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Blico w$}N.° 2.039 — Outubro de 1955 — Ano LI IM W*9

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COM PATINlá .. . OI^A EÔéA!

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Meus netinhos:

Desde que nasceu "O TICO-TICO", tem estado o Vovô em contato

com vocês, para ensinar coisas, dar conselhos, anunciar novasiniciativas, explanar, explicar, esclarecer, falando em nome da

Direção da revista.Mais uma vez lhe toca a tarefa, como o "mais velho" da casa, de

exprimir a vocês o que sentem, neste instante, os que aqui trabalham.Estamos vendo sé encerrar meio século de trabalho, felizmente

coroado de pleno êxito e reconhecido unanimemente como profiquoe merecedor de aplausos.

Para nos, da casa, muito representam as comemorações do cin-quentenário da nossa revista. Porque sabemos o esforço continuado,ininterrupto, constante, que aqui se mantém, para dar a vocês, cadamês, uma revista que agrade, e que não lhes leve nenhuma sementede maldade, de erro, de desvio moral ou de simples quebra daauilo quedeve ser a observância do código de ética prescrito pela consciência dohomem de bem.

O Vovô de hoie1 não é o mesmo que a vocês se dirigiu durante cin-quenta anos. Mas representa a mesma figura carinhosa e boa do velhl-nho paciente e bonachão, que quer bem aos seus netinhos e confia nofuturo de todos eles.

E é esta personagem anônima, mas que envolve vocês todos no maisvivo carinho, que lhes dirige a palavra, para que nos congratulemospela passagem da grata efeméride.

Em nome dos que o dirigem, dos oue o organizam e dos que nelecolaboram, em nome, afinal, de "O TICO-TICO", o Vovô a todos abra-ça, expressando a gratidão mais viva, pela solidariedade e simpatia comque tem semprr sido acolhida, por vocês, e em seui< lares, a norsa revista.

Entra "O TICO-TICO" na segunda metade de século, oue esperaatrarrrar com a mesma galhardia e merecendo o mesmo acatamentoque recebeu até aqui.

F no momento em oue o faz, todos erguemos o pensamento a Deus.pedindo forças e inspiração para cumprir cada vez melhor a tarefa quenos Impusemos, com devotamento. idealismo e principalmente fé nosdestinos do Brasil, que amanhã será dirigido por vocês.

VOVÔ

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Cristóvão Colombo ! — Seunome é sinônimo da aventura,

pois, enfrentando o desconheci-do descobriu as terras mais ricasde que já se tenha ouvido falar:

as terras da América.

POR

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O TICO-TICO OUTUBRO, 1955

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COLOMBO era genovês, e desde menino coi-heçou a navegar e a estudar tudo que se rela-

cionava com a geografia e a navegação. E foi em Lisboa que se casou com a filha dum outrohomem do mar. Seu destino, inevitavelmente, era o oceano.

Monteve correspondência com o astrônomo florentino Pablo Toscanelli, que assegurava

ser menor a distância entre Portugal e o índia, se o viajcr seguisse a rota do ocidente. Sanchez

de Huelvo, outro amigo de Colombo, legou-lhe importantes documentos sobre isso.

OUTUBRO, 1955 O TICO-TICO

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Outro fato: os ventos de oeste levaram à ilha de Porto Santo toros de madeira com ins-

crições, semelhantes àquelas que se faziam na India. Estas ocorrências muito entusiasmaram

Colombo, que afinal se decidiu.

Convencido de que podia ir à Ásia pelo oeste, Colombo buscou ajuda em Gênova, Yene-

xa, França e Inglaterra. Mas em vão. O grande navegador lembrou-se então da Espanha. Era

sua última oportunidade.

O TTCOrTTCO , OUTUBRO, 1955

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AVENTURAS DE ZÉ MACACO

Para comemorar o 50.° aniversário de "O TICO - TICO", o casal Macaco, que re-eebeu a visita do filho, o Baratinha, distribuiu convites a toda a turma da revista.

Ninguém faltou e nos salões elegantes do casal houve animado arrasta-pés. AtéJagunço e Serrote dançaram! Foi uma festa de primeira Faustina dançou com Pipoca...

^^m .{-MA/ífô \uj X \ \i___*Ti_K___4i/^E3Sr^'\\-3_l AUS^*^ ^te____TO_rT^^>J^á (t

_?¦•_*•» n'-iwi ---=-- '^-Sy^f^ Yy**^u, como nas festas elegantes, foi servida lauta mesa de doces fines (não ficou um,

pra remédio!) e o anfitrião fez um belo discurso, saudando O TICO-TICO. üm festão!

OUTUBRO, 1955 O TICO-TICO ,

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Do porto de Paios foi que partiram. Colombo contava com a ajuda dos irmãos Pinzón,

para comondar as outras duas naves. E como não avistassem terra durante longo tempo, os

marinheiros subievoram-se. Mas o comandante genovês, com mão de ferro, abafou o motim.

E continuaram, oceano a fora. Aos 11 de outubro notaram aves marinhas que voavamao redor dos mastros. Era sinal de terra próxima ! No dia seguinte, Colombo descobria umnovo mundo. Dolí em diante, seu nome tornar -se-ía legendário.

O TICO-TICO OUTUBRO, 1955

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Protegido, em Espanha, pelos frades Antônio de Marchena e Diego de Deza, o marujo

genovês conseguiu ajuda de Luís de Santángel, homem riquíssimo, que resolveu adiantar-lhe

a soma de que necessitava para aquela arriscadíssima empresa.

Os reis católicos também ajudaram Colombo, especialmente a rainha Isabel, que ofere-

ceu suas jóias para colaborar na grande empreitada. E foi com aquele auxílio que Cristóvão

Colombo armou as três caravelas que ficariam na História : " Santa Maria ", " Pinta "

e "Nina".

OUTUBRO, 1955 O TICO-TTCO 7

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G®GOD® S<5>[ TMA criança educada

Na rua presta atenção...

Vai sempre pela calçada,

Seguindo na sua mão.

•Não pára em meio da estrada,Para ver a multidão,

Que se queda, embasbacada,Ouvindo algum paspalhão.

®UJ^AMÚCaminha a passos, não corre;Ao velhinho, ao aleijado,Ao cego, sempre socorre.

Aquela que assim atuaE' exemplo a ser imitado

Pelos meninos, na rua.

G. FL E U RY

l-tj^^T^^V-S^**^ ?U) y^\.

10 o Tico-nco OUTUBRO, 1955

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I

Preço Cr$ 30,00_i--»l-l—-_--VB__Ha_MHP>.'«¦__-• *"<%_,.PEDIDOS PELO REEMBOLSO POSTAL A S. A "O MALHO" — Senador Dantas, 15

Você é bom detetive?. (Solução do numero passado)

Aqui estão as sete diferenças: 1) Sapatos da moça, com pulseira. 2) A mesma mo-ça tem brincos. 3) Fita no chapéu da senhora. 4) Chapéu do homem, com respira-douros. 5) O jornal, tem menos uma coluna. 6) O clichê, no jornal, só com um re-trato. 7) Listas da gravata do baixotinho.

»"* *_H W jQ5__Sj; NÃO FALHA

OUTUBRO, 1955

FAZ DOS FRACOS FORTES. INFALÍVEL NOSCASOS DE ESGOTAMENTO:

ANEMIADEBILIDADE NERVOSA — INSÔNIAFALTA DE APETITE

E OUTROS SINTOMAS DE FRAQUEZA ORGA-NICA DE CRIANÇAS E ADULTOS.

O TICO-TICO 11

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Ç0TO5fi(0m~A 'semana da

asa", que secom. mora estemês, evoca o glo-rioso feito donosso patrícioSantos Dumont,voando em tornoda Torre Eiffel,de Paris, e dan-do assim o pri-meiro passo paraa conquista dadirigibilidade do

mais pesado que o ar. Essa façanha do aviador brasileiro teve lugara 19 de Outubro de 1901, e foi o ponto de partida para novas au-dácias para a conquista do espaço.

Ficou demonstrado, com ela, de forma concreta, e de maneiradecisiva, que o homem "podia" voar.

O documentário das experiências de Santos Dumont está nãosó na fotografia, nas reportagens da imprensa da época, como noimponente monumento existente em Saint-Cloud, erigido em sua

homenagem pela França, e do qualse ergue uma cópia exata sobreo seu túmulo, no cemitério de SãoJoão Batista, no Rio de Janeiro. Êssemonumento, reproduzido nesta pá-gina. consagra Santos Dumont comoo "pai da aviação", título a que ogrande brasileiro tem real direito.Nascido na antiga Palmira, hoje San-tos Dumont, no Estado de Minas, ofamoso aeronauta interessou-se, des-de a juventude, pela navegação aé-rea, conseguindo resolver o problemada dirigibilidade dos balões, que, en-tão, navegavam ser rumo certo, aosabor das correntes aéreas. Em Paris,onde se fixara para realizar os seusensaios, fez a 4 de Julho de 1898, sen-

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12 O TICO-TICO OUTUBRO, 1955

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sacional experi-ência com o ba-lão "Brasil".

Construiu, emseguida, o dirigi-vel "A Música" e,depois, o "San-tos Dumont n.6", com que ga-nhou o prêmioDeutsch. Suaatenção voltou-se, então, para onovo problema,que tanto sedu-zia a sua imagi-nação: o vôo "nomais pesado doque o ar", e queaté então foratentado em vão.Os balões, carre-gados de gases,mais leves doque o ar, flutua-vam com facili-dade, e segundo a teoria corrente na época, era loucura pretenderque aparelhos metálicos, de peso muitas vezes superior ao do ar, semantivessem nas alturas. Santos Dumont, porém, sustentava — eprovou que estava certo — que poiia compensar o peso do aparelhocom a velocidade do mesmo, produzindo um equilíbrio capaz de esta-bilizá-lo no ar. E o conseguiu, afinal, fazendo o célebre vôo do "De-moiselle" em 1906.

O próprio Santos Dumont refutou, no seu livro "O que eu vi, oque nós veremos", as pretensões dos irmãos Wright, com estas pala-vras cheias de serenidade: "Eu não quero tirar o mérito dos irmãosWright, por quem tenho a maior admiração, mas é inegável que, sódepois de nós se apresentaram eles com um aparelho superior aosnossos, dizendo que era cópia de um que haviam construído antes donosso". Santos Dumont faleceu em 1932OUTUBRO, 1955 C TICO-TICO 13

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VOLUMEA

palavra "volume"

quer dizer "escrito em rolo". Nos temposantigos, quando a escrita era feita em papiros, os pedaços

eram colados juntos, de modo a formar uma longa folha, gerai-mente de cinco ou oito polegadas de largura, e então eram en-roladas formando pequeno rolo.

À medida que se escrevia e mais tarde se lia o escrito, enro-lava-se gradualmente de um lado para outro, e desenrolava-se.O termo latino para estes documentos, assim escritos, era "vo-

lumen", isto é, um "escrito em rolo", "derivado de "volvere" que

significa voltar. Daí se formou a palavra francesa "volume", que

por sua vez passou para a língua inglesa, e é usada em nossoidioma. A palavra foi conservada, apesar das modificações deformato dos livros. Assim, chamamos hoje "volume" a qualquerlivro e já, até, por extensão, qualquer pacote, mesmo sem ser delivros, e a porção de solidez de um _rpo, seu tamanho ou cor-pulência.14 O TICO-TICO OUTUBRO, 1955

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E V A R I S T ODA VEIGA

Ei varisto da Veiga, um dos maiores jórna-

- listas brasileiros, que teve atuação me-morávei na história dos primeiros temposao império, nasceu no Rio de Janeiro, a8 de Outubro do 1799.

Fez os estudos primários no Semináriode São José.

Levado pelo pai para um emprego mo-tiesto na sua livraria, i< ina Francisco -va-turnino, Evarísto teve ah um ambientepara melhor, aperfeiçoar WMMt0 seu espirito.

* + *

A 21 de Dezembro de1827, saiu o primei-ro número do jom"Au'«.ra Fluminense".

Evaristo apareceu, a*sim, no cenário da im-prensa brasileira, nummomento de grandes a-gitaçces.

O Imperador, colocadoentre brasileiros e portu-gueses, cometia grande.serros, humilhando os es-tadistas brasileiros e cri-ando uma. situação difi-cil para o trono.

Sei gesto, dissolvendo u Constituinte,foi a demonstração de um feitio volun-tárioso que não poderia achar simpa-tia entre o povo na jovem Nação que ê!elibertara a 7 de Setembro. Foi nesse am-biente que Evaristo -.nçou o seu jornal.

* * *

f[^ varisto não era um jornalista exal-

^ tado. Não era um violento, Silvio• Romero diz que o seu jornal era

plácido, delicado, mas coerente e firmecomo seu carr *.*_._,

O grande brasileiro foi, sobretudo, umdoutrinador. Falav» "o rxvo. à mocidade.uma linguagem convincente.

Fr-> wn lem.: "Moderação nos escri-tos, verdade nas doutrinas, decência noestilo, h sobretudo. muit.a moral''

Em 1830. era eleito deputado por Mi-nas Gerais, o parlamentar e o jornalista|e completam, fieis aos mesmos 'deais.

_______PM________k

Í^M/kmt

Nessa época o papel histórico de Evari_»oé extraordinário. Enquanto, o Impeiadoidescia de erro em erro, Evaristo martelavasua oposição serena e destemerosa.

E' ferido na célebre "noite das garra-fQd»s" n? luta entre portugueses e bra-sileiros. Não desanima, porém. Pelejapela vitória do sentimento brasileiro.

O panorama era grave. O povo cia-mava pela volta do Gabinete liberal de-mitido paio Imperador. Evaristo apelapara o monarca, redigindo uma represen-tação assinada por vários deputados.

Mas Peedro I estava surdo à voz dobom senso. A revolução saiu à rua

Evaristo. Carneiro Leão, Alencar, Odo-rico Mentes, põem-se à frente do povo.

O brigadeiro Lima et_'lvp comanda a troparevoltada.

Inútil resistir. E a 7de Abril de 1831, Pedro Ientregava ao major Mi-guel de Frias o ato daoua abdicação.

A* * *

17 de Maio de 1837.morria Evaristo noRio de Janeiro.

Contava apenas trintae oito anos. Numa idadeem que muitos começam,ele acabava.

Da fundação do seu.crnal até a sua morte,

decorreram dez arios. E nesse decênioEvaristo conquistou as glorias da Imortn-lidade.

Não tinha brazões de família, não ti--nha riqueza, não tinha raizes no passado.

Oriundo do seio do povo. subiu, ve__-ceu, triunfou pelo talento, peio patriotismoe pelo caráter. Morreu pobre.

Nada tinha e nada deixou senão o no-me que hoje é um patrimônio imortal dahistória brasileira.

Ele foi, de fato, o consol'dador danossa independência, pois a 7 de Abril, cBrasil tomou conta dos próprios destinos

Deve-se isso à ação de Evarí, Ferrei-ra da Veiga

AMÉRICO PALHAOUTUBRO, 195_ O TICO-TICO 15

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QíLÍ—m-^Mi^MO-

HAVIA, uma vez, um carpinteiro chamado Pedro, que vivia em uma aldeia. Pedro tinha 11

filhos dos quais o mais velho, chamado Miguel, contava 16 anos.Pedro vivia bem do seu trabalho; era hábil no ofício, tinha muitos fregueses, mas um desgôs-to o preocupava; seu filho Miguel não tinha gosto pelo trabalho de carpintaria, não sabia fa-zer uma cadeira, nem uma mesa; passava a vida na floresta, observando os bichos eos passarinhos.

Nem lobos, nem javalís o assustavam, todos os animais já estavam acostumados com êle;pintasilgos, coelhos e outros habitantes da floresta andavam sem medo em torno dele ... E orapaz levava horas e horas a observá-los, ou colhendo frutas de toda a espécie, ou então cor-tando pedacinhos de madeira com um canivete.

Aí é que êle mostrava habilidade — fazia assobios, apitos e brinquedos diversos com qual-quel pedaço de páu.

Mas o velho Pedro não queria saber daquilo.— Para que servem estas bugigangas ? — exclamava êle furioso. — Você devia cuidar de

trobalhos sérios... E acrescentava:— Já que não me queres ajudar, só te chamarei "Sem

Piéstimo".

f~\ pobre Miguel, envergonhado, partiu^-* para a floresta e, para começar, tentoufazer um tamanco, um simples tamanco. Tra-balhou sem cessar durante oito dias, mas, afi-nal, conseguiu. Fêz um par, e, muito satisfei-to, tratou de ir para casa mostrar ao pai o seuprimeiro trabalho.

Em caminho, porém, viu um caramujoque, tendo caído no chão, ia ser atacado pormilhares de formigas. Miguel ficou com penae se deteve, apanhou o caramujo, colocou-osobre uma árvore e seguiu tão distraído quenão viu qué um dos tamancos caíra no meioda relva. Quando chegou em casa, apresen-tou ao velho Pedro um tamanco só.

Ainda por cima, o menino calculara malo tamanho do seu trabalho, de modo que fize-

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16 C TICO-TICO OUTUBRO, 1955

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ro um tamanco tão pequeno que só um menino de 7 anospoderia calçá-lo.

— Que horror !.— exclomou o velho carpinteiro.Para que serve isto ? Qual ! Você há de ser sempre SemPréstimo.

Joaquina, a mãe de Miguel, achava muito bonito otamanquinho, que o rapaz enfeitara com flores lindas,gravados a canivete, na própria madeira. Mas não dissecousa alguma porá seu marido não se zangar mais. Miguel ficouainda mais envergonhado. No dia seguinte, estavam todos muitosossegados em casa, quando parou à porta uma cavalgata deslum-brante. Era a marquesa de Pérola Negra, no seu cavalo árabe, acom-panhada por um fidalgo. Vinha também com ela a pequenina Geor-geta, sua filha, uma menina de seis anos, linda como um anjo.

Georgeta trazia na mão o tamanquinho perdido por Miguel nafloresta. Ela o achara e vinha encomendar ao carpinteiro um par igual.Pedro ficou muito lisonjeado, principalmente quando ouviu a Mar-quesa elogiar o trabalho de Miguei. Nisto, Georgeta, que saltara docavalo, viu os brinquedos de madeiro feitos por Miguel, e mostrou-semaravilhada. Disse logo que queria ter brinquedos iguais àqueles.

A Marquesa, admirando o talento de Miguel, disse que êle eraum verdadeiro artista e pediu-lhe que fizesse um leque para ela.

Depois, todas as meninas do Castelo do Pedra Negra vieramprocurar Miguel, encomendar-lhe brinquedos, e as moças encomen-davam leques, e os fidalgos pediam-lhe que lavrasse a canivete ca-bos da faca de caça, e os burgueses encomendavam-lhecofres de madeira.

Em pouco tempo, o rapazinho tinha tanto fregue-sia, que ganhava dez vezes mais do que seu pai.

Tudo isso porque teve piedade de um animalzinho.Se êle não se tivesse detido na floresta para salvaro caramujo, talvez ficasse para toda o vida consideradoum "sem

préstimo" ...

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OUTUBRO. 1955 O TICO-TICO

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O CINQÜENTENÁRIO DF

IhMEIMIEM

1905 não existia, no Brasil, uma só revista para crianças. Os1 livros infantis que os meninos liam eram, quase todos, importa-dos de Portugal, e em matéria de revistas, nem uma única ! Vocês,que hoje têm tanta fartura de revistas para seu deleite, são capazesde imaginar isso? Pois era assim, como estamos dizendo...

Foi então que um jornalista patrício, Luiz Bartolomeu de Souzae Silva, teve a idéia de lançar um jornalzinho — naquele tempo erachamado assim — para . meninada. Tendo-se-lhe metido essa idéiana cabeça, não descansou enquano não a viu transformada em reali-dade: Reuniu, para isso, os melhores desenhistas da época, movimen-tou gente para escrever, chamou colaboradores, escolheu um nomebem ao gosto da meninada, fácil de guardar e bem brasileiro, por sero de uma pequenina ave muito simpática e de todos conhecida e foiassim que no dia 11 de Outubro daquele ano, uma quarta-feira, apa-receu nas bancas de jornais o primeiro exemplar da nova revista,com grande número de páginas coloridas, um "herói" que se torna-ria "imortal" entre a criançada,, bonecos engraçados, jogos de armar,passatempos, concursos com prêmios em dinheiro, tudo isso concate-nado e arrumado de tal jeito que o aparecimento de "O TICO-TICO"foi um sucesso !

Coube a um dos maiores artistas da época — Ângelo Agostini —fazer o cabeçalho da revista, e êle o fez com graça, com carinho,produzindo uma das suas obras-primas. Os demais artistas nossoscomeçaram a queimar as pestanas para criar personagens, cada qualmais engraçado e mais traquinas a começar por Chiquinho, Lili e Ja-gunço. que através de meio século seriam apreciados e queridos De-

pois "nasceram", pelo tempo a fora, Zé Ma-caco (que ainda hoje é um grande tipo)sua esposa Faustina e o filho Baratinha (queanda viajando mas qualquer dia voltará); ovelho cão "Serrote" o Lulú e o Zezé, o João*Garnizé e a "tia" Genoveva; Tônico, um tra- -vêsso de marca, o velho Kaximbown e Pipoca,a dupla inseparável; Tinoco, a caçador de fé-ras, mentiroso como só êle, mas boa pessoa;Carrapicho, Goiabada, Jujuba; Reco-Reco e os***m************m********mmm , amigos Bolão e Azeitona, trinca das mais in-

18 O TICO-TICO OUTUBRO, 1955

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iuú Burtolomeide ¦

-rle Souza e Silva, fundadorO TICO-TICO"

crives; Pandareco e Parachoque, pa-tróes e amigos de Viralata; o Barãode Rapapé; o Pechincha; João Cha-ruto, e outros que têm vindo, nestescinqüenta anos, alegrando todos vo-cês e que, muitos, alegraram tambémseus pais e avós.

Nos cinqüenta anos referidos. "OTICO-TICO" tudo fez, tudo empre-endeu para amenizar a vida dos me-ninos e meninas de nossa terra.Promoveu certames grandiosos ,queforam oficializados pelos Governos,lançou séries e séries educativas, lan-çou Álbuns Patrióticos, publicou pá-ginas de armar, lindos Presépios queforam disputadissimos pelos leitores,promoveu festas, oferecu ensejo de seus leitores irem a cinema, ofe-receu histórias bonitas, criou uma Biblioteca Infantil que editou li-vros de escritores de renome, lançou um "Almanaque" — o querido"Almanaque d'0 TICO-TICO" — que há quase cinqüenta anos vem,também, ininterruptamente, alegrando o Natal de toda a garotada doBrasil... e, de par com tudo isso, deu bons conselhos, divulgou osmais belos exemplos de aplicação ao estudo, de heroismo, de patriotis-mo, de firmeza de caráter, de hombridade, de bondade, de piedadecristã, mostrando aos que o liam e o lêem que o homem deve ser reto,bom, justo, piedoso. íntegro, caritativo, religioso, para ser um verda-deiro HOMEM DE BEM.

Meio século, amiguinhos, representa muita coisa, e o trabalho, oesforço, a tenacidade, a determinação de levar por diante um progra-ma de tal idealismo, têm muita significação. Nestes cinqüenta anosocorreram duas grandes conflagrações mundiais, algumas revoluçõesque perturbaram a ordem e alteraram o ritmo de trabalho em nossaterra. E crises econômicas, igualmente perturbadoras. Sem interrup-ção, sem deixar seus leitores privados da sua leitura predileta, "O TI-CO-TICO" sempre conseguiu, mercê de Deus, cumprir sua missão, de"bom companheiro" de vocês.

São estes cinqüenta anos de devotamento à infância brasileiraque agora comemoramos.

Para melhor fazê-lo, decidiu a editora de "O TICO-TICO" lan-çar uma edição especial, além desta que o leitor tem em mãos, atra-vés da qual são evocados os primeiros dias de vida da revista, na qualmuitos dos leitores e colaboradores de ontem externam suas opiniõ-ps. fazem comentários, esboçam recordações dos anos que passaram.Muitos dos leitores de ontem são, hoje figuras de proeminência naOUTUBRO, 1955 O TICO-TICO 19

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vida nacional e nos mandaram palavras evocativas e cheias de cari-nho, todos falando da saudade que têm dos tempos em que liam"O TICO-TICO". Essas páginas são publicadas na edição especial.

Um dos cadernos da edição, todo a cores, é composto exclusiva-mente de páginas antigas, em quadrinhos, com os primeiros "heróis"aparecidos na revista. Ali aparece também Chiquinho com um pre-cioso "álbum" em que figuram seus "retratos", através de meio sé-culo, isto é, como veio êle sendo desenhado por vários artistas quelhe ilustraram,'com seus lápis, as célebres "aventuras"...

Crônicas, entrevistas, uma evocação fotográfica de como era oRio ao nascer "O TICO-TICO", saudações de vultos eminentes do país,completam a grande edição, grande por ser em formato antigo, gran-de pelo número de páginas e grande pelo que revela e conta sobreaparecimento e a vida da revista.

A passagem, pois, do 11 de Outubro, este ano, tem para todos nósmaior significação e mais alta expressão do que sempre. Esperamosque para vocês, leitores, também assim seja.

Para não privar vocês da edição comum, com suas páginas emséries, das habituais secções, contos, brincadeiras etc, foi que decidi-mos reunir todo o material acima referido numa edição à parte, quevocês — e principalmente seus pais e avós — irão ler com interesse eguardarão com carinho, temos disso certeza. Esta iniciativa foi, maisuma vez, fruto do mesmo espírito de compreensão e do interesse deagradar a todos. Resta, agora, a vocês, procurar o quanto antes aEdição Especial,nos seus jorna-leiros. Antes quese esgote a tira-gem...

Aqui, "O TI-CO-TICO" nadamais pode fazersenão agrade-cer, a todos o ca-rinho com que odistin g uem,e prometer ser-vir sempre e ca-dá vez com maisdevotarnento atodos os seusverdadei-ros amigos.20

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O TICO-TICO OUTUBRO, 1955

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GALERIA DE PERSONAGENS CÉLEBRES

CUVIER

JORGE Cuvier, famoso naturalista francês, nasceu a 23 de Agosto de 1769

e morreu a 13 de Maio de 1832. Filho de um oficial do regimento suiçode Waldener, a serviço da França, sua família queria que êle seguisse

a carreira de pastor protestante, porém já senhor dos seus atos o jovem seopôs tenazmente a seguir esse estudo, dedicando-se à Matemática, à Filo-sofia e principalmente à História Natural, cujo curso fez na celebre Acade-mia Carolina, de Stuttgard, com grande proveitQ. Em Paris conviveu comhomens de ciência como Lacepede, Parmentier, Jussieu e Geoffroy Saint-Hi-laire, sendo nomeado, por sua grande cultura, professor da Escola Central.A partir de então começou uma vida muito ativa, dedicada completamenteao ensino e ao estudo, principalmente, dos fósseis, criando a paleantologia,ciência que trata da descrição desses remanescentes de outras eras.

QUASE

menino ainda, leu as obras de Buffcn, que o entusiasmaram, ecomo era bom desenhista, fez para essas obras notáveis ilustrações.Ao mesmo tempo organizou um livro de botânica, classificando as

plantas por um método próprú e que se afastava em muitos pontos dos

que naquela época eram geralmente conhecidos e admitidos.Mais tarde entrou como suplente de uma cátedra de Anatomia Compa-

rada, para o Museu de História Natural de Paris, e começou ali a prepararas coleções osteológicas de acordo com a sua teoria de correlação das formas,

o que quer dizer que, tendo um osso de um animal, é possível reconstituir-se '

todo o seu esqueleto, pois todas as partes de um organismo tém harmonia

entre si.Trabalhador infatigável, esceveu numerosas obras,

sendo uma das mais importantes "O Reino AnimalClassificado Segundo sua Organização". Esta classi-ficação, modificada mais tarde de acordo com os pro-gressos da ciência, tem servido de base à Zoologia.

Cuvier obteve em poucos anos grandes honras: fcimembro de todas as Academias Sientíficas da Europae Luiz XVIII o tornou nobre. Ajudou a muitos jovensque demonstravam talento, e sua casa em Paris era oponto cie convergência de sábios e estudiosos de todo

CUVIER o mundo.

OUTUBRO, 1955 Q TICO.TICO 23

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«flraM

As laranjas foramtrazidas pelos por-tugueses, da China,em 1547.

•Dragão é uma

constelação borealentre a Ursa Menore Cefeu.

•Pela bula de 24 de

Janeiro de 1506 olapa reconheceraos dirfeitos de Por-tugjal sobre o Bra-sil.

A águia, ave dcrapina capaz de ala-car os lobos, é fácilpresa nas garras deum gato, logo depoisde ter comido lau-tamente, porquefica incapaz devoar e de se defen-der.

•Apolodoro, o ate-

niense, foi o primei-ro pintor que deurelevo às figuras.

•(

Rafael Tobias deAguiar, após o fra-casso de sua revol-ta em 1842. em So-rocaba. foi recolhi-da preso à Forta-leza de Lage no Riode Janeiro.

A primeira socie-dade literária fun-dada no Brasil, foia "Academia Brasi-leira de Adultos".

•No ano de 1856 foi

introduzida no Bra"sil a máquina decostura.

•A raiz grega Gram

é a alteração daraiz "graph" de gra-pho, escrever, e dai"gramática" (a ar-te das letras):"anagrama" (letrastrocadas), " mono-grama" (entrelaça.-mento de letras deduas ou mais numasó) , "telegrama"(letra que vai aolonge) .

•Platão antes de

morrer disse: "Voudescansar". Tinha80 anos e compare*.-ceu a uma festa decasamento. Em da-do momento reti-rou-se para repou-sar. Quando foramdeppertá-lo, estavamorto..

•O elefante branco

é sagrado no Sião.

Rostand. 0 poetaImortal, criador de"Cirano", deixou es-crito: "Conseguir oque se deseja é tri-unfo. E desejar sóaquilo que se tem. éíelicidade".

•A vida dos aves-

truzes nunca v ti)além de 12 ou 15anos.

Foi o indio Gual-ca. quem descobriuem 1545 as famosasMinas de Prata dePostosi na Bolivia.

Foi Eliene Arg-nan quem traduziuem francês os poe-mas de homero, em1900.

•Agriopas foi um'

historiador gregoque redigiu umahistória dos jogosOlímpicos.

•Machado de Assis,

em 1859. entrou pa-rá o "Correio Mer-cantil" como revi-sor.

Foi o médico in-glês John Floyerquem ideou o mos-trador dos segundos,nos relógios, paramelhor contagem dapulsação dos doentesfebris.

•Enquanto presidia

o "Conseiho de Mi-nistros", Luis XVIlia jornais, escreviacartas e desenhavabonecos.

Os países que In-tegram a "Com-nonwealth" são:

Reino Unido. Ca-nada, Austrália,Nova Zelândia. Afrl-ca do Sul, índia.Pasqultão e Ceilão.

•Há duas denti-

ções: a primeiraapresenta 20 dentes— denominados deleite — e a segunda,32. E' grave errod e conseqüênciasfunestas, pensaremos pais que os den-tes de leite têm im'-portahcia secunda-ria por estaremcondenados a cair.Do bom estado dosdentes de leite de-pende uma perfeitadentição permánen-te.

•Há no Brasil 1 574

municípios.•

A escrita chinesaé hieroglífica, poisemprega pequenosdesenhos e simbo-los.

•Uma abelha rai-

nha vive até 2 anos.As obreiras não du-ram mais de 5 ou fisemanas.' •

A primeira loco-motiva introduzid»!no Brasil foi a "Ba-roneza", da Centraldo Brasil.

•A Comissão no-

meada pelo imperador Pedro I paraorganizar a Cons-titulção do Impérioera composta de 10membros.

24 O TICO-TICO OUTUBRO, 1955

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cm cmiimCOM

carreteis vasios pode-mòs fazer, como já viram

aqui, brinquedos bem diverti-dos. Vamos dar hoje as instru-ções para mais um.

No corpo central de um car-retel vasio se pratica um furo está pensando.

previamente, um chumbo de caçade diâmetro menor que o buro-quinho feito. O chumbinho ficarásolto dentro do envólucro, e obrinquedo consiste em tentar fa-zê-lo entrar no orifício do eixo, oque não é tão fácil como você

de 5 milímetros de diâmetro,de modo a pôr em comunica-

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ção a parte do lado com o furodo carretei.

Depois se cobre o carretei,por fora, com uma tira de pa-pel transparente bem forte(preferível uma tira de celu-lóide, de filme fotográfico la-vado em água bem quente, quese cola no carretei, como mos-tra a figura, com colo-tudo).

Dentro do envólucro se porá,OUTUBRO, 1.955 O TICO-TICO

Depois de conseguir metê-lolá dentro, surgirá outro proble-ma, que é o de... fazê-lo sair,também bastante difícil.

Com isso você passará bonsmomentos distraído e aumenta-rá, com a posse desse quebro-ca-becas, o seu grupo de brinquedosfabricados por você mesmo, quejá deve ser, aliás, bem grande, sevocê é um desses meninos vivos,inteligente e empreendedores,que gostam de estar sempre fa-zendo uma coisa útil para simesmo.

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&$ $ereMAPÂVILHAS MUNDO

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IV-O farol de Alexandria(~\ farol de Alexandria, construído durante o reinado de Ptolo-^^ meu Filade^o, estava situado na pequena ilha de Faros, per-to da cidade que lhe deu o nome. Sra uma enorme torre, de quase500 metros de altura, em forma de pirâmide Extraordinários espe-lhos refli .iam o fogo produzido por fogueiras que ardiam em seucimo.

Segundo escritores antigos, este reflexo poderia ser visto à noitea mais de 74 quilômetros.

A torre, dividida em muitos andares, foi danificada diversas vê-zes por tremores de terra e inteiramente destruida, provavelmenteem 1304 A. C.

Do nome da ilha, Faros, vem a denominação de farol.2 O TICO-TICO OUTUBRO, 1955

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A

EDIÇÃO DEANIVERSÁRIO

DE

O TICO-TICOCOMEMORATIVA DO CINQÜENTENÁRIODE FUNDAÇÃO DA QUERIDA REVISTA!

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• Uma evocação dos 50 anos de boa companhia às criançasbrasileiras. • Colaboração especial. • Um concurso de"entrevistas" entre os leitores. • A história de "O TICO-TICO" e o "ÁLBUM DE CHIQUINHO". • Edição em

grande formato, em rotogravura e a cores.OUTUBRO, 1955 O TICO-TICO 27

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ESTA clara manhã de 15 de Outubro, quando rainhas filhassaem com flores para homenagear as mestras, eu me volto para

um tempo que fica nas dobras de um passado já longínquo.O dia do professor-primário tornou-se data simbólica Depois de

nossa mãe, é o professor quem nos prepara para outros caminhosida vida. Com os ensinamentos das primeiras letras recebemos, nos bancos escolares, os conselhossobre como nos comportamos nas salas e nas ruas, voz amiga que nos chega quase indicando voca-|ções e tendências Só mais tarde, no correr do tempo, é que sentimos que em criança não apren-demos apenas o abecedário.

Por isso, para mim, o dia do mestre, o dia do professor primário, é o dia da minha madrinha.Foi ela, lá nas margens do Paraíba, na Uzina Barcelos — onde não havia sequer uma escola — aminha iniciadora no conhecimento das letras e das artes menores da vida.

Dia a dia, contra o garoto peralta, unicamente preocupado com gaiolas de passarinho, alça-pões para coleiro-do-brejo, laço para a trilha da preá, barbante para empinar papagaio e fazerlinha com caniço e anzóis para pescarias, havia a luta tremenda da madrinha e mestra para en-sinar as primeiras letras.

Meus irmãos eram menores e por isso só eu ficava ali, ao lado da madrinha-mestra, preso àmesa. procurando decifrar e decorar aqueles rabiscos pretos, que eram as letras.

O abecedário, era um livrinho fino, tortura para quem, levantando um pouco a cabeça, depa-rava com uma janela larga, escancarada para o pomar. Êste era a evasão, o céu azul, mil árvo-res frutíferas de onde vinham pios, cantos, cri-cris, assobios, verdadeiro chamado da naturezalivre para o menino prisioneiro.28 O TICO-TJCO OUTUBRO, 1955

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O garoto propriamente não era um prisioneiro, pois a madrinha era uma santa, com suavi-dade e brandura que mal podiam deter o guri traquinas. Em vão a voz baixa — voz de fada —cordura e tolerância, procurava deter o afilhado. Itelvina de Matos Siqueira era o prolongamen-to de minha mãe, na simplicidade, na bondade espontânea, tão natural, em contraste com o alu-no maluco pelos pássaros e bichos, que, num minuto, deixava livro, mesa, professora. E sem pro-curar a porta, pulava a janela e ia pelo pomar, só porque ouvira um trinado diferente... Melhorseria dizer que não havia trinado diferente, porém mera desculpa para se vêr livre da lição, datortura de decifrar e decorar rabisquinhos pretos, quando lá fora havia um mundo de árvores epássaros, cores e música, para encantar os verdes anos do menino

Mais tarde, nos colégios, com professores, nem sempre o aprendizado foi suave. Mas das pri-meiras letras, das primeiras lições, nâo há uma lembrança que não seja de alegria. Mais do queuma escola, simples e larga sala do chalé da fazenda, com um único aluno, também era mais doque "risonha e franca", pois havia liberdade demasiada. A alegria e a liberdade não prejudicaram,absolutamente, o garoto peralta. Peralta porque gostava mais dum pássaro cantando do que dolivro que lhe davam para decorar...

Hoje, ao ver todas as crianças, e também minhas filhas, levando para a mestra um singeloramo de flores, modesta lembrança, eu me detenho um instante fugaz e eterno — no tempo e noespaço — para relembrar a paciente obreira dos meus dias distantes, quando pensava em tudomenos em decorar risquinhos negros na cartilha...

Agora que os anos correm, que sentimos a responsabilidade dos gestos edas palavras, devemos marcar este dia 15 de Outubro, em que elementos de ou-trás gerações, levam uma flor para a professo-ra. Cada qual recordará aquela que lhe indi-cou, com palavras de amor, o largo caminhodo Bem.

OUTUBRO, 1955 O TTCO-TICO

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.<& mçôomoü®^/Viva, combata Tico JkoA /^J^^oÜ^tlN(Quero abra^So! Querü>e-/Au°'--- ™\?\*

)/£2gN^_ ^/devagarinho... Estou tao \$3! ^vi

*K^2^ (jielVio <iue ob owc* fodem J

f £ verdade que voei faz so\ ifci/erdacfe/ Você aíã)( anos ? VuxaUs&o é tempo/ [mito tem/» ,/y>ra

chuchu ! ^fêjb ^ \Po\* olhe, se nao f&sem }

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30 O TICO-TICO OUTUBRO, 1955

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\ Compadre Tiw-TicJ. \&<&$*?Viv>%>/ O Par* 4afantasia eá>'fWo}1y\v/4 X§M t^k{ aqui para cumprimenta-f* ! >. \ /" f{\ <Si ^á*T\/.. Mimo* ao Pechincha que,<omooossA \ 4^M^9(OÍ|\Vef,reichtdo1tttome 3 f*l3vr* / J g^^^j^áa&jr '

7?co-T?co ,íx>m am/^o, Continue o preferido,De coração eu llje dtyo J)d criançada o tjuerido...Ntste belo adversário-» E BMaritt... procerjterjárfo

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OUTUBRO, 1955 O TICO-TICO 31

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- WCO-REW. BOUTO e -AZEITO/m(.VALHA-ME DEUS/ CADA VEZ NÃO SEI ONDE VOU PARAR/ DE )Ç ESTOU ENGORDANDO MAIS. ONTEM PARA HOJE UA'AUMENTEM^^^^^^.^^.^^«^^j-^--^-^ QUASE UNS VINTE QUILOS_y^

^~/_Y* \ fl^ J____M_J~ *_%.^\ \flW\ xm \w^ ^

''JA' ESTOU PESANDO DUZENTOS Jl I A MINHA BARRIGA CRESCEU TAN-QUILOS. QUALQUER DIA EU TO, QUE SAIU FORA C>0 QUADRO/

^you EsrouRAPj^p—-^ t—__~,--*—p=^~—*- *¦—-—•r>

UFA/ GRAÇAS A DEUS, TUDO ISSO_)| L^-^*- t^t~-—.——-«-UFA/ GRAÇAS A DEUS, TUDO ISSO_)MÃO PASSOU DE UM SONHO/ jJ

"A I â\Q C W/

32

BOLAO, SE O SEU SONHO FOSSE VER-DADE. COMO E'QUe VOCÊ IA CABERDENTRO DE OMA PAGINA 00 TICO-TICO?

/você'» IAM PERDER 0M>.I r_/^ ( COMPANHEIRO. E' BOM <1 Q. - (NEM FALAR MAISNISSO/y

^'I^LJ^ / INFELIZMENTE^:1» -^Ç>"Q. V^^ FO< UM SONHO.

O TICO-TICO OUTUBRO, 1955

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,:

bòbeáiodaTEMOS

aqui mais 10 perguntas. Dez quês-toes fáceis para a sabatina de hoje. Você

vai responder a todas elas e tirar um bonito10, não vai ?

E' o que veremos. Confira suas respostasvirando a página para cima.

V ._^_k__r V».

— Em que ano partiu de S. Paulo a célebre "ban-deira" de Fernão Dias Paes Leme? 1818? 1674?1625?

— Quem foi o fundador da "Companhia de Jesus",a que pertencem os jesuítas? S. JoãoBatista? D. Bosco? Sto. Inácio deLoiola ou Pio IX?

— Qual é o signo do zodíaco que corres-ponde aos nascidos em 11 de outubro? Balança? Leão? Carneiro?Peixes?Em que cidade nasceu o grande propagandista da república, Lo-pes Trovão? Cabo Frio? Angra dos Reis? Rezende? Niterói?O prefixo grego endo designa: o que vai adiante; movimento oudireção para dentro; atrazo, ou repetição?Quem foi o construtor do célebre Labirinto de Creta? Leonardoda Vinci? Dédalo? Ícaro ou Péricles?Em que Estado do Brasil está a cidade de Pilão Arcado? S. Pau-Io? Paraná? Ceará? Bahia?Pan, prefixo grego, significa: tudo; antiquado; necessário ouhistórico?Em que ano foi promulgada a primeira Constituição da Repúblicabrasileira? 1889? 1902? 1891? 1934?Qual é o Estado do Brasil que figura em 1.° lugar como produ-tor de centeio, cevada e aveia: Sergipe? R. O. do Sul? Amazonasou Mato Grosso?

•pis op *o •_ — 01 ÍI681 —- 6 íopn» — 8 !«!H*a — L•op»p?a *— 9 í«*|U*P «m* ojuouipu>i_ — _ ís|o_ sop ei2u\ — f ítótrei-b_ — ç íB-oioq op opeui *o»s — Z 'tL9l «_ ~ :I :SVXSOdS_H

OUTUBRO, 1955 O TICO-TICO 33

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jit»-} \\ \1 /. a É&.4* Tsr- li I V. /

«í»«r"fc*V& íS.1

COLOrBO tem um sonho a dominar-lhe a mente.

E a '-alta-lo, a mais viva, a mais forte confiança.Êle afirn-1. Ele crê. Com o des temor do crente,Dá corpo à sua idéia: à aventura se lança.

Pede, exo-ta, suplica, exige, impertinente INada o fui recuar nada o demove ou cansa.Como un predestinado, o seu sonho êle o senteDia a diai^rescer em beleza e pujança.

Quando : -nsegue, enfim, de Isabel e Fernando,Apoio e proteção, êle vai penetrandoCom a almenara da Fé, no mistério profundo.

Contempl-ndo no Céu as estrelas, risonho,Segue, an _oso e feliz, à conquista de um sonho,Um sonho e nada mais... seja êle, embora, um mundo I

nto.

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TRES frágeis naus. O céu. O imenso mar, em cuja

Face o vento se agita em bulcões. Tempestade.Mas que importa que, em fúria, o vendaval estruja?Mas que importa o negror que o céu e o oceano invade?

Que, descrente e sem pão, revoltada, a maruja.Ameace o Capitão e, em brados loucos, brade?Nada, nada fará com que da alma lhe fujaA fé — arco-íris, luz, serena claridade.

Glória ! Volta triunfal! O Rei, a Corte, o PovoAclamam-no. E Colombo o herói, o semi-deusQue descobriu para Castela um mundo novo.

Mas a glória maior para Colombo é a glóriaDe ver viva a ilusão, tocar os sonhos seusE assistir do Ideal à esplendente vitória.

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DA cela de um convento êle o esplendor sidéreoVislumbra, a relembrar a sua glória antiga.

A triste solidão deste pouso funéreoNâo chega o eco sequer de uma palavra amiga.

Do humano coração quem desvenda o mistério?Quem vê quanto de mau dentro dele se abriga?Vive nele a traição, nele tem seu impérioA calúnia, o despeito, a venenosa intriga.

Mas Colombo sorri na sua solitude;Por mais que mude a vida e a alma dos homens mudeNo tempo imenso, eterno, a verdade subsiste.

E êle, dentro de si, ouve a própria epopéia:A forma que êle deu ao que era sonho e idéia.Crendo, afirmando, ousando. O Mundo Novo existe 1

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PALAVRAS

ISTO NAO ÉCONCURSO.

NAO PRECISAMANDARSOLUÇÃO

CHAVESHORIZONTAIS: VERTICAIS:

1 — Contente; satisfeito.— Ave trepadora.— Animal, boa caça.— No baralho.— Coisa não comum.— Dez vezes cem.

Resolva o problema e guar-de a solução para conferircom a que será publicadana próxima edição. Publi-caremos, então, outro pro-blema interessante como ode hoje.

— Usa-se na mesa.— Época.— Bairro do Rio.— Nome de mulher.

10 — Quer bem.11 — Achar graça.12 — Fileira.

O TICO-TICO OUTUBRO, 1955

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O

velho respondeu: — "Meu filho, tu sempre estás ao meu lado e todos os meusbens são teus. Teu irmão, porém, tinha morrido e ressuscitou; estava perdidoe achei-o. Por isso me alegro e quero festejar o acontecimento'.

Assim também Deus, com seu amor infinito, perdoa aos que sinceramente searrependem.

Certa ocasião, em que Jesus pregava à multidão sua doutrina de amor, um dou-tor da lei judaica, pretendendo confundi-lo, interrogou:

Que devo fazer para conseguir a vida eterna ?O Mestre, interrogando*^ por sua vez, respondeu:

Que diz a Lei ?O interlocutor respondeu imediatamente: — " Amarás ao Senhor, teu Deus,

de todo o coração e com toda a tua alma e com tôdas as tuas forças e com todaa tua mente e ao próximo como a ti mesmo ".

Jesus, olhando-o fixamente, disse então:Respondeste bem; faze isso e viverás.

O doutor, porém, querendo justificar sua atitude anterior, voltou a perguntar :E quem é o meu próximo ?

O Mestre, então, narrou a seguinte parábola:" Um homem descia de Jerusalém para Jerico, quando alguns ladrões o

assaltaram, deixando-o ferido e semi-morto." Pouco depois passaram pelo local um sacerdote judeu e um levita, mas ambos,

embora vissem o ferido, seguiram seu caminho, sem lhe prestar auxilio. Pouco de-pois chegava ao lugar um samaritano que — embora pertencendo a um povo quenão mantinha relações com os judeus — sentiu compaixão pelo infeliz.

Aproximando-se dele, o samaritano lhe tratou as feridas e, fazendo-o montarno animal em que vinha, levou-o até à cidade, deixando-o entregue a alguém paraque dele tratasse e pagando antecipadamente todas as despesas".

Ao concluir a parábola, o Salvador perguntou uo doutor da lei:Qual desses três homens te parece ter sido o próximo do ferido ?O que o socorreu e dele teve misericórdia — respondeu o judeu.Pois bem — acrescentou Jesus. — Vai, e faze o mesmo.

Com um exemplo tão simples o Mestre ensinou que aos olhos do Pai Celeste, queconhece todas as coisas, a caridade sincera e o amor pelos nossos semelhantes são

OUTUBRO, 1955 O TICO-TICO 37

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-\

Falta-te ainda uma coisa, para ser perfeito : vende tudo o que possuis e dis-tribui o dinheiro com os necessitados. Depois, vem e acompanha-me.

Ao ouvir isso o moço, que era possuidor de muitos bens, entristeceu e, sem di-zer mais nada, se afastou.

O Mestre, com grande pesar, exclamou:Oh! como é difícil aos ricos entrar no Reino dos Céus! Mais fácil é um

camelo passar pelo fundo de uma agulha que um rico entrar no reino de meu Pai!"

MUITAS mulheres que acompanhavam Jesus por onde êle ia, para ouvir seus di-

vinos ensinamentos, pediam que o Mestre pusesse as mãos sobre as cabeçasde seus filhos, para abençoá-los.

Quanto às crianças, ao pé do Redentor sentiam-se felizes, porque Êle lhes fa-lava carinhosamente.

Os discípulos, porém, temendo que os meninos importunassem Jesus, reclama-vam das mães, mandando que estas afastassem os filhos.

Então, uma vez, Jesus lhes disse:Deixai em ^mm\ffimii «imi—i i^tpaz as cria ças. Dei-

xai que venham amim os pequeninos,porque daquelesque são como elesé o Reino dos Céus.

Certo dia osApóstolos pergunta-ram ao Mestre qualdeles seria o maiorno Reino dos Céus.Chamou então Jesusuma das crianças,que colocou no meiodeles, dizendo:

Em verdadevos digo que se nãovos tornais seme-lhante a êle, na suasimplicidade e ino-cência, não entra-no Reino dos Céus.

Em outra oca-sião Jesus, depoisde falar à multidão,dirigiu aos discípu-Ios a seguinte per-gunta:

Quem dizemos homens que é oFilho do homem ?

' O s Apóstolosresponderam:

Uns dizemque é João, o Ba-tista, e outro que éalguns dos Profetas.38 O TICO-TICO OUTUBRO, 1955

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virtudes muito be-Ias, que exornam anossa existência.

PARA ensinar que

a oração deveser uma humildeconfissão de nossasculpas, Jesus nar-rou, em outra oca-sião, esta parábola :

" Dois homensforam ao templo, afim de orar. Umera fariseu, membrodas mais importan-tes classes judias; ooutro era publicano,isto é, encarregadode cobrar os impôs-tos.

O fariseu, depé, orava Intima-mente desta manei-ra : " Oh! Deus ! eute rendo graças por-que não sou comoos demais, que sãoladrões e injustos,nem. sou como êstepublicano. Pratico ojejum duas vezesna semana e cumprosempre os manda-mentos da lei".

O publica-no, entretanto, nâoousava sequer - le-vantar os olhos aocéu e murmurava:

•¦ Meu Deus, tem misericórdia de mim, que sou um pecador ".

£m verdade vos digo — acrescentou Jesus — que êste foi perdoado,o outro, pois todo aquele que se exalta será humilhado e todo aquele que selha, será exaltado.

e náohumá-

CERTO dia aproximou-se do Nazareno um jovem rico, perguntando-lhe:

Bom Mestre, que poderei fazer para alcançar a Vida Eterna ?

Jesus respondeu :Conheces os mandamentos: náo matarás, náo cometerás adultério, náo fur-

taras, náo dirás falso testemunho, honrará s teu pai e tua máe".

O jovf;m retrucou:Todos esses mandamentos eu tenho observado, dasde menino. E, ouvindo

isto, o Radentor disse, olhando-o fixamente:OUTUBRO, 1955 O TICO-TICO 3»

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Mas Jesus retrucou:E vós ? Quem dizeis que sou ?

Então Pedro, tomando a palavra, exclamou:E's o Cristo, ou Messias, o Filho de Deus vivo.

Ao ouvir tais palavras, o Divino Mestre respondeu:Bem aventurado sejas, Simão, filho de Jcnas, porque não te revelou isso

a carne ou sangue ou homem algum senão meu Pai, que está nos céus.E, ante a expectativa de seus seguidores, acrescentou estas palavras, que fo-

ram o fundamento da Igreja católica:Eu te digo que és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja; e as

portas ou o poder do Inferno não prevalecerão contra ela. E a ti te darei as chavesdo Reino dos Céus.

O amor de Deus para com todos os seres humanos foi revelado por Jesus quan-do disse: — Porque de tal maneira amou Deus ao mundo, que lhe deu o seu Filhounigênito, para que todo aquele que nele creia não se perca, mas tenha vida éter-na. Porque Deus não enviou seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas paraque o mundo por êle seja salvo.

Para que todos pudessem compreender cabalmente o que êle representava comoFilho de Deus, usou Jesus muitas vezes expressões simples, verdadeiras imagens fá-ceis de entender. Assim, por exemplo: — "Eu, que sou a luz eterna, Vim ao mundopara que quem acreditar em mim não permaneça em trevas". "Eu sou o caminho;ninguém irá a meu Pai senão por mim".

Ensinava, assim, o Messias, não só através das aldeias, montes e vales, comotambém no templo judeu. Um sábado — dia em que, segundo a Lei, não era permi-tido realizar ninguém qualquer trabalho — Cristo entrou na sinagoga, encontran-do lá um homem que há muitos anos tinha seca uma das mãos.

Os escribas e fariseus observavam atentamente todos os atos do Mestre, para verse êle curava o doente e, assim, tinham um motivo pata acusar Jesus de desrespei-to às leis. Compreendendo isso, o Messias disse ao homem doente:

Levanta-te e fica aqui no centro.A ordem foi cumprida e então Jesus, dirigindo-se aos judeus que ali estavam

presentes, perguntou:E' lícito, nos dias de sábado, fazer bem ou mal ? Salvar a vida de um ho-

mem, ou tirá-la ?E, olhando em torno, disse ao doente:

Estende a mão!E, quando este obedeceu, a mão estava perfeita.

NA cidade de Betania, situada ao sul de Jerusalém, viviam Lázaro e suas irmãs,

Marta e Maria. Em casa deles se hospedava Jesus com freqüência, quando pas-sava por lá e o lar daqueles amigos era para o Mestre um lugar de sossego, onde erasempre recebido com grande regosijo.

Em certa oportunidade, em que Jesus pregava às margens do rio Jcrdão, longeda cidade, Lázaro caiu gravemente doente. As irmãs enviaram às pressas um men-sageiro, chamando o Mestre, mas este permaneceu ainda dois dias onde estava e sóentão se dirigiu à casa dos amigos.

(Continua no próximo número)

40 O TICO-TICO OUTUBRO, 1955

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A PAGINA .«TORCEDOR (Continuo)

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BOTAFOGO de fUTEBOL e BÍGATASOUTUBRO, 1955 O TICO-TICO 41

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42 O TICO-TICO OUTUBRO, 1955

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w HH n__ilA Historia do CataventoANDRÔNICO

de Sirro foi um célebre arquitetogrego que viveu no século II antes de Cristo.

Dirigiu a construção do "Horologium" ou Torredos Ventos, em Atenas. Esta torre tinha formaoctogonal e nos ângulos figuras representando osventos principais.

A Andrônico, que, segundo Vitrúvio, era tãoexcelente arquiteto como astrônomo, ocorreu colocar no alto da torre um'tritão de bronze com uma varinha na mão. A figura, habilmente colocada,girava ao impulso do vento e indicava sua direção.

Como esse tritão se tornou muito útil, desde aquela época se gene-ralizou o costume de colocar "cataventos" nas torres. A princípio eram ês-tes feitos de bronze ou ferro, com figuras alegóricas — tritões, anjos, aves,navios, etc. — e só eram colocados nas igrejas, conventos e edifícios milita-res. Os destes últimos eram em forma de bandeira, que mais tarde foi subs-tituida por um galo, que era o símbolo da vigilância e também do arrepen-dimento de São Pedro, que negou Jesus antes do galo cantar a terceira vez.

A partir do ano 800, quase todos os cataventos tiveram a forma de umgalo. Mas já no século XIV, e subsequentes, foram confeccionados cataven-tos mais artísticos, que eram colocados em residências particulares. Em mui-tos cataventos figuravam, entalhadas no ferro ou bronze, as armas do donoda casa. Houve também cataventos enormes, como os das torres - campana-rios de Arras e Douai. O arcanjo São Miguel, protetor contra o raio, era vis-to no alto de muitas igrejas.

Como curiosidade acrescentaremos, que antigamente só os nobres ti-nham direito a colocar cataventos em seus castelos. Aos plebeus era proi-bido ter cataventos em suas residência, e essa proibição durou até meadosdo ano 1700 em muitos países da Europa.

M. M. M.

TOSSI ? CODEINOL_____ft^* jL (^f| ¦ mJ** \ W

NUNCAFALHA

PREFERIDO PELAS CRIANÇAS POR SERDE GOSTO AGRADÁVEL.PREFERIDOS PELOS MÉDICOS POR SER OREMÉDIO QUE ALIVIA, ACALMA E CURA.

Infalível contra resfriados, asma e bronquite.

OUTUBRO, 1955/

O TICO-TICO 43 i

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^«?/Ktf*ff//?<vROBINSON CRUSOÉ

ROBINSON

Crusoé, cujas aventuras têm encantado tantas gerações,não é um personagem lendário, todos sabem. E sabe-se também queêle se chamava Alexandre Selkirk.

Sobre sua vida, tornada de alguma forma fantástica, circulam, porém, di-versas versões.

Para pôr um limite entre a verdade e a mentira, uma grande revistabritânica empreendeu rigorosa revisão das várias etapas daquela existên-cia movimentada.

O resultado obtido, que vamos resumir, pode ser considerado uma ver-são precisa, exata e definitiva, da vida de Robinson Crusoé.

Selkirk pra filho de humilde curtidor de couros, e sapateiro. Nasceu em1676, na aldeia escocesa de Largo.

Desde a mais tenra idade, deu livre curso ao seu caráter brutal e ri-xento. Vivia brigando com os irmãos.

Uma senhora da localidade, que os habitantes consideravam adivinha,lhe predisse a fortuna no mar e êle embarcou, aos vinte anos, num naviode cabotagem que se dirigia para a América.

Navegou durante muitos anos sem que nenhum episódio de relevo viés-se marcar sua existência.

Em 1703, contratou-o um comandante na qualidade de contra-mestre,a bordo de um navio de longo curso.

Sua natureza indisciplinada e indomável o incitava, muitas vezes, anão se submeter às ordens do capitão, Guilherme Dampierre. Um dia, presade furiosa cólera, ameaçou-o mesmo de morte.

44 O TICO-TICO OUTUBRO, 1955

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Foi posto a ferros. Dois dias depois, foi desembarcado na ilha de JuanFernandez, onde o abandonaram.

Cinco anos se escoam. Certa manhã, um navio que dava caça às ga-leras espanholas passa ao largo de Juan Fernandez. Seu capitão, MoodesRogers, percebe uma fogueira na ilha e envia uma turma de reco-nhecimento. '¦-. /

A turma avista "um homem vestido de peles de cabra, que lhes parecemais selvagem que os animais que levavam a bordo".

E o homem conta sua história.Durante os oito primeiros meses, seu desespero foi terrível. Depois,

pouco a pouco, resignou-se e acabou por se acostumar à sua sorte e à suasolidão.

A leitura da Bíblia lhe foi poderoso conforto.Fêz com que se voltasse para si mesmo e pensasse em seus desregramen-

tos. No isolamento daquela ilha, tornou-se, assim, fervoroso crente.Nos primeiros tempos de permanência na ilha, pôde caçar. Mas como

sua provisão de balas se esgotasse, habituou-se a pegar cabras com arma-dilhas ou à mão.

Selkirk, recolhido por Rogers, retornou à vida como civilizado.Trabalhador, chegou a reunir pequena fortuna que lhe permitiu insta-

lar-se em Londres, em 1711. ,Desejoso de fundar um lar, pediu a mão de uma jovem — Sofia Bruce,

— cujos pais se opuseram categoricamente.Viajou durante três anos; depois, em 1720

retornou a Londres.A inatividade o aborrecia. Sofria a nostal-

gia dos vastos espaços líquidos. A despeito dassúplicas da esposa, retornou à vida do mar.

Mas, desta vez, embarcou num vaso deSua Graciosa Majestade Britânica — o "Wey-

mouth".E a bordo desta unidade foi que faleceu,

no mês de novembro de 1720.

Trod. da Prof. IEDDA LUIZA SANTOSWÜ^p*ssa£'v

OUTUBRO, 1955 C TICO-TICO45

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ÍP0KQU6)t> Que

[ge 012;Terror pânicof\ pavor que invade uma mui-r& tidão e que se apodera si-multaneamente de todos os quea compõem é qualificado quasesempre, de "terror pânico". Apli-ca-se também esta locução aomedo injustificado e sem forterazão.

A palavra pânico é derivada dePã, deus da mitologia grega, fi-lho de Hermes (Mercúrio) e daninfa Driope. Era a divindade tu-telar dos pastores; tinha o corpocoberto de pêlo, patas de carneiroe dois chifres.

Possuia, segundo seus adora-dores, a faculdade de dar aos ho-mens tudo quanto lhe pediam,porém era dotado de gênio perver-so> sentindo prazer em aterrori-zá-los.

Quando se ouviam grandes ru-mores nos bosques, atribuia-se àvoz de Pã. Essa voz tinha horrori-zado os Titãs em sua luta com osdeuses e o pavor que causava co-meçou a ser qualificado desde en-tão como "terror pânico".

A parte do Leão

QUANDO, ao se fazer a divisão

de alguma coisa, correspon-de a maior porção à pessoa demaior influência ou valor, ou ain-da à que tem ascendência sobre asdemais, diz-se que lhe tocou "a

parte do leão", aludindo-se à pres-são exercida para que assim acon-teça.

Esta locução tem sua origemnuma fábula de Fedro.

Uma vaca, uma cabra e umaovelha fizeram sociedade com umleão, com o compromisso de re-partirem entre si todos os ganhose prejuizos.

Um veadinho caiu numa arma-dilha preparada por eles.

O leão dividiu a presa em qua-tro partes iguais e disse, logo de-pois de comer a primeira: "Esta épara mim, porque me chamoLeão; esta segunda também épara mim, pelo sagrado direito domais forte; a terceira me corres-ponde por seu eu valente e se ai-gum de vocês se atrever a tocarna quarta parte, terá que se vercomigo".

46 C TICO-TICO OUTUBRO, 1955

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•A ESPADA DA DÔR*CONTINUAÇÃO

RECEBENDO A NOT/CIA DALIBÈLULA, OREI ANVARI,QUE VIVE TRANSFORMADOEM PEIXE, RETOMA SUAFORMA DE ANÃO E SAIDO LAGO.

y^râC\ ;*'__¥ E'MUITO CEDO/te Y^J^E'MUITO CEDO/J

EM SE6UIDA, VAI ATE'PERTO PA CABANA DEMIM IR. ABRE OS BRAÇOS E, FAZENDO UNS 6ES-TOS CABALÍSTICOS, EXCLAMA '.

's?-v_[DEZ ANOS ! DEZ ANOS/ aWil^TW *l__

ífÊ0Ê!mmm^OmW!(r' ifí-í

f7*fy ~" 'Im-flréTmW^&y^^'^-^^^

IHERA.COBRE A CABANA DEMIMIR/ARANHAS,COBRI COM VOSSAS TEIASAS -JANELAS/ QUE ESTA NOITE_DURE DEZ ANOS.

\ j f-:=„ fy-, - a», *>"--£¦& li «Ti* «_/ <d

M^^aW^^M^^ás^f JmVyjÈi

1 r-T*-—-- *~—< -rv ( / tvl')^_

DIVERSAS VEZES, DURANTE A NOITE.MIM IR LEVANTA-SE E OLHA PELAJANE-A PARA VER SE 0 CÉU CLAREIA.ESTA NOITE NÃO ACABA MAIS ?_j

DEZ ANOS SÃO PASSADOS. UMAMÃO INVISÍVEL ARRANCA A HERAE AS TEIAS DE ARANHA,QUE CO-BREM A CABANA DE MIM/^R.0 SOL RESPLANDECE NO CEO/

QUE NOITE LONGA, MIM IR /""g

' ^QyLJ\—\hS%mmmWfyà fi

Ml MIR.ESTUPEFACTO, VEA TRANSPOR-MAÇÃO DESIGUR, QUE AGORA APA-RENTA UM JOVEM DE VINTE ANOS.SIGUR.QUETEACONTECEU"

SEI,POREMSINTO-ME FORTE

COMO UM LEÃO/ DEME A ESPADA. VOU PRO

CURAR 0DRA6Ã0FAFINIR.'

_Tnão?_¦

WmyJM\^m$@m'mm>L ^9LU__£ \ykk¦t_______k_ _¦!___¦_—I—. JOUTUBRO, 1955 O TICO-TICO 47

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•A ESPADA DA DÔR»CONTINUAÇÃO

S/M,AQUELA NOITE ESTE E 0 DIA DE MINHA T/DURARA, DEZ ANOS. VI TO RIA / VX^aTSSTt ¦/£SEGUR TEM A IDADE -^^T^>^^^^YlMmmmSJUSTA PARAENFKEN- ^fí^p^^"^^"^|PW

O VENENO ESTA AQUI.'SI-GUR TERÁ'A VITÓRIA EAMORTE/ AH/AH/

PELA FLORESTA A NOTICIA CONTINUAA PROPAGAR -SE :"SIGUR VAI CON-QUISTAR O TESOURO DOS NIBELUNGOS'.'

ENTRETANTO OREI V/ODAR CHORArOH? POR QUE O DESTINO ME PROÍBEDE AVISAR SI6UR DE QUE MIMIR

ENVENENA-LO P:

aWfZem \ m\ W/A/Á^Z^vÁíTUHiHltíWi

K.V<\hI BBrWLámW i*-»>ttl W/WA^L\mÊb%*£ Jl

v^-'»-5si»E.' ^ "^Ik -¦Kl JrWzr&L,

PÁSSARO VERMELHO, VAI DIZER ASIGUR QUE NÃO BEBA Q ELIXIR DEMIMIR. INFELIZMENTE ELE NAO COM-PREENDEATUA LINGUAGEM,

mmW<MMt\Ú^ImmWfcm^ÈÈtmOH/BELO PASSARINHO a'VOCÊTAMBÉM ME DESEJA BOA

0 P/4SS,4.*?<9 VERMELHO VOA PARAONDE ESTA'SIGUR.

ffiSj ?- ^^ai-^^r^^rrr^ Foeixa-o-mimirAéle me guiara'ateJI

48 O TICO-TICO OUTUBRO, 1955

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•A ESPADA DA DÔR*CONTINUAÇÃO

0 DRAGÃO FAFIN/R OUVE A NOTIC/A DEQUE SIGUR VEM CONQUISTAR 0 TESOURODOS NIBELUNGOS,PREPARA-SE PARACOMBATÊ-LO.

FAFINIR TRANSFORMA-SE NU-MA CAUDALOSA TORRENTE,ROLANDO EM MASSA. A-FIM-DEDETER OS PASSOS DE SIGUR.__-_^^^ÜIl

L__»*'^^ií^^____—_í**_5í__________ /_>______¦ ^_k^Cí. \V N -_9íB__! _? Tb-*.*^ * ~^Z- -j0fZ •fikwP^Xi

'CUIDADO JNÃO SERÁ' ESSA 11 VENCIDA A TORRENTE, SIGUR CONTINUA

SIGUR !2 TORRENTE QUE AVANÇANDO. FAFINIR.ENTÃO, TRANSPOR-felSras.: DETBRA'/.-- E1A-SENO TEMÍVEL LOBO VENIR.

FINALMENTE SIGUR DEFRONTA-SE COM FAFINIR, I 9___J_lá]l-flQUE RETOMARA A VERDADEIRA FORMA. JlL;W.-P-tfl V Il

_tBI__M _. JyV^lllli^Q100 ° T^S0ÜRQ D0S NIBELUNGOS './^

OUTUBRO, 1955 O TICO-TICO 49

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•A ESPADA DA DÔR-CONTINUAÇÃO

FAFlNIR, EXPELINDO F060 E FUMAÇA PELASWtMAS, VAI AO ENCONTRO DES/GUR.^ _*_. *

['QUERES A MORTE ? TJ NAO SERÁS CAPAZ )

RUGINDO DE CÓLERA, FA-FINIR AVANÇA. SIGURESQUIVA-SE.

ENTÃO FAFINIR. LE-VANTA-SE.A-F/M-DELIQUIDAR OE UM A VEZO ADVERSÁRIO.

SIGUR COM UMCERTEIRO GOLPE,TRASPASSA-LHE

O CORAÇÃO.

FA FINIR, A GONIZA. A GORATEM O OLHAR DO'CIL.SIGUR,NAO TOQUE NOTESOURO DA CAVERNA. ELEE'MALDITO. EDESGONFII

FAFINIR MORRE ANTES DE PODER DIZER O NOME.DE QUEM DEVO DESCONFIAR? O SANGUE DE FAFI-]NIR RESPINGOU EM MEUS LA'BIOS. SINTO^UMAn^|

50 O TICO-TICO OUTUBRO, 1955

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•A ESPADA DA DÔR*CONTINUAÇÃO

DE ESPADA EM PUNHO,SIGUR ENTRA NA ESCU-RA CAVERNA. PARECEOUV/R UMA VOZ QUELHE DIZ: "NÃO TOQUESNO TESOURO. APANHA0 ELMO, O ANEL,5FOGE.

j MAS,QUEM ME FALA ? NÂo) £%\ '_WkWÍ\

^-^vfjo ninguém/ ,__> mP^WmfIi~~^~^—' _a—"¦—^C___=^ f ^L^Sf- fl j 1

-JPH a â A)f^ !__%_. VM im

mmWm ——^-—^_ f~ h, nSiflí' ^rerTrl-_n__L ___¦ i'll 11

SIGUR CHEGA AO FUNDO DACAVERNA, ONDE ENCONTRA OTESOURO DOS N/BELU/V60S.MÃO TOCAREI NESSE TESOURO.LEVAREI APENAS O ELMO E

AO SAIR DA eAVER NA, SIGURENCONTRA MIM/R.SIGUR, MEU FILHO.BEBA UM POUOO DÊS-SE ELIXIR PARARESTAURAR AS

FÔRpAS._jM$m

\ FORÇAS.. A7^\r-m_mm\*W:^^^__Ma^M

IaaW&WèÊ-feT^_^__£____y B_rV/-i lIW__-____l

^___f___^v]^__fl—*»_ ""_!^it^____^_ãs^v^_^3

O PÁSSARO VERMELHO AVISA A SI6UR DOSPROPÓSITOS DEMIMIR. 0 SANGUE DO DRA -GÂO QUE LHE RESPINGOUNOS LÁBIOS, DEU-LHE A FACULDADE DE 'COMPREENDER A VOZDOS ANIMAIS.

NAO, SIGUR / SO QUEROA TUA FELICIDADE/E'UM DELICIOSO ELIXIR/

^)7(E^ta^em7mimir/ POREmI

f (BEBE A'S PRIMEIRO/ /

(eo-iiN.-)

OUTUBRO, 1955 O TICO-TICO 51

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VOCÊ PERGUNTAE O PAPAI

RESPONDE

UMA das atrações da

grande edição espe-ciai comemorativa do 50.°aniversário de fundação de"O TICO-TICO", a ser lan-cada este més, em grandeformato e com esplêndidacolaboração, fotografias, re-produção de páginas d' "O

TICO-TICO" dos velhos tem-pos, etc, é, sem dúvida, ooriginal concurso de entre-vistas, entre os leitores "de

hoje", feitas com os leitores"de ontem".

Vários são os prêmios aserem conferidos às melhoresentrevistas "com os papais"dos concorrentes. As basesdo certame são as mais ca-maradas e nenhum leitordesta revista deve deixar depre curar conhecer essa opor-Umidade de revelar seus pen-dores jornalísticos.

Entre as entrevistas maisinteressantes? serão destaca-das as vencedoras e há outrosdetalhes curiosos, que faci-litam a tarefa daqueles quedesejarem concorrer.

Recomendamos, pois, aosleitores, que procurem ver,na EDIÇÃO ESPECIAL.como se poderão inscreverno original certame, aprovei-tando esta oportunidade dever seus nomes em letrade fôrma, assinando uma"enquête", nas 'páginas dasfuturas edições d* "O TICO-TICO".

¦v«vSV»^A^^<S^^^^/VVW'%W^VNi^^V»^^a>i^a<v^ ¦^¦/¦w-v.

NOMUNDO DA LUA

( DIALOGO)Personagens: Selênio e Stênio.

(Entram, como se estivessem continuan-do uma palestra). )

SELÊNIO: —-(com um rolo de papel nasmãos):

Pois é, meu caro colega,Estou firme e decidido...

STÊNIO:No entanto, a vida na lua

É caso bem discutido...SELÊNIO:

Todos os "casos" já foramPerfeitamente estudados.E para enfrentá-los vamosPela ciência aparelhados.

STÊNIO: ,Não duvido e, para isso,

Vocêtem talento e gênio...SELÊNIO: (sorrindo)

Obrigado. Por exemplo:Vamos levar oxigênioEm balões, para, se houverQualquer coisa de anormal.Conseguirmos respirarDe maneira artificial.

STÊNIO:E quanto à questão do frio?...

Dizem que lã é um horror.SELÊNIO:

i — Cada um de nós, para isso,Leva o seu aquecedor,Que funcionará com pilhas.dando o calor necessárioPara mantermos a vidaNo ambiente planetário.

STÊNIO:O sonho de Julio Verne.

Naquela "viagem à lua"Será, por fim, realizado...

52 O TICO-TICO OUTUBRO. 1955

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SELÊNIO — É verdade nua e crua.Como já são hoje, em dia,Embarcações submarinas;A vida para os mineirosNa profundeza das minas;De Dumont, nosso patrícioEstas duas invenções:Os "dirigiveis" no espaçoE os formidáveis aviões.

STÊNIO:Graças também ao inventoDo prodigioso radarJá conseguimos à luaSinais de vida mandar.

SELÊNIO:Estou aguardando agora

A resposta da mensagemPara, em seguida, empreenderA nossa esplêndida viagem.(desenrolando o papel e mostrando):

Eis aqui pronto o desenho,Para ser executado,Do possante avião-foguêteQue à lua será levado,Numa viagem confortável.Repleto de passageiros...

STÊNIO:Não há quem nesse passeio

Não queira ser dos primeiros.. .SELÊNIO — Pois é, pra depois dizer

Aos seus amigos, na rua:Estive — que maravilha ! —

Em pleno "mundo da lua"...STÊNIO:Eu também desejo muito

Ver esse "mundo" encantado,Mas receio que, na volta,Me digam que estou... aluado...

SELÊNIO — Não é preciso ir à lua,Basta apenas ter vontade,Pra nos chamarem malucos.Ou aluados de verdade...(Saem rindo alegremente) •

EUSTÔRGIO WANDERLEY

OUTUBRO, 1955 C TICO-TICO

PALESTRAS NASESCOLAS SOBRE"O TICO-TICO"

A exemplo do que delibe-rou a Câmara do Dis-

trito Federal, que sugeriu aoPrefeito desta Capital, perproposta do vereador R. Ma-galhães Júnior, a realizaçãonas escolas, a 11 deste mês,de palestras aos alunos sobreo cinqüentenário de "O TI-CO-TICO", igual medida foiadotada em algumas das As-sembléias Legislativas esta-duais.

Assim é que, até o momen-to em que era redigida estanota, a realização de tais pa-lestras escolares já tinhamsido objeto de estudo, quan-do não por parte dos govèr-nes locais, nas casas legisla-tivas das seguintes unidadesda Federação:

Amazonas, Pará, Pernam-buco, Espírito Santo, Goiás,Piauí, Sergipe, Paraná, RioG. do Sul, Bahia, Rio de Ja-neiro, Santa Catarina e ter-ritórios do Acre, Amapá,Rio Branco e Guaporé.

Dessa forma, quando sefestejar, ao próximo dia 11,o aniversário do aparecimen-to d'0 TICO-TICO, esta re-vista será homenageada n.i.escolas de quase todo o país,onde serão feitas preleçõesaos colegiais sabre a data,que assume, assim, verdadei-ro aspecto de acontecimen-to nacional.

53

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CALENDÁRIO<Âa

FATOS HISTÓRICOS DESTE MES4/10/1779 -— A frota de André Gonçalves

e Américo Vespúcio descobre o rio SãoFrancisco.

4/10/1836 — Combate do Fanfa, Guerrados Farrapos, na qual íoi preso BentoGonçalves da Silva.

5/10/1897 — Queda de Canudos no sertãoda Bahia. Depois de extraordinária re-sistência dos sertanejos, foram os mes-mos vencidos e aniquilados pelas tro-pas do general Artur Oscar e do gene-ral Cláudio Savaget, arrazando-se ofamoso arraial de Antônio Conselheiro.

8/10/1907 — Encerramento da Confcrên-cia de Paz em Haia.Nessa ' Conferência oBrasil esteve represen-tado pelo seu grandefilho conselheiro RuiBarbosa, que conseguiuum destaque de reno-me universal. O Brasilfoi classificado como a9.a potência do mundoe Rui Barbosa entreos sete sábios da Con-ferência.

12/10/1492 — CristóvãoColombo descobre aAmérica.

12/10/1822 — D. Pedro é aclamado impe-rador constitucional do Brasil, emconseqüência do seu ato proclamandoa independência a 7 de setembro.

15/10/1846 — Celebra-se o casamento daprincesa Isabel com o principe Gastãode Orieans, Conde D'Eu

16/10/1609 — Alvará de Felipe III prof-bindo a fundação de novos conventosno Brasil.

19/10/1901 — Santos Dumont realiza oseu vôo contornando a Torre Eiffel.

'23/10/1906 — Santos Dumont realiza emParis o primeiro vôo em aero-plano.

<Pàüt?U#<'

Alemanha.a

^^^S^ÇC^J*^5^^i^_Bferá__Í_^^ mrW

31,

23/10/1896 — Lei criando o Estado Maiordo Exército.

24/10/1930 — Fim da Revolução deflagra-da no Rio Grande do Sul, Paraiba eMinas Gerais, ramificando-se depcispor outros Estados. Deposto o presi-dente da República, sr. WashingtonLuis, assume o governo uma Junta Go-vernativa, composta dos generais TassoFragoso, Mena Barreto e almiranteJulio de Noronha.

25/10/1887 — O Clube Militar resolveproclamar sua repugnância, em nomedos seus sócios e dos militares em ge-ral, à caça de escravos pelo Exército.

26/10/1917 — O Brasil declara guerraEra presidente da Re-pública o sr. Wences-

- lau Braz e ministro doExterior o sr. Nilo Pe-çanha.

27/10/1645 — Decreto deD. João VI elevando

o Brasil à categoria deprincipado.

27/10/1831 — Lei abolin-do definitivamente aescravidão os índios.

27/10/1831 — Formaturados primeiros bacharéisem Direito pela Fa-culdade de São Pau-lo.

10/1860 — Morre em Queen's Gate,Kensigton, Inglaterra, Thomaz Archi-b.ild Cochrane, Lord Cochrane, 10.°Conde de Dundonal e Marquês do Ma-ranhão. Lord Cochrane tomou partenas campanhas que se seguiram à nos-sa emancipa-ão política, com a expul-são das tre. s portuguesas da Bahia,

,a 2 de julho de 1823. Foi o primeiroalmirante brasileiro, tendo servido an-teriormer.tç na Marinha chilena. D«\s!i-gado desi«u. veio para o Brasil arvoran-do na nau Pedro 1 a insignia de coman-do. O Brasil deve a Cochrane dias deglórias memoráveis.

.54 O TICO-TICO OUTUBRO. 1955

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( ÓLEO DE ovo ^V enMarca Registrada M

Cabelos sedosos Ie ondulados

-^ [ IW&í í 1 DIPLOMA DE HONRA . ^^StÃ*^»-^mmmri*ÃAmat^^%Wt\ IoxLF EXPOSIÇÃO MCEN7eNAfilO_Vyn[ ^0t-+^^ ^"^^^

llÉ í |f^—=•—-— , S2j5! Exija o legítimo de ^V

li' ^i^ CARLOS BARBOSA A

j|É| í JyÍRm LEITE que traz o nome J

WÊ \ 7CARL0S 9ARB0SA LEITEC

'

OUTUBRO, 1955 O TICO-TICO 55

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mm cava/mCONCURSO N.» 340

Quem é êste?O quadro ao lado repre-

senta um retrato. Em ai-guns segundos, apenas,qualquer um de vocês iden-tificará o ilustre persona-gem que os quatro detalhesdo desenho "retratam", ourecordam.

De quem se trata?Sabe? Então mande a so-

lução a "Nossos Concursos",redação d'0 Tico-Tico —rua Senador Dantas 15 - 5.°andar — Rio de Janeiro.D. F. e aguarde a soluçãoem dezembro.

UM QUADRO ENORME

O quadro a óleo que contém maior númerode figuras diferentes, é um do pintor francêsPhillipoteaux, que figurou na Exposição de Fila-delfia, e cujo tamanho era de 20 metros de ai tu-ra por 125 metros de comprimento. O seu assun-to é o do Cerco de Paris, e contém 20.000 figu-ras das quais mais de metade estão perfeitamen-te definidas, e as outras que enchem o fundo doquadro, quase o estão igualmente.

Outro quadro no mesmo estilo, é o intitu-lado "A Batalha de Bannockburn", apresenta-do na Exposição de Olasgow, o qual tambémencerra grandiosissimo número de figuras dis-tintas e perfeitamente acabadas.

REVISTA INFANTIL MENSALFundado em 1905

UMA PUBLICAÇÃO OA S. A. "0 MALHO"

editora de "TIQUINHO",

"CIRANDINHA" e "PINGUINHO"

DIRETOR:

ANTÔNIO A. DE SOUZA F SILVA

Redação; Rua Senador Dantas. 15 • 5" andar.Telefone: '__-!?_--- — RIO.

Nl'MERO AVULSO: CRÍ 5,»0ASSINATURA: CRS fiO.M

(lt n_.mt.nn «ob reghrtro postal)

S nomes que aparecem no Quadro de Honra são de concorrentessorteados entre os que acertaram os 2 últimos concursos.

55 O TICO-TICO OUTUBRO, 1955

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QUADRO DE HONRAFORAM SORTEADOS PARA SAIR NO

QUADRO DE HONRA, ESTE MÊS.

— REGINALDO E. DE SOUZA —Santos — São Paulo.

-- WALDEMAR PERES FERREIRA —Presidente — S. Paulo.

3 — OTTO WENGERnas Gerais.

Sabará — Mi-

MARIA LÚCIA SALLES — Mesquita— E. do Rio.

5'- IRENE PEREIRAE. do Rio.

6 — JOSÉ A. VANINde São Paulo.

Barra Mansa

S. Paulo — E.

— AFONSO OTONI A FERNANDES ---Realengo — D. F.

— MIGUEL DEPES TALLON — Ca-choeiro — Espirito Santo.

— RODOLFO C. DISPERATI — SãoPaulo — E. de S. Paulo.-

10 — IOLANDA MARIA FRANÇA — -Ni-terol — E. do Rio.

11 — MARILENA ALVAREZ— São Paulo.

Botucatú

12 — MARIA T. TELES GUERRA — Oriente — São Paulo.

13 — CÉSAR AUGUSTO SANTOSra do Piraí — E. do Rio.

Bar-

14

15

MARINO CONDEIXA PIRES —Aracaju — Sergipe.

ONDINA MARIA DOS REISguaiana — R. G. do Sul.

Uru

16 — CARLOS HENRIQUE TOLEDOFeira de Santana — Bahia.

17

18

20

RUTE CORDOVIL — Curitiba ——Paraná.

NEI OSÓRIO SUFREDINI — SantosSão Paulo.

MARIA DA GLORIA NEVES — Bar-bacena — Minas.

SOLUÇÃO EXATA DOCONCURSO N.° 337

^ Eis como deveria o homenzinho colocaro cartaz do Circo Fedegoso, para ficar"certo".

Reparem que o cabelo e a calça do pa-lhaço de cima, cedendo à força de gravi-dade, estão caindo, pendentes, assim co-mo as duas mangas e o bolso do palhaçoque está de pé.WOCH>0<K>0<HJt*K*K>CH*H><K*H^

A ORIGEM DE UMAPALAVRA

OUTUERO, 1955

Pretende-se ser esta a origem da pa-lavra "yankee" aplicada aos norte-ame-ricanos.

Nova York cidade fundada por holan-deses, se chamou primeiramente Niers*v-Amesterdam (Nova Amsterdam), e só setornou inglesa em 1674.

Cra, na época das guerras entre a Grã-Bretanha e a Holanda, surgiram conflitostambém na América, entre colonos inglê-pes e holandeses, e estes foram chama-dos pelos primeiros "yankees"-, expressãoformada de dois prenomes holandesesmuito vulgares: Jan (João) e Kees (Cor-nelio», como o americano chama o m-glôs John Buli e este designa o americanopor Jonafhan.

O TICO-TICO 57

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ri.i o

V\C& v^ 30 CRUZEIROS

OUTUBROS São RemígioD Santos Anjos da GuardaS Santa Teresinha do Men. JesusT São Francisco de AssisQ Santos Plácido e C. Mart.Q São BrunoS Ss. Rosário de N. SenhoraS Santa Brigida ViúvaD São João Leonardi

10 S São Francisco Borja11 T Matem, de Nossa Senhora12 Q Santo Eustáquio13 Q Santo Eduardo Rei14 S São Calisto15 S Santa Teresa de Ávila16 D Santa Edvlges17 S Santa Margarida Alac.1S T São Lucas Ev.19 Q São Pedro de Ale. P. Br.20 Q São João Canelo21 S Santos Hilarlão e Ursula22 S São Donato

23 D São Teodoro24 S São Rafael Arcanjo25 T São Cristanto26 Q Santo Evaristo27 Q Santo Ivo28 S Santos Judas Tadeu e Simão29 S São Valentim30 D Cristo Rei31 S Santo Urbano

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58 O TICO-TICO OUTUBRO, 1955

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PALTAM poucos minutos para terminar a aula.Paulinho se aflige, morde a ponta do lápis e

olha o relógio que está na parede da sala. Os pon-teiros andam tão devagar'.

Até que, afinal, chega a hora da saída. O reló-

^i*Mn"i»„l#w gio dá quatro e meia. Os meninos saem gritando,muito contentes.

Mal se vê na rua, Paulinho põe-se a correr.

Seu grande amigo, seu inseparável Luiz, tenta

?»,,„¦..'.«- detê-lo, mas em vão.— Aonde vais, com tanta pressa ? — per-

gunta.Deixa-me; tenho uma coisa importante para fazer, — responde secamente.

E parte, correndo.

Quando já se encontra bem distante dos companheiros, deixa de correr e começa a

andar calmamente como qualquer colegial que volta ao lar. Vai rente ao muro, olhando em

direção a uma esquina, onde está uma velhinha encostada a uma porta.

Por que será que Paulo vai tão sério? Nem seu pai, que é um homem de grandes res-

ponsabiliidades, ando pelas ruas com aspecto tão sizudo. Quem poderia suspeitar, ao ver

aquele menino que parece um homem, tal a sua austeridade na rua, que é o mais troquinas

e irrequieto na aula, o que mais trabalho dá aos professores ?

A passos pequenos, Paulo vai se aproximando da anciã. Esta parece viver na maior pe-

nuria. Cobre-lhe os ombros um çhale muito usado e cheio de furos. Estende a mão, enrugada

aos que passam, dizendo com humildade:Uma esmolinha, pelo amor de Deus !

Paulo pára diante dela, tira uma cédula do bolsinho, tira o casquete e, colocando delica-

damente a nota na mão da pobre anciã, lhe diz com carinho:Boa tarde, senhora.Boa tarde, meu filho ... Muito obrigada. Algum dia receberás de volta o que ogora

me dós. Podes colocar o gorro, filho...E com mão tremula acaricia os cabelos do menino.

OUTUBRO, 1955(Contínua na página seguinte)

O TICO-TICO 59

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Quanta ternura, quanto agrade- Conc,u-âo *» página anterior

cimento hó na voz daquela pobre mu-lher! Parece querer passar o braço emtorno do pescoço do menino, paraatraí-lo a si e dar-lhe um beijo. Masnão se atreve...

Paulo despede-se dela com todacortezia:

Até amanhã, senhora.E se afasta.Paulo tem verdadeiramente um

bom coração !

Quando chega em cdsa, a mamãelhe diz:

Creio que já podes abrir o teu.cofre. Eu te tenho dado para guardartodos os dias, cinco cruzeiros, e assimsendo, já deves ter... deves ter...

O menino, primeiro tornou-se co-rado, depois ficou pálido e de cabeçabaixa, o que chamou a atenção de suamãe que, preocupada com a atitudedo filho, perguntou:

Que é isso, meu filhinho? Quefoi que te aconteceu ? Bem sabes quenão gosto que me ocultes nada. E' mui-to feio não contar o que se passa aospais. Colocaste no cofre todas as cé-dulas que te dei?

oARI °*y\0«€lRA

Não, mamãe — responde o menino tre-mendo.

Quantas vezes deixaste de guardar ?Três, quatro ?

Paulinho, num ímpeto desassombrado, re-solve dizer a verdade.

Todas as vezes que me deste as notas,mamãe/

E' ? ! — disse muito admirada a senho-ra. — Por que ?

Porque há uma pobre velhinha que pedeesmola na esquina do colégio e eu lhe tenhodado os cinco cruzeiros para que comprasse pãoe leite.

A mãe de Paulo ficou com os olhos rasosdágua e, sem dizer palavra, abraçou o beijouternamente o filho.

E êle, naquela noite, antes de se deitar,abriu o cofre — que era uma linda caixa de

prata — e encontrou uma cédula de duzentoscruzeiros ! O milagre foi obra da mamãe, quequis premiar o filho pelo seu bom coração.

O TICO-TICO OUTUBRO, 1955

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II—I ~~ ' ¦¦¦¦-

Com modos brandos, para não provocar alteração, Tamarindo começoua falar: — Escute, sêo Babalú. O senhor até que é um rei bem belo sabedisso ? O senhor precisa ser perpetuado numa grande tela panorâmicaPrecisa que alguém lhe pinte o retrato.~*" ¦ ¦¦ ¦

_ Vocemece acha? — perguntou Babalú XXX, soberano da Bagun-ça __ vocemece nao vai me dizer que é pintor e que é capaz de fazer omeu retrato... Ou vai? - Pois era isso justamente o que eu lhe queriapropor — respondeu Tamarindo. qOUTUBRO, 1955 O TICO-TICO 61

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UA^r^UKA-i^pA^HAJU)(2)w\ll\ Jl

Acertadas as coisas, começaram, logo no dia seguinte, os trabalhosdo retrato que haveria de imortalizar o soberano bagunçalense. Baba-lú fes questão de posar "com o seu cet-o à dextra", conforme man-da o figurino.

¦¦¦mu li li i -_—¦_-—¦,.¦ i ii ¦¦in ¦¦ ¦¦ Ul —___-¦ Ul ¦¦_,¦ li n Ul li ¦¦¦ IM-—_-_^^_—

— Fique firme, Majestade, que está ficando uma coisa deslumbrante.Não sei se o senhor sabe que eu sou filiado à arte moderna... Quadro queeu pinto, tem um toque de bom-gôsto moderno que só o senhor vendo. DonaBabaleia é quem vai gostar...62 O TICO-TICO OUTUBRO, 1955

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Por fim, a obra-prima ficou pronta. Quando Babalú XXX, soberanada Bagunça, foi olhar, até o cetro lhe escapou da mão. — A cara me cai!— exclamou êle. — Estarei vendo visões? Deixe-me ir buscar meus óculos.Não entendo nada...mm^^^^^^^Km^^i^i^mmimmm^^mmmmm^^^m^mmmmi^^^maaÊ^^m^m^^^m^Êm^^^^^^m^^i^m^^^^m^^ammmmmmtmmmmmmammmÊ^m^^^^^^^m^^^mm^mmmÊmmmt^

Enquanto êle foi lá dentro, apareceram o secretário Simplício, o dr.Carapetão e mais uns parentes do rei que, vendo aquilo, e não sabendo oque era, começaram a dar risadas. — Que farofa de cabeça de negro ! —exclamou Simplício.OUTUBRO, 1955 O TICO-TICO 63

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E foi aí que apareceu a rainha Babaleia. Avisada pelo rei, queria vero retrato. E quado viu "aquilo", deu um pulo pra trás e começou com so-luços. — Isso não é meu maridinho ! — gritava. — Isso é assombração!Esse pintor é maluco !

Aí então, Babalú XXX, soberano da Bagunça, não teve mais duvi-das: agarrou a tela, ergueu-a no ar, fez uma bela pontaria e... catapim-ba l enfiou-a na cabeça do "artista moderno". E olhem que, como arte mo-derna, o trabalho estava bem bom...

64 O TICO-TTCO OUTUBRO, 1955

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SUÍNOS

OUTUBRO, 1955 O TICO-TICO 65

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a*%f/t"V ÕólfA&lmWConclusão da página anterior

GADO SUÍNO(Ilustração na página anterior)

O gado suino, como o bovino, também foi introduzido em nossopais pelos primeiros colonizadores.Descendente, segundo os naturalistas, do javalí europeu ou

do asiático, encontra-se espalhado por todo o território nacional. Nointerior do Brasil não há fazenda que não tenha sua criação de por- jcos, embora às vezes modesta.

O porco reproduz-se com relativa facilidade, rapidamente crês-ce e, comendo de tudo, engorda extraordinariamente e mais depressa jdo que qualquer outro animal.

O suino é um animal precioso para o agricultor, pois é inteira*mente comestível.

A carne, muito saborosa, conserva-se muito bem em sal e a suagordura, o toucinho, depois de derretida, fornece ótima banha. Deseus pêlos são fabricadas escovas.

Embora não dê preferência manifesta por nenhum tipo de ali-men tação, é o milho, a base de sua nutrição.

Constitui um dos grandes fatores da nossa riqueza.A despeito do nome, o porco dá preferência a um chiqueiro lim-

po, seco, quente e arejado.Muitas são as raças de porcos criadas no Brasil, avultando entre

elas o "canastrão", que pode rivalizar com as melhores raças estran-geiras, não só por ser prolifera como também pela propensão à en-gorda.

ótimos resultados têm-se obtido com o cruzamento da raça ca-nastrão com as estrangeiras Yorkshlre, Polland • China, Duroc-Jersey, etc.

Os Estados brasileiros que mais avultam na criação do gadosuino, são:

Rio Grande do Sul.Minas GeraisSão Paulo

6.II.

0'TICO-TICO

ParanáSanta CatarinaGoiás.

(Continua)mMmmmÊm

OUTUBRO, 1955

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^AVENTURAS DE CHIQUINHO (Coiiclii.sàodg 4-t capai**%j J^ ^-^^ T |u | _- v I «-ww-*" V—^r-

Na esquina estava o guarda Benedito, queainda tentou deter o corredor Chiquinho pas-sou com tanto velocidade que um não viu ooutro direito 0 guarda disse : Será o ChicoLandi ?

E Chiquinho, por sua vez, perguntou:— Será o Benedito ?

Ora, acontece que na esquina estavam aconversor a dona Jajá e o professor Pafuncio,dois velhos amigos . .y^ .ns /a n>^_ ,~^" i

e foi a eles que coube a tarefa de servir de freio ao "coixotelac " do nosso amigo Foi umacena muito triste E o nosso fotógrafo fixou o flagrante acima, em que vemos as três vítimas,entre os destroços de mais um sonho de Chiquinho

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AVtiNTUf

Chiquinho não perde a vei.ia mania de pos-suir um " rabo - de - peixe

" fabricado em casa,nas suas próprias oficinas. E há dias o Benja-mim foi surpreendido com a presença de umlindo carro no quintal.

— De onde saiu essa jóia ? — perguntoua Chiquinho. — Ora ! — respondeu este —Do meu gênio criador ! E vais ver como corre !E vais ver como vai fazer sucesso ! E vais veruma porção de coisas !

y^A\A jf^Vv '^vT^fc^'' *

|| \^y^A seguir Chiquinho deu instruções ao ami-

go, para que empurrasse o "coixotelac", eveloz, oté pegar embalagem. Sc bem recomen-dou, melhor Benjamim o fêz, metendo pés emãos à obra

Empurrou tão bem que o lindo veículo to-mou mesmo impulso e, encontrando a ladeira,lá se foi, que nem uma bala, rua a baixo. Chi-quinho só fazia gritar :

— Sai da frente, minha gente ! '.Segue na parte Interna da rapa

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MEUS NETINHOS

Jk antiga forma de governo, a monarquia, em que o poder passavahereditáriamcnte de pais a filhos, se opõe a mais moderna for-

ma republicana, on que o povo toma parte na administração, atravésde representantes qqe êle próprio escolhe.

A monarquia restringe a possibilidade de governar aos membrosde uma fomilia. A república admite, pelo menos em teoria, que qual-quer cidadão possa assumir, um dia, o governo do seu pais. Num pais;republicano, todos compartilham o direito de governar. Como, gorem,não é possivel todos o fazerem ao mesmo tempo, a maioria escolhe umconcidadão, reconhecido como probo, capaz, empreendedor e pátrio-ta, e encarna este na sua pessoa o poder, passando a governar pelos)demais. Está claro que sempre há descontentes, mas para sanar essesdescontentamentos existe um remédio, que é a renovação periódicadaquele mandato, isto é, da transmissão do direito de governar emnome de todos. Para isso se realizam eleições, nas quais o povo ,é cha-mado a escolher novos representantes seus, não só para fazer as leis— os deputados, senadores e vereadores, — como para administrar,isto é, executar as leis, realizar obras, promover medidas que beneft*ciem a população em geral

Não devemos confundir as palavras democracia e república, poisembora tenham estreita relação entre si, não significam a mesmacoisa. Democracia é termo mais geral. A exata diferença entre aa duaspalavras, só mais tarde vocês poderão compreender.

Nosso pais, em 1889, mudou sua forma de governo, repudiando aMonarquia e adotando a República. Esta efeméride será comemoradano dia 15 desse mês, quando se completam 66 anos da histórica mu*dança de regime.

VOVÓ

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