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N. »31 REVISTA DE ENGENHARIA 75 ¥1 p/ffffi II 1 IMIilIlIi. Nam et ipsa scientia potestas est F. Bacon. SUMMAKIO Pontes.— Ponte sobre o Canal | Actos Officiaes. da Mancha. Noticiário. A VISO. A redaccão da " Revista " não e forçosamente solidaria com as opiniões emittidas nas correspondências e outros artigos que lhe são enviados. Rio de Janeiro, 14 de Abril de 1890. PONTES Ponte sobre o Canal da Mancha (Conclusão) Na mesma sessão da Société des lngénieurs Civils, a que nos referimos no primeiro artigo, o Sr. J. B. Pradel usou também da palavra para explicar alguns pontos e dar detalhes sobre a estru- ctura da ponte projectada, que o Sr. Schneider mandou estudar no Creusot; disse o Sr. Pradel: Sobre os bancos que existem até o canal, quando a maré está baixa, não ha mais de 6 a 8 metros d'agua. As maiores profundi- dades estão entre e&ses bancos e a costa ; porem, ao baixar a maré, não são também maiores de 55 metros. Os autores do projecto pensaram em distribuir na linha, esco- lhida para traçado da ponte, pilares uniformemente espaçados de 500 metros, qüe servissem de apoios a tramos discontinuos. Este systema offerece a vantagem de reduzir o numero de obstáculos no canal; porém, tem o grande inconveniente de exigir um peso considerável e também um grande augmento de despeza. Assim, pois, abandonou-se essa solução e estudou-se um meio mais econômico de resolver o problema adoptando, depois de vários cálculos, as vigas apoiadas pelo centro. E' sabido que nos tramos d^ste gênero é preciso deixar, entre os pontos de apoio de uma mesma viga, a sufficiente distancia para garantir a estabilidade da obra, qualquer que seja a acção do vento e a distribuição da carga. Sob o aspecto puramente econômico conviria reduzir, tanto quanto fosse possivel, a distancia entre os pontos de apoio; comtudo, para conciliar as exigências da navegação e a economia, admittiram-se tres typos diversos a saber: 1.° Tramos alternados de 300 e de 500 metros de vão. 2.° ªªde 200 e de 350 3.° ªªde 100 e de 250 ª» Os tramos maiores correspondem ás grandes profundidades de água, onde o trafico marítimo é maior ; e os mais pequenos, ás menores profundidades, isto é, nas proximidados das costas e dos bancos. Logo que foram decididos os typos de tramo que se adoptarão estudou-se qual seria o systema de vigas mais racional, impondo- se-lhe a condição de ter o menor peso possivel para resistir aos esforços verticaes e apresentar a menor resistência ao vento. A comparação das varias fôrmas em uso, cruz de Santo-André, mais ou menos'inclinada, Pratt, Warren, simples ou compostas, deu como resultado adoptar-se este ultimo typo de viga pela sua ligeira superiorioridade sobre os demais. Ainda que não seja nosso propósito fazer uma descripção minuciosa da obra metallica, vamos dar algumas explicações esclarecedoras. As plataformas dos pilares de concreto sustentam pilares metallicas sensivelmente cylindricos sobre os quaes descansam as vigas principaes do taboleiro. A parte inferior d'esta acha-se a 55 metros sobre o nível das maiores marés, e como em toda esta altura não haobstapulo algum, hasta o bobra para a livre passagem dos navios de maior callado. A ponte terá via dupla e os trilhos ficarão a 72 metros acima do nivel da maré baixa. A largura da ponte será variável. A maior distancia entre os eixos das vigas principaes será de 25 metros nos apoios dos grandes tramos, largura esta que é necessária para a estabilidade da obra contra a força do vento.r A amplitude do taboleiro propriamente dito e de 8 metros: está coberto com taboas onduladas que permitte aos empregados de serviço percorrer a ponte em toda a sua extensão. Em vários pontos de áeu percurso estabelecer-se-ha guaritas e kiosques para a manobra e nas vigas pharóes de todas as classes e cores para- indicar aos navegantes a distaucia em que se acharem das costas da França e da Inglaterra e dos bancos de Colbarte Varne. Vejamos agora as dimensões e disposições principaeB dos grandes tramos v os intermédios e os menores não são mais do* que uma reducçao dos primeiros. São formados por duas armaduras principaes que descansam. em pilares espaçados de 300 metros e se prolongam á direita e á esquerda. A altura é de 65 metros entre os apoios e de 11 metros na. extremidade das vigas. Cada armadura comprehende duas almas reunidas por barras formando triângulo isosceles. As almas inferiores das vigas estão a 25 metros de distancia entre os eixos em toda a extensão do tramo central e a 10 metros no extremo do prolongamento. As almas superiores reunem-se no vértice do tramo central e se separam logo depois progressivamente até chegar a 10 metros de distancia em seus extremos, como as inferiores. As almas e mesas principaes são formadas de quatro comparti- mentos, e as secundarias são ocas de secção sensivelmente rectan- guiar. O tramo independente de 125 metros de comprimento é formado por duas vigas principaes verticaes distando 10 metros entre si, e, como as do tramo central, têm as almas em fôrma de caixa e as barras unem-se formando triângulo isosceles. As vigotas são de typo Warren, de tres malhas : descansam na nervura inferior das armaduras principaes e sua altura vae em augmento progressivo das extremidades para o centro do tramo. As duas vias são assentadas directamente sobre quatro ordens de barrotes constituídos por simples vigotas cuja secção varia segundo os esforços que deve sustentar, nos diversos pontos da linha. Para evitar os descarrilhamentos, os trilhos serão collocados entre dous ferros T que formam uma espécie de calha. Cada pillar metallico se compõe de duas columnas sensível- mente cylindricas reunidas por um systema de barras que as faz solidárias para resistir á acção do vento. Cada uma d'essas columnas comprehende por sua vez duas almas concentricas, macissas, unidas radialmente por doze travessas cujo prolonga- mento fórrwa contrafórtes externos e internos. A alma cylindrica se prolonga inferiormente, formando tubo para introduzir-se no capeamento dos pilares e estabelecer a união perfeita e rigida de ambas as partes. A parte superior de cada columna termina em prato circular. Cada columna de um mesmo pilar terá um apparelho de dilitação e as duas columnas do outro pilar terão um apparelho fixo, de modo que as differenças de temperatura se traduzem por um jogo maior ou menor entre uma extremidade do tramo independente e o prolongamento da viga. Determinou-se por calculo o peso total augmentando-o de 18 °/o na parte que possa corresponder ás juneções, re- forços e cabeças de parafusos e cavilhas, o qual na pratica excede á realidade, si se levarem conta a facilidade que têm hoje em dia as fundições para produzir o ferro em barras e chapas de grandes dimensões que permittam reduzir de muito o numero das juneções. O peso médio, comprehendidos os pilares, é de 20.5 toneladas por metro linear. Tomou-se por base de cálculos um trabalho de 12 kilogrammas por millimetro quadrado de secção, deduzidos os orifícios de ar- rebites, cujo limite de trabalho deve inspirar toda a confiança, que se não chega a elle senão nos dous casos seguintes: Quando a ponte se achar descarregada e soffrer a acção de um vento de furacão, que então exerce uma pressão de 270 kilo- grammas por metro superficial ou então quando a ponte estiver carregada e submettida ao esforço de um vento de 170 kilogra-umas por metro quadrado. O trabalho do metal nao passa de 6 a 7 kilogrammas quando a ponte estiver livre de carga e da acção do vento. E convém fazer constar que a intensidade dos ventos que ordinariamente reinam no Canal, não é o que geralmente se crê. Com effeito, resulta das observações feitas, que as correntes aéreas da Mancha são sensivelmente da mesmp intensidade que o mistral nas costas do Mediterrâneo ou no valle do Rhodano, pontos em que existe, ha muitos annos, grande numero de pontes metallicas que resistem muito bem aos furacões, ainda que sua resistência fosse calculada para um limite inferior ao exposto. O metal qua os auetores do projecto propõem empregar, é um aço caracterizado pelas cifras seguintes : Carga de ruptura, 47 a 50 kilogrammas. Elasticidade máxima, 26 kilogrammas. Alargamento, medido em 200 millimetros, 25 millimetros. Este aço é de uma dureza maior do que actualmente se em- prega nas construcções navaes; porem ha a observar que no caso de que se trata, não está elle sujeito ás mesmas condições, que não requer nenhum trabalho de forja em razão das formas simples de que se compõe a ponte. Segundo os cálculos feitos, chega-se ao algarismo redondo

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N. »31 REVISTA DE ENGENHARIA 75

¥1p/ffffiII 1 IMIilIlIi.Nam et ipsa scientia potestas est

F. Bacon.

SUMMAKIOPontes.— Ponte sobre o Canal | Actos Officiaes.

da Mancha. Noticiário.

A VISO. — A redaccão da " Revista " não e forçosamentesolidaria com as opiniões emittidas nas correspondências e outrosartigos que lhe são enviados.

Rio de Janeiro, 14 de Abril de 1890.

PONTES

Ponte sobre o Canal da Mancha(Conclusão)

Na mesma sessão da Société des lngénieurs Civils, a que nosreferimos no primeiro artigo, o Sr. J. B. Pradel usou também dapalavra para explicar alguns pontos e dar detalhes sobre a estru-ctura da ponte projectada, que o Sr. Schneider mandou estudar noCreusot; disse o Sr. Pradel:

Sobre os bancos que existem até o canal, quando a maré estábaixa, não ha mais de 6 a 8 metros d'agua. As maiores profundi-dades estão entre e&ses bancos e a costa ; porem, ao baixar a maré,não são também maiores de 55 metros.

Os autores do projecto pensaram em distribuir na linha, esco-lhida para traçado da ponte, pilares uniformemente espaçadosde 500 metros, qüe servissem de apoios a tramos discontinuos.

Este systema offerece a vantagem de reduzir o numero deobstáculos no canal; porém, tem o grande inconveniente de exigirum peso considerável e também um grande augmento de despeza.

Assim, pois, abandonou-se essa solução e estudou-se um meiomais econômico de resolver o problema adoptando, depois devários cálculos, as vigas apoiadas pelo centro.

E' sabido que nos tramos d^ste gênero é preciso deixar, entreos pontos de apoio de uma mesma viga, a sufficiente distancia paragarantir a estabilidade da obra, qualquer que seja a acção do ventoe a distribuição da carga.

Sob o aspecto puramente econômico conviria reduzir, tantoquanto fosse possivel, a distancia entre os pontos de apoio;comtudo, para conciliar as exigências da navegação e a economia,admittiram-se tres typos diversos a saber:

1.° Tramos alternados de 300 e de 500 metros de vão.2.° de 200 e de 3503.° de 100 e de 250 »

Os tramos maiores correspondem ás grandes profundidadesde água, onde o trafico marítimo é maior ; e os mais pequenos, ásmenores profundidades, isto é, nas proximidados das costas e dosbancos.

Logo que foram decididos os typos de tramo que se adoptarãoestudou-se qual seria o systema de vigas mais racional, impondo-se-lhe a condição de ter o menor peso possivel para resistir aosesforços verticaes e apresentar a menor resistência ao vento.

A comparação das varias fôrmas em uso, cruz de Santo-André,mais ou menos'inclinada, Pratt, Warren, simples ou compostas,deu como resultado adoptar-se este ultimo typo de viga pela sualigeira superiorioridade sobre os demais.

Ainda que não seja nosso propósito fazer uma descripçãominuciosa da obra metallica, vamos dar algumas explicaçõesesclarecedoras.

As plataformas dos pilares de concreto sustentam pilaresmetallicas sensivelmente cylindricos sobre os quaes descansam asvigas principaes do taboleiro.

A parte inferior d'esta acha-se a 55 metros sobre o nível dasmaiores marés, e como em toda esta altura não haobstapulo algum,hasta o bobra para a livre passagem dos navios de maior callado.

A ponte terá via dupla e os trilhos ficarão a 72 metros acimado nivel da maré baixa.

A largura da ponte será variável. A maior distancia entreos eixos das vigas principaes será de 25 metros nos apoios dosgrandes tramos, largura esta que é necessária para a estabilidadeda obra contra a força do vento. r

A amplitude do taboleiro propriamente dito e de 8 metros:está coberto com taboas onduladas que permitte aos empregadosde serviço percorrer a ponte em toda a sua extensão. Em váriospontos de áeu percurso estabelecer-se-ha guaritas e kiosques para

a manobra e nas vigas pharóes de todas as classes e cores para-indicar aos navegantes a distaucia em que se acharem das costasda França e da Inglaterra e dos bancos de Colbarte Varne.

Vejamos agora as dimensões e disposições principaeB dosgrandes tramos v os intermédios e os menores não são mais do*que uma reducçao dos primeiros.

São formados por duas armaduras principaes que descansam.em pilares espaçados de 300 metros e se prolongam á direita e áesquerda.

A altura é de 65 metros entre os apoios e de 11 metros na.extremidade das vigas.

Cada armadura comprehende duas almas reunidas por barrasformando triângulo isosceles.

As almas inferiores das vigas estão a 25 metros de distanciaentre os eixos em toda a extensão do tramo central e a 10 metrosno extremo do prolongamento.

As almas superiores reunem-se no vértice do tramo central ese separam logo depois progressivamente até chegar a 10 metrosde distancia em seus extremos, como as inferiores.

As almas e mesas principaes são formadas de quatro comparti-mentos, e as secundarias são ocas de secção sensivelmente rectan-guiar.

O tramo independente de 125 metros de comprimento éformado por duas vigas principaes verticaes distando 10 metrosentre si, e, como as do tramo central, têm as almas em fôrma decaixa e as barras unem-se formando triângulo isosceles.

As vigotas são de typo Warren, de tres malhas : descansamna nervura inferior das armaduras principaes e sua altura vae emaugmento progressivo das extremidades para o centro do tramo.

As duas vias são assentadas directamente sobre quatro ordensde barrotes constituídos por simples vigotas cuja secção variasegundo os esforços que deve sustentar, nos diversos pontos dalinha.

Para evitar os descarrilhamentos, os trilhos serão collocadosentre dous ferros T que formam uma espécie de calha.

Cada pillar metallico se compõe de duas columnas sensível-mente cylindricas reunidas por um systema de barras que as fazsolidárias para resistir á acção do vento. Cada uma d'essascolumnas comprehende por sua vez duas almas concentricas,macissas, unidas radialmente por doze travessas cujo prolonga-mento fórrwa contrafórtes externos e internos.

A alma cylindrica se prolonga inferiormente, formando tubopara introduzir-se no capeamento dos pilares e estabelecer a uniãoperfeita e rigida de ambas as partes.

A parte superior de cada columna termina em prato circular.Cada columna de um mesmo pilar terá um apparelho de dilitaçãoe as duas columnas do outro pilar terão um apparelho fixo, demodo que as differenças de temperatura se traduzem por um jogomaior ou menor entre uma extremidade do tramo independente eo prolongamento da viga.

Determinou-se por calculo o peso total augmentando-ode 18 °/o na parte que possa corresponder ás juneções, re-forços e cabeças de parafusos e cavilhas, o qual na pratica excedeá realidade, si se levarem conta a facilidade que têm hoje em diaas fundições para produzir o ferro em barras e chapas de grandesdimensões que permittam reduzir de muito o numero das juneções.O peso médio, comprehendidos os pilares, é de 20.5 toneladas pormetro linear.

Tomou-se por base de cálculos um trabalho de 12 kilogrammaspor millimetro quadrado de secção, deduzidos os orifícios de ar-rebites, cujo limite de trabalho deve inspirar toda a confiança, jáque se não chega a elle senão nos dous casos seguintes:

Quando a ponte se achar descarregada e soffrer a acção deum vento de furacão, que então exerce uma pressão de 270 kilo-grammas por metro superficial ou então quando a ponte estivercarregada e submettida ao esforço de um vento de 170 kilogra-umaspor metro quadrado.

O trabalho do metal nao passa de 6 a 7 kilogrammas quandoa ponte estiver livre de carga e da acção do vento.

E convém fazer constar que a intensidade dos ventos queordinariamente reinam no Canal, não é o que geralmente se crê.Com effeito, resulta das observações feitas, que as correntesaéreas da Mancha são sensivelmente da mesmp intensidade que omistral nas costas do Mediterrâneo ou no valle do Rhodano,pontos em que existe, ha muitos annos, grande numero de pontesmetallicas que resistem muito bem aos furacões, ainda que suaresistência fosse calculada para um limite inferior ao exposto.

O metal qua os auetores do projecto propõem empregar, é umaço caracterizado pelas cifras seguintes :

Carga de ruptura, 47 a 50 kilogrammas.Elasticidade máxima, 26 kilogrammas.Alargamento, medido em 200 millimetros, 25 millimetros.Este aço é de uma dureza maior do que actualmente se em-

prega nas construcções navaes; porem ha a observar que no casode que se trata, não está elle sujeito ás mesmas condições, jáque não requer nenhum trabalho de forja em razão das formassimples de que se compõe a ponte.

Segundo os cálculos feitos, chega-se ao algarismo redondo

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REVISTA DE ENGENHARIA

-de 1.000.000 de toneladas de aço, isto é, 800.000 para a pontepropriamente dita e 200.000 para as caixas, material fluctuantc.mstallações nas costas, etc.Suppondo que essa quantidade seja fornecida, metade pelaFrança, metade pela Inglaterra, resulta uma fabricação annual de50.000 toneladas para cada nação, durante um período de 10 annos.Tal producção suppõe um"augmento de actividade, especial-mente para a industria siderúrgica franceza, desconhecido atéagora, mui superior ao occasionado pela ultima Exposição Uni-'versai, posto que o peso total dos ferros empregados nas construc-

çoes de Campo de Marte se elevasse a 45.000 toneladas repartidasem 6 annos. Assim, pois, n producção annual em França seria odobro da que exigio o serviço da Exposição. ;.,; IResta agora indicar, para terminar esta curta resenha, algumacousa sobre a collocação ou montagem definitiva da ponte. E' estaseguramente a parte mais delicada e mais difficil da obra.Para isso os autores contam com duas soluções : a primeiraconsiste em transportar por fluetuação as porções mais ou menosvolumosas dos tramos e eleval-os logo ao nivel necessário empre-

igando prensas hydraulicas, e concluir a armação pela collocaçãono ar.A segunda solução consiste em dispor apoios moveis entre os

pilaresde sustento, reunir immediatamente estes diversos pontospor meio de um andaime de altura conveniente sobre o qual severifique a rmtòo definitiva do tramo o^nt-ol. A parte volante e otramo independente se collocariam depois no ar.Aqui são necessários alguns detalhes para comprchender bemessas operações. A primeira, sobretudo, requer uma serie demstallações e cuidados que vamos indicar concisamente.

O porto de Ambleteux, sufficientemente ao abrigo dos fortesventos, é o mais indicado para estabelecer-se os arsenaes demontagem cm França. Esta instai lação comprehenderá dous molhesseparados por um canal da largura e profundidade necessária paraconter os tramos armados e dispostos a ser rebocados. Normal-mente a estes molhes haverá umas columnas ou espigões de apoioque sustentarão o peso de toda a parte metallica.

As peças da ponte, fornecidas por vários construetores, che-garão ao arsenal e se juntarão, empregando para isso os meios eapparelhos mais aperfeiçoados de que dispõe a industria moderna.Uma vez montada e rebitada toda a parte central de um tramo,por meio de prensas hydraulicas, trausportar-se^ha sobre o canalapomndo-a nos espigões, de onde a tomam os pontões em numerosuffieiente, quando a maré baixa, para conduzil-a durante orefiuxo, aos pilares de supporte arrastada por um rebocador. Estaoperação não é nova ; ha uns vinte annos se fez o mesmo paia aponte de Moerdeck, na Hollanda, tomando os tramos que eramde 100m e utilizando o fluxo e refluxo do mar paracollocíil-os sobreos pilares respectivos, com grande regularidade e sem que hou-vesse que lamentar nenhum accidente desagradável.

Verdade é que alli se tràb dhava em águas tranquillas e sobremassas menos consideráveis do que as de que falíamos agora.1 orem nada impede escolher o momento mais favorável nemvoltar ao porto se o tempo peiorar depois.•qraa0 PGS? ^ paite centr ll dos tramos maiores representa umasyoUO toneladas, e para fazer fluetuar este peso bastarão trêspontões de 70 metros de comprimento, por 22 de largo, deslocandoem plena carga .5.500 toneladas.

O conjuncto da pressão da ponte e dos três pontões que asustentam por intermédio de uma armação metallica, conviente-mente disposta, é arrastado por um rebocador até os pilares desupporte onde por meio de guindastes a vapor collocar-se-ha otramo perfeitamente horizontal suspenso sobre os estribos quedevem recebel-o, sobre os quaes haverá coxins que amorteçamo choque e sacudidelas bruscas procedentes do movimento dosterros.Quando a ponte descansar era seus quatro apoios, eleva-secom prensas hydraulicas dispostas no interior das pilhas me-tauicas operando logo por ascensões suecessivas até chegar aonível designado. &Tendo em conta o peso que terá de elevar-se e o esforço queo vento possa exercer durante a montagem, cada prensa deveráser de uma potência de 3000 toneladas, a qual nada tem departicular, visto que a metallurgia emprega hoje apparelhosbydraulicos do maior força. -Fixada que seja a parte central sobre os pillares, continua-sea collocação dos estribos da mesma, segundo os processos conhe-cidos de armar ao ar livre applicados já com êxito notável aolançar a ponte sobre o Cinca construída pelo Creusot em 1865.Alem do processo descripto, os autores do projecto estu-daram outra solução essencialmente caracterisada pelas operaçõesseguintes : em lugar de transportar por fluetuação essas massasconsideráveis, levam-se ao pé da obra os elementos simples daponte e montam-se directamente á altura definitiva.Para isto os pilares se montam por anneis suecessivos semempregar prensas hydraulicas, com auxilio de simples talhas.U-ntre ambos os pilares do tramo central dispõe-se outros dousmoveis que^ formam parte do material da montagem, compostosre uma caixa por base e duas columnas unidas por travessõesem cruz. r

Nos grandes tramos os dous pilares moveis estão a 80»de distancia, reunidos na parte superior por um taboleiro queserve de terreno firme para executar os trabalhos de montagem.N'esta plata-forma armar-se-ha a ponte como se faria em terra*prolongando-se logo a direita e esquerda no vácuo, até en-contrai- os pilares fixos, e quando a ponte ficar assentada sobreestes últimos, collocam-se os volantes do mesmo modo qne nocaso anterior.

Ainda que o projecto possa soffrer, e soffrerá sem duvidaligeiras modificações e melhoras no systema de construcção e*nos meios de leval-o a cabo, o mesmo dará uma idéa bastanteapproximada do que terá de ser esta importante obra interna-cional, para que todos os engenheiros e pessoas competentes namatéria passam apreciar.Industria é Invenciones.

ACTOS OFFICIAESDespachos do Ministério da Agricultura.— EngenheiroMartiniano da Fonseca Reys Brandão, pedido para lavrar ouro eoutros mineraes em terrenos de sua propriedade no municipio deS. Gonçalo do Sapucahy, Estado de Minas Geraes. Idem idem— Jacintho Monteiro do Nascimento, pe lindo um previlegio. Com-

pareça na directoria do commercio.-Companhia das Águas do"Grão-Pará, pedindo seja approvada a reforma dos.seus estatutosCompareça na directoria central para pagamento do sello-1Edward Tield, pedindo privilegio para a sua iuvenção de ma-chinas aperfeiçoadas actuadas por gazes, com o ar e productos decombustor, com vapor d'agua. Idem idem.- Augusto Octavjanode Souza e outro, pro pondo-se a fazer o assentamento da via per-manente e lastração da terceira divisão da estrada de ferro doRecife a Caruaru, comprehendida entre a cidade de Bezerros iade Caruaru. De accôrdo com os pareceres. Indeferido—Com-panhia de Fiação e Tecidos Corcovado da Gávea, pedindo pro-longamento da rede de esgotos daquelle bairro. Não pôde serattendido, por falta de verba.- Collatino Marques de Spuza,',pe-dindo permissão para estabelecer nos portos do Rio de JaneiroSantos Rio-Grande do Sul, Bahia, Recife, Belém, Manáos e no'alto de S. Francisco os apparelhos hydraúlicos de Edwin Clarkpara suspender os pontões fluetuantes sobre cujos picadeiros osnavios repousam afim de serem concertados. Declare.,0 sunnli-cante em que condições deseja estabelecer os apparelhos,quTserefere afim de que o seu pedido possa ser tomado em consideração.-José Antônio Peniche, propondose a fechar o canal ,qpe ligaa ribeira de Iguape ao mar-pequeno, pela quantia de 65:(K&pagaveis em três prestações. Não tem logar o que requeíosuppl.cante.- F. Nogueira e H. Cowan Deans, propondo ao go-verno comprar-lhe dous mil exemplares do A B C Diário-ihomriodo Rio de Janeiro, com abatimento para serem vendidos nasestações da estrada de ferro Central do Brazil. Não tem locar oque requerem os supplicantes.-Engenheiro Leando Dupré aíu-dante do d,rector da Fabrica de Ferro de S. Joito de Ipanemapedindo que seja paga parte da gratificação que lhe compete comjdirector intenno daquella fabrica dunmte a ausência do referidodirector. Defendo.- Brar.,] Great Southern Railway CompanriLimited, pedindo autorisação para mandar proceder no terreno aorceonheemento de um traçado que se preste ao prolongamentode sua v,a férrea. E'l,vre a quem o quizer proceder a íeconhe-ZT^aTf

C'6 i* de qUe Se trata- uma "<* que não acarreteresponsabilidade qualquer para o governo.- Engenheiro Eduardodos Gu.marSes Bonjean e Guilherme José da Costa Vtannf, Tdindo concessão de uma usina metallurgica no Estado de M nas-Geraes Nao podem ser attendMos.-Aureliauo Dufflea* propondoum açcordo na aççao movida por sen fallecidopai Thomas Ses!

feno B 7eZ}UZZte .'"T F&$* CaU6ado8 Ppla "««'^dreno D. Pedro II, actual estrada de ferro Central do Brazil noserviço que teve na serra de Ouro-Branco. Complete o sello -.df cZaWHd^fJa0"6:' Tte/™d° n° ^ de •»•" da di»Mode contabilidade da estrada de ferro Central do Brazil pedindoZt^Tim^.!"

" Tf^™ t^mensaes naZpt

V> uLtt o? ' C0VesP<>ndentes ao anno próximo passado e1 trimestre do corrente anno, tempo que servio como auxiliarda .nspectona gera' de terras e eolonisaçSo, os qn^eT lhetenam sjdo abonado, se estivesse oecupandó aquece Jeo

! * a Z* f clistilaçao da usina do gaz de S. Dioffo da

- José^nlVo IW.Shte,S. °SaroJc!u« r«querem os supplicantes.

uma P,tÍÍ» iw Sllv8' Pe:(,ind0 «"DcessSo para construirSanta Ca^narin» ll\ *%', P8rtÍTndo do ^'reito, no Estado de

estando a projectada ««*.£

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REVISTA DE ENGENHARIA

Santa Catharina, ao governo do mesmo Estado cabe resolver.-Collstino Marques de Souza e outro, que dizem ter requerido áultima camara pnv,leg,o para construcçao de uma estrada de ferroque ligue o Oceano Atlântico ao Pacifico, pedindo garanta dejuros e outros favores. A' commissão de estudos de viaçSo geral. -!Engenheiro Newton César Burlamaqui, pedindo que lhe sejaconced.da garantia de juros para construcçao de uma via férreaque, partindo «a cidade do Amarante, vá até á marge.n do rio8. Francisco no Estado de Pernambuco. Idem.-Antonfo Augustode Andrade Araújo e outro, pedindo concessão para construir umaestrada de ferro que partindo de Cascadura, vá terminar emPedra, na freguezia de Guaratiba, no Estado do Rio de Janeiro.Indeferido. - Ricardo de Menezes, pedindo vista das informaçãesque basearam o indeferimento da petição, datada de 18 de Janeiroultimo que apresentou pedindo a concessão da via férrea Septen-tnonai do Brazil. Indeferido.- Carlos G. da Costa Wigg, conces-sionano de diversos privilégios, solicitando concessão de terrenosdevoutos. Indeferido - José Negreiros de Almeida Sarinho,insistmdo sobre o pedido que fez em Agostoproxi.no passado!Indeferido - José Gonçalves da Costa Vianna, pedindo umacertidão. Indef.-ndo.- Tenente-coronel Joaquim Antônio Lobãode \asconcellos, pedindo guias para pagamento de annuidades depatente vencidas. Defendo. -Souza Irmãos & C, pedindocertidão do decreto n. 10444 de 9 de Novembro do anno findoSim—*rancisco Raymundo Luiz dos Santos e outros, pedindo sojaST" I

a/Xv?l0raÇ?° que fizei'am, em virtude dos decretos ns.9518 de 18 de Novembro de 1885 e 9771 de 17 de Agosto de 1887,etc. Indeferido, ficando aos peticionarios salvo direito de reque-rerem renovação da concessão— Dr. OttoLinger, propondo-se aerear um estabe ecimento destinado ao cultivo dos bichosindígenas da seda. Indeferido. -Julio Scheibel e ValentimTavares, pedindo titulo de garantia provisória para asua invenção de utilisar a differenca do nivel durante asenchentes e vasantes do mar, como força motriz. Compareçamna directoria central para pagamento do sello— José EduardoMercadante, pedindo privilegio para a sua invenção de um novomethodo de fabricar sal. Idem, idem— Companhia da Estrada deJrerro Minas eRio, pedindo que o prazopara começo dos trabalhosdo ramal que vai terminar na cidade da Campanha seja contadoda data da publicação do decreto n. 10449 de 9 de Novembro de1889. Attendida. Compareça na directoria centrai para pagamentodo sello— Estrada de Ferro Central da Bahia, pedindo garantiade juros > para a construcçao de um ramal na direcção das terrasde Orobó e prolongamento da estrada até ao valle do Rio dasContas. Deferido. Compareça na direetoria central paru paga-mento do sello. — Rio de Janeiro and Northern Railway Com-pany, limited, pedindo approvação ás modficaçoes feitas notraçado da linha Deferido. Com par ca na directoria central parapagamento do sello. — Engenheiro Nicoláo Vergueiro Le Coq,pedindo prorogação do prazo concedido para apresentação dosestudos definitivos da estrada de ferro de Caxias a S. José dasCajazeiras, no Estado do Maranhão. Sim, por um anno. Compa-reça na directoria central para pagamento do sello.— DomingosJosé Fernandes, pedindo entrega de dous documentos com queiustruio uma petição dirigida a este ininisterio Entrenguem-se,mediante recibo. — Companhia Engenho Central de Lorena,pedindo relevação de multas que lhe foram impostas. Indeferido.—Dr. Feliciano Duarte de Miranda e Manoel Saturnino de Seixas,pedindo auxilio para fundação de uma escola pratica de agricul-tura em S. Paulo. Indeferido.—Joaquim César da Rocha Peniche,pedindo a corcessão da garantia de juros para um engenhocentral em S. Paulo. Não pode ser atiendido— Luiz Rèvinius,pedindo privilegio para o descascador-de café, de sua invenção,denominado < Hercules ». Compareça na directoria central parapagamento do sello. — Arens Irmãos, pedindo privilegio paraum descascador de café de sua invenção. Idem, idem.— Kerou-bino de Sfeiger e outro, pedindo o auxilio do governopara o estabelecimento de uma usina metallurgica no Brazil.Não podem ser attendidos por falta de verba no orçamento.— Leonardo Antônio Teixeira Leite e outros, pedindo, comrelação a terras e mananciaes dos rios das Pedras, Cantagallo,Quitete, Papagaio, Carioca, em Jacàrépaguá, que se resolva sobrea acquisição desses mananciaes, mediante desapropriação. Conhe-cido o resultado do processo da desapropriação das águas dos TrêsRios, este ministério tomará em consideração o que pedem ossüpplicantes.— Engenheiro Domingos Guilherme Braga Torres,pedindo pagamento de vencimentos, a que se julga com direito,concernentes ao mez de Outubro de 1889, como auxiliar da dire-ctoria das obras do novo abastecimento cPagua. Indeferido.—Moradores do Realengo, no Campo Grande, pedindo que sejareforçado o encanamento cPagua que abastece aquella localidade.Não podem ser attendidos.— F>nesto Patrizio de Scagnello e Cas-tiglione, pedindo concessão de um privilegio para estabelecimento,nesta cidade, de uma officina central de electricidade, afim defornecer luz electrica, segundo o systema que iòv mais conveniente.Não pode ser attendido— Guilherme Xavier de Toledo e Fran-cisco José Cascão, pedindo a concessão dos favores dos decretosns. 9509, 9510 e 9511 de 17 de Outubro de 18S5, afim de construi-rem na capital do Estado de S. Paulo e seus arrabaldes edificio3

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destinados á habitação de operários e classe3 nobres. Requeiramao ministério dos negócios do interior. — Rodrigo Vianna & C.reclamando o pagamento de 1:376$ de objectos que fornecei ainá extineta commissão de açudes e irrigação, no Estado doCeará. Apresente 2* via da conta.— Proprietários e moradoresda Gávea, ua Tijuca, pedindo o restabelecimento da ponte queatravessa o rio da Gávea. Deferido.—Tobias Lauriano Figueira deMello, pedindo o levantamento da cauçào de 50:000£, depositadapara garantia da execução do contracto.relativo á construcçao doporto da Fortaleza, de que trata a concessão constante do decreton. 8943 A de 21 de Maio de 1883. Mantenho os despachos ante-riores.— Companhia estrada de ferro Conde d'Eu, pedindo paraque seja applicadr o capital garantido pela lei n. 3397 de 24 deNovembro de 1888, á construcçao do trecho de Alagôa Grande atéa cidade de Campina Grande. Indeferido.— Joaquim Veríssimodo Rego Barros, propondo ligar a via férrea de Maceió a Impera-triz com as linhas de sua concessão no Estado de Pernambuco.Estando pendente de estudos a ligação das estradas de ferro donorte, não pode ser deferido o requerimento do supplicante.José Cóutinho Alves de Lima, pedindo concessão de uma linha debonds. Dirija-se o supplicante á intendencia municipal, a quemcabe resolver sobre o assumpto. — Monteiro Hime & C, pedindorestituição das quantias de 31^300 e 18£900 que pagaram por selloproporcional em conta de objectos adquiridos para o prolonga-mento da estrada de ferro do Sobral. Os süpplicantes pagaramindevidamente o sello proporcional quando, na fôrma do regula-mento de 19 de Maio de 1883 e de diversas ordens do thesouro,estava tão somente sujeita a conta ao sello fixo de 200 rs. Comtudonão lhes podem ser restitnidas as quantias indevidamente arreca-dadas, porque, tendo sido satisfeitas por meio de estampilhas, éformalmente vedada a restituição pelo art. 55 do supracitado re-gulamento, á vista do qual cabe aos süpplicantes direito de seremindemnisados pelo funecionario que, ern razão do cargo, applicarás contas estampilhas de maior valor do que o devido.— ArensIrmãos, recorrendo, na qualidade de suecessores da empreza doElevador de Paula Mattos, do despacho de 8 de Novembro doanno passado que indeferio o pedido que haviam feito para seremdispensados do pagamento de 4:925$, provenientes das quotas comque aquella empreza devia ter concorrido mensalmente para asdes_pezas da fiscalisação na fôrma da cláusula 22a do decreton. 7730 de 14 de Junho de 1880. Procede a reclamação dos recor-rentes; porquanto, tendo sido credores hypothecarios da antigaEmpreza do Elevador de Paula Mattos, tiveram juridicamente pre-ferencia sobre o preço da venda da mesma empreza com exclusãode outros credores chirographicos, inclusive o próprio Estado, quena espécie, não tinha hypotheca legal, sobre o immovel executido.Requerendo os recorrentes a remissão da divida o fizeram no sup-posto de que tal obrigação se incluirá virtualmente no respectivotitulo de acquisição. Esse erro, em matéria de direito, pode serrelevado. No ponto de vista da equidade tanto mais c attendivel orecurso, quanto o governo, reconhecendo a iiisufficiencia da rendada empreza, permittio-llie concorrer somente com parte da quotadevida ao honorário do fiscal. Em verdade, se a empreza mereciaser relevada de uma obrigação cujo pagamento devia ser feito porprestações, o que é sempre mais eommodo, com maioria de razãodeve sel-o da divida em questão.— Dr. Joaquim Cardozo de MelloReis, pedindo por certidão o teor do aviso do ministério da agricul-tura de 24 de Novembro de 1882. A certidão está passada ; compa-reça na directoria da agricultura para pagamento de 6$300 de sello.

Actos da Administração do Estado do Rio de Janeiro.—O Dr.Francisco Poitella, governador do Estado do Rio de Janeiro,atteudendo ao que requereu a directoria da estrada de ferro deMaricá e á representação feita pelos moradores da freguezia deCordeiros do municipio de Nictheroy e pelos do municipio de Ma-rica, tendo em vista as informações prestadas pela directoria aeobras e

Considerando que, já por duas vezes, a extineta assembléalegislativa provincial reconheceu a grande necessidade e immediatautilidade dessa estrada, concedendo a presidência da provinciaautorisação para garantir juros ao capital necessário para suaconstrucçao, como se verifica em presença da lei ri. 1797 de 23 deDezembro de 1872,autorisando a garantia de 7 °/o sobre 1 500:000$por dez annos, e da lei n. 2081 de 18 de Dezembro'de 1874elevando o canital garantido a 1,750:000.^ e prolongando a garan-tia a 30 annos ;

Considerando que nunca deixou de ser reconhecida a necessi-dade da realisação des?a estrada pelas administrações transactasdo Rio de Janeiro, julgando até um de seus mais conspicuos pre-sidentes, tão urgente a sua construcçao, que pedio á assembléalegislativa permissão para fazer por conta cio Estado o trecho doAlcântara a Maricá ;

Considerando que havendo sido emprehendida a construcçaodo trecho projectado da estrada, porém com bitola differente da deCantagallo, a que devia ligar-se, e sem attingir Maricá, pelo queveio a falhar a sua renda, prejudicada e onerada com as baldea-

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•ções, e por ter ficado incompleta a linha proposta pela alminis-tração provincial de 1885 ;

Considerando que a companhia estrada de ferro de Maricá,tendo esgotado seus recursos na construcção da linha desde Alcan-tara até Itapeba, na extensão de 35 kilometros, acha-se impossi-'bilitada de levar a estrada até a cidade de Maricá ;Considerando que ainda mesmo que a companhia pudesseestender a estrada até áquella cidade, continuariam sem a minimaremuneração os capitães empregados ; por isso que a vida da em-preza depende do prolongamento da sua linha tanto a Maricácomo ao littoral de Nictheroy ;

Considerando finalmente que em taes condições não deve ogoverno deste Estado deixar sem auxilio os esforços da companhia,por isso que precisa desenvolver a producção nessa fertilissima eextensa zona servida pela estrada de ferro de Maricá;

Decreta :Artigo único.Fica concedida á companhia estrada de ferro de

Maricá a garantia de juros de 6 °/0 ao anno sobre o capital maxi-mo de 4.50:000$ por espaço de 30 annos para prolongar a sualiinha férrea até o litoral nesta capital e esíendel-a até o logarPiquete, na visinhança da cidade de Maricá ; revogadas as dispo-sições em contrario.

Palácio do governo do Estado do Rio de Janeiro, 24 de Marçode 1890.— Dr. Francisco Portella.

Luiz Matheus Maylasky, director-gerente da companhiaestrada de ferro de Sapucahy, pedindo pagamento dos juros do 2osemestre do anno próximo findo sobre o capital de 3,800:000$, ga-rantidos para a construcção da estrada de ferro Santa Isabel doRio Preto, da qual é hoje cessionária.— Pague-se nos termos dospareceres.Recommendou*se ao engenheiro do districto de Valença queprestasse informações sobre o requerimento em que o cidadão Do-mingos Custodio Guimarães pede ao ministério da agricultura per-missão para explorar ouro, ferro e outros mineraes em terrenos desua propriedade, na fazenda Paraizo.

Engenheiro Francisco de Siqueira Queiroz, pedindo queseja sustado o contracto feito com Augusto Pinto Paca para aconstrucção de uma linha férrea de Maxambomba ao Rio Claro.Indeferido a vista das informações.

O Dr. Francisco Portella, governador do Estado do Rio deJaneiro, decreta :

Artigo único. Os vencimentos do director da repartição deagricultura c industrias ficam equiparados aos do director da re-partição da estatística deste Estado. Revogadas as disposições emcontrario. Palácio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, 25de Março de 1890.— Dr. Francisco Portella.

Declarou-se á directoria de fazenda, que em aviso de 21 doultimo mez o ministério da fazenda declarou que vai ser submettidoá deliberação do primeiro congresso ordinário que se constituir, opedido feito por este Estado, referente á reversão da quantia de1.425:329$896 resultante da garantia de juros de 2 °/0 pagos á com-panhia emprezaria da estrada de ferro D. Pedro II, presentementeCentral do Brazil, hoje do dominio da Nação.Foi nomeado fiscal da estrada de ferro de Rezende a Arêaso engenheiro civil Carlos da Silva Nazareth, por ter o aetual pedidoexoneração

Governo do Estado do Rio de Janeiro, Nictheroy, 27 deMarço de 1890.- Em officio de 25 do corrente declaraes que aCompanhh estrada de ferro Santa Izabel, da qual é cessionáriaa companhia de Sapucahy, segundo annuncios publicados noJornal do Commercio, pretende contrahir um empréstimo dandocomo garantia os juros concedidos por este Estado á estrada deferro Santa Izabel do Rio Preto sobre o capital de 3.800:000$000 eseu prolongamento sobre o iapitál de 400:000$, contra o dispostono art. 13 do regulamento de 9 de Fevereiro de 1876 ; além deque a mesma companhia não pôde dar como garantia para odito empréstimo, os juros de 6 °/ò sobre o capital de 400:000$000para o dito prolongamento; visto que pára tornar-se effectivaessa garantia é necessário que a dita companhia satisfaça oexigido na cláusula 311 do termo de novação de 6 de Julho doanno passado, sendo certo que nao havendo ella ainda satisfeitoos requesitos do mencionado termo de novação, não pôde offerecercomo ^ garantia do empréstimo o9 juros de garantia ainda não¦effectiva,

j>or falta de cumprimento do exigido no referido termode novação. Finalmente declaraes que a companhia offerece paragarantir o empréstimo, os juros de 7 °/o sobre 3.800:000$, quandonão está para isso autorisada em vista do art. 13 do citado regu-lamento.

^ Em resposta declaro-vos que, para este Estado nenhumaobrigação pôde resultar do empréstimo que a companhia pretendelevantar, sem proceder a autorisação de que trata o citado art. 13¦e que o governo não tem que intervir nos seus negócios comterceiros para advertir á estes e áquella que falta o preenchimentode alguma formalidade para validade dos contractos que fizerem

assim como que a garantia por ella offerecida só a ella obriga'não tendo o Estado outro dever senão o de fazer effectiva a galan-tia de juros nas condições estipuladas no acto da concessão ou dorespectivo contracto. Saúde e fraternidade.—Dr. Francisco Por^tella.Sr. director das obras publicas.

Nomeações, exonerações.— Foi nomeado o engenheiroGaspar Rechsteinea, director engenheiro-chefe das estradas deferro de Porto-Alegre a Cacequy e Bagé a Uruguayana.Foi nomeado o engenheiro Manoel Clementino Carneiro daCunha Aranha para o logar de ajudante de Ia classe do prolon-gamento da estrada de ferro do Sobral.

Foi nomeado o Sr. Dr. Luiz Pereira Barreto para exerceras funeções de director da escola de viticultura de S. Paulo.

Foi nomeado inspector especial de terras e colonisação emS. Paulo o Dr. Antônio Cândido de Azevedo Soares.Foi nomeado auxiliar da inspectoria geral de illuminaçaopublica Noel de Almeida Baptista.

Sob proposta do engenhoiro-chefe da commissão de con-strucção dos açudes do Quixadá, no Estado do Ceará, foramnomeados : ajudante de Ia classe o engenheiro HildebrandoPompeode Souza Brazil, pagador Pedro do Rego Barros, guarda-livros José Martins de Souza e almoxarife Rufino Gomes deMattos.

O capitão-tenente Innocencio Marques de Lemos Bastosfoi nomeado para continuar na Europa os estudos de electricidadeapplicada á arte da guerra.Foi nomeado director interino do Jardim Botânico obacharel Joaquim Campos Porto.

Foi nomeado Guilherme Alexandre Meyerpara auxiliar dacommissão de melhoramentos do rio Parahyba.-Foi nomeado Io ajudante da repartição metcreoloçica o1 tenente da armada Tancredo Burmalaqui Castello Branco,Foi nomeado director interino da Estação Agronômica deCampinas o ajudante Dr. Adolpho Barbalho üchôa Cavalcante,e ajudante effectivo o engenheiro Feleciano de Freitas Pinto.Foi nomeado chefe dos telegraphistas da commissão delinhas telegraphicas de Uberaba ao Araguaya o Sr. CustodioJosé de Sant'Anna Júnior.Foi nomeado agrimensor da commissão de medição de terrasno Espinto-Santo, Joaquim Moreira da Silva, e escripturario Sesi-nando Bourguignon de Mattos.Foi nomeado para o logar de secretario do prolongamentoda estrada de ferro Central do Brazil o auxiliar Luiz Gregorio deSouza Caldas, conforme propoz o respectivo engenheiro-chefe.Foi nomeado o engenheiro Joaquim Francisco GonçalvesJúnior para o cargo de ajudante da inspectoria especial delerras e Colonisação, no Estado do Espirito-Santo.Por decreto de 25 do mez passado foi exonerado, a seu

pedido, o engenheiro João da Cunha Beltrão de Araújo Pereira dologar de director das estradas de ferro de Bagé a Uruguayanua ePorto-Alegre a Cacequy.Foi concedida a Eugênio Alberto Franco a exoneração

pedida, do logar de agrimensor da commissão de medição deterras nos municípios de Manhuassú e Carangolla, Estado deMinas-Geraes. ° 'Foi concedida a Alberto Ernesto Jacques Ourique a exo-neraçao do logar de auxiliar da inspectoria geral das terras e

Pom^na0' * n0meado para ° referido loSar turvai Narbal

Foi exonerado oi." engenheiro do prolongamento daestrada de ferro do Sobral, Diogo Ferreira de Almeida, visto tersido extineto o referido logar.Foram promovidos os seguintes engenheiros do prolon-gamento da es r.da de ferro Central do Brazil, conforme a pro-posta do respectivo engenheiro-chefe :

a cnetes ue secção os engenheiros de laclasse Honorio JoaquimrÁM y^Z ,*rh!!d0 Bittencourt; e a engenheiros dede PkS. '

HennqU6 Simã0 Tamm e AuS«sto César

Batarit^IT.' om,viA.cs P»'? ° Prolongamento da estrada de

d, S ivt » Í °T e,r°- ° Chefe de sec«So João C»nci» Fe--eirafla NIva a chefe de secção n pno^níSni™ a~ ia _i *,, . ,

OlNrnlro R,««n 5 ' ~ v"ft->*«yi*y uo t Ciasse AlDCrtO ae

Felippe Pe,X' " " enSenhciro de 1'<='^e o de 2" João

de Pmtf A1bPJT°VtV0 ' ajUdf,nte d,e -" cla88e da estrada de ferrode Foi to-Alegre a Uruguayana ode 2a Emygdio José Ribeiroconforme propoz o respectivo director engenheiro-chefe '

solveu:Intendencia Municipal.-A Intendencia Municipal re-Approvar, depois de discussão demorada entre os Srs inten-dentes o contracto para a execução do serviço telephonico da ca"pitai federal com a Empresa de Obras Publicas d fflf ,ldoadoptados os acerescimoe e alteração propostos, deve^Ô lavra"seo respectivo contracto na directoria de obras, ficando pre udieàdoo protesto apresentado « lido *,„ „«,» .*„ ^dinXCdeTeEugene Tisserandot contra o mesmo contracto •Conhrmar, sobre proposta do Dr. intendente de obras a no-mçaçao feita pela ex-irtendenci., do engenheiro D, Sprena, para o cargo de fi3cal do serviço telephonico sendo-lhêarbitrada agra ificação mensal de 1001, a con^a, da approvaçãodo contracto pelo governo federal appiovaçao

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Approvar, com accôrdo do mesmo Dr. intendente, a conser-vação do engenheiro Kábiano da Gama Machado, como ajudantedo engenheiro fiscal das companhias de ferro-carris, em vista darepresentação do Dr. engenheiro chefe da fiscalisaçao respectiva •

Deu o seguinte despacho ao requerimento do Banco Con-structor do Brazil, por seu presidente Visconde de Assis Martinspropondo-se a tomar a si a administração, uso e gozo de todas aslinhas de carris urbanos, existentes nesta capital, mediante certosfavores, com prorogação de prazo por 40 annos, privilegio dezona de que gozam as actuaes companhias em virtude de seusrespeetivos contractos, etc, etc—A' intendedcia de obras.

Mineração. - Consta que por decretos de 9 do corrente foramprorogados os prazos marcados a Manoel Antônio da Silva Reispara efíectuar as pesquizas necessárias ao descobrimento e de-terminação de jazidas mineraes, no Estado de Minas-Geraes.

^. t*.10 deS.Pedro.-Mandou.se pagar a D. Joanna CarlotaPinheiro Paes Leme a quantia de 9:000$ como indemnisação dosdamnos que softreu com o aproveitamento das águas do rio S.Pedrona parte que para seu uso havia reservado. ¦

Empreitada.—Foi autorisado o pagamento de 107:475^554ao Baião de Drummond & Passos por obras executadas em Janeiroultimo na construeção da estrada de ferro de Bagé a Uruguayana-

Accumulação de cargos.—A' vista de informação prestadapelo governador cie Pernambuco, autorisou-o o ministério da agri-cultura para notificar os empregados do mesmo ministério, que seacharem no exercicio simultâneo de dous cargos, a optar por umdos mesmos cargos, na forma do art. 3o do decreto n. 9015 de 15de Setembro de 1883.

O referido decreto, vedando o exercicio simultâneo de em-prego retribuído, geral, provincial ou municipal, com qualquercargo do sobredito ministério, estatuio que seriam exonerados osfunecionarios que aceitassem qualquer daquelles empregos, bemcomo que aquelles que, então se achassem em exercicio simul-taneo, deveriam optar dentro de 30 dias por um dos cargos, sobpena de considerar-se exonerado do emprego dependente do mi-nisterio da agricultura.

Restituição de impostos.—O tribunal do thesouro na-cional, em sessão de 27 de Março ultimo, deferio o requerimentodcCbrysostowo & Victor para que lhes seja restituida a quantiaque pagaram de imposto de industrias e profissões e addicionaesde 5 °/o do exercicio de 1890 por sua officina de fundição, esta-belecida na rua D. Pedro II, hoje Quinze de Novembro, visto quesó fabricam machinas e peças para o próprio estabelecimento.

Serviço publico obrigatório.— Aos chefes das repartiçõessubordinadas ao ministério da agricultura foi no dia 18 do mezpassado expedida a segunda circular firmando regra quanto aosvencimentos dos funecionarios que se empregarem no serviço dojury ou em outro obrigatório por lei:

• Tendo-se suscitado duvidas sobre os vencimentos a que temdireito os funecionarios deste ministério quando impedidos decomparecer ao exercicio de seus cargos por se acharem no desem-penho de serviço publico obrigatório, declaro para vosso conhe-cimento e execução, que o empregado que se achar em serviço dojury ou qualquer outro obrigatório por lei, justificado o motivoda falta, terá direito a todos os vencimentos do cargo que exercer.

« Saude e fraternidade. — Francisco Glycerio.*

Juizo arbitrai.—Pendendo diversas questões entre o governodo Brazil e a companhia Great Western of Brazil Railway Limited,cessionária da estrada de ferro do Recife ao Limoeiro com ramalde Nazareth á Timbauba, e não se conformando a empreza ássoluções dadas pelo governo, recorreu para juizo arbitrai que ficouassim constituído : arbitro por parte da companhia, o engenheiroJosé Américo dos Santos ; por parte do governo, o Sr. conselheiroSoares Brandão; e desempatador, o Sr. conselheiro Paulino deSouza.

O relatório e as razões da companhia acabam de ser apresen-tadas ao juizo.

A Great Western of Brazil Railoiay goza da garantia dejuros de 7 °/0 ao anno sobre o capital de 5.000:000$, computadoem ouro. Sem garantia de juros, porém, construio o ramal deNazareth á Timbauba com o desenvulvimento de 45 kilometros,ficando assim elevada a 141 kilometros a extensão total davia-ferrea. Ha no ramal numerosas obras de arte, tendo sido neces-sario construir em um trecho de 3 1/2 kilometros 10 pontes, dasquaes seis de 10 metros e quatro de 5 metros.

Estrada de ferro Central do Brazil.—Para acquisiçao naEuropa de cinco locomotivas destinadas ao trafego da estrada deferro Central do Brazil (antiga Pedro II), vai ser aberto na dele-gacia do thesouro em Londres o credito cie & 14,625.

— Vai ser posta na delegacia do thesouro nacional cm Londresa quantia de l 582—,11,8 para acquisiçao e remessa de materialdestinado á estrada de ferro Central do Brazil, applicando-se damesma quantia a de l 500 para compra de material telegraphieo.

Estrada de ferro da Bahia a S. Francisco. —Deu-se porapprovado o contracto celebrado pelo competente engenheiro-chefecom José Augusto de Araújo para assentamento da via permá-.nente, construeção de estações e edifícios e fornecimento de dor-mentes, no trecho comprehendido entre a estação da Villa Novae a cidade do Joazeiro, determinando-se, entretanto, que nopreço de 1$645 por dormente ficarão comprehendidas todas aedespezas e riscos até recepção definitiva no logar onde os dormentes-houverem de ser utilisades.

Estrada de ferro de Baturité. —Foi autorisado o credito-de 7:323$ para acquição na Europa e remessa de superstrueturaametallicas destinadas ás obras do prolongamento da estrada deferro de Baturité.

Estrada de ferro do Cahy.—O governo do Estado do RioGrande do Sul acaba de rescindir o contracto celebrado comCarvalho Bastos & Vieira para construeção, uso e gozo de umaestrada de ferro que havia por objectivo ligar a diversos centrosde permuta e consumo as florescentes colônias italianas situadasno Cahy.

Estrada de ferro do Norte.—Por decreto n. 287, de 26 deMarço ultimo, foram approvadas as plantas, assignadas pelo chefeda directoria das obras publicas, relativas ás duas modificaçõespropostas ao traçado da estrada de ferro do Norte, já adoptadopelos decretos de ns. 9011, 9235, 9258, 9391 e 9578, de 15 deSetembro de 1883, 28 de Junho e 9 de Agosto de 1884, 28 deFevereiro de 1885 e 10 de Abril de 1886, sendo as alterações deque se trata nos terrenos dos h< rdeiros do Visconde de Nictheroy,em S. Francisco Xavier, e outra no prolongamento da sobreditaestrada para o centro desta capital, correspondendo a ltt ao trechocomprehendido ei tre as estacas 120 mais 13 metros e 8 decimetrOB

e 163 mais 17 meti os e estendendo-se a 2a desde a estaca 11 mais9ni,33 até á estaca 64 mais 15 metros.

Estrada de ferro de Itararé a Santa Maria da Boca doMonte. —Por decreto de 29 de Março ultimo foi declarada effectivua concessão feita pelo decreto n. 10432 de 9 de Novembro de 1889para a constiutçâo da estrada de ferro de Itararé a Santa Mariada Boca do Monte, á companhia que o engenheiro João TeixeiraSoares organisar para aquelle fim, na parte em que a mesma con-cesbão havia ficado dependente da approvação do poder legislativo,modificadas, porém, as respectivas cláusulas nos termos das quecom odecreto de 29 do ultimo baixaram assignadas pele cidadãoFrancisco Glycerio, ministro e secretario de estado dos neçociosda agricultura, commercio e obras publicas, que assim o façaexecutar.

A nova estrada de ferro deve partir das margens do Itararé,no Estado de S. Paulo, e terminar no do Rio Grande do Sul, comdous ramaes. Nos termos da concessão primitiva, estatuira-se queo primeiro ramal teria de separar-se da linha principal em Im-bituva e passando por Guarapuava, descer o Piquiry até a suaconfluência no rio Paraná, fornecendo dous sub-ramaes : um des-tinado a ligar as secções navegáveis deste ultimo rio e outro quese destacaria em Guarapuava e acompanharia o Iguassú até a suafoz. O segundo ramal, divergindo da linha principal nas imme-diações da cidade da Cruz Alta, deveria acompanhar o Ijuhy-Grande e terminar nas margens do Uruguay.

Consta que esta concessão acaba de passar pelas alteraçõesseguintes : a garantia de 6 °/0,

promettida até o maximum docapital de 37.000:000$, necessário á construeção da linha principal,não excederá do maximum de 30:000$ por kilometro da linha prin-cipal e dos ramaes, excluido o sub-ramal de Guarapuava á foz doIguassú, cuja construeção será objecto de ulterior deliberação dogoverno, quando assim fôr julgado opporluno.

Dado que os capitães hajam de ser levantados em paizestrangeiro, regulará para todas as operações o cambio de 25 d.por1$000.

Será reduzida a 15 kilometros para cada lado do eixo daestrada a zona de 30 kilometros, fixada pela concessão primitivapara cessão gratuita de terrenos devolutos.

Haver-se-hão como de nenhum effeito as cláusulas refe-rentes a estabelecimento de familias de agricultores nas zonaspercorridas pela estrada de ferro.

Os prazos para organisação da companhia e apresentaçãode estudos serão contados da data da no vação do contracto.

Estrada de ferro Minas e Rio.—Reclamação appareceuna imprensa contra o facto de haver a empreza concessionária doprolongamento da estrada de ferro Minas e Rio, após a formali-

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¦dade da inauguração dos trabalhos dentro do prazo fixado para talfim, interrompidos os trabalhos sem que houvesse feito qualquerobra. Dessa irregularidade havia noticia o ministério da agricul-tura que a tal respeito expedio, a 17 de Março, o seguinte avisoao engenheiro-fiscal da sobredita via-ferrea:

« Era resposta ao officio n. 21 de 28 de Fevereiro ultimo, infor--mado que, após a inauguração dos trabalhos de construcçao dorprolongamento dessa estrada ao ponto navegável do Rio Verde edo ramal das Águas Virtuosas do Lambary, a companhia Minas eRio não tem feito obra alguma, bem assim que a cláusula 33* do•decreto n. 10101 de 1 de Dezembro de. 1888 só estabelece pena.para ji interrupção dos trabalhos por mais de três mezes, declaro-vos nno só que á referida companhia nào é perinittido interromper,3em motivo justificado, as obras que propoz construir, mas tambémque, embora a citada cláusula só comminè pena para o caso deinterrupção^ de taes obras por prazo superior a três mezes, nempor iss,q pôde deprehender-se que fique impune a suspensão doserviço por tempo inferior áquelle, porquanto a 37a das cláusulasque baixaram com o mencionado decreto impõe multx.s de 200$a 5:000$ pela Jnobservancia de qualquer das mesmas cláusulaspara a qual não se tenha comminado pena especiaL

«E porque se acha neste caso a interrupção das obras pormenos de três mezes, é evidente que por semelhante motivo incorrea mesma companhia na penalidade geral estabelecida na citadaolausula 37a, a qual será applicada se a respectiva administraçãopersistir no propósito, em quo parece achar-se, de interromper,sem nenhum motivo justificado, trabalhos cuja breve conclusão éurgentemente reclamada pelos interesses públicos, que o go-verno teve em vista satisfazer concedendo garantia de juros aoscapitães empregados na mencionada estrada.

« Nestes termos, tenho por muito recommendado notifiqueissem demora a referida companhia para que prosiga immediata-mente nos trabalhos a que está obrigada pelo respectivo contracto,communicando logo a este ministério o que occorrer a semelhanterespeito.

< Saude e fraternidade.— Francisco Glycerio. »

Passagens gratuitas.— A' vista do que requereram os esta-fetas e outros empregados da inspectoria geral das obras publicasdelioerou o Sr. ministro da agricultura que, no caso de não disporaquella repartição de passes gratuitamente fornecidos pelas em-prezas de carris urbanos, não deverá correr por conta dos mesmosempregados mas sim por conta do Estado a despeza oceasionadapor transportes a que forem obrigados por c«tricta exigência doserviço que lhes incumbe. No emtanto deverá a referida inspecto-ria requisitar da intendencia municipal os passes de que carecer.

Engenho Central de S. Pedro.— Tendo a extineta juntado governo provisório do Maranhão nomeado o Dr. Manoel deLima Vieira para o cargo de fise-il interino do engenho central deS. Pedro, situado no valle do Pindaré, foi o acto desapprovadopelo ministério da agricultura, visto achar-se sujeita a mesmafabrica á inspecçào do engenheiro Manoel Martins Fiuz-i Júnior,chefe do 1° districto dos engenhos centraes.

O engenho central de S. Pedro, fundado por iniciativa parti-cular e sem nenhum auxilio dos cofres públicos, obteve no ultimoanno garantia de juros para o seu cap'tal. E' illuminado por luzelectrica e possue apparelhos dos mais aperfeiçoados, represen-tando o maior commettimento da iniciativa particular em todo onorte do Brazil. Todo o capital bem como os empréstimos, queteve m-cessidade de recorrer, foram levantados na praça de S. Luiz.

Estrada de ferro Leopoldina.—Ao engenheiro-fiscal destaestrada dirigio, em 29 de Março ultimo, o ministério da agricul-tura, o seguinte aviso :

Prestando as informações exigidas sobre as reclamações quetem sido feitas pelo jornal O Paiz, relativamente ao serviço e aomaterial rodante dessa estrada, declames em officio n. 30 de 2 docorrente mez:

1.° Que o estado da linha, no trecho comprehendido entreSanfAnna e Cachoeiras e nos ramaes de Maeahé e do Sumidouro,é máo, carecendo de substituição de muitos dormentes e de lastro.

2.° Que a estação de Cachoeiras carece de obras de modi-ficação e embellezameuto que lhe dêm boa apparencia.

3.° Que a estação de Sant'Anna é excessivamente acanhadapara o respectivo movimento de cargas.

> > 4.° Que o material rodante para passageiros não parece suf-íicicnte para o movimento dos respectivos trens, o que obriga acompanhia a pôr nos trens mixtos carros pequenos, que nao podemofferecer ao publico »s commodidades a que tem jus e está habi-tuado nas demais estradas de ferro.

5.° Que o serviço da barca de correspondência, que leva ospassageiros desta capital para SanfAnna, deixa muito a desejar,resultando disso atrazo na partida dos trens.

6.° Que os trens mixtos tem tido marcha menos regular, prin-cipalmente no ramal de Maeahé.Declaraes ainda não só que a ponte do Pomba acha-se cm

perfeito estado de conservação e que os trens de passageirosseguem regularmente o horário, com as excepções notadas emquasi todas as linhas férreas, mas também que a mudança do ho-rario do trem P 2 foi feita a pedido dos próprios passageiros.Em resposta ao supramencionado officio recommendo-vos queehameis a attenção dessa companhia para as irregularidades queficam indicadas, afim de que providencie no sentido de fazel-ascessar com a maior brevidade possivel, como exige o serviço pu-blico.—Saude e fraternidade.—Francisco Glycerio.

Estrada de ferro de Caxias.—Foi prorogado por mais umanno o prazo marcado ao engenheiro Nicoláo Vergueiro Le Cocqpara incorporação da companhia e apresentação dos estudos defi-nitivos da estrada de ferro de Caxias a S. José de Cajazeiras, noestado do Maranhão.

Melhoramentos urbanos.—A' intendencia municipal destacidade dirigio o ministério da agricultura, a 24 do ultimo, o avisoseguinte que firma a competência administrativa nas questões dedesapropriação para o effeito da execução de melhoramentosurbanos :

« Em officio de 20 de Fevereiro ultimo, informando essa in-tendência acerca da reclamação de Caetano Tito Negreiros SayãoLobato contra o decreto n. 10221 de 30 de Março de 1889, queautonsou a desapropriação de terrenos necessários ao prolonga-mento da rua Oito de Dezembro, em S. Francisco Xavier, reco-nheceu o direito que assiste ao reclamante, submettendo o factoa minha consideração. Por outro officio de 27, também de Feve-reiro, enviou cópia do contracto celebrado com o Dr. Daniel PedroFerro Cardoso e José Leão Ferreira Souto para abertura de ave-nidas no bairro do Cattete, deixando dependente de acto do minis-terio a meu cargo a decretação da medida inherente ás desapro-priaçoes precisas nas zonas respectivas.

oro^0,\8ld<;nlído (**ue' á vi8ta do art- 8° do decreto legislativon. 3o3 de 12 de Julho de 1845, ao ministério dos negócios do inte-nor cabe resolver sobre as providencias solicitadas ;o™í;TÍd™^ndo^ que ° P»raffropho único do art. 2o da lein. 2792 de 20 de Outubro de 1877 transferindo para o ministériocm agricultura alguns serviços que se achavam outr'orn á cargodo do império, não deve ser entendido de modo a ser applicado aserviços de caráter municipal, quaes são os de que se traía :« Considerando que posteriormente á lei citada diversos actosdos poderes legislativo e executivo têm firmado a competência doministério do império, ora do interi-T, para promover abertura eprolongamento de ruas nesta capital, e convém manter a tal res-peito a doutrina a mais consentanea com a boa ordem adminis-trativa e que melhor se harmonise com o actual regimen •

« Considerando^ que, pelos fundamentos expostos, ao minis-tenodo interior e nao ao da agricultura compete exercer as attri-biuçoes conferidas ao governo nos processos de desapropriaçõesdeterminadas por conveniências de caracter municipal com relaçãoao referido objecto **-*»vtt"n,M,tn^!V71V°

á iü.tendencia ^nicipal os papeis juntos concer-entes ás duas mencionadas questões, afim de serem devidamenteencaminhados ao ministério competente.« Saude e fraternidade. -Francisco Glycerio. »

Morro de Santo Antônio. - Havendo concordado os con-cessionários, do arrasamento do morro de Santo Antônio em variasalterações do contracto de 31 de Outubro de 1889, deliberou o

Estrada de ferro do Sobral.- Foi extineto, por propostado engenheiro chefe do prolongamento desta estrada, o logar de1 engenheiro do mesmo prolongamento.

, "" ^i'mm* «uHHuiiar o aa tazenda se no competenteimposto predial e do de transmissão de propiedade por 20 annos.

Ramal de Orobó.— Por decreto n. 298 de 29 de Março do•corrente anno, concedeu-se privilegio e garantia de juros para aconstrucçao de um ramal da estrada de ferro Central da Bahiana direcção do termo de Orobó, e do prolongamento da mesmaestrada até o valle do Rio das Contas, a partir de Olhos d'Agua

t nCI?nferencia da Propriedade Industrial— Ao Sr. Regisde Oliveira commetteu o governo a missão de representar ose leuima em Madrid para o fim de examinar diversos pontos•JSSsttK app,icavel áqueila «^eP|Sii

A propriedade industrial, de ,que se trata, consiste nas n*tentes de invenção, marcas de fabrica e de eoZe e o nomescommeraaes, etc. Foi para melhor assegurar os dS^incSosa semelhante propriedade e para prouaover, quanto pòss'vel ãumfonmdade da legislação universal acerca dos interesses ae talnature,», que, pela convenção de 20 de Março de Ss const"tu.ram entre s, d versos paizes a União destinada aosH|menoonado, O Brazil contou-» entre as nações coJStít Ks,

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REVISTA DE ENGENHARIA

havendo desde então contribuído com a quota que lhe coube parao custeio da secretaria internacional que serve de laço commumaos paizes associados. y

Sociedade Auxiliadora da Industria Nacional. — Or-denou o Sr. ministro da agricultura que pela inspectoria "eraldas obras publicas sejam orçadas as reparações de que carece opróprio nacional onde trabalha esta antiga e benemérita asso-ciação.

Estação agronômica de Campinas.- Para ser applieadaao custeio da estação agronômica de Campinas foi aberto nathesoureria de fazenda de S. Paulo o credito de 50:000^000

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Águas do Grão-Pará.—Por decreto n. 283 de 24 do ultimofoi approvada a refonn a de estatutos resolvida a 3 de Agostoultimo pela assembléa geral dos accionistas da Companhia0 dasÁguas do Grão-Pará.

Tem por objecto a empreza abastecer de água potável acidade;de Belém, na fôrma do contracto celebrado pela presidênciada antiga provincia com o engenheiro Edmundo Compton. O capi.tal foi elevado a 2.000:000^000.

Estação cenologica.- O Sr. ministro da agricultura dirigioao governador do Estado de S. Paulo o seguinte aviso em datade Io do corrente.

« Para que possa este ministério ter pleno conhecimento do

~ -1~- " -~~fv.Vu.»v uiiWWI uiUHuao «JOStWaltz, preste com a possível brevidade contas de todas as des-pesas feitas com semelhante serviço.

«Remettereis outrosim a esta secretaria de estado o resultadodas prestações das minuciosas contas convenientemente documen-tadas e examinadas na thesouraria de fazenda. »

£¦

Jardim Zoológico.— Mandou-se entregar á pessoa compe-tente a quantia de 10:000$ eom que a lei vigente do orçamentosubvencionou annualmente o predito estabelecimento.

Consta haver sido muito favorável o resultado da inspecçâò aque ultimamente procederam no Jardim Zoológico, por parte doministério da agricultura, os Srs. Dr. F. Draenert e chefe desecção Rubem Tavares. Acharam o estabelecimento em excellenteordem e povoado por numerosos animaes indígenas e estrangeiros,todos ^cientificamente classificados, bem nutridos e perfeitamentea condicionados. Concluiram o seu parecer declarando que oJardim Zoológico, satisfazendo necessidade reconhecida em todasas grandes cidades, é estabelecimento que faz honra ao Brazil.

Industria pastoril.—No intuito de attender a interessesda alimentação publica e ao mesmo tempo de fomentar o desen-volvínretito da industria pastoril em S. Paulo e Minas Geraes,proporcionando aos seus produetos fácil exportação para os centrosde consumo, dirigio-se o ministério da agricultura ao governadorde S. Paulo, ao director da estrada de ferro central do Brazil eaos engenheiros-fiscaes das daquelle Estado, exigindo-lhes infor-maçào circumstanciada acerca das providencias necessárias paraque o transporte se effectue em carros apropriados e pelo modomais prompto e econômico que possível seja obter.

Importação de materiaes.— Ao inspector da illuminaçãopubliea e ao engenheiro-fiscal da Harbour Corporation, recommen-dou o ministério da agricultura o mais escrupuloso e detido examesobre a qualidade e quantidade dos artigos importados com destinoás emprezas qu3 fiscalizam, e que gozam do favor da isenção dedireitos, afim de que tal favor-não se estenda a artigos que tenhamsimilares na producção ou manufactura nacional; aos que porsua igualdade possam ter applicação differente, e aos que sejamimportados em quantidade superior á estrictamente necessária aoconsumo no tempo mencionado ao pedido de isenção.

Aforamento de ilhas Foi autorisado o governador doEstado do Rio de Janeiro a mandar que pela intendencia munici-pai de Cabo-Frio seja posto em hasta publica o aforamento dasilhas Comprida e dos Papagaios, servindo como base para aarrematação a quantia de 25$ por anno, offerecida por JonasGarcia da Rosa Terra.

Navegação do Iguassú.— Ao governador do Paraná diri-io o ministério da agricultura, a 2 do corrente, o aviso seguinte,

expondo as razões pelas quaes recusou a Amazonas de AraújoMarcondes a restituição de 6:000$, a que se presume com direitoo mesmo emprezario :

« Sr. governador.— Com o officio n. 1 de 10 de Dezembrodo anno próximo findo, submettestes á decisão deste ministério orequerimento competentemente informado, em que Amazonas deAraújo^ Marcondes, emprezario da navegação a vapor dos riosIguassú e Negro, pede a restituição da quantia de 6:000$, a quese julga com direito, segundo o contrato que firmou para o serviçoda raesma navegação.

« Declaro-vos para vosso conhecimento, afim de que o façais,constarjio peticionario, que, em data de 31 do mez findo, resolvia questão com o seguinte despacho :— Mantenho as decisões ante-riores.

«O aviso de 10 de Maio de 1883, remettendo á antiga presi-dencia do actual Estado do Paraná as bases para o contracto, con-'cluia : « Convém que V. Ex. informe o officio que deve acompa*nhar o contrato citado sobre o tempo em que a subvenção começaráa ser abonada á emprega.» Entretanto aquella presidência, remet-tendo^ o aUudidó contracto pelo officio de 23 de Junho de 1883,nada informou a semelhante respeito, dando logar a que o governo,pelo despacho de 28 de Janeiro de 1884, expedisse o aviso n. 130de 30 do mesmo mez, approvando o contracto e determinando quedevia começar a subvenção a partir de Janeiro do corrente anno,isto é, de Janeiro de 1884.

« Ora, sendo a subvenção acto do governo central, e não tendoo provincial então poder para dar aquelle contracto effeitos defi-nitivos, tendo ficado de mais a mais dependente da approvaçãodeste ministério o tempo em que a subvenção devia começar a serabonada, é claro que a execução do imperfeito contracto correupor conta da empreza e do governo provincial,sem de modo nenhumobrigar o governo federal. Saúde e fratenrdade.—Francisco Gly-cerio.

Material telegraphico.— Deliberou o Sr. ministro da agri-cultura autorisar a despeza de 58:130$ com acquisição em Londresde material destinado á reconstrucção de linhas telegraphicas econstrucções de linhas telephonicas para troca de communicaçoesa longa distancia.

Estação telegraphica de Tijucas.— Foi autorisada adi-rectpria geral dos telegraphos para mandar abrir ao trafego aestação telegraphica de Tijucas, no Estado de Santa Catharina.

Empregados do telegrapho na Europa.— Ordenou o mi.nisterio da agricultura que regresse'ao Brazil qualquer funecio!nario da repartição dos telegraphos, ora em commissao na Europa"

Melhoramento» do Parnahyba.— Mediante proposta docompetente engenheiro-chefe autorisou o ministério da agricul-tura a acquisição de diversos instrumentos para uso da commissaoincumbida dos melhoramentos do rio Parnahyba, bem comodeclarou concordar na nomeação de medico que á sobredita com-missão preste serviços profissionaes.

Ao mesmo chefe declarou outrosim o referido ministério que,dispondo a commissao de uma lancha e de grande quantidade dematerial explosivo, convém aproveitar activamente as quadrasapropriadas aos trabalhos, uma vez que já tem sido minuciosa-mente examinado o rio que se trata de melhorar pc'o aspeclo dascondições de navegabibidade. Deverá, entretanto, presidir a todosos trabalhos a mais severa economia, de maneiaa que a despezaem caso nenhum exceda do maximum fixado no orçamento vigente.

Balizamento do porto de Pernambuco.— Do ministérioda marinha requisitou o da agricultura que faça orçar o materialconsiderado necessário no serviço do balisamento do porto dePernambuco.

Empreza Economisadora do Gaz. — Foi autorisada ainspectoria geral da illuminação a sujeitar a exame e experiênciasos apparelhos de invenção da sobredita empreza, por conta da qualdeverão correr as despezas oceasionadas pelas mesmas expe-rienciaè.

— Ao director da estrada de ferro Central do Brazil e aocommandante do corpo de bombeiros, dirigio o Sr. ministro daagricultura, em data de 21 do mez passado, o seguinte aviso:

< Tendo este ministério permittido á Empreza Economisadorado Gaz do Rio de Janeiro collocar á sua custa na estação centraldessa estrada de ferro um apparelho para experiências que desejafazer com o instrumento regulador da pressão do gaz, nos termosconstautes do requerimento junto por cópia, assim o declaro paravosso conhecimento e devidos effeitos, convindo, entretanto, pre-venir que a indicada collocação e experiência deverão ser feitassob vossas vistas, fiscalisaçao e observação, sendo taes apparelhosopportunamente retirados também á custa da mencionada empreza.Saúde e fraternidade.— Francisco Glycerio. >

Serviço de esgoto.— Consta haverem sido equiparadosos vencimentos dos engenheiros-ajudantes, secretario e auxiliares darepartição fiscal dos serviços a cargo da Rio de Janeiro City Impro-vements Company aos que percebem os funecionarios de igualcathegoria da repartição fiscal da illuminação desta cidade.

Declarou-se ao competente engenheiro-fiscal que, havendosido adjudicada á companhia Rio de Janeiro City Improvements oserviço de esgoto nos bairros do Engenho-Novo, Todos os Santos

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e Officinas, deverá apresentar com a maior brevidade projecto decláusulas para o contracto na fôrma das condições estabelecidaspeloaviso n. 22 de 22 de Janeiro de 1889 e no ajuste indicado porofficio n. 112 de 23 de Fevereiro do mesmo anno.

Arrematação de terras.— A' requisição do da agriculturaexpedio o ministério da fazenda as ordens necessárias para que dathesouraria de Minas Geraes seja transferido para a collectoria dePhiladelphia o serviço da venda de terras situadas neste municípioque houverem de ser arrematadas em hasta publica, devendo rea-lizar-se na mesma collectoria as formalidades a tal respeito pres-criptas pela lei.

Caducidade de concessão de terras. — Havendo-se tornndode nenhum effeito a concessão de terras situadas á margem esquer-da do rio Jacurucú, no município do Prado, do Estado de SantaCatharina, feita a Olyntho da Cunha Marcial por aviso de 11 deOutubro de 1888, recommendou o ministério da agricultura aocompetente governador que as faça dividir em 25 lotes para seremvendidas ás famílias que ahi têm morada habitual. Para este fimdeverá o governo de Santa Catharina propor a nomeação deagrimensor.

Colonisação na Bahia.— A' disposição do governadorda Bahia foi posta a quantia de 50:000. para ter applicação aoestabelecimento de núcleos da colonisação nacional.

Transporte de immigrantes.— A' inspectoria geral dasterras e colonisação dirigio o ministério da agricnltura, a 24 doultimo, os dous avisos seguintes :

« Em vosso officio h. 389, de 17 do corrente, referindo haverembarcado na Europa, no vapor Bourgogne, aqui entrado a 25 deFevere:ro findo, uma familia de immigrantes composta de quatropessoas, das quaes falleceram duas, mãi o filho, consultais se; ávista do que dispõe o aviso de 28 de Fevereiro ultimo, podem seraceitos os sobreviventes, pai e filho, aquelle de 41 annos e este de4.

- Respondo affirmativamente á vossa consulta por se tratardo caso especial de uma familia que, tendo partido perfeitamenteconstituída, conforme as letras dos contractos, ficou reduzida, peloaccidente da morte, aquelles dous únicos membros e o aviso de 28de Fevereiro, a que alludis, restringe a idade do viuvo e do filhoque, juntos, emigraram, formando os dous a familia.

Saúde e fraternidade.— Francisco Glycerio. »—« Tendo chegado no vapor Ville de Rosário, entrado a 23

de Fevereiro ultimo, uma família de immigrantes, composta demarido, mulher e um filho, já tendo aquelle estado no Brazil, con-sultais ae, em tal caso, deve ser rejeitado somente o chefe ou todaa familia, embora preencha as cláusulas dos contractos. Declaro-vos, em solução, que, recusado o chefe, nào o devem ser os demaismembros da familia, desde que, como informais, preenchem ascondições dos contractos.

Saúde e fraternidade.— Francisco Glycerio.'

Terrenos do Matadouro. — O Sr. ministro da agriculturaautorisou á directoria da estrada de ferro Central do Brazil atomar posse dos terrenos do antigo Matadouro, pertencentes aoEstado, para o estabelecimento de um grande deposito de materialrodante da mesma estrada.

Conferência da União Telegraphica.— Foi designado oenviado extraordinário e ministro plenipotenciario do Brazil, emFrança, para representai., na conferência da União Telegraphicaque deve realizar-se em Pariz a 15 de Maio próximo futuro.

Conferência sobre propriedade individual. — O ministe-no da agricultura solicitou do das relações exteriores, em avisodatado de 1 do corrente a expedição de ordens afim de ser repre-sentado o Brazil na conferência de Madrid sobre propriedadeindividual.

NOTICIÁRIOEstradas de ferro do Estado do Rio de Janeiro.-A con-vite do Sr. Dr. Francisco Portella, governador do Estado do Riode Janeiro, reuniram-se no dia 28 do mez passado em palácio osdirectores das companhias das estradas de ferro do mesmo EstadoO Sr. governador referindo-se ao projecto apresentado peloí_r. Dr. Luiz de Castilho, sobre auxílios á lavoura, especialmentenas zonas servidas pelas estradas de ferro do Rio de Janeirodisse que desejava ouvir a opinião dos representantes dessasestradas, acercado mesmo projecto. Declarou S. Ex. que o Estado

garantinajurosde5 70sobre o capital que se convencionasse,atim de ser pelas companhias adiantado aos lavadores • e que ogoverno geral estava disposto a fornecer 1.000:000$ para intro-ducção de immigrantes nessas zonas.

O Sr. conselheiro Mello Barreto apoiou o projecto e recom-mendou a creação de núcleos coloniaes que se tornariam viveiros

de trabalhadores para o fazendeiro. Achava isto mais urgente emais pratico do que as estações agronômicas e o serviço bancárionas diversas estações das vias ferreis, como recommenda o pro-jecto.

O Sr. commendador Chaves Faria apoiou a idéa da creaçãodas estações agronômicas, visto que, sendo de utilida. e futuranão impedirão outros auxílios immediatos. Quanto a serem ascompanhias de estradas de ferro as que devam estabelecer o ser-viço bancário, acha que não é isto compatível com as attribuiçõesdessas emprezas* Todavia, taes seriam as vantagens que o governoconcedesse ás companhias, que bem poderia ser que lhes con-viesse prestar taes serviços.

A Companhia Macahé e Campos, por exemplo, de que é pre-sidente, poderia encarregar-se de ter em todas as suas estaçõesestabelecimentos bancários que auxiliassem a agricultura situadaprincipalmente na zona das suas vias férreas, se por ventura ogoverno garantisse 5 °/ de juros ao capital da companhia.12,000:000^000. r. :\\h

Não teria duvida, nesse caso, em adiantar 3 a 4 mil contos álavoura da circumvisinhança.0 Sr. Maylasky lembrou a conveniência de ser nomeada uma

commissão dentre as directorias das diversas estradas de ferro doRio de Janeiro, afim de que apresente ao governo as condiçõesmediante as quaes lhes convenba realisar as idéas contidas noprojecto.

O Sr. commendador Paulo Faria é de opinião que a industriade transportes é distineta da industria bancaria. No emtanto,poder-se-hia tentar associal-as, depois de conveniente estudo, queindicasse o meio de compensar as emprezas de estradas de ferrode um serviço extraordinário, que poderia, bem dirigido, ser causade não pequeno augmento de seu trafego, pelo desenvolvimentoda producçao.

O Sr. governador agradeceu a acquiescencia dos cavalheirospresentes ao seu convite, manifestou quanto tem a peito a prospe-ridade da agricultura do Estudo do Rio de Janeiro, para a qualtrabalha com todo o empenho, e indicou para formar a commissãode que se trata as seguintes companhias : Macahé e CamposLeopoldina, União Valenciana, Grão-Pará, Sapucahy e Barãode Araruama.

Vias férreas e fluviaes.-São dignos de menção os seguintesdados relativos ao trafego daa vias férreas e fluviaes da CompanhiaPaulista no ultimo quinquennio :Receita Despeza Saldo

1885 2.812:352*000 1.311:5634000 1.500:789^000 I1886 2,977:4100000 1.413:600*000 1.563:8101000 -í1887 2.916:2670000 1.386:566*000 1.529:701*000 *«1888 3.577:121*000 1.474:410*000 2.102:710*0001889 4.487:396*000 1.852:404*000 2 634:902*000* az parte desta importante empreza, como linha subsidiaria,a navegação fluvial do Mahy-guassú, tendo este rio recebido me-lhoramentos que, do mesmo modo que os do S. Francisco, pro-jectados pelo finado Milnor Roberts e habilmente executados soba direcçao do engenheiro Peixoto Amarante, constituem, a juizodo entendidos, verdadeiro padrão para trabalhos análogos de auecarecem o Parapanema e tantos outros dos nossos rios. Os me-lhoramentos do Mogy.çua_8Ú representam o capital effectivamenteempregado de 1.490:808*668, ao passo que, no ultimo semestre a_u« .«uu,, w4u._m iüi apenas de lb:106*725, insufficiente pararemuneração do mesmo capital. Apezar de não contar a navegaçãosenão quatro annos de trafego. * .inlm fl,.„;rti ,_ b ._• i o / ******** Mu-Ku liuuvuiTcii nara a

UetlT\ZVmS1Í'W a* m8'

. d°rÍas qne a e8t» Produzira** otiete de 300:000*, sendo constante o augmento da producçaoribeirinha do Mogy-guassú. p-.uuu_Vdo

Deliberou a companhia reduzir as tarifas ao mesmo temnoque augmentar o material fluetüanté eom quatro vapores e 12lanchas, empenhando-se por outro lado no melhorar as existentesestradas regionaes e coadjuvar a eonstrucção de outras que gnemas fazendas á estação fluvial. 4 nSUGm

entàu^tf^0^ Vap°i; n? Mo^-8ua8s^ data de 1886 e desde

tentada™ ° **" tra%0 de e^ot^<> « importação em

1886.1887.1888.1889.

• • . .

• • • .

2.8247.6838.02414.087

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Ko6as-«'et?*" -° 8üa0S Pr*S™ ^tuita «;«_«__.SStK5*_ _ «. « ^ um kilometro

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REVISTA DE ENGENHARIA

Estrada de ferro de Carangola.-No segundo semestre doultimo anno produzio o trafego desta estrada de ferro o se^uint^resultado financeiro *= '-c

Receita 237:324#210De8Peza 172:790^247

Saldo 64:533^963ou menos 123:574^856 do que no semestre correspondente dopenúltimo anno. A aceita baixou de 121:4340910, ao passo quea despeza augmentou de 2:1391216.

Estrada de ferro do Paraopeba.-Inauguraram.se em 5 deAbril corrente os trabalhos de estudos definitivos da estrada deferro do Paraopeba.Assistiram á inauguração a directoria da companhia em-

prezaria e o Dr. Francisco de Lemos, engenheiro-fiscal, por nartedo governo de Minas. r r

Estrada de ferro D. Thereza Christina.-Continua estalinha a pesar sobre os cofres do Estado pelos juros correspon-dendês á totalidade do capital garantido, não produzindo sequerpara o seu custeio. No segundo semestre do ultimo anno aopasso que a minguada receita não foi além de 18:142$, elevoú-sea despeza a 159:985^268, resultando o déficit da 141:832^668contra 130:365^254, no periodo correspondente do penúltimoanno.

Em Outubro concluio-se a ponte da Passagem, a mais im-portante de toda linha.

A estrada de ferro D. Thereza Christina foi projectada econstruída, contando-se como forte elemento do seu trafego oprodueto da jazida çarbonifera do Tubarão que, examinada porcompetente especialista, mostrou-se ser pujante, offerecendoperspectiva de remuneradora utilisação. Faltando até agora aotrafego esta valiosa contribuição, somente resultados negativostem a linha produzido.

Estrada de ferro de Itararé— O Sr. ministro da agricul-tura recebeu no dia Io do corrente do governador do Rio Grandedo Sul o seguinte telegramma :

« Vossa communicação sobre a estrada de ferro Itararé SantaMaria foi recebida com grande satisfação minha, amigos e po-pulação. Congratulo-me com governo e comvosco por haverdesassignado acto que poderosamente influirá futuro Estados Sul.—General Júlio Frota. »

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Estrada de ferro do Sapucahy.— A Companhia E. F. doSapucahy encerrou a subscripção do seu empréstimo de10.000:000$, dividido em debentures, ouro, de l 20, de juro de5 °/o ao anno, por ter sido todo subscripto.

Estrada de ferro do Juiz de Fora ao Piau.— Inaugu-rou-se no dia 3 do corrente a estação da Gramma, da estrada deferro Juiz de Fora a Piau.

Pelotas and Colonial Railway.—Pelo commendador LuizJuveiicio da Silva Leivas, representante da Pelotas and Colonialllaikoay, companhia organisada em Londres e autorisada afunecionar no Brazil, foram apresentados em Pelotas, para seremarchivados no competente cartório, os estatutos pelos quaes deveráreger-se a empreza.

Estrada de ferro d'Oeste Argentino.— O governador daprovincia de Buenos-Aires recusou homologar a adjudicação daestrada de ferro d'Oeste.

Estrada de ferro de Paysandú a Montevidéo.— No dia15 de Abril será realizada a inauguração da via-ferrea entrePaysandú e Paso de los Toros, no Rio Negro, ficando aquellacidade ligada a Montevidéo por via-ferrea.

Estrada de ferro de Aracaju a Simão Dias.— Estamosinformados de que, aceitando o convite que lhe foi feito pelaEmpreza de Obras Publicas no Brazil, o engenheiro Dr. HermilloCândido da Costa Alves deixou o logar de inspector geral e chefedo prolongamento da Estrada de Ferro de Oeste de Minas, e assu-mio a direcçao dos trabalhos da Estrada de Ferro de Aracaju aSimão Dias e ramal da capella. Os estudos definitivos começaram a3 de Fevereiro próximo passado e hãode ficar concluídos no campoantes do fim de Abril, devendo o projecto dos primeiros 60 kilome-tros até Itabaiana estar prompto em meiados de Abril para sersubmettido á approvação do Governo.

Na confecção das plantas tem sido utilisada a tabeliã paramarcação das curvas de nivel do engenheiro José Américo dosSantos.

Ramal do Rio Pardo.— No dia 18 do passado inaugurou-seo ramal férreo do Rio Pardo, de S. José a Mococa, com a exten-são de 31 kilometros.

Em Mococa foram grandes as manifestações de regosijo poroceasião da inauguração.

Estradas de ferro argentinas.— O governo da provinciade Buenos-Aires decidio que se abrisse novamente concurrenciapara a compra das estradas de ferro no dia 14 de Agosto.

Companhia Viação Central do Brazil.—A CompanhiaViação Central do Brazil acaba de contractar com o Banco Constru-ctor do Brazil as seguintes obras, que este deverá executar, asaber:

Desobstrucção do rio das Velhas.Construcção da estrada de ferro desde o rio das Velhas até aDiamantina, com ramal para o Serro.

Companhia de Fiação e Tecidos Alliança.— Reunidos emassembléa geral ordinária os accionistas da Companhia de Fiaçãoe Tecidos Alliança, foram approvadas as contas do anno findo em31 de Dezembro próximo passado, o bem assim o parecer doconselho fiscal.

Para membros do mesmo conselho no anno corrente foramreeleitos os Srs. commendadores Antônio Ferreira da Silva,Antônio Bernardo Pinto e eleito o Sr. Joaquim Borges Caldeira.

Fabrica de Tecidos de S. Christovao.— A CompanhiaFabrica de Tecidos de S. Christovao effectuou em 9 do correntesua assembléa geral ordinária, presidida pelo Sr. commendadorManoel José de Carvalho.

Foi approvada a seguinte conclusão do parecer da commissãode contas : « que sejam approvadas as contas da directoria, relati-vas ao anno de 1889. >

Foram reeleitos membros do conselho fiscal os Srs. :J. Tavares & C.Estanisláo Antônio'da Silva.E eleito o Sr. M. J. Dias da Silva.E supplentes do mesmo conselho, os Srs. :A. Michel.J. V. Hall.Francisco Casimiro Alberto da Costa.

Companhia Constructora e Proprietária.— Os Srs. JoãoPaulo de Mello Barreto, Joaquim Nogueira Jaguaribe e Dr.Jcaquim Marciano Loures tratam de fundar, na cidade de Juiz deFora, unm companhia com o titulo—Constructora e Proprietária,com o capital de mil contos de réis em cinco mil acções para, porconta própria ou de terceiros, construir prédios ou qualquer outraobra.

Fabricado Ferro Galvanisado.— A Companhia Fabricadc Ferro Galvanisado effectuou no dia 31 do ultimo a sua assem-bléa geral ordinária, presidida pelo Sr. Joaquim da Silva Gusmão

Foram approvadas as contas da directoria concernentes aoanno de 1889, e o parecer da commissão de contas.

Foram em seguida eleitos membros do conselho fiscal, os Srs.:J. U. Hall & C.J. Tavares & C.F. Casimiro Alberto da Costa.Supplentes os Srs. : Commendador Albino da Costa Lima

Braga.Dr. Heitor Rademaker.Olympio Pinheiro da Silva.

Fabrica de Vidros.—Está-se organisando nesta praça umaempreza que, adquirindo a fabrica de vidros do Sr. FranciscoAntônio Maria Esberard, tem por fim explorar em mais larga escalaessa industria. Denominar-se-ha Companhia Fabrica de Vidros eCrystaes do Brazil e o seu capital é de 400:000$, o qual se achatodo subscripto,

Companhia Nacional de Ar Comprimido. — Capital2.000:000$, em 10.000 acções de 200$. Teve todas as acções sub-scriptas encerrando em seguida a respectiva lista.

Companhia Nacional de Alcools Extraflnos.— No BancoMercantil dos Varegistas foi aberta a subscripção para formaçãoda Companhia Nacional de Alcools Extraflnos, capital 400:000$.dividido em 2.000 acções de 2O0$0OO.

São directores incorporadores, os Srs.:Commendador Narciso Luiz Martins Ribeiro.Antônio Joaquim de Carvalho Lima.

Membros do conselho fiscal, os Srs.:Rodrigues Ramos & C.José Ribeiro de Faria.Commendador João Rodrigues Teixeira.

Companhia Elevador e Fabrica de Chumbo.—A Com-panhia Elevador e Fabrica de Chumbo realizou a sua assembléageral ordinária, sendo nella approvadas as contas da directoria.

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82 REVISTA DE ENGENHARIA

Foram em seguida eleitos membros do conselho fiscal os Srs.:Conrado Jacob de Niemeyer.F. Smith & C.Buarque & Maya.

Havendo pedido demissão de director-gerente o Sr.Dr. R. deCastro Maya, foi eleito para o seu logar o Sr. Dr. Carlos de Re-rzende.

CompanhiaCordoalha. —Inaugurou-se no dia 8 do corrente,com a assistência de muitas senhoras e cavalheiros, a fabrica destacompanhia, da qual são directores os Srs. Pandia Calogeras, Ma-noel Valladão e M. J. Dias da Silva.

Depois da benção do edifício pelo Revm. vigário da fregueziado Engenho Velho, tendo servido de paranympho o Sr. commen-dador Miranda Castro, foram postas em movimento todas as ma-chinas chi fabrica, movidas por um motor de força de 80 cavallos.

Estão alli empregadas 60 pessoas, sendo 25 mulheres.Os visitantes tiveram oceasião de apreciai* o trabalho desde o

cardar da estôpa até á fabricação de cordas de diversas grossuias,e bem assim de barbantes, que foram preparados em rolos e chi-cotes, na sua presença.

O edifício tem 75 metros de comprimento e 59 de laigura, eas machinas, que são em grande numero, estão dispostas de modoa deixar espaço para a passagem e outros trabalhos.

Separar, cardar e pentear as fibras, produzir cordas finas egrossas, e bem assim barbantes, são operações alli executadas.

Depois dc minucioso exame em que foi admirada a perícia dochefe da fabrica, vindo dos Estados-Unidos expressamente paraorganisal-a e industriar os que nella trabalham, servio-se aos visi-tantes profuso lunch, no qual se trocaram diversos brindes.

. Amazon Steam Navigation.—Telegramma de Londresnoticia que, na sua reunião de 11 do passado, avisada telegraphi-camente a directoria da Amazon Steam Navigation de lhe haveremsido satisfeitas no Pará as subvenções atrasadas bem como dehaver ordenado o governador toda a pontualidade no pagamentodas que se ^ forem vencendo, deliberou acto continuo mandarconstrui:* mais quatro vapores para o seu serviço contractado como governo federal e os dos Estadoj do Pará e Amazonas.

Porto de La Plata. — Inaugurou-se no dia 30 do mez passadoo porto de La Plata. A's 9 horas partio de Buenos-Ayres aesquadra conduzindo o presidente da Republica, convidados ediaristas. A bordo dos vapores Eolo e Júpiter foi servido o almoço.A' entrada do porto o Dr. Juarez Colman foi recebido pelogovernador da provincia, dando nessa oceasião salvas a bateria deartilharia e fazendo as tropas provineiaes as devidas continências.

Realizou-se a ceremonia com grande solemnidade, servindo opresidente da Republica de padrinho do porto.Houve depois Tè-Deum e banquete ; illuminação electrica ánoite, grande concurrencia de povo, musicas, etc.

O governo nomeou fiscaes para as companhias de vias-ferreasque recebem garantia do governo.

Açudo de Acarahu-Mirim.— O Libertador do Fortaleza dáa seguinte noticia sobre o açude do Acarahú-Mirim :« De SanfAnna recebemos o seguinte telegramma :« 17 de Março.« Tendo a água subido á altura de 2 metros, appareceu hoie

pelas 5 horas da manhã uma forte correnteza pelo centro daparede, tomando largas proporções. Avisado o engenheiro-directordos trabalhos, no meio do maior terror chamaram os operários emandaram encher snecos de terra que foram descarregados «obrea brecha feita pelas águas. Quando muitos dos trabalhadoresfugiam, receiando desmoronamento da parede, urn heróico operárioDomingos José de Banos, desceu ao fundo do açude c apanhandosaccos de terra conseguio fazer estancar a correnteza.«Em seguida fizeram-se os reparos precisos e creio que nestaparte tornar-se-ha solida a parede.»— No dia 20 acereseentava :

«Realizou-se infelizmente, o que era por todos previsto : oaçude de Acarahu-Mirim arrombou.« Eis o que <l'alli nos communicam em data de hontem« Sant'Auna, 19 dc Março.«A força maior venceu a menor. Neste momento, 1 hora damanha, rompeu água cm toda a extensão da parede cio açudetomando-se improficuos todos os meios empregados para evitartamanho desastre.

« Era de esperar tal resultado, desde que a parede era feitade areia, sem os precisos cuidados.«Começou o arrombamento por sobre o alicerce, ate ouereduzio a lama toda a parede. 4« W doloroso ver tantos sacrifícios, tanto dinheiro perdidos.« Nessa mallogrnda obra gigantesca repousavam as esperançascio povo deste município.»

— E no dia 22 dizia:«Ainda sobre este mallogrado açude recebemos o seguintetelegramma do engenheiro Leyland :

« Acarahú-Mirim, 20 de Março de 1890.« Minha missão nesta terra foi salvar a parede do grandeaçude pelo sangradouro. Este deu esgoto ás águas desde 11 horas

do dia 17 até ás 2 da manhã de 19, quando pela profundidade daparede rompeu-se com 40 metros longitudinaes.

« Não me julgo responsável por sua má construcção, porqueo Sr. Frota, ex-administrador, de modo algum consentia em aceitaras minhas instrucções. A parede foi feita de torrões de terra, semque se procurasse quebral-os.

« Em minha ausência haviam tirado terra do pé da parede oque muito prejudicou a obra. Quando cheguei encontrei duasfendas bem perigosas, que mandei tapar com barro ligado, come-çando a socar-se do pé da parede até as fendas, mas a grandequantidade de torrões e pedras que havia no centro da mesma con-correram para repetidas vezes abrir fendas, a ponto de daremesgoto ás águas.

« Conhecendo o perigo que ameaçava o açude, empregueitodos os meios para salval-o, mas infelizmente todos os esforçosforam baldados.»

Açude de Cajazeiras.— Communicações de Pacatuba, emdata de 18 do passado, diziam que o Açude de Cajazeiras conti-nuava a tomar muita água e a parede tinha abatido no centroquatro palmos. Receiava-se que, quando viesse a sangrar, levassea parede no logar abatido, porque o arrombamento seria infallivel.

Couraçado «Aquidaban».— No dia 8 do corrente, ás 6 horase 30 minutos da manhã, achando-se a bordo o coronel CecilLe Mèsürier, da casa Armstrong, o director de artilharia e todoo^estado-maior do navio seguio barra fora, afim de fazer as expe-riencias definitivas do canhão da torre de vante deste couraçado,que foi ultimamente reparado. A's 7 horas dava-se o primeiro tiroem direcção á ilha dos Patos e ás 2 horas o duodecimo, todoscom carga de bater sendo as cinco primeiras com 210 libras depólvora chocolate e os sete últimos com pólvora prismática negradc sete canaes, lançaram-se três balas rasas e nove bombas : apóscada tiro examinava-se o canhão e o apparelho obturador, quefunccionou perfeitamente sem deixar escapar gazes. .

A's 3 horas e 30 minutos da tarde tomou este couraçado aamarração do fnndeadouro do Poço.

Commissão de limites.-Telegramma do Paraná noticiaque a commissão de limites que desceu o rio do Peixe, dirigida pelosiuspectores do telegrapho Glass e Costa, chegou no dia 30 doulfi.no mez a Palmas, não tendo realisado toda a exploraçãodaquelle no por terem naufragado as canoas, perdendo-se osíntrumcntos.

Illuminação publica.-A illuminação publica de gaz cor-Qec7§Í^onf fevereiro importou cm 56:1110259; addicionandoMorfl:,;% tmmW do cambio de 23 7/8 prefaz o total do

i iuCü',V0-VÔar,dh,,S.Í piaÇas imP(,,,tou em 454*935; addicionan-uo-liie 2J077. da differença do cambio prefaz o total de 4840708.

Casa da Moeda.- No mez de Março próximo passado, em26 dias u eis cunhou a Casa da Moeda 689,553 moedas dos di-versos valores e espécies seguintes :Ou» de 2ÇW00O 308 moedasP ra ta de WCUs 481.000 .N.ckcl de 200 rs s3.500 ,' dfl00'*s mm tBronze de 40 rs 3 75Q

Média de 26.52^-^ 689,558 "

Març.DdInSo : '*" "" U*at*totio chimic°> d«''"'"e ° me» de

£rata 154°i.n;°*. ooiNickel AçyLigas f "' oRocha -.

Total 229N. B.— Estas analyses são quantitativas.

em ,••-._ H. li ^

^aul0-Diz ° C«>™° Paulistano que,-er „ foro d„ \TT

° *'*. prT ,d? tt,8od5o> é 1™si <*>*• 1™eZo de S I „ '•'f 'UliS í"bl'iCaS de tecid03 situadas "»a™h Im,, •' V'.t0 na° P°tlei'em ad^il-ir P°"

'**> de 81000a aiioba dc matéria prima que, valendo 60 a 70 nas ouadras de.colheitas normal, tem já attiogido o preço de 1 7 Tcrc cendoque, por v.rtude da baixa do cambio, íodo o algodão Sbuco esta sendo exportado para a Europa °

a tolha paulista quanto conviria á lavoura de S. Paulo dedicar-se

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jjgVISTA DtE ENGENHARIA

á cultura algodoeira que, exigindo pouco trabalho e machinas de

fazenda o seguinte telegramma "•«iisuo aa« Tenho a honra de communicar a V. Ex «up * w>«„o ,*mez hontem findo foi de 174:2.05229 Fm i_» í q ? Ve]lda do

de 1889 foi de _7-8_M<WWi níff- gU * penodo do annoqe ioo» ioi ae _ /.»_«*_ 88. Differença para mais 86:411^241. *

# Intendencia Municipal da Bahia. - A intendencia muni-cipal da «apitei resolveu, de accordo com o plano apresentadopelo respect.ro; engenheiro, que os prédios que se tenham deedificar ou reedificar guardem as seguintes dimensões*

' o* #WP ° P?meir° Paviment°. 5 metros ; altura das portas

&!,¦» d8S "«•-¦•, 1",10; altura das janellas de pe .'° " MU "

furaJdas n,es.nia"> 1".»0; altura do segundo pav.mento, 4» 80; altura do terceiro pavimento, 4V«0; sendo X&adoo propnetano a apresentar planta do prédio'quê pretenda con"_rtès'.co a ç °ou elevaç5e8' **w° Wmme. O numero de pavimentes de cada prédio dependerá da largura^a rua onde haja de ser levantado. ""_uia

Chuvas no Ceará.- No dia 12 do mez passado cahiram nacapital abundantes chuvas desde 1 hora da madrugada até quasi1da tarde, com pequenos intervallos, no dia 13 continuando comoha muitos annos nSo se vi., alli.Houve descargas electricas e trovoadas fortes.. Ao amanhecer do mesmo dia correram boatos de innumerasiaiscas terem cahido em diversos pontos ; mas tantas faíscas redu-ziram-se a tres ; uma na praça da Sé, na residência do Dr Coimbra/outra na rua Vinte e Quatro de Maio, em casa do Sr. Dr. Floren-tino Mello e outra na escola militar.— Escreveram de Quixadá :

« Domingo, 9 de Fevereiro, cahio em Califórnia, deste termouma copiosa chuva de pedras, que mediam de 2 a 3 centímetros'r * *

V2S?.ta*me q,ue.a ultima chuva de Sranito <lue aq«i tivemosloi em 18ob, anno do inverno diluvial.« E' um Jbom prenuncio.• Nesta comarca o inverno me parece declarado. Tem chovido

fegularmente. »

83

Foi extraordinária a enchente e as famílias aterradas ne*curam soecorro aos transeuntes. fNa rua Braça de Ouro, uma senhora teve de abandonar a suacasa, sahindo com agua pela cintura.A chacarad a rua Barão do Mesquita n. 45 ficou inteiramenteinundada pelo transbordamento de ura rio que ha no fundo ficandoestragadas grandes plantações. 'Os moradores da casa n. 55 da rua Gomes Braga tiveram deabandonal-a, recolhendo-se á residência dc capitão de fragataTrajano de Carvalho, que mandou criados e empregados seusofferecerem abrigo ás pessoas da vizinhança que o precisassem.O Io tenente Álvaro de Carvalho e o alferes José' A. Douradosalvaram em uma grande banheira a familia do Sr. FranciscoBettenconrt, composta de 2 senhoras e 4 crianças, que moravamna casa n. 7, e do Sr. João de Barros Rego, composta de 4 pes-soas, moradoras na de n. 5. m

Constou que, pelo grande volume das águas, desmoronou acaixa d7agua do Andarahy Grande. ^ ?,-t*'Vírí ^:*

240, ^PH^I^^ d° SÇn!,d°r EuMbÍ° "s- &*•As águas na rua do Senador Euzebio e em algumas ruas pro-ximas, subiram a mais de um metro.- A's 3 horas da madrugada, a rua do Conde d'Eu pareciaum oceano. A correnteza era tal que arrastava muitos objectos.Um indivíduo, de côr branca, foi, não sabemos nomo, àpa-nhado pela corrente e arrastado, sendo colhido a alguns metrosde distancia do logar da queda, sem sentidos e carregado pára a8 estação policial. 7 >A's 6 1/2 horas da manhã desabou, nos fundos, parte da casada rua do Aqueducto n. 12, em Santa Thereza.Transbordaram os rios da Fabrica das Chitas e Tijuca, inun-dando terrenos e casas circumvizinhas e causando grandes prejuízosEm vários logares da Tijuca a agua subio á altura de 90centímetros. sim

n-A 7 xrnde' Porjm' a chuva causou maiores prejuízos foi natidade-Nova • ahi a maior parte das casas são construídas qnasiao nivel do solo e habitadas por famílias pobres.

t ^Medalha de ouro a um machinista.- O Sr. Ivo Guyotministro das obras publicas da França, foi a Chartres entregaruma medalha de ouro ao machinista Moulin, cujo sangue friosalvou de uma catastrophe um comboio de viajantes.

Inundação. — Ha muito tempo que não cahe sobre esta ci-4»ae sudoeste tão violento nem chuva tão forte e continuada comoa da noite de 29 do corrente.

Começando ás 9 horas da noite, durou até ás 7 da manhã de30, sendo torrencial das 2 da madrugada em diante.

Quasi todas as ruas da cidade ficaram inundadas: a aguainvadio um sem numero de casas e o trafego dos vehiculos deconducção ficou, interrompido em diversos pontos.

As companhias de bonds suspenderam as viagens e empre-garam grandes turmas de trabalhadores em remover a terra que,cahindo de diversos pontos, interrompia o transito.

A Villa-Guarany ficou inundada, alluindo o aterro que ali seestá fazendo.

Os rios de S. Christovão transbordaram, causando estragosno leito da estrada de ferro Central, nas estações de S. Chris-toyâo, S. Diogo e outros pontos vizinhos, causando grandes pre-juizos. Rio Comprido e Catumby muito soffreram pela agua eterra que desciam dos morros e enchiam as diversas ruas.

¦7- Houve também prejuízos nas linhas telegraphicas e tele-pbonicas.

O canal do Mangue transbordou, cahiram diversas arvores.-cas ruas que lhe ficam próximas ficaram completamente cheias.

—¦ A lagoa de Rodrigo de Freitas transbordou e as ruas dasfreguezias da Gávea e Lagoa também ficaram cheias.

Seria difficil especificar todas as ruas cujos moradores sof-¦ freram mais ou menos com a inundação, que também chegou á ruaLarga de S. Joaquim, principalmente na parte entre a rua do.Núncio e campo.

Na rua do Senador Pompêo, esquina da do General Cai-ÒVell, era extraordinário o volume das águas e tão^ forte o redo-nroinho em conseqüência de um ralo que ahi existe, que uma

•criança ahi morreria, se a não acudisse a tempo um morador darua General Caldwell.

Na rua do Curvello deu-se um desmoronamento no ponto«Jo que estão construindo uma muralha entre as casas ns. 6 e 8,de sorte que ficou interrompido o trafego dos bonds.

Nõ Andarahy Grande os moradores passaram martyrios,especialmente os das ruas Barão de Mesquita, Braça de Ouro,Paula Brito e Gomes Braga.

i>esia pane aa ciaaae as ruas do Visconde de Sapucahy,Commadante Maunty, João Caetano, D. Feliciana e GeneralPedra, que, no dia seguinte ás 10 horas da manhã, ainda estavaminundadas.Causava lastima ver famílias pobres, compostas de velhoscrianças e enfermos, trepados todos sobre mesas e commodas áespera que os trabalhadores conseguissem escoar as águas/que

penetravam nas casas, carregando para a rua os moveis, fáceis defluetuar, taes como cadeiras, bancos e pequenos objectos,— A's 3 horas da madrugada as águas que desciam do morro,isto na chácara do commendador Narciso Guimarães, na rua deSanta Alexandria, eram tão impetuosas, que derrubaram umaparede da casa n. 21 dessa rua, onde reside com mulher e dousfalhos menores José Antônio Velloso que perdeu um dos seus fiWosa menor de 4 annos, de nome Delfina, que ficou sepultada debaixoda parede, de onde foi retirada em misero estado.n

"~_0STrrÍ,0_ Maracanãi Joanna e outros, sitos na freguezia doEngenho Velho e S. Christovão, encheram e por estarem ob-struidos com quantidade de objectos diversos as águas arrastavamno seu impetuoso curso esses objectos, inundavam terrenos ecasas próximas, fazendo estragos consideráveis.O terreno sito na rua do Visconde de Itaúna, entre aestação de bonds da Companhia de S. Christovão e o Asylo deMendicidade, tomou um aspecto de um verdadeiro lago. 'Todas as casas da ma de Machado Coelho foram inun-dadas e foi grande o pânico que tiveram os moradores respe-etivos diante da massa d'agua que cahia e que corria, vindo doslados do Rio-Comprido.Os jardins públicos soffreram muito. O vento foi tão forte

que conseguio não só derrubar arvores como também arrancal-asUma estalagem da rua do Senhor de Mattozinhos foi a talponto invadida pela agua, que no dia seguinte a tarde ainda lá seachava uma bomba do corpo de bombeiros escoando as águasa,t?

'" P°r. CaUtVa da.arôa <lue agglomerou-se n9 rua do Conded Eu e outras hcou interrompido, até ás 11 horas da manhã, oserviço de bonds das linhas do Estacio de Sá e Catumby. r--- O prado da, Villa Guarany parecia um mar. o'balão em

que devia subir Miss Alma Beaumont estava sendo preparado,quando ás 4 horas da madrugada o vento desprendeu-o das estacase fez com que elle subisse a poucos metros, ouvindo-se poiícodepois o estampido da explosão que fazia o mesmo, ficando todomutilisado. '

Hospital Anna Cintra.-No dia 20 do ultimo mez inau-SZZSr'- a a° Ampai:0' Est8do de S- Pau'o> o HospitalAnna Cintra^mandado construir pelo benemérito Barão de Cam-pinas e seus filhos.§ Do Correio Amparense, daquelle dia, trarserevemos adis-cripçao desse hospital:

Eis as discripções : Hospital Anna Cintra:« Este elegante e espaçoso edifício, com que em tão boa horaf ffíf

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84 REVISTA DE ENGENHARIA

dotou a cidado do Amparo o Sr. Barão de Campinas, não podiaficar collocado em melhor situação.

Afastado do centro da cidade, sem que entretanto a distanciadifficulte á pobreza a sua procura, assenta elle sobre a fralda deuma collina, de onde se goza uma excellente vista para o lado dacidade e para o valle onie correm as duas linhas férreas.

Na (rente do edificio fica uma grande praça que tem de serajardinada mais tarde.

A exposição do edificio, em relação aos raios solares, nãopodia ser melhor, tendo seu frontespicio voltado para o nascente,6 nada existindo em torno delle, que embarasse a acção directa dosol, recebe facilmente a acção benéfica dc seus raios luminosos ecoloridos.

Elevado do solo, é o edificio principal ccnstituido por dousandares em seus dous corpos lateraes, dos quaes o superior é des-tinado ás enfermarias.

Dá accesso ao corpo central do edificio uma escadaria demármore que vai terminar em um atrio, cuja coberta é sustentadapor columnas, tendo um frontão triangular, onde se acha emrelevo o emblema da caridade e o seu nome: — Anna Cintra.

Segue-se o vestibulo, espaçosa sala de 8 metros em quadro,que tem ao fundo uma larga porta em arco, queda entrada áCapella, grande salão de 10 metros de comprimento sobre 8 delargurn.

A' direita do vestibulo fica a sala destinada á pharmácia,tendo ao fundo uma outra destinada ao laboratoiio pharmaceutico ;ao lado destas duas salas existe um corredor, em relação com oexterior, que dá entrada aos doentes que não possam subir aescadaria c se acha em relação com o quarto do porteiro.

A' esquerda ficam : na frente a sala das operações cirúrgicase em seguida o consultório medico.

A' direita da capella se acha o refeitório dos convalescentes,que tem 8 metros em quadro, ficando á esquerda a sala da mater-nidade com iguaes dimensões. Todas essas salas recebem luz e arpor grande numero de janellas e se acham caprichosamente forra-das e assoalhadas, sendo digno de elogios o pintor que as decorou.

Com o saguão communicam as duas bem acabadas e elegantesescadas, que dão accesso ao andar superior onde se acham as enfer-roarias.

Cada um destes corpos, que constituem o andar superior doedificio, é dividido em dous grandes salões, sendo o da frente sub-dividido em diversos compartimentos, todos com janellas, consti-tuindo os quartos particulares, e o posterior completamente abertoé destinado á enfermaria geral.

O corpo lateral direito é destinado ás mulheres e o esquerdoaos homens.

As enfermarias geraes têm, cada uma dellas, 8 metros emquadro e são destinadas a receberem 12 leitos, tocando 40 metroscúbicos de ar, approximadamente, a cada doente, sendo essas salasconvenientemente arejadas por janellas com suas respectivas ve-nezianas.

São caprichosamente forradas e assoalhadas, sendo as paredessimplesmente caiadas, o que é mais conveniente á saúde.

Entre a enfermaria geral e os quartos particulares ficam douscompartimentos com latrinas inglezas ao serviço dos doentes dessasenfermarias.

Em um puxado lateral com 14 metros sobre 12 e em relaçãocom o refeitório, ficam, de um lado, o quarto do administrador, arouparia, a copa e a despensa, e de outro, os compartimentos des-finados ais banhos com suas respectivas banheiras e torneiras paraágua quente e fria e mais dous compartimentos com latrinas ingle-zas ao serviço do andar inferior e finalmente uma espaçosa cozinhacom todos os melhoramentos modernos.

A água, que tem de abastecer o estabelecimento, é de excel-lonte qualidade, não estando ainda terminada a sua canalisaçãopor ser muito trabalhosa em conseqüência da distancia de ondeella vem e natureza desse serviço.

A rede de esgoto vai terminar no rio Camondocaia, a umagrande distancia do hospital.

São taes as condições hygienicas que presidiram á construcçaodesse edificio e tal a sua situação, que não hesitamos em affirmarque os doentes se acham ahi em melhores condições que na mórparte das nossas melhores casas particulares da cidade.

Para que o leitor possa avaliar do valor do donativo que obenemérito Barão de Campinas e seus dignos filhos acabam defazer ás classes necessitadas do Amparo, basta que digamos queo custo do edifício e terrenos orça em cerca de 110:000(^000 e quea quantia doada como patrimônio ao hospital é de 70:000^000, oque eleva o valor do donativo á respeitável cifra de 180:000$00que sahiram exclusivamente do bolso caritativo e desinteressada-mente franco da familia Cintra. »

Theatro João Caetano.— No dia 20 do mez passado foiinaugurado na cidade do Amparo, Estado de S. Paulo, o theatroJoão Caetano, construído por uma associação da qual é presidenteo Dr. José Pinto do Carmo Cintra, filho do Barão de Campinas.

Segundo o Correio Amparense o theatro João Caetano foiprojectado e construído pelo engenheiro Dr. Garcia Redondo, que

o traçou seguindo o modelo do theatro Guarany de Santos, quetambém é projecto seu. De uma architectura elegante e simplesa um tempo o theatro apresenta exteriormente um bello aspectopela harmonia das suas linhas.

Exteriormente mede 13 metros de frente por 28 de fundoe 9,50 de alto.

Tem capacidade para 500 espectadores á larga mas pôdeconter 600 ou mais.

Interiormente vê-se que a preoecupação principal do seuconstruetor foi dar-lhe uma feição moderna e adaptal-a ás exigen-cias do nosso clima, em geral, calido. .

A ventilação é perfeitamente bem distribuída sem prejuízodas condiçães acústicas.

O edificio é dividido em três corpos, o da frente, o do centro,ou sala de espectaculo e o do fundo ou caixa.

No corpo da frente ficam, no primeiro pavimento, o vestibuloladeado pelo buffet, comparlimento do bilheteiro, e no segundopavimento o foyer do publico, ou grande salão oecupando toda alargura do edificio. \

Uma escada de quatro degráos que oecupa toda a largura dovestibulo conduz deste para o pequeno atrio, que precede a platéa,atravez um entrecolunnio toscano.

A platéa em fôrma de ferradura é circumdada pelas galeriasnobres ou varandas collocadas a pequena altura do soalho daplatéa.

Dous corredores circumdam as galerias nobres dando entradapara estas e facilitando a sahida dos espectadores da platéa.

Ao fundo da platéa, encostados ao arco de avant-scene ecorrespondendo á largura do compartimento da orchestra, ficamde um e outro lado os camarotes destinados á policia e á imprensa.

A linha de camarotes collocados ao nivel do soalho do foyerdo publico corresponde á das gallerias nobres.

Os camarotes em numero dc 17, collocados a falso, isto é,sem columnas na frente, com os seus gradis bombeados, atravésdos quaes o raio visual encontra o campo azul dos reposteiroscahidos cm graciosos apanhados, produzem o mais bello effeito.

Ao fundo dos corredores dos camarotes existem dous pe-quenos camarins destinados exclusivamente ás senhoras.

Por sobre os camarotes ficam as galerias geraes com capa-cidade para 200 espectadores.

A caixa ou palco tem as dimensões apropriadas e propor-cionaes ao edificio.

De um e dc outro lado do palco e no dessous ficam os camarimdos artistas.

A pintura decorativa do theatro produz o mais bello effeito efoi toda ella feita por Benedicto Calixto, esse artista de raça quecomeçou a revelar-se no theatro Guarany de Santos e cujo talentoo Dr. Garcia Redondo soube comprehender e estimular.

O tecto da sala do espectaculo é um primor de acabamento erevela a espontaneidade e a doçura do pincel do hábil artista.

^ O centro do tecto representa um grupo onde três mulheressiminuas, symbolos da poesia, da comedia e da tragédia, se des-tacam de um fundo azul de céo desnublado e límpido. Neste azulgracioso e terno nadam pequenos anjos esfolhando flores ecoroando as artes.

Circumdando o grupo, em fachas circulares, veem-se oitomedalhões com os retratos dos nossos artistas mais proeminentes,taes como J. Antônio da Costa, Guilherme de Aguiar, Martins,Furtado Coelho, Arêas, Vasques, João Eloy e Joaquim Augusto,e nos espaços, entre os medalhões destacam-se brazões comnomes gloriosos de Racine, Schiller, Calderon, Shakespeare,Gil Vicente, Almeida Garret, Molière e Antônio José.

Sobre o arco de avant-scene bem ao centro, salienta-se o re-trato do grande João Caetano, em homenagem de quem foi erguidoeste templo de arte.

O panno de boca, o panno annuneio e toda scenographia sãotambém trabalho de Benedicto Calixto, que nelles revelou o seufino temperamento de artista de raça.

No theatro foram tomadas as precauções possíveis e compa-tiveis com o orçamento para se evitarem desastres em casos deincêndio.

Tem o theatro cinco portas de frente e duas lateraes parafacilitar as sabidas.De accordo com as praxes modernas todas estas portas e

mesmo as interiores, eão de abrir de dentro para fora, de modoque, em caso de accidente, o esvaziamento do edificio se faz coma maior presteza e facilidade.

Todas as escadas do edificio são prudentemente rectilineas ouquebradas em angulo recto.

O theatro foi provisoriamente illuminado com lâmpadas dekerosene, mas sel-o-ha com a luz electrica dentro de pouco tempo.

Emfim, o theatro João Caetano faz honra ao engenheiro que oconstruio e é certamente, no gênero, um dos primeiros desteEstado.

Por não haver ainda no Amparo água canalisada foi impôs-sivel dotar o edificio com registros de incêndio como era desejo ointuito do seu construetor e do presidente da associação. Custoueste edificio cerca de 60:000-1, quasi que exclusivamente despen-didos pela familia Cintra.