munitárioésempresuperioraoindividual,ouseja,ésempreacomunidadeque,unidaemoração,devediscernirav

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Encarte da Revista Renovação n° 16 - Setembro/Outubro 2002 Boletim 5 Sugestão de roteiro para discernimentos nos GOs Ex.: Eleição do coordenadorta) E m nossa caminhada é muito comum nos encontrarmos em situações de difícil discernimento (se devemos ou não mu- dar o dia ou local da reunião de oração; como proceder na eleição do novo coordenador ; como escolher os membros dos diversos mi- nistérios ; etc ..). Apresentamos nesta edição um roteiro muito prático e de fácil aplicação na in- tenção de auxiliar o coordenador, juntamente com o seu núcleo ,a tomar decisões buscando a luz de Deus. É importante destacar que cada Diocese tem critérios e orientações próprias que devem ser seguidas (principalmente para eleição dos coordenadores dos GOs); apenas apresentamos um roteiro auxiliar aos discernimentos, que somos muito questionados sobre este tema . Portanto, especialmente, vale a pena fazer um breve comentário sobre a importância da elei- ção do coordenador do GO, principalmente frente à opção do sorteio. O Senhor , em toda a história da salva- ção, constitui líderes e os coloca à frente do povo. Nossa questão é: Como discernir o "elei- to" do Senhor para que Ele o unja? Entendemos que o discernimento co- munitário é sempre superior ao individual, ou seja, é sempre a Comunidade que, unida em oração, deve discernir a vontade de Deus. Também a eleição da nova coordenação é uma missão da Comunidade . Se levamos esta deci- são diretamente para um sorteio é como se lavássemos as mãos e oferecêssemos todo o discernimento a Deus, não nos comprometen- do com o resultado, afinal não tivemos parti- cipação direta no processo. quem invoque a passagem da elei- ção de Matias para o lugar de Judas (At 1,15) como argumento para o sorteio de líderes. Sobre isto observemos : - Os discípulos elegeram critérios rigo- rosos para o sorteio (vs 21 e 22), principalmen- te que fosse um servo "previamente" escolhi- do por Jesus - porque viveu entre eles -e que tivesse sido perseveran te desde o início; enten- demos que havia um consenso que qualquer um que fosse escolhido, dentre eles, sa tisfaria as necessidades, porque foram provados longamente na caminhada com o próprio Jesus e perseveraram até aquele momento. - Uma segunda consideração extrema- mente importante, é percebemos que o Espíri- to Santo ainda não tinha sido "dado" a eles; es- tavam por demais desguarnecidos e frágeis no discernimento . "Quando vier o Paráclito, o Es- pírito da verdade, ensinar-vos-á toda a verdade ... "]o 16,13. - Hoje o Senhor e a Igreja nos chamam a sermos protagonistas da História . Usamos Fé e Razão segundo a Encíclica do Papa João Paulo II e, diga-se de passagem, até o Papa é eleito e não sorteado, num processo eletivo cha- mado Conclave, com todos os cardeais habili- tados. -O que sugerimos é que se realize uma eleição clara, fraterna, racional e espiritual, em conformidade com as diretrizes e orien tações da coordenação local da RCC e do Bispo Diocesano. Aqui apresentamos um modelo de discernimento bastante simples de aplicar,

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Entendemos que o discernimento co- munitário é sempre superior ao individual, ou seja, é sempre a Comunidade que, unida em oração, deve discernir a vontade de Deus. Também a eleição da nova coordenação é uma missão da Comunidade. Se levamos esta deci- são diretamente para um sorteio é como se lavássemos as mãos e oferecêssemos todo o discernimento a Deus, não nos comprometen- do com o resultado, afinal não tivemos parti- Boletim n° 5

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Encarte da Revista Renovação n° 16 - Setembro/Outubro 2002 Boletim n° 5

Sugestão de roteiro paradiscernimentos nos GOs

Ex.: Eleição do coordenadorta)

Em nossa caminhada é muito comum nosencontrarmos em situações de difícildiscernimento (se devemos ou não mu­

dar o dia ou local da reunião de oração; comoproceder na eleição do novo coordenador;como escolher os membros dos diversos mi­nistérios; etc ..). Apresentamos nesta edição umroteiro muito prático e de fácil aplicação na in­tenção de auxiliar o coordenador, juntamentecom o seu núcleo, a tomar decisões buscando aluz de Deus.

É importante destacar que cada Diocesetem critérios e orientações próprias que devemser seguidas (principalmente para eleição doscoordenadores dos GOs); apenas apresentamosum roteiro auxiliar aos discernimentos, já quesomos muito questionados sobre este tema .Portanto, especialmente, vale a pena fazer umbreve comentário sobre a importância da elei­ção do coordenador do GO, principalmentefrente à opção do sorteio.

O Senhor, em toda a história da salva­ção, constitui líderes e os coloca à frente dopovo. Nossa questão é: Como discernir o "elei­to" do Senhor para que Ele o unja?

Entendemos que o discernimento co­munitário é sempre superior ao individual, ouseja, é sempre a Comunidade que, unida emoração, deve discernir a vontade de Deus.Também a eleição da nova coordenação é umamissão da Comunidade. Se levamos esta deci­são diretamente para um sorteio é como selavássemos as mãos e oferecêssemos todo odiscernimento a Deus, não nos comprometen­do com o resultado, afinal não tivemos parti-

cipação direta no processo.Há quem invoque a passagem da elei­

ção de Matias para o lugar de Judas (At 1,15)como argumento para o sorteio de líderes.Sobre isto observemos:

- Os discípulos elegeram critérios rigo­rosos para o sorteio (vs 21 e 22), principalmen­te que fosse um servo "previamente" escolhi­do por Jesus - porque viveu entre eles - e quetivesse sido perseveran te desde o início; enten­demos que havia um consenso que qualquer umque fosse escolhido, dentre eles, sa tisfaria asnecessidades, porque foram provadoslongamente na caminhada com o próprio Jesuse perseveraram até aquele momento.

- Uma segunda consideração extrema­mente importante, é percebemos que o Espíri­to Santo ainda não tinha sido "dado" a eles; es­tavam por demais desguarnecidos e frágeis nodiscernimento. "Quando vier o Paráclito, o Es­pírito da verdade, ensinar-vos-á toda averdade ..."]o 16,13.

- Hoje o Senhor e a Igreja nos chamama sermos protagonistas da História . UsamosFé e Razão segundo a Encíclica do Papa JoãoPaulo II e, diga-se de passagem, até o Papa éeleito e não sorteado, num processo eletivo cha­mado Conclave, com todos os cardeais habili­tados.

- O que sugerimos é que se realize umaeleição clara, fraterna, racional e espiritual, emconformidade com as diretrizes e orien taçõesda coordenação local da RCC e do BispoDiocesano. Aqui apresentamos um modelo dediscernimento bastante simples de aplicar,

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Roteiro para o uso do discernimentoreflexivo carismático para decisões

(Baseado nos exercícios espírítuais de Santo Inácio de Loyola)- É necessário que as inspirações que tos, pois muitas coisas que serão reveladas

nos influenciam sejam examinadas, provadas e deverão ser guardadas com amor, pois podemanalisadas se provêm de Deus, de nossa "car- fazer parte da vida particular de quem foi ana-ne" ou do maligno. (Tg 1, 13-17) lisado.

chamado: Discernimento carismático reflexivo(baseado nos exercícios espirituais de SantoInácio de Loyola) .

Obs.: É muito importante que os candidatos acei­tem concorrer à eleição, que conheçam as suasfuturas responsabilidades e compromissos e quetenham disponibilidade e maturidade paraexercê-las. Por isso antes da eleição seria inte­ressante "estudar" um pouco o que é ser umcoordenador. Talvez alguém mais experientepossa fazer um ensino sobre estas questões an­tes da eleição; ou se discuta o Regimento daDiocese. Quem vai coordenar tem que saber emque consiste a coordenação e ter livre arbítrio

- Não podemos nos deixar levar porqualquer sopro de inspiração, mas é precisojulgar se faz parte ou está de acordo com osplanos de Deus. Ao tomarmos decisões sem onecessário discernimento muitas vezes caímosno fracasso.

- Não adianta termos dons espirituais,sermos instrumentos de cura, sermos bons pre­gadores, etc., se não possuímos o discernimentopara usá-los.

PRIMEIRO PASSO:Faz-se as propostas para a decisão emdiscernimento da comunidade.Neste primeiro passo é colocada a questão parao julgamento. Também faz parte deste primei­ro passo a aceitação de cada uma das pessoasenvolvidas como fazendo parte do plano deDeus. Se o caso é a eleição de alguém, é neces­sário que a pessoa aceite a investidura da res­ponsabilidade como fazendo parte da vontadede Deus, caso eleito.Para haver o exercício é necessário que seja fei­to com gente de caminhada, nunca com nova-

para aceitá-la ou não. Não podemos permitir queum coordenador assuma a coordenação do GOsó para que não fique sem ninguém, por amor àobra e para que ela não acabe. Ao contrário, poramor a Deus devemos fazer tudo conforme aSua vontade; para isso é necessário discernirbem o que Deus, de fato, quer.

Francisco JúniorCoordenador da RCC em Goiás e em Goiâniae membro do Núcleo Editorial do BoletimReavivando a Chama

SEGUNDO PASSO:Pede-se o Espírito Santo, todos oram 11 emlínguas" .Sem a luz do Espírito Santo nada podemos fa­zer e não sabemos o que devemos pedir nemorar como convém, mas o Espírito Santo inter­cede por nós, pede por nós conforme o desejode Deus. (Rm 8,26)

TERCEIRO PASSO:Faz-se a pergunta: "0 QUE PODE SERNEGATIVO SE ... ?"Todos devem emitir sua opinião, mesmo quecontrária. Esta opinião deverá ser dada após aoração . Deve-se apontar os pontos negativosmesmo que alguém não concorde que seja ne­gativa a decisão que estamos julgando. Mesmose a mesma opinião já tiver sido dada por ou­tro, devemos dá-la também.Ex.: Se a decisão a ser tomada é sobre a eleiçãode coordenador, cada um emite a opinião ilu­minada pela oração, mas que é dada tendo emvista a razão humana. A pergunta é feita en­tão: o que pode ser negativo que Fulano seja ocoordenador? - As respostas deverão então ser

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dadas, mesmo que alguém concorde que o Fu­lano seja o coordenador. As opiniões emitidasnunca podem ser em forma de acusação, másem espírito de partilha, com amor.

QUARTO PASSO:Pede-se novamente o Espírito Santo, todos"oram em línguas".Neste orar, pede-se para que Jesus nosdesprograme, desarme-nos.

QUINTO PASSO:Faz-se a pergunta: "O QUE PODE SERPOSITIVO SE ... ?"Esta pergunta exige uma resposta que busca ouso da razão. Mesmo a pessoa não concordan­do que o ponto positivo seja relevante, mascada um tem que apontar os pontos positivos,do mesmo modo que tem que declarar os ne­gativos como no item anterior. É neste mo­mento que se revelarão os radicais, aquelesque fincam o pé numa decisão sem analisaremfriamente as suas implicações.Ex.: Se se está elegendo um coordenador, faz­se a pergunta: o que pode ser positivo em queFulano seja o coordenador? - as respostas se­rão dadas num clima de oração.

E SE HOUVER MAIS DE DUAS PROBA­BILIDADES?Se houver mais de duas decisões a tomar (ex. :se houver três nomes apontados para o cargode coordenador), então faz-se os CINCO pas­sos iniciais para cada uma das possibilidades.Este exercício ressalta o lado positivo da pes­soa analisada, lado que as pessoas vêem equem é analisado muitas vezes não vê. Tam­bém mostra os aspectos negativos em que sedeve melhorar, pontos estes que deverão serobletos necessários de meditação na oraçãoparticular.

SEXTO PASSO:Tempo de silêncio.É feito então um tempo de silêncio absoluto,tempo para cada um analisar os prós e os con­tras assinalados, verificar as anotações pesso­ais das opiniões apresentadas (se necessário),silêncio de oração e recolhimento individual.

SÉTIMO PASSO:Faz-se a votação.Após a eleição, ou após a decisão apontada,se mesmo assim houver impasse (pessoas que

não concordam por motivos graves), ora-semais. Mas se não houver impasse, então per­gunta-se às pessoas que votaram contra, seconcordam com a decisão da maioria.

OITA VO PASSO:Entregar para Deus.Após a indicação faz-se a oração e entrega aDeus toda decisão tomada, pois Ele é oSoberano. Por isso deve ser submetido tudoà vontade de Deus. Então se ora pela pessoa,se no caso foi uma eleição, ou se pede paraDeus abençoar a decisão tomada .

Obs. Este tipo de discernimento pode inclu­sive ser feito no meio do mandato de algumCoordenador que se sinta em dúvida paracontinuar no cargo.