nações do candomblé, - port
DESCRIPTION
Religi~çao Afro brasileiraTRANSCRIPT
Nações do Candomblé
Nações
Os escravos brasileiros pertenciam a diversos grupos étnicos, incluindo os Yoruba, os Ewes,
os Fons, e os Bantus. Como a religião se tornou semi-independente em regiões diferentes do
país, entre grupos étnicos diferentes, evoluíram diversas “divisões” ou nações, que se
distinguem entre si principalmente pelo conjunto de divindades veneradas, o atabaque
(música) e a língua sagrada usada nos rituais.A lista seguinte é uma classificação pouco
rigorosa das principais nações e sub-nações, de suas regiões de origem, e de suas línguas
sagradas:
Bantu, Angola e Congo (Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo,
Goiás, Rio Grande do Sul), mistura de Bantu, Quicongo e Quimbundo línguas.
Nagô ou Yorubá ,Ketu ou Queto (Bahia) e quase todos os estados - Língua Yoruba (Yorubá
ou Nagô em Português)
Efan na Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo
Ijexá principalmente na Bahia
Nagô Egbá ou Xangô do Nordeste no Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Rio de Janeiro e São
Paulo
Mina-nagô ou Tambor de Mina no Maranhão
Xambá em Alagoas e Pernambuco (quase extinto).
Candomblé de Caboclo ou Jurema (entidades nativas índios e orixas nagos)
Jeje - A palavra Jeje vem do yorubá adjeje que significa estrangeiro, forasteiro. Nunca existiu
nenhuma nação Jeje na África. O que é chamado de nação Jeje é o candomblé formado pelos
povos fons vindo da região de Dahomé e pelos povos mahins. Jeje era o nome dado de forma
pejorativa pelos yorubás para as pessoas que habitavam o leste, porque os mahins eram uma
tribo do lado leste e Saluvá ou Savalu eram povos do lado sul. O termo Saluvá ou Savalu, na
verdade, vem de “Savê” que era o lugar onde se cultuava Nanã. Nanã, uma das origens das
quais seria Bariba, uma antiga dinastia originária de um filho de Oduduá, que é o fundador de
Savê (tendo neste caso a ver com os povos fons). O Abomei ficava no oeste, enquanto
Ashantis era a tribo do norte. Todas essas tribos eram de povos Jeje,(Bahia, Rio de Janeiro e
São Paulo) - língua Ewe e língua Fon (Jeje)
Jeje Mina língua Mina São Luiz do Maranhão
As Variações Das Três Nações Angola .Jeje e Ketu
Dos muitos grupos de escravos vindo para o Brasil, 03 (três) categorias ou nações se
destacaram:
Negros Bantos ou Nação Angola
Negros Fons ou Nação Jeje
Negros Yorubás ou Nação Ketu
Cada uma dessas 03 (três) nações tem dialeto e ritualística própria. Mas, houve uma grande
coligação entre os deuses adorados nessas 03 (três) nações, por exemplo:
DEUS
Ketu Jeje Bantu
Olorun Mawu Nzambi
Divindades
Ketu Jeje Bantu
Orixás Vodun Nkisi
Na Nação Jeje as divindades são chamados de Voduns
Na Nação Ketu as divindades de Orixás
Na Nação de Angola as divindades de Inkices
Abaixo, encontram-se relacionados os deuses, as suas ligações e correspondência em cada
uma dessas 03 (três) nações
KETU JEJE ANGOLA
Exu Elegbá Pambun'jila
Ogum Gu Nkosi-Mucumbe
Oxossi Otolú Mutaka Lambo
Omolu Azanssun Cavungo
Xangô Sogbô Nzazi ou Luango
Ossain Ague Katende
Oya / Yansã Guelede-Agan ou Vodun-
Jó Matamba/Kaingo
Oxum Aziri-Tolá Dandalunda
Yemanjá Aziri-Tobossi Samba
Kalunga/Kukuetu
Oxumarê Becém Hangoro - Hangolo-mea
Oxalá Lissá Lemba
Candomblé de Ketu
Ketu é o nome de um antigo reino da África, na região agora ocupada pela República Popular
do Benin e pela Nigéria. Seu rei tem o nome de alaketu, de onde vem o sobrenome da
conhecida ialorixá Olga de Alaketo. Também indica o nome do povo dessa região, que veio
como escravo para o Brasil. Em termos de identidade cultural, forma uma subdivisão da
cultura iorubana. Em geral, membros de origem ketu são responsáveis por boa parte dos
terreiros mais tradicionais da Bahia.
É a maior e mais popular nação do Candomblé, e a diferença das outras nações está no idioma
utilizado, no caso o Yorubá, no toque dos seus atabaques, nas cores e símbolos dos Orixás, e
nas cantigas; Os fundamentos são passados oralmente por sacerdotes de Orixás que são
chamados de Babalorixá (masculino) Yalorixá (feminino). Os rituais mais conhecidos são:
Padê, Sacrifício, Oferenda, lavar contas, Ossé, Xirê, Olubajé, Águas de Oxalá, Ipeté de Oxum
e Axexê.
Uma outra grande diferença é em relação ao culto dos Eguns; existe um sacerdote preparado
para este ritual especifico chamado Ojé ou Baba Ojé, que faz o uso de um ixãn para dominar
os Eguns; conforme informações de um antigo sacerdote de Ketu, chamado Balbino de
Xangô, quem lida com Orixás não lida com Eguns; Já no Rio Grande do Sul, é o próprio
Sacerdote de orixá quem faz os rituais de Eguns.
Os cargos principais na nação Ketu são:
- Babalorixá ou Yalorixá: autoridades máximas no Candomblé
- Iyakekerê: mãe pequena
- Babakekerê: pai pequeno
- Yalaxé: mulher que cuida dos objectos ritual.
- Agibonã: mãe criadeira supervisiona e ajuda na iniciação.
- Egbomi: pessoa que já cumpriu sete anos de obrigação.
- Iyabassê: mulher responsável pela preparação das comidas de santo.
- Iaô: filha de santo (que já incorpora Orixá).
- Abian: novato.
- Axogun: responsável pelo sacrifício de animais.
- Alagbê: responsável pelos atabaques e pelos toques.
- Ogan: tocadores de atabaques.
- Ajoiê ou Ekedi: camareira de Orixá.
Os Orixás cultuados na nação Ketu são: Exu, Ogum, Oxossi, Logunedé, Xangô, Obaluayê,
Oxumaré, Ossaim, Oyá ou Iansã, Oxum, Iemanjá, Nana, Ewa, Oba, Axabó (Orixá feminino
da família de Xangô), Oxalá, Ibeji, Irôco, Ifá ou Orunmila.
Na nação Ketu, existente principalmente na Bahia, predominam os Orixás de origem Yorubá,.
O Candomblé de origem ketu já se espalhou por todos os grandes centros urbanos do Brasil e
também para o exterior, e nota-se um movimento de recuperação de raízes africanas, que
rejeita o sincretismo católico, procurando reaprender o yorubá como língua original e tenta
reproduzir os rituais que estavam perdidos ao longo do tempo, há casos em que muitos
sacerdotes procuram viajar até África para descobrir mais sobre a cultura dos Orixás.
A Importância dos Mitos do Candomblé
O culto dos orixás remonta de muitos séculos, talvez sendo um dos mais antigos cultos
religiosos de toda história da humanidade.
O objetivo principal deste culto é o equilíbrio entre o ser humano e a divindade aí chamada de
orixá.
A religião de orixá tem por base ensinamentos que são passados de geração a geração de
forma oral.
Basicamente este culto está assim organizado:
1º Olorum - Senhor Supremo ou Deus Todo Poderoso
2º Olodumare – Senhor do Destino
3º Orunmilá – Divindade da Sabedoria (Senhor do Oráculo de Ifá)
4º Orixá – Divindade de Comunicação entre Olodumare e os homens, também chamado de
elegun, onde a palavra elegun quer dizer “Aquele que pode ser possuído pelo Orixá”
5º Egungun – Espíritos dos Ancestrais
Os mitos são muito importantes no culto dos orixás, pois é através deles que encontramos
explicações plausíveis para determinados ritos.
Sem estas estórias, lendas ou itans seria difícil ter respostas a sérios enigmas, como o
envolvimento entre a vida do ser humano e do próprio orixá.
O Mito da Criação (Segundo a Tradição Yorubá)
Olodumare enviou Oxalá para que criasse o mundo. A ele foi confiado um saco de areia, uma
galinha com 5 (cinco) dedos e um camaleão. A areia deveria ser jogada no oceano e a galinha
posta em cima para que ciscasse e fizesse aparecer a terra. Por último, colocaria o camaleão
para saber se a terra estava firme.
Oxalá foi avisado para fazer uma oferenda à Exu antes de sair para cumprir sua missão. Por
ser um orixá funfun, Oxalá se achava acima de todos e, sendo assim, negligenciou a oferenda
à Exu. Descontente, Exu resolveu vingar-se de Oxalá, fazendo-o sentir muita sede. Não tendo
outra alternativa, Oxalá furou com seu opasoro o tronco de uma palmeira. Dela escorreu um
líquido refrescante que era o vinho de Palma. Com o vinho, ele saciou sua sede, embriagou-se
e acabou dormindo.
Olodumare, vendo que Oxalá não havia cumprido a sua tarefa, enviou Odudua para verificar o
ocorrido. Ao retornar e avisar que Oxalá estava embriagado, Odudua cumpriu sua tarefa e os
outros orixás vieram se reunir a ele, descendo dos céus, graças a uma corrente que ainda se
podia ver no Bosque de Olose.
Apesar do erro cometido, uma nova chance foi dada à Oxalá: a honra de criar os homens.
Entretanto, incorrigível, embriagou-se novamente e começou a fabricar anões, corcundas,
albinos e toda espécie de monstros.
Odudua interveio novamente. Acabou com os monstros gerados por Oxalá e criou homens
sadios e vigorosos, que foram insuflados com a vida por Olodumare.
Esta situação provocou uma guerra entre Odudua e Oxalá. O último, Oxalá, foi então
derrotado e Odudua tornou-se o primeiro Oba Oni Ifé ou “O primeiro Rei de Ifé”.
Os Orixás e Suas Origens
Quando falamos de orixá, falamos de uma força pura, geradora de uma série de fatores
predominantes na vida de uma pessoa e também na natureza.
Mas, como surgiram os orixás? Quais as suas origens?
Quando Olorum, Senhor do Infinito, criou o Universo com o seu ófu-rufú, mimó, ou hálito
sagrado, criou junto seres imateriais que povoaram o Universo. Esses seres seriam os orixás
que foram dotados de grandes poderes sobre os elementos da natureza. Em verdade, os orixás
são emanações vindas de Olorum, com domínio sobre os 4 (quatro) elementos: fogo, água,
terra e ar e ainda dominando os reinos vegetal e animal, com representações dos aspectos
masculino e feminino, ou seja, para todos os fenômenos e acidentes naturais, existe um orixá
regente. Através do processo de constituição física e diante das leis de afinidades, cada ser
humano possui 01 (um) ou mais orixá, como protetores de sua vida, a eles sendo destinados
formas diversas de culto.
Um outro aspecto a ser analisado sobre a tradição de orixá e sua origem seria a de que alguns
orixás seriam, em princípio, ancestrais divinizados que em vida estabeleceram vínculos que
lhes garantiam um controle sobre certas forças da natureza, como o trovão, o vento, as águas
doces, ou salgadas, ou então, assegurando-lhes a possibilidade de exercer certas atividades
como a caça, o trabalho com metais, ou ainda, adquirindo o conhecimento das propriedades
das plantas e de sua utilização.
O poder axé do ancestral-orixá teria, após a sua morte, a faculdade de encarnar-se
momentaneamente em um de seus descendentes durante um fenômeno de possessão por ele
provocada.
A passagem da vida terrestre à condição de orixá aconteceu em momento de paixão como nos
mostram as lendas dos orixás.
Xangô, por exemplo, tornou-se orixá em um momento de contrariedade por se sentir
abandonado, quando deixou Oyó para retornar à região de Tapá. Somente Oya, sua primeira
mulher, o acompanha na fuga e, por sua vez, ela entrou debaixo da terra depois do
desaparecimento de Xangô. Suas duas outras mulheres Oxum e Obá tornaram-se rios que tem
seus nomes, quando fugiram aterrorizadas pela fumegante cólera do marido.
Como foi relatado, esses antepassados não morreram de forma natural; e sim, sofreram uma
transformação nos momentos de crise emocional provocada pela cólera ou outros
sentimentos.
A origem é a própria terra. E segundo a tradição yorubá, alguns orixás foram seres humanos
possuidores de um axé muito forte e de poderes excepcionais.
Saudações
As saudações são muito importantes, pois é através delas que nós invocamos os orixás.
Assim, vamos traduzir para vocês “As saudações dos Orixás e seus significados”:
Exu Kóbà Láryè Aquele que é muito falante.
Ogum Pàtakorí Exterminador ou cortador de ori ou
cabeça.
Oxossi Ará Unse Kòke Ode Guardador do corpo e caçador.
Xangô Kawó-Kábièsilé Venham ver o Rei descer sobre a terra!
Oxum Orà Yè Yé Ofyderímàn Salve mãezinha doce, muito doce!
Yansã ou Oyá Èpàrèi Venha, meu servo!
Omolu e Obaluayê Atótóo Silêncio!
Yemanjá Èru Ìyá Senhora do cavalo marinho.
Oxumarê Arrum Bobo(termo Jeje) Senhor de águas supremas.
Nanã Sálùbá Pantaneira (em alusão aos pântanos de
Nanã).
Oxalá Esè Epa Bàbá Você faz, obrigado Pai!
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------
Candomblé de Angola
Religião afro-brasileira, de origem banto, que compreende as nações de Angola e Congo
(Cassanges, Kikongos, Kimbundo, Umbundo e Kiocos), e se desenvolveu entre os escravos
africanos que falavam a linguagem Kimbundo e Kikongo e são facilmente reconhecidos pela
maneira diferente de cantar, dançar e percutir seus tambores.
Na hierarquia de Angola o cargo de maior importância é para homem Tata Nkisi (tata de
inquinces) e para mulher Mametu Nkisi (Mametu de inquices), e o Deus supremo é Zambi
(Nzambi) ou Zambiapongo (Ndala Karitanga).
O Candomblé de Caboclo é uma modalidade desta nação, e cultua os antepassados indígenas.
Há uma nação que faz parte do Batuque do Rio Grande do Sul que descende de Angola, que é
a Cabinda.
Os rituais da nação Angola começam com o Massangá, que é o batismo na cabeça do
iniciado; ritual de raspagem, conhecido como feitura de santo; ritual de obrigação de 1 ano;
ritual de obrigação de 3 anos, onde muda o grau de iniciação; ritual de obrigação de 5 anos,
com o uso de frutas, obrigação de 7 anos, quando o iniciado recebe seu cargo, é elevado ao
grau de Tata Nkisi (zelador) ou Mametu Nkisi (zeladora). Após 7 anos de obrigações, será
renovado a cada ano com o rito de Obi ou Bori, conforme o caso, e de 7 em 7 anos se repete
as obrigações para conservar o individuo forte, se transformando em Kukala Ni Nguzu, que
quer dizer um ser forte. Além dos búzios, outro sistema antigo de consulta é o Ngombo, no
qual o adivinhador recebe o nome de Kambuna.
Os principais Nkisi são: Aluvaiá (também conhecido como: Nkuyu Nfinda, Tata Nfinda, Tona
e Cubango), Bombo Njila(Bombojira), Vangira(feminino), Pambu Njila, Pambuguera; Nkisi
Nkosi Mukumbe, Roxi Mukumbe, Burê; Nkisi Kabila, Mutalambô, Gongobila,
Lambaranguange; Nkise Katendê; Nkisi Zaze (Nsasi, Mukiamamuilo, Kibuco,
Kiassubangango) Loango; Nkisi Kaviungo ou Kavungo, Kafungê; Nkise Angorô e
Angoroméa; Nkisi Kitembo ou Tempo; Nkisi Tere-Kompenso; Nkisi Matamba,
Bamburussenda, Nunvurucemavula; Nikisi Kisimbi, Samba; Nkisi Kaitumbá, Mikaiá; Nkisi
Zumbarandá; Nkise Wunge; Nkisi Lembá Dilê, Lembarenganga, jakatamba, Kassuté Lembá,
Gangaiobanda; Nkisi Nwunji, Nkisi Kaitumbá, Mikaiá, Kukueto; Nkisi Ndanda Lunda; Nkisi
Kaiangu; Kariepembe, Pungu Wanga; Kobayende; Pungu Kasimba; Nkita Kiamasa; Nkita
Kuna; Lukankazi, Luganbe, Nzambi Bilongo; Mutalambô, Katalombô, Gunza, Nkuyo
Watariamba;
Os cargos e divisão do poder espiritual são:
Mam’etu ria Mukixi - Sacerdotisa chefe (Angola)
Nengua ia Nkisi - Sacerdotisa chefe (Congo)
Tat’etu ria Mukixi - Sacerdote chefe (Angola)
Dise ia Nkisi - Sacerdote chefe (Congo)
Tata Kivonda - Pai sacrificador de animais (Congo)
Kambodu Pokó - Sacrificador de animais (Angola)
Muxikiangoma - Tocador de atabaque
Njimbidi - Cantador (Angola)
Ntodi - Cantador (Congo)
A “nação” Angola, de origem Banto, adotou o panteão dos orixás iorubás (embora os chame
pelos nomes de seus esquecidos inkisis, divindades bantos, assim como incorporou muitas das
práticas iniciáticas da nação queto. Sua linguagem ritual, também intraduzível, originou-se
predominantemente das línguas quimbundo e quicongo. Nesta “nação”, tem fundamental
importância o culto dos caboclos, que são espíritos de índios, considerados pelos antigos
africanos como sendo os verdadeiros ancestrais brasileiros, portanto os que são dignos de
culto no novo território a que foram confinados pela escravidão. O candomblé de caboclo é
uma modalidade da nação angola, centrado no culto exclusivo dos antepassados indígenas.
Foram provavelmente o candomblé angola e o de caboclo que deram origem à umbanda. Há
outras nações menores de origem banto, como a congo e a cambinda, hoje quase inteiramente
absorvidas pela nação angola.
O Deus supremo e Criador é Nzambi ou Nzambi Mpungu; abaixo dele estão os
Jinkisi/Minkisi, divindades do Panteão Bantu. Essas divindades se assemelham a Olorun e
Orishas da Mitologia Yoruba, e Olorum e Orixá do Candomblé Ketu.
Os principais Minkisi são:
Oluvaiá: nkisi do barro vermelho.
Vanjira: nkisi feminina que rege o ciclo da menstruação .
Pambun'jila: O senhor dos caminhos estradas e encruzilhadas .
Mukiba; nkisi feminina do trabalho das mulheres de coleta .
Mavangu :mavangu e tido como irmã gêmeo de lemba .
Maviletango:nkisi da ordem e guardião.
nKosi: e tido como um grande guerreiro temido por todos .
Mukumbe: guerreiro
Guzu: engloba as energias dos caçadores de animais.
Kabila: pastor. O que cuida dos rebanhos e das manadas .
Mutalambo: nkisi aquatico/caçador e tido como um jacare pela mitologia esposo de kaiangu
caçador, vive em florestas e montanhas; deus de comida abundante.
nGongobira: caçador jovem e pescador.
Mutakalambo:o mesmo que mutalambo.
Terekompensu: mkisi das aguas e da pesca.
Katende: Senhor das Jinsaba (folhas). Conhece os segredos das ervas medicinais tido como
um pequeno largato .
Nzazi:nkisi do raio e do fogo.
Loango: nkisi do magma da terra .
Kavungo,nkisi da terra e do barro.
Kafungê,nkisi da terra protege contra as doenças
Kingongo: cada um sendo nkisi pertencente ao um grupo familiar que levam as pestes e
doença embora.
Nsumbu - Senhor da terra.
Hongolo:nkisi serpente representado por um arco iris.
Angorô-mea: nkisi serpente irma gemea de hangolo.
Kitembo: nkisi dos ventos esposo de nBulusema com quem divide seus ventos .
Kaiangu: nkisi da fauna terrestre e divide dominio com Mutakalambo.
Matamba: nkisi que divide o magma com nZazeLuango .
nBulusema: nkisi esposa de kitempo que rege os ventos
Kisimbi, : a grande mãe; deusa de lagos e rios e tida como uma sereia de aguas doces .
ndandalunda: nkisi dos rios de lunda de qual herdou parte de seu nome considerada o leito do rio
nDandolunda e considerada uma princesa por ser de extrema beleza tendo parentesco com as
kiandas (sereias) . .
Kaitumbá:
Mikaiá:
Kokueto:Cada uma e tida como divindades do oceano.
Nzumbarandá: a mais velha das Nkisi senhora da lama e dos emcharcados.
Nwunji: nkisi gemeoda justiça. representa a felicidade de juventude .
Lembádile,Lembarenganga, Jakatamba, Kassuté Lembá, Gangaiobanda: Cada um nkisi
diferente ligado a criação.
Ritual
Na Angola, os sacramentos são:
1 - Massangá: Ritual de batismo de água doce (menha), na cabeça (mutue), do iniciado
(ndumbi), usando-se ainda o kezu (Obi).
2 - Nkudiá Mutuè: (Bori)- ritual de colocação de forças (Kalla ou Ngunzu(Angola)=
Asé(Axé) = Muki(Congo)), através do sangue (menga) de pequenos animais.
3 - Nguecè Benguè Kamutué: ritual de raspagem, vulgarmente chamado de feitura de santo.
4 - Nguecè Kamuxi Muvu: Ritual de obrigação de 1 ano.
5 - Nguecè Katàtu Muvu: Ritual de obrigação de 3 anos (Nguece = obrigação), nessa
obrigação, faz-se o ritual de mudança de grau de santo.
6 - Nguecè Katuno Muvu: Ritual de obrigação de 5 anos, preparação quase que identica a de
um ano, só que acompanhada de muitas frutas.
7 - Nguecè Kassambá Muvu:ritual de obrigação de 7 anos, quando o iniciado receberá seu
cargo, passado na vista do público, sendo elevado ao grau de Tata Nkisi (Zelador) ou Mametu
Nkisi (Zeladora).
As obrigações, são de praxe para os rodantes, porque Kota (ekedi) e Kambondo (ogã), ja
recebem seus cargos na feitura, portanto já nascem com suas ferramentas de trabalho, dão
suas obrigações para aprimorar seus conhecimentos.
Em Angola, quem passa cargo são os enredos de Dandalunda. Isto é, não é preciso ser filho de
Dandalunda, mas é ela quem autoriza aquela pessoa a receber o cargo.
Após 7 anos de obrigações, se renovarão a cada ano com rito de obi ou borí, conforme o caso,
repetindo-se as obrigações maiores de 7 em 7 anos para renovar e conservar o indivíduo
fortte, transformando-o em Kukala Ni Nguzu- Um ser fotte.
Kunha Kele: Sacramento realizado 3 meses e 21 dias após a feitura ( tirada de kele), quando o
santo soltará a Kuzuela = Ilá.
Ordem de barco (sequência das pessoas recolhidas juntas para iniciação) na Angola
1º - Kamoxi, 2º - kaiari, 3º - katatu, 4º - Kakuanam, 5º - kakatuno, 6º - Kassagulu, 7º -
Kassambà.
Na hierarquia de Angola o cargo de maior importância e responsábilidade são: é mais
frequente se dizer Tata Nkisi (homem) ou Mametu Nkisi (mulher)
----------------------------------------------------------------------------------------------------
---------------------------------------
Candomblé Ewe Efon
Dahomé, o berço da nação Ewe e fon, denominados Jêjes, no Brasil, enumeram-se em
diversas tribos como os Agonis, Axantis, Gans, Popós, Crus etc. Os primeiros povos jêjes
tiveram como destino São Luis do Maranhão, onde ainda se mantém vivas as tradições
religiosas trazidas da terra mãe, África. Também se encontra o ritual jêje em Salvador,
Cachoeira de São Félix, Pernambuco entre outros estados do Brasil como Rio Grande do Sul e
São Paulo, que também importou os rituais desta nação.
O negro descendente do Dahomé, hoje Benin, trouxe consigo o culto à suas divindades
chamadas Voduns, cujo Deus Supremo é Mawu , a quem são subordinados, assim como
Olodumaré o Deus Supremo dos Orixás Yorubás. Diz a Mitologia Fon que Mawu tinha um
companheiro chamado Lisa, e são filhos de Nana Buruku (ou Nana Buluku), a grande mãe
criadora do mundo. Mawu era a Lua, que teve força ao longo da noite e viveu no oeste. Lisa
era o Sol, que fez sua morada no Leste. Quando existia um eclipse dizia-se que Mawu e Lisa
estavam fazendo amor. Eles eram pais de todos os outros Deuses. E existem catorze destes
deuses, que eram sete pares de gémeos. Este relato é um mito do primeiro povo do Dahomé,
os Fons.
O culto aos Voduns teve ênfase na Bahia, conhecido como Candomblé Jêje, e no Maranhão
Tambor de Mina.
Nos terreiros mais influenciados pela mina jêje, o predomínio, em certos grupos, é de
mulheres como filhas de santo. Os devotos têm que se submeter a longo processo de
iniciação. Os detalhes dos rituais são pouco comentados, não há rituais públicos de iniciação;
a cada comunidade, apenas duas ou três pessoas se dedicam ao ritual completo de iniciação.
Em geral as Vodunsis dão poucas informações sobre os rituais relacionados com o culto, os
segredos são mantidos a sete chaves.
Assim como os Orixás do Batuque, os Voduns incorporados, conversam com a assistência,
dando bênçãos, conselhos, deixam recados e mantêm os olhos abertos. È comum no culto jêje
fazer provas com os iniciados incorporados com os Voduns, como, por exemplo, mergulhar a
mão no azeite de dendê fervendo.
Algumas casas de jêje tiveram influencias dos yorubás e vice-versa, formando o que se chama
de cultura Jêje-Nagô. A exemplo do candomblé, as instalações dos terreiros contam com um
barracão central para as danças, pequenas casas reservadas para as diferentes famílias de
divindades, onde são mantidos os assentamentos. O forte sincretismo prevê, também a
instalação de uma pequena capela com altar católico, há uma cozinha, quartos para dormir e
se vestir e quarto onde os iniciados ficam recolhidos durante as obrigações. há também a casa
de Legba, onde são feitas grandes obrigações.
A iniciação jêje requer um longo período de confinamento, que pode durar de seis meses a um
ano de reclusão, onde um Vodunsi aprende as tradições religiosas jêje como: danças, cantigas,
preparo das comidas sagradas, cuidar de árvores e espaços sagrados, votos de segredo e
obediência. As entidades são assentadas, recebem sacrifícios de animais, comidas, bebidas e
outros presentes. Os assentamentos são preparados em pedras, que representam um “imã” que
tem a força do Vodun, e ficam guardadas no quarto de segredo recobertos com jarras, louças e
ferramentas. Existem, também, assentamentos em outras partes da casa e do quintal marcados
por árvores como a cajazeira, ginja e pinhão branco. È comum ter assentamentos no centro do
barracão de danças; assim como em outras nações, no culto jêje também são feitos rituais de
limpezas, banhos com ervas e muitas preces. Nos rituais antigos o contacto com os voduns
dependia muito da vidência das Vodunsis, e a adivinhação era feita através da interpretação
dos sonhos, consulta com os Voduns e exame da luz de velas, actualmente é comum o uso dos
Búzios para consultar as divindades.
As casas de jêje, além do culto aos Voduns, também incorporam em seus rituais alguns orixás
nagôs. O panteão jêje é numeroso, sendo os Voduns agrupados em famílias como: Dambirá,
Davice, Savaluno e Queviossô.
As actividades religiosas requerem um extenso calendário com rituais reservados aos
iniciados, e em festas públicas que duram um, três ou sete dias; no final das obrigações todos
comem as comidas preparadas com a carne dos animais oferecidos em sacrifício às
divindades.
Mawu é o ser supremo dos povos Ewe e Fon, criador do mundo, dos seres vivos e das
divindades. Mawu (feminino) e Lissá (masculino) forman a divindade dupla Mawu-Lissá
cujos Voduns são filhos e descendentes de ambos. Os principais Voduns são: Loko; Gu;
Heviossô; Sakpatá; Dan; Agbê; Águé; Ayizan; Agassu; Legba e Fa.
A casa de jêje chama-se Kwe, e o local destinado ao culto dos Voduns é chamado Hunkpame,
que é o templo onde está dentro a divindade; é chefiado por um sacerdote ou sacerdotisa, que
são responsáveis pelos ensinamentos aos futuros Vodunsis.
No Rio Grande do Sul, os terreiros que ainda mantém firme a cultura Jêje, nota-se a
conservação de certas obrigações, à exemplo, nos assentamentos de Ogum Avagã cujas
ferramentas usadas são as mesmas para o assentamento de Gu no Dahomé, e algumas não tem
o uso do okutá; e também há nomes de Orixás que usam o mesmo dos Voduns, como por
exemplo Dã, cujo Orixá de uma famosa Yalorixá da nação Jêje chamava-se Dã e um outro
antigo Babalorixá de Porto Alegre pertencente a esta mesma nação, tinha o assentamento de
Sobô; (Sobô é nome de um Vodun do Dahomé). Dos pais e mães de santos actuais, da nação
Jêje do Rio Grande do Sul, muitos desconhecem a palavra Vodun; deve-se este fato ao
predomínio da nação Ijexá, de origem Yorubá que acabou absorvendo as demais, e o termo
Vodun com o tempo deixou de existir; mas é certo que a linguagem usada nos cantos rituais e
o uso dos aquidavís para percussão dos tambores, o uso do Gã (instrumento de percussão),
entre outros fatos reflectem muito os fundamentos do antigo Dahomé.
Há casos em que as tradições culturais africanas resistem, mais que em outros, à mudança,
mas em nenhuma instância, nem mesmo nos terreiros mais antigos e ostensivamente zelosos à
suas origens, deixou de existir, contudo, se tivesse, no sul um maior interesse em pesquisar a
origem dos fundamentos de cada nação é certo que achariam a ligação directa do jêje
praticado aqui, com os povos do antigo Dahomé, e assim por diante.
O que sobrevive da vertente jêje como legado cultural acha-se incorporado ou associado ao
acervo Yorubá, embora não se fale em Vodu no Rio Grande do Sul, certas práticas da religião
do antigo Dahomé, hoje Benin, podem ser detectadas no Batuque do Rio Grande do Sul,
principalmente nos terreiros que fazem parte da raiz do falecido Joãozinho de Bará (Esú Biyí).
A palavra JEJE vem do yorubá adjeje que significa estrangeiro, forasteiro. Portanto, não
existe e nunca existiu nenhuma nação Jeje, em termos políticos. O que é chamado de nação
Jeje é o candomblé formado pelos povos fons vindo da região de Dahomé e pelos povos
Mahins. Jeje era o nome dado de forma pejorativa pelos yorubás para as pessoas que
habitavam o leste, porque os Mahins eram uma tribo do lado leste e Saluvá ou Savalu eram
povos do lado sul. O termo Saluvá ou Savalu, na verdade, vem de “Savê” que era o lugar onde
se cultuava Nanã. Nanã, uma das origens das quais seria Bariba, uma antiga dinastia
originária de um filho de Odudua, que é o fundador de Savê (tendo neste caso a ver com os
povos fons). O Abomei ficava no oeste, enquanto Axantis era a tribo do norte. Todas essas
tribos eram de povos Jeje.
Origem da palavra DAHOMÉ
A palavra DAHOMÉ, tem dois significados: Um está relacionado com um certo Rei Ramilé
que se transformava em serpente e morreu na terra de Dan. Daí ficou “Dan Imé” ou
“Dahomé”, ou seja, aquele que morreu na Terra da Serpente. Segundo as pesquisas, o trono
desse rei era sustentado por serpentes de cobre cujas cabeças formavam os pés que iam até a
terra. Esse seria um dos significados encontrados: Dan = “serpente sagrada” e Homé = “a
terra de Dan”, ou seja, Dahomé = “a terra da serpente sagrada”. Acredita-se ainda que o culto
à Dan é oriundo do antigo Egito. Ali começou o verdadeiro culto à serpente, onde os Faraós
usavam seus anéis e coroas com figuras de cobra. Encontramos também Cleópatra com a
figura da cobra confeccionada em platina, prata, ouro e muitos outros adornos femininos.
Então, posso dizer que este culto veio descendo do Egito até Dahomé.
Dialetos falados
Os povos Jejes se enumeravam em muitas tribos e idiomas, como: Axantis, Gans, Agonis,
Popós, Crus, etc. Portanto, teríamos dezenas de idiomas para uma tribo só, ou seja, todas eram
Jeje, o que foge evidentemente às leis da lingüística - muitas tribos falando diversos idiomas,
dialetos e cultuando os mesmos Voduns. As diferenças vinham, por exemplo, dos Minas -
Gans ou Agonis, Popós que falavam a língua das Tobosses, que a meu ver, existe uma grande
confusão com essa língua.
Os Primeiros no Brasil
Os primeiros negros Jeje chegados ao Brasil entraram por São Luís do Maranhão e de São
Luís desceram para Salvador, Bahia e de lá para Cachoeira de São Félix. Também ali, há uma
grande concentração de povos Jeje. Além de São Luís (Maranhão), Salvador e Cachoeira de
São Félix (Bahia), o Amazonas e bem mais tarde o Rio de Janeiro, foram lugares aonde
encontram-se evidências desta cultura.
Classificação dos Voduns
Muitos Voduns Jeje são originários de Ajudá. Porém, o culto desses voduns só cresceram no
antigo Dahomé. Muitos desses Voduns não se fundiram com os orixás nagos e desapareceram
totalmente. O culto da serpente Dãng-bi é um exemplo, pois ele nasceu em Ajudá, foi para o
Dahomé, atravessou o Atlântico e foi até as Antilhas.
Quanto a classificação dos Voduns Jeje, por exemplo, no Jeje Mahin tem-se a classificação do
povo da terra, ou os voduns Caviunos, que seriam os voduns Azanssu, Nanã e Becém. Temos,
também, o vodun chamado Ayzain que vem da nata da terra. Este é um vodun que nasce em
cima da terra. É o vodun protetor da Azan, onde Azan quer dizer “esteira”, em Jeje. Achamos
em outro dialeto Jeje, o dialeto Gans-Crus, também o termo Zenin ou Azeni ou Zani e ainda o
Zoklé. Ainda sobre os voduns da terra encontramos Loko. Ele apesar de estar ligado também
aos astros e a família de Heviosso, também está na família Caviuno, porque Loko é árvore
sagrada; é a gameleira branca, que é uma árvore muito importante na nação Jeje. Seus filhos
são chamados de Lokoses. Ague, Azaká é também um vodun Caviuno. A família Heviosso é
encabeçada por Badë, Acorumbé, também filho de Sogbô, chamado de Runhó. Mawu-Lissá
seria o orixá Oxalá dos yorubás. Sogbô também tem particularidade com o Orixá em Yorubá,
Xangô, e ainda com o filho mais velho do Deus do trovão que seria Averekete, que é filho de
Ague e irmão de Anaite. Anaite seria uma outra família que viria da família de Aziri, pois são
as Aziris ou Tobosses que viriam a ser as Yabás dos Yorubás, achamos assim Aziritobosse.
Estou falando do Jeje de um modo geral, não especificamente do Mahin, mas das famílias que
englobam o Mahin e também outras famílias Jeje.
Como foi relatado, Jeje era um apelido dado pelos yorubás. Na verdade, esta família, ou seja,
nós que pertencemos a esta nação deveríamos ser classificados de povo Ewe, que seria o mais
certo. Ewe-Fon seria a nossa verdadeira denominação. Nós seríamos povos Ewe ou povos
Fons. Então, se fôssemos pensar em alguma possibilidade de mudança, nós iríamos nos
chamar, ao invés de nação Jeje, de nação Ewe-Fon. Somente assim estaríamos fazendo jus ao
que é encontrado em solo africano. Jeje é então um apelido, mas assim ficamos para todas as
nossas gerações classificados como povo Jeje, em respeito aos nossos antepassados.
Continuando com algumas nomenclaturas da palavra Ewe-Fon, por exemplo, a casa de
candomblé da nação Jeje chama-se Kwe = “casa”. A casa matricial em Cachoeira de São
Félix chama-se Kwe Ceja Undé. Toda casa Jeje tem que ser situada afastada das ruas, dentro
de florestas, onde exista espaço com árvores sagradas e rios. Depende das matas, das
cachoeiras e depende de animais, porque o Jeje também tem a ver com os animais. Existem
até cultos com os animais tais como, o leopardo, crocodilo, pantera, gavião e elefante que são
identificados com os voduns. Então, este espaço sagrado, este grande sítio, esta grande
fazenda onde fica o Kwe chama-se Runpame, que quer dizer “fazenda” na língua Ewe-Fon.
Sendo assim, a casa chama-se Kwe e o local onde fica situado o candomblé, Runpame. No
Maranhão predomina o culto às divindades como Azoanador e Tobosses e vários Voduns
onde a “sacerdotisa” é chamada Noche e o cargo masculino, Toivoduno.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------
Candomblé de nagô
Termos étnicos como nagôs, angolas, jejes, fulas, representavam identidades criadas pelo
tráfico de escravo, onde cada termo continha um leque de tribos escravizadas de cada região.
Nagô - adj. Nome que se dá ao iorubano ou a todo negro da Costa dos Escravos que falava ou
entendia o Ioruba. Migeod (The Langs, of West Afri. II, 360) assinala que nagô é nome dado,
no Daomé, pelos franceses ao iorubano: do efé anagó.
Os portugueses construíram em 1498 o forte São Jorge da Mina, ou Feitoria da Mina, ou
Mina, no Gana, um posto estratégico na rota dos europeus ao litoral da África Ocidental, onde
os cativos eram mantidos à espera de transporte para o Novo Mundo.
O tratado de paz de 1657 assinado pela Rainha Nzinga Mbandi Ngola e a coroa portuguesa
através da mediação do Papa Alexandre, encerrou a guerra no império do Congo e o tráfico
escravista europeu na região.
No que se refere ao Brasil, o tráfico irá paulatinamente se deslocar em direção a chamadas
costa da Mina, onde se localizava o Império do Daomé e o reino de Ardra, vinculados ao
império Oyo - Ioruba ou Nagô, segundo (Verger) no final do século XVII e início do século
XVIII entre os anos de 1681 a 1710 um grande número de embarcações carregadas de fumo
foram para Costa da Mina e Angola.
O fumo (tabaco) da Bahia era muito apreciado pelos africanos. Esse fumo que era rejeitado
pelos europeus que o achavam de má qualidade, era destinado aos traficantes de escravos e
tornaria Salvador capital mundial do tráfico de escravos.
Introduzidas no Brasil com a escravidão, as culturas negras imprimiram, cada uma com suas
peculiaridades e em diferentes graus, marcas profundas em quase toda a extensão da alma e
do território brasileiro. E na Bahia essa presença - que se recria hoje em importantes
instituições como as comunidades terreiro - é devida basicamente à cultura dos nagôs, que
vinda da África Ocidental, foi entre o fim do século XVIII e o fim do século XIX, das últimas
a serem escravizadas no Brasil.
Kètu, Egba, Egbado e Sabé são alguns dos segmentos nagôs que vieram para a Bahia
provenientes da grande área iorubá que compreende sul e centro da atual República de Benim,
ex-Daomé; parte da República do Togo: e todo sudoeste da Nigéria. E todos eles - com
destaque para os Kètu contribuíram decisivamente para e implantação da cultura nagô naquele
Estado, reconstituindo suas instituições e procurando adaptá-las ao novo meio, com o máximo
de fidelidade aos padrões básicos de origem, fidelidade essa em parte facilitada pelo intenso
comércio que se desenvolveu entre a Bahia e a costa ocidental da África durante todo o século
XIX até os primeiros anos que se seguirem à Abolição.
Para entender o predomínio da etnia yorubá-nagô na Bahia é necessário recordar que, nas
últimas décadas do tráfico negreiro, um enorme contingente de escravos dessa região foi
trazido para Salvador. Nesse momento, os núcleos familiares também não foram tão
desmembrados como no início da escravatura, permitindo uma maior manutenção da cultura e
dos costumes.
Nos dizeres de Edson Carneiro, no clássico “Candomblés da Bahia”: "Os nagôs logo se
constituíram numa espécie de elite e não encontraram dificuldade de impor à massa escrava a
sua religião". E complementa: "Quanto aos negros muçulmanos (malês), uma minoria entre as
minorias, que poderiam ser êmulos(rivais) dos nagôs, pelo seu sectarismo, afastavam não só
os escravos como toda a sociedade branca". A própria Mãe Aninha Obá Biyi era filha de um
casal de africanos da etnia grunci, os negros Aniyó e Azambiyó, mas fora iniciada no
candomblé pelos nagôs da Casa Branca-Engenho Velho. A presença de Xangô, seu orixá,
solidificou ainda mais as tradições iorubás em sua trajetória.