música e tecnologia o som e seus novosinstrumentos

65

Upload: ivan-litenski

Post on 05-Dec-2014

128 views

Category:

Documents


8 download

TRANSCRIPT

Page 1: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos
Page 2: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

A Coleção CONEXÕES MU-

SICAIS focaliza o diálogo da

Música com outras áreas do

saber. Diversos ramos da Ci-

ência (Física, Matemática, In-

formática), da Filosofia, da E-

cologia, da Antropologia, entre

outros, há muito são parceiros

da Música e suas discussões

resultaram em um patrimônio

cultural que não cessa de se

aperfeiçoar e inovar.

Com textos concisos, objeti-

vos e explicativos, a Coleção

CONEXÕES MUSICAIS pre-

tende ser uma introdução às

questões específicas de cada

uma das áreas tratadas, além

de realçar aspectos concer-

nentes à interdisciplinaridade,

aos temas transversais e à na-

tureza polifônica do conheci-

mento humano.

Escrito por profissionais a-

tuantes, especialistas também

em educação, esta Coleção

busca interlocutores ousados,

criativos e capazes de fazer

inúmeras outras "Conexões"

com o sabor e com a arte.

Page 3: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

E TECNOLOGIAo som e seus novos instrumentos

N° Cat.: 41-L

Irmãos Vitale S.A. Indústria e Comérciowww.vitale.com.br

Rua França Pinto, 42 Vila Mariana São Paulo SP

CEP: 04016-000 Tel.: 11 5081-9499 Fax: 11 5574-7388

© Copyright 2004 by Irmãos Vitale S.A. Ind. e Com. - São Paulo - BrasilTodos os direitos autorais reservados para todos os países. Ali rights resetved.

Page 4: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

CIP-BRASIL CATALOGAÇÃO NA FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

Z85m

Zuben, Paulo, 1969 -Música e tecnologia : o som e seus novos instrumentosI Paulo Zuben - São Paulo: Irmãos Vitale, 2004- (Conexões musicais)

Contém glossárioInclui bibliografia

ISBN 85-7407-178-1ISBN 978-85-7407-178-7

1 - Música por computador2 - Processamento de som por computador3 - Instrumentos musicais - inovações tecnológicas.

IMAGENS

USB - Midisport 8X8, tela de midi do Protools, tela do software Finale 2004, telade edição do ProTools, estúdio com sistema ProTools, interface 192 Digital -ProTools Digi Design e tela dos plug-ins de compressão e equalização 'T-Racks,gentilmente cedidas por Quanta Music, uma divisão da.Quanta Brasil.

I - Título11 - Série

004-0664 CDD-781.0285CDU-781.004

15.03.04 18.03.04 005856

Créditos

COORDENAÇÃO DE PROJETO

YaraCaznok

REVISÃO DE TEXTO

Maurício Santos

CAPA

Renato Ranzani Franco

DIAGRAMAÇÃO

Wiliam Kobata

COORDENAÇÃO EDITORIAL

Márcia Regina Vicente e Cláudio Hodnik

PRODUÇÃO EXECUTIVA

Fernando Vitale

Page 5: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

CONEXÕES MUSICAIS

MÚSICA E TECNOLOGIAAPRESENTAÇÃO

A im ortância da no 0_ .a em nosso cotidianoL_Rem recisa ser discutida: se la.nâo.nos.organizamos,

~ não nos locomovemos"não nos c unicamos mais nãoZ nos ensamos mais. Se, ara os mais velhos, os avanço~/}"' te~_ 'cos re resentam facilidades e benefícios acres-Df" cidos um m .d.Q ida-que.....ç,QJ:}..WUOlJ,grTM"-.fO-moJo,

q\iEalter~do, para os mais jovens a mudans,a foi radical.n'pYas_g.exações têm sua forma de aj!*@eft~,sem erce ão, suas estratégias de a rendizado seu en-samento, etl.-~€@-FlStttlÍ€l€).S,.com e par-tir-EJ,€luma..int~sa interação com.os.mei s eletroeletrônicos.

Na música, pensada como ciência especulativa eou em seus aspectos artístico-estéticos, as transforma-ções trazidas pela tecnologia são incomensuráveis. Asformas de compor e de tocar mudaram, as maneiras deouvir e armaz,enar música são outras, a música é outra.Neste livro, Música e Tecnologia - o som e seus novos instru-mentos - Paulo Zuben, jovem compositor e professor demúsica introduz o leitor curioso em saber o que são bits,DAT, MP3, chorus e MIDI, ao mundo das relações entrea música e a tecnologia. Ampliando nosso conceito detecnologia, Zuben nos mostra que tanto a escrita musi-cal (nos séculos XI e XII) e o desenvolvimento dos ins-trumentos musicais (nos séculos XVIII e XIX), quantoos supercomputadores do século XXI são frutos de umúnico pensamento e de uma mesma linha de desenvolvi-mento.

A condução dos assuntos - as propriedades dosom e da eletricidade, os novos instrumentos eletrônicose suas sonoridades, a informática e seus usos no meiomusical, sons analógicos e digitais, entre muitos outro -é feita de maneira concisa e objetiva, com terminologia eexplicações acessíveis e completas, permitindo que

Page 6: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

Vara CaznokCOORDENADORA DA COLEÇÃO

"CONEXÕES MUSICAIS"

gos se aproximem, com segurança, de .questões técnicas, es-téticas e conceituais. Para os já iniciados em algumas das.duas áreas - música ou tecnologia - o autor facilita as dis-cussões sobre interdisciplinaridade, conexões, autonomia,interdependência e outros tipos de relacionamento que po-dem se dar quando dois campos de saber congregam suasforças para experimentar, criar e inovar.

Para todos nós, das áreas da educação e da cultura,fica a obrigação de nos mantermos atualizados para não sóacompanharmos nossos jovens interlocutores, mas para po-dermos ser fomentadores de futuras discussões indispensá-veis a suas vidas profissionais, intelectuais, artísticas e pes-SOalS.

Page 7: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

ÍNDICE

Introdução 07

Parte IA eletrônica e a informática na música 11- As propriedades do som 13- As propriedades da eletricidade 19- Os instrumentos musicais eletrônicos 23- O protocolo MIDI 29- O computador na música 35

Parte 11A interação entre os sonsanalógicos -e digitais 39- Os procedimentos ligados à conversão dos

sons analógicos em digitaise vice-versa 41- A gravação digital 47- A manipulação dos sons por meios

analógicos e digitais 53

Glossário 55

Bibliografia 65- Recomendações bibliográficasem português 67- Outras referências bibliográficas 68

Page 8: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

INTRODUÇÃO .~~~~

o termo "tecn~a'" segundo o dicionário Houai.cr,..prov..ém dogrego tekhnología - tratado ou dis~çfuLSDbre..l]ma..at.t.e,..ex.posiçã.o das regrasde uma arte - e é formado a partir do radical ~go tekhnQ=-(sk..ti1:.~e,W9ústria, ciência) e dQ di.(;al~g:1ieg@logía,..,d~ogos.....-..lIDguag!4U, 012osicão).Tecnolo ·a si ·fiça 12ortanto, o estudo das técnicas de um ou mais ofíciosQU domínios <ia ativi~Hoje em dia o te _ é mai; utilizadopara si. .ficar o conjunto das técnicas ue envolvem conhecimentos m.ocier--nos e com lexos. Por isso, quando falamos aqui em música e tecnologia,estamos nos referindo à música e aos seus novos meios de produção prove-nientes dos conhecimentos adquiridos principalmente após o entendimentoe controle do fenômeno da eletricidade. Sendo assim, o objeto de estudodeste livro é a relação da música com os novos instrumentos eletrônicos ecom o computador.

Entretanto, antes de seguirmos adiante e sem nos desviarmos muitodo assunto principal, vamos relembrar como a tecnologia adquirida ao longodos últimos séculos possibilitou inúmeros ay~nços e melhoramentos na pro-

ção musical, seja na construção de instrumentos, seja na arte da composi-cão e até no desenvolvimento de suportes para a fixação e memorização da

úsica.

Tomemos a notação musical como um primeiro exemplo das muitassformações que a produção da música sofreu no Ocidente. Diante dasas necessidades de escritura composicional e mediante o desenvolvimen-

recnológico dos meios gráficos - como a impressão - e de suporte - como_ pel-, a notação musical evoluiu desde os séculos XI e XII com a fixação

= +isualização da música em pauta, passando durante os séculos seguintescodificação de um novo sistema métrico e rítmico, até a expansão do

=ocabulário de sinais para dinâmica, acentuação e articulação no século XIX.a maneira, a evolução da notação musical tem acompanhado as trans-

ções das estéticas musicais. Nesse período, as publicações e editorasicais se desenvolveram, proporcionando ao público amante de música a

_ ssibilidade de adquirir as partituras de suas obras preferidas. A fixação da_~ musical na partitura tornou-se um meio para sua gravação e, conse-_ -~-emente, preservação ao longo dos séculos.

Page 9: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

~nte o século.-XX,J).ovas est ' tic.as..musicais..toram...criadz..iLCWJl-Od~volvi~5~ da~_Jecnº-lQgias de gravação sonora, primeiramenteanalógicas e depois digitais.~~ca eletroacústica, ..pü1:[email protected],-tr-ab·aThaacom osição direta ente ..tlO_cQmpu.tador"fl:ãü-mais..utilizafldG-a-pattirnra-eemomeio de escritE:...9J.l_dLii~c.~ç.ã.o...da...música. O desenvolvimento de novas------- "

tecnologias de gravação sonora também possibilitou novos meios dea maz~namel1t€),d·a<>fl}HSfea,eeme-as-fisas, CDs e-.D}Jl)s, que transformarama maneira de se produzir, ouvir e consumir a música no século XX.

Em relação ao desenvolvimento tecnológico no melhoramento e nacriação de instrumentos musicais, muitos avanços foram obtidos tanto naconstituição material dos instrumentos - por exemplo, as flautas orquestraispassaram a ser construidas de metal em vez de madeira e as cordas utilizadasem instrumentos como os violinos e violões, antes feitas de tripa, passaram aser construidas de metal ou náilon -, quanto nos sistemas de afinação eemissão do som - por exemplo, o atual sistema de digitação dos instrumen-tos de sopros inventado pelo flautista Theobald Bôhm (1794-1881) na Ale-manha, a invenção do sistema de válvulas para os metais por Heinrich Stôlzel(1780-1884) e a configuração moderna de curvatura mais acentuada dosarcos utilizados pelos instrumentos de corda como o violino, a viola e ovioloncelo, inventada por François Tourte (1747-1835).

Outros desenvolvimentos levaram à criação de instrumentos musi-cais, como, por exemplo, as familias dos saxofones e saxhorns, ambas inventa-

das pelo fabricante belga Adolphe Sax (1814-1894).Outro exemplo são as caixas-de-música, instrumen-tos populares durante o século XIX e que eramproduzidos com a tecnologia refinada dos relojoei-ros suiços. Instrumento mecânico, a caixa-de-mú-sica era uma engrenagem de relógio que impulsio-nava a rotação de um cilindro metálico com algunspinos que faziam soar pequenas lâminas de metal,cada uma delas afinada em uma determinada notamusical. Além de músicas religiosas, as caixas-de-música também reproduziam árias e aberturas dasóperas de maior sucesso do século XIX.

Saxofone alto Posteriormente, novos instrumentos comoos pianos mecânicos, também conhecidos como pianolas, tocavam músicasautomaticamente a partir de registros feitos em rolos de papel perfurado. No

8

Page 10: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

início. da século. XX, a popularidade desses instrumentos foi ctL' Im' ~~Dcom a aparecimento. da gramafane e das primeiras transmis ões de • -

Cem a d@,tt;ici,dMk já fazendoarte da vida das pessaas na início. o.

s..é.culo...,XX,..llp-2Q.Si.u.strumeJ]Jo.s ~tB-co s faram su g'nda,_corn o.r~Ih2!J!1ºJJÜJ.JP~ (também conhecidocomo. Dynamophone), desenvolvido parThaddeus Cahill (1867-1934) em 1906,O instrumento. de Callill. es a apwxi-madamente 00 taneladas usava a prin-

~~~ I • ~."'_

cípio da roda eletromagnética para ge-rar sons transmitidas pela rede telefôni-ca. Naquele mesma ano, Lee de Forestinventou as válvulas, que permitiram aconstrução de amplificadores, dispositi-vos capazes de aumentar sinais de áudiode pequena amplitude. Em 1919, a rus-sa Leon Theremin (1896-1993) apresen-

tou a Aetherophane, que ficou mais conheci-da pela name de seu inventar. O theremin, ins-trumento. eletrônica existente até hoje, é exe-cutada aproximando-se e afastando-se as mãosde duas antenas, uma controlando a altura, aoutra a volume. Mais tarde, em 1928, a inven-tar francês Maurice Martenot (1898-1981) cons-truiu um instrumento. parecida com a theremin,canhecida cama andas Martenat [ondesMarleno~. O aparelha de Martenat é um tecla-do. monofônico em que a executante controlaas natas com a mão. direita (as freqüências eramobtidas par meia de um oscilador de valtageme a difusão. sonora feita po.r meia de um ampli-

ficador e um alta-falante internas) e a volume e timbre com a mão. esquerda.Importantes compositores da século. XX, cama Edgard Vares e (1883-1965)Olivier Messiaen (1908-1992) e Pierre Boulez (1925- ) escreveram parnandas Martenot. Em 1929, a norte-americano Laurens Hammond invemoca primeira órgão. eletrônica, a órgão. Hammond. Outras avança fo

Telharmonium

Theremin

9

Page 11: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

Ondas Martenot

tos a partir de então, como veremos maisadiante, quando falarmos dos instrumen-tos eletrônicos.

Partindo do exposto até aqui, po-demos concluir inicialmente que não é cor-reta a idéia de que a tecnologia só estevepróxima da música a partir do dinamismoe velocidade do século XX. Como vimos,muitas foram as conquistas tecnológicasque permitiram o desenvolvimento da pro-dução musical até os dias de hoje. Muitoembora apenas o presente nos dê a im-pressão de modernidade e complexidade,a arte de se fazer música no Ocidente sem-pre esteve associada à tecnologia. Mas,mesmo assim, não podemos deixar de afir-

mar que as grandes transfor-mações e avanços científicosdo século XX foram funda-mentais para uma maior apro-ximação entre a idéia detecnologia e a música. Essastransformações acontecemcada vez mais rápido, levando-nos a crer que este livro apre-senta coisas que em um futuropróximo já não serão tão mo-dernas e complexas, talvez uma

Órgão Hammond tecnologia obsoleta e ultrapas-sada para as próximas gerações, mas que no presente ainda faz soar umamúsica tão nova para nossos ouvidos.

10

Page 12: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

•PARTEI

A eletrônica e ainformática na música

Page 13: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

As propriedades do som

Antes de falarmos de novos instrumentos musicais e computadores,vamos entender um pouco sobre algumas importantes propriedades do soma partir de um exemplo bem simples: a vibração de um diapasão. Se pegar-mos um diapasão em repouso, perceberemos que ele não emite nenhumsinal sonoro. Isso acontece porque o sistema está em equilíbrio, isto é, o _diapasão não está vibrando e, conseqüentemente, não está provocando mo-vimentação do ar. Quando o diapasão começa a vibrar, ele inicia um movi-mento de vai-e-vem, como um pêndulo. Em um primeiro instante, o diapasãoempurra o ar em uma direção, comprimindo-o. Em seguida ele passa peloponto inicial e continua seu movimento na direção contrária, criando umespaço de menor pressão de ar, ou, mais precisamente, de rarefação. Final-mente, o diapasão retorna ao ponto de equilíbrio inicial. A esse movimentocompleto descrito damos o nome de período ou ciclo.

Um ciclo sonoro pode ser representado pelo desenho de uma formade onda conhecida como senóide. No exemplo 1 vemos uma senóide comorepresentação de um ciclo sonoro completo. O eixo vertical indica a amplitu-de da senóide, o que equivale ao seu nível de energia, isto é, a intensidade ouo volume do som. O eixo horizontal equivale ao tempo medido em segun-dos.

Exemplo 1

Intensidade

Representação de uma senóide

Entretanto, como o som se propaga em todas as direções e não so-mente em uma específica, é mais fácil imaginarmos os ciclos sonoros obser-vando o que acontece quando atiramos uma pedra em um lago em repouso.As pequenas ondas que se formam periodicamente a partir do ponto decontato da pedra com a água ilustram perfeitamente os movimentos de ÇOIn-

pressão e rarefação do ar em todas as direções.

Page 14: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

Voltando ao nosso exemplo inicial, um diapasão colocado em vibra-ção vai emitir um determinado som de altura definida, que percebemos comouma única nota musical. Fisicamente, é um som de vibração periódica, quepode ser medida em ciclos por segundo, ou Hertz (abreviado para Hz), emhomenagem ao físico alemão Heinrich Hertz (1837-1894). Damos o nomedefreqüência de um som à quantidade de ciclos de oscilação por segundo. Nocaso do diapasão, essa vibração periódica ou freqüência é de 440 Hz ou 440ciclos por segundo. Quanto maior a freqüência de um determinado som,maior a sua altura, isto é, o som é mais agudo. Inversamente, quanto menora freqüência de um som, mais grave ele é. A freqüência de 440 Hz equivaleà nota lá da oitava central de um piano (ex. 2).

Exemplo 2

lá = 440 Hz

Nota lá da oitava central do Piano

A senóide é o mais simples e elementar componente do som. Umsom constituido por apenas uma freqüência, uma só senóide, também é co-nhecido como som puro. Porém, dificilmente encontramos um som puro. Osom puro só existe se produzido artificialmente por um oscilador de fre-qüências, como em alguns sintetizadores eletrônicos. Geralmente, quandoouvimos um som qualquer, estamos na verdade ouvindo duas ou mais ondassonoras que juntas formam aquele som. O francês Jean Baptiste Fourier(1768-1830) desenvolveu um teorema segundo o qual todo som pode serdecomposto em um determinado número de senóides. A essas senóides quecompõem o som damos o nome de parciais.

Quando decompomos o som em seus parciais, obtemos o seu espectro.O espectro de um som nada mais é do que a descrição de um som por meiode seus parciais. Há três tipos de espectro. Quando as freqüências dos parci-ais são valores múltiplos de números inteiros da freqüência do parcial maisgrave (por exemplo: 100 Hz, 200 Hz, 300 Hz etc. ou 110 Hz, 220 HZ,330Hz etc.), forma-se um espectro harmônico (ex. 3). A maioria dos instrumentos

14

Page 15: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

Exemplo 3Relação entre a freqüência

fundamental (primeiro harmônico) eos harmônicos seguintes

A - Fundamental(primeiro Harmônico)Tempo

TempoB(Segundo Harmônico)

C(Terceiro Harmônico)Tempo

Page 16: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

musicais tradicionais produz sons de espectro harmônico, que também sãochamados de sons harmônicos ou sons compostos. Nesse tipo de espectro, dificil-mente somos capazes de perceber cada parcial separadamente, ouvimos ge-ralmente o parcial mais grave, ao qual damos o nome de fundamental. Nossons harmônicos, os parciais também são chamados de harmônicos. A fre-qüência ou nota fundamental é o primeiro harmônico e os seguintes se suce-dem em direção ao agudo, constituindo uma série harmônica. As séries harmô-nicas estão associadas à nossa percepção de altura definida - vibrações peri-ódicas ou quase periódicas.

No exemplo 4 temos parte de uma série harmônica representada emnotas musicais partindo da nota lá duas oitavas abaixo do lá 440 Hz dodiapasão. No mesmo exemplo podemos notar a relação entre a dobra defreqüência (110 Hz para 220 Hz e 220 Hz para 440 Hz) e a oitavação danota musical.

F:x:p.mtJ!n 4

1'1

330 Hz 440 Hz 550 Hz 660 Hz 770 Hz 880 Hz 990 Hz l.JOOHz

110 Hz 220 Hz

Série harmônica da nota lá 110HZ

Quando as freqüências dos parciais de um determinado som são va-lores múltiplos de números fracionários do parcial mais grave (por exemplo:100 Hz, 220 Hz, 315 Hz, 450 Hz etc. ou 110 Hz, 200 Hz, 310 Hz, 430 Hzetc.), forma-se um espectro inarmônico. As séries inarmônicas estão associadas ànossa percepção de altura indefinida - vibrações aperiódicas. Esses espectrosdefinem o que também chamamos de som complexo. Nesse tipo de som, ouvi-mos várias freqüências que não se fundem em uma nota fundamental. Den-tre os exemplos de sons complexos ou de espectro inarmônico temos ossons de sinos.

Já o som formado por muitos parciais saturando uma determinadafaixa de freqüências de seu espectro (por exemplo: 100 Hz, 210 Hz, 220 Hz,235 Hz, 250 Hz, 275 Hz, 300 Hz etc.) é conhecido como um ruído.

16

Page 17: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

Recapitulando, vimos então que existem quatro tipos de som:

1) o som puro, constituído por apenas uma única senóide, que porisso não forma espectro;

2) o som composto ou harmônico, constituído de parciais cujasfreqüências são valores múltiplos de números inteiros do parcialmais grave, que formam um espectro harmônico;

3) o som complexo, constituído de parciais cujas freqüências sãovalores múltiplos de números fracionários do parcial mais grave,que formam um espectro inarmônico;

4) o ruído, constituído de parciais que saturam uma determinadafaixa de freqüência do espectro.

Mas nós também diferenciamos um som harmônico de outro. Umamesma nota musical tocada com a mesma intensidade e duração por umviolino ou por um clarinete é percebida como diferente por nossos ouvidos.A essa qualidade própria do som de cada instrumento musical damos o nomede timbre. A percepção do timbre de um determinado instrumento, isto é, desuas características sonoras, é afetada diretamente pela quantidade e a inten-sidade dos parciais existentes no espectro sonoro emitido pelo instrumento.Além disso, segundo o compositor e teórico francês Pierre Schaeffer (1910-1995), outros dois importantes fatores devem ser levados em consideraçãopara a definição de um timbre: os fransienfes de ataque e as regiõesflrmânticasdo instrumento. Os transientes de ataque são o aspecto instável e transitóriodas freqüências que aparecem na produção física de um som, como, porexemplo, na raspagem do arco sobre a corda de um violino. Nesse caso, nomomento do ataque, a crina do arco raspa sobre a corda e gera um sominstável e transitório do atrito inicial, da energia dispendida para tirar a cordado repouso. Após o momento inicial de contato, o atrito do arco com a cordaadquire certa estabilidade e o som é sustentado com mais equilíbrio. Ostransientes ou transitórios, presentes no início de um som, no ataque, sãoimportantes para a determinação do timbre em diversas circunstâncias, prin-cipalmente no caso de sons de curta ou média duração. Já na vibração de umcorpo sonoro (por exemplo: um diapasão ou um violão), em conseqiiêru -de seu volume, formato e material, certas faixas de freqüência são destacad -ou atenuadas. No caso de um instrumento musical, por exemplo, suatrução determina o realce ou mascaramento de regiões específicas do

Page 18: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

tro - formantes -, independentemente da nota que esteja sendo tocada. Nessecontexto, a região formântica fixa de um instrumento influi para que reco-nheçamos o som desse instrumento, mesmo nas suas notas mais graves oumais agudas.

Q,..ou-vido"huma1!otem a capaciç:lade de erceber fre üências na fai-2Cade 20 Hz a 2<1.QD Hz, Porém, não ouvimos essas freqüências de umamesma maneira. Somos mais sensíveis às freqüências da chamada faixa mé-dia, com a freqüência central de aproximadamente 1.000 Hz, do que dasfaixas graves e agudas. Nossa curva de audibilidade privilegia a faixa de fre-qüências em que se encontra o som da voz humana. Além disso, é nessaregião central de aproximadamente 1.000 Hz que se encontra a maior dife-rença entre o som mais forte que podemos ouvir (limiar de sensibilidade oude dor) e o som mais fraco (limiar de audição). Utilizamos a unidade demedição Watt acústico para determinar o valor da potência de um som, isto é,sua energia acústica. Em uma escala de valores numéricos, o limiar de sensi-bilidade do ouvido humano equivale a 1 Watt acústico de potência. Já olimiar de audição equivale ao valor de 0,000000000001 Watt acústico depotência. Como a diferença numérica entre os valores máximo e mínimoobtida é enorme (1 trilhão), a variação de energia acústica que nosso ouvidopercebe pode ser medida utilizando-se um sistema referencial substituto maissimples, o decibel (dB), que utiliza logaritmos para reduzir grandes faixas denúmeros. Na medição da intensidade do som, o decibel significa a décimaparte da unidade de referência Bel, em homenagem ao físico e inventor nor-te-americano Alexander Graham Bell (1847-1922). Dessa forma, os níveismínimo e máximo de energia acústica, ou pressão sonora, que o ouvidohumano é capaz de perceber, a faixa que vai de 0,000000000001 Watt acús-

tico até 1 Watt acústico, podem ser substituídos por uma escala de O dB(limiar de audição) até 120 dB (limiar de sensibilidade).

18

Page 19: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

As propriedades da eletricidadePara compreendermos melhor o funcionamento dos instrumento

musicais eletrônicos é preciso conhecer um pouco sobre as propriedades dofenômeno da eletricidade, Quando cargas elétricas estão em movimento, di-versos componentes estão envolvidos, como tensão, corrente, resistência epotência. Tomemos um exemplo bem simples para entendermos como essescomponentes atuam: acender a lâmpada de um abajur. Enquanto a ilumina-ção proporcionada pela lâmpada do abajur toma conta do ambiente, a cor-rente elétrica vinda pela tomada em que o abajur está ligado se movimentapassando pela lâmpada e retornando à tomada, percorrendo o que chama-mos de um circuito. O componente elétrico que existe por trás da tomadapara abastecer o circuito e que faz a corrente fluir por ele é o que chamamosde tensão. A tensão elétrica é medida em Volts 01), em homenagem ao físicoitaliano Alessandro Volta (1745-1827). Como o abajur está ligado a umatomada residencial, as tensões mais comuns encontradas são as de 110 V e220 V Pilhas do tipo AA armazenam carga elétrica, só que com uma tensãomenor, de 1,5 V

Há dois tipos de corrente elétrica: contínua e alternada. A correntecontínua é uma corrente elétrica em que o fluxo de elétrons acontece sempreem uma única direção. Quem já viu uma bateria de 9 V sabe que ela po uium pólo positivo (+) e um pólo negativo (-). A corrente elétrica de UID2

bateria sempre sai do pólo negativo, que possui um excesso de elétrons

Voltemos agora ao nosso circuito para que possamos entender me-lhor o que é corrente elétrica. A corrente é o fluxo de cargas elétricas em ummaterial capaz de transmiti-Ia. Todas as substâncias são formadas por áto-mos e, portanto, possuem elétrons. A movimentação desses elétrons, passan-do de um átomo a outro, de modo a formar um fluxo, é o que chamamos decorrente elétrica. As substâncias podem ser menos estáveis, isto é, propensas aperder seus elétrons, ou o contrário, mais estáveis. Alguns materiais perdemelétrons facilmente e por isso são bons condutores para o fluxo de cargaelétrica, como por exemplo a prata, o ouro e o cobre. Outros materiais, maisestáveis, não cedem seus elétrons facilmente e, portanto, dificultam o fluxode carga elétrica, como por exemplo o vidro, a borracha e o plástico. Essesmateriais são também chamados de isolantes. O fluxo de corrente é medidoem Ampêres (A), em homenagem ao físico francês André-Marie Arnpêre(1775-1836).

Page 20: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

seu terminal, e se movimenta em direção ao pólo positivo, que puxa a cor-rente em decorrência do menor número de elétrons em seu terminal. Já acorrente alternada é a que encontramos em nossas tomadas residenciais. Elaé chamada alternada porque troca de direção em intervalos regulares.isto é,muda de polaridade periodicamente. A corrente residencial é de 60 ciclos, oque quer dizer que a direção da corrente elétrica se alterna entre os doisdentes da tomada 60 vezes por segundo. Se medirmos a alternância da cor-rente de uma tomada com um equipamento apropriado chamado osciloscópio,observaremos uma onda senoidal de 60 HZ1.

Já a resistência elétrica é medida em função da quantidade de oposi-ção que o material condutor impõe à passagem dos elétrons. Essa quantida-de de resistência é expressa em Ohms (medida representada pelo símboloQ), em homenagem ao físico alemão Georg Simon Ohm (1789-1854). Ou-tro termo utilizado para resistência é impedância. Segundo a Lei de Ohm, atensão (expressa em Volts ou como "E" nas fórmulas) dividida pela resistên-cia (expressa em Ohms ou como "R" nas fórmulas) é igual à corrente ouamperagem (expressa em .Ampêres ou como "I" nas fórmulas).

LEIDEOHM

Tensão dividida pela resistência é igual à corrente

E/R=I

Se multiplicarmos a tensão pela corrente, obteremos a potência elé-trica, isto é, a quantidade de energia expendida, que é medida em Watts(expressa por "P" nas fórmulas), em homenagem ao engenheiro escocês JamesWatt (1736-1819).

1 Quando ouvimos um som grave invadindo um sistema de som devido ao mau aterramento(ligação de um circuito à terra para evitar o perigo de choques elétricos) dos equipamen-tos, isso significa que a freqüência de 60 Hz, o "som" da corrente elétrica alternada datomada, "vazou" para o sistema. É importante entender que os sinais de áudio são trans-portados usando corrente elétrica alternada, já que mudam de direção de acordo com afreqüência do sinal.

20

Page 21: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

Potência é igual à tensão multiplicada pela correnteP = ExI

Para que possamos finalmente entender o exemplo da lâmpada noabajur, é preciso considerar uma propriedade do fluxo de corrente elétrica: ageração de calor. Quando as cargas elétricas se movimentam por um fiocondutor, elas geram energia em forma de calor e, caso o fluxo de correnteseja muito grande, o fio se aquece e pode começar a incandescer. Esse é oprincípio de funcionamento das lâmpadas e aquecedores elétricos. Aincandescência do filamento da lâmpada depende da tensão, da impedância eda corrente elétrica.

Vamos admitir o valor fixo de 110 V para a tensão elétrica da toma-da. Segundo a Lei de Ohm, para um valor fixo de tensão, quanto menor aimpedância do material, maior será a corrente que o atravessa. O aumentoda corrente acarreta um aumento da quantidade de energia (potência), que éacompanhado por uma maior geração de calor no filamento, fazendo comque a luz proporcionada seja mais forte. Portanto, quando vemos a potênciaem Watts descrita em uma lâmpada, sabemos que quanto maior for essevalor, maior será a corrente que atravessa o seu filamento,

Porém, se ligarmos nosso abajur em uma bateria de 9 V, o quarto nãose iluminará muito. O valor de impedância do filamento da lâmpada perma-nece o mesmo do exemplo anterior, enquanto que a tensão fornecida é mui-to menor (9 V da bateria em relação aos 110 V da tomada). Assim, a correnteé menor, fazendo com que a potência também diminua em relação à ligaçãofeita na tomada. Tudo isso faz com que a iluminação fornecida seja maisfraca.

Outra propriedade do fluxo de corrente é o eletromagnetismo. Quandoa corrente elétrica flui por um fio ela cria um campo magnético ao seu redor.Os captadores de guitarras, microfones e alto-falantes utilizam-se dessa pro-priedade em seu funcionamento.

Para concluir, vamos entender como funciona a conversão dosonoro em sinal elétrico e vice-versa. Alguns aparelhos são chamadostransdutores, isto é, transformam um determinado tipo de energia •...•..•~" .•..•.._•..•..

Page 22: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

Mesmo quando trabalhamos com equipamentos de gravação digital,esse processo de conversão de energia sonora em energia elétrica e vice-versacontinua sendo feito por transdutores como os microfones e alto-falantes.Portanto, toda a tecnologia digital não substitui uma boa captação feita porum microfone de qualidade e uma boa resposta de um alto-falante eficiente.Lembre-se sempre que os melhores equipamentos de áudio são aqueles quemantêm a maior fidelidade entre o sinal de entrada e o sinal de saída, evitan-do perdas e distorções em seu circuito.

Isso é o que faz, por exemplo, um microfone, que converte energia sonoraem energia elétrica. Por meio da vibração de um diafragma em conseqüênciada pressão sonora exercida sobre ele, os dispositivos internos do microfonecriam uma variação de corrente elétrica equivalente ao sinal sonoro. Há qua-tro famílias de microfones: os dinâmicos, que utilizam uma bobina móvelimersa em um campo magnético; os de capacitores, que utilizam umcondensador ou eletreto; os de resistência variável, que utilizam carvão; e ospiezoelétricos, que utilizam cristais para obter o sinal elétrico. Os alto-falan-tes também funcionam como transdutores, pois convertem o sinal elétricoque recebem em energia sonora por meio de uma bobina e um magneto. Oscaptadores de guitarras e baixos elétricos também funcionam comotransdutores, convertendo pressão sonora em variação de corrente.

22

Page 23: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

Os instrumentos musicais eletrônicos

Como vimos na Introdução deste livro, muitos foram os instrumen-tos musicais eletrônicos desenvolvidos durante o século XX, como oTelharmonium de Thaddeus Cahill, o theremin de Leon Theremin, as ondasMartenot de Maurice Martenot e o órgão eletrônico de Laurens Hammond.Porém, é Robert Moog quem inventa o primeiro importante instrumentomusical eletrônico do século XX: o sintetizador. Moog conseguiu substituiros enormes e caros sistemas de geração eletrônica de som existentes atéentão por pequenos e baratos componentes eletrônicos.

Para esclarecermos de antemão uma das confusões mais comunsquando se fala em sintetizadores, vamos definir inicialmente os dois tiposexistentes: os sintetizadores analógicos e os digitais. Os sintetizadoresanalógicos são instrumentos monofônicos que sintetizam seus sons utilizan-do osciladores controlados por tensão elétrica em contínua variação. Ossintetizadores digitais são instrumentos polifônicos que utilizammicroprocessadores internos para programar e controlar os parâmetros desíntese do som. A seguir, veremos em detalhe como funcionam esses instru-mentos.

O primeiro sintetizadoranalógico foi o de Robert Moog,criado em 1964, muito emboraoutros precursores já houvessemdesenvolvido equipamentos si-milares, como Harry Olson e seuElectronic Music Sinthesizer de1955, que criava sons a partir deum sistema de geração efiltragem de uma onda sonora Sintetizador Moogrica em harmônicos.

Sintetizadores analógicos funcionam com osciladores controlados porvoltagem [Voltage Controlled Oscillators - VCO]. Esses osciladores produzemum sinal de áudio cuja freqüência é controlada pela variação de amplitude datensão elétrica. Os geradores de som dos sintetizadores analógicos produ-zem quatro formas de onda básicas (ex. 5): senoidal, quadrada, triangular edente-de-serra. A onda senoidal representa uma única freqüência. Como vi-mos anteriormente, ela também é conhecida como som puro. A onda qua-

23

Page 24: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

drada é constituída apenas de harmônicos ímpares. Uma variante com ligei-ras diferenças da onda quadrada, também conhecida como onda retangular,é a onda pulso [pulse wave]. A onda triangular também é constituída apenas deharmônicos ímpares, mas em uma proporção diferente da onda quadrada, oque faz com que ela tenha uma sonoridade menos brilhante. A onda dente-de-serra é rica tanto em harmônicos pares quanto ímpares.

Exemplo 5

Formas de onda básicas

Ondasenoidal

Ondaquadrada

Ondadente-de-serra

Ondapulso

Ondatriangular

Há basicamente dois tipos de processo utilizados para a geração detimbres nos sintetizadores: a síntese aditiva e a subtrativa. Para entendermosmelhor esses dois tipos de síntese, vamos recordar o Teorema de Fourier,que afirma que qualquer som pode ser decomposto em um determinadonúmero de senóides, o seu mais simples e elementar componente. A sínteseaditiva parte do pressuposto que um som qualquer pode ser construído apartir da fusão de ondas senoidais. Isso inclui também a possibilidade dereconstrução de sons já existentes. O processo funciona da seguinte maneira:inicialmente analisa-se o espectro freqüencial do som a ser sintetizado e,posteriormente, faz-se a réplica do som por meio de osciladores senoidaisanalógicos ou digitais. Já a síntese subtrativa, ao contrário, parte do pressu-posto de que pela utilização de filtros e outros controles sobre as ondasbásicas geradas nos circuitos de VCO ou sobre um ruído colorido ou branco,chega-se ao som desejado.

Os filtros espectrais utilizados nas sínteses subtrativas reforçam ouatenuam uma seleção de faixas ou bandas freqüenciais de um determinadosom, podendo inclusive atuar dinamicamente. Os tipos de filtro basicamentesão de: passa-altos [h~hpass], passa-baixos [Ioupass], passa-bandas [bandpass] ecorta-bandas [bandrdect]. Os sintetizadores analógicos utilizam filtros con-trolados por voltagem [Voltage Controlled Filters - VCF].

24

Page 25: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

Para moldar o perfil dinâmico dos sons, os sintetizadores utilizamcontroladores específicos: os envelopes espectrais. Ao longo do tempo deduração de um som, as amplitudes de suas freqüências têm um comporta-mento dinâmico. Essas mudanças podem ser descritas com auxílio de ummodelo abstrato - o envelope -, que apresenta uma divisão do tempo deduração do som em quatro fases:

1) ataque [attack] - porção do envelope em que a amplitude estácrescendo;

2) queda [dect!Y]- porção do envelope em que a energia do ataqueestá decrescendo;

3) sustentação [sustain] - porção do envelope em que os níveis deamplitude estão mais estáveis;

4) prolongamento da duração final [release]- porção do envelopeem que a amplitude está decrescendo até sumir.

Nos sintetizadores, o tipo de ataque e o tempo de duração do somsão controlados por geradores de envelope conhecidos como ADSR [Attack,Decay, Sustain e Release] (ex. 6).

Exemplo 6

---A---+.! _D_ .-.----s'-----+•.-.---R-----+

Envelope de ADSR

Outro parâmetro controlado nos sintetizadores é a ressonam -zada para caracterizar melhor o timbre de um instrumento. Esse cn;~~

A = AttackD = Dect!Y5 = SustainR = Reiease

Page 26: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

acentua a região formântica do instrumento, que, como vimos no capítulosobre as "Propriedades do som", é uma faixa de freqüências mais proemi-nente que destaca as qualidades espectrais distintivas dos sons dos instru-mentos musicais. Outros controles proporcionam efeitos como reverbera-ção, trêmulo e vibrato e também geram ruídos. Para obter esses efeitos, ossintetizadores utilizam recursos específicos, como por exemplo a modulaçãode amplitude, que cria um tipo de efeito familiar em música, conhecido tam-bém como vibrato de amplitude, muito utilizado pelos flautistas. Na modula-ção de amplitude [AM - amplitude modulation], ocorre a sobreposição de umaonda moduladora - um sinal de baixa freqüência, geralmente abaixo do nívelhumano de audibilidade (20 Hz), também conhecido como sinal de LFO[Low-Frequenry Oscillato~ - a uma onda portadora - um sinal de alta freqüên-cia. O envelope dinâmico da onda portadora altera-se a partir da oscilação daonda moduladora.

Outra importante técnica de síntese de sons é a modulação de fre-qüência, um tipo de efeito também conhecido como vibrato de altura, muitousado pelos violinistas. Na modulação de freqüência [FM - frequenry modulation],uma senóide atua como onda portadora e é modulada por um sinal acima de20 Hz, uma freqüência modulante. Esse tipo de modulação cria bandas late-rais de freqüências a partir da onda portadora, de ambos os lados e simetri-camente distantes, com os valores iguais à soma e a diferença a partir dovalor da freqüência modulante (sons de combinação). Por exemplo, dadoque M (modulante) é igual a 200 Hz, e P (portadora) é igual a 1.000 Hz, emum processo FM teremos como resultado: a própria portadora (P) de 1.000Hz, mais bandas de 1.200 Hz (P + M) e 800 Hz (P - M). O processo damodulação de freqüência foi analisado e codificado por John Chowning eposteriormente utilizado pela Yamaha em seus sintetizadores digitais da sé-rie DX. Em um processo demodulação de freqüência, um Sintetizador DX-7

espectro mais complexo podeser obtido por meio da multi-plicação da freqüênciamodulante por um índice demodulação (I). O processopode ser resumido na fórmulaFM = [P +/- (I x M)]. Porexemplo, dados os valores de

26

Page 27: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

M = 200 Hz, P = 1.000 Hz e I = 3, teremos como resultado de um proces oFM: a própria portadora (P) de 1.000 Hz, mais a banda de [1.000 + (1 x 200)]= 1.200 Hz, a banda de [1.000 - (1 x 200)] = 800 Hz, a banda de [1.000 + (2x 200)] = 1.400 Hz, a banda de [1.000 - (2 x 200)] = 600 Hz, a banda de[1.000 + (3 x 200)] = 1.600 Hz e, finalmente, a banda de [1.000 - (3 x 200)]= 400 Hz. O nível de intensidade de cada uma das freqüências resultantesdo processo FM é calculado por meio da função de Bessel. Como essescálculos são bem mais complexos que os aqui apresentados para a definiçãodas freqüências, não os demonstraremos detalhadamente.

O primeiro sintetizador totalmente digital, fabricado comercialmen-te a partir de 1976, foi o Synclavier. Na década seguinte, muitos sintetizadorescomeçaram a utilizar microprocessadores embutidos em seus sistemas paragerar, controlar e armazenar sons, oferecendo ao usuário muitas vantagens

de programação e baixo custo defabricação para as companhias deinstrumentos musicais. Algumasempresas utilizaram em seussintetizadores sistemas em queosciladores analógicos eram con-

Synclavier trolados digitalmente [Digital!yControlled Oscillators - DCO] para

gerar sinal, enquanto outras fabricaram sintetizadores com microprocessadoresinternos capazes de gerar sons digitalmente. Apenas esses últimos podem serchamados corretamente de sintetizadores digitais.

Existem diversos tipos de sons que podem ser sintetizados a partirde microprocessadores digitais, como os sons obtidos nas sínteses aditivas,FM, granular, por modelagem física etc. Esses sons são facilmente reconhe-cíveis como resultantes de síntese digital, ou seja, possuem qualidades e ca-racterísticas distintivas do processo utilizado. A síntese FM dos sintetizadoresdigitais da Yamaha, por exemplo, funciona combinando vários operadores(geradores de ondas digitais), que são chamados de algoritmos. Cada algoritmoproporciona um tipo de som que define a qualidade própria dos timbres dosintetizadores FM da Yamaha.

Outros processos de geração de sons misturam amostras [sampks)sons pré-gravados com síntese subtrativa, como a síntese LA [LinearA.lriib.ml'li::'t,utilizada pela Roland em alguns de seus sintetizadores. A síntese POi

Page 28: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

Com a tecnologia desenvolvida nos sintetizadores, outros instrumentosmusicais também surgiram, como, por exemplo, as baterias eletrônicas e ospianos digitais. Mas a principal inovação tecnológica dos equipamentos demúsica surgiu com o protocolo MIDI. Veremos a seguir como isso aconte-ceu.

Code Modulation], utilizada em muitos sintetizadores da CASIO, também uti-liza amostras de sons pré-gravados.

Os samplers são aparelhos que gravam digitalmente amostras de sonse permitem sua manipulação e reprodução. Os samplers utilizam conversoresinternos para transformar o sinal analógico em informação digital e vice-versa. A qualidade do som dos timbres de instrumentos dos samplers é maior,pois as amostras utilizadas são os sons originais dos instrumentos pré-grava-dos e não sons sintetizados artificialmente. A capacidade de memória RAM[Random-Access Memory] do equipamento define a quantidade e qualidade dostimbres. O armazenamento das amostras pode ser feito em disquete, CD ouCD-ROM. Voltaremos ao assunto mais aprofundadamente quando falar-mos dos gravadores digitais, inclusive de como funcionam os conversoresdigital-analógico e analógico-digital.

28

Page 29: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

o protocolo MIDITudo começou por volta de 1982, quando Dave Smith, um constru-

tor norte-americano de sintetizadores, sugeriu que os fabricantes concorren-tes de instrumentos musicais concordassem em produzir uma interface pa-drão que permitisse a comunicação entre seus produtos. Um ano depois,regulamentado pela MMA (MIDI Manufactures Association) e JMSC (IapanMIDI Standards Committee), surgiu o protocolo MIDI, estabelecendo oque se tornou um meio extremamente eficiente e barato de conexão entrediversos equipamentos musicais. O termo "MIDI" é um acrônimo de Musi-cal lnstrument Digitallnterface, ou "Interface Digital para Instrumento Musi-cal". Nos anos seguintes, a possibilidade de conexão via MIDI permitiu aentrada definitiva da informática na música, com o desenvolvimento dosprimeiros programas de seqüenciamento e notação para computadores pes-soais. A partir da ampla aceitação e do baixo custo de implementação dainterface MIDI, diversos outros aparelhos passaram a utilizar o MIDI parafins de sincronização, como os sistemas de efeitos e iluminação de palco.

Quando falamos em MIDI estamos nos referindo a muitas coisas: asespecificações técnicas que definem a linguagem de comunicação MIDI, osdispositivos de conexão dos equipamentos MIDI e, também, o formato paracriação de arquivos MIDI.

O sistema de comu-nicação via MIDI é feitopor canais, de maneira simi-lar a uma TV O aparelhoreceptor seleciona o canalque deseja receber a partir USB _Midisport 8X8 - M Audiode um número grande decanais disponiveis. Os sistemas MIDI mais simples funcionam com 16 ca-nais. Ao contrário da televisão, porém, os 16 canais MIDI podem funcionarsimultaneamente e, com ajuda de aparelhos específicos, o número de canaispode aumentar bastante. O usuário seleciona um determinado canal paraque uma informação passe de um aparelho a outro, e repete esse procedi-mento com todos os outros canais disponíveis nos emissores e receptoMIDI.

Os emissores dos sinais MIDI são chamados de controladores. Poriel"il

ser teclados, baterias eletrônicas, guitarras MIDI, seqüenciadores o

Page 30: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

quer aparelho que envie informações MIDI. Os receptores podem ser ossintetizadores, módulos de som, módulos de efeitos, os samplersou o própriocomputador, entre outros.

As ligações entre aparelhos via MIDI é feita por cabos DIN (5 pi-nos), utilizando as conexões padronizadas de entrada e saída das informa-ções, respectivamente MIDI IN e MIDI OUT. Há ainda uma terceira viaque permite o prosseguimento das informações recebidas pelo aparelho, aextensão MIDI THRU. Veremos como a transmissão de dados é feita maisadiante.

As informações que passam via MIDI são muitas. É importante sali-entar que não são sinais de áudio que atravessam os cabos MIDI. São apenasinformações sobre eventos em forma de mensagens MIDI. As principaismensagens MIDI são aquelas que definem a nota que foi tocada (até 128notas podem ser identificadas), a intensidade com que a nota foi tocada(geralmente identificada pelo termo velocity)e a duração da nota (há coman-dos que transmitem as informações de quando a nota é ativada e quando édesativada no controlador). Outras informações também podem ser passa-das via MIDI, como vibrato,pan (estereofonia), portamento, pedal de susten-tação, controladores de expressão etc.

A adoção de um padrão de formatação para os arquivos MIDI em1988, o Standard MIDI File 1.1 ou SMF, permitiu que um arquivo salvo emum programa ou equipamento de um determinado fabricante fosse abertoem qualquer outro, inclusive nos concorrentes. Existem basicamente doistipos de formatos para arquivos: MIDI File tipo O - todos os canais MIDIutilizados são agrupados em apenas um canal no arquivo salvo -, MIDI Filetipo 1 - todos os canais permanecem separados no arquivo salvo.

Com a padronização dos arquivos MIDI, foi interessante aos fabri-cantes compatibilizarem os bancos de informações de timbres de seus equi-pamentos, já que os usuários poderiam então abrir seus arquivos em qual-quer aparelho e ouvi-los com os mesmos instrumentos. GeneralMIDI (GM)é uma padronização adotada pelos fabricantes de aparelhos MIDI que defi-ne a localização de cada um dos timbres dos instrumentos dentro de umbanco de armazenamento para essas informações. O GM também é utiliza-do na internet, em jogos eletrônicos e em programas rnultimídia, Dessa for-ma, uma seqüência musical que utilize o banco de GM (ex. 7) irá tocar os

30

Page 31: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

Exemplo 7

Tabela de localização dos timbres dos instrumentos em GM

001 - Acoustic grand piano002 - Bright acoustic piano003 - Electric grand piano004 - Honky-tonk piano005 - Electric piano 1006 - Electric piano 2007 - Harpsichord008 - Clavicord

009 - Celesta010 - Glockenspiel011 - Music box012 - Vibraphone013 - Marimba014 - Xylophone015 - Tubular bells016 - Dulcimer

017 - Drawbar organ018 - Percussive organ019 - Rock organ020 - Church organ021 - Reed organ022 - Accordion023 - Harmonica024 - Tango accordion

025 - Acoustic guitar (nylon)026 - Acoustic guitar (steel)027 - Electric guitar (jazz)028 - Electric guitar (clean)029 - Electric guitar (muted)030 - Overdriven guitar031 - Distortion guitar032 - Guitar harmonics

033 - Acoustic bass034 - Electric bass (finger)035 - Electric bass (Pick)036 - Fretless bass037 - Slap bass 1038 - Slap bass 2039 - Synth bass 1040 - Synth bass 2

041 - Violin042 - Viola043 - Cello044 - Contrabass045 - Tremolo strings046 - Pizzicato strings047 - Orquestral harp048 - Timpani

049 - String ensemble 1050 - String ensemble 2051 - Synth strings 1052 - Synth strings 2053 - Choir aahs054 - Voice oohs055 - Synth voice056 - Orquestra hit

057 - Trumpet058 - Trombone059 - Tuba060 - Muted trumpet061 - French horn062 - Brass section063 - Synth brass 1064 - Synth brass 2

Page 32: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

32

Tabela de localização dos timbres dos instrumentos em GM (continuação)

065 - Soprano sax066 - Alto sax067 - Tenor sax068 - Baritone sax069 - Oboe070 - English horn071 - Bassoon072 - Clarinet

097 - FX 1 (rain)098 - FX 2 (soundtrack)099 - FX 3 (crystal)100 - FX 4 (atmosphere)101 - FX 5 (brightness)102 - FX 6 (goblins)103 - FX 7 (echoes)104 - FX 8 (sei-fi)

073 - Piccolo074 - Flute075 - Recorder076 - Pan flute077 - Blow bottle078 - Shakuhachi079 - Whistle080 - Ocarina

105 - Sitar106 - Banjo107 - Shamisen108 - Koto109 - Kalimba110 - Bagpipe111 - Fiddle112 - Shanai

081 - Lead 1 (square)082 - Lead 2 (sawtooth)083 - Lead 3 (calliope)084 - Lead 4 (chiff)085 - Lead 5 (charang)086 - Lead 6 (voice)087 - Lead 7 (fifths)088 - Lead 8 (bass+lead)

113 - Tinkle bell114 - Agogo115 - Steel drums116 - Woodblock117 - Taiko drum118 - Melodic tom119 - Synth drum120 - Reverse cymbal

089 - Pad 1 (new age)090 - Pad 2 (warm)091 - Pad 3 (polysynth)092 - Pad 4 (choir)093 - Pad 5 (bowed)094 - Pad 6 (metalic)095 - Pad 7 (halo)096 - Pad 8 (sweep)

121 - Guitar fret noise122 - Breath noise123 - Seashore124 - Bird tweet125 - Telephone ring126 - Helicopter127 - Applause128 - Gunshot

Page 33: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

Exemplo 8

Mapa de notas dos timbres depercussão em GM

059 - Ride cymbal 2060 - Hi bongo061 - Low bongo062 - Mute hi conga063 - Open hi conga064 - Low conga065 - High timbale066 - Low timbale067 - High agogo068 - Low agogo069 - Cabasa070 - Maracas071 - Short whistle072 - Long whistle073 - Short guiro074 - Long guiro075 - Claves076 - Hi wood block077 - Low wood block078 - Mute cuica079 - Open cuica080 - Mute triangle081 - Open triangle

035 - Acoustic bass drum036 - Bass drum 1037 - Side stick038 - Acoustic snare039 - Hand dap040 - Electric snare041 - Low floor tom042 - Closed hi-hat043 - High floor tom044 - Pedal hi-hat045 - Low tom046 - Open hi-hat047 - Low mid tom048 - Hi mid tom049 - Crash cymbal050 - High tom051 - Ride cymbal 1052 - Chinese cymbal053 - Ride bell054 - Tambourine055 - Splash Cymbal056 - Cowbell057 - Crash cymbal 2058 - Vibraslap

mesmos timbres de instrumentos em qualquer equipamento que suporte opadrão. Outro problema resolvido pelo GM foi a padronização do mapa denotas dos timbres de percussão e a adoção do canal MIDI 10 para o seubanco (ex. 8).

Page 34: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

o computador na música

Antes de falarmos de como a tecnologia dos computadores invadiu amúsica, vamos entender um pouco sobre o funcionamento da linguagemdigital. Todos já ouvimos falar de "informação digital". Trata-se de um tipode informação transmitida por meio de números - digitos -, mais especifica-mente um código de dois números, chamado código binário. O Bit(acrônimode Binary digit) é um digito binário que pode assumir as formas O ou 1. Umbitrepresenta a unidade mínima de informação possível em um código biná-rio. Em uma transmissão digital, oito bits são agrupados para formar um byte.Com o código binário é possível representarmos desde condições como "sim"e "não" ou "ligar" e "desligar" até informações mais complexas, com o agru-pamento de bits em bytes. Como o objetivo deste livro é falar sobre a músicae não sobre a linguagem dos computadores, essas informações iniciais sãosuficientes para entendermos o funcionamento da transmissão de dados di-gitais entre computadores e equipamentos e instrumentos musicais.

Em uma conexão MIDI, por exemplo, as informações são passadasem um fluxo de dados digitais, isto é, em uma série de mensagens, uma apósa outra. É por isso que o MIDI é considerado uma interface serial. A opçãodos fabricantes de instrumentos musicais pela interface serial em detrimentode uma interface paralela - na qual os dados são distribuídos simultanea-mente e, portanto, com velocidade mais alta - foi econômica. O custo dasinterfaces seriais é bem mais baixo e a velocidade na transmissão de dadosnão fica comprometida, já que a taxa de transferência dos eventos é suficien-te para as necessidades dos músicos. A maioria das mensagens de eventosMIDI necessita de dois a três bytes. A velocidade de transferência de dadospor um cabo MIDI é de 31.250 bits por segundo, o que equivale a uma taxade aproximadamente 1.500 eventos por segundo, número suficiente para asnecessidades ligadas à música. As informações MIDI são dividas em doistipos básicos de ryte: ryte de status [status ryte] e o ryte de dados [data ryte]. Oryte de dados é uma informação numérica associada a um comando definidopelo ryte de status. O ryte de status diz ao aparelho receptor como interpretaras informações subseqüentes do ryte de dados. Dessa maneira, por meio deuma conexão MIDI, as informações dos eventos musicais convertidas pararyte de status e byte de dados são transmitidas entre os equipamentos.

Vamos agora entender um pouco como os computadores foram en-trando no mundo da música durante o fim do século XX. Essa histó .

Page 35: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

muito a ver com o protocolo MIDI. No início da década de 80 surgiu oprimeiro computador a oferecer a possibilidade de integração com MIDI: oAtari ST, que já vinha com portas de comunicação MIDI. A parir daí, muitosfabricantes investiram em placas e interfaces de comunicação MIDI e mui-tos aplicativos (ou programas) de música surgiram para os computadorespessoais Macintosh e PC/Windows. Nos últimos anos, muitos modelos decomputadores e equipamentos tornaram-se obsoletos ou mesmo sumiramdo mercado, mas o padrão MIDI permaneceu praticamente inalterado. Nes-se período, os computadores pessoais tornaram-se mais rápidos, sua capaci-dade de memória aumentou e a indústria da informática investiu pesado nodesenvolvimento de programas mais avançados na área de música. Muitosprogramas de computador começaram, então, a substituir com qualidade eeficiência as funções de diversos aparelhos eletrônicos, como, por exemplo,os seqüenciadores, os samplers e os sintetizadores.

Mesmo antes do aparecimento do MIDI, já existiam seqüenciadoresque gravavam, editavam e reproduziam informações de notas e eventos mu-sicais. Eram aparelhos dedicados exclusivamente a esse fim, como as bateriaseletrônicas programáveis. Posteriormente, após a fabricação dos primeirosequipamentos MIDI, os seqüenciadores foram sendo desenvolvidos para rodardiretamente em computadores utilizando o padrão de comunicação definidono protocolo MIDI. Esses seqüenciadores virtuais apresentam grandes van-tagens em relação aos antigos equipamentos: são bem mais rápidos, já queutilizam o processador interno do computador; exploram todas as vantagensdo MIDI; e possibilitam uma manipulação mais fácil das funções do aplicativocom a interação gráfica da tela do computador.

Épreciso ter em men-te que os seqüenciadores gra-vam informações MIDI e nãoáudio. Todas as informaçõesarquivadas em uma seqüên-ciaMIDI se referem aos even-tos musicais, isto é, qual notafoi tocada, qual a sua intensi-dade, qual a sua duração, qualtimbre será utilizado para to-car aquela nota, qual canalestá mandando uma mensa- Tela de midi do seqüenciador virtual Pro Tools

36

Page 36: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

gem etc. Os seqüenciadores registram, portanto, as informações MIDI refe-rentes a eventos musicais. Os seqüenciadores virtuais, por exemplo, apresen-tam uma tela de comandos muito parecida com a de um gravador comum,com as teclas plqy, record,stop etc. As informações MIDI são gravadas em umalista de eventos e o aplicativo permite diversas formas de edição e visualizaçãodos dados com muita precisão, tornando-se um eficiente meio de auxilio nacomposição musical. Todas as informações podem ser salvas em SMF (Standard

MID I Pile) e abertas emoutros seqüenciadoresou mesmo em outrosaplicativos, como osprogramas de notaçãomusical. Esses últimos,como o Finale e oSibelius, excelentes edi-tores de partituras, per-mitem ao usuário ter suaobra musical digital-mente finalizada saindode sua impressora pes-soal. Outros programas,

conhecidos como "arranjadores", organizam a execução musical de uma peçaa partir de algumas informações dadas pelo usuário, como melodia, ritmo eacompanhamento harmônico.

Há também programas que trabalham simultaneamente com MIDIe com gravadores de áudio digital. Eles permitem a manipulação de infor-mações MIDI sincronizadas com áudio, tornando-se ferramentas de grandesrecursos para a composição de trilhas eJingles publicitários. Adiante, veremosmais sobre gravação digital.

Capríccle

~'E)~~~~~i:;7~~~~~

Tela do software Finale 2004

Em relação aos programas de síntese sonora por computador, a his-tória começou bem antes do MIDI. A partir de 1960, os primeiros progra-mas de síntese sonora foram desenvolvidos por Max Mathews nos BellLaboratories. O programa MUSIC V, desenvolvido em 1968 por Mathewsem linguagem Fortran Iv, tornou-se referência devido a sua facilidademanipulação e eficiência.

Page 37: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

Em 1966 o compositor grego Iannis Xenakis (1922-2001) fundouem Paris o EMAMu (Équipe de Mathématique et d'Automatique Musicales)que passou a se chamar CEMAMu (Centre de Mathématique et AutomatiqueMusicales) em 1972. Em 1977 o CEMAMu criou a primeira versão do UPIC(Unité Polyagogique Informatique de CEMAMu) , um equipamento de com-posição interativa que permite ao usuário desenhar uma idéia musical. Apartir do desenho feito em uma mesa gráfica, os dados são enviados para umcomputador que gera a partitura e sintetiza o resultado sonoro. O composi-tor também pode escolher os timbres e instrumentos que deseja ouvir ape-nas desenhando.

O aplicativoMAX, desenvolvidopor Miller Puckette eaperfeiçoado posterior-mente por DavidZicarelli, foi lançadoem 1986 (o nome doprograma é uma home-nagem a Max Mat-hews). O MAX, queinicialmente só traba-

Software MAXlhava com informaçõesMIDI, consegue manipular áudio em tempo real com auxílio de um outroaplicativo, o MSP.

Fio r-tenazes - 'lebOHRtnrlo'

Outro importante centro de desenvolvimento de pesquisas que inte-gram as áreas de música e tecnologia é o IRCAM (Institut de Recherche et deCoordination Acoustique/Musique), organização ligada ao Centre Pompidoude Paris. O IRCAM desenvolve excelentes programas de cálculoscomposicionais, como o OpenMusic, de manipulação e edição de áudio, comoo AudioSculpt, e de processamento e espacialização sonora em tempo realno ambiente MAX/MSP.

38

Page 38: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

•PARTEII

A interação entre os sonsanalógicos e digitais

Page 39: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

Os procedimentos ligados à conversão dos sonsanalógicos em digitais e vice-versa

Vimos, quando falamos de eletricidade, como os aparelhos chama-dos transdutores convertem pressão sonora em variação de corrente. Emacústica, o principal equipamento utilizado para a captação e conversão dosom em sinal elétrico é o microfone. O alto-falante funciona realizando oprocesso inverso, transformando a corrente elétrica em energia sonora.

Já para transformar sinais de áudio (variação de corrente) em sinaisdigitais (codificados em linguagem binária), é preciso convertê-Ias por meiode um processo que permite sua representação em números, mais precisa-mente em bits. Essa função é realizada por um circuito chamado "conversaranalógico/ digital" (A/D). O conversar A/D analisa o sinal de áudio, pegan-do pequenas amostras (sampies)periodicamente em curtos intervalos de tem-po. Cada amostra é registrada por meio de uma seqüência numérica, queequivale à intensidade do sinal original em uma determinada posição notempo (ex. 9). Ébom lembrar que na representação gráfica da onda sonora oeixo vertical corresponde à intensidade e o horizontal, ao tempo. A informa-ção digital é um registro, portanto, das amplitudes das formas da onda sono-ra medidas ao longo do tempo.

Exempio9

ConversãoA/ DIntensidade

I•.....

~ I I IV

~

Amostra

.-.~ / V~ ,j

/~ v / "~ \ Tempo

/ \/~

,/ r<~ V•......Forma de onda

~~

~do somoriginal ~...•

) ) ) ) ) \uV

Para podermos ouvir as informações transformadas em ~digital pelo conversar A/D, é preciso realizar o processo inverso, unhzaaooum "conversar digital/ analógico" (D/A). As informações numéricas •

Page 40: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

representam o sinal de áudio original são retraduzidas em sinal elétrico, maisespecificamente em valores correspondentes de intensidade no tempo (ex.10). Um filtro elimina as irregularidades do processo reconstituindo o somoriginal. O sinal de áudio pode, então, ser enviado para um amplificador, quereproduz o som por alto-falantes.

Exemplo 10

Conversão D/AIntensidade

,Hh~

~H~ i . ~

1'0:- tL ~ ~ ~ Tempo•..... ~

I I

.I.:..: ~

....,~ ,i

~ ~ t'-;- "Forma de onda reconstituída .--' , ~ ..,.'. "

(tracejada :::depois dofiltro) ~ ,..:..

II I I I I I I II ..

~ ......1/ I

A taxa de amostragem [sampling rate], também conhecida como fre-qüência de amostragem [samplingfrequency], é o número de vezes por segundoque as amostras do som original são registradas pelo conversor A/D. Segun-do o Teorema de Nyquist, o valor mínimo da freqüência de amostragempara que a qualidade da conversão não fique comprometida deve ser igual aodobro do valor da freqüência mais alta. Como a freqüência mais alta que oouvido humano é capaz de perceber está em torno de 20.000 Hz, ou 20 kHz,o valor recomendável para uma boa qualidade de conversão A/D deve sermaior do que 40 kHz. A taxa de amostragem de vários aparelhos de repro-dução de áudio digital, como por exemplo os tocadores de CD domésticos, éde 44.1 kHz. No exemplo 11 vemos dois gráficos que mostram como dife-rentes valores de freqüência de amostragem influem na conversão do som.

Outro elemento importante em um processo de conversão A/D é aresolução que o sistema oferece. Para medirmos a quantidade de energia dasondas sonoras, suas amplitudes ou intensidades, precisamos criar uma escalade valores que utiliza números como gradação. Esse processo é chamado dequantificação. Se olharmos novamente o exemplo 9, veremos que cada umdos pontos de amostragem no eixo vertical do gráfico equivale a um valor

42

Page 41: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

Exemplo 11

Grcificosdefreqüência de amostragem.4 ~ Intensidade

--,I ~\,-

# ,Tem# ,

/ •• ..*~- ~ >-

•..~ f ••~ ""'---..-~# '''., ~

t

po

Taxa de amostragem menor =mais distorção =

arquivo digital menorForma de onda do som

original (linha tracejada}Intensidade

Tempo

Taxa de amostragem maior =menos distorção =

arquivo digital maior Forma de onda do somoriginal (linha tracejada)

numérico que representa o nível de intensidade do som. Como o sistemadigital funciona com código binário, esses valores numéricos são expressosem bits, isto é, em uma combinação de O ou 1. Uma resolução de 8 bitsequivale a uma quantificação de 256 gradações possíveis no eixo da intensi-dade (o cálculo é obtido por meio da combinação de dois números - ocódigo binário Oou 1 - oito vezes: 28 = 256). Já com uma resolução de 16bits, o número sobe para 65.536 (216) níveis possíveis de gradação. Quantomaior o número de níveis de gradação que a resolução do conversor A/Doferece, mais precisa é a quantificação da intensidade, já que os valores dis-cretos do sistema digital podem se aproximar mais fielmente da curva contí-nua do sinal analógico, diminuindo o risco de aproximações indesejáveis nosvalores numéricos (ex. 12). Porém, se a qualidade aumenta com uma resolu-ção maior, o mesmo acontece com a quantidade de informação registrada.

43

Page 42: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

Isso significa que um arquivo de áudio digital com alta resolução ocupa maisespaço para ser armazenado do que um arquivo de baixa resolução.

Exemplo 12

Aproximação numérica em uma conversãoAI D

.4 ~ Intensidade

--r--·~#

~1 "'\.,

•/ •• Temp# •- • ,•.,.-......••.. :;: ,

"~ # •• , '.~• #A .~. ....

o

Resolução menor =mais distorção =

arquivo digital menorForma de onda do som

original (linha tracejada}

Resolução maior =menos distorção =

arquivo digital maior

.4 ~ Intensidade

.'.

• ,Temp..

• •..-- •.... .' ••••••••• fI> ~

Forma de onda do somoriginal (linha tracejada)

A resolução em bits da conversão A/D tem relação direta com umconceito que vimos anteriormente, o nível de pressão sonora ou de energiaacústica. Sabemos que a diferença de pressão sonora, os níveis mínimo (limi-ar de audição) e máximo (limiar de sensibilidade) que nosso ouvido percebe,pode ser medida utilizando-se o sistema referencial de decibéis e que essafaixa entre os limites da escuta equivale a 120 dB. Podemos usar esse mesmosistema de referência para medirmos o comportamento de outros sistemassonoros. Em acústica, por exemplo, dizemos que a diferença entre o menor eo maior sinal que podem ser emitidos, registrados ou percebidos por umsistema sonoro qualquer é a sua faixa dinâmica (medida em dB a partir dareferência do limiar de audição do ouvido humano: OdB), também conheci-

44

o

Page 43: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

da como sua relação sinal-ruído. No exemplo 13 vemos a comparação emdB entre as faixas dinâmicas aproximadas de alguns sistemas.

Exemplo 13

Tabela defaixas dinâmicas em decibéis (dE)

Ouvido humano 120 dB

DVD 144 dB

CD 096 dB

Orquestra sinfônica 110 dB

Mesas de som profissionais 100 dB

Gravador de rolo profissional 080 dB

Fita cassete 050 dB

Disco de vinil 045 dB

Como já vimos no primeiro capítulo do livro que a diferença de 120dB equivale a uma grandeza de 1 trilhão de números (1.000.000.000.000),um sistema de 16 bits, que oferece 65.536 níveis de gradação (o que equivalea uma faixa dinâmica de aproximadamente 96 dB), não consegue cobrir todaa faixa dinâmica do ouvido humano. Apesar disso, 16 bits foi a resoluçãoadotada pelos fabricantes de equipamentos digitais quando lançaram o cnNa época, as empresas levaram em conta a quantidade de memória gasta

. para armazenar um minuto de música estéreo (em 2 canais) gravada, aproxi-madamente 10 megaf?ytes(MB), e a capacidade de armazenamento do discodigital, por volta de 640 até 700 MB, para definir que a faixa dinâmica de 96dB para o CD era apropriada. Uma resolução maior exigiria muito maismemória, reduzindo bastante a capacidade temporal dos CDs. As aproxima-ções numéricas feitas na conversão A/D foram consideradas irrelevantespara a percepção de nossos ouvidos e, afinal de contas, o sistema era muitomelhor que qualquer outro existente até então. Com o passar dos anos, no-vas mídias para armazenamento de dados foram desenvolvidas e, atualmen-te, o DVD-Áudio já pode armazenar mais de 3,5 gigaf?ytes(GB) de dados em

45

Page 44: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

um disco do mesmo tamanho de um cn O padrão de resolução que oDVD-Áudio utiliza para arquivos de música no formato PCM é de 24 bits, oque permite uma faixa dinâmica de aproximadamente 144 dB, muito maiorque a faixa que o ouvido humano é capaz de perceber.

46

Page 45: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

A gravação digital

Antes de falarmos de gravação digital, vamos voltar um pouco notempo para entendermos como funciona o processo de gravação nos apare-lhos analógicos de fita. Os gravadores analógicos são antecessores dos grava-dores digitais e foram o meio tecnológico dominante em boa parte do séculoXX. Em uma gravação analógica, as formas de onda dos sinais elétricosemitidos pela cabeça gravadora do aparelho são registradas similarmente,isto é, de maneira análoga, pelas partículas magnéticas encontradas na fita.Na reprodução, os sinais magnéticos impressos na fita que desliza pela frenteda cabeça reprodutora são interpretados analogamente como diferenças devoltagem, isto é, sinais elétricos. Como o nível do sinal elétrico é muito baixo,utiliza-se um amplificador para que a variação de voltagem seja suficiente

Ipara mover os cones dos alto-falantes. Dizemos que esse processo é umagravação analógica, pois a forma de onda do sinal gravado é análoga à formade onda do sinal original captado.

Para a fita magnética registrar com qualidade a gravação, é precisoque ela proporcione uma boa resposta de freqüência (o ideal seria reproduzircom proximidade a faixa de freqüência do ouvido humano). A velocidade degravação é um dos fatores determinantes para isso. Quanto maior for a velo-cidade de gravação, maior a resposta de freqüência da fita. Além disso, oaumento de velocidade da fita também melhora a relação entre a qualidadedo sinal e os ruídos indesejáveis do processo de gravação. A largura da fita éoutro fator importante para a qualidade da gravação.

Dentre os sistemas mais conhecidos de gravação analógica em fitamagnética estão os gravadores cassete domésticos. O sistema cassete foi in-ventado pela empresa holandesa Phillips, que cedeu os direitos de fabricaçãoa quem estivesse interessado, mas exigiu que o padrão de velocidade e tama-nho da fita permanecesse inalterado. Os fabricantes procuraram então me-lhorar a qualidade dos gravadores cassete pesquisando novas composiçõespara o material ferromagnético que reveste a fita. A faixa dinâmica (relaçãosinal-ruído) de uma fita cassete é de aproximadamente 50 dB.

Já os estúdios profissionais utilizam outros sistemas de gravaçãoanalógica que proporcionam maior qualidade. Esses aparelhos são conheci-dos como gravadores de rolo profissionais. Eles utilizam fitas de maior lar-gura e de material de melhor qualidade do que os sistemas cassete domésti-

4

Page 46: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

cos, além de permitirem uma velocidade de gravação mais alta. A faixa dinâ-mica desses aparelhos está em torno de 80 dB.

Atualmente, osmais modernos equipa-mentos de gravação profis-sional utilizam o processodigital. Como vimos, oconversor A/D é capaz detransformar o sinal elétri-co em informação digital.Em um gravador de áudiodigital, os dados numéricosque representam o sinaloriginal obtidos com oconversor A/D são arma-zenados em um suportefísico, seja ele uma fita Estúdio com o sistema Pro Tools HD completomagnética de áudio digital(Digital Audio Tape - DA1) ou mesmo um disco rígido (Hard Disc - HD).Depois de registradas, essas informações podem ser editadas e processadasinternamente nos equipamentos, sem que aconteça qualquer deterioramentodos dados, algo que os equipamentos analógicos de gravação não conse-guem. A qualidade do registro analógico é mais suscetível ao desgaste e dete-rioração pelo excesso de uso. As partículas das fitas dos gravadores analógicostambém vão se desmagnetizando progressivamente com o tempo. Já os da-dos digitais possuem um tempo de vida útil maior e não se desgastam com ouso intensivo.

As manipulaçõespossíveis no áudio grava-do em equipamentos di-gitais são mais rápidas do 'que nos equipamentosanalógicos. Na gravaçãodigital para HD em com-putadores, por exemplo,as informações podem seracessadas instantanea-

48

1~;,;':.7~,:..•,:...."".... ._-

Interface 192Digital- Pro Tools - Digi Design

Page 47: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

mente. Qualquer ponto da gravação é imediatamente alcançado com umclique do mouse. Nos gravadores analógicos é necessário esperarmos que afita rode até chegar ao ponto de edição desejado. Por isso, dizemos que asinformações gravadas analogicamente em fita são acessadas de forma linear,isto é, dependem da observação de uma linha seqüencial de eventos - rodara fita até o ponto desejado -, enquanto as informações digitais são acessadasrandomicamente, isto é, qualquer ponto é diretamente alcançado a qualquermomento - um clique na tela do computador evocê pula de um lugar paraoutro do arquivo imediatamente.

A transferência dos dados digitais é feita por meio de interfaces econexões que compatibilizam as informações entre as diversas marcas e ti-pos de equipamentos digitais, definindo a formatação e a sincronização datransferência dos dados. Os formatos padrões de conexão digital mais en-contrados na maior parte dos equipamentos de áudio são o AES/EBU e oS/PDIF. Já os formatos de sincronização mais utilizados em equipamentosde áudio e vídeo são o SMPTE e o MTC.

Existem diver-sos equipamentos dedi-cados exclusivamente àgravação digital e aoarmazenamento dosdados. Entretanto, osprogramas de computa-

dor que permitem a ~:~;!;~~j!~~~~j~~~i~~gravação de áudio digi- .f~_

tal diretamente em dis- ",-'_"_~_.H"'."""'''

co rígido (HD) são os Tela de edição do Pro Toolsmais potentes. Essesaplicativos podem trabalhar com interfaces de conversão A/D e D/A exter-

. nas ou simplesmente utilizar as saídas e entradas de áudio do computador eseu processador interno para as tarefas de conversão. Muitos programas ofe-recem excelentes recursos de edição e processamento do sinal digital, comoo Pro Tools, o Digital Performer, o Logic Audio e o Cubase, inclusive com amanipulação de áudio em tempo real. Neste último caso, o processo é oseguinte: o som é captado por um microfone, passa por um conversar Aé processado e modificado dentro do computador, convertido novamem sinal de áudio por meio de um conversor D/A e, finalmente,

Page 48: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

• Sound Designer II(SD2) - Padrão desenvolvido pela empresade equipamentos de áudio digitais Digidesign. O SD2 é o formatomais utilizado nos principais aplicativos que funcionam em compu-radores Macintosh. O SD2 trabalha exclusivamente sem compressãode dados.

um amplificador e vai para os alto-falantes. Tudo isso acontece tão rapida-mente que não se percebe qualquer atraso no processo.

Além de fitas digitais, disquetes e discos rígidos, outras mídias comoCD-R, MD e DVD também são usadas para armazenamento de dados deáudio digital. Diversos formatos de arquivo podem ser usados e alguns delespodem comprimir os dados para diminuir o tamanho do arquivo. Os forma-tos de arquivos de áudio mais encontrados atualmente são:

• PCM - Acrônimo do termo inglês Pulse Code Modulation. É oformato utilizado nos CDs de áudio e em fitas DAT. O formatoPCM não comprime os dados e pode ser lido por muitos programas'de computador.

• WAV - Formato padrão do Windows/PC. Normalmente utili-zado sem compressão dos dados. Pode ser codificado facilmente paraoutros formatos, inclusive MP3.

• AIFF - Acrônimo do termo inglês Audio I nterchangeableFile F ormat.É o formato padrão dos computadores da Apple. Pode ser codifica-do facilmente para formato WAV

• MP3 Q\1PEG Audio Layer - II,!) - Formato de arquivo compri-mido com qualidade próxima ao cn Como não possui dispositivode proteção contra cópias, é muito utilizado na troca de arquivospiratas pela internet. O MP3 é um padrão de codificação para áudioe vídeo digital criado pela Motion Picture Experts Group - MPEG.

• WMA - Acrônimo do termo inglês Windows Media Ployer. For-mato de propriedade da empresa Microsoft e utilizado pelo progra-ma Windows Media Player.

• Real Audio (RA) - Formato bastante utilizado na internet devi-do a sua alta taxa de compressão de dados. Requer a utilização doprograma Real Player para ser ouvido.

50

Page 49: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

Antes de prosseguirmos para discutir os recursos oferecidos pela gra-vação digital, vamos voltar a falar dos samplers, que, como vimos, tambémtrabalham com sons gravados digitalmente. Os samplers também possuemconversores A/D e D/A internos para a conversão de sinais analógicos edigitais. Uma das principais funções dos samplers é gravar pequenas amostrasde sons de instrumentos musicais para posteriormente serem executadas viaMID L Já que utilizam amostras do próprio som dos instrumentos acústicos,os samplers são muito usados em arranjos e composições de trilhas sonorascomerciais feitas via MID1. Os arquivos das amostras de áudio podem serarmazenados externamente, em disquete, CD-ROM e CD entre outros mei-os. No entanto, a capacidade de processamento de sons dos samplers dependede sua memória RAM interna.

Page 50: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

A manipulação dos sons por meiosanalógicos e digitais

Os gravadores de áudio, tanto analógicos como digitais, possibilitamuma série de recursos de edição sonora, como cortar, colar e mover segmen-tos. Entretanto, os gravadores digitais conseguem realizar tarefas mais avan-çadas do que os analógicos, já que a manipulação de dados numéricos permi-te uma maior complexidade nos parâmetros de edição e, principalmente, nosrecursos dos efeitos de processamento do sinal.

Além das possibilidades de edição mencionadas acima, os programasde computador que gravam áudio digitalmente permitem que o usuáriovisualize a forma de onda do sinal, obtida por meio de um analisador deespectros, na tela do computador. Isso facilita enormemente a edição, umavez que permite, por exemplo, ter precisão no posicionamento e nos detalhesde um corte. A imagem também pode ser ampliada para facilitar a marcaçãodo ponto exato de edição. Além disso, os editores de áudio digital permitemvários processamentos no sinal, como, por exemplo, redução de ruídos, ele-vação do nível do sinal a fim de alcançar a maior faixa dinâmica possível nagravação, controle de aumento e diminuição gradativa do nível de intensida-de ifade-in e fade-ou!) etc.

Outros processamentos que já existiam em aparelhos eletrônicos de-dicados exclusivamente a esses fins foram sendo gradativamente transfor-mados em aplicativos de efeitos virtuais (são comumente conhecidos pelotermo inglês plug-in). Essesprogramas são capazes deemular diversos tipos deprocessamento de sinal,como reverberação, delqy,eco, distorção, modulação,compressão, equalização,espacialização e chorus en-tre muitos outros.

Alguns desses efei-tos são ferramentas que au-xiliam no tratamento econtrole do sinal em seus

Tela dos plug-ins de compressão eequalização T-Racks

Page 51: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

vários parâmetros de amplitude, freqüência, envelope dinâmico e etc. Entreeles encontram-se os equalizadores - usados para enfatizar ou atenuar deter-minadas freqüências de um sinal- e os compressores - usados para contro-lar as variações de amplitude do sinal, de forma a rnantê-lo dentro de umafaixa dinâmica desejada.

Os efeitos de reverberação, eco e delqy criam ambientes acusncosvariados para transformar o tempo de permanência do som após o términode sua emissão em espaços físicos virtuais, simulando as reflexões das ondassonoras nas paredes ou em outros meios físicos de um recinto total ou par-cialmente fechado.

Já processamentos como distorção, modulação e chorus alteram osparâmetros do envelope dinâmico do sinal original e criam efeitos especial-mente utilizados para enriquecer de maneira particular o som.

A utilização dos processadores de efeitos virtuais (plug-ins) exige bas-tante memória RAM do computador e um processador interno de alta velo-cidade. Como eles funcionam diretamente integrados com os programas degravação e edição de áudio digital, essa combinação é atualmente a maisencontrada nos estúdios profissionais.

Essas eficientes ferramentas de manipulação de áudio ainda irão sedesenvolver muito nos próximos anos. Ficamos com a impressão de que atecnologia tão moderna que hoje procuramos entender daqui a alguns pou-cos anos está fadada a se tornar obsoleta. A complexidade e modernidade devários assuntos tratados neste livro não podem de forma alguma nos dar asensação confortável de um conhecimento pleno, de uma busca já termina-da. Devemos prosseguir nos empenhando em conhecer e entender as novasinvenções que certamente a tecnologia irá nos trazer e lembrar que elas con-tinuarão a mudar a música, o som e seus instrumentos.

54

Page 52: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

GLOSSÁRIO

Page 53: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

AA/D - Acrônimo de Analógico/Digital. Termo geralmente usado para designarum conversor ou uma conversão de sinal analógico para digital.

AC - Acrônimo de corrente alternada [Alternating Current] em inglês. Corrente elé-trica que muda periodicamente de polaridade.

ADSR-Acrônimo das palavras ataque [Attack], queda [Dec0'], sustentação [Sustain]e prolongamento final [Release] em inglês. Nos sintetizadores, ADSR é a siglaparao dispositivo de controle dos quatro segmentos em que se divide a forma do enve-lope dinâmico.

AES/EBU - Acrônimo de Audio Engineering Society/European BroadcastingUnion. Éum padrão de comunicação digital utilizado em equipamentos profissio-nais de áudio.

AIgoritmo - Encadeamento definido de procedimentos lógicos necessários aocumprimento de uma determinada tarefa. Nos sintetizadores FM da Yamaha, otermo refere-se a uma combinação da disposição seqüencial dos geradores de on-das digitais.

AM - Acrônimo de amplitude modulada [Amplitude Modulation] em inglês. Com asobreposição de uma onda moduladora, um sinal de baixa freqüência, geralmenteabaixo do nível humano de audibilidade (20 Hz), a uma onda portadora, um sinalde alta freqüência, o envelope dinâmico desta se altera a partir da oscilação daque-la.

Amostra [sample] - Representação digital de um som obtida na conversão de u;;:;')sinal analógico.Pode tanto significara representação de um pequeno fragmento ouda totalidade do som. /-------_.--- ~Arnpêre (A) - Unidade de medida de corrente elétrica.

~isp itivo capaz de aumentar o nível de potência de uma tensãoou corrente variante no tempo, sem distorcer a forma de-~nda do sinal..---- ~- - ~ "

Am litude - Um dos c~mpon~ntes básicos do som, vulgarmente chamado, devolume. m uma oscilaçã~ª,_o vaIo.!.da amplitude é i~à-quantidade de

~nçãQ_dlLpr.essão_sonor~.

Analógico - Termo que indica que um sinal elétrico, um circuito, um controle, umaparelho ou um sistema qualquer acompanha de forma semelhante (análoga) econtínua a variação de grandeza dos parâmetros a que se refere.

57

Page 54: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

B

Canal - Em acústica, o termo si nifica um caminho-de_"""",--=-dffilli- o para o sporte ao sinal elétrico ou digital.

Capacitor - Dispositivo eletrônico que permite a passagem de corrente alternadae bloqueia corrente contínua. O capacitor é capaz de armazenar carga e energiaelétrica.

Banda de freqüências - Porção definida de ocupação no espectro freqüencial deum determinado som.

Bit - Acrônimo de dígito binário [Binary d{git] em inglês. Termo que representa nocódigo binário a unidade mínima de informação possível, isto é, Oou 1.

Byte - Unidade de informação digital composta por oito bits.

c

CD - Acrônimo de disco compacto [Compact Disc] em inglês. Unidade em queinformações digitais (textos, imagens e sons) estão armazenadas para serem lidasem um sistema de reprodução apropriado.

CD-R - Acrônimo de disco compacto gravável [Compact Disc - Recordable] eminglês. Unidade em que informações digitais (textos, imagens e sons) podem sergravadas para leitura em um sistema de reprodução apropriado. Lançado pela SONYem 1990.

CD-ROM - Acrônimo de disco compacto de memória apenas para leitura [CompactDisc - Read-On!J Memory] em inglês. Unidade que contém informações digitaisarmazenadas apenas para a leitura, não podendo ser alteradas.

Chorus - Tipo de processamento de som. O sinal original sofre uma modulaçãode amplitude e é ligeiramente atrasado em cerca de 20 a 30 milissegundos. Mistura-do ao sinal original, o resultado do processo é a sensação auditiva de que há maisde um instrumento tocando simultaneamente, com uma ligeira diferença de afina-ção.

Ciclo - Unidade de medida da freqüência de um som isto éda vibração de ~a.

Otcui on·unto de componentes eletricamente conectados.

Controlado r MIDI - Emissor de sinais MIDI.

Corrente - Fluxo de cargas elétricas (medido em Arnpêres) em um circuito.

58

Page 55: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

D/A - Acrônimo de Digital/ Analógico. Termo geralmente usado para designarum conversor ou uma conversão de sinal digital para analógico.

DAT- Acrônimo de fita de áudio digital [Digital Audio Tape] em inglês. Algunsgravadores digitais de áudio utilizam fita magnética para armazenamento de dados(Digital Audio Tape Deck).

De - Acrônimo de corrente contínua [Direct Curren~ em inglês. Corrente elétricade polaridade constante.

Decibel (dB) - Unidade de medição que indica uma determinada tensão ou po-tência elétrica em relação a uma outra de mesma natureza. Na medição da intensi-dade do som, o decibel significa a décima parte da unidade de referência Bel.

Delay - O termo significa"atraso" em inglês. Em música, tipo de processamentode som com capacidade de reproduzir o sinal original após um determinado perí-odo de tempo, como um eco.

Digital - Termo com que se define a informação operada exclusivamente pormeio de código binário.

Disco rígido ~ Unidade de armazenamento de informações digitais, compostageralmente por placas fixas de alumínio. Também conhecido pelo termo inglês"Hard Disl' ou nnDisquete - Unidade portátil de armazenamento de informações digitais.Tambémconhecido pelo termo inglês "Floppy Disd',

DVD - Acrônimo de disco digitalversátil [Digital Versatile Disc] em inglês.Unidadede armazenamento de informações (textos, imagens e sons) digitais de maior capa-cidade que o cn

Envelope - Em acústica, representação gráfica das mudanças de comportamentoda amplitude de um som.

Equalizador - ~':ltilizado em rocessametllP_peáudio qu~~nfatiza ou ate-nua determinadas freqüências de um sinal.- - ,., ~ ~Es ectro - E1I!-acústica re resenta ão gráfica ue_indic as.freqüência e.ampli-~des das onda: sonoras e ~s durações no eixo do tem o.

Page 56: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

FFM -Acrônimo de freqüência modulada [FrequencyModulation] em inglês. No casodos sintetizadores, o termo refere-se à técnica de síntese de sons desenvolvida porJohn Chowning que, a partir de duas freqüências, uma onda modulante e outraportadora, cria espectros sonoros complexos.

Formante - Região de ressonância de um espectro sonoro. Ver "Região formântica".

F~~.lll-ac..ústica-,...2...!ermo significa o número de ciclos com letos deoscila ão de uma onda sonora ue ocorr~ um ete;:minado eríodo de tem-po. Sua ~Jle-m.@dida,,@m ciclos por-se~ndQ,_é.o_l:leF&:e-EH2).---Fundamental - dução.de "so..miundameptal~ "nota fundamental". º pri-meiro harrnônico.d Y.m-s€iQ;l_c.Qmp.osto.Define a not.ª-qlLe...o~v.im@s-emum som

{

de altu ane.fiD.lda,

GB - Símbolo de gigal?Jte, equivalente a 1.000 megal?Jtes. A maioria dos aplicativosconsidera em 210 (1.024) megal?Jtes o valor do gigal?Jte.

GM - Acrônimo do termo inglês General MIDI. Padronização do banco de tim-bres (arquivo dos sons dos instrumentos) adotada pelos fabricantes de aparelhosMIDI e que também é adotada na internet, jogos eletrônicos e programas multirnídia.

Harmônico - O sc·a.çi<Lc.om.pGfleftfe-dQ_esp_e.çJ;!;,Q freqiienciaLde..UUl..SQm..de..ab:u-ra definida. Em um som de altura definida, o priQJeiro ha.!.!Jl.ô..nico' J!Jl1bém co-~o "fundamental",~ue define a nota..-qll,..e-º1!rimos O...s

2>~!;rQL)lar.ciaissão consíderadcs.harmônicos quando múl!i.tllos de os intei-r~s da fre!;lüência fundamental ~etlça-e3-s<:tffi-a.a.l'ofl't&ftieo" .....-----HD - Acrônimo de disco rígido [Hard Disc] em inglês. Ver "Disco rígido".

Hertz (Hz) - Unidade de medida de freqüência, em ciclos por segundo.

IImpedância - Medida em Ohms (Q), impedância é a resistência ao fluxo decorrente em um circuito elétrico.

Interface - Elemento que proporciona o fluxo de informações entre dois siste-mas, podendo ser uma ligação física ou lógica entre as partes.

60

Page 57: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

IZKb - Símbolo de quilobit, equivalente a 1.000 bits. A maioria dos aplicativos consi-dera em 210 (1.024) bits o valor do quilobit.

KB - Símbolo de quilobyte, equivalente a 1.000 bytes. A maioria dos aplicativos con-sidera em 210 (1.024) bytes o valor do quilobyte.

LLFO - Acrônimo de oscilador de baixa freqüência [Low-Frequenry Oscillatmj eminglês.

MB - Símbolo de megabyte, equivalente a 1.000 quilobytes. A maioria dos aplicativosconsidera em 210 (1.024) quilobytes o valor do megabyte.

MD - Acrônimo de minidisco [Mini Disc] em inglês. Unidade de tamanho reduzi-do em que informações digitais são armazenadas para serem lidas em um sistemade reprodução apropriado. Lançado pela SONY em 1991.

MID I - Acrônimo de Interface Digital para Instrumento Musical [Musical I nstrumentDigitallnterface] em inglês. Padrão de comunicação de programas e equipamentosmusicais entre si.

Monofônico - Relativo a monofonia. Em acústica, o termo "monofonia" significatransmissão de sinal sonoro em um só canal. Em música, o termo "monofonia"significa música composta a uma só voz.

MP3 (MPEG Audio Layer - lU) - Formato de arquivo comprimido de áudio queproporciona baixa utilização de memória, qualidade próxima ao CD e não possuidispositivo de proteção contra cópia. O MP3 é um padrão de codificação paraáudio e vídeo digital criado pela Moru.n Picture Experts Group - MPEG.

MTC - Acrônimo do termo .inglês Midi Time Code. Formato de sincronização deequipamentos via mensagens MIDI.

Nyquist, Teorema de - Termo utilizado no processo de amostragem digital [digi-tal sampliniJ. O Teorema de Nyquist determina que para uma conversão de sinalanalógico para digital, a taxa de amostragem, ou freqüência de amostragem, deveequivaler a no mínimo duas vezes o valor da freqüência mais alta da amostra origi-nal.

Page 58: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

Ohm (O) - Unidade de medida de impedância ou resistência. Um Ohm é igual aum Volt dividido por um Ampêre,

Osciloscópio - Instrumento eletrônico por meio do qual se pode visualizar grafi-camente o perfil de um sinal sonoro.

pPan -'-Redução do termo inglês "pannini'. Ação de mover a localização de um sinalsonoro entre duas saídas. Termo geralmente associado à estereofonia.

Parcial- Cada uma das freqüências que constitui um espectro sonoro. Também seutiliza o termo "componente" como sinônimo.

PCM - Acrônimo do termo inglês Pulse Code Modulation. Padrão de formataçãopara arquivos de áudio em CDs, samplers e computadores.

Plug-in - Programa de computador que emula aparelhos eletrônicos deprocessamento de som.

Poüfonrco.......-Relati'VeMl-)3eJ.i.fefli~ e~olifonia" .~iWfica trans-m música, o termo" o' fonia" si .fica

Potência - Energia transferida por unidade de tempo. Ver "Watt".

RAM - Acrônimo de memória de acesso randômico [Random-Access Memory] eminglês. Tipo de memória em que as informações são gravadas temporariamente.

Região formântica - Faixa de freqüência de ressonância de um espectro harmô-nico. No caso de um instrumento musical, por exemplo, sua construção (tipo dematerial, volume e configuração da caixa de ressonância etc.) determina o realce oumascaramento de regiões específicas do espectro - formantes -, independente-mente da nota que esteja sendo tocada, influindo na nossa percepção de sua iden-tidade.

Ressíntese - Processo de réplica digital de um som por meio de um modelogerado por seu espectro harmônico.

62

Page 59: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

(R)Reverberação - Fenômeno de persistência de um determinado som após o térmi-no de sua emissão devido às reflexões de suas ondas sonoras nas paredes ou emoutros meios físicos de um recinto total ou parcialmente fechado. O termo tam-bém pode indicar os processadores de som capazes de simular a reflexão do sinalde áudio original em vários tipos de ambientes virtuais. Também conhecido pelotermo inglês "reverb".

ROM - Acrônimo de memória apenas para leitura [Read-OnIJ Memory] em inglês.Tipo de memória que armazena dados gravados pelo fabricante e que não podemser alterados.

SSa r - Instrumento musical eletrônico, geralmente controlado yia MIDI uegrava amostras digitaisçmanipula,e QCa..SQfiS.:..----S~ parelho~e1êt;FGniC!Q~ro rama de computador ~e.-g,êraru~a sucessâo.de.sveases- f>,f(~Elêt~r..miJ;l.ada.

Senóide - Em acústica, representação da forma de onda de um som puro - senoou co-seno. A senóide é constituída por uma só freqüência.

S~armoni'c - @1;i d~,arciais que constituem um som de altura definida.Neste caso, os parciais também são chama os ae harmônicos. Ver "harmônico".

Sincronização - Ajuste para tornar perfeitamente coincidente e conjugada a ope-ração entre dois sistemas. Geralmente o termo está associado ao sincronismo deelementos sonoros e visuais ou de equipamentos entre si.

SMF -Acrônimo de arquivo MIDI padrão [StandardMIDI File] em inglês. Padrãode formatação para os arquivos MIDI. Permite que um arquivo salvo em umaplicativo ou equipamento de um determinado fabricante seja aberto em qualqueroutro.

63

Page 60: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

(S)SMPTE - Acrônimo de Society of Motion Picture and Television Engineers.Padrão de formato para sincronização de equipamentos ou programas de áudio evídeo.

Som complexo - Em acústica, utiliza-se o termo som complexo para designar ossQns ce>r-fHtis-deLf~cia. A dIferença entre som com lexo-som constituído por parCla1Sque formam uma.sé .e .narmônica - e som com osto€ mais utilizada-p&La.Jv:1kM€ft."let:r&nica.

Som-pttt~01""'t!'m Ó fre ambém conhecido comosom sen.o.id~ifitl-S~Q,a. ;Ver ' S<:llóid7e'"':'~'.;';;';;;.;:J;;;;:'=="''-''';;';'::::':::::''':::=::::::':::'''::::::::.:::s•..\

S/PDIF - Acrônimo de Sony/Phillips Digital Interface. Padrão de comunicaçãodigital encontrado em equipamentos domésticos e profissionais.

Taxa de amostragem [sampling rate] - Valor definido pela quantidade de amostraspor segundo que é capaz de realizar um aparelho em uma conversão de sinalanalógico para digital. Utiliza-se também o termo "freqüência de amostragem"[samplingfrequenry] com o mesmo significado.

T~t:e--Q~~ades .e cara:terísticas par~:ula.res de um determinado som::1uep~terrrae>-emcido_dis..tlng a sua roveruencia.

Transientes - Aspecto instável e transitório das freqüências que aparecem na pro-dução física de um som.

VCO - Acrônimo de oscilador controlado por voltagem [Voltage Controlled Oscillat01]em inglês.

Volume - Ver ''Amplitude''.

Watt CW) - Unidade de medida de energia mecânica ou elétrica, de fluxo térmicoe de fluxo energético de irradiação.

Watt acústico - Unidade de medida da potência de um som, isto é, da sua energiaacústica.

64

Page 61: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

BIBLIOGRAFIA

Page 62: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

Recomendações bibliográficas em português

BOULEZ, P. -A Música Hqje. São Paulo: Perspectiva, 1986.____ - A Música Hoje 2. São Paulo: Perspectiva, 1992.____ - Apontamentos deAprendiz. São Paulo: Perspectiva, 1995.CAMPOS, A. - Música de Invenção. São Paulo: Perspectiva, 1998.CHOWNING, J. - ''A Síntese de Espectros Sonoros Complexos por Meio da

Modulação de Freqüência", in MENEZES, F. (org.) - Música EletroacústjcaJ

História e Estéticas. São Paulo: Edusp, 1996, pp. 191-204.EIMERT, H. - "Problemas da Música Eletrônica", in MENEZES, F. Corg.) - Música

EletroacústicaJ Histária e Estéticas. São Paulo: Edusp, 1996, pp. 105-116.FERRAZ, S. - Música e Repetição. São Paulo: EDUC, 1998.GRIFFITHS, P. -A Música Moderna. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1987.__ :-._ - Enciclopédia da música do séculoXX. São Paulo: Martins Fontes, 1995.GROUT, D. & PALISCA, C. - História da Música Ocidental. Lisboa: Gradiva, 1994.HENRIQUE, L. - Acústica Musical. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002.____ - Instrumentos Musicais. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1999.IAZZETTA, F. - Música: processo e dinâmica. São Paulo: Annablume, 1993.KOENI G, G. - "Estudo no estúdio", in MENEZES, F. Corg.) - Música Eletroaoatica,

História e Estéticas. São Paulo: Edusp, 1996, pp. 131-140.KRENEK, E. - "O que é e como surge Música Eletrônica", in MENEZES, F.

Corg.) - Música Eletroacéstica, História eEstéticas. São Paulo: Edusp, 1996, pp. 97-103.

MENEZES, F. - Música Eletroacástica, História e Estéticas. São Paulo: Edusp, 1996.POUSSER, H. & MENEZES, F. - "Esclarecimentos Técnicos", in MENEZES, F.

Corg.) - Música Eletroacústica, História e Estéticas. São Paulo: Edusp, 1996, pp.225-249.

RISSET, j.C. - "Síntese de sons por meio de computadores", in MENEZES, F.Corg.) - Música Eletroacastica, História e Estéticas. São Paulo: Edusp, ·1996, pp.181-189.

SADIE, S 8ç LATHAM, A. - Dicionário Grove deMúsica: ediçãoconcisa.Rio de Janeiro:Jorge Zahar, 1994.

STOCKHAUSEN, K - ''A Unidade do Tempo Musical", in MENEZES, F. (org.)- Música Eietroacústica, História e Estéticas. São Paulo: Edusp; 1996, pp. 141-149.

VASCONCELOS,]. -Acústica Musical e Organologia:Porto Alegre: Movimento, 2002.

6

Page 63: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos

Outras referências bibliográficas

ADLER, S. - The Stut/y 0/ Orchestration. Nova Iorque: Norton, 1989.BENADE, A. - FundamentaIs of MusicalAcoustics. Nova Iorque: Dover, 1990.BERLlOZ, H. & STRAUSS, R. - Treatise on Instrumentation. Ndva lorgue: Dover,

1991.BLATTER, A. - Instrumentation and Orchestration. Nova Iorque: Schirmer, 1997.CARSE, A. - The History of Orchestration. Nova largue: Dover, 1964.CHlON, M. - Guide des objets sonores. Paris: lnstitut National de l'Audiovisuel &

Buchet/ Chastel, 1983.COWELL, H. - New Musical Resources. Nova Iorque: Cambrige University Press,

1996.FORSYTH, C. - Orchestration. Nova lorgue: Dover, 1982.HELMHOLTZ, H. - On the Sensations of the Tone. Nova Iorque: Dover, 1954.MATHEWS, M. - The Technologyof Computer Music. Boston: MtT Press, 1969.READ, G. - Music Notation. Nova lorgue: Taplinger, 1979.RIMSKY-KORSAKOV; N. - PrincipIes of Orchestration. Nova lorgue: Dover, 1964.SCHAEFFER, P. - Traité des Oijets Musicaux. Paris: Éditions du Seuil, 1966.XENAKlS, I. - Formalized Music. Hillsdale: Pendragon Press, 1992.____ - Musique et originalité. Paris: Séguier, 1996.

,t, IMPRESSO EM" DEZEMBRO/2011

68

Page 64: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos
Page 65: Música e Tecnologia o som e seus novosinstrumentos