nº 2 av. brasil 4036/515, manguinhos maternidades do brasilser realizada até 31 de maio de 2003,...

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CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE AIDS PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Nº 2 ! Setembro de 2002 Av. Brasil 4036/515, Manguinhos Rio de Janeiro, RJ ! 21040-361 Maternidades do Brasil Maternidades do Brasil Especial Dados — um panorama da assistência ao parto em 22 páginas

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  • CONFERÊNCIAINTERNACIONALSOBRE AIDS

    PROGRAMADE ASSISTÊNCIAFARMACÊUTICA

    Nº 2 ! Setembro de 2002

    Av. Brasil 4036/515, ManguinhosRio de Janeiro, RJ ! 21040-361

    Maternidades do BrasilMaternidades do BrasilEspecial Dados — um panorama da assistência ao parto em 22 páginas

  • memóriamemóriamemóriamemóriamemória

    Mães, partos e bebês

    Adecisão de publicar um densotrabalho sobre o perfil das ma-ternidades no Brasil certamentenão foi baseada no ineditismo dotema, mas na sua importância. Aprova disso é que, pesquisando nosarquivos do Radis, não foi difícil en-contrar algumas revistas – publicadasem nossos 20 anos de existência –com temas semelhantes. Vale a penaaguçar nossas lembranças.

    A revista Dados, de junho de1986, enfocou a mortalidade infantilno Rio de Janeiro, apresentando asestimativas do número de nascidosvivos segundo região de residência eano de nascimento, o número de óbi-tos em menores de um ano e as taxasda mortalidade infantil no período de

    1976 a 1980. A publicação mostravaque havia, na época, uma tendênciadecrescente da mortalidade infantilno estado. A Súmula, de março de1998, revelou o caos instalado na ci-dade do Rio de Janeiro, devido àmorte de 72 bebês num período deapenas 30 dias em duas maternida-des do município. Um mês depois,novamente a revista Súmula apresen-tava uma matéria sobre o risco deuma a cada 130 mulheres morrer porcausa de gravidez ou parto, quandoa Organização Mundial de Saúde(OMS) preconizava, como índiceaceitável, uma morte para cada 3 mil

    casos. Mais tarde, a revista Tema,publicada em fevereiro de 1999, dis-cutiu a questão da assistênciaperinatal e neonatal no Brasil comodesafio para os serviços de saúde epara a sociedade.

    Já que nascer e morrer fazemparte do ciclo natural da vida, o Radiscertamente voltará a falar desse assun-to. Quem sabe, ainda teremos comotítulo de uma revista Radis: “O Brasiltem a menor taxa de mortalidadeinfantil no mundo!”?

  • Memória 2

    ! Mães, partos e bebês

    Editorial 3

    ! Como nascem os brasileiros

    Caco 3

    Cartas 4

    ! O leitor quer saber: Dúvidas sobrea Dengue

    Súmula da Imprensa 5

    Especial Dados 8

    ! O perfil das maternidades do Brasil! Capacidade instalada de recursosfísicos e humanos, modalidades definanciamento e incorporaçãotecnológica! Recife: Saúde Integral da Mulher,da Criança e do Adolescente! Rio de Janeiro: Humanização doparto reduz mortalidade materno-infantil! Curitiba: Atenção certa, no lugarcerto e no tempo certo

    Aids 30

    ! XIV Conferência Internacional:Participantes cobram compromissospolíticos

    Medicamentos 32

    ! Programas de Assistência Farmacêu-tica tentam garantir acesso integral

    Saúde Bucal 33

    ! Encontro sobre fluoretação

    Tabagismo 33

    ! SUS tratará fumantes que desejamlargar o vício

    Serviços 34

    Pós-Tudo 35

    ! A caminho de casa

    Ora, Pílulas... 35

    cacocacocacocacocaco

    editorialeditorialeditorialeditorialeditorial

    Nº 2 — Setembro de 2002

    Depois do impacto positivo do lan-çamento da revista RADIS, traze-mos nesta segunda edição uma extensamatéria de capa que é especial pordois motivos. Primeiro, porque resga-ta a consistência e a clareza no tra-tamento de estatísticas que semprecaracterizaram a revista Dados, edi-tada pelo Programa Radis durante 20anos. Segundo, porque traça um pa-norama da assistência ao parto noBrasil no final da década de 90, apon-tando para os problemas ainda atuaisa serem enfrentados, com o objetivode orientar planejamento e açõesque tornem o sistema de saúde me-nos desigual e mais efetivo.

    Essa matéria é mais uma par-ceria da Escola Nacional de SaúdePública (Ensp) da Fiocruz com a Se-cretaria de Assistência à Saúde(SAS) do Ministério da Saúde, quesolicitou e financiou a análise doperfil das maternidades públicas eprivadas do país, pesquisa coor-denada por Maria do Carmo Leal,pesquisadora do Departamento deEpidemiologia e Métodos Quan-titativos em Saúde da Ensp, e por

    Francisco Viacava, coordenador doDepartamento de Informação e Saú-de do Centro de Informação Cientí-fica e Tecnológica da Fiocruz.

    Nos últimos anos, várias medi-das têm sido implementadas pelaSAS, com vistas à melhoria da aten-ção pré-natal e ao parto nos hospi-tais públicos e conveniados do SUS,nos quais o parto e os problemasobstétricos são a principal causa deinternação (22,6% do total). A pre-sente análise da disponibilidade deserviços de saúde é condição es-sencial para o estudo da prestaçãode assistência às populações, umavez que 96,8% dos partos são feitosem unidades hospitalares e os re-cursos tecnológicos utilizados paraapoio ao diagnóstico clínico e pre-venção de doenças são cada vezmais imprescindíveis. Nossa repor-tagem traz também o relato do quetem sido feito de positivo no aten-dimento ao parto em Recife, Rio deJaneiro e Curitiba.

    Rogério Lannes RochaCOORDENADOR DO RADIS

    Como nascem os brasileiros

    Capa: Arte de Caco Xavier e AristidesDutra sobre Madonnas de Bellini eRaphael

  • RADIS 2 ! SET/2002

    [ 4 ]

    ccccc ararararartttttasasasasas

    denguedenguedenguedenguedengue

    No dia 24 de julho, foi lançado oPrograma Nacional de Controleda Dengue (PNCD), cujas metas são:reduzir a menos de 1% a infestaçãopredial pelo Aedes aegypti nos 3.529municípios brasileiros que registram apresença do mosquito e diminuir, emrelação a 2002, o número de casos em50% e o número de óbitos por denguehemorrágica a menos de 1%.

    Este ano, o programa vai priorizarações de mobilização social que in-centivem a população a eliminar osfocos residenciais do mosquito. Para

    DÚVIDAS SOBRE DENGUE

    No verão, existe sempre a ameaçade uma nova epidemia de denguee a possibilidade de essa ameaça seconcretizar cresce quando não é fei-to nenhum trabalho preventivo. Paranão deixar o assunto cair no esqueci-mento, o Radis aproveita a carta deAramiz Lopes (Tocantins — MG) paratrazer de volta o tema que foi ampla-mente abordado na Súmula n° 87 (mar-ço /2002). As perguntas do leitor fo-ram respondidas pelos pesquisadoresElizabeth Sanches (Far-Manguinhos/Fiocruz), Anthony Érico Guimarães eRita Maria Ribeiro Nogueira (InstitutoOswaldo Cruz/Fiocruz).

    Programa Nacional de Controle da Dengue

    isso, contará com recursos de maisde R$ 1 bilhão (R$ 903 milhões doMinistério da Saúde e R$ 131,1 mi-lhões das contrapartidas estaduais emunicipais).

    O PNCD e uma cartilha sobre den-gue elaborada especialmente para mé-dicos estão disponíveis no site da Funasa(www.gov.br). Mais informações podemser obtidas pelo telefone (61) 314 6440,pelo Disque-saúde (0800-611997) ou di-retamente na Fundação Nacional deSaúde (SAS Quadra 4, bloco N; CEP:70058-902, Brasília — DF).

    ! Que tipos de exames devem serfeitos pelas pessoas que lidam comlarvicidas?

    No caso dos biolarvicidas, nãoé necessário nenhum exame espe-cífico, pois eles não são tóxicos.No caso dos larvicidas químicos, osexames de controle vão variar deacordo com o tipo e a toxidade doproduto utilizado.

    ! Será que o uso do veneno ciper-metrina líquida ou em pó, misturadaao óleo de soja e aplicado em móveise paredes para combater o mosquitoadulto é eficaz? Por quanto tempo oveneno fica ativo? Se o mosquito nãomorrer, ele pode adquirir resistênciaao veneno?

    No caso do Aedes aegypti, os in-seticidas que agem exclusivamente so-bre os mosquitos adultos não têmgrande eficácia. O ‘fumacê’, porexemplo, tem ação muito restrita esomente em momentos de alta densi-dade de adultos. Os demais insetici-das, aplicados sobre móveis e pare-des, só são recomendados paraeliminar mosquitos que têm o hábitode pousar nessas superfícies apóssugar o sangue, como é o caso dosanofelinos transmissores de malária.O poder residual varia com a concen-tração do inseticida, o local e o tipode aplicação. Todo inseticida usadode forma indiscriminada leva o insetoà resistência.

    ! Tive todos os sintomas da denguee o médico diagnosticou a doença, masos exames deram negativos. Como seexplica isso?

    É preciso considerar o tem-po da realização dos testes emrelação ao início dos sintomas.Soros coletados na fase aguda dadoença poderão apresentar res-posta negativa para anticorposIgM anti-dengue. O isolamento dev í rus ou a detecção do ác idonucléico — procedimentos maisindicados para a fase aguda da do-ença — não são realizados em to-dos os laboratórios clínicos. Poresse motivo, o ideal seria realizarduas coletas de sangue, sendo asegunda em torno de duas sema-nas após a primeira coleta. Essaconduta aumenta consideravel-mente a chance de se confirmaro caso pela sorologia. Persistindoa ausência de anticorpos IgM,devem ser realizados exames com-plementares, como a pesquisa deIgG ou o diagnóstico diferencialcom outras doenças que apresen-tam sinais e sintomas semelhantesao dengue.

    ! Se todo estado febril implica que-da do número de plaquetas, comoidentificar se é dengue ou não?

    Para se confirmar a infecção pordengue, torna-se necessária a reali-zação dos exames específicos.

    ! O uso de larvicidas em caixasd’água pode prejudicar a saúde daspessoas?

    Se usados nas dosagens reco-mendadas, os biolarvicidas não afe-tam seres humanos ou animais domés-ticos. Os larvicidas químicos, noentanto, não devem, em hipótese al-guma, ser utilizados em caixas d’água.

    ! É necessário usar larvicida em cai-xas d’água fechadas ou que estejamacima da altura de vôo do mosquito?A ação do larvicida é imediata?

    Em caixas d’água bem vedadas,inclusive com telas no cano que libe-ra o excesso da água (ladrão), não énecessário. Dificilmente uma caixad’água estará acima do vôo do mos-quito, que pode ser encontrado emprédios muito altos, levado pelas cor-rentes de ar, elevadores ou pelos pró-prios moradores (principalmente lar-vas em vasos de plantas). Obiolarvicida geralmente impede queas larvas cresçam (sofram mudas) e,como isso leva alguns dias, pode-seter a falsa impressão que o produtonão está fazendo efeito.

  • RADIS 2 ! SET/2002

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    SÚMULA DA IMPRENSASÚMULA DA IMPRENSASÚMULA DA IMPRENSASÚMULA DA IMPRENSASÚMULA DA IMPRENSA

    eeeee x px px px px p e de de de de d i e n t ei e n t ei e n t ei e n t ei e n t e

    CONVOCADA A I CONFERÊNCIA NACI-ONAL DE POLÍTICA DE MEDICAMENTOSE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA

    No dia 8 de maio deste ano, o Mi-nistério da Saúde convocou aI Conferência Nacional de Política deMedicamentos e Assistência Farma-cêutica, que havia sido deliberada pela11ª Conferência Nacional de Saúde emdezembro de 2000.

    Em 2001, o Conselho Nacionaldesencadeou o processo de realizaçãoda Conferência, instituindo o Grupode Trabalho responsável pela coor-denação do evento, cujo tema 'Efeti-vando o acesso, a qualidade e ahumanização da assistência farmacêu-tica, com controle social' será dividi-do em quatro subtemas: 'Acesso à as-sistência farmacêutica: a relação dossetores público e privado de aten-ção à saúde', 'Formação e capacitaçãode recursos humanos para a assistên-cia farmacêutica', 'Pesquisa e desen-volvimento tecnológico para a produ-ção nacional de medicamentos' e'Qualidade de serviços e produtos naassistência farmacêutica'.

    A expectativa dos organizadores éque, durante a Conferência Nacional, a

    ser realizada até 31 de maio de 2003,sejam discutidas as principais demandasda sociedade e do setor farmacêutico,e que isso resulte em melhorias efetivaspara a saúde da população.

    As etapas municipais e estaduaisda Conferência devem ser realizadas,respectivamente, até 31 de dezem-bro de 2002 e 30 de abril de 2003.

    DIRETRIZES DE HIPERTENSÃO ARTERIALCONDENAM REMÉDIOS DE MANIPULAÇÃO

    Ouso de remédio de manipulação,condenado pela quarta edição dasDiretrizes Brasileiras de HipertensãoArterial, está provocando um embate:de um lado, médicos dizem que as far-mácias de manipulação não passam pelomesmo controle de qualidade que asindústrias farmacêuticas. De outro, apopulação tem usado cada vez maisesses medicamentos, que podem che-gar a custar treze vezes menos do queaqueles oferecidos em farmácias. Alémdisso, segundo dados publicados noJornal do Brasil, atualmente o setor em-prega 14 mil farmacêuticos, faturandono ano passado US$ 560 milhões.

    A quarta edição das DiretrizesBrasileiras de Hipertensão Arterialfoi lançada recentemente em Por-to Alegre e traz outras novidades,entre elas a que diz respeito aomonitoramento da pressão arterial.Segundo o documento, o nível con-siderado ótimo deve estar abaixo de12 por 8 (a antiga edição determi-nava que a pressão ideal seria abai-xo de 14 por 9). A nova diretriz, quefoi elaborada por 108 médicos, tam-bém recomenda o uso de terapia decombinação de drogas para reduziro ritmo de pressão.

    FEBRE DO NILO PODE CHEGAR AO BRASIL

    Embora ainda não haja nenhumcaso da Febre do Nilo registradono país, o risco de contaminação exis-te. É o que alerta o entomologistada Fundação Oswaldo Cruz,Anthony Érico Guimarães. Segun-do ele, o vírus, transmitido pelapicada do mosquito culex, princi-pal vetor da Febre do Nilo, é en-contrado em aves migratórias quevoam para a América Central, maspodem alcançar também o Brasil.No ano passado, o vírus chegou aopaís por meio da importação deavestruzes, mas foi imediatamenteerradicado. Anthony acredita que,seja por meio de aves migratóriasou da chegada de carregamentosv indos do exter ior, ex iste umgrande risco no pais. Segundoele, deverá ser feita uma vigilân-cia epidemiológica e, para o con-trole, serão utilizados larvicidas,pulverização por aeronaves ededetização dos domicílios.

    Presente nas aves e transmitidoaos mosquitos, o vírus do Nilo ociden-tal foi registrado pela primeira vez em1937, em Uganda, na África, e chegouna América do Norte em 1999, prova-velmente trazido por viajantes queretornavam do continente africano.As pessoas infectadas apresentamsintomas como de resfriado mas quepodem se tornar fatais para meno-res, idosos e pessoas com o sistemaimunológico fraco. Este ano, o vírusfoi responsável pela morte de 58 pes-soas nos Estados Unidos e tornou-seuma preocupação no estado deLouisiana, onde já causou a morte dequatro pessoas.

    RADIS é uma publicação da Funda-ção Oswaldo Cruz, editada peloPrograma Radis (Reunião, Análisee Difusão de Informação sobreSaúde), da Escola Nacional de Saú-de Pública (Ensp).

    Periodicidade: MensalTiragem: 42 mil exemplaresAssinatura: GrátisPresidente da Fiocruz: Paulo BussDiretor da Ensp: Jorge Bermudez

    PROGRAMA RADISCoordenador: Rogério Lannes RochaEditor: Caco XavierRedação: Daniela Sophia, Ana Beatriz de

    Noronha e Katia Machado (reportagem e re-dação) e Aristides Dutra (projeto gráfico)

    Administração: Luis Otávio e Vanessa SantosEstudos, Pesquisas e Projetos: Justa Helena

    Franco (gerência de projetos)

    Colaboraram nesta edição: Maria doCarmo Leal (Departamento deEpidemiologia e Métodos Quantitativos

    em Saúde/Ensp/Fiocruz) e FranciscoViacava (Departamento de Informa-ção e Saúde/CICT/Fiocruz)

    EndereçoAv. Brasil, 4036 sala 515 — ManguinhosRio de Janeiro — RJ / CEP 21040-361Telefone: (21) 3882-9118Fax: (21) 3882-9119

    E-Mail: [email protected]

    Site: www.ensp.fiocruz.br/publi/radis/prgradis.htm

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    RECURSO PARA A DISTRIBUIÇÃO DE RE-MÉDIOS PARA O MAL DE PARKINSON JÁFOI LIBERADO

    Os recursos do Ministério da Saúdepara a distribuição gratuita detodos os medicamentos existentes nomercado para o Mal de Parkinson jáestão sendo repassados para os esta-dos. Segundo a assessoria de impren-sa do Ministério, as secretarias esta-duais deverão abrir licitação para acompra do remédio. Para os medica-mentos excepcionais, o Governo de-sembolsa o total de 483 milhões porano e espera atender cinco vezesmais pacientes, passando de 2 mil para10 mil beneficiados.

    Esse repasse foi resultado deuma Portaria assinada no dia 23 dejulho, ampliando de 49 para 90 onúmero de medicamentos excep-cionais distribuídos pelo SUS. En-tre eles estão não só os que ser-vem para o Mal de Parkinson, masmedicamentos para osteoporose,hepatite C crônica, asma grave ehepatite B em transplantados. Hojeexistem cerca de 200 mil brasilei-ros com o Mal de Parkinson, quepoderão recorrer ao tratamentonos recém-criados Centros de Re-ferência em Assistência à Saúde doIdoso. Os usuários deverão entrarem contato com a Secretaria deSaúde do estado. Mais informaçõespelos telefones(61) 315-2005/2748/2784 e (61) 225-7338 (fax) do Minis-tério da Saúde.

    ANÚNCIOS DE ALIMENTOS TERÃO NOVASREGRAS

    Pela primeira vez haverá uma regu-lamentação para a propaganda epara o marketing de produtos queinduzam mães a substituírem o leitematerno por outros alimentos. Comisso, as agências de publicidade e asindústrias serão orientadas sobrecomo deve ser a rotulagem de alimen-

    tos para crianças de até três anos.Essa medida faz parte da Resoluçãon° 222, da Agência Nacional de Vigi-lância Sanitária (Anvisa), publicada nodia 06 de agosto de 2002 no DiárioOficial da União, e estabelece o pra-zo de seis meses para que a mudançaseja efetuada, evitando, assim, abu-sos na promoção de alimentos

    Sugestões e críticas sobre o re-gulamento podem ser enviadas paraa Agência Nacional de Vigilância Sani-tária, no endereço SEPN 515, BlocoB Ed. Ômega, Asa Norte, Brasília, DF,CEP. 70.770-502 ou para o [email protected].

    INICIATIVAS INIBEM AÇÃO DE INDÚSTRIADE TABACO

    Segundo um estudo publicado noJournal of the American MedicalAssociation, os fabricantes de ci-garro estão exercendo uma fortepressão financeira sobre empresasque fabricam produtos para deixarde fumar, obrigando-as a reduzirsuas campanhas publicitárias. A pes-quisa mostra como a indústria dofumo sempre utilizou seu poder fi-nanceiro para atentar contra a saú-de pública.

    A cidade de Nova York, para fa-zer frente às pressões do mercadode tabaco, ampliou a guerra contrao fumo ao apresentar um projeto delei proibindo o uso em todos os ba-res, restaurantes, oficinas e centrosrecreativos da cidade. Todos os es-forços, seja através de pesquisas ouda criação de uma legislação mais rí-gida, deverão resultar, no ano quevem, na aprovação pela OrganizaçãoMundial da Saúde do primeiro trata-do mundial para diminuir o uso e omercado de cigarros.

    NOVA E S T R AT É G I A PA R A I M U N I Z A RCONTRA MALÁRIA

    Em uma pesquisa coordenada porcientistas britânicos, está sendotestado um novo tipo de vacina con-tra a malária. Diferentemente das con-vencionais, que ensinam o sistemaimunológico do corpo a reconhecere destruir um parasita que causa umainfecção, a nova vacina faria o corporeconhecer suas próprias célulasinfectadas, matando a célula e o pa-rasita ao mesmo tempo.

    Hoje, estima-se que no mundoadoeçam mais de 200 milhões de pes-soas por ano, principalmente em pa-íses da África, situados ao sul do De-

    serto de Saara, do Sudeste Asiático eda Amazônia. No Brasil, 99% dos casosregistrados encontram-se nos estadosda Bacia Amazônica. Outras informa-ções sobre a doença podem ser ob-tidas no documento Avaliação da Es-tratégia Global de Controle Integradoda Malária no Brasil, de Antônio CarlosSilveira e Dilermando Fazito deRezende, disponível no site da Orga-nização Pan-Americana de Saúde(http://www.opas.org.br/).

    GOVERNO TENTA ACABAR COM FILA PORPRÓTESE, MAS ENTIDADES ESTÃO CÉTICAS

    Estão abertas as inscrições nas se-cretarias estaduais de saúde paraa participação dos centros de re-ferência dos portadores de defi-ciência na Campanha Nacional deProtetização. Atualmente, 17 esta-dos já fazem parte do programa. Acampanha, que começou em julhoe vai até dezembro, foi criada pelaPortaria nº 1099 (publicada no Diá-rio Oficial da União no dia 12 dejunho), e está oferecendo apare-lhos e tratamento para todos osportadores de deficiência física.No Rio de Janeiro, por exemplo,centros de referência como o Ins-tituto Nacional do Câncer (INCA),a Associação Brasileira Beneficen-te de Reabilitação (ABBR) e o Ins-tituto Oscar Clarck já estão ins-critos para receber os recursos doMinistério, cerca de R$ 12 milhõesque serão distribuídos até o finaldo ano.

    Com isso, pretende-se diminuiras filas de pacientes do SUS que es-peram por cadeiras de rodas, pernasmecânicas, braços articulados,andadores, bengalas, coletes epróteses mamárias, mas as entidadesque trabalham ou representam defi-cientes físicos acreditam que as mu-danças não acontecerão em apenasseis meses, prazo que durará o Pro-grama. Pelo censo do IBGE, o país temhoje 6,5 milhões de portadores dedeficiências físicas e motoras, masnão existem dados sobre a quantida-de das pessoas que aguardam nas fi-

  • RADIS 2 ! SET/2002

    [ 7 ]

    las, numa espera que pode levar atédois anos.

    PESQUISAS

    INFARTO E DERRAME CRESCEM NO NOR-DESTE E CENTRO-OESTE

    As regiões Nordeste e Centro Oestelideram o ranking das taxas de mor-tes por doenças cardiovasculares,representando 28% do total nopaís, apesar da melhoria das con-dições de vida nas últimas déca-das. O dado faz parte de uma pes-quisa da Universidade de São Paulo(USP) divulgada recentemente, querevela também um crescimento daincidência de óbitos decorrentesde derrames e infartos em quasetodas as faixas etárias estudadas.Esse aumento é atribuído, entreoutros fatores, à melhora no diag-nóstico da morte e ao processo deurbanização.

    A pesquisa apresenta ainda ou-tro dado alarmante: o número decasos de infartos está aumentandoentre as mulheres. Para os pesqui-sadores, essa taxa é atribuída aoestresse causado pela maior inser-ção feminina no mercado de traba-lho. Em relação a 1969, o infartoentre as mulheres aumentou em 70%no grupo etário compreendido en-tre 40 e 49 anos, e em 63% no gru-po compreendido entre 60 e 69anos.

    PESQUISA MOSTRA QUE É EM CASA QUECRIANÇA SOFRE

    Outro estudo, dessa vez realizadopela Fundação Oswaldo Cruz,mostra que 97,2% das crianças e ado-lescentes vítimas de violência sexualatendidas no hospital infantil da Uni-versidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ) foram molestadas dentro decasa, por familiares ou amigos da fa-mília. A coordenadora da pesquisa, AnaLúcia Ferreira, também revela a exis-tência de problemas na assistência,ao apontar que os médicos que pres-tam o primeiro atendimento estão malpreparados e não recebem treina-mento específico para lidar com essetipo de caso. Além disso, constata-seque as meninas são as maiores vítimasde abuso, com 70,5% dos casos apre-sentados, e as faixas etárias mais atin-gidas estão entre 6 e 10 anos (45,2%do total) e entre 2 e 5 anos (36,5%).Para se chegar a essa conclusão, fo-ram pesquisados 129 prontuários doAmbulatório da Família que funciona

    em um dos primeiros centros do paísvoltado para o atendimento de jovensque sofreram violência, o Instituto dePuericultura e Pediatria MartagãoGesteira da UFRJ.

    ÁGUA PODE MATAR 76 MILHÕES EM2020

    Se não forem tomadas medidas paralimpar as fontes de água de todoo mundo, cerca de 76 milhões depessoas, em sua maioria crianças,morrerão devido ao consumo deágua contaminada até o ano de2020. É o que diz um estudo divul-gado recentemente pelo Institutodo Pacífico, em Oakland, nos Esta-dos Unidos. A pesquisa também mos-tra que o número de mortes porágua contaminada pode ultrapassaras vítimas de doenças como a Aids,nas duas décadas passadas.

    TESTES COM REPELENTES MOSTRAMNECESSIDADE DE NOVA REGULAÇÃO

    Um levantamento feito recente-mente pela Associação Brasileirado Consumidor com 11 marcas derepelente existentes no mercadobrasileiro mostrou que em todaselas havia uma baixa concentraçãode princípios ativos (substânciasque afastam os insetos e evitam aspicadas). A iniciativa da Associação,da qual fazem parte 60 mil sóciosem todo o país, tem como objetivofazer com que a Agência Nacionalde Vigilância Sanitária (Anvisa) es-tabeleça novos parâmetros de quan-tidade de princípios ativos, obrigan-do os fabricantes a seguirem ospadrões internacionais. De acordocom os indicadores usados, nenhu-ma das marcas analisadas foi classi-ficada como 'muito boa'. De acordocom os padrões internacionais, aporcentagem ideal de princípios ati-vos nas fórmulas dos repelentes éde 20%. Segundo dados divulgados

    no Jornal Estado de São Paulo, to-dos os repelentes analisados tinhammenos de 10%.

    POR DENTRO DAS LEIS

    ME D I C A M E N TO S N AT U R A I S C A U S A MIMPASSE ENTRE MÉDICOS E JUSTIÇA

    Há um grande impasse entre mé-dicos e Justiça quando o assuntoé medicamentos naturais. De umlado, o Supremo Tribunal Superiordecidiu que os medicamentos na-turais não necessitam mais do re-gistro do Ministério da Saúde paraa sua comercialização. A decisão to-mada pelo STJ foi baseada em umrecurso do município de Curitibacontra a empresa Honinteg Comple-mentos Alimentares Ltda. De outro,uma parte do setor médico defen-de a obrigatoriedade do registro.Um dos argumentos usados é o deque a venda de produtos naturaissem o registro de medicamentos,apenas como suplementos, produ-tos alternativos ou manipulados, osdesobriga a passarem por estudosrigorosos dos quais são extraídas in-formação sobre riscos. Essas infor-mações estão publicadas em docu-mento da Sociedade Brasileira deEndocrinologia e Metabologia(SBEM), lançado recentemente.

    CONSELHOS GESTORES

    Omunicípio de São Paulo criou aLei 13.325 (28/12/2001) que dis-põe sobre a organização dos Conse-lhos Gestores nas unidades do SistemaÚnico de Saúde. De acordo com a le-gislação, os Conselhos são responsáveispelo acompanhamento, avaliação e fis-calização dos serviços e das ações desaúde prestadas à população e tam-bém podem propor e aprovar medidaspara aperfeiçoar a avaliação, a organi-zação, o planejamento, e o controledas ações e serviços. Além disso, de-vem acompanhar a participação decidadãos e organizações na aplicaçãodos recursos disponíveis. Mais infor-mações podem ser obtidas com oVereador Carlos Neder (PT) pelo [email protected]

    SÚMULA DA IMPRENSA é produzida apartir da leitura crítica dos principaisjornais diários e revistas semanais dopaís.Responsável pela seção:Daniela Sophia

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    especial dadosespecial dadosespecial dadosespecial dadosespecial dados

    MARIA DO CARMO LEALPesquisadora do Departamento de Epidemiologia eMétodos Quantitativos em Saúde/Ensp/Fiocruz

    FRANCISCO VIACAVACoordenador do Departamento de Informação em Saúde/CICT/Fiocruz

    No Brasil, informações sobre a oferta de serviçosde saúde estão disponíveis desde a década de30. A primeira referência aparece no AnuárioEstatístico do Brasil de 1936 (AEB ano II, p.263-91)e diz respeito aos serviços existentes nos estados enos municípios das capitais e do interior, em 1934.O Anuário apresenta dados sobre os estabelecimen-tos de saúde com ou sem internação, discriminadossegundo a entidade mantenedora, destino da assis-

    tência, especialidade médica, público alvo, custoda assistência e financiamento. Ao longo das déca-das seguintes, estes dados cont inuaram a serco letados , mas d iver sas mod i f i cações fo ramintroduzidas devido a mudanças na organizaçãoinstitucional e na conformação do setor da saúde.Essas mudanças tornaram os resultados obtidos di-ficilmente comparáveis no tempo.

    A partir de 1975, o Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística (IBGE) assumiu a responsabilida-de pelo planejamento, coleta e apuração da Pes-quisa Assistência Médico-Sanitária (AMS), com apublicação anual das Estatísticas de Saúde, cujoprimeiro volume foi divulgado em 1976. A série foiinterrompida em 1992, quando apenas o cadastrodas instituições foi divulgado. Após sete anos, em1999, com apoio financeiro do Ministério da Saúde,

    Maternidades do Brasil

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    a AMS voltou a ser publicada, des-ta vez em forma de monografia,abrangendo aspectos diversos daestrutura física, recursos diagnós-ticos, tipos de profissionais e ca-racterísticas administrativa e finan-ceiras dos estabelecimentos desaúde do país. Os últimos dados,coletados em 2001, ainda não fo-ram divulgados.

    A capacidade instalada de re-cursos físicos e humanos, a mo-dalidade de financiamento e a in-corporação tecno lóg ica sãoelementos importantes na avalia-ção da oferta de serviços e daspotencial idades do sistema desaúde para atender às necessida-des da população. Os dados daAMS podem ser de grande impor-tância para o planejamento dasações de saúde, pois permitem omonitoramento da distribuição ge-ográfica dos recursos, a identifi-cação de carências e excesso deoferta de tecnologias e o conhe-cimento da estrutura jurídico-administrativa dos estabelecimen-tos de saúde.

    Informações sobre a oferta deserviços podem demonstrar a for-ma como as alterações no nívelpolítico-institucional moldam a or-ganização de sistemas públicos eprivados, seja pela distribuição ge-ográfica de estabelecimentos desaúde, pela intens i f icação dadescentralização ou pela atuaçãodas operadoras de planos privadosde saúde. Além disso, podem serúteis para conhecer quantos equais estabelecimentos de saúdecompõem a rede de serv içosofertados pelo SUS, assim comoquantos e quais respondem peloatendimento dos clientes dos pla-nos de saúde privados. Da mesmaforma, podem indicar como ocor-re a expansão ou retração de cadasegmento (VIACAVA & BAHIA, 2002).

    As informações referentes àsespecialidades e tecnologias in-corporadas nos estabelecimentosprestam-se à identificação da pre-sença ou não de determinadosserviços, especialidades e equipa-mentos atribuídos à alta comple-xidade e ao alto custo. As possi-bilidades de retratar a situaçãoda oferta de serviços necessáriosà atenção das demandas e neces-sidades mais simples até às consi-deradas exigentes de tecnologiassofisticadas e a distribuição des-ses recursos representam um per-manente desafio para os gestorese estudiosos do setor saúde.

    Um panorama dos estabeleci-mentos de saúde que atendem aoparto é fundamental para se avaliara adequação da rede assistencial àsnecessidades de atenção médicadas gestantes e recém-nascidosneste momento da vida reprodutivadas mulheres.

    O parto e os problemas obsté-tricos são a principal causa deinternação nos hospitais públicos econveniados do SUS, correspondendoa 22,6% do total das 11.756.354internações realizadas e a 13,7% dogasto total com as hospitalizaçõesno país em 2001. (MS/Datasus —www.datasus.gov.br)

    Além de este tema ser impor-tante por sua magnitude, o atendi-mento ao parto e ao puerpério (*)tem recebido nas duas últimas dé-cadas uma especial atenção das au-toridades sanitárias nacionais, como objetivo de reduzir os índices damortalidade materna e infantil.

    Nos últimos anos, algumas ini-ciativas foram postas em práticapela Secretaria de Assistência àSaúde (SAS), do Ministério da Saú-de, com o objetivo de estimular aprática do parto normal (PortariaMS/GM nº 2.815 de 29/5/1998),restringir a incidência de partoscesáreos nos hospitais do SUS(Portaria MS/GM nº 2.816 de 29/5/1998), apoiar a montagem deunidades de cuidado perinatal in-termediário e intensivo (PortariaMS/GM nº 1.091, DOU 25/08/99) eestimular a acreditação dos ser-viços de maternidade (PortariaMS/GM nº 3.482 de 20/08/98). Es-sas medidas tornam o propósito deconhecer o perfil dos estabele-

    cimentos hospitalares que aten-dem ao parto um campo estraté-gico para o dimensionamento denecessidades de atenção pelo sis-tema público. Além disso, estabe-lecem as bases para estudos pos-ter io res de ava l iação dosresultados alcançados após as in-tervenções sugeridas.

    No Brasil, o atendimento aoparto é predominantemente hos-pitalar. Segundo os dados do Sis-tema de Informação sobre Nasci-dos Vivos (Sinasc), no ano de 1999,apenas 3 ,2% dos nasc imentosocorreram fora do ambiente hos-pitalar e, se consideradas as ou-tras instituições de saúde, essevalor diminui para 1,3%.

    A importância da utilização daAMS neste diagnóstico é que seusdados permitem uma avaliação douniverso dos hospitais, incorpo-rando os pertencentes ao setorprivado não conveniado com oSUS, para os quais são escassas asinformações disponíveis atualmen-te, já que seus dados não estãocontemplados no Sistema de In-formações Hospitalares do Minis-tério da Saúde (SIH/SUS).

    FONTES DE DADOSPara a análise do perfil das ma-

    ternidades, foi utilizado o conjun-to dos dados coletados pela últimaPesquisa Assistência Médico-Sanitá-ria (AMS), em 1999, considerando-se como universo deste estudo oconjunto de estabelecimentos desaúde visitados pelo IBGE, que in-formaram ter ocorrido pelo me-nos um nascimento vivo duranteo ano anterior (1998). Foram ex-cluídas da análise as instituiçõesque estavam classificadas comonão tendo serviço de internação,por terem sido responsáveis por

    (*) Para uma definição das palavras emnegrito, ver glossário na página 26.

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    apenas um por cento dos nasci-mentos computados pela AMS.

    Embora o produto da gesta-ção possa ser um nascido morto,não se utilizou a ocorrência des-te evento para ampliar o critériode inclusão das instituições, por-que se considerou a possibilida-de de este critério levar à sele-ção de serviços de emergênciaque atendam a casos de aborto,que possam ser incorretamenteclassificados como nascidos mor-tos, confundindo-os com mater-nidades. Além disso, os serviçosque atendem nascidos mortos,

    evento mais raro, atendem, so-bretudo, nascidos vivos e, portan-to, já estariam incluídos pelo cri-tério anterior.

    O número de nascidos vivosque se utilizou como denomina-dor dos indicadores foi retiradoda própria AMS. A população demulheres em idade fértil (10-49anos de idade) foi retirada dosite do IBGE (www.ibge.gov.br) eas taxas de fecundidade foramconseguidas na publicação Indi-cadores Básicos do Brasil — IDB2001, da Rede Interagencial deInformações para a Saúde (Ripsa).

    A análise dos dados segundoo tipo de financiamento apresen-ta algumas limitações, pois não épossível estimar, para os estabele-cimentos que declararam prestarserviços ao SUS e a clientes deplanos privados de saúde ou par-ticulares, qual a parte de um mes-mo estabelecimento destinada acada segmento assistencial.

    Da mesma maneira, deve-seter em mente que a informaçãoprestada sobre os recursos huma-nos presentes nos estabelecimen-tos pode implicar em múltiplascontagens, pois é comum o vín-

    Tabela 1Oferta de estabelec imento s que a tendem ao parto , leito s (berç o s), e número

    de nasc ido s v ivo s, seg undo Grandes Reg iõ es e Unidades da Federaç ão - Brasi l 1999

    UFESTA BELECIMENTOS BERÇOS BERÇOS

    POR ESTA B.NA SC IDOS VIVOS

    NÚMERO DISTR % NÚMERO DISTR % NÚMERO DISTR %

    BRA SIL 5.709 100,0 67.418 100,0 11,8 3.111.502 100,0

    RONDÔNIA 96 1,7 592 0,9 6,2 20.661 0,7

    A CRE 22 0,4 213 0,3 9,7 14.478 0,5

    A MA ZONA S 75 1,3 731 1,1 9,7 56.134 1,8

    RORA IMA 26 0,5 173 0,3 6,7 7.879 0,3

    PA RÁ 229 4,0 2.239 3,3 9,8 125.094 4,0

    A MA PÁ 12 0,2 120 0,2 10,0 12.113 0,4

    TOCA NTINS 89 1,6 582 0,9 6,5 23.162 0,7

    NORTE 549 9,6 4.650 6,9 8,5 259.521 8,3

    MARA NHÃO 292 5,1 3.209 4,8 11,0 108.721 3,5

    PIA UÍ 145 2,5 1.274 1,9 8,8 62.991 2,0

    CEA RÁ 255 4,5 2.745 4,1 10,8 161.057 5,2

    RIO GDE NORTE 146 2,6 1.218 1,8 8,3 53.279 1,7

    PA RA ÍBA 167 2,9 1.720 2,6 10,3 66.418 2,1

    PERNAMBUCO 284 5,0 3.160 4,7 11,1 160.101 5,1

    A LAGOAS 77 1,3 1.124 1,7 14,6 57.624 1,9

    SERG IPE 47 0,8 681 1,0 14,5 42.460 1,4

    BAHIA 432 7,6 4.364 6,5 10,1 229.309 7,4

    NORDESTE 1.845 32,3 19.495 28,9 10,6 941.960 30,3

    MINA S GERA IS 579 10,1 6.953 10,3 12,0 309.315 9,9

    ESPIRITO SANTO 102 1,8 1.197 1,8 11,7 55.214 1,8

    RIO DE JANEIRO 290 5,1 5.268 7,8 18,2 241.337 7,8

    SÃ O PA ULO 649 11,4 12.449 18,5 19,2 640.987 20,6

    SUDESTE 1.620 28,4 25.867 38,4 16,0 1.246.853 40,1

    PA RANÁ 438 7,7 4.684 6,9 10,7 178.143 5,7

    STA CA TARINA 187 3,3 2.297 3,4 12,3 89.122 2,9

    RIO GDE DO SUL 360 6,3 3.793 5,6 10,5 170.057 5,5

    SUL 985 17,3 10.774 16,0 10,9 437.322 14,1

    MATO GROSSO SUL 121 2,1 1.196 1,8 9,9 38.112 1,2

    MATO GROSSO 182 3,2 1.348 2,0 7,4 49.198 1,6

    GOIÁS 379 6,6 3.301 4,9 8,7 91.272 2,9

    DISTR ITO FEDERA L 28 0,5 787 1,2 28,1 47.264 1,5

    CENTRO OESTE 710 12,4 6.632 9,8 9,3 225.846 7,3

    Fonte: IBGE/AMS 99

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    culo de um mesmo profissionalcom diversas instituições.

    Os resultados são apresenta-dos por Grandes Regiões Geográfi-cas, por Unidades da Federação epor nível de complexidade das áre-as geográficas — Capitais, RegiõesMetropolitanas e Interior. As Regi-ões Metropolitanas selecionadasforam as 15 microrregiões definidaspelo IBGE em 1999 — Belém, SãoLuis, Fortaleza, Natal, Recife,Maceió, Salvador, Belo Horizonte,Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo,Curitiba, Florianópolis, Porto Alegree Goiânia. Brasília e as cidades sa-télites foram consideradas dentrodo grupo das Capitais.

    Os nascimentos estão compu-tados por local de ocorrência e,portanto, podem não estar ex-pressando exatamente o padrãodemográfico de cada área, masrefletindo também o fluxo dasgestantes em busca de atendi-mento mais qualificado nas capi-tais e áreas metropolitanas.

    ANÁLISE DA OFERTADE LEITOS PARA ATENÇÃO

    AO RECÉM-NASCIDOOs dados da Tabela 1 mos-

    tram que, no Brasil, em 1999,5.709 estabelecimentos de saúderealizaram atendimento ao parto.Esse valor representa 73% do con-junto global dos estabelecimen-tos com serviços de internaçãoe comprova que o atendimentoao parto é amplamente represen-tado na malha da rede hospitalardo país. As maternidades (hospi-tais especializados em obstetrí-cia) representaram somente 5%do total dos estabelecimentoscom internações . (V IACAVA &BAHIA, 2002)

    Na mesma tabela, a distribui-ção das instituições que atende-ram ao parto por Grandes RegiõesGeográficas aponta o Nordestecomo a que detém o maior núme-ro de estabelecimentos (32,3%) ea Norte como o menor (9,6%). Aregião Sudeste é a segunda em

    número de estabelecimentos, com28,4% dos hospitais, seguida daRegião Sul, com 17,3% e da regiãoCentro-Oeste, com 12,4%.

    Considerando por Unidade daFederação, é no estado de SãoPaulo que se concentra o maiornúmero de estabelec imentos,11,4% do total nacional, seguido deMinas Gerais (10,1%), Paraná (7,7%),Bahia (7,6%), Goiás (6,6%) e RioGrande do Sul (6,3%). Em situaçãointermediária ficam o Rio de Ja-neiro (5,1%), Ceará (4,5%) e Pará(4,0%). Os estados com menor nú-mero de estabelecimentos são oAmapá (0,2%), Acre (0,4%), Roraimae o DF (0,5%) e Sergipe (0,8%).

    Analisando estes mesmos indi-cadores segundo o tipo de municí-pio (Capital, Metropolitano e Inte-r ior), verif ica-se que 82% dosestabelecimentos estão localizadosnas cidades do interior do Brasil e orestante dividido entre a capital eas cidades do entorno metropolita-no. Na região Sudeste, esse padrão

    Tabela 1aOferta de estabelec imento s que a tendem ao parto , leito s (berç o s), e númerode nasc ido v ivo s, seg undo Grandes Reg iõ es e tipo de munic ípio - B ras i l 1999

    GRA NDESREGIÕES

    TIPO DEMUNIC ÍPIO

    ESTA BELECIMENTOS BERÇOS BERÇOSPOR ESTA B .

    NA SCIDOS VIVOS

    NÚMERO DISTR % NÚMERO DISTR % NÚMERO DISTR %

    BRASIL

    CA PITA L 518 9,1 12.502 18,5 24,1 722.531 23,2

    METROPOLITA NO 501 8,8 8.884 13,2 17,7 502.039 16,1

    INTERIOR 4.690 82,2 46.032 68,3 9,8 1.886.932 60,6

    TOTA L 5.709 100,0 67.418 100,0 11,8 3.111.502 100,0

    NORTE

    CA PITA L 34 6,2 582 12,5 17,1 29.728 11,5

    METROPOLITA NO 6 1,1 109 2,3 18,2 4.174 1,6

    INTERIOR 509 92,7 3.959 85,1 7,8 225.619 86,9

    TOTA L 549 100,0 4.650 100,0 8,5 259.521 100,0

    NORDESTE

    CA PITA L 120 6,5 2.662 13,7 22,2 191.681 20,3

    METROPOLITA NO 72 3,9 799 4,1 11,1 54.170 5,8

    INTERIOR 1.653 89,6 16.034 82,2 9,7 696.109 73,9

    TOTA L 1.845 100,0 19.495 100,0 10,6 941.960 100,0

    SUDESTE

    CA PITA L 251 15,5 6.271 24,2 25,0 343.021 27,5

    METROPOLITA NO 264 16,3 5.799 22,4 22,0 339.111 27,2

    INTERIOR 1.105 68,2 13.797 53,3 12,5 564.721 45,3

    TOTA L 1.620 100,0 25.867 100,0 16,0 1.246.853 100,0

    SUL

    CA PITA L 41 4,2 1.400 13,0 34,1 82.272 18,8

    METROPOLITA NO 117 11,9 1.841 17,1 15,7 91.176 20,8

    INTERIOR 827 84,0 7.533 69,9 9,1 263.874 60,3

    TOTA L 985 100,0 10.774 100,0 10,9 437.322 100,0

    CENTRO-OESTE

    CA PITA L 72 10,1 1.587 23,9 22,0 75.829 33,6

    METROPOLITA NO 42 5,9 336 5,1 8,0 13.408 5,9

    INTERIOR 596 83,9 4.709 71,0 7,9 136.609 60,5

    TOTA L 710 100,0 6.632 100,0 9,3 225.846 100,0

    Fonte: IBGE/AMS 99

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    se altera, aumentando para 15% e16,3% a participação percentual dosestratos da Capital e Metropolitano.(Tabela 1a)

    Essas instituições hospitala-res disponibilizaram 67.418 ber-ços para atendimento aos recém-nascidos, computados os leitospara recém-nascido normal e osde alojamentos conjunto. O Su-deste tem 38,4% do total, repre-sentando a região mais privilegi-ada, seguida do Nordeste, com28,9%. A inversão de posição emrelação ao número de institui-ções denota uma variação impor-tante no tamanho dos hospitaisda região Sudeste em relação àNordeste e expressa melhor a realdisponibil idade para o atendi-mento às gestantes e recém-nas-cidos. Para todas as outras regi-ões, decresce a proporção dosleitos quando se compara com adistribuição do número de esta-belecimentos (Tabela 1).

    Quanto à oferta de berços, osestados de São Paulo e Minas Ge-rais são os mais favorecidos, com18,5% e 10,3%. Na região Norte,excetuando-se o estado do Pará,que tem 3,3% dos berços, os de-mais apresentam uma oferta quegira em torno de menos de 1%.

    Por tipo de município, a dis-tribuição dos berços é menos dis-crepante, pois 68,3% deles estãono interior contra 18,5 e 13,2% nascapitais e regiões metropolitanasrespectivamente (Tabela 1a). Asdiferenças entre as regiões sãograndes. Na região Norte 85,1%dos berços estão localizados nointerior e na região Sudeste ape-nas 53,3%.

    O indicador ‘número de ber-ços por estabelecimento’ confir-ma o maior tamanho das institui-ções da reg ião Sudeste, comdestaque para os estados de SãoPaulo e Rio de Janeiro, com 19,2e 18,2 leitos por instituição. Cha-ma a atenção a situação do Distri-to Federal que, apesar de disporde apenas 0,5% dos estabeleci-mentos do país, tem uma médiade 28,1 berços por estabeleci-mento. (Tabela 1)

    Nasceram nos hospitais re-censeados 3.111.502 crianças,40,1% delas na região Sudeste,30,3% na região Nordeste, 14,1%no Sul, 8,3% no Norte e 7,3% noCentro-Oeste. No mesmo ano, oSistema de Informações sobreNascidos Vivos (Sinasc) registrou3.256.433 nascimentos, númeromuito próximo do identificado nas

    inst i tu ições recenseadas peloIBGE. Há que se considerar queainda não é completa a cobertu-ra do Sinasc e que a AMS não in-clui os partos não hospitalares,que neste ano corresponderam a3,3% do total (MS/Datasus).

    A localização dos leitos deveseguir o padrão de necessidade dehospitalização das populações. Demodo geral há uma correspondên-cia entre a distribuição dos recém-nascidos e dos berços, sendo queno interior é relativamente maiora oferta de leitos, provavelmentepela necessidade de dispersão dasinstituições, já que estão distribu-ídas em um território muito maiore de menor densidade demográficado que nas outras duas áreas. Avariação nas taxas de fecundidadeentre as áreas também pode expli-car as diferenças encontradas.

    Nas cidades do interior doBrasil ocorreram 60,6% dos nasci-mentos hospitalares, nas capitais23,2% e nas regiões metropolita-nas do entorno, 16,1%. Analisandopor Região Geográfica, observa-senovamente uma grande dispersãodos nascimentos pelos três estra-tos no Sudeste e uma concentra-ção no interior nas Regiões Nortee Nordeste. (Tabela 1a)

    Gráfico 1Taxa de fecundidade e oferta de leitos totais

    e para recém-nascidos por Grandes Regiões — Brasil 1999

    Fonte: IBGE/AMS99

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    Só é possível, no entanto,quantificar efetivamente as ca-rências ou excessos de oferta porárea geográfica quando se leva emconta o tamanho da população demulheres em idade fértil. Um in-dicador para isso é o número deberços por mil mulheres em ida-de fértil, clientela em potencialdestes serviços.

    A média brasileira foi de 1,2berços por mil mulheres de 10 a49 anos de idade, observando-seuma relativa homogeneidade nadistribuição dos leitos por RegiãoGeográfica, que variou de 1,1 nasregiões Norte e Sudeste a 1,7berços por mil mulheres de 10 a49 anos na região Centro-Oeste,onde a média de berços por mu-lheres está 40% acima do padrãonacional. (Gráfico 1)

    Uma outra maneira de anali-sar a oferta de leitos é confrontá--la com a taxa de fecundidade. NoGráfico 1, é possível constatarque as regiões Norte e Nordestedetêm taxas de fecundidade maiselevadas que as outras, possuin-do, no entanto, menor oferta de

    berços por população femininaem idade fértil. Verifica-se tam-bém, no mesmo gráfico, que a dis-tribuição dos leitos totais por milhabitantes não só confirma, comoamplifica muito as desigualdadesregionais verificadas para a distri-buição dos berços, mostrando queas carências são ainda maiorespara cobrir as demais necessida-des de saúde das populações des-tas áreas em outras faixas etárias.

    A taxa de fecundidade é umindicador mais preciso para seavaliar a oferta de berços porquerepresenta o número de filhos ti-dos pela população feminina emidade fértil em um determinadoano. No Gráfico 2, os estados fo-ram ordenados por um índice re-sultante da divisão da taxa defecundidade total pelo númerode berços por mil mulheres emidade fértil para o ano de 1999.São apresentados em ordem de-crescente e divididos em trêsgrupos. O pr imeiro, compostopor alguns estados da região Cen-tro-Oeste (Goiás, Mato Grosso eMato Grosso do Sul), da região

    Sul (Paraná e Santa Catarina) eda região Nordeste (Maranhão,Rio Grande do Norte, Paraíba ePiauí), ocupam o terço superiordesta relação de adequação, evi-denciando uma maior oferta re-lativa de berços. Estados da re-gião Norte (Amazonas, Amapá,Pará e Acre), da região Nordes-te (Alagoas, Ceará, Sergipe eBahia), juntos ao estado de SãoPaulo, ocupam o terço inferiordo gráfico, evidenciando uma si-tuação de maior carência de ber-ços em relação às suas necessi-dades. Os demais estados têmuma relação mais equilibrada en-tre a taxa de fecundidade e aoferta de leitos.

    ANÁLISE DA OFERTA DEEQUIPAMENTOS E SERVIÇOS

    DE ALTA COMPLEXIDADESegundo dados do Sinasc, no

    ano de 1999 ocorreram 6,2% denascimentos prematuros e 7,7%com peso inferior a 2500g. Crian-ças que nascem prematuras, combaixo peso ou com outras patolo-gias específicas, freqüentemente

    Gráfico 2Taxa de fecundidade e oferta de leitos para recém-nascidos

    por Estados da Federação — Brasil 1999

    Fonte: IBGE/AMS99

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    necessitam de suporte tecnológicode variada intensidade para aten-dimento na unidade de saúde ondenasceram ou em outra para a qualsejam transportados. Algumas dascomplicações do recém-nascidosão previsíveis antes do parto e agestante deve ser encaminhadapara atendimento em um hospitalequipado para recebê-la.

    Se a disponibilidade de leitospara os recém-nascidos apresen-ta grandes desigualdades dentro dopaís, a situação se agrava com rela-ção à oferta de equipamentosespecializados para o atendimentoneonatal.

    Na Tabela 2, pode-se ver osequipamentos selecionados pelaAMS99 para avaliar a atenção aorecém-nascido na sala de parto. Deuma maneira geral, pode-se assu-mir que, dentre os selecionados,o berço aquecido, a incubadora,f ixa ou de transporte, e oreanimador pulmonar infantil de-vem compor o conjunto de equi-pamentos mínimos disponíveis nasala de parto de qualquer unida-de de saúde que atenda ao recém-nascido. O equipamento parafototerapia, o bilirrubinômetro eo respirador/ventilador infantilpodem ser considerados como

    necessários às unidades com mai-or nível de complexidade.

    Não existe incubadora em24,3% de todos os hospitais. Nasregiões Norte e Nordeste estasc i f ras aumentam para 35,2 e42,4%. O Sudeste e o Sul têm, res-pectivamente, 7,2 e 13,9% de es-tabelecimentos sem esse equipa-mento e a região Centro-Oestefica com valores próximos da mé-dia nacional.

    Por Unidade da Federação, ob-serva-se que alguns estados do Nor-te — Pará e Rondônia — e do Nor-deste — Alagoas, Pernambuco,Paraíba e Bahia — têm uma situação

    Tabela 2Po rc entag em de estabelec imento s que a tendem ao parto e não po ssuem equipamento s de

    neo nato lo g ia , seg undo Grandes Reg iõ es e Unidades da Federaç ão - B ras i l 1999

    UF INCUBA DORA BERÇOA QUECIDOEQ PA RA

    FOTOTERA PIAB IL IRRUB I-NÔMETRO

    REA NIMA DORPULMONARINFA NTIL

    RESPIRA DOR/VENTILA DOR

    INFA NTILUTIN* UTIN**

    BRA SIL 24,3 41,3 52,1 94,5 69,9 73,6 92,3 98,8

    RONDÔNIA 34,4 76,0 67,7 100,0 84,4 87,5 96,9 100,0

    A CRE 59,1 72,7 77,3 100,0 90,9 72,7 95,5 100,0

    A MA ZONA S 45,3 66,7 78,7 93,3 85,3 86,7 97,3 100,0

    RORA IMA 50,0 69,2 84,6 100,0 84,6 84,6 92,3 100,0

    PA RÁ 21,4 62,0 62,4 96,5 74,7 84,3 95,2 99,6

    A MA PÁ 50,0 75,0 83,3 100,0 75,0 83,3 91,7 100,0

    TOCA NTINS 50,6 66,3 76,4 95,5 84,3 88,8 96,6 97,8

    NORTE 35,2 66,8 69,9 96,9 80,5 85,4 95,8 99,5

    MARA NHÃO 42,5 75,0 85,6 96,9 83,9 82,9 97,9 99,3

    PIA UÍ 73,1 87,6 92,4 96,6 88,3 95,2 99,3 100,0

    CEA RÁ 49,8 73,7 71,4 97,3 85,5 85,9 95,7 98,0

    RIO GDE NORTE 53,4 77,4 84,2 99,3 79,5 89,7 97,3 100,0

    PA RA ÍBA 37,1 70,1 76,6 98,8 85,6 80,8 96,4 100,0

    PERNAMBUCO 28,5 59,9 70,1 96,1 79,2 83,8 93,7 99,3

    A LAGOAS 14,3 59,7 68,8 98,7 74,0 72,7 90,9 98,7

    SERG IPE 57,4 44,7 68,1 100,0 78,7 74,5 95,7 100,0

    BAHIA 38,7 61,1 71,8 97,7 78,5 79,4 96,8 99,8

    NORDESTE 42,4 68,6 76,5 97,5 81,7 83,3 96,3 99,4

    MINA S GERA IS 9,7 29,0 35,2 92,7 63,2 72,0 95,9 99,7

    ESPIRITO SANTO 17,6 19,6 38,2 97,1 57,8 71,6 85,3 97,1

    RIO DE JANEIRO 4,8 13,1 21,4 81,0 61,7 52,8 80,7 95,5

    SÃ O PA ULO 4,3 10,0 13,4 90,0 50,5 43,9 76,9 96,8

    SUDESTE 7,2 18,0 24,2 89,8 57,5 57,3 84,9 97,6

    PA RANÁ 13,5 11,4 46,3 96,1 58,9 72,6 94,7 99,8

    STA CA TARINA 12,3 13,4 34,8 98,4 65,2 75,9 94,7 100,0

    RIO GDE DO SUL 15,3 14,4 31,7 94,4 61,1 71,7 90,6 96,7

    SUL 13,9 12,9 38,8 95,9 60,9 72,9 93,2 98,7

    MATO GROSSO SUL 16,5 36,4 48,8 95,9 59,5 77,7 94,2 100,0

    MATO GROSSO 24,7 42,9 55,5 96,2 69,2 73,6 96,2 98,9

    GOIÁS 24,0 49,1 63,3 93,1 77,6 81,3 96,8 99,7

    DISTR ITO FEDERA L 0,0 7,1 25,0 71,4 57,1 39,3 67,9 92,9

    CENTRO OESTE 22,0 43,7 57,3 93,5 71,5 77,0 95,1 99,3

    Fonte: IBGE/AMS 99* Lei to s para cuidado i ntermediário e intensi v o** Le i to s para cuidado intensiv o

  • RADIS 2 ! SET/2002

    [ 15 ]

    mais favorável do que os seus paresregionais. Os estados do Rio de Ja-neiro e São Paulo têm a mais elevadacobertura de incubadoras e o Distri-to Federal não tem nenhuma unida-de de atendimento ao parto que nãodisponha desse equipamento.

    Quanto ao berço aquecido,verifica-se uma maior carência nosestabelecimentos e a distribuiçãoentre as regiões segue a mesmalógica descrita para a incubado-ra, sendo que o Sul do Brasil temrelativamente maior oferta desserecurso do que o Sudeste.

    Mais de 50% dos hospitais in-formaram não dispor de equipa-mento para fototerap ia , comgrandes variações regionais. NoNordeste esta proporção chega a76,5%, no Norte 69,9%, no Sul38,8% e no Sudeste 24,2%. O Cen-tro-Oeste apresenta novamentevalores próximos da média do país.Os estados de São Paulo, Rio deJaneiro e o Distrito Federal con-tinuam liderando o ranking dosmais bem equipados.

    A presença de um bilirrubi-nômetro no estabelecimento desaúde pode ser entendida comoum indicador da existência deapoio laboratorial para o atendi-mento ao recém-nascido de ris-co. Entretanto, poucos serviçostêm esse tipo de equipamento(apenas 5,5%), com grande seme-lhança entre as regiões e Unida-des da Federação. Destacam-se,em situação de vantagem, o Dis-trito Federal e o estado do Riode Janeiro.

    O reanimador pulmonar, equi-pamento utilizado para melhorara capacidade respiratória do re-cém-nascido, estava ausente em69,9% dos hospitais que atende-ram ao parto no país, existindoimportantes variações regionais.No Sudeste, o percentual cai para57,5%, no Sul 60,9%, no Centro-Oeste 71,5%, no Norte 80,5% e noNordeste 81,7%. Considerando osestados da Federação, verifica-senovamente a situação de vantagemdo Distrito Federal (39,3%) e de

    São Paulo (50,5%). Nos estados doNorte e Nordeste, o percentualde ausência desse equipamentonos hospitais está acima de 75%,com exceção do Acre, Alagoas eSergipe.

    Procedimentos de ventilaçãomecânica são utilizados para apoioa recém-nascidos com risco devida e devem ser executados porprofissionais qualif icados paraesse tipo de intervenção. No Bra-sil, 73,6% dos estabelecimentosnão possuem este equipamento,sendo a situação um pouco maisfavorável na Região Sudeste, prin-cipalmente são Paulo e Rio deJaneiro, e no Distrito Federal, quetem a melhor situação. (Tabela 2)

    Considerando o tipo de mu-nicípio, observa-se que, de modogeral os estabelecimentos dascapitais são mais bem equipadosdo que os da região metropolita-na e estes encontram-se em me-lhor situação do que os do inte-rior (Tabela 2a). A incubadora é oequipamento mais freqüente e

    Tabela 2aPo rc entag em de estabelec imento s que a tendem ao parto e não po ssuem

    equipamento s de neo nato lo g ia, po r Grandes Reg iõ es e Tipo de Munic ípio - B ras i l 1999

    GRA NDESREG IÕES

    TIPO DEMUNICÍPIO

    INCUBA -DORA

    BERÇOA QUECIDO

    EQ PA RAFOTO-

    TERA PIAB IL IRRUB I-NÔMETRO

    REA NIMA DORPULMONARINFA NTIL

    RESPIRA DOR/-VENTILA DOR

    INFA NTILUTIN* UTIN**

    BRA SIL

    CAPITA L 6,6 12,9 22,0 80,7 50,8 43,4 66,0 90,9

    METROPOLITANO 11,4 19,2 30,7 92,4 60,7 56,9 84,4 97,8

    INTERIOR 27,6 46,8 57,7 96,2 73,0 78,7 96,1 99,7

    TOTA L 24,3 41,3 52,1 94,5 69,9 73,6 92,3 98,8

    NORTE

    CAPITA L 5,9 23,5 20,6 97,1 41,2 67,6 73,5 97,1

    METROPOLITANO 0,0 66,7 16,7 83,3 16,7 66,7 100,0 100,0

    INTERIOR 37,5 69,7 73,9 97,1 83,9 86,8 97,2 99,6

    TOTA L 35,2 66,8 69,9 96,9 80,5 85,4 95,8 99,5

    NORDESTE

    CAPITA L 7,5 18,3 35,0 90,0 60,0 48,3 69,2 91,7

    METROPOLITANO 30,6 50,0 65,3 100,0 66,7 80,6 95,8 100,0

    INTERIOR 45,5 73,0 80,0 97,9 84,0 86,0 98,2 99,9

    TOTA L 42,4 68,6 76,5 97,5 81,7 83,3 96,3 99,4

    SUDESTE

    CAPITA L 6,8 10,4 17,5 74,5 47,8 35,5 60,2 90,0

    METROPOLITANO 5,3 13,3 16,7 89,0 58,3 42,0 76,5 96,2

    INTERIOR 7,7 20,8 27,5 93,5 59,5 65,9 92,5 99,6

    TOTA L 7,2 18,0 24,2 89,8 57,5 57,3 84,9 97,6

    SUL

    CAPITA L 2,4 0,0 7,3 82,9 43,9 39,0 61,0 80,5

    METROPOLITANO 7,7 6,0 29,9 95,7 59,8 65,0 91,5 99,1

    INTERIOR 15,4 14,5 41,6 96,6 61,9 75,7 95,0 99,5

    TOTA L 13,9 12,9 38,8 95,9 60,9 72,9 93,2 98,7

    CENTRO-OESTE

    CAPITA L 6,9 15,3 25,0 77,8 54,2 54,2 80,6 95,8

    METROPOLITANO 28,6 33,3 64,3 92,9 73,8 85,7 92,9 100,0

    INTERIOR 23,3 47,8 60,7 95,5 73,5 79,2 97,0 99,7

    TOTA L 22,0 43,7 57,3 93,5 71,5 77,0 95,1 99,3

    Fonte: IBGE/AMS 99* Lei to s para cuidado i ntermediário e intensi v o** Le i to s para cuidado intensiv o

  • RADIS 2 ! SET/2002

    [ 16 ]

    está ausente em apenas 6,6% doshospitais das capitais, com muitasemelhança entre as regiões. Nointerior, a falta deste equipamen-to é de 27,6%, com grandes varia-ções regionais — 7,2% no Sudestee 42,4% no Nordeste, regiões queapresentam, respectivamente, osmenores e maiores valores. Os equi-pamentos menos presentes são obilirrubinômetro e o respirador/ventilador infantil. O primeiro é en-contrado em menos de 20% dos es-tabelecimentos das capitais e em me-nos de 4% do interior. O segundo estádisponível em quase 60% dos hospi-tais das capitais e em pouco mais de

    20% no interior. A variação na dispo-nibilidade de ventilação mecânicapara as regiões é pequena em rela-ção às capitais e muito grande emrelação ao interior. As regiões me-tropolitanas têm uma situação pró-xima à das capitais, com exceção daregião Norte, que está mais bemequipada, e do Centro-Oeste e Nor-deste, onde a situação está bem pior.As regiões que têm menor desigual-dade na distribuição desses dois ti-pos de equipamentos são a Sudestee a região Sul. (Tabela 2a)

    A existência de equipamentosespecíficos para atendimento aorecém-nascido não s ignif ica a

    constituição de uma unidade decuidado neonatal intermediário ouintensivo, já que um dos elemen-tos mais importantes nesse tipo deatenção é o recurso humano trei-nado e habilitado para essa fun-ção. Por esse motivo, 92,3% dasunidades hospitalares declararamnão ter uma unidade de terapiaintensiva neonatal, embora dispo-nham, em maior proporção, deequipamentos com relativo grau desofisticação. Utilizando-se o crité-rio de presença de pelo menos umleito declarado como específicopara o cuidado neonatal nas insti-tuições, identificam-se somente

    Mapa 1Localização geográfica dos estabelecimentos que atendem

    ao parto por modalidade de financiamento

    Localização dosestabelecimentos

    que atendem ao partoque possuem UTIN

    Fonte: IBGE/AMS99

  • RADIS 2 ! SET/2002

    [ 17 ]

    Tabela 3Número de equipamento s em insti tuiç õ es que a tendem ao parto po r 10 mi l nasc ido s v ivo s,

    seg undo Grandes Reg iõ es e Unidades da Federaç ão - B ras i l 1999

    UF BERÇOS INCUBA -DORABERÇO

    A QUECIDOEQ PA RA

    FOTO-TERA PIA

    B IL IRRUB I-NÔMETRO

    REA NIMA DORPULMONA RINFA NTIL

    RESPIRA DOR/VENTILA DOR

    INFA NTILUTIN* UTIN**

    BRA SIL 216,7 41,0 30,4 22,2 1,2 17,4 13,5 9,4 4,0

    RONDÔNIA 286,5 41,6 14,0 16,0 0,0 10,6 6,3 2,4 0,0

    A CRE 147,1 10,4 6,2 4,1 0,0 2,1 4,1 1,4 0,0

    A MA ZONA S 130,2 16,6 9,1 7,7 0,9 3,4 2,5 0,4 0,0

    RORA IMA 219,6 45,7 22,8 22,8 0,0 7,6 7,6 7,6 0,0

    PA RÁ 179,0 26,0 13,6 12,1 0,6 8,2 5,3 3,8 1,0

    A MA PÁ 99,1 19,0 12,4 16,5 0,0 2,5 2,5 5,0 0,0

    TOCA NTINS 251,3 31,9 16,0 10,8 1,7 7,8 6,9 13,0 10,4

    NORTE 179,2 25,1 12,7 11,4 0,7 6,7 4,8 3,8 1,4

    MARA NHÃO 295,2 23,2 14,2 7,0 0,8 7,5 7,7 4,8 3,4

    PIA UÍ 202,3 10,5 7,6 2,4 1,1 3,5 1,7 0,8 0,0

    CEA RÁ 170,4 20,0 8,3 8,9 0,4 4,3 5,5 6,9 5,2

    RIO GDE NORTE 228,6 19,9 13,3 9,8 0,2 8,8 3,6 3,6 0,0

    PA RA ÍBA 259,0 26,2 14,5 9,8 0,3 6,0 7,7 5,0 0,0

    PERNAMBUCO 197,4 31,4 20,3 12,3 0,8 9,9 5,7 4,7 1,4

    A LAGOAS 195,1 25,2 12,8 9,7 0,2 6,6 6,1 8,3 3,5

    SERG IPE 160,4 8,2 18,8 9,2 0,0 3,8 6,1 2,6 0,0

    BAHIA 190,3 21,1 17,3 11,7 0,5 7,3 5,3 3,5 0,5

    NORDESTE 207,0 22,2 14,6 9,7 0,5 6,8 5,6 4,6 1,9

    MINA S GERA IS 224,8 48,7 33,3 27,4 1,7 22,9 12,0 3,8 1,0

    ESPIRITO SANTO 216,8 33,3 40,8 30,4 0,5 24,6 14,3 19,4 8,7

    RIO DE JA NEIRO 218,3 48,2 32,2 29,8 2,7 20,5 20,8 17,5 8,5

    SÃ O PA ULO 194,2 56,0 41,6 33,5 1,6 28,5 25,3 15,1 5,6

    SUDESTE 207,5 51,7 37,7 31,1 1,8 25,4 20,7 12,9 5,2

    PA RANÁ 262,9 54,7 51,9 25,9 1,0 19,9 14,3 5,9 1,0

    STA CA TARINA 257,7 47,8 42,2 24,2 0,3 30,1 9,8 5,2 0,0

    RIO GDE DO SUL 223,0 64,2 55,0 37,2 1,6 22,5 21,0 22,6 16,3

    SUL 246,4 57,0 51,1 29,9 1,1 23,0 16,0 12,3 6,7

    MATO GROSSO SUL 313,8 50,9 40,4 25,5 1,3 18,6 10,8 6,3 0,0

    MATO GROSSO 274,0 41,1 30,1 21,3 1,4 18,1 16,3 12,4 7,5

    GOIÁS 361,7 48,5 32,6 22,8 2,8 15,6 12,3 6,4 1,5

    DISTR ITO FEDERA L 166,5 52,5 41,9 22,9 2,1 27,3 11,0 18,0 11,2

    CENTRO OESTE 293,7 48,1 35,3 22,9 2,1 19,1 12,6 10,1 4,6

    Fonte: IBGE/AMS 99* Lei to s para cuidado i ntermediário e intensi v o** Le i to s para cuidado intensiv o

    7,7% dos estabelecimentos. Obser-vando-se essa porcentagem porRegião Geográfica, o Sudeste tema melhor situação, com 15,1%, e nasdemais regiões essa porcentagemgira em torno de 5% dos estabele-cimentos. Por Unidades da Fede-ração, essa porcentagem chega, nomáximo, a 32,1% no Distrito Fede-ral, fica em torno de 20% em SãoPaulo, Rio de Janeiro e EspíritoSanto, e atinge a menor cifra (0,7%)no Piauí (Tabela 2).

    Em uma revisão sobre o cuidadointensivo em neonatologia, Novaes(2000) identificou que a atenção in-tensiva completa pressupõe instala-

    ções físicas e recursos humanos derotina que dificilmente são viáveis deserem mantidas em serviços com me-nos de 10 leitos. A análise das unida-des, a partir do número de leitos es-pecíficos para o cuidado neonatal naAMS99, evidencia que a maioria dosserviços podem ser consideradoscomo unidades intermediárias deatenção neonatal (UI), já que pos-suem um pequeno número de lei-tos. Apenas 71 estabelecimentos(1,2% dos 5.079 que atenderam aoparto) têm mais de 10 leitos, po-dendo ser considerados Unidadesde Terapia Intensiva Neonatal(Utin). As unidades federadas que

    têm situação mais favorável são no-vamente o Distrito Federal, o Riode Janeiro, Rio Grande do Sul e SãoPaulo. (Tabela 2, Mapa 1)

    Mais desigual ainda é a distri-buição dos leitos para o cuidadoneonatal por tipo de município. Nascapitais concentram-se mais da me-tade desse tipo de leito, que so-mados aos das áreas metropolita-nas equivalem a 71,5% do total,restando apenas 28,5% para seremdistribuídos pelo interior. Todas asregiões mantêm o padrão de teremmais da metade dos leitos para ocuidado neonatal localizados nacapital, mas diferem quanto à fra-

  • RADIS 2 ! SET/2002

    [ 18 ]

    ção da área metropolitana e do in-terior. No Sudeste, há um maiorequilíbrio entre estes últimos doisestratos. No Norte, Sul e Centro-Oeste há uma maior participaçãorelativa do interior e, no Nordes-te, a quase totalidade dos leitosestá nas capitais.

    No Brasil, a média de leitospara o cuidado neonatal por re-cém-nascido foi de 9,4 por dez milnascidos vivos, ficando as regiõesNorte e Nordeste com menos dametade desse índice e as outrastrês acima (Tabela 3). As desigual-dades nesse indicador aumentammuito quando se enfoca as Unida-des da Federação. O Rio Grandedo Sul, o Espírito Santo, o DistritoFederal e o Rio de Janeiro têm qua-renta e cinco vezes mais leitos queo Amazonas. Os estados de Sergipe,Bahia, Rio Grande do Norte e Parátambém se encontram em situaçãode muita desvantagem, apresen-tando coeficientes quatro a cin-co vezes menores de le itosofertados às suas populações derecém-nascidos.

    Por tipo de município, verifi-ca-se que as Capitais têm mais decinco vezes mais leitos para o cui-dado neonatal por recém-nascidodo que no interior e é exatamenteno interior onde nasce a maioriadas crianças brasileiras (Tabela 3a).Nas regiões metropolitanas, a situ-ação é um pouco melhor que nointerior e isso deve ser analisadodentro da perspectiva de seremáreas contíguas às capitais, tendo,portanto, possibilidade de desloca-mento para acesso aos recursosdisponíveis nestas últimas.

    Levando-se em conta o crité-rio das instituições terem dez oumais leitos, a realidade da cober-tura às necessidades do cuidadointensivo fica muito mais dramáti-ca. As disparidades regionais aumen-tam e as Unidades da Federação quetêm maior presença desse tipo deserviço são o Rio Grande do Sul,com 16,3 leitos por dez mil nasci-dos vivos, o Distrito Federal (11,2),o Tocantins (10,4), o Espírito Santo(8,7) e o Rio de Janeiro, com 8,5(Tabela 3). Mesmo nas capitais, 90%

    dos estabelecimentos que atendemao parto não têm esse tipo de re-curso. Na região Norte, opercentual sobe para 97% e no Sulbaixa para 80%. No interior, a situa-ção se agrava ainda mais e desapa-recem as diferenças entre as Gran-des Regiões do Brasi l. Mereceespecial destaque a situação dasregiões Norte e Nordeste que têmmais de 70% das suas crianças nas-cendo no interior e contando, res-pectivamente, com apenas 0,4 e0,1% de hospitais destas áreas comserviço de Unidade de Terapia In-ensiva Neonatal (Utin) com mais dedez leitos. (Tabela 2a)

    Não há um parâmetro único dereferência para cobertura adequa-da de leitos de Utin por recém-nas-cido. A complexidade tecnológicada oferta de leitos varia muito se-gundo o grau de desenvolvimentodos países. Os países ricos, em es-pecial os Estados Unidos da Améri-ca, apresentam um elevado grau deincorporação tecnológica e nãodevem ser tomados como referên-cia para a nossa realidade. Em um

    Tabela 3aNúmero de equipamento s em insti tuiç õ es que atendem ao parto po r 10 mi l nasc ido s v ivo s,

    seg undo Grandes Reg iõ es e tipo de munic ípio - Bras i l 1999

    GRA NDESREGIÕES

    TIPO DEMUNIC ÍPIO BERÇOS

    INCUBA-DORA

    BERÇOA QUECIDO

    EQ PARAFOTO-

    TERA PIAB IL IRRUB I-NÔMETRO

    REA NIMA DORPULMONA RINFA NTIL

    RESPIRA DOR/-VENTILA DOR

    INFA NTILUTIN* UTIN**

    BRA SIL

    CA PITA L 173,0 49,8 37,5 30,8 1,8 26,0 22,9 22,1 17,8

    METROPOLITA NO 177,0 36,7 30,5 22,5 1,1 16,2 14,2 9,7 2,7

    INTERIOR 244,0 38,8 27,6 18,9 1,0 14,5 9,7 4,4 0,9

    TOTA L 216,7 41,0 30,4 22,2 1,2 17,4 13,5 9,4 4,0

    NORTE

    CA PITA L 195,8 42,7 23,5 25,9 0,3 14,8 11,8 14,5 4,0

    METROPOLITA NO 261,1 28,7 16,8 19,2 2,4 19,2 4,8 0,0 0,0

    INTERIOR 175,5 22,7 11,2 9,4 0,7 5,4 3,9 2,5 1,1

    TOTA L 179,2 25,1 12,7 11,4 0,7 6,7 4,8 3,8 1,4

    NORDESTE

    CA PITA L 138,9 32,4 22,9 17,6 0,7 11,8 10,4 16,2 8,6

    METROPOLITA NO 147,5 17,9 11,1 8,1 0,0 8,1 3,0 1,1 0,0

    INTERIOR 230,3 19,7 12,6 7,6 0,5 5,3 4,5 1,7 0,2

    TOTA L 207,0 22,2 14,6 9,7 0,5 6,8 5,6 4,6 1,9

    SUDESTE

    CA PITA L 182,8 60,8 42,4 39,9 2,6 38,8 32,1 24,8 12,9

    METROPOLITA NO 171,0 38,1 31,7 24,8 1,4 14,1 17,0 11,6 4,4

    INTERIOR 244,3 54,3 38,5 29,6 1,5 24,1 15,9 6,5 0,9

    TOTA L 207,5 51,7 37,7 31,1 1,8 25,4 20,7 12,9 5,2

    SUL

    CA PITA L 170,2 49,6 55,5 30,5 1,0 12,0 27,7 32,8 25,6

    METROPOLITA NO 201,9 43,8 37,8 23,8 0,5 28,8 12,0 8,1 1,9

    INTERIOR 285,5 63,8 54,3 31,9 1,3 24,4 13,7 7,3 2,5

    TOTA L 246,4 57,0 51,1 29,9 1,1 23,0 16,0 12,3 6,7

    CENTRO-OESTE

    CA PITA L 209,3 47,2 38,4 24,9 2,4 23,1 12,5 16,4 8,8

    METROPOLITA NO 250,6 33,6 32,1 13,4 2,2 17,2 7,5 8,2 0,0

    INTERIOR 344,7 50,1 34,0 22,8 2,0 17,1 13,2 6,8 2,7

    TOTA L 293,7 48,1 35,3 22,9 2,1 19,1 12,6 10,1 4,6

    Fonte: IBGE/AMS 99* Le i to s para cuidado i ntermediário e intensiv o** Le i tos para cui dado intensi v o

  • RADIS 2 ! SET/2002

    [ 19 ]

    estudo realizado pelo ConselhoRegional de Medicina do Estado doRio de Janeiro (Cremerj) em 1998sobre o diagnóstico da AssistênciaPerinatal no Estado, foram estabe-lecidos, por consenso dos especi-alistas, alguns parâmetros para a as-sistência neonatal. Estipulou-se anecessidade de três leitos de Uni-dade Intermediária Neonatal (UI) e1 leito de Utin por mil nascidos vi-vos. Este último critério é semelhan-te ao definido pela Austrália, queestabeleceu a quota de 1,1 leito deTerapia Intensiva Neonatal (critériode 10 ou mais leitos por estabele-cimento) para cada mil nascidos vi-vos. (Novaes, 2000)

    Tendo em vista a ausência, nosdados da AMS99, de maiorespecificação dos equipamentos erecursos humanos disponíveis nosestabelecimentos, pode-se tomarcomo parâmetro o critério austra-liano de considerar como tendoUtin apenas os hospitais que dis-põem de dez ou mais leitos de cui-dado intensivo e os demais comoUI. Assim sendo, pode-se estimar amagnitude da carência destes re-cursos de atendimento na redehospitalar nacional de atenção aorecém-nascido. Atualmente dispõe-se de 0,4 leito para cada mil nasci-dos vivos e o esperado seriam qua-tro (3 de UI e 1 de Utin).

    Nenhuma unidade da Federa-ção dispõe do nível de coberturarecomendado pelo Cremerj. As quetêm melhor situação — Rio Grandedo Sul, Espírito Santo, Distrito Fe-deral e Rio de Janeiro — estão comvalores próximos da metade destameta. Algumas outras — Amazonas ePiauí — estão muito abaixo, de cin-co a dez vezes.

    Considerando o critério de 10ou mais leitos para uma unidade decuidados intensivos neonatais serconsiderada uma Utin, apenas osestados do Rio Grande do Sul, oDistrito Federal e Tocantins ficamdentro do esperado. O Rio de Ja-neiro, São Paulo e Mato Grosso seaproximam do valor almejado e umagrande quantidade de unidadesfederadas — Rondônia, Acre, Ama-zonas, Roraima, Amapá, Piauí, RioGrande do Norte, Paraíba Sergipee Santa Catarina — não têm nenhu-ma unidade de saúde com esta ca-racterística.

    A análise da oferta atual per-mite estimar o déficit de leitos paracada unidade federada, levando-seem consideração que a montagemde uma UI e Utin implica, além de

    equipamentos, em pessoal treina-do para que o seu uso redunde naefetividade desejada.

    O cuidado intensivo é hoje umrecurso necessário à sobrevivênciade recém-nascidos prematuros. So-bretudo diante das elevadas taxasde prematuridade do Brasil, a desi-gualdade na oferta de serviços comeste nível de complexidade pode servista como um instrumento de ma-nutenção das desigualdades em saú-de, que implica em perda de recém-nascidos viáveis nas áreas menosassistidas, aumentando, desta forma,as taxas de mortalidade infantil.

    ANÁLISE DA DISPONIBILIDADEDE RECURSOS HUMANOSQuase um terço dos partos do

    país ocorre em instituições quenão têm obstetras nem anestesistase mais de dois terços não contamcom a presença de pediatras (Ta-bela 4). A situação real pode serainda mais grave, porque a existên-cia do profissional no estabeleci-mento não assegura acompanha-mento na sala de parto.

    Analisando por Grandes Regi-ões Geográficas, vê-se que os es-tados do Sudeste têm uma situa-ção privilegiada em relação aos

    Tabela 4Po rc entag em de estabelec imento s que atendem ao partosem pro fiss io nai s selec io nado s seg undo Grandes Reg iõ es

    e Unidades da Federaç ão - B ras i l 1999UF OBSTETRA PEDIA TRA A NESTESISTA

    BRA SIL 27,0 74,0 34,1

    RONDÔNIA 40,6 62,5 30,2

    A CRE 54,5 81,8 63,6

    A MA ZONA S 50,7 73,3 13,3

    RORA IMA 69,2 84,6 69,2

    PA RÁ 35,8 72,9 57,2

    A MA PÁ 41,7 66,7 58,3

    TOCA NTINS 64,0 78,7 64,0

    NORTE 45,7 72,9 48,5

    MARA NHÃ O 47,6 87,0 45,9

    PIA UÍ 76,6 94,5 75,9

    CEA RÁ 26,7 69,0 40,8

    RIO GDE NORTE 45,9 84,9 61,6

    PA RA ÍBA 28,1 86,2 40,1

    PERNAMBUCO 18,0 83,8 34,5

    A LAGOAS 2,6 53,2 44,2

    SERG IPE 10,6 78,7 55,3

    BAHIA 18,5 70,6 34,5

    NORDESTE 30,9 78,9 44,0

    MINA S GERA IS 14,2 76,5 22,6

    ESPIR ITO SA NTO 11,8 65,7 21,6

    RIO DE JANEIRO 1,7 50,7 5,9

    SÃ O PA ULO 4,9 62,9 10,3

    SUDESTE 8,1 65,7 14,6

    PA RA NÁ 27,6 75,1 35,4

    STA CA TA RINA 35,3 85,0 21,9

    RIO GDE DO SUL 33,1 85,3 30,0

    SUL 31,1 80,7 30,9

    MATO GROSSO SUL 38,8 73,6 50,4

    MATO GROSSO 35,7 70,3 32,4

    GOIÁS 45,1 72,0 55,4

    DISTR ITO FEDERA L 0,0 57,1 0,0

    CENTRO OESTE 39,9 71,3 46,5

    Fonte: IBGE/AMS 99

  • RADIS 2 ! SET/2002

    [ 20 ]

    demais, mas, ainda assim, 8,1% dosestabelecimentos não têm obste-tras e 14,6% não têm anestesistas.Além disso, há ausência de pedia-tras em 65,7% dos estabelecimen-tos. As demais regiões têm umperfil semelhante de estabeleci-mentos com carência desses pro-f i s s iona i s , sendo que ospercentuais de instituições semobstetras e anestesistas são umpouco mais elevados no Norte eo de estabelecimentos sem pedi-atras nas regiões Nordeste e Sul,embora esta última esteja emmelhor situação em relação à pre-sença de obstetras e anestesistasnos estabelecimentos. Merecedestaque a performance do Dis-trito Federal, que não tem nenhu-ma instituição atendendo ao par-to sem um médico obstetra eanestesista no seu quadro de pes-soal, apesar de 57,1% delas aindanão disporem de pediatras. Os es-tados do Rio de Janeiro e São Pau-lo são os que têm melhor cober-tura, diferenciando-se muito dosdemais. No Nordeste, Alagoas ePernambuco sobressaem com osmelhores índices.

    A carência de obstetras eanestesistas ocorre principalmen-te no interior, como apresentadona Tabela 4a, mas a de pediatrasé comum às três áreas. A regiãometropolitana tem uma situaçãomais favorável que o interior, masainda está em desvantagem emrelação às capitais.

    O atendimento ao parto, naausência de complicações, podeser feito por um médico geral oumesmo por uma enfermeira obsté-trica, como ocorre em países de-senvolvidos. No nosso contexto,

    somente a partir do ano de 1999o Ministério da Saúde autorizoua enfermagem obstétrica a reali-zar atendimento ao parto normal,iniciando, a partir daí, um pro-grama de treinamento e modifi-cação das rotinas (Portaria 2815GM/MS de 29/05/1998). Nessemesmo ano, foi liberado o paga-

    mento para o pediatra na sala departo, com o intuito de estimu-lar sua presença no momento donascimento da criança (Portaria569 GM/MS de 01/06/2000). Em-bora não seja obrigatória, a pre-sença de obstetras e pediatrasnas instituições hospitalares ex-pressa a poss ib i l idade de umatendimento mais qualificado àgestante e à criança. A grandecarência destes prof i ss ionais ,principalmente no interior, me-rece reflexão sobre quais estra-tégias adotar para sanar o pro-blema. (Tabela 4a)

    CONTROLE E FINANCIAMENTODOS ESTABELECIMENTOSA Tabela 6 descreve os esta-

    belecimentos segundo o tipo definanciamento e a esfera admi-nistrativa. As instituições finan-ciadas exclusivamente pelo SUS,em sua grande maioria institui-ções públicas, correspondem a35,4% do total. As privadas, queatendem exclusivamente à clien-tela particular, cuja grande mai-oria tem plano de saúde, repre-

    Tabela 4aPo rc entag em de estabelec imento s que a tendem ao parto ,sem pro fissio na is selec io nado s, seg undo Grandes Reg iõ es

    e tipo de munic ípio - B rasi l 1999GRA NDESREG IÕES

    TIPO DEMUNICÍPIO OBSTETRA PEDIA TRA A NESTESISTA

    BRA SIL

    CAPITA L 3,9 58,5 8,5

    METROPOLITA NO 9,8 62,9 13,4

    INTER IOR 31,4 76,8 39,2

    TOTA L 27,0 74,0 34,1

    NORTE

    CAPITA L 5,9 82,4 8,8

    METROPOLITA NO 0,0 83,3 16,7

    INTER IOR 48,9 72,1 51,5

    TOTA L 45,7 72,9 48,5

    NORDESTE

    CAPITA L 5,8 68,3 8,3

    METROPOLITA NO 6,9 72,2 22,2

    INTER IOR 33,8 80,0 47,5

    TOTA L 30,9 78,9 44,0

    SUDESTE

    CAPITA L 3,2 47,0 8,0

    METROPOLITA NO 3,8 51,9 7,6

    INTER IOR 10,2 73,3 17,8

    TOTA L 8,1 65,7 14,6

    SUL

    CAPITA L 7,3 68,3 4,9

    METROPOLITA NO 20,5 78,6 11,1

    INTER IOR 33,7 81,6 34,9

    TOTA L 31,1 80,7 30,9

    CENTRO-OESTE

    CAPITA L 0,0 65,3 12,5

    METROPOL. 23,8 69,0 40,5

    INTER IOR 45,8 72,1 51,0

    TOTA L 39,9 71,3 46,5

    Fonte: IBGE/AMS 99

  • RADIS 2 ! SET/2002

    [ 21 ]

    sentam 15,5% e asque são financiadaspor meio das duasmodalidades (mistas)c o r r e s p o n d e m a49,0%. Verificandopor Grande RegiãoGeográfica, no Nortee Nordeste mais dametade dos estabele-cimentos são financi-ados exclusivamentepelo SUS. As privadasnão conveniadas es-tão mais bem repre-sentadas no Sudeste,Norte e Centro-Oes-te, e as mistas, ma-jor i tar iamente noSul , no Sudeste eCentro-Oeste. (Ta-bela 5)

    A análise por Uni-dade da Federaçãorevela que, no Nor-deste, com exceçãoda Bahia, Pernambucoe Maranhão, é mui-ta baixa a represen-tação do setor pri-vado não conveniadocom o SUS. No Dis-trito Federal, a par-ticipação desse seg-mento é muito alta,cor respondendo a60,7% dos estabele-cimentos, seguindo-se R io de Jane i ro(39,7%), Rondônia(37,9%) e São Paulo(30,2%). As unidadescom financiamentomisto, que equiva-lem a mais de 90%dos serviços no RioGrande do Sul e emSanta Catarina, sãotambém muito ex-pressivas em MinasGerais (73,6%) e no Paraná (72,7%),e representam mais de 50% dos es-tabelecimentos do estado de SãoPaulo e dos estados da regiãoCentro-Oeste, excetuando Brasília(Tabela 5).

    As instituições de administra-ção privada, incluindo as conve-niadas com o SUS, representam64,8% dos estabelecimentos queatendem gestantes que fazem par-tos hospitalares no Brasil. No Nor-te e no Nordeste, o percentualfica entre 47,2 e 45,1% e no Sul eSudeste, em torno de 80%.

    Dentro do total de estabele-cimentos, o maior segmento per-

    tence à esfera municipal (26,4%),que corresponde a 75% dos esta-belecimentos públicos, refletindoa política de descentralização ad-ministrativa e financeira do SUS.Nas regiões Nordeste e Norte, aparticipação da esfera municipalsobe, respect ivamente, para42,4% e 26,8% do total. Em algunsestados do Nordeste e Norte, aesfera municipal chega a repre-sentar mais de 50% do total dosestabelecimentos.

    A esfera estadual respondepor 7,1% do conjunto dos esta-belecimentos no Brasi l , sendomais significativa na região Norte,

    onde atinge 22,6%, seguida da re-gião Nordeste, com 11,1%. Nosestados do Amazonas, Acre, Piauí,e Amapá, mais da metade dos es-tabelecimentos pertencem à es-fera estadual.

    O governo federal mantémapenas 1,7% das instituições queatendem ao parto sob sua res-ponsabilidade administrativa e asdiferenças por regiões geográfi-cas são pequenas, sobressaindo-se o Norte, com 3,5%. Analisan-do por estado, Roraima tem omais elevado percentual (30,8%),segu indo-se o DF (10,7%) e oAmapá (8,3%).

    Tabela 5Distr ibuiç ão perc entua l do s estabelec imento s que a tendem ao parto ,

    po r mo da lidade de f inanc iamento e esfera administra tiva ,seg undo Grandes Reg iõ es e Unidades da Federaç ão - B rasi l 1999

    UFFINA NCIAMENTO ESFERA A DMINISTRA TIVA

    A PENA S SUS PRIVA DA S SUS EPRIVA DA S FEDERA L ESTA DUA L MUNICIPA L PRIVA DA

    BRA SIL 35,4 15,5 49,0 1,7 7,1 26,4 64,8

    RONDÔNIA 44,2 37,9 17,9 1,0 0,0 41,7 57,3

    A CRE 86,4 4,5 9,1 0,0 63,6 18,2 18,2

    A MA ZONA S 81,1 10,8 8,1 5,3 68,0 8,0 18,7

    RORA IMA 73,1 26,9 0,0 30,8 46,2 0,0 23,1

    PA RÁ 41,0 19,4 39,6 2,2 17,5 20,1 60,3

    A MA PÁ 75,0 25,0 0,0 8,3 50,0 16,7 25,0

    TOCA NTINS 57,3 18,0 24,7 0,0 1,1 55,1 43,8

    NORTE 53,8 21,1 25,1 3,5 22,6 26,8 47,2

    MARA NHÃ O 59,9 11,8 28,2 1,4 4,5 37,7 56,5

    PIA UÍ 69,0 2,1 29,0 0,7 55,9 22,1 21,4

    CEA RÁ 57,6 4,9 37,5 1,6 3,5 53,7 41,2

    RIO GDE NORTE 84,1 2,8 13,1 3,4 8,2 51,4 37,0

    PA RA ÍBA 67,1 5,4 27,5 1,2 16,2 31,1 51,5

    PERNAMBUCO 65,5 12,7 21,8 0,7 7,7 53,2 38,4

    A LA GOA S 68,8 6,5 24,7 2,6 7,8 57,1 32,5

    SERG IPE 74,5 2,1 23,4 2,1 6,4 38,3 53,2

    BAHIA 56,7 12,0 31,3 1,2 7,2 38,0 53,7

    NORDESTE 63,9 8,5 27,6 1,4 11,1 42,4 45,1

    MINA S GERA IS 16,2 10,2 73,6 1,6 1,0 16,2 81,2

    ESPIR ITO SA NTO 17,6 27,5 54,9 2,0 4,9 11,8 81,4

    RIO DE JANEIRO 18,6 39,7 41,7 4,1 2,1 12,8 81,0

    SÃ O PA ULO 15,0 30,2 54,8 0,9 4,2 12,6 82,3

    SUDESTE 16,3 24,6 59,2 1,8 2,7 13,9 81,6

    PA RA NÁ 18,2 9,0 72,7 0,9 1,4 22,6 75,1

    STA CA TA RINA 2,1 7,5 90,4 0,0 3,7 13,4 82,9

    RIO GDE DO SUL 2,8 6,7 90,5 2,8 1,7 9,4 86,1

    SUL 9,5 7,9 82,6 1,4 1,9 16,0 80,6

    MATO GROSSO SUL 16,5 24,8 58,7 3,3 0,0 18,2 78,5

    MATO GROSSO 24,7 25,3 50,0 0,5 0,5 25,3 73,6

    GOIÁS 34,6 11,1 54,4 0,3 0,8 33,8 65,2

    DISTRITO FEDERA L 32,1 60,7 7,1 10,7 28,6 0,0 60,7

    CENTRO OESTE 28,9 19,0 52,1 1,3 1,7 27,6 69,4

    Fonte: IBGE/AMS 99

  • RADIS 2 ! SET/2002

    [ 22 ]

    Na Tabela 5a, são analisados osestabelecimentos segundo a moda-lidade de financiamento por tipo demunicípio. Para o Brasil como umtodo, o setor privado não contra-tado pelo SUS representa 50,0% dosestabelecimentos nas capitais. Nasregiões metropolitanas e no interi-or, metade dos estabelecimentos édo tipo misto, ou seja, atende peloSUS e pelo sistema privado de aten-ção. A modalidade de financiamen-to exclusivamente por meio do SUSé mais comum nos municípios do in-terior, atingindo 38,6% dos estabe-lecimentos. Os estabelecimentosque atendem exclusivamente peloSUS predominam no interior da re-gião Norte e no interior e na re-gião metropolitana da região Nor-deste, sendo ainda expressivos naregião metropolitana e no interiorda região Centro-Oeste. Mais de 80%dos estabelecimentos do interior eda região metropolitana da regiãoSul têm financiamento do tipo mis-to, situação semelhante à que ocor-

    re no interior da região Sudeste.Dada a importância do setor

    privado no atendimento ao partono Brasil, é importante considerarque as políticas públicas destina-das à melhoria da atenção hospita-lar ao parto e puerpério no país têmque contemplar a regulamentaçãodeste setor, como previsto na lei8080 que institui o SUS. Investimen-tos na qualificação dos profissionaisde saúde e na melhoria da qualida-de da atenção nas instituições hos-pitalares não podem prescindir daparticipação do setor privado, sobpena de não se alcançar o impactodesejado sobre a morbi-mortalidadeperi e neonatal.

    No Brasil, em relação à área doatendimento materno-infantil, as ins-tituições públicas têm tido um pa-pel fundamental na disseminação denovas e adequadas tecnologias,como ocorreu no passado com a in-trodução da reidratacão oral parao tratamento das diarréias. Da mes-ma forma, atualmente, vem qualifi-

    cando melhor o seu quadro profis-sional, buscando maior humanizaçãono atendimento ao parto e aos re-cém-nascidos de risco, conformerecomendado pela Portaria 356 SAS/MS de 22/09/2000. Esse esforço lou-vável, no entanto, deve ser simul-taneamente compartilhado com oconjunto das instituições privadas,tendo em vista a importância delasno atendimento da clientela obs-tétrica e neonatal.

    Tabela 5aDistr ibuiç ão perc entual do s estabelec imento s que atendem ao parto ,

    po r mo da lidade de f inanc iamento e esfera administra tiva,seg undo Grandes Reg iõ es e Unidades da Federaç ão - B ras i l 1999

    GRA NDESREG IÕES

    TIPO DEMUNICÍPIO

    FINA NCIAMENTO ESFERA A DMINISTRA TIVA

    A PENA S SUS PRIVA DAS SUS EPRIVA DAS FEDERA L ESTA DUA L MUNICIPA L PRIVA DA

    BRA SIL

    CAPITA L 18,8 49,8 31,4 6,4 10,2 6,8 76,6

    METROPOLITANO 23,2 26,7 50,1 1,4 4,8 19,6 74,3

    INTERIOR 38,6 10,5 50,9 1,2 7,0 29,3 62,5

    TOTA L 35,4 15,5 49,0 1,7 7,1 26,4 64,8

    NORTE

    CAPITA L 11,8 47,1 41,2 2,9 8,8 0,0 88,2

    METROPOLITANO 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 100,0

    INTERIOR 57,2 19,6 23,2 3,5 23,8 28,9 43,8

    TOTA L 53,8 21,1 25,1 3,5 22,6 26,8 47,2

    NORDESTE

    CAPITA L 25,2 43,7 31,1 7,5 15,0 8,3 69,2

    METROPOLITANO 54,2 12,5 33,3 5,6 11,1 33,3 50,0

    INTERIOR 67,2 5,7 27,0 0,8 10,8 45,3 43,1

    TOTA L 63,9 8,5 27,6 1,4 11,1 42,4 45,1

    SUDESTE

    CAPITA L 18,8 57,2 24,0 4,8 8,0 9,2 78,1

    METROPOLITANO 19,4 40,3 40,3 1,1 3,0 15,9 79,9

    INTERIOR 14,9 13,4 71,6 1,3 1,4 14,5 82,8

    TOTA L 16,3 24,6 59,2 1,8 2,7 13,9 81,6

    SUL

    CAPITA L 7,3 36,6 56,1 17,1 2,4 4,9 75,6

    METROPOLITANO 8,6 8,6 82,8 0,0 6,8 15,4 77,8

    INTERIOR 9,7 6,3 83,9 0,8 1,2 16,7 81,3

    TOTA L 9,5 7,9 82,6 1,4 1,9 16,0 80,6

    CENTRO-OESTE

    CAPITA L 18,1 43,1 38,9 5,6 15,3 0,0 79,2

    METROPOLITANO 38,1 19,0 42,9 0,0 0,0 33,3 66,7

    INTERIOR 29,5 16,1 54,4 0,8 0,2 30,5 68,5

    TOTA L 28,9 19,0 52,1 1,3 1,7 27,6 69,4

    Fonte: IBGE/AMS 99

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    CONSIDERAÇÕES FINAISOs dados apresentados evi-

    denciam diferenças abismais naoferta e qualificação dos serviçosde atenção ao parto entre as re-giões do Brasil e os estados daFederação. Entretanto, é neces-sário reconhecer que as desigual-dades regionais verif icadas naárea materno-infantil são meno-res do que as observadas na ofer-ta global de leitos para outras ne-cessidades de saúde do conjuntoda população brasileira. Possivel-mente, a maior disponibilidaderelativa de recursos é reflexo daspolíticas que vêm sendo desenvol-vidas especificamente dirigidaspara a área materno-infantil, nointuito de reduzir a mortalidadeinfantil e materna.

    As regiões Centro-Oeste e Sultêm a maior cobertura de leitospor mil nascidos vivos e a Nortetem a menor. O Distrito Federal,embora não d i sponha de umaoferta de berços das mais eleva-das, tem melhores indicadoresquanto à composição do corpotécnico profissional e equipamen-tos hospitalares. O Rio Grande doSul tem a maior oferta de leitosespecí f icos para o cu idadoneonatal, inclusive de tecnologiade cuidado intensivo. Além destes,os estados de São Paulo e Rio deJaneiro têm uma situação privile-giada quanto à maioria dos indi-cadores aqui analisados, quandocomparados aos demais.

    De todas as áreas, o interioré a que tem pior performance. Háuma grande quantidade de esta-belecimentos de saúde de peque-no porte e grande oferta de ber-ços, mas os serviços estão muitomal equipados para atender mini-mamente às demandas da cliente-la, tanto da perspectiva da estru-tura física e dos equipamentosquanto de pessoal técnico quali-ficado. Para essas áreas, faz-senecessário implementar uma po-lítica de melhoria da atenção aorecém-nascido que considere osprincípios da regional ização ehierarquização das redes assis-tenciais, (vide portarias MS/GM nº3016 de 19/06/98 e MS/GM nº 3477de 20/08/98) em conformidadecom as diretr izes da NormaOperacional de Assistência à Saú-de (NOAS) de 2002. A dimensãoterritorial do interior, em contras-te com a capital e região metropo-litana, demanda uma programaçãoestratégica da rede assistencial,

    Gráfico 3Distribuição percentual dos estabelecimentos segundo

    número de leitos de UTI neonatal segundo o Tipo de Municípioe Grandes Regiões — Brasil 1999

    Fonte: IBGE/AMS99

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    Tabela 6Distr ibuiç ão perc entua l do s nasc ido s v ivo s po r mo dalidade

    de f inanc iamento e esfera administra tiva do estabelec imentoo nde nasc eram, seg undo Grandes Reg iõ es e Unidades

    da Federaç ão - B rasi l 1999

    UFFINA NCIAMENTO ESFERA A DMINISTRA TIVA

    A PENA S SUS PRIVA DA S SUS EPRIVA DA S FEDERA L ESTA DUA L MUNICIPA L PRIVA DA

    BRA SIL 31,0 10,6 58,4 3,1 13,6 18,0 65,3

    RONDÔNIA 69,2 16,7 14,1 0,6 0,0 62,9 36,4

    A CRE 72,8 0,5 26,7 0,0 62,9 6,6 30,5

    A MA ZONA S 56,2 8,7 35,2 3,6 43,1 9,3 44,0

    RORA IMA 95,9 4,1 0,0 1,3 94,2 0,0 4,5

    PA RÁ 37,4 6,9 55,8 2,0 13,0 20,7 64,4

    A MA PÁ 98,1 1,9 0,0 0,1 96,3 1,8 1,9

    TOCA NTINS 35,5 6,1 58,4 0,0 4,6 41,1 54,3

    NORTE 50,4 7,3 42,3 1,8 26,9 21,1 50,2

    MARA NHÃ O 67,6 6,1 26,3 5,5 15,6 28,4 50,5

    PIA UÍ 30,9 0,3 68,8 0,1 67,7 10,9 21,2

    CEA RÁ 31,0 5,0 64,0 0,4 11,8 29,7 58,1

    RIO GDE NORTE 48,7 14,9 36,5 14,3 14,9 23,9 46,9

    PA RA ÍBA 33,1 4,8 62,1 1,5 26,1 25,7 46,7

    PERNAMBUC