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ANÁLISE O Espírita e o IBGE - Leandro Camargo 09 MEDIUNIDADE Clarividência e Clariaudiência - Armando dos Santos 10 ESTUDO Vultos do Espiritismo na literatura mediúnica - Paulo Dimarzio 13 CURIOSIDADES BÍBLICAS Você Sabia... - Julieta Closer 24 POSTURA Como Apresentar o Orador? - Marcus Augusto RELATOS O Resgate CIÊNCIA E ESPIRITISMO Metaneurologia - A realidade do Corpo Mental Prof. Dr. Nubor Orlando Facure VINHA DE LUZ Que Pedes? - Emmanuel / Chico Xavier INFORMAÇÃO Seminário sobre o livro Aconteceu na Casa Espírita 25 29 30 34 35 18 CAPA Tributo a Champollion: O Sábio dos Hieróglifos Ismael Gobi REVUE SPIRITE Princípio da Não-Retrogradação dos Espíritos Allan Kardec 26 ENTENDENDO Por que Doutrinar os Espíritos? - Herculano Pires 14 Edição FidelidadESPÍRITA - JULHO DE 2003 Nesta Nesta ACONTECEU COMIGO Ela acabou com minha Mediunidade... - Teddy Nilson 16 CIVILIZAÇÃO EM FOCO A Civilização Egípcia, na visão do Espírito de Emmanuel - Emmanuel / Chico Xavier 04 EDITORIAL Crianças na hora da palestra? - O Editor 03 PROGRESSO Revolução Intelectual - Orson Peter Carrara 08 Máquina Gráfica Alvorada Reprodução Reprodução Reprodução Reprodução Reprodução

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ANÁLISEO Espírita e o IBGE - Leandro Camargo09

MEDIUNIDADEClarividência e Clariaudiência - Armando dos Santos10

ESTUDOVultos do Espiritismo na literaturamediúnica - Paulo Dimarzio

13

CURIOSIDADES BÍBLICASVocê Sabia... - Julieta Closer24

POSTURAComo Apresentar o Orador? - Marcus Augusto

RELATOSO Resgate

CIÊNCIA E ESPIRITISMOMetaneurologia - A realidade do Corpo MentalProf. Dr. Nubor Orlando Facure

VINHA DE LUZQue Pedes? - Emmanuel / Chico Xavier

INFORMAÇÃOSeminário sobre o livro Aconteceu na Casa Espírita

25

29

30

34

35

18 CAPATributo a Champollion: O Sábio dos HieróglifosIsmael Gobi

REVUE SPIRITEPrincípio da Não-Retrogradação dos EspíritosAllan Kardec

26

ENTENDENDOPor que Doutrinar os Espíritos? - Herculano Pires14

Ed i çãoFidelidadESPÍRITA - JULHO DE 2003

Nes ta Nes ta

ACONTECEU COMIGOEla acabou com minha Mediunidade... - Teddy Nilson16

CIVILIZAÇÃO EM FOCOA Civilização Egípcia, na visão do Espírito deEmmanuel - Emmanuel / Chico Xavier

04

EDITORIALCrianças na hora da palestra? - O Editor03

PROGRESSORevolução Intelectual - Orson Peter Carrara08

MáquinaGráfica Alvorada

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Diretor Presidente

Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Departamento Doutrinário

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FidelidadESPÍRITA é uma publicação

do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”.

CNPJ: 01.990.042/0001-80

Inscr. Estadual: 244.933.991.112

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E-mail: [email protected]

Equipe Editorial

Adriana PersianiJulieta CloserLeandro CamargoLino BittencourtRicardo R. Escodelário

Revisão Ortográfica

Rosemary C. Cabral

Jornalista Responsável

Renata LevantesiMtb 28.765

Diagramação e Ilustrações

Adriana PersianiAlessandra Persiani

Administração

Viviam B. S. Gonçalves

Capa

Fotolito

Octano Design

Rip Editores Gráficos Associados

Apoio Cultural

Braga Produtos AdesivosAlvorada Gráfica & Editora

Impressão

Edição

Alvorada Gráfica & Editora

Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Departamento Editorial

EDITORIAL

Crianças na hora da palestra?

Departamento Comercial

Adriana LevantesiRogério Gonçalves

O Editor

uem já não se viu inco-modado com a presença Qde crianças correndo, gri-

tando ou chorando nas palestras públicas?

Sem dúvida, o ambiente de estudos doutrinários para adul-tos, não é o lugar para crianças agitadas.

E a caridade, onde fica?É verdade. A caridade está

em programarmos atividades de acordo com as faixas etárias. Ora, uma reunião de estudos sis-tematizados, palestras gerais com temas aprofundados não chama a atenção dos pequeninos que necessitam de reuniões a-propriadas para eles. Por isso, as Casas Espíritas devem pensar em estruturar aulas adequadas para as crianças assegurando a tran-qüilidade e a concentração ne-cessárias para o entendimento do Espiritismo.

Alguns, ainda argumentam:Jesus disse: “Vinde a mim as

criancinhas" (Mat. 19:13/15).Certamente, mas ele não es-

tava proferindo nenhum discur-so, ou será que alguém se recor-da de ter lido sobre a presença de crianças no Sermão do Monte (Mat. Cap. 5:1/12).

Assim, todo cuidado é pouco. Não é justo exigirmos dos pe-

queninos uma postura que ainda não têm, sem contar que estão em uma idade em que é normal o correr, gritar, se agitar; entre-tanto, nas reuniões de estudos doutrinários para os adultos essa postura e movimentação não se-rão as mais adequadas.

As crianças poderão, sim, as-sistir às reuniões públicas desde que guardem serenidade e quie-tude, nem sempre encontradas na garotice.

O movimento espírita é bas-tante criativo. Por exemplo: no Centro Espírita “Maria de Naza-ré" em Votuporanga/SP, os con-frades reservaram uma sala, com fogão para mamadeiras, brin-quedos, etc, para as mães com crianças de colo; e o mais impor-tante, uma televisão em que, por circuito interno, elas assistem às palestras enquanto cuidam dos bebês; as outras mais crescidas vão para as salas de evangeliza-ção. E o que se tem, então, é um silêncio absoluto, que uma orga-nização inteligente e prática pro-porciona a todos os participan-tes da palestra pública.

A Casa Espírita é, também, uma escola que além de Espiri-tismo leciona disciplina para to-das as idades.

Aqueles grandes mestres da antigüidade foram, então, compe-lidos a recolher o acervo de suas tradições e de suas lembranças no ambiente reservado dos templos, mediante os mais terríveis com-

entre os Espíritos degreda-dos na Terra, os que Dconstituíram a civilização

egípcia foram os que mais se des-tacavam na prática do Bem e no culto da Verdade.

Aliás, importa considerar que eram eles os que menos débitos possuíam perante o tribunal da Justiça Divina. Em razão dos seus elevados patrimônios morais, guardaram no íntimo uma lem-brança mais viva das experiências de sua pátria distante. Um único desejo os animava, que era traba-lhar devotadamente para regres-sar, um dia, aos seus penates res-plandescentes. Uma saudade tor-turante do céu foi a base de todas as suas organizações religiosas. Em nenhuma civilização da Terra, o culto da morte foi tão altamente

Julho 200304 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

desenvolvido. Em todos os cora-ções morava a ansiedade de voltar ao orbe distante, ao qual se senti-am presos pelos mais santos afe-tos. Foi por esse motivo que, re-presentando uma das mais belas e adiantadas civilizações de todos os tempos, as expressões do anti-go Egito desapareceram para sem-pre do plano tangível do planeta. Depois de perpetuarem nas Pirâ-mides os seus avançados conheci-mentos, todos os Espíritos daquela região africana regressaram à pá-tria sideral.

Em virtude das circunstâncias mencionadas, os egípcios traziam consigo uma ciência que a evolu-ção da época não comportava.

Emmanuel - Chico Xavier

CIVILIZAÇÃO EM FOCO

A A Na Na concepção concepção do do Espírito Espírito

“Não deverá ser este um trabalho histórico. A história do mundo está compilada e feita. Nossa contribuição será a tese religiosa, elucidando a influência sagrada da fé e o

ascendente espiritual, no curso de todas as civilizações terrestres”

“Não deverá ser este um trabalho histórico. A história do mundo está compilada e feita. Nossa contribuição será a tese religiosa, elucidando a influência sagrada da fé e o

ascendente espiritual, no curso de todas as civilizações terrestres”

Emmanuel informa, no capítulo III do livro A Caminho da Luz, que no sistema de Ca-pela, um dos orbes que guarda muita afini-dade com a Terra por estar num período de transição moral, alguns milhões de Espíritos rebeldes dificultavam o progresso do globo. "As grandes comunidades espirituais direto-ras do Cosmos deliberaram, então, localizar aquelas entidades que se tornaram pertina-zes no crime, aqui na Terra longínqua, onde aprenderiam a realizar, na dor e nos traba-lhos penosos do seu ambiente, as grandes conquistas do coração e impulsionando, si-multaneamente, o progresso dos seus ir-mãos inferiores.(...) Unidos novamente na es-teira do Tempo, formaram, desse modo, o grupo dos árias, a civilização do Egito, o povo de Israel e as castas da Índia".

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A Ciência secretaA Ciência secreta

Julho 2003 05FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

fenômenos naturais, classifican-do-as para o espírito das massas, na categoria dos deuses, é que nasceu a mitologia da Grécia, ao perfume das árvores e ao som das flautas dos pastores, em contato permanente com a natureza.

Um dos traços essenciais desse grande povo foi a preocupação in-sistente e constante com a Morte. A sua vida era apenas um esforço para bem morrer. Seus papiros e frescos estão cheios dos consola-dores mistérios do além-túmulo.

Era natural. O grande povo dos faraós guardava a reminis-cência do seu doloroso degredo na face obscura do mundo terreno. E tanto lhe doía semelhante humi-

promissos dos iniciados nos seus mistérios. Os conhecimentos pro-fundos ficaram circunscritos ao círculo dos mais graduados sacer-dotes da época, observando-se o máximo cuidado com o problema da iniciação.

A própria ciência, que aí bus-cou a alma de suas concepções cheias de poesia e de beleza atra-vés da iniciativa dos seus filhos mais eminentes, no passado lon-gínquo, não recebeu toda a verda-de das ciências misteriosas. Tanto é assim que as iniciações no Egito se revestiam de experiências terrí-veis para o candidato à ciência da vida e da morte, fatos esses que, entre os gregos, eram motivos de festas inesquecíveis.

Os sábios egípcios conheciam perfeitamente a inoportunidade das grandes revelações espirituais naquela fase do programa terres-tre; chegando de um mundo de cujas lutas, na oficina do aperfei-çoamento, haviam guardado as mais vivas recordações, os sacer-dotes mais eminentes conheciam o roteiro que a Humanidade ter-restre teria de realizar. Aí residem os mistérios iniciáticos e a essen-

cial importância que lhes era atri-buída no ambiente dos sábios da-quele tempo.

Nos círculos esotéricos, onde pontificava a palavra esclarecida dos grandes mestres de então, sa-bia-se da existência do Deus Úni-co e Absoluto, Pai de todas as cria-turas e Providência de todos os se-res, mas os sacerdotes conheciam, igualmente, a função dos Espíritos prepostos de Jesus, na execução de todas as leis físicas e sociais da existência planetária, em virtude de suas experiências pregressas.

Desse ambiente reservado de ensinamentos ocultos, partiu, en-tão, a idéia politeísta dos numero-sos deuses, que seriam os senhores da Terra e do Céu, do Homem e da Natureza.

As massas requeriam esse poli-teísmo simbólico, nas grandes fes-tividades exteriores da religião.

Já os sacerdotes da época co-nheciam essa fraqueza das almas jovens, de todos os tempos satis-fazendo-as com as expressões exotéricas de suas lições subli-madas.

Dessa idéia de homenagear as forças invisíveis que controlam os

esotéricos

exotéricas

EGÍPCIA EGÍPCIA de de Emmanuel Emmanuel

Todo ensinamento ministrado a círculo restrito e fechado de ouvintes.

restritofechado

Diz-se de ensinamento que, em escolas da Anti-güidade grega, era transmitido ao público sem restrição, dado o interesse generalizado que susci-tava e a forma acessível em que podia ser expos-to, por se tratar de ensinamento dialético, prová-vel, verossímil.

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O Culto da Morte ea Metempsicose

O Culto da Morte ea Metempsicose

espirituais e todos os conheci-mentos sagrados. É por isso que a sua desencarnação provocava a concentração mágica de todas as vontades, no sentido de cercar-lhes o túmulo de veneração e de supremo respeito. Esse amor não se traduzia, apenas, nos atos sole-nes da mumificação. Também o ambiente dos túmulos era sacrifi-cado por um estranho magnetis-mo. Os grandes diretores da raça, que faziam jus a semelhantes con-sagrações, eram considerados dig-nos de toda a paz no silêncio da morte.

Nessas saturações magnéticas, que ainda aí estão a desafiar milê-nios, residem as razões da tragé-dia amarga de Lord Carnarvon e de alguns de seus companhei-ros que penetraram em primei- ro lugar na câmara mortuária de Tut Ankh Amon, e ainda por isso é que, muitas vezes, nos tempos que correm, os aviadores ingleses observam o não funcionamento dos aparelhos radiofônicos, quan-do as suas máquinas de vôo atra-vessam a limitada atmosfera do vale sagrado.

A assistência carinhosa do Cristo não desamparou a marcha desse povo cheio de nobreza mo-ral. Enviou-lhe auxiliares e men-

Tut Ankh Amon

tências e dos mundos eram, para eles, problemas solucionados e co-nhecidos. O estudo de suas artes pictóricas positiva a veracidade dessas nossas afirmações. Num grande número de frescos, apre-senta-se o homem terrestre acom-panhado do seu duplo espiritual. Os papiros nos falam de suas a-vançadas ciências nesse sentido, e, através deles, podem os egiptó-logos modernos reconhecer que os iniciados sabiam da existência do corpo espiritual preexistente, que organiza o mundo das coisas e das formas. Seus conhecimentos a respeito das energias solares com relação ao magnetismo humano eram muito superiores aos da atu-alidade. Desses conhecimentos nasceram os processos de mumifi-cação dos corpos, cujas fórmulas se perderam na indiferença e na inquietação dos outros povos.

Seus reis estavam tocados do mais alto grau de iniciação, enfei-xando nas mãos todos os poderes

lhação, que, na lembrança do pre-térito, criou a teoria da metempsi-cose, acreditando que a alma de um homem podia regressar ao corpo de um irracional, por deter-minação punitiva dos deuses. A metempsicose era fruto da sua amarga impressão a respeito do exílio penoso que lhe fora infligi-do no ambiente terrestre.

Inventou-se, desse modo, uma série de rituais e cerimônias para solenizar o regresso dos seus ir-mãos à pátria espiritual.

Os mistérios de Ísis e Osíris mais não eram que símbolos das forças espirituais que presidem os fenômenos da morte.

As ciências psíquicas da atua-lidade eram familiares aos mag-nos sacerdotes dos templos.

O destino e a comunicação dos mortos e a pluralidade das exis-

As pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos são consideradas patrimônios históricos da Humanidade.

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Filos. Doutrina segundo a qual uma mesma alma pode animar sucessivamente corpos diversos, ho-mens, animais ou vegetais; transmigração. O Espi-ritismo, contudo, não a aceita uma vez que com-preende que na evolução não há retrogradaçao, isto é, o Espírito que animou um corpo humano, não retorna em corpos de animais.

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As PirâmidesAs Pirâmides

Julho 200306 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Reprodução

Os Egípcios eas Ciências Psíquicas

Os Egípcios eas Ciências Psíquicas

Templo de Ísis, Philã, Egito.

Para saber mais, consulte:1) A Caminho da luz. Emmanuel/Chico Xa-vier. Ed. Feb.

turalmente transformados na ini-ciação da Grécia Antiga.

Em algumas centenas de anos, reuniram-se de novo, nos planos espirituais, os antigos degredados, com a sagrada bênção do Cristo, seu patrono e salvador. A maioria regressa, então, ao sistema de Ca-pela, onde os corações se recon-fortam nos sagrados reencontros das suas afeiçoes mais santas e mais puras, mas grande número desses Espíritos, estudiosos e ab-negados, conservaram-se nas hos-tes de Jesus, obedecendo a sagra-dos imperativos do sentimento e, ao seu influxo divino, muitas ve-zes têm reencarnado na Terra, pa-ra desempenho de generosas e abençoadas missões.

sageiros, inspirando-o nas suas realizações, que atravessaram to-dos os tempos provocando a ad-miração e o respeito da posterida-de de todos os séculos.

Aquelas almas exiladas, que as mais interessantes características espirituais singularizam, conhece-ram, em tempo, que o seu degredo na Terra atingia o fim. Impulsio-nados pelas forças do Alto, os cír-culos iniciáticos sugerem a cons-trução das grandes pirâmides, que ficariam como a sua mensagem eterna para as futuras civilizações do orbe. Esses grandiosos monu-mentos teriam duas finalidades si-multâneas: representariam os mais sagrados templos de estudo e iniciação, ao mesmo tempo que constituiriam, para os pósteros, um livro do passado, com as mais singulares profecias em face das obscuridades do porvir.

Levantaram-se, destarte, as grandes construções que assom-bram a engenharia de todos os tempos. Todavia, não é o colosso de seus milhões de toneladas de pedra nem o esforço hercúleo do trabalho de sua justaposição o que mais empolga e impressiona a quantos contemplam esses monu-mentos. As pirâmides revelam os mais extraordinários conheci-mentos daquele conjunto de Espí-ritos estudiosos das verdades da vida. A par desses conhecimentos, encontraram-se ali os roteiros fu-turos da Humanidade terrestre. Cada medida tem a sua expressão simbólica, relativamente ao siste-ma cosmogônico do planeta e a sua posição no sistema solar.

Aí está o meridiano ideal, que

atravessa mais continentes e me-nos oceanos, e através do qual se pode calcular a extensão das ter-ras habitáveis pelo homem, a dis-tância aproximada entre o Sol e a Terra, a longitude percorrida pelo globo terrestre sobre a sua órbita no espaço de um dia, a precessão dos equinócios, bem como muitas outras conquistas científicas que somente agora vêm sendo conso-lidadas pela moderna astronomia.

Depois dessa edificação extra-ordinária, os grandes iniciados do Egito voltam ao plano espiritual, no curso incessante dos séculos. Com o seu regresso aos mundos ditosos de Capela, vão desapare-cendo os conhecimentos sagrados dos templos tebanos que, por sua vez, os receberam dos grandes sa-cerdotes de Mênfis.

Aos mistérios de Ísis e de Osí-ris, sucedem-se os de Elêusis, na-

Julho 2003 07FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Reprodução

RedençãoRedenção

Preparai-vos e estudai para serdes dignos do novo benefício e para, ao contrário, saberdes mais inteligentemente que os outros o

espalhar e fazer aceitar

vos admirareis de novas descober-tas. Devendo ser os iniciadores de novas formas de pensamento, de-veis ser fortes e seguros de vossas faculdades espirituais. (...) e sem a imprensa nada seríeis. Para vós, a obsessão que vela a Verdade aos homens desaparecerá. Mas, repi-to, preparai-vos e estudai para serdes dignos do novo benefício e para, ao contrário, saberdes mais inteligentemente que os outros o espalhar e fazer aceitar." Eis aí, uma vez mais, a impor-tância de estudar. Estudar, prepa-rar-se para enfrentar a realidade dos desafios do presente, mas acrescentando ao lado dessas con-quistas intelectuais as conquistas espirituais da moralidade e das virtudes. Como bem disse Guttem-berg, sermos dignos dos novos be-nefícios e mais inteligentemente que os outros espalhar e fazer aceitar... Não está aí no pensa-mento do autor espiritual o bom senso recomendado pela Doutri-na? E ao mesmo tempo, não está aí inserido o amor ao semelhante como recomenda Jesus?

inguém desconhece os efeitos da imprensa sobre No progresso humano. Foi

através dela que se espalharam as idéias, a cultura, a ciência e tudo mais. Guttemberg, o pai da im-prensa, que viveu entre 1397 e 1468 revolucionou o mundo com sua invenção, com a criação do processo da impressão com carac-teres móveis - a tipografia. Dela vieram, mais modernamente, os jornais, os livros e hoje assistimos à imprensa virtual, uma conquista de alcance extraordinário que nem é preciso alongar comentá-rios, pois está aí a olhos vistos. A Internet e agora os aparelhos que facilitam seu acesso inclusive a-través da TV e celulares, somados aos demais recursos dos computa-dores têm facilitado e melhorado a vida humana, inclusive na área médica e em outras ciências.

Se pensarmos bem, toda esta revolução intelectual (e podemos afirmar industrial) surgiu origina-riamente pela imprensa de Gut-temberg, pois foi ela o pedal ini-cial do progresso. E não há dúvida de que muito contribuiu para ex-pansão dos conhecimentos mo-rais, do Evangelho, para a educa-

Julho 200308 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

ção. Como negar este fato?Mas nem é preciso falar sobre

os efeitos da imprensa. Ela modi-fica o cenário mundial diariamen-te, impulsionando idéias, forman-do e conscientizando ou até mes-mo desvirtuando pessoas, quando mal utilizada. E o que dizer, então, de sua utilidade para divulgação do Evangelho e da Doutrina Espí-rita. Por isso veio antes, preparan-do caminhos, pois a Doutrina pre-cisaria de seus serviços. Mas, o objetivo do artigo tem outra direção. Gostaríamos de tra-zer ao leitor uma frase de comuni-cação espontânea recebida na So-ciedade Parisiense de Estudos Espíritas, em Paris, no dia 19 de fevereiro de 1864, pelo médium Sr. Leymarie, e publicada por Allan Kardec na Revista Espírita (ano VII - abril de 1864, edição Edicel) e ditada pelo espírito Gut-temberg, que após discorrer sobre a imprensa, seu papel e surgimen-to, inclusive com aspectos históri-cos e importância do surgimento na Terra para as luzes do progres-so, assim se expressou: “Nada é estranho à ciência dos Espíritos; quanto mais sólida for a vossa bagagem intelectual, menos

Orson Peter Carrara - Matão/SP

Revolução Intelectual

PROGRESSO

Sermos adeptos de uma Dou-trina que apregoa o estudo pode nos causar uma certa satisfação íntima, afinal, somos considera-dos estatisticamente, a religião que mais se ocupa com a forma-ção intelectual, e como a educa-ção é a chave para uma sociedade mais equânime, a Doutrina Espíri-ta tem ofertado sua contribuição.

Contudo, a satisfação íntima não deve ter o condão de nos en-vaidecer, e sim, trazer-nos à res-ponsabilidade.

É dever de cada um de nós o-fertar sua contribuição em prol da educação, seja com nossos filhos, seja na Casa Espírita (através de cursos, estudos em grupo etc.), no meio social e até com nós mes-mos, através do estudo sério e sis-temático.

O estudo é a oportunidade de trilharmos dias melhores, seja no meio espírita, seja em sociedade. É o atender ao chamado do Espírito de Verdade em O Evangelho Se-gundo o Espiritismo (cap. 6 item 5): “Espíritas amai-vos e instruí-vos".

Estamos no caminho certo, to-davia, não é o bastante, devemos continuar na trilha de estudo e de-dicação, para que possamos a ca-da dia mais ratificar os divinos co-nhecimentos esposados pelo mes-tre liônes e divulgarmos com se-gurança a Terceira Revelação.

mais recente censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geo-Ografia Estatística) traz ao

nosso conhecimento uma curiosa e interessante estatística, referente a nós, Espíritas. A informação é atinente ao grau de escolaridade dos adeptos das mais diversas reli-giões.

No Rio Grande do Sul, 100% da população dos municípios de Nova Alvorada, Nova Roma do Sul, União da Serra e Vespasiano Correa se declararam católicos. No mesmo Estado, no município de Rio Grande, existe a maior pro-porção de pessoas que se declara-ram adeptos da umbanda e do candomblé (6,8%). No município de Quinze de Novembro, detecta-mos a maior incidência de evan-gélicos (80,4%) de todo Brasil. A maior proporção de espíritas foi vislumbrada no município de Pal-melo (42,1%), em Goiás. A dos

sem religião ficou com Nova Ibiá (59,8%), na Bahia.

O nível educacional da popu-lação religiosa revela que nós, Es-píritas, apresentamos a maior mé-dia de anos de estudo: 9,6 anos. A média para pessoas que se decla-raram da umbanda e do candom-blé foi de 7,2 anos de estudo, dos evangélicos de missão 6,9%, dos católicos apostólicos romanos 5,8 anos, os sem religião 5,6 anos, e dos evangélicos pentecostais 5,3 anos de estudo.

As doutrinas espiritualistas, que crêem na sobrevivência do ser e principalmente na comunicabi-lidade dos espíritos, lideram o ran-king. Curioso, não? Mas é natural, em uma sociedade de raízes cató-licas, de prevalência do materia-lismo, para que o indivíduo possa crer e vivenciar informações além dessas, é necessário um conheci-

mento maior, um vagar em certas evidências.O Espiritismo é uma Dou-trina que conclama seus adeptos à instrução, obje-tiva que por nossos própri-os esforços venhamos a possuir a convicção íntima das leis divinas, pois nos ofertando os meios para caminharmos a sós, nos oferece a um só tempo a li-berdade de ação e respon-sabilidade de consciência, que culmina em um avan-çar na senda evolutiva.

Leandro Camargo - Hortolândia/SP

ANÁLISE

O Espírita e o IBGEO Espiritismo é uma Doutrina que conclama seus adeptos à instrução

RELIGIÃO

Sem Religião

1991

5,06

2000

5,65

Média de anos de Estudo por Religião: Brasil 1991/2000

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1991/2000

TOTAL

Católica Apostólica Romana Total de EvangélicosEvangélica de MissãoEvangélica PentecostalOutras EvangélicasTestemunha de JeováEspíritaUmbanda e CandombléOutras Religiosidades

4,724,634,685,794,005,285,368,346,256,41

5,865,785,836,945,346,416,499,587,197,01

Julho 2003 09FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

pedem a transmissão do som.Observem, em qualquer dos fe-

nômenos, a ação toda se dá no plano físico, não ocorrem visão de Espíritos desencarnados, tampou-co a audição dos mesmos. Sim-plesmente o sensitivo vê ou ouve além das capacidades naturais do ser humano encarnado, portanto, no plano físico, apenas.

Vamos compreender como es-se fenômeno se dá em relação ao corpo físico. Sabemos que os olhos e os ouvidos são meros ins-trumentos do cérebro que, na ver-dade, é quem “vê" e “ouve". Os olhos transmitem, por assim dizer, as informações, mas é o cérebro que as decodifica, ocorrendo o

s vocábulos clarividência e clariaudiência são empre-Ogados na literatura espíri-

ta, normalmente, como sinônimos de vidência e audição mediúnicas. Todavia, essa colocação se encon-tra equivocada. São fenômenos distintos que, mesmo semelhantes em alguns pontos, não o são em essência e é dever nosso delimitar bem o sentido de cada palavra, vi-sando sempre a uma melhor com-preensão do tema. O insigne mes-tre lionês, Allan Kardec, já nos alertava: Para as coisas novas necessitamos de palavras novas, pois assim o exige a clareza de lin-guagem, para evitarmos a confu-são inerente aos múltiplos senti-dos dos próprios vocábulos.

Qual o real significado dos ter-mos, clarividência e clariaudiên-cia? E o que os diferencia da vi-dência e audição mediúnicas?

Vale frisar que sabemos não ser pacífica a diferenciação, pois,

clarividênciaclariaudiência

vidência audição mediúnicas

Julho 200310 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

como já nos referimos, os termos são confundidos constantemente pelos escritores espíritas. Temos em mente, ainda, que Allan Kar-dec talhou alguns neologismos com a Codificação, como Espiri-tismo, perispírito, agênere, dentre outros; entretanto, clarividência e clariaudiência, são terminologias pré-existentes à Doutrina Espírita, já existiam com sentido específi-co, que diferem da vidência e da audição mediúnicas. Atribuir-lhes uma nova significação não seria lícito, além de ensejar motivos pa-ra incontáveis confusões.

Assim, podemos conceituar clarividência e clariaudiência:

Clarividência é a visão à dis-tância, mesmo através de corpos opacos, permitindo enxergar, no plano material, coisas, cenas, pes-soas que os olhos físicos não po-dem alcançar.

Clariaudiência é o fenômeno em que se ouvem sons que ocor-rem fora do alcance dos ouvidos físicos, por se darem à distância ou através de obstáculos que im-

clarividênciaclariaudiência

Clarividência

Clariaudiência

Armando dos Santos - Valinhos/SP

MEDIUNIDADE

Clarividência Clarividência e e

Conceituação

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Explicação

O Estudo abaixo transcrito foi elaborado, princi-palmente, com fulcro nas informações do livro ci-tado na bibliografia de autoria da professora The-rezinha Oliveira.

Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Ed. LAKE. 20ª edição, p. 24.

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A mediunidade se caracteriza unicamente pela intervenção dos Espíritos, não se podendo ter como ato mediúnico o que alguém faz por si mesmo

A mediunidade se caracteriza unicamente pela intervenção dos Espíritos, não se podendo ter como ato mediúnico o que alguém faz por si mesmo

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Julho 2003 11FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

dizem os clarividentes e clariaudi-entes. Ora, sabemos da necessida-de do bom-senso nos recomen-dando analisar tudo o que nos chegue às mãos, os próprios Espí-ritos na Codificação afirmam isso. Com os clarividentes e clariaudi-entes não será diferente. São seres humanos, portanto, falíveis, po-dendo ver um ambiente, mas não tudo o que tem no ambiente, co-mo nós quando olhamos um cô-modo, não conseguimos detalhá-lo com precisão. Às vezes, pode-rão ver objetos e cenas que não conseguem interpretar, como um leigo que aprecia aparelhos cirúr-gicos, ele vê, mas não consegue transmitir o que é cada coisa, qual sua utilidade etc. Daí a importân-cia da análise em tudo. Verificar-mos se o que o clarividente vê é bom, ajuda ou prejudica alguém? O que está vendo? Para que está vendo? São indagações necessá-rias na análise dos fenômenos em comento.

Em oposição ao conceito ex-posto de clarividência, podemos afirmar que a vidência é a facul-dade mediúnica que permite ver seres, ambientes, formas, luzes,

mesmo com a audição.Somos cientes da capacidade

de expansão do perispírito, o que nos permite compreender o fato de certas pessoas, por suas pró-prias condições físicas consegui-rem certa expansão perispiritual, caminhando para o próprio des-dobramento, podendo ver as ce-nas ou ouvir os sons à distância no plano físico, pois o perispírito, ligado ao corpo, transmite as in-formações ao cérebro, que é o ins-trumento da visão e audição, à se-melhança dos olhos e ouvidos.

Portanto, estamos frente a um fenômeno anímico e não mediú-nico, ou seja, produzido pelos pró-prios recursos do encarnado. Assim, o clarividente ou clariau-diente, não é um médium ostensi-vo por esses fenômenos, é sim, um sensitivo, se bem que, poderá, além das faculdades anímicas, possuir as mediúnicas, sendo mé-dium ostensivo por conseqüência.

Urge, agora, elencarmos algu-mas características do clarividen-te:

Em linhas gerais, os porta-dores dessa faculdade anímica,

a)a)

não percebem que o são, pois ela se mostra de maneira muito natu-ral;

Normalmente, esse fenôme-no ocorre quando a pessoa está em um estado especial;

Não se confunde com os fe-nômenos telepáticos, muito em-bora a telepatia também seja uma faculdade anímica, essa é o fenô-meno de conseguir captar ima-gens mentais e pensamentos de outras pessoas e aquela é ver à distância no plano físico;

Seu alcance vai até aonde a alma estende sua ação, ou seja, a distância que o sensitivo conse-guirá ver será variável de indiví-duo para indivíduo, uns verão a-penas a poucos metros, outros a milhares de quilômetros, é variá-vel de pessoa para pessoa.

Vale frisar que as característi-cas expostas da clarividência, são perfeitamente adequadas à clari-audiência, guardadas as devidas proporções.

Questão de relevância se dá quanto a aceitarmos ou não o que

b)

c)

d)

b)

c)

d)

ClariaudiênciaClariaudiência

Características

Análise

Diferenciação

si, toda a função. Viu o sacerdote celebrante, as irmãs, os frades, os fiéis que rezavam, o presépio pre-parado na igreja... Clara olhava e escutava toda a missa, relatando posteriormente às suas irmãs, com as seguintes palavras: “Irmãs, agradecei ao Senhor, que não me abandonou, ouvi os vossos can-tos, participei da missa, vi o presé-pio com a Virgem e São José, as-sisti ao nascimento de Jesus!".

Por esse fenômeno se tornou a Padroeira da Televisão. Tele (dis-tância)-visão. Visão à distância. Ela possuía faculdades que a per-mitiam, em certas situações, “ver" e “ouvir" à distância, no ambiente físico.

Clara olhava e escutava toda a missa

Tele (dis-tância)-visão

cores, cenas do plano espiritual. Observem, no plano espiritual e não no físico. A audiência é a fa-culdade mediúnica que permite ouvir sons no plano espiritual.

Kardec compartilha dessas idéias quando afirma que para de-signar as pessoas de dupla vista tem-se empregado a palavra vi-dente, que, embora não exprima com exatidão a idéia, adotaremos até nova ordem, em falta de outra melhor.

E, adiante, o Codificador es-clarece: Podem, pois, os médiuns videntes serem identificados às pessoas que gozam da vista espi-ritual; mas, seria porventura de-masiado considerar essas pessoas como médiuns, porquanto a medi-unidade se caracteriza unicamente pela intervenção dos Espíritos, não se podendo ter como ato medi-único o que alguém faz por si mes-mo. Aquele que possui a vista espiritual vê pelo seu próprio Es-pírito, não sendo de necessidade, para o surto de sua faculdade, o concurso de um Espírito estranho (grifos nossos).

Mas haverá um momento em que o fenômeno se torna mediú-nico:

Se Espíritos provocarem es-se desdobramento; ou

Quando o sensitivo vê Espí-ritos desencarnados ou participa de eventos em que há envolvi-mento de tais Espíritos, então, o fenômeno é mediúnico, ainda que também precedido pelo desdobra-mento.

Encontramos no livro Nos Do-

A)

B)

no plano espiritual e não no físico

vi-dente

a medi-unidade se caracteriza unicamente pela intervenção dos Espíritos, não se podendo ter como ato medi-único o que alguém faz por si mes-mo

A)

B)

mínios da Mediunidade de André Luiz, casos de clarividência e cla-riaudiência como fenômenos me-diúnicos e Martins Peralva em seu livro Estudando a Mediunidade também analisa essas passagens, procurando fazer uma tradução popular da obra, mas, são casos em que ocorreram a interferência de Espíritos desencarnados, daí o fenômeno deixar de ser anímico e passar a ser mediúnico, ou me-lhor, o fenômeno era inicialmente anímico, mas com a interferência dos benfeitores passou a ser medi-único, casos comuns em pessoas portadoras das faculdades aními-cas e mediúnicas.

Finalizando, gostaríamos de trazer a lume um exemplo clássico de clarividência e clariaudiência. O fato se deu com uma das mais extraordinárias médiuns da Igreja Romana, Santa Clara. Era noite de Natal e essa data significava mui-to para Clara.

Entretanto, naquela noite, Cla-ra se encontrava gravemente do-ente, não podendo ir à missa, mas suas irmãs foram, deixando-a em seu quarto escuro e frio.

Clara estava estendida sobre o pobre leito e desejava ardente-mente participar das sacras fun-ções e dizia, consigo mesma: “Tu nascestes, ó meu Senhor, e eu es-tou só, longe de ti", quando subi-tamente, com alegre espanto, per-cebeu que ouvia o canto e o sal-modiar (o cantar uniforme) dos hi-nos; depois, como que em uma te-levisão, viu diretamente, diante de

essa data significava mui-to

gravemente do-ente

Para saber mais, consulte:1) Lamartine Palhano Júnior - Dicionário de Filosofia Espírita. 1ª edição. Ed. Celd;2) Therezinha Oliveira - Mediunidade. 10ª edição. Cap. 17, pp. 107/114. Ed. CEAK;3) Allan Kardec - O Livro dos Espíritos. 2ª Parte, cap. VIII, questões 425 à 433 e 447 à 453. Ed. LAKE;4) Allan Kardec - O Livro dos Médiuns. 2ª Parte, cap. XIV, item 167. Ed. LAKE;5) Allan Kardec - Obras Póstumas. 1ª Parte, “A Segunda Vista". Ed. LAKE;6) Léon Dénis - No Invisível. 2ª Parte, caps. XIII e XIV. Ed. FEB;7) André Luiz/Francisco C. Xavier - Nos Do-mínios da Mediunidade. 27ª edição. Cap. XII. Ed. FEB;8) Hermínio C. Miranda - Diversidade dos Carismas. Vol. I, cap. VIII. Ed. Lachâtre.

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Obras Póstumas, 1ª Parte, "A Segunda Vista".3

Julho 200312 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Exemplificação

sencarnação ou reencarnação des-te ou daquele, o que estimula, me-ramente, a ociosa curiosidade hu-mana de saber da vida alheia.

Os Espíritos Superiores certa-mente valorizam o tempo com la-bores de utilidade geral, alertando e orientando isentos de sensacio-nalismo e presunção. A mensa-gem espiritual deve falar por si mesma. Exemplo clássico são as obras produzidas por intermédio de Chico Xavier. À época em que foram escritas, os nomes de André Luiz, Aulus, Gúbio, Gregório, Emmanuel eram totalmente des-conhecidos, hoje são destacados, mas pela qualidade da obra, não pelo rótulo que possuíam. A coe-rência com as descobertas cientí-ficas e a utilidade das instruções para o progresso intelecto-moral de quem as lê foi o diferencial.

llan Kardec, Léon Denis, Bezerra de Menezes, Eurí-Apedes Barsanulfo, Chico

Xavier, Inácio Ferreira... Todos es-ses nomes possuem algo em co-mum. Referem-se a grandes vul-tos do Espiritismo já desencarna-dos. Almas que contribuíram na divulgação dos postulados espíri-tas enquanto encarnadas, nos dei-xando um legado de ensinamen-tos e exemplos, pelos quais são carinhosamente lembrados.

No entanto, junto às recorda-ções de seus feitos, surge a dúvida sincera em muitos companheiros a respeito da situação espiritual desses venerandos Espíritos: Esta-riam agora reencarnados? Traba-lhariam em atividades junto ao nosso planeta? Partiram para ou-tros orbes?

São perguntas desse tipo que alguns livros mediúnicos se esfor-çam em responder, não que seja o objetivo principal dessas obras. Em muitas detectamos a partici-pação de confrades desencarna-dos transmitindo mensagens, diri-gindo instituições no mundo espi-ritual, atuando em reencarnações e desencarnações, auxiliando Es-píritos inferiores etc.

Em face da literatura mediúni-ca, baseando-nos nas instruções exaradas em O Livro dos Médiuns, declinaremos alguns lembretes que julgamos oportunos:

É preciso utilizarmo-nos do bom senso para reconhecer a iden-tidade desses Espíritos, procuran-do conhecer suas biografias, tra-çando paralelos, verificando se suas palavras e atos como desen-carnados condizem com sua per-sonalidade quando na Terra.

Infelizmente, temos encontra-do obras mediúnicas em que su-postos vultos do Espiritismo reali-zam debates sobre temas inúteis e incoerentes, parecendo, em certos momentos, até mesmo terem “re-gredido” tão grande a diferença de qualidade entre suas realizações antes e depois da desencarnação.

Não esquecermos que Espíri-tos mistificadores podem se infil-trar no psiquismo de médiuns in-vigilantes e fascinados na tentati-va de transmitir suas idéias sem fundamentos e fantasiosas, usan-do de nomes famosos do movi-mento espírita. Suspeitemos sem-pre de expressões do tipo: “eu ja-mais tinha visto ou aprendido is-to” e “isto é uma revelação muito importante que tenho que trans-mitir”.

Verifiquemos ao término da leitura da obra ou mensagem se esta possui qualidade pelo conte-údo das informações transmitidas, por sua real contribuição no es-clarecimento dos princípios espí-ritas, ou se apenas destaca “novi-dades”; se sua atração está na de-

ESTUDO

na Literatura Mediúnica1

4

2

3

Paulo Dimarzio - Campinas/SP

Concluímos, portanto, que a participação ou mesmo as mensa-gens diretamente transmitidas por espíritos de antigos trabalhadores do movimento espírita têm grande valor quando autênticas, demons-trando o carinho e a dedicação destes junto à humanidade; no en-tanto, podem se tornar nocivas quando nos prendemos ao nome e abdicamos do bom senso para avaliar a real qualidade e utilidade de tais comunicações.

Julho 2003 13FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

sitários. Só os cientistas retrógra-dos, apegados a teorias e princípi-os superados ainda rejeitam a rea-lidade comprovada em pesquisas de laboratório. Os Espíritos atuam sobre todas as criaturas humanas e em numerosos casos de maneira prejudicial, causando doenças e perturbações psíquicas.

As sessões espíritas de dou-trinação têm por finalidade afas-tar os Espíritos perturbadores, restabelecendo o equilíbrio e a saúde das pessoas por ele afeta-das. A doutrinação é o método de esclarecimento dos Espíritos per-turbadores, para que se afastem de suas vítimas, com benefícios evi-

dentes para estas e para eles mes-mos. Os micróbios podem ser mor-tos por antibióticos, os Espíritos só podem ser doutrinados.

Os espíritas são acusados de evocar os mortos e perturbá-los, quando o que fazem é apenas acu-dir os que sofrem influências ma-léficas. No campo religioso, costu-ma-se acusar os espíritas de pre-tensiosos, pois se julgam capazes de interferir no plano espiritual, onde os Espíritos superiores dis-põem de maiores recursos para afastar os inferiores. Há pessoas que perguntam: “Vocês pensam que estão incumbidos de esclare-cer Espíritos? Que capacidade têm vocês para fazer isso?".

Essa atitude decorre das idéias falsas de que os Espíritos são su-periores aos homens. Em todos os

doutrinação dos Espíritos sofredores, inferiores ou Aobsessores é uma necessi-

dade de ordem social. Porque es-ses Espíritos, por sua própria con-dição inferior, vivem ao nosso la-do, ainda apegados ao plano ter-reno em que vivemos, e exercem influências perturbadoras no meio social. Quando Pasteur revelou a existência do mundo invisível das bactérias, dos micróbios, ao nosso redor, influindo na saúde huma-na, toda a Ciência do tempo rejei-tou sua tese. Pasteur precisou fu-gir para a província, afastando-se dos meios universitários, onde o perseguiam. Não obstante, mais tarde a Ciência teve de reconhecer a validade de sua tese.

Kardec, muito antes de Pas-teur, descobriu o mundo invisível dos Espíritos e revelou a ação que os mesmos exerciam sobre a saúde humana. Foi mais fácil comprovar cientificamente a exis-tência dos micróbios do que a dos Espíritos, cujas provas irrefu-táveis foram rejeitadas pela Ciência. Mas hoje a prova foi feita nos próprios meios univer-

Julho 200314 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Herculano Pires

ENTENDENDO

Não obstante Herculano Pires utilizar o verbo "afastar" os Espíritos obsessores, devemos com-preender que a doutrinação não tem apenas o fito de afastar os mesmos, mas sim de esclarecer, consolar e ajudar, seja ao obsessor, como ao obsi-diado.

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1

Por Que Doutrinar os ESPÍRITOS?

Os Espíritos atuam sobre todas as criaturas humanas e em numerosos

casos de maneira prejudicial, causando doenças e perturbações psíquicas

Ninguém pode fazer

Espiritismo por sua

conta própria. O

Espiritismo é uma

doutrina científica que

exige estudo atento e

incessante de seus

princípios

tempos, desde a mais remota anti-güidade, como podemos ver na própria Bíblia e nos Evangelhos, os Espíritos têm sido esclarecidos pelos homens que conhecem o problema. Porque a morte não é mais do que uma passagem de um plano da vida para outro. Quem morre não vira santo nem anjo, continua a ser o que era: mau, se era mau na vida terrena; bom, se era bom; ignorante ou materialis-ta e assim por diante.

O Espiritismo comprovou que a sociedade humana se compõe de duas partes - de Espíritos encar-nados e desencarnados. Os desen-carnados que permanecem na Terra não têm esclarecimento su-ficiente sobre a vida espiritual e continuam a viver, embora sem o corpo material (mas revestidos de seu corpo espiritual) como se não tivessem morrido. São esses Es-píritos que atuam negativamente sobre nós e são esclarecidos nas sessões mediúnicas, porque nes-sas sessões podem falar com os encarnados e sentem-se mais se-guros por estarem ligados ao mé-dium. Muitos deles não sabem

Julho 2003 15FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Mestre as lições de que se esque-ceram.

Ninguém pode fazer Espiritis-mo por sua conta própria. O Espi-ritismo é uma doutrina científica que exige estudo atento e inces-sante de seus princípios. Só pesso-as excessivamente vaidosas e pre-tensiosas podem acreditar que suas idéias pessoais são mais vá-lidas que os princípios de uma Doutrina superior e comprovada pela experiência secular.

nem acreditam que morreram, pois alimentaram na Terra a idéia de que a morte é o fim, e como se sentem vivos, pensam que continuam encarnados, tendo a-penas sofrido alguma perturba-ção súbita que os afastou dos fa-miliares.

Nas sessões de doutrinação não se faz nenhuma espécie de energia, mas simplesmente se es-tabelece o diálogo entre esses Es-píritos e os doutrinadores. Se o diálogo os esclarece, eles se afas-tam e suas vítimas se sentem ali-viadas ou curadas. Então, os Es-píritos bons e esclarecidos podem levá-los para regiões espirituais onde completam seu esclareci-mento. Ao mesmo tempo, a pes-soa perturbada também se escla-rece e aprende a evitar as ligações com Espíritos perturbadores.

É inacreditável que no próprio meio espírita existam pessoas que não compreendem esse problema e aleguem que as sessões de dou-trinação devem ser suprimidas. A experiência mundial tem com-provado, desde Kardec até hoje, a eficácia dessas sessões. E hoje a Parapsicologia comprova a efi-ciência da doutrinação espírita, graças às pesquisas dos chama-dos “fenômenos theta", que são os fenômenos de comunicação de Espíritos. Os centros e grupos espíritas que só tratam de men-talismo e processos hipnóticos desvirtuam a Doutrina. Os diri-gentes desses centros devem estu-dar com urgência e com a devida humildade O Livro dos Médiuns, de Kardec, reaprendendo com o

Fonte:O Infinito e o Finito - PIRES, Herculano, p. 84 à 86 - 2ª edição - Edições Correio Frater-no.

A doutrinação dos

Espíritos

sofredores,

inferiores ou

obsessores é uma

necessidade de

ordem social

Reprodução

não está enraizado. Ex: o chama-do Encosto e outras situações mentais e fluídicas esporádicas.

De modo geral, todos nós a so-fremos de vez em quando.

2º grau: Fascinação: nesse ca-so, o obsedado não se reconhece importunado, porque o obsessor foi astuto e, agindo disfarçada-mente, conseguiu fasciná-lo com uma ilusão. O fascinado acha a sua ilusão certa e bela, confiando no obsessor. Esse seria o caso da senhora em questão, que achava lindo e verdadeiro tudo o que via e ouvia, a ponto de tomar o Espí-rito que a fascinava, como verda-deiro Guia Mediúnico, entrara num círculo vicioso pelo qual am-bos se completavam, não se senti-am bem quando distanciados um do outro.

Nesse caso, o próprio obsessor se encarrega de afastar sua vítima das pessoas que possam ajudá-la orientando-a.

3º grau: Subjugação: explica Kardec que, nesse ponto, a vonta-de do obsedado já foi dominada, moral ou fisicamente; ele age co-

ssa frase veio de uma se-nhora que chegou à Casa EEspírita, num processo ob-

sessivo bastante grave. Além de apresentar comportamento estra-nho, via e ouvia o Espírito com bastante nitidez.

Nessa ocasião, desempenhá-vamos, também, a tarefa de entre-vistadora e a encaminhamos para a assistência espiritual. Após con-seguir um certo equilíbrio, mani-festou interesse pelo estudo e ma-triculou-se no Curso de Iniciação ao Espiritismo.

Através da assistência espiri-tual, do esforço em melhorar e do estudo que a esclarecia e consci-entizava, as vozes e as visões de-sapareceram e estava, agora, ini-ciando o segundo ano: Estudos so-bre Mediunidade. Ao me reconhe-cer como a entrevistadora que a havia encaminhado para a assis-tência espiritual (passes), no seu pouco entender, fez esse desaba-fo:

“Não gosto dela, pois quando aqui cheguei eu via e ouvia os Espíritos e através da tal assistên-cia espiritual, ela acabou com a minha mediunidade".

“Não gosto dela, pois quando aqui cheguei eu via e ouvia os Espíritos e através da tal assistên-cia espiritual, ela acabou com a minha mediunidade"

Julho 200316 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Para quem não tem conheci-mento, é muito fácil confundir ob-sessão com faculdades mediúni-cas, pois que, de certa forma, os “sintomas" são semelhantes.

Nesse caso, não existiam as fa-culdades de vidência e audição, ela via e ouvia, porque o obsessor a estava envolvendo em seus flui-dos enfermiços, forçando sua sen-sibilidade.

Ficou decepcionada com seu afastamento, sentia-se bem em sua companhia e aguardava com ansiedade as vozes e visões, pois já havia entrado na fase da fasci-nação.

Em linguagem Espírita, obses-são é a ação prejudicial, insistente e dominadora de um Espírito so-bre outro. Em O Livro dos Médi-uns, na 2ª parte, cap. XXIII, Kar-dec ensina que a obsessão se apre-senta em três graus:

1º grau: Obsessão Simples: é percebida pela pessoa; sua insis-tência incomoda, mas o problema

Teddy Nilson - Campinas/SP

ComigoACONTECEU

Explicando:

Ela acabou comminha Mediunidade...

O que é obsessão?

Julho 2003 17FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

mo um robô sempre controlado pelo poder mental do obsessor. A subjugação é o grau mais profun-do e grave da obsessão.

A) Por débito de um Espírito para com outro, originado nesta ou em outra vida (ex. vingança, oposição, etc.).

Quem sabe essa senhora, em vida passada, lesou esse Espírito que a envolvia prejudicialmente, por não haver o perdão entre am-bos, o resultado foi a perseguição através da obsessão. Por isso, Je-sus nos recomendou: “Reconcilia-te com teu inimigo enquanto es-tais a caminho com ele". (Mt. 5:25-26). Estar a caminho é estar lado a lado neste mundo, ambos encarnados, com todas as possibi-lidades de se perdoarem mutua-mente. Porque aquele que parte para a outra vida, ressentido, ma-goado, ignorando as Leis do Pai, muitas vezes retorna para execu-tar sua vingança. Pois, livre do corpo físico, invisível aos nossos olhos, seu campo de ação se torna maior que o nosso.

B) Pela afinidade que atrai um Espírito para outro.

Nossas imperfeições atraem para junto de nós Espíritos que passam a nos obsedar.

C) Pela falta de ação no bem.Muitas vezes, a obsessão que

sofremos é pela nossa omissão an-te o bem que sabemos e podemos fazer.

Por débito de um Espírito para com outro, originado nesta ou em outra vida

Pela afinidade que atrai um Espírito para outro.

Pela falta de ação no bem.

O obsessor não é nenhum monstro de maldade ou demônio, condenado sem remissão pela Jus-tiça Divina. É alguém que privou da nossa convivência, por vezes, com estreitos laços afetivos. Para ele o tempo parou no momento exato em que foi ofendido e pre-judicado, fixou-se naquele tor-mento e acredita que deixará de sofrer, quando revidar a ofensa. Ele precisa da mesma assistência que o obsedado: prece, esclareci-mento e orientação, por esse moti-vo Jesus aconselhou: “Orai pelos que vos perseguem e caluniam". (Mt. 5:20,43-47). O perdão é fun-damental para ambos: vítima e al-goz.

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Nosso endereço: Rua Luiz Silvério, 120, Vila Marieta, Campinas/SP, CEP 13043-330.

Nota da redação:O Editor garante a veracidade dessa história.

Teddy Nilson é querida e respeitável companheira que trabalha na área da educação mediúnica há mais de 30 anos. Dedicada e estudiosa dirige, juntamente com sua filha Rosa, o curso Estudos sobre Mediunidade do Centro Espírita "Allan Kardec". Seus apontamentos

guardam, sempre, absoluta FidelidadESPÍRITA.

Porque a obsessão se dá?

E o obsessor, quem é?

cumpram conveniente-mente.

Neste artigo bus-caremos, ainda que de forma singela, re-lembrar uma con-quista humana que bem retrata as face-

tas desse processo - a descoberta dos hieró-

glifos através do célebre egiptologista francês, Jean

François Champollion, que per-mitiu à Humanidade, após divul-gar os resultados de seu trabalho, adentrar todos os recônditos da cultura faraônica, muito pouco conhecida até então.

Ao mesmo tempo presta-se a homenagear o espírito de escol, Champollion, o protagonista da belíssima e importante façanha que beneficia a todos nós.

O Egito abrigou na antigüida-de uma das mais avançadas e ad-

entre os inúmeros benefí-cios que a Doutrina Espíri-Dta tem propiciado aos que

se lhe apreendem os postulados, inscreve-se a compreensão da Lei de Progresso, explicada em sua marcha paulatina, porém, ascen-dente, em todos os ramos do co-nhecimento.

Segundo aqueles ditames, na-

Julho 200318 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

da acontece por acaso, tudo se submete à vontade de Deus, se-guindo uma cronologia que não comporta atropelos ou imprevi-são. Quando uma nova ordem de-ve emergir, seja no campo materi-al ou espiritual, as coisas e pes-soas aparecem e se encaixam com admirável precisão, a fim de que as determinações Superiores se

CAPA

Ismael Gobi - Araçatuba/[email protected]

O Egito Desconhecido

Reproduçao

Rep

roduçã

o

Julho 2003 19FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

egípcia se converteria em alavan-ca poderosa para a descoberta dos hieróglifos.

Em 1798, Napoleão Bonaparte (1769-1821) empreende campa-nha ao Egito. Parte de Toulon, em março daquele ano, à frente de 38.000 homens conduzidos por 48 navios de guerra e 280 de transporte.

O objetivo da expedição era acabar com o poderio inglês no Oriente, substituindo-o pela in-fluência francesa.

Além do aparato bélico, Na-poleão impressionou por organi-zar uma extraordinária missão científica de 175 componentes, tendo como uma das metas o estu-do das ruínas arqueológicas.

Fez-se acompanhar de especi-alistas em arqueologia, astrono-mia, química, física, historiadores, geógrafos e artistas.

Tudo deveria ser registrado

miradas civilizações que a Huma-nidade conheceu.

Sua técnica construtiva; a curiosa grafia dos hieróglifos; a religião pautada na crença da imortalidade; as artes retratadas nos papiros, murais, sarcófagos, estátuas e jóias; as tradições; a forma de vida; os governantes; o Nilo; enfim, tudo o que diz res-peito ao território dos faraós fas-cinou os estudiosos antigos e continua sendo objeto de reitera-das pesquisas pelos especialistas modernos, seja pelas escavações naquele território, como pelo es-tudo dos acervos espalhados pelo mundo nos grandes museus, nas galerias de arte e coleções parti-culares.

Durante séculos, historiadores procuraram conhecer o modus vivendi dos egípcios e alguns as-pectos do dia-a-dia foram trans-mitidos à posteridade por teste-munhas oculares. Heródoto (sé-culo V a.C), autor da célebre le-genda - “O Egito é uma dádiva do

Nilo"- é o mais famoso.Essas informações, embora de

grande valor, infelizmente não ofereciam referencial seguro que permitisse decifrar a mais antiga escrita dos egípcios, a hieróglifa, abandonada em passado remoto e que grafava os seus antigos tex-tos.

Com a falta de parâmetros com outras línguas antigas co-nhecidas, todas aquelas informa-ções passariam à posteridade co-mo símbolos indecifráveis.

A descoberta sempre foi um desafio aos historiadores e ar-queólogos, que viam nos hierógli-fos interpretados a chave do co-nhecimento da precisa cronologia da história dos faraós e suas di-nastias; o aclaramento das con-cepções religiosas e informações mais completas da literatura, di-reito, astronomia, matemática e medicina.

A vontade política de Napo-leão Bonaparte em se aprofundar no conhecimento da civilização

Expedições Napoleônicas

Reprodução

Julho 200320 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

dicionário datado de 15 de setem-bro de 1799, anuncia que o acha-do seria utilizado para a leitura dos hieróglifos. Muitas cópias fo-ram extraídas e enviadas para a França com tal finalidade.

A partir daquele instante, a batizada Pedra de Roseta viria aguçar ainda mais o espírito dos especialistas que, durante três décadas, sobre ela se debruçariam visando descobrir seus segredos e darem por inaugurada a egiptolo-gia moderna.

Sem dúvida, nas iniciativas de Napoleão e no aparecimento da Pedra de Roseta, enxerga-se de forma concreta a manifesta-ção de Deus para que um impor-tante benefício fosse colocado à disposição da Humanidade, pro-piciando o conhecimento de face-tas de uma civilização antiga que influiria sensivelmente no seu processo de formação cultural e espiritual.

Para uma grande causa, um grande mestre. Jean François Champollion viveu apenas 42 anos, quase todos dedicados ao estudo das civilizações orientais em geral, e ao Egito em particu-lar.

Nasceu em Figeac, França, em 1790, filho de pai livreiro e mãe que pertencia à pequena burgue-sia local. Recebeu as primeiras li-ções do irmão mais velho, Jacques Joseph, que o acompanharia por toda a existência, muitas vezes abrindo-lhe caminhos junto aos especialistas e políticos.

nos mínimos detalhes para que os estudos se aprofundassem e, quem sabe, dentro em breve os mais comezinhos segredos da milenar civilização viessem a ser conheci-dos.

Atestando inegável interesse pela cultura egípcia, em agosto de 1798, funda, no Cairo, o Instituto do Egito, que começa a publicar os primeiros resultados dos traba-lhos levados a efeito por aqueles sábios.

Em julho de 1799, na peque-na cidade de Roseta, situada na embocadura do Nilo com o Medi-terrâneo, o capitão de artilharia Bouchard recebe das mãos de operários que trabalhavam na edificação de um pequeno forte um fragmento de basalto negro, medindo aproximadamente 1 me-tro de comprimento por 70 centí-metros de largura, coberto por

inscrições que denotavam três textos de grafias diferentes, sepa-rados por espaços horizontais en-tre si. O achado foi amplamente comemorado.

Ainda que, de momento, não se pudesse aquilatar exatamente o integral conteúdo da curiosa lápide, os especialistas não tive-ram dúvida de que se encontra-vam diante de um importante te-souro.

O comunicado do encontro da Pedra de Roseta foi feito por Lancret, membro do Instituto do Cairo, no dia 19 de julho de 1799. Dizia que a lápide continha ins-crições dispostas em três faixas horizontais separadas entre si: a inferior continha várias linhas de caracteres gregos; a do meio, em caracteres desconhecidos; e a pri-meira, em hieróglifos. O Currier de l'Egypte, jornal do corpo expe-

Pedra de Roseta

Museu Britânico de LondresMuseu Britânico de LondresFoto: Ismael Gobi O Mestre Champollion

Julho 2003 21FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Porém, em 1815, com as con-turbações políticas, surgem as tenazes apurações, nas quais, sendo os irmãos considerados suspeitos, ficam exilados em Fi-geac. Em 1817, Jacques Joseph retorna a Paris e Jean François se fixa em Grenoble, onde cria escolas, como já fizera em Figeac, e retoma suas pesquisas em egip-tologia.

Em 1820, novos problemas políticos surgem e os dois irmãos retornam a Paris. Em Paris, Jean François mergulha de vez em suas pesquisas. Vale-se de toda a docu-mentação existente, objetos com inscrições, desenhos elaborados pelos viajantes, como Caillaud e o arquiteto Huyot, que se faziam acompanhar da comitiva de For-bin ao Oriente e faz análises com-parativas com os conhecimentos que já havia somado em todos os anos de extenuantes estudos.

Enfim, o estudo dos hierógli-fos avançava com celeridade e a descoberta estava prestes a acon-tecer.

A pesquisa desenvolvida por Champollion para desvendar os hieróglifos assemelhou-se a um verdadeiro quebra-cabeças. Reco-nheceu a impossibilidade de cada hieróglifo isoladamente significar sempre uma letra de alfabeto ou uma palavra. A dedução era lógi-ca: sendo os sinais em número superior a setecentos, mostra-vam-se excessivos para compor-tar a primeira hipótese e insufici-entes para a Segunda.

Após breve passagem pela escola primária, foi confiado a Dom Calmels, que o acompanhou em seus estudos de línguas. De início, estudou o latim, o grego e o hebreu. Em 1801, com dez anos, parte para Grenoble, onde, na es-cola de Dussert, aprende o árabe, o siríaco e o caldeu.

Em 1804, entra para o Liceu Imperial, atual Liceu Stendhal, no qual permanece três anos. O me-nino hipersensível, de saúde frá-gil, suporta com dificuldades o regime quase militar do estabele-cimento.

No ano de 1806, à frente de Fourier, prefeito de Isére e presi-dente da Comissão do Egito, faz um comentário das Escrituras em Hebreu, revelando-se um grande talento para o estudo de línguas. Com efeito, inicia-se no copta e, optando pelo estudo da civiliza-ção egípcia, promete decifrar os hieróglifos.

Em 1807, com dezesseis anos, chega a Paris para aperfeiçoar seus conhecimentos das línguas orientais mortas e vivas no Collége de France. Seu irmão o apresenta a vários cientistas, como Mil-lin, conservador do Gabinete das Me-dalhas e da Biblio-teca Imperial, on-de fez um curso de Arqueologia; a B.J. Dacier, Secretário Per-pétuo da Aca-

demia das Ins-crições e Belas Artes; ao famoso arqueólogo L. J. J. Dubois; a E. Jomard, Secretário da Comis-são do Egito e aos mais renoma-dos professores orientalistas.

Em 1809, retorna a Grenoble e com dezoito anos torna-se pro-fessor de história adjunto da Faculdade criada por Napoleão Bonaparte e recebe por Decreto Imperial o doutorado. Aos vinte anos publica a introdução de sua primeira obra: l'Egypte sous les pharaons, estudo geográfico do Antigo Egito, calcado na compa-ração dos topônimos em copta e em árabe. A obra completa sairia em 1814.

Quando Napoleão retorna da Ilha de Elba, muito promete aos irmãos Jacques Joseph e Jean François. O primeiro torna-se Se-cretário Particular do Imperador, que acena com a possibilidade de fazer publicar as obras do segun-do.

Reprodução

Os Hieróglifos Decifrados

Julho 200322 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

não apenas sons. Aprofundando-se nas pesquisas, verificou que alguns sinais eram ideográficos (exprimiam idéias), outros eram alfabéticos (consoantes) e alguns eram mudos ou determinativos para distinção dos homófonos.

Comprovou que os textos da Pedra de Roseta eram únicos em grafias diferentes: hieróglifo, de-mótico e grego. Mas isso foi só o começo. Descobriu que os egí-pcios, segundo a época, ora es-creviam de cima para baixo, como de baixo para cima, ou da direita para a esquerda, como da esquer-da para a direita, além das carac-terísticas próprias dos textos sa-grados, muito mais complexos que os textos simples.

Enfim, uma tarefa de fôlego que lhe exigiu trabalho diuturno ao lado dos fiéis colaboradores. Foi, graças à sua descoberta‚ que a

Sua experiência acumulada no estudo das antigas línguas orien-tais lhe direcionou para a possibi-lidade daqueles elementos repre-sentarem fonogramas, ou seja, cada sinal ou grupo de sinais representarem determinado som. Essa hipótese, que já havia sido aventada de forma superficial por alguns estudiosos, só com Cham-pollion obteve comprovação cien-tífica.

A publicação de suas conclu-sões se deu na famosa Lettre à M. Dacier, datada de 22 de setembro de 1822 e comunicada cinco dias após, a 27 de setembro. Nesta car-ta e em outras duas obras poste-riores, Le Précis du système Hié-roglyphique des Anciens Egypti-ens (1824) e Les Principes généra-ux de la langue égyptienne (obra póstuma), o insigne mestre des-vendou o segredo dos hieróglifos, como prometera a Fourier, em 1806, aos dezesseis anos, tornan-do o conhecimento daquela escri-ta tão fácil e exato como o de qualquer outra língua morta cons-tante dos currículos acadêmicos.

A Pedra de Roseta, com seu texto de grafia tríplice, era o ma-terial faltante e Champollion, o sábio preparado para lê-la. O mes-tre, conhecedor do grego, leu o texto naquela língua sem dificul-dades. Até aí, nenhuma novidade, porquanto desde a descoberta da curiosa lápide os especialistas co-nhecedores do grego já haviam feito a constatação de que fora

grafada à época dos Ptolomeus.

Aliás, o seu irmão Jacques Joseph, já ha-via feito a tradução in-tegral do texto em gre-go. Mas e o restante? Que estaria escrito nos dois outros textos de grafias tão estranhas e consideradas desco-nhecidas?

Champollion domi-nava amplamente o copta, uma escrita que os egípcios utilizaram entre os séculos II e VII d.C. Analisando o texto interme-diário da pedra, verificou que o texto trazia alguns caracteres en-contrados no copta. Passou, en-tão, a fazer comparações entre o grego, o copta e o texto interme-diário, em busca dos fonogramas correspondentes. Centrou, inicial-mente, sua atenção nos nomes próprios e encontrou-os no texto intermediário.

Em seguida, foi ao primeiro texto, grafado em hieróglifos e igualmente identificou aqueles nomes próprios, notando uma particularidade: os nomes reais ou dos faraós tinham uma moldura a circundá-los, peculiaridade que os franceses batizaram de cartouche. Essa descoberta confirmou sua intuição: os hieróglifos represen-tavam fonogramas (sons). Mas

Caderno deanotações

de Champollion

Reprodução

Síntese daGrande Descoberta

Para saber mais, consulte:1) Un itinerario nella storia dell'Egitto anti-co - Museu Egípcio de Turim;2) Jean François Champollion - texto de Mo-nique Kanawaty, Museu do Louvre, Paris;3) Les Champollion deux vies, une passion - Biblioteca Municipal de Grenoble;4) Grandes Civilizações Desaparecidas - Je-an-Marc Brissaud;5) The British Museum Book of Ancient Egypt, Londres;6) Museo Egizio - Anna Maria Donadoni Roveri, Turim;7) Site da Sociedade das Ciências Antigas -

8) Artigo publicado na Folha Espírita, feve-reiro de 2003.

www.sca.org.br (Biografias);

Julho 2003 23FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

revela um museólogo revolucio-nário para a época.

Somente em 1828, concretiza seu acalentado sonho de conhecer pessoalmente o Egito, dirigindo uma importante expedição. Ali vê com os próprios olhos tudo aquilo que já vira retratado nas infinida-des de desenhos e apontamentos sobre os quais se debruçara du-rante tantos anos.

Morre em 1832, aos 42 anos. Sepultado no famoso cemitério Père Lachese, em Paris, seu tú-mulo está entre os mais visitados, ao lado dos de figuras eminentes como Allan Kardec, Balzac, Dela-croix, Marcel Proust, Bellini, Rossini, Apollinaire e muitos ou-tros.

Assim se apresenta, de forma bem resumida, a saga da desco-berta dos hieróglifos e da verda-deira história do Egito. Ao queri-do mestre Champollion, a nossa admiração e respeito.

civilização egípcia, a partir de 1822, ano da publicidade de suas conclusões, realmente passou a ser conhecida pela possibilidade de leitura de todos os seus escri-tos.

Não fosse Champollion, autor algum, antigo ou contemporâneo, teria condições de escrever as obras sobre o Egito que hoje se utilizam nos bancos escolares; arqueólogo algum teria como in-terpretar o que acha e museu al-gum, como explicar o significado dos tesouros egípcios que enri-quecem suas galerias.

A partir de Champollion‚ é que se pôde estabelecer com maior precisão a cronologia da civilização egípcia, conhecer seus governantes, apreciar sua litera-tura, seus usos e costumes e saber a origem dos achados arqueo-

lógicos que surgem a todo instan-te e profusamente e são estudados pelas várias equipes de especialis-tas que trabalham no Egito.

Assim, não obstante a civiliza-ção egípcia ser das mais antigas que se conhece, o conhecer da sua verdadeira história ainda não completou dois séculos.

Champollion sacode o mundo.Depois da descoberta, vai para

Turim estudar a importantíssima coleção de Drovetti com a ajuda de seu mecenas, o Conde de Bla-cas. Ali conhece as estátuas colos-sais e uma infinidade de docu-mentos, que analisa e cataloga, dando publicidade periódica ao resultado de suas pesquisas. Acrescenta dezenas de nomes reais à sua relação.

Percorre a Itália, especialmen-te as cidades de Roma, Nápoles, Florença e Livorno, para estudar seus monumentos, acervos arque-ológicos e formas de organização de museus.

Em 17 de maio de 1826, o rei da França faz criar a segunda sec-ção do Museu de Antigüidades do Louvre, consagrado aos monu-mentos egípcios e orientais, dan-do a chefia a Champollion, que se

Túmulo de Campollion

Cemitério Père Lachaise, Paris

Foto: Ismael Gobi

A Obra Continua

Julieta Closer - Campinas/SP

V o c ê S a b i a . . .V o c ê S a b i a . . .

Continuando nossas pesquisas bíblicas, selecionamos para este mês, as seguintes curiosidades:Continuando nossas pesquisas bíblicas, selecionamos para este mês, as seguintes curiosidades:

póstolo - do grego Apóstolos, quer dizer “embaixador", “pessoa que representa", “mensageiro", “enviado extraordinário", “a pessoa que manda". Foram apósto-A

los, Paulo e Barnabé (Atos 14,4) e os doze apóstolos de Jesus. (Mateus 10,2).

ramaico - idioma semítico, mas, diferente do hebraico, como se vê em (2 Reis 18,26). O aramaico era falado pelos judeus após o A

cativeiro. Era a língua falado por Jesus e Seus discípulos. Foram escri-tos nesse idioma, importantes trechos do Antigo Testamento. (Esdras 4,7; Daniel 2,4).

mendoeira, Amêndoa - a amendoeira tem, na média, oito metros de altura, é da família do pessegueiro, a que se as-A

semelha. A vara que floresceu, conforme promessa de Iahweh, foi a de Aarão e produziu amêndoas. (Números 17,17-23).

orre de Antônia - parte da fortaleza Birá, unida ao Templo de Jerusalém. Tinha corredores subterrâneos para a fuga de governantes e torrinhas para as guardas. Um dos eventos T

mais importantes na longa história dessa torre foi a defesa do apóstolo Paulo, feita por ele, em pé, na escada desse edifício. (Atos 21,40).

unho-julho - conforme o calendário judaico, o quarto mês do Ano Sagrado e o décimo mês do ano civil, recebeu o nome de Tamuz (Ezequiel 8,14). Tamuz, divindade assírio-babilônica de origem po-J

pular, célebre, sob o nome semítico de Adônis (Meu Senhor), na mitologia mediterrânea. Todo ano, no mês de Tamuz (junho-julho), por ocasião da residência do deus nos infernos, celebrava-se o seu luto. (Bíblia de Jerusalém - pag. 1.612, letra o- nótula).

Tamuz

Fonte:1) Bíblia de Jerusalém - Sociedade Bíblica Católica Internacional e Paulus, 1985;

2) Pequena Enciclopédia Bíblica - Orlando Boyer, 7ª edição, 1978;

3) Dicionário Bíblico Universal - Buckland, Ed. Vida, 3ª edição, 1982;

4) Bíblia Vida Nova - Sociedade Religiosa, Ed. Vida Nova, 1989;

5) A Bíblia Sagrada - Imprensa Bíblica Bra-sileira, 4ª edição, 1988.

CURIOSIDADES BÍBLICAS

Julho 200324 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

tor já falou; muitas vezes ouvi-mos verdadeiras repetições, meia hora de verborragia, can-sativa, desnecessária e desele-gante. Da mesma maneira os elogios são perfeitamente dis-pensáveis, embora se possa agra-decer sucintamente ao compa-nheiro expositor pela contribui-ção doutrinária.

Valorizemos o tempo, evite-mos monopolizar o orador, per-mitindo que os presentes, ao fi-nal, conversem com ele, tendo a oportunidade de executar a fra-ternidade e dirimir dúvidas. A organização facilita o trabalho.

Lembremo-nos de que se es-tivermos com a tarefa da apre-sentação limitemo-nos a ela, ca-da um com a sua função, o a-presentador apresenta, o pales-trante, e só ele, palestra, nada mais!

a Casa Espírita, coisa mais preciosa é o mo-Nmento da pregação. Le-

vantar-se e usar da tribuna para divulgar as idéias espíritas é algo sagrado.

Logo, temos de nos preocu-par com a palestra e o orador. Divulgar o evento é permitir que um número maior de pes-soas conheça e se esclareça mais sobre a Doutrina. Por isso, con-vém organizar bem esse mo-mento. Escolher um orador ou expositor com qualidade doutri-nária de acordo com o que se ob-jetiva: palestra, seminário, con-gresso.

É justo que o público conhe-ça quem é o expositor, em qual cidade reside, qual Centro traba-lha, a eventual produção literá-ria...

Assim, convém tomar nota antes e preparar a apresentação com seriedade. Evitemos nos alongar demasiadamente; quan-do isso acontece tomamos o tem-po do expositor ele é quem tem o

direito maior à fala.Por isso, nos limitemos, com

fraterno respeito, a breves infor-mações sobre o companheiro que assumirá a tribuna não ul-trapassando à três minutos apro-ximadamente.

Em seguida, convém, fazer-mos uma prece, não muito lon-ga, cerca de dois minutos, prepa-rando as mentes dos participan-tes para receberem a mensagem, ao mesmo tempo, que nos liga-mos em espírito e verdade a Deus e à equipe espiritual.

Logo após, poderemos passar a palavra ao orador.

Seria interessante que o diri-gente, ou aquele com a função de apresentar o palestrante, per-manecesse à mesa ou próximo do local de exposição, pois que às vezes imprevistos acontecem, como mau funcionamento do som ou uma janela que precisa ser fechada.

No final, limitemo-nos a pre-ce de encerramento. Nada de co-mentários sobre o que o exposi-

POSTURA

Como apresentar o orador?Como apresentar o orador?

Marcus Augusto - Campinas/SP

Julho 2003 25FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Allan Kardec

O Espiritismo quer ser claro para todos e nãodeixar aos seus futuros seguidores nenhum

motivo de discussão de palavras

Princípio daNão-Retrogradaçãodos Espíritos

pela própria natureza do globo e, sobretudo, pelo meio no qual se acharem. Numa palavra, estarão na posição de um homem civiliza-do forçado a viver entre os selva-gens ou de um homem educado, condenado à sociedade dos força-dos. Perderam a posição e as van-tagens, mas não regrediram ao es-tado primitivo. De adultos não se tornaram crianças. Eis o que se de-ve entender pela não-retrograda-ção. Não tendo aproveitado o tem-po, é para eles um trabalho a reco-meçar. Em sua bondade, Deus não os quer deixar por mais tempo en-tre os bons, cuja paz perturbam. Por isso, os envia entre homens que terão por missão fazer estes últimos progredirem, ensinando-lhes o que sabem. Por esse traba-lho poderão eles próprios adian-tar-se e se resgatarem, expiando as faltas passadas, como o escravo que pouco a pouco economiza pa-ra um dia comprar a liberdade. Mas como o escravo, muitos só

endo sido várias vezes le-vantadas questões sobre o Tprincípio da não-retrogra-

dação dos Espíritos, princípio di-versamente interpretado, vamos tentar resolvê-las. O Espiritismo quer ser claro para todos e não deixar aos seus futuros seguidores nenhum motivo de discussão de palavras. Por isso, todos os pontos susceptíveis de interpretação se-rão elucidados sucessivamente.

Os Espíritos não retrogradam, no sentido de que nada perdem do progresso realizado. Podem ficar momentaneamente estacionários. Mas de bons não podem tornar-se maus, nem de sábios, ignorantes. Tal é o princípio geral, que só se aplica ao estado moral e não à si-tuação material, que de boa pode tornar-se má, se o Espírito a tiver merecido.

Façamos uma comparação.

Julho 200326 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Suponhamos um homem do mun-do, instruído, mas culpado de um crime que o conduz às galés. Cer-tamente há para ele uma grande descida como posição social e co-mo bem-estar material. À estima e à consideração sucederam o des-prezo e a abjeção. Entretanto, ele nada perdeu quanto ao desenvol-vimento da inteligência; levará à prisão as suas faculdades, os seus talentos, os seus conhecimentos. É um homem decaído e é assim que devem ser compreendidos os Espí-ritos decaídos. Deus pode, pois, ao cabo de um certo tempo de prova, retirar de um mundo onde não te-rão progredido moralmente aque-les que O tiverem desconhecido, que se tiverem rebelado contra as Suas leis, mandando que expiem os seus erros e o seu endureci-mento num mundo inferior, entre seres ainda menos adiantados. Aí serão o que eram antes, moral e intelectualmente, mas numa con-dição infinitamente mais penosa,

REVUE SPIRITE

Evolução dos EspíritosEvolução dos Espíritos

Julho 2003 27FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

há para o Espírito uma queda mo-ral se tomar o mau caminho, des-de que chegue a fazer o mal que não fazia antes?

Essa proposição não é mais sustentável que a precedente. Só há queda na passagem de um esta-do relativamente bom a um pior. Ora, criado simples e ignorante, o Espírito está, em sua origem, num estado de nulidade moral e inte-lectual como a criança que acaba de nascer. Se não fez o mal, tam-bém não fez o bem. Nem é feliz, nem infeliz. Age sem consciência e sem responsabilidade. Desde que nada tem, nada pode perder, como não pode retrogradar. Sua respon-sabilidade só começa no momento em que se desenvolve o seu livre arbítrio. Seu estado primitivo não é, pois, um estado de inocência in-teligente e raciocinada. Conse-qüentemente, o mal que fizer mais

economizam dinheiro, em vez de amontoar virtudes, as únicas que podem pagar o resgate.

Essa tem sido, até agora, a si-tuação de nossa Terra, mundo de expiação e de prova, onde a raça adâmica, raça inteligente, foi exi-lada entre as raças primitivas infe-riores, que a habitavam antes. Tal a razão pela qual há tantas amar-guras aqui, e que estão longe de sentir no mesmo grau os povos selvagens. Há, certamente, retro-gradação do Espírito no sentido de que recua seu caminho, mas não do ponto de vista de suas aquisições, em razão das quais e do desenvolvimento de sua inteli-gência, sua derrota social lhe é mais penosa. É assim que o ho-mem do mundo sofre mais num meio abjeto do que aquele que sempre viveu na lama.

Segundo um sistema que tem algo de especioso à primeira vista, os Espíritos não teriam sido cria-dos para se encarnarem e a encar-nação não seria senão o resultado de sua falta. Tal sistema cai pela mera consideração de que se ne-nhum Espírito tivesse falido, não haveria homens na Terra, nem em outros mundos. Ora, como a pre-sença do homem é necessária para o melhoramento material dos mundos, como ele concorre por sua inteligência e sua atividade para a obra geral, ele é uma das engrenagens essenciais da cria-ção. Deus não podia subordinar a realização desta parte de sua obra à queda eventual de suas criatu-

ras, a menos que se contasse para tanto com um número sempre su-ficiente de culpados para fornecer operários aos mundos criados e por criar. O bom senso repele tal idéia.

A encarnação é, pois, uma ne-cessidade para o Espírito que, rea-lizando a sua missão providencial, trabalha seu próprio adiantamen-to pela atividade e pela inteligên-cia, que deve desenvolver, a fim de prover à sua vida e ao seu bem-estar. Mas a encarnação torna-se uma punição quando, não tendo feito o que devia, o Espírito é constrangido a recomeçar sua ta-refa e multiplica suas existências corpóreas penosas por sua própria culpa. Um estudante só é gradua-do após ter passado por todas as classes. Suas classes são um casti-go? Não: são uma necessidade, uma condição indispensável de seu progresso. Mas se, pela pre-guiça, for obrigado a repeti-las, aí é uma punição. Poder passar em algumas é um mérito. O que, pois, é certo é que a encarnação na Ter-ra é uma punição para muitos que a habitam, porque poderiam tê-la evitado, ao passo que, talvez, a re-petiram, duplicaram, centuplica-ram por sua própria culpa, assim retardando sua entrada em mun-dos melhores. O que é errado é ad-mitir, em princípio, a encarnação como um castigo.

Outra questão muitas vezes agitada é esta: tendo sido criado simples e ignorante, com a liber-dade de fazer o bem ou o mal, não

Justiça da ReencarnaçãoJustiça da Reencarnação

Livre arbítrio e ProgressoLivre arbítrio e Progresso

Reprodução

um monstro, porque cometeu a-trocidades. Mas é crível que esses homens pérfidos, hipócritas, ver-dadeiras víboras, que semeiam o veneno da calúnia, despojam as famílias pela astúcia e pelo abuso de confiança, que cobrem suas torpezas com a máscara da virtu-de para chegarem com mais segu-rança a seus fins e receberem elo-gios quando só merecem a exe-cração, é crível, dizíamos nós, que valham mais que Nero? Certo que não. Serem reencarnados num Ne-ro para eles não seria uma regres-são, mas uma ocasião para se mostrarem sob nova face. Assim, exibirão os vícios que ocultam. Ousarão fazer pela força o que fa-riam pela astúcia, eis toda a dife-rença. Mas essa nova prova não lhes tornará o castigo senão mais terrível se, em vez de aproveitar os meios que lhes são dados para reparar, deles se servem para o mal. Entretanto, cada existência, por pior que seja, é uma ocasião de progresso para o Espírito: ele desenvolve a inteligência, adquire experiência e conhecimentos que, mais tarde, o ajudarão a progredir moralmente.

tarde, infringindo as leis de Deus, abusando das faculdades que lhe foram dadas, não é um retorno do bem ao mal, mas a conseqüência do mau caminho por onde entrou.

Isso nos conduz a outra ques-tão. Por exemplo, Nero pode, co-mo Nero, ter feito mais mal que bem na sua precedente encarna-ção? A isso respondemos sim, o que não implica que na existência em que tivesse feito menos mal fosse melhor. Para começar, o mal pode mudar de forma sem ser pior ou menos mal. Como a posição de imperador colocou Nero em evi-dência, seus feitos foram mais no-tados; numa existência obscura podia ter cometido atos também repreensíveis, posto que em me-nor escala e que passaram inaper-cebidos. Como soberano pode in-cendiar uma cidade; como simples particular pode queimar uma casa e fazer perecer a família. Tal um assassino vulgar que mata alguns viajantes para os despojar, se esti-vesse no trono seria um tirano sangüinário, fazendo em grande escala o que a posição só o permi-te em escala reduzida.

Considerando a questão de ou-tro ponto de vista, diremos que um homem pode fazer mais mal numa existência que na preceden-te, mostrar vícios que não tinha, sem que isto implique uma dege-neração moral. Muitas vezes são as ocasiões que faltam para fazer o mal; quando o princípio existe latente, vem a ocasião e os maus

instintos se descobrem. A vida or-dinária nos oferece numerosos exemplos: tal homem, que era ti-do como bom, de repente revela vícios dos quais ninguém suspei-tava, e que causam admiração. É simplesmente porque soube dissi-mular ou porque uma causa pro-vocou o desenvolvimento do mau germe. É bem certo que aquele em quem os bons sentimentos estão fortemente arraigados não tem nem mesmo o pensamento do mal. Quando tal pensamento exis-te, é que o germe existe: às vezes, apenas falta a execução.

Depois, como dissemos, o mal, posto que sob diferentes formas, não deixa de ser o mal. O mesmo princípio vicioso pode ser a fonte de uma porção de atos diversos, provenientes de uma mesma cau-sa. O orgulho, por exemplo, pode fazer cometer um grande número de faltas, às quais se está exposto, enquanto o princípio radical não for extirpado. Um homem pode, pois, numa existência ter defeitos que não teria manifestado numa outra e que não são senão conse-qüências várias de um mesmo princípio vicioso. Para nós, Nero é

Adaptado do Artigo:1) Do Princípio da Não-Retrogradação do Espírito. Kardec, Allan. Revista Espírita. Ju-nho de 1863. Páginas 163 à 166. Tradução de Júlio Abreu Filho. Ed. Edicel.

Testemunhando asAquisições MoraisTestemunhando asAquisições Morais

Julho 200328 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Cada existência é uma ocasião de progresso para o Espírito: ele

desenvolve a inteligência, adquire

experiência e conhecimentos que o ajudarão a progredir

moralmente.

que felizmente já está em declínio, frente às provas cabais da imorta-lidade da alma.

Para o Espírito imortal, suas atitudes serão responsáveis pela sua desdita ou felicidade.

Na questão 957, os Espíritos comentam que as conseqüências do suicídio são as mais variáveis, mas uma que o suicida não conse-gue evitar é o desapontamento. Depara-se vivo e ainda tendo que arcar com seu gesto (...).

Nada melhor do que sentir-se útil, trabalhar, principalmente em benefício do próximo, livrando-se do egoísmo, para evitar a depres-são, causa tão comum do desejo do suicídio. O conhecimento espí-rita, com a noção da vida além da morte, é um valioso auxiliar para se evitar gesto tão infeliz.

mais sentido. Uma tristeza imensa tomou conta do meu ser. Nada es-tava bom. Nada me entusiasmava. Tinha tudo o que queria, dinheiro, roupas, tudo, mas um vazio imen-so na alma. Pensei no suicídio e articulei um plano. Comprei in-gressos para minha família ir para o teatro. Aleguei indisposição. Fi-caria sozinha em casa. Tudo pron-to, estava com veneno na mão pa-ra ingeri-lo, quando pensei: “dei-xe-me ver as últimas cenas deste mundo cão". Liguei a televisão e o senhor falava sobre a felicidade, o amor e o valor da vida. Despertei. Sinto-me envergonhada. Aqui es-tou eu.

Orientada, passou a ver a vida com outros olhos. Por certo foram os Espíritos amigos que a inspira-ram a ligar a TV na tentativa de socorrê-la.

O suicídio é elucidado com perfeição nas obras espíritas e ci-tamos aqui a magistral obra O Li-vro dos Espíritos de Allan Kardec.

Para quem acha que a vida acaba no túmulo há ledo engano. Tal ocorre na visão materialista,

RELATOS

Fonte:1) O Gigante Deitado. Editora O Clarim.

Pedidos fone: 0 (xx) 16 282-1066.

O ResgateO ResgateEpisódio da vida de Jerônimo Mendonça

O espírita que, paralítico e cego, viajava o Brasil divulgando o Espiritismo

le acabava de dar uma en-trevista na televisão. Só EDeus e seus mentores sa-

biam a dor que o estava sufocan-do, particularmente nos olhos, que até então não haviam sido ex-tirpados.

O casal amigo que o hospedara insistira com a entrevista. O mari-do, médico, passou-lhe nos olhos um ungüento oftálmico que lhe suavizara a dor.

Na entrevista, o repórter fez-lhe a pergunta costumeira sobre a felicidade e a resposta que já se tornara de praxe:

- A felicidade para mim, deita-do há tanto tempo nesta cama sem poder me mexer, seria poder virar de lado.

Aproveitara a chance e falara sobre o amor e o valor da vida. Ao terminar, o telefone tocou:

- O senhor acabou de me sal-var a vida. Posso conversar em particular com o senhor?

Na casa dos amigos, apresen-tou-se uma senhora da alta socie-dade, muito rica, que desabafou:

- A vida para mim não tinha

Julho 2003 29FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

ções de um diapasão, a pa-ciente confirmava uma “anes-tesia" completa em toda meta-de direita do seu corpo, inclu-indo os membros, o tronco, a face e até mesmo o couro ca-beludo. Sua colaboração era eficiente para confirmar rea-ções normais a estímulos dolo-rosos no seu lado esquerdo. A picada com uma agulha não produzia nenhuma reação no lado direito, enquanto retirava a perna rapidamente quando picada no lado esquerdo.

Esse relato é de uma pacien-te fictícia, mas, seu quadro his-térico é bem conhecido nas en-

Julho 2003FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Quando examinada, ela não conseguia esboçar qualquer movimento com o braço ou a perna do lado direito. A parali-sia era total e em completa fla-cidez.

Contrastando com esse qua-dro, a musculatura da face era normal e sob estímulo intenso ela podia abrir a boca ou ex-pressar um sorriso sem desvios da rima bucal.

Apesar do aparente desinte-resse que revelava, ela podia murmurar palavras normal-mente. Pesquisando cuidado-samente a sensibilidade para a dor, o tato, o calor e as vibra-

CIÊNCIA E ESPIRITISMO

A Neurologia tem um material excelente em mãos para conhecer o

cérebro "além dos neurônios". As obras de Kardec estão aí para nos

esclarecer os pormenores e os pacientes, se tivermos interesse em

ouví-los, terão muitas "experiências" para nos relatar.

Meta

Prof. Dr.º Nubor Orlando Facure - Campinas/SPExclusivo para FidelidadESPÍRITA.

A realidade

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. A. S. é uma paciente de 26 anos que foi Minternada com parali-

sia e anestesia em toda meta- de direita do seu corpo. Horas antes, ela teve uma crise ner-vosa provocada por um desen-tendimento familiar. Já era a terceira vez que era trazida às pressas para o hospital em con-dições semelhantes e os médi-cos sabiam que seu quadro re-cuperava-se completamente depois de dois ou três dias.

O corpo mental numapaciente histérica

Reprodução

Julho 2003 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

representadas ocupando uma maior extensão no córtex do que, por exemplo, as áreas da coxa ou da perna. O “homún-culo sensitivo" também é des-proporcional nas representa-ções dos vários seguimentos onde percebemos a dor e o ta-to.

Voltando ao quadro de pa-ralisia e anestesia expresso cli-nicamente na paciente que descrevemos, seria interessante considerarmos que ela, de certa forma, organiza seu homúncu-

fermarias de neurologia desde os tempos de Briquet, Charcot e Babinski.

O que queremos chamar atenção é o contraste semioló-gico da hemiplegia e hemia-nestesia histéricas com os quadros orgânicos, decorrentes de lesões nas respectivas áreas cerebrais que provocam parali-sia e anestesia.

Vimos que, na descrição que relatamos, a “paralisia" é total e flácida no braço e na perna sem acometer a face. Essa desproporcionalidade tão intensa, com afetação global dos membros, superior e infe-rior, poupando a face, não é pertinente com a fisiologia das vias neurais. Seria difícil pro-duzir-se tal quadro clínico com uma lesão cerebral.

Quando analisamos mais de perto o quadro de “anestesia" que compromete intensamente todo o dimidio direito da paci-ente, surpreende-nos um de-

sencontro ainda maior. A ex-pressão clínica e a fisiologia não se ajustam. As regiões cerebrais que se relacionam com a face são distintas do couro cabeludo. As áreas que percebem a dor e o tato não se sobrepõem com as que per-cebem as vibrações do diapa-são. Mais aberrante ainda é a extensão da anestesia que re-vela a paciente, já que, do ponto de vista anatômico, é praticamente impossível de ser reproduzida por uma única le-são orgânica.

Todo neurologista conhece o “Homúnculo de Penfield" que expõe a representação dos movimentos e da sensibilida-de nas áreas do córtex cerebral motor e sensitivo. O “homún-culo" é uma figura grotesca nas proporções dos diversos seguimentos do nosso corpo. Sendo muito intensa nossa movimentação com a face e com as mãos, essas áreas são

neurologia

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Med. Estudo e descrição dos sinais e sintomas de uma doença; semiótica. [Cf., nesta acepç., Sin-tomatologia.].

Paralisia de um dos lados do corpo.

Ausência de sensibilidade em apenas um lado do corpo.

S. f. Psiq. 1. Psicopatia cujos sintomas se baseiam em conversão (9), e caracterizada por falta de controle sobre atos e emoções, ansiedade, sentido mórbido de autoconsciência, exagero do efeito de impressões sensoriais, e por simulação de diversas doenças.

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do CORPO MENTAL

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de nada do que lhe foi revela-do. Ao ser induzido ao transe uma outra vez, ele retoma as lembranças anteriores que ti-nha na primeira fase do expe-rimento, mas, não se lembrará do que fez enquanto desperto. Dá-nos a impressão de que as áreas de memória do corpo mental têm propriedades e lo-cais diversos dos locais e das propriedades do cérebro físico. Seriam dois computadores com programas diferentes. Entran-do nos arquivos de um deles não teremos acesso ao que está memorizado nos arquivos do outro a não ser que se proces-sem os ajustes necessários que possam permitir continuidade entre um sistema e outro.

É um campo aberto à in-vestigação o estudo das memó-rias que estariam impressas nesse corpo mental. O percur-so de experiências no decorrer de nossa vida atual, já seria suficiente para trazer-nos reve-lações surpreendentes.

São comuns e muito di-versificados os relatos de ex-periência fora do corpo físico. O neurologista pode ouvir descrições desse tipo em pa-cientes com narcolepsia, dis-

metades, exatamente igual à que ocorre nos quadros de anestesia histérica.

Voltando à discussão do corpo mental podemos perce-ber que sua representação no indivíduo hipnotizado parece seguir os padrões que destaca-mos no quadro histérico que foi montado para o nosso estu-do.

Indiscutivelmente, o “de-sign" do corpo imaginado pela nossa mente é diferente daque-le que a anatomia e a fisiologia descobriram nos registros das células cerebrais. Um estudo mais profundo pode constatar a possibilidade de se alterar to-da nossa capacidade sensorial desfocando-se, por exemplo, a visão ou a audição não só para outras áreas do corpo como pa-ra ambientes distantes do local da experimentação.

Outra observação curiosa se refere ao registro das me-mórias que parecem constar do corpo mental. Podemos passar uma determinada in-formação enquanto o indiví-duo está em transe hipnótico e observar que quando ele des-perta não consegue lembrar-se

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Estudo da origem e do desenvolvimento das fun-ções psíquicas; psicogenia.

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lo motor e sensitivo de forma diferente. Ele é mais uniforme, monótono, inteiriço, global, não fragmentado nem despro-porcional. Devemos lembrar que na paciente histérica, toda expressão clínica é de ordem psicogênica, daí podermos interpretar o “homúnculo" de seus distúrbios como uma construção mental. Ela organi-zou na sua semiologia um corpo mental que não corres-ponde à organização fornecida pela anatomia cerebral.

A indução hipnótica intro-jeta no indivíduo susceptível uma sugestão que deve ser aceita por ele. Dentro dessa técnica é possível reproduzi-rem-se variados quadros pato-lógicos. A cegueira, a paralisia, a anestesia ou a perda da fala são expressões fáceis de se teatralizar. Em situações espe-ciais de transe mais profundo, podem-se produzir fenômenos interessantes e complexos: o reflexo fotomotor que se obtém com estímulos luminosos inci-dindo sobre as pupilas pode ser deslocado para o lóbulo da ore-lha. As cores de diversos car-tões podem ser reconhecidas quando o respectivo cartão for justaposto sobre as costas do hipnotizado. A “anestesia", o-bedecendo à sugestão do hip-notizador, pode comprometer todo o corpo ou uma de suas

O estudo das memórias que

estariam impressas nesse corpo mental é um campo aberto à

investigação

Julho 200332 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Exteriorização doCorpo Mental

O Ccorpo Mental produzido pela hipnose

A experiência de sonhos com lucidez é corriqueira e em certos indivíduos a sua repeti-ção e duração são excepcio-nais.

O fato mais marcante nesses quadros é a possibilidade do próprio indivíduo confirmar que ele se movimenta mais ou menos livremente enquanto vê seu próprio corpo em repouso no leito. A Neurologia não aceita, ainda, essa dissociação entre o cérebro e a mente. Es-ses quadros são rotulados co-mo alucinatórios e o cenário que sugere uma saída para fora do corpo apenas acrescenta um colorido a mais nas fantasias que os sonhos nos permitem construir.

Quem conhece a Doutrina Espírita percebe a semelhança do corpo mental que descre-vemos com as propriedades do perispírito. Nosso interesse foi mostrar que a Neurologia tem um material excelente em suas mãos para conhecer o cérebro “além dos neurônios". As obras de Kardec estão aí para nos es-clarecer os pormenores e os pa-cientes, se tivermos interesse

em ouvi-los, terão muitas “ex-periências" para nos relatar.

túrbios do sono e crises psí-quicas da epilepsia.

Na narcolepsia a impres- são de estar fora do corpo é muito comum. O paciente cai em sono profundo durante suas crises e sem perder a consciência vivencia a expe-riência de um “sonho lúcido". Nos relatos que tenho ouvido, os pacientes contam que cir-culam por lugares próximos ou distantes, conhecidos ou não, em situações de tempo variado, ou seja, presenciam acontecimentos no passado, no presente ou no futuro. Po-demos ter esses relatos, na con-ta de fantasia que compõem qualquer cenário de sonhos comuns, mas, uma investiga-ção cuidadosa pode confirmar ou não a veracidade real da experiência de circular fora do corpo físico.

Há descrições minuciosas que pacientes fizeram de cená-rios e acontecimentos do labo-ratório de sono, que estavam ocorrendo fora do quarto onde dormiam com seus registros eletrográficos. Um outro paci-ente com narcolepsia nos rela-tou situações aflitivas que pre-senciara em outra cidade, rela-tivos à sua irmã e que só daí quinze dias vieram a se confir-mar.

O articulista é médico, formado pela Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, em Uberaba. Fez especialização em Neurologia e Neurocirurgia no Hos-pital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Lecionou na Faculdade de Medici-na de Campinas UNICAMP - durante 30 anos, onde fez doutorado, livre-docência e tornou-se professor titular. Fundador do Instituto do Cérebro em Campinas, em 1987, tendo ultrapassado a marca de 100.000 pacientes neurológicos registra-dos em sua clínica particular. Além dis-so, é espírita sobejamente conhecido, res-peitado e querido dentro e fora do nosso movimento. Seus artigos guardam, sem-

pre, absoluta FidelidadESPÍRITA.

S. f. Neur. 1. Doença (1) caracterizada por pe-ríodos de sono breves, repetidos e incontroláveis; de etiologia desconhecida, pode manifestar-se as-sociada a alucinações hipnagógicas, cataplexia e paralisia do sono.

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As áreas de memória do corpo mental têm propriedades e locais diversos dos locais e das propriedades do

cérebro físico

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Opinião do Editor

Nessa bela peça científica, o Prof. Dr. Nubor Orlando Fa-cure demonstra a contribuição da Neurologia nos fenômenos do cérebro humano, apontando um caminho, com os elemen-tos da própria ciência acadê-mica, para se compreender a relação entre cérebro e mente (espírito). Para nós, os espíri-tas, é de grande valia obser- varmos a ciência abrindo ca-minhos para o estudo, o enten-dimento e a comprovação da capacidade transcendental do Ser.

Que pedes à vida, amigo?Os ambiciosos reclamam reservas de milhões.Os egoístas exigem todas as satisfações para si somente.Os arbitrários solicitam atenção exclusiva aos caprichos que lhes são próprios.Os vaidosos reclamam louvores.Os invejosos exigem compensações que lhes não cabem.Os despeitados solicitam considerações indébitas.Os ociosos pedem prosperidade sem esforço. Os tolos reclamam divertimentos sem preocupação de serviço.Os revoltados reclamam direitos sem deveres. Os extravagantes exigem saúde sem cuidados.Os impacientes aguardam realizações sem bases.Os insaciáveis pedem todos os bens, olvidando as necessidades dos outros.Essencialmente considerando, porém, tudo isto é verdadeira loucura, tudo fantasiado coração que se atirou exclusivamente à posse efêmera das coisas mutáveis.Vigia, assim, cautelosamente, o plano de teus desejos.Que pedes à vida?Não te esqueças de que, talvez nesta noite, pedirá o Senhor a tua alma.

Que pedes à vida, amigo?Os ambiciosos reclamam reservas de milhões.Os egoístas exigem todas as satisfações para si somente.Os arbitrários solicitam atenção exclusiva aos caprichos que lhes são próprios.Os vaidosos reclamam louvores.Os invejosos exigem compensações que lhes não cabem.Os despeitados solicitam considerações indébitas.Os ociosos pedem prosperidade sem esforço. Os tolos reclamam divertimentos sem preocupação de serviço.Os revoltados reclamam direitos sem deveres. Os extravagantes exigem saúde sem cuidados.Os impacientes aguardam realizações sem bases.Os insaciáveis pedem todos os bens, olvidando as necessidades dos outros.Essencialmente considerando, porém, tudo isto é verdadeira loucura, tudo fantasiado coração que se atirou exclusivamente à posse efêmera das coisas mutáveis.Vigia, assim, cautelosamente, o plano de teus desejos.Que pedes à vida?Não te esqueças de que, talvez nesta noite, pedirá o Senhor a tua alma.

Vinha de Luz. Emmanuel, psic. Francisco C. Xavier. Cap. 35. Ed. FEB.

Emmanuelpsic. Chico Xavier

Emmanuelpsic. Chico Xavier

VINHA DE LUZ

Que Pedes?"Louco, esta noite te pedirão a tua alma."

Jesus. (Lucas, 12:20.)