1515 e o V centenáriode nascimento está a ser assinaladopelas congregações teresianas ecarmelitas.

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A difícil tarefa da reconciliaçãona República Centro-Africana

Guerra a preço de saldoNo país onde uma granada custamenos do que uma lata de coca-cola, a paz continua ameaçadapor bandos rivais que seescondem atrás de um falsoconflito religioso. O país está asaque, as pessoas em fuga, asigrejas cheias de refugiados. Sóa reconciliação pode trazer aesperança do fim da guerra.Deste país em lágrimas chegam-nos pedidos de ajuda. República Centro-Africana. EmMarço de 2013, o presidenteFrançois Bozizé, um cristão, foiafastado do poder por uma milíciapredominantemente muçulmana: osSéléka. Desde então, começaram asurgir bandos armados, os anti-Balaka, que a Igreja tem denunciadocomo sendo “ladrões que estão alucrar com a revolta contra osmuçulmanos. Para as populações,pouco importa quem segura osmachados sedentos de sangue ouarrasa casas, igrejas, mesquitas,deixando um rasto de loucura edestruição. Desde o início dostumultos, milhares de pessoas jáperderam a vida e há mais de 1

milhão de refugiados. O caos estáinstalado. Só na capital, Bangui,pelo menos 30 mil pessoas vivemem condições miseráveis noaeroporto, em igrejas e mesquitas.O arcebispo, D. DieudonnéNzapalaiga, confessou à FundaçãoAIS o seu desespero. “No seminárioestão 8 mil pessoas, nos carmelitas,umas 4 mil… Vivem em condiçõesterríveis, estão traumatizados echeios de medo. As suas casasforam destruídas e ninguém temtrabalho…”Armas a preço de saldoMas de onde vêm as armas que têmsequestrado este país? As granadassão da China e da Bulgária. Osmorteiros do Sudão. Os foguetes doIrão. As balas do Reino Unido eBélgica. Espanha e Camarõesfornecem os cartuchos para asespingardas. As granadas podemser compradas a 50 cêntimos,menos do que o preço de umagarrafa de coca-cola no mercado…Quando as armas estão assim, apreço de saldo, a paz tem um custoelevadíssimo. Diz o bispo: “enquantoas armas continuaram escondidas,

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não será possível cortar com esteciclo vicioso de violência. A soluçãoestá apenas no diálogo”.O Arcebispo de Bangui não serefugia em palavras. Há dias, visitouna cadeia um dos líderes dasmilícias anti-balaka. “Deus odeia opecado mas ama o pecador”, disseentão. Foi assim, cheio demisericórdia, que entrou na cadeia eescutou, durante horas, um dosresponsáveis pela onda de violênciaque paralisou o país. Antes de sairda cela, ele virou-se para oarcebispo e confessou: “até agoraninguém tinha vindo visitar-me”.

Para D. Dieudonné Nzapalainga nãose pode desistir da esperança.“Como bispo, sou uma sentinela quese ocupa do seu rebanho – o povode Deus – e procura infundir-lheesperança. Mas o povo de Deus écomposto por todos os homens, nãoapenas pelos cristãos”.A República Centro-Africana está aviver um enorme pesadelo. Faltatudo mas, para este prelado, amaior ajuda que podemos dar é“espiritual”. “Rezem por nós, isso é omais importante”.

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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30 anos de uma cascata de Luze de EsperançaO slogan “Luz de Cristo no coraçãoda Igreja” atrai o meu olhar.Somos testemunhas de quanto essaluz brilhou com S. João Paulo II e decomo essa luz brilhou nas novasgerações.A uma distância de 30 anos do IEncontro do Papa com os jovens nadiocese de Roma, no Domingo deRamos, percebemos que aliencontramos o núcleo original doprojeto pastoral das JornadasMundiais da Juventude (JMJ). Umsonho profético de João Paulo II, umimpulso vital para que, neste novomilénio, a Igreja se descubra e secerque de juventude, e seja plenode Esperança e da Alegria doentusiasmo da Fé.“Vós sois o futuro do mundo, aesperança da Igreja! Vós sois aminha Esperança” disse aos jovenslogo em 22 de outubro de 1978, naspalavras com que iniciou o seupontificado. A beleza da Fé, a Alegria de serCristão, a descoberta da vocação...fervilham neste “Laboratório de Fé”em que se tornaram as JMJ.

As JMJ não são apenas números,mas são expressão de uma Igrejajovem convocada por Cristo,principio de unidade, um ícone deIgreja universal. São os jovens quemelhor vivem a fé em diáspora, nocontexto de uma sociedade querelega a religião para o âmbitoestritamente privado. O Papa sabiaque a Fé (sobretudo a dos jovens)tem necessidade de fazer umaexperiência concreta de comunidadee de comunhão, e isto é ser igreja.Os jovens precisam de saber quenão caminham sós na experiênciade acreditar.Celebrar o Dia Diocesano daJuventude é pois dar continuidade auma história que continua hoje, comnovos protagonistas, onde oMistério é a realidade que vem aonosso encontro, que se nos revela,pois é Deus que toma a iniciativa dese revelar. Se com João Paulo II e nestes 30anos fomos convidados a descobriro Amor, a Alegria que brota doEvangelho, bem como com BentoXVI a afirmar a nossa fé,concretamente este ano, já em

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peregrinação espiritual paraCracóvia, o Papa Franciscoescancara o forte apelo de Jesuspara nos lançarmos, com coragem,na aventura da busca da felicidade…Propõe como guia para o caminhoas Bem-aventuranças. No anopassado, refletimos sobre a Bem-aventurança dos pobres emespírito, este ano refletimos sobre asexta Bem-aventurança: «Felizes ospuros de coração, porque verão aDeus» (Mt 5, 8), para no próximoano refletirmos sobre a Misericórdia.

Como nos recordava D. RinoFisichella, “é a verdade sobre Deuse é a verdade que Deus quis fazerconhecer. A misericórdia é a palavrasíntese do Evangelho. Amisericórdia é o rosto de Jesus;é aquele rosto que nósconhecemos, quando se encontracom todos, quando cura os doentes,quando se senta à mesa com ospecadores públicos e sobretudoquando o pregam na cruz e perdoa:ali encontramos o rosto damisericórdia divina”.

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Ares do campo

Tony Neves Espiritano

Nasci, cresci e volto à aldeia sempre que posso.Lá estão as minhas raízes, as gentes da minhainfância, a Igreja onde fui batizado, a Capelaonde celebrei vezes sem fim, o campo de cultivoonde fui ordenado Padre, os campos ondetrabalhei, os rios onde tomei banho... Aí me sintosempre em casa.A minha família é de agricultores, quer do ladodo pai, quer do lado da mãe. Na minha casasempre houve gado e foi dos campos quetiramos o pão de cada dia e condições mínimaspara todos estudarmos.Os tempos passaram e a agricultura deixou dedar condições para uma família sobreviver.Mantemos os campos, mas são os salários dosmeus irmãos quem aguenta as despesas quesão maiores que os rendimentos. Resta-nos aalegria de ver que os campos estão cultivados,que as galinhas, os coelhos e os cordeiros quecomemos são da nossa quinta, que as alfaces,batatas, cebolas, couves, laranjas, tangerinas,maçãs, peras, ameixas e uvas chegam á nossamesa idos diretamente dos nossos campos epomar. É a única alegria que nos resta, mas saicara aos meus irmãos.Hoje, a agricultura que permite viver exigegrandes espaços e muitos investimentos,havendo garantia, à partida, de que o mercadovai absorver os produtos da colheita. Sim, esse étalvez o maior problema dos agricultores. Sãomuitos os produtos que vão apodrecer no campoou nos armazéns, pois ninguém compra ou sóaparecem as grandes superfícies a oferecer umaninharia pelas colheitas, ainda com adesvantagem de só pagar uns meses

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depois. Em muitos casos, oagricultor paga mais para produzirque o dinheiro que lhe prometempagar no fim de tanto investimento ecanseira.Não tenho soluções para aagricultura. É verdade que énecessária criatividade na escolhados produtos a cultivar e na buscade mercados que os absorvam. Mashá decisões, a este nível, que sópodem ser tomadas pelos governos,quer para apoiar a

produção, quer para regulamentaros mercados. Enquanto tal nãoacontecer, o país vai continuar amostrar a quem passa camposabandonados, florestas queimadase o povo a abandonar o mundo ruralpara se refugiar nas cidades quepouco ou nada têm a oferecer debom a quem chega fugido doscampos.É tão bom viver no campo. Há quecriar condições para que aspessoas ali vivam com dignidade.

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ouem www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

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#tudoaocontrario

Seis mil novos casos de traumatismos cranianos por ano em PortugalDe 22 a 29 deste mês, a Novamente terá a decorrer uma acção desensibilização e angariação de fundos, desafiando figuras públicas,

associados e familiares a inverterem peças de roupa e fotografias nas redessociais, colocando o astag #tudoaocontrario para que tudo culmine no

facebook e site tudoaocontrario.com

Existem 200 mil casos de traumatismo craniano em Portugal, metadedos quais são de vítimas de acidentes rodoviários. O traumatismocrânio-encefálico (TCE) é a maior causa de morte e incapacidade emjovens adultos de todo o mundo, sendo considerado como aepidemia silenciosa pela Organização Mundial de Saúde. AAssociação Novamente aposta na sensibilização para uma melhorcompreensão destes casos, pois um dos maiores danos que o TCEcausa é a reintegração na vida social e ativa.

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