najnusmi logdeco2e estamos - ulisboa...pegadas ecolÓgicas na areia. reduza a pegada nas férias...
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Estamos
constantemente a ser
bombardeados com os mes-mos conselhos verdes desde
que nascemos; não deixes a
água a correr, usa os trans-portes públicos, apaga as luzes que não
estiveres a utilizar. Se fosse uma cruza-da pelo planeta (e até é), andaríamos porcá todos com os dentes cerrados, atentos
à mínima coisa que fazemos e compra-mos só para reduzir a pegada de carbo-no. Atinai, onde devo limpar as mãos se
vou à casa de banho fora de casa? Qual o
impacto dos hambúrgueres que como?
Será a pegada de um saco de papel me-nor do que a de um saco de plástico? E o
que é isto da pegada, afinal?"Tudo começou com bananas. Há uns
anos fiquei intrigado ao ler Animal, Ve-
getal, Milagre, da bióloga Barbara King-solver, em que ela falava com a filha e
uma amiga sobre quão más seriam as
bananas por crescerem tão longe, e por a
energia gasta no transporte prejudicar o
ambiente", explica o investigador e con-
sultor inglês Mike Berners-Lee. "Cada
vez mais intrigado, li Banana - O Desti-
no do Fruto Que Mudou o Mundo, do jor-nalista Dan Koeppel, que me pôs a co-
mer uma banana biológica por dia emvez das que comia antes", conta o espe-cialista em pegadas de carbono.
O que nos leva imediatamente aos
primeiros esclarecimentos importan-tes: pegada ecológica é a pressão que ca-da ser humano exerce sobre a naturezae necessita de reduzir com urgência pa-ra que o planeta não entre na sexta ex-
tinção emmassa (a única provocada pe-lo homem). "Em termos mais técnicos,
é a quantidade de água e de terra, me-dida em hectares, necessária para sus-
tentar a geração atual, tendo em conta os
recursos materiais e energéticos gastos
por essa população", traduz a sociólogaAngela Morgado, diretora executiva da
Associação Natureza Portugal (ANP).
Quanto à pegada de carbono, é uma
componente da pegada ecológica e
PESANDO OS PRÓS
EOSCONTRASDOQUE FAZEMOS NO
DIA-A-DIA, NINGUÉMTEM DE ABDICAR DA
TELEVISÃO, OU DO
AQUECEDOR EM CASA,OU DE RENUNCIAR
AOMICRO-ONDAS.POR OUTRO LADO,
PODEMOS MUITO BEM
CERTIFICAR-NOS DE
QUE NÃO DEIXAMOSO CARREGADOR DE
TELEMÓVEL E OUTROSAPARELHOS LIGADOS
ACORRENTE SEM
NECESSIDADE.
mede a emissão, na atmosfera, de dió-xido de carbono, gás metano, óxido ni-troso e outros gases de efeito estufa (o
chamado carbono equivalente) por pes-soa, atividade, evento, empresa, orga-nização ou governo. Esta equivalência
compara as emissões dos diversos gasesde efeito estufa envolvidos com base na
quantidade de dióxido de carbono queteria o mesmo potencial de aquecimen-to global. "Normalmente, a maior com-
ponente da pegada dos países é ao níveldo carbono, já que temos uma depen-dência grande de tudo o que são com-bustíveis fósseis", diz Angela Morgado.
No caso de Mike Berners-I.ee, ficou
a remoer no peso que esse transporteteria para o ambiente: deveria trocar a
base do seu pequeno-almoço por algo
GRANDES PEGADAS PARA COISASMAIS OU MENOS PEQUENASDO DIA-A-DIA
Os valores foram todos tirados do livro HowBaú Are Bananas? e calculados a partir dasemissões na atmosfera de carbono e outrosgases de efeito estufa (emissão de carbonoequivalente ou CO2).
UMA PESQUISANAJNUSMIEntre 0,7 e 4,5gramas de CO2edependendo da eficiência
energéticado computador.
SECAR AS MÃOSÍÕ g de CO2e comuma toalha depapelo2ogdeCo2eutilizando um secadorelétrico Standard.
UMHAMBÚRGUERVEGETARIANOIltgdè^ôíe-
USAR OTELEMÓVEL
_„ r , > , „ .' V^i
1 nu , 1
125OkgdeCO2enuma hora de utilizaçãopor dia, ao longo de umano. Se cortar o uso paramenos de dois minutosdiários durante um ano,a pegada baixa para47kgdeCO2e.
MEIO LITRODEÁGUAENGARRAFADA16OgdeCO2eermédia, dos quais 80 gsão só para o plástico.
MM SACOPÉ PLÁSTICOlOgdeCO2e
: para um saco comum: de supermercado. Se
:
for às compras cincodias por semana etrouxer um de cada vez
que lá vai, a pegada decarbono acumulada ao
longo do ano terá tantoi m pacto como a de u m
cheeseburger grande.
UM DUCHE500gdeCO2epor um duche de seis
minutos num típicochuveiro elétrico. '
MMHAMBÚRGUERmolmalplcarmi2,skgdeCO2e.
TER UMAQMàMÇà.NÃfUROPACorresponde a umamédia de373 toneladasdeCO2e.
MM HECTAREpedesfloíes-TACáO500 toneladasde CO2e por ano, o
que equivale às emissõesde um automóvel quedê a volta ao mundo 28vezes. Ainda mais grave:a cada ano que passa,13 milhões de hectaresde floresta são abatidosou ardem.
mais local? Foi quando se lançou a ana-
lisar o impacto de várias coisas no mun-
do para escever Howßad Are Bananas?
The Carbon Footprint of Everything("Quão Más São as Bananas? A Pegada de
Carbono de tudo", da Proflle Books Ltd).
Descobrir que podia comê-las à vonta-
de animou-o: "Além de se conservarembem sem refrigeração, costumam virde barco, com uma pegada de carbono
muito mais reduzida do que o transpor-te por avião."
Sendo certo que ninguém tem de ser
o Batman para lutar pelo planeta, bas-
ta querer fazê-10. "A pressão que temos
vindo a fazer sobre a Terra é real e sur-
preende-nos pela negativa, mas o am-biente não é independente de nós", con-firma a responsável da ANP, Angela Mor-
gado. Tal como o consultor inglês estava
disposto a renunciar às bananas, pode-mos todos adotar pequenos gestos diá-rios que, somados, provocam um tre-mendo impacto. "O que dizem os rela-tórios da World Wide Fund for Nature
(WWF), ao analisarem de dois em dois
anos a pegada de mais de 160 países, é
que a humanidade deve ter um estilo
de vida mais sustentável, sob pena de
sofrer uma crise ecológica sem prece-dentes, muito pior do que qualquer cri-
se económica", aponta a também coor-
denadora da WWF Mediterrâneo em
Portugal.As conclusões são perturbadoras:
as nossas atividades estão a levar os
ecossistemas que sustentam a Terra a
limites nunca antes vistos, com as tem-
peraturas a aumentar devido à crescen-
te emissão de gases de efeito estufa na
atmosfera, tempestades mais intensas,
danos nas colheitas e na vida selvagem,ondas de calor, subida dos níveis do mar,
inundações. "Só os portugueses necessi-
tam de dois planetas para manter o atualestilo de vida, com índices de biodiver-sidade baixos e o carbono a representar
Pedalar,caminhar ou
utilizar os
transportespúblicos são
outras coisasque podemos
pôr em práticapara reduzira
nossa pegada.
57% da pegada ecológica do país", reve-la Angela Morgado.
Não é como se de repente tivéssemos
de abdicar da televisão ou do aquece-dor em casa, nem renunciar ao micro-
-ondas, diz. É mais certiricarmo-nos de
que não deixamos o carregador de tele-
móvel e outros aparelhos ligados à cor-rente sem necessidade, quando boa par-te do que podemos fazer para comba-ter as alterações climáticas passa por
GESTOS SIMPLES QUE SALVAM O PLANETA
Reutilizar palhinhas ou fechar a torneira ao escovar os dentes custam muito pouco a pôr em prática e são capazes de verdadeiros
milagres. Estes que lhe deixamos são do livro 12 Pequenos Gestos para Salvar o Nosso Planeta (cd. Vogais), escrito em colaboraçãocom especialistas ambientais da World Wide Fund for Nature e da Associação Natureza Portugal.
NÃO UTILIZEOSTANDBY.
Desligue os aparelhoselétricos da tomadaeeviteo chamado
"consumo fantasma".
TORNE-SE VERDE.
Poupe águaenquanto escovaos dentes e toma
banho.
VERDEÉONOVO PRETO.
Rentabilize o seu
guarda-roupa.
NÃO POLUA.Caminhe, pedale
ou opte porum transporte
ma is verde.
o papel n aocresce nasArvores.
Minimize os seusconsumos diáriose imprima apenas
se necessário.
ADOTE UMA DIETAMAIS VERDE.
Encha o seu pratode verduras e
modere o consumode carne.
poupar energia. Segundo a organizaçãobritânica Energy Saving Trust, respon-sável por promover a eficiência ener-gética, o simples ato de ter a consola de
videojogos em standby o ano inteiroequivale a deixar uma luz acesa, em per-manência, por igual período. "As nos-sas escolhas podem, de facto, fazer a di-
ferença", reforça a responsável da ANP.
Mas atenção; eu não mudo porquealguém me obriga a fazê-10. "Mudo porachar que devo mudar, o que significa
que tem de se trabalhar a partir desse
pressuposto se queremos que as pessoas
modifiquem comportamentos", defen-de losé Palma-Oliveira, professor de
Psicologia Ambiental na Universidadede Lisboa. Imagine que vai de carro pa-ra o trabalho e querem convencê-lo de
que é melhor usar transportes públicos:até pode ser, mas se isso aumenta o meustress como passageiro, então o mais ra-cional para mim, do ponto de vista indi-vidual, é levar o carro e ir tranquilo a ou-vir a minha música."
"Muitas das atitudes nocivas para o
ambiente são mais racionais individual-
mente, pelo que cabe-nos mostrar quese cada um assumir essas práticas todos
saímos a perder", sustenta o especialis-ta em perceção e gestão de riscos am-bientais. É aquilo que em psicologia se
chama o dilema social, quando a racio-nalidade do comportamento individualé contraditório com a racionalidade do
comportamento coletivo. "Ao nível das
PEGADA ECOLÓGICAÉ A PRESSÃO
QUE CADA SER
HUMANO EXERCE
SOBRE A NATUREZA
E NECESSITA
DE REDUZIR
URGENTEMENTE
PARA QUE OPLANETA NÃO ENTRE
NA SEXTA EXTINÇÃOEM MASSA - A
ÚNICA PROVOCADA
PELO HOMEM,QUE ALGUNS
ESPECIALISTAS
CONSIDERAM ESTAR
JÁ EM CURSO SE
ENTRETANTO NÃO
COMEÇARMOSA INVERTER O
PROCESSO.
alterações climáticas, um grande proble-ma na transformação de comportamen-tos é o facto de não se poder mudar todas
as pessoas, nem todas as condutas emsimultâneo", acrescenta o investigador.
Ainda assim, precisamos de ser ati-vos nas nossas escolhas do dia-a-dia,sem sentirmos que as catástrofes am-bientais são irreversíveis e, portanto,nada do que fizermos terá grande im-
pacto. "Não é de todo claro o que deve fa-zer um consumidor carbonoconsciente.
Contudo, há pelo menos três assunçõesbásicas para hos guiar: as alterações cli-máticas são um assunto sério, são cau-sadas pelo homem e podemos fazer al-
go acerca disso", desfere o consultor em
pegadas de carbono Mike Berners-Lee,
sempre pragmático.A ambientalista Angela Morgado con-
corda: "Não temos de deixar de consumir
nada, a WWF não acredita nessa lógica de
se diabolizar os plásticos, a carne ou o que
quer que seja." Tem, sim, de haver um em-
penho dos governos, das empresas e dos
consumidores para se abolir o plástico
que em dois segundos atiramos para a na-
tureza, por exemplo. Ou para não comercarne sete dias por semana, duas vezes
por dia. Ou para não nos pormos a com-
prar roupa e outros produtos à toa, ainda
que sejam de madeira ou papel: se não ti-verem a certificação de que não agrediram o ambiente em nenhum ponto da ca-deia, são maus na mesma. "É isto ou o pla-neta acaba doente", diz. E nós com ele. •
REUTILIZE,LAVE, REPITA.
Acabe como desperdício diário
de plástico.
SEJACONSCIENTE
NAS COMPRAS.Pense bem antesde comprar em
grande.
O POTENCIALDOS VASOS.
Purifique o ar querespira enchendo
de plantaso escritório
e a sua casa.
PEGADASECOLÓGICAS NA AREIA.
Reduza a pegada nasférias pensando noutros
meios que não o avião
para viajar(é dos transportesque mais poluemeafetamoclima).
COMPROMISSOCOM O FUTURO.
Utilize uma parte dosseus rendimentos para
investir em projetos queofereçam benefícios
socioambientais e, aomesmo tempo, lhe tragam
bons dividendos.
NÃO DÊ CABODO PLANETA.
Pare de encher tudode lixo e organize
uma ação de limpezacomunitária.