musicoterapia na sÍndrome de - … · nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto...
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Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como
é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. Confira, página 4.
MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE
RETT
JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
MUSICOTERAPIA NA ITÁLIA
Pedagogia e
musicoterapia
Pág. 13
4°Edição – São Paulo – 28 de Outubro de 2015
[ESCRITORES] - Realização de experimentos
em musicoterapia no Brasil: uma longa jornada
com Gustavo Gattino. Pág. 17
Musicoterapeuta In Foco
Com Raphael Soares .
Conheça seu método no trabalho com crian-ças autistas e múltiplas
deficiências. Pág.25
EU FUI! Entrevista com Fabiane Mayumi sobre o curso Práticas de Avaliação em Musicoterapia que acon-teceu no Centro de Musi-coterapia Benenzon Bra-sil . Confira Pág. 31
Confira atividade da comissão de regulamentação. Pág. 28
Quarta Edição - P. 2
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Expediente Coordenação: Denise Chrysosto-
mo Suzuki e Daniel Conceição
Santana
Colaboradores: MT Raphael
Soares, Mt Kássia Paiva; Mt Va-
nessa Lira; Mt Orlene Queila de
Oliveira; Profa. Silvia Rosas; Mt
Gildásio Januário; Maria Hele-
na Voorsluys Battaglia; Mt. Gus-
tavo Gattino; Mt. Fabiane Mayumi
Charge: Raquel da Costa e Silva
Contato:
Palavra do Presidente da APEMESP
Simbolizamos mais uma edição, um símbolo de trabalho cumprido. Quere-mos que todos os musicoterapeutas e também colaboradores possam usufruir das notícias da nossa área, mas que, sim, possam também contri-buir para que essa classe cresça cada vez mais. Espero que todos, ao fazer a leitura, se conscientizem da importância do intercâmbio, entre nós pro-fissionais, de uma maneira regional, de uma maneira nacional, de uma maneira internacional. Que busquemos agora forças para que, em 2016,
possamos unir no CLAM - Congresso Latino Americano de Musicoterapia - todas as po-tências aqui no Brasil, da nossa força e das características pessoais de uma musicotera-pia que parte de um mesmo olhar, um olhar socioeconômico e cultural, que é a latinida-de. Então espero que tenhamos, todos, potência para usufruir do conhecimento que vem agora em forma de artigos, e que possam produzir os seus para esse próximo gran-de evento que será. Aguardo sempre as colaborações, um grande abraço e um parabéns aos dois de nossos maiores colaboradores desse jornal, Denise e Daniel. Um grande abraço a todos. Saudações sonoras.
Editorial
Chegamos a nossa quarta edição com novos conteúdos e algumas refor-
mulações. Um exemplo é a coluna “Relatos reais de um musicoterapeu-
ta”, que nesta edição foi rebatizada como “Musicoterapeuta in Foco”
pelo Mt Paphael Soares. Na coluna "Eu fui!" temos o relato de uma das
participantes do curso de Escalas de Avaliação em Musicoterapia, realiza-
do em setembro no Centro de Musicoterapia Benenzon Brasil, Fabiane
Mayumi, que dá suas impressões sobre o curso e sobre o conteúdo apresentado diante
profissional e acadêmico. Além disso, inovamos na matéria Síndrome de Rett, com de-
poimento de diversos musicoterapeutas sobre o assunto e a participação de um dos
pais, contando sua experiência com a musicoterapia. A partir disso, queremos trazer a
família e nossos clientes/pacientes para perto. Conheceremos um pouco o panorama da
Musicoterapia na Itália, que enfatiza o tema educação e musicoterapia, e das recentes
representações da Musicoterapia na Assistência Social, além de conhecer um pouco
mais sobre a jornada na Musicoterapia na área da pesquisa, como nos apresenta o cole-
ga Gustavo Gatinno. Vale lembrar também que o Jomesp é concebido por nós, musicote-
rapeutas, então comente, opine, sugira, compartilhe experiências e trabalhos. Vamos
juntos construir e fortalecer mais esse canal.
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2. Palavra do presidente/Editorial
4. Saiba mais sobre musicoterapia: Musicoterapia na Síndrome de Rett
13. Musicoterapia pelo mundo: Itália
17. Escritores: Realização de experimentos em musicoterapia no
Brasil: uma longa jornada
25. Musicoterapeuta in foco: Raphael Soares
28. SUAS/SUS: XIV Encontro de Trabalhadoras e Trabalhadores da
Assistência Social de São Paulo e XI Conferência Municipal da Assistên-
cia Social
31. Eu fui! Métodos de avaliação em musicoterapia
32. Charge/Classificados
34. Canal do Leitor e Canal da APEMESP
NESTA EDIÇÃO
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SAIBA MAIS
Confira Confira entrevista com musicoterapeutas especialistas
no assunto para saber mais como é o trabalho da musi-
coterapia com Síndrome de Rett.
Musicoterapia e Síndrome de Rett
Segundo a Abre-te (Associação Bra-
sileira de Síndrome de Rett) a Síndro-
me de Rett é definida como uma de-
sordem do desenvolvimento neuroló-
gico relativamente rara, tendo sido
reconhecida pelo mundo no início da
década de 1980. Desde então, diversos
estudos já apontaram que pode ocor-
rer em qualquer grupo étnico com
aproximadamente a mesma incidência.
A prevalência da Síndrome de Rett é de
uma em cada 10.000-20.000 pessoas
do sexo feminino.
A Síndrome de Rett se manifesta
tipicamente no período compreendido
entre o 6º e o 18º mês de vida. Na
grande maioria dos casos, a gravidez
da mulher e o parto ocorrem normal-
mente.
Os bebês nascem geralmente sem
quaisquer intercorrências, e parecem
se desenvolver dentro dos parâmetros
normais na primeira infância. Geral-
mente, apresentam padrões adequa-
dos de desenvolvimento motor no que
se refere ao sentar-se e ao andar. To-
davia, são raros os relatos de crianças
que vieram a receber o diagnóstico de
Síndrome de Rett que tenham engati-
nhado em qualquer fase da infância.
Muitas dessas crianças também de-
senvolvem linguagem inicial na forma
de palavras ou frases simples.
Geralmente é observada hipotonia já
desde o nascimento, e não é raro que
sejam referidos como "bebês bonzi-
nhos", e algumas vezes como "bebês
excessivamente bonzinhos".
Durante esse período precoce de
vida, desaceleração nas medidas do
perímetro cefálico (ou circunferência
da cabeça) pode ser observada já aos
três meses de vida ou logo depois dessa
idade, mas sempre ao longo do primei-
ro ano. Deve-se enfatizar que a desace-
leração do perímetro cefálico não signi-
fica necessariamente microcefalia (ou
cabeça anormalmente pequena), e que,
por outro lado, o perímetro cefálico de
muitas dessas meninas pode se manter
dentro dos parâmetros normais.
Também se observa desaceleração
do ganho de peso nesse período. Pode
ocorrer, igualmente, desaceleração do
crescimento linear (comprimento), mas
apenas depois do primeiro ano de vida.
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Missão da Abre-te Segundo Silvia Rosas, voluntária na diretoria da associação e, também professora nos cursos de graduação em musicoterapia, a missao da Abre-te é rastrear casos de Síndrome de Rett em todo território nacional por meio da divulgação da patologia e da associação, para levar a essas comunidades recursos materiais e humanos para o fechamento diagnóstico e acompanhamento terapêutico educacional dessas pacientes fornecendo apoio a essas familias, promovendo politicas pública s junto às três esferas governamentais, participando de pesquisas clinicas e genética s sobre a condição e capacitando profissionais da saúde e da educação, a partir do conhecimento e da experiência acumulados com o atendimento direto a essas crianças no Centro de Referência.
Musicoterapia na Síndrome de Rett
Evocar respostas sonoras corporais específicas (ex. bater palmas). Desenvolver habilidades audiomotoras com aumento de tônus muscular.
Estimular e desenvolver os sentidos auditivos e táteis pela audição de músicas e pela vibração de instrumento. Desenvolver a criatividade, a liberdade de expressão, a espontaneidade e a capacidade lúdica da paciente.
Melhorar a atenção e a memória pela via musical.
Conheça o trabalho de três musicoterapeutas pacientes na Abre-te desde o ano 2000.
Desde a descrição da Síndrome de Rett, o Dr.
Andreas Rett já se referia à música como importante
meio de intervenção terapêutica a essas pacientes.
Pacientes com Síndrome de Rett manifestam
grande interesse por música por meio do olhar, de
sorrisos e risadas, e de atenção mais constante. Por
isso, a Musicoterapia se torna importante aliada aos
objetivos das outras terapias (Fisioterapia, Fonoau-
diologia, Terapia Ocupacional, Pedagogia), pois
invoca a motivação e o interesse da paciente.
A partir da anamnese sonoro-musical e da observa-
ção da criança, o musicoterapeuta desenvolve es-
tratégias para:
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Musicoterapeuta Orlene Queila de Oliveira, 36, realizou atendimentos na Abre-te entre 2000 e 2006.
“Não existe padrão de trabalho com Síndro-me de Rett, existem sim, temas singulares,
Jomesp: Conte-nos um pouco sobre
a abordagem e metodologia em seus
atendimentos.
Mt Queila: A Abre-te começou seus
atendimentos no ano de 2000, onde
fui convidada pelo musicoterapeuta
Renato Sampaio para fazer estágio de
observação e acabei ficando para atua-
ção. Após a saída do Musicoterapeuta
Renato Sampaio da instituição, perma-
neci como estagiária até 2002 e em
2003 fui contratada. Não existiam mui-
tos estudos sobre Síndrome de Rett
naquela época, a própria descoberta
do gene causador (MECP2) da SR havia
sido descoberta um ano antes (1999).
Então fomos atrás da bibliografia musi-
coterapêutica e encontramos apenas
um artigo de uma brasileira descreven-
do um caso e, outro artigo do musico-
terapeuta Tony Wigran, voltado ao
modelo comportamental, o que não
era a proposta da instituição. A insti-
tuição nos primeiros anos propôs o
modelo psicopedagógico, assim, cada
criança era acompanhada por 4 horas
por um terapeuta de vínculo
(psicólogo), responsável pelas ativida-
des da vida diária, dentre outras. A
equipe era formada por psicólogos,
fonoaudiólogo, fisioterapeuta e musi-
coterapeuta e, eram feitas reuniões
periódicas com a equipe para discutir o
objetivo traçado para a paciente, as-
sim, cada área dentro de suas especia-
lidades traçava uma proposta de aten-
dimento para alcançar aquele objetivo
principal. Assim, não utilizávamos um
modelo especifico de musicoterapia,
ou uma técnicas, isso variava conforme
o modelo ou técnica que melhor se
enquadrava nas respostas da paciente
e objetivo a serem alcançados.
A musicoterapia na época era reali-
zada na sala que era utilizada para
convivência e para o atendimento fisi-
oterapêutico, como a fisioterapia era
necessária todos os dias, acabamos
propondo então um atendimento em
conjunto musicoterapia e fisioterapia,
assim trabalhávamos nos níveis de prá-
tica clinica aumentativo e intensivo isso
variava conforme o objetivo específico
da paciente naquele momento, ou seja,
se era um objetivo musicoterapêutico
ou fisioterapêutico. Também trabalhá-
vamos no nível auxiliar, pois nas reuni-
ões clínicas as outras terapeutas era
orientadas em como utilizar a música
de maneira mais apropriada em sua
terapia.
J: Como a musicoterapia contribui
com a SR?
Uma das questões que me fez querer
escrever sobre o assunto, é que muitas
vezes lia sobre a importância da musi-
coterapia na SR, pois as pacientes gos-
tavam de música e respondiam bem às
atividades que envolviam música, mas
pouco se falava em como a musicotera-
pia poderia realmente contribuir. Para
mim, a musicoterapia pode contribuir
em vários aspectos no trabalho com a
SR os principais são: Contato, interesse,
concentração, percepção, comunicação
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e linguagem, aspectos emocionais e físi-
cos.
Destes considero a importância do
trabalho em equipe junto aos seguintes
profissionais:
Fonoaudiologia, esse profissional pode
orientar melhor o musicoterapeuta em
como trabalhar a escolha do “sim” e
“não”, de canções, que figuras utilizar e
como utilizar. A música é um grande
incentivador na resposta das meninas,
por esse motivo é importante colocar-
mos em nossas terapias não apenas a
comunicação sonoro-musical, mas sim a
comunicação alternativa e complemen-
tar, como um auxiliar, assim também
contribuindo com os objetivos da Fono e
principalmente da paciente. Na Abre-te
tínhamos uma paciente que conseguia
fazer escolha com o olhar, assim, cantá-
vamos as canções que ela escolhia e tam-
bém utilizávamos canções como o Sítio
do Seu Lobato, onde ela mesma escolhia
a ordem dos bichos na canção.
Terapeuta de vínculo (Psicóloga), por
ser a terapeuta que convivia mais com a
paciente, era a que melhor orientava o
musicoterapeuta em relação ao contato,
interesse por atividades, concentração e
principalmente nos aspectos emocionais.
Temos que entender que embora seja
uma síndrome progressiva, as meninas
sentem, e muitas ficavam muito abaladas
quando percebiam que estavam perden-
do um determinado movimento. Nos-
so objetivo muitas vezes era mostrar
para a paciente que ela ainda podia
fazer muitas coisas, para isso, era im-
portante fazer a escolha do material
certo para a paciente. o teclado era
muito utilizado, pois produz som com
um pequeno toque em suas teclas. Às
vezes, também criávamos músicas
para paciente. Uma das pacientes da
Abre-te passou por um momento mui-
to complicado onde estava tendo mui-
tas crises de convulsão, apneia e hiper-
ventilação, sendo dispensada dos aten-
dimentos até conseguir controlar a
medicação. Quando voltou, havia per-
dido muitas de suas funções e, come-
çou a apresentar apraxia manual, não
conseguindo mais manter o objeto em
suas mãos por muito tempo. Era nítido
em seu olhar a tristeza, assim, fizemos
uma improvisação cuja canção falava:
“Fulano vai pegar o chocalho, tocar,
tocar, tocar e jogar” a alegria dela nes-
se momento foi indescritível.
Fisioterapeuta: Nesta época
trabalhávamos unto com a fisio-
terapeuta, assim, quando os ob-
jetivos eram musicoterapêuticos
a fisio nos ajudava posicionando a
paciente de uma maneira mais
adequada na terapia e quando os
objetivos eram fisioterapêuticos a
música era utilizada para: Estimu-
lar e desencadear reações postu-
rais; Adequar tônus; Incentivar
uso funcional das mãos; Localizar
o som (orientação espacial e
equilíbrio); Promover noções de
lateralidade; Incentivar transfe-
rências posturais (supino, prono,
quatro apoios, sentada e ortostá-
tica; e, Incentivar o deslocamento
pelo meio). Assim o musicotera-
peuta escolhia os instrumentos
conforme esses objetivos. Muitas
vezes a paciente não aceitava
ficar em quatro apoios, então
colocávamos um instrumento
que ela gostava muito, de forma
que ela só conseguisse tocar nes-
ta posição, por exemplo. Dentro
do trabalho com a fisioterapeuta
trabalhávamos também a percep-
ção auditiva e conscientização
corporal, colocando os instru-
mentos em partes diferentes do
corpo da paciente, trabalhando a
Preparação para manter a paciente
em quatro apoios.
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localização do som, etc.
Em resumo os objetivos específicos
da musicoterapia dentro da equipe
eram: Comunicação não verbal como
ponte para comunicação verbal; For-
mação do IS0 (identidade sonora);
Aspectos do eu na relação com os
outros, através do fazer musical; De-
senvolver a criatividade, a liberdade
de expressão, a espontaneidade e
capacidade lúdica; Estimular e desen-
volver os sentidos auditivos e táteis;
Desenvolver habilidades cognitivas;
Promover a receptividade; Respostas
sonoras corporais; Habilidades áudio-
motoras, como aumento do tônus
muscular; Habilidades sensório-
motoras como relaxamento; e, Aten-
ção e memória musical.
J: Qual é o impacto da musicotera-
pia na família da criança com SR?
Em um dos anos que estava na Abre
-te, começamos a lutar pela regula-
mentação da musicoterapia, para isso
solicitamos para algumas mães que
fizessem um depoimento, vou colocar
aqui alguns trechos desses depoimen-
tos que tenho guardado com tanto
carinho:
Mãe A: “... Foi na musicoterapia que passei a conhecer a minha filha um pouco melhor, descobri do que gosta e do que não gosta, do que a deixa calma e o que a deixa nervosa, do que a deixa feliz e o que a deixa triste. Como explicar tudo isso? “Simples, esta no olhar no sorriso, na expressão, esta num pequeno gesto e até mesmo numa simples palavra, e talvez de-pois de eu ter falado tudo isso, venha, mas uma pergunta. Como saber disso? Fácil antes da música-terapia era quase que impossível, obter uma resposta tão clara como essa, gostar da música e aumentar o volume até o último até vibrar a cada vez que repete, ou simplesmente não gostar e diminuir o volume ou desligar...”
Mãe B: “...Estou muito contente com o resultado que a minha filha teve depois que começou a musicoterapia. Ela era mais agitada, e só gostava de uma musica em especial, um forró. Agora ela acostumou a gostar de vários tipos de músicas. E agora ela está bem mais calma e prestativa”
Mãe C: “Desde o nascimento da minha filha, Y., usei a música como um meio de comunicação e, depois que foi diagnosti-
cada a S.R., e li a respeito da música como um dos canais de aprendizagem, comecei a usar a música em todas as circuns-
tâncias, principalmente a música infantil com letras simples e claras (Cantigas de roda). Mas todo esse trabalho era desen-
volvido intuitivamente como mãe. Ao abrir o Centro de Referência p/ atender as meninas com S.R., uma das terapias pre-
vistas era a musicoterapia e com um trabalho orientado e desenvolvido por um profissional da área, fomos perceber que
ela podia atuar na parte cognitiva. E desde então, ela vem mostrando uma melhora significativa em relação à compreen-
são, apurou sua audição e capacidade de expressar seus desejos, passou a escolher a atividade que gostaria de ouvir... A
musicoterapia tornou-se a terapia que serve de apoio para as outras terapias e atividades, fazendo com que aceite melhor
as atividades que tem mais dificuldade em realizar por causa do comprometimento motor. Imaginar sua vida hoje sem esse
trabalho seria o mesmo que devolvê-la às trevas, à escuridão de sua alma, é fechá-la em si, ao mesmo tempo em que a
música à ilumina e resplandece por inteiro”.
J: Atualmente trabalha com SR?
Tenho uma paciente que comecei a
atender em agosto e recebeu o diag-
nóstico a apenas 4 meses. Comecei a
atendê-la a apenas 3 meses e estamos
trabalhando principalmente com a
escolha de instrumentos e percepção
sensorial, foi combinado com a mãe
também o atendimento em conjunto
pelo menos uma vez por mês. A crian-
ça tem 1 ano e 10 meses.
J: Gostaria de acrescentar mais
alguma coisa?
Estive no VIII Encontro Brasileiro de
Síndrome de Rett, realizado nos dias
22 a 25 de outubro de 2015. Nele fo-
ram apresentados resultados de novos
medicamentos que estão sendo testa-
dos nos EUA e pesquisas, assim, pude
ver como hoje estamos bem mais
avançados no conhecimento da Sín-
drome De Rett e que cada dia mais
estão sendo descobertos novos trata-
mentos para proporcionar uma me-
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lhor qualidade de vida para estas me-
ninas. Mas todos os médicos ressalta-
ram que independente dos resultados
destes medicamentos as meninas
sempre irão precisar de um acompa-
nhamento terapêutico e sempre acre-
ditei que a musicoterapia tem um pa-
pel muito importante no atendimento
a SR, pois, através da música, pode-
mos abrir vários canais de respostas
que podem inclusive ajudar as outras
terapias a alcançarem seus objetivos.
Apenas por curiosidade a Síndrome
de Klinefelter é uma síndrome predo-
minante dos meninos, são casos em
que os meninos nascem com dois X,
sendo assim, XXY, no congresso foi
informado que temos 60 meninos no
mundo com essa Síndrome que apre-
sentam a Síndrome de Rett também,
pois um dos X apresenta um MecP2.
J: Como a musicoterapia contribui
com a SR?
Principalmente na comunicação
(intenção comunicativa, vocalizações e
atenção), para o relaxamento e dimi-
nuição da espasticidade e estereotipi-
as, no estímulo de manifestações
emocionais que podem e devem ser
contextualizadas durante o atendi-
mento, no trabalho em conjunto com
as demais terapias (desviando o foco
da dor para à experiência musical).
J: Qual é o impacto da musicotera-
pia na família da criança com SR?
Na minha experiência os pais senti-
am-se motivados ao perceber suas
filhas mais felizes e tranquilas durante
e após o atendimento musicoterápico.
Outros atribuíram à musicoterapia
uma melhoria na intenção comunicati-
va e exploração vocal.
J: Qual a abordagem do seu traba-
lho?
Pesquisa qualitativa. Alguns dos
efeitos da terapia vibroacústica aliada
à música e observados em trabalhos já
realizados na área manifestaram-se
também nas pacientes da Abre-te du-
rante as sessões, dentre eles: relaxa-
mento, redução dos níveis de tensão,
sinais de prazer, e procura, espontâ-
nea ou não, das vibrações. O trata-
mento proporcionou benefícios para
as pacientes e também despertou a
curiosidade da equipe em função das
diversas possibilidades que a musico-
terapia aliada à vibroacústica trouxe
para a clínica multidisciplinar. O traba-
lho musicoterapêutico permitiu tam-
Musicoterapeuta Orlene Queila de Oliveira
Formação e Especialização: Bacharel em Musicoterapia (FPA), Especialização em Intervenção em Neuropediatria (UFSCAR) e Especialização em Educação Musical (FPA).
Data/Ano em que trabalhou com SR: Outubro/2000 a Dezembro/2006
Musicoterapeuta Vanessa Lira Vieira , 29, realizou atendimentos na Abre-te entre 2009 e 2012
“Acredito que a MT pode proporcionar às meninas rett uma forma de mediação para a comunicação e valorização delas como sujeitos dotados de sentimentos, vontades e sensações; pois muitas vezes percebo que o profissional de saúde se preo-cupa demasiadamente com a patologia do sujeito e suas “limitações” e se esquece de perceber que aquele indivíduo é um SER e não uma doença, é um ser único.”
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bém notar a necessidade de mais
pesquisas sobre a aplicação das on-
das sonoras de baixa frequência alia-
das à música em musicoterapia. Atu-
almente está sendo realizado na Abre
-te um estudo piloto sobre os efeitos
e alterações mais relevantes da musi-
coterapia vibroacústica nos sintomas
da Síndrome de Rett com as seis paci-
entes atendidas na Abre-te.
J: Quais pesquisas realizou na
área?
CARRER, R.J.L & LIRA,V.L. MUSICOTE-
RAPIA VIBROACÚSTICA NA ASSOCIA-
ÇÃO BRASILEIRA DE SÍNDROME DE
RETT (ABRE-TE/SP). São Paulo, 2012.
LIRA, V.S. A Musicoterapia Vibroa-
cústica no Tratamento da Síndrome
de Rett. Trabalho de Conclusão de
Curso de Pós-Graduação em Musicote-
rapia Organizacional e Hospitalar. Fa-
culdades Metropolitanas Unidas. São
Paulo, 2010
Musicoterapeuta Vanessa Lira Vieira Bacharel em Musicoterapia (2008); Especialista em Musicoterapia Organizacional e Hospitalar(2010), AMOS REALIZADOS NA FMU; Graduanda em Fonoaudiologia (7ºsemestre-FMU)
Email e telefone: [email protected]; (11)997731154, 970299038.
J: Há quanto tempo atende na
Abre-te?
Iniciei o trabalho na Abre-te em
2012. Desde o primeiro encontro me
apaixonei pelas meninas que foram
muito receptivas à minha presença. O
musicoterapeuta anterior (Vanessa
Lira) facilitou muito o processo para
que os novos vínculos fossem estabe-
lecidos com naturalidade no processo
de seu desligamento.
A partir de 2014, por necessidade
administrativa, a Abre-te interrompeu
temporariamente os atendimentos
terapêuticos que eram oferecidos às
meninas. Foi necessário particularizar
o tratamento e as famílias passaram a
contratar os terapeutas independen-
temente. Alguns terapeutas deixaram
a instituição, porém os que continua-
ram mantiveram suas salas contando
com a estrutura oferecida pela Abre-
te.
J: Como é o atendimento de musi-
coterapia?
De modo geral os objetivos da mu-
sicoterapia se baseiam, principalmen-
te, nas características da Síndrome,
como por exemplo, o de reduzir as
estereotipias. No entanto as formas
de interação aos estímulos musicais
para cada paciente são muito particu-
lares e o trabalho é adaptado às capa-
cidades e peculiaridades de cada uma
delas.
O objetivo principal do tratamento
de musicoterapia é proporcionar um
ambiente onde a paciente com Síndro-
me de Rett possa criar, interagir e ex-
pressar o que quer que sinta, sem
julgamento e com o acolhimento que
ela necessitar.
Dentro das peculiaridades acima
citadas pode-se observar diferentes
Musicoterapeuta Kássia Paiva, 28,
realiza atendimentos na Abre-te
desde 2012
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Kássia Paiva é Musicoterapeuta formada pela FMU – 2008 Especialista em Psicodrama com foco Sócio Educacional pela ABPS – Associação Brasileira de Psicodrama e Sociodrama. Musicoterapeuta na Casa da Criança Excepcional Maria Maia Professora de música no Núcleo de Reabilitação Especializado Jaty. Musicoterapeuta em consultório particular. Telefone e email: (11)98467-8655 / [email protected]
preferências de interação. Uma inten-
ção de vocalização, uma maior moti-
vação na execução de instrumentos,
um interesse por movimentos corpo-
rais e o relaxamento com escuta cor-
poral são alguns exemplos.
Nos casos de pacientes que mos-
tram tendência para o entoar, a repro-
dução de vocalizações ascendentes e
descentes, com interpretação lúdica
que as façam rir, é uma forma de esti-
mulá-las. Ao despertar o riso criamos
um campo relaxado para que elas co-
mecem a vocalizar, o som do riso aca-
ba por ser o início do canto. O tempo
de resposta pode variar. É preciso
respeitar esse tempo e acompanha-las
de modo que se sintam à vontade
enquanto cantam.
A redução das estereotipias manu-
ais pode ser trabalhada com a execu-
ção dos instrumentos musicais, a prin-
cípio com auxílio do musicoterapeuta.
Geralmente elas conseguem realizar
movimentos voluntários com a mão
dominante (direita se forem destras e
esquerda se forem canhotas) na inte-
ração com os instrumentos se a mão
não dominante estiver contida. Há
casos em que a execução de uma mú-
sica que emociona a paciente é sufici-
ente para relaxá-la a ponto de cessar a
estereotipia por alguns minutos.
Outra forma de estimulá-las a inte-
ragirem com os instrumentos musicais
é utilizar outras partes do corpo, como
as pernas e os pés, inclusive em alguns
casos de cadeirantes.
É importante que o musicoterapeu-
ta esteja atento aos sinais para identi-
ficar o que a atrai e o que ela quer
expressar. Como todos nós, a paciente
com Síndrome de Rett passa por mo-
mentos de tristeza, de raiva, euforia,
carência, e encontra na musicoterapia
um espaço para externar esses senti-
mentos.
Entrevistamos Maria Helena Voors-
luys Battaglia, mãe de uma paciente
da Abre-te .
J: Há quanto tempo tem atendimento
de musicoterapia?
Desde que começou o atendimento na
Abre-te, por volta de 2001.
J: Qual é o principal benefício obser-
vado?
O principal benefício é a interação que
tem com a música, com instrumentos
musicais, melhorando sua capacidade
de expressar sentimentos. Com a mu-
sicoterapia, passou a ter contato com
instrumentos musicais diversos, che-
gando a tocar com ajuda da terapeuta
para observar o som que produz.
J: Aponte outros benefícios, se hou-
ver.
Desde bebê cantava músicas infantis
com ela e, depois de descobrir que
tinha síndrome de Rett, passei a inten-
sificar o uso da música, porque sabia
que era o canal pelo qual elas se co-
municavam. Envolvia toda atividade
E para finalizar...
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realizada com ela em alguma música
ao trocar de roupa, dar de comer, dar
banho. Além disso, a música era usada
para entretê-la e verificar se sabia o
que estava ouvindo, prestava atenção
na letra e fazíamos testes trocando a
letra e ela imediatamente parava a
estereotipia e olhava, como quem diz,
“não é assim!” Ela conhecia a sequên-
cia em que as músicas eram tocadas,
isso também descobríamos ao inver-
ter a ordem. Ela demonstra irritação
ou sono quando a música ou o progra-
ma de tv não agradam. Também não
gosta de programas infantis em que os
personagens falam muito, prefere
shows musicais. E a musicoterapia
mostrou a ela e a nós, que música é
além de uma arte, é uma terapia que
não basta ser só cantada, ouvida, mas
é possível explorar um mundo de coi-
sas através da música e desenvolver
habilidades cognitivas e motoras.
Jomesp - Quer fazer algum comentá-
rio?
A música e por extensão a musicotera-
pia tem sido a atividade mais aprecia-
da pela Juliana, é onde se realiza, con-
segue expressar a emoção e se sentir
realizada. A música é como o sol que
brilha e alegra sua vida, deixando-a
muito feliz, uma felicidade que acaba
contagiando todos à sua volta.
Serviços da Abre-te 1-) Atendimento Familiar 2-) Avaliação Diagnóstica 3-) Exame Molecular para Mutações no Gene MECP2 4-) Avaliação Global 5-) Encaminhamentos 6-) Núcleo Campinas para Apoio e Orientação a Famílias de pessoas com a Síndrome de Rett
Quarta Edição - P.13
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Por: Crema Trovesi Giulia
Se olharmos para a história da
música na Itália, após a Idade Média,
vemos o surgimento de estilos e gê-
neros musicais colocados em diferen-
tes cidades, como Roma, Florença,
Nápoles, Veneza... A presença de di-
ferentes escolas artísticas, por vezes,
lutando entre si, ajudou a criar produ-
ções artísticas do mais alto nível.
Assim aconteceu e acontece com
a musicoterapia. Na Itália existem
diferentes modelos. Cada modelo
tem seu valor e é um recurso. Essa
diversidade tem sido e é uma fonte
de crescimento cultural e profissional
que levou à colaboração atual.
A história da musicoterapia na
Itália começou em Assis. Desde o iní-
cio a palavra terapia tem enganado
alguns especialistas não músicos. Eles
consideraram o termo "terapia" em
ordem de prioridade sobre a música.
Seguindo esta interpretação, o pri-
meiro curso de musicoterapia na Itá-
lia, que foi seguido por outros e ou-
tros, também foi aberto a pessoas
que possuem formação na escola
fundamental, mesmo sem nenhum
conhecimento musical.
Ao longo dos anos o curso de Assis
teve como requisito aos alunos a con-
clusão do ensino médio. Nunca foram
solicitados estudos musicais específi-
cos. A grande maioria dos cursos de
musicoterapia italianos, ainda hoje,
não requerem estudos musicais.
Eu sempre fui convencida de que a
música é fundamental para a musico-
terapia. Vários estudantes de Assis
me pediram para fazer o curso com
base em minhas experiências, que foi
organizado como um grupo de estudo
em aumento constante e progressivo,
ainda ativo. Em maio de 1991, eu
fundei a APMM (Associação de Peda-
gogia Musical e Musicoterapia)
"Giulia Cremaschi Trovesi". Estava
surgindo um modelo de musicotera-
pia onde a educação e terapia especí-
fica se baseiam nos mesmos princí-
pios. Muitos dos profissionais que
participam do grupo de estudo da
APMM fundaram associações, cen-
tros de estudo, workshops, ateliês de
música, entre outros, em suas cida-
des.
Com a extensão das experiências,
em maio de 1998 fundada a FIM
Musicoterapia
Pelo
ITÁLIA
(Federação Italiana de Musicotera-
pia). A FIM é uma organização sem
fins lucrativos. Os membros FIM esta-
beleceram um registro profissional
para a proteção dos profissionais e
usuários, emitindo em 2001 o Código
de Ética. Atualmente o APMM, assim
como outras associações presentes
em outras cidades italianas, é o lar
dos cursos de formação e reuniões de
supervisão, enquanto a FIM realiza
seu papel institucional e informativo.
As experiências através de estudos
e a comparação com realidades es-
trangeiras com quem tivemos em
contato através do e EMTC WFMT,
confirmaram que a música é funda-
mental para musicoterapia. Expressei
claramente a minha opinião nos livros
"A musicoterapia, arte da comunica-
ção" e "The Body Viva" (mostra testes
de audição de 485 crianças surdas).
Com a ajuda do companheiro psi-
coterapeuta e musicoterapeuta Mau-
ro Scardovelli, compartilhando expe-
riências com psicólogo Simona Colpa-
ni e contribuição profissional e cultu-
ral filósofo Carlo Sini, foram trazidos à
luz os princípios teóricos e fundamen-
tos epistemológicos da musicotera-
pia. O modelo de musicoterapia hu-
manista foi delineado através da prá-
tica clínica, dos estudos e da análise
dos resultados de diferentes habilida-
des profissionais. Os fundamentos
teóricos estão enraizadas no pensa-
mento fenomenológico - existencial.
A Musicoterapia Humanista tem a
sua própria identidade como um mo-
delo teórico com os fundamentos
epistemológicos. Os profissionais as-
sociados à FIM operam no território
italiano, seguindo o modelo de musi-
coterapia Humanística. Seu trabalho é
recomendado a validação do Ministé-
rio da Educação, Universidade e Pes-
quisa.
A Formação em Terapia Musical
Aspectos Institucionais
Regional
Regionalmente, a FIM está inscrita no Registro Regional de Associações sem fins lucrativos, da região da Lombardia, com o Decreto de
número 31366 de 2001/12/14. A FIM está envolvida no trabalho de reconhecimento da musicoterapia como uma nova profissão, na
região da Lombardia.
Nacional
A FIM é credenciada pelo Ministério da Educação, Universidade e Pesquisa, sob o Decreto Ministerial 177/2000, prot. n. 4420 / C / 3 / A,
datada de 12-01-2005. A FIM está registado, desde 2001, no CNEL (Conselho Nacional e da Economia Mundial), organização comprome-
tida com o reconhecimento das novas profissões. A FIM também é registrada no CoLAP (Coordenação das Associações Profissionais Gra-
tuitos).
Internacional
FIM está associada com EMTC e a WFMT.
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JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Humanista se articula nos seguintes
aspectos.
Musical - Educação Musical
(modelo APMM) Epistemologia
música (modelo APMM); Impro-
visação Clinica ao piano (modelo
APMM) Relacionamento Circu-
lar (modelo APMM)
Psicológica - Modelo PNL; Hu-
manística - integrado.
Pessoal - Profissional escolhe o
treinador de acordo com suas
preferências.
Supervisão - O modelo de Musi-
coterapia Humanista gira em
torno de três aspectos: Música
(Improvisação clínica no modo
de piano específico e detalha-
do); Harmonia e musicalidade
em expressão corporal; Staff
(PNLUm.Int.).
Na Itália, desde 1974, as crianças
com deficiência são colocadas em
turmas com crianças normais. Os fun-
damentos teóricos - modelo episte-
mológico humanista - incluem educa-
ção e terapia. A Musicoterapia Huma-
nística e Pedagogia Musical são con-
gruentes (modelo APMM). Esses prin-
cípios permitem operar de forma efi-
caz em termos de educação, na sala
de aula, nas colocações escolares das
crianças com deficiência colocadas
com os companheiros sãos e no con-
texto terapêutico.
Os pilares desse modelo giram em
torno dos seguintes aspectos teóri-
cos: ressonância corporal; improvisa-
ção clínica no piano; diálogo sonoro;
eurritmia; instrumentos musicais idio-
fone (epistemologia da música). As
relações entre o som, o movimento, a
origem e a formação da palavra e o
número de crianças normais e crian-
ças com deficiência; presença dos
pais (para intervenções precoces com
crianças); o terapeuta trabalha com o
co-terapeuta em casos de deficiência
grave ou múltiplas deficiências. As
Atividades
Para patrocinar cursos de formação, seminários, conferências, concertos, simpósios, eventos culturais para as organizações, instituições,
associações ou centros especializados preparadas de acordo com profissional ela reconheceu:
- O 1º Congresso de "The Sound of Life" foi feito para Assis, em junho de 2000. Milan 4-5- maio 2001 "Corpo, Voz, Word: Expressão das
Emoções" com Carlo Sini eo escritor Joseph Pontiggia. Bergamo 26-27 outubro 2002 »A dinâmica do gesto como um teatro da palavra"
análise dos trabalhos sobre o autismo infantil com Carlo Sini, Scardovelli, Cremaschi. Nos dias 10-11-12 novembro 2005 terá lugar na
Sicília o II Congresso de italiano musicoterapia, intitulado "Canção Original"fundamentos epistemológicos
- Musical de Musicoterapia Humanista, setembro 2005; a publicação do livro "The Sound of Life" por G. Cremaschi Trovesi e Mauro Scar-
dovelli ARMANDO colar EDITOR, médico psicopedagógico dirigido por John Bollea.
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JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
modalidades teórico-operacionais da
musicoterapia humanista são congru-
entes com os da PNL (Programação
Neuro Linguística) Humanista – inte-
grada e desenvolvida por Mauro Scar-
dovelli.
Estudos e treinamento em musi-
coterapia na Itália ainda estão confia-
dos a iniciativas privadas. O musicote-
rapeuta formado sob o modelo hu-
manista, através da validação do Mi-
nistério da Educação, Universidade e
Pesquisa, oficialmente a sua profissão
pode atuar nas seguintes áreas: inclu-
são e integração das crianças com
deficiência; formação de professores
do ensino, obrigatório para a área
não-verbal; formação de professores
do ensino básico nas áreas de linguís-
tica e lógico-matemática; formação
na universidade para estudantes de
humanas e; treinamento para estu-
dantes em conservatórios de música.
Crema Trovesi Giulia Presidente da FIM (Federação Italiana de Musicoterapia)
Giulia Cremaschi Trovesi, professora de música (piano e composição), fundadora musi-coterapeuta do modelo "humanista APMM musicoterapia (Associação de Pedagogia Musical e Musicoterapia)". Musicoterapeuta no APMM, professora de música cursos de musicoterapia italianos e estrangeiros, ensinou no estado para a inclusão e integra-ção das crianças com deficiência, a partir de outras fontes. Adequação no ensinamen-to de Piano no Conservatório principal. Musicoterapeuta de 1981-1997 no Instituto de Audiologia da Universidade de Milão. Tem interesse em pedagogia e música para cri-anças em idade escolar aparentemente fluxos menos dotados em estudos de Musico-terapia. Tem participado como palestrante em vários congressos internacionaisl. Seu compromisso com a experimentação e estudo começou na década de setenta. Atual-mente é Presidente da FIM (Federação das musicoterapeutas italianos).
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JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nos últimos oito anos, tenho atua-
do diretamente na condução de expe-
rimentos em musicoterapia no Brasil
e no exterior. Pode-se definir um ex-
perimento como qualquer tipo de
estudo que envolve uma intervenção
em musicoterapia para um determi-
nado grupo de pessoas, onde pode
existir ou não a presença de compara-
ção (grupo controle) que não recebe
o tratamento musicoterapêutico
(GATTINO, 2009). O tipo mais conhe-
cido de estudo experimental é o en-
saio controlado randomizado
(GERETSEGGER et al., 2012). Nessa
categoria de investigação, o pesquisa-
dor divide os participantes da pesqui-
sa em pelo menos dois grupos por
sorteio (randomização). Os grupos da
pesquisa consistem em modalidades
distintas de intervenção, onde o mais
comum é a presença de um grupo
que receberá a musicoterapia e outro
que será o grupo controle que rece-
berá uma intervenção distinta ou o
tratamento padrão para uma deter-
minada patologia. Costuma-se utilizar
a sigla ECR para se referir aos ensaios
controlados randomizados.
O ECR é um dos tipos mais co-
muns de pesquisa quantitativa, pois
utiliza um grande rigor metodológico
para verificar se um determinado
tratamento modifica determinadas
variáveis onde a única diferença entre
os grupos é aplicação do tratamento
em questão (MOHER et al., 2011).
Dessa forma, os participantes da pes-
quisa devem ser muito parecidos en-
tre si, no que diz respeito a diagnósti-
co, idade, tratamentos em que parti-
cipa, sexo, etc. Os ECRs devem ser
aprovados em comitês de ética em
pesquisa, assim como numa platafor-
ma online de experimentos. Em fun-
ção desse rigor metodológico, os
ECRs são amplamente utilizados em
musicoterapia e consistem no princi-
ESCRITORES
Realização de experimentos em musicoterapia no Brasil:
uma longa jornada
Por: Gustavo Schulz Gattino
Quarta Edição - P.18
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
pal tipo de pesquisa quantitativa usa-
do no campo musicoterapêutico tan-
to Brasil quanto no exterior. A realiza-
ção de um ECRs pressupõe o uso de
regras e procedimentos realmente
sistemáticos e específicos. Por esta
razão há um protocolo de diretrizes
internacionais para a condução de
ECRs intitulada CONSORT (MOHER et
al., 2011).
Quando decidi trabalhar com esse
tipo de pesquisa não tinha a dimen-
são do quão difícil seria aprender e
lidar diariamente com experimentos
na minha prática como investigador.
Ao verificar um experimento publica-
do, não há como mensurar ou ter
uma ideia da complexidade e das
dificuldades que os autores enfrenta-
ram até o momento da publicação
(MOHER et al., 2011). Existem livros e
artigos que servem como guias para a
condução e publicação de experimen-
tos. Contudo, nenhum desses livros
está adaptado para a realidade brasi-
leira e para as subjetividades encon-
tradas no cotidiano da condução e
realização desse tipo de investigação.
Em alguns países da Europa
(Noruega, Finlândia, Alemanha e Di-
namarca, por exemplo), Austrália,
Estados Unidos e em alguns países da
Ásia (Coréia do Sul e Taiwan), há uma
grande infraestrutura para a realiza-
ção de experimentos, tanto no que se
refere à equipe de profissionais, trei-
namento e formações para a condu-
ção de experimentos, assim como
espaços físicos apropriados para a
realização desse tipo de estudo
(GATTINO et al., 2014). Essas são al-
gumas das razões que explicam o
porquê os referidos países publicam
tantos estudos desse tipo.
Os Estados Unidos possuem o
maior número de ensaios controlados
randomizados publicados em musico-
terapia e a quantidade de publicações
é muito maior se compararmos com
os demais países ao redor do planeta
(WHEELER, 2005). Há uma cultura do
nos Estados Unidos sobre práticas
baseadas em evidências. Esse concei-
to se refere à utilização de práticas
que estejam embasadas por evidên-
cias científicas. Em outras palavras, as
práticas que não foram comprovadas
por pesquisas não devem ser indica-
das ou não possuem evidências sufici-
entes que comprovem a sua eficiên-
cia. Essa forma de pensar levou e
leva até hoje à elaboração constante
de ensaios controlados randomizados
para justificar o uso da musicoterapia
“as práticas que não foram comprovadas
por pesquisas não devem ser indicadas ou
não possuem evidências suficientes que
comprovem a sua eficiência”
Quarta Edição - P.19
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
como forma de intervenção em dife-
rentes patologias (WHEELER, 2005)..
Experimentos em musicoterapia
no Brasil
O rigor dos ensaios controlados
randomizados e a perspectiva das
práticas baseadas em evidências re-
presentam desafios diários para pes-
quisadores em musicoterapia no Bra-
sil. O nosso país tem um potencial
enorme para realizar esse tipo de
estudo, visto que tem uma prática de
musicoterapia consolidada há mais de
50 anos e tem aumentado o número
de musicoterapeutas envolvidos com
pesquisas internacionais e programas
de pós-graduação. As dificuldades dos
musicoterapeutas brasileiros para a
condução os ECRs está ligada direta-
mente à logística necessárias pa-
ra realização dos estudos e também
aos recursos financeiros para esse
tipo de estudo. Ainda, acredito que
outra grande dificuldade para a reali-
zação dos experimentos no Brasil é o
pensamento da comunidade musico-
terapêutica no Brasil sobre esse tipo
de trabalho.Trato de explicar nos pró-
ximos parágrafos um pouco dessas
dificuldades.
Os aspectos logísticos se referem
ao planejamento e execução prática
das distintas fases da pesquisa. Essas
fases incluem a elaboração do proje-
to, aprovação no comitê de ética,
seleção dos participantes, divisão dos
participantes nos diferentes grupos,
aplicação dos tratamentos, mensura-
ção das variáveis e análise dos resul-
tados (WHEELER, 2005). Uma primei-
ra dificuldade encontrada é a aprova-
ção do projeto no comitê de ética em
pesquisa. Ainda que nos últimos anos
a dificuldade com aspectos burocráti-
cos diminuiu no Brasil para a aprova-
Quarta Edição - P.20
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ção de projetos, as leis e regras não
são devidamente claras e o governo
brasileiro dificulta a aprovação para
estudos multicêntricos internacio-
nais. Cabe salientar que os estudos
internacionais devem ser analisados
de modo especial pelo Conselho Naci-
onal de Pesquisa (CONEP) que costu-
ma levar em média um ano para
aprovar esse tipo de projeto.
Na escolha dos participantes, há
uma dificuldade no Brasil para encon-
trar as pessoas elegíveis para os estu-
dos, pois muitas pessoas não possu-
em um diagnóstico formal da patolo-
gia em questão ou os instrumentos
que realizam o diagnóstico ainda não
foram validados para uso no Brasil
(GATTINO et al., 2014). Ainda, muitas
pessoas recebem um diagnóstico
equivocado e por isso dificultam a
seleção de participantes para a pes-
quisa. Acredito que a divisão dos par-
ticipantes segundo o critério de sor-
teio (randomização) seja o cerne das
dificuldades para a realização de ECRs
no Brasil. Quando o participante é
escolhido para o grupo que não rece-
berá musicoterapia, muitas vezes a
família ou o próprio participante de-
siste de participar do estudo. Mesmo
que a pessoa saiba que depois do
tratamento do grupo que receberá
musicoterapia ele receberá essa in-
tervenção, a pessoa pode optar por
desistir, pois não receberá musicote-
rapia imediatamente. Além disso,
muitas pessoas confundem pesquisa
com o oferecimento de tratamento
gratuito de musicoterapia. Os partici-
pantes ou a família entendem que
receberão um tratamento gratuito,
mas não se detém ao fato de que o
tratamento está atrelado a verifica-
ção de um efeito em relação a uma
determinada intervenção.
No que diz respeito à aplicação do
tratamento, é proibido cobrar por
uma intervenção que esteja atrelada
a uma pesquisa no Brasil. Não acho
que devemos cobrar por uma inter-
venção musicoterapêutica em uma
pesquisa, mas tenho verificado nos
últimos anos que as pessoas não atri-
buem o devido valor à musicoterapia
quando ela é oferecida no contexto
de investigação. Além disso, tenho
percebido que muitos participantes
faltam às intervenções ao longo do
processo e isso ocorre em muitas
situações por razões realmente sem
fundamento: presença de chuva na
cidade, esquecimento das sessões,
“Quando o participante é escolhido para o grupo que
não receberá musicoterapia, muitas vezes a família ou o
próprio participante desiste de participar do estudo. “
Quarta Edição - P.21
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
marcação de outros compromissos no
horário das sessões. Ainda, é possível
perceber em algumas pessoas que
elas estão participando da pesquisa
como se estivessem prestando um
favor ao investigador. Algumas famí-
lias dificultam a participação no trata-
mento e exigem que as avaliações e
intervenções da pesquisa sejam reali-
zadas na casa do participante.
A avaliação das variáveis da pes-
quisa também representa um grande
problema na condução de ECRs no
Brasil (WHEELER, 2005). Muitas ferra-
mentas de avaliação necessárias para
a mensuração dos desfechos são rea-
lizadas por profissionais de outras
áreas oriundas da educação, psicolo-
gia e medicina, por exemplo. Esses
profissionais podem ter dificuldade
em entender no que consiste a musi-
coterapia e de que forma a avaliação
deles vai colaborar para a pesqui-
sa.Inclusive, em alguns casos os pro-
fissionais alegam que não foi possível
concluir a avaliação da pesquisa, dei-
xando o investigador sem o resultado
necessário para a conclusão da estu-
do. Saliento que essa situação não é
regra, mas acontece em diferentes
investigações. Outro grande proble-
ma na avaliação das variáveis é a utili-
zação de testes e escalas validadas
para uso no Brasil (tanto na área mu-
sicoterapêutica quanto em outras
áreas). Enfrentei dentro do estudo
internacional de Musicoterapia e Au-
tismo TIME-A, por exemplo, uma
grande dificuldade para conseguir
disponibilizar no Brasil as escalas soli-
citadas para conduzir essa investiga-
ção, que ocorre no Brasil e em mais
oito países (GERETSEGGER et al.,
2012). Foi preciso comprar os direitos
autorais de três escalas, bem como
traduzir e adaptar para uso no Brasil
um desses instrumentos de avaliação.
Muitas escalas estão traduzidas e
adaptadas para uso no Brasil, porém
não foram publicadas por nenhuma
editora. Nesse caso, é preciso com-
prar diretamente da empresa que
detém os direitos autorais a partir de
um número de aplicação das escalas
para fins de pesquisa. O processo de
compra dos direitos autorais e a tra-
dução e adaptação de uma das esca-
las no estudo TIME-A atrasou a pes-
quisa em dois anos. Em outras pala-
vras, enquanto outros países da pes-
quisa já estavam coletando dados dos
participantes, nós no Brasil estáva-
mos realizando uma etapa anterior ao
início da investigação. Cabe salientar
também que a falta de escalas de
musicoterapia traduzidas e validadas
para uso no Brasil dificulta a realiza-
ção de experimentos, pois muitas
vezes usamos escalas de outras áreas
porque os nossos instrumentos de
avaliação não foram submetidas a
processos de validade.
No momento da análise dos resul-
“Muitas ferramentas de
avaliação necessárias para a
mensuração dos desfechos
são realizadas por
profissionais de outras áreas
oriundas da educação,
psicologia e medicina, por
exemplo.“
Quarta Edição - P.22
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
tados, o investigador enfrenta um
grande problema: a falta de prática
com estatística. Nos cursos de gradu-
ação e pós-graduação em musicotera-
pia os estudantes tem pouco contato
com termos da estatística e por isso
os alunos têm dificuldade para inter-
pretar os resultados de investigações
quantitativas em musicoterapia. O
investigador precisa muitas vezes
aprender desde os elementos mais
básicos da estatística para compreen-
der no que consistem os resultados
encontrados na sua pesquisa e que
relevância eles trazem para a prática
clínica. O livro Music Therapy Rese-
arch (2005), organizado pela musico-
terapeuta Barba Wheeler talvez seja a
melhor para resolver esse tipo de
dificuldade. Vale lembrar que a ter-
ceira edição desse livro será publica-
da no ano que vem.
Além de todas as dificuldades de
logística já citadas até aqui, creio que
o modo de pensar dos musicotera-
peutas no Brasil sobre práticas basea-
das em evidências seja um dos gran-
des entraves para a realização de
experimentos no Brasil (GATTINO,
2014). Temos um modo muito prático
e empírico de comprovar que as nos-
sas intervenções funcionam. Isso não
quer dizer que essa forma de pensar
seja melhor ou pior que o pensamen-
to baseado em evidências. Todavia,
esse modo de entender a realidade
traz dificuldades sobre o porquê é
necessário fazer estudos com grande
sistematização e rigor metodológico
para comprovar que a musicoterapia
funciona. A pesquisa em musicotera-
pia no Brasil tem uma grande forma
na área qualitativa. Isso se justifica
pela origem histórica da musicotera-
pia no Brasil que foi influenciada for-
temente por modelos teóricos da
psicanálise, das teorias da comunica-
ção, pelas teorias sociais e pela antro-
pologia, por exemplo. Nesse sentido,
parece que o musicoterapeuta que
trabalha com experimentos precisa
estar todo tempo justificando o por-
quê está realizando esse tipo de pes-
quisa. Além desses fatores, cabe so-
mar a dificuldade encontrada no Bra-
sil para realizar práticas sistemáticas
em musicoterapia. Muitos musicote-
Quarta Edição - P.23
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
rapeutas criaram suas próprias esca-
las e suas próprias técnicas e por isso
é difícil traduzir esse tipo de situação
para experimentos onde a sistemati-
zação é uma regra para explicar o
efeito de um tratamento.
Considerações finais
Não pretendo com esse texto
mostrar que os experimentos sejam a
melhor opção de pesquisa em musi-
coterapia e que não temos condições
para realizar esse tipo de estudo. No
entanto, precisamos repensar muitas
coisas se temos a pretensão de usar
esse tipo de pesquisa para justificar
os efeitos da musicoterapia no Brasil,
comparando os resultados encontra-
dos com outros países que realizam
esse mesmo tipo de pesquisa. Preci-
samos incentivar os estudantes de
musicoterapia a conhecerem esse
tipo de pesquisa como uma realidade
possível para compreender os fenô-
menos que encontramos na nossa
prática. É necessário aumentar a
quantidade de cursos, seminários e
formações específicos sobre metodo-
logia de pesquisa para proporcionar
discussões mais profundas sobre a
condução de experimentos em musi-
coterapia. Recomenda-se que os mu-
sicoterapeutas que trabalham com
experimentos formem grupos de dis-
cussão da mesma forma como ocorre
em outros países. Há por exemplo
uma rede de discussão de musicote-
rapeutas que trabalham com famílias
e outra de profissionais que atuam no
campo do autismo. Esses grupos au-
xiliam na resolução de dúvidas e
questionamentos para uma melhor
condução de experimentos e facilita a
realização de estudos multicêntricos.
Justamente os estudos multicêntricos
são uma boa solução para melhorar a
qualidade dos experimentos no Brasil.
Muitos musicoterapeutas trabalham
isolados nas suas pesquisas e acabam
assumindo uma série de tarefas que
dificultam a condução de um estudo.
Nesse sentido, com mais musicotera-
peutas como responsáveis esse pro-
blema diminui e há um maior contro-
le sobre as fases que precisam ser
realizadas no estudo.
Alguns colegas já relataram que se
pudessem escolher não realizariam
mais ensaios controlados randomiza-
dos. Realmente, não é uma tarefa
fácil. No entanto, quando escolhemos
ser musicoterapeutas sabíamos que
estaríamos quebrando barreiras e
paradigmas o tempo todo. Por isso,
sempre é tempo de renovar as forças
e seguir trabalhando.
“Muitos musicoterapeutas trabalham isolados nas suas pesquisas
e acabam assumindo uma série de tarefas que dificultam a
condução de um estudo. “
Quarta Edição - P.24
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
REFERÊNCIAS
Gattino GS. A influência da Musicoterapia na comunicação de crianças com transtorno autista. [Dissertação]. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2009.
Gattino GS, Araujo GA, Rodrigues I, Mauat A. Instrumentos de avaliação em Musicoterapia validados no Brasil. XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Musicoterapia. Brasília, Distrito Federal, nov 7-9, 2014.
Gattino GS, Pesquisa em Musicoterapia.IV Fórum Catarinense de Musicoterapia. Florianópolis, Santa Catarina, nov 29, 2014.
Geretsegger M, Holck U, Gold C. Randomised controlled Trial of Improvisational Music therapy's effectiveness for children with Autism Spectrum Disorders (TIME-A): study protocol. BMC Pediatr. 2012; 12(1):2.
Moher D, Schulz KF, Altman D. The CONSORT Statement: revised recommendations for improving the quality of reports of parallel-group randomized trials 2001. Explore (NY). 2005 Jan;1(1):40-5.
Wheeler, B. L. (Ed.). Music therapy research (2nd ed.). Gilsum, NH: Barcelona, 2005.
Dr. Gustavo Schulz Gattino Email: [email protected] Graduado em musicoterapia pelas Faculdades EST (2007), mestre (2009) e doutor
(2012) pelo Programa de Pós-graduação em Saúde da Criança e do Adolescente pela
Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). É pro-
fessor titular do curso de Licenciatura em Música da Universidade do Estado de Santa
Catarina (UDESC). Membro do Grupo de Pesquisa Educação Musical e Formação Do-
cente (UDESC/CNPq). Realizou estágio de doutorado sanduíche pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) na
Universidade do Porto (UP), cidade do Porto, Portugal. Foi musicoterapeuta voluntário em Portugal na Associação Sócio-
Terapêutica de Almeida (ASTA) e no Movimento de Pais e Amigos do Diminuído Mental (MAPADI). Tem experiência no aten-
dimento de indivíduos com deficiência intelectual, autismo e deficiências múltiplas em musicoterapia. Pesquisa os efeitos da
musicoterapia para pessoas com autismo, deficiência intelectual e deficiências múltiplas. Desenvolve projetos de tradução e
validação de instrumentos de avaliação em musicoterapia. Apresentou trabalhos na Argentina, Áustria, Brasil, Chile, Colôm-
bia, Espanha e Portugal. É o coordenador brasileiro do estudo multicêntrico de Musicoterapia e Autismo TIME-A. Atualmen-
te, é membro do conselho editorial da Revista Brasileira de Musicoterapia e coordena o Grupo Ibero-Americano de Investi-
gação em Musicoterapia (GIIMT) no Brasil.
Quarta Edição - P.25
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Porque decidiu cursar musicotera-
pia?
A minha intenção inicial foi cursar
música, pois como sempre tive conta-
tos com instrumentos musicais (por
vontade própria e não por histórico
familiar) tive a grande ideia de me
tornar maestro. Porém, os planos
mudaram quando li o histórico do
curso de Musicoterapia na FPA - Fa-
culdade Paulista de Artes (atualmente
com um curso de musicoterapia ex-
tinto).
Foi então que decide fazer apenas o
1º semestre para ver se gostaria do
que estava por vir. Dizer que gostei
logo de cara e me apaixonei pela mu-
sicoterapia seria mentira, porém me
aguçou a curiosidade de saber como
realmente poderia funcionar uma
"coisa" tão lúdica e artística no trata-
mento e auxílio de pessoas.
Minha insistência e esta curiosidade
me fez frequentar diariamente os
oitos semestres que estariam por vir.
Como foi sua experiÊncia na gradua-
ção?
Umas das experiências mais ricas e
gratificantes que já tive, graças aos
colegas de curso, que tive a felicidade
de conhecer e, o corpo docente ser
extremamente preparado para minis-
trar as aulas, auxiliando tanto em
minha jornada profissional, quanto
pessoal.
Na faculdade não tínhamos
a estrutura física que havia em outras
instituições, porém a união dos estu-
dantes e professores fizeram essa
estrutura passar despercebi-
do durante os 4 anos de curso.
Como foi sua experiência após a gra-
duação, mercado de trabalho, espe-
cialização?
Uma das experiências mais proveito-
sas que tive na graduação foram os
estágios, pois fazíamos os mesmos
fora da instituição, em hospitais, clíni-
cas, ONG's, instituições, escolas, den-
tre outros. Esses está-
gios externos acabaram se tornando
Musicoterapeuta in foco
"Almejar o equilíbrio, é aspirar a transformação do âmago"
muito ricos devido ao contato com
outros profissionais, como fisiotera-
peutas, psicólogos, terapeutas ocupa-
cionais, fonoaudiólogos, entre outros.
Nestes estágios, tínhamos a oportuni-
dade de visualizar que a musicotera-
pia poderia atuar na saúde mental,
social, geriatria, educacional, e nas
mais diversas áreas de atuação. Com
isso consegui filtrar onde exatamente
me encaixava no mercado de traba-
lho e o que procuraria estudar após a
graduação.
O mercado de trabalho atualmente
está se expandido não só em São Pau-
lo, mas pelo Brasil e pelo mundo. Ho-
je encontramos poucas pessoas que
não sabem o que é musicoterapia,
dificilmente ouvimos aquele "hã!?"
que estávamos acostumados a ouvir
na época da graduação. A maioria das
pessoas, de alguma forma, já ouviu
falar, seja pelos meios de comunica-
ção, ou por conhecer algum profissio-
nal e/ou estudante de musicoterapia.
Com isto ocorrendo, faz com que se-
jamos reconhecidos como um profis-
sional necessário em todos os mode-
los de atendimentos e, encaixados
em equipes inter e multidisciplinares.
Além de musicoterapeuta, tenho du-
as especializações. Uma delas em
Ciências da Saúde - Psicossomática,
onde me formei pela FACIS - Faculda-
de de Ciências e Saúde ,que foi uma
experiência rica de conhecimentos,
pois durante os 3 anos de especializa-
ção estive em contato com outros
profissionais, principalmente da área
da psicologia. Sendo um dos únicos
musicoterapeutas da turma, havia a
curiosidade de saber mais sobre essa
"tal profissão", com isso estáva-
mos sempre trocando informações.
Minha outra especialização foi em
Neuromusicoterapia e Autismo, expe-
riência gratificante e rica, graças às
trocas de materiais e informações
que se somaram durante o curso. O
mais interessante, neste curso, foi a
diversidade cultural que tínhamos
que conviver, pois a classe era forma-
da por paulistas, paulistanos, baianos,
mineiros, cariocas e até amazonen-
ses, auxiliando assim todos nós a en-
tendermos algumas diferenças cultu-
rais e suas implicações nas formas de
atendimentos.
Como é seu atendimento?
Trabalho com uma abordagem huma-
nista: utilizo os dados que os pacien-
tes trazem para mim. Trabalho com
improvisação musical, construção de
instrumentos musicais, expressão não
-verbal. Sempre procuro fazer um
método de re-criação, improvisação,
composição.
Estou escrevendo dois artigos, sendo:
A importância da composição musical
para o autista (cognitivo emocional)
e; A importância da construção dos
instrumentos musicais com paralisia
cerebral (motor e membro superior).
Falarei brevemente sobre cada um.
Construção de Instrumento
O hobbie de construir instrumentos é
mais antigo que a musicoterapia, por-
tanto tenho muita experiência com as
ferramentas e sei os cuidados para
utilizá-las. A partir disso, comecei a
introduzir o processo de construção
de instrumentos no atendimento,
com objetivos terapêuticos.
“comecei a introduzir o processo de construção
de instrumentos no atendimento, com
objetivos terapêuticos”
Quarta Edição - P.26
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Um trabalho que eu
desenvolvo com autistas é
a composição musical
junto com imagens.
A atividade contempla todos os tipos
de pacientes, seja autista, deficiente
intelectual ou pessoas com paralisia
cerebral, trazendo benefícios para
todos.
A atividade envolve todos os proces-
sos de construção, tais como: limpeza
de material, lixa, ferramenta, monta-
gem, acabamento e pintura.
Na paralisia, ao fazer esforços para
pegar a ferramenta, o paciente traba-
lha a extensão dos membros superio-
res, o que é muito importante para
ele.
São oferecidos todos os tipos de fer-
ramenta necessários, como: serra tico
tico, serra circular, furadeira, ferra-
mentais manuais. Muitos deles não
têm contato com isso em nenhum
lugar, portanto ficam muito entusias-
mados. Além disso, a vibração das
ferramentas motiva a vontade de
pegar a ferramenta. Aqueles que têm
melhor tem a possibilidade de furar
de utilizar todas as ferramentas.
Terapeutas ocupacionais e fonoau-
diólogos se interessam muito por esta
metodologia no atendimento.
Composição
Um trabalho que eu desenvolvo com
autistas é a composição musical junto
com imagens. São escolhidas imagens
de revistas a partir das quais são cria-
das palavras, frases, melodias.
Existem muitas composições musicais
como resultado desta proposta, além
da produção de materiais como: gra-
vações de CD; quadros com as ima-
gens e letra da música; ou seja, existe
uma produção artística que traz mui-
ta gratificação. Uma paciente fez uma
musica muito interessante que foi
gravada por uma banda e, a mãe tam-
bém fez um quadro para colocar na
parede da sala.
Local de atendimento
Já trabalhei no centro dos paraplégi-
cos. Atualmente trabalho no Lar da
Redenção, que atende paralisia cere-
bral que são (internos). Trabalho no
LENDA, com todo tipo de síndromes,
deficiências e autismo.
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Os Mts Gildasio Januario e Lilian
Coelho, estiveram presentes no XIV
Encontro de Trabalhadoras e Traba-
lhadores da Assistência Social de São
Paulo, que foi realizado no município
de Santo André.
O tema do encontro foi: Conferên-
cias de Assistência Social: rumos do
controle e da participação social.
Foi feita uma análise pelos convi-
dados, das conferências que já foram
realizadas em âmbito municipal e
bem como discussões acerca dos ce-
nários políticos daquelas que irão ser
realizadas em âmbito estadual e fede-
ral. Ainda, sim a coordenação do FET-
SUAS/SP apresentou um balanço das
ações realizadas nos últimos dois
anos, bandeiras de lutas para as con-
ferências assistências de 2015, mo-
ções para X Conferência Estadual os
principais desafios futuros, apresen-
tação das entidades que compõem o
FETSUAS/SP e aquelas que irão conti-
nuar na próxima coordenação execu-
tiva.
MUSICOTERAPIA SOCIAL
Mais uma vez a musicoterapia esteve presente no Encontro Estadual de Trabalhadora(es) da Assis-tência Social de São Paulo, trabalhando pela regu-lamentação. Nosso querido coordenador da comis-são de regulamentação Gildásio Januário nos es-creveu contando como foi o evento.
As Conferências de Assistência Social
são espaços de caráter deliberativo
em que é debatida e avaliada a Políti-
ca de Assistência Social. Também são
propostas novas diretrizes, no senti-
do de consolidar e ampliar os direitos
socioassistenciais dos seus usuários.
Os debates são coletivos com partici-
pação social mais representativa,
assegurando momentos para discus-
são e avaliação das ações governa-
mentais e também para a eleição de
prioridades políticas que represen-
tam os usuários, trabalhadores e as
entidades de assistência social.
Nas Conferências estaduais, partici-
pam os delegados, eleitos nas Confe-
rências municipais, observadores e
convidados credenciados. Já na etapa
municipal, podem participar todos os
sujeitos envolvidos na Assistência
Social e pessoas interessadas nas
questões relativas a essa Política.
Fonte: Ministério do Desenvolvimen-
to Social e Combate à Fome
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Entre os dias 14/09/2015 e
17/09/2015, a APEMESP representada pelo
MT Gildasio Januario e a MT Allana Morais,
participaram também da XI Conferência
Municipal da Assistência Social, no Centro
de Convenções Anhembi, São Paulo.
A conferência acontece em esfera
Regional, Municipal, Estadual e Federal
esta edição tem como tema: Consolidar o
SUAS de vez rumo a 2026. Na oportunida-
de, uma Moção (proposta pública com pe-
dido de apoio) com base na Resolução
17/2011 do Conselho Nacional de Assistên-
cia Social, que reconhece o profissional
Musicoterapeuta, a fim de garantir concur-
so público para a categoria na cidade de
São Paulo. Entregamos alguns folhetos com
informações gerais sobre a Musicoterapia
e o SUAS, com o propósito de facilitar a
compreensão daqueles que ali estavam.
Em resumo, conseguimos apoio de mais de
160 presentes e a aprovação desta moção
a ser encaminhada à Conferência Estadual
em Setembro de 2015.
É um espaço importante de Controle
Social da política de Assistência, sendo as-
sim, é imprescindível a participação de
profissionais e estudantes de Musicotera-
pia.
A Musicoterapia, na Conferência
Municipal da Assistência Social
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Quarta Edição - P. 31
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Nos dias 12 e 13 de setembro foi
realizado no Centro de Musicoterapia
Benenzon Brasil o curso Práticas de
Avaliação em Musicoterapia, minis-
trado pelos musicoterapeutas Gusta-
vo S. Gattino e Karina D. Ferrari, onde
foram apresentadas as principais es-
calas de avaliação de musicoterapia
validadas no Brasil, e aproveitamos
para bater um papo com a musico-
terapeuta Fabiane Mayume Shimo-
ze.
Fabiane nos conta que atual-
mente é aprimoranda em musicote-
rapia na AACD e em sua prática clí-
nica surgiram alguns questionamen-
tos sobre a disponibilidade e utiliza-
ção de escalas de avaliação específi-
cas em musicoterapia para verificar
a evolução do paciente. Essas ques-
tões, junto com algumas necessida-
des surgidas em suas pesquisas,
despertaram o interesse em apri-
morar-se quanto a escalas de avalia-
ção. Informa que já conhecia as esca-
las IMTAP, ERI, PAFM (Protocolo de
Funções Musiciais), mas a participa-
ção no curso ampliou seus conheci-
mentos e visão sobre o uso das esca-
las. E complementa acrescentando
que considera muito importante a
incorporação do conhecimento em
escalas de avaliação com um foco e
exploração desse conteúdo de forma
mais profunda desde a graduação, o
que poderia conceder aos formandos
outras ferramentas para a prática
clínica.
Fabiane Mayume Shimose Musicoterapeuta formada pela Faculdade Paulista de Artes (FPA) Estudou Especialização em Arteterapia, também pela FPA Atualmente atua como musicoterapeuta aprimoranda na AACD e educadora musical.
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CANTO YBÁ
INSTRUMENTOS MUSICAIS ARTESANAIS
Bongo de bambu
Bongo de coco
Tambor bambu grd, med, peq
Cabuletê bambu
Cabuletê coco
Cabuletê cabaça
Ganzá bambu med e peq
Guizo de arco
Maraca de cabaça
Pau de chuva med, grd
Réco réco
Tambor de cabaça
Tambor de coco
Tambor de língua 2 ou 3,4 pts
Tambor PVC
Tambor PVC bocal duplo ou triplo
Xequerê grd ou peq
Pandeiro Quadrado
Tel. 99739-0110
Email: [email protected]
CLASSIFICADOS
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QUADRINHO
Colaboração de Raquel Costa e Silva, 13 anos
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