musician: o prelÚdio de uma nova era (i) - vol....

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250 ABRIL 2019 ANO 23 REALISMO ESTONTEANTE UMA NOVA GERAÇÃO DIGITAL TV SAMSUNG 8K Q900 DAC DCS ROSSINI www.clubedoaudioevideo.com.br ARTE EM REPRODUÇÃO ELETRÔNICA MUSICIAN: O PRELÚDIO DE UMA NOVA ERA (I) - VOL. 12 E MAIS TESTES DE ÁUDIO ENTREVISTA CABOS DE INTERCONEXÃO E CAIXA NORDOST TYR 2 FONE DE OUVIDO GRADO REFERENCE SERIES RS1E EGBERTO GISMONTI, COMPOSITOR E MULTINSTRUMENTISTA

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250ABRIL 2019

ANO 23

REALISMO ESTONTEANTE

UMA NOVA GERAÇÃO DIGITAL

TV SAMSUNG 8K Q900

DAC DCS ROSSINI

www.clubedoaudioevideo.com.br

ARTE EM REPRODUÇÃO ELETRÔNICA

MUSICIAN: O PRELÚDIO DE UMA NOVA ERA (I) - VOL. 12

E MAIS

TESTES DE ÁUDIO

ENTREVISTA

CABOS DE INTERCONEXÃO E CAIXA NORDOST TYR 2

FONE DE OUVIDO GRADO REFERENCE SERIES RS1E

EGBERTO GISMONTI, COMPOSITOR E MULTINSTRUMENTISTA

Page 2: MUSICIAN: O PRELÚDIO DE UMA NOVA ERA (I) - VOL. 12clubedoaudio.com.br/wp-content/uploads/2019/06/avmag250.pdfEGBERTO GISMONTI, COMPOSITOR E MULTINSTRUMENTISTA NEYMAR JR. É TCL QLED

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3ABRIL . 2018

ÍNDICE

22DAC dCS ROSSINI

30

36

42

HI-END PELO MUNDO 14

Novidades

EDITORIAL 4

Para a minha filha e todos aqueles que nasceram depois de 1984

NOVIDADES 6

Grandes novidades das principais marcas do mercado

Egberto Gismonti,compositor e multinstrumentista

ENTREVISTA 16

TESTES DE ÁUDIO

DAC dCS Rossini22

Cabos de interconexão e caixa Nordost TYR 2

30

Fone de ouvido Grado Reference Series RS1E

36

ESPAÇO ABERTO 68

Memórias degustativas e auditivas

VENDAS E TROCAS 70

Excelentes oportunidades de negócios

DESTAQUES DO MÊS - MUSICIAN

Bibliografia: o alvorecer de uma nova era

Bibliografia: o prelúdio de uma nova era (I)

Discografia - o prelúdio de uma nova era (I) - vol. 12

50

60

64

TV Samsung 8K 65Q90042

TESTE DE VÍDEO

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4 ABRIL . 2019

Minha filha completará, agora em julho, 11 anos. Seu interesse por música vem desde os três anos. Ao contrário do irmão, que antes mesmo de andar, ao escutar música vindo da sala de tra-balho, engatinhava todo o corredor, se erguia com muito esforço, para alcançar a maçaneta da porta e se não conseguia abrir, batia com aquelas pequenas mãos, até o pai abrir. Ao ver que tinha con-seguido, abria um largo sorriso e pedia colo, para ficar comigo, às vezes por horas, sem adormecer. Minha filha descobriu a música através de um teclado, que além de ritmos, tinham algumas músicas pré-selecionadas. Sua fixação pela melodia de Let It Be, de Paul McCartney, foi instantânea - era de longe sua preferida cada vez que brincava com aquele teclado. Nunca irei esquecer o dia que a levei à sala de trabalho, junto com o teclado, falei para ela tocar a música e depois coloquei o LP - não sabia como ela iria reagir, pois a versão no teclado era instrumental. Pois bem, ao entender que se tratava da mesma melodia só que, agora, cantada, ela ficou literalmente em es-tado de êxtase. A cada término, só ouvia ela dizer: “de novo”, e este de novo se estendeu por meses a fio. Após esta fase, seu interesse por música foi ampliando e a música clássica se tornou seu estilo favorito, principalmente o piano. Ela escuta realmente com enorme interesse, e consegue desde muito cedo (7 anos talvez) observar diferenças quando o pai troca os cabos ou uma peça do sistema. Mas sua admiração mesmo são os LPs e como eles tocam. Depois de mostrar, com uma lupa, os sulcos do LP, contei para ela tudo que meu pai um dia pacientemente me ensinou, de como os discos são feitos, quando surgiu o primeiro LP, o que a agulha faz ao tocar na superfície do disco, e achei que poderia dedicar este editorial a minha filha e a todos que nasceram após o surgimento do CD. Mi-nha filha é muito objetiva, e florear as respostas a tira literalmente do sério. Então fui bastante sucinto na resposta. Expliquei que a ideia de gravar sons veio do fonógrafo, lançado há 140 anos, que os pri-meiros discos eram pesados, rígidos e quebravam muito fácil. Cada lado permitia a gravação de apenas uma música. E que em 1948 a gravadora americana Columbia Records lançou o primeiro LP, com uma apresentação no Hotel Waldorf-Astoria, em Nova York. Mostrei a ela com uma lupa os sulcos do disco, expliquei que entre cada faixa, não existe sulco, e que cada LP suporta no máximo 22 minu-tos de cada lado, e que por isto a Nona Sinfonia de Beethoven tinha que ser gravada em dois LPs (ela adora essa sinfonia). Expliquei que os sulcos ficam em ângulo reto um com o outro, para que a ponta da agulha navegue entre os dois sulcos (canal direito e esquerdo). Que o lado mais próximo da borda externa do Lp carrega todas as informações do sinal direito e a borda que dá para dentro do LP, as informações do canal esquerdo. Sua curiosidade sempre foi em relação às cápsulas e suas minúsculas agulhas. Para ela entender como a agulha trabalha, fiz ela encostar a orelha bem próxima do to-ca-discos e ouvir aquele som agudo que sai do atrito da agulha com

os sulcos e ela ficou ainda mais maravilhada. Aí eu expliquei que o cartucho que envolve a cápsula é feito de um ímã móvel e uma bo-bina móvel, sendo que ambos trabalham com o princípio de usar o movimento da agulha e do cantilever (onde a agulha é afixada) para gerar o campo magnético. E que aqueles quatro fios coloridos pre-sos atrás da cápsula transmitem aquele pequeno sinal captado pela agulha, ampliado sutilmente pela cápsula, até um pré de phono, que irá se encarregar de ampliar o sinal até que se torne pleno e audível. Depois de uma hora de explicação e novas perguntas, se podíamos recuperar discos danificados, e como cuidar dos discos para que eles durem para sempre (crianças sempre desejam que tudo ter-mine como em um conto de fadas, rs), peguei um disco de 1963 e mostrei visualmente os riscos de décadas de uso e o atrito inerente cada vez que há o contato da agulha com o disco, e a fiz entender que esses riscos não são possíveis de eliminar. Porém, sujeira, mofo e gordura sim. Toquei uma faixa deste LP de 1963, pedi para ela marcar os plocs e ruídos estranhos e depois a ajudei a lavar o disco na máquina. Tirando o barulho ensurdecedor de um aspirador de pó no seu ouvido, ela adorou ver todo o processo. E a deixei colocar no toca-disco para ouvirmos de novo a mesma faixa. Adorou a melhora e todo o processo de preservar e saber que aquele disco já foi do avô, está com seu pai e um dia será dela e do irmão. Todos tentam explicar a magia e a admiração que as novas gerações têm pelo LP. Falam do tamanho das capas, que o som é mais natural, etc, etc... Acho que vai muito além, pois o toca-discos possui um efeito quase hipnótico e ritualístico. E, meu amigo, se todos os jovens tiverem a chance de escutar um sistema analógico bem ajustado e excelentes gravações do período de ouro de 1960-1980, como sempre brinco no Curso de Percepção Auditiva no Nível 3 (justamente o que com-paro CD x LP) é o “massacre da serra elétrica”. Quando contei isto para a minha filha ela riu muito (ainda que, como eu, deteste filme de terror). E depois de ouvir pela milésima vez Let It Be em LP e depois CD, virou para mim e com aquele sorriso desconcertante disse: “É mesmo um massacre, pai”!

EDITORIAL

PARA A MINHA FILHA E TODOS AQUELES QUE NASCERAMDEPOIS DE 1984

Fernando [email protected]

ASSISTA AO VÍDEO,CLICANDO NA IMAGEM.

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5ABRIL . 2018

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6 ABRIL . 2019

NOVIDADESNOVIDADES

SAMSUNG INAUGURA UMA NOVA ERA EM TVS: QLED 8K

Com 33 milhões de pixels, a Q900 convida o consumidor a de-

safiar os seus sentidos com uma outra realidade de imagem; novas

QLEDs 4K, novo portfólio UHD 4K e soundbars também são apre-

sentados.

Líder global no mercado de televisores há 13 anos consecutivos, a

Samsung inova mais uma vez e é a primeira marca a trazer ao Brasil

a categoria de televisores com resolução 8K. Disponível em quatro

tamanhos (65’, 75’, 82’ e 98’ polegadas), o modelo Q900, perten-

cente à família QLED Samsung, posiciona o 8K como a resolução

de tela mais precisa e realista do mercado, quebrando importan-

tes paradigmas e convidando o consumidor a parar de ver TV para

aproveitar uma nova e completa experiência de entretenimento em

um aparelho exclusivo que desafia o “convencional”.

Quatro vezes mais resolução que 4K

A QLED 8K possui 33 milhões de pixels na tela enquanto as TVs

4K ficam em torno de 8 milhões de pixels. Este significativo salto

em resolução desencadeia uma sensação de perfeita realidade nos

conteúdos assistidos, com contornos muito mais precisos, texturas

altamente nítidas e uma intensa compreensão de profundidade.

A impressão de imersão no conteúdo e a disponibilidade de es-

paço na casa do consumidor também mudam de patamar, uma vez

que a densidade dos pixels é completamente nova. Para efeito de

comparação, um televisor de 65 polegadas 4K traz 68 pixels por

polegadas, enquanto o mesmo tamanho, só que 8K, representa

136 pixels por polegada. Esta nova realidade potencializa a capa-

cidade e a intenção da Samsung em atender a grande tendência

de Telas Super Grandes já em andamento no Brasil. Hoje, com

uma tela de 82” em 8K é tranquilamente possível sentar a apenas

3,5 metros da TV e desfrutar de uma imagem incrível, sem percep-

ção embaralhada de pixels que “estouraram” por não conseguir co-

brir devidamente toda a extensão da tela.

Upscalling de Imagem com Inteligência Artificial (IA)

Um dos grandes pilares do pacote tecnológico da Q900 é o seu

exclusivo processador Quantum 8K, que faz uso de IA para aprimo-

ramento de imagens. Quando o conteúdo exibido não for nativo em

8K, o processador analisa em tempo real um banco de dados com

milhões de imagens em alta e baixa definição e as usa como refe-

rência para refinar qualquer conteúdo, transformando-os, indepen-

dente da fonte nativa (HD, FHD, UHD, entre outras) em qualidade

próxima da 8K.

Além de 8K é uma QLED

A Q900 traz o melhor da resolução 8K com cores, brilho e con-

traste perfeitos. Além de garantias únicas e exclusivas no mercado.

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7ABRIL . 2018

A principal inovação deste ano na categoria QLED está focada no

contraste. A partir de 2019, a categoria será capaz de entregar sim-

plesmente o máximo do preto. Os consumidores poderão desfrutar

das cenas mais escuras com altíssima precisão e sem interferências.

Por meio da tecnologia “Direct Full Array”, a TV controla os LEDs por

zonas e ajusta precisamente o brilho cena a cena, gerando profun-

dos tons escuros para que as pessoas possam sempre aproveitar o

máximo do contraste. A intensidade varia entre os modelos QLED -

a Q900 tem 480 blocos de iluminação enquanto a Q80 e a Q70,

também lançamentos apresentados pela Samsung, dispõe respec-

tivamente de 96 e 48 blocos de iluminação.

Para alcançar o máximo da distinção de detalhes, a nova

QLED 8K conta com o HDR com potencial máximo de (onde NITs

é a unidade de medida de brilho) que, em conjunto com a tecno-

logia HDR10+ (High Dynamic Range), otimiza os níveis de nitidez

da TV e produz cores e imagens cristalinas, revelando detalhes que

costumavam ficar escondidos em cenas claras ou escuras. Entre-

gas similares no nível de NITs são encontradas também no novo

portfólio QLED 4K nos modelos Q80, Q70 e Q60, com respectivos

HDR 1.500, 1.000 e 500.

E para complementar, a tecnologia de Pontos Quânticos ainda

proporciona 100% do volume de cor, com maior vivacidade às ce-

nas, entregando cores brilhantes e vívidas por muitos anos, uma

vez que os cristais não são materiais orgânicos, como na tecnologia

OLED e não se desgastam com o uso, portando, mais uma vez, a

Samsung garante por 10 anos o consumidor contra o indesejado

efeito burn-in. Todo portfólio QLED 2019 conta com esta caracterís-

tica e garantia, inclusive a Q900 8K.

Experiência aprimorada

Surpreendentemente, a Q900 assim como as QLEDs 4K, con-

tinuam a privilegiar design e experiência para que a TV não seja

apenas um aparelho único, mas sim multi-função, agregando valor

na decoração do consumidor, viabilizando instalação simplificada e

otimizada e também promovendo a conexão entre dispositivos in-

teligentes.

Como destaque, o Modo, presente em todas as novas QLEDs,

trabalha na integração perfeita da TV no seu espaço. Uma função

única e exclusiva da Samsung na qual a TV “desaparece” quando

desligada, combinando harmonicamente o plano de fundo com o

vidro da tela. Como novidade, a Samsung passa de 12 conteúdos

decorativos para 56 novos, divididos em 5 categorias diferentes,

aumentando, portanto, a capacidade de personalização do seu es-

paço.

Além disso, as exclusivas funções “Única Conexão”, na qual ape-

nas um cabo fino e praticamente transparente conecta a TV à central

de conexões externas - o One Connect -, e o “Suporte de Parede”

continuam presentes e focados em oferecer uma nova experiência

de entretenimento sem confusões de cabos, nem distrações, além

de permitir uma instalação simples e rápida. Disponível na QLED

Q900 8K e na QLED Q80 4K.

O aplicativo SmartThings, em conjunto com o Controle Remoto

Único e a assistente pessoal Bixby transformam todas as QLEDs em

uma central de automação para controlar dispositivos conectados

da marca e facilitar a rotina no dia a dia.

“Na Samsung, trabalhamos incansavelmente ao longo dos anos

para impulsionar a indústria quando se trata da qualidade de ima-

gem. E a chegada da QLED 8K mudará totalmente a maneira de

assistirmos todos os detalhes em uma imagem, trazendo também

uma sensação de profundidade e total imersão nunca vistas antes”,

comenta Erico Traldi, Diretor de Produto das áreas de TV e Áudio e

Vídeo da Samsung Brasil.

As vendas da nova QLED 8K Q900 se iniciam dia 6 de abril,

com preço sugerido a partir de R$ 24.999 (65”), R$ 38.999 (75”) e

R$ 89.999 (82”).

Novas QLED 4K

A Samsung também apresenta os novos modelos da categoria

QLED 4K, composta pela Q60 (49, 55, 65, 75 e 82 polegadas),

Q70 (55 e 65 polegadas) e Q80 (55, 65 e 75 polegadas). Todos os

televisores oferecem qualidade de imagem impressionante graças a

tecnologia de Pontos Quânticos que entregam 100% do volume de

cor, garantia de 10 anos contra o efeito Burn-in, controle de ilumi-

nação por zonas, exclusivo Modo Ambiente 2.0, Controle Remoto

Único e suporte ao SmartThings e Bixby para controlar dispositivos

inteligentes da empresa.

As vendas das novas QLED 4K se iniciam no mês de Abril, com

preços sugeridos a partir de R$ 4.499 (Q60 de 49”), R$ 6.999 (Q70

de 55”) e R$ 7.999 (Q80 de 55”).

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8 ABRIL . 2019

Novas UHD 4K também complementam portfólio de 2019

A Samsung ainda ampliou o lineup de TVs com a chegada das novas UHD 4K RU7100 (43,

49, 50, 55, 58, 65, 75 e 82 polegadas) e UHD 4K RU7400 (50, 55 e 65 polegadas), que também

contam com a solução do Visual Livre de Cabos.

Além do 4K de verdade, presente em toda a linha de televisores que contam com pai-

néis RGB sem o sub-pixel branco (que diminuem a qualidade de imagem), gerando má-

xima fidelidade de cores, a categoria agora também disponibiliza Bluetooth e Controle

Remoto Único a partir da RU7100, possibilitando a conexão sem fios com fones de ouvido e

soundbars, além da excelente experiência de ter um único controle em sua sala. Já a RU7400

também pode trabalhar como uma central de automação graças a solução de Internet das

Coisas com o aplicativo SmartThings, a assistente pessoal Bixby e o Controle de Voz para

controlar sua TV.

As vendas das novas UHD 4K se iniciam em também em abril, com preços sugeridos a partir

de R$ 2.499 (RU7100 de 43”) e R$ 3.599 (RU7400 de 50”).

Novos soundbars

A Samsung também anuncia hoje a chegada dos novos soundbars da marca: o R550, o Q60,

e o Q70, sendo o último o modelo mais premium da categoria. Os aparelhos se destacam pela

alta qualidade e potência de som que possibilitam muito mais imersão ao conteúdo, seja em um

filme ou uma música preferida. A ausência de fios também é outra vantagem. Os modelos Q60

e Q70 são fruto de uma parceria com a Harman Kardon, empresa reconhecida mundialmente

no segmento de áudio.

Entre os diferenciais de cada modelo, o Q60 conta com sistema de som Dolby Digital 5.1 e a

tecnologia Acoustic Beam; o Q70 com o Dolby Atmos 3.2.1 e a tecnologia Acoustic Beam; e o

R550 com recursos como bluetooth e wireless subwoofer.

Os aparelhos estarão disponíveis a partir do fim do segundo trimestre e os preços serão

anunciados no período.

www.hifiexperience.com.br

HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=UH_QOIKSLT4

ASSISTA AO VÍDEO, CLICANDO NO LINK ABAIXO:

NOVIDADESNOVIDADES

Para mais informações:

Samsung

www.samsung.com.br

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9ABRIL . 2018

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10 ABRIL . 2019

NOVIDADESNOVIDADESNOVIDADESNOVIDADES

REMOVEDORES DE RUÍDOS DE DISCOS DE VINILSUGARCUBE SC-1 E SC-2

A Som Maior acaba de se tornar a distribuidora exclusiva no Brasil

dos produtos da SweetVinyl, empresa cuja especialidade é a remoção

de ruídos de discos de vinil através do uso de sofisticados processos

digitais.

Já de longa data que o assunto discos de vinil versus CDs e mídias

digitais vem sendo objeto de grandes discussões entre audiófilos com

uma preferência por um ou outro desses formatos. Sem entrarmos nes-

se debate, com uma coisa somos obrigados a concordar: a partir de

um certo nível, a presença de ruídos como estalos em um disco de vinil

pode tornar-se bastante desagradável. Esses ruídos podem ser causa-

dos, por exemplo, pela presença de poeira, sujeira, eletricidade estática

ou mofo, ou ainda por furos ou arranhões causados pela agulha devido

a um acidente no manuseio do braço do toca-discos. Exceto no caso

de danos aos sulcos dos discos, esses problemas muitas vezes po-

dem ser minorados ou até eliminados com o uso de alguns acessórios

especiais ou de máquinas de limpeza. Porém, dependendo da causa

e da gravidade desses problemas, parte desses ruídos permanecerá

em evidência mesmo após uma boa limpeza, o que de resto sempre é

uma boa prática.

Foi para dar uma eficiente solução a esses problemas que a Sweet

Vinyl, uma empresa do Vale do Silício, desenvolveu o SugarCube SC-1

e o SC-2, dois produtos com tecnologia digital que segundo o conhe-

cido crítico de áudio Michael Fremer removem efetivamente a maioria

das ocorrências de estalos sem comprometer a qualidade musical da

gravação. O resultado é a possibilidade de ouvirmos até discos de vinil

que compramos já usados como se fossem novos. Ambos os modelos

- o SC-1 e o SC-2 - possuem em comum, entre outros recursos:

• Conversores ADC (de analógico para digital) e DAC (de digital

para analógico) de alta resolução de 192kHz/24 bits para o má-

ximo em preservação da qualidade musical original dos discos

de vinil;

• Algoritmo digital nãodestrutivo e em tempo real de redução /

eliminação de ruídos;

• Interfaces digitais Ethernet e USB para rede local e acesso àin-

ternet;

• Módulo USB Wi-Fi;

• Modo by-pass para desativar o processamento digital com relê

de nível audiófilo;

• Teclas para ligar e desligar a remoção de ruídos para comparar-

mos os resultados com ou sem o uso do processamento digital;

• Suporte para praticamente qualquer estágio de fono;

• Aplicativos Android e iOS para smartphones e tablets para per-

mitir o controle remoto total das operações.

Além de todos esses recursos, o modelo SC-2 grava digitalmente

os LPs já com a limpeza de ruídos. Um recurso muito interessante é

que ele pesquisa na internet os metadados de identificação dos discos,

como suas capas e conteúdo, para sua apresentação na tela do aplica-

tivo, e os grava em um dispositivo de memória USB.

Para mais informações:

Som Maior

www.sommaior.com.br

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11ABRIL . 2018

www.ferraritechnologies.com.brTelefone: 11 5102-2902 • [email protected]

CH Precision C1 Reference Digital to Analog Controller

A Ferrari Technologies orgulhosamente apresenta a mais nova referência mundial em eletrônica Hi-end. A Suíça CH Precision, mais uma marca State of the Art representada no Brasil.

“O C1 é, de longe, o melhor DAC ou componente que eu já experimentei no meu sistema. Não tem absolutamente “voz”. Um de seus atributos mais impressionantes é o ruído de fundo extremamente baixo. Em excelentes gravações, os instrumentos surgem ao vivo sem silvos ou anomalias. É absolutamente silencioso! O C1 “pega” qualquer coisa que você jogue nele. Eu ouvia música horas e horas e gostava de cada segundo. Isso me permitiu penetrar mais fundo nas nuances. É tão silencioso que a textura instrumental se tornou uma

delícia. O C1 também se destaca em todos os outros parâmetros que você pode imaginar: separação de canais, dinâmica, recuperação de detalhes e apresentação geral.”

Ran Perry

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12 ABRIL . 2019

SAMSUNG LANÇA CAMPANHA QUE REFORÇAPIONEIRISMO DA TECNOLOGIA 8K NO BRASIL E

PARCERIA COM CINEMAX PARA GAME OF THRONES

Fãs da série também poderão assistir a última temporada nas Smart

TVs da Samsung, que agora têm acesso ao aplicativo HBO GO.

O lançamento da nova categoria de televisores Samsung QLED

8K, conta com uma robusta campanha de marketing, que chega

para desafiar a maneira como o consumidor assiste televisão. Com

o mote “Pare de ver TV. Comece a ver muito mais”, a comunicação

ressalta o conceito de qualidade de imagem do produto com cenas

que impressionam os consumidores mais exigentes. Para reforçar a

mensagem, a marca anuncia a chegada do aplicativo HBO GO em

suas Smart TVs em toda a América Latina e Caribe, e patrocínio de

mídia da transmissão simultânea do primeiro episódio da oitava e

última temporada de Game of Thrones, no canal Cinemax, canal do

grupo HBO Latin America.

A partir do dia 07 de abril, o teaser, no ar desde o último dia 25,

dará lugar ao filme de lançamento, de 30 segundos, que possibilita

a sensação de perfeita realidade nos conteúdos assistidos. O filme

será exibido em TV aberta e fechada. A comunicação ainda contará

com vinhetas personalizadas com conteúdos exclusivos de canais

de TV fechada.

NOVIDADESNOVIDADES

Além de convidar as pessoas a experimentarem uma nova e imer-

siva experiência em TV, o filme de lançamento apresenta os detalhes

da categoria QLED 8K, modelo trazido ao Brasil de forma pioneira

pela Samsung. Graças a presença do Quantum Processor 8K, que

realiza o upscaling cena por cena, a nova tecnologia dá ao consumi-

dor a possibilidade de melhorar qualquer imagem para a resolução

próxima ao 8K. Essa melhoria de imagem no aparelho permitirá, por

exemplo, acompanhar filmes e seriados com a máxima qualidade,

mesmo que o conteúdo do usuário seja de outra resolução.

HBO GO direto na sua Smart TV Samsung

A campanha das novas TVs Samsung QLED 8K inclui ainda uma

parceria com o canal CINEMAX para a transmissão simultânea do

primeiro episódio da oitava e última temporada de Game of Thrones,

que vai ao ar no dia 14 de abril, na sala de cinema LED Samsung

Onyx 4K, ação apenas para convidados. Outras ações da Samsung

utilizando os assets da série seguem até o final da temporada.

Outra ação que reforça a preocupação da marca em oferecer

benefícios aos seus consumidores é a chegada do aplicativo da

HBO GO às Smart TVs da marca na América Latina e nas ilhas do

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13ABRIL . 2018

Caribe. Ele já pode ser acessado pela barra de aplicativos recomendados para TVs de 2016-

2018 e na barra de acesso rápido das TVs lançadas em 2019. O consumidor também pode

buscar por HBO GO diretamente na loja de aplicativos das Smart TVs Samsung.

Para Guilherme Campos, Gerente Sênior de Produto da área de TV e Áudio e Vídeo da Sam-

sung Brasil, esse é mais um passo da empresa na constante busca para oferecer sempre o

melhor para o consumidor da América Latina. “O televisor continua sendo a principal plataforma

para assistir conteúdos e, agora em parceria com a HBO, nossos consumidores terão mais uma

excelente alternativa de entretenimento em casa. Com a HBO GO damos aos usuários a opção

de decidir quando e o que assistir em uma tela grande, com a melhor qualidade de imagem e

plataforma Smart com navegação fácil”, afirma o executivo.

QLED 8K + Galaxy S10

Os consumidores que adquirirem as Samsung QLED TVs 8K 2019 no período entre 6 e 21 de

abril, participarão de uma ação exclusiva. Na compra de uma Q900 de 65 polegadas ou mais

(75 polegadas), os compradores poderão desfrutar ao máximo dos produtos premium da marca

e levar, de presente, o smartphone Galaxy S10 para complementar a experiência.

Essa ação ocorrerá por meio de varejistas parceiros e participantes – ou até durarem os

estoques. As vendas oficiais do produto também iniciam dentro do mês de abril com preços

sugeridos a partir de R$ 24.999,00 (65”), R$ 38.999,00 (75”) e R$ 89.999,00 (82”). O mod-

elo de 98” tem previsão de chegada ao mercado brasileiro apenas no segundo semestre

de 2019.

Para mais informações:

Samsung

www.samsung.com.br

HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=_1RR4WVB2BQ

ASSISTA AO VÍDEO, CLICANDO NO LINK ABAIXO:

Page 14: MUSICIAN: O PRELÚDIO DE UMA NOVA ERA (I) - VOL. 12clubedoaudio.com.br/wp-content/uploads/2019/06/avmag250.pdfEGBERTO GISMONTI, COMPOSITOR E MULTINSTRUMENTISTA NEYMAR JR. É TCL QLED

14 ABRIL . 2019

HI-END PELO MUNDO

AMPLIFICADOR EGG-SHELL TANQ DA ENCORE SEVEN

A polonesa Encore Seven, através de sua marca Egg-Shell,

acaba de lançar o amplificador integrado TanQ, que é um val-

vulado com um par de KT88 por canal (válvulas Genalex Gold

ou KR Audio), single ended, classe A, trazendo 20 W por canal

em um gabinete de aço inox e alumínio com chassis flutuante

para os transformadores, pés de aço com borracha para isola-

mento e um ventilador silencioso para ajudar no arrefecimento

do aparelho. Completa o cenário uma válvula Nixie mostrando

o número da entrada selecionada. O preço do integrado TanQ

é de €4.950, na Europa.

www.encore7.com

NOVAS CÁPSULAS GOLD NOTE MACHIAVELLI MKII

Em franco crescimento, a desenvolvedora italiana Gold Note

adicionou à sua linha duas capsulas Moving Coil (MC), os mode-

los Machiavelli Red e Machiavelli Gold MkII. Ambas usam novas

bobinas ultraleves de cobre, com magneto de samário-cobalto, o

que garante saída mais baixa e resposta de frequência estendida,

sendo que o modelo Red usa um diamante com perfil micro-ellip-

tical, e a Gold vem com um diamante Line Contact - desenvolvido

em conjunto com a japonesa Ogura, inventora desse tipo de per-

fil. Os preços ainda não foram divulgados.

www.goldnote.it

NOVAS CAIXAS ALUMINE THREE DA STENHEIM AUDIO

A fabricante suíça de caixas acústicas Stenheim adicionou à

sua linha Alumine a torre modelo Three, que traz um gabinete

de alumínio com um sistema de 3 vias que faz uso de dois

woofers de 8 polegadas em paralelo, um médio de 5,25 pole-

gadas e um tweeter com magneto de neodímio. A resposta de

frequência das Three é de 32 à 35.000 Hz, sua sensibilidade

é de 93 dB e impedância nominal de 8 Ohms. As Stenheim

Alumine Three, que ainda não tiveram seu preço divulgado,

serão lançadas na feira Axpona, em Chicago, ainda no mês

de abril.

www.stenheim.com

Page 15: MUSICIAN: O PRELÚDIO DE UMA NOVA ERA (I) - VOL. 12clubedoaudio.com.br/wp-content/uploads/2019/06/avmag250.pdfEGBERTO GISMONTI, COMPOSITOR E MULTINSTRUMENTISTA NEYMAR JR. É TCL QLED

15ABRIL . 2018

CAIXAS ACÚSTICAS VINNIE ROSSI STILLETO 15

A empresa americana Vinnie Rossi, além de sua bela linha de

amplificadores, prés e integrados, acaba de lançar seu primeiro

par de caixas acústicas, as Stilleto 15, um sistema de 3 vias com

woofer de 15” com cone de papel em open-baffle, e com o mé-

dio de 5.5” (também cone de papel) e o tweeter domo de tecido

ambos em caixa selada. O gabinete é feito de material composto,

em duas grossas camadas, e vem equipado com terminais WBT

0703Cu. Com lançamento oficial previsto para junho, o preço do

par dessas belezas é de US$ 19.995, nos EUA.

www.vinnierossi.com

AMPLIFICADOR INTEGRADO SYNTHESIS NYC200I

A empresa italiana Synthesis, com seu slogan ‘Art in Music’, pro-

duz uma longa série de pré-amplificadores, pré de phono e inte-

grados - valvulados, híbridos e digitais. O amplificador integrado

valvulado NYC200i produz 230 W por canal através de quatro

pares de válvulas KT120, em dual-mono, push-pull ultra linear,

com transformadores de saída desenvolvidos especialmente

para ele. Com controle remoto e ajuste fino de bias controlado

por microprocessador, tem uma etiqueta de preço estimada em

€22.000, na Europa.

www.synthesis.co.it

AMPLIFICADOR QUARK DA EON ART

Sediada na província de Quebec, a canadense Eon Art acaba de

lançar seu integrado modelo Quark - projetado pelo engenheiro

Stephane Hautcoeur - um amplificador classe A+D (híbrido val-

vulado) que é, segundo o fabricante, controlado por computador

tanto em sua performance quanto em seu consumo de energia

e geração de calor, com um som neutro com ultra baixa dis-

torção. O preço aproximado do Quark será de US$ 28.999, na

América do Norte.

www.eon-art.com

Page 16: MUSICIAN: O PRELÚDIO DE UMA NOVA ERA (I) - VOL. 12clubedoaudio.com.br/wp-content/uploads/2019/06/avmag250.pdfEGBERTO GISMONTI, COMPOSITOR E MULTINSTRUMENTISTA NEYMAR JR. É TCL QLED

16 ABRIL . 2019

ENTREVISTA

EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194

Nascido de uma família musical, em 1947, na cidade do Carmo

no Estado do Rio de Janeiro, Egberto Gismonti começou a es-

tudar piano aos seis anos de idade e, na adolescência, também

flauta, clarinete e violão no Conservatório Brasileiro de Música.

Depois, em 1968, estudou música dodecafônica com Jean

Barraqué e análise musical com Nadia Boulanger, na França. Na

década seguinte passou a dedicar-se à música instrumental e

à experimentação, explorando instrumentos como o violão de

Egberto Gismonti

EGBERTO GISMONTI,COMPOSITOR E MULTINSTRUMENTISTA

Christian [email protected]

oito cordas, a flauta e os sintetizadores, e estudando gêneros

musicais como o choro e a música indígena brasileira. Com uma

carreira sólida como compositor, instrumentista e arranjador, e

com uma discografia que excede 50 álbuns, muitos deles gra-

vados por selos europeus, Egberto Gismonti colaborou ou teve

parcerias com vários músicos, entre eles Jane Duboc, Naná

Vasconcelos, Charlie Haden, Jan Garbarek, André Geraissati,

Hermeto Pascoal, Airto Moreira e Flora Purim.

Page 17: MUSICIAN: O PRELÚDIO DE UMA NOVA ERA (I) - VOL. 12clubedoaudio.com.br/wp-content/uploads/2019/06/avmag250.pdfEGBERTO GISMONTI, COMPOSITOR E MULTINSTRUMENTISTA NEYMAR JR. É TCL QLED

17ABRIL . 2018

Carneiro, Tom Jobim, Baden Powell, Geraldinho e Nando Carneiro,

Roberto Menescal, Durval Ferreira, Carlos Monteiro de Souza,

Maestro Gaya, Wilson das Neves, Sergio Barroso, Novelli, Jane

Duboc, Robertinho Silva, Luiz Alves, Nivaldo Ornelas, Hermeto

Pascoal, Victor Assis Brasil, Luis Eça, Maysa, Agostinho dos Santos,

Lozir Viena, Nana Vasconcelos, Mario Tavares, Peter Dauelsberg,

Copinha, Odette Ernest Dias... Foram muitos os amigos que direta ou

indiretamente influenciaram na minha vida artística.

Como é ser intérprete e compositor de música no Brasil?

A trajetória para um músico se realizar profissionalmente é

hoje muito diferente de quando você começou?

É muito bom, sobretudo quando se tem consciência de que o nosso

‘nascedouro musical’ é imenso, diversificado e tão variado como nós

que formamos o povo miscigenado brasileiro. Acho que a trajetória

para um músico hoje é bastante diferente da que percorri. De qual-

quer forma, não posso julgar se é mais ou menos difícil. Os tempos

são diferentes e o meu ponto de vista representa tudo o que vivi e

continuo vivendo. Nenhuma opinião pode ser comparada à outra. A

minha opinião de hoje é consequência da que eu tinha hoje cedo,

ontem ou anteontem.

Vários bons músicos brasileiros têm transitado entre

gêneros, como a música brasileira, o jazz e o erudito.

Como se dá seu contato com os vários gêneros musicais?

Dá-se a partir do que respondi no início: família grande, muito musi-

cal, ouvindo de tudo, mistura de árabes e italianos... Deu nisso.

Gravar é mais importante do que apresentar-se ao vivo?

Qual realiza melhor o processo criativo do músico?

Até alguns anos atrás estive certo de cada forma poderia ser a mais

importante. Hoje, o processo que realmente gosto é apresentar-me ao vivo

e gravando. Os meus discos mais recentes têm sido gravados ‘ao vivo’.

Como é se apresentar e gravar no exterior? Fale um pouco

sobre seu trabalho com o selo alemão ECM.

O exterior pode ser muito grande... A Europa me levou aos Estados

Unidos, que me levou à Ásia. São 40 anos tocando, gravando, ouvindo e

conhecendo pessoas, músicos, fazendo amizades em todos os cantos

do mundo. Acho que se todos os ingredientes necessários funcionarem

bem durante o desenvolvimento de uma carreira, de viagens e apre-

sentações, apresentar-se no exterior ou no Brasil pode criar amizades

com famílias inteiras - quando isso acontece, a música está premiando

todos os músicos. Falar da ECM é como falar de uma relação que se

Como começou seu contato e descobrimento da música?

Minha irmã começou seus estudos de piano e eu fui ouvindo, acom-

panhando e acabei gostando. Quando tinha cinco ou seis anos, descobri

como brincar de imitar minha irmã tocando. Fui tirando as músicas de

ouvido enquanto meus pais foram se animando, até que resolveram me

colocar na mesma escola da irmã: Conservatório Brasileiro de Música, em

Nova Friburgo.

Quando e como você soube que iria ser músico?

Por conta da musicalidade da família Gismonti (avô, tio, pai, mãe,

irmãs etc.), devo ter ouvido deles milhares de vezes a afirmação de

que, como o Antônio (meu avô) e o Edgar (meu tio), eu, o Betinho, iria

ser um ótimo músico! Por isso, minha resposta é: nunca pensei em

não ser músico.

Fale-nos sobre como foram seus estudos formais e

informais de música, de sua formação como artista.

O Conservatório Brasileiro de Música em Friburgo correspondia ao

do Rio de Janeiro, que era, nas disciplinas e matérias, uma extensão

do Conservatório de Música de Paris. Isso fez com que eu estudasse,

em paralelo aos anos do curso de piano, matérias necessárias aos

que pretendessem ser intérpretes (música europeia), compositores

(baseado nos princípios da música europeia) ou professores de piano

e música. Os cursos de Teoria Musical, Canto Orfeônico, Harmonia,

Composição, Contraponto, Fuga, Orquestração... foram definitivos

para minha formação. Por outro lado, desde o interesse de ‘brincar

de imitar a minha irmã tocando’, sempre tive vontade de ouvir todo

tipo de música. Minha mãe e suas irmãs cantavam bem na igreja

do Carmo; meu tio Edgar, maior mentor intelectual e musical, era

compositor de dobrados, sambas e hinos (incluindo o da cidade do

Carmo, onde nasci); meu avô Antônio era um compositor maravilho-

so, além de alfaiate; meu pai tocava nos bailes da pensão da cidade;

tio Edgar dirigia a bandinha da cidade; meu avô tocava piano acom-

panhando os filmes mudos... Com tudo isso dentro da família, não foi

difícil crescer sem preconceito musical e, pouco a pouco, procurar a

minha linguagem usando ou transpassando por tantas influências ou

variações musicais.

A formação como artista também dependeu de trabalho, de sorte e

das oportunidades que os anos 70 nos deram, a todos da minha ge-

ração. Mudei-me para o Rio de Janeiro em 1968, ainda com 20 anos.

As primeiras pessoas que conheci já foram inteiramente definitivas

na minha formação artística: Bené Nunes, Dulce Bressane, Geraldo

Page 18: MUSICIAN: O PRELÚDIO DE UMA NOVA ERA (I) - VOL. 12clubedoaudio.com.br/wp-content/uploads/2019/06/avmag250.pdfEGBERTO GISMONTI, COMPOSITOR E MULTINSTRUMENTISTA NEYMAR JR. É TCL QLED

18 ABRIL . 2019

ENTREVISTA

EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194

desenvolveu de forma singular e muito bacana. O diretor e produtor do

selo alemão Manfred Eicher e eu nos permitimos que, pouco a pouco,

nossos trabalhos se misturassem e se transformassem em uma amizade

bastante estável. Evoluímos juntos, ECM e eu. Fizemos muitos discos

usando títulos (dos CDs e das faixas) em português, até chegarmos ao

estágio de coprodutores: ECM e Carmo Produções.

O intérprete e a música brasileira são mais valorizados lá

fora do que aqui?

Depende do ponto de vista. Se considerarmos que quando dize-

mos ‘lá fora’, estamos falando de um mundo de pessoas residentes

de um mundo de cidades e Países, sim; se forem somadas todas

as pessoas que seguem o que eu faço fora do Brasil, certamente o

número pode ser maior do que o do Brasil. Se, por outro lado, con-

siderarmos que o Brasil é a semente dos intérpretes ou da música

brasileira que atravessa oceanos há décadas, a resposta seria não, a

pergunta não procede... uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra

coisa. O melhor disso é poder ter os dois pontos de vista e ficar feliz

por ter sido reconhecido em muitos lugares.

Quem são seus ídolos e inspirações no mundo da música

e fora dele?

Se eu fizesse uma lista dos meus ídolos musicais, encheria muitas

páginas da revista. Explico: aprendi que existem somente dois tipos

de música na minha vida: 1) a que preciso ouvir para viver; 2) a que

certamente precisarei ouvir no futuro. Neste caso é fácil deduzir que

a lista seria imensa. Depois que percebo a dimensão de um compo-

sitor (de qualquer gênero de música), ele passa a residir nas minhas

necessidades cotidianas, as que me fazem viver.

Como o Egberto Gismonti vê o seu futuro?

Houve uma época que eu fazia previsões a cada ano ou a cada

dois, três ou quatro anos. Não acertei em nenhuma das vezes. De

muitos anos para cá, ‘deixo a vida me levar’.

Egberto Gismonti

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19ABRIL . 2018

Page 20: MUSICIAN: O PRELÚDIO DE UMA NOVA ERA (I) - VOL. 12clubedoaudio.com.br/wp-content/uploads/2019/06/avmag250.pdfEGBERTO GISMONTI, COMPOSITOR E MULTINSTRUMENTISTA NEYMAR JR. É TCL QLED

20 ABRIL . 2019

TOP 5 - AMPLIFICADORES INTEGRADOSHegel H360 - 95 pontos (Estado da Arte) - Mediagear - Ed.235Aavik U-300 - 94 pontos (Estado da Arte) - Som Maior - Ed.220Luxman L-590AX MKII - 93 pontos (Estado da Arte) - Alpha Áudio e Vídeo - Ed.229Mark Levinson Nº585 - 93 pontos (Estado da Arte) - AV Group - Ed.221Sunrise Lab V8 MK4 - 92,5 pontos (Estado da Arte) - Sunrise Lab - Ed.234

RANKING DE TESTES DA

ÁUDIO VÍDEO MAGAZINE

Apresentamos aqui o ranking

atualizado dos produtos selecio-

nados que foram analisados por

nossa metodologia nos últimos

anos, ordenados pelas maiores

notas totais. Todos os produtos

listados continuam em linha no

exterior e/ou sendo distribuídos

no Brasil.

TOP 5 - PRÉ-AMPLIFICADORESCH Precision L1 - 104 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.239

D´Agostino Momentum - 100 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.198Audio Research Ref 6 - 98 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.243Luxman C-900U - 98 pontos (Estado da Arte) - Alpha Áudio e Vídeo - Ed.232

Mark Levinson Nº526 - 98 pontos (Estado da Arte) - AV Group - Ed.228

TOP 5 - PRÉ-AMPLIFICADORES DE PHONOTom Evans The Groove+ - 100 pontos (Estado da Arte) - Logical Design - Ed.204

Pass Labs XP-25 - 95 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.170Gold Note PH-10 - 93 pontos (Estado da Arte) - Living Stereo - Ed.249

Esoteric E-03 - 92 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.198Tom Evans The Groove 20th Anniversary - 91 pontos (Estado da Arte) - Logical Design - Ed.185

TOP 5 - FONTES DIGITAISdCS Rossini - 100 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.250dCS Scarlatti - 100 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.183Mark Levinson Nº519 - 99 pontos (Estado da Arte) - AV Group - Ed.230dCS Rossini - 94 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed. 226Luxman D-08u - 91 pontos (Estado da Arte) - Alpha Àudio & Vídeo - Ed.213

TOP 5 - TOCA-DISCOS DE VINILBasis Debut - 104 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.196

Transrotor Rondino - 103 pontos (Estado da Arte) - Logical Design - Ed.186Dr Feickert Blackbird (braço: Reed 3Q) - 95 pontos (Estado da Arte) - Maison de La Musique - Ed.199

AMG Viella V12 - 95 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.189Transrotor Apollon - 95 pontos (Estado da Arte) - Logical Design - Ed.167

TOP 5 - CÁPSULAS DE PHONOMY Sonic Lab Ultra Eminent EX - 105 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.202Air Tight PC-1 Supreme - 105 pontos (Estado da Arte) - Alpha Audio & Video - Ed.196Cápsula MC Murasakino Sumile - 103 pontos (Estado da Arte) - KW Hi-Fi - Ed. 245vdH The Crimson SE - 99 pontos (Estado da Arte) - Rivergate - Ed.212Benz LP-S - 97 pontos (Estado da Arte) - Logical Design - Ed.174

TOP 5 - CAIXAS ACÚSTICASWilson Audio Alexandria XLF - 104 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.200

Evolution Acoustics MMThree - 100 pontos (Estado da Arte) - Logical Design - Ed.176Kharma Exquisite Midi - 99 pontos (Estado da Arte) - Maison de La Musique - Ed.198

Dynaudio Evidence Platinum - 99 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.193Revel Ultima Salon 2 - 98,5 pontos (Estado da Arte) - AV Group - Ed.229

TOP 5 - CABOS DE CAIXATransparent Audio Reference XL G5 - 103,5 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.231Crystal Cable Absolute Dream - 103 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.205Sunrise Lab Reference Quintessence Magic Scope - 101 pontos (Estado da Arte) - Sunrise Lab - Ed.240Sax Soul Ágata - 100 pontos (Estado da Arte) - Sax Soul Cables - Ed.228Nordost TYR 2 - 99 pontos (Estado da Arte) - AV Group - Ed.250

TOP 5 - CABOS DE INTERCONEXÃOTransparent Opus G5 XLR - 105 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.214

Sunrise Lab Quintessence - 102 pontos (Estado da Arte) - Sunrise Lab - Ed.244van den Hul CNT - 100 pontos (Estado da Arte) - Rivergate - Ed.211

Nordost TYR 2 - 99 pontos (Estado da Arte) - AV Group - Ed.250Timeless Guarneri - 99 pontos (Estado da Arte) - Timeless Audio - Ed. 243

TOP 5 - AMPLIFICADORES DE POTÊNCIACH Precision M1 - 106 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.238Goldmund Telos 2500 - 104 pontos (Estado da Arte) - Logical Design - Ed.200Hegel H30 - 99 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.210D´Agostino Momentum - 99 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.185PS Audio BHK Signature 300 - 98,5 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.224

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21ABRIL . 2018

GUIA BÁSICO PARA A METODOLOGIA DE TESTES

Para a avaliação da qualidade sonora de equipamentos de áudio, a Áudio Vídeo Magazine utiliza-se de alguns pré-requisitos - como salas com boa acústica, correto posicionamento das caixas acústicas, instalação elétrica dedicada, gravações de alta qualidade, entre outros - além de uma série de critérios que quantificamos a fim de estabelecer uma nota e uma classificação para cada equipamento analisado. Segue uma visão geral de cada critério:

EQUILÍBRIO TONAL

Estabelece se não há deficiências no equilíbrio entre graves, médios e agudos, procurando um resultado sonoro mais próximo da referência: o som real dos instrumentos acústicos, tanto em resposta de frequência como em qualidade tímbrica e coerência. Um agudo mais brilhante do que normal-mente o instrumento real é, por exemplo, pode ser sinal de qualidade inferior.

PALCO SONORO

Um bom equipamento, seguindo os pré-requisitos citados acima, provê uma ilusão de palco como se o ouvinte estivesse presente à gravação ou apresentação ao vivo. Aqui se avalia a qualidade dessa ilusão, quanto à localização dos instrumentos, foco, descongestionamento, ambiência, entre outros.

TEXTURA

Cada instrumento, e a interação harmônica entre todos que estão tocando em uma peça musical, tem uma série de detalhes e complementos sonoros ao seu timbre e suas particularidades. Uma boa analogia para perceber as texturas é pensar em uma fotografia, se os detalhes estão ou não presentes, e quão nítida ela é.

TRANSIENTES

É o tempo entre a saída e o decaimento (extinção) de um som, visto pela ótica da velocidade, precisão, ataque e intencionalidade. Um bom exemplo para se avaliar a qualidade da resposta de transientes de um sistema é ouvindo piano, por exemplo, ou percussão, onde um equipamento melhor deixará mais clara e nítida a diferença de intencionalidade do músico entre cada batida em uma percussão ou tecla de piano.

DINÂMICA

É o contraste e a variação entre o som mais baixo e suave de um acontecimento musical, e o som mais alto do mesmo acontecimento. A dinâmica pode ser percebida até em volumes mais baixos. Um bom exemplo é, ao ouvir um som de uma TV, durante um filme, perceber que o bater de uma por-ta ou o tiro de um canhão têm intensidades muito próximas, fora da realidade - é um som comprimido e, portanto, com pouquíssima variação dinâmica.

CORPO HARMÔNICO

É o que denomina o tamanho dos instrumentos na reprodução eletrônica, em comparação com o acontecimento musical na vida real. Um instru-mento pode parecer ‘pequeno’ quando reproduzido por um devido equipamento, denotando pobreza harmônica, e pode até parecer muito maior que a vida real, parecendo que um vocalista ou instrumentista sejam gigantes.

ORGANICIDADE

É a capacidade de um acontecimento musical, reproduzido eletronicamente, ser percebido como real, ou o mais próximo disso - é a sensação de ‘estar lá’. Um dos dois conceitos subjetivos de nossa metodologia, e o mais dependente do ouvinte ter experiência com música acústica (e não ampli-ficada) sendo reproduzida ao vivo - como em um concerto de música clássica ou apresentação de jazz, por exemplo.

MUSICALIDADE

É o segundo conceito subjetivo, e necessita que o ouvinte tenha sensibilidade, intimidade e conhecimento de música acima da média. Seria uma forma subjetiva de se analisar a organicidade, sendo ambos conceitos que raramente têm notas divergentes.

METODOLOGIA DE TESTESHTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=ZMBQFU7E-LC

ASSISTA AO VÍDEO DO SISTEMA CAVI, CLICANDO NO LINK ABAIXO:

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HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=7ZKCAQ90ZMW

ASSISTA AO VÍDEO DO PRODUTO, CLICANDO NO LINK ABAIXO:

HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=B6X0RNBA_ZS

ASSISTA AO VÍDEO DO PRODUTO, CLICANDO NO LINK ABAIXO:

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23ABRIL . 2018

TESTE ÁUDIO 1

Foi uma grata surpresa poder por quatro semanas, desfrutar da

companhia do DAC Rossini da dCS, no momento em que também

chegavam para serem amaciados os monoblocos da Audio Resear-

ch: os imponentes M160. Receber, ao mesmo tempo, ‘iguarias’ tão

refinadas, em tempos ainda de ‘vacas magras’, é para realmente

serem apreciadas em toda sua totalidade.

Como me preocupo com a enorme legião de novos leitores (que

não para de crescer a cada mês), sugiro que leiam também o Teste

do CD-Player Rossini, publicado na edição Melhores do Ano 2016

(edição 226).

A linha Rossini agora é composta do CD-Player, do DAC/Clock,

e de um Transporte oferecendo ao usuário a escolha de ficar com o

CD-Player ou optar por Transporte e Conversor separados. No teste

do CD-Player Rossini, escrevi que ele possuía o mesmo ‘DNA’ do

top de linha da empresa, o sistema Vivaldi. Para que o amigo leitor

entenda o que eu quis dizer, terei que voltar um pouco no tempo

e detalhar a assinatura sônica do sistema Scarlatti em relação ao

sistema Vivaldi, para que não paire dúvida em relação às minhas

observações.

Utilizo, em nosso sistema de referência, produtos da dCS desde

2004. Minha primeira aquisição foi o CD-Player Puccini, depois rea-

lizei o primeiro upgrade com a aquisição de seu clock externo. Tive

por um curto período os Paganinis, para depois saltar para o sistema

Scarlatti, no qual estou até hoje (já são quase 7 anos… como o tem-

po voa!). Diria, sem pestanejar, que o Scarlatti foi por muito tempo a

obra prima da dCS, até que seus engenheiros subiram mais alguns

degraus com seu DAC Ring proprietário, e criaram o sistema Vivaldi.

Convivendo por tantos anos com os produtos dCS, e sabendo

das diferenças significativas, mas, ainda pontuais, entre o Paganini

e o Scarlatti, cheguei a duvidar o que os reviews internacionais

DAC DCS ROSSINIFernando [email protected]

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24 ABRIL . 2019

DAC DCS ROSSINI

citavam em um teste AxB entre Scarlatti e Vivaldi. Achei sinceramen-

te que, talvez, houvesse um pouco de ‘empolgação’ pela beleza do

design e do acabamento estonteantes do Vivaldi, e que a beleza

estivesse ‘contaminando’ as observações auditivas!

Ledo engano. Ao ficar uma semana com o sistema Vivaldi em

nossa sala de testes (gentileza de um amigo/leitor que estava em

processo de acabamento em sua sala dedicada), vi e ouvi que as

diferenças entre a nossa referência digital e o Vivaldi eram significati-

vas! Mas, o que mais me encantou foi exatamente o grau de natura-

lidade e folga com que o Vivaldi resolve todas as macro-dinâmicas.

Gravações em que o meu Scarlatti quase dobra os joelhos e joga

a toalha, o Vivaldi resolve com um sorriso no rosto. Com tamanho

conforto auditivo, você pode literalmente escutar (se seu sistema

permitir) as gravações no limite de volume em que foram mixadas. E

esta possibilidade, depois do vigésimo disco, se torna simplesmente

um vício em que você não quer mais abrir mão.

Resignado, após uma semana em que escutei mais de 300 dis-

cos, entreguei o equipamento a quem de direito pertencia e passei

quase uma semana só escutando analógico, para não me frustrar

com a vertiginosa queda que seria voltar ao meu Scarlatti.

Assim, como dizem que o que não se vê o coração não sente, as

obrigações em testar os produtos que chegam a toda semana, me

fizeram ligar meu sistema digital de referência e voltar a vida normal.

Mas, sempre com aquela ideia fixa na cabeça: “a dCS não poderia

utilizar um pouco de todos os filtros personalizados, algoritmos de

mapeamento personalizados selecionáveis, e suas constantes atua-

lizações de software e firmware, e criar um sistema mais acessível?

Então imagine minha alegria quando recebi para teste o CD-Player

Rossini!

Ainda que, na época, estivesse atolado de testes e com o fecha-

mento da edição melhores do ano, abri o Rossini assim que a trans-

portadora chegou e liguei-o imediatamente. Parecia uma criança ao

abrir na noite de natal seu presente desejado por 11 meses! Minhas

observações estão lá para quem desejar ler.

Gostei muito do Rossini, percebi a mesma folga que tanto admirei

no sistema Vivaldi, porém (sempre um, porém), a energia distribuída

com enorme autoridade nas passagens macro dinâmicas não esta-

va lá! Perdendo até para o Scarlatti neste quesito. Fiquei por sema-

nas pensando a respeito, e minha conclusão é que o pacote só po-

deria ser entregue em um sistema Rossini e não em um CD-Player.

Como gosto de acompanhar tudo que a imprensa internacional

solta, li que o clock externo do CD-Player Rossini fez maravilhas

justamente aonde achei que o CD Rossini ficou aquém do Scarlatti.

Melhor silêncio de fundo, maior micro-dinâmica e mais degraus en-

tre o forte e o fortíssimo. Uma luz novamente se acendeu em minha

mente: e se...

E, finalmente, parte dessas elucubrações foram desvendadas,

agora que tive a oportunidade de receber o DAC Rossini para teste.

Com a última atualização, 2.0, do meu sistema Scarlatti, no modo

dual AES/EBU pude usufruir no DAC Rossini de pegar o sinal PCM

e transformar em DSD. E também pude utilizar o DAC Rossini ligado

ao transporte Scarlatti e o clock Scarlatti, e comparar com o DAC

Scarlatti por quatro semanas, e tirar todas as dúvidas e obter as

respostas que aguardo a tanto tempo.

Mas, antes, vamos a uma descrição do que o DAC Rossini per-

mite. O Rossini possui seis filtros PCM dCS, um filtro MQA e quatro

filtros DSD - tudo projetado pela própria dCS. O filtro dCS M1 MQA,

segundo o fabricante, atende integralmente todos os 16 coeficientes

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25ABRIL . 2018

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26 ABRIL . 2019

de filtro MQA possíveis, sem ter adaptação para compensar limita-

ções ou erros do conversor D/A.

Ainda segundo os engenheiros da dCS, há dois aspectos na im-

plementação MQA do dCS que são diferentes dos outros fabrican-

tes. Se a codificação do MQA estiver ativada, todo o áudio passa

pelo filtro MQA. No Rossini todos os outros dispositivos dCS (o DAC

ou o streamer) determinam se uma música codificada com MQA

está sendo reproduzida antes de aplicar o filtro.

Os engenheiros depois de longos testes auditivos, optaram por

dar ao usuário do Rossini a possibilidade de selecionar filtros tra-

dicionais da dCS quando ouvindo material MQA, dando ao usuário

flexibilidade na escolha de qual filtro usar.

Os controles e todos os recursos do Rossini (incluindo a sele-

ção de filtros) pode ser feito através de aplicativos dCS iOS, e este

aplicativo permite que o usuário reproduza músicas de um servidor

UPnP/DLNA, do Tidal ou mesmo de um pendrive conectado direta-

mente ao Rossini. E, para os que desejam total flexibilização, tam-

bém é possível a reprodução via AirPlay e de Spotify.

As saídas analógicas do Rossini podem ser configuradas em 2V

ou 6V. Eu sempre usei 6V em todos os meus dCS.

Para o teste ouvimos o transporte Scarlatti ligado em dual AES/

EBU com os cabos digitais Transparent Audio Reference XL, e em

uma entrada AES/EBU ligado pelo nosso cabo de referência Crystal

Cable Absolute Dream.

O Heber me fez a s honras de apresentar o DAC Rossini no sho-

wroom da Ferrari tocando streaming, e foi uma das poucas vezes

que comprei a ideia de até em um futuro (espero longínquo), ouvir

música nesta plataforma. Claro que a praticidade é um gol de placa,

afinal ter toda sua discoteca à mão, a um toque, tem um ar mágico.

Mas eu sou de uma geração analógica que, a cada 20 minutos,

sempre teve que se levantar para trocar o disco ou virá-lo de lado.

Então levantar para trocar de CD, após uma hora de audição (ou

quase isto), me parece extremamente bom para a saúde!

Os DACs melhoraram muito, certamente. A qualidade do downlo-

ad de alta resolução que podemos comprar também é uma mão na

roda, e o Rossini se mostrou pronto a esta nova era com todo tipo

de entrada digital, para atender a todas estas novas plataformas.

No entanto, meu amigo, se você ouvir um CD em Dual AES/EBU

neste Rossini, o senhor entenderá onde se encontra a mais bela

resolução possível de uma mídia que parece estar também em ex-

tinção! A possibilidade de você extrair o sumo do sumo de seus CDs

favoritos nesta máquina é de nos fazer soltar aquele suspiro de inte-

gral satisfação e reconhecimento daquilo que os discos PCM 16/44

escondiam em suas entranhas. Falo de maior espacialidade entre

os instrumentos, holografia 3D, silêncio de fundo e, principalmente,

naturalidade dos timbres e vozes, e musicalidade.

É como viajar para o futuro mantendo-se no presente, apenas sua

audição e seu cérebro viajam, para descobrir que todos seus CDs

tinham algo a ser ouvido, tinham respostas a muitas passagens que

soavam opacas ou com baixa inteligibilidade. A beleza e magia do

Vivaldi se fazem presentes no DAC Rossini muito mais que no CD-

-Player Rossini, dando a possibilidade do consumidor ter muitas das

características do Vivaldi em um pacote mais realista e condizente

com nossa realidade.

DAC Scarlatti x DAC Rossini

Com a atualização 2.0 também do meu DAC, a comparação ficou

muito mais honesta e verossímil em termos de observações.

A sensação, depois de uma semana inteira debruçado neste com-

parativo, deixou claro que a evolução alcançada pela dCS refinou a

assinatura sônica desta nova geração a tal ponto que determinados

quesitos ficam difíceis de serem comparados. Ainda que estejamos

escutando pequenos grupos com sutis variações dinâmicas, no

DAC Rossini a música sempre soa de forma mais organizada entre

as caixas, com mais planos, mais silêncio entre os instrumentos e

entre as notas, possibilitando um grau de imersão e inteligibilidade

muito maiores.

O DAC Scarlatti, ainda (na minha opinião) só ganha no item micro-

dinâmica. E mesmo assim em gravações de muita excelência téc-

nica. O Scarlatti parece sempre à postos, para não vacilar quando

for preciso. Nunca relaxa totalmente. Já o Rossini é o oposto: está

sempre tranquilo, só colocando as garras de fora quando exigido.

Para quem sempre reclamou do ‘som digital’, esta ‘fórmula’ de in-

teligibilidade com total folga e naturalidade, põe por terra esta ques-

tão em definitivo.

Outra grande diferença entre os DACs foi o corpo harmônico, e a

qualidade do foco e recorte dos instrumentos solistas. Neste quesito

encontra-se a prova da grande evolução desta nova geração, em

mostrar os instrumentos (quando corretamente captados) em seu

tamanho real, com total precisão de espaço. A música se materia-

liza à nossa frente, sem esforço e sem a sensação de reprodução

eletrônica.

Outro grande avanço é que podemos, na calada da noite, escutar

nossos discos em volumes realmente reduzidos sem perder o prazer

e o perfeito equilíbrio tonal. Tudo estará exatamente no lugar, esteja

em volume moderado ou no volume próximo da gravação.

E, por fim, a musicalidade do DAC Rossini é mais envolvente,

quente, sedutora que no DAC Scarlatti, nos fazendo imediatamente

lembrar do sistema Vivaldi.

DAC DCS ROSSINI

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27ABRIL . 2018

CONCLUSÃO

O avanço no digital é cada vez maior e mais preciso. Lamento

apenas que, justamente agora em que o digital atinge sua maturi-

dade, as mídias físicas estejam a desaparecer. Me desculpem todos

os que defendem as mídias virtuais, mas a comparação ainda não

é possível - a diferença ainda é totalmente audível em um sistema

digital deste nível.

E para os que desejam um sistema Estado de Arte deste nível,

subjugar ou abandonar a mídia física será um erro tão grande quanto

ter vendido sua coleção de LPs a preço de banana!

O DAC Rossini pertence a esta seleta geração de digitais que atin-

giram um grau de refinamento que permite a todos os apaixonados

por música desfrutarem de seus discos com um prazer inimaginável

cinco anos atrás!

Se este é seu objetivo, amigo leitor, de chegar ao nirvana sonoro,

e redescobrir todos os seus CDs, sem nenhuma exceção, ouça o

PONTOS POSITIVOS

Um DAC Estado da Arte, compatível com todas as mídias

disponíveis em estéreo.

PONTOS NEGATIVOS

O preço, sempre a pedra no sapato.

sistema digital com o DAC Rossini em sua sala e descubra o que

significa a plenitude em inteligibilidade e a ausência total de fadiga

auditiva!

E para aqueles que já estão na nova onda de streamer, um produ-

to que atende a todos os seus anseios com enorme competência e

qualidade sonora.

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28 ABRIL . 2019

ES

PE

CIF

ICA

ÇÕ

ES

Atualizações de software

Controle local

Fonte de alimentação

Consumo

Sistemas operacionais

Dimensões (L x A x P)

Peso

Através de mídia CD-R, ou através do app dCS Rossini

App dCS Rossini, interface RS232 (para automação), controle remoto infravermelho opcional

100, 115/120, 220 ou 230/240 V AC em 50-60 Hz (configurado de fábrica)

23 W (28 W máximo)

Windows Vista, 7, 8.1, 10. Mac OSX 10.10. (driver dCS USB é necessário para Windows para modo Audio Class 2

444 x 125 x 435 mm

15.6 kg

VOCAL

ROCK . POP

JAZZ . BLUES

MÚSICA DE CÂMARA

SINFÔNICA

DAC DCS ROSSINI

Equilíbrio Tonal 12,0

Soundstage 12,0

Textura 13,0

Transientes 12,0

Dinâmica 12,0

Corpo Harmônico 13,0

Organicidade 13,0

Musicalidade 13,0

Total 100,0

Ferrari Technologies(11) 5102.2902

US$ 57.000

ES

PE

CIF

ICA

ÇÕ

ES

Tipo

Cor

Tipo de conversor

Entradas digitais

Saídas analógicas

Entrada / Saída de Clock

Ruído residual

Crosstalk

Respostas expurias

Filtros

Upsampling

Upsampling Network DAC.

Prata ou preto.

Topologia Ring DACTM proprietária da dCS.

Interface de rede RJ45 (UPnP assíncrona até 24-bit/384 k nativo, DSD/64 & DSD/128), USB 2.0 com conector B-type (modo assíncrono até PCM 24-bit/384 k e DSD/64 & DSD/128 via DoP), USB-on-the-go com conector type-A (stream assíncrono de pendrive ou hard-disk externo USB até 24-bit/384 k e DSD/64 & DSD/128), 2x AES/EBU com conectores XLR (PCM até 24-bit/192k e DSD/64 - ou usado em par indo até PCM 384kS/s, DSD/64 & DSD/128 ou DSD ‘dCS-encrypted’), 2x SPDIF (RCA e BNC aceitando PCM 24-bit/192 k ou DSD/64 in formato DoP), 1x ótico Toslink (PCM até 24-bit/96 k).

2V ou 6V de nível de saída configurável, balanceadas e RCA

2x conectores BNC (clock de 44.1, 48, 88.2, 96, 176.4 ou 192 kHz)

Em 24-bit: melhor que -113 dB0 (20 Hz - 20 kHz - 6V output setting)

Melhor que -115 dB0 (20 Hz - 20 kHz)

Melhor que -105 dB0 (20 Hz - 20 kHz)

- Modo PCM: 6 filtros variando entre rejeição de imagem Nyquist e resposta de fase - Modo DSD: 4 filters que progressivamente reduzem o nível de ruído fora da banda audível

DXD como padrão, e DSD opcional

DAC DCS ROSSINI

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29ABRIL . 2018

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31ABRIL . 2018

O novo distribuidor no Brasil da Nordost é a AV Group, desde

o segundo semestre do ano passado. No começo de janeiro, eles

nos enviaram uma bela maleta com todos os cabos da linha Norse

da Nordost, com um cabo de interconexão RCA de 2 metros e um

par de 4 m de cabos de caixa. Esta linha, abaixo da linha Valhalla 2,

é constituída dos seguintes modelos: Heimdall 2, Frey 2 e Tyr 2.

O consumidor encontrará nesta série também os seguintes cabos:

USB, Digital Coaxial e AES/EBU e de força.

Com o envio de toda a linha Norse de caixa e interconexão, deci-

dimos começar as nossas avaliações pelo Tyr 2, o mais próximo das

linhas Valhalla 2 e Odin 2, e ir descendo. Assim o leitor terá uma ideia

consistente, dentro de nossa metodologia, de onde cada um desses

cabos se encaixa dentro da marca e, também, qual poderia ser um

upgrade seguro para cada sistema.

Gosto muito da filosofia da Nordost de utilizar em todos os seus

produtos o que eles chamam de construção progressiva. Como os

cabos da linha de entrada Leif, a série Norse 2, utiliza condutores de

cobre OFC banhados à prata, isolamento FEP (teflon) extrudado e

uma construção ajustada mecanicamente.

Outros avanços tecnológicos que, segundo o fabricante, os le-

vam ainda mais perto das linhas Valhalla 2 e Odin 2 em termos

de performance, é o uso de uma tecnologia de mono-filamento de

patente proprietária, que cria um dielétrico de ar virtual enrolando

um filamento em uma espiral precisa ao redor de cada condutor,

antes de colocar uma ‘luva’ em cada condutor. Minimizando o con-

tato com o condutor, e reduzindo drasticamente a absorção dielé-

trica enquanto se amplia o amortecimento mecânico e a precisão

geométrica.

Os cuidados vão além, nesta nova série, com ajustes mecânicos

na construção com comprimentos mecanicamente ajustados para

reduzir a microfonia interna e a ressonância de impedância de alta

frequência.

TESTE ÁUDIO 2

Fernando [email protected]

CABOS DE INTERCONEXÃO E CAIXA NORDOST TYR 2

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32 ABRIL . 2019

CABOS DE INTERCONEXÃO E CAIXA NORDOST TYR 2

Na apresentação do modelo Tyr 2 o fabricante ressalta que seus

atributos sonoros são mais silêncio de fundo, maior arejamento tan-

to em torno dos instrumentos como na apresentação de ambiência

e uma maior faixa dinâmica e, segundo a Nordost, muito mais próxi-

mo dos consagrados Valhala 2 e Odin 2.

O isolamento do Tyr 2 de interconexão é o Etileno Propileno

Fluorado (FEP), em construção com camadas mecanicamente sin-

tonizadas e design duplo de mono-filamento. Os condutores são

7 x 24 AWG, núcleo sólido de cobre OFC 99,999999% banhado à

prata, com capacitância de 33.0 pF/pé, indutância de 0,045 uH/pé,

e velocidade de propagação de 86%.

Para o teste nesses quatro meses utilizamos o Tyr 2 em conjunto

com nossos cabos e também com o Frey 2, para termos uma ideia

exata da assinatura sônica de um setup Norse 2. Em todos os pro-

dutos que estiveram em teste neste período, ou que ainda estão,

temos utilizado direto tanto o cabo de interconexão Tyr 2 como o

de caixa.

Tentei de todas as maneiras, amigo leitor, conseguir um Tyr versão

anterior para conhecer, já que com esta linha Norse nunca havia tido

contato anteriormente. Então meu único recurso foi buscar as ano-

tações referentes ao Valhala 1 e 2, e ao Odin 2 que testei.

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33ABRIL . 2018

Muitos devem se perguntar: mas em que diabos as anotações

pessoais do Andrette podem ajudá-lo? Já que foram feitas com ou-

tros sistemas e em épocas bem distintas! Minhas anotações pes-

soais, que utilizo para registro de minha memória auditiva, vão muito

além de observar o comportamento auditivo de um produto em tes-

te. Geralmente, nessas anotações utilizo nossas gravações ou gra-

vações que nos acompanham desde o pontapé inicial de nossa me-

todologia no longínquo ano de 1999! Nessas anotações eu descrevo

muito mais sensações ou detalhes que me chamaram a atenção,

como por exemplo: texturas, inflexão e técnica vocal e virtuosidade

dos instrumentistas, comportamento do produto em volumes bem

reduzidos, ou em volumes próximos ao limite do que foi mixado. Pla-

nos, em termos de foco, recorte e profundidade e sobretudo o grau

de musicalidade e o grau de imersão no acontecimento musical.

Eu já fazia este processo mental com a mais tenra idade, quando

meu pai, depois do jantar, me perguntava se eu podia ajudá-lo na

escolha de um componente para substituir um original em nossa

fatídica reserva de mercado, em que importar um transistor, um ca-

pacitor ou uma resistência era um parto! E lá ia meu pai, na busca de

uma solução menos ‘nociva’ para aquele equipamento em conserto.

E solicitava meu par de orelhas para ajudá-lo a encontrar uma solu-

ção. Às vezes o ‘caminho das pedras’ já estava sedimentado, outras

inúmeras vezes não.

E foi daí que desenvolvi a técnica de guardar no meu hipocampo

as observações que fazia ouvindo sempre os mesmos trechos de

música no equipamento de nossa casa. Não pensem que depois de

alguns anos eu acertava de primeira. Pelo contrário, à medida em

que minha referência de sistemas foi refinando, com as visitas aos

clientes do meu pai, eu sempre queria que ele arrumasse soluções

melhores. Aí, com sua paciência Zen, lá vinha ele me falar dos ma-

lefícios da reserva de mercado e toda sua dificuldade em conseguir

componentes originais.

Voltando ao que interessa. Ainda que minhas anotações estives-

sem defasadas, foi um norte escolher os mesmos discos e faixas

para escutar o Tyr 2 de interconexão e o de caixa. Desde o primeiro

momento, o que se escuta nos Tyr 2 é uma mistura de folga, com

velocidade e silêncio de fundo cativantes.

Arriscaria dizer que, no cabo de caixas, essas mesmas qualidades

demoram um pouco mais (terá a ver com a construção em mono fi-

lamentos em paralelo, distribuídos em uma larga fita?). Mas, quando

elas surgiram, esta dupla teve um desempenho sônico exemplar!

O RCA possui um grau de compatibilidade excelente, fosse traba-

lhando entre o pré de phono e o pré de linha, ou entre prés e powers,

ou entre DAC e pré de linha. A melhor forma de descrever o Tyr 2

é que, em poucos segundos, seu cérebro para de pensar no que

está ouvindo e se concentra só na música. Sua micro-dinâmica me

deu a nítida impressão de ser superior ao Valhalla 1, e muito mais

próxima do Valhalla 2. E estamos falando de um cabo que custa o

dobro do preço!

Seu caráter sônico é sempre incisivo, retratando o tempo e ritmo

com enorme autoridade e nos brindando sempre com uma folga e

silêncio de fundo que nos fazem perguntar se realmente necessita-

mos mais em termos de performance.

Outra questão levantada, em diversos fóruns, por quem teve o Tyr

1 e realizou o upgrade, fala da melhora no corpo e peso na região do

médio-grave, e a maior extensão tanto nas altas como na primeira

oitava embaixo. Como não ouvi o Tyr 1, não tenho como dar minha

opinião, mas posso testemunhar que no Tyr 2 esta limitação não

existe. Desde as primeiras horas de amaciamento (com 15 horas)

que seu equilíbrio tonal foi excelente. Agudos com grande extensão,

decaimento perfeito (para se ouvir as ambiências), corpo, naturalida-

de no timbre e velocidade.

A região média é de uma beleza digna de cabos muito corretos

e refinados, é palpável e integralmente natural para vozes e instru-

mentos musicais. Os graves possuem aquela solidez tão procurada

nos cabos de referência, com corpo e velocidade também surpreen-

dentes.

À medida em que o amaciamento foi se acelerando, as diferenças

audíveis se concentraram no aumento da largura e profundidade do

palco, e na precisão com que o foco e o recorte se delimitaram en-

tre as caixas. Gosto muito, neste período em que o soundstage vai

se firmando, de ouvir apenas obras sinfônicas ou pequenos grupos

como quartetos de cordas, pois monitoro todos as mudanças no

soundstage (quartetos para observar foco e recorte, e obras sinfôni-

cas para ver a ampliação das camadas dos naipes tanto na profun-

didade como na largura).

O Tyr 2 vai muito além de retratar os planos dos naipes de uma

orquestra, apresentando uma imagem quase holográfica e 3D dos

solistas, tanto em termos de corpo como de silêncio à sua volta.

Com 100 horas, o soundstage se acomodou, e não sofreu novas

alterações significativas.

Também li em alguns fóruns audiófilos que diziam ser o Tyr 1 mais

analítico do que quente, com determinadas eletrônicas. Se esta limi-

tação realmente existia, foi totalmente corrigida na versão 2. Achei o

equilíbrio entre silêncio e musicalidade perfeito. E para aqueles que

desejam entender como avaliamos esta questão, basta se aterem à

dois quesitos de nossa metodologia: textura e micro-dinâmica. Am-

bos não podem sobressair um ao outro. Pois se aquele triângulo no

meio da orquestra soa com o mesmo impacto que o instrumento

solo acredite, meu amigo, seu sistema está realmente puxando para

o analítico, e este grau de informação secundária irá, em audições

mais prolongadas, cansar.

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34 ABRIL . 2019

Por outro lado, se a micro-dinâmica é sempre difusa e as textu-

ras são sempre realçadas com muita ênfase (principalmente instru-

mentos acústicos e sopros), com flautas sempre doces e sedosas

mesmo na última oitava mais aguda, ou trompete com surdina que

parece que a surdina é feita de feltro, você também terá problemas,

pois ainda que encante no começo, seu cérebro irá reclamar que o

instrumento real não soa assim!

Então, conseguir o equilíbrio entre esses dois quesitos mostra

com eficiência o nível de qualquer componente do sistema. Um ami-

go meu baterista sempre diz que, para ele avaliar textura, coloca

para escutar solos com uso de muita caixa com a esteira fechada.

Se a textura está ‘adocicada’ parece que o baterista substituiu a

baqueta por uma meia (claro que isto é uma piada, mas alguns siste-

mas mais contemplativos realmente distorcem e, vou além, também

distorcem a reprodução de transientes).

Nos nossos Cursos de Percepção Auditiva, explicamos com inú-

meros exemplos como todos os quesitos da metodologia interagem

e como nosso cérebro codifica e interpreta essas questões.

O Tyr 2 é muito coerente, e seu silêncio de fundo não se sobrepõe

à apresentação de texturas. Elevando-o ao seleto grupo de cabos

que são superlativos não por destacarem algo, mas sim por apre-

sentarem o todo com forma, equilíbrio e beleza.

Desde o primeiro Blue Haven, testado em 1998, que destaco a

velocidade dos cabos Nordost. Brincava que eles pareciam ser li-

gados no 220V, tamanha facilidade em acompanhar variações com-

plexas em ritmo, tempo e andamento (transientes). Esta qualidade

continua presente mas, como escrevi acima, não em detrimento de

nenhum outro quesito.

Ouvimos os discos do Uakti, I Ching, faixa 3, e de André Geraissa-

ti, Canto das Águas, faixa 5, grudados na poltrona e sem tempo de

respirar, tamanha precisão de ambos (RCA e de caixa).

O corpo harmônico, além de preciso, graças ao seu silêncio de

fundo, nas vozes cria um efeito 3D espetacular! Colocando-os à

nossa frente em nossa sala. Novamente, utilizamos estes exemplos

de corpo para mostrar como nosso cérebro não se engana com re-

produção eletrônica se o corpo e a materialização do acontecimento

musical não for verossímil! Do que adianta uma gravação tecnica-

mente impecável se as vozes e instrumentos possuem o tamanho

de uma pizza brotinho?

Não, meus senhores, nosso cérebro é bem astuto, e não se en-

gana com corpos disformes. E vozes, assim como instrumentos de

cordas e piano, são matadores para verificarmos a qualidade do cor-

po harmônico em nossos sistemas.

CABOS DE INTERCONEXÃO E CAIXA NORDOST TYR 2

Com todos os quesitos equilibrados em um sistema Estado da

Arte, e eis que o milagre ocorre: temos a materialização física do

acontecimento musical à nossa frente e o grau de prazer auditivo

(musicalidade) é proporcional à este equilíbrio.

Os Tyr 2 de interconexão e de caixa são extremamente musicais,

corretos e sempre soaram com uma naturalidade cativante.

Falando sobre a construção do cabo de caixa Tyr 2, o isolamento

a construção não muda em nada. O que muda é a geometria, já

que estamos falando de condutores trabalhando em paralelo como

em uma múltipla pista de autorama (não sei se nossos leitores com

menos de 30 anos irão entender o que desejo dizer com ‘pista de

autorama’),com 26 condutores 22AWG, o mesmo núcleo de cobre

sólido de seis noves de pureza OFC, capacitância de 10,7pF/pé,

indutância de 0.13 uH/pé, propagação de 96%, e terminações ba-

nhadas à ouro ou Z-plug Banana.

Os cabos de caixa, pela sua largura, necessitam ser desenrolados

corretamente, e o ideal é que, se possível, se use os próprios ele-

vadores indicados pelo fabricante. Isto facilita não se correr risco de

tropeço ou ficar pisando no mesmo.

Pela quantidade de fios, é natural que ele necessite do dobro de

tempo de amaciamento (foram 220 horas). No princípio ele toca mais

engessado (principalmente nas duas pontas), seu corpo é menor e

seus planos são bastante tímidos em profundidade e largura da ima-

gem. Mas, a partir de 100 horas os graves ficam sólidos na primeira

oitava, e são notórios pela velocidade, energia e deslocamento de ar.

Ao ouvir a primeira gravação de órgão de tubo, me rendi aos seus

encantos e passei uma semana curtindo gravações com este ins-

trumento, e com baixo acústico e elétrico. Revisitei toda a obra de

Marcus Miller, Pastorius e Mingus. Foi realmente um deleite sonoro!

Sua velocidade torna qualquer gravação com inúmeras percus-

sões, piano solo e bateria, momentos inesquecíveis! Equilibrado

tanto quanto o de interconexão, o Tyr 2 de caixa é uma solução in-

teligente e definitiva para qualquer sistema Estado da Arte, por uma

fração do preço do Odin 2.

CONCLUSÃO

O Tyr 2, como o fabricante afirma, é um passo consistente em

busca do equilíbrio que todo o audiófilo sonha em dar ao seu sis-

tema.

Suas qualidades são tão abrangentes e sua compatibilidade tão

larga que deve ser uma das opções a serem escutadas em qualquer

sistema sinérgico e sem elos fracos, em que apenas falte aquele

cabo para realçar todas as virtudes.

São excepcionalmente construídos (é sempre bom lembrar que a

Nordost antes de se dedicar ao áudio hi-end é o maior fabricante de

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35ABRIL . 2018

ES

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ÇÕ

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TE

RC

ON

EX

ÃO

ES

PE

CIF

ICA

ÇÕ

ES

- T

YR

2 D

E C

AIX

AS

Isolação

Construção

Condutores

Material

Capacitância

Indutância

Cobertura de blindagem

Velocidade de propagação

Terminação

Isolação

Construção

Condutores

Material

Capacitância

Indutância

Velocidade de propagação

Terminações

Etileno propileno fluorado (FEP)

Design duplo mono-filamento com comprimento mecanica-mente configurado

7 x 24 AWG

Cobre OFC 99.99999% sólido com banho de prata

33.0 pF/pé

0.045 μH/pé

97%

86%

RCA Nordost MoonGlo® banhado à ouro

Etileno propileno fluorado (FEP)

Design micro mono-filamento com comprimento mecanica-mente configurado

26 x 22AWG

Cobre OFC 99.99999% sólido com banho de prata

10.7pF/pé

0.13μH/pé

96%

Spade banhado à ouro ou Z-plug Banana

PONTOS POSITIVOS

Equilibrado sonicamente, com enorme quantidade de re-

cursos e uma versatilidade impressionante para sua faixa de

preço.

PONTOS NEGATIVOS

Pela sua performance e construção, nenhum ponto negativo.

AV Group(11) 3034.2954

RCA (1m) - R$ 15.186Cabo de caixa (2m): 340

VOCAL

ROCK . POP

JAZZ . BLUES

MÚSICA DE CÂMARA

SINFÔNICA

CABOS DE INTERCONEXÃO E CAIXA NORDOST TYR 2

Equilíbrio Tonal 12,0

Soundstage 12,0

Textura 13,0

Transientes 13,0

Dinâmica 12,0

Corpo Harmônico 12,0

Organicidade 12,0

Musicalidade 13,0

Total 99,0

cabos aeroespaciais, com exigências que vão muito além do uso do-

méstico de um cabo). Sua assinatura sônica, além de exuberante é

extremamente correta em todos os quesitos de nossa Metodologia.

Altamente recomendado, principalmente para os que já apreciam

a marca, mas não podem ou não desejam gastar o que custa o

Valhalla 2 ou o Odin 2.

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HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=SHDNIAEO9_4

ASSISTA AO VÍDEO DO PRODUTO, CLICANDO NO LINK ABAIXO:

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37ABRIL . 2018

A KW Hifi, importadora de produtos para áudio hi-end, traz para o

Brasil mais uma grande marca de peso e de enorme prestígio mun-

dial, a Grado Labs. Uma empresa familiar com mais de 60 anos

de tradição na fabricação artesanal de fones de ouvido e cápsulas

fonográficas.

Nesta nova leva de importação feita pela KW HIFI veio o fone de

ouvido Grado Reference RS1e, um produto icônico que teve início

em 1996: o primeiro fone da Grado com corpo em madeira de mog-

no tratado. A escolha do mogno vai muito além da estética - as

qualidades audíveis da madeira, em especial do mogno, ébano, e

do jacarandá baiano são bastante conhecidas no meio musical, pois

são utilizadas em instrumentos musicais até hoje! E mesmo com

tanta tecnologia, nenhuma conseguiu produzir um material artificial

que emulasse suas características sônicas de maneira convincen-

te. Alguns clarinetes, por exemplo, utilizam o ABS (Grafotnite) como

uma alternativa economicamente viável ao ébano, mas a diferença

no timbre é gritante! Temos no Brasil um fabricante de acessórios

hi-end que utiliza jacarandá em seus produtos. Temos racks, toma-

deiros e uma infinidade de desacopladores para toca-discos, fontes

e amplificadores, feitos de madeira. Todos em algum grau alteram

o equilíbrio tonal, para melhor ou para pior, e isto vai depender mui-

to da abordagem do fabricante. No caso da Grado, a escolha foi

muito bem-sucedida, pois trouxe ao conjunto RS1 um calor nos

timbres e tamanho do corpo harmônico essenciais para um fone

de referência.

A série Reference vem evoluindo com o passar dos anos, e a ver-

são ‘e’ trouxe melhorias estéticas e funcionais muito interessantes,

como o mogno mais claro que o utilizado no fone anterior, combi-

nando melhor com as cores das roupas, etc, e um processo de cura

da madeira melhorado que trouxe mais equilíbrio entre as frequên-

cias. Com isto, ganhou-se um deslocamento de ar mais natural nos

graves, as transições entre as frequências ficaram mais suaves e os

timbres mais reais, principalmente no médio-grave, o que ajudou

muito a conseguir um equilíbrio tonal ainda mais correto.

FONE DE OUVIDO GRADOREFERENCE SERIES RS1E

TESTE ÁUDIO 3

Juan Lourenç[email protected]

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38 ABRIL . 2019

FONE DE OUVIDO GRADO REFERENCE SERIES RS1E

Os drivers do tipo dinâmico de 50mm utilizam bobinas de cobre

de alta pureza, com uma tolerância máxima entre eles de 0,5 dB, o

que é extremamente baixo para um produto feito à mão! A impe-

dância é de 32 Ohms a 1kHz, e a sensibilidade de 98dB, o que é

maravilhoso para ouvir com smartphones e notebook.

O cabo que liga os drivers possui 8 filamentos de cobre puro OFC,

da própria Grado. O cabo em Y tem comprimento aproximado de

2 metros e terminação P2 3,5 mm, e também é fornecido mais um

cabo extra com terminação fêmea/macho de aproximadamente 4

metros e um adaptador P2/P10.

Para maior conforto, o RS1e possui espuma injetada que se mol-

da perfeitamente ao ouvido, e o descanso de cabeça em couro fle-

xível, muito tradicional nos headphones da marca, ajuda no conforto

e no estilo também, além de ser muito durável. Os ajustadores de

altura em metal permitem que o fone gire em 360 graus com muita

facilidade. O fone é muito leve, aproximadamente 250 gramas, muito

bom para longas audições.

Para o teste utilizamos os seguintes produtos.Fonte: CD-Player

Luxman D06. Amplificadores para fones de ouvido: HIFIMAN EF2C

e Micromega Myzic. Cabo de interligação: Sunrise Lab Quintessence

Magic Scope RCA, e Sax Soul Zafira III. Cabo de força: Sunrise Lab

Reference Magic Scope (para o Micromega).

O fone de ouvido Grado RS1e chegou novinho, e rapidamente

o colocamos para amaciar por aproximadamente 60 horas. Suas

primeiras horas de audição são bastante gostosas de acompanhar,

a região média não soa áspera nem demasiado frontal. Os extremos,

como sempre, têm pouca extensão, mas a pegada no grave está lá

nos dando uma idéia do que o amaciamento ainda esconde. Após

as 60 horas, o fone era outro, o equilíbrio tonal ficou ótimo! Tudo em

seu devido lugar, a região média recuou, os graves agora tinham

mais harmônicos e mais extensão. As vozes ainda eram o ponto alto

do fone, e sua autoridade ao lidar com passagens complexas agora

estava ainda maior!

Então começamos a diversão pelo disco da Dianne Reeves,

Bridges, faixa 4. Nesta faixa o silêncio de fundo apresentado pelo

Grado RS1e é simplesmente maravilhoso. A percussão se mostra

delicada, mas com bastante intencionalidade, as batidas são firmes

e no tempo preciso. A voz dela brota de uma escuridão de tirar o fô-

lego, e a cada palavra ouve-se o engolir de saliva com uma clareza e

sutileza que causa espanto. Os timbres das peles batidas com feltro,

do contrabaixo que anuncia o violão perfeitamente digitado, quase

nos leva ao êxtase auditivo, e quando o piano entra, então somos

arrebatados de vez! Toda a exuberância da música é apresentada

pelo RS1e de uma maneira calma e progressiva, mostrando o quão

azeitados os músicos estavam no momento da gravação. Como diz

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39ABRIL . 2018

o Fernando, “era a boa” e o Grado soube nos mostrar isso sem

deixar margens para dúvida.

Seu som é quente na medida, sem soar ‘valvulado’ demais, claro,

limpo e inteligível sem o risco de soar frio ou analítico principalmente

em gravações comprimidas. Ele nos mostra o que há na gravação,

ao mesmo tempo em que consegue fazer concessões em músicas

mal gravadas - dentro de um limite, claro.

O palco sonoro é muito bom, mas não tão bom quanto o res-

tante dos quesitos. Por exemplo: no disco do Lalo Schifrin, Jazz

Meets The Symphony, faixa 4, os contrabaixos ficam quase na porta

do quintal no canto direito, com o Grado RS1e eles ficam quase

no meio da cozinha, ou seja, é muito bom, mas não é excepcio-

nal como é o caso das extensões e corpo nas altas, texturas de

cima a baixo. Nestes quesitos, ele é irrepreensível. A caixa da bateria

com vassourinha é soberba, os ataques são rápidos e consistentes

com a energia certa. Nada passa em branco aos nossos ouvidos,

ao mesmo tempo em que nada soa pirotécnico ou desproporcional,

puxando nossa atenção para uma única coisa na música, mas para

o todo. Este é, sem dúvida, um fone de referência!

Com tantas surpresas boas, foi inevitável não compará-lo com

o meu Sennheiser HD 700, e para o meu desespero o Grado se

saiu melhor. Então pensei comigo que tenho uma última cartada:

música clássica! Se ele for melhor, então danou-se. Comecei por

Mahler, meu compositor favorito, mas não por suas obras mais fa-

mosas, pois ainda estava apreensivo. Comecei pelo disco Des Kna-

ben Wunderhorn, com a regência de George Szell, selo EMI, faixa

1. Nele o Grado soou como sempre, mais imponente, controlando

melhor os graves, seu silêncio de fundo trouxe os contrabaixos e

tímpano em piano com um deslocamento fantástico. Em vozes, foi

um verdadeiro banho: toda a potência, variação tonal e dicção do

barítono Dietrich Fischer-Dieskau foi apresentada com um realismo

de cair o queixo. Novamente ficou devendo em palco sonoro. Neste

quesito ele é bom, mas não tão bom como eu gostaria que fosse.

Se para jazz, MPB e música clássica ele era matador, faltava ou-

vir um pouco de rock para me declarar oficialmente de queixo caí-

do. Jeff Beck, disco Truth, faixas 5 e 7 - escolhi justamente por ser

uma gravação de 1968 com suas belezas e imperfeições... Tem até

barulho de fita mastigada ou magnetizada na música. Rod Stewart

está simplesmente fantástico, sua voz rouca e potente se destaca

com texturas que parecem que estamos ouvindo caixas acústicas

top. Um deleite só! Não poderia deixar passar um pouco de música

eletrônica também, então fui de Skrillex e Deadmau5. O equilíbrio

tonal e o conforto auditivo do Grado RS1e é muito bom para ouvir

música eletrônica, mesmo com toda a pressão sonora, compres-

sões e afins, o fone transborda conforto e musicalidade. O ‘senão’

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40 ABRIL . 2019

fica por conta dos graves mais profundos e em excesso neste estilo

musical que o Grado não se dá tão bem. Eu não considero isto um

problema - ao contrário, é uma característica que está presente em

muitos dos fones de referência. Ele desce bem, só não desce cheio

em todas as freqüências. Depois dos 50, 45Hz dá uma leve emagre-

cida, nada que tire o prazer de ouvir este e outros estilos musicais

grave-dependentes.

FONE DE OUVIDO GRADO REFERENCE SERIES RS1E

ES

PE

CIF

ICA

ÇÕ

ES

Tipo de transdutor

Princípio de operação

Resposta de frequência

SPL (1mW)

Impedância nominal

Drivers casados

Dinâmico

Aberto

12 - 30.000 Hz

99.8 dB

32 Ohms

0.05 dB

PONTOS POSITIVOS

Leve e confortável. Extremamente musical. Cabo de cone-

xão com ótimo comprimento, e cabo adicional.

PONTOS NEGATIVOS

Cabo poderia ser mais flexível.

KW Hi-Fi(48) 3236.3385

R$ 4.350

VOCAL

ROCK . POP

JAZZ . BLUES

MÚSICA DE CÂMARA

SINFÔNICA

FONE DE OUVIDO GRADO REFERENCE SERIES RS1E

Equilíbrio Tonal 11,5

Soundstage 11,0

Textura 12,0

Transientes 11,0

Dinâmica 11,0

Corpo Harmônico 11,5

Organicidade 10,5

Musicalidade 12,0

Total 90,5

CONCLUSÃO

O fone de ouvido Grado RS1e é um fone que faz jus ao legado da

marca. Suas qualidades superam qualquer expectativa sem esforço.

É um fone moderno feito para audiófilos modernos com as facilida-

des que o mundo de hoje exige sem deteriorar o que há de mais

sagrado para o amante da música: a música!

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41ABRIL . 2018

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43ABRIL . 2018

TESTE VÍDEO 1

Jean [email protected]

Começo o teste falando um pouco sobre tecnologia, citando uma

frase que gosto muito, mas infelizmente desconheço o autor: “Qual-

quer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da mágica”.

Quando as primeiras TVs UHD 4K foram lançadas, os comen-

tárioa mais comuns eram: “Full HD já é muito bom, não vai fazer

diferença” ou “para que comprar uma TV 4K se não há conteúdo

disponível?”. E hoje em dia temos uma grande disponibilidade de

mídias e serviços de streaming em 4K e vemos que a maioria dos

consumidores que vão às lojas adquirir uma TV nem quer mais saber

de TVs Full HD, só querem modelos 4K.

Há alguns anos a emissora de TV NHK do Japão começou a fazer

testes com câmeras e TVs 8K, que lá é chamado de Super Hi-Vision.

E eis que a Samsung, de forma pioneira, lança uma linha completa

de TVs 8K. De imediato estarão disponíveis nas lojas os modelos

Q900 em tamanhos de 65, 75 e 82 polegadas. E no 2º semestre

está prevista a chegada da 98 polegadas.

A Q900 8K foi apresentada como o topo de linha das TVs QLED,

que ainda conta com os modelos Q80, Q70 e Q60, estes 3 últimos

UHD 4K.

TVs Full HD possuem 2 milhões de pixels (1920 x 1080) e TVs 4K

UHD possuem 8 milhões de pixels (3840 x 2160). A Q900 8K possui

33 milhões de pixels (7680 x 4320) e levando em conta que cada

pixel é composto de 3 subpixels (R, G e B), temos um total apro-

ximado de 100 milhões de minúsculas janelinhas de cristal líquido

(LCD)! E cada janelinha LCD tem um par de fios conduzindo uma

pequena carga elétrica que escurece ou clareia a janela, permitindo

a passagem de luz, e consequentemente formando as cores do dis-

play. Portanto, na periferia do painel 8K temos 200 milhões de fios

conectados ao processador de imagens da TV. Fico imaginando a

enorme tecnologia envolvida e a complexidade de manufatura des-

tes painéis. Parece ou não mágica? Até caberia um daqueles emojis

com a carinha de espanto.

TV SAMSUNG 8K 65Q900

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44 ABRIL . 2019

TV SAMSUNG 8K 65Q900

O controle remoto único é praticamente igual à linha 2018. Fo-

ram acrescentadas 3 teclas para acesso direto ao Netflix, Amazon

Prime e Navegador Web. Construído em alumínio, é muito bonito

e robusto. Consegue controlar praticamente todos os equipamen-

tos conectados à TV, como decoder, Blu-ray e Apple TV. Também

possui acionamento através de comandos de voz através do Bixby,

assistente de voz da Samsung, além de ser compatível com Google

Assistant e Alexa (Amazon).

Recursos

A Samsung utiliza na Q900 um processador com Inteligência Ar-

tificial (IA) que faz o upscaling das imagens para 8K. Ele reconhece

partes individuais da imagem, compara com um imenso banco de

dados interno e aprimora a imagem transformando-a em qualidade

próxima a 8K.

O Direct Full Array permite pretos profundos, minimizando a pre-

sença de halos na imagem. Lembrando que a Q900 utiliza pontos

quânticos, oferecendo excelente volume e níveis de cores.

A proteção anti-reflexo foi melhorada e é muito mais eficiente que

todas as TVs testadas por nós. Outra enorme melhoria refere-se ao

ângulo de visão, eterna queixa em relação aos paineis LCD LED con-

vencionais. Na Q900 as cores e contraste permanecem inalterados,

independente do ângulo que o espectador esteja em relação à tela.

A Q900 possui o modo ambiente 2.0. Ao desligar a TV, ao invés

de uma tela preta, você pode ativar o modo ambiente fazendo a TV

Design, Conexões e Controle

A Samsung Q900 tem um design bonito e sóbrio. A moldura é feita

de metal e possui 2 pés bem robustos que suportam bem o peso do

aparelho e garantem boa estabilidade. Há duas opções de montagem

dos pés, próximo às extremidades ou mais perto do centro, conforme

o tamanho do móvel onde ficará apoiado. A TV pode ser montada

na parede usando um suporte padrão VESA ou o suporte exclusivo

No-Gap vendido separadamente que deixa a TV praticamente “gru-

dada” na parede. A parte posterior da TV possui duas reentrâncias

para encaixar e guardar os pés quando não estiverem sendo usados.

A qualidade geral da construção e acabamento são excelentes.

A Q900 possui um painel com iluminação direta (Full Array Local

Dimming ou FALD) e 3.000 nits de pico de brilho máximo em HDR

ou 4.000 nits nos modelos 75 e 82 polegadas, segundo o fabricante.

Há um sistema de micro dimerização local com aproximadamente

480 zonas, permitindo controle bastante preciso de iluminação.

Em sua parte traseira, há uma única conexão para o cabo de fi-

bra óptica de 5 m que liga a TV ao One Connect. Trata-se de uma

central de conexões externa à TV, que inclui 4 HDMIs, 3 portas USB,

Ethernet RJ45, wi-fi, antena RF coaxial e saída de áudio óptica di-

gital. Nesta central são conectados todos os dispositivos que antes

eram conectados diretamente na TV. Opcionalmente pode-se adqui-

rir um cabo de fibra óptica maior com 15 m, permitindo que o One

Connect e outros equipamentos fiquem escondidos longe da TV e

acabando com o problema de vários cabos aparentes.

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45ABRIL . 2018

combinar com o seu espaço através de texturas pré-definidas ou

tirando uma foto da parede de sua sala e a TV irá se adequar à sua

decoração.

O sistema operacional continua muito rápido e eficiente, tornando

a navegação dentro do conteúdo Smart muito prazerosa. A abertura

dos aplicativos e troca de fontes de sinal é sempre muito rápida.

A lista de aplicativos disponíveis é bem grande, incluindo Netflix,

Youtube, Amazon Prime, Globoplay, Tune In, Spotify e Deezer, entre

tantos outros.

A integração com smartphones e dispositivos móveis é muito sim-

ples. Basta instalar o aplicativo SmartThings e você poderá configu-

rar e controlar a TV a partir de seu celular.

Além disso, o app SmartThings permite controlar diversos disposi-

tivos da casa, como luzes, lavadoras, ar-condicionado e fechaduras

compatíveis com o sistema.

Outra grande novidade é a parceria da Samsung com a Apple

que irá disponibilizar um aplicativo iTunes dentro das TVs. Previs-

to para o 2º semestre através de uma atualização de firmware,

o iTunes permitirá aluguel de filmes diretamente na plataforma Apple

sem necessidade de instalar um Apple TV. Também será possível

enviar videos do iPhone para a TV Samsung diretamente através da

função Airplay.

Audio

A Q900 possui falantes na parte inferior e o áudio é aceitável com

boa inteligibilidade, mas ainda assim abaixo do nível da imagem. É

sempre recomendável um bom sistema de áudio ou no mínimo um

soundbar para ter a melhor experiência com sua TV.

Qualidade de Imagem

Podemos notar a diferença entre 4K e 8K em uma tela de 65

polegadas?

Os críticos debateram se o olho humano pode ver a diferença

entre HD e 4K em tamanhos de tela abaixo de 65 polegadas, e as

apostas são ainda maiores para 8K. O 8K realmente pode oferecer

uma diferença visível em uma tela menor que 85 polegadas? A So-

ciedade de Engenheiros de Cinema e Televisão (SMPTE) e a emisso-

ra japonesa NHK dizem que podemos. De acordo com um relatório

do SMPTE, a resolução de 8K é onde a TV atende às limitações do

olho humano, e não 4K, como muitos sugerem.

A NHK apóia essa afirmação, apontando para um estudo condu-

zido em que os espectadores analisaram as mesmas imagens em

uma TV 4K e 8K do mesmo tamanho e em tamanhos variados. As

imagens eram de objetos cotidianos, como um vaso com flores, e os

participantes foram convidados a identificar qual imagem se parecia

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46 ABRIL . 2019

TV SAMSUNG 8K 65Q900

mais com o que eles vêem na vida real. A evidência foi esmagado-

ramente em favor do 8K. Os participantes escolheram a versão 8K

todas as vezes.

O painel 8K da Samsung Q900 mostra pixels realmente minús-

culos. É necessário aproximar o rosto a um palmo para notá-los.

São 4 vezes mais pontos que as TVs 4K e 16 vezes mais que Full

HD. Os clips gravados em 8K são de um detalhamento e riqueza

de detalhes estonteantes. É a natureza vista com uma enorme lupa,

formigas parecem andar sobre a tela e não dentro dela, tamanha a

sensação de profundidade.

Conteúdo Full HD apresenta também grande detalhamento, gra-

ças ao excelente processamento de upscaling, melhor que qualquer

outra TV da atualidade devido aos 33 milhões de pixels. Imaginem

a dificuldade em preencher 30 milhões de pixels inexistentes no

conteúdo original com resultado perfeito, sem parecer artificial ou

granulado.

Filmes 4K HDR realmente se sobressaem na Q900. Pretos profun-

dos sem halos visíveis e picos de branco com brilho extremo, graças

aos 4000 nits de brilho. Tudo isso mantendo enorme contraste e

percepção de todos os detalhes, nas áreas de sombra e nas mais

claras. Após a calibração apresentou cores saturadas e vívidas, mas

sem exagero e mantendo uma naturalidade incrível.

A Samsung Q900 8K é a nova referência em TV LCD LED do mer-

cado atualmente e a melhor TV que já testamos. Mais um sonho de

consumo aos apaixonados por imagem e tecnologia.

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47ABRIL . 2018

Descrição

Design

Acabamento

Características de Instalação

Controle Remoto

Recursos

Automação e Conectividade

Qualidade de Imagem em SD

Qualidade de Imagem em HD e UHD

Qualidade de Áudio

Consumo e Aquecimento

Total

ANÁLISE GERAL

Pontos

11

10

12

09

12

11

13

15

07

10

110

Samsungwww.samsung.com.br

QLED 8K Q900 65” - R$ 24.999QLED 8K Q900 75” - R$ 38.999QLED 8K Q900 82” - R$ 89.999

MÍDIAS UTILIZADAS NO TESTE

• Clips 8K: Pendrive fornecido pela Samsung

• Blu-Ray: Advanced Calibration Disc

• HDR10 Test Pattern Suite

• Blu-Ray: Spears and Munsil – HD Benchmark 2nd Edition

• Blu-Ray: O Quinto Elemento

• Blu-Ray: Missão: Impossível – Protocolo Fantasma

• Blu-Ray: DTS Demo Disc 2013

• Blu-Ray: Tony Bennet – An American Classic

• Mpeg: Ligações Perigosas – 4k HDR

• UHD Blu-Ray: Os Mercenários 3 – 4k HDR

• Netflix 4K e HDR: diversos trechos de filmes e séries

• Amazon Prime 4K e HDR: diversos trechos de filmes e séries

EQUIPAMENTOS

• UHD Blu-Ray Player Samsung

• Blu-Ray Player Sony

• Colorímetro X-Rite

• Luxímetro Digital

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48 ABRIL . 2019

TESTE OBJETIVO DE CALIBRAÇÃO DE IMAGEM

Jean Rothman

A TV Samsung Q900 possui 4 padrões de imagem pré-definidos:

Dinâmico, Standard, Natural e Movie.

O modo “Dinâmico” tem um brilho excessivo e tonalidade extre-

mamente azulada. É um padrão utilizado nas lojas para demonstra-

ção de TVs e não deve ser utilizado em ambiente doméstico, pois

causa enorme fadiga visual e suprime os detalhes das altas luzes.

Tonalidade semelhante foi obtida nos modos “Standard” e “Natural”.

O modo “Movie” esteve bem próximo de D65 (6.500 Kelvin), tem-

peratura de cor adotada como padrão em reprodução de vídeo. Foi

o modo adotado em nossas medições fazendo a calibração para

6.500K.

O controle “backlight” foi ajustado para uma luminosidade de 35fL

(Foot Lambert, unidade de luminância) em ambiente escuro.

Nas medições pré-calibração, o dE médio foi 21,8 e o maior dE

individual de 25,9 (Delta E é uma expressão que indica quão próximo

do branco ideal D65 o resultado se encontra. Abaixo de 3 é conside-

rado visualmente indistinguível do resultado ideal). Após a calibração

obtivemos um dE médio de 1,0, excepcional resultado demonstran-

do excelente linearidade na escala de tons de cinza.

Temperatura de Cor

RGB Chart

Antes

Desvio Cromático

Antes

Depois

Depois

O balanceamento de escalas de cinza (grayscale) apresentou ex-

trema saturação de azul (B) e uma leve baixa saturação de vermelho

(R) e verde (G). Essa diferença foi corrigida na calibração utilizan-

do os controles avançados de cores da TV. O dE médio inicial foi

de 21,7 e após a calibração obtivemos dE 1,0, excelente resultado

cromático.

TV SAMSUNG 8K 65Q900

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49ABRIL . 2018

Equilíbrio RGB (antes) Saturação de Cores

Antes

Equilíbrio RGB (depois)

A curva de Gamma inicial estava muito baixa, com valor mádio de

1,38. Fizemos ajustes utilizando o menu com ajuste em 20 etapas bus-

cando seguir o padrão BT1886. As medições pós-calibração apresen-

taram Gamma médio de 2,34 com valores muito bons em todos os

níveis de estímulo (10% a 90%) e boa linearidade.

Na TV Q900 a Samsung inovou, criando um menu que permite ao

calibrador escolher a faixa de saturações do gamut de cores que deseja

ajustar, 100%, 75% ou 50%. É a primeira TV que vejo com este recurso

que ajuda bastante a obter uma curva mais precisa de saturações.

A taxa de contraste medida foi de 27.984:1, valor excelente para apa-

relhos LCD LED, o melhor resultado em nossos testes até o momento

O resultado cromático pós-calibração foi excelente, apresentando

excelente linearidade das cores primárias e secundárias em toda a es-

cala de saturações.

A Samsung Q900 após calibração mais uma vez elevou nosso pa-

tamar de referência em mais alguns degraus. Uma TV espetacular que

inicia uma nova transição tecnológica, a era do 8K.

Depois

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BIBLIOGRAFIA

O ALVORECER DE UMA NOVA ERAOmar [email protected]

Campo de Trigo com Ciprestes - Vincent van Gogh

No fim do século XIX e início do XX, vieram à tona inúmeras ten-

dências na música, apaixonadamente defendidas por todas as es-

pécies de teorias artísticas e científicas, algumas das quais visando

a se destruírem entre si, mas todas unidas contra o inimigo comum:

Wagner. Muitos desses movimentos originaram-se em Paris, para

onde o centro de interesse voltou-se na virada do século. Com as

óperas de Wagner e as sinfonias de Bruckner e Mahler, a tradição

austro-alemã chegou aos limites de tamanho, de carga expressi-

va e até de inspiração. É a partir daí que começa a dissolução do

Romantismo, realizada por meio de transformações com significação

formal e estética diversas. Caracteriza-se pelas inovações harmôni-

cas, sobretudo nos cromatismos e novos vocabulários da harmonia,

complexos e pessoais, com a música apresentando sonoridades

únicas e inusitadas, sobretudo nos tipos de acordes que exploram

intervalos incomuns e inovadoras combinações sonoras. Dissolução

que pretende apresentar uma nova maneira de conceber a música,

em que são respeitados os valores das formas tradicionais, interca-

lando-os com ideias musicais inovadoras. Os compositores que en-

tão surgem começam a afastar-se das fórmulas românticas exauri-

das, pesquisam outras fontes de inspiração pelas vias do cromatismo

EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194

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51ABRIL . 2018

e da polirritmia e rompem com a velha estética de hierarquia dos

gêneros e de certas convenções do passado. Revelando notável

compreensão do futuro da música no século XX, concebem certas

particularidades da linguagem musical que terão uma repercussão

tão vasta como poucas vezes ocorreu na transformação dos estilos

e estéticas da história da música.

O que algumas décadas antes fora descoberto pela escola dos

pintores impressionistas (Monet, Manet, Renoir e Serat) e dos

poetas simbolistas (Baudelaire, Mallarmé e Verlaine), transfere-se,

finalmente, para o domínio da música, através de Claude Debussy

(1862-1918). Duas particularidades determinam a essência de sua

música, em relação ao que a precedeu: liberdade e prazer. Debussy

não teve dificuldade em sacudir a sujeição, escolhendo o caminho

mais ‘selvagem’ de todos. A sua maneira de ser o leva para a fantasia,

liberdade e aventura; é solitário, irrequieto, silencioso, exceto quan-

do se exalta ou se diverte com amigos que compartilham as suas

ideias. Desde a infância sentia aversão pelos exercícios, os métodos

acadêmicos, apesar de ter conseguido muitos bons resultados no

Conservatório de Paris, mas estuda sem gosto e apenas porque

é necessário. Ele já pressente a sua liberdade futura e escandaliza

tanto os seus condiscípulos quanto os seus professores, inventando

combinações sonoras revolucionárias e proclamando que a música

pode muito bem possuir regras derivando de sua própria lógica,

a qual não tem forçosamente de ser a lógica admitida até então.

Liberta-se, assim, das correntes dominantes: Wagner, a quem

superou intimamente; Brahms, a quem procura em Viena movido

pela admiração, mas que reconhece como sendo representante de

uma geração anterior à sua; Tchaikovsky, cuja obra toda conheceu

através da senhora von Meck, mas que, igualmente, considera um

criador de estilo pessoal; e de seus conterrâneos, Saint-Saëns, D’In-

dy e Gounod, que representam um mundo ao qual não se sente

mais ligado. Ele nada tem a ver com a monumentalidade embria-

gadora da alta burguesia, que se acha convencida de ter tomado o

controle total e absoluto do desenvolvimento material do mundo, da

paz e do progresso; também, não deseja fazer coisas em comum

com o naturalismo que se agita por toda a parte, e se coloca tão dis-

tante do proletarismo quanto do conservadorismo. É um individua-

lista, sensível demais para trilhar o caminho comum em companhia

de grupos maiores.

No entanto, Debussy ficou maravilhado com a música do com-

positor russo Mussorgsky e com a sonoridade dos instrumentistas

indonésios da Orquestra de Gamelão - que se apresentaram por

ocasião da Grande Exposição Mundial de 1889, em Paris - às quais

se rendeu fascinado pelo exotismo. Os sons imaginários de mundos

distantes e estranhos o transportam para um estado de devaneio,

de enlevo. Tudo isso surge em sua fantasia sonora, fazendo-o

romper totalmente com o mundo romântico; ele é o primeiro músico

a afirmar-se dessa maneira, concebendo uma música que já não é

uma íntima confissão, mas que, ao contrário, se objetiva inteiramen-

te. Libertando-se da paixão, a música de Debussy evoca a natureza,

luz e sombra, distância, silêncio, nostalgia, perfumes e cores. O valor

sonoro substitui o expressivo - é a beleza-objeto, o antirromantis-

mo e o fim da hipervalorização do ‘eu’. Essa música apresenta a

ausência de toda a ênfase, de excessos retóricos e sentimentais;

ela flui na leveza, abandonando as grandes formas em troca de co-

lorido e nuanças que recriam uma atmosfera, um sentimento fugaz.

Debussy começa a experimentar em várias direções - utiliza, por

exemplo, a escala de tons inteiros, a escala pentatônica, que, por

si só, já desautoriza, quando não impede, a harmonia tradicional;

deixa dissonâncias sem resolver e usa acordes sem relacionamen-

to visível. Não conhece, assim, nenhum progresso harmônico coe-

rente, nenhum encadeamento de acordes, mas apenas fragmentos

deles. A melodia, a clássica contida ou a romântica transbordante

não têm espaço em tal ‘imagem’, que só consegue trabalhar com

partes de melodia e, também, nenhuma evolução rítmica mais longa,

mas no máximo apenas uma pequena fração dela. Isso faz com que

os acordes, os fragmentos melódicos, as mudanças ou floreados

alcancem um significado próprio. Aqui não há ‘parte pelo todo’: cada

uma é um todo em si mesma. O termo ‘impressionista’, frequente-

mente usado para descrever essa música, só em parte é apropriado:

o próprio Debussy sempre se sentiu mais próximo do movimento

simbolista. Entretanto, suas obras parecem, muitas vezes, evocar

imagens através da sugestão de uma atmosfera e de um estado

de espírito que seriam equivalentes musicais do impressionismo nas

artes visuais.

O Quarteto para Cordas em Sol Menor (1893) ainda se apega à

tradição, a única obra de Debussy que pode ser considerada como

música absoluta no sentido beethoveniano e brahmsiano. Sem ter o

rigor polifônico e a firmeza estrutural das melhores composições do

gênero, esse primeiro e único ensaio é indubitavelmente uma obra

muito significativa. Debussy amalgama aqui, com felicidade, elemen-

tos tão distintos como os modos gregorianos, a música cigana, o

gamelão javanês, os estilos de Massenet e de Franck, sem contar

com os dos russos contemporâneos; utiliza, também, profusamente,

o princípio cíclico da ‘Escola de Franck’, retomando em cada anda-

mento, com algumas variantes, o tema inicial. Também, seguindo

o mesmo padrão tradicional em matéria de estrutura, encontra-se

a fantástica Suíte Bergamasque para piano (1895; revisada em

1905), cujo título foi inspirado no poema Clair de Lune, de Verlaine

(‘Votre âme est um paysage choisi / Que vont charmants masques e

bergamasques...’). Nessa obra de quatro partes se inclui o famoso

Clair de Lune, peça que evoca os cravistas franceses do século

XVIII e que exige tanto a nota musical quanto a sua ressonância.

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52 ABRIL . 2019

BIBLIOGRAFIA

O momento decisivo na carreira de Debussy foi a apresentação ao

público parisiense, em 1894, da sua obra-prima intitulada Prèlude à

L’Après-Midi d’un Faune (‘Prelúdio para a Sesta de um Fauno’),

o início de sua grande viagem para fora da estética tradicional e o

‘divisor de águas’ entre duas épocas. Com base em um poema de

Mallarmé, que descreve os sonhos e desejos de um fauno adorme-

cido sob o sol da tarde, a música é composta por um mosaico belo e

sensual de sonoridades graficamente descritas do conteúdo erótico

do poema. O que ele continha de revolucionário não era o tema -

descrever um ambiente não era nada de novo na música - mas sim a

forma como Debussy dissolvia a harmonia clássica de maneira a for-

mar uma fina bruma e um som vacilante. Assim, de um único traço

breve, o gênio de Debussy iniciou, de maneira discreta (os críticos

acharam-no ‘interessante’, mas não lhe prestaram maior atenção),

a mais radical revolução artística de todos os tempos. Com o Fauno

é esboçado o caminho do atonalismo, é reinventado o ritmo como

legítimo partícipe da composição musical, tanto quanto a harmonia

e a forma; é abandonado o estilo narrativo como única alternativa

e, finalmente, é estabelecida a recuperação das cores naturais e da

individualidade de cada instrumento. E tudo isso em uma única peça

orquestral.

Em 1893, Debussy começou a trabalhar na sua única ópera,

Pelléas e Mélisande, terminando-a somente em 1902; para muitos

é a sua melhor obra. Refere-se a uma estética simbolista, influenciada

por Materlinck (em cuja obra baseou o libreto) e Mallarmé - uma tragé-

dia sem acontecimentos espetaculares, mas de profundidade íntima.

Na realidade, Debussy quis escrever uma obra antiwagneriana,

ou melhor, um anti-Tristão e Isolda, para censurar a primazia da

orquestra, que sufoca a voz humana, e o excesso de manifesta-

ção dos sentimentos. Pelléas e Mélisande corresponde a um drama

genuinamente francês, uma arte intimista, plena de nuanças, em

que a orquestra apenas apoia a declamação musical em ritmo

da língua falada, expressão de sentimentos de amor e angústia,

aristocraticamente contidos.

Essa arte de nuanças também caracteriza o novo estilo pianístico

de Debussy nos cadernos de Estampes (1903), nas coleções de

Images (1905-1907), no delicado humorismo de Children’s Corner

(1908) e nos dois cadernos de Préludes (1910, 1913). Nessas

obras, a fineza prepondera invariavelmente sobre a violência, e

pouco ou nada existe de verdadeiramente heroico. Para Debussy,

o piano é um confidente, não um arauto; insinua muito, mas nunca

proclama; há ocasiões em que retrata e até caricaturiza, mas não

dramatiza no sentido lisztiniano. Assim, no seu piano não existem

ênfases ou veemências, ao contrário, ele exige do intérprete uma

concepção artística capaz de trabalhar pequenos quadros, estados

de espírito e delicados relevos melódicos e harmônicos.

Na música orquestral, Debussy aplica a mesma técnica em seus

três Nocturnes (1899). Ele expôs ao seu editor qual era a sua ambi-

ção ao escrever essas peças: ‘Espero que venha a ser música a céu

aberto e que venha a aumentar o grande bater de asas do vento da

liberdade’. A própria disposição do tríptico (dois andamentos lentos

enquadrando um vivo), o caráter mágico de Nuages, a polirritmia

de Fêtes, a dispersão dos tons em Sirènes, tudo é novo, ousado;

no entanto, a sedução sonora de Nocturnes assegurou o seu êxito.

Aqui, a arte eclipsa a arte. Em La Mer (1905), há uma busca pela

forma mais sinfônica. Seus três movimentos (De l’aube à midi sur

la mer, Jeux de vagues, Dialogue du vent et de la mer - Da aurora

até o meio-dia sobre o mar, Jogo de ondas, Diálogo do vento e

do mar), de magnífica limpidez, transmitem em sons maravilhosos a

magia da água, tão cara aos impressionistas. A obra apresenta um

finale que trabalha temas do primeiro movimento, apesar da peça

central (Jeux de vagues) se desenvolver de maneira muito menos

direta e com maior variedade de cor. Aqueles que esperam encon-

trar em La Mer imagens específicas ficarão frustrados. Debussy não

era um compositor de programa como Richard Strauss, cuja música

o aborrecia - em nenhuma obra sua encontramos acontecimentos

explícitos ou argumentos comparáveis aos de Till Eulenspiegel; ao

contrário, Debussy registrava impressões, uma série de emoções

incontidas, uma evocação da magia do mar mais do que sua apa-

rência, uma meditação sobre seu caráter. Das três Imagens para

orquestra (Gigas, Iberia e Rondas da Primavera; 1912), é Iberia (uma

miscelânea de alusões à Espanha) a mais célebre e que se executa

com maior frequência, sem danos para o conjunto da obra. Não

se trata aqui de um tríptico homogêneo, mas de três evocações

‘visuais’ bem distintas; elas provêm essencialmente de um folclore

imaginário fragmentado para estimular a sensibilidade do ouvinte,

cada uma à sua maneira. Finalmente, o balé Jeux (‘Jogos’), de

1913, tem sido descrito como ‘um belo pesadelo’, e contém

algumas das harmonias e texturas mais estranhas de Debussy, em

uma forma que se movimenta livremente em seu próprio campo de

conexões de motivos. Corresponde à partitura mais ‘moderna’ do

compositor. Originalmente encomendada para o grande bailarino

Nijinsky, sua história trata de jogos e diversões (tênis, namoro) de um

jovem e duas moças; para o ouvinte, apesar de, a princípio, ser uma

obra difícil em sua compreensão, finalmente ela revela uma duradoura

força poética. A música de câmara depois do Quarteto (Sonatas

para Violino e Piano, para Violoncelo e Piano, e a Sonata para

Viola, Flauta e Harpa) são obras de um Debussy ‘tardio’ e de grande

originalidade, em que se manifestam a incerteza e a angústia. O

período feliz passou; acometido por um câncer no reto, deprimido

pela guerra e esgotado pelas lutas que travara com coragem antes

de entrar nessa última fase, Debusssy morre aos 56 anos, em março

de 1918, numa Paris submetida a bombardeios dos alemães.

EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194

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53ABRIL . 2018

Fora da França, Debussy teve um discípulo no que diz respeito

aos truques de orquestração, à preferência por alusões literárias sem

programa propriamente dito e certas particularidades de linguagem

para transfigurar a paisagem e a sensibilidade - o italiano Ottorino

Respighi (1879-1936). Espírito aberto - aberto até demais - a todas

as influências (além da de Debussy, há, também, Rimsky-Korsakov

e Richard Strauss), Respighi tentou, ao mesmo tempo, canalizar os

transbordamentos do verismo triunfante e tornar a ligar-se às mais

novas tradições musicais da sua terra, principalmente os velhos

modos de cantochão; criou uma espécie de música pós-romântica

e impressionista, talvez até neoclássica, apresentada em grandes

afrescos sinfônicos de orquestração saturada de exuberância e sen-

sualidade. Ele é conhecido, principalmente, graças aos seus poemas

sinfônicos, denominados em seu conjunto de ‘trilogia romana’:

As Fontes de Roma (1917), Os Pinheiros de Roma (1924) e

As Festas de Roma (1928); cada uma dessas peças possui qua-

tro evocações executadas sem interrupção, caracterizadas por uma

fineza de coloridos instrumentais, pronunciado gosto pelos contras-

tes dos timbres e sentido melódico certo. Também é encantadora

a sua coleção de três suítes para pequena orquestra, as Árias e

Danças Antigas (1920-1924).

Personalidade fascinante, um dos mais significativos gênios da

música do século XX, homem de sensibilidade delicada que, em

relação a muitos compositores, escreveu pouco, mas só deixou

obras-primas, Maurice Ravel (1875-1937) é quase automaticamen-

te lembrado quando se fala em Debussy, e a recíproca é verdadei-

ra. O que há de comum entre Debussy e Ravel é próprio de uma

época da cultura musical francesa, que foi marcada pela estética

simbolista: o horror ao pleonasmo, à redundância, à exploração dos

velhos modos, ao gosto pelo exotismo, à pesquisa de novas so-

noridades, harmônicas e instrumentais etc. Ambos são opostos ao

wagnerismo, ao franckismo, ao formalismo da Schola. São curiosos

de coisas raras (música, poesia, objetos, pratos culinários), são se-

cretos, sensuais, requintados. Ambos admiram os antigos mestres

franceses, a arte oriental, os poetas simbolistas e Edgar Allan Poe.

Entretanto, as diferenças que há entre os dois músicos, no caráter

e no estilo, são mais determinantes. Candé e Carpeaux as relatam

impecavelmente: ‘Debussy é mais inteligente que Ravel, mas seu

caráter é menos firme; é influenciável, amoral e voluptuoso. Ravel

é moralmente austero e inabalável, sem hipocrisia nem compla-

cência. A música de Debussy evoca a opala, a transparência ou

o reflexo, as linhas esfumadas; a de Ravel o cristal transparente, a

luz viva, a precisão da linha. Debussy esconde a sua erudição; Ra-

vel a sua sensibilidade. Debussy foge das formas pré-concebidas,

detesta as estruturas aparentes; Ravel corrige-as ou enriquece-as,

se submetendo, por jogo ou mania de desafio, às formas mais exi-

gentes (sonata, fuga, passacaglia). O primeiro é um experimenta-

dor sempre insatisfeito; o segundo, um construtor minucioso, que

conhece a fundo o material que utiliza. À influência de Mussorgsky

em Debussy corresponde em Ravel a de Rimsky-Korsakov; o piano

de Debussy descende de Chopin, e o de Ravel de Liszt. A liberda-

de é a nobreza de Debussy, e o rigor a de Ravel. Ao contrário de

Ponte Impressionista (foto)

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54 ABRIL . 2019

BIBLIOGRAFIA

Debussy, lírico e sensível, Ravel é exato e frio (Stravinsky, especialista

em mecânica de precisão, qualificava-o de ‘relojoeiro suíço’). A mú-

sica de Debussy é essencialmente estática e seus pontos fortes são

os acordes isolados; a de Ravel é dinâmica e está em movimento

perpétuo’.

A personalidade de Ravel desenvolveu-se no meio familiar de bur-

gueses abastados, judiciosos e cultos. Nasceu nos Pirineus, mas

foi educado em Paris. Começou a ter lições de piano aos sete anos

e ingressou no Conservatório de Paris em 1889, onde foi aluno de

Fauré. Apesar de ter publicado suas primeiras composições quando

tinha 20 anos, Ravel continuou a estudar no Conservatório até os 30,

polindo uma técnica já estonteante. A década que se seguiu foi o

seu período mais produtivo. Foi um pianista e regente de primeira

classe e tomou parte ativa na criação musical francesa anterior à

Primeira Guerra, dando concertos, escrevendo críticas e compondo

para os Ballets Russes de Diaghilev. Depois da guerra, sua saúde

ficou comprometida e ele passou os últimos dez anos de sua vida

semirretirado, compondo somente uma meia dúzia de obras. Sem

os grandes ímpetos românticos e até desprovida de grandes e res-

sonantes acontecimentos, a vida de Ravel, extremamente simples,

parece ter se desenvolvido como a de um artesão identificado com o

seu trabalho, plenamente dedicado à arte e à amizade. No entanto,

o estudo da sua vida não basta para conhecer Ravel. Deve-se pres-

tar atenção às mínimas inflexões da sua música, porque ela é que,

em última análise, nos revelará a verdadeira figura do compositor.

Ao contrário de muitos outros artistas, Ravel só nos aparece inteiro

e autêntico na sua música, em que pôs toda a sua generosidade,

poesia, alma de criança grande e que ainda hoje continua a manter-

-se pura e maravilhosamente duradoura.

Escrevendo para o piano, Ravel logrou o domínio pleno das so-

noridades, dos coloridos tonais, do sentimento poético, de uma

lúcida inteligência instrumental, do virtuosismo técnico, da descri-

ção sonora, de audazes harmonias e belas expressões melódicas,

marcadas por uma linguagem musical repassada de grande beleza.

Inspirado pelo som da água das fontes, cascatas e riachos, Jeux

D’Eau (1901) é, sem dúvida, a sua primeira autêntica obra-prima; o

fato de Ravel nunca ter tentado orquestrá-la demonstra a quintes-

sência expressiva do piano. Aqui, tudo contribui para o deslumbra-

mento e a forma: um allegro de sonata esconde-se secretamente

por trás de uma escrita nova, original, com seus pedais harmônicos,

traços altivos, desenho melódico modal e arabescos à volta de uma

melodia desenvolvida tanto no grave quanto no agudo. Em 1905,

Ravel escreveu uma coleção de cinco peças de prodigiosa diversi-

dade descritiva e de nítido sabor impressionista, intitulada Miroirs,

das quais Alborada Del Gracioso é a mais conhecida. Essa peça

alia a expressão delicada e ligeiramente irônica a uma vivaz pintu-

ra musical; um ritmo caracteristicamente espanhol é empregado

durante toda a obra, e dele se obtém grande variedade e virtuosis-

mo. O próprio Ravel transcreveu Alborada Del Gracioso para orques-

tra, versão bastante conhecida. A Sonatine (1905) segue a forma da

sonata tradicional, com três movimentos construídos em miniatura e

com a qualidade do equilíbrio na expressão do conjunto. Do impres-

sionismo de Jeux D’Eau e Miroirs, ele parte para o realismo áspero

e fantástico de Gaspard de La Nuit (1908), que já soa moderno.

Inspirado em poemas de Aloysus Bertrand, essa obra contém três

segmentos: Ondine, a descrição de uma ninfa aquática tentando

atrair um mortal ao seu palácio submerso no lago; Le Gibet, que re-

trata o balancear de um cadáver pendurado numa forca, enquanto,

à distância, se ouve o dobrar de sinos; e Scarbo, a representação de

um gnomo perverso em um virtuoso estudo do mundo do grotesco.

Essas peças resumem todas as qualidades da música de Ravel e

de seu gênio, e daí compreende-se a admiração do grande pianista

francês Alfred Cortot, ao afirmar que nelas ocorre ‘um dos exemplos

mais surpreendentes de habilidade instrumental de que jamais deu

provas o engenho dos compositores’. Ma Mère L’Oye (‘A Minha

Mãe Gansa’), de 1908, para piano a quatro mãos, revela o jardim

mágico de Ravel. Os contos de Perrault e de Madame D’Aulnoy

encontram sua magia, virtuosismo poético, mundo de fantasia e de-

licado lirismo. Ravel orquestrou-a, e é essa a versão que hoje se tor-

nou mais conhecida. Entrelaçadas com Schubert, as Valses Nobles

e Sentimentales (1911) correspondem a uma série de sete valsas

cuidadosamente equilibradas do ponto de vista rítmico, de colorido

sensual, revelando afinidades com o tradicional estilo vienense. As

duras harmonias dessa obra, que tanto foram criticadas em sua es-

treia, encobrem, na realidade, um lirismo voluptuoso. Mas as Valsas,

também, representam algo mais: um mundo de languidez, sonho,

ironia e rigor, que em seu epílogo deixa transparecer uma nostalgia,

que arrasta o ouvinte para um deleitoso abandono. Em Le Tombeau

de Couperin (1917), uma suíte de seis movimentos na formas de

danças barrocas, Ravel une o realismo moderno de Gaspard de La

Nuit ao Neoclassicismo, em que nada existe de patético e lastimo-

so, apenas calma e serenidade clássica. Nessa obra, dedicada à

memória de seus amigos mortos na Primeira Guerra Mundial, ele

procurou reconstituir a atmosfera da época de Couperin, numa lin-

guagem intensamente moderna, apesar de toda a sua delicadeza e

graça; dessa peça fez, também, um arranjo de quatro movimentos

para pequena orquestra, omitindo a fuga e a tocata.

Admirador do Classicismo vienense, Ravel escreveu, em 1903,

o Quarteto para Cordas em Fá Maior, um dos poucos grandes

quartetos depois de Beethoven. Engenhosa e sutil, essa obra repre-

senta o ardente e esplêndido esforço da juventude confiante em sua

energia - não tem o encanto do quarteto de Debussy, que admirava

profundamente essa peça de Ravel. ‘Em nome dos deuses da mú-

sica’, escreveu ele ao compositor, ‘não altere nada deste quarteto’.

EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194

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55ABRIL . 2018

Tudo, nessa página, denota uma espantosa mestria ao serviço da

mais absoluta espontaneidade, através do frescor de ideias, riqueza

de sonoridades transparentes e equilíbrio da arquitetura global. No

entanto, a obra-prima da música de câmera de Ravel é o Trio para

Piano e Cordas em Lá Menor (1914). Nele, o que chama a aten-

ção, sobretudo, é a sua liberdade paradoxal, a exuberância plástica

sonora e a fluidez rítmica - não há nenhum tema comum em seus

quatro movimentos, independentes e, cada um, de uma grande

perfeição formal. É uma obra colossal, genial, em que todo o milagre

de Ravel está aí contido, confirmado e patente.

Só em duas ocasiões Ravel escreveu para o teatro, mas deixou

duas obras-primas diametralmente opostas. L’Heure Espagnole

(A Hora Espanhola, 1911) possui simultaneamente algo de farsa, de

ópera-cômica, de pastiche e, sobretudo, de opereta, mas elevada

à perfeição do gênero. A ação dessa farsa (a oficina de um fabri-

cante de relógios), em um ato, permitiu a Ravel se expressar em

todos os tipos de sons orquestrais matraqueantes, tilintantes,

tiquetaqueantes e bimbalhantes (o hobby de Ravel era colecionar

relógios e brinquedos musicais). Contra o fundo fantasioso, de con-

tos de fadas, que esses sons fornecem, ele conta a história farsesca

de um relojoeiro tolo, de sua esposa namoradeira e seu amante sen-

sual, mas desmiolado. Os joguetes de L’Heure Espagnole fazem-nos

pressentir, de forma apenas velada, o que há de trágico em L’Enfant

et les Sortilèges (O Menino e os Sortilégios), ópera-fantasia sobre

um menino malvado cujos bichinhos de estimação, brinquedos,

livros de matemática e até seus pratos e xícaras tomam vida e se

voltam contra ele. Separam as duas obras quase vinte anos, em

que ocorreram acontecimentos perturbadores: a Primeira Guerra

Mundial e a morte da mãe de Ravel, que fez com que o músico

se desmoronasse. Se houvesse que procurar uma explicação para

‘o mistério de Ravel’, bastaria, sem dúvida, reler atentamente a parti-

tura de L’Enfant et les Sortilèges. Todo ele se encontra aí, com o seu

fino pudor, a insaciável sede de pureza e de beleza, a generosidade

de coração. Com tudo o que Ravel soube conservar de ‘criança’ e

de ‘sortilégios’, conjugando a inocência da primeira com o poder

evocador e com os sonhos do segundo, pode-se ilustrar ‘este verde

paraíso dos amores infantis’, de que falou outro poeta igualmente

apaixonado pela pureza: Baudelaire.

Na linhagem dos compositores russos, bem como na de Chabrier,

Ravel fez cantar os instrumentos da orquestra com a mesma varie-

dade que as suas obras para piano, pondo em relevo uma noção

fundamental que a música contemporânea viria a explorar com

grande vantagem - a do timbre instrumental. Com uma orquestra

geralmente mais modesta do que a dos pós-românticos e graças

a uma linguagem harmônica que, apesar de muito pessoal, ainda é

bastante moldada no Classicismo. Orquestrar para Ravel é revelar

a ideia musical sob seu mais luminoso anglo, sem excessos, sem

sobrecargas; é diversificar as cores e fazer ressaltar a individuali-

dade de cada uma, tais como a extrema atenção dada aos diversos

grupos de percussão, às nuanças das madeiras, aos glissandos,

aos trêmulos e às cordas divididas (pode-se contar nada menos de

20 partes em L’Heure Espanhole). É nisso que Ravel é verdadeira-

mente moderno, não somente em suas próprias obras, como nas de

outros compositores que orquestrou com mestria, dentre as quais a

mais célebre, Quadros de uma Exposição, de Mussorgsky.

Originalmente escrita para piano, e depois orquestrada por Ravel,

a Pavana para uma Infanta Defunta apresenta o gosto por um

arcaísmo sonhado e corrigido, por um passado transfigurado. Foi

composta em 1899 para a princesa Edmond de Polignac, da casa

real espanhola. A Pavana é uma lenta e imponente dança tradicio-

nal da Espanha, e Ravel aproveita essa forma para escrever uma

delicada, majestosa e impressionante elegia sobre a morte de uma

princesa. Para a sua primeira grande obra orquestral, a Rapsódia

espanhola (1907), Ravel volta a dois temas que lhe são caros, a

dança e a Espanha, pretextos para um transbordamento de cores

inaudito e que parece desmentir o próprio músico, que não via nessa

composição senão um ‘estudo para orquestra’. Iniciado em 1909

e concluído em 1912, o balé Daphnis et Chloé foi uma obra de

encomenda, sugerida por Diaghilev para os seus famosos Ballets

Russes. Corresponde a uma das obras-primas de Ravel, pela sua

extraordinária beleza, dinâmica e consecução (ritmo, escrita e

orquestração). Essa página musical é bastante conhecida, também,

através das duas suítes orquestrais tiradas dos melhores episódios

do balé. Entre 1919 e 1920, Ravel compõe mais uma obra-prima

revolucionária: La Valse. Ele sempre gostou da valsa vienense

e apreciava especialmente Johann Strauss; no entanto, nessa

época, a vibrante música de Viena soava um tanto desafinada, e

sentiu-se impelido a exprimir, ao escrever esse balé, não só a

alegria da Viena anterior à guerra, mas também o seu desespero

posterior à catástrofe (La Valse começa com um ritmo fresco e doce

de valsa vienense e vai penetrando paulatinamente numa atmosfera

de tragédia). Essa obra tende para o arquétipo: não se intitula ‘uma’

valsa; não vai unida a nenhum adjetivo (‘triste’, como em Sibelius)

nem a um substantivo (‘das flores’, como em Tchaikovsky), mira,

antes, o universal.

Foi em 1928 que, para satisfazer uma encomenda de Ida Rubinstein,

Ravel tentou a ‘aposta’ da recepção à sociedade de um mesmo

tema, sempre semelhante na sua essência e, no entanto, sempre

diferente na sua expressão. Resumido a som essencial, o Bolero não

é, na realidade, mais do que uma trama orquestral sem música, um

longo e progressivo crescendo - uma ousadia, tanto na concepção

quanto na realização. ‘É louco! É louco’, gritou uma mulher na estreia

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56 ABRIL . 2019

de Bolero. Ao ouvi-la, Ravel disse com um sorriso malicioso: ‘Essa,

pelo menos, compreendeu’. De fato, era necessário estar louco para

‘ousar’ escrever uma obra semelhante, para dirigir aquele ‘ensaio

musical’ com tanta audácia, rigor e fé. Apenas três anos separam

o Bolero dos dois concertos para piano. Neles, Ravel abordou, de

novo, com a máxima segurança e êxito, um universo no qual nunca

antes se envolvera. Mas, também, aqui há um paradoxo, porque as

duas obras (compostas ao mesmo tempo) diferem radicalmente. O

Concerto em Sol Maior adota a forma mais clássica e também a

mais estrita: a de Mozart (seu modelo absoluto no plano formal) e

de Saint-Saëns (o efeito brilhante), jogando com a insensibilidade

e a indiferença. Nele, o virtuosismo da escrita pianística é iguala-

do pelo da orquestra (especialmente o dos sopros); é visível, tam-

bém, a influência do jazz, que se apresenta mais marcante na obra

para a mão esquerda. Composto para o pianista Paul Wittgenstein,

que perdera o braço direito na guerra, o Concerto para a Mão

Esquerda (Concert pour la Main Gauche) não continuou o forma-

lismo de Saint-Saëns, mas sim a atmosfera sóbria de La Valse ou

o desmoronamento do Bolero. Encontram-se aqui ressonâncias

dramáticas (com o seu martelar obcecante e as suas incursões no

jazz, nas guinchadas e em uma falsa alegria), a melancolia reprimida

e repressiva, sonoridades fugazes, impulsos contraditórios e ritmos

profundos, provocadores e delirantes. Na realidade, essas últimas

obras soam como uma espécie de testamento estético e íntimo.

Estético, porque nelas Ravel resume as suas últimas aquisições e

os seus mais altos aperfeiçoamentos de artista; íntimo, porque in-

clui nelas a sua derradeira visão de um mundo que já naufragou à

sua volta com a guerra, e que, também, se desmorona dentro de si

próprio.

Com o objetivo de desafiar o Romantismo defunto, surgiu outro

grupo parisiense, o movimento Dadaísta, centrado em torno de

Erik Satie (1866-1925), e igualmente associado a atividades lite-

rárias e artísticas paralelas. Dotado de uma extrema sensibilidade,

um agudo sentido de ironia e espírito ferozmente inconformista,

Satie foi um excêntrico que viveu quase sempre na pobreza, e cujos

métodos absolutamente pessoais influenciaram toda uma geração

de músicos franceses; ele corresponde a uma das personalidades

mais estranhas, curiosas e enigmáticas do mundo da música. Sua

forma de pensar era totalmente diferente das formas de qualquer

outra pessoa, e sua vida era sustentada por pequenos rituais de

comportamento que pareciam loucos até mesmo para os amigos -

vivia sozinho em um quarto cujos portais ninguém jamais teve a

permissão de transpor; colecionava guarda-chuvas às centenas; no

verão ou inverno, e onde quer que estivesse, usava calças listradas

e fraque; deu às suas peças títulos ridículos (como Vestido como

um Cavalo ou Três Peças em Forma de Pera), e dizia a seus intér-

pretes: ‘abram as cabeças’ ou ‘toquem como um rouxinol com dor

de dente’. Representou, no seu tempo, a figura de um composi-

tor obscuro, antiacadêmico e iconoclasta, que quase não alcançou

reconhecimento dos meios musicais e que se afastou por completo

das correntes estéticas da época, tanto as acadêmicas quanto as

vanguardistas. Debussy primeiro o admirou e logo o rechaçou; Ravel

o apoiou e Cocteau o idolatrou. Teve de passar muito tempo para

que, lentamente, fosse reconhecido como um precursor e atingisse

uma glória tardia. Suas inovações começaram a ser reconhecidas

somente a partir de 1911, mas já era tarde para compensar uma

vida de rejeição e alcoolismo; morreu em 1925.

Satie é conhecido, sobretudo, por suas peças para piano;

entre elas, as Sarabandes (1887), as Gymnopédies (1888) e as

Gnossiennes (1890). As primeiras são peças abstratas baseadas

em longínquas melodias de dança, enquanto as segundas, que

se encontram entre as composições mais conhecidas e felizes

de Satie, constituem um enigma devido ao próprio título, que, se-

gundo se diz, é uma alusão à educação infantil grega, com clima

de serenidade nostálgica; são, também, conhecidas em arranjos

para orquestra. Por sua vez, as Gnossiennes, influenciadas pelo

orientalismo da música romena descoberta por Satie na Exposição

Universal de Paris, parecem referir-se à filosofia dos gnósticos,

de ânimo igualmente tranquilo. Compostas como valsas amáveis,

rítmicas e melodiosas, essas peças subverteram a tradicional

sofisticação da música do piano clássico, antecipando o enfoque

em que as nuanças de tonalidade, estrutura dos acordes e dinâmica

vão se tornando mais relevantes.

Além de sua música para piano, Satie é conhecido por um balé

lunático, Parade, e o drama sinfônico Socrate. Lado a lado com

Cocteau, Picasso e Diaghilev, ele produziu o balé cubista Parade

(1917), que escandalizou Paris pela sua sobriedade extrema e efeito

grotesco - obra-prima digna de um Stravinsky francês. O balé de-

screve a passagem de uma parada de circo, e é cheio de palhaça-

das musicais barulhentas e atrevidas. Chocou em sua época porque

a orquestra incluía datilógrafos, pistolas, sirenes de fábrica e motores

de aeroplano; sobrevive, ainda, porque a música é esplendidamente

engraçada como uma comédia pastelão do cinema mudo, transferi-

da para a música. Socrate (1919) é totalmente diferente - apresenta

em música os ‘Diálogos de Platão’, nas passagens concernentes

aos ensinamentos e à morte do filósofo grego Sócrates. Satie dá às

vozes linhas simples e não melódicas para cantar, evitando delibera-

damente a subida e a queda de notas, o que poderia criar emoção,

e as acompanha com acordes igualmente simples, desconectados.

O resultado não é, como pode parecer, monótono, mas refreado e

comovente, tal como ficar ouvindo escondido uma tranquila conver-

sação - exatamente o efeito que o próprio Platão buscava. A aus-

teridade e a simplicidade formal dessa obra, de tranquila beleza,

influenciaram Stravinsky.

BIBLIOGRAFIA

EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194

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57ABRIL . 2018

DISCOGRAFIA SELECIONADA

Debussy

- The Debussy Edition: Boulez / Haitink / Zimerman /

Michelangeli / Uchida / Kocsis etc. / The Cleveland Orchestra

and London Symphony Orchestra - DG 4790056 (18 CDs).

- The Claude Debussy Collection: Boulez / Munch /

Bernstein / Casadesu / Gould / Entremont / Horowitz /

Rubinstein etc. - Sony 88691931792 (18 CDs).

- Obras Orquestrais: Haitink / Beinum / Concertgebouw

O. - Philips ‘Duo’ 438742-2 (2 CDs). Boulez / Cleveland O. /

Berlin Phil. O. (+ Ravel) - DG 4790333 (6 CDs). Rattle /

Birminghan SO / Berliner Phil. O. / London SO (+ Ravel) - EMI

456528 (5 CDs). Boulez / New Philharmonia O. / Cleveland O. /

Orch of the Royal House (+ Pelléas et Mélisande) - Sony ‘Pierre

Boulez Edition’ 8697561752 (5 CDs). Munch / Boston SO -

RCA 2876594162.

- La Mer. Nocturnes: Tilson Thomas / Philharmonia O. - Sony

44654 ou CBS 37832.

- La Damoiselle Elue. Iberia. Prélude a L’Apres-Midi d’un

Faune: Abbado / London SO - DG 423103.

- La Mer. Prélude a L’Apres-Midi d’un Faune: Karajan /

Berliner Phil. (+ Ravel) - DG ‘Galleria’ 427250-2 (1965 / 1966).

- Obras Completas para Piano: Bavouzet - Chandos 10743-5

(5 CDs). Gieseking - EMI 9559172 (4 SACDs) ou 5658552

(4 CDs). Crossley - Sony 88691930732 (4 CDs). Thibaudet /

Kocsis - Decca 4783690 (6 CDs). Kocsis (+Ravel: Concertos

para Piano) - Philips 4757301 (4 CDs).

- Préludes e Images: Arrau - Philips 432304-2 (2 CDs - ‘Arrau

Edition’). Michelangeli - DG 4494382 (2 CDs).

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58 ABRIL . 2019

DISCOGRAFIA SELECIONADA

- Préludes: Zimerman - DG 435773-2 (2 CDs). Freire - Decca

4781111 (+ Clair de Lune; Children’s Corner etc.).

- Études: Uchida - Philips ‘The Originals’ 4757559.427250-2

(1965 / 1966).

- Música de Câmara (Sonatas): Nash Ensemble - Virgin

Classics 561427-2 (2 CDs).

- Quarteto de Cordas: Quarteto Belcea (+ Ravel) - EMI

574020-2. Quarteto Ebene (+ Ravel e Fauré) - Virgin Classics

519045-2.

- Pelléas et Mélisande: Abbado / Ewing / Le Roux /

Van Dam / Ludwig / Wiener Phil. / DG 435344-2 (2 CDs).

Désormière / Jansen / Joaquin / Etcheverry / Orch. Symphonique -

EMI 578226 (3 CDs).

Respighi

- Trilogia Romana: Maazel / Pittsburg SO - Sony 66843. Reiner /

Chicago SO - RCA ‘Living Stereo’ 68079-2. Bernstein / New

York SO - Sony 60174. Dutoit / Montreal SO - Decca 410145-2.

- The Essential Respighi: Ansermet / Kertész / Heltay / Dutoit /

Lopes-Cobos / Maazel / Swiss RO / London SO / Argo CO /

Montreal SO / Cleveland O. - Decca 443759-2 (2 CDs).

Ravel

- The Complete Edition: Dutoit / Abbado / Maazel / Plasson /

Thibaudet / Argerich / Pogorelich etc. / Montreal SO / London

SO / Orch. Du Capitole de Toulouse - Decca 4783725 (14 CDs).

- Obras Orquestrais (completas): Boulez / Cleveland O. /

Berlin Phil. O. (+ Debussy) - DG 4790333 (6 CDs). Martinon /

Orchestre National de L’Ortf / Orchestre de Paris (+ Debussy) -

EMI 7044442 (8 CDs). Abbado / London SO - DG ‘Trio’ 4693542

(3 CDs). Dutoit / Montreal SO - Decca 639702 (4 CDs). Boulez /

New York PO - Sony 45842 (3 CDs).

- Obras Orquestrais (Bolero (1), Alborada del Gracioso (2),

Rapsodie Espagnole (3), Pavane pour une Infante Défunte

(4), Daphnis et Chloé - Suíte 2 (5), Ma Mère L’Oye (6), La

Valse (7), Le Tombeau de Couperin (8)): Järvi / Cincinnati SO -

Telarc 80601 (1, 4, 5 e 6). Boulez / Berliner Phil. - DG 439859

(1, 2, 3 e 5). Munch / Boston SO (+ Debussy: Images) - RCA ‘Living

Presence’ 61956-2 (1, 3 e 7). Paray / Detroit SO (+ Ibert: Escales) -

Mercury 432003-2 (2, 3, 4, 7 e 8). Karajan / Berliner Phil.

(+ Debussy), versão 1965/66 - DG ‘Galleria’ 427250-2 (1 e 5).

- Daphnis et Chloé: Monteux / London SO - Decca ‘Originals’

4757525. Boulez / Berliner Phil. - DG 447057-2. Munch / Boston

SO - RCA ‘Living Presence’ 661388-2 (SACD).

- Concertos para Piano: Zimerman / Boulez / London SO /

Cleveland O. - DG 449213-2. Argerich / Béroff / Abbado /

London SO - DG 423665- 2. François / Cluytens / Orch. de La

Societé des Concerts du Conservatoire - EMI 6783182.

- Obras para Piano (completas): Tharaud - Harmonia

Mundi 9011811/12 (2 CDs). Bavouzet - MDG 604 1190-2.

Perlemuter - Nimbus 771314 (2 CDs). Casadesus - Sony

63316-2 (2 CDs).

- Gaspard de La Nuit. Sonatine. Valses Nobles et

Sentimentales. La Valse: Berezovsky - Teldec 4509 94539-2.

- Miroirs. Gaspard de La Nuit. Le Tombeau de Couperin:

El Bacha - Forlane 1673 (França).

- Quarteto de Cordas: Quarteto Cleveland (+ Debussy) -

Telarc 80111. Quarteto Belcea (+ Debussy) - EMI 574020-2.

- Trio para Piano e Cordas: Florestan Trio (+ Debussy e

Fauré) - Hyperion 67114. Thibaudet / Bell / Isserlis (+ Chausson) -

Decca 4756709 (2 CDs).

- L’Enfant et les Sortilèges: Previn / Michel / Scharley etc. /

London SO - DG 457589-2. Maazel / Ogéas / Collard etc. /

Orch. National de La RTF (+ Stravinsky e Rimsky-Korsakov) -

DG ‘Originals’ 449769-2 (2 CDs).

Satie

- Obras para Piano (completas): Thibaudet - Decca 4736202

(5 CDs). Ciccolini - EMI 7044732 (5 CDs).

- Gymnopédies e Gnossiennes: Thibaudet - Decca 470290-2

(‘The Magic of Satie’). Ciccolini - EMI 5753352 (2 CDs).

- Parade. Relâche. Mercure. Gymnopédies e Gnossiennes

(versão orquestral): Corp / The New London O. -

Hyperion 66365.

BIBLIOGRAFIA

EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194

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59ABRIL . 2018

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60 ABRIL . 2019

O PRELÚDIO DE UMA NOVA ERA (I)Christian [email protected]

PRINCIPAIS COMPOSITORES

BIBLIOGRAFIA

Maurice Ravel: nascido na cidade de Ciboure, no País Basco Francês, perto de Biarritz e da fronteira com

a Espanha, em 1875, filho de um inventor e industrial suíço que tinha grande interesse pela música e cultura

e que, com sua mãe, que era de origem basca espanhola, influenciaram bastante o gosto musical de Ravel.

Logo sua família mudou-se para Paris e, aos seis anos de idade, Ravel começou a ter aulas de piano, harmonia,

contraponto e composição, sendo que seu primeiro recital de piano foi aos 14 anos, em 1889. Preferindo ser

compositor do que intérprete, Ravel e vários compositores contemporâneos foram influenciados pela escola

russa, principalmente por Rimsky-Korsakov, e pela obra de Richard Wagner. Em suas primeiras composições já

demonstrou caráter, espírito e personalidade independentes, o que caracterizaria toda sua produção musical.

Admirador de Mozart e Debussy, teve aulas com Gabriel Fauré, que o considerou muito bom aluno. Logo se jun-

tou a um grupo de artistas ‘renegados’ que se intitulavam Les Apaches, o qual chegou a incluir nomes como Igor

Stravinsky e Manuel De Falla. Após um ferimento na cabeça, em um acidente com um táxi na década de 1930,

Ravel começou a sofrer de afasia, o que o levou alguns anos depois a tentar uma cirurgia, pois acreditavam que

tinha um tumor cerebral. Mal acordou da cirurgia e entrou em coma profundo, vindo a falecer em dezembro de

1937, em Paris, aos 62 anos.

Ottorino Respighi: nascido em Bolonha, na Itália, em 1879. Aprendeu violino e piano com seu pai, que era

professor de piano, e depois violino e viola com Federico Sarti e composição com Giuseppe Martucci no Liceo

Musicale. Formado em violino, em 1899 foi para a Rússia para ser o primeiro violista na Orquestra do Teatro

Imperial Russo, em São Petersburgo, onde chegou a estudar composição com Rimsky-Korsakov durante cinco

meses. Retornou à Bolonha, onde foi o primeiro violino do Quinteto Mugellini até 1908, depois passou um tempo

dedicando-se também à composição e a ensinar composição no Conservatorio di Santa Cecilia, em Roma.

Em 1919, casou-se com a mezzo-soprano Elsa Olivieri-Sangiacomo que, depois, além de promover a obra do

marido, também tornou-se compositora. O célebre maestro Arturo Toscanini foi um grande defensor da obra

de Respighi, chegando a estrear suas obras nos EUA e a gravá-las para o selo RCA Victor. A maior parte de

suas obras é considerada neoclássica, misturando melodias pré-clássicas com formas, harmonias e texturas do

Romantismo do fim do século XIX. Respighi continuou a compor e a apresentar-se até o começo de 1936, quando

uma infecção cardíaca levou-o a falecer em abril aos 56 anos de idade. Um ano depois, seus restos mortais

foram transportados para sua cidade natal, Bolonha.

EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194

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61ABRIL . 2018

LINHA DO TEMPO

1827 - Morre Beethoven.

1859 - Abre a primeira casa de ópera de Nova Orleans, em

Louisiana, nos EUA.

1863 - Nasce o compositor francês Claude Debussy, em

Saint-Germain-en-Laye.

1866 - Nasce o compositor Erik Satie, em Honfleur, na França.

1875 - Nasce o compositor Maurice Ravel, em Ciboure, na França.

1876 - O francês Stéphane Mallarmé escreve o poema O

Entardecer de um Fauno.

1879 - Nasce o compositor Ottorino Respighi, em Bolonha, na Itália.

1883 - Morre Richard Wagner, em Veneza, na Itália.

1888 - César Franck compõe sua Sinfonia em Ré Menor. Nikolai

Rimsky-Korsakov compõe a suíte orquestral Scheherazade.

1890 - Gabriel Fauré finaliza a composição de seu Requiem.

1891 - Abre o Carnegie Hall, em Nova York.

1896 - O maestro Arturo Toscanini rege seu primeiro concerto sinfônico,

em Turim, com obras de Schubert, Brahms, Tchaikovsky e Wagner.

1918 - Morre Debussy, em Paris.

1925 - Morre Satie, em Paris.

1929 - Jean Cocteau escreve sua obra mais famosa, Les Enfants

Terribles.

1936 - Morre Respighi.

1937 - Morre Ravel, em Paris. Pablo Picasso pinta seu famoso

quadro Guernica.

Erik Satie: nascido na região da Normandia, no noroeste da França, em 1866. Sua mãe, uma escocesa, morreu

quando ele tinha sete anos, e seu pai mudou-se para Paris, deixando Erik para ser criado por seu tio Adrien.

Começou a aprender piano com o organista Gustave Vinot, mas logo se mudou para Paris, em 1878, onde ingressou

no Conservatório de Paris aos 14 anos. Doze anos depois foi morar em Montmartre, onde trabalhou como pianista

no Chat Noir e no Auberge du Clou, conhecendo Claude Debussy e o humorista Alphonse Allais - que o apelidou

de ‘Esotérik Satie’. Em 1891 ingressou na Ordem Rosacruz, uma instituição voltada ao esoterismo e, mais tarde,

descontente, fundou sua própria igreja chamada de ‘Igreja Metropolitana de Arte e Jesus como Guia’, da qual era

o único membro e costumava excomungar quem não concordava com suas ideias. Com seu único amor, a mo-

delo Suzanne Valadon, que posava para Degas e Renoir, teve apenas um breve romance. Um dos precursores do

minimalismo, voltou, após os 40 anos, a estudar contraponto e orquestração com Vincent D’Indy e Albert Roussel,

mas logo retornou à boemia parisiense. Sua obra logo atraiu a atenção de Maurice Ravel, Jean Cocteau e Pablo

Picasso, que o considerou uma das mais importantes influências. Após anos de consumo de álcool, faleceu em

julho de 1925, de cirrose.

Claude Debussy: nascido em Saint-Germain-en-Laye, na França, em 1862, filho de uma costureira e do

proprietário de uma loja de louças. Aos cinco anos mudou-se com a família para Paris, mas, devido à Guerra

Franco-Prussiana, refugiaram-se em Cannes três anos depois. Aos sete anos começou a ter aulas de violino com

um violinista italiano e, aos dez anos, entrou para o Conservatório de Paris, onde ficou durante 11 anos tendo aulas

com o compositor Cesar Franck, entre outros. Frequentemente rompendo com a estética e a técnica rigidamente

ensinadas pelo Conservatório, Debussy foi influenciado por Madame Vasnier, uma cantora, e seu marido, que lhes

deram apoio emocional e profissional. Vencendo o Prix de Rome em 1884, foi estudar na Académie des Beaux Arts

e na Villa Medici, em Roma. Porém, Debussy procurava seu próprio caminho, as ideias e a liberdade de formas.

Debussy teve vários casos amorosos em sua vida, comportamento o qual chegou a causar o fim de sua amizade

com o compositor Ernest Chausson. Após 1905, estabeleceu-se em Paris, onde moraria até sua morte por câncer,

em 1918, com sua esposa Emma e sua única filha, Claude-Emma, a qual faleceu no ano seguinte durante uma

epidemia de difteria.

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62 ABRIL . 2019

CURIOSIDADES

- Debussy teve uma grande amizade com outro estudante de

música, o pianista Isidor Philipp. Depois de sua morte, muitos

pianistas procuraram Philipp pedindo conselhos sobre a interpreta-

ção das obras de Debussy.

- Durante os verões de 1880, 1881 e 1882, Debussy acompanhou

Nadezhda von Meck - conhecida por ser a mecenas que finan-

ciava o compositor russo Piotr Tchaikovsky - em suas viagens pela

Europa e Rússia, tocando piano com ela ou mesmo dando aulas

do instrumento aos seus filhos. Apesar dessa conexão, aparente-

mente Tchaikovsky teve pouca ou nenhuma influência artística sobre

Debussy.

- Ao visitar Bayreuth em 1888, Debussy foi grandemente influ-

enciado pelo domínio da forma e pelas harmonias da obra de

Richard Wagner - que havia falecido cinco anos antes - mas não

por seu emocionalismo.

- Quando Debussy conheceu Satie, surgindo daí uma profunda

amizade, ambos os músicos eram boêmios e estavam lutando para

se manterem financeiramente.

- Em 1889, Debussy teve contato com a música da Ilha de Java -

e a partir disso, o uso da escala pentatônica começou a aparecer

em sua obra.

- Em 1904, Debussy, que estava casado com Lilly Texier, conhece

Emma Bardac, a esposa de um banqueiro parisiense que tinha uma

sofisticação que conquistou o compositor. Em julho daquele ano,

Debussy escreveu para a mulher dizendo que o casamento deles

havia acabado, o que levou Texier a tentar o suicídio, ao mesmo

tempo que Bardac era deserdada pela família. No ano seguinte,

fugindo das hostilidades, Debussy e Bardac fogem para a Inglaterra,

onde, aguardando a oficialização do divórcio de Bardac, Debussy

finaliza a composição de uma de suas obra-primas: La Mer.

- Maurice Ravel nasceu quatro dias após a estreia da ópera

Carmen, de Georges Bizet, em 7 de março de 1875.

- Apesar de seu enorme talento natural para a música, Ravel

também dizia ter dentre seus talentos ‘a mais extrema preguiça’,

tanto que seu pai tinha que suborná-lo para que ele seguisse

praticando o piano.

- Quando estava no Conservatório de Paris, Ravel criou uma

grande amizade com o pianista Ricardo Viñes, que acabou sendo o

intérprete para a maior parte de suas obras e, com Ravel, membro

do grupo de artistas chamados de ‘Les Apaches’.

- Após tentar ganhar várias vezes o prestigioso Prix de Rome,

Ravel acabou sendo desclassificado em um mesmo ano onde

os seis finalistas eram todos alunos de Charles Lenepveu, que

era membro da comissão julgadora. O escândalo, chamado pela

imprensa de ‘O Caso Ravel’, acabou por derrubar Lenepveu e

colocar em seu lugar Gabriel Fauré, amigo e professor de Ravel.

- Diz a lenda que o poeta Stéphane Mallarmé estava descontente

pelo seu poema ser usado como base para o Prelúdio ao Entardecer

de um Fauno, de Debussy que, mesmo tendo as melhores intenções

do mundo, a justaposição da poesia com a música era um crime.

- Satie gostava de criar termos e títulos, tanto que por vezes,

quando perguntado qual era sua profissão, respondia que era um

Gimnopedista, termo apropriado de um festival grego dedicado ao

deus Apolo, onde jovens nus dançavam ao som da música da flauta

e da lira.

- Em outras ocasiões, Satie dizia ser um ‘fonometrista’, cujo

significado era ‘alguém que media sons’, em vez de se definir

como ‘músico’.

- Satie era conhecido por ser bem irreverente, sendo famoso por

possuir doze ternos cinzas de veludo, idênticos, e por colecionar

guarda-chuvas e cachecóis, além de ter a mania de comer

sempre que possível apenas comidas brancas, como arroz, ovos,

coco, peixe, nabo e queijo.

- Respighi visitou o Brasil em 1928, o que resultou na obra

Impressões Brasileiras, cuja primeira apresentação foi no mesmo

ano, no Rio de Janeiro. Entre as três peças que compunham a obra,

estava um retrato sinistro de uma visita de Respighi ao Instituto

Butantan, em São Paulo, onde se fazia pesquisas com cobras e

seus venenos.

- Na viagem de volta do Brasil, Respighi conheceu o físico italiano

Enrico Fermi - depois conhecido como um dos pais da Bomba

Atômica - que tentou várias vezes fazer o compositor explicar a

música com termos da física, sem sucesso. Tornaram-se grandes

amigos, até o fim da vida de Respighi, em 1936.

- Após a chegada de Benito Mussolini ao poder, Respighi - que

era apolítico por natureza - tentou se manter neutro, chegando a

deixar que sua música fosse usada para propósitos políticos, mas

apoiando críticos como o maestro Arturo Toscanini, o que permitiu

que eles continuassem trabalhando sob o regime político.

BIBLIOGRAFIA

EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194

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63ABRIL . 2018

OUÇA TRINTA SEGUNDOS DE CADA FAIXA, DO NOVO CD HEITOR VILLA-LOBOS, SINFONIAS Nº 1 E 2:

• Faixa 01

• Faixa 02

• Faixa 03

• Faixa 04

• Faixa 05

• Faixa 06

• Faixa 07

• Faixa 08

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64 ABRIL . 2019

DISCOGRAFIA

O PRELÚDIO DE UMA NOVA ERA (I) - VOL. 12

Christian [email protected]

Os movimentos do Impressionismo e Simbolismo, principalmente

franceses, da música erudita na virada e no começo do século XX,

produziram algumas das peças mais bonitas e complexas da história da

música, e montar este CD foi um trabalho dos mais prazerosos, já que

a maioria das pessoas na redação aprecia profundamente a música de

Debussy, Ravel e Satie - e eu tenho as obras de Respighi entre as minhas

preferidas. É um CD para se ouvir repetidamente, de olhos fechados,

imerso na música, cada vez mais percebendo novas nuances e detalhes.

Boas audições!

FAIXA 1 - ERIK SATIE (1866-1925) - TRÊS GNOSSIENNES -

LENT (1893) - (NAXOS 8.550305, FAIXA 2)

Satie costumava apropriar-se de termos para nomear sua música,

como os usados na arquitetura, por exemplo. No caso das Gnossiennes,

EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194

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65ABRIL . 2018

Satie literalmente inventou o termo que, aparentemente, é derivado de

Gnosticismo, um movimento religioso e filosófico do qual fazia parte.

Todas as Três Gnossiennes foram compostas na década de 1890 e

são, juntamente com suas Sarabandes e Gymnopédies, consideradas

danças. A primeira publicação das Três Gnossiennes juntas foi

em 1913, onde Satie dedicou a primeira ao célebre crítico francês

Alexis Roland-Manuel.

FAIXA 2 - CLAUDE DEBUSSY (1862-1918) - PRELUDE A

L’APRES-MIDI D’UN FAUNE (1894) - (NAXOS 8.570759, FAIXA 1)

O Prelúdio ao Entardecer de um Fauno é um poema sinfônico inspirado

pela obra do poeta simbolista francês Stéphane Mallarmé e que, depois,

originou o balé Entardecer de um Fauno, coreografado pelo russo Vaslav

Nijinsky. Debussy deu à obra a designação de prelúdio porque a intenção

dele era de escrever uma suíte em três movimentos, mas os outros dois

nunca foram compostos. Considerado como o despertar da música

moderna, sua primeira apresentação foi em Paris, em 22 de dezembro

de 1894, regida pelo suíço Gustave Doret.

obra. Esta obra tem uma relação estreita com Les Antiques, do poeta

J. P. Contamine de Latour, que chegou a ser publicada acompanhando

a primeira Gymnopédie, e faz o uso da palavra gymnopaedia, cujo

significado exótico e um tanto intangível chega a ter relações com dança,

nudez e guerra.

FAIXA 4 - MAURICE RAVEL (1875-1937) - JEUX D’EAU (1901) -

(NAXOS 8.556789, FAIXA 7)

Inspirada pelo som da água nas fontes, cascatas e riachos, Ravel

dedicou Jeux D’Eau ao compositor francês Gabriel Fauré que, na época

da composição, era seu mestre. A primeira apresentação pública da

obra foi em 1902, com o pianista espanhol Ricardo Viñes, membro do

grupo Les Apaches e amigo de Ravel que, inclusive, ao longo dos anos,

estreou várias obras do compositor.

FAIXA 5 - CLAUDE DEBUSSY (1862-1918) - LA MER - Nº 3:

DIALOGUE DU VENT ET DE LA MER (1905) - (NAXOS 8.570759,

FAIXA 4)

Com o subtítulo de Três Poemas Sinfônicos, Debussy começou

a composição de La Mer (O Mar, em francês) em 1903, e finalizou-a

em 1905, quando esteve hospedado no Grand Hotel Eastbourne na costa

do Canal da Mancha, no sudeste da Inglaterra. La Mer é considerada a

obra-prima do compositor, revolucionando tanto forma quanto harmonia

e estrutura. A obra estreou em Paris, em 1905, durante a série anual dos

Concertos Lamoureux, sob a regência de Camille Chevillard, não sendo

inicialmente muito bem recebida devido à sua novidade.

FAIXA 3 - ERIK SATIE (1866-1925) - TRÊS GYMNOPÉDIES - Nº 1:

LENT ET DOULOUREUX (ORQ. DE DEBUSSY) (1896) - (NAXOS

8.556688, FAIXA 21)

Três peças curtas para piano solo, cuja forma procurava fugir da

tradição clássica, foram inicialmente compostas em 1888. Porém,

em 1896, Satie estava com problemas de popularidade e de dinheiro, então

seu amigo Claude Debussy orquestrou a primeira - aqui apresentada -

e a terceira Gymnopédie para ajudar a divulgar e popularizar sua

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66 ABRIL . 2019

DISCOGRAFIA

FAIXA 6 - CLAUDE DEBUSSY (1862-1918) - SUÍTE

BERGAMASQUE: III. CLAIR DE LUNE (1905) - (NAXOS 8.570993,

FAIXA 2)

Na década de 1890, quando Debussy já havia desenvolvido sua própria

linguagem musical, ele começou a composição da Suíte Bergamasque -

a qual ele finalizaria e publicaria apenas em 1905. É uma visão do rococó

pelo cinismo moderno, sendo que seu terceiro movimento é uma das

mais conhecidas peças do compositor: Clair de Lune, inspirada no

poema de mesmo nome do poeta simbolista francês Paul Verlaine.

FAIXA 7 - MAURICE RAVEL (1875-1937) - RAPSODIE ESPAGNOLE:

FERIA (1908) - (NAXOS 8.556673, FAIXA 7)

Um dos primeiros grandes trabalhos orquestrais de Ravel - aqui

representado pelo seu quarto movimento - reflete a influência da música

espanhola na obra do compositor, vinda de sua mãe, que era de origem

basca. Inicialmente uma peça para dois pianos, Ravel demorou quase um

ano para orquestrá-la em sua forma final. A obra estreou com a Orquestra

Colonne, sob a regência de seu fundador Édouard Colonne, no Teatro

Chatelet em março de 1908, recebendo elogios do compositor espanhol

Manuel De Falla.

FAIXA 8 - MAURICE RAVEL (1875-1937) - DAPHNIS ET CHLOE,

SUÍTE Nº 2: I. LEVER DU JOUR (1912) - (NAXOS 8.556789, FAIXA 12)

Originariamente um balé, e descrito por Ravel como uma ‘sinfonia

coreográfica’, foi adaptado do texto de mesmo nome do novelista da

Grécia Antiga Longus, sendo uma encomenda do empresário Sergei

Dighilev e estrelado pelo bailarino russo Nijinsky. Sua estreia foi no Teatro

Chatelet de Paris, com a companhia Ballets Russes em junho de 1912,

sob a regência de Pierre Monteux, com Nijinsky e Tamara Karsavina nos

papéis do título. Com quase uma hora de duração, é a obra mais longa

de Ravel.

FAIXA 9 - ERIK SATIE (1866-1925) - PARADE - ACROBATES -

FINAL - SUÍTE AU PRELUDE DU RIDEAU ROUGE (1917) - (NAXOS

8.554279, FAIXA 3)

Com texto do escritor, poeta, dramaturgo e depois cineasta francês

Jean Cocteau, Satie compôs a música original para o balé Parade,

produzido entre 1916 e 1917. O balé foi descrito como um ‘tipo de

surrealismo’, três anos antes do início do movimento cultural e artístico

chamado de Surrealismo. O balé foi estreado pela companhia Ballets

Russes, de Sergei Diaghilev, em maio de 1917, no Teatro Chatelet de

Paris, com coreografia de Léonide Massine, cenários e figurinos do

artista Pablo Picasso, e a orquestra dirigida pelo célebre maestro suíço

Ernest Ansermet.

FAIXA 10 - OTTORINO RESPIGHI (1879-1936) - ÁRIAS E DANÇAS

ANTIGAS, SUÍTE Nº 2 - IV. BERGAMASCA: ALLEGRO (1923) -

(NAXOS 8.553546, FAIXA 8)

Além de compositor e intérprete, Respighi era também um musicólogo

estudioso da música italiana dos séculos XVI, XVII e XVIII, chegando a

publicar edições da música de compositores como Vivaldi, Marcello e

EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194

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67ABRIL . 2018

OUÇA UM MINUTO DE CADA FAIXA DO CD HISTÓRIA DA MÚSICA - O PRELÚDIO DE UMA NOVA ERA (I) - VOL. 12:

• Faixa 01

• Faixa 02

• Faixa 03

• Faixa 04

FAIXA 11 - OTTORINO RESPIGHI (1879-1936) - OS PINHEIROS

DE ROMA - PINHEIROS PRÓXIMOS A UMA CATACUMBA (1924) -

(NAXOS 8.550539, FAIXA 10)

Os Pinheiros de Roma é o segundo dos poemas tonais ou sinfônicos

da trilogia romana de Respighi, com quatro movimentos cada um,

descrevendo pinheiros em várias partes de Roma e em diferentes horas

do dia. Estreou no Teatro Augusteo de Roma, em dezembro de 1924,

Monteverdi. Esse trabalho acabou por influenciar a composição das

três suítes de Árias e Danças Antigas. Composta em 1923, seis anos

depois da primeira suíte, a segunda suíte foi baseada em peças de

compositores da Renascença como Fabrizio Caroso e Jean-Baptiste

Besard, entre outros.

sob a direção do maestro italiano Bernardino Molinari. Dois anos depois,

Arturo Toscanini, popularizador das obras de Respighi, inaugurou a obra

frente à Filarmônica de Nova York.

FAIXA 12 - OTTORINO RESPIGHI (1879-1936) - AS FESTAS DE

ROMA - FESTIVAIS DA COLHEITA EM OUTUBRO (1926) - (NAXOS

8.550539, FAIXA 3)

Terceiro e último dos poemas sinfônicos da trilogia romana, com

cada um de seus movimentos descrevendo uma cena de celebração na

Roma Antiga, e o terceiro movimento representando a colheita e a caça.

Da trilogia, é a obra mais longa e exigente, sendo a menos apresentada

e, portanto, a menos conhecida das três. Estreou com a Orquestra

Filarmônica de Nova York, em 1929, no Carnegie Hall, sob a regência do

célebre Arturo Toscanini.

• Faixa 05

• Faixa 06

• Faixa 07

• Faixa 08

• Faixa 09

• Faixa 10

• Faixa 11

• Faixa 12

PROMOÇÃO CD HISTÓRIA DA MÚSICA SINFÔNICA O PRELÚDIO DE UMA NOVA ERA (I) - VOL. 12

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68 ABRIL . 2019

ESPAÇO ABERTO

Mirou no rato e acertou o elefante!

Esta frase era dita pela mãe do meu pai, vó Angelina, uma flor de formosura, que sempre estava a cuidar dos netos como se fossem a maior preciosidade de sua vida.

Uma cozinheira de quitutes como poucos, arte que aprendeu nos anos em que meu avô Antônio possuía uma mercearia na rua de uma feira, no bairro da Penha, na capital paulista.

Vó Angelina e minha tia Cidinha, a caçula de 10 filhos (9 mulheres e só meu pai de homem), iam para a cozinha logo ao amanhecer de sexta-feira para preparar esfihas, coxinhas, empadinhas e quibes para abastecer a fome dos feirantes no domingo. O cheiro das es-fihas assando no sábado de noite impregnava a casa de tal maneira que era impossível não pedir para vó Angelina separar uma para cada neto. Ela colocava um quitute de cada, embrulhado em um guardanapo, com o nome de cada neto e deixava no forno, para quando a fome batesse.

Meu pai era o encarregado de cuidar da chapa e preparar os san-duíches de mortadela, churrasco com vinagrete e misto-quente. Às vezes eram tantos pedidos ao mesmo tempo que ele se embaralha-va todo - mas nunca deixou transparecer suas dificuldades naquela loucura que era o entra e sai de feirantes.

Gostava muito de estar ali com ele, pois me livrava da missa do-minical, toda em latim. Sim, meus amigos, sou tão velho que ouvi muita missa em latim, e todo aquele senta e levanta e ajoelha. Não entendia absolutamente nada, e de tão enfadonho que era dei um jeito de ser útil na mercearia para fugir dali. Minha função era colocar guardanapos nos pires dos lanches e limpar as sete mesas que meu vô disponibilizava para os feirantes terem dez minutos de sossego para comer. Quando saiam, eu recolhia os pires e limpava a mesa, e lá vinha uma nova leva de famintos.

Ao meio dia em ponto, lá estavam minha mãe e meus dois irmãos, e minha irmã ainda de colo, voltando da missa esfomeados. Era a xepa da feira, com aquele alvoroço típico de cada feirante chaman-do a freguesia a plenos pulmões.

Meus pés já estavam tão dormentes, que meu único desejo era ir para casa e tirar os sapatos, tomar um banho e ouvir música. Sim, nossos domingos de tarde eram momentos de música até o anoite-cer e, por vezes, até a hora de irmos para cama. Meus dois irmãos mais velhos já compravam com sua mesada seus próprios LPs, e cada um democraticamente podia escolher um disco para tocar. O mais velho apresentou à família os Beatles, Credence e Rolling Sto-nes. Meu outro irmão era apaixonado por trilhas sonoras, minha mãe por óperas e música clássica, meu pai por cantores e cantoras e eu com apenas sete anos, ficava ali ouvindo aquele caleidoscópio de estilos tão diversos, e querendo também participar daquele sarau com meus discos.

Ainda que já recebesse também mesada, pela minha idade, meu pai me dava uma quantia simbólica que, fazendo um cálculo de me-mória, teria que juntar uns três meses para, talvez, conseguir com-prar um compacto simples.

E eu não queria compactos, queria os LPs, com aquelas capas maravilhosas como a do Sgt Peppers dos Beatles, que eu ficava horas admirando e procurando saber quem era cada um daqueles na foto. Eu sempre dizia ao meu pai que compacto simples, além de não ter graça, já que só vinha com uma música de cada lado, não tinha o cheiro do LP. Aquele cheiro característico do celofane que, ao abrir, se espalhava pela sala e mantinha o ar impregnado com aquele cheiro. Meu pai ria e dizia: “irá chegar o seu momento, tenha calma”. Esperei por mais 5 anos até, finalmente, receber a mesada integral e ir comprar meu primeiro disco. Já morávamos no Campo de Marte, na zona norte da Capital Paulista.

MEMÓRIAS DEGUSTATIVAS E AUDITIVAS

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69ABRIL . 2018

DIRETOR / EDITOR

Fernando Andrette

COLABORADORES

Antônio Condurú

Clement Zular

Guilherme Petrochi

Henrique Bozzo Neto

Jean Rothman

Juan Lourenço

Julio Takara

Marcel Rabinovich

Omar Castellan

RCEA * REVISOR CRÍTICO

DE EQUIPAMENTO DE ÁUDIO

Christian Pruks

Fernando Andrette

Rodrigo Moraes

Victor Mirol

CONSULTOR TÉCNICO

Víctor Mirol

TRADUÇÃO

Eronildes Ferreira

AGÊNCIA E PROJETO GRÁFICO

WCJr Design

www.wcjrdesign.com

Áudio Vídeo Magazine é uma publicação mensal,

produzida pela EDITORA AVMAG ME. Redação,

Administração e Publicidade, EDITORA AVMAG ME.

Cx. Postal: 76.301 - CEP: 02330-970 - (11) 5041.1415

www.clubedoaudioevideo.com.br

Todos os direitos reservados. Os artigos assinados

são de responsabilidade de seus autores e não

refletem necessariamente a opinião da revista.Fernando [email protected]

Fundador e atual editor / diretor das revistas Áudio Ví-deo Magazine e Musician Magazine. É organizador do Hi-End Show (anteriormente Hi-Fi Show) e idealiza-dor da metodologia de testes da revista. Ministra cur-sos de Percepção Auditiva, produz gravações audiófi-las e presta consultoria para o mercado.

Jamais vou me esquecer: na luz de outono do começo de maio, fui a pé do Campo de Marte até à Voluntários da Pátria na galeria onde tinha a mais legal loja de discos do bairro, que cheira-va a Patchouli. O dono era um hippie descolado que atendia todos os fregueses com um largo sorriso e colocava para ouvir todas as novidades. Tinha um sofá velho rasgado, com as molas quase pulando para fora onde sentávamos e ele colocava uma faixa de cada lançamento. Ele sabia cativar o cliente, principalmente quando ele conhecia seu gosto musical.

Por algum motivo que ainda aos sessenta anos não entendi (acho que ele olhou para mim e pensou: este garoto não deve ter como comprar um LP), ele colocou três discos de artistas que eu não conhecia e que soavam como cópias mal feitas dos Beatles, com capas horrorosas e que estavam em promoção (deviam estar encalhados e ele achou que eu era o cliente ideal para levar aquele lixo) e depois, ao ver minha cara de desapontamento, olhou para mim e me disse, escuta só isto! Pegou um compacto simples, tirou da capa colocou no toca-discos Dual, baixou o braço e já na primeira frase fiquei paralisado. Reconheci de imediato o cantor e fiquei ali saboreando John Lennon cantando Mother.

Eu que alimentei por anos e imaginei aquele momento tão intensamente, de sair da loja com meu primeiro LP, fui seduzido em segundos e sai da loja com meu primeiro e único compacto simples que comprei na vida! Quando cheguei em casa com aquele compacto, ninguém en-tendeu nada, todos me chacotearam. E meu irmão mais velho não poupou nas piadas. Mas eu daria o troco, o domingo estava logo ali e eu poderia finalmente tocar minha primeira aquisição, meu disco número 1!

Meu pai, percebendo minha ansiedade, deu-me a honra de ser o primeiro. Levantei, tão confiante que iria dar o troco, que tirei meu compacto simples, coloquei no nosso Garrard, e olhando para todos sentados apenas disse: “Este senhor dispensa apresentações”, baixei o braço e todos ouviram em profundo silêncio.

Minha mãe, emocionada, achou que eu estava fazendo uma homenagem a ela, meu irmão mais velho me deu um grande abraço e meu pai agradeceu minha escolha, e no final brinda-mos com guaraná Antarctica a entrada de um novo membro nos saraus dominicais da família Andrette.

Talvez alguns de vocês estejam se perguntando e qual foi o primeiro LP? Bem, meu primeiro LP já dá uma outra boa história, pois foi uma verdadeira odisséia, chegar até a rua 7 de Abril, entrar no Museu do Disco e ver uma loja de verdade com centenas de milhares de LPs!

Então fica para um outro momento. Só posso dizer que foi um disco tão impactante que mudou meu gosto musical integralmente e passei a ser o ‘patinho feio’ dos saraus da família Andrette!

ASSISTA AO VÍDEO,CLICANDO NA IMAGEM.

MOTHER

JOHN LENNON

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