música do século xvi

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Música do século XVI Música Renascentista O período da Renascença se caracterizou, na História da Europa Ocidental, sobretudo pelo enorme interesse ao saber e à cultura, particularmente a muitas ideias dos antigos gregos e romanos. Foi também uma época de grandes descobertas e explorações, em que Vasco da Gama, Colombo, Cabral e outros exploradores estavam fazendo suas viagens, enquanto notáveis avanços se processavam na Ciência e Astronomia. Os compositores passaram a ter um interesse muito mais vivo pela música profana (música não religiosa), inclusive em escrever peças para instrumentos já não usados somente para acompanhar vozes. No entanto, os maiores tesouros musicais renascentistas foram compostos para a igreja, num estilo descrito como polifonia coral ou policoral e cantados sem acompanhamento de instrumentos. A música renascentista é de estilo polifônico, ou seja, possui várias melodias tocadas ou cantadas ao mesmo tempo. No século XVI, como já acontecera no século XV, a música era dividida em sacra e secular. Música Sacra A música sacra era feita em grande escala e de forma séria, usando muitas vozes (polifônica), geralmente sem acompanhamento instrumental. Era a música da Igreja Católica Romana. As qualidades verificam-se também na polifonia clássica, especialmente na da Escola Romana, que no século XVI atingiu a sua maior perfeição com as obras de Pedro Luís de Palestrina, e que continuou depois a produzir composições de excelente qualidade musical e litúrgica. A polifonia clássica, aproximando-se do modelo de toda a música sacra, que é o canto gregoriano, mereceu por esse

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Page 1: Música do século XVI

Música do século XVI

Música Renascentista

O período da Renascença se caracterizou, na História da Europa Ocidental, sobretudo pelo enorme interesse ao saber e à cultura, particularmente a muitas ideias dos antigos gregos e romanos.

Foi também uma época de grandes descobertas e explorações, em que Vasco da Gama, Colombo, Cabral e outros exploradores estavam fazendo suas viagens, enquanto notáveis avanços se processavam na Ciência e Astronomia.

Os compositores passaram a ter um interesse muito mais vivo pela música profana (música não religiosa), inclusive em escrever peças para instrumentos já não usados somente para acompanhar vozes. No entanto, os maiores tesouros musicais renascentistas foram compostos para a igreja, num estilo descrito como polifonia coral ou policoral e cantados sem acompanhamento de instrumentos.

A música renascentista é de estilo polifônico, ou seja, possui várias melodias tocadas ou cantadas ao mesmo tempo.

No século XVI, como já acontecera no século XV, a música era dividida em sacra e secular. 

Música Sacra

A música sacra era feita em grande escala e de forma séria, usando muitas vozes (polifônica), geralmente sem acompanhamento instrumental. Era a música da Igreja Católica Romana. As qualidades verificam-se também na polifonia clássica, especialmente na da Escola Romana, que no século XVI atingiu a sua maior perfeição com as obras de Pedro Luís de Palestrina, e que continuou depois a produzir composições de excelente qualidade musical e litúrgica. A polifonia clássica, aproximando-se do modelo de toda a música sacra, que é o canto gregoriano, mereceu por esse motivo ser admitida, juntamente com o canto gregoriano, nas funções mais solenes da Igreja.

Música secular

 A música secular era mais curta, mais simples e mais alegre. Usava instrumentos e vozes e, freqüentemente, a forma de dança da época (pavana, galharda, corrente), incorporando canções folclóricas e melodias populares.No fim do século XVI, os compositores começaram a tratar a música como uma arte única e indivisa

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A música secular da Renascença pode ser vocal ou instrumental. A música secular vocal dessa época foi composta para ser executada por grupos de vozes ou para uma única voz por parte, com ou sem acompanhamento de instrumentos. Na segunda metade do período (século XVI) houve um aumento da popularidade da musica secular profana que em breve se tornaria tão importante quanto a que acompanhava os serviços religiosos.

Madrigais Falam de Amor – Venus, Um Organista e Um Cachorro – 1550

A mais importante e a mais artística forma de musica vocal secular da Renascença é o Madrigal. O Madrigal é uma obra polifônica para grupos de cantores geralmente sem acompanhamento instrumental. O Madrigal se baseia em poesias seculares cujo tema usual é o amor e é carregado de imagens poéticas. Frequentemente contem metáforas oblíquas. (Nota: O Madrigal Medieval floresceu na Itália entre 1300 e 1400. Era uma forma que empregava duas vozes – em poucos casos três – e geralmente baseava-se em temas pastorais. Não tem relação com o Madrigal Renascentista).

Dulce Est Amare – Giacomo Mancini (1550) – O amor Como Tema

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Pintura ou Desenho de Palavras

Mais que qualquer outro gênero da época, o Madrigal Renascentista exibe a influência do humanismo e o ideal da música como expressão humana. Os compositores do período achavam que se os poetas podiam expressar emoções através de palavras, a música deveria fazê-lo ilustrando com sons o significado das palavras. Isto levou a criação de uma das características mais importantes do Madrigal e que o diferencia de outras formas como o Moteto que é a pintura ou desenho de palavras.

Cromatismo – Cor e Tempero da Musica

Outra diferenciação importante do Moteto é que no Madrigal há o uso frequente de harmonias pouco usuais, o que é denominado de Cromatismo (do grego chroma – cor). O Cromatismo é uma abordagem de composição que favorece o uso de notas que não pertencem as da escala diatônica normal em que a composição é baseada. Isto significa que a música tem notas que podem soar “estranhas” a muitos ouvintes em vez de harmoniosas. Em outras palavras dá “tempero” e cor a musica.O Madrigal desenvolveu-se a partir de 1520 na Itália e era uma forma extremamente popular com a aristocracia. Madrigais eram executados a uma voz por parte por alguns cortesãos ou por uma família de fidalgos, já que qualquer pessoa educada devia saber cantar e tocar um instrumento (Atualmente é normalmente executado com mais de uma pessoa por parte). Normalmente o Madrigal continha de três a sete vozes ou partes. Como era musica familiar e informal, não havendo cantores suficientes para todas as vozes, estas poderiam ser substituídas por um instrumento, geralmente o alaúde.

Giovanni Cariani, O Concerto (1520) – Cantando Madrigal e Amor Como Tema – Folheando Livro de Madrigais (1594)

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Como o Moteto, o Madrigal utilizava amplamente a imitação polifônica, embora esta seja mais livre e haja mais momentos de homofonia do que na composição litúrgica. Diferentemente do Moteto que tinha um tema sacro e sempre utilizava o Latim, o Madrigal era cantado em Italiano, Inglês ou na língua do compositor ou do autor do poema secular. A publicação e disseminação dos madrigais Italianos em Londres a partir de 1588 levou ao desenvolvimento dos Madrigais Ingleses que depois dos Italianos são os mais importantes. Os Madrigais Italianos tendem a ser mais sérios e experimentais que os congêneres Ingleses.

Caravaggio, Os Musicos (1595) – Ensaiando Madrigais Italianos

Luca Marenzio – O Schubert do Madrigal

Os principais madrigalistas no final do século XVI eram Italianos, sendo o maior deles: Luca Marenzio (1553-1599) que compôs cerca de 500 madrigais que vão desde os de estilo mais leves até os mais solenes, contendo muita pintura de palavras e cromatismo. O musicólogo moderno Inglês Denis Arnold definiu Marenzio como “O Schubert do Madrigal”. Um dos seus madrigais mais conhecido é “Solo e pensoso”, com letra do grande poeta medieval Italiano Francesco Petrarca (1304-1374), certamente o primeiro humanista da história.

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Além do Madrigal outras formas de musica vocal secular estavam presentes na Renascença. Entre elas a frottola, rondeau, virelai, ballade, canzonetta, villancico eromanesca. Talvez a mais célebre canção da Renascença seja a romanesca inglesa “Greensleaves” (“Folhas Verdes”). Inicialmente pensou-se que a canção tivesse sido composta por Henrique VIII (1491-1547) para sua amante e futura rainha Ana Bolena (1501-1536) devido a seus versos que falam de rejeição e esta ter inicialmente refutado seus avanços. Descobriu se depois que isto era lenda e que tinha sido composta durante o reino de sua filha Elizabeth I (1533-1603).

Reis e Rainhas Tudor

A canção “Greensleeves” foi registrada em 1580 e 1584 como “A New Courtly Sonnet of the Lady Green Sleeves”. Uma das possibilidades é que a “lady” da canção, a dama Green Sleeves (mangas de blusa verde) tenha sido no mínimo

uma jovem moça promiscua ou mesmo uma prostituta. A referência a cor de suas mangas sugere manchas de grama após um encontro amoroso no campo. Ainda mais que na Inglaterra dessa época, a cor verde era associada com a prostituição. Não se sabe quem foi o compositor de Greensleeves. Atualmente essa famosa melodia tem conotações pastorais bem diversas da original.

Greensleeves – Lady Green Sleeves

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Abaixo o texto da canção:

Alas, my love, you do me wrong,                   Ah, meu amor você é injusta,to cast me off discourteously.          Por descartar-se de mim tão asperamente.I have loved you well and long,                 Eu a amei muito e por muito tempo,delighting in your company.                           deleitei-me em sua companhia.Chorus:                                                              Coro: Greensleeves was all my joy,                         Greensleeves foi minha alegria,Greensleeves was my delight,                       Greensleeves foi meu deleite,Greensleeves was my heart of gold, and Greensleeves foi meu coração de ouro, eWho but my lady Greensleeves?       Quem, senão minha dama Greensleeves? 

Música instrumental

Até o começo do século XVI, os compositores usavam os instrumentos apenas para acompanhar o canto. Contudo, durante o século XVI, os compositores passaram a ter cada vez mais interesse em escrever música somente para instrumentos.

Em muitos lares, além de flautas, alaúdes e violas, havia também um instrumento de teclado, que podia ser um pequeno órgão, virginal ou clavicórdio. A maioria dos compositores ingleses escreveu peças para o virginal. No Renascimento surgiram os primeiros álbuns de música, só para instrumentos de teclados.

Muitos instrumentos, como as charamelas, as flautas e alguns tipos de cornetos medievais e cromornes continuavam populares. Outros, como o alaúde, passaram por aperfeiçoamentos.

Alguns Compositores Renascentistas:

Josquin des Préz (1440 – 1521)Palestrina (1525 – 1594)G. Gabrieli (1555 – 1612)Monteverdi (1567 – 1643)

Referências bibliográficas:

http://www.antesdomunicipal.com.br/p-renascentista-musica-secular-vocalfundamentos-10/

http://www.oocities.org/vienna/strasse/8454/historia3.htm http://www.oliver.psc.br/compositores/historiamusica.htm#Música

Renascentista http://www.vatican.va/holy_father/pius_x/motu_proprio/documents/hf_p-x_motu-

proprio_19031122_sollecitudini_po.html http://www.renatacortezsica.com.br/paginas/musica1.htm