mtb-09 salvamento aquático

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Manual Técnico de Bombeiro sobre Salvamento Aquático, produzido pelo Corpo de Bombeiros da PMESP

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Coletnea de Manuais Tcnicos de Bombeiros

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SALVAMENTO AQUTICO

COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

MSAq

MANUAL DE SALVAMENTO AQUTICO

1 Edio 2006

Volume 9

Os direitos autorais da presente obra pertencem ao Corpo de Bombeiros da Polcia Militar do Estado de So Paulo. Permitida a reproduo parcial ou total desde que citada a fonte.

PMESPCCB

COMISSO Comandante do Corpo de Bombeiros Cel PM Antonio dos Santos Antonio Subcomandante do Corpo de Bombeiros Cel PM Manoel Antnio da Silva Arajo Chefe do Departamento de Operaes Ten Cel PM Marcos Monteiro de Farias Comisso coordenadora dos Manuais Tcnicos de Bombeiros Ten Cel Res PM Silvio Bento da Silva Ten Cel PM Marcos Monteiro de Farias Maj PM Omar Lima Leal Cap PM Jos Luiz Ferreira Borges 1 Ten PM Marco Antonio Basso Comisso de elaborao do Manual Cap PM Fbio Antonio Barbieri Cap PM Gerson Cosme de Souza 1 Ten PM Maurcio Machado Cunha 1 Ten PM Walmir Magalhes de Sales 1 Ten PM Lizandra Donamore dos Santos Subtenente PM Csar Soares de Oliveira 1 Sgt PM Antonio Gomes de Oliveira 1 Sgt PM Aparecido Pavo 1 Sgt PM Luiz Panarella Comisso de Reviso de Portugus 1 Ten PM Fauzi Salim Katibe 1 Sgt PM Nelson Nascimento Filho 2 Sgt PM Davi Cndido Borja e Silva Cb PM Fbio Roberto Bueno Cb PM Carlos Alberto Oliveira Sd PM Vitanei Jesus dos Santos

COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

PREFCIO - MTB

No incio do sculo XXI, adentrando por um novo milnio, o Corpo de Bombeiros da Polcia Militar do Estado de So Paulo vem confirmar sua vocao de bem servir, por meio da busca incessante do conhecimento e das tcnicas mais modernas e atualizadas empregadas nos servios de bombeiros nos vrios pases do mundo. As atividades de bombeiros sempre se notabilizaram por oferecer uma diversificada gama de variveis, tanto no que diz respeito natureza singular de cada uma das ocorrncias que desafiam diariamente a habilidade e competncia dos nossos profissionais, como relativamente aos avanos dos equipamentos e materiais especializados empregados nos atendimentos. Nosso Corpo de Bombeiros, bem por isso, jamais descuidou de contemplar a preocupao com um dos elementos bsicos e fundamentais para a existncia dos servios, qual seja: o homem preparado, instrudo e treinado. Objetivando consolidar os conhecimentos tcnicos de bombeiros, reunindo, dessa forma, um espectro bastante amplo de informaes que se encontravam esparsas, o Comando do Corpo de Bombeiros determinou ao Departamento de Operaes, a tarefa de gerenciar o desenvolvimento e a elaborao dos novos Manuais Tcnicos de Bombeiros. Assim, todos os antigos manuais foram atualizados, novos temas foram pesquisados e desenvolvidos. Mais de 400 Oficiais e Praas do Corpo de Bombeiros, distribudos e organizados em comisses, trabalharam na elaborao dos novos Manuais Tcnicos de Bombeiros - MTB e deram sua contribuio dentro das respectivas especialidades, o que resultou em 48 ttulos, todos ricos em informaes e com excelente qualidade de sistematizao das matrias abordadas. Na verdade, os Manuais Tcnicos de Bombeiros passaram a ser contemplados na continuao de outro exaustivo mister que foi a elaborao e compilao das Normas do Sistema Operacional de Bombeiros (NORSOB), num grande esforo no sentido de evitar a perpetuao da transmisso da cultura operacional apenas pela forma verbal, registrando e consolidando esse conhecimento em compndios atualizados, de fcil acesso e consulta, de forma a permitir e facilitar a padronizao e aperfeioamento dos procedimentos.

O Corpo de Bombeiros continua a escrever brilhantes linhas no livro de sua histria. Desta feita fica consignado mais uma vez o esprito de profissionalismo e dedicao causa pblica, manifesto no valor dos que de forma abnegada desenvolveram e contriburam para a concretizao de mais essa realizao de nossa Organizao. Os novos Manuais Tcnicos de Bombeiros - MTB so ferramentas importantssimas que vm juntar-se ao acervo de cada um dos Policiais Militares que servem no Corpo de Bombeiros. Estudados e aplicados aos treinamentos, podero proporcionar inestimvel

ganho de qualidade nos servios prestados populao, permitindo o emprego das melhores tcnicas, com menor risco para vtimas e para os prprios Bombeiros, alcanando a excelncia em todas as atividades desenvolvidas e o cumprimento da nossa misso de proteo vida, ao meio ambiente e ao patrimnio. Parabns ao Corpo de Bombeiros e a todos os seus integrantes pelos seus novos Manuais Tcnicos e, porque no dizer, populao de So Paulo, que poder continuar contando com seus Bombeiros cada vez mais especializados e preparados.

So Paulo, 02 de Julho de 2006.

Coronel PM ANTONIO DOS SANTOS ANTONIO Comandante do Corpo de Bombeiros da Polcia Militar do Estado de So Paulo

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SUMRIO 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 2 2.1 2.2 3 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 4 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 SALVAMENTO AQUTICO Conceito Preveno de afogamentos Sinalizao Treinamento Observao dos banhistas Emprego de equipamentos adequados Campanhas educativas e de esclarecimentos Conhecimentos tcnicos bsicos ACIDENTES NO MEIO LQUIDO O sistema respiratrio Tipos de acidentes no meio lquido EQUIPAMENTOS DE BUSCA E SAVAMENTO Equipamentos bsicos de salvamento aqutico Materiais de apoio ao salvamento aqutico Garatia Colete salva-vidas Lanterna subaqutica OPERAES EM SALVAMENTO AQUTICO Salvamento de afogados Procedimento com vtimas em afogamento Localizao de vtima afogada Busca de vtima afogada Operaes em enchente BIBLIOGRAFIACaptulo

2 3 3 3 4 4 4 4 5 6 7 7 8 21 21 22 28 29 29 30 30 32 39 44 41 52

1 Salvamento Aqutico

1.1

Conceito

Compreende-se

por

salvamento

aqutico

todas

as

operaes

realizadas em rios, lagoas, represas, mar, enchentes, piscinas e outros mananciais de gua, visando preveno da integridade fsica de pessoas que se envolvam em ocorrncias em que a gua seja o agente causador de acidentes.COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

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1.2

Preveno de afogamentos

Abrange todas as medidas necessrias para se prover a segurana de banhistas de modo a se evitar afogamentos. Nos dias mais quentes, a populao de forma geral procura piscinas, rios, lagoas, represas e praias para se banhar ou mesmo andar de barcos, esquecendo muitas vezes dos perigos de afogamentos que sempre surgem para aqueles que, alm de no saberem nadar, so imprudentes e no respeitam as normas de segurana. Em locais de maior afluncia popular, como represas e praias, o Corpo de Bombeiros designa Guarda-vidas para preveno de afogamentos e para a realizao de salvamentos. Na periferia das cidades, especialmente as crianas, quase sempre sem o conhecimento dos pais, procuram qualquer buraco que tenha gua para nadar, e principalmente nesses locais mais isolados que o Policial Militar deve intervir, visando segurana da populao, atravs da interdio da rea de perigo. Basicamente uma adequada preveno de afogamentos se faz atravs de sinalizao e orientao, treinamento, observao dos banhistas, emprego de equipamentos esclarecimento. adequados, advertncias e campanhas educativas e de

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Sinalizao

um eficiente meio de preveno de afogamentos, que pode ser feito atravs do uso de placas de advertncia dos riscos existentes no local, atravs de gestos dos Guarda-vidas indicando um local seguro para o banhista se deslocar geralmente associado ao uso de sinais sonoros por apito.

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1.4

Treinamento

O Guarda-vidas deve treinar constantemente, procurando manter-se tcnica e fisicamente em condies de, a qualquer momento, retirar da gua pessoas que estejam se afogando, aplicar os primeiros socorros e encaminh-las ao hospital nos casos mais graves.

1.5

Observao dos banhistas

O tcnico em salvamento aqutico (guarda-vida) deve procurar um bom local para realizar a observao de sua rea de trabalho, onde tenha maior viso, em local de destaque, em cadeires ou elevao na orla da gua, e sempre que possvel, fazer uso de equipamentos que lhe aumente o campo de viso como, por exemplo, o binculo.

1.6

Emprego de equipamentos adequados

So equipamentos individuais obrigatrios para uma boa atuao do Guarda-vidas: o flutuador tipo life-belt (salsicho), o par de nadadeiras e o apito. So equipamentos de que deve dispor o setor de trabalho: o cadeiro, a prancha de salvamento, o rdio transceptor. Em lagoas, piscinas, proximidades de atracadouros, piers, etc., bias circulares de salvamento com cabo retinida so equipamentos tambm eficientes. So equipamentos de apoio eficientes para um grupo de setores ou praias: botes com motor de popa, motos aquticas, jet-boats, lanchas, helicpteros.

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1.7

Campanhas educativas e de esclarecimentos

sabido que alguns banhistas no cumprem os avisos de perigo, que em virtude disto, devem ser advertidos sobre as reas demarcadas, podendo ser orientados no sentido de: 1. tomar banho na parte rasa; 2. nunca tomar banho de mar aps as refeies; 3. no bancar o duro e gritar por socorro enquanto tiver foras; 4. acatar as advertncias dos Guarda-vidas; 5. no nadar prximo s rochas (costeiras), s pontes, aos barcos, aos diques, aos atracadouros etc; 6. no mar, caso seja surpreendido por uma corrente de retorno, nadar com calma e paralelo praia, at sair da correnteza; 7. quando tiver cimbra, permanecer parado, flexionando e esfregando o msculo atingido; 8. caso carem de uma embarcao, tirar os sapatos e as roupas mais pesadas, mantendo a calma; 9. aps ingerir bebida alcolica no entrar na gua. Nos perodos anteriores s temporadas de vero, deve-se organizar campanhas de esclarecimentos populao, por meio da imprensa falada escrita e televisionada, as quais recorrem s autoridades para esclarecimentos populao sobre os perigos existentes no mar e represas, e o que poder ocorrer com os casos de insolao, choque trmico, e nadar aps as refeies.

1.8

Conhecimentos tcnicos bsicos

Para que um Guarda-vidas tenha condies de exercer a profisso, necessrio se faz conhecer as caractersticas morfodinmicas da praia e os riscos especficos das lagoas, rios e represas, etc., onde for atuar, assim como as

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condies do tempo, as condies das guas, conhecimento sobre o atendimento emergencial ao afogado, tcnicas de jud aqutico e tcnica de salvamento.

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Captulo

2 Acidentes no meio lquido

Todo ser vivo constitudo de clulas ou por grupamentos de clulas, que se diferenciam, entre si, para formar diversos tecidos e esses tecidos sofrem adaptaes para formar os rgos. Para manuteno da clula e tambm para garantir uma vida saudvel, necessrio que o indivduo apresente uma boa Funo Cardiorrespiratria, a fim de que a clula seja abastecida com oxignio e tambm para que dela seja retirado o Gs Carbnico.

2.1

O Sistema Respiratrio

atravs da respirao que o organismo obtm o O 2 e elimina o CO2, sendo que tal troca gasosa realizada pelos rgos e estruturas do aparelho respiratrio, que constitudo por: 1) fossas nasais; 2) faringe; 3) laringe; 4) traquia; 5) pulmes (brnquios, bronquolos e alvolos). Na inspirao, o ar entra pelas vias areas, e vai at os alvolos pulmonares, que so completamente envolvidos por finos vasos sangneos, denominados capilares. entre os capilares e os alvolos que ocorre a troca gasosa, onde o O2 passa para o sangue (hematose) e o CO2 sai do sangue e vai para os alvolos. Uma vez no sangue, o O2 junta-se a uma protena chamada HEMOGLOBINA e transportado, pela circulao, at o corao e depois para todas as clulas do corpo. Uma vez dentro da clula, o O 2 captado pelas mitocndrias, que iro utiliz-lo na produo de energia.

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Como resultado dessa produo temos o CO2 que expelido da clula, cai na corrente sangnea, vai at o corao e de l, chega novamente aos pulmes, e jogado para fora do corpo atravs da expirao, e ento novamente inicia-se o ciclo. Os movimentos de inspirao e expirao ocorrem graas aos movimentos dos msculos entre as costelas (intercostais) e ao diafragma, que separa o trax do abdome.

2.2

Tipos de acidentes no meio lquido

2.2.1

Sndrome da Imerso Tambm conhecida como hidrocusso ou choque trmico, ainda no

tem suas causas totalmente explicadas, mas sabemos que ela causa uma arritmia cardaca, devido a uma sbita exposio gua fria, podendo levar a uma Parada Cardiorrespiratria ( PCR) e conseqente morte. Este tipo de acidente pode ser evitado se antes de entrarmos na gua molharmos o rosto. Nos casos de Sndrome de Imerso em que no houve afogamento, deve-se sempre monitorar os sinais vitais da vtima, pois ela pode entrar em colapso a qualquer momento, necessitando ento de uma rpida interveno do socorrista a fim de que sejam restabelecidas suas funes vitais (pulso e respirao). 2.2.2 Hipotermia a diminuio da temperatura corprea devido exposio a temperaturas acima ou abaixo do ponto de congelamento, podendo causar arritmia cardaca, seguida de PCR, perda da conscincia e conseqente afogamento.

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Uma vtima pode sofrer de congelamento caso seu corpo perca mais calor do que ele produz. Os casos de morte por hipotermia variam entre 20 a 85%. Os tipos de hipotermia variam de acordo com a temperatura da vtima, sendo que para se medir a temperatura necessrio que se tenha um termmetro que indique temperaturas baixas, ou seja, que possuam espectro maior do que os convencionais, pois os ltimos somente indicam temperaturas entre 35 e 44 C. O termmetro mais indicado o retal, pois possui espectro entre 28,6 e 44 C. Na hipotermia suave (acima de 32 C) a vtima apresenta tremedeira, discurso incompreensvel, lapsos de memria, mos atrapalhadas. Devido queda da temperatura corprea, teremos uma vaso constrio perifrica, o que ir causar a cianose das extremidades e mucosas. Enquanto o congelamento atinge mos e ps as vtimas de hipotermia queixam-se de dores nas costas e abdome. Na hipotermia profunda: (abaixo de 32 C) no h tremedeira, ao contrrio, ocorre na maioria das vezes o enrijecimento dos msculos (similar rigidez cadavrica). A pele da vtima apresenta uma colorao azulada e no responde dor. O pulso e a respirao diminuem sensivelmente e as pupilas dilatam-se, aparentando a vtima estar morta. Geralmente entre 50 e 80% das vtimas de hipotermia morrem. Como sabemos, a temperatura mdia do corpo varia entre 36 e 37 C, o quadro de hipotermia inicia-se quando a temperatura do corpo cai abaixo dos 35 C, o que pode variar de organismo para organismo. O socorrista que ir atender vtimas desse tipo de acidente dever, to breve quanto possvel, aquecer a vtima, conduzir ao PS e sempre monitorar os sinais vitais. 2.2.3 Afogamento

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Entende-se por afogamento a aspirao de lquido no corporal causando asfixia, o que pode se dar pela aspirao de gua, causando um encharcamento dos alvolos pulmonares, ou pelo espasmo da glote, que pode vir a fechar-se violentamente obstruindo a passagem do ar pelas vias areas, sendo que tais espasmos to violentos so extremamente raros. No caso de asfixia com aspirao de gua, ocorre uma diminuio ou mesmo a paralisao da troca gasosa, devido o liquido postar-se nos alvolos, no deixando assim que o O2 passe para a corrente sangnea, e impedindo tambm que o CO2 saia do organismo. A partir da as clulas que produziam energia com a presena de O2 (aerobicamente), passaro a produzir energia sem a presena dele (anaerobicamente), causando vrias complicaes no corpo, como, por exemplo, a produo de cido ltico, que vai se acumulando no organismo proporcionalmente ao tempo e ao grau de hipxia (diminuio da taxa de O2). Associado hipxia, o acmulo de cido ltico e CO2, causam vrios distrbios no organismo, principalmente no crebro e corao, que no resistem sem a presena do O2. Soma-se tambm a esses fatores a descarga adrenrgica, ou seja, a liberao de adrenalina na corrente sangnea, devido baixa de O2, o estresse causado pelo acidente e tambm pelo esforo fsico e pela luta pela vida, causando um sensvel aumento da freqncia cardaca, podendo gerar Arritmias Cardacas (batimentos cardacos anormais), que podem levar parada do corao. A adrenalina provoca ainda uma constrio dos vasos sangneos da pele que se torna fria podendo ficar azulada, tal colorao chamada de cianose. A gua aspirada e deglutida provoca pequenas alteraes no sangue, tais como aumento ou diminuio na taxa de Sdio e de Potssio, alm do aumento ou diminuio do volume de sangue (hiper ou hipovolemia), (dependendo do tipo de gua em que ocorreu o acidente), e destruio das hemceas. Com o incio da produo de energia pelo processo anaerbio, o crebro e o corao no resistem muito tempo, pois bastam poucos minutos sem oxignio (anxia), para que ocorra a morte desses rgos.

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Levando-se em considerao que a gua do mar possui uma concentrao de 3% de NaCl (Cloreto de Sdio), e que o plasma sangneo possui uma concentrao de apenas 0,9% de NaCl, caso seja aspirada gua do mar, ela por ser mais densa que o sangue, promove uma infiltrao, por osmose, do plasma no pulmo, que fica encharcado, alm de ocorrer a hemoconcentrao, tornando ainda mais difcil a troca gasosa. Caso o afogamento ocorra em gua doce, que possui concentrao de 0% de NaCl, ocorre exatamente o contrrio, devido o plasma ser mais denso que a gua doce, fazendo com que a gua passe para a corrente sangnea causando uma hemodiluio e hipervolemia. Alm desses fatores, a vtima de afogamento, tanto em gua doce como salgada, geralmente desenvolver um quadro de Inflamao Pulmonar, podendo evoluir para um quadro de Pneumonia (Infeco Pulmonar), devido gua aspirada e tambm pelas impurezas e microorganismos nela encontrados. Apenas para conhecimento, em caso de anxia, as clulas do corao podem resistir de 5 min at 01 hora, mas os neurnios, que so as clulas cerebrais, no resistem mais que 3 a 5 min. 2.2.3.1 Divises do afogamento: 1. Afogamento primrio aquele decorrente diretamente do afogamento, sem que haja qualquer fator determinante anterior ao acidente. 2. Afogamento secundrio aquele em que a causa imediata da morte o encharcamento alveolar, mas que isto decorreu de um fator determinante anterior. Exemplos: uma convulso, um AVC, um infarto do miocrdio, um tiro, um suicdio, a embriaguez, a queda de uma costeira com conseqente inconscincia, etc. 2.2.3.2 Fases do afogamento

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De acordo com o Manual of Open Water Lifesaving (1994) da The United States Lifesaving Association (USLA), o processo de afogamento envolve trs fases distintas, que podem ser interrompidas atravs da interveno em sua ocorrncia. So elas:

2.2.3.2.1 Angstia A palavra ANGSTIA, talvez no seja a que melhor defina esta fase, mas a que melhor se adapta palavra original desta teoria: distress. Distress stress ao dobro, e stress significa submeter algum a grande esforo ou dificuldades, ou ainda causar receio ou estar perturbado. Para ns, a palavra que melhor se adapta, em nossa lngua, , ento, angstia. H algumas vezes um longo perodo de aumento da angstia antes do perigo real da emergncia do afogamento e estas situaes podem envolver nadadores fracos ou cansados em guas mais profundas que suas alturas, banhistas arrastados por uma corrente ou nadadores que apresentam cibras ou traumas. Durante a ocorrncia da angstia, nadadores so capazes de se manterem na gua com tcnicas de natao ou equipamentos flutuantes, mas tm dificuldade de alcanar o grau de segurana necessrio. Eles podem ser capazes de gritar, acenar por socorro, ou mover-se em direo ajuda de outros. Alguns nadadores nem sequer sabem que esto em perigo e podem nadar contra uma corrente sem, num primeiro momento, perceber que no esto obtendo sucesso. A ocorrncia da angstia pode durar alguns segundos ou pode prolongar-se por alguns minutos ou at mesmo horas. medida que a fora do nadador esgota-se, a ocorrncia da angstia progredir para o pnico se a vtima no for resgatada ou ficar em segurana. Guarda-vidas alertas em uma praia guarnecida so perfeitamente capazes de intervir durante a fase de angstia no processo do afogamento. DeCOLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

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fato no incomum algumas pessoas protestarem que elas no precisam de ajuda porque elas ainda estavam para se sentir angustiadas, embora possa parecer claro para o guarda-vidas que elas estavam em perigo bvio. Angstia dentro dgua srio, mas esta fase de afogamento nem sempre ocorre. Se ocorrer, a rpida interveno nesse estgio pode assegurar que a vtima no sofra qualquer efeito do afogamento e possa assim continuar se divertindo o resto do dia. A USLA (United States Lifesaving Association) estima que 80% dos salvamentos em praias de arrebentao ocorram devido a correntes de retorno. Em tais casos a fase de angstia tpica. 2.2.3.2.2 Pnico O estgio do pnico do processo de afogamento pode se desenvolver do estgio da angstia, medida que a vtima perca suas foras, ou pode comear imediatamente imerso da vtima na gua. No estgio do pnico, a vtima incapaz de manter sua flutuabilidade devido fadiga, completa falta de habilidade natatria, ou algum problema fsico. Por exemplo, um nadador fraco que cai de um equipamento flutuante pode imediatamente entrar no estgio do pnico. H pouca evidncia de qualquer braada de sustentao efetiva. Em um afogamento a cabea e o rosto esto voltados para gua, com o queixo geralmente estendido. A vtima concentra toda sua energia para respirar, de forma que no h grito por socorro. O pnico irrompeu, tomou conta do banhista. A vtima em pnico pode usar uma braada ineficiente, parecida com o nado cachorro. Guarda-Vidas se referem aparncia das vtimas como escalando para fora do buraco ou subindo a escada. O estgio do pnico raramente dura muito devido s aes da vtima serem extremamente ineficientes. Alguns estudos sugerem que dura normalmente entre 10 e 60 segundos, para desse estgio poder progredir imediatamente para a submerso, a menos que ela seja resgatada. Portanto o Guarda-Vidas deve reagir muito rapidamente.

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2.2.3.2.3 Submerso Ao contrrio da crena popular, a maioria dos afogamentos no resulta em uma pessoa boiando emborcada (flutuando em decbito ventral). Apesar do aumento da flutuabilidade proporcionado pela gua salgada, pessoas sem um equipamento flutuante que perdem sua habilidade para se manter flutuando submergem e vo at o fundo. Em gua doce, que proporciona muito menos flutuabilidade que a gua salgada, a submerso pode ocorrer extremamente rpido. A submerso pode no ser fatal se a vtima for resgatada a tempo, mas isso pode ser uma tarefa muito difcil. Diferentemente da gua cristalina das piscinas, o mar aberto freqentemente escuro e a visibilidade na gua pode ser muito baixa ou at zero. As correntes e a ao da arrebentao podem deslocar o corpo para uma distncia significativa do ponto de submerso inicial. Uma vez ocorrida a submerso, a chance de um resgate bem sucedido diminui dramaticamente. Isto faz com que na fase da angstia ou do pnico seja crucial. De acordo com a The United States Lifesaving Association (USLA), baseada na experincia de Guarda-Vidas profissionais em praias, acredita-se que em at dois minutos h maior possibilidade de haver um resgate com sucesso e ressuscitao de vtimas submersas. Aps isto, as chances de resgate com xito diminuem rapidamente. Em guas frias, salvamentos bem sucedidos tm sido documentados aps uma hora de submerso ou mais, porm estes so casos extremamente raros. Este processo normalmente progressivo, porm, qualquer um dos estgios iniciais podem ser suprimidos completamente, dependendo de uma srie de fatores. De acordo com a proposta do Manual de Guarda-vidas, para que haja uma melhora no atendimento s vtimas de afogamento, bem como uma padronizao na maneira de se prestar os primeiros socorros a tais vtimas,COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

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existe a necessidade de se graduar o afogamento, pois cada vtima, dependendo de seu estado, necessita de cuidados mdicos diferenciados. Todos os casos de afogamento podem apresentar hipotermia, nuseas, vmitos, distenses abdominais, tremores, cefalia, mal estar, cansao, dores musculares, dor no trax, diarria e outros sintomas inespecficos. Partindo-se desse princpio, separamos o afogamento em 06(seis) graus diferentes, onde levamos em considerao o batimento cardaco, a respirao e a presso cardaca conforme segue: Para saber gravidade do afogamento, o socorrista deve avaliar e relacionar os sinais e sintomas que a vtima apresenta conforme segue: NVEL DE CONSCINCIA: (por estmulo ttil ou sonoro); EFICINCIA RESPIRATRIA: (ver, ouvir , sentir e pela auscultao pulmonar); EFICINCIA CIRCULATRIA : ( pela verificao do pulso carotdeo) AUSCULTAO PULMONAR A ilustrao 1 pode ser utilizada para o reconhecimento dos graus de afogamento. Devemos esclarecer entretanto que, embora a ausculta pulmonar seja um ato de conhecimento mdico, ela pode ser facilmente ensinada, para um reconhecimento correto do grau de afogamento. Tendo em vista a necessidade de se efetuar uma Ausculta Pulmonar nas vtimas, para se estabelecer o grau de afogamento, pois para definio dos graus leva-se em considerao como o afogado est respirando, veremos agora algumas anormalidades que podem ser detectadas numa ausculta: SIBILOS: So chiados no peito, semelhantes aos chiados de indivduos com crise de asma e ocorrem principalmente durante a expirao. RONCOS:COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

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So barulhos semelhantes ao som produzido quando sopramos atravs de um canudo dentro de um copo com gua e ocorrem tanto na inspirao quanto na expirao.

ESTERTORES: So sons semelhantes aos roncos, porm mais agudos (finos), lembrando o som produzido quando esfregamos um tecido em outro, prximo ao ouvido. Alm desses itens, necessrio que se saiba como e onde deve-se fazer a ausculta pulmonar, sendo que para tal, o pulmo foi dividido em 04(quatro) campos. Apresentaremos logo abaixo, esquematicamente, um corpo humano, e onde esto localizados os campos pulmonares, lembrando que durante a anlise da vtima, para se estabelecer o grau de afogamento, a ausculta pulmonar dever ser realizada nos 04 (quatro) campos do pulmo, aproximando o ouvido do trax da vtima e buscando qualquer rudo anormal. 2.2.3.3 Graus de afogamento 2.2.3.3.1.Afogamento Grau 1 As vtimas que apresentam esse grau de afogamento, aspiraram uma quantidade mnima de gua, suficiente para produzir tosse. Geralmente tm um aspecto geral bom, e a ausculta pulmonar normal ou com sibilos ou roncos, sem o aparecimento de estertores sendo que seu nvel de conscincia bom com a vtima apresentando lucidez, porm podem estar agitadas ou sonolentas. Tais vtimas sentem frio e tm suas freqncias cardacas e respiratrias aumentadas devido ao esforo fsico, estresse do afogamento e

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tambm pela descarga adrenrgica. No apresentam secrees nasais e bocais e podem ainda estar cianticas devido ao frio e no devido hipxia. TRATAMENTO: Verificao dos sinais vitais; Fazer a vtima repousar; Tranqilizar; Aquecer; e Conduzir ao hospital caso necessrio.

2.2.3.3.2.Afogamento Grau 2 apresentado pelas vtimas que aspiram quantidade de gua suficiente para alterar a troca gasosa ( O2 CO2). So vtimas lcidas, agitadas ou desorientadas, e se for constatada cianose, nos lbios e dedos, temos o comprometimento do sistema respiratrio. Verifica-se tambm o aumento das freqncias cardacas e respiratrias, sendo notada tambm a presena de estertores durante a auscultao pulmonar de intensidade leve a moderada, em alguns campos do pulmo. TRATAMENTO: Verificao dos sinais vitais; Aquecimento corporal; Apoio psicolgico; Tratar estado de choque; e Atendimento mdico especializado.

2.2.3.3.3.Afogamento Grau 3 Neste grau de afogamento a vtima aspira uma quantidade importante de gua, apresentando sinais de insuficincia respiratria aguda, com dispnia intensa (dificuldade respiratria), cianose de mucosas e extremidades, estertorao intensa, indicando um edema pulmonar agudo, e tambm a presena de secreo nasal e bocal. Deve-se tomar cuidados com as vtimas no que tange vmitos, pois pode ser um fator de agravamento caso no sejamCOLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

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tomadas medidas para evitar a aspirao. Para evitar que haja aspirao de vmito, deve-se virar a cabea da vtima para o lado. No grau 3 a vtima apresenta nvel de conscincia de agitao psicomotora ou torpor (acorda se estimulado intensamente) e apresenta tambm taquicardia (freqncia cardaca acima de 100 batimentos por minuto), contudo sem hipotenso arterial (presso arterial sistlica menor que 90mmHg). TRATAMENTO: Verificao dos sinais vitais; Ministrar O2 de 10 a 15 Lpm, devido dispnia; Aquecimento corporal; Tratar o estado de choque; e Atendimento mdico especializado.

2.2.3.3.4.Afogamento Grau 4 Afogamento de grau 4 assemelha-se muito com o de grau 3, no que tange quantidade de gua aspirada, porm o nvel de conscincia pode variar de agitao ao coma sendo que a vtima quando em coma no desperta mesmo com estmulo doloroso intenso. A vtima apresenta taquicardia e tambm um quadro de hipotenso ou choque. Cabe lembrar que as diferenas entre o grau 3 e o grau 4 s sero importantes para o atendimento hospitalar, sendo que para o socorrista o procedimento no difere muito de um caso para o outro. TRATAMENTO: Verificar sinais vitais; Ministrar O2 de 10 a 15 Lpm; Aquecer a vtima; Tratar o estado de choque; e Atendimento mdico especializado. 18

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2.2.3.3.5.Afogamento Grau 5 Nos casos de afogamento em grau 5, a vtima apresenta-se em apnia (parada respiratria), contudo apresenta pulso arterial, indicando atividade cardaca. Apresenta um quadro de coma leve a profundo (inconsciente) com cianose intensa grande quantidade de secreo oral e nasal. TRATAMENTO: Verificao dos sinais vitais; Efetuar ventilao na vtima (boca a boca, AMBU); Aquecer a vtima; Tratar o estado de choque; e Atendimento mdico especializado. 2.2.3.3.6.Afogamento Grau 6 Trata-se da Parada Cardiorespiratria, representada pela apnia e pela ausncia de batimentos cardacos. TRATAMENTO: Efetuar Reanimao Cardio Pulmonar; Em se obtendo sucesso na RCP deve-se aquecer a vtima; Tratar o estado de choque; e Atendimento mdico especializado.

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Figura 1: Quadro para reconhecimento dos graus de afogamento RESPIRAO PRESENTE?

SIM

NO

GRAUS 1, 2, 3, OU 4

GRAU 5 OU GRAU 6

AUSCULTAO PULMONAR

PULSO CAROTDEO PRESENTE?

SIMESTERTORESNO SIM

NO

GRAU

5

GRAU

6

MUITO ALTERADA EM TODOS OS CAMPOS PULMONARES

TOSSE E/OU SIBILOS E/OU RONCOS

INTENSIDADE LEVE A MODERADA

HIPOTENSO

NO

SEM COMAGRAU 1 GRAU

TORPOGRAU

SIM

2

3

COMAGRAU 4

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Captulo

3 Equipamentos de Busca e Salvamento Aqutico

O equipamento mnimo para uma operao aqutica, para fins de busca e/ou resgate de vtimas de afogamento, bem como objetos diversos facilitam as atividades aquticas, porm a falta de equipamentos e embarcao, seja ela qual for pode prejudicar ou inviabilizar a operao, ou ainda tornar impossvel sua execuo, colocando em risco a vida dos socorrista e vtima.

1.1 Equipamento bsico de salvamento aqutico

A fim de atender as ocorrncia bsicas de salvamento aqutico, foi criada uma bolsa na qual esto reunidos os principais equipamentos para este tipo de trabalho. A bolsa confeccionada, de acordo com a especificao N CCB 286/421/04, em tela de nylon de alta resistncia, de modo a suportar o peso dos materiais a serem utilizados na operao enchente que so: 01 par de botas de borracha, 01 conjunto de material bsico de mergulho (mscara, nadadeira, Snorkel, macaco de neoprene), colete salva-vidas, capa de chuva, mosqueto, bolsa de salvamento com cabo de nylon e flutuador, lanterna com bateria de 6 Volts, e possui telas de escoamento para sada dos lquidos ( gua ), dando maior conforto ao socorrista bem como maior segurana. Figura 2: material bsico de mergulho

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3.1.1 Flutuador salva-vidas

confeccionado em espuma microporosa de PVC, com clulas fechadas, resistentes a intempries. Tem dimenses de 930mm de comprimento, 140mm de largura e 80mm de espessura, e possui uma flutuabilidade de 160Kg positivos. transpassado por um cadaro de nylon de 25mm de largura, apresentando em uma de suas extremidades um mosqueto, e, na extremidade oposta duas argolas que possibilitem o fechamento do salva-vidas em torno da vtima, como um cinto. Tambm provido de uma corda de polietileno com 2600mm de comprimento, a qual liga o salva-vidas (salsicho) a um suspensrio feito com cadaro de nylon com 50mm de espessura, que serve para ser preso ao corpo do socorrista que realizar o salvamento. O ideal que todas as peas e partes integrantes do flutuador suportem, sem rompimento ou rasgamento, o arraste de uma pessoa com peso de aproximadamente 120 Kg em meio lquido (conforme especificao N DFP-308/142 do CB). Figura 3: flutuador salva-vidas

1.2 Materiais de apoio ao salvamento aqutico

Segundo o Manual Tcnico de Guarda-vidas, so considerados materiais de apoio: 3.2.1. a URSACOLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

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Viatura tipo resgate, porm equipada com material para atendimento pr-hospitalar para afogamentos e outros acidentes tpicos de praia (traumas provocados por costeiras, acidentes com animais marinhos, etc). Normalmente tripulado por dois Guarda-Vidas treinados para socorros de urgncia e apoio no mar. Deve tambm estar equipada com equipamentos para ocorrncias mais complexas como cabos para costeiras, mochilas com recipiente atendimento rpido na faixa de areia, entre outros. 3.2.2 Bote inflvel Ou bote de resgate inflvel, a embarcao padro dos Guarda-Vidas, devido a sua versatilidade. Equipado com um motor de popa, de fcil manuteno e operao, recomenda-se potncia de 25 40 HP. operado por dois GuardaVidas treinados e habilitados para tal. Bote com convs coberto. Devem ser concebidos para enfrentar tarefas de preveno e salvamento aqutico7: Figura 4: bote inflvel do O2, para

3.2.2.1 Bote Inflvel com casco rgido para salvamento (misto) A especificao n DFP-247/222/91 do CB fixa as condies mnimas exigidas para a aquisio de bote inflvel com casco rgido para salvamento

Figura 5: bote inflvel com casco rgido para salvamento (misto)7

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3.2.2.2 Bote inflvel para salvamento em corredeira (Rafting) Figura 6: bote inflvel para salvamento (Rafting)

3.2.3 Moto aqutica Embarcao de rpida interveno, manobra gil, tem porm, um custo de manuteno mais elevado em relao ao bote. Recomenda-se o reboque de um cesto ou uma prancha adequada para o transporte da vtima. operado por dois Guarda-Vidas treinados e habilitados, podendo ser, caso a situao exigir, operado por somente um Guarda-Vidas. Possui 02 cilindros, 02 tempos, com proteo catdica e contra eletrlise, atravs de anodo de sacrifcio na camisa do cilindro. A potncia mnima ideal de 80 HP a 6250 RPM. A cilindrada mnima de 700 CC. A lubrificao feita atravs de injeo de leo, sendo que a refrigerao feita a gua. O tipo de combustvel a gasolina e a admisso feita por vlvula de palheta. Quanto ao sistema de comando, a transmisso direta do motor, com mancal central do eixo de transmisso apoiado em rolamentos, protegidos por retentores. A partida eltrica, e o sistema de contato pode ser codificado ou no codificado. Quanto s dimenses, o comprimento mnimo de 3 metros, a largura mnima de 1,10 24

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metros, a altura mxima de 1,10 metros, o peso seco mximo de 290 kg, e a capacidade mnima de combustvel so 50 litros sem reserva; a capacidade de pessoas para 3. O casco feito de fibra prensada. Figura 7: moto-aqutica

Destaca-se atualmente, o emprego da moto-aqutica na preveno e at mesmo nos salvamentos aquticos. 3.2.4 Helicpteros A aeronave no emprego do servio de Guarda-Vidas oferece uma srie de vantagens, tanto em salvamentos de difcil realizao, como na preveno, por seu impacto perante o banhista, fcil visualizao e principalmente agilidade e velocidade. Deve ser tripulada por dois Guarda-Vidas equipados e preparados para uma interveno rpida eficiente. Alm dos materiais j citados, tambm so utilizados nos servios gerais de salvamento aqutico barcos de vrios tipos. A denominao barco abrange os tipos de embarcaes de pequeno porte. O Corpo de Bombeiros, para emprego em operaes aquticas, utilizase de barcos com estrutura de liga metlica de alumnio, fiber-glass e borracha sendo que, usualmente a viatura Auto Salvamento (AS) equipada com um barco de casco no formato de um V.

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Utilizado, constantemente, em servios de proteo, busca, inundao etc, o barco deve possuir equipamentos de segurana para cada um dos seus usurios. As necessidades mnimas para proteo dos usurios so: extintor de incndio, bias salva-vidas, corda flutuante, maleta de pronto-socorro, remos sobressalentes e equipamentos outros, a critrio dos usurios, contanto que no causem uma sobrecarga ao barco. Quando a propulso do barco for realizada por motor de popa deve se levar corrente ou corda de segurana amarrado nele e no barco, a fim de evitar a perda do motor que poder se soltar do espelho da popa devido vibrao do seu funcionamento; deve, ainda, levar reserva de combustvel. Para trabalhos especiais de proteo ou buscas, o Corpo de Bombeiros dispe de outros barcos, com caractersticas especficas. Os barcos, sejam quais forem suas dimenses e formatos, devem possuir especificaes que satisfaam, principalmente, s seguintes exigncias: 1. Flutuabilidade - tendncia a pairar sobre a superfcie da gua; 2. Estabilidade - permanncia sobre a superfcie da gua em posio correta, equilbrio e segurana; 3. Navegabilidade - deslocamento sobre a superfcie da gua; 4. Manobrabilidade - movimento fcil em todas as direes, mesmo em situaes adversas (marola, correnteza, redemoinho, vento forte etc). 3.2.5. O barco de alumnio (CHATA) Construdo em alumnio, liga naval, fundo chato, sem quilha, para trabalho em gua doce ou salgada, sob o barco existem flutuadores. Na popa, possui um dispositivo para acoplamento do motor de popa, possui olhais para fixao de corda espia e sua capacidade de at quatro pessoas. Nas laterais, possui suportes para colocao de forquetas. Deve vir com remos (par), par de forquetas e estrados de madeira usados em operao de salvamento.COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

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Figura 8: barco de alumnio (CHATA)

3.2.6. O barco de alumnio (HIDRO V) Construdo em alumnio, liga naval, fundo semi V, para trabalho em gua doce ou salgada, sob o barco existem flutuadores. Na popa, possui um dispositivo para acoplamento do motor de popa, possui olhais para fixao de corda espia e sua capacidade de at quatro pessoas. Nas laterais, possui suportes para colocao de forquetas. Peso de 55 kg, comprimento 3,60 m, de largura de boca 1,35 m, altura de bordo 0,45 m. Deve vir com remos (par), par de forquetas e estrados de madeira usados em operao de salvamento6: Figura 9: barco de alumnio (Hidro V)

3.2.7 Motor de popa

Quando a propulso do barco no for manual, com uso de remos ela realizada atravs motores exploso, entre os quais aquele que se acopla na popa do barco e, por isso, denominado motor de popa.67

Especificao do Barco de Alumnio N 248/222/89 do DFP/CCB. Especificao N DFP - 291/142/91 - Bote Inflvel para Salvamento.

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Muitas so as marcas, tipos e modelos de motores de popa com caractersticas especficas. Figura 10: motor de popa

1 2 6 4 5 25 12 11 20 8 9 10 16 14

19 18 3

7 13

17

15

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23

22

26 24

1.3 Garatia

Aparelho para abordagem e busca, que consiste em trs ou quatro ganchos tipos anzis formando um s conjunto, ligado a uma vara de trs a quatro metros de comprimento em uma corda comum. Deve ser usada como ltimo recurso pois causa danos ao resgatado. Figura 11: garatia

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1.4 Colete salva-vidas

um equipamento de proteo individual submerso, constitudo por uma parte que envolve o tronco e duas semipores aplicadas sobre os ombros, confeccionado de material flutuante ou por sistema inflvel. Figura 12: colete salva-vidas

1.5 Lanterna subaqutica

Dependendo do tipo de operao e condio de visibilidade na gua, poder ser utilizada pelo socorrista. Figura 13: lanterna

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Captulo

4 Operaes em Salvamento Aqutico

4.1

Salvamento de afogados

Mesmo com a preveno adequada, as pessoas, por negligncias, imprudncia, impercia, ou por ms condies fsicas e mal sbito que podem causar paradas cardacas e respiratrias, desmaios e cimbras, ou, ainda, em razo de acidentes com barcos, podem encontrar-se em situaes de perigo, de tal maneira que se no forem prontamente socorridas podero afogar-se. Quando menos se espera, a vtima entra em pnico, debatendo-se na superfcie de forma quase incontrolvel e, por causa do instinto de conservao, segura-se com todas as suas foras a qualquer pessoa ou objeto que aparea ao seu alcance. Portanto, quem no estiver treinado para esse tipo de salvamento ao se aproximar da vtima em desespero ser agarrado por ela e, provavelmente morrer. Nesses casos, antes de entrar na gua, o socorrista deve diligenciar para que outras pessoas possam auxilia-lo. Procurar fazer uso de meios de fortuna: formar uma corrente dando-se as mos uns aos outros, estender vtima uma vara ou corda, bem como lhe lanar objetos flutuantes, umas bias, madeira e estepe de automvel. Caso algum seja um bom nadador ou mesmo que j tenha sido instrudo anteriormente de como proceder o salvamento aqutico, daquele cuja vida depender exclusivamente de sua interveno. O socorrista deve correr pela margem procurando chegar prximo da vitima retirando rapidamente sapatos, roupas e nadar at perto dela.

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Caso o socorrista note que a vtima est calma, deve avisar que vai ajud-la devendo seguir as orientaes; em seguida transportar a vtima at a margem, tendo o cuidado de manter seu rosto fora dgua nesse percurso e, aps, aplicar as tcnicas de primeiros socorros, se necessrio. Caso a vtima esteja em desespero, debatendo-se na superfcie, ento dificilmente o socorrista poder acalm-la de imediato e, nesses casos h necessidade do emprego de tcnicas especiais para o salvamento. Basicamente, o socorrista procurar sempre se aproximar da vtima de tal forma a poder agarr-la pelas costas. H, porm situaes imprevistas em que a despeito do socorrista haver mergulhado com o objetivo de emergir, girando a vtima para apanh-la de costas, esta poder virar-se e agarr-lo de diversas formas. Necessrio se faz que o socorrista conhea as tcnicas de desvencilhamento na gua, para dominar a vtima, isto , saiba o jud aqutico. Nos casos em que a vtima se encontra em desespero e j prestes a se afogar, quando, provavelmente j aspirou muita gua, a aplicao dos primeiros socorros a providncia mais urgente, podendo o socorrista inici-la j no transporte para a margem. Dependendo o caso, deve ser feita a retirada da gua engolida, aplicando-se a reanimao cardiorrespiratria com o encaminhamento da vtima at o hospital, para exames posteriores.

4.2 Procedimentos com vtimas em afogamento

4.2.1 Retirada de vtima em piscina ou barranco de rios, lagoas, poos etc.

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Figura 14: manobra de retirada de vtima

4.2.2 Transporte adequado para a retirada da vitima da gua para a margem: Figura 15: transporte de vtima

4.2.3. Reboque pelo queixo Rebocar a vtima pelo queixo posicion-la na horizontal e face fora da gua: Figura 16: reboque pelo queixo

4.2.4. Reboque peito cruzadoCOLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

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Rebocar a vtima abraando o peito a maneira mais favorvel para afogados tomados de pnico. Figura 17: reboque peito cruzado

De acordo com o Manual Tcnico de Guarda-vidas o guarda-vidas deve saber fazer um salvamento sem equipamento, principalmente porque poder acontecer de se deparar com uma ocorrncia em seu momento de lazer e folga. Neste caso, o Guarda-Vidas no poder se furtar a agir e salvar uma vida.

4.2.5 Manobra de aproximao Na aproximao da vtima que ainda est na vertical e se debatendo na superfcie o bombeiro deve nadar at a vtima com a cabea fora da gua mantendo-a no campo de sua viso e ao chegar prximo deve mergulhar, a fim de evitar que a vtima venha agarr-lo; aps o mergulho, o bombeiro deve colocar as mos por cima dos joelhos da vtima, uma pela frente e outra por trs das coxas, vir-la deixando-a de costas para si, e, desta feita, reboc-la.

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Figura 18: nado de aproximao com flutuador

Figura 19: manobra de aproximao

4.2.6. Reboque com uso de flutuador O procedimento de aproximao da vtima o mesmo utilizado sem o equipamento, a diferena est na dispensa do mergulho quando o bombeiro est bem prximo da vtima, pois entrega de imediato o flutuador deixando-a em posio confortvel e mais segura. O procedimento completo pode ser verificado na seqncia de imagem a seguir:

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Figura 20: nado de aproximao com flutuador

Figura 21: colocao do flutuador na vtima e fechamento com mosqueto

Figura 22: reboque da vtima com flutuador

4.2.7. Jud aqutico: Muitas vezes, ao efetuar uma aproximao de uma vtima agitada, o Guarda-Vidas poder se expor a ser agarrado por ela, colocando sua integridade em risco. Embora isto deva ser evitado mantendo distncia da vtima durante a abordagem no salvamento, necessrio que o Guarda-Vidas saiba como se livrar de um agarramento.COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

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4.2.7.1.Agarramento pela frente, nos cabelos Figura 23: agarramento pela frente

Bater com fora a mo sobre a mo da vtima, forando a mesma a afrouxar a pegada. Figura 24: afrouxamento da pegada

Simultaneamente, segurar a mo da vtima e girar para fora, torcendo o brao dela, de forma a que ela fique de costas, quando o Guarda-Vidas se afasta e faz nova aproximao.

4.2.7.2. Agarramento pela frente, abraando por sobre os braos Afundar enquanto fora os braos abrindo-os. Empurrar com uma das pernas a vtima, afastando-se e efetuando nova abordagem. 4.2.7.3. Agarramento pela frente, abraando por sob os braos

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Figura 25: agarramento abraando sob o braos

Usar uma das mos em forma de cutelo, forando o nariz da vtima para cima. Simultaneamente, empurrar com um dos ps a vtima, afastando-a para fazer nova abordagem. 4.2.7.4.Agarramento pelas costas, por sobre os braos Forar os braos para fora, abrindo-os, enquanto afunda o corpo. Quando a vtima afrouxar a pegada, se desvencilhe dela e faa nova aproximao.

4.2.7.5.Agarramento pelas costas, por baixo dos braos: Figura 26: agarramento pelas costas

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Buscar uma das mos da vtima, e pegar seu dedo mnimo, forando-o para fora. Quando a vtima afrouxar o agarramento, afastar-se dela e efetuar nova aproximao. Lembre-se sempre que a vtima busca ser salva, e no agredir, o que facilitar que ela solte o Guarda-Vidas com facilidade, no sendo necessrio que se use de violncia.

4.3. Localizao de vtima afogada

Ao chegar no local, a guarnio de busca e salvamento deve obter das testemunhas oculares do afogamento ou acidente caso haja, a melhor referncia para a localizao do corpo da vtima afogada. No mnimo duas testemunhas devem ser indagadas, e se possvel, traarem uma linha reta imaginria que as liguem com o ltimo ponto que visualizaram a vtima, prolongando essas linhas a referencias existentes no lado oposto, em relao de onde se encontram. O corpo da vtima de afogamento, normalmente, estar entre trinta e quarenta metros ao redor do lugar onde ela submergiu. Quando existe correnteza o corpo da vtima poder ser arrastado para primeira cavidade ou turbilho mais profundo, tudo isto dependendo da fora da correnteza ou obstculos existentes no fundo do rio ou mar.

4.4. Busca de vtima afogada

Quando a preveno falha e o acidente de afogamento ocorre, o socorrista deve intervir o mais rpido possvel para evitar que a vtima aspire umaCOLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

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quantidade maior de gua e dessa forma tenha seu quadro clnico agravado, conforme vimos anteriormente nos Graus de Afogamento. Entretanto no raras vezes o acidente se d to rapidamente que simplesmente impossvel para o socorrista chegar tempo na vtima, e assim sendo essa vtima submerge e vai para o fundo, quando na maioria das vezes a gua escura e a visibilidade reduzida ou at mesmo nula. Cabe salientar que o quanto antes o socorrista alcanar a vtima, maiores sero as chances de sobrevida do afogado. Para tanto, aplica-se tambm o princpio da Golden Hour, onde todos os esforos devem ser envidados para o correto socorro dentro da primeira hora da ocorrncia, sendo que algumas tcnicas de busca sero apresentadas a seguir: 4.4.1. Busca tipo Cordo Humano No local mais prximo ao avistamento da submerso, posicionam-se o maior nmero possvel de socorristas dispostos ombro-a-ombro, munidos de uma corda que sair das mos do homem que estiver em uma das extremidades e ir at as mos do homem que est na outra. O socorrista mais antigo dever comandar os mergulhos, determinando a direo a ser seguida, geralmente acompanhando a correnteza no local, se houver, ou paralelo praia. Aps dado o comando todos os socorristas efetuam o mergulho, em apnia, percorrem uma distncia determinada pelo encarregado da operao e sobem ao mesmo tempo, retornando aproximadamente um metro para que ento seja iniciado novo mergulho e assim sucessivamente, conforme figura abaixo: Figura 27: busca tipo cordo humano

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Caso o nmero de socorristas no local seja reduzido a ponto de impossibilitar tais manobras, deve-se efetuar mergulhos nos arredores de onde a vtima foi vista pela ltima vez, e a partir da, ampliando-se o campo de pesquisa. Cabe salientar que na medida do possvel deve-se utilizar mscara facial para que sejam efetuadas tais buscas, sendo extremamente vedado o uso de culos de natao, sob pena do socorrista sofrer um barotrauma. 4.4.2. Operaes de mergulho Outra forma de fazer a busca pela vtima de afogamento consiste em operaes de mergulho, com rea determinada, e tipo de busca definida pelo supervisor do mergulho, porm no abordaremos tal tipo de busca por fugir do foco desse manual, sendo encontrado no Manual de Mergulho. Contudo, sabido que para as operaes de mergulho serem iniciadas gasto um tempo precioso , portanto necessrio que antes do sistema de busca com mergulhadores, e at mesmo durante a montagem do esquema, outros socorristas realizem a busca nos moldes descritos acima.

4.5. Operaes em enchentes

Compreende-se

por

enchente

uma

inundao,

cheia,

torrente,

enxurrada, resultante entre outros fatores, do aumento do ndice pluviomtrico, ocorrendo um aumento considervel do volume das guas a serem escoadas por rios, riachos e crregos, geralmente, do ms de dezembro ao ms de maro. Figura 28: enchente

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4.5.1. Causas das enchentes As enchentes podem ser causadas por motivos de rompimento de uma adutora, abertura ou fechamento de barragem, obstruo acidental de curso natural de gua, entupimento de galerias e, ainda, o mais comum, causadas pelo alto ndice pluviomtrico, resultante de fortes chuvas. As enchentes podem ser localizadas ou dispersas, podendo-se citar, tambm atitudes ou descasos para com a natureza, como ocupao de reas inundveis, lanamento de objetos diversificados nos cursos naturais de gua, desmatamento indiscriminado e o crescimento desordenado das grandes cidades.

Figura 29: enchente

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4.5.2. Efeitos das enchentes Como conseqncias das enchentes, pode-se citar deslizamentos,

desabamentos, soterramentos, afogamentos, pessoas ilhadas, quedas de barragens, casas e rvores, resultando em grande nmero de desabrigados, com o perigo de contaminao, doenas e at epidemias pela comunidade em geral. O poder pblico tambm arca com a responsabilidade, uma vez que a essas conseqncias, soma-se: 1) perdas de vidas humanas e ferimentos em pessoas; 2) destruio de moradias e desabrigo de populaes; deteriorao do estado de sade das comunidades atingidas; 3) perda de bens materiais da indstria, comrcio, agricultura e pecuria; 4) paralisao de atividades econmicas e de servios pblicos como abastecimento de gua, energia eltrica sistemas de comunicaes, vias de transporte etc. Figura 30: vtima de desabamento

Fonte: Revista Veja, 25/03/1993

4.5.3. Perigos das enchentes

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Durante o atendimento s ocorrncias de inundaes ou enchentes, deve-se estar atento para os perigos decorrentes delas, tais como exposio contaminao, galerias em construo, valas, boca de lobo, bueiro de rua e de calada, animais peonhentos, armadilhas de superfcie (fossa negra, poo, etc.), deslizamento de terra, desabamento de muro, desmoronamento de residncia, correnteza, produtos qumicos, locais energizados (postes, muros etc.), rios, riachos, crregos e a leptospirose.

4.5.4. Exposio contaminao A contaminao pelas guas poludas causa vrias doenas de pele e outros tipos de molstias.

Figura 31: guas poludas

Estar com a ficha de vacinao atualizada; aps chegar ao quartel, tomar banho com gua e sabo e, em seguida, ser encaminhado ao servio mdico para uma assepsia e exames laboratoriais, so algumas das solues para se evitar a contaminao.

4.5.5. Galerias em construo e valas Devido ao aumento das guas, essas obras so encobertas, expondo todos ao perigo.

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Figura 32: vala de construo

Obter informaes no local com os moradores e nunca se aventurar a atravessar uma rua ou andar no seu centro sem estar devidamente amarrado, usando, ainda, bengala de cego, so medidas que podem evitar acidentes.

4.5.6. boca de lobo, bueiro de rua e de calada Comumente encontrados nas ruas e caladas, provocam muitos acidentes e desaparecimento de pessoas durante as enchentes. Figura 33: bueiro de calada

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Recomenda-se o uso de bengala de cego para pesquisas de superfcies. Bombeiros e vtimas, que se encontram ilhadas, devem transpor as ruas amarradas, usando coletes salva-vidas, balizando com corda espia a rua a ser transposta e, ainda, quando andar nas caladas, faz-lo na parte interna da mesma. 4.5.7. Animais peonhentos As guas das enchentes desentocam os animais peonhentos, deixando o bombeiro exposto a ataques dos mesmos.

Figura 34: animal peonhento escorpio

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Fonte: Apostila do Instituto Butant

ideal no colocar as mos nas paredes, muros, rvores etc. e ficar observando se h presena desses animais. 4.5.8. Armadilhas de superfcie (foa negra, poo, etc.) Normalmente encontradas no interior dos terrenos, podem causar srios acidentes ao bombeiro que no perceb-las por causa da inundao causada pela enchente, podendo cair dentro dessas armadilhas de superfcie, causando, muitas vezes, morte e desaparecimento.

Figura 35: poo

O bombeiro deve observar qualquer terreno de residncia antes de atuar em seu interior, como tambm indagar aos seus moradores quanto presena e localizao dessas armadilhas e, ainda, usar bengala de cego. 4.5.9. Deslizamento de terra, desabamento de muro e desmoronamento de residncia 46

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Devido grande velocidade das enxurradas, das guas das chuvas e sua intensidade, ocorrem eroses, perigo de desabamento, deslizamento de terra, ocasionando perigos aos bombeiros e s pessoas que se encontram nas proximidades. Figura 36: deslizamento de terra

Fonte: Jornal da Tarde, 27/01/1993

A observao de trincas nas paredes, barrancos e muros, fissuras no solo, bem como no andar em cima de muros e beiradas de barrancos so medidas para se evitar acidentes. 4.5.10. Correnteza Ocorre devido ao alto nvel pluviomtrico, aliado ao declive de terrenos. Figura 37: correnteza

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Em situaes de correnteza ideal usar barco, no nadar, usar cabo de salvamento e trabalhar ancorado com n de CAFANGO (soltura rpida). 4.5.11. Produtos qumicos Lanado por indstrias e de fcil contato pelos bombeiros Figura 38: produtos qumicos

Nestes casos h necessidade de uso de barco, identificao de possveis indstrias poluidoras nas imediaes da enchente. 4.5.12. Locais energizados, postes, muros, etc. D-se em conseqncia do aumento do nvel de gua em contato com fios descascados:

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Figura 39: poste

Para minimizar riscos de acidentes importante observar fios quebrados, postes de ferro, no manter contato se possvel, e quando necessrio usar luva de borracha. 4.5.13. Rios, riachos e crregos Comumente, durante as enchentes e devido ao grande volume de guas, os rios e crregos transbordam e fica difcil distingu-los das avenidas, ruas e estradas que se encontram nas margens. Isso representa um perigo para os bombeiros, pois, no notando sua presena, podem ser arrastados.

Figura 40: rio

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Nestes casos necessrio se verificar a localizao desses acidentes geogrficos, no se aventurar a nadar; quando no conseguir verificar esses locais e tiver necessidade de atravessar, faz-lo devidamente amarrado, usar barco sempre que possvel e ancor-lo para locomoo. 4.5.14. Leptospirose Causada pela bactria do gnero LEPTOSPIRA, oriunda da urina do rato em contato com a pele, mucosa ou ferimentos. O bombeiro deve evitar contato com a gua poluda e, no caso de contato, banhar-se com gua e sabo.

4.5.15. Cadastramento de pontos crticos de enchente O bombeiro, ao atender uma ocorrncia de enchente, deve fazer um cadastramento do local para elaborao de estudos de procedimentos operacionais e futuras operaes. Deve emitir relatrio sobre a ocorrncia prefeitura responsvel pela rea, com a finalidade de informar os riscos existentes e providncias a serem tomadas.

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BIBLIOGRAFIA

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O CONTEDO DESTE MANUAL TCNICO ENCONTRASE SUJEITO REVISO, DEVENDO SER DADO AMPLO CONHECIMENTO A TODOS OS INTEGRANTES DO CORPO DE BOMBEIROS, PARA APRESENTAO DE SUGESTES POR MEIO DO ENDEREO ELETRNICO [email protected]