musician: o prelÚdio de uma nova era (i) - vol....
TRANSCRIPT
250ABRIL 2019
ANO 23
REALISMO ESTONTEANTE
UMA NOVA GERAÇÃO DIGITAL
TV SAMSUNG 8K Q900
DAC DCS ROSSINI
www.clubedoaudioevideo.com.br
ARTE EM REPRODUÇÃO ELETRÔNICA
MUSICIAN: O PRELÚDIO DE UMA NOVA ERA (I) - VOL. 12
E MAIS
TESTES DE ÁUDIO
ENTREVISTA
CABOS DE INTERCONEXÃO E CAIXA NORDOST TYR 2
FONE DE OUVIDO GRADO REFERENCE SERIES RS1E
EGBERTO GISMONTI, COMPOSITOR E MULTINSTRUMENTISTA
NEYMAR JR. É TCL
P6 4K UHD TV C2 4K UHD TVX6QLED
.
semptcl.com.br/tcl
113752_SEMP_10535_033_P6_ANR_AUDIO_VIDEO_MAG_225x280_2019.indd 1 3/28/19 6:28 PM
PDF/X-4 ISOarizona.flow
113752_SEMP_10535_033_P6_ANR_AUDIO_VIDEO_MAG_225x280_2019.pdf - 225.0 x 280.0 mm - pag. 1 BLACK YELLOW MAGENTA CYAN
Agencia: | Cliente:
Processado por arizona.flow em Thu Mar 28 18:25:37 2019
3ABRIL . 2018
ÍNDICE
22DAC dCS ROSSINI
30
36
42
HI-END PELO MUNDO 14
Novidades
EDITORIAL 4
Para a minha filha e todos aqueles que nasceram depois de 1984
NOVIDADES 6
Grandes novidades das principais marcas do mercado
Egberto Gismonti,compositor e multinstrumentista
ENTREVISTA 16
TESTES DE ÁUDIO
DAC dCS Rossini22
Cabos de interconexão e caixa Nordost TYR 2
30
Fone de ouvido Grado Reference Series RS1E
36
ESPAÇO ABERTO 68
Memórias degustativas e auditivas
VENDAS E TROCAS 70
Excelentes oportunidades de negócios
DESTAQUES DO MÊS - MUSICIAN
Bibliografia: o alvorecer de uma nova era
Bibliografia: o prelúdio de uma nova era (I)
Discografia - o prelúdio de uma nova era (I) - vol. 12
50
60
64
TV Samsung 8K 65Q90042
TESTE DE VÍDEO
4 ABRIL . 2019
Minha filha completará, agora em julho, 11 anos. Seu interesse por música vem desde os três anos. Ao contrário do irmão, que antes mesmo de andar, ao escutar música vindo da sala de tra-balho, engatinhava todo o corredor, se erguia com muito esforço, para alcançar a maçaneta da porta e se não conseguia abrir, batia com aquelas pequenas mãos, até o pai abrir. Ao ver que tinha con-seguido, abria um largo sorriso e pedia colo, para ficar comigo, às vezes por horas, sem adormecer. Minha filha descobriu a música através de um teclado, que além de ritmos, tinham algumas músicas pré-selecionadas. Sua fixação pela melodia de Let It Be, de Paul McCartney, foi instantânea - era de longe sua preferida cada vez que brincava com aquele teclado. Nunca irei esquecer o dia que a levei à sala de trabalho, junto com o teclado, falei para ela tocar a música e depois coloquei o LP - não sabia como ela iria reagir, pois a versão no teclado era instrumental. Pois bem, ao entender que se tratava da mesma melodia só que, agora, cantada, ela ficou literalmente em es-tado de êxtase. A cada término, só ouvia ela dizer: “de novo”, e este de novo se estendeu por meses a fio. Após esta fase, seu interesse por música foi ampliando e a música clássica se tornou seu estilo favorito, principalmente o piano. Ela escuta realmente com enorme interesse, e consegue desde muito cedo (7 anos talvez) observar diferenças quando o pai troca os cabos ou uma peça do sistema. Mas sua admiração mesmo são os LPs e como eles tocam. Depois de mostrar, com uma lupa, os sulcos do LP, contei para ela tudo que meu pai um dia pacientemente me ensinou, de como os discos são feitos, quando surgiu o primeiro LP, o que a agulha faz ao tocar na superfície do disco, e achei que poderia dedicar este editorial a minha filha e a todos que nasceram após o surgimento do CD. Mi-nha filha é muito objetiva, e florear as respostas a tira literalmente do sério. Então fui bastante sucinto na resposta. Expliquei que a ideia de gravar sons veio do fonógrafo, lançado há 140 anos, que os pri-meiros discos eram pesados, rígidos e quebravam muito fácil. Cada lado permitia a gravação de apenas uma música. E que em 1948 a gravadora americana Columbia Records lançou o primeiro LP, com uma apresentação no Hotel Waldorf-Astoria, em Nova York. Mostrei a ela com uma lupa os sulcos do disco, expliquei que entre cada faixa, não existe sulco, e que cada LP suporta no máximo 22 minu-tos de cada lado, e que por isto a Nona Sinfonia de Beethoven tinha que ser gravada em dois LPs (ela adora essa sinfonia). Expliquei que os sulcos ficam em ângulo reto um com o outro, para que a ponta da agulha navegue entre os dois sulcos (canal direito e esquerdo). Que o lado mais próximo da borda externa do Lp carrega todas as informações do sinal direito e a borda que dá para dentro do LP, as informações do canal esquerdo. Sua curiosidade sempre foi em relação às cápsulas e suas minúsculas agulhas. Para ela entender como a agulha trabalha, fiz ela encostar a orelha bem próxima do to-ca-discos e ouvir aquele som agudo que sai do atrito da agulha com
os sulcos e ela ficou ainda mais maravilhada. Aí eu expliquei que o cartucho que envolve a cápsula é feito de um ímã móvel e uma bo-bina móvel, sendo que ambos trabalham com o princípio de usar o movimento da agulha e do cantilever (onde a agulha é afixada) para gerar o campo magnético. E que aqueles quatro fios coloridos pre-sos atrás da cápsula transmitem aquele pequeno sinal captado pela agulha, ampliado sutilmente pela cápsula, até um pré de phono, que irá se encarregar de ampliar o sinal até que se torne pleno e audível. Depois de uma hora de explicação e novas perguntas, se podíamos recuperar discos danificados, e como cuidar dos discos para que eles durem para sempre (crianças sempre desejam que tudo ter-mine como em um conto de fadas, rs), peguei um disco de 1963 e mostrei visualmente os riscos de décadas de uso e o atrito inerente cada vez que há o contato da agulha com o disco, e a fiz entender que esses riscos não são possíveis de eliminar. Porém, sujeira, mofo e gordura sim. Toquei uma faixa deste LP de 1963, pedi para ela marcar os plocs e ruídos estranhos e depois a ajudei a lavar o disco na máquina. Tirando o barulho ensurdecedor de um aspirador de pó no seu ouvido, ela adorou ver todo o processo. E a deixei colocar no toca-disco para ouvirmos de novo a mesma faixa. Adorou a melhora e todo o processo de preservar e saber que aquele disco já foi do avô, está com seu pai e um dia será dela e do irmão. Todos tentam explicar a magia e a admiração que as novas gerações têm pelo LP. Falam do tamanho das capas, que o som é mais natural, etc, etc... Acho que vai muito além, pois o toca-discos possui um efeito quase hipnótico e ritualístico. E, meu amigo, se todos os jovens tiverem a chance de escutar um sistema analógico bem ajustado e excelentes gravações do período de ouro de 1960-1980, como sempre brinco no Curso de Percepção Auditiva no Nível 3 (justamente o que com-paro CD x LP) é o “massacre da serra elétrica”. Quando contei isto para a minha filha ela riu muito (ainda que, como eu, deteste filme de terror). E depois de ouvir pela milésima vez Let It Be em LP e depois CD, virou para mim e com aquele sorriso desconcertante disse: “É mesmo um massacre, pai”!
EDITORIAL
PARA A MINHA FILHA E TODOS AQUELES QUE NASCERAMDEPOIS DE 1984
Fernando [email protected]
ASSISTA AO VÍDEO,CLICANDO NA IMAGEM.
5ABRIL . 2018
IMPRESSIONANTEMENTEREVELADOR
Em comemoração aos 50 anos da Cambridge Audio, perguntamos aos nossos engenheiros uma questão simples: “o que vocês fariam
se qualquer coisa fosse possível?”.EsqueEsqueça os custos. Esqueça as limitações. A resposta é a Linha Edge. Um sistema Hi-Fi altamente refinado, que oferece um palco sonoro com todos os detalhes. Fiel às fundações da Cambridge Audio em inovação
criativa e ambição empreendedora.
LINHA EDGE
+55 16 3621 [email protected]
www.mediagear.com.brDISTRIBUIDORA OFICIALCAMBRIDGE NO BRASIL
LINHAEDGE
6 ABRIL . 2019
NOVIDADESNOVIDADES
SAMSUNG INAUGURA UMA NOVA ERA EM TVS: QLED 8K
Com 33 milhões de pixels, a Q900 convida o consumidor a de-
safiar os seus sentidos com uma outra realidade de imagem; novas
QLEDs 4K, novo portfólio UHD 4K e soundbars também são apre-
sentados.
Líder global no mercado de televisores há 13 anos consecutivos, a
Samsung inova mais uma vez e é a primeira marca a trazer ao Brasil
a categoria de televisores com resolução 8K. Disponível em quatro
tamanhos (65’, 75’, 82’ e 98’ polegadas), o modelo Q900, perten-
cente à família QLED Samsung, posiciona o 8K como a resolução
de tela mais precisa e realista do mercado, quebrando importan-
tes paradigmas e convidando o consumidor a parar de ver TV para
aproveitar uma nova e completa experiência de entretenimento em
um aparelho exclusivo que desafia o “convencional”.
Quatro vezes mais resolução que 4K
A QLED 8K possui 33 milhões de pixels na tela enquanto as TVs
4K ficam em torno de 8 milhões de pixels. Este significativo salto
em resolução desencadeia uma sensação de perfeita realidade nos
conteúdos assistidos, com contornos muito mais precisos, texturas
altamente nítidas e uma intensa compreensão de profundidade.
A impressão de imersão no conteúdo e a disponibilidade de es-
paço na casa do consumidor também mudam de patamar, uma vez
que a densidade dos pixels é completamente nova. Para efeito de
comparação, um televisor de 65 polegadas 4K traz 68 pixels por
polegadas, enquanto o mesmo tamanho, só que 8K, representa
136 pixels por polegada. Esta nova realidade potencializa a capa-
cidade e a intenção da Samsung em atender a grande tendência
de Telas Super Grandes já em andamento no Brasil. Hoje, com
uma tela de 82” em 8K é tranquilamente possível sentar a apenas
3,5 metros da TV e desfrutar de uma imagem incrível, sem percep-
ção embaralhada de pixels que “estouraram” por não conseguir co-
brir devidamente toda a extensão da tela.
Upscalling de Imagem com Inteligência Artificial (IA)
Um dos grandes pilares do pacote tecnológico da Q900 é o seu
exclusivo processador Quantum 8K, que faz uso de IA para aprimo-
ramento de imagens. Quando o conteúdo exibido não for nativo em
8K, o processador analisa em tempo real um banco de dados com
milhões de imagens em alta e baixa definição e as usa como refe-
rência para refinar qualquer conteúdo, transformando-os, indepen-
dente da fonte nativa (HD, FHD, UHD, entre outras) em qualidade
próxima da 8K.
Além de 8K é uma QLED
A Q900 traz o melhor da resolução 8K com cores, brilho e con-
traste perfeitos. Além de garantias únicas e exclusivas no mercado.
7ABRIL . 2018
A principal inovação deste ano na categoria QLED está focada no
contraste. A partir de 2019, a categoria será capaz de entregar sim-
plesmente o máximo do preto. Os consumidores poderão desfrutar
das cenas mais escuras com altíssima precisão e sem interferências.
Por meio da tecnologia “Direct Full Array”, a TV controla os LEDs por
zonas e ajusta precisamente o brilho cena a cena, gerando profun-
dos tons escuros para que as pessoas possam sempre aproveitar o
máximo do contraste. A intensidade varia entre os modelos QLED -
a Q900 tem 480 blocos de iluminação enquanto a Q80 e a Q70,
também lançamentos apresentados pela Samsung, dispõe respec-
tivamente de 96 e 48 blocos de iluminação.
Para alcançar o máximo da distinção de detalhes, a nova
QLED 8K conta com o HDR com potencial máximo de (onde NITs
é a unidade de medida de brilho) que, em conjunto com a tecno-
logia HDR10+ (High Dynamic Range), otimiza os níveis de nitidez
da TV e produz cores e imagens cristalinas, revelando detalhes que
costumavam ficar escondidos em cenas claras ou escuras. Entre-
gas similares no nível de NITs são encontradas também no novo
portfólio QLED 4K nos modelos Q80, Q70 e Q60, com respectivos
HDR 1.500, 1.000 e 500.
E para complementar, a tecnologia de Pontos Quânticos ainda
proporciona 100% do volume de cor, com maior vivacidade às ce-
nas, entregando cores brilhantes e vívidas por muitos anos, uma
vez que os cristais não são materiais orgânicos, como na tecnologia
OLED e não se desgastam com o uso, portando, mais uma vez, a
Samsung garante por 10 anos o consumidor contra o indesejado
efeito burn-in. Todo portfólio QLED 2019 conta com esta caracterís-
tica e garantia, inclusive a Q900 8K.
Experiência aprimorada
Surpreendentemente, a Q900 assim como as QLEDs 4K, con-
tinuam a privilegiar design e experiência para que a TV não seja
apenas um aparelho único, mas sim multi-função, agregando valor
na decoração do consumidor, viabilizando instalação simplificada e
otimizada e também promovendo a conexão entre dispositivos in-
teligentes.
Como destaque, o Modo, presente em todas as novas QLEDs,
trabalha na integração perfeita da TV no seu espaço. Uma função
única e exclusiva da Samsung na qual a TV “desaparece” quando
desligada, combinando harmonicamente o plano de fundo com o
vidro da tela. Como novidade, a Samsung passa de 12 conteúdos
decorativos para 56 novos, divididos em 5 categorias diferentes,
aumentando, portanto, a capacidade de personalização do seu es-
paço.
Além disso, as exclusivas funções “Única Conexão”, na qual ape-
nas um cabo fino e praticamente transparente conecta a TV à central
de conexões externas - o One Connect -, e o “Suporte de Parede”
continuam presentes e focados em oferecer uma nova experiência
de entretenimento sem confusões de cabos, nem distrações, além
de permitir uma instalação simples e rápida. Disponível na QLED
Q900 8K e na QLED Q80 4K.
O aplicativo SmartThings, em conjunto com o Controle Remoto
Único e a assistente pessoal Bixby transformam todas as QLEDs em
uma central de automação para controlar dispositivos conectados
da marca e facilitar a rotina no dia a dia.
“Na Samsung, trabalhamos incansavelmente ao longo dos anos
para impulsionar a indústria quando se trata da qualidade de ima-
gem. E a chegada da QLED 8K mudará totalmente a maneira de
assistirmos todos os detalhes em uma imagem, trazendo também
uma sensação de profundidade e total imersão nunca vistas antes”,
comenta Erico Traldi, Diretor de Produto das áreas de TV e Áudio e
Vídeo da Samsung Brasil.
As vendas da nova QLED 8K Q900 se iniciam dia 6 de abril,
com preço sugerido a partir de R$ 24.999 (65”), R$ 38.999 (75”) e
R$ 89.999 (82”).
Novas QLED 4K
A Samsung também apresenta os novos modelos da categoria
QLED 4K, composta pela Q60 (49, 55, 65, 75 e 82 polegadas),
Q70 (55 e 65 polegadas) e Q80 (55, 65 e 75 polegadas). Todos os
televisores oferecem qualidade de imagem impressionante graças a
tecnologia de Pontos Quânticos que entregam 100% do volume de
cor, garantia de 10 anos contra o efeito Burn-in, controle de ilumi-
nação por zonas, exclusivo Modo Ambiente 2.0, Controle Remoto
Único e suporte ao SmartThings e Bixby para controlar dispositivos
inteligentes da empresa.
As vendas das novas QLED 4K se iniciam no mês de Abril, com
preços sugeridos a partir de R$ 4.499 (Q60 de 49”), R$ 6.999 (Q70
de 55”) e R$ 7.999 (Q80 de 55”).
8 ABRIL . 2019
Novas UHD 4K também complementam portfólio de 2019
A Samsung ainda ampliou o lineup de TVs com a chegada das novas UHD 4K RU7100 (43,
49, 50, 55, 58, 65, 75 e 82 polegadas) e UHD 4K RU7400 (50, 55 e 65 polegadas), que também
contam com a solução do Visual Livre de Cabos.
Além do 4K de verdade, presente em toda a linha de televisores que contam com pai-
néis RGB sem o sub-pixel branco (que diminuem a qualidade de imagem), gerando má-
xima fidelidade de cores, a categoria agora também disponibiliza Bluetooth e Controle
Remoto Único a partir da RU7100, possibilitando a conexão sem fios com fones de ouvido e
soundbars, além da excelente experiência de ter um único controle em sua sala. Já a RU7400
também pode trabalhar como uma central de automação graças a solução de Internet das
Coisas com o aplicativo SmartThings, a assistente pessoal Bixby e o Controle de Voz para
controlar sua TV.
As vendas das novas UHD 4K se iniciam em também em abril, com preços sugeridos a partir
de R$ 2.499 (RU7100 de 43”) e R$ 3.599 (RU7400 de 50”).
Novos soundbars
A Samsung também anuncia hoje a chegada dos novos soundbars da marca: o R550, o Q60,
e o Q70, sendo o último o modelo mais premium da categoria. Os aparelhos se destacam pela
alta qualidade e potência de som que possibilitam muito mais imersão ao conteúdo, seja em um
filme ou uma música preferida. A ausência de fios também é outra vantagem. Os modelos Q60
e Q70 são fruto de uma parceria com a Harman Kardon, empresa reconhecida mundialmente
no segmento de áudio.
Entre os diferenciais de cada modelo, o Q60 conta com sistema de som Dolby Digital 5.1 e a
tecnologia Acoustic Beam; o Q70 com o Dolby Atmos 3.2.1 e a tecnologia Acoustic Beam; e o
R550 com recursos como bluetooth e wireless subwoofer.
Os aparelhos estarão disponíveis a partir do fim do segundo trimestre e os preços serão
anunciados no período.
www.hifiexperience.com.br
HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=UH_QOIKSLT4
ASSISTA AO VÍDEO, CLICANDO NO LINK ABAIXO:
NOVIDADESNOVIDADES
Para mais informações:
Samsung
www.samsung.com.br
9ABRIL . 2018
10 ABRIL . 2019
NOVIDADESNOVIDADESNOVIDADESNOVIDADES
REMOVEDORES DE RUÍDOS DE DISCOS DE VINILSUGARCUBE SC-1 E SC-2
A Som Maior acaba de se tornar a distribuidora exclusiva no Brasil
dos produtos da SweetVinyl, empresa cuja especialidade é a remoção
de ruídos de discos de vinil através do uso de sofisticados processos
digitais.
Já de longa data que o assunto discos de vinil versus CDs e mídias
digitais vem sendo objeto de grandes discussões entre audiófilos com
uma preferência por um ou outro desses formatos. Sem entrarmos nes-
se debate, com uma coisa somos obrigados a concordar: a partir de
um certo nível, a presença de ruídos como estalos em um disco de vinil
pode tornar-se bastante desagradável. Esses ruídos podem ser causa-
dos, por exemplo, pela presença de poeira, sujeira, eletricidade estática
ou mofo, ou ainda por furos ou arranhões causados pela agulha devido
a um acidente no manuseio do braço do toca-discos. Exceto no caso
de danos aos sulcos dos discos, esses problemas muitas vezes po-
dem ser minorados ou até eliminados com o uso de alguns acessórios
especiais ou de máquinas de limpeza. Porém, dependendo da causa
e da gravidade desses problemas, parte desses ruídos permanecerá
em evidência mesmo após uma boa limpeza, o que de resto sempre é
uma boa prática.
Foi para dar uma eficiente solução a esses problemas que a Sweet
Vinyl, uma empresa do Vale do Silício, desenvolveu o SugarCube SC-1
e o SC-2, dois produtos com tecnologia digital que segundo o conhe-
cido crítico de áudio Michael Fremer removem efetivamente a maioria
das ocorrências de estalos sem comprometer a qualidade musical da
gravação. O resultado é a possibilidade de ouvirmos até discos de vinil
que compramos já usados como se fossem novos. Ambos os modelos
- o SC-1 e o SC-2 - possuem em comum, entre outros recursos:
• Conversores ADC (de analógico para digital) e DAC (de digital
para analógico) de alta resolução de 192kHz/24 bits para o má-
ximo em preservação da qualidade musical original dos discos
de vinil;
• Algoritmo digital nãodestrutivo e em tempo real de redução /
eliminação de ruídos;
• Interfaces digitais Ethernet e USB para rede local e acesso àin-
ternet;
• Módulo USB Wi-Fi;
• Modo by-pass para desativar o processamento digital com relê
de nível audiófilo;
• Teclas para ligar e desligar a remoção de ruídos para comparar-
mos os resultados com ou sem o uso do processamento digital;
• Suporte para praticamente qualquer estágio de fono;
• Aplicativos Android e iOS para smartphones e tablets para per-
mitir o controle remoto total das operações.
Além de todos esses recursos, o modelo SC-2 grava digitalmente
os LPs já com a limpeza de ruídos. Um recurso muito interessante é
que ele pesquisa na internet os metadados de identificação dos discos,
como suas capas e conteúdo, para sua apresentação na tela do aplica-
tivo, e os grava em um dispositivo de memória USB.
Para mais informações:
Som Maior
www.sommaior.com.br
11ABRIL . 2018
www.ferraritechnologies.com.brTelefone: 11 5102-2902 • [email protected]
CH Precision C1 Reference Digital to Analog Controller
A Ferrari Technologies orgulhosamente apresenta a mais nova referência mundial em eletrônica Hi-end. A Suíça CH Precision, mais uma marca State of the Art representada no Brasil.
“O C1 é, de longe, o melhor DAC ou componente que eu já experimentei no meu sistema. Não tem absolutamente “voz”. Um de seus atributos mais impressionantes é o ruído de fundo extremamente baixo. Em excelentes gravações, os instrumentos surgem ao vivo sem silvos ou anomalias. É absolutamente silencioso! O C1 “pega” qualquer coisa que você jogue nele. Eu ouvia música horas e horas e gostava de cada segundo. Isso me permitiu penetrar mais fundo nas nuances. É tão silencioso que a textura instrumental se tornou uma
delícia. O C1 também se destaca em todos os outros parâmetros que você pode imaginar: separação de canais, dinâmica, recuperação de detalhes e apresentação geral.”
Ran Perry
12 ABRIL . 2019
SAMSUNG LANÇA CAMPANHA QUE REFORÇAPIONEIRISMO DA TECNOLOGIA 8K NO BRASIL E
PARCERIA COM CINEMAX PARA GAME OF THRONES
Fãs da série também poderão assistir a última temporada nas Smart
TVs da Samsung, que agora têm acesso ao aplicativo HBO GO.
O lançamento da nova categoria de televisores Samsung QLED
8K, conta com uma robusta campanha de marketing, que chega
para desafiar a maneira como o consumidor assiste televisão. Com
o mote “Pare de ver TV. Comece a ver muito mais”, a comunicação
ressalta o conceito de qualidade de imagem do produto com cenas
que impressionam os consumidores mais exigentes. Para reforçar a
mensagem, a marca anuncia a chegada do aplicativo HBO GO em
suas Smart TVs em toda a América Latina e Caribe, e patrocínio de
mídia da transmissão simultânea do primeiro episódio da oitava e
última temporada de Game of Thrones, no canal Cinemax, canal do
grupo HBO Latin America.
A partir do dia 07 de abril, o teaser, no ar desde o último dia 25,
dará lugar ao filme de lançamento, de 30 segundos, que possibilita
a sensação de perfeita realidade nos conteúdos assistidos. O filme
será exibido em TV aberta e fechada. A comunicação ainda contará
com vinhetas personalizadas com conteúdos exclusivos de canais
de TV fechada.
NOVIDADESNOVIDADES
Além de convidar as pessoas a experimentarem uma nova e imer-
siva experiência em TV, o filme de lançamento apresenta os detalhes
da categoria QLED 8K, modelo trazido ao Brasil de forma pioneira
pela Samsung. Graças a presença do Quantum Processor 8K, que
realiza o upscaling cena por cena, a nova tecnologia dá ao consumi-
dor a possibilidade de melhorar qualquer imagem para a resolução
próxima ao 8K. Essa melhoria de imagem no aparelho permitirá, por
exemplo, acompanhar filmes e seriados com a máxima qualidade,
mesmo que o conteúdo do usuário seja de outra resolução.
HBO GO direto na sua Smart TV Samsung
A campanha das novas TVs Samsung QLED 8K inclui ainda uma
parceria com o canal CINEMAX para a transmissão simultânea do
primeiro episódio da oitava e última temporada de Game of Thrones,
que vai ao ar no dia 14 de abril, na sala de cinema LED Samsung
Onyx 4K, ação apenas para convidados. Outras ações da Samsung
utilizando os assets da série seguem até o final da temporada.
Outra ação que reforça a preocupação da marca em oferecer
benefícios aos seus consumidores é a chegada do aplicativo da
HBO GO às Smart TVs da marca na América Latina e nas ilhas do
13ABRIL . 2018
Caribe. Ele já pode ser acessado pela barra de aplicativos recomendados para TVs de 2016-
2018 e na barra de acesso rápido das TVs lançadas em 2019. O consumidor também pode
buscar por HBO GO diretamente na loja de aplicativos das Smart TVs Samsung.
Para Guilherme Campos, Gerente Sênior de Produto da área de TV e Áudio e Vídeo da Sam-
sung Brasil, esse é mais um passo da empresa na constante busca para oferecer sempre o
melhor para o consumidor da América Latina. “O televisor continua sendo a principal plataforma
para assistir conteúdos e, agora em parceria com a HBO, nossos consumidores terão mais uma
excelente alternativa de entretenimento em casa. Com a HBO GO damos aos usuários a opção
de decidir quando e o que assistir em uma tela grande, com a melhor qualidade de imagem e
plataforma Smart com navegação fácil”, afirma o executivo.
QLED 8K + Galaxy S10
Os consumidores que adquirirem as Samsung QLED TVs 8K 2019 no período entre 6 e 21 de
abril, participarão de uma ação exclusiva. Na compra de uma Q900 de 65 polegadas ou mais
(75 polegadas), os compradores poderão desfrutar ao máximo dos produtos premium da marca
e levar, de presente, o smartphone Galaxy S10 para complementar a experiência.
Essa ação ocorrerá por meio de varejistas parceiros e participantes – ou até durarem os
estoques. As vendas oficiais do produto também iniciam dentro do mês de abril com preços
sugeridos a partir de R$ 24.999,00 (65”), R$ 38.999,00 (75”) e R$ 89.999,00 (82”). O mod-
elo de 98” tem previsão de chegada ao mercado brasileiro apenas no segundo semestre
de 2019.
Para mais informações:
Samsung
www.samsung.com.br
HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=_1RR4WVB2BQ
ASSISTA AO VÍDEO, CLICANDO NO LINK ABAIXO:
14 ABRIL . 2019
HI-END PELO MUNDO
AMPLIFICADOR EGG-SHELL TANQ DA ENCORE SEVEN
A polonesa Encore Seven, através de sua marca Egg-Shell,
acaba de lançar o amplificador integrado TanQ, que é um val-
vulado com um par de KT88 por canal (válvulas Genalex Gold
ou KR Audio), single ended, classe A, trazendo 20 W por canal
em um gabinete de aço inox e alumínio com chassis flutuante
para os transformadores, pés de aço com borracha para isola-
mento e um ventilador silencioso para ajudar no arrefecimento
do aparelho. Completa o cenário uma válvula Nixie mostrando
o número da entrada selecionada. O preço do integrado TanQ
é de €4.950, na Europa.
www.encore7.com
NOVAS CÁPSULAS GOLD NOTE MACHIAVELLI MKII
Em franco crescimento, a desenvolvedora italiana Gold Note
adicionou à sua linha duas capsulas Moving Coil (MC), os mode-
los Machiavelli Red e Machiavelli Gold MkII. Ambas usam novas
bobinas ultraleves de cobre, com magneto de samário-cobalto, o
que garante saída mais baixa e resposta de frequência estendida,
sendo que o modelo Red usa um diamante com perfil micro-ellip-
tical, e a Gold vem com um diamante Line Contact - desenvolvido
em conjunto com a japonesa Ogura, inventora desse tipo de per-
fil. Os preços ainda não foram divulgados.
www.goldnote.it
NOVAS CAIXAS ALUMINE THREE DA STENHEIM AUDIO
A fabricante suíça de caixas acústicas Stenheim adicionou à
sua linha Alumine a torre modelo Three, que traz um gabinete
de alumínio com um sistema de 3 vias que faz uso de dois
woofers de 8 polegadas em paralelo, um médio de 5,25 pole-
gadas e um tweeter com magneto de neodímio. A resposta de
frequência das Three é de 32 à 35.000 Hz, sua sensibilidade
é de 93 dB e impedância nominal de 8 Ohms. As Stenheim
Alumine Three, que ainda não tiveram seu preço divulgado,
serão lançadas na feira Axpona, em Chicago, ainda no mês
de abril.
www.stenheim.com
15ABRIL . 2018
CAIXAS ACÚSTICAS VINNIE ROSSI STILLETO 15
A empresa americana Vinnie Rossi, além de sua bela linha de
amplificadores, prés e integrados, acaba de lançar seu primeiro
par de caixas acústicas, as Stilleto 15, um sistema de 3 vias com
woofer de 15” com cone de papel em open-baffle, e com o mé-
dio de 5.5” (também cone de papel) e o tweeter domo de tecido
ambos em caixa selada. O gabinete é feito de material composto,
em duas grossas camadas, e vem equipado com terminais WBT
0703Cu. Com lançamento oficial previsto para junho, o preço do
par dessas belezas é de US$ 19.995, nos EUA.
www.vinnierossi.com
AMPLIFICADOR INTEGRADO SYNTHESIS NYC200I
A empresa italiana Synthesis, com seu slogan ‘Art in Music’, pro-
duz uma longa série de pré-amplificadores, pré de phono e inte-
grados - valvulados, híbridos e digitais. O amplificador integrado
valvulado NYC200i produz 230 W por canal através de quatro
pares de válvulas KT120, em dual-mono, push-pull ultra linear,
com transformadores de saída desenvolvidos especialmente
para ele. Com controle remoto e ajuste fino de bias controlado
por microprocessador, tem uma etiqueta de preço estimada em
€22.000, na Europa.
www.synthesis.co.it
AMPLIFICADOR QUARK DA EON ART
Sediada na província de Quebec, a canadense Eon Art acaba de
lançar seu integrado modelo Quark - projetado pelo engenheiro
Stephane Hautcoeur - um amplificador classe A+D (híbrido val-
vulado) que é, segundo o fabricante, controlado por computador
tanto em sua performance quanto em seu consumo de energia
e geração de calor, com um som neutro com ultra baixa dis-
torção. O preço aproximado do Quark será de US$ 28.999, na
América do Norte.
www.eon-art.com
16 ABRIL . 2019
ENTREVISTA
EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194
Nascido de uma família musical, em 1947, na cidade do Carmo
no Estado do Rio de Janeiro, Egberto Gismonti começou a es-
tudar piano aos seis anos de idade e, na adolescência, também
flauta, clarinete e violão no Conservatório Brasileiro de Música.
Depois, em 1968, estudou música dodecafônica com Jean
Barraqué e análise musical com Nadia Boulanger, na França. Na
década seguinte passou a dedicar-se à música instrumental e
à experimentação, explorando instrumentos como o violão de
Egberto Gismonti
EGBERTO GISMONTI,COMPOSITOR E MULTINSTRUMENTISTA
Christian [email protected]
oito cordas, a flauta e os sintetizadores, e estudando gêneros
musicais como o choro e a música indígena brasileira. Com uma
carreira sólida como compositor, instrumentista e arranjador, e
com uma discografia que excede 50 álbuns, muitos deles gra-
vados por selos europeus, Egberto Gismonti colaborou ou teve
parcerias com vários músicos, entre eles Jane Duboc, Naná
Vasconcelos, Charlie Haden, Jan Garbarek, André Geraissati,
Hermeto Pascoal, Airto Moreira e Flora Purim.
17ABRIL . 2018
Carneiro, Tom Jobim, Baden Powell, Geraldinho e Nando Carneiro,
Roberto Menescal, Durval Ferreira, Carlos Monteiro de Souza,
Maestro Gaya, Wilson das Neves, Sergio Barroso, Novelli, Jane
Duboc, Robertinho Silva, Luiz Alves, Nivaldo Ornelas, Hermeto
Pascoal, Victor Assis Brasil, Luis Eça, Maysa, Agostinho dos Santos,
Lozir Viena, Nana Vasconcelos, Mario Tavares, Peter Dauelsberg,
Copinha, Odette Ernest Dias... Foram muitos os amigos que direta ou
indiretamente influenciaram na minha vida artística.
Como é ser intérprete e compositor de música no Brasil?
A trajetória para um músico se realizar profissionalmente é
hoje muito diferente de quando você começou?
É muito bom, sobretudo quando se tem consciência de que o nosso
‘nascedouro musical’ é imenso, diversificado e tão variado como nós
que formamos o povo miscigenado brasileiro. Acho que a trajetória
para um músico hoje é bastante diferente da que percorri. De qual-
quer forma, não posso julgar se é mais ou menos difícil. Os tempos
são diferentes e o meu ponto de vista representa tudo o que vivi e
continuo vivendo. Nenhuma opinião pode ser comparada à outra. A
minha opinião de hoje é consequência da que eu tinha hoje cedo,
ontem ou anteontem.
Vários bons músicos brasileiros têm transitado entre
gêneros, como a música brasileira, o jazz e o erudito.
Como se dá seu contato com os vários gêneros musicais?
Dá-se a partir do que respondi no início: família grande, muito musi-
cal, ouvindo de tudo, mistura de árabes e italianos... Deu nisso.
Gravar é mais importante do que apresentar-se ao vivo?
Qual realiza melhor o processo criativo do músico?
Até alguns anos atrás estive certo de cada forma poderia ser a mais
importante. Hoje, o processo que realmente gosto é apresentar-me ao vivo
e gravando. Os meus discos mais recentes têm sido gravados ‘ao vivo’.
Como é se apresentar e gravar no exterior? Fale um pouco
sobre seu trabalho com o selo alemão ECM.
O exterior pode ser muito grande... A Europa me levou aos Estados
Unidos, que me levou à Ásia. São 40 anos tocando, gravando, ouvindo e
conhecendo pessoas, músicos, fazendo amizades em todos os cantos
do mundo. Acho que se todos os ingredientes necessários funcionarem
bem durante o desenvolvimento de uma carreira, de viagens e apre-
sentações, apresentar-se no exterior ou no Brasil pode criar amizades
com famílias inteiras - quando isso acontece, a música está premiando
todos os músicos. Falar da ECM é como falar de uma relação que se
Como começou seu contato e descobrimento da música?
Minha irmã começou seus estudos de piano e eu fui ouvindo, acom-
panhando e acabei gostando. Quando tinha cinco ou seis anos, descobri
como brincar de imitar minha irmã tocando. Fui tirando as músicas de
ouvido enquanto meus pais foram se animando, até que resolveram me
colocar na mesma escola da irmã: Conservatório Brasileiro de Música, em
Nova Friburgo.
Quando e como você soube que iria ser músico?
Por conta da musicalidade da família Gismonti (avô, tio, pai, mãe,
irmãs etc.), devo ter ouvido deles milhares de vezes a afirmação de
que, como o Antônio (meu avô) e o Edgar (meu tio), eu, o Betinho, iria
ser um ótimo músico! Por isso, minha resposta é: nunca pensei em
não ser músico.
Fale-nos sobre como foram seus estudos formais e
informais de música, de sua formação como artista.
O Conservatório Brasileiro de Música em Friburgo correspondia ao
do Rio de Janeiro, que era, nas disciplinas e matérias, uma extensão
do Conservatório de Música de Paris. Isso fez com que eu estudasse,
em paralelo aos anos do curso de piano, matérias necessárias aos
que pretendessem ser intérpretes (música europeia), compositores
(baseado nos princípios da música europeia) ou professores de piano
e música. Os cursos de Teoria Musical, Canto Orfeônico, Harmonia,
Composição, Contraponto, Fuga, Orquestração... foram definitivos
para minha formação. Por outro lado, desde o interesse de ‘brincar
de imitar a minha irmã tocando’, sempre tive vontade de ouvir todo
tipo de música. Minha mãe e suas irmãs cantavam bem na igreja
do Carmo; meu tio Edgar, maior mentor intelectual e musical, era
compositor de dobrados, sambas e hinos (incluindo o da cidade do
Carmo, onde nasci); meu avô Antônio era um compositor maravilho-
so, além de alfaiate; meu pai tocava nos bailes da pensão da cidade;
tio Edgar dirigia a bandinha da cidade; meu avô tocava piano acom-
panhando os filmes mudos... Com tudo isso dentro da família, não foi
difícil crescer sem preconceito musical e, pouco a pouco, procurar a
minha linguagem usando ou transpassando por tantas influências ou
variações musicais.
A formação como artista também dependeu de trabalho, de sorte e
das oportunidades que os anos 70 nos deram, a todos da minha ge-
ração. Mudei-me para o Rio de Janeiro em 1968, ainda com 20 anos.
As primeiras pessoas que conheci já foram inteiramente definitivas
na minha formação artística: Bené Nunes, Dulce Bressane, Geraldo
18 ABRIL . 2019
ENTREVISTA
EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194
desenvolveu de forma singular e muito bacana. O diretor e produtor do
selo alemão Manfred Eicher e eu nos permitimos que, pouco a pouco,
nossos trabalhos se misturassem e se transformassem em uma amizade
bastante estável. Evoluímos juntos, ECM e eu. Fizemos muitos discos
usando títulos (dos CDs e das faixas) em português, até chegarmos ao
estágio de coprodutores: ECM e Carmo Produções.
O intérprete e a música brasileira são mais valorizados lá
fora do que aqui?
Depende do ponto de vista. Se considerarmos que quando dize-
mos ‘lá fora’, estamos falando de um mundo de pessoas residentes
de um mundo de cidades e Países, sim; se forem somadas todas
as pessoas que seguem o que eu faço fora do Brasil, certamente o
número pode ser maior do que o do Brasil. Se, por outro lado, con-
siderarmos que o Brasil é a semente dos intérpretes ou da música
brasileira que atravessa oceanos há décadas, a resposta seria não, a
pergunta não procede... uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra
coisa. O melhor disso é poder ter os dois pontos de vista e ficar feliz
por ter sido reconhecido em muitos lugares.
Quem são seus ídolos e inspirações no mundo da música
e fora dele?
Se eu fizesse uma lista dos meus ídolos musicais, encheria muitas
páginas da revista. Explico: aprendi que existem somente dois tipos
de música na minha vida: 1) a que preciso ouvir para viver; 2) a que
certamente precisarei ouvir no futuro. Neste caso é fácil deduzir que
a lista seria imensa. Depois que percebo a dimensão de um compo-
sitor (de qualquer gênero de música), ele passa a residir nas minhas
necessidades cotidianas, as que me fazem viver.
Como o Egberto Gismonti vê o seu futuro?
Houve uma época que eu fazia previsões a cada ano ou a cada
dois, três ou quatro anos. Não acertei em nenhuma das vezes. De
muitos anos para cá, ‘deixo a vida me levar’.
Egberto Gismonti
19ABRIL . 2018
20 ABRIL . 2019
TOP 5 - AMPLIFICADORES INTEGRADOSHegel H360 - 95 pontos (Estado da Arte) - Mediagear - Ed.235Aavik U-300 - 94 pontos (Estado da Arte) - Som Maior - Ed.220Luxman L-590AX MKII - 93 pontos (Estado da Arte) - Alpha Áudio e Vídeo - Ed.229Mark Levinson Nº585 - 93 pontos (Estado da Arte) - AV Group - Ed.221Sunrise Lab V8 MK4 - 92,5 pontos (Estado da Arte) - Sunrise Lab - Ed.234
RANKING DE TESTES DA
ÁUDIO VÍDEO MAGAZINE
Apresentamos aqui o ranking
atualizado dos produtos selecio-
nados que foram analisados por
nossa metodologia nos últimos
anos, ordenados pelas maiores
notas totais. Todos os produtos
listados continuam em linha no
exterior e/ou sendo distribuídos
no Brasil.
TOP 5 - PRÉ-AMPLIFICADORESCH Precision L1 - 104 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.239
D´Agostino Momentum - 100 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.198Audio Research Ref 6 - 98 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.243Luxman C-900U - 98 pontos (Estado da Arte) - Alpha Áudio e Vídeo - Ed.232
Mark Levinson Nº526 - 98 pontos (Estado da Arte) - AV Group - Ed.228
TOP 5 - PRÉ-AMPLIFICADORES DE PHONOTom Evans The Groove+ - 100 pontos (Estado da Arte) - Logical Design - Ed.204
Pass Labs XP-25 - 95 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.170Gold Note PH-10 - 93 pontos (Estado da Arte) - Living Stereo - Ed.249
Esoteric E-03 - 92 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.198Tom Evans The Groove 20th Anniversary - 91 pontos (Estado da Arte) - Logical Design - Ed.185
TOP 5 - FONTES DIGITAISdCS Rossini - 100 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.250dCS Scarlatti - 100 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.183Mark Levinson Nº519 - 99 pontos (Estado da Arte) - AV Group - Ed.230dCS Rossini - 94 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed. 226Luxman D-08u - 91 pontos (Estado da Arte) - Alpha Àudio & Vídeo - Ed.213
TOP 5 - TOCA-DISCOS DE VINILBasis Debut - 104 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.196
Transrotor Rondino - 103 pontos (Estado da Arte) - Logical Design - Ed.186Dr Feickert Blackbird (braço: Reed 3Q) - 95 pontos (Estado da Arte) - Maison de La Musique - Ed.199
AMG Viella V12 - 95 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.189Transrotor Apollon - 95 pontos (Estado da Arte) - Logical Design - Ed.167
TOP 5 - CÁPSULAS DE PHONOMY Sonic Lab Ultra Eminent EX - 105 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.202Air Tight PC-1 Supreme - 105 pontos (Estado da Arte) - Alpha Audio & Video - Ed.196Cápsula MC Murasakino Sumile - 103 pontos (Estado da Arte) - KW Hi-Fi - Ed. 245vdH The Crimson SE - 99 pontos (Estado da Arte) - Rivergate - Ed.212Benz LP-S - 97 pontos (Estado da Arte) - Logical Design - Ed.174
TOP 5 - CAIXAS ACÚSTICASWilson Audio Alexandria XLF - 104 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.200
Evolution Acoustics MMThree - 100 pontos (Estado da Arte) - Logical Design - Ed.176Kharma Exquisite Midi - 99 pontos (Estado da Arte) - Maison de La Musique - Ed.198
Dynaudio Evidence Platinum - 99 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.193Revel Ultima Salon 2 - 98,5 pontos (Estado da Arte) - AV Group - Ed.229
TOP 5 - CABOS DE CAIXATransparent Audio Reference XL G5 - 103,5 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.231Crystal Cable Absolute Dream - 103 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.205Sunrise Lab Reference Quintessence Magic Scope - 101 pontos (Estado da Arte) - Sunrise Lab - Ed.240Sax Soul Ágata - 100 pontos (Estado da Arte) - Sax Soul Cables - Ed.228Nordost TYR 2 - 99 pontos (Estado da Arte) - AV Group - Ed.250
TOP 5 - CABOS DE INTERCONEXÃOTransparent Opus G5 XLR - 105 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.214
Sunrise Lab Quintessence - 102 pontos (Estado da Arte) - Sunrise Lab - Ed.244van den Hul CNT - 100 pontos (Estado da Arte) - Rivergate - Ed.211
Nordost TYR 2 - 99 pontos (Estado da Arte) - AV Group - Ed.250Timeless Guarneri - 99 pontos (Estado da Arte) - Timeless Audio - Ed. 243
TOP 5 - AMPLIFICADORES DE POTÊNCIACH Precision M1 - 106 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.238Goldmund Telos 2500 - 104 pontos (Estado da Arte) - Logical Design - Ed.200Hegel H30 - 99 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.210D´Agostino Momentum - 99 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.185PS Audio BHK Signature 300 - 98,5 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.224
21ABRIL . 2018
GUIA BÁSICO PARA A METODOLOGIA DE TESTES
Para a avaliação da qualidade sonora de equipamentos de áudio, a Áudio Vídeo Magazine utiliza-se de alguns pré-requisitos - como salas com boa acústica, correto posicionamento das caixas acústicas, instalação elétrica dedicada, gravações de alta qualidade, entre outros - além de uma série de critérios que quantificamos a fim de estabelecer uma nota e uma classificação para cada equipamento analisado. Segue uma visão geral de cada critério:
EQUILÍBRIO TONAL
Estabelece se não há deficiências no equilíbrio entre graves, médios e agudos, procurando um resultado sonoro mais próximo da referência: o som real dos instrumentos acústicos, tanto em resposta de frequência como em qualidade tímbrica e coerência. Um agudo mais brilhante do que normal-mente o instrumento real é, por exemplo, pode ser sinal de qualidade inferior.
PALCO SONORO
Um bom equipamento, seguindo os pré-requisitos citados acima, provê uma ilusão de palco como se o ouvinte estivesse presente à gravação ou apresentação ao vivo. Aqui se avalia a qualidade dessa ilusão, quanto à localização dos instrumentos, foco, descongestionamento, ambiência, entre outros.
TEXTURA
Cada instrumento, e a interação harmônica entre todos que estão tocando em uma peça musical, tem uma série de detalhes e complementos sonoros ao seu timbre e suas particularidades. Uma boa analogia para perceber as texturas é pensar em uma fotografia, se os detalhes estão ou não presentes, e quão nítida ela é.
TRANSIENTES
É o tempo entre a saída e o decaimento (extinção) de um som, visto pela ótica da velocidade, precisão, ataque e intencionalidade. Um bom exemplo para se avaliar a qualidade da resposta de transientes de um sistema é ouvindo piano, por exemplo, ou percussão, onde um equipamento melhor deixará mais clara e nítida a diferença de intencionalidade do músico entre cada batida em uma percussão ou tecla de piano.
DINÂMICA
É o contraste e a variação entre o som mais baixo e suave de um acontecimento musical, e o som mais alto do mesmo acontecimento. A dinâmica pode ser percebida até em volumes mais baixos. Um bom exemplo é, ao ouvir um som de uma TV, durante um filme, perceber que o bater de uma por-ta ou o tiro de um canhão têm intensidades muito próximas, fora da realidade - é um som comprimido e, portanto, com pouquíssima variação dinâmica.
CORPO HARMÔNICO
É o que denomina o tamanho dos instrumentos na reprodução eletrônica, em comparação com o acontecimento musical na vida real. Um instru-mento pode parecer ‘pequeno’ quando reproduzido por um devido equipamento, denotando pobreza harmônica, e pode até parecer muito maior que a vida real, parecendo que um vocalista ou instrumentista sejam gigantes.
ORGANICIDADE
É a capacidade de um acontecimento musical, reproduzido eletronicamente, ser percebido como real, ou o mais próximo disso - é a sensação de ‘estar lá’. Um dos dois conceitos subjetivos de nossa metodologia, e o mais dependente do ouvinte ter experiência com música acústica (e não ampli-ficada) sendo reproduzida ao vivo - como em um concerto de música clássica ou apresentação de jazz, por exemplo.
MUSICALIDADE
É o segundo conceito subjetivo, e necessita que o ouvinte tenha sensibilidade, intimidade e conhecimento de música acima da média. Seria uma forma subjetiva de se analisar a organicidade, sendo ambos conceitos que raramente têm notas divergentes.
METODOLOGIA DE TESTESHTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=ZMBQFU7E-LC
ASSISTA AO VÍDEO DO SISTEMA CAVI, CLICANDO NO LINK ABAIXO:
HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=7ZKCAQ90ZMW
ASSISTA AO VÍDEO DO PRODUTO, CLICANDO NO LINK ABAIXO:
HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=B6X0RNBA_ZS
ASSISTA AO VÍDEO DO PRODUTO, CLICANDO NO LINK ABAIXO:
23ABRIL . 2018
TESTE ÁUDIO 1
Foi uma grata surpresa poder por quatro semanas, desfrutar da
companhia do DAC Rossini da dCS, no momento em que também
chegavam para serem amaciados os monoblocos da Audio Resear-
ch: os imponentes M160. Receber, ao mesmo tempo, ‘iguarias’ tão
refinadas, em tempos ainda de ‘vacas magras’, é para realmente
serem apreciadas em toda sua totalidade.
Como me preocupo com a enorme legião de novos leitores (que
não para de crescer a cada mês), sugiro que leiam também o Teste
do CD-Player Rossini, publicado na edição Melhores do Ano 2016
(edição 226).
A linha Rossini agora é composta do CD-Player, do DAC/Clock,
e de um Transporte oferecendo ao usuário a escolha de ficar com o
CD-Player ou optar por Transporte e Conversor separados. No teste
do CD-Player Rossini, escrevi que ele possuía o mesmo ‘DNA’ do
top de linha da empresa, o sistema Vivaldi. Para que o amigo leitor
entenda o que eu quis dizer, terei que voltar um pouco no tempo
e detalhar a assinatura sônica do sistema Scarlatti em relação ao
sistema Vivaldi, para que não paire dúvida em relação às minhas
observações.
Utilizo, em nosso sistema de referência, produtos da dCS desde
2004. Minha primeira aquisição foi o CD-Player Puccini, depois rea-
lizei o primeiro upgrade com a aquisição de seu clock externo. Tive
por um curto período os Paganinis, para depois saltar para o sistema
Scarlatti, no qual estou até hoje (já são quase 7 anos… como o tem-
po voa!). Diria, sem pestanejar, que o Scarlatti foi por muito tempo a
obra prima da dCS, até que seus engenheiros subiram mais alguns
degraus com seu DAC Ring proprietário, e criaram o sistema Vivaldi.
Convivendo por tantos anos com os produtos dCS, e sabendo
das diferenças significativas, mas, ainda pontuais, entre o Paganini
e o Scarlatti, cheguei a duvidar o que os reviews internacionais
DAC DCS ROSSINIFernando [email protected]
24 ABRIL . 2019
DAC DCS ROSSINI
citavam em um teste AxB entre Scarlatti e Vivaldi. Achei sinceramen-
te que, talvez, houvesse um pouco de ‘empolgação’ pela beleza do
design e do acabamento estonteantes do Vivaldi, e que a beleza
estivesse ‘contaminando’ as observações auditivas!
Ledo engano. Ao ficar uma semana com o sistema Vivaldi em
nossa sala de testes (gentileza de um amigo/leitor que estava em
processo de acabamento em sua sala dedicada), vi e ouvi que as
diferenças entre a nossa referência digital e o Vivaldi eram significati-
vas! Mas, o que mais me encantou foi exatamente o grau de natura-
lidade e folga com que o Vivaldi resolve todas as macro-dinâmicas.
Gravações em que o meu Scarlatti quase dobra os joelhos e joga
a toalha, o Vivaldi resolve com um sorriso no rosto. Com tamanho
conforto auditivo, você pode literalmente escutar (se seu sistema
permitir) as gravações no limite de volume em que foram mixadas. E
esta possibilidade, depois do vigésimo disco, se torna simplesmente
um vício em que você não quer mais abrir mão.
Resignado, após uma semana em que escutei mais de 300 dis-
cos, entreguei o equipamento a quem de direito pertencia e passei
quase uma semana só escutando analógico, para não me frustrar
com a vertiginosa queda que seria voltar ao meu Scarlatti.
Assim, como dizem que o que não se vê o coração não sente, as
obrigações em testar os produtos que chegam a toda semana, me
fizeram ligar meu sistema digital de referência e voltar a vida normal.
Mas, sempre com aquela ideia fixa na cabeça: “a dCS não poderia
utilizar um pouco de todos os filtros personalizados, algoritmos de
mapeamento personalizados selecionáveis, e suas constantes atua-
lizações de software e firmware, e criar um sistema mais acessível?
Então imagine minha alegria quando recebi para teste o CD-Player
Rossini!
Ainda que, na época, estivesse atolado de testes e com o fecha-
mento da edição melhores do ano, abri o Rossini assim que a trans-
portadora chegou e liguei-o imediatamente. Parecia uma criança ao
abrir na noite de natal seu presente desejado por 11 meses! Minhas
observações estão lá para quem desejar ler.
Gostei muito do Rossini, percebi a mesma folga que tanto admirei
no sistema Vivaldi, porém (sempre um, porém), a energia distribuída
com enorme autoridade nas passagens macro dinâmicas não esta-
va lá! Perdendo até para o Scarlatti neste quesito. Fiquei por sema-
nas pensando a respeito, e minha conclusão é que o pacote só po-
deria ser entregue em um sistema Rossini e não em um CD-Player.
Como gosto de acompanhar tudo que a imprensa internacional
solta, li que o clock externo do CD-Player Rossini fez maravilhas
justamente aonde achei que o CD Rossini ficou aquém do Scarlatti.
Melhor silêncio de fundo, maior micro-dinâmica e mais degraus en-
tre o forte e o fortíssimo. Uma luz novamente se acendeu em minha
mente: e se...
E, finalmente, parte dessas elucubrações foram desvendadas,
agora que tive a oportunidade de receber o DAC Rossini para teste.
Com a última atualização, 2.0, do meu sistema Scarlatti, no modo
dual AES/EBU pude usufruir no DAC Rossini de pegar o sinal PCM
e transformar em DSD. E também pude utilizar o DAC Rossini ligado
ao transporte Scarlatti e o clock Scarlatti, e comparar com o DAC
Scarlatti por quatro semanas, e tirar todas as dúvidas e obter as
respostas que aguardo a tanto tempo.
Mas, antes, vamos a uma descrição do que o DAC Rossini per-
mite. O Rossini possui seis filtros PCM dCS, um filtro MQA e quatro
filtros DSD - tudo projetado pela própria dCS. O filtro dCS M1 MQA,
segundo o fabricante, atende integralmente todos os 16 coeficientes
25ABRIL . 2018
26 ABRIL . 2019
de filtro MQA possíveis, sem ter adaptação para compensar limita-
ções ou erros do conversor D/A.
Ainda segundo os engenheiros da dCS, há dois aspectos na im-
plementação MQA do dCS que são diferentes dos outros fabrican-
tes. Se a codificação do MQA estiver ativada, todo o áudio passa
pelo filtro MQA. No Rossini todos os outros dispositivos dCS (o DAC
ou o streamer) determinam se uma música codificada com MQA
está sendo reproduzida antes de aplicar o filtro.
Os engenheiros depois de longos testes auditivos, optaram por
dar ao usuário do Rossini a possibilidade de selecionar filtros tra-
dicionais da dCS quando ouvindo material MQA, dando ao usuário
flexibilidade na escolha de qual filtro usar.
Os controles e todos os recursos do Rossini (incluindo a sele-
ção de filtros) pode ser feito através de aplicativos dCS iOS, e este
aplicativo permite que o usuário reproduza músicas de um servidor
UPnP/DLNA, do Tidal ou mesmo de um pendrive conectado direta-
mente ao Rossini. E, para os que desejam total flexibilização, tam-
bém é possível a reprodução via AirPlay e de Spotify.
As saídas analógicas do Rossini podem ser configuradas em 2V
ou 6V. Eu sempre usei 6V em todos os meus dCS.
Para o teste ouvimos o transporte Scarlatti ligado em dual AES/
EBU com os cabos digitais Transparent Audio Reference XL, e em
uma entrada AES/EBU ligado pelo nosso cabo de referência Crystal
Cable Absolute Dream.
O Heber me fez a s honras de apresentar o DAC Rossini no sho-
wroom da Ferrari tocando streaming, e foi uma das poucas vezes
que comprei a ideia de até em um futuro (espero longínquo), ouvir
música nesta plataforma. Claro que a praticidade é um gol de placa,
afinal ter toda sua discoteca à mão, a um toque, tem um ar mágico.
Mas eu sou de uma geração analógica que, a cada 20 minutos,
sempre teve que se levantar para trocar o disco ou virá-lo de lado.
Então levantar para trocar de CD, após uma hora de audição (ou
quase isto), me parece extremamente bom para a saúde!
Os DACs melhoraram muito, certamente. A qualidade do downlo-
ad de alta resolução que podemos comprar também é uma mão na
roda, e o Rossini se mostrou pronto a esta nova era com todo tipo
de entrada digital, para atender a todas estas novas plataformas.
No entanto, meu amigo, se você ouvir um CD em Dual AES/EBU
neste Rossini, o senhor entenderá onde se encontra a mais bela
resolução possível de uma mídia que parece estar também em ex-
tinção! A possibilidade de você extrair o sumo do sumo de seus CDs
favoritos nesta máquina é de nos fazer soltar aquele suspiro de inte-
gral satisfação e reconhecimento daquilo que os discos PCM 16/44
escondiam em suas entranhas. Falo de maior espacialidade entre
os instrumentos, holografia 3D, silêncio de fundo e, principalmente,
naturalidade dos timbres e vozes, e musicalidade.
É como viajar para o futuro mantendo-se no presente, apenas sua
audição e seu cérebro viajam, para descobrir que todos seus CDs
tinham algo a ser ouvido, tinham respostas a muitas passagens que
soavam opacas ou com baixa inteligibilidade. A beleza e magia do
Vivaldi se fazem presentes no DAC Rossini muito mais que no CD-
-Player Rossini, dando a possibilidade do consumidor ter muitas das
características do Vivaldi em um pacote mais realista e condizente
com nossa realidade.
DAC Scarlatti x DAC Rossini
Com a atualização 2.0 também do meu DAC, a comparação ficou
muito mais honesta e verossímil em termos de observações.
A sensação, depois de uma semana inteira debruçado neste com-
parativo, deixou claro que a evolução alcançada pela dCS refinou a
assinatura sônica desta nova geração a tal ponto que determinados
quesitos ficam difíceis de serem comparados. Ainda que estejamos
escutando pequenos grupos com sutis variações dinâmicas, no
DAC Rossini a música sempre soa de forma mais organizada entre
as caixas, com mais planos, mais silêncio entre os instrumentos e
entre as notas, possibilitando um grau de imersão e inteligibilidade
muito maiores.
O DAC Scarlatti, ainda (na minha opinião) só ganha no item micro-
dinâmica. E mesmo assim em gravações de muita excelência téc-
nica. O Scarlatti parece sempre à postos, para não vacilar quando
for preciso. Nunca relaxa totalmente. Já o Rossini é o oposto: está
sempre tranquilo, só colocando as garras de fora quando exigido.
Para quem sempre reclamou do ‘som digital’, esta ‘fórmula’ de in-
teligibilidade com total folga e naturalidade, põe por terra esta ques-
tão em definitivo.
Outra grande diferença entre os DACs foi o corpo harmônico, e a
qualidade do foco e recorte dos instrumentos solistas. Neste quesito
encontra-se a prova da grande evolução desta nova geração, em
mostrar os instrumentos (quando corretamente captados) em seu
tamanho real, com total precisão de espaço. A música se materia-
liza à nossa frente, sem esforço e sem a sensação de reprodução
eletrônica.
Outro grande avanço é que podemos, na calada da noite, escutar
nossos discos em volumes realmente reduzidos sem perder o prazer
e o perfeito equilíbrio tonal. Tudo estará exatamente no lugar, esteja
em volume moderado ou no volume próximo da gravação.
E, por fim, a musicalidade do DAC Rossini é mais envolvente,
quente, sedutora que no DAC Scarlatti, nos fazendo imediatamente
lembrar do sistema Vivaldi.
DAC DCS ROSSINI
27ABRIL . 2018
CONCLUSÃO
O avanço no digital é cada vez maior e mais preciso. Lamento
apenas que, justamente agora em que o digital atinge sua maturi-
dade, as mídias físicas estejam a desaparecer. Me desculpem todos
os que defendem as mídias virtuais, mas a comparação ainda não
é possível - a diferença ainda é totalmente audível em um sistema
digital deste nível.
E para os que desejam um sistema Estado de Arte deste nível,
subjugar ou abandonar a mídia física será um erro tão grande quanto
ter vendido sua coleção de LPs a preço de banana!
O DAC Rossini pertence a esta seleta geração de digitais que atin-
giram um grau de refinamento que permite a todos os apaixonados
por música desfrutarem de seus discos com um prazer inimaginável
cinco anos atrás!
Se este é seu objetivo, amigo leitor, de chegar ao nirvana sonoro,
e redescobrir todos os seus CDs, sem nenhuma exceção, ouça o
PONTOS POSITIVOS
Um DAC Estado da Arte, compatível com todas as mídias
disponíveis em estéreo.
PONTOS NEGATIVOS
O preço, sempre a pedra no sapato.
sistema digital com o DAC Rossini em sua sala e descubra o que
significa a plenitude em inteligibilidade e a ausência total de fadiga
auditiva!
E para aqueles que já estão na nova onda de streamer, um produ-
to que atende a todos os seus anseios com enorme competência e
qualidade sonora.
28 ABRIL . 2019
ES
PE
CIF
ICA
ÇÕ
ES
Atualizações de software
Controle local
Fonte de alimentação
Consumo
Sistemas operacionais
Dimensões (L x A x P)
Peso
Através de mídia CD-R, ou através do app dCS Rossini
App dCS Rossini, interface RS232 (para automação), controle remoto infravermelho opcional
100, 115/120, 220 ou 230/240 V AC em 50-60 Hz (configurado de fábrica)
23 W (28 W máximo)
Windows Vista, 7, 8.1, 10. Mac OSX 10.10. (driver dCS USB é necessário para Windows para modo Audio Class 2
444 x 125 x 435 mm
15.6 kg
VOCAL
ROCK . POP
JAZZ . BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
DAC DCS ROSSINI
Equilíbrio Tonal 12,0
Soundstage 12,0
Textura 13,0
Transientes 12,0
Dinâmica 12,0
Corpo Harmônico 13,0
Organicidade 13,0
Musicalidade 13,0
Total 100,0
Ferrari Technologies(11) 5102.2902
US$ 57.000
ES
PE
CIF
ICA
ÇÕ
ES
Tipo
Cor
Tipo de conversor
Entradas digitais
Saídas analógicas
Entrada / Saída de Clock
Ruído residual
Crosstalk
Respostas expurias
Filtros
Upsampling
Upsampling Network DAC.
Prata ou preto.
Topologia Ring DACTM proprietária da dCS.
Interface de rede RJ45 (UPnP assíncrona até 24-bit/384 k nativo, DSD/64 & DSD/128), USB 2.0 com conector B-type (modo assíncrono até PCM 24-bit/384 k e DSD/64 & DSD/128 via DoP), USB-on-the-go com conector type-A (stream assíncrono de pendrive ou hard-disk externo USB até 24-bit/384 k e DSD/64 & DSD/128), 2x AES/EBU com conectores XLR (PCM até 24-bit/192k e DSD/64 - ou usado em par indo até PCM 384kS/s, DSD/64 & DSD/128 ou DSD ‘dCS-encrypted’), 2x SPDIF (RCA e BNC aceitando PCM 24-bit/192 k ou DSD/64 in formato DoP), 1x ótico Toslink (PCM até 24-bit/96 k).
2V ou 6V de nível de saída configurável, balanceadas e RCA
2x conectores BNC (clock de 44.1, 48, 88.2, 96, 176.4 ou 192 kHz)
Em 24-bit: melhor que -113 dB0 (20 Hz - 20 kHz - 6V output setting)
Melhor que -115 dB0 (20 Hz - 20 kHz)
Melhor que -105 dB0 (20 Hz - 20 kHz)
- Modo PCM: 6 filtros variando entre rejeição de imagem Nyquist e resposta de fase - Modo DSD: 4 filters que progressivamente reduzem o nível de ruído fora da banda audível
DXD como padrão, e DSD opcional
DAC DCS ROSSINI
29ABRIL . 2018
31ABRIL . 2018
O novo distribuidor no Brasil da Nordost é a AV Group, desde
o segundo semestre do ano passado. No começo de janeiro, eles
nos enviaram uma bela maleta com todos os cabos da linha Norse
da Nordost, com um cabo de interconexão RCA de 2 metros e um
par de 4 m de cabos de caixa. Esta linha, abaixo da linha Valhalla 2,
é constituída dos seguintes modelos: Heimdall 2, Frey 2 e Tyr 2.
O consumidor encontrará nesta série também os seguintes cabos:
USB, Digital Coaxial e AES/EBU e de força.
Com o envio de toda a linha Norse de caixa e interconexão, deci-
dimos começar as nossas avaliações pelo Tyr 2, o mais próximo das
linhas Valhalla 2 e Odin 2, e ir descendo. Assim o leitor terá uma ideia
consistente, dentro de nossa metodologia, de onde cada um desses
cabos se encaixa dentro da marca e, também, qual poderia ser um
upgrade seguro para cada sistema.
Gosto muito da filosofia da Nordost de utilizar em todos os seus
produtos o que eles chamam de construção progressiva. Como os
cabos da linha de entrada Leif, a série Norse 2, utiliza condutores de
cobre OFC banhados à prata, isolamento FEP (teflon) extrudado e
uma construção ajustada mecanicamente.
Outros avanços tecnológicos que, segundo o fabricante, os le-
vam ainda mais perto das linhas Valhalla 2 e Odin 2 em termos
de performance, é o uso de uma tecnologia de mono-filamento de
patente proprietária, que cria um dielétrico de ar virtual enrolando
um filamento em uma espiral precisa ao redor de cada condutor,
antes de colocar uma ‘luva’ em cada condutor. Minimizando o con-
tato com o condutor, e reduzindo drasticamente a absorção dielé-
trica enquanto se amplia o amortecimento mecânico e a precisão
geométrica.
Os cuidados vão além, nesta nova série, com ajustes mecânicos
na construção com comprimentos mecanicamente ajustados para
reduzir a microfonia interna e a ressonância de impedância de alta
frequência.
TESTE ÁUDIO 2
Fernando [email protected]
CABOS DE INTERCONEXÃO E CAIXA NORDOST TYR 2
32 ABRIL . 2019
CABOS DE INTERCONEXÃO E CAIXA NORDOST TYR 2
Na apresentação do modelo Tyr 2 o fabricante ressalta que seus
atributos sonoros são mais silêncio de fundo, maior arejamento tan-
to em torno dos instrumentos como na apresentação de ambiência
e uma maior faixa dinâmica e, segundo a Nordost, muito mais próxi-
mo dos consagrados Valhala 2 e Odin 2.
O isolamento do Tyr 2 de interconexão é o Etileno Propileno
Fluorado (FEP), em construção com camadas mecanicamente sin-
tonizadas e design duplo de mono-filamento. Os condutores são
7 x 24 AWG, núcleo sólido de cobre OFC 99,999999% banhado à
prata, com capacitância de 33.0 pF/pé, indutância de 0,045 uH/pé,
e velocidade de propagação de 86%.
Para o teste nesses quatro meses utilizamos o Tyr 2 em conjunto
com nossos cabos e também com o Frey 2, para termos uma ideia
exata da assinatura sônica de um setup Norse 2. Em todos os pro-
dutos que estiveram em teste neste período, ou que ainda estão,
temos utilizado direto tanto o cabo de interconexão Tyr 2 como o
de caixa.
Tentei de todas as maneiras, amigo leitor, conseguir um Tyr versão
anterior para conhecer, já que com esta linha Norse nunca havia tido
contato anteriormente. Então meu único recurso foi buscar as ano-
tações referentes ao Valhala 1 e 2, e ao Odin 2 que testei.
33ABRIL . 2018
Muitos devem se perguntar: mas em que diabos as anotações
pessoais do Andrette podem ajudá-lo? Já que foram feitas com ou-
tros sistemas e em épocas bem distintas! Minhas anotações pes-
soais, que utilizo para registro de minha memória auditiva, vão muito
além de observar o comportamento auditivo de um produto em tes-
te. Geralmente, nessas anotações utilizo nossas gravações ou gra-
vações que nos acompanham desde o pontapé inicial de nossa me-
todologia no longínquo ano de 1999! Nessas anotações eu descrevo
muito mais sensações ou detalhes que me chamaram a atenção,
como por exemplo: texturas, inflexão e técnica vocal e virtuosidade
dos instrumentistas, comportamento do produto em volumes bem
reduzidos, ou em volumes próximos ao limite do que foi mixado. Pla-
nos, em termos de foco, recorte e profundidade e sobretudo o grau
de musicalidade e o grau de imersão no acontecimento musical.
Eu já fazia este processo mental com a mais tenra idade, quando
meu pai, depois do jantar, me perguntava se eu podia ajudá-lo na
escolha de um componente para substituir um original em nossa
fatídica reserva de mercado, em que importar um transistor, um ca-
pacitor ou uma resistência era um parto! E lá ia meu pai, na busca de
uma solução menos ‘nociva’ para aquele equipamento em conserto.
E solicitava meu par de orelhas para ajudá-lo a encontrar uma solu-
ção. Às vezes o ‘caminho das pedras’ já estava sedimentado, outras
inúmeras vezes não.
E foi daí que desenvolvi a técnica de guardar no meu hipocampo
as observações que fazia ouvindo sempre os mesmos trechos de
música no equipamento de nossa casa. Não pensem que depois de
alguns anos eu acertava de primeira. Pelo contrário, à medida em
que minha referência de sistemas foi refinando, com as visitas aos
clientes do meu pai, eu sempre queria que ele arrumasse soluções
melhores. Aí, com sua paciência Zen, lá vinha ele me falar dos ma-
lefícios da reserva de mercado e toda sua dificuldade em conseguir
componentes originais.
Voltando ao que interessa. Ainda que minhas anotações estives-
sem defasadas, foi um norte escolher os mesmos discos e faixas
para escutar o Tyr 2 de interconexão e o de caixa. Desde o primeiro
momento, o que se escuta nos Tyr 2 é uma mistura de folga, com
velocidade e silêncio de fundo cativantes.
Arriscaria dizer que, no cabo de caixas, essas mesmas qualidades
demoram um pouco mais (terá a ver com a construção em mono fi-
lamentos em paralelo, distribuídos em uma larga fita?). Mas, quando
elas surgiram, esta dupla teve um desempenho sônico exemplar!
O RCA possui um grau de compatibilidade excelente, fosse traba-
lhando entre o pré de phono e o pré de linha, ou entre prés e powers,
ou entre DAC e pré de linha. A melhor forma de descrever o Tyr 2
é que, em poucos segundos, seu cérebro para de pensar no que
está ouvindo e se concentra só na música. Sua micro-dinâmica me
deu a nítida impressão de ser superior ao Valhalla 1, e muito mais
próxima do Valhalla 2. E estamos falando de um cabo que custa o
dobro do preço!
Seu caráter sônico é sempre incisivo, retratando o tempo e ritmo
com enorme autoridade e nos brindando sempre com uma folga e
silêncio de fundo que nos fazem perguntar se realmente necessita-
mos mais em termos de performance.
Outra questão levantada, em diversos fóruns, por quem teve o Tyr
1 e realizou o upgrade, fala da melhora no corpo e peso na região do
médio-grave, e a maior extensão tanto nas altas como na primeira
oitava embaixo. Como não ouvi o Tyr 1, não tenho como dar minha
opinião, mas posso testemunhar que no Tyr 2 esta limitação não
existe. Desde as primeiras horas de amaciamento (com 15 horas)
que seu equilíbrio tonal foi excelente. Agudos com grande extensão,
decaimento perfeito (para se ouvir as ambiências), corpo, naturalida-
de no timbre e velocidade.
A região média é de uma beleza digna de cabos muito corretos
e refinados, é palpável e integralmente natural para vozes e instru-
mentos musicais. Os graves possuem aquela solidez tão procurada
nos cabos de referência, com corpo e velocidade também surpreen-
dentes.
À medida em que o amaciamento foi se acelerando, as diferenças
audíveis se concentraram no aumento da largura e profundidade do
palco, e na precisão com que o foco e o recorte se delimitaram en-
tre as caixas. Gosto muito, neste período em que o soundstage vai
se firmando, de ouvir apenas obras sinfônicas ou pequenos grupos
como quartetos de cordas, pois monitoro todos as mudanças no
soundstage (quartetos para observar foco e recorte, e obras sinfôni-
cas para ver a ampliação das camadas dos naipes tanto na profun-
didade como na largura).
O Tyr 2 vai muito além de retratar os planos dos naipes de uma
orquestra, apresentando uma imagem quase holográfica e 3D dos
solistas, tanto em termos de corpo como de silêncio à sua volta.
Com 100 horas, o soundstage se acomodou, e não sofreu novas
alterações significativas.
Também li em alguns fóruns audiófilos que diziam ser o Tyr 1 mais
analítico do que quente, com determinadas eletrônicas. Se esta limi-
tação realmente existia, foi totalmente corrigida na versão 2. Achei o
equilíbrio entre silêncio e musicalidade perfeito. E para aqueles que
desejam entender como avaliamos esta questão, basta se aterem à
dois quesitos de nossa metodologia: textura e micro-dinâmica. Am-
bos não podem sobressair um ao outro. Pois se aquele triângulo no
meio da orquestra soa com o mesmo impacto que o instrumento
solo acredite, meu amigo, seu sistema está realmente puxando para
o analítico, e este grau de informação secundária irá, em audições
mais prolongadas, cansar.
34 ABRIL . 2019
Por outro lado, se a micro-dinâmica é sempre difusa e as textu-
ras são sempre realçadas com muita ênfase (principalmente instru-
mentos acústicos e sopros), com flautas sempre doces e sedosas
mesmo na última oitava mais aguda, ou trompete com surdina que
parece que a surdina é feita de feltro, você também terá problemas,
pois ainda que encante no começo, seu cérebro irá reclamar que o
instrumento real não soa assim!
Então, conseguir o equilíbrio entre esses dois quesitos mostra
com eficiência o nível de qualquer componente do sistema. Um ami-
go meu baterista sempre diz que, para ele avaliar textura, coloca
para escutar solos com uso de muita caixa com a esteira fechada.
Se a textura está ‘adocicada’ parece que o baterista substituiu a
baqueta por uma meia (claro que isto é uma piada, mas alguns siste-
mas mais contemplativos realmente distorcem e, vou além, também
distorcem a reprodução de transientes).
Nos nossos Cursos de Percepção Auditiva, explicamos com inú-
meros exemplos como todos os quesitos da metodologia interagem
e como nosso cérebro codifica e interpreta essas questões.
O Tyr 2 é muito coerente, e seu silêncio de fundo não se sobrepõe
à apresentação de texturas. Elevando-o ao seleto grupo de cabos
que são superlativos não por destacarem algo, mas sim por apre-
sentarem o todo com forma, equilíbrio e beleza.
Desde o primeiro Blue Haven, testado em 1998, que destaco a
velocidade dos cabos Nordost. Brincava que eles pareciam ser li-
gados no 220V, tamanha facilidade em acompanhar variações com-
plexas em ritmo, tempo e andamento (transientes). Esta qualidade
continua presente mas, como escrevi acima, não em detrimento de
nenhum outro quesito.
Ouvimos os discos do Uakti, I Ching, faixa 3, e de André Geraissa-
ti, Canto das Águas, faixa 5, grudados na poltrona e sem tempo de
respirar, tamanha precisão de ambos (RCA e de caixa).
O corpo harmônico, além de preciso, graças ao seu silêncio de
fundo, nas vozes cria um efeito 3D espetacular! Colocando-os à
nossa frente em nossa sala. Novamente, utilizamos estes exemplos
de corpo para mostrar como nosso cérebro não se engana com re-
produção eletrônica se o corpo e a materialização do acontecimento
musical não for verossímil! Do que adianta uma gravação tecnica-
mente impecável se as vozes e instrumentos possuem o tamanho
de uma pizza brotinho?
Não, meus senhores, nosso cérebro é bem astuto, e não se en-
gana com corpos disformes. E vozes, assim como instrumentos de
cordas e piano, são matadores para verificarmos a qualidade do cor-
po harmônico em nossos sistemas.
CABOS DE INTERCONEXÃO E CAIXA NORDOST TYR 2
Com todos os quesitos equilibrados em um sistema Estado da
Arte, e eis que o milagre ocorre: temos a materialização física do
acontecimento musical à nossa frente e o grau de prazer auditivo
(musicalidade) é proporcional à este equilíbrio.
Os Tyr 2 de interconexão e de caixa são extremamente musicais,
corretos e sempre soaram com uma naturalidade cativante.
Falando sobre a construção do cabo de caixa Tyr 2, o isolamento
a construção não muda em nada. O que muda é a geometria, já
que estamos falando de condutores trabalhando em paralelo como
em uma múltipla pista de autorama (não sei se nossos leitores com
menos de 30 anos irão entender o que desejo dizer com ‘pista de
autorama’),com 26 condutores 22AWG, o mesmo núcleo de cobre
sólido de seis noves de pureza OFC, capacitância de 10,7pF/pé,
indutância de 0.13 uH/pé, propagação de 96%, e terminações ba-
nhadas à ouro ou Z-plug Banana.
Os cabos de caixa, pela sua largura, necessitam ser desenrolados
corretamente, e o ideal é que, se possível, se use os próprios ele-
vadores indicados pelo fabricante. Isto facilita não se correr risco de
tropeço ou ficar pisando no mesmo.
Pela quantidade de fios, é natural que ele necessite do dobro de
tempo de amaciamento (foram 220 horas). No princípio ele toca mais
engessado (principalmente nas duas pontas), seu corpo é menor e
seus planos são bastante tímidos em profundidade e largura da ima-
gem. Mas, a partir de 100 horas os graves ficam sólidos na primeira
oitava, e são notórios pela velocidade, energia e deslocamento de ar.
Ao ouvir a primeira gravação de órgão de tubo, me rendi aos seus
encantos e passei uma semana curtindo gravações com este ins-
trumento, e com baixo acústico e elétrico. Revisitei toda a obra de
Marcus Miller, Pastorius e Mingus. Foi realmente um deleite sonoro!
Sua velocidade torna qualquer gravação com inúmeras percus-
sões, piano solo e bateria, momentos inesquecíveis! Equilibrado
tanto quanto o de interconexão, o Tyr 2 de caixa é uma solução in-
teligente e definitiva para qualquer sistema Estado da Arte, por uma
fração do preço do Odin 2.
CONCLUSÃO
O Tyr 2, como o fabricante afirma, é um passo consistente em
busca do equilíbrio que todo o audiófilo sonha em dar ao seu sis-
tema.
Suas qualidades são tão abrangentes e sua compatibilidade tão
larga que deve ser uma das opções a serem escutadas em qualquer
sistema sinérgico e sem elos fracos, em que apenas falte aquele
cabo para realçar todas as virtudes.
São excepcionalmente construídos (é sempre bom lembrar que a
Nordost antes de se dedicar ao áudio hi-end é o maior fabricante de
35ABRIL . 2018
ES
PE
CIF
ICA
ÇÕ
ES
- T
YR
2 D
E IN
TE
RC
ON
EX
ÃO
ES
PE
CIF
ICA
ÇÕ
ES
- T
YR
2 D
E C
AIX
AS
Isolação
Construção
Condutores
Material
Capacitância
Indutância
Cobertura de blindagem
Velocidade de propagação
Terminação
Isolação
Construção
Condutores
Material
Capacitância
Indutância
Velocidade de propagação
Terminações
Etileno propileno fluorado (FEP)
Design duplo mono-filamento com comprimento mecanica-mente configurado
7 x 24 AWG
Cobre OFC 99.99999% sólido com banho de prata
33.0 pF/pé
0.045 μH/pé
97%
86%
RCA Nordost MoonGlo® banhado à ouro
Etileno propileno fluorado (FEP)
Design micro mono-filamento com comprimento mecanica-mente configurado
26 x 22AWG
Cobre OFC 99.99999% sólido com banho de prata
10.7pF/pé
0.13μH/pé
96%
Spade banhado à ouro ou Z-plug Banana
PONTOS POSITIVOS
Equilibrado sonicamente, com enorme quantidade de re-
cursos e uma versatilidade impressionante para sua faixa de
preço.
PONTOS NEGATIVOS
Pela sua performance e construção, nenhum ponto negativo.
AV Group(11) 3034.2954
RCA (1m) - R$ 15.186Cabo de caixa (2m): 340
VOCAL
ROCK . POP
JAZZ . BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
CABOS DE INTERCONEXÃO E CAIXA NORDOST TYR 2
Equilíbrio Tonal 12,0
Soundstage 12,0
Textura 13,0
Transientes 13,0
Dinâmica 12,0
Corpo Harmônico 12,0
Organicidade 12,0
Musicalidade 13,0
Total 99,0
cabos aeroespaciais, com exigências que vão muito além do uso do-
méstico de um cabo). Sua assinatura sônica, além de exuberante é
extremamente correta em todos os quesitos de nossa Metodologia.
Altamente recomendado, principalmente para os que já apreciam
a marca, mas não podem ou não desejam gastar o que custa o
Valhalla 2 ou o Odin 2.
HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=SHDNIAEO9_4
ASSISTA AO VÍDEO DO PRODUTO, CLICANDO NO LINK ABAIXO:
HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=IJT6FGJVRVS
ASSISTA AO VÍDEO DO PRODUTO, CLICANDO NO LINK ABAIXO:
37ABRIL . 2018
A KW Hifi, importadora de produtos para áudio hi-end, traz para o
Brasil mais uma grande marca de peso e de enorme prestígio mun-
dial, a Grado Labs. Uma empresa familiar com mais de 60 anos
de tradição na fabricação artesanal de fones de ouvido e cápsulas
fonográficas.
Nesta nova leva de importação feita pela KW HIFI veio o fone de
ouvido Grado Reference RS1e, um produto icônico que teve início
em 1996: o primeiro fone da Grado com corpo em madeira de mog-
no tratado. A escolha do mogno vai muito além da estética - as
qualidades audíveis da madeira, em especial do mogno, ébano, e
do jacarandá baiano são bastante conhecidas no meio musical, pois
são utilizadas em instrumentos musicais até hoje! E mesmo com
tanta tecnologia, nenhuma conseguiu produzir um material artificial
que emulasse suas características sônicas de maneira convincen-
te. Alguns clarinetes, por exemplo, utilizam o ABS (Grafotnite) como
uma alternativa economicamente viável ao ébano, mas a diferença
no timbre é gritante! Temos no Brasil um fabricante de acessórios
hi-end que utiliza jacarandá em seus produtos. Temos racks, toma-
deiros e uma infinidade de desacopladores para toca-discos, fontes
e amplificadores, feitos de madeira. Todos em algum grau alteram
o equilíbrio tonal, para melhor ou para pior, e isto vai depender mui-
to da abordagem do fabricante. No caso da Grado, a escolha foi
muito bem-sucedida, pois trouxe ao conjunto RS1 um calor nos
timbres e tamanho do corpo harmônico essenciais para um fone
de referência.
A série Reference vem evoluindo com o passar dos anos, e a ver-
são ‘e’ trouxe melhorias estéticas e funcionais muito interessantes,
como o mogno mais claro que o utilizado no fone anterior, combi-
nando melhor com as cores das roupas, etc, e um processo de cura
da madeira melhorado que trouxe mais equilíbrio entre as frequên-
cias. Com isto, ganhou-se um deslocamento de ar mais natural nos
graves, as transições entre as frequências ficaram mais suaves e os
timbres mais reais, principalmente no médio-grave, o que ajudou
muito a conseguir um equilíbrio tonal ainda mais correto.
FONE DE OUVIDO GRADOREFERENCE SERIES RS1E
TESTE ÁUDIO 3
Juan Lourenç[email protected]
38 ABRIL . 2019
FONE DE OUVIDO GRADO REFERENCE SERIES RS1E
Os drivers do tipo dinâmico de 50mm utilizam bobinas de cobre
de alta pureza, com uma tolerância máxima entre eles de 0,5 dB, o
que é extremamente baixo para um produto feito à mão! A impe-
dância é de 32 Ohms a 1kHz, e a sensibilidade de 98dB, o que é
maravilhoso para ouvir com smartphones e notebook.
O cabo que liga os drivers possui 8 filamentos de cobre puro OFC,
da própria Grado. O cabo em Y tem comprimento aproximado de
2 metros e terminação P2 3,5 mm, e também é fornecido mais um
cabo extra com terminação fêmea/macho de aproximadamente 4
metros e um adaptador P2/P10.
Para maior conforto, o RS1e possui espuma injetada que se mol-
da perfeitamente ao ouvido, e o descanso de cabeça em couro fle-
xível, muito tradicional nos headphones da marca, ajuda no conforto
e no estilo também, além de ser muito durável. Os ajustadores de
altura em metal permitem que o fone gire em 360 graus com muita
facilidade. O fone é muito leve, aproximadamente 250 gramas, muito
bom para longas audições.
Para o teste utilizamos os seguintes produtos.Fonte: CD-Player
Luxman D06. Amplificadores para fones de ouvido: HIFIMAN EF2C
e Micromega Myzic. Cabo de interligação: Sunrise Lab Quintessence
Magic Scope RCA, e Sax Soul Zafira III. Cabo de força: Sunrise Lab
Reference Magic Scope (para o Micromega).
O fone de ouvido Grado RS1e chegou novinho, e rapidamente
o colocamos para amaciar por aproximadamente 60 horas. Suas
primeiras horas de audição são bastante gostosas de acompanhar,
a região média não soa áspera nem demasiado frontal. Os extremos,
como sempre, têm pouca extensão, mas a pegada no grave está lá
nos dando uma idéia do que o amaciamento ainda esconde. Após
as 60 horas, o fone era outro, o equilíbrio tonal ficou ótimo! Tudo em
seu devido lugar, a região média recuou, os graves agora tinham
mais harmônicos e mais extensão. As vozes ainda eram o ponto alto
do fone, e sua autoridade ao lidar com passagens complexas agora
estava ainda maior!
Então começamos a diversão pelo disco da Dianne Reeves,
Bridges, faixa 4. Nesta faixa o silêncio de fundo apresentado pelo
Grado RS1e é simplesmente maravilhoso. A percussão se mostra
delicada, mas com bastante intencionalidade, as batidas são firmes
e no tempo preciso. A voz dela brota de uma escuridão de tirar o fô-
lego, e a cada palavra ouve-se o engolir de saliva com uma clareza e
sutileza que causa espanto. Os timbres das peles batidas com feltro,
do contrabaixo que anuncia o violão perfeitamente digitado, quase
nos leva ao êxtase auditivo, e quando o piano entra, então somos
arrebatados de vez! Toda a exuberância da música é apresentada
pelo RS1e de uma maneira calma e progressiva, mostrando o quão
azeitados os músicos estavam no momento da gravação. Como diz
39ABRIL . 2018
o Fernando, “era a boa” e o Grado soube nos mostrar isso sem
deixar margens para dúvida.
Seu som é quente na medida, sem soar ‘valvulado’ demais, claro,
limpo e inteligível sem o risco de soar frio ou analítico principalmente
em gravações comprimidas. Ele nos mostra o que há na gravação,
ao mesmo tempo em que consegue fazer concessões em músicas
mal gravadas - dentro de um limite, claro.
O palco sonoro é muito bom, mas não tão bom quanto o res-
tante dos quesitos. Por exemplo: no disco do Lalo Schifrin, Jazz
Meets The Symphony, faixa 4, os contrabaixos ficam quase na porta
do quintal no canto direito, com o Grado RS1e eles ficam quase
no meio da cozinha, ou seja, é muito bom, mas não é excepcio-
nal como é o caso das extensões e corpo nas altas, texturas de
cima a baixo. Nestes quesitos, ele é irrepreensível. A caixa da bateria
com vassourinha é soberba, os ataques são rápidos e consistentes
com a energia certa. Nada passa em branco aos nossos ouvidos,
ao mesmo tempo em que nada soa pirotécnico ou desproporcional,
puxando nossa atenção para uma única coisa na música, mas para
o todo. Este é, sem dúvida, um fone de referência!
Com tantas surpresas boas, foi inevitável não compará-lo com
o meu Sennheiser HD 700, e para o meu desespero o Grado se
saiu melhor. Então pensei comigo que tenho uma última cartada:
música clássica! Se ele for melhor, então danou-se. Comecei por
Mahler, meu compositor favorito, mas não por suas obras mais fa-
mosas, pois ainda estava apreensivo. Comecei pelo disco Des Kna-
ben Wunderhorn, com a regência de George Szell, selo EMI, faixa
1. Nele o Grado soou como sempre, mais imponente, controlando
melhor os graves, seu silêncio de fundo trouxe os contrabaixos e
tímpano em piano com um deslocamento fantástico. Em vozes, foi
um verdadeiro banho: toda a potência, variação tonal e dicção do
barítono Dietrich Fischer-Dieskau foi apresentada com um realismo
de cair o queixo. Novamente ficou devendo em palco sonoro. Neste
quesito ele é bom, mas não tão bom como eu gostaria que fosse.
Se para jazz, MPB e música clássica ele era matador, faltava ou-
vir um pouco de rock para me declarar oficialmente de queixo caí-
do. Jeff Beck, disco Truth, faixas 5 e 7 - escolhi justamente por ser
uma gravação de 1968 com suas belezas e imperfeições... Tem até
barulho de fita mastigada ou magnetizada na música. Rod Stewart
está simplesmente fantástico, sua voz rouca e potente se destaca
com texturas que parecem que estamos ouvindo caixas acústicas
top. Um deleite só! Não poderia deixar passar um pouco de música
eletrônica também, então fui de Skrillex e Deadmau5. O equilíbrio
tonal e o conforto auditivo do Grado RS1e é muito bom para ouvir
música eletrônica, mesmo com toda a pressão sonora, compres-
sões e afins, o fone transborda conforto e musicalidade. O ‘senão’
40 ABRIL . 2019
fica por conta dos graves mais profundos e em excesso neste estilo
musical que o Grado não se dá tão bem. Eu não considero isto um
problema - ao contrário, é uma característica que está presente em
muitos dos fones de referência. Ele desce bem, só não desce cheio
em todas as freqüências. Depois dos 50, 45Hz dá uma leve emagre-
cida, nada que tire o prazer de ouvir este e outros estilos musicais
grave-dependentes.
FONE DE OUVIDO GRADO REFERENCE SERIES RS1E
ES
PE
CIF
ICA
ÇÕ
ES
Tipo de transdutor
Princípio de operação
Resposta de frequência
SPL (1mW)
Impedância nominal
Drivers casados
Dinâmico
Aberto
12 - 30.000 Hz
99.8 dB
32 Ohms
0.05 dB
PONTOS POSITIVOS
Leve e confortável. Extremamente musical. Cabo de cone-
xão com ótimo comprimento, e cabo adicional.
PONTOS NEGATIVOS
Cabo poderia ser mais flexível.
KW Hi-Fi(48) 3236.3385
R$ 4.350
VOCAL
ROCK . POP
JAZZ . BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
FONE DE OUVIDO GRADO REFERENCE SERIES RS1E
Equilíbrio Tonal 11,5
Soundstage 11,0
Textura 12,0
Transientes 11,0
Dinâmica 11,0
Corpo Harmônico 11,5
Organicidade 10,5
Musicalidade 12,0
Total 90,5
CONCLUSÃO
O fone de ouvido Grado RS1e é um fone que faz jus ao legado da
marca. Suas qualidades superam qualquer expectativa sem esforço.
É um fone moderno feito para audiófilos modernos com as facilida-
des que o mundo de hoje exige sem deteriorar o que há de mais
sagrado para o amante da música: a música!
41ABRIL . 2018
HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=GVQJRDHRBWQ
ASSISTA AO VÍDEO DO PRODUTO, CLICANDO NO LINK ABAIXO:
HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=BHW7OHZ1750
ASSISTA AO VÍDEO DO PRODUTO, CLICANDO NO LINK ABAIXO:
43ABRIL . 2018
TESTE VÍDEO 1
Jean [email protected]
Começo o teste falando um pouco sobre tecnologia, citando uma
frase que gosto muito, mas infelizmente desconheço o autor: “Qual-
quer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da mágica”.
Quando as primeiras TVs UHD 4K foram lançadas, os comen-
tárioa mais comuns eram: “Full HD já é muito bom, não vai fazer
diferença” ou “para que comprar uma TV 4K se não há conteúdo
disponível?”. E hoje em dia temos uma grande disponibilidade de
mídias e serviços de streaming em 4K e vemos que a maioria dos
consumidores que vão às lojas adquirir uma TV nem quer mais saber
de TVs Full HD, só querem modelos 4K.
Há alguns anos a emissora de TV NHK do Japão começou a fazer
testes com câmeras e TVs 8K, que lá é chamado de Super Hi-Vision.
E eis que a Samsung, de forma pioneira, lança uma linha completa
de TVs 8K. De imediato estarão disponíveis nas lojas os modelos
Q900 em tamanhos de 65, 75 e 82 polegadas. E no 2º semestre
está prevista a chegada da 98 polegadas.
A Q900 8K foi apresentada como o topo de linha das TVs QLED,
que ainda conta com os modelos Q80, Q70 e Q60, estes 3 últimos
UHD 4K.
TVs Full HD possuem 2 milhões de pixels (1920 x 1080) e TVs 4K
UHD possuem 8 milhões de pixels (3840 x 2160). A Q900 8K possui
33 milhões de pixels (7680 x 4320) e levando em conta que cada
pixel é composto de 3 subpixels (R, G e B), temos um total apro-
ximado de 100 milhões de minúsculas janelinhas de cristal líquido
(LCD)! E cada janelinha LCD tem um par de fios conduzindo uma
pequena carga elétrica que escurece ou clareia a janela, permitindo
a passagem de luz, e consequentemente formando as cores do dis-
play. Portanto, na periferia do painel 8K temos 200 milhões de fios
conectados ao processador de imagens da TV. Fico imaginando a
enorme tecnologia envolvida e a complexidade de manufatura des-
tes painéis. Parece ou não mágica? Até caberia um daqueles emojis
com a carinha de espanto.
TV SAMSUNG 8K 65Q900
44 ABRIL . 2019
TV SAMSUNG 8K 65Q900
O controle remoto único é praticamente igual à linha 2018. Fo-
ram acrescentadas 3 teclas para acesso direto ao Netflix, Amazon
Prime e Navegador Web. Construído em alumínio, é muito bonito
e robusto. Consegue controlar praticamente todos os equipamen-
tos conectados à TV, como decoder, Blu-ray e Apple TV. Também
possui acionamento através de comandos de voz através do Bixby,
assistente de voz da Samsung, além de ser compatível com Google
Assistant e Alexa (Amazon).
Recursos
A Samsung utiliza na Q900 um processador com Inteligência Ar-
tificial (IA) que faz o upscaling das imagens para 8K. Ele reconhece
partes individuais da imagem, compara com um imenso banco de
dados interno e aprimora a imagem transformando-a em qualidade
próxima a 8K.
O Direct Full Array permite pretos profundos, minimizando a pre-
sença de halos na imagem. Lembrando que a Q900 utiliza pontos
quânticos, oferecendo excelente volume e níveis de cores.
A proteção anti-reflexo foi melhorada e é muito mais eficiente que
todas as TVs testadas por nós. Outra enorme melhoria refere-se ao
ângulo de visão, eterna queixa em relação aos paineis LCD LED con-
vencionais. Na Q900 as cores e contraste permanecem inalterados,
independente do ângulo que o espectador esteja em relação à tela.
A Q900 possui o modo ambiente 2.0. Ao desligar a TV, ao invés
de uma tela preta, você pode ativar o modo ambiente fazendo a TV
Design, Conexões e Controle
A Samsung Q900 tem um design bonito e sóbrio. A moldura é feita
de metal e possui 2 pés bem robustos que suportam bem o peso do
aparelho e garantem boa estabilidade. Há duas opções de montagem
dos pés, próximo às extremidades ou mais perto do centro, conforme
o tamanho do móvel onde ficará apoiado. A TV pode ser montada
na parede usando um suporte padrão VESA ou o suporte exclusivo
No-Gap vendido separadamente que deixa a TV praticamente “gru-
dada” na parede. A parte posterior da TV possui duas reentrâncias
para encaixar e guardar os pés quando não estiverem sendo usados.
A qualidade geral da construção e acabamento são excelentes.
A Q900 possui um painel com iluminação direta (Full Array Local
Dimming ou FALD) e 3.000 nits de pico de brilho máximo em HDR
ou 4.000 nits nos modelos 75 e 82 polegadas, segundo o fabricante.
Há um sistema de micro dimerização local com aproximadamente
480 zonas, permitindo controle bastante preciso de iluminação.
Em sua parte traseira, há uma única conexão para o cabo de fi-
bra óptica de 5 m que liga a TV ao One Connect. Trata-se de uma
central de conexões externa à TV, que inclui 4 HDMIs, 3 portas USB,
Ethernet RJ45, wi-fi, antena RF coaxial e saída de áudio óptica di-
gital. Nesta central são conectados todos os dispositivos que antes
eram conectados diretamente na TV. Opcionalmente pode-se adqui-
rir um cabo de fibra óptica maior com 15 m, permitindo que o One
Connect e outros equipamentos fiquem escondidos longe da TV e
acabando com o problema de vários cabos aparentes.
45ABRIL . 2018
combinar com o seu espaço através de texturas pré-definidas ou
tirando uma foto da parede de sua sala e a TV irá se adequar à sua
decoração.
O sistema operacional continua muito rápido e eficiente, tornando
a navegação dentro do conteúdo Smart muito prazerosa. A abertura
dos aplicativos e troca de fontes de sinal é sempre muito rápida.
A lista de aplicativos disponíveis é bem grande, incluindo Netflix,
Youtube, Amazon Prime, Globoplay, Tune In, Spotify e Deezer, entre
tantos outros.
A integração com smartphones e dispositivos móveis é muito sim-
ples. Basta instalar o aplicativo SmartThings e você poderá configu-
rar e controlar a TV a partir de seu celular.
Além disso, o app SmartThings permite controlar diversos disposi-
tivos da casa, como luzes, lavadoras, ar-condicionado e fechaduras
compatíveis com o sistema.
Outra grande novidade é a parceria da Samsung com a Apple
que irá disponibilizar um aplicativo iTunes dentro das TVs. Previs-
to para o 2º semestre através de uma atualização de firmware,
o iTunes permitirá aluguel de filmes diretamente na plataforma Apple
sem necessidade de instalar um Apple TV. Também será possível
enviar videos do iPhone para a TV Samsung diretamente através da
função Airplay.
Audio
A Q900 possui falantes na parte inferior e o áudio é aceitável com
boa inteligibilidade, mas ainda assim abaixo do nível da imagem. É
sempre recomendável um bom sistema de áudio ou no mínimo um
soundbar para ter a melhor experiência com sua TV.
Qualidade de Imagem
Podemos notar a diferença entre 4K e 8K em uma tela de 65
polegadas?
Os críticos debateram se o olho humano pode ver a diferença
entre HD e 4K em tamanhos de tela abaixo de 65 polegadas, e as
apostas são ainda maiores para 8K. O 8K realmente pode oferecer
uma diferença visível em uma tela menor que 85 polegadas? A So-
ciedade de Engenheiros de Cinema e Televisão (SMPTE) e a emisso-
ra japonesa NHK dizem que podemos. De acordo com um relatório
do SMPTE, a resolução de 8K é onde a TV atende às limitações do
olho humano, e não 4K, como muitos sugerem.
A NHK apóia essa afirmação, apontando para um estudo condu-
zido em que os espectadores analisaram as mesmas imagens em
uma TV 4K e 8K do mesmo tamanho e em tamanhos variados. As
imagens eram de objetos cotidianos, como um vaso com flores, e os
participantes foram convidados a identificar qual imagem se parecia
46 ABRIL . 2019
TV SAMSUNG 8K 65Q900
mais com o que eles vêem na vida real. A evidência foi esmagado-
ramente em favor do 8K. Os participantes escolheram a versão 8K
todas as vezes.
O painel 8K da Samsung Q900 mostra pixels realmente minús-
culos. É necessário aproximar o rosto a um palmo para notá-los.
São 4 vezes mais pontos que as TVs 4K e 16 vezes mais que Full
HD. Os clips gravados em 8K são de um detalhamento e riqueza
de detalhes estonteantes. É a natureza vista com uma enorme lupa,
formigas parecem andar sobre a tela e não dentro dela, tamanha a
sensação de profundidade.
Conteúdo Full HD apresenta também grande detalhamento, gra-
ças ao excelente processamento de upscaling, melhor que qualquer
outra TV da atualidade devido aos 33 milhões de pixels. Imaginem
a dificuldade em preencher 30 milhões de pixels inexistentes no
conteúdo original com resultado perfeito, sem parecer artificial ou
granulado.
Filmes 4K HDR realmente se sobressaem na Q900. Pretos profun-
dos sem halos visíveis e picos de branco com brilho extremo, graças
aos 4000 nits de brilho. Tudo isso mantendo enorme contraste e
percepção de todos os detalhes, nas áreas de sombra e nas mais
claras. Após a calibração apresentou cores saturadas e vívidas, mas
sem exagero e mantendo uma naturalidade incrível.
A Samsung Q900 8K é a nova referência em TV LCD LED do mer-
cado atualmente e a melhor TV que já testamos. Mais um sonho de
consumo aos apaixonados por imagem e tecnologia.
47ABRIL . 2018
Descrição
Design
Acabamento
Características de Instalação
Controle Remoto
Recursos
Automação e Conectividade
Qualidade de Imagem em SD
Qualidade de Imagem em HD e UHD
Qualidade de Áudio
Consumo e Aquecimento
Total
ANÁLISE GERAL
Pontos
11
10
12
09
12
11
13
15
07
10
110
Samsungwww.samsung.com.br
QLED 8K Q900 65” - R$ 24.999QLED 8K Q900 75” - R$ 38.999QLED 8K Q900 82” - R$ 89.999
MÍDIAS UTILIZADAS NO TESTE
• Clips 8K: Pendrive fornecido pela Samsung
• Blu-Ray: Advanced Calibration Disc
• HDR10 Test Pattern Suite
• Blu-Ray: Spears and Munsil – HD Benchmark 2nd Edition
• Blu-Ray: O Quinto Elemento
• Blu-Ray: Missão: Impossível – Protocolo Fantasma
• Blu-Ray: DTS Demo Disc 2013
• Blu-Ray: Tony Bennet – An American Classic
• Mpeg: Ligações Perigosas – 4k HDR
• UHD Blu-Ray: Os Mercenários 3 – 4k HDR
• Netflix 4K e HDR: diversos trechos de filmes e séries
• Amazon Prime 4K e HDR: diversos trechos de filmes e séries
EQUIPAMENTOS
• UHD Blu-Ray Player Samsung
• Blu-Ray Player Sony
• Colorímetro X-Rite
• Luxímetro Digital
48 ABRIL . 2019
TESTE OBJETIVO DE CALIBRAÇÃO DE IMAGEM
Jean Rothman
A TV Samsung Q900 possui 4 padrões de imagem pré-definidos:
Dinâmico, Standard, Natural e Movie.
O modo “Dinâmico” tem um brilho excessivo e tonalidade extre-
mamente azulada. É um padrão utilizado nas lojas para demonstra-
ção de TVs e não deve ser utilizado em ambiente doméstico, pois
causa enorme fadiga visual e suprime os detalhes das altas luzes.
Tonalidade semelhante foi obtida nos modos “Standard” e “Natural”.
O modo “Movie” esteve bem próximo de D65 (6.500 Kelvin), tem-
peratura de cor adotada como padrão em reprodução de vídeo. Foi
o modo adotado em nossas medições fazendo a calibração para
6.500K.
O controle “backlight” foi ajustado para uma luminosidade de 35fL
(Foot Lambert, unidade de luminância) em ambiente escuro.
Nas medições pré-calibração, o dE médio foi 21,8 e o maior dE
individual de 25,9 (Delta E é uma expressão que indica quão próximo
do branco ideal D65 o resultado se encontra. Abaixo de 3 é conside-
rado visualmente indistinguível do resultado ideal). Após a calibração
obtivemos um dE médio de 1,0, excepcional resultado demonstran-
do excelente linearidade na escala de tons de cinza.
Temperatura de Cor
RGB Chart
Antes
Desvio Cromático
Antes
Depois
Depois
O balanceamento de escalas de cinza (grayscale) apresentou ex-
trema saturação de azul (B) e uma leve baixa saturação de vermelho
(R) e verde (G). Essa diferença foi corrigida na calibração utilizan-
do os controles avançados de cores da TV. O dE médio inicial foi
de 21,7 e após a calibração obtivemos dE 1,0, excelente resultado
cromático.
TV SAMSUNG 8K 65Q900
49ABRIL . 2018
Equilíbrio RGB (antes) Saturação de Cores
Antes
Equilíbrio RGB (depois)
A curva de Gamma inicial estava muito baixa, com valor mádio de
1,38. Fizemos ajustes utilizando o menu com ajuste em 20 etapas bus-
cando seguir o padrão BT1886. As medições pós-calibração apresen-
taram Gamma médio de 2,34 com valores muito bons em todos os
níveis de estímulo (10% a 90%) e boa linearidade.
Na TV Q900 a Samsung inovou, criando um menu que permite ao
calibrador escolher a faixa de saturações do gamut de cores que deseja
ajustar, 100%, 75% ou 50%. É a primeira TV que vejo com este recurso
que ajuda bastante a obter uma curva mais precisa de saturações.
A taxa de contraste medida foi de 27.984:1, valor excelente para apa-
relhos LCD LED, o melhor resultado em nossos testes até o momento
O resultado cromático pós-calibração foi excelente, apresentando
excelente linearidade das cores primárias e secundárias em toda a es-
cala de saturações.
A Samsung Q900 após calibração mais uma vez elevou nosso pa-
tamar de referência em mais alguns degraus. Uma TV espetacular que
inicia uma nova transição tecnológica, a era do 8K.
Depois
50 ABRIL . 2019
BIBLIOGRAFIA
O ALVORECER DE UMA NOVA ERAOmar [email protected]
Campo de Trigo com Ciprestes - Vincent van Gogh
No fim do século XIX e início do XX, vieram à tona inúmeras ten-
dências na música, apaixonadamente defendidas por todas as es-
pécies de teorias artísticas e científicas, algumas das quais visando
a se destruírem entre si, mas todas unidas contra o inimigo comum:
Wagner. Muitos desses movimentos originaram-se em Paris, para
onde o centro de interesse voltou-se na virada do século. Com as
óperas de Wagner e as sinfonias de Bruckner e Mahler, a tradição
austro-alemã chegou aos limites de tamanho, de carga expressi-
va e até de inspiração. É a partir daí que começa a dissolução do
Romantismo, realizada por meio de transformações com significação
formal e estética diversas. Caracteriza-se pelas inovações harmôni-
cas, sobretudo nos cromatismos e novos vocabulários da harmonia,
complexos e pessoais, com a música apresentando sonoridades
únicas e inusitadas, sobretudo nos tipos de acordes que exploram
intervalos incomuns e inovadoras combinações sonoras. Dissolução
que pretende apresentar uma nova maneira de conceber a música,
em que são respeitados os valores das formas tradicionais, interca-
lando-os com ideias musicais inovadoras. Os compositores que en-
tão surgem começam a afastar-se das fórmulas românticas exauri-
das, pesquisam outras fontes de inspiração pelas vias do cromatismo
EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194
51ABRIL . 2018
e da polirritmia e rompem com a velha estética de hierarquia dos
gêneros e de certas convenções do passado. Revelando notável
compreensão do futuro da música no século XX, concebem certas
particularidades da linguagem musical que terão uma repercussão
tão vasta como poucas vezes ocorreu na transformação dos estilos
e estéticas da história da música.
O que algumas décadas antes fora descoberto pela escola dos
pintores impressionistas (Monet, Manet, Renoir e Serat) e dos
poetas simbolistas (Baudelaire, Mallarmé e Verlaine), transfere-se,
finalmente, para o domínio da música, através de Claude Debussy
(1862-1918). Duas particularidades determinam a essência de sua
música, em relação ao que a precedeu: liberdade e prazer. Debussy
não teve dificuldade em sacudir a sujeição, escolhendo o caminho
mais ‘selvagem’ de todos. A sua maneira de ser o leva para a fantasia,
liberdade e aventura; é solitário, irrequieto, silencioso, exceto quan-
do se exalta ou se diverte com amigos que compartilham as suas
ideias. Desde a infância sentia aversão pelos exercícios, os métodos
acadêmicos, apesar de ter conseguido muitos bons resultados no
Conservatório de Paris, mas estuda sem gosto e apenas porque
é necessário. Ele já pressente a sua liberdade futura e escandaliza
tanto os seus condiscípulos quanto os seus professores, inventando
combinações sonoras revolucionárias e proclamando que a música
pode muito bem possuir regras derivando de sua própria lógica,
a qual não tem forçosamente de ser a lógica admitida até então.
Liberta-se, assim, das correntes dominantes: Wagner, a quem
superou intimamente; Brahms, a quem procura em Viena movido
pela admiração, mas que reconhece como sendo representante de
uma geração anterior à sua; Tchaikovsky, cuja obra toda conheceu
através da senhora von Meck, mas que, igualmente, considera um
criador de estilo pessoal; e de seus conterrâneos, Saint-Saëns, D’In-
dy e Gounod, que representam um mundo ao qual não se sente
mais ligado. Ele nada tem a ver com a monumentalidade embria-
gadora da alta burguesia, que se acha convencida de ter tomado o
controle total e absoluto do desenvolvimento material do mundo, da
paz e do progresso; também, não deseja fazer coisas em comum
com o naturalismo que se agita por toda a parte, e se coloca tão dis-
tante do proletarismo quanto do conservadorismo. É um individua-
lista, sensível demais para trilhar o caminho comum em companhia
de grupos maiores.
No entanto, Debussy ficou maravilhado com a música do com-
positor russo Mussorgsky e com a sonoridade dos instrumentistas
indonésios da Orquestra de Gamelão - que se apresentaram por
ocasião da Grande Exposição Mundial de 1889, em Paris - às quais
se rendeu fascinado pelo exotismo. Os sons imaginários de mundos
distantes e estranhos o transportam para um estado de devaneio,
de enlevo. Tudo isso surge em sua fantasia sonora, fazendo-o
romper totalmente com o mundo romântico; ele é o primeiro músico
a afirmar-se dessa maneira, concebendo uma música que já não é
uma íntima confissão, mas que, ao contrário, se objetiva inteiramen-
te. Libertando-se da paixão, a música de Debussy evoca a natureza,
luz e sombra, distância, silêncio, nostalgia, perfumes e cores. O valor
sonoro substitui o expressivo - é a beleza-objeto, o antirromantis-
mo e o fim da hipervalorização do ‘eu’. Essa música apresenta a
ausência de toda a ênfase, de excessos retóricos e sentimentais;
ela flui na leveza, abandonando as grandes formas em troca de co-
lorido e nuanças que recriam uma atmosfera, um sentimento fugaz.
Debussy começa a experimentar em várias direções - utiliza, por
exemplo, a escala de tons inteiros, a escala pentatônica, que, por
si só, já desautoriza, quando não impede, a harmonia tradicional;
deixa dissonâncias sem resolver e usa acordes sem relacionamen-
to visível. Não conhece, assim, nenhum progresso harmônico coe-
rente, nenhum encadeamento de acordes, mas apenas fragmentos
deles. A melodia, a clássica contida ou a romântica transbordante
não têm espaço em tal ‘imagem’, que só consegue trabalhar com
partes de melodia e, também, nenhuma evolução rítmica mais longa,
mas no máximo apenas uma pequena fração dela. Isso faz com que
os acordes, os fragmentos melódicos, as mudanças ou floreados
alcancem um significado próprio. Aqui não há ‘parte pelo todo’: cada
uma é um todo em si mesma. O termo ‘impressionista’, frequente-
mente usado para descrever essa música, só em parte é apropriado:
o próprio Debussy sempre se sentiu mais próximo do movimento
simbolista. Entretanto, suas obras parecem, muitas vezes, evocar
imagens através da sugestão de uma atmosfera e de um estado
de espírito que seriam equivalentes musicais do impressionismo nas
artes visuais.
O Quarteto para Cordas em Sol Menor (1893) ainda se apega à
tradição, a única obra de Debussy que pode ser considerada como
música absoluta no sentido beethoveniano e brahmsiano. Sem ter o
rigor polifônico e a firmeza estrutural das melhores composições do
gênero, esse primeiro e único ensaio é indubitavelmente uma obra
muito significativa. Debussy amalgama aqui, com felicidade, elemen-
tos tão distintos como os modos gregorianos, a música cigana, o
gamelão javanês, os estilos de Massenet e de Franck, sem contar
com os dos russos contemporâneos; utiliza, também, profusamente,
o princípio cíclico da ‘Escola de Franck’, retomando em cada anda-
mento, com algumas variantes, o tema inicial. Também, seguindo
o mesmo padrão tradicional em matéria de estrutura, encontra-se
a fantástica Suíte Bergamasque para piano (1895; revisada em
1905), cujo título foi inspirado no poema Clair de Lune, de Verlaine
(‘Votre âme est um paysage choisi / Que vont charmants masques e
bergamasques...’). Nessa obra de quatro partes se inclui o famoso
Clair de Lune, peça que evoca os cravistas franceses do século
XVIII e que exige tanto a nota musical quanto a sua ressonância.
52 ABRIL . 2019
BIBLIOGRAFIA
O momento decisivo na carreira de Debussy foi a apresentação ao
público parisiense, em 1894, da sua obra-prima intitulada Prèlude à
L’Après-Midi d’un Faune (‘Prelúdio para a Sesta de um Fauno’),
o início de sua grande viagem para fora da estética tradicional e o
‘divisor de águas’ entre duas épocas. Com base em um poema de
Mallarmé, que descreve os sonhos e desejos de um fauno adorme-
cido sob o sol da tarde, a música é composta por um mosaico belo e
sensual de sonoridades graficamente descritas do conteúdo erótico
do poema. O que ele continha de revolucionário não era o tema -
descrever um ambiente não era nada de novo na música - mas sim a
forma como Debussy dissolvia a harmonia clássica de maneira a for-
mar uma fina bruma e um som vacilante. Assim, de um único traço
breve, o gênio de Debussy iniciou, de maneira discreta (os críticos
acharam-no ‘interessante’, mas não lhe prestaram maior atenção),
a mais radical revolução artística de todos os tempos. Com o Fauno
é esboçado o caminho do atonalismo, é reinventado o ritmo como
legítimo partícipe da composição musical, tanto quanto a harmonia
e a forma; é abandonado o estilo narrativo como única alternativa
e, finalmente, é estabelecida a recuperação das cores naturais e da
individualidade de cada instrumento. E tudo isso em uma única peça
orquestral.
Em 1893, Debussy começou a trabalhar na sua única ópera,
Pelléas e Mélisande, terminando-a somente em 1902; para muitos
é a sua melhor obra. Refere-se a uma estética simbolista, influenciada
por Materlinck (em cuja obra baseou o libreto) e Mallarmé - uma tragé-
dia sem acontecimentos espetaculares, mas de profundidade íntima.
Na realidade, Debussy quis escrever uma obra antiwagneriana,
ou melhor, um anti-Tristão e Isolda, para censurar a primazia da
orquestra, que sufoca a voz humana, e o excesso de manifesta-
ção dos sentimentos. Pelléas e Mélisande corresponde a um drama
genuinamente francês, uma arte intimista, plena de nuanças, em
que a orquestra apenas apoia a declamação musical em ritmo
da língua falada, expressão de sentimentos de amor e angústia,
aristocraticamente contidos.
Essa arte de nuanças também caracteriza o novo estilo pianístico
de Debussy nos cadernos de Estampes (1903), nas coleções de
Images (1905-1907), no delicado humorismo de Children’s Corner
(1908) e nos dois cadernos de Préludes (1910, 1913). Nessas
obras, a fineza prepondera invariavelmente sobre a violência, e
pouco ou nada existe de verdadeiramente heroico. Para Debussy,
o piano é um confidente, não um arauto; insinua muito, mas nunca
proclama; há ocasiões em que retrata e até caricaturiza, mas não
dramatiza no sentido lisztiniano. Assim, no seu piano não existem
ênfases ou veemências, ao contrário, ele exige do intérprete uma
concepção artística capaz de trabalhar pequenos quadros, estados
de espírito e delicados relevos melódicos e harmônicos.
Na música orquestral, Debussy aplica a mesma técnica em seus
três Nocturnes (1899). Ele expôs ao seu editor qual era a sua ambi-
ção ao escrever essas peças: ‘Espero que venha a ser música a céu
aberto e que venha a aumentar o grande bater de asas do vento da
liberdade’. A própria disposição do tríptico (dois andamentos lentos
enquadrando um vivo), o caráter mágico de Nuages, a polirritmia
de Fêtes, a dispersão dos tons em Sirènes, tudo é novo, ousado;
no entanto, a sedução sonora de Nocturnes assegurou o seu êxito.
Aqui, a arte eclipsa a arte. Em La Mer (1905), há uma busca pela
forma mais sinfônica. Seus três movimentos (De l’aube à midi sur
la mer, Jeux de vagues, Dialogue du vent et de la mer - Da aurora
até o meio-dia sobre o mar, Jogo de ondas, Diálogo do vento e
do mar), de magnífica limpidez, transmitem em sons maravilhosos a
magia da água, tão cara aos impressionistas. A obra apresenta um
finale que trabalha temas do primeiro movimento, apesar da peça
central (Jeux de vagues) se desenvolver de maneira muito menos
direta e com maior variedade de cor. Aqueles que esperam encon-
trar em La Mer imagens específicas ficarão frustrados. Debussy não
era um compositor de programa como Richard Strauss, cuja música
o aborrecia - em nenhuma obra sua encontramos acontecimentos
explícitos ou argumentos comparáveis aos de Till Eulenspiegel; ao
contrário, Debussy registrava impressões, uma série de emoções
incontidas, uma evocação da magia do mar mais do que sua apa-
rência, uma meditação sobre seu caráter. Das três Imagens para
orquestra (Gigas, Iberia e Rondas da Primavera; 1912), é Iberia (uma
miscelânea de alusões à Espanha) a mais célebre e que se executa
com maior frequência, sem danos para o conjunto da obra. Não
se trata aqui de um tríptico homogêneo, mas de três evocações
‘visuais’ bem distintas; elas provêm essencialmente de um folclore
imaginário fragmentado para estimular a sensibilidade do ouvinte,
cada uma à sua maneira. Finalmente, o balé Jeux (‘Jogos’), de
1913, tem sido descrito como ‘um belo pesadelo’, e contém
algumas das harmonias e texturas mais estranhas de Debussy, em
uma forma que se movimenta livremente em seu próprio campo de
conexões de motivos. Corresponde à partitura mais ‘moderna’ do
compositor. Originalmente encomendada para o grande bailarino
Nijinsky, sua história trata de jogos e diversões (tênis, namoro) de um
jovem e duas moças; para o ouvinte, apesar de, a princípio, ser uma
obra difícil em sua compreensão, finalmente ela revela uma duradoura
força poética. A música de câmara depois do Quarteto (Sonatas
para Violino e Piano, para Violoncelo e Piano, e a Sonata para
Viola, Flauta e Harpa) são obras de um Debussy ‘tardio’ e de grande
originalidade, em que se manifestam a incerteza e a angústia. O
período feliz passou; acometido por um câncer no reto, deprimido
pela guerra e esgotado pelas lutas que travara com coragem antes
de entrar nessa última fase, Debusssy morre aos 56 anos, em março
de 1918, numa Paris submetida a bombardeios dos alemães.
EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194
53ABRIL . 2018
Fora da França, Debussy teve um discípulo no que diz respeito
aos truques de orquestração, à preferência por alusões literárias sem
programa propriamente dito e certas particularidades de linguagem
para transfigurar a paisagem e a sensibilidade - o italiano Ottorino
Respighi (1879-1936). Espírito aberto - aberto até demais - a todas
as influências (além da de Debussy, há, também, Rimsky-Korsakov
e Richard Strauss), Respighi tentou, ao mesmo tempo, canalizar os
transbordamentos do verismo triunfante e tornar a ligar-se às mais
novas tradições musicais da sua terra, principalmente os velhos
modos de cantochão; criou uma espécie de música pós-romântica
e impressionista, talvez até neoclássica, apresentada em grandes
afrescos sinfônicos de orquestração saturada de exuberância e sen-
sualidade. Ele é conhecido, principalmente, graças aos seus poemas
sinfônicos, denominados em seu conjunto de ‘trilogia romana’:
As Fontes de Roma (1917), Os Pinheiros de Roma (1924) e
As Festas de Roma (1928); cada uma dessas peças possui qua-
tro evocações executadas sem interrupção, caracterizadas por uma
fineza de coloridos instrumentais, pronunciado gosto pelos contras-
tes dos timbres e sentido melódico certo. Também é encantadora
a sua coleção de três suítes para pequena orquestra, as Árias e
Danças Antigas (1920-1924).
Personalidade fascinante, um dos mais significativos gênios da
música do século XX, homem de sensibilidade delicada que, em
relação a muitos compositores, escreveu pouco, mas só deixou
obras-primas, Maurice Ravel (1875-1937) é quase automaticamen-
te lembrado quando se fala em Debussy, e a recíproca é verdadei-
ra. O que há de comum entre Debussy e Ravel é próprio de uma
época da cultura musical francesa, que foi marcada pela estética
simbolista: o horror ao pleonasmo, à redundância, à exploração dos
velhos modos, ao gosto pelo exotismo, à pesquisa de novas so-
noridades, harmônicas e instrumentais etc. Ambos são opostos ao
wagnerismo, ao franckismo, ao formalismo da Schola. São curiosos
de coisas raras (música, poesia, objetos, pratos culinários), são se-
cretos, sensuais, requintados. Ambos admiram os antigos mestres
franceses, a arte oriental, os poetas simbolistas e Edgar Allan Poe.
Entretanto, as diferenças que há entre os dois músicos, no caráter
e no estilo, são mais determinantes. Candé e Carpeaux as relatam
impecavelmente: ‘Debussy é mais inteligente que Ravel, mas seu
caráter é menos firme; é influenciável, amoral e voluptuoso. Ravel
é moralmente austero e inabalável, sem hipocrisia nem compla-
cência. A música de Debussy evoca a opala, a transparência ou
o reflexo, as linhas esfumadas; a de Ravel o cristal transparente, a
luz viva, a precisão da linha. Debussy esconde a sua erudição; Ra-
vel a sua sensibilidade. Debussy foge das formas pré-concebidas,
detesta as estruturas aparentes; Ravel corrige-as ou enriquece-as,
se submetendo, por jogo ou mania de desafio, às formas mais exi-
gentes (sonata, fuga, passacaglia). O primeiro é um experimenta-
dor sempre insatisfeito; o segundo, um construtor minucioso, que
conhece a fundo o material que utiliza. À influência de Mussorgsky
em Debussy corresponde em Ravel a de Rimsky-Korsakov; o piano
de Debussy descende de Chopin, e o de Ravel de Liszt. A liberda-
de é a nobreza de Debussy, e o rigor a de Ravel. Ao contrário de
Ponte Impressionista (foto)
54 ABRIL . 2019
BIBLIOGRAFIA
Debussy, lírico e sensível, Ravel é exato e frio (Stravinsky, especialista
em mecânica de precisão, qualificava-o de ‘relojoeiro suíço’). A mú-
sica de Debussy é essencialmente estática e seus pontos fortes são
os acordes isolados; a de Ravel é dinâmica e está em movimento
perpétuo’.
A personalidade de Ravel desenvolveu-se no meio familiar de bur-
gueses abastados, judiciosos e cultos. Nasceu nos Pirineus, mas
foi educado em Paris. Começou a ter lições de piano aos sete anos
e ingressou no Conservatório de Paris em 1889, onde foi aluno de
Fauré. Apesar de ter publicado suas primeiras composições quando
tinha 20 anos, Ravel continuou a estudar no Conservatório até os 30,
polindo uma técnica já estonteante. A década que se seguiu foi o
seu período mais produtivo. Foi um pianista e regente de primeira
classe e tomou parte ativa na criação musical francesa anterior à
Primeira Guerra, dando concertos, escrevendo críticas e compondo
para os Ballets Russes de Diaghilev. Depois da guerra, sua saúde
ficou comprometida e ele passou os últimos dez anos de sua vida
semirretirado, compondo somente uma meia dúzia de obras. Sem
os grandes ímpetos românticos e até desprovida de grandes e res-
sonantes acontecimentos, a vida de Ravel, extremamente simples,
parece ter se desenvolvido como a de um artesão identificado com o
seu trabalho, plenamente dedicado à arte e à amizade. No entanto,
o estudo da sua vida não basta para conhecer Ravel. Deve-se pres-
tar atenção às mínimas inflexões da sua música, porque ela é que,
em última análise, nos revelará a verdadeira figura do compositor.
Ao contrário de muitos outros artistas, Ravel só nos aparece inteiro
e autêntico na sua música, em que pôs toda a sua generosidade,
poesia, alma de criança grande e que ainda hoje continua a manter-
-se pura e maravilhosamente duradoura.
Escrevendo para o piano, Ravel logrou o domínio pleno das so-
noridades, dos coloridos tonais, do sentimento poético, de uma
lúcida inteligência instrumental, do virtuosismo técnico, da descri-
ção sonora, de audazes harmonias e belas expressões melódicas,
marcadas por uma linguagem musical repassada de grande beleza.
Inspirado pelo som da água das fontes, cascatas e riachos, Jeux
D’Eau (1901) é, sem dúvida, a sua primeira autêntica obra-prima; o
fato de Ravel nunca ter tentado orquestrá-la demonstra a quintes-
sência expressiva do piano. Aqui, tudo contribui para o deslumbra-
mento e a forma: um allegro de sonata esconde-se secretamente
por trás de uma escrita nova, original, com seus pedais harmônicos,
traços altivos, desenho melódico modal e arabescos à volta de uma
melodia desenvolvida tanto no grave quanto no agudo. Em 1905,
Ravel escreveu uma coleção de cinco peças de prodigiosa diversi-
dade descritiva e de nítido sabor impressionista, intitulada Miroirs,
das quais Alborada Del Gracioso é a mais conhecida. Essa peça
alia a expressão delicada e ligeiramente irônica a uma vivaz pintu-
ra musical; um ritmo caracteristicamente espanhol é empregado
durante toda a obra, e dele se obtém grande variedade e virtuosis-
mo. O próprio Ravel transcreveu Alborada Del Gracioso para orques-
tra, versão bastante conhecida. A Sonatine (1905) segue a forma da
sonata tradicional, com três movimentos construídos em miniatura e
com a qualidade do equilíbrio na expressão do conjunto. Do impres-
sionismo de Jeux D’Eau e Miroirs, ele parte para o realismo áspero
e fantástico de Gaspard de La Nuit (1908), que já soa moderno.
Inspirado em poemas de Aloysus Bertrand, essa obra contém três
segmentos: Ondine, a descrição de uma ninfa aquática tentando
atrair um mortal ao seu palácio submerso no lago; Le Gibet, que re-
trata o balancear de um cadáver pendurado numa forca, enquanto,
à distância, se ouve o dobrar de sinos; e Scarbo, a representação de
um gnomo perverso em um virtuoso estudo do mundo do grotesco.
Essas peças resumem todas as qualidades da música de Ravel e
de seu gênio, e daí compreende-se a admiração do grande pianista
francês Alfred Cortot, ao afirmar que nelas ocorre ‘um dos exemplos
mais surpreendentes de habilidade instrumental de que jamais deu
provas o engenho dos compositores’. Ma Mère L’Oye (‘A Minha
Mãe Gansa’), de 1908, para piano a quatro mãos, revela o jardim
mágico de Ravel. Os contos de Perrault e de Madame D’Aulnoy
encontram sua magia, virtuosismo poético, mundo de fantasia e de-
licado lirismo. Ravel orquestrou-a, e é essa a versão que hoje se tor-
nou mais conhecida. Entrelaçadas com Schubert, as Valses Nobles
e Sentimentales (1911) correspondem a uma série de sete valsas
cuidadosamente equilibradas do ponto de vista rítmico, de colorido
sensual, revelando afinidades com o tradicional estilo vienense. As
duras harmonias dessa obra, que tanto foram criticadas em sua es-
treia, encobrem, na realidade, um lirismo voluptuoso. Mas as Valsas,
também, representam algo mais: um mundo de languidez, sonho,
ironia e rigor, que em seu epílogo deixa transparecer uma nostalgia,
que arrasta o ouvinte para um deleitoso abandono. Em Le Tombeau
de Couperin (1917), uma suíte de seis movimentos na formas de
danças barrocas, Ravel une o realismo moderno de Gaspard de La
Nuit ao Neoclassicismo, em que nada existe de patético e lastimo-
so, apenas calma e serenidade clássica. Nessa obra, dedicada à
memória de seus amigos mortos na Primeira Guerra Mundial, ele
procurou reconstituir a atmosfera da época de Couperin, numa lin-
guagem intensamente moderna, apesar de toda a sua delicadeza e
graça; dessa peça fez, também, um arranjo de quatro movimentos
para pequena orquestra, omitindo a fuga e a tocata.
Admirador do Classicismo vienense, Ravel escreveu, em 1903,
o Quarteto para Cordas em Fá Maior, um dos poucos grandes
quartetos depois de Beethoven. Engenhosa e sutil, essa obra repre-
senta o ardente e esplêndido esforço da juventude confiante em sua
energia - não tem o encanto do quarteto de Debussy, que admirava
profundamente essa peça de Ravel. ‘Em nome dos deuses da mú-
sica’, escreveu ele ao compositor, ‘não altere nada deste quarteto’.
EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194
55ABRIL . 2018
Tudo, nessa página, denota uma espantosa mestria ao serviço da
mais absoluta espontaneidade, através do frescor de ideias, riqueza
de sonoridades transparentes e equilíbrio da arquitetura global. No
entanto, a obra-prima da música de câmera de Ravel é o Trio para
Piano e Cordas em Lá Menor (1914). Nele, o que chama a aten-
ção, sobretudo, é a sua liberdade paradoxal, a exuberância plástica
sonora e a fluidez rítmica - não há nenhum tema comum em seus
quatro movimentos, independentes e, cada um, de uma grande
perfeição formal. É uma obra colossal, genial, em que todo o milagre
de Ravel está aí contido, confirmado e patente.
Só em duas ocasiões Ravel escreveu para o teatro, mas deixou
duas obras-primas diametralmente opostas. L’Heure Espagnole
(A Hora Espanhola, 1911) possui simultaneamente algo de farsa, de
ópera-cômica, de pastiche e, sobretudo, de opereta, mas elevada
à perfeição do gênero. A ação dessa farsa (a oficina de um fabri-
cante de relógios), em um ato, permitiu a Ravel se expressar em
todos os tipos de sons orquestrais matraqueantes, tilintantes,
tiquetaqueantes e bimbalhantes (o hobby de Ravel era colecionar
relógios e brinquedos musicais). Contra o fundo fantasioso, de con-
tos de fadas, que esses sons fornecem, ele conta a história farsesca
de um relojoeiro tolo, de sua esposa namoradeira e seu amante sen-
sual, mas desmiolado. Os joguetes de L’Heure Espagnole fazem-nos
pressentir, de forma apenas velada, o que há de trágico em L’Enfant
et les Sortilèges (O Menino e os Sortilégios), ópera-fantasia sobre
um menino malvado cujos bichinhos de estimação, brinquedos,
livros de matemática e até seus pratos e xícaras tomam vida e se
voltam contra ele. Separam as duas obras quase vinte anos, em
que ocorreram acontecimentos perturbadores: a Primeira Guerra
Mundial e a morte da mãe de Ravel, que fez com que o músico
se desmoronasse. Se houvesse que procurar uma explicação para
‘o mistério de Ravel’, bastaria, sem dúvida, reler atentamente a parti-
tura de L’Enfant et les Sortilèges. Todo ele se encontra aí, com o seu
fino pudor, a insaciável sede de pureza e de beleza, a generosidade
de coração. Com tudo o que Ravel soube conservar de ‘criança’ e
de ‘sortilégios’, conjugando a inocência da primeira com o poder
evocador e com os sonhos do segundo, pode-se ilustrar ‘este verde
paraíso dos amores infantis’, de que falou outro poeta igualmente
apaixonado pela pureza: Baudelaire.
Na linhagem dos compositores russos, bem como na de Chabrier,
Ravel fez cantar os instrumentos da orquestra com a mesma varie-
dade que as suas obras para piano, pondo em relevo uma noção
fundamental que a música contemporânea viria a explorar com
grande vantagem - a do timbre instrumental. Com uma orquestra
geralmente mais modesta do que a dos pós-românticos e graças
a uma linguagem harmônica que, apesar de muito pessoal, ainda é
bastante moldada no Classicismo. Orquestrar para Ravel é revelar
a ideia musical sob seu mais luminoso anglo, sem excessos, sem
sobrecargas; é diversificar as cores e fazer ressaltar a individuali-
dade de cada uma, tais como a extrema atenção dada aos diversos
grupos de percussão, às nuanças das madeiras, aos glissandos,
aos trêmulos e às cordas divididas (pode-se contar nada menos de
20 partes em L’Heure Espanhole). É nisso que Ravel é verdadeira-
mente moderno, não somente em suas próprias obras, como nas de
outros compositores que orquestrou com mestria, dentre as quais a
mais célebre, Quadros de uma Exposição, de Mussorgsky.
Originalmente escrita para piano, e depois orquestrada por Ravel,
a Pavana para uma Infanta Defunta apresenta o gosto por um
arcaísmo sonhado e corrigido, por um passado transfigurado. Foi
composta em 1899 para a princesa Edmond de Polignac, da casa
real espanhola. A Pavana é uma lenta e imponente dança tradicio-
nal da Espanha, e Ravel aproveita essa forma para escrever uma
delicada, majestosa e impressionante elegia sobre a morte de uma
princesa. Para a sua primeira grande obra orquestral, a Rapsódia
espanhola (1907), Ravel volta a dois temas que lhe são caros, a
dança e a Espanha, pretextos para um transbordamento de cores
inaudito e que parece desmentir o próprio músico, que não via nessa
composição senão um ‘estudo para orquestra’. Iniciado em 1909
e concluído em 1912, o balé Daphnis et Chloé foi uma obra de
encomenda, sugerida por Diaghilev para os seus famosos Ballets
Russes. Corresponde a uma das obras-primas de Ravel, pela sua
extraordinária beleza, dinâmica e consecução (ritmo, escrita e
orquestração). Essa página musical é bastante conhecida, também,
através das duas suítes orquestrais tiradas dos melhores episódios
do balé. Entre 1919 e 1920, Ravel compõe mais uma obra-prima
revolucionária: La Valse. Ele sempre gostou da valsa vienense
e apreciava especialmente Johann Strauss; no entanto, nessa
época, a vibrante música de Viena soava um tanto desafinada, e
sentiu-se impelido a exprimir, ao escrever esse balé, não só a
alegria da Viena anterior à guerra, mas também o seu desespero
posterior à catástrofe (La Valse começa com um ritmo fresco e doce
de valsa vienense e vai penetrando paulatinamente numa atmosfera
de tragédia). Essa obra tende para o arquétipo: não se intitula ‘uma’
valsa; não vai unida a nenhum adjetivo (‘triste’, como em Sibelius)
nem a um substantivo (‘das flores’, como em Tchaikovsky), mira,
antes, o universal.
Foi em 1928 que, para satisfazer uma encomenda de Ida Rubinstein,
Ravel tentou a ‘aposta’ da recepção à sociedade de um mesmo
tema, sempre semelhante na sua essência e, no entanto, sempre
diferente na sua expressão. Resumido a som essencial, o Bolero não
é, na realidade, mais do que uma trama orquestral sem música, um
longo e progressivo crescendo - uma ousadia, tanto na concepção
quanto na realização. ‘É louco! É louco’, gritou uma mulher na estreia
56 ABRIL . 2019
de Bolero. Ao ouvi-la, Ravel disse com um sorriso malicioso: ‘Essa,
pelo menos, compreendeu’. De fato, era necessário estar louco para
‘ousar’ escrever uma obra semelhante, para dirigir aquele ‘ensaio
musical’ com tanta audácia, rigor e fé. Apenas três anos separam
o Bolero dos dois concertos para piano. Neles, Ravel abordou, de
novo, com a máxima segurança e êxito, um universo no qual nunca
antes se envolvera. Mas, também, aqui há um paradoxo, porque as
duas obras (compostas ao mesmo tempo) diferem radicalmente. O
Concerto em Sol Maior adota a forma mais clássica e também a
mais estrita: a de Mozart (seu modelo absoluto no plano formal) e
de Saint-Saëns (o efeito brilhante), jogando com a insensibilidade
e a indiferença. Nele, o virtuosismo da escrita pianística é iguala-
do pelo da orquestra (especialmente o dos sopros); é visível, tam-
bém, a influência do jazz, que se apresenta mais marcante na obra
para a mão esquerda. Composto para o pianista Paul Wittgenstein,
que perdera o braço direito na guerra, o Concerto para a Mão
Esquerda (Concert pour la Main Gauche) não continuou o forma-
lismo de Saint-Saëns, mas sim a atmosfera sóbria de La Valse ou
o desmoronamento do Bolero. Encontram-se aqui ressonâncias
dramáticas (com o seu martelar obcecante e as suas incursões no
jazz, nas guinchadas e em uma falsa alegria), a melancolia reprimida
e repressiva, sonoridades fugazes, impulsos contraditórios e ritmos
profundos, provocadores e delirantes. Na realidade, essas últimas
obras soam como uma espécie de testamento estético e íntimo.
Estético, porque nelas Ravel resume as suas últimas aquisições e
os seus mais altos aperfeiçoamentos de artista; íntimo, porque in-
clui nelas a sua derradeira visão de um mundo que já naufragou à
sua volta com a guerra, e que, também, se desmorona dentro de si
próprio.
Com o objetivo de desafiar o Romantismo defunto, surgiu outro
grupo parisiense, o movimento Dadaísta, centrado em torno de
Erik Satie (1866-1925), e igualmente associado a atividades lite-
rárias e artísticas paralelas. Dotado de uma extrema sensibilidade,
um agudo sentido de ironia e espírito ferozmente inconformista,
Satie foi um excêntrico que viveu quase sempre na pobreza, e cujos
métodos absolutamente pessoais influenciaram toda uma geração
de músicos franceses; ele corresponde a uma das personalidades
mais estranhas, curiosas e enigmáticas do mundo da música. Sua
forma de pensar era totalmente diferente das formas de qualquer
outra pessoa, e sua vida era sustentada por pequenos rituais de
comportamento que pareciam loucos até mesmo para os amigos -
vivia sozinho em um quarto cujos portais ninguém jamais teve a
permissão de transpor; colecionava guarda-chuvas às centenas; no
verão ou inverno, e onde quer que estivesse, usava calças listradas
e fraque; deu às suas peças títulos ridículos (como Vestido como
um Cavalo ou Três Peças em Forma de Pera), e dizia a seus intér-
pretes: ‘abram as cabeças’ ou ‘toquem como um rouxinol com dor
de dente’. Representou, no seu tempo, a figura de um composi-
tor obscuro, antiacadêmico e iconoclasta, que quase não alcançou
reconhecimento dos meios musicais e que se afastou por completo
das correntes estéticas da época, tanto as acadêmicas quanto as
vanguardistas. Debussy primeiro o admirou e logo o rechaçou; Ravel
o apoiou e Cocteau o idolatrou. Teve de passar muito tempo para
que, lentamente, fosse reconhecido como um precursor e atingisse
uma glória tardia. Suas inovações começaram a ser reconhecidas
somente a partir de 1911, mas já era tarde para compensar uma
vida de rejeição e alcoolismo; morreu em 1925.
Satie é conhecido, sobretudo, por suas peças para piano;
entre elas, as Sarabandes (1887), as Gymnopédies (1888) e as
Gnossiennes (1890). As primeiras são peças abstratas baseadas
em longínquas melodias de dança, enquanto as segundas, que
se encontram entre as composições mais conhecidas e felizes
de Satie, constituem um enigma devido ao próprio título, que, se-
gundo se diz, é uma alusão à educação infantil grega, com clima
de serenidade nostálgica; são, também, conhecidas em arranjos
para orquestra. Por sua vez, as Gnossiennes, influenciadas pelo
orientalismo da música romena descoberta por Satie na Exposição
Universal de Paris, parecem referir-se à filosofia dos gnósticos,
de ânimo igualmente tranquilo. Compostas como valsas amáveis,
rítmicas e melodiosas, essas peças subverteram a tradicional
sofisticação da música do piano clássico, antecipando o enfoque
em que as nuanças de tonalidade, estrutura dos acordes e dinâmica
vão se tornando mais relevantes.
Além de sua música para piano, Satie é conhecido por um balé
lunático, Parade, e o drama sinfônico Socrate. Lado a lado com
Cocteau, Picasso e Diaghilev, ele produziu o balé cubista Parade
(1917), que escandalizou Paris pela sua sobriedade extrema e efeito
grotesco - obra-prima digna de um Stravinsky francês. O balé de-
screve a passagem de uma parada de circo, e é cheio de palhaça-
das musicais barulhentas e atrevidas. Chocou em sua época porque
a orquestra incluía datilógrafos, pistolas, sirenes de fábrica e motores
de aeroplano; sobrevive, ainda, porque a música é esplendidamente
engraçada como uma comédia pastelão do cinema mudo, transferi-
da para a música. Socrate (1919) é totalmente diferente - apresenta
em música os ‘Diálogos de Platão’, nas passagens concernentes
aos ensinamentos e à morte do filósofo grego Sócrates. Satie dá às
vozes linhas simples e não melódicas para cantar, evitando delibera-
damente a subida e a queda de notas, o que poderia criar emoção,
e as acompanha com acordes igualmente simples, desconectados.
O resultado não é, como pode parecer, monótono, mas refreado e
comovente, tal como ficar ouvindo escondido uma tranquila conver-
sação - exatamente o efeito que o próprio Platão buscava. A aus-
teridade e a simplicidade formal dessa obra, de tranquila beleza,
influenciaram Stravinsky.
BIBLIOGRAFIA
EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194
57ABRIL . 2018
DISCOGRAFIA SELECIONADA
Debussy
- The Debussy Edition: Boulez / Haitink / Zimerman /
Michelangeli / Uchida / Kocsis etc. / The Cleveland Orchestra
and London Symphony Orchestra - DG 4790056 (18 CDs).
- The Claude Debussy Collection: Boulez / Munch /
Bernstein / Casadesu / Gould / Entremont / Horowitz /
Rubinstein etc. - Sony 88691931792 (18 CDs).
- Obras Orquestrais: Haitink / Beinum / Concertgebouw
O. - Philips ‘Duo’ 438742-2 (2 CDs). Boulez / Cleveland O. /
Berlin Phil. O. (+ Ravel) - DG 4790333 (6 CDs). Rattle /
Birminghan SO / Berliner Phil. O. / London SO (+ Ravel) - EMI
456528 (5 CDs). Boulez / New Philharmonia O. / Cleveland O. /
Orch of the Royal House (+ Pelléas et Mélisande) - Sony ‘Pierre
Boulez Edition’ 8697561752 (5 CDs). Munch / Boston SO -
RCA 2876594162.
- La Mer. Nocturnes: Tilson Thomas / Philharmonia O. - Sony
44654 ou CBS 37832.
- La Damoiselle Elue. Iberia. Prélude a L’Apres-Midi d’un
Faune: Abbado / London SO - DG 423103.
- La Mer. Prélude a L’Apres-Midi d’un Faune: Karajan /
Berliner Phil. (+ Ravel) - DG ‘Galleria’ 427250-2 (1965 / 1966).
- Obras Completas para Piano: Bavouzet - Chandos 10743-5
(5 CDs). Gieseking - EMI 9559172 (4 SACDs) ou 5658552
(4 CDs). Crossley - Sony 88691930732 (4 CDs). Thibaudet /
Kocsis - Decca 4783690 (6 CDs). Kocsis (+Ravel: Concertos
para Piano) - Philips 4757301 (4 CDs).
- Préludes e Images: Arrau - Philips 432304-2 (2 CDs - ‘Arrau
Edition’). Michelangeli - DG 4494382 (2 CDs).
58 ABRIL . 2019
DISCOGRAFIA SELECIONADA
- Préludes: Zimerman - DG 435773-2 (2 CDs). Freire - Decca
4781111 (+ Clair de Lune; Children’s Corner etc.).
- Études: Uchida - Philips ‘The Originals’ 4757559.427250-2
(1965 / 1966).
- Música de Câmara (Sonatas): Nash Ensemble - Virgin
Classics 561427-2 (2 CDs).
- Quarteto de Cordas: Quarteto Belcea (+ Ravel) - EMI
574020-2. Quarteto Ebene (+ Ravel e Fauré) - Virgin Classics
519045-2.
- Pelléas et Mélisande: Abbado / Ewing / Le Roux /
Van Dam / Ludwig / Wiener Phil. / DG 435344-2 (2 CDs).
Désormière / Jansen / Joaquin / Etcheverry / Orch. Symphonique -
EMI 578226 (3 CDs).
Respighi
- Trilogia Romana: Maazel / Pittsburg SO - Sony 66843. Reiner /
Chicago SO - RCA ‘Living Stereo’ 68079-2. Bernstein / New
York SO - Sony 60174. Dutoit / Montreal SO - Decca 410145-2.
- The Essential Respighi: Ansermet / Kertész / Heltay / Dutoit /
Lopes-Cobos / Maazel / Swiss RO / London SO / Argo CO /
Montreal SO / Cleveland O. - Decca 443759-2 (2 CDs).
Ravel
- The Complete Edition: Dutoit / Abbado / Maazel / Plasson /
Thibaudet / Argerich / Pogorelich etc. / Montreal SO / London
SO / Orch. Du Capitole de Toulouse - Decca 4783725 (14 CDs).
- Obras Orquestrais (completas): Boulez / Cleveland O. /
Berlin Phil. O. (+ Debussy) - DG 4790333 (6 CDs). Martinon /
Orchestre National de L’Ortf / Orchestre de Paris (+ Debussy) -
EMI 7044442 (8 CDs). Abbado / London SO - DG ‘Trio’ 4693542
(3 CDs). Dutoit / Montreal SO - Decca 639702 (4 CDs). Boulez /
New York PO - Sony 45842 (3 CDs).
- Obras Orquestrais (Bolero (1), Alborada del Gracioso (2),
Rapsodie Espagnole (3), Pavane pour une Infante Défunte
(4), Daphnis et Chloé - Suíte 2 (5), Ma Mère L’Oye (6), La
Valse (7), Le Tombeau de Couperin (8)): Järvi / Cincinnati SO -
Telarc 80601 (1, 4, 5 e 6). Boulez / Berliner Phil. - DG 439859
(1, 2, 3 e 5). Munch / Boston SO (+ Debussy: Images) - RCA ‘Living
Presence’ 61956-2 (1, 3 e 7). Paray / Detroit SO (+ Ibert: Escales) -
Mercury 432003-2 (2, 3, 4, 7 e 8). Karajan / Berliner Phil.
(+ Debussy), versão 1965/66 - DG ‘Galleria’ 427250-2 (1 e 5).
- Daphnis et Chloé: Monteux / London SO - Decca ‘Originals’
4757525. Boulez / Berliner Phil. - DG 447057-2. Munch / Boston
SO - RCA ‘Living Presence’ 661388-2 (SACD).
- Concertos para Piano: Zimerman / Boulez / London SO /
Cleveland O. - DG 449213-2. Argerich / Béroff / Abbado /
London SO - DG 423665- 2. François / Cluytens / Orch. de La
Societé des Concerts du Conservatoire - EMI 6783182.
- Obras para Piano (completas): Tharaud - Harmonia
Mundi 9011811/12 (2 CDs). Bavouzet - MDG 604 1190-2.
Perlemuter - Nimbus 771314 (2 CDs). Casadesus - Sony
63316-2 (2 CDs).
- Gaspard de La Nuit. Sonatine. Valses Nobles et
Sentimentales. La Valse: Berezovsky - Teldec 4509 94539-2.
- Miroirs. Gaspard de La Nuit. Le Tombeau de Couperin:
El Bacha - Forlane 1673 (França).
- Quarteto de Cordas: Quarteto Cleveland (+ Debussy) -
Telarc 80111. Quarteto Belcea (+ Debussy) - EMI 574020-2.
- Trio para Piano e Cordas: Florestan Trio (+ Debussy e
Fauré) - Hyperion 67114. Thibaudet / Bell / Isserlis (+ Chausson) -
Decca 4756709 (2 CDs).
- L’Enfant et les Sortilèges: Previn / Michel / Scharley etc. /
London SO - DG 457589-2. Maazel / Ogéas / Collard etc. /
Orch. National de La RTF (+ Stravinsky e Rimsky-Korsakov) -
DG ‘Originals’ 449769-2 (2 CDs).
Satie
- Obras para Piano (completas): Thibaudet - Decca 4736202
(5 CDs). Ciccolini - EMI 7044732 (5 CDs).
- Gymnopédies e Gnossiennes: Thibaudet - Decca 470290-2
(‘The Magic of Satie’). Ciccolini - EMI 5753352 (2 CDs).
- Parade. Relâche. Mercure. Gymnopédies e Gnossiennes
(versão orquestral): Corp / The New London O. -
Hyperion 66365.
BIBLIOGRAFIA
EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194
59ABRIL . 2018
60 ABRIL . 2019
O PRELÚDIO DE UMA NOVA ERA (I)Christian [email protected]
PRINCIPAIS COMPOSITORES
BIBLIOGRAFIA
Maurice Ravel: nascido na cidade de Ciboure, no País Basco Francês, perto de Biarritz e da fronteira com
a Espanha, em 1875, filho de um inventor e industrial suíço que tinha grande interesse pela música e cultura
e que, com sua mãe, que era de origem basca espanhola, influenciaram bastante o gosto musical de Ravel.
Logo sua família mudou-se para Paris e, aos seis anos de idade, Ravel começou a ter aulas de piano, harmonia,
contraponto e composição, sendo que seu primeiro recital de piano foi aos 14 anos, em 1889. Preferindo ser
compositor do que intérprete, Ravel e vários compositores contemporâneos foram influenciados pela escola
russa, principalmente por Rimsky-Korsakov, e pela obra de Richard Wagner. Em suas primeiras composições já
demonstrou caráter, espírito e personalidade independentes, o que caracterizaria toda sua produção musical.
Admirador de Mozart e Debussy, teve aulas com Gabriel Fauré, que o considerou muito bom aluno. Logo se jun-
tou a um grupo de artistas ‘renegados’ que se intitulavam Les Apaches, o qual chegou a incluir nomes como Igor
Stravinsky e Manuel De Falla. Após um ferimento na cabeça, em um acidente com um táxi na década de 1930,
Ravel começou a sofrer de afasia, o que o levou alguns anos depois a tentar uma cirurgia, pois acreditavam que
tinha um tumor cerebral. Mal acordou da cirurgia e entrou em coma profundo, vindo a falecer em dezembro de
1937, em Paris, aos 62 anos.
Ottorino Respighi: nascido em Bolonha, na Itália, em 1879. Aprendeu violino e piano com seu pai, que era
professor de piano, e depois violino e viola com Federico Sarti e composição com Giuseppe Martucci no Liceo
Musicale. Formado em violino, em 1899 foi para a Rússia para ser o primeiro violista na Orquestra do Teatro
Imperial Russo, em São Petersburgo, onde chegou a estudar composição com Rimsky-Korsakov durante cinco
meses. Retornou à Bolonha, onde foi o primeiro violino do Quinteto Mugellini até 1908, depois passou um tempo
dedicando-se também à composição e a ensinar composição no Conservatorio di Santa Cecilia, em Roma.
Em 1919, casou-se com a mezzo-soprano Elsa Olivieri-Sangiacomo que, depois, além de promover a obra do
marido, também tornou-se compositora. O célebre maestro Arturo Toscanini foi um grande defensor da obra
de Respighi, chegando a estrear suas obras nos EUA e a gravá-las para o selo RCA Victor. A maior parte de
suas obras é considerada neoclássica, misturando melodias pré-clássicas com formas, harmonias e texturas do
Romantismo do fim do século XIX. Respighi continuou a compor e a apresentar-se até o começo de 1936, quando
uma infecção cardíaca levou-o a falecer em abril aos 56 anos de idade. Um ano depois, seus restos mortais
foram transportados para sua cidade natal, Bolonha.
EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194
61ABRIL . 2018
LINHA DO TEMPO
1827 - Morre Beethoven.
1859 - Abre a primeira casa de ópera de Nova Orleans, em
Louisiana, nos EUA.
1863 - Nasce o compositor francês Claude Debussy, em
Saint-Germain-en-Laye.
1866 - Nasce o compositor Erik Satie, em Honfleur, na França.
1875 - Nasce o compositor Maurice Ravel, em Ciboure, na França.
1876 - O francês Stéphane Mallarmé escreve o poema O
Entardecer de um Fauno.
1879 - Nasce o compositor Ottorino Respighi, em Bolonha, na Itália.
1883 - Morre Richard Wagner, em Veneza, na Itália.
1888 - César Franck compõe sua Sinfonia em Ré Menor. Nikolai
Rimsky-Korsakov compõe a suíte orquestral Scheherazade.
1890 - Gabriel Fauré finaliza a composição de seu Requiem.
1891 - Abre o Carnegie Hall, em Nova York.
1896 - O maestro Arturo Toscanini rege seu primeiro concerto sinfônico,
em Turim, com obras de Schubert, Brahms, Tchaikovsky e Wagner.
1918 - Morre Debussy, em Paris.
1925 - Morre Satie, em Paris.
1929 - Jean Cocteau escreve sua obra mais famosa, Les Enfants
Terribles.
1936 - Morre Respighi.
1937 - Morre Ravel, em Paris. Pablo Picasso pinta seu famoso
quadro Guernica.
Erik Satie: nascido na região da Normandia, no noroeste da França, em 1866. Sua mãe, uma escocesa, morreu
quando ele tinha sete anos, e seu pai mudou-se para Paris, deixando Erik para ser criado por seu tio Adrien.
Começou a aprender piano com o organista Gustave Vinot, mas logo se mudou para Paris, em 1878, onde ingressou
no Conservatório de Paris aos 14 anos. Doze anos depois foi morar em Montmartre, onde trabalhou como pianista
no Chat Noir e no Auberge du Clou, conhecendo Claude Debussy e o humorista Alphonse Allais - que o apelidou
de ‘Esotérik Satie’. Em 1891 ingressou na Ordem Rosacruz, uma instituição voltada ao esoterismo e, mais tarde,
descontente, fundou sua própria igreja chamada de ‘Igreja Metropolitana de Arte e Jesus como Guia’, da qual era
o único membro e costumava excomungar quem não concordava com suas ideias. Com seu único amor, a mo-
delo Suzanne Valadon, que posava para Degas e Renoir, teve apenas um breve romance. Um dos precursores do
minimalismo, voltou, após os 40 anos, a estudar contraponto e orquestração com Vincent D’Indy e Albert Roussel,
mas logo retornou à boemia parisiense. Sua obra logo atraiu a atenção de Maurice Ravel, Jean Cocteau e Pablo
Picasso, que o considerou uma das mais importantes influências. Após anos de consumo de álcool, faleceu em
julho de 1925, de cirrose.
Claude Debussy: nascido em Saint-Germain-en-Laye, na França, em 1862, filho de uma costureira e do
proprietário de uma loja de louças. Aos cinco anos mudou-se com a família para Paris, mas, devido à Guerra
Franco-Prussiana, refugiaram-se em Cannes três anos depois. Aos sete anos começou a ter aulas de violino com
um violinista italiano e, aos dez anos, entrou para o Conservatório de Paris, onde ficou durante 11 anos tendo aulas
com o compositor Cesar Franck, entre outros. Frequentemente rompendo com a estética e a técnica rigidamente
ensinadas pelo Conservatório, Debussy foi influenciado por Madame Vasnier, uma cantora, e seu marido, que lhes
deram apoio emocional e profissional. Vencendo o Prix de Rome em 1884, foi estudar na Académie des Beaux Arts
e na Villa Medici, em Roma. Porém, Debussy procurava seu próprio caminho, as ideias e a liberdade de formas.
Debussy teve vários casos amorosos em sua vida, comportamento o qual chegou a causar o fim de sua amizade
com o compositor Ernest Chausson. Após 1905, estabeleceu-se em Paris, onde moraria até sua morte por câncer,
em 1918, com sua esposa Emma e sua única filha, Claude-Emma, a qual faleceu no ano seguinte durante uma
epidemia de difteria.
62 ABRIL . 2019
CURIOSIDADES
- Debussy teve uma grande amizade com outro estudante de
música, o pianista Isidor Philipp. Depois de sua morte, muitos
pianistas procuraram Philipp pedindo conselhos sobre a interpreta-
ção das obras de Debussy.
- Durante os verões de 1880, 1881 e 1882, Debussy acompanhou
Nadezhda von Meck - conhecida por ser a mecenas que finan-
ciava o compositor russo Piotr Tchaikovsky - em suas viagens pela
Europa e Rússia, tocando piano com ela ou mesmo dando aulas
do instrumento aos seus filhos. Apesar dessa conexão, aparente-
mente Tchaikovsky teve pouca ou nenhuma influência artística sobre
Debussy.
- Ao visitar Bayreuth em 1888, Debussy foi grandemente influ-
enciado pelo domínio da forma e pelas harmonias da obra de
Richard Wagner - que havia falecido cinco anos antes - mas não
por seu emocionalismo.
- Quando Debussy conheceu Satie, surgindo daí uma profunda
amizade, ambos os músicos eram boêmios e estavam lutando para
se manterem financeiramente.
- Em 1889, Debussy teve contato com a música da Ilha de Java -
e a partir disso, o uso da escala pentatônica começou a aparecer
em sua obra.
- Em 1904, Debussy, que estava casado com Lilly Texier, conhece
Emma Bardac, a esposa de um banqueiro parisiense que tinha uma
sofisticação que conquistou o compositor. Em julho daquele ano,
Debussy escreveu para a mulher dizendo que o casamento deles
havia acabado, o que levou Texier a tentar o suicídio, ao mesmo
tempo que Bardac era deserdada pela família. No ano seguinte,
fugindo das hostilidades, Debussy e Bardac fogem para a Inglaterra,
onde, aguardando a oficialização do divórcio de Bardac, Debussy
finaliza a composição de uma de suas obra-primas: La Mer.
- Maurice Ravel nasceu quatro dias após a estreia da ópera
Carmen, de Georges Bizet, em 7 de março de 1875.
- Apesar de seu enorme talento natural para a música, Ravel
também dizia ter dentre seus talentos ‘a mais extrema preguiça’,
tanto que seu pai tinha que suborná-lo para que ele seguisse
praticando o piano.
- Quando estava no Conservatório de Paris, Ravel criou uma
grande amizade com o pianista Ricardo Viñes, que acabou sendo o
intérprete para a maior parte de suas obras e, com Ravel, membro
do grupo de artistas chamados de ‘Les Apaches’.
- Após tentar ganhar várias vezes o prestigioso Prix de Rome,
Ravel acabou sendo desclassificado em um mesmo ano onde
os seis finalistas eram todos alunos de Charles Lenepveu, que
era membro da comissão julgadora. O escândalo, chamado pela
imprensa de ‘O Caso Ravel’, acabou por derrubar Lenepveu e
colocar em seu lugar Gabriel Fauré, amigo e professor de Ravel.
- Diz a lenda que o poeta Stéphane Mallarmé estava descontente
pelo seu poema ser usado como base para o Prelúdio ao Entardecer
de um Fauno, de Debussy que, mesmo tendo as melhores intenções
do mundo, a justaposição da poesia com a música era um crime.
- Satie gostava de criar termos e títulos, tanto que por vezes,
quando perguntado qual era sua profissão, respondia que era um
Gimnopedista, termo apropriado de um festival grego dedicado ao
deus Apolo, onde jovens nus dançavam ao som da música da flauta
e da lira.
- Em outras ocasiões, Satie dizia ser um ‘fonometrista’, cujo
significado era ‘alguém que media sons’, em vez de se definir
como ‘músico’.
- Satie era conhecido por ser bem irreverente, sendo famoso por
possuir doze ternos cinzas de veludo, idênticos, e por colecionar
guarda-chuvas e cachecóis, além de ter a mania de comer
sempre que possível apenas comidas brancas, como arroz, ovos,
coco, peixe, nabo e queijo.
- Respighi visitou o Brasil em 1928, o que resultou na obra
Impressões Brasileiras, cuja primeira apresentação foi no mesmo
ano, no Rio de Janeiro. Entre as três peças que compunham a obra,
estava um retrato sinistro de uma visita de Respighi ao Instituto
Butantan, em São Paulo, onde se fazia pesquisas com cobras e
seus venenos.
- Na viagem de volta do Brasil, Respighi conheceu o físico italiano
Enrico Fermi - depois conhecido como um dos pais da Bomba
Atômica - que tentou várias vezes fazer o compositor explicar a
música com termos da física, sem sucesso. Tornaram-se grandes
amigos, até o fim da vida de Respighi, em 1936.
- Após a chegada de Benito Mussolini ao poder, Respighi - que
era apolítico por natureza - tentou se manter neutro, chegando a
deixar que sua música fosse usada para propósitos políticos, mas
apoiando críticos como o maestro Arturo Toscanini, o que permitiu
que eles continuassem trabalhando sob o regime político.
BIBLIOGRAFIA
EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194
63ABRIL . 2018
OUÇA TRINTA SEGUNDOS DE CADA FAIXA, DO NOVO CD HEITOR VILLA-LOBOS, SINFONIAS Nº 1 E 2:
• Faixa 01
• Faixa 02
• Faixa 03
• Faixa 04
• Faixa 05
• Faixa 06
• Faixa 07
• Faixa 08
64 ABRIL . 2019
DISCOGRAFIA
O PRELÚDIO DE UMA NOVA ERA (I) - VOL. 12
Christian [email protected]
Os movimentos do Impressionismo e Simbolismo, principalmente
franceses, da música erudita na virada e no começo do século XX,
produziram algumas das peças mais bonitas e complexas da história da
música, e montar este CD foi um trabalho dos mais prazerosos, já que
a maioria das pessoas na redação aprecia profundamente a música de
Debussy, Ravel e Satie - e eu tenho as obras de Respighi entre as minhas
preferidas. É um CD para se ouvir repetidamente, de olhos fechados,
imerso na música, cada vez mais percebendo novas nuances e detalhes.
Boas audições!
FAIXA 1 - ERIK SATIE (1866-1925) - TRÊS GNOSSIENNES -
LENT (1893) - (NAXOS 8.550305, FAIXA 2)
Satie costumava apropriar-se de termos para nomear sua música,
como os usados na arquitetura, por exemplo. No caso das Gnossiennes,
EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194
65ABRIL . 2018
Satie literalmente inventou o termo que, aparentemente, é derivado de
Gnosticismo, um movimento religioso e filosófico do qual fazia parte.
Todas as Três Gnossiennes foram compostas na década de 1890 e
são, juntamente com suas Sarabandes e Gymnopédies, consideradas
danças. A primeira publicação das Três Gnossiennes juntas foi
em 1913, onde Satie dedicou a primeira ao célebre crítico francês
Alexis Roland-Manuel.
FAIXA 2 - CLAUDE DEBUSSY (1862-1918) - PRELUDE A
L’APRES-MIDI D’UN FAUNE (1894) - (NAXOS 8.570759, FAIXA 1)
O Prelúdio ao Entardecer de um Fauno é um poema sinfônico inspirado
pela obra do poeta simbolista francês Stéphane Mallarmé e que, depois,
originou o balé Entardecer de um Fauno, coreografado pelo russo Vaslav
Nijinsky. Debussy deu à obra a designação de prelúdio porque a intenção
dele era de escrever uma suíte em três movimentos, mas os outros dois
nunca foram compostos. Considerado como o despertar da música
moderna, sua primeira apresentação foi em Paris, em 22 de dezembro
de 1894, regida pelo suíço Gustave Doret.
obra. Esta obra tem uma relação estreita com Les Antiques, do poeta
J. P. Contamine de Latour, que chegou a ser publicada acompanhando
a primeira Gymnopédie, e faz o uso da palavra gymnopaedia, cujo
significado exótico e um tanto intangível chega a ter relações com dança,
nudez e guerra.
FAIXA 4 - MAURICE RAVEL (1875-1937) - JEUX D’EAU (1901) -
(NAXOS 8.556789, FAIXA 7)
Inspirada pelo som da água nas fontes, cascatas e riachos, Ravel
dedicou Jeux D’Eau ao compositor francês Gabriel Fauré que, na época
da composição, era seu mestre. A primeira apresentação pública da
obra foi em 1902, com o pianista espanhol Ricardo Viñes, membro do
grupo Les Apaches e amigo de Ravel que, inclusive, ao longo dos anos,
estreou várias obras do compositor.
FAIXA 5 - CLAUDE DEBUSSY (1862-1918) - LA MER - Nº 3:
DIALOGUE DU VENT ET DE LA MER (1905) - (NAXOS 8.570759,
FAIXA 4)
Com o subtítulo de Três Poemas Sinfônicos, Debussy começou
a composição de La Mer (O Mar, em francês) em 1903, e finalizou-a
em 1905, quando esteve hospedado no Grand Hotel Eastbourne na costa
do Canal da Mancha, no sudeste da Inglaterra. La Mer é considerada a
obra-prima do compositor, revolucionando tanto forma quanto harmonia
e estrutura. A obra estreou em Paris, em 1905, durante a série anual dos
Concertos Lamoureux, sob a regência de Camille Chevillard, não sendo
inicialmente muito bem recebida devido à sua novidade.
FAIXA 3 - ERIK SATIE (1866-1925) - TRÊS GYMNOPÉDIES - Nº 1:
LENT ET DOULOUREUX (ORQ. DE DEBUSSY) (1896) - (NAXOS
8.556688, FAIXA 21)
Três peças curtas para piano solo, cuja forma procurava fugir da
tradição clássica, foram inicialmente compostas em 1888. Porém,
em 1896, Satie estava com problemas de popularidade e de dinheiro, então
seu amigo Claude Debussy orquestrou a primeira - aqui apresentada -
e a terceira Gymnopédie para ajudar a divulgar e popularizar sua
66 ABRIL . 2019
DISCOGRAFIA
FAIXA 6 - CLAUDE DEBUSSY (1862-1918) - SUÍTE
BERGAMASQUE: III. CLAIR DE LUNE (1905) - (NAXOS 8.570993,
FAIXA 2)
Na década de 1890, quando Debussy já havia desenvolvido sua própria
linguagem musical, ele começou a composição da Suíte Bergamasque -
a qual ele finalizaria e publicaria apenas em 1905. É uma visão do rococó
pelo cinismo moderno, sendo que seu terceiro movimento é uma das
mais conhecidas peças do compositor: Clair de Lune, inspirada no
poema de mesmo nome do poeta simbolista francês Paul Verlaine.
FAIXA 7 - MAURICE RAVEL (1875-1937) - RAPSODIE ESPAGNOLE:
FERIA (1908) - (NAXOS 8.556673, FAIXA 7)
Um dos primeiros grandes trabalhos orquestrais de Ravel - aqui
representado pelo seu quarto movimento - reflete a influência da música
espanhola na obra do compositor, vinda de sua mãe, que era de origem
basca. Inicialmente uma peça para dois pianos, Ravel demorou quase um
ano para orquestrá-la em sua forma final. A obra estreou com a Orquestra
Colonne, sob a regência de seu fundador Édouard Colonne, no Teatro
Chatelet em março de 1908, recebendo elogios do compositor espanhol
Manuel De Falla.
FAIXA 8 - MAURICE RAVEL (1875-1937) - DAPHNIS ET CHLOE,
SUÍTE Nº 2: I. LEVER DU JOUR (1912) - (NAXOS 8.556789, FAIXA 12)
Originariamente um balé, e descrito por Ravel como uma ‘sinfonia
coreográfica’, foi adaptado do texto de mesmo nome do novelista da
Grécia Antiga Longus, sendo uma encomenda do empresário Sergei
Dighilev e estrelado pelo bailarino russo Nijinsky. Sua estreia foi no Teatro
Chatelet de Paris, com a companhia Ballets Russes em junho de 1912,
sob a regência de Pierre Monteux, com Nijinsky e Tamara Karsavina nos
papéis do título. Com quase uma hora de duração, é a obra mais longa
de Ravel.
FAIXA 9 - ERIK SATIE (1866-1925) - PARADE - ACROBATES -
FINAL - SUÍTE AU PRELUDE DU RIDEAU ROUGE (1917) - (NAXOS
8.554279, FAIXA 3)
Com texto do escritor, poeta, dramaturgo e depois cineasta francês
Jean Cocteau, Satie compôs a música original para o balé Parade,
produzido entre 1916 e 1917. O balé foi descrito como um ‘tipo de
surrealismo’, três anos antes do início do movimento cultural e artístico
chamado de Surrealismo. O balé foi estreado pela companhia Ballets
Russes, de Sergei Diaghilev, em maio de 1917, no Teatro Chatelet de
Paris, com coreografia de Léonide Massine, cenários e figurinos do
artista Pablo Picasso, e a orquestra dirigida pelo célebre maestro suíço
Ernest Ansermet.
FAIXA 10 - OTTORINO RESPIGHI (1879-1936) - ÁRIAS E DANÇAS
ANTIGAS, SUÍTE Nº 2 - IV. BERGAMASCA: ALLEGRO (1923) -
(NAXOS 8.553546, FAIXA 8)
Além de compositor e intérprete, Respighi era também um musicólogo
estudioso da música italiana dos séculos XVI, XVII e XVIII, chegando a
publicar edições da música de compositores como Vivaldi, Marcello e
EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194
67ABRIL . 2018
OUÇA UM MINUTO DE CADA FAIXA DO CD HISTÓRIA DA MÚSICA - O PRELÚDIO DE UMA NOVA ERA (I) - VOL. 12:
• Faixa 01
• Faixa 02
• Faixa 03
• Faixa 04
FAIXA 11 - OTTORINO RESPIGHI (1879-1936) - OS PINHEIROS
DE ROMA - PINHEIROS PRÓXIMOS A UMA CATACUMBA (1924) -
(NAXOS 8.550539, FAIXA 10)
Os Pinheiros de Roma é o segundo dos poemas tonais ou sinfônicos
da trilogia romana de Respighi, com quatro movimentos cada um,
descrevendo pinheiros em várias partes de Roma e em diferentes horas
do dia. Estreou no Teatro Augusteo de Roma, em dezembro de 1924,
Monteverdi. Esse trabalho acabou por influenciar a composição das
três suítes de Árias e Danças Antigas. Composta em 1923, seis anos
depois da primeira suíte, a segunda suíte foi baseada em peças de
compositores da Renascença como Fabrizio Caroso e Jean-Baptiste
Besard, entre outros.
sob a direção do maestro italiano Bernardino Molinari. Dois anos depois,
Arturo Toscanini, popularizador das obras de Respighi, inaugurou a obra
frente à Filarmônica de Nova York.
FAIXA 12 - OTTORINO RESPIGHI (1879-1936) - AS FESTAS DE
ROMA - FESTIVAIS DA COLHEITA EM OUTUBRO (1926) - (NAXOS
8.550539, FAIXA 3)
Terceiro e último dos poemas sinfônicos da trilogia romana, com
cada um de seus movimentos descrevendo uma cena de celebração na
Roma Antiga, e o terceiro movimento representando a colheita e a caça.
Da trilogia, é a obra mais longa e exigente, sendo a menos apresentada
e, portanto, a menos conhecida das três. Estreou com a Orquestra
Filarmônica de Nova York, em 1929, no Carnegie Hall, sob a regência do
célebre Arturo Toscanini.
• Faixa 05
• Faixa 06
• Faixa 07
• Faixa 08
• Faixa 09
• Faixa 10
• Faixa 11
• Faixa 12
PROMOÇÃO CD HISTÓRIA DA MÚSICA SINFÔNICA O PRELÚDIO DE UMA NOVA ERA (I) - VOL. 12
A Editora AVMAG disponibilizará também para você esse mês, que não adquiriu na época
de lançamento, este CD para quem enviar um e-mail para:
O leitor apenas terá de pagar o frete + embalagem de Sedex.
NÃO PERCA ESSA OPORTUNIDADE!! - promoção válida até o término do estoque.
68 ABRIL . 2019
ESPAÇO ABERTO
Mirou no rato e acertou o elefante!
Esta frase era dita pela mãe do meu pai, vó Angelina, uma flor de formosura, que sempre estava a cuidar dos netos como se fossem a maior preciosidade de sua vida.
Uma cozinheira de quitutes como poucos, arte que aprendeu nos anos em que meu avô Antônio possuía uma mercearia na rua de uma feira, no bairro da Penha, na capital paulista.
Vó Angelina e minha tia Cidinha, a caçula de 10 filhos (9 mulheres e só meu pai de homem), iam para a cozinha logo ao amanhecer de sexta-feira para preparar esfihas, coxinhas, empadinhas e quibes para abastecer a fome dos feirantes no domingo. O cheiro das es-fihas assando no sábado de noite impregnava a casa de tal maneira que era impossível não pedir para vó Angelina separar uma para cada neto. Ela colocava um quitute de cada, embrulhado em um guardanapo, com o nome de cada neto e deixava no forno, para quando a fome batesse.
Meu pai era o encarregado de cuidar da chapa e preparar os san-duíches de mortadela, churrasco com vinagrete e misto-quente. Às vezes eram tantos pedidos ao mesmo tempo que ele se embaralha-va todo - mas nunca deixou transparecer suas dificuldades naquela loucura que era o entra e sai de feirantes.
Gostava muito de estar ali com ele, pois me livrava da missa do-minical, toda em latim. Sim, meus amigos, sou tão velho que ouvi muita missa em latim, e todo aquele senta e levanta e ajoelha. Não entendia absolutamente nada, e de tão enfadonho que era dei um jeito de ser útil na mercearia para fugir dali. Minha função era colocar guardanapos nos pires dos lanches e limpar as sete mesas que meu vô disponibilizava para os feirantes terem dez minutos de sossego para comer. Quando saiam, eu recolhia os pires e limpava a mesa, e lá vinha uma nova leva de famintos.
Ao meio dia em ponto, lá estavam minha mãe e meus dois irmãos, e minha irmã ainda de colo, voltando da missa esfomeados. Era a xepa da feira, com aquele alvoroço típico de cada feirante chaman-do a freguesia a plenos pulmões.
Meus pés já estavam tão dormentes, que meu único desejo era ir para casa e tirar os sapatos, tomar um banho e ouvir música. Sim, nossos domingos de tarde eram momentos de música até o anoite-cer e, por vezes, até a hora de irmos para cama. Meus dois irmãos mais velhos já compravam com sua mesada seus próprios LPs, e cada um democraticamente podia escolher um disco para tocar. O mais velho apresentou à família os Beatles, Credence e Rolling Sto-nes. Meu outro irmão era apaixonado por trilhas sonoras, minha mãe por óperas e música clássica, meu pai por cantores e cantoras e eu com apenas sete anos, ficava ali ouvindo aquele caleidoscópio de estilos tão diversos, e querendo também participar daquele sarau com meus discos.
Ainda que já recebesse também mesada, pela minha idade, meu pai me dava uma quantia simbólica que, fazendo um cálculo de me-mória, teria que juntar uns três meses para, talvez, conseguir com-prar um compacto simples.
E eu não queria compactos, queria os LPs, com aquelas capas maravilhosas como a do Sgt Peppers dos Beatles, que eu ficava horas admirando e procurando saber quem era cada um daqueles na foto. Eu sempre dizia ao meu pai que compacto simples, além de não ter graça, já que só vinha com uma música de cada lado, não tinha o cheiro do LP. Aquele cheiro característico do celofane que, ao abrir, se espalhava pela sala e mantinha o ar impregnado com aquele cheiro. Meu pai ria e dizia: “irá chegar o seu momento, tenha calma”. Esperei por mais 5 anos até, finalmente, receber a mesada integral e ir comprar meu primeiro disco. Já morávamos no Campo de Marte, na zona norte da Capital Paulista.
MEMÓRIAS DEGUSTATIVAS E AUDITIVAS
69ABRIL . 2018
DIRETOR / EDITOR
Fernando Andrette
COLABORADORES
Antônio Condurú
Clement Zular
Guilherme Petrochi
Henrique Bozzo Neto
Jean Rothman
Juan Lourenço
Julio Takara
Marcel Rabinovich
Omar Castellan
RCEA * REVISOR CRÍTICO
DE EQUIPAMENTO DE ÁUDIO
Christian Pruks
Fernando Andrette
Rodrigo Moraes
Victor Mirol
CONSULTOR TÉCNICO
Víctor Mirol
TRADUÇÃO
Eronildes Ferreira
AGÊNCIA E PROJETO GRÁFICO
WCJr Design
www.wcjrdesign.com
Áudio Vídeo Magazine é uma publicação mensal,
produzida pela EDITORA AVMAG ME. Redação,
Administração e Publicidade, EDITORA AVMAG ME.
Cx. Postal: 76.301 - CEP: 02330-970 - (11) 5041.1415
www.clubedoaudioevideo.com.br
Todos os direitos reservados. Os artigos assinados
são de responsabilidade de seus autores e não
refletem necessariamente a opinião da revista.Fernando [email protected]
Fundador e atual editor / diretor das revistas Áudio Ví-deo Magazine e Musician Magazine. É organizador do Hi-End Show (anteriormente Hi-Fi Show) e idealiza-dor da metodologia de testes da revista. Ministra cur-sos de Percepção Auditiva, produz gravações audiófi-las e presta consultoria para o mercado.
Jamais vou me esquecer: na luz de outono do começo de maio, fui a pé do Campo de Marte até à Voluntários da Pátria na galeria onde tinha a mais legal loja de discos do bairro, que cheira-va a Patchouli. O dono era um hippie descolado que atendia todos os fregueses com um largo sorriso e colocava para ouvir todas as novidades. Tinha um sofá velho rasgado, com as molas quase pulando para fora onde sentávamos e ele colocava uma faixa de cada lançamento. Ele sabia cativar o cliente, principalmente quando ele conhecia seu gosto musical.
Por algum motivo que ainda aos sessenta anos não entendi (acho que ele olhou para mim e pensou: este garoto não deve ter como comprar um LP), ele colocou três discos de artistas que eu não conhecia e que soavam como cópias mal feitas dos Beatles, com capas horrorosas e que estavam em promoção (deviam estar encalhados e ele achou que eu era o cliente ideal para levar aquele lixo) e depois, ao ver minha cara de desapontamento, olhou para mim e me disse, escuta só isto! Pegou um compacto simples, tirou da capa colocou no toca-discos Dual, baixou o braço e já na primeira frase fiquei paralisado. Reconheci de imediato o cantor e fiquei ali saboreando John Lennon cantando Mother.
Eu que alimentei por anos e imaginei aquele momento tão intensamente, de sair da loja com meu primeiro LP, fui seduzido em segundos e sai da loja com meu primeiro e único compacto simples que comprei na vida! Quando cheguei em casa com aquele compacto, ninguém en-tendeu nada, todos me chacotearam. E meu irmão mais velho não poupou nas piadas. Mas eu daria o troco, o domingo estava logo ali e eu poderia finalmente tocar minha primeira aquisição, meu disco número 1!
Meu pai, percebendo minha ansiedade, deu-me a honra de ser o primeiro. Levantei, tão confiante que iria dar o troco, que tirei meu compacto simples, coloquei no nosso Garrard, e olhando para todos sentados apenas disse: “Este senhor dispensa apresentações”, baixei o braço e todos ouviram em profundo silêncio.
Minha mãe, emocionada, achou que eu estava fazendo uma homenagem a ela, meu irmão mais velho me deu um grande abraço e meu pai agradeceu minha escolha, e no final brinda-mos com guaraná Antarctica a entrada de um novo membro nos saraus dominicais da família Andrette.
Talvez alguns de vocês estejam se perguntando e qual foi o primeiro LP? Bem, meu primeiro LP já dá uma outra boa história, pois foi uma verdadeira odisséia, chegar até a rua 7 de Abril, entrar no Museu do Disco e ver uma loja de verdade com centenas de milhares de LPs!
Então fica para um outro momento. Só posso dizer que foi um disco tão impactante que mudou meu gosto musical integralmente e passei a ser o ‘patinho feio’ dos saraus da família Andrette!
ASSISTA AO VÍDEO,CLICANDO NA IMAGEM.
MOTHER
JOHN LENNON
70 ABRIL . 2019
VENDAS E TROCAS
VENDO
Braço de toca-discos Reed 3P
Gold 12”, armtube cocobolo, finewire
C37+Cryo de cobre 125cm, KLEI plugs,
estado de novo (usado menos de 10 h
de uso), na caixa original, com manual e
acessórios originais.
R$ 19.500.
Sérgio
VENDO
Toca discos J.A. Michell GYRO SE
MKII, com: 01 J.A. Michell Armboard
(base) para braços Rega, 01 J.A. Michell
3 Point VTA Adjuster, 01 J.A. Michell
Record Clamp, 01 J.A. Michell
De-Coupler Kit (desacoplador do bra-
ço), 01 J.A. Michell HR DC Never
Connected Power Suply (bivolt), 01
braço Rega RB 303 com contrapeso
original, 01 contrapeso de braço
Isokinetic Isoweight Off Centre,
01 cápsula MC Ortofon Rondo Blue.
Uma obra de arte sonora e de design.
R$ 20.000.
Rodrigo Moraes
VENDO / TROCO
Cápsula Clearaudio Stradivari V2.
Trata-se da última versão desse mode-
lo, com corpo em ébano, agulha HD e
bobina totalmente simétrica em ouro
24 kt. Sua saída é de 0.6 mV, O que
torna ela compatível virtualmente com
todos os prés de Phono MC. A cápsula
não possui ainda 50 horas de uso. Está
realmente em estado de nova e sempre
foi tocada utilizando discos limpos em
máquina especial. US$ 3.750.
Conforme o material, posso aceitar
troca. Posso também combinar a insta-
lação com o cliente.
André A. Maltese - AAM
(11) 99611.2257
VENDO
1. Amplificador Parasound A 21, semi-
novo, em excelente estado. R$ 8.500.
2. Set de válvulas casados e calibradas
pela Air Tight, para os monoblocos
ATM-3. Lacradas e sem nenhum uso.
R$ 4.000 (o pacote completo para os
monoblocos).
3. Amplificador Hegel H30, em perfeito
estado. US$ 15.000.
Fernando Andrette
1.
3.
cria
ção:
msv
desig
ner@
hotm
ail.c
om
[email protected] - 2606.4100 sistemas de energia
MóduloIsolador
Condicionador
CondicionadorEstabilizado
www.upsai.com.br
Melhore a performance de sistemas de áudio, vídeo e vídeo games, com a Linha de Condicionadores UPSAI.
Além de seu design moderno, esbanja charme, tecnologia e uma enorme evolução nos circuitos de proteção
e controle através de processadores de ultima geração garantindo energia na medida certa para o perfeito
funcionamento dos aparelhos a ele conectados.
cria
ção:
msv
desig
ner@
hotm
ail.c
om
[email protected] - 2606.4100 sistemas de energia
MóduloIsolador
Condicionador
CondicionadorEstabilizado
www.upsai.com.br
Melhore a performance de sistemas de áudio, vídeo e vídeo games, com a Linha de Condicionadores UPSAI.
Além de seu design moderno, esbanja charme, tecnologia e uma enorme evolução nos circuitos de proteção
e controle através de processadores de ultima geração garantindo energia na medida certa para o perfeito
funcionamento dos aparelhos a ele conectados.