mpsp cria grupo de atuação especial de inclusão social filenº 4 outubro / 2006 ... institucional...

20
Nº 4 outubro / 2006 MPSP cria Grupo de Atuação Especial de Inclusão Social PGJ Encontros para aperfeiçoamento de resultados institucionais Entrevista Antônio Herman de Vasconcellos e Benjamin, do MPSP para o STJ Promotoria Comunitária A experiência dos Promotores de Justiça de Santo Amaro Reconhecimento de Paternidade Campanha envolve MP e autoridades locais Histórias do MP Serra Negra é pioneira na pacificação de conflitos

Upload: duongcong

Post on 12-Mar-2019

221 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: MPSP cria Grupo de Atuação Especial de Inclusão Social fileNº 4 outubro / 2006 ... institucional trazido pela Constituição Federal, vem investindo no desenvolvimento e implementação

Nº 4 outubro / 2006

MPSP cria Grupo de Atuação Especial de Inclusão Social

PGJ

Encontros para aperfeiçoamento de resultados institucionais

Entrevista

Antônio Herman de Vasconcellos e Benjamin, do MPSP para o STJ

Promotoria Comunitária

A experiência dos Promotores de Justiça de Santo Amaro

Reconhecimento de Paternidade

Campanha envolve MP e autoridades locais

Histórias do MP

Serra Negra é pioneira na pacificação de conflitos

Page 2: MPSP cria Grupo de Atuação Especial de Inclusão Social fileNº 4 outubro / 2006 ... institucional trazido pela Constituição Federal, vem investindo no desenvolvimento e implementação

A Procuradoria-Geral de Justiça, em decorrência da necessidade de adaptar a

Instituição aos novos tempos e especialmente em virtude da mudança do perfil

institucional trazido pela Constituição Federal, vem investindo no desenvolvimento e

implementação do conceito de Gestão Estratégica.

Exige-se do Ministério Público respostas cada vez mais rápidas e aptas a atender às

prementes exigências da sociedade. É essencial olhar para o futuro e definir objetivos

estratégicos, considerando as perspectivas sociopolíticas, econômicas, tecnológicas,

legais e culturais.

Se, por um lado, a atuação individual dos membros do Ministério Público tem

respaldado o amplo reconhecimento social de que goza a Instituição, é certo que a nossa

atuação poderia ser muito mais eficiente na transformação social se fossem implementadas

novas formas de organização do trabalho, racionalizando a alocação dos recursos materiais

e humanos e analisando os resultados por meio de indicadores de avaliação.

Para tanto, a Procuradoria-Geral de Justiça instituiu a Assessoria de Planejamento

e Informatização (API) e contratou consultorias especializadas, junto à Fundação

de Desenvolvimento Administrativo (FUNDAP) – para acompanhar o processo de

planejamento estratégico – e à Fundação Estadual Sistema de Análise de Dados (SEADE)

– para o desenvolvimento de sistema de informações demográficas e socioeconômicas.

O êxito dessa empreitada depende do fortalecimento da unidade institucional,

pois o processo de gestão estratégica, embora deva ser desencadeado pela alta

administração, deve ser compartilhado com todos os membros da Instituição, buscando

o envolvimento e o comprometimento de cada um na elaboração do planejamento, da

organização, da execução, do acompanhamento e da correção de rumos.

Gestão estratégica e unidade institucional: a Procuradoria-Geral de Justiça está

certa de que o planejamento possibilitará ao Ministério Público de São Paulo continuar

a cumprir, cada vez com mais eficiência, sua missão institucional, e de que a unidade

dos Promotores e Procuradores de Justiça é absolutamente necessária à superação de

dificuldades momentâneas por que passam o Estado e o País.

“Gestão estratégica

e unidade institucional:

a Procuradoria-Geral

de Justiça está certa de

que o planejamento

possibilitará ao

Ministério Público de

São Paulo continuar a

cumprir, cada vez com

mais eficiência, sua

missão institucional,

e de que a unidade

dos Promotores e

Procuradores de Justiça

é absolutamente

necessária à superação

de dificuldades

momentâneas

por que passam o

Estado e o País.”

Gestão estratégica e unidade institucional

ED ITOR IAL

Rodrigo César Rebello PinhoProcurador-Geral de Justiça

do Estado de São Paulo

Page 3: MPSP cria Grupo de Atuação Especial de Inclusão Social fileNº 4 outubro / 2006 ... institucional trazido pela Constituição Federal, vem investindo no desenvolvimento e implementação

EXPEDIENTE

Edição, Reportagens e Fotos:

Ana Paula de Lara Campos Prado(MTB 24170)Tel.: [email protected]

Kiyomori Mori(MTB 37019)Tel. [email protected]

Colaboração:

Rosângela SanchesTel.: [email protected]

Equipe:

Elisângela Aparecida Cruz BarbosaTel.: [email protected]

Maria de Fátima V. dos Santos SilvaTel.: [email protected]

Suelene Morais do Norte BonetteTel.: [email protected]

Projeto Gráfico:

Antonio Carlos [email protected]

Editoração, CTP, Impressão e Acabamento:

Imprensa Oficial do Estado de São Paulo

Procuradoria-Geral de Justiça ......................................................................4, 5 e 6

Meio ambiente ........................................................................................................7

Crime ........................................................................................................................8

Consumidor .......................................................................................................8 e 9

Cidadania .........................................................................................................9 e 10

Cível .......................................................................................................................11

Infância ..................................................................................................................11

Destaque ................................................................................................................12

Eventos ..................................................................................................................13

Entrevista: Antônio Herman de Vasconcellos e Benjamin .........................14 e 15

Especial: Justiça Restaurativa ...............................................................................16

Especial: Promotoria Comunitária ...............................................................17 e 18

Especial: Reconhecimento de Paternidade..........................................................19

Histórias do MPSP .................................................................................................20

NESTA EDIÇÃO

Assessoria Especial de Comunicação e Relações Institucionais

Rua Riachuelo, 115 - CentroCEP 01007-904 - São Paulo/SP8º andar (Coordenação)3º andar, sala 313 (Redação)

Coordenação:

Roberto Livianu - Promotor de JustiçaTel. [email protected]

Rogério Alvarez de Oliveira - Promotor de JustiçaTel. [email protected]

Page 4: MPSP cria Grupo de Atuação Especial de Inclusão Social fileNº 4 outubro / 2006 ... institucional trazido pela Constituição Federal, vem investindo no desenvolvimento e implementação

PGJ

Concurso para admissão de

Promotores de Justiça Substitutos

recebeu 3875 inscrições

O 85º Concurso de Ingresso à Carreira do Ministério Público recebeu 3875 inscrições. No total, são oferecidas 105 vagas para o cargo de Promotor de Justiça Substituto.

A primeira fase está prevista para acontecer entre os meses de novembro e dezembro deste ano. Já a segunda etapa deve ser realizada em meados de janeiro de 2007.

Pelo Ministério Público, participarão da banca examinadora os Procuradores de Justiça Álvaro Busana, Marco Vinicio Petrellu-zzi, Regina Krauter Paim Pamplona e Selma Negrão Pereira dos Reis. A OAB definiu o nome do advogado Celso Antônio Pacheco Fiorillo para participar da banca.

NO MOMENTO em que se comemora a recentíssima decisão do Supremo Tribunal Federal, reconhecendo a sujeição das relações ban-cárias às normas consumeristas, a Suprema Corte nacional é, agora, instada, no julgamento do recurso extraordinário nº 351.750, a de-cidir se os adquirentes de passagens aéreas estão igualmente pro-tegidos pelo Código de Defesa do Consumidor (lei nº 8.078/90). A decisão que se avizinha não poderia ser mais oportuna à vista das dificul-dades encontradas pela Varig, que, segundo o ministro Valdir Pires, deixou mais de 20 mil brasileiros ao desamparo em terras estrangeiras. A proteção do Código de Defesa do Consumidor ao usuário do transporte aéreo em país de dimensão continental espelha necessidade da sociedade moderna, que não pode ser conduzida por norma obsoleta em detrimento de regras mais atuais e adequadas às relações humanas e comerciais do século 21. Em posição contrária aos interesses dos consumidores e na contra-mão da história até aqui construída pelo Brasil e demais signatários do acordo internacional, pretende-se que a Convenção de Varsóvia, de 1929, e o Código Brasileiro de Aeronáutica, que entrou em vigor no ano de 1987, prevaleçam sobre o Código de Defesa do Consumi-dor, que é consectário da nova ordem constitucional. O argumento que se lança é o de que aquelas normas seriam especiais em relação ao Código de Defesa do Consumidor e que, portanto, prevaleceria a regra instituída pelo artigo 2º, parágrafo 2º, da Lei de Introdução ao Código Civil (“A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou espe-ciais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior”). Surge, pois, o primeiro equívoco dos que vêem as leis exclusivamente como resultado de ilação teórica, esquecendo-se de que elas devam ser-vir à sociedade com a finalidade de facilitar a vida do homem, prote-gendo seus mais relevantes valores. Na hermenêutica jurídica, segundo os ensinamentos de Norberto Bobbio, quando se depara com o critério da especialização, é preciso analisar com cuidado se realmente se está diante de uma nova lei genérica ou de um ordenamento diferencia-

do, visando à criação de uma sistemática jurídica inovadora. O objeti-vo da reforma legislativa nunca se distancia do ideal de justiça (“Des critères pour resoudre les antinomies”, “Dialectica”, vol. 18, pág. 252). O Código de Defesa do Consumidor não é mera lei geral em face da Con-venção de Varsóvia ou do Código Brasileiro de Aeronáutica. A lei con-sumerista foi criada por determinação constitucional para regulamentar as relações de consumo, na busca do equilíbrio social necessário para estabilizar a economia globalizada. Aliás, ela tem natureza de lei especí-fica, que garante o respeito e a proteção dos direitos dos consumidores. Por isso, o microssistema que emergiu do Código de Defesa do Consumi-dor foi recepcionado pelo ordenamento jurídico e passou a conviver com outras normas com as quais, muitas vezes, compartilha o mesmo instituto. Não se trata de questionar a importância da Convenção Internacional de Varsóvia, de 12 de outubro de 1929, admitida no Brasil pelo decreto 20.704, de 24 de novembro de 1931, e posteriormente alterada pelos protocolos de Haia e Montréal. O acordo internacional foi muito impor-tante e adequado para a época. Com um objetivo predominantemente econômico, era fundamental para o desenvolvimento da aviação civil que se estabelecessem regras claras de responsabilidade mínima a se-rem cumpridas pelas companhias aéreas. Os riscos de época de tecno-logia bem menos desenvolvida eram numerosos, e a dificuldade de provar a culpa da transportadora, incomensurável. Criou-se, então, uma responsabilidade em que a culpa era presumida, e os valores in-denizatórios, tarifados. O importante é reconhecer a necessidade e a utilidade de esses instrumentos legislativos serem examinados em consonância com a nova ordem das relações de consumo introduzidas pelo Código do Consumidor e com a função social que ele desempenha. Assim, e a exemplo do que ocorreu no julgamento da ação direta de inconstitucionalidade proposta pela Confederação Nacional das Institui-ções Financeiras, deve-se consolidar o entendimento de que a lei 8.078/90 estabelece os parâmetros da responsabilidade pelo transporte aéreo, na defesa dos interesses dos consumidores.

Leia aqui o artigo do PGJ “O transporte aéreo e o Código do Consumidor”

para o jornal Folha de S.P. de 12/07/06

A proteção do Código ao usuário do transporte aéreo espelha

necessidade da sociedade moderna

Processos passam a ser

distribuídos de forma imediata

na Segunda Instância

Desde o dia 01/08, conforme de-cisão do Órgão Especial do Colégio de Procuradores de Justiça, a distri-buição dos processos para os mem-bros do MP que oficiam nas Procura-dorias de Justiça passou a ser realizada de forma imediata. Além disso, a partir da mesma data, os processos da Procuradoria de Justiça Criminal têm sido distribuídos por sistema informatizado.

Page 5: MPSP cria Grupo de Atuação Especial de Inclusão Social fileNº 4 outubro / 2006 ... institucional trazido pela Constituição Federal, vem investindo no desenvolvimento e implementação

5

No total, 62 integrantes do MP participaram do encontro em Bauru

ESPEC IAL

Promotores de Justiça estiveram no dia 15/09, no Instituto Toledo de Ensino, para discutir planejamento e gestão estratégica da Instituição. O procurador-geral de Justiça, Rodrigo César Rebello Pinho, participou do en-contro que reuniu 62 integrantes do Ministério Público de Bauru e região.

Com início às 9 e término às 18 horas, o evento serviu para, entre ou-tras providências, aferir as necessidades da região. A criação de um Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaerco) no município de Bauru está entre as sugestões apresentadas.

Rodrigo Pinho, que acompanhou os trabalhos durante todo o dia, de-fendeu a construção de um Ministério Público cada vez mais forte e atuan-te. “A visão de futuro vem das mudanças planejadas e compartilhadas com todos os níveis da Instituição”, enfocou o PGJ. Para tanto, foram debatidas e analisadas as diretrizes estratégicas, a análise do ambiente externo e in-terno e a implantação e conveniências regionais.

Organizados pela Assessoria de Planejamento e Informatização (API) do MPE, com apoio técnico da Fundação do Desenvolvimento Administra-tivo (Fundap) e da Fundação do Sistema Estadual de Análise de Dados (Se-ade), os encontros visam ao enfrentamento de novos desafios que passam por priorizar ações de grande abrangência sociais e preventivas, além de articulação externa com os Poderes do Estado e organizações da sociedade e harmonização da autonomia funcional com a unidade institucional.

Alberto Dib, coordenador da API, disse que o MP tem que estar prepa-rado para enfrentar as mudanças que se apresentam. “Como será a atu-ação do promotor do meio ambiente daqui a alguns anos?”, questionou. Segundo ele, o MP tem que desempenhar suas atribuições sempre na busca

de melhores resultados. Para isso, necessário se faz o planejamento, a im-plementação, o monitoramento e a avaliação das ações da Instituição. Du-rante toda a manhã, questões institucionais foram amplamente debatidas.

À tarde, com divisão em seis grupos (cível; criminal; infância e ju-ventude; consumidor; cidadania; meio ambiente e urbanismo), a pauta versou sobre vários temas: idosos, acessibilidade de pessoas com defici-ência, terceiro setor, crimes contra a pessoa, repressão ao crime organiza-do, tráfico interestadual de entorpecentes, sistema prisional, ausência de integração de atividades policiais, educação infantil, drogadição, planos de saúde, instituições financeiras e/ou de créditos, agentes econômicos, probidade administrativa e defesa do interesse público, coleta e trata-mento de esgoto, áreas de risco, loteamentos clandestinos etc.

Na região, segundo os integrantes do MP que atuam na área de meio ambiente e urbanismo, o problema da monocultura é gravíssimo e há a necessidade de obtenção de subsídios científicos sobre as conseqüências dessas atividades nos problemas de saúde da população.

Os temas em pauta buscam aproximar o MP da sociedade, fortalecer a imagem e a defesa da autonomia institucional, o aprimoramento da legislação, o estimulo e orientação à sociedade na defesa de seus direitos e a rápida solução de conflitos.

Essa foi a terceira reunião de gestão estratégica do MPE paulista. Em 23/8, estiveram reunidos, na Capital, os promotores de justiça que atuam nas áreas de cidadania, saúde pública e inclusão social. Em 25/8 foi a vez do MP de Presi-dente Prudente e região. A próxima reunião acontece em 20/9, na Capital, com os representantes da infância e juventude (difusos, carentes e infratores).

MP realiza encontros para aperfeiçoamento de resultados institucionais

Os Ministérios Públicos de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais assinaram em 10/08, na cidade do Rio de Janeiro, termo de cooperação técnica para desenvolver um plano de gestão estratégica e de atuação integrada para defesa da bacia hidrográfica do Paraíba do Sul.

A Universidade de Brasília e a Fundação de Empreendimentos Cien-tíficos e Tecnológicos (Finatec) serão as instituições responsáveis pelo apoio e suporte técnico aos Promotores de Justiça do Meio Ambiente.

“A iniciativa da atuação conjunta partiu do Ministério Público de São Paulo para atender ao Planejamento Estratégico desenvolvido e implementado pelo CAO-UMA, que definiu a defesa da Bacia hidro-gráfica do Paraíba do Sul como uma de suas prioridades”, explica a Procuradora de Justiça Marisa Rocha Teixeira Dissinger, coordenado-ra do Centro de Apoio Operacional do Urbanismo e Meio Ambiente.

A assinatura do termo aconteceu na sede do Ministério Público do Rio de Janeiro, e contou com a presença do Procurador-Geral de

Convênio prevê atuação conjunta dos Ministérios Públicos de SP, RJ e MG para defender a bacia hidrográfica do Paraíba do Sul

Temas abordados na reunião devem aproximar Promotores de Justiça da sociedade civil

Justiça de MG, Jarbas Soares Júnior; do Procurador-Geral de Justiça de SP; do Procurador-Geral de Justiça do RJ, Marfan Martins Vieira; do Reitor da Universidade de Brasília, Timothy Martin Mulholland; e dos professores Paulo César de Morais (Diretor-Presidente da FINA-TEC) e Sadek Crisóstomo Absi Alfaro (Diretor-Secretário da FINATEC).

Convênio foi assinado no Rio de Janeiro (foto/divulgação)

Page 6: MPSP cria Grupo de Atuação Especial de Inclusão Social fileNº 4 outubro / 2006 ... institucional trazido pela Constituição Federal, vem investindo no desenvolvimento e implementação

PGJ

MPE recorre para abrir praias no Guarujá (O Estado de São

Paulo, edição de �9/08)    O procurador-geral de Justiça de São Paulo recorreu da decisão do ministro Cezar Peluso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que manteve fechadas para uso exclusivo de um condomínio particular cinco praias do Guarujá. O assunto será julgado pela 2ª Turma do STF.

A discussão jurídica se arrasta desde 1997, quando a Câmara Municipal editou uma lei para regularizar o uso privado do bem pú-blico. Os vereadores reconheceram as regiões da Praia Branca, Tiju-copava, Sítio São Pedro, Iporanga e Praia de Taguaíba como Áreas de Especial Interesse Ambiental e resolveram fechar o acesso para ‘preservar a natureza’.

O Ministério Público Estadual (MPE) entrou na Justiça pedindo para que lei fosse considerada inconstitucional. Segundo o procura-dor-geral, não se trata de preservação do meio ambiente, mas o inte-resse de pessoas de grande poderio econômico, que têm casas lá.

A ação foi julgada improcedente pelos desembargadores do Tri-bunal de Justiça, que aceitaram o argumento da Sociedade Amigos Sítio Tijucopava (Sasti) de que a restrição era pelo bem da natureza. Os defensores da lei chegaram a argumentar que o uso das praias não estava proibido - apenas o acesso, fechado. ‘Mas não adianta poder usar se não houver como chegar’, disse Pinho.

No recurso ao STF, ele sustenta que ‘não há, portanto, nenhuma dúvida de que a lei ora combatida restringe o acesso da população às praias.’ O que se discute é se isso está ou não de acordo com a Constituição.

A lei do Guarujá, alega Pinho, ‘autoriza a privatização de praias, que são bens de uso comum do povo e de propriedade da União’. De acordo com ele, não se pode admitir ‘a manutenção desse odioso privilégio em favor dos moradores de loteamentos de alto-padrão situados nas áreas beneficiadas por tal medida’. Uma das personalidades que têm casa na região é o ministro da Jus-tiça, Márcio Thomaz Bastos. A Assessoria de Imprensa do ministério confirmou a informação ontem. A casa de Bastos fica na praia de Ipo-ranga. Procurado para comentar o assunto, o ministro preferiu não se pronunciar, porque o caso ainda está sendo apreciado pela Justiça.”

O Ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, e o Governador de São Paulo, Cláudio Lembo, estiveram reunidos com o Procurador-Geral de Justiça de São Paulo na sede do Ministério Público de São Paulo em 07/08. As autoridades vieram prestar solidariedade ao PGJ por ocasião do atentado ao edifício-sede do Ministério Públi-co de São Paulo que ocorreu na madrugada do mesmo dia. Na ocasião, a portaria principal do prédio, localizado no centro de São Paulo, foi parcialmente destruída por um artefato explosivo. Outros prédios públicos da cidade também foram atacados no mesmo dia.

Ministro da Justiça e

Governador de São Paulo

prestam solidariedade ao PGJ

Márcio Thomaz Bastos (esq.), Cláudio Lembo (centro) e Rodrigo Pinho.

A presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministra Ellen Gracie, aco-lheu o pedido da Procuradoria-Geral de Justiça e reconsiderou a decisão que garantia eficácia plena à lei complementar 157/2002, responsável por criar a Contribuição para o Custeio de Iluminação Pública no municí-pio de São José do Rio Preto.

Segundo o MP, a lei é inconstitucional porque criou a progressividade de alíquotas, com base no consumo em quilowatts, afrontando dispositi-vos da Constituição Estadual.

Em outubro do ano passado, o Procurador-Geral de Justiça de São Paulo propôs Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn) contra a lei mu-nicipal, com pedido de liminar. O Tribunal de Justiça deferiu liminarmente o fim da progressividade. Em novembro de 2005, o município recorreu ao STF, quando o então presidente Nelson Jobim suspendeu a decisão do Tribunal Estadual. Agora, em agravo regimental interposto pelo PGJ, a Ministra Ellen Gracie reconsiderou a decisão do ex-Ministro e, em conse-qüência, restabeleceu a liminar concedida pelo Tribunal paulista

STF restabelece liminar em ADIn proposta

contra lei que cria contribuição para o custeio

de iluminação pública em São José do Rio Preto

Na reunião ordinária do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) realizada em Brasília em 07/08, o Procurador de Justiça Paulo Sérgio Prata Rezende, integrante daquele colegiado, expressou sua soli-dariedade à Procuradoria-Geral de Justiça e aos membros do Ministério Público do Estado de São Paulo por ocasião do fato ocorrido na madru-gada daquela data, quando artefato explosivo foi detonado na portaria principal do Edifício Campos Salles, sede da Instituição, destruindo parte da fachada do prédio e causando danos materiais de grande monta.

O Conselheiro Paulo Prata – que integra o Ministério Público de Goi-ás – afirmou que o atentado transcendeu o mero aspecto físico do prédio e constituiu uma ofensa a todos os Promotores e Procuradores de Justiça de São Paulo, e que, “em verdade, a agressão, com nítido propósito inti-midatório, deu-se porque esse Ministério Público é um MP de vanguarda, cujos integrantes são corajosos e intransigentes no combate ao crime organizado, ao tráfico e à corrupção”.

Vários outros integrantes do CNMP aderiram à manifestação do Con-selheiro Paulo Prata, externando seu apoio ao Ministério Público paulista.

Conselheiro do CNMP solidariza-se com a PGJ

Page 7: MPSP cria Grupo de Atuação Especial de Inclusão Social fileNº 4 outubro / 2006 ... institucional trazido pela Constituição Federal, vem investindo no desenvolvimento e implementação

7

MEIO AMbIEnTE

Justiça interdita aterro sanitário que recebia �,5 ton/lixo por dia e contaminava solo

O Ministério Público de São Paulo obteve, no dia 31/07, deci-são favorável da Justiça para interditar o aterro sanitário (lixão) de Itaquaquecetuba. Segundo investigações do MP, o local recebia 3,5 toneladas/dia de lixo, causando grandes prejuízos ambientais na ci-dade.

“Os laudos do MP apontaram que a empresa despejava chorume diretamente nas bocas de lobo, contaminando o lençol freático e cór-regos da região”, explica a Promotora de Justiça do Meio Ambiente e Urbanismo Cinthia Gonçalves Pereira. “A empreiteira Pajoan, respon-sável pela operação do aterro, não apresentou o Estudo de Impacto

Ambiental (EIA/RIMA) e recebia os resíduos no período noturno, para dificultar a fiscalização”, completa a Promotora de Justiça.

Em 2004, o MP obteve uma liminar para suspender as atividades do lixão. Entretanto, a empresa recorreu ao Tribunal de Justiça para continuar operando. Em decisão final, a Câmara Especial do Meio Ambiente do Tribunal de Justiça reconheceu a validade da liminar. Agora, a sentença do juiz de Itaquaquecetuba determinou a “imedia-ta interdição do aterro sanitário” e estipulou multa diária de R$ 100 mil para o caso de descumprimento da decisão.

MEIO AMbIEnTE

Dano ambiental, ganho social, aquecimento glo-bal, problemas de cidades litorâneas, destruição de matas nativas, reserva da propriedade rural.Imagine essas e outras tantas situações que se

relacionam à preservação do meio ambiente e que são relevantes para os interesses difusos.

Tudo isso e muito mais foi pauta do 10º Congresso do Meio Ambiente e 4º Congresso de Habitação e Urbanismo, realizado pelo Centro de Apoio Operacional de Urbanismo e Meio Ambiente do Mi-nistério Público de São Paulo, de 19 a 22 de outubro de 2006, no Grande Hotel em Campos do Jordão.

Especialistas e promotores de Justiça discutiram e sugeriram inovações na área de Direito Ambiental. Durante a abertura, o pro-curador-geral de Justiça, Rodrigo César Rebello Pinho, destacou a re-levância do desenvolvimento sustentável junto às atividades do MP. Realçou a responsabilidade da Instituição com as causas urbanísticas e ambientais e comemorou a escolha da cidade para a realização do congresso. “Campos é emblemática para o debate da preservação do local em que todos coabitamos”, disse o PGJ. “Fico satisfeito em constatar a vanguarda e o dinamismo desses colegas que discutem hoje para evitar o prejuízo de amanhã. São profissionais comprometi-dos e vocacionados que abrem mão de finais de semana para estudar alternativas que melhorem a condição da população.”

Marisa Rocha Teixeira Dissinger, agradeceu a presença das au-toridades, entre elas o prefeito João Paulo Ismael, representantes do Poder Judiciário e da Polícia Militar, e atribuiu aos colegas as realiza-ções do CAO-UMA. “As cobranças são recorrentes”, disse a coorde-nadora do CAO-UMA.

O primeiro conferencista, Vladimir Passos de Freitas, (desembar-gador federal aposentado e ex-presidente do Tribunal Regional Fe-deral da 4ª Região), questionou a timidez com que se trata o Direito Ambiental no Brasil.

“Quantas ações ambientais temos? Ninguém sabe.” Passos de Freitas falou sobre a necessidade de o MP ter as Organizações Não-Governamentais - expressão da cidadania - como parceiras nas

MP discute os desafios ambientais e urbanísticos do desenvolvimento sustentável

questões ambientais. Trouxe, também, informações interessantes de outros países. Na Argentina, por exemplo, por conta de danos am-bientais causados pelo Rio Riachuelo a Suprema Corte realizou uma audiência pública, amparada no princípio da oralidade, para se tentar a solução rápida que o caso exige.

Nas Filipinas, um dano provocado por desmatamento, várias crianças foram colocadas no pólo ativo da ação. Apelo emocional? Quem sabe? O certo é que a preocupação ambiental coabita a esfera mundial e o MP paulista está atento às implicações do desenvolvi-mento sustentável.

Outros congressistas abrilhantaram o evento: André Trigueiros, jornalista e professor de Gestão Ambiental da PUC/RJ; Marta Dora Grostein, arquiteta e professora de Arquitetura da FAU/USP; Liliane Ferreira Garcia (Cubatão), José Carlos Rodrigues de Souza (Catandu-va) e Rosangela Staurenghi (São Bernardo do Campo), todos PJ de Meio Ambiente e Urbanismo; Oswaldo Luiz Palú, procurador de Justi-ça integrante da assessoria do PGJ; e Renato Nalini, desembargador integrante da Câmara Ambiental do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Page 8: MPSP cria Grupo de Atuação Especial de Inclusão Social fileNº 4 outubro / 2006 ... institucional trazido pela Constituição Federal, vem investindo no desenvolvimento e implementação

8

CR IME

A Promotoria de Justiça do Consumi-dor ajuizou Ação Civil Pública contra o Sin-dicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários de São Paulo para indenizar os consumidores paulistanos le-sados pela greve realizada no dia 15/08.

Segundo o Ministério Público, o sindi-cato não respeitou a ordem judicial do TRT-SP para garantir o funciona-

MP pede que Justiça condene Sindicato dos Metroviários a pagar indenização

de R$ 500 mil pela greve

mento de percentuais mínimos da frota. “A greve causou prejuízo a cerca de 2,8 milhões de usuários do Metrô”, afirma a Promotora de Justiça De-borah Pierri. Ela destaca ainda que a cidade toda foi prejudicada pelo mo-vimento grevista do sindicato. “Os congestionamentos alcançaram mais de 180 km”, conclui.

O Ministério Público requer que o sindicato seja condenado ao paga-mento da indenização de R$ 500 mil em danos morais, além de compensar os prejuízos de cada usuário que não pode usar o metrô naquele dia.

COnSUMIDOR

O Tribunal de Justiça de São Paulo concedeu, no último dia 02/08, tutela antecipada à Ação Civil Pública movida pela Promotoria de Justiça do Consumidor para que a Sul América Seguros de Vida e Previdência garanta a renovação dos contratos de seguro de vida dos planos “pro-grama de vida” e “Clube dos Executivos”.

“A empresa havia informado aos seus consumidores que não renova-ria mais o contrato a partir de setembro de 2006, e que os interessados poderiam optar por novos planos com reajuste de até 1.000%”, explica o Promotor de Justiça Gilberto Nonaka, assessor do Centro de Apoio Ope-racional do Consumidor.

Seguro de vida: Justiça decide que Sul América não pode rescindir os contratos

A decisão obriga ainda a seguradora a publicar nos jornais de grande circulação o teor do acórdão do Tribunal de Justiça, além de impor multa-diária de R$ 30 mil pelo descumprimento da decisão.

Agora, os consumidores devem receber em casa novos boletos ban-cários com os valores corrigidos pelo INPC-IBGE. “A rescisão unilateral dos contratos de seguro de vida pela empresa é um claro afronto às determinações do Código de Defesa do Consumidor”, completa o Pro-motor de Justiça.

O Conselho Nacional do Ministério Público reafir-mou e consolidou no dia 2/10, o poder dos membros da instituição de conduzirem investigação criminal. O CNMP aprovou, por maioria de votos, a resolução proposta pela conselheira e procuradora regional federal Janice Ascari para estabelecer as regras gerais para a instauração e a tramitação dos procedimentos de investigação criminal

pelos membros do Ministério Público.“A resolução vai permitir que se observem normas uniformes para todo

o país e resolver o problema de alguns estados que não tinham qualquer tipo de regulamentação do procedimento”, afirmou a autora da resolução, Janice Ascari. A conselheira afirmou, ainda, que um dos principais objetivos da reso-lução é assegurar que os direitos garantidos ao cidadão pela Constituição de 88 sejam respeitados nas investigações desenvolvidas por membros do MP.

O poder do Ministério Público de conduzir investigações criminais ain-da está pendente de julgamento no Supremo Tribunal Federal, que analisa o caso no Inquérito 1.968. em que o deputado Remi Trinta (PL-MA) é acu-sado de envolvimento em fraudes contra o Sistema Único de Saúde.

O deputado questiona a investigação feita pelo Ministério Público Fe-deral. Alega que ao MP caberia apenas requisitar diligências e a instaura-ção de inquérito policial. O julgamento no STF foi suspenso com o pedido de vista do ministro Cezar Peluso, em setembro de 2004.

Os ministros Joaquim Barbosa, Carlos Britto e Eros Grau entenderam que não é exclusividade da polícia a condução das investigações. Já os ministros Marco Aurélio e Nelson Jobim votaram contra o poder investi-gatório do MP.

Na ocasião, Marco Aurélio esclareceu que o MP, embora titular da ação penal, não tem competência para investigar, diretamente, na esfera

Conselho aprova regras para MP fazer investigação (site Consultor Jurídico)

criminal, mas apenas para requisitá-las à autoridade policial.Seis ministros do Supremo, em diferentes oportunidades, já manifesta-

ram sua posição contrária á pretensão investigatória do Ministério Público.Para a conselheira Janice Ascari, a resolução é um avanço e uma ne-

cessidade. Segundo Janice, ainda que o Supremo venha a não reconhecer o poder investigatório do MP, a decisão valerá apenas para o caso em julga-mento. A procuradora assegura que apenas uma Ação Direta de Inconstitu-cionalidade julgada procedente no Supremo contra o poder investigatório poderá derrubar a resolução aprovada nesta segunda-feira pelo Conselho.

Janice Ascari garante que, desde sempre, o Ministério Público não quer ser polícia e tampouco substituí-la. “O trabalho da polícia é funda-mental. A questão é o membro do MP ter regras definidas e limites para conduzir a investigação criminal quando ela for conveniente e necessá-ria”, afirma a procuradora.

PortariaA aprovação da resolução gerou discussões, avançando algumas ses-

sões do Conselho. Na última, em 17 de setembro último, os conselheiros Paulo Prata, Saint Clair Nascimento, Luciano Chagas, Ernando Uchôa e Alberto Cascais pediram vista conjunta.

De todos os conselheiros o único que não concordou com nenhum artigo proposto e se opôs a edição da resolução foi o conselheiro Ernando Uchoa, que é representante da advocacia no CNMP.

A resolução foi aprovada sem grandes alterações em relação à que foi proposta pela conselheira Janice. O ponto de destaque que ficou definido na resolução é que o procedimento investigatório criminal será instau-rado por portaria fundamentada, devidamente registrada e autuada, com a indicação dos fatos a serem investigados.

Page 9: MPSP cria Grupo de Atuação Especial de Inclusão Social fileNº 4 outubro / 2006 ... institucional trazido pela Constituição Federal, vem investindo no desenvolvimento e implementação

9

COnSUMIDOR

A Promotoria de Justiça do Consumidor pediu na Justiça a suspensão do aumento de 11,57% autorizado pela Agência Nacional de Saúde para os planos “antigos” (anteriores à vigência da lei 9.656/98) das seguradoras de saúde Bradesco, Sul América e Itauseg. O MP

pleiteia que o reajuste para esses planos seja de 8,89%.Segundo a Promotora de Justiça Deborah Pierri, o aumento con-

cedido pela ANS desrespeita as decisões judiciais dos processos em curso. “Desde 2004, as três operadoras litigam com o Ministério Pú-blico. As decisões da Justiça nos três processos suspendem as cláusu-

Ministério Público questiona na Justiça aumento de ��,57% nos planos de saúde “antigos” autorizado pela ANS

las contratuais que unilateralmente fixavam os reajustes seguindo a Variação do Custo Médico Hospitalar. A ANS não poderia ter autori-zado os aumentos”, afirma.

As três petições, protocoladas em 10/07, foram dirigidas aos juí-zes da 22ª Vara Cível da Capital (responsável pelo processo contra o Bradesco), 28ª Vara Cível da Capital (responsável pelo processo con-tra a Sul América) e ao Desembargador Silvério Ribeiro, da 5ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (Re-lator do recurso relativo ao Itauseg).

“A Promotoria do Consumidor aguarda uma decisão favorável para impedir que os consumidores beneficiados pela Justiça não sejam preju-dicados pela autorização unilateral da ANS”, diz a Promotora de Justiça.

C IDADAnIA

São Paulo passou a contar, desde 31/07, com atendimento gratuito de Disque Denúncia Eleito-ral. O serviço (0800-600-7400) é fruto da parceria entre o PNBE (Pensamento Nacional das Bases

Empresariais) e o Ministério Público de São Paulo, com apoio do Cen-tro de Apoio Operacional da Cidadania.

As denúncias recebidas serão encaminhadas ao Ministério Públi-co, que as enviará aos Promotores de Justiça Eleitorais que detenham atribuições para atuar nos casos concretos, ou, quando necessário, à Procuradoria Regional Eleitoral.

“O objetivo é combater as irregularidades que possam acontecer no processo eleitoral, especialmente as que tratam da propaganda eleitoral e do exercício abusivo do poder político e econômico dos can-didatos”, explicou o Procurador-Geral de Justiça. Para ele, o serviço será um excelente aliado dos Promotores de Justiça na fiscalização dos candidatos.

Já o coordenador-geral do PNBE, José Roberto Romeu Roque, ava-liou que o serviço contribui para a justiça social e a construção de um

Disque Denúncia Eleitoral começa a funcionar em São Paulo

país politicamente democrático. “Vamos lutar bravamente pela ética no processo eleitoral, denunciando os gastos abusivos dos candidatos e financiamentos ilegais vistos num passado recente”, afirmou.

A assinatura do acordo aconteceu em 28/07, na sede do MP, e contou também com a presença do Procurador de Justiça João Francisco Moreira Viegas, coordenador do Centro de Apoio Operacional da Cidadania.

Serviço:O serviço do Disque Denúncia Eleitoral funciona de segunda-fei-

ra a sexta-feira, das 8h às 20 horas, pelo número 0800-600-7400. Aos sábados, o atendimento acontece entre 8h30 e 12h30.

Atendimento do disque denúncia eleitoral

Cerimônia de assinatura do convênio com o PNBE

Page 10: MPSP cria Grupo de Atuação Especial de Inclusão Social fileNº 4 outubro / 2006 ... institucional trazido pela Constituição Federal, vem investindo no desenvolvimento e implementação

�0

C ÍVEL

Na edição nº 3 da Revista do MPSP, a matéria “Ministério Público e FIPE renovam convênio de cooperação para fi scalizar

fundações” saiu incorretamente creditada à área da cidadania. A atuação junto às fundações é de responsabilidade da área cível.

O Centro de Apoio da Cidadania passou a integrar, desde o dia 1/8, o Grupo Gestor de Quilombos, co-ordenado pela Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo.

Ao CAO, caberá estudar a viabilidade do aparelhamento de ações judiciais conjuntas, buscando a regularização fundiária, a inclusão social e o reconhecimento de novas comunidades, a exemplo do que foi feito com a população quilombola do Caçandoca.

A participação do MP no Grupo Gestor de Quilombos foi decidida em reunião conjunta do Centro de Apoio Operacional da Cidadania, representado pelo Procurador de Justiça coordenador, João Francis-co Moreira Viegas, e a secretária da Justiça e Defesa da Cidadania, Eunice Aparecida de Jesus Prudente. O encontro contou ainda com a presença de representantes da Procuradoria Geral do Estado e do Instituto de Terras do Estado de São Paulo.

A revitalização dos CICs (Centros Integrados de Cidadania), com a aproximação dos Conselhos locais ao recém-criado Grupo de Atua-ção Especial de Inclusão Social, também foi tema da reunião.

CAO-Cidadania passa a integrar Grupo Gestor de Quilombos

Moradora de quilombo em São Paulo

O Ministério Público de São Paulo e a Asso-ciação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg) assinaram no dia 14/07 termo de acordo para estabelecer parceria institucional visando a fomentar o desenvolvimento e a adoção de padrões públicos para os serviços

registrais e notariais brasileiros. Além disso, o documento prevê a possibilidade de fornecimento

direto de informações pessoais sobre bens e direitos de titularidade

Ministério Público e Anoreg iniciam parceria para auxiliar em investigações

de partes processuais ou pessoas investigadas em procedimentos em curso no Ministério Público.

Com a assinatura do acordo, o Ministério Público otimizará a sua forma de atuação, já que os Promotores de Justiça terão a possibili-dade de realizar pesquisas eletrônicas a respeito da situação jurídica de pessoas e bens.

O acesso ao banco de dados será centralizado pelo Centro de Apoio das Promotorias de Justiça Cíveis, de Acidentes do Trabalho, do Idoso e da Pessoa Portadora de Defi ciência (CAO-Cível).

C IDADAnIA

A empresa de transporte público Translitoral, que opera em Vicente de Carvalho e no Guarujá, foi obrigada por sen-

tença a adaptar a sua frota de ônibus. É a primeira vez no Estado que uma empresa de ônibus é condenada a

adaptar a sua frota.O pedido foi formulado em Ação Civil Pública movida pelo Promotor

de Justiça de Vicente de Carvalho (litoral de São Paulo) Eloy Ojea Gomes, para garantir o direito ao transporte das pessoas com defi ciência.

“O juiz reconheceu a inconstitucionalidade dos artigos 38 e 39 do Decreto 5.296/04, referentes à forma e ao prazo para a adaptação dos veículos de transporte coletivo de passageiros. Com isso, conse-guimos o pré-questionamento constitucional da matéria pela viola-ção dos princípios da dignidade humana, igualdade e efi ciência, que poderão levar a causa até o STF”, afi rma o Promotor de Justiça.

Sentença inédita em Ação Civil Pública obriga empresa de transporte do litoral

a adaptar ônibus para pessoas com defi ciência

Segundo a sentença, a empresa fi ca ainda obrigada a reservar duas vagas próprias para pessoas com mobilidade reduzida, que, para sua locomoção, dependam do uso de cadeira de rodas, além de ofe-recer o elevador próprio em cada qual dos veículos.

Os ônibus da cidade deverão reservar outros dois assentos prefe-renciais para pessoas com defi ciência que não dependam do uso de cadeira de rodas.

As reformas, instalações, modifi cações e adaptações deverão ser implementadas, a cada três anos, em 20% da frota destinada ao transporte público municipal coletivo, até o total de 100% da frota no prazo de quinze anos.

A multa diária pelo descumprimento da decisão é de R$ 20 mil, exigível ao fi nal de cada triênio. Leia a íntegra da sentença no site do www.mp.sp.gov.br

Page 11: MPSP cria Grupo de Atuação Especial de Inclusão Social fileNº 4 outubro / 2006 ... institucional trazido pela Constituição Federal, vem investindo no desenvolvimento e implementação

��

O pregão realizado pelo Ministério Público de São Paulo para a contratação de serviços de operações te-lefônicas institucionais resultou na economia de R$ 1.127.246,17 pelos próximos 30 meses para os cofres públicos.

Autorizado pela Diretoria-Geral da Instituição, o pre-ço médio mensal cotado para os minutos utilizados em

cinco unidades administrativas (Edifício-Sede, Manoel da Nóbre-

Ministério Público economiza R$ �,��7 milhão com pregão de serviços de operação telefônica

ga, Santana, Oratório e Fórum João Mendes) estava estimado em R$ 1.793.508,67. Com o pregão, o valor fi nal foi fechado em R$ 666.262,50.

“Foram mais de cinqüenta rodadas de negociação, resul-tando, em virtude da acirrada concorrência, na vultosa redução dos preços”, avalia a Promotora de Justiça Dalva Teresa da Sil-va, Diretora-Geral do Ministério Público.

DESTAqUE

InFÂnC IA

O Naia (Núcleo de Atendimento Integrado de Adoles-centes) de Americana, inaugurado no ano passado, já começa a apontar resultados positivos. Segundo levan-tamento dos atos infracionais, realizado pela Promoto-ria da Infância e Juventude da cidade, houve redução de 29,5% nas ocorrências.

Em 2005, foram contabilizados no total 410 atos, contra 582 em 2004. No caso dos roubos, a queda foi de 60% (de 55 ocorrências para 22); já os furtos caíram em 50,5% (de 93 registros para 46 no ano passado).

Segundo o Promotor de Justiça da Infância e Juventude Rodrigo Au-gusto de Oliveira, entre os motivos que explicam essa queda estão os trabalhos desenvolvidos com os internos no Naia. “Até 2004, quando não existia o Núcleo, nossas pesquisas indicavam aumento anual das ocorrên-

Em Americana, MP aponta redução dos atos infracionais envolvendo adolescentes

cias. Desde a abertura do Naia no ano passado, as ocorrências estão reduzindo”, afi rma.

NaiaO Naia oferece serviços de psicólogos, educado-res e assistentes sociais, além de contar com área para a prática esportiva. O MP também possui uma sala no local, onde são realizadas as oitivas

informais com prévio relatório da equipe técnica. Inaugurado em abril de 2005, o projeto educacional é o resultado de

um trabalho conjunto do Ministério Público, OAB, Conselho Tutelar, Conselho de Direitos da Criança, Salesianos, Vara da Infância e Juventude, Polícia Civil, Prefeitura Municipal e a Secretaria Estadual de Justiça (por meio da Febem).

O objetivo do projeto é se transformar em um Centro de Referência para a Infância e Juventude no município até o fi nal de 2006, ao integrar em um único lugar o MP, Justiça, ONGs de assistência à criança e ao adolescente, Conselho de Direitos e Tutelar, possibilitando o atendimento dos adolescentes infratores e das situações de risco envolvendo crianças e adolescentes.

C ÍVEL

O workshop “Pessoas Portadoras de Defi ciência”, realizado no dia 18/08 em Presidente Prudente, proporcionou uma experiência inusitada aos Promo-tores de Justiça: vivenciar um pouco as difi culdades do dia-a-dia das pessoas com defi ciência.

A experiência inesperada foi proporcionada pelos organizadores do encontro, que levaram cadeiras de rodas, vendas e bengalas para que os Promotores de Justiça experimentassem um pouco dos problemas daqueles que têm mobilidade reduzida.

“A experiência foi inovadora, e os participantes aprovaram a idéia”, conta a Procuradora de Justiça Vânia Maria Ruffi ni Penteado Balera, Coor-denadora do CAO Cível, que organizou o evento em parceria com a Escola Superior do Ministério Público. “A iniciativa da idéia partiu do Promotor de Justiça Luiz Antonio Miguel Ferreira, de Presidente Prudente, que traz em seu currículo a defesa incondicional das pessoas com defi ciência”, afi rma.

Na ocasião, os presentes puderam trocar experiências e contar sobre as difi culdades para cumprir as metas estabelecidas pela Procuradoria-Ge-ral de Justiça na defesa das pessoas com defi ciência. Além disso, segundo o CAO Cível, foi possível sensibilizar e motivar os Promotores de Justiça

Em Presidente Prudente, Promotores de Justiça vivenciam o dia-a-dia das pessoas com defi ciência

sobre a importância e a necessidade de uma intervenção mais efetiva em prol destas pessoas.

Durante o evento, aconteceu ainda o relato da experiência da Promotoria de Justiça de Presidente Prudente, com a apresentação das ações na área, apon-tando aquelas que podem servir de exemplo.

DESTAqUE

Membros do MP puderam experimentar cadeiras de rodas

Page 12: MPSP cria Grupo de Atuação Especial de Inclusão Social fileNº 4 outubro / 2006 ... institucional trazido pela Constituição Federal, vem investindo no desenvolvimento e implementação

��

DESTAqUE

O Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo de-cidiu em 23/08 pela cassação da liminar em mandado de segurança co-letivo impetrado pela Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo em conjunto com a Associação dos Delegados de Polícia pela Democracia contra o Ato Normativo 409/05 (da Procuradoria Geral de Justiça e do Colégio de Procuradores), notadamente a norma contida no seu art.2º, inciso VI, que estabelece normas para o exercício do controle externo da atividade de polícia judiciária pelo Ministério Público.

TJ cassa liminar em mandado de segurança coletivo de associações de delegados de polícia

Segundo os impetrantes, o Ato Normativo seria ilegal e inconstitu-cional, mas o TJ entendeu que não cabe mandado de segurança contra Lei em tese e o Ato 409/05 é genérico e abstrato.

Assim, por força do acordão relatado pelo Desembargador Souza Lima, o controle externo da polícia judiciária mantém-se em pleno vi-gor, regulado pelo Ato Normativo em questão.

Os workshops para jornalistas promovidos pela As-sessoria Especial de Comunicação e Relações Institucio-nais foram bem recebidos pelos profissionais da impren-sa. È o que indicam as pesquisas realizadas nos eventos “Eleições 2006” e “Tribunal do Júri”.

No total, quase 80 jornalistas participaram dos en-contros, que serviram para esclarecer as principais dúvi-das dos repórteres em relação aos temas jurídicos.

Segundo pesquisa realizada com os presentes no workshop “Eleições 2006”, por exemplo, 72% estavam participando pela primeira vez de workshop temático em uma instituição ou órgão público. Para a pergunta se havia interesse de participar de outros debates com Promotores de Justiça, a resposta afirmativa foi unânime nos dois workshops. “Foi muito interessante, pena que o tempo foi reduzido. Acho que essa conversa poderia se estender por todo o dia”, afirma a jornalista Silvia Freire, da Agência Folha, que participou do workshop “Eleições 2006”.

Já Fábio Mazzitelli, do Diário de São Paulo, qualifica a oportunidade como “excepcional”. “O contato direto

Jornalistas aprovam série de workshops do MP

com os Promotores e a discussão aberta de casos práticos foram ex-celentes”, avalia o jornalista, que participou do evento “Tribunal do Júri”.

O Procurador-Geral de Justiça, Rodrigo Pinho, destacou que a ini-ciativa foi pioneira e deve resultar em novos encontros. “Os jornalistas desempenham papel fundamental na democracia brasileira. Nesse tra-balho, a mídia sempre encontrará parceiros no Ministério Público.”

O workshop “Eleições 2006” foi apresentado pelos Promotores de Justiça Ivan Francisco Pereira Agostinho, Denise Elizabeth Herrera Ro-cha e Jorge Alberto de Oliveira Marum. O Procurador de Justiça João Francisco Moreira Viegas (coordenador do Centro de Apoio da Cida-dania) também compôs a mesa. Já o evento “Tribunal do Júri” contou com a presença dos Promotores de Justiça Sérgio Peixoto Camargo (assessor do Caex-Crim), Roberto Tardelli e Nadir de Campos Júnior. A coordenação dos workshops coube ao também Promotor de Justiça

Roberto Livianu (coordenador da Assessoria Especial de Comunicação e Relações Institucionais).

Os encontros contaram com a presença de jornalistas dos seguintes veículos de comunicação: Agora, Agência Reuters, TVA, UOL, Folha de São Paulo, CBN, Diário de São Paulo, A Tribuna de Santos, TV e Rádio Record, Destak, Juréia FM, TV Cultura, Folha da Região (Araçatuba), Estado de São Paulo, Folha Paulista, SBT, Jornal Nikkey, TV Bandeiran-tes, Última Instância, Vírgula News, Diário da Região, Lex Editora, TV Record, Agência Leia, Diário do Comércio, Tribuna Judiciária, Diário da Região, Jornal Todo Dia, Tribuna Judiciária, Portal Segweb,Visão Jurídica e Jornal da Frente, além de jornalistas das assessorias de imprensa do Tribunal de Justiça e da Secretaria de Segurança Pública.

Para participar das futuras palestras, envie um e-mail para:[email protected]

Workshop gratuito serviu para orientar jornalistas que trabalharam nas eleições

DESTAqUE

Page 13: MPSP cria Grupo de Atuação Especial de Inclusão Social fileNº 4 outubro / 2006 ... institucional trazido pela Constituição Federal, vem investindo no desenvolvimento e implementação

��

EVEnTOS

Evento foi prestigiado pelas principais autoridades do Estado e representantes da sociedade

Combater práticas discriminatórias. Com esse objetivo o Ministério Público Paulista criou o Grupo de Atuação Especial de Inclusão Social (Pró-Inclusão). Pioneiro em sua área de atuação, os Promotores de Justiça estarão incumbidos de fazer atendimento ao público, receber repre-sentações de pessoas ou entidades, requisitar informações, exames, perícias, inspeções e dili-gências junto às autoridades de quaisquer âm-bitos (municipal, estadual e federal). A missão do grupo é zelar e proteger a dignidade humana dos paulistanos. Inicialmente, o Pró-Inclusão funcionará na Capital, e, se houver necessidade, poderá também exercer suas atividades em todo o Estado.

A iniciativa do MPE visa superar as desigualdades existentes entre os vários segmentos sociais. Essa ação afirmativa é direcionada aos indivíduos submetidos a padrões de inferioridade e discriminação, dis-tantes dos exercícios da cidadania, como o acesso à educação, moradia, postos de trabalho etc. As práticas discriminatórias atingem principal-mente mulheres, negros, índios, homossexuais e pessoas carentes dos mínimos recursos materiais necessários a sua subsistência.

Durante a cerimônia de instalação do Pró-Inclusão, que ocorreu no Auditório Queiroz Filho (edifício sede) no dia 27/08, o Governador do Estado, Cláudio Lembo, classificou a iniciativa como de “vanguarda”. “A criação do Grupo é a oportunidade de resgatar as garantias constitucio-nais”, definiu Lembo. Já o Procurador-Geral de Justiça, Rodrigo Pinho, destacou que é missão do MP enfrentar todos os obstáculos para que a defesa dos direitos constitucionais prevaleça. “A democracia social prevista na Constituição será conquistada apenas com a igualdade. Por isso, temos que combater todo tipo de discriminação, seja ela em razão de raça, sexo, cor ou religião”, afirmou.

O evento contou ainda com a presença das seguintes autori-dades: Gilberto Kassab (Prefeito Municipal), Dom Cláudio Hummes

Ministério Público cria Grupo de Atuação Especial de

Inclusão Social

(Arcebispo Metropolitano de São Paulo), Cristina Guelfi (Denfeso-ra Pública Geral), Rogério Pinto Coelho Amato (Secretário Esta-dual de Assistência e Desenvolvimento Social), Luiz Antônio Gui-marães Marrey (Secretário de Negócios Jurídicos), Celso Perioli (Superintendente da Polícia Técnico-Científica), Luiza Erundina (Deputada Federal), Sheik Jihad Hassan (Líder Islâmico no Brasil), Dom Pedro Luiz Stringini (Bispo Auxiliar de São Paulo), Mara Ga-brilli (Secretária Especial da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida), Antônio Floriano Pereira Pesaro (Secretário da Assis-tência e Desenvolvimento Social), Irineu Roberto da Costa Lopes (Procurador de Justiça e Secretário do Órgão Especial do Colégio de Procuradores), João Francisco Moreira Viegas (Procurador de Justiça e Coordenador do CAO da Cidadania), José Benedito Tarifa (Procurador de Justiça e Secretário do CSMP), José Ricardo Peirão Rodrigues (Procurador de Justiça e Secretário-Executivo da Procu-radoria de Justiça Criminal), Nelson Gonzaga de Oliveira (Procura-dor de Justiça e Diretor da Escola Superior do Ministério Público),

Paulo Sérgio de Oliveira e Costa (Procurador de Justiça e 1º Secretário da APMP) e Antônio Visconti (Procurador de Justiça, representando o Movimento do Ministério Públi-co Democrático - MPD).

Auditório ficou lotado durante toda a cerimônia de criação do Grupo

Ações do grupo Pró-inclusão:

• Políticas públicas direcionadas à população de rua;

• Movimentos sociais: CDHU / famílias vincula-das aos trabalhadores sem-teto (reivindicações formuladas junto ao Estado)

• EJA – educação jovens e adultos que não tive-ram acesso rede de ensino em idade própria

Page 14: MPSP cria Grupo de Atuação Especial de Inclusão Social fileNº 4 outubro / 2006 ... institucional trazido pela Constituição Federal, vem investindo no desenvolvimento e implementação

��

Conheça Antônio Herman de Vasconcellos e

Benjamin, que saiu do MPSP para ingressar no STJ

Antônio Herman de Vasconcellos e Benjamin

EnTREV ISTA

MP - O CDC completa este ano 16 anos de vigência, e o Sr. foi um dos autores do texto. Qual o seu balanço desse período?

AH - Eu considero o Código de Defesa do Consumidor uma das principais legislações do país, ao lado da Lei de Improbidade Adminis-trativa, a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, a Lei do Divórcio e o Estatuto da Criança e do Adolescente. Essas leis rompem com para-digmas, trazendo novos conceitos desconhecidos do Direito. Até então, não existia a figura do “consumidor”, apenas o “comprador”, e essa lei foi extraordinária por inserir esse novo termo no ordenamento jurídico. A princípio, enfrentamos muita resistência, em especial das empresas e da mídia. Na época da promulgação da lei, um grande jornal de São

Natural de Catolé do Rocha, na Paraíba, Antônio Herman de Vasconcellos e Benjamin, 48, acabou de assumir

uma vaga de Ministro do Superior Tribunal de Justiça. Lembrado por sua participação na comissão que elaborou

o Código de Defesa do Consumidor (CDC), Herman é graduado em Direito pela Universidade do Rio de Janeiro

em 1980, onde ingressou em primeiro lugar, e mestre pela University of Illinois College of Law. Professor de

Direito Ambiental e Comparado e Direito da Biodiversidade na Universidade do Texas, ele é ainda co-presidente

da Internacional Network on Environmental Compliance and Enforcemente (Inece) – a Rede Mundial de Órgãos

e Entidades de Implementação Ambiental. No Ministério Público de São Paulo, ele foi coordenador do CAO das

Promotorias de Justiça do Consumidor e do CAO das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente, diretor-cultural da

Associação Paulista do Ministério Público e membro do Conselho Superior do Ministério Público de São Paulo. Leia

a seguir a entrevista que ele concedeu à revista do MPSP.

Paulo publicou editorial classificando o então novo Código de Defesa do Consumidor como “Terrorismo Jurídico”. Um ano depois, o mesmo jornal publicou novo editorial com o título “Uma lei que deu certo”, reconhecendo a importância da proteção do consumidor.

MP - Até pouco tempo, o sr. coordenou o Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça do Consumidor. O que o MPSP têm feito pela defesa dos consumidores?

AH - O MPSP foi um dos maiores protagonistas no processo de ela-boração do CDC. Hoje em dia, um pouco daquele entusiasmo inicial se perdeu, e isso é preocupante porque não se pode falar em defesa efetiva do consumidor sem um MP atuante e inovador. A causa, com certeza,

Page 15: MPSP cria Grupo de Atuação Especial de Inclusão Social fileNº 4 outubro / 2006 ... institucional trazido pela Constituição Federal, vem investindo no desenvolvimento e implementação

�5

não é o déficit de qualidade do elemento humano. Uma possível respos-ta são as mudanças legislativas: antes, qualquer Promotor de Justiça, inclusive do interior, poderia mover ações coletivas de defesa do consu-midor. Hoje, a competência está mais restrita aos atuantes na Capital.

MP - E o que o CAO do Consumidor faz para instigar a atuação dos Promotores de Justiça no interior?

AH - Nós iniciamos um projeto para despertar os Promotores de Jus-tiça do interior para uma série de problemas de sua competência. É o que ocorre, por exemplo, com toda matéria relativa à concessão de serviços públicos municipais, como transporte público, distribuição de água e cole-ta de esgoto e lixo, sem contar serviços funerários e cemitérios, que devem ser fiscalizados pelo MP. A contaminação com agrotóxicos dos alimentos in natura também podem ser alvo de fiscalização pelo PJ do consumidor do interior. Ou seja, matéria-prima de trabalho não falta.

MP - O sr. nasceu em Catolé do Rocha (PB), formou-se em direito no Rio de Janeiro, ingressou no MP de São Pau-lo e agora se mudará para Brasília. Como essa experiência de vida e os mais de 20 anos de MPSP influenciarão suas decisões no STJ?

AH - Eu sou um “cigano” por opção. Nasci na região mais seca do país, cursei faculdade no Rio de Janeiro e depois me mudei para São Pau-lo. É uma combinação de experiências bastante enriquecedora na minha formação pessoal. No lado profissional, os meus anos de MPSP foram, com certeza, os mais felizes da minha vida. Hoje, eu reconheço que tudo que eu consegui em termos profissionais foi graças ao MPSP, inclusive meu mestrado em direito ambiental e do consumidor nos EUA. Tudo isso influenciará positivamente, e muito, as minhas decisões no STJ.

MP - O sr. tem a carreira fortemente marcada pela defe-sa do meio ambiente. O sr. é co-presidente da Rede Mun-dial de Órgãos e Entidades de Implementação Ambiental e foi do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Além de ensinar, há 12 anos, Direito Ambiental e Compa-rado e Direito da Biodiversidade na Universidade do Te-xas. O sr. se tornará um defensor desse tema no STJ?

AH - Um juiz não defende o meio ambiente, mas é sensível à de-gradação ambiental. A Constituição Federal estabelece que essa pre-ocupação é de todos, e isso inclui os juízes. Evidentemente, nem todas as ações ambientais são procedentes, mas o juiz precisa entender que sua capacidade de decidir pode influenciar gerações futuras, como é o caso das questões ambientais. Nos anos 80, o MPSP já enxergava essa problemática e, na vanguarda, criou a Coordenação das Promotorias de

Justiça do Meio Ambiente de SP, um embrião do atual CAO de Urbanis-mo e Meio Ambiente.

MP - Qual a sua opinião sobre os OGM (Organismos Ge-neticamente Modificados), conhecidos como transgênicos?

AH - Toda revolução científica cria insegurança, tanto técnica quan-to jurídica. E não poderia ser diferente em uma área que se propõe a alterar o código genético que a natureza nos deu em milhões de anos de evolução. No caso, é preciso saber, antes de tudo, se os OGM represen-tam riscos ao meio ambiente e à saúde das pessoas e, partir de então, emitir uma opinião embasada cientificamente, sem interesses mercado-lógicos e imediatistas.

MP - O que o sr. pensa ser prioritário para termos res-postas mais rápidas do Judiciário às demandas que lhe são apresentadas pela sociedade?

AH - Em primeiro lugar, é preciso simplificar o processo com a redu-ção das instâncias recursais e as possibilidades de procrastinação judi-cial, que só beneficiam litigantes que contam com bancas de advogados. Um exemplo positivo na esfera criminal é a proposta do PGJ para acabar com o protesto por novo júri, mas há muito a ser feito também na área cível. Hoje em dia, obrigamos os juízes a decidir em vez de julgar. Julgar requer uma meditação profunda, que exige tempo. Entretanto, o tra-balho dos juízes tem se tornado apenas o ato de decidir pedidos, para acabar com a pilha de processos em cima da mesa e não ter problemas com a corregedoria.

MP - O CNJ e o CNMP completaram um ano de funciona-mento. Qual o seu balanço da atuação desses dois órgãos?

AH - Sou favorável às duas instituições. Em um ano, o balanço é altamente positivo. Só o fato de quebrar a tradição do nepotismo enrai-zada no judiciário -considerado normal por muitos- já justificou a exis-tência desses órgãos. A resistência que existe hoje a favor do nepotismo é um verdadeiro deboche à democracia e à Constituição Federal.

MP - Depois do STJ, o sr. tem outros planos?

AH - Eu nunca planejei ir ao STJ, sempre me vi aposentando pelo MPSP. Passaria os anos da minha vida até a aposentadoria aqui, feliz e sem monotonia. Só quem perdeu a capacidade de enxergar o novo é que sente monotonia no MPSP, principalmente pela diversidade de possibilidades para bem servir o patrimônio público. Eu invejo muito os jovens Promotores de Justiça que estão ingressando na carreira hoje, porque eles têm a sua disposição ferramentas institucionalizadas que não existiam na época em que entrei.

Um juiz não defende o meio ambiente, mas é sensível à

degradação ambiental. A Constituição Federal estabelece que essa

preocupação é de todos, e isso inclui os juízes. Evidentemente,

nem todas as ações ambientais são procedentes, mas o juiz precisa

entender que sua capacidade de decidir pode influenciar gerações

futuras, como é o caso das questões ambientais.

Page 16: MPSP cria Grupo de Atuação Especial de Inclusão Social fileNº 4 outubro / 2006 ... institucional trazido pela Constituição Federal, vem investindo no desenvolvimento e implementação

��

Um novo sistema de resolução de conflitos começou a funcionar em junho de 2005 na Vara da Infância e Juventude de São Caetano do Sul. Trata-se do projeto pioneiro de Justiça Restaurativa em que, além de vítima e ofensor, a comunidade desempenha papel fundamental na solução do conflito.

Neste modelo, o cenário é outro. O fórum dá lugar à escola pública, e, além de juiz e promotor, professores, membros de conselho tutelar e outros alunos participam da audiência como protagonistas para resol-ver conflitos entre os jovens.

O objetivo do encontro, ao contrário de uma audiência “normal”, é propor uma conversa franca entre vítima e agressor, para que o au-tor do delito reconheça não apenas a culpa pelo seu ato, mas perceba o dano que causou na vida da vítima da agressão e no equilíbrio da comunidade.

“As pessoas ainda acreditam que apenas respostas contundentes e repressivas contra atos de violência podem levar à pacificação social”, lamenta o juiz de Direito Eduardo Rezende Melo, que coordena o proje-to ao lado do promotor de Justiça Lélio Ferraz de Siqueira Neto.

Comum na Nova Zelândia (veja box), onde é obrigatória desde 1989, a Justiça Restaurativa quer acabar com esse estigma e reduzir o índice de reincidência criminal por meio da composição entre as partes e do reconhecimento do dano por parte do ofensor.

Eduardo Melo lembra, por exemplo, o caso bem sucedido de uma garota que era chamada na escola pelo apelido que lhe incomodava. “Certo dia, ela perdeu a paciência e agrediu o colega de escola. A moça, que se considerava vítima, seria certamente responsabilizada judicial-mente porque, nos termos da lei, não havia situação de legítima defesa. A resposta legal não resolveria o problema, apenas marginalizaria ainda mais aquela garota”, diz o juiz.

Para resolver o caso, foi realizado um circulo restaurativo na escola, em que o jovem compreendeu o sofrimento que causava na colega. Como resultado, o garoto mudou de postura, e a menina desculpou-se.

Justiça Restaurativa: nova via para solução de conflitosProjeto de São Caetano do Sul, em parceria com TJ, recebe apoio da ONU e do Ministério da Justiça

O novo sistema de São Caetano do Sul funciona apenas de forma experimental, resolvendo alguns dos conflitos que acontecem nas esco-las, como nos casos de bullying (atitudes agressivas e repetidas prati-cadas entre estudantes, como apelidos ofensivos do exemplo acima) e brigas de gangues. “Mas nada impede que, no futuro, o modelo restau-rativo seja implantado em casos mais sérios, como roubos e até mesmo estupro”, afirma o juiz.

Nações UnidasPor enquanto, existem três projetos-piloto em prática no país. O mo-

delo de São Caetano do Sul se realiza fora das dependências do fórum e é o único que acontece na fase pré-processual de atos infracionais, no momento em que o promotor de justiça ouve informalmente os ado-lescentes.

Em Porto Alegre, a Justiça Restaurativa entra em ação na fase de execução de medidas sócio-educativas. Já o protótipo do Núcleo Ban-deirante (Distrito Federal) acontece com adultos no Juizado Especial Criminal.

Em 2005, o modelo do ABC paulista foi apresentado com sucesso no 1º Simpósio Brasileiro de Justiça Restaurativa, que aconteceu em Ara-çatuba (abril), e na Conferência Internacional de Meios Alternativa de Resolução de Conflitos realizada em Brasília (junho).

Agora, o exemplo de São Caetano do Sul, que é financiado pelo Ministério da Justiça (Secretaria de Reforma do Judiciário) e pelo Pro-grama das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), deve servir de modelo para as cidades de Araçatuba, Recife e Porto Alegre.

A Justiça Restaurativa também recebe apoio do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça da Infância e da Juventude. “Novas experiências e propostas positivas devem ser assimiladas por todos os operadores do Direito”, destaca a promotora de Justiça Laila Said Abdel Qader Shukair, coordenadora do Centro de Apoio.

Experiência mundial Pioneira na implantação de práti-

cas restaurativas, a Nova Zelândia se inspirou nos costumes aborígines dos maoris (grupo étnico nativo da ilha) para reformar, em 1989, o sistema de Justiça da Infância e Juventude.

“As teorias contemporâneas de Justiça tratam o crime como uma relação entre Estado e ofensor, mas se esquecem das outras partes in-teressadas, como a vítima, família e principalmente a comunidade”, afir-ma a professora Gabrielle Maxwell, da Universidade de Otago (Nova Zelândia).

Por esse motivo, segundo a pro-fessora, observa-se o alto índice de reincidência dos crimes. “Enquanto

o ofensor não perceber a totalidade do dano que seu ato gera, ele voltará a repetir o crime. Daí a importância da prática restaurativa, como método para dimensionar ao infrator o alcance do estrago que ele causou”, afirma.

Diretora do “Crime and Justice Center at the Victoria University of Wellington”, Gabrielle visitou o MP de São Paulo, a convite do CAO da Infância e Juventude, para participar da conferência “Práticas Restau-rativas em Violência Familiar e contra a Criança e o Adolescente”.

Atualmente, outros países, além do Brasil, desenvolvem projetos de Justiça Restaurativa semelhantes ao exemplo neozelandês. Ca-nadá, Austrália, África do Sul, Reino Unido e Argentina engrossam a lista dos que tentam buscar no modelo restaurativo outra saída para resolver o crescimento da criminalidade. Em 2002, as Nações Unidas elaboraram uma declaração sobre os princípios de justiça restaurativa.

Saiba mais:http://www.justicarestaurativa.com

JUST IÇA RESTAURATIVA

Gabrielle Maxwell

Page 17: MPSP cria Grupo de Atuação Especial de Inclusão Social fileNº 4 outubro / 2006 ... institucional trazido pela Constituição Federal, vem investindo no desenvolvimento e implementação

�7

Há dois anos, promotores do Tribunal do Júri de Santo Amaro atuam junto à população local para prevenir os problemas da região de forma a combater suas causas e diminuir a impunidade.

Santo Amaro, bairro da zona sul de São Paulo, compreende um con-tingente de aproximadamente um milhão e quinhentas mil pessoas que, em grande parte, sofre com os problemas comuns a uma população de classe baixa: crescimento desordenado, exclusão social, falta de sanea-mento básico, transporte coletivo, iluminação, acesso à saúde, educação e lazer.

Para os promotores de Justiça que atuam no Tribunal do Júri de Santo Amaro, a situação precária da região não era favorecida com a atuação desses profissionais, que tinham como foco principal dar conta do expediente de inquéritos e processos criminais que se avolumavam nas mesas. “Nós trabalhávamos com o efeito dos problemas sociais, como os crimes, por exemplo, que em 75% dos casos permaneciam de autoria desconhecida. A sensação que tínhamos era de que estávamos ‘enxugando gelo’ ou ‘apagando incêndios’”, descreve a promotora de Justiça Jaqueline Mara Lorenzetti Martinelli.

A distribuição numérica dos serviços diluía o problema em diversos feitos criminais, dificultando o conhecimento de sua origem, seu enca-deamento e possíveis desdobramentos, de modo a impedir qualquer ação preventiva para minimizá-lo.

A constatação coletiva foi de que a quantidade de homicídios deve-ria diminuir consideravelmente, mas de forma integrada com a comuni-dade e suas lideranças, polícia civil, polícia militar, ONG’s e subprefeitu-ras. E, mais que isso, a promotoria deveria voltar seus trabalhos também para atender outras demandas da população local.

Nascia, assim, o conceito de “Promotoria Comunitária”, que, a par-tir de 2004, passou a nortear os trabalhos dos promotores de Justiça do Tribunal do Júri de Santo Amaro.

Vitória da VidaO primeiro projeto desenvolvido já dentro do novo conceito de pro-

motoria intitulou-se “Operação Bares” e teve início em outubro de 2004 na subprefeitura do M’Boi Mirim. Os bares da região foram o primeiro “alvo” dos promotores, já que estatísticas mostravam que grande parte das mortes violentas ocorriam após as 22h nas proximidades desses es-tabelecimentos comerciais. “Fizemos um acordo com os donos de mais de mil bares da região para que seus pontos fechassem a partir das 22h. Essa iniciativa foi intitulada ‘Pacto da Cidadania. Preservação da Vida e da Paz”, diz o promotor de Justiça Augusto Eduardo de Souza Rossini.

Para que a operação fosse viabilizada, reuniões entre todas as insti-tuições oficiais participantes, representantes da comunidade e donos de bares foram realizadas. E já durante a execução da operação, os donos de bares foram orientados a regularizar sua situação administrativa - e para isso contaram com o apoio das subprefeituras. Rondas noturnas da Polícia Militar também foram intensificadas.

O resultado não poderia ser melhor: em 3 meses de monitoramen-to dessa operação, o número de homicídios reduziu de 50 a 60%. E a “Operação Bares” tornou-se programa de política pública municipal de prevenção à violência, sendo que outras subprefeituras têm contatado a Promotoria Comunitária de Santo Amaro para implantar o projeto em diversas regiões da cidade.

O êxito da primeira iniciativa incentivou o grupo a desenvolver ou-

Promotoria Comunitária de Santo Amaro: o diálogo com a comunidade aponta novos caminhos na solução de questões sociais

PROMOTORIA COMUnITÁRIA

Equipe da Promotoria Comunitária de Santo Amaro

Page 18: MPSP cria Grupo de Atuação Especial de Inclusão Social fileNº 4 outubro / 2006 ... institucional trazido pela Constituição Federal, vem investindo no desenvolvimento e implementação

�8

tros projetos para manter a contínua queda dos índices de homicí-dios. Em fevereiro de 2005, surgia, da união de ONG’s, associações de bairros, órgãos públicos (Subprefeituras, Sabesp, Diretoria de En-sino), polícias civil e militar, entidades religiosas, Ministério Público e Poder Judiciário, o “Grupo Organizado pela Valorização da Vida – G.O.V.V”.

O objetivo do grupo nasceu da premissa de que o crime acontece, em sua maioria, porque o seu agente encontrou a oportunidade ideal para cometê-lo e que para preveni-lo é preciso suprimir a “oportu-nidade do crime”. “As regiões mais violentas são também as mais degradadas, as que tem menos equipamentos urbanos e mais ne-cessidades de moradia, escolas, postos de saúde, transporte coletivo etc”, explica o promotor de Justiça Ivandil Dantas da Silva

PROMOTORIA COMUnITÁRIA

A primeira reunião do G.O.V.V aconteceu em fevereiro de 2005 , quando optou-se por trabalhar a região do Parque Novo Santo Ama-ro, que apresentava altos índices de homicídios. No mês seguinte, os integrantes do G.O.V.V visitaram o local para realizar um diagnóstico das carências da região com posterior elaboração de estratégias e definição das respectivas responsabilidades.

Dos 12 programas sugeridos, 4 foram escolhidos para ser imple-mentados a partir de maio de 2005. ( veja BOX 1)

“Embora haja muito a fazer, o G.O.V.V despertou o sentimento de confiança em relação aos órgãos públicos, desfazendo a noção de que a autoridade só serve para reprimir”, afirma o promotor de Justiça Arual Martins.

Ações do G.O.V.V.

• Operação Bares com 100% de adesão dos donos dos 77 bares da região

• Presença da Polícia Militar intensificada

• Palestra sobre o “Disque Denúncia”, na qual cerca de 300 pessoas puderam conhecer o funcionamento do serviço e contribuir, sem medo, para a denúncia anônima de crimes e criminosos

• Aumento da tubulação de esgotos, limpeza de córregos e campa-nhas educativas sobre o acúmulo de lixo nos esgotos (SABESP)

• Manutenção da iluminação pública e limpeza das bocas de lobo

• Conscientização de pais e alunos sobre a importância do estudo como forma de evitar a marginalidade

• Jornada da Cidadania com realização de serviços gratuitos varia-dos, de confecção de documentos a corte de cabelo, passando por orientação sobre doenças e agendamento de consultas.

A repercussão dos trabalhos em regiões de Santo Amaro resultou no desdobramento das atividades da Promotoria, além da “Operação Bares” e do G.O.V.V.

No final de 2005, representantes do bairro de Parelheiros procu-raram os promotores de Justiça de Santo Amaro em busca de orien-tação. Na ocasião, ficou decidido que seria oferecido à comunidade o Curso de Orientadores Jurídicos Populares, realizado em parceria com o Centro de Direitos Humanos e de Educação Popular do Campo Limpo (CDHEP) e MPD (Movimento do Ministério Público Democrático).

Com o fim do curso, que formou 44 orientadores jurídicos popu-lares, decidiu-se montar o Fórum de Defesa da Vida, com o objetivo de reunir mensalmente as lideranças locais a fim de discutir os pro-blemas da comunidade de forma integrada.

Já no Jardim Ângela, a população fez uso da promotoria para formar o “Tribunal Popular”, experiência realizada em 2002 e que reuniu a população local e autoridades do porte dos Secretários Esta-duais e Municipais da Saúde e representante do Secretário Estadual de Segurança Pública para discutir problemas da região nessas áreas. Até mesmo um juiz foi levado ao local para presidir o julgamento.

Por conta do “Tribunal Popular”, o Jardim Ângela está prestes a inaugurar um novo hospital e o policiamento quadruplicou no local. Hoje, Jardim Ângela e Campo Limpo contam com 700 homens no patrulhamento da área, que teve o índice de homicídios reduzido em mais de 30%.

Outras Frentes

Aula do curso de orientadores jurídicos populares

Page 19: MPSP cria Grupo de Atuação Especial de Inclusão Social fileNº 4 outubro / 2006 ... institucional trazido pela Constituição Federal, vem investindo no desenvolvimento e implementação

�9

RECOnHEC IMEnTO DA PATERnIDADE

A cidade de São Bernardo do Campo lançou, em 15/08, a Cam-panha de Reconhecimento de Paternidade, no auditório Attílio Zóboli do Centro de Formação dos Profissionais da Educação (Cenforpe). Mais de mil pessoas estiveram presentes no evento e participaram do seminário de capacitação realizado na seqüência. A campanha será realizada até o final do ano letivo em toda o município, com ênfase nas escolas públicas e particulares, visando a alcançar o maior nú-mero possível de reconhecimento paterno, sem nenhum custo para os pais.

A solenidade de abertura contou com a presença do promotor de Justiça Maximiliano Führer; do secretário de Saúde de São Bernardo, Wilson Narita; do diretor da Faculdade de Direito de São Bernardo, Luiz Antonio Pimenta; da presidente da Fundação Criança de São Bernardo, Marlene Bueno Zola; e da dirigente Regional de Ensino, Suzana Dechechi de Oliveira.

Maximiliano Führer, um dos idealizadores do projeto, ressaltou que o intuito é oferecer aos pais a possibilidade de solucionar o pro-blema de reconhecimento. “Nosso objetivo não é convencer, mas sim informar sobre esse direito. Existem vários motivos pelos quais a pessoa não possui o nome do pai na certidão, mas muitas vezes o problema existe por falta de informação”, disse.

Segundo ele, calcula-se que São Bernardo do Campo possua cerca de 20 mil crianças e jovens sem o nome do pai na certidão de nascimento. “Esse número exige que uma atitude seja adotada para reverter esse quadro. Pensamos em chegar até essas pessoas por meio dos educadores, por serem profissionais com sensibilidade suficiente para fazer essa abordagem”, explica o promotor.

Para o secretário de Saúde de São Bernardo do Campo, Wilson Narita, que esteve representando o prefeito William Dib, a expec-

Promotoria se une a autoridades em São Bernardo do Campo

para lançar Campanha de Reconhecimento de Paternidade

tativa é que muitos casos sejam resolvidos. ”Tenho certeza de que faremos um trabalho digno e que teremos muitos casos com final feliz”, disse.

Além de professores e diretoras da rede pública e particular de ensino, participaram do seminário de capacitação funcionários de cartórios, Associações de Pais e Mestres, Agentes Comunitários de Saúde do município, funcionários da Assistência Judiciária Gratuita da Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, entre outros, que atuarão como agentes durante a campanha.

Todos receberam uma cartilha sobre os direitos de filiação e pa-ternidade responsável, garantidos pela Constituição. A campanha será feita com panfletagem nas escolas para atrair as mães que ti-verem interesse.

A campanha é uma ação conjunta entre a Ministério Público do Estado de São Paulo, Prefeitura, Secretaria de Estado da Edu-cação, Fundação Criança e Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo.

Solenidade de abertura do início da campanha

Cartaz da campanha

Page 20: MPSP cria Grupo de Atuação Especial de Inclusão Social fileNº 4 outubro / 2006 ... institucional trazido pela Constituição Federal, vem investindo no desenvolvimento e implementação

�0

HISTÓRIAS DO MP/SP

�0

A cidade de Serra Negra, no interior de São Paulo, tem sido desde 2004 cenário de uma experiência inovadora na solução de conflitos nas áreas de família, infância e juventude e questões cíveis de caráter disponível.

No final de 2003, o promotor de Serra Ne-gra Michel Betenjane Romano foi convidado a

fazer um projeto de pacificação de conflitos em conjunto com juízes e advogados para o Centro Brasileiro de Estudos e Pesquisas Judiciais (CE-BEPEJ). Em maio de 2004, o “Projeto Piloto de Gerenciamento de Casos” foi apresentado ao Procurador-Geral de Justiça, ao Presidente do Tribunal de Justiça, ao Corregedor-Geral do Ministério Público e a membros do Conselho Superior do MPSP.

Desde essa época, o promotor de Justiça local implantou o trabalho como projeto piloto na comarca, em conjunto com voluntários, utilizando a mediação como forma de gerenciar casos e buscando uma solução pa-cífica nos conflitos.

“Já nos primeiros 50 dias de aplicação do projeto, a distribuição de processos diminuiu em 30%, com um índice de acordo de 80% na fase pré-processual e 70% na processual” revela o promotor Betenjane.

Com a edição dos provimentos 893/2004 e 953/2005, que definem as re-gras de mediação atuais, houve a adesão da Ordem dos Advogados do Brasil.

RegrasO projeto de gerenciamento de casos desenvolvido em Serra Negra

contempla 2 circuitos: circuito I, para questões de família, infância e juven-tude, e circuito II, para questões patrimoniais.

Tanto um circuito como outro podem ser aplicados na fase pré-proces-sual ou na fase processual, quando o juiz é o responsável, desde o primeiro despacho, pelo encaminhamento do caso para a mediação e posterior ho-mologação do acordo.

Mediação: Serra Negra é pioneira na pacificação de conflitos

Os mediadores do circuito I são, em sua maioria, assistentes sociais ou psicólogos; já no circuito II, costumam ser voluntários capacitados, a exemplo de advogados, den-tistas, médicos, engenheiros e outros profis-sionais. Mas, para atuar na mediação, todos os profissionais devem se preparar adequa-damente, participando de cursos específicos para este fim.

“O mediador não precisa aplicar o Di-reito. Ele tem que pacificar o conflito e, para isso, é desejável que o profissional tenha es-pírito conciliador”, afirma o promotor Gus-tavo Pozzebon, também de Serra Negra.

CIRCUITO IPRÉ-PROCESSUAL

CIRCUITO I PROCESSUALCIRCUITO II PRÉ-PROCESSUAL

CIRCUITO II PROCESSUAL

PAUTA DE AUDIÊNCIAS

78% de acordos 67% de acordos 76% de acordos 52% acordos Antes do projeto: 2 meses

Tempo do processo da

distribuição até acordo: 30 dias

Tempo do litígio da reclamação

até solução: 30 dias

Depois do projeto: 3

semanas

Tempo médio de duração das

mediações: 40 minutos

Tempo médio de duração das

mediações: 40 minutos

Tempo médio de duração das

mediações: 20 minutos

Tempo médio de duração

das mediações: 20

minutos

Números da Mediação em Serra Negra (de maio de 2004 a julho de 2006)

Cláudia Maria Zoppe é umas dessas pessoas com “espírito concilia-dor”. Ela é assistente social e desde junho de 2004 atua como mediadora do circuito I, realizando uma média de 30 mediações por mês. Para ela, o bom mediador tem que gostar de ouvir e ter paciência para buscar o melhor caminho de conciliação.

“A mediação é um ótimo caminho para a solução de litígios. Além da rapidez na agilização dos casos, a população se sente mais à vontade para dialogar por causa da informalidade da situação”, revela Cláudia.

Já a advogada Cíntia Aparecida Ne-ves Negro, mediadora de casos em que um processo já foi instau-rado, acredita que a mediação transforma o litígio em paz. Para ela, o bom mediador preci-sa ser “humilde e ter psicologia para lidar com situações confli-tantes”.

Atualmente, a cidade de Serra Negra conta com 2 mediadores do circuito I e 5 mediadores do circuito II. E eles já podem se orgulhar de serem modelos para outras comarcas do Estado, que aplicam a mediação também como forma de evitar novas demandas que poderiam surgir após a publicação de uma sentença judicial.

“Mais de 75 comarcas aderiram ao projeto, inclusive em São Paulo. E esse número deve crescer, pois a adoção desse procedimento permite que questões cuja celeridade se impõe tenham solução rápida e eficaz e sem dispêndio de dinheiro público”, afirma Betenjane.

Cláudia Zoppe, mediadora

Mediação do circuito II

Michel Betenjane e Gustavo Pozzebon, promotores de Serra Negra