não precisamos sair daqui para viver bem. aqui é o lugar certo

2
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 8 • nº 1800 Agosto/2014 São Raimundo Nonato É na comunidade Melosa a 10 quilômetros da sede do município de Coronel José Dias, no estado do Piauí, que encontramos mais uma deliciosa experiência de convivência com o Semiárido. Essa história quem conta é o agricultor Olímpio Dias de Santana, de 67 anos de idade, esposo zeloso de dona Maria de Fátima, pai de 4 filhas e uma vida inteira dedicada ao amor pela terra e pelas sementes. Sua história nos remete ao pensamento de Che Guevara “Temos nossas mentes e nossas mãos cheias da semente da aurora e estamos dispostos a semeá-la e a defendê-la para que dê fruto”. Seguindo o exemplo da labuta diária de seus pais, seu Olímpio cuida de seu roçado desde cedo... “Desde que me entendo por gente, trabalho na roça, meus pais também já trabalhavam. Mas eu tinha uma visão de que aqui não dava para ter grande plantação de hortaliças e frutíferas porque não tinha água. Sempre gostei da roça, e é o que aprendi fazer. Tinha vontade de plantar essas coisas, mas não acreditava que dava certo. Mas minha visão e minha vida começaram a mudar depois que fui à viagem de intercâmbio de agricultores, no Assentamento Malhada do Inca, no município de Canto do Buriti, aqui mesmo no Piauí. Lá vimos muita coisa bonita, tinha de tudo: verduras, frutas, mandioca, fiquei encantado! Esse intercâmbio foi muito importante porque foi quando me toquei que o projeto dos calçadão era justamente para seguir esse caminho. Vi que é possível sim, produzir e ter uma boa fonte de renda com plantação de hortaliças aqui. E o importante também NÃO PRECISAMOS SAIR DAQUI PARA VIVER BEM. AQUI É O LUGAR CERTO

Upload: articulacaosemiarido

Post on 23-Jul-2016

212 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Na comunidade Melosa a 10 quilômetros da sede do município de Coronel José Dias, no estado do Piauí, encontramos mais uma deliciosa experiência de convivência com o Semiárido. Essa história quem conta é o agricultor Olímpio Dias de Santana, de 67 anos de idade.

TRANSCRIPT

Page 1: Não precisamos sair daqui para viver bem. Aqui é o lugar certo

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 • nº 1800

Agosto/2014

São Raimundo

Nonato

É na comunidade Melosa a 10 quilômetros da sede do município de Coronel José Dias, no estado do Piauí, que encontramos mais uma deliciosa experiência de convivência com o Semiárido. Essa história quem conta é o agricultor Olímpio Dias de Santana, de 67 anos de idade, esposo zeloso de dona Maria de Fátima, pai de 4 filhas e uma vida inteira dedicada ao amor pela terra e pelas sementes. Sua história nos remete ao pensamento de Che Guevara “Temos nossas mentes e nossas mãos cheias da semente da aurora e estamos dispostos a semeá-la e a defendê-la para que dê fruto”. Seguindo o exemplo da labuta diária de seus pais, seu Olímpio cuida de seu roçado desde cedo... “Desde que me entendo por gente, trabalho na roça, meus pais também já trabalhavam. Mas eu tinha uma visão de que aqui não dava para ter grande plantação de hortaliças e frutíferas porque não tinha água. Sempre gostei da roça, e é o que aprendi fazer. Tinha vontade de plantar essas coisas, mas não acreditava que dava certo. Mas minha visão e minha vida começaram a mudar depois que fui à viagem de

intercâmbio de agricultores, no Assentamento Malhada do Inca, no município de Canto do Buriti, aqui mesmo no Piauí. Lá vimos muita coisa bonita, tinha de tudo: verduras, frutas, mandioca, fiquei encantado! Esse intercâmbio foi muito importante porque foi quando me toquei que o projeto dos calçadão era justamente para seguir esse caminho. Vi que é possível sim, produzir e ter uma boa fonte de renda com plantação de hortaliças aqui. E o importante também

NÃO PRECISAMOS SAIR DAQUI PARA VIVER BEM. AQUI É O LUGAR CERTO

Page 2: Não precisamos sair daqui para viver bem. Aqui é o lugar certo

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Piauí

Realização Apoio

é que de lá desse intercambio eu trouxe um feixe de mandioca, não existia mais a semente nessa região. Trouxe um pequeno feixe e plantei com muito carinho. Hoje tenho uma área boa só dessa mandioca! A procura é grande e muitos agricultores daqui de perto já procuram para plantar em suas roças.

A minha cisterna-calçadão foi concluída, em janeiro de 2014, através da Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato e deu tempo pegar a chuva de fevereiro e março e, em menos de um ano, já estou colhendo os frutos. Segui a experiência que vi na viagem de intercâmbio e construi vários canteiros de coentro, tomate, pimentão, mandioca e batata doce. Comecei essa plantação em maio desse ano e só a primeira carga desse tomate deu mais de 300 quilos e vendi o quilo a 3 reais! E a mandioca, nem dá para calcular! Já estou comercializando bastante, vendo de porta em porta, tentei deixar no supermercado, mas eles colocaram preço muito abaixo, não valia a pena. Então vendo de porta em porta e não sobra nada e a procura é grande! E eu estou apenas começando. Pretendo fazer disso aqui um grande pomar. Eu tinha minha plantação, mas não plantava hortaliças porque não tinha água, mas agora com a cisterna- calçadão a tendência é melhorar. Entendi que não precisamos sair daqui para São Paulo ou outro estado para viver bem. Aqui é o lugar certo, só falta incentivo! Nessa viagem, Vi que é possível produzir em qualquer lugar do mundo, basta ter vontade e oportunidade. Foi nessas viagens de troca de experiências que descobri que não é só no estado da Bahia que se produz não, o Piauí também tem condição de produzir e é um produto saudável, sem agrotóxico, é saúde garantida na mesa para todos”.

Ministério do Desenvolvimento Social

e Combate à Fome