música em minha bíblia

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Cfrlinha c;Brblia HELEN G. GRAUMAN Ilustrações de O jP / J•• é Ma.l.calc. ~ .y Tradução de , ELSIE S. DE LIMA BRUSCAGIN Primeira Edição 2 Milheiros CASA PUBLICADORA BRASILEIRA Santo André - São Paulo

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Este livro é um profundo estudo da música nos tempos bíblicos: como era executada, os instrumentos musicais da época, como ela possivelmente soava, com que espírito era cantada ou tocada.Extremamente necessário para todo o estudioso da música bíblica.

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Page 1: Música em Minha Bíblia

Cfrlinha c;BrbliaHELEN G. GRAUMAN

Ilustrações de

O jP / J••é Ma.l.calc.~ .y Tradução de, ELSIE S. DE LIMA BRUSCAGIN

Primeira Edição2 Milheiros

CASA PUBLICADORA BRASILEIRASanto André - São Paulo

Page 2: Música em Minha Bíblia

Título do Original em inglês:MUSIC IN MY BIBLE

Direitos de tradução e

publicação em língua portuguêsa

da

CASA PUBUCADORA BRASILEIRA

Av. Pereira Barreto, 42

Sto. André - São Paulo

1968

IMPRESSO NO BRASILPrinted in Brazil

Prefácio

Tnnto quanto me lembre, a mUSlca e tudo que com ela serlllnl:Íona me tem fascinado. Qualquer referência à músicanUM Escrituras tem-me intrigado e despertado minha mais pro­

funda curiosidade. Por esta razão, quando um coiega no co­I~~io decidiu preparar um trabalho sôbre a música bíblica denl'/\rdo com referências nos escritos de Ellen G. White,

l\~lIurdci seu término com o mais profundo interêsse. Mas, o

II'III>nlhorevelou-se resumido e desapontante, com a desculpadt~ tlllC havia pouco material a respeito. Com o passar do1t'lI1pO, meu interêsse no assunto da música bíblica persistiu.Mesmo assim, ficou latente por muitos anos.

I hí algum tempo fui encarregada de planejar a músicapura um grupo de jovens em uma igreja local; solicitaram-me(Juc divulgasse alguns dos alvos musicais para os meses seguin­It's. Ao planejar o discurso, grandes vistas abriram-se diante

dc mim no vasto campo da pesquisa da música na Bíblia.Meu interêsse latente despertou. A palestra converteu-se emlima série de palestras, as quais foram recebidas com grandelntl~rl':sse. Ao preparar os assuntos, li novamente tôda a Bí­blia, e várias porções foram lidas muitas vêzes. Logo descobri

quc scria necessário uma yesquisa profunda, pois, em muitost6picos, o material era difíci de se encontrar. Meu estudo, acom­punhado de orações, levou-me à biblioteca de uma grande me­Ir6pole, com uma atenciosa bibliotecária no setor musical; alima grande universidade cuja escola de música possui uma('xcelente biblioteca; e à minha vasta biblioteca particular.

Das muitas fontes disponíveis de música da Bíblia, algu­mas merecem menção especial. Music of the Bible de Sir }ohnStniner e Musical Instruments de Carl Engel foram de grandevalia para encontrar informações a respeito de instrumentosantigos. Histoire de Musique de Fetis e Bible Music de Lulu13. Wiley contribuíram com abundância de material. . Idelsohn

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Page 3: Música em Minha Bíblia

6 MÚSICA EM MINHA BlBLIA

salienta-se entre as autoridades judaicas devido ao seu recen­te trabalho de transcrever melodias originais ouvidas em con­gregações judaicas no Oriente Próximo e outros lugares. Mas,a fonte mais importante é a própria Bíblia, a qual tem sidoestudada com cuidadosa atençãO' às interpretações de Ellen G.White.

Os capítulos seguem a cronologia bíblica. O objetivo prin­cipal é fazer com que a música da Bíblia pareça real. Tenho,freqüentemente, perguntada a mim mesma: "Como soava estamúsica?" Com a ausência de qualquer notação da música bí­blica, a resposta tem sido difícil. Porém, se o livro se tornarum auxílio, e despertar interêsse em outros estudantes da Bí­blia, especialmente em amantes da música, o trabalho nãO' terásido em vãO'.

índice

Prefácio .

1. Os Instrumentos de Jubal

2. "O Cântico do Mar" .

3. Com Tamborins e com Danças.

4. () Som da Trombeta .

5. O Pava CantandO' Coros

6. "Um Som Mui Forte de Trombeta"

7. "Este Cântico" .

8. Um Alegre Ruído9. CânticO' de DébO'ra

10. Estudo de Música em 1050 A.c.

11. A Música do Menestrel .

12. MarchandO' para Sião .

13. Preparação para a Magnificente Música do Templo

14. Música da Dedicação do Templo15. "Cântico dos Cânticos"

16. Música de Tiro .

17. A Voz de Chôro

18. Música da AdoraçãO' da Imagem

19. A Música da DedicaçãO' do Segundo Templo

20. O Hinário do Segundo Templo

21. A Música e a Alegria de Jesus22. Paulo e Silas Cantaram

23. A Música do Céu .

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Page 4: Música em Minha Bíblia

A. INSTRUMENTOS MUSICAIS

Lista das nustra~ões

Os instrumentos musicais foram ilustrados por José Manis­calco, que usou fotografias de monumentos, murais e mesmoas próprias ruínas do Egito, AssÍria e Babilônia. Usando aindasugestões dessas fontes, em muitos casos incluiu a figura dosmúsicos, o que deu uma nota de grande realismo às ilustrações.

Harpa egípcia de dez cordasSirinx Peruano .Tamborins '"Moeda mostrando trombetasTrombetas do Arco de Tito

Instrumentos de percussãoHarpa egípcia .Zarm ou oboé árabe

Lira egípcia .Keren . .

Flauta dupla assÍria. . .Instrumentos de cordas assÍrios

B. PARTITURAS MUSICAIS

Cantarei ao Senhor .Quando Israel Saiu .Côro: Cantarei ao SenhorO Cântico de Moisés. .Tessitura Natural da Trombeta

Melodia para TrombetaAleluia dos Coptas .Chamado do "Shophar" (Galpin) .Chamado do "Shophar" (Grauman)Som do "Shophar" .

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LISTA DAS ILUSTRAÇõES

tllo Virá a Ti .

Hoc,..ha Eterna (Hebreu) .Hodm Eterna (Toplady)Melodia para o PentateucoMelodia ÁrabeO\ntic.:o Penitente

Al'ill para BaixoAriu para TenorSnlmo 91 .Sllll110 132

Uucm Confia no Senhor .Lc,~dnvidBaruk (Salmo 144)I)occ f'. a Tua Misericórdia. .Melodia do "Cântico dos Cânticos"

Moderna Canção de Amor EgípciaO Pranto. .

uJ(nddish": A DespedidaI,nll1entações. .l'c,'ssitura da Gaita de FolesÁl'in Nacional, de ChumbaPc,~l1tateucoAl~cntosr:t~sta dos Tabernáculos

Mdodia para o Salmo 134Árin para Soprano .ÓI Fronte Ensangüentada'l't~ll1a MarroquinoMngnificatShcma Kolli .Itnl]cl Pascal .'I 'c Deum Laudamus .J1t'stival Te Deum

'I'OI1USPeregrinus(;nnto Sefárdico .Ao Deus de Abraão Louvai

I Tino Grego .Snnto f'. Deus, o Senhor.

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Page 5: Música em Minha Bíblia

Harpa egípcia de dez cordas

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(~APITULO 1

Os Instrumentos

de Jubal

Os primórdios da música na Terra, conforme

relato do primeiro livro da Bíblia, parecempolJrcs e inadequados, quando comparados com a música do(:éu. Mas, apesar de haver sido simples, a música é mencio­Illlda em Gênesis.

() pecado úouxera escuridão à vida dos primeiros habitantesdo mundo. Muito da alegria da vida edênica se havia perdido1l0Spcnosos dias de labor e suor para arrancar do duro solo os(,It'lllcntos vitais. Todavia, a música vocal deve ter tornado

lIl:\is leve o trabalho e colorido as horas de lazer das primei­rlls gcrações. A música instrumental demorou mais, pois, foiIlll sétima geração depois de Adão - o qual indubitàvelmentelIillda vivia - que Jubal se tornou o criador da lira e do pífaroou [lauta. "E o nome do seu irmão era Jubal: êste foi o paide lodos os que tocam harpa e órgão." Gên. 4:21.*

A Jewish Encyclopedia (Enciclopédia Judaica) define Ju­Id, rilho de Lameque, COma "o pai ... da classe dos músicos,o rundador da música, o inventor do 'kinnor' ou lira e do 'ugab'(111 [lauta. :f: digno de nota... o nome 'Juba!' sugere· igual­ll1('11tc ~:1\' (palavra hebraica que significa 'O chifre do car­neiro - busina'), e portanto 'música'." - VoI. 7.

• /\ não ser que tenham outra designação, tlldas as citações biblicas são da ediçãorr,';sta e atualizada no Brasil. Outras versões usadas são: KJV (King James Version),r M"f!'alt (/\ Nova Tradução da Bíblia, por Tiago Moffatt.

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Page 6: Música em Minha Bíblia

12 MÚSICA EM MINHA BíBLIA OS INSTRUMENTOS DE }UBAL 13

. As versões bíblicas em inglês como a King James, a Ame­ncan Standard e outras, (bem COma as versões em português)traduzem. flauta como sendo órgão. Mas, todos concordam queu~ dos Instrumentos era do tipo de instrumento para ser de­dIlhado, ou de corda, e o outro era do tipo de instrumentode sôp;o. ou vento. Mais tarde, ainda que cedo na história?a espe~Ie humana, o grupo de instrumentos de percussão foiIntroduzIdo, como será discutido num próximo capítulo.

Esses primeiros instrumentos eram grosseiros, comparadoscom nossos padrões. Porém, o princípio fundamental havia sidodescoberto: tanto uma corda dedilhada como uma coluna de

ar podiam, quando alongadas ou encurtadas, produzir sons va­riados. :Mais tarde, êsses sons começaram a obedecer a umaescala musical.

. M.uitas pessoas, ao lerem na Bíblia que Jubal inventou o órgão,vIsuahzam o pequeno harmônio que ainda é encontrado em al­

guns lares e capelas, ou pensam nos imponentes órgãos de tubos~sa~os nos últim.os féculas e~ mesmo atualmente, nas grandesIgrejaS e catedraIS. Mas, o Instrumento de Jubal, o primeiroantepassado das co~plicadas maravilhas que temos hoje em dia,

é .geralme?~e consIderad? como tendo sido sàmente um imr,er­feIto prototIpo delas, pOIS, a mais correta tradução de "ugab' éflauta. Desta forma, o instrumento de Jubal era uma flauta ouvárias delas unidas.

Entre quase tôdas as nações primitivas no mundo, em áreascompletamente diferentes, tais como o Peru, Novas Hébridase outros lugares, bem como entre nações antigas como a Chinae a Grécia, êste tipo de instrumento tem sido usado. ~ co­nhecido de todos pelo nOme grego de "Sirinx" ou Flauta dePano Entre as autoridades musicais o "sirinx" é considerado co­mo sendo idêntico ao "ugab" de Jubal.

Mais recentemente, em 1821, na Inglaterra, alguns músicostinham um elaborado "sirinx," bem complicado, no qual atécanções de três ou quatro partes eram tacadas. Este "sirinx"

tinh.a qu~tro filas com sete flautas ou tubos em cada fila, asquaIs faZIam uma escala completa de quatro oitavas. O ins­trumento era firmado debaixo do queixo do músico de ma­neira que seus lábios pudessem correr de um a o~tro tubo

10111 () auxílio das mãos. Uma nota, e possivelmente uma oca­Ilonu} harmonia, era produzida em cada tubo. Uma escala re­iu1nr ou diatônica como a de Dó M, podia ser tocada usando-setodos os oito tubos. O princípio é idêntico ao da gaita detuhos comum, usada pelas crianças.

O som do "sirinx" era agudo e peculiar, um tanto abafado.DIl,cm ter sido semelhante ao som da Flauta Harmônica do

(lrgl\o. l? interessante notar de passagem que Debussy escreveuUlll agradável solo para flauta, intitulado "Sirinx," mostrando ardnc;fio que êste compositor reconheceu haver entre a flautar. l\stc antigo instrumento. Em adição à narração do GênesisIIflbrcJubal, sua harpa "kinnor" e flauta "ugab," dois outros tex-

Sirinx Peruano(Flauta de Pan)

no Museu Britânico.

tos, com menção a êstes instrumentos dos tempos pnmItIVos,podem ser encontrados. Ao encontrar Labão a Jacó, que fugial'0111 sua família e seu rebanho, expressou seu desgôsto comesta triste reprovação: "Por que fugiste ocultamente, e te es­

(juivaste de mim, e não me fizeste saber para que eu te en­viasse com alegria, e com cânticos e com tamborim e comharpa?" Gên. 31 :27.

Jó se refere aos instrumentos de Jubal também. l? ditoque o livro de J6 foi o primeiro livro da Bíblia a ser escrito. J6

Page 7: Música em Minha Bíblia

14 MúSICA EM MINHA BíBLIA OS INSTRUMENTOS DE }UBAL 15

se refere à prosperidade e prazeres dos maus em contraste comseu próprio estado lamentável com estas palavras: "Levantama vo~, ~o ~,om,do tamborim e da harpa e alegram-se ao somdos orgaos. Jo 21: 12. A tradução de Moffatt diz: "Cantamao som da lira e do tamborim e divertem-se ao som da mú­sica da flauta."

Mais tarde, em sua conversa, Jó novamente contrasta sua

própria humilhação e o desprêzo com que os seus própriosservos o tratavam, após a pobreza e aflição física haveremcaído sôbre êle, nestas palavras: "PelO' que se tornou a minhaharpa em lamentação, e o meu órgão em voz dos que choram."Jó 30:31. Nestas passagens "TambO'rim" ("tabret" e "timbreI" naVersão King James) refere-se a 'toph,' um instrumento depercussão; o "órgão" é a flauta de sôpro "ugab" e a harpa é o"kinnor." ,

As conclusões a que chegamos parecem dignas de confi­ança, ~dependend~ das traduções das passagens bíblicas e com­paraçoes COm os Instrumentos usados nos tempos históricos. :E,entre.tanto, bom lembrar que, após o dilúvio, as reconstruçõesdos Instrumentos de Jubal dependeram da memória e habili­dade mecânica de Noé e sua família. As invenções de Jubal

p~dem ha~er sid~ ~ais aperfeiçoadas do que as reconstruçõesfeItas depOIS do dIluvio.

Os estudi?sos de música têm tentado imaginar as manei­ras pelas quals os homens primitivos vieram a inventar a mú­

si~~. C?rre~ perigo de errar pensando que "primitivo" sig­mf~que Infer~or. Por sua vez, o est:udioso da Bíblia que vê as pri­m~Iras ~eraçoes como sendo supenores em estatura, beleza e in­telIgênCIa a qualquer homem que vive agora, dificilmente podecrer na estória de que a música primeiro veio ao ouvido hu­mano através do SOm agudo da corda do arco do tinir da

?igorna ou do assobio provocado pelo vento q~e passa peloJunco quebrado. :Esses sons podem ter levado à invenção deinstrume.nt~s, mas, é imp~ssível pensar que o homem que gozouda .assoclaçao com os anJos no :Eden, e que depois da quedafaZIa seu culto de adoração no seu portão de entrada, não ti­vesse aprendido a cantar e a criar música. f: perfeitamentepossível que a tardança na invenção de instrumentos tenha sido

"'.u!tlldu du hcsitação em imitar os doces sons da voz por umaImp.rl'clln invenção.

Um cxcmplo da especulação dos estudiosos é visto no Gro­

",', /J/ct/onary of Music and Musicians, que declara que aId'lu 11111'1I a construção da primeira harpa foi talvez "sugerida,.Iu (llllh:ur da corda do arco. A adição de várias cordas te­ri. .Ido un{doga à união de várias flautas ou assobios para'urnulI' o "sirinx." Ambas as invencões aparentemente prece­d.r~lIn no cncurtamento, pelos dedos, de diferentes extensõesd. \111111 única corda de vibração como no alaúde, ou do en­fJUrlllllll'nto da coluna de ar vibrando num tubo mediante a

tJb.lf\l~'l\u dos furos pelos dedos." - VoI. 2, pág. 324.Podcmos imaginar como Jubal veio a conhecer música. Adão

h.vln l~sl'utado a música dos anjos e tinha sido instruído por0(11111. Adão pode ter conversado COm Jubal acêrca da músicaUClIC1l1llnl,uma lembrança do :Eden, porque lemos: "A seusrIlhUII, c filhos de seus filhos, até a nona geração, descreveuli IlIntu c feliz condição do homem, no ParaísO', e repetia ahllltórlu dc sua queda .... Todavia, poucos houve que deram.tDn~tto às suas palavras." - E. G. White, Patriarcas e Profetas,

(2.'L cd,), jJág. 78.Jubul deve ter ouvidO' a voz do seu idoso antepassado. Po­

dt111101l imaginar o velho patriarca com o pequenO' Jubal indo• C'IlITudado Paraíso, guardada por querubins, para adorar, comoNn l'ostUI11Cnaqueles dias. Talvez Adão tenha tentado des­l.'ft'Vl',.os sons da música celestial e os seus efeitos ao pequenofupnz, l'uja mente infantil e ouvido musical foram desde cedoIlIIprcssionados. A música, em vez de rapina e do derramamen­to dl~ sangue que eram o interêsse dos outros da descendênciadt~ Cnim, da qual êle nascera, era o interêsse de JubaI. Josefodiz: "Jubal ... exercitou-se a si próprio na música, e inventouLI llllltério e a harpa." - The Antiquities of the Jews, VoI. 1,l'np, 2, par. 2.

Outra questão sôbre esta música primitiva diz respeito à111111 natureza e uso. Novamente as especulações dos estudio­IIOS, bascadas nas evidências históricas, podem ser modificadaspdo fato de não têrmos registro de tôda a música antediluvi­nnn, Ewen é justificado em sua avaliação da música hebraica:

Page 8: Música em Minha Bíblia

16 MúSICA EM MINHA BíBLIA

"Assim como os patriarcas da Bíblia eram primàriamente umaraça pastoril, sua música era de natureza puramente pastoril.Quase certamente ela era uma meladia que fluía livremente csimples, soprada sem abjetivO' através da bôca dos tubos. OIsrael bíblico tinha coração e inspiraçãO' para criar música, mas,em habilidade técnica, era deploràvelmente deficiente... Suasmelodias pastoris eram primitivas e informes; seus instrumentoseram poucos e nãO' desenvolvidos." - Hebrew Music, págs. 9e 10.

Nas primeiras referências escriturísticas êstes instrumentoseram associados aos prazeres seculares, às festas e celebrações.NãO' há, na verdade, qualquer indicação de que êles houves­sem sido usados para o cultO' a Deus ou qualquer serviço sagra­do. Estes usos vieram mais tarde, comO' será mostrado noscapítulos seguintes.

Houve um lugar para a música na vida diária de nossosantigos antepassados, e a mesmo pode acantecer em nossa vidahoje. Como Jubal foi estimulada pelas sons da Natureza edas atividades humanas, assim podemO's nós apreciar os sonsdo nosso tempo. O ruído dos motores, a levantar e a abaixardas vozes, o murmúriO' do vento nas árvores, o fluir e quedada água, mesmo a barulhO' da tráfego, bem coma as gorjeiosdas passarinhas - tudo produz um som que paderia ser iden­tificadO' cam os tans musicais. Pademos afinar nossas auvidos

cam êsses sans em qualquer ambiente. Hoje, a música e asinstrumentos musicais padem fazer parte da nossa vida diária,tO'mando-a mais alegre e campleta.

CAPtTULO 2

"O Cântico

do Mar"

r;t Os primeiros tempos bíblicas, os indivíduosse reuniam em grupos nas festas, com ale­

will e com música, para cantentamenta mútua; mas, até a tempod,' Moisés, a Bíblia não faz menção à música coral na Terra('11\ cOI1?xãa COm a regozijo religioso. A música de ações de

W'Il\'as fai então ouvida, pois, Deus havia livrada os israelitasdos seus inimigos e do cativeiro egípcio.

A multidãO' tinha vindo daquele "curral para escravas" da

I:,~ito, depois de Deus haver, por meia de Moisés, enviada pra­Klls (lllC caíram sôbre a terra. Finalmente, o Mar Vermelho",lIvia tragado os perseguidores egípcias, e Israel estava liberto!I',111[\0, o Espírito de Deus veio sôbre Moisés de um modo('slwcial, e êle campôs e dirigiu a multidão em glariO'so cânticO',

:!IW :~lgu~n tempO' ~~is" tarde ~o.i chamado pelos judeus, de() (,~llttca da Mar. O Espmta de Deus repousO'u sO'bre

Moisés, que dirigiu a povo em uma antífana triunfante delI~'(')"sde graças, a primeira e uma das mais sublimes que pela1101I1t'111sãO' canhecidas," - Ellen G. White, Patriarcas e Pro­f,·/t1~ (2,a ed.), pág. 291.

As palavras da canto exprimem um exaltada hinO' de louvar.()" pellsamentas expressos são de majestade poética. Aqui estãO'~,IJ.tlllllilSpalavras dêste cântico, conforme a relato de ExO'da 15:

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Page 9: Música em Minha Bíblia

18 MúSICA EM MINHA BíBLIA "O CANTICO DO MAR" 19

dklullllis siio consideradas mais antigas. Seu cântico sôbre a,,1I,',1'l1ldo Mar Vermelho será dado no próximo capítulo, con­l'fll'IIC'lItl' 1\ partc de Miriã nesta grande celebração.

NOu podcmos declarar exatamente quanto desta melodiado_ lI~hlll'llazianos de séculos recentes se assemelha ao Cântico

110 MIII' dos tcmpos antigos. Isto é de grande interêsse, desdelJlU1 1111,.l'~Cl11ploseja difícil de encontrar-se. Sabemos queMlll~(·~101 IIlsplrado por Deus nesta composição. Sabemos também

1111I1Moisl's tinha .~onhecimentos terrestres, bem como inspiraçãol'f1h'Mlr'Ill'sta ocaSIao. Estava preparado para receber o dom deI)"II~ lIesta emergência suprema, pois havia estudado tôdas"" l'It\lll'Ías do Egito, inclusive música. Lucas escreveu emArol! 'I :22: "U Moisés foi instruído em tôda a ciência dos

flW1pl'lllS,I' era poderoso em suas palavras e atos." Grandenwitz1'11I111111 Music of Israel, corrobora a idéia de que o conheci­1I1111llode Moisés incluía a música. Diz: "E Moisés havia

M.tdoiIlslru ido nas ciências e música pelos sacerdotes egípcios(!lI" podel11os crer no testemunho de Philo de Alexandria);1l1'MIllllloa tradição islâmica, êle continua a viver como patronodUMf1l1lllistas."- Pág. 44.

A IllIlSIGl por êsse tempo havia alcançado um ponto altoIlo H~ito, supcrior ao alcançado em outros países contempo­

,'AIII'ON,!\ 111ú~icad~se~penhava no Egito pap.el ~mportante, nãoIltlllll'llll' l1a VIda dIána do povo, e em festIVaIs de estilo se­1'11111I',11IaStambém no serviço religioso. Fétis, Engel e outrosl'tllll'Ol'lllllllneste ponto.

(:olllpondo o "Cântico do Mar," Moisés usou seu talentoIlIlIIIkll1 de maneira magnífica. Aqui está a primeira men­~no dlls L:,scrituras ao canto responsivo, quando um solo res­l'ulIII(, 11um grupo coral. O canto antifônico, um grupo coral11'''polldl'llllo a outro, foi usado amplamente mais tarde, e podellll' "Ido usado na aventura do Mar Vermelho.

t 1m I'l'dator moderno arranjou o "Cântico do Mar" de ma­IIl'lrll lJue o solo de Moisés seja respondido primeiramente

1'01' UIII l'Aro de homens e depois por coros de mulheres sob" dll'l'~'l\odc Miriã, cujo solo é ouvido também.

fiO dntico cantado por Moisés e os filhos de Israel é um

ria Lan·

mar O ca - va - leiro e o c~ - va· 10.

Can-ta . rei

çou

CANTAREI AO SENHORMelodia Ashkenaziana

"As notas essenciais aqui, lembram as do som de uma trom­beta em Lá M, e chega-se à conclusão de que antigamente o'Leitor da Lição' entoava êsse canto de vitória numa imitaçãovocal do toque de trombeta, do qual a suave e parcialmentefluida cantilena dos judeus do norte, e o canto rítmico e fixodos judeus do sul têm descendido." - Pág. iii.

Menos sujeitos à influência contemporânea que os ashke­nazins, são os sefardins, cujos antepassados passaram a IdadeMédia na Arábia e nos países latinos, e cujas melodias tra-

"Cantarei ao Senhor, porque sumamente Se exaltou;Lançou no mar o cavalo e o seu cavaleiro ...

O Senhor reinará eterna e perpetuamente."

É interessante tentar descobrir como era a melodia. Seu

tema tem sido a inspiração para um grande número de com­positores das gerações subseqüentes. Alguns dêsses serão con­siderados.

As notas da música não foram escritas e preservadas, mas,os judeus são um povo que se agarra às tradições e estas, quernos costumes, na História ou na música perduram com pou­cas modificações de geração em geração.

O Rev. F. L. Cohen, em sua "Introduction to Pauer's Tra­ditional Hebrew Melodies, escreveu de modo interessante arespeito de vários tipos de antigas canções judaicas, as quaisainda hoje estão em uso, incluindo um comentário concernentea esta canção em particular. Há uma melodia preservada pe­los ashkenazins, judeus eujos antepassados haviam estado lo­calizados entre os povos teotônico e eslavo, que é usada quandoa lição do dia é o "Cântico de Moisés;" é a seguinte:

Page 10: Música em Minha Bíblia

20 MúSICA EM MINHA BlBLIA"O CANTICO DO MAR" 21

belo exemplo do verso paralelo que foi provàvelmente cantadoresponsivamente como segue:

Moisés: "Cantarei ao Senhor porque sumamente Se exal-tou."

Côro de Israel: "Lançou no mar o cavalo e o seu cavaleiro."

Moisés: "O Senhor é a minha fôrça e o meu cântico."

Côro de Israel: "E Ele me foi por salvação."

Moisés: ":Ele é o meu Deus, portanto Lhe farei uma ha­bitação."

Côro de Israel: "Ele é o Deus de meu pai, por isso Oexaltarei."

Miriã: "Cantarei ao Senhor, porque sumamente Se exal­tou."

Côro de mulheres: "Lançou no mar o cavalo e o seu ca­valeiro."

":2 natural supor então, partindo dêste tipo de afirmativae amplificação, que os nossos coros antifônicos provêm destapoesia do Velho Testamento, por contribuição de vários es­critores e são levados à perfeição lírica e poética pelo menestre1real, o próprio rei Davi." - Bauer and Peyser, Music Through theAges, pág. 18.

O canto antifônico tornou-se importante no princípio denossa era cristã. No segundo século, Santo Inácio, em Antio­quia, teve uma visão de anjos empenhados no canto antifônico,e talvez Deus tenha dado a Moisés uma visão do referido

cântico como modêlo para o "Cântico do Mar." A forma con­tinuou através dos séculos da igreja cristã, e a salmódia antifônicaveio a significar dois coros cantando alternadamente, sendocomum vozes masculinas alternarem-se com vozes femininas.

:2 difícil, se não impossível, encontrar uma melodia real quenos dê urna idéia de como o tema do "Cântico do Mar" possater sido. Sobrevive no ''Tonus Peregrinus," ou "Melodia Pe­regrina," urna variaçãO' do oitavo modo do antigo salmo, umamelodia usada no canto do Salmo 106. A melodia do canto­

chão transcrita para a pauta de cinco linhas de hoje, seriatalvez algo COma esta curta frase:

QUANDO ISRAEL SAIU-No e· )(0, do de 1$ reI - el do E - Si • to

11110 l'ra considerado antigo no nono século, e foi sem dú­viII" OJ'iJ.:inàriamente baseado em antiga melodia hebraica. Maishll'llt', Bach usou o tema.

() Salmo 149, cantado por muitas gerações, também co­11It'1l11lrna experiência do Mar Vermelho, e pode ter sido[''''llndo antifônicamente.

Ill1llJ.:inando a eficácia do canto antifônico, podemos con­['urllnr com ~ste comentário a seu respeito: "O encanto peculiar,111Ilnl11l6diaresulta mui amplamente desta alternação, ou seja,do l'nróler antifônico do canto. Isto dá certa vida a cada

V('lno, l~ impede a fadiga da voz." - Joseph Schrembs, Gre­lAorltm Chant Manual, pág. 64. :2 fácil verificar que o caráter1t1l111'tlllÍt'Odo "Cântico do Mar" deu-lhe encanto.

I"nfas menciona (cap. 12) um canto reminiscente da grandevl"I/'ln do Mar Vermelho. Foi cantado durante a Festa dos

'I'n"t'l'Iukulos como uma lembrança da experiência. O arranjo

f't1llrrla ler sido o seguinte: coros responsivos, com as mu­Itrl't'N I'I'sponc1endo no verso 5, onde a fraseologia sugere o"l lAnlil'O do Mar," e onde as vozes femininas são insinuadasprln palavra "habitante" (feminino) no verso 6. (Ver a mar­M"'1Ilda Versão American Standard).

Ilal'ndel escreveu um oratória, "Israel no Egito," em 1738.NAu usou o côro chamado "Cantarei ao Senhor" corno côro

1I1l111'~nÍt'o, conquanto tenha empregado fugas de caráter se­IIlrlhnllle. Entretanto, deu grande importância ao arranjo dottll'O duplo, tendo introduzido o terna com canto uníssono do

CANTAREI AO SENHOR

Can • ta . rei ao Se - nhor.

Page 11: Música em Minha Bíblia

22 MÚSICA EM MINHA BíBLIA

primeiro e segundo contraltos e primeiro e segundo tenores

dos coros masculinos e femininos, respectivamente, como segue:Estes e muitos outros exemplos do canto sacro são deve­dores ao "Cântico do Mar," que além de sua aplicação literaltem também um significado alegórico. "Aquêle cântico não

pertence ao povo judeu unicamente. Ele aponta, no futuro,a destruição de todos os adversários da justiça, e a vitória finaldo Deus de Israel... Libertando nossas almas do cativeiro

do pecado, Deus operou para nós um livramento maior do

'lue o dos hebreus no Mar Vermelho." - Patriarcas e Pro­fetas (2.a ed.), págs. 292 e 293.A João, o revelador, foi permitido ver e ouvir como será

a música dêste grande antítipo "Cântico do Mar" quando osremidos celebrarem sua vitória por Cristo sôbre o pecado ea opressão. Ao invés de ser cantado às margens do Velho MarVermelho, êste canto será entoado às margens ou sôbre o Marde Vidro. O canto será responsivo e antifônico, como estádescrito no último capítulo dêste livro.

t

CAPITULO 3

Com

Tamborins e

com Danças

rrl o capítulo precedente discutim?s o "Câ~ti~ode Moisés," e os louvores coraIS pela vItóna

,llI D(,us por Israel no afogamento dos perseguidores egípcios.NI1I1IIl!-\rande celebração, as mulheres também cantaram. OIIrupo l'oral de mulheres era dirigido por Miriã, irmã. de Mo~­'.11, gl11 era acatada pelos seus irmãos por ser profetIsa. MaIStllrdr, li história bíblica liga o dom musical ao dom profético.Mll'ln, l'(~rtamente, possuía ambos. Também possuía conheci­lftC'lllo especializado em música e dança.

"J1.nlllo Miriã, a profetisa, a irmã de Arão, tomou o tam­lJurlm na sua mão, e tôdas as mulheres saíram atrás dela comtllllllloJ'ins e com danças. E Miriã lhes cantava:

'C(m/a.i ao Senhor porque sumamente Se exaltou, e lançoutlfl mar o carvaJo com o seu carvaleiro.'''

:Bxo. 15 :20 e 21.

I~jstllé a primeira menção, nas Escrituras, de mulheres to­I11llndo parte nos serviços religiosos. Mais tarde, no primeiro

t(llllplo, .elas tiveram uma pequena parte nas respostas dos coros.Nt1I1I11celebração do Mar Vermelho, vários outros elementoslIao (1i~nos de consideração.

(28)

Page 12: Música em Minha Bíblia

24 MÚSICA EM MINHA BíBLIA COM TAMBORINS E COM DANÇAS 25

No Egito, Miriã estava familiarizada com os costumes dacôrte sendo que fôra a intermediária entre sua mãe e a filhade Faraó, durante os primeiros anos de Moisés. Isto foi du­rante o período da décima oitava dinastia, durante e logo apóso reinado de T utmés 1.

A partir da décima oitava dinastia tornou-se costume asmulheres tomarem parte na música sacra e na dança. "Deacôrdo com Sófocles, as mulheres agora tinham prioridade namúsica e em assuntos importantes." - Bauer and Penser, Mu­sic Through the Ages, pág. 16.

, S~ainer também conta que era costume entre os antigosegIpclOs que mulheres tocassem os tambores. Ver o livro TheMusic of the Bible, pág. 188. Outras autoridades mencionamque a dança era um costume entre os egípcios nas cerimôniasreligiosas.

Tem havido muita discussão sôbre a dança sacra como éencontrada nas Escrituras. Alguns, cO'mo Pfeifer e outras au­toridades alemãs, pensavam que a palavra traduzida COmosendo"dança" se referisse a outro instrumento musical, porque otêrmo "machol," podia ser confundido COm outro que significa"flauta."

Porém, Saalchütz, um profundo literato alemão, de acôrdo

~on: o sumário ?e ~tainer, :'é. de opinião que a palavra

mdIca uma combmaçao de mUSIca, dança e foesia, e não énome específico de qualquer instrumento musica especial." Stai­ner acrescenta mais adiante Cpág. 110) que a Versão "KingJ ""S ." "V I" "AI -" dames, a eptuagmta, a u gata e a ema tra uzema palavra por "dança." Assim o fazem as versões modernaspublicadas desde 1879, quando Stainer escreveu.""

Na Bíblia, como bem o demonstra William Smith esta,dança sacra na celebração de uma grande vitória, ou comoum acompanhamento a comemorações nacionais, era sàmenteexecutada por mulheres. "As mulheres, entretanto, entre os

hebreus, faziam da dança sua maneira principal de expressarsentimentos, e assim saudavam seus maridos e amigos na voltada batalha . .. Os hebreus parecem ter deixado a dança paraas mulheres." - A Dictionary of the Bible, art. "Dance," págs.185 e 186.

~Nota: na tradução Almeida, a palavra usada é "dança" também.•

Lemos da vinda da filha de Jefté para encontrar seu tri­IInl'llntc pai, desta maneira:... "Eis que sua filha lhe saiuJIOencontro com adufes e com danças." JuÍ. 11:34.

Isto explica porque era tão excepcional que o rei Davi,mnis tarde, executasse a dança sacra ante a arca, quando estafoi lraziela para Jerusalém. Está subentendido que Mical estava(louco disposta a deixar a casa para fazer isso. "Ela deveria, dend\rdo com os exemplos de Miriã etc., ter dirigido o côrol'~minino e saído para encontrar a arca e o seu Senhor." - Smith,pd~. 186.

Mais adiante é mencionado o seguinte fato: "As mulheresdr l/ldas as cidades de Israel saíram ao encontro do rei Saul

l'lllllllndo, e em danças, com adufes, com alegria e com instru­mrlltos ele música." I Sam. 18:6.

Islo é dito ser um impulso universal de regozijo do po­vo, O "princípio rítmico de movimento se estende através doIInlverso governando O' deslizar das ondas, o movimento dasmllrés, o reverberar da luz e do som, e o movimento dos corpos

n"lt'stcs; no organismo humano êle se manifesta no pulsar au­101lllhico e nas flexões do sangue e dos tecidos ... Ainda queli música não seja uma parte essencial da dança, quase queInvlII'i:\vclmente a acompanha, mesmo na mais rude forma de11m ritmo batido sôbre um tambor... Entre os zulus,... asM"lInl!esdanças eram meramente o acompanhamento para dispu­IIIH coloquiais e para os cânticos de caçadas, nos quais as

mulheres faziam perguntas que eram respondidas pelos ho­IIIt'IIS."- The Encyclopedia Britannica, Vol. 7, pág. 795.A dança, COmo expressão do sentimento religioso, reapare­

('f'U muito tempo depois da dança de Miriã no Mar Vermelho.11,111Homa havia uma antiga ordem de sacerdotes, chamada Sa­111, os (luais cantavam e dançavam. Sabe-se que a dança fa­

1,111 parte do serviço religioso no tempo dos Imperadores CarlosV l' Carlos IX da França. Depois da metade do século XVIII,n pl'l~tjca continuou nas Catedrais da Espanha e Portugal. Adrspl'ito das recentes tentativas para reviver a dança religiosa111\cultura ocidental, o mundo social secular tem monopolizado11 dlln~~a.

Comparando a dança sacra das Escrituras com a dança socialmista de hoje, Ellen G. White diz: "A primeira tendia à lem-

Page 13: Música em Minha Bíblia

26 MÚSICA EM MINHA BíBLIA COM TAMBORINS E COM DANÇAS 27

l'III1t'XnO com a canto e a dança. Seu propósito era a de per­l'lIMIIOO; o cxecutante marcava a ritmO'. As ilustrações mostram

Jt. - d " h"111'11 l'lIlIccpçoes a top .

r.stl' instrumentO', mencianado dezessete vêzes na Bíblia,

flll IIsado por muitos anos entre os antigos hebreus e seráIlIl'lIl'iollndo em capítulas futuras. Foi usada pelas filhas das

Jll'lIfl'llIScomo parte das celebrações da ~ús~ca secular e fai1I11vldll1I0Stabcrnáculos bem cama nas pnmelras arquestras do

11'11\1'10 primitivo.( ) I . t ca ta "Louvem a Seu name com flauta, can-sa uus 'a n:

Tamborins com forma circular, retangulare de tambor são tfpicos do Egito. Oexemplo ao lado (aumentado) é um tam-

bor árabe.

brança de Deus, e exaltava Seu santa name. A última é umardil de Satanás para fazer as homens se esquecerem de Deuse O desonrarem." - E. G. White, Patriarcas e Profetas (2.a ed.),pág. 760.

A dança de Miriã no Mar Vermelho era, portanto, umcostume entre as mulheres hebréias de seus dias e de tempos pas­teriores. Essa dança era um acompanhamento exuberante àalegria do canto sacro das mulheres, em respastas aos caras masculi­nos dirigidos par Maisés. O instrumento usada para acampanhara canto era a tamborim, chamado algumas vêzes de "tabret."Ambas as palavras são traduzidas da mesma palavra ariginal,"toph," que haje é a palavra hebraica para tambor. A Bíbliamenciona dais casos anteriores de usa dêstes instrumentos de

percussãO'. A primeira ocorreu quando Labãa censurou a Jacópor ter saído secretamente sem que êle pudesse dar a suasfilhas uma festa de despedida.

A segunda é a observação de Jó de que os ímpios tinhamfelizes festas musicais, pois "levavam o tamborim e a harpa,"(Jó 21: 12) cama faziam os filhos de Deus. O "taph," au tam­barim, então, é símbalo de alegria.

"Os tambores padiam expressar também um sentimentO' dealegria. O pequeno tamborim é o tambor cigano. É um pe­queno círculO' de madeira cam uma pele esticada sôbre asbordas. Tem pequenos discas metálicos amarradas aos lados.Na história bíblica, sôbre os filhos de Israel, esta espécie deinstrumento é chamada de tamborim. Miriã, a irmã de Moisés,castumava cantar e dançar acompanhada pelo seu tinir." - Fan­nie Buchanan, How Man Made Music, pág. 28.

Este pequeno instrumentO' era geralmente redondo, emba­ra tenham sido encontrados alguns tamborins quadradas naEgitO'. Cansistia de uma armaçãO', geralmente de madeira, na

qual uma única pele era esticada. Era aberto no fundo. Stainer,descrevendO' alguns tambarins árabes, diz: "A pele de cabrageralmente farma a cabeça dêstes tambores árabes, que eram,na maioria das vêzes, tacadas por mulheres, cama era também° caso entre os antigos egípcios." - Pág. 188. Freqüentementetinham discos de metal fixados no lado de fora do círculO'. O

ruído dêstes discos de metal acrescentava ao mesma tempo osentimentO' de alegria e a efeito musical, quandO' usados em

Page 14: Música em Minha Bíblia

28 MÚSICA EM MINHA BíBLIA COM TAMBORINS E COM DANÇAS 29

tem-Lhe o Seu louvor com adufe e harpa." Sal. 149:3. Je­remias, como profeta de Deus, promete:

"Ainda te edificarei, e serás edifieada,ó virgem de Israel!

Ainda serás adornada com os teus adufes,e sairás com o CÔfO dos que dançam." Jer. 31 :4.

Temos mostrado o incidente de Miriã dirigindo as mu­lheres no canto e na dança, acompanhadas pelos tamborins,como sendo uma continuação do hábito das mulheres nos tempos

egíp~ios. Eng:l declara a êste respeito: "Outro (monumentográfIco do EgIto) nos mostra um grupo feminino com dife­rentes espécies de instrumentos de percussão, evidentementeacompanhando seus cantos vocais com os sons rítmicos dos tam­?orins e da "darabukka" - como Miriã a profetisa, quandoJuntamente com as mulheres de Israel saiu em procissão,exul~ando com a destrui~ão da hoste de Faraó." - Carl Engel,Mustc af the Mast Anctent Natians, pág. 238.

Através dos anos, grupos de judeus, cujas tradições vêm

o CANTICO DE MOISÉS­~

~nhor, O Deus de A.brão, A - do . ra· mos . p . S

~

~di.aEnolo-goà noi·te pa-ra a' E- nl-mar, a·pon·tcln-doo ru-moao lar.

~. I('mpos antigos, e que se tinham conservado isolados, guar­ll'lrlull melodias de vários cânticos hebraicos primitivos. Há umn,~mC'1'O de melodias, variando ligeiramente de lugar para lugar,lllmlut10 semelhantes no seu conteúdo de vários temas, que sãod, IlIlc •.~ssc para mostrar como o "Cântico do Mar" poderia ter11th

"Como um exemplo da música dos antigos hebreus, a me­lutlhl l1l'ima é dada com um simples acompanhamento Eara piano(.vldcntemcnte composta por Sir John Stainer mesmo). É cha­m"dll o "Olntico de Moisés." De Sola diz que um antiqüíssimo(,,,bulho espanhol afirma que foi a verdadeira melodia cantada1"1' Miril\ e suas companheiras. Tal lenda prova que a melodia

II,uvAvt'1l1lentepertença a um período anterior ao estabelecimentor'M"ll1r dos judeus na Espanha." - Stainer, pág. 208.

Page 15: Música em Minha Bíblia

o SOM DA TROMBETA 31

CAPíTULO 4

o Som

da Trombeta

oS filhos de Israel estavam acampados no de-serto de Sinai. O recenseamento havia reve­

lado haver 603.550 homens acima de vinte anos de idade, deforma que havia, talvez, entre dois e três milhões de pessoas namultidão. Moisés havia organizado o grande grupo em acampa­mentos de acôrdo com as tribos, cada qual com seus líderes epríncipes.

Um serviço de culto, centralizado no tabemáculo, haviasido introduzido. A tribo de Levi havia sido separada para osacerdócio. A organização ainda precisava de um importanterequisito: um meio de comunicação mais possante do que avoz humana, pois não havia rádios, telefones, jornais e nemmesmo sinos em uso geral. Desta forma, Deus supriu a ne­cessidade. :Ele ordenou que se fizessem trombetas.

Estas trombetas deveriam ser feitas de metal precioso, comoo requeria a honra e dignidade de uma teocracia. "Trombetasde prata sempre estiveram relacionadas com dignidade e gran­

deza," diz Stainer, "quer sejam tacadas ante o papa no ritualda grande igreja de S. Pedro em Roma, ou usada, como nestepaís, por trombeteiros reais e por poucas bandas regimentaisespeciais." - The Music of the Bible, pág. 159. [Nota: :Estelivro foi impresso em Londres, e por isso quando se refere a"êste país" refere-se à Inglaterra.]

(30)

"l:alou mais o Senhor a Moisés dizendo: Faze duas trom­

br.lus de prata: de obra batida as far~s: e te s~r~o" par~ a

convocação da congregação, e para ~ partIda d~s arraI~Is." Num.10: I e 2. mes tinham o matenal em maos, pOIS ... osl'I11lUsde Israel... pediram aos egípcios vasos de prata... e(I Sl~nhor deu graça ao povo em os olhos dos egípcios e em­

Pl'l~stl\vam-Ihese êles despojavam aos egípcios." :Exo. 12:35 e 36.Joscfo descreve a trombeta, ou "chatsotserah" nas seguintespuluvras: "Moisés era o inventor da forma da trombeta quer.m feita de prata. Sua descrição é a seguinte: em compri­IIWIIlo tinha menos de um cúbito (45-50 cm). Constava deUIIl tubo estreito, pouco mais grosso que uma flauta, mas comllll'gura suficiente para a passagem do fôlego da bôca de umhomem: terminava em forma de sino, como as trombetas co­lIluns. Seu som, na língua hebraica, era chamado de 'Asosra'."__'J'he Antiquities of the Jews, VaI. 3, capo 12, par. 16. SeJOlldo está certo, o comprimento total não poderia exceder a52 em, ou seja, um cúbito longo. Uma ilustração existente, amenos que tenha sido diminuída devido ao desenho o~ àslImilnções do tamanho de uma moeda redonda, onde fOI en­l'olllrada, confirma um comprimento menor, se é que o desenho!'C'lm'senta, na realidade, trombetas.

Moeda, na qual vemos duas trom­betas e uma Inscrição que diz: "A

libertação de Jerusalém."

Bllchanan declara o que seria evidente para qualquer mú­Nil'o (lue a "verdadeira trombeta" sem válvulas, deveria ser

J111ti~ ou menos longa, c~r:a ~e 1,25 m a 1,75 m, se fôsse p~ralU'" ouvida a grande dIstancIa. As trombetas de prata sohdatlr. Moisés "devem ter sido muito longas e tido som muito pos­IIIIIII"C,"declara êle. E então acrescenta uma razão óbvia: "OsIIlnllis deveriam ser ouvidos por milhares de israelitas em seuslll'l1mrrlmentos." - How Man Made Music, págs. 49 e 50.

Page 16: Música em Minha Bíblia

32 MÚSICA EM MINHA BlBLIA o SOM DA TROMBETA 33

Trombetas do Arco de Tito.

o formato e maior comprimento são confirmados em umalto-relêvo no Arco de Tito, esculpido cêrca do ano 80 A. D.~stas trombetas teriam sido tiradas, pelo conquistador, do úl­tImo templo ou seja, do templo de Herodesj no entanto, éraz~ável supor-se que elas não tenham sofrido grande modifi­caçao desde o tempo de Moisés. As instruções haviam vindode Deus, e mesmo em tempos posteriores os artesãos teriamseguido o mesmo modêlo.

As trombetas de prata devem ter tido um volume de som

muito gr~nd.e, para .que pudessem cumprir seus propósitos detocar os SInaISpara tao grande multidão. Tanto quanto sabemoselas eram do tipo de "trombetas naturais," instrumentos se~orifícios, vareta, válvula ou qualquer outro meio de alterar aaltura do som. Mudanças de tons eram conseguidas pelo con­trôle dos lábios e do ar.

A questão que surge agora é a de quais as notas, correspon­

dentes às notas na nossa escala, que podiam ser produzidas.1\videntemente, apenas umas poucas. Os tons produzidos se­

riam semelhantes aos produzidos por uma corneta militar, a qual(~ lima trombeta natural, dobrada, para facilitar o transporte.li'1'oJos êstes instrumentos," explica Stainer, "podem produzirlipenas uma série de sons chamados harmônicos naturais ou

hipersons, os quais são produzidos pelo forçar (aumentando~radativamente a pressão do ar dos lábios) a coluna de ar que<.\lescontêm - na primeira vez - em duas partes vibrantes, el'ntão em três, quatro, cinco, seis e assim por diante." - Pág. 156.

A explicação mais simples para aquêles que não estão fa­miliarizados com o tocar dêstes tubos sem válvulas, é encontradaJlO Grove's Dictionary: "Apenas cinco sons são necessários paraos wírios chamados e sinais (do exército). Oito sons podem,no entanto, ser obtidos pela adição do Si bemol e do Do acimado Sol mais agudo, e a oitava do Do mais grave, que, apesarde ser fraca e de um tom débil, é a verdadeira nota fundamental."

VoI. 1, pág. 416. A dominante, então, em vez da tônica, éli verdadeira raiz da escala da trombeta natural, COmo é mos­Irudo na seguinte ilustração:

TESSITURA NATURAL DA TROMBETA

b.o. ~

I 5: n I & o () <1]:::::::::_===_==-===_-&

Uma simples ilustração da tessitura de uma trombeta dotipo de corneta é a seguinte, tirada de um manuscrito francêsdo século XVII, agora no museu inglês:

MELODIA PARA TROMBETABonte·Selle­

td8

Page 17: Música em Minha Bíblia

34 MúSICA EM MINHA BlBLIA o SOM DA TROMBETA 35

Originalmente foram feitos apenas dois "chatsotserah." Como passar do tempo, muitos outros foram feitos. Ao temEo dosserviços dos templo, sob a direção de Salomão, sem dúvidaplanejados por Davi, havia cento e vinte trombetas de prata

na orquestra. Mais tarde, quando o jovem Joás sucedeu àrainha Atalia em Jerusalém, houve um toque de trombetas nacasa de Deus.

Se bem que geralmente fôssem os sacerdotes que tocassema buzina de chifre de carneiro, há relato de que outras pessoasas tocavam também. No entanto, unicamente os sacerdotes to­cavam as trombetas de prata.

O uso dado às trombetas foi incluído nas orientações originaispara a sua feitura. Deus ordenou a Moisés que usasse astrombetas para reunir a congregação. Quando todos devessemser reunidos à porta da congregação, ambas as trombetas deprata originais eram soadas. Quando apenas uma trombeta soa­va, os príncipes e cabeças dos grupos de milhares deveriam reu­nir-se. Estes chamados para reunião eram evidentemente altose baixos toques de trombetas, sons que teriam grande al­cance, e não seriam confundidos com outros, E evidente que

eram necessárias prática e habilidade da parte dos sacerdotes paraexecutar perfeitos chamados nas trombetas de prata. Em adiçãoaos chamados de um tom, havia também os alarmes: "E quandona vossa terra sairdes a pelejar contra o inimigo," disse Deusa Moisés, "também tocareis as trombetas." Núm. 10:9.

Durante a batalha entre os reinos de Judá e Israel, Jero­boão, de Israel, atacou a Abias de Judá, fazendo-o render-secompletamente. "Então Judá olhou e eis que tinham de pelejarpor diante e por detrás; então clamaram ao Senhor, e os sa­cerdotes tocaram as trombetas." II Crôn. 13: 14. Os inimigosamedrontados fugiram.

Outro uso para as trombetas, o primeiro a ser feito apósDeus haver dado as instruções a Moisés, era para levantaracampamento. "Quando retinindo as tocardes, então partirãoos arraiais que alojados estão da banda do Oriente. Mas, quandoa segunda vez, retinindo as tocardes, então partirão os arraiaisque se alojam da banda do Sul: Retinindo-as tocarão para as

suas partidas." Núm. 10:5 e 6. Desta maneira, cada grupojornadeava de acôrdo com os sinais das trombetas de prata, ao

Ill'l'('1I1estas tocadas pelos sacerdotes sob a orientação de Moisés,1,'.Ilm G. \iVhite tece o seguinte comentário a respeito da

!,I'ilm'ira mudança do Sinai para Cades, nas seguintes palavras:'I )iullte dela [arca] iam Moisés e Arão; e os sacerdotes, levandoIl'CIlllht'tas de prata, estavam estacionados perto. Esses sacer­1I1I1('sreccbiam ordens de Moisés, as quais comunicavam ao!,"VOpllr meio das trombetas." - Patriarcas e Profetas, pág. 392.

'I'llIllOU-Se logo um hábito chamar os adoradores para osl'lilllls COIl1trombetas de prata. Havia dois chamados para os

IU'l'viC.'osdo templo e taber-?áculo, para os quais as trombetas de1'111111eram usadas. Postenormente os chamados passaram a serl'I(('('lllados no "shophar" ou trombeta de chifre de carneiro;1_111S(,1':1 abordado mais detalhadamente no capítulo VI. OI'rilllt'iro chamado era denominado "o tekiah," e era uma notadlllll t' bcm distinta. Esta primeira nota prolongada era cha­

IIHldu "o grande tekiah." Apesar de as trombetas de prata pro­1111'/.11'('111um som mais agradável que o som do "shophar," elasIIno "nll mais usadas em cerimônias judaicas.

As trombctas de prata eram também usadas nos serviços do1I,11l·lIlllcUloc do templo, quando os sacerdotes tomavam parte1111'lIlnil'ício, Ao se sacrificar o animal, podiam-se ouvir as trom­hl'lll" irromperem a tocar. Galpin escreve: "E sabido que o.11111das. trombetas acompanhava o ritual do altar; um toque.11'1_IJ'lllllhetas de prata como se fôsse para soprar a fumaça do••1I'111'it'illpara o céu: assim que a vítima tivesse sido consu­IIl1du, (I lll'cltório musical silenciava." - Stainer (SupplementaryNIIII·s hy Galpin), pág. 92.

1\1} desenvolverem-se as restaurações de Jerusalém e do tem­,,111sl}h a orientação de Esdras e Neemias, cada porção com­""'Iudll era dedicada, Nas cerimônias ouvimos outra vez as1I11111Sdas trombetas de prata. Esdras escreve: "Quando pois,11. I'dil'il'adorcs lançaram os alicerces do templo do Senhor, então••' ul'll'S('lltaram os sacerdotes, já revestidos e COm trombetas."H.d, {: (o.

N('('lllias também relata uma celebração musical no tempoli" dt'dÍl':\l,'iio dos muros reconstruídos. Oito sacerdotes comIItllldIf'lllS de prata são mencionados na procissão dos sacer-

! .11111'.:"I,',ntiio fiz subir os príncipes de Judá sôbre o muro e

I 111'1 1"IIt'i dois grandes coros e procissões, sendo um à mão direita

11_

Page 18: Música em Minha Bíblia

36 MúSICA EM MINHA BrBLIA

sôbre o muro da banda da porta do monturo . .. e após êlesiam ... [alguns] dos filhos dos sacerdotes, com trombetas.' Neem.12:31-35.

Desta maneira, notamos que as trombetas de prata eram parteimportante no equipamento sagrado do santuário, chamando osadaradores para os cultos, anunciando a Páscoa e outros diasde festas, e marcando a oferta do sacrifício. Seu som era au­toritário no deserto, indicando as mudanças dos acampamen­tos de Israel. Eram ouvidas para convocar as fôrças para aguerra, soando o alarme à aproximação de um inimigo, e eram

ouvidas também nos campos de batalha. Anunciavam as pro­clamações de um nôvo soberano e acompanhavam os que car­regavam a arca de Deus.

Desta forma, as trombetas de prata, quer usadas para darsinais, quer para convocar os cultos ou para dar alarme, tinhamum som claro e imperioso. Em linguagem figurativa, a ordemainda soa:

"Tocai a buzina e1n Gibeá....Gritai altamente em Bete-Aven." Oséias 5:8.

CAPITULO 5

o POVO

Cantando

Coros

"fJ LARIDO de guerra há no arraia!!" excla-mou Josué, o general.

Moisés, o chefe da teocracia, que tinha sido avisado porDC'ulI sóbre o que o esperava ao descer do Sinai respondeu:"Nao é alarido dos vitoriosos, nem alarido dos vencidos, masO nlurldo dos que cantam eu ouço." [Nota: a tradução inglêsad. Morratt diz: "pessoas cantando coros.]"

No grande côro antifônico cantado sob a direção de Moisés• Mlrin, foi ouvido o genuíno serviço de louvor a Jeová. O queMul"ts e Josué escutaram ao descerem da montanha era umr"l"o t'tllto de louvor. A multidão estava no meio de um festival

a " d"rll~ro com o povo cantan o coros.Al'fto o havia substituído, chamando-o de "uma festa a Jeová,"• fim de satisfazer os pedidos do povo, que estava impaciente

dovldo 11 longa permanência de Moisés no monte. Era seme­11l1l11lt' no que êles sempre haviam visto no Egito, e posslvel­"'Pl1lt~ ocorreria na data do festival de Ápis ou OsÍris. Arão

h.vlu tentado impedir a confecção de um deus-bezerro pedindop."lC'lltcs e jóias de ouro tão caros ao povo; mas, a turba, im­

p.cl~llw, arremessou-os imediatamente dentro do eadinho defUlao, O bezerro de ouro foi então moldado, representando Ápis.(87)

Page 19: Música em Minha Bíblia

38 MúSICA EM MINHA BíBLIA o POVO CANTANDO COROS 39

Foi um absurdo, por conseguinte, a proclamação de Arão:"Amanhã será a festa do Senhor." :Exo. 32: 5. O amanhã havia

chegado. Milhares de pessoas trouxeram ofertas que foramsacrificadas no altar erigido em frente ao pedestal construídoao deus reluzente. Lá se reuniram para uma festa e uma orgiaselvagem. A ruidosa sessão em que não havia restrições decomportamento estava no seu auge quando Josué e Moisésouviram o "alarido dos que cantam" e viram "o bezerro e asdanças." Verso 19.

Ambos reconheceram no ocorrido uma reprodução do quemuitas vêzes haviam visto no Egito. Gradenwitz descreve acena da seguinte maneira: A inteira celebração desta festa era,sem dúvida, semelhante à que tinham visto no Egito nas ce­rimônias de adoração a Ápis. "Os monumentos gráficos nosdizem que o canto, a música instrumental e a dança eram ge­ralmente praticados simultâneamente." - The Music of Israel,pág. 33.

Paulo se refere ao incidente em I Cor. 10:7: "O povo as­sentou-se a comer e a beber, e levantou-se para folgar." Umanota suplementar de Patriarcas e Profetas elucida o têrmo "le­vantaram-se para folgar," afirmando: "A palavra hebraica tra­duzida por 'folgar' significa folgar com saltos, cânticos e danças.Estas danças, especialmente entre os egípcios, eram sensuais eimorais." - Pág. 841 (apêndice).

Engel tallluém afirma: "Os eaípcios evidentemente apre-• 1 S d 1:>cravam :.l cança. uas anças não se restringiam apenas a va-

garosas e graciosas atitudes . .. mas, passos excitantes, evoluçõesrápidas e até mesmo piruetas eram algumas vêzes introduzidas."- Music of the Most Ancient Nations, pág. 250. :Ele tambémse refere às representações gráficas em monumentos egípcios.

Evidências indicam que os egípcios tinham um bem desenvolvidoritual mus.ical, envolvendo coros de 12.000 vozes e orquestrascom 600 Instrumentos incluindo harpas, liras, alaúdes, flautas

e instrumentos de percussão.A música do festival do bezerro de ouro deve ter sido

acentuadamente rítmica, selvagem, alta e repetitiva. Esta imitaçãosatânica do verdadeiro espírito de alegria como fôra simbolizado

"CA' d M "no antrco o ar era, por contraste, uma expressão dJabandono próprio.

Pratt, falando da música em côro entre os hebreus nosprimeiros tempos, assegura: "O cântico era provàvelmente emuníssono, alto e de som desagradável." Sua idéia era de quepossuía "alcance limitado, com intervalos rudes e talvez muitosol'l1amentos melódicos." - The History of Music, pág. 46.

Esta afirmação não significa que a música no Egito, noIl'mpo do :Exodo, não tivesse progredido a um alto nível dedl'sl~nvolvimento. Sim, tinha. Muitas autoridades vão a pontodl~ assegurar que a escala usada consistia de tons e meios tons,Ht'ml~lhantes aos do nosso piano moderno. Fetis crê que o sis­lt'ma de notação musical possa ser decifrado de gravuras hie­1'Oj.4'íl'icas. Do estudo de mais de quinze instrumentos descobertospode se deduzir que a escala não era primitiva. Entretanto, ol'unlo uníssono parece ter sido uma regra nos grandes gruposl'orais. Era grandemente repetitivo quanto ao tema e estribi­lho, .Eles devem ter sido, em sua maioria, fortemente rítmicos,lIl'ompanhados, se não por instrumentos, pelo menos pelo baterde palmas e passos de dança.

I Iú um canto coral ainda existente, usado pelos captasdo norte do Egito, o qual dizem ser originário de tempos muito1Illtigos. Dos captas é dito serem "agora racialmente os mais

1'III'OSrepresentantes dos antigos egípcios." - The EncyclopediaBrllmmica, Vol. 7, pág. 113. Os captas chamam-se a si própriosPOI' um nome que significa "egípcios."

A "Aleluia" dos captas, transcrita abaixo, é apenas umaPUl'lcdo longo canto que, entretanto, é a continuação do mesmoII't'dlO vez após outra. Fetis, em Histoire de Musik e EngelMHSic of the Most Andem Nations mencionam êste canto.n talvez o único exemplo a ser encontrado da música coral

ALE LUlA DOS COPTASTranSCrIto, Villoteau

~

~y. •....••. ..•• •..••••••• y6. e y6. yé y6 •.•.•.•.•. é yé y6

Page 20: Música em Minha Bíblia

40 MúSICA EM MINHA BíBLIA

do Egito antigo, que foi conservado vivo pela tradição verbal, eque séculos atrás foi incorporada aos serviços dos antigos, mas

conservadores, cristãos cópticos. Villoteau escreveu a notaçãoda música abaixo depois de ouvir o cântico. Esta é uma parted "AI I . d " AI .o e ma os coptas como e e a OUVIU:

No temr.0 da idolatria em Horebe, quando Moisés e Josuéouviram o 'alarido dos que cantam" a Ápis, a tribo de Levinão tinha estado entre os apóstatas. Esta é talvez uma das razões

pela~ quais os levitas continuaram ~ ser honrados, não apenasservmdo como sacerdotes no tabernaculo, e mais tarde nos ser­viços do templo, mas também sendo os músicos sacros de Israel.Este assunto será mais amplamente tratado com o correr doscapítulos.

Os levitas não estavam entre aquêles de quem o salmistaescreveu: "Fizeram um bezerro em Horebe e adoraram a ima­

gem fundida. E converteram a sua glória na figura de um boique come erva." Sal. 106: 19 e 20.

CAPíTULO 6

"Um SomMui Fortede Trombeta"

,,~o o sonido da buzina ia crescendo de grandemaneira: Moisés falava e Deus lhe respondi.a

Clm alta voz." Exo. 19: 19. A buzina que é aqui mencionada é o

"M!t0tJhar," ou busina de chifre de carneiro. Esta não deve ser con­. rUIll ida com as buzinas de prata dos sacerdotes, o "chatsotserah."

Nllturalmente, cada trombeta tinha seu som próprio, porém,0\11 especial, cada trombeta tinha sua própria utilidade em Israel.Há setenta e duas referências ao "shophar" no Velho Tes­tlll1Wnto, sendo a última em Zacarias. Era usado em grandes

p.•rol'lamações de interêsse nacional, como para chamar para ahllllllha, assinalar o fim das hostilidades, proclamar a ascen­11~l1dade um nôvo rei, e marcar o fim da aspiração de algum

Impostor ao trono. Assinalava também o comêço e o fim de diasImportantes. Esta trombeta era usada em convocações, para

IIvisnr de algum perigo ou da ar,roximação do inimigo. Osprorctas usavam o têrmo "trombeta' num sentido figurado para"visar do perigo de pecados não abandonados. Foi usado mais

lurde figurativamente como um sinal do grande dia do Senhor.Apesar da primeira referência ao "shophar" nas Escrituras terIIldo no Sinai, crê-se que sua origem tenha sido muito mais

rtllllota, talvez no tempo de Abraão. Quando Abraão estavano monte, prestes a oferecer em sacrifício seu único filho, deRcôrdo com a ordem de Deus, sua mão foi detida. Lá, prêso

(41)

Page 21: Música em Minha Bíblia

42 MÚSICA EM MINHA BíBLIA "UM SOM MUI FORTE DE TROMBETA" 43

a um arbusto, estava o cordeiro para o sacrifício. Um chifredêste animal, diz a tradição, foi mais tarde usado para a con­fecção do primeiro "Shophar."

Outros escritores menos devotos afirmam que a origem destatrombeta está envôlta em magia mística e na tradição, aindado tempo em que os homens acreditavam que os maus espíritosse agrupavam perto das pessoas, e que sàmente um som fortee estrondoso poderia afugentá-Ias. Quando em uso, a buzinaera coberta. Este costume foi idealizado para aumentar seuspodêres místicos, pois, desde os tempos da antiguidade, os ob­

jetos sagrados eram mais reverenciados pelos leigos quandoocultos da visão.

Os "shophares" foram feitos, durante muitos séculos, de chifresde carneiros. Chifres de outros animais limpos eram usadosocasionalmente, é verdade, mas os chifres de carneiros eramfreqüentemente preferidos. O chifre era, primeiramente, amo­lecido em água quente; então, a parte menor era endireitada.A extremidade mais larga era deixada em sua forma curva

natural. ~pesar de algumas vêzes se~em apli~ados alguns enfei­tes, os chIfres comumente eram deIxados lIsos. A ponta eracortada e furada, de maneira a formar uma embocadura rude.A côr e o comprimento variavam. Quanto mais branca a buzina,mais desejável era ela, apesar da coloração dos "shophares" variar do

quase branco até o prêto. O comprimento variava de cêrca de12 a 21 polegadas (de 30 a 53 em).

~a~ Esc~itura~, o uso do "shophar" aparece pelo menos desdeo SmaI. FOI entao que o longo e agudo som da trombeta foiusado para dirigir a vasta multidão de Israel. "E o sonido da

buzina ia crescendo em grande maneira. Moisés falava e Deuslhe respondia em voz alta." Exo. 19: 19. O toque tinha umsurpreendente som de comando. Ele infundia temor e tremoraos cO'rações da multidãO' em expectativa, especialmente se êssesom fôsse acompanhado pelos estrondosos trovões e assustadoresrelâmpagos. O pronunciar dos Dez Mandamentos foi, desta ma­neira, preludiado por um "fortÍssimo som de trombeta." (Shophar.)

Posteriormente surgiu outro uso especial, mas repetidO', parao "shophar:" marcar o início do grande Dia da Expiação. Quan·do êle anunciava o Ano Jubileu (de 49 em 49 anos), essa fes­ta era celebrada COmmeticulosos usos do "shophar." Na Festa das

Trombetas, durante o primeiro dia do sétimo mês, muitas tro~­betas soavam em intervalos durante o dia. Era uma ocaSIaobarulhenta e feliz. O toque dos "shophares" tornava a ocasiãoIlignificativa e impressionante. .

Anos mais tarde, salmos foram compostos para serem hd~na Festa das Trombetas. O Salmo 81, atribuído a Asafe, fOI

t'scrito para ser usado nesse dia. "Tocai a trombeta ("shophar")Illl Lua nova, no tempo marcado para a nossa solenidade." Verso:t As trombetas pontilhavam a cerimônia cor~ longos tO'q~es.

Quando o Dia da Expiação cheoava, nO' dIa. dez do ~étImoIll(\S,a ocasião era solene, estando todo o Israel aflIto e pemtente.

()s toques, do "~hophar" refletiam ~ signi~icado da ocasião: "En­tllo no mes sétImo aos dez dos mes, faras passar a trombeta do

juhileu; no dia d~ expiação fareis passar a trombeta por tôda;, vossa terra." Lev. 25:9.

r:inalizando o uso do místico número sete, de meses e de

1l1l0S,vemOs a ocasião assinalada pelo som do "shophar," nosIllais curtos, mas sempre repetidos sete dias de cada semana,pois, como Josefo afirma, seu comêço e fim eram marcados pelosOllit1oda buzina de carneiro. "Um dos sacerdotes se levanta­VII, na hora aprazada, e dava um sinal antecipadamente comullla trombeta para o comêço de cada sétimo. dia, no lusco-fus~o<111 tarde, bem como no iníciO' da noite segumte, quando o .dIa

t'~.tava terminado, como que avisa?do ao povo qU~,ndo devenam('('ssar o trabalho, e quando devenam recomeçá-IO'. - The Warstlr lhe Jews, b, 4 capo 9, par. 12. _

() significado sagrado do número sete en; conexao: com ?"shllphar" é também associado a u~ dos maIS conhecIdo~ mI­

Il\gres do Velho Testamento. DepoIs que Josué conduzIU osfilhos de Israel através do Jordão, a murada cidade de JericóI li " ,. • dJ't'prcscntava um obstácu o que outros sete mIstIcoS aJu aram

1\ remover de acôrdo com as instruções de Jeová. Sete sacerdotes('11111 sete ~rombetas de chifres de carneiro, marcharam sete dias1\0redor da cidade e repetiram o ritual sete vêzes no último dia.P,llliio, quando o; agudos e fortes sO'ns dos sete "shop?ares""lImam ruidosamente e insistentemente, o brado dos mIlharesda IlOste de Israel aumentou terrlvelmente o clamor e os muros(1(, Il'ricó caíram por terra.

'Nos primeiros dias dos juÍzes "quando a ousadia pessoal de

Page 22: Música em Minha Bíblia

44 MÚSICA EM MINHA BíBLIA "UM SOM MUI FORTE DE TROMBETA" 45

Eúde libertou Israel de um tirano" como Stainer expressou,

"êle tocou um 'shophar' e reuniu o' povo para se apoderar dosvaus do Jordão em direção a Moabe." - The Music of theBible, pág. 155.

Quase cem anos mais tarde, Gideão fêz significativo uso dastr~m~eta~ de chifre de carneiro. Depois de seu teste de seleção,GIdeao tmha um pequeno exército pronto a segui-lo. Cada umdos trezentos hamens recebeu um "shophar" e uma moringa debar~o COmto~has acesas .. A um sinal, aquelas trezentas ruidosasbuzmas ~e chIfre de c~rneIro começaram a soar. Adicionada àqueleso~ havIa, a .cacofoma de trezentas moringas sendo quebradas,deIxando a vIsta centenas de luzes tremulantes. Os midianitas

fug.iram che~o~ ?e terror e os "shophares" ajudaram a conquistarmaIS uma VItOrIa nessa demonstração nacional.

~ trombetas de chifre de carneiro assinalaram o comêçodo remado de Salomão. Posteriormente, quando Jeú ascendeuao trono, o "shophar" o praclamou. Era, assim um sinal cos­

tumeiro; houve, porém, duas ocasiões em que ~, som da trom­~eta para anunciar n.ovos reis não soou, embora ordens tivessemsIdo dadas neste sentIdo. O impostor, Seba (lI Sam. 20) falhouno seu atentado de tomar o trono e a trombeta anunciou o fimdo se~ levante em vez do início do seu govêrno, COmoêle haviaantecIpado. Absalão também, filho de Davi, que era notávelpor s~a beleza e. encanto, pedia em vãO' que o "shophar"an~ncIasse seu remado, pO'rque a conspiraçãO' para depor seupaI e tomar-lhe o lugar falhou quando Absalão foi morto antesdo tempo marcado para o toque de trombeta.

O forte som do "shophar" era também um sinal de alarma

e. perigo no antigo Israel. "Tocará a trombeta [shophar] nacIdade e o povo não estremecerá?," pergunta Amós. (Amós3: 6.). O atalaia tocava. sua buzina quando um inimigo seaprOXImava. O trombeteIro de Neemias estava ao seu ladopara tocar o alarma aos trabalhadores da reconstrução dos murosde Jerusalém sempre que um inimigo se aproximava.

Os chifres de carneiro anunciavam o comêço e o fim dasguerras. Quando Jônatas conquistou as filisteus, "Saul tocaua trombeta por tôda a terra, dizendo: Ouçam os hebreus."I Sam. 13: 3. Certamente, a buzina de chifre de carnei­

ro era símbolo de guerra. Jó se refere aos cavalos impacientes

pura a batalha: "Ao soar das buzinas, diz Eia! e de longe cheirali guerra." Jó 39:25.

Mais tarde, os profetas maiores e menares fizeram uso dosom do "shophar" num sentido figurativo para admoestar o povo."Levantai vossa voz como uma trombeta" ordena Isaías. O

povo dos últimos dias deveria ficar cônscio. de seus 1?ec~dos porluis sons, COmo nos dias precedentes ao DIa da ExpIaçao.

Nas advertências à igreja, concernentes aos perigos dos últimosdias, Joel e Sofonias usam o símbolo da trombeta de chifre del'tn:neiro. "T ocai a buzina em Sião e clamai em alta voz no

lIIonte da Minha santidade," ordena Joel. Joel 2: 1. O grandedia do Senhar, com tôda Sua terrível majestade, é bem descrito

por Safonias: "Aquêle dia é um dia de indigna~ão, dia deI\ngústia e de ânsia, dia de alvarôço e de desolação, dIa de ~revase de escuridão, dia de nuvens e de densas trevas. DIa detrombeta e de alarido contra as cidades fortes e contra as tôrresI\ltas." Sof. I: 15 e 16.

Agora, que temos os costumes escriturÍsticos destas trombe­llls em mente, surge a pergunta: Como soariam estas buzinasna realidade? A buzina de chifre de carneiro produzia como

lllle uma explosão de SOm. Prática e habilidade e~am necessá­

l'Ías para produzir qualquer som. Era, e é, mantlda do la?odireito dos lábios. E requerida grande pressão de ar e mUlto

l'Ontrôle de volume de ar. "O maior e mais longo chifre pro­du:t.iria o melhor som, porque um tubo longo e ôco soa melhort~ mais claro que um curto." - Buchanan, Ho'W Man Made

Music, pág. 49. Galpin enfatiza: "Os sons produzidos por umbom tocador de "shophar" são claros e vibrantes." - Stai:ner,Appendix 5, pág. 224. Ele não diz, entretanto, se eram bomtos.

Não possuindo válvulas e aberturas, o "shophar" produziaUlu limitado número de sons. "Os sons naturais de uma bem

proporcionada buzina são Do (o primeiro A som da es~~la), Dollcima, Sol (ou quinta acima). Algumas vezes, a habIlIdade doexecutante, com um chifre descomunal, poderia produzir mesmo

Ulu quarto som, o segundo Do aci~a." - Bucham~n, pá.g. 48.Se bem que por cuidadosa execuçao, outros sons, mclusIve os

harmônicos, podiam ser produzidos: ês:es são os com~ns."A relação dos intervalos destas sénes permanece malterada

t'lU todos os tubos abertos, somente o tom pode variar; desta

Page 23: Música em Minha Bíblia

Grande Tekiah ~(Tekiah gedoulah) ~ ~<>

Segundo chamado.notas retinindo .

(Terua h yebabothJ

Isto torna evidente que ° "shophar" é ainda usado nas si­nagogas judaicas. De fato, é tocado em tôdas as sinagogas do~undo no A.no Nôvo Judeu e no Dia da Expiação. :f: o únicomstru~e~to Judaico. que s?breviveu até o presente. :f:, portanto,sem duvIda, o maIS antIgo, tendo-se originado há cêrca de

quatro mil anos. :f: ainda o mais moderno instrumento musicaldo Velho Testamento, embora somente tenha êle sobrevivido.Dizem ser também o menor de todos os instrumentos.

47

IdelsohnSOM DO "SHOPHAR"--

u

(T'

ki.ah) (.h'YO.......rim)

Echa--- -

n

CHAMADO DO "SIIOI'lIAR"(:\ Grauman

n

"UM SOM MUI FORTE DE TROMBETA"

Escutei o som do "shophar" na conclusão do Dia "Yom

Kippur" ou Dia da Expiação judaico, celebrado em 29 de se­tcmbro de 1952. O serviço foi realizado na sinagoga ortodoxaI,',zra Bessaroth, na esquina da Quinta Avenida, ~om a. PrimeiraHua Leste, em Seattle. O chifre era de uma cor meIO escura,pctlueno e ligeiramente curvo. O som era mais agudo e de ~aisulto alcance do que eu havia imaginado. Estava uma. OItavalIl'Íma da tônica, então descia uma quarta para a dommante,onde foram tocadas notas curtas e em Staccato. Os sons longosc curtos soaram para mim da seguinte maneira:

As muitas utilidades da trombeta de chifre de carneiro nos

tempos do Velho Testamento, suas aplicações figuradas paranossos dias e sua sobrevivência até hoje, tornam o estudo do

"shophar" importante e interessante.

Em The Jewish Songbook [Hinário Judeu], uma coleção

feita por A. Z. Id~lsohn e edita?a por ~'. Irma CO,?on, são dadosdois pequenos numeras para orga~, mtItulados . Som do Sho­phar," imitando a trombeta de c~Ifre de carr~eIro. Cada u~utiliza as duas notas típicas, a tômca e a dommante, como fOIouvido no toque do' "shophar." :Este é o n.a 1, pág. 232.

Galpin

MúSICA EM MINHA BíBLIA46

'Pllmeuo chamariotTekiahl

maneira, uma trombeta em Ré, daria Ré, Ré, Lá, Ré, Fá sus­tenido etc." - Stainer, pág. 157. No entanto, os sons COmunsseriam Ré, Ré e Lá.

"Geralmente apenas a oitava acima da nota fundamental ea décima segunda, ou a décima segunda e a super-oitava sãoempregadas; de fato, os sonidos de chamados não dependiam doscorretos intervalos musicais, mas de determinados estilos rít­micos." - Galpin, in Stainer, Appendix 5, pág. 225.

Embora o "tekiah," ou primeiro chamado, e o "teruah" ousegundo chamado fôssem tocados nos tempos antigos por trom­betas de 'prata,. hoje são toc~dos com o "shophar." O Rev. F.W. Galpm COpIOUas notas destes chamados e mostrou a variaçãonos padrões rítmicos como êle os escutou há quarenta anos atrásnuma sinagoga em Londres:

CHAMADO DO "SHOPHAR"

~-~

Segundo chamado, ~ ~nolas entrecortadas 5(Teruah sheboriml u

Page 24: Música em Minha Bíblia

"ESTE CANTICO" 49

CAPíTULO 7

"ÊsteCântico"

"Este Cântico" apresenta Deus como um Pai fiel a, Seusl'ilhos em Israel, os quais freqüentemente se voltavam aos Idolos.Como disciplina, Deus permitiu então que a fome, a esp~da eC()l)(luistadores inimigos os .importunassem. D~us batalhara porSeu obediente e arrependIdo povo, Israel:, v~gan?o-~ ,de. seusudversários. Como epílogo declara:_ :Ele tera mIsencordla daSlIa terra e do Seu povo." Deut. 32:43.

"Este Cântico" é de caráter solene. Grande parte dêle é umalI11vertência. A figura do amor de Deus como a chuva sôbreli tenra erva, mais tarde inspirou outros compositores. DudleyBlIck o parafraseia:

ÊLE VIRA A TI

Posteriormente em "Este Cântico" outro símbolo foi in­

troduzido, mostrando propriamente o cuidado de ~eus. 1,'0d?stinham, sem dúvida, observado freqüentemente a majestosa agu~aensinando e cuidando de seus filhotes. Usando a pequena ágUIa"01110 símbolo de Israel, Moisés cantou:

"Como a águia desperta o seu ninho,se morveJ sôbre seus filhos,

estende as suas aJsas,toma-os e os leva s6bre as suas asas,assim s6 o Senhor o guiou." Deut. 32: 11 e 12.

O mais significativo símbolo em "Este Cântico" é a RochaI'epresentando Deus e Cristo em fôrça e duração. .:Este símboloé usado vez após vez:

"me é a Rocha cuja obra é perfeita." Verso 4.

". .. e deixou a Deus que o féz,e desprezou a Rocha de sua salvação." Verso 15.

Em oposição, falsos deuses são simbolizados por sua "rocha."'.1 'em sido dito que esta antítese contrastante se refere aos deusesIIssírios.

4

{íJ)OUCO antes da misteriosa morte de MoisésY no tôpo do Monte Nebo, encoberto por umanuvem, Deus o inspirou mais uma vez como cantor. A grandeode que êle compôs é agora um cântico sem notas. Poae tersido cantado acompanhado por uma "melodia familiar," cómoClarke sugere. Nós sabemos que foi cantado por centenas degerações. Em milhares de lares judeus as palavras foram me­morizadas; os sacerdotes as entoavam em centenas de leiturasda lei nos jubileus. Quer murmurada, lida ou cantada, suacadência poética lhe confere com muito acêrto o título: "EsteCântico."

Os primeiros trinta capítulos do livro de Deuteronômio con­sistem na recapitulação final da lei feita por Moisés, em apenasum dia. Então, depois de apresentar Josué como seu sucessor,Moisés escreveu ".:EsteCântico" e a bênção que se seguiu, como

seu último legado de despedida ao povo. ".:Este Cântico" étambém um resumo de tôdas as coisas que o precederam: Asbênçãos da obediência e as maldições da desobediência. Eispor que se relaciona tão de perto com a própria lei.

"E veio Moisés e falou tôdas as palavras dêste cântico aosouvidos do povo." Deut. 32:44. "Assim Moisés escreveu êstecântico naquele dia, e o ensinou aos filhos de Israel." Deut.31 :22. Desde então, as gerações posteriores o deveriam ensinara seus filhos.

(48)

~ . le vi - rá a ti, Oual chu·va que na rei· va cai.

Page 25: Música em Minha Bíblia

50 MúSICA EM MINHA BíBLIA "ESTE CANTICO" 51

"Onde estão os seus deuses,a rocha em quem confiavam?" Verso 37.

Mais tarde, alguns devotos transmitiram "Este Cântico" e suasimbólica Rocha a seus filhos. Ao estar Ana orando, ela previuos ensinamentos que ministraria a seu filho Samuel: "Não háRocha como o nosso Deus." I Sam. 2:2. IsaÍas prenunciou aCristo quando cantou o eco de "Este Cântico:" ... "O SenhorDeus é uma Rocha eterna." IsaÍas 26:4. "Este Cântico" foi,

sem dúvida, gravado na mente de Paulo em sua juventude. mefoi mais tarde inspirado a acrescentar à divina interpretação:"E beberam todos duma mesma bebida espiritual, porque bebiamda pedra espiritual que os seguia, e a Pedra era Cristo." I Cor.10:4.

The Jewish Songbook, "um legado dedicado a seu povo" porAbraão Idelsohn, foi publicado neste país (USA) em 1951.Encontra-se neste livro uma melodia tradicional dos judeus:"Rocha Eterna," baseada em antigas melodias. O texto é umpoema hebraico do décimo quarto século, "Mardoqueu." A

versão alemã de Leopold. Stein foi traduzida para o inglês porM. Jastrow e G. GottheI1. O que segue é apenas a melodia,embora esteja harmonizada com acompanhamento no livro:

ROCHA ETERNATradicional Hebreu

~~~~I ~~&(~ .Rocha eter·na,a ti louvor, Por Teu poder que sal • va, ts

1@J1_nos-sa pro-te - çe'io do mal, ts nos-sa tôr - re for te. De -

I'~&~mônios nos as - sus-tam E o mal nos as . sal ta.t$i\_Teu poder nos fêz ven-cer Ao fa-Ihar nos-sa fôr ça.

Este título inspirou Wesley e T oplady a escrever um hino'llIC !em sido incluído em mais coleções e cantado mais que

'~lIlIl(lllCroutro na língua inglê~a por mais de duzentos anos:I Hocl1a Eterna:"

. ROCHA ETERNA

~~__ \. TopladyL.~e:~Rocha e - ter- na meu Se . nhor, Quero em Ti me re-tu - giar.

"l' t C' t' "d M'" I d d d I\s 'C an ICO, e OIses, e uma exa ta a o e e ana ogiasc' ~)('1l1balançadas frases de metáforas e exortações. Mesmo11IlS I 111,é. sole~e. I~elsohn afirma que não sendo alegre em seuIC'IlI:I,nao fOI escnto como outros poemas na Bíblia. Em lugardll ('()(lllll11forma de verso "tronco e tijolo" no oriO'inal hebraico

I, I - . dI' b ,ilK 111l:~Ssao es~ntas em ,~as co ~nas retas e paralelas, cha-11I1I(h~stronco sobre tronco. - Jewtsh Music, pág. 50.

(,Imkc declara que foi escrita em curtas meias-linhas paraIIlOS!rar (lue é poesia. Josefo se refere a êle como um "cântico

pO"1Ít'o,': c?m~ pode ser demonstrado pelo seguinte: "Depois"I"to IdIstnbUIção das bênçãos e maldições na assembléia con­

11111111,l~OSjudeus], êle [Moisés] leu para êles um cân tico poético,

clllr 1m composto em verso hexâmetro, e deixou-o para êles noI vro s:!grado; continha uma predição do que ocorreria no fu­1111'0, " Da mesma forma, êle entregou êstes livros aos sacer­dOlc's, COl11a arca, dentro da qual colocou também os DezMlIl1d:!lllcntos, escritos em duas tábuas." - The Antiquities of,/", J"lVS, h. 4, capo 8, par. 44.

"nslc Cântico" deve ter sido colocadO' aO' ladO', se não den­

11'0, d:! :!rra sagrada. LemO's: "Tomai êste livro de cânticos e('olol':!i o ao lado da arca do concêrto do Eterno vosso Deus, ,Plll'I\ 1I11Cpossa lá permanecer como uma testemunha contraVI"K todos," Deut. 31 :26 (Moffatt).

Na Illaioria das versões, "Este Cântico" no versÍculo acima" Il'IIduzi(lo "esta lei." [N ota: "livro da lei" na tradução Al­1ll141dn,I Pcake em seu Commentary, pág. 242, refere~se a êste

POI1II1, Al'irma que proeminentes estudiosos hebreus comoStlll'rk, Stcuernagel e Bertholet, alemães ou judeus de vastol'Ollht'l'illlcnto, que traduziram as escrituras de fontes originais,Il'IIdllZl'1ll() têrmo como "Este Cântico" no versÍculO' mencionado.

Page 26: Música em Minha Bíblia

52 MÚSICA EM MINHA BlBLIA "bSTE CÂNTICO" 53

Dêst~ modo, ":Este Cântico" foi considerado de importânciasecundána apenas em relaçãa aos Dez Mandamentüs. Foi cülocado"aa lado da arca" ou mesmO'pOSSIvelmentedentro dela. Na verdade,outros objetos, além das tábuas da lei, lá estiveram, pelo menostemporàriamente. "Mais tarde, um pote com O'maná, a vara de

Arão que florescera e o livro da lei füram colocados ao ladO' daarca. (:Exo. 16:34; NÍlm. 17: 10; Deut. 31 :26; Heb. 9:4), mas,têm-se a impressão que foram removidos durante os tempos deconfusão (I Reis 8:9)." - John D. Davis, The WestminsterDictionary of the Bible, pág. 41.

":Este Cântico," deveria ter também um lugar mais per­manente do que na arca sagrada - nos corações e mentes detôdas as gerações posteriores. Embora tenha sidO' lido ou can­tado e ensaiado cada sétima ano em assembléia geral, foi a

memorização e constante repetição no lar que o fixou segura­mente na imaginaçãa e consciência düs fiéis, pois no Israelantigo os pais eram os professôres dos filhos, e ":Este Cântico"foi um dos compêndios.

"Ordenou-se ao povO' que confiasse à memória esta históriapoética, e a ensinasse a seus filhos, e filhos de seus filhos.

Deveria ser cantada pela congregaçãa quando se reunia paraa culto, e ser repetida pela povO' aO' saírem êles para o seulabor quotidiano. Era dever dos pais gravar estas palavras namente sensível de seus filhos, de tal maneira que nunca pu­dessem ser esquecidas." - Ellen G. White, Patriarcas e Profetas(2.a ed.), pág. 494.

A f~rma da canto d~ ":Este Cântico," cünduz-nos ao tópicoda cantIlena, ou ao antIgo costume de cantar muitas porçõesdas Escrituras. :Este assunto será debatido mais detalhadamente

no capítulo vinte, ao tratarmos da trabalho de Esdras.Imaginai o cansaça físico que se seguiria às longas horas

de leitura, mesmo que fôsse entremeada de exaltada poesia!Um auxílio era necessário para manter o interêsse e a atenção.Os judeus, que amavam a beleza e o ritmo, lançaram mão damÍlsica. Faziam sua leitura musicada. "Esta leitura musicada

foi ~nt~oduzida. para ~espertar o, i~terêsse. O Talmude diz quea B!blIa devena ser lIda em publIco e ser campreendida pelosouvintes em doce e musical melodia." - Idelsohn, Jewish Music,pág. 35.

li

~l:esar d~ não ter sido redigida por muitos séculos, umaIl'llllJçao SurgIU de como esta leitura musical deveria ser feita.

Ilavia diferentes tr~dições para ~. Pentateuco, bem como paraIII~lIl11aSoutras Escnturas, apropnadas para serem lidas em pÍl­hlt,l'O: Por centenas de anos não. havia notação musical, mas

t'Xlstm outro método: pela tradi,Ção, êstes cantos foram pre­~t~~'vados.'.'P:- entonação bíblica preservada na memória do povo,101 transmItIda oralmente de geração a geração, Contudo, umaIt'lltat.iva foi feita nos primeiros séculos para encontrar uma1I1111ll'IIapela ,qual estas entonações pudessem ser preservadas."

Idelsohn, pago 67.

I:,st.as tradições,. tão bem preservadas pelos judeus que re­vl'rCnC!(~vama ~scntura e o c:anto, foram conservadas particular­1I11'I~tC~ncontamma.das de inf!uências externas das congregaçõeshll,hdtlI~!CaS,pelos Judeus sefardicos, os estabelecidos em paísesOl'll'ntms, Alguns fundadores destas congregações estavam entreON judeus levados cativos para a Babilônia.

Mais tarde, nos primeiros séculos de nossa era cristã, algu­IIIIISmarcas foram introduzidas para ajudar os líderes ou diri­~t'lIll's a conhecer como a canto deveria ser executado. Havia

Illllrcas ele ~árias espécie~, ou caracteres colocados sôbre as pa­IlIvrns l~ebraIcas elas E~cnturas para dar ao dirigente uma noçãodos vános sons, melodIas e inflexões. Primeiro, as marcas foram

PO~I~'~~Se simples, in~icand.o apenas quando de~eria a voz ele­VIIIse, q~ando A devena baIxar e quando devena parar. :Estes,C'J'llI11mUltas vezes acompanhados ele certos movimentos cha­1111\(\1,)$:'sinais manuais." Com o correr do tempo, as notaçõesC111 ~I11msse tornaram mais. numerosos e mais complicados. :ElesIndicavam o tom, a melodIa e a dinâmica (maior ou menor in­IC'nsidacle do som), bem como os valôres. Estes sinais foram11I1I1h6111chamados "acentos."

As porções ?as Escrituras: que deveriam ser lidas em pÍl­hllm, eram prOVIdas de melodIas ou motivos. As melodias usadas

p"l'll o Pentateuco, por exemplo, eram diferentes elas de La­1I1l'1l1ac,~õesou dos Salmos. Em sentido geral, a expressão "ModoI't'lll11teuco" se refere a êstes motivos. Em sentido específico

0, ",Mod~)Pentateuco"} a ~scala us~da neste grupo de motivos:r" It!{\ntlco ao modo Dónco-Grego e está mais próximo, emMl'IIII1TICnto,à nossa escala menor que à maior.

Page 27: Música em Minha Bíblia

54 MúSICA EM MINHA BíBLIA

Um

AlegreRuído

CAPíTULO 8

"/I)~ELEBMI com júbilo ao Senhor" [fazei umalegre ruído ao Senhor, diz a versão em in­

Klês], ordena o Salmo 100. Entre os melhores instrumentos

pnra fazer alegre ruído está o gruf,0 dos instrumentos de per­l'llssão, incluindo o tambor "toph' já mencionado, e o maishnrulhento, o címbalo. Os címbalos são mencionados na Bíblia

l'O11l0sendo usados na música para serviços religiosos.O rei Davi, o mais dotado de todos os músicos do Velho

'J'l'stmnento, fêz e tocou muitas espécies de instrumentos mu­Ilicnis. me se rejubilava com os grandiosos efeitos dos conjuntosdl~ instrumentos de sôpro, corda e percussão. Os címbalos eraml'lll'ontrados entre êles nas ocasiões de procissões sacras e nam(lsica primitiva do templo planejado por Davi.

Duas procissões associaram-se COm o transporte da arca. A~,~'illlcira foi o d~ casa de ~binadabe para a de Obede-Edom.Irês mcses depOIS a arca fOI levada para seu lugar temporário

dt~ descanso na nova tenda instalada para ela no Monte Sião.Mnis tarde foi transportada para o templo de Salomão. O próprioDnvi, como será melhor discutido no Capítulo XII, dirigiu os11l(lsicoslevitas, que usavam, entre outros instrumentos, "cím­hnlos para que se fizessem ouvir levantando a voz com alegria."I CrÔn. 15: 16.

MELODIA PARA O PENTATEUCOBabilônia

~ . .1@7,l,L A

I@z",~r •

"Este Cântico," então, de acôrdo com o relatório de Deu­teronômio 32, deveria estar sempre ante o povo, jovens e velhos,

quer nos grupos familiares, quer nas congregações. O EternoDeus, a Rocha, foi, na verdade, descrito com as palavras de"Este Cântico."

Certas características desta antiga canção ou cântico judaicooriental devem ser guardadas em mente. Não há ritmo fixo, enão há harmonia deliberada. A melodia é o principal, sempredentro dos limites de um motivo deliberado, comumente dentrode um limite de seis tons.

Naturalmente, a habilidade e imaginação individuais pode­riam ser usadas para burilar e decorar cada melodia, executandoornamentos e apogiaturas. Nas congregações orientais ou sefár­

dicas, um tom, meio e um quarto de tom são usados. Nos gruposocidentais europeus, mesmo os mais antigos, chamados ashke­nazins, sàmente o tom e meio tom são encontrados. Outro pontoa ser relembrado no canto oriental é que quando as notas sãorepetidas numa mesma sílaba, não são ligadas, mas o cantorproduz uma vibrante repetição de cada nota em aprêço.

Embora nenhum exemplo da verdadeira música para can­tar "Este Cântico" tenha sobrevivido, uma frase curta de outraparte do Pentateuco, Exodo 18, dará alguma idéia do tipo:

(65)

Page 28: Música em Minha Bíblia

56 MúSICA EM MINHA BíBLIA UM ALEGRE RUíDO 57

Três dirigentes musicais são mencionados em conexão comisto. "Os cantores Hemã, Asafe e Etã tocavam címbalos debronze." Verso 19. É importante considerar que Asafe e suafamília eram chefes entre os líderes dos coros, regentes deorquestra daquele tempo, pois Idelsohn afirma que apesar deprimitivamente na história sagrada mais címbalos serem usados,quando o serviço do templo foi inteiramente estabelecido somenteum par dêles foi usado, e pelo próprio líder. Lemos: "Notamosque os instrumentos de percussão foram reduzidos a um címbalo,o qual, como já mencionamos antes, não foi empregado namúsica propriamente dita, mas meramente para marcar as pausase intervalos." - Idelsohn, Jewish Music, pág. 17.

Outra teoria, adotada por alguns, é a de que os címbalos eramusados para marcar ou acentuar um ritmo desejado ou paramarcar o clímax na música, como ouvimos hoje em composiçõesorquestrais. Muitos, entretanto, concordam com Idelsohn.

Esdras e N eemias lideraram a reconstrução dos muros emruínas de Jerusalém depois do cativeiro, e a colocação dos ali­cerces para a reconstrúção do templo. Quando as bases dosmuros foram assentadas, uma celebração foi instituída "nosmoldes do ritual de Davi." Os sacerdotes com trombetas e osasafitas com címbalos, associavam-se aos cantores em louvor a

Deus. Ao ser concluído o muro, êste foi dedicado em primo­rosa cerimônia acompanhada pela música de címbalos, alaúdese liras, com duas enormes procissões marchando ao redor dacidade e encontrando-se no templo. Nesta cena de júbilo, no­vamente os címbalos foram proeminentes; grande quantidadedêles, ao que parece, foi usada, pois todos os filhos de Asafeforam convocados para tocá-Ios.

O som característico dos cÍmbalos é indicado na Escritura.

Por exemplo, o magnífico salmo musical, número 150, men­ciona os címbalos entre os instrumentos de louvor: "Louvai-Ocom címbalos sonoros, louva i-O com cÍmbalos altissonantes."Sal. 150:5.

Também Paulo, usa a imagem musical em I Cor. 13: 1: "Ain­da que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivessecaridade, seria como o metal que soa ou como um cÍmbalo reti­nindo." [Sino que tine, na trad. Almeida].

O uso de duas expressões no Salmo 150: "címbalos sono­ros" e "címbalos altissonantes," tem levado alguns a acreditar na(~xistência de dois tipos de instrumentos. São conhecidos trêstip05 antigos de címbalos, como mostram as ilustrações, mas,110 paralelismo da poesia hebraica, encontramos freqüentemen­tc uma segunda expressão que é mais um refôrço da pri-

Inltrumentos de percussão: (ao alto, da esquerda para a direita) sistro, clm.bolos planos, (em baixo) clmbalo de dedo, clmbalo cÔnicos.

IlIcira do que uma distinção dela. Assim, "sonoros ou altis­

sonantes" J>odem simplesmente estar acrescentando colorido à(it-scrição dêste brilhante instrumento.A palavra "címbalo" vem do grego e significa prato ôco ou

bacia. No primeiro tipo, na ilustração acima, era segurado um('m cada mão, e o executante batia um de encontro ao outro

Page 29: Música em Minha Bíblia

58 MúSICA EM MINHA BíBLIA UM ALEGRE RU1DO 59

em certos ângulos em relação ao corpo. Para produzir bom som,êles não se colidiam diretamente, mas com um movimento des­lizante. Este é ainda o método usado na execução dos cím­balas. Seu SOm é forte e metálico, um retinido surpreendente einsistente. A palavra hebraica para címbalos, "metsiltayim," éencontrada treze vêzes na Bíblia, começando no tempo do reiDavi, e continuando até o período da restauração. Isto vemsugerir que os címbalos foram amplamente usados por umlongo período de tempo em arranjos religiosos e seculares.

No segundo tipo ilustrado, os címbalos eram tocados ba­tendo-se um ao encontro do outro em movimento vertical. Em

adição a êstes tipos, Smith afirma que havia um conjunto dequatro em alguns tipos de címbalos, sendo dois pratos fixadosem cada mão do executante, e colididos para produzir gran­de barulho, mais ou menos no estilo das castanholas. Defato, pequenos discos de metal eram usados de várias maneiras.É possível que a palavra traduzi da por "campainhas" em Za­carias 14: 20, na realidade significasse pequenas peças redondasde metal, como pequenos címbalos ou sininhos, tais como os

que enfeitam os tamborins. Eles talvez fôssem da mesma espéciede pequenos discos fixados nas mãos dos executantes, como nailustração da página anterior.

Há ainda outro tipo de címbalo chamado "Shalishim," men­cionado nas Escrituras. Este, assemelhava-se a um chocalho.Tinha cabo reto, com três argolas que produziam som dentrode um caixilho reto. É mencionado sàmente uma vez na Bíblia,e a conclusão do Dr. Stainer sôbre o assunto, corrobora a traduçãoposterior de Moffatt. A referida ocasião foi aquela em que as mu­lheres saíram a saudar Davi após a matança dos filisteus. Elasvieram "com tamborins e danças de júbilo e címbalos [shalishim]."

I Sam. 18:6. (Trad. Moffatt para o inglês.)Há alguma diferença de opinião sôbre a aparência do "sha­lish." Talvez esteja corretamente ilustrado no desenho do sistro.Os címbalos, naquele tempo como agora, eram feitos de

um metal forte. Têm sido encontrados címbalos dos temposantigos feitos de prata com algum estanho. A versão "KingJ" I "I -" d Iames usa a pa avra atao ao escrever o meta, ao passoque Moffatt e a Versão Revised Standard usam "bronze.' [Atradução Almeida diz: "címbalos de metal.]"

r

I

O uso dos címbalos nas Escrituras, desta forma, parecedenotar um acentuado ~.entimento de alegria nos serviços reli­

giosos. Alguns pensam que foram usados para marcar o tempo.Muitas autoridades, entretanto, tomam o sentido oposto. Os cím­balas eram usados sàmente pelos líderes nos serviços religiosos, eseu tinido significava descanso ou cessação de som. O têrmo"selah" pode ter algumá conexão com o uso dos címbalos comoserá tratado mais tarde.

Page 30: Música em Minha Bíblia

"CANTICO DE D2BORA" 61

CAPíTULO 9

Cântico

de

Débora

"'-'JG cantou Débora e Baraque. Assim começa agrande ode de Juízes 5. Débora é a primeira

grande profetisa mencionada na Bíblia depois de Miriã. Elaviveu nos dias dos juízes. A maioria dêstes líderes fôra impo­tente para condenar a decadência moral no meio do povo, e o

. d d I' "é" 1 dI"pengo os a versanos externos at que, e a ec ara: melevantei por mãe entre Israel." Verso 7. Era ela possuidora degrandes dons intelectuais, muito talentosa em música e poesia.Possuía intensa coragem. Era alguém que podia suscitar ação.Além disso, mulher muito piedosa, pois reconhecia que seupoder vinha de Deus, a quem glorificava.

Tais traços eram necessários num líder para aquêle tempo.Aproximadamente dois séculos se haviam passado desde que Miriãdirigira as mulheres no cântico do Mar Vermelho. Moisés eArão tinham morrido, bem como Josué e Eúde. O povo, quasecompletamente destituído de fé, recusava-se a ouvir os bons juí­zes. Os tempos eram difíceis. Era estranho, na verdade, quea música e a poesia, bem como canhecimentos militares, tives­sem sido dados a uma mulher numa tal terra e num tal século!

O grande histariador musical Fetis assinala que êsse período"foi o tempo menos favorável para o cultivo das artes." Haviatemor por tôda parte.

(60)

i

\

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1

"No dia de Sangar ... os que andavam por veredas i~m ~orcaminhos torcidos" [atalhos - tradução Moffatt para o mglês]

(verso 6), evitando as estradas abertas, P?r causa do mêdo. Opaís estava rodeado de inimigos. ~s maI~ poderosos era~ oscananeus no norte, cujo rei era JabIm e cUJo general era SIsera.'Tinha êle novecentos carros de ferro e milhares de soldados.

Israel não os possuía:

"Nenhum escudo para cinco cidades!Nenhuma lança para os quarenta mil homens de Israel,"

Verso 8, trad. de Moffatt.

Muitas tribos covardemente se recusaram a oferecer resis­t~ncia. Débora escarnece dêles: "Rúben por sua indecisão [es­

(}uadrinhações de coração] e sua demora:

"Por que ficaste tu entre os curraispara ouvirdes os bailidos dos rebanhos?" Verso 16.

"Por que vadiastes nos apriscos das ovelhas,com apenas um ouvido para as notas pastorais?"

Trad. Moffatt, verso 16.

Dã "se deteve em navios" (verso 17), mas,

"Marchou para fora do povo do Eterno,"Trad. Moffatt, verso 13.

:Estes incluíam Manassés, Zebulom, Issacar e Naftali.

Débora respondeu ao chamado de Deus para ser um~ líder,

com a missão de profetisa .e )uíza, para uma nação dIsp~;sa,covarde e medrosa. Ela haVIa Instalado seu 1 quartel-general de­haixo das palmeiras de Débora, entre Rama e Betel, ?as mon­

tanhas de Efraim (Juí. 4:5), quase no centro do paIS. Com­preendendo a necessidade de uma resistência armada. co~tra aameaça de invasão do norte pelos cananeus sob a dueçao deSísera, ela, dirigida por D~us, mando~ ch~n:ar Baraque paraser seu general. Ela lhe dIsse onde Slsera ma encontrá-lo embatalha e que êle, Baraque, iria vencer.

"Se fores comigo irei," disse Baraque."Certamente irei contigo," prometeu Débora, "porém não

será tua honra pelo caminha que levas, pois à mão de umaIllulher o Senhor venderá a Sísera." Verso 9.

Page 31: Música em Minha Bíblia

62 MúSICA EM MINHA BlBLIA "CANTIca DE D:f:BORA" 63

Esta foi a primeira indicação de que as mulheres desem­penhariam um papel importante nos eventos celebrados pelo"Cântico de Débora." Elas, quebrando o costume comum, saí­ram da reclusão dos lares orientais. Era um tempo desesperadore desesperadas medidas foram tomadas.

A batalha foi travada depois que os fiéis de Israel se haviamencontrado no Monte Tabor, ao norte. Então Deus enviouas fôrças da Natureza para destruir as poderosas fôrças de SÍsera.Como no Sinai-

A terra estremeceu, A terra foi sacudida,os céus gotejaram, os céus estremeceram,As nuvens gotejaram águas, As nuvens destilaram água,Os montes se dermteram. As montanhas jorraram.

(trad. Almeida) (Trad. Moffatt - inglês)

Da mesma maneira, durante a batalha dirigida por Baraque:

Até as estréIas desde os lugares dos seus cursos,pelejaram contra Sísera.O ribeiro de Quisom os arrastou,aquéle .antigo ribeiro, o ribeiro de Quisom.

Trad. Almeida, Juízes 5:4, 20 e 21.

Até as estréIas no céu combatiam,Combatiam Sísera de suas órbitas;A torrente de Quisom arrastou seus adversários,A torrernte de Quisom em suas faces!

(Louva, minha alma, o poder do Eterno!)(T rad. Moffa tt - inglês)

Os carros atolaram-se. Os cavalos empinaram, tomaram-se

indomáveis. Os relâmpagos e a chuva do sul cegaram os ad­versários. Matavam-se uns aos outros. Os israelitas, com atempestade pelas costas, viam claramente.

"Então socavam os cascos dos cavalos,Enquanto os guerreiros galop'avamem fuga." Verso 22, Moffatt.

Logo todos os adversários foram mortos - todos menos Sísera.:Ele escapou correndo em direção ao sul, para Quedes.

Neste ponto, outra mulher, Jael, é apresentada. Seu marido

e o rei Sísera eram amigos. f: provável que em alguma ocasiãoanterior SÍsera estivera em seu lar e fôra bem recebido.

,

"Água pediu êle, leite lhe deu elalem taça de príncipes lhe ofereceu manteiga."

[Coalhada na trad. Moffatt] Verso 25.

Pedindo a Jael que mentisse aos seus perseguidores a respeito

de sua presença, caiu num profundo sono. Foi uma anestesiamisericordiosa. No decurso das freqüentes mudanças resultantesda vida nômade de sua família, esta resoluta mulher não apenas

dirigira a armação das tendas, mas ela própria muitas vêzesajudara a fincar as pesadas estacas da tenda com o malho. Agora,com a mão prática, ela imediatamente liquidou SÍsera.

"A estaca estendeu a sua mão esquerda,ao maço dos trabalhadores a sua direita:Entre os seus pés se encurvou, e caiu ...Onde se curvou ali ficou abatido." Versos 26 e 27.

Então uma terceira mulher faz sua entrada na ode. f: a

mãe de Sísera, cercada por suas servas. Débora imagina-a olhandoatravés da janela:

"Por que tarda em vir o seu carro?" Verso 28.

Ainda outras mulheres, as esperadas cativas hebréias, sãomencionadas pela mulher musicista e poetisa, nas palavras damãe de Sísera:

"Porventura não achariam e repartiriam despojos? ., .. .. ..uma ou duas môças a cada homem?" Verso 30.

O fim se aproxima ràpidamente. Então as linhas finais daoele do livramento:

"Assim ó Senhor, pereçam os Teus inimigoslPorém, os que Te amam sejam como o Sol quando sai

na sua fôrça!" Verso 31.

O "Cântico de Débora," um dos mais antigos fragmentosrestantes da literatura hebraica, é classificado entre as mais lindasodes do mundo, as quais são, podemos relembrar, poemas es­critos para serem cantados. De fato, no início é declarado: "Ecantou Débora e Baraque... naquele mesmo dia." Apesarde sua autoria ser muito discutida, há evidências de que a própriaDébora escreveu o "Cântico" e de que êle é muito antigo. A

Page 32: Música em Minha Bíblia

64 MúSICA EM MINHA BíBLIA "CANTICO DE DB.BORA" 65

teu grito de guerra!"Verso 12, Moffatt.

Ao que Débora replicaria:

"Levantarte, ó Baraque, filho de Abinoão,e captura os que te capturavam!" Verso 12, Moffatt.

Estudando todo o cântico em juízes 5, nota-se que êle poderiafàcilmente ser dividido em coros, solos e duetos. As partescorais, pelo menos, foram cantadas acompanhadas por uma me­lodia familiar. Seu equilíbrio faz sentir um ritmo quatemário.O significado da palavra original "cantar," no verso 3, é "cantar

forma arcaica feminina da segunda pessoa é encontrada no ori­ginal hebraico assim traduzido: "Desperta, 6 Débora!" Verso 12.

O "C' . d Déb "d . "C'antrco e ora, a mesma maneIra que o an-tico do Mar," é uma prova de que as mulheres hebréias deentão possuíam uma alta posição na sociedade daquele tempo,em contraste com períodos posteriores, ou com a de outrasmulheres orientais em qualquer período.

Agora, surgem algumas perguntas. Como era a música do"Cântico de Débora?" Qual a sua melodia? Qual o seu plano?

O "Cântico de Débora" é antigo, porque foi, na realidade,composto imediatamente depois da vit6ria, e foi cantado por

Débora e Baraque como dueto, com solo responsivo e partesuníssonas. Da mesma maneira que no "Cântico do Mar," a formado arranjo musical deve ser deduzida das linhas do poema. A

ap6strofe inicial a Deus e as referências à Sua Onipotência sôbreas fôrças da Natureza, bem como a quadra final, foram pro­vàvelmente cantadas por um côro de sacerdotes na celebraçãodo Monte Tabor.

Entre os números corais devia haver estribilhos com ex­clamações como:

"Louvai ao Eterno!"(Louvai ao poder do Eterno, minha alma/)

Versos 9 e 21, Moffatt.

A forma equilibrada docântico antifônico. Baraque

"Desperta, 6 Débora,desperta, desperta, com

poema o toma apropriado para ocantaria:

com acompanhamento musicaL" Desta maneira, os instrumentospodiam ter sido empregados também.

Um orat6rio poderia bem ser composto em tômo dêste tema,usando-se as pr6prias palavras do "Cântico." Em tal composição

o soprano seria Débora, o contralto Jael, o tenor Baraque, eo baixo Sísera. O côro de mulheres discorreria sôbre o

caráter de Débora, a bravura de Jael e as palavras da mãe deSísera e das servas. Um côro masculino mostraria o caráter de

Baraque, a petulância e mais tarde a covardia de Sísera, e osvários traços da disposição e indisposição dos homens da tribo;cantariam ainda a respeito das divisões antecipadas dos despojosde Sísera. Um côro completo de oito partes cantaria:

"Assim, ó Senhor, pereçam todos os Teus inimigos!Porém, os que Te amam, sejam como o Sol quando sai na

sua fôrça!" Verso 31.

Haendel escreveu um orat6rio intitulado Débora, em 1733.Seu livreto foi baseado na hist6ria dos Juízes, mas não usava otexto real das Escrituras. Parece não possuir o espírito da pri­mitiva e rude música hebraica, pois seu alcance excede emmuito o da música dessa idade primitiva.

Foi mostrado que o "Cântico de Débora" é outra violentacanção guerreira de caráter her6ico. Contém também passagenslíricas. f: um hino de louvor ao Deus libertador.

Débora escreveu como ela atuou, sob inspiração divina. Suacrença de que fôra divinamente chamada foi compartilhadanfio sàmente por Baraque, mas por todo o povo que se reuniapara suas convocações. Eles "sentiam que a sua sagacidade eespírito tão vivo e intrépido deveriam ser dádivas de Jeová; foi

a .inspiração do Todo-poderoso que lhe deu entendimento."-W. Robertson Nicoll, ed., The Expositor's Bible, VoI. 1, pág. 176.De fato, Débora merecia compartilhar com Baraque um

lugar no chamado rol dos her6is da fé mencionados por Paulo.I)l~bora e Baraque celebraram com cântico a grande vit6ria,(jnando, pelo poder de Deus, "puseram em fugida os exércitos( os estranhos." Hebreus 11: 34.

"E cantO'u Débora e Baraque."

Page 33: Música em Minha Bíblia

1Ii

ESTUDO DE MúSICA EM 1050 A. C. 67

CAPITULO 10

Estudo

de Música

em 1050 A. C.

"tntão virás ao outeiro de Deus ... e há deser que, entrando ali na cidade, encontrarás

um rancho de profetas .. , e trazem diante de si saltérios, e tam­bores, e flautas, e harpas, e profetizarão." I Sam. 10:5. Estaspalavras de Samuel a Saul mostram as estreitas relações entrea música e a inspiração, e nos relembram que os estudantes nasescolas dos profetas davam considerável atenção ao estudo daI •mUSlca.

Num dos grupos posteriores de filhos dos profetas estavaincluído Hemã, o próprio neto de Samuel, que se tomou umdos três diretores principais da música coral e instrumental notemplo. É interessante notar o preparo que Hemã e outrosmúsicos tinham nesses tempos primitivos. As escolas foraminauguradas por Samuel, que reuniu grupos de jovens piedosos,

inteligentes e estudiosos, que deviam ser treinados para posiçõesde liderança em Israel.O próprio Samuel inaugurou sua aprendizagem no templo

de Silo, o velho tabernáculo que fôra fixado naquele local haviatrezentos anos. Aqui Eli, à maneira dos verdadeiros sacerdotesjudeus de todos os tempos, conservou vivos os conhecimentos

e tradições dos tempos idos. Os conhecimentos musicais queMoisés tão bem recebera de Deus e das escolas egípcias, foram(66)

lIl'rl~scentados a outras matérias no aprendizado de Samuel du­I'II/lleseu próprio período de educação, e êle os teria transmitidoIIIISjovens reunidos ao. seu redor, pois é evidente que Samuelt'1'll.um professor, um. Juiz e um profeta. As escolas foram pri­1I1t'Iramente estabelecldas em Rama e Quiriate-Jearim, e maisllll'dt! em Betel, Jericó e Gilgal. Nelas eram ensinadas, alémdc' I1ti~idades industriais, a lei, ~ história sagrada, a música eli, poesia. ,Os estudantes eram ensmados a orar e a responder ao1,',Npfl'ilOde Deus.

"[ntelectos santificados tiravam do tesouro de Deus coisas

1I0YI1Se velhas, e o Espírito de Deus se manifestava na profecia" 110dntico sagrado.

")' .'. 'azia-se com que a música servisse a um santo propósito,

11 I~"1 de erguer os pensamentos àquilo que é puro, nobre e"dll il'ante e despertar na alma devoção e gratidão para comDt'IIS." - Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, pág. 637.

(). t~rmo "profe.tizando" é amplo, incluindo não apenas al'III11Il'Jd~dede ~~edlzer os eventos futuros, mas também poder111\Ol'll~'aoe hablhda~e para usar a música, se não sempre fazê-Ia.

Os lalcntosos levItas na, escolas dos profetas, entre os quaist'lllllVI1] lemã, tornaram-se hábeis na música. Seu ardor e de­yo~'NIIl~raJ11famosos e contagiantes. Todos os que conviviam comc'lt'N, IllC:1110por pouco tempo, adquiriam seu espírito. Saul,10/0(0IIp(~s ter sido I ungido, e anos mais tarde os mensageiros

'jUt' c'nYIl~ua Ra.ma para capt,urarem a Davi, foram tão profun­I 1I11lt'nlclI11presslOnadospor estes esdudantes que se uniram ac\lrll para profetizar. Assim, os formados por estas escolas tor­mll'l1mse profetas e músicos, e foram líderes em Israel. Hemã,Ilrlo dt, Samuel, foi um dos três diretores-chefes da música dohlbt'l'Il1kulo e do templo, e seus filhos continuaram o ministérioIIIlINll'lIl.

"11.l~a~i, j~ntam~nte com os capitães do exército, separou1'11111li Illllusténo os fIlhos de Asafe, e de Hemã, e de Jedutum,

11"1'11 pl'Ol'ctizarem com harpas, COm alaúdes, e com saltérios." ICI'~II, '21: l.

t\ palavra traduzida aqui por "harpa," ou na versão KingJ "I é'" "éb I" P 'd h,UIIC'NSllt'no, e n e. arece ter SI o uma arpa maior,hllo fo, maior que o "kinnor." Talvez não fôsse tãO' orandet:l

Page 34: Música em Minha Bíblia

68 MúSICA EM MINHA BtELIA ESTUDO DE MúSICA EM 1050 A. C. 69

() "nébel" foi usado por estudantes de música e por mUSl­('os do templo durante o tempo de Davi e Salomão. AtravésdI' lodos os escritos do Velho Testamento, encontram-se refe­I'l'lll'ias ocasionais a esta harpa, tanto em associações seculares1'01110nas sagradas. E óbvio que, como um dos três líderes1Illlsil'ais da idade de ouro da primitiva música do templo, nosso('studantc de música, Hemã, o conhecesse profundamente tam­iJ(·Ill.

Quando Saul encontrou o grupo de jovens profetas, aosqll:lÍs se uniu em profetizar, um dos instrumentos que viu foi oIlIllliJorim [tambor na trad. Almeida - "tabret" na Versão King./1I1ll1'SI ou "toph," já detalhadamente descrito. Apesar de seremusados tambores triangulares ou quadrados, êsse tipo era um

IIilllPlcs tambor pequeno, redondo, com urna pele firmementel'sl Íl'ada, scm possibilidade de ser ajustado para mudança de10111,como nos modernos tímpanos. O "toph" era usado para

1I1'('lltuaro ritmo do cântico ou talvez como guia para os exe­('lltlll1tes dos instrumcntos de corda e de sôpro. Desde os temposplIssllllos fôra usado como acompanhamento de melodias, para1l11II'l'aros andamentos. Poucas procissões religiosas realizavam-seM'1llacompanhamento da batida de um ou mais dêsses tambores.

S:lld também viu entre os estudantes urna flauta, o "charlil."( :,,(1 SI'quc êsse instrumento se assemelhava ao oboé ou clarineta,

"'tis possuía uma palheta na embocadu:a. Havia perfuraçõesplIl'II Illudança de tom. O som era estndente, agudo e pene­I11111 li'. O instrumento moderno a que mais se assemelha é o

"iJoto, Ulll dos mais antigos instrumentos, ainda que à antiga1'I111llal'altasscm alguns ou muitos dos seus aperfeiçoamentos.

M u itllS au toric1ades admitem que os hebreus tinham oboés que"t' IIss1'lllclhavam aos "zamr" dos árabes, aqui ilustrados.

Zamr ou oboé árabe.

...., .'..

Harpa eglpcia, provàve!mente muito pa­recida com o nébel das Escrituras.

Stainer estudou a etmologia de "nébel," chegando à palavraque significa "vaso arredondado" ou "cantil de couro." Se estaderivação fôr verdadeira, o instrumento teria tido uma armaçãoôca. ]osefo diz que o "nébel" possuía doze cordas. Algunsafirmam que o "nébel-azor" tinha dez cordas, pois "azar" sig­nifica dez. No entanto, algumas ilustrações mostram até vintecordas.

O "nébel" tinha som profundo e pesado, pois suas cordaseram longas. Formava o fundamento para o som de outrosinstrumentos, assim corno o faz o diapasão profundo do órgão ou

os pesados sons básicos do contrabaixo da orquestra de hoje. Os"nébeis" davam os sons básicos dos acordes, ou os sons do cântico,uma oitava ou mais, abaixo. Seu som pode ter servido de basepara o,; temas executados em outros instrumentos.

quanto a harpa moderna para concêrto, pois parece que podiaser levada de um a outro lugar com razoável facilidade. De­duz-se do próprio significado da palavra "nébel," que êste tipo

de harpa devia ter lados arredondados no ângulo oposto àhipotenusa do instrumneto triangular. Não sendo, pois, com­pletamente circundada por uma moldura. Um dos lados eraaberto. Assim, evidentemente era instrumento com corpo so­noro limitado ou nulo.

Page 35: Música em Minha Bíblia

70 MúSICA EM MINHA BíBLIA ESTUDO DE MúSICA EM 1050 A. C. 71

A lista completa dos instrumentos que o jovem Saul viu,incluía também o "kinnor" que foi discutido detalhadamenteem capítulos anteriores. As repetidas referências a êste pequenotipo de harpa, mostram que foi de uso comum nos tempos doVelho Testamento. Havia variações de tamanho e aspecto:algumas eram quadradas, outras triangulares. O terceiro lado

desta harpa era aberto, nas harpas ele três lados. Este pequenoinstrumento era muito popular entre as classes cultas de Israel.

Novamente, encontramos uma divergência de opinião quantoao número de cordas encontradas no "kinnor." Fetis acreditavahaver nove cordas. Jebb declara haver oito. Josefo afirma seremdez. Todos concordam, entretanto, que as cordas eram feitas detripa de camelo.

O som era suave, doce, lírico, macio e um tanto agudo. O"kinnor" era feito primeiramente de pinho como o "nébel." Maistarde o "kinnor" foi construído de "almug," uma espécie desândalo vermelho da India.

A perfeição na execução de todos êstes instrumentos oumesmo a familiaridade COm êles, requeria grande versatilidade.Podemos imaginar o efeito tocante e impressionante. O "nébel"executava o tom grave inicial das cordas ou do uníssono. O"toph" marcava o andamento. O "chalil" executava a melodiacom o "kinnor" em uníssono ou talvez numa têrça abaixo ouacima, ainda que a harmonia como tal fôsse desconhecida. Com

vários instrumentos em cada grupo, o efeito podia ser quase or­questral e agradável. Embora Engel não veja razão para crerque a teoria da música não estivesse avançada, a maioria dasautoridades acreditam que a música era tôda ou dobrada emoitavas, ou em uníssono. O efeito podia não ser semelhante aonosso, mas teria sido impressionante e indutivo à profetização.

Engel afirma que a escala pentatônica era a base da músicadaquele tempo, podendo ser comparada aos sons encontradosem nossa escala de Do M, e de Do, Ré, Mi, Sol, e Lá com a oi­tava de Do. E quase uma escala completa, uma escala parcial,executada pela têrça menor entre o terceiro e quatro graus daescala. Música forte e suplicante, podia ser produzida nestaescala com os instrumentos. de corda e de sôpro, com os instru­mentos de percussão acentuando o ritmo.

"Considerando que a vocação dos levitas era ocuparem-sedu parte musical dos serviços religiosos, e que evidentementetinham êles bastante tempo para o cultivo da música, parecenltnmcnte provável que tenham estudado esta arte tanto cien­Ilrka como pràticamente. Podemos, portanto, supor que oslwhrcus possuíssem tratados escritos sôbre teoria da música,

hl'lll como instituições para a prática dos diferentes ramos daIlILIska instrumental e vocal. Eles possuíam, segundo a BíbliaIlIt'IH.:iona,escolas de profetas em vários lugares, nas quais aIlILIskaparece ter sido ensinada sistemàticamente." - Engel, Mu­,~Ic of The Most Ancient Nations, págs. 322 e 323.

Alguns estudantes nas escolas dos profetas, assim como He­IlIn, rcalmente se especializaram em música. Sua instrução erallI'ientada a fim de incluir certa habilidade em instrumentos de

l'ordn, ele sôpro e percussão.

A instrução coral não foi negligenciada tampouco, e issovr-rC11l0Smais amplamente em capítulo futuro. Os que pos­IIl1íU11lboa voz foram instruídos no canto, pois, havia muitosl'llnlorcs no tabernáculo de Davi e nos serviços do templo deSnlo1l1ão. Não é irrazoável supor que seus cânticos incluíssemnlKlIns dos já discutidos por nós. Poderiam êstes jovens profetasIWlOraro "Cântico do Mar," "Cântico de Miriã," "Este Cântico"t1 () "Cântico de Débora e Baraque"? Deveria existir também1I1l1Uvasta coleção de cânticos baseados em melodias folclóricasOll cantigas.

A música começou a ter sua forma própria por volta deIOíO A. C.

Page 36: Música em Minha Bíblia

flisse possuído de temor e inquietação. :Ele amava a Davi; not'ntnnto, O temia. Reinava o conflito em sua turbada mente.

Ataques de quase loucura sobrevieram ao monarca. Paradissipá-los, seus conselheiros sugeriram o consôlo da música.Na verdade, o próprio Saul devia ter aprendido algo de música111\escola de Samuel. Talvez tivesse mesmo sido músico. Sa­

1lt'l1loSque apreciava a música, e esta exercia efeito, sôbre êle.(.2uimdo foi à escola de Samuel, tentando encontrar Davi, foiInl'Illcnciado pela atmosfera espiritual no lugar onde a profeciati a música estavam associadas, e êle também profetizou. Na­t1"t'lcs tempos o profetizar era freqüentemente acompanhadolIll induzido pela música, como no caso de Eliseu. Se algumal'lIisa podia ajudar a Saul, raciocinavam seus cortesãos seria a1I11'lsÍca.a melhor músico da terra era um jovem rapaz do

l'IIIUPO,chamado Davi.i\ habilidade de Davi na música era proverbial. ":Ele seIOl'nOll () menestrel [poeta ou músico-trovador] de Saul," dizU1aikic, "e aliviava seu temperamento violento pelos suavesMlIllS[da harpa]." - Bible History, pág. 226. Davi tivera acesso1\ fnsl1'lI~~ãooferecida aos talentosos jovens por Samuel. Seu lardlNlavaSl)mente cêrca de doze milhas do alojamento dos profetas, e

ht'1Ijmi era um homem influente na comunidade. Davi possuíaIlIthi idade natural para música. me treinava sua harpa en­'1"111110apascentava seu rebanho. Escutava os sons da Na­1lIl'l'za, correspondendo a cada um dos sons musicais. Ele ouviar crillva.

Podemos imaginar o jovem Davi, chegando à presença do1\ll11l1'11lque era para êle "o ungido do Senhor," em vez de1I11111pessoa aflita. Levava na mão o seu pequeno "kinnor," aI't't1lll'na harpa feita de madeira de almugue [provàvelmente_~ndlll(), a mesma madeira da qual Salomão fêz os pilares do'I't'llIplo; I Reis 10: 12], com as cordas colocadas de uma ma­111'11'1Isimples. Não usava plectro [pequena peça de metal,""MlI (lU pl~ístico usada para dedilhar as cordas], mas tocaval'lIm 11 mão diretamente sôbre a harpa. De fato, de acôrdol'lIlIl lIS registros dos rabis, e com a tradição judaica, Davil'lIMIlimava pendurar sua harpa acima do travesseiro durante

11 lIoill', ele maneira que o som do vento nas cordas acordasse11 jllVC'1l1pastor quando dormia nos campos abertos. Não há

CAPITULO 11

A Música

do Menestrel

"tntão disse Saul aos seus servos: buscai-me,pois, um homem que toque bem, e trazei-mo.

Então respondeu um dos mancebos, e disse: Eis que tenhovisto a um filho de }essé, o belemita, que sabe tocar, e é valentee animoso, homem de guerra, e sisudo em palavras, e de gentil

S h I AI "presença: o en or e com e e.

"E sucedia que, quando o espírito mau da parte de Deusvinha sôbre Saul, Davi tomava a harpa, e a tocava com a suamão, então Saul sentia alívio, e se achava melhor, e o mauespírito se retirava dêle." I Sam. 16:17, 18 e 23.

É a música um auxílio em aliviar mentes perturbadas? É,na verdade, um paliativo, e eficiente, por certos períodos detempo, ao menos; mas o paciente deve cooperar. A causa fun­damental do distúrbio precisa ser encontrada, e, como primeiropasso, o paciente estar desejoso de abandoná-Ia.

a distúrbio de Saul baseava-se unicamente na falta defé. Isto o induziu a ter ciúmes de Davi. Possuía êle um

sentimento de insegurança porque o Espírito de Deus o estavaabandonando, tendo sido dado a Davi.

Seus pecados, exemplificados no incidente de Agague eculminando na sua visita à feiticeira de En-Dor, na noite an­terior à sua morte suicida na batalha, fizeram com que Saul

(72)

\.)I'

~

A MúSICA DO MENESTREL 73

Page 37: Música em Minha Bíblia

74 MÚSICA EM MINHA BíBLIA A MÚSICA DO MENESTREL 75

presunção na maneira de ser do jovem músico. Seu talentoera tão grande que a música para êle era coisa natural. Talvezinstintivamente cresse que todos conhecessem música e cor­respondessem a ela como êle o fazia.

É razoável supor que Davi usasse os cânticos e temas daNatureza para acalmar o rei. Desviando a mente do pacientede si próprio e dirigindo a Deus, o Criador, e às Suas obras

criadas, seria eficaz. Embora haja muita controvérsia por partedos estudiosos quanto a quais dos. salmos foram, na realidade,escritos por Davi, todos parecem haver concordado em que êlehaja escrito o Salmo 8, o 19, e pelo menos parte do Salmo 104,que são salmos próprios da Natureza, e que, por seu conteúdo,

poderiam ter vindo dêsse primeiro período. É fácil visualizarSaul respondendo às palavras inspiradas:

"Os céus manifestam a gl6ria de Deus;e o firmamento anuncia a obra das Suas mãos." Salmo 19: 1.

Também é ampliada a visão da alma perturbada em Salmo 8:

"Quando vejo os Teus céus, obra dos Teus dedos,a Lua e as estrélas que preparaste;

que é o homem mortal para que Te lembres dêle?6 Senhor, Senhor nosso,

Quão admirável é Teu nome sôbre tôda aTerra!"Versos 3, 4 e 9.

Novamente, nos versos seguintes do Salmo 104, a mente domonarca teria divergido de si para o Criador:

"Faz das nuvens o Seu carro,Anda sôbre as asas do vento." Verso 3.

"6 Senhor, quão variadas são as Tuas obras." Verso 24."Cantarei ao Senhor enquanto eu viver." Verso 33."A minha meditação a Seu respeito será suave;

eu me alegrarei no Senhor." Verso 34.

Suaves cânticos da Natureza, tais como êstes, mudariam ainclinação temerosa da imaginação de Saul. Eles eram tambémrevestidos de música cheia de apêlo. Ambos, o cântico e amelodia, eram harmoniosos e encantadores. De acôrdo com atradição judaica, Davi era tenor. "Como outros orientais, osjudeus tinham preferência pelo que chamavam de 'doce voz'

ultcrnando com o som suave das cordas... Um tenor lírico,

l'olllllmente, tinha tôdas as qualidades requeridas para tocar ol'Ornção dos judeus, por ma doçura e por sua fácil execução domais ornamental colorido; tal arte era chamada 'kelim' (ins­trUl1lentos, implementos). Os judeus apreciavam esta qualidadelírica nos instrumentos, tornando-se o violino o seu instrumentoI'nvorito. O têrmo usado para 'cantar' era 'han-im' (dulcifi­cilr) e o rei Davi (era chamado) de 'neim-zemiroth,' o quedulcificava os cânticos." - Idelsohn, Jewish Music, pág. 192,Na Bíblia, Davi é chamado de "o doce salmista de Israel."

Não há notações musicais preservadas da real melodia can­Indn por Davi para tranqüilizar o rei Saul. Crêem alguns quepodia haver similaridade entre o tipo arábico de canto e a dosnlltigos judeus. Stainer diz que a música árabe mostra "umaliw·jrn estrutura melódica, quase escondida sob uma carga det'sln1l1ha graça." - Pág. 195. Uma frase de tal música é aquimostrada:

MELODIA ÁRABE

IW~;rn.~

1~-I1=ta ~ n r z I

Podemos imaginar então o garboso Davi cantando clara ehlmplcs melodia acompanhada de graciosas notas no "kinnor,"1111 COIlla "doce voz" alternando com os doces sons das cordas.

1'~l1gclfala do cântico penitente, cantado por uma congre­~il,'110de judeus alemães, o qual, segundo a tradição, foi escrito

1't'lo rei Davi. Indubitàvelmente, mesmo que antigo em ori­~t'1I1,deve ter sido escrito mais tarde. A melodia poderia ser de11I1t'J'l'sscpara mostrar um conceito e uma versão modernizadadn melodia de Davi.

Qualquer que tenha sido a música, sabemos que cada vez

tjlW o jovem pastor tocava e cantava para o rei, a escuridão( f·ixnva o espírito de Saul. Havia eficácia na terapia musical.

Page 38: Música em Minha Bíblia

76 MúSICA EM MINHA BíBLIA

"

CANTICO PENITENTE,.._I=)~l,

Mesmo a sua execução habilidosa e eficaz não podia afastaro temor e a inveja, a não ser por curtos intervalos. Os delíriostomavam-se mais e mais freqüentes.

"Saul abriu o coração ao espírito de inveja de que suaalma estava envenenada. .. Permitiu que os ímpetos lhe diri­gissem o discernimento, até mergulhar-se no furor da paixão ...Dêste frenesi passava a um estado de desalento e desprêzo desi mesmo, e o remorso se apoderava de sua alma. Gostava deouvir Davi tocar harpa, e o espírito mau parecia afastar-se COmoporencanto durante aquêle tempo." - Ellen G. White, Patriarcase Profetas, págs. 696 e 697.

Então o espírito de temor e ciúme, ou inveja, de nôvo opossuía. Nada, a não ser a eliminação de Davi do reino, pareciaser suficiente. Isto só aconteceu após Davi ter sido chamadopara tocar e reanimar Saul muitas vêzes. Como a inveja e otemor aumentassem na obscurecida mente do rei, sua doença,ou delírio, chegou além do poder de tão gentil remédio, comoa música. Por duas vêzes Saul atirou uma lança em seu me­nestrel. Cada vez o remorso veio. Certa vez Saul procurouDavi na escola de Samuel. Lá, também, foi êle influenciadopela música dos jovens profetas, ao escutarem êles a voz deDeus, e profetizou novamente. Logo, nada, a não ser a fuga,adiantaria. Assim, Davi escapou, e a longa caçada humana co­meçou. Terminou, finalmente, com a morte suicida de Saulna batalha contra os filisteus.

(\I .-

CAPITULO 12

Marchando

Para Sião

a01, pois, Davi, e trouxe a arca de ~eus para. . . Õcima, da casa de Obede-Edom, à cIdade deI)llvi, com alegria com júbilo, e ao som das trombetas." IISlIl11uel6: 12-15.

A cidade de Davi era o local protegido por rochas, tomadodos jehuseus, e mais, tarde chamado Jerusalém. A cidade está~illJilda numa plataforma rochosa, por pequenas montanhas edt'sl'iladciros rodeada de três lados, que a tomam uma fortaleza111I11lJ':l1.Aqui Davi, pouco depois de suceder a Saul no reino,IIISllltou seu quartel-general. O país gozou de uma breve paz.IJl\vi construiu seus palácios, mas, não estava satisfeito.

r:.le queria um centro de adoração na "Cidade de Davi." O1111'lIlOrlocal em tôda a área da cidade foi escolhido: o Monte

S1t1o. Aqui uma nova tenda foi erigida, pois o velho taber­IIIkli1o, agora arruinado e gasto pela ação do tempo depois devl'!rios séculos, estava em uso em Gibeá cêrca de cinco ou seismilhas distante. Mas, seu lugar santÍssimO' estava vazio, pois11 IIre:! de ouro estava guardada, depois da morte de Uzá, na"IISI1de Obede-Edom. A fim de engradecer a santidade do nôvotllllt'I'll:1cUlo O' MO'nte Sião, Davi planejO'u trazer a arca deDt'us "com júbilo," numa sagrada, porém alegre procissão mu­••!l'1\ I.

A procissão com música era grande inovação. As trombetas,1r prnta e os chifres de carneiros até então eram os únicos

(77)

Page 39: Música em Minha Bíblia

78 MúSICA EM MINHA BíBLIA MARCHANDO PARA SIÃO 79

======-====1ri - ves

()s estudiosos têm considerado a combinação do "nébel" comlf"IIII1IO(h"também. Os "nébeis" eram as harpas maiores e mais

WI\V('s, Iratadas anterio;,ment~, e "Alamoth" p~re~e. signi~icar_OpI'llIlOou voz aguda. AplIca-se o mesmo prmcIpIo da Ilus­

1I'1l~'noprecedente. De fato, grande variedade e bele~a se con­_f'~lIirill lendo um acompanhamento para tenor num mstrumen-

Imsitor. Tanto quanto sabemos, havia muito pouca harmo­lIia na música desse tempo.

O tenor e o baixo talvez fizessem dueto na melodia com

IIllla oitava de diferença, ou talvez um g r a n d e e impres­Ilionante côro de baixos profundos se unia no canto da melodiat'l1I uníssono. Esse pode ter constituído um dos coros antifônicos.As vozes profundas, cantando uma ária, seriam mais efetivamenteludientadas por um acompanhamento de lira tocada em registro11110. Handel usa um arranjo similar no acompanhamento para° solo de baixo "For He Is Like a Refiner's Fire," [Pois Ele ét'OlllO um Fogo de Ourives], de "O Messias." O trecho que,u'gllc é uma parte da "Ária para Baixo" (número 6), come­~'lIndo "Mas quem subsistirá no dia da Sua vinda?" As oitavasdo haixo em Ré, Fá, Si e Do foram omitidas no trecho, pois,° lIl'ompanhamento do soprano é suficiente para ilustrar oponto.

instrumentos usados no serviço de adoração. Os instrumentosfora~ Jreqüentemente usados antes disso para induzir ao espíritoprofetIco como foram usados mais tarde também. Músicos com­

petentes estavam à disposição agora; eram, evidentemente, jovenslevita~ q:re esti~eram entre os estudantes das escolas dos profetas.O propno DavI, grandemente dotado e consagrado ao serviço deDeus, aprendeu muitos dêles, escrevendo tão bem os salmoslitúrgicos, como Bach o fêz séculos mais tarde.

De acôrdo com a ordem de Deus, os sacerdotes desta vez

carregavam a pesada arca com os varais de madeira especialmentepreparados para isto, colocados sôbre seus ombros. Ao COm­pletarem os seis primeiros passos, sacrifícios foram oferecidos.Davi,. o rei, havendo-se despojado de suas vestes reais, vestira

um sImples éfode de linho como os dos sacerdotes e marchavadi~nte da arca. Isto era permitido, e mostrava espírito de hu­mIldade. Ele se tornou um sacerdote músico, diante de Deus,o grande Rei.

Os sacerdotes tinham um grupo de trombeteiros que os acom­panhava~ à frente e. atrás. Tanto as trombetas de prata comoas de chIfre de carneIrO, eram tacadas em determinadas ocasiões.

Hemã, Asafe ~,Etã, eram dirigentes de vários grupos, designadospara tocar os cÍmbalos de metal." I Crôn. 15: 19. Havia 870

dêles espedficam.ente enumerados para comporem os grupos desacerdotes e mÚSICOS.A marcha prosseguia COm cânticos e mú­sica instrumental se. alternando. Milhares de expectadores ali­nhavam-se na estrada e nas ruas dentro dos portões da cidade.

Entre os instrumentos de música mencionados, estão o "kin-" h " éb 1" dnor, ou pequena arpa, e o n e ou gran e harpa. O método

de seu uso, como instrumento de acompanhamento, tem sido acausa de muitas conjeturas e discussões. O relato da versãoRevised Standard diz: "Para tocar harpas, 'nébeis,' de acôrdocom o Alamoth;" e "para conduzir com liras, 'kinnor,' de acôrdocom o Sheminith." I Crôn. 15:20 e 21. Isto parece estranho. O"kinnor" é a harpa pequena e de SOns agudos. Por que teriasido de "acôrdo com Sheminith" que significa "sons graves?"Stainer e outros comentadores acham isto estranho na verdade.

Entretanto, pode ter sido outra indicação do gênio do rei - COm-

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80 MúSICA EM MINHA BíBLIA MARCHANDO PARA SIÃO 81

=_.=_ -==_ -==_ -==_ -<::::F Mende;soh"m

to grave. Pensamos no uso que Mendelssohn fêz dêste arran­jo no acompanhamento para "Be Thou Faithful Unto Death"[Sê Fiel Até a Morte] em seu oratório "São Paulo." Otrecho seguinte dá a idéia básica. Quando ouvido com umacompanhamento orquestral regular, onde o violoncelo executauma contramelodia, o efeito é de fato agradável. O que segueé um breve trecho da "Ária para Tenor" (número 40).

ARIA PARA TENOR

nnlão foi narrada novamente a liderança predominante deI)('tIS no estabelecimento do Seu povo em Canaã.

Novamente, como no "Cântico de Débora" e no "Cânticodo Mal'," Deus é adorado pela evidência do Seu poder na Na­111I't'ZlI :

"Alegrem-se os Céus e regozije-se a Terra ...Huja o mar. .. exulte o campo! ...Entao jubilarão as árvores dos bosques perante o Senhor."

Versos 31-33.

(~onll) em outros cânticos, êste salmo termina:

"1,rJl,wado seja o Senhor Deus de Israel, de século em século."Verso 36.

(JlIando os coros antifônicos terminaram o salmo de louvorI' ON illSll'umentos cessaram de tocar, os milhares na congrega­•••1111, incluindo as mulheres, tiveram também uma parte nO.l'I'vi,'II.Lcmos: "E todo o povo disse: 'Amém!' e louvou aoSrll!tor," Verso 36.

() qlll' se sabe da música desta ocasião? Como foi explanado11 11 If'l'loJ'lllt'ntc, as melodias ou cantos tradicionais mais antigos

11

variada e de grande intensidade. Centenas de levitas se rego­l.ijaram quando esta grande procissão músico-religiosa chegou

nos ~)ortões da cidade.'Levantai, ó Portas, as vossas cabeças," cantava um grupo."E entrará o Rei da Glória," respondia outro.Este foi um tipo das boas-vindas outorgadas a Cristo quando

nle ascendeu aos portões da cidade celestial após a Sua res­1l1llTcição.Logo a procissão chegou ao seu destino. A Arca Sa­

~J'Hda veio a seu lugar de repouso temporário na tenda doMonte Sião.

Lá, depois de oferecerem os sacrifícios queimados e as ofertas

plIl'íl'icas a Deus, a comida foi distribuída aos milhares reunidos.() wande clímax da música consistia no canto do nôvo salmoqll(~ Davi compusera especialmente para a ocasião. Aí os1mII'U 111en tos e can tores se uniram:

"Cuntai-Lhe, stdmodiai-Lhe,atentamente falai de tôdas as Suas maravilhas!"

I Crôn. 16:9.I,

Etefi • el <li' tê <li morSê

&

Ao prosseguir a alegre jornada, os efeitos musicais eramimpressionantes e poderosos. O caminho parecia curto, pois

era acompanhado por grande variedade de ofertas musicais degrupos diferentes. O rei, o monarca mais musical de sua época,ou talvez de todos os tempos, dançava em solene consagraçãoao ritmo dos coros e do tanger dos címbalos, o tocar dos con­juntos musicais, as aclamações dos espectadores, e o intermitentetocar das trombetas. Evidentemente, era propósito do reirelacionar a adoração a Deus não sàmente com uma solene re­verência, mas também com uma solene alegria. Davi escreveraum salmo de louvor encontrado em I Crôn. 16, para esta ocasiãoespecial, e êste parece ter sido repetido depois de chegar aolocal do nôvo tabernáculo no Monte Sião.

Quando a procissão se aproximou dos portões que condu­ziam a Sião, o Salmo agora conhecido como "4" foi cantado eassinalado pelo toque rítmico do "toph" e do címbalo, ao terminarcada grupo antifônico uma frase e as pautas serem marcadas.As trombetas de prata e os "shophares" tocavam. A música era

Page 41: Música em Minha Bíblia

82 MúSICA EM MINHA BlBLIA

são os sefárdicos-orientais, passados de geração em geração pelascongregações judaicas, por centenas de anos. Um exemplo docanto antifônico do Salmo 91 como reproduzido abaixo, emparte, dá alguma idéia de como aquela procissão de corospoderia ter soado. Sabe-se que as mesmas árias eram algumasvêzes usadas para diferentes partes dentro do mesmo Modo,como o Modo dos Salmos. Assim, esta não seria uma ilustraçãomuito rebuscada para ajudar nossa compreensão.

SALMO 91~E_Yo - sheb be - sei - ter el - yon Le· sei shad - day yitl - 10 . nan.

Sole. alia" ===:JI@.~O-mar la-da-naymah-si um-su-da-thi E-Io-hay ev-tah-bo.

As ofertas queimadas, a música, a dança solene e o salmocontinuaram até o "Amém" final. Então os guardióes da arcacontinuaram suas vigílias próximos à nova tenda durante sua per­manência naquele local. Asafe, o diretor musical chefe, iniciou ogrande trabalho de dirigir a adoração musical no Monte Sião.Hemã e Etã estavam logo abaixo dêle. Davi, como compositore adorador-rei era o diretor geral. O próprio Davi supervisionoumais tarde a preparação da música para os grandiosos serviçosde adoração no áureo templo de Salomão.

"E todo o Israel fêz subir a arca do concêrto do Senhor,com júbilo e com sonido de buzinas, [buzinas de chifre decarneiro], e com trombetas [trombetas de prata] e com cÍm­halos, fazendo sonido com alaúdes [nébeis] e harpas [kinnors]."I Crôn. 15:28.

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CAPtTULO 13

Prepara~ãoPara a Magnificente

Música do Templo

"_/1 casa que se há de edificar para o Senhor{'tse há de fazer magnífica em excelência, [deveNC'f sobrcmodo magnificente], para nome e glória em tôdas asIt'fTnS,"disse o rei Davi. I Crôn. 22: 5.

à arca foi colocada no lugar Santíssimo da nova tenda do

Monte Sião, quando a paz veio a Israel. O rei Davi .sabia quenOo viveria muito tempo para gozar esta p~z. Os ngores .das

H.\I('I'J'lISe suas muitas labutas e problemas o tmham envelhecIdo.fi. h, llnsiava por tirar a arca sagrada, emblema da presença deDt'IIS, de um tabernáculo de pano, e colocá-Ia numa casa per­I\llllH'nte dc cedro, de pedra e de ouro.

fi.1l' mcsmo vivia numa casa com teto. Declara: "Certa­

I\lt'n!l' não entrarei na minha tenda .... enquanto não achar

IlIglll' para o Senhor, uma morada ~a:a, ~ Poderoso de Jacó."SlIll\lo 132:3-5. Deus negou-lhe o pnvIlegIo por causa das suasMIII'I'f'aSe derramamento de sangue. A casa de Deus deveria_rI' IIl~ar de paz, construída por homem de paz. Desta forma,l'ol SlIlomão, filho de Davi, quem erigiu a casa "magnífica emI'HI't·I~l1da."

Entretanto, Deus, a pedido de Davi, deu-lhe o privilégio

dI' fllzcr a preparação para ela. Essa preparação foi comp~eta• prrl'dta. Todos os detalhes, inclusive os planos para a mÚSIca,(83)

Page 42: Música em Minha Bíblia

84 MÚSICA EM MINHA BíBLIA PREPARAÇÃO PARA A MAGNIFICENTE MÚSICA. .. 85

foram feitos. :Ele começou a escutar mentalmente os acordesda música que queria para o grande dia da dedicação e paraoutras inumeráveis ocasiões. Antevendo o estupendo empreen­dimento, decidiu devotar seu tempo integral para isso. Seria umpassatempo santificado para os anos depois da sua abdicação.Teria êle conhecimento de que sàmente teria mais dois anospara tal?

Para ficar completamente livre da pressão das tarefas desoberano, Davi decidiu abdicar imediatamente. :Este foi seuprimeiro passo na preparaçãO'. "Fêz a Salomão seu filhO' reisôbre Israel." I Crôn. 23: 1. Mais tarde, com a preparaçãoterminada, e pO'ucO'antes de sua morte, pela "segunda vez fi­zeram rei a SalO'mão, filhO' de Davi." I Crôn. 29:22. Um pro­grama de preparaçãO' de sete itens havia sido completadO', oque era surpreendente. Talvez hüuvesse também cerimônias aplanejar e executar para a coroaçãO' de Salomãü.

Depüis da abdicação, Davi estabeleceu o local para o templono monte Müriá. :Este estava do outro ladO' dO' münte de Sião,separadO' dêle por profundo e estreito vale, agora chamado de

Tiropoeon, onde a nova tenda fôra edificada. Nesse lugar,séculos antes, Abraão viera oferecer Isaque em sacrifício. Ali,também, sôbre a pedra de debulhar trigo de Ornã o jebuseu,Davi vira o anjo, que trazia a praga, permanecer antes de entrarna cidade. O local foi comprado imediatamente.

Como füi anteriürmente menciünado, uma rocha tinha grandesimbolismo sagradO' para o povo de Deus. Fôra um tema re­petido em ":Este Cântico." Davi cantara a seu respeito em seussalmos: "Só:Ele é a minha Rocha," declarou êle, e outra vez:"Pôs os meus pés sôbre uma Rocha." Sal. 62:2 e 40:2. Fre­qüentemente os cânticos com respeito à rocha deveriam sercantados pelo povo em pé sôbre a rocha em que outrora semalhava trigo. A rocha simbolizava Deus e Cristo. Dessa forma,as associações santificavam o local onde o templo foi erigido.

Depois que a aquisição do local foi realizada, Davi pre­parou uma completa série de plantas para a construção. Estasplantas, ou "modelos" haviam sido dadas por Deus a Davi emuma série de revelações diretas, semelhantes às que Moisésrecebera. "Tudo isto, disse Davi, me foi dado por escrito por

mandado do Senhor, a saber, tôdas as obras desta planta." ICrôn. 28: 19.

Cada detalhe foi completamente pré-delineado. Na verda­de, as proporções das duas salas interiores eram as mesmas queas do tabernáculo no deserto, mas as medidas eram duas vêzesmaiores. O mesmo acontecia com os páteos ao redor do edifíciO',separados por paredes baixas. A ornamentação era mais abun­dante. Todos os interiores e mobílias eram recobertos de ouro

puro. Circundando os lugares santos nos três lados, estava umprédio de três andares, divididO' em muitas salas.

Para os músicos, é interessante notar a probabilidade de quealgumas dessas salas contivessem instrumentos musicais e ves­timentas para os músicüs do templO'. Suprimentos e equipa­mentos de tôdas as espécies se encontravam armazenados aqui,como o foram no velhO' e gasto tabernáculo do deserto.

Também em alguns apartamentos viviam os sacerdotes ofi­ciantes e os cantores, pois lemos de alguns músicos "habitandonas câmaras, isentos de serviços; porque de dia e de noitel~stava a seu cargo ocuparem-se naquela obra." I Crôn. 9: 33. f:possível que os que estivessem em serviço vivessem lá durantea sua semana de serviço. Todos os 288 grandemente habili­

dosos ou "peritO's" líderes musicais, ou o grupo inteiro de 4.000cantores, não poderiam viver lá durante todo o tempo. Asafe,como músico-chefe, com seus assistentes, Jedutum e Hemã,poderiam ter aposentos permanentes, pois parecem ter sidoohrigados a permanecer em serviço a maior parte do tempo, enão sàmente numa rotação semanal como os outros.

Davi também planejou a organizaçãO' da parte musical doscrviçü de adoração. Nunca dantes, até êsse tempo, havia amúsica tido mais do que uma pequena parte no serviço re­ligioso de Deus. Davi, o muito perdoado porque muito amou,l'stava tão grato a Deus, que ansiava derramar a riqueza deseus talentos como uma eterna oferta de louvor a Deus.

Ele dividiu os 288 que foram treinados em sua escola par­Iicular, em vinte e quatro grupos üu "cursos," com doze pessoasl'm cada grupo. Cada um dêsses grupos estava a serviço dotemplo durante uma semana de cada vez, desde a sexta-feira;) noite de uma semana, até depois do serviço religioso dosábado da semana seguinte, perfazendo oito dias, sendo que no

Page 43: Música em Minha Bíblia

86 MÚSICA EM MINHA BlBLIA PREPARAÇÃO PARA A MAGNIFICENTE MúSICA ... 87

sábado os dois grupos estavam juntos. Os grupos eram eviden­temente constituídos de homens sàmente, e êstes podiam can­didatar-se, caso tivessem talento, depois de alcançarem a idadede vinte anos.

Esta rotação era uma sábia provisão para os trabalhos exte­nuantes. Muitas referências são feitas à fadiga dos músicosdevido às longas horas de trabalho, enquanto tocavam e can­tavam sempre em pé. A música era uma parte integrante demuitos serviços religiosos.

N a verdade, a partir do tempo de Davi, a música era usadaem conexão com os sacrifícios da manhã e da tarde, com oculto do sábado e com a celebração da Lua nova e festas dedatas fixas, tais como o dia de Ano Nôvo e o Dia da Expiação.De interêsse imediato nessa época era o programa musical parao dia da dedicação, quando os preparativos estivessem terminados,e o sonho de um templo num magnífico ambiente se tornasseuma realidade.

Podemos imaginar com que satisfação Davi viu êsses pre­parativos serem terminados. Nos últimos meses de sua vida,depois da abdicação, êle poderia reassumir sua associação coma música, a paixão de sua juventude. A música para a dedicaçãodo magnífico templo deveria ser de igual magnificência. Ospreparativos de Davi para ela eram triplos: a composição, co­leção e revisão dos salmos de louvor, incluindo as melodias quedeveriam acompanhá-Ios; fabricação de instrumentos musicaispara serem usados, e o treino dos executantes e cantores.

Havia o problema da ~~colha de quais instrumentos se­riam apropriados para o uso em música de culto. Os órgãosde tubos, tais como os temos hoje, eram desconhecidos. Certos. t " h 1'1" fI " h"ms rumentos como o c a I, ou a auta, e o top , outambor, que podiam ser incluídos nas procissões, foram ex­cluídos na planejada orquestra do templo. :Esses intrumentostinham associações seculares.

Os instrumen tos de corda eram considerados próprios. Deviahaver grande número dêles. Havia harpas, "kinnor," e "nébel,"de vários tipos. A triangular, pequena e muito antiga "kinnor"já foi profundamente discutida, Poderia haver algumas mais,

9uase 9uadraclas na forma, assemelhando-se à lira, COmo nailustraçao.

Provàvelmente, havia entre as harpas alguns instrumentos decordas que se assemelhavam aos antigos alaúcles. O alaúde di­feria das harpas com um lado aberto por ter uma caixa de res­

sonância, apesar de primitiva, e uma haste curva, servindo debraço. Alguns alaúdes tinham braços retos com lugar paradedilhar as cordas. Ver The World's Earliest Music, de Her­111annSmith, pág. 288.

Lira egfpcia e antigos alaúdes: (esquerda) lira egfpcia do tipo do kinnor,alto à direita) alaúde com caixa de resson8ncia, (embaixo) alaúde com

caixa de resson8ncia e braço para dedilhado.

Também entre os instrumentos de corda mencionados noSalmo 92, em conexão com o serviço de louvor do sábado, él!l1col1tradoo "nébel-azor" ou "instrumento de dez cordas." Verso

~, A maioria das harpas dêste período tinha mais ou menos dezcordas. Engel cita parte de uma carta escrita pelo explorador BrucelIO grande historiador musical Burney, em que descreve osinstrumentos inscritos na parede do túmulo de Ramsés lU que

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88 MÚSICA EM MINHA BíBLIA PREPARAÇÃO PARA A MAGNIFICENTE MúSICA ... 89

Os cÍmbalos faziam também parte da orquestra, tocados porAsafe, como regente musical geral. Nos primeiros tempos, nasprocissões religiosas, mais de uma pessoa parece ter usado

címbalos, e Davi teria planejado usar vários pares. Ide1sohn crê,

entretanto, que no tempo do primeiro templo, um único par decÍmbalos foi usado, e que era tocado pelo lIdero :e. certo queeram usados neste tempo para marcar a cessação de certas partesmusicais.

Entrementes, a instrução aos líderes prosseguia na escola

que Davi tinha idealizado. T alve~ na ~ova sede da. tenda ~oMonte Sião fôssem realizados ensaIOS tremando os efeItos coraIS,e a exata colocação da voz e harmonia do SOm.

Outra grande obra foi ainda concluída pelo idoso~rei, qu~não foi mencionada até aqui nas tarefas da preparaçao: ~avIfalou de "quatro mil para louvarem ao Senhor com os ms­trumentos." I Crón. 23: 5. [A Bíblia em inglês acrescenta "ins­trumentos que eu fiz."] Podemos imaginar Toscanini, ou algum

outro regente de orquestra, desenhando ~s instrumentos. queseus músicos iriam tocar? Em vez de fabncar uma quantIdadede instrumentos com suas próprias mãos, Davi fêz modelos de

cada tipo e aperfeiçoou os moldes para que habilidosos artes~osos fizessem em grande quantidade. Comparar com NeemIas12:36; Amós 6:5.

O material usado para a fabricação das armações da harpa,lira ou alaúde era em algumas ocasiões, madeira de pinho ou, I A

cipreste e em outras, a madeira almugue,. pro~àve me~te o san-dnlo vermelho da Índia, o mesmo que fOI maIS tarde Importado

por Salomão para fazer instrumen.tos musicais. ~A madeira erade tonalidade averme1hada, com lmdas ondulaçoes, e capaz deadquirir um belo brilho quando polida.

A enorme tarefa estava terminada e os preparativos com­

pletados. "Davi, então, morreu numa boa v:lhice, cheio de dia~;riquezas e glória: e Salomão, seu filho, remou em seu lugar.I Crôn. 29:28. Ele morreu sabendo que tudo para o nôvo

templo, incluindo a sua inspiradora música, estava planejado epreparado. Ele sabia que Salomão cuml?r~ria os seus planos. E~sua imaginação viu a beleza do magmfIcente ~emplo, e. oU\;uli música em tôda a sua beleza, do esperado dIa de dedIcaçao.

Por longo tempo estivera êle a ouvir e~t~ maj:st?sa e equilibra~amúsica. Não lhe era, portanto, necessano aSSIstIra apresentaçaooficial. Então Deus permitiu a seu servo descansar em paz.

"Resta ainda uma terceirathe Most Ancient Nations,instrumento é mostrada no

morreu em 1167 A. C. Ele diz:

harpa de dez cordas." - Music of

pág. 189. Uma ilustração de talfrontispício dêste livro.Todos êstes tocadores de instrumentos de corda, estavam

sob o encargo de Jedutum, um dos dois diretores assistentes damúsica do templo.

Os instrumentos de sópro também foram usados em grandenúmero. Parecem ter sido, em sua maioria, trombetas de prata.

O primeiro par destas, como já foi tratado anteriormente, fôrafeito sob a direção de Moisés, de acôrdo com as instruções deDeus. Das duas trombetas iniciais, Davi elevou a sua quan­tidade ao estupendo número de 120. Estas estavam sob o en­cargo de outro diretor-assistente, Hemã.

Outra palavra, referindo-se pOSSIvelmente, a um instrumento,é "keren," traduzi da por "corneta" em I Crón. 25:5. (Trad.Almeida antiga.) Muitos crêem que o "keren" se refira a uminstrumento semelhante à trombeta de chifre de carneiro, sà­mente mais reta. Era, algumas vêzes, feita de metal. Stainer diz:

"Os verdadeiros chifres de animais eram, nos tempos primitivos,imitados em metal ou marfim." - Pág. 153. Este era, talvez, otipo usado por Hemã. Sendo o único, isto o distinguiria dosoutros. Talvez tivesse uma embocadura de ouro (não desco­nhecida então), e também ornamentação especial. Hemã seriahoje chamado o diretor da seção dos instrumentos de sópro.

Keren

Page 45: Música em Minha Bíblia

CAPíTULO 14

Música

da Dedica~ãodo Templo

tMBORA houvesse Davi completado todosos planos para o templo, incluindo seu servi­

ço ~u,si~al, a~tes de mo.rrer, passaram-se onze anos antes queo .e?IfICIO estIvesse termmado. Salomão levou sete anos paraengI-Io no Monte Moriá.

, Sua entra~a era do la,d? leste. Através de sua porta de 15pes ç4,5m),. VIa-seo magn~f~co templo que refulgia pelo ouro quecobna seu pISO,teto e mobIlIa. Do lado de fora da entrada e além

do P?~ti~o, l?orém dentro do páti? ,d?s sacerdotes que circundavao edIfIclO, ficava o altar do sacnfIcIo, uma estrutura maciça de30 pés (9 m) de largura e 15 pés (4,5 m) de altura. Em frente

ao altar ~s~ava uma escada de degraus rasos, que descia para ogrande patIo de Israel, o qual estava separado do pátio dos sacer­dotes por um muro baixo.

A congregação se reunia do lado de fora, no segundo pátio.Os músicos permaneciam nos degraus e do lado leste do altar.A maior parte dos sacerdotes oficiantes também ficava do lado

de for~ grande parte do tempo. Somente quando o serviço orequena, os sacerdotes entravam no edifício. Nem os músicosnem a congregação participavam da adoração no interior dotemplo. Eram sempre orientados para que ora3sem virados em

(90)

MúSICA DA DEDICAÇÃO DO TEMPLO 91

sua direção, como o lugar onde estava a presença de Deus.Parecer-nos-ia estranho permanecer em pé do lado de fora daigreja para o culto; tal porém, era o costume na época do pri­

meiro templo. Mais tarde foram construídas as sinagogas.Agora chegara o dia de dedicação. Embora o edifício esti­vcsse terminado havia algum tempo, as cerimônias foram poster­

gadas até o sétimo mês. A dedicação durou uma semana inteirac foi seguida pela regular Festa dos T abernáculos do dia 15 ao21. Então, no oitavo dia, o povo se reuniu em assembléia solene,c no vigéssimo terceiro dia do sétimo mês Salomão despediu opovo para seus lares.

A primeira tarefa no dia da dedicação, um santo privilégio,roi transportar a arca do seu alojamento temporário, na tendado Monte Sião, para o lugar permanente no nôvo templo. Ossaccrdotes e os músicos reuniram-se primeiro na tenda do MonteSião. Quando os sacerdotes ergueram a arca, os músicos can­taram o cântico que fôra provàvelmente composto por Davi, emantecipação para esta ocasião:

"Levanta-Te, Senhor, no Teu repouso,Tu e a arca da Tua fôrçaJ." Salmo 132:8.

O mesmo tema foi repetido depois da dedicação dos sa­l'crdotes no nôvo templo.

Talvez êstes cânticos impressionantes em fôrça de númerol' volume, acompanhados por tantos instrumentos, soassem es­Iranhamente aos nossos ouvidos modernos. É o espírito da mú­Sil':l dos Salmos que é tão universal, em sua qualidade apelativa,llllC sobreviveu através dos séculos até hoje. O canto era an­lirtmico. Talvez um côro cantasse uma frase, a qual era res­

pondida, como no seguinte canto simples ao qual estas palavrasrornm adaptadas:SALMO 132

-i.·=-.~[~~Er·gue - Te Se - nhor, En - lrd no Teu re -pau - 50.

[~Tu e d dI - Cd dd Tu· d For· ld . le . p

Page 46: Música em Minha Bíblia

92 MÚSICA EM MINHA BlBLIA MúSICA DA DEDICAÇÃO DO TEMPLO 93

Os sacerdotes introduziram varas dentro das argolas pre­paradas n~ tôpo da arca sagrada e a transportaram conformemstruções Já dadas, a respeitO', havia muito tempO'. A cada Püucospassos, sacrifícios era oferecidos COm acompanhamento de mú­sica. A distância através da ponte para o nôvü templo era ra­zoàvelmente pequena e logO'foi percorrida, a despeito das muitasparadas para sacrifícios e música.

A arca, com as tábuas da lei dentro e o propiciatóriü em cimafoi então cuidadosamente introduzida em seu lugar permanent~süb as enormes asas estendidas dos querubins as quais mediam30 pés (9 m). '

"Glória e majestade estão ante a Sua facefôrça e formosura no Seu santuário:" Salmo 96:6.

Depois de colocar a arca no lugar, todüs os sacerdotes saíramdo santuário interno para o pórtico. Os músicos tomaram ime­

diat~mente seus lugares no ladO' oriental do altar. Os grupos es­tendIam-se nos espaçosos degraus que separavam o pátio dossacerdotes dO' pátio de Israel. Os 120 sacerdotes, que tocavamas tro~mbetasde prata, .agrupavam-se sob a direção do seu regente,Hema, com sua buzma (keren). Os muitos executantes dos

instrumentos de corda estava~ também agrupados sob a direçãode. Jedutum, que correspündla ao regente de concêrto. Havia,eVIdentemente, pelo menüs dois grupos corais. Todos estavam soba direção dO'regente-mor, Asafe, que permanecia na frente comseus cÍmbalos.

. Esta ~osição era comumen~e ~omada pelos músicos. DêstedIa em diante, sua tarefa sena estarem cada manhã em pépara louvarem e celebrarem ao Senhor e semelhantemente à

d ') A '

tar e. I Cron. 23: 30. :Eles estavam em serviço também todosos sábados, e nas celebrações da Lua nova e tôdas as festas

especiais. As tarefas eram definidas comO' sendO' "profetizarcom ~arpas! .c~m alaridos e com saltérios." Isto significava quedevenam dIrIgIr o .~anto com acompanhamento musical. O quecantavam era frequentemente de natureza profética e a músicaem si, dev~ria induzi~ a um espírito próprio para profetizar.Tambem aJudava a cnar atmosfera de adoração para os serviçosdo templo.

A cena é bem descrita por Davi Ewen, embora sua descriçãose aplique melhor a épocas posteriores do templo.

"As cerimônias inaugurais do santo templo consistiam pri­màriamente de música... O templO' possuía uma orquestraparticular para executar os acompanhamentos; coros para cantarestribilhos '" Abaixo e acima dêles estava a ürquestra, e diantedo grupo de músicos permanecia O' líder dirigindO' as fôrçasmusicais como um moderno regente orquestraL" - Hebrew Mu­sic, págs. 18 e 19.

Todo o vastO' grupo de vozes e instrumentos unia-se nocanto dos Salmos de louvor. Lemos: "E levantando êles a

voz . .. a glória do Senhor encheu a casa de Deus." II Crôn.5: 13 e 14. Aqui está um ideal para todos os coristas e músicosde todos os tempos: que ao ser ouvida a sua música, a glóriado Senhor encha a casa. (lI Crôn. 5: 11-14).

Como se desenvolvia a música? É evidente que havia doisgrupos de cantores em coros antifônicos, acompanhados pelosinstrumentos. Mais tarde, curtas frases responsivas eram re­petidas em canto pela cüngregação.

"6, dai graças aO' Senhor," cantava um grupO'."Porque Sua misericórdia é para sempre," cantava outro.

Mais tarde a congregação repetia:"Porque Sua misericórdia é para sempre."

O centro para o qual todos os olhares se voltavam era o templo.1,',111seu centro estava a arca. O objeto central, coberto por umal1uvem que simbolizava a presença de Deus, era o propiciatórioHllhrc a lei. A misericórdia de Deus era a parte essencial naudoração de Israel. A congregaçãO' cantava repetidamente:

"Porque Sua misericórdia é para sempre.""Era dever dos trombeteiros e cantores fazerem-se ouvir em

uníssono em louvor e agradecimento aO'Senhor." II Crôn. 5: 13.IVersão Revised Standard - inglês]. As trombetas eram capazesH()lIlentede emitir sons longos e curtos, os quais seriam mais ou1IIl'llOStrês notas de nossa escala. Assim, talvez elas dessem os tonspura os cantores, e acentuassem a melodia com pequenas notasem staccato. Talvez tivessem ajudado a unificar o tom da vozdos cantores.

As proporções dos vários tipos de instrumentos musicais po­c1t'm ser calculadas de acôrdo com o número mínimo reque-

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94 MúSICA EM MINHA BíBLIA MÚSICA DA DEDICAÇÃO DO TEMPLO 95

II CrÔn. 6:41.

rido para as várias espécies de instrumentos do templo. Haviadu~s grandes harpas (nébel) para cada nove harpas pequenas(kmnor). As harpas tinham uma diferença de tons de umaoitava. Uma vez que havia tantas, algumas devem ter sidoafinadas de maneira que seu diapasão inicial tivesse uma diferençade uma têrça, produzindo um efeito de harmonia.

, Entretanto,.a maioria das autoridades concorda em que haviasomente melodIa, não harmonia, na música hebraica. De umacoisa estamos seguros: havia grande volume. Trombetas, ins­trumentos de corda e címbalos, juntados às vozes, necessitavamser executados ao ar livre, pois, nenhum salão fechado poderiater suportado seus efeitos. Naquele dia de dedicação ao arlivre, centenas de instrumentos e centenas de vozes tornaramimpressionante a ordem cantada:

"Louvai ao Senhor."

Este tipo de s~l~o. antifônico. continuou através dos períodosdos tempos da hIstona dos antIgos hebreus, até ao tempo deCristo. De fato, foi além dos primeiros séculos da Era Cristã,pois os primeiros cristãos usaram a música que conheceram naadoração hebraica, conservada pela tradição oral. Durante o

pr.imeiro e o segundo séc~los~ o câ~t~co responsivo dos salmosf~I u~ado nos. cultos dos pnmeIro~ cnstaos com~ uma conseqüên­Cla d~ste s,ervIço do templo, e maIS tarde, da musica da sinagoga.A prmcíplO o salmo era entoado por um único solista. "Tor­nou-se costun:e, entre a congregação, introduzir alguma pequenaresposta no fIm de cada verso. O estribilho era, originalmente,muito breve, um curto texto tal como: 'Porque Sua misericórdiapermanece para sempre'." - Grove's Dictionary, VaI. 4, pág. 43.Por ocasião da dedicação do templo, os coros cantaram alternada­

mente, .e a c?~gregação também se uniu mais tarde numa resposta.MaIS mUSIca e outras partes do serviço deviam seguir a essa

m~sica que. leva.va à glória ?O dia da dedicaçãO'. A primeiraCOlsaa segmr, fOl um breve dIscurso de SalomãO' sôbre a história

~o projeto, dand.o a Davi, seu pai, o crédito pelos seus prepara­tIVOS. Ele repetm o salmO' de Davi enquanto o côro cantava:

"Ali farei brotar a dinastia de Davi,

e o Meu rei escolhido brilhará prosperamente."Salmo 132:17, [Trad. Moffatt.]

Depois, veio a longa e eloqüente oração de Salomão, cUJOtema central era a misericórdia ao pecador arrependido queorasse em direçãO' daquele tabernáculo. A oração terminoucom as palavras:

"Os Teus sacerdotes, ó Senhor Deus, sejam vestidos de salvação,e os seus santos rejubilarãol"

Os coros cantaram êste responso com acompanhamento or­tluestral:

"Vestirei de salvação os seus sacerdotes,

e de júbilo exaltarão os seus fiéis/" Salmo 132: 16.

No fim da oração e dos cânticos, fogo desceu do céu para con­

sumir os sacrifícios do altar. Esse fogo continuou ardendo con­tlnuamente desde então até ° tempO' do cativeiro.O Salmo de louvor foi outra vez cantado, e desta vez a

resposta foi aumentada por milhares de vozes da congregação,'lue também cantava:

"Louvai ao Senhor, porque, Ele é bom,

porque a Sua benignidadet é para sempre." Salmo 136: 1.

Seria interessante reproduzir aqui um exemplo de uma me­lodia tradicional,' composta como num arranjo antifônÍco do

Salmo 125 para os modernos coros judaicos. Seguindo o trechol\(lui transcrito, o salmo passa alternadamente dos grupos para() canto uníssono.

QUEM CONFIA NO SENHORDo Salmo 125

Antifônica Melodia folclórica-'.-r- c' • t I--- -"

Quem con - fi • a no Se·nho' Quem confi . a no Se· nhor.-Quem con·fi • a no Se· nhor É como o Monte de Si . da.

Page 48: Música em Minha Bíblia

96 MúSICA EM MINHA BíBLIA

IMÚSICA DA DEDICAÇÃO DO TEMPLO 97

No dia da dedicação, entretanto, é evidente que o Salmo136 foi usado da mesma forma que o foi em muitas outrasocasiões posteriores da história dos judeus. Uma delas foi adedicação do segundo templo, sob a direção de Esdras. Nova­mente Mears escreve de Judas Macabeus quando, voltava depoisde ganhar a vitória sôbre as fôrças grego-siríacas: "Era vésperade sábado quando a batalha terminou, e entre seus ricos des­pojos, voltando de sua gloriosa vitória, os vencedores louvavamnas palavras do Salmo 136: "Louvai ao Senhor, porque :Ele ébom; porque a Sua misericórdia é para sempre." :Este salmotem sido tão freqüentemente usado em ocasiões semelhantesque tem sido chamado o hino nacional dos judeus." - PromExile to Overthrow, págs. 131 e 132. [Ver I Crôn. 16:41; IICrôn. 7:3 e 6].

No dia da dedicação do primeiro templo, êste salmo constituiuparte do programa musical do dia. Para dar uma idéia de comOteria sido o seu efeito, a seguinte melodia antiga, autêntica datradição dos sefárdicos-orientais, cantada para o Salmo 144, éreproduzida COm algumas palavras do Salmo 136. Tal apli­cação é razoável, pois Idelsohn menciona que diferentes salmoseram freqüentemente cantados com a mesma melodia, dentrodo estilo do Salmo. Assim, o seguinte pode servir como ilus­tração:

LEDAVID BARUK (SALMO 144)

Palavras da Salmo 136 S f' d' , I1_..["0-------- ,m"oon,":I&~=--.__ ==========--Ao Se • nhor dai gra· ças, Pois ~ le é1'--

bom. POIS Su a gra - ça é pa - ra sempre. Pa ra1'--quem ti . rou a ter· ra do mei· o das cÍguas.

Como antigamente, os crentes de hoje compreendem que amisericórdia de Deus é o tema central de nossa religião. "Por-

Il

I

que Sua benignidade é para sempre" é a inspiração para olindo tema do hino de Barnby, começando:

"Doce é Tua misericórdia, Senhor,Ante Teu trono de misericórdia."

A despeito dos que apreciam a música purista para a igrejado século XX, há ainda muitos que apreciam a "doce" música re­

ligiosa, assim como o Israel antigo o fazia.

DOCE É A TUA MISERICÓRDIA

-~=f;ir-ITua gra-ça é doce,ó Deus, Pe - ranle o Ira-no Teu.

No dia da dedicação do templo foram oferecidos sacrifí­cios continuamente. Não foi usado sàmente o imenso altardo sacrifício mas Salomão fizera consagrar o pátio de pedra

para ser usado, para acomodar os milhares que desejassem ofe­recer sacrifícios. Nesse ínterim, a música continuou atravésdo dia.

"O som de trombetas acompanhava o ritual do altar: umsonido de trombetas de prata" com os cantores e conjuntos det'Orda "tocando enquanto a fumaça do sacrifício subia; uma vezeonsumida a vítima, a música de ofertório silenciava. Aquientão está a explicação para as difíceis palavras 'Deus subiurom um grito, o Senhor com,,o som ?e ~ma tr~mbeta'." - ~~l­pin, em "Suplementary Notes to Stamer s Mustc of the Btbte,pl~g. 92.

:e evidente que "ao tempo em que começou o holocausto,começou também o canto ao Senhor, com as trombetas e comos instrumentos de Davi, rei de Israel." II Crôn. 29:27.

As prescrições dêste Salmo eram executadas:

"Cantai louvores ao Senhor com a harpa [kinnor],

com a harpa e a voz: do canto.Com trombetas [shophar] e com buúnas [chatsotserah]

exultai perante ti face do Senhor, o Rei/" Salmo 98: 5 e 6.

7

Page 49: Música em Minha Bíblia

o dia da dedicação nunca deveria ser esquecido. A glóriade Deus encheu o Seu templo no início do culto musical pe­rante o altar. Seu relato tem sido preservado por três mil anosna Sagrada Escritura. "Apesar de os relatórios da música teremdesaparecido, restou suficiente do espírito de aspiração paracompreender o fervor religioso e compreensão poética do antigo

povo hebreu, cuja música era sua linguagem ritualista e suanecessidade secular." - Bauer and Peyser, Music Through theAges, pág. 20.

98 MúSICA EM MINHA BlBLlA

CAPíTULO 15

"Cântico

dos Cânticos"

dE Salomão escreveu o apaixonado poema querecebeu o seu nome, isto teria sido em sua ju­

ventude, quando a devoção a uma mulher e a um Deus eraseu ideal. Esta sincera devoção recíproca entre o amante e oser amado, é o elemento capital do dramático e fervoroso "Cân­tico dos Cânticos," como é chamado pelos hebreus o Cânticode Salomão.

Houve oito outros grandes cânticos antes dêste, na históriasngrada, de acôrdo COm os teólogos hebreus, e alguns dêles jáforam considerados neste estudo. Mas, o "Cântico dos Cân­ticos," foi considerado superior a todos êles. Superior ao cân­tico de Adão quando seu pecado foi perdoado; ao "Cântico doMar" de Moisés, ao Cântico da Rocha dos israelitas (com sua

~gua que jorra); superior a "Este Cântico," ou "Despedida deMoisés," ao Cântico de Josué quando o Sol parou, ao Cânticode Débora e Baraque, ao cântico de Ana quando Deus lhe pro­meteu dar Samuel; aos agradecimentos de Davi pela misericórdiade Deus (II Sam. 22), e mesmo superior ao cântico ainda por vir,'llle será cantado pelos israelitas quando sua terra lhes fôrrestaurada.

O que faz o "Cântico dos Cânticos" tão grandioso? Seuverso musical e ricas palavras, o perfume de suas figuras sen­Ruais, sua beleza de expressão ao descrever a primavera, seu

(99)

Page 50: Música em Minha Bíblia

100 MúSICA EM MINHA BíBLIA "CANTICa DOS CANTICaS" 101

sentimento pastoril- tudo isso lhe confere lugar entre a maiorpoesia da literatura mundial. Goodspeed acredita que seu imor­redouro apêlo origina-se no fato de tratar de "um assunto deinterêsse universal, como o amor e casamento," porque o "Cân­tico dos Cânticos" é uma série de cânticos nupciais.

É, na verdade, a obra-prima e único sobrevivente dos muitoscânticos usados em festividades de casamento que duravam umasemana nos tempos bíblicos, e os quais são de fato ainda ob­servados em certas vilas remotas na Síria hebraica. Adão Clarke

crê, após estudar por cinqüenta anos o livro, que a aplicaçãoliteral é a correta. Há também aplicações místicas e simbólicas,mas alguns comentários os levam a extremos.

Os estudiosos hebreus, e os teólogos cristãos desde Orígenes(teólogo cristão nascida em Alexandria) no terceiro século, têmdado a êste poema dramático, que pinta a imorredouro amorrecíproco de uma jovem (donzela) e um homem, a simbólicae mística interpretação do amor de Deus por Seu povo ou deCristo pela Igreja. O casamento em seu mais alto idealismoé símbolo desta mística união, uma verdade reiterada tanto noVelho como no Nôvo Testamentos.

"Cristo honrou a relação matrimonial tornando--a tambéms;mbolo da união entrc :Ele e os remidos. :Ele próprio é o es­pôso; a noiva é a igreja, da qual diz: 'Tu és tôda formosa,amiga l\1inha, e em ti não há mancha'." - Ellen G. White,A Ciência do Bom Viver, pág. 356.

A sinceridade oriental do "Cântico dos Cânticos" faz algunscristãos duvidarem de sua elegibilidade para um lugar no cânonescriturístico. Muitos manuscritos antigos o contém, entretan­to, incluindo o "Codex Sinaiticus." O "Cântico dos Cânticos"

tem sua própria melodia e cantilena para leitura pública tam­bém. Por séculos, o costume de lê-Io ou entoá-Io na última noite

de sábado da semana da Páscoa tem sido observado. A seguir,temos uma melodia lituana, possivelmente baseada em antigasfontes, que foi usada para êste propósito, e foi posta em formamoderna por Idelsohn.

MELODIA DO "CANTICO DOS CANTICOS"

_ll :o- lituana

~O cântico dos cãn ti - cos de Sa - 10 - mão Sei - je me t-Ie

~

~Eu dis-se: le-van - tar-me -ei pe-Ia ci - da - de, bus-ca-rei-

a - Que-leaQuem a - ma mi - nha ai -ma, bus-Quei-O e não o a • ~~-An-tes que re- Fres-que o di. a e cai· am as som-bras

~Vem de- pres-sa, meu a • ma • do E Fa • ze· te

~co • mo o sa mo, co - mo o sa . mo

~ .Ô·bre os mon te, de Se - ther. •

Os acentos ou marcas da cantilena serão amplamente ex­planados nO capítulo XX ao tratarmos de Esdras e a música dosegundo templo.

f2 mais fácil entendermos o "Cântico dos Cânticos" quando oklllos como um poema dramático, mais ou menos na ordemgreg<l, que representa as palavras de um personagem, depois

Page 51: Música em Minha Bíblia

102 MÚSICA EM MINHA BíBLIA "CANTICO DOS CANTICaS" 103

outro e, ocasionalmente, de um grupo de personagens. Ospersonagens principais são o amado, ou Salomão, o "Príncipe

da Paz," e a amada (donzela) ou a Sulamita, que significa"Princesa de Paz," sendo em hebraico a forma feminina deSalomão. As filhas de Jerusalém ou o grupo de môças da ci­dade, formam realmente o "côro." A inabalável devoção, ado­ração e fidelidade do amante e da amada um pelo outro, exem­plifica o mais alto ideal do matrimônio. Sàmente na monoga­mia, como Cristo aconselhou, pode isto ser encontrado. Defato, o próprio Salomão, depois de sua vasta experiência napoligamia, adverte contra muitas mulheres. Sugere:

"Seja bendito o teu mananciale alegra-te com a mulher da tua mocidade.Como cerva amorosa e gazela graciosa.

Saciem-te os seus seios em todo o tempo;e pelo seu amor sê atraído perpetuamente."

Provo 5:18 e 19.

"O Cântico dos Cânticos" é tão rico em metáforas que se tor­na um tanto de difícil compreensão. Sua unidade é emocional, con­sistindo de estado de espírito induzido pela riqueza do apêlo daspalavras, pela cadência musical e pelo tema do amor. :t'. umpoema da juventude, do primeiro amor e da primavera - pri­mavera da vida e primavera da Natureza. O poema começacom um joveEl par trocando cumprimentos. O magnífico ce­nário primaveril prossegue nas mais conhecidas frases poéticasdo livro:

"Levanta-te, amiga minha, formosa minha e vem;porque eis que passou o inverno;

a chuva cessou e se foi.Aparecem as fl8res na terra,

o tempo de cantar chega,e a voz da r8la

ouve-se em nossa terra." Cantares de Salomão 2: 10-12.

A procissão de Salomão com seu opulento palanquim, se­guido pelos guardas com espadas, é um interlúdio. Então, oamado e a amada se revezam para descrever, em figuras, asatrações físicas um do outro. Detalhadas descrições dos adornosda noiva são dados. Há um constante apêlo para os sentidos:

nada menos que catorze diferentes perfumes doces e especiariassão enumeradas. Seguindo-se a uma separação, a amada e o amadoreúnem-se. Ela pleiteia:

"Põe~me como sêlo sôbre o teu coração,como sêlo s8bre o teu braço,

, f "porque o amor e orte como a morte.Cantares de Salomão 8:6.

:Este poema dramático, uma série de cinco cânticos, foiescrito evidentemente em honra a uma celebração matrimonial.Pensam alguns que foi para o próprio casamento de Salomãocom a princesa egípcia. :t'. agora geralmente considerado comosendo o único sobrevivente e o melhor de muitos de natureza

semelhante, para celebrações nupciais. O lapso de tempo in­sinuado está em harmonia com o costume de devotar uma

semana para a ocasião. O casamento de Sansão, por exemplo,durou sete dias. Mesmo hoje, nas comunidades rurais do Ori­ente, os recém-casados hebreus são honrados com uma semanade festividades.

No casamento típico hebraico, quando chega a hora de o

noivo buscar sua noiva, dirige-se êle para a casa dela em pro­cissão com um grupo de jovens amigos, todos vestidos na melhormaneira possível. Enquanto isso, a noiva, tôda adornada e

pronta, espera a chegada do alegre grupo, para juntar-se àprocissão no caminho de volta ao futuro lar de ambos. Algumasvêzes estas procissões eram realizadas à noite, COma na parábolade Jesus. Neste caso, os membros do cortejo nupcial empunha­vam tachas ou "lâmpadas" para iluminar o caminho.

O noivo e seus homens eram precedidos por um grupo de

músicos. Era ocasião de grande alegria e felicidade, tudo COmdemonstrações e acompanhamento musical. Muitas expressõesela Bíblia mostram a grande festividade da ocasião. "Com ale­gria e regozijo serão trazidas." Sal. 45: 15. "A voz de fol­Kuedo, e a voz de regozijo, a voz do espôso e a voz da espôsa,"(J er. 7: 34) eram ouvidas na feliz procissão de ida e volta aolar da noiva, e, com certeza, durante as festividades de tôda asemana no casamento típico dos tempos bíblicos.

Os instrumentos musicais eram usados para ajudar na mú­sica nupcial até depois da queda do segundo templo. Então,

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104 MúSICA EM MINHA BlBLIA "CANTICO DOS CANTICOS" 105

por um períodO consideràvelmente longo, a música instrumental

foi proibida, não apenas nos serviços sagrados, mas também noscasamentos, como lembrança a Israel de sua tristeza nacional.O costume entre os judeus babilônicos, de quebrar um pratoem frente à noiva e o noivo, durante as horas alegres da ceri­mônia nupcial, era para fazer lembrar cada um da destruiçãode Jerusalém. Por algum tempo os rabis também proibiram amúsica secular nas festas matrimoniais durante êste período, masquando os hinos começaram a ser cantados de uma maneirairreverente, esta regra foi suspensa.

Nos países gregos, em tempos pós-bíblicos, a música grega

~omou-se _habitual nas. ~erimônias nupciais, porque aos mús~cosJudeus nao era permItIdo tocar nem mesmo durante ocaSIõesalegres tais como tinham sido sempre os casamentos hebraicos."As fontes judaicas confirmam que nenhum casamento ou fes­ta eram celebrados sem canto ou música instrumental, e queos rabis foram forçados a cancelar algumas destas proibições ...E a música reteve seu papel predominante em procissões ecelebrações." - Gradenwitz, Music of Israel, pág. 95. Nostemp?s bíblicos, naturalmente, não havia tal proibição, e ocortejo nupcial tomava-se alegre com o som de música, evi­dentemente tanto instrumental como vocal.

No salmo nupcial, o quadragésimo quinto, há uma refe­rência a instrumentos musicais, que não foi traduzida em tra­duções mais antigas. [A tradução Almeida também passa poralto esta referência.] Afirma que "dos palácios de marfim,instrumentos de corda te fazem feliz." Verso 8. A palavraoriginal encontrada aqui, e que foi traduzida por instrumentosmusicais," era "minnin," um têrmo geral para êles. Assim,êste grupo deve ter incluído os instrumentos de corda bíblicosusuais: as harpas grandes e pequenas, bem como as liras. Naverdade, o significado de "minnin" é bem manifesto na traduçãocomum do Sal. 150: 4: "Louva i-O com instrumentos de corda."

O canto era também uma parte da música do cortejo nup­daI. O SOm de vozes musicais era associado com a alegria docasamento. No "Cântico dos Cânticos" a donzela se refere à

"voz do meu amado" (cap. 2:8), e o amado pleiteia: "faz-me

ouvir a tua voz, porque tua voz é doce," verso 14. Smith, noseu Dictionary of the Bible menciona: "Em tôda ocasião a

,flj

III

terra dos hebreus, durante sua prosperidade nacional, foi umaterra de música e melodia." - Art. "Music," pág. 590. Em ne­nhuma ocasião foi isto tão verdadeiro quanto durante as ceri­mônias nupciais.

Assim, a alegre procissão, com instrumentos de corda, otoque do tambor, o canto, o riso e a alegria, chegavam à casada noiva. Esta, coberta por um véu, e em seu atavio nupcial,com suas damas, unia-se ao cortejo, e novamente a música,a alegria e o júbilo precediam e acompanhavam o grupo ba­rulhento e feliz em seu caminho à casa do noivo. O povo dacidade, ao longo do caminho, vinha para ver o quadro, paraouvir a música e o riso, e talvez para unir-se por um pouco detempo às linhas laterais. "Com alegria e regozijo serão tra­zidas: elas entrarão no palácio do rei," canta o salmista (44:15);

e Isa~~s pode ter tid~_ um cortejo nupcial como protótipo doregoZIJOde voltar a SIao, quando escreveu:

(tE os resgatados do Senhor voltarãoe virão a Sião com júbilo,e alegria eterna haverá sôbre suas cabeças;

gôzo e alegria alcançarão,e d~les fugirá a tristeza e o gemido." Isa. 35: 10.

Quando o lar do noivo era alcançado, acompanhava êle anoiva a um apartamento privado, onde o véu era removido e,pela primeira vez, desde o comêço da cerimônia, êle a via,embora se houvessem conhecido antes. Uma festa era oferecida.

"E te assentaste sôbre um leito de honra, diante do qual esta­va uma mesa preparada," escreve Ezequiel no capo 23: 41. AsI'estividades, o banquete, a música, a alegria e folguedos con­tinuavam, então, por uma semana inteira.

Foi para esta espécie de tempo jubiloso que Salomão escre­veu o "Cântico dos Cânticos." Nos tempos antigos, o idealoriginal da união espiritual no casamento, como um simbolismoda intimidade de Deus com Seu povo, foi perdido de vista.

Nos tempos cristãos, foi, êle ~lvidament.e reenfatiza~o p.ela com­paração do casamento a umao de CrIsto e Sua Igreja. Esteidealismo tende a promover permanente fidelidade de um ho­mem a uma mulher. O crescimento em beleza espiritual, e ocontínuo desenvolvimento mental, com tôda a disposição física

Page 53: Música em Minha Bíblia

possível, assegura melhor tal lealdade que a mera lembrançada beleza física do tempo do casamento.

Um número de comeositores dos tempos mais modernost~m escrito músicas baseadas nos textos do "Cântico dos Cân­

t~c~s:" "O delic~do lirismo do 'Cântico dos Cânticos,' e as pos­sIbII.ldades que ~le oferece pa;-a a melodia pastoril, começou a

atraIr os compo~Itores numa epoca quando a naturalidade e aatmosfera pastonl esta.v~m sendo. fa~orecidas por uma sociedadeque se afast~ra ~a ngldez da Igreja medieval. Seu primeiro

~rande, arranjo ,foIAOde P~le~tri?a, comple;ado em 1584. Umamda Serenata sobre o Cantlco dos Canticos' foi composta

~or ~illiam .Boyce da Inglaterra no século XVIII." - Gra-~nwItz, Mus~c af Israel, pág. 200. Arthur Honegger foi ins­

pIrado pelo lIvro, COmo o foram Marc Lavry e Lucas Possentre os compositores contemporâneos. Outro compositor me:­d~rno, que escreveu uma agradável e incomum composição ins­plrad~ .no "Cântico dos Cânticos", é Ralph Vaughan Williams.E :n.uslca temperamental, impressionante, etérea, induzindo oespmto ao amor e encantamento.

106 MÚSICA EM MINHA BlBLIA

CAPíTULO 16

Música

de Tiro

"_I1PASTA de Mim o estrépito dos teus cânti-{'f cos." Amós 5 :23. Nem tôda a música men­

cionada na Bíblia era de caráter santo e agradável a Deus. Amúsica, tanto secular como religiosa, em algumas circunstân­cias prestava homenagem a falsos deuses. Dêstes deuses, Baalou Baalim, especialmente o Baal dos fenícios, era o mais odiosoao verdadeiro Deus, }eová. Baal, o deus masculino ou o deusdo Sol, e Astarote, a deusa feminina ou a deusa da Lua, re­presentavam a necessidade do homem de adorar as coisas cri­adas em lugar do Criador. Os ritos religiosos em honra aBaal eram compostos de selvagens orgias sexuais, assassínio decrianças, as quais eram passadas pelo fogo, e muita música sel­vagem que acompanhavam as danças desenfreadas dos bêbados emgritaria. As comemorações seculares acompanhadas da músicae do excesso de vinho, eram também, de certo modo, realizadasem homenagem a fahos deuses. Havia a música mista, na

(lual, tanto a falsa quanto a verdadeira religião, eram entremea­(as. Isto levou o profeta Amós a proferir as palavras de Deusordenando que tal espécie de canto ou música fôsse abolida.

A participação na adoração a Baal era uma freqüente ten­

tação para Israel. Desde a adoração no Egito, a qual era bàsi­cumente semelhante, a heresia do bezerro de ouro foi o primeiroexemplo. Desde o tempo em que os israelitas, nos limites da

(107)

Page 54: Música em Minha Bíblia

108 MÚSICA EM MINHA BíBLIA MÚSICA DE TIRO 109

Terra Prometida, foram enganados pelas prostitutas midiani­tas, acarret~ndo a destr~i~ão e dispe~são de Israel, o povo de!?eus repe~Idamente partIcIpava dos ntuais da adoração a Baal.A .adoraçao ao Deus de Israel, naturalmente, continuou mas,

pO?Ia-Se perceber ao mesmo tempo um certo interêsse pelasdeIdades de Canaã.", -: Ra?inovitch, Of Jewish Music, pág. 17.

A beleza e a mUSIca, Juntamente com as danças animadast~maram tentadoras as orgias dos midianitas. Lemos: "Ilu~dIdo~ pela música e a dança, e seduzidos pela beleza das vestaisgentIlIcas, romperam sua fidelidade para com Jeová. Unindo~

s~-lhes nos .folguedos e fes~ins, a con~escendência para com oVI?~O an~vI?u-Ihes o~ sentIdos, e derrIbou as barreiras do do­

mm!o propno. A. raI~ão teve pleno domínio; e, havendo con­tammado a c,onscIencIa pela depravaçãO', foram persuadidüs ac;u.rvar-seao~ ~dolos. Oferec~ram sacrifícios sôbre os altares gen­tIhc~s e partIcIparam dos maIS degradantes ritos." - E. G. White,Patnarcas e Profetas, pág. 454.

No tempo de Jezabel e Acabe, o profeta Elias denunciou aperver~a ~düraç~o pagã. A música e dança selvagens, juntas àsua propna mutIlação, caracterizavam a adoraçãO'a Baal no MonteCarmelo, COmo é vIvidamente descrito nas Escrituras: "Invo­caram o nüme de Baal desde a manhã até ao meio-dia, dizendo:Ah, Baal, responde-nos! Porém, nem havia voz, nem quem res­ponde.sse, enquanto saltavam sôbre o altar que tinham feito ...- E eles clamavam em grandes vozes, e se retalhavam comfacas e c.om la.ncêtas, conforme aO'seu costume, até derramaremsangue sobre SI . .. Passado o meio-dia profetizaram êles até quea oferta de manjares se oferecesse." I Reis 18: 26-29. '

.O. rei~o do norte, ou as dez tribos, chamadas de Israel, erammaIS mcl~nadas à ~dora~ã? de Baal do que Judá, talvez porqueIsrael estIv~sse maIS proxImo de Tiro. Isto se tornou especial­mente realIdade depois que a tíria Jezabel se tornou rainha

d~ Isr~el. Também Jeroboão I, depois de sua estada no Egito,~ez dOl.sbezerros de ouro, um em Dã e outro em Betel, ondeJá haVIa centros de adüração a Jeová. Temendo a divisão dad~ lealdade de seus súditos, devido ao seu comparecimento às

tres randes festas em Jerusalém, Jeroboão instituiu uma festaanua cêrca de um mês após a Páscoa, em cada um dos locaisonde colocara os bezerros de ouro. Mais e mais se mesclavam

os cultos da verdadeira e falsa religião. Especialmente quandoTiro ascendeu em importância comercial, sua religião e costu­mes também se tornaram mais influentes. Essa mistura de ado­ração ao verdadeirO' e aos falsos deuses, contribuiu mais do que

ctualquer outra coisa para o declínio da religião e da moral dos ju­ceus, levando-os ao cativeiro.DeI'0is que Jerüboão II ascendeu aO' trono, a prosperidade

material e a influência pagã tornaram-se grandes na terra deIsrael. Uma forte voz foi erguida em denúncia. Era a voz doprofeta Amós: "Afasta de mim o estrépitO' dos teus cânticos;porque não ouvirei as melodias dos teus instrumentos." Amós5:23. [Nota: na Bíblia em inglês diz: "a melodia das tuasI I éb . '''Jlarpas n eIs.

Ele ouvira a música de Tiro misturada com os Salmos deDavi nos centros de adoração. Declarara que Deus abo­minava o ruído de tais cânticos de adoração. :Ele refere-se àharpa "nébel," a maior, mas outros instrumentos eram usadosnesta adoração mista. Era a profanação da tradiçãO' musical doglorioso e dedicado modêlo que fôra instituído por Davi. :Ele,na verdade, fizera muitos instrumentos. Amós se refere aosFoliões que inventaram e usaram os instrumentos como o fêzDavi, de forma que é evidente que todos üS tipos de instrumen­

tos podiam ser encontrados nos centros de adoração de Dã eBetel.A verdadeira música de adoração a Baal parece ter estado

associada com um número mais limitado de instrumentos. :Eles

usavam principalmente o tambor e a flauta, indubitàvelmentepor suas qualidades rítmicas. "Os ritos [de Baal] constituíamum culto de pura sensualidade, absoluto paganismo, que trou­xe consigo uma música mais bem adequada à intemperança eorgia. A música orquestral cananita, se assim pode ser cha­

mada~ não era nada mais que um grande tumult? causado pel~combmação do ensurdecedor tambor e da estndente flauta.- Rabinovitch, pág. 18.

Antes de iniciarmos o assunto da desagradável música se­cular, devemos notar que nem tôda a música secular era for­l,:osamente desagradável a Deus. O cânticü alegre do semeador

e do segador, a música festiva da colheita da uva, os cânticosdas mulheres em suas casas, nunca foram condenados. A ale-

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110 MÚSICA EM MINHA BíBLIA MúSICA DE TIRO 111

Havia oscerimôniasnãa era a

~re mUSIca do casamento era feliz e abençaada.macentes ~ans do tambar, da harpa e do abaé emde despedIdas au em aleores grupos sociais. Estamúsica de Tiro. o

Havia na terra outro tipo de música que foi condenada pe­los prafetas de Deus, inclusive por IsaÍas em Judá, e Amósem Israel.. As festas ,d? vinho cam música, especialmente du­rante a vIda de luxuna do reino da norte, justamente antesde s~a que~a, foram candenadas em têrmas drásticos. O~mor, ~ comodI?ade, a corrupçãa pela excesso de vinho, a amora mUSIca assacIada cam tudo isso, a que as classes privilegiadasse en:regavam, enquanto os pabres eram oprimidos, preparoua naçao para a sua queda.

" .IsaÍas pronunciau uma maldição sôbre tal sorte de pessaas:AI dos que se levantam pela manhã e seguem a bebedice e se

demaram até a noite, até que a vinho os esquenta. E harpas [kin­nar] e ,alaúdes [nébel], tamborins [toph] e pÍfaros [chalil] e vi­nho ha n?s seus banquetes, e não olham para a obra do Senhar,nem cansIderam as obras de Suas mãos." IsaÍas 5: 11 e 12.

Cada instrumento aqui mencionada era também usado naa.doração a Deus e na música que Ele abençaara; aqui, porém,

sao usadas para conduzir aa pecada e aO' excesso.. Qu~~do a ~estruiçã~ final chegau, IsaÍas descreveu de ma­neIra VIvIda o fIm de taIS celebrações selvagens de vinha:

"Há lastimasa clamar nas ruas par causa da vinha'tôda a alegria se escureceu, desterrau-se a gô;a da Terra.

Cessau a falguedo dos tambarins [toph]Acabau o ruída das que pulam de prazer,E descansau a alegria da harpa,

cam canções nãO'beberãO'vinha." IsaÍas 24: 11, 8 e 9.

Clamando par mi~ericórdia e livramenta, o profeta pra­mete uma transformaçaa par uma música muita diferente:

"S~ servido, 6 Tu Eterna, de livrar-nas;E.ntãa tadas as nassas dias

Faremas música em Tua casaEm Teu louvar." Isaías 38:20, Moffatt.

En.tretan.to, o povo de Judá apegou-se a seus Ídalas de pe­cada, mclusIVe às festas de bebedeiras, acompanhadas por ins-

trumentos de música e cânticos. Nessas festas, tanto hamenscama mulheres tomavam parte. De fato, as prostitutas da­

queles dias freqüentemente usavam a música para atrair oshomens. Em Tira, as prastitutas levavam uma harpa quandaandavam pelas ruas. IsaÍas compara Tiro a uma tal mulher.A música era usada por essas mulheres cama um dos mais pode­rasos meios de seduçãO'. Nestas palavras o profeta comparaTiro durante os 70 anos de esquecimento prestes a vir, com umaprostituta:

"Tira será cama a cançãO'duma prastituta.Toma a harpa [kinnor]

Radeia a cidade,ó prastituta entregue aO' esquecimentO':

Taca bem,Canta e repete a ária

Para que haja memória de ti!" Isaías 23: 15 e 16.

As mulheres empenharam-se em tôda a esrécie de músicasecular, tanto a inocente quanto a sedutora. 'Israel gozava avida através da música, tanta vocal como instrumental, e asso­dava a música com a dança e o vinho, de que tanto homens

como mulheres participavam." - Idelsahn, Jewish Music, pág .21. Embara as mulheres não tomassem parte na música do

serviço do templa, elas o faziam em muita música de naturezasecular, tanto boa como má. O mesmo acontecia com todos ospovas arientais circunvizinhas naquele tempa.

:e. evidente que um grupo especial de cantaras, chamadas"dançarinas," fai trazidO' da FenÍcia. Carl Engel fala dêste as­sunto e diz: "As 'dançarinas' preferidas no Egito eram, pro­vàvelmente, as fenÍcias." "Em muitos túmulos dos antigos egÍp­dos encantramas representações de môças dançando em festasparticulares ao som de várias instrumentos, de maneira se­melhante às modernas 'Ghawazee' [dançarinas]; no entanta,mais licenciosas, com uma ou mais destas dançarinas apresen­

lundo-se em estado de completa nudez, embora na presençade hamens e mulheres de alta posiçãO." - Music of the MostAncient N ations, págs. 259 e 258.

Não sabemas como soava esta música, tacada e cantadapor estas môças vindas da antiga Tiro. Era, indubitàvelmente,

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MODERNA CANÇAO DE AMOR EGíPCIA

1'11_

113MúSICA DE TIRO

8

o cativeir.o e a dispersão poriam. fim a tudo. isso, quando, ta?:oTiro como os reinos de Judá, serIam conqUlstados pela Assmae Babilônia. O rei de Tiro, Etbaal, seguidor do falso deus Baal,

foi comparado por Ezequiel a Lúcifer: antes, or~ulhos?,. pos­suindo tudo, no que se refere a beleza, sabedOrIa, musIca. e

riquezas; agora, rejeitado e caído por causa, do pecado. EzeqUlelpredisse de Tiro: "E Eu farei cessa..ro arrUl~o, das ~u~s cantIg~s,c o som de tuas harpas [kinnor] nao se OUVIramaIS. EzeqUlel

26: 13. . d "AfA ordem de Deus para Israel ~an::bém fOI execu!a a: . . as-

ta de mim o estrépito dos teus cantIcos; porque nao OUVIreIasmelodias dos teus instrumentos." Amós 5: 23. Em Judá e Israel,como na cidade próxima ao mar, o cativeiro silenciou o som dasacrílega música de Tiro.

MÚSICA EM MINHA BíBLIA112

Também em Israel, viu o profeta Amós a música e o vinhomisturados nos banquetes de prazer, para os privilegiados, en­quanto o pobre estava nu e faminto, e o país prestes a ser destruídopelos invasores. Em palavras de reprovação pronunciou êle umamaldição sôbre os que dela participavam:

"Ai dos que repousam em Sião ...que dorrnis em camas de marfime vos estendeis sÔbre vossos leitos ...que cantais ao som do alaúde [nébel]e inventais para v6sinstrumentos músicos como Davi ...mas não vos afligis pela quebra de José."

[Aflição de José, diz a margem.] Amós 6: 1-6.

muito rítmica, e com apenas umas poucas melodias, pois isto

era típico do repertório musical das mulheres orientais da­quele tempo. Gradenwitz cita a descrição de Robert Lockmann,da música de um grupo de mulheres judias na ilha comple­tamente isolada de Djerba, as quais eram "relíquias vivas dacivilização oriental de milhares de anos atrás. Seus cânticosse prendiam a um pequeno repertório de típicas repetições meló­dicas; os vários cantos reproduziam essas voltas - ou algumasdelas - uma vez após outra." Em lugar do ritmo livre da cantilena,esta música é caracterizada por um periódico movimento "ascen­dente e descendente." "As mulheres acompanhavam seus cânticoscom tambores ou címbalos que batiam com as mãos." - Music afIsrael, pág. 28.

Uma moderna canção de amor, egípcia, citada por Carl En­gel, a qual é muito repetitiva e rítmica, pode ilustrar o tipo demúsica executada pelas antigas fenícias no tempo em consi­deração:

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A VOZ DE CHORO 115

CAPITULO 17

A Voz

de Chôro

_/7 SSIM corno a procissão nupcial e suas festi­«f vidades representavam o máximo de alegria eregozijo, a procissão fúnebre e o período de lamentação repre­sentavam o mais profundo desespêro nos tempos bíblicos. Je­rusalém é freqüentemente personificada corno urna alegre noivaou corno urna chorosa viúva, completamente só. Descriçõescasuais contam-nos muito dos costumes, tanto nos casamentos,corno nos funerais daquele tempo, inclusive de sua música.

O luto era caracterizado pela "voz do pranto" e a "voz dalamentação," geralmente dos amigos ou carpideiras. O enlu­tado entregava-se completamente à sua aflição. Sentava-se ematitude abatida, pois o sentar era urna postura de aflição. Se oenlutado era homem, colocava a mão sôbre a bôca, e, excetopelos soluços, nada dizia, e não participava de conversação al­guma. Urna mulher se lamentava e chorava mais, "sentada só."Ainda hoje no Oriente, os homens árabes conservam-se emsilêncio na tristeza, enquanto as mulheres gritam e choram.

O hebreu enlutado arrancava o cabelo da cabeça e da barba.Algumas vêzes a mulher cortava o cabelo, corno símbolo daperda de sua beleza feminina e encanto. O enlutado rasgavaas vestimentas comuns em profundo desespêro e aflição, e ves­tia-se de saco ou vestimenta preta. Cinza era colocada algumasvêzes na cabeça, ou o lamentador sentava-se sôbre ela. Comu-

(114)

mente se observava o jejum entre os enlutados. Não se fazianenhum trabalho. A higiene pessoal era completamente ne­gligenciada; nem banhos se tomavam. Em séculos posteriores,a única leitura feita pelo enlutado era a dos livros de Jó ouLamentações, ou então êstes livros eram em parte lidos em vozalta para êle.

Tão 1000 a morte entrava no lar, apenas o enlutado perma­necia em ~ilêncio. Tudo o mais, nos funerais dos antigos he­breus, era barulhento. "O Espírito de Deus," diz o Talmude,não pode habitar em meio à tristeza, nem em meio à tristezaque é muda, inarticulada, não elevada e purificada pela música."- Rabinovitch, Of Je1.vish Music, pág. 21.

Parentes e amigos apressavam-se a ir ao aflito a fim de con­fortá-Ia, e sentavam-se com êle lamentando: "Pobre dêle," ou"Pobre dela." Um grupo de lamentadores profissionais, geral­mente mulheres, também se apressava em ir à casa com altaslamentaçóes, chôro, pranto, música e o canto de lamentos en­tremeados de muitos "ais." Algumas vêzes, tanto homens comomulheres, uniam-se cantando réquiens em memória, especial­mente para o povo nobre. Lemos: "E Jeremias fêz uma la­mentação sôbre Josias; e todos os cantores e cantoras falaram dede Josias nas suas lamentações até o dia de hoje, porque osderam por estatuto em Israel." II Crôn. 35 :25. Esta elegiaperece ter-se perdido, mas, por gerações, foi cantada anualmente.O "Targum" diz que foi escrita no livro de Lamentações. Po­deria o capítulo 3 de nosso livro de Lamentações, um tantodiferente em estilo dos outros capítulos, ter sido uma parte dolamento original?

Outros poetas e profetas escreveram lamentações nos tem­

pos bíblicos. O maravilhoso réquiem de Davi em II Sam. 1: 19­27, composto depois da morte de Saul e Jônatas na batalha con­ITa os filisteus em Gilboa, é um clássico entre as lamentações.

Sendo que êle e os honrados eram todos guerreiros, deu .êl~ aseu réquiem um tema de batalha e declarou que o cantIcodeveria ser acompanhado por uma melodia específica. Foi cha-

d "C" dA" S 'd' é "Cma o o antIco o rco. eu repetI o coro: ornocaíram os valentes." O DI. Clarke diz dêste réquiem de Davi:"l? quase impossível ler o nobre original sem encontrar cada pa-

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116 MúSICA EM MINHA BíBLIA A VOZ DE CHORO ll7

lavra inflada por um suspiro ou quebrada por um soluço."­Commentary, VoI. 2, pág. 310.

Maior aflição de coração é sentida ao ouvir-se o grito dedesespêro de pai guando o filho de Davi, Absalão, foi morto."Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão! Quemme dera que morrera por ti, Absalão, meu filho, meu filho!" IISam. 18:33.

Com o decorrer do tempo, o chôro tomou-se mais e maisuma profissão desempenhada pelas mulheres carpideiras. Elaschoravam, gritavam e cantavam certos estribilhos, tais COmo:

"Pobre dêle," "Pobre dela." Posteriormente, no tempo de Joãoo Revelador, o costume usual forneceu a figura para a lamentação

pela destruição de Babilônia; escreveu êle: "E lançaram pósôbre as suas cabeças, e clamaram chorando e lamentando, di­zendo: "Ai, ai daquela grande cidade!" Apoc. 18: 19.

Amós descreveu a futura destruição das cidades de Israel noauge de sua alegria e beleza, declarando: "Em tôdas as ruashaverá pranto e em todos os bairros dirão: Ai, ai!" Amós 5: 16.Jeremias também se refere ao costume. Sua ausência indica

completa rejeição, como pode ser deduzido nesta passagem:"Não lamentarão por êle dizendo: Ai, irmão meu, ou Ah, minhairmã! Nem lamentarão por êle dizendo: Ai, Senhor, ou Ai,Majestade!" Jer. 22: 18.

Uma das mais antigas profissões franqueadas às mulheresfoi o de lamentadoras ou choradoras fúnebres. Eram chamadas"mulheres sábias" e possuíam repertório próprio, que consistiaem cânticos chorosos, tanto novos como antigos. Essas lamen­tações eram freqüentemente rítmicas, e algumas vêzes acom­panhadas pelo bater de palmas. Jeremias se refere a isto comoprofissão, quando ordena:

"Considerai e ehamai as carpideiras,para que venham;

e mandai procurar mulheres sábiaspara que venham também." Jeremias 9:17 e 18.

Mesmo mais tarde, no tempo de Jesus, há alusão ao ba­rulhento costume de ter carpideiras profissionais, quando Jesusfoi chamado para ressuscitar da morte a jovem filha de Jairo:

;

J

I.II.

"E Jesus, chegando à casa daquele chefe, e vendo instrumentistase o povo em alvorôço." S. Mat. 9: 23.

Tanto o tipo de música tocado, como o caráter dos cânticosfúnebres, fixavam-se pela tradição. Alguns instrumentos que

denotavam alegria não eram ouvidos na "voz de pranto" fúnebre,nem na casa do enlutado, nem nos arredores da tumba, onde

um grupo profissional ia, não sàmente na procis~ão f~nebre, mastambém diàriamente, durante os costumeIros sete dIas de luto.

Os instrumentos de corda não eram ouvidos nas lamentações.O silêncio das cordas tipificava tanto a tristeza individual comoa nacional. Os cativos hebreus penduraram suas "harpas nossaloueiros," em Babilônia. Isaías previu o tempo de tristeza na­cio~al quando, como em pranto por um indivíduo, "Cessou o

folguedo dos tamborins, acabou o ruído dos que pulam de prazere descansou a alegria da harpa." IsaÍas 24: 8. Parece-nos que o"kinnor" e o "toph" permaneciam silentes no pranto. Tem-sedito que, às vêzes, um pequeno tipo de tambor chamado "eiros"foi usado para acompanhar os rítmicos cantos fúnebres, masnormalmente o bater palmas era feito quando o ritmo deviaser enfatizado.

O instrumento mais comumente usado na música de la­

mentação era a flauta ou "chalil." Como foi explicado noCapítulo I O, o "chalil" é considerado COmo sendo um antigooboé ou oboé duplo. :e. um instrumento de sôpro tocado verti­calmente, em vez de horizontalmente, como o é a flauta. Tam­bém o "aulas" grego, a palavra traduzida por flauta [na Bíbliaem inglês - "Instrumentistas" na tradução Almeida], na pas­saoem que se refere ao clamor do pranto na casa de Jairo éco~siderada por Galpin como indicando "a simples flauta ver­ticaL" - Notes to Stainer, The Music af the Bible, pág. 140.

O som dêste velho oboé era lúgubre ao ouvido antigo. As­sim os cantores fúnebres, o pranto, o chôro e as lamentaçõesera~ acompanhados pelos tristes sopros do "chalil." Jeremiasdescreve o coração de Deus soando "por Moabe como flautas"Oer. 48:36), uma figura de linguagem para pintar o prantosôbre uma pessoa morta. O "machol," imaginado como sendonão apenas as danças, mas também a pequena flauta usada para

acompanhá-Ias, foi excluído do pranto. "Converteu-se em la­mentação a nossa dança [machoIJ." Lam. 5: 15.

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118 MÚSICA EM MINHA BíBLIA A VOZ DE CHORO 119

.Foi costume I?or n:uitos ano~ eI? Israel que mesmo o espôsomaIS pobre provIdencIasse carpIdeIras para os funerais da es­pôsa. ~~binovitch m~nciona uma parte dos deveres nestas pa­lavras: Mesmo o maIS pobre entre pobres, quando perdia a es­pôsa? s~ntia-se constrangido a contratar pelo menos duas dessascarpIdeIras, e pelo menos um flautista, um entoador de lamenta­ções, e outro tocador de flauta, todos seguindo o cortejo fúne­bre." - 0f !ewish Music, pág. 19. :Esóe costume perdurouna era CrIsta.

Stainer, cujas pesquisas fizeram-no uma autoridade no cam­

po dos instrumentos bíblicos, usa um solo de oboé COmoprelúdioao "Côro das Carpideiras" (n.o 5) em sua cantata sacra "A

filha de Jairo." .Seu tom me.nor e sua melodia simples r~pre­sentam um sentImento de tnsteza, como pode ser visto nestareprodução:

o PRANTOAdóglo MM ~ =80 .

Obs. Solo com muito expressão ~~ Stomer

~

~

A música antiga, propriamente dita, teria tido SOm diferente?esta acima, mas, o espírito aí está, e o tipo do acompanhamentoInstrumental é autêntico.

Nos tempos pós-bíblicos certo canto fúnebre conhecido comoo "Kaddish," foi gradualmente desenvolvido 'e foi usado emmuitos países COm melodias variadas. A pri~cípio cantado so­mente na morte de pessoas cultas; mais tarde, porém, foi usadop~r~ outras pessoas também. :E um tipo de Doxologia. "O 'Kad­dlsh ~ara os mort~s era originalmente recitado para encerrar ossete dIas .de luto. - The Jewish Encycloppedia, VoI. 7, pág.40 I. MaIS tarde passou a ser cantado imediatamente após o

sepultamento. Segue um exemplo do "Kaddish" de origemespanhola, intitulado "La despidida," cuja dignificante e bela

I

ji

melodia mistura o louvor e a resignação com o pranto - as pa­lavras foram traduzidas para o português:

"KADDISH":" A DESPEDIDA­fI~

Seu gran • de no-me.

Através de séculos o livro de Lamentações, juntamente como de Jó, foram as únicas leituras que o enlutado fazia durante

o luto. Algumas vêzes os capítulos eram lidos para o enlutado.Descrevendo, como o faz, a futura destruição de Jerusalém,Lamentações tipifica, na perda nacional pela destruição, a perdapessoal pela morte. O livro é uma série de poemas com belaspalavras em perfeita métrica de elegia hebraica. Os primeirosquatro capítulos fazem uso de um recurso literário - o acrós­tico. Respondia à necessidade da alma dos hebreus, de completaentrega à tristeza, a ponto de ser quase uma felicidade ou"alegria negra," apesar de sóbrio e solene. Era, talvez, seme­lhante ao pensamento de Milton em "II Penseroso:" ":Estesprazeres a melancolia dá."

Há confôrto no livro de Lamentações para q u a I que rsofredor. Mostra a simpatia de Deus pela tristeza onde diz:"Porque :Ele não aflige nem entristece de bom grado aos filhosdos homens." Lam. 3: 33.

Desde o tempo de Esdras, e através de muitos séculos, olivro de Lamentaçóes teve um tempo específico para sua lei­tura pública, ou cantilena, sendo a data o dia nono de Ab,no fim do verão. Cantava-se o livro completo, tanto na manhã,quanto na tarde dêsse dia. Possuía melodias específicas para

cantilena, variando um pouco em diferentes países, mas tôdashaseadas no mesmo modo ou no mesmo tom. "O modo é ca­

racterizado pela maneira na qual certos tons iniciais, interme­diúrios e finais são acrescentados e contrastados na melodia

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120 MÚSICA EM MINHA BlBLIA A VOZ DE CHORO 121

cantada ou .tocada~ dentr~ dos modos escolhidos, o cantor ouexecutante tmha _toda a !Iberdade individual para as variaçõese para ~ expressao emOCIOnal. - Gradenwitz, The Music ofIsrael, pago 41.

O modo para Lamentações tinha uma qualidade descritacomo a "expansão da alma," com o tom menor expressandoe~oções fer:vorosas. e implorando. Possuía, de fato, um somtnste; to.davI~ contmha uma nota de esperança. :e baseado nom?do ~Ipodorico, consistindo de tons da escala moderna de

La a La, como s~ toca~se tôdas as teclas brancas do piano. Os

exemplos verd~deIros sao sempre encontrados transpostos.Idelso~n CIt~. o ,~eguinte exemplo de uma melodia ara

La~e?taç?es, _ongmana dos judeus babilônicos, cujas melc!diastradICIOnaIs s~o usualmente das mais antigas fontes e, portanto,se~elhantes as dos tempos bíblicos. Seu limitado alcance de

seIS tons.• o mant~m ,bem de~tro da capacidade de canto da

~o~ médIa. O efeIto e melancolico, apelante e patético, emboraaja. uma nota de esperança. As palavras hebraicas são repro­

duzIdads como no original, porque suas sílabas se adaptam àsnotas o canto.

LAMENTAÇÕESLem. 1:1

L I Bebilônico-E - ehe yesh. ba . ba • dad ha • ir-

rab • ba thi am hay • tha ke • ai • ma • na

~

I@~bem di noth ha - ye tha Ia _ mas.

"Como se acha solitária aquela cidadedantes tão populosa!

Tornou-se como viúva;a que foi grande entre as nações,

e princesa entre as províncias,tornou-se tributária!" Lam. 1: 1.

Vários compositores, especialmente alguns jovens composi­tores judeus, escreveram em anos recentes um número de in­

teressantes obras musicais inspiradas nos temas de pranto daBíblia. Embora estejam de alguma forma na linguagem con-A d h d" ,. d" btemporanea a c ama a mUSIca mo erna, essas o ras par-

tilham mais da natureza real da música dos antigos hebreus doque a de Haendel, por exemplo, que escreveu muitos oratóriossacros no estilo clássico e barroco. A "Jeremiah Symphony"de Leonard Bernstein e o oratório "Le Roi David" de Arthur

I-Ionegger podem ser citados como dois exemplos.Jesus cresceu nesta Terra, onde a barulhenta demonstração,

inclusive o pranto, o chôro, o tocar da flauta e o lamento erama regra comum no luto; mas, :Ele demonstrou moderação natristeza. Embora fôsse o "Homem de Dores, e experimentadonos trabalhos," tinha :Ele paz interior e contrôle próprio noexterior. :e verdade que chorou sôbre a condenada cidade: "6,Jerusalém, Jerusalém!" e chorou também no Getsêmani e na

cruz, mas um lamento moderado, embora intenso e pessoal.me mostrou impaciência com a exteriorização ruidosa dos sen­timentos das carpideiras, quando entrou na casa de Jairoe, aoouvir seu clamor, ordenou que se retirassem. Referiu-Se à mortecomo um pacífico sono no qual o ente querido aguarda a res­surreição.

Paulo insta os cristãos a que não se lamentem como o fazemos outros que "não têm esta esperança." Isaías, muito antes,havia apontado para o futuro, para a Nova Jerusalém, dizendo:" . .. e nunca mais se ouvirá nela voz de chôro, nem voz declamor." Isaías 65: 19. João, o revelador, diz que nela "nãohaverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor." Apoc21:4.

Page 61: Música em Minha Bíblia

CAPíTULO 18

Música

da Adora~ão

da Imagem

n()RDENA-SE a vós ... quando ouvirdes o som, . . da buzina, do pífaro, da harpa, da sambuca, do

salteno, da gaIta de foles e de tôda a sorte de música, vosprostrareis e adorareis a imagem de ouro que orei N abucodo­n~sor tem levantado." Dan. 3:4 e 5. Tal foi a proclamaçãofeIta pelo arauto aos legisladores da Babilônia reunidos nasplaní.cies de Dur~ cêrca de 580 A. c., quase quatro séculosdepoIs que o serVIço de dedicação do templo de Salomão fôracelebrado em Israel, como discutimos no capítulo XIV.

Israel, depois do seu reino de glória e riqueza sob Salomão,tinha declinado, sob legisladores de um reinado dividido. A re­

ligi~o se corrompera. Alguns reis, especialmente Ezequias eJOS13S,restauraram os serviços do templo, inclusive a música. Emgeral, no entanto, as admoestações dos profetas e as ordensde Jeová não foram atendidas, e o povo se voltou à adoração

dos .ído~os e às prá:icas corrup;as. Finalmente, a conquistadoraBabIlôma levou catIvoS de Juda, e entre êles Daniel e seus trêscompanheiros, príncipes inteligentes e de boa aparência.

. Tendo sido os melhores alunos, e possuindo sabedoria di­vIna,. êstes homens foram designados para elevadas posições.Damel permaneceu na Babilônia, onde descreveu e interpretou

(122)

MÚSICA DA ADORAÇÃO DA IMAGEM 123

o sonho da grande imagem do rei Nabucodonosor, ide~tifican­

do o próprio monarca como a cabeça de ouro.. Aq.uela_Ima~empersistiu na mente do rei até que, em su~ ImagIn~çao, ~ e. aviu aumentada e tôda de ouro, como um slmbolo dele propno.

Nessa ocasião foi que Nabucodonosor fêz a proclamação para

adorarem a grande imagem de ouro de 90 pes de altura, (27m), erigida no campo de Dura, a alguma distância ao sul deBabilônia.

A música marcava o InICIO das cenmomas e dava o sinal

de quando a adoração devia começar, co~o era costume. Mui­tos instrumentos musicais eram conhecIdos entre os caldeus

neste tempo. Os monarcas possuíam bandas e orquestras para

tocar nos palácios, nas festas dos ricos e nos templos. ..Os nomes e descrições de muitos dos instrumentos mUSICaIS

citados como havendo sido usados para tocar a música dos

serviços da dedicação, mostram .que alguns. dêles, ,Pelo menos,

eram derivados dos países conqUlstados. A lIsta de Instrume~tosde Dan. 3, repetida várias vêzes, ocorre na porçã~ do lIvroescrita em aramaico. Alguns dos instrumentos possmam nomesWegos, e isto nos ajuda a entender sua natureza e fonte.

f: necessário relembrar que, na Babilônia, encontravam-se("üivos de quase todos 03 países do Oriente Próximo. O cos­

l~llne de Nabucodonosor de levar a "nata" dos países conquis­tados para sua própria côrte, justifica o gôsto internacional nacôrte e sua coleção de instrumentos.

A música dos hebreus, por exemplo, especialmen;e de~otadanos serviços religiosos, era famosa em todos ~ l~Ises , CIrcun­vizinhos. "E então, quando a conquistadora ~abIloma, .cIente da

prc'J. )onderante superioridade musical dos catIVOS, anSIO~amente)e ia' 'Cante-nos um hino de Sião!' a resposta patétIca era:I ' h)'"()! como cantaremos os cânticos do Senhor em terra estran a.

.- Ewen, Hebrew Music, pág. 22.:Este mesmo Salmo 137 de"creve os cativos pendurando suas

"harpas nos salO'ueiros" do Eufrates, porque não tinham coragemou inspiração ;ara cantar em Babilônia, tão longe do seu santo

templo. A .', ,.

Agora, a imagem de ~uro fora ~ngIda. O dIa chegara. ~USI­('OS, em grande número, foram enVIados ao campo de Dura. A

Page 62: Música em Minha Bíblia

orquestra se estava formando não longe da imagem. A músicade dedicação da imagem estava prestes a ser tacada com muitosinstrumentos. Que espécie de música seria? Talvez uma COm­pleta compreensão dos instrumentos nos dê alguma idéia doseu efeito total.

"Quando ouvirdes o som da buzina," assim começa êste versoem consideração. A palavra original para "buzina" (traduzi.dacomo "corneta" em I Crôn. 25: 5) é usada para descrever oinstrumento de Hemã, o líder da seção dos instrumentos de

sôpro na orquestra de Salomão. O "keren," como foi explicadono capítulo 13, era geralmente feito do chifre de um animal,embora fôsse algumas vêzes mais reto que o "Shophar." Algu­mas vêzes o "keren" era feito ou ornamentado de metal. Emboranão mencionado nestes versos, há outro tipo de buzina assíria,mostrada em alguns monumentos: reta, e mais ou menos seme­lhante às trombetas de prata de Moisés.

E apropriado que a buzina seja mencionada em primeirolugar na lista, pois parece ter sido sempre de importância ca­pital como instrumento de alarma ou aviso. Era costume, nosvelhos tempos, no Oriente, que um toque de trombeta ou bu­zina fôsse usado para atrair a atenção. No relato de hist6riafeito por Josefo, a trombeta é o único instrumento mencionado.

O pr6ximo instrumento da lista é a flauta. A ordem dos

instrumentos na Bíblia [tradução Inglêsa K. J. V.], usada pelaautora, é a seguinte: buzina, flauta, lira, sambuca [triângulo nasmais recentes], harpa e gaita de foles. Esta era a classificaçãopara um grande grupo de instrumentos semelhantes, sendo todosem tamanho grande. A palavra "flauta," usada na Bíblia, podesugerir a alguns leitores o instrumento moderno, executado

transversalmente. Tal instrumento era conhecido nos temposantigos, e pode ser visto em monumentos egípcios; mas não éêste o tipo mencionado como parte da orquestra do rei Na­bucodonosor.

A palavra original é "mashrokitha," uma palavra grega sig­nificando um tubo ou, mais corretamente, um tubo duplo. Pos­suía dois tubos unidos num único bocal colocado no fim doinstrumento, mais ou menos como no nosso atual clarinete ouoboé. Conhecido pelos gregos como um instrumento assírio, eraconhecido pelos caldeus antes de ser usado na Gréda, e era

Há outro instrumento de sô~ro me~,cionado no grupo: ~ ga~adc foles, traduzida como : saltério [~m ~lgumas versoes ~Bíblia em inglês]. O salterio estava ,In.clUld?, como será del11onstrado mais tarde. O nome do ultImo Instrumento men­

donado na lista veio da palavra "sinfonia," c.o~o A ~;~dto~e~I~m anotado na margem: "Caldeu - sinfoma. SIn o:l1aera semelhante à nossa moderna gaita de foles. De fato, amda

125MúSICA DA ADORAÇÃO DA IMAGEM

tocado pelos egípcios, como se encontra desenh~do nos _monu­mcntos. Era um instrumento comum entre mUltas naçoes an-

ligas, inclusive entre os hebreus. . , .

Embora em alguns quad::os nã~ ~pareçam onfIcIos p~ra o~dcdos, é mais provável que eles eXIstIssem em to~os os Inst~

,tos As flautas duplas eram geralmente de Igual compn-men . fA . 1 e amcnto, embora ocasionalmente uma osse ~aIS onga qu

t Um dos tubos evidentemente, prodUZIa acompanhamen-ou 'Ia. , . b d dt O outro com o uso de maIS a erturas para os e os,10 enquan o, . . d fl th~ja a melodia pràpriamente dita. Um grupo Inteuo e au asI I s muito embora cada uma fôsse capaz de tocar apenas~I~~a: ~oucas notas, faria um impressionante volume de som.

Flauta dupla asslria.

i'

MÚSICA EM MINHA BíBLIA124

Page 63: Música em Minha Bíblia

o

. ~ .entonação não é afina~a de acôrdo com a nossa escaladIatollIca, ~orq~e o Do e o Fa são sempre sustenidos. Tambémas. n~tas nao sao ben: afinadas umas COm as outras. Isto con­

tnbm para que combmem com o imutável som do "dr ".é 11: I' one, quegera mente um a. Para aliviar o constante zumbido dostubos, "at~almente, muitos ornamentos, conhecidos como "tri~nados, sao freqüentemente inseridos no "chanter" e t .n~tas da meI~dia. Tal ornamentação demonstra em si ano~f e~~onental da gaIta de foles, porque a ornamentação é caracterí~ica

hoje o~,campo~eses italianos chamam a gaita de foles, a "zan­pogna. A; gaIta de foles, em suas várias formas, é um instru­mento antIgo, sendo de uso geral entre os assírios, persas egreg~:, por exemplo.

d 1odas as nações européias, particularmente desde o tempoas c~uzadas,Ativeram a gaita de foles, embora do século XV

em dIante fosse ela mais comum na ESco'cI'a Nos td" . d . empos

mE ~eVaIS,a ga~~a ~ f~les acompanhava algumas vêzes o canto,e 01 cha~adaA o coro num antigo manuscrito.

E d~ ~nteresse notar as observações do Rev. Galpin, de uenuma sene de escavações na Pérsia, algumas figuras em te;ra­

~o~ foram encon~ra?as n? monte de Susa, supostamente do século. c., as q~aIS mclmam duas figuras que parecem estar to­

cando uma gaIta de foles com um tubo curvo - Stainer pág152. . ,.

Como dé bem conhecido, a gaita de foles é um instrumentocomposto e "notas fi,~as ou "drone" - tubo que produz o som

grYd' e um chanter ou tubo com orifícios para a execução da

me o ~a.. Cada "drone" é um simples tubo que produz a enasuma umca nota, um a.companhamento que dá profundidfde ecoroo ao som da melodIa tocada pela outra flauta ou "cha t "O li h " , b d ' n er.

. c anter e um tu o uplo, semelhante ao obo.é. Na modernagaIta de. foles há três "drones," cada um capaz de pro.d .uma t " h " UZIId d no a'l e ~m ~ anter COm uma te,;situra de nove notas

es e o so ate o Ia, como na pauta abaixo.

TESSITURA DA GAITA DE FOLES

127MÚSICA DA ADORAÇÃO DA IMAGEM

da música oriental, coral ou instrumental, seja hebraica ou caldéia.

A qualidade do som da ~aita de foles, familiar a muitos,tem sido bem descrita como 'arcaico, semibárbaro e estimulan­te." E também barulhento, especialmente se um grupo grandede gaitas soa ao mesmo tempo, como está implícito na descriçãoda música da dedicação da imagem de Dan. 3.

Os próximos a serem mencionados são os instrumentos decordas, chamados harpa, sambuca e saltério. Nas traduçõesatualizadas [Versão Revised Standard e Moffatt, em algunscasos], êstes instrumentos são chamados de "lira," "triângulo"

e "harpa," palavras que mais acuradamente descrevem o sentidooriginal, de acôrdo com EngeI, Stainer e outras autoridades.

O nome do primeiro instrumento de cordas citado é a lira

[harpa na versão em português], que é "kithros," no original,vindo da palavra grega "kithara."

A lira grega era um instrumento de forma retangular, emol­durado e sem caixa de ressonância. Comumente possuía cinco

ou seis cordas, embora algumas ilustrações mostrem mais. Enge!acredita que a base da música tacada na lira era a escala dia­tônica com o quarto e sétimo tons omitidos, isto é, a escalapentatônica. Assim, "a lira de cinco cordas (comparada à nossaescala de Dó), deveria ter: Dó, Ré, Mi, Sol, Lá; e a lira deseis cordas: Dó, Ré, Mi, Sol, Lá, Dó." - Music of the MostAncient Nations, pág. 154. Cada corda poderia tocar apenasuma nota.

A ilustração mostra um exemplo da simples forma assíriada lira grega. Muitas outras liras mais elaboradas foram en­contradas em tempos posteriores na Grécia, com molduras cur­vas, tendo muita ornamentação, mas a ilustração dará umaidéia de como eram as liras que havia na orquestra de N abuco­donosor.

Sambl1ca é o nome do próximo instrumento mencionado.A palavra, que denota um instrumento de sôpro medieval comlima vara assemelhando-se talvez ao nosso trombone, é umatradução errônea. A palavra original aqui é "sabeca," um ins­trumento assírio muito diferente, em caráter, da sambuca. Estáagora traduzido como triângulo, ou harpa de três pontas. Era

MÚSICA EM MINHA BíBLIA126

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128 MúSICA EM MINHA BíBLIA MúSICA DA ADORAÇÃO DA IMAGEM 129

conhecido dos gregos e romanos como exemplo da luxúria oriental

em instrumentos musicais. Era semelhante à grande harpaegípcia, e evid~ntemente semelhante à grande harpa "nébel" doshebreus. Este m,s~rumento pode ser visto em alguns dos antigosmonumentos aSSInas.

. O triângulo era grande, porém portátil. Era amarrado àcI~tura do executante em um lado e mantido em pé diantedele enquanto andava e tocava. Esta harpa não tinha caixa deressonância, ou uma parte vertical na frente, como as nossas

Instrumentos de cordas assfrios: (da esquerda para a direita) lira, harpa ousabeca, dulcfmer.

harpas de concêrto hoje possuem. O número de cordas variavade I? a 26. As cordas terminavam na parte inferior, com tipos

de pmgentes, os quais podiam ter pesos para ajudar a reter at~nsão da~ cordas. depois de afinadas: E possível que as cordasfossem feItas de seda, como o são hOje nas harpas burmesas.

E mais provável, entretanto, que fôssem feitas de tripa, COma

era a harpa de um egípcio exumado, de tipo e épocas seme­lhantes. Carl Engel acredita que o triângulo, ou sabeca, estavaafinado pela escala pentatônica.

Embora os artistas pintem um número variado de cordas, enem sempre uma cravelha para cada uma, o número apropriadode cordas parece ter sido divisível por cinco, mais uma para anota tônica da oitava próxima. Assim, 26 cordas conteriam cincooitavas de Dó, e dezesseis conteriam três oitavas, mais a cordade Dó.

Dêste modo, havia quatro instrumentos de corda de quatrocantos, ou liras, e três de três cantos, ou harpas. Um outroinstrumento de corda, completa o mencionado conjunto: é osaltério ou "psanterim," chamado de harpa na Versão RevisedStandard. Apenas no terceiro capítulo de Daniel, nas repe­tidas listas de instrumentos dos versos 5, 7, 10 e 15, é a palavra"psanterim" encontrada na Bíblia. A palavra é mais bem tradu­:úda por "dulcimer." O "dulcimer" é um antigo instrumentoconhecido na Assíria, Arábia, Pérsia e outros países, um tantosemelhante à cítara alemã e ainda algumas vêzes visto naquele

fX1íS. E instrumento plano, retangular, com muitas cordas vi­)radas por um pequeno martelo ou plectro. feito de madeira,

),~c~lraou metal, segurado pela mão do executante. Diz Stainer:J alvez nenhum instrumento tenha passado por menos mu­

danças, ou sido de uso mais difundido que o 'dulcimer'."­Pág. 51.

A música é produzida pelo mesmo princípio do piano decauda de hoje. O "dulcimer" dos tempos europeus era, geralmente,colocado numa mesa ou outra superfície plana para ser tocado.Na gravura de um antigo "dulcimer" assírio, o executante estácarregando o instrumento. Esse instrumento tem dez cordas, em­hora os mais modernos tenham mais cordas, comumente com-

jlrecndendo três oitavas no tom de sol, com o fá natural emligar de sustenido nas duas primeiras oitavas. Quando cadal'orda é percutida, ela continua vibrando, porque não há amor­tecedor para parar a vibração COmo no piano. No desenho, ol'xccutante parece estar usando a mão esquerda para parar as('xccssivas vibrações. O instrumento parece estar prêso de umIndo, ao redor do corpo do músico, a fim de deixar as mãoslivres para tocar.

Isto conclui a lista dos instrumentos de corda e sôpro. AInhela seguinte revisa-os nos versos sob consideração, mostrando

H

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130 MÚSICA EM MINHA BlBLIA MúSICA DA ADORAÇÃO DA IMAGEM 131

o nOme original e os nomes traduzidos, dos instrumentos queforam detalhadamente explicados.Trad. Almeida King James V.Rev.Standard v.Palavra Original

buzinacornetabuzinakeren

pífaroflautaflauta (dupla)mashrokitha

harpaharpalirakithros

sambucasambucatriângulosabeca

saltériosaltérioharpapsanterim

gaita de folesdulcimergaita de folessymphonia

Incluídos em "tôda a sorte de música" deveriam estar osinstrumentos de percussão, mas êles não foram mencionados.Apenas os instrumentos de corda e sôpro são mencionados pelonOme na orquestra de Nabucodonosor. Havia também gruposcorais. Sabemos que havia muitos músicos bem como outrosadoradores diante da imagem de ouro.

:f'. quase impossível imaginar o terror que a cena inspirava,a intensa ansiedade estampada em tôdas as faces, quando, aoser iniciada a música em sinal para que todos se ajoelhassemperante a imagem de ouro, aquêles três mancebos permanece­ram em pé, imóveis, sem se curvarem. Quando os sons dasharpas, trombetas e gaitas de foles chegavam aos ouvidos, jun­tamente com os singelos sons dos saltérios que acrescentavamsua colaboração, como não deveriam estar-se esforçando todosos olhos para terem um vislumbre dêstes estranhos crentes no In­visível!

"O costume de produzir um pesado estrondo de sons mu­sicais para acompanhar qualquer cena trágica, sobreviveu entremuitas nações selvagens, sendo a tortura e execução não ra­ramente acompanhadas pela música mais barulhenta possíveL"- Stainer, pág. 51.

Embora as notas verdadeiras da música tacada nessa ocasiãonão tenham sobrevivido, a pesquisa nos dá uma idéia do seucaráter. A música da dedicação da imagem era ruidosa, e ta­cada na sua maior parte em uníssono. Era de ritmo livre, ebaseada na escala pentatônica. Partes do solo eram entremeadascom efeitos de conjunto. Deve ter havido coros responsivos in­cluídos na frase "tôda a sorte de música." Era muito forte, im­pressionante e inspirava temor.

1Irjto

Um exemplo de poucos compassos de uma melodia hindustana,"Ária Nacional, de Chumba," que é aparentemente muito an­tiga, pode ter alguma semelhança com a ária nacional de Nabu­

codonosor, quando tocada pela orquestra. A melodia tr~dici~­nal foi mantida de geração em geração neste separado paIS on­cnta!. Foi obtida em 1842 por G. T. Vigne, quando a ouviuem sua notação nativa. Mais tarde foi transcrita para a notaçãomusical moderna. :f'. um exemplo interessante de melodia ori­ental antiga.

ARIA NACIONAL, DE CHUMBA

,MOd'~I b i .. . . .

~L&1ij ~ ..~-Quando os príncipes hebreus desafiaram a ordem do rei, porse recusarem a adorar o ídolo de ouro, e foram lançados na for­

nalha, um milagre se operou. Os três foram livrados do mal,na fornalha ardente, pela presença real do próprio Filho deDeus. Então, uma posterior proclamação, sem o benefício deinstrumentos musicais, tinha em si esta verdade: "Não lüoutro Deus que possa livrar como Este." Dan. 3:29.

Page 66: Música em Minha Bíblia

CAPíTULO 19

A Música

da Dedicaçãodo SegundoTemplo

JEREMIASpredissera que dentro de 70 anos. '. os ex~lados babilônios voltariam. IsaÍas profe-tIZOUque CIrO sena o lIbertador, mais de um século antes doseu nascimento. A Daniel fôra mostrado que Jerusalém seriareconstruÍda. Ezequiel, no cativeirO', vira um anjo medindO' osarredores do templo, como o faz um carpinteiro planejando umareconstruç~o. Os profetas Ageu e Zacarias ergueram-se du­rante os vm.te anos, e~t~e o comêço e o fim do segundo templo,para encorajar sua edIfIcação. Zorobabel, Ester, Esdras e Ne­emias foram favorecidos na côrte pagã e auxiliaram na obtençãode decretos para a restauração do templO' e de Jerusalém.

A obra de reconstrução foi completada em cinco estágios,tendo a música assinalado cada um. Os estágios foram os se­guintes: 1. a chegada dos peregrinos de Babilônia para a sededo templo em Jerusalém; 2. a edificação dos fundamentos dotemplo; 3. a edificação do templo; 4. a edificação dos muros deJerusalém, sob orientação de Neemias; 5. os cultos e a leiturada lei sob as ordens de Esdras e Neemias.

(132)

A MúSICA DA DEDICAÇÃO DO SEGUNDO TEMPLO 133

Zorobabel, o primeiro líder judeu, deixou Babilônia paradirigir a obra de restauração em Jerusalém, e tornou-se seu pri­meiro governador. O equivalente a dois ou três milhões dedólares em dinheiro e outros materiais necessários foram doados

a Zorobabel pelo rei e pelos fiéis judeus remanescentes naBabilônia. Mais de 42.000 exilados voltaram com essa expe­dição. Assim, era grande a multidão que fêz a jornada devolta ao lar.

Essa jornada, bem como a seguinte, autorizada por Dario,foi animada pela música. A descrição menciona entre os pri­meiros viajantes "duzentos cantores e cantoras." Esdras 2:65.Josefo, descrevendo o segundo grupo, diz que Dario ordenara"que os instrumentos musicais que os levitas usavam para can­tar os hinos a Deus lhes fôssem devolvidos," e êles "viajaram paraJerusalém com alegria e prazer, sob a direção daqueles a quem Da­rio enviara com êles, e fazendo ruído com os cânticos, e flautas, e

cÍmbalos." - The Antiquities of the Jews, liv. 11, capo 3, par. 8 e 9.As harpas, antes ,ilentes sôbre os salgueiros de Babilônia, fo­ram trazidas para colaborar na música do segundo templo emJerusalém. Os exilados que retornavam eram um povo musical,

e a música ocuparia grande lugar em sua vida e culto na pátriarestaurada, as~im como o fizera antes. Chamados "judeus,"porque a maioria dêles era da tribo de Judá, haviam conser­

vado sua fluência musical através de todos os séculos seguintes.Depois de quatro meses de jornada, a primeira expedição deregresso chegou à sede do templo de Salomão, agora em ruínase rodeado pelo entulho. Tirando os escombros que cobriam ogrande altar, os exilados o reconstruíram, e começaram a realizaros serviços sagrados lá. Era o início do outono, comêço dosagrado sétimo mês, e aproximava-se o tempo do equinócio ou­tonal. Três festivais sacros estavam iminentes: a Festa das

Trombetas, no primeiro dia ou dia da Lua nova do sétimo mês; osolene dia da Expiação no dia dez, e a alegre Festa dos T a­

bernáculos, que ocupava uma semana tôda, começando no diaquatorze. Em tôdas estas festas a música ocupava uma parteespecífica e preeminente. A Festa das Trombetas marcava o

início do nôvo ano civil e agrícola. Até o tempo r.resente osjudeus se saúdam uns aos outros neste dia com 'Feliz AnoNôvo!" Era feriado nacional, tempo de sagrada e solene alegria,

Page 67: Música em Minha Bíblia

porque estava associado COm o dia do ]uÍzo. As trombetas to­cavam durante o dia em intervalos e em conexão com váriosserviços.

Todos os tipos de trombetas são mencionados nas Escrituras

como sendo apropriadas para serem usadas nesse dia. Moiséspediu que se produzisse um "som de trombeta" ("teruah") du­rante essa festa (Lev. 23:24). [Nota: na trad. Almeida nãohá menção a trombetas]; provàvelmente produzido pelo "keren"nesses tempos remotos. Mais tarde, depois da introdução dastrombetas de prata, o "chatsoterah," essas eram tacadas peloslevitas, entre outras ocasiões, "nos princípios dos vossos meses."Núm. 10: 10. Asafe, chefe musical dos reinados de Davi e

Salomão, se refere ao uso do "shophar" no mesmo festival, quandoordenou: "Tocai a trombeta ["shophar"] na Lua nova." Sal.81:3.

Mais e mais o "shophar" se tornou o instrumento favoritopara o Dia de Ano Nôvo, e parece ter-se tornado, Com o cor­rer do tempo, o único usado para êsse dia. O conjunto det~ombet~s. é uma lind~ parte para qualquer importante ser­VIÇOrelIgIOSO,como fOI Impressionantemente demonstrado noserviço d~ coroação da rainha Elizabeth IIem 2 de junho de 1953.

DepOIS que a Festa das Trombetas findara, no local ondeo altar fôra reedificado, chegou o tempo dos sagrados e sole­nes serviços do Dia da Expiação. Exceto pelo soar das trom­betas de prata, tacadas pelos sacerdotes quando as ofertas quei­madas começaram, havia pouca música nesse dia solene. Eratempo de jejum, de oração, de confissão, de solene convocaçãoe de completo descanso das labutas físicas. O povo deveriapermanecer em estado de oração a maior parte do dia. Quandoo sacerdote entrava no lugar santÍsimo, o som das muitascampainhas ao redor da barra de sua túnica produzia suavee mística música, simbolizando a comunhão de todos COm o

Divino. Mais tarde houve um reavivamento do antigo costumede iniciar o décimo dia do sétimo mês com o mm do "shophar"~o ~ôr do Sol. Esse som é ouvido ainda hoje nas sinagogasJudaIcas.

Desta maneira, é evidente que a primeira celebração após

a chegada à pátria foi a da dedicação, de esquadrinhamentodo coração e de santa alegria pela volta do exílio.

134 MÚSICA EM MINHA BíBLIA A MúSICA DA DEDICAÇÃO DO SEGUNDO TEMPLO 135

No ano seguinte, os fundamentos do templo foram ter­minados. Cedros do Líbano foram trazidos, e pedreiros con­tratados para ajudar na obra. A generosidade do rei e deoutros, tornara possível executar a obra de acôrdo com o planoe sem obstáculos. Podemos deduzir que a edificação deveriaser completada no início da primavera. O tempo específico doano não está declarado, mas o fato de que um salmo foi can­tado, indica a estação. Os "hallels" [Nota: Salmos cantadosem certos dias de festas], eram comumente cantados em co­nexão com os festivais da primavera.

Os cantores e outros músicos haviam conseguido casas emvilas adjacentes, e foram chamados para os serviços, e talveztreinados pelos descendentes de Asafe, uma vez que "os filhosde Asafe" se apresentavam com "címbalos" [Nota: saltérios natrad. Almeida], atribuição dos dirigentes de música. (Es­dras 3: 10.)

Havia pelo menos dois coros. A estrutura dos salmos can­tados nas celebrações musicais mostra que eram cantados an­tifonalmente; na verdade, o fato é espedficamente afirmado:êles cantavam "a revêzes," verso 11. Notamos também, que osfilhos de Asafe tocavam címbalos, indicando mais de um líder.

Quando os sacrifícios sagrados eram acendidos, os sa­cerdotes com trombetas de prata permaneciam de pé na ex­tremidade oriental do altar, em ambos os lados, e faziam soaras trombetas de prata. Então a música dos coros começava;talvez estivessem agrupados próximos a cada um dos grupos dostocadores de trombeta.

Cantavam o Grande "Hallel," Salmo 136; um grupo en-"L . S h {'oI ' b" Atoava: ouvaI ao en ar, porque n e e om, e outro coro

respondia: "Porque a sua benignidade é para sempre." Verso 1.Exceto pelas lamentações de alguns já idosos, que se lem­

bravam da grande glória do primeiro templo, esta dedicação dosfundamentos do segundo templo foi uma ocasião de júbilo,onde a música deu um aspecto festivo.

A construção ficou apenas nos alicerces por vários anos, emboraos sacrifícios fôssem oferecidos no altar, e as festas sagradas

realizadas lá. Finalmente ZorobabeI, encorajado pelos profe­tas Ageu e Zacarias, decidiu ignorar as ameaças dos inimigose terminar o templo. Sua fé e seu tato, aliados à providencial

Page 68: Música em Minha Bíblia

136 MúSICA EM MINHA BíBLIA A MúSICA DA DEDICAÇÃO DO SEGUNDO TEMPLO 137

Ínter~enç~o de ~a~io, t0:n-aram possível completar a obra noterceIro dIa do declmo mes, ou, peIo calendário moderno, maisou menos a 12 de março do ano 515 A. C.

.O segundo ~e~plo em s,i.não podia ser comparado ao pri­meIra em aparenCla de glona. Menos ouro reluzia em seuinterior, embora as paredes fôssem cobertas COm êle. A glóriado. "Shequinah," a visível presença de Deus, estava ausente,aSSIm C?~O, e.stivera durante os últimos anos do velho templo.O pr?plclatono de ouro, com os querubins com asas abertas em

seu, topo, de~ap~recera para sempre, quando os babilônios des­tru~ram o pnmelro templo. Vendo, através de uma visão, JesusCnsto neste segundo templo que Herodes restauraria e em­

belezaria mais ,~u ~e~os 500 a;lO.smais tarde" o profeta Ageudeclarou. q~e "a glona desta ultIma casa sera maior do quea da pnmeIra. Ageu 2: 9. De outra forma, sua glória era me­nor. Sua música era menos magnificente que a do primeirotemplo.

" . O simples registro da ocasião afirma que os filhos de IsraelfIzeram a ~onsagração desta casa de Deus com alegria." Esdras

6: 16. ~a~Ia meno~ c~ntores e menos instrumentos do quena dedlcaçao do pnmeIrO templo, mas a ordem dos serviçosno segundo templo seguia os moldes do primeiro. Os sacer­dotes agrupavam-se na extremidade oriental do altar e nos

degraus entre o pátio interior, prontos para tocar e tomar parteno canto quando o serviço o requeresse.

~,rovàvelmente, havia procissões em que "cantores e can­to~as t0r.n~vam parte (Esdras 2: 65), ainda que as mulheresnao partIcIpassem, nesse tempo, do serviço musical do sacri­fício e das cerimônias do templo. :Eles, indubitàvelmente to-

. d "h" ,cavam .am a o top como nos primeiros tempos.AssIm, o segundo templo foi construído e dedicado como

o altar e os alicerces o foram anteriormente. A obra d~ Zoro­babeI estava terminada. Os anos se passaram e os serviços do

t:mplo começaram a ser realizados de modo negligente, à me­dIda que o povo gradualmente se afastava da santa lei de Deus.

Foi então 9~e. se sentiu a ne~essidade de um líder espiri­

tual. Na BabI~or:la, agora. sob o Jugo de um rei persa, Arta­xerxes, o Longammo, haVIa um homem com tal aptidão. EraEsdras, o sacerdote, descendente direto de Arão. Tinha "pre-

F

i-

parado o seu coração para buscar a lei do Senhor, e para acumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os se~sdireitos." Esdras 7: 10. Era êle um homem de tal conhecI­

mento e piedade, que o rei lhe d~positou absoluta confian~a,dando-lhe "cem talentos de prata, bem como todo mate;IaI

necessário para equipar uma expedição. de retôrn? a Jerusale.m.Essa expedição de quatro meses ~e J~rnada fOI empreendIdaoitenta anos depois daquela sob a dlreçao de Zorobabel.

Esdras era, de fato, um segundo Moisés. Compilara, co­

piara e editara os livros de Moisés, sem dúvida acrescent?n~oa história da morte de Moisés. :E dito que, se tôdas as COpIaS

das Sagradas Escrituras se perdessem~ E~dras pod~ria repro­duzi-Ias de memória. As autoridades JudaIcas credItam-lhe. aescrita dos livros de Crônicas, Ester, Esdras e mesmo NeemIase o Salmo 119. Em vez de usar a forma dos antigos carac­teres alfabéticos hebraicos, Esdras escreveu no estilo quadradoou aramaico, usado nas Bíblias hebraicas de hoje. .

Para nós, o ponto de maio~ ~nterês~e é q.ue Esdras :v~­dentemente era um sacerdote mUSlCO,pOIS os lIvros de Crom­cas Esdras e Neemias demonstram haverem sido escritos por

alg~ém interessado em música. A parte musical da dedicaçãoe culto do segundo templo é constanteme?~e e~fatiza?a. Maisimportante para o desenvolvimento da mUSlca e a leItura mu­sical da lei e dos salmos, creditada a êle, sendo que os salmosformavam uma completa coleção, mesmo nos ~r~meiros te~posdo segundo templo. De viva voz e de memona, esta .leltur~musical passou de geração a gera~ão. Nen?ur.na escnta fOIfeita para notação musical, mas maIS tarde smaI~ f~ram a~res­centados aos manuscritos dos cantores. :Esses smals escntos,chamados "acentos," são primeiramente e~contra~os nos rol~sdatados de cêrca do século VII A. D.; maIS de mIl anos depOIS

de sua primeira introdução por Esdras. , .Essa leitura musical era um plano sablO. O po.vo afasta!a-se

dos ensinos das Escrituras. :Eles necessitavam OUVIrsua leItura

em grandes porções enquanto a congrega~ão permanecia de. pé.Essa maneira agradável de usar a voz ajudava a reter. o mte­rêsse e a concentração do auditório. Também se faZIam pa­

radas para que cada verso fôsse tra~uzid~ Rara o dialeto cor­rente, pois poucos entendiam ° hebralCO classlco.

Page 69: Música em Minha Bíblia

As cerimônias tiveram lugar, após a conclusão do muro, noprimeiro e segundo dias do sétimo mês, fundindo-se aparentemen­te com a Festa das Trombetas. Na plataforma preparada,Esdras permanecia de pé com 13 sacerdotes ao seu lado, lendoa lei clara ou musicalmente, de modo a prender a atençãodo povo. Ele começava o serviço com uma bênção, evidente­mente um dos versos finais de um dos primeiros três livros dossalmos que terminava com "Amém e Amém." Isto era feitoem forma responsiva, talvez assim:

Esdras: "Bendito seja o Senhor para sempre."Congregação: "Amém e amém." Sal. 89: 52.

"Entre os judeus, o desejo de ler as Escrituras na maneiradescrita em Neem. 8:8 ["Declarando" e "explicando"] tem

desde os tempos imemoriais resultado no uso de alguma espéciede declamação musical." - The Jewish Encyclopedia, VoI. 3,pág. 537. Essa ocasião foi chamada a "Grande Assembléia," eos judeus atribuem a ela o início do uso dos acentos ou sinaismanuais. Apenas os livros empregados para a leitura públicatêm acentos. No tempo de Esdras, apenas o Pentateuco e osSalmos eram lidos publicamente.

Essa música se perdeu, a não ser quanto à tradição. Idel­60hn, que passou muitos anos no início do século atual viajandocom um gravador e registrando melodias tradicionais da maneiracomo eram cantadas em muitas congregações judaicas remotas,afirma que a que segue é uma melodia dos judeus babilôniospara a leitura musical de Exo. 12:21 e 22.

"Chamou, pois, Moisés a todos os anciãos de Israel e dis­se-Ihes: 'Escolhei e tomai vós cordeiros para as vossas famílias,e sacrificai a páscoa. Então, tomai um molho de hissôpo, e

molhai-o no sangue que estiver na bacia, e lançai-o na vêrga daporta e em ambas as ombreiras, do sangue que estiver na bacia;porém, nenhum de vós saia da porta da sua casa até amanhã."

No exemplo da página seguinte, as palavras hebraicas estão sobas notas, pois suas sílabas correspondem às notações musicais. Umapassada de olhos à partitura dessa antiga melodia, mostra traçoscaracterísticos de muitas. Est<Í tôda dentro da extensão de seistons. Há variedade e beleza através das variações rítmicas. Ocompasso é livre. Há algum ornamento. Seu tom é menor em

138MÚSICA EM MINHA BíBLIA

A MúSICA DA DEDICAÇÃO DO SEGUNDO TEMPLO 139

PENTATEUCOE- do 12·21 22 Babilônico

xo .,. \...)~ ~

I~Way-yik - ra mo - she - r. v

~ I hem mi - she - CI.U --

wa • yo - mer a - e - • \...

!~h h lu :p-pa_sah.. h h -lhe-chem. we-s a- 0-

~I@l,,~=.w~-..Ll,-_.~~t1~I

~~ '- ~ bad - dom a sher b~s-saf. we-hig-ga-lem

~h -min had-dam a·el ham-mash-kof we-el she· le ha-me-zu-zot--

~ ------ Ia ---._--=-

.- ..~liÓ'í r ~ b 'lh d bo _ ker.~ --- ish mip - pe - sah e- o alhe - se - u----

, . ra aJ'u-f o H' acentos quando necessanos pasentimento e e eIto. a f ue os que se usamdar a dar ° sentimento, da mesma orma q

l1ascomposições literárias modernas. , o o _dof' o Seu proposIto prm~ erosos e 1 IceIs.

Os acentos sao nu~ . f" das frases e sentenças, ascípal é mostrar o começo e o 1m

Page 70: Música em Minha Bíblia

cessação ·elevação )predecessor f' arrancado·

A divisar ·justo "largura da mão C'0 dispersadur. dispersador <:quebrado Cfinal..

ACENTOS (Ta'amin)

~J

Esta variação da leitura e exposIçao com, o som das trombetas e os interIúdios musicais, tornavam o meio-dia de leituradas Escrituras mais fàcilmente aceito pela multidãO' que ouvia.Depois que os dois dias de júbilo da Festa das Trombetashaviam passado, e O'solene dia da expiação do décimo dia haviafindado, a congregação era reunida para a Festa dos Taber-

A MÚSICA DA DEDICAÇÃO DO SEGUNDO TEMPLO 141

'. . vi ésimo primeiro dia do mesmonáculos, do déCImo qUla~to aOd gl . feita por Esdras lembrara

A N d de a eItura a eI . 'd dmeS. a ver. a , d deveriam ser maIS cm a o-u todos que aqudlas ~stas Fa~ra d~s T abernáculos foi mais ale­samente observa as. ssa es a 1 er outra houvera sido desdegrcmente observada do que g~~7:)Habitações temporárias deos dias de Josué .. (Neem .. ci . os deveres diários reduzidosgalhos de árvore~ foram e~~~d~~ e udessem gozar das reuniõeslIO mínimo, a. fIm de q~ t' u~u somente que desta vez]'t. mtos. A leItura da leI con m , d . -dI'a A músicad dia em vez e meIO .durou um quarto e b ' h • da Festa dos T abernáculos.. 1 te na o servanCIa ftm la uma. par rimonial de tirar água durante essa esta

~-nos dIto que o te I' dos sacerdotes que ficavam deera acomp.anhaâo pe a ::~~IC~S dois pátios interiores do templopé nos qumze egraus ., s mãos cantavam dos salmos ee, co;n instrumen~os m~~d~~sn~ belas' melodias. Ver Ewen,oraçoes, suas. maI~ m24 Isaías transmite em palavras seme­Hebrew MUS1C, pag'''E . I alegria tirareis águas das fon-Ihante pensamento: vos com

1 -" I I 12·3tes de s~ vaçao; SaIas el~dia tradicional (registrada por Idel-

AbaIxo esta uma n: nos elos judeus orientais durantesohn), cantada bPor ;nuIItos aA sífabas hebraicas adaptam-se às

F t dos Ta ernacu os. s I f'a es a tradu ão literal para outra lmgua ~na comnotas, e nenhu~na. l' l 1 É um cântico alegre acerca dos(Iue ficasse maIS mtdeIg1V~.. e do povo peculiar de Deus.t~d)ernáculos, ramos e pa meIras

S TABERNÁCULOSFESTA DO Melodi" Oriental

~[~~ Suk . ko w~. lu - 10' bl! le .

~ia • hod ia' rã • nu I •

. d· f' dessa Festa dos T abernáculos, haVIaDois dias ~epoIs o 1m a leitura da lei e para confissão

lima convocaçao so~e:r:epara bém ocupava um lugar neste ser­dos pecados. A ml~ds~catam longa oração dos levitas, cncon­viço. Era um pre u 10 para a

MÚSICA EM MINHA BíBLIA140

ênfases, as pausas, as melodias ascendentes e descendentes, ossons profundos ou obscuros, a vagarosa e elaborada leitura paraos efeitos impressivos de passagens trágicas. A principal coisaa ser lembrada é a elevação e abaixamento do sOm.

Há trinta acentos para a lei ou Pentateuco, e doze para o

resto das Escrituras, cuja leitura pública é obrigatória, induindo os Salmos, Provérbios e Jó. Alguns acentos ficam apenasna primeira letra da palavra, e são chamados "prepositivos."Outros ficam na última letra, e são chamados "pospositivos,"Alguns são escritos acima, e alguns abaixo da linha do texto.

A seguinte melodia, com sinais de acentos, tem uma tabelaabaixo para mostrar seus significados. :Este breve sumário, d('um imenso assunto, nos dá alguma idéia do seu total.

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142A MÚSICA DA DEDICAÇÃO DO SEGUNDO TEMPLO 143

ARIA PARA SOPRANOZacarias 9:9 Haendel

I$f- 8gra· te mui-to.e • lCul.ta, a -IeE • Ilul • ta,

Os coros foram então divididos, e cantaram antifônicamen­

te. Havia grande número de pessoas e muito entusiasmo, pois,lemos: "A alegria de Jerusalém se ouviu até de longe." Neem.12:43. Eles "cantavam em voz alta" [Moffatt] e os dois grupos

"davam graças e iam em procissão." Era verdadeiramente ocasiãode grande regozijo.

Havia quinze sacerdotes com trombetas de prata, tocando·astalvez em lugares determinados ao longo do caminhO'. Aía instrução de Moisés foi seguida, pois as trombetas de prataforam feitas para ser usadas "no dia da vossa alegria." Núm.10:10.

O restabelecimento da adoração do segundo templo esten­deu-se por um períodO' de quase cem anos. A reconstrução do

templo e de Jerusalém foi consegui da apenas em estágios, coin­cidindo o término de cada unidade com os dias de festas sa­

grados sendo celebrados com grande regozijo e com música.O chôro e os dias de jejum do cativeiro haviam terminado.

O regozijo pela reconstrução completada foi ouvido. Foi umtempo em que todos obedeciam à instrução de Zacarias: "Ale­gra-te muito. " ó filha de Jerusalém!" Zac. 9:9,

Em seu oratório "O Messias," Haendel dá estas palavras

ao soprano, fazendo uma das mais alegres composi­ções musicais encontradas, como a frase de abertura da ária(n.o 18) bem o demonstra:

MÚSICA EM MINHA BíBLIA

trada em Neemias 9 A I ' -paráfrase do Salmo '134s b avris'da9Ul sao semelhantes a umavossas mãos b d' :Spre u 10 começava: "Levantai '15, " en IzeI ao enhor " , ,

Uma tradicional melod' , i134: I e 2, vem da :~ ~~r:rapara as palavras do Sal.

som do antigo canto d:sn sIgIUla e, dando alguma idéia doa mos sendo tamb' dcoros responsivos. As paI' em canta a porsão: "Eis aqui, bendize i a~v~:~hem r:rugu,ês para a melodia,que assistis na casa do Senhor o;Ôd~sos vos ,servos do Senhor,vossas mãos no santuáriO' e b d" as nOItes. Levantai asen IzeI ao Senhor."

""" MELODIA PARA O SALMO 134

~-ic'-- M%d;o 0';'"'01.j

~

~

Outra celebração é mencion d h" ,de Jerusalém Os l' a a na Istona da reconstrução

d ' muros lOram completad d 'danos e atraso num f' I b os epOIS e muitosderança de N~emias ma arre atam~nto de energia, sob a li··

pois de 52 dias de f~b:~te~~e~edte vmdo da côrte persa. De­de resistência e táticas d a I,VI,a, e emdface de tôdas as espéciesos mImIgos e Israel d' , Iera oportuno preparar a cerimônia de d ' ~ara Ispersa- os,Deus pela Sua proteção e b A _ edlcaçao, em louvor a

N . d ençao.eemlas ividiu os sacerdotes e ob '

Es~ras, o sacerdote, músico e esc 'b d' :e~ em dOIS grupos.emlas estava no outro . n a, mgIa um grupo. Ne­dêle. Caminhando umgrupo, c~m sacerdotes e músicos diantepercorreram os mu;os enc~~Po da esquerda e outro à direitaf.lo. Todos os músico ran O~senovamente diante do tem~'kinnors" "nébeis" e ~ hcapazes dhe tocar foram providos de

" '1' , c atsotsera s" Os l'd ImetsI tayim," ou os cÍmbalos. . leres evavam o

Page 72: Música em Minha Bíblia

CAPíTULO 20

o Hinário

do Segundo

Templo

"/1)~ANT AI louvores ao Senhor com a harpa,. com a harpa e a voz do canto." Sal. 98:5.

O lIvro completo dos Salmos foi chamado de "Lo "f' h'" d . uvores porque01 t Tano os servIços de cânticos do segundo te:Uplo noqua o. ouv?r. era a parte mais importante. Por centena~ deano~, o.s mUSIC?Sdo templo usaram determinados salmos os

duals. imda retmham muito da forma original, para cada' diao CICo semanal regular de cultos. Eles usavam também al­

guns outros para os serviços das festas anuais Os hinos restantes eram cantados em muitos outros serviços regulares. -

Além d.o uso dos salmos treinados pelos coros de sa­

cerdoted lev~tas, o que contribuía para a parte musical do culto

o sagra Il~ro, d~ hinos era provàvelmente familiar ao pov~e~. ?era. .G 10gIco acreditar que, quando cada " ru o,t ou

dlvlsao de cantores .e músicos voltava para suas casasgde~ois des~~ shemana de servIço no templo, ensinassem os salmos a seusVlzm os.

A Os cento e cinqüenta salmos estão divididos em cinco livros

e tem ~edanecido nesta ordem desde antes da era cristã pel~menos. .e: e cêrca do ano 100 A. C. O motivo para esta formade dlvlsao não está inteiramente esclarecido, pois a ordem

(144)

o HINÁRIO DO SEGUNDO TEMPLO 145".' ", .•

não é cronológica nem de acôrdo com a data da composição:O Salmo 142, por exemplo, é considerado como tendo sidoescrito por Davi "quando êle estava na caverna." O Salmo 1,embora sem título, é considerado como tendo sido o últimoa ser escrito. :f: um prelúdio para todo o hinário inserido pelocompilador, talvez Esdras. Os cinco livros estão separados pelas

~ "A I é" . d I" I 2 3 "Lexpressoes: mem e am m, segum o os lvros , e; ou-vai ao Senhor," seguindo o livro 4. Esta expressão também co­meça e acaba os Salmos 146-150.

Os cinco livros de Salmos são: I) Salmos 1-41; 2) Salmos42-72; 3) Salmos 73-89; 4) Salmos 90-106; 5) Salmos 107-150.Se ignorarmos a controvérsia sôbre a autoria de Davi de qual­quer dos Salmos, a seguinte divisão indica quantos salmos são

atribuídos a cada compositor, baseada nos títulos: setenta aDavi, dois a Salomão, dez aos filhos de Corá (uma associaçãomusical), doze a Asafe, um a Etã, um a Hemã e um a Moisés.A autoria dos outros salmos não é indicada.

Os Salmos incluem orações, louvores, aleluias e "cânticosdos degraus," que eram hinos dos peregrinos, cantados pelosdevotos em seu caminho para Jerusalém, para as festas anuais.Muitos títulos mostram alusões interessantes, as quais serão dis­cutidas.

Tôdas as emoções da alma humana são abordadas na co­leção completa dos Salmos. Estas incluem triunfo e deses­pêro, confiança e incertezas, orações e louvores. Visto que seriaimpossível considerar todos os 150 Salmos individualmente, ape­nas alguns serão considerados, devido à sua importância mu­sical. Títulos e instruções aos músicos mostram que os salmoseram cantados durante os serviços, e um estudo intensivo traza convicção de que os Salmos eram na verdade um hinário notempo do segundo templo, quando a coleção estava completa.

Os Salmos eram cantados durante os sacrifícios da manhã

e da tarde em cada dia da semana. Alguns são indicados paraserem usados na oração da manhã, outros na oração da tarde.A música instrumental era, sobretudo, incidental e como umacompanhamento para as vozes, embora houvesse interlúdiosinstrumentais considerados como sendo ilustrativos do texto do

Salmo. Na época do primeiro templo, havia grupos de músicosexecutantes de instrumentos e não nmtores. Na época do se-

lO

Page 73: Música em Minha Bíblia

146 MÚSICA EM MINHA BíBLIA o HINARIO DO SEGUNDO TEMPLO 147

gundo templo os instrumentos eram, geralmente, carregados etocados pelos próprios cantores, COma um acompanhamento paraas vozes.

Embora houvesse uma multiplicidade de instrumentos decada tipo, era certa proporção em seu número comum. O Talmu­de diz que se supõe que no primeiro século a arques ta consistiade: duas a seis harpas do tipo "kinnor," nove "nébeis," dois a dozeoboés e um par de címbalos, naturalmente, que estavam nasmãos do dirigente.

Poderia haver também uma multiplicidade de cantores noscoros do templo, embora na era do segundo templo nuncatenham igualado os muitos milhares do tempo de Davi e Sa­lomão. Mas, da mesma forma que com os instrumentos, nasvozes também um mínimo era determinado. De acôrdo como Talmude, por volta do primeiro século A.c., o número mí­

nimo de cantos requerido para os serviços do segundo templo,era doze.

Cada cantor tinha cinco anos de treino. A idade dos can­

tores geralmente variava entre 20 a 50 anos. Nesse períododos serviços restaurados, do segundo templo, as vozes dos me­ninos eram acrescentadas, como um côro de juvenis, mas êlesficavam separados do côro dos adultos; isto explica o título doSalmo 9, que Moffatt traduz como sendo: "Para um côrosoprano de meninos."

O serviço do segundo templo era modelado de acôrdo como do primeiro. Neemias refere-se à restauração do culto mu­

sical "conforme ao mandado de Davi." Neem. 12:45. "Porquejá nos dias de Davi e Asafe, desde a antiguidade, havia chefesdos cantores, e cânticos de louvores e ação de graças a Deus."Verso 46. A ordem do serviço do segundo templo, então, de­veria ser semelhante ao do tempo do rei Ezequias, mais oumenos na metade do período de tempo entre Davi e Neemias,quando êle restaurou o serviço completo do templo, incluindosua música. Conforme descrição em II Crôn. 29:26-31, vemosque a ordem era a seguinte:

A oferta era ~ueimada, enquanto os cantores cantavam "ocanto do Senhor;' as trombetas e instrumentos ordenados porDavi acompanhavam, e a congregação adorava.

No fim da oferta, o rei e a congregação curvavam-se em

adoração. . , . d d' tOs indivíduos traziam sacnflclos e ofertas e agra eC,~menTo.O cântico durante a oferta, teria sido o Salmo 54: Eu e

, 'f"" Salmo 100 era paraoferecerei voluntàriamente sacn IClOS; e? " . Iser cantado durante as ofertas de agradecImento: EntraI. pedas

ortas d:E.le com louvor." Quando o incenso era q~elII~a o,p S I 070· "AquêJes que amam a Tua salvaçao dIgamusava-se o a m . "continuamente: Engrandecido seja Deus. .

Foi durante os tempos pós-babilônios qu~ o canto antI­tifônico foi desenvolvido e utilizado nos serVIços do segundotem 10. Há três tipos: Num, o líder canta ou entoa um verso,

e o Pcôro canta ou entoa uma resp~sta, ou 0A povo pode can~arum "Amém." No segundo tipo, o lIder e o .coro alternam m~lOs

No terceiro tipo ou tipo verdadeIramente responslVo,h~rs~~a alternação nos ~ersos entre os grupos. Os ju~eus ba­bilônios ainda cantam os "hallels" de Páscoa'" da maneIra men-

cionada acima. d fO rimeiro tipo do canto responsivo é encontra o, no 1m

do últ[mo Salmo de cada um dos primeiros quatro lIvros dos

Salmos O verso final do Salmo 106, por exemplo, torna clara:. - d - d lemos' "E todo o povoa partlclpaçao a congregaçao, on e . , ddi a: Amém." O segundo tipo, com o povo unm o-se nos

m~ios versos é evidentemente encontrado no Salmo 136, danarrar as obras do Criador, como vistas na Nbatu~eza.'dsJn ~

ue cada verso termina com: "Porque Sua er~Jgm a e dq " Embora êste estribilho possa ter SIdo canta opara sempre. d' l' d dpor um côro responsivo de levitas, que po ena t~r 1 era o,foi evidentemente cantado também pela congregaçao.

, O terceiro tipo' com o côro levítico cantando um verso edacon regação respo~dendo, pode ser visto ~o Salmo 107.' on ~há ~ois estribilhos repetidos, um dos quals deve ter SIdo repetido pela congreção.

"E clamaram ao Senhor na sua ang~stia, "e Ele os livrou de suas necesstdades.

Esta resposta é semelhante nos versos 6, 13, 19 e 28. Hátambém um estribilho idêntico encontrado neste salmo, que----d- . relimosos dos J'udeus, que consistem do canto dos Salmos....•• Parte os servIÇOS .'

Page 74: Música em Minha Bíblia

deve ter sido cantado por outro côro levítico, diferente da­

quele que cantava o corpo principal do salmo. Este tipo desalmo, verdadeiramente responsivo ou de estribilho, é encon­trado nos versos 8, 15, 21 e 31:

"Louvem ao Senhor por Sua bondade,

e pelas Suas maravilhas para com os filhos dos homens/"

Pode ser mencionado que o Salmo 107 seria o ideal parao culto familiar ou escolar, para ilustrar o uso do canto res­

ponsivo. Os pais, o preceptor ou o professor leriam a porção

principal do salmo. Um grupo de crianças leria o primeiroestribilho cada vez que êle aparecesse, e um segundo grupo osegundo estribilho, cada vez que fôsse repetido neste maravi­lhoso salmo.

Durante o período do segundo templo, certos salmos es­pecíficos eram cantados em cada dia da semana e cada semana

do ano, em adição a muitos outros que variavam de dia paradia. Eis alguns que eram infalIvelmente repetidos:

Domingo: Salmo 24 - "Do Senhor é aTerra."Segunda: Salmo 48 - "Grande é o Senhor e mui dignode louvor!"

Têrça: Salmo 82 - "Deus está na congregação dos pode­rosos.

Quarta: Salmo 94 - "6 Senhor Deus, a quem a vingança"pertence.

Quinta: Salmo 81 - "Cantai alegremente a Deus, nossafortaleza."

Sexta: Salmo 93 - "O Senhor reina, está vestido de Ma­jestade."

Sábado: Salmo 92 - "Bom é louvar ao Senhor."

Para clareza, os nomes modernos dos dias foram associa­dos à tabela acima. No original, o título para cada dia estáassociado com o seu lugar em relação ao ~ábado. O Salmo93, por exemplo, na Vulgata, na Septuaginta, na Etiópica e na

Aráoica, aparece como sendo um "cântico de louvor . " para odia precedente ao sábado."

Todos os salmos acima são salmos de adoração, e muitoapropriados para adoração coletiva. Atribuem louvor à Divin-

148 MÚSICA EM MINHA BlBLIA o HINÁRIO DO SEGUNDO TEMPLO 149

dade. Poderiam ser comparados aos hinos de doxologia can­tados nos nossos cultos de hoje.

Havia também salmos determinados para serem cantados

em dias de festas nacionais. O grupo do 113 ao 118 era usadodurante a Páscoa, sendo chamados ~e "Hallels," ou ~almos ~eAleluia, embora haja outros que tem .estas doxologI~s. Estegrupo será melhor discutido em conexao com o capItulo da

música na vida de Jesus. "O Salmo 81, incluindo a ordem "toca~ a trombeta. [ sho­

phar"] na Lua nova" (verso. 3)~ ~oi inclmdo n?s serVIços doDia de Ano Nôvo, como fOI prevIamente. m~nclOna~o. .

Para o Pentecoste, a festa celebrada cmquenta dIas depOISda Páscoa, cantavam-se os salmos responsivos 135 e 136, sendoque o último continha o verso:

"Que dá mantimento a tõda a carne,porque a Sua benignidade é para sempre." Verso 25.

Para a Festa dos Tabernáculos, o Salmo 67 era cantado, econtinha as palavras:

"Que as nações cantem de alegria/ ...A terra produziu sua safra,

Pela b~nção de Deus, o nosso Deus!" Versos 4-6, Moffatt.

S 1 65 f . t bém usado nos festivaisEvidentemente, o a mo 01 amde outono, porque lemos:

"Coroas o ano com Tua bondade; . "e os vales vestem-se de trigo:por isso ~les se regozijam e cantam." Versos 11-13.

No dia de sábado, os salmos exaltando o Criador ou aNatureza eram incluídos. Estes hinos, que descrevem as belezas

naturais do mundo, conduziam os pensamentos do~ adoradoresa Deus. Entre êles está o Salmo 19, que começa aSSIm:

"Os céus declaram a glória de Deus."

Há também o Salmo 104, contendo o vigésimo quarto verso:

"õ Senhor, quão variadas são as Tuas obr~s!T6das as coisas fizeste com sabedona.Cheia está a Terra das Tuas riquezas."

Page 75: Música em Minha Bíblia

Em cada sábadO' transcarrida, o SalmO' 92 era cantada cama acampanhamenta da "nébel" de dez cardas, au da "kinnar":

"Quão grandes são, Senhor, as Tuas obras." Versa 5.

Os títulas das salmas, bem cama o seu canteúda sãO' deinte~êsse aO' eS,tudante de música da Bíblia, pais alg~ns dêlescansIstem de mstruções musicais, canfirmanda a fatO' de queas salmas eram a hináriO' da segunda templO'.

Uma das mais freqüentes instruções para a interpretaçãO'das. salm~s é "cam um acampanhamenta de cardas" au "em~egmath. IstO' aparece em uns sete salmas. A maiaria dasmstrumentas .usada~ na culta da templO' eram instrumentas decardas. Car~I~1 V~I aO' extrema de dizer que "a arquestra datem~la cansls;I~ SImplesmente ,de instrumentas de carda . .. epar I~S~ a mUSlca ~a, ten,rpla , ~ repetidamente chamada apenasA mUSlca de carda, negmah. - Music in the Old Testament

pág. 20. '

Há um salmO', entretantO', o quinta, que tem em seu tí­tula~a in~icaçãa .de.que é "pa~~ flautas," a que é a interpretaçãO'na 'Versaa Revlsed Standard para O' têrmo "sôbre Nehilath"

,[,esta é" a expressãO' .usada na traduçãO' AlmeidaJ significandO'furada. au vent~, mstrumenta do tipO' da flauta, au aboé.

Cama este era a mstrumenta para a canta fúnebre, a música

pa.ra êsse salmO' ~everia ter sidO' lúgubre, perfeitamente apro­

pnada para um. hma refer~nte à_ destru~çãa das ímpias.Um autro termO', au anentaçaa musIcal na títulO' de váriassalmas, inclusive a duadécima, é "sôbre a Sheminath" [natra~~çãa ~lmeida aparece 'Sheminith' que, de acôrda cO'm a

a~~hse" feIt~ na ,~ap. XI.I, signific.a "Para vazes graves"] que sig­mfIca a OItava. Carmll canclUI dba que as israelitas antigasusavam uma escala de 7 intervalas semelhante à nassa e destaf "." d . ,arma, a OItava evena ser lima aitava acima au talvezabaixa, cama Maffatt sugere pela traduçãO' da arde~: "Para asvazes graves."

O SalmO' 46, cameçanda cam: "Deus é nassa refú~ia efartaleza," e mbtitulada: "Um cântica sôbre Alamath' sia­

nifica "para vazes de saprana" (Maffatt). f: crença ger~l qt1'eessas vazes de saprana eram um côro de meninas, usada nas::empos da segunda templO'. Neste salmO' pade ser natada uma

canexãa entre a tipO' de canta e a idéia da salmO', cama se as

crianças depasitassem nas pais grande canfiança, de que êstesas protegeriam em tempO' de tribulaçãO'.A música e a sentimentO' parecem carrespander; par exem­

plO', um sentimentO' de safredara resignaçãO', cama se encantrana SalmO' 62 ande a frase "A minha alma espera sàmente emDeus" é atribuída a Jedutum. Outras salmas atribuídas a êlemastram êste mesma sentimentO'. Jedutum, au Etã, fai ummúsica da tempO' de Davi. Mais tarde, assaciações de músicosreceberam a seu name, bem cama a de Cará e Asafe.

Os salmas de instruçãO' têm a títulO' de "maschil." Eles sãO'semelhantes à vaz da experiência dandO' sabedaria. IstO' é bemsintetizada na SalmO' 42: 11:

"Porque estás abatida, ó minha alma, ...Espera em Deus, pois, ainda O louvarei."

A sabedaria das salmas da "maschil" pade também se re­

ferir ao talentO' especial re~uerida na canta e execuçãO' dasd ,. O"'h " "d dmelo ias camuns au especI Icas. mlC tam, au a es eaura," Salmas 56-60, eram cânticas de alto méritO', tanto naassunta cama na música.

Outras títulas de salmas designavam meIa dias específicas,a maiaria dêles mastranda uma relaçãO' definida entre a sen­timentO' da salmO' au a seu assunta principal, e a meladia quea acampanhava. Par exemplO', a SalmO' 22 deve ser cantadacam a meladia da "Carça da Manhã," [de acôrda cam a R. S.V.]. O tema de tada a paema é de alguém que é perseguidacama a é a carça.

"Muitos touros me cercaram ...Abriram contra mim suas b6cas." Versos 12 e 13, Moffatt.

O SalmO' 81 cantada nas princípias da autana, no tempO'do amadurecime~to das uvas, tem em seu cabeçalhO': "Acam­panhado pela 'MeIa dia da Vindima'." "Cam a Meladia de'Safrimenta'," é a indicação na Salmo 53, que mastra Deusalhanda do Céu e vendo que as hamens nãO' crêem n1?le e que

"nãO' há ninguém que faça a bem." Quão apropriado quea música para êsse hinO' fôsse um pesarosa lam:nta: . Outrassalmas, mastranda absaluta canfiança em Deus, saa mtItuladas

150MÚSICA EM MINHA BíBLIA o HINARIO DO SEGUNDO TEMPLO 151

Page 76: Música em Minha Bíblia

152 MúSICA EM MINHA BíBLIA o HINÁRIO DO SEGUNDO TEMPLO153

Qualquer leitor dos salmos, quer jovem, quer idoso, é im­pressionado pela repetição de uma palavra estranha: "Selah."Agora é geralmente admitido que seja uma orientação musicaldentro do corpo de cada salmo no qual ela ocorre. A palavra "se­lab" é de fato inserida 71 vêzes em 39 salmos. Não é encontradanem uma vez no quarto livro e aparece apenas duas vêzes no

quinto livro, em salmos que são atribuídos a Davi. Um totalde 38 "selahs" é encontrado em 21 salmos davídicos. Há dezem oito dos salmos atribuídos a Asafe, quatro em um salmode Etã, quatorze em sete salmos dos filhos de Corá e cinco emdois salmos anônimos. Olhando esta lista, o leitor percebeser evidente que Davi foi o originador do seu uso, assim como

da maior parte da música do templo em geral, pois o têrmo"Selah" é mais amplamente usado, e de fato quase que ex­clusivamente, por êle e seus associados contemporâneos queeram líderes musicais. Indica um interlúdio musical.

O interlúdio musical evidentemente ilustrava as palavras

precedentes do salmo. O Salmo 47 fornece um exemplo decomo o interlúdio musical teria sido usado. Os primeiros quatroversOS, começando com o pensamento "Cantai a Deus com vozde triunfo," e continuando com a exaltação a Deus como o

grande Rei, são seguidos por "Selah," podendo significar mú­sica alta e alegre nos instrumentos da orquestra, quando asoferendas eram iniciadas. Então, quando a fumaça ascendia,o côro era novamente ouvido nas palavras:

"Deus subiu com júbilo,o Senhor subiu ao som da trombeta." Verso 5.

Os "selahs" indicam vários motivos no interlúdio. Os ~uerelatam triunfo e sacrifício já foram mencionados. Outros / se­lahs" indicam tipos ilustrativos de interlúdios musicais comoos seguintes: jubilosos, tranqüilizadores, silenciosos, majesto-

estudo dos salmos hebraicos no original, crê que a composiçãoliterária dêles poderia ser melhor interpretada num tipo derecitativo, que implica em ritmo livre .

TEMA l\1ARROQUINO

I@_~penas: "Para ~ Mel~dia de 'Pomba em Ilhas Longínquas'" eP~ua a MelodIa do Não o destrua'." Salmos 56 e 57 [d

acordo com Moffatt]. ' e

.Isto de~onstra que muitos salmos eram cantados com me­

lodIas I~J:?Ihares. A aprendizagem era feita pela repetição eas . me Ias que foram amadas e conhecidas pelo ovo e;ameVIdentemente ~sa~as, talvez modificadas, bem co~o santifi­cadas pela a:~socIaçao com o culto. :f: possível que certas mu­danças no. ntmo ou andamento fôssem feitas também. Diz-seque Martmho Lutero tomou melodias folclóricas como b

pard~alguns dos seus lindos hinos, declarando: "Por que deve~~:o Iabo ter tôdas as boas melodias?" Davison afirma eCl h M' "M' d m seu.' 'lt~rc .u~zc: lUtas as músicas de uso corrente em nossasI~reJ8s, o~Igmaram-se sob influências seculares." - Pág 4 E -tao menCIOna o lindo coral· "O Sacred Head W"d d~'("6' F . now oun e. ronte Ensangüentada") como tendo uma o'cular "A I d' 'b I " ngem se-"é . . n:e.o Ia eA e a, acrescenta na nota da página 4

. ~m slI~pat:co reforço do texto sagrado, e em seu arran' ~ongmal nao e certamente muito conhecI'do" "N h J_ . en uma ex-

ceç~o, entretanto, pode ser feita para seu uso como um hi-no. Uma olhada ao tema de abertura de "6' F t E.. d " . ron e n-

dsanguenta a mostra a verdade da afirmação, pois, é uma melodievotadamente bela. a

ó! FRONTE ENSANG"ÜENTADAHossler·Boch

~oJgO mesmo elemento de apropriada beleza é tamb' -

contrado em melodias folclóricas usadas nos cânticos de.e:ti~~ssa~n:os, :f: l~mentável que nenhuma destas melodias fol­cloncas tenha SIdopreservada intata com o título identificante. En­tretanto, GradenwItz reproduziu um tema transcrito de Idelsohn

como exem~lo,.do salmódio dos judeus marroquinos, que pode

~ar alguma Idem do cant~ s:m ornamentos dos tempos antigos.ra sem ornamentos, pOIS estes vieram um tanto mais tarde

I O :templo está no ritmo livre sem qualquer ocorrência re~gu ar e compasso. O Dr. Adão Clarke, depois de intensivo

Page 77: Música em Minha Bíblia

sos, animados, tristes, austeros e solenes. :e. evidente que taisinterlúdios musicais acrescentariam grande interêsse e variedadeaos salmos durante o culto divino.

O mais conhecido de todos os salmos hoje é o Salmo 23,o Salmo do Pastor. In úmeros arranjos musicais têm sido es­

critos para êle, e é mais cantado do que qualquer outro emsolo, dueto, trio, quarteto, antemas ou corais. O Salmo doPastor tem também inspirado a música descritiva do tipo pas­toral sem palavras, tais como a "Sinfonia Pastoral" n.O 13, no"O Messias" de Haendel. Porém, não há instrução musical,nem título de natureza musical ou alusão musical associada

ao Salmo 23 no original. Era cantado em alguns dos nume­rosos serviços do segundo templo.

Como testemunho cumulando o caráter musical dos salmos,os últimos cinco são repletos de louvor a Deus, com muitasreferências ao canto e instrumentos. São chamados "os grandessalmos de Aleluia," todos êles começando com a expressão"Louvai ao Senhor" ou "Aleluia." Os últimos três salmos cha­

mam para louvar a Deus tôda a criação, animada e inanimada:Anjos, hastes, estrêlas, profundezas do mar, neve e gêlo, reis,homens e mulheres com todos os meios possíveis - cantando,dançando e tocando tôda a espécie de instrumentos.

Como uma conclusão adequada aos assuntos da música doVelho Testamento, a lista dos instrumentos no Salmo ISO é aquiapresentada:

"Louvai-O com o som de trombeta" (verso 3): o "shophar"ou corneta de chifre de carneiro.

"Louvai-O cOm o saltério e a harpa" (verso 3): o "nébel"e O'"kinnor."

"Louvai-O cOm o adufe e a flauta" (verso 4) - o "toph"ou tambor.

"Louvai-O com instrumentos de corda e com órgãos" (ver-4) ".." h d d "b "so : o mmmm ou arpa qua ra a e o uga."Louvai-O com os cÍmbalos sonoros" (verso 5): os grandes

discos de latão.

"Louvai-O com cÍmbalos altissonantes" (verso 5): talvezum tipo diferente de cÍmbalo. Ver capítulo VIII.

"Tudo quanto tem fôlego, louve ao Senhor!"

154 MúSICA EM MINHA BlBLIA

CAPíTULO 21

A Música e

a Alegria

de Jesus

"~ tendo cantado o hino [Salmo 1 saíram para o0Monte das Oliveiras." S. Mat. 2~:30.

Embora os Evangelhos não ~açam refe~~ncia especÍ;~~aÊleca;:~d J há muitas referêncIas a ocaSlOes nas qu .eesus,. outros inclusive o acontecl-ticipou do ~a~to Jun~amente comuanto ~abemos, nenhum dosmento da ~ltlma cela. Tacl~os qfoi es ecialmente dado à mú-quatro escntores dos Evang .' P em suas narrativas. . d' ões se msmuemsica embora mUltas m Icaç 1 ~. à música e à, . t do Mestre em re açaopara mostrar o. sentlmen Os 1 a independentemente das cir-alegria que remava em ua a m ,

cunstâncias. . d r as controvérsias. ComoEssa alegria estava aCIma as ama g 'd~ d mundo não

• 1">1 . "que a escun ao oFra Giovanm, c e mostrbava. t I dela contudo, a alegria estáé mais do que uma som ra, aras ,

1 "ao nosSOa cance. entiram também alegria na imi-

Os precursores de Jesus s . d Jo.a~oBatista causou. d S . da Seu anunCIa ar, '.nêncIa e ua vm . N da ão do anjo, Mana,a seus pais alegria s?brenatural. . a an~~m Çôs um lindo hino,mãe de Jesus, sentIU tal alegnad.qtuea~oselre as velhas Escri-. . d ua constante me I aç hmspua o em s. "A minha alma engrandece ao Sen or, eturas. Começa. (156)

Page 78: Música em Minha Bíblia

156MÚSICA EM MINHA BíBLIA

o meu espírito se aleg D1:46 e 47. ra em eus, meu Salvador." S. Luc.

O acompanhamento . I d"T ,,~ . . mUSlca tra IClOnal para isto "O M.1lI Icat, nao fOI escnto na narrativa d E\ ' dg

mente, mas tem sido cantado desde o os. ,va~gelhos, nat~ralChamado de "O C' . d s. pnmordlOs da era cnstii.

'd antlCo a BendIta Virge M'"''SI o usado COmo Cântico V . d . . mana, tem. . " espertmo a IUreJa desdImemoralS. - Grove's Dictio f M . b e os temposlU, pág. 23. Com a melod.nary o US1C and Musicians," VoJ.abaixo. Ia no tenor, o cântico é reproduzido

MAGNIFICAT

~ ::;;;:ne :g: :c: :J:lI : :; :.=d :} J

f? 8 :!Jt,l'l:; aJ: 11 ~:: 9t1:;11 :9 :8;=1Os anJos que a' .

h nunClaram o naSClme t d Jc amaram as novas de "l\T d ndo e esus aos pastôrcs.ovas e oran I ." Qestrêla luegUI·. b e a egna. uando a

ou os ma os se t . , ,minha e Jerusalém a B~ ; "frnou vlslvel para eles no CI

ale~ria." .esses ho e em, , abegraram-se muito COm grande, mens eram ara es ., 'tm am aprendido da E' ' persas ou babrlollIos que'S .. s scnturas através do . d d'

e seu regozIJo houvesse tomado a for d s JU eus .Ispersos.estranhamente aos nossos ouvidos o.ma e ~anto, tena soadoera baseado na escala d d ' P IS seu SIstema de músicae ezessete tons em v do nosso. Conseqüentemente . t I ez e sete, Comotons eram ouvidos entre o.s to' m .erv~ os menores do que meios

D ns mtelros.urante Sua infância Jes h

quer menino J'udeu o fa;I'a us .codneceu a música como qual-, , ouvm o o canto e 'Ismagoga, e aprendendo a ,. f I I' , a cantI ena naprimia freqüentemente o cmonUtSeICato c anca de Sua cidade. "Ex

d n amento que Lh ' ~cantan o salmos e hinos celest' ," E G ,e Ia no coraçaode T ôdas as Na ões ' 5 IaIS. ~ . . Whlte, O Desejadode Israel, deu-s/aos' !~~.a;~s S~ mtrodução ~ grande músicatemplo de Jerusalém. ' q ando Seus paIS O levaram ao

Essa primeira peregrinação da Pa' f 'd· f· scoa Ol uma ocas'ã Ie pro UZm pro unda impressão 'b .el E. ' I o a egre,so re e. Ia Pnmavera, a mais

A MÚSICA E A ALEGRIA DE JESUS 157

bela estação, com flôres brotando e passarinhos cantando. Quandoos peregrinos se aproximaram da cidade, cantavam os salmos de­signados como "Cânticos dos Peregrinos" ou "Cânticos dos De­

graus." Trechos como êstes eram ouvidos: "Nossos pés estãodentro das tuas portas, ó Jerusalém." "Haja paz dentro deteus muros, e prosperidade dentro dos teus palácios," Sal. 122:2 e 7.

Em Jerusalém, os peregrinos eram acolhidos nos lares dos

habitantes, os quais possuíam quartos de visitas para êste pro­pósito. A família de Jesus sabia para onde ir. Em cada lar,cêrca de dez pessoas comumente comiam a ceia da Páscoajuntas, e cantavam sua música enquanto assentadas à mesa.

O jovem Jesus ficou profundamente impressionado com otemplo, com seus ritos e sua música. Ele conheceu todo otemplo, inclusive seus pátios, suas portas e suas salas adjacen­tes. Através de tôda a Sua juventude e adolescência, Jesus foiregularmente às festas nacionais, até depois da cura de Betesda.A festa mais freqüentemente mencionada através do Seu mi­nistério é a Festa dos Tabernáculos, um festival do outono.Após a intensa aflição de espírito do Dia da Expiação, vinha aalegre festa, quando os pecados já haviam sido perdoados, e apaz, a alegria e o descamo eram sentidos pelos peregrinos. Aoaproximarem-se da cidade e pararem de cantar, é possível queouvissem a música do templo antes mesmo de entrarem em seuspátios.

O serviço musical do templo, executado pela classe profis­sional dos levitas treinados em música, incluía também algumasrespostas da congregação, A orquestra era menor que nos temposdo primeiro templo, e provàvelmente menor que a do tempo deEsdras. Acredita-se que os músicos eram treinados nas escolasdo templo. O canto dos salmos era a parte principal da músicados serviços de adoração, embora os instrumentos executassemapenas o acompanhamento e pequenas partes. Os coros canta­vam e os instrumentos tocavam em uníssono de uma oitava.

Os instrumentos eram as harpas, as trombetas, tanto as dechifre de carneiro como as de prata, e os oboés; a flauta é men­

cionada pelo Talmude no comentário sôbre o primeiro século.A flauta tocava interlúdios talvez em alguns 'selahs" nos sal­mos, "porque, para usar a expressão talmúdica, 'é o mais lindodivisor da música'," - Rabinovitch, Df Jewish Music, pág. 33.

Page 79: Música em Minha Bíblia

Havia também um outro instrumento, desconhecido nos tempos

do Velho Te5tamento, o "magrepha," ou 6rgão, que aumentav:1grandemente o volume do Som. Era COmum dizer-se que (J

"magrepha" podia ser ouvido "até Jeric6." Sendo que esta distava de Jerusalém 17 milhas, a expressão era àbviamente uma

linguagem figurada para denotar muito volume de som. O qUl'era êsse 6rgão, "magrepha?" Tudo leva a crer que diferia Con

sideràvelmente do antigo "ugab" mencionado nos tempos primitivos da Bíblia.

O "magrepha" não é mencionado na Bíblia, mas é descritono Talmude. No livreto "Erachin" é mencionado COmo tendosido um poderoso 6rgão que ficava no templo de Jerusalém, ('consistia de um estôjo ou caixa de sôpro, com dez orifícios,contendo dez tubos. Cada tubo podia emitir dez diferentes SOns,por meio dos orifícios para os dedos ou, talvez, algo semelhantl';desta forma, uma centena de diferentes sons podia ser pro

duzida por êsse instrumento. Mais tarde, o "magrepha" foiprovido de dois pares de foles e dez chaves, através das quaisse tocava com os dedos." - Engel, Music af the Mast AncientNations, pág. 296.

Jesus ouviu tôda essa música impressionante enquanto tomava parte, COmo adorador, nos serviços, durante as festas na

cionais no templo em Jerusalém. De acôrdo COm Saminoskyem sua Music af the Ghetto and the Bible, essa era a ordemcomum do serviço, no templo, no comêço da era cristã:

"O cerimonial do antigo templo começava com os sacerdotesrecitando a bênção, os Dez Mandamentos e o "Shema Israel,"["Escuta 6 Israel"] seguido pelas oferendas. Então o "magre­pha," uma espécie de 6rgão de tubos, tocava um interlúdio, eos sacerdotes prostravam-se diante do altar. As trombetas ("sho

h") d h d d' d "k' h" " I"pares , tocan o os c ama os, eSlgna os te Ia e terua 1(ver capo IV), introduziam o côro dos levitas cantando ossalmos ou passagens do Pentateuco. Depois, as trombetas reno

vavam os toques, para 'iue todo o povo se prostrasse, com o queo cerimonial terminava. - Pág. 19.

Não temos c6pias da música dêsse tempo, pois ainda niiohavia notas musicais escritas, mas uma forma do "Shema Israel"datada do décimo século, encontrada numa antiga melodia sa.

159

158MÚSICA EM MINHA BlBLIA

A MÚSICA E A ALEGRIA DE JESUS

lh 1 e elo menos dará alguma idéiafárdica, pode as~me ar-sd a e~, "lhema Israel" é a expressãode como devena ter soa. O. "O S h nosso Deus é o único"Ouvi, 6 Israel," que co~tmua: en °í d verdadeira fé deSenhor" Esta declaraçao é o tema centra. ~ d "She­Israel, ~través dos séculos. Aqui está a pnmeIra parte oma" do décimo século.

SHEMA KOLLI (Ouve minha voz)Décimo Século

~ Contar She • mo' ko. li .__ . _t_[~ b k ------- lot.~ Con9· .____ e ocanta ma

. 1 das reuniões era a

Como foi mencionado, a maIS a egre t alguma coisaT b I 1 Vamos ver e escu arFesta dos a ernacu os. ., 1 b d Um dos maisJ d ena te- os o serva o.dos ser~iços como esus. ev uela feliz semana, era o fes-impressIOnantes aconteclmbentos daq '1 da água que correu. 1 d I Ele relem rava o mI agre dtIva a agua. f . d te a pereorinação no eserto.

da rocha que Moisés enu ~r~n. °fre üentemente tes­

A música acompanhava a cenmoma. Jesus ~ . "A' gua dad' e Ele era o antItlpo, atemunhava isto,. e co~preelnh Ia qu S ria. Uma descrição doVida" como dIsse a mu er de . ama

, I d' , aqlu'festival da água e e ~nterdsse . os sacerdotes faziam soar

"Aos primeiros ralOS a aUb~~:~de rata e as trombetas emlonga e penetrantemente as trom d p o' de suas cabanas,resposta; e as alegres allamsaaÇ:1~va; ~odi; da festa. Então o

ecoando por montes e va es, d C drom uma ânfora dágua e,sacerdote tirava das correntes b °t' eoavam subia ao compassodto as trom e as s , ,erguen o-a, enquan d tem 10 com andar lento e

da música, os amplos degraus .o 'Os ~o~sos pés estão dentrod . d antando entretanto. . d dca enCla o, c I lé ,,, _ E G. White, O DeseJa a edas tuas portas, o Jerusa m. .

Tôdas as Nações, pág. 336. d da dentro de uma bacia de

Mais tarded a águalad:a p::r~:a sacerdote, e vinho era derra-prata, segura e um ,

Page 80: Música em Minha Bíblia

160 MúSICA EM MINHA BlBLIA A MúSICA E A ALEGRIA DE JESUS 161

mado em outra bacia, segura por outro sacerdote, no lado oposto~o altar. Então o conteúdo de ambas era despejado num tubolIgado ao Cedrom, de onde corria em direção ao Mar Morto.

A música era ouvida durante todo o serviço COm brados de"H" hosana que acompan avam o canto unido do côro do templo,

com respostas do povo. "Ali, enfileirados de ambos os lados da

esc~da de braz:co már~or~ do sagrado edifício, dirigia o côro dosleVItas o servIço de cantICO. A multidão dos adoradores, agi­tando ramos de palmeira e murta, unia sua voz aos acordes."- E: G. White, O Desejado de Tôdas as Nações, pág. 336. AsantIdade e beleza de tais serviços do templo deve ter produzidouma profunda impressão no jovem Jesus.

As festa~ ~aci~nais continuavam a chamá-Lo a Jerusalém.Durante o ultImo mverno em Sua vida na Terra assistiu Ele aum ,festival mencionado em S. João 10:22 e 23. "E em JerusalémhaVIa a festa da dedicação, e era inverno. E Jesus andava pas­seando no templo, no alpendre de Salomão."

Esse festival de meio de inverno fôra instituído aproxima­damente duzentos anos antes. Começava em 25 de dezembroe, durava. ~it~ dias: . Comemorava a vitória de Judas Macabe~s~bre os mImIgos SIrlOSem 164 A. C. e a restauração da adora­çao no templo, n~~uele tem~o. Como era crença que, por milagre,um pequeno recIpIente de oleo santo conservou as lâmpadas sa­gradas gueimando por oito dias, essa festa era chamada também:'Festa das Lu~es," nOme pelo qual é conhecida entre os devotosJudeus de hOJe. Música especial e serviços em memória eram

anualmente n~aliz:dos. O Salm~ 3.0, originalmente compostopara uma dedIcaçao, conforme é mdIcado pelo título, teria sidocantado como parte dos serviços desta festa.

Jesus não g~stou gr~nde porção do Seu tempo em Jerusalém,onde El~ poderra aprecIar a adoração no templo. Em vez disso,estava atIvo em tôdas as partes das províncias judaicas e de além.As encostas dos mo~tes, as .praias dos lagos e a sinagoga eramos lu~ares de ~dor~çao. A smagoga merece alguma consideraçãodo leItor com mteresse musical.

A sinagoga é uma instituição iniciada durante o cativeirobabilônio e mantida durante a dispersão. Conseqüentemente,não é mencionada no Velho Testamento, mas o é freqüente-

mente no Nôvo. Seu propósito era instruir na Lei, nos profetase nos salmos e aumentar o conhecimento dos jovens e velhos.

Onde quer q~e dez judeus adultos, do sexo masc~lino, esti~essemreunidos, aí estava uma sinagoga. Em cada cIdade e vIla daPalestina essa instituição era encontrada durante o te~po de

Cristo, e em Jerusalém havia muitas sinagogas. A smago&aera como uma escola bíblica, mas com uma ordem regular de

serviço, e freqüentemente com leigos em vez de levitas,. :omodirigentes. Cada u~a era mant~d~ ,P.or um ~~lador ou mmIstro,q~e também planejava quem dIrIgIrIa as varras partes dos ser-VIÇOS. "

Jesus deve ter tido não apenas um conhec~m~nto f.ora docomum das Escrituras, mas também uma boa dIcçao, pOISnumsábado em Nazaré o ministro solicitou-Lhe que lesse a lição e

pregas;e. Foi-Lhe 'dado o rôlo ~o profeta I~aías,,, o qual era

guardado num pequeno compartImento ou arca na paredefrontal do edifício, e diante dessa "arca" era colocado um can­deeiro com sete lâmpadas. Tomando o rôlo e ficando em pé àfrente, Ele leu as palavras familiares do pr?feta: "O Espí:-itodo Senhor é sôbre Mim, pois, que Me ungIU para evangehzaros pobres." S. Luc. 4: 18. Leu numa espécie de cantilena com

canto musical, porque êste era o costume d,esde os ,te~~os ,deEsdras. Sem dúvida usou os sinais manuaIS e a sIgmficatIvamodulação da voz, nessa leitura das Escrituras. Então, o serviçocontinuou, e, no devido tempo, "assentou-Se" e pregou o sermão,pois esta era a ordem natural do serviço no tempo de Jesus:

1. A declamação do "Shema," começando: "Ouvi, ó Israel;o Senhor nosso Deus é o único Senhor." (Pode ter sido canto res­

ponsivo pela congregação.)2. Oração (com a congregação em pé).3. A lição da Lei ou dos profetas, ou ambas.4. Um sermão baseado na lição.

5. Um Amém cantado pela congregação (I Cor. 14:16).

Há muitas indicações de que a voz de Jesus tinha qualidadede impelir, e que Ele próprio respondia ao som da_voz de outros.

Ele ouvira a voz de Deus falando em aprovaçao a Ele e aoSeu trabalho por ocasião do Seu batismo e de ~u~ transfigur~çã?,e novamente no terceiro dia da semana da PaIxao. Sua proprra

11

Page 81: Música em Minha Bíblia

162 MÚSICA EM MINHA BíBLIAA MúSICA E A ALEGRIA DE JESUS 163

voz não apenas acalmara as crianças, os penitentes e sofredores,mas também ordenara com tal poder que penetrara aos ouvidosdos mortos. Lemos: "Clamou COm grande voz: Lázaro, saipara fora. E o defunto saiu." S. João 11 :43 e 44. Jesus com­padecera-Se da voz de lamento e a transformara em alegria.

Jesus menciona espedficamente a voz e seu poder, em pa­

rábolas e analogias. Na comparação d:Ele próprio com o bompastor, Jesus identificou o interêsse principal que qualquerbom pastor teria para COm suas ovelhas, desta maneira: "Asovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz." E acrescentou:"As Minhas ovelhas ouvem a Minha voz." S. João 10:4 e 27.Na manhã da ressurreição, foi a qualidade de Sua voz que aidentificou à mulher que chorava no sepulcro, quando :Ele a cha­mou pelo nome: "Maria."

Há evidências também de que o ouvido do Salvador estavaafinado para ouvir os sons musicais em Suas caminhadas diárias.Muito cedo, em Seu ministério, Jesus comparou o trabalho doEspírito Santo ao doce sussurro do suave vento oriental: "ouvesa sua voz," declarou.

Há, também, referências aos instrumentos musicais, encon­tradas ocasionalmente, COmo ilustrações acessórias às verdadesque Jesus estava ensinando. O "shophar" ou trombeta, foimencionado uma vez. No Sermão da Montanha :Ele teria fa­

lado com um pouco de ironia quando admoestou Seus discípulos:"Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante

de ti, como o fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas." S.~at .. 6:2. Era .costume contratar um tocador de "shophar" paraIr adIante dos ncos doadores, e tocar prelúdios quando as moedascaíam dentro da caixa. Novamente :Ele usou a palavra "trom­beta," quando disse que no fim do mundo haveria "rijo clamorde trombeta" como um sinal para os anjos ajuntarem os justospara Deus.

O tocar da flauta, ou dos assobios de brinquedo, ou oboés, que:Ele observou as crianças executarem nas ruas, foi usado porJesus numa lição espiritual. "Tocamos flautas, e vós não dan­

çastes," êles declararam. Escutou o oboé sendo tocado pelascarpideiras na morte da filha de Jairo, como é citado no Cacpítulo XVIII, "A voz de pranto." Essa música triste, bem comoas carpideiras contratadas, Jesus fêz silenciar.

A alegria de Jesus se insinua nas parábola~; 9~ando o filh~pródigo voltou ao lar, houve uma festa com mUSlca e ~~nça.Quando a ovelha perdida foi encontrada, houve regoZIJO napresença dos anjos ~e Deus. ~ .mulher, tendo encontrado amoeda perdida, convIdou seus vlzmhos para se alegrarem c?mela "O reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondIdo

nu~ campo que um homem achou e escondeu, e pelo gôzo dêle, AI " S Mvai, vende tudo quanto tem, e compra aque e campo. . ato

13:44.

Quando a última semana da vida de Jesus se aproxin:ou,:Ele foi a Jerusalém assistir à Páscoa, sabendo que essa sena aSua última. A semana iniciou com alegria. :Ele fôra aclamadocom música e lisonja ao andar sôbre um jumento simbólico

dos reis conquistadores. Esse jumento er~ guiado por ~á~aro, aquem Ele ressuscitara dos morto~. _As cnanças, S.eus dISClpulos,aquêles a quem curara e a multldao em geral umram-se naA pro­clamação e prorromperam a cantar, enquanto acenavam. com folhasde palmeiras cortadas das árvores ao longo do cammho. Uma

melodia era repetida uma vez após outra. A"scrianças canta.vam-naalegremente. Era uma lembrança dos canticos dos anJos porocasião do nascimento de Jesus: "Bendito O que vem em nomedo Senhor! Hosana nas alturas!" S. Mat. 21 :9. Estas palavraseram as do Salmo 118: 26, uma parte do "halIeI" usado geral­mente na Páscoa, e conhecido desde a infância por cada devoto

judeu. . .Por êsse tempo outra música, Impresslva e exaltada, estava

sendo tocada, porém era geralmente ignorada. "Os sacerdotes

fazem soar, no templo, a trombeta para o se~viço da tard.e, ~~s

poucos atendem, e os príncipes, alarmados, dIzem entre SI: EISque tôda a gente vai após Ele'." - E. G. White, O Desejado deTôdas as Nações, pág. 425.

Ao chegar o fim da última semana, Jesus ensinou dentrodo templo respondendo às necessidades das centenas de pessoas

que O p;ocuravam. Na tarde antes da Páscoa, Jesus e Seusdiscípulos estavam na sala de visitas de ~~a ca:a e?contrada porSeus discípulos, de acôrdo com Sua dlvma dHe~ao. Isto eracostumeiro, pois os moradores de Jerusalém habItualmente ofe"

reciam seus lares para os peregrinos da Páscoa. .Embora ,Per­turbado pela proximidade de Sua morte, Jesus amda ensmou

Page 82: Música em Minha Bíblia

lições de paz e alegria enquanto observava os costumes da festasolene.

Além de comer os alimentos prescritos: cordeiro assado ervas~margas, pão e vinho, em cada lar os pequenos grupos re~nidosa mesa cantavam salmos. Naqueles dias os Salmos 113 a 118

eram reunidos todos. ~um 10,n~0 hino; a primeira parte eracantada ant~s da refeIçao e a ultIma parte depois que a refeiçãoestava termmada. Era chamado o "H alIeI" ou Aleluia emboracomo mencionamos no capítulo XX, houvessem também ~utros sal:mos de Aleluia. O grupo de Salmos 113 a 118 tem sido co­nhecido através dos tempos como o "H alIeI da Páscoa." Issofoi o que Jesus e Seus discípulos cantaram na última ceia.

Havia espír~to. de alegria em Jesus, mesmo nesse tempo,qu~ndo _Ele mSIstIU COm Seus seguidores para que seus co­raçoe~ nao se perturbassem. Embora soubesse que o Getsêmani,a nOIte de provas e o Calvário O aguardavam, Jesus aindacantou.

"Antes de deixar o cenáculo o Salvador dirigiu os discí­pulos num hino de louvor. Sua voz se fêz ouvir, não nosacentos de uma dolorosa lamentação, mas nas jubilosas notasda Aleluia Pascal:

"Louvai ao Senhor, tôdas as nações:Louvai-O todos os povos,

Porque a Sua benignidade é grande para conosco,E a verdade do Senhor é para sempre.Louvai ao Senhor!" Salmo 117.

- E. G. White, O Desejado de Tôdas as Nações) pág. 502.

,A m~lodia exata .que Jesus cantou com estas palavras nãoesta escn~a nas Escnturas, pois não havia notas escritas comoas de hOJe. As melodias tradicionais têm vindo através dos~éc~los, de gera~ão a geração. Os judeus sefárdicos dos mais

antIgos. grupos ~nentais cantaram por muitos anos a melodia antigada págma segumt~, para o Salmo 117, depois da refeição Pascal,comemorando o lIvramento de Israel do Egito.\ Con: ~ma melo.dia a~egre COmo esta, o grupo saiu em meioa e.scur~dao da n.Olte. A frente estavam as inexprimíveis ex­penênc!as da paIxão. Mesmo agora, Jesus procurava dizer aSeus dIscípulos que havia regozijo de coração à disposição dê-

165164 MÚSICA EM MINHA BíBLIA

A MúSICA E A ALEGRIA DE JESUS

HALLEL PASCAL

Salmo 117 SefárdícojA""m_Irnb~ •1

les, se desejassem recebê-lo. Tomai o amor. Depois, tomai aalegria, ordenou Ele. Esta foi a Sua mensagem final, e umcanto de louvor preludiou e acompanhou êsse legado. Seu

grande desejo para êles era, afirmou Ele, "Que o Meu gôzopermaneça em vós, e o vosso gôzo seja completo." S. João15:11. Novamente, prometeu: "Vossa tristeza se con~erterá

em alegria." S. João 16:20., Em S~a gr~nde prece regIstradaem S. João 17, expressou este deseJO: Para que tenham aMinha alegria completa em si mesmos." Verso 13.

Pouco antes dos últimos eventos da vida de Jesus na Terra,Ele predisse: "Outra vez vos verei, e o vosso coração se ale­

grará, e a vossa alegri~ ninguém v?-l.a tirará." S. João 16:22.Depois da Sua ressurreIção, e nos ultImos reaparecImentos ter­restres, seguidos por Sua ascensão, Seus discípulos receberamêste legado final de alegria: "tomaram com grande júbilo a Je­rusalém." S. Luc. 24: 52.

Nessa ocasião Jesus estava alegre, e evidenciava-se Sua re­

ceptividade à música. Não e~a associada com a músi~a oficialdo ritual do templo. Aquela amda era executada exclUSIvamente

por uma classe profissional de sacerdotes músicos, treinados nasescolas do templo. Ele possuía e concedia a alegria que é ce­lestial e que é, talvez, básica na criação expontânea da música.Esta alegria é uma dádiva celeste. Schiller escreve em sua "O deà Alegria," que Beethoven musicou tão lindamente em suagrande "Nona Sinfonia" (coral):

"Alegria, centelha da chama imortalf"

Page 83: Música em Minha Bíblia

PAULO E SILAS CANTARAM 167

CAPíTULO 22

Paulo e Silas

Cantaram

"t perta da meia-naite PaulO' e Silas aravam ecantavam hinas a Deus; e as autras presos asescutavam." Atas 16:25.

Aa.s daze anas de idade, a mesma idade cam que Jesusperegn~au .pela primeira vez a Jerusalém, PaulO' viu a tem Iapela pnmeIra vez, pais vinha então de Tarsa para entrar Pnamelhar escala de sinagaga em tôda a Palest' d' . .d Ierudita Gam..aliel. Ali perman ""eu até quase Iana:ddmgdIa ~e aE '. -~ I a e e tnntaanas. m, 1arso tmha êle estada radeado pela cultura greoaporq~e : arso . era .uma das muitas cidades da margem ci;MedIterranea, mclumda as da Itália Grécia Maceda'" A"M N d "nIa, SIa

enor e orte a África, que eram os centras da civilizaçãO'

grdga, ,e~bora I ~as tempas apast6licas ~sses países estivessem saba ommlO pohtIca de Rama. Desta forma, vemas cancentradaem Paulo a essência cultural das hebreus, das gregas e mesma~as romanas. A fusãO' de alguns dêsses várias elementas faiImpartante para a música da era primitiva da igreja cristã.

Mesmo depois de aceitar a Crista, nenhum das discípulasnem o. pr6pria ~aula, fêz qualquer rompimento cam o templ~edas ntas das smagogas. Iam canstantemente ao templo paraa orar; abservav~m as dias de festa, as ritas e mesma as vatas

cama qualquer Judeu ortadaxa. O própria Paula, mesmo ap6~(166)

três anas na Arábia e dez anas em T arso, após sua conversãa,ainda adarava na templo, e observava as tradições da lei.

Os ap6stalas começaram seu trabalha missianário, em parte,através da serviçO'nas sinagagas, cantinuanda assim nas reuniõesde adaração musical das judeus. Quanda se formavam naVasgrupos de igrejas, êsses sé reuniam em autros lugares, algumasvêzes nas lares, cama é revelada em uma das cartas de Paula."A Filemam... e à igreja que está em tua casa." Essas pe­quenas igrejas damésticas nãO' eram desarganizadas. "Mas, faça­se tudo decentemente e com ardem," ardenau PaulO' aas co­ríntias. Essa ordem também incluía a música. Na Epístala aasHebreus, a Sal. 22:22 é mencianado: "Lauvar-Te-ei na meiada cangregaçãa." A música fazia parte das cultas dessas navase pequenas igrejas nas praias, nas lares, nas cárceres, nas ca­tacumbas de Roma au em qualquer parte ande se encantrassemfiéis. Os cristãas primitivas eram caracterizadas par sua música.

Em alguns lugares a música era dirigida par cantares can­vertidos, filhas de Levi, que eram prafissianais. Entre as prin­cípias fundamentais dessa nova fé, estava a idéia de que cada

hamem era a seu ~r6pria sacerdote e Jesus Crista na Céu a seuSuma Sacerdate, 'eternamente, segunda a ardem de Melqui­sedeque." Daravante, a cada um era ardenada: "Partanta ofe­reçamas sempre par 1.'!.lea Deus um sacrifíciO' de lauvar, istoé, a fruta das lábias que confessam a Seu nome." Heb. 13: 15.Esta ardem fai obedecida desde o inÍcia da nava fé.

Essas cangregações eram diferentes de qualquer grupO' decanta vista antes. Elas incluíam nãO' apenas judeus, mas gregas,ramanos e conversas de todas as povos gentílicos. Os hebreuscristãas lago começaram a arar, cantar e camer cam êsses gen­tias, o que era inusitado. Nenhum judeu ortodoxo daqueletempo, sab quaisquer circunstâncias, partiria o pãO' com umincircunciso gentio. Era um milagre de Cristo.

As paredes de separação estavam sendo derribadas, talvezmesma aferecenda uma nava liberdade às mulheres, cama PaulO'sugeriu na carta aas Gálatas: "NistO' nãa há judeu, nem grega;nãa há escravo nem livre; nãO' há macha nem fêmea, parquetadas v6s sais um em Cristo Jesus." Gá!. 3:28. Lídia, Claé,Dorcas, Febe e Priscila foram mencianadas entre as mulheres

Page 84: Música em Minha Bíblia

das primórdios da igreja cristã, pois faram dignas de mençãO'.JoãO', a amado, escreveu de :f:feso: "O anClaa à senhora eleita,e a seus filhos, aos quais amo na verdade e nãO' somente eub' d ' ,mas tam em to os os que têm conhecido a verdade." 11 S.JoãO' 1.

Não apenas era a li?erdade das mulheres gregas que semesclava com a sabedana da Deus dos hebreus mas haviamuita mistura de cultura dos gregos e hebreus ~a primitivaigre~a cristã. As Escrituras do Velho TestamentO' faram tra­duzld~s para o. grega em Alexandria, nesse tempo centro cul­tural Judeu maIS farte que a da própria Jerusalém. Era desta

versão, a Septuaginta, que PaulO' comumente extraía textas.As Epístolas, bem como os Evangelhos, foram escritos em gregodesde o iníciO'. Essa era a língua literária da época em tôda aparte. dentro da fronteira. Mesma em Roma, a capital doImpéna Latino, os serviços e a música da primeira igreja cristãeram na ~Íngua grega. Não foi senão depois da quarta séculoque o latIm se tarnou a língua da liturgia.

Coma foi pre~iamente mencionado, a cultura da próprio~aula era uma mIstura da cultura hebraica com a grega. As­SIm, qua~da PaulO' usa instrumentos musicais como ilustrações,

tanto. o .tI~O hebreu cama o grego sãO' encantrados. AO' falarda SmaI literal COm seus trovões, pela "sonida da trombeta"(Heb. 12), PaulO' refere-se aO' "shaphar" e ao antigo têrmo"Fortíssimo. som de trombeta." Novamente, a mesma trombeta,que. anunCIava a aproximação de Deus na Sinai, proclamaráa vmda de Cristo, quandO' "a trombeta soará" e aO' soar essa"'1 . b" ,u tlma trom eta, os santos mortos serãO' ressuscitadas. IstO' se

refere à trombeta hebraica, o "shophar.". AO' escrever aos crentes gregos em Corinta, Paulo menciona

m~tru~ent?s gregos 'para ilustra~ o q,~e queria dizer: "Se ascalsas mammadas, seJa a flauta [ aulas ], seja a cÍtara ["kitha­ra"], não formarem sons distintos, cama se conhecerá a que setaca com a flauta au cam a cÍtara? Por que se a trombeta["salpinx"] der sonida incerto, quem se preparará para a bata­lha?' I Cor. 14:7 e 8.

O que eram êsses novos instrumentos mencianadas por Pau­I?,. ~ m_ais tarde par João, a amada, que estava rodeado pelaclVIbzaçao grega quandO' escreveu o livro do Apacalipse?

O "aulas" orega era a mais antigo instrumentO' de sôpro da

antiga Grécia.t> A palavra é tr~duzida por :'flauta," porém o"aulas" era, na verdade, a. clanneta ou obae, tacada cam pa­lhetas. Era um tipo dobrado, com dois tubas~ comu~ente decomprimentos diferentes. A flauta ou tuba maIOr passIvelmentetocava tons mais graves, em diapasão, que a tuba menor. Onúmero de orifícios para variar o diapasãa i~ desd~ qu~tro, nosmais antigos, a 15 nas mais modernos. HaVIa mUltas tIPOS. O"aulas" era a mais papular instrumentO' grega e todos eramfamiliarizados COmêle. No tempo de PaulO', já fôra usado pelos

greoos por mil anos. Usava-se na. música orgíaca e estava as­sociado com Dionísio, o deus do vmho.

A "kithara," au har~a. grega, e:a ? principa~ instrumento daantiga Grécia. Sua mUSlca era bmItada ao tIPO' de Apalo, o

deus da vida palítica. A "kithar~" consistia d~ ~ma caixa deressonância de madeira, com dOIS braças vertIcaIs curvados euma trave. Começando cam 5 cordas na séculO' VIII A.c., e

aumentandO' para sete na sétimo século, a "kithara" chegavaa ter 11 cordas no século V A. C. O número comum era5 ou 6 cardas tocando as notas: mi, sol, lá, si, ré e mi, mais asduplicações de oitavas ao aumentar-se o número de cardas. NãO'havia tecladO' na "kithara" mas algumas pausas eram canse­

guidas pela pressão na par;e mais baixa da .carda. A "kith.ara" eraconhecida na Babilônia no tempo de Damel, porque fOI levadapara lá pelos trabalhadares gregas, senda usada em todo amundo de fala grega, na costa da Mediterrânea, na tempO' dos

apóstolos. .O "salpinx" era uma trombeta grega r~ta,. denva.d~ dos

países orientais, usada para a trans~issãa de SInaIS. EmItIa umSOm terrificante, senda usada exclUSIvamente na guerra. Como

Paulo declarou, ela jamais soava indistintamente au s~m cer­teza. O "salpinx" foi também a tra~~eta reta. simbóh~a queJaãa, o Revelador, auviu, quandO' a sexto anJo, q~e tIn~~ atrombeta" (Apac. 9: 14) tocau-a, e libertau um exerCIta. O sal­

pinx" era uma verdadeira trombeta, longa, reta e poderasa. ~~­bora feita de latãO',era semelhante à trombeta de prata de MOIses.

A música da primitiva igreja cristã era também uma mis­tura de elementos gregos e hebreus. "Cada país do Mediterrâneo,

168MÚSICA EM MINHA BíBLIA PAULO E SILAS CANTARAM 169

Page 85: Música em Minha Bíblia

Gradenwitz afirma que o "início da música cristã romanafoi baseado - muitos séculos depois da conquista de Jerusa­lém por Roma - nos fundamentos da música hebraica do tem­plo." - The Music of Israel, pág. 81. Outros vão ao extremo

TE DEUM LAUDAMOS

~J,b;lO~~b17~Te Dé. um lou. dá ------- mus.

171

CANTO SEFÁRDICOSalmo 114

Segundo Consolo e Aguilar,.~~.' h A do • noi --- mi· bar· loch • ti • yotKo • ro • II sIm· c o •

_ eracidade da afirmativa doEsta comparaçao comproval a fVR . "O que diz a arte. d Immanue o ame.

famosa .poetdaJU ~u: ';l 'Na verdade fui tirada da terra dosda mÚSIca os cnstaos. - ,hebreus'!" , . . -

• • A • da primitiva mUSIca CrIsta, aAnte essa nca expe~len~l:e' as torna-se duplamente signi-

a?m?estaç~o de. Paul'd aE lfrit~. falando entre vós em salmosflCatlVa: Enchel-vos .. 0 .sp , d. e salmodiando ao Senhor

e hinos e cântic~s ,~sPEt~als~ .~a;t~n 109. "A palavra de Crist?no vosso coraçao. e.· tôda a sabedoria, enSI­

habite em vós abundadnten:ente, a~~1outros com salmos, hino~nando-vos e admoestan o-vos uns

TONUS PEREGRINUS

~~~~ E 'o Dom-"Jo,obd. 'o,." b,,-bo-~.In ex·j·lu Isroe ex gyp' •

PAULO E SILAS CANTARAM

d nto gregoriano é dede declarar que sessenta por c~nto o cadal ou seus padrões

. . d . De fato seu SIstema mO , d

%I~~ilic~~ d~cadois ou tr~s .motivos q~e rb~: ba:~d;~e~~id;rá~através de tôdas as vanaçoes, eram am

tica dos hebreus. ti 1 . teEste fato é bem ilustrado e t~lvez, provda o J?e~. seg~g~J'a

_ d "T s Pereorinus muSIca a pnmIIvacomparaçao o ondu S 1 b 114' com um canto hebraico-se-cristã para o texto o a mo ,fárdico para o mesmO texto.

"Quando Israel saiu do Egito ,asa de Jacó de um povo barbaro,e a c , .

Judá ficou sendo o Seu santuano,e Israel o Seu domínio." Versos 1 e 2.

MúSICA EM MINHA BíBLIAL70

FESTIVAL TE DEUM

ff Dudley Buch, Opus 63, n. 1

~·lLou - Vil' mos . Til:, Ó Deus.

Por séculos, os compositores têm escrito músicas para aCOm­

panhar estas palavras, e em nossos yróprios dias Dudley Buck,entre outros, escreveu um "Festiva Te Deum" inspirado novelho hino grego que veio a nós em inglês de fontes latinas,gregas e possIvelmente hebraicas. Esta é a frase de abertura:

com efeito, cada igreja, desenvolveu, nesse período de propaga­ção, sua própria maneira de serviço religioso, tôdas as quaiscontinham, até certo ponto, música nativa para sua localidade."- Theodore Finney, A History of Music, pág. 29.

A ordem do serviço era muito semelhante à da sinagoga, e amúsica tinha sua fonte no Velho Testamento e nas tradiçõesorais da música dos hebreus; mesmo assim, a liturgia era fre­qüentemente cantada ou salmodiada na língua grega. Com ocorrer do tempo as melodias originais e as gregas foram-seintroduzindo. Por exemplo, Breed menciona em sua Historyand Use of Hymns Tunes, pág. 18, que o "Te Deum Lauda­mus" [Nós Te Adoramos, ó Deus] é de origem muito antiga.A versão latina é baseada num original grego, que por sua

vez }?ode provir de fontes hebraicas. Esse tema inicial deum 'Te Deum" pode ser de uma fonte antiga como a citada.

Page 86: Música em Minha Bíblia

173PAULO E SILAS CANTARAM

tanto por judeus cOmo por cristãos. Mas, como instrumentode muitas utilidades, melhorado através dos séculos, gradual­mente assumiu seu lugar ideal nos serviços religiosos desde cêrcado século XII, tanto nos serviços religiosos hebraicos como noscristãos. Isso foi muito depois do tempo dos apóstolos. No

segundo século, Clemente de Alexandria mostrou sua ext:-emaantipatia pelos instrumentos no culto sagrado, com as segumtespalavras:

"Porque se o povo ocupa seu tempo com flautas, saltérios,coros, danças, bater palmas à moda egípcia, e outras frivolidadesdesordenadas, tornam-se bem indecentes e intratáveis, batendocímbalos e tambores e fazendo barulho com os instrumentos de

engano." Citado por Idelsohn em Jewish Music, pág. 94.Clemente foi ao extremo de dizer que o salmo 150 se refere

ao corpo como instrumento de louvor! Os nervos são cordas,disse êle, vibradas pelo Espírito, e a língua, um címbalo dabÔca. Na verdade, os primeiros apóstolos, especialmente Paulo,consideravam o canto sacro COma sendo inspirado pelo Espírito,

e nunca, nem Paulo nem qualquer outro escritor do NôvoTestamento, proibiu o uso de instrumentos nOs serviços reli­giosos.

O canto dos salmos nos cultos dos cristãos era muito seme­

lhante ao dos hebreus. Consistia da antífona responsiva e docanto litúrgico. Acrescido a isto, havia mais canto congrega­cional. Tanto a ordem do serviço como o conteúdo da músicada nova igreja, eram baseados nos da sinagoga e do templo.Dêstes, o mais importante item era o salmo. Com o correr do

tempo, os hinos se tornaram mais e mais ap,reciados, express.andoa adoração a Deus em outras palavras além das de DaVI. Aigreja tinha menos de duzentos anos quando de ~feso veio aparáfrase dos cento e cinqüenta salmos no estilo de hinos paraalternar com o canto dos salmos.

O hino deveria ser cantado por um grupo. O canto congre­

gacional do hino era em unísson?, COm su~ música basead~ n~smodos inerentes no sistema mUSIcal hebraIco e grego. ~ ObVlOque havia hinos desde o tempo do Velho Testamento. Lemosestas palavras do "Hino de Habacuque:" "Aviva, 6 Senhor,a Tua obra no meio dos anos."

com os jogosFoi excluído,

MÚSICA EM MINHA BíBLIA172

e câ~ticos espirituais, cantando ao Senhor com graçacoraçao." Col. 3: 16. em vosso

Estes _eram os id~ais musicais da igreja primitiva. O cantoe a oraçao estavam mtimamente unidos A ,. "

. - .... . mUSIca na Igrejacnsta pnmItIva e:a mteiramente vocal. Como vemos ainda ho' en~ Canto Greg~nano e cantochão, a música em si não era restri~­gI ~ por um ntmo regular. O texto ditava o compasso NãohavIa, naturalmente, notações musicais ainda A ,:aprendida" I 'd" f . mUSIca erad' d' . pe.o OUVIo, e reqüentemente consistia de melo-

Ias tra. IC~OnaIS.As melodias eram, na verdade, hebraicas em

sUei maIO~Ia, cI~m melodias gregas sendo gradualmente adap­ta as aqUI e a 1 ao uso da igreja.

.NolseOi~~s. da igreja, a música consistia do canto congre-gacIOna.. mgente era talvez um músico ou cantor levitaconvertIdo. Cada grupo congregacional era formado de hebreusg:-eg?s, romanos e outros homens e mulheres "gentios" O~cantIcoJ usados diferiam de uma congregação para outr~ per­~~ncen o A a .um dos três grupos, ou aos três dêles _ s~lmos

mos e cantICOSespirituais. '

do significado original de "salmos" é "louvores" e s b te "d' , u en en--se que evenam ser cantados COm acompanhamento ins-

tr~m~ntal. Esse era o costume na música de culto tanto nopnm~Iro como no segundo templo em que os Salmos' formavama maIOr p t d h' ,. N. ar e o man~. as novas igrejas cristãs não haviadst~~entos. Embo~a ,nao houvesse qualquer proibição da parte

~ _ nsto ou dos dISCIpulos, não eram encontrados nas i re'ascnstas, pelo menos nos primeiros dois se'culos H . g J.d' h . . aVIa pouco

m eIro Ttreb a maio~ia dos membros para comprar instru-~entos. am ém, mUItas das reuniões tinham ue ser rea-lIzadas secretamen.te, em catacumbas, em algum s~lão sim lesou em casas partIculares, e os instrumentos não pode' p ,m.odulados 'pa:-a ~ais baixo como o poderiam as voze2aAl~:dIssodos propnos Judeus, por centenas de anos depois de 70 A Dquan o ? templo foi destruído pelo general romano Tito, ~ã~usavam ~nstrumentos nos seus serviços sagrados durante _gunda dIspersão. a se

? órgão, por exemplo, tornou-se relacionado

pagaos romanos do anfiteatro e outros lugares.

Page 87: Música em Minha Bíblia

" . Ai~?a. ho~e existe um hino baseado numa doxologia Ou

~Igdal . Jud~Ica. É uma paráfrase e a cristianização de umhIno cups raIzes me~ódicas se estendem. à antiguidade judaica.Sua forma presente e moderna em sentImento, muito diferente

d~ aequena ~essitura das antigas melodias hebraicas autênticas,aIn ~ que seja de certa forma semelhante a elas. :Esse hino podeter VIndo de Maimoni~es, q~e nasceu em 1135 e, provàvelmente,deu-lhe. uma data maIS antIga. Mais ou menos em 1770 umcantor Judeu. de Londres, Leon Singer, que se chamava a simesn:o ~eom, usando um velho motivo folclórico, fêz umacomp~laçao para o ministro wesleyano Thomas Olivers. Estáarranjado para harmonia em quatro partes no Cantai ao Senhordos ~dve~ti~tas. do Sétin;o Dia, e publicado Com três das doz~estrofes ongInaIs. Esta e a melodia e a primeira estrofe emnossa tradução portuguêsa, embora uma tradução literal dohebraico fôsse mais forte:

AO DEUS DE ABRAAO LOUVAIThomas Olivers, c. 1770

~

~Su • pre • mo Deus, e • ter· no Pai E Rei, Se • nhor.

-FJ~I~i

Meu ser tam·bém da - rá lou • vor Ao Cri • a • dor.

.. Mes~lad.a co~ _uma :profunda influência hebraica da primItIV~ Igreja CrISta, haVIa alguma música de origem grega.EspecIalm:nte 9uando os hinos começaram a ser cantados pelacongregaçao, fOI descoberto que havia muitos hinos gregos 1)('

175PAULO E SILAS CANTARAM

de Je· sus, A gló. ria dês· te do· ce ai • vor de paz.

líssimos. A princípio os primeiros pais da ~greja eram cautelososcom a música grega, crendo que ela tendIa para o pensamentocarnal e à orgia, em vez da elevação espiritual. Entretan~o,os novos hinos gregos, que eram aceitos, vinham ou de melodIasda época, ou de melodias antigas, trazidas. pelos membros re­cém-convertidos, e tinham uma beleza SImples quando canotados em uníssonos pelos grupos congregacionais, talvez nosprimeiros serviços ou em ocasiões especiais. Cristo era o temacentral. Os evangelhos também forneciam uma nova fontede inspiração poética, especialmente o Evangelho de Lucas.

Plínio, o môço, um romano que viveu de 62 a 113 A. ~.,e foi assim contemporâneo de Paulo nos últimos anos, dIZ

que "em dias especiais de festa. os cristãos reuniam~se antesdo nascer do Sol para cantar hmos de louvor a Cnsto, pre­

dominando o canto antifôni~o -: um méto?~ de can~o ~,ue mo~­trava distintamente a influenCIa da tradIÇao hebraIca. - EmIINaumann, The History of Music, pág. 179.

Um contemporâneo de Plínio, Inácio de Antioquia, dis­cípulo do apóstolo João, teve uma visão do Céu em que lheforam mostrados os anjos cantando em coros antifônicos. De­pois disto, o método foi usado mais e mais nas igrejas novas,

sem dar-se importância à origem da música. Os hinos gregos,entretanto, suplantavam cada vez mais os hebraicos, no uso con'gregacional.

Clemente de Alexandria, que viveu de 150 a 220 A. D.,

HINO GREGOClemente de Alexandria

.Em,~Som· bras 10' sem; rom· pe au • ro· ra em luz: Deus Seu­

m"~

MÚSICA EM MINHA BíBLIA174

Page 88: Música em Minha Bíblia

176 MúSICA EM MINHA BlBLIAPAULO E SILAS CANTARAM 177

co~~ô~ ou ~ditou de uma das mais antigas fontes, um dos maispnmItIvos hmos gregos em uso pelas congregações cristãs. Evi­tende~ente foi sua apresentação de um hino positivo e repre­sentatIvo para contrariar o influxo do estilo cromático grego queêle sentia tender ao paganismo. Seu compasso é livre, cantadoem uníssono como o eram todos os primeiros hinos cristãos, epodem assemelhar-se aos mesmos hinos que Plínio ouviu oscristãos cantarem a Deus de manhã cedo.

.Além dos salmos e hinos, Paulo menciona cânticos espiri­tUaiS como parte do repertório musical cristão. O cântico es­

piritual é aquêle que expressa a relação do indivíduo para comDeus, e enfatiza seu próprio anelo e experiência da alma. Em­bora os salmos fôssem cantados ou entoados antifônicamente, cos hinos fôssem cantados pelo corpo da congregação em unís

sono, o cântico espiri.tua! ;eria sido um solo vocal~A expressandoo ~le~ar da alma do mdlVIduo a Deus, uma expenencia do seupropno coração e a resposta do amor de Deus o Pai, o sacrifíciode Cristo, ou a súplica do Espírito Santo.

~ucas escreveu três belos cânticos para os quais têm sidoescntos acompanhamentos musicais desde os tempos apostóli­

cos. E.ram cantados primeiramente em §rego, mas são agoraconhecIdos pelos seus nomes latinos: 'Magnificat," ou "OCântico de Maria," começando com "A minha alma engrandeceao Senhor" (S. Luc. 1:46-55); "Nunc Dimittis" ou "O Cântico

de Simeão," começando com "Agora, Senhor, despede em pazTeu servo" (S. Luc. 2:29-35); "Benedictus" ou "O Cântico deZacarias" (S. Luc. 1:68-79). Havia outros.

Paulo escreveu um maravilhoso cântico espiritual uns seis

a~~s depois da noite em que êle e Silas cantaram na prisão eleFIhpos. Nenhum grande compositor escreveu acompanhamen­to para êste belíssimo texto. Dois compositores contemporâneosfizeram cada qual um arranjo para o capítulo do amor. Carril'B. Adams o fêz sob o título de "Amor é Sofredor," e FredericoW. Root intitulou seu solo vocal "O Amor Nunca Falha." Pode

haver outros arranjos musicais para I Cor. 13, mas a passagemestá ainda esperando atenção de um compositor de renome.

Estes eram os tipos da música sacra que Paulo e Silas cantaram na prisão à meia-noite. Esse não era um lugar limpo comonossas modernas prisões, mas era um calabouço frio, imundo,

escuro e infestado de vermes, infinitamente pior que a celade Bunyan. Depois de serem espancados. tão fortemente peloque mais tarde Paulo disse que ainda trazI~ ~s ~arcas em seucorpo êle e Silas foram colocados em posIçao tao torturante,com ~s pés em troncos, que a d?r de suas feridas era, in.tensa.Voltaram-se para Deus, para deSVIar suas mentes da ~angustIa cor­poral. Podemos imaginar as ~rações e as evocaçoes das .c~n­fortantes promessas de Deus, amda que na profunda escundao .

Então, à meia-noite, Paulo e Silas cantaram. Cantaram c~mtanto ardor que tanto os outros prisionei:os como o c~rcereI~oos escutaram. Dessa referência, e tambem de sua onentaçao

posterior em relação à música nas novas, i~rejas,. é. evidente quePaulo estava bem relacionado com a mUSIca relIgIOsa da época.Havia muitos cânticos sacros, entre os qua.is se podia ~scolher.Talvez os dois homens cantassem responslVamente o GrandeAleluia" Salmo 136. Poderiam ter começado assim:

Pa~lo: "Louvai ao Senhor, porque Ele é boml"

Silas: "Porque Sua benig~idade é pa,ra .sempre." .Ou poderiam ter cantado Juntos a suplIca de DaVI quando

prisioneiro na caverna de Adulão:

"Tira a minha alma da prisão,Para que louve o Teu nome;

Os justos me rodearão, poisme fizeste bem." Salmo 142:7.

Qualquer que fôsse o hino cantado pelos ~o!s apóstolos, oprincípio básico d~ Paul? 'para ,~ múSIca ~nsta, a q~al êl~afirmou que deverIa conSIstIr ~e .Salm?s~ hmos. e cântIcos espirituais," é ainda o ideal da Igreja cnsta depOIs de dezenove

séculos. O canto de tais melodias tem inspirado milhões decristãos e muitos ouvintes através dos séculos, assim como o

fêz quando Paulo e Silas cantaram na cela de Filipos.

12

Page 89: Música em Minha Bíblia

A MúSICA DO CÉU 179

CAPITULO 23

A Música

do Céu

.-11 música da Céu fai auvida par apenas uns, f"t paucos prafetas a quem faram dadas visões do

paraIsa ~e~Deus. Embara descrevendO' cenas além do seu paderd~ descnçaa, .as prafetas deixaram alguns quadras faladas (llll'aJudam ~s. leItores da Bíblia a vislumbrar as músicos celestese sua mU~lca. Alg.uns campasitares de grande habilidade têmtentada cnar arranJos musicais para as palavras da música e('leste cama nas é dada nas Escrituras. Suas tentativas parômfi~am, se,m. dúvida, muita aquém de representar as q~e as es'cntares bIbhcas auviram.

A primeira música a que as Escrituras se referem foi ('1(('cutada na .criaç~a da mundO'. A vaz que respandia a Jó em m;'illaO'redemomha, mterpelau:

"Onde estavas tu, quando Eu fundava a Terra?Faze-Mo saber, se tens inteligência.

Quem lhe pôs as medidas, se tu o sabes?Ou quem estendeu sôbre ela o cordel?

Sóbre que estão fundadas as suas bases

Ou quem assentou a SUaipedra de esquina? 'Quando as estréIas da alva juntas alegremente cantava",r'

E todos os filhos de Deus rejubilavam?" J6 38:4-7.(178)

Esta passagem sugere uma haste celestial alegranda-se pelacriaçãO' dêste mundO', após abundante experiência cantandO' paraatos criadares precedentes.

IlustrandO' êste canceita, Jaseph Haydn em seu manumentalaratória "A Criaçãa," usa "um côra de anjas," para cantarnúmeras corais na fim de cada dia da cnaçaa. Cada vaz desala é a vaz de um anjO'. A frase final da abra é:

"O louvor a Jeová durará para sem,pre,"

Três escritores bíblicas descreveram as cenas ceIestiais qUt~indicam um serviçO' cantínuo de cânticas nas côrtes da Céu.Jaãa descreve as "sêres viventes" de seis asas, os quais eram emnúmero de quatrO', e radeavam a trano de Deus, cantandO':

"Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso,Que era, e que é, e que há de vir!"

Em resposta, curvanda-se e calacanda suas caroas diante datrana, as vinte e quatro anciãas respandiam:

"Digno és, Senhor,de receber glória, e honra, e poder;porque Tu criaste tôdas as coisase por Tua vontade são e foram criadas." Apol'. 4:8 e 11.

Essa adoraçãO' antifônica de quartetO' e côra é perpétua"Dia e naite, nunca cessam de cantar."

N as quadras das visões de Isaías as mesmas criaturas deseis asas, que sãO' chamadas de "serafins," cantam - li­teralmente "clamavam uns para as outros" - um estribilho se­melhante:

"Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos:T óda aTerra está cheia de Sua glória." Isaías 6: 3.

NãO' há anciãas para respander.

Os quatro sêres da visãO' de Ezequiel estãO' sO'b a tronO'em vez de aO'redar au acima, e passuem quatro, em lugar de seis,asas. Chamadas de "querubins," êles nãO' sãO' descritos camaestandO' cantandO', mas deveriam estar relacianadas com as cenasapresentadas a JoãO' e a Isaías.

Page 90: Música em Minha Bíblia

"Quem é €ste Rei da Glória?"

O côro de sentinelas replicava, como que ignorando a apl'Oximação do Rei:

"Levantai, ó portas, as vossas cabeças;Levantai-vos, ó entradas eternasE entrará o Rei da Gl6ria."

181A MúSICA DO CÉU

Soava a resposta:

"O Senhor dos exércitos,Ele é o Rei da Glória," Salmo 24:7 e 10.

"Hinos de triunfo misturavam-se com a música das harpas

angelicais, de maneira que parecia transbordar de júbilo e lou­vor: O céu ressoa com altissonantes vozes que proclamam:'Ao que está assentado sôbre o trono, e ao Cordeiro sejam dadas

ações de graças, e honra, e glória, e P?der para ;odo o semp~re!JApoc. 5: 13." - E. G. White, O DeseJado de Todas as Naçoes,

pág. 621. ,Uma visão mais recente da musrca do Ceu relata com

alguns detalhes o cântico dos anjos: "Vi grupos de anjos,

que estavam em pé, num ,Perfeito quadrad~, tendo cada um

uma harpa de ouro. O pe da harpa possma uma ~eça parapreparar a harpa ou mudar os tons. Seus dedo~ nao vascu­lhavam descuidadamente as cordas, mas tocavam dIferentes cor-

das para produzir~m diferentes sons.. . ."Havia um anJO' que sempre regIa, e que .prImelrO tocava

a harpa e fazia soar a nota; então todos se aJuntava~ numarica e perfeita música do Céu. Esta nãO' pode ser descr~ta. .Eramelodiosa celeste, divina, enquanto cada semblante IrradIavaa image~ de Jesus, brilhando com glória inexprimível." - E.

G. White Testimonies, VaI. 1, pág. 146.Aquêl~s que sãO' redimidos da Terra, se unirão a êss~ côro

angélico para cantar novos cantos de lo~vor a ~~u~. "E os

resgatados do Senhor vol~arão e vir~o a Srão com JubIlO'. I~a.35: 10. A jornada ao Ceu será feIta em carrua~ens de anJos[Sal. 68: 17 Versão Kino JamesJ que clamam: Santo, Santo,

, b I" A h . dSanto, Senhor Deus todo-poderosO'. o c egar aos portaIS a

cidade, os redimidos recebem cada um uma coroa, uma pal~ae uma harpa. Com estas, entra~ na cida~e, e em c?mpanhlados anjos testemunham a reumao de Adao com Cnsto, can­tando:

"Digno é o Cordeiro que foi morto." Apoc. 5: 12.

Em meio a êsses transportes de alegria, uma ~erimônia es­pecial é realizada. Os cento e quarenta e quatro mIl, que fO,rar:ntrasladados da Terra, tendO' atravessado o tempO' de angustIa

MÚSICA EM MINHA BíBLIA180

"Glória a Deus nas alturas,Paz na Terra, boa vontade para com os homens."

S. Lucas 2: 14.

Desta maneira o Céu é descrito corno um lugar de adoraçãomusical, onde sêres santos louvam continuamente a Deus. Que

escalas êles usam, ou qual a maneira de composição que seguem,não sabemos; podemos apenas deduzir que nosso falho sistemamusical produz música muito inferior à dêles. Aquêles queouviram a harmonia celestial infortunadamente nada deixaramrelatado, senão o fato de que êles a ouviram.

A música celeste desceu à Terra pelo menos uma vez, paraser ouvida por atentos ouvidos de sêres humanos. Nessa oca­sião a alegria dos anjos transbordara do Céu, alcançando aTerra. Como gostaríamos de ouvir a música daquele côro deanjos cantando para os pastôres, há dois mil anos atrás!

Muitas tentativas têm sido feitas no sentido de representa.fêsse cântico e talvez nada o tenha representado melhor queo côro (n. o 17) "Glória a Deus" no "O Messias" de Haendel.

Hinos têm relatado a história vez após vez: "Glória ao Rei quevos Nasceu," "Belém, tu és bendita," "Soou em Meio à NoiteAzul," e muitos outros; um sem-número de cânticos de Natal,em muitas nações, conservam sempre vivo êsse glorioso evento,quando o Céu se aproximou mais da Terra.

Quando Cristo ascendeu ao Céu, depois de Sua ressurreição,os anjos, unidos num côro antifônico O conduziram à Cidade,

com. as p~lavras ~o Salmo 24, dadas, por revelação profética, aDaVI mars de mIl anos antes, e usadas pela primeira vez nace~ebração do transporte da arca para Jerusalém. O cortejo d('anJos cantava o repto:

Page 91: Música em Minha Bíblia

182 MÚSICA EM MINHA BíBLIA A MÚSICA DO Cf:.U 183

-

de Jacó, formam uma espécie de "côro da tribulação," cantandoum nôvo cântico que ninguém pode aprender. Apoe. 14:3. Éacompanhado por harpas. João ouviu o "som de harpistas to­

cando suas harpas." A palavra original grega para êsse tipode harpa é "kithara." Seu propósito é aumentar o efeito es­piritual da música. Um grupo de tais instrumentos de acom­panhamento seria esteticamente mais inspirador e satisfatório.

O "côro da tribulação" não é o único. Todos os outros re­

dimidos com suas vestes brancas formam o "côro das palmas."Cada um dêles segura uma palma, o símbolo da vitória, en­quanto cantam um cântico responsivo: "Salvação ao nossoDeus, que está no trono, e ao Cordeiro." Apoc. 7: 10. As quatro"criaturas viventes" e os vinte e quatro anciãos, circundados

I . "A ' I L I' .pe os anJos, unem-se a cantar: mem. ouvor e g ona e sa-bedoria e ação de graças, e honra e poder, e fôrça ao nosso Deuspara todo o sempre! Amém." Verso 12.

A cena tôda é de tal magnitude e grandeza que está in­teiramente acima da imaginação do homem empreender comsucesso a estupenda tarefa de fazer um acompanhamento mu­sical para ela. Alguns compositores talentosos tentaram fazê-lo.

Há um pequeno vislumbre no efeito do quarteto querubÍnico,

SANTO É DEUS, O SENHOR

Ad' I 2 Mendelssohn! agIO_.~7 ~~I@I; .5"n - to, 5"n . to, 54n - to é o nos. 50 Deus

I@c- -~5"n . to é o nOS-50 Deus

f@,~(~ ----...-~ ~5"n . to é o nOS-50 Deus

====:::::- ~

54n . to é o nos· 50 Deus

no oratório "Elias" de Mendelssohn. Colorido como é, com a

rica qualidade dos efeitos harmônicos do ~éculo XIX, parece,não obstante, adequado, e é inspirador ouvI-lo. O. quart~to devozes femininas do qual uma frase é reproduzIda aCIma, érespondido por ~m côro completo, unindo-se e respondendo umao outro no decorrer do número.

Compositores russos têm talvez escrito com mais suce~somúsica coral para o texto de "louv~r e glória," reprod:lZldoacima, intitulado "Cherubim Songs. Entre. os composIto:esestão Grechaninov, Tchaikowsky e Bortnyansh Qualquer coro

que canta estas composições será :spiritualmen.te arrebatado, euma congregação, ao ouvir um coro bem tremado, com ~~asaprimoradas vozes a cantar, sentir-se-á transportada em espmtoaos lugares celestiais.

João apresenta outra cena de regozijo na música sob o sÍ~­bolo de um hino de casamento, para assinalar o enlace do Cor~e~roe Sua espôsa. "E ouvi como que a voz de uma grande mult~da~:e como a voz de muitas águas, como a voz de grandes trovoes.Apoc. 19:6. Tal descrição forçosamente sugere a trem.enda ex­tensão tonal e dinâmica dos coros celestes, desde baIXOS pro­

fundos até os mais agudos sopranos. PossIvelmente há u~aalusão também à limitação do ouvido mortal para escutar mu­sica de tão vasto escopo.

"Aleluia: Pois, já o Senhor Deus

Todo-poderoso reina.

Regozijemo-nos ealegremocnose demos-Lhe glória;

porque vindas são as bodas do Cordeiro,

e já a espôsa se aprontou." Versos 6 e 7.

Entre as mais significativas palavr~; :an.tadas ness~ ,grandecelebração estão aquelas denominadas CantIco de MOlses e doCordeiro,'" por unirem a velha e a nova dispensação, cantadascomO'são pelos redimidos de todos os séculos.

"Grandes e maravilhosas são as Tuas obras .. _

Justos e verdadeiros são os Teus caminhos,

Page 92: Música em Minha Bíblia

184 MÚSICA EM MINHA BíBLIA

índice Escriturístico

23:30 ...••.•.••.• 9225:1 67, 9225,5 .........• 88, 12428: 19 8429:22 8429:28 .........•.• 89

11 CRôNICAS5:13, 14 ......••. 936:41 94

13:14 ...........• 3429:26-31 14629 :27 9635:25 115

68:17 .....•.••.. 18170 14781 14881: 3 42, 13482 14889:52 13892 14892:3 9792:5 15093 14894 13896:6 9298:5 14498:5, 6 .•........ 97

100, 55, 147104:24 149104: 3, 24, 33, 34 74106 20, 21, 147106: 19, 20 ..•.•... 40107:6, 13, 19, 28 .. 147107:8, 15, 21, 31 148113-118 ..•... 149, 164114:1, 2 ...••.••.• 171117 ........•. 164, 165118:26 ••....•.... 163122:2, 7 ...•••.••• 157125 . . • 95132:3-5 "......... 83132:8 •. . . • . . . • • . . 91132:16 •.....•..•. 95132:17 ••....•..... 94134 ...........•.• 142134: I, 2 .••....... 142135 ..•......•.... 139136 96, 147, 149, 177136:1 •.••...• 95',135136:25 ..•.....•.• 149137 ......•.•..•.. 123142 .••..........• 145142:7 177149 ." . . • . . . . . . • . • 21149:3 27150:1-5 ....•••... 154150:4 •.......•..• 104150,5 ...........• 56

PROV:llRBIOS5:18,19 ......•.. 102

CANTARES2:8, 14 1042:10-12 1028:6 103

ISAíAS5:11, 12 1106:3 ...•.....••.• 179

12 ............•.. 2112:3 14112:6 ............• 2123:15,16 11124:8 .•...... 110, 11724:9, 11 110

(185)

1411381411413589

143146

1314

17845

14574

146149149151157154148181160

8415110410515015314815114715115184

149149

13635

135136136

NEEMIAS

ESDRAS.. .. ... 133,

11 .

2:653:103:10,6:167:10

21 :1230:3138:4-739:25

8:7 .8:8 .8:17 .9 .......•..•.•..

12:31-35 ..••.•••••12:36 .......•••..12:43 .....•....•.12:45, 46 .

JO

SALMOS1 ••....•••••.•.•8:3, 4, 9 ..••...•9 ....•.•....•....

19 .1!:\;:1 '......... 74,22:12,13 ...•.....22:22 ..........•.23 ••...•••••••••••24 •..••••....•..•24:7, 10 ..... 180,30 .•....•...•.••.40:2 .42:11 .45:8 .45:15 .46 ......•......••47:5 .48 •••••••.•..••••53 ..•...••.••.•••54 ..•...•........56·60 .62 .•.••..••....•.62:2 .65: 11-13 ••••..•••67:4-6 ..........••

G~NESIS4:21 11

31 :27 13nxoDo

12:21, 22 13812:35, 36 3l15 1815 :20, 21 2319:19 41, 4232:5,19 3832:17, 18 37

LEVíTICO23:24 13425:9 43

NúMEROS10:1,2 3110:5, 6, 9 3410:10 .•...•.. 134, 143

DEUTERONôMIO31:22 .•.•.•.••.•• 4931:26 •.•...•.•... 5132 •.•....•....... 5432:4, 11, 12 ...••• 4732:44 ••••.....••• 48

JUIZES4:5, 9 ..•••.•••• 615:3, 9, 12, 21 •.•• 645 :4, 20-22, 25 625:6,8,13,16,17 •• 615:7 •..•..••..•.• 605:12 .••.•.••...• 635:2'6-31 •..•....• 635:31 .•..•.....•• 65

11:34 ...•.•.•.•.. ~4I SAMUEL

10:5 .•....•.••...• 6613:3 •.•.•.••.• 44, 4516:17, 18, 23 7218:6 .....•..• 25, 58

11 SAMUEL1:19-27 ....•.... 115

6:12-15 •.•..••... 7718 :33 •.••.....•.• 116

22 •.•...••..•..... 99I REIS

18 :26-29 108I CRôNICAS

9:33 ..•.••.••.•. 8515:16 ...••......• 5515:19 56, 58, 7815:20, 21 ....•.... 7815:28 •.....•.••.. 8216 .•.•...•...••.• 8016:9, 31-33, 36 •.•• 8122: 5 •.••..••...... 8323:1 .•.•••....•.. 8423,5 .•.••........ 89

Ij

f­I

Ó Rei dos santos ...

Tôdas as nações virão e se prostrarão diante de Ti."Apoc. 15:3 e 4.

Então, como apropriado clímax do grande drama da redençãoe do desenvolvimento da música sagrada, os redirnidos ao redordo trono de Deus cantam novamente: "Digno é o Cordeiro quefoi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e fÔrça, ehonra, e glória, e ações de graças."

Page 93: Música em Minha Bíblia

186 MúSICA EM MINHA BíBLIA

Menção Escriturística dos Instrumentosnebel (harpa) I Sam. 10:5; 11 Sam. (,:~I

I Reis 10:12; I GrÔn. 13:8; 15:16, 20,28; 16:5; 25:1, 6; 11 CrÔn. 5:12; 9: III20:28; 29:25; Nee. 12:27; Sal. 33:J.157:8; 71:22; 81:2; 92:3; 108:2; 1·1'1:'11150:3.

psanterin (saltério) Dan. 3:5, 7, 10, 15.sabeca (triângulo) Dan. 3:5, 7, 10, 15.salpinx (trombeta) Apoc. 1:10; 4:1; 'J: "li

18:22.shalishim (cimbalos) I Sam. 18:6.shophar (trombeta de chifre de canH'ir"I

~xo.19:16, 19; 20:18; Lev.25:'1; l"'.6:4, 5, 6, 8, 9, 13, 16,20; Juí. 3:27,10134; 7:8, 16, 18, 19,20,22; I Sam. 1\: \1

IISam.2:28; 6:15; 15:10; 18:1(,; J.O:I.22; I Reis 9:13; I GrÔn. 15:28; 11erl\'L15:14; Nee. 4:18, 20; Jó 39:24,.',~1Sal. 47:5; 81:3; 98:6; 150:3; ISIl. 11\11,27:13; 58:1; Jer. 4:5, 19,21; (':1, 17,42:14; 51:27; Ezeq. 33:3,4, 5, (" ll"i',5:8; 8:1; Joel 2:1, 15; Amós 2:2;1:",Sof. 1:16; Zac. 9:14.

symphonia (gaita de foles) Dan. 3:', '/,10, 15.

tseltselim(cimbalos sonoros) 11 8",", r, I~1Sal. 150:5.

toph (tamboril) Gên. 31:27; ~xo, 1~1.',lI,Juí. 11:34; I Sam. 18:6; 11 SU1I1. r"~1I CrÔn. 13:8; Jó 21:12; Sal. HI:;!; ",'I,3; 150:4; Isa. 5:2; 24:8; Jcr. ~ll"IiEzeq. 28: 13.

ugab (flauta de junco) Glln. ·1::.ll, j,121:12; 30:31; Sal. 150:4.

aulos (flauta) s. Mat. 9:23; I Cor.14:7;Apoc. 18:22.

keren (buzina) Lev. 23:24; Jos. 6:4, 5, 68, 9, 13; Dan. 3:5, 7, 10, 15.

khatsotserah (trombeta) Núm. 10:2,8,9,10;31:6; IIReis 11:14; 12:13; ICrÔn.13:8; 15:24, 28; 16:6, 42; 11 Crlln. 5:12, 13; 13:12, 14; 15:14; 20:28; 23:13; 29:26, 27, 28; Esd. 3:10; Nee. 12:35, 41; Sal. 98:6; Osé. 5:8.

khalil (flautas) (gaitas) I Sam. 10:5; 11Reis 1:40; Isa. 5:12; 30:29; Jer. 48:36.

kinnor (harpa, lira) Gên. 4:21; 31:27;I Reis 10:12; I GrÔn.13:8; 15:16,21,28;16:5; 25:1, 3, 6; IICrÔn. 5:12; 9:11;20:28; 29:25; Nee. 12:27; Jó 21:12;30:31; Sal. 33:2; 43:4; 49:4; 57:8; 71:22; 81:2; 92:3; 98:5; 108:2; 137:2;147:2; 149:3; 150:3; Isa. 5:12; 16:11;23:16; 24:8; 30:32; Ezeq. 26:13.

kithara (harpa) I Gor. 14:7; Apoc. 5:8;14:2; 15:2; 18:22.

kithros (lira) Dan. 3:5, 7, 10, 15.kumbalon (cimbalos) I Cor. 13:1.mashrokitha (flauta dupla) Dan. 3:5, 7,

10, 15.menaaneim (pandeiros) 11 Sam. 6:5.minnim (instrumentos de cordas) Sal. 45:8.mitziltayim (cimbalos hebraicos) 11 Sam. 6:

5; I CrÔn. 13:8; 15:16, 19, 28; 16:5,42; 25:1, 6; 11 CrÔn. 5:12, 13; 29:25;Esd. 3:10; Nee. 12:27.

(187)

Buchanan, sÔbre O comprimento dastrombetas 31

CANTANDO no tempo de Esdras137, 138

"Cântico da Rocha" 99"Cântico de Moisés e do Cordeiro" 183Cântico de Moisés 20, 28"Cântico de Simeão" (Nunc Dimittis)

176"Cântico de Zacarias" (O Benedictus)

176"Cântico do mar," significado de

21, 22"Cântico dos Cânticos" de Salomão

99-106razões para grandeza do 99

"Cântico dos degraus," e Jesus 157explicado 145

Cântico Judeu, características de 54Cânticos espirituais 176Cânticos na igreja primitiva, três

tipos 172na hist6ria sagrada 99

Cânticos preservados pela tradição 53Cantilena para despertar o interêsse 52Cantochão, melodia do 20Canto de Débora e Baraque 99"Canto de Débora," no orat6rio 64, 65

plano da música de 64um dos mais antigos escritos

hebraicos 63"Canto do Arco," réquiem 115, 116Cantores nos serviços do segundo

templo 136, 146para o côro do templo, treino dos

146Casamento, hebreu, descrito 103

música, com tambor, harpa, oboé 110salmo 45 94

Cativeiro em Babilônia 122fim da música de Tiro em Israel 113

Céu - música do 178-184

BAAL, culto 107-109Bezerro de ouro, de Arão 37Bruce fala da harpa egípcia 87

índice Geral

ABRAÃO e sacrifício de Isaque 42Acentos como sinais musicais 53

origem e explicação de 137-140Adão, cântico de 99"A Despedida," canto kaddish 119Ageu, Zacarias, profetas 132Alamoth 78, 150Alarme, tocado por trombeta 34Aleluia dos coptas 39Amor, casamento em Cantares de

Salomão 99Ana - cântico de 99"Antífona nacional dos judeus"

salmo 136 96AntifÔnico, cantando, cÔro, 37, 176

aperfeiçoado por Davi 20definido 19do salmo 132 91hist6ria, encanto de 19, 20na dedicação do primeiro templo

93-95na procissão coral de Davi 80no cântico de Débora 64no segundo templo 143, 147por anjos 20, 175

na ascensão de Cristo 180no nascimento 180perpétuo no Céu 179

Arábica, melodia 75Arca, transporte de, em procissão 55Arco de Tito, trombetas no 32"Ária Nacional, de

Chumba" 130, 131Artaxerxes Longimanus 136Asafe, dirigente musical

56, 67, 78, 85, 88, 92,134, 145, 151

escritor do salmo 81 43Ashkenaziana, melodia 18

tons nos cantos de 54

Para instrumentos musicais, veja referências sob "instrumentos lnencionados na Bíblia."

l('H

17')IH I

lHI

IH216111 H2lH·1J 17lH~121

3:28

11:3412:1913:15

~SIOS5:18, 19 172

HEBREUS

11S. JOAO

16:25 16(,I CORíNTIOS

4:16 1(,110:4 ...•......... 5010:7 3H13 17(,13:1 %14:7, 8 ..........• 1('H

GALATAS

APOCALIPSE4:8,11 .5:12 .5:13 .7:10,12 .9:14 .

14:3 .15:3,4 183,18:19 .19:6,7 .21:4 .19

136

45

14358

16'·117163163155

176155180161165

162160162165165165

AGEU

7:22

6:29:23

13:4421:926:30

9:914:20

S. MATEUS

SOFONIAS1:15, 16 .

ZAGARIAS

2:9

S. LUCAS1:29-35, 46-55,

68-79 .1:46, 47 .2:14 .4:18 .

24:52 .S. JOAO

10:4, 27 .10:22,23 .11:43, 44 .15:11 .16:20, 22 .17:13 .

ATOS

36

45

105113

JOEL

AMóS

OMIAS

105, 181............ 110. . . . . . . . . . .. 121

EZEQUIEL

5:8

2:1

DANIEL3:4, 5 1223:29 131

3:6 •...........• 445:16 1165:23 107, 109, 1136:1-6 1136:5 89

35:1038:2065:19

JEREMIAS7:34 1039:17, 18 116

22:18 ........•..• 11631:4 27

LAMENTAÇõES1:1 120,1213 1153:3 1195:15 117

23:4126:13

Page 94: Música em Minha Bíblia

188 MÚSICA EM MINHA BíBLIA

íNDICE GERALClemente de Alexandria - hinos 175,176

uso de instrumentos 173Compositores inspirados pelo "Cântico

dos Cânticos" 106Copta, música 39"Corça da manhã" Salmo 22 151Corais 37-40"CÔro da tribulação" canta um nôvo

canto 182Coros no Céu 181Criação, música na 178

DANÇA de Miriã 26Dançando entre mulheres hebréias 24Davi, aperfeiçoou o canto coral 20

boas-vindas aos cantores depois davitória 58

cantando de, para Saul 72-76desenhou instrumentos musicais 89e dança 25leva a Arca para o Monte de Sião

77-82mais talentoso dos músicos da

Bíblia 55planejou a música para o templo

85-89Débora, profetisa, canto de 60-65Dedicação do templo de Salomão 91Dia da Expiação, e Jubileu 42-43

na restauração do templo 134Dia de ano nôvo, e salmos 149

toque da trombeta 134"Doce é Tua misericórdia" 97

EGíPCIO, canto coral 39canto de amor 112tambores 26

Egito, música e dança no 19, 24, 39Entonação do Cântico dos Cânticos 99Escola dos profetas e música 66-71Esdras, e Neemias fazem a celebração

46

e trombetas de prata 35trabalho de 136, 137

"~ste Canto" 99colocado ao lado da arca 51, 52como foi escrito no hebraico 51mais importante depois do Decálo-

go 52Etã, líder musical 56, 78, 145, 151Eúde e o shophar (trombeta) 44

FARAó da opressão 24Fenícias - môças dançarinas 111Festa da Dedicação 160Festa das Trombetas 43, 133, 13HFesta dos Tabernáculos 133, 141, 14').

159, 160lembrança do ~xodo 21

Festa na dedicação do 2.0 templo HOFestas de vinho 110"Festival Te Deum," 170Filha de Jairo, A, cantata 118Funerais nos tempos bíblicos 115, 11(.Funeral, música 114-121

GALPIN, sôbre trombetas esacrifício 35

Gideão e o shophar 44"Grande Aleluia", salmo 154"Grande Assembléia" 138Grande Hallel 125Grega, em casamentos, música 104

HAENDEL, Débora 65Israel no Egito 21O Messias, fiAria para Baixo" 79

fiAria para Soprano" 143Sinfonia Pastoral N.o 13 15-'

Haydn, A Criação 179Hemã, na escola dos profetas 66, m.

69, 71líder musical 56, 67, 78, 85, flH.

92, 145Hinos - origem e propósito dos 172

174Hinos, uso de, por cristãos 175

ISRAEL, população de 30Imagem de Nabucodonosor 122, 121Imagem, música da dedicação da

122-131Instrumentos, desenhados por Davi

89

em Babilônia 130invenção de 14no salmo 150-154

Instrumentos mencionados na Bí]'1illalaúde, descrito e ilustrado 86, fl7

usado na cerimÔnia de Esdras 5(,Aulas (Flauta) descrito 169

usado em lamentação 117buzina, na dedicação da imagem 122

Chalel (flauta) não usado notemplo 86

usado nas escolas dos profetas69, 70

usado em lamentação 117Chatsotserah (trombeta de prata),

descrita e ilustrada 31, 32na orquestra de Davi 34no segundo templo 142tocada sOmente por sacerdotes 34usos 34veja trombeta de prata

clmbalos 154 4ilustrações de 57

na música do templo 88, 92, 94

no segundo templo 142para louvor e "alegre ruído" 55,56

tipos e uso 56-59corneta veja buzinadulcimer descrito 129

veja gaita de foleseirnus, tambor usado em lamenta­

ção 117flauta 157

usada na escola dos profetas 69veja pífaro

flauta dupla Assíria 124, 125gaita de foles, alcance e som de

126, 127descrito 126história de 125, 126na dedicação da imagem 122, 125

harpa 67, 68,129, 157egípcia, ilustrada 68invenção de 14, 15na dedicação da imagem 122na música do templo 92, 94na procissão de Davi 78, 82nos salgueiros 113, 133

Keren (buzina) 130, 134descrita 88-124ilustração do 88na dedicação da imagem 124

Kinnor (harpa, lira) 11, 14comparado com o nebel 67, 68construção do 70cordas no 70e salmos 150e toph silentes no prantear 117

na escola dos profetas 70na procissão 78, 82no segundo templo 142tom do 70

189

usado no templo 86usado por Davi 73, 75, 82

Kithara (harpa) descrito 168, 169Kithros (lira) 130, 132lira 11-13, 127

ilustração da 87na dedicação da imagem 122na música do templo 92usada na cerimônia de Esdras 56

macho I (dançando?) 24magrepha (órgão) 157, 158mashokitha (flauta dupla) 130

na dedicação da imagem 122,124, 125

metsiltayim (clmbalos) 140uso de, nas Escrituras 58

michtan nos salmos 151minnim (instrumentos musicais),

harpa quadrada 104, 154nebel (harpa) 67, 68, 150, 154

descrita e ilustrada 68e kinnor na orquestra 97, 94na procissão de Davi 78, 82no segundo templo 142tom do 68, 70usado em cultos mistos 109usado no templo 86

nehiloth (flautas) nos salmos 150oboé 69, 157

ilustração de 69nos ensinos de Jesus 162, 163

órgão veja pífaropífaro 11-13

assírio duplo 124, 125duplo descrito 124, 125na dedicação da imagem 122

saltério veia harpasabeca (triângulo) 122, 127, 130

ilustração da 128sackbut veia triângulosalpinx (trombeta) 168, 169shalishim (címbalos) como choca-

lho 58shophar (trombeta de chifre de

carneiro) 41, 47, 154chamada do 46, 47como era preparado 42e a queda de Jericó 43, 44e o número 7, 44história do 41, 42, 46nos escritos de Paulo 168

Page 95: Música em Minha Bíblia

190 MÚSICA EM MINHA BíBLIA íNDICE GERAL 191

som do, descrito 42, 45, 47tom do 45, 46usado no dia do ano nôvo 134usos do 41, 44, 45

"sinos" de Zacarias 58simphonia (gaita de foles) 122, 130sistro 58

syrinx (flauta de pan) 12, 13ilustrada 13

tabut veja tophtambor, flauta, no culto a Baal 109

nos casamentos 104veja tamborim

tamborim, descrito 26usado para dar a Davi as boas­

vindas 58timbrel 26

e dança 23-29ilustração do 27

toph (tambor, tamborim, timbrel)14, 26, 154

ilustrações do 27não usado no templo 86para barulho alegre 55tocado nos serviços do segundo

templo 136uso do 26, 27, 69

triângulo na dedicação da imagem122

descrito e ilustrado 127, 128trombeta 157, 169

chifre de carneiro, tocado poroutros que não eram sacerdo­tes 34, 35

em moedas ilustração de 31na dedicação do templo 92, 97na música do templo 88, 134,

135, 143na procissão de Davi 78, 82para comunicação 30, 31prata, alcance natural da 33prata, tocado só por sacerdotes

34prata, voz da 30, 36tom da 33

trombetas de prata, usos da 36, 41ugab (flauta de junco) 11, 14, 154zamr (oboé) ilustração 69

Invenção de instrumentos musicais 14

JAIRO, filha, funeral 117, 121Jedutum, músico 67, 85, 88, 92, 131

Jefté, filha de, tamborim 24Jeroboão, bezerros de ouro 109Jesus, e lamentadores alugados I17.

121e música 155-165e Páscoa 163-164na sinagoga 164na última Ceia 164

Jezabel, Acabe e Elias 108João, o Batista 155

o revelador (apóstolo) 22Jônatas, sua vitória e o shophar 'HJosefo, sôbre "~ste Cântico" 51

sôbre música dos judeus 133sôbre o uso do shophar 43sôbre trombetas 31

Jó, sôbre o uso de instrumentos 13, l-IJosué, cântico de 99

e a queda de Jericó 41Jubal, criador da lira ou da flauta Oll

pífaro 11, 12

KADDISH, canto fúnebre 118, 11')

LAMENTAÇÃO entre israelitas 11'1,115

Lamentações, livro de, 119, 120Lamentações por mulheres 116"Ledavid Baruk" 96"Louvor ao Deus de Abraão" 174"Louvores" ou salmos em hinários 144

MACHOL (dançando) 24não é usado em lamentação 117

Madeira para instrumentos musicais89

Magnificat, A 155, 156Maschil nos salmos 151Mears em salmo 136 96Melodias do povo nos salmos 151Melodias para salmos 151Mendelssohn, São Paulo, "Aria para

tenor" (N.o 40), 80Miriã a profetisa 19, 23Moisés, canto de 17-22

compositor de "Canto do mar" 9,99

"Despedida" de 99e "~ste Canto" 48-55e shophar 41, 42inspirado pelo E. Santo 17no ~xodo 17

Mulheres, na igreja apostólica 168nos serviços religiosos 23

Música p/ interlúdio 151Música, da igreja cristã primitiva,

uma mistura 170do Céu 178-184dos patriarcas 15em terapeutica 72nas igrejas cristãs apostólicas 167para os exilados que voltaram 133

NEEMIAS e as trombetas de prata 35Neemias planeja a dedicação do tem­

plo 142Neginoth ("música de cordas") nos

salmos 150

ORQUESTRA, do templo nos tem­pos de Jesus 157

instrumentos, grupos de 146nas escolas dos profetas 70

"PALESTRINA" 106Palmas, por lamentaclores pagos, ba­

ter 116Páscoa, hallel da 164, 165Paulo, e Silas cantam na prisão 176,

177estória de 166, 167

Penitencial, canto, dos Judeus Ger-mânicos 75, 76

Pentateuco, modo definido 53"Pentateuco" na música 139PentatÔnica, escala, nas escolas 70Pentecostes e salmos 149"Peregrino", tom 20, 21Peregrino, salmos 145, 157Philo, sôbre treinos musicais de Moi-

sés 19Plínio, sôbre os cristãos cantando 175Primitiva, música 14Procissão com música, uma inovação

78Procissões na mudança da arca 55"Profetizando", definido 67

"QUEM confia no Senhor" 95

RITUAL dos sacrifícios e trombetas35

S'AALCHUTZ sôbre dançarinas 24

Sábados, salmos para 148-150Salmo de louvor, 148Salmo do Pastor 154Salmo para o dia de festa 149Salmos, autores de 145

como cantos 94, 145divisões de 144, 145

Salomão e o shophar 44SaIU, sacerdotes dançarinos 25Samuel e a escola dos profetas 66, 67"Santo é Deus o Senhor" 182Santo Inácio sôbre cântico pelos

anjos 20Saul e Davi 72-76Seba, Absalão e o shophar 44Segundo templo, dedicação do 132-

143hinário do 144-154término 136

Selah 153usado com címbalos 59

Sephardicos, cânticos 53, 54, 171melodia para o salmo 91 81,

82S'ephardin, definido 18"Serenata" em Cântico dos Cânticos

106Shema Kolli 159Sheminith, analisado 78Sheminoth, nos títulos dos salmos

150Sinagoga, história e serviços da 160,

161

Sinai, apostasia no 37, 38"Sinais de mão" para música de can-

tos 53Sísera ameaça Israel 61Sófocles sôbre mulheres na dança 28

T ALMUDE sôbre a leitura da Bíblia52

Te Deum Laudamus 170

Tekiah, por trombetas de prata 35na sinagoga 46

Templo, de Salomão 23música da dedicação 90-98restaurado por Zorobabel 132, 133

Tenor e baixo nas procissões deDavi 79

Teruah, na Festa das trombetas 134na sinagoga 46por trombetas de prata 35

Page 96: Música em Minha Bíblia

192 MÚSICA EM MINHA BlBLIA

Tiro, mUSlca de 107-113Tonus Peregrinus 20, 21, 171Tutmés I 24

VERSOS paralelos do Cântico deMoisés 19, 20

"Voz de Lamento" 114-121

WHITE, Ellen, sôbre a loucura ,1L'

Saul 76

sôbre dança 25sôbre uso de trombetas 35

YOM KIPPUR e o shophar.47

ZOROBABEL, líder na restauraçãó132-136

Zulus, dança entre os 25

579