música - sucesso na era digital

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anorama P MÚSICA Porto Alegre, terça-feira, 17 de julho de 2012 - Nº 29 Mariana Amaro, Especial JC N unca foi tão fácil gravar um disco ou um clipe e distribu� �lo em um canal com alcance mundial sem precisar investir fortunas. Um compu� tador, conexão à internet e um gravador ou câmera razoável podem fazer qualquer um ganhar o mundo. Com esse pensamento, bandas indepen� dentes buscam seu lugar ao sol na web. Canais como YouTube, My Space, Vimeo e at� os brasi e at� os brasi os brasi� leiros Trama Virtual e Oi Novo Som servem como plataforma e uma oportunidade para quem sonha e batalha para viver de música. É o caso da banda porto�alegrense doyoulike? � assim mesmo, em minúsculo e com interrogação no final. O grupo de hardcore formado por Érico (vocal e guitarra), Z (vocal e guitarra), Gulis (baixo) e Neko (bateria) começou em 2006 e, desde o princ�pio da banda, teve grande contato com a internet. Neko, que se uniu aos rapazes após ver o anúncio de procura de um baterista, brinca que a banda tinha comunidade no Orkut antes mesmo do pri� meiro ensaio. Os meninos, al�m de manterem uma página oficial na web, estão presentes em todas redes sociais do momento, como Facebook e tumbrl, e usam a rede mundial como principal modo de divulgação desde o in�cio da carreira. “A doyoulike? nasceu nesse cenário (digital). A primeira música que a gente fez foi direto pra internet”, diz Z. Os rapazes tamb�m esclarecem que não apostam em outros meios de divulgação, já que não costumam tocar em Antes da internet, os únicos canais para se alcançar os fãs eram a MTV ou as rádios. Existiam meios mais under� grounds, como o fanzine ou “trocar” fitas cassete com os amigos, mas eles ficavam restritos a pequenos grupos. Quando o mundo começou a entrar em rede e a informação passou a circular com mais facilidade, as bandas inde� pendentes se aproveitaram deste cená� rio. Fresno e NX Zero são considerados casos de sucesso brasileiro neste setor. Ainda desconhecidas, foram as primei� ras a apostar em um site novo � ainda uma aposta �, chamado Trama Virtual, e expor as suas produções gratuita� mente. Sem divulgação tradicional, sem apoio dos meios de comunicação, esses dois grupos arrecadaram milhões de internautas e hoje são umas das maiores bandas do Brasil. “A internet abre todas as frentes. Deixamos de depender exclusivamente da rádio, daquela divulgação, do jabá e outros custos. A gente faz nosso próprio caminho ali, vamos buscar as pessoas. Só que muita gente faz errado. Fa� zem spam, imploram votos e por isso perdem a credibilidade”, diz a produ� tora Bel Ponte, da Feltro produções. Ela aposta em ações nas redes sociais para divulgar bandas como Tess e Dr Hank, e avisa que um dos diferencias � sempre deixar o perfil atualizado, mesmo que seja só para dar um bom dia. “É trabalhoso, mas tem que ter um cuidado com as postagem e sempre responder aos fãs”, ressalta. Ian Black, CEO da New Vegas e pro� dutor do grupo paulista Quarto Negro, explica que, em uma boa divulgação, tanto na web quanto na m�dia tradicional, o produtor tem que acreditar no tra� balho. “Montamos os MP3 na internet, com letras, fotos, encarte com qualidade alta, disponibilizamos em vários lugares pra baixar, arrumamos blog. Buscamos fãs de bandas parecidas, como Arcade Fire. Assim a banda aumentou seu poder entre as pessoas”, conta ele, que aconselha a todos os estudantes de publicidade que queiram um desafio a pegarem uma banda de amigos e cuida� rem do processo de divulgação destas. Leia mais na página 3 Boca a boca no mundo virtual rádios grandes nem aparecem com frequência em impressos. A web � o meio que eles usam para divulgar seus álbuns � que podem ser baixados gratui� tamente na página da banda no Trama Virtual (portal que hospeda perfil de bandas) � e para contatar os fãs. Só com a campanha dos usuários, a doyoulike? já se apresentou em São Paulo, Rio de Janeiro e at�, para espanto deles próprios, no Nordeste. “Quando chegamos lá e vimos o público cantando nossas músicas, nos espanta� mos, sabe? Como chegamos ali? E � tudo por causa da internet”, conta o vocalista, Érico. Outros novatos seguem pelo mesmo caminho. Pra Sempre Outono � o projeto solo da estudante de 22 anos Bibiana Afon� so. Ela, diferentemente dos seus conterrâneos hardcore, aposta em uma produção acústica e mais intimista. Os v�deos que publica em seu canal do YouTu� be mostram a cantora sempre ao lado do violão em ambientes como a casa de um amigo ou na rua em frente de casa. Apesar do aparente desprendimento, o áudio e as imagens recebem uma edição cuidadosa. “O único investimento que tive que fazer nesses v�deos foi para a música Vancouver, que comprei aquelas luzinhas que colocamos sobre o sofá. Os v�deos só aconteceram porque tenho sorte de ter ami� gos que realmente gostam de fazer as coisas em busca de um resultado legal. Sem o intuito de ganhar alguma coisa com isso”, explica Bibiana. Para o meninos da doyouli� ke?, contudo, a atividade � vista como meio de subsistência. “Largamos trabalhos em outros lugares e agora nos dedicamos inteiramente à banda. Este � o nosso trabalho, a nossa profissão”, afirma Érico. Al�m dos shows e venda dos CDs, os garotos mantêm uma loja virtual, em que comercializam camisetas, adesivos e outros materiais oficiais. “Claro. A internet tem um papel muito importante e possibilita tudo isso, mas o diferencial � que levamos a s�rio e está � a nossa prioridade”, finaliza Érico. Sucesso na era digital Arstas como a banda doyoulike? se voltam para a internet em busca de fãs MARCO QUINTANA/JC

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Matéria sobre música e o ambiente web publicada no caderno Panorama do Jornal do Comércio - Porto Alegre.

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Page 1: Música - Sucesso na era digital

anoramaPMÚSICA

Porto Alegre, terça-feira, 17 de julho de 2012 - Nº 29

Mariana Amaro, Especial JC

Nunca foi tão fácil gravar um disco ou um clipe e distribu�����lo em um canal com

alcance mundial sem precisar investir fortunas. Um compu�tador, conexão à internet e um gravador ou câmera razoável podem fazer qualquer um ganhar o mundo. Com esse pensamento, bandas indepen�dentes buscam seu lugar ao sol na web. Canais como YouTube, My Space, Vimeo e at� os brasi� e at� os brasi�os brasi�leiros Trama Virtual e Oi Novo Som servem como plataforma e uma oportunidade para quem sonha e batalha para viver de música. É o caso da banda porto�alegrense doyoulike? � assim mesmo, em minúsculo e com interrogação no final.

O grupo de hardcore formado por Érico (vocal e guitarra), Z (vocal e guitarra), Gulis (baixo) e Neko (bateria) começou em 2006 e, desde o princ�pio da banda, teve grande contato com a internet. Neko, que se uniu aos rapazes após ver o anúncio de procura de um baterista, brinca que a banda tinha comunidade no Orkut antes mesmo do pri�meiro ensaio. Os meninos, al�m de manterem uma página oficial na web, estão presentes em todas redes sociais do momento, como Facebook e tumbrl, e usam a rede mundial como principal modo de divulgação desde o in�cio da carreira. “A doyoulike? nasceu nesse cenário (digital). A primeira música que a gente fez foi direto pra internet”, diz Z.

Os rapazes tamb�m escla�recem que não apostam em outros meios de divulgação, já que não costumam tocar em

Antes da internet, os únicos canais para se alcançar os fãs eram a MTV ou as rádios. Existiam meios mais under�grounds, como o fanzine ou “trocar” fitas cassete com os amigos, mas eles ficavam restritos a pequenos grupos. Quando o mundo começou a entrar em rede e a informação passou a circular com mais facilidade, as bandas inde�pendentes se aproveitaram deste cená�rio. Fresno e NX Zero são considerados casos de sucesso brasileiro neste setor. Ainda desconhecidas, foram as primei�ras a apostar em um site novo � ainda

uma aposta �, chamado Trama Virtual, e expor as suas produções gratuita�mente. Sem divulgação tradicional, sem apoio dos meios de comunicação, esses dois grupos arrecadaram milhões de internautas e hoje são umas das maiores bandas do Brasil.

“A internet abre todas as frentes. Deixamos de depender exclusivamente da rádio, daquela divulgação, do jabá e outros custos. A gente faz nosso próprio caminho ali, vamos buscar as pessoas. Só que muita gente faz errado. Fa�zem spam, imploram votos e por isso

perdem a credibilidade”, diz a produ�tora Bel Ponte, da Feltro produções. Ela aposta em ações nas redes sociais para divulgar bandas como Tess e Dr Hank, e avisa que um dos diferencias � sempre deixar o perfil atualizado, mesmo que seja só para dar um bom dia. “É trabalhoso, mas tem que ter um cuidado com as postagem e sempre responder aos fãs”, ressalta.

Ian Black, CEO da New Vegas e pro�dutor do grupo paulista Quarto Negro, explica que, em uma boa divulgação, tanto na web quanto na m�dia tradicio�

nal, o produtor tem que acreditar no tra�balho. “Montamos os MP3 na internet, com letras, fotos, encarte com qualidade alta, disponibilizamos em vários lugares pra baixar, arrumamos blog. Buscamos fãs de bandas parecidas, como Arcade Fire. Assim a banda aumentou seu poder entre as pessoas”, conta ele, que aconselha a todos os estudantes de publicidade que queiram um desafio a pegarem uma banda de amigos e cuida�rem do processo de divulgação destas.

Leia mais na página 3

Boca a boca no mundo virtual

rádios grandes nem aparecem com frequência em impressos. A web � o meio que eles usam para divulgar seus álbuns � que podem ser baixados gratui�tamente na página da banda no Trama Virtual (portal que hospeda perfil de bandas) � e para contatar os fãs. Só com a campanha dos usuários, a doyoulike? já se apresentou em São Paulo, Rio de Janeiro e at�, para espanto deles próprios, no Nordeste. “Quando chegamos lá e vimos o público cantando nossas músicas, nos espanta�

mos, sabe? Como chegamos ali? E � tudo por causa da internet”, conta o vocalista, Érico.

Outros novatos seguem pelo mesmo caminho. Pra Sempre Outono � o projeto solo da estu�dante de 22 anos Bibiana Afon�so. Ela, diferentemente dos seus conterrâneos hardcore, aposta em uma produção acústica e mais intimista. Os v�deos que publica em seu canal do YouTu�be mostram a cantora sempre ao lado do violão em ambientes como a casa de um amigo ou na rua em frente de casa. Apesar

do aparente desprendimento, o áudio e as imagens recebem uma edição cuidadosa. “O único investimento que tive que fazer nesses v�deos foi para a música Vancouver, que comprei aquelas luzinhas que colocamos sobre o sofá. Os v�deos só aconteceram porque tenho sorte de ter ami�gos que realmente gostam de fazer as coisas em busca de um resultado legal. Sem o intuito de ganhar alguma coisa com isso”, explica Bibiana.

Para o meninos da doyouli�ke?, contudo, a atividade � vista

como meio de subsistência. “Largamos trabalhos em outros lugares e agora nos dedicamos inteiramente à banda. Este � o nosso trabalho, a nossa profissão”, afirma Érico. Al�m dos shows e venda dos CDs, os garotos mantêm uma loja virtual, em que comercializam camisetas, adesivos e outros materiais oficiais. “Claro. A internet tem um papel muito importante e possibilita tudo isso, mas o diferencial � que levamos a s�rio e está � a nossa prioridade”, finaliza Érico.

Sucesso na era digital

Artistas como a banda doyoulike? se voltam

para a internet em busca de fãs

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Page 2: Música - Sucesso na era digital

Jornal do Comércio - Porto Alegre 3MÚSICA

Terça-feira, 17 de julho de 2012

anoramaP Publicação do Jornal do Comércio de Porto Alegre

l Editor-Chefe: Pedro Maciel l Editor de Cultura: Cristiano Vieira l Editora-assistente: Caroline da Silva l Editora de Imagem: Beth Bottini l Projeto gráfico: Aluísio Pinheiro l e-mail: [email protected] l Av. João Pessoa, nº 1282 l Fone: 3213-1367

“Não é todo mundo que pode ser artista.” Com poucas palavras, Ticiano Paludo, produtor musical e professor da Pontifícia Universidade Católica e da Faccat, resume o que ele considera um dos grandes problemas atualmente. “Todos acham que são músicos hoje em dia. E não é assim. Precisa de uma curadoria, de toda uma parte artística e muito estudo. Isso não é fácil e está faltando muito no mercado”, afirma.

O produtor já realizou alguns projetos com artistas internacionais, que só foram possibilita-dos graças à conexão da web, mas acredita que o despreparo musical e o excesso de exposição des-ta geração resultam, muita vezes, num resultado que prioriza as tecnologias e as redes sociais em vez da qualidade e do estudo artístico. “A internet é bacana. É uma boa vitrine e um meio importan-te de comunicação. Mas deem menos poder para ela”, aconselha.

De acordo com estatísticas do YouTube, maior

site de compartilhamentos de vídeos, a cada minuto são “subidos” para os servidores do servi-ço o equivalente a 48 horas de vídeos. Milhares destes arquivos são de jovens desafinando em seus quartos ou ensaiando com suas bandas. Gravações caseiras, muitas vezes, têm qualidade profissional de edição e captação de áudio, tudo feito no acon-chego de suas casas com os computadores caseiros ou até aplicativos musicais como o Garageband. O que falta, e nenhum equipamento pode substituir, é qualidade artística.

“Tenho notado que todas essas facilidades tecnológicas talvez deem uma falsa ilusão aos jovens, de que ser músico é uma barbada, como instalar aplicativos e utilizar durante um mês”, critica o produtor. De acordo com Paludo, “é importante ter recursos, mas o problema é achar que tecnologia é arte”.

Desafiando este cenário, algumas bandas experimentam o caminho inverso. É o caso do Foo

Fighters que, em vez de apostar todos seus esforços nas ferramentas digitais, preferiu reverteu o processo. A gravação de seu último álbum, Wasting Light, foi toda realizada na garagem do vocalis-ta da banda, Dave Grohl, e utilizando somente equipamentos analógicos. O álbum, sucesso de público e crítica, foi motivado pela proposta de resultar em um som mais “real”. “No analógico, a edição é muito mais complexa que no digital. Então você já se policia na hora de tocar. As gravações de jazz no início dos anos 1950 e 1960, do Miles Davis, por exemplo, eram todas feitas ao vivo. Não tinha essa de passar um autotune (pro-grama de edição de áudio) no trompete”, provoca Paludo.

para os ouvidos

Mariana Amaro, especial JC

Enquanto as bandas independentes des-cobrem seu caminho por meio das redes sociais e sites de compartilhamento de músicas e vídeos, as grandes produtoras

precisam se reinventar e achar novos nichos para divulgar os grupos já consagrados. Além da qualida-de musical, são necessários outros chamarizes para atrair um público que, em poucos cliques, consegue baixar, gratuitamente, a discografia inteira da Ma-donna ou ver todos os clipes do Bob Dylan em canais de transmissão de vídeos como o YouTube.

O Gorillaz observou essa tendência e seguiu a regra à risca ao lançar The fall, um disco quase intei-ramente gravado e mixado em um iPad. Apesar das críticas quanto à qualidade do som, a banda formada por personagens fictícios chamou a atenção dos fãs, que também podem interagir com o disco com um aplicativo disponível na loja da Apple.

A cantora pop Rihanna, por outro lado, apostou no modelo de vídeo-game ao lançar Rihanna unlo-cked, aplicativo que, de acordo com a progressão do usuário, liberava músicas e notícias inéditas. Tanto o jogo quanto o próprio “prêmio” servia de incentivo para prender a atenção do fã.

Agora, o destaque de melhor execução e apro-veitamento das novas mídias vai para a islandesa Björk. O álbum dela é, na verdade, uma série de aplicativos, em que cada canção é também um jogo. Além do cuidado e fluidez da jogabilidade, a can-tora não esqueceu, nem por um minuto, do mais importante: a qualidade das músicas, característica vital muitas vezes esquecida por outros grupos. E não são só os gringos que buscam fidelizar o público com gadgets e interação na internet. Os brasileiros também entraram nesse nicho. E com força.

O Skank surpreendeu fãs e críticos ao lançar na internet a página Skankplay. Muito mais que um videoclipe ou uma conexão social, o projeto possi-bilitou ao público criar músicas a partir do hit De repente. Disponibilizando seis vídeos diferentes, dividindo os instrumentos e vocal da faixa, o site permite que se mixe, desligue as faixas e grave uma produção completamente nova. Ao gerar o vídeo, mais uma surpresa: uma animação com nomes e cidades dos integrantes pode ser postada no YouTu-be e compartilhada com outros usuários. O projeto foi premiado com o Leão de Ouro no Festival de Cannes de 2011.

Porém, criar novos recursos e aplicativos não é a única forma de se destacar e fazer uma boa divul-gação digital. É preciso também investir na comu-É preciso também investir na comu-nvestir na comu-nicação com os fãs e oferecer material inédito. Ano passado, Chico Buarque fez um pocket show ao vivo pela internet para divulgar o lançamento de seu últi-mo CD, Chico, no site www.chicobastidores.com.br.

A página é uma grande compilação de bônus que mostram o processo de criação, com direito a palhi-nhas das futuras faixas como um canal de comu-nicação com os fãs e a mídia. “É moderno (usar a internet), mas retoma o que havia antigamente com o rádio. Lançar as músicas pouco a pouco favorece o entendimento das canções”, afirmou o cantor durante o show. Até a coletiva de imprensa do disco foi substituída. Ao invés do encontro com os jornalis-tas, Chico publicou um vídeo de 40 minutos em que esclarecia as dúvidas a cerca de seu último trabalho.

Maria Bethânia, porém, escorregou com o lan-çamento de seu aplicativo para iPhone. Apesar de ser uma iniciativa inesperada - a Abelha Rainha da MBP nunca foi célebre pela afinidade com o mun-do da web - e, até certo ponto, louvável, o app não inova. Reunir fotos da cantora, uma rádio com suas músicas e sua biografia, mesmo que de graça, não empolga, pois falta um elemento essencial para o sucesso neste meio: a interatividade.

Da rede

Como som de estúdio

Para Ticiano Paludo, muitas vezes falta qualidade artística

Aplicativos são um novo

nicho para divulgar

trabalhos de artistas

consagrados, como Björk

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