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Nº 2 – Bimestral – Dezembro 2013/Janeiro 2014 EDIÇÃO ELETRÓNICA

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Nº 2 – Bimestral – Dezembro 2013/Janeiro 2014 EDIÇÃO ELETRÓNICA

Síntese de conjuntura elaborada com informação até 31-01-14

(foi ainda incluída informação posterior relativa às Estatísticas de Emprego do INE

e aos índices de taxa de câmbio efetiva divulgados pelo Eurostat)

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 3

Índice de Assuntos

SUMÁRIO .......................................................................................................... 12

1. TEMA EM DESTAQUE ............................................................................... 25

Contas Regionais 2010-2012................................................................................. 25

2. ENVOLVENTE INTERNACIONAL ........................................................... 30

2.1 Enquadramento ............................................................................................. 30

2.2 Economias avançadas e em desenvolvimento: dimensão de mercado, evolução

recente e projeções ............................................................................................. 35

3. ENVOLVENTE NACIONAL ....................................................................... 42

3.1 Enquadramento e medidas de política económica ............................................. 42

3.1.1 Enquadramento .......................................................................................... 42

3.1.2 Medidas de política económica...................................................................... 45

3.1.2.1 Medidas diversas ...................................................................................... 45

3.1.2.2 Sistemas de incentivos / fundos comunitários ............................................. 51

3.1.2.3 Sistema fiscal ........................................................................................... 56

3.1.2.4 Privatizações ............................................................................................ 56

3.1.2.5 Política social e laboral .............................................................................. 58

3.2 Atividade económica global: evolução recente e perspetivas .............................. 59

3.2.1 Evolução recente do PIB e de outros indicadores de atividade ......................... 59

3.2.2 Projeções macroeconómicas para Portugal .................................................... 63

3.3 Atividade industrial ......................................................................................... 66

3.4 Investimento ................................................................................................. 70

3.5 Constituições, dissoluções e insolvências de empresas....................................... 76

3.5.1 Constituições, dissoluções e criação líquida de empresas ................................ 76

3.5.2 Insolvências de empresas ............................................................................ 79

3.6 Evolução recente das exportações de bens e de serviços ................................... 81

FICHA TÉCNICA

Propriedade

AEP - Associação

Empresarial

de Portugal

Edifício de Serviços

Av. Dr. António Macedo

4450-617 LEÇA DA

PALMEIRA

Diretor

José António Barros

Edição

AEP/ Gabinete de Informação Económica

Redação

AEP/ Gabinete de

Informação Económica

Maria de Lurdes Fonseca

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Sede de Redação

AEP - Associação

Empresarial

de Portugal

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Av. Dr. António Macedo

4450-617 LEÇA DA

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NIPC 500971315

Publicidade

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de Portugal

Telef.: 22 998 1500

Design Gráfico

Mariana Barros

Periodicidade

Bimestral

ISSN: 2183-198X

Depósito Legal

No. 28804

Registo no ICS: 117830 É autorizada a reprodução

dos trabalhos publicados,

desde que citada a fonte

e informada

a direção da revista.

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Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 4

3.6.1 Intensidade exportadora (total, bens e serviços) ............................................ 81

3.6.2 Evolução das exportações de bens (comércio internacional) ............................ 82

3.6.3 Quotas de mercado das exportações de mercadorias ...................................... 85

3.6.4 Exportações de serviços: evolução e quota de mercado .................................. 87

3.7 Financiamento ............................................................................................... 87

3.8 Mercado de Trabalho ...................................................................................... 94

3.9 Custos das Matérias-primas ............................................................................. 99

3.10 Custos da Energia ...................................................................................... 102

3.10.1 Eletricidade ............................................................................................. 102

3.10.2 Gás natural ............................................................................................. 103

3.10.3 Combustíveis ........................................................................................... 104

3.11 Competitividade pelo preço e pelos custos laborais: câmbios, inflação e custos

laborais unitários ............................................................................................... 105

3.11.1 Competitividade pelo preço: câmbios e inflação .......................................... 105

3.11.2 Competitividade pelos custos laborais ........................................................ 110

3.12 Ajustamento da economia portuguesa .......................................................... 111

3.12.1 Equilíbrio externo .................................................................................... 111

3.12.2 Contas públicas ....................................................................................... 116

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Índice de Quadros

Quadro 1.1: Variações nominais e reais do PIB regional (2010-2012) e estrutura

(2012), % ........................................................................................................... 25

Quadro 1.2: PIB per capita e produtividade aparente do trabalho em 2011 (Portugal=

100) ................................................................................................................... 27

Quadro 2.2.1: Previsões para o PIB de algumas economias desenvolvidas e em

desenvolvimento: 2013-2015 (tvar, %).................................................................. 36

Quadro 2.2.2: Indicadores de dimensão e dinâmica de mercado para algumas

economias desenvolvidas e em desenvolvimento .................................................... 39

Quadro 2.2.3: Evolução recente do PIB de algumas economias desenvolvidas e em

desenvolvimento (tvhr, %) ................................................................................... 40

Quadro 3.1.2.2.1 Portugal 2020: Repartição indicativa dos Fundos Estruturais Europeus

e de Investimento (FEEI) por objetivo temático a nível nacional .............................. 55

Quadro 3.2.1.1: PIB e componentes (contas nacionais) ........................................... 61

Quadro 3.2.1.2: Indicadores mensais de atividade económica ................................. 62

Quadro 3.2.2.1: Previsões económicas para Portugal .............................................. 64

Quadro 3.3.1: Indicadores de atividade industrial corrente ...................................... 67

Quadro 3.3.2: Taxas de utilização da capacidade produtiva ..................................... 68

Quadro 3.3.3: Indicadores avançados de atividade industrial ................................... 68

Quadro 3.4.1: Investimento e componentes (contas nacionais) ............................... 71

Quadro 3.4.2: Investimento direto e outros indicadores avançados de investimento .. 71

Quadro 3.4.3: Investimento Empresarial ................................................................ 74

Quadro 3.4.4: Outros indicadores do Inquérito de Conjuntura ao Investimento ......... 75

Quadro 3.5.1.1: Constituições, dissoluções e criação líquida de empresas ................. 76

Quadro 3.5.2.1: Insolvências de empresas ............................................................. 79

Quadro 3.5.2.2: Tipo de ações de insolvência......................................................... 80

Quadro 3.6.2.1: Exportações de mercadorias por tipo de produtos ........................... 83

Quadro 3.6.2.2: Exportações de mercadorias nos principais mercados ...................... 84

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 6

Quadro 3.6.3.1: Quotas de mercado das exportações de mercadorias (%) ............... 85

Quadro 3.6.4.1: Exportações de serviços ............................................................... 87

Quadro 3.7.1: Taxas de juro e stock de crédito ...................................................... 89

Quadro 3.8.1: Inquérito trimestral ao emprego do INE............................................ 97

Quadro 3.8.2: Dados mensais do IEFP sobre o mercado de trabalho ........................ 99

Quadro 3.9.1: Índices e cotações das matérias-primas ............................................ 99

Quadro 3.10.1.1: Preços da eletricidade (sem IVA) em Portugal e na UE (€/KWh) ... 102

Quadro 3.10.2.1: Preços do gás natural (sem IVA) em Portugal e na UE (€/GJ) ...... 103

Quadro 3.10.3.1: Preço do gasóleo rodoviário em Portugal e na UE (€/litro) ........... 104

Quadro 3.11.1.1: Indicadores de competitividade-preço (2005=100) ..................... 105

Quadro 3.11.2.1: Indicadores de competitividade-custo (2005=100) ...................... 110

Quadro 3.12.1.1: Balanças corrente e de capital (dados do Banco de Portugal) ....... 111

Quadro 3.12.1.2: Evolução dos termos de troca ................................................... 113

Quadro 3.12.1.3: Balança de mercadorias e componentes (dados do INE em M€) ... 113

Quadro 3.12.1.4: Rácios de dívida bruta não consolidada no setor não financeiro (% do

PIB) .................................................................................................................. 116

Quadro 3.12.2.1 Rácios de dívida bruta no setor público não financeiro (% do PIB) 117

Quadro 3.12.2.2: Dívida direta do Estado e empréstimos do PAEF ......................... 117

Quadro 3.12.2.3: Dívida não financeira e pagamentos em atraso do setor público (em

M€) .................................................................................................................. 118

Quadro 3.12.2.4: Saldo das Administrações Públicas (contabilidade nacional) ......... 119

Quadro 3.12.2.5: Execução orçamental do subsetor Estado (contabilidade pública) . 121

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

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Índice de Figuras

Figura 1.1: PIB per capita das regiões NUTS II face à média nacional (Portugal=100) 26

Figura 1.2: PIB per capita das regiões NUTS II face à média europeia (UE 28=100,

valores em paridade dos poderes de compra) ........................................................ 26

Figura 1.3: Peso da indústria* no VAB em Portugal e nas regiões NUTS II em 2012 (%)

.......................................................................................................................... 28

Figura 1.4: Variação real do PIB em Portugal e na região Norte 2005-2012 (%) ........ 28

Figura 2.2.1: Previsões do FMI para o PIB mundial, das economias desenvolvidas e em

desenvolvimento (tvar, %) ................................................................................... 37

Figura 3.2.1.1: PIB per capita na UE (paridade dos poderes de compra, UE 28=100) 59

Figura 3.2.1.2: PIB e Indicador Coincidente do Banco de Portugal (tvhr, %) ............. 61

Figura 3.2.1.3: Indicador de Clima Económico (mm3) e Indicadores de Confiança, IC

(saldo de respostas extremas, sre, mm3)............................................................... 62

Figura 3.2.1.4: Indicador de Sentimento Económico em Portugal, zona euro e UE ..... 63

Figura 3.3.1: Produção industrial (tvh, %) e volume de negócios (tvhn, %), total e no

mercado externo ................................................................................................. 68

Figura 3.3.2: Novas encomendas na indústria: total, mercados nacional e externo (tvh,

mm3) ................................................................................................................. 69

Figura 3.3.3: Principais obstáculos à produção na IT (% das respostas em que foram

indicados obstáculos) ........................................................................................... 70

Figura 3.4.1: FBCF (tvhr, %) e Indicador mensal de FBCF (tvhr, mm3, %) ............... 72

Figura 3.4.2: Investimento empresarial (tvan, %) ................................................... 73

Figura 3.5.1.1: Constituições e dissoluções de empresas: estrutura por setor de

atividade (Jan-Nov 2013,%) ................................................................................. 77

Figura 3.5.1.2: Criação líquida de empresas por setor (2012 e Jan-Set 2013) ............ 78

Figura 3.5.1.3 Constituições e dissoluções de empresas: distribuição por regiões NUTS

II (Jan-Nov 2013, %) ........................................................................................... 78

Figura 3.5.1.4 Criação líquida de empresas, regiões NUTS II (2012 e Jan-Nov 2013) . 79

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Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 8

Figura 3.5.2.1 Insolvências de empresas: distribuição por distrito (2012 e Jan-Set

2013, %) ............................................................................................................ 80

Figura 3.5.2.2: Insolvências de empresas: estrutura por setor (2012 e Jan-Set 2013,

%) ..................................................................................................................... 81

Figura 3.6.1.1: Intensidade exportadora: total, bens e serviços ............................... 82

Figura 3.6.3.1: Evolução homóloga das exportações de mercadorias, da procura

externa relevante e dos ganhos de quota de mercado ............................................ 85

Figura 3.6.3.2: Quotas de mercado das exportações portuguesas de bens, mundo e 20

principais mercados: 2012 e acumulado em 2013 (%) ............................................ 86

Figura 3.7.1: Taxas Euribor a 3, 6 e 12 meses (valores médios mensais, %) ............. 88

Figura 3.7.2: Yields soberanas a 10 anos em alguns países da zona euro (%) ........... 90

Figura 3.7.3: Taxas de juro sobre novas operações denominadas em euros (até 1 M€ e

excluindo descobertos bancários) concedidas às sociedades não financeiras por

instituições financeiras monetárias (médias ponderadas, %) ................................... 91

Figura 3.7.4: Stock de crédito interno do setor financeiro monetário às sociedades não

financeiras (M€ e tvh em %) ................................................................................ 92

Figura 3.7.5: Crédito interno do setor financeiro monetário por setor institucional (M€)

.......................................................................................................................... 92

Figura 3.7.6: Empréstimos bancários a sociedades não financeiras por setor de

atividade (saldos em final de mês, não incluindo títulos; M€) ................................... 93

Figura 3.7.7: Empréstimos bancários por subsetor da indústria transformadora (saldos

em final de mês, não incluindo títulos; M€) ............................................................ 93

Figura 3.7.8: Crédito do setor financeiro monetário e não monetário às sociedades não

financeiras: total (inclui SGPS), grandes empresas, PME e exportadoras (tvh, %) ...... 94

Figura 3.8.1: Taxa de desemprego total, jovem e de longa duração ......................... 95

(%, sem correção de sazonalidade) ....................................................................... 95

Figura 3.8.2: Taxas de desemprego mensais de Portugal, da zona euro e dos EUA .... 98

(%, com correção de sazonalidade nos valores mensais) ........................................ 98

Figura 3.9.1: Índice global de matérias-primas e componentes de inputs industriais:

metais, matérias-primas agrícolas e energia (2005=100, valores mensais).............. 100

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 9

Figura 3.9.2: Cotação média do algodão (cêntimos de dólar por libra de peso) ....... 100

Figura 3.9.3: Cotações médias do minério de ferro e do cobre (dólares por tonelada)

........................................................................................................................ 101

Figura 3.9.4: Preço médio spot do petróleo (dólares por barril de brent) ................ 102

Figura 3.11.1.1: Evolução da competitividade-preço e das componentes cambial e de

diferencial de preços face ao exterior (tvh em % do ITCRE e do ITCNE, e diferença em

p.p.) ................................................................................................................. 106

Figura 3.11.1.2: Taxas de inflação homólogas (%) de Portugal, UE (IHPC) e EUA (IPC),

e diferencial de inflação entre Portugal e a UE (p.p.) ............................................ 107

Figura 3.11.1.3: Inflação (IHPC), total e componentes de bens e serviços (tvh, %) . 107

Figura 3.11.1.4: Tvh do ITCN e do ITCN5, incluindo as 5 moedas dos maiores

mercados extra-UE: kwanza angolano, libra inglesa, dólar norte-americano, yuan

chinês e real brasileiro ....................................................................................... 108

Figura 3.11.1.5: Taxa de câmbio euro/dólar (média mensal; Jan 1999 a Dez 2013) . 109

Figura 3.11.2.1: Evolução da competitividade-custo e das componentes cambial e de

diferencial de CLU face ao exterior (tvh em % do ITCRE e do ITCNE, e diferença em

p.p.) ................................................................................................................. 111

Figura 3.12.1.1: Balança corrente e de capital (% do PIB) de Portugal e da zona euro

........................................................................................................................ 112

Figura 3.12.1.2: Capacidade (+) / necessidade (-) de financiamento por setor

institucional (% do PIB) ..................................................................................... 114

Figura 3.12.1.3: Posição de investimento Internacional (PII) de Portugal e da UE, e

dívida externa líquida de Portugal em final de período (% do PIB) ......................... 115

Figura 3.12.2.1: Défice e dívida pública em Portugal e na zona euro (% do PIB) ..... 120

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 10

Principais Siglas e Abreviaturas

BCE – Banco Central Europeu

BdP – Banco de Portugal

BLS – Bureau of Labour Services (Departamento do Trabalho dos EUA)

BM – Banco Mundial

CE – Comissão Europeia

CLU – Custos laborais unitários

DGEG – Direção-geral de Energia e Geologia

DGO – Direção-geral do Orçamento

Ecofin – Conselho Europeu dos Ministros das Finanças e da Economia dos Estados-membros da União Europeia

EUA – Estados Unidos da América

FBCF – Formação Bruta de Capital Fixo

FEEF – Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (mecanismo inicial de ajuda europeia, posteriormente

substituído pelo MEEF).

FMI – Fundo Monetário Internacional

GJ - GigaJoule

IC – Indicador de Confiança

IEFP – Instituto de Emprego e Formação Profissional

IGCP – Instituto de Gestão do Crédito Público (Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP,

E.P.E.)

IHPC – Índice Harmonizado de Preços no Consumidor

INE – Instituto Nacional de Estatística

INE Angola – Instituto nacional de Estatística de Angola

IPC – Índice de Preços no Consumidor

IRC – Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas

IRS – Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares

ISP – Imposto sobre Produtos Petrolíferos

IT – Indústria transformadora

ITCNE – Índice de Taxa de Câmbio Nominal Efetiva

ITCRE – Índice de Taxa de Câmbio Real Efetiva

IVA – Imposto sobre o Valor Acrescentado

KWh – Kilowatt por hora

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 11

M€ - Milhão de euros

MEEF – Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira

MIBEL – Mercado Ibérico de Eletricidade

Mm3 – média móvel de três meses

Mm2T – média móvel de dois trimestres

MWh – Megawatt por hora

NUTS - Nomenclatura das Unidades Territoriais para fins Estatísticos

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

OE – Orçamento de Estado

OMC – Organização Mundial de Comércio

ONU – Organização das Nações Unidas

OR – Orçamento Retificativo

OT – Obrigação do Tesouro

PAEF – Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal

PIB – Produto Interno Bruto

PIB pc – PIB per capita

PII – Posição de Investimento Internacional

PME – Pequenas e Médias Empresas

P.p. – pontos percentuais

Refi – Taxa principal de refinanciamento do BCE

SGPS – Sociedades Gestoras de Participações Sociais

Sre – saldo de respostas extremas

Tva – taxa de variação anual

Tvar – taxa de variação anual real

Tvc – taxa de variação em cadeia

Tvcr – taxa de variação em cadeia real

Tvh – taxa de variação homóloga

Tvha – taxa de variação homóloga acumulada no ano

Tvhn – taxa de variação homóloga nominal

Tvhr – taxa de variação homóloga real

UE – União Europeia

UTAO – Unidade Técnica de Apoio Orçamental à Assembleia da República

Vcs – valores corrigidos de sazonalidade

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

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SUMÁRIO

ENVOLVENTE INTERNACIONAL

Enquadramento

A nível internacional, salienta-se o tom de otimismo moderado com que terminou a 44ª

edição do Fórum Económico Mundial em Davos, na Suíça, no final de janeiro.

Nos EUA, o Congresso alcançou um acordo orçamental a dois anos no início de dezembro,

evitando uma nova paralisação da Administração em meados de janeiro.

A redução do programa de compra de ativos da Reserva Federal em dezembro de 2013

e janeiro de 2014 levou à fuga de capitais em vários países em desenvolvimento.

Na zona euro, a Irlanda e Espanha terminaram com sucesso os seus programas de ajuda.

O BCE manteve as taxas de juro diretoras em mínimos históricos e afastou o cenário de

deflação na zona euro.

No dia 21 de janeiro, a Comissão Europeia anunciou a suspensão de parte das negociações de

um acordo de comércio livre entre a UE e os EUA, por recear que coloquem em risco as

proteções à saúde e ambiente existentes na Europa.

Merecem ainda realce as sete prioridades para a Reindustrialização da Europa

apresentadas, nesse mesmo dia, pelo Presidente da Comissão Europeia, que enfatizou os

"esforços notáveis" das empresas nos países em crise como “exemplo” nesse domínio.

A Comissão Europeia adotou, a 22 de janeiro, a Proposta do Quadro Energia e Clima 2030,

que visa impulsionar a evolução para uma economia hipocarbónica e para um sistema

energético competitivo e seguro. Faz ainda parte do pacote Energia e Clima 2030 a Proposta de

decisão da Comissão sobre a criação e funcionamento de uma reserva de estabilidade do

mercado para o regime de comércio de licenças de emissão da UE.

O estudo da Comissão Europeia Energy Economic Developments in Europe mostra que a

indústria europeia compensa preços reais da energia relativamente superiores com uma menor

intensidade energética nos seus produtos, chamando ainda a atenção que a vantagem

competitiva dos EUA com a exploração de gás de xisto barato poderá vir a reduzir-se no futuro.

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 13

A Comissão Europeia anunciou ainda que pretende regras mínimas comuns de segurança

na exploração de gás de xisto na Europa.

Previsões económicas e evolução recente

Quanto a previsões das organizações internacionais, o FMI melhorou ligeiramente as previsões

de crescimento mundial em 2013 e 2014, apresentando valores mais otimistas do que o

Banco Mundial e a ONU, que também atualizaram as suas estimativas.

O FMI salientou que a zona euro está a “virar a esquina da recessão para a

recuperação”. As previsões para a zona euro mantiveram-se inalteradas (-0.4% em 2013, 1%

em 2014 e 1.4% em 2015), salientando-se, porém, uma melhoria das perspetivas da Alemanha

e Espanha em 2014, que compensa o menor otimismo para a França e a Itália.

A retoma do ritmo de crescimento nas economias avançadas é decisiva para a melhoria

de andamento da economia mundial. As novas previsões para as economias em

desenvolvimento não trazem alterações significativas no seu conjunto, mas realça-se a revisão

em baixa do crescimento do Brasil e da Rússia em 2014 e 2015, e em alta na China e Índia.

Apesar da melhoria global das perspetivas, o FMI aponta vários riscos descendentes ao cenário

de base e medidas para os minorar, designadamente no que se refere ao risco de deflação na

zona euro, que exige medidas adicionais do BCE. O Fundo considera ainda que deve ser evitada

uma retirada prematura dos estímulos de política monetária nos EUA.

A fuga de capitais apresenta-se como o maior risco para as economias em desenvolvimento.

O crescimento do comércio mundial foi revisto em baixa pelo FMI.

Os dados das contas nacionais mostram uma aceleração homóloga do PIB dos EUA no

quarto trimestre, que sinaliza uma retoma sustentada. A nível europeu, foi confirmado o

crescimento ligeiro da UE no terceiro trimestre e a queda menos acentuada na zona euro. Nas

economias em desenvolvimento, os dados mais recentes mostram um menor crescimento

da China, Brasil e Rússia, a aceleração na Índia e a manutenção de um elevado dinamismo em

Moçambique.

Os indicadores avançados apontam para um maior dinamismo económico dos EUA e da UE

na primeira metade de 2014.

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 14

ENVOLVENTE NACIONAL

Enquadramento e medidas diversas de política económica

No dia 16 de dezembro, a Ministra de Estado e das Finanças e o Vice-Primeiro-Ministro

revelaram que “a décima avaliação do Programa de Assistência Económica e

Financeira foi positiva” e que o Programa “está a desenvolver-se “em linha com o previsto”,

devendo “terminar na data prevista”.

Em dezembro foi publicada, em Diário da República, a Estratégia de Fomento Industrial

para o Crescimento e o Emprego 2014-2020 e a criação, no seio do Ministério da

Economia, do Conselho para a Indústria.

No dia 8 de janeiro, o Governo revelou que Governo pretende identificar, junto dos

empresários, o top 12 dos fardos burocráticos e reduzir em 50% os custos associados.

No dia 9 de janeiro, a Ministra das Finanças considerou um sucesso a emissão de 3.25 mil

M€ de dívida pública a 5 anos nesse dia, destacando a procura “muito satisfatória”

(excedendo os 11 mil M€) e a redução do custo face à anterior emissão no mesmo prazo. Em

dezembro, fora já realizada com sucesso pelo IGCP uma operação de troca de dívida

pública de montante bem mais substancial (cerca de 6 mil M€, quase 4% do PIB),

transferindo para 2017 e 2018 dívida que se vencia em 2014 e 2015, o que alivia os

pagamentos na altura de retorno aos mercados.

No mesmo dia, o Conselho de Ministros aprovou uma proposta de lei de alteração ao

Orçamento de Estado de 2014 com medidas compensatórias da decisão de

inconstitucionalidade do diploma de convergência das pensões da CGA com o regime de

Segurança Social. A proposta foi aprovada na generalidade pelo Parlamento no dia 24.

Foi ainda aprovada a revisão do regime jurídico do papel comercial, com vista a potenciar

o recurso a este instrumento por um número maior de emitentes, em particular empresas de

menor dimensão que habitualmente não recorrem a esta modalidade de financiamento.

No dia 16 de janeiro, o secretário de Estado dos Transportes anunciou a extinção, com

efeitos retroativos a 1 de janeiro, da Taxa de Utilização Portuária (TUP), que já tinha

sido reduzida em 80%, e o congelamento das outras taxas portuárias em 2014.

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 15

No dia 17 de janeiro, o Primeiro-ministro anunciou no Parlamento que a forma de saída de

Portugal do Programa de Assistência está a ser negociada e que os termos só serão

definidos cerca de um mês antes da conclusão do mesmo (17 de maio), como no caso da

Irlanda, estando em aberto duas possibilidades: uma “saída limpa” (sem programa cautelar),

como fez a Irlanda, ou um Programa Cautelar (cujas condições podem ser mais ou menos

gravosas). Para o Governo, está afastada a possibilidade de um novo resgate.

Também no dia 17, o ministro do Ambiente e da Energia formalizou junto da Comissão

Europeia uma proposta para que os Estados-Membros sejam obrigados a ter interligações de

eletricidade equivalentes a 25% da sua capacidade de produção até 2030. Esta proposta

insere-se na temática do Quadro Energia e Clima 2030.

O Conselho de Ministros de 23 de janeiro adotou a Estratégia Nacional para o Mar 2013-

2020, que pretende aumentar o contributo do setor para o PIB em 50%.

No mesmo dia, foi aprovado o “licenciamento zero” nos empreendimentos turísticos.

No dia 29 de janeiro, foi empossada a Empossada a Comissão Para a Reforma Fiscal

Verde, que irá estudar uma revisão estrutural e coerente da fiscalidade ambiental e energética,

bem como promover um novo enquadramento fiscal e parafiscal, incentivando a ecoinovação e

a eficiência na utilização de recursos, bem como o desenvolvimento de mecanismos que

permitam a internalização das externalidades ambientais. A Reforma deverá contribuir para a

redução da dependência energética do exterior e para a indução de padrões de produção e de

consumo mais sustentáveis. Pretende-se ainda fomentar o empreendedorismo e a criação de

emprego, a concretização eficiente de metas e objetivos internacionais e a diversificação das

fontes de receita, num contexto de competitividade económica e neutralidade do sistema

fiscal, tendo sido apontada a possibilidade de substituição de outros impostos, como o

IRS. A promoção da estabilidade fiscal como fator de confiança e atração de investimento

foi também realçado como um aspeto muito relevante para o qual a Reforma deverá contribuir,

nomeadamente por dar seguimento aos trabalhos desenvolvidos na reforma do IRC.

No mesmo dia, o ministro do Ambiente, do Ordenamento do Território e da Energia anunciou

que está prevista a redução do défice tarifário do setor elétrico a partir de 2016,

permitindo diminuir a dívida tarifária para um valor residual em 2020.

No dia 30 de janeiro, o Banco de Portugal divulgou os resultados para Portugal do Inquérito

aos Bancos Sobre o Mercado de Crédito, onde se observa uma ligeira diminuição da

restritividade na concessão de empréstimos às empresas, especialmente as PMEs.

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 16

Sistemas de incentivos / fundos comunitários

A Comissão Europeia publicou o Regulamento n. 1407/2013, de 18/12 (JO L 352 de 24/12), que

estabelece as novas regras referentes ao enquadramento legal aplicável aos auxílios de

minimis, sendo obrigatório e diretamente aplicável em todos os Estados-Membros, para

vigorar até final de dezembro de 2020.

No decurso do mês de dezembro de 2013 foi publicada, no Jornal Oficial da União Europeia,

legislação diversa referente a programas comunitários de apoio e a fundos europeus

estruturais e de investimento enquadrados na “Estratégia Europa 2020”, a vigorarem

durante o Quadro Financeiro Plurianual (1/1/2014 a 31/12/2020).

No dia 31 de janeiro de 2014, o Governo português apresentou à Comissão Europeia a proposta

do Acordo de Parceria 2014-2020, que define as prioridades de financiamento dos Fundos

Estruturais Europeus e de Investimento (FEEI) para esse período, denominado Portugal 2020,

que entra agora na fase de negociação formal. O quadro de programação Portugal 2020

envolve uma dotação global de 25.24 mil M€ e está assente em quatro eixos temáticos:

“Competitividade e Internacionalização”, “Capital Humano”, “Inclusão Social e Emprego” e

“Eficiência no Uso dos Recursos”. Por outro lado, continuam a existir os programas regionais

(cinco no continente e dois para Açores e Madeira), três programas especificamente para o

desenvolvimento rural e um programa para os assuntos marítimos e pescas.

O Ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional referiu que os fundos serão utilizados “com

um mecanismo diferente”: “não iremos financiar projetos, mas contratualizar resultados”, pelo

que “devem ser os bons projetos a justificar financiamento”. Grande parte dos fundos será

canalizada para as PME e deve privilegiar a competitividade e internacionalização da economia.

Foi aprovado o Plano Nacional de Implementação de Uma Garantia Jovem, que visa

implementar a Recomendação da Comissão Europeia para a concretização, em cada Estado-

Membro, de iniciativas concertadas para proporcionar a todos os jovens uma oportunidade, seja

de emprego, de formação permanente, de educação e formação profissional ou estágio, no

prazo de quatro meses após ficarem desempregados ou saírem da educação formal.

Sistema fiscal

Desataca-se a publicação, em Diário da República, da Reforma do IRC.

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 17

Privatizações

O Conselho de Ministros de 9 de janeiro aprovou a proposta da empresa chinesa Fosun

International Limited para a aquisição de 80% do capital social das seguradoras da Caixa

Seguros.

O Conselho de Ministros de 30 de janeiro aprovou o processo de privatização da Empresa

Geral do Fomento, S.A. (EGF, S.A.).

Política Social e Laboral

Foi publicada a Lei referente às bases gerais do sistema de segurança social, introduzindo

a possibilidade de ajustamento da idade normal de acesso à pensão de velhice de acordo com a

evolução dos índices da esperança média de vida. Assim, pode ser alterado o ano de referência

da esperança média de vida sempre que a situação demográfica e a sustentabilidade das

pensões justificadamente o exija. O novo fator de sustentabilidade é aplicável no cálculo

das pensões futuras, não afetando os atuais pensionistas.

Atividade económica global: evolução recente e perspetivas

De acordo com o Eurostat, o PIB per capita de Portugal recuou para 76% da média da

União Europeia (28) em 2012 (após 77% e 80% nos dois anos precedentes).

Os dados revistos das contas trimestrais confirmam a saída da recessão no terceiro trimestre

de 2013. A revisão favorável de várias componentes do PIB no segundo trimestre, em que se

salienta a queda menos acentuada da procura interna, é sinal adicional de saída da recessão.

O indicador coincidente de atividade do Banco de Portugal sinaliza uma recuperação

homóloga do PIB no último trimestre de 2013 e o desagravamento significativo da queda anual.

Destaca-se, também, a recuperação do indicador de consumo privado de 2013 e a menor

queda do indicador de FBCF no quarto trimestre.

O indicador de clima económico do INE manteve um perfil ascendente em janeiro,

refletindo melhorias nos indicadores de confiança.

Em termos de projeções macroeconómicas, assinala-se o maior otimismo do Banco de

Portugal quanto à evolução da economia nacional, apontando agora para uma retoma do PIB

de 0.8% em 2014 e uma aceleração para 1.5% em 2015, em termos reais. Nas revisões, é de

realçar a melhoria da projeção do consumo privado, em recuperação já em 2014. Para 2015,

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 18

espera-se a manutenção do dinamismo das exportações e uma aceleração do investimento

e do consumo privado. Prevê-se uma retoma do emprego, uma inflação moderada e um

excedente externo significativo, aumentando para 4.7% do PIB em 2015 (saldo das balanças

corrente e de capital), incluindo um saldo positivo de 3.5% na balança de bens e serviços.

Deste modo, impulsionado pelo investimento empresarial e pelas exportações, em 2014 e 2015

o crescimento económico em Portugal aproxima-se do registado na zona euro.

Atividade industrial

O índice de produção industrial registou subidas homólogas de 7.2% em dezembro, 4.6%

no quarto trimestre e 0.9% em 2013, impulsionado fundamentalmente pela indústria

transformadora (IT). É também de destacar o crescimento nominal de 11.6% do índice de

volume de negócios do mercado externo em novembro.

A refletir o forte crescimento da produção industrial, a taxa de utilização da capacidade

produtiva da IT situou-se, no quarto trimestre, num máximo de mais de três anos (75.6%).

Também os indicadores avançados de atividade industrial apontam para um maior

dinamismo no início de 2014, incluindo uma melhoria do indicador de confiança da IT,

refletindo sobretudo melhores avaliações da procura externa e perspetivas de produção.

Na IT, aumentou a proporção de empresas que citou não ter nenhum obstáculo à produção.

Entre as empresas que citaram ter obstáculos, a insuficiência de procura continuou a ser o

principal obstáculo mencionado, embora perdendo algum peso.

Investimento

Registou-se uma menor queda do investimento no terceiro trimestre de 2013, refletindo a

retoma no equipamento não automóvel e o desagravamento na construção. É de assinalar

a recuperação do investimento público, após oito trimestres em queda.

Os dados mais recentes mostram um desagravamento do indicador de FBCF do INE em

outubro e novembro.

Em termos de indicadores prospetivos, assinala-se a retoma das novas encomendas de bens

de investimento no mercado nacional no final de 2013 e a subida da confiança da

construção para um máximo de 3 anos em janeiro.

Os dados do Banco de Portugal dão conta de uma menor queda do investimento direto

estrangeiro e de uma recuperação do investimento português no exterior, no período

de janeiro a novembro de 2013.

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 19

O investimento direto líquido começou a recuperar a partir de setembro e atingiu 992 M€

no acumulado até novembro, valor ainda bastante inferior ao observado no período homólogo,

mas que reflete a retoma da confiança na economia nacional.

O inquérito de conjuntura ao investimento do INE aponta para uma recuperação nominal

do investimento empresarial de 1.1% em 2014 (primeira estimativa), após 6 anos seguidos

em perda, liderado pelas empresas industriais exportadoras, de média e grande dimensão, e

destinado à obtenção de equipamento.

O peso do investimento de extensão de capacidade de produção é particularmente

elevado nas empresas industriais exportadoras, confirmando a melhoria das perspetivas

nos mercados de exportação.

O inquérito apontou ainda para um aumento do peso do financiamento bancário na IT em

2014, sinalizando uma menor restritividade no acesso ao crédito bancário. Salienta-se também

o facto de apenas a IT apresentar um saldo de respostas extremas positivo quanto ao impacto

do novo investimento na criação de emprego, sobretudo nas empresas exportadoras.

Constituições, dissoluções e insolvências de empresas

No período de janeiro a novembro de 2013 registou-se uma queda acentuada das dissoluções

de empresas e um crescimento assinalável (e nos vários setores) da criação de empresas.

Deste modo, por cada empresa dissolvida foram criadas mais de duas novas empresas.

O peso das constituições acima do das dissoluções nos setores de bens e serviços

transacionáveis é um reflexo do processo de ajustamento.

Regista-se também, no mesmo período, um forte abrandamento das ações de insolvência,

onde se destaca a redução do peso IT por comparação com a estrutura em 2012.

Evolução recente das exportações de bens e de serviços

No terceiro trimestre de 2013 registou-se uma descida ligeira da intensidade exportadora

(para 40.9%), mas mantendo-se próxima de um máximo de várias décadas e dentro de uma

forte tendência de subida desde 2010.

Entre janeiro e novembro, as exportações portuguesas de bens apresentaram um

crescimento homólogo nominal de 4.4% (5.7% no ano de 2012).

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 20

Por grupos de produtos, continua a destacar-se a elevada influência da componente de

“combustíveis”, que explicou 61% do acréscimo das exportações, seguindo-se contributos

relevantes de um conjunto diversificado de produtos industriais.

Por mercados de destino, destaca-se o maior dinamismo das exportações no mercado

europeu, amortecendo o abrandamento no mercado extracomunitário. Dos vinte

principais mercados de exportação, Marrocos, Argélia, Brasil, Polónia e Espanha revelaram-

se os mercados de destino mais dinâmicos nos onze primeiros meses de 2013.

No que se refere às quotas de mercado das exportações nacionais de mercadorias no

mercado mundial, os resultados apurados apontam para um valor de 0.33% no período de

janeiro a setembro de 2013, traduzindo uma melhoria face ao valor de 0.31% no conjunto de

2012 (de 0.69% para 0.74% intra-UE e de 0.13% para 0.15% extra-UE). Entre os 20

principais mercados de exportação, a maior quota foi registada em Angola (mas em perda

face a 2012), seguindo-se as quotas nos mercados de Espanha, Marrocos, Argélia e França (em

alta). As quotas melhoraram em 15 dos 20 maiores mercados de exportação analisados.

O aumento das quotas é ainda mais meritório dada a queda da procura externa relevante

até ao terceiro trimestre.

As exportações de serviços observaram um crescimento homólogo nominal de 7% no

período de janeiro a novembro de 2013 (recuperando de uma queda de 0.3% em 2012),

impulsionadas pela componente de turismo (que contribuiu em 3.3 p.p., correspondendo a uma

taxa de crescimento de 7.2%).

De acordo com os dados revistos da OMC, a quota das exportações de serviços nacionais

no mercado mundial situou-se em 0.58% no ano de 2012.

Financiamento

A política monetária mais acomodatícia do BCE conduziu a uma redução das taxas

Euribor médias anuais em 2013, embora em dezembro tenham atingido máximos de vários

meses por motivos técnicos e alguma normalização. A trajetória de subida prosseguiu em

janeiro, mas de forma já pouco acentuada (no dia 30, as taxas Euribor situaram-se em

0.300% no prazo de 3 meses, 0.402% nos 6 meses e 0.566% nos 12 meses), num mês em

que o BCE manteve a sua política monetária acomodatícia.

A yield soberana nacional a 10 anos registou um valor médio de 6.29% em 2013,

traduzindo uma forte descida face a 2012 (10.55%), na sequência das avaliações positivas do

programa de ajustamento e dos sinais de retoma económica e melhoria da envolvente externa,

refletindo-se na descida do prémio de risco para quase metade (de 9.05 p.p. para 4.72 p.p.).

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 21

Já em janeiro de 2014, a yield soberana de Portugal a 10 anos recuou abaixo dos 5% no final

do mês, pela primeira vez desde junho de 2010 (bem antes do início do programa de

ajustamento), uma descida suportada pela possibilidade de “saída à irlandesa” (refletindo o

sucesso da emissão de dívida pública a 5 anos e o défice orçamental abaixo do esperado), além

de descida das yields soberanas de outros países sob pressão nos mercados.

Refletindo a evolução das taxas Euribor e a redução do prémio de risco do País (e da banca), a

taxa de juro média do crédito às empresas em Portugal (até 1 M€) desceu para 6.14%

em novembro (6.27% em outubro) e encurtou a distância face à maioria dos países da zona

euro, mas tornou-se a segunda mais elevada da área ao ultrapassar o Chipre.

Os dados do Banco de Portugal mostram que o stock de crédito concedido às sociedades

não financeiras nacionais recuperou ligeiramente entre outubro e novembro, confirmando-

se ainda a tendência de desagravamento homólogo.

O setor das administrações públicas continuou a principal exceção na tendência de redução

do crédito concedido em 2013. Entre dezembro de 2012 e novembro de 2013, o crédito interno

diminuiu 8273 M€, com variações de -6141 M€ nas sociedades não financeiras, -5474 M€ nos

particulares, +445 M€ nas sociedades financeiras e +2897 M€ nas administrações públicas.

Ao nível das sociedades não financeiras, e neste caso já com dados até dezembro de 2013,

salienta-se, em termos homólogos, o aumento dos empréstimos às empresas exportadoras,

a descida menos acentuada nas PME e a quebra moderada nas grandes empresas.

Mercado de Trabalho

Segundo dados do INE divulgados a 5 de fevereiro, a taxa de desemprego oficial (do

inquérito trimestral ao emprego do INE) diminuiu pelo terceiro trimestre consecutivo no quarto

trimestre de 2013, para 15.3% (face a 15.3% no trimestre anterior e 16.9% no homólogo),

que constitui um mínimo desde o segundo trimestre de 2012.

Apesar da descida trimestral, a taxa de desemprego média anual subiu para um máximo de

16.3% em 2013 (após 15.7% em 2012), tendo o valor mais elevado sido registado na região

de Lisboa (18.5%).

A redução homóloga do desemprego no quarto trimestre foi apenas justificada em parte

pelo aumento do emprego, sendo notório o efeito da emigração. Assim, a menor queda

homóloga do desemprego no quarto trimestre foi explicada, em grandes tendências:

- pelo aumento do emprego, a tempo completo, das pessoas com mais de 35 anos, com

formação secundária e superior, no setor dos serviços, e

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 22

- pela emigração de jovens desempregados, pouco qualificados, oriundos dos setores primário e

secundário.

A descida homóloga do desemprego foi particularmente forte no setor secundário, embora

com queda do emprego.

Dada a forte recuperação homóloga da produção industrial no quarto trimestre, os dados do

mercado de trabalho sugerem que o maior dinamismo do setor secundário está ainda centrado

em ganhos de produtividade, devendo seguir-se um aumento do emprego caso se

mantenha o crescimento da atividade. De resto, os resultados do inquérito ao investimento

do INE evidenciam a indústria transformadora como o único setor que prevê um impacto

positivo do novo investimento sobre o emprego em 2014.

Dos dados do inquérito ao emprego salienta-se ainda a redução da taxa de desemprego de

longa duração e do emprego a tempo parcial no quarto trimestre (apenas aumentou o

emprego a tempo completo).

Os dados mais recentes mostram que a taxa de desemprego mensal de Portugal

estimada pelo Eurostat (corrigida de sazonalidade) recuou pelo décimo mês seguido em

dezembro, para 15.4% (um mínimo desde maio de 2012), ainda o quarto valor mais elevado

da zona euro (a seguir à Grécia, Espanha e Chipre), cuja média se situou em 12%.

Dos dados do IEFP, merece realce a redução homóloga do desemprego registado e a

aceleração das ofertas de emprego em dezembro.

Custos das Matérias-primas

Em 2013, o índice global de matérias-primas do FMI desvalorizou-se pelo segundo ano

consecutivo (1.6%, após um recuo de 3.2% em 2012), refletindo o abrandamento da economia

chinesa (com particular impacto na componente de metais, que recuou 4.2%), os receios de

retirada prematura dos estímulos de política monetária da Reserva Federal norte-americana e o

impacto mundial da exploração de gás e petróleo de xisto nos EUA, que penalizou o índice da

energia. Apesar da descida em média anual, o índice global recuperou 2.4% em dezembro

(variação mensal), para o que contribuiu a melhoria das perspetivas para a economia mundial.

A cotação do brent recuou 2.8% em 2013, mas subiu 2.4% em dezembro, mês em que a

OPEP decidiu manter a sua produção inalterada em 30 milhões de barris/dia em 2014, mas a

perspetiva é de uma redução de oferta a prazo para suportar os preços, que têm descido

sobretudo devido à produção de gás e petróleo de xisto nos EUA. Já em janeiro, a cotação

diária do barril de brent recuou para 107.05 dólares no dia 30, num contexto de aumento da

aversão ao risco em face da normalização da política monetária nos EUA.

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Custos da Energia

Dos dados mais recentes disponíveis, relativos a janeiro, destaca-se a redução homóloga de

34% do preço médio ponderado da eletricidade de Portugal no MIBEL em janeiro, após

uma descida de 9% em 2013.

Em 2013, o preço do gasóleo nacional recuou 6.5% sem impostos e 4.4% com impostos,

quedas superiores às verificadas na média da UE, mas em dezembro era ainda o 5º mais

elevado sem impostos e estava acima de meio da tabela incluindo impostos (ainda acima do

valor registado em Espanha). A descida do preço do gasóleo nacional prosseguiu em janeiro.

Competitividade pelo preço e pelos custos laborais

Os novos dados disponíveis dão conta de uma deterioração da competitividade-preço da

economia nacional no terceiro trimestre de 2013 (apreciação homóloga do índice de taxa de

câmbio real efetiva, ITCRE), devido à apreciação da componente cambial (índice de taxa de

câmbio nominal efetiva, ITCNE), que foi apenas parcialmente compensada pelo diferencial

de inflação negativo face ao exterior, medido pelo IHPC.

A taxa de inflação homóloga de Portugal recuou para 0.2% em dezembro e 0.3% na

média de 2013, considerando o IPC. A redução da inflação em 2013 assentou

predominantemente na componente de bens.

O diferencial de inflação face à UE continuou negativo no quarto trimestre, mas também

não deve ter chegado para contrariar a perda de competitividade na componente cambial,

que se estima em 1.1%, em termos homólogos, considerando as cinco principais moedas de

exportação (índice de taxa de câmbio nominal ITCN5), com destaque para a apreciação de

16% do euro face ao real brasileiro (17.8% em dezembro). No conjunto de 2013, o ITCN5

apreciou-se 0.9%, após uma descida de 1.1% em 2012 (1.7% no ITCNE).

O câmbio médio do euro face ao dólar apreciou-se 3.4% em 2013, mas a cotação diária

registou uma descida em janeiro de 2014 (para 1.3574 dólares no dia 30).

Ajustamento da Economia Portuguesa – Equilíbrio Externo

No período compreendido entre janeiro e novembro, o saldo das balanças corrente e de

capital aumentou para 3923 M€ (mais 3539 M€ do que no período homólogo), traduzindo uma

capacidade de financiamento da economia já bastante significativa.

No terceiro trimestre, o excedente da balança corrente e de capital de Portugal (4.5% do

PIB) duplicou o valor registado na zona euro (que recuou para 2.2%).

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No terceiro trimestre, destaca-se ainda um abrandamento na melhoria dos termos de troca

(diferencial de variação homóloga dos preços das exportações e importações), mas mantendo-

se ainda uma evolução muito favorável em 2013 (contrariando a estagnação dos últimos anos)

que explica em parte o comportamento positivo da balança de bens e serviços.

Na balança de mercadorias, os dados de janeiro a novembro mostraram uma descida

homóloga do saldo deficitário em 15%, refletindo um aumento mais forte das exportações

(4.4%) do que das importações (0.7%), e uma melhoria da taxa de cobertura das

importações para 84%.

A melhoria das contas externas permitiu uma redução da dívida externa líquida para -

104.2% do PIB no final do terceiro trimestre (após -106.2% no final do segundo trimestre),

invertendo a trajetória de agravamento.

Ajustamento da Economia Portuguesa – Contas públicas

A dívida pública diminuiu para 128.8% do PIB no final de setembro, para o que contribuiu a

recuperação em cadeia do PIB nominal.

De acordo com a síntese de execução orçamental de janeiro a dezembro de 2013 (ótica

da Contabilidade Pública), o défice do subsetor Estado situou-se abaixo do previsto no

segundo Orçamento de Estado Retificativo, tendo recuando 13.6% face a 2012. A melhoria do

saldo traduziu um crescimento mais forte da receita (3.3%) do que da despesa (0.2%).

A subida da receita total resultou do acréscimo de 13.1% da receita fiscal e, em muito

menor grau, da progressão de 14.1% nas contribuições sociais (contributo de 0.2 p.p.), com

um peso inferior. A melhoria destas duas componentes sobrepôs-se à queda de 39.9% da

receita não fiscal (contributo de -7.4 p.p.), cuja evolução foi influenciada por efeitos de base

e fatores temporários (designadamente o Regime Extraordinário de Regularização de

Dívidas Fiscais, que rendeu bastante mais do que o esperado).

No detalhe da receita fiscal, realçam-se as subidas de 35.5% da cobrança no IRS, de 18.8% no

IRC e de 3.5% no IVA.

Ao nível da despesa, destaca-se a descida da despesa de capital e dos juros, que quase

compensou a subida da despesa corrente primária, muito influenciada pela reposição de um

subsídio a funcionários e pensionistas.

O défice das administrações públicas no critério do PAEF atingiu 7151.5 M€ em 2013,

um valor inferior em 1748.5 M€ ao limite estabelecido.

O défice público em Contabilidade Nacional ter-se-á situado próximo de 5% do PIB em

2013 (abaixo da meta de 5.5%), segundo a Ministra das Finanças.

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Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 25

1. TEMA EM DESTAQUE

Contas Regionais 2010-2012

De acordo com os recentes dados das contas regionais,1 o Norte foi a região mais dinâmica do

país nos anos de 2010 a 2012.

Quadro 1.1: Variações nominais e reais do PIB regional (2010-2012) e estrutura (2012), %

Tvan Tvar Estrutura*

Período 2010 2011 2012 2011-12 2010-12 2010 2011 2012 2011-12 2010-12 2012

Portugal 2.6 -1.0 -3.5 -4.5 -2.0 1.9 -1.3 -3.2 -4.5 -2.6 100.0

Norte 3.5 -0.3 -2.6 -2.9 0.5 2.7 -0.7 -2.6 -3.3 -0.7 28.7

Centro 2.1 -1.2 -4.1 -5.3 -3.3 1.1 -1.4 -4.0 -5.3 -4.3 18.4

Lisboa 2.2 -1.1

-3.7 -4.8 -2.7 2.0 -1.3 -3.0 -4.3 -2.3 37.1

Alentejo 4.2 -1.7 -3.6 -5.3 -1.3 2.8 -1.5 -3.4 -4.8 -2.2 6.5

Algarve 0.8 -2.1 -3.2 -5.2 -4.4 -0.2 -3.2 -3.5 -6.6 -6.8 4.2

R. A. Açores 2.5 -0.8 -3.9 -4.7 -2.2 1.8 -0.6 -3.0 -3.6 -1.8 2.2

R. A. Madeira 1.3 -1.3 -6.4 -7.6 -6.4 0.7 -2.2 -7.1 -9.1 -8.5 2.9

Fonte: INE. * Dados a preços correntes.

Em 2010, o Norte registou a segunda maior taxa de crescimento do PIB a nível nacional (tvan

de 3.5% e tvar de 2.7%), logo após a região do Alentejo (4.2% e 2.8%, respetivamente), em

ambos os casos com valores significativamente acima da média nacional (2.6% e 1.9%). Nesse

ano, apenas o Algarve registou uma variação real negativa, ainda que ligeira (tvar de -0.2%).

No cômputo de 2011 e 2012, anos marcados pelo início da implementação do programa de

ajustamento económico e financeiro, o Norte foi a região onde o PIB menos recuou (tvan de -

2.9% e tvar de -3.3%, que compara com valores de -4.5% para o País nos dois casos). A

evolução mais desfavorável nesse período ocorreu na R. A. da Madeira (-7.6% e -9.1%,

respetivamente).

Refletindo o andamento mais favorável do PIB, a Região Norte foi a única onde o PIB per

capita melhorou face à média nacional em 2011 e 2012. Apesar da convergência para a

1 O INE chama a atenção para o carácter provisório dos dados de 2011, pelo facto de estar em preparação a mudança

de base das Contas Nacionais, tendo como objetivo a implementação do novo Sistema Europeu de Contas (SEC 2010),

que terá precisamente o ano de 2011 como ano base. No que se refere a 2012, é apresentada uma versão sintética das

Contas Regionais, de carácter preliminar, consistente com os valores das Contas Nacionais Trimestrais (CNT) divulgadas

em 9 de dezembro. Atendendo ao elevado nível de agregação dos resultados disponibilizados pelas CNT e à referida

mudança de base em 2014, as estimativas de Contas Regionais de 2012 poderão ser objeto de revisões com alguma

relevância, segundo o INE.

Região Norte a

mais dinâmica de

2010 a 2012

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 26

média nacional (81.7% em 2012, após 80.9% e 80.4% nos dois anos precedentes), o PIB per

capita da região Norte continuou a ser o mais baixo do País em 2012, mas já próximo do valor

da região Centro, que divergiu no mesmo período. Lisboa continuou a ser a região com maior

PIB per capita em 2012 (139.3%).

Figura 1.1: PIB per capita das regiões NUTS II face à média nacional (Portugal=100)

Figura 1.2: PIB per capita das regiões NUTS II face à média europeia (UE 28=100, valores

em paridade dos poderes de compra)

Comparando o PIB per capita das regiões portuguesas com a média da UE 28 (à Paridade dos

Poderes de Compra, i.e., utilizando como referência os preços da zona euro),2 a descida foi

2 Na análise do PIB em Paridades de Poder de Compra (PPC), o INE utiliza dados do Eurostat com atualização a 12 de

dezembro de 2013. Note-se que a conversão de euros para PPC, aplicável no quadro da regulamentação da União

80.4

82.9

139.7

92.3

103.2

93.9

129.6

80.9 82.8

139.5

91.6 102.1

94.1

129.3

81.7 82.2

139.3

91.5

102.4 93.7

125.4

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Nort

e

Centr

o

Lis

boa

Ale

nte

jo

Alg

arv

e

R.

A.

Aço

res

R.

A.

Madeira

2010 2011Po 2012PeFonte: INE

64.5 66.6

112.1

74.1

82.8 75.4

104.0

62.3 63.7

107.4

70.5

78.6 72.5

99.5

62.1 62.5

105.8

69.5

77.8 71.2

95.2

0

20

40

60

80

100

120

Nort

e

Centr

o

Lis

boa

Ale

nte

jo

Alg

arv

e

R.

A.

Aço

res

R.

A.

Madeira

2010 2011Po 2012PeFonte: INE

Norte ainda com o

PIB per capita mais

baixo a nível

nacional em 2012,

apesar de alguma

convergência

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 27

generalizada em 2011 e 2012. O Norte continuou a registar o valor mais baixo em 2012 (62.1%

da média da UE), ainda que esta região tenha sido a que menos divergiu em 2011 e 2012 face

à média europeia. As outras três regiões de convergência, com valores abaixo de 75% da

média europeia, são o Centro (62.5%), o Alentejo (69.5%) e os Açores (71.2%). A R. A. da

Madeira foi a que mais divergiu neste período (de 104% em 2010, para 95.2% em 2012), para

um valor inferior, mas ainda próximo, da média europeia. Em 2012, Lisboa era a única região

portuguesa com um nível de vida ainda acima da UE 28 (105.8%).

Os dados mais recentes da produtividade aparente do trabalho, referentes a 2011,

revelam uma melhoria dos valores relativos das regiões Norte (86.1% da média nacional),

Alentejo (109.8%), Algarve (105.1%), R. A. dos Açores (102.1%) e R. A. da Madeira (129.4%)

quando comparados com os dados do PIB per capita (80.9%, 91.6%, 102.1%, 94.1% e

129.3% da média nacional, respetivamente). Confrontando o ranking da produtividade com o

do PIB per capita nesse ano, o Alentejo sobe duas posições (de 5º para 3º), o Norte melhora

uma posição (de 7º para 6º, i.e., de último para penúltimo, ultrapassando a região Centro) e a

Madeira também (de 2º para 1º, ultrapassando Lisboa). O INE faz notar que a produtividade

acima da média nacional na região do Alentejo está relacionada com a localização, na zona de

Sines, de atividades económicas com elevado rácio capital/trabalho.

Quadro 1.2: PIB per capita e produtividade aparente do trabalho em 2011 (Portugal= 100)

PIB pc Ranking Produtividade Ranking Subida (+)/descida (-)

Norte 80.9 7 86.1 6 +1

Centro 82.8 6 79.8 7 -1

Lisboa 139.5 1 126.4 2 -1

Alentejo 91.6 5 109.8 3 +2

Algarve 102.1 3 105.1 4 -1

R. A. Açores 94.1 4 102.1 5 -1

R. A. Madeira 129.3 2 129.4 1 +1

Fonte: INE e cálculos próprios.

O Norte continua a ser a região mais industrializada do País, com um peso do setor

industrial no VAB de 26.2% em 2012, seguida pelo Centro (25.3%) – as duas regiões com

forte especialização na indústria (com pesos muito acima da média nacional, que foi de 18.5%

nesse ano) – e pelo Alentejo (23.2%), neste caso influenciado pela refinaria de Sines.

Europeia, é feita uniformemente para todas as regiões de cada Estado Membro, não sendo contempladas as diferenças

intranacionais de preços relativos ao nível de NUTS II ou NUTS III.

Norte e Madeira

ganham uma posição

considerando o

ranking da

produtividade

Norte e Centro

as regiões mais

industrializadas

do País

Divergência das

regiões nacionais em

2011-12 (mais forte

na Madeira e mais

ligeira no Norte)

deixa apenas Lisboa

acima da média

europeia

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 28

Figura 1.3: Peso da indústria* no VAB em Portugal e nas regiões NUTS II em 2012 (%)

* Inclui, para além da indústria transformadora e das indústrias extrativas, a produção e distribuição de eletricidade,

gás, vapor e ar frio; a captação, tratamento e distribuição de água; o saneamento, gestão de resíduos e despoluição.

Nota: um valor acima do registado para Portugal indica que a região é especializada no setor industrial.

Figura 1.4: Variação real do PIB em Portugal e na região Norte 2005-2012 (%)

Alargando agora o período de análise face aos anos das novas estimativas das contas regionais,

os dados mostram que o Norte foi também a região mais dinâmica desde 2005 (ver gráfico

acima). Com efeito, a variação real do PIB da região Norte apenas foi inferior à registada no

conjunto do País em dois anos, 2006, ainda que de forma muito ligeira, e 2009. No conjunto

dos oito anos, o PIB do Norte cresceu 2% e deu o maior contributo positivo para a variação do

26.2 25.3

11.3

23.2

6.1

10.5

7.2

18.5

0

5

10

15

20

25

30

Nort

e

Centr

o

Lis

boa

Ale

nte

jo

Alg

arv

e

R.

A.

Aço

res

R.

A.

Madeira

Regiões PortugalFonte: INE

-1.1

0.8

1.4

2.4

0.0

-2.9

1.9

-1.3

-3.2

2.0

1.2 1.3

3.4

0.5

-3.6

2.7

-0.7

-2.6

-4.0

-3.0

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

2005-1

2

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

Portugal NorteFonte: INE e cálculos próprios

Região Norte

também a mais

dinâmica de

2005 a 2012

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 29

PIB nacional (0.6 p.p., face a 0.1 p.p. nos casos de Lisboa e Açores, as outras duas regiões com

evolução positiva), impedindo que fosse mais negativa do que a variação de -1.1% registada.

Dada a alteração em curso para um modelo de crescimento mais sustentável (compatível com o

equilíbrio externo), com maior enfoque no setor transacionável e, como tal, nas exportações, é

muito importante que o quadro comunitário que agora se inicia – Portugal 2020 – reoriente

o investimento para as regiões de convergência especializadas nesses setores e mais

dinâmicas, com destaque para o Norte de Portugal, potenciando simultaneamente a coesão

nacional e a retoma da atividade económica. De facto, nos últimos anos o Norte tem-se

destacado como a região com contributo mais positivo para a variação do PIB (mesmo com a

terceira taxa de investimento mais baixa em 2011, na ordem dos 18%, valor em linha com a

média nacional) e para a melhoria das contas externas (37% do valor das exportações de

mercadorias em 2012, acima das outras regiões, e uma taxa de cobertura das importações de

144%, também a mais elevada do País, muito acima da média nacional, de 81%). O poder de

arrastamento da região Norte, evidenciado no gráfico acima, dá suporte à necessidade de apoio

direto (e não através dos efeitos de spillover) ao investimento nas regiões de convergência.

Regiões de

convergência

especializadas

em setores

transacionáveis

deverão liderar o

investimento no

novo quadro

comunitário

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 30

2. ENVOLVENTE INTERNACIONAL

2.1 Enquadramento

Nos meses de dezembro e janeiro destaca-se, ao nível das organizações internacionais, a

atualização das projeções para a economia mundial do FMI, do Banco Mundial e das

Nações Unidas, que são analisadas na secção 2.2.

A nível global, salienta-se ainda o tom de otimismo moderado com que terminou a 44ª

edição do Fórum Económico Mundial em Davos, na Suíça, no final de janeiro. A perspetiva

dominante de confiança na retoma da economia mundial foi moderada por várias vozes a

advertir que o futuro é incerto e existem vários riscos, com destaque para a retirada dos

estímulos de política monetária da Reserva Federal e a turbulência nos países emergentes.

Nos EUA, o Congresso alcançou um acordo orçamental a dois anos no início de dezembro,

evitando uma nova paralisação da Administração em meados de janeiro. O acordo, que foi

promulgado pelo Presidente Obama no final de dezembro, prevê o aumento do limite de

despesa pública dos 967 mil milhões de dólares (m.m.d.) em 2013 para 1.012 m.m.d. em 2014

e 1.014 m.m.d. em 2015, tendo como objetivo levar a um corte de 23 m.m.d. no défice federal

ao longo de dez anos. Foi ainda introduzido um teto específico para a despesa militar.

No dia 29 de janeiro, a Reserva Federal norte-americana anunciou uma nova redução do

seu programa de compra mensal de ativos (75 para 65 mil milhões de dólares), iniciada na

reunião de dezembro (de 85 para 75 m.m.d.), em função da melhoria nas condições de

emprego na economia norte-americana. Foi ainda reafirmado que a principal taxas de juro

diretora (Fed funds rate) permanecerá no intervalo de 0 a 0.25% enquanto a taxa de

desemprego permanecer acima de 6.5% e a inflação a médio prazo (projeção entre um a dois

anos) se situar abaixo de 2.5%. Esta foi a última reunião de política monetária presidida por

Ben Bernanke. A sua sucessora, Janet Yellen, tomou posse no dia 3 de fevereiro.

A decisão teve reação imediata nos mercados financeiros, acelerando o movimento de fuga

de capitais em várias economias emergentes e em desenvolvimento (uma reversão face

às entradas massivas registadas após a queda das taxas de juro no mundo desenvolvido) e

levando depreciações acentuadas das respetivas moedas nacionais. O aumento da aversão ao

risco em janeiro levou a uma forte correção em baixa dos principais índices acionistas norte-

americanos (Dow Jones e S&P 500) face aos máximos históricos registados no final de 2013.

Redução do

programa de compra

de ativos da Fed leva

a fuga de capitais em

vários países em

desenvolvimento

Congresso dos EUA

aprova acordo

orçamental a 2 anos

Otimismo moderado

no Fórum Economico

Mundial em Davos

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 31

Na zona euro, a Irlanda terminou o programa de ajustamento no final de dezembro de 2013

sem precisar do auxílio de um programa cautelar e a Espanha concluiu também com sucesso,

no dia 22 de janeiro, o programa de resgate à banca. Estes dois sucessos foram enfatizados na

reunião do Eurogrupo de 27 de janeiro, assim como a adoção bem-sucedida do euro na

Letónia, que se tornou o 18º membro da área no início de janeiro. No que se refere aos outros

países sob programa, foi saudada a emissão bem-sucedida de dívida em Portugal, cujo

programa continua bem encaminhado após o Governo ter identificado medidas compensatórias

da inconstitucionalidade da convergência de pensões, e foi reiterado que a estratégia de saída

será discutida mais próximo do final do programa. No caso da Grécia, regista-se algum atraso

na atual avaliação regular do seu programa. Em termos de agenda próxima, foi salientado o

trabalho de preparação da União Bancária, nomeadamente no que se refere à

operacionalização do instrumento de recapitalização direta da banca e a finalização da

negociação do Mecanismo Único de Resolução com os Estados-membros (após o princípio de

acordo alcançado no Ecofin de 18 de dezembro), incluindo as negociações sobre o Fundo Único

de Resolução (que abrangerá todas as instituições financeiras dos Estados-membros da zona

euro e outros países que decidam participar neste projeto), até a reunião do Parlamento

Europeu que se irá realizar em abril.

Quanto ao BCE, não houve alterações de política monetária nas reuniões de dezembro de 2013

janeiro de 2014, mas continuou a ser enfatizado que ela prosseguirá acomodatícia “durante o

tempo que for necessário”.

Em dezembro, o BCE apoiou a sua decisão na atualização das previsões macroeconómicas

feitas por especialistas do Eurosistema, onde se destaca a revisão em baixa das

perspetivas de inflação da zona euro, que deverão ficar abaixo da meta de 2% até 2015

(projeção de 1.5% nesse ano, após 1.1% em 2014 e 1.4% em 2013), levando o BCE a referir

que se perspetiva de “um período prolongado de baixa inflação”. As previsões de crescimento

económico permaneceram praticamente inalteradas (-0.4% em 2013, 1.1% em 2014 e 1.5%

em 2015). O Presidente do BCE, Mário Draghi, afastou a possibilidade de deflação, mas afirmou

estar ciente dos riscos de taxas de inflação baixas por períodos prolongados de tempo,

deixando aberta a porta a novas medidas de estímulo em 2014. Draghi reconheceu ainda que o

sucesso dos processos de desvalorização interna na chamada periferia europeia depende, em

boa medida, do resto da Zona Euro registar uma inflação mais elevada, permitindo ganhos de

competitividade-preço nos países do Sul.

Contudo, na reunião de janeiro não foi anunciada qualquer medida de estímulo adicional,

tendo sido antes salientada a melhoria dos dados económicos na zona euro e o aumento da

confiança na região, embora ainda se reconheçam riscos para a atividade económica

(relacionados com desenvolvimentos dos mercados financeiros, preços mais elevados de

BCE mantém taxas

de juro diretoras

em mínimos

históricos e afasta

cenário de deflação

na zona euro

Irlanda e Espanha

terminam com

sucesso os seus

programas de ajuda

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 32

energia e matérias-primas, crescimento abaixo do esperado da procura doméstica e

exportações, e insuficiente implementação e reformas estruturais nos países do euro).

No final de janeiro, o Governador do Banco Central de França e membro do Conselho do BCE,

Christian Noyer, afirmou que a turbulência nos mercados emergentes não deverá afetar a

recuperação europeia, destacando que “o FMI reviu em alta as suas estimativas para o

crescimento da economia mundial, por isso não há nenhuma razão, em particular, para que a

Europa seja afetada pelos problemas de um pequeno número de países”.

Destaca-se ainda o anúncio da Comissão Europeia, no dia 21 de janeiro, da suspensão de

parte das negociações de um acordo de comércio livre entre a UE e os EUA, por recear

que coloquem em risco as proteções à saúde e ambiente existentes na Europa. Em

conferência de imprensa, o comissário para o Comércio, Karel De Gucht, anunciou que o

executivo europeu decidiu lançar durante os próximos três meses um processo de consulta

pública sobre as propostas de regras de investimento para as empresas. "Os governos

devem sempre ser livres de regular, de modo a poderem proteger as pessoas e o ambiente

(...). Mas também têm que ser capazes de encontrar o equilíbrio exato e tratar de forma justa

os investidores para atrair capital. Algumas propostas podem causar problemas, ao permitir que

as companhias explorem lacunas na legislação". Segundo um comunicado conjunto emitido por

dez ONGs europeias, as propostas norte-americanas podem "abrir as portas a que as

multinacionais e os investidores processem os Estados-membros da UE se estes introduzirem

novas legislações ambientais ou de proteção da Saúde que tenham um impacto negativo nas

suas perspetivas de negócio". De Gucht precisou que os restantes temas do acordo continuarão

a ser negociados sem interrupções.

Merecem ainda realce as sete prioridades para a Reindustrialização da Europa

apresentadas, nesse mesmo dia, pelo Presidente da Comissão Europeia, que enfatizou os

"esforços notáveis" das empresas nos países em crise como “exemplo” nesse domínio.

1 - Reforçar a integração da competitividade industrial em todos os domínios políticos, tendo

em conta a importância da contribuição da indústria para o desempenho global da economia da

UE.

2 - Maximizar o potencial do mercado interno através do desenvolvimento das infraestruturas

necessárias, oferecendo um quadro regulamentar estável, simplificado e previsível, favorável ao

empreendedorismo e à inovação, integrando os mercados de capitais, melhorando as

possibilidades de formação e de mobilidade para os cidadãos e completando o mercado interno

dos serviços, enquanto um dos fatores principais que contribuem para a competitividade

industrial.

7 Prioridades da

Comissão Europeia

para a

Reindustrialização

da Europa

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 33

3- Adotar medidas no mercado interno e a nível internacional para assegurar o acesso à energia

e às matérias-primas a preços acessíveis que reflitam as condições internacionais.

4 - Implantar e aplicar os instrumentos de financiamento europeus, baseados em combinações

eficazes dos programas COSME e Horizonte 2020, dos fundos estruturais (fundos regionais,

pelo menos, 100 mil milhões de euros) com fontes de financiamento nacionais, com vista a

prosseguir a inovação, o investimento e a reindustrialização. ·

5 - Restabelecer as práticas normais de concessão de crédito à economia real. A este respeito,

o Banco Europeu de Investimento deve desempenhar um papel mais estratégico, focalizando-se

sobretudo em empréstimos à inovação e em projetos industriais. A UE deve abordar os

restantes pontos de estrangulamento, gerados pela fragmentação dos mercados financeiros, e

criar as condições para o desenvolvimento de fontes alternativas de financiamento.

6 - Facilitar a integração progressiva das empresas da UE e das PME, em particular, em cadeias

de valor mundiais, a fim de aumentar a sua competitividade e assegurar o acesso a mercados

globais em condições de concorrência mais favoráveis.

7 - Aumentar a competitividade da indústria é vital para relançar o crescimento e o emprego,

para que o setor transformador da indústria atinja uma quota equivalente a 20% do PIB até

2020.

A Comissão Europeia adotou, a 22 de janeiro, a proposta do Quadro Energia e Clima

2030. A proposta visa impulsionar a evolução para uma economia hipocarbónica e para um

sistema energético competitivo e seguro, apontando para os seguintes objetivos:

- um objetivo vinculativo de redução dos gases com efeito de estufa com uma meta de 40% em

relação aos níveis de 1990;

- um objetivo vinculativo à escala europeia para as energias renováveis, de pelo menos 27%,

para dar estabilidade aos investidores, impulsionar postos de trabalho ecológicos e apoiar a

segurança do aprovisionamento da UE;

- uma maior eficiência energética. O papel da eficiência energética no quadro para 2030 será

analisado mais aprofundadamente com uma avaliação da Diretiva "Eficiência Energética", que

deverá ser apresentada pela Comissão ainda em 2014;

- a reforma do Regime do Comércio de Licenças de Emissões da UE (CELE - UE). A Comissão

propõe o estabelecimento de uma reserva de estabilidade do mercado no início do próximo

período de comércio do CELE, em 2021;

- um novo sistema de governação baseado em planos nacionais para uma economia

competitiva, segura e sustentável, os quais irão começar a ser preparados com o apoio de

orientações que a Comissão emitirá em breve;

Proposta do Quadro

Energia e Clima

2030 da Comissão

visa evolução para

economia

hipocarbónica

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 34

- indicadores-chave em matéria de energia competitiva, acessível e segura com vista a avaliar

os progressos ao longo do tempo e proporcionar uma base factual para uma eventual resposta

política.

Faz ainda parte do pacote Energia-Clima em 2030, a Proposta de decisão da Comissão sobre a

criação e funcionamento de uma reserva de estabilidade do mercado para o regime de

comércio de licenças de emissão da UE (que altera Diretiva 2003/87/CE).

Segundo um estudo da Comissão divulgado no mesmo dia (Energy Economic

Developments in Europe), o setor industrial europeu tem beneficiado de um dos mais

baixos custos unitários reais da energia (CURE=preço real da energia*intensidade energética))

entre os principais blocos económicos, a par com o Japão e os EUA, significando que, por cada

dólar de valor acrescentado, estes países têm gasto menos dinheiro em energia do que a

Rússia ou a China. Mas isto acontece porque a melhoria da indústria europeia em termos de

redução da intensidade energética (convergindo para os padrões do Japão; os EUA e a China

estão ainda bastante atrás a este respeito, apesar de alguma melhoria) tem compensado o

aumento real dos preços da energia. Por outro lado, a indústria europeia é menos dependente

do petróleo do que EUA e Japão, pelo que foi menos afetada pelo choque petrolífero de 2008.

Apesar de tudo, a situação é heterogénea considerando os diferentes Estados-membros da

UE (infelizmente, os dados para Portugal são escassos e não permitem estabelecer conclusões).

Países como a Holanda, Bulgária e Lituânia têm dos CURE mais elevados e são mais sensíveis a

aumento dos preços reais da energia que não sejam compensados por uma menor intensidade

energética, enquanto países como a Itália e Luxemburgo têm apresentado um fraco

desempenho da intensidade energética, mas os preços reais da energia têm aumentado de

forma moderada. A situação mais vulnerável parece ser a da indústria francesa, pois a rápida

subida dos preços reais da energia (embora a um nível ainda relativamente baixo) não tem

vindo a ser compensado por melhorias significativas em termos de redução da intensidade

energética. Foi ainda salientado o aumento dos custos unitários nominais da energia

(CUNE=CURE*componente nominal da energia) em Espanha, com origem na componente

nominal da energia, conduzindo a uma pressão de custos sobre a indústria desse país.

Em relação ao impacto da exploração em larga escala de gás de xisto (shale gas) nos

EUA, que tem proporcionado ao país uma queda acentuada dos preços da energia desde 2008

(além de uma redução da dependência energética do exterior), o estudo salienta que a

desvantagem competitiva europeia tem sido contrariada pela redução da intensidade

energética da sua produção. Além do mais, a vantagem competitiva dos EUA poderá vir a

baixar futuramente caso o país passe a exportar esse gás, nomeadamente para a Europa, como

é provável, ou se os produtores dos EUA vierem a ser obrigados a internalizar os custos da

exploração sobre o ambiente e a saúde humana, o que não acontece atualmente.

Indústria europeia

compensa preços

reais da energia

relativamente

superiores com

menor intensidade

energética, segundo

estudo da Comissão

Vantagem

competitiva dos EUA

com exploração de

gás de xisto barato

poderá vir a reduzir-

se no futuro

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 35

O estudo conclui que os preços relativamente elevados da energia europeia deverão continuar a

ser uma preocupação dos decisores políticos, sobretudo se o diferencial face aos EUA continuar

a aumentar. Por isso, as políticas europeias de energia e redução das emissões de carbono

deverão cada vez mais custo eficientes mantendo a sua ambição, intensificando o esforço de

aumento da eficiência energética, nomeadamente através da diversificação do mix energético e

do aumento do aumento da concorrência e integração dos nos mercados de energia da UE.

Em concordância com o discurso acima, a Comissão Europeia aprovou, no mesmo dia, um

conjunto de recomendações dirigidos aos Governos da União Europeia com o objetivo de

assegurar uma “proteção adequada do ambiente e do clima no que respeita à técnica de

fracturação hidráulica maciça utilizada, nomeadamente, nas operações de exploração de gás

de xisto”. Em comunicado, a Comissão referiu ainda que “a recomendação deverá ajudar os

Estados-Membros que pretendam recorrer a esta prática a fazerem face aos riscos para a saúde

e o ambiente e a aumentarem a transparência para os cidadãos. Além disso, cria condições de

concorrência equitativas para as empresas do sector e estabelece um quadro mais claro para os

investidores”. A Comissão reconhece que “o gás de xisto está a suscitar expectativas em

algumas partes da Europa, mas é também uma fonte de preocupação para a sociedade”,

pretendendo que os países europeus obedeçam a regras mínimas comuns de segurança.

2.2 Economias avançadas e em desenvolvimento: dimensão de

mercado, evolução recente e projeções

Em janeiro de 2014, o FMI divulgou a atualização do World Economic Outlook de outono.

O Fundo melhorou ligeiramente as previsões de crescimento mundial em 2013 e 2014

(para taxas de variação anuais reais, tvar, de 3%, 3.7%, respetivamente), mas reduziu também

ligeiramente a projeção para 2015 (para 3.9%), a refletir o acordo orçamental nos EUA.

O acordo aliviou o impacto da consolidação orçamental em 2014, mas não reverteu o grosso

dos cortes da despesa pública em 2015, ao contrário do esperado pelo FMI nas anteriores

projeções, o que justifica em boa medida as revisões das taxas de crescimento dos EUA

(aumento de 0.2 p.p. em 2014, para 2.8%, e redução de 0.4 p.p. em 2015, para 3%), onde se

continua a projetar uma aceleração no horizonte previsional.

FMI melhora

perspetivas de

crescimento

mundial em 2014

Comissão Europeia

pretende regras

mínimas comuns de

segurança na

exploração de gás de

xisto na Europa

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 36

Quadro 2.2.1: Previsões para o PIB de algumas economias desenvolvidas e em desenvolvimento: 2013-2015 (tvar, %)

FMI, jan-14 [out-13] BM, jan-14 ONU, dez-13

2013 2014 2015 2013 2014 2015 2013 2014 2015

Área

Mundo 3.0 (+0.1)

3.7 (+0.1)

3.9 (-0.1)

2.4 3.2 3.4 2.1 3.0 3.3

Ec. Desenvolvidas 1.3

(+0.1)

2.2

(+0.2)

2.3

(-0.2)

1.3* 2.2* 2.4* 1.0 1.9 2.4

EUA 1.9 (+0.3)

2.8 (+0.2)

3.0 (-0.4)

1.8 2.8 2.9 1.6 2.5 3.2

UE [0.0] [1.3] [1.6] 0.0 1.4 1.7 -0.1 1.4 1.9

Zona euro -0.4 1.0 1.4 -0.4 1.1 1.4 -0.5 1.1 1.6

Alemanha 0.5 1.6

(+0.2)

1.4

França 0.2 0.9

(-0.1)

1.5

Itália -1.8 0.6

(-0.1)

1.1

Espanha -1.2 (+0.1)

0.6 (+0.4)

0.8 (+0.3)

Holanda [-1.3] [0.3] [1.6]

RU 1.7 (+0.3)

2.4 (+0.5)

2.2 (+0.2)

Ec. em Desenvolvimento

4.7 (+0.2)

5.1 5.4 (+0.1)

4.8 5.3 5.5 4.6 5.1 5.3

Angola [5.6] [6.3] [6.4] 5.1 8.0 7.3

Moçambique [7.0] [8.5] [8.5] 7.0 8.5 8.5

Brasil 2.3 (-0.2)

2.3 (-0.2)

2.8 (-0.4)

2.2 2.4 2.7 2.5 3.0 4.2

Rússia 1.5 2.0

(-1.0)

2.5

(-1.0)

1.5 2.9 3.6

Índia 4.4 (+0.6)

5.4 (+0.3)

6.4 (+0.1)

4.8 6.2 6.6 4.8 5.3 5.7

China 7.7

(+0.1)

7.5

(+0.2)

7.3

(+0.3)

7.7 7.7 7.5 7.7 7.5 7.3

Fontes: FMI, World Economic Outlook – Update January 2014; Banco Mundial (BM), Global Economic Prospects January

2014; ONU, World Economic Situation and Prospects. Nos dados do FMI, os parêntesis curvos assinalam as revisões

dos dados (em p.p.), e os parêntesis retos traduzem os valores das previsões de outono nos casos em que não são

disponibilizados novos dados. Tvar = taxa de variação anual real. * Os dados disponíveis dizem respeito ao grupo de

“países de elevado rendimento” do BM, que não coincide exatamente com o conjunto das “economias desenvolvidas”

considerado nos dados do FMI e da ONU, daí que os valores não sejam completamente comparáveis.

As previsões para a zona euro mantiveram-se inalteradas (-0.4% em 2013, 1% em 2014 e

1.4% em 2015), apesar de algumas revisões significativas por país nos valores de 2014, com a

melhoria dos valores da Alemanha (0.2 p.p., para 1.6%) e em Espanha (0.4 p.p., para 0.6%)

a compensar o menor otimismo nas projeções para a França (-0.1 p.p., para 0.9%) e Itália (-

0.1 p.p., para 0.6%). O FMI salientou que a zona euro está a “virar a esquina da recessão para

a recuperação”, mas a melhoria será mais modesta nas economias sob stresse, onde a

dívida elevada (pública e privada) e a fragmentação financeira deverão continuar a condicionar

Melhoria das

perspetivas da

Alemanha e

Espanha em 2014

compensa menor

otimismo para a

França e a Itália

Zona euro a “virar

a esquina da

recessão para a

recuperação”

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 37

a procura doméstica, esperando-se que as exportações reforcem o contributo para o

crescimento. Embora o FMI não tenha apresentado novas projeções para a UE, é provável que

tenham melhorado, dada a significativa revisão em alta do crescimento do Reino Unido.

No conjunto das economias avançadas, os novos dados mostram uma retoma do ritmo de

crescimento económico para 2.2% em 2014 e 2.3% em 2015 (após apenas 1.3% em 2013),

contribuindo decisivamente para o andamento mais favorável da economia mundial.

As novas previsões de crescimento do Fundo para as economias em desenvolvimentos são

de 4.7% em 2013 (mais 0.2 p.p.), 5.1% em 2014 e 5.4% (0.1 p.p.) em 2015, com revisões

pouco significativas para estes dois últimos anos, embora substanciais nalguns países

relevantes para o comércio externo de Portugal. Salienta-se a revisão em baixa das taxas de

crescimento do Brasil (-0.2 p.p. em 2014 e -0.4 p.p. em 2015, para 2.3% e 2.8%,

respetivamente) e da Rússia (-1 p.p. em cada um dos anos, para 2% e 2.5%), mas também o

maior otimismo nos valores para a Índia (+0.3 p.p. e 0.1 p.p., para 5.4% e 6.4%, refletindo o

maior crescimento das exportações e o impacto de reformas estruturais sobre o investimento) e

China (+0.2 p.p. e 0.3 p.p., para 7.5% e 7.3%), embora as medidas de restrição ao crédito

neste país ainda apontem para um abrandamento da atividade, que acelerou na segunda

metade de 2013 devido a um ressurgimento temporário do investimento, segundo o FMI.

Figura 2.2.1: Previsões do FMI para o PIB mundial, das economias desenvolvidas e em

desenvolvimento (tvar, %)

Apesar da melhoria global das perspetivas, o FMI aponta vários riscos descendentes ao cenário

de base e medidas para os minorar. Entre os novos riscos indicados, é destacado o valor muito

baixo de inflação na zona euro e a possibilidade de deflação em face de um eventual

choque adverso, o que levaria a um agravamento do valor real das dívidas e à subida

3.1 3.0

3.7

3.9

1.4 1.3

2.2 2.3

4.9

4.7

5.1 5.4

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

2012 2013 (P) 2014 (P) 2015 (P)

Mundo Economias desenvolvidas Economias em desenvolvimento

Fonte: FMI

Aceleração das

economias

avançadas decisiva

para melhoria de

andamento da

economia mundial

Revisão em baixa

do crescimento do

Brasil e da Rússia

em 2014 e 2015,

mas em alta nos

casos da China e

Índia.

Risco de deflação

na zona euro exige

medidas adicionais

do BCE, de acordo

com o FMI

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 38

prematura da taxa de juro real, dada a reduzida margem de corte das taxas diretoras do BCE.

Por isso, o FMI advoga que o BCE considere medidas adicionais de política monetária para

fortalecer o crescimento e completar a recuperação dos balanços dos bancos. De um modo

mais geral, nas economias avançadas será crítico evitar uma retirada prematura das políticas

monetárias acomodatícias com destaque para os EUA, pois os output gaps são ainda

consideráveis, a inflação é baixa e a consolidação orçamental está ainda em curso.

Nas economias emergentes, o principal risco prende-se com a instabilidade financeira

(incluindo ajustamentos cambiais) e a reversão das entradas de capitais à medida que as

taxas de juro começarem a subir nas economias avançadas, estando já prevista a retirada

gradual do programa de compra de ativos da Reserva Federal em 2014. As economias

com défices correntes e procura doméstica enfraquecida estarão particularmente expostas ao

risco de saída de capitais e ajustamento cambial.3 O FMI defende que as autoridades devem

deixar as suas moedas depreciar, se possível, caso se verifique uma deterioração do

financiamento externo. Na China, a recente aceleração da atividade mostra que o investimento

continua a ser o principal motor do crescimento, de acordo com o FMI, que advoga um

rebalanceamento do crescimento com maior contributo do consumo para minorar os riscos para

a atividade económica e a estabilidade financeira derivados do sobreinvestimento.

Por último, salienta-se que as novas projeções do FMI para o crescimento da economia mundial

são mais otimistas do que as recentemente apresentadas pelo Banco Mundial (Global

Economic Prospects, também de janeiro) e pela ONU (World Economic Situation and

Prospects 2014, de dezembro de 2013), como é visível no quadro acima.

No que se refere às economias em desenvolvimento, contudo, as projeções de crescimento do

Banco Mundial, são superiores às do FMI relativamente a várias economias, designadamente

Angola (8% em 2014 e 7.3% em 2015, que compara com 6.3% e 6.4% nas previsões de

outono do FMI, que não apresentou dados atualizados neste caso), Índia (6.2% e 6.6%, face

a 5.4% e 6.4% nos dados do FMI) e China (7.7% e 7.5%, face a 7.5% e 7.3%).

A ONU é mais otimista quanto às previsões do crescimento do Brasil (3% em 2014 e 4.2% em

2015, face a 2.3% e 2.8% nos dados do FMI, e 2.4% e 2.7% nos do B. Mundial) e a Rússia

(2.9% e 3.6%, face a 2% e 2.5% nas projeções do FMI), mas apresenta os valores mais baixos

para a Índia (5.3% em 2014 e 5.7% em 2015). Ao nível das economias avançadas, a ONU

apresenta também valores um pouco diferentes para os EUA (2.5% em 2014 e 3.2% em 2015,

que compara com 2.8% e 3% nos números do FMI, próximos dos do Banco mundial).

3 Nas economias em desenvolvimento aqui analisadas, as previsões do FMI mostram que Moçambique é o caso mais

preocupante em termos de défice externo (saldo da balança corrente de -41.7% do PIB em 2014, que compara com -

3.8% na Índia e -3.2% no Brasil), contrastando com os excedentes de Angola (4.6%) e China (2.7%).

Fuga de capitais é

o maior risco para

as economias em

desenvolvimento

Crucial evitar uma

retirada

prematura dos

estímulos de

política monetária

nos EUA

Necessário um

maior contributo

do consumo para

o crescimento na

China

FMI mais otimista

que Banco Mundial

e ONU quanto ao

crescimento da

economia

mundial…

… mas Banco

Mundial com

projeções

superiores para

economias em

desenvolvimento

como Angola,

Índia e China…

… e ONU a mais

otimista nas

previsões para o

Brasil e a Rússia

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 39

No que se refere ao crescimento do comércio mundial (em volume), o FMI reduziu as

projeções para 2.7% em 2013, 4.5% em 2014 e 5.2% em 2015 (3.1%, 4.6% e 5.1% nos

dados do Banco Mundial, e 2.3%, 4.7% e 5.2% nos da ONU).

Como o FMI não divulgou novas previsões para as importações de bens e taxas de investimento

(também não disponíveis nas atualizações do Banco Mundial e da ONU), mantém-se atual o

quadro de indicadores de dimensão e dinâmica de mercado para um conjunto de mercados

relevantes para Portugal (principais parceiros comerciais e economias emergentes), apenas se

tendo acrescentado, face ao anterior número desta publicação, a coluna referente às projeções

para 2015, ano em que se projeta uma nova aceleração das importações de bens (tanto nas

economias desenvolvidas como nas economias em desenvolvimento).

Quadro 2.2.2: Indicadores de dimensão e dinâmica de mercado para algumas economias desenvolvidas e em desenvolvimento

Indicador Pop. PIB

Inv/PIB Importações de bens

Unidade 106 Total, 106 €

(1)

pc , € % tvar, %

Período 2012

2012 2013(P) 2014(P) 2015 (P)

Área

Mundo 7 046 55 976 334 7 944 24.5 2.1 2.6 4.8 5.6

Ec. Desenvolvidas 1 302 38 225 824 29 537 19.8 0.5 1.0 4.1 4.7

EUA 314 12 207 970 38 890 19.0 2.1 1.2 3.5 4.5

UE 509 12 946 396 25 433 18.1 n.d. n.d. n.d. n.d.

Zona euro 334 9 495 745 28 448 18.4 -1.8 0.4 3.9 3.6

Alemanha 82 2 646 006 32 312 17.3 0.6 2.6 7.0 4.5

França 66 2 033 685 30 956 19.8 -0.6 0.3 2.8 3.1

Itália 61 1 566 986 25 723 17.6 -8.3 -4.0 0.5 2.8

Espanha 46 1 050 242 22 724 19.8 -7.2 -0.7 2.4 2.9

Holanda 17 601 048 35 846 17.5 3.6 1.1 1.5 1.8

RU 63 1 895 372 29 977 14.7 3.0 0.6 2.3 4.1

Ec. em Desenv. 5 744 17 800 343 3 099 32.3 5.1 5.3 6.0 6.9

Angola 21 88 883 4 269 15.1 15.4 9.0 12.2 8.5

Moçambique 25 11 354 450 48.3 13.9 15.5 12.0 19.5

Brasil 199 1 753 319 8 826 17.6 -2.3 6.2 0.5 5.2

Rússia 144 1 568 163 10 925 24.9 8.8 3.4 6.5 6.4

Índia 1 237 1 433 466 1 159 35.6 1.9 3.8 5.0 8.6

China 1 351 6 505 575 4 816 48.9 5.1 7.6 6.8 6.4

Fontes: BM, World Development Indicators 2014 (PIB e Pop.); FMI, World Economic Outlook October 2013 (outros

indicadores); Pop.=população; Inv=Investimento; pc= per capita; (P) = Previsão; n.d.= não disponível.

Quanto aos dados das contas nacionais, salienta-se, ao nível das economias avançadas, a

divulgação das primeiras estimativas de crescimento dos EUA no quarto trimestre de 2013.

Embora o PIB dos EUA tenha registado um abrandamento em cadeia (de uma variação

trimestral anualizada de 4.1% para 3.2%, em termos reais), isso deveu-se apenas à queda

Crescimento do

comércio global

revisto em baixa

pelo FMI

Importações de

bens continuam a

acelerar em 2015

PIB dos EUA em

aceleração

homóloga no

quarto trimestre

sinaliza retoma

sustentada

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 40

acrescida da despesa pública associada à paralisação parcial do setor público em outubro,

tendo-se mesmo observado uma aceleração homóloga do PIB (de 2% para 2.7%, em termos

reais), abrangendo as rubricas de consumo privado (para 2.3%), exportações (para 5.4%) e do

investimento (para 8.5%, embora com abrandamento excluindo a variação de stocks),

confirmando o otimismo da Reserva Federal quanto a um recuperação sustentada da economia.

No cômputo de 2013, o PIB cresceu 1.9% em termos reais, o que traduz uma desaceleração

face a 2012 (2.8%), com origem nas principais rubricas de despesa.

Quadro 2.2.3: Evolução recente do PIB de algumas economias desenvolvidas e em desenvolvimento (tvhr, %)

Período 2012 2013 1T 13 2T 13 3T 13 4T 13

Área

Mundo 3.1

Ec. Desenvolvidas 1.4

EUA 2.8 1.9 1.3 1.6 2.0 2.7

UE -0.3 -0.8 -0.1 (+0.1)

0.1

Zona euro -0.6 -1.2 -0.6 -0.4

Alemanha 0.9 -0.3 0.5 0.6

França 0.0 -0.4 0.5 0.2

Itália -2.4 -2.5 -2.2 -1.9

Espanha -1.6 -2.0 -1.6 -1.1 (+0.1)

Holanda -1.2 -1.4 -1.7 -0.8

RU 0.2 0.2 1.3 1.5

Ec. em Desenvolvimento 4.9

Angola 5.2 n.d. n.d. n.d.

Moçambique 7.4 4.2 (+1.5)

8.4 (-0.3)

8.1

Brasil 0.9 1.7 (-0.2)

3.3 2.2

Rússia 3.4 2.0 (+0.1)

1.3 (+0.1)

0.6

Índia 3.2 3.1 (+0.4)

3.3 (+0.6)

5.3

China 7.7 7.7* 7.7 7.5 7.8 7.7

Fontes: FMI, World Economic Outlook Update January 2014 (dados anuais para Mundo, Ec. Desenvolvidas e em

desenvolvimento, Angola e Moçambique); US Census Bureau (EUA); Eurostat (países da UE); Instituto Nacional de

Estatística de Moçambique; OCDE (restantes países). Tvhr= taxa de variação homóloga real. Os valores entre

parêntesis traduzem revisões face aos anteriores dados. * Média das tvhr no ano (aproximação à tvar, não disponível).

Na UE, os dados mais recentes confirmaram o ligeiro crescimento no terceiro trimestre

(variação homóloga real de 0.1%, após -0.1% no trimestre anterior, valor revisto de -0.2%),

para o que contribuiu a evolução positiva do Reino Unido (1.5%), mantendo-se a estimativa

de uma queda de 0.4% na zona euro, em desagravamento face aos trimestres anteriores.

Confirmado

crescimento ligeiro

da UE no terceiro

trimestre e queda

menos acentuada

na zona euro

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 41

Nas economias em desenvolvimento, o PIB da China abrandou ligeiramente no quarto

trimestre (0.1 p.p., para 7.8%), após uma aceleração significativa no trimestre anterior. No

conjunto de 2013, estima-se que a taxa de crescimento se tenha situado em 7.7%, o mesmo

valor que em 2012. Salienta-se ainda o abrandamento económico do Brasil e da Rússia no

terceiro trimestre (para 2.2% e 0.6%, respetivamente) e a aceleração do PIB da Índia no

mesmo período (para 5.3%, partindo de valores revistos em alta nos trimestres anteriores). O

PIB de Moçambique desacelerou ligeiramente no terceiro trimestre (0.3 p.p., para 8.1%),

apresentando ainda uma taxa de crescimento elevada e superior à registada em 2012.

No que se refere a indicadores avançados, merece referência a subida dos Índices de

Sentimento Económico da UE e da zona euro (dados da Comissão Europeia) para máximos

de mais de dois anos e meio em janeiro de 2014 (para 104.7 e 100.9 pontos, respetivamente),

situando-se já acima das médias de longo prazo (índice 100, referente à média desde 1990).

Merece ainda referência a continuação do movimento ascendente do índice de indicadores

avançados do instituto Conference Board para os EUA em dezembro (variação mensal de

0.1%, para 99.4 pontos, com base 100 em 2004), situando-se em máximos de 2004. De acordo

com os economistas do instituto, o índice aponta para um fortalecimento gradual da atividade

económica na primeira metade de 2014, mas chamam a atenção para a persistência de

algumas incertezas, designadamente alguma cautela das empresas e questões ainda por

resolver ao nível do orçamento federal.

Dados mais recentes

mostram menor

crescimento da China,

Brasil e Rússia,

aceleração na Índia e

manutenção de um

elevado dinamismo

em Moçambique

Indicadores

avançados

apontam para

maior dinamismo

económico dos

EUA e UE na

primeira metade

de 2014

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 42

3. ENVOLVENTE NACIONAL

3.1 Enquadramento e medidas de política económica

3.1.1 Enquadramento

No dia 16 de dezembro, a Ministra de Estado e das Finanças, Maria Luís Albuquerque, e o Vice-

Primeiro-Ministro, Paulo Portas, revelaram em conferência de imprensa que “a décima

avaliação do Programa de Assistência Económica e Financeira foi positiva” e que o

Programa “está a desenvolver-se “em linha com o previsto”. Sublinhando que faltam apenas

duas avaliações, Paulo Portas acrescentou que é intenção do Governo “terminar o programa na

data prevista e recuperar a parcela de soberania que nos tem faltado desde 2011”, dando

“sentido aos esforços que a sociedade portuguesa tem feito para contribuir para a recuperação

financeira do País”. A Ministra referiu que esta “foi uma missão tranquila em que se verificou

que nos três pilares do programa [sustentabilidade das finanças públicas, estabilidade do setor

financeiro, e transformação estrutural] os desenvolvimentos estão em linha com o previsto”,

não tendo havido renegociação de objetivos, pois “não é o momento de rever metas, é o

momento de concluir o programa”.

No dia 17 de dezembro, a Comissão Europeia anunciou o prolongamento por mais seis

meses, até junho de 2014, do regime excecional de apoio às instituições financeiras

criado em 2008 ainda pelo anterior Governo. Em comunicado, a Comissão explica que a

manutenção do regime – que vigorará agora até, pelo menos, ao fim do programa da troika –

continua a poder ser justificada pelo facto de constituir “um meio adequado para sanar uma

perturbação grave da economia portuguesa”. Em Outubro de 2008, as autoridades portuguesas

notificaram à Comissão um regime de garantia destinado a facilitar o acesso das instituições de

crédito ao financiamento no contexto da crise financeira, concedendo garantias do Estado a

contratos de financiamento e à emissão de dívida não subordinada de curto e médio prazo das

instituições de crédito solventes com sede em Portugal. O orçamento total do regime é de 20

mil M€. Inicialmente, o regime era suposto terminar em 31 de Dezembro de 2009.

Ao nível da Administração Pública, destaca-se a publicação de dois relatórios relevantes: a

Caracterização geral dos sistemas remuneratórios da Administração Pública (incluindo

suplementos), de 20 de dezembro, e a Síntese das Reformas da Administração Pública 2011-13,

10ª Avaliação

regular do PAEF

positiva; programa

em linha com o

previsto

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 43

de 30 de dezembro, um resumo disponibilizado pelo ex-secretário de Estado da Administração

Pública, Hélder Rosalino, pouco depois da sua saída do Governo.

No dia 8 de janeiro, o Governo revelou que está a promover, desde novembro do ano passado,

um inquérito aos empresários para identificar os principais entraves burocráticos à

atividade económica. O questionário vai ficar fechado a 15 de Janeiro, e o Executivo quer a

partir da análise das respostas e enumerar o top 12 dos fardos burocráticos que o Estado

impõe, e assim reduzir em 50% os custos de contexto que existem nestas áreas. Esta

iniciativa decorrerá até ao fim da legislatura e é enquadrada na “Iniciativa para a Simplificação

Regulatória”, que tem duas grandes linhas de ação: uma destinada aos empresários e a outra

que, arranca no segundo trimestre de 2014, dedicada aos cidadãos.

Segundo o Ministro-Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro, depois de

identificados os problemas serão criados 12 grupos de trabalho que atuarão sobre a “anatomia

da entropia identificada”. Os grupos serão constituídos por responsáveis dos serviços públicos

da área do problema elegido, por utilizadores desses serviços, representados pelas associações

patronais sectoriais, e como mediador dos encontros estarão elementos do ministério liderado

por Poiares Maduro. Posteriormente, o problema, a sua “anatomia”, e a solução serão

publicados num site, através do qual poderão ser monitorizados. “Isto para que haja

um “name and shame” e as pessoas possam identificar quais os sectores da Administração

Pública que estão a cumprir e as que não estão”, identifica o ministro.

Uma vez concluído o levantamento dos entraves burocráticos, o estudo prossegue com uma

análise de custos de contexto dos mesmos, elaborada com o recurso à metodologia “Standard

Cost Model”, desenvolvido pela OCDE e a Comissão Europeia.

Até ao momento, o Governo contabiliza mais de 300 empresas que responderam ao inquérito

público. Participaram, segundo o executivo, empresas de todas as tipologias (micro, pequenas,

médias e grandes unidades).

No inquérito às empresas são colocadas questões para avaliar as deficiências do Estado ao nível

do registo, licenciamento, cumprimento da legislação ambiental, cumprimento da legislação

laboral, cumprimento das normas de saúde pública, cumprimento de obrigações fiscais entre

outros temas. Da interação entre empresários e Administração Pública em cada uma das áreas,

os inquiridos têm uma escala com cinco opções que vão do “muito baixo” ao “muito elevado”.

No dia 9 de janeiro, a Ministra das Finanças considerou um sucesso a emissão de 3.25

mil M€ de dívida pública a 5 anos nesse dia, destacando a procura “muito satisfatória”

(excedendo os 11 mil M€) e a redução do custo face à anterior emissão no mesmo prazo (a

taxa de juro média ponderada situou-se em 4.657%). Em dezembro, fora já realizada com

Emissão de dívida

pública a 5 anos

bem-sucedida em

janeiro, após

sucesso de troca

de dívida em

dezembro

Governo pretende

identificar, junto

dos empresários, o

top 12 dos fardos

burocráticos e

reduzir em 50% os

custos associados

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 44

sucesso pelo IGCP uma operação de troca de dívida pública de montante bem mais

substancial (cerca de 6 mil M€, quase 4% do PIB), transferindo para 2017 e 2018 dívida que

se vencia em 2014 e 2015. A taxa de juro média foi inferior a 5%, segundo o Secretário de

Estado das Finanças, Manuel Rodrigues. Com este adiamento, quando terminar o programa de

ajustamento (junho de 2014) e o País retornar aos mercados, Portugal ficará com menos quase

2 mil M€ para pagar aos credores externos, de acordo com Manuel Rodrigues.

No dia 17 de janeiro, a agência de notação Standard & Poor’s retirou a “vigilância de crédito

negativa” relativamente à dívida soberana de Portugal, significando que não irá alterar o

rating nacional nos próximos três meses, embora tenha mantido a perspetiva negativa (que

sinaliza a possibilidade de um corte num prazo de meio ano a dois anos). O Primeiro-

ministro de Portugal saudou a decisão e considerou que “representa aquilo que várias outras

têm vindo a observar: uma confiança crescente no desempenho de Portugal”.

No mesmo dia, o Primeiro-ministro anunciou no Parlamento que a forma de saída de

Portugal do Programa de Assistência está a ser negociada e que os termos só serão

definidos cerca de um mês antes da conclusão do mesmo (17 de maio), como no caso da

Irlanda, estando em aberto duas possibilidades: uma “saída limpa” (sem programa cautelar,

como fez a Irlanda), ou um Programa Cautelar (cujas condições podem ser mais ou menos

gravosas). Para o Governo, está afastada a possibilidade de um novo resgate.

No dia 30 de janeiro, o Banco de Portugal divulgou os resultados para Portugal do Inquérito

aos Bancos Sobre o Mercado de Crédito. “De um modo geral, no último trimestre de 2013,

os critérios e condições de aprovação de crédito a empresas e a particulares não registaram

alterações significativa, observando-se apenas uma ligeira diminuição da restritividade

nos critérios de concessão de empréstimos de curto e médio prazo a empresas

(sobretudo PMEs). A expectativa para o próximo trimestre é de diminuição da restritividade na

concessão de crédito a empresas, especialmente a PMEs.

Os resultados do inquérito revelam uma manutenção, em termos gerais, dos níveis de procura,

observando-se um ligeiro aumento de procura de empréstimos por PMEs e por

particulares para crédito ao consumo e outros empréstimos. Nos próximos três meses, a

expectativa é de que se mantenha este comportamento.

Primeiro-ministro

diz que saída do

PAEF com ou sem

cautelar em aberto

Ligeira diminuição

da restritividade

na concessão e

empréstimos às

empresas

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 45

3.1.2 Medidas de política económica

3.1.2.1 Medidas diversas

O Conselho de Ministros de 5 de dezembro aprovou uma proposta de lei que procede à

alteração do regime legal aplicável à defesa dos consumidores, transpondo uma

diretiva da União Europeia relativa aos direitos dos consumidores, quanto aos contratos de

consumo celebrados no estabelecimento comercial.

Procede-se, nomeadamente, ao aditamento das regras que devem ser observadas quanto ao

prazo de entrega dos bens e consequência do incumprimento desse prazo, e quanto a

regras a observar em matéria de transferência do risco - nos casos em que o fornecedor

deva expedir os bens.

O Conselho de Ministros aprovou ainda a transposição das disposições da diretiva da União

Europeia relativa aos direitos dos consumidores, que se aplicam aos contratos celebrados à

distância e aos contratos celebrados fora do estabelecimento comercial, tendo em

vista promover a transparência das práticas comerciais e salvaguardar os interesses dos

consumidores.

No âmbito das regras aplicáveis em matéria de informação pré-contratual, amplia-se o

conteúdo da informação a disponibilizar ao consumidor, como, por exemplo, a informação sobre

existência de depósitos ou outras garantias financeiras, bem como a informação sobre a

funcionalidade e interoperabilidade dos conteúdos digitais.

A Lei n.º 83/2013, de 9/12 procede: (i) à segunda alteração à Lei de Orçamento de

Estado para 2013 (Lei n.º 66-B/2012, de 31/12), no que se refere aos mapas de que

constam as transferências de verbas para a administração local; (ii) à alteração do Estatuto

dos Benefícios Fiscais (Decreto-Lei n.º 215/89, de 1/7), no que se refere ao regime especial

aplicável às entidades licenciadas na Zona Franca da Madeira (aumento dos plafonds

máximos à matéria coletável a que é aplicável a taxa reduzida prevista - n.º 3 do artigo 36.º do

EBF) e ao benefício pela exigência de fatura e à correspondente dedução em sede de IRS

do IVA suportado em fatura; (iii) à alteração do Regime Especial de Tributação dos

Rendimentos de Valores Mobiliários Representativos de Dívida (Decreto-Lei n.º

193/2005, de 7/11).

O Conselho de Ministros de 26 de dezembro aprovou o diploma que estabelece a missão,

atribuições, organização e funcionamento da Unidade Técnica de Acompanhamento e

Monitorização do Sector Público Empresarial, criada no âmbito do novo Regime Jurídico

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 46

do Sector Público Empresarial (RJSPE). A Unidade Técnica tem como função prestar apoio

técnico ao membro do Governo responsável por esta área, de modo a contribuir para a

qualidade da gestão aplicada no sector público empresarial, na ótica da monitorização de boas

práticas de governação e tendo em vista o equilíbrio económico e financeiro do sector.

Foi aprovado o regime aplicável às práticas individuais restritivas do comércio (Decreto-

Lei n.º 166/2013, de 27/12), que proíbe: (i) A aplicação de preços ou de condições de venda

discriminatórios; (ii) A venda com prejuízo; (iii) A recusa de venda de bens ou de prestação de

serviços; (iv) Práticas negociais abusivas.

Foi publicada em Diário da República a Estratégia de Fomento Industrial para o

Crescimento e o Emprego 2014-2020 e a criação, no seio do Ministério da Economia, do

Conselho para a Indústria (Resolução do Conselho de Ministros n.º 91/2013, de 23/12).

No dia 31 de dezembro, foram publicadas em Diário da República a Lei do Orçamento de

Estado para 2014 (Lei n.º 83-C/2013, de 31/12) e as Grandes Opções do Plano para

2014 (Lei n.º 83-B/2013, de 31/12).

O Conselho de Ministros de 2 de janeiro aprovou um diploma que estabelece disposições

tendentes a assegurar as condições de estabilidade tarifária no período inicial de

aplicação das medidas necessárias a garantir a sustentabilidade do Sistema Elétrico

Nacional. Esta decisão visa impedir que, no curto prazo, se verifique um aumento repentino e

acentuado dos custos da eletricidade, o que colocaria sérias dificuldades a famílias e empresas.

O Conselho de Ministro de 9 de janeiro aprovou uma proposta de lei de alteração do

Orçamento do Estado para 2014, no sentido de colmatar o problema orçamental de

sustentabilidade dos encargos com as pensões aberto pela decisão de inconstitucionalidade

do diploma de convergência das pensões da CGA em pagamento com o regime da

Segurança Social, que foi anunciada pelo Tribunal Constitucional a 19 de dezembro.

Procedeu-se à recalibragem da Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES),

alargando simultaneamente o patamar da sua incidência de base, que passa a ser as pensões a

partir dos 1000 euros, e o da incidência das taxas marginais suplementares de 15% e 40%, que

passam respetivamente para pensões acima de 11 (4611 euros) e 17 (7126 euros) IAS.

Segundo o Governo, 87.5% dos pensionistas ficam isentos da aplicação da CES.

Publicada a

Estratégia de

Fomento Industrial

para o Crescimento

e Emprego

Publicada a Lei de

Orçamento de

Estado para 2014

Proposta alteração do

Orçamento de Estado

para compensar a

inconstitucionalidade

da convergência de

pensões

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 47

O Governo decidiu ainda avançar com a proposta de aumento de 1 p.p. dos descontos a

efetuar pelos beneficiários dos subsistemas ADSE, Assistência na Doença aos Militares

(ADM) e Divisão de Assistência na Doença (SAD). Esta alteração vai no sentido de que os

subsistemas de proteção social no âmbito dos cuidados de saúde se tornem autofinanciáveis,

isto é, assentes nas contribuições dos seus beneficiários, e tem por pressuposto o seu carácter

voluntário, para onde evoluirão também o ADM e a SAD.

A proposta foi aprovada na generalidade elo Parlamento no dia 24 de janeiro.

No mesmo Conselho de Ministros, foi aprovada a revisão do regime jurídico do papel

comercial, tendo em vista a criação de condições que potenciem o recurso a este instrumento

por um número maior de emitentes, em particular empresas de menor dimensão que

habitualmente não recorrem a esta modalidade de financiamento. Nesse sentido, são revistos

os requisitos aplicáveis às emissões de papel comercial, tornando mais flexíveis as emissões

dirigidas a investidores institucionais, sem se prejudicar os requisitos de segurança e

transparência aplicáveis às emissões que se destinem a investidores não qualificados.

Passa a ser possível emitir papel comercial sem limites à obtenção de fundos e

independentemente do nível de capitais próprios, quando a estrutura de capitais do emitente

permita assegurar, depois da emissão, um rácio de autonomia financeira considerado

adequado, nos termos a definir pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. A revisão

aprovada, que contribui para o alargamento das alternativas de financiamento das empresas,

introduz ainda a possibilidade de negociação em mercados nacionais e internacionais.

O Conselho de Ministros aprovou ainda a alteração da Lei Orgânica do Governo de forma a

atualizar o elenco dos membros do Governo, após a saída de três secretários de Estado e a

tomada de posse dos seus substitutos em dezembro de 2013, configurando a nona

remodelação do atual Governo.

No dia 15 de janeiro, o Ministro da Economia, Pires de Lima anunciou a criação de uma nova

linha de apoio a start-ups no valor de 35 M€. O Governo irá ainda disponibilizar 15 M€,

através de "business angels", para apoiar o arranque de novos projetos empresariais.

No dia 16 de janeiro, o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, afirmou ter

assinado um despacho decidindo no sentido da extinção, com efeitos retroativos a 1 de

janeiro, da Taxa de Utilização Portuária (TUP), que já tinha sido reduzida em 80%, e o

congelamento das outras taxas portuárias em 2014.

Revisão do regime

jurídico do papel

comercial

Nova linha de apoio

a startups

Extinção da Taxa de

Utilização Portuária

e congelamento das

outras taxas

portuárias em 2014

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 48

Também no dia 17 de janeiro, o ministro do Ambiente e da Energia, Jorge Moreira da Silva,

formalizou junto da Comissão Europeia uma proposta (em carta) para que os Estados-

membros sejam obrigados a ter interligações de eletricidade equivalentes a 25% da

sua capacidade de produção até 2030 (apresentando como metas intermédias 10% no

“muito curto prazo” e 12% até 2020), de modo a permitir um maior aproveitamento do

potencial renovável de alguns países, como Portugal, promovendo a exportação de energias

renováveis. Segundo a carta, o governante diz que este “é um assunto prioritário”.

O Conselho de Ministros de 23 de janeiro adotou a Estratégia Nacional para o Mar 2013-

2020 (ENM 2013-2020), após a sua aprovação política na Comissão Interministerial para os

Assuntos do Mar. Esta Estratégia estabelece o desígnio de proteger o mar português e de

explorar, de forma sustentável, o seu potencial de longo prazo, favorecendo o modelo de

desenvolvimento designado de “Crescimento Azul”, assente na promoção de um crescimento

inteligente, sustentável e inclusivo.

A ENM 2013-2020 assenta em quatro pilares estratégicos - o território de referência, a

dimensão, a geografia e a identidade nacional - e integra as alterações verificadas no quadro da

União Europeia, das quais se destacam a adoção da Estratégia Marítima da União Europeia para

a Área do Atlântico e do respetivo plano de ação, a reforma da Política Comum de Pescas e o

Quadro Estratégico Comum para os Fundos Europeus Estruturais e de Investimento (2014-

2020). A nova Estratégia Nacional para o Mar assume como modelo de desenvolvimento o

“Crescimento Azul”, entendido numa perspetiva fundamentalmente intersectorial, baseada no

conhecimento e na inovação em todas as atividades e usos que incidem, direta e indiretamente,

sobre o mar, e que promove uma maior eficácia no aproveitamento dos recursos.

Assim, a ENM 2013-2020 centra-se em cinco grandes objetivos: recuperar a identidade

marítima nacional num quadro moderno, pró-ativo e empreendedor; concretizar o potencial

económico, geoestratégico e geopolítico mediante a criação de condições para atrair

investimento e a promoção do crescimento, do emprego, da coesão social e da integridade

territorial; aumentar, até 2020, a contribuição direta do sector mar para o produto nacional em

50%; reforçar a capacidade científica e tecnológica nacional; consagrar Portugal como Nação

marítima e parte incontornável da Política Marítima Integrada e da Estratégia Marítima da União

Europeia para a Área do Atlântico.

Também no dia 23, foi publicado o Decreto-Lei n.º 15/2014, de 23/1, que altera do Regime

Jurídico dos Empreendimentos Turísticos (previsto no Decreto-Lei n.º 39/2008, de 7/3) no

sentido de uma maior eficiência e simplificação, uma diminuição dos custos de contexto e a

Estratégia Nacional

para o Mar 2013-20

pretende aumentar o

contributo do setor

para o PIB em 50%

“Licenciamento zero”

nos empreendimentos

turísticos

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 49

liberalização de procedimentos (“licenciamento zero”, na terminologia usada em comunicado do

Ministério da Economia).

No dia 29 de janeiro, a Ministra de Estado e das Finanças, Maria Luís Albuquerque, o Ministro

do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva, e o Secretário de

Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, conferiram posse à Comissão da Reforma Fiscal

Verde. No contexto do Programa do Governo e do Guião com as Orientações para a Reforma

do Estado, e atendendo ao relevante acervo de estudos internacionais nesta matéria, o

Governo decidiu promover uma revisão estrutural e coerente da fiscalidade ambiental e

energética, bem como promover um novo enquadramento fiscal e parafiscal, incentivando a

ecoinovação e a eficiência na utilização de recursos, bem como o desenvolvimento de

mecanismos que permitam a internalização das externalidades ambientais.

A Reforma da Fiscalidade Verde deverá contribuir para a redução da dependência energética do

exterior e para a indução de padrões de produção e de consumo mais sustentáveis. Pretende-

se ainda fomentar o empreendedorismo e a criação de emprego, a concretização eficiente de

metas e objetivos internacionais e a diversificação das fontes de receita, num contexto de

neutralidade do sistema fiscal e de competitividade económica. A Comissão da Reforma Fiscal

Verde será presidida pelo Professor Jorge Vasconcelos e tem, entre os seus objetivos, proceder

a uma avaliação profunda e abrangente de toda a área da fiscalidade verde, face aos objetivos

traçados no Programa do Governo e no Guião para a Reforma do Estado.

A Ministra das Finanças realçou que a Comissão “assume, assim, uma grande

responsabilidade - a de lançar as bases para uma transformação que se antevê fundamental

para o enquadramento fiscal e para sustentabilidade ambiental do País” e acrescentou que

“dando seguimento aos trabalhos desenvolvidos na reforma do IRC, também a reforma para a

Fiscalidade Verde contribuirá para a construção de um sistema fiscal mais estável e mais

previsível”, o que “é determinante para a economia”. Por um lado, “porque aumenta a

confiança, reduz a incerteza, e contribui para a maior captação de investimento, promovendo a

criação duradoura de emprego”. Por outro lado, “porque se traduz numa estratégia orçamental

também mais estável e previsível, concorrendo para a sustentabilidade das finanças públicas e

para a estabilidade financeira do País”.

Por seu turno, o Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia sublinhou

que “o trabalho da Comissão será um passo muito importante para lançar as bases de novos

padrões de consumo e de produção e para o crescimento sustentável” pois “é possível explorar

possibilidades de reorientação da fiscalidade, no sentido de fomentar a ecoinovação, valorizar o

fator trabalho e induzir novos padrões de consumo e de produção”. “Esta Comissão tem um

trabalho muito exigente, que incidirá sobre opções de simplificação e de alterações do quadro

fiscal na área ambiental e na área energética”, mas também “identificar na relação com

Empossada a

Comissão Para a

Reforma Fiscal Verde,

que estudará, entre

outros aspetos, a

possibilidade de

substituição de outros

impostos, como o IRS

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 50

outras fontes de receita fiscal - como é o caso do IRS - hipóteses de substituição de

impostos, criando condições de maior liberdade de escolha e de maior responsabilidade nas

escolhas que são feitas pelas empresas e pelos cidadãos”.

Também no dia 29 de janeiro, o Ministro do Ambiente, do Ordenamento do Território e da

Energia, Jorge Moreira da Silva, afirmou, na comissão parlamentar de Economia e Obras

Públicas da Assembleia da República, que “conseguiremos reduzir a dívida tarifária para um

valor residual, de cerca de 600 M€ em 2020” (presentemente, este valor ronda os 4.4 mil M€. O

Ministro salientou o trabalho positivo do Governo na redução das rendas do sector elétrico e

referiu que, “após 2015, não está prevista a criação de novo défice tarifário” e “em 2016, o

défice tarifário será zero”, pelo que “a partir desse momento estaremos a abater à dívida”.

Moreira da Silva acrescentou ainda que “a maioria das medidas de corte de custos no sector

elétrico já estão decididas e legisladas, permitindo evitar custos de 3.4 mil milhões de euros ao

setor elétrico ao longo dos próximos anos”. O Ministro sublinhou ainda que “Portugal é um caso

de estudo relevante à escala europeia em matéria de energias renováveis”, sublinhou o

Ministro, afirmando que “conseguimos mostrar que é possível manter uma aposta firme nas

energias renováveis e, ao mesmo tempo, explorar estes recursos a um custo mais baixo”.

O Despacho n.º 1506/2014, de 30/1 determina a criação de um grupo de trabalho com

objetivo de identificar e propor as medidas de simplificação administrativa e regulamentar

mais adequadas, com vista à sua integração na futura regulamentação de aplicação dos

fundos europeus estruturais e de investimento (FEEI) em Portugal para o próximo período de

programação (2014-2020). A simplificação das regras e procedimentos constitui um objetivo

fundamental para o próximo período de programação dos fundos europeus, pretendendo-se

que do trabalho a desenvolver pelo novo grupo resulte:

• Uma harmonização de conceitos e de soluções regulamentares e processuais a adotar pelos

diferentes fundos e programas operacionais.

• Uma simplificação de regras e procedimentos que considere a perspetiva do promotor ou

beneficiário dos fundos, como orientação geral para a melhoria do acesso e da transparência na

aplicação dos FEEI.

• A apresentação de novas propostas relacionadas com potenciais vantagens da utilização mais

extensiva e transversal de metodologias de ‘custos simplificados’, designadamente ‘custos

unitários’ e, quando possível e adequado, a definição de “valores máximos de referência”.

• A identificação de modelos dinâmicos de acompanhamento e monitorização em matéria de

desburocratização e simplificação administrativa e regulamentar que possam recomendar

ajustamentos ao longo do próximo período de programação dos FEEI (2014-2020).

Previsão de redução do

défice tarifário do

setor elétrico a partir

de 2016, permitindo

diminuir a dívida

tarifária para um valor

residual em 2020

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 51

O Conselho de Ministros de 30 de janeiro aprovou uma proposta de lei relativa ao

procedimento extrajudicial pré-executivo. O procedimento, de natureza facultativa,

permite um conhecimento prévio, pelos credores, da existência ou inexistência de bens

penhoráveis dos respetivos devedores, viabilizando decisões mais informadas quanto à

instauração de ações executivas. A tramitação do procedimento extrajudicial cabe a um agente

de execução que procede à consulta das várias bases de dados, em termos absolutamente

idênticos àqueles que se verificam no âmbito da ação executiva, assegurando-se o respeito das

garantias dos devedores. É um mecanismo caracterizado pela simplicidade, celeridade,

segurança e transparência, salvaguardando-se que todos os atos praticados no procedimento

ficam registados eletronicamente, sendo suscetíveis de controlo pelas entidades competentes.

3.1.2.2 Sistemas de incentivos / fundos comunitários

O Conselho de Ministros de 5 de dezembro aprovou o prolongamento, até 30 de junho de

2014, do período fixado ao nível do enquadramento nacional dos sistemas de incentivos

para o investimento às empresas. Este ajustamento está na sequência da decisão adotada

pela Comissão Europeia, relativamente à prorrogação do período de vigência das orientações

relativas aos auxílios com finalidade regional para 2007-2013.

No dia 11 de dezembro, tomou posse a Agência para o Desenvolvimento e Coesão, que

irá vai garantir uma maior coordenação das opções de macroprogramação financeira, bem

como um reforço da racionalidade económica e da sustentabilidade financeira dos

investimentos cofinanciados pelo quadro Portugal 2020, segundo o Ministro-adjunto e do

Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro. “À Agência cabe um papel fundamental na

arbitragem, integração e avaliação destas políticas públicas” - embora não lhe caiba “definir as

políticas públicas sectoriais suportadas pelos fundos europeus”.

A Comissão Europeia publicou o Regulamento n. 1407/2013, de 18/12 (JO L 352 de 24/12) que

estabelece as novas regras referentes ao enquadramento legal aplicável aos auxílios de

minimis, sendo obrigatório e diretamente aplicável em todos os Estados-Membros. Do

conjunto de regras aprovadas, salientam-se os seguintes aspetos:

1. Âmbito de aplicação

O regulamento é aplicável aos auxílios concedidos a empresas de todos os setores, com

exceção dos:

Auxílios às empresas dos setores da pesca e da aquicultura (Regulamento n.º 104/2000);

Auxílios às empresas de produção primária de produtos agrícolas;

Novas regras

aplicáveis aos

auxílios de minimis

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 52

Auxílios às empresas de transformação e comercialização de produtos agrícolas (em casos

específicos).

Exclui-se do âmbito de aplicação os auxílios à exportação e os auxílios que financiem a criação

e o funcionamento de uma rede de distribuição noutros Estados-Membros ou em países

terceiros.

Contudo, os auxílios destinados a cobrir os custos da participação em feiras comerciais ou os

custos de estudos ou serviços de consultoria necessários ao lançamento de um produto novo ou

já existente num novo mercado noutro Estado-Membro ou país terceiro não constituem, em

princípio, auxílios à exportação.

2. Limiar do auxílio de minimis:

Mantem-se o limiar de 200.000 EUR como o montante de auxílio de minimis que uma empresa

única pode receber por Estado-Membro durante um período de três anos.

Este limiar é reduzido para 100.000 EUR quando concedido a empresas de transporte rodoviário

de mercadorias por conta de outem. Este auxílio de minimis não pode ser utilizado para a

aquisição de veículos de transporte rodoviário de mercadorias.

3. Cumulação

Os auxílios de minimis concedidos em conformidade com o presente regulamento podem ser

cumulados com os auxílios de minimis concedidos em conformidade com o Regulamento n.º

360/2012 da Comissão, até ao limiar previsto nesse regulamento.

Podem também ser cumulados com auxílios de minimis em conformidade com outros

regulamentos de minimis até ao limiar de 200.000 EUR.

Estabelece-se ainda que os auxílios de minimis podem ser cumulados com auxílios estatais em

relação aos mesmos custos elegíveis ou com o auxílio estatal para a mesma medida de

financiamento de risco, se essa cumulação exceder a maior intensidade de auxílio relevante ou

o montante de auxílio fixado, em função das circunstâncias específicas de cada caso, por um

regulamento de isenção por categoria ou uma decisão adotada pela Comissão.

4. Vigência

O presente regulamento aplica-se a auxílios concedidos antes da sua entrada em vigor se o

auxílio preencher os requisitos previstos no presente regulamento.

Se o auxílio não preencher tais requisitos, será objeto de apreciação pela Comissão nos termos

dos enquadramentos, orientações, comunicações e avisos pertinentes.

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 53

O presente regulamento está em vigor desde 1 de janeiro de 2014 até 31 de dezembro

de 2020 e é obrigatório em todos os seus elementos e diretamente aplicável em todos os

Estados-Membros.

Auxílios de minimis no Setor Agrícola

A Comissão Europeia publicou o Regulamento nº 1408/2013, de 18/12 (JO L 352 de 24/12) que

estabelece as novas regras referentes ao enquadramento legal aplicável ao auxílio de minimis

concedidos pelos Estados-Membros às empresas que operam no setor da produção primária de

produtos agrícolas.

O montante máximo do auxílio concedido a uma empresa única ao longo de um período de três

anos é aumentado para 15.000 EUR e o limite máximo nacional para 1% da produção anual.

O regulamento está em vigor desde 1 de janeiro de 2014 até 31 de dezembro de 2020 e é

obrigatório em todos os seus elementos e diretamente aplicável em todos os Estados-Membros.

No decurso do mês de dezembro de 2013 foi publicada, no Jornal Oficial da União Europeia,

legislação diversa referente a programas comunitários de apoio e a fundos europeus

estruturais e de investimento enquadrados na “Estratégia Europa 2020”, a vigorarem

durante o Quadro Financeiro Plurianual (1/1/2014 a 31/12/2020), designadamente:

(i) COSME – Programa para a competitividade das empresas (Regulamento n.º

1287/2013), que contempla um conjunto de ações da União Europeia destinadas a melhorar a

competitividade das empresas, com especial destaque para as PME.

(ii) Horizonte 2020 – Programa quadro de investigação e inovação (Regulamento n.º

1291/2013; Regulamento n.º 1290/2013) ; Decisão 2013/743/EU), que especifica o quadro que

rege o apoio da União Europeia a atividades de Investigação e inovação.

(iii) Programa Europa Criativa (Regulamento n.º 1295/2013), que se destina a apoiar os

setores culturais e criativos europeus.

(iv) Programa para o Emprego e a Inovação Social (Regulamento n.º 1296/2013), que

visa contribuir para a concretização da estratégia Europa 2020, por meio da prestação de apoio

financeiro aos objetivos da União Europeia no que respeita à promoção de emprego de

qualidade e sustentável, à garantia de uma proteção social adequada e condigna, ao combate à

exclusão social e à pobreza e à melhoria das condições de trabalho.

(v) Fundos Europeus Estruturais e de Investimento – disposições comuns

(Regulamento n.º 1303/2013). Estabelece disposições comuns relativas ao Fundo Europeu de

Publicada legislação

diversa referente a

programas de apoio

da “estratégia 2020”

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 54

Desenvolvimento Regional (FEDER), ao Fundo Social Europeu (FSE), ao Fundo de Coesão, ao

Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER) e ao Fundo Europeu dos Assuntos

Marítimos e das Pescas (FEAMP).

(vi) Fundo Social Europeu – FSE (Regulamento n.º 1304/2013). Estabelece as missões do

FSE e define-se o âmbito do seu apoio e os tipos de despesas elegíveis para assistência.

(vii) Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural – FEADER (Regulamento n.º

1305/2013). Estabelece as regras gerais que regulam o apoio da União Europeia ao

desenvolvimento rural.

(viii) Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional – FEDER (Regulamento n.º

1299/2013; Regulamento n.º 1301/2013). Estabelece a missão do FEDER, o âmbito do seu

apoio relativamente ao objetivo de investimento no crescimento e no emprego e ao objetivo da

cooperação territorial europeia.

(ix) Fundo de Coesão (Regulamento n.º 1300/2013). Cria o fundo para reforçar a coesão

económica, social e territorial da União Europeia com o propósito de promover o

desenvolvimento sustentável.

(x) Fundo Europeu de Ajustamento à Globalização – FEG (Regulamento n.º 1309/2013).

Cria o FEG com o objetivo de contribuir para o crescimento económico inteligente, inclusivo e

sustentável e para a promoção do emprego sustentável na União Europeia, através da

concessão de apoios a trabalhadores assalariados despedidos e a trabalhadores independentes

cuja atividade tenha cessado devido a importantes mudanças estruturais no comércio mundial

causadas pela globalização.

No dia 31 de janeiro de 2014, o Governo português apresentou à Comissão Europeia a

proposta do Acordo de Parceria 2014-2020, que define as prioridades de financiamento dos

Fundos Estruturais Europeus e de Investimento (FEEI) para esse período, denominado

Portugal 2020, que entra agora na fase de negociação formal.

O quadro de programação Portugal 2020 envolve uma dotação global de 25.24 mil M€ e

está assente em quatro eixos temáticos: “Competitividade e Internacionalização”,

“Capital Humano”, “Inclusão Social e Emprego” e “Eficiência no Uso dos Recursos”.

Por outro lado, continuam a existir os programas regionais (cinco no continente e dois para

Açores e Madeira), três programas especificamente para o desenvolvimento rural e um

programa para os assuntos marítimos e pescas.

No âmbito das prioridades de intervenção, prevêem-se os seguintes instrumentos de política

pública: “incentivos diretos ao investimento empresarial, sobretudo em I&I, qualificação de

PME, focalizados em estratégias de internacionalização; apoios indiretos ao investimento

Governo apresenta à

Comissão Europeia

proposta do Acordo de

Parceria 2014-20

(Portugal 2020), que

define as prioridades

de financiamento

comunitário, num

total de 25.24 mil M€

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 55

empresarial, para a capacitação das empresas; mecanismos de engenharia financeira para a

superação dos problemas de financiamento das PME; apoios à produção e difusão de

conhecimento científico e tecnológico, promovendo as ligações internacionais do sistema

nacional de I&I, assim como a transferência de conhecimento e tecnologia entre empresas,

centros de I&D e o ensino superior; apoios à formação empresarial para capacitar os recursos

humanos das empresas para os processos de inovação e internacionalização; investimentos em

infraestruturas de transporte, focalizados na redução do tempo e custo de transporte para as

empresas, sobretudo no âmbito da conetividade internacional; e apoios à modernização

administrativa e capacitação da Administração Pública, visando a redução dos custos públicos

de contexto”.

O quadro seguinte apresenta a repartição indicativa dos FEEI 2014-2020, por objetivo temático.

Quadro 3.1.2.2.1 Portugal 2020: Repartição indicativa dos Fundos Estruturais Europeus e de Investimento (FEEI) por objetivo temático a nível nacional

Objetivo temático Repartição

OT1 - Reforçar a investigação, o desenvolvimento tecnológico e a inovação 9.1%

OT2 - Melhorar o acesso às tecnologias da informação e da comunicação, bem como a sua utilização

e qualidade 1.3%

OT3 - Reforçar a competitividade das PME e dos sectores agrícola (FEADER), das pescas e da aquicultura (FEAMP) 24.6%

OT4 - Apoiar a transição para uma economia com baixas emissões de carbono em todos os sectores 6.4%

OT5 - Promover a adaptação às alterações climáticas e a prevenção e gestão de riscos 4.7%

OT6 - Proteger o ambiente e promover a eficiência dos recursos 9.0%

OT7 - Promover transportes sustentáveis e eliminar os estrangulamentos nas principais redes de infraestruturas

4.2%

OT8 - Promover o emprego e apoiar a mobilidade laboral 9.6%

OT9 - Promover a inclusão social e combater a pobreza 10.0%

OT10 - Investir no ensino, nas competências e na aprendizagem ao longo da vida 17.4%

OT11 - Reforçar a capacidade institucional e uma administração pública eficiente 0.8%

Assistência Técnica 2.9%

Total (M€) 25 239.6

Fonte: Governo.

O Ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro (que

entregou a proposta à Comissão Europeia) referiu que, no programa Portugal 2020, os fundos

serão utilizados “com um mecanismo diferente”: “não iremos financiar projetos, mas

contratualizar resultados”, pelo que “devem ser os bons projetos a justificar financiamento”. “O

próximo ciclo de fundo comunitários é fundamental para o País, desde logo para resolver o

nosso grande défice de competitividade”.

Grande parte dos fundos será canalizada para as PME e deve privilegiar a

competitividade e internacionalização da economia, “através de sistemas de incentivos e

do financiamento através da nova instituição financeira de desenvolvimento, que está a ser

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 56

criada e é fundamental para corrigir as dificuldades de financiamento das PME” segundo o

Ministro. A nova instituição financeira, que deverá ser criada no segundo semestre do ano,

poderá ainda obter financiamento noutras fontes, como o Banco Europeu de Investimento.

Foi aprovado o Plano Nacional de Implementação de Uma Garantia Jovem (PNI-GJ)

(Resolução do Conselho de Ministros n.º 104/2013, de 31/12), que visa implementar a

Recomendação da Comissão Europeia para a concretização, em cada Estado-Membro, de

iniciativas concertadas no sentido de proporcionar a todos os jovens uma oportunidade, seja de

emprego, de formação permanente, de educação e formação profissional ou estágio, no prazo

de quatro meses após ficarem desempregados ou saírem da educação formal. Este Plano

enquadra-se na nova geração de políticas ativas de emprego previstas no Programa do XIX

Governo Constitucional e articula-se com o Compromisso para o Crescimento, Competitividade e

Emprego, assinado pelo Governo e pela maioria dos Parceiros Sociais em 18 de janeiro de

2012, bem como com o ponto 4 do Memorando de Entendimento sobre as Condicionalidades de

Política Económica. Tendo em consideração a duração e complexidade dos trajetos de transição

entre a educação e o trabalho e a vida adulta, o PNIGJ abrangerá os jovens até aos 30 anos. O

PNI-GJ é composto por seis eixos de intervenção, cada um dos quais com objetivos e medidas

específicas: 1 - Informação e gestão do PNI-GJ; 2 - Sistema Integrado de Informação e

Orientação para a Qualificação e o Emprego; 3 - Educação e Formação; 4 - Estágios e

Emprego; 5 - Parcerias e Redes; 6 - Coordenação e Acompanhamento.

3.1.2.3 Sistema fiscal

Foi publicada em Diário da República a Reforma do IRC (Lei n.º 2/2014 I Série n.º 11, de

16/1), que teve por base os trabalhos da Comissão para a Reforma do IRC, alterando: o Código

do IRC (Decreto-Lei n.º 442-B/88, de 30/11), o Código do IRS (Decreto-Lei n.º 442-A/88, de

30/11) e o regime das depreciações e amortizações para efeitos do IRC (Decreto Regulamentar

n.º 25/2009, de 14/9).

3.1.2.4 Privatizações

O Conselho de Ministros de 9 de janeiro aprovou a proposta da empresa chinesa Fosun

International Limited para a aquisição de 80% do capital social das seguradoras da Caixa

Seguros (sociedades Fidelidade - Companhia de Seguros, S.A., Multicare - Seguros de Saúde,

S.A., e Cares - Companhia de Seguros, S.A.), por um valor de 1000 M€.

A decisão baseou-se no facto de a proposta da empresa chinesa Fosun “ser a mais forte em

seis dos nove critérios” de avaliação, segundo o Secretário de Estado das Finanças, Manuel

Rodrigues, estando ainda alinhada com “as recomendações unânimes dos assessores do

Aprovado o Plano

Nacional de Uma

Garantia Jovem

Publicada em D.R. a

Reforma do IRC

Aprovada proposta

de compra de 80%

do capital social das

seguradoras da

Caixa Seguros à

empresa chinesa

Fosun International

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 57

processo de privatização, da Caixa Geral de Depósitos e com o parecer da comissão especial de

acompanhamento da operação, que deu garantias”.

Na fase final do processo de privatização da Caixa Seguros estavam em disputa as propostas

apresentadas pelos norte-americanos da Apollo Management International e pela Fosun

International. Como será ainda vendida uma fatia de 5% do capital das seguradoras aos seus

trabalhadores, a Caixa Geral de Depósitos ficará ainda com uma participação de 15% nessas

empresas, com as quais tem um acordo de parceria.

Assim, o encaixe total da operação será de 1264 M€ e a venda das seguradoras terá um

impacto de 169 pontos base nos rácios de solidez da CGD, de acordo com os critérios de

Basileia III, sistema que entrou em vigor no início deste ano, o que representa “um aumento de

22% nos rácios de capital da Caixa”, sublinhou Manuel Rodrigues.

Esta operação eleva a receita global das privatizações realizadas pelo Governo a 8100

milhões de euros, representando mais 47% do que as previsões iniciais.

O Conselho de Ministros de 30 de janeiro aprovou o processo de privatização da Empresa

Geral do Fomento, S.A. (EGF, S.A.). O concurso, regulado no diploma agora aprovado,

assegura que a EGF seja adquirida por entidade com a capacidade técnica e de gestão e a

dimensão e solidez financeiras indispensáveis à sua gestão. Adicionalmente, determina-se que o

adquirente dote a EGF das melhores práticas no domínio ambiental e de um projeto estratégico

adequado aos objetivos de desenvolvimento da economia nacional, assegurando ainda a

prestação da atividade atualmente desenvolvida de acordo com elevados padrões de qualidade

e a sua acessibilidade a todos os cidadãos.

No âmbito da reestruturação do sector dos resíduos urbanos, o Governo, em articulação

com a Associação Nacional de Municípios Portugueses, estabeleceu, para efeitos do novo

regime jurídico da concessão da exploração e gestão, os objetivos de serviço público dos

sistemas multimunicipais de tratamento e recolha de resíduos urbanos, com vista a consagrar,

entre outros, os princípios da universalidade no acesso, continuidade e qualidade de serviço,

eficiência e equidade dos preços, bem como a garantia do cumprimento das metas ambientais

fixadas no Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos (PERSU 2020).

Em conferência de imprensa, o Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e

Energia, Jorge Moreira da Silva, esclareceu que o Governo decidiu privatizar a empresa de

gestão de resíduos sólidos urbanos através de um concurso público, em bloco e para 100% das

ações do Estado. Contudo, explicou o Ministro, o que está a ser privatizado é a gestão da

empresa e não a infraestrutura, que permanecerá na esfera do Estado. A decisão de vender em

bloco os 11 sistemas multimunicipais que integram a EGF deveu-se a razões de equidade, uma

vez que “sem ser em bloco, apenas alguns sistemas do litoral teriam interesse”, para os

Aprovado o processo

de privatização da

Empresa Geral do

Fomento, de gestão

de resíduos sólidos

urbanos

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 58

compradores. O Ministro afirmou ainda que o resultado da privatização a 100% da EGF “será

totalmente alocado ao abate da dívida do grupo Águas de Portugal”.

3.1.2.5 Política social e laboral

O Conselho de Ministros de 26 de dezembro aprovou a atribuição de um montante de 30 M€

para financiamento inicial do Fundo de Reestruturação do Sector Solidário (FRSS).

O FRSS tem como objetivo fortalecer a atuação das Instituições Particulares de Solidariedade

Social (IPSS) e equiparadas no desenvolvimento de respostas e programas potenciadores da

economia social, através do acesso criterioso a instrumentos de reestruturação financeira que

permitam o equilíbrio e a sustentabilidade económica das referidas entidades.

A decisão agora aprovada insere-se no reforço do modelo de parceria entre o Governo e as

entidades do sector social e solidário, de forma a munir as referidas instituições de mecanismos

capazes de fortalecer as respostas sociais existentes, desenvolver novas ações e proceder ao

alargamento de medidas de apoio social.

O Conselho de Ministros de 19 de dezembro alterou o regime jurídico de proteção social

nas eventualidades de invalidez e velhice do regime geral de segurança social,

modificando a forma de cálculo do fator de sustentabilidade e a idade normal de acesso à

pensão de velhice. A idade normal de acesso à pensão de velhice em 2014 será de 66

anos. Futuramente, a idade normal de acesso à pensão de velhice estará de acordo com a

evolução da esperança média de vida aos 65 anos, verificada entre o 2.º e 3.º ano anteriores

ao ano de início da pensão de velhice, na proporção de dois terços.

Cria-se, contudo, um mecanismo de redução da idade normal de acesso à pensão para

os beneficiários com longas carreiras contributivas, que poderão aceder antecipadamente à

pensão de velhice em função do seu esforço para além dos 40 anos de carreira contributiva.

A idade normal de acesso à pensão mantém-se nos 65 anos para os beneficiários que estejam

impedidos por força da lei de continuar a prestar o trabalho ou atividade para além dessa

idade. Os beneficiários que até 31 de dezembro de 2013 cumpram as condições de atribuição

da pensão de velhice nos termos da lei em vigor nessa data, beneficiam do regime legal

aplicável naquela data, independentemente do momento em que venham a requerer a pensão.

Logo depois, foi publicada a Lei n.º 83-A/2013, de 30/12, que altera a Lei n.º 4/2007 Lei n.º

4/2007, de 16 de janeiro, referente às bases gerais do sistema de segurança social, no

sentido de introduzir a possibilidade de ajustamento da idade normal de acesso à pensão

de velhice de acordo com a evolução dos índices da esperança média de vida. Assim,

Idade normal de

acesso à pensão

sobe para 66 anos

em 2014 e

futuramente

evoluirá de acordo

com a esperança

média de vida

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 59

pode ser alterado o ano de referência da esperança média de vida sempre que a situação

demográfica e a sustentabilidade das pensões justificadamente o exija. O novo fator de

sustentabilidade é aplicável no cálculo das pensões futuras, não afetando os atuais

pensionistas. A presente lei entrou em vigor no dia 31 de dezembro de 2013 e procede à

republicação da Lei n.º 4/2007, de 16 de janeiro.

3.2 Atividade económica global: evolução recente e perspetivas

3.2.1 Evolução recente do PIB e de outros indicadores de atividade

De acordo com o Eurostat, o PIB per capita de Portugal recuou para 76% da média da

União Europeia (28) em 2012 (após 77% e 80% nos dois anos precedentes), representando o

11º pior valor na área, onde se observou um máximo de 263% no Luxemburgo e um mínimo

de 47% na Bulgária. Nos outros países sob programas de ajustamento, o PIB per capita

recuou para 80% da média europeia na Grécia e 92% no Chipre, e manteve-se em 129% na

Irlanda e em 96% na Espanha (onde apenas o setor financeiro foi socorrido, ao contrário dos

outros três países). Depois do PIB per capita nacional ter atingindo um máximo de 82% da

média da UE (28) em 1999, tem-se observado uma tendência de divergência real face à

média europeia, que se acentuou com o programa de ajustamento.

Figura 3.2.1.1: PIB per capita na UE (paridade dos poderes de compra, UE 28=100)

263

129

96 92 76 75

47

0

50

100

150

200

250

300

Luxe

mburg

o

Áust

ria

Irla

nda

Hola

nda

Din

am

arc

a

Suéci

a

Ale

manha

Bélg

ica

Fin

lândia

Fra

nça

Z.

Euro

(17)

R.U

nid

o

Itália

UE (

28)

Esp

anha

Chip

re

Malta

Esl

ové

nia

Rep. Checa

Port

ugal

Esl

ováquia

Gré

cia

Lituânia

Est

ónia

Poló

nia

Hungria

Letó

nia

Cro

áci

a

Rom

énia

Bulg

ária

2011 2012Fonte: Eurostat

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 60

No que se refere aos dados mais recentes das contas nacionais, as segundas estimativas do

INE para o PIB no terceiro trimestre (divulgadas a 9 de dezembro) coincidiram com os

valores inicialmente divulgados, confirmando a saída da recessão técnica, como fora referido

na separata ao Nº 1 da Envolvente Empresarial - Síntese de Conjuntura de outubro/novembro.

Com efeito, a variação real do PIB em cadeia foi positiva pelo segundo trimestre consecutivo

(0.2%, após 1.1% no primeiro trimestre), embora mais baixa, o que se traduziu na redução da

queda homóloga para metade (de -2% para -1%).

A principal novidade das segundas estimativas é a evolução quantificada das componentes do

PIB no terceiro trimestre.

Na ótica da despesa, a redução da queda homóloga do PIB resultou de uma evolução menos

negativa da procura interna, tanto no consumo (de -2.5% para -1.2%) como no

investimento (de -6.4% para -5.3% na FBCF). Assim, o contributo negativo da procura

interna melhorou de -2.9 pontos percentuais (p.p.) para -1.6 p.p.. Já o contributo positivo da

procura externa líquida reduziu-se ligeiramente (de 0.8 para 0.6 p.p.), devido a um

abrandamento das exportações (de 7.4% para 6.6%: de 7.3% para 6.8% nos bens e de

7.6% para 6.1% nos serviços), que mantiveram ainda um crescimento bastante significativo. O

aumento das importações reduziu-se marginalmente (de 5.2% para 5.1%).

Por ramos de atividade, a variação homóloga real do VAB passou de 0.7% para 0.8% na

“agricultura, silvicultura e pesca”, de 0.5% para -0.7% na “indústria, energia, águas e

saneamento” (de 0.3% para -1.5% na “indústria”), de -13.4% para -9.1% na “construção”, e

de -1.1% para -0.6% nos serviços. Apesar da quebra do VAB na indústria (que não

acompanhou a melhoria de andamento nos outros ramos), a tendência no ano é ainda

favorável em comparação com a queda registada em 2012 (-2.5%).

Destaca-se ainda a revisão favorável de várias componentes do PIB no segundo trimestre

(confirmando-se a variação homóloga real de -2%, superior à estimativa inicial de -2.1%),

traduzindo um sinal adicional de saída da recessão. As taxas de variação homóloga real do

consumo, da FBCF e das exportações nesse trimestre foram revistas em alta de 0.1 p.p.,

enquanto o crescimento das importações foi revisto em baixa (de 6.3% para 5.2%). Nos dados

anuais, as taxas de variação reais das despesas de consumo final e da FBCF foram revistas

favoravelmente (em 0.1 e 0.3 p.p., respetivamente, para -5.2% e -14%), embora a estimativa

para a evolução do PIB não tenha sido alterada (-3.2%).

Queda menos

acentuada da

procura interna

Revisão favorável

de várias

componentes do

PIB no segundo

trimestre é sinal

adicional de saída

da recessão

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 61

Quadro 3.2.1.1: PIB e componentes (contas nacionais)

Quadro 3.2.1.1: PIB e componentes (contas nacionais)

Período 2012 4T 12 1T 13 2T 13 3T 13

PIB

Tvcr (%) -3.2 -1.9 -0.4 1.1 0.2

Tvhr (%) -3.2 -3.8 -4.1 -2.0 -1.0

Rubricas de despesa (tvhr, %) (1)

Despesas de Consumo Final -5.2 -4.8 -3.8 -2.5 -1.2

Consumo Privado -5.3

-5.1 -3.9 -2.5 -1.1

Consumo Público -4.7 -4.0 -3.5 -2.6 -1.4

FBCF -14.4 -12.4 -16.4 -6.4 -5.3

Exportações 3.2 0.2 0.7 7.4 6.6

Bens 4.1 0.6 0.3 7.3 6.8

Serviços 0.7 -0.9 2.0 7.6 6.1

Importações -6.6 -1.6 -4.4 5.2 5.1

Contributos para a tvhr do PIB (p.p.) (1)

Procura Interna -6.9 -4.5 -6.1 -2.9 -1.6

Procura Externa Líquida 3.7 0.7 2.0 0.8 0.6

Ramos (tvhr, %) (1)

Agric., Silv. e Pesca -1.0 -0.6 0.2 0.7 0.8

Indústria -2.5 -2.4 -5.2 0.3 -1.5

Energia, Águas e Saneamento -2.3 0.2 0.4 1.7 2.7

Construção -14.8 -16.4 -24.4 -13.4 -9.1

Comércio, Aloj. e Restauração -1.3 -1.3 -0.5 0.2 1.1

Outros Serviços -1.4 -2.0 -2.1 -1.5 -1.2

Fonte: INE. (1) Dados não revistos, relativos às estimativas do PIB no segundo trimestre de 2013.

Figura 3.2.1.2: PIB e Indicador Coincidente do Banco de Portugal (tvhr, %)

Nos dados mais recentes, o indicador coincidente de atividade do Banco de Portugal

cresceu pelo quarto mês seguido em dezembro do ano passado, em termos homólogos, e ao

ritmo mais forte desde junho de 2010 (1.6%), conduzindo a um crescimento de 1.2% no último

-3.2

-4.1

-2.0

-1.0

-3.3

-0.9

-2.2 -2.0

-0.6

1.2 0.7

1.2

1.6

-5.0

-4.0

-3.0

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

2012 2013 1T 13 2T 13 3T 13 4T 13 out-13 nov-13 dez-13

PIB Ind.Coincidente do BdPFontes: INE ; BdP Indicador

coincidente de

atividade sinaliza

recuperação

homóloga do PIB

no último trimestre

de 2013 e

desagravamento

significativo da

queda anual

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 62

trimestre de 2013, que aponta para uma recuperação homóloga do PIB nesse período. No

conjunto de 2013, o indicador coincidente recuou 0.9% (após um recuo de 3.3% em 2012),

sugerindo um desagravamento significativo da queda anual do PIB.

Destaca-se ainda a melhoria de andamento do indicador coincidente do consumo privado

do Banco de Portugal (recuperação homóloga de 0.2% no quarto trimestre de 2013, incluindo

uma subida de 0.7% em dezembro, permitindo uma redução da queda anual para 2%) e do

indicador de FBCF do INE (redução da queda homóloga para -4.5% em novembro de 2013).

Quadro 3.2.1.2: Indicadores mensais de atividade económica

Período 2012 2013 1T 13 2T 13 3T 13 4T 13 Nov-13 Dez-13 Jan-13

Indic. Coincidentes (tvh, %)

Ind. Coinc. de Atividade do BdP -3.3 -0.9 -2.2 -2.0 -0.6 1.2 1.2 1.6

Ind. Coinc. Consumo Privado do BdP -5.2 -2.0 -3.9 -2.9 -1.5 0.2 0.2 0.7

Ind. FBCF do INE (mm3) -15.9 -18.3 -9.8 -6.2 -4.5

Indicadores Avançados

Ind. de Clima do INE (tvh, %, mm3) -3.7 -2.5 -3.8 -3.0 -2.0 -1.2 -1.2 -1.1 -0.8

ISE da CE, Portugal (1990-12=100) 80.8 87.8 82.1 85.0 88.8 95.1 94.8 98.1 99.6

Fontes: INE, BdP, CE. ISE= Índice de Sentimento Económico.

Quanto a indicadores avançados, a informação disponível aponta para um maior dinamismo

da atividade económica no início de 2014.

Figura 3.2.1.3: Indicador de Clima Económico (mm3) e Indicadores de Confiança, IC (saldo

de respostas extremas, sre, mm3)

-4.0 -3.9

-3.6

-3.3

-2.9

-2.7

-2.4

-1.9

-1.6 -1.4 -1.2 -1.1

-0.8

-4.5

-4.0

-3.5

-3.0

-2.5

-2.0

-1.5

-1.0

-0.5

0.0

-80

-70

-60

-50

-40

-30

-20

-10

0

jan-13 fev-13 mar-13 abr-13 mai-13 jun-13 jul-13 ago-13 set-13 out-13 nov-13 dez-13 jan-14

IC Ind. Transf. IC Consum. IC Constr. e Obras Púb.

IC Comércio IC Serviços Indicador de clima ec.Fonte: INE

Recuperação do

Indicador de

consumo privado

no quarto

trimestre de 2013

e menor queda do

indicador de FBCF

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 63

Figura 3.2.1.4: Indicador de Sentimento Económico em Portugal, zona euro e UE

Em janeiro, o indicador de clima económico do INE (calculado a partir do Inquérito de

Conjuntura às Empresas e Famílias) manteve o perfil ascendente verificado desde o início de

2013 (após atingir o mínimo da série em dezembro de 2012), evidenciando um valor já pouco

negativo. Desde julho de 2013 que se observam aumentos dos indicadores de confiança (que

integram a maioria das questões usadas no cálculo do indicador de clima) em todos os setores.

Em janeiro, a subida mais acentuada ocorreu no indicador de confiança dos consumidores,

seguido dos indicadores dos serviços, da indústria transformadora, da construção e

obras públicas, e do comércio.

O Índice de Sentimento Económico da Comissão Europeia para Portugal subiu para 99.6

pontos em janeiro, o valor mais elevado desde junho de 2008 e já próximo da média de longo

prazo (base 100, referente à média desde 1990), sinalizando uma aceleração da atividade

económica nos próximos meses. O índice nacional situou-se já próximo da média da zona

euro, após vários meses a subir a um ritmo superior.

3.2.2 Projeções macroeconómicas para Portugal

Como referido no Nº 1 da Envolvente Empresarial - Síntese de Conjuntura de

outubro/novembro, o Boletim Económico de Inverno do Banco de Portugal, divulgado a

10 de dezembro, reviu de forma bastante favorável as previsões macroeconómicas para a

economia portuguesa.

Aponta-se, agora, para uma menor queda do PIB em 2013 (-1.5%, face a -1.6% nas projeções

de outono), um crescimento superior em 2014 (0.8%, contra 0.3% nas anteriores estimativas)

e uma aceleração em 2015 (para 1.3%).

82.5 83.5 83.5

85.2 86.3 86.2

89.3 91.0

92.5 94.8

98.1

99.6

70

75

80

85

90

95

100

105

fev-13 mar-13 abr-13 mai-13 jun-13 jul-13 ago-13 set-13 out-13 nov-13 dez-13 jan-14

Portugal Zona Euro UE Média 1990-2012=100Fonte: Comissão Europeia

Indicador de clima

económico mantém

perfil ascendente em

janeiro, refletindo

melhorias nos

indicadores de

confiança

Banco de Portugal

melhora as suas

projeções

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 64

Estas novas projeções de crescimento são mais otimistas do que as apresentadas a 19 de

novembro pela OCDE (-1.7% em 2013, 0.4% em 2014 e 1.1% em 2015) e são também

superiores às da troika e do Governo (OE 2014) no que se refere a 2013, convergindo nos

valores apontados para 2014. Contudo, a troika e o Governo apresentam uma projeção de

crescimento mais elevada para 2015 (1.5%).

Quadro 3.2.2.1: Previsões económicas para Portugal

BdP (10-12-13) Anteriores projeções OCDE (19-11-13)

BE Inverno BE Outono BE Verão

2013 2014 2015 2013 2014 2013 2014 2015

PIB (tvar) -1.5 0.8 1.3 -1.6 0.3 -1.7 0.4 1.1

Consumo privado -2.0 0.3 0.7 -2.2 -1.4 -2.3 -0.6 0.3

Consumo público -1.5 -2.3 -0.5 -2.0 -3.2 -2.6 -2.5 -2.4

FBCF -8.4 1.0 3.7 -8.4 1.1 -8.9 0.4 3.2

Exportações 5.9 5.5 5.4 5.8 5.5 5.9 4.3 5.3

Importações 2.7 3.9 4.5 2.0 2.1 1.3 1.4 3.4

Contribuições (p.p.)

Exportações Líquidas 1.1 0.7 0.4 1.4 1.4 1.8 1.2 0.9

Procura Interna -2.7 0.1 0.9 -3.1 -1.1 -3.5 -0.8 0.2

Emprego (tva) -2.9 0.5 0.5 n.d. n.d.

Inflação (tva do IHPC, %) 0.5 0.8 1.2 0.6 0.8 0.5 0.6 0.4

Balança corrente e de capital (% PIB) 2.5 3.8 4.7 3.1 6.4

Balança de bens e serviços (% PIB) 1.7 2.7 3.5 2.1 4.9

Fontes: BdP (10-12-13), Boletim Económico de Inverno 2014; OCDE, previsões de Outono 2013 (19-11-13).

Comparando com as projeções mais recentes, da OCDE, o Banco de Portugal é mais otimista na

evolução da procura interna (tanto no consumo como no investimento) e das exportações, mas

aponta para valores mais elevados de crescimento das importações, que justificam os valores

inferiores de contributo da procura externa líquida, como é visível no quadro acima.

Confrontando as novas projeções do Banco de Portugal com as suas anteriores estimativas, o

principal motivo para a revisão em alta das previsões prende-se com o maior otimismo quanto

à evolução da procura interna, em particular do consumo privado, onde se espera já uma

ligeira recuperação em 2014, em vez de uma queda significativa.

As previsões para 2013 e 2014 praticamente não se alteram no investimento (que deverá

recuperar 1% em 2014, após a queda esperada de 8.4% em 2013) nem nas exportações. A

descida prevista do contributo das exportações líquidas é justificada pela revisão em alta das

importações, que traduz, em parte, a melhoria do consumo privado.

O reforço esperado do crescimento do PIB em 2015 (primeiras projeções para esse ano), de

0.8% para 1.3%, é conseguido por via de um maior contributo da procura interna, graças à

Maior otimismo

no consumo

privado, em

recuperação já

em 2014

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 65

aceleração significativa do investimento (3.7%) e ligeira do consumo (0.7%). Esta evolução

mais do que compensa a redução do contributo da procura externa líquida (para 0.4 p.p.), que

traduz unicamente a aceleração das importações (4.5%), já que o crescimento das

exportações quase não se altera (5.4%), mantendo um dinamismo assinalável.

Quanto às restantes projeções, espera-se uma recuperação do emprego de 0.5% em 2014

e 2015 (após uma queda projetada de 2.9% em 2012) e uma subida gradual da inflação até

1.2% em 2015, ainda dentro de níveis moderados que favorecem a competitividade pelos

preços, como salientado no Nº 1 da Envolvente Empresarial - Síntese de Conjuntura.

O excedente externo (saldo das balanças corrente e de capital) deverá aumentar até 4.7%

do PIB em 2015, incluindo um saldo positivo de 3.5% na balança de bens e serviços. Os

excedentes previstos para 2013 e 2014 foram, porém, significativamente revistos em baixa.

O Banco de Portugal conclui que “as atuais projeções confirmam as perspetivas de uma

recuperação gradual da economia portuguesa. A partir do final de 2013, e ao longo do

horizonte de projeção, a economia deverá registar taxas de variação homólogas do PIB

positivas. Em 2014 e 2015, o crescimento da economia portuguesa tenderá a aproximar-se dos

valores atualmente projetados para o conjunto da área do euro. Esta evolução favorável deverá

assentar na robustez das exportações de bens e serviços e na aceleração da procura interna,

com destaque para o investimento empresarial. O comportamento recente das exportações tem

revelado a capacidade das empresas portuguesas para encontrar novos mercados, sendo de

destacar o contributo relevante de empresas surgidas ao longo da última década. Não obstante,

alguns constrangimentos estruturais ao crescimento económico continuarão a condicionar o

potencial de crescimento da economia portuguesa no futuro próximo. Em particular, destaca-se

o elevado endividamento dos vários setores institucionais, o nível ainda relativamente baixo das

qualificações da população ativa e a forte segmentação do mercado de trabalho, que promove

uma longa duração do desemprego e uma elevada rotação de alguns grupos de trabalhadores.”

Investimento

O Banco de Portugal destaca que “as atuais projeções implicam uma recuperação da FBCF

empresarial, de uma variação média anual de -7.8% em 2013 para crescimentos de 1.6% em 2014 e

4.4% em 2015. O crescimento projetado para 2014-2015 segue-se a uma queda de cerca de 20% no

período de 2011-2013, implicando uma redução do stock de capital produtivo, que deverá manter-se ao

longo do horizonte de projeção. A evolução projetada para este agregado, não obstante o nível

relativamente reduzido da utilização da capacidade produtiva em termos agregados, reflete a necessidade

de renovação do stock de capital após um longo período de adiamento de investimento. Este adiamento

Exportações

mantêm

dinamismo em

2015 e PIB acelera

com investimento e

consumo privado

Retoma do

emprego,

inflação

moderada e

excedente

externo

significativo

Em 2014 e 2015,

crescimento

económico

aproxima-se do

registado na zona

euro, impulsionado

pelo investimento

empresarial e pelas

exportações

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 66

decorreu essencialmente de perspetivas de procura desfavoráveis, num quadro de elevada incerteza. A

evolução do investimento deverá ser favorecida por alguma melhoria das condições de financiamento ao

longo do horizonte de projeção, embora seja condicionada pela necessidade de redução do nível de

endividamento das sociedades não financeiras.”

“O investimento público deverá apresentar variações bastante limitadas no período de projeção,

em linha com a continuação do processo de consolidação orçamental, que deverão traduzir-se numa

estabilização desta componente, em termos reais, no período 2013-2015.”

Exportações

O Banco de Portugal faz notar que “a evolução recente das exportações traduz um desempenho

marcadamente mais favorável do que o observado na maioria das economias da área do euro”.

“O dinamismo das exportações nos anos mais recentes tem-se traduzido em ganhos de quota de

mercado significativos, parcialmente associados a uma diversificação dos mercados de destino, que

conduziram, em 2013, a uma quota de mercado das exportações portuguesas superior à existente no

início da união monetária”.

“Em 2013, o ganho de quota de mercado deverá ser particularmente significativo, sendo favorecido por

alguns fatores específicos. Em particular, destaca-se o aumento da capacidade instalada de refinação,

com um impacto muito significativo nas exportações de bens energéticos, que deverão apresentar um

crescimento de cerca de 40 por cento em 2013”.

“Em 2014-2015, as exportações deverão manter um crescimento relativamente estável, refletindo uma

ligeira redução do contributo das exportações de serviços e uma redução acentuada do contributo dos

bens energéticos. Pelo contrário, projeta-se uma aceleração da componente de bens não

energéticos, em linha com a aceleração da procura externa e com a hipótese de manutenção de ganhos

de quota neste período, embora progressivamente menores”. A respeito da evolução esperada das

exportações, é ainda referido que “a procura externa proveniente dos mercados fora da área deverá

manter-se mais dinâmica que a da área do euro, prevendo-se contudo crescimentos inferiores aos

registados antes da crise financeira, num contexto de menor dinâmica da atividade em algumas

economias emergentes, que poderá assumir um caráter parcialmente estrutural.”

3.3 Atividade industrial

De acordo com dados revistos do INE, o índice de produção industrial registou uma forte

recuperação no quarto trimestre (tvh de 4.6%, incluindo 7.2% em dezembro, após -1.5% no

terceiro trimestre), contribuindo para uma variação anual positiva de 0.9% em 2013 (após -

6.1% em 2012 e -0.9% em 2011). A indústria transformadora (IT) evidenciou um

comportamento ainda mais positivo do que o índice geral (tvh de 7.3% em dezembro, 5.2% no

Produção industrial

com subidas

homólogas de 7.2%

em dezembro, 4.6%

no quarto trimestre e

0.9% em 2013,

impulsionada pela IT

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 67

quarto trimestre e 1.3% no conjunto de 2013). Todos os agrupamentos industriais,

evidenciaram um forte crescimento no quarto trimestre e em dezembro (nesse mês, as subidas

homólogas oscilaram entre 3% nos bens de consumo e 10% nos bens de capital), mas apenas

a energia e os bens de consumo tiveram saldo anual positivo (5.8% e 2.4%, respetivamente).

Quadro 3.3.1: Indicadores de atividade industrial corrente

Período 2012 1T 13 2T 13 3T 13 4T 13 Out-13 Nov-13 Dez-13

tvh tva

IPI geral (tvh e tva, %) -6.1 -1.5 2.0 -1.5 4.6 3.4 3.4 7.2 0.9

Ramos

Indústria Extrativa -22.4 -24.9 -14.6 -11.1 9.6 8.6 11.5 8.7 -11.8

Ind. Transformadora -2.4 -1.3

1.2 0.2 5.2 2.8 5.3 7.3 1.3

Eletr., Gás, Água, Ar -22.7 2.8 9.6 -10.9 1.0 5.7 -7.5 6.3 0.2

Águas, Saneamento, outros -2.9 -3.4 -1.8 -0.6 -11.1 -5.2 -13.6 -14.4 -4.2

Agrupamentos

Bens de Consumo -1.5 5.6 1.9 -1.0 3.1 3.6 2.7 3.0 2.4

Bens Intermédios e outros -3.5 -6.3 -0.1 -1.2 4.6 0.1 4.1 9.5 -0.8

Bens de Capital -6.3 -10.8 -2.9 -1.9 4.6 -0.6 4.6 10.0 -2.9

Energia -19.2 5.8 13.0 -3.0 8.2 15.8 2.3 7.5 5.8

IVN total (tvhn e tvan, %) -1.8 -5.8 0.6 0.8 -0.3 3.5 -1.4 (Nov-13)

Indústria Transformadora -1.7 -5.0 1.4 1.2 -0.5 6.4 -0.6 (Nov-13)

Mercado Nacional -6.0 -7.8 -2.5 -1.5 -1.8 -2.3 -4.0 (Nov-13)

Mercado Externo 4.4 -3.2 4.8 4.0 1.7 11.6 2.2 (Nov-13)

Fonte: INE. Dados do IPI ajustados de efeitos de calendário e de sazonalidade.

Nota: a partir da divulgação de 6 de dezembro, o INE apresentou novas séries do IPI (na base

2010=100), implicando a revisão das taxas de variação. Como não foram divulgados dados

para as Divisões (desagregação dos grandes ramos industriais do quadro acima), não é possível

apresentar o quadro atualizado das dinâmicas da atividade dos principais ramos da indústria

transformadora, incluído no primeiro número desta publicação.

Os dados disponíveis do índice de volume de negócios dão conta de um crescimento

homólogo nominal de 3.5% em novembro (com tvhn de 11.6% no mercado externo e -2.3%

no mercado nacional), impulsionado pela subida de 6.4% na IT. Contudo, a variação média

anual do volume de negócios era ainda negativa nesse mês (-1.4%; -0.6% na IT).

Volume de negócios

cresce 11.6% no

mercado externo

em novembro

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 68

Figura 3.3.1: Produção industrial (tvh, %) e volume de negócios (tvhn, %), total e no

mercado externo

A refletir o forte crescimento da produção industrial no quarto trimestre de 2013, a taxa de

utilização da capacidade produtiva da indústria transformadora subiu para 75.6%

nesse período, o valor mais elevado desde o terceiro trimestre de 2010.

Quadro 3.3.2: Taxas de utilização da capacidade produtiva

Período 2012 2013 1T 13 2T 13 3T 13 4T 13

Taxa ut. cap. prod. IT (%) 73.5 74.3 73.4 74.2 73.9 75.6

Bens de Consumo 72.8 76.5 74.2 77.8 76.9 77.0

Bens de Investimento 76.7 77.1 76.9 77.3 77.3 76.8

Bens Intermédios 72.9 71.9 71.7 70.9 70.8 74.3

Fonte: INE.

Quadro 3.3.3: Indicadores avançados de atividade industrial

Período 2012 1T 13 2T 13 3T 13 4T 13 Out-13 Nov-13 Dez-13 Jan-13

Indicadores avançados

Índ. novas encomendas (tvh, mm3) -5.1 -9.4 -0.1 -6.0 -5.9 -3.3

Mercado nacional -15.9 -11.6 1.5 -1.9 0.3 2.3

Mercado externo 3.1 -7.9 -1.2 -8.5 -9.7 -6.7

IC da IT (sre, vcs, mm3, final de período) -20.6 -17.6 -16.8 -13.7 -10.6 -12.9 -11.9 -10.6 -8.2

Procura global (+) -48.3 -45.6 -43.6 -37.9 -30.3 -36.2 -32.2 -30.3 -31.0

Procura interna -54.9 -54.1 -50.2 -41.9 -37.9 -42.3 -37.6 -37.9 -39.9

Procura externa -34.2 -31.0 -30.1 -27.0 -21.5 -27.4 -23.3 -21.5 -6.7

Stocks de produtos (–) -3.2 -3.3 -0.9 -2.5 -2.6 -0.6 -3.6 -2.6 -2.3

Produção próx. 3 m (+) -9.7 -6.4 -7.7 -0.5 3.0 -4.9 -1.8 3.0 10.0

Enc. ext. a 3m na IT (sre, mm2T) -15.7 -4.7 -4.9 -6.8 -0.6

Fonte: INE. Notas: o Indicador de Confiança (IC) da Indústria transformadora (IT) é calculado como a média das

apreciações dos empresários sobre a procura global (sinal +), os stocks de produtos acabados (sinal – ) e a produção

prevista a três meses (sinal +); mm2T= média móvel de 2 trimestres.

-4.0

-2.0 -1.3 -1.4

3.4

1.4 1.4

-2.8 -3.0

1.3

3.4 3.4

7.2

-10.0

-5.0

0.0

5.0

10.0

15.0

dez-12 jan-13 fev-13 mar-13 abr-13 mai-13 jun-13 jul-13 ago-13 set-13 out-13 nov-13 dez-13

IPI V.N. total V.N. mercado externo

Fonte: INE

Taxa de utilização

da capacidade

produtiva da IT em

máximo de mais de

3 anos no quarto

trimestre (75.6%)

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 69

Os indicadores avançados da atividade industrial, que permitem avaliar as perspetivas

para os próximos meses, apontam para um maior dinamismo no início de 2014.

No que se refere às novas encomendas industriais, os dados relativos ao trimestre até

novembro evidenciaram um desagravamento significativo da queda homóloga, refletindo a

recuperação no mercado nacional e a menor descida no mercado externo.

Figura 3.3.2: Novas encomendas na indústria: total, mercados nacional e externo (tvh, mm3)

No quarto trimestre, as apreciações dos empresários da Indústria transformadora

sobre a carteira de encomendas externas nos próximos três meses melhoraram de

forma muito significativa, tornando o saldo de respostas extremas já quase equilibrado

(significando que as repostas positivas são quase tantas como as negativas).

No mesmo sentido, a perceção dos empresários da indústria transformadora sobre a

situação atual da procura externa melhorou de forma acentuada em janeiro de 2014.

Contudo, o indicador de procura global deteriorou-se um pouco devido a uma ligeira descida

nas avaliações da procura interna, mas ainda dentro de uma tendência claramente

ascendente. Estes dados incorporam o indicador de confiança da indústria

transformadora, que voltou a subir em janeiro, como foi anteriormente referido, para o que

muito contribuiu o forte aumento de outra das suas componentes, a avaliação da previsão

de produção a três meses, que apresentou um saldo de respostas extremas bastante

positivo, o mais elevado desde fevereiro de 2007.

Por último, salientam-se as respostas dos empresários sobre os principais obstáculos à

produção na indústria transformadora reportadas no Inquérito de Conjuntura às Empresas

-5.7

-3.3 -2.2 -3.6

-9.4 -8.6

-4.5

-0.1 -1.6 -2.1

-6.0 -5.9

-3.3

-20.0

-15.0

-10.0

-5.0

0.0

5.0

10.0

nov-12 dez-12 jan-13 fev-13 mar-13 abr-13 mai-13 jun-13 jul-13 ago-13 set-13 out-13 nov-13

Total Mercado Nacional Mercado ExternoFonte: INE

Indicadores

avançados de

atividade indústria

apontam para maior

dinamismo no início

de 2014

Avaliações da

procura externa e

perspetivas de

produção muito

positivas justificam

melhoria da

confiança na IT

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 70

e Famílias do INE. A percentagem de empresários com nenhum obstáculo aumentou de

46.1% em janeiro de 2013 para 53.6% em julho de 2013 e 54.4% em janeiro de 2014, pelo

que a maioria das empresas da IT inquiridas já não sente limitações à produção.

Das empresas que referiram limitações, a insuficiência de procura continuou a constituir o

principal obstáculo em 74.6% dos casos, embora perdendo importância face a outubro para os

outros obstáculos mais importantes, designadamente (por ordem decrescente de importância)

as dificuldades de tesouraria, o crédito bancário, a insuficiência de equipamento e a

falta de pessoal qualificado. No caso do crédito bancário, apesar do aumento de peso face a

outubro, regista-se uma menor importância em comparação homóloga.

Figura 3.3.3: Principais obstáculos à produção na IT (% das respostas em que foram

indicados obstáculos)

3.4 Investimento

De acordo com os dados mais recentes das contas nacionais, no terceiro trimestre de 2013

prosseguiu o desagravamento da queda homóloga da FBCF (para 5.3%, em termos reais), com

as quebras nas rubricas de “equipamento de transporte” (tvhr de -27.8%, após 32.5% no

trimestre anterior) e “animais e plantações” (-0.1%) a serem mais do que compensadas pela

retoma do crescimento nas “outras máquinas e equipamentos” (6.1%) e pela redução das

perdas na “construção” (para -8.5%) e nos “ativos fixos incorpóreos” (para -4.2%).

Em termos nominais, a queda homóloga da FBCF atenuou-se para 6.1%, a refletir uma forte

recuperação no setor público (tvhn de 14.9%, após oito trimestres em queda), que contrariou

74.0

2.3

3.2

11.6

6.3

2.7

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Insuficiência da procura

Pessoal qualificado

Insuficiência do equipamento

Dificuldades de tesouraria

Crédito bancário

Outras

Jan-14 Out-13 Jan-13Fonte: INE

Insuficiência de

procura ainda o

principal obstáculo

à produção, mas

perde peso

Menor queda do

investimento no

terceiro trimestre de

2013, refletindo a

retoma no

equipamento não

automóvel e o

desagravamento na

construção

Recuperação do

investimento público

no terceiro trimestre

de 2013, após oito

trimestres em queda

Aumenta peso dos

empresários com

nenhum obstáculo à

produção

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 71

o reforço da descida no setor privado (de -3.9% para -8%), onde, apesar de tudo, se

continuou a registar um desagravamento significativo face ao primeiro trimestre (-15.4%), uma

dinâmica que se espera seja brevemente reatada dada a perspetiva de retoma económica.

Quadro 3.4.1: Investimento e componentes (contas nacionais)

Período 2012 4T 12 1T 13 2T 13 3T 13

FBCF (tvhr, %) -14.4 -12.4 -16.4 -6.4 -5.3

por tipo de bens

Animais e Plantações -1.2 0.6 0.3 0.1 -0.1

Outras máq. e equip. -6.6 1.6 -3.6 -1.8 6.1

Eq. de transporte -23.4 -21.7 8.8 32.5 -27.8

Construção -18.1 -18.8 -26.1 -13.1 -8.5

Ativos fixos incorpóreos -7.7 -8.5 -6.2 -5.2 -4.2

FBCF (tvhn, %) -14.0 -12.5 -17.4 -6.9 -6.1

por setor

Administrações Públicas -38.6 -37.6 -38.7 -34.9 14.9

Setor Privado -9.8 -5.4 -15.4 -3.9 -8.0

Fonte: INE

Quanto a dados mais recentes, a informação disponível sugere que a evolução do

investimento foi ainda menos negativa no quarto trimestre e deverá continuar a melhorar no

início de 2014.

Quadro 3.4.2: Investimento direto e outros indicadores avançados de investimento

Período 2012 1T 13 2T 13 3T 13 4T 13 Out-13 Nov-13 Dez-13 Jan-13

Indicadores avançados

Indicador de FBCF (tvhr, mm3, %)

-15.9 -18.3 -9.8 -6.2 -6.1 -4.5

Construção -18.3 -25.1 -13.9 -9.3 -9.3 -7.9

Máquinas e equipamento -7.0 -3.9 -2.7 -3.5 -0.6 -2.5 -0.7 -0.6

Material de transporte -24.9 -1.5 3.2 7.9 11.0 12.7

Novas encomendas de bens

inv. M. Nac. (tvh, mm3)

-27.9 -21.3 -1.7 1.2 3.7 0.2

IC da construção (sre, vcs, mm3)

-70.4 -65.9 -62.4 -55.6 -49.7 -51.7 -50.0 -49.7 -48.5

Invest. Direto líq. (M€) 6550 -192 -1331 155 990 992

Inv. Dir. Estrangeiro (M€) 7001 522 -460 1283 1516 2039

Tvha (%) -12.7 -67.3 s.s. -78.5 -74.3 -67.7

Inv. Dir. no Exterior (M€) -451 -714 -872 -1128 -526 -1047

Tvha (%) -95.8 -56.2 -49.8 228.9 59.0 223.6

Fontes: INE e BdP. IC= indicador de confiança; s. s. = sem significado. Nota: os fluxos de investimento direto têm sinal

positivo nas entradas e sinal negativo nas saídas de capital.

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 72

A queda homóloga do indicador de FBCF do INE reduziu-se para 4.5% em novembro (após

uma tvhr de -6.3% no terceiro trimestre) e, já em dezembro, a componente de máquinas e

equipamentos diminuiu apenas 0.6%, apontando claramente para um comportamento menos

negativo do investimento no quarto trimestre.

Figura 3.4.1: FBCF (tvhr, %) e Indicador mensal de FBCF (tvhr, mm3, %)

Em termos mais prospetivos, salienta-se a subida das novas encomendas de bens de

investimento (tvh de 3.7% no trimestre até outubro e 0.2% no trimestre até novembro) e do

indicador de confiança da construção (13º mês seguido em alta em janeiro, para um

máximo de 3 anos), permitindo algum otimismo quanto à retoma do investimento em 2014.

Quanto ao investimento direto estrangeiro, os últimos dados (revistos) do Banco de

Portugal dão conta de uma queda homóloga de 67.7% no período de janeiro a novembro de

2013 (para 2039 M€), o que traduz uma evolução mais favorável do que a registada até

outubro (-74.3%), até setembro (-78.5%) e, sobretudo, até junho, período em que se observou

mesmo um desinvestimento temporário (-460 M€). No que se refere ao investimento direto

de Portugal no exterior, os dados evidenciam uma retoma acentuada no período de janeiro

a novembro (crescimento homólogo de 223.6%, para 1047 M€), em forte recuperação face à

queda acentuada no primeiro semestre de 2013 (-49.8%) e no conjunto de 2012 (-95.8%).

Reitera-se que os dados do investimento direto são sujeitos a constantes revisões e exibem

uma natural volatilidade (mesmo em variação acumulada), pois frequentemente há

investimentos/desinvestimentos que afetam significativamente os totais.

-14.4

-16.4

-6.4

-5.3

-15.9

-18.3

-9.8

-6.2 -6.1

-4.5

-20.0

-18.0

-16.0

-14.0

-12.0

-10.0

-8.0

-6.0

-4.0

-2.0

0.0

2012 1T 13 2T 13 3T 13 Out-13 Nov-13

FBCF (contas nacionais) Indicador mensal de FBCFFonte: INE

Menor queda do

investimento direto

estrangeiro e

recuperação do

investimento

português no exterior

Retoma das novas

encomendas de bens

de investimento no

mercado nacional no

final de 2013 e

confiança da

construção em máximo

de 3 anos em janeiro

Desagravamento do

indicador de FBCF do

INE no quarto

trimestre de 2013

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 73

Continua a salientar-se a evidência de um comportamento menos negativo do investimento

direto estrangeiro e a retoma do investimento português no exterior, possivelmente associado à

dinâmica exportadora que o País está a vivenciar. Refletindo esta evolução, o investimento

direto líquido (entrada líquida de capital no País) começou a recuperar a partir de setembro e

atingiu 992 M€ no acumulado até novembro, valor ainda bastante inferior ao observado no

período homólogo (5994 M€) mas que reflete a retoma da confiança na economia nacional.

Em termos de perspetivas de investimento para 2014, são apresentadas com destaque as

principais conclusões do recente inquérito de conjuntura investimento do INE (período de

inquirição de 1 de outubro de 2013 a 23 de janeiro de 2014)

Segundo o inquérito, o investimento empresarial deverá registar uma recuperação nominal

de 1.1% em 2014 (primeira estimativa), após 6 anos seguidos em perda, incluindo variações de

-8.3% em 2013 (estimativa provisória, que traduz uma significativa revisão em baixa face à

anterior estimativa de -2.1%) e -28.1% em 2012 (estimativa final).

Figura 3.4.2: Investimento empresarial (tvan, %)

Apesar da retoma do investimento, a percentagem de respondentes com intenções de investir

(difusão) recuou para 72.4%, sugerindo uma maior concentração do investimento.

A desagregação dos dados por setores mostra que a retoma do investimento é claramente

liderada pela indústria transformadora (tvan de 7.2%) e, dentro dela, pelas empresas

exportadoras (18.6%).

Tendo em conta o número de trabalhadores, verifica-se que o crescimento do investimento

é assegurado pelas médias (2.3%) e grandes empresas (3.3% no escalão de 250 e 500

24.0

6.0

-7.3

-11.8

-1.3 0.8 0.8

7.4

3.2 1.6

-0.1 -0.6

-5.9

-11.1

-0.1 0.7 1.5

14.7

-0.6

-18.5

-5.4

-15.8

-28.1

-8.3

1.1

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

25

1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014

Estimativa final Estimativa provisória Primeira EstimativaFonte: INE

Investimento direto

líquido positivo desde

setembro de 2013,

sinal de retoma da

confiança na

economia nacional

Investimento

empresarial deverá

recuperar em 2014,

após 6 anos em perda

Investimento

empresarial mais

concentrado, liderado

pelas empresas

industriais

exportadoras, de

média e grande

dimensão, e destinado

à obtenção de

equipamento.

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 74

trabalhadores e 9.4% no último escalão), sendo também de realçar o desagravamento ao nível

das pequenas empresas, embora evidenciando ainda uma variação bastante negativa.

Quanto ao destino do investimento, a única categoria com variação positiva em 2014 é o

investimento em equipamento (6.1%), registando-se um desagravamento nas restantes.

Quadro 3.4.3: Investimento Empresarial

Peso (%) Tvan (%) Difusão (%) *

Período 2013 2013 2014 2013 2014

Investimento Empresarial 100.0 -8.3 1.1 77.2 72.4

por atividades (CAE – Rev. 3)

Ind. Transformadora 26.4 -13.9 7.2 80.7 74.7

Empresas exportadoras -11.0 18.6 90.5 87.0

Eletricidade, gás, vapor e água 12.6 5.7 -6.4 90.9 95.5

Construção 3.1 -38.9 -23.5 59.6 55.9

Comércio (inclui reparação automóvel) 10.9 -2.8 2.2 72.4 67.7

Transportes e armazenagem 9.9 -5.0 1.4 81.6 74.3

Telecomunicações 13.0 3.4 0.4 74.3 71.6

Outras atividades 24.1

por escalão de pessoal ao serviço

1º: ≤49 pessoas (pequenas empresas) 18.8 -22.9 -20.8

2º: 50-249 (médias empresas) 28.3 -14.3 2.3

3º: 250-499 (grandes empresas) 10.2 -12.5 3.3

4º: ≥500 (grandes empresas 42.7 6.8 9.4

por destino do investimento

Construções 21.1 -7.0 -6.1

Equipamento 57.5 -5.5 6.1

Material de transporte 7.1 -22.6 -12.0

Outros 14.3 -12.4 -2.1

Fonte: INE. * Percentagem dos respondentes que revelaram intenções de investimento.

Em termos de objetivo do investimento, a extensão da capacidade de produção é a

categoria dominante no total de respondentes do inquérito (peso de 42%), mas perde

importância face a 2013 para o investimento de substituição, a segunda principal categoria,

situação inversa da que se verifica na indústria transformadora, reveladora da sua maior

dinâmica de investimento. O peso do investimento de extensão de capacidade é

particularmente elevado nas empresas industriais exportadoras, confirmando a melhoria

das perspetivas nos mercados de exportação. Outro indicador da maior dinâmica empresarial

na indústria transformadora é o peso acima da média do investimento em racionalização e

reestruturação (14.9% em 2014, 15.6% nas empresas exportadoras, valores que comparam

com 10.4% no total de respondentes).

As fontes de financiamento predominantes são o autofinanciamento (70.9% em 2014) e

o crédito bancário (16.6%), seguidos a grande distância pelos fundos comunitários

Peso acima da média

do investimento de

racionalização e

reestruturação na IT

revelador de maior

dinâmica empresarial

Extensão de

capacidade de

investimento objetivo

reforçado na IT,

sobretudo nos

exportadores,

confirmando melhores

perspetivas nos

mercados externos

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 75

(3.5%). Face a 2013, regista-se um aumento do peso do autofinanciamento em detrimento do

crédito bancário no total de respondentes, e uma situação inversa no caso da indústria

transformadora (nomeadamente nos exportadores), tradicionalmente mais dependente do

financiamento da banca, sinalizando uma redução das severas restrições que as empresas têm

sentido no acesso a esta fonte de financiamento a custos aceitáveis.

Quadro 3.4.4: Outros indicadores do Inquérito de Conjuntura ao Investimento

Total IT IT - Exportadoras

Período 2013 2014 2013 2014 2013 2014

Objetivo (peso, %)

Substituição 34.3 34.5 31.9 29.6 28.8 26.9

Extensão da capacidade de produção 43.3 42.0 39.2 41.1 44.6 44.7

Racionalização e reestruturação 10.3 10.4 14.7 14.9 15.4 15.6

Outros investimentos 12.0 13.1 14.1 14.4 11.1 12.8

Fontes de financiamento (peso, %)

Autofinanciamento 69.8 70.9 66.6 61.7 66.4 60.5

Crédito bancário 17.9 16.6 24.0 28.9 24.5 30.5

Ações e obrigações 0.5 0.5 0.2 0.5 0.2 0.5

Empréstimos do Estado 1.2 1.3 1.7 1.6 2.0 1.8

Fundos da UE 3.2 3.5 4.3 4.8 4.9 5.4

Outros 7.3 7.3 3.1 2.5 2.0 1.3

Limitações ao Investimento (% respondentes) 58.4 57.9 57.4 58.1 64.2 65.6

Principal fator limitativo (% dos que

responderam ter limitações)

Insuficiência da capacidade produtiva 2.2 2.2 2.6 2.7 3.0 3.2

Deterioração das perspetivas de venda 64.2 63.4 49.6 48.5 34.8 31.8

Dificuldade de contratar pessoal qualificado 0.2 0.5 0.6 0.5 1.0 1.0

Nível das taxas de juro 3.9 3.5 4.6 3.5 4.3 3.9

Rentabilidade dos investimentos 10.0 11.6 15.3 17.2 12.0 15.4

Capacidade de autofinanciamento 6.5 6.5 8.5 8.7 15.8 15.7

Dificuldade em obter crédito bancário 9.4 9.0 16.0 15.7 27.1 27.2

Mercado de capitais 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0

Outros 3.7 3.4 2.9 3.2 2.0 1.9

Impacto líquido do inv. no emprego (sre, %) -0.4 -3.8 6.4 3.3 12.0 8.0

Fonte: INE. * Percentagem dos respondentes que revelaram intenções de investimento.

A proporção de respondentes que indicaram limitações ao investimento reduziu-se para

57.9% no total em 2014, mas aumentou para 58.1% na indústria transformadora (e 65.6% nas

empresas industrias exportadoras).

Daqueles que indicaram limitações ao investimento, o principal fator limitativo

predominante foi a deterioração das perspetivas de venda, embora em recuo face a 2013

(para 63.4% no total das respostas, 48.5% na IT e apenas 31.8% nas empresas industriais

exportadoras). Pelo contrário, o segundo obstáculo mais citado, a rentabilidade dos

Menor importância

das limitações ao

investimento em

2014, apesar de um

reforço na IT

Deterioração das

perspetivas de venda

reduz preponderância

como principal fator

limitativo ao

investimento

Aumento do peso do

financiamento

bancário na IT em

2014, sinalizando

menor restritividade

no acesso ao crédito

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 76

investimentos, reforçou o peso relativamente a 2013 (para 11.6% no total, 17.2% na IT e

15.4% nos exportadores da IT). Os obstáculos seguintes, relacionados com o financiamento,

perderam peso no seu conjunto, dada a descida nas limitações financiamento bancário e nível

de taxas de juro, e a estabilização no caso do autofinanciamento (mas em alta na IT).

No que se refere ao impacto do investimento na criação de emprego, destaca-se o saldo

de respostas extremas positivo (percentagem de respostas “aumento do emprego” superior à

percentagem de respostas “diminuição do emprego”) na IT, sobretudo nas empresas

exportadoras, embora em descida face a 2013. Este saldo positivo na IT realça o seu papel

na criação de emprego nos novos investimento, sobretudo tendo em conta o agravamento do

saldo negativo no total de respondentes, que não é favorável às contratações.

3.5 Constituições, dissoluções e insolvências de empresas

3.5.1 Constituições, dissoluções e criação líquida de empresas

No período de janeiro a novembro de 2013, o número de empresas constituídas aumentou

17.7% em termos homólogos (após 18.7% até setembro), para 31220, enquanto o número

de dissoluções recuou 33% (-7.1% até setembro), para 15279.

Quadro 3.5.1.1: Constituições, dissoluções e criação líquida de empresas

Período 2012 1T 13 2T 13 3T 13 Set-13 Out-13 Nov-13

Constituições de empresas

Número acumulado 29 175 11 721 19 210 26 098 26 098 28 855 31 220

Tvha (%) -11.7 28.0 19.8 18.7 18.7 18.7 17.7

Dissoluções de empresas

Número acumulado 25 828 5 037 8 147 12 413 12 413 13 828 15 279

Tvha (%) -21.7 -14.9 -14.4 -7.1 -7.1 -22.4 -33.0

Criação líquida de empresas

Número acumulado 3 347 6 684 11 063 13.685 13 685 15 027 15 941

Tvha (%) 8 707.9 106.2 69.9 58.4 58.4 131.6 327.8

Fonte: INE

Estes dados mostram que, durante os primeiros onze meses de 2013, foram criadas mais do

dobro das empresas dissolvidas, refletindo um elevado dinamismo na criação de empresas (não

obstante um abrandamento ligeiro), revelador do empreendedorismo português, e uma redução

cada vez mais forte das dissoluções, certamente ligada à recuperação económica do País.

Destes números resulta que se criaram 15941 empresas em termos líquidos nos onze

primeiros meses de 2013, correspondendo a uma subida homóloga de 327.8% e a uma forte

aceleração face ao período de janeiro a setembro (em que o aumento foi de 58.4%). Reitera-se

Dissoluções de

empresas em queda

acentuada e criação

de novas com

crescimento

assinalável

Novo investimento na

IT com maior impacto

na criação de

emprego, sobretudo

no caso dos

exportadores

Por cada empresa

dissolvida foram

criadas mais de

duas novas

empresas nos

primeiros onze

meses de 2013

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 77

que o crescimento anormalmente elevado de criação líquida de empresas registado em 2012

teve como base um valor excecionalmente baixo ocorrido em 2011.

Numa análise por setores, salienta-se que o peso das constituições superou o das

dissoluções na “indústria transformadora”, na “agricultura, caça e pesca” e na “alojamento e

restauração”, refletindo a reorientação para os setores de bens e serviços transacionáveis

internacionalmente, e ainda nos serviços exceto a “construção” e os “transportes e

armazenagem”, duas das atividades mais afetadas pelo redimensionamento do mercado

interno. Os setores “outros serviços”, “comércio por grosso e retalho”, “hotéis e restauração”,

“construção” e “indústria transformadora” continuaram a registar os pesos mais elevados das

constituições e dissoluções, denotando uma elevada rotatividade do parque empresarial.

Figura 3.5.1.1: Constituições e dissoluções de empresas: estrutura por setor de atividade

(Jan-Nov 2013,%)

Os valores de criação líquida de empresas até novembro de 2013 foram mais elevados nas

atividades de “outros serviços”, “comércio por grosso e a retalho”, “alojamento e restauração”,

“indústria transformadora”, “agricultura, caça e pesca”, “telecomunicações” e “construção”,

considerando apenas os valores acima de 500 empresas. Todos os setores identificados

apresentaram criação líquida de empresas nos onze primeiros meses de 2013, ao contrário do

que sucedeu em 2012, em que se registaram perdas líquidas na “construção”, no “comércio por

grosso e retalho”, na “indústria transformadora”, nos “transportes” e nas “indústrias extrativas”.

1.6

0.2

6.8

0.4

13.1

29.8

3.8

10.1

2.9

31.4

4.6

0.1

8.1

0.4

8.5

26.3

2.9

11.2

4.0

34.0

0.0 10.0 20.0 30.0 40.0

Agricultura, caça e pesca

Indústria extrativa

Indústria transformadora

Eletricidade, gás e água

Construção

Comércio por grosso e a retalho*

Transportes e armazenagem

Alojamento e restauração

Telecomunicações

Outros serviços

Constituições DissoluçõesFonte: INE; * Inclui reparação automóvel

Peso das

constituições acima

do das dissoluções

nos setores de bens

e serviços

transacionáveis

reflexo do processo

de ajustamento

Criação líquida de

emprego até

novembro de 2013

em todos os setores

identificados

Forte aceleração da

criação líquida de

empresas reflexo do

forte espírito

empreendedor e da

retoma económica

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 78

Figura 3.5.1.2: Criação líquida de empresas por setor (2012 e Jan-Set 2013)

Entre janeiro e novembro de 2013, a criação líquida de empresas já mais do que compensou a

perda ocorrida no conjunto de 2012 na generalidade dos setores, com exceção da “construção”

e das “indústrias extrativas”. Note-se, contudo, que esta análise focada no número de empresas

dá apenas uma visão parcelar da dinâmica empresarial e da sua atividade.

No que se refere à estrutura dos dados por regiões (NUTS II), os pesos mais elevados das

constituições e dissoluções ocorreram no Norte, em Lisboa e no Centro. O peso das

constituições ultrapassou o das dissoluções nas regiões do Norte, do Centro, do Alentejo e dos

Açores, sinalizando uma maior dinâmica de criação líquida de empresas em termos relativos.

Figura 3.5.1.3 Constituições e dissoluções de empresas: distribuição por regiões NUTS II

(Jan-Nov 2013, %)

1197

5

1474

75

653

3670

307

1940

801

5819

1160

-50

-187

81

-1120

-466

-81

827

485

2698

-2000 0 2000 4000 6000 8000

Agricultura, caça e pesca

Indústria extrativa

Indústria transformadora

Eletricidade, gás, e água

Construção

Comércio por grosso e a retalho*

Transportes e armazenagem

Alojamento, restauração e similares

Telecomunicações

Outros serviços

2012 Jan-Nov 13Fonte: INE e cálculos próprios * Inclui reparação automóvel

5.8

0.8

6.1

4.2

33.9

15.0

34.1

2.4

1.3

4.8

5.6

32.1

17.4

36.5

0.0 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0 30.0 35.0 40.0

R.A. da Madeira

R.A. dos Açores

Algarve

Alentejo

Lisboa

Centro

Norte

Constituições DissoluçõesFonte: INE

Peso das constituições

acima do das

dissoluções no Norte,

Centro, Alentejo e

Açores, sinal de maior

dinâmica relativa na

criação líquida de

empresas

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 79

Em valor absoluto, a criação líquida de empresas nos onze primeiros meses de 2013 foi mais

elevada na região Norte, seguida por Lisboa, Centro, Alentejo, Algarve e Açores. Apenas a R. A.

da Madeira registou destruição líquida de empresas até novembro de 2013, à semelhança do

que sucedeu em 2012, mas com valor bastante menos negativo.

Figura 3.5.1.4 Criação líquida de empresas, regiões NUTS II (2012 e Jan-Nov 2013)

3.5.2 Insolvências de empresas

O número de insolvências de empresas, ao fornecer um retrato sobre a saúde das empresas,

representa um indicador avançado da atividade económica. Por confronto com a subsecção

anterior, note-se que nem todas as dissoluções de empresas decorrem de processos de

insolvência e nem todas as insolvências terminam em dissolução.

Após uma subida de 27.7% em 2012 (para 7763), o crescimento homólogo do número de

ações de insolvência abrandou para 13.4% no período de janeiro a novembro de 2013

(situando-se em 8119).

Quadro 3.5.2.1: Insolvências de empresas

Período 2012 1T 13 2T 13 3T 13 Set-13 Out-13 Nov-13

Ações de insolvência

Número acumulado 7 763 2 164 4 644 6 595 6 595 7 369 8 119

Tvha (%) 27.7 10.9 20.6 18.4 18.4 15.8 13.4

Fonte: IGNIOS (anteriormente designada Coface)

-142

296

560

1088

4842

3133

6164

-365

131

100

499

91

704

2187

-1000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000

Região Autónoma da Madeira

Região Autónoma dos Açores

Algarve

Alentejo

Lisboa

Centro

Norte

2012 Jan-Nov 13Fonte: INE

Forte abrandamento

das ações

insolvências

Região Norte com

valor mais elevado

de criação de

empresas até

novembro de 2013

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 80

Considerando o tipo de ações de insolvência, do número total de 8119 de janeiro a

novembro de 2013, 33.5% eram empresas declaradas insolventes em decisão final e 2.2%

estavam em plano de insolvência (decisão final). Os restantes casos correspondiam a decisões

intermédias de insolvência (30.3% de ações pedidas por entidades credoras e 34%

apresentadas pela própria entidade).

Quadro 3.5.2.2: Tipo de ações de insolvência

Período Jan-Nov 13 Estrutura (%)

DI - Declarada Insolvente (decisão final) 2719 33.5

DIR - Declarada a Insolvência Requerida (decisão intermédia com origem em entidades credoras)

2461 30.3

DIA - Declarada a Insolvência Apresentada (decisão intermédia com origem na própria entidade)

2760 34.0

PI - Em Plano de Insolvência (decisão final) 179 2.2

Total 8119 100.0

Fonte: IGNIOS (anteriormente designada Coface)

Por distritos, o maior peso das ações de insolvência foi registado no Porto (23.5%), seguido

por Lisboa (19.6%), Braga (13.6%) e Aveiro (8.1%), mas foram justamente esses distritos que

mais perderam importância no total de ações face à estrutura de 2012. Os distritos de Setúbal,

Faro e Castelo Branco foram aqueles cujo peso nas insolvências mais aumentou face a 2012.

Figura 3.5.2.1 Insolvências de empresas: distribuição por distrito (2012 e Jan-Set 2013, %)

Nos setores de atividade, o peso mais elevado das insolvências pertenceu à “Construção e

obras públicas”, seguida pela “indústria transformadora” e pelo comércio, excluindo veículos

0.1

0.1

0.5

0.5

0.7

0.9

0.9

1.1

1.0

1.3

1.7

2.7

2.4

3.5

3.4

4.3

4.7

5.3

8.1

13.6

19.6

23.5

0 5 10 15 20 25

Horta

Angra do Heroísmo

Ponta Delgada

Bragança

Beja

Portalegre

Guarda

Vila Real

Évora

Castelo Branco

Viana do castelo

Madeira

Viseu

Coimbra

Faro

Santarém

Setúbal

Leiria

Aveiro

Braga

Lisboa

Porto

2012 Jan-Nov 13Fonte: IGNIOS

Redução do peso

da IT nas ações de

insolvência

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 81

automóveis (16.6% no “comércio a retalho” e 12.5% no “comércio por grosso”). Em

comparação com estrutura de 2012, a indústria transformadora foi o setor que mais perdeu

importância nas ações de insolvência, de forma destacada, enquanto a rubrica “outros serviços”

foi a que mais reforçou o seu peso.

Figura 3.5.2.2: Insolvências de empresas: estrutura por setor (2012 e Jan-Set 2013, %)

3.6 Evolução recente das exportações de bens e de serviços

Nesta seção são apresentadas as principais tendências das exportações de bens e serviços,

incluindo o cálculo e análise das quotas de mercado.

3.6.1 Intensidade exportadora (total, bens e serviços)

De acordo com os dados mais recentes das contas nacionais, a intensidade exportadora

(peso das exportações no PIB) atenuou-se ligeiramente no terceiro trimestre de 2013, mas

mantém-se ainda próximo de um máximo de várias décadas e dentro de uma forte tendência

de subida desde 2010, sendo de salientar que é natural alguma oscilação dos dados trimestrais,

uma vez que não são corrigidos de sazonalidade.

Com efeito, o peso das exportações totais no PIB (a preços correntes) recuou para 40.9%

no terceiro trimestre (30.3% na componente de bens e 10.5% na componente de serviços),

após um máximo de várias décadas no trimestre anterior (41.2%), mas situou-se ainda acima

do registo do primeiro trimestre e do observado no conjunto de 2012 (38.7%), correspondendo

0.1

0.2

0.3

0.4

0.8

3.7

3.8

7.5

12.5

16.5

16.8

18.3

19.0

0 10 20 30

Telecomunicações

Indústria extrativa

Eletricidade, gás e água

Não identificados

Agricultura, caça e pesca

Comércio de veículos

Transportes

Hotelaria e restauração

Comércio por grosso

Comércio a retalho

Outros serviços

Indústria transformadora

Construção e obras públicas

2012 Jan-Nov 13Fonte: IGNIOS

Descida ligeira da

intensidade

exportadora no

terceiro trimestre de

2013 (para 40.9%),

ainda próxima de um

máximo de várias

décadas e dentro de

uma forte tendência

de subida desde 2010

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 82

mesmo a um dos valores mais elevados desde, pelo menos, 1953 (último ano com dados nas

séries longas do Banco de Portugal, que disponibiliza os registos mais antigos). Refira-se que a

intensidade exportadora era de apenas 28% em 2009 (valor pouco superior ao verificado

aquando da entrada de Portugal na CEE, em 1986, na ordem dos 27%), tendo aumentado de

forma muito acentuada a partir de 2010.

Figura 3.6.1.1: Intensidade exportadora: total, bens e serviços

3.6.2 Evolução das exportações de bens (comércio internacional)

Os dados mais recentes do INE relativamente ao comércio internacional mostram que as

exportações de bens registaram variações homólogas nominais de 5.7% em 2012 e de 4.4%

de janeiro a novembro de 2013.

Por grupos de produtos, continua a destacar-se a elevada influência da componente de

“combustíveis”, que subiu 22.5% em 2012 e 32.4% nos onze primeiros meses de 2013, em

termos homólogos. Excluindo esta componente, o crescimento das exportações de bens reduz-

se para 4.4% e 1.8%, respetivamente.

No que se refere aos outros grupos de produtos, salienta-se o crescimento acentuado na

componente “alimentação, bebidas e tabaco” (tvhn de 9.3% de janeiro a novembro), que

apresentou o segundo maior contributo para o crescimento total das exportações de bens

nesse período (0.6 pontos percentuais), a seguir ao contributo predominante dos

“combustíveis” (2.7 p.p.), que explicou 61% do aumento das exportações totais. Seguiu-se o

contributo de 0.4 p.p. do grupo “plásticos e borracha” e vários contributos de 0.3 p.p.

(“têxteis”, “madeira e cortiça”, “químicos”, “animais e produtos animais e vegetais” e

“calçado”). O grupo “peles e couros” apresentou a segunda maior taxa de crescimento de

38.7 39.8 41.2 40.9

28.9 29.5

30.6 30.3

9.8 10.3 10.6

10.5

0.0

5.0

10.0

15.0

20.0

25.0

30.0

35.0

40.0

45.0

2012 1T 13 2T 13 3T 13

Exportações totais (% do PIB)

Exportações de bens (% do PIB)

Exportações de serviços (% do PIB)Fonte: INE

61% do aumento das

exportações explicado

pelos combustíveis,

seguindo-se

contributos relevantes

de um conjunto

diversificado de

produtos

Crescimento

homólogo de 4.4%

das exportações

de janeiro a

novembro de 2013

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 83

janeiro a novembro (22.9%), mas o seu peso reduzido determinou um contributo pouco

significativo para o crescimento total das exportações (0.1 p.p.).

Com exceção dos “plásticos e borracha”, os grupos acima referidos aumentaram ou mantiveram

o contributo comparativamente a 2012 (o mesmo sucedendo com o “mobiliário” e os “outros

minerais não metálicos”), permitindo amortecer o andamento menos favorável nas restantes

componentes, com destaque para a redução do contributo positivo das “máquinas e aparelhos”

(0.1 p.p., após 1.6 p.p. em 2012), a quebra na categoria residual “outros” (de 0.6 p.p. para -

0.4 p.p.) e a contribuição mais negativa do “material de transporte” (de -0.7 para -0.8 p.p.).

Quadro 3.6.2.1: Exportações de mercadorias por tipo de produtos

Período 2012 Jan-Nov 13

Valor

(M€)

Tvhn

(%)

Contributo

(p.p.)

Valor

(M€)

Tvhn

(%)

Contributo

(p.p.)

Máquinas e aparelhos 6 945 10.7 1.6 6 477 0.6 0.1

Material de transporte 5 240 -5.3 -0.7 4 627 -6.7 -0.8

Têxteis 4 114 -1.3 -0.1 3 935 3.5 0.3

Combustíveis 3 770 22.5 1.6 4 604 32.4 2.7

Metais 3 724 8.8 0.7 3 439 -0.3 0.0

Madeira e cortiça 3 666 1.5 0.1 3 538 4.3 0.3

Plásticos e borracha 3 102 7.2 0.5 3 061 5.1 0.4

Alimentação, bebidas e tabaco 2 768 6.7 0.4 2 774 9.3 0.6

Químicos 2 533 3.5 0.2 2 468 5.3 0.3

Animais vivos e prod. de origem animal

e vegetal

2 451 5.9 0.3 2 364 5.1 0.3

Calçado 1 697 4.5 0.2 1 701 7.6 0.3

outros 1 573 18.9 0.6 1 279 -12.8 -0.4

Outros produtos minerais não

metálicos

1 453 0.4 0.0 1 404 3.7 0.1

Mobiliário 1 282 6.5 0.2 1 278 7.2 0.2

Minério 759 3.7 0.1 693 -0.3 0.0

Peles e couros 184 12.7 0.0 205 22.9 0.1

Total 45 259 5.7 43 847 4.4

Total sem combustíveis 41 490 4.4 4.1 39 244 1.8 1.7

Fonte: INE.

A análise das exportações de mercadorias por mercados de destino mostra que o

abrandamento das exportações no período de janeiro a novembro teve origem no mercado

extracomunitário (tvhn de 7.3%, após 19.6% em 2012), que manteve ainda uma taxa de

crescimento bastante significativa e superior à registada no mercado comunitário, onde se

observou uma aceleração (de 0.9% para 3.2%).

Dos 20 principais mercados de exportação (considerando os pesos em 2012), as maiores

subidas homólogas no período de janeiro a novembro de 2013 foram registadas fora da UE:

Mercado europeu

mais dinâmico

amortece

abrandamento no

mercado

extracomunitário

Abrandamento

face a 2012

associado, em boa

medida, ao menor

crescimento das

exportações de

máquinas e

equipamentos

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 84

Marrocos (65.5%, após 18.4% em 2012) – que proporciona o segundo maior contributo para o

crescimento global das exportações (0.7 p.p.) –, Argélia (29.3% e 19.6%) e Brasil (11.9% e

16.4%). Dentro da UE, é de salientar o aumento de 10.5% das exportações para a Polónia (0%

em 2012) e, em particular, a subida de 9.8% para o mercado espanhol (em recuperação

após uma queda de 4.7% em 2012), que representa o maior contributo (2.2 p.p.).

Os principais contributos negativos para a evolução das exportações até setembro foram de

-0.4 p.p. no mercado da China (tvhn de -19.4%, após 96.1% em 2012) e -0.3 p.p. na

Venezuela (-41.5%, após 103.3% em 2012), mas é de salientar também a significativa

redução do contributo positivo face a 2012 nos casos de Angola (de 1.5 para 0.2 p.p.), EUA

(de 0.9 para 0.6 p.p.) e Países Baixos (de 0.5 para 0.0 p.p.).

Quadro 3.6.2.2: Exportações de mercadorias nos principais mercados

Período 2012 Jan-Nov 13

Valor

(M€)

Tvhn

(%)

Contributo

(p.p.)

Valor

(M€)

Tvhn

(%)

Contributo

(p.p.)

Espanha 10 171 -4.7 -1.2 10 354 9.8 2.2

Alemanha 5 607 -3.3 -0.5 5 198 -1.7 -0.2

França 5 348 2.7 0.3 5 073 1.8 0.2

Angola 2 991 28.4 1.5 2 854 3.5 0.2

Reino Unido 2 394 7.2 0.4 2 404 8.2 0.4

Países Baixos 1 874 12.0 0.5 1 762 1.1 0.0

Estados Unidos 1 865 24.6 0.9 1 810 6.4 0.3

Itália 1 660 5.6 0.2 1 444 -4.1 -0.1

Bélgica 1 426 5.6 0.2 1 261 -4.9 -0.2

China 778 96.1 0.9 605 -19.4 -0.3

Brasil 679 16.4 0.2 705 11.9 0.2

Suécia 466 4.9 0.1 420 -2.7 0.0

Marrocos 459 18.4 0.2 697 65.5 0.7

Argélia 428 19.6 0.2 494 29.3 0.3

Polónia 404 0.0 0.0 413 10.5 0.1

Suíça 401 7.8 0.1 389 3.8 0.0

Turquia 355 18.2 0.1 355 6.8 0.1

República Checa 327 10.9 0.1 266 -14.2 -0.1

Venezuela 313 103.3 0.4 174 -41.5 -0.3

Dinamarca 313 15.2 0.1 293 1.4 0.0

Total 45 259 5.7 43 847 4.4

Intra-UE 32 152 0.9 0.7 30 877 3.2 2.3

Extra-UE 13 107 19.6 5.0 12 971 7.3 2.1

Fonte: INE.

Marrocos,

Argélia, Brasil,

Polónia e

Espanha, os

mercados de

destino mais

dinâmicos

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 85

3.6.3 Quotas de mercado das exportações de mercadorias

A quota de mercado das exportações nacionais de mercadorias (ver nota metodológica

do quadro 3.6.3.1) no mercado mundial situou-se em 0.33% no período de janeiro a setembro

de 2013, traduzindo uma melhoria face ao valor registado no conjunto de 2012 (0.31%), com

subidas tanto no mercado comunitário (de 0.69% para 0.74%) como no mercado

extracomunitário (de 0.13% para 0.15%).

Quadro 3.6.3.1: Quotas de mercado das exportações de mercadorias (%)

Período 2012 Jan-Set13

Mundo 0.31 0.33

Intra-UE 0.69 0.74

Extra-UE 0.13 0.15

Fontes: INE, BdP e OMC. Nota metodológica: as quotas foram calculadas usando dados do INE para o valor acumulado

no ano das exportações de mercadorias em valor, dividido pelas importações totais das respetivas áreas (dados da

OMC, convertidos de dólares para euros usando taxas de câmbio médias do BdP).

Esta importante subida das quotas de mercado das exportações portuguesas de mercadorias

em 2013 é ainda mais meritória por ocorrer num período de queda da procura externa

relevante, tendo em conta a evolução do indicador de procura externa do INE (tvhn de -3.3%

no terceiro trimestre, após -3.4% e -3.1% nos trimestres anteriores). O diferencial da variação

homóloga das exportações de mercadorias e da procura externa relevante mostra que o ganho

de quota de mercado terá atingido 9.1% em termos homólogos no terceiro trimestre,

abrandando de forma ligeira face ao trimestre anterior.

Figura 3.6.3.1: Evolução homóloga das exportações de mercadorias, da procura externa

relevante e dos ganhos de quota de mercado

5.7

0.1

6.2 5.8

1.2

-3.1

-3.4 -3.3

4.5 3.2

9.6 9.1

-6.0

-4.0

-2.0

0.0

2.0

4.0

6.0

8.0

10.0

12.0

2012 1T 13 2T 13 3T 13

Exportações de mercadorias (tvhn, %)

Procura externa relevante (tvhn, %)

Ganho (+) / Perda (-) de quota de mercadoFonte: INE

Aumento das quotas

ainda mais meritório

dada a queda da

procura externa

relevante

Subida da quota de

mercado das

exportações de

mercadorias para

0.33% de janeiro a

setembro de 2013

(0.74% intra-UE e

0.15% extra-UE)

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 86

Entre os 20 principais mercados de exportação, a quota de mercado mais elevada de

Portugal nos valores acumulados em 2013 foi registada no mercado de Angola (16.65% de

janeiro a setembro, valor estimado pelo peso nas importações angolanas - ver nota ao gráfico),

seguindo-se, a grande distância, os mercados de Espanha (4.43% de janeiro a novembro,

após 3.87% em 2012), Marrocos (2.24% de janeiro a novembro; 1.32% em 2012), Argélia

(1.34% de janeiro a setembro, 1.09% em 2012) e França (1.08% de janeiro a novembro;

1.02% em 2012), mas nestes últimos quatro casos em alta face a 2012, ao contrário de Angola,

registando mesmo as maiores subidas entre os mercados analisados (a par com o Reino Unido).

Dos 20 mercados, apenas em cinco se registaram descidas de quota face a 2012,

designadamente nos mercados da Venezuela (de 0.66% em 2012 para 0.42% de janeiro a

setembro de 2013), da República Checa (de 0.30% em 2012 para 0.27% de janeiro a

novembro de 2013), da Bélgica (de 0.42% em 2012 para 0.4% de janeiro a novembro de

2013) e da China (de 0.055% em 2012 para 0.045% de janeiro a novembro de 2013). No caso

de Angola, a quota de mercado calculada para 2012 é de 16.01% (seguindo o procedimento

descrito na nota do quadro acima), valor que não é diretamente comparável com a estimativa

disponível para o período de janeiro a setembro de 2013 (16.65%), relativa ao peso de Portugal

nas importações angolanas de mercadorias (dados do INE de Angola). Como esse peso se

situou em 18.67% no cômputo de 2012, segundo o INE de Angola, a informação disponível

sugere uma redução da quota das exportações portuguesas no mercado angolano em 2013.

Figura 3.6.3.2: Quotas de mercado das exportações portuguesas de bens, mundo e 20

principais mercados: 2012 e acumulado em 2013 (%)

0.045

0.11

0.21

0.27

0.28

0.29

0.33

0.38

0.40

0.40

0.42

0.43

0.44

0.44

0.53

0.63

1.08

1.34

2.24

4.43

16.65*

0.0 3.0 6.0 9.0 12.0 15.0 18.0

China

Estados Unidos

Turquia

República Checa

Suíça

Polónia

MUNDO

Suécia

Brasil

Bélgica

Venezuela

Países Baixos

Itália

Dinamarca

Reino Unido

Alemanha

França

Argélia

Marrocos

Espanha

Angola

Janeiro a Dezembro de 2012

Jan-Nov 13 (Jan-Set 13 para Mundo, Angola, Argélia e Venezuela)

Fontes: INE, OMC, BdP,

INE Angola, cálculos próprios

Maior quota das

exportações de

mercadorias

registada em

Angola, de forma

destacada, embora

em queda face a

2012, segundo os

dados disponíveis

Reforço da quota de

mercado em 15 dos

20 maiores

mercados de

exportação de

mercadorias

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 87

* Estimativa obtida a partir dos dados disponibilizados pelo INE de Angola (peso de Portugal nas importações

angolanas), procedimento diferente do usado nos restantes casos (ver nota ao quadro anterior), incluindo o valor para

Angola em 2012 que é apresentado no gráfico.

3.6.4 Exportações de serviços: evolução e quota de mercado

Os dados mais recentes do Banco de Portugal relativos às exportações de serviços deram

conta de um crescimento homólogo nominal de 7% no período de janeiro a novembro de 2013,

recuperando de uma queda de 0.3% em 2012. A componente do “turismo” foi a que mais

contribuiu para o aumento homólogo das exportações nos onze primeiros meses de 2011 (3.3

p.p., correspondendo a uma taxa de crescimento de 7.2%), seguida dos “outros serviços

fornecidos por empresas” (1.5 p.p. e 11%) e dos “transportes” (1.4 p.p. e 5%), em todos

os casos com uma evolução mais favorável do que em 2012.

Quadro 3.6.4.1: Exportações de serviços

Período 2012 Jan-Nov 13

Valor

(M€)

Tvh

(%)

Contributo

(p.p.)

Valor

(M€)

Tvh

(%)

Contributo

(p.p.)

Turismo 8 606 5.6 2.4 8 578 7.2 3.3

Transportes 5 395 4.0 1.1 5 237 5.0 1.4

Outros serviços fornecidos por

empresas

2 652 -26.0 -4.9 2 704 11.0 1.5

Outros serviços 2 446 9.0 1.1 2 330 6.3 0.8

Total 19 098 -0.3 18 849 7.0

Fonte: BdP

De acordo com dados revistos da OMC, a quota das exportações de serviços nacionais no

mercado mundial situou-se em 0.58% no ano de 2012 (a anterior estimativa, com os dados

disponíveis no anterior número desta publicação, era de 0.57%), não sendo possível obter um

cálculo preciso (e comparável) com os dados disponíveis para 2013.

3.7 Financiamento

No que se refere ao financiamento, começa por se destacar a evolução das taxas de juro no

mercado monetário interbancário.

Turismo continua

a impulsionar o

crescimento das

exportações de

serviços em 2013

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Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 88

Figura 3.7.1: Taxas Euribor a 3, 6 e 12 meses (valores médios mensais, %)

As taxas Euribor médias subiram em dezembro nos vários prazos (para 0.274% no prazo de

3 meses, 0.371% nos 6 meses e 0.543% nos 12 meses), atingindo máximos de vários meses

(17, 15 e 10 meses, respetivamente), o que não impediu uma descida significativa dos valores

médios anuais em 2013 (para 0.220% a Euribor a 3 meses, 0.336% nos 6 meses e 0.536% nos

12 meses), refletindo a política monetária mais acomodatícia do BCE.

O aumento registado em dezembro foi significativo e refletiu vários fatores. Por um lado, apesar

de cada vez menos especialistas preverem novos cortes da taxa do BCE após o corte efetuado

em novembro, os participantes do mercado terão ficado surpreendidos pelo facto da autoridade

monetária não ter sinalizado novas medidas de estímulo, pelo que terão incorporado um

cenário de progressiva normalização das taxas face aos valores historicamente baixos (a taxa

Euribor média a 3 meses em dezembro superou em quase 0.5 p.p. a taxa Refi do BCE).

Contudo, o principal fator por detrás da subida terá sido, segundo especialistas, um aumento da

procura de liquidez pelos bancos devido ao reembolso acelerado dos empréstimos obtidos nas

operações de refinanciamento de longo prazo do BCE (LTRO, na sigla original) de final de 2011

e início de 2012, uma reação motivada pelo encerramento do ano e pela preparação para o

exercício de avaliação de ativos do BCE. Para a subida das Euribor terá ainda contribuído a

participação de um maior número de bancos no mercado interbancário, incluindo alguns com

maior grau de risco (pagando taxas de juro mais elevadas).

A trajetória de subida prosseguiu em janeiro, mas de forma já pouco acentuada (no dia 30, as

taxas Euribor situaram-se em 0.300% no prazo de 3 meses, 0.402% nos 6 meses e 0.566%

nos 12 meses), num mês em que o BCE manteve a sua política monetária acomodatícia.

0.274

0.371

0.543

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

dez-

12

jan-1

3

fev-1

3

mar-

13

abr-

13

mai-13

jun-1

3

jul-13

ago-1

3

set-

13

out-

13

nov-1

3

dez-

13

Euribor 3m Euribor 6 m Euribor 12 mFonte: BdP

Subida já pouco

acentuada das

taxas Euribor em

janeiro

Política

monetária mais

acomodatícia do

BCE reduz taxas

Euribor médias

anuais em 2013…

… mas em

dezembro

atingem máximos

de vários meses

por motivos

técnicos e alguma

normalização

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

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Quadro 3.7.1: Taxas de juro e stock de crédito

Período 2012 2013 2T 13 3T 13 4T 13 Out-13 Nov-13 Dez-

13 Taxas de juro (%)

Mercado monetário (< 1 ano)

Taxa “Refi” do BCE (final de período) 0.75 0.25 0.50

0.50 0.25 0.50 0.25 0.25

Taxas Euribor (valores médios)

3 meses 0.574 0.220 0.207 0.223 0.241 0.226 0.223 0.274

6 meses 0.828 0.336 0.315 0.339 0.347 0.342 0.327 0.371

12 meses 1.112 0.536 0.506 0.537 0.530 0.541 0.506 0.543

Merc. de capitais (>1 ano): OT

Yield PT, 10 anos (média) (a) 10.55 6.29 5.97 6.84 6.12 6.33 5.98 6.04

Yield zona euro, 10 anos 3.88 3.00 2.82 3.15 2.97 3.03 2.90 2.97

Yield Alemanha, 10 anos (b) 1.50 1.57 1.34 1.73 1.75 1.76 1.68 1.80

Prémio de risco de PT = (a) –(b) 9.05 4.72 4.63 5.11 4.37 4.57 4.30 4.24

Crédito a empresas

Novas operações até 1 M€ (exclui descobertos bancários)

Taxa de juro média pond. em PT 7.08 6.49 6.37 6.27 6.14

Tx. de juro média pond. na Z. Euro 4.07 3.80 3.75 3.82 3.82

Stock de crédito (final de período)

Crédito interno total (M€) 344 454 340 616 338 030 337 278 336 181

Tvh (%) -5.0 -4.9 -4.0 -3.5 -3.6

Crédito a soc. não financeiras 123 257 121 201 117 306 117 079 117 116

Tvh (%) -9.0 -7.7 -7.7 -7.2 -6.4

Crédito à Ind. transformadora 13 595 13 758 13 423 13 230 13 232

Tvh (%) -7.7 -3.8 -3.6 -3.6 -3.1

Fontes: BdP, BCE e Eurostat. OT = Obrigações do Tesouro; PT = Portugal; Taxa “Refi” do BCE = taxa de juro aplicável

às operações principais de refinanciamento do Eurosistema.

No mercado de dívida pública, a yield média de Portugal a 10 anos recuou para 5.98% em

novembro de 2013 (6.04% em outubro), traduzindo a melhoria da perspetiva da dívida

soberana nacional por parte da agência de notação Moody’s (de “negativa” para “estável”,

significando que não prevê alterar a notação proximamente), a aprovação do Orçamento de

Estado de 2014 e a descida dos juros soberanos dos outros países da zona euro que também

estavam sob pressão dos mercados.

A yield média nacional corrigiu ligeiramente em alta no mês dezembro (para 6.04%, a refletir

em parte a tomada de mais valias pela banca, para incorporar nos resultados de 2013), não se

tendo observado um influência significativa da declaração de inconstitucionalidade da

convergência de pensões, para o que terá contribuído a rápida indicação de medidas

substitutivas pelo Governo. Nesse mês, a yield portuguesa era a segunda mais elevada da zona

euro (abaixo da Grécia e com um valor próximo do Chipre), ainda bastante acima da Alemanha,

cujo valor subiu para 1.8%, o que permitiu encurtar o diferencial entre as duas taxas para 4.24

p.p. (4.30 p.p. em novembro), que constitui uma medida do prémio de risco de Portugal.

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 90

Na média de 2013, a yield soberana nacional a 10 anos registou um valor de 6.29%,

traduzindo uma forte descida relativamente a 2012 (6.29%), na sequência das avaliações

positivas do programa de ajustamento e dos sinais de retoma económica e melhoria da

envolvente externa, o que se refletiu na descida do prémio de risco para quase metade (de

9.05 p.p. para 4.72 p.p.).

Figura 3.7.2: Yields soberanas a 10 anos em alguns países da zona euro (%)

já em janeiro de 2014, a yield diária recuou abaixo dos 5% na parte final do mês (4.95%, no

dia 29), pela primeira vez desde junho de 2010, bem antes do início do programa de

ajustamento (em abril de 2011), beneficiando da descida nos outros países da periferia da zona

euro, com destaque para a Irlanda, que terminou o programa de ajustamento no final de

dezembro sem precisar do auxílio de um programa cautelar. A possibilidade de Portugal

também poder vir a escolher entre um programa cautelar e uma saída “à irlandesa” (apoio

próprio, através do financiamento antecipado das necessidades de financiamento a um ano, o

prazo de duração do programa), que ganhou força após a divulgação de um défice orçamental

abaixo do esperado em 2013, suportou a descida da yield soberana nacional, sendo ainda de

realçar o sucesso da emissão de dívida pública a 5 anos e a retirada de “vigilância negativa” da

dívida portuguesa pela agência Standard & Poor’s.

1.80

8.66

3.48

6.04

0

5

10

15

20

25

30

jan-1

1

mar-

11

mai-11

jul-11

set-

11

nov-1

1

jan-1

2

mar-

12

mai-12

jul-12

set-

12

nov-1

2

jan-1

3

mar-

13

mai-13

jul-13

set-

13

nov-1

3

Chipre Alemanha Espanha França

Grécia Irlanda Itália PortugalFonte: Eurostat

Yield soberana de

Portugal a 10 anos

abaixo de 5% no

final de janeiro

com défice

orçamental abaixo

do esperado e

possibilidade de

“saída à irlandesa”

Prémio de risco de

Portugal reduz-se

em quase metade

em 2013

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 91

A descida das yields nacionais (longo prazo) e do prémio de risco do País (e da banca),

acompanhado da perspetiva de manutenção das taxas Euribor (curto prazo) em níveis baixos

por um período prolongado de tempo (pese embora a recente correção em alta), dada a

orientação acomodatícia do BCE, é muito favorável à continuação da descida da taxa de juro

média dos empréstimos às sociedades não financeiras, que, em novembro, recuou pelo

terceiro mês seguido nas operações até 1 M€, para 6.14% (6.27% em outubro). Apesar da

descida, este valor ultrapassou o do Chipre (que registou uma descida mais acentuada) e

tornou-se o segundo mais elevado da zona euro, a seguir à Grécia, embora neste caso o último

dado disponível seja o de setembro (6.63%). Face aos restantes países da zona euro, os

diferenciais de taxa de juro encurtaram-se em quase todos os casos (com exceção de Malta),

mas continuaram a ser elevados, sobretudo na comparação com o Luxemburgo, que continuou

a apresentar o valor mais baixo (2.01%). A média da zona euro manteve-se em 3.82%.

Figura 3.7.3: Taxas de juro sobre novas operações denominadas em euros (até 1 M€ e

excluindo descobertos bancários) concedidas às sociedades não financeiras por instituições

financeiras monetárias (médias ponderadas, %)

Passando à análise do stock de crédito concedido às sociedades não financeiras

nacionais, os dados mais recentes do Banco de Portugal, relativos a novembro, mostraram

uma recuperação ligeira em variação mensal (37 M€, para 117116 M€), após cinco meses de

descida, e uma atenuação da queda homóloga (para uma tvh de -6.4%), pelo segundo mês

consecutivo, confirmando a tendência de desagravamento que se iniciou no final de 2012.

5.59

3.04

4.95

2.92

5.16

4.38

2.01

6.14

3.82

1

2

3

4

5

6

7

8

jan-1

1

mar-

11

mai-11

jul-11

set-

11

nov-1

1

jan-1

2

mar-

12

mai-12

jul-12

set-

12

nov-

12

jan-1

3

mar-

13

mai-13

jul-13

set-

13

nov-1

3

Chipre Alemanha Espanha França Grécia

Irlanda Itália Luxemburgo Portugal Zona Euro

Fontes: BCE,

Eurostat

Em novembro, a taxa

de juro média do

crédito às empresas

em Portugal (até 1

M€) desce e encurta

distância face à

maioria dos países da

zona euro, mas torna-

se a segunda mais

elevada da área ao

ultrapassar o Chipre

Stock de crédito às

empresas recupera

ligeiramente entre

outubro e novembro e

confirma tendência

de desagravamento

homólogo

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 92

Figura 3.7.4: Stock de crédito interno do setor financeiro monetário às sociedades não

financeiras (M€ e tvh em %)

Contudo, a queda homóloga do crédito concedido às sociedades não financeiras é ainda

superior à descida média do crédito interno total (tvh de -3.6%, após -5% em dezembro de

2012) refletindo o crescimento nas sociedades financeiras (3%, após -12.4% no final de 2012)

e a estabilização nas administrações públicas (0%), onde se verifica um abrandamento

assinalável face à subida de 18.9% em dezembro de 2012. Mesmo assim, os dados em variação

absoluta mostram que o setor das administrações públicas continuou a principal exceção na

tendência de redução do crédito concedido em 2013. De facto, entre dezembro de 2012 e

novembro de 2013, o crédito interno diminuiu 8273 M€, com variações de -6141 M€ nas

sociedades não financeiras, -5474 M€ nos particulares, +445 M€ nas sociedades

financeiras e +2897 M€ nas administrações públicas.

Figura 3.7.5: Crédito interno do setor financeiro monetário por setor institucional (M€)

117 116

-6.4%

-10%

-9%

-8%

-7%

-6%

-5%

-4%

-3%

-2%

-1%

0%

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

160000

jan-1

1

mar-

11

mai-11

jul-11

set-

11

nov-1

1

jan-1

2

mar-

12

mai-12

jul-12

set-

12

nov-1

2

jan-1

3

mar-

13

mai-13

jul-13

set-

13

nov-1

3

Stock de crédito interno às soc. não fin. (esc. esq.) tvh (esc. dta.)Fonte: BdP

117 116

43 037

128 676

47 352

0

50 000

100 000

150 000

200 000

250 000

300 000

350 000

400 000

jan-1

1

mar-

11

mai-11

jul-11

set-

11

nov-1

1

jan-1

2

mar-

12

mai-12

jul-12

set-

12

nov-1

2

jan-1

3

mar-

13

mai-13

jul-13

set-

13

nov-1

3

Soc. não fin. Adm. Públicas Particulares Instit. Fin. não monetáriasFonte: BdP

Setor público ainda a

principal exceção na

redução do crédito

concedido

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 93

Figura 3.7.6: Empréstimos bancários a sociedades não financeiras por setor de atividade

(saldos em final de mês, não incluindo títulos; M€)

Por setor de atividade, as categorias “transportes e armazenagem” e a “agricultura, produção

animal, caça floresta e pesca” foram as únicas a registar um aumento do crédito concedido

entre dezembro de 2012 e novembro de 2013 (para 8877 e 1945 M€, respetivamente). Na

“indústria transformadora”, o valor passou de 13595 para 13232 M€, continuando a ocupar a

terceira posição no crédito concedido entre os setores mais representativos, a seguir à

“construção” e às “atividades imobiliárias”.

Figura 3.7.7: Empréstimos bancários por subsetor da indústria transformadora (saldos em

final de mês, não incluindo títulos; M€)

Ainda ao nível das sociedades não financeiras, e neste caso já com informação dos

empréstimos até dezembro (não diretamente comparável com a anterior, por incluir

1 945

4 179

4 932

8 877

12 372

13 232

13 678

17 842

22 969

0 5 000 10 000 15 000 20 000 25 000

Agricultura, produção animal, caça,floresta e pesca

Eletricidade, gás, vapor e água;gestão de resíduos

Alojamento, restauração e similares

Transportes e armazenagem

Comércio

Indústria transformadora

Atividades imobiliárias

Construção

Outras atividades

dez-12 nov-13Fonte: BdP

124

381

396

404

486

574

612

747

844

1 201

1 323

1 419

1 767

3 150

0 500 1 000 1 500 2 000 2 500 3 000 3 500

Outras indústrias transformadoras

Veículos automóveis

Couro

Mobiliário

Máquinas e equipamento

Equipamento elétrico e ótico

Borracha e plásticos

Pasta e papel

Madeira e cortiça

Outros minerais não metálicos

Produtos petrolíferos

Têxteis e vestuário

Metalurgia de base

Alimentação, bebidas e tabaco

Dez-12 Set-13Fonte: BdP

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 94

empréstimos de instituições não monetárias, mas excluir o crédito titularizado), destaca-se a

variação homóloga positiva de 3.2% no crédito às empresas exportadoras, ainda que em

abrandamento (após 3.7% no final de novembro e 4.6% no final de 2012). A descida dos

empréstimos às PME continuou a atenuar-se, mas continuou a ser bastante significativa. O

crédito às grandes empresas, que aumentou 2.1% em termos homólogos no final de 2012,

evidenciou uma quebra de 3.3% no final de 2013, a refletir certamente a recuperação gradual

do acesso a outras fontes de financiamento, como o mercado de capitais.

Figura 3.7.8: Crédito do setor financeiro monetário e não monetário às sociedades não

financeiras: total (inclui SGPS), grandes empresas, PME e exportadoras (tvh, %)

3.8 Mercado de Trabalho

Segundo dados do INE divulgados a 5 de fevereiro, a taxa de desemprego oficial (do

inquérito trimestral ao emprego) diminuiu pelo terceiro trimestre consecutivo no quarto

trimestre de 2013, para 15.3% (após 15.6% no terceiro trimestre, 16.4% no segundo e um

máximo histórico de 17.7% no primeiro), valor bastante abaixo do observado no período

homólogo (16.9%; note-se que a comparação homóloga não é influenciada pela sazonalidade,

ao contrário da variação trimestral), constituindo o mínimo desde o segundo trimestre de 2012.

Apesar da descida da taxa de desemprego em variação trimestral, a taxa de desempego

média anual subiu para um máximo de 16.3% em 2013, após 15.7% em 2012.

-10.1

2.1

4.6

-7.2 -8.4

-2.4

3.7

-6.8 -7.3

-3.0

3.0

-6.3

-12.0

-10.0

-8.0

-6.0

-4.0

-2.0

0.0

2.0

4.0

6.0

PME Grandes empresas Empresas exportadoras Total

dez-12 nov-13 dez-13Fonte: BdP

Empréstimos às

empresas em

dezembro de 2013:

- aumento homólogo

nas exportadoras

- descida menos

acentuada nas PME

- quebra moderada

nas grandes

empresas

Taxa de desemprego

recua pelo terceiro

trimestre consecutivo

no quarto trimestre

Apesar da descida

trimestral, a taxa de

desemprego média

anual sobe para

16.3% em 2013

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 95

Figura 3.8.1: Taxa de desemprego total, jovem e de longa duração

(%, sem correção de sazonalidade)

Focando a análise no quarto trimestre, verifica-se que descida homóloga da taxa de

desemprego resultou uma queda mais forte do número de desempregados (10.5%) do que

da população ativa (1.2%), tendo o emprego registado um crescimento de 0.7%.

Em termos absolutos, entre o quarto trimestre de 2012 e o quarto trimestre de 2013, a

população desempregada reduziu-se em 96.5 mil (para 826.7 mil), o que foi explicado apenas

em parte pelo aumento do emprego (29.7 mil, para 4561.5 mil), sendo notória a influência da

emigração na diminuição do número de desempregados (“exportação de desempregados”).

De facto, dos 66.8 mil desempregados (96.5 mil menos 29.7 mil) que não passaram para a

situação de empregados, poder-se-ia esperar que tivessem passado para a situação de inativos,

mas acontece que a população inativa não só não aumentou, mas reduziu-se em 49.9 mil.

Ora a transição destas 116.7 mil pessoas (66.8 mil mais 49.9 mil) não pode ser explicada

apenas pelo seu falecimento ou pela redução do número de jovens com mais de 15 anos

inativos, tenho em conta a evolução demográfica recente.

Os dados mostram ainda que o aumento homólogo do emprego ocorreu apenas na faixa etária

acima dos 35 anos e que a redução do desemprego abrangeu os vários escalões etários,

tendo sido mais intensa na faixa dos 15 aos 34 anos. Por isso, a redução do desemprego das

pessoas até 34 anos não foi explicado pelo crescimento do emprego, pelo que o referido efeito

da emigração se terá feito sentir sobretudo nessa faixa etária de jovens (“exportação de

desempregados jovens”).

12.4 12.1 12.4 14.0 14.9 15.0 15.8 16.9 17.7

16.4 15.6 15.3

27.8 27.0 30.0

35.4 36.2 35.5

39.0 40.0 42.1

37.1 36.0 35.7

6.6 6.7 6.4 7.4 7.6 8.0 8.8 9.5 10.4 10.2 10.0 9.7

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

1T 1

1

2T 1

1

3T 1

1

4T 1

1

1T 1

2

2T 1

2

3T 1

2

4T 1

2

1T 1

3

2T 1

3

3T 1

3

4T 1

3

Taxa de desemprego total

Taxa de desemprego jovem (15-24 anos)

Taxa de desemprego de longa duração (12 ou mais meses)Fonte: INE

Descida homóloga do

desemprego no quarto

trimestre explicada em

grandes tendências:

- pelo aumento do

emprego, a tempo

completo, das pessoas

com mais de 35 anos,

com formação

secundária e superior,

no setor dos serviços, e

- pela emigração de

jovens desempregados,

pouco qualificados,

oriundos dos setores

primário e secundário

Redução homóloga do

desemprego no

quarto trimestre foi

apenas explicada em

parte pelo aumento

do emprego, sendo

notório o efeito da

emigração

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 96

A taxa de desemprego jovem (15-24 anos) reduziu-se para 35.7% no quarto trimestre (face a

40% no período homólogo e 36% no terceiro trimestre) – a refletir em parte o efeito da

emigração, como referido –, mantendo-se, contudo, num nível ainda muito elevado.

Tendo em conta o nível de qualificações, verifica-se que a redução homóloga do

desemprego no quarto trimestre ocorreu, em larga medida, nas pessoas com menores

habilitações (até ao ensino básico), mas uma boa parte destas pessoas poderá ter emigrado,

pois a redução do emprego foi também acentuada no nível de ensino básico. O aumento

homólogo do emprego concentrou-se nas pessoas com formação secundária e, em menor

medida, nas pessoas de formação superior, mas não foi suficiente para permitir uma grande

absorção do desemprego nesses níveis. Com efeito, a redução do desemprego foi modesta nas

pessoas de formação secundária e apenas marginal nas pessoas de formação superior.

Os dados mostram também que o aumento homólogo do emprego no quarto trimestre se

concentrou nos contratos a tempo completo (subida de 52.4 mil pessoas), tendo-se

registado um recuo no emprego a tempo parcial (22.7 mil pessoas).

Por setor de atividade, o aumento homólogo do emprego ocorreu apenas nos serviços e

superou largamente a redução do desemprego nesse setor, que deverá ter absorvido

desempregados dos outros setores. A redução do desemprego foi particularmente acentuada no

setor secundário, que registou, simultaneamente, uma redução do emprego (de menor

magnitude). No setor primário, o desemprego aumentou ligeiramente e o emprego registou

uma queda acentuada (a mais forte dos três setores). Neste caso, o efeito da emigração parece

ter tido origem, sobretudo, nos setores primário e secundário.

Tendo em conta a forte recuperação homóloga da produção industrial no quarto trimestre,

como foi acima referido, os dados do mercado de trabalho sugerem que o maior dinamismo do

setor secundário está ainda centrado em ganhos de produtividade, devendo seguir-se um

aumento do emprego caso se mantenha o crescimento da atividade. Como os ganhos de

produtividade são geralmente mais difíceis de obter no setor terciário, é natural que o emprego

recupere antes dos outros setores. De resto, os resultados do inquérito ao investimento do

INE evidenciam a indústria transformadora como o setor onde se prevê um impacto

positivo do novo investimento sobre o emprego em 2014.

Desemprego desce

mais no setor

secundário, embora

com queda do

emprego

Crescimento da

atividade industrial

ainda por via da

produtividade,

devendo seguir-se o

aumento do emprego

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 97

A taxa de desemprego de longa duração recuou face ao terceiro trimestre (de 10% para

9.7%), mas continuou a aumentar em termos homólogos, ainda que de forma mais ligeira (0.2

p.p., para 9.7%).

Em termos de evolução trimestral, salienta-se que a criação líquida de emprego (variação do

emprego) foi particularmente intensa nos segundo e terceiro trimestres. No primeiro trimestre

ainda se registou uma acentuada destruição líquida de emprego e no quarto trimestre o

emprego aumentou em 7.9 mil postos de trabalho, mas note-se que a sazonalidade afeta

negativamente o emprego nos quartos trimestres do ano.

Quadro 3.8.1: Inquérito trimestral ao emprego do INE

Período 2013 4T 12 3T 13 4T 13 v. hom.

(%)

v. trim.

(%)

v. anual

(%)

População ativa (103 indivíduos) 5 389.4 5 455.0 5 392.2 5 388.2 -1.2 -0.1 -1.9

Taxa de atividade (%) 51.3 51.5 51.4 51.4

População empregada (103) 4 513.5 4 531.8 4 553.6 4 561.5 0.7 0.2 -2.6

Sector Primário 448.1 467.6 463.6 414.8 -11.3 -10.5 -7.8

Sector Secundário 1 090.6 1 111.7 1 083.3 1 084.4 -2.5 0.1 -8.2

Sector Terciário 2 974.8 2 952.5 3 006.7 3 062.2 3.7 1.8 0.5

População desempregada (103) 875.9 923.2 838.6 826.7 -10.5 -1.4 1.8

Ensino básico: até 3º ciclo 516.2 551.2 483.7 458.4 -16.8 -5.2 -1.4

Ensino secundário ou pós-secundário 217.3 223.4 208.5 219.9 -1.6 5.5 3.8

Ensino superior 142.4 148.6 146.5 148.4 -0.1 1.3 11.8

Desemp. à procura de novo

emprego (103) 783.6 821.6 734.6 740.4 -9.9 0.8 1.9

Oriundos do Sector Primário 20.2 17.7 14.7 18.6 5.1 26.5 13.5

Oriundos do Sector Secundário 280.3 306.4 260.8 249.6 -18.5 -4.3 1.1

Oriundos do Sector Terciário 454.7 465.9 428.7 446.0 -4.3 4.0 2.8

Taxa de desemprego (%) 16.3 16.9 15.6 15.3

Homens 16.1 16.8 15.3 14.9

Mulheres 16.4 17.1 15.9 15.9

Jovens (15-24 anos) 37.7 40.0 36.0 35.7

Longa duração (12 ou mais meses) 10.1 9.5 10.0 9.7

Regiões

Norte 17.2 17.8 16.6 16.4

Centro 11.7 12.7 11.2 10.7

Lisboa 18.5 18.7 17.9 17.2

Alentejo 16.8 17.2 16.1 15.5

Algarve 17.1 19.7 13.8 17.5

R. A. Açores 17.0 16.2 17.7 17.3

R. A. Madeira 18.3 19.7 17.3 17.2

Fonte: INE.

Por regiões, o valor mais elevado da taxa de desemprego em 2013 foi registado em Lisboa

(18.5%), seguindo-se a R. A. da Madeira (18.3%), o Norte (17.2%), o Algarve (17.1%), a R. A.

Lisboa a região com

mais alta taxa de

desemprego em 2013

Atenuação da taxa de

desemprego de longa

duração no quarto

trimestre

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 98

dos Açores (17%) e o Alentejo (16.8%). Apenas as regiões do Centro e do Algarve registaram

uma descida face a 2012, contrariando a tendência de agravamento.

Os dados mais recentes mostra que a taxa de desemprego mensal de Portugal estimada

pelo Eurostat (corrigida de sazonalidade) recuou pelo décimo mês seguido em dezembro, para

15.4% (um mínimo desde maio de 2012), ainda o quarto valor mais elevado da zona euro (a

seguir à Grécia, Espanha e Chipre), cuja média se situou em 12% (que compara com 6.7% nos

EUA). A taxa de desemprego jovem de Portugal recuou para 36.3% (23.8% na zona euro),

retomando a trajetória de descida interrompida nos dois meses precedentes.

Figura 3.8.2: Taxas de desemprego mensais de Portugal, da zona euro e dos EUA

(%, com correção de sazonalidade nos valores mensais)

Apesar da descida dos valores mensais, a taxa de desemprego média anual de Portugal

estimada pelo Eurostat subiu para 16.5% em 2013 (15.9% em 2012 – note-se que as

estimativas do INE são ligeiramente diferentes), que compara com 12.1% na zona euro

(11.4%) e 7.4% nos EUA (8.1%), onde se registou um mínimo desde 2008. A taxa de

desemprego jovem de Portugal subiu para 38.1% em 2013 (37.7% em 2012), um valor

bastante acima da média da zona euro (24%, após 23.1% em 2012).

Realça-se ainda a evolução favorável de alguns indicadores de frequência mensal do IEFP,

como a redução do desemprego registado (tvh de -2.8% em dezembro) e a aceleração das

ofertas de emprego (tvh de 63.4% em dezembro).

15.9 16.5

17.6 17.6 17.4 17.3 16.9 16.6

16.2 16.0 15.8 15.6 15.5 15.4

11.4 12.1

12.0 12.0 12.0 12.1 12.1 12.1 12.1 12.1 12.1 12.0 12.0 12.0

8.1 7.4

7.9 7.7 7.5 7.5 7.5 7.5 7.3 7.2 7.2 7.2 7.0 6.7

6

8

10

12

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3

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13

out-

13

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3

dez-

13

Portugal Zona euro (17) EUAFontes: Eurostat, Dep. do Comércio dos EUA

Taxa de desemprego

recua pelo décimo mês

seguido em dezembro

(para 15.4%) …

… mas não evita subida

em média anual (para

16.5%, acima da zona

euro e EUA)

Desemprego registado

com queda homóloga

em dezembro e

ofertas de emprego

em aceleração

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 99

Quadro 3.8.2: Dados mensais do IEFP sobre o mercado de trabalho

Período 2012 2013 1T 13 2T 13 3T 13 4T 13 Nov-13 Dez-13

Desemprego registado (103, final de período) 710.7 690.5 734.4 689.9 697.3 690.5 692.0 690.5

Desemprego registado médio (tvh, %) 20.9 6.1 13.7 9.2 3.4 -1.2 -0.8 -2.8

Ofertas de emprego (tvh, %, final período) 17.3 63.4 26.3 42.1 58.7 64.6 61.1 63.4

Fonte: GEE - Ministério da Economia (dados do IEFP).

3.9 Custos das Matérias-primas

A tabela abaixo apresenta a evolução dos principais índices e cotações internacionais das

matérias-primas disponibilizados pelo FMI.

Quadro 3.9.1: Índices e cotações das matérias-primas

Período 2012 2013 1T 13 2T 13 3T 13 4T 13 Nov-13 Dez-13

Índices (2005=100, $)

Índice global de matérias-primas (100%) 186.3 183.3 187.3 179.2 184.8 182.0 179.7 184.0

Tvc (%) -3.2 -1.6 2.9 -4.3 3.1 -1.5 -1.5 2.4

Índice de m.p. agrícolas (7.7%) 134.0 135.9 133.1 137.0 135.0 138.5 139.0 139.8

Tvc (%) -12.7 1.4 0.8 2.9 -1.4 2.6 1.5 0.6

Índice de metais (10.7%) 191.0 183.0 199.4 176.5 177.1 178.8 178.0 179.3

Tvc (%) -16.8 -4.2 7.1 -11.5 0.3 0.9 -0.6 0.8

Índice da energia (63.1%) 195.2 191.7 194.5 184.6 195.7 192.0 189.0 194.1

Tvc (%) 0.7 -1.8 2.9 -5.1 6.0 -1.9 -2.0 2.7

Índice de alimentação e bebidas (18.5%) 174.8 174.6 178.2 179.9 172.6 167.8 165.7 170.5

Tvc (%) -4.2 -0.1 0.9 0.9 -4.0 -2.8 -0.9 2.9

Preços de mat.-primas industriais

Algodão (cts. $/libra de peso) 89.24 90.49 89.89 92.75 91.81 87.16 84.65 87.49

Tvc (%) -42.3 1.3 9.5 3.2 -1.0 -5.1 -5.3 3.4

Cobre ($/tonelada) 7958.9 7331.5 7922.3 7156.7 7084.1 7162.9 7070.7 7214.9

Tvc (%) -9.8 -7.9 0.1 -9.7 -1.0 1.1 -1.8 2.0

Minério de ferro ($/tonelada) 128.5 135.4 148.3 125.4 132.8 134.9 136.3 135.8

Tvc (%) -23.4 5.3 22.5 -15.5 5.9 1.6 2.8 -0.4

Petróleo (barril de brent, $) 112.0 108.8 112.87 103.00 110.10 109.4 108.1 110.6

Tvc (%) 0.9 -2.8 2.2 -8.7 6.9 -0.6 -1.3 2.4

Fonte: FMI. Tvc = taxa de variação em cadeia. Cts=cêntimos

Em 2013, o índice global de matérias-primas do FMI desvalorizou-se pelo segundo ano

consecutivo (1.6%, após um recuo de 3.2% em 2012), refletindo o abrandamento da economia

chinesa (com particular impacto na componente de metais, que recuou 4.2%), os receios de

retirada prematura dos estímulos de política monetária da Reserva Federal norte-americana e o

impacto mundial da exploração de gás e petróleo de xisto nos EUA, que penalizou o índice da

energia (descida de 1.8% em média anual). A componente de matérias-primas agrícolas foi a

Queda do índice

global de matérias-

primas em 2013,

pelo segundo ano

consecutivo,

apesar de

recuperação em

dezembro

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 100

única que registou uma valorização em 2013 (1.4%), tendo-se registado uma queda pouco

significativa no índice de alimentação e bebidas. Apesar da descida em média anual, o índice

global de matérias-primas recuperou 2.4% em dezembro (variação mensal), para o que

contribuiu a melhoria das perspetivas para a economia mundial.

Figura 3.9.1: Índice global de matérias-primas e componentes de inputs industriais: metais,

matérias-primas agrícolas e energia (2005=100, valores mensais)

Nas matérias-primas agrícolas, a cotação do algodão recuperou 1.3% em 2013 (incluindo

uma subida mensal de 3.4% em dezembro, para 87.49 cêntimos de dólar por libra de peso),

corrigindo ligeiramente em alta após uma queda muito acentuada em 2012 (42.3%), que

refletiu os elevados stocks a nível mundial (concentrados na China). A perspetiva de

manutenção dos stocks na China (devido a um apolítica de subsidiação dos produtores

nacionais) e a redução no resto do mundo suportou a cotação do algodão em 2013.

Figura 3.9.2: Cotação média do algodão (cêntimos de dólar por libra de peso)

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M.P. Agrícolas Metais Energia Índice global M.P.Fonte: FMI

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87.49

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13

Fonte: FMI

Preço do algodão

com ligeira

recuperação em 2013

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 101

No que se refere aos metais, o cobre recuou pelo segundo ano em consecutivo em 2013

(7.9%, após 9.8% em 2012), penalizado sobretudo pelo abrandamento da economia chinesa,

enquanto o minério de ferro corrigiu em alta de 5.3% após uma descida muito acentuada em

2012 (23.4%). Quanto à dinâmica mais recentes, os dados de dezembro mostraram uma

subida da cotação do cobre (2%, para 7214.9 dólares por tonelada) e um recuo ligeiro no caso

do minério de ferro (0.4%, para 135.8 dólares por tonelada).

Figura 3.9.3: Cotações médias do minério de ferro e do cobre (dólares por tonelada)

Nota: No caso do minério de ferro, a cotação corresponde ao preço Spot das importações do metal pela China (62% FE,

porto de Tianjin); os preços anteriores a 2009 são anuais, refletindo o referencial que era acordado para cada ano entre

as três principais empresas do setor nível mundial (Rio Tinto, BHP Billiton e Vale).

Em relação ao petróleo, a cotação do brent registou uma quebra 2.8% em 2013 (após uma

subida de 0.9% em 2012), traduzindo o abrandamento da economia chinesa mas, sobretudo, a

produção em larga escala de gás e petróleo de xisto nos EUA. A atenuação das tensões no

Médio Oriente (negociações da comunidade internacional com a Síria e Irão) também contribuiu

para um recuo na parte final do ano. Em dezembro, a cotação valorizou 2.4% em variação

mensal (para 110.6 dólares por barril). No início do mês, a OPEP decidiu manter a sua

produção inalterada em 30 milhões de barris/dia em 2014, mas a perspetiva é de uma redução

de oferta a prazo para suportar os preços, penalizado pela produção de petróleo de xisto nos

EUA. A Arábia Saudita parece estar disposta a reduzir a sua produção se o Irão regressar ao

mercado, caso cumpra o acordo internacional. Já em janeiro, a cotação diária do brent recuou

até 107.95 dólares no dia 30, num contexto de aumento da aversão ao risco devido

normalização da política monetária nos EUA.

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3

mai-13

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13

cobre (escala esq.) minério de ferro (escala dta.)Fonte: FMI

Descida da cotação

do brent em 2013

prolonga-se em

janeiro de 2014,

após reunião da

OPEP

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 102

Figura 3.9.4: Preço médio spot do petróleo (dólares por barril de brent)

3.10 Custos da Energia

3.10.1 Eletricidade

Quadro 3.10.1.1: Preços da eletricidade (sem IVA) em Portugal e na UE (€/KWh)

Área Portugal UE (28)

Período 1S 12 2S 12 1S 13 1S 13 1S 12 2S 12 1S 13

Ranking de preços altos na UE # s/ IVA (c/ IVA)

Bandas de consumo

IA: Consumo< 20 MWh

IB

0.1781 0.1813 0.1858 10º (7º) 0.1747 0.1849 0.1871

Tvh (%) 4.5 3.8 4.3 3.3 4.7 7.1

IB: [20Wh; 500 MWh[ 0.1354 0.1400 0.1445 10º (10º) 0.1346 0.1380 0.1416

Tvh (%) 8.5 8.8 6.7 3.7 4.9 5.2

IC: [500Wh; 2 000 MWh[ 0.1144 0.1148 0.1153 11º (10º) 0.1153 0.1187 0.1200

Tvh (%) 15.4 13.6 0.8 4.6 6.4 4.1

ID: [2 000; 20 000 MWh[ 0.1055 0.1040 0.1041 12º (8º) 0.1044 0.1155 0.1070

Tvh (%) 16.8 12.2 -1.3 7.7 13.8 2.5

IE: [20 000Wh; 70 000 MWh[ 0.0936 0.0919 0.0917 13º (11º) 0.0915 0.0947 0.0942

Tvh (%) 27.3 15.7 -2.0 4.5 4.5 3.0

IF: [70 000; 150 000 MWh] 0.0834 0.0815 0.0816 11º (12º) 0.0832 0.0844 0.0867

Tvh (%) 19.5 15.6 -2.2 1.1 4.2 4.2

Fonte: Eurostat. # s/ IVA (c/ IVA) = ranking do preço da eletricidade sem IVA (com IVA) de Portugal na UE.

133.9 124.9

110.6

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Fonte: FMI

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 103

O quadro acima evidencia os preços sem IVA da eletricidade na indústria por escalão de

consumo (não está disponível o último escalão, acima de 150 mil MWh) para Portugal e para

a UE, além do ranking de Portugal na UE (nesse caso, tanto para preços sem IVA como com

IVA). Os dados mais recentes do Eurostat são ainda referentes ao primeiro semestre de 2013 e

não houve revisões na última atualização (dezembro), pelo que o quadro apresentado no

anterior número da publicação se mantém atual.

Quanto a informação mais recente, destaca-se a queda homóloga 9% do preço médio

ponderado da eletricidade de Portugal no mercado ibérico de eletricidade em 2013

(que compara com uma descida de 6% em Espanha), segundo informação divulgada pela REN.

Já em janeiro, os dados de 1 a 28 de janeiro dão conta de uma descida homóloga de 34%

(33% em Espanha), prolongando a tendência do ano anterior. Esta redução significativa dos

custos de abastecimento dos distribuidores nacionais de eletricidade poderá levar a um

desagravamento dos preços da eletricidade para o setor industrial, caso seja repercutida nos

preços finais do mercado a retalho.

3.10.2 Gás natural

Quadro 3.10.2.1: Preços do gás natural (sem IVA) em Portugal e na UE (€/GJ)

Área Portugal UE (28)

Período 1S 12 2S 12 1S 13 1S 13 1S 12 2S 12 1S 13

Ranking de preços altos na UE # s/ IVA (c/ IVA)

Bandas de consumo

I1: Consumo< 1 000 GJ

IB

16.21 18.30 18.64 3º em 25 (3º) 14.28 15.00 14.77

Tvh (%) 8.6 10.4 15.0 14.4 11.0 3.4

I2: [1 000; 10 000 GJ [ 13.82 15.08 15.30 9º em 26 (5º) 12.95 13.38 13.62

Tvh (%) 14.3 15.2 10.7 13.7 7.6 5.2

I3: [10 000; 100 000 GJ [ 11.12 11.66 11.66 11º em 26 (12º) 11.04 11.28 11.51

Tvh (%) 18.3 10.1 4.9 13.5 7.2 4.3

I4: [100 000; 1 000 000 GJ [ 9.88 10.24 10.18 12º em 26 (11º) 9.49 9.69 9.74

Tvh (%) 23.5 9.9 3.0 14.2 8.1 2.6

I5: [1 000 000; 4 000 000 GJ] 9.54 9.79 9.62 6º em 21 (6º) 8.78 8.91 8.77

Tvh (%) 30.9 11.4 0.8 16.6 9.5 -0.1

Fonte: Eurostat. # s/ IVA (c/ IVA) = ranking do preço do gás natural sem IVA (com IVA) de Portugal na UE.

Com uma estrutura semelhante, o quadro acima mostra os preços sem IVA do gás natural

na indústria por escalão de consumo (não há dados para o último escalão) para Portugal

e para a UE, complementado com o ranking de Portugal na UE (nesse caso, tanto para preços

sem IVA como com IVA). Também neste caso, os dados mais recentes do Eurostat são ainda

referentes ao primeiro semestre de 2013 e as poucas revisões que houve (apenas nos preços

Redução homóloga

de 34% do preço

médio ponderado

da eletricidade de

Portugal no MIBEL

em janeiro, após

uma descida de

9% em 2013

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 104

do gás natural na Dinamarca em alguns escalões, sem afetar a média da UE nem a posição de

Portugal nos rankings) na última atualização (dezembro) não afetam o quadro apresentado no

anterior número da publicação, que se mantém atual.

3.10.3 Combustíveis

Quanto ao gasóleo rodoviário, o preço sem impostos de Portugal foi o 5º mais alto da

UE (27) em dezembro de 2013, implicando um valor acima da média europeia (0.755 e 0.718

euros por litro, respetivamente).

Contudo, o preço de venda ao público (com impostos) continuou a situar-se abaixo da

média europeia (1.381 e 1.434 eur/litro, respetivamente) devido a um peso da tributação

inferior à UE (45.3% e 49.9% do preço final, respetivamente), ocupando a 12ª posição entre os

países da UE (27) com preços mais elevados, um pouco acima do meio da tabela.

Contudo, salienta-se que o preço de venda final do gasóleo de Portugal é superior ao de

Espanha (1.381 e 1.355 euros/litro em dezembro de 2013, respetivamente) devido a uma

carga fiscal comparativamente mais elevada no nosso País (os preços sem impostos dos dois

países eram bastante próximos nesse mês).

Quadro 3.10.3.1: Preço do gasóleo rodoviário em Portugal e na UE (€/litro)

Período 2012 2013 Mar-13 Jun-13 Set-13 Dez-13 Jan-14

Preço do gasóleo rodov. s/ impostos

Portugal 0.813 0.761 0.793 0.738 0.767 0.755 0.741

Tvh (%) 8.4 -6.5 -5.0 -4.8 -9.3 -4.9 -6.2

Ranking na UE (27) 3º 8º 5º 7º 9º 5º

UE (27) 0.772 0.728 0.749 0.707 0.745 0.718

Tvh (%) 9.8 -5.7 -6.1 -2.8 -7.1 -4.5

PVP do gasóleo rodoviário

Portugal 1.451 1.387 1.427 1.360 1.395 1.381 1.366

Tvh (%) 5.8 -4.4 -3.4 -3.2 -6.4 -3.2 -4.1

Ranking na UE (27) 12º 14º 12º 15º 15º 12º

UE (27) 1.493 1.446 1.472 1.420 1.465 1.434

Tvh (%) 8.9 -3.1 -3.1 -1.3 -4.4 -2.6

Peso da tributação no preço (%)

Portugal 43.9 45.2 44.4 45.7 45.0 45.3

UE (27) 48.3 49.7 49.1 50.2 49.2 49.9

Fonte: DGEG (Direção-geral de Energia e Geologia).

Embora as comparações entre países devam ser encaradas com alguma cautela, por não existir

uniformidade no cálculo dos valores médios, reitera-se que uma aproximação do preço do

gasóleo rodoviário nacional sem impostos à média europeia permitiria obter preços finais

Preço do gasóleo

com impostos

superior ao de

Espanha

Em dezembro, o

preço do gasóleo

era ainda o 5º mais

elevado da UE sem

impostos e estava

acima de meio da

tabela incluindo

impostos

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 105

bastante competitivos no contexto europeu e mais próximos da nossa vizinha Espanha,

admitindo a manutenção das cargas tributárias.

Em termos de evolução, o preço do gasóleo nacional recuou 6.5% sem impostos e 4.4% com

impostos em 2013, um pouco mais do que na UE (descidas de 5.7% e 3.1%, respetivamente),

mas que não chegou para compensar os aumentos verificados em 2012 (8.4% sem impostos e

5.8% com impostos). Os preços do gasóleo continuaram a diminuir em janeiro de 2014 (tvh de

-6.2% sem impostos e -4.1% no valor com impostos, que se situou em 1.366 euros/litro).

3.11 Competitividade pelo preço e pelos custos laborais: câmbios,

inflação e custos laborais unitários

3.11.1 Competitividade pelo preço: câmbios e inflação

O quadro abaixo inclui vários indicadores de competitividade pelos preços em Portugal e na UE.

Relembra-se que o indicador mais global é o índice de taxa de câmbio real efetiva (ITCRE), que

compara o nível geral de preços do país e dos seus parceiros comerciais numa mesma moeda.

O ITCRE tem uma componente cambial (o índice de taxa de câmbio nominal efetiva, ITCNE) e

uma componente de diferencial de preços (também podem ser comparados os custos), ambas

construídas como médias ponderadas pelo peso dos parceiros comerciais no comércio externo.

De uma forma simples, o ITCRE - preços mede a capacidade de concorrer pelos preços face aos

nossos parceiros comerciais, sendo que a sua descida (subida) traduz um aumento (recuo) da

competitividade, que pode advir de uma depreciação (apreciação) cambial avaliada pelo ITCNE

e/ou de uma redução (subida) do diferencial de inflação face ao exterior.

Quadro 3.11.1.1: Indicadores de competitividade-preço (2005=100)

Período 2012 1T 13 2T 13

3T 13 Ago-13 Set-13

ITCRE (42 parceiros, deflator IPC)

Portugal 97.46 97.03 97.61 97.98 97.84 97.86

Tvh (%) -1.5 -1.3 -0.1 1.1 1.3 0.8

UE 86.63 88.15 88.77 90.47 90.96 91.24

Tvh (%) -5.2 1.3 2.1 6.2 7.5 4.9

ITCNE (42 parceiros) =comp. cambial

Portugal 100.00 100.98 101.10 101.93 102.14 101.99

Tvh (%) -1.7 0.6 1.0 2.6 3.1 2.1

ITCRE-ITCNE (p.p.)= componente preço 0.2 -1.9 -1.1 -1.5 -1.8 -1.3

UE 93.56 95.97 96.55 99.17 99.67 99.90

Tvh (%) -5.0 2.0 3.1

7.6 8.9 6.4

Descida do preço do

gasóleo em 2013 mais

forte do que na UE

Queda do preço

prossegue em

janeiro de 2014

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 106

continuação Período 2012 2013 1T 13 2T 13 3T 13 4T 13 Nov-13 Dez-13

Câmbio euro/dólar

Valor (médias de período) 1.2848 1.3281 1.3204 1.3066 1.3246 1.3611 1.3493 1.3704

Índice (2005=100) 103.27 106.75 106.13 105.02 106.47 109.40 108.46 110.15

Tvh (%) -7.7 3.4 0.7 1.9 5.8 4.9 5.2 4.5

IHPC (2005=100)

Portugal 115.85 116.36 115.46 117.00 116.57 116.43 116.18 116.58

Tvh (%) 2.8 0.4 0.4 0.8 0.4 0.1 0.1 0.2

UE 118.28 120.06 119.30 120.27 120.15 120.51 120.34 120.75

Tvh (%) 2.6 1.5 2.0 1.6 1.5 1.0 1.0 1.0

Diferencial PT-UE (p.p.) 0.2 -1.1 -1.6 -0.8 -1.1 -0.9 -0.9 -0.8

Fonte: Eurostat. Notas: ITCRE (preços) e ITCNE calculados com 42 parceiros comerciais e ajustados pela sazonalidade

e dias trabalhados. Nota: um aumento (descida) dos índices traduz uma descida (aumento) da competitividade.

Segundo os últimos dados, o ITCRE deixou de cair em termos homólogos no terceiro trimestre

de 2013 e registou uma apreciação de 1.1% (após variações de -0.1% e -1.3% nos trimestres

precedentes e -1.5% em 2012), uma perda de competitividade-preço que se ficou a dever à

significativa apreciação cambial (tvh de 2.6% no ITCNE, após 1.0% e 0.6% nos dois trimestres

anteriores e -1.7% em 2012), que foi apenas parcialmente compensada pelo apreciável

diferencial de inflação negativo face ao exterior (-1.5 p.p., após -1.1 p.p. e -19 p.p. nos dois

trimestres anteriores e 0.2 p.p em 2012).

Figura 3.11.1.1: Evolução da competitividade-preço e das componentes cambial e de

diferencial de preços face ao exterior (tvh em % do ITCRE e do ITCNE, e diferença em p.p.)

Na comparação com a UE, o diferencial de inflação (medida pelo Índice Harmonizado de

Preços no Consumidor, IHPC) foi de -1.1 p.p. no terceiro trimestre, valor um pouco superior ao

-1.5 -1.3

-0.1

1.1

-1.7

0.6

1.0

2.6

0.2

-1.9

-1.1

-1.5

-2.5

-2.0

-1.5

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

2012 1T 13 2T 13 3T 13

Ganho (-) ou perda (+) de competitividade (ITCRE, tvh em %)

Componente cambial (ITCNE, tvh em %)

Componente preços (diferença em p.p.)Fonte: Eurostat

Competitividade

pelos preços piora no

terceiro trimestre

devido à apreciação

do euro, que foi

apenas parcialmente

compensada pelo

diferencial de

inflação negativo face

ao exterior

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

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diferencial face ao exterior (-1.5 p.p.), significando que o diferencial é ainda mais negativo face

aos concorrentes extracomunitários.

Os dados mais recentes mostram que a taxa de inflação homóloga de Portugal medida pelo

IHPC se reduziu para 0.1 p.p. no quarto trimestre (com um valor de 0.2% em dezembro,

idêntico ao medido pelo IPC do INE), implicando um diferencial de -0.9 p.p. face à UE (onde a

taxa de inflação foi de 1% nesse trimestre, um pouco abaixo das observada nos EUA: 1.2%).

No cômputo de 2013, a inflação anual medida pelo IHPC reduziu-se para 0.4% em Portugal

(0.3% no IPC do INE, que regista poucas diferenças de composição face ao IHPC) e 1.5 p.p. na

UE (valor idêntico ao observado nos EUA), correspondendo a um diferencial de -1.1 p.p..

Figura 3.11.1.2: Taxas de inflação homólogas (%) de Portugal, UE (IHPC) e EUA (IPC), e

diferencial de inflação entre Portugal e a UE (p.p.)

Figura 3.11.1.3: Inflação (IHPC), total e componentes de bens e serviços (tvh, %)

0.2

-1.1

-1.6

-0.8 -1.1

-0.9 -0.8

2.8

0.4 0.4

0.8 0.4

0.1 0.2

1.0

1.5

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

2012

2013

1T 1

3

2T 1

3

3T 1

3

4T 1

3

Dez-

13

Diferencial PT-UE Portugal UE (28) EUAFonte: Eurostat e BLS

2.8

0.4 0.4

0.8

0.4

0.1 0.2

3.2

1.1

1.6 1.4

0.9

0.6 0.4

2.5

0.0

-0.4

0.5

0.0

-0.3

0.0

-1

-1

0

1

1

2

2

3

3

4

2012 2013 1T 13 2T 13 3T 13 4T 13 dez-13

IHPC, total (tvh, %) IHPC, serviços (tvh, %) IHPC, bens (tvh, %)Fontes: BdP, INE

Redução da taxa de

inflação homóloga de

Portugal para 0.2%

em dezembro e 0.3%

na média de 2013,

considerando o IPC

Diferencial de

inflação face à UE

continuou negativo

no quarto trimestre

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

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A redução da taxa de inflação em Portugal em 2013 (de 2.8% para 0.4%, no IHPC) traduziu

uma descida de 3.2% para 1.1% na componente de serviços, mas sobretudo o recuo de 2.5%

para 0% na componente de bens, que tradicionalmente apresenta variações inferiores devido à

maior exposição à concorrência internacional (os serviços são geralmente não transacionáveis

internacionalmente, exceto o turismo e outros serviços “exportáveis”).

O diferencial de inflação negativo face à UE no quarto trimestre não deve chegar para

contrariar o comportamento desfavorável da componente cambial nesse período, de acordo

com a informação disponível.

Figura 3.11.1.4: Tvh do ITCN e do ITCN5, incluindo as 5 moedas dos maiores mercados extra-

UE: kwanza angolano, libra inglesa, dólar norte-americano, yuan chinês e real brasileiro

Nota: o indicador ITCN5 resulta da multiplicação das variações homólogas das taxas e de câmbio do euro face às cinco

moedas pelos respetivos pesos nas exportações de mercadorias. As variações homólogas das cotações do euro face ao

Kwanza e ao Yuan foram calculados a partir dos pontos médios dos valores bid e ask para as médias anuais, trimestrais

e mensais obtidas no site OANDA Forex.

Com efeito, ponderando as variações homólogas das moedas dos cinco principais mercados de

exportação extracomunitários (Angola, Reino Unido, EUA, China e Brasil, representando 67% do

mercado extracomunitário) pelos respetivos pesos no total de exportações de mercadorias,4

obtemos um indicador designado na Figura abaixo por ITCN5, que aponta para a manutenção

4 Nota: o Eurostat usa como ponderadores das taxas de câmbio, para além do peso do país competidor nas nossas

exportações totais, o peso das importações desse país na nossa procura interna de bens (importações de mercadorias

mais oferta nacional de bens), uma técnica designada de “double export weights”. Dada a indisponibilidade de dados da

oferta nacional de bens para calcular o segundo peso, utilizar apenas o peso das exportações permite uma melhor

aproximação ao ITCNE do que somar o peso de cada concorrente no total de importações nacionais, o que justifica a

opção tomada. Isto significa que o ITCN5 sobrepondera o peso de cada país competidor nos nossos mercados externos,

mas a alternativa era sobreponderar muito mais a concorrência desse país no nosso mercado doméstico. A opção

seguida permite uma boa aproximação da evolução do ITCNE, como se pode ver na figura.

-1.7

2.6

-6.6

4.7

7.9

4.1 3.0

-6.1

4.4 7.0 6.7 6.4

-7.7

3.4

5.8 4.9 4.5

-9.9

0.7 2.1 2.3 1.8

7.8

14.4

19.4

16.0

17.8

-1.1

0.9 1.5 1.1 1.0

-15.0

-10.0

-5.0

0.0

5.0

10.0

15.0

20.0

25.0

2012 2013 3T 13 4T 13 Dez-13

ITCNE, tvh (%) Libra, tvh (%) Kwanza, tvh (%) Dólar, tvh (%)

Yuan, tvh (%) Real, tvh (%) ITCN 5 moedasFonte: BdP, OANDA Forex

Diferencial de inflação

negativo também não

deve ter chegado para

contrariar perda de

competitividade na

componente cambial

no quarto trimestre

Redução da inflação

em 2013 assente

predominantemente

na componente de

bens

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

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de uma apreciação significativa do ITCNE no último trimestre de 2013. De facto, a variação

homóloga do ITCN5 situou-se em 1.1% no quarto trimestre, com destaque para a subida de

16% do euro no câmbio com o real do Brasil. No conjunto de 2013, o ITCN5 apreciou-se

0.9%, após uma descida de 1.1% em 2012 (1.7% no ITCNE).

Em dezembro de 2013, a tvh do ITCN5 atenuou-se apenas ligeiramente (para 1.1%) em

comparação com o quarto trimestre, com a menor apreciação do euro face ao kwanza angolano

(6.4%), à libra inglesa (3%), ao dólar norte-americano (4.5%) e ao yuan chinês (1.8%) a ser

contrariada pelo reforço da subida no câmbio com o real do Brasil (17.8%).

No que se refere ao câmbio euro/dólar, o mais seguido nos mercados cambiais, reitera-se

que o seu impacto no ITCNE nacional vai além do peso dos EUA nas trocas comerciais, dada a

ligação das moedas de outros parceiros comerciais de Portugal à divisa norte-americana.

Em dezembro, a taxa de câmbio média mensal do euro face à moeda norte-americana subiu

4.5% em termos homólogos e 1.6% em variação mensal (para 1.3704 dólares), tendo

registado uma apreciação de 3.4% na média de 2013 (após -7.7% em 2012).

Já em janeiro, a taxa de câmbio diária do euro recuou para 1.3574 dólares no dia 30,

refletindo a perspetiva de progressiva normalização das condições monetárias nos EUA.

Figura 3.11.1.5: Taxa de câmbio euro/dólar (média mensal; Jan 1999 a Dez 2013)

1.5770

1.3704

0.8

0.9

1.0

1.1

1.2

1.3

1.4

1.5

1.6

jan-9

9

jul-99

jan-0

0

jul-00

jan-0

1

jul-01

jan-0

2

jul-02

jan-0

3

jul-03

jan-0

4

jul-04

jan-0

5

jul-05

jan-0

6

jul-06

jan-0

7

jul-07

jan-0

8

jul-08

jan-0

9

jul-09

jan-1

0

jul-10

jan-1

1

jul-11

jan-1

2

jul-12

jan-1

3

jul-13

Fonte: BdP

Euro deprecia-se face

ao dólar em janeiro,

após uma apreciação

na média de 2013

Apreciação do euro

face às cinco principais

moedas de exportação

(ITCN 5) mantém-se

significativa no quarto

trimestre, com

destaque para

apreciação do euro

face ao real brasileiro,

que se acentua em

dezembro

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 110

3.11.2 Competitividade pelos custos laborais

Esta seção avalia a competitividade pelos custos laborais através do ITCRE calculado com o

deflator de custos laborais por unidade produzida. Note-se que na seção anterior se analisou a

competitividade pelos preços dos bens finais, através do ITCRE (Preços), mais geral, e nesta

seção se aprecia a evolução de uma das componentes dos preços, os custos laborais unitários

(CLU), através do ITCRE (CLU).

No quadro abaixo, apresenta-se o ITCRE (CLU) e o ITCNE (neste caso calculado para 37

parceiros comerciais em vez de 42, já que o ITCRE (CLU) disponível é calculado com esse

número de parceiros). Neste caso, não há ainda dados novos para o terceiro trimestre nem

revisões a assinalar, pelo que se mantém atual o quadro apresentado no anterior número e a

análise subsequente.

Quadro 3.11.2.1: Indicadores de competitividade-custo (2005=100)

Período 2012 3T 12 4T 12 1T 13 2T 13

ITCRE (37 parceiros, deflator CLU)

Portugal 91.56 90.29 90.86 92.06 92.72

Tvh (%) -6.1 -7.3 -5.0 -1.4 1.1

UE (27) 92.70 90.67 93.84 97.57 98.99

Tvh (%) -5.1 -7.3 -2.1 4.3 6.8

ITCNE (37 parceiros) =componente cambial

Portugal 100.65 99.97 100.73 101.71 101.86

Tvh (%) -1.5 -2.3 -1.2 0.6 1.1

ITCRE-ITCNE (p.p.)=componente custos -4.6 -5.0 -3.8 -2.0 0.0

UE (27) 92.77 90.71 93.76 97.33 98.60

Tvh (%) -5.2 -7.4 -2.3 3.8 6.2

Fonte: Eurostat. Notas: ITCRE e ITCNE (CLU) calculados com 37 parceiros comerciais e ajustados pela sazonalidade e

dias trabalhados. Um aumento (descida) dos índices traduz uma descida (aumento) da competitividade.

Relembra-se que o ITCRE (CLU) registou uma subida homóloga de 1.1% no segundo

trimestre, após -1.4% no primeiro trimestre e -6.1% em 2012 (valores significativamente

inferiores aos registados na UE). A apreciação do ITCRE (CLU) no segundo trimestre foi igual à

do ITCNE, significando que deixou de se verificar um diferencial negativo (favorável) da

variação dos CLU face ao exterior, que no primeiro trimestre contrariou a apreciação cambial de

0.6% e permitiu ainda um ganho de competitividade (queda de 1.4% do ITCRE (CLU)).

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Figura 3.11.2.1: Evolução da competitividade-custo e das componentes cambial e de

diferencial de CLU face ao exterior (tvh em % do ITCRE e do ITCNE, e diferença em p.p.)

3.12 Ajustamento da economia portuguesa

3.12.1 Equilíbrio externo

Segundo dados do Banco de Portugal, a Balança Corrente registou um saldo positivo de 869

M€ de janeiro a setembro de 2013, correspondendo a um reforço de 2603 M€ face ao período

homólogo de 2012, com melhorias em todas as componentes (redução dos défices das

balanças de bens e de rendimentos em 1575 M€ e 1256 M€, respetivamente, e aumento dos

excedentes das balanças de serviços e de transferências correntes em 1028 M€ e 281 M€). O

saldo da balança de bens e serviços registou um saldo positivo de 2692 M€, traduzindo uma

melhoria muito acentuada face ao período homólogo (89 M€).

Quadro 3.12.1.1: Balanças corrente e de capital (dados do Banco de Portugal)

Período 2012 Jan-Nov 12 Jan-Nov 13 Tvh Var. abs.

Balança Corrente (M€) -3 332 -3 272 869 s.s. 4 141

Balança de bens e serviços -148 89 2 692 2924.7% 2603

Bens -8 835 -7 958 -6 383 -19.8% 1 575

Serviços 8 687 8 047 9 075 12.8% 1028

Rendimentos -6 938 -6 599 -5 343 -19.0% 1 256

Transferências correntes 3 754 3 239 3 520 8.7% 281

Balança de Capital (M€) 3 870 3 655 3 054 -16.4% -601

Balanças corrente e de capital (M€) 539 384 3 923 921.6% 3 539

Fonte: BdP. S.s. = sem significado

-6.1

-1.4

1.1

-1.5

0.6 1.1

-4.6

-2.0

0.0

-7.0

-6.0

-5.0

-4.0

-3.0

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

2012 1T 13 2T 13

Ganho (-) ou perda (+) de competitividade (ITCRE (CLU), tvh em %)

Componente cambial (ITCNE, tvh em %)

Componente CLU (diferença em p.p.)Fonte: Eurostat

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 112

Em sentido contrário, o excedente da Balança de Capital (que corresponde, de forma

aproximada, à entrada líquida de fundos comunitários) apresentou uma redução homóloga de

601 M€ (16.4%), situando-se em 3923 M€.

Deste modo, o saldo das balanças corrente e de capital aumentou para 3923 M€ de

janeiro a novembro (mais 3539 M€ do que no período homólogo), traduzindo uma capacidade

de financiamento da economia já bastante significativa.

Considerando agora dados trimestrais revistos (em contabilidade nacional), o excedente da

balança corrente e de capital aumentou para 4.5% do PIB no terceiro trimestre (após 2.8%

e 1.4% nos dois trimestres precedentes, e 0.3% no conjunto de 2012), praticamente

duplicando o valor registado na zona euro, que recuou para 2.2%.

Figura 3.12.1.1: Balança corrente e de capital (% do PIB) de Portugal e da zona euro

A melhoria do saldo da balança de bens e serviços em 2013 reflete, em parte, uma melhoria

dos termos de troca. De acordo com dados revistos, no primeiro semestre, os termos de

troca melhoraram 1.6% em termos homólogos, com origem na componente de bens

(melhoria de 1.9%, contrariando o recuo de 0.3% na componente de serviços), onde os

preços das importações recuaram significativamente mais do que os preços das exportações

(tvh de -2.3% e -0.4%, respetivamente, avaliados pelos respetivos deflatores nas contas

nacionais). Já no terceiro trimestre, a melhoria dos termos de troca abrandou para uma tvh

de 0.8%, devido à redução dos ganhos na componente de bens (para uma tvh de 0.9%) e à

perda acrescida na componente de serviços (-0.8%).

-5.8

0.3 0.3 1.4

2.8

4.5

0.2

1.4

2.8

1.1

2.6 2.2

-8

-6

-4

-2

0

2

4

6

2011 2012 4T 12 1T 13 2T 13 3T 13

Portugal Zona euroFonte: BdP

Excedente da

balança corrente e

de capital, em % do

PIB, já duplica valor

da zona euro no

terceiro trimestre

Melhoria dos

termos de troca

atenua-se no

terceiro trimestre,

mas evolução ainda

muito favorável em

2013, contrariando

estagnação dos

últimos anos

Excedente já

significativo das

contas externas de

janeiro a novembro

de 2013 traduz

capacidade de

financiamento

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

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Apesar do abrandamento no terceiro trimestre, a melhoria significativa dos termos de troca em

2013 contraria a estagnação dos últimos anos (subida de 0.6% entre 2006 e 2012) e explica

parte do comportamento positivo da balança de bens e serviços.

Quadro 3.12.1.2: Evolução dos termos de troca

Deflator das Exportações (1) Deflator das Importações (2) Termos de troca = (1) - (2)

Bens Serviços Total Bens Serviços Total Bens Serviços Total

2012

Índice (2006) 111.0 108.6 110.4 109.5 111.5 109.8

tvh 1.6 0.8 1.4 1.4 1.3 1.4 0.2 -0.5 0.0

1S 13

Índice (2006) 110.0 109.0 109.7 107.5 111.5 108.1

tvh -0.4 0.3 -0.2 -2.3 0.6 -1.9 1.9 -0.3 1.6

3T 13

Índice (2006) 110.6 109.4 110.3 107.5 113.8 108.4

tvh -0.9 0.3 -0.6 -1.8 1.1 -1.4 0.9 -0.8 0.8

Fonte: INE (dados das contas nacionais) e cálculos próprios.

Quadro 3.12.1.3: Balança de mercadorias e componentes (dados do INE em M€)

Período 2012 Jan-Nov 12 Jan-Nov 13 Tvh (%)

Total

Saída (FOB) 45 259.5 42018.9 43847.3 4.4%

Entrada (CIF) 56 165.9 51890.7 52228.8 0.7%

Saldo -10 906.4 -9871.8 -8381.4 -15.1%

Taxa de Cobertura 80.6% 81.0% 84.0%

União Europeia a 27

Expedição 32 169.9 29944.1 30876.8 3.1%

Chegada 40 322.0 37191.8 37437.7 0.7%

Saldo -8 152.1 -7247.7 -6561.0 -9.5%

Taxa de Cobertura 79.8% 80.5% 82.5%

Países Terceiros

Exportação 13 089.5 12074.8 12970.6 7.4%

Importação 15 843.8 14698.9 14791.0 0.6%

Saldo -2 754.3 -2624.1 -1820.5 -30.6%

Taxa de Cobertura 82.6% 82.1% 87.7%

Fonte: INE.

Focando agora a análise na balança de mercadorias, os dados detalhados do INE (não

diretamente comparáveis com os do Banco de Portugal, que usa uma metodologia diferente)5

5 Devido a diferenças de natureza metodológica entre os apuramentos do INE e do Banco de Portugal, ocorre uma

diferença significativa de valores na balança de mercadorias entre os quadros 3.12.1.1 e 3.12.1.3. As diferenças têm

origem sobretudo nas importações, uma vez que esta componente se encontra expressa em valores CIF nos dados do

INE e em valores FOB nos do Banco de Portugal. Os valores CIF (Cost, Insurance and Freight) incluem os custos

associados ao transporte da mercadoria, ao contrário dos valores FOB (Free On Board).

Queda homóloga

de 15% do défice

da balança de

mercadorias de

janeiro a novembro

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 114

mostram que o saldo deficitário diminuiu 15.1% em termos homólogos no período de janeiro a

novembro (para 8381.4 M€), refletindo um aumento mais forte das exportações do que das

importações (tvh de 4.4% e 0.7%, respetivamente), situação que se verificou tanto no mercado

comunitário (3.1% e 0.7%) como no extracomunitário (7.4% e 0.6%).

A taxa de cobertura das importações pelas exportações situou-se em 84% de janeiro a

novembro, uma subida de 3 p.p. face ao valor do período homólogo.

Relativamente aos dados das contas nacionais trimestrais por setor institucional, a

informação mais recente revela uma subida da capacidade de financiamento da economia

nacional para 1.8% do PIB no ano até ao terceiro trimestre de 2013 (que compara com 1.6%

no ano até ao segundo trimestre, numa análise em média móvel de quatro trimestres que

procura atenuar a sazonalidade dos dados). A melhoria resultou de uma redução significativa

das necessidades de financiamento das Sociedades Não Financeiras (de -2.6% para -1.9%

do PIB), mais do que compensando a redução da capacidade de financiamento das

Sociedades Financeiras (de 2.5% para 2.1% do PIB) e o ligeiro agravamento das

necessidades de financiamento das Administrações Públicas (de -6.1% para -6.3% do PIB).

A capacidade de financiamento das Famílias manteve-se em 7.8% do PIB.

Figura 3.12.1.2: Capacidade (+) / necessidade (-) de financiamento por setor institucional

(% do PIB)

Em termos de posição de investimento internacional, PII (o saldo entre os ativos e os

passivos sobre o exterior, também designado de posição externa líquida), os dados revistos do

Banco de Portugal relativos ao terceiro trimestre confirmam a melhoria do saldo para -118.1%

-2.6

2.5

-6.1

7.8

1.6

-1.9

2.1

-6.3

7.8

1.8

-8.0

-4.0

0.0

4.0

8.0

12.0

Soc. Não fin. Soc.Fin. Adm.Pub. Famílias Total economia

3T 12 a 2T 13 4T 12 a 3T 13Fonte: INE

Taxa de cobertura

sobe para 84% no

período de janeiro

a novembro

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 115

do PIB em final de período (após -119.8% do PIB no final do trimestre anterior, valor que

compara com um saldo médio de -13.8% na UE), invertendo a trajetória de agravamento que

se vinha a verificar. Confirmou-se também que o saldo dos passivos sobre o exterior

(posição externa bruta) melhorou pelo segundo trimestre consecutivo (para -285.4% do PIB) e

que o saldo da dívida externa líquida de Portugal (calculada a partir da PII excluindo

algumas componentes)6 inverteu a trajetória de agravamento, situando-se em -104.2% do PIB

no final do terceiro trimestre (após -106.2% do PIB no final do primeiro trimestre).

Figura 3.12.1.3: Posição de investimento Internacional (PII) de Portugal e da UE, e dívida

externa líquida de Portugal em final de período (% do PIB)

De acordo com dados revistos do Banco de Portugal, a dívida bruta não consolidada do

setor não financeiro diminuiu para 449.5% do PIB no final de setembro (face a 454.3% no

final de junho), com descidas nos vários subsetores (para 165.3% do PIB no setor público não

financeiro, 186.5% nas empresas privadas e 97.7% nos particulares). Nas empresas

privadas, a redução do endividamento abrangeu a larga maioria das atividades, passando para

31.4% do PIB nas SGPS não financeiras, 28.1% no comércio por grosso e a retalho, 26% na

indústria transformadora e extrativa, 23.4% na construção e 16.2% nas atividades imobiliárias,

considerando os valores mais elevados.

Do valor de 449.5% do PIB de dívida bruta não consolidada do setor não financeiro no final de

setembro, 202.5% do PIB foram financiados pelo setor financeiro (204.7% no final de junho),

125.7% pelo exterior (129%), 70.8% pelas empresas (71.7%), 25.8% pelos particulares

(25.3%) e 24.6% pelas administrações públicas (23.5%).

6 São excluídas as componentes de participação no capital de empresas e lucros reinvestidos de investimento direto,

ações e outras participações de investimento de carteira, derivados financeiros e ativos de reserva.

-116.7 -117.3 -119.8 -118.1

-289.4 -295.8

-294.6 -285.4

-99.6 -104.4 -106.2

-104.2

-13.1 -12.4 -13.8

-350

-300

-250

-200

-150

-100

-50

0

4T 12 1T 13 2T 13 3T 13

PII (PT) Passivos sobre o exterior (PT) Dívida externa líquida (PT) PII (UE)Fonte: BdP

Melhoria das

contas externas

permite redução

da dívida externa

líquida

Confirmada

redução da dívida

bruta em todos os

subsetores do setor

não financeiro no

final de setembro

de 2013, em termos

não consolidados

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 116

Quadro 3.12.1.4: Rácios de dívida bruta não consolidada no setor não financeiro (% do PIB)

Período Dez-10 Dez-11 Dez12 Jun-13 Set-13

(1) Setor Público não Financeiro 121.6 140.2 158.6 168.1 165.3

(2) Empresas privadas 177.5 179.9 186.1 187.1 186.5

Por setor

Indústrias transformadora e extrativa 24.7 25.0 25.4 26.1 26.0

Eletricidade, gás, água 14.5 16.4 18.4 18.2 18.3

Construção 26.2 25.2 24.3 23.9 23.4

Comércio por grosso e a retalho 29.0 29.0 28.5 28.4 28.1

Transportes e armazenagem 7.7 8.6 9.3 9.4 10.6

Alojamento e restauração 5.2 5.5 5.5 5.5 5.4

Atividades de informação e comunicação 8.6 7.6 8.6 8.5 8.5

SGPS não financeiras 26.5 27.0 30.6 31.7 31.4

Atividades imobiliárias 16.7 16.8 16.7 16.5 16.2

Ativ. de consultoria, técnicas e adm.vas 10.4 11.4 11.4 11.3 11.3

Educação, saúde e outros serviços sociais 4.3 4.3 4.4 4.5 4.3

Outras atividades 3.8 3.0 3.0 3.0 3.0

Por dimensão (não inclui SGPS não fin.)

PME 106.6 104.2 102.9 102.2 100.8

Microempresas 46.4 45.7 45.2 45.0 44.5

Pequenas empresas 29.5 29.3 28.6 28.2 27.7

Médias empresas 30.7 29.2 29.1 29.0 28.6

Grandes empresas 44.4 48.6 52.6 53.2 54.3

(3) Particulares 103.1 101.4 100.6 99.1 97.7

Endiv. do setor não fin.= (1)+(2)+(3) 402.1 421.5 445.3 454.3 449.5

Financiado por:

Administrações Públicas: 12.8 16.4 22.2 23.5 24.6

Setor Financeiro 204.8 203.9 204.5 204.7 202.5

Empresas 69.1 71.4 72.2 71.7 70.8

Particulares 24.1 23.3 24.8 25.3 25.8

Exterior 91.3 106.5 121.7 129.0 125.7

Fonte: BdP. Valores (em final de período) de dívida não consolidada, i.e., incluindo as dívidas entre setores.

3.12.2 Contas públicas

Segundo dados revistos do Banco de Portugal, a descida do rácio de endividamento do

setor público não financeiro para 165.3% do PIB no final de setembro traduziu o recuo para

153.3% do PIB nas administrações públicas e para 12% do PIB nas empresas públicas

não incluídas nas administrações públicas.

O rácio da dívida pública na ótica de Maastricht diminuiu para 128.7% do PIB (valor

revisto de 128.8%), após 131.3% em junho (excluindo depósitos, a descida foi de 118.4% para

117.8% do PIB), invertendo a trajetória ascendente, para o que contribuiu a recuperação em

cadeia do PIB nominal.

Dívida pública

diminuiu para 128.8%

do PIB no final de

setembro, para o que

contribuiu a

recuperação em cadeia

do PIB nominal

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 117

Quadro 3.12.2.1 Rácios de dívida bruta no setor público não financeiro (% do PIB)

Período Dez-10 Dez-11 Dez-12 Jun-13 Set-13

Administrações Públicas (1)=(1.1)+(1.2) +(1.3) 107.5 125.3 146.2 155.2 153.3

Administração Central (1.1) 100.1 117.4 138.2 146.8 145.3

Administração Regional e local (1.2) 7.4 7.9 8.0 8.3 8.0

Fundos da Segurança Social (1.3) 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0

Inclui:

Empresas públicas incluídas nas Adm. Pub. 12.0 13.6 15.4 16.5 16.6

Dívida pública na ótica de Maastricht 94.0 108.2 124.1 131.3 128.7

Excluindo depósitos da Adm. Central 91.8 99.9 114.0 118.4 117.8

Empresas Públicas fora das Adm. Púb. (2) 14.1 14.9 12.4 13.0 12.0

Setor Público não Financeiro=(1)+(2) 121.6 140.2 158.6 168.1 165.3

Fonte: BdP. valores em final de período.

Quadro 3.12.2.2: Dívida direta do Estado e empréstimos do PAEF

Período Dez-12 Mar-13 Jun-13 Set-13 Dez-13

Tx. juro (%) V.N. (M€)

Empréstimos UE/FMI (PAEF) (a)

MEEF (UE) 3.0 3.0 3.0 3.0 3.0 22 100

FEEF (UE) 3.0 2.8 2.4 2.4 2.2 26 078

FMI 4.1 3.8 3.7 4.0 3.8 24 725

Total 3.4 3.2 3.1 3.2 3.0 72 903

Dívida direta do Estado (b)

Stock em fim de período (M€) 194 466 199 627 206 648 203 813 204 252

Stock médio (média entre t e t-1) (1) 184 707 197 047 203 138 205 231 204 033

Juros (contabilidade nacional, M€) 7 154 1 844 1 723 1959

Juros anualizados (2) 7 154 7 376 7 134 7 368

Taxa de juro implícita (%)=(2)/(1) 3.9 3.7 3.5 3.6

Fontes: IGCP, Banco de Portugal (juros em contabilidade nacional) e cálculos próprios. V.N. = Valor nominal da dívida.

(a) As taxas de juro apresentadas são calculadas como taxas internas de rentabilidade (TIR), incluindo todos os custos

incorridos (juros e comissões); (b) Não está considerada a dívida garantida pelo Estado (dívida indireta do Estado).

MEEF= Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira; FEEF = Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (mecanismo

inicial de ajuda europeia, substituído posteriormente pelo MEEF).

No final de dezembro de 2013, os empréstimos no âmbito do Programa de Assistência

Económica e Financeira (PAEF) totalizavam 72903 M€, representando 35.7% da dívida

direta do Estado. A taxa de juro média dos empréstimos externos atingiu 3% até

dezembro (3.8% na parte do FMI, 3% na do MEEF e 2.2% na do FEEF), traduzindo uma

redução ligeira face aos valores que se vinham a observar (3.2% até setembro, 3.1% até junho

e 3.4% em 2012), e um valor ainda inferior à taxa de juro implícita da dívida direta do

Estado (3.6% no terceiro trimestre, valor ligeiramente acima do segundo trimestre, mas ainda

claramente abaixo do registado em 2012), contribuindo para a sua redução.

Taxa de juro dos

empréstimos

externos atingiu

3% até outubro

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 118

Centrando agora a análise na dívida não financeira das administrações públicas, o seu

valor excluindo as EPR (Empresas Públicas Reclassificadas) situou-se em 3817 M€ no final de

dezembro (3751 M€ sem as transferências entre administrações públicas), dos quais 1218 M€

(31.9%) estavam em dívida há mais de 90 dias, sendo considerados pagamentos em atraso

no âmbito da Lei de Compromissos e Pagamentos em Atraso (Lei nº 8/2012 de 21/02).

Em comparação com dezembro de 2012, registou-se uma diminuição de 1595 M€ da dívida não

financeira das administrações públicas (com quedas nas principais componentes) e de 1026 M€

dos pagamentos em atraso, um valor ainda elevado em termos absolutos e que continua a

representar mais de 30% do total da dívida, apesar do progresso verificado na sua redução.

Quadro 3.12.2.3: Dívida não financeira e pagamentos em atraso do setor público (em M€)

Período Dez-12 Mar-13 Jun-13 Set-13 Dez-13

Dívida não Financeira das Adm. Públicas (sem EPR) 5 413 5 721 5 551 4 500 3 817

Aquisições de bens e serviços 1 733 1 904 1 835 1 711 1 431

Aquisições de bens de capital 1 880 1 818 1 749 878 724

Transferências para Adm. Públicas 103 121 114 85 66

Transferências para fora das Adm. Públicas 662 733 685 670 545

Outras 1 036 1 144 1 168 1 156 1 051

Total sem transferências entre Adm. Públicas 5 310 5 600 5 437 4 415 3 751

Pagamentos em atraso (+ de 90 dias) (1)

Adm. Públicas 2 244 2 080 2 018 1 479 1 218

Sem EPR 2 216 2 062 2 000 1 462 1 201

Adm. Central exceto Subsetor Saúde 58 54 53 52 30

Subsetor Saúde 23 26 20 29 10

Empresas públicas reclassificada (EPR) 29 18 18 17 17

Adm. Local 1 274 1 110 928 768 681

Adm. Regional 938 944 1 058 661 517

Outras entidades 747 822 972 1 106 753

Empresas públicas não reclassificadas 33 49 56 90 97

Hospitais EPE 714 773 917 1 016 656

Total das Administrações Públicas e Outras Entidades 2 992 2 901 2 991 2 585 1 971

Fonte: DGO. Stocks em final de período. (1) Conceito de pagamentos em atraso no âmbito da Lei de Compromissos e

Pagamentos em Atraso (Lei nº 8/2012 de 21/02).

Em sentido contrário, os pagamentos em atraso de outras entidades públicas registaram um

aumento em comparação homóloga (de 747 para 753 M€), com origem nas Empresas

públicas não reclassificadas (de 33 para 97 M€), uma evolução que foi amortecida pela

redução ocorrida nos Hospitais EPE (de 714 para 656 M€).

Somando os pagamentos em atraso das administrações públicas (com EPR, não incluídas no

valor acima referido para comparação) aos valores de outras entidades públicas, registou-se um

total de 1971 M€ no final de dezembro de 2013, traduzindo uma descida de 1020 M€ em

termos homólogos. Apesar do progresso verificado, trata-se de um valor ainda elevado que

Redução da dívida

não financeira do

Estado e dos

pagamentos em

atraso, ainda com um

valor elevado

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 119

afeta seriamente a tesouraria de muitas empresas privadas (note-se que os valores

apresentados incluem dívida entre entidades públicas, além da dívida a fornecedores privados).

Após a análise do endividamento do setor público, importa avaliar a evolução mais recente do

défice público, das receitas e das despesas.

De acordo com dados do Banco de Portugal, o défice público na ótica da contabilidade

nacional situou-se em 3.6% do PIB no terceiro trimestre, o que traduz uma descida face ao

valor de 4.2% no trimestre anterior (evolução influenciada por efeitos sazonais), mas um

aumento em comparação com o valor de 3% no trimestre homólogo (evolução não influenciada

por sazonalidade).

O peso da receita no PIB aumentou para 44.2% (face a 42.1% no trimestre anterior e

41.5% no período homólogo), enquanto o peso da despesa subiu para 47.8% (face a 46.3%

no trimestre anterior e 44.5% no homólogo).

O saldo primário, que exclui do saldo orçamental a despesa com juros, passou a apresentar

um excedente no terceiro trimestre (426 M€, representando 1% do PIB), que compara com

saldo nulo no trimestre anterior e um excedente de 1.3% do PIB no trimestre homólogo.

Quadro 3.12.2.4: Saldo das Administrações Públicas (contabilidade nacional)

Período 2012 3T 12 4T 12 1T 13 2T 13 3T 13

Saldo global (M€) -10 669 -1 237 -3 108 -3 925 -1 707 -1 533

% do PIB (ótica da contabilidade nacional) -6.5 -3.0 -7.5 -10.0 -4.2 -3.6

% do PIB (ótica de Maastricht, PDE, valores anuais) -6.4*

Saldo primário (M€) -3 515 564 -1316 -2081 16 426

% do PIB (ótica da contabilidade nacional) -2.1 1.3 -3.2 -5.3 0.0 1.0

Receita (M€) 67 574 17 395 18 739 15 317 17 266 18 646

% do PIB (ótica da contabilidade nacional) 40.9 41.5 45 39.2 42.1 44.2

Despesa (M€) 78 244 18 632 21 847 19 243 18 973 20 179

% do PIB (ótica da contabilidade nacional) 47.4 44.5 52.4 49.2 46.3 47.8

Juros (M€) 7154 1 801 1 792 1 844 1 723 1 959

% do PIB (ótica da contabilidade nacional) 4.3 4.3 4.3 4.7 4.2 4.6

Fonte: BdP. PDE= Procedimentos dos Défices Excessivos. * O défice público apurado anualmente na ótica do PDE (a

que interessa para o cumprimento das obrigações internacionais) difere ligeiramente do défice apurado na ótica da

contabilidade nacional.

No segundo trimestre, o défice público nacional era ainda bastante superior à média da zona

euro (4.2% e 2.3% do PIB, respetivamente), o mesmo sucedendo no rácio da dívida pública

(131.3% e 93.4% do PIB).

Saldo primário com

excedente de 1%

do PIB no terceiro

trimestre de 2013

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 120

Figura 3.12.2.1: Défice e dívida pública em Portugal e na zona euro (% do PIB)

Os dados mais recentes das contas públicas, relativos à síntese de execução orçamental de

janeiro a dezembro de 2013 (valores da DGO em contabilidade pública), evidenciaram uma

redução do défice do subsetor Estado em 13.6% face a 2012, para 7687.5 M€ (passando de

5.4% para 4.6% do PIB), valor significativamente abaixo do previsto no segundo Orçamento

Retificativo (taxa de execução de 88%), 2º OER. A melhoria do saldo traduziu um crescimento

mais forte da receita (3.3%, acima da variação de 0.8% implícita 2º OER, implicando um taxa

de execução de 102.5%) do que da despesa total (0.2%, ligeiramente abaixo da previsão de

0.4% do 2º OER, refletindo-se numa taxa de execução de 99.9%).

A subida da receita total resultou do acréscimo de 13.1% da receita fiscal (contributo de

10.6 p.p.) e, em muito menor grau, da progressão de 14.1% nas contribuições sociais

(contributo de 0.2 p.p.), com um peso inferior. A melhoria destas duas componentes sobrepôs-

se à queda de 39.9% da receita não fiscal (contributo de -7.4 p.p.), cuja evolução foi

influenciada por efeitos de base e fatores temporários, mencionados abaixo.

No detalhe da receita fiscal, o crescimento de 35.5% da cobrança de IRS deu o maior

contributo para o aumento da receita total (8.1 p.p.), seguindo-se os aumentos de 18.8% no

IRC (2.0 p.p.) e de 3.5% no IVA (1.1 p.p.). O decréscimo de 0.6% na cobrança de ISP não teve

um impacto significativo na receita total do Estado, mas a descida acentuada (96.8%) da

componente residual “outros impostos diretos” retirou 0.6 p.p. ao aumento da receita.

Saliente-se que o aumento da receita total foi influenciado pelo Regime Extraordinário de

Regularização de Dívidas Fiscais (RERD), que rendeu bastante mais do que o esperado

(1045 M€ sem considerar a cobrança da Segurança Social, mais 545 M€ do que o previsto).

3.0

7.5

10.0

4.2 3.6 3.7 3.8

4.9

2.3

120.5 124.1 127.5 131.3 128.7

90.0 90.6 92.3 93.4

0

20

40

60

80

100

120

140

0.0

2.0

4.0

6.0

8.0

10.0

12.0

3T 1

2

4T 1

2

1T 1

3

2T 1

3

3T 1

3

Défice público PT (Contab. Nacional) - esc. esq.

Défice público Z. euro (Contab. Nacional) - esc. esq.

Dívida pública PT (PDE) - esc. dta.

Dívida pública Zona euro (PDE) - esc. dta.

Fonte: BdP. Dados sem

correção de sazonalidade

Défice do Estado

abaixo do previsto

em 2013, recuando

13.6% face a 2012

com subida mais

forte da receita do

que da despesa

Subidas de 35.5%

da cobrança no IRS,

de 18.8% no IRC e

de 3.5% no IVA

DEZ 13/JAN 14 ENVOLVENTE EMPRESARIAL- SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 121

Contudo, retirando este valor extraordinário à receita fiscal, verifica-se ainda assim um aumento

bastante acima do previsto no 2º O. Retificativo (9.9% e 8.9%, respetivamente).

Ao nível da despesa, as descidas de 41.6% na despesa de capital e de 0.5% nos encargos

com juros (contributos de -2.4 p.p. e -0.1 p.p. para a variação da despesa total,

respetivamente) quase compensaram o acréscimo de 3.4% da despesa corrente primária

(2.7 p.p.), onde pesou o crescimento de 1% das transferências corrente (0.6 p.p.), mas

sobretudo a subida de 9.4% das despesas com pessoal (1.6 p.p.), que refletiu, nomeadamente,

a reposição do pagamento de um subsídio e a atualização dos encargos das entidades

empregadoras com a Caixa Geral de Aposentações (CGA) e a Segurança Social (SS). Salienta-se

ainda o impacto relevante agregado das subidas de 65.4% nos subsídios (0.3 p.p.) e de 26.3%

nas “outras despesas correntes” (0.3 p.p.), minoradas pelo recuo de 2.6% das aquisições de

bens e serviços (-0.1 p.p.).

Quadro 3.12.2.5: Execução orçamental do subsetor Estado (contabilidade pública)

Janeiro a Dezembro de 2013 Grau de

execução (%)

Tvh

(%)

Contributo

(p.p.)

Tvh (%) implícita

no 2º OER

Receita 102.5 3.3 0.8

Receita fiscal 103.9 13.1 10.6 8.9

Impostos diretos 105.4 27.6 9.4 21.0

IRS 102.5 35.5 8.1 32.2

IRC 113.5 18.8 2.0 4.7

Outros 85.9 -96.8 -0.6 -96.2

Impostos indiretos, dos quais: 102.5 2.4 1.1 0.0

ISP 103.1 -0.6 0.0 -3.6

IVA 102.4 3.5 1.1 1.1

Contribuições sociais 105.4 14.1 0.2 8.2

Receita não fiscal 92.1 -39.9 -7.4 -34.7

Despesa 99.9 0.2 0.4

Juros 100.6 -0.5 -0.1 -1.0

Despesa corrente primária: 100.1 3.4 2.7 3.3

Despesas com pessoal 101.2 9.4 1.6 8.1

Aquisições de bens e serviços 95.4 -2.6 -0.1 2.2

Transferências correntes 101.4 1.0 0.6 -0.4

Subsídios 167.2 65.4 0.3 -1.1

Outras despesas correntes 53.0 26.3 0.3 138.4

Despesa de capital 93.0 -41.6 -2.4 -37.2

Saldo (Défice) 88.0 -13.6 -1.8

Fonte: DGO e cálculos próprios. OER= Orçamento de Estado retificativo. Grau de execução =100*Execução/ 2º OER.

A conta consolidada da Administração Central (Estado e Fundos Autónomos) e da

Segurança Social registou um défice de 7863.6 M€ em 2013, traduzindo uma redução de

Descida da despesa

de capital e dos

juros quase

compensa subida da

despesa corrente

primária, muito

influenciada pela

reposição de um

subsídio a

funcionários e

pensionistas

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1408.8 M€ face a 2012. Excluindo os fatores temporários em 2012 e 2013 (transferência de

fundos de pensões, concessão da ANA, licenças 4G – fatores com influência nas receitas não

fiscais – e dívidas do SNS), a DGO aponta para uma melhoria de 2518.4 M€, mas a esse valor

deve ser ainda retirado o impacto do RERD (que, incluindo a cobrança da Segurança Social,

ascendeu a 1277 M€), pelo que a melhor estimativa de redução do défice da Administração

Central e Segurança Social é de 1241.3 M€.

O défice do total das administrações públicas no critério do PAEF (que exclui,

nomeadamente, a despesa com regularização das dívidas da saúde e das dívidas dos

municípios) atingiu 7151.5 M€ em 2013 (4.3% do PIB), um valor inferior em 1748.5 ao limite

estabelecido, cumprido com grande folga.

Apresenta-se ainda o destaque da UTAO (Unidade Técnica de Apoio Orçamental à Assembleia

da República) à análise da execução orçamental, confirmando vários pontos já acima referidos

e acrescentando outros: “O défice das administrações públicas, relevante para efeitos dos

critérios quantitativos de desempenho do PAEF, situou-se abaixo do limiar estabelecido na

8.ª/9.ª avaliação. Quando corrigido de fatores que influenciam a comparabilidade

homóloga, o défice das administrações públicas evidenciou uma melhoria face a 2012,

sobretudo devido à execução do 2.º semestre. Relativamente ao orçamentado, o défice das

administrações públicas em 2013 ficou abaixo do implícito no 1.º e no 2.º Orçamentos

Retificativos, mas ficou acima do previsto no orçamento inicial. O défice inferior ao previsto

nos orçamentos retificativos decorreu, essencialmente, de uma receita fiscal superior à

estimada e de uma despesa em consumo público aquém da prevista, nomeadamente nas

rubricas de aquisição de bens e serviços e outras despesas correntes. Tendo como termo de

comparação o orçamento inicial, o défice superior ao previsto deveu-se sobretudo às despesas

com pensões e outras prestações sociais e subsídios, mas também decorreu da execução

inferior à prevista das outras receitas correntes e da receita fiscal. Este desvio face ao

orçamento inicial foi influenciado pela declaração de inconstitucionalidade da suspensão

do pagamento de um subsídio e pela evolução menos favorável da atividade

económica que aquela que tinha sido prevista inicialmente.”

Após a divulgação dos dados da execução orçamental, a Ministra de Estado e das Finanças,

Maria Luís Albuquerque, afirmou que “o limite de défice foi cumprido, e seria cumprido mesmo

sem as receitas extraordinárias”, o que “reforçou a credibilidade e confiança dos investidores e

dos mercados”. A Ministra referiu ainda que “é expectável que o défice se situe em torno de

Défice das

administrações

públicas em 2013

cumprido com

folga de 1748.5 M€

no critério do PAEF

UTAO chama a

atenção que défice

púbico em 2013 ficou

acima do previsto

orçamento inicial,

embora abaixo do

estimado nos

orçamentos

retificativos

Défice público em

Contabilidade

Nacional ter-se-á

situado próximo de

5% do PIB em 2013

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5% do PIB” (numa ótica de Contabilidade Nacional). A isto acresce que “o défice orçamental,

sem qualquer efeito extraordinário - positivo ou negativo - ficou nos 5.2%”.

No mesmo dia, a Ministra das Finanças admitiu no Parlamento que o Governo poderá vir a rever

em alta a previsão de crescimento económico em 2014, mas sublinhou que irá esperar por

dados mais sustentados antes de rever o cenário macroeconómico do Orçamento de

Estado, onde se prevê crescimento real de 0.8%. O ministro da Economia, António Pires de

Lima, afirmou recentemente que a economia portuguesa pode crescer mais de 1% este ano.