musicoterapia na sÍndrome de - … · nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto...

34
Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Re. Confira, página 4. MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE RETT JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO MUSICOTERAPIA NA ITÁLIA Pedagogia e musicoterapia Pág. 13 4°Edição – São Paulo – 28 de Outubro de 2015 [ESCRITORES] - Realização de experimentos em musicoterapia no Brasil: uma longa jornada com Gustavo Gattino. Pág. 17 Musicoterapeuta In Foco Com Raphael Soares . Conheça seu método no trabalho com crian- ças autistas e múltiplas deficiências. Pág.25 EU FUI! Entrevista com Fabiane Mayumi sobre o curso Prácas de Avaliação em Musicoterapia que acon- teceu no Centro de Musi- coterapia Benenzon Bra- sil . Confira Pág. 31 Confira avidade da comissão de regulamentação. Pág. 28

Upload: nguyenkhuong

Post on 06-Apr-2018

226 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como

é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. Confira, página 4.

MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE

RETT

JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

MUSICOTERAPIA NA ITÁLIA

Pedagogia e

musicoterapia

Pág. 13

4°Edição – São Paulo – 28 de Outubro de 2015

[ESCRITORES] - Realização de experimentos

em musicoterapia no Brasil: uma longa jornada

com Gustavo Gattino. Pág. 17

Musicoterapeuta In Foco

Com Raphael Soares .

Conheça seu método no trabalho com crian-ças autistas e múltiplas

deficiências. Pág.25

EU FUI! Entrevista com Fabiane Mayumi sobre o curso Práticas de Avaliação em Musicoterapia que acon-teceu no Centro de Musi-coterapia Benenzon Bra-sil . Confira Pág. 31

Confira atividade da comissão de regulamentação. Pág. 28

Page 2: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Quarta Edição - P. 2

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Expediente Coordenação: Denise Chrysosto-

mo Suzuki e Daniel Conceição

Santana

Colaboradores: MT Raphael

Soares, Mt Kássia Paiva; Mt Va-

nessa Lira; Mt Orlene Queila de

Oliveira; Profa. Silvia Rosas; Mt

Gildásio Januário; Maria Hele-

na Voorsluys Battaglia; Mt. Gus-

tavo Gattino; Mt. Fabiane Mayumi

Charge: Raquel da Costa e Silva

Contato:

[email protected]

Palavra do Presidente da APEMESP

Simbolizamos mais uma edição, um símbolo de trabalho cumprido. Quere-mos que todos os musicoterapeutas e também colaboradores possam usufruir das notícias da nossa área, mas que, sim, possam também contri-buir para que essa classe cresça cada vez mais. Espero que todos, ao fazer a leitura, se conscientizem da importância do intercâmbio, entre nós pro-fissionais, de uma maneira regional, de uma maneira nacional, de uma maneira internacional. Que busquemos agora forças para que, em 2016,

possamos unir no CLAM - Congresso Latino Americano de Musicoterapia - todas as po-tências aqui no Brasil, da nossa força e das características pessoais de uma musicotera-pia que parte de um mesmo olhar, um olhar socioeconômico e cultural, que é a latinida-de. Então espero que tenhamos, todos, potência para usufruir do conhecimento que vem agora em forma de artigos, e que possam produzir os seus para esse próximo gran-de evento que será. Aguardo sempre as colaborações, um grande abraço e um parabéns aos dois de nossos maiores colaboradores desse jornal, Denise e Daniel. Um grande abraço a todos. Saudações sonoras.

Editorial

Chegamos a nossa quarta edição com novos conteúdos e algumas refor-

mulações. Um exemplo é a coluna “Relatos reais de um musicoterapeu-

ta”, que nesta edição foi rebatizada como “Musicoterapeuta in Foco”

pelo Mt Paphael Soares. Na coluna "Eu fui!" temos o relato de uma das

participantes do curso de Escalas de Avaliação em Musicoterapia, realiza-

do em setembro no Centro de Musicoterapia Benenzon Brasil, Fabiane

Mayumi, que dá suas impressões sobre o curso e sobre o conteúdo apresentado diante

profissional e acadêmico. Além disso, inovamos na matéria Síndrome de Rett, com de-

poimento de diversos musicoterapeutas sobre o assunto e a participação de um dos

pais, contando sua experiência com a musicoterapia. A partir disso, queremos trazer a

família e nossos clientes/pacientes para perto. Conheceremos um pouco o panorama da

Musicoterapia na Itália, que enfatiza o tema educação e musicoterapia, e das recentes

representações da Musicoterapia na Assistência Social, além de conhecer um pouco

mais sobre a jornada na Musicoterapia na área da pesquisa, como nos apresenta o cole-

ga Gustavo Gatinno. Vale lembrar também que o Jomesp é concebido por nós, musicote-

rapeutas, então comente, opine, sugira, compartilhe experiências e trabalhos. Vamos

juntos construir e fortalecer mais esse canal.

Page 3: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Quarta Edição - P. 3

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

2. Palavra do presidente/Editorial

4. Saiba mais sobre musicoterapia: Musicoterapia na Síndrome de Rett

13. Musicoterapia pelo mundo: Itália

17. Escritores: Realização de experimentos em musicoterapia no

Brasil: uma longa jornada

25. Musicoterapeuta in foco: Raphael Soares

28. SUAS/SUS: XIV Encontro de Trabalhadoras e Trabalhadores da

Assistência Social de São Paulo e XI Conferência Municipal da Assistên-

cia Social

31. Eu fui! Métodos de avaliação em musicoterapia

32. Charge/Classificados

34. Canal do Leitor e Canal da APEMESP

NESTA EDIÇÃO

Page 4: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Quarta Edição - P.4

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

SAIBA MAIS

Confira Confira entrevista com musicoterapeutas especialistas

no assunto para saber mais como é o trabalho da musi-

coterapia com Síndrome de Rett.

Musicoterapia e Síndrome de Rett

Segundo a Abre-te (Associação Bra-

sileira de Síndrome de Rett) a Síndro-

me de Rett é definida como uma de-

sordem do desenvolvimento neuroló-

gico relativamente rara, tendo sido

reconhecida pelo mundo no início da

década de 1980. Desde então, diversos

estudos já apontaram que pode ocor-

rer em qualquer grupo étnico com

aproximadamente a mesma incidência.

A prevalência da Síndrome de Rett é de

uma em cada 10.000-20.000 pessoas

do sexo feminino.

A Síndrome de Rett se manifesta

tipicamente no período compreendido

entre o 6º e o 18º mês de vida. Na

grande maioria dos casos, a gravidez

da mulher e o parto ocorrem normal-

mente.

Os bebês nascem geralmente sem

quaisquer intercorrências, e parecem

se desenvolver dentro dos parâmetros

normais na primeira infância. Geral-

mente, apresentam padrões adequa-

dos de desenvolvimento motor no que

se refere ao sentar-se e ao andar. To-

davia, são raros os relatos de crianças

que vieram a receber o diagnóstico de

Síndrome de Rett que tenham engati-

nhado em qualquer fase da infância.

Muitas dessas crianças também de-

senvolvem linguagem inicial na forma

de palavras ou frases simples.

Geralmente é observada hipotonia já

desde o nascimento, e não é raro que

sejam referidos como "bebês bonzi-

nhos", e algumas vezes como "bebês

excessivamente bonzinhos".

Durante esse período precoce de

vida, desaceleração nas medidas do

perímetro cefálico (ou circunferência

da cabeça) pode ser observada já aos

três meses de vida ou logo depois dessa

idade, mas sempre ao longo do primei-

ro ano. Deve-se enfatizar que a desace-

leração do perímetro cefálico não signi-

fica necessariamente microcefalia (ou

cabeça anormalmente pequena), e que,

por outro lado, o perímetro cefálico de

muitas dessas meninas pode se manter

dentro dos parâmetros normais.

Também se observa desaceleração

do ganho de peso nesse período. Pode

ocorrer, igualmente, desaceleração do

crescimento linear (comprimento), mas

apenas depois do primeiro ano de vida.

Page 5: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Quarta Edição - P.5

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Missão da Abre-te Segundo Silvia Rosas, voluntária na diretoria da associação e, também professora nos cursos de graduação em musicoterapia, a missao da Abre-te é rastrear casos de Síndrome de Rett em todo território nacional por meio da divulgação da patologia e da associação, para levar a essas comunidades recursos materiais e humanos para o fechamento diagnóstico e acompanhamento terapêutico educacional dessas pacientes fornecendo apoio a essas familias, promovendo politicas pública s junto às três esferas governamentais, participando de pesquisas clinicas e genética s sobre a condição e capacitando profissionais da saúde e da educação, a partir do conhecimento e da experiência acumulados com o atendimento direto a essas crianças no Centro de Referência.

Musicoterapia na Síndrome de Rett

Evocar respostas sonoras corporais específicas (ex. bater palmas). Desenvolver habilidades audiomotoras com aumento de tônus muscular.

Estimular e desenvolver os sentidos auditivos e táteis pela audição de músicas e pela vibração de instrumento. Desenvolver a criatividade, a liberdade de expressão, a espontaneidade e a capacidade lúdica da paciente.

Melhorar a atenção e a memória pela via musical.

Conheça o trabalho de três musicoterapeutas pacientes na Abre-te desde o ano 2000.

Desde a descrição da Síndrome de Rett, o Dr.

Andreas Rett já se referia à música como importante

meio de intervenção terapêutica a essas pacientes.

Pacientes com Síndrome de Rett manifestam

grande interesse por música por meio do olhar, de

sorrisos e risadas, e de atenção mais constante. Por

isso, a Musicoterapia se torna importante aliada aos

objetivos das outras terapias (Fisioterapia, Fonoau-

diologia, Terapia Ocupacional, Pedagogia), pois

invoca a motivação e o interesse da paciente.

A partir da anamnese sonoro-musical e da observa-

ção da criança, o musicoterapeuta desenvolve es-

tratégias para:

Page 6: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Quarta Edição - P.6

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Musicoterapeuta Orlene Queila de Oliveira, 36, realizou atendimentos na Abre-te entre 2000 e 2006.

“Não existe padrão de trabalho com Síndro-me de Rett, existem sim, temas singulares,

Jomesp: Conte-nos um pouco sobre

a abordagem e metodologia em seus

atendimentos.

Mt Queila: A Abre-te começou seus

atendimentos no ano de 2000, onde

fui convidada pelo musicoterapeuta

Renato Sampaio para fazer estágio de

observação e acabei ficando para atua-

ção. Após a saída do Musicoterapeuta

Renato Sampaio da instituição, perma-

neci como estagiária até 2002 e em

2003 fui contratada. Não existiam mui-

tos estudos sobre Síndrome de Rett

naquela época, a própria descoberta

do gene causador (MECP2) da SR havia

sido descoberta um ano antes (1999).

Então fomos atrás da bibliografia musi-

coterapêutica e encontramos apenas

um artigo de uma brasileira descreven-

do um caso e, outro artigo do musico-

terapeuta Tony Wigran, voltado ao

modelo comportamental, o que não

era a proposta da instituição. A insti-

tuição nos primeiros anos propôs o

modelo psicopedagógico, assim, cada

criança era acompanhada por 4 horas

por um terapeuta de vínculo

(psicólogo), responsável pelas ativida-

des da vida diária, dentre outras. A

equipe era formada por psicólogos,

fonoaudiólogo, fisioterapeuta e musi-

coterapeuta e, eram feitas reuniões

periódicas com a equipe para discutir o

objetivo traçado para a paciente, as-

sim, cada área dentro de suas especia-

lidades traçava uma proposta de aten-

dimento para alcançar aquele objetivo

principal. Assim, não utilizávamos um

modelo especifico de musicoterapia,

ou uma técnicas, isso variava conforme

o modelo ou técnica que melhor se

enquadrava nas respostas da paciente

e objetivo a serem alcançados.

A musicoterapia na época era reali-

zada na sala que era utilizada para

convivência e para o atendimento fisi-

oterapêutico, como a fisioterapia era

necessária todos os dias, acabamos

propondo então um atendimento em

conjunto musicoterapia e fisioterapia,

assim trabalhávamos nos níveis de prá-

tica clinica aumentativo e intensivo isso

variava conforme o objetivo específico

da paciente naquele momento, ou seja,

se era um objetivo musicoterapêutico

ou fisioterapêutico. Também trabalhá-

vamos no nível auxiliar, pois nas reuni-

ões clínicas as outras terapeutas era

orientadas em como utilizar a música

de maneira mais apropriada em sua

terapia.

J: Como a musicoterapia contribui

com a SR?

Uma das questões que me fez querer

escrever sobre o assunto, é que muitas

vezes lia sobre a importância da musi-

coterapia na SR, pois as pacientes gos-

tavam de música e respondiam bem às

atividades que envolviam música, mas

pouco se falava em como a musicotera-

pia poderia realmente contribuir. Para

mim, a musicoterapia pode contribuir

em vários aspectos no trabalho com a

SR os principais são: Contato, interesse,

concentração, percepção, comunicação

Page 7: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Segunda Edição - P.7

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

e linguagem, aspectos emocionais e físi-

cos.

Destes considero a importância do

trabalho em equipe junto aos seguintes

profissionais:

Fonoaudiologia, esse profissional pode

orientar melhor o musicoterapeuta em

como trabalhar a escolha do “sim” e

“não”, de canções, que figuras utilizar e

como utilizar. A música é um grande

incentivador na resposta das meninas,

por esse motivo é importante colocar-

mos em nossas terapias não apenas a

comunicação sonoro-musical, mas sim a

comunicação alternativa e complemen-

tar, como um auxiliar, assim também

contribuindo com os objetivos da Fono e

principalmente da paciente. Na Abre-te

tínhamos uma paciente que conseguia

fazer escolha com o olhar, assim, cantá-

vamos as canções que ela escolhia e tam-

bém utilizávamos canções como o Sítio

do Seu Lobato, onde ela mesma escolhia

a ordem dos bichos na canção.

Terapeuta de vínculo (Psicóloga), por

ser a terapeuta que convivia mais com a

paciente, era a que melhor orientava o

musicoterapeuta em relação ao contato,

interesse por atividades, concentração e

principalmente nos aspectos emocionais.

Temos que entender que embora seja

uma síndrome progressiva, as meninas

sentem, e muitas ficavam muito abaladas

quando percebiam que estavam perden-

do um determinado movimento. Nos-

so objetivo muitas vezes era mostrar

para a paciente que ela ainda podia

fazer muitas coisas, para isso, era im-

portante fazer a escolha do material

certo para a paciente. o teclado era

muito utilizado, pois produz som com

um pequeno toque em suas teclas. Às

vezes, também criávamos músicas

para paciente. Uma das pacientes da

Abre-te passou por um momento mui-

to complicado onde estava tendo mui-

tas crises de convulsão, apneia e hiper-

ventilação, sendo dispensada dos aten-

dimentos até conseguir controlar a

medicação. Quando voltou, havia per-

dido muitas de suas funções e, come-

çou a apresentar apraxia manual, não

conseguindo mais manter o objeto em

suas mãos por muito tempo. Era nítido

em seu olhar a tristeza, assim, fizemos

uma improvisação cuja canção falava:

“Fulano vai pegar o chocalho, tocar,

tocar, tocar e jogar” a alegria dela nes-

se momento foi indescritível.

Fisioterapeuta: Nesta época

trabalhávamos unto com a fisio-

terapeuta, assim, quando os ob-

jetivos eram musicoterapêuticos

a fisio nos ajudava posicionando a

paciente de uma maneira mais

adequada na terapia e quando os

objetivos eram fisioterapêuticos a

música era utilizada para: Estimu-

lar e desencadear reações postu-

rais; Adequar tônus; Incentivar

uso funcional das mãos; Localizar

o som (orientação espacial e

equilíbrio); Promover noções de

lateralidade; Incentivar transfe-

rências posturais (supino, prono,

quatro apoios, sentada e ortostá-

tica; e, Incentivar o deslocamento

pelo meio). Assim o musicotera-

peuta escolhia os instrumentos

conforme esses objetivos. Muitas

vezes a paciente não aceitava

ficar em quatro apoios, então

colocávamos um instrumento

que ela gostava muito, de forma

que ela só conseguisse tocar nes-

ta posição, por exemplo. Dentro

do trabalho com a fisioterapeuta

trabalhávamos também a percep-

ção auditiva e conscientização

corporal, colocando os instru-

mentos em partes diferentes do

corpo da paciente, trabalhando a

Preparação para manter a paciente

em quatro apoios.

Page 8: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Segunda Edição - P.8

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

localização do som, etc.

Em resumo os objetivos específicos

da musicoterapia dentro da equipe

eram: Comunicação não verbal como

ponte para comunicação verbal; For-

mação do IS0 (identidade sonora);

Aspectos do eu na relação com os

outros, através do fazer musical; De-

senvolver a criatividade, a liberdade

de expressão, a espontaneidade e

capacidade lúdica; Estimular e desen-

volver os sentidos auditivos e táteis;

Desenvolver habilidades cognitivas;

Promover a receptividade; Respostas

sonoras corporais; Habilidades áudio-

motoras, como aumento do tônus

muscular; Habilidades sensório-

motoras como relaxamento; e, Aten-

ção e memória musical.

J: Qual é o impacto da musicotera-

pia na família da criança com SR?

Em um dos anos que estava na Abre

-te, começamos a lutar pela regula-

mentação da musicoterapia, para isso

solicitamos para algumas mães que

fizessem um depoimento, vou colocar

aqui alguns trechos desses depoimen-

tos que tenho guardado com tanto

carinho:

Mãe A: “... Foi na musicoterapia que passei a conhecer a minha filha um pouco melhor, descobri do que gosta e do que não gosta, do que a deixa calma e o que a deixa nervosa, do que a deixa feliz e o que a deixa triste. Como explicar tudo isso? “Simples, esta no olhar no sorriso, na expressão, esta num pequeno gesto e até mesmo numa simples palavra, e talvez de-pois de eu ter falado tudo isso, venha, mas uma pergunta. Como saber disso? Fácil antes da música-terapia era quase que impossível, obter uma resposta tão clara como essa, gostar da música e aumentar o volume até o último até vibrar a cada vez que repete, ou simplesmente não gostar e diminuir o volume ou desligar...”

Mãe B: “...Estou muito contente com o resultado que a minha filha teve depois que começou a musicoterapia. Ela era mais agitada, e só gostava de uma musica em especial, um forró. Agora ela acostumou a gostar de vários tipos de músicas. E agora ela está bem mais calma e prestativa”

Mãe C: “Desde o nascimento da minha filha, Y., usei a música como um meio de comunicação e, depois que foi diagnosti-

cada a S.R., e li a respeito da música como um dos canais de aprendizagem, comecei a usar a música em todas as circuns-

tâncias, principalmente a música infantil com letras simples e claras (Cantigas de roda). Mas todo esse trabalho era desen-

volvido intuitivamente como mãe. Ao abrir o Centro de Referência p/ atender as meninas com S.R., uma das terapias pre-

vistas era a musicoterapia e com um trabalho orientado e desenvolvido por um profissional da área, fomos perceber que

ela podia atuar na parte cognitiva. E desde então, ela vem mostrando uma melhora significativa em relação à compreen-

são, apurou sua audição e capacidade de expressar seus desejos, passou a escolher a atividade que gostaria de ouvir... A

musicoterapia tornou-se a terapia que serve de apoio para as outras terapias e atividades, fazendo com que aceite melhor

as atividades que tem mais dificuldade em realizar por causa do comprometimento motor. Imaginar sua vida hoje sem esse

trabalho seria o mesmo que devolvê-la às trevas, à escuridão de sua alma, é fechá-la em si, ao mesmo tempo em que a

música à ilumina e resplandece por inteiro”.

J: Atualmente trabalha com SR?

Tenho uma paciente que comecei a

atender em agosto e recebeu o diag-

nóstico a apenas 4 meses. Comecei a

atendê-la a apenas 3 meses e estamos

trabalhando principalmente com a

escolha de instrumentos e percepção

sensorial, foi combinado com a mãe

também o atendimento em conjunto

pelo menos uma vez por mês. A crian-

ça tem 1 ano e 10 meses.

J: Gostaria de acrescentar mais

alguma coisa?

Estive no VIII Encontro Brasileiro de

Síndrome de Rett, realizado nos dias

22 a 25 de outubro de 2015. Nele fo-

ram apresentados resultados de novos

medicamentos que estão sendo testa-

dos nos EUA e pesquisas, assim, pude

ver como hoje estamos bem mais

avançados no conhecimento da Sín-

drome De Rett e que cada dia mais

estão sendo descobertos novos trata-

mentos para proporcionar uma me-

Page 9: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Segunda Edição - P.9

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

lhor qualidade de vida para estas me-

ninas. Mas todos os médicos ressalta-

ram que independente dos resultados

destes medicamentos as meninas

sempre irão precisar de um acompa-

nhamento terapêutico e sempre acre-

ditei que a musicoterapia tem um pa-

pel muito importante no atendimento

a SR, pois, através da música, pode-

mos abrir vários canais de respostas

que podem inclusive ajudar as outras

terapias a alcançarem seus objetivos.

Apenas por curiosidade a Síndrome

de Klinefelter é uma síndrome predo-

minante dos meninos, são casos em

que os meninos nascem com dois X,

sendo assim, XXY, no congresso foi

informado que temos 60 meninos no

mundo com essa Síndrome que apre-

sentam a Síndrome de Rett também,

pois um dos X apresenta um MecP2.

J: Como a musicoterapia contribui

com a SR?

Principalmente na comunicação

(intenção comunicativa, vocalizações e

atenção), para o relaxamento e dimi-

nuição da espasticidade e estereotipi-

as, no estímulo de manifestações

emocionais que podem e devem ser

contextualizadas durante o atendi-

mento, no trabalho em conjunto com

as demais terapias (desviando o foco

da dor para à experiência musical).

J: Qual é o impacto da musicotera-

pia na família da criança com SR?

Na minha experiência os pais senti-

am-se motivados ao perceber suas

filhas mais felizes e tranquilas durante

e após o atendimento musicoterápico.

Outros atribuíram à musicoterapia

uma melhoria na intenção comunicati-

va e exploração vocal.

J: Qual a abordagem do seu traba-

lho?

Pesquisa qualitativa. Alguns dos

efeitos da terapia vibroacústica aliada

à música e observados em trabalhos já

realizados na área manifestaram-se

também nas pacientes da Abre-te du-

rante as sessões, dentre eles: relaxa-

mento, redução dos níveis de tensão,

sinais de prazer, e procura, espontâ-

nea ou não, das vibrações. O trata-

mento proporcionou benefícios para

as pacientes e também despertou a

curiosidade da equipe em função das

diversas possibilidades que a musico-

terapia aliada à vibroacústica trouxe

para a clínica multidisciplinar. O traba-

lho musicoterapêutico permitiu tam-

Musicoterapeuta Orlene Queila de Oliveira

Formação e Especialização: Bacharel em Musicoterapia (FPA), Especialização em Intervenção em Neuropediatria (UFSCAR) e Especialização em Educação Musical (FPA).

Data/Ano em que trabalhou com SR: Outubro/2000 a Dezembro/2006

Musicoterapeuta Vanessa Lira Vieira , 29, realizou atendimentos na Abre-te entre 2009 e 2012

“Acredito que a MT pode proporcionar às meninas rett uma forma de mediação para a comunicação e valorização delas como sujeitos dotados de sentimentos, vontades e sensações; pois muitas vezes percebo que o profissional de saúde se preo-cupa demasiadamente com a patologia do sujeito e suas “limitações” e se esquece de perceber que aquele indivíduo é um SER e não uma doença, é um ser único.”

Page 10: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Quarta Edição - P.10

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

bém notar a necessidade de mais

pesquisas sobre a aplicação das on-

das sonoras de baixa frequência alia-

das à música em musicoterapia. Atu-

almente está sendo realizado na Abre

-te um estudo piloto sobre os efeitos

e alterações mais relevantes da musi-

coterapia vibroacústica nos sintomas

da Síndrome de Rett com as seis paci-

entes atendidas na Abre-te.

J: Quais pesquisas realizou na

área?

CARRER, R.J.L & LIRA,V.L. MUSICOTE-

RAPIA VIBROACÚSTICA NA ASSOCIA-

ÇÃO BRASILEIRA DE SÍNDROME DE

RETT (ABRE-TE/SP). São Paulo, 2012.

LIRA, V.S. A Musicoterapia Vibroa-

cústica no Tratamento da Síndrome

de Rett. Trabalho de Conclusão de

Curso de Pós-Graduação em Musicote-

rapia Organizacional e Hospitalar. Fa-

culdades Metropolitanas Unidas. São

Paulo, 2010

Musicoterapeuta Vanessa Lira Vieira Bacharel em Musicoterapia (2008); Especialista em Musicoterapia Organizacional e Hospitalar(2010), AMOS REALIZADOS NA FMU; Graduanda em Fonoaudiologia (7ºsemestre-FMU)

Email e telefone: [email protected]; (11)997731154, 970299038.

J: Há quanto tempo atende na

Abre-te?

Iniciei o trabalho na Abre-te em

2012. Desde o primeiro encontro me

apaixonei pelas meninas que foram

muito receptivas à minha presença. O

musicoterapeuta anterior (Vanessa

Lira) facilitou muito o processo para

que os novos vínculos fossem estabe-

lecidos com naturalidade no processo

de seu desligamento.

A partir de 2014, por necessidade

administrativa, a Abre-te interrompeu

temporariamente os atendimentos

terapêuticos que eram oferecidos às

meninas. Foi necessário particularizar

o tratamento e as famílias passaram a

contratar os terapeutas independen-

temente. Alguns terapeutas deixaram

a instituição, porém os que continua-

ram mantiveram suas salas contando

com a estrutura oferecida pela Abre-

te.

J: Como é o atendimento de musi-

coterapia?

De modo geral os objetivos da mu-

sicoterapia se baseiam, principalmen-

te, nas características da Síndrome,

como por exemplo, o de reduzir as

estereotipias. No entanto as formas

de interação aos estímulos musicais

para cada paciente são muito particu-

lares e o trabalho é adaptado às capa-

cidades e peculiaridades de cada uma

delas.

O objetivo principal do tratamento

de musicoterapia é proporcionar um

ambiente onde a paciente com Síndro-

me de Rett possa criar, interagir e ex-

pressar o que quer que sinta, sem

julgamento e com o acolhimento que

ela necessitar.

Dentro das peculiaridades acima

citadas pode-se observar diferentes

Musicoterapeuta Kássia Paiva, 28,

realiza atendimentos na Abre-te

desde 2012

Page 11: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Quarta Edição - P. 11

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Kássia Paiva é Musicoterapeuta formada pela FMU – 2008 Especialista em Psicodrama com foco Sócio Educacional pela ABPS – Associação Brasileira de Psicodrama e Sociodrama. Musicoterapeuta na Casa da Criança Excepcional Maria Maia Professora de música no Núcleo de Reabilitação Especializado Jaty. Musicoterapeuta em consultório particular. Telefone e email: (11)98467-8655 / [email protected]

preferências de interação. Uma inten-

ção de vocalização, uma maior moti-

vação na execução de instrumentos,

um interesse por movimentos corpo-

rais e o relaxamento com escuta cor-

poral são alguns exemplos.

Nos casos de pacientes que mos-

tram tendência para o entoar, a repro-

dução de vocalizações ascendentes e

descentes, com interpretação lúdica

que as façam rir, é uma forma de esti-

mulá-las. Ao despertar o riso criamos

um campo relaxado para que elas co-

mecem a vocalizar, o som do riso aca-

ba por ser o início do canto. O tempo

de resposta pode variar. É preciso

respeitar esse tempo e acompanha-las

de modo que se sintam à vontade

enquanto cantam.

A redução das estereotipias manu-

ais pode ser trabalhada com a execu-

ção dos instrumentos musicais, a prin-

cípio com auxílio do musicoterapeuta.

Geralmente elas conseguem realizar

movimentos voluntários com a mão

dominante (direita se forem destras e

esquerda se forem canhotas) na inte-

ração com os instrumentos se a mão

não dominante estiver contida. Há

casos em que a execução de uma mú-

sica que emociona a paciente é sufici-

ente para relaxá-la a ponto de cessar a

estereotipia por alguns minutos.

Outra forma de estimulá-las a inte-

ragirem com os instrumentos musicais

é utilizar outras partes do corpo, como

as pernas e os pés, inclusive em alguns

casos de cadeirantes.

É importante que o musicoterapeu-

ta esteja atento aos sinais para identi-

ficar o que a atrai e o que ela quer

expressar. Como todos nós, a paciente

com Síndrome de Rett passa por mo-

mentos de tristeza, de raiva, euforia,

carência, e encontra na musicoterapia

um espaço para externar esses senti-

mentos.

Entrevistamos Maria Helena Voors-

luys Battaglia, mãe de uma paciente

da Abre-te .

J: Há quanto tempo tem atendimento

de musicoterapia?

Desde que começou o atendimento na

Abre-te, por volta de 2001.

J: Qual é o principal benefício obser-

vado?

O principal benefício é a interação que

tem com a música, com instrumentos

musicais, melhorando sua capacidade

de expressar sentimentos. Com a mu-

sicoterapia, passou a ter contato com

instrumentos musicais diversos, che-

gando a tocar com ajuda da terapeuta

para observar o som que produz.

J: Aponte outros benefícios, se hou-

ver.

Desde bebê cantava músicas infantis

com ela e, depois de descobrir que

tinha síndrome de Rett, passei a inten-

sificar o uso da música, porque sabia

que era o canal pelo qual elas se co-

municavam. Envolvia toda atividade

E para finalizar...

Page 12: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Quarta Edição - P. 12

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

realizada com ela em alguma música

ao trocar de roupa, dar de comer, dar

banho. Além disso, a música era usada

para entretê-la e verificar se sabia o

que estava ouvindo, prestava atenção

na letra e fazíamos testes trocando a

letra e ela imediatamente parava a

estereotipia e olhava, como quem diz,

“não é assim!” Ela conhecia a sequên-

cia em que as músicas eram tocadas,

isso também descobríamos ao inver-

ter a ordem. Ela demonstra irritação

ou sono quando a música ou o progra-

ma de tv não agradam. Também não

gosta de programas infantis em que os

personagens falam muito, prefere

shows musicais. E a musicoterapia

mostrou a ela e a nós, que música é

além de uma arte, é uma terapia que

não basta ser só cantada, ouvida, mas

é possível explorar um mundo de coi-

sas através da música e desenvolver

habilidades cognitivas e motoras.

Jomesp - Quer fazer algum comentá-

rio?

A música e por extensão a musicotera-

pia tem sido a atividade mais aprecia-

da pela Juliana, é onde se realiza, con-

segue expressar a emoção e se sentir

realizada. A música é como o sol que

brilha e alegra sua vida, deixando-a

muito feliz, uma felicidade que acaba

contagiando todos à sua volta.

Serviços da Abre-te 1-) Atendimento Familiar 2-) Avaliação Diagnóstica 3-) Exame Molecular para Mutações no Gene MECP2 4-) Avaliação Global 5-) Encaminhamentos 6-) Núcleo Campinas para Apoio e Orientação a Famílias de pessoas com a Síndrome de Rett

Page 13: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Quarta Edição - P.13

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Por: Crema Trovesi Giulia

Se olharmos para a história da

música na Itália, após a Idade Média,

vemos o surgimento de estilos e gê-

neros musicais colocados em diferen-

tes cidades, como Roma, Florença,

Nápoles, Veneza... A presença de di-

ferentes escolas artísticas, por vezes,

lutando entre si, ajudou a criar produ-

ções artísticas do mais alto nível.

Assim aconteceu e acontece com

a musicoterapia. Na Itália existem

diferentes modelos. Cada modelo

tem seu valor e é um recurso. Essa

diversidade tem sido e é uma fonte

de crescimento cultural e profissional

que levou à colaboração atual.

A história da musicoterapia na

Itália começou em Assis. Desde o iní-

cio a palavra terapia tem enganado

alguns especialistas não músicos. Eles

consideraram o termo "terapia" em

ordem de prioridade sobre a música.

Seguindo esta interpretação, o pri-

meiro curso de musicoterapia na Itá-

lia, que foi seguido por outros e ou-

tros, também foi aberto a pessoas

que possuem formação na escola

fundamental, mesmo sem nenhum

conhecimento musical.

Ao longo dos anos o curso de Assis

teve como requisito aos alunos a con-

clusão do ensino médio. Nunca foram

solicitados estudos musicais específi-

cos. A grande maioria dos cursos de

musicoterapia italianos, ainda hoje,

não requerem estudos musicais.

Eu sempre fui convencida de que a

música é fundamental para a musico-

terapia. Vários estudantes de Assis

me pediram para fazer o curso com

base em minhas experiências, que foi

organizado como um grupo de estudo

em aumento constante e progressivo,

ainda ativo. Em maio de 1991, eu

fundei a APMM (Associação de Peda-

gogia Musical e Musicoterapia)

"Giulia Cremaschi Trovesi". Estava

surgindo um modelo de musicotera-

pia onde a educação e terapia especí-

fica se baseiam nos mesmos princí-

pios. Muitos dos profissionais que

participam do grupo de estudo da

APMM fundaram associações, cen-

tros de estudo, workshops, ateliês de

música, entre outros, em suas cida-

des.

Com a extensão das experiências,

em maio de 1998 fundada a FIM

Musicoterapia

Pelo

ITÁLIA

Page 14: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

(Federação Italiana de Musicotera-

pia). A FIM é uma organização sem

fins lucrativos. Os membros FIM esta-

beleceram um registro profissional

para a proteção dos profissionais e

usuários, emitindo em 2001 o Código

de Ética. Atualmente o APMM, assim

como outras associações presentes

em outras cidades italianas, é o lar

dos cursos de formação e reuniões de

supervisão, enquanto a FIM realiza

seu papel institucional e informativo.

As experiências através de estudos

e a comparação com realidades es-

trangeiras com quem tivemos em

contato através do e EMTC WFMT,

confirmaram que a música é funda-

mental para musicoterapia. Expressei

claramente a minha opinião nos livros

"A musicoterapia, arte da comunica-

ção" e "The Body Viva" (mostra testes

de audição de 485 crianças surdas).

Com a ajuda do companheiro psi-

coterapeuta e musicoterapeuta Mau-

ro Scardovelli, compartilhando expe-

riências com psicólogo Simona Colpa-

ni e contribuição profissional e cultu-

ral filósofo Carlo Sini, foram trazidos à

luz os princípios teóricos e fundamen-

tos epistemológicos da musicotera-

pia. O modelo de musicoterapia hu-

manista foi delineado através da prá-

tica clínica, dos estudos e da análise

dos resultados de diferentes habilida-

des profissionais. Os fundamentos

teóricos estão enraizadas no pensa-

mento fenomenológico - existencial.

A Musicoterapia Humanista tem a

sua própria identidade como um mo-

delo teórico com os fundamentos

epistemológicos. Os profissionais as-

sociados à FIM operam no território

italiano, seguindo o modelo de musi-

coterapia Humanística. Seu trabalho é

recomendado a validação do Ministé-

rio da Educação, Universidade e Pes-

quisa.

A Formação em Terapia Musical

Aspectos Institucionais

Regional

Regionalmente, a FIM está inscrita no Registro Regional de Associações sem fins lucrativos, da região da Lombardia, com o Decreto de

número 31366 de 2001/12/14. A FIM está envolvida no trabalho de reconhecimento da musicoterapia como uma nova profissão, na

região da Lombardia.

Nacional

A FIM é credenciada pelo Ministério da Educação, Universidade e Pesquisa, sob o Decreto Ministerial 177/2000, prot. n. 4420 / C / 3 / A,

datada de 12-01-2005. A FIM está registado, desde 2001, no CNEL (Conselho Nacional e da Economia Mundial), organização comprome-

tida com o reconhecimento das novas profissões. A FIM também é registrada no CoLAP (Coordenação das Associações Profissionais Gra-

tuitos).

Internacional

FIM está associada com EMTC e a WFMT.

Quarta Edição - P.14

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Page 15: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Humanista se articula nos seguintes

aspectos.

Musical - Educação Musical

(modelo APMM) Epistemologia

música (modelo APMM); Impro-

visação Clinica ao piano (modelo

APMM) Relacionamento Circu-

lar (modelo APMM)

Psicológica - Modelo PNL; Hu-

manística - integrado.

Pessoal - Profissional escolhe o

treinador de acordo com suas

preferências.

Supervisão - O modelo de Musi-

coterapia Humanista gira em

torno de três aspectos: Música

(Improvisação clínica no modo

de piano específico e detalha-

do); Harmonia e musicalidade

em expressão corporal; Staff

(PNLUm.Int.).

Na Itália, desde 1974, as crianças

com deficiência são colocadas em

turmas com crianças normais. Os fun-

damentos teóricos - modelo episte-

mológico humanista - incluem educa-

ção e terapia. A Musicoterapia Huma-

nística e Pedagogia Musical são con-

gruentes (modelo APMM). Esses prin-

cípios permitem operar de forma efi-

caz em termos de educação, na sala

de aula, nas colocações escolares das

crianças com deficiência colocadas

com os companheiros sãos e no con-

texto terapêutico.

Os pilares desse modelo giram em

torno dos seguintes aspectos teóri-

cos: ressonância corporal; improvisa-

ção clínica no piano; diálogo sonoro;

eurritmia; instrumentos musicais idio-

fone (epistemologia da música). As

relações entre o som, o movimento, a

origem e a formação da palavra e o

número de crianças normais e crian-

ças com deficiência; presença dos

pais (para intervenções precoces com

crianças); o terapeuta trabalha com o

co-terapeuta em casos de deficiência

grave ou múltiplas deficiências. As

Atividades

Para patrocinar cursos de formação, seminários, conferências, concertos, simpósios, eventos culturais para as organizações, instituições,

associações ou centros especializados preparadas de acordo com profissional ela reconheceu:

- O 1º Congresso de "The Sound of Life" foi feito para Assis, em junho de 2000. Milan 4-5- maio 2001 "Corpo, Voz, Word: Expressão das

Emoções" com Carlo Sini eo escritor Joseph Pontiggia. Bergamo 26-27 outubro 2002 »A dinâmica do gesto como um teatro da palavra"

análise dos trabalhos sobre o autismo infantil com Carlo Sini, Scardovelli, Cremaschi. Nos dias 10-11-12 novembro 2005 terá lugar na

Sicília o II Congresso de italiano musicoterapia, intitulado "Canção Original"fundamentos epistemológicos

- Musical de Musicoterapia Humanista, setembro 2005; a publicação do livro "The Sound of Life" por G. Cremaschi Trovesi e Mauro Scar-

dovelli ARMANDO colar EDITOR, médico psicopedagógico dirigido por John Bollea.

Quarta Edição - P.15

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Page 16: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

modalidades teórico-operacionais da

musicoterapia humanista são congru-

entes com os da PNL (Programação

Neuro Linguística) Humanista – inte-

grada e desenvolvida por Mauro Scar-

dovelli.

Estudos e treinamento em musi-

coterapia na Itália ainda estão confia-

dos a iniciativas privadas. O musicote-

rapeuta formado sob o modelo hu-

manista, através da validação do Mi-

nistério da Educação, Universidade e

Pesquisa, oficialmente a sua profissão

pode atuar nas seguintes áreas: inclu-

são e integração das crianças com

deficiência; formação de professores

do ensino, obrigatório para a área

não-verbal; formação de professores

do ensino básico nas áreas de linguís-

tica e lógico-matemática; formação

na universidade para estudantes de

humanas e; treinamento para estu-

dantes em conservatórios de música.

Crema Trovesi Giulia Presidente da FIM (Federação Italiana de Musicoterapia)

Giulia Cremaschi Trovesi, professora de música (piano e composição), fundadora musi-coterapeuta do modelo "humanista APMM musicoterapia (Associação de Pedagogia Musical e Musicoterapia)". Musicoterapeuta no APMM, professora de música cursos de musicoterapia italianos e estrangeiros, ensinou no estado para a inclusão e integra-ção das crianças com deficiência, a partir de outras fontes. Adequação no ensinamen-to de Piano no Conservatório principal. Musicoterapeuta de 1981-1997 no Instituto de Audiologia da Universidade de Milão. Tem interesse em pedagogia e música para cri-anças em idade escolar aparentemente fluxos menos dotados em estudos de Musico-terapia. Tem participado como palestrante em vários congressos internacionaisl. Seu compromisso com a experimentação e estudo começou na década de setenta. Atual-mente é Presidente da FIM (Federação das musicoterapeutas italianos).

Quarta Edição - P.16

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Page 17: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Quarta Edição - P.17

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Nos últimos oito anos, tenho atua-

do diretamente na condução de expe-

rimentos em musicoterapia no Brasil

e no exterior. Pode-se definir um ex-

perimento como qualquer tipo de

estudo que envolve uma intervenção

em musicoterapia para um determi-

nado grupo de pessoas, onde pode

existir ou não a presença de compara-

ção (grupo controle) que não recebe

o tratamento musicoterapêutico

(GATTINO, 2009). O tipo mais conhe-

cido de estudo experimental é o en-

saio controlado randomizado

(GERETSEGGER et al., 2012). Nessa

categoria de investigação, o pesquisa-

dor divide os participantes da pesqui-

sa em pelo menos dois grupos por

sorteio (randomização). Os grupos da

pesquisa consistem em modalidades

distintas de intervenção, onde o mais

comum é a presença de um grupo

que receberá a musicoterapia e outro

que será o grupo controle que rece-

berá uma intervenção distinta ou o

tratamento padrão para uma deter-

minada patologia. Costuma-se utilizar

a sigla ECR para se referir aos ensaios

controlados randomizados.

O ECR é um dos tipos mais co-

muns de pesquisa quantitativa, pois

utiliza um grande rigor metodológico

para verificar se um determinado

tratamento modifica determinadas

variáveis onde a única diferença entre

os grupos é aplicação do tratamento

em questão (MOHER et al., 2011).

Dessa forma, os participantes da pes-

quisa devem ser muito parecidos en-

tre si, no que diz respeito a diagnósti-

co, idade, tratamentos em que parti-

cipa, sexo, etc. Os ECRs devem ser

aprovados em comitês de ética em

pesquisa, assim como numa platafor-

ma online de experimentos. Em fun-

ção desse rigor metodológico, os

ECRs são amplamente utilizados em

musicoterapia e consistem no princi-

ESCRITORES

Realização de experimentos em musicoterapia no Brasil:

uma longa jornada

Por: Gustavo Schulz Gattino

Page 18: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Quarta Edição - P.18

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

pal tipo de pesquisa quantitativa usa-

do no campo musicoterapêutico tan-

to Brasil quanto no exterior. A realiza-

ção de um ECRs pressupõe o uso de

regras e procedimentos realmente

sistemáticos e específicos. Por esta

razão há um protocolo de diretrizes

internacionais para a condução de

ECRs intitulada CONSORT (MOHER et

al., 2011).

Quando decidi trabalhar com esse

tipo de pesquisa não tinha a dimen-

são do quão difícil seria aprender e

lidar diariamente com experimentos

na minha prática como investigador.

Ao verificar um experimento publica-

do, não há como mensurar ou ter

uma ideia da complexidade e das

dificuldades que os autores enfrenta-

ram até o momento da publicação

(MOHER et al., 2011). Existem livros e

artigos que servem como guias para a

condução e publicação de experimen-

tos. Contudo, nenhum desses livros

está adaptado para a realidade brasi-

leira e para as subjetividades encon-

tradas no cotidiano da condução e

realização desse tipo de investigação.

Em alguns países da Europa

(Noruega, Finlândia, Alemanha e Di-

namarca, por exemplo), Austrália,

Estados Unidos e em alguns países da

Ásia (Coréia do Sul e Taiwan), há uma

grande infraestrutura para a realiza-

ção de experimentos, tanto no que se

refere à equipe de profissionais, trei-

namento e formações para a condu-

ção de experimentos, assim como

espaços físicos apropriados para a

realização desse tipo de estudo

(GATTINO et al., 2014). Essas são al-

gumas das razões que explicam o

porquê os referidos países publicam

tantos estudos desse tipo.

Os Estados Unidos possuem o

maior número de ensaios controlados

randomizados publicados em musico-

terapia e a quantidade de publicações

é muito maior se compararmos com

os demais países ao redor do planeta

(WHEELER, 2005). Há uma cultura do

nos Estados Unidos sobre práticas

baseadas em evidências. Esse concei-

to se refere à utilização de práticas

que estejam embasadas por evidên-

cias científicas. Em outras palavras, as

práticas que não foram comprovadas

por pesquisas não devem ser indica-

das ou não possuem evidências sufici-

entes que comprovem a sua eficiên-

cia. Essa forma de pensar levou e

leva até hoje à elaboração constante

de ensaios controlados randomizados

para justificar o uso da musicoterapia

“as práticas que não foram comprovadas

por pesquisas não devem ser indicadas ou

não possuem evidências suficientes que

comprovem a sua eficiência”

Page 19: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Quarta Edição - P.19

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

como forma de intervenção em dife-

rentes patologias (WHEELER, 2005)..

Experimentos em musicoterapia

no Brasil

O rigor dos ensaios controlados

randomizados e a perspectiva das

práticas baseadas em evidências re-

presentam desafios diários para pes-

quisadores em musicoterapia no Bra-

sil. O nosso país tem um potencial

enorme para realizar esse tipo de

estudo, visto que tem uma prática de

musicoterapia consolidada há mais de

50 anos e tem aumentado o número

de musicoterapeutas envolvidos com

pesquisas internacionais e programas

de pós-graduação. As dificuldades dos

musicoterapeutas brasileiros para a

condução os ECRs está ligada direta-

mente à logística necessárias pa-

ra realização dos estudos e também

aos recursos financeiros para esse

tipo de estudo. Ainda, acredito que

outra grande dificuldade para a reali-

zação dos experimentos no Brasil é o

pensamento da comunidade musico-

terapêutica no Brasil sobre esse tipo

de trabalho.Trato de explicar nos pró-

ximos parágrafos um pouco dessas

dificuldades.

Os aspectos logísticos se referem

ao planejamento e execução prática

das distintas fases da pesquisa. Essas

fases incluem a elaboração do proje-

to, aprovação no comitê de ética,

seleção dos participantes, divisão dos

participantes nos diferentes grupos,

aplicação dos tratamentos, mensura-

ção das variáveis e análise dos resul-

tados (WHEELER, 2005). Uma primei-

ra dificuldade encontrada é a aprova-

ção do projeto no comitê de ética em

pesquisa. Ainda que nos últimos anos

a dificuldade com aspectos burocráti-

cos diminuiu no Brasil para a aprova-

Page 20: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Quarta Edição - P.20

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

ção de projetos, as leis e regras não

são devidamente claras e o governo

brasileiro dificulta a aprovação para

estudos multicêntricos internacio-

nais. Cabe salientar que os estudos

internacionais devem ser analisados

de modo especial pelo Conselho Naci-

onal de Pesquisa (CONEP) que costu-

ma levar em média um ano para

aprovar esse tipo de projeto.

Na escolha dos participantes, há

uma dificuldade no Brasil para encon-

trar as pessoas elegíveis para os estu-

dos, pois muitas pessoas não possu-

em um diagnóstico formal da patolo-

gia em questão ou os instrumentos

que realizam o diagnóstico ainda não

foram validados para uso no Brasil

(GATTINO et al., 2014). Ainda, muitas

pessoas recebem um diagnóstico

equivocado e por isso dificultam a

seleção de participantes para a pes-

quisa. Acredito que a divisão dos par-

ticipantes segundo o critério de sor-

teio (randomização) seja o cerne das

dificuldades para a realização de ECRs

no Brasil. Quando o participante é

escolhido para o grupo que não rece-

berá musicoterapia, muitas vezes a

família ou o próprio participante de-

siste de participar do estudo. Mesmo

que a pessoa saiba que depois do

tratamento do grupo que receberá

musicoterapia ele receberá essa in-

tervenção, a pessoa pode optar por

desistir, pois não receberá musicote-

rapia imediatamente. Além disso,

muitas pessoas confundem pesquisa

com o oferecimento de tratamento

gratuito de musicoterapia. Os partici-

pantes ou a família entendem que

receberão um tratamento gratuito,

mas não se detém ao fato de que o

tratamento está atrelado a verifica-

ção de um efeito em relação a uma

determinada intervenção.

No que diz respeito à aplicação do

tratamento, é proibido cobrar por

uma intervenção que esteja atrelada

a uma pesquisa no Brasil. Não acho

que devemos cobrar por uma inter-

venção musicoterapêutica em uma

pesquisa, mas tenho verificado nos

últimos anos que as pessoas não atri-

buem o devido valor à musicoterapia

quando ela é oferecida no contexto

de investigação. Além disso, tenho

percebido que muitos participantes

faltam às intervenções ao longo do

processo e isso ocorre em muitas

situações por razões realmente sem

fundamento: presença de chuva na

cidade, esquecimento das sessões,

“Quando o participante é escolhido para o grupo que

não receberá musicoterapia, muitas vezes a família ou o

próprio participante desiste de participar do estudo. “

Page 21: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Quarta Edição - P.21

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

marcação de outros compromissos no

horário das sessões. Ainda, é possível

perceber em algumas pessoas que

elas estão participando da pesquisa

como se estivessem prestando um

favor ao investigador. Algumas famí-

lias dificultam a participação no trata-

mento e exigem que as avaliações e

intervenções da pesquisa sejam reali-

zadas na casa do participante.

A avaliação das variáveis da pes-

quisa também representa um grande

problema na condução de ECRs no

Brasil (WHEELER, 2005). Muitas ferra-

mentas de avaliação necessárias para

a mensuração dos desfechos são rea-

lizadas por profissionais de outras

áreas oriundas da educação, psicolo-

gia e medicina, por exemplo. Esses

profissionais podem ter dificuldade

em entender no que consiste a musi-

coterapia e de que forma a avaliação

deles vai colaborar para a pesqui-

sa.Inclusive, em alguns casos os pro-

fissionais alegam que não foi possível

concluir a avaliação da pesquisa, dei-

xando o investigador sem o resultado

necessário para a conclusão da estu-

do. Saliento que essa situação não é

regra, mas acontece em diferentes

investigações. Outro grande proble-

ma na avaliação das variáveis é a utili-

zação de testes e escalas validadas

para uso no Brasil (tanto na área mu-

sicoterapêutica quanto em outras

áreas). Enfrentei dentro do estudo

internacional de Musicoterapia e Au-

tismo TIME-A, por exemplo, uma

grande dificuldade para conseguir

disponibilizar no Brasil as escalas soli-

citadas para conduzir essa investiga-

ção, que ocorre no Brasil e em mais

oito países (GERETSEGGER et al.,

2012). Foi preciso comprar os direitos

autorais de três escalas, bem como

traduzir e adaptar para uso no Brasil

um desses instrumentos de avaliação.

Muitas escalas estão traduzidas e

adaptadas para uso no Brasil, porém

não foram publicadas por nenhuma

editora. Nesse caso, é preciso com-

prar diretamente da empresa que

detém os direitos autorais a partir de

um número de aplicação das escalas

para fins de pesquisa. O processo de

compra dos direitos autorais e a tra-

dução e adaptação de uma das esca-

las no estudo TIME-A atrasou a pes-

quisa em dois anos. Em outras pala-

vras, enquanto outros países da pes-

quisa já estavam coletando dados dos

participantes, nós no Brasil estáva-

mos realizando uma etapa anterior ao

início da investigação. Cabe salientar

também que a falta de escalas de

musicoterapia traduzidas e validadas

para uso no Brasil dificulta a realiza-

ção de experimentos, pois muitas

vezes usamos escalas de outras áreas

porque os nossos instrumentos de

avaliação não foram submetidas a

processos de validade.

No momento da análise dos resul-

“Muitas ferramentas de

avaliação necessárias para a

mensuração dos desfechos

são realizadas por

profissionais de outras áreas

oriundas da educação,

psicologia e medicina, por

exemplo.“

Page 22: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Quarta Edição - P.22

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

tados, o investigador enfrenta um

grande problema: a falta de prática

com estatística. Nos cursos de gradu-

ação e pós-graduação em musicotera-

pia os estudantes tem pouco contato

com termos da estatística e por isso

os alunos têm dificuldade para inter-

pretar os resultados de investigações

quantitativas em musicoterapia. O

investigador precisa muitas vezes

aprender desde os elementos mais

básicos da estatística para compreen-

der no que consistem os resultados

encontrados na sua pesquisa e que

relevância eles trazem para a prática

clínica. O livro Music Therapy Rese-

arch (2005), organizado pela musico-

terapeuta Barba Wheeler talvez seja a

melhor para resolver esse tipo de

dificuldade. Vale lembrar que a ter-

ceira edição desse livro será publica-

da no ano que vem.

Além de todas as dificuldades de

logística já citadas até aqui, creio que

o modo de pensar dos musicotera-

peutas no Brasil sobre práticas basea-

das em evidências seja um dos gran-

des entraves para a realização de

experimentos no Brasil (GATTINO,

2014). Temos um modo muito prático

e empírico de comprovar que as nos-

sas intervenções funcionam. Isso não

quer dizer que essa forma de pensar

seja melhor ou pior que o pensamen-

to baseado em evidências. Todavia,

esse modo de entender a realidade

traz dificuldades sobre o porquê é

necessário fazer estudos com grande

sistematização e rigor metodológico

para comprovar que a musicoterapia

funciona. A pesquisa em musicotera-

pia no Brasil tem uma grande forma

na área qualitativa. Isso se justifica

pela origem histórica da musicotera-

pia no Brasil que foi influenciada for-

temente por modelos teóricos da

psicanálise, das teorias da comunica-

ção, pelas teorias sociais e pela antro-

pologia, por exemplo. Nesse sentido,

parece que o musicoterapeuta que

trabalha com experimentos precisa

estar todo tempo justificando o por-

quê está realizando esse tipo de pes-

quisa. Além desses fatores, cabe so-

mar a dificuldade encontrada no Bra-

sil para realizar práticas sistemáticas

em musicoterapia. Muitos musicote-

Page 23: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Quarta Edição - P.23

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

rapeutas criaram suas próprias esca-

las e suas próprias técnicas e por isso

é difícil traduzir esse tipo de situação

para experimentos onde a sistemati-

zação é uma regra para explicar o

efeito de um tratamento.

Considerações finais

Não pretendo com esse texto

mostrar que os experimentos sejam a

melhor opção de pesquisa em musi-

coterapia e que não temos condições

para realizar esse tipo de estudo. No

entanto, precisamos repensar muitas

coisas se temos a pretensão de usar

esse tipo de pesquisa para justificar

os efeitos da musicoterapia no Brasil,

comparando os resultados encontra-

dos com outros países que realizam

esse mesmo tipo de pesquisa. Preci-

samos incentivar os estudantes de

musicoterapia a conhecerem esse

tipo de pesquisa como uma realidade

possível para compreender os fenô-

menos que encontramos na nossa

prática. É necessário aumentar a

quantidade de cursos, seminários e

formações específicos sobre metodo-

logia de pesquisa para proporcionar

discussões mais profundas sobre a

condução de experimentos em musi-

coterapia. Recomenda-se que os mu-

sicoterapeutas que trabalham com

experimentos formem grupos de dis-

cussão da mesma forma como ocorre

em outros países. Há por exemplo

uma rede de discussão de musicote-

rapeutas que trabalham com famílias

e outra de profissionais que atuam no

campo do autismo. Esses grupos au-

xiliam na resolução de dúvidas e

questionamentos para uma melhor

condução de experimentos e facilita a

realização de estudos multicêntricos.

Justamente os estudos multicêntricos

são uma boa solução para melhorar a

qualidade dos experimentos no Brasil.

Muitos musicoterapeutas trabalham

isolados nas suas pesquisas e acabam

assumindo uma série de tarefas que

dificultam a condução de um estudo.

Nesse sentido, com mais musicotera-

peutas como responsáveis esse pro-

blema diminui e há um maior contro-

le sobre as fases que precisam ser

realizadas no estudo.

Alguns colegas já relataram que se

pudessem escolher não realizariam

mais ensaios controlados randomiza-

dos. Realmente, não é uma tarefa

fácil. No entanto, quando escolhemos

ser musicoterapeutas sabíamos que

estaríamos quebrando barreiras e

paradigmas o tempo todo. Por isso,

sempre é tempo de renovar as forças

e seguir trabalhando.

“Muitos musicoterapeutas trabalham isolados nas suas pesquisas

e acabam assumindo uma série de tarefas que dificultam a

condução de um estudo. “

Page 24: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Quarta Edição - P.24

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

REFERÊNCIAS

Gattino GS. A influência da Musicoterapia na comunicação de crianças com transtorno autista. [Dissertação]. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2009.

Gattino GS, Araujo GA, Rodrigues I, Mauat A. Instrumentos de avaliação em Musicoterapia validados no Brasil. XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Musicoterapia. Brasília, Distrito Federal, nov 7-9, 2014.

Gattino GS, Pesquisa em Musicoterapia.IV Fórum Catarinense de Musicoterapia. Florianópolis, Santa Catarina, nov 29, 2014.

Geretsegger M, Holck U, Gold C. Randomised controlled Trial of Improvisational Music therapy's effectiveness for children with Autism Spectrum Disorders (TIME-A): study protocol. BMC Pediatr. 2012; 12(1):2.

Moher D, Schulz KF, Altman D. The CONSORT Statement: revised recommendations for improving the quality of reports of parallel-group randomized trials 2001. Explore (NY). 2005 Jan;1(1):40-5.

Wheeler, B. L. (Ed.). Music therapy research (2nd ed.). Gilsum, NH: Barcelona, 2005.

Dr. Gustavo Schulz Gattino Email: [email protected] Graduado em musicoterapia pelas Faculdades EST (2007), mestre (2009) e doutor

(2012) pelo Programa de Pós-graduação em Saúde da Criança e do Adolescente pela

Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). É pro-

fessor titular do curso de Licenciatura em Música da Universidade do Estado de Santa

Catarina (UDESC). Membro do Grupo de Pesquisa Educação Musical e Formação Do-

cente (UDESC/CNPq). Realizou estágio de doutorado sanduíche pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) na

Universidade do Porto (UP), cidade do Porto, Portugal. Foi musicoterapeuta voluntário em Portugal na Associação Sócio-

Terapêutica de Almeida (ASTA) e no Movimento de Pais e Amigos do Diminuído Mental (MAPADI). Tem experiência no aten-

dimento de indivíduos com deficiência intelectual, autismo e deficiências múltiplas em musicoterapia. Pesquisa os efeitos da

musicoterapia para pessoas com autismo, deficiência intelectual e deficiências múltiplas. Desenvolve projetos de tradução e

validação de instrumentos de avaliação em musicoterapia. Apresentou trabalhos na Argentina, Áustria, Brasil, Chile, Colôm-

bia, Espanha e Portugal. É o coordenador brasileiro do estudo multicêntrico de Musicoterapia e Autismo TIME-A. Atualmen-

te, é membro do conselho editorial da Revista Brasileira de Musicoterapia e coordena o Grupo Ibero-Americano de Investi-

gação em Musicoterapia (GIIMT) no Brasil.

Page 25: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Quarta Edição - P.25

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Porque decidiu cursar musicotera-

pia?

A minha intenção inicial foi cursar

música, pois como sempre tive conta-

tos com instrumentos musicais (por

vontade própria e não por histórico

familiar) tive a grande ideia de me

tornar maestro. Porém, os planos

mudaram quando li o histórico do

curso de Musicoterapia na FPA - Fa-

culdade Paulista de Artes (atualmente

com um curso de musicoterapia ex-

tinto).

Foi então que decide fazer apenas o

1º semestre para ver se gostaria do

que estava por vir. Dizer que gostei

logo de cara e me apaixonei pela mu-

sicoterapia seria mentira, porém me

aguçou a curiosidade de saber como

realmente poderia funcionar uma

"coisa" tão lúdica e artística no trata-

mento e auxílio de pessoas.

Minha insistência e esta curiosidade

me fez frequentar diariamente os

oitos semestres que estariam por vir.

Como foi sua experiÊncia na gradua-

ção?

Umas das experiências mais ricas e

gratificantes que já tive, graças aos

colegas de curso, que tive a felicidade

de conhecer e, o corpo docente ser

extremamente preparado para minis-

trar as aulas, auxiliando tanto em

minha jornada profissional, quanto

pessoal.

Na faculdade não tínhamos

a estrutura física que havia em outras

instituições, porém a união dos estu-

dantes e professores fizeram essa

estrutura passar despercebi-

do durante os 4 anos de curso.

Como foi sua experiência após a gra-

duação, mercado de trabalho, espe-

cialização?

Uma das experiências mais proveito-

sas que tive na graduação foram os

estágios, pois fazíamos os mesmos

fora da instituição, em hospitais, clíni-

cas, ONG's, instituições, escolas, den-

tre outros. Esses está-

gios externos acabaram se tornando

Musicoterapeuta in foco

"Almejar o equilíbrio, é aspirar a transformação do âmago"

Page 26: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

muito ricos devido ao contato com

outros profissionais, como fisiotera-

peutas, psicólogos, terapeutas ocupa-

cionais, fonoaudiólogos, entre outros.

Nestes estágios, tínhamos a oportuni-

dade de visualizar que a musicotera-

pia poderia atuar na saúde mental,

social, geriatria, educacional, e nas

mais diversas áreas de atuação. Com

isso consegui filtrar onde exatamente

me encaixava no mercado de traba-

lho e o que procuraria estudar após a

graduação.

O mercado de trabalho atualmente

está se expandido não só em São Pau-

lo, mas pelo Brasil e pelo mundo. Ho-

je encontramos poucas pessoas que

não sabem o que é musicoterapia,

dificilmente ouvimos aquele "hã!?"

que estávamos acostumados a ouvir

na época da graduação. A maioria das

pessoas, de alguma forma, já ouviu

falar, seja pelos meios de comunica-

ção, ou por conhecer algum profissio-

nal e/ou estudante de musicoterapia.

Com isto ocorrendo, faz com que se-

jamos reconhecidos como um profis-

sional necessário em todos os mode-

los de atendimentos e, encaixados

em equipes inter e multidisciplinares.

Além de musicoterapeuta, tenho du-

as especializações. Uma delas em

Ciências da Saúde - Psicossomática,

onde me formei pela FACIS - Faculda-

de de Ciências e Saúde ,que foi uma

experiência rica de conhecimentos,

pois durante os 3 anos de especializa-

ção estive em contato com outros

profissionais, principalmente da área

da psicologia. Sendo um dos únicos

musicoterapeutas da turma, havia a

curiosidade de saber mais sobre essa

"tal profissão", com isso estáva-

mos sempre trocando informações.

Minha outra especialização foi em

Neuromusicoterapia e Autismo, expe-

riência gratificante e rica, graças às

trocas de materiais e informações

que se somaram durante o curso. O

mais interessante, neste curso, foi a

diversidade cultural que tínhamos

que conviver, pois a classe era forma-

da por paulistas, paulistanos, baianos,

mineiros, cariocas e até amazonen-

ses, auxiliando assim todos nós a en-

tendermos algumas diferenças cultu-

rais e suas implicações nas formas de

atendimentos.

Como é seu atendimento?

Trabalho com uma abordagem huma-

nista: utilizo os dados que os pacien-

tes trazem para mim. Trabalho com

improvisação musical, construção de

instrumentos musicais, expressão não

-verbal. Sempre procuro fazer um

método de re-criação, improvisação,

composição.

Estou escrevendo dois artigos, sendo:

A importância da composição musical

para o autista (cognitivo emocional)

e; A importância da construção dos

instrumentos musicais com paralisia

cerebral (motor e membro superior).

Falarei brevemente sobre cada um.

Construção de Instrumento

O hobbie de construir instrumentos é

mais antigo que a musicoterapia, por-

tanto tenho muita experiência com as

ferramentas e sei os cuidados para

utilizá-las. A partir disso, comecei a

introduzir o processo de construção

de instrumentos no atendimento,

com objetivos terapêuticos.

“comecei a introduzir o processo de construção

de instrumentos no atendimento, com

objetivos terapêuticos”

Quarta Edição - P.26

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Um trabalho que eu

desenvolvo com autistas é

a composição musical

junto com imagens.

Page 27: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

A atividade contempla todos os tipos

de pacientes, seja autista, deficiente

intelectual ou pessoas com paralisia

cerebral, trazendo benefícios para

todos.

A atividade envolve todos os proces-

sos de construção, tais como: limpeza

de material, lixa, ferramenta, monta-

gem, acabamento e pintura.

Na paralisia, ao fazer esforços para

pegar a ferramenta, o paciente traba-

lha a extensão dos membros superio-

res, o que é muito importante para

ele.

São oferecidos todos os tipos de fer-

ramenta necessários, como: serra tico

tico, serra circular, furadeira, ferra-

mentais manuais. Muitos deles não

têm contato com isso em nenhum

lugar, portanto ficam muito entusias-

mados. Além disso, a vibração das

ferramentas motiva a vontade de

pegar a ferramenta. Aqueles que têm

melhor tem a possibilidade de furar

de utilizar todas as ferramentas.

Terapeutas ocupacionais e fonoau-

diólogos se interessam muito por esta

metodologia no atendimento.

Composição

Um trabalho que eu desenvolvo com

autistas é a composição musical junto

com imagens. São escolhidas imagens

de revistas a partir das quais são cria-

das palavras, frases, melodias.

Existem muitas composições musicais

como resultado desta proposta, além

da produção de materiais como: gra-

vações de CD; quadros com as ima-

gens e letra da música; ou seja, existe

uma produção artística que traz mui-

ta gratificação. Uma paciente fez uma

musica muito interessante que foi

gravada por uma banda e, a mãe tam-

bém fez um quadro para colocar na

parede da sala.

Local de atendimento

Já trabalhei no centro dos paraplégi-

cos. Atualmente trabalho no Lar da

Redenção, que atende paralisia cere-

bral que são (internos). Trabalho no

LENDA, com todo tipo de síndromes,

deficiências e autismo.

Quarta Edição - P.27

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Page 28: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Quarta Edição - P.28

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Os Mts Gildasio Januario e Lilian

Coelho, estiveram presentes no XIV

Encontro de Trabalhadoras e Traba-

lhadores da Assistência Social de São

Paulo, que foi realizado no município

de Santo André.

O tema do encontro foi: Conferên-

cias de Assistência Social: rumos do

controle e da participação social.

Foi feita uma análise pelos convi-

dados, das conferências que já foram

realizadas em âmbito municipal e

bem como discussões acerca dos ce-

nários políticos daquelas que irão ser

realizadas em âmbito estadual e fede-

ral. Ainda, sim a coordenação do FET-

SUAS/SP apresentou um balanço das

ações realizadas nos últimos dois

anos, bandeiras de lutas para as con-

ferências assistências de 2015, mo-

ções para X Conferência Estadual os

principais desafios futuros, apresen-

tação das entidades que compõem o

FETSUAS/SP e aquelas que irão conti-

nuar na próxima coordenação execu-

tiva.

MUSICOTERAPIA SOCIAL

Mais uma vez a musicoterapia esteve presente no Encontro Estadual de Trabalhadora(es) da Assis-tência Social de São Paulo, trabalhando pela regu-lamentação. Nosso querido coordenador da comis-são de regulamentação Gildásio Januário nos es-creveu contando como foi o evento.

Page 29: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

As Conferências de Assistência Social

são espaços de caráter deliberativo

em que é debatida e avaliada a Políti-

ca de Assistência Social. Também são

propostas novas diretrizes, no senti-

do de consolidar e ampliar os direitos

socioassistenciais dos seus usuários.

Os debates são coletivos com partici-

pação social mais representativa,

assegurando momentos para discus-

são e avaliação das ações governa-

mentais e também para a eleição de

prioridades políticas que represen-

tam os usuários, trabalhadores e as

entidades de assistência social.

Nas Conferências estaduais, partici-

pam os delegados, eleitos nas Confe-

rências municipais, observadores e

convidados credenciados. Já na etapa

municipal, podem participar todos os

sujeitos envolvidos na Assistência

Social e pessoas interessadas nas

questões relativas a essa Política.

Fonte: Ministério do Desenvolvimen-

to Social e Combate à Fome

Quarta Edição - P.29

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Page 30: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Entre os dias 14/09/2015 e

17/09/2015, a APEMESP representada pelo

MT Gildasio Januario e a MT Allana Morais,

participaram também da XI Conferência

Municipal da Assistência Social, no Centro

de Convenções Anhembi, São Paulo.

A conferência acontece em esfera

Regional, Municipal, Estadual e Federal

esta edição tem como tema: Consolidar o

SUAS de vez rumo a 2026. Na oportunida-

de, uma Moção (proposta pública com pe-

dido de apoio) com base na Resolução

17/2011 do Conselho Nacional de Assistên-

cia Social, que reconhece o profissional

Musicoterapeuta, a fim de garantir concur-

so público para a categoria na cidade de

São Paulo. Entregamos alguns folhetos com

informações gerais sobre a Musicoterapia

e o SUAS, com o propósito de facilitar a

compreensão daqueles que ali estavam.

Em resumo, conseguimos apoio de mais de

160 presentes e a aprovação desta moção

a ser encaminhada à Conferência Estadual

em Setembro de 2015.

É um espaço importante de Controle

Social da política de Assistência, sendo as-

sim, é imprescindível a participação de

profissionais e estudantes de Musicotera-

pia.

A Musicoterapia, na Conferência

Municipal da Assistência Social

Quarta Edição - P.30

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Page 31: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Quarta Edição - P. 31

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Nos dias 12 e 13 de setembro foi

realizado no Centro de Musicoterapia

Benenzon Brasil o curso Práticas de

Avaliação em Musicoterapia, minis-

trado pelos musicoterapeutas Gusta-

vo S. Gattino e Karina D. Ferrari, onde

foram apresentadas as principais es-

calas de avaliação de musicoterapia

validadas no Brasil, e aproveitamos

para bater um papo com a musico-

terapeuta Fabiane Mayume Shimo-

ze.

Fabiane nos conta que atual-

mente é aprimoranda em musicote-

rapia na AACD e em sua prática clí-

nica surgiram alguns questionamen-

tos sobre a disponibilidade e utiliza-

ção de escalas de avaliação específi-

cas em musicoterapia para verificar

a evolução do paciente. Essas ques-

tões, junto com algumas necessida-

des surgidas em suas pesquisas,

despertaram o interesse em apri-

morar-se quanto a escalas de avalia-

ção. Informa que já conhecia as esca-

las IMTAP, ERI, PAFM (Protocolo de

Funções Musiciais), mas a participa-

ção no curso ampliou seus conheci-

mentos e visão sobre o uso das esca-

las. E complementa acrescentando

que considera muito importante a

incorporação do conhecimento em

escalas de avaliação com um foco e

exploração desse conteúdo de forma

mais profunda desde a graduação, o

que poderia conceder aos formandos

outras ferramentas para a prática

clínica.

Fabiane Mayume Shimose Musicoterapeuta formada pela Faculdade Paulista de Artes (FPA) Estudou Especialização em Arteterapia, também pela FPA Atualmente atua como musicoterapeuta aprimoranda na AACD e educadora musical.

Page 32: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Quarta Edição - P.32

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

CANTO YBÁ

INSTRUMENTOS MUSICAIS ARTESANAIS

Bongo de bambu

Bongo de coco

Tambor bambu grd, med, peq

Cabuletê bambu

Cabuletê coco

Cabuletê cabaça

Ganzá bambu med e peq

Guizo de arco

Maraca de cabaça

Pau de chuva med, grd

Réco réco

Tambor de cabaça

Tambor de coco

Tambor de língua 2 ou 3,4 pts

Tambor PVC

Tambor PVC bocal duplo ou triplo

Xequerê grd ou peq

Pandeiro Quadrado

Tel. 99739-0110

Email: [email protected]

CLASSIFICADOS

Page 33: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Quarta Edição - P.33

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

QUADRINHO

Colaboração de Raquel Costa e Silva, 13 anos

Page 34: MUSICOTERAPIA NA SÍNDROME DE - … · Nesta edição entrevistamos mts especialistas no assunto para saber mais como é o trabalho da musicoterapia com Síndrome de Rett. onfira,

Quarta Edição - P. 34

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Redação: envie sugestões, comentários, críticas e dúvidas.

Colaboração: Escreva para a gente se deseja participar do jornal.

Email: [email protected]

FALE CONOSCO:

SITE: www.apemesp.com

FACEBOOK: https://www.facebook.com/apemesp

Se procura um musicoterapeuta: //www.apemesp.com/ > Consulte um Mt

Para associar-se: http://www.apemesp.com/ > Associe-se

Atualização de dados cadastrais; alteração de categoria (de estudante para bacharel/especialista): [email protected].

Pagamento de anuidades, consultas sobre pendên-

cias: [email protected].

Solicitação de 2ª via de carteiri-nha: [email protected]

Outros assuntos: http://www.apemesp.com/ > Contato

REALIZAÇÃO

Associação de Profissionais e Estudantes de Musicoterapia do Estado de

São Paulo