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MÚSICA COMO INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA II SIMPÓSIO DA UEFS SOBRE AUTISMO MELISSA LIMA Musicoterapeuta e Educadora Musical Abril - 2018

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MÚSICACOMO INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA

II SIMPÓSIO DA UEFS SOBRE AUTISMO

MELISSA LIMA

Musicoterapeuta e Educadora Musical

Abril - 2018

A EXPERIÊNCIA MUSICAL (BRUSCIA, 2000)

MÚSICA COMO INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA

UTILIZA A

MÚSICA

PODE TER EFEITO

TERAPÊUTICO

TEM OBJETIVO

TERAPÊUTICO

ATIVIDADE MUSICAL sim sim não

EDUCAÇÃO MUSICAL sim sim não

APRENDIZAGEM DE UM

INSTRUMENTO MUSICALsim sim não

MUSICOTERAPIA sim sim sim

OBJETIVOS TERAPÊUTICOS

Fonte: BARCELLOS

MÚSICA COMO INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA

“Musicoterapia é a especialização científica que se ocupa do estudo e da investigação do

complexo SOM - SER-HUMANO, seja o som musical ou não, tendendo a buscar os métodos

diagnósticos e os efeitos terapêuticos do mesmo” BENENZON (1976)

“Musicoterapia é a utilização da música e/ou seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia)

por um musicoterapeuta qualificado, com um cliente ou grupo, num processo para facilitar e

promover a comunicação, relação, aprendizagem, mobilização, expressão, organização e outros

objetivos terapêuticos relevantes, no sentido de alcançar necessidades físicas, emocionais,

mentais, sociais e cognitivas” WORLD FEDERATION OF MUSIC THERAPY (1996)

MUSICOTERAPIA: ALGUNS CONCEITOS

MÚSICA COMO INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA

1911 – BLEULER psiquiatra suíço (esquizofrenia) - Utiliza o termo para se referir às crianças que aparentemente

não se comunicavam e não estabeleciam contato social.

1943 – LEO KANNER (pioneiro na psiquiatria infantil) - “Necessidade de solidão e de uniformidade,

Variações de irritabilidade, falta de comunicação e de interação”.

1964 – JOURNAL OF MUSIC THERAPY

1964 – Publicação do 1º artigo: “Musicoterapia e a mudança de personalidade nas crianças autistas”

de Paul Nordoff-Robbins & Clive Robbins.

Foco terapêutico: MUSIC CHILD e Musicoterapia Criativa.

1968 – 1º MODELO CLÍNICO APLICADO: “Uma abordagem comportamental para a musicoterapia”

Sistematização do modelo comportamental behaviorista em musicoterapia por CLIFFORD MADSEN et al.

A musicoterapia passa a ganhar uma maior abrangência geográfica, social e patológica

MUSICOTERAPIA APLICADA AO AUTISMO(do grego, autos: self)

MÚSICA COMO INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA

NA ABORDAGEM BEHAVIORISTA – FOCO NA RECRIAÇÃO MUSICAL – Observação da mudança de

comportamento (ex: canções com mudanças de andamentos, música com pausas de sons e movimentos

estabelecendo limites: relação entre limite musical e do cotidiano)

NA ABORDAGEM HUMANISTA – FOCO NA IMPROVISAÇÃO – Pequenas indicações do terapeuta, mas

a resposta musical é livre e soa como uma experiência musical

NA ABORDAGEM PSICANALISTA – “A música expressa conteúdos latentes e profundos do indivíduo”

(GALLARDO; ALVIN)

A MÚSICA AUXILIA NA AUTO-ORGANIZAÇÃO

“A utilização sistemática da música facilita a

organização do indivíduo com autismo” (GATTINO, 2015)

MÚSICA COMO INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA

TÉCNICAS MUSICOTERÁPICAS (BARCELLOS)

Livre ou

Direcionada

MÚSICA COMO INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA

♪ Re-criação

♪ Composição

♪ Improvisação

♪ Provocativa

♪ Audição

TÉCNICAS MUSICOTERÁPICAS (BARCELLOS)

Rítmica

Harmônica

Melódica

Intervenção musical

DA INTERAÇÃO À INTERVENÇÃO!!!

Interação musical

Interação corporal

Interação verbal e paraverbal

Cantada (letrada ou não)

Instrumentalou

MÚSICA COMO INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA

SETTING MUSICOTERAPÊUTICO

Material para contextualização das canções

Instrumentos musicais e instrumentos sonoros

MÚSICA COMO INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA

Semibreve 1

Mínima 2

Semínima 4

Colcheia 8

Semicolcheia 16

Instrumento: CLAVAS

• Coordenação motora e interação corporal

• Consciência e interação musical (som e silêncio)

• Interação verbal e/ou paraverbal

• Imitação e repetição das batidas (2, 4 e 8 vezes)

“SEU SAPATEIRO”

MÚSICA COMO INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA

DESAFIOS DO TRABALHO COM GRUPO

DENTRO DO TRANSTORNO

Nem sempre a música que toca um paciente, toca outro / Identidade Sonora do Grupo

Comportamentos de auto-desorganização

Estereotipia - reforço ou estímulo à neuroplasticidade

“A música pode ultrapassar barreiras causadas pela condição imposta pelo tea e que tendem a limitar o indivíduo

em vários aspectos.” (Brandalise)

MÚSICA

FERRAMENTA

DE COMUNICAÇÃO

FERRAMENTA

DE SOCIALIZAÇÃO

MÚSICA COMO INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA

Relação com os demais integrantes do grupo

COMUNICAÇÃO

INTERAÇÃO SOCIAL

PROCESSAMENTO SENSORIAL

Hiper ou Hipo Sensibilidade Auditiva

Baixo ou Alto Limiar para Sons

Estímulo Tátil, Motor e Proprioceptivo

Interoceptividade

Relação dialógica terapeuta-paciente

FOCO TERAPÊUTICO DA MUSICOTERAPIA APLICADA AO TEA

MÚSICA COMO INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA

Cognição social

Regras de convívio em grupo

Sistema audiovisual

Dispraxia

Fluência sequencial do movimento a partir do ritmo ou melodia

Memória

Processo imitativo

Plasticidade

Teclas coloridas - audiovisual

Leitura de partitura com cores - vestibular

FOCO TERAPÊUTICO DA MUSICOTERAPIA APLICADA AO TEA

MÚSICA COMO INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA

Bem estar

Diminuição da estereotipia

Diminuição da ansiedade

Relação afetiva

Segurança

Brincar

“A música convoca à externalização de conteúdos internos.” BRANDALISE

FOCO TERAPÊUTICO DA MUSICOTERAPIA APLICADA AO TEA

MÚSICA COMO INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA

Diminuição dos estímulos visuais e auditivos / paisagem sonora adequada

Conhecer a história sonoro-musical / ‘Música-tema’

Respeitar a relação com o ‘objeto autístico’ (objeto transicional?)

Parceria terapêutica com a ‘música-tema’!

ALGUNS CUIDADOS

TEMPO DA CRIANÇA:

• Recepção da informação

• Compreensão da informação - trabalhar com repetições

• Resposta / ação – tempo de espera

INSTRUMENTO MUSICAL:

• Atenção para não reforçar a estereotipia

• Dar função sonora aos movimentos repetitivos

• Neuroplasticidade – escolha adequada do instrumento para dar função (ex.: reco-reco)

MÚSICA COMO INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA

AVALIAÇÃO MUSICOTERÁPICA

1. NÃO REGISTRA (não se relaciona com o objeto sonoro)

2. REGISTRA (olha e manipula como outro objeto qualquer, sem função sonora)

3. MANIPULA (não musical, atração pela cor, forma)

4. EXPLORA (percebe o som, ainda exploratório, sem função musical)

5. PERSISTE EM USAR ALGUNS (repetição de uso em sessões, forma estereotipada, relação)

6. FAZ AGRUPAMENTO E JOGOS COM ALGUNS

7. USO MUSICAL BREVE (deliberado)

8. USO MUSICAL INTENCIONAL PROLONGADO (deliberado, retira a mão do

musicoterapeuta)

9. USO MUSICAL COM INTENÇÃO INTERMUSICAL (uso de repetições, sons e silêncios por

tempo prolongado)

ESCALA DAS RELAÇÕES INTRAMUSICAIS – ERI (FERRARI, 2012)

MÚSICA COMO INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA

AVALIAÇÃO MUSICOTERÁPICA

1. SEM COMUNICAÇÃO (produção musical desorganizada, sem encontro musical)

2. CONTATO SÓ DE UM LADO SEM RESPOSTA DO PACIENTE (partilha de algumas características

musicais, um pulso em comum ou padrão rítmico / toque isolado, entrado em si mesmo / sem sinais de

reconhecimento da participação do Mt)

3. CONTATO SÓ DE UM LADO SEM RESPOSTA MUSICAL DO PACIENTE (algumas respostas podem

aparecer, porém fora da relação musical / Mt provoca musicalmente, sem obter resposta)

4. RESPOSTA MUSICAL AUTO-DIRIGIDA DO PACIENTE (foge da interação musical, controle do paciente,

direcionada a si mesmo)

5. RESPOSTA MUSICAL BREVE DO PACIENTE (resposta dentro do contexto musical, ainda que breve /

início da interação)

6. RESPOSTA DIRIGIDA MUSICALMENTE SUSTENTADA PELO PACIENTE (início do processo imitativo, Mt

pode dirigir o processo de comunicação musical)

7. ESTABELECENDO CONTATO MÚTUO (paciente sustenta improvisos, mantendo o diálogo musical, não

imita tudo que o Mt faz)

8. ESTENDENDO O CONTATO MÚTUO (experiência musical, variações musicais do paciente, pode

provocar mudanças musicais do Mt)

9. ASSOCIAÇÃO MUSICAL (troca de turnos, criam e reutilizam frases ou padrões rítmicos ou melódicos

dentro da experiência)

CLASSIFICAÇÃO DA INTERAÇÃO MUSICAL – CIM (PAVLICEVIC, 1991)

MÚSICA COMO INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA

Melissa Lima

Graduada em Música (UFBA)

Especialista em Musicoterapia (FAC)

Coordenadora da A Casa da Música – Espaço de Educação Musical, Massagem Sonora, Terapia de Som/Vibroacústica e Musicoterapia

Membro da Equipe Terapêutica da Ciranda – Centro da Integração da Infância

Contatos: [email protected]

espacoacasadamusica.blogspot.com

+55 71 986 790 423

MÚSICA COMO INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA

REFERÊNCIASBARCELLOS, Lia Rejane. A música como metáfora em musicoterapia. Rio de Janeiro, 2009.

BRUSCIA, K. E. Definindo musicoterapia. Tradução Mariza Velloso Fernandez Conde. 2ª edição, Rio de Janeiro: Enelivros, 2000.

FRANÇA, C. C. Predisposição, processamento e desenvolvimento musical na primeira infância: conexões entre a neurociência e a psicologia cognitiva da

música. Cognição & Artes Musicais, 3, 109 – 118. 2008.

FERRARI, K. Musicoterapia – Aspectos de la sistematización y la evaluación de la práctica clínica. Buenos Aires: MTD Ediciones, 2013.

GATTINO, G. Musicoterapia aplicada à avaliação da comunicação não verbal de crianças com transtornos do espectro autista: revisão sistemática e estudo

de validação. Tese de doutorado. Faculdade de Medicina. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS, 2012.

GATTINO, G. Musicoterapia e autismo: teoria e prática. São Paulo: Memmon, 2015.

GATTINO, G. Instrumentos de avaliação. Curso online, Bahia, 2015.

GRANDIN, T.; PANEK, R. O cérebro autista: pensando através do espectro. Tradução: Cristina Cavalcanti. Rio de Janeiro: Record, 2015.

HOLANDA, Adriano. Questões sobre pesquisa qualitativa e fenomenológica. Publicado em Análise Psicológica, 3, XXIV. ISPA. Instituto Universitário. Disponível em:

http://publicacoes.ispa.pt/publicacoes/index.php/ap/article/view/176/pdf 2006.

PETRAGLIA, M. A música e sua relação com o ser humano. Botucatu: OuvirAtivo, 2010.

SCHAFER, M. A afinação do mundo. Tradução: Marisa Trench Fonterrada. São Paulo: Unesp, 2001.

SCHAFER, M. O ouvido pensante. Tradução: Marisa Fonterrada, Magda Silva, Maria Lúcia Pascoal. 2ª edição - São Paulo: Unesp, 2011.

WAZLAWICK, Patrícia. Quando a música entra em ressonância com as emoções: significados e sentidos na narrativa de jovens estudantes de musicoterapia.

R. Científica, FAP.Curitiba, v.1, 2006.

WINNICOTT, D. W. O Brincar e a realidade. Tradução: Jose Abreu e Vanede Nobre. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1975.

MÚSICA COMO INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA