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O cloranfenicol e tianfenicol são dois antibióticos semelhantes, obtidos
atualmente por síntese laboratorial, apresentando características químicas,
farmacológicas e antimicrobianas comum, o que permite o seu estudo conjunto. São
também chamados anfenicóis.
O cloranfenicol e o tianfenicol são pouco solúveis em água e tem sabor
amargo, o que prejudica sua administração sob forma injetável e sob forma líquida a
crianças. Esses antibióticos são apresentados sob forma de ésteres, o cloranfenicol
principalmente como palmitato e hemissuccinato e o tianfenicol sob forma de
glicinato.
O cloranfenicol e tianfenicol provocam efeito bacteriostático por inibição da
síntese protéica. Sua ação mais importante resulta de sua ligação à fração 50 S do
ribossomo, inibindo a ação de peptidil-transferases e bloqueando a união dos
aminoácidos na formação do polipeptídio.
Sobre determinados organismo que se mostram muito sensíveis, como o
pneumonicol, pode exercer ação bactericida. Contra outros germes, como a
Salmonella typhi, Escherichia coli e Staphylococcus aureus, a ação bactericida é
cumprida somente em concentrações elevadas.
Cloranfenicol
O cloranfenicol é um antibiótico de amplo espectro. Sua atividade contra
bactérias gram-positivas e gram-negativas, associada à facilidade de administração
por via oral e ao relativo baixo custo, fizeram com que, juntamente com as
tetraciclinas, tornasse-se um dos antibióticos mais utilizados na clinica diária.
O espectro de ação do cloranfenicol abrange estreptococos, inclusive os do
grupo viridans e pneumococos, esterococos, Staphylococcus aureus, S. epidermidis,
listéria, bacilo diftérico, treponemas e leptospiras, neissérias, Haemophilos
influenzae, Campylobacter jejuni, C. fetus, enterobactérias dos gêneros Salmonella,
Shigella, E. Coli, Proteus, Citrobacter, Klebsiella e outros bacilos gram-negativos.
Embora, na generalidade, as bactérias se mostrem sensíveis à ação do
cloranfenicol, a resistência primaria à droga é observa, usualmente, com a
Pseudômonas aeruginosa, Serratia marcescens, Porovidencia e Proteus rettgeri.
O principal mecanismo bioquímico da resistência ao cloranfenicol consiste na
sua inativação enzimática, através, de mecanismos da cetilação enzimática do
antibiótico, devido à presença dos germes resistentes da cloranfenicol-
acetiltransferase. Esta enzima catalisa a acetilação do cloranfenicol, levando a
formação de metabólitos inativos. O segundo mecanismo de importância na
resistência ao cloranfenicol reside na impermeabilidade do germe à droga. É
observado, principalmente, entre os hemófilos e coliformes, impossibilitando o
fármaco de atingir o seu receptor de ação.
A resistência ao cloranfenicol é variável de acordo com o microorganismo e
também, quanto à freqüência de local para local. O cloranfenicol pode ser uma
alternativa terapêutica nas infecções respiratórias e sistêmicas por pneumococos
com resistência moderada à penicilina. O cloranfenicol pode agir como um inibidor
da produção de beta-lactamases, por algumas bactérias. O cloranfenicol exerce um
efeito depressor na imunidade celular, deprimindo blastogênese linfocitária induzida
por antígenos.
A absorção do cloranfenicol é rápida e quase completamente absorvido via
oral. Por via IM, não é habitualmente recomendado, devido à excelente absorção
oral e por não manter níveis sanguíneos tão constantes como pelas vias oral o IV. A
via IV é indicada para os casos mais graves que não possam receber a medicação
por via oral.
A biodisponibilidade do cloranfenicol por via oral é próxima de 100%. Por via
IV este aproveitamento é menor (70%). A meia vida do cloranfenicol é de cerca de
três horas, e sua meia-vida é de cerca de três horas.
O cloranfenicol é o antibiótico que apresenta maior passagem paro o tecido
cerebral e o líquido cefalorraquidiano. No cérebro e em abscessos cerebrais, a
concentração pode ser nove vezes superior à existente no sangue.
O cloranfenicol é bastante metabolizado no fígado, excretando-se em cerca
de 90 % como metabolitos inativos. A principal via metabólica é a conjugação de sua
hidroxila alcoólica primaria com o acido glicurônico, através da ação enzimática da
glicuroniltransferase.
Além disso, o cloranfenicol é metabolizado em seu radical diclotroacetílico,
sofrendo oxidação pelo citocromo P-450 microssomal e hidrólise por amidases
hopáticas, formando-se produtos inativos.
O cloranfenicol é eliminado, principalmente, através dos rins, por filtração
glomerular, em sua maior parte como um metabolito glicurônico inativo e atóxico.
Com relação as interações medicamentosas a metabolização do cloranfenicol
é acelerada por fenobarbital, rifampicina e difenilidantoína, que induzem a ação
enzimática hepática. Desta maneira, o uso concomitante destas substâncias resulta
em níveis séricos menores do cloranfenicol. Por outro lado, este antibiótico pode
inibir o citocromo P-450, diminuindo o metabolismo do fenobarbital e da hidantoína,
elevando o nível sérico destes fármacos e trazendo o risco de intoxicação. O mesmo
ocorre com os anticoagulantes orais, havendo o risco de sangramento.
O cloranfenicol interfere, por mecanismo não determinado, no aproveitamento
do ácido fólico, do ferro e da vitamina B, em pacientes com anemia devido à
carência destes elementos, o antibiótico não deve ser utilizado porque antagoniza a
resposta hematológica à administração destes fatores. A ingestão de álcool durante
o uso do cloranfenicol pode ser acompanhada de reações semelhantes ao
dissulfiran.
O cloranfenicol pode ser utilizado para o tratamento de diversos quadros
infecciosos por germes gram-positivos e gram-negativos. É a droga de escolha para
o tratamento do abscesso cerebral e constitui uma das principais drogas para a
terapêutica das febres tifóide e paratifóide e da meningite por hemófilos. É uma
droga alternativa para o tratamento das meningites por pneumococo e menigococo
em pacientes alérgicos aos beta-lactâmicos.
O cloranfenicol é utilizado na terapêutica da febre tifóide na dose de 50
mg/kg/dia, divididos em quatro tomadas diárias. O cloranfenicol deve ser utilizado
por via oral, empregando a via IV somente em pacientes que não possa ingerir. Em
crianças no período neonatal, a dose do cloranfenicol não deve ultrapassar 25
mg/kg/dia.
O principal efeito adverso do cloranfenicol é representado pela ação sobre o
sistema hematopoiético, provocando anemia, agranulocitose, trombocitopenia e
aplasia medular. Os três primeiros quadros, isoladamente ou em associação, são
devidos à ação toxica da droga. Inibindo a síntese de proteínas da membrana
mitocondrial e levando à supressão da respiração das mitocôndrias, com isto
comprometendo a atividade de síntese da célula e a proliferação celular.
Esses efeitos tóxicos da droga estão relacionados à dose e tempo de uso,
sendo observados, em geral, quando são atingidos níveis plasmáticos iguais ou
superiores a 35 mcg/ml.
A utilização do cloranfenicol em dose igual ou superior a 50 mg/kg/dia, em
recém-nascidos e prematuros provoca uma intoxicação conhecida por síndrome
cinzenta, caracterizada por distensão abdominal, vômitos, taquipnéia, coloração
esverdeada das fezes, letargia, hipotermia, hipotonia, cianose, coloração
acinzentada da pele, choque e morte, em geral dentro de dois dias. Cardiomegalia e
hapatomegalia podem ser observadas em alguns casos.
Em adultos, a intoxicação pelo cloranfenicol pode manifestar-se por náuseas,
vômitos, confusão mental, delírios, alucinações, perda da memória, desorientação,
distensão abdominal e tremores nas mãos, sugerindo uma encefalopatia causada
diretamente pela droga ou devida à hepatotoxidade.
Tianfenicol
O tianfenicol apresenta as mesmas propriedades antimicrobianas do
cloranfenicol, mostrando-se, em particular, bastante ativo contra Gardnerella
vaginalis e Haemophilus ducreyi. Distingue-se, quimicamente, do cloranfenicol por
apresentar um radical metilsulfonílico em lugar do radical nitro ligado ao anel
benzênico, essa diferença faz com que o tianfenicol praticamente não seja
metabolizado no organismo humano. O tianfenicol é bem absorvido por via oral e
parenteral, difundindo-se nos varios órgãos e líquidos do organismo.
As indicações clínicas do tianfenicol são as infecções: respiratórias, urinarias,
biliares, osteoarticulares e meníngeas causadas por bactérias gram-negativas.
Os efeitos colaterais se manifestam-se por náuseas, vômitos, diarréia dor no
local da injeção. A droga provoca depressão medular ao ser usada em doses altas
por tempo prolongado.
O tianfenicol é contra-indicado ao inicio da gestação, no período de
organogênese, por inibir a sínteses de proteínas mitocondriais, alterar a respiração
celular e pode causar morte do embrião.
O tianfenicol é utilizado na dose de 30 a 50 mg/kg/dia, fracionado a cada 6 ou
8 horas. Adultos em geral, recebem 1,5 a 2 g ao dia, podendo ser administrada a
dose diária de 3 g em casos graves.