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Nações do Candomblé Nações Os escravos brasileiros pertenciam a diversos grupos étnicos, incluindo os Yoruba, os Ewes, os Fons, e os Bantus. Como a religião se tornou semi-independente em regiões diferentes do país, entre grupos étnicos diferentes, evoluíram diversas “divisões” ou nações, que se distinguem entre si principalmente pelo conjunto de divindades veneradas, o atabaque (música) e a língua sagrada usada nos rituais.A lista seguinte é uma classificação pouco rigorosa das principais nações e sub-nações, de suas regiões de origem, e de suas línguas sagradas: Bantu, Angola e Congo (Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Rio Grande do Sul), mistura de Bantu, Quicongo e Quimbundo línguas. Nagô ou Yorubá ,Ketu ou Queto (Bahia) e quase todos os estados - Língua Yoruba (Yorubá ou Nagô em Português) Efan na Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo Ijexá principalmente na Bahia Nagô Egbá ou Xangô do Nordeste no Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo Mina-nagô ou Tambor de Mina no Maranhão Xambá em Alagoas e Pernambuco (quase extinto). Candomblé de Caboclo ou Jurema (entidades nativas índios e orixas nagos) Jeje - A palavra Jeje vem do yorubá adjeje que significa estrangeiro, forasteiro. Nunca existiu nenhuma nação Jeje na África. O que é chamado de nação Jeje é o candomblé formado pelos povos fons vindo da região de Dahomé e pelos povos mahins. Jeje era o nome dado de forma pejorativa pelos yorubás para as pessoas que habitavam o leste, porque os mahins eram uma tribo do lado leste e Saluvá ou Savalu eram povos do lado sul. O termo Saluvá ou Savalu, na verdade, vem de “Savê” que era o lugar onde se cultuava Nanã. Nanã, uma das origens das quais seria Bariba, uma antiga dinastia originária de um filho de Oduduá, que é o fundador de Savê (tendo neste caso a ver com os povos fons). O Abomei ficava no oeste, enquanto Ashantis era a tribo do norte. Todas essas tribos eram de povos Jeje,(Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo) - língua Ewe e língua Fon (Jeje) Jeje Mina língua Mina São Luiz do Maranhão As Variações Das Três Nações Angola .Jeje e Ketu Dos muitos grupos de escravos vindo para o Brasil, 03 (três) categorias ou nações se destacaram:

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Religi~çao Afro brasileira

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Page 1: Nações Do Candomblé, - Port

Nações do Candomblé

Nações

Os escravos brasileiros pertenciam a diversos grupos étnicos, incluindo os Yoruba, os Ewes,

os Fons, e os Bantus. Como a religião se tornou semi-independente em regiões diferentes do

país, entre grupos étnicos diferentes, evoluíram diversas “divisões” ou nações, que se

distinguem entre si principalmente pelo conjunto de divindades veneradas, o atabaque

(música) e a língua sagrada usada nos rituais.A lista seguinte é uma classificação pouco

rigorosa das principais nações e sub-nações, de suas regiões de origem, e de suas línguas

sagradas:

Bantu, Angola e Congo (Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo,

Goiás, Rio Grande do Sul), mistura de Bantu, Quicongo e Quimbundo línguas.

Nagô ou Yorubá ,Ketu ou Queto (Bahia) e quase todos os estados - Língua Yoruba (Yorubá

ou Nagô em Português)

Efan na Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo

Ijexá principalmente na Bahia

Nagô Egbá ou Xangô do Nordeste no Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Rio de Janeiro e São

Paulo

Mina-nagô ou Tambor de Mina no Maranhão

Xambá em Alagoas e Pernambuco (quase extinto).

Candomblé de Caboclo ou Jurema (entidades nativas índios e orixas nagos)

Jeje - A palavra Jeje vem do yorubá adjeje que significa estrangeiro, forasteiro. Nunca existiu

nenhuma nação Jeje na África. O que é chamado de nação Jeje é o candomblé formado pelos

povos fons vindo da região de Dahomé e pelos povos mahins. Jeje era o nome dado de forma

pejorativa pelos yorubás para as pessoas que habitavam o leste, porque os mahins eram uma

tribo do lado leste e Saluvá ou Savalu eram povos do lado sul. O termo Saluvá ou Savalu, na

verdade, vem de “Savê” que era o lugar onde se cultuava Nanã. Nanã, uma das origens das

quais seria Bariba, uma antiga dinastia originária de um filho de Oduduá, que é o fundador de

Savê (tendo neste caso a ver com os povos fons). O Abomei ficava no oeste, enquanto

Ashantis era a tribo do norte. Todas essas tribos eram de povos Jeje,(Bahia, Rio de Janeiro e

São Paulo) - língua Ewe e língua Fon (Jeje)

Jeje Mina língua Mina São Luiz do Maranhão

As Variações Das Três Nações Angola .Jeje e Ketu

Dos muitos grupos de escravos vindo para o Brasil, 03 (três) categorias ou nações se

destacaram:

Page 2: Nações Do Candomblé, - Port

Negros Bantos ou Nação Angola

Negros Fons ou Nação Jeje

Negros Yorubás ou Nação Ketu

Cada uma dessas 03 (três) nações tem dialeto e ritualística própria. Mas, houve uma grande

coligação entre os deuses adorados nessas 03 (três) nações, por exemplo:

DEUS

Ketu Jeje Bantu

Olorun Mawu Nzambi

Divindades

Ketu Jeje Bantu

Orixás Vodun Nkisi

Na Nação Jeje as divindades são chamados de Voduns

Na Nação Ketu as divindades de Orixás

Na Nação de Angola as divindades de Inkices

Abaixo, encontram-se relacionados os deuses, as suas ligações e correspondência em cada

uma dessas 03 (três) nações

KETU JEJE ANGOLA

Exu Elegbá Pambun'jila

Ogum Gu Nkosi-Mucumbe

Oxossi Otolú Mutaka Lambo

Omolu Azanssun Cavungo

Xangô Sogbô Nzazi ou Luango

Ossain Ague Katende

Oya / Yansã Guelede-Agan ou Vodun-

Jó Matamba/Kaingo

Oxum Aziri-Tolá Dandalunda

Yemanjá Aziri-Tobossi Samba

Kalunga/Kukuetu

Oxumarê Becém Hangoro - Hangolo-mea

Oxalá Lissá Lemba

Page 3: Nações Do Candomblé, - Port

Candomblé de Ketu

Ketu é o nome de um antigo reino da África, na região agora ocupada pela República Popular

do Benin e pela Nigéria. Seu rei tem o nome de alaketu, de onde vem o sobrenome da

conhecida ialorixá Olga de Alaketo. Também indica o nome do povo dessa região, que veio

como escravo para o Brasil. Em termos de identidade cultural, forma uma subdivisão da

cultura iorubana. Em geral, membros de origem ketu são responsáveis por boa parte dos

terreiros mais tradicionais da Bahia.

É a maior e mais popular nação do Candomblé, e a diferença das outras nações está no idioma

utilizado, no caso o Yorubá, no toque dos seus atabaques, nas cores e símbolos dos Orixás, e

nas cantigas; Os fundamentos são passados oralmente por sacerdotes de Orixás que são

chamados de Babalorixá (masculino) Yalorixá (feminino). Os rituais mais conhecidos são:

Padê, Sacrifício, Oferenda, lavar contas, Ossé, Xirê, Olubajé, Águas de Oxalá, Ipeté de Oxum

e Axexê.

Uma outra grande diferença é em relação ao culto dos Eguns; existe um sacerdote preparado

para este ritual especifico chamado Ojé ou Baba Ojé, que faz o uso de um ixãn para dominar

os Eguns; conforme informações de um antigo sacerdote de Ketu, chamado Balbino de

Xangô, quem lida com Orixás não lida com Eguns; Já no Rio Grande do Sul, é o próprio

Sacerdote de orixá quem faz os rituais de Eguns.

Os cargos principais na nação Ketu são:

- Babalorixá ou Yalorixá: autoridades máximas no Candomblé

- Iyakekerê: mãe pequena

- Babakekerê: pai pequeno

- Yalaxé: mulher que cuida dos objectos ritual.

- Agibonã: mãe criadeira supervisiona e ajuda na iniciação.

- Egbomi: pessoa que já cumpriu sete anos de obrigação.

- Iyabassê: mulher responsável pela preparação das comidas de santo.

- Iaô: filha de santo (que já incorpora Orixá).

- Abian: novato.

- Axogun: responsável pelo sacrifício de animais.

- Alagbê: responsável pelos atabaques e pelos toques.

- Ogan: tocadores de atabaques.

- Ajoiê ou Ekedi: camareira de Orixá.

Os Orixás cultuados na nação Ketu são: Exu, Ogum, Oxossi, Logunedé, Xangô, Obaluayê,

Oxumaré, Ossaim, Oyá ou Iansã, Oxum, Iemanjá, Nana, Ewa, Oba, Axabó (Orixá feminino

da família de Xangô), Oxalá, Ibeji, Irôco, Ifá ou Orunmila.

Na nação Ketu, existente principalmente na Bahia, predominam os Orixás de origem Yorubá,.

O Candomblé de origem ketu já se espalhou por todos os grandes centros urbanos do Brasil e

também para o exterior, e nota-se um movimento de recuperação de raízes africanas, que

rejeita o sincretismo católico, procurando reaprender o yorubá como língua original e tenta

reproduzir os rituais que estavam perdidos ao longo do tempo, há casos em que muitos

sacerdotes procuram viajar até África para descobrir mais sobre a cultura dos Orixás.

Page 4: Nações Do Candomblé, - Port

A Importância dos Mitos do Candomblé

O culto dos orixás remonta de muitos séculos, talvez sendo um dos mais antigos cultos

religiosos de toda história da humanidade.

O objetivo principal deste culto é o equilíbrio entre o ser humano e a divindade aí chamada de

orixá.

A religião de orixá tem por base ensinamentos que são passados de geração a geração de

forma oral.

Basicamente este culto está assim organizado:

1º Olorum - Senhor Supremo ou Deus Todo Poderoso

2º Olodumare – Senhor do Destino

3º Orunmilá – Divindade da Sabedoria (Senhor do Oráculo de Ifá)

4º Orixá – Divindade de Comunicação entre Olodumare e os homens, também chamado de

elegun, onde a palavra elegun quer dizer “Aquele que pode ser possuído pelo Orixá”

5º Egungun – Espíritos dos Ancestrais

Os mitos são muito importantes no culto dos orixás, pois é através deles que encontramos

explicações plausíveis para determinados ritos.

Sem estas estórias, lendas ou itans seria difícil ter respostas a sérios enigmas, como o

envolvimento entre a vida do ser humano e do próprio orixá.

O Mito da Criação (Segundo a Tradição Yorubá)

Olodumare enviou Oxalá para que criasse o mundo. A ele foi confiado um saco de areia, uma

galinha com 5 (cinco) dedos e um camaleão. A areia deveria ser jogada no oceano e a galinha

posta em cima para que ciscasse e fizesse aparecer a terra. Por último, colocaria o camaleão

para saber se a terra estava firme.

Oxalá foi avisado para fazer uma oferenda à Exu antes de sair para cumprir sua missão. Por

ser um orixá funfun, Oxalá se achava acima de todos e, sendo assim, negligenciou a oferenda

à Exu. Descontente, Exu resolveu vingar-se de Oxalá, fazendo-o sentir muita sede. Não tendo

outra alternativa, Oxalá furou com seu opasoro o tronco de uma palmeira. Dela escorreu um

líquido refrescante que era o vinho de Palma. Com o vinho, ele saciou sua sede, embriagou-se

e acabou dormindo.

Olodumare, vendo que Oxalá não havia cumprido a sua tarefa, enviou Odudua para verificar o

ocorrido. Ao retornar e avisar que Oxalá estava embriagado, Odudua cumpriu sua tarefa e os

outros orixás vieram se reunir a ele, descendo dos céus, graças a uma corrente que ainda se

podia ver no Bosque de Olose.

Apesar do erro cometido, uma nova chance foi dada à Oxalá: a honra de criar os homens.

Entretanto, incorrigível, embriagou-se novamente e começou a fabricar anões, corcundas,

albinos e toda espécie de monstros.

Page 5: Nações Do Candomblé, - Port

Odudua interveio novamente. Acabou com os monstros gerados por Oxalá e criou homens

sadios e vigorosos, que foram insuflados com a vida por Olodumare.

Esta situação provocou uma guerra entre Odudua e Oxalá. O último, Oxalá, foi então

derrotado e Odudua tornou-se o primeiro Oba Oni Ifé ou “O primeiro Rei de Ifé”.

Os Orixás e Suas Origens

Quando falamos de orixá, falamos de uma força pura, geradora de uma série de fatores

predominantes na vida de uma pessoa e também na natureza.

Mas, como surgiram os orixás? Quais as suas origens?

Quando Olorum, Senhor do Infinito, criou o Universo com o seu ófu-rufú, mimó, ou hálito

sagrado, criou junto seres imateriais que povoaram o Universo. Esses seres seriam os orixás

que foram dotados de grandes poderes sobre os elementos da natureza. Em verdade, os orixás

são emanações vindas de Olorum, com domínio sobre os 4 (quatro) elementos: fogo, água,

terra e ar e ainda dominando os reinos vegetal e animal, com representações dos aspectos

masculino e feminino, ou seja, para todos os fenômenos e acidentes naturais, existe um orixá

regente. Através do processo de constituição física e diante das leis de afinidades, cada ser

humano possui 01 (um) ou mais orixá, como protetores de sua vida, a eles sendo destinados

formas diversas de culto.

Um outro aspecto a ser analisado sobre a tradição de orixá e sua origem seria a de que alguns

orixás seriam, em princípio, ancestrais divinizados que em vida estabeleceram vínculos que

lhes garantiam um controle sobre certas forças da natureza, como o trovão, o vento, as águas

doces, ou salgadas, ou então, assegurando-lhes a possibilidade de exercer certas atividades

como a caça, o trabalho com metais, ou ainda, adquirindo o conhecimento das propriedades

das plantas e de sua utilização.

O poder axé do ancestral-orixá teria, após a sua morte, a faculdade de encarnar-se

momentaneamente em um de seus descendentes durante um fenômeno de possessão por ele

provocada.

A passagem da vida terrestre à condição de orixá aconteceu em momento de paixão como nos

mostram as lendas dos orixás.

Xangô, por exemplo, tornou-se orixá em um momento de contrariedade por se sentir

abandonado, quando deixou Oyó para retornar à região de Tapá. Somente Oya, sua primeira

mulher, o acompanha na fuga e, por sua vez, ela entrou debaixo da terra depois do

desaparecimento de Xangô. Suas duas outras mulheres Oxum e Obá tornaram-se rios que tem

seus nomes, quando fugiram aterrorizadas pela fumegante cólera do marido.

Como foi relatado, esses antepassados não morreram de forma natural; e sim, sofreram uma

transformação nos momentos de crise emocional provocada pela cólera ou outros

sentimentos.

A origem é a própria terra. E segundo a tradição yorubá, alguns orixás foram seres humanos

possuidores de um axé muito forte e de poderes excepcionais.

Page 6: Nações Do Candomblé, - Port

Saudações

As saudações são muito importantes, pois é através delas que nós invocamos os orixás.

Assim, vamos traduzir para vocês “As saudações dos Orixás e seus significados”:

Exu Kóbà Láryè Aquele que é muito falante.

Ogum Pàtakorí Exterminador ou cortador de ori ou

cabeça.

Oxossi Ará Unse Kòke Ode Guardador do corpo e caçador.

Xangô Kawó-Kábièsilé Venham ver o Rei descer sobre a terra!

Oxum Orà Yè Yé Ofyderímàn Salve mãezinha doce, muito doce!

Yansã ou Oyá Èpàrèi Venha, meu servo!

Omolu e Obaluayê Atótóo Silêncio!

Yemanjá Èru Ìyá Senhora do cavalo marinho.

Oxumarê Arrum Bobo(termo Jeje) Senhor de águas supremas.

Nanã Sálùbá Pantaneira (em alusão aos pântanos de

Nanã).

Oxalá Esè Epa Bàbá Você faz, obrigado Pai!

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Candomblé de Angola

Religião afro-brasileira, de origem banto, que compreende as nações de Angola e Congo

(Cassanges, Kikongos, Kimbundo, Umbundo e Kiocos), e se desenvolveu entre os escravos

africanos que falavam a linguagem Kimbundo e Kikongo e são facilmente reconhecidos pela

maneira diferente de cantar, dançar e percutir seus tambores.

Na hierarquia de Angola o cargo de maior importância é para homem Tata Nkisi (tata de

inquinces) e para mulher Mametu Nkisi (Mametu de inquices), e o Deus supremo é Zambi

(Nzambi) ou Zambiapongo (Ndala Karitanga).

O Candomblé de Caboclo é uma modalidade desta nação, e cultua os antepassados indígenas.

Há uma nação que faz parte do Batuque do Rio Grande do Sul que descende de Angola, que é

a Cabinda.

Os rituais da nação Angola começam com o Massangá, que é o batismo na cabeça do

iniciado; ritual de raspagem, conhecido como feitura de santo; ritual de obrigação de 1 ano;

ritual de obrigação de 3 anos, onde muda o grau de iniciação; ritual de obrigação de 5 anos,

com o uso de frutas, obrigação de 7 anos, quando o iniciado recebe seu cargo, é elevado ao

grau de Tata Nkisi (zelador) ou Mametu Nkisi (zeladora). Após 7 anos de obrigações, será

renovado a cada ano com o rito de Obi ou Bori, conforme o caso, e de 7 em 7 anos se repete

as obrigações para conservar o individuo forte, se transformando em Kukala Ni Nguzu, que

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quer dizer um ser forte. Além dos búzios, outro sistema antigo de consulta é o Ngombo, no

qual o adivinhador recebe o nome de Kambuna.

Os principais Nkisi são: Aluvaiá (também conhecido como: Nkuyu Nfinda, Tata Nfinda, Tona

e Cubango), Bombo Njila(Bombojira), Vangira(feminino), Pambu Njila, Pambuguera; Nkisi

Nkosi Mukumbe, Roxi Mukumbe, Burê; Nkisi Kabila, Mutalambô, Gongobila,

Lambaranguange; Nkise Katendê; Nkisi Zaze (Nsasi, Mukiamamuilo, Kibuco,

Kiassubangango) Loango; Nkisi Kaviungo ou Kavungo, Kafungê; Nkise Angorô e

Angoroméa; Nkisi Kitembo ou Tempo; Nkisi Tere-Kompenso; Nkisi Matamba,

Bamburussenda, Nunvurucemavula; Nikisi Kisimbi, Samba; Nkisi Kaitumbá, Mikaiá; Nkisi

Zumbarandá; Nkise Wunge; Nkisi Lembá Dilê, Lembarenganga, jakatamba, Kassuté Lembá,

Gangaiobanda; Nkisi Nwunji, Nkisi Kaitumbá, Mikaiá, Kukueto; Nkisi Ndanda Lunda; Nkisi

Kaiangu; Kariepembe, Pungu Wanga; Kobayende; Pungu Kasimba; Nkita Kiamasa; Nkita

Kuna; Lukankazi, Luganbe, Nzambi Bilongo; Mutalambô, Katalombô, Gunza, Nkuyo

Watariamba;

Os cargos e divisão do poder espiritual são:

Mam’etu ria Mukixi - Sacerdotisa chefe (Angola)

Nengua ia Nkisi - Sacerdotisa chefe (Congo)

Tat’etu ria Mukixi - Sacerdote chefe (Angola)

Dise ia Nkisi - Sacerdote chefe (Congo)

Tata Kivonda - Pai sacrificador de animais (Congo)

Kambodu Pokó - Sacrificador de animais (Angola)

Muxikiangoma - Tocador de atabaque

Njimbidi - Cantador (Angola)

Ntodi - Cantador (Congo)

A “nação” Angola, de origem Banto, adotou o panteão dos orixás iorubás (embora os chame

pelos nomes de seus esquecidos inkisis, divindades bantos, assim como incorporou muitas das

práticas iniciáticas da nação queto. Sua linguagem ritual, também intraduzível, originou-se

predominantemente das línguas quimbundo e quicongo. Nesta “nação”, tem fundamental

importância o culto dos caboclos, que são espíritos de índios, considerados pelos antigos

africanos como sendo os verdadeiros ancestrais brasileiros, portanto os que são dignos de

culto no novo território a que foram confinados pela escravidão. O candomblé de caboclo é

uma modalidade da nação angola, centrado no culto exclusivo dos antepassados indígenas.

Foram provavelmente o candomblé angola e o de caboclo que deram origem à umbanda. Há

outras nações menores de origem banto, como a congo e a cambinda, hoje quase inteiramente

absorvidas pela nação angola.

O Deus supremo e Criador é Nzambi ou Nzambi Mpungu; abaixo dele estão os

Jinkisi/Minkisi, divindades do Panteão Bantu. Essas divindades se assemelham a Olorun e

Orishas da Mitologia Yoruba, e Olorum e Orixá do Candomblé Ketu.

Os principais Minkisi são:

Oluvaiá: nkisi do barro vermelho.

Vanjira: nkisi feminina que rege o ciclo da menstruação .

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Pambun'jila: O senhor dos caminhos estradas e encruzilhadas .

Mukiba; nkisi feminina do trabalho das mulheres de coleta .

Mavangu :mavangu e tido como irmã gêmeo de lemba .

Maviletango:nkisi da ordem e guardião.

nKosi: e tido como um grande guerreiro temido por todos .

Mukumbe: guerreiro

Guzu: engloba as energias dos caçadores de animais.

Kabila: pastor. O que cuida dos rebanhos e das manadas .

Mutalambo: nkisi aquatico/caçador e tido como um jacare pela mitologia esposo de kaiangu

caçador, vive em florestas e montanhas; deus de comida abundante.

nGongobira: caçador jovem e pescador.

Mutakalambo:o mesmo que mutalambo.

Terekompensu: mkisi das aguas e da pesca.

Katende: Senhor das Jinsaba (folhas). Conhece os segredos das ervas medicinais tido como

um pequeno largato .

Nzazi:nkisi do raio e do fogo.

Loango: nkisi do magma da terra .

Kavungo,nkisi da terra e do barro.

Kafungê,nkisi da terra protege contra as doenças

Kingongo: cada um sendo nkisi pertencente ao um grupo familiar que levam as pestes e

doença embora.

Nsumbu - Senhor da terra.

Hongolo:nkisi serpente representado por um arco iris.

Angorô-mea: nkisi serpente irma gemea de hangolo.

Kitembo: nkisi dos ventos esposo de nBulusema com quem divide seus ventos .

Kaiangu: nkisi da fauna terrestre e divide dominio com Mutakalambo.

Matamba: nkisi que divide o magma com nZazeLuango .

nBulusema: nkisi esposa de kitempo que rege os ventos

Kisimbi, : a grande mãe; deusa de lagos e rios e tida como uma sereia de aguas doces .

ndandalunda: nkisi dos rios de lunda de qual herdou parte de seu nome considerada o leito do rio

Page 9: Nações Do Candomblé, - Port

nDandolunda e considerada uma princesa por ser de extrema beleza tendo parentesco com as

kiandas (sereias) . .

Kaitumbá:

Mikaiá:

Kokueto:Cada uma e tida como divindades do oceano.

Nzumbarandá: a mais velha das Nkisi senhora da lama e dos emcharcados.

Nwunji: nkisi gemeoda justiça. representa a felicidade de juventude .

Lembádile,Lembarenganga, Jakatamba, Kassuté Lembá, Gangaiobanda: Cada um nkisi

diferente ligado a criação.

Ritual

Na Angola, os sacramentos são:

1 - Massangá: Ritual de batismo de água doce (menha), na cabeça (mutue), do iniciado

(ndumbi), usando-se ainda o kezu (Obi).

2 - Nkudiá Mutuè: (Bori)- ritual de colocação de forças (Kalla ou Ngunzu(Angola)=

Asé(Axé) = Muki(Congo)), através do sangue (menga) de pequenos animais.

3 - Nguecè Benguè Kamutué: ritual de raspagem, vulgarmente chamado de feitura de santo.

4 - Nguecè Kamuxi Muvu: Ritual de obrigação de 1 ano.

5 - Nguecè Katàtu Muvu: Ritual de obrigação de 3 anos (Nguece = obrigação), nessa

obrigação, faz-se o ritual de mudança de grau de santo.

6 - Nguecè Katuno Muvu: Ritual de obrigação de 5 anos, preparação quase que identica a de

um ano, só que acompanhada de muitas frutas.

7 - Nguecè Kassambá Muvu:ritual de obrigação de 7 anos, quando o iniciado receberá seu

cargo, passado na vista do público, sendo elevado ao grau de Tata Nkisi (Zelador) ou Mametu

Nkisi (Zeladora).

As obrigações, são de praxe para os rodantes, porque Kota (ekedi) e Kambondo (ogã), ja

recebem seus cargos na feitura, portanto já nascem com suas ferramentas de trabalho, dão

suas obrigações para aprimorar seus conhecimentos.

Em Angola, quem passa cargo são os enredos de Dandalunda. Isto é, não é preciso ser filho de

Dandalunda, mas é ela quem autoriza aquela pessoa a receber o cargo.

Após 7 anos de obrigações, se renovarão a cada ano com rito de obi ou borí, conforme o caso,

repetindo-se as obrigações maiores de 7 em 7 anos para renovar e conservar o indivíduo

fortte, transformando-o em Kukala Ni Nguzu- Um ser fotte.

Kunha Kele: Sacramento realizado 3 meses e 21 dias após a feitura ( tirada de kele), quando o

santo soltará a Kuzuela = Ilá.

Ordem de barco (sequência das pessoas recolhidas juntas para iniciação) na Angola

1º - Kamoxi, 2º - kaiari, 3º - katatu, 4º - Kakuanam, 5º - kakatuno, 6º - Kassagulu, 7º -

Kassambà.

Na hierarquia de Angola o cargo de maior importância e responsábilidade são: é mais

frequente se dizer Tata Nkisi (homem) ou Mametu Nkisi (mulher)

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Candomblé Ewe Efon

Dahomé, o berço da nação Ewe e fon, denominados Jêjes, no Brasil, enumeram-se em

diversas tribos como os Agonis, Axantis, Gans, Popós, Crus etc. Os primeiros povos jêjes

tiveram como destino São Luis do Maranhão, onde ainda se mantém vivas as tradições

religiosas trazidas da terra mãe, África. Também se encontra o ritual jêje em Salvador,

Cachoeira de São Félix, Pernambuco entre outros estados do Brasil como Rio Grande do Sul e

São Paulo, que também importou os rituais desta nação.

O negro descendente do Dahomé, hoje Benin, trouxe consigo o culto à suas divindades

chamadas Voduns, cujo Deus Supremo é Mawu , a quem são subordinados, assim como

Olodumaré o Deus Supremo dos Orixás Yorubás. Diz a Mitologia Fon que Mawu tinha um

companheiro chamado Lisa, e são filhos de Nana Buruku (ou Nana Buluku), a grande mãe

criadora do mundo. Mawu era a Lua, que teve força ao longo da noite e viveu no oeste. Lisa

era o Sol, que fez sua morada no Leste. Quando existia um eclipse dizia-se que Mawu e Lisa

estavam fazendo amor. Eles eram pais de todos os outros Deuses. E existem catorze destes

deuses, que eram sete pares de gémeos. Este relato é um mito do primeiro povo do Dahomé,

os Fons.

O culto aos Voduns teve ênfase na Bahia, conhecido como Candomblé Jêje, e no Maranhão

Tambor de Mina.

Nos terreiros mais influenciados pela mina jêje, o predomínio, em certos grupos, é de

mulheres como filhas de santo. Os devotos têm que se submeter a longo processo de

iniciação. Os detalhes dos rituais são pouco comentados, não há rituais públicos de iniciação;

a cada comunidade, apenas duas ou três pessoas se dedicam ao ritual completo de iniciação.

Em geral as Vodunsis dão poucas informações sobre os rituais relacionados com o culto, os

segredos são mantidos a sete chaves.

Assim como os Orixás do Batuque, os Voduns incorporados, conversam com a assistência,

dando bênçãos, conselhos, deixam recados e mantêm os olhos abertos. È comum no culto jêje

fazer provas com os iniciados incorporados com os Voduns, como, por exemplo, mergulhar a

mão no azeite de dendê fervendo.

Algumas casas de jêje tiveram influencias dos yorubás e vice-versa, formando o que se chama

de cultura Jêje-Nagô. A exemplo do candomblé, as instalações dos terreiros contam com um

barracão central para as danças, pequenas casas reservadas para as diferentes famílias de

divindades, onde são mantidos os assentamentos. O forte sincretismo prevê, também a

instalação de uma pequena capela com altar católico, há uma cozinha, quartos para dormir e

se vestir e quarto onde os iniciados ficam recolhidos durante as obrigações. há também a casa

de Legba, onde são feitas grandes obrigações.

A iniciação jêje requer um longo período de confinamento, que pode durar de seis meses a um

ano de reclusão, onde um Vodunsi aprende as tradições religiosas jêje como: danças, cantigas,

preparo das comidas sagradas, cuidar de árvores e espaços sagrados, votos de segredo e

obediência. As entidades são assentadas, recebem sacrifícios de animais, comidas, bebidas e

Page 11: Nações Do Candomblé, - Port

outros presentes. Os assentamentos são preparados em pedras, que representam um “imã” que

tem a força do Vodun, e ficam guardadas no quarto de segredo recobertos com jarras, louças e

ferramentas. Existem, também, assentamentos em outras partes da casa e do quintal marcados

por árvores como a cajazeira, ginja e pinhão branco. È comum ter assentamentos no centro do

barracão de danças; assim como em outras nações, no culto jêje também são feitos rituais de

limpezas, banhos com ervas e muitas preces. Nos rituais antigos o contacto com os voduns

dependia muito da vidência das Vodunsis, e a adivinhação era feita através da interpretação

dos sonhos, consulta com os Voduns e exame da luz de velas, actualmente é comum o uso dos

Búzios para consultar as divindades.

As casas de jêje, além do culto aos Voduns, também incorporam em seus rituais alguns orixás

nagôs. O panteão jêje é numeroso, sendo os Voduns agrupados em famílias como: Dambirá,

Davice, Savaluno e Queviossô.

As actividades religiosas requerem um extenso calendário com rituais reservados aos

iniciados, e em festas públicas que duram um, três ou sete dias; no final das obrigações todos

comem as comidas preparadas com a carne dos animais oferecidos em sacrifício às

divindades.

Mawu é o ser supremo dos povos Ewe e Fon, criador do mundo, dos seres vivos e das

divindades. Mawu (feminino) e Lissá (masculino) forman a divindade dupla Mawu-Lissá

cujos Voduns são filhos e descendentes de ambos. Os principais Voduns são: Loko; Gu;

Heviossô; Sakpatá; Dan; Agbê; Águé; Ayizan; Agassu; Legba e Fa.

A casa de jêje chama-se Kwe, e o local destinado ao culto dos Voduns é chamado Hunkpame,

que é o templo onde está dentro a divindade; é chefiado por um sacerdote ou sacerdotisa, que

são responsáveis pelos ensinamentos aos futuros Vodunsis.

No Rio Grande do Sul, os terreiros que ainda mantém firme a cultura Jêje, nota-se a

conservação de certas obrigações, à exemplo, nos assentamentos de Ogum Avagã cujas

ferramentas usadas são as mesmas para o assentamento de Gu no Dahomé, e algumas não tem

o uso do okutá; e também há nomes de Orixás que usam o mesmo dos Voduns, como por

exemplo Dã, cujo Orixá de uma famosa Yalorixá da nação Jêje chamava-se Dã e um outro

antigo Babalorixá de Porto Alegre pertencente a esta mesma nação, tinha o assentamento de

Sobô; (Sobô é nome de um Vodun do Dahomé). Dos pais e mães de santos actuais, da nação

Jêje do Rio Grande do Sul, muitos desconhecem a palavra Vodun; deve-se este fato ao

predomínio da nação Ijexá, de origem Yorubá que acabou absorvendo as demais, e o termo

Vodun com o tempo deixou de existir; mas é certo que a linguagem usada nos cantos rituais e

o uso dos aquidavís para percussão dos tambores, o uso do Gã (instrumento de percussão),

entre outros fatos reflectem muito os fundamentos do antigo Dahomé.

Há casos em que as tradições culturais africanas resistem, mais que em outros, à mudança,

mas em nenhuma instância, nem mesmo nos terreiros mais antigos e ostensivamente zelosos à

suas origens, deixou de existir, contudo, se tivesse, no sul um maior interesse em pesquisar a

origem dos fundamentos de cada nação é certo que achariam a ligação directa do jêje

praticado aqui, com os povos do antigo Dahomé, e assim por diante.

O que sobrevive da vertente jêje como legado cultural acha-se incorporado ou associado ao

acervo Yorubá, embora não se fale em Vodu no Rio Grande do Sul, certas práticas da religião

Page 12: Nações Do Candomblé, - Port

do antigo Dahomé, hoje Benin, podem ser detectadas no Batuque do Rio Grande do Sul,

principalmente nos terreiros que fazem parte da raiz do falecido Joãozinho de Bará (Esú Biyí).

A palavra JEJE vem do yorubá adjeje que significa estrangeiro, forasteiro. Portanto, não

existe e nunca existiu nenhuma nação Jeje, em termos políticos. O que é chamado de nação

Jeje é o candomblé formado pelos povos fons vindo da região de Dahomé e pelos povos

Mahins. Jeje era o nome dado de forma pejorativa pelos yorubás para as pessoas que

habitavam o leste, porque os Mahins eram uma tribo do lado leste e Saluvá ou Savalu eram

povos do lado sul. O termo Saluvá ou Savalu, na verdade, vem de “Savê” que era o lugar onde

se cultuava Nanã. Nanã, uma das origens das quais seria Bariba, uma antiga dinastia

originária de um filho de Odudua, que é o fundador de Savê (tendo neste caso a ver com os

povos fons). O Abomei ficava no oeste, enquanto Axantis era a tribo do norte. Todas essas

tribos eram de povos Jeje.

Origem da palavra DAHOMÉ

A palavra DAHOMÉ, tem dois significados: Um está relacionado com um certo Rei Ramilé

que se transformava em serpente e morreu na terra de Dan. Daí ficou “Dan Imé” ou

“Dahomé”, ou seja, aquele que morreu na Terra da Serpente. Segundo as pesquisas, o trono

desse rei era sustentado por serpentes de cobre cujas cabeças formavam os pés que iam até a

terra. Esse seria um dos significados encontrados: Dan = “serpente sagrada” e Homé = “a

terra de Dan”, ou seja, Dahomé = “a terra da serpente sagrada”. Acredita-se ainda que o culto

à Dan é oriundo do antigo Egito. Ali começou o verdadeiro culto à serpente, onde os Faraós

usavam seus anéis e coroas com figuras de cobra. Encontramos também Cleópatra com a

figura da cobra confeccionada em platina, prata, ouro e muitos outros adornos femininos.

Então, posso dizer que este culto veio descendo do Egito até Dahomé.

Dialetos falados

Os povos Jejes se enumeravam em muitas tribos e idiomas, como: Axantis, Gans, Agonis,

Popós, Crus, etc. Portanto, teríamos dezenas de idiomas para uma tribo só, ou seja, todas eram

Jeje, o que foge evidentemente às leis da lingüística - muitas tribos falando diversos idiomas,

dialetos e cultuando os mesmos Voduns. As diferenças vinham, por exemplo, dos Minas -

Gans ou Agonis, Popós que falavam a língua das Tobosses, que a meu ver, existe uma grande

confusão com essa língua.

Os Primeiros no Brasil

Os primeiros negros Jeje chegados ao Brasil entraram por São Luís do Maranhão e de São

Luís desceram para Salvador, Bahia e de lá para Cachoeira de São Félix. Também ali, há uma

grande concentração de povos Jeje. Além de São Luís (Maranhão), Salvador e Cachoeira de

São Félix (Bahia), o Amazonas e bem mais tarde o Rio de Janeiro, foram lugares aonde

encontram-se evidências desta cultura.

Classificação dos Voduns

Muitos Voduns Jeje são originários de Ajudá. Porém, o culto desses voduns só cresceram no

antigo Dahomé. Muitos desses Voduns não se fundiram com os orixás nagos e desapareceram

Page 13: Nações Do Candomblé, - Port

totalmente. O culto da serpente Dãng-bi é um exemplo, pois ele nasceu em Ajudá, foi para o

Dahomé, atravessou o Atlântico e foi até as Antilhas.

Quanto a classificação dos Voduns Jeje, por exemplo, no Jeje Mahin tem-se a classificação do

povo da terra, ou os voduns Caviunos, que seriam os voduns Azanssu, Nanã e Becém. Temos,

também, o vodun chamado Ayzain que vem da nata da terra. Este é um vodun que nasce em

cima da terra. É o vodun protetor da Azan, onde Azan quer dizer “esteira”, em Jeje. Achamos

em outro dialeto Jeje, o dialeto Gans-Crus, também o termo Zenin ou Azeni ou Zani e ainda o

Zoklé. Ainda sobre os voduns da terra encontramos Loko. Ele apesar de estar ligado também

aos astros e a família de Heviosso, também está na família Caviuno, porque Loko é árvore

sagrada; é a gameleira branca, que é uma árvore muito importante na nação Jeje. Seus filhos

são chamados de Lokoses. Ague, Azaká é também um vodun Caviuno. A família Heviosso é

encabeçada por Badë, Acorumbé, também filho de Sogbô, chamado de Runhó. Mawu-Lissá

seria o orixá Oxalá dos yorubás. Sogbô também tem particularidade com o Orixá em Yorubá,

Xangô, e ainda com o filho mais velho do Deus do trovão que seria Averekete, que é filho de

Ague e irmão de Anaite. Anaite seria uma outra família que viria da família de Aziri, pois são

as Aziris ou Tobosses que viriam a ser as Yabás dos Yorubás, achamos assim Aziritobosse.

Estou falando do Jeje de um modo geral, não especificamente do Mahin, mas das famílias que

englobam o Mahin e também outras famílias Jeje.

Como foi relatado, Jeje era um apelido dado pelos yorubás. Na verdade, esta família, ou seja,

nós que pertencemos a esta nação deveríamos ser classificados de povo Ewe, que seria o mais

certo. Ewe-Fon seria a nossa verdadeira denominação. Nós seríamos povos Ewe ou povos

Fons. Então, se fôssemos pensar em alguma possibilidade de mudança, nós iríamos nos

chamar, ao invés de nação Jeje, de nação Ewe-Fon. Somente assim estaríamos fazendo jus ao

que é encontrado em solo africano. Jeje é então um apelido, mas assim ficamos para todas as

nossas gerações classificados como povo Jeje, em respeito aos nossos antepassados.

Continuando com algumas nomenclaturas da palavra Ewe-Fon, por exemplo, a casa de

candomblé da nação Jeje chama-se Kwe = “casa”. A casa matricial em Cachoeira de São

Félix chama-se Kwe Ceja Undé. Toda casa Jeje tem que ser situada afastada das ruas, dentro

de florestas, onde exista espaço com árvores sagradas e rios. Depende das matas, das

cachoeiras e depende de animais, porque o Jeje também tem a ver com os animais. Existem

até cultos com os animais tais como, o leopardo, crocodilo, pantera, gavião e elefante que são

identificados com os voduns. Então, este espaço sagrado, este grande sítio, esta grande

fazenda onde fica o Kwe chama-se Runpame, que quer dizer “fazenda” na língua Ewe-Fon.

Sendo assim, a casa chama-se Kwe e o local onde fica situado o candomblé, Runpame. No

Maranhão predomina o culto às divindades como Azoanador e Tobosses e vários Voduns

onde a “sacerdotisa” é chamada Noche e o cargo masculino, Toivoduno.

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Candomblé de nagô

Termos étnicos como nagôs, angolas, jejes, fulas, representavam identidades criadas pelo

tráfico de escravo, onde cada termo continha um leque de tribos escravizadas de cada região.

Nagô - adj. Nome que se dá ao iorubano ou a todo negro da Costa dos Escravos que falava ou

entendia o Ioruba. Migeod (The Langs, of West Afri. II, 360) assinala que nagô é nome dado,

Page 14: Nações Do Candomblé, - Port

no Daomé, pelos franceses ao iorubano: do efé anagó.

Os portugueses construíram em 1498 o forte São Jorge da Mina, ou Feitoria da Mina, ou

Mina, no Gana, um posto estratégico na rota dos europeus ao litoral da África Ocidental, onde

os cativos eram mantidos à espera de transporte para o Novo Mundo.

O tratado de paz de 1657 assinado pela Rainha Nzinga Mbandi Ngola e a coroa portuguesa

através da mediação do Papa Alexandre, encerrou a guerra no império do Congo e o tráfico

escravista europeu na região.

No que se refere ao Brasil, o tráfico irá paulatinamente se deslocar em direção a chamadas

costa da Mina, onde se localizava o Império do Daomé e o reino de Ardra, vinculados ao

império Oyo - Ioruba ou Nagô, segundo (Verger) no final do século XVII e início do século

XVIII entre os anos de 1681 a 1710 um grande número de embarcações carregadas de fumo

foram para Costa da Mina e Angola.

O fumo (tabaco) da Bahia era muito apreciado pelos africanos. Esse fumo que era rejeitado

pelos europeus que o achavam de má qualidade, era destinado aos traficantes de escravos e

tornaria Salvador capital mundial do tráfico de escravos.

Introduzidas no Brasil com a escravidão, as culturas negras imprimiram, cada uma com suas

peculiaridades e em diferentes graus, marcas profundas em quase toda a extensão da alma e

do território brasileiro. E na Bahia essa presença - que se recria hoje em importantes

instituições como as comunidades terreiro - é devida basicamente à cultura dos nagôs, que

vinda da África Ocidental, foi entre o fim do século XVIII e o fim do século XIX, das últimas

a serem escravizadas no Brasil.

Kètu, Egba, Egbado e Sabé são alguns dos segmentos nagôs que vieram para a Bahia

provenientes da grande área iorubá que compreende sul e centro da atual República de Benim,

ex-Daomé; parte da República do Togo: e todo sudoeste da Nigéria. E todos eles - com

destaque para os Kètu contribuíram decisivamente para e implantação da cultura nagô naquele

Estado, reconstituindo suas instituições e procurando adaptá-las ao novo meio, com o máximo

de fidelidade aos padrões básicos de origem, fidelidade essa em parte facilitada pelo intenso

comércio que se desenvolveu entre a Bahia e a costa ocidental da África durante todo o século

XIX até os primeiros anos que se seguirem à Abolição.

Para entender o predomínio da etnia yorubá-nagô na Bahia é necessário recordar que, nas

últimas décadas do tráfico negreiro, um enorme contingente de escravos dessa região foi

trazido para Salvador. Nesse momento, os núcleos familiares também não foram tão

desmembrados como no início da escravatura, permitindo uma maior manutenção da cultura e

dos costumes.

Nos dizeres de Edson Carneiro, no clássico “Candomblés da Bahia”: "Os nagôs logo se

constituíram numa espécie de elite e não encontraram dificuldade de impor à massa escrava a

sua religião". E complementa: "Quanto aos negros muçulmanos (malês), uma minoria entre as

minorias, que poderiam ser êmulos(rivais) dos nagôs, pelo seu sectarismo, afastavam não só

os escravos como toda a sociedade branca". A própria Mãe Aninha Obá Biyi era filha de um

casal de africanos da etnia grunci, os negros Aniyó e Azambiyó, mas fora iniciada no

candomblé pelos nagôs da Casa Branca-Engenho Velho. A presença de Xangô, seu orixá,

solidificou ainda mais as tradições iorubás em sua trajetória.