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NANCI GARRIDO BUTIN Prevenção ao HIV/Aids para idosos: um caminho a ser percorrido Monografia de Conclusão de Curso apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Como requisito parcial para aprovação no Curso de Especialização em Prevenção ao HIV/Aids no quadro da Vulnerabilidade e Direitos Humanos. Aluna: Nanci Garrido Butin Orientadora: Ms. Mildred Pitman de Castro São Paulo 2011

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NANCI GARRIDO BUTIN

Prevenção ao HIV/Aids para idosos:

um caminho a ser percorrido

Monografia de Conclusão de Curso apresentada à

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Como requisito parcial para aprovação no Curso de

Especialização em Prevenção ao HIV/Aids no quadro

da Vulnerabilidade e Direitos Humanos.

Aluna: Nanci Garrido Butin

Orientadora: Ms. Mildred Pitman de Castro

São Paulo

2011

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NANCI GARRIDO BUTIN

Prevenção ao HIV/Aids para idosos:

um caminho a ser percorrido

Monografia de Conclusão de Curso apresentada à

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Como requisito parcial para aprovação no Curso de

Especialização em Prevenção ao HIV/Aids no quadro

da Vulnerabilidade e Direitos Humanos.

Aluna: Nanci Garrido Butin

Orientadora: Ms. Mildred Pitman de Castro

São Paulo

2011

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Programa DST/Aids do Estado de São Paulo pela oportunidade de aprender

e aprimorar minha vida.

Aos Professores do Curso de Especialização em Prevenção ao HIV/Aids no quadro da

Vulnerabilidade e Direitos Humanos, pela dedicação e sabedoria.

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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

Aos meus pais pelo amor e compreensão da minha ausência.

A orientadora Mildred Pitman de Castro pela paciência, carinho e estimulo para que

superasse minhas dificuldades. Obrigada.

A Prof.ª Dra. Vera Lúcia Valsecchi de Almeida pela amizade e carinho.

E as amigas Dayana Laura de Almeida Zerbinatti e Juliana Risonho de Almeida pelo

apoio.

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RESUMO

O presente trabalho trata de uma revisão da literatura nacional brasileira no período

compreendido entre janeiro de 2000 a outubro de 2011, nas bases de dados da Biblioteca

Virtual em Saúde (BVS) LILACS, MEDLINE, SCIELO e no acervo das bibliotecas da

Universidade de São Paulo e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, cujo

objetivo foi analisar as recomendações sobre as intervenções em prevenção ao

HIV/AIDS na população idosa. Foram analisados 46 trabalhos entre eles artigos, teses,

dissertações e livros. A epidemia de Aids é dinâmica e está em contínua transformação.

Apesar da tendência de estabilização, observa-se desde 1995 o crescimento da faixa

etária acima de 60 anos, ou seja, os idosos. Paralelamente são poucas as ações de

prevenção para este segmento e as medidas estabelecidas não são suficientes para que os

idosos se percebam vulneráveis. Vários fatores foram apontados que contribuem para o

avanço da epidemia neste segmento. Concluindo que é fundamental intensificar as

estratégias de prevenção, as quais devem ser especificas, acessíveis e contínuas. Devem,

também, levar em conta os fatores de vulnerabilidade e promover junto à sociedade

discussão sobre o exercício da sexualidade dos idosos e investir em políticas públicas

que contemplem os direitos deste segmento.

Descritores: “Aids e idosos”, “Aids e envelhecimento”, “Aids e Terceira idade”, “idosos

e sexualidade”, “sexo na terceira idade”, “campanhas de prevenção HIV/Aids e idosos”,

“Aids, vulnerabilidade e idoso”.

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SUMÁRIO

Introdução......................................................................................................................06

Justificativa.....................................................................................................................12

Objetivo...........................................................................................................................13

Metodologia....................................................................................................................14

Capítulo I – A vulnerabilidade ao HIV no idoso........................................................15

Capítulo II - A prevenção ao HIV/Aids para idosos..................................................21

Resultados.......................................................................................................................25

Discussão.........................................................................................................................29

Conclusão........................................................................................................................34

Referências......................................................................................................................37

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INTRODUÇÃO

Desde as últimas décadas do século XX, o crescimento da população idosa no

Brasil tem se apresentado bastante expressivo, superando mesmo as projeções mais

otimistas.

Assim, se em 2000 a parcela dos idosos acima de 60 anos representava na

população total brasileira 8,6%, no Censo de 2010, este número subiu para 10,7%

(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –IBGE, 2010). Em números absolutos,

isto representa mais de vinte milhões de brasileiros com idade igual ou maior de

sessenta anos. Em que pese este aumento, o que se verifica é uma lenta adaptação da

sociedade à nova realidade populacional; adaptação bastante longe do que se poderia

esperar.

O Brasil, antes considerado um País de Jovens, abandona progressivamente este

cenário, vivencia a chamada “transição demográfica”; transição expressa pela queda

das taxas de fecundidade/mortalidade e pelo aumento da esperança de vida.

Dentre os vários fatores que contribuíram para a transição acima mencionada, a

ampliação da rede de saneamento básico somada às novas tecnologias médicas, aos

novos métodos de diagnóstico, prevenção e tratamento das doenças e à

universalização de acesso aos serviços de saúde devem ser sublinhadas (Castro,

2007).

A revisão de literatura sobre idosos, demonstra que a sociedade nega espaços

físicos, sociais e simbólicos para os que envelhecem; a sociedade moderna reafirma,

a todo o momento, que a valorização do homem liga-se a sua capacidade produtiva.

Conseqüentemente, a velhice é apreendida como sinônimo de doença, incapacidade,

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estagnação e morte, ou seja, mitos relacionados ao envelhecimento. Pessoas mais

velhas ainda são vistas como improdutivas e assexuadas. Mas, diante das novas

descobertas e tecnologias da saúde, estes tabus vão aos poucos desaparecendo (Butin,

2002; Almeida, Lourenço, 2007).

Uma das expressões do mito da velhice assexuada é a presença e o aumento da

Aids, em idosos, síndrome inicialmente presente em categorias sociais específicas1 (a

exemplo de homossexuais e drogadependentes) e que se “democratizou”,

manifestando-se entre heterossexuais, pessoas de diferentes condições

socioeconômicas, gênero e cortes etárias2. Com isto, o mito da velhice assexuada

desdobra-se, não poucas vezes, na presença, entre idosos, da Aids, epidemia típica

dos tempos modernos e não confinada aos não idosos (Sousa et al., 2009).

Por tratar-se de uma doença até o momento incurável e ainda ligada a

comportamentos sociais considerados “desviantes”, ela encontra-se envolvida e

recoberta por estigmas e preconceitos. Do modo de infecção à ameaça iminente de

morte as idéias pré-concebidas parecem atenuar-se apenas nos casos de infecção por

transfusão de sangue. Nestes casos, os estigmas cedem lugar a atribuição de “vítima”

ao portador (Butin, 2002).

Do mesmo modo como nosso ideário é habitado por imagens que identificam

velhice com incapacidade e inatividade, a Aids também surge, no ideário, como

sinônimo de doença de jovens. Quando as duas condições se cruzam - velhice e Aids

- tanto a sociedade, como os próprios idosos ignoram os riscos de se infectar pelo

HIV.

1 Denominadas de “grupos de risco”.

2 Esta alteração levou à supressão da expressão “grupos de risco” e à adoção de outra:

“comportamento de risco”.

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Entende-se que esta identificação é igualmente importante para a formulação de

projetos que possibilitem a prevenção da epidemia nesta faixa etária.

Apesar da tendência de estabilização da epidemia, observa-se que desde 1995

houve um crescimento da incidência na faixa etária de 60 a 69 anos (Matsushita;

Santana, 2001). E este crescimento vem se mantendo, como pode ser visualizado na

Tabela abaixo:

Tabela 1 - Casos de aids notificados no Sinan declarados no SIM e registrados

no Siscel/Siclom segundo sexo e faixa etária por ano de diagnóstico no Brasil –

1980 a 2010

SEXO ANO

1980-2000 2001-2005 2006-2010 TOTAL

Masculino 3502 2955 3639 10096

Feminino 1299 1749 2456 5504

TOTAL 4801 4704 6095 15600

FONTE: Boletim Epidemiológico Aids - 2010

NOTA: Sinan e Siscel até 30/06/2010 e SIM de 2000 a 2009.

A epidemia da Aids é dinâmica e está em contínua transformação.

Na atualidade, ela também atinge os heterossexuais, principalmente as mulheres,

os jovens, os índios e os idosos (Boletim Epidemiológico Aids - 2010).

As ações públicas e a mobilização de importantes setores da sociedade civil

contribuíram para o decréscimo nas taxas de infecção na categoria de “homens que

fazem sexo com homens” (HSH) e os politransfundidos.

Assim como, a estratégia de redução de danos entre os usuários de drogas

endovenosas contribuiu para o controle da epidemia nesta população.

Mas houve um aumento progressivo da infecção entre heterossexuais,

principalmente entre as mulheres esse aumento foi significativo (Szwarcwald et al.,

2000; Santos et al., 2009). No início da epidemia a maior parte dos casos era de

homens, na medida em que a epidemia foi evoluindo houve o aumento do número de

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casos em mulheres, a relação masculino/feminino foi diminuindo (Araújo et al.,

2007; Pottes et al., 2007; Godoy et al. 2008; Sousa et al., 2009, Silva S et al., 2010,

Rodrigues, 2011), mantendo-se estável desde 2002 em 1,5 homens para 1 mulher

(Boletim Epidemiológico Aids - Dados Preliminares até 30 de junho de 2010).

Assim, a Aids atinge populações específicas, mas vem se diversificando em

outras populações (Sousa et al., 2009); do mesmo modo, ela não se encontra

confinada aos centros urbanos: ela se interiorizou.

Atualmente existe uma heterossexualização e feminilização da doença.

Entretanto, por outras características ou subprodutos da modernidade, novas

populações – dentre elas os idosos – passaram, em curto período de tempo, a

defrontar-se com a Aids. Estudos realizados por Matsushita e Santana (2001)

revelam um aumento da incidência nos indivíduos com mais de 50 anos e levantam,

como hipóteses para a alteração no processo evolutivo da incidência, os seguintes

fatores de vulnerabilidade:

- Pouca noção de risco e a não adoção de práticas sexuais seguras;

- Populações mais susceptíveis estão expostas, como as mulheres;

- Utilização de terapias eficazes que prorrogam o estabelecimento e a

notificação da doença;

- Ampliação da expectativa de vida ao nascer;

- Atividade sexual prolongada devido ao avanço de novas tecnologias e

farmacologia nesta área, como os tratamentos para a impotência sexual e

reposição hormonal;

Também existem, atualmente, maiores oportunidades sociais; oportunidades que

repercutem sobre a melhoria da qualidade de vida da população.

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Pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, em 2003, revelou que 39% das

pessoas acima de 60 anos (fase em que se inicia a Terceira Idade, em países em

desenvolvimento, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS)) são

sexualmente ativas.

Como algumas questões culturais estão cristalizadas – a exemplo da infidelidade

e da multiplicidade de parcerias na vida dos homens – muitas pessoas com 60 anos e

mais não praticam sexo seguro porque isso nunca fez parte do seu cotidiano. Como

resultado de uma construção social de gênero, não são poucos homens idosos que

expõem suas esposas à Aids. Esposas que ocupando uma posição socialmente

desfavorável, fica difícil negociar o uso do preservativo, de realizar pactos de

lealdade e renunciar às relações que as coloquem em vulnerabilidade (Saldanha,

2003).

Como a sexualidade nesta faixa etária ainda é tratada como tabu tanto pelos

idosos como pela sociedade, a possibilidade de uma pessoa idosa ser infectada pelo

HIV parece ser invisível para ambos (Vieira, 2004). Esses aspectos fazem com que a

sociedade e os próprios idosos vejam a Aids como doença do outro, além de

contribuírem para crença da impossibilidade de contaminação. O paradoxo reside,

portanto, no aumento da expectativa de vida que, relacionado ao desenvolvimento de

recursos científicos, sociais entre outros, resulta na melhoria da saúde dos idosos,

ampliando a capacidade de atuação destes (Butin, 2002).

Portanto, a Aids é, no sentido perverso do termo, uma epidemia “democrática”;

que nivela todos, sem discriminar faixa etária, sexo, nível social, atividade

profissional, raça ou credo.

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Com relação à prevenção, podemos dizer que existem poucas campanhas

direcionadas a Aids na velhice, o que contribui para que essa população seja menos

informada a respeito do HIV (Araújo et al., 2007) e esteja vulnerável.

Somente em 2005, foi veiculada na mídia a primeira campanha para esse

segmento etário. E estas não estão conseguindo alcançar esta população, pois os

idosos não se consideram vulneráveis quanto às doenças sexualmente transmissíveis

(Leite et al., 2007).

Como as estratégias de prevenção são universais, muitas ações educativas ainda

pautam por passar as informações técnicas, não levando em conta os aspectos

culturais (preceitos, códigos, preconceitos, relações de poder, de gênero, de

identidades) e outros fatores de vulnerabilidade e Direitos Humanos (Meyer; Félix,

2010).

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JUSTIFICATIVA

Dados epidemiológicos e estudos revelam a vulnerabilidade da população idosa

frente à infecção pelo HIV (Godoy et al., 2008, Leite et al., 2007). Paralelamente são

poucas as ações de prevenção para este segmento e as medidas estabelecidas não são

suficientes para que os idosos se percebam como vulneráveis.

A Aids na velhice é mais do que uma doença, envolve dimensões individuais,

sociais, morais, religiosas, éticas, culturais, de saúde e de outras políticas públicas.

Nisto residiu o interesse de tratar o tema, pois, urge a necessidade de implementar

políticas que contribuam para nortear as ações e a relevância da prevenção como

intervenção, uma vez que a literatura nacional acerca deste assunto ainda é escassa. E

no caso da aids, a abordagem preventiva ainda é uma das soluções para conter o

avanço da epidemia.

A identificação de como estruturar trabalhos de prevenção é de importância

fundamental para os profissionais que devem buscar, na área da saúde, soluções para

a transformação dos mitos que dissociam o envelhecimento e a Aids.

O presente trabalho pretende, portanto contribuir para as ações de prevenção

com idosos no Brasil e desenvolver algumas reflexões sobre as noções socialmente

errôneas e deformadas, além de pontuar a necessidade de reformulá-las, pois, como

lembra Jack Messy (1993) “o desejo não tem idade”.

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OBJETIVO

Analisar na literatura existente, as recomendações sobre as intervenções em

prevenção do HIV/Aids na população idosa Brasileira e contribuir para a redução da

vulnerabilidade.

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METODOLOGIA

O trabalho consistiu na revisão de literatura que teve como fontes: livros,

artigos, monografias, dissertações, teses e revistas técnicas e cientificas no período

compreendido entre janeiro de 2000 a outubro de 2011.

As buscas foram realizadas nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde

LILACS, MEDLINE, SCIELO e no acervo das bibliotecas da Universidade de São

Paulo e Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

O material analisado subsidiou a elaboração de idéias na construção deste

trabalho, com a finalidade de analisar qualitativamente as literaturas cientifica e

técnica nacionais, com o intuito de discutir questões relacionadas a prevenção,

vulnerabilidade e aids na terceira idade.

Os descritores utilizados na busca foram: “Aids e idoso”, “Aids e

envelhecimento”, “Aids e Terceira Idade”, “idosos e sexualidade”, “sexo na terceira

idade”, “campanhas de prevenção HIV/Aids e idosos”, “Aids, vulnerabilidade e

idoso”.

Foram relacionadas categorias como vulnerabilidade e prevenção a fim de

averiguar como se compreende a exposição do idoso ao HIV e as ações de prevenção

destinadas a este segmento etário até o momento, por ser necessário identificar os

fatores que possam auxiliar na elaboração de estratégias de prevenção.

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CAPITULO I

A VULNERABILIDADE AO HIV NO IDOSO

Na atualidade, a Aids pode ser considerada como uma importante questão de

saúde pública. Doença dinâmica, apresentando-se em contínua transformação,

motivando a sua investigação (Saldanha et al., 2008). Ela atinge, hoje, grupos e

categorias sociais que antes lhe eram estranhos.

Dentre as explicações para a via de transmissão, surgiu o termo: “grupos de

risco” para nomear a diversidade de categorias predispostas à infecção; e após 10

anos a denominação “comportamento de risco” para denominar as situações de

transmissão que são especificas e depende de comportamentos individuais.

Atualmente o termo “vulnerabilidade”, conceito que amplia a compreensão do

modo de infecção pelo HIV, considera que a possibilidade de contrair o vírus

ultrapassa a dimensão individual, de adotar ou não um comportamento que o expõe

ao risco. E sim que, uma soma de fatores torna o indivíduo ou a comunidade mais ou

menos expostos a um adoecimento ou agravo: fatores individuais, condições

culturais, sociais e econômicas (acesso a recursos) e programáticos que se integram,

considerando os contextos dos indivíduos (Ayres et al., 2010).

Na dimensão individual, dependendo da história de vida, dos recursos pessoais,

emocionais e o estado de saúde, toda pessoa é virtualmente vulnerável ao HIV.

O contexto que ela está inserida e suas relações, conjugada com a dimensão

social, como a ausência de proteção aos direitos políticos, civis, econômicos, sociais

e a programática (as políticas e as qualidades dos serviços existentes de combate a

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Aids e outros e a eficácia destes) são fatores que possibilitam a vulnerabilidade da

população (Ayres et al, 2010).

Nos idosos vários fatores de vulnerabilidade devem ser levados em

consideração, a exemplo do aumento do número de pessoas que, na velhice, se

encontram em condições físicas e psicológicas adequadas, apresentando maior

capacidade de atuação, do avanço das medicações para a disfunção erétil e da

reposição hormonal para as mulheres (Vasconcellos et al., 2004; Prilip, 2004;

Oliveira et al., 2008), a falta de informação e as crenças errôneas que os idosos

possuem sobre a sua sexualidade.

No caso das mulheres soma-se a diminuição da lubrificação vaginal, que pode

acarretar dor e pequenos traumatismos durante a relação sexual aumentando o risco

da infecção pelo ao HIV (Castro, 2007).

Na dimensão individual, relacionado ao social, o amor e as questões de gênero

(ser mulher, heterossexual, monogâmica) são fatores de “proteção” para as mulheres

e nas idosas estes fatores são mais presentes que entre as jovens (Lima, 2006).

Na dimensão social, a vulnerabilidade possui relação direta com as disposições

estabelecidas (o que não significa imutáveis) sobre a vivência da sexualidade na

velhice, dos sinônimos que os caracterizam como improdutivos e doentes (Almeida;

Lourenço, 2007) e outras condições, como os direitos sociais.

Pesquisa realizada por Butin (2002), revelou que a soropositividade nos idosos

explicita o que estaria “escondido”, dificultando discussões e reflexões sobre o

exercício da sexualidade, da prevenção e alimentando a crença de que, com a

chegada da velhice, os indivíduos tornam-se assexuados, tornando-se imunes à

infecção pelo HIV. A concepção de que a sexualidade é um “privilégio dos jovens”,

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contribui para que o idoso permaneça excluído das ações de prevenção das DST e

Aids (Sousa, 2008).

A concepção de que os idosos não possuem vida sexual ativa (Oliveira et al.,

2006; Sousa et al., 2009; Silva J et al., 2010) ou que são monogâmicos, é igualmente

partilhada pelos profissionais de saúde; profissionais que ignoram, também, o uso de

drogas pelos idosos (Oliveira et al., 2006), principalmente injetáveis (Feitoza et al.,

2004), possibilidade esta também negada pela sociedade.

Assim, esse quadro, contribui para a demora na identificação do diagnóstico da

Aids em idosos; as equipes de saúde, mesmo diante de indícios da presença do HIV,

levam muito tempo para solicitar o exame específico (Prilip, 2004; Brasileiro,

Freitas, 2006; Zornitta, 2008).

No repertório social sobre o idoso a possibilidade de infecção inexiste, já que ele

emerge como quem perdeu a capacidade de ser desejado.

Como refere Sontag (1989):

Tal como a Sífilis, a Aids é uma doença concebida como um

mal que afeta um grupo perigoso de pessoas “diferentes” e

que por elas é transmitido, e que ataca os já estigmatizados

numa proporção ainda maior do que ocorria no caso da sífilis.

Assim, os estereótipos que cercam a velhice contribuem, portanto, para o

aumento da vulnerabilidade do idoso ao HIV (Provinciali, 2005; Ribeiro, Jesus,

2006).

De característica dinâmica, a Aids desde seu aparecimento vem atingindo a

população, independente de sua raça (ou cor), sexo, idade, classe social e nível de

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escolaridade, religião (Brasileiro, Freitas, 2006; Araújo et al., 2007; Saldanha et al.,

2008).

Dados epidemiológicos revelam que a categoria de exposição ainda em ascensão

é a sexual, para todas as faixas etárias e para ambos os sexos e o crescimento da faixa

etária de 50 anos ou mais (Saldanha et al., 2008, Toledo et al., 2010), principalmente

às mulheres (Vasconcelos et al., 2001; Araújo et al., 2007).

Na faixa etária de 60 anos e mais, a principal via de contágio pelo vírus se deu

através de relação sexual (Brasil, 2009); estudos demonstram que mesmo assim uma

grande maioria não adotou o uso do preservativo o que contribui para a evolução da

epidemia (Gross, 2005; Bertoncini et al., 2007; Araújo et al., 2009).

Na dimensão Programática, a mensagem de prevenção veiculada ao longo dos

anos foi destinada ao público em geral, os idosos permaneceram à parte,

principalmente às mulheres mais velhas, colaborando assim, para a baixa percepção

do risco (Castro, 2007; Rodrigues, 2011). Assim, a invisibilidade destes torna mais

difícil os programas destinarem ações de prevenção aos idosos, de forma a

proporcionar que estes se visualizem em risco para contrair o HIV. Também os

programas DST/Aids, por diversos motivos, como escassez de vários tipos de

recursos, tem causado um impacto na continuidade das ações (Paiva et al., 2006;

Araújo et al., 2007), dificultando assim, a acessibilidade da população. População

esta que também é empobrecida de bens econômicos, sociais e educacionais.

Assim, as poucas ações dirigidas a esta faixa etária em todas as instâncias

governamentais colabora para que os idosos não se percebam em risco (Provinciali,

2005).

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As medidas de prevenção, como estímulo ao uso do preservativo, ficam

prejudicadas também por uma certa resistência dos idosos, por existir a crença de que

se pode perder a ereção e que é desnecessário seu uso por não gerarem mais filhos,

além do mito de que a relação estável reduz o risco de contrair doenças e pelo

conceito equivocado de que as doenças sexualmente transmissíveis acometem os

mais jovens (Santos; Assis, 2011). Há que se considerar também o fato que os idosos

de hoje são de uma geração que não aprendeu a fazer uso do preservativo (Sousa et

al., 2007), o que dificulta a percepção da necessidade do seu uso (Silva, 2009;

Gorinchteyn, 2010). Como a não adesão do preservativo aparece também nos idosos

já diagnosticados com o HIV (Bertoncini et al., 2007; Araújo et al., 2009), evidencia-

se a necessidade de desmistificar esta tecnologia que é, na atualidade, uma das

ferramentas no momento eficaz.

A pobreza e a pouca escolaridade também dificulta a compreensão e o acesso à

informação. A estas se somam às crenças religiosas que podem dificultar a

incorporação da informação pelo indivíduo (Leite et al., 2007).

O desenvolvimento da indústria farmacêutica, de medicamentos orais, injeções,

próteses, ao lado do avanço na terapia de reposição hormonal visam melhorar a vida

sexual e oferecer mais prazer (Saldanha et al., 2008). Dentre os citados, a medicação

para a disfunção erétil foi a que possibilitou nova vitalidade e mais práticas sexuais

nos homens idosos (Sousa, 2008; Gorinchteyn, 2010). No entanto, as tecnologias

mencionadas não estimulam o sexo seguro e nem informam sobre as possíveis

conseqüências do uso das medicações e sobre o risco de contrair HIV pela via sexual.

(Cruz, 2004; Zornitta, 2008).

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Estes fatores também contribuem para uma feminização da epidemia; tanto entre

idosas, como na outras faixas etárias (Sousa et al., 2009), assim existe a necessidade

de respostas mais diretas e específicas as mulheres idosas (Saldanha et al., 2008;

Souza et al., 2009).

A partir da constatação das práticas sexuais em idosos, se faz necessário que as

políticas de prevenção as DST/Aids incluam este segmento, observando suas

especificidades para que as estratégias sejam eficientes e eficazes (Saldanha et al.,

2008).

Para isso, combater e superar os muitos estigmas e estereótipos relacionados à

velhice e à Aids é fundamental; urge que os idosos sejam percebidos como parte da

sociedade, assim, sejam de fato incluídos pelas políticas públicas (Saldanha et al.,

2008) e a compreensão de que oferecer condições para que o idoso exerça sua

sexualidade de um modo consciente e seguro é para assegurar o direito à saúde.

A vulnerabilidade desta faixa etária deve ser considerada para que se trabalhe

com estratégias de prevenção e de promoção (Ribeiro, Jesus, 2006; Andrade et al.,

2010), o que constitui um desafio para as equipes interdisciplinares, considerar o

idoso no contexto da integralidade, oferecer visibilidade a este segmento com

práticas alicerçadas na atenção psicossocial (Godoy et al., 2008; Santos, Assis,

2011).

Apesar da criação da Política Nacional de Saúde da pessoa idosa e do Estatuto

do Idoso, que reafirmam que os direitos estão assegurados nos diversos níveis de

atenção à saúde, de autonomia, integração e participação na sociedade, e do Pacto

pela Saúde 2006, no eixo saúde do idoso, ainda é grande à distância que separa o que

foi preconizado da realidade.

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CAPITULO II

A PREVENÇÃO AO HIV/AIDS PARA IDOSOS

Desde o início da epidemia, as estratégias de prevenção foram voltadas para as

populações consideradas de risco. Atualmente se fala em populações vulneráveis.

Mas, geralmente as ações costumam ignorar o contexto no qual os indivíduos estão

inseridos, as condições socioeconômicas e culturais, os recursos programáticos

existentes e outros fatores facilitadores da vulnerabilidade.

As primeiras campanhas, e também as atuais ainda enfatizam os jovens e os

adultos em idade reprodutiva o que pode contribuir para que os idosos não se vejam e

não sejam vistos como vulneráveis ao HIV (Pottes et al., 2007; Leite et al., 2007;

Sousa, 2008).

Estudos demonstram que os idosos possuem a informação de que o preservativo

impede a transmissão do HIV, porém não o utilizam, conforme Leite et al. (2007),

Bertoncini et al. (2007), Lazzarotto et al. (2008), Silva (2009) e Pereira e Borges

(2010). Indicando que possuem um certo conhecimento sobre a aids, mas não o

suficiente para que adotem medidas de prevenção.

A não utilização ou o uso irregular do preservativo pode estar relacionado, entre

outros, à educação pregressa sobre o método preventivo e assim não saber usar o

insumo, pela crença da perda da ereção e da sensibilidade, ao término da fase

reprodutiva (Prillip, 2004) e à crença de que os relacionamentos afetivos e/ou

monogâmicos conferem imunidade (Rodrigues, 2011). O que pode significar a

crença de que a aids ainda está associada a “grupos de risco”.

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Assim, o conhecimento racional não é suficiente para adoção do uso do

preservativo, recolocando-se, com muita freqüência, a tendência de projetar o ruim

para o outro: o “outro” está em risco, então a aids, é sempre a “doença” do “outro”

(Butin, 2002; Rodrigues, 2011).

Reafirma-se, também, como os papéis sexuais estão culturalmente solidificados.

Em termos socioculturais, os papéis “masculino” e “feminino” estão definidos: o

homem é o sexo forte, a mulher é fraca e sujeita a dominação. Em uma cultura que a

exemplo da brasileira, enfatiza o “machismo”, os homens possuem poder sobre o

comportamento sexual das mulheres; estas, por seu lado, não exercem nenhuma

influência e nenhum direito à experiência sexual dos parceiros (Parker, 2000). Veta-

se à mulher o questionamento da fidelidade, e quando esta possui uma relação

estável, uma espécie de pacto silencioso da confiança diminui a percepção do risco

(Saldanha, 2003; Gorinchteyn, 2010). No que tange a possibilidade de traição, as

mulheres idosas vêem os comportamentos masculinos como “naturais”. E aceitam,

assim, o fato de seus companheiros manterem relações com outras mulheres, o que

não implica na adoção de medidas de proteção, pois se acreditam “imunes” (Butin,

2002). Quando a infidelidade se confirma adotam o uso do preservativo até o término

da situação da traição. E mesmo que as mulheres discordem do comportamento

masculino, a falta de recursos materiais, sociais, emocionais, impedem a negociação

do uso do preservativo (Rodrigues, 2011). Também o mito do amor romântico no

qual a cultura idealiza, favorece o não uso do preservativo com seus parceiros

(Saldanha, 2003).

Os homens são menos favoráveis a adotar comportamentos preventivos e cuidar

da saúde (Castro, 2007), e nos idosos a percepção da condição de não mais ser capaz

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de reproduzir contribui para a percepção de que medidas de proteção são

desnecessárias.

Também o comportamento sexual privado do homem não necessariamente é

igual a sua identidade pública de heterossexual. Os relacionamentos seguem a visão

masculina. (Mota, 1998). Entre os homens, a prática homossexual eventual está

associada ao poder cultural que lhes é conferido. A homossexualidade ainda é

tratada, como “doença” ou algo que foge da “norma”, e como tal precisa ser

escondida (Brasileiro; Freitas, 2006).

Em termos culturais, o binômio “velhice e homossexualidade” não coexistem, o

que contribui para que o idoso homossexual seja duplamente estigmatizado (Correia,

2009). Muitos mantêm a prática bissexual e também às vezes os idosos procuram se

relacionar com pessoas mais jovens, para poder provar que ainda são capazes de

atrair outra pessoa (Gorinchteyn, 2010).

Também a educação da geração dos idosos de hoje, foi repressora do exercício

da sexualidade (Coelho et al., 2010). E as mulheres são as que mais sofreram pela

rigidez (Almeida, Lourenço, 2007; Costa, 2008), portanto mais influenciadas pelas

crenças errôneas e assim, desconhecem a sua sexualidade.

Na abordagem preventiva, todas as pessoas são vulneráveis; assim, quando as

políticas de saúde, não contemplam esta visão contribuem para solidificar os

estigmas sociais e violar o direito à saúde, no caso dos idosos, sem informações

específicas, dificulta ainda mais a percepção destes a exposição ao vírus (Leite et al.,

2007; Zornitta, 2008).

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Em 2008 e 2009 campanhas do Programa Nacional DST/Aids, objetivaram

alertar os adultos maduros e idosos sobre o uso do preservativo nas relações sexuais

(Silva, 2009). Mas, não se mostraram suficientes para a conscientização destes.

Estas e outras campanhas não possuem uma abordagem que os idosos se

identifiquem com as mensagens veiculadas, dificultando a mudança de

comportamentos e conhecimentos fundamentados. Elas precisam ser mais diretivas e

abarcar as várias realidades dos idosos no País, principalmente no que tange a

escolaridade, pois dados demonstram uma elevação do número de casos de Aids em

indivíduos com pouca escolaridade (Vasconcelos et al., 2001; Cruz, 2004; Bertoncini

et al., 2007; Toledo et al., 2010).

As estratégias de prevenção devem ir além da informação (Brasileiro; Freitas,

2006); devem favorecer a criação de espaços para reflexão, que possam desconstruir

mitos, crenças e percepções que fazem parte do imaginário grupal e/ou comunitário.

As ações devem estimular também o diagnóstico precoce, a prevenção

secundária e apoio aos idosos que já vivem com HIV/Aids (Gross, 2005; Brasileiro,

Freitas, 2006; Pottes et al, 2007).

Promover discussões e trabalhar com a comunidade que lida e convive com os

idosos portadores ou não do HIV, como por exemplo, os profissionais de saúde, da

educação, das políticas sociais, familiares e cuidadores para que se reconheçam as

potencialidades, o valor e as vulnerabilidades deste segmento (Silva J et al., 2010).

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RESULTADOS

Foram analisados 46 trabalhos referentes ao tema HIV/Aids e idosos. Na busca

se evidenciou poucos trabalhos publicados de prevenção com idosos. Isso denota um

caminho a percorrer, a fim de incentivar estudos sobre este tema, que podem

contribuir para a construção de estratégias que diminuam o risco desta faixa etária.

Dentre as publicações analisadas, verificou-se que o aumento gradativo da

incidência de idosos com o HIV, deve-se a vários fatores de vulnerabilidade e que

ações podem ser desenvolvidas, desde que se derrubem mitos associados a esta fase

da vida (Pottes et al., 2007; Castro, 2010; Santos, Assis, 2011).

Os fatores apontados pelos autores como o aumento da expectativa de vida ao

nascer, das tecnologias para melhorar as dificuldades da atividade sexual,

insuficiência de ações preventivas sobre as DSTs, o não reconhecimento dos idosos

ao risco e assim o não uso do preservativo e a invisibilidade da vida sexual nesta

idade pelo preconceito são os que contribuem para o avanço da epidemia nesta

população (Prilip, 2004; Feitoza, et al., 2004; Gross, 2005; Ribeiro, Jesus, 2006;

Bertoncini et al., 2007; Pottes et al., 2007; Zornitta, 2008; Batista et al., 2011).

Mesmo com toda a tecnologia para a vida sexual saudável e as mudanças

culturais, constatou-se que não foram suficientes para quebrar o mito da velhice

assexuada (Sousa, 2008; Leite et al., 2007). As medicações disponíveis para uma

vida sexual ativa, não alertam para a prática do sexo seguro (Zornitta, 2008). Estudos

demonstram que estas aumentaram a qualidade e o número de relações sexuais em

maiores de 50 anos, mas, não aumentou o uso de preservativos (Feitoza et al., 2004;

Bertoncini et al., 2007).

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A desigualdade de gênero na nossa cultura é outro fator de vulnerabilidade,

historicamente a mulher é submissa em relação ao homem, independente da faixa

etária e a decisão de usar ou não o preservativo é do homem (Mota, 1998; Saldanha,

2003). A cultura do “machismo” permite que o homem tenha relações extras

conjugais e não adote o uso do preservativo, pois não faz parte do seu repertório.

Portanto, para implantar ações de prevenção, deve-se considerar as relações de

gênero enquanto relações de poder (Saldanha, 2003; Santos et al., 2009). E nas

mulheres idosas soma-se a vulnerabilidade biológica, pois, após a menopausa com a

diminuição da lubrificação vaginal, facilita o risco de infecção (Gross, 2005).

Os profissionais de saúde, também não percebem a vulnerabilidade do idoso,

assim, não solicitam o exame anti-HIV e também não orientam sobre as DSTs e a

Aids (Batista et al., 2011). Também contribuindo para o diagnóstico tardio a visão

dos profissionais que associam as queixas e sintomas como inerentes a esta fase da

vida (Feitoza et al., 2004; Prilip, 2004; Gross, 2005; Brasileiro, Freitas, 2006;

Zornitta, 2008; Santos, Assis, 2011).

Pesquisas apontam que os profissionais, também não consideram o uso de

drogas injetáveis como um risco de contrair o vírus nesta população (Pottes et al.,

2007) e que os conceitos na associação aids e velhice ainda são carregadas de

preconceitos (Oliveira et al., 2006).

Daí a importância da sensibilização dos profissionais da área da saúde, para que

atentem as questões da sexualidade, do uso de drogas, as questões de gênero, outros

fatores culturais e dos seus próprios valores e noções. E também é importante

identificar os sinais e sintomas que os idosos apresentam, que podem indicar a

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infecção pelo HIV, e que muitas vezes são confundidos com o processo de

envelhecimento (Gross, 2005).

Profissionais qualificados tanto para ações educativas mais direcionadas e

contínuas que proporcione maior conscientização, tanto para a assistência aos idosos

infectados e os não infectados, é condição para a contribuição na diminuição da

infecção do HIV nesta população (Brasileiro; Freitas, 2006; Bertoncini et al., 2007;

Souza et al., 2009; Alencar, Ciosak, 2010).

A falta de campanhas de prevenção direcionadas (Oliveira et al., 2006; Araújo et

al., 2007) é outro fator que contribui para que estes não sejam informados e assim

não se percebam em risco (Feitoza et al., 2004). Também a falta de conhecimento

contribui para a formação de crenças incorretas (Lazzarotto et al., 2008).

As Campanhas dirigidas para a informação e prevenção à Aids para esta faixa

etária foram tardias, não suficientes e com pouca continuidade (Santos; Assis, 2011).

Em Brasília está em tramitação, na Câmara de Deputados, o Projeto de Lei

5187, do deputado Carlos Nader (PL-RJ), que propõe uma campanha definitiva e

obrigatória de prevenção à aids para os idosos; pelo projeto, a campanha deve

circular no mínimo duas vezes por ano na mídia em geral. O acesso a campanhas é

apenas uma dentre outras estratégias de prevenção.

As ações de prevenção devem levar em conta o contexto no qual o individuo

está inserido e sua escolaridade (Batista et al., 2011), considerando a sua totalidade.

As práticas devem ser direcionadas para a reflexão do sujeito sobre seu papel, as

relações vividas e proporcione autonomia para suas escolhas (Edmundo; Mercadante,

2010).

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E também a forma de conduzir as discussões dos temas sexualidade e saúde

sexual devem ser cuidadosas com respeito à intimidade do idoso, considerando que

as pessoas são singulares e que vivem em diferentes contextos.

Na literatura, as recomendações apontam que se faz necessário intensificar as

estratégias de prevenção e que estas devem ser específicas, direcionadas aos idosos

(Gross, 2005; Perez, Gasparini, 2005; Leite et al., 2007; Sousa et al., 2007; Godoy et

al., 2008; Bertoncini et al., 2008; Lazzarotto et al., 2008; Sousa et al., 2009; Pereira,

Borges, 2010; Batista et al., 2011), mais acessíveis, contínuas, que pautem em

desconstrução de noções errôneas que ainda existe sobre a doença (Zornitta, 2008) e

dos estigmas acerca da sexualidade na velhice (Oliveira et al, 2008; Sousa, 2008).

Os fatores de vulnerabilidade são interligados e às vezes não há como conceituar

separadamente, já que o conjunto proporciona o indivíduo estar mais ou menos

exposto a infecção pelo HIV.

A implementação de políticas públicas de saúde que considerem os vários

fatores de vulnerabilidade dos idosos é essencial para conter o crescimento da

epidemia nesta população (Araújo et al., 2009), para isso parcerias intersetoriais e

intrasetoriais são imprescindíveis, para as estratégias de prevenção, promoção e

inclusão dos idosos na sociedade sejam realmente possíveis (Paz et al., 2006;

Brasileiro, Freitas, 2006; Pottes et al., 2007; Zornitta, 2008).

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DISCUSSÃO

Há trinta anos se convive com a epidemia da Aids e ainda ela está atrelada a

“grupos de risco”. As pessoas não se vêem como vulneráveis a infecção, ainda a

epidemia é percebida como a “doença do outro”, assim não se previnem (Prilip,

2004). O preconceito que ainda paira sobre a doença é que atingem os grupos de

risco, pessoas promíscuas e assim o indivíduo é responsável por sua infecção

(Zornitta, 2008). Atualmente a tendência da epidemia é de heterossexualização,

feminização e interiorização, atingindo as camadas menos favorecidas, os jovens e os

maiores de 50 anos (Araújo et al., 2007; Sousa et al., 2009; Silva J et al., 2010; Silva

S et al., 2010).

Os idosos vivendo mais ampliaram sua capacidade de atuação, formando novos

espaços de convivência, proporcionando novos relacionamentos (Almeida,

Lourenço, 2007; Leite et al., 2007) e sem a adoção de práticas sexuais seguras

(Matushita; Santana, 2001).

O estigma que ainda envolve a Aids expõe também os idosos as situações de

vulnerabilidade, pois, a crença social que eles são assexuados, heterossexuais e

monogâmicos e não fazem uso de drogas dificulta a abordagem para esta população.

Como socialmente o idoso tem a sexualidade negada, não são contemplados

pelos profissionais da saúde, nas ações de prevenção, contribuindo assim para a falta

de informação (Ribeiro, Jesus, 2006; Batista et al., 2011; Leite et al., 2007) e assim,

carentes de conhecimento e formação tornam-se vulneráveis ao HIV/Aids (Zornitta,

2008).

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Apesar de existirem orientações para o cuidado com o corpo e o envelhecimento

saudável, de promover a inserção de vida ativa, favorecendo a inclusão social, não

existem ações efetivas para desmistificar o mito da velhice e conscientizar sobre a

possibilidade da infecção pelo HIV.

Os Programas dedicados a terceira idade, com vários formatos e apresentações

possuem como objetivos criar oportunidades de inclusão, de valorizar a

produtividade, como a sociedade preconiza, mas, existe uma dificuldade em discutir

sobre a sexualidade e em conseqüência sobre as medidas de prevenção (Zornitta,

2008). Existe uma lacuna entre trabalhar a valorização da autonomia dos idosos e

discutir abertamente sobre o direito ao exercício da sexualidade. Direito este que é

defendido na resposta brasileira a epidemia de Aids e é violado em várias ações na

prática (Ferraz; Nemes, 2010).

A sexualidade dos idosos aparece quando a expectativa de vida aumenta, com o

desenvolvimento das drogas que prolongam a vida sexual e pela infecção do

HIV/Aids (Zornitta, 2008), o que vem apontando a necessidade de ações de

prevenção com esta população de um modo particular. Diversos estudos indicam que

a forma de contágio dos idosos infectados pelo HIV aconteceu pela via sexual,

heterossexual (Pottes et al., 2007; Godoy et al., 2008), mas a adesão ao preservativo

não se alterou (Sousa et al., 2009; Araújo et. al., 2009).

As mulheres são mais vulneráveis, pela submissão social que se impõe

(Saldanha, 2003) e assim, fica difícil o uso e a negociação do preservativo. Nas

mulheres idosas, soma-se a educação do casamento e a fidelidade eterna (Rodrigues,

2011). Também há uma parcela de mulheres que, na atualidade, por vários motivos,

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são mais participantes na vida social e tem assim, maior possibilidade de

relacionamentos, inclusive com homens mais jovens (Gross, 2005).

Estabelecer estratégias que favoreçam o empoderamento das mulheres é

fundamental para diminuir a vulnerabilidade feminina (Lima, 2006). Melhorar o

acesso e a informação sobre o preservativo feminino e outras tecnologias de

prevenção é uma das estratégias para tentar garantir à mulher poder de negociação e

cuidado com sua saúde. Como também incluir os homens nas discussões sobre as

relações de gênero, do cuidar da sua saúde e da parceira (Rodrigues, 2011),

principalmente os mais velhos (Silva, 2009).

Portanto, é fundamental entender que homens e mulheres inclusive nesta faixa

etária possuem atitudes e comportamentos de modos distintos em relação a

sexualidade (Lyra, Jesus, 2007; Costa, 2008) e a prevenção, portanto deve-se

implantar ações que contemplem essas diferenças.

Para que as estratégias elaboradas colaborem para o amadurecimento da

comunidade, para formação de cidadãos, de sujeitos de direitos, a modificação da

formação dos profissionais é fundamental, pois técnicas centradas no profissional

que estabelece o que o usuário deve fazer, não proporciona mudança de

comportamento (Rodrigues, 2011).

Implementar ações de prevenção, não significa apenas orientar esta população

com linguagens adequadas (Leite et al., 2007) estas devem ser pautadas pelo

conhecimento dos fatores de risco no seu contexto e na escuta ativa de cenas de suas

vidas para que possa auxiliar na decisão de seu cuidado (Paiva, 2010).

Também a compreensão do processo de envelhecimento é de fundamental

importância para a percepção da possibilidade da infecção (Brasileiro; Freitas, 2006).

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A integralidade, um dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), é uma das

ferramentas para a abordagem integral desta população, como a estratégia Saúde da

Família em parceria com os Programas DST/Aids (Ribeiro, Jesus, 2006; Brasileiro,

Freitas, 2006; Santos, Assis, 2011). O Programa Saúde da Família possui, pela sua

característica de conhecimento e por estar junto a população, inúmeras possibilidades

de realizar ações de prevenção e diagnóstico (Rodrigues, 2011). Também as

parcerias intra e intersetoriais, para um trabalho de rede propiciam a diminuição da

vulnerabilidade nos três níveis: individual, programática e social.

Os grupos de convivência de idosos, as unidades básicas de saúde e os

Conselhos Municipais, entre outros locais acessados, são importantes espaços para o

desenvolvimento de atividades de prevenção (Saldanha et al., 2008), como por

exemplo, a tecnologia da formação no grupo de multiplicadores, de educação entre

pares, que possibilitam diálogos mais próximos ao compartilhar vivências visando

diminuir a vulnerabilidade deste segmento. Também podem ser espaços de discussão

sobre sexualidade e da construção de debates de cidadania (Saldanha et al., 2008) e

da inclusão destes temas na Legislação já existentes para esta faixa etária, como por

exemplo, o Estatuto do Idoso. Uma política participativa é fundamental para o

planejamento das ações, pois, considera a população e os contextos locais (Edmundo;

Mercadante, 2010).

Através da informação às pessoas sobre seus direitos é que se proporciona a

possibilidade de se modificar a realidade existente. E também as instâncias

governamentais devem garantir o que está estabelecida para esta população, a

cidadania em sua totalidade, pois, somente implantar leis, não proporciona sua

realização (Feijó, 2010).

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Urge, portanto, melhorar os programas de prevenção e assistência, como

informar e estimular a sociedade à discussão de temas que permanecem velados, a

exemplo do exercício da sexualidade saudável e dos meios de inclusão social.

A aplicação dos direitos no planejamento das ações de prevenção, promoção e

recuperação é que favorece estratégias que contemplem as necessidades deste

segmento.

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CONCLUSÃO

A Aids trouxe a possibilidade de discutir temas muito difíceis e velados. Foram

se construindo várias técnicas e hoje existe a possibilidade de desconstruir alguns

simbolismos em torno de conceitos que reforçam situações de estigma e preconceito.

É uma doença que requer uma abordagem biopsicosocial e várias estratégias de

prevenção e promoção, principalmente as que auxiliem a desconstruir a imagem de

que a epidemia só acomete os mais jovens, que sexo na velhice não é possível e que

só atinge pessoas com comportamentos “desviantes”.

O aumento da expectativa de vida, conseqüentemente maior participação social,

a falta de acesso à informação e a implantação de ações direcionadas aos idosos e o

avanço das tecnologias na saúde sexual, contribuem para que estes fiquem

vulneráveis à infecção. Com o aumento da população idosa no País, será inevitável,

uma mudança de visão sobre o processo de envelhecer.

O estigma e o preconceito social, relacionados à sexualidade na velhice e a

forma de transmitir informações para que resultem em mudança de comportamento,

ainda persistem e são complicadores para ações de prevenção. Apesar de existir uma

nova noção de considerar o sujeito no seu contexto e na condição de vulnerabilidade

em que se encontra. E este é um grande desafio no trabalho, o fato de que, ao mesmo

tempo em que algumas coisas mudaram, outras persistem para a sociedade.

Isto explicita a necessidade de reflexão das posturas adotadas, particularmente

pelos profissionais da saúde, frente ao envelhecer e à infecção pelo HIV, o que

contribuiria para o desenvolvimento de políticas públicas e implantação de

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programas que, radicados em concepções não estereotipadas da velhice, conferissem

mais direitos àqueles que envelhecem com ou sem HIV.

A formação dos profissionais de saúde é condição para que estes considerem o

idoso com capacidade de vida sexual ativa e que podem fazer uso de drogas, isto é,

que esta população também está vulnerável ao HIV. O profissional deve ser

capacitado para o aconselhamento, com escuta ativa do modo de vida do idoso

portador ou não do HIV, favorecer o diálogo, identificar questões que levem o idoso

à reflexão, para que ele seja sujeito de sua sexualidade para decidir sobre a adoção ou

não de práticas seguras. A abordagem também deve contemplar as diferenças de

gênero que existe nesta cultura, auxiliando a desconstruir os papéis estabelecidos

para que se efetivem as práticas de prevenção.

Diminuir as vulnerabilidades social, programática e individual requer um

esforço de vários atores sociais. A parceria entre os Programas Nacional DST/AIDS,

Estadual, Municipal, Saúde da Mulher, Saúde do Idoso e a Atenção Básica, nas três

esferas governamentais e entidades da sociedade civil, são de suma importância para

a implementação de estratégias de prevenção e assistência a este segmento etário.

O conhecimento dos fatores que devem ser considerados no trabalho de

prevenção para idosos aponta que os modelos clássicos não servem para esta

população e urge que inovações e adaptações sejam estruturadas. Pois práticas

pautadas somente na técnica sem a preocupação de reflexão do sujeito sobre seu

papel e sem considerar o cenário em que vive, não fazem sentido para quem recebe e

são ineficientes.

O caminho para estruturar ações de prevenção para os idosos é conhecer o

processo de envelhecimento, esta população em seus diversos contextos, respeitar as

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particularidades, identificar os fatores de vulnerabilidade, garantir seus direitos e

promover a inclusão da discussão sobre o exercício da sexualidade de forma que os

idosos infectados ou não, possuam autonomia diante do seu cuidado e que possam

colaborar como agentes de prevenção.

É fundamental o estabelecimento de investimentos públicos para que se possa

oferecer condições para que este segmento etário seja realmente incluído na agenda

de prioridades dos serviços para conter o crescimento da epidemia nesta população,

na abordagem relacionada aos Direitos Humanos e o conceito de vulnerabilidade que

possibilitam o reconhecimento dos indivíduos como sujeitos de direitos.

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